EStudo agro e-Learning - SPI - Sociedade Portuguesa da Inovação

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EStudo agro e-Learning - SPI - Sociedade Portuguesa da Inovação
Identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a
promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Janeiro 2007
União Europeia
Fundo Social Europeu
Governo da
República Portuguesa
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Sociedade Portuguesa de Inovação
ii
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
SUMÁRIO EXECUTIVO
O sector agrícola nacional está hoje inserido num contexto de elevada complexidade e
exigência, fruto das profundas alterações da Política Agrícola Comum (PAC) que estão a
decorrer, da crescente abertura dos mercados e consequente aumento da concorrência e das
maiores exigências dos consumidores, tornando-se fundamental que se desenvolvam esforços
concertados no sentido de tornar o sector mais forte e mais competitivo. As características e
competências dos recursos humanos afectos ao sector agrícola nacional reflectem,
necessariamente, as suas fragilidades a vários níveis: predomina uma fraca capacidade de
gestão e organização para o mercado, observa-se uma quase ausência de cooperação
empresarial, verifica-se uma aversão ou ausência de cultura de risco, tudo isto baseado numa
população rural das mais envelhecidas da Europa e com um dos mais baixos níveis de
literacia.
Estas características do sector, nomeadamente um tecido empresarial extremamente
envelhecido e um nível educacional baixo, colocam grandes interrogações quanto ao seu
futuro.
Por outro lado, a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aplicadas à
formação no sector agrícola tem tido um percurso lento e difícil, marcado por iniciativas
pontuais, de impacto limitado. Na verdade, este é um dos sectores da economia portuguesa
no qual tem sido mais difícil fomentar e dinamizar iniciativas de formação que envolvam
práticas de e-Learning. Esta precária utilização do e-Learning está ligada a uma série de
factores caracterizadores da população e da prática agrícola em Portugal, desde o nível de
escolaridade dos activos agrícolas, passando pelo grau de utilização das ferramentas
informáticas, até à inexistência de iniciativas destinadas a promover a utilização das TIC na
prática agrícola.
Neste contexto, o recurso às metodologias de e-Learning afigura-se simultaneamente como
uma oportunidade e um desafio para o sector agrícola nacional. Trata-se de uma
oportunidade, na medida em que poderá permitir ultrapassar muitas das lacunas formativas
detectadas no sector, trazendo um novo dinamismo para as práticas formativas e conferindolhes um elevado grau de flexibilidade e adaptabilidade. Mais, o e-Learning poderá constituir
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
uma resposta às necessidades crescentes de especialização e de qualificação em áreas
emergentes, permitindo a formação, tanto dos activos do sector agrícola, como de outros
grupos populacionais que deverão ser sensibilizados e formados no sentido de terem um
maior contacto com as práticas agrícolas. Trata-se também de um desafio, na medida em que
muitos esforços terão que ser efectuados, a fim de fomentar uma maior utilização das TIC por
parte dos recursos humanos afectos ao sector agrícola e a fim de lhes proporcionar um acesso
alargado às ferramentas informáticas e à Internet. Somente um elevado grau de familiarização
com as TIC poderá conduzir a uma integração das mesmas nas práticas formativas.
O objectivo geral do Estudo “Agroe-Learning – identificação de linhas de orientação
estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola
nacional”, aqui apresentado, é identificar e analisar um conjunto de iniciativas de e-Learning
realizadas no sector agrícola, quer a nível nacional, quer a nível internacional, de forma a que
estas possam constituir uma base para a definição de linhas de orientação para a evolução do
e-Learning no sector agrícola nacional.
Neste Estudo é analisado o sector agrícola nacional no que diz respeito às características dos
seus recursos humanos e à utilização das TIC, permitindo assim traçar o perfil da população
agrícola e identificar grupos de indivíduos com características semelhantes ao nível da
actividade que desenvolvem, do grau de qualificações e de outras características. Após esta
descrição inicial, é efectuada uma caracterização do que tem sido a oferta formativa no sector
agrícola nos últimos anos, permitindo, desde logo, identificar pontos fortes e pontos fracos e as
principais lacunas da oferta formativa no sector.
No que diz respeito às iniciativas de formação a nível nacional, são destacados alguns casos
de iniciativas de e-Learning que foram ou estão a ser desenvolvidas e das quais se podem
retirar algumas conclusões válidas para a implementação do e-Learning no sector agrícola
nacional. No entanto, verificou-se difícil o levantamento e caracterização deste tipo de
iniciativas, já que estas ocorreram em número reduzido – não foi identificada nenhuma acção
realizada em regime de e-Learning no âmbito dos programas PAMAF ou AGRO – e, na sua
maioria, não tiveram seguimento.
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A nível internacional, o Estudo Agroe-Learning concentrou-se em descrever e analisar um
conjunto de iniciativas de formação que recorressem às metodologias ligadas ao e-Learning,
cujo sucesso fosse comprovado a vários níveis e cujas características pudessem constituir
uma base para o desenvolvimento de linhas de orientação estratégica para as iniciativas de
formação no sector agrícola português. Perante o panorama das iniciativas de e-Learning no
sector agrícola a nível internacional, houve uma focalização geográfica na América do Norte e
na Europa, sendo seleccionado um total de seis casos de boas práticas de iniciativas de eLearning realizadas no sector agrícola no Canadá, Estados Unidos da América (EUA), Reino
Unido e Alemanha.
Tendo como base a análise efectuada ao nível da caracterização dos recursos humanos do
sector agrícola, caracterização da utilização das TIC, caracterização da oferta formativa,
identificação de boas práticas de iniciativas de e-Learning no sector agrícola a nível nacional e
internacional, foram definidas linhas de orientação estratégica para a implementação de
iniciativas de e-Learning no sector agrícola português.
As linhas de orientação estratégica apresentadas versam diversos aspectos do que deve ser
considerado o panorama formativo do sector agrícola em Portugal, incluindo todas as
componentes que influenciam a sua evolução. Neste sentido, na definição de linhas de
orientação estratégica são abordados aspectos como: o público-alvo; as temáticas a abordar;
as tecnologias a utilizar; os conteúdos a desenvolver; os métodos pedagógicos a utilizar; as
características e competências dos actores a envolver e os financiamentos existentes para
iniciativas de e-Learning. Subjacente à definição destas linhas de orientação está, em muitos
casos, a constatação de que não é necessário o empenho de muitos recursos técnicos ou
mesmo financeiros para a implementação de uma série de medidas que poderão contribuir
para aumentar e diversificar a utilização do e-Learning no sector agrícola. Também ao
encontro desta ideia vão muitos dos estudos de caso identificados, que constituem iniciativas
de sucesso, não pelos montantes ou complexidade dos recursos envolvidos, mas pelo
sucesso das iniciativas, temáticas ou contextos em que foram implementadas.
A metodologia adoptada pela equipa técnica do Estudo centrou-se na recolha e análise de
documentos de referência quer sobre o sector agrícola, quer sobre o sector da formação,
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
abrangendo a realidade nacional e internacional. Este trabalho permitiu efectuar um
diagnóstico do estado do sector agrícola em Portugal, no que diz respeito aos seus recursos
humanos e à oferta formativa existente. A partir deste diagnóstico e das lacunas detectadas,
optou-se por reunir casos de referência nacionais e internacionais como forma de identificar
boas práticas que pudessem orientar o desenvolvimento de iniciativas de e-Learning a nível
nacional, no sector agrícola. Os casos foram seleccionados de acordo com vários critérios,
nomeadamente:
•
Notoriedade e impacto;
•
Boas práticas de e-Learning ao nível de metodologias, utilização de
ferramentas e temas abordados;
•
Grau de aplicabilidade a iniciativas de e-Learning no sector agrícola
português.
Uma vez seleccionado um conjunto de casos, estes foram analisados, de modo uniforme, a
vários níveis:
•
Características estruturantes da iniciativa: objectivos gerais, público-alvo,
temas abordados, duração;
•
Metodologias formativas aplicadas;
•
Requisitos de acesso;
•
Ferramentas e recursos disponíveis.
Do resultado da análise dos casos seleccionados foram extraídos ensinamentos que
possibilitaram a definição de linhas de orientação estratégica para a implementação de
iniciativas de e-Learning no sector agrícola português.
No decorrer dos trabalho, a equipa técnica promoveu um workshop, no qual participaram
personalidades de referência no domínio da agricultura e no domínio do e-Learning, com o
objectivo de apresentar o trabalho já desenvolvido até então e de promover o debate entre
todos, na perspectiva de recolher contributos relevantes para as linhas de orientação
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vi
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
estratégica para a implementação e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector
agrícola nacional.
O Estudo Agroe-Learning encontra-se estruturado em cinco capítulos:
No primeiro capítulo é efectuado um enquadramento do âmbito do Estudo, com informações
sobre o conceito e as práticas de e-Learning, com uma caracterização dos recursos humanos
no sector agrícola a nível nacional e com uma caracterização da utilização das TIC na prática
agrícola em Portugal.
No segundo capítulo é efectuada uma caracterização da oferta formativa no sector agrícola a
nível nacional, destacando-se as iniciativas de e-Learning já realizadas ou em
desenvolvimento no sector.
No terceiro capítulo é apresentado um conjunto de estudos de caso de boas práticas de
iniciativas de e-Learning no sector agrícola internacional, nomeadamente na América do Norte
e na Europa.
No quarto capítulo são sistematizadas linhas de orientação estratégicas para o
desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional, nomeadamente no
que diz respeito a: público-alvo a atingir, temáticas a abordar, tecnologias a utilizar, conteúdos
a desenvolver, métodos pedagógicos a usar, características e competências dos actores a
envolver e financiamento de iniciativas de e-Learning.
No quinto capítulo são sistematizadas conclusões e considerações finais relativamente ao
contexto de implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional.
Porto, Janeiro de 2007
A Sociedade Portuguesa de Inovação, S.A.
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todas as pessoas e entidades que, generosamente, se disponibilizaram para a
discussão dos temas relevantes para a elaboração do Estudo Agroe-Learning – identificação
de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e
desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional, contribuindo com a
sua visão para uma análise multifacetada da realidade.
Dirigimos um especial agradecimento às personalidades que participaram no workshop
promovido no âmbito do trabalho – Engª Ana Aguiar, Engª Maria Lopes Pinto, Engº Pedro
Pimenta, Dr. Paulo Sousa - e pelos contributos que amavelmente nos fizeram chegar.
Agradecemos também aos consultores que colaboraram com a equipa da SPI no
desenvolvimento do Estudo – Professor Fernando Bianchi de Aguiar, Dr. José Miguel Silva,
Doutor Miguel Neto e Professor Robert Lang.
Os diferentes contributos recolhidos facilitaram significativamente
a reflexão, o
desenvolvimento de conclusões e a definição de recomendações no âmbito do Estudo AgroeLearning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a
promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional, as quais
são apresentadas no presente documento.
Porto, Janeiro de 2007
A Sociedade Portuguesa de Inovação, S.A.
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
ÍNDICE
SUMÁRIO EXECUTIVO.............................................................................................................................................iii
AGRACEDIMENTOS ............................................................................................................................................viii
ÍNDICE ..................................................................................................................................................................... ix
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................................. xi
ÍNDICE DE TABELAS .............................................................................................................................................xii
CAPÍTULO 1
1.1
1.2
1.3
O e-Learning ..............................................................................................................................................2
1.1.1
Definição de e-Learning e Principais Conceitos Associados...........................................................2
1.1.2
O Surgimento do e-Learning e a sua Evolução...............................................................................5
1.1.3
Vantagens e Condicionantes da Utilização do e-Learning ..............................................................8
1.1.4
Principais Tendências e Referências na Área do e-Learning........................................................11
Breve Caracterização dos Recursos Humanos no Sector Agrícola a Nível Nacional..............................14
1.2.1
Mão-de-Obra Agrícola ...................................................................................................................14
1.2.2
Produtores Agrícolas .....................................................................................................................17
1.2.3
Outros Recursos Humanos Envolvidos no Sector Agrícola ..........................................................22
Utilização das TIC na Prática Agrícola em Portugal ................................................................................23
1.3.1
Principais Marcos da Evolução da Utilização das TIC na Agricultura ...........................................24
1.3.2
Utilização da Telemática no Sector Agrícola Português................................................................26
1.3.3
Utilização das TIC no Sector Agrícola Português..........................................................................28
CAPÍTULO 2
2.1
2.2
2.3
ENQUADRAMENTO ..................................................................................................................1
FORMAÇÃO NO SECTOR AGRÍCOLA A NÍVEL NACIONAL.................................................34
Panorâmica Geral ....................................................................................................................................35
2.1.1
A Formação Profissional Agrária no Período Anterior a 1986.......................................................35
2.1.2
A Formação Profissional Agrária a partir de 1986.........................................................................35
Caracterização da Oferta Formativa ........................................................................................................37
2.2.1
Volume de Formação Profissional Agrária ....................................................................................37
2.2.2
Avaliação .......................................................................................................................................41
Iniciativas de e-Learning ..........................................................................................................................44
2.3.1
Curso de Formação em Marketing Agrícola ..................................................................................45
2.3.2
Curso Conhecer o Vinho Verde - Nível I .......................................................................................49
2.3.3
Curso para Técnicos na Área do Desenvolvimento Rural.............................................................52
2.3.4
Projecto Rudolf ..............................................................................................................................57
2.3.5
Projecto MadeirAdapt - Valorização dos Profissionais do Sector Agrícola da Região Autónoma da
Madeira..........................................................................................................................................................62
2.3.6
Colecções de Materiais Didácticos “Valorização das Explorações Agrícolas” e “Agricultura e
Ambiente” ......................................................................................................................................................66
2.3.7
Outras Iniciativas ...........................................................................................................................70
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para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
2.3.8
CAPÍTULO 3
Identificação de “Boas Práticas” de e-Learning no Sector Agrícola Nacional ...............................71
IDENTIFICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE E-LEARNING NO SECTOR AGRÍCOLA A NÍVEL
INTERNACIONAL....................................................................................................................................................74
3.1
Introdução ................................................................................................................................................75
3.2
Estudos de Caso......................................................................................................................................76
3.2.1
Curso Organic Marketing – Canadá ..............................................................................................77
3.2.2
Projecto Inforfarm – Alemanha ......................................................................................................82
3.2.3
Iniciativa FACE - Farming and Countryside Education – Reino Unido..........................................88
3.2.4
Curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura - Canadá ..........................................................95
3.2.5
Curso de Formação de Aplicadores de Pesticidas – Canadá .......................................................99
3.2.6
Master em Desenvolvimento Agrícola – EUA..............................................................................105
CAPÍTULO 4
LINHAS
DE
ORIENTAÇÃO
ESTRATÉGICA
PARA
A
IMPLEMENTAÇÃO
E
DESENVOLVIMENTO DE INICIATIVAS DE E-LEARNING NO SECTOR AGRÍCOLA NACIONAL.....................111
4.1
Introdução ..............................................................................................................................................112
4.2
Público-Alvo ...........................................................................................................................................113
4.3
4.4
4.5
4.6
4.7
4.8
4.2.1
População Activa .........................................................................................................................114
4.2.2
População Não Activa .................................................................................................................117
Temáticas a Abordar ..............................................................................................................................119
4.3.1
Temáticas “Clássicas” da Agricultura ..........................................................................................120
4.3.2
Temáticas Emergentes na Agricultura.........................................................................................121
4.3.3
Temáticas Directamente Ligadas ao e-Learning .........................................................................123
Tecnologias a Utilizar.............................................................................................................................124
4.4.1
Plataformas de e-Learning ..........................................................................................................125
4.4.2
Outras Soluções Tecnológicas ....................................................................................................128
Conteúdos a Desenvolver......................................................................................................................129
4.5.1
Aspectos a Considerar Previamente à Elaboração dos Conteúdos............................................129
4.5.2
Aspectos a Considerar Durante a Elaboração dos Conteúdos ...................................................131
Métodos Pedagógicos a Utilizar.............................................................................................................134
4.6.1
Caracterização dos Métodos Pedagógicos .................................................................................135
4.6.2
Utilização dos Métodos Pedagógicos em e-Learning..................................................................142
Características e Competências dos Actores a Envolver ......................................................................144
4.7.1
Actores a Envolver no Processo Formativo.................................................................................144
4.7.2
Instituições a Envolver.................................................................................................................147
Financiamento das iIiciativas de e-Learning ..........................................................................................150
4.8.1
Financiamento Público ................................................................................................................150
4.8.2
Financiamento Privado ................................................................................................................153
CAPÍTULO 5
BIBLIOGRAFIA
REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................154
..........................................................................................................................................158
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para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Evolução do emprego na Agricultura desde 1960 em Portugal e na UE.................................................. 14
Figura 2: Número de produtores agrícolas singulares, por sexo e região NUT II (2003) ........................................ 17
Figura 3: Produtores agrícolas singulares por tempo de trabalho agrícola e região NUT II (2003)......................... 22
Figura 4: Utilização de computador e acesso à Internet nos grandes grupos de profissões (2001) ....................... 29
Figura 5: Evolução da utilização das TIC pelo grupo profissional “Agricultores e Trabalhadores qualificados da
agricultura e pesca” ....................................................................................................................................... 30
Figura 6: Programas informáticos para o sector agrícola (1996)............................................................................. 31
Figura 7: Passos na definição e teste de métodos e técnicas pedagógicas............................................................ 59
Figura 8: Plataforma síncrona utilizada no curso do Projecto Rudolf ...................................................................... 60
Figura 9: Exemplo de conteúdos de e-Learning da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” – Curso
“Genética, Biotecnologia e a Agricultura” ...................................................................................................... 69
Figura 10: Página de acesso aos cursos online da Universidade de Guelph.......................................................... 80
Figura 11: Ferramenta “Cronograma do curso” utilizada no curso Organic Marketing............................................ 81
Figura 12: Página de entrada do portal Infofarm ..................................................................................................... 83
Figura 13: Página de entrada do website do FACE................................................................................................. 90
Figura 14: Ferramenta “Debating” no website do FACE.......................................................................................... 91
Figura 15: Página de entrada do curso online de Ética e Profissionalismo na Agricultura...................................... 96
Figura 16: Imagem do curso com explicação do objectivo da simulação inicial...................................................... 96
Figura 17: Imagem do curso, no momento em que é pedido ao formando que opte por uma reacção relativamente
ao que acabou de ser dito ............................................................................................................................. 97
Figura 18: Página dedicada à Educação à Distância com ligações para os programas dos cursos e informações
sobre os recursos disponíveis ..................................................................................................................... 100
Figura 19: Página de entrada da plataforma WebCT na área de cursos online da Assiniboine Community College
..................................................................................................................................................................... 101
Figura 20: Página de Entrada do Master em Desenvolvimento Agrícola .............................................................. 105
Figura 21: Públicos alvo a envolver em iniciativas de e-Learning no sector agrícola............................................ 114
Figura 22: Definição de características dos conteúdos previamente à sua elaboração ........................................ 131
Figura 23: Técnicas mais adequadas aos Métodos .............................................................................................. 141
Figura 24: Intervenção dos actores a envolver por fases do processo formativo.................................................. 145
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para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1: Vantagens da utilização do e-Learning......................................................................................................9
Tabela 2: Condicionantes da utilização do e-Learning ............................................................................................10
Tabela 3: Mão-de-obra agrícola a nível nacional desde 1989 (em UTA) ................................................................15
Tabela 4: Mão-de-obra agrícola por NUT II em 2003 (em UTA)..............................................................................16
Tabela 5: Número de produtores agrícolas singulares, por faixa etária e região NUT II (2003)..............................18
Tabela 6: Número de produtores agrícolas singulares, por nível de instrução e região NUT II (2003)...................19
Tabela 7: Evolução das explorações em Portugal Continental segundo a dimensão económica (1989-2003) ......20
Tabela 8: Explorações segundo a dimensão económica por NUT II em 2003 ........................................................21
Tabela 9: Factores de influência na taxa de adopção das TIC................................................................................32
Tabela 10: FPA realizada no âmbito do PAMAF e do AGRO..................................................................................38
Tabela 11: Avaliação da FPA desenvolvida no quadro do PAMAF e do AGRO .....................................................41
Tabela 12: Módulos do Curso de Marketing Agrícola..............................................................................................45
Tabela 13: Temas e objectivos do curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I” ........................................................50
Tabela 14: Ferramentas da plataforma utilizada no curso “Conhecer o Vinho Verde”............................................51
Tabela 15: Módulos do curso para Técnicos de Desenvolvimento Rural ................................................................53
Tabela 16: Módulos do curso do Projecto Rudolf ....................................................................................................57
Tabela 17: Ferramentas de comunização assíncrona disponíveis no curso do Projecto Rudolf............................60
Tabela 18: Módulos do Curso do Projecto MadeirAdapt .........................................................................................63
Tabela 19: Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” ..............................................................66
Tabela 20: Temas da colecção “Agricultura e Ambiente” ........................................................................................67
Tabela 21: Boas práticas no processo de concepção de cursos.............................................................................72
Tabela 22: Boas práticas no processo de implementação dos cursos....................................................................73
Tabela 23: Módulos do curso Organic Marketing ....................................................................................................77
Tabela 24: Requisitos técnicos para a participação no curso..................................................................................79
Tabela 25: Ferramentas disponíveis na plataforma usada no curso Organic Marketing.........................................81
Tabela 26: Áreas que constituem o portal Infofarm .................................................................................................84
Tabela 27: Áreas que constituem o portal do projecto FACE ..................................................................................89
Tabela 28: Materiais existentes na área “recursos” do projecto FACE....................................................................93
Tabela 29: Temas abordados no curso de Aplicadores de Pesticidas ..................................................................101
Tabela 30: Disciplinas disponíveis no Master em Desenvolvimento Agrícola .......................................................106
Tabela 31: Componentes pedagógicas do Master em desenvolvimento agrícola.................................................107
Tabela 32: Temáticas a abordar ao nível da formação para o sector agrícola......................................................124
Tabela 33: Ferramentas para o trabalho em e-Learning .......................................................................................127
Tabela 34:Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning ....................133
Tabela 35: Características dos conteúdos que contribuem para motivação dos formandos.................................134
Tabela 36: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Expositivo........................................136
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 37: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Interrogativo....................................137
Tabela 38: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Demonstrativo.................................138
Tabela 39: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Activo/Interactivo.............................139
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
CAPÍTULO 1
ENQUADRAMENTO
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
1.1
O e-Learning
As sucessivas inovações tecnológicas e o desenvolvimento dos meios de comunicação de
massas, principalmente a partir de meados do século XX, têm vindo a produzir reflexos na
área da educação e formação, revolucionando toda a dinâmica de ensino-aprendizagem e
proporcionando a todos os actores do meio formativo novos instrumentos e ferramentas.
O e-Learning conhece hoje múltiplas definições, abordagens e ferramentas de suporte, que
foram evoluindo ao longo do tempo. No presente capítulo é efectuada uma abordagem ao
conceito de e-Learning, ao seu contexto histórico de evolução, às vantagens e desvantagens
da sua utilização e, finalmente, a algumas tendências para o futuro.
1.1.1
Definição de e-Learning e Principais Conceitos Associados
Como ponto de partida do presente Estudo, é importante clarificar alguns conceitos-chave,
desde logo o próprio conceito de e-Learning, que conhece múltiplas definições e abordagens.
A equipa de trabalho envolvida no presente Estudo, optou por adoptar o conceito definido pela
Comissão Europeia, no documento “eLearning Action Plan”. Neste documento, e-Learning
consiste na utilização das novas tecnologias multimédia e da Internet com o objectivo de
melhorar a qualidade da aprendizagem, facilitando o acesso a recursos e serviços, assim
como a trocas e colaboração a distância:
E-Learning is defined as “the use of new multimedia technologies and the
Internet to improve quality of learning by facilitating access to resources
and services as well as remote exchanges and collaboration” 1
Esta definição encerra alguns conceitos-chave, como “tecnologias multimédia”, “Internet”,
“acesso remoto”, “colaboração”, que caracterizam esta metodologia formativa. Assim, eLearning é normalmente sinónimo de formação a distância via Internet, envolvendo um
1
Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu, The eLearning Action Plan, Designing
tomorrow’s education, Bruxelas, 2001
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
ambiente de aprendizagem em que a informação e o material de estudo se encontram
disponíveis na Internet e o acesso aos mesmos (aulas, documentos de apoio, testes, etc.)
apenas é possível através de um computador (ou outro equipamento com funções similares,
por exemplo, um PDA), ligação à Internet e software de navegação na web.
Para além do conceito de e-Learning, central para este Estudo, há ainda outros conceitos que
serão abordados ao longo do documento e que importa, desde já, clarificar. Estes conceitos
são:
•
Auto-estudo/Auto-formação: modelo pedagógico segundo o qual o formando
trabalha sozinho ou com uma participação muito limitada do tutor ou formador,
planificando, organizando, executando e avaliando o seu próprio processo de
aprendizagem. O formando relaciona-se com os materiais de ensino de forma
autónoma, participando nas aulas e consultando outros documentos em função das
suas necessidades de aprendizagem e com os objectivos por si definidos. A
participação do tutor ou formador é escassa ou inexistente, podendo pontualmente o
formando recorrer a ele para esclarecer algumas questões, ou recorrer a um
responsável técnico para colocar questões sobre da utilização dos recursos online2.
•
Aprendizagem colaborativa: modelo pedagógico segundo o qual o formando está
integrado num grupo de trabalho virtual, desenvolvendo o estudo em conjunto com
outros formandos e com o apoio do formador ou tutor, destacando-se a participação
activa e a interacção entre todos os intervenientes. Este modelo implica a utilização de
ferramentas de comunicação, como o e-mail, os fóruns, chats, mensageiros
instantâneos e outras que possibilitem estabelecer um contacto rápido, por vezes em
tempo real, entre formandos e entre estes e formadores. Por vezes, dependendo dos
recursos disponíveis é possível simular online uma sala de aula.
•
Formação assíncrona: tipo de aprendizagem online em que esta é feita a distância,
de forma individual, independente de horário e da presença do formador, e em que o
número de formandos em simultâneo pode ser ilimitado. O e-Learning assíncrono
prevê um nível de interactividade entre formandos e formadores não imediato, isto é
2
Adaptado de: Cação, Rosário e Dias, Paulo Jorge; “Introdução ao e-Learning”, colecção e-Learning, dos
conceitos às perspectivas de desenvolvimento; SPI; Porto - 2003
Sociedade Portuguesa de Inovação
3
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
com algum intervalo de tempo, visto que o contacto é feito através de e-mail, grupos
de discussão ou fóruns.
•
Formação síncrona: tipo de aprendizagem online onde se reproduz, virtualmente (na
web), o ambiente de sala de aula presencial, com um professor presente, turma
limitada e com hora marcada. O e-Learning síncrono prevê o uso de recursos como
chat, voz ou vídeo.
•
Learning Management System (LMS)/Plataforma de e-Learning: sistema de gestão
da aprendizagem, que possibilita o acesso e a organização de serviços de
aprendizagem a distância, via Internet, a formandos, formadores e administradores.
Esta ferramenta, através da qual é feita a gestão de cursos, permite realizar tarefas
como o registo de utilizadores, a localização de cursos, o registo de dados dos
utilizadores, fornecimento de relatórios de gestão de conhecimento. Na maioria dos
casos, uma plataforma de e-Learning integra também ferramentas de comunicação
assíncrona (como fóruns e quadros de mensagens) e síncrona (como chats ou mesmo
sistemas de vídeo conferência).
•
Comunidade de Prática (CoP): grupo de pessoas que partilha um interesse ou
motivação por um tópico, e que se junta para desenvolver conhecimento de forma a
criar uma prática em torno desse tópico. Há três elementos na definição de
comunidades de prática: 1. Domínio: tem de haver um assunto sobre o qual a
comunidade fala; 2. Comunidade: as pessoas têm de interagir e construir relações
entre si em torno do domínio; 3. Prática: tem de existir uma prática e não apenas um
interesse que as pessoas partilham. Elas aprendem juntas como fazer coisas pelas
quais se interessam3.
•
Blended Learning: também designado de b-Learning, é um modelo de formação
misto, que inclui uma componente online e uma outra presencial (formação
tradicional). Trata-se de um modelo de características próprias, que reúne o melhor da
formação presencial e da formação à distância, permitindo um contacto pessoal entre
3
Adaptado da entrevista a Etienne Wenger, criador do conceito de Comunidade de Prática, realizada pelo portal
KMOL em 2001: http://www.kmol.online.pt/pessoas/WengerE/entrev_1.html
Sociedade Portuguesa de Inovação
4
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
os formandos, ao mesmo tempo que encerra a flexibilidade característica do eLearning.
1.1.2
O Surgimento do e-Learning e a sua Evolução
A formação a distância, embora sendo já uma prática secular, que começou por socorrer-se de
meios como os correios e os serviços postais, conheceu, com o advento da rádio e da
televisão, um importante impulso, que permitiu formar mais pessoas, mais rapidamente e com
menores custos, sem que estas tivessem que se deslocar a um centro de formação.
Mais tarde, com o surgimento do computador e a democratização do acesso à Internet,
paralelamente à massificação do acesso ao ensino, a formação (tanto a nível presencial, como
a distância) conheceu uma verdadeira revolução, modificando-se os meios utilizados para a
comunicação entre os vários agentes de formação, os materiais utilizados no processo
formativo, as dinâmicas de ensino-aprendizagem e a própria relação entre formandos e
formador. No entanto, a história da formação à distância e da formação com recurso às
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) não é uma história repleta de sucessos. Em
algumas ocasiões, as expectativas colocadas nos reflexos das revoluções tecnológicas das
últimas décadas do século XX, acabaram por ser frustradas, não só devido a problemas
técnicos de cariz diversificado, mas principalmente por a tónica ser muito frequentemente
colocada na vertente tecnológica, em detrimento da vertente pedagógica.
A utilização massificada da Internet,
O instructional design é o desenho da estrutura dos
principalmente a partir dos anos 80, e a
conteúdos de cursos de formação (incluindo formação a
sua aplicação ao ensino, veio trazer um
distância), quer na sua vertente macro – definição de
impulso sem precedentes à formação com
módulos, unidades de aprendizagem e tópicos; quer na
vertente micro – actividades e exercícios em cada unidade
recurso às tecnologias. Paralelamente,
de aprendizagem, número de sessões síncronas e
uma série de inovações na área da
assíncronas, etc. Procura-se através do instructional design
informática
e
multimédia,
o
garantir a qualidade da formação, partindo de uma análise
das necessidades de formação para a definição de
desenvolvimento do instructional design
objectivos, concebendo os “meios” de os atingir,
e uma nova abordagem pedagógica mais
considerando sempre as necessidades do público-alvo.
centrada no formando e no processo de
aprendizagem, fizeram do e-Learning a metodologia de formação com maiores
Sociedade Portuguesa de Inovação
5
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
potencialidades de desenvolvimento e expansão na actual sociedade globalizada, tendo a
Internet como meio privilegiado de troca de informação.
Com o objectivo de apoio ao processo de massificação a que se assistiu, foram desenvolvidos
os LMS. Esta nova perspectiva do acesso à informação veio influenciar não só as dinâmicas
de ensino-aprendizagem e multiplicar o número de iniciativas de formação com recurso às
TIC, como possibilitou uma nova relação entre o mundo escolar e o mundo profissional,
atribuindo um novo significado aos conceitos de formação contínua e formação ao longo da
vida. Actualmente, a formação é encarada como uma componente de desenvolvimento do
indivíduo, acompanhando-o desde a infância até ao final da vida, transcendendo a dimensão
do ensino formal e estendendo-se às dinâmicas de aprendizagem informal, à constituição de
comunidades de prática e a diversas outras iniciativas que se traduzem na aquisição e
desenvolvimento de competências técnicas e humanas nas escolas e centros de formação,
mas também no local de trabalho e em contextos informais.
