ensino médio

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ensino médio
ENSINO MÉDIO
www.ceejamax.com
U. E. 19
Elaborado pelos professores:
Elisabete Céu Fernandes
Magda Sant’Ana Lima
Maria Dirce Vilela
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Finalidade:
Nesta Unidade de Estudo você dará continuidade aos seus estudos sobre a
História Contemporânea (o mundo pós-Segunda Guerra e Guerra Fria, a
Redemocratização Brasileira de 1985 aos nossos dias), da História Brasil.
Objetivos:
Ao final desta unidade de estudo você deverá ser capaz de:
 Conceituar a Guerra Fria.
 Reconhecer o objetivo central dos Blocos Capitalista e Socialista e seus
respectivos projetos.
 Identificar os países não-alinhados aos Blocos e os conflitos e tensões
gerados pela polarização entre EUA e URSS (guerras).
 Caracterizar e conceituar a Doutrina Truman, Plano Marshall, Comecon,
OTAN, Pacto de Varsóvia, “Equilíbrio do Terror”, Marcathismo, “Guerra
nas Estrelas”, Operação Washtub, Arpanet.
 Perceber a importância da tecnologia para as comunicações,
desenvolvimento de armar e na corrida espacial, que acirrou a rivalidade
dos EUA e URSS.
 Perceber as fases de políticas de “apaziguamento” entre os blocos, na
tentativa de evitar um conflito militar direto: Coexistência Pacífica,
Détente).
 Esquematizar os principais conflitos dessa época, Guerra do Vietnã,
Guerra da Coréia, além dos episódios pós-Segunda Guerra Fria.
 Perceber a postura da China frente aos EUA e a URSS.
 Identificar as mudanças na URSS na Era Gorbachev que levaram ao
colapso da mesma.
 Conceituar Perestroika e Glasnot.
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Guerra Fria
Guerra Fria (vulgarmente referida
como Terceira Guerra Mundial) é a
designação atribuída ao período histórico de
disputas estratégicas e conflitos indiretos
entre os Estados Unidos e a União Soviética,
compreendendo o período entre o final da
Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção
da União Soviética (1991). Em resumo, foi
um conflito de ordem política, militar,
tecnológica, econômica, social e ideológica
entre as duas nações e suas zonas de
influência.
Uma parte dos historiadores defende que esta foi uma disputa entre o
capitalismo, representado pelos Estados Unidos e o socialismo, defendido pela
União Soviética (URSS). Entretanto, esta caracterização só pode ser
considerada válida com uma série de restrições e apenas para o período do
imediato pós-Segunda Guerra Mundial, até a década de 1950. Logo após, nos
anos 1960, o bloco socialista se dividiu e durante as décadas de 1970 e 1980, a
China comunista se aliou aos Estados Unidos na disputa contra a União
Soviética. Além disso, muitas das disputas regionais envolveram Estados
capitalistas, como os Estados Unidos contra diversas potências locais mais
nacionalistas.
É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta ou seja bélica,
"quente", entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma
batalha nuclear. A corrida armamentista pela construção de um grande arsenal
de armas nucleares foi o objetivo central durante a primeira metade da Guerra
Fria, estabilizando-se na década de 1960 até à década de 1970 e sendo
reativada nos anos 1980 com o projeto do presidente estadunidense Ronald
Reagan chamado de "Guerra nas Estrelas".
Dada a impossibilidade da resolução do confronto no plano estratégico,
pela via tradicional da guerra aberta e direta que envolveria um confronto
nuclear; as duas superpotências passaram a disputar poder de influência
política, econômica e ideológica em todo o mundo. Este processo se
caracterizou pelo envolvimento dos Estados Unidos e União Soviética em
diversas guerras regionais, onde cada potência apoiava um dos lados em
guerra. Estados Unidos e União Soviética não apenas financiavam lados
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opostos no confronto, disputando influência político-ideológica, mas também
para mostrar o seu poder de fogo e reforçar as alianças regionais.
Neste contexto, os chamados países não alinhados, mantiveram-se fora
do conflito não alinhando-se aos blocos pró-URSS ou pró-EUA. E formariam um
"terceiro bloco" de países neutros: o Movimento Não Alinhado.
Norte-americanos e soviéticos travaram uma luta ideológica, política e
econômica durante esse período. Se um governo socialista fosse implantado
em algum país do Terceiro Mundo, o governo norte-americano entendia como
uma ameaça à sua hegemonia; se um movimento popular combatesse um
governo aliado à soviético, logo poderia ser visto com simpatia pelos EUA e
receber apoio.
A Guerra da Coréia (1950-1953), a Guerra do Vietnã (1962-1975) e a
Guerra do Afeganistão (1979-1989) são os conflitos mais famosos da Guerra
Fria. Além da famosa tensão na Crise dos mísseis em Cuba (1962) e, também na
América do Sul, a Guerra das Malvinas (1982). Entretanto, durante todo este
período, a maior parte dos conflitos locais, guerras civis ou guerras interestatais foi intensificado pela polarização entre EUA e URSS.
Esta polarização dos conflitos locais entre apenas dois grandes polos de
poder mundial, é que justifica a caracterização da polaridade deste período
como bipolar. Principalmente porque, mesmo que tenham existido outras
potências regionais entre 1945 e 1991, apenas EUA e URSS tinham capacidade
nuclear de segundo ataque, ou seja, capacidade de dissuasão nuclear.
A Crise no período Pós-Segunda Guerra Mundial
Com o final da Segunda Guerra Mundial, a Europa estava arrasada e
ocupada pelos exércitos das duas grandes potências vencedoras, os EUA e a
URSS. O desnível entre o poder destas duas
superpotências e o restante dos países do
mundo era tão gritante, que rapidamente se
constitui um sistema global bipolar, ou seja,
centrada em dois grandes polos.
Os EUA defendiam a economia capitalista,
argumentando ser ela a representação da
democracia e da liberdade. Em contrapartida a
URSS enfatizava o socialismo como resposta ao
Churchill, Roosevelt e Stalin na
domínio burguês e solução dos problemas
Conferência de Ialta, 1945.
sociais.
Sob a influência das duas doutrinas, o mundo foi dividido em dois blocos
liderados cada um por uma das superpotências: a Europa Ocidental e a
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América Central e do Sul sob influência cultural, ideológica e econômica
estado-unidense, e a maior parte do Leste Asiático, Ásia central e Leste
europeu, sob influência soviético. Assim, o mundo dividido sob a influência das
duas maiores potências econômicas e militares da época, estava também
polarizado em duas ideologias opostas: o Capitalismo e o Socialismo.
Entretanto era notória deste o início da Guerra Fria a superioridade norte
americana. Em 1945 os Estados Unidos tinham metade do PIB mundial, 2/3 das
reservas mundiais de ouro, 60% da capacidade industrial ativa do mundo, 67%
da capacidade produtora de petróleo, além da maior Marinha e da maior Força
Aérea que existia. Seus exércitos intactos ocupavam metade ocidental da
Europa e o Japão, algumas das zonas mais ricas e industrializadas do mundo
antes da Guerra. Também ocupavam parte do sudeste asiático,
especificamente metade da península da Coréia e grande parte das ilhas do
Pacífico. O território continental americano nunca havia sido realmente
ameaçado durante a Segunda Guerra Mundial, sendo que a batalha travada
geograficamente mais próxima do continente foi a de Pearl Harbor, no Havai.
Por sua vez a União Soviética ocupava a metade oriental da Europa e a
metade norte da Ásia, uma parte da Manchúria e da Coréia, regiões
tradicionalmente agrícolas e pobres. O próprio território soviético havia sido
palco de batalhas durante a II Guerra Mundial, contra divisões alemãs. O
resultado é que em 1945 os Estados Unidos contabilizavam cerca de 500 mil
mortos na guerra, contra cerca de 20 milhões de soviéticos mortos (civis e
militares). Centenas de cidades soviéticas estavam destruídas em 1945. A
maior parte das indústrias, da capacidade produtiva agrícola e da infraestrutura de transportes, energia e comunicações estava destruída ou
seriamente comprometida.
Operação Impensável
Operação Impensável é o nome de um plano inicial de guerra feito pelo
governo britânico em 1945. Tal operação consistia na invasão da então União
Soviética por forças militares britânicas, poloneses exilados, americanos e
mesmo alemães recém rendidos.
