A avifauna dos campos de altitude da Serra do Caparaó, estados de
Transcrição
A avifauna dos campos de altitude da Serra do Caparaó, estados de
Cotinga 19 A avifauna dos campos de a ltitu d e da Serra do Caparaó, Brasil Figura 1. Vista parcial dos cam pos de altitude da Serra do C a p araó , m o stra n d o áreas b rejo sas e ag lo m erad o s de ta q u a r a s d o g ê n e r o Chusquea (M arcelo F e r re ir a de Vasconcelos) Figura 2. Linha de crista e n tre o Pico da Bandeira e o Pico do Cristal, m o stran d o áreas com vegetação ru p estre cre scendo so b re afloram entos roch o so s (Marcelo F erreira de Vasconcelos) Figura 3. Jovem de G arrin cha-chorona Oreophylax moreirae no Pico da Bandeira (Marcelo F erreira de Vasconcelos) Figura 4. O Q u e te Poospiza lateralis nos cam pos de altitude da S erra do C aparaó (Marcelo F erreira de Vasconcelos) Figura 5. O S abiá-do-banhado Embernagra platensis em ativ id a d e d e v o calizaçã o p ró x im o a um c ó r re g o no T erreirão (Marcelo Ferreira de Vasconcelos) Figura 6. O T ib irro -ru p e stre Embernagra longicauda em afloram ento ro ch o so nos cam pos de altitude da Serra do C aparaó (Marcelo Ferreira de Vasconcelos) 40 Cotinga 19 A a v i f a u n a d o s c a m p o s d e a l t i t u d e d a S e r r a d o C a p a r a ó , e s ta d o s d e M in a s G e r a i s e E s p í r i t o S a n t o , B r a s il M a rc e lo F e rre ira de V asco n ce lo s Cotinga 19 (2 0 0 3 ): 4 0 – 4 8 High-altitude grassland (campos de altitude) is the typical vegetation of south-east Brazilian moun tain tops. Bird species composition in such relict habitats is still poorly known. I present a survey of the avifauna of the high-altitude grasslands of the Serra do Caparaó, on the border of Minas G erais and Espírito Santo states, south-east Brazil. Forty-nine species occur in the highest grasslands of the Serra do Caparaó. Some are restricted-range species, such as Rufous-tailed Antbird Drymophila genei and Itatiaia Spinetail Oreophylax moreirae. A range extension for Pale-throated Serra-F i n c h Embernagra longicauda is also presented. Despite being located w ithin a national park, these high-altitude grasslands have been degraded by fires during the dry season, the pres ence of domestic animals, and large numbers of tourists. Conservation measures for the better preservation of this im portant region and its birds are suggested. Introdução Os campos de altitude estão presentes nos topos das mais altas m ontanhas das cadeias litorâneas do sudeste e sul do Brasil, principalm ente na Serra do Mar e na Serra da M antiqueira13,29,42. E stas áreas campestres ocorrem geralmente entre 1800 e 2800 m de altitude, acima da linha de florestas, e possuem u m a a m p la v a rie d a d e de m ic ro -a m b ie n te s, destacando-se, de uma maneira geral: áreas brejosas (Fig. 1); áre a s a b e rta s com predom inância de gramíneas; áreas com arbustos e/ou bambus; e áreas com a p re se n ç a de v egetação ru p e s tre sobre afloramentos rochosos (Fig. 2)13,29,32. Muitos estudiosos, especialmente botânicos, têm reconhecido certas sim ilaridades entre a flora dos campos de altitude e a da região andina8,13,29,32,40. A dm ite-se, desta form a, que a colonização das m ontanhas do sudeste do Brasil por organismos andinos deva ter ocorrido em períodos glaciais do Pleistoceno, quando houveram possíveis conexões climático-vegetacionais entre estas duas regiões35– 38,46. Recentemente, os campos de altitude foram tratados por Safford29,30 como ‘páramos Brasileiros’, devido às suas semelhanças florísticas, climáticas, edáficas e fisionômicas com a região dos Andes e a das altas m ontanhas da América Central. Embora localizada em um a das regiões mais desenvolvidas do Brasil, a Serra do Caparaó ainda foi alvo de poucos estudos ornitológicos, sendo a avifauna h ab itan te de seus campos de altitude ainda pouco conhecida2,42. Em 1922, foi realizada a primeira expedição ornitológica a esta localidade por P. P. Peixoto-Velho, natu ralista do Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ)2. Os resultados de sua c u rta expedição aos topos do C ap araó foram publicados e os exemplares coletados encontram-se depositados no MNRJ23. Consta também que E. G. Holt, do A merican M useum of N atu ral H istory (AMNH), mais conhecido pelo seu trabalho sobre as aves do Maciço do Itatiaia9, tenha coletado m a 41 terial ornitológico na Serra do Caparaó em 1922, sendo parte de sua coleção vendida ao M NRJ2,23. E. Kaempfer, a serviço de E. Naumburg, realizou outra expedição de coleta de aves na S erra do Caparaó em 1929, sendo os exem plares depositados no AMNH2,17–19,24. Neste mesmo ano, a ornitóloga E. Snethlage, a serviço do MNRJ, coletou espécimes n a região (J. F. Pacheco com. pes.), incluindo exem plares de O reophylax m oreirae15, espécie re s