Neste sentido, o e-Learning é encarado por muitos indivíduos e instituições como a solução
ideal para responder às necessidades crescentes de constante reciclagem e actualização de
competências essenciais para responder às exigências do mercado globalizado. A utilização
do e-Learning, enquanto metodologia formativa, encerra uma série de potencialidades que
constituem claras mais-valias para as empresas, para as instituições de ensino e para os
próprios indivíduos que têm, cada vez mais, a possibilidade de traçar o seu percurso formativo
personalizado, de acordo com as suas necessidades e expectativas e ao seu próprio ritmo.
Por força da evolução do e-Learning, as TIC tornaram-se numa parte intrínseca do ensino em
sentido formal, dada a contínua procura de soluções de elevada qualidade, constituindo hoje
um conjunto de ferramentas através das quais se desenvolvem processos de ensinoaprendizagem. Consequentemente estes processos sofreram alterações, surgindo novas
metodologias pedagógicas que centram no formando, nas suas capacidades de trabalhar em
comunidade (trabalho colaborativo) e na sua auto-responsabilização o desenvolvimento dos
processos de aprendizagem. Por essa via, o formador tem vindo a assumir um papel algo
diferente do da visão tradicional, deixando de ser um controlador dos processos de
aprendizagem, para assumir o papel de disponibilizador de conteúdos e orientador desse
processo.
Sociedade Portuguesa de Inovação
6
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
De facto, é necessário não esquecer que hoje em dia a informação está mais acessível e que,
em simultâneo, é alvo de um processo constante e dinâmico de actualização, pelo que se
torna mais importante que os processos de ensino-aprendizagem assentem, não na tradicional
visão de transferência de conhecimento, mas sim nos formandos e na sua capacidade de
pesquisar, seleccionar, processar e utilizar a informação, sendo o formador um mero guia
deste processo. Esta alteração veio, no entanto, introduzir um novo actor: o tutor, que vem
assumindo este papel de facilitador do processo de aprendizagem, orientado e apoiando os
formandos nos seus processos de descoberta e de partilha de conhecimentos e experiências,
mas também “vencendo” a distância entre os formandos e entre estes e o formador, criando,
com recurso a várias ferramentas e instrumentos web, um ambiente pedagógico, facilitador e
motivador do processo de aprendizagem.
Encarado inicialmente como um recurso para superar as insuficiências do sistema de ensino,
para a qualificação profissional e para o aperfeiçoamento/actualização de conhecimentos, o eLearning é cada vez mais usado em programas de formação, combinado com formas
tradicionais (formação presencial), sendo visto como uma modalidade formativa alternativa
que complementa parte do sistema de ensino regular na modalidade presencial.
Conscientes destas potencialidades, as universidades assumiram, em muitos países, um
papel pioneiro na utilização do e-Learning, promovendo cursos de formação graduada e pósgraduada. A utilização do e-Learning nas universidades permitiu, para muitos estudantes,
compatibilizar a necessidade contínua de formação e actualização com o exercício de uma
actividade profissional e com a vida pessoal. Por outro lado, o e-Learning permitiu colocar em
contacto estudantes e professores de todo o mundo, trabalhando colaborativamente à
distância e trocando informações e experiências sobre diversas temáticas de interesse
comum.
Apesar de se encontrar já bastante divulgado em empresas de grande dimensão e na maioria
das instituições de ensino superior, o e-Learning é ainda uma prática marginal em diversos
sectores de actividade, conhecendo também graus de penetração diferentes de país para
país. A utilização do e-Learning e das TIC está intimamente ligada com o nível de escolaridade
Sociedade Portuguesa de Inovação
7
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
das populações4, com o grau de familiaridade com as ferramentas informáticas, com as
condições materiais de acesso ao computador e à Internet e com diversos outros factores de
ordem económica, social e cultural, como por exemplo a capacidade de inovação e
adaptabilidade das pessoas e das empresas a novos processos, ferramentas e metodologias.
1.1.3
Vantagens e Condicionantes da Utilização do e-Learning
À semelhança de outras metodologias formativas, o e-Learning apresenta vantagens e
condicionantes na sua utilização. Quando se pondera a implementação de um projecto de eLearning, por exemplo na área da agricultura, é de vital importância considerar as potenciais
mais-valias e riscos da adopção desta metodologia, de forma a aferir qual será a melhor opção
para cada contexto formativo específico.
Antes de apresentar algumas das características que são usualmente citadas como vantagens
ou condicionantes da utilização do e-Learning, há que salientar que, na maioria dos casos, o
que é considerado vantagem ou condicionante, depende de diversos factores ligados à
implementação e desenvolvimento do projecto de e-Learning. Assim, por exemplo, a
interacção poderá ser citada como uma vantagem desde que, naturalmente, o formando tenha
ao seu dispor as ferramentas de comunicação online e saiba utilizá-las. Relativamente às
condicionantes citadas, muitas delas estão actualmente no centro das preocupações dos
especialistas de e-Learning pelo que, com alguma regularidade, vão sendo apresentadas
propostas com vista à sua resolução.
Seguidamente, nas Tabelas 1 e 2, apresentam-se de forma sintética, algumas das
características que são, habitualmente, apontadas como sendo as principais vantagens e
condicionantes da utilização do e-Learning:
4 A propósito deste aspecto e de outros aspectos ligados ao perfil social dos cibernautas portugueses, poderá
consultar-se o Inquérito à Sociedade em Rede em Portugal, CIES-ISCTE, 2003
Sociedade Portuguesa de Inovação
8
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 1: Vantagens da utilização do e-Learning5
VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO E-LEARNING
Permite que os formandos possam aceder aos conteúdos e aprender em qualquer lugar e
Facilidade de
em qualquer altura, desde que disponham de um computador com ligação à Internet e de
acesso
um programa de navegação. Os conteúdos estão disponíveis online, 24 horas por dia,
podendo aceder a eles quando lhe for mais conveniente.
Público em geral: permite aprender mais sobre qualquer assunto, de forma cómoda, a
partir de qualquer lugar e sem estar limitado pelos horários das aulas;
Empresas: permite distribuir a informação mais rápida e eficazmente pelos colaboradores,
clientes e parceiros; permite preparar mão-de-obra mais rapidamente para as mudanças
Elevada
dentro da empresa ou do mercado;
aplicabilidade
Pessoas com dificuldades ao nível da mobilidade: permite frequentar as aulas a partir de
casa, sem necessidade de enfrentar constrangimentos de mobilidade;
Profissionais: permite frequentar Pós-Graduações e MBA, sem precisar de se deslocar a
universidades nem de cumprir horários das aulas.
Simplicidade de
utilização
Segmentação de
conteúdos
Para utilizar o e-Learning basta possuir alguns conhecimentos essenciais de informática
(saber usar um computador) e de Internet (saber navegar).
O conteúdo dos cursos está dividido em unidades de aprendizagem mais pequenas,
(módulos, capítulos, etc.), permitindo ao formando frequentar apenas a parte do curso
que lhe interessa.
Formação personalizada, que possibilita uma maior retenção dos conteúdos por parte do
Eficácia
formando, que define o seu método de estudo e o seu ritmo de aprendizagem. O ensino é
direccionado para o formando, que deixa de ser meramente um participante passivo.
Economia
Actualização de
conteúdos
Formação com custos mais baixos: não há necessidade de deslocar formandos e
formadores para salas de aula.
Os conteúdos de aprendizagem podem ser alterados, corrigidos e actualizados com
rapidez e facilidade, proporcionando ao formando a informação mais recente e mais
actual.
5 Adaptado de Cação, Rosário e Dias, Paulo Jorge; “Introdução ao e-Learning”, colecção e-Learning, dos
conceitos às perspectivas de desenvolvimento; SPI; Porto - 2003
Sociedade Portuguesa de Inovação
9
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 1: Vantagens da utilização do e-Learning
VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO E-LEARNING
As plataformas de e-Learning usadas incluem ferramentas destinadas a criar um
ambiente interactivo online. Existem ferramentas para estabelecer o contacto entre os
Interacção e
interactividade
formandos e para reforçar a interacção do grupo, tais como os relatos, demonstrações,
simulações, grupos de debate, equipas de projecto, sugestões, tutoriais e perguntas
frequentes. A interactividade dos conteúdos: o uso de conteúdos dinâmicos, com recursos
multimédia, nomeadamente, animações flash, registos áudio e vídeo, formulários
interactivos, entre outros.
Tabela 2: Condicionantes da utilização do e-Learning6
CONDICIONANTES DA UTILZIAÇÃO DO E-LEARNING
Velocidade: se a ligação à Internet for de baixa velocidade, a transmissão dos dados
poderá demorar bastante tempo;
Segurança: existe receio, por parte do utilizador, de que terceiros possam aceder
Problemas técnicos
remotamente ao seu computador;
Incompatibilidade: especialmente nas empresas pode verificar-se incompatibilidade das
ferramentas de e-Learning com programas essenciais ao funcionamento da rede da
empresa.
Metodologias
pedagógicas
Sobrevalorização do
tecnológico
Falta de conhecimento sobre as metodologias de aprendizagem online, havendo a
necessidade de introduzir melhorias nos conteúdos e na pedagogia. Problemas na
adequação do e-Learning à aprendizagem efectiva de cada grupo e cada competência.
Desvalorização do elemento pedagógico, em contraste com um destaque excessivo
atribuído aos factores técnicos.
Falta de um sistema mais eficiente para avaliar os formandos. Quando os cursos são
Avaliação
realizados integralmente através da Internet, não há hipótese de confirmar quem e como
fez realmente os testes de avaliação. No entanto existem já diversos programas e
ferramentas que permitem tornar a avaliação mais eficaz.
6
Adaptado de Cação, Rosário e Dias, Paulo Jorge; “Introdução ao e-Learning”, colecção e-Learning, dos
conceitos às perspectivas de desenvolvimento; SPI; Porto - 2003
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10
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 2: Condicionantes da utilização do e-Learning
CONDICIONANTES DA UTILZIAÇÃO DO E-LEARNING
Existe um número considerável de cursos no mercado que não são mais do que a
Qualidade dos
transposição para a Internet de cursos da formação convencional. Os cursos em regime
conteúdos
de e-Learning deverão ser concebidos de raiz para uma realidade electrónica, com
todos os recursos online que potenciem ao máximo a sua eficácia.
Falta de mão-deobra especializada
Em alguns aspectos, o e-Learning debate-se com a falta de formadores e técnicos de
ensino vocacionados para o ensino através da Internet.
Dificuldade dos formandos se concentrarem diante do ecrã por períodos prolongados,
Concentração em
criando problemas à aprendizagem, quebras de ritmo e concentração e problemas de
frente ao ecrã
saúde resultantes da exposição às radiações dos monitores. Contudo, as inovações
tecnológicas têm minimizado este problema.
Atraso no
e-commerce
As compras através da Internet ainda não conseguiram afirmar-se em pleno. A relação
comercial entre fornecedor e consumidor terá que oferecer garantia de confiança e
credibilidade, sobretudo ao nível do pagamento.
O e-Learning, em Portugal, carece de certificação a vários níveis, incluindo a
Certificação
certificação de cursos, formadores e autores de cursos e da própria qualidade da
formação. A falta de certificação limita a expansão do e-Learning, em particular pela
falta de credibilidade perante formandos, parceiros ou investidores.
1.1.4
Principais Tendências e Referências na Área do e-Learning
Apesar de conhecer algumas contrariedades na sua implementação, o e-Learning é
reconhecido tanto pelos indivíduos, como pelas escolas, entidades formadoras, empresas e
entidades públicas, como uma metodologia essencial para fazer face aos novos desafios da
economia do conhecimento. Não se espera, naturalmente, que o e-Learning venha substituir
as metodologias de formação presencial, mas antes, que as venha complementar e
enriquecer, contribuindo para modificar a forma como nos relacionamos com a aprendizagem.
De uma perspectiva fechada e circunscrita, em que a formação é encarada como estando
limitada à idade escolar e o processo de aprendizagem é visto como a transmissão unilateral
de conhecimentos do professor para o aluno, a sociedade actual caminha para uma outra
perspectiva daquilo que é a formação e a aprendizagem, contando, para tal, com as
potencialidades do e-Learning.
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11
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A formação deve ser encarada como um complemento essencial à actividade das instituições
e à capitalização dos seus recursos, sendo, para além disso, uma fonte de valorização pessoal
para todos os indivíduos, ao longo de toda a vida. Neste contexto, a utilização das TIC,
nomeadamente da Internet, no processo de aprendizagem, é essencial para fomentar a
criação de redes de comunicação, para facilitar a rapidez do envio e actualização de
informações e, consequentemente, para a incorporação de novas ideias, produtos e
procedimentos nas práticas profissionais.
Apesar de não sabermos ao certo como será a educação no futuro, o que torna possível que
sejam traçados diversos cenários e formuladas variadas expectativas, podemos assumir, pela
evolução actual do e-Learning, que as TIC estarão associadas e integradas com a educação
enquanto ferramenta de comunicação entre formadores e formandos, em que a Internet, os
computadores e outras ferramentas serão utilizadas em vários formatos e combinações,
gerando ambientes de aprendizagem diferenciados e adaptados, onde a metodologia
tradicional centrada no formador deixará de ser a dominante.
Reconhecendo a importância e o valor do eA Comunicação da Comissão ao Conselho, Parlamento
Learning, a União Europeia (UE) tem
Europeu, Comité Económico e Social Europeu e Comité das
apostado nesta metodologia formativa, tendo
Regiões, de 19 de Novembro de 2004, estabelece como
em vista aquilo que define como «uma
ponto-chave a info-inclusão. A info-inclusão traduz-se na
implementação de uma sociedade de informação para
economia baseada no conhecimento», que
todos, isto é, uma sociedade que proporciona a todos, a
se traduz numa geração de cidadãos que
preços moderados, o mesmo acesso às TIC e a mesma
aprendam mais, mais depressa e durante
disponibilidade. Desta forma a info-inclusão deve ser
entendida num duplo sentido: por um lado pretende
toda a vida. Desta forma, as instituições
assegurar a igualdade de acesso e a participação de todos
públicas têm vindo a incentivar os governos e
na sociedade de informação; por outro lado, aponta para a
os cidadãos a prevenir e diminuir a info-
implementação de sistemas que permitam às pessoas com
deficiência e aos idosos desempenhar plenamente o seu
exclusão, mas também a estimular as
papel na sociedade e aumentar a sua autonomia.
diversas áreas da economia a participar
neste processo global de informatização. As competências em TIC, quer em formadores quer
em formandos, irão ser fundamentais para o contínuo desenvolvimento e implementação do eLearning, pelo que se torna premente apostar na formação de uns e de outros quanto a essas
competências.
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12
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Neste sentido, o conjunto de iniciativas que a UE vem dinamizando principalmente desde o
ano 2000, abrange não só os domínio do ensino e formação, mas também do mercado laboral,
onde as preocupações são extensíveis à empregabilidade e à capacidade de adaptação dos
trabalhadores a esta nova ordem económica. Através do e-Learning, procura-se mobilizar os
actores económicos e sociais para a necessidade de aprofundar as mudanças nos sistemas
formativos a nível europeu, caminhando na direcção de uma verdadeira sociedade do
conhecimento, reforçando a coesão social, fomentando o desenvolvimento pessoal e
incentivando o dialogo inter-cultural.
O novo “Programa de Acção Integrado no Domínio da Aprendizagem ao Longo da Vida (20072013)”7, apresentado pela Comissão Europeia, prevê a integração de todos os programas de
educação e formação existentes a nível europeu, salientando as transformações que se
observam em toda a UE e que se traduzem pela integração crescente dos sistemas de
educação e formação num contexto de aprendizagem ao longo da vida. No Artigo 37.º do
Capítulo V, Título II deste documento, é destacado o objectivo de “apoiar o desenvolvimento
de conteúdos, serviços, pedagogias e práticas inovadores, baseados nas TIC, no domínio da
aprendizagem ao longo da vida”. Este objectivo é depois concretizado no ponto 3 do mesmo
capítulo, no qual são explicitados os apoios a conceder a vários tipos de acções,
nomeadamente projectos “que visem o desenvolvimento e a divulgação de métodos,
conteúdos, serviços e ambientes inovadores”.
No que diz respeito ao contexto nacional e mais concretamente ao sector agrícola português,
mantém-se o desafio de concretizar estes objectivos, assim como os objectivos já traçados na
“Estratégia de Lisboa”8, colmatando as lacunas existentes ao nível da formação e qualificação
dos recursos humanos com o auxílio de metodologias de formação inovadoras, eficazes e
motivadoras, como é o caso do e-Learning.
7
Programa de Acção Integrado no Domínio da Aprendizagem ao Longo da Vida (2007-2013)”, 2004; http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/site/pt/com/2004/com2004_0474pt01.pdf
8 Objectivos da Estratégia de Lisboa: http://europa.eu/scadplus/glossary/lisbon_strategy_pt.htm
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13
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
1.2
Breve Caracterização dos Recursos Humanos no Sector Agrícola a Nível Nacional
A caracterização dos agentes do sector agrícola nacional é essencial para contextualizar a
oferta formativa existente neste sector. O conhecimento das características destes indivíduos,
da evolução recente da sua situação e do contexto no qual desenvolvem a sua actividade,
permitirá, posteriormente, efectuar um enquadramento devidamente fundamentado da oferta
formativa existente no sector agrícola nacional, percepcionando se as iniciativas de e-Learning
existentes são suficientes e adequadas aos seus destinatários.
Os dados apresentados ao longo deste capítulo apenas consideram a realidade do
Continente, ficando de fora desta análise, por falta de dados, as regiões autónomas.
1.2.1
Mão-de-Obra Agrícola
Em Portugal, como de resto, em todos os Países da UE, registou-se, nas últimas cinco
décadas um forte decréscimo da população empregada no sector agrícola. Este fenómeno
acentuou-se ainda de forma mais significativa com a integração do nosso País neste espaço
económico. A Figura 1 a seguir apresentada ilustra a evolução do emprego na agricultura em
Portugal desde 1960, confrontando-a com a que se registou na UE a 12 (considerando os 12
países desde 1960).
Figura 1: Evolução do emprego na Agricultura desde 1960 em Portugal e na UE
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1960
1970
1980
1985
Portugal
43,9
30
28,6
23,9
2004-2005
9,6
UE 12
21,1
13,8
9,6
8,6
3,8
Sociedade Portuguesa de Inovação
14
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Na Tabela 3 são apresentados os números relativos à evolução da mão-de-obra agrícola
(correspondentes a UTA9), por um período de 15 anos, considerado a partir de 1989 (1ª fase
do processo de integração de Portugal na UE) até 2003.
Tabela 3: Mão-de-obra agrícola a nível nacional desde 1989 (em UTA)
Mão-de-obra agrícola familiar
Mão-de-obra
agrícola total
Produtor
Cônjuge
Outros membros
da família
Mão-de-obra agrícola não familiar
Permanente
Eventual
Contratada
pelo produtor
1989
846 634
329 791
237 646
154 167
62 936
62 998
2 865
1993
609 091
248 381
159 243
106 146
50 201
45 120
2 480
1995
585 077
238 003
154 294
97 991
47 882
46 911
2 292
1997
521 467
214 741
136 590
80 083
45 178
44 871
2 103
1999
526 620
219 814
135 344
77 157
47 335
44 365
2 605
2003
457 647
193 616
118 124
62 373
43 895
37 141
2 500
Uma análise sumária destes números permite concluir que:
•
Durante este período, e em termos globais, a mão-de-obra agrícola regrediu 46%10;
•
Os maiores decréscimos registam-se na mão-de-obra de origem familiar, e,
particularmente no extracto classificado como “outros membros da família”, facto que
parece evidenciar que cada vez mais as explorações de natureza familiar assentam
no trabalho do produtor e do seu cônjuge;
•
Em relação à mão-de-obra não familiar, a redução regista-se com maior impacto na
componente que assume um vínculo mais precário (eventual).
Estas conclusões podem ter várias leituras. Desde logo, é de aceitar que tem vindo a registarse um crescimento da produtividade do trabalho agrícola, que, seguramente, está muito
9
UTA: Unidades de trabalho agrícola. Cada UTA corresponde a 1920 horas de trabalho por ano.
De acordo com o documento “Agricultura Portuguesa. Principais Indicadores-2005”, elaborado pelo Gabinete
de Planeamento e Politica Agro-Alimentar, estima-se que, em 2005, a mão-de-obra agrícola aproximar-se-ia das
417 mil UTA.
10
Sociedade Portuguesa de Inovação
15
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
associado ao esforço de mecanização que foi, nas últimas duas décadas, realizado neste
sector. Por outro lado, é também evidente que a agricultura portuguesa tem vindo a progredir
no sentido de uma maior profissionalização e especialização das actividades (o sector da
produção de leite é, a este título, o exemplo mais paradigmático). Por último, parece poder-se
concluir que uma franja significativa de pessoas ligadas às explorações agrícolas num quadro
que se poderia designar de sub-emprego e que, estatisticamente, eram classificadas como
mão-de-obra familiar, foram excluídas deste grupo.
Tomando como referência o ano de 2003 apresenta-se, na Tabela 4, a distribuição, pelas
regiões NUT II, da mão-de-obra agrícola.
Tabela 4: Mão-de-obra agrícola por NUT II em 2003 (em UTA)
Mão-de-obra agrícola familiar
Mão-de-obra
agrícola total
Produtor
Cônjuge
Outros membros
da família
Mão-de-obra agrícola não familiar
Permanente
Eventual
Contratada
pelo produtor
Continente
431 521
180 870
113 862
57 644
40 758
35 967
2 421
Norte
180 524
74 479
48 356
31 268
11 573
13 783
1 141
Centro
166 355
74 479
51 159
19 693
9 628
10 832
564
Lisboa
14 852
5 534
3 128
1 615
2 783
1 748
44
Alentejo
56 442
20 283
8 474
3 676
14 716
8 666
627
Algarve
13 348
6 170
2 746
1 392
2 057
937
46
Uma análise sumária destes números permite concluir que:
•
Cerca de 80% da mão-de-obra agrícola total do Continente concentra-se nas regiões
Norte e Centro, sabendo-se que nestas regiões o peso da faixa litoral, onde
predominam as explorações de natureza familiar e de pequena dimensão física, é
determinante;
•
A norte de Lisboa e Vale do Tejo, a colaboração do cônjuge é determinante,
representando, na região Centro cerca de 35% da mão-de-obra recrutada no seio da
família;
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16
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
A sul do Continente, em que parte significativa da superfície agrícola está distribuída
por grandes explorações, regista-se a importância da mão-de-obra não familiar. Na
região do Alentejo, 42,5% das necessidades de mão-de-obra são preenchidas por
pessoal contratado, facto que contrasta com o que se verifica na região Norte que,
neste aspecto, regista uma taxa inferior a 15%.
1.2.2
Produtores Agrícolas
O conceito de Produtor Agrícola Singular refere-se ao responsável jurídico e económico da
exploração agrícola, isto é, a pessoa física em nome da qual a exploração produz. Exclui-se
deste conceito a entidade moral como, por exemplo, as sociedades, as cooperativas e o
Estado. Sendo os produtores agrícolas um dos grupos mais importantes no panorama do
sector agrícola nacional, importa conhecê-los ao nível de características como sexo, idade,
nível de instrução, assim como conhecer o tipo de explorações que detêm quanto à sua
dimensão económica.
Caracterização Geral: Sexo, Idade, Nível de Instrução
Na Figura seguinte, apresenta-se a distribuição dos produtores agrícolas em Portugal
Continental, considerando a distribuição por região NUT II e o sexo. De acordo com estes
dados, em 2003 existiam em Portugal cerca de 376 mil produtores agrícolas singulares.
Figura 2: Número de produtores agrícolas singulares, por sexo e região NUT II (2003)
Algarve
18.656
3.351
15.305
Total
Mulheres
34.445
Alentejo
5.860
28.585
Lisboa e Vale do Tejo
Homens
59.944
8.586
51.358
127.205
Centro
30.090
97.115
Norte
135.688
38.760
96.928
375.938
Continente
86.647
289.291
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17
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Da análise da Figura 2, pode-se concluir que:
•
Cerca de 70% dos produtores estão concentrados nas regiões Norte e Centro;
•
Os produtores do sexo masculino somam 77% do conjunto. Em relação às mulheres,
constata-se que a sua importância, como produtores, varia entre 14% e 29% sendo
mais expressiva no Norte do País.
Comparando estes dados com dados de 198911, constata-se que tem crescido o peso das
mulheres na estrutura dos produtores agrícolas, o qual passou de 15% (naquele ano) para
25% em 2003.
No que diz respeito à idade dos produtores agrícolas, apresenta-se na Tabela 5 a sua
distribuição por faixa etária e por região NUT II.
Tabela 5: Número de produtores agrícolas singulares, por faixa etária e região NUT II (2003)
< 25
25 a <40
40 a <55
55 a <65
>= 65
Total
Portugal Continental
1 206
29 747
97 415
103 745
143 825
375 938
Norte
485
12 755
37 562
36 854
48 032
135 688
Centro
232
8 472
33 498
36 069
48 934
127 205
Lisboa e Vale do Tejo
299
4 724
15 143
17 131
22 647
59 944
Alentejo
145
2 984
7 747
8 745
14 824
34 445
Algarve
45
812
3 465
4 946
9 388
18 656
Da análise desta Tabela, conclui-se que:
•
A idade média dos produtores agrícolas era, em 2003, de 62 anos, situação
preocupante e que se tem vindo a agravar. Com efeito em 1989, este indicador era,
para o Continente, de 56 anos;
•
Nas regiões do Sul, com destaque para o Algarve, 77% dos produtores têm idade
superior a 55 anos;
11
Dados do INE
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18
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Não obstante os estímulos à instalação de jovens agricultores (com idade inferior a
40 anos), o facto é que, em termos globais, é muito reduzido o seu número (cerca de
8% do total);
•
Somente três em cada mil agricultores tem responsabilidades de gestão das
explorações agrícolas, circunstância que poderá ser explicada por factores de
natureza sociológica (como, por exemplo, a resistência dos pais cederem a
exploração aos filhos, muito própria do meio rural), mas também poderá ser
interpretada pelo desinteresse da juventude em empreender na actividade agrícola.
Em relação ao nível de instrução dos produtores agrícolas singulares do Continente,
apresenta-se, na Tabela 6, a sua distribuição por regiões (NUT II).
Tabela 6: Número de produtores agrícolas singulares, por nível de instrução e região NUT II
(2003)
Nenhum
Ensino
Ensino
Ensino
básico
Secundário
Superior
Total
Portugal Continental
129 360
228 474
8 230
9 874
375 938
Norte
49 992
79 602
5 710
5 344
135 688
Centro
42 743
79 991
2 052
2 419
127 205
Lisboa e Vale do Tejo
17 708
39 050
1 708
1 478
59 944
Alentejo
11 695
19 561
1 366
1 823
34 445
Algarve
7 292
10 270
584
510
18 656
Da análise desta Tabela, conclui-se que:
•
Cerca de 35% dos produtores que não têm qualquer formação académica
reconhecida. Se a estes somarmos os que concluíram o ensino básico, conclui-se
que o conjunto de produtores cujas qualificações académicas não ultrapassam este
grau de ensino atinge os 95%. Esta situação é, com pequenas variações,
generalizada a todo o Continente. A excepção que mais se evidencia pela positiva é a
da Região do Alentejo, onde cerca de 10% dos produtores têm formação quer a nível
do ensino secundário, quer a nível do ensino superior;
Sociedade Portuguesa de Inovação
19
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Se nos reportarmos ao ano de 198912, regista-se uma pequena evolução na
proporção dos produtores com formação secundária ou superior: passou de 4% para
5% (em 2003) o número de produtores com estas qualificações académicas. Já mais
significativa foi a evolução dos produtores com formação profissional na área
agrícola, que representavam, em 2003, 9% do universo total de produtores, enquanto
em 1989, somente teriam tido acesso à formação menos de 3%.
Estrutura da Produção
A estrutura da mão-de-obra agrícola está intimamente relacionada com a estrutura de
produção. Mais que a dimensão física das explorações agrícolas, é importante conhecer a sua
dimensão económica, determinada pela Unidade de
Unidade de Dimensão Económica
Dimensão Económica (UDE). Na Tabela seguinte
(UDE): rendimento que o produtor
agrícola pode extrair da sua actividade na
apresenta-se a evolução das explorações de acordo
exploração. Uma UDE equivale a 1.200€.
com a sua dimensão económica, medida em UDE, de
1989 a 2003.
Tabela 7: Evolução das explorações em Portugal Continental segundo a dimensão económica
(1989-2003)
Total
12
Inferior a 2
2 UDE a 3
4 UDE a 7
8 UDE a 15
Superior ou igual
UDE
UDE
UDE
UDE
a 16 UDE
1989
598 578
342 432
129 291
71 112
33 333
22 410
1993
488 824
241 047
118 271
70 097
34 522
24 410
1995
450 480
214 784
111 004
64 880
32 572
27 240
1997
416 332
177 816
101 179
69 391
37 408
30 538
1999
414 659
204 928
93 724
56 127
30 138
29 742
2003
359 097
185 385
74 649
47 649
25 150
26 264
Dados do INE
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20
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Da análise da Tabela pode concluir-se que:
•
Em quinze anos (de 1989 a 2003), o número de explorações agrícolas caiu em 40%.
Este facto é mais evidente em relação às explorações de mais baixos rendimentos,
em particular das que se situam abaixo das 3 UDE;
•
As explorações de maior dimensão económica (acima das 16 UDE) cresceram, quer
em número (cerca de 17%), quer em termos do seu peso no conjunto (peso este que
passou de 3,7% em 1989, para 7,3% em 2003). Não obstante esta evolução, a
verdade é que, em 2003, as explorações de reduzida dimensão económica (até 7
UDE) representavam aproximadamente 86% do universo total.
A leitura da Tabela 8, abaixo apresentada, evidencia o dualismo que caracteriza, neste
aspecto, a agricultura portuguesa. A Norte e no Centro, predominam as pequenas e médias
explorações agrícolas (cerca de 70% do total das explorações), concentrando-se também
nestas zonas, como já atrás se referiu, a população agrícola (aproximadamente 72,5% do total
continental), enquanto a região do Alentejo, com quase 42% da superfície agrícola, detêm
somente 9,4% das explorações agrícolas e 8,2% da população agrícola.
Tabela 8: Explorações segundo a dimensão económica por NUT II em 2003
Total
Inferior a 2
2 UDE A 3
4 UDE A 7
8 UDE A 15
Superior ou igual a
UDE
UDE
UDE
UDE
16 UDE
Continente
330 604
172 138
69 658
43 502
22 655
22 652
Norte
123 719
54 569
32 352
20 690
9 257
6 851
Centro
136 057
84 381
25 342
13 243
6 853
6 239
Lisboa
10 779
4 823
1 872
1 642
1 178
1 264
Alentejo
44 165
19 919
7 227
5 719
4 159
7 141
Algarve
15 883
8 446
2 865
2 208
1 208
1 157
Interessa analisar também o tempo dedicado à actividade por parte dos produtores, o que se
prende, naturalmente, com a dimensão económica das explorações agrícolas. Na Figura 3
ilustra-se esta situação com referência ao ano de 2003, para as regiões NUT II.
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21
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Figura 3: Produtores agrícolas singulares por tempo de trabalho agrícola e região NUT II (2003)
Algarve
Alentejo
Lisboa e Vale do Tejo
Centro
Norte
Continente
0%
10%
20%
30%
>0 ; <50%
40%
50%
>=50%;<100%
60%
70%
80%
90%
100%
Tempo Completo
Da análise desta Figura podem extrair-se as seguintes conclusões:
•
Em termos globais, menos de 20% dos produtores exercia, em 2003, a sua actividade
a tempo inteiro na exploração. A única excepção é, neste aspecto, a região Norte;
•
Aproxima-se dos 50% o número de produtores que, no Continente, ocupa na
exploração agrícola metade ou menos do seu tempo de trabalho. Esta percentagem
atinge valores bem superiores nas regiões do Sul;
•
No escalão intermédio (entre 50% a 100%), e com excepção das regiões de Lisboa e
Vale do Tejo e do Alentejo, todas as regiões apresentam, em relação a este
indicador, valores superiores a 30%.
