Papai construiu, eu destruí
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Papai construiu, eu destruí
EM REVISTA PUBLICAÇÃO DA ESCOLA DE NEGÓCIOS DA UNIVERSIDADE POSITIVO Edição 02 | Setembro | 2008 R$12,00 Papai construiu, eu destruí Por que empresas familiares ainda enfrentam problemas para fazer um sucessor e acabam falindo nas mãos de filhos e netos. VOCÊ CUIDA DA SUA MARCA? A importância de investir na marca de uma empresa e como conseguir ficar na memória do consumidor. O CAMINHO É VALORIZAR Como empresas têm se valorizado em suas áreas de atuação com o processo de Private Equity. GUSTAVO LOYOLA Ele é conhecido como ex-presidente do Banco Central, mas já passou por muitas outras experiências. EDITORIAL Crescimento. Palavra corriqueira no mundo dos negócios na atualidade. Esta edição da Negócios em Revista é dedicada a reflexões sobre os desafios do crescimento sustentável das empresas no Brasil. As oportunidades são singulares na atual conjuntura econômica brasileira. Empresas de grande, médio e pequeno porte têm a chance de aproveitar o momento para crescer e se consolidar no mercado nacional e mundial. A Empresa Bosch é resultado da saga do alemão Robert Bosch. A Bosch consolida-se como uma grande empresa que vem contribuindo ativamente no processo de crescimento da economia brasileira. Nas palavras do seu presidente regional de Sistemas de Diesel da América Latina, José Mauro Pelosi, a empresa é exemplo da postura empreendedora de um visionário que acreditou no potencial econômico brasileiro. Robert Bosch teve razão. Da origem até a atualidade, a Bosch sempre primou pela visão de longo prazo. Seu esforço na área de pesquisa e desenvolvimento, aliado à postura de inovação tecnológica, faz da empresa um caso de sucesso empresarial. Robert Bosch nos ensina que o crescimento é resultado de empreendedorismo voltado para a inovação permanente. Diferentemente dos desbravadores do passado, na atualidade, empresas que somam bons produtos com mercados consumidores bem definidos têm a possibilidade de crescer com o processo de Private Equity. Empresas de pequeno e médio porte são avaliadas e, com planejamento e modelo de gestão adequado ao negócio, podem se orientar para um crescimento estável. Exemplos desse modelo de orientação voltada para a expansão e crescimento são as empresas Gol Companhias Aéreas, Localiza Rent a Car, Wizard e várias outras. As oportunidades de crescimento na atualidade devem ser aproveitadas. Em um momento em que os ventos sopram favoravelmente a todos, quem só aproveita a brisa não desfrutará da prosperidade. Em todo processo de crescimento e de aproveitamento de oportunidades são necessários profissionais de liderança, motivação e visão de negócios. Raramente um profissional “nasce grande” em uma empresa. Os líderes do futuro surgem a partir de profissionais que se empenham ao máximo ao longo de sua carreira. Gustavo Loyola é a comprovação disso. A reportagem “O estagiário que virou presidente” mostra um exemplo que deve ser seguido por todos aqueles que um dia almejam chegar ao topo de uma organização. Quem está disposto a enfrentar todos esses desafios? A revista traz, também, um novo formato de reflexão sobre um tema da atualidade. Em “A economia brasileira está pronta para a criação de um fundo soberano?”, destacam-se as posições contrárias e as divergências entre dois professores da Universidade Positivo: Arthur da Silva Coelho e Thaíza Regina Bahry. A diferença de opiniões é essencial para o crescimento sustentável. A universidade é um ambiente plural, em que as cabeças pensantes precisam se voltar para o saber, o progresso, o enriquecimento e a prosperidade. Crescer é inevitável. Nossa responsabilidade é orientar os rumos do crescimento. Empresários, executivos, acadêmicos e a sociedade em geral precisam alinhar suas estratégias para criar sinergia e conhecimentos orientados para o progresso da nação. Com relatos de sucessos empresariais, profissionais e reflexões sobre atualidades do mundo dos negócios, a Negócios em Revista contribui para o crescimento do Brasil. Boa leitura! Professor Renato Casagrande Diretor da Escola de Negócios da Universidade Positivo Expediente Negócios em Revista é uma publicação trimestral da Escola de Negócios da Universidade Positivo, produzida pelo Curso de Jornalismo da UP e distribuída em todo o território nacional a líderes empresariais e representantes do setor corporativo. Sua reprodução integral ou parcial é permitida, desde que citada a fonte. Reitoria Reitor: Prof. Oriovisto Guimarães Vice-Reitor: Prof. José Pio Martins Pró-Reitor de Administração: Prof. Arno Gnoatto Pró-Reitor de Planejamento e Avaliação Institucional e Pró-Reitor Acadêmico: Prof. Renato Casagrande Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Prof. Luiz Hamilton Berton Pró-Reitora de Extensão: Prof a. Fani Schiffer Durães Conselho Editorial Alexandre Daniel Rosa, Armando Rasoto, Gilmar Andrade, Márcia Oliveira, Ronaldo Hofmeister e Thereza Cristina Schiel Equipe de Redação Jornalista responsável: Ana Paula Mira (MTb 3956) Edição: Ana Paula Mira Redação: Ana Paula Mira, Denise Paciornick, Diana Axelrud, Gabrielle Chamiço, Gustavo Alberge, Luísa Barwinski e Luis Gustavo Fonseca Imagens: HSM Projeto Gráfico: Positivo Comunicação Gráfica Número de exemplares: 7.000 Universidade Positivo Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido Curitiba – PR – CEP 81280-330 Fone: (41) 3317-3000 – Fax: (41) 3317-3030 www.escoladenegociosup.com.br Sua idéia Espaço reservado para todos os leitores que queiram dar sugestões de pauta, criticar ou elogiar o conteúdo da Negócios em Revista, ou simplesmente para aqueles que desejam expor sua opinião em relação a um dos temas abordados. Sua idéia, aqui, é conteúdo de primeira grandeza. Participe! [email protected] Cartas “Foi uma satisfação receber a edição inaugural da "Negócios em Revista". Não consegui deixá-la de lado após folhar as primeiras páginas. Parabéns pelo trabalho realizado e sucesso no empreendimento”. Luciano Fleischfresser Eng. Mecânico Setembro 2008 Negócios em Revista 3 ÍNDICE TRAJETÓRIA A história de persistência e sucesso da Bosch Página 06 CURTAS Saiba mais sobre as mudanças na mobilidade tecnológica, links patrocinados e a nova lei societária Página 08 POLÊMICA 06 A criação de um Fundo Soberano no Brasil é viável? Dois pesquisadores mostram as vantagens e desvantagens dessa estratégia Página 10 PERCEPÇÕES O excesso de riquezas naturais pode se transformar em maldição. José Pio Martins explica em sua coluna Página 13 ESPAÇO HSM Leia a última entrevista de Peter Drucker e reveja algumas das idéias mais brilhantes da área da Administração Página 14 PERFIL A trajetória de Gustavo Loyola até o Banco Central e o orgulho de ter feito parte de um importante período da história do país MATÉRIA de Capa Maioria no Brasil, as empresas familiares representam a força dos laços sangüíneos no desenvolvimento de uma corporação. Independente do negócio, todas elas vão passar, em algum momento, pela necessidade de pensar em sucessão. Saiba como transformar a dor de cabeça desse processo em algo tranqüilo e sem turbulências. Página 19 14 ACONTECE Private Equity como processo de valorização de empresas Página 26 NA MIRA A importância de investir na sua marca e o caminho com todos os passos para sua empresa não sair da cabeça do consumidor Página 28 NOVIDADES Um jardim de sons, novos relógios da Cartier, fones de ouvido que funcionam embaixo d’água e até um relógio projetado na unha. Confira o que tem de mais novo no mercado da tecnologia e entretenimento Página 30 VÁRIAS Idéias Eloi Zanetti fala sobre a importância do equilíbrio entre razão e emoção 28 Página 33 ÍNDICES Página 34 Página 20 TRAJETÓRIA História brasileira com sotaque alemão Luis Gustavo Fonseca Com uma bicicleta antiga de rodas e sempre preferiu gerenciar a empresa os discos dos Beatles na vitrola, a Bosch tortas, um casaco negro de modelo através de princípios. A Bosch ganhou chegou ao Brasil e logo instalou sua pri- militar, uma cartola escura que quase nome, atravessou momentos de crises meira fábrica no país. Porém, antes disso, cobria os olhos e a coragem de enfren- mundiais e se expandiu. Porém, por ser os produtos já podiam ser encontrados por tar o inverno europeu, o alemão Robert uma empresa tipicamente germanizada, aqui. A distribuição começou muito mais Bosch começava uma história de teve que quebrar alguns paradigmas cedo, com a chegada de fábricas auto- sucesso pelas ruas cobertas de neve culturais para poder se internacionalizar”, mobilísticas que precisavam dos produtos de Stuttgart, na Alemanha do final do afirma o presidente. para dar suporte às suas produções. O século XIX. O pouco dinheiro bastava Característica marcante no conturbado primeiro local escolhido foi Campinas, para o incentivo de sua vontade. Ele cenário cinza de guerra, em 1914, assim em São Paulo. Passou a funcionar em um visitava os primeiros clientes de sua como em outras empresas, a Bosch pa- terreno de 3.000 m² a primeira fábrica, na pequena oficina de mecânica fina. ralisou suas vendas e levou grande parte Avenida da Saudade, n°. 