Bloqueio de Berlim (Junho/1948 - Maio/1949)
Após a derrota alemã na Segunda Guerra, os países vencedores lhe
impuseram pesadas sanções. Dentre as quais a divisão da Alemanha em quatro
áreas administrativas, cada uma chefiada por um dos vencedores: Estados
Unidos, França, Reino Unido e União Soviética e duas zonas de influência:
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Capitalista e Socialista. Berlim, a capital da
Alemanha, também foi dividida, ainda que
sob território de influência soviética. A
comunicação entre o lado ocidental da
cidade fragmentada e as outras zonas era
feita por pontes aéreas e terrestres.
Em 1948, numa tentativa de controlar
a inflação galopante da Alemanha, os
C-47 no Aeroporto de Tempelhof em
Estados Unidos, a França e o Reino Unido
Berlim durante o Bloqueio de Berlim.
criaram uma "trizona" entre suas zonas de
influência, para fazer valer nestes territórios o Deutsche Mark (Marco alemão).
Josef Stalin, então líder da URSS, reprovou a ideia e, como contra-ataque,
procurou reunificar Berlim sob sua influência. Desse modo, em 23 de Junho de
1948, todas as rotas terrestres foram fechadas pelas tropas soviéticas, numa
violação dos acordos da Conferência de Ialta.
Para não abandonar as zonas
ocidentais de Berlim e dar vitória à
União Soviética, os países ocidentais
prontificaram-se a criar uma grande
ponte aérea, em que bombardeiros
estado-unidenses saíam da "trizona"
levando mantimentos aos mais de
dois milhões de berlinenses que
viviam no ocidente da cidade. Stalin
reconheceu a derrota dos seus
planos em 12 de Maio de 1949.
Pouco depois, as zonas estadounidense, francesa e britânica se
unificaram,
originando
a
Bundesrepublik
Deutschland
(República Federativa da Alemanha
ou Alemanha Ocidental), cuja
capital era Bonn. Da zona soviética
surgiu a Deutsche Demokratische
Republik (República Democrática
Alemã ou Alemanha Oriental), com
capital Berlim, a porção oriental.
O Muro de Berlim
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O Muro de Berlim (em alemão
Berliner Mauer) era uma barreira física,
construída pela República Democrática
Alemã (Alemanha Oriental) durante a
Guerra Fria, que circundava toda a Berlim
Ocidental, separando-a da Alemanha
Oriental, incluindo Berlim Oriental. Este
muro, além de dividir a cidade de Berlim ao
que participaram da construção do
meio, simbolizava a divisão do mundo em Soldados
muro que dividiu o território alemão.
dois blocos ou partes: República Federal da
Alemanha (RFA), que era constituído pelos países capitalistas encabeçados
pelos Estados Unidos; e República Democrática Alemã (RDA), constituído pelos
países socialistas simpatizantes do regime soviético. Construído na madrugada
de 13 de Agosto de 1961, dele faziam parte 66,5 km de gradeamento metálico,
302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas com alarme e 255
pistas de corrida para ferozes cães de guarda. Este muro provocou a morte a 80
pessoas identificadas, 112 ficaram feridas e milhares aprisionadas nas diversas
tentativas de o atravessar.
A distinta e muito mais longa fronteira interna alemã demarcava a
fronteira entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Ambas as
fronteiras passaram a simbolizar a chamada "cortina de ferro" entre a Europa
Ocidental e o Bloco de Leste.
A doutrina Truman e o Plano Marshall
A conseqüência lógica da “contenção ao comunismo” foi o lançamento
da Doutrina Truman, o primeiro pilar da Guerra Fria. Anunciada em março de
1947, a pretexto de socorrer a Turquia e a Grécia (envolvida numa guerra civil
entre comunistas e monarquistas), o presidente dos Estados Unidos garantia
que sua forças militares estariam sempre prontas a intervir em escala mundial
desde que fosse preciso defender um país aliado da agressão externa (da URSS)
ou da subversão interna, insuflada pelo movimento comunista internacional, a
serviço dos soviéticos. Na prática os Estados Unidos se tornariam dali em
diante na polícia do mundo, realizando intervenções em escala planetária na
defesa da sua estratégia (*).
(*) Obedecendo à doutrina Truman os E.U.A intervieram na Guerra da
Coréia (1950-3) e na Guerra do Vietnã (1962-75), como também derrubaram os
regimes de Mossadegh no Irã em 1953, e o do Gen. Jacobo Arbenz na
Guatemala em 1954. Em 1961 apoiaram a invasão de Cuba para derrubar Fidel
Castro e, com a criação da Escola das Américas, no Panamá, adestraram os
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militares latino-americanos na contra-insurgência, estimulando-os a que
tomassem o poder nos seus respectivos países.
Plano Marshall e COMECON
A fragilização das nações europeias, após uma guerra violenta, permitiu
que os Estados Unidos estendessem uma série de apoios econômicos à Europa
aliada, para que estes países pudessem se reerguer e mostrar as vantagens do
capitalismo. Assim, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, George
Marshall, propõe a criação de um amplo plano econômico, que veio a ser
conhecido como Plano Marshall. Tratava-se da concessão de uma série de
empréstimos a baixos juros e investimentos públicos para facilitar o fim da
crise na Europa Ocidental e repelir a ameaça do socialismo entre a população
descontente. Durante os primeiros anos da Guerra Fria, principalmente, os
Estados Unidos fizeram substanciais investimentos nos países aliados, com
notável destaque para o Reino Unido, a França e a Alemanha Ocidental.
O Japão, entre 1947 e 1950, recebeu menos apoio americano. A situação
só se transformou com a explosão da Guerra da Coréia, que fez do Japão o
principal aliado das tropas das Nações Unidas. Após a declaração da guerra, os
americanos realizaram importantes investimentos na economia japonesa, que
também foi impulsionada com a demanda de guerra.
Em 1951 foi elaborado o Plano Colombo, uma organização realizada por
países do Sudeste Asiático, com intenções de reestruturação social. Os norteamericanos realizaram alguns investimentos para estimular a economia do subcontinente, mas o volume de capital investido foi muito menor ao destacado
para o Plano Marshall, porém bem menos ambicioso, para estimular o
desenvolvimento de países do sul e sudeste da Ásia.
Em resposta ao plano econômico estadunidense, a União Soviética
propôs-se a ajudar também seus países aliados, com a criação do COMECON
(Conselho para Assistência Econômica Mútua). O COMECON fora proposto
como maneira de impedir os países-satélites da União Soviética de demonstrar
interesse no Plano Marshall, e não abandonarem a esfera de influência de
Mosco
u.
Corrida
armam
entista
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Terminada a Segunda Guerra Mundial, as duas potências vencedoras
dispunham de uma enorme variedade de armas, muitas delas desenvolvidas
durante o conflito, outras obtidas dos cientistas alemães e japoneses.
Novos tanques, aviões, submarinos, navios de guerra e mísseis balísticos
constituíam as chamadas armas convencionais. Mas também haviam sido
desenvolvidas novas gerações de armas não convencionais, como armas
químicas, que praticamente não foram utilizadas em batalha. A Alemanha que
desenvolveu a maior indústria de armas químicas do mundo, utilizou esses
gases mortais em câmaras de gás nos campos de concentração. Algumas armas
biológicas foram testadas, principalmente pelo Japão na China ocupada, mas a
tecnologia da época ainda era muito pouco eficiente. O maior destaque ficou
com uma nova arma não-convencional, mais poderosa que qualquer outra
arma já testada até então: bomba atômica. Só os Estados Unidos tinham essa
tecnologia, o que aumentava em muito seu poderio bélico e sua superioridade
militar estratégica em relação aos soviéticos.
A União Soviética iniciou então seu programa de pesquisas para também
produzir tais bombas, o que conseguiu em 1949. Mas logo a seguir, os EUA
testavam a primeira bomba de hidrogênio, centena de vezes mais poderosa. A
União soviética levaria até 1953 para desenvolver a sua versão desta arma,
dando início a uma nova geração de ogivas nucleares menores, mais leves e
mais poderosas.