1.2.3
Outros Recursos Humanos Envolvidos no Sector Agrícola
Importa ainda fazer uma referência a outros recursos humanos envolvidos no sector agrícola,
nomeadamente: dirigentes associativos e técnicos.
No que toca à caracterização dos dirigentes associativos, verificou-se bastante difícil encontrar
dados que, com algum rigor, permitam ilustrar a situação actual em Portugal. Com efeito, esta
população distribui-se por uma miríade de organizações que se podem agregar nas seguintes
entidades de cúpula:
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22
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Relativamente às Associações Sócio-Profissionais:
o CAP: Confederação dos Agricultores de Portugal;
o CNA: Confederação Nacional de Agricultura;
o AJAP: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal.
•
Relativamente às Associações Sócio-Económicas
o CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e
do Crédito Agrícola de Portugal.
De todo o modo, não se entende que esta informação venha acrescentar algo ao que já atrás
foi referido, já que a esmagadora maioria (para não dizer a totalidade) dos dirigentes
associativos são produtores.
Relativamente aos técnicos empregados, poderão fazer-se as seguintes distinções, no que
respeita à situação profissional:
•
Técnicos ligados ao aparelho administrativo do Estado (em particular ao Ministério da
Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas – MADRP, e às autarquias);
•
Técnicos que se encontram a trabalhar nas organizações agrícolas;
•
Técnicos a trabalhar no sector privado.
Também neste domínio tornou-se impossível a obtenção de números, assim como de dados
que permitissem traçar o perfil dos técnicos ligados ao sector agrícola, que estão no activo.
1.3
Utilização das TIC na Prática Agrícola em Portugal
A caracterização da utilização das TIC no sector agrícola português é essencial para
compreender de que base se poderá partir para o desenvolvimento de iniciativas de eLearning. Neste capítulo, a utilização das TIC no sector agrícola português é contextualizada
através da descrição dos principais marcos da evolução histórica das TIC na agricultura,
referindo-se depois algumas iniciativas de telemática implementadas em Portugal. Após estas
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23
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
referências descreve-se a utilização actual das TIC no sector agrícola em Portugal, no que
toca à utilização de computador e Internet e programas informáticos.
1.3.1
Principais Marcos da Evolução da Utilização das TIC na Agricultura
As TIC na agricultura têm sido, historicamente, alvo de grandes promessas e de fracos
resultados. Assistimos periodicamente a “vagas” de euforia que não se têm traduzido na ampla
adopção e utilização destas tecnologias no sector agrícola nem na obtenção generalizada de
mais valias e ganhos de competitividade por essa via. Seguidamente descrevem-se alguns
dos aspectos mais importantes da evolução da utilização das TIC no sector.
Informatização do ‘Back Office’
A informática dos anos oitenta tratava, essencialmente, da mecanização de processos existentes: pacotes de
software contabilístico, que permitiam um acompanhamento mais fácil do desempenho da exploração; programas
para a gestão de efectivos bovinos leiteiros, que ofereciam análises valiosas do desempenho individual dos
animais – este foi um dos primeiros casos de sucesso do uso de TIC no sector. No entanto, uma melhor gestão
da informação na exploração era interessante, mas pouco inspiradora, pois muitos agricultores consideravam que
o esforço necessário para registar a informação no computador era superior ao benefício obtido e, assim, o
número de utilizadores cresceu lentamente. Seriam necessárias novas abordagens para encorajar uma adopção
generalizada das tecnologias onde os benefícios fossem claramente superiores ao esforço envolvido na sua
utilização.
Crescente regulamentação e consequente peso dos processos administrativos
Um dos principais factores que encorajou uma maior utilização dos computadores no sector foi, sem dúvida, a
crescente importância que os registos da exploração tinham para a obtenção de apoios, ajudas, etc.
regulamentadas no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC), bem como com as questões relacionadas com a
segurança alimentar e a rastreabilidade. Neste campo, destaca-se a utilização de softwares de gestão das
explorações e de soluções incorporando a possibilidade de produzir mapas decorrentes da imposição do
Parcelário, aplicações para gerir efectivos pecuários para dar resposta às imposições do SNIRB, etc.
Sociedade Portuguesa de Inovação
24
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A revolução da comunicação
O correio electrónico é, sem dúvida, a tecnologia que levará à generalização da informática em todas as
empresas agrícolas. A necessidade de comunicar e as vantagens que a utilização do e-mail proporciona, têm
feito desta tecnologia uma das mais utilizadas da era da Internet, verificando-se também um crescimento do
número de fornecedores especializados de informação agrícola. De facto, depois de inúmeros esforços no
sentido de descobrir exactamente que informação os empresários agrícolas necessitavam, é agora claro que os
maiores benefícios advêm de informação que muda rapidamente e que exige actualizações frequentes como seja
preços, relatórios de mercado e informação meteorológica.
Comércio na Internet
No sector agrícola existiu algum entusiasmo na realização de transacções online de factores e produtos e
diversos projectos multinacionais foram lançados para explorar esta “oportunidade”. Infelizmente, hoje restam
apenas algumas iniciativas que se converteram à prestação de serviços online e ao fornecimento de informação
aos empresários agrícolas ou então que focaram o seu negócio mais a montante e/ou a jusante da exploração
agrícola, trabalhando com os fabricantes, distribuidores, etc. No entanto, embora não se possam escamotear os
falhanços da era “dot.com”, não devemos esquecer um número considerável de iniciativas de pequena dimensão
que, tendo apostado em nichos de mercado, como por exemplo agricultura biológica, produtos tradicionais de
qualidade ou mesmo na multifuncionalidade do espaço rural complementando a actividade agrícola com o
turismo, artesanato, gastronomia, ambiente, etc., têm tido algum sucesso.
Sistemas de informação geográfica, agricultura de precisão e mapeamento
Este tipo de sistemas, permite, por exemplo, identificar a posição de qualquer máquina agrícola com uma
resolução de poucos metros na superfície do planeta. No entanto, as previsões iniciais de sermos capazes de
controlar automaticamente a aplicação de factores de produção utilizando mapas de produtividade e software
agronómico inteligente ainda estão longe de ser uma realidade. Por outro lado, na grande maioria dos casos a
utilização do GPS para apoiar a utilização de débitos variáveis de aplicação de factores não poupará tempo, uma
vez que os agricultores irão necessitar de tempo para aprender as novas técnicas envolvidas e que a
complexidade da questão e as grandes quantidades de dados que terão de ser interpretados são um importante
factor de limitação da sua adopção.
Sociedade Portuguesa de Inovação
25
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Sistemas de apoio à decisão (SAD)
A utilização de computadores para registar informação e fornecer aconselhamento é, talvez, o maior desafio e a
oportunidade mais interessante para a integração das TIC no sector agrícola num futuro próximo. Existem
numerosos exemplos de sistemas de apoio à decisão informatizados para a gestão agrícola, por exemplo para a
fertilização e irrigação de parcelas, tratamento de pestes e doenças, etc. Neste contexto, as aplicações Web têm
vindo a ganhar terreno como forma de disponibilizar sistemas de apoio à decisão aos potenciais utilizadores, pois
possibilitam que os mesmos sejam colocados à disposição de audiências globais a custos muito reduzidos.
Paralelamente, permitem que todo o processamento seja efectuado do lado fornecedor, fazendo com que o
lançamento de novas versões e as actualizações das bases de dados sejam possíveis sem necessidade de
intervenção do utilizador final.
i-Farm
Existe um enorme potencial para, ao nível da exploração agrícola, se concretizar a utilização integrada de uma
série de recursos e materializada num sistema de informação que suporte, no campo ou no escritório, a tomada
de decisão do empresário agrícola em tempo real, integrando variáveis culturais, ambientais, sanitárias,
económicas, etc. Esta visão materializa-se no conceito i-Farm, que prevê:
•
Sensores de monitorização sem fios (informação alfanumérica, imagens e vídeo);
•
Assistentes pessoais digitais, integrando capacidades de comunicação/acesso à Internet;
•
Cobertura sem fios das unidades de demonstração (Wi-Fi, Wimax) para suportar a recolha em
tempo real dos dados que estão a ser monitorizados;
•
Recolha de imagens aéreas (UAV) para produção de cartografia de análise (stress hídrico,
problemas fitossanitários, grau de maturação, etc.);
•
Controlo remoto / Actuação sobre aspectos da gestão das culturas, como a gestão da rega ou a
intervenção localizada de determinada operação fitossanitária.
1.3.2
Utilização da Telemática no Sector Agrícola Português
Em Portugal, a utilização das TIC com o objectivo de promover a dinamização do sector
agrícola e o desenvolvimento rural foi precedida de alguns projectos que importa referir, por
promoverem a disseminação de informação com recurso às TIC e incentivarem a adopção e
utilização destas tecnologias no mundo rural. Um destes projectos, lançado nos anos 80 com o
apoio de fundos comunitários, foi o Agri/PME. Embora numa dimensão muito inferior referemse ainda os projectos AgriBBS e Telecentros Rurais.
Sociedade Portuguesa de Inovação
26
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Agri/PME
Nos anos oitenta (1988) o Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação (MAPA) lançou o
projecto Agri/PME, no âmbito do qual foram desenvolvidos três serviços disponíveis ao
público:
•
AgriVtx – base de dados agrícola, contendo informação tanto de carácter geral
(endereços, factos, notícias agrícolas, mensagens de organismos oficiais, feiras,
etc.), como de carácter técnico (cotações de produtos agrícolas e pecuários, ajudas
financeiras disponíveis, avisos agrícolas, dados agro-meteorológicos, etc.);
•
VTX Empresas – base de dados contendo informação destinada às pequenas e
médias empresas, industriais e comerciais, tais como: cooperação internacional,
concursos públicos, criação de empresas, apoios financeiros, etc.;
•
FertiAgri – programa interactivo que permitia efectuar o cálculo de fertilização
adequado a uma dada cultura, mediante a introdução dos dados específicos de cada
agricultor, como produção esperada, dados da análise de terra e precedente cultural.
Entre os problemas que levaram ao fracasso desta iniciativa, referem-se a informação
desactualizada e em pequena quantidade, a falta de formação dos utilizadores e o custo
elevado associado à aquisição e utilização do sistema. Estes aspectos mereceram críticas
semelhantes nos outros países que iniciaram projectos semelhantes, sendo o único caso de
sucesso inquestionável o Francês, em grande parte justificado pelo esforço de investimentos
realizado.
AgriBBS
O AgriBBS, lançado em meados dos anos 90 pelo Ministério da Agricultura, consistiu num
sistema de divulgação electrónica cujo objectivo era criar um sistema de informação para o
sector agrícola simultaneamente fácil de utilizar, fiável e de baixos custos de acesso e
manutenção. Este serviço permitia o acesso remoto via linha telefónica mediante a utilização
de software de comunicações adequado. Ao aceder-se ao sistema e após fornecido o nome
de utilizador e respectiva palavra-chave, eram disponibilizados os seguintes módulos: Boletins;
Ficheiros; Correio electrónico; Aplicações interactivas; Serviços auxiliares; Manutenção; etc.
Sociedade Portuguesa de Inovação
27
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
No entanto, também este projecto não perdurou ao longo do tempo, sendo apontados, entre
outros, os seguintes problemas: solução proprietária forçando a instalação de uma aplicação
de comunicação específica, elevados custos de comunicação, disponibilização de uma única
linha de acesso e incapacidade de manter a actualidade da informação disponibilizada em
tempo útil.
Telecentros Rurais
Numa perspectiva diferente, no início dos anos noventa foi lançado um projecto de criação de
Telecentros que tinham por objectivo primário apoiar e coordenar a utilização das novas
tecnologias de comunicação como instrumentos privilegiados para o desenvolvimento das
áreas rurais. O conceito de Telecentro, ou infra-estrutura comunitária de TIC, foi promovido
como sendo a solução para os problemas de falta de equipamentos adequados ao nível da
exploração. O seu objectivo era apoiar e coordenar a utilização das novas tecnologias de
comunicação como instrumentos privilegiados para o desenvolvimento das áreas rurais. No
entanto, no Reino Unido, nos últimos anos tem existido um silêncio relativamente à
efectividade de tais soluções e a informação que existe sugere que, apesar de serem mais
populares as iniciativas telemáticas locais, poucas obtiveram sucesso ou sustentabilidade.
1.3.3
Utilização das TIC no Sector Agrícola Português
Previamente à caracterização da utilização das TIC no sector agrícola português são
apresentados alguns dados sobre a utilização do computador e da Internet por parte da
população portuguesa em geral, permitindo uma contextualização da informação sobre o
sector agrícola. De resto, constatou-se alguma dificuldade em encontrar dados actualizados
especificamente sobre a utilização das TIC no sector agrícola.
A utilização das TIC em Portugal tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. A
percentagem de utilizadores do computador cresceu 8% entre 2001 e 2004 para os 54%,
Sociedade Portuguesa de Inovação
28
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
enquanto o número de utilizadores de Internet se cifra actualmente nos 43%13. No que diz
respeito ao acesso à Internet em banda larga, apesar da anunciada cobertura total do território
nacional, no que às áreas mais rurais diz respeito ainda está longe de se tornar realidade.
Na Figura seguinte apresentam-se dados relativos à utilização de computador e acesso à
Internet nos grandes grupos de profissões.
Figura 4: Utilização de computador e acesso à Internet nos grandes grupos de profissões (2001)
100
90
80
70
% 60
50
40
30
20
10
0
Utilização Computador
Acesso à Internet
A
B
C
D
E
F
G
H
I
Grandes grupos de profissões
Grandes grupos de profissões:
A - Quadros superiores e dirigentes de empresas
B - Especialistas das profissões intelectuais e científicas
C - Técnicos e profissionais de nível intermédio
D - Pessoal administrativo e similar
E - Pessoal dos serviços e vendedores
F - Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pesca
G - Operários, artífices e trabalhadores similares
H - Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores de montagem
I - Trabalhadores não qualificados
Através da análise da Figura verifica-se que o grupo F “Agricultores e trabalhadores
qualificados da agricultura e pescas” apresenta os valores mais baixos, quer na utilização de
computadores (4%) quer no acesso à Internet (1%). No entanto, é importante salientar que
13
Fonte: Observatório da Inovação e Conhecimento, 2005
Sociedade Portuguesa de Inovação
29
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
este grupo não inclui, por exemplo, os técnicos do MADRP, os quais apresentam uma maior
familiaridade com a utilização das TIC.
Apesar da baixa utilização dos computadores e da Internet neste grupo profissional, este
número está a evoluir, como se pode verificar pela análise da Figura 5.
Figura 5: Evolução da utilização das TIC pelo grupo profissional “Agricultores e Trabalhadores
qualificados da agricultura e pesca”14
25
25
21
20
20
15
13
%
%
15
10
10
8
6
5
4
5
1
0
0
2001
2003
2004
2001
Utilizadores de Com putador
2003
2004
Utlizadores da Internet
Ainda assim, estas taxas de utilização são muito reduzidas quando comparadas com os
restantes sectores de actividade profissional em Portugal.
No que diz respeito ao sector agrícola, verifica-se uma correlação positiva entre a utilização
das TIC e a maior dimensão da exploração, o que significa que, nas explorações com maiores
dimensões há uma maior tendência para a utilização das TIC. Quanto à relação entre a idade
e o nível de instrução dos recursos humanos e a utilização das TIC, verifica-se que, quanto
mais novo for o indivíduo, maior será, na maioria dos casos, o seu nível de instrução e o seu
grau de utilização das TIC.
Tal como se verificou no capítulo anterior, a realidade portuguesa apresenta, nesta área,
características pouco favoráveis: de acordo com o perfil do agricultor português, a maioria dos
produtores agrícolas singulares tem 55 ou mais anos de idade e 95% possui, no máximo, o
14
Fonte: UMIC – http://www.umic.gov.pt
Sociedade Portuguesa de Inovação
30
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
ensino básico. Consequentemente, nos grupos profissionais associados ao sector agrícola,
registam-se baixas taxas de utilização de computadores e de acesso à Internet.
Relativamente à utilização de software agrícola, a informação publicada é pouco recente, mas
permite conferir uma perspectiva geral do panorama nacional nesta área. Na Figura seguinte
pode-se observar, numa lógica de procura, o número de programas informáticos específicos
para o sector agrícola, instalados e distribuídos por áreas, em 1996.
Figura 6: Programas informáticos para o sector agrícola (1996)
Número de Programas Instalados
2500
2000
15
Econom ia
Produção
1500
Serviços
1000
500
Ordenam ento
da Exploração
Transform ação
0
Como se pode verificar, a grande maioria dos sistemas de informação em funcionamento
centram-se em instrumentos de natureza contabilística-financeira, restringindo-se a
informatização, normalmente, ao sector administrativo.
Há diversos factores característicos das TIC que podem influenciar substancialmente a sua
taxa de adopção. Entre essas características salientam-se:
15
Programas informáticos para o sector agrícola (Mourão, 1996)
Sociedade Portuguesa de Inovação
31
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 9: Factores de influência na taxa de adopção das TIC
Factores de influência na taxa de adopção das TIC
Rentabilidade das
A adopção das TIC aumenta com maiores expectativas de rentabilidade dos sistemas de
tecnologias de
informação. Assim, aquelas tecnologias de informação que mais facilmente permitem
informação
uma contabilização dos seus benefícios, a minoria, serão mais rapidamente adoptadas;
Interface amigável
Se os modelos computorizados são de difícil utilização e se são necessários longos
e necessidade de
períodos de tempo para introdução de dados ou para a obtenção dos resultados, mesmo
tempo
o melhor e mais rentável sistema dificilmente será utilizado;
Por vezes alguns softwares desenvolvidos não são totalmente credíveis e induzem
Credibilidade
alguma desconfiança nos agricultores face ao seu conhecimento adquirido ao longo de
anos de prática. Este ponto está ligado ao aspecto apresentado de seguida;
Adaptação das TIC
Por vezes, o software não é adequado aos problemas específicos do agricultor - os
à situação da
sistemas ajustam-se às características específicas da exploração, mas não dão as
exploração
respostas que o agricultor pretende;
A informação para a gestão agrícola tem de ser disponibilizada na versão mais actual e
Informação
em tempo útil para melhorar o processo de tomada de decisão. Assim, as TIC têm de ser
actualizada
rápidas e o agricultor tem de assegurar que os dados de entrada estão disponíveis e que
a informação produzida é utilizada atempadamente;
Se o software exige muitos conhecimentos prévios do agricultor relativamente ao
Conhecimento do
problema, ele dificilmente será utilizado. Geralmente, os agricultores mais jovens que já
utilizador
cresceram a conviver com as TIC têm menor dificuldade na adopção de novas
ferramentas.
A baixa utilização das TIC no sector agrícola português está, em grande parte, relacionada
com estes constrangimentos, ou melhor, com a falta de soluções disponíveis no mercado.
Apesar de as informações relativamente à utilização das TIC no sector agrícola em Portugal
não indiciarem um percurso fácil para uma implementação generalizada de iniciativas de eLearning, há alguns factores positivos que deverão ser realçados. Por um lado, a evolução
extremamente positiva que se tem vindo a verificar na utilização das TIC, nomeadamente do
computador e da Internet, tanto por parte dos indivíduos ligados ao sector agrícola, como por
parte das entidades públicas ligadas ao sector agrícola – é de destacar a informatização de
um grande número de serviços e de procedimentos, que se tem operado nos últimos anos e
que constituiu uma verdadeira revolução no que toca ao tratamento de procedimentos
Sociedade Portuguesa de Inovação
32
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
administrativos. Por outro lado, é importante referir que, quando estes factores chave para a
adopção e utilização de TIC se conjugam de forma favorável, encontramos empresas
agrícolas em que a informatização dos processos é uma realidade e que a sua competitividade
assenta, em grande medida, no valor acrescentado que os sistemas de informação utilizados
permitem obter.
Sociedade Portuguesa de Inovação
33
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
CAPÍTULO 2
FORMAÇÃO NO SECTOR
AGRÍCOLA A NÍVEL
NACIONAL
Sociedade Portuguesa de Inovação
34
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
2.1
Panorâmica Geral
Em termos históricos, constata-se que a Formação Profissional Agrária (FPA) conheceu duas
fases distintas, que, de resto, são demarcadas no tempo pela integração de Portugal na UE.
Neste contexto, verifica-se que a panorâmica da FPA é perfeitamente distinta se reportarmos
ao período anterior ou ao que se seguiu a 1986. Neste capítulo encontra-se uma breve
abordagem a estes dois períodos.
2.1.1
A Formação Profissional Agrária no Período Anterior a 1986
No período que antecedeu a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (C.E.E)
foi realizado um número muito reduzido de acções de formação profissional no sector agrícola
em Portugal. As iniciativas existentes eram promovidas quase exclusivamente pelo Ministério
da Agricultura (serviços Centrais e Regionais) em função das escassas disponibilidades
financeiras consignadas a esta finalidade.
No entanto, apesar da escassa oferta formativa, deverá referir-se que foi aprovado, no período
anterior à adesão, um pacote financeiro para Portugal (de ajudas pré-adesão) que, entre
outras medidas, previa o apoio não só à construção de Centros de Formação Profissional,
como à realização de acções de formação de técnicos e agricultores.
2.1.2
A Formação Profissional Agrária a partir de 1986
Após a adesão de Portugal à CEE, a FPA conheceu mudanças significativas. De 1986 até
1994 assistiu-se a um crescimento exponencial da FPA, particularmente ao nível dos
agricultores, para o que muito contribuiu não só o aumento significativo dos meios financeiros,
como a criação de uma rede de Centros de FPA. Por outro lado, a exigência legal de
“capacidade profissional bastante” como condicionante para a aprovação de projectos de
investimento nas explorações agrícolas, obrigou à criação de condições para responder a esta
necessidade específica, traduzida no aumento dos cursos de longa duração (ex: cursos de
empresários agrícolas). Este período é ainda caracterizado pelo assumir de um maior
protagonismo na promoção de acções de FPA, por parte das Organizações Agrícolas,
Sociedade Portuguesa de Inovação
35
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
remetendo-se as Direcções Regionais de Agricultura para um papel que, progressivamente, foi
sendo orientado para as tarefas de regulação e controle. De sublinhar que, nesta fase, a
capacidade de decisão e gestão financeira estavam concentradas no IEFP – Instituto de
Emprego e Formação Profissional.
A partir de 1994 e até 2000, para além de se continuar a registar o crescimento da dinâmica
da formação de agricultores (assegurada quase na integra pelas Organizações Agrícolas) e de
técnicos (assegurada não só pelo Ministério da Agricultura, através dos seus Centros, como
por outras Instituições e algumas Organizações Agrícolas), releva-se o facto de, a nível
nacional, transitar para o MADRP a gestão da FPA. A formação foi apoiada no âmbito da
Medida 6 do Programa de Apoio à Modernização Agrícola e Florestal (PAMAF) e do Programa
Quadro da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), programa este que emerge de
um acordo com o Governo no âmbito da “concertação social”. A formação no sector
patrocinada pelo IEFP estava balizada pelo objectivo de promover a empregabilidade, sendo,
fundamentalmente, dirigida a não activos.
A partir de 2000, e face ao grande atraso verificado na implementação do 3º Quadro
Comunitário de Apoio (que se traduziu na paralisação efectiva da FPA, em pelo menos 1 ano),
o ritmo normal somente foi alcançado após 2002. O instrumento mais importante para a FPA é
o Programa Operacional AGRO16, através da Medida 7. Por outro lado, foi assegurada a
centralização do processo de decisão numa única Unidade de Gestão (não específica) do
Programa AGRO, processo este que acabou por promover a dispersão de intervenientes
(gestores) com a negociação de Participações Individuais na Formação (PIF) para as
Organizações Agrícolas de cúpula. Sublinha-se, todavia, que para além deste programa
continua a existir um outro, que é gerido pela CAP. Também não se pode menosprezar o facto
de terem sido, até ao presente, realizadas muitas acções de formação profissional com
incidência na área da agricultura, através do POEFDS, programa desconcentrado, gerido pelo
IEFP e que está orientado preferencialmente para a formação de “não activos”.
16
AGRO acrónimo de Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural
Sociedade Portuguesa de Inovação
36
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
2.2
Caracterização da Oferta Formativa
Não sendo fácil reunir toda a informação pertinente que possibilite uma compreensão, tanto
quanto possível, rigorosa do volume de FPA realizado no nosso País (Continente) julga-se,
ainda assim, ser útil avançar com números relativos ao esforço de formação que foi apoiado
no quadro dos Programas PAMAF e AGRO, quer a nível de agricultores, quer a nível de
técnicos, quer no que respeita a domínios complementares, como sejam a produção de
material pedagógico.
Neste capítulo é feita a caracterização da formação profissional realizada em Portugal, desde
1994 e são apresentadas as principais conclusões do trabalho de avaliação entretanto
realizado sobre a execução dos referidos programas, permitindo construir uma ideia sobre a
capacidade de oferta formativa.
2.2.1
Volume de Formação Profissional Agrária
Os dados relativos ao volume de FPA desenvolvida com o apoio dos Programas PAMAF, de
1994 a 2000, e AGRO, de 2000/2001 a 2005, são apresentados na Tabela 10. Relativamente
a estes dados, deve assinalar-se que se reportam à execução da formação e não ao total da
formação que foi aprovada, o que significa não só que estão muito aquém dos dados que
foram considerados em fase de aprovação, como, por outro lado, que integram
“deslizamentos” entre os anos considerados. Por outro lado, não deverá ser estabelecida uma
relação entre os números correspondentes a formandos e os da mão-de-obra agrícola, já que
um número significativo de agricultores e técnicos frequentaram mais de uma acção de FPA.
Sociedade Portuguesa de Inovação
37
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 10: FPA realizada no âmbito do PAMAF e do AGRO
TIPOLOGIA DAS
PAMAF
AGRO
ACÇÕES
1994-2000
2000/2001
2002
2003
2004
2005
4 899
1 571
752
1 153
1 298
2 711
12 384
13 382 013
2 822 .425
1 441 004
2 183 603
2 196 338
3 947 758
25 973 141
71 506
26 198
12 567
19 389
19 538
36 776
185 974
80 913 954
23 869
22 751
34 115
56 439
20 205
81 071 333
917
206
133
127
161
327
1 871
1 048 980
222 907
134 650
144 963
203 944
309 265
2 064 709
15 263
4 098
2 212
1 544
2 651
4 164
29 932
8 794 856
2 405
1 918
2 781
4 533
1 633
8 808 126
-
11
7
7
12
12
49
-
1 353
613
695
1 026
508
4 195
TOTAL
Formação de
Agricultores
Nº de Acções
(executadas)
Volume de
Formação (horas)
Nº de Formandos
Custo Total (mil
euros)
Formação de
Técnicos
Nº de Acções
(executadas)
Volume de
Formação (horas)
Nº de Formandos
Custo Total (mil
euros)
Outros
Nº de Projectos
(aprovados)
Custo Total (mil
euros)
Pela leitura da Tabela podemos concluir que no período compreendido entre 1994 e 2005:
•
Foram realizadas, em média, cerca de 1.125 acções de formação por ano dirigidas a
agricultores, representando cerca de 2.360.000 horas de volume de formação por
ano, abrangendo, em média quase 17.000 indivíduos por ano;
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38
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Foram realizadas, em média, cerca de 170 acções de formação por ano dirigidas a
técnicos de formação, representando cerca de 187.700 horas de volume de formação
por ano, abrangendo, em média mais de 2.700 indivíduos por ano;
•
No ano de 2005 regista-se uma subida tanto no número de acções de formação,
como no volume de formação e nos participantes envolvidos.
Como foi referido, é difícil aprofundar a análise da FPA no período compreendido entre 1994 e
2005, uma vez que não dispomos de dados que permitam, por exemplo, confrontar a oferta
formativa aprovada com a executada.
Para além do número de acções executadas e formandos envolvidos, é pertinente conhecer
também as áreas temáticas mais trabalhadas na FPA, independentemente da sua relevância e
eficácia. Previamente à apresentação e análise destes dados, deverá salientar-se que a
nomenclatura das áreas temáticas variou substancialmente entre a vigência dos programas
PAMAF e o AGRO. Com efeito, enquanto no PAMAF as acções de FPA foram classificadas
utilizando uma nomenclatura que tinha a ver especificamente com a actividade agrícola e,
particularmente, com os subsectores; no programa AGRO foi utilizada a nomenclatura geral
que foi adoptada para integrar a formação apoiada, independentemente dos sectores da
actividade a que se destinara17. Assim:
Analisando o período de vigência do Programa PAMAF18, verifica-se que:
Quanto à formação de agricultores:
•
O maior número de formandos encontra-se nas seguintes áreas de formação:
“Operadores de Máquinas Agrícolas” (13.750 formandos), “Empresários Agrícolas”
(10.676 formandos), “Pecuária” (10.410 formandos) e “Viticultura” (7.328 formandos);
17
Ministério do Trabalho e da Solidariedade, Portaria nº 316/2001 de 2 de Abril. De acordo com esta Portaria “a
ausência de informações comparáveis sobre a formação ministrada no nosso país tanto ao nível da formação
inicial como da formação contínua” levou a que “fosse elaborada, sob a supervisão conjunta do Gabinete de
Estatísticas das Comunidades Europeias (EUROSTAT) e do Centro Europeu para o Desenvolvimento da
Formação Profissional (CEDEFOP), uma subclassificação das áreas de estudo da Classificação Internacional
Tipo da Educação (CITE) referente às áreas de formação”. Esta classificação foi actualizada em 2005, com a
Portaria nº 256/2005 de 16 de Março.
18
PAMAF, “Distribuição da Formação Profissional Agrária por áreas temáticas (1994-2000)”
Sociedade Portuguesa de Inovação
39
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
As acções relacionadas com a área “Agroindustrial-Geral” (192 formandos), a
“Comercialização” (321 formandos) e algumas áreas muito especificas (Pesca e
Aquacultura, Plantas Aromáticas, Agricultura Biológica, entre outras) motivaram muito
poucos agricultores.
Quanto à formação de técnicos:
•
As acções que registaram maior número de formandos foram de “Formação de
Formadores” (3.279 formandos), “Desenvolvimento” (2.361 formandos), “Pecuária”,
(1.309 formandos) e “Higiene, Segurança e Qualidade” (979 formandos);
•
As acções que menos motivaram os técnicos foram, em termos gerais, as mesmas
que registaram menos afluência por parte dos agricultores;
•
As acções relacionadas com a “Informática” obtiveram um razoável grau de adesão
(825 agricultores e 1.114 técnicos), fundamentalmente na segunda metade do
período de vigência do PAMAF.
Em relação ao Programa AGRO, e tomando em consideração os anos de 2001/2002 a 2005,
verifica-se, quanto à formação de agricultores e técnicos, que:
•
As áreas que registaram maior afluência de formandos foram as relacionadas com a
“Produção Agrícola e Animal” e “Protecção do Ambiente”, já que se tratam de
domínios que aglutinam muitas das temáticas que, no âmbito do PAMAF, eram
tratadas de forma individualizada;
•
Na situação inversa, com uma adesão bastante baixa por parte de agricultores e
técnicos, encontram-se as áreas relacionadas com “Comércio” e “Marketing e
Publicidade”;
•
Em relação à área de “Formação de Professores e Formadores”, esta continuou a ter
um peso significativo na formação de técnicos.
Sociedade Portuguesa de Inovação
40
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Destaca-se ainda, neste período que, no conjunto dos formandos, as mulheres
tendem a ganhar, progressivamente, uma posição de destaque, situação que é mais
evidente no universo dos agricultores.