1214. O galpão Essa vontade e a idéia empreen- dos colaboradores para o serviço militar. de produção ficou conhecido como a “Fá- dedora do, até então, desconhecido Naqueles anos, Robert Bosch doou mais brica velha da Saudade”. Logo a matriz foi alemão, que nasceu em um pequeno de 20 milhões de marcos-ouro para fins transferida para um local maior, na Rodovia vilarejo e conviveu com Thomas Edison, pacíficos e o término da Primeira Guerra Anhangüera. chegaram ao mundo contemporâneo, Mundial. As atividades industriais da Bosch no dando origem à Bosch. O Presidente No início da Segunda Guerra Mundial, o Brasil começaram efetivamente na década Regional de Sistemas Diesel da Améri- homem elegante de barba branca e com de 60. Inicialmente, eram fabricados equi- ca Latina, José Mauro Mendes Pelosi, face de bom senhor, Robet Bosch, ainda pamentos diesel, como bombas injetoras afirma que a empresa continua se ba- estava à frente de seus negócios. No en- completas, bicos injetores e filtros, e equipa- seando no DNA cultural do pioneirismo tanto, debilitado por uma grave doença, mentos elétricos, como motores de partida, de seu fundador. “Tudo que nós fizemos acabou morrendo em 1942. Nas palavras dínamos, bobinas de ignição e outros. até hoje foi um processo que se amar- em um testamento de páginas amareladas, O ano de 1964, o mesmo ano em que o rou ao longo da história graças à visão a preocupação com a empresa deixou governo militar assumiu o poder brasileiro, do nosso fundador”, diz Pelosi. transparecer: definia diretrizes gerais representou o início das exportações da A produção da Bosch crescia a cada que deveriam ser seguidas por seus Robet Bosch do Brasil. Além disso, foi ano, tornando-se requisitada no mer- sucessores para cumprimento de metas criada na mesma época a Fundação Ro- cado automobilístico, que se expandia econômicas, sociais e culturais. Apesar bert Bosch, detentora de 92% do capital no começo do século XX. Com o passar da morte de seu fundador, os negócios da empresa. dos anos, a empresa se ampliou e mi- continuaram a todo vapor. Nos anos seguintes, durante a ditadura grou para os quatro cantos do mundo. Em meio aos anos dourados, os vesti- militar, além de Campinas, em outras ci- “Robert Bosch era um empreendedor, dos de bolinhas, as jaquetas de couro e dades foram inauguradas mais quatro 6 Negócios em Revista Setembro 2008 fábricas no país: Tatuapé (SP), Aratu essa preocupação com o ser, (BA), Curitiba (PR) e Manaus (AM). voltado para a vida do ecos- Para José Mauro Mendes Pelosi, a fórmula do sucesso da Bosch é a sistema e sempre buscando qualidade”, relata Pelosi. visão de longo prazo que a empresa As características de ino- tem desde sua fundação, além dos vação e audácia da Bosch investimentos práticos em pesquisa e desenvolvimento. “Temos uma visão estável de longo prazo que já está no nosso DNA. Todos os anos, no mundo inteiro, 7% do faturamento total são aplicados em pesquisa e desenvolvimento, permitindo a contínua inovação tecnológica”, comenta. são fatores relevantes para a s v a n t a g e n s e m p ree ndedoras que ela alcançou em seus mais de 130 anos de existência. Com a busca pela excelência e a atenção aos clientes, ela tornou-se pode- Atualmente, no mundo, a Bosch rosa e está entre as empresas trabalha em três setores: o setor au- mais importantes do mundo. tomotivo, o setor de bens de capital e Sua dedicação é a fonte o setor de bens de consumo. Possui para sua conquista. “Nós te- um faturamento anual de mais de 49 mos tantas histórias que é bilhões de euros. 60% desse valor são difícil contar uma só”, conclui. do setor automotivo. A principal meta da empresa até 2015 é chegar a 90 bilhões de arrecadação e diminuir a participação do setor automotivo para 50%. “São sete anos, onde a ordem de crescimento deve ser de 10% ao ano. Isso vai acontecer através de aquisições de negócios, de novas empresas. Para isso, a Bosch está investindo muito no setor de energia. Comprando empresas de energia solar e baterias”, afirma o presidente. O principal objetivo da empresa é trazer inovações tecnológicas para a vida. Ela coloca no mercado várias idéias com o foco na vida do ser humano e do planeta como um todo. “Não fabricamos nada que vá contra a vida. Assim, não é só o produto que sai na frente, mas também o processo que faz esse produto acontecer, que tem Setembro 2008 Negócios em Revista 7 CURTAS Ainda sobre tecnologia Luísa Barwinski Internet nas nuvens Luísa Barwinski A palavra de ordem é “mobilidade”. Ficar preso a fios e unidades imóveis de armazenamento faz parte de um conceito que, dentro de poucos anos, estará ultrapassado. O segredo está nas conexões dos nossos próprios cérebros. As redes neurais, como são chamadas as novas formas de processamento, foram inspiradas no trabalho do cérebro humano. Segundo Deise Bautzer, coordenadora do curso de Marketing da Universidade Positivo, as redes neurais simulam o sistema de aprendizagem humano dentro dos processamentos de informações. "A grande relevância desse estudo é a possibilidade de gerenciarmos toda a informação gerada com a velocidade e a eficiência que a máquina humana realiza”, explica. As redes neurais permitem um novo tipo de tecnologia da informação chamada Internet em Nuvem, do inglês cloud computing. A professora Deise diz que em menos de cinco anos os discos rígidos e os sistemas de arquivamento, que são comuns aos computadores atualmente, já não existirão mais. Todas as informações necessárias aos usuários estarão disponíveis em provedores que poderão ser acessados de qualquer lugar, inclusive através de smartphones e iphones. Essa nova tecnologia tornará o mercado da informática mais dinâmico através da redução de custos, uma vez que o usuário precisará apenas de um monitor, um teclado e um mouse em sua casa ou escritório, se houver necessidade de uma “estação de acesso” fixa em algum lugar. Qualquer informação poderá ser acessada com rapidez e facilidade. “Teremos enormes investimentos em serviços on-line. Tudo estará girando em torno de uma plataforma complexa de aplicativos da Internet”, prevê Deise diante da demanda por serviços e produtos virtuais que está por vir. 8 Negócios em Revista Setembro 2008 A comunicação e a capacidade de se reinventar a qualquer momento são essenciais. E é isso que a Web 2.0 oferece aos seus usuários. Mas o que é essa ferramenta nova? Deise Bautzer, coordenadora do curso de Marketing da Universidade Positivo, conta que a Web 2.0 é a segunda geração da rede mundial de computadores, que "tem foco nas comunidades e redes virtuais que funcionam na plataforma da internet". Para o blogueiro e jornalista gaúcho, Frederico Fagundes, autor do blog "Quem Matou a Tangerina?" e exintegrante do "Jacaré Banguela", a web 2.0 garante uma informação mais completa para o usuário, "não só pelas opções multimídias, como inclusão de áudios, vídeos e galerias de fotos, mas pela instantaneidade da opinião". Para Fagundes, as vantagens são inúmeras: "As novas ferramentas deixaram a informação na Internet mais quente, mais veloz e, principalmente, mais completa". No entanto, a Web 2.0 pode ser muito desafiadora e competitiva para quem ainda não se adequou a ela. Há poucos anos, quando os conceitos que definem a segunda geração da internet estavam se consolidando e, aparentemente, ela não parecia ser algo que quebraria paradigmas, poucos previam as mudanças que ela traria. "O maior impacto, sem dúvida, é no formato e na importância que o usuário passa a ter no fluxo e na escolha do conteúdo. As empresas de comunicação, entretenimento e o mercado como um todo estarão seguindo o desejo do usuário", explica a professora Deise. A realidade de consumo fica mais complexa, uma vez que quem passa a mandar no jogo é o consumidor. Deise simplifica essa norma: "nós escolheremos o que vamos assistir, o que vamos ouvir e a natureza dos produtos que compraremos", diz. Isso faz com que os produtos que a mídia de massa produz sejam cada vez mais segmentados, uma vez que o consumidor só vai comprar o que lhe atrair. A palavra-chave é patrocínio Gabrielle Chamiço No meio ou nas laterais das páginas da descrição do produto ou serviço oferecido internet, os links patrocinados aparecem e a Uniform Resource Locator (URL) do cada vez mais nas telas dos computadores. site onde pode ser encontrado. São três Mas você sabe o que são e como funcionam formatos de links patrocinados: por pala- esses links? São pequenas frases que fazem vra-chave, assunto ou perfil. O primeiro é a ligação do consumidor com o site do o mais utilizado. "O cliente é quem escolhe produto a ser comercializado. A preferência quanto quer pagar no clique. Pode ser internauta. Eles representam 40% dos por esse sistema é expressiva, como estipulado um valor como R$ 0,20, por anúncios atuais, funcionam muito bem comenta Ronaldo Hofmeister, professor exemplo. Para comprar uma palavra ele dá como estratégia publicitária e, no Brasil, da Escola de Negócios da Universidade um lance pelo Google", explica Hofmeister. recebem um investimento de R$ 22 Positivo: "Atualmente muitas empresas O link por assunto se relaciona com o tema milhões. Cada um real investido gera compram links patrocinados, não existe específico de interesse do internauta. um retorno de sete reais. São números um perfil de empresas já determinado. As É importante ressaltar que no Brasil exi- significativos para a economia nacional. pequenas empresas tendem a comprar stem cerca de 42 milhões de internautas. Se "A vantagem desse meio é que não mais, porque é uma forma de utilizar uma estabelecido por perfil, o link é disponibili- existe tamanho. Tanto uma empresa publicidade barata". zado assim que acessado um determinado pequena quanto uma grande aparecem Veiculado na internet, as principais e-mail. Os links ficam localizados à direita da mesma forma na internet", conclui características desse sistema são o título, da página e são baseados no perfil do Hofmeister. A nova lei das sociedades Luísa Barwinski Em 1976, o Brasil estava mergulhado trâmites pelo Congresso Nacional. A nova ele, com esta nova lei as empresas na ditadura militar, sob o comando do lei das sociedades por ações, publicada brasileiras ganham mais transparência general Ernesto Geisel. Durante este em diário oficial no dia 28 de dezembro de em seus demonstrativos financeiros. período, a legislação que regulamentava 2007, trouxe novos dispositivos, sobretudo Como a alteração na regulamentação as sociedades por ações era uma versão no que diz respeito à elaboração e à foi feita há menos de um ano, as um pouco modificada de uma lei de divulgação de demonstrações contábeis. adaptações e a aplicação da norma ainda 1882, originada em 1850 a partir do Para o coordenador do curso de Ciências trazem dúvidas. Dentre as mudanças, Código