A União Soviética obteve a tecnologia para armas nucleares através de
espionagem. Em 1953, nos EUA, o casal Julius e Ethel Rosenberg foi condenado
a morte por transmitir à União Soviética segredos sobre a bomba atômica
norte americana.
Essa corrida ao armamento era movida
pelo receio recíproco de que o inimigo
passasse à frente na produção de armas,
provocando um desequilíbrio no cenário
internacional. Se um deles tivesse mais
armas, seria capaz de destruir o outro.
A corrida atingiu proporções tais que, já
na década de 1960, os EUA e a URSS tinham
armas suficiente para vencer e destruir
Teste nuclear realizado em 18 de Abril
de 1953 na Área de Testes de Nevada.
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qualquer outro país do mundo. Uma quantidade tal de armas nucleares foi
construída, que permitiria a qualquer uma das duas superpotências, sobreviver
a um ataque nuclear massivo do adversário, e a seguir, utilizando apenas uma
fração do que restasse do seu arsenal, pudesse destruir o mundo. Esta
capacidade de sobreviver a um primeiro ataque nuclear, para a seguir retaliar o
inimigo com um segundo ataque nuclear devastador, produziu medo suficiente
nos líderes destes dois países para impedir uma Guerra Nuclear, sintetizado em
conceitos
como
Destruição
Mútua
Assegurada ou "Equilíbrio
do terror".
Mapa dos países pertencentes ao Pacto de Varsóvia.
OTAN e
Varsóvia
Pacto
de
Em 1949 os EUA e o Canadá, juntamente com a maioria da Europa
capitalista, criaram a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma
aliança militar com o objetivo de proteção internacional em caso de um
suposto ataque dos países do leste europeu.
Em resposta à OTAN, a URSS firmou entre ela e seus aliados o Pacto de
Varsóvia (1955) para unir forças militares da Europa Oriental. Logo as alianças
militares estavam em pleno funcionamento, e qualquer conflito entre dois
países integrantes poderia ocasionar uma guerra nunca vista antes.
A tensão sentida pelas pessoas com relação às duas superpotências
acentuou-se com o início da corrida armamentista, cujo “vencedor” seria a
potência que produzisse mais armas e mais tecnologia bélica. Em contraponto,
a corrida espacial trouxe grandes inovações tecnológicas e proporcionou um
grande avanço nas telecomunicações e na informática.
Com a vitória aparente dos estadunidenses, a política Macartista foi
implantada e divulgada no mundo por meio de longametragens e propagandas
políticas. O macartismo, criado pelo senador estadunidense Joseph McCarthy
nos anos 50, culminou na criação do Comitê de Investigação de Atividades
Antiamericanas do Senado dos Estados Unidos. Em outras palavras, toda e
qualquer atividade pró-comunismo estava terminantemente proibida e
qualquer um que as estimulasse estaria sujeito à prisão ou extradição.
Inúmeros artistas e produtores de filmes ou de programas de televisão que
criticavam o governo americano foram acusados de comunistas. Foi criada a
Lista Negra de Hollywood contendo os nomes de pessoas do meio artístico
acusados de atividades antiamericanas. A era do macartismo acabou por
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extirpar do meio artístico americano
a maior parte dos produtores
progressistas ou simpatizantes da
esquerda.
Guerra da Coréia
O único grande confronto
militar que envolveu batalhas em que
de um lado haviam forças militares
americanas e do outro forças soviéticas, foi a Guerra da Coréia. A península da
Coréia foi dividida, em 1945, pelo paralelo 38 N, em duas zonas de influência:
uma ao norte, ocupada pela União Soviética, e a partir de 1949 pela República
Popular da China, comunista; era a República Popular Democrática da Coreia. A
outra porção, ao sul do paralelo 38 N, foi ocupada pelas tropas americanas e
permaneceu capitalista com apoio das nações ocidentais passou a ser
conhecida como República da Coréia.
Em 1950, os líderes da Coréia do Norte, incentivada pela vitória do
socialismo na China um ano antes, recebeu apoio da URSS para tentar
reunificar a Coreia sob o comando de um governo socialista, invadiu e ocupou a
capital sul-coreana Seul, desencadeando um conflito armado. Os Estados
Unidos solicitaram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, a formação
de uma força multinacional para defender a Coréia do Sul. Na ocasião a URSS
se recusou a participar da reunião do Conselho de Segurança das Nações
Unidas em que esta medida foi discutida, e os Estados Unidos conseguiram
legitimar a primeira grande batalha militar da Guerra Fria contra o bloco
soviético.
As tropas anglo-americanas fizeram a resistência no sul, reconquistando
a cidade e partindo em uma investida contra o norte. A China, sentindo-se
ameaçada pela aproximação das forças ocidentais, enviou reforços à frente de
batalha, fazendo da Coréia um grande campo de batalha.
Após muitas batalhas, com avanços e recuos de ambos os lados, um
primeiro acordo de paz é negociado, mas demora dois anos para ser ratificado.
O General americano Douglas MacArthur chegou a solicitar o uso de armas
nucleares contra a Coreia do Norte e a China, mas foi afastado do comando das
forças americanas.
Apenas quando a União Soviética já havia testado sua primeira bomba de
hidrogênio, em 1953, é que um armistício foi assinado em Panmunjon, em 27
de Julho de 1953. O acordo manteve a península da Coréia dividida em dois
Estados soberanos, praticamente como antes do início da guerra, com
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mudanças mínimas na linha de fronteira. Essa
divisão da Coréia em dois países se mantém
até hoje. Em Junho de 2000, os governos das
duas Coréias anunciaram planos de
reaproximação dos dois países. Isso significou
o início da desmilitarização da região, a
diminuição do isolamento internacional da
Coréia do Norte e, para milhares de coreanos,
Forças das Nações Unidas em retirada
a possibilidade de reencontrar parentes da Coreia do Norte, após o armistício.
separados há meio século pelo conflito. Pela
tentativa, o então presidente da Coréia do Sul, Kim Dae Jung, recebeu o Prêmio
Nobel da Paz em 2000.
Operação Washtub
A Operação Washtub, foi uma operação secreta da CIA organizada para
plantar um falso esconderijo de armas Soviético na Nicarágua para demonstrar
que a Guatemala tinha laços com Moscou. A operação fazia parte de um plano
para derrubar o Presidente da
Guatemala, Jacobo Arbenz Guzmán
em 1954.
Corrida espacial
Um dos campos que mais se
beneficiaram com a Guerra Fria foi o
da tecnologia. Na urgência de se
mostrarem superiores aos rivais,
Estados Unidos e União Soviética procuraram melhorar os seus arsenais
militares. Como consequência, algumas tecnologias conhecidas hoje (como
alguns tecidos sintéticos) foram frutos dessa corrida.
A corrida espacial está nesse contexto. A tecnologia aeroespacial
necessária para o lançamento de mísseis e de foguetes é praticamente a
mesma, e portanto os dois países investiram pesadamente na tecnologia
espacial.
Sentindo-se ameaçada pelos bombardeiros estratégicos americanos,
carregados de artefatos nucleares que sobrevoavam as fronteiras com a URSS
constantemente, a URSS começou a investir em uma nova geração de armas
que compensasse esta debilidade estratégica. Assim, a União Soviética dá início
à corrida espacial no ano de 1957, quando os soviéticos lançaram Sputnik, o
primeiro artefato humano a ir ao espaço e orbitar o planeta. Em novembro do
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mesmo ano, os russos lançaram Sputnik II e,
dentro da nave foi a bordo o primeiro ser vivo
a sair do planeta: a cadela Laika.
Após as missões Sputnik, os Estados
Unidos entraram na corrida, lançando o
Explorer I, em 1958. Mas a União Soviética
tinha um passo na frente, e em 1961 os
soviéticos conseguiram lançar Vostok I, que
era tripulada por Yuri Gagarin, o primeiro ser
humano a ir ao espaço e voltar são e salvo.
A partir daí, a rivalidade aumentou a
ponto de o presidente dos Estados Unidos, Astronauta Buzz Aldrin fotografado por
Neil Armstrong (o primeiro homem a
John F. Kennedy, prometer enviar americanos pisar na Lua) durante a missão Apollo
à Lua e trazê-los de volta até o fim da década. 11, em 20 de Julho de 1969.