2.2.2
Avaliação
A avaliação19 que é feita pelo MADRP sobre a FPA desenvolvida no quadro destes dois
Programas (PAMAF e AGRO) identifica um conjunto de pontos fortes e de pontos fracos que
se julga útil transcrever:
Tabela 11: Avaliação da FPA desenvolvida no quadro do PAMAF e do AGRO
Avaliação da FPA desenvolvida no quadro do PAMAF e do AGRO
•
A formação profissional é um domínio chave na reorientação e qualificação dos
recursos humanos da empresa no sector agro-florestal;
Pontos Fortes
•
Reconhecimento das necessidades de formação como um domínio central de
garante do sucesso da sua actividade como empresários agro-florestais;
•
Existência de enquadramento no FEDER e no FSE para apoios à formação
profissional.
•
Desadequação da formação face às necessidades práticas da agricultura;
•
Dificuldades de execução dos pedidos de financiamento, pela elevada carga
burocrática exigível para a intervenção do FSE;
Pontos Fracos
•
Dificuldades face ao mecanismo de reembolso, que se tem revelado
problemático com impactes nos níveis de execução efectiva das acções,
obrigando a um elevado esforço de tesouraria por parte de entidades com
capacidades financeiras limitadas.
No cômputo global ressalta alguma massificação da formação, que não parece compatível
com os objectivos do Programa Operacional da Agricultura e Desenvolvimento Rural
(POADR). A formação tem assentado fundamentalmente em conteúdos relacionados com a
produção, sendo insatisfatória ao nível de uma actuação orientada para o mercado,
19
Fonte: documento sobre a Formação Profissional, apresentado pelo Grupo de Reflexão Estratégica (Subgrupo
de trabalho Competitividade) do Gabinete de Planeamento e Politica Agro-Alimentar
Sociedade Portuguesa de Inovação
41
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
nomeadamente ao nível da comercialização e marketing e também nas áreas de gestão e
administração, onde poderiam ser difundidas novas competências em matéria de
reorganização dos processos de trabalho.
Em relação especificamente ao Programa AGRO, foi realizada, pelo Instituto Nacional de
Administração e pelo ICARD (Inovação, Competitividade Agrícola e Desenvolvimento Rural),
uma avaliação intercalar no que respeita à Medida 7 (“reforçar o potencial humano e os
serviços à agricultura e zonas rurais – formação profissional”). Esta avaliação identifica alguns
factores que contribuíram para a melhoria dos indicadores da FPA e que se podem sintetizar
nos seguintes pontos20:
•
Melhoria dos níveis de fundamentação técnica dos planos de formação aprovados;
•
Melhoria da capacidade dos recursos formativos de suporte à formação realizada;
•
Melhoria dos níveis de adesão das entidades beneficiárias;
•
Utilização crescente de novos recursos e materiais didácticos produzidos com o apoio
da Acção 7.3 (“Sistema de Formação”);
•
Aumento do volume de formandos;
•
Reforço das competências em domínios transversais ao “core” das actividades das
empresas e explorações agrícolas, nomeadamente em domínios favorecedores de
uma melhor integração de mercado;
•
Aumento dos níveis de valor acrescentado induzido pela formação em variáveis
vincadamente económicas (p.ex., dinamização da base produtiva);
•
Aumento das componentes formativas relacionadas com o ambiente, as TIC e a
capacidade empresarial;
•
Utilidade em estruturar uma função acompanhamento com tarefas no domínio
técnico-pedagógico, que são encaradas pelas entidades promotoras como benéficas
ao desenvolvimento e à qualidade dos resultados das acções.
20
INA, ICADR; “Avaliação Intercalar do Programa AGRO”; 2003
Sociedade Portuguesa de Inovação
42
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Sem prejuízo do atrás exposto e situando a análise no passado recente, podem ser
complementados e acrescentados alguns aspectos:
•
Verifica-se uma pulverização das entidades gestoras, com diferentes regras e
critérios de avaliação/decisão;
•
No que respeita à FPA gerida pelo MADRP, e não obstante a intervenção de vários
serviços e entidades, permanece excessivamente centralizada a decisão final
(Unidade de Gestão do Programa AGRO);
•
Tem-se assistido ao revigoramento da ideia de homogeneização das soluções, o que
relega para segundo plano a especificidade dos problemas e as dinâmicas regionais;
•
A não integração de todos os sistemas que hoje intervêm na FPA (Programa AGRO,
Programa POEFDS e Programa da CAP), para além de evidenciar alguma dificuldade
de coordenação na gestão dos meios consignados a esta finalidade traduz-se, na
prática, na total impossibilidade de prevenir a duplicação ou sobreposição de acções
da mesma tipologia, promovidas – porventura nos mesmos locais - por entidades
diferentes;
•
Torna-se evidente a incapacidade de compreender as estratégias que estão
subjacentes à realização de acções de formação (enquanto factor de
desenvolvimento da agricultura e do mundo rural), bem como de perceber os
correspondentes impactos;
•
Os atrasos registados no pagamento da formação realizada (alguns com mais de 2
anos), são obviamente um factor desmotivador, para além de se traduzirem em
situações de dificuldade para as entidades promotoras;
•
Prevalecem ainda regras de gestão pouco flexíveis que objectivamente prejudicam as
entidades promotoras;
•
É evidente a desadequação da FPA, quer em relação a tipologia de cursos, quer no
que respeita ao conteúdo, em relação aos fins últimos que deveria prosseguir;
•
Torna-se cada vez mais evidente a preocupação pela redução drástica dos
custos/hora de formação, não se distinguindo a diversidade das acções e a
Sociedade Portuguesa de Inovação
43
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
complexidade dos correspondentes conteúdos. Este facto contribui não só para a
regressão da qualidade, como, por outro lado, tem-se traduzido na priorização às
“acções mais económicas” e de formato “standardizado”;
•
É inquestionável a ausência de planeamento – consistente e consequente – da
formação agrária.
Desta breve análise da FPA que se realizou em Portugal nos últimos anos, facilmente se
depreende que são muitas as lacunas e as necessidades de melhoria detectadas na formação
profissional no sector agrícola. Apesar de não se dever menosprezar o esforço que tem sido
feito com vista à melhoria das qualificações dos agentes do sector agrícola, a verdade é que
os resultados apontam para uma falta de eficácia da formação, que depois se traduz na
persistência de problemas ao nível das qualificações e competências dos recursos humanos
ligados ao sector. Alguns dos problemas detectados, nomeadamente ao nível da necessidade
de atender à especificidade dos problemas e dinâmicas regionais, poderão ser solucionados
através da adopção de uma nova estratégia formativa que inclua iniciativas de e-Learning na
FPA.
2.3
Iniciativas de e-Learning
A caracterização da formação profissional no sector agrícola em Portugal compreende, não só
as iniciativas de formação “tradicional”, realizadas em regime presencial, mas também as
iniciativas que recorrem às metodologias ligadas ao e-Learning. No entanto, verificou-se difícil
o levantamento e caracterização deste tipo de iniciativas, já que estas ocorreram em número
reduzido – não foi identificada nenhuma acção realizada em regime de e-Learning no âmbito
dos Programas PAMAF ou AGRO – e, na sua maioria, não tiveram seguimento.
Seguidamente são apresentadas as iniciativas que foram ou estão a ser realizadas e que
consistem em três cursos de formação em e-Learning desenvolvidos, dois projectos piloto (um
já terminado e outro ainda em execução) desenvolvidos ao abrigo de programas comunitários
e dois projectos que visaram o desenvolvimento de conteúdos para o sector agrícola, e que
Sociedade Portuguesa de Inovação
44
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
contemplam a vertente de e-Learning. É feita também referência a outras iniciativas que se
encontram em preparação.
2.3.1
Curso de Formação em Marketing Agrícola
Caracterização Geral
O curso de formação em Marketing Agrícola foi promovido pelo pólo de Beja da CGTP-IN
(Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional) no ano 2001,
no âmbito do programa comunitário “Acções Inovadoras”. Tratou-se de uma iniciativa de
formação promovida com recurso a metodologias de e-Learning, combinando a formação
presencial tradicional com momentos de formação a distância (b-Learning).
Este curso teve como público-alvo preferencial trabalhadores de Pequenas e Médias
Empresas (PME), com habilitações mínimas ao nível do 9º ano, contando, na sua estrutura,
com os seguintes módulos:
Tabela 12: Módulos do Curso de Marketing Agrícola
Curso de Marketing Agrícola
1
Integração e modelo de formação a distância
2
O que é o marketing?
3
Sistemas de informação de marketing
4
Segmentação de mercado
5
Análise SWOT
6
Mix de marketing
7
Plano de marketing, controlo e execução
8
Marketing agrícola
9
Certificação interna
Sociedade Portuguesa de Inovação
45
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Ferramentas, Materiais e Metodologias
A metodologia utilizada neste curso assentou na combinação de momentos presenciais com
momentos de formação a distância sendo que, na vertente de formação à distância, os
formandos dispunham do apoio de um formador (tutor) que, através de e-mail, prestou o apoio
necessário, esclarecendo dúvidas e orientado o percurso de aprendizagem de cada formando.
A participação nas sessões presenciais do curso era obrigatória, enquanto que a vertente à
distância (assíncrona) podia ser gerida autonomamente por cada formando, que definia o
tempo de consulta dos conteúdos colocados online, podendo estudar os mesmos ao seu ritmo
e resolver os exercícios propostos e estipulando, assim, o seu próprio percurso de
aprendizagem. Os exercícios, de resolução individual, eram enviados aos formadores por email e posteriormente apresentados e debatidos nas sessões presenciais.
A característica da auto-responsabilização dos formandos, concretizada no modelo de autoestudo, veio colocar a tónica do processo de aprendizagem no formando e não no formador
que se assume aqui como um facilitador. As sessões presenciais eram encaradas como um
reforço do auto-estudo e do trabalho desenvolvido pelos formandos, servindo de (re)orientação
e debate, de forma a completar e consolidar os conhecimentos adquiridos pelos formandos
com a consulta dos conteúdos online.
Para além dos momentos de formação
presencial e formação à distância assíncrona
houve um terceiro momento formativo, que
Momentos de formação existentes:
1. Sessões de formação presencial
consistiu em sessões de formação virtual,
2. Formação à distância assíncrona (auto-estudo)
síncrona, com recurso ao chat. Estas sessões
3. Formação à distância síncrona
ocorriam semanalmente, com data e hora marcada, e contavam com a participação do
formador e dos formandos, que se encontravam online, em tempo real, por forma a fazer um
balanço e debate dos vários temas da formação, esclarecer dúvidas e se necessário
re(orientar) o estudo de cada um dos formandos.
Por fim, esteve ainda disponível uma outra ferramenta de comunicação entre formandos e
entre formandos e formador: a “conferência de módulo”. Esta ferramenta constituiu um fórum
de discussão, sendo a participação dos formandos obrigatória, e permitiu a troca de
Sociedade Portuguesa de Inovação
46
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
mensagens entre todos os participantes em tempo não real (ao contrário do chat). Através
desta ferramenta, todos os formandos colocavam as dúvidas (ao formador e aos outros
formandos) e obtinham as respostas, dando também os seus contributos e podendo,
inclusivamente, anexar documentos às mensagens.
Para frequentar o curso os formandos
Ferramentas de comunicação online:
1. E-mail (assíncrona)
necessitavam de um computador com ligação
à Internet para poderem aceder à plataforma
2. Chat (síncrona)
de formação onde os conteúdos estavam
3. Conferência de módulo (assíncrona)
disponíveis
e
onde
podiam
comunicar
utilizando o chat e a conferência de módulo. A plataforma utilizada foi a FirstClass
(http://www.firstclass.com), tendo cada um dos formandos um acesso restrito, com uma
password individualizada, que foi enviada por e-mail, ou fornecida na primeira sessão
presencial.
Relativamente à avaliação da aprendizagem, foi proposto aos formandos que, durante o seu
auto-estudo fossem resolvendo alguns exercícios e propostas de trabalho (individuais e em
grupo) que foram apresentados e debatidos nas sessões presenciais. Adicionalmente, os
formandos efectuaram também uma avaliação no final de cada módulo.
Resultados
O curso de Marketing Agrícola constituiu uma abordagem inovadora no que toca à
metodologia utilizada para um curso na área agrícola, devendo, desde logo, ser encarado
como uma iniciativa positiva do ponto de vista da aplicação do e-Learning à formação nesta
área. No entanto, foram encontradas algumas dificuldades na sua implementação: nem todos
os formandos tinham acesso a computador com ligação à Internet, condição essencial para
participar no curso. Alguns dos formandos, para conseguirem acompanhar a formação tinham
de se deslocar ao pólo de formação (11 em 17 formandos). Este facto veio colocar em causa
os objectivos do modelo apresentado, uma vez que se pretendia reduzir as distâncias físicas e
não mantê-las, o que originou alguma desmotivação entre os formandos e se reflectiu em
Sociedade Portuguesa de Inovação
47
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
reprovações e desistências: apenas 9 dos 17 formandos iniciais concluíram o curso com
sucesso.
No entanto, nem todas as desistências podem ser apontadas às dificuldades com as TIC. Na
verdade, este modelo vem colocar o formando no centro do processo de aprendizagem,
responsabilizando-o pelo seu estudo e pelo desenvolvimento das suas competências. Alguns
dos formandos, não familiarizados com esta metodologia, acabaram por desmotivar.
Conclusões
A metodologia aplicada neste curso de formação (b-Learning), assente na combinação de
formação presencial com formação a distância, apresentou aspectos positivos e menos
positivos.
Ao nível dos aspectos positivos, salienta-se a possibilidade de formandos oriundos de
diferentes locais poderem frequentar o curso, sendo as dificuldades de comunicação e
deslocação ultrapassadas pela utilização das ferramentas de comunicação à distância;
salienta-se também o facto de a plataforma utilizada permitir a realização de momentos de
formação síncrona, com comunicação em tempo real e sem necessidade de formandos e
formadores se encontrarem fisicamente, o que vai ao encontro das necessidades actuais de
oferecer à população activa empregada soluções de formação que permitam uma maior
autonomia e um menor dispêndio de recursos; também positivo foi o facto de se conseguir
contribuir de forma positiva para a utilização das novas TIC entre uma população pouco
habituada à utilização das mesmas (refira-se que este grau de sucesso resultou, em parte, da
obrigatoriedade de os formandos utilizarem duas das ferramentas disponíveis: “conferência de
módulo” e sessões de chat); finalmente, deve salientar-se como aspecto positivo, o facto de ter
existido uma avaliação final em cada um dos módulos, na medida em resultou numa maior
responsabilização dos formandos pelo seu processo de aprendizagem.
No que diz respeito aos aspectos menos positivos, salientam-se algumas dificuldades que
geraram desmotivação nos formandos, com impacto nos índices de frequência da acção: uma
das dificuldades já referida, foi a de nem todos formandos terem acesso a computador com
ligação à Internet, necessitando de se deslocar fisicamente ao centro de formação para
Sociedade Portuguesa de Inovação
48
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
efectuar a componente de formação à distância online; uma outra crítica apontada foi o facto
de os conteúdos não serem apelativos, o que terá causado também alguma desmotivação.
Dado que não tivemos acesso aos conteúdos, é difícil apontar problemas e possíveis
soluções, mas não será errado aferir que os conteúdos assumem uma importância central
num processo de e-Learning. Uma forma de minimizar este problema seria, por exemplo, usar
a primeira sessão presencial do curso (que os formandos apontaram como sendo curta) para
demonstrar e experimentar a plataforma e as ferramentas, incluindo os conteúdos21.
2.3.2
Curso Conhecer o Vinho Verde - Nível I
Caracterização Geral
O curso “Conhecer o Vinho Verde” surgiu da vontade da Região dos Vinhos Verdes (RVV)
tornar mais e melhor conhecidos os seus vinhos. O curso e os seus conteúdos foram
desenvolvidos numa parceria entre a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes
(CVRVV), a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa e o Centro
de Computação Gráfica da Universidade do Minho e insere-se num projecto denominado
Verde Global - Sistema de Informação Global da Região dos Vinhos Verdes, no âmbito do
Programa Operacional Norte (ON), medida de valorização regional e local. Este curso é
coordenado pelo responsável do Departamento de Sistemas de Informação da CVRVV.
Os destinatários do curso são consumidores e profissionais com curiosidade e interesse em
aprofundar o seu conhecimento sobre a RVV e os seus vinhos. O curso tem uma duração de
seis semanas, sendo realizado inteiramente à distância e abrange dois temas principais:
21
A sessão presencial inicial assume, neste tipo de formação em blended Learning, um papel importante, na
medida em que permite familiarizar os formandos com a temática e as ferramentas do curso, servindo ainda
como forma de quebrar barreiras de relacionamento com os outros formandos e formador e esclarecer dúvidas.
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49
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 13: Temas e objectivos do curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I”
Curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I”
Conceitos de
- Identificar as diferentes denominações qualitativas usadas para os Vinhos Verdes;
Qualidade em
- Distinguir classificações normativas e de uso;
Vinho
- Compreender o que são estilos de vinho.
- Identificar e ser capaz de explicar os principais factores de produção primária de Vinhos
Factores que
Influenciam a
Qualidade
Verdes, sua transformação e factores de envelhecimento;
- Compreender a cadeia de comercialização dos Vinhos Verdes e as suas principais
características;
- Identificar conceitos de publicidade e promoção dos Vinhos Verdes, conhecer a história dos
Vinhos Verdes, da garrafa, e das associações gastronómicas e receitas de Vinho Verde.
Ferramentas, materiais e metodologias
Dado o curso se realizar inteiramente à distância, utilizando uma plataforma de e-Learning
onde se encontram todos os recursos pedagógicos, a participação no mesmo pressupõe que
os alunos tenham experiência na utilização de um computador e da Internet.
O processo de inscrição dos formandos é feito via Internet. Após validação e confirmação das
inscrições e respectivos pagamentos, o acesso à plataforma é feito mediante envio do
respectivo login e password aos formandos e tutores (bem como aos coordenadores). Durante
o decorrer do curso, os formandos têm o apoio duma equipa de profissionais, cujo papel é
complementar informações, tirar dúvidas, dinamizar as conversas online, debater ideias e
prestar auxílio nas questões relacionadas com a tecnologia. São propostas leituras,
actividades, provas de vinho e são realizadas actividades de avaliação. São também
realizadas sessões de chat duas vezes por semana, com a duração de 1h. Nestas sessões
estão presentes os formandos e um ou mais tutores (consoante o conteúdo a ser abordado).
Os conteúdos disponibilizados neste curso constituem um repositório de informação completa
e detalhada sobre o Vinho em geral e o Vinho Verde em particular. A informação contida nos
conteúdos está disponível para download em formato “.pdf” na biblioteca da plataforma, para
ser possível a sua leitura sem recurso à Internet.
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50
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A avaliação do curso é feita com recurso a dois elementos: um teste final e a resposta a casos
práticos, cujas datas de entrega se encontram definidas na plataforma. O teste final contém
perguntas de escolha múltipla ou preenchimento de espaços. Nos casos práticos é proposto
aos formandos que escolham um Vinho Verde e que o estudem no âmbito dos temas
abordados durante o curso. Posteriormente, os formandos deverão elaborar um relatório
escrito com base numa ficha de caracterização tipo, disponível na plataforma e que inclua a
análise sensorial desse vinho. O documento é entregue via plataforma e avaliado pelos
tutores. Há ainda um conjunto de actividades adicionais de auto-avaliação que são propostas
aos alunos, que não contam para a avaliação final.
A plataforma de e-Learning utilizada neste curso é a Easy Education (www.easy.uminho.pt),
na qual se encontram disponíveis várias ferramentas de suporte e interacção:
Tabela 14: Ferramentas da plataforma utilizada no curso “Conhecer o Vinho Verde”
Ferramentas da plataforma
Placard
Novidades
Online
Enviar
Dúvidas
Conteúdos
Dados
Pessoais
Actividades
Chat
Colaboração
Zona de avisos.
Indicação automática de novas actividades, conteúdos, mensagens ou avisos.
Lista dos utilizadores que estão simultaneamente ligados à plataforma e que poderão ser
contactados por mensagem escrita.
Área que permite colocar questões aos coordenadores e tutores.
Área com informação do curso, conteúdos e actividades.
Área com informação pessoal editável e informação sobre desempenho dos formandos nas
actividades.
Acesso às actividades propostas no curso.
Acesso a páginas onde decorrem as sessões de chat.
Área que inclui chat e fórum.
Apoio
Área que inclui “dúvidas frequentes”, “enviar dúvidas”, “placard”, “biblioteca” e “enviar e-mail”.
Gestão
Área onde é feito o acompanhamento do desempenho dos formandos.
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51
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Resultados
Os resultados das acções já realizadas do curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I” têm sido
bastante positivos. Para além de uma elevada taxa de aprovação nas duas acções do curso já
realizadas, os formandos tiveram uma reacção muito positiva em relação às mesmas,
demonstrando um elevado grau de satisfação. Dado o sucesso deste curso, está prevista a
realização de futuras acções, com base na mesma metodologia e nas mesmas ferramentas.
Conclusões
O curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I” trata-se de um caso de boas práticas na
implementação do e-Learning no sector agrícola em Portugal. Os participantes demonstraram
uma opinião positiva relativamente aos resultados obtidos e às metodologias utilizadas.
Suportado numa plataforma de e-Learning que concilia um conjunto de ferramentas de
comunicação, gestão de informação e gestão de dados, o desenvolvimento deste curso é
assegurado por uma equipa de especialistas capazes de prestar apoio à distância aos
participantes, permitindo-lhes beneficiar das vantagens do e-Learning e tentando minimizar os
problemas normalmente associados a este modo de formação, tais como os problemas
ligados à dificuldade de utilização de algumas ferramentas informáticas.
2.3.3
Curso para Técnicos na Área do Desenvolvimento Rural
Caracterização Geral
O curso para Técnicos na Área de Desenvolvimento Rural foi uma iniciativa promovida em
1998, pelo IDARN (Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Norte) com apoio do
então programa PAMAF. Este curso recorreu também ao modelo de formação b-Learning,
incluindo momentos de formação presencial e momentos de formação à distância com recurso
a soluções web para comunicação e troca de informação em ambientes formativos o que, em
Sociedade Portuguesa de Inovação
52
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
1998, constituiu uma iniciativa de formação verdadeiramente inovadora, não só no sector
agrícola, mas em todo o contexto formativo nacional.
O público-alvo preferencial deste curso foram técnicos inseridos em actividades de
desenvolvimento rural, com habilitações ao nível do bacharelato ou licenciatura, e que
desempenhassem funções nos centros de informação rural europeus, grupos LEADER
(Ligação Entre as Acções de Desenvolvimento da Economia Rural) e projectos INTERREG
(INTERREG II – Cooperação Transfronteiriça). De um total de 595 horas de formação, 56
horas decorriam em regime presencial e as restantes à distância, distribuídas pelos seguintes
módulos:
Tabela 15: Módulos do curso para Técnicos de Desenvolvimento Rural
Curso para Técnicos na Área do Desenvolvimento Rural
1
Internet
2
Desenvolvimento do Meio Rural
3
Animação do Desenvolvimento Rural I
4
Animação do Desenvolvimento Rural II
5
Economia Rural
6
Gestão dos Recursos Naturais
Ferramentas, materiais e metodologias
O curso recorreu à utilização do modelo de formação b-learning, pelo que os formadores
tinham contacto com os formandos não só nas sessões presenciais, mas também na vertente
de formação à distância, nomeadamente através do e-mail, que era utilizado para o
esclarecimento de dúvidas e para a orientação dos formandos no seu percurso de
aprendizagem.
No início do curso, houve a preocupação de preparar e familiarizar os formandos com a
utilização das TIC, de forma a que estes tivessem as competências mínimas para poderem
frequentar com sucesso o curso, incluindo a vertente de formação a distância. Assim, o
Sociedade Portuguesa de Inovação
53
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
primeiro módulo, com uma carga de 32 horas em regime presencial, era inteiramente dedicado
à Internet, cobrindo temas como as ferramentas de navegação, e-mail, fóruns, motores de
pesquisa, entre outros. Este módulo decorreu em 5 dias seguidos, de uma forma intensiva e
foi reforçado com sessões de esclarecimento a distância, através de e-mail, podendo os
formandos, ao longo do desenrolar da formação aceder a todo o apoio informático que
necessitassem por parte de um formador
Boa Prática: formação e facilitação do acesso
especializado em TIC. Adicionalmente, o IDARN
às TIC para os formandos
estabeleceu uma parceria com o CESAE (Centro
1. Módulo intensivo no início do curso dedicado à
de Serviços e Apoio às Empresas), de modo a
Internet;
permitir que os formandos e os formadores
2. Acompanhamento contínuo dos formandos
acedessem aos conteúdos, à web e aos e-mail’s.
Pretendeu-se, desta forma, combater o facto de,
durante o curso, com apoio de um formador
especializado em TIC;
3. Estabelecimento de parceria com outra
na época, não ser usual o acesso à Internet em
instituição, para permitir o acesso a computador
condições aceitáveis a partir de casa.
com ligação à Internet.
As sessões presenciais deste curso eram de presença obrigatória. As primeiras sessões foram
fundamentais para que os formandos adquirissem as competências necessárias para a
utilização das TIC; as restantes sessões foram fundamentais para a apresentação e debate de
trabalhos, esclarecimento de dúvidas e acompanhamento do processo formativo.
A componente de formação a distância foi realizada de forma contínua exigindo um elevado
esforço dos formandos - o cronograma de actividades previa que estes acedessem aos
conteúdos todos os dias da semana, numa média de 7 horas por dia. Neste contexto, a
autonomia de gestão do tempo de auto-estudo, que caracteriza o formação a distância, esteve
limitada, exigindo um compromisso por parte dos formandos, em termos de disponibilidade,
em tudo semelhante ao da formação em regime presencial, embora se mantivesse a
possibilidade de os formandos acederem aos conteúdos sem hora ou local marcado.
As ferramentas de comunicação à distância utilizadas no curso foram o e-mail e o chat. Os
formandos comunicavam entre eles e com os formadores através do e-mail, quer para obter
resposta a dúvidas sobre os conteúdos ou sobre o funcionamento do curso, quer para o envio
de trabalhos de avaliação. As sessões de chat eram marcadas previamente, permitindo a
Sociedade Portuguesa de Inovação
54
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
comunicação síncrona entre formandos e formador e consistindo o seu conteúdo no
acompanhamento do processo de aprendizagem dos formandos, no esclarecimento de
dúvidas e no debate de questões sobre os conteúdos e sobre os trabalhos de avaliação. Estas
ferramentas, em especial o chat, permitiram assegurar um ritmo contínuo de comunicação
entre os intervenientes, mesmo à distância, complementando assim o esforço de auto-estudo
dos formandos.
Relativamente à avaliação, os formandos realizaram trabalhos em todos os módulos
(individualmente ou em grupo), sendo estes trabalhos enviados para os formadores por e-mail
e posteriormente apresentados e debatidos nas sessões presenciais. Esta forma de
organização da avaliação contribuiu para promover uma ideia de trabalho colaborativo entre os
formandos, nomeadamente através da constituição de grupos de trabalho para resolução dos
desafios propostos pelos formadores.
Resultados
Os resultados do curso para Técnicos na Área do Desenvolvimento Rural apontam num
sentido claramente positivo. O curso recorreu a uma metodologia de formação inovadora no
sector agrícola, que constituiu um esforço de desenvolvimento de iniciativas de formação com
utilização das TIC no sector.
As principais dificuldades de implementação do curso prenderam-se com a dificuldade, por
parte de alguns formandos, de ter um acesso facilitado a computador com ligação à Internet,
dificuldade essa que a coordenação do curso tentou superar com a parceria estabelecida com
o CESAE (Centro de Serviços e Apoio às Empresas) e que permitia aos formandos aceder aos
conteúdos e às ferramentas de comunicação disponíveis. Assim, esta dificuldade inicial não
gerou a desmotivação do grupo – na verdade, de todos os formandos que participaram na
acção de formação apenas 1 desistiu, tendo os restantes sido aprovados e registando
elevadas taxas de assiduidade (existiam registos de presenças quer para as sessões
presenciais, quer para as sessões à distância). Este resultado revela a motivação dos
formandos e a sua adesão à metodologia utilizada neste curso.
Sociedade Portuguesa de Inovação
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Conclusões
Como já foi referido, este curso apresentou, à época, uma metodologia de formação
inovadora, permitindo que pessoas de diferentes origens geográficas pudessem frequentar o
mesmo curso de formação com uma reduzida necessidade de deslocações e contribuindo
para a promoção das competências em TIC nos públicos-alvo em causa, habitualmente
carecidos deste tipo de competências. Para além do contacto assíncrono via e-mail, a
existência de sessões de chat permitiu que existissem momentos de formação síncronos, em
que formandos e formadores podiam debater temas e trabalhos associados ao curso.
No entanto, devido ao seu carácter “pioneiro”, este curso continha algumas características
que, em eventuais futuras edições, poderiam ser ajustadas, com vista à melhoria da sua
qualidade: em primeiro lugar, o facto de as sessões à distância terem uma elevada carga
horária por dia (uma média de 7 horas por dia) traduz-se num esforço elevado por parte dos
formandos, limitando a autonomia destes, em especial no que se refere à gestão do tempo e
conciliação da formação com as actividades profissionais e vida familiar. As metodologias
actuais tendem a propor cargas horárias de auto-estudo mais reduzidas e que sejam
compatíveis com a disponibilidade dos formandos. Em segundo lugar, a relação entre as
cargas horárias presencial e a distância era algo desproporcional, correspondendo a carga
horária presencial (56 horas) a menos de 10% do total da carga horária total (595 horas). Tal
facto poderá ter causado alguns constrangimentos no relacionamento entre formandos e entre
formandos e formadores, uma vez que os momentos de formação presencial foram poucos e
muito separados no tempo. Como referência adicional, assinale-se que a carga horária do
curso está, à luz do Despacho 17035/2001, que veio posteriormente regulamentar a formação
à distância a desenvolver no âmbito de algumas medidas do POEFDS, fora das actuais
orientações para os processos de formação combinados, por um lado porque a carga de
trabalho em formação a distância ultrapassa as 500 horas anuais e por outro lado porque
alguns dos módulos ultrapassam as 100 horas de formação22.
22
Artigo 3º do Despacho 17035/2001 de 14 de Agosto de 2001
Sociedade Portuguesa de Inovação
56
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
2.3.4
Projecto Rudolf
Caracterização Geral
O Projecto Rudolf, desenvolvido com o apoio do Programa
Leonardo Da Vinci, teve como objectivo a definição de um modelo
de formação contínua, de referência e interactivo, para aplicação
em agricultura biológica. O projecto resultou de uma parceria de carácter transnacional, que
envolveu instituições de nove países europeus (incluindo Portugal) e de carácter multisectorial, reunindo universidades, parceiros sociais, empresas e instituições locais23.