tr ita aos topos de m o n tan h a do sudeste do B rasil27,36,42 (Fig. 3). Em 1941, H. Sick tam bém realizou coletas no C aparaó, sendo o m ateria l ornitológico d ep o sitad o no M N R J2,6,21. Poucos exemplares de aves foram coletados n a Serra do Caparaó pelo n atu ralista A. Ruschi, entre os anos de 1956 e 19572. Estes exemplares encontram-se no M useu de B iologia M ello L eitão (MBML). Posteriormente, o próprio A. Ruschi publicou uma lista g e m d a a v ifa u n a d a re g iã o 28, m as não m encionou as a ltitu d e s e os h á b ita ts onde as espécies foram registradas. Mais recentemente, a ornitologia C. B a u e r e stu d o u os p a d rõ e s de distribuição das aves florestais na região sul do estado do Espírito Santo, realizando amostragens de campo na Serra do Caparaó, nos anos de 199719982. Uma vez que a avifauna campestre dos topos de m ontanha do sudeste do Brasil é ainda muito pouco c o n h e cid a42, o objetivo d e ste estu d o é a p re se n ta r um a listag em p relim in a r das aves registradas, até o momento, nos campos de altitude da Serra do Caparaó. Área de estudo A Serra do Caparaó localiza-se na divisa dos estados de M in as G erais e E s p írito S an to e n tre as coordenadas 20°19' e 20°37'S e 41°43' e 41°53'W. Grande parte de sua área encontra-se dentro de uma unidade de conservação, o P arque N acional do Caparaó, com um a área de 26 000 ha. A vegetação Cotinga 19 A avifauna dos campos de a ltitu d e da Serra do Caparaó, Brasil Resultados e discussão da região é prin cip alm en te re p re se n ta d a pela floresta ombrófila densa m ontana, sendo que os campos de altitude surgem, em geral, acima de 2000 m. A S e rra do C ap araó co m preende o ponto c u lm in a n te do su d e ste do B ra s il — o Pico da Bandeira, com 2890 m de altitude2. Foi encontrado um total de 49 espécies de aves nos campos de altitude da S erra do Caparaó (Apêndice 1). Este número está próximo ao encontrado para as aves dos campos de altitude do Maciço do Itatiaia (56 espécies), uma localidade mais bem am ostrada42. A riqueza de espécies do topo da Serra do Caparaó poderá ser ainda maior com a realização de mais am ostragens de campo n a região. A seguir, são citadas observações sobre algumas espécies. Material e métodos O estudo foi realizado com base em um a revisão bibliográfica sobre as espécies de aves citadas para os cam pos de a ltitu d e da re g iã o 2,7,9,15,16,18–20,22– 24,31,33,34,36,39,46,47. O ptou-se por não se u tiliz a r da listagem de Ruschi28, um a vez que este autor não fez referência aos am bientes e altitudes de seus reg istro s, o que não p o ssib ilita sa b er se um a determ inada espécie foi ou não encontrada nos campos de altitude. Além disso, o levantam ento realizado por Ruschi28 na região do Caparaó possui vários registros considerados duvidosos, sem a devida docum entação da existência de m u itas espécies2. No caso dos outros autores, entretanto, os re g istro s g era lm e n te foram docum entados através de m aterial zoológico coletado e depositado no M N R J e no AMNH ou po r g rav a çã o da vocalização das espécies. Desta forma, optou-se por selecionar as espécies citadas por estes autores que u tiliz am am bientes cam p estres nos topos das m ontanha no sudeste do Brasil, com base na minha experiência pessoal de campo42. A lém d e s sa re v isã o , foi re a liz a d a um a am o strag em de campo nos topos da S e rra do Caparaó entre os dias 15– 18 de março de 2001. No primeiro dia, foram percorridas as áreas de campos de altitude entre a Tronqueira (cerca de 1900 m de altitude) e o Terreirão (cerca de 2400 m de altitude), onde foi montado acampamento. No dia seguinte, subiu-se ao Pico da Bandeira e seguiu-se pela linha de crista que liga este ponto ao Pico do Cristal, retornando-se ao Terreirão ao entardecer. No dia 17, seguiu-se diretam ente do Terreirão à outra trilha que le v a ao Pico do C r is ta l, p a ssa n d o -se prim eiram ente por altitudes menos elevadas (en tre 2200 e 2500 m) e atingiu-se o cume novamente. No dia 18, foi realizado o mesmo percurso do p rim e iro d ia , porém no se n tid o c o n trá rio , re to rn a n d o -s e à T ro n q u e ira . As aves foram identificadas através de observações com binóculos e/ou através do reconhecimento de suas vocalizações. P ro cu ro u -se d o cu m en ta r as espécies de aves o b se rv a d as, sem pre que possível, a tra v é s de fotografias e de gravações de vozes, realizadas, re s p e c tiv a m e n te , com u m a c â m e ra e le n te teleobjetiva de 200 mm e com um gravador Sony TCM-5000EV e microfone direcional Sennheiser ME66. A nom enclatura das espécies segue Sick36, exceto para Oreophylax moreirae, que segue Cory & Hellmayr4. R olin h a Columbina talpacoti Prim eiram ente citada por Peixoto-Velho23 p ara a região. No dia 18 de março, dois