Os soviéticos apressaram-se para vencer os estadounidenses na chegada ao
satélite. As missões Zond deveriam levar os primeiros humanos a orbitarem a
Lua, mas devido a falhas, só foi possível aos soviéticos o envio de missões nãotripuladas, Zond 5 e Zond 6, em 1968. Os Estados
Unidos, por outro lado, conseguiram enviar a missão
tripulada Apollo 8 no Natal de 1968 a uma órbita lunar.
O passo seguinte, naturalmente, seria o pouso na
superfície da Lua. A missão Apollo 11 conseguiu realizar
com sucesso a missão, e Neil Armstrong e Edwin Aldrin
tornaram-se os primeiros humanos, respectivamente, a
caminhar em outro corpo celeste.
A corrida espacial se tornou secundária com a
Yuri Gagarin, a primeira
pessoa no espaço (1961).
distensão dos anos 1960-1970, mas volta a ter
relevância nos anos 1980, no que pode ser considerado o último capítulo
daquela disputa. O presidente dos EUA anuncia investimentos bilionários na
construção de um sistema espacial de defesa anti-mísseis balísticos. A
oficialmente denominada Iniciativa Estratégica de Defesa e conhecida como
guerra nas estrelas, poderia defender o território americano dos mísseis russos
e acabar com a lógica da Destruição Mútua Assegurada.
Neste contexto os EUA enviam ao espaço o primeiro veículo espacial
reutilizáveis: o ônibus espacial. A URSS levaria alguns anos para construir a sua
versão do ônibus espacial, (o Buran) mas foi a primeira a colocar no espaço
uma nave espacial armada de ogivas nucleares, a Polyus, que teria sido
destruída pelos próprios líderes soviéticos em 1987, quando já estavam
avançadas as negociações diplomáticas para por fim à Guerra Fria.
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ARPANET
Outro campo em que ocorreu grande desenvolvimento durante a Guerra
Fria foi o das comunicações. Temendo um possível bombardeio soviético,
durante a década de 1960. O Pentágono financiou o desenvolvimento de um
sistema de comunicação entre os computadores, que envolveu centros de
pesquisa militares e civis, como algumas das principais universidades
americanas. A rede de comunicações criada pela agência Arpa ficaria conhecida
como Arpanet.
A lógica do sistema era a seguinte: caso fosse feito um bombardeio
soviético, a central de informações não estaria em um só lugar, mas sim em
vários pontos conectados em uma rede, ou seja, cada nó da rede funcionaria
como uma central, todas conectadas entre si. A infraestrutura da rede foi
construída com fibra óptica para não sofrer interferência dos pulsos
eletromagnéticos produzidos pelas explosões nucleares.
O sistema foi inaugurado com
sucesso em 1969, na Universidade da
Califórnia (UCLA), com o envio de uma
mensagem de caracteres para outro
servidor.
Durante toda a década de 1970
e 1980 o uso dessa tecnologia se
manteve restrito a fins militares e
acadêmicos. Somente em Convenção Mapa da rede ARPANET em 1972.
realizada no ano de 1987 a rede seria
liberada para uso comercial. A partir de então a Arpanet passou a se chamar
Internet. Em 1990, o físico inglês Tim Berners-Lee criaria o HTML (Linguagem
de Marcação de Hipertexto). Na década de 1990 a Internet passaria por um
processo de expansão gigantesco, tornando-se um grande meio de
comunicação da atualidade.
Coexistência pacífica
Após a morte de Stalin, em 1953, Nikita Khrushchov subiu ao posto de
Secretário-Geral do Partido Comunista da União Soviética e, portanto,
governante dos soviéticos. Condenou os crimes de seu antecessor e pregou a
política da coexistência pacífica entre os soviéticos e americanos, o que
significaria os esforços de ambos os lados em evitar o conflito militar, havendo
apenas confronto ideológico e tecnológico (corrida espacial). Houve apenas
tentativas de espionagem. Esta política também possibilitou uma aproximação
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entre os líderes. Khrushchov reuniu-se diversas vezes com os presidentes
americanos: com Dwight D. Eisenhower, em 1956, no Reino Unido; em 1959
nos Estados Unidos; e em 1960 na França; e com Kennedy se encontrou uma
vez, em 1961, em Viena, Áustria.
Um grupo de países optou por não tomar parte na Guerra Fria. Em sua
maioria, países africanos, asiáticos e ex colônias europeias de independência
recente. Para garantir sua neutralidade, os assim denominados países não
alinhados, promoveram a criação do Movimento Não Alinhado.
Foi com esse propósito, de unir os países do Terceiro Mundo, que se
realizou a Conferência de Bandung, na Indonésia, em abril de 1955. A
conferência proclamou-se representante dos países não alinhados nem ao
bloco soviético nem ao bloco capitalista, mas favoráveis à criação de
sociedades igualitárias.
O encontro, convocado pela Indonésia, Mianmar, Sri Lanka, Índia e
Paquistão, reuniu 29 países da África e da Ásia. O presidente da Indonésia,
Ahmed Sukarno, propôs um compromisso de todas as nações ali presentes de
apoio mútuo em casos de agressões de países imperialistas.
Nessa Conferência foram estabelecidos 10 Princípios.
Os Dez Princípios da Conferência de Bandung
1. Respeito aos direitos fundamentais, de acordo com
a Carta da ONU.
2. Respeito à soberania e integridade territorial de
todas as nações.
3. Reconhecimento da igualdade de todas as raças e
nações, grandes e pequenas.
4. Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos Nikita Khrushchov.
internos de outro país (Autodeterminação dos
povos).
5. Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e
coletivamente, de acordo com a Carta da ONU.
6. Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada a
servir aos interesses particulares das superpotências.
7. Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força,
contra a integridade territorial ou a independência política de outro país.
8. Solução de todos os conflitos internacionais por meios pacíficos
(negociações e conciliações, arbitragens por tribunais internacionais), de
acordo com a Carta da ONU.
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9. Estímulo aos interesses mútuos de cooperação. Respeito pela justiça e
obrigações
internacionais.
10.Respeito pela justiça e
obrigações
internacionais.
A Conferência soou
Três líderes dos países participantes da Conferência de
como um sinal de alerta para
Bandung: Jawaharial Nehru (Índia), Gamal Abdel
as potências coloniais. Dez
Nasser(Egito), Josip Broz Tito(Iugoslávia) da esquerda para
a direita
anos antes, Sukarno havia
liderado o processo de
independência da Indonésia, ex-colônia da Holanda. Além disso, em 1954, um
ano antes de Bandung, a França havia sido expulsa da Indochina. E, para
completar, o pan-arabista Gamal Abdel Nasser havia dirigido, em 52, o
processo de independência do Egito e despontava como líder do norte da
África.
Primavera de Praga, Revolução Húngara de 1956.
Em 1956, os húngaros tentaram se sobressaltar contra Moscou, numa
rebelião que durou 12 dias (23 de Outubro a 4 de Novembro). Buscavam a
independência política da Hungria, mas foram reprimidos violentamente pelos
soviéticos e pela própria polícia de estado húngara. O resultado, ao contrário,
foi a instauração de um governo pró-soviético ainda mais opressor e ditatorial.
Guerra do Suez
O rei do Egito, pró-europeu, foi derrubado por Gamal Abdel Nasser em
1953, que procurou instalar uma política nacionalista e pan-arabista. Sua
primeira manobra política de efeito foi a guerra que declarou contra o recémcriado estado de Israel, porque eles teriam humilhado os árabes na Guerra de
Independência Israelita. Com os clamores de outros países árabes para uma
nova investida contra os judeus, Nasser aliou-se à Jordânia e à Síria.
Na mesma época, Nasser teria declarado a intenção de nacionalizar o
Canal de Suez, que era controlado majoritariamente por franceses e britânicos.
Isso preocupou as duas potências, que necessitavam do canal para seus
interesses colonialistas na África e Ásia. Assim, a França, o Reino Unido e Israel
decidiram formar uma aliança, declararam guerra ao Egito de Nasser e
cuidaram da ocupação do Egito. Os europeus cuidaram de bombardear e lançar
paraquedistas em locais estratégicos, enquanto os israelitas cuidaram da
invasão terrestre, invadindo a península do Sinai em poucos dias depois.