O curso de formação desenvolvido no âmbito do projecto, utilizou o modo de formação eLearning e baseou-se no sistema de Sistema Europeu de Transferência de Créditos (ECTS:
European Credit Transfer System) tendo, na sua estrutura, nove módulos correspondentes a
um total de 95 unidades de crédito:
Tabela 16: Módulos do curso do Projecto Rudolf
Curso de agricultura biológica do Projecto Rudolf
23
1
Introdução
2
Enquadramento Legal
3
Sistemas de Agricultura Biológica
4
Gestão de Solos Férteis
5
Reprodução Animal
6
Processos Aplicados a Produtos Orgânicos
7
Marketing de Produtos Agrícolas
8
Gestão Integrada de Quintas
9
Aspectos Sociais da Agricultura Biológica
Mais informações sobre este projecto em http://www.rudolfproject.org
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57
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Ferramentas, Materiais e Metodologias
Previamente à concepção do curso de formação, foi realizado um diagnóstico de
necessidades de formação no sector da agricultura biológica, a nível europeu, cujos resultados
serviram de base à estruturação dos conteúdos que foram desenvolvidos, bem como à
metodologia de formação utilizada. O modelo de formação adoptado neste curso piloto foi o eLearning, baseado na ideia de interacção e
Modelo pedagógico colaborativo: A aplicação
colaboração entre todos os participantes (modelo
do modelo colaborativo neste curso baseou-se
pedagógico colaborativo). O formador desempenha
na criação de grupos de trabalho que
um papel de moderador, sendo responsável pelo
desenvolveram o trabalho à distância com
recurso a ferramentas de colaboração online.
acompanhamento, orientação e motivação dos
Os
formandos, por incentivar e facilitar a utilização das
disponibilizados pelos formadores, interagindo
ferramentas web e por incentivar a interacção e
formandos
acediam
aos
conteúdos
entre eles e com um tutor, realizando trabalhos
e debatendo temas e ideias online. Este modelo
colaboração entre os participantes. O formando, por
fomenta a responsabilização dos formandos
seu turno, assume o papel central em todo o
pelo seu processo de aprendizagem, mas
processo de aprendizagem, definindo o seu
percurso e ritmo de aprendizagem e recorrendo às
também pela construção do conhecimento e
pelo desenvolvimento da comunidade de
aprendizagem
ferramentas e aos recursos que considera mais
adequados para a sua formação.
A definição dos métodos e técnicas pedagógicas a utilizar constituiu um ponto importante no
projecto: na fase da concepção do curso, foi criado um grupo de formadores dos vários países
da parceria (grupo-piloto) com competências na temática da agricultura biológica, com o
objectivo de, em conjunto, definir e testar as abordagens pedagógicas a adoptar. Esta
inovação conceptual foi feita por passos:
Sociedade Portuguesa de Inovação
58
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Figura 7: Passos na definição e teste de métodos e técnicas pedagógicas
Este
grupo-piloto
desempenhou
um
papel
fundamental no projecto, testando e avaliando a
Boa Prática: teste prévio do curso por um
grupo de formadores e adaptação dos
metodologia e as ferramentas em ambiente de e-
conteúdos a cada realidade nacional.
Learning e testando os conteúdos desenvolvidos
pela parceria, e que no final do projecto foram integrados num curso-piloto sobre agricultura
biológica. Posteriormente foram criadas redes de formação nos vários países que participaram
no projecto-piloto, ficando cada rede a cargo de um formador com competências específicas
em agricultura biológica. Estas redes nacionais tiveram como objectivo adaptar a metodologia
e os conteúdos às realidades locais e promover uma aproximação aos agentes locais,
nomeadamente formar outros formadores, criar uma base de dados a nível local sobre o tema
da agricultura biológica e testar os conteúdos em face de cada realidade nacional.
Para a implementação do curso foi escolhida uma plataforma open source24, que permitia a
utilização de várias ferramentas, tanto de formação assíncrona como síncrona. Na vertente
assíncrona foram disponibilizadas as seguintes ferramentas:
24
Open source é um tipo de software cujo código fonte é público, isto é, de utilização livre.
Sociedade Portuguesa de Inovação
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 17: Ferramentas de comunização assíncrona disponíveis no curso do Projecto Rudolf
Ferramentas de comunização assíncrona disponíveis no curso do Projecto Rudolf
Permite a troca de informações (incluindo upload de documentos), debate de temas,
Fórum
esclarecimento de dúvidas entre todos os participantes.
Permite aos participantes criarem grupos de trabalho, pesquisa e troca de informações.
Grupos
Cada participante pode fazer parte de vários grupos.
Vídeo
Permite o upload de vídeos.
Links
Permite a consulta de uma lista de links úteis.
Quadro virtual
Permite o upload e a consulta de textos de apoio e outros documentos.
Calendário
Permite estar sempre a par do cronograma de actividades previsto.
Mediateca
Permite a consulta de um repositório de informação sobre o tema do curso.
Anúncios
Permite colocar informações sobre reuniões, conferências, links de interesse, etc.
Na sua vertente síncrona, a plataforma permitia sessões de formação virtuais com voz e vídeo,
isto é, permitia o encontro dos formandos em data e hora marcada para uma sessão de
formação em tempo real através da Internet. Para além da comunicação por voz e vídeo, esta
plataforma permitia a troca de mensagens escritas instantâneas e a partilha e edição de
documentos em vários formatos.
Figura 8: Plataforma síncrona utilizada no curso do Projecto Rudolf
Sociedade Portuguesa de Inovação
60
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Resultados
Os resultados do curso-piloto que a parceria promoveu apontam para o sucesso da iniciativa os participantes consideraram que, em geral, a plataforma era de fácil utilização e dotada de
recursos que permitem a comunicação entre os participantes e a efectiva troca de
conhecimento. De entre os aspectos considerados mais importantes destaca-se o facto de a
plataforma permitir a troca e partilha de documentos e outros materiais, e o facto de o fórum
permitir reunir e concentrar, de forma intuitiva, os contributos de todos os participantes.
No que diz respeito aos aspectos a melhorar foram lançadas as seguintes sugestões: deveria
existir na própria plataforma um manual de apoio ao utilizador; na área de links, o facto de os
participantes no curso poderem remover os links era desvantajoso, uma vez que criava
confusão e desorganização.
Conclusões
O desenvolvimento deste curso-piloto teve como grande mérito o facto de promover um
grande envolvimento dos formadores, tendo estes não só o papel de definir as metodologias a
utilizar, mas também o papel de testar, enquanto formandos, as metodologias definidas,
observando na realidade a sua aplicação e avaliando-a na realidade prática, na óptica do
formando. Em suma, poderá referir-se que o sucesso desta iniciativa resulta do facto de:
•
Ter permitido o brainstorming entre os formadores seleccionados;
•
Ter permitido o jogo de papéis, em que os formadores assumiram o papel de
formandos;
•
Ter permitido a observação e a aplicação das metodologias e a análise dos
resultados;
•
Ao longo do projecto ter sido promovida a avaliação quer dos conteúdos, quer da
plataforma e das ferramentas disponíveis.
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61
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
2.3.5
Projecto MadeirAdapt - Valorização dos Profissionais do Sector Agrícola da
Região Autónoma da Madeira
Caracterização Geral
O projecto MadeirAdapt25 é um projecto de Iniciativa Comunitária
EQUAL, que está actualmente na sua Acção 2 e que tem como um
dos seus objectivos centrais desenvolver as competências dos
agricultores da Região Autónoma da Madeira (RAM) em agricultura
biológica, através do recurso à auto-formação em e-Learning. A fim
de atingir este objectivo, e com base num trabalho de diagnóstico prévio, a parceria que
compõe este projecto encontra-se a desenvolver, entre outros recursos, um curso b-Learning
sobre a temática da agricultura biológica e um manual de introdução à informática para eLearning. Embora o projecto esteja ainda em desenvolvimento, o que irá limitar a avaliação
dos seus resultados, podem ser dadas algumas referências que se julga serem importantes,
relativamente à iniciativa de e-Learning.
O curso que irá ser desenvolvido no âmbito deste projecto utilizará o regime de b-Learning,
com uma carga total de 90 horas, sendo 26 das mesmas presenciais e 64 à distância. Dos 8
módulos que compõem o curso, somente o último, “Visita a Explorações Agrícolas”, é
inteiramente presencial, tendo todos os restantes uma componente presencial e uma
componente à distância. A estrutura do curso será a seguinte:
25
Mais informações sobre este projecto em www.madeiradapt.com
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62
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 18: Módulos do Curso do Projecto MadeirAdapt
Módulos do Curso do Projecto MadeirAdapt (agricultura biológica)
1
Introdução à Agricultura Biológica
2
Fertilidade do Solo e Fertilização
3
Produção de Plantas
4
Horticultura em Modo de Produção Biológico
5
Fruticultura em Modo de Produção Biológico
6
Viticultura em Modo de Produção Biológico
7
Introdução à Pecuária Biológica
8
Visitas a Explorações Agrícolas
Ferramentas, materiais e metodologias
Tal como já foi referido, o curso será concebido
com
recurso
ao
b-Learning,
sendo
as
Moodle
(Modular
Object-Oriented
Dynamic
Learning Environment): LMS que permite a
componentes presencial e à distância intercaladas
construção de cursos online, podendo ser usado
ao longo de todo o curso, com excepção do último
em trabalho colaborativo, criação de páginas
módulo, que é inteiramente presencial. Está
pessoais,
portfolios ou
mesmo blogs. O
utilizador precisa apenas de um navegador de
previsto que na primeira sessão presencial seja
Internet. O Moodle é livre e open source - pode
explicado aos formandos o funcionamento da
ser distribuído sem limitações e o seu código
plataforma e a metodologia de formação, pelo que
a
sessão
deverá
ocorrer
em
sala
alterado
para
satisfazer
necessidades
específicas.
com
equipamentos informáticos. A combinação destas componentes deverá permitir que os
momentos de formação à distância consolidem e aprofundem os conhecimentos adquiridos na
componente presencial, fomentando também o conhecimento mútuo entre formandos e
formadores e reforçando o espírito colaborativo.
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63
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A vertente formação a distância, que constituirá a maior parte do curso, será desenvolvida na
plataforma open source Moodle26, uma vez que esta é de fácil utilização e disponibiliza
ferramentas bastante acessíveis, tais como o chat, fórum, área de trabalho, entre outras.
A concepção e o desenvolvimento dos conteúdos, assim como a implementação da
metodologia de formação, está a ser feita de forma faseada e em contacto directo com
representantes do público-alvo preferencial desta iniciativa: os agricultores da Região
Autónoma da Madeira. Para tal, foi constituída uma turma-piloto que está a testar os
conteúdos, as ferramentas e a metodologia de formação, à medida que a concepção do curso
se vai desenvolvendo, através de sessões de teste. Esta colaboração permite à parceria obter
importantes feedbacks e implementar alterações e/ou melhorias ao longo do processo de
concepção que se adeqúem ao perfil e à realidade dos futuros beneficiários do curso.
Relativamente aos conteúdos, estes estão a ser
desenvolvidos por formadores especialistas em
Boa Prática: metodologia utilizada para o
desenvolvimento do curso
áreas chave da agricultura biológica, identificados
no trabalho de diagnóstico de necessidades de
formação,
de
acordo
com
algumas
linhas
1. Sistematização das características básicas do
curso na fase de diagnóstico;
2. Criação de turma piloto para teste do curso à
orientadoras (que também resultam do referido
medida que vai serndo desenvolvido;
diagnóstico) com o objectivo de a versão final dos
3. Sessões de teste dos conteúdos e da
mesmos ser de fácil utilização, apelativa para os
plataforma com os agricultores para inserção de
formandos, interactiva e dinâmica, indo ao encontro
melhorias.
das necessidades de formação detectadas.
Adicionalmente está também a ser desenvolvido um manual de introdução à informática para
e-Learning, em formato papel e formato electrónico. Neste manual, são explicados conceitos
básicos ligados às TIC, como por exemplo “Internet”, “Sistema Operativo”, “e-mail”,
principalmente considerando a forma como estes poderão ser utilizados num contexto de eLearning. Pretende-se, desta forma, que os destinatários do curso tenham as bases
necessárias para o frequentar.
26
http://moodle.org/
Sociedade Portuguesa de Inovação
64
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Resultados
Dado este projecto estar ainda em fase de desenvolvimento, não é possível, neste momento,
avançar com os resultados do mesmo. O curso não foi ainda finalizado, implementado ou
avaliado, pelo que não se poderá concluir do sucesso ou não das metodologias utilizadas no
seu desenvolvimento e implementação. No entanto, e apesar de os resultados finais serem
ainda inexistentes, considerou-se que esta é uma iniciativa relevante no que toca ao
desenvolvimento do e-Learning no sector agrícola em Portugal, pelo que deveria ser retratada
neste Estudo.
Conclusões
Actualmente pode-se apenas referir que o caminho seguido pela parceria de desenvolvimento
deste projecto para a concepção do curso de formação, parece ser bastante interessante. Por
um lado, a existência de um diagnóstico prévio que faz referência não apenas às
necessidades formativas na área da agricultura biológica, mas também ao nível de
conhecimentos e competências informáticas; por outro lado, a concepção do curso de
formação é feita por fases, havendo no final de cada uma destas sessões de teste para as
quais foi constituída uma turma-piloto composta por agricultores, o principal público-alvo deste
projecto. Tal irá permitir o desenvolvimento de um produto mais adequado às efectivas
realidades dos futuros beneficiários.
Saliente-se ainda que o facto de terem sido dadas recomendações/orientações aos
formadores quanto à concepção dos conteúdos é um facto de extrema importância, uma vez
que irá contribuir de forma decisiva para a adequação do curso aos utilizadores.
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65
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
2.3.6
Colecções de Materiais Didácticos “Valorização das Explorações Agrícolas” e
“Agricultura e Ambiente”
Caracterização Geral
As colecções de materiais didácticos “Valorização das Explorações Agrícolas”, e “Agricultura e
Ambiente” foram desenvolvidas sob a coordenação da SPI, no âmbito do Programa Agro,
Medida 7 – Formação Profissional, tendo como objectivos reforçar a competitividade no sector
agrícola nacional e reforçar a atenção sobre o impacto das práticas agrícolas no ambiente.
Para atingir estes objectivos, a SPI reuniu um conjunto de especialistas em temas de interesse
aos empresários agrícolas, que colaboraram no desenvolvimento de uma série de materiais
didácticos de cariz prático. Com base em trabalhos prévios de diagnóstico, foram identificadas
algumas áreas-chave no domínio da valorização das explorações agrícolas e do ambiente, a
partir das quais foram desenvolvidos os recursos, com vista a capacitar os empresários para
responder de forma eficaz, com recurso às melhores práticas agrícolas e ferramentas de
gestão, aos desafios que se lhes colocam diariamente, contribuindo também para a melhoria
do ambiente e diminuindo os impactos negativos de algumas práticas agrícolas.
O desenvolvimento destas colecções pretendeu também responder à necessidade de
definição de linhas orientadoras para a valorização agrícola e fomentar a utilização dos
recursos técnico pedagógicos desenvolvidos em vários contextos formativos, contribuindo para
a valorização dos profissionais do sector agrícola. Os materiais desenvolvidos em cada uma
das colecções versaram os seguintes temas:
Tabela 19: Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas”
Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas”
1
Conceitos e Práticas em Modernas Explorações Agrícolas
2
Manuseamento de Produtos Hortofrutícolas
3
Novos Produtos de Valor Acrescentado
4
Genética, Biotecnologia e Agricultura
5
Tecnologias de Informação e Comunicação na Agricultura
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66
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 19: Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas”
Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas”
6
Marketing nas Pequenas e Médias Explorações Agrícolas
7
Normas e Legislação
8
Estudos de Casos de Boas Práticas de Gestão de Explorações Agrícolas
Tabela 20: Temas da colecção “Agricultura e Ambiente”
Temas da colecção “Agricultura e Ambiente”
1
Actividades Agrícolas e Ambiente
2
Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura
3
Gestão de Resíduos Orgânicos
4
Tecnologias Limpas em Agro-Pecuária
5
Produção Integrada
6
Gestão Ambiental e Economia de Recursos
7
Estudos de Casos e Boas Práticas Ambientais na Agricultura
Ferramentas, materiais e metodologias
Com base nos temas definidos para cada uma das colecções, foram desenvolvidas duas
colectâneas de recursos didácticos, incluindo cada uma delas:
•
Um manual técnico em suporte de papel sobre cada um dos temas;
•
Uma colectânea de transparências sobre cada um dos temas;
•
Quatro vídeos (um da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” e três da
colecção “Agricultura e Ambiente”);
•
Uma aplicação informática (integrada na colecção “Valorização das Explorações
Agrícolas”);
•
Um conjunto de materiais multimédia (conteúdos) para aprendizagem via e-Learning;
•
Dois DVD (um por colecção).
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67
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Os recursos didácticos desenvolvidos apresentam um elevado grau de flexibilidade, podendo
ser adaptados a vários contextos formativos, com soluções flexíveis de modo a facilitar a sua
divulgação e replicação em vários contextos de aprendizagem. Estes materiais podem ser
utilizados, por exemplo, em cursos de formação assentes no modo de formação presencial, ou
em contextos formativos com recurso ao e-Learning e b-Learning. Os manuais e as
transparências estão disponíveis em formato electrónico27. Os vídeos foram elaborados com o
objectivo de reforçar a componente didáctica associada a alguns dos manuais, apresentando
algumas explorações agrícolas, no sentido de ilustrar práticas de produção e gestão. O
software, desenvolvido no âmbito da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas”, está
Boa Prática: flexibilidade dos recursos didácticos
associado ao manual de “Tecnologias de
Os recursos desenvolvidos podem ser utilizados em
Informação e Comunicação Agrícola” e
contextos
consiste
formativos
diversos,
nomeadamente:
formação presencial, formação à distância (e-Learning e
b-Learning).
numa
ferramenta
simples,
desenvolvida com o intuito de dar apoio à
análise de novos projectos de investimento.
No que diz respeito aos conteúdos para formação à distância, foram concebidos, a partir de
cada um dos manuais técnicos, cursos para serem implementados em modo de e-Learning ou
b-Learning28. Os conteúdos foram concebidos de forma a permitirem a frequência dos cursos
em regime de auto-estudo, podendo ser disponibilizados integradamente numa plataforma ou
como ficheiros independentes. Entre outras características, incluídas nos conteúdos a fim de
orientar a navegação e guiar o formando no seu percurso de aprendizagem, destacam-se as
ferramentas de auto-avaliação, que permitem que o formando, mesmo sem o
acompanhamento por parte do formador, afira o grau de aprendizagem em cada capítulo de
cada curso. No entanto, os conteúdos são também passíveis de serem utilizados num curso
com tutoria ou mesmo como suporte a aprendizagem colaborativa.
27
28
Os manuais podem ser consultados em http://www.spi.pt/agrovalorizacao/
Os conteúdos poderão ser consultados através da plataforma de e-Learning da SPI: http://training.spi.pt
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68
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Figura 9: Exemplo de conteúdos de e-Learning da colecção “Valorização das Explorações
Agrícolas” – Curso “Genética, Biotecnologia e a Agricultura”
Actualmente e apesar de já terem sido divulgados, a nível nacional, os resultados destes
projectos em vários seminários, ainda não foi possível colocar em prática os recursos
didácticos, isto é, ainda não se realizou qualquer curso de formação em regime de e-Learning.
Resultados
Lamentavelmente, a avaliação dos resultados deste projecto é bastante limitada, na medida
em que os materiais desenvolvidos ainda não foram aplicados num contexto formativo. Desta
forma, não foi possível aferir a satisfação de formandos e formadores, a efectividade da
aprendizagem, ou detectar aspectos de melhoria nos conteúdos elaborados. No entanto,
podemos concluir que estas iniciativas apresentam mais valias importantes para o sector
agrícola, quanto à formação dos seus agentes.
Conclusões
Apesar de não existirem dados acerca da aplicação dos materiais destas colecções em
contextos formativos reais, permitindo assim testar a sua adequação e pertinência, será ainda
assim legítimo concluir que estas colecções contêm um conjunto de recursos didácticos
Sociedade Portuguesa de Inovação
69
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
bastante completo e flexível, que permite a sua aplicação em contextos de aprendizagem
variados. De facto o conjunto de materiais produzidos, e o facto de os conteúdos técnicos
estarem já disponibilizados sob a forma de cursos de e-Learning demonstra essa mais-valia.
No entanto, perante a disponibilização e divulgação desta variedade de materiais, não poderá
deixar de se lamentar a falta de utilização dos mesmos, um ano volvido da sua divulgação.
Vários exemplares das colecções foram solicitados por indivíduos ligados à formação na área
agrícola, mas nenhuma iniciativa foi levada a cabo com vista à implementação de um ou mais
cursos das colecções.
2.3.7
Outras Iniciativas
Para além das iniciativas de e-Learning no sector agrícola analisadas nos pontos anteriores,
destacam-se ainda algumas outras, que se encontram em fase de preparação e que serão
implementadas a curto prazo:
•
A Universidade do Porto irá lançar um curso intitulado "Protecção da Vinha", que se
realizará em regime b-Learning, tendo início previsto para Junho 2007. Este curso
terá uma duração de cerca de três semanas, sendo dirigido para um público mais
sénior e estando integrado no programa de formação contínua da Universidade do
Porto;
•
O Centro Operativo de Tecnologia e de Regadio (COTR) encontra-se a ultimar os
preparativos para realizar acções de e-Learning na sua área de intervenção (gestão
da rega) utilizando a plataforma Moodle.
O facto de estas iniciativas se encontrarem em preparação reflecte a preocupação que alguns
actores têm em explorar as potencialidades do e-Learning e em beneficiarem das vantagens
da utilização das TIC na formação na área agrícola.
Sociedade Portuguesa de Inovação
70
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
2.3.8
Identificação de “Boas Práticas” de e-Learning no Sector Agrícola Nacional
Perante o reduzido número de iniciativas de e-Learning detectadas no panorama da formação
no sector agrícola em Portugal, torna-se difícil citar vários exemplos paradigmáticos, que
sirvam de base à implementação de iniciativas futuras de e-Learning de qualidade e com
sucesso.
Não se conclua, com isto, que as iniciativas descritas não são merecedoras de
reconhecimento, pelo contrário, desde logo por terem constituído sinais de vontade para que
se dessem alguns passos na introdução do e-Learning nas práticas formativas no sector
agrícola. Através do desenvolvimento e implementação dos projectos citados, foram testadas
novas metodologias, foram construídos novos materiais e, acima de tudo, foi disseminada,
junto de agentes ligados ao sector agrícola, a utilização das TIC na formação na área agrícola.
Destes exemplos, válidas conclusões se poderão retirar, tanto no que diz respeito a aspectos
positivos que interessa repetir e divulgar, como no que diz respeito a aspectos negativos que
interessa evitar no futuro.
De entre as iniciativas apresentadas, destacamos como boa prática o curso “Conhecer o Vinho
Verde - Nível I” (ponto 2.3.2): em primeiro lugar, por se tratar de uma iniciativa de e-Learning,
que aborda temáticas ligadas ao sector agrícola e cuja implementação se tem revelado um
sucesso; em segundo lugar, por utilizar uma plataforma de e-Learning que inclui ferramentas
adequadas para a comunicação entre os vários intervenientes no curso, para a troca de
informação e para a disponibilização de conteúdos. De salientar a preocupação em familiarizar
os participantes com a plataforma desde a fase da inscrição, que é efectuada online, e
também a integração de diversos processos na plataforma, desde a disponibilização dos
conteúdos (para consulta online e para download em formato .pdf), passando pela divulgação
das notas e da agenda do curso, até à própria avaliação e entrega de trabalhos. Merece
também destaque o facto de esta iniciativa ser o resultado de uma parceria entre várias
instituições, reforçando a ideia de que, a criação de redes de trabalho que permitam
potencializar competências e recursos diversos é, muitas vezes, um factor decisivo para a
qualidade das intervenções. O sucesso desta iniciativa e da metodologia formativa utilizada é
comprovado pela satisfação demonstrada pelos participantes e pela continuidade dada ao
curso que, tendo duas acções já realizadas, prevê a realização de futuras acções.
Sociedade Portuguesa de Inovação
71
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Neste sentido, considerando características do sector da formação agrícola em Portugal,
julgamos ser viável e aconselhável a implementação de iniciativas de e-Learning com
características semelhantes à apresentada, podendo este tipo de curso ser implementado
também noutras áreas temáticas e dirigido a outros públicos-alvo.
No que diz respeito às restantes iniciativas identificadas, apesar de não se destacar nenhuma
enquanto “Boa Prática” como um todo, será importante assinalar alguns aspectos que, pelo
seu carácter inovador, integrador e bem sucedido, deverão ser encarados como exemplos
positivos a ter em consideração em iniciativas de e-Learning a desenvolver no futuro.
Tabela 21: Boas práticas no processo de concepção de cursos
Boas Práticas no processo de concepção dos cursos
Metodologia para o
desenvolvimento do
curso
Três passos fundamentais: sistematização das características básicas do curso na fase
de diagnóstico; criação de turma piloto para teste do curso à medida que vai sendo
desenvolvido; sessões de teste dos conteúdos e da plataforma com os destinatários
para inserção de melhorias
Preparação e
desenvolvimento de
recursos didácticos
Teste prévio do
curso
Concepção de recursos que podem ser utilizados em contextos formativos diversos,
nomeadamente: formação presencial e formação à distância (e-Learning e b-Learning)
Teste prévio do curso por parte do grupo de formadores que havia definido a
metodologia a utilizar. Adaptação dos conteúdos a cada realidade formativa
Tabela 22: Boas práticas no processo de implementação dos cursos
Boas Práticas no processo de implementação dos cursos
Formação e
Módulo intensivo no início do curso dedicado à Internet; acompanhamento contínuo
facilitação do acesso
dos formandos durante o curso, com apoio de um formador especializado em TIC;
às TIC para os
estabelecimento de parceria para permitir o acesso a computador com ligação à
formandos
Características da
plataforma
Internet a todos os formandos.
Utilização de uma plataforma que permite a troca e partilha de documentos e outros
materiais; utilização de um fórum que permite reunir e concentrar, de forma intuitiva, os
contributos de todos os participantes.
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72
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 22: Boas práticas no processo de implementação dos cursos
Boas práticas no processo de implementação dos cursos
Comunicação
durante o curso
Realização de sessões de chat regulares, para permitir um maior acompanhamento por
parte do formador e fomentar a comunicação regular entre formandos e entre estes e o
formador
Utilização de modelo orientado para a auto-responsabilização dos formandos,
Modelo pedagógico
de autoestudo
colocando a tónica do processo de aprendizagem no formando. As sessões presenciais
são encaradas como um reforço do auto-estudo e do trabalho desenvolvido pelos
formandos, servindo de (re)orientação e debate, de forma a completar e consolidar os
conhecimentos adquiridos pelos formandos com a consulta dos conteúdos online
Criação de grupos de trabalho que desenvolvem o trabalho à distância com recurso a
ferramentas de colaboração online. Os formandos acedem aos conteúdos
Modelo pedagógico
disponibilizados pelos formadores, interagindo entre eles e com um tutor, realizando
colaborativo
trabalhos e debatendo temas e ideias online. Este modelo fomenta a responsabilização
dos formandos pelo seu processo de aprendizagem, mas também pela construção do
conhecimento e pelo desenvolvimento da comunidade de aprendizagem
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73
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
CAPÍTULO 3
IDENTIFICAÇÃO DE BOAS
PRÁTICAS DE E-LEARNING
NO SECTOR AGRÍCOLA A
NÍVEL INTERNACIONAL
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74
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
3.1
Introdução
A realização do Estudo Agroe-Learning prevê a descrição e análise de um conjunto de
iniciativas de formação no sector agrícola a nível internacional, que recorram às metodologias
ligadas ao e-Learning, cujo sucesso seja comprovado a vários níveis e cujas características
possam constituir uma base para o desenvolvimento de linhas de orientação estratégica para
as iniciativas de formação no sector agrícola português.
Neste sentido, neste capítulo procuramos descrever e analisar o panorama das iniciativas de
e-Learning no sector agrícola a nível internacional, com uma focalização geográfica em duas
áreas principais:
•
América do Norte: particularmente Estados Unidos da América e Canadá, dado
tratarem-se de países com um grau de desenvolvimento bastante acentuado no que
diz respeito à formação no sector agrícola e à implementação de iniciativas de eLearning neste sector. Através da análise de boas práticas nestes países, é possível
beneficiar da longa experiência já aí existente, onde foram já testadas várias
metodologias formativas, que foram sucessivamente reformuladas e melhoradas, de
forma a tornarem-se cada vez mais adequadas às necessidades do público-alvo. Por
outro lado, a focalização nestes dois países deveu-se à “boa reputação” de que goza
a actividade agrícola, para a qual contam, certamente, as iniciativas de formação e as
mensagens que através das mesmas são promovidas;
•
Europa: particularmente no Reino Unido e na Alemanha, dado tratarem-se de países
que conheceram uma reconversão do seu sector agrícola com forte incidência ao
nível da formação dos agentes agrícolas, mas também com a preocupação de
sensibilizar o público em geral (consumidores) para a importância da necessidade de
existirem boas práticas agrícolas.
Nestes dois núcleos geográficos, foram seleccionadas iniciativas de e-Learning considerando
vários critérios, dos quais se destacam os seguintes:
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75
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Notoriedade e impacto: avaliação positiva por parte de formandos/alunos;
notoriedade no mercado; reconhecimento por parte de governos/instituições; impacto
na região, etc;
•
Boa práticas de e-Learning ao nível de: metodologias, utilização de ferramentas,
temas abordados, etc;
•
Grau de aplicabilidade a iniciativas de e-Learning no sector agrícola português:
possibilidade de transferência.
Uma vez seleccionado um conjunto de casos, foram analisados, de modo uniforme, vários
aspectos sobre os mesmos:
•
Características estruturantes da iniciativa: objectivos gerais, público-alvo, temas
abordados, duração;
•
Metodologias formativas aplicadas;
•
Requisitos de acesso;
•
Ferramentas e recursos disponíveis.
Ao contrário da realidade nacional, foi encontrado um número significativo de iniciativas de
formação na área agrícola com utilização das novas TIC, promovidas por universidades,
escolas e empresas, de cariz privado e com custos para os utilizadores/participantes. Este
ponto assume relevância para demonstrar que a formação pode e dever ser promovida sem
estar necessariamente pendurada em programas de financiamento.
Do cruzamento de todos os critérios foi reunido um grupo final de 6 estudos de caso, que são
analisados nas páginas seguintes.
3.2
Estudos de Caso
Com base nos critérios citados anteriormente, foi seleccionado um conjunto de estudos de
caso de iniciativas de e-Learning realizadas na América do Norte e na Europa, seguidamente
apresentados, e cuja análise foi feita com base nos critérios acima identificados.
Sociedade Portuguesa de Inovação
76
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
3.2.1
Curso Organic Marketing – Canadá
Caracterização Geral
O curso Organic Marketing (Marketing de Produtos Biológicos) é promovido pela Universidade
de Guelph29, Canadá, fazendo parte de um vasto programa de formação a distância
dinamizado pela instituição. O curso foi desenvolvido com fundos próprios da Universidade e
com apoio financeiro do Centro de Agricultura Biológica do Canadá, tendo surgido,
originalmente, como forma de responder às necessidades da indústria alimentar e agrícola e
igualmente à procura por parte dos consumidores de produtos alimentares de origem
biológica. No sentido de responder a estas necessidades, o curso Organic Marketing visa
preparar os estudantes para a necessidade de acompanhar o desenvolvimento do sector da
alimentação biológica nos países da OCDE, tendo como objectivo central fornecer-lhes uma
visão sobre a produção de alimentos biológicos, comparando e percebendo as diferenças
entre a produção biológica e a produção industrializada.
Com uma duração de 12 semanas, este curso realiza-se anualmente, estando as turmas
limitadas a 40 participantes. A estruturação dos módulos é a seguinte:
Tabela 23: Módulos do curso Organic Marketing
Módulos do Curso de Marketing Biológico
29
1
Perspectiva geral sobre o sector da alimentação biológica
2
Características dos produtos produzidos de modo biológico e os mercados alimentares
3
Os mecanismos de um mercado aberto
4
Gestão de fornecedores
5
Estratégias alternativas de marketing
6
A influência do comportamento do consumidor
Mais informações em: http://uoguelph.ca
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77
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
De acordo com o programa do curso, são realizadas sessões semanais online de debate de
questões e temas, lideradas por um tutor, nas quais são avaliados trabalhos individuais e de
grupo desenvolvidos pelos formandos com base em casos de estudo. Perto do final do curso é
promovida uma sessão de conferência e um exame final supervisionado, com vista à
certificação.