Comercial Brasileiro, que por Contábeis da Universidade Positivo, estão aquelas que tratam da relação sua vez foi feito com base nos códigos professor Marcos Aurélio Custódio, essas de ativos intangíveis das empresas. de comércio de Portugal, Espanha e mudanças colocam o Brasil em um novo Antes de a atualização ser feita, apenas França. De lá para cá, pouca coisa foi patamar. "A nova lei incorporou-se ao o que era físico e tangível poderia ser alterada nesta lei. No entanto, o mundo contexto jurídico e econômico do Brasil contabilizado. Também foi introduzido o e o jeito de se fazer negócios mudaram com a pretensão de tornar a prestação de conceito de sociedades de grande porte – e muito. contas das empresas mais transparente para caracterizar as empresas com ativo Para atualizar a legislação societária e de alinhar a comunicação dos informes total superior a R$ 240 milhões ou receita que já não acompanhava a dinâmica contábeis e societários com a dinâmica bruta superior a R$ 300 milhões. Todas globalizada do mercado , foi criado um existente em mercados mais desenvolvidos, as mudanças devem incentivar ainda projeto de lei no ano 2000, que veio a como os Estados Unidos e a Europa fazem, mais o desenvolvimento das empresas ser aprovado depois de sete anos de por exemplo", acredita Custódio. Segundo brasileiras. Setembro 2008 Negócios em Revista 9 POLÊMICA SIM A economia brasileira está um fundo soberano? O Fundo Soberano do Brasil e suas vantagens Thaiza Regina Bahry1 Os fundos de riqueza soberanos, fundos de desenvolvimento, visando de crescimento econômico devem ser ou fundos soberanos, são instru- alocar recursos para projetos prio- gastos em momentos de retração da mentos financeiros que surgiram a ritários; e fundos de reserva, para custeio economia, tornando-a mais estável em partir do momento em que alguns de passivos fiscais de longo prazo. termos de crescimento e de receitas fis- países acumularam reservas inter- O projeto de lei que cria o fundo cais no longo prazo. Além disso, o fundo nacionais em volume superior ao soberano do Brasil foi assinado recen- exerce uma pressão antiinflacionária, considerado necessário e suficiente temente pelo Governo Lula e enviado pois reduz os gastos em momento de para o enfrentamento de choques e para o Congresso Nacional. Porém, não aquecimento da economia. Isso, in- emergências financeiras externas. há consenso sobre a criação do mesmo, clusive, pode já ter um efeito benéfico Entre os mais importantes fundos sendo que muitos economistas têm sido no momento atual, em que a economia soberanos, encontram-se o de Dubai, contrários à idéia. brasileira sofre pressões inflacionárias Noruega, Cingapura e China. É uma Os recursos do fundo brasileiro serão e que o superávit do governo tem sido modalidade de investimento estatal, advindos, no ano de 2008, do resultado significativamente alto. Quer dizer, à para a qual se usam principalmente primário do governo, tendo em vista medida que destina parte dos recursos recursos advindos da comercializa- seu excedente de arrecadação sobre do superávit primário para o fundo, o ção de commodities, em especial, o os gastos. A meta de superávit primário governo deixa de gastá-los. Ao mesmo petróleo. Os recursos dos fundos so- para este ano era de 3,8% do PIB, tempo, isso pode exercer um efeito sobre beranos são aplicados em operações para o que agora se acrescentou mais a taxa de juros, considerando que gas- que possibilitam um maior retorno 0,5%, equivalente a R$ 14,2 bilhões, a tos maiores levam a uma taxa de juros que as aplicações que usualmente se serem destinados para o fundo. Nos maior. Assim, pode-se ter um processo fazem com as reservas internacionais próximos anos, caso a arrecadação de mais comedido e breve de aumento dos dos países. impostos continue crescendo a taxas juros, evitando o aumento das despesas De acordo com a finalidade para elevadas, o governo continuará fazendo do governo com juros. O fundo, além de os quais os fundos são criados, os superávit primário maior, para aumentar sua função de estabilização, também mesmos podem ser classificados em os recursos do fundo soberano. Além pode ser vantajoso ao exercer função diferentes tipos: fundos de estabili- disso, no futuro, recursos arrecadados cambial. Isso porque a poupança em zação, que são veículos para uma pelo governo federal com a exploração reais realizada através dele pode ser a t u a ç ã o a n t i c í c l i c a ; f u n d o s d e das reservas de petróleo descobertas utilizada para comprar dólares no mer- poupança, que visam transferir recur- pela Petrobras deverão ter o mesmo cado doméstico, reduzindo valorizações sos entre as gerações; fundos de in- destino. excessivas da moeda brasileira. vestimento, que visam otimizar o perfil Entre as vantagens do fundo brasilei- São diversas as vantagens que podem risco-retorno das reservas cambiais, ro, está o fato de que o mesmo deve ser ser atribuídas ao fundo soberano do buscando aplicações mais rentáveis utilizado de uma forma anticíclica, pois Brasil. Logo, por que tantos questiona- que as usuais para esses recursos; os recursos poupados em momentos mentos em relação à sua criação? 1 Doutora 10 em Economia pelo PPGDE-UFPR. Professora da Universidade Positivo. Negócios em Revista Setembro 2008 pronta para a criação de Fundo Soberano tupiniquim Os fundos soberanos, também co- De acordo com o Ministério da Fazenda, recursos – condição específica para nhecidos como Sovereign Wealth Funds, “o objetivo desse instrumento é apoiar o surgimento dos fundos soberanos. surgiram no mundo econômico a partir empresas brasileiras em suas atividades Além disso, segundo avaliação da di- do momento em que as reservas interna- e ter um bom retorno financeiro". Para o retora de Rating Soberano da agência cionais de alguns países desenvolvidos ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, de classificação de risco de crédito ultrapassaram o volume considerado "é a ampliação de atividade das nossas Standard & Poors, Lisa Schineller, “o necessário para que os mesmos enfren- empresas, particularmente no exterior. Se Brasil não opera com superávit fiscal tassem choques e emergências finan- uma empresa que quer vender serviços nominal, por exemplo, para que seja ceiras externas. Esses fundos são um fizer incorporação de outras, poderá ser criado um fundo soberano de riqueza”. patrimônio em moeda estrangeira, em financiada através desse mecanismo". Também, diante de uma crise mun- geral administrado por uma instituição O problema é que, antes de decidir so- dial, o fluxo de capitais externos que estatal, e utilizados no apoio à produção bre onde empregar os recursos do fundo, é para cá é direcionado pode se reverter, nacional ou em projetos internacionais de preciso definir a origem de seus recursos, exigindo o uso de tais reservas. Além interesse do governo que os detêm, princi- e segundo o Governo o Tesouro compraria disso, o Brasil não tem as mesmas palmente aplicados fora do país de origem. os dólares excedentes, que seriam trans- características de outros países que No Brasil, a idéia da criação de um feridos para o fundo em vez de irem para criaram fundos soberanos. “São países Fundo Soberano do Brasil (FSB) ganhou as reservas do Banco Central (Bacen). com uma poupança [interna] enorme, espaço no cenário econômico nacional Isso porque legalmente as reservas têm com alto grau de investimento em a partir do momento em que o governo sua destinação prevista por lei e devem relação ao PIB, e o custo fiscal para o federal, levando em conta o elevado vo- ser aplicadas em títulos seguros, de risco Brasil seria enorme”, afirma o econo- lume de reservas cambiais acumuladas próximo a zero, como é o caso dos papéis mista Nathan Blanche, da Tendências pelo país nos últimos anos e a melhora emitidos pelo Tesouro norte-americano. Consultoria, para quem a medida fa- na situação de sua dívida externa, con- Ocorre que, embora vivendo um bom voreceria apenas um segmento e não siderou a possibilidade de formação momento, a economia brasileira parece toda a economia brasileira. Isso carac- de um fundo que maximizasse a com- não estar pronta para a criação de um terizaria uma política protecionista para petitividade das empresas brasileiras fundo soberano. O Brasil vive uma situa alguns setores da economia, o que po- que atuam no mercado internacional. ção diferente dos países emergentes que deria ser prejudicial para o Brasil frente Embora tanto a origem dos recursos criaram tais fundos a partir do excesso a uma lógica de liberação de mercados quanto o objetivo do FSB ainda não de divisas em moeda estrangeira. Ao que vem ocorrendo em nível mundial. estejam bem esclarecidos, já é possível contrário daqueles, o País teria de bus- perceber que o objetivo do fundo será car esses recursos comprando dólares menos ambicioso que o dos países emer- no mercado e criaria um fundo com gentes que possuem o mesmo fundo. aumento da dívida e não com sobra de Setembro 2008 Negócios em Revista 11 NÃO Arthur da Silva Coelho HSBC. A maior empresa do mundo. Eleita pelo ranking Forbes 2000 das maiores companhias mundiais. www.hsbc.com.br HSBC Bank Brasil S.A. - Banco Múltiplo PERCEPÇÕES Os perigos da opulência José Pio Martins Economista e Vice-Reitor da Universidade Positivo O governo e a Petrobras vêm anuncian- Outra explicação é de que a abundância de do, com euforia, a descoberta de reservas recursos naturais cria “efeitos incapacitantes” de petróleo e gás. No início de julho, o na sociedade e no governo, transformando Presidente Lula chegou a afirmar que gos- um país rico de recurso em um país pobre de taria de ver o Brasil participando da OPEP, riqueza. Recurso é o que a natureza nos dá; a Organização dos Países Exportadores riqueza é o recurso transformado em produto de Petróleo. A opulência traz seus perigos. consumível. Alguns países produtores de Um deles é chamado perigo da “doença petróleo, do Golfo Pérsico, oferecem tantas