indivíduos foram observados em um a transição entre os campos de altitude e a m ata altim ontana, a cerca de 2050 m, próximo à Tronqueira. E sta área m ostrava indícios de queimadas recentes, com a presença de m uitas esp écies de p la n ta s in v a s o ra s d as fa m ília s Asteraceae e Lamiaceae. B a c u ra u -ru p e s tre Caprimulgus longirostris Após 117 anos sem ser registrada no Brasil, esta espécie foi redescoberta em 1941 por H. Sick nos campos de altitude da Serra do Caparaó33,36. A típica vocalização desta espécie foi escutada no Terreirão, às 05h15 do dia 18 de março. B e ija -flo r-d e -o re lh a -v io le ta Colibri serrirostris Este beija-flor, já conhecido de outras localidades serranas do sudeste do Brasil36,42–45, foi observado na região do Terreirão, n a m anhã de 17 de março, ao v is ita r flores tu b u la re s de um a espécie de L oganiaceae. M ais ta rd e , outro in d iv íd u o foi observado v isitan d o flores v erm elh as de um a espécie de Collaea (Leguminosae) a 2 3 4 0 m de altitude. Sick36 afirma que esta espécie vive durante a prim avera e o verão nas partes mais altas das S e rra s d a M a n tiq u e ira e do M ar, descendo a altitudes mais baixas no outono. E ntretanto, em u m a lo c alid ad e da C a d eia do E sp in h a ço , C. serrirostris foi um a espécie constante no topo da m ontanha, ao longo de um ano43, sendo necessários estu d o s que te s te m se e la r e a liz a ou não deslocamentos sazonais na Serra do Caparaó. B e ija -flo r-d e -to p e te Stephanoxis lalandi Sick36 cita que esta espécie também desce à alti tudes mais baixas durante o inverno, em outras regiões m ontanhosas (Itatiaia e Nova Friburgo, Rio de Janeiro), embora não se saiba se este fenômeno tam bém ocorra no Caparaó. Um indivíduo de S. lalandi, aparentem ente fêmea, foi observado a cerca de 2 3 5 0 m de a ltitu d e no d ia 17 de m arço, comprovando-se a sua presença nas partes mais elevadas do Caparaó nesta época do ano. B auer2 também observou esta espécie nos campos de alti tude da região em outubro de 1998. Um exemplar 42 Cotinga 19 A avifauna dos campos de a ltitu d e da Serra do Caparaó, Brasil a um jovem, pois sua m ancha no mento é bastante pálida e existem finas b arras castanho-escuras no peito e um fino colar de tonalidade m arrom na g a rg a n ta , c a ra c te rís tic a s e s ta s d ife re n te s de ex e m p lares ad u lto s a n a lis a d o s no M useu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) (veja também prancha 6 em Ridgely & Tudor27). fêm ea d e sta espécie, proveniente do C aparaó, en co ntra-se tom bado no MBML sob o núm ero MBML 65747. B e ija -flo r-d e -p a p o -b ra n c o Leucochloris albicollis No dia 18 de março, um indivíduo desta espécie foi observado vocalizando, pousado em um a árvore a cerca de 2100 m de altitude. Seu canto foi gravado e a ave respondeu ao playback, aproximando-se do o b servador. E m b o ra não se ja u m a espécie tipicamente campestre, L. albicollis utiliza recursos florais abundantes nos topos das m ontanhas do sudeste do Brasil45. Lochmias nematura E m b o ra se ja u m a esp écie e n c o n tra d a fre q u e n te m e n te no in te rio r de flo re s ta s 27, L. nematura é um habitante dos córregos que cortam os topos de m uitas m ontanhas do sudeste do Brasil. Na Serra do Caparaó, a espécie foi observada e sua vocalização ouvida na beira de córregos a cerca de 2200 m de altitude, nos dias 15– 17 de março. A presença desta espécie nos campos de altitude já havia sido comprovada por espécimes coletados nestas áreas altas. Em 1951, um exemplar (MZUSP 34784) foi coletado na Várzea dos Lírios, planalto do Itatiaia (2470 m de altitude), por J. L. Lima. Em 1999, eu coletei um espécime em um córrego na região dos campos de altitude do Pico do Sol, Serra do Caraça, a cerca de 2000 m, encontrando-se este d ep o sita d o n a Coleção O rn ito ló g ic a do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais (DZUFMG 2728). Jo ão-porca M a c u q u in h o -s e rra n o Scytalopus speluncae Conforme citado por Sick36, é um a espécie freqüente n a s p a rte s m ais a lta s da S e rra do C ap araó . Vocalizações desta espécie foram ouvidas e gravadas em altitudes de 2870 m (quase no cume do Pico da Bandeira), 2720 m e 2500 m. B o rra lh a ra -a s s o b ia d o ra Mackenziaena leachii Embora também ocorra em ambientes florestais27, M. leachii é um a espécie comum nos campos de al titude da S erra do Caparaó, conforme já constatado por Sick36. E sta espécie foi observada e ouvida em diferentes pontos nas p arte s m ais elevadas da montanha, principalmente em altitudes entre 2.000 e 2750 m, em aglomerados de bambus do gênero Chasquea. Serpophaga subcristata No d ia 17 de m arço, dois in d iv íd u o s foram observados forrageando e vocalizando intensamente em arbustos baixos no campo de