16
A guerra no Egito perturbou a paz que
vinha sendo mantida entre Washington D.C. e
Moscou. Dwight D. Eisenhower, então
presidente americano, criticava a repressão
em Budapeste, na Hungria, e teve que provar
que era contra a invasão a Israel. Os Estados
Unidos tentaram várias vezes fazer os
europeus mudarem de ideia e retirar os
Tropas israelenses preparando-se para o combate
ocupantes do Egito, ao mesmo tempo que
na Península do Sinai
Khrushchev demandava respostas. Os Estados
Unidos, inclusive, tentaram, a 30 de Outubro de 1956, levar ao Conselho de
Segurança das Nações Unidas a petição de retirada das tropas do Egito, mas
França e Reino Unido vetaram a petição. A União Soviética seguia a mesma
linha de raciocínio do Estados Unidos, sendo assim favorável à desocupação
das terras egípcias porque queria estreitar laços com os árabes, e se aliou
rapidamente à Síria e ao Egito.
A crescente pressão econômica estadunidense e a ameaça de
Khrushchov de que "modernas armas de destruição" seriam usadas em Londres
e París ,fizeram os dois países recuarem, e os aliados se retiraram do Sinai em
1957. Após a retirada, o Reino Unido e a França foram forçadas a perceber que
não eram mais líderes políticos do mundo, enquanto o Egito manteve sua
política nacionalista e, mais tarde, pró-soviética.
Crise dos mísseis de Cuba
Cuba, a maior das ilhas caribenhas, sofreu uma revolução em 1959, que
retirou o ditador pró-estadunidense Fulgêncio Batista do poder, e instaurou a
ditadura de Fidel Castro a partir de 1959. A instauração de um regime socialista
preocupou a Casa Branca que ainda em 1959 tentou depor o novo governo,
apoiando membros ligados ao antigo regime e iniciando um embargo
econômico à ilha. Com o bloqueio do comércio de petróleo e grãos, Cuba passa
a adquirir esses produtos da URSS. O governo
de Fidel Castro, inicialmente composto por
uma frente de grupos nacionalistas,
populistas e de esquerda, que variava de
social-democratas aos de inspiração marxistaleninista, rapidamente se tornaria polarizaria
em torno dos líderes mais pró-URSS. Em
1961, a CIA chegou a organizar o
desembarque de grupos de oposição armados
Local de lançamento de mísseis em Cuba,
dia 1 de Novembro de 1962.
17
que deporiam Fidel Castro na operação da Invasão da Baía dos Porcos, que foi
um fracasso completo. Diante desta situação o novo regime cubano se
aproxima rapidamente da URSS, que oferece proteção militar.
Em 1962, a União Soviética foi flagrada construindo 40 silos nucleares em
Cuba. Segundo Kruschev, a medida era puramente defensiva, para evitar que
os Estados Unidos tentassem nova investida contra os cubanos. Por outro lado,
no plano estratégico global, isto representava uma resposta à instalação de
mísseis Júpiter II pelos estadunidenses na cidade de Esmirna, Turquia, que
poderiam ser usadas para bombardear todas as grandes cidades da União
Soviética.
Rapidamente, o presidente Kennedy tomou medidas contrárias, como a
ordenação de quarentena à ilha de Cuba, posicionando navios militares no mar
do Caribe e fechando os contatos marítimos entre a União Soviética e Cuba.
Vários pontos foram levantados a respeito deste bloqueio naval: os soviéticos
disseram que não entendiam porque Kennedy havia tomado essa medida, já
que vários mísseis estadunidenses
estavam instalados em territórios dos
países da OTAN contra os soviéticos, em
distâncias equivalentes àquela entre
Cuba e os EUA; Fidel Castro revelou que
não havia nada de ilegal em instalar
mísseis soviéticos em seu território; e o
primeiro-ministro britânico Harold
Macmillan disse não ter entendido por
Kruschev e Kennedy reunidos em 1961.
que não foi sequer ventilada a hipótese
de acordo diplomático.
Em 23 e 24 de Outubro, Kruschev teria enviado uma carta a Kennedy,
informando suas intenções pacíficas. Em 26 de Outubro disse que retiraria seus
mísseis de Cuba se Washington se comprometesse a não invadir Cuba. No dia
seguinte, pediu também a retirada dos balísticos Júpiter da Turquia. Mesmo
assim, dois aviões espiões estadunidenses U-2 foram abatidos em Cuba e na
Sibéria em 27 de Outubro, o ápice da crise. Neste mesmo dia, os navios
mercantes soviéticos haviam chegado ao Caribe e tentariam passar pelo
bloqueio. Em 28 de Outubro, Kennedy foi obrigado a ceder os pedidos, e
concordou em retirar os mísseis da Turquia e não atacar Cuba. Assim, Nikita
Kruschev retirou os mísseis nucleares soviéticos da ilha.
Apesar de o acordo ter sido negativo para os dois lados, o grande
derrotado foi o líder soviético, que foi visto como um fraco que não soube
manter sua posição frente aos estadunidenses.
18
Sobre isso, disse o Secretário
de Estado Dean Rusk: "Nós
estivemos cara a cara, mas
eles piscaram".
Dois anos depois,
Kruschev não aguentou a
pressão e saiu do governo.
Kennedy também foi malvisto pelos comandantes
militares dos Estados Unidos.
O general Curtis LeMay disse
a Kennedy que este episódio
foi "a maior derrota da
história estadunidense", e pediu para que os Estados Unidos invadissem
imediatamente Cuba.
Intervencionismo
Durante a Guerra Fria, a propaganda e os os esforços anticomunistas dos
EUA fizeram-se sentir na região. De 1946 a 1984, os Estados Unidos
mantiveram no Panamá a Escola das Américas. A finalidade deste órgão era
formar lideranças militares pró-EUA. Vários ditadores latino-americanos foram
alunos desta instituição, entre eles o ditador do Panamá Manuel Noriega, e
Leopoldo Galtieri, líder da Junta Militar da Argentina. A partir de 1954, os
serviços de inteligência norte-americanos participaram de golpes de estado
contra governos latino-americanos. Após a Revolução cubana, o receio de que
o comunismo se espalhasse pelas Américas cresceu muito. Governos
simpáticos ao comunismo ou democraticamente eleitos, mas contrários aos
interesses políticos e econômicos dos EUA foram removidos do poder.
Em 1961, o presidente Kennedy criou a Aliança para o Progresso, para
abrandar as tensões sociais e auxiliar no desenvolvimento econômico das
nações latino-americanas. Este programa ofereceu ajuda técnica e econômica a
vários países. Com isto pretendia-se afastar a possibilidade das nações da
América Latina alinharem-se com o bloco soviético. Mas, como programa não
alcançou os resultados esperados, foi extinto em 1969 pelo presidente Richard
Nixon.
Golpes de Estado ocorridos na América Latina neste período:
 1954: Golpe de Estado na Guatemala - Jacobo Arbenz Guzmán
presidente reformista, eleito, foi deposto pelo 1º Golpe de Estado
promovido pela CIA na América Latina.
19
 1964: Golpe de Estado no Brasil: João Goulart foi deposto por uma
revolta militar e exilou-se no Uruguai.
 1973: Golpe de Estado no Chile: em 11 de Setembro de 1973, uma
rebelião militar liderada por Augusto Pinochet e apoiada pelos EUA,
depôs o presidente Salvador Allende.
A Distensão (1962 - 1979) — Détente
O período da distensão (Détente) seguiu-se à Crise dos Mísseis, por ela
quase ter levado as duas superpotências a um embate nuclear. Os EUA e a
URSS decidiram, então, realizar acordos para evitar uma catástrofe mundial.
Nesta época, vários tratados foram assinados entre os dois lados. A política
Détente, foi principalmente seguida por Brejnev, que mais tarde criaria um
grande sistema diplomático e de distensão, sendo este o sistema que salvaria a
pele de Brejnev, que entrara em uma estagnação econômica, apesar de
alcançar um bem-estar para o povo soviético. Durante a direção de Brejnev e
sua inseparável doutrina, o povo que nascera depois da Guerra Fria nunca
havia presenciado um momento de tanta paz mundial.