Metodologias de Formação
O processo de aprendizagem está centralizado no desenvolvimento de trabalhos propostos
nos manuais. Para promover o debate necessário à realização destes trabalhos, são feitas
“sessões de conferência” entre os participantes, moderadas pelo tutor. Adicionalmente, é
proposta aos participantes a resolução de vários casos de estudo, que são posteriormente
avaliados pelo tutor e debatidos por todos os participantes, incentivando-se dessa forma a
partilha de ideias e a consolidação de conhecimentos. O tutor procura incentivar a participação
de todos sempre que pertinente, encorajando o trabalho colaborativo, nomeadamente através
da criação de grupos de trabalho (entre 4 a 5 elementos) para a resolução dos casos. O
trabalho associado a estas actividades implica que os participantes interajam no processo de
descoberta, tratamento e assimilação da informação.
Paralelamente a este trabalho colaborativo, em cada módulo, é requerida a cada formando a
leitura e assimilação dos conteúdos e de informação complementar disponibilizada, bem como
resposta escrita a perguntas apresentadas pelo tutor. Os manuais apresentam os temas e os
casos de estudo de forma breve, orientando os participantes para um trabalho de pesquisa e
análise de informações complementares.
No que diz respeito à interacção com o tutor, para além do contacto efectuado nas sessões de
debate, cada participante tem um contacto individualizado com o tutor, no caso de necessitar
de esclarecimentos no que diz respeito aos conteúdos, podendo ainda colocar as suas
questões na plataforma, utilizando o fórum, que permite partilhar as perguntas e respostas
com os restantes participantes.
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78
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Requisitos de Acesso
Para a participação no curso são exigidos conhecimentos básicos de informática na óptica do
utilizador, estando as informações necessárias à utilização dos recursos sistematizadas num
guia de orientação. Os participantes recebem, com o registo na universidade e após
pagamento do custo inerente à frequência do curso, um código de acesso à plataforma de eLearning e a universidade coloca à sua disposição, em vários pontos, computadores para a
frequência do curso. No entanto, todos os participantes devem ter acesso a uma impressora
uma vez que as propostas de trabalho assim o exigem.
Na Tabela seguinte, encontram-se os requisitos técnicos para a participação no curso, de
acordo com as informações constantes na página de acesso aos cursos online da
Universidade de Guelph.
Tabela 24: Requisitos técnicos para a participação no curso
Componentes
Sistema Operativo
Vídeo
Necessários
Monitor SVGA
(resolução mínima de 800 x 600)
Resolução de 1024x768 ou maior
Drive de CD-ROM
Colunas
Browsers
Internet Explorer 6.0
suportados
Netscape 7.2
(Windows)
Firefox 1.5
Netscape 7.2
Browsers
Safari 1.3, 2.0
suportados (Mac)
ligação à Internet
30
Recomendados
Windows 98, 98SE, ME, 2000, 2003, XP ou Mac OS X
Periféricos
Velocidade da
30
Firefox 1.5
Modem de 56K
ADSL ou Cabo
Java Script
Activado
Cookies
Activados
Software
Software de processamento de texto
http://www.open.uoguelph.ca/online/online_learning/system_requirements.cfm
Sociedade Portuguesa de Inovação
79
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A plataforma está acessível 24 horas por dia, 7 dias da semana, durante o decorrer do curso e
nas duas semanas anteriores à data de arranque.
Ferramentas e Recursos
O curso Organic Marketing desenvolve-se na plataforma Open Online31. Antes do início do
curso, os participantes têm acesso a um guia de orientação sobre a navegabilidade dos
conteúdos, a utilização das várias ferramentas e a metodologia de funcionamento do curso,
bem como a um manual de apoio, que consiste na compilação de informação complementar
sobre o curso, e que contém referências bibliográficas, links para páginas de interesse e
elementos de leitura obrigatória.
Figura 10: Página de acesso aos cursos online da Universidade de Guelph
A partir do menu disponível na página de entrada, é possível efectuar um “Course Tour” (visita
guiada a um curso), onde são explicados os recursos e ferramentas disponibilizados pela
plataforma:
31
http://www.openonline.com/
Sociedade Portuguesa de Inovação
80
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 25: Ferramentas disponíveis na plataforma usada no curso Organic Marketing
Ferramentas disponíveis na plataforma usada no Curso Organic Marketing
Secção de Updates
Índice do curso
Cronograma do
curso
Recursos web
Secção onde se encontram anúncios do tutor, novidades ou avisos. Surge logo após o
login na plataforma
Listagem com ligações a todas as componentes do curso, desde o programa, passando
pelos trabalhos a realizar, contactos do tutor e apoio técnico, etc.
Secção onde se encontra o cronograma do curso com ligações a todas as unidades, às
actividades de aprendizagem e a outras instruções do curso
Secção com ligações a recursos web, dicas para pesquisa e indicações para avaliar os
resultados das pesquisas na web
Sistema de
Sistema assíncrono, que permite ao participante ler as mensagens dos colegas e deixar
conferência
mensagens para que todos leiam
Ajuda
Conjunto de ligações para ajudas durante a frequência do curso: contactos de formadores
e especialistas técnicos, paginas de ajuda online, entre outros
Na Figura seguinte é possível visualizar uma das ferramentas da plataforma – o cronograma.
Aqui, as actividades e tarefas do curso encontram-se organizadas por semanas, de modo que
o formando consegue ter continuamente a percepção das tarefas que dele são esperadas.
Figura 11: Ferramenta “Cronograma do curso” utilizada no curso Organic Marketing
Sociedade Portuguesa de Inovação
81
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Conclusões
O curso Organic Marketing da Universidade de Guelph constitui uma boa prática no que toca
ao desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola. Desde o modelo de
formação utilizado, passando pelas ferramentas e recursos disponíveis, até aos conteúdos
abordados, as componentes do curso têm-se revelado adequadas às necessidades dos
destinatários e o curso tem demonstrado ser um sucesso, o que é comprovado, desde logo,
pelo grau de regularidade com o qual o mesmo se realiza.
Considerando os seus objectivos este curso permite comparações técnicas e científicas entre
produtos alimentares de origem biológica e industrial, fomentando o debate sobre a expansão
dos mercados e dos produtos de origem biológica, quer ao nível no Canadá, quer ao nível
internacional. A produção biológica ainda apresenta muito potencial, havendo nichos de
mercado por explorar, o que potencia o interesse dos pequenos produtores. Mas para tal, os
pequenos produtores necessitam de conhecimentos específicos, nomeadamente ao nível da
legislação, mercado e necessidades/gostos dos consumidores, apresentando-se este curso
como uma excelente resposta.
3.2.2
Projecto Inforfarm – Alemanha
Caracterização Geral
O Infofarm é um portal virtual de informação e formação, que foi estabelecido no âmbito da
iniciativa Infoschool32, através de um projecto financiado pelo Estado Alemão. O portal foi
concebido e é mantido por uma rede de 16 escolas profissionais, que utilizam a plataforma
enquanto meio que permite a adopção de uma abordagem pedagógica construtivista na sala
32
O Infoschool é um projecto de âmbito nacional, que tem como objectivo ligar todas as escolas à Internet,
envolver estudantes e professores na utilização das TIC e criar, utilizar e explorar recursos educacionais em
formato digital.
Sociedade Portuguesa de Inovação
82
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
de aula. O projecto iniciou com a colaboração de 3 escolas e, no espaço de 3 anos, a
participação ascendeu às 16 escolas.
Este portal não foi concebido com o intuito de ser um LMS, mas sim um portal informativo, que
fornece informação relevante na área agrícola, para as escolas e para a sociedade em geral.
Assim, para além da utilização em contextos de educação formal, o Infofarm também está
acessível a todas as pessoas interessadas na temática da agricultura e oferece uma variedade
de recursos educacionais online de forma gratuita. Estas características fazem deste portal um
valioso recurso para todos os actores interessados e reforça o seu benefício para a sociedade
em geral.
Figura 12: Página de entrada do portal Infofarm
Sociedade Portuguesa de Inovação
83
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Para além do acesso a recursos educacionais, o Informarm contém uma série de outras áreas:
Tabela 26: Áreas que constituem o portal Infofarm
Áreas que constituem o portal do projecto Inforfarm
Secção de notícias
Secção de Eventos
Secção de Publicações
Secção de media
Secção de comércio
Bolsa de emprego
Divulgação de notícias sobre diversos temas, como: agricultura, ambiente, saúde,
formação, mercados e preços, etc.
Divulgação de datas de relevo, divulgação de feiras e outros eventos
Publicações sobre o sector agrícola e áreas afins
Secção na qual estão integrados os recursos educacionais
Secção onde é possível a compra e venda de bens e serviços
Divulgação de oportunidades de emprego (oferta e procura)
Metodologias de Formação
O portal do Infofarm é apenas a parte exterior e visível de todo o projecto. Nos bastidores da
iniciativa, nas 16 escolas que participaram no projecto, professores e alunos experimentaram
novas metodologias de aprendizagem, com base numa abordagem construtivista. Pretendiase que os estudantes trabalhassem em grupos, sobre tarefas concretas e utilizando a Internet
para a recolha de informação e desenvolvimento de trabalho colaborativo. A aprendizagem
ocorreu no interior da sala de aula numa base presencial, e também à distância, na
colaboração com as outras escolas participantes, utilizando como recursos um misto de
formulários de apoio ao desenvolvimento do projecto (assignement), literatura impressa e
recursos digitais disponíveis online. Com estes
recursos, os alunos desenvolveram diversos estudos
Construtivismo: Teoria de aprendizagem
que defende que os formandos constroem a
de caso em diferentes áreas, que foram depois
sua própria realidade a partir das suas
disponibilizados online para serem utilizados em
próprias percepções das experiências.
contextos de educação formal e não formal e informal.
Numa
abordagem
construtivista,
a
construção do conhecimento pelos alunos é
O apoio foi assegurado pelos professores das escolas
fruto de sua acção e o professor tem como
participantes, que monitoraram e avaliaram o processo
função criar situações favorecedoras de
de aprendizagem.
aprendizagem.
Sociedade Portuguesa de Inovação
84
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Os alunos utilizaram também as TIC para estabelecer contacto com peritos em diversas áreas,
com empresas e outras instituições, a fim de obter a informação necessária para os projectos
nos quais se encontravam a trabalhar. No desenvolvimento do trabalho, estes foram
incentivados a pesquisar de forma activa os recursos online, a consultar especialistas, a
trabalhar em tarefas concretas dentro de cada projecto. Desta forma, os alunos
desenvolveram competências de pensamento analítico e aprenderam também a trabalhar de
forma independente.
Para além do desenvolvimento do trabalho ao nível de cada escola e do contacto dos alunos
com peritos externos, a utilização de ferramentas do portal e das TIC também permitiram que
as pessoas das várias escolas envolvidas contactassem entre si, o que possibilitou uma
melhor transferência de conhecimento. Assim, os estudantes tiveram a oportunidade de
aprender com os colegas das outras escolas participantes.
Requisitos de Acesso
O requisito básico para a participação no projecto Inforfarm era o acesso a um computador
com ligação à Internet. O projecto em si não requeria a utilização de soluções técnicas muito
avançadas, mas antes focalizou-se na utilização eficiente das ferramentas de TIC mais
comuns, aplicando-as em novos contextos pedagógicos, a fim de fortalecer e aumentar a
qualidade do processo de aprendizagem e os seus resultados.
Ferramentas e Recursos
Tal como já foi referido, o Infofarm não se trata de um LMS, mas sim de um portal informativo,
pelo que as suas funcionalidades não podem ser comparadas às de uma ferramenta
desenvolvida especificamente para o contexto de e-Learning. Ainda assim, é importante
compreender que tipo de ferramentas e recursos são disponibilizados neste portal.
Para além das secções de notícias, eventos, publicações, comércio e bolsa de emprego existe
uma secção de media, onde são disponibilizados diversos recursos técnico-pedagógicos. Os
recursos consistem num leque alargado de materiais de cariz diverso, tais como: exercícios
Sociedade Portuguesa de Inovação
85
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
elaborados por professores para serem utilizados na educação formal, documentos com
informação relevante, exames antigos com respectivas soluções, etc. O número total de
recursos actualmente disponíveis ascende aos 300, embora deva referir-se que nem todos
constituem exercícios ou cursos. Para além de assuntos específicos ligados à agricultura, os
recursos incluem informação sobre a utilização das TIC e sobre o perfil de emprego a nível
nacional e a respectiva oferta de formação. Os materiais são apresentados com um resumo e
são colocados no próprio portal ou são tornados acessíveis através de um link.
A sustentabilidade foi encarada como uma questão de elevada importância, pelo que todos os
materiais de estudo se encontram disponíveis online através do portal Infofarm ou no website
das escolas participantes. Uma vez que os alunos que estiveram envolvidos de forma activa
no desenvolvimento dos materiais eram do ensino secundário e de formação profissional de
nível básico, a maioria dos materiais desenvolvidos consiste em documentos de texto.
Considerando o grupo alvo primário e o objectivo geral do projecto, estas características
devem ser vistas como uma abordagem razoável.
As ferramentas e recursos do Infofarm reflectem um princípio importante do projecto, que foi
proporcionar um portal aberto com recursos que podem ser actualizados e melhorados por
todos os alunos. O portal permite que os utilizadores registados submetam links para as
diferentes áreas e enriqueçam o portal com conteúdo.
Uma característica que se denota como estando em falta é a impossibilidade de colaboração
online (por exemplo através dos fóruns, blogs, portfólios). Assim, a colaboração parece ter
ocorrido maioritariamente centrada na escola, sem que o portal tivesse sido utilizado como
único meio de colaboração.
Conclusões
O Infofarm, incluindo o portal online e o projecto que o suporta, é um bom exemplo
demonstrativo dos benefícios da utilização das TIC e das abordagens pedagógicas modernas
na formação no sector agrícola. Este projecto demonstra como os recursos digitais podem ser
incorporados na sala de aula, fortalecendo o processo de aprendizagem e melhorando os
resultados da mesma na educação formal. Adicionalmente, o portal digital possibilita a
Sociedade Portuguesa de Inovação
86
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
aprendizagem informal a todos os que estão interessados no sector agrícola, permitindo a
troca de informações sobre o sector.
No final do projecto, os alunos participaram em feiras para apresentar os resultados. Esta
participação foi encarada como um forma de recompensar o trabalho desenvolvido e teve
também ainda um impacto positivo ao nível de patrocínios – muitas empresas ficaram
interessadas no projecto e manifestaram o seu interesse em apoiá-lo. Isto resultou em fundos
adicionais que puderam ser investidos no projecto Inforfarm.
Um outro indicador de sucesso deste projecto foi o facto de os alunos dedicarem
voluntariamente e por iniciativa própria uma parcela significativa do seu tempo de lazer ao
projecto. A motivação é um factor chave para uma aprendizagem com sucesso e este projecto
demonstrou que os estudantes estavam bastante motivados e valorizaram esta nova forma de
aprendizagem.
O projecto demonstrou também que as novas
O Infofarm e o projecto que serviu de base
abordagens pedagógicas construtivistas funcionam
à criação do portal foram citados em 2004
melhor se os professores tiverem consciência das
por Hendrik Förster no âmbito da sua tese
mutações que se operam nas tarefas e nos papéis dos
de doutoramento, como sendo um exemplo
positivo de educação aberta construtivista.
actores envolvidos no processo de aprendizagem. Os
professores envolvidos neste projecto votaram redobrada importância ao apoio aos estudantes
no contexto do processo de aprendizagem enriquecido pelas TIC. Nesta perspectiva, os
professores estavam também a aprender em conjunto com os alunos, e ambas as partes
adoptaram novos papéis. A aprendizagem ocorreu em conjunto e não da forma tradicional em
que a transferência de conhecimento é centrada no professor.
Sociedade Portuguesa de Inovação
87
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
3.2.3
Iniciativa FACE - Farming and Countryside Education – Reino Unido
Caracterização Geral
A iniciativa FACE - Farming and Countryside Education (Educação para a Agricultura e
Mundo Rural)33 começou no ano de 2001, estando registada como instituição de beneficiência,
sendo independente de qualquer partido político ou movimento. Um dos objectivos gerais
deste projecto é educar crianças e jovens nas temáticas da alimentação e agricultura num
ambiente rural sustentável. Actualmente, o projecto FACE envolve cerca de 60 organizações,
tendo todas elas um compromisso com o trabalho educacional associado à área alimentar,
agricultura e campo.
Este projecto foi criado para responder à preocupação generalizada acerca da forma como as
crianças, os jovens e as suas famílias se afastaram e desinteressaram de saber de onde vêm
os alimentos que consomem, quais as características de uma dieta e um estilo de vida
saudáveis e quais são as oportunidades que o campo proporciona a nível de lazer, actividades
sociais e emprego. Com o objectivo de ir ao encontro destas necessidades educacionais, a
equipa envolvida neste projecto trabalha com diversos parceiros na promoção de visitas a
quintas e proporcionando acesso fácil a uma vasta gama de recursos e actividades
educacionais de alta qualidade, de modo a complementar o estudo escolar e as visitas ao ar
livre.
Dentro deste âmbito, o FACE desenvolveu um website que disponibiliza uma série de serviços
online, já que um dos objectivos mais importantes do projecto é fornecer um portal aberto com
recursos educacionais que podem ser utilizados em todo o Reino Unido. Este portal inclui:
33
Mais informações sobre o projecto em http://www.face-online.org.uk
Sociedade Portuguesa de Inovação
88
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 27: Áreas que constituem o portal do projecto FACE
Áreas que constituem o portal do projecto FACE
Notícias
Com notícias sobre agricultura
Parceiros
Com contactos dos parceiros que colaboram com o FACE
Secção de Recursos
Secção de Ensino
Secção de Temas
Secção de Agricultores
Com recursos diversificados para o público em geral
Com uma série de recursos pedagógicos elencados por temas e direccionados
especificamente para professores
Com informação variada sobre temas como: ciência aplicada, biodiversidade, vida
saudável, história da agricultura e culturas não alimentares
Com informações e recursos especificamente destinados a agricultores
Este website é particularmente vocacionado para fornecer aos professores recursos
educacionais que incluem uma vasta gama de materiais muito diversos, como por exemplo
exercícios, actividades e modelos pedagógicos, estudos de caso, perfis agrícolas de quintas
parceiras, links para outros recursos educacionais. Estes recursos constituem um importante
elemento de apoio para os professores, na medida em que permitem:
•
Estimular o interesse e a curiosidade dos estudantes;
•
Estabelecer a ligação a todos os aspectos e níveis do currículo escolar;
•
Permitir que os alunos vejam as actividades rurais (como por exemplo a produção
alimentar) em primeira-mão;
•
Demonstrar aos alunos uma série de novas actividades de lazer que se podem
desenvolver no campo;
•
Mostrar aos alunos oportunidades de carreira no mundo rural.
Sociedade Portuguesa de Inovação
89
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Figura 13: Página de entrada do website do FACE
Como se pode verificar, o FACE não é somente um projecto virtual. Tem, por exemplo, uma
intensa actividade na organização de visitas no terreno, de forma a proporcionar aos
estudantes experiências práticas de agricultura, encorajando-os a explorar activamente o
mundo rural. As TIC são utilizadas como um serviço adicional, para maximizar o valor dos
serviços proporcionados pelo FACE.
A parte virtual do site tem como principal objectivo fornecer materiais aos professores,
enquanto que a vertente mais “prática” do projecto consiste na educação em sala e exercícios
práticos fora da sala de aula, no contexto rural. Para além do site, o projecto FACE também
criou centros locais que se localizam nas instalações das instituições parceiras do projecto.
Metodologias de Formação
Os materiais disponíveis no website do FACE incentivam a aplicação de uma vasta gama de
abordagens pedagógicas modernas e de actividades de aprendizagem, sem se focalizarem
numa delas em particular. São materiais desenvolvidos de forma a envolver os estudantes nas
actividades, promovendo um papel activo da sua parte – as TIC constituem uma ferramenta
para a consecução deste objectivo. Tanto no caso dos recursos pedagógicos como no caso
das visitas, o projecto tem como objectivo conferir aos estudantes um papel activo.
Sociedade Portuguesa de Inovação
90
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Os materiais que são fornecidos aos professores são muito orientados para o incentivo à
participação dos alunos, por exemplo através dos debates e desempenho de papéis. Este é
um aspecto importante numa época em que os governos procuram cada vez mais um papel
activo por parte dos cidadãos. Outros materiais têm como objectivo desenvolver competências
de pesquisa junto dos estudantes, competências muito importantes na sociedade da
informação/conhecimento. Podem ainda ser encontrados materiais educativos que fazem uso
de actividades como o “brainstorming” e os questionários.
Figura 14: Ferramenta “Debating” no website do FACE
Requisitos de Acesso
O requisito básico é possuir um computador com uma ligação à Internet, principalmente para
os professores poderem aceder aos recursos educativos. O projecto em si não exige
tecnologias muito avançadas, focando-se antes na utilização das tecnologias mais simples e
ferramentas mais básicas. O design do website do FACE é simples e leve e a navegação
pelas páginas é intuitiva, sem demasiada intensidade gráfica, não sendo necessária uma
ligação à Internet de alta velocidade para navegar pelo website.
Sociedade Portuguesa de Inovação
91
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Ferramentas e Recursos
Os recursos disponibilizados no website consistem num misto de exercícios, materiais
educacionais, recursos informativos, recursos digitais e ligações para recursos exteriores e
encontram-se distribuídos pelas secções “Ensino”, “Recursos”, “Temas” e “Agricultores”.
Na secção “Ensino” encontra-se um catálogo extensivo de recursos para escolas, incluindo
posters, CD-Roms, folhetos e livros sobre todos os aspectos da área alimentar e agrícola.
Muitos dos materiais foram concebidos para os professores fazerem download e aplicarem na
sala de aula. Os recursos disponíveis nesta secção incluem materiais de áreas como:
•
Geografia;
•
Ciência;
•
Debates;
•
Programa “Gifted and Talented”;
•
Ligações ao currículo educacional nacional;
•
Diversificação na indústria agrícola.
A secção “Temas” contém materiais sobre:
•
Ciência aplicada;
•
Biodiversidade;
•
Vida Saudável;
•
História;
•
Cereais não alimentícios.
Os materiais disponibilizados na secção “Recursos” são muito variados e transversais à área
agrícola e a outros temas conexos. Na Tabela seguinte podemos ver uma lista desses
materiais.
Sociedade Portuguesa de Inovação
92
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 28: Materiais existentes na área “recursos” do projecto FACE
Materiais existentes na área “recursos” do projecto FACE
Recursos educacionais
Gama de recursos educacionais gratuitos, que exploram a cadeia alimentar “desde o
da Home Grown
campo até ao prato”. Este conjunto de jogos e actividades divertidas foi
Cereals Authority
especialmente desenvolvido para crianças do ensino básico e secundário. Todos os
(HGCA)
recursos têm ligações ao currículo escolar nacional
Perfis agrícolas
Descrições detalhadas de uma série de negócios agrícolas no país e estrangeiro
Visitas a quintas
Informação relativa à organização e acolhimento de visitas a quintas
1. “À descoberta”: documentos que fornecem informação factual sobre uma
variedade de tópicos, tais como cereais, agricultura biológica e outros;
Folhas informativas
2. “Exploração”: documentos que têm como objectivo ajudar os alunos a pesquisar
sobre vários temas
sobre assuntos como alimentação, manipulação genética, etc.;
3. “Assuntos Gerais”: documentos sobre vários aspectos do desenvolvimento global
da Rede Mundial de Agricultores (Farmers’ World Network).
Catálogo de recursos
Galeria
Base de dados de recursos disponíveis para fins educativos sobre vários tópicos e
temas
Colecção sempre em expansão de imagens para download sobre as áreas agrícola e
alimentar
A secção “Agricultor” contém materiais como:
•
Banco de recursos para visitas a quintas com materiais educacionais úteis para
agricultores que pretendem acolher visitas de estudo ou deslocar-se às escolas;
•
Curso CEVAS para agricultores: pode ser usado como apoio em cursos de formação
acreditados ou como package pedagógico à distância para acreditação através da
Open College Network (Rede de Universidades Abertas) - apoiada pela empresa
Bayer Crop Science.
As instituições parceiras do Projecto FACE também beneficiam dos recursos e do
conhecimento dos outros parceiros e de um serviço de inquéritos.
Sociedade Portuguesa de Inovação
93
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
O website disponibiliza ainda um curso de e-Learning de 8 horas para todos os interessados
na área agrícola. Este curso é de fácil navegação, embora pudesse ter beneficiado de
ferramentas de comunicação e colaboração online.
Conclusões
O Projecto FACE, incluindo o website e todo o projecto por trás do mesmo, é um bom exemplo
que demonstra os benefícios da utilização das TIC e das abordagens pedagógicas modernas
na formação na área agrícola. Este projecto demonstra também como é possível interligar a
formação na área agrícola com experiências práticas agrícolas fora da sala de aula e como os
professores podem beneficiar dos materiais online gratuitos. Os professores podem reutilizar
os cursos e materiais existentes e que têm já um sucesso comprovado. Isto pode ser
particularmente valioso se forem aplicadas as abordagens pedagógicas construtivistas
modernas: minimiza-se o risco de os professores cometerem erros básicos por falta de
experiência.
Adicionalmente, o website permite a todos os cidadãos interessados o acesso à maioria dos
recursos educacionais, incentivando, assim, a aprendizagem informal. Uma vez que os
recursos educativos são direccionados maioritariamente para alunos do ensino formal, estes
materiais podem ser utilizados por exemplo pelos pais, para educarem os seus filhos.
Verificando-se que a formação na área agrícola não é um tema sobre o qual estejam
disponíveis muitos recursos, este projecto vem permitir preencher essa lacuna.
Sociedade Portuguesa de Inovação
94
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
3.2.4
Curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura - Canadá
Caracterização Geral
O Curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura, é promovido pelo Instituto Canadiano da
Agricultura34. Este curso está inserido no programa de formação contínua do Instituto e é
dirigido a um público-alvo específico: agrologistas35 que prestem ou pretendam prestar
serviços de consultadoria. Os cursos inseridos neste programa de formação são abertos a
todos os profissionais do sector agrícola, quer sejam ou não membros do referido Instituto, do
sector público ou privado.
O objectivo deste curso é promover o significado de “profissionalismo” entre estes
profissionais, alertando para o que se espera da sua actuação junto dos produtores agrícolas e
promovendo a eficiência no exercício da sua actividade enquanto consultores no sector
agrícola. Desta forma, pretende-se que a formação seja um veículo de desenvolvimento
profissional, pelo que o curso se destina a recém-licenciados, mas também a agentes
agrícolas, com o objectivo de incutir uma maior responsabilização profissional na sua
actuação, não apenas nos domínios técnico-científicos, mas em especial na área
comportamental.
As gestão de explorações agrícolas é sujeita a várias
Este curso é uma adaptação para e-
perturbações/alterações, quer de origem financeira,
Learning de um curso originalmente
quer de origem social e face a elas é necessário que
desenvolvido pelo Instituto da Agricultura
estes profissionais sejam capazes de actuar com
de Ontário.
extrema sensibilidade, pois geralmente estão em causa crises de âmbito familiar, onde o
aspecto humano acaba por ser o de maior relevância. O curso de Ética e Profissionalismo na
Agricultura vem dotar os participantes de competências para lidar com este tipo de situações,
promovendo a análise e a resolução de conflitos, bem como a responsabilidade no acto de
consultadoria. Pretende-se, desta forma, consciencializar os participantes para a importância
das competências interpessoais ao nível da consultadoria financeira na área agrícola.
34
35
Mais informações em www.aic.ca
Cientistas que estudam os solos utilizáveis com interesse agrícola
Sociedade Portuguesa de Inovação
95
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Figura 15: Página de entrada do curso online de Ética e Profissionalismo na Agricultura
Metodologia de Formação
O curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura realiza-se em regime de auto-estudo e
totalmente à distância, pelo que dispõe de uma total flexibilidade ao nível do local e horário de
acesso, assim como ao nível do número de participantes (pode funcionar com apenas um
participante ou com grupos de participantes). O curso não tem uma duração limitada no
tempo. Uma vez inscrito, o participante é convidado a interagir com os conteúdos e simular os
vários cenários propostos.
Figura 16: Imagem do curso com explicação do objectivo da simulação inicial
Sociedade Portuguesa de Inovação
96
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
O processo de aprendizagem/consciencialização assenta em conteúdos com figuras
animadas, com bastante interacção audiovisual, baseado em técnicas de role-playing (jogo de
papéis) interactivas, que pretendem simular vários cenários de consultadoria. Assim,
consoante determinada situação, é sugerido ao formando que responda como reagiria e,
perante essa resposta, o conteúdo desenvolve de determinada forma. Por este motivo, cada
módulo tem várias vertentes de exploração, dependendo da forma como se responde a cada
situação.
Figura 17: Imagem do curso, no momento em que é pedido ao formando que opte por uma
reacção relativamente ao que acabou de ser dito
Como se verifica, os conteúdos assentam em simulações de situações reais, em histórias, nas
quais o participante tem um papel activo. Pretende-se assim sensibilizar os profissionais para
os impactos da sua actuação através da técnica de role-playing, procurando-se, mais do que
um processo de aprendizagem, um processo de consciencialização.
Estes conteúdos dinâmicos são suportados por documentos de apoio que fazem parte do
curso original, e que vêm complementar o processo de aprendizagem/consciencialização com
uma base científica.
Sociedade Portuguesa de Inovação
97
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A avaliação do curso é feita mediante a resposta a um questionário online, no qual os
formandos têm que ter um resultado mínimo de 80%, para obterem aprovação no curso. No
final de responder ao questionário, o formando pode aceder imediatamente ao resultado.
Requisitos de Acesso
Os participantes recebem, com o registo na universidade, e após o pagamento do custo
inerente à frequência do curso, um código de acesso à plataforma. A universidade coloca à
disposição dos participantes, em vários pontos, computadores que podem ser utilizados.
Os requisitos mínimos para participação neste curso são: acesso a computador com ligação à
Internet; mínimo de 16MB de memória RAM e 500mhz de velocidade. É ainda necessário que
os participantes tenham instalado o plug-in do Flash 5. Os conteúdos são desenvolvidos em
Flash e têm uma dimensão de cerca de 1.8 MB, pelo que o acesso com ligações de baixa
velocidade (modem de 56k) podem provocar alguma demora, mas uma vez feito o download,
a velocidade de acesso deixa de ser um problema. Os formandos devem ter também colunas
de som ou auscultadores, uma vez que a simulação é baseada no relato de uma situação,
perante a qual o formando deve optar pelo “caminho a seguir”.
Ferramentas e Recursos
Os participantes têm acesso a conteúdos interactivos que simulam situações de consultadoria
com recurso a técnicas de role-playing. As simulações existentes nos conteúdos são baseadas
em conhecidos princípios do comportamento humano e teoria de análise situacional,
resultando dos contributos de vários especialistas, desde gestores de recursos humanos, a
gestores financeiros na área agrícola e formadores da associação de universidades e colégios
do Canadá.
O curso não tem um manual de formação, mas tem uma área de sugestões de materiais de
leitura que podem ser consultados depois de os participantes percorrem todas as situações de
role-playing sugeridas, de forma a consolidarem os conhecimentos adquiridos.
Sociedade Portuguesa de Inovação
98
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A plataforma está acessível 24 horas por dia, 7 dias por semana. O curso não tem uma
duração fixa no tempo, pretendendo-se que seja uma referência no percurso profissional dos
participantes e que estes o possam consultar sempre que precisarem.