altitude da região do Terreirão. Um deles teve sua vocalização gravada, aproximando-se do observador após playback. A le g rin h o C h o q u in h a -d a -s e rra Drymophila genei Este endemismo das altas m ontanhas do sudeste do Brasil27,36 é considerado ameaçado de extinção no estado de Minas Gerais por possuir populações isoladas e um a área de distribuição re strita 25. Três indivíduos desta espécie (um macho, um a fêmea e um possível jovem) foram observados e gravados na borda dos campos de altitude e da m ata altim ontana a cerca de 1.970 m de a ltitu d e , próxim o à T ronqueira. As aves responderam ao playback, vocalizando intensam ente e aproxim ando-se do observador. G a m n c h a -c h o ro n a Oreophylax moreirae A G arrincha-chorona (Fig. 3) é um a das aves endêmicas mais facilmente observada nos campos de altitude da Serra do Caparaó. Embora localmente com um , a espécie é c o n s id e ra d a como presumivelmente am eaçada em Minas G erais11. No Caparaó, esta espécie forrageia predominantemente em aglo m erad o s de b am b u s C husquea e em arb u sto s. A lgum as vezes, as aves podem ser observadas correndo sobre rochas com a cauda ereta, de m aneira sem elhante a Asthenes luizae, espécie das serras mais interioranas36,42. Indivíduos de O. moreirae foram observados e fotografados entre 2000 e 2850 m de altitude. O indivíduo fotografado e apresentado na Fig. 3 corresponde, provavelmente, 43 M a ria -c a b e ç u d a Ramphotrigon megacephala O Pico da Bandeira é citado como localidade de coleta desta espécie por E. Kaempfer24. E ntretanto, o Pico da Bandeira é representado unicamente pela vegetação dos campos de altitude e R. megacephala é um a espécie que vive predom inantem ente em ambientes florestais1,27. Desta forma, é possível que este registro te n h a sido efetuado nas m atas de encosta do Pico da Bandeira, e não no próprio cume da s e rra . O u tra a lte r n a tiv a é a de que R. megacephala possa se utilizar, ocasionalmente, dos densos ta q u arais de Chusquea nas p artes mais elev ad as da m o n tan h a, já que é um a espécie associada a ambientes com a presença de bam bus1,27. C a m in h e iro -d e -b a rrig a -a c a n e la d a Arthus cf. hellmayri No dia 16 de março, um indivíduo foi observado e gravado, ao cam inhar sobre afloramentos rochosos na linha de crista que liga o Pico da Bandeira ao Pico do Cristal, a cerca de 2.720 m de altitude. A n th u s h e llm a y ri foi r e g is tra d o em m orros desmatados na região serrana do estado do Espírito Santo2, próximo à Serra do Caparaó, sendo possível Cotinga 19 A avifauna dos campos de a ltitu d e da Serra do Caparaó, Brasil que a ave observada nesta ocasião trate-se de um representante desta espécie. Maiores observações, gravação de vozes e coleta de exemplares seriam de grande interesse. aves. Nesta ocasião, vários jovens foram observados. Um exemplar (MBML 6498) foi coletado n a região por A. Ruschi, embora em altitudes menos elevadas (1.500 m). P itig u a ri Cyclarhis gujanensis C ig a rra -b a m b ú Haplospiza unicolor In d iv íduos d e s ta espécie foram observados e gravados nos campos do Caparaó nos dias 15, 17– 18 de março, em altitudes variando de 2050 a 2350 m. Nos campos de altitude, o Pitiguari habita áreas com a presença de aglomerados de arbustos (veja fotografia na página 59 em M artinelli & Orleans e B ragança13). Citada por Peixoto-Velho23 para a região. Apesar de ser mais conhecida de am bientes florestais26,36, a Cigarra-bam bu também pode ser encontrada em áreas campestres nos cumes das serras do sudeste do Brasil42. Eu coletei exemplares de H. unicolor em ambientes campestres nos topos da Serra do Caraça (DZUFMG 2699) e da Serra da Piedade (DZUFMG 2700). E m bora não se saib a se esta espécie é residente nos campos de altitude, é possível que ela explore os ta q u arais que ocorrem nos altos das m o n tan h as, um a vez que ela g eralm en te e stá associada a locais com a presença de bam bu26,36. P ia -c o b ra Geothlypis aequinoctialis Um exem plar fêm ea de G. aequinoctialis fora coletado por E. G. Holt na S erra do Caparaó e encontra-se depositado no MNRJ2. H. Sick também coletou um espécime nesta região31. Na m anhã de 17 de março, um macho desta espécie foi observado e sua vocalização ouvida em um a área brejosa com a presença de muitos arbustos, próximo ao Terreirão. A p re se n ç a d e s ta espécie em o u tra s regiões campestres altim ontanas do sudeste do Brasil já havia sido docum entada através de exem plares coletados por mim em áreas brejosas nos campos de a ltitu d e do Pico do Sol, S e rra do C a ra ça (DZUFMG 2713 e DZUFMG 2714) e nos campos rupestres da Serra do B atatal (DZUFMG 2891 e DZUFMG 2892). T ic o -tic o -d o -b a n h ado Donacospiza albifrons Citada anteriorm ente por Sick36 para os campos de altitude da Serra do