Tratado de Moscou (1963) — Os dois países regularam a pesquisa de
novas tecnologias nucleares e concordaram em não ocupar a Antártica.
TPN (Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares) (1968) — Os países
signatários (EUA, URSS, China, França e Reino Unido) comprometiam-se a não
transmitir tecnologia nuclear a outros e a se desarmarem de arsenais
nucleares.
 SALT I (Strategic Arms Limitation Talks - Acordo de Limitação de
Armamentos Estratégicos) (1972) — Previa o congelamento de arsenais
nucleares dos Estados Unidos e da União Soviética.
 SALT II (1979) — Prorrogação das negociações do SALT I.
Os dois países tinham seus motivos particulares para buscar acordos
militares e políticos. A URSS estava com problemas nos relacionamentos com a
China, e viu este país se desalinhar do
socialismo monopolista de Moscou. Isso criou
a prática da diplomacia triangular, entre
Washington, Moscou e Pequim. Também
estavam com dificuldades agrícolas e
econômicas. E os Estados Unidos haviam
entrado numa guerra contra o Vietnã, e na
década de 1970 entrariam em uma grave
Jimmy Carter e Leonid
assinando o SALT II, em 1979.
Brejnev
20
crise econômica.
A Distensão, apesar de garantir o não-confronto militar, acirrou a rivalidade
política e ideológica, culminando em algumas revoltas sociais e apoios a
revoltas e revoluções na Europa e no Terceiro Mundo.
Como exemplo, pode-se citar a Invasão do Afeganistão, a Intervenção Soviética
em Praga, e a própria guerra do Vietnã.
Guerra do Vietnã
A Guerra do Vietnã foi um dos maiores confrontos militares envolvendo
capitalistas e socialistas no período da Guerra Fria. Opôs o Vietname do Norte e
guerrilheiros pró-comunistas do Vietname do Sul contra o governo prócapitalista do Vietname do Sul e os Estados Unidos.
Após a Convenção de Genebra (1954), o Vietnã, recém-independente da
França, seria dividido em duas zonas de influência, como a Coreia, e estas
zonas seriam desmilitarizadas e mantidas cada uma sob um dos regimes
(capitalismo e socialismo). Foi estipulada uma data (1957) para a realização de
um plebiscito, decidindo entre a reunificação do país ou não e, se sim, qual
regime seria adotado.
Infelizmente para o Vietname do Sul, o líder do Norte, Ho Chi Minh, era
muito benquisto entre a população, por ser defensor popular e herói de guerra.
O governo do Vietname do Sul decidiu proibir o plebiscito de ocorrer em seu
território, pois queria manter o alinhamento com os estadunidenses. Como o
Vietname do Norte queria a reunificação, lançaram-se em uma guerra contra o
Sul.
O Vietname do Norte contou com o
apoio da Frente de Liberação Nacional, ou
vietcongs, um grupo de rebeldes no
Vietname do Sul. E o Vietname do Sul
contou, em 1965, com a valiosa ajuda dos
Estados Unidos. Eles entraram na guerra
para manter o governo capitalista no
Vietname, e temendo a ideia do "efeito
dominó" (Teoria do Dominó) no qual, ao Corpos de Vietnamitas em Saigon,
Vietname do Sul, 1968.
verem um país que se libertou do capitalismo preferindo o socialismo, outros
países poderiam seguir o exemplo (como foi o caso de Cuba).
Até 1965, a guerra estava favorável ao Vietname do Norte, mas quando
os Estados Unidos se lançaram ao ataque contra o Vietname do Norte, tudo
parecia indicar que seria um grande massacre dos vietnamitas, e uma fácil
vitória ocidental. Mas os vietnamitas do norte viram nessa guerra uma
21
extensão da guerra de independência que haviam acabado de vencer contra a
França, e lutaram incessantemente. Contando com o conhecimento do
território, os vietnamitas do norte conseguiram vencer os Estados Unidos, o
que é visto como uma das mais vergonhosas derrotas militares dos Estados
Unidos. Em 1975, os Estados Unidos e o Vietname do Norte assinaram os
Acordos de Paz de Paris, onde os EUA reconheceram a unificação do Vietnã sob
o regime comunista de Ho Chi Minh.
(HENFIL. Hiroshima meu humor. 4 ed. São Paulo: Geração, 2002, p. 19.)
A Distensão na Europa
A Europa, continente que mais sofreu com a divisão mundial, também
sofreu os efeitos da distensão política. Os países começaram a questionar as
ideologias a que foram impostos, e optaram cada vez mais pelo abrandamento,
no lado ocidental, e pela revolta
popular
seguida
de
forte
repressão, no lado oriental.
Em 1968, a Tchecoslováquia
viu uma grande manifestação
popular apoiar ideias de abertura
política em direção à socialdemocracia e a um "socialismo
com uma face humana". Este
movimento ficou conhecido como
Primavera de Praga, em alusão à
capital da Tchecoslováquia, Praga,
local onde os movimentos
22
populares tomavam corpo. Temendo a liberdade política da Tchecoslováquia,
Leonid Brejnev, líder da URSS, ordenou a invasão de Praga e a repressão do
movimento popular.
Em 1966, Charles de Gaulle, presidente da França, manteve os seus
ideais de nacionalismo francês e antiamericanismo e desalinhou-se com as
práticas estadunidenses, saindo da OTAN.
Em 1969, o chanceler da Alemanha Ocidental anuncia a "Ostpolitik", uma
política de aproximação dos vizinhos, os alemães orientais. Em 1972 os Estados
passam a se reconhecerem mutuamente podendo, assim, voltar a integrar a
ONU.
O reconhecimento da China pelos Estados Unidos
Desde o início da década de 1950 a República Popular da China tinha
problemas com a União Soviética, por causa de hierarquia de poderes. Moscou
queria que o socialismo no mundo fosse unificado, sob a tutela do Kremlin,
enquanto Pequim achava que a República Popular da China não deveria se
submeter aos soviéticos. Além disso, o governo chines exigia que a URSS
transferisse sua tecnologia nuclear para a China, o que não era bem visto por
Moscou. Este processo acabou levando a ruptura sino-soviética.
Ao longo dos anos 1960 os Estados Unidos iniciaram uma aproximação
com a URSS que levaria ao que ficou conhecido como distensão política,
enquanto recrudesceram suas relações com a China comunista, aprofundando
a disputa com este pais no Sudeste Asiático, onde se aprofundava a Guerra do
Vietnã. Neste período as disputas entre URSS e China cresceram ainda mais.
Esta tensão tornou-se um problema crescente para os soviéticos, que perdiam
um forte aliado no Leste Asiático e passaram a ver a China como uma potencial
ameaça. No fim dos anos 1960, a China passa a manter cerca de 1 milhão de
soldados na fronteira com a URSS, o que força a URSS a manter outro volume
equivalente de tropas na região.
O auge da disputa entre China e URSS é
considerado o ano de 1969, quando ocorre
um confronto armado na fronteira sinosoviética, na região do rio Ussuri (nordeste da
Manchúria) e os dois países quase entram em
guerra.
Nos anos 1970 a situação se inverte e
os EUA passam a se aproximar da China e
isolar novamente a URSS, iniciando inclusive
um processo de ampliação das relações Richard Nixon e Mao Tse-Tung durante
a visita do Presidente americano à
República Popular da China, em 1972. 23
ecônomicas com a China e de guerra comercial com a URSS.
Estas mudanças ocorridas na década de 1970, pioraram ainda mais a
situação da URSS, pois Mao Tse-tung, secretario-geral da China socialista,
ampliou o processo de aproximação com os EUA. Além de isolar a URSS, a
aproximação com os EUA trouxe vantagens para a China, como o fim da Guerra
do Vietnã, o reconhecimento diplomático pelos americanos, a adesão da China
à ONU e a substituição de Taiwan (China nacionalista) pela China no Conselho
de Segurança da ONU.