holandesa”, aquela situação de países com comodidades e amenidades a seus cidadãos abundância de recursos naturais – como a que acabam por embotar a criatividade e Nigéria e a Venezuela – que não lograram induzir ao ócio. melhorias significativas no padrão de bemestar das suas populações. O Brasil já poderia estar experimentando sinais da doença holandesa. Em julho de “Doença holandesa” foi o apelido atribuí- 1994, o preço de um dólar era igual a um real. do ao mal que acometeu a Holanda na De lá para cá, os preços em reais subiram, década de 1970, para descrever as di- pelo menos, 250% e, se essa inflação fosse ficuldades do setor industrial daquele país repassada para a taxa de câmbio, o preço do depois da descoberta de gás natural. Nessa dólar seria de R$ 3,50. Entretanto, a moeda mesma época, o Ministro do Petróleo da externa anda patinando na casa dos R$ 1,70, Venezuela, Juan Pablo Pérez, prevendo quase inviabilizando importantes setores ex- esse problema, afirmou: “Daqui a dez ou portadores. O Brasil não vive a maldição do vinte anos, vocês verão: o petróleo será a petróleo, mas vive o efeito de uma excessiva nossa ruína”. oferta de dólares obtidos com exportações e Algumas explicações iniciais são pos- com a entrada de capital financeiro externo síveis. Uma é que, ao se tornarem expor- que vem para cá em função das taxas de tadores dos produtos naturais abundantes juros atraentes. – petróleo, gás natural, cobre, minérios, etc. A história tem a mania de se repetir, e o Brasil –, esses países têm o preço da sua moeda pode acabar vendo a abundância de recursos aumentado frente às moedas estrangeiras, naturais transformarem-se em nossa maldição, tornando menos competitivos os demais coisa que pode ser evitada se governo e socie- produtos de exportação, levando ao atrofia- dade tiverem competência para administrar a mento de outros setores da economia. opulência que a natureza nos oferece. Setembro 2008 Negócios em Revista 13 ESPAÇO HSM Um legado de sete décadas Adriana Salles Gomes editora-executiva de HSM Management com colaboração de Lizandra Magon de Almeida O preço que se paga pela sociedade do conhecimento é que nela acontece uma “corrida de ratos”, escreveu Peter Drucker. Seria possível complementar que ele iluminava o percurso dessa corrida. Reportagem da HSM Management se atreve a fazer um panorama do pensamento do grande mestre, destacando idéias que vão de clientes a liderança, passando por inovação, e que devem continuar influenciando as próximas gerações 14 Negócios em Revista Setembro 2008 Peter Drucker foi o criador da visão do Foram muitas as idéias desse pensador os executivos têm de conhecer de ver- management, que podemos chamar de que moldaram o mundo dos negócios e dade o cliente. Não adianta procurarem “gestão”. Essa definição é do professor a própria sociedade. Tantas que é difícil essa informação em seus computado- Álvaro Bruno Cyrino, da Fundação Dom selecioná-las. Como analisa o professor res. O cliente está lá fora. Cabral, que complementa: Drucker esteve José Antônio Capito, do IBMEC-SP, essas Não existe “lealdade do cliente”. “na origem do desenvolvimento da gestão idéias “já influenciavam o mundo na época Peço aos executivos que esqueçam no momento em que a economia passava do meu avô e vão continuar influenciando essa expressão, isso nunca existiu. Um de pequenas empresas familiares para depois dos meus filhos”. HSM Manage- cliente nunca pergunta “O que você fez grandes corporações”. ment se atreve, a seguir, a destacar por mim ultimamente?”, e sim “O que algumas delas. você fará por mim amanhã?”. Drucker criou o management, mais uma arte do que uma ciência em suas próprias Das quatro mais valiosas lições de palavras, aproximadamente entre 1946 e Gestão do futuro marketing para o século 21, a principal 1964, período em que lançou três dos livros Prever o futuro é inútil. Você deve ge- é a de que “comprar os clientes não fundadores da disciplina – “Concept of the renciá-lo. Para tanto, há duas abordagens funciona”, ou seja, fazer um produto Corporation” (ed. Transaction Publishers), diferentes, ainda que complementares. altamente barato não é garantia de “Prática da Administração de Empresas” Uma consiste em saber detectar o futuro êxito por si. Uma segunda lição vem e “Administrando para Obter Resultados” que já aconteceu, mas ainda não foi per- de um sucesso que virou fracasso (ambos, ed. Thomson Pioneira). Ele po- cebido. A outra se traduz em fazer o futuro depois: o mercado de aparelhos de deria ter parado por aí, limitando-se a acontecer, ou seja, inventá-lo. fax nos Estados Unidos. Os japoneses sistematizar idéias e teorias alheias que Nos primeiros tempos, a Revolução não se perguntaram “Qual é o mercado surgissem – algo que, aliás, também fez da Informação só criou uma nova rotina para essa máquina?”, mas “Qual o com maestria. Mas não. Drucker con- para o que sempre foi feito. É o comércio mercado para o que essa máquina tinuou lançando conceitos inovadores e eletrônico que vai gerar a explosão que faz?”. Assim, conseguiram perceber essenciais. Como diz o professor Cláudio mudará tudo… O comércio eletrônico que a Federal Express já tinha estabe- Felisoni, presidente da Fundação Instituto será para a Revolução da Informação o lecido esse mercado. A terceira lição de Administração da Universidade de São que a ferrovia foi para a Revolução In- é a de que precisamos conhecer tanto Paulo (FIA-USP), sua incrível capacidade dustrial. Todos devem pensar em como os não-clientes como os clientes – é de observação da realidade e sua “grande podem aproveitar essa ferramenta, que imprescindível passar algum tempo sensibilidade” lhe propiciaram “antecipar está mudando rapidamente a economia, fora da empresa. Por exemplo, quando tendências”. a sociedade e a política. um de seus vendedores sair de férias, Drucker mostrou, por exemplo, que Os próximos 20 anos presenciarão o substitua-o você mesmo. Para finalizar, cada vez mais a informação condicionaria surgimento de inúmeros novos setores e, uma lição simples: devemos explorar o desenvolvimento das empresas e da quase com certeza, poucos deles virão as mudanças demográficas como sociedade e foi precursor ao apontar que da tecnologia da informação, do com- oportunidades de marketing. a necessidade de gerenciar o conheci- putador, do processamento de dados ou mento era maior até que a necessidade de da internet. Na era do conhecimento, a maioria das marcas vai perder sua razão de gerenciar as pessoas. Suas idéias sobre É provável que os próximos setores ser. Uma marca geralmente é um empreendedorismo e inovação, como importantes da economia se comportem substituto para a informação, o que foi lembra o professor Cyrino, mudaram “a muito mais como os setores tradicionais, dito há mais de cem anos, se não me definição dos cargos gerenciais”, que pas- ou seja, que cresçam lenta, dolorosa e engano. Consumidores compravam saram a ter de “se preocupar com novas arduamente. marcas porque não tinham informação oportunidades, mesmo nas grandes em- suficiente para fazer sua escolha. presas”. Ensinou ainda que management Clientes e marketing Somente as marcas que vão além da não se aplica só a negócios, mas também Como a transferência de poder do for- informação e são realmente diferencia- a organizações sem fins lucrativos. necedor para o cliente é fato consumado, das sobreviverão. Setembro 2008 Negócios em Revista 15 Organização A coincidência do número 5 Toda empresa precisa aprender a Curiosamente, Peter Drucker várias vezes organizou suas idéias de gestão em operar em pelo menos três economias cinco tópicos. Eis alguns exemplos: ou mercados diferentes: uma economia • Os executivos eficazes são os que se apropriam de cinco práticas ou hábitos de global de informação e dinheiro; uma pensamento: 1) sabem administrar seu tempo; 2) perguntam-se “Como posso contribuir?” economia regional, que movimenta e concentram seus esforços nos resultados deles esperados e não no trabalho; bens, serviços e pessoas – especial- 3) trabalham a partir de suas forças, não se baseando em (consertar) suas fraquezas; mente pessoal administrativo, técnico e 4) sabem colocar first things first, ou seja, priorizam as áreas em que uma execução superior poderá fazer diferença; e 5) sabem tomar as melhores decisões. profissional –; e o mercado local, que é • São cinco os elementos do processo eficaz de tomada de decisão: cada vez menos definido pela geografia 1) a compreensão sobre se a situação em jogo é genérica ou excepcional; 2) a definição e mais pela decisão de afiliar-se a ele. E das condições-limite, ou seja, das especificações que uma eventual resposta tem de possivelmente cada empresa precisará satisfazer; 3) a averiguação do que é certo fazer antes de levar em conta concessões aprender a operar de maneira diferente e adaptações necessárias; 4) a elaboração da ação para executar a decisão antes em cada um desses mercados, com de tomá-la; e 5) a verificação sobre se a decisão foi acertada, confrontando-a com o desenrolar dos acontecimentos. base em informações diferentes. • São cinco as funções básicas do administrador: 1) definir objetivos; 2) organizar o grupo; 3) motivar e comunicar; 4) medir o desempenho; e 5) desenvolver pessoas Gerenciamento de si mesmo (incluindo a si mesmo, o que talvez seja o mais importante de tudo). No domingo à noite, depois de colo- • São cinco os desafios do executivo atual, conforme apontado por Drucker na entrevista inédita e exclusiva que compõe esta edição (veja página 12): 1) tornar os carem as crianças na cama e em vez colaboradores mais produtivos; 2) administrar o ciclo de vida da empresa; 3) criar de se sentarem na frente da TV, os mudanças; 4) equilibrar curto e longo prazos gerenciando o mercado dos produtos executivos devem pegar uma folha de e serviços, o mercado do dinheiro e o mercado de funcionários; e 5) gerenciar com papel e escrever: “De quais informações vista unicamente à prosperidade da empresa. eu preciso para realizar meu trabalho? • São cinco os mercados que apresentam grandes oportunidades de crescimento: Quem pode fornecê-las? Quando 1) lazer; 2) saúde; 3) educação; 4) varejo financeiro; e 5) informação tenho de recebê-las? De que forma?”