Caparaó. Vocalizações desta espécie foram gravadas em altitudes entre 2400 e 2600 m, no dia 16 de março. Q u e te Poospiza lateralis E sp écie fa c ilm e n te e n c o n tra d a nos topos do C ap araó , P. la tera lis (Fig. 4) foi o b serv ad a e fotografada n a região nos dias 15– 17 de março. Pequenos grupos de dois a três indivíduos foram observados forrageando nos campos de altitude. Alguns indivíduos jovens também foram observados. Vocalizações desta espécie foram gravadas e as aves aproximaram-se do observador após playback. Um exemplar de P. lateralis (MBML 6528) foi coletado na região por A. Ruschi. S a n h a ç o -fra d e Stephanophorus diadematus O Sanhaço-frade é um a das aves mais típicas dos campos de altitu d e36. Nos dias 17– 18 de março, indivíduos desta espécie foram observados e suas vocalizações foram gravadas em altitudes variando de 1.970 a 2.250 m. Em 1956, um espécime foi coletado na região por A. Ruschi (MBML 5822). S a b iá -d o -b a n h a d o Embernagra platensis Indivíduos de E. platensis foram observados durante os dias 15, 17– 18 de março em altitudes variando de 2 3 0 0 –2400 m. Um deles foi fotografado e teve su a vocalização g rav ad a (Fig. 5). A espécie foi registrada sempre próximo à água, como córregos e áreas brejosas com a presença da pteridófita Isoetes e de várias espécies de L entibulariaceae. S a íra -la g a rta Tangara desmaresti Citada por Peixoto-Velho23 para a região. Embora encontrada tipicamente nas m atas de encosta das m ontanhas26,36, a Saíra-lagarta é também habitante dos campos de altitu d e 42. A. Ruschi coletou um espécime de T. desmaresti (MBML 5761) no Caparaó, a 1800 m de altitude. Espécimes de T. desmaresti provenientes de campos de altitude de outras regiões são: MZUSP 6098, coletado nos campos do Itatiaia em 1906 por H. Lüderw aldt, e DZUFMG 2657, coletado por mim nos campos de altitude do Pico do Inficionado, Serra do Caraça, em 1999. T ib ir ro -ru p e s tre Embernagra longicauda Um indivíduo de E. longicauda foi observado forrageando entre afloramentos rochosos a cerca de 2.400 m de altitude, na margem direita do Córrego José Pedro. E sta ave foi fotografada (Fig. 6) e teve sua vocalização gravada. Nos dias subsequentes, a espécie foi novamente registrada no mesmo local, co rresp o n d e n d o , p o ssiv e lm e n te , ao m esm o in d iv íd u o . De acordo com a b ib lio g ra fia co n su lta d a 2,3,12,14,22–24,28,36, estes parecem ser os primeiros registros de E. longicauda para a Serra do Caparaó e também p ara o estado do Espírito Santo. Este registro de E. longicauda nos campos T ic o -tic o Zonotrichia capensis O Tico-tico é um a das espécies de aves m ais comuns dos cam pos de a ltitu d e da S e rra do C aparaó, ocorrendo até mesmo no ponto culm in an te da m o n ta n h a . In d iv íd u o s d e s ta esp écie foram observados durante todos os dias de am ostragens, sendo feitas gravações da vocalização de algumas 44 Cotinga 19 A avifauna dos campos de a ltitu d e da Serra do Caparaó, Brasil de altitude da S erra do Caparaó é intrigante, uma vez que não é possível saber se a espécie é autóctone ou se ela atingiu os topos da m ontanha através de expansão geográfica ligada a desmatamentos12,41. Da mesma m aneira observada na região da Serra do C a ra ça41, foi co n statad a um a diferenciação de h á b ita ts en tre esta espécie e o seu paren te E. p la ten sis. Em bora am bas espécies tenham sido re g istra d a s próxim as e n tre si, E. longicauda somente foi observada em áreas com afloramentos rochosos, enquanto que E. platensis sem pre se encontrava associada a áreas mais úmidas. específico de D. genei, esta espécie também ocupa as áreas de transição entre a m ata altim ontana e os campos de altitude2e a modificação deste ecótone pelo fogo pode representar um a ameaça a esta ave. Outro problema está relacionado à colonização dos campos de altitu d e por espécies de p lan tas in v a so ra s, após as q u eim ad as, esp ecialm en te quando a m ata de encosta da m ontanha é retira d a13. Estas plantas invasoras colonizam vastas áreas nos campos de altitude e competem por luz e por espaço com as espécies vegetais nativ as, m u itas vezes endêm icas aos topos de m o n ta n h a 13. Espécies invasoras como gramíneas, Asteraceae e Lamiaceae, o b se rv a d a s a cerca de 2 0 5 0 m, próxim o à T ro n q u e ira , su g e re m que e s ta á r e a so freu queim adas. N este local, foram reg istrad as duas espécies de aves típicas de pastagens e de áreas modificadas pela população hum ana: Columbina talpacoti e Sporophila caerulescens. Embora sejam prem aturas conclusões sobre a presença destas duas espécies no topo da Serra do Caparaó, a presente observação sugere que a modificação da vegetação dos campos de altitude pela presença de espécies v eg e ta is in v a so ra s tam b ém pode