Desde a Revolução Chinesa de 1949, o mundo ocidental via o governo de
Mao Tse-Tung como ilegal, e continuaram reconhecendo como governo
legítimo da China o governo refugiado em Taiwan. Com a aproximação entre
Pequim e Washington, os Estados Unidos passaram a reconhecer o governo de
Mao Tse-tung como o legítimo regente chinês, ou seja, a República Popular da
China como a China de fato. Assim, outros países ocidentais tomaram a mesma
decisão, e a China pôde entrar para ONU, como participante e como membro
permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em 1975, os Estados Unidos e
o Vietname do Norte assinaram os Acordos de Paz de Paris, os EUA
reconheceram a unificação do Vietnã e iniciaram uma nova fase de cooperação
com a China. A partir deste período, e principalmente nos anos 1980, a China
passaria a apoiar os EUA na disputa deste pais com a URSS.
A "Segunda" Guerra Fria (1979-1985)
Após o ano de 1979, seguiu-se uma nova fase nas relações amistosas
entre os Estados Unidos e a União Soviética, que ampliaram as relações entre
as duas superpotências. O período que vai de 1979 a 1985, 1987 ou 1988
(dependendo da classificação), ficou conhecido como "II Guerra Fria", devido à
retomada das hostilidades
indiretas entre EUA e URSS,
após
o
período
da
"distensão".
No
plano
estratégico ficou clara a
formação de uma grande
coalizão global contra a União
Soviética, que passou a
incluir, além dos Estados
A Guerra Fria em 1980.
Unidos e seus aliados da
OTAN e o Japão, também a China.
Embora na época o apoio chinês à estratégia americana de cercamento
da URSS tenha sido considerado secundário, hoje muitos historiadores
24
consideram que este papel pode ter sido determinante para o desfecho da
Guerra Fria.
Os principais episódios que marcaram este período foram:
Em 1979 a União Soviética invade o Afeganistão, assassinando Hafizullah
Amin, e colocando em seu posto Brabak Karmal, que era a favor das políticas
de Moscou. A este evento seguiu-se uma
grande
resistência
anti-soviética,
principalmente da parte dos mujahidin das
montanhas afegãs. Eles eram abastecidos
por outros países, como China, Arábia
Saudita, Paquistão e o próprio Estados
Unidos. Após dez anos de lutas, as tropas
soviéticas tiveram que abandonar o país, em
1988. Esta vitória dos mujahidin possibilitou,
anos depois, a formação do grupo Taleban, que aproveitou a desordem no país
para instaurar um governo autoritário fundamentalista no Afeganistão, nos
anos 1990.
Donald Rumsfeld, em 1983, viaja como enviado especial dos EUA ao
Oriente Medio, no Governo Reagan, para reforcar o apoio ao governo
iraquiano de Saddam Hussein, na guerra contra o Irã, conhecida como Guerra
Irã-Iraque, que era vista como uma forma de conter a influencia soviética na
região. Posteriormente Donald Rumsfeld veio a ocupar
o cargo de Secretario de Defesa dos EUA no Governo
Bush.
Ainda em 1979 Margaret Thatcher foi eleita
primeira-ministra do Reino Unido pelo Partido
Conservador, e deu à política externa do país uma face
mais agressiva contra o regime soviético.
Por fim, ainda em 1979 o principal aliado
americano no Golfo Pérsico, o Irã, que passava por Margaret Thatcher
grande turbulência interna, passa por uma Revolução
Islâmica nacionalista e de caráter fortemente anti-americana, que levou os EUA
a iniciarem uma longa disputa com o novo regime no país. Como resultado
deste processo, a partir de 1980, os Estados Unidos passaram a apoiar o Iraque
na guerra deste país contra o Irã, que ficou conhecida como "Guerra IrãIraque".
Em 1981, Ronald Reagan foi eleito presidente dos Estados Unidos e, ao
contrário de seus antecessores, que pregavam a Distensão, Reagan defendia a
retomada da estrategia de cercamento da URSS, conforme defendido por
25
Henry Kissinger no fim dos anos 1970 e, de forma mais clara, por Zbigniew
Brzezinski e Donald Rumsfeld, nos anos 1980, o que implicava na retomada do
confrontdo com a União Soviética. Dentre os resultados desta política, foi
ampliado o fornecimento de armamentos a Saddam Hussein, ditador iraquiano,
que lutava contra o Irã na Guerra Irã-Iraque e o apoio aos guerrilheiros
mujahidin que lutavam contra os soviéticos no Afeganistão.
Em 1983, forças militares americanas invadiram Granada, que havia
sofrido um golpe militar liderado pelo vice-primeiro-ministro Bernard Coard,
que havia depôsto o primeiro-ministro granadino, Maurice Bishop. O governo
instituído por Bernard Coard, tinha o apoio de Cuba, mas em 25 de Outubro,
7.300 combatentes americanos invadiram a ilha, derrotando as forças
granadinas e cubanas. Após a vitória dos EUA, o governador-geral de Granada,
Paul Scoon, nomeou um novo governo e, em meados de Dezembro, as forças
dos EUA retiraram-se.
Em 1983 o Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, anuncia a
criação da Iniciativa Estratégica de Defesa, que ficaria conhecida como
"Programa Guerra nas Estrelas", que tinha por objetivo criar um "escudo"
contra os mísseis balísticos soviéticos, dando grande vantagem aos Estados
Unidos na corrida armamentista e na corrida espacial. A reação soviética foi
ampliar ainda mais os seus elevados gastos na área de defesa e no
desenvolvimento do seu dispendioso programa espacial.
A Era Gorbachev - o fim da Guerra Fria (1985-1991)
Mudanças políticas na Europa após 1989, incluindo a reunificação alemã.
Depois da gestão de Brejnev, a União Soviética teve duas rápidas
governanças, Yuri Andropov e Konstantin Chernenko, homens que durante o
período de Brejnev eram seus segundo homens, tendo um poder quase total
sobre o país, sendo Andropov o chefe da temida e poderosa polícia secreta KGB
e Chernenko, por treze anos carregando o segundo mais alto cargo dentro do
país, que, na prática, governou o país durante a decadência na saúde de
Brejnev, no final da década de 1970, e que surpreendentemente foi derrotado
nas eleições por Andropov, que morreu pouco tempo depois de chegar ao
cargo político máximo.
Seguinte a Chernenko, o chamado último bolchevique, foi eleito Mikhail
Gorbachev, cuja plataforma política defendida era a necessidade de reformar a
União Soviética, para que ela se adequasse à realidade mundial. Em seu
governo, uma nova geração de políticos tecnocratas - que vinham ganhando
espaço desde o governo Khrushchov - se firmou, e impulsionou a dinâmica de
reformas na URSS e a aproximação diplomática com o mundo ocidental.
26
Perestroika e Glasnost
Colapso econômico da União Soviética, Perestroika e Glasnost.
Gorbachev, embora defensor de Karl Marx, defendeu o liberalismo
econômico na URSS como a única saída viável para os graves problemas
econômicos e sociais. A União Soviética, desde o início dos anos 70, passava
por grande fragilidade, evidenciada na queda da produtividade dos
trabalhadores e a queda da expectativa de vida. A alta nos preços do petróleo
no período 1973-1979 e a nova alta de 1979-1985, deram uma sobrevida
temporária a um sistema econômico que já estava falido. A crise econômica
mundial dos anos 1980, a escassez de moedas fortes e a queda no preço das
commodities exportadas pela URSS (petróleo e cereais), ajudaram a aprofundar
a crise do sistema econômico planificado da União Soviética.
Os gastos militares estavam tornando-se muito altos para uma economia
como a soviética, planificada, extremamente burocratizada e com cerca de
metade do PIB dos EUA. A economia de mercado dos EUA era muito mais
competitiva e permitia o repasse acelerado de tecnologias militares e
aeroespaciais de ponta para o setor civil. Na URSS tudo que seria produzido era
previamente planejado nos Planos Quinquenais. A burocracia dificultava
qualquer transferência de tecnologia sensível para o setor produtivo civil e toda
a produção agrícola era milimetricamente planejada. Quando ocorre o acidente
nuclear de Chernobil 1986, toda a produção agrícola daquele ano foi perdida,
os gastos inesperados foram enormes e o Estado que havia planejado exportar
uma safra recorde de grãos, teve que importar comida. Rapidamente
começava a faltar até mesmo pão no país que havia sido o maior produtor
mundial de trigo. Somando-se aos custos do envolvimento de meio milhão de
homens no Afeganistão durante os anos 1980, mais os gastos militares da nova
corrida armamentista, conhecida como segunda Guerra Fria, aquela enorme
economia engessada colapsou.