. e comunicação global. Em seguida, devem pegar outra folha e tentar responder a estas questões: as pressões psicológicas e os traumas emo- a intuição não é levada a sério. Mas, no “Quais informações estou devendo? cionais de uma corrida de ratos. Só pode universo biológico, a intuição é central. E, Para quem? Quando posso entregá- haver vencedores se perdedores houver. naturalmente, qualquer ecologia é mais per- las?”. Quando tiverem refletido a fundo Por conta disso, os profissionais dessa nova cepção do que análise, pois, numa ecologia, sobre tudo isso, precisam procurar as era, como os executivos de negócios, vão o todo é que deve ser compreendido, e as pessoas com quem trabalham – chefe, atingir seu platô de crescimento na faixa partes só existem em função do todo. As colegas, subordinados – e apresentar- dos 40 anos de idade. Os trabalhadores novas realidades pedem, portanto, que te- lhes as conclusões. do conhecimento precisarão urgentemente nhamos tanto percepção como capacidade desenvolver interesses fora de seu ramo de análise. Se Descartes disse “Penso, de atuação. logo existo”, nós temos de dizer também Hoje os executivos têm de assumir duas novas responsabilidades. Uma é a responsabilidade pela informação – para si e para a empresa. A outra é a respon- A educação está no centro da sociedade “Percebo, logo existo”. do conhecimento. sabilidade por seu próprio aprendizado O acesso à informação simplesmente não contínuo. Não esperem que alguém lhes pode mais ser limitado. Nem pensem em e mudança diga o que precisam fazer. fazer isso com seus clientes, fornecedores, Empreendedores procuram por mu- subordinados, colegas ou qualquer um. Informação e conhecimento A mobilidade ascendente da sociedade do conhecimento tem preço alto: 16 Negócios em Revista Setembro 2008 Empreendedorismo, inovação danças. Olhe para cada janela perguntando-se: “Isso poderia ser uma oportuni- Intuição versus razão dade?”. Não perca algo somente porque Numa visão de mundo mecanicista, não faz parte de seu planejamento. O inesperado é freqüentemente a melhor fonte de inovação. aceitação do que podia e não podia fazer. nada com a pergunta: “O que nós que- O que realmente importa para as or- remos?”. O ponto de partida sempre é: Nada fracassa tanto quanto o sucesso. ganizações é que seus líderes dominem “O que a outra parte quer? Quais são Você deve sempre se perguntar: “Se eu já quatro competências. A primeira é que seus valores? Quais são seus objetivos? não estivesse neste negócio, eu ingressaria tenham a disposição, a capacidade e a O que eles consideram resultados?”. nele hoje?”. disciplina para ouvir os outros. A segunda Isso vale para a gestão das pessoas a O abandono de negócios e práticas deve é a capacidade de comunicar-se, de fazer- partir de agora. ser exercido sistematicamente. Você pode se entender, o que requer uma paciência estabelecer, por exemplo, que haverá uma infinita. A terceira é resistir às desculpas, reunião de abandono toda primeira se- não tentar contornar o que dá errado; o que Todo boom econômico leva “cana- gunda-feira do mês. deu errado precisa ser refeito. A competên- lhas” ao topo das organizações. A única Ética Idéias são como bebês: nascem peque- cia básica final é subordinar-se às tarefas, diferença do último boom dos Estados nas, imaturas, sem forma. São mais promes- ou seja, considerar-se menos importante Unidos é que aumentou consideravel- sas do que realização. Por isso, o executivo do que elas. mente a tentação de fraudar os balanços da organização inovadora não diz: “Que financeiros. De resto, todos os booms idéia fantástica!”. Ele pergunta: “O que é Pessoas preciso fazer para transformar essa idéia Hoje o conceito de empowerment está Por alguma razão, as empresas acham em uma oportunidade?”. O executivo da or- ultrapassado. Tirar o poder do topo e que a ética ocidental tradicional não ganização inovadora sabe que muitas idéias colocá-lo embaixo não é uma modificação se aplica ao mundo dos negócios. Só acabam mostrando-se sem sentido e que fundamental. As organizações devem existe um código de ética na sociedade é preciso correr riscos para converter uma basear-se cada vez menos no poder e ocidental, que é o do comportamento pequena idéia em uma grande inovação. cada vez mais na responsabilidade e na individual, e ele se aplica igualmente compreensão mútua. E a terceirização pode a todos, nobres e plebeus, ricos e contribuir para esse processo. pobres, poderosos ou não. Esse é um O primeiro sinal de que um setor ou uma empresa vai mal é a perda de pessoas qualificadas, capazes e ambiciosas. Por isso, é fundamental saber atrair e reter as melhores pessoas. Desempenho Com o envelhecimento da população mundial, mudam as definições de desempenho das empresas. Os acionistas não são iguais. Gerenciar trabalhadores do conhecimento é um trabalho de marketing. axioma fundamental que a chamada ética empresarial tenta negar. Em outras Porque em marketing ninguém começa palavras, ética empresarial não é ética. Idéias que já caíram no domínio público Como acontece com grandes obras da música clássica ou da literatura universal, muitas das idéias que Drucker formulou há décadas já são de domínio público, ou seja, tornaram-se senso comum – em tal medida que se pensa duas vezes antes precisarão mais de ganhos imediatos, e sim de atribuí-las a ele. de retornos econômicos em 20 ou 30 anos. • A empresa deve ser dividida de forma federativa, por unidades de negócios em Ou seja, uma empresa precisa sobreviver vez de funções. por 30 ou 40 anos. • O management deve ser voltado para os resultados, não para os meios, e é preciso haver métricas que permitam avaliar esses resultados. • Os resultados estão fora da empresa, não dentro, pois vêm do aproveitamento Liderança de oportunidades, e não da resolução de problemas. O presidente mais eficaz que os Estados • As empresas devem criar “mercados por meio de um trabalho consciencioso e sistemático” Unidos já tiveram foi Harry Truman, porque todo mundo que trabalhava para ele o venerava, por ele ser absolutamente confiável. Ronald Reagan foi o segundo mais eficaz, mas sua grande força não era o carisma, e “hábitos de compra massificados”. Ou seja, devem fazer marketing. • As empresas devem promover o empowerment dos funcionários, ou seja, permitirlhes tomar decisões, delegar-lhes poder. • Os profissionais devem gerenciar a si mesmos, diferenciando entre o que é ser eficiente (fazer certo as coisas) e o que é ser eficaz (fazer as coisas certas), administrando o tempo e priorizando tarefas (first things first). como se pensa, e sim sua consciência e "Matéria publicada na revista HSM Management nº 54 janeiro-fevereiro de 2006. A publicação na Negócios em Revista é fruto de uma parceria com a HSM, para levar até o leitor o melhor das matérias da HSM nos últimos anos" Setembro 2008 Negócios em Revista 17 Um evento de sucesso começa com a escolha do lugar certo. Conheça a nova estrutura de equipamentos e serviços à sua disposição em Curitiba. O Centro de Eventos Expo Unimed Curitiba está no câmpus da Universidade Positivo. Além da mais completa infra-estrutura para eventos, você conta com o maior teatro do Paraná, o Teatro Positivo. São mais de 8.300 m 2 para exposições, espaços multiuso de 75 m 2 a 2.025 m 2 e estacionamento para mais de 2.000 veículos. Agende seu evento no Expo Unimed Curitiba. 41 3317 3401 www.expounimedcuritiba.com.br [email protected] 18 Negócios em Revista Maio 2008 PERFIL O estagiário que virou presidente Denise Paciornick Um jovem estudante de economia, do país; uma experiência de fato bastante que foi esse período de consolidação do em 1977, iniciava suas atividades profis- particular para quem é economista, princi- Plano Real, da estabilização, que foi um sionais como um estagiário do Banco palmente, e para quem gosta de economia anseio da sociedade brasileira durante Central. Nascido em Goiânia, em 1955, monetária e bancária, como eu”, comenta. décadas e acabou se concretizando com foi para Brasília para fazer faculdade e Relembrando sua época de mestrado, o Plano Real”, ressalta. Esse fator trouxe lá se tornar um profissional competente foram essas as duas áreas às quais se grande importância à sua carreira por ter com um longo caminho a trilhar. Por ter dedicou a estudar, conferindo-lhe, assim, dado a ele a oportunidade de fazer parte de executado suas tarefas com êxito, foi um significado especial. um processo de tomadas de decisões em dentro do BC que este jovem traba- Após essa fase, trabalhou em um banco políticas econômicas. “Não deixa de ter sido lhou durante alguns anos de sua vida. privado, na cidade de São Paulo, e foi um privilégio estar na equipe que contribuiu Começou após sua formação na área consultor. Mas aquele estagiário, que para esse processo”, afirma. internacional, posteriormente, chefiou nos primórdios de sua carreira, de forma Em agosto de 1997, a sua missão dentro o departamento de mercado e capitais, categórica, prestou serviços ao Banco do BC foi encerrada. Loyola então passou a foi diretor de normas do Setor Financeiro Central, não havia terminado sua jornada ser sócio da empresa Tendências Consulto- até finalmente chegar ao posto mais alto dentro da instituição. Por essa razão, em rias Integradas, que tem atuação no Brasil e dentro desta instituição: Presidente do junho de 1995, Gustavo Loyola retornou à no exterior, sediada em São Paulo. Mesmo Banco Central. Seu nome é Gustavo casa. Com mais experiência, foi chamado sendo um homem muito ocupado, encontra Loyola, economista de renome nacional, para continuar seu trabalho, que dessa vez tempo para falar de seu passado de forma mestre e doutor, que estudou e lecionou o marcaria para