o casio n ar a alteração de sua avifauna. A utilização de anim ais domésticos (mulas e cavalos) como montaria por turistas é uma atividade autorizada pelo Parque Nacional do Caparaó. A presença destes animais nos campos de altitude é extrem am ente prejudicial, um a vez que provocam impactos negativos no solo, na qualidade da água e n a com unidade veg etal, esp ecialm en te em se tra ta n d o de p lan tas endêm icas29. As alterações causadas por estes animais no ambiente físico e na vegetação dos campos de altitu d e da S erra do Caparaó também podem afetar as aves que vivem nestas áreas. Finalmente, em épocas de férias e feriados, os cam pos de a ltitu d e da S e rra do C ap araó são visitados por centenas de turistas. Embora o Parque Nacional trab a lh e no sentido de fiscalizar e de educar os turistas, o número de pessoas que visitam os topos da m ontanha deveria ser controlado afim de se e v ita r um p iso te a m e n to excessivo da vegetação, acúm ulo de lixo e, ocasionalm ente, incêndios acidentais. Desta forma, sugere-se um maior controle de incêndios na região, além de um maior esforço de educação am biental de tu ristas e da população que vive no entorno do Parque. Deve ser proibida a utilização de anim ais de m o n taria n a área e o número de pessoas visitantes aos campos de alti tude deve ser controlado, afim de se preservar o patrimônio genético deste tipo especial de vegetação e de suas espécies endêmicas. P apa-capim Sporophila caerulescens Um macho desta espécie foi observado e seu canto foi gravado em campo de altitude com indícios de queimadas, a cerca de 2050 m. Conservação A região do Caparaó é considerada como área de im portância biológica especial pela presença de espécies endêmicas de plantas e de anfíbios e pela ocorrência de aves com distribuição geográfica restrita5. Apesar disso, desm atam entos e incêndios são reportados para a região desde o início do século passado23 e vêm ocorrendo até os dias atuais. Embora localizados dentro de um a unidade de conservação (Parque N acional do C aparaó), os campos de altitude desta região sofrem impactos a m b ie n ta is de d iv e rsa s origens. D en tre eles, destacam -se queim adas periódicas, presença de animais domésticos, além de um elevado número de turistas que acampam nos topos. Não existem evidências concretas de que haviam incêndios naturais nos campos de altitude antes da colonização européia no B rasil29. Atualmente, o fogo antropogênico g era lm e n te a fe ta os topos das montanhas na estação seca, durante o inverno29. Em muitos locais da Serra do Caparaó, observa-se uma transição abrupta da linha superior de florestas p ara áreas campestres. Taï fato sugere que estas áreas estiveram sujeitas a perturbações antrópicas (especialmente queimadas), já que, em condições n atu rais, esperar-se-ia encontrar um a transição gradual da m ata altim ontana (elfin forest) para os campos de altitude, conforme estudos realizados recentemente nos Andes Bolivianos10. Estes autores c o n s ta ta ra m que os in c ên d io s ca u sa m um a ‘compressão’ da linha superior de florestas para al titudes menos elevadas e m uitas espécies de aves adaptadas ao ecótone elfin forest /campos podem ser prejudicadas pela redução de seus hábitats. Embora tais estudos ainda não tenham sido realizados nas altas m ontanhas do sudeste do Brasil, é de extrema im portância no conhecimento do impacto causado pelo fogo sobre a comunidade de aves dos campos de altitu d e, um a vez que estas áreas abrigam espécies endêmicas e de distribuição restrita, como Drymophila genei e Oreophylax moreirae. No caso Agradecimentos Sou grato ao botânico R. C. Mota pela companhia nos campos de altitude da Serra do Caparaó. L. F. 45 Cotinga 19 A avifauna dos campos de a ltitu d e da Serra do Caparaó, Brasil Silveira e M. G. Hoffmann facilitaram o acesso às coleções MZUSP e MBML, respectivam ente. Os amigos C. Bauer, J. F. Pacheco e L. F. S ilveira fo rn e ce ra m -m e im p o rta n te s re fe rê n c ia s b ib lio g rá fica s e fiz e ra m rev isõ e s c rític a s ao manuscrito. Referências 1. Aleixo, A. (1997) Range extension of the Large headed Flatbill Ramphotrigon megacephala w ith comments on its distribution. Bull. Brit. Orn. Club 117: 220–223. 2. Bauer, C. (1999) Padrões atuais de distribuição de aves florestais na região sul do estado do E sp írito S a n to , B r a sil. Rio de J a n e iro : Universidade Federal do Rio de Janeiro. 3. Carnevalli, N. (1982) Embernagra longicauda Strikiland [sic], 1844; sua ocorrência em Mi n a s G e ra is– B ra s il (Aves, F rin g illid a e ). Lundiana 2: 85–88. 4. Cory, C. B. & Hellmayr, C. E. (1925) Catalogue of birds of the Americas, 4. Field Mus. Nat. Hist., Zool. Ser. 13 (Publ. 234). 