Frente a estes problemas, Mikhail Gorbachev aplicou dois planos de
reforma na URSS: a perestroika e a glasnost.
 Perestroika: série de medidas de
reforma econômicas. Para Gorbachev,
não seria necessário erradicar o
sistema
socialista,
mas
uma
reformulação deste seria inevitável.
Para tanto, ele passou a diminuir o
orçamento militar da União Soviética, o
que
implicou
diminuição
de
Ronald Reagan e Mikhail Gorbachov em
Genebra, Suíça, em 1985.
27
armamentos e a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão.
 Glasnost: a "liberdade de expressão" à imprensa soviética e a
transparência do governo para a população, retirando a forte censura
que o governo comunista impunha.
A nova situação de liberdade na União Soviética possibilitou um
afrouxamento na ditadura que Moscou impunha aos outros países. Pouco a
pouco, o Pacto de Varsóvia começou a enfraquecer, e cada vez mais o Ocidente
e o Oriente caminhavam para vias pacíficas. Em 1986, Ronald Reagan
encontrou Gorbachev em Reykjavík, Islândia, para discutir novas medidas de
desarmamento dos mísseis estacionados na Europa.
O desalinhamento das repúblicas orientais
Revoluções de 1989
O ano de 1989 viu as primeiras eleições livres no mundo socialista, com
vários candidatos e com a mídia livre para discutir. Ainda que muitos partidos
comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a perestroika e a glasnost
de Gorbachev tiveram grande efeito positivo na sociedade. Assim, os regimes
comunistas, país após país, começaram a cair.
A Polônia e a Hungria negociaram eleições livres (com destaque para a
vitória do partido Solidariedade na Polônia), e a Tchecoslováquia, a Bulgária, a
Romênia e a Alemanha Oriental tiveram revoltas em massa, que pediam o fim
do regime socialista. O ponto culminante foi a queda do Muro de Berlim em 9
de Novembro de 1989, que pôs fim à Cortina de Ferro e, para alguns
historiadores, à Guerra Fria em si.
Esta situação repentina levou alguns conservadores da União Soviética,
liderados pelo General Guenédi Ianaiev e Boris Pugo, a tentar um golpe de
estado contra Gorbachev em Agosto de 1991. O golpe, todavia, foi frustrado
28
por Boris Iéltsin. Mesmo assim, a liderança de Gorbachev estava em
decadência e, em Setembro, os países bálticos conseguiram a independência.
Em Dezembro, a Ucrânia também se tornou independente. Finalmente,
no dia 31 de Dezembro de 1991, Gorbachev anunciava o fim da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas, renunciando ao cargo que ocupava e ao seu
sonho de ver um mundo socialista.
Nova Guerra Fria
Nova Ordem Mundial, Relações entre Estados Unidos e Rússia.
Na teoria das relações internacionais, o termo "nova ordem mundial"
(NOM) tem sido utilizado para se referir a um novo período no pensamento
político e no equilíbrio mundial de poder, além de uma maior centralização
deste poder. Apesar das diversas interpretações deste termo, ele é
principalmente associado com o conceito de governança global.
Foi o presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson que pela primeira
vez desenvolveu um programa de reforma progressiva nas relações
internacionais e liderou a construção daquilo que se convencionou denominar
de "uma nova ordem mundial" através da Liga das Nações. Nos Estados Unidos
a expressão foi usada literalmente pela primeira vez pelo presidente Franklin
Delano Roosevelt em 1941, durante a II Guerra Mundial.
A nova ordem mundial também é um conceito sócio-econômico-político
que faz referência ao contexto histórico do mundo pós-Guerra Fria. Foi
utilizada pelo presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan na década de
1980, referindo-se ao processo de queda da União Soviética e ao rearranjo
geopolítico das potências mundiais.
A Nova Guerra Fria é a designação de um novo contexo político
internacional, de tensão entre, adotado novamente as grandes potências
militares que disputaram a Guerra Fria — EUA e Rússia —, na primeira década
do novo milénio, onde ambos os países buscam redefinir suas respectivas
regiões de influência e poder. A ideia de uma nova Guerra Fria nasce a partir da
constatação do surgimento de uma série de novas tensões criadas entre EUA e
Rússia nos anos 2000. Dentre os diversos atritos entre EUA e Rússia nesta
década, destaca-se principalmente o projeto estadunidense de construir um
"Escudo antimísseis", durante o governo Bush, que incluiria uma rede de
radares e de sistemas anti-mísseis (bases de mísseis anti-mísseis, satélites e
armas laser) em países da antiga área de influência soviética.
Entretanto, outras disputas entre Rússia e EUA também se
desenvolveram ao longo da década de 2000, incluindo as tensões relacionadas
aos projetos de ampliação da OTAN para o leste da Europa, incluindo países da
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ex-URSS, como a Ucrânia, país alvo de novas tensões desde a "Revolução
Laranja" de 2004-2005, que implementou um governo anti-russo no país.
Destacaram-se ainda novas disputas envolvendo a região do Ártico. Também
contribuíram para o aumento das tensões russo-americanas, o apoio indireto
dos EUA aos separatistas da Chechênia, o apoio da Rússia (na forma de
fornecimento de armas modernas) a governos considerados hostis aos
interesses dos Estados Unidos, como a Venezuela e o Irã, e, principalmente, a
resposta russa durante a Guerra da Geórgia.
A Era Medvedev (2008-2009)
Em 2008, a tensão entre Washington e Moscou, a antiga capital da URSS,
se agravaram depois dos EUA ter anunciado o início da construção do Escudo
antimísseis no Leste Europeu, na área próxima e de influência direta da Rússia.
Em resposta ao fato, Moscou condena a atitude dos EUA e anuncia a instalação
de mísseis táticos Iskander na região ocidental de Kaliningrado, o
desenvolvimento de contramedidas eletrônicas dos elementos do Escudo
Antimísseis que Washington planeja instalar no Leste Europeu, composto por
um radar na República Tcheca e mísseis interceptadores na Polônia,[19] e o
desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares e mísseis balisticos
moveis por parte da Rússia.
Em 2009, Moscou anuncia que irá rearmar suas forças militares e ampliar
seu arsenal nuclear em resposta ao fortalecimento da Otan (Organização do
Tratado do Atlântico Norte), criada para combater o avanço do socialismo na
era bipolar. O reingresso da França e de outros países do Leste Europeu tem
provocado tensões na região.
Com a ascensão de Barack Obama a Presidência dos Estados Unidos,
ocorre uma redução das tensões entre EUA e Rússia, principalmente devido ao
anúncio da interrupção do plano de construção da infra-estrutura do "Escudo
anti-mísseis" (radares e sistemas anti-mísseis) em torno da Rússia.
A Guerra na Ossétia do Sul e Geórgia
Em Agosto de 2008, a Ossétia do Sul (apoiada pela Rússia), e a Geórgia
(apoiada pelos EUA), entraram em conflito armado, tropas da Geórgia
ocuparam militarmente a capital da Ossétia do Sul, região separatista da
república georgiana. Em resposta ao ocorrido, tropas russas atacaram
militarmente a Geórgia e reconheceu as regiões separatistas da Ossétia do Sul
e Abecásia, o que causou forte desgaste diplomático entre Washington e
Moscou.
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BIBLIOGRAGIA
 História Série Novo Ensino Médio Divalte
Autor: Divalte Garcia Figueira, editora Ática 2ª edição
 EJA SUPLEGRAF 5ª Série, editora Didática Suplegraf
Sites:
 www.passei.com.br/telecurso2000
 http://educacao.uol.com.br/
 PT.wikipedia/org/wiki/historia
 http://www.historiaimagem.com.br
 www.suapesquisa.com/historia
 www.brasilescola.com/historia
 www.portalsaofrancisco.com.br
 www.biblioteca.templodeapolo.net

http://www.grupoescolar.com/materia/as_invasoes_barbaras__idade_media.html [Autor: Anselmo Jr - Lido: 48189 Vezes - Categoria:
História]
 Magnoli, Demétrio, Globalização – Estado Nacional e Espaço Mundial, Ed.
Moderna
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