sempre. Nessa época, o descontraída. Passado este continuamente na Fundação Getúlio Vargas, na cidade Plano Real se consolidou, fato que faz com lembrado pela imprensa, como ele mesmo do Rio de Janeiro. que a fase seja recordada com carinho cita, ao referirem-se a ele sempre como Em novembro de 1992, exerceu pela pelo então presidente do Banco Central o ex-presidente do Banco Central. Para primeira vez o cargo de presidente, da época. “Existe um significado muito Loyola, isso não é incômodo, “é uma coisa permanecendo até março de 1993. particular em participar de um momento que marca muito, é algo que se carrega a “É um dos cargos mais importantes tão específico e rico da história do país, vida inteira”. Setembro 2008 Negócios em Revista 19 MATÉRIA de Capa Por falta de planejamento ou de vocação, é cada vez mais comum a terceira geração de uma empresa familiar não administrar o que avós construíram no passado 20 Negócios em Revista Setembro 2008 Quando a sucessão é problema de família Ana Paula Mira No mundo todo, mais de 80% das em- ambiente de fartura e sem conexão com o deles ignoram o processo e esperam “para presas são familiares. Só no Brasil, esse esforço feito por pais e avós para construir ver o que acontece” quando não estiverem número sobe para 85%, segundo dados aquilo que chegou a eles de “mão beijada”. mais por aqui. Eduardo Tirapelle enfatiza: do Sebrae, de julho de 2005. As estatísticas Isso cria muitos herdeiros que não sabem o “Várias vezes em que oferecemos a im- de sobrevivência das empresas, porém, que fazer com o patrimônio legado a eles. plantação de projeto sucessório para as mostram que esse modelo de gestão ainda Paulo Tadeu Graciano, consultor do empresas, os dirigentes concordam que tem muito a se desenvolver quando o as- Sebrae, diz que o cargo de líder de uma é preciso pensar na sucessão com ante- sunto é sucessão. No país, apenas 15% empresa não pode ser exercido por alguém cedência, mas o final é sempre ‘não vou dos herdeiros dos maiores empresários do que não desenvolveu nenhum tipo de fazer’ ”. Tirapelle diz que muitos sabem que Brasil do século passado permanecem no identificação com o negócio. Há casos em sua empresa pode ir à falência se algo não mundo dos negócios, segundo reportagem que os filhos se preparam gradativamente for feito em relação a isso, mas resistem à da Revista Forbes de 2005. 66% das empre- para a função e até gostam da idéia de profissionalização. sas privadas brasileiras que estavam na lista das 50 maiores há 30 anos desapareceram do ranking. Fica evidente que a sucessão empresarial – um processo necessário, apesar de ser protelado por muitos líderes – acaba se tornando uma dor de cabeça em muitas empresas brasileiras. A expressão “avô rico, filho nobre, neto pobre” se impõe cada vez mais como uma realidade nas grandes corporações familiares. “Isso é muito mais comum do que se imagina”, explica Eduardo Tirapelle, consul- "A expressão avô rico, filho nobre, neto pobre se impõe cada vez mais como uma realidade nas grandes corporações familiares" O momento certo para começar a pensar na sucessão depende muito de cada corporação, mas nunca se deve esperar o ‘alerta vermelho’, segundo Paulo Tadeu Graciano. “Se a empresa começa a não acompanhar o desenvolvimento do mercado e se o líder já não se sente com energia suficiente para acompanhar a inovação, é preciso parar”, cita. Não é tão fácil detectar nos presidentes de empresas essa sensibilidade para perceber que não podem mais exercer a função de maneira plena. Afinal, não é toda em- tor empresarial e sócio da Earth Consulto- herdarem o negócio dos pais, mas, muitas presa que tem Bill Gates como presidente. ria. Segundo ele, é muito difícil empresas vezes, a situação pode se tornar uma im- Em uma atitude de muita astúcia e também conseguirem fazer sucessores no ambiente posição mal recebida. “Tem pessoas que humildade, Gates anunciou no início deste familiar. “46% das empresas sobrevivem à ‘ganham’ uma empresa de presente e não ano que deixaria a chefia executiva da Mi- primeira geração, por motivos referentes ao sabem o que fazer com ela”, diz Graciano. crosoft em julho. Apesar de estar no ápice mercado, problemas de gestão e conflitos “Isso é duplamente ruim: para quem vai e ainda ser jovem para o cargo (ele tem 51 familiares que podem existir; do que sobra, assumir e para a empresa, que vai acabar anos), o megaempresário da tecnologia per- 25% sobrevivem à segunda geração”. quebrando”, completa. cebeu que poderia haver outros dirigentes Tirapelle aponta como uma possível causa com mais visão para o futuro tão dinâmico o fato de que a terceira geração – dos ne- Quando pendurar a ‘caneta’ da sua área. “Bill Gates estava preparado tos – acaba sendo poupada, criada em um Apesar de muitos dirigentes saberem que para sair e isso é essencial”, diz Eduardo é preciso pensar na sua sucessão, muitos Tirapelle. Segundo Paulo Tadeu Graciano, as pessoas que ficam muito presas às projeto sucessório e, portanto, não havia empresas acabam comprometendo o um nome para substituí-lo, o que fez com próprio negócio. que as ações despencassem. Mas são raros os Bill Gates em grandes empresas familiares. Isso dificulta o pro- “Todos os processos devem ser feitos Almoço de domingo cesso de profissionalização, já que é o Toda essa resistência para construir próprio líder que deve perceber o mo- novos herdeiros líderes não é à toa. Várias mento de articular sua sucessão. “Isso são as dificuldades para a realização da não depende do tamanho da empresa, sucessão. O consultor Eduardo Tirapelle mas da cultura do dirigente da empresa”, cita, entre elas, a incompatibilidade na diz Graciano. Para o consultor do Se- visão entre fundador e sucessores, além brae, não adianta desejar uma empresa dos próprios conflitos familiares. “Há muitos inovadora, com uma equipe inovadora, se públicos envolvidos – a confusão é grande quem comanda está fora dessa realidade. na hora de decidir qualquer coisa”. Os públi- Por isso a importância de pensar em um cos a que Tirapelle se refere não são apenas planejamento para a sucessão. aqueles que pertencem à família, mas todos Entre as ferramentas de que se dispõe relacionados direta ou indiretamente a ela, para ocupar a cadeira vaga da presidên- como os membros da família que não são cia, estão vários processos de gestão, proprietários e nem trabalham na empresa capacitação de herdeiros, avaliações de (como cunhados, noras, etc), acionistas desempenho individual, entre outros. Todos da empresa que não têm nenhum vínculo os processos devem ser feitos levando familiar ou ainda membros da família que em consideração a competência do futuro são proprietários e trabalham na empresa. gestor e não seu grau de parentesco, afi- “São muitos interesses diferentes em jogo e nal, o nepotismo empresarial pode gerar muita gente acha que o almoço de domingo futuro gestor e animosidades. “Todo o trabalho tem que é como a sala de reunião”, afirma Tirapelle. ser feito com as pessoas, trabalhando Outras dificuldades apontadas são a própria não seu grau de as competências internas, a questão dos resistência do fundador de se afastar do valores e da missão da empresa”, diz Paulo cargo, centralização do poder e falta de Tadeu Graciano. Para ele, é preciso propi- preparo dos sucessores. levando em consideração a competência do parentesco” ciar a adaptação dos diferentes públicos para a mudança. Tanto funcionários quanto investidores precisam ser preparados para a alteração de comando. Se isso acontece bruscamente, o impacto no mercado, por exemplo, pode fazer a empresa perder bilhões de reais em baixa nas ações ou fuga de investimentos. Um exemplo aconteceu com a TAM, quando Rolim Adolfo Amaro, presidente da empresa, morreu em um acidente aéreo em 2001. Não havia nenhum Avô rico, filho rico, neto também modelos”. Outro exemplo de sucesso é a presidência aconteceu sob esse conceito Apesar de as estatísticas comprovarem Sadia, cujo controle passou de Atílio Fon- e a segunda não seria diferente (Egon da tana para os netos, na década de 90. Silva, principal fundador da empresa, que a maioria das empresas brasileiras não passam da segunda geração, existem exemplos que comprovam a eficácia de nomeou o filho Décio Silva para assumir o História diferente posto de chefia em 1990). Eu fui escolhido implantação de processos sucessórios. A história em empresas familiares quase pelas minhas competências profissionais, Bruno Henrique Fernandes, professor do sempre se repete: alguns criam impérios assim como o Harry. Aqui dentro, enxer- programa de Mestrado e Doutorado em para outros usufruírem e, consequente- gamos familiares e profissionais com os Administração da Universidade Positivo, diz mente, destruírem. Porém, nem todas as mesmos olhos”. Silva também explicou que que, apesar de a sucessão ser um processo empresas familiares mantiveram esse o processo sucessório que culminou na indi- que costuma dar muita dor de cabeça, ela estigma. A Weg – uma das maiores fabri- cação de Harry Schmelzer durou três anos pode ser totalmente diferente. “Pode ser cantes de motores elétricos do mundo, com e teve a participação de todo o Conselho uma dor de cabeça porque muitas vezes sede em Santa Catarina – é, hoje, o melhor de Administração da empresa, além da os grandes líderes empresariais são pes- exemplo de que é possível profissionalizar- contratação de consultorias para que tudo soas incomuns, dotadas de uma grande se e perceber talentos fora da família para fosse eficiente e transparente. intuição para os negócios e, por terem essa sucessão. Ao contrário do que fizeram a Os principais aspectos relevantes que competência rara, não é fácil encontrar um Sadia, Gerdau, Britânia e tantas outras que levaram Schmelzer ao topo mais alto da substituto à altura, ao menos não esponta- disponibilizaram a vaga do sucessor para Weg foram o conhecimento do negócio, a neamente”, explica. No entanto, Fernandes filhos ou netos, a Weg quebrou