5. Costa, C. M. R., H errm ann, G., M artins, C. S., Lins, L. V. & Lamas, I. R. (1998) Biodiversidade em M in a s G erais: um a tla s p a ra sua co n serv a çã o . Belo H o rizo n te : F u n d açã o Biodiversitas. 6. Gonzaga, L. P. (1991) In m em oriam : H elm ut Sick. Ararajuba 2: 107– 115. 7. Gonzaga, L. P. & Castiglioni, G. (2001) Aves das m ontanhas do sudeste do B rasil. M anaus: Sonopress. 8. Harley, R. M. (1995) Introduction. In: Stannard, B. L., Harvey, Y. B. & Harley, R. M. (eds.) Flora o f the Pico das Almas, Chapada D iam antina— Bahía, Brazil. Kew: Royal Botanic Gardens. 9. Holt, E. G. (1928) An ornithological survey of Serra do Itatiaya, Brazil. Bull. Amer. Mus. Nat. H ist. 57: 251–326. 10. Kessler, M. & Herzog, S. K. (1998) Conservation status in Bolivia of timberline habitats, elfin forest and their birds. Cotinga 10: 50–54. 11. Lins, L. V., Machado, A. B. M., Costa, C. M. R. & H errm ann, G. (1997) Roteiro metodológico p a r a e lab o raç ão de lis ta s de espécies ameaçadas de extinção (contendo a lista oficial da fau n a am eaçada de extinção de M inas Gerais). Publ. Av. Fund. Biodiversitas 1: 1–50. 12. Machado, R. B., Rigueira, S. E. & Lins, L. V. (1998) Expansão geográfica do canário-rabudo (Embernagra longicauda —Aves, Emberizidae) em Minas Gerais. Ararajuba 6: 42-45. 13. M artinelli, G. & Orleans e Bragança, J. (1996) Campos de altitude. Rio de Janeiro: Ed. Index. 14. M a tto s, G. T. & Sick, H. (1985) Sobre a distribuição e a ecologia de duas espécies crípticas: Embernagra longicauda Strickland, 1844, e Em bernagra platensis (Gmelin, 1789). 46 Emberizidae, Aves. Rev. Brasil. Biol. 45: 201– 206. 15. Melo-Júnior, T. A., Mendes, L. G. M. & Coelho, M. M. (1998) Range extension for Ita tia ia Spinetail Oreophylax moreirae with comments on its distribution. Cotinga 10: 68–70. 16. Miranda-Ribeiro, A. (1930) Notas ornithologicas X—Ainda Scytalopus speluncae. Bol. Mus. N ac. 6: 11– 16. 17. Naumburg, E. M. B. (1935) G azetteer and maps showing collecting stations visited by Emil K aem pfer in eastern Brazil and Paraguay. Bull. Amer. Mus. Nat. Hist. 68: 449–469. 18. Naumburg, E. M. B. (1937) Studies of birds from eastern Brazil and Paraguay, based on a col lection made by Emil Kaempfer. Bull. Amer. Mus. Nat. Hist. 74: 139–205. 19. Naumburg, E. M. B. (1939) Studies of birds from eastern Brazil and Paraguay, based on a col lection made by Emil Kaempfer. Bull. Amer. Mus. Nat. Hist. 76: 231–276. 20. Pacheco, J. F. (2000) Sutis conexões entre W. E. Leach e a ornitologia Brasileira. Atualidades Orn. 94: 5. 21. Pacheco, J. F. & Bauer, C. (1995) Adolf Schnei der (1881-1946)—alguns dados sobre a vida e obra do chefe da expedição de 1939 do Museu de Ciências N aturais de Berlim que trouxe Helm ut Sick para o Brasil. Atualidades Orn. 65: 10-13. 22. Pacheco, J. F. & B auer, C. (1998) L im ites setentrionais inéditos e documentados de aves da região da M ata Atlántica no Espirito Santo. Atualidades Orn. 86: 4. 23. Peixoto-Velho, P. P. (1923) Breve noticia sobre a omis do Caparaó. Bol. Mus. N ac. 1: 23–26. 24. Pinto, O. (1952 ) Súmula histórica e sistem ática da ornitologia de Minas Gerais. Arq. Zool. 8: 1-51. 25. Ribon, R. & Simon, J. E. (1998) Drymophila genei (Filippi, 1847) In: Machado, A. B. M., Fonseca, G. A. B., Machado, R. B., Aguiar, L. M. S. & Lins, L. V. (eds.) Livro vermelho das espécies ameaçadas de extinção da fauna de M inas G erais. Belo H o rizo n te: F u n d açã o Biodiversitas. 26. Ridgely, R. S. & Tudor, G. (1989) The birds o f South America, 1. Austin: University of Texas Press. 27. Ridgely, R. S. & Tudor, G. (1994) The birds o f South America, 2. Austin: University of Texas Press. 28. Ruschi, A. (1978) Mamíferos e aves do Parque N acional do Caparaó. Bol. Mus. Biol. Prof. Mello Leitão, Sér. Zool. 95: 1–28. 29. Safford, H. D. (1999) Brazilian páramos I. An introduction to the physical environment and v e g e ta tio n of th e cam pos de a ltitu d e . J. Biogeogr. 26: 693–712. Cotinga 19 A avifauna dos campos de a ltitu d e da Serra do Caparaó, Brasil 45. Vasconcelos, M. F. & Lombardi, J. A. (2001) Hum m ingbirds and th eir flowers in the campos rupestres of southern Espinhaço range, B ra zil. Melopsittacus 4: 3–30. 46. Vielliard, J. M. E. (1990) Estudo bioacústico das aves do Brasil: o gênero Scytalopus.Ararajuba 1: 5– 18. 47. V ie llia rd , J. M. E. (1994) C atálogo dos Troquilídeos do M useu de Biologia Mello Leitão. Santa Teresa: Museu de Biologia Mello Leitão. 30. Safford, H. D. (1999b) B razilian páram os IL Macro- and mesoclimate of the campos de al titude and affinities w ith high mountain cli m ates of the tropical Andes and Costa Rica. J. Biogeogr. 26: 713–737. 31. Schubart, O., Aguirre, Á. C. & Sick, H. (1965) C o n trib u içã o p a r a o conh ecim en to da alimentação das aves brasileiras. Arq. Zool. 12: 95–249. 