Conclusões
Este curso, dirigido a profissionais do sector agrícola privado e público, visa promover um
sólido sentido de profissionalismo entre a comunidade e o desenvolvimento de uma importante
consciencialização do impacto das suas actuações. A agricultura moderna é mais do que
tecnologia. As interacções em situações de crise financeira e de planificação requerem
também competências ao nível das relações humanas. Neste contexto, o curso de Ética e
Profissionalismo na Agricultura tem especial mérito por se tratar de um curso que explora a
vertente comportamental usando, para tal, a metodologia da simulação e permitindo, assim,
ver qual a consequência de cada atitude e abrindo a porta para um comportamento mais
ponderado. Por outro lado, a total flexibilidade espacial e temporal que permite é também um
aspecto a valorizar, pois permite abrir o curso a grupo alargado de pessoas com diferentes
estilos de vida e oriundos de diversos locais.
3.2.5
Curso de Formação de Aplicadores de Pesticidas – Canadá
Caracterização Geral
Este curso é promovido pelo Governo da Província de Monitoba (Canadá), através do
Ministério da Agricultura, Alimentação e Iniciativas Rurais, com o apoio da Assiniboine
Community College e do Departamento de Tecnologias de Informação da Universidade de
Manitoba36. Trata-se de um curso dirigido a agricultores e a outras pessoas que trabalhem com
a venda e administração de pesticidas, com habilitações mínimas ao nível do 12º ano.
36
Mais informações sobre o curso em http://public.assiniboine.net/xDefault.aspx?tabid=223
Sociedade Portuguesa de Inovação
99
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
O curso encontra-se disponível em vários formatos: à distância com materiais para impressão
simples; em modo presencial e em modo de e-Learning, constituindo a base para a
certificação de pessoas quanto à utilização e manuseamento de pesticidas. Deve realçar-se
que o curso em modo de e-Learning contém o mesmo rigor académico do que o curso em
modo presencial, concedendo os mesmos créditos para efeitos de certificação. Note-se ainda
que, mesmo sendo um curso obrigatório para efeitos de certificação junto da Associação
Canadiana de Pulverizadores Aéreos, o público em geral também pode aceder ao mesmo e
frequentá-lo.
Figura 18: Página dedicada à Educação à Distância com ligações para os programas dos cursos
e informações sobre os recursos disponíveis
O curso de formação de Aplicadores de Pesticidas tem como objectivo promover nos
participantes a aplicação eficaz e segura de produtos químicos na agricultura. Os temas
focados no curso são:
Sociedade Portuguesa de Inovação
100
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 29: Temas abordados no curso de Aplicadores de Pesticidas
Temas abordados no curso de Aplicadores de Pesticidas
1
O impacto dos efeitos climáticos
2
Cálculo e implicação das variações do vento
3
Compatibilidade de produtos químicos
4
Sensibilidade específica de determinadas culturas
5
Calibração das aplicações e de outros equipamentos
Para além da formação teórica, o curso prevê que os participantes possam testar de forma
prática a aplicação de pesticidas.
Os conteúdos estão disponíveis online, sem uma duração temporal definida, de modo a
permitir aos participantes conjugar as suas actividades profissionais com a formação. Para
além dos conteúdos online, estão ainda disponíveis outras informações em CD-ROM e DVD
com vídeos e outros documentos de apoio.
Metodologias de Formação
O curso de Aplicadores de Pesticidas é realizado através da plataforma WebCT. Nesta
plataforma, os formandos têm acesso aos conteúdos do curso e a uma série de ferramentas
de formação e comunicação.
Figura 19: Página de entrada da plataforma WebCT na área de cursos online da Assiniboine
Community College
Sociedade Portuguesa de Inovação
101
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
O curso é realizado em regime de auto-estudo com tutoria, o que significa que os formandos
têm total flexibilidade espacial e temporal no acesso aos conteúdos, definindo o seu ritmo de
estudo e aprendizagem, tendo o apoio de um tutor, que acompanha o percurso de formação
de cada participante, respondendo às questões que possam surgir durante a formação. Para
contactarem com o tutor, para além do e-mail, os participantes têm à sua disposição uma linha
telefónica gratuita. Para além deste apoio individualizado, os participantes podem recorrer
ainda ao quadro de mensagens online (Bulletin Board) para colocar as suas questões e
dúvidas e tentar obter respostas dos restantes participantes, sendo por esta via fomentada a
comunicação e a partilha de conhecimentos entre os participantes.
O curso não se limita à disponibilização de conteúdos para consulta. Intercalados nos
conteúdos, surgem propostas de exercícios e exercícios com perguntas de resposta múltipla
(quiz). É também disponibilizada uma área de discussão/debate de temas entre os
participantes.
Relativamente à avaliação, esta é também realizada
As questões da avaliação e certificação foram
online. Uma vez que se trata de um curso que
alvo de grande rigor e atenção neste curso.
permite a obtenção de um certificado, o nível de
Desta forma, pretende-se conferir toda a
exigência é relativamente elevado, sendo necessário
credibilidade à certificação em aplicação de
pesticidas, assegurando, perante o público,
que os participantes alcancem resultados positivos
que os indivíduos que aplicam pesticidas têm
superiores a 70%, realizando a avaliação sem
competências para compreender as questões
consulta de documentos. Durante a avaliação, o
de saúde e ambiente ligadas a esta profissão.
participante é acompanhado por um elemento
externo nomeado pelo tutor do curso, sendo esse acompanhamento feito através de uma
página web também definida pelo tutor (secure testing site)37.
A metodologia utilizada neste curso é bastante flexível, permitindo a promoção da formação
contínua de adultos e reduzindo a tradicional ansiedade dos participantes, mas mantendo o
rigor académico. Apesar desta flexibilidade temporal, os participantes devem seguir a
37 Na página http://www.assiniboine.net/public/oltres/support/student_support_instructions.html encontram-se
todas as indicações que deverão ser seguidas pelos formandos para a realização do teste online.
Sociedade Portuguesa de Inovação
102
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
orientação sequencial das várias unidades de aprendizagem e exercícios de acordo com as
instruções do tutor, por forma a que o processo de aprendizagem se apresente no final com
resultados sólidos e compactos.
Requisitos de Acesso
Os participantes recebem, com o registo na plataforma e após pagamento do custo inerente à
frequência do curso, um código de acesso à plataforma. Em alguns casos, antes da aceitação
dos participantes, é promovido um teste para avaliar o nível de habilitações literárias e de
conhecimentos informáticos. É sugerido que os participantes tenham conhecimentos básicos
de informática ao nível do utilizador, para que possam navegar nos conteúdos sem quaisquer
constrangimentos.
A nível de requisitos técnicos, de acordo com as informações disponibilizadas na página de
apresentação do curso, o formando deverá ter acesso a um computador (processador
Pentium) com drive de CD-ROM, funcionalidades multimédia (placa de som e colunas ou
headphones) e acesso à Internet (no mínimo modem de 56Kb). É também aconselhável que
os formandos tenham acesso a uma impressora. Para a navegação na Internet, os requisitos
mínimos são Netscape 4.x ou Internet Explorer 4.x ou versões mais recentes e um
processador de texto (MS Word or MS Works). Ao longo do curso são fornecidos os links
através dos quais os formandos podem efectuar download dos plug-ins necessários à
navegação pelos conteúdos.
Ferramentas e Recursos
A ferramenta que suporta todo o desenvolvimento do curso é a plataforma de e-Learning
WebCT. A plataforma está acessível 24 horas por dia, 7 dias da semana, sendo que o curso
não tem uma duração limitada no tempo - pretende-se que os participantes possam consultar
os conteúdos sempre que necessitem ao longo do seu percurso profissional. Nesta plataforma,
para além dos conteúdos propriamente ditos, os participantes têm acesso a outras
Sociedade Portuguesa de Inovação
103
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
ferramentas de aprendizagem e avaliação, podendo desenvolver actividades, resolver
exercícios e trocar mensagens com os tutores e com outros formandos.
Ao nível de recursos, para além dos conteúdos interactivos é disponibilizada aos participantes
informação complementar em CD-ROM e DVD, bem como um manual do curso que os orienta
no processo de aprendizagem, com informações sobre a organização dos conteúdos e
exercícios.
Uma vez que alguns dos temas abordados exigem conhecimentos ao nível da matemática,
está também disponível um tutorial específico para este tema, por forma a garantir que os
conhecimentos básicos necessários são adquiridos. Durante o curso, para as matérias
associadas a cálculos matemáticos e geométricos, são disponibilizadas folhas de cálculo
interactivas, que permitem um acompanhamento e monitorização da aprendizagem.
Conclusões
Este curso, na sua versão online, tem um impacto positivo na região, dadas as características
da produção agrícola e florestal da província canadiana do Manitoba. Trata-se de uma região
com produção muito variada e com áreas de produção bastante isoladas, e em que os
programas de pulverização aérea estão bastante dispersos e não oferecem muitos recursos
para consulta de informação. O curso online de Aplicadores de Pesticidas surge, assim, como
resposta a necessidades específicas da região, numa área considerada fundamental e cuja
actividade profissional é alvo de certificação, devendo assegurar que todos os profissionais
têm acesso facilitado à formação necessária para o manuseamento e utilização eficiente e
seguro de pesticidas na agricultura sem perder o rigor académico.
Num país vasto como o Canadá, a possibilidade de obter este tipo de certificação totalmente à
distância, com toda a garantia de qualidade e credibilidade é de importância crucial. A
formação à distância apresenta-se, neste caso, como a solução ideal para superar os
obstáculos de dispersão espacial e de isolamento dos aplicadores de pesticida, permitindo não
só atribuir-lhes a necessária certificação, como também colocar em contacto profissionais que,
de outra forma, estariam completamente isolados, perdendo a valiosa oportunidade de trocar
informações e experiências acerca do desenvolvimento desta profissão. De realçar mais uma
Sociedade Portuguesa de Inovação
104
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
vez a importância dos mecanismos de avaliação disponíveis, que permitem que esta se realize
totalmente à distância, mas de uma forma rigorosa e segura, sendo reconhecida para fins de
certificação.
3.2.6
Master em Desenvolvimento Agrícola – EUA
Caracterização Geral
Este curso é promovido pelo Colégio de Agricultura e Ciências da Vida da Universidade A&M
do Texas38. Trata-se de um curso de estudos pós-universitários, sem apresentação de tese,
que combina metodologias de formação à distância com formação prática. É dirigido a
profissionais do sector agro-industrial que precisam de obter competências específicas, de
nível superior, tendo como objectivo preparar os participantes para assumirem funções de
professores e/ou investigadores na área agrícola. É também dirigido a trabalhadores do sector
público e privado que pretendem alargar o seu leque de conhecimentos técnicos.
Figura 20: Página de Entrada do Master em Desenvolvimento Agrícola
38
Mais informações em http://coals.tamu.edu/default.htm
Sociedade Portuguesa de Inovação
105
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Este Master requer que os participantes atinjam um total de 36 créditos em várias disciplinas,
divididos da seguinte forma:
Tabela 30: Disciplinas disponíveis no Master em Desenvolvimento Agrícola
Disciplinas disponíveis no Master em Desenvolvimento Agrícola
15 créditos nas disciplinas base do Master:
Métodos avançados de educação a distância
Princípios da educação de adultos
Métodos de alteração tecnológica
Filosofia da educação na agricultura
Avaliação de programas de educação
6 créditos de entre um conjunto de temas opcionais na área das TIC:
Introdução à educação a distância;
Utilização de materiais instrucionais
Aplicação das telecomunicações na educação
Comunicação gráfica
Instrucional design: Técnicas na educação tecnológica
Aplicação à educação de soluções gráficas
Produção multimédia interactiva
6 créditos de entre um conjunto de temas de suporte aos temas base do Master:
Economia de recursos naturais;
Princípios da hereditariedade
A utilização de fitoquímicos no sector alimentar e o seu impacto na saúde humana
Estudos de campo na área da gestão da montanha
Vida selvagem e alterações Ecologia para professores ambientais
Soluções web para a horticultura
9 créditos de estudo independente:
Esta fase ocorre quando os participantes terminarem com sucesso o programa de formação. Pretende-se que os
participantes organizem um momento de formação prático, definindo um tema de trabalho, escolhendo um
especialista no sector, com o objectivo de apresentarem um trabalho de cariz prático. Trata-se de um programa
de estudo independente, por forma a servir as necessidades e disponibilidades de tempo dos participantes.
Sociedade Portuguesa de Inovação
106
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Apesar de o curso conter uma fase de estudo independente, a sequência do desenvolvimento
da formação é determinada pela orientação de um conselheiro, que guia os participantes, de
forma individualizada, no processo de aprendizagem. Isto deve-se ao facto de os participantes
terem de assistir às várias disciplinas nos períodos normais de funcionamento da universidade
(3 semestres), podendo fazer a parte final de estudo independente em qualquer altura.
Metodologias de Formação
O Master em desenvolvimento agrícola utiliza uma metodologia formativa que combina uma
série de ferramentas de formação e comunicação, com grande predominância da vertente de
formação à distância. Os participantes têm acesso a uma plataforma de formação (WebCT)
onde podem aceder aos conteúdos e a outros endereços web e links com informação e
conteúdos úteis para as várias temáticas tratadas ao longo do Master. O processo de
aprendizagem é conduzido por um conselheiro que coordena as actividades dos participantes
de forma individual, gerindo a utilização dos recursos disponíveis e o acesso à informação, na
sequência de um plano de estudos previamente definido pelo participante e que combina,
geralmente, as seguintes componentes:
Tabela 31: Componentes pedagógicas do Master em desenvolvimento agrícola
Componentes pedagógicas do Master em Desenvolvimento Agrícola
Formação
assíncrona
desenvolve-se na plataforma Webct, que é utilizada tanto para a transmissão de
informação e conteúdos, como para a comunicação entre os formandos e os professores
Formação
Em alguns casos há lugar a momentos de formação presencial, nomeadamente através de
presencial
visitas de estudo, trabalho em laboratório e momentos de avaliação
Formação
Quando não é possível haver interacção presencial, alguns tutores optam pela interacção
síncrona
com os alunos através de sistemas de videoconferência39
Materiais
Podem ser fornecidos recursos suplementares em VHS, CD-ROM, DVD ou outros
suplementares
39
Componente predominante no curso, a vertente de formação à distância assíncrona
formatos, embora estes não sejam os meios privilegiados de transmissão de informação
A Universidade A&M do Texas proporciona acesso a instalações equipadas para videoconferência em todo o
estado do Texas, através do programa Trans-Texas Video conference Network (TTVN).
Sociedade Portuguesa de Inovação
107
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Cada participante tem a orientação de um professor, para além do conselheiro, que
acompanha todo o processo de aprendizagem, intervindo de forma mais directa no momento
da avaliação. A avaliação consiste em trabalhos e exames que são em tudo equiparados aos
que são utilizados no Master em regime presencial. Estes trabalhos são revistos pelos
professores dos vários temas e sempre que necessário estes reúnem individualmente com os
participantes de forma a solidificar o processo de aprendizagem. Sempre que necessário, e
após estes encontros individualizados, podem ser nomeados aos participantes
acompanhamento especializado de um técnico ou tutor, que irá orientar os participantes na
revisão/consolidação de conhecimentos adquiridos, ou no acesso a mais informações.
Requisitos de Acesso
Os participantes recebem, com o registo na plataforma e após pagamento do custo inerente à
frequência do curso, um código de acesso à plataforma. Para aceder à plataforma e a todas as
ferramentas e recursos, é necessário que os participantes tenham acesso a um computador
com o software e os plug-ins considerados mais comuns e com uma ligação à Internet com
uma velocidade mínima de 56K e um navegador (browser) actual. No entanto, uma vez que os
formandos têm de aceder a muitos documentos é sugerido que utilizem uma ligação de banda
larga. É ainda requerida a utilização de um computador com drives de DVD e CR-ROM, com
placa de som, auscultadores e microfone.
Apesar de ser possível a utilização de sistema VOIP40, é aconselhado que os participantes
utilizem como meio de comunicação o telefone, uma vez que a utilização do VOIP, em boas
condições, nem sempre é possível com as ligações à Internet de menor qualidade.
40
Voice Over Internet Protocols – Sistemas de voz sobre IP
Sociedade Portuguesa de Inovação
108
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Ferramentas e Recursos
Tal como já foi referido, a ferramenta básica para o desenvolvimento do curso é a plataforma
de e-Learning WebCT, onde se encontram disponíveis os conteúdos e onde os participantes
encontram outras informações e estabelecem a comunicação entre si e com a universidade.
Os conteúdos são revistos e avaliados anualmente pelo comité científico do Colégio de
Agricultura e Ciências Vivas, sendo introduzidas, sempre que relevantes, as necessárias
adaptações ou actualizações, que são de imediato adaptadas para o Master em regime
presencial. Para além destes, e quer através da plataforma, quer através de DVD, os
participantes têm acesso a exercícios práticos e a demonstrações que lhes permitem
acompanhar a aplicação prática dos conhecimentos teóricos.
Uma vez que se trata de um curso com uma assinalável intervenção do conselheiro, os
participantes dispõem de ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona como o chat, o
e-mail e os bulletin boards, de modo a poderem colocar as questões que entenderem
relevantes, esclarecer as dúvidas e discutir os conteúdos ou aplicações dos mesmos. Para
além destas ferramentas, os alunos têm acesso a uma área de “perguntas frequentes”, gerida
pelo conselheiro do curso, que lhes poderá dar um apoio imediato. Em alguns dos módulos é
também utilizado o sistema de videoconferência como forma de implementar uma colaboração
mais directa entre os participantes e os professores. Os materiais de suporte disponíveis são
os mesmos que estão disponíveis para os vários temas na vertente presencial do Master,
acrescidos de links e outros endereços web para consulta de informação complementar.
Conclusões
O Master em Desenvolvimento Agrícola é um exemplo de sucesso de aplicação das
metodologias de e-Learning ao nível universitário. No âmbito do curso são abordados temas
de carácter técnico e científico em conjugação com o treino de competências de liderança, o
que facilita aos participantes o acesso a uma carreira na área da educação ou da investigação.
Destaca-se, ainda, neste curso, o carácter personalizado do acompanhamento do processo de
aprendizagem de cada aluno, concretizado através do trabalho do conselheiro. Previamente
ao início do curso, o conselheiro define, em conjunto com cada aluno, as especificidades do
Sociedade Portuguesa de Inovação
109
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
seu percurso, adaptando as metodologias e a calendarização do curso, de acordo com as
suas características e necessidades. Esta é uma das grandes mais-valias do e-Learning,
enquanto modo de formação capaz de flexibilizar o tempo e o local de formação de alunos e
professores, ao mesmo tempo que permite delinear percursos de aprendizagem
personalizados e adaptados às características e expectativas de cada aluno.
Sociedade Portuguesa de Inovação
110
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
CAPÍTULO 4
LINHAS DE ORIENTAÇÃO
ESTRATÉGICA PARA A
IMPLEMENTAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DE
INICIATIVAS DE ELEARNING NO SECTOR
AGRÍCOLA NACIONAL
Sociedade Portuguesa de Inovação
111
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
4.1
Introdução
Tendo como base a análise efectuada nos capítulos anteriores (caracterização dos recursos
humanos do sector agrícola, caracterização da utilização das TIC, caracterização da
formação) e a identificação de boas práticas de iniciativas de e-Learning no sector agrícola a
nível nacional e internacional, são agora definidas algumas linhas de orientação estratégica
para a implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola português.
As linhas de orientação estratégica apresentadas consideram diversos aspectos do ciclo
formativo, das dinâmicas do e-Learning e do sector agricola português, incluindo as
componentes que influenciam a sua evolução. Neste sentido, na definição de linhas de
orientação estratégica são abordados aspectos como: o público-alvo; as temáticas a abordar;
as tecnologias a utilizar; os conteúdos a desenvolver; os métodos pedagógicos a utilizar; as
características e competências dos actores a envolver e os financiamentos existentes para o
desenvolvimento de iniciativas de e-Learning.
O recurso ao e-Learning no sector agrícola terá de ser enquadrado nas características do
público-alvo a que se destina. Assim, e considerando como alvo primário da sua realização a
população activa no sector, não poderá deixar de se referir que, conforme já foi exposto
anteriormente, a adopção e utilização das TIC na agricultura, essencial para a implementação
do e-Learning enquanto solução formativa, está, em grande medida, relacionada com o nível
de instrução, a idade do empresário agrícola e a dimensão da exploração. No entanto, ao
analisar a realidade do sector agrícola em Portugal e o perfil do agricultor português verifica-se
que a maioria dos produtores agrícolas singulares tem 55 ou mais anos de idade, possui um
nível de escolaridade bastante baixo e trabalha numa exploração de pequena dimensão. Este
contexto de limitado potencial para a implementação das TIC é confirmado pelas relativamente
baixas taxas de utilização de computadores e de acesso à Internet existentes no sector
agrícola e por se verificar que, nas zonas rurais, apenas uma reduzida parte da população tem
acesso próprio à Internet por ligação ADSL. No entanto, não deverá deixar de se assinalar
que, nos últimos anos tem sido notória a evolução em muitos destes aspectos, o que faz
prever uma maior predisposição para a utilização das TIC nas práticas agrícolas e na
formação.
Sociedade Portuguesa de Inovação
112
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A implementação de iniciativas de e-Learning apresenta-se como uma solução que poderá ser
bastante valiosa para a superação de várias lacunas formativas e para a criação de respostas
adequadas às novas necessidades formativas, mas apresenta-se, simultaneamente, como um
grande desafio, que implica um esforço conjunto por parte dos recursos humanos ligados ao
sector agrícola, por parte das instituições e por parte da sociedade em geral que deverá, cada
vez mais e com maior empenho, orientar esforços com vista à construção de uma sociedade
baseada no conhecimento. Este contexto leva-nos a acreditar no potencial do e-Learning,
enquanto forma de derrubar barreiras espaciais e possibilitar o acesso permanente à
formação, mas coloca uma grande ênfase na necessidade de existir um aposta clara na
divulgação e formação em TIC e no apoio ao investimento nestas tecnologias no seio das
empresas agrícolas.
As linhas de orientação estratégica apresentadas neste Estudo constituem um contributo para
o que poderá ser a implementação de uma estratégia de e-Learning no sector agrícola a nível
nacional, a qual terá que envolver diversos actores, quer actores integrados no sector, quer
outros actores cuja intervenção, dado o seu alcance, é essencial para o alavancar desta área.
Subjacente à definição destas linhas de orientação está, em muitos casos, a constatação de
que não é necessário o empenho de muitos recursos técnicos ou mesmo financeiros para a
implementação de uma série de medidas que poderão contribuir para aumentar e diversificar a
utilização do e-Learning no sector agrícola. Também ao encontro desta ideia vão muitos dos
estudos de caso identificados, que constituem iniciativas de sucesso, não pelos montantes ou
complexidade dos recursos envolvidos, mas pelo sucesso das metodologias utilizadas,
temáticas abordadas ou contextos de implementação.
4.2
Público-Alvo
Antes de mais, interessa definir quais deverão ser os públicos-alvo a privilegiar na
implementação e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional.
Nesta abordagem, é feita uma distinção entre a população activa (agricultores/empresários
agrícolas e técnicos) e a população não activa (crianças até ao segundo ciclo e público
sénior), divisão essa que terá impacto nas restantes linhas orientadoras, nomeadamente nas
temáticas a abordar, nos actores a envolver e nas metodologias a implementar.
Sociedade Portuguesa de Inovação
113
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Figura 21: Públicos alvo a envolver em iniciativas de e-Learning no sector agrícola
POPULAÇÃO ACTIVA
- Agricultores
jovens empresários agrícolas
POPULAÇÃO NÃO ACTIVA
- Crianças e jovens
- Público Sénior (reformados/idosos)
- Técnicos
4.2.1
População Activa
No que diz respeito à população activa, o público-alvo primário a visar inclui
agricultores/empresários agrícolas e técnicos do sector público e privado. A oferta formativa
para estes dois grupos deverá ser distinta, de acordo com as suas características,
competências, conhecimentos e necessidades formativas.
Tanto os agricultores como os técnicos deverão ser privilegiados na implementação de
iniciativas de e-Learning, antes de mais por constituirem a força motriz do sector agrícola
português, sem a qual qualquer perspectiva de evolução no sector é, à partida, limitada. No
entanto, deve atentar-se ao facto de estes grupos serem bastante diferentes em diversos
aspectos, pelo que deverão ser alvo de preocupações e orientações específicas. Deve
salientar-se também que estes públicos-alvo carecem de tempo disponível para a formação,
uma vez que as actividades agrícolas obedecem a hábitos de trabalho contínuos, que vão de
sol-a-sol e com reduzidos períodos de descanso, pelo que desde logo se justifica, perante
estas condicionantes, a adopção de metodologias formativas que envolvam o e-Learning,
dada a possibilidade de flexibilização dos tempos dedicados à formação e dos locais nos quais
esta é efectuada.
Agricultores
Como se verificou na caracterização dos recursos humanos afectos ao sector agrícola, a
maioria dos agricultores portugueses atesta um grau de escolaridade bastante baixo, na sua
maioria ao nível do ensino básico (ou mesmo inferior), bem como reduzidos ou mesmo
inexistentes conhecimentos sobre a utilização das TIC, assim como uma baixa taxa de
utilização do computador e da Internet. Apesar das diversas iniciativas desenvolvidas ao longo
Sociedade Portuguesa de Inovação
114
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
dos últimos anos, continua a observar-se um baixo nível de instrução e qualificação da maioria
dos agricultores, sendo que somente 1% tem formação específica para a actividade agrícola.
Assim, as iniciativas de e-Learning dirigidas a este grupo devem privilegiar, como ponto de
partida, o desenvolvimento de competências no domínio das TIC aplicadas à formação.
Poderão (e deverão) ser criadas unidades de aprendizagem que abranjam as temáticas mais
básicas no domínio da utilização das TIC, que possam ser incorporadas em programas de
formação na área agrícola, ou implementadas de forma autónoma.
É também importante encontrar formas de garantir que estes públicos-alvo não fiquem
privados de aceder às iniciativas de e-Learning que venham a ser promovidas no sector.
Convém ainda salientar que a maioria dos agricultores dificilmente tem acesso a
computadores e, ainda menos, a computadores com ligação à Internet, o que reforça a
necessidade de se identificarem mecanismos que permitam ultrapassar esta limitação. A este
propósito, numa das iniciativas de e-Learning a nível nacional citadas neste Estudo, este
problema foi contornado através do estabelecimento de uma parceria entre a entidade
promotora da formação e outra instituição, que facultou aos formandos o acesso a
computadores sempre que necessário (ver ponto 2.3.3).
Considerando ainda este grupo dos agricultores e as suas características, importa salientar
que terão de ser tomadas em consideração algumas especificidades, quer quanto às
temáticas a abordar e aos conteúdos a desenvolver, quer quanto às metodologias e
ferramentas a utilizar. Os conteúdos terão de ser apelativos e de fácil utilização (intuitivos) e as
temáticas de cariz prático e de aplicação directa no seu dia-a-dia, sob pena de este grupo não
encontrar na formação um meio de melhorar as suas práticas. Por outro lado, deverá
equacionar-se a utilização de outras metodologias de formação à distância (p. Ex. Vídeo,
projecção de slides, telefone) de forma que a falta de conhecimentos de TIC não constitua um
obstáculo para a formação destes indivíduos.
Poderão ainda surgir outro tipo de resistências, uma vez que tradicionalmente as práticas
agrícolas são transmitidas entre familiares e vizinhos, de viva voz e aprendendo fazendo.
Talvez a promoção de iniciativas que combinem momentos de formação presencial com
formação a distância possam ser a forma de quebrar essas eventuais resistências.
Sociedade Portuguesa de Inovação
115
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Dentro do grupo dos agricultores, deverá ser dada uma particular atenção aos jovens
empresários agrícolas, que poderão ter particular interesse e condições para participar em
iniciativas de e-Learning, visto constituirem uma nova geração de activos agrícolas com
características distintas da geração mais antiga, nomeadamente um mais elevado nível de
instrução, o desenvolvimento de actividade a um nível mais intensivo e uma maior utilização
das TIC. Os jovens empresários agrícolas, com uma visão algo diferente, mais inovadora e
empreendedora do que os tradicionais produtores agrícolas, reunirão mais condições (leia-se
vontade e motivação, mas também necessidade) para frequentar iniciativas de formação na
modalidade de e-Learning, em especial no que toca à formação útil para a implementação de
novos produtos e técnicas agrícolas. Relativamente às competências de partida, este grupo
apresenta características próximas das dos técnicos do sector agrícola, pelo que não deverão
surgir, quanto a estes, necessidades específicas de formação nas áreas das TIC.
Técnicos
Os técnicos do sector agrícola constituem também, indubitavelmente, um grupo a privilegiar no
desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola. Dentro deste grupo
consideram-se também os formadores na área agrícola.
Relativamente aos agricultores, os técnicos apresentam características e competências algo
diferentes: na sua maioria, os técnicos possuem habilitações mínimas ao nível do 12º ano de
escolaridade ou da licenciatura, bem como conhecimentos e acesso facilitado às TIC, sendo
este acesso, em muitos dos casos, diário. Devido às características do seu trabalho, o
contacto com o computador e com a Internet é bastante frequente, pelo que este é um grupo
alvo potencialmente bastante receptivo a iniciativas de e-Learning. Para além da vantagem de
possuirem já algumas competências que poderão facilitar o acesso a formação em regime de
e-Learning, os técnicos poderão ainda beneficiar de uma oferta formativa já um pouco mais
desenvolvida do que aquela existente para os agricultores, nomeadamente no que diz respeito
a iniciativas de formação com recurso à utilização das TIC e da Internet no Ensino Superior.
Esta oferta formativa deverá ser alargada e aprofundada, permitindo tirar vantagem das
potencialidades do e-Learning em termos de flexibilização dos percursos de aprendizagem e
adaptação dos mesmos às necessidades específicas de cada utilizador.
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116
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
O enfoque da formação para técnicos deverá ser dado preferencialmente às temáticas de
formação na área agrícola, sendo de admitir que a grande maioria das pessoas que compõe
este grupo não irá necessitar de formação suplementar no domínio das TIC. Termos como
chat, fórum, e-mail, entre outros, não serão desconhecidos destes, logo, ainda que
intuitivamente, terão facilidade em utilizar muitas das ferramentas utilizadas em e-Learning e
beneficiar das iniciativas de e-Learning que venham a ser promovidas.
No caso dos formadores, deverão ser ainda promovidas iniciativas de formação que abordem
temas ligados à vertente pedagógica associada ao e-Learning e à utilização das suas
ferramentas.
4.2.2
População Não Activa
No que diz respeito à população não activa, propõe-se que sejam visados dois grandes
grupos: crianças e jovens (até ao segundo ciclo de escolaridade) e público sénior
(reformados/idosos). Tratam-se de faixas populacionais que não estão inseridas directamente
no sector produtivo agrícola, mas que podem dar um importante contributo no seu
desenvolvimento e na divulgação e familiarização de importantes camadas da população com
as actividades ligadas ao mundo rural.
Crianças e Jovens
Um dos grupos privilegiados na formação no sector agrícola com recurso às tecnologias de eLearning deverá ser o público infanto-juvenil, particularmente as crianças com idades até aos
12 anos. Este público é cada vez mais visado pelos governos em diversos tipos de iniciativas,
para fins de sensiblização e formação. Iniciativas deste cariz foram levadas a cabo, por
exemplo, para promover a protecção do ambiente, estilos de vida saudáveis, ou mesmo a
promoção de outros hábitos, como a leitura ou interesse pela matemática e pelas ciências.