paradigmas habilidade de lidar com diferentes cenários, aponta casos em que a sucessão foi muito e, ao caminhar para a terceira geração, a experiência internacional, a velocidade bem planejada, apesar de ser uma empresa apostou em um bem-sucedido diretor da no raciocínio com foco nos resultados e, familiar. “A Gerdau, multinacional brasileira casa, Herry Schmelzer, que era diretor principalmente, a capacidade de trabalhar com forte crescimento no setor siderúr- regional na Europa. Para Eduardo Tirapelle, em equipe. “Entretanto, vale lembrar que gico mundial, estabeleceu uma ‘trilha’ de da Earth Consultoria, a Weg é também um todos os diretores eram candidatos em po- desenvolvimento de líderes para acelerar a exemplo de vanguardismo, já que procurou tencial; quando foi assinado aquele acordo formação de pessoas”, explica. “A sucessão se transformar em sociedade anônima em que previa que a WEG seria administrada de Jorge Gerdau por seu filho André obe- 1976, ano em que muitas empresas jamais essencialmente por profissionais, fossem deceu a esses critérios e a velocidade pensariam nessa estratégia como uma pos- estes familiares ou não, todos os diretores de expansão da empresa, mesmo após sibilidade de gestão. foram tratados com igualdade e poderiam a sucessão, sugere a adequação desses Em entrevista à Negócios em Revista, Décio Silva explica como essa ação impulsionou os processos de gestão na empresa até hoje: “Em 1976, os três sócioscontroladores da companhia firmaram um acordo de acionista no qual se estabeleceu que os cargos, na empresa, deveriam ser preenchidos em razão da competência profissional. A primeira sucessão na ser escolhidos”, ressalta Silva. A metamorfose do planejamento Morte precoce Empresas familiares tendem a quebrar por O que muda quando empresas familiares implantam um projeto de sucessão. não planejarem a sucessão de seus líderes. 46% acabam na primeira geração. 25% acabam na segunda geração. 6% na terceira geração. Empresas Familiares Fonte: Earth Consultoria para sustentar • Empresas existem as famílias. s. • Choques e conflito as com luxos ad up oc • Pessoas pre as gerações. e caprichos entre io. r poder e patrimôn • Disputa interna po bens e patrimônio • Dilapidação dos herdados. Famílias Em presárias • Empresas existem para competir no mercado . • Compreens ão e apoio en tre gerações • Status e pa . drão de vida co nforme possibilida des. • Agregação contínua de valor ao negóci o. • Manutençã o / crescimen to do patrimônio herdado. Fonte: Earth Consultoria ACONTECE A caminho da valorização Gabrielle Chamiço Um grupo de investidores procura brasileiro. pequenas e médias empresas com poten- uma pequena ou média empresa para O professor do curso de Administração cial de crescimento. Elas podem não ter comprar parte dela. A escolhida tem da Escola de Negócios da Universidade uma boa gestão, mas têm um bom produto um bom produto e um bom mercado. Positivo, Paulo José da Silva, citou a Com- ou bom mercado", explica Silva. Segundo Os investidores passam então a ser panhia Providência como fruto desse siste- o professor, o principal critério para instalar sócios e fornecer uma gestão para ma. Assim como esta empresa, a Localiza esse recurso em uma empresa é saber se essa empresa. Após um prazo, esse Rent a Car também é outro bom exemplo. ela tem potencial. Logo no início do proc- mesmo grupo passa por um processo De acordo com um artigo publicado em esso é preciso, além de pensar no mer- de desinvestimento e sai da empresa julho de 2006 no site da Associação dos cado, pensar em como sair da empresa. escolhida. O que era pequeno tornou- Analistas e Profissionais de Investimentos A regra de saída é necessária. se grande e valorizado. Difícil de en- do Mercado de Capitais de Minas Gerais Quando não há capital de giro e recur- tender? Esse é o processo que, desde (APIMEC), em 1997 a Localiza adotou sos, esses fundos agem com uma melhor 2005, pode ser considerado a peça o Private Equity. Foram US$ 50 milhões gestão empresarial. O marketing, a comu- fundamental da economia brasileira. investidos. No fim do mesmo ano, a empre- nicação e o setor financeiro são exemplos O Private Equity movimenta bilhões de sa, que era avaliada em US$150 milhões, de setores que podem ser implantados e reais e ainda não há uma estatística passou a valer US$750 milhões. melhorar a atuação no mercado. "Quando exata, pois atinge apenas empresas "Private Equity são fundos. Ele exerce saem (os fundos) desse negócio as peque- de capital fechado. É uma área que um papel fundamental no desenvolvimento nas e médias empresas valem muito mais", cresce e aquece o setor econômico econômico porque os investidores buscam diz o professor. BOOM O aumento dos fundos de investimentos no Brasil aconteceu entre 2005 e 2006. De lá para cá, grande parte das pequenas e médias empresas foram alavancadas por esse tipo de negócio. A valorização é visível após determinado prazo. Mas como lucram os grupos de investidores? Durante o processo de investimento, existe o dividendo, que retorna para os "sócios" da empresa. "Os investidores viram sócios da empresa e nunca entram com a intenção de tornarem-se donos. Enquanto estão lá eles recebem os dividendos da empresa", explica o professor. No Brasil, o setor mais visado por essas empresas é o de infra-estrutura, o qual é carente de recursos. Agronegócios é outra área promissora. A tendência é sempre focar em setores que estão em evidência e em um momento de crescimento. "Setor decadente ninguém procura", diz Silva. 26 Negócios em Revista Setembro 2008 Quem atua no Brasil na área de Private Equity Empresas que passaram pelo processo de Private Equity - Gol Companhias Aéreas - Localiza Rent a Car - Wizard - CIE Brasil - DM – Indústria Farmacêutica - Niterói Plaza Shopping - KPMG - AIG - Advent - GP - Pátria - Gávea - Blackstone - Carlyle - GE Capital - One Equity Partners - Morgan Stanley - CVC Fonte: http://portalexame.abril.com.br/static/aberto/complementos/918/BR_PE_FY07_brochure.pdf Setembro 2008 Negócios em Revista 27 NA MIRA De olho na marca Diana Axelrud Você já ouviu alguém falar “goma de mascar” ao invés de “Chicletes”? E ”lâminas de barbear” ao invés de “Gilette”? Mais difícil ainda é ouvir “maquiagem para os olhos” no lugar de “Rímmel”, ou “hastes flexíveis” no lugar de “Cotonetes”. Esse fenômeno, de se referir a um produto pelo nome de uma marca famosa, é comum. Por meio desse hábito, pode-se perceber que a marca de um produto é muito mais do que um nome. Ela carrega valores da empresa, sentimentos do consumidor e outros fatores, que fazem dela um dos principais patrimônios de uma empresa. O ato de marcar sempre esteve presente na vida humana, há séculos o homem marca o que lhe pertence. Hoje as marcas possuem um papel maior ainda. Elas representam uma empresa e seus produtos. É pelas marcas que o consumidor reconhece e compra. Porém, com tanta concorrência, com a instabilidade do mercado, como construir e, principalmente, manter uma marca? Para o diretor de atendimento e planejamento da agência Getz, em Curitiba, Tiago Stachon, investir em uma marca é como investir na bolsa de valores. “Você deposita dinheiro nessa marca, investe nela. E esse dinheiro não é jogado fora, ele fortalece a marca.” Para Stachon, Gestão de Marcas é entender em qual situação encontra-se a marca, e perceber qual é a melhor alternativa para gerir recursos. Eloi Zanetti, consultor da área publicitária, explica que a marca é de extrema importância para uma empresa. “A marca identifica a empresa. Ela diz o que a empresa é. Por esse motivo a Gestão de Marcas é tão importante”, afirma. 28 Negócios em Revista Setembro 2008 Confira 15 importantes dicas sugeridas por Stachon e Zanetti para criar uma marca forte, eficiente e sempre lembrada. 1. Ao construir uma marca, pense em como pretende estar daqui a cinco anos. Planeje então a linha de comunicação a ser seguida. Essa linha identificará sua marca. 2. Construir uma marca é contar histórias. Por trás de uma boa marca há sempre uma boa história. 3. As histórias de uma marca devem estar “amarradas” umas às outras, ou seja, devem ter coerência entre si. Essa linha de comunicação forma um posicionamento, e é através dele que haverá o reconhecimento da marca pelo consumidor. 4. Faça um bom diagnóstico sobre sua marca. Como anda sua imagem, prestígio e força? Sua marca é referência no mercado? 5. Verifique se existem áreas de risco na sua marca e a proteja o máximo possível. 6. Busque oportunidades para potencializar sua marca, como uma ação comercial ou de comunicação. Pense em que investir para que sua marca cresça. Invista no tempo certo. 7. Contrate pessoas especializadas para cuidar da sua marca, como profissionais de marketing ou comunicação, agência de propaganda ou assessoria de imprensa. 8. Verifique se sua marca possui um design adequado para o segmento que atende. 9. É necessário estar atento às mudanças do mercado. Não altere sua marca de forma brusca. E, se for necessário fazer alguma alteração, faça disso um momento especial e estrategicamente necessário. 10. Uma marca não se sustenta no mercado se ela não oferecer um bom produto. É necessário haver substância por trás da marca. 11. Uma marca deve ser global, mas deve se adaptar aos regionalismos. Ela deve ser compreendida pelas mais diferentes pessoas, nos mais diferentes locais. 12. O público está sempre mudando. A marca deve acompanhar essas mudanças para não ficar ultrapassada. A constante renovação da marca é fundamental. 13. Uma marca precisa transmitir confiança para seus clientes. Ela deve suprir as necessidades da área em que está inserida. 14. Públicos diferentes necessitam de comunicação diferente. A mídia utilizada e a publicidade dependem de quem se pretende atingir. 