32. Segadas-Vianna, F. (1965) Ecology of the Itatiaia range, southeastern Brazil. I —A ltitudinal zo nation of the vegetation. Arq. Mus. N ac. 53: 7– 30. 33. Sick, H. (1959) O redescobrimento no Brasil do bacurau Caprimulgus longirostris Bonaparte (Caprimulgidae, Aves). Bol. Mus. N ac., N. Sér., Zool. 204: 1-15. 34. Sick, H. (1963) O b a c u ra u C a p rim u lg u s longirostris Bon. e outras aves noturnas do estado da G uanabara (GB). Vellozia 1: 107– 116. 35. Sick, H. (1985) Observations on the A ndean– Patagonian component of southeastern B ra zil’s avifauna. Orn. Monogr. 36: 233–237. 36. Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira. 37. Simpson, B. B. (1979) Q uaternary biogeography of the high montane regions of South America. In: Duellman, W. E. (ed.) The South American herpetofauna: its origin, evolution, and disper sal. Lawrence, KS: University of Kansas. 38. Sim pson-V uilleum ier, B. (1971) Pleistocene changes in th e fau n a and flora of S outh America. S ci. 173: 771–780. 39. Snethlage, E. (1930) Fam. Pteroptochidae. Bol. Mus. N ac. 6: 9– 10. 40. Ule, E. (1895) R elatorio de um a excursão botánica feita na Serra do Itatiaia. Arch. Mus. N ac. 9: 185–223. 41. Vasconcelos, M. F. (2000) Ocorrência sim pátrica de E m b erizo id es h erb ico la , E m bernagra p la te n s is e E m b ern a g ra lo n g ica u d a (Passeriform es: Emberizidae) na região da Serra do Caraça, Minas Gerais. Melopsittacus 3: 3-5. 42. Vasconcelos, M. F. (2001) Estudo biogeográfico da avifauna campestre dos topos de montanha do su d e ste do B ra sil. Belo H o rizo n te: Universidade Federal de Minas Gerais. 43. Vasconcelos, M. F. & Lombardi, J. A. (1999) Padrão sazonal na ocorrência de seis espécies de beija-flores (Apodiformes: Trochilidae) em uma localidade de campo rupestre na Serra do Curral, Minas G erais. Ararajuba 7: 71–79. 44. Vasconcelos, M. F. & Lombardi, J. A. (2000) Espécies vegetais visitadas por beija-flores du rante o meio do verão no Parque Estadual da Pedra Azul, Espírito Santo. Melopsittacus 3: 36–41. M arcelo F erreira de V asconcelos Coleção Ornitológica, Departamento de Zoologia, ICB, Universidade Federal de Minas Gerais, C.P. 486, 31270-901, Belo Horizonte, M inas Gerais, Brasil. Endereço atual: Departamento de Biologia Geral, Universidade Estadual de Montes Claros, Av. R ui Braga, s/n°, 39401-089, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil. E-mail: [email protected]. Espécies de aves registradas nos campos de altitude da Serra do Caparaó, Brasil. Apêndice 1. Legenda: Fonte (em ordem cronológica): A = Peixoto-V elho23; B = H o lt9; C = M ira n d a -R ib e iro 16; D = S n e th la g e 39; E = N aum burg18; F = N aum burg19; G = Pinto24; H = Sick33; I = Sick34; J = Schubart et al.31; K = Vielliard46; L = Vielliard47; M = Sick36; N = M elo-Júnior et al. 15; O = Pacheco & Bauer22; P = Bauer2; Q = Pacheco20; R = Gonzaga & Castiglioni7; S = observação pessoal. F a m í l i a / E s p é c ie F o n te C O L U M B ID A E C o lu m b in a ta lp a c o ti A, S C U C U L ID A E G u ira g u ira A C A P R IM U L G ID A E C a p rim u lg u s lo n g iro stris H , I, J, M , P, S T R O C H I L ID A E P h aeth orn is p re tre i A P h aeth orn is sp. S C o lib ri s e rriro stris P, R, S S tepha noxis la la n d i A , L, M , P, S C h lo ro stilb o n a u re o ve n tris A Leuco chloris albicollis A, S C lyto la e m a ru b ric a u d a A P IC ID A E C o laptes ca m p e stris A, S M e la n e rp e s candidus A R H IN O C R Y P T I D A E S cytalopus speluncae C , D , G , J, K , M , S T H A M N O P H IL ID A E 47 M a c k e n z ia e n a le a ch ii E, G , M , Q , S T h a m n o p h ilu s ru fic a p illu s A , E, G , M , O , P, S D ry m o p h ila g ene i F, G , M , O , S Cotinga 19 A avifauna dos campos de a ltitu d e da Serra do Caparaó, Brasil MOTACILLIDAE C O N O P O P H A G ID A E C o n o p o p h a g a lin e a ta Anthus cf. hellmayri E, G , J S VIREONIDAE F U R N A R IID A E F u m a riu s ru fu s A O re o p h y la x m o re ira e A , B, M , N , P, S Cyclarhis gujanensis A, J, S EMBERIZIDAE Synallaxis sp ixi S Geothlypis aequinoctialis J, P, s P h acellodom us ru fifro n s S Coereba flaveola A ,J Lochm ias n e m a tu ra A, S Schistochlamys ruficapillus A, S Stephanophorus diadematus A, M, P, S T Y R A N N ID A E S e rp o p h a g a su b crista ta S Tangara desm aresti A R a m p h o trig o n m e g a ce p h a la G Zonotrichia capensis A, S M y io p h o b u s fasciatus A H aplospiza unicolor A K nipolegus lo photes M Donacospiza albifrons M, S K nipolegus n ig e rrim u s A , M , P, S Poospiza thoracica A K nipolegus c ya n iro stris A Poospiza lateralis A, P, S M u s c ip ip ra vetula A Sicalis flaveola A Pitangus su lp h u ra tu s A Embernagra platensis M, S Embernagra longicauda S M U S C IC A P ID A E Turdus ru fiv e n tris A M IM ID A E M im u s s a tu rn in u s A 48 Sporophila caerulescens S Coryphospingus pileatus A