15. Lembre-se que defender uma marca é mais complicado do que construir uma. Setembro 2008 Negócios em Revista 29 NOVIDADES Gustavo Alberge Jardim eficiente Esse jardim não serve apenas de enfeite. é do brasileiro Vitorio Benedetti e duas O Constant Garden tranqüiliza o ambiente colegas – Annika Ushio e Vanessa Satele com sons de jardim e, além disso, serve – do mestrado na Umea Design School, para alertar compromissos, combinando Suécia. O projeto foi resultado do Seminário relaxamento e informação. Dentro de cada Industrial de Som e Design, conduzido broto há um pequeno fone de ouvido que pela Umea. Apesar de terem despertado a transmite um som de qualidade e alto curiosidade de muitos pretensos usuários, o suficiente para locais de trabalho. A as caixas de som em forma de jardim ainda autoria do novo acessório para escritórios não estão sendo comercializadas. Como não ser previsivelmente irracional Por que compramos algo sabendo que não vamos utilizar? Por que é sempre o produto mais caro que funciona mesmo quando o mais barato tem as mesmas características? Qual é o motivo de a dieta acabar ao ver uma deliciosa torta de chocolate? Questões como essas são abordadas no livro “Previsivelmente Irracionais”. O autor Dan Ariely demonstra por meio de várias experiências que o nosso raciocínio lógico é muitas vezes afetado por emoções, relatividade, expectativas, apego, normas sociais e diversos outros fatores invisíveis. Ao concluir a leitura, o livro o fará refletir profundamente sobre a maneira como você e todas as outras pessoas agem, evitando com que novas atitudes “Previsivelmente Irracionais” se repitam. Estética organizacional Até agora a questão estética nas organizações tem sido praticamente ignorada. Porém, pesquisas decorrentes de novas formas de investigação têm mostrado o fenômeno da influência da emoção na vida organizacional. Em um mundo onde as mínimas diferenças podem ser um motivo de destaque futuro, a preocupação com a estética no âmbito das organizações pode ser mais um fator importante nesse sentido. Por isso, o livro “Organização e Estética”, de Antonio Strati, é de grande ajuda para estudantes, gestores, diretores e pesquisadores do ramo. Ele mostra como a compreensão estética da dinâmica organizacional pode aumentar o conhecimento de todos a respeito de muitos processos organizacionais. 30 Negócios em Revista Setembro 2008 Madeira e ouro combinam? Sim, combinam. A Cartier lançou uma nova versão do seu clássico modelo de relógio Roadster. A aparência inovadora trouxe uma mudança notável para a coleção. Os relógios contemplam a beleza do ouro com a madeira de castanha, tanto na face do relógio quanto no seu bracelete. Devido ao acabamento, essa versão pode ser comparada ao interior de um carro de luxo todo revestido em madeira, característica que dá um aspecto único ao mais novo Roadster. Exclusividade também é um dos pontos fortes do Cartier Roadster XL – foram produzidas apenas 250 unidades em ouro rosa e apenas 150 em ouro branco. Sem dúvida, esse relógio é um sinônimo de luxo e elegância. Música até debaixo d’água Isso mesmo. Os novos fones de ouvido da empresa japonesa Morito podem ser usados no banho, na piscina e até mesmo no mar. O funcionamento do Audio Bone Aqua é bastante incomum: são transmitidas vibrações pelos ossos do crânio e o som chega até o ouvido interno, fazendo com que o tímpano não seja acionado. Com essa técnica, os criadores garantem que o Audio Bone Aqua não prejudica os tímpanos nem os sons exteriores. O áudio reproduzido é um pouco diferente em sua percepção, mas mantém os tons originais, principalmente se usada a versão de vibrações amplificadas e de espectro estendido – tecnologia própria da Morito. A empresa criadora pretende vender 30 mil fones por ano no Japão. Roer a unha arranha o relógio Futurista. Esse é principal termo que para produção de protótipos para relógios. define o novo projeto de relógio lançado Dentre todos os exemplares, o modelo que pela empresa Timex. Relógio de pulso? De mais chamou a atenção foi o TX54, criado bolso? Ver as horas no celular? Que nada. por Napoleon Merana, Steffen Schubert e Agora é a vez de acompanhar o tempo na David Takacs. A versão inovadora consiste unha. A aposta em um design tecnológico em uma lâmina transparente que fica aco- parece deixar como segunda opção a plada à unha do polegar e mostra as horas contagem das horas. Em parceria com e os dias. É bom lembrar que esse modelo a Core 77, a Timex lançou um concurso não serve para os roedores de unha. Setembro 2008 Negócios em Revista 31 VÁRIAS Idéias Tudo certo quanto dois e dois são cinco Eloi Zanetti Especialista em comunicação corporativa, marketing e vendas [email protected] acionistas”. É a parte cartesiana do mar- Eles adoram dificultar a construção de keting, que soma, divide, multiplica e sub- marcas, apesar de adorarem vendê-las trai. Quando tratamos com os humanos por valores substanciais. – aqueles que compram nossos produtos A natureza faz a divisão dos cartesianos – temos de saber embalar seus sonhos, e dos sonhadores com tanta perfeição pois eles são regidos pela emoção e se que um não vive sem o outro, e isso até encantam com cores, formatos, cheiros, na mesma cabeça. Para tomar decisões, desenhos, sensações e histórias. O fiel precisamos seguir a lógica e colocar o da balança é contemporizar as duas contrapeso da emoção. Antonio Damascio, Há o mundo da subjetividade, do in- coisas. O profissional cartesiano dificil- importante neurocientista, descobriu isso visível, da sensibilidade, do vago e da mente entende um plano de comunicação quando estudou o caso de um operário intuição. E há o mundo cartesiano dos baseado na sensibilidade, na invenção de que, num acidente, teve o cérebro trans- números e da exatidão. Posicionamo- histórias e no porquê daquela despesa passado por uma barra de ferro que o nos com mais presença em um ou para fazer uma foto, uma trilha sonora ou separou em dois. A parte do pensamento em outro, de acordo com as nossas um comercial fora do contexto. É famoso o lógico da parte do emocional. O homem inteligências emocionais. Cedo na comentário de um financista que, quando não morreu, mas teve para sempre vida já nos direcionamos para ciências leu o roteiro do filme King Kong, pergun- prejudicada a sua capacidade de tomar exatas ou para artes. A natureza divide tou: “A história é boa, mas não dá para decisões. É a ligação da parte lógica com sabedoria. Um filho vai ser enge- tirar o macaco?” com a emocional que nos permite pesar Viver o estado de poesia para criar as as conseqüências antes das tomadas de Quem trabalha com marketing deve ações que emocionam a marca e saber decisões. Quer tomar boas decisões? Use saber transitar pelos dois mundos. quanto custa e quanto se ganha com primeiro a lógica e depois tempere com Ora essencialmente lógico, buscador suas ações “não bem explicadas” é uma a sensibilidade. Os melhores empresários do óbvio e das contas exatas, ora no dura função para o profissional da comu- são os que sabem usar a intuição calcada puro delírio, caminhando por sonhos nicação. Ele tem que vender suas idéias nas informações de mercado. Devemos e impossibilidades. No mundo dos justamente para aqueles que só sabem ter a imaginação como companheira negócios, seguimos a lei das finanças, contar cifras, acumular riquezas e atender de viagem, mas o guia sempre deve do “quanto vamos ganhar com isso” ou aos anseios sempre ávidos dos acionistas. ser a razão, senão vamos nos perder “que resultado essa ação trará para os Estamos na era da tirania dos financeiros. pelo caminho. nheiro e o outro ator de teatro. Setembro 2008 Negócios em Revista 33 ÍNDICES Indicadores IGP-M Assusta a Classe Média O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) está assustando a classe média. Apesar de refletir em grande parte a inflação no atacado (o que não necessariamente repercute na vida do consumidor), o IGP-M tem trazido ingratas surpresas para a classe média. Principal índice de referência dos contratos de aluguéis e financiamentos de imóveis junto às construtoras, o índice tem disparado devido ao alto preço das commodities. Sua alta se faz sentir no momento em que os inquilinos refazem seus contratos. A alta do IGP-M não está sendo acompanhada pelo IPCA (o índice "oficial" de inflação que é utilizado para reajustar os salários). As renegociações de contratos têm feito com que a parcela do salário destinada ao pagamento dos aluguéis tenha subido em termos percentuais de salário. Uma maior parcela comprometida com o pagamento da moradia faz com que sobre menos dinheiro para o pagamento das demais contas do mês. Em muitos casos, os inquilinos conseguem, após grande insistência, um acordo para o não repasse do índice integral para os contratos. É aconselhável que todos adotem esse procedimento já que o IGP-M serve de base para o reajuste de outras tarifas públicas como água e energia (e esses aumentos, em grande parte, ainda estão por vir). 34 Negócios em Revista Setembro 2008 A Positivo Informática recomenda o Windows Vista® Home Premium. Tão bonito que você nem lembra que usa para trabalhar. Notebook Positivo Z97 Processador Intel® CoreTM2 Duo T5450 Autêntico Windows Vista® Home Premium • HD 160 GB • Memória 2 GB RAM • Tela de 14,1” • Grava e lê CDs e DVDs • Webcam integrada de 1.3 megapixel • • Novos Notebooks Positivo Linha Z. Só a líder em vendas de notebooks no Brasil poderia trazer tanta novidade. Processadores mais potentes, acabamento Black Piano, mais memória e gravador de DVD em toda a linha. O computador que todo mundo entende Positivo Informática – Líder em vendas de notebooks, segundo relatório IDC (International Data Corporation) Q4 2007. © 2008 Positivo Informática S.A. Todos os direitos reservados. Os computadores Positivo têm garantia de 1 ano para peças e mão-de-obra. Para acessar a Internet, o cliente deve possuir uma linha telefônica fixa ativa e arcar com os custos de pulsos e/ou interurbanos ou contratar o serviço de banda larga de sua preferência, adquirindo os periféricos necessários para o uso do serviço. © 2008 Microsoft® Corporation. 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