Nesta linha, a formação e sensibilização de crianças e jovens para a importância e o interesse
do mundo rural poderá ser um factor chave para promover uma “reconciliação” da sociedade
portuguesa com a agricultura. Lamentavelmente, hoje em dia é notório o afastamento e o
Sociedade Portuguesa de Inovação
117
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
desinteresse das crianças e jovens pelo mundo rural, tendo estes um total desconhecimento
do que são as práticas agrícolas e da forma como os produtos chegam ao consumidor final. A
formação, numa óptica de sensibilização, poderá dar um importante contributo para fomentar
uma aproximação deste grupo à agricultura, dando uma nova visão desta actividade e
assegurando o interesse por parte das gerações mais jovens. Somente desta forma será
possível que os jovens, ao optarem por uma área profissional, considerem a prática agrícola
como uma opção viável e aliciante. De outro modo, a actividade agrícola ficará confinada ao
isolamento e à desertificação gradual. Esta prática poderá contribuir para ajudar a cativar
futuros técnicos agrícolas ou futuros produtores empreendedores, contribuindo para o reforço
e renovação dos actuais agentes no sector agrícola.
A utilização do e-Learning para a promoção de iniciativas de e-Learning para este público-alvo
deverá ser fomentada ao máximo. As gerações mais jovens têm, hoje em dia, um contacto
quase constante com as TIC e com a Internet, o que lhes confere uma grande familiaridade
com um conjunto de ferramentas habitualmente utilizadas em e-Learning. Mais do que ser
recomendável o recurso ao e-Learning para a este público-alvo, torna-se quase imprescindível
que a agricultura e o mundo rural estejam presentes na Internet e adoptem as novas
metodologias formativas, de modo a que consigam chegar a estas camadas mais jovens.
Neste campo, as possibilidades de desenvolvimento de iniciativas de formação são ilimitadas:
desde a promoção de cursos à distância, passando pela criação de websites/portais com
recursos pedagógicos para utilização e download, até ao desenvolvimento de iniciativas de
parceria entre os agricultores e as escolas, são inúmeras as formas de sensibilizar os mais
jovens para a importância e o interesse da actividade agrícola.
Tal como foi ilustrado por alguns casos de boas práticas apresentados neste Estudo (ver
pontos 3.2.2 e 3.2.3), as TIC e a Internet podem ser a chave para promover a ligação entre o
mundo rural e os centros urbanos, não só através da formação à distância, mas também
através da divulgação, pela Internet, de uma série de iniciativas presenciais, como visitas de
estudo a explorações agrícolas, participação em feiras de divulgação de produtos agrícolas ou
mesmo divulgação de ofertas de emprego no sector agrícola.
Sociedade Portuguesa de Inovação
118
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Público Sénior (Reformados/Idosos)
Para além do público infanto-juvenil, deverá ser ainda considerado um outro grupo
populacional, o dos reformados/idosos, grupo este que deverá ser privilegiado em futuras
iniciativas de e-Learning a desenvolver no sector agrícola nacional.
Considerando o aumento da esperança de vida, e o facto de muitas pessoas anteciparem a
sua reforma, existe um conjunto crescente de pessoas com disponibilidade e com
vontade/necessidade de ocupar o tempo de uma forma produtiva e diferente. Acresce que,
vulgarmente se assiste ao fenómeno da migração de pessoas que trabalharam em centros
urbanos para as suas vilas ou aldeias de origem, onde aproveitam o tempo para se dedicarem
a pequenas iniciativas agrícolas, com particular destaque para a Agricultura Biológica. Para
este público, o e-Learning poderia ser também uma solução, nomeadamente através de
pequenos cursos ou pacotes de conteúdos nos quais estivessem incluídos os conceitos
básicos da prática agrícola.
Este grupo não se inclui nos activos do sector agrícola, uma vez que é composto por um
conjunto de pessoas que se dedica a pequenas produções familiares, muitas vezes de
produtos específicos e de fácil exploração, aliando o desejo de ocupar o tempo livre ao
benefício de poder cultivar produtos para seu próprio consumo. Para este grupo de pessoas
com necessidades específicas de formação, o e-Learning poderá apresentar-se como uma
solução adequada, já que permite a disponibilização de conteúdos de cariz informativo sobre
práticas agrícolas.
4.3
Temáticas a Abordar
Portugal apresenta condições naturais e factores de competitividade para se desenvolver em
importantes fileiras agrícolas, como o vinho, o azeite, o leite, as frutas e os legumes, bem
como os produtos da floresta. No entanto, estas potencialidades são, muitas vezes,
desaproveitadas, devido a bloqueios e problemas que impedem um desenvolvimento
sustentado do sector, sendo muitas das dificuldades transversais a todas as fileiras: fraca
organização do sector e baixa qualificação dos recursos humanos, falta de dimensão da
oferta, deficiente integração com a comercialização, a transformação e com a exportação.
Sociedade Portuguesa de Inovação
119
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Neste contexto, o sector agrícola depara-se com um conjunto de desafios, que podem
transformar-se em oportunidades de desenvolvimento, se os agentes do sector responderem
proactivamente aos mesmos, ou que poderão transformar-se em problemas adicionais, caso
se mantenham os obstáculos que actualmente afectam o sector.
Um destes desafios está ligado às novas exigências dos consumidores: menos tempo
disponível, solicitação de produtos diferenciados, etc. Uma outra vertente que apresenta uma
grande dinâmica é a dos sistemas de certificação e qualificação - estes sistemas podem
assumir várias formas, desde os referentes à qualidade mínima (Segurança Alimentar),
passando por estratégias comerciais de empresas privadas, até sistemas em que existe uma
iniciativa pública de incentivo à diferenciação.
Estas e outras prioridades do sector agrícola deverão ser reflectidas em iniciativas de
formação com características e conteúdo capazes de contribuir para solucionar os problemas
existentes e responder aos novos desafios que se colocam. Neste contexto, destacam-se, no
presente capítulo, três tipos de temáticas a explorar na formação no sector agrícola em
Portugal:
•
Temáticas “clássicas” da agricultura;
•
Temáticas emergentes na agricultura;
•
Temáticas directamente ligadas ao e-Learning.
A exploração das várias temáticas tanto poderá ser feita com recurso à formação tradicional
(em regime presencial), como com recurso ao e-Learning, ou ao b-Learning. Na verdade, a
utilização ou não do e-Learning deverá depender, antes de mais, das características do
público-alvo da formação e dos recursos disponíveis para a implementação da mesma,
nomeadamente os recursos teconólogicos, pelo que se deverão sempre colocar vários
cenários formativos, ponderando qual será o mais adequado de acordo com vários critérios.
4.3.1
Temáticas “Clássicas” da Agricultura
Em primeiro lugar, destacam-se as temáticas consideradas “clássicas” na formação no sector
agrícola. Como se apurou no segundo capítulo deste Estudo, são várias as lacunas formativas
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120
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
no sector agrícola em Portugal: exagerada homogeneização e falta de resposta a
necessidades de formação mais específicas, fraca adesão e desadequação da formação face
às necessidades práticas dos públicos-alvo, formação insatisfatória ao nível de uma actuação
orientada para o mercado, nomeadamente nas áreas da comercialização e marketing, assim
como na área de gestão e administração.
Tendo por base as características do sector, o conhecimento já disponível do que será o
próximo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e as reflexões constantes do
Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural41, propõem-se como grandes áreas,
nas quais seria pertinente apostar, para a melhoria das qualificações dos recursos humanos
do sector agrícola, as seguintes:
•
Gestão de Empresas (Agrícolas);
•
Marketing;
•
Práticas Agrícolas (agricultura biológica, agricultura de precisão, etc.);
•
Higiene e segurança no trabalho;
•
Higiene e segurança alimentar;
•
Protecção ambiental.
4.3.2
Temáticas Emergentes na Agricultura
Adicionalmente às “áreas clássicas” que carecem de reforço ao nível da formação, propõe-se
o tratamento de outras temáticas através da formação, quer presencial quer em e-Learning,
temáticas essas que estão relacionadas com as áreas emergentes no sector agrícola:
41
•
Marketing directo/ Internet Marketing;
•
Gestão da Inovação;
•
Planos de Negócio;
http://www.gppaa.min-agricultura.pt/drural2007-2013/doc/PEN_set06.pdf
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121
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
A formação sobre a temática das TIC é essencial para a criação de condições para a
penetração do e-Learning no sector, como também para permitir a introdução de um conjunto
de processos na produção agrícola e na gestão das explorações. Deverá, assim, ser
desenvolvido um conjunto de acções de formação na utilização das TIC, podendo esta
formação ser realizada em três patamares de acção distintos:
•
Introdução às TIC: incluindo aplicações de escritório (processamento de texto, folhas
de cálculo, etc) e aplicações de comunicação (correio electrónico, navegação na
Internet, etc.);
•
TIC na gestão económica da exploração agrícola: incluindo o recurso a aplicações de
contabilidade e de facturação, de gestão de recursos humanos, de gestão de stocks,
etc.;
•
TIC na gestão da exploração agrícola: incluindo agricultura/zootecnia de precisão,
condicionamento ambiental, gestão da rega, etc.
Ainda dentro das temáticas emergentes na agricultura, deverão considerar-se as temáticas
ligadas ao desenvolvimento de actividades turísticas e artesanais em zonas rurais. A
revitalização das actividades desenvolvidas no espaço rural passa pela capacidade de
rentabilizar melhor os recursos presentes nos territórios, explorando o carácter multifuncional
da actividade agro-florestal e a tradição de pluriactividade associada às explorações. Neste
sentido, o aumento de riqueza e do emprego no sector agrícola passa também pela
conciliação de actividades do sector secundário e terciário, como as turísticas e de lazer, com
as de pequena transformação e comercialização. Para tal, é necessário que os recursos
humanos tenham as competências necessárias para tirar proveito destas oportunidades, pelo
que se sugere também um reforço da formação nas seguintes áreas:
•
Turismo em Espaço Rural:
o Turismo de habitação;
o Turismo rural;
Sociedade Portuguesa de Inovação
122
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
o Agro-turismo;
o Casas de campo;
o Turismo de aldeia.
•
4.3.3
Artesanato (produtos de madeira, metal, cerâmica, têxteis e alimentação).
Temáticas Directamente Ligadas ao e-Learning
A utilização do e-Learning enquanto solução formativa no sector agrícola só é possível se os
agentes ligados à formação reunirem as competências necessárias para tal. Assim, é
essencial que, para além das temáticas acima apresentadas como sendo merecedoras da
realização de acções de formação, seja desencadeado um conjunto de iniciativas,
especificamente dirigidas a agentes de formação do sector, que promovam uma capacitação
do próprio sistema de formação na utilização do e-Learning.
Entre os aspectos a serem abordados existem duas áreas vitais para assegurar o sucesso da
realização de iniciativas desta natureza e que poderão e deverão ser realizadas em ambiente
de e-Learning:
•
Boas práticas na produção de materiais didácticos para cursos de e-Learning;
•
Boas práticas pedagógicas para e-formadores/tutores em e-Learning.
De modo a enquadrar estas acções de formação num esforço global de promoção das TIC e
do e-Learning, deverá também apostar-se na realização de acções de divulgação sobre as
metodologias ligadas ao e-Learning e sobre a utilização das TIC no sector agrícola.
Sociedade Portuguesa de Inovação
123
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 32: Temáticas a abordar ao nível da formação para o sector agrícola
Temáticas a abordar ao nível da formação para o sector agrícola
- Gestão de Empresas (Agrícolas);
- Marketing;
Temáticas “clássicas” da
agricultura
- Práticas Agrícolas (agricultura biológica, agricultura de precisão, etc.);
- Higiene e segurança no trabalho;
- Higiene e segurança alimentar;
- Protecção ambiental.
- Marketing directo/ Internet Marketing;
- Gestão da Inovação;
- Planos de Negócio;
- Tecnologias de Informação e Comunicação;
- Introdução às TIC;
- TIC na gestão económica da exploração agrícola;
Temáticas emergentes na
agricultura
- TIC na gestão da exploração agrícola.
- Turismo em Espaço Rural:
- Turismo de habitação;
- Turismo rural;
- Agro-turismo;
- Casas de campo;
- Turismo de aldeia;
- Artesanato (produtos de madeira, metal, cerâmica, têxteis e alimentação).
Temáticas directamente
- Boas práticas na produção de materiais didácticos para cursos de e-Learning;
ligadas ao e-Learning
- Boas práticas pedagógicas para e-formadores/tutores em e-Learning.
4.4
Tecnologias a Utilizar
Tal como se constatou pela caracterização da utilização das TIC no sector agrícola (ver ponto
1.3), Portugal apresenta algumas limitações no que diz respeito às condições necessárias
para uma utilização alargada das tecnologias. Por um lado, existem ainda algumas limitações
na utilização do computador e no acesso à Internet; por outro lado, o baixo nível de formação
dos recursos humanos faz com que, a maioria das pessoas ligadas ao sector agrícola detenha
poucas competências para utilizar as ferramentas de e-Learning.
Sociedade Portuguesa de Inovação
124
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A implementação de iniciativas de e-Learning e das respectivas soluções tecnológicas num
determinado contexto, deverá partir de uma análise destes factores (existência de
computadores e acesso à Internet, competências e características dos destinatários, etc.), de
modo a permitir a adopção de soluções acessíveis para os utilizadores e ultrapassar os
obstáculos que existam ao nível tecnológico.
Tal como foi demonstrado em diversos estudos de caso internacionais (ver capítulo 3), muitas
vezes o êxito das iniciativas de e-Learning não está directamente relacionado com o grau de
complexidade das soluções tecnológicas adoptadas, mas sim com a utilização que se faz das
ferramentas disponíveis. Tal significa também que, em muitos casos, não serão necessários
avultados investimentos em soluções tecnológicas, mas sim e, acima de tudo, a capacidade
de colocar os utilizadores a comunicar e a partilhar conhecimento, utilizando ferramentas que
lhes sejam acessíveis em contextos que lhes sejam familiares.
Com base nestas premissas, apresenta-se seguidamente um conjunto de reflexões e
orientações sobre as características das soluções tecnológicas a adoptar para a
implementação do e-Learning no sector agrícola a nível nacional. Partindo-se da
caracterização da solução mais utilizada em e-Learning, o LMS, ou plataforma de e-Learning,
são exploradas as características dos ambientes de aprendizagem criados através das
plataformas, assim como as ferramentas que poderão ser utilizadas, sendo posteriormente
referidas outras soluções para além dos LMS.
4.4.1
Plataformas de e-Learning
O software mais amplamente utilizado para o desenvolvimento de projectos de e-Learning
denomina-se LMS ou plataforma de e-Learning (ver ponto 1.1). Actualmente, existem
inúmeras plataformas disponíveis, a nível nacional e internacional, quer em regime comercial
(plataformas desenvolvidas e comercializadas por empresas), quer com base em software
open source (plataformas cujo código é aberto e que podem ser utilizadas e modificadas
livremente, sem custos para a instituição que as utiliza).
A escolha de uma plataforma de e-Learning é um processo que deve envolver vários actores e
contemplar várias fases, desde a definição das necessidades da instituição no que diz respeito
Sociedade Portuguesa de Inovação
125
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
às funcionalidades desejáveis da plataforma, passando pelo levantamento de informações
sobre a oferta disponível, até à elaboração de critérios para a escolha da plataforma, entre
outras. Trata-se de um processo que conduzi a conclusões diversas de instituição para
instituição, pelo que, à partida, não se poderá referir que existe uma plataforma de e-Learning
ideal.
Acima de tudo, é importante que a plataforma inclua ferramentas que permitam acompanhar a
evolução da comunidade de aprendizagem, respondendo às suas necessidades, sem
confundir os utilizadores e sem se tornar um obstáculo por ser de difícil utilização. A prioridade
deverá ser a criação de um ambiente de e-Learning no qual a aprendizagem seja respeitada, o
conhecimento seja partilhado e a participação dos intervenientes sejam orientados na
perspectiva de que todos têm um papel activo na aprendizagem e são fonte de conhecimento.
Ferramentas integradas nas plataformas de e-Learning
Do vasto conjunto de ferramentas que actualmente se pode integrar numa plataforma de eLearning, salientam-se, na Tabela seguinte, algumas que apresentam importantes
características para o fomento do trabalho em e-Learning.
Tabela 33: Ferramentas para o trabalho em e-Learning
Ferramentas para o trabalho em e-Learning
Blocos de notas
Ferramentas de publicação
pessoal
Permitem ao utilizador copiar citações, desenvolver ideias e juntar partes
relevantes de conteúdos de documentos e fóruns
Permitem ao utilizador publicar e partilhar com os restantes utilizadores
informação produzida por si. Ex: Blogs
Ferramentas de co-autoria e
Permitem o desenvolvimento conjunto de documentos à distância, podendo cada
gestão colaborativa de
utilizador editar o trabalho desenvolvido e diponibilizá-lo para que este seja
conteúdos
editado pelos restantes utilizadores. Ex: Wikis
Fóruns de discussão e
Ferramentas clássicas de comunicação assíncrona. São particularmente
quadros de mensagens
adequados para a discussão de assuntos e colaboração à distância sobre tópicos
específicos
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126
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 33: Ferramentas para o trabalho em e-Learning
Ferramentas para o trabalho em e-Learning
Ferramentas de gestão
Permitem aos membros disponibilizar e organizar várias versões de documentos
documental
de todos os tipos
Hypertrails
Consistem num “percurso” de hyperlinks, que relacionam partes diferentes dos
conteúdos, notícias e documentos diversos
Ferramentas de procura e
navegação
Mapas do Site
Permitem a pesquisa de textos e palavras em todo o tipo de conteúdos, incluindo
fóruns e wikis. Ex. Motores de pesquisa
Permitem efectuar uma navegação “visual”, sendo para muitas pessoas bastante
mais fácil do que a navegação baseada em texto
Perfis dos membros e
Permitem a organização e disponibilização dos dados dos participantes,
directórios
possibilitando, por exemplo encontrar pessoas com os mesmos interesses ou da
mesma área geográfica
Calendário
Permite rever, acrescentar e editar eventos, aspectos importantes e
compromissos
Indicadores de presença
Permitem mostrar quais os membros da comunidade que estão online e com os
quais se pode comunicar. Ex: Ferramenta “quem está online”
Permitem comunicar de forma síncrona, com feedback imediato, potenciando a
Envio de mensagens
interacção entre os participantes e sendo particularmente úteis na resolução de
instantâneas e chat
questões que, em comunicação assíncrona (ex: por e-mail) poderiam demorar
muito tempo a resolver
Áreas de trabalho
Permitem às equipas de trabalho organizar-se em torno de projectos e coordenar
a colaboração entre os utilizadores
Ferramentas para a
identificação e organização
de perspectivas
Notificações
Permitem aos participantes manifestarem a sua opinião sobre vários aspectos. Ex:
Sistemas de votação, sondagens, questionários, avaliação de conteúdos, etc.
Permitem o envio de avisos da publicação de novos eventos, conteúdos,
mensagens nos fóruns, etc., de acordo com o interesse de cada utilizador
Permitem a gestão de utilizadores (criação de contas de utilizadores e definição
Ferramentas para a gestão
do tipo de acesso/privilégios de cada um); gestão de estatísticas (analise da
das comunidades
presença dos utilizadores e utilização que fazem de cada uma das ferramentas da
plataforma); e arquivo de informação para utilização futura
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127
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
4.4.2
Outras Soluções Tecnológicas
Para além das plataformas de e-Learning,
Website: conjunto de páginas Web, isto é, de hipertextos
outras soluções poderão ser adoptadas
acessíveis geralmente pelo protocolo HTTP na Internet. O
para implementação de iniciativas de e-
conjunto de todos os sites públicos existentes compõem a
Learning. Citam-se, como exemplos, os
websites e os portais que, embora não
reunindo o conjunto de ferramentas
normalmente
disponíveis
nos
World Wide Web. As páginas num site são organizadas a
partir de um URL básico, onde fica a página principal, e
geralmente residem no mesmo directório de um servidor.
Portal: site na internet que funciona como centro aglomerador
LMS,
e distribuidor de tráfego para uma série de outros sites ou
poderão constituir soluções viáveis para
subsites dentro e fora do domínio ou subdomínio da
alguns contextos formativos, com a
instituição gestora do portal. Na sua estrutura mais comum,
os portais incluem um motor de busca, um conjunto, por
vantagem de serem geralmente menos
vezes considerável, de áreas subordinadas com conteúdos
complexos ao nível da administração e,
próprios, uma área de notícias, um ou mais fóruns e outros
muitas vezes, menos dispendiosos.
serviços de geração de comunidades e um directório,
podendo incluir ainda outros tipos de conteúdos.
O Projecto Infofarm, apresentado no ponto 3.2.2 deste Estudo, constitui um exemplo da
criação de um portal online com o objectivo de apoiar a utilização das TIC na formação e de
fomentar o intercâmbio de recursos pedagógicos entre as escolas participantes. Este portal,
embora não tenha sido concebido com o intuito de ser um LMS, permitiu às escolas
participantes no projecto partilharem informações e recursos, incluindo também diversas
outras funcionalidades (como a secção de emprego) que contribuiram para dinamizar a sua
utilização.
Este tipo de solução poderá ser aplicado com sucesso em iniciativas de e-Learning no sector
agrícola nacional. Em geral, a navegação em websites e portais é menos complexa do que
utilização de um LMS, sendo estes espaços abertos a vários tipos de utilizadores e podendo
permitir a comunicação entre eles, o intercâmbio de informações e a disponibilização de
conteúdos. A utilização de portais e websites não deverá substituir os LMS, mas antes conferir
uma perspectiva mais abrangente ao conceito de e-Learning, que não passa somente pela
frequência de cursos de formação com programa e duração definidos rigorosamente, mas
também, por exemplo, pela constituição e partilha de conhecimento a nível informal e pelo
estabelecimento de redes de comunicação entre diversos actores.
Sociedade Portuguesa de Inovação
128
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
4.5
Conteúdos a Desenvolver
Os conteúdos pedagógicos são um elemento central da formação em e-Learning. Na maioria
das práticas de e-Learning, principalmente naquelas em que o formando desenvolve o seu
percurso de aprendizagem de forma autónoma, é através da consulta e interacção com os
conteúdos que este leva a cabo a aprendizagem. Tal não significa, no entanto que, para a
implementação de uma iniciativa de e-Learning, sejam necessários conteúdos com um nível
de complexidade muito elevado, mas sim que estes devem servir as necessidades dos
destinatários.
Seguidamente são descritos alguns aspectos que deverão ser tomados em consideração
antes e durante a elaboração de conteúdos de e-Learning no contexto da implementação de
iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional.
4.5.1
Aspectos a Considerar Previamente à Elaboração dos Conteúdos
O desenvolvimento de conteúdos para uma iniciativa de e-Learning deverá ser precedido de
um conjunto de passos que permitam uma definição rigorosa das suas características. Através
deste processo, é possível reunir as informações necessárias e planificar o desenvolvimento
de conteúdos que sejam adequados aos destinatários da formação (às suas características e
necessidades) e às tecnologias e ferramentas disponíveis.
Assim, em primeiro lugar, é necessário efectuar uma caracterização dos destinatários da
iniciativa de e-Learning a realizar. Esta caracterização deverá considerar vários aspectos,
desde o nível de instrução dos destinatários, passando pela sua situação profissional,
conhecimentos de TIC, até ao grau de utilização do computador e da Internet, entre outros. A
título de exemplo, no contexto do sector agrícola português, o resultado desta caracterização
iria, desde logo, revelar que, provavelmente os conteúdos a desenvolver para um grupo de
técnicos têm características diferentes dos que deverão ser desenvolvidos para um grupo de
agricultores.
Sociedade Portuguesa de Inovação
129
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Paralelamente à caracterização dos destinatários da formação, é necessário identificar os
recursos disponíveis para a elaboração dos mesmos. A identificação dos recursos
disponíveis inclui:
• Recursos humanos: formadores, técnicos de formação e tutores; especialistas em
desenvolvimento de conteúdos e recursos pedagógicos; especialistas na área
informática: software, webdesign, multimédia, TIC, etc.
• Recursos tecnológicos: plataforma de e-Learning ou outro software para a
disponibilização dos conteúdos; software para o desenvolvimento de conteúdos;
ferramentas a integrar com os conteúdos;
• Recursos financeiros: investimento a realizar na contratação de serviços, aquisição
de software e aquisição outros materiais necessários ao desenvolvimento dos
conteúdos.
Uma vez caracterizados os destinatários e identificados os recursos disponíveis, é possível
tomar as opções necessárias relativamente a uma série de características dos conteúdos:
•
Requisitos técnicos de acesso: determinação dos requisitos mínimos que serão
necessários aos utilizadores para a navegação pelos conteúdos (ex: sistema
operativo, periféricos, ligação à Internet e velocidade mínima, instalação de plug-ins,
etc.). A título de exemplo, no caso da concepção de um curso para um grupo de
agricultores com escasso contacto com TIC e, eventualmente, sem acesso, na sua
casa, a computador e ligação à Internet, será importante que os conteúdos sejam
desenvolvidos de forma a que os participantes possam aceder aos mesmos a partir de
qualquer computador público. Por outro lado, será importante desenvolver conteúdos
que não constituam ficheiros muito pesados (com imagens muito pesadas, clips de
vídeo e som muito extensos) e que possam ser abertos e visualizados sem
necessidade da instalação de plug-ins ou de outros programa adicionais (dado que,
em muitos computadores públicos encontra-se vedada a possibilidade de instalação
de qualquer tipo de aplicações);
•
Temas e informação: a definição do tema a abordar nos conteúdos deverá resultar
de um processo prévio de diagnóstico de necessidades de formação, que permita
Sociedade Portuguesa de Inovação
130
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
identificar as lacunas existentes ao nível dos conhecimentos e das competências dos
destinatários. No entanto, a informação recolhida através da caracterização dos
destinatários poderá contribuir para uma determinação mais precisa da informação
que deverá ser incluída nos conteúdos e da forma como esta se deverá encontrar
estruturada;
•
Metodologia de ensino/aprendizagem: definição da metodologia que irá enquadrar a
utilização dos conteúdos. A título de exemplo, os conteúdos poderão ser
desenvolvidos com a finalidade de serem utilizados em regime de auto-estudo ou com
a finalidade de serem explorados colaborativamente por um grupo de formandos.
Figura 22: Definição de características dos conteúdos previamente à sua elaboração
CARACTERIZAÇÃO DOS DESTINATÁRIOS
IDENTIFICAÇÃO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS
Requisitos técnicos de acesso
Temas e informação
Metodologia de ensino/aprendizagem
4.5.2
Aspectos a Considerar Durante a Elaboração dos Conteúdos
Na sequência da definição dos aspectos citados anteriormente, deverão ser elaborados os
conteúdos de e-Learning, contendo as características consideradas mais adequadas de
acordo com as necessidades dos destinatários e com as tecnologias e ferramentas
disponíveis. Muito embora os conteúdos possam ter características muito diversas, devem ser
considerados alguns aspectos ao nível do design pedagógico e organização visual dos
mesmos, de modo a que sejam de fácil consulta e utilização para os destinatários.
Sociedade Portuguesa de Inovação
131
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 34:Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning
Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning
Informação concisa
Pirâmide inversa
A Informação deve focar os pontos essenciais para facilitar a leitura online
Os conteúdos devem ser apresentados partindo de um pequeno sumário da
informação e expandindo sucessivamente para maior detalhe
Conceitos importantes
Os conceitos mais importantes devem ser salientados com a utilização de
listas de conceitos-chave, parágrafos, cabeçalhos, estilo “negrito”, etc.
Hierarquia visual
Proporção equilibrada
As páginas devem obedecer a uma hierarquia visual lógica e previsível
Os vários elementos que compõem a apresentação devem ter uma proporção
equilibrada entre si
Gráficos, imagens e/ou
animações
Sempre que seja relevante para a mensagem que se pretende transmitir, os
textos devem ser complementados com gráficos, imagens e/ou animações
A largura dos blocos de texto deve permitir ao utilizador ler uma linha completa
Largura dos blocos de texto
sem necessitar de mover a cabeça e sem grandes movimentos laterais dos
olhos. O texto deve ocupar a zona central do ecrã, que é menos sujeita a
distorção e é melhor iluminada
Comprimento das páginas
As páginas de conteúdos não devem ser muito longas, de forma a facilitar a
legibilidade
Deve existir uma distinção entre os vários componentes de uma página,
Tipografia
através da utilização de fontes e/ou tamanhos de letra diferenciados para:
títulos, subtítulos, ligações, blocos de texto, etc.
Organização visual dos
Devem ser colocados no topo da página os elementos especiais (tais como
elementos
barras de navegação, títulos, subtítulos, etc.) de forma a facilitar a navegação
Os conteúdos devem apresentar uma forte consistência: deve ser mantido um
estilo de organização, de texto e de gráficos/imagens constante; devem ser
Consistência
utilizados elementos de reforço à consistência dos conteúdos, tais como
numeração das páginas, nome do módulo presente em todas as páginas,
indicador de progresso na unidade, etc.
Estabilidade funcional
Deve ser assegurado que todos os componentes da página funcionam e que
todas as ligações conduzem ao destino desejado
Navegação
Os conteúdos devem ter ícones consistentes e claros, esquemas gráficos e
sumários que permitam uma visão geral do site e uma fácil navegação
Sociedade Portuguesa de Inovação
132
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 34:Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning
Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning
Acesso rápido a páginas
Os utilizadores devem conseguir regressar facilmente à página inicial e aceder
importantes
a outras páginas importantes dos conteúdos, a partir de qualquer outra página
Os dispositivos de navegação (ex: botões, numeração das páginas) devem
Dispositivos de navegação
estar na mesma posição em todas as páginas e deve haver navegação
redundante: mais de uma forma de navegação para chegar ao mesmo local
Reprodução de vídeo e
áudio
Deve ser assegurado que os utilizadores controlam a reprodução de vídeo e
áudio
Deve ser desenvolvido material de apoio para todos os utilizadores que
utilizam os conteúdos (formandos, formadores, tutores, etc.). Este material
Produzir material de apoio
pode consistir, por exemplo, num “Manual de utilização dos conteúdos” e
deverá conter informações sobre a navegação e interacção com os conteúdos,
requisitos técnicos, temas abordados nos conteúdos, etc.
Para além da observância das regras de design pedagógico, na elaboração de conteúdos de
e-Learning, é importante que estes estimulem a motivação dos formandos. A utilização do eLearning como solução formativa está, muitas vezes, relacionada com o elevado grau de
autonomia dos formandos, dando-lhes a possibilidade, por exemplo, de frequentar cursos em
regime de auto-estudo, praticamente sem interacção com outros formandos ou com
formadores. Neste contexto, os conteúdos deverão ter um conjunto de características que os
tornem mais atractivos para os utilizadores e que são apresentadas na Tabela seguinte:
Tabela 35: Características dos conteúdos que contribuem para motivação dos formandos
Características dos conteúdos que contribuem para a motivação dos formandos
Entretenimento
A fim de fomentar a relação lúdico-pedagógica com os formandos pode-se:
Estímulo dos sentidos com
- Incluir um design de fundo apelativo (sem desviar a atenção da mensagem);
uma finalidade pedagógica,
- Utilizar imagens apelativas, fotografias, animações (úteis e pertinentes);
de modo a que estudar/
informar-se tenha um cariz
lúdico
- Incluir pequenos clips de som (com abordagem directa ao formando) e vídeo;
- Recorrer a histórias ou temas com desenvolvimentos progressivos (por
exemplo “caça ao tesouro” ou “mistério”).
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133
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 35: Características dos conteúdos que contribuem para motivação dos formandos
Características dos conteúdos que contribuem para a motivação dos formandos
Interacção
Criação
de
requeiram
pontos
a
A fim de fomentar a intervenção activa dos formandos pode-se:
que
intervenção
activa do formado
- Introduzir exercícios nos quais os formandos necessitam de obter resultado
positivo para avançar nos conteúdos;
- Utilização botões de navegação “clicar para avançar”.
Controlo por parte do
Deve ser dada ao formando a possibilidade de “gerir” o seu percurso de
formando
Possibilidade de o formando
aprendizagem, por exemplo:
traçar o seu percurso de
- Permitindo aceder aos conteúdos sempre e durante o tempo desejado;
aprendizagem, fazendo com
- Criando formas de aceder às diversas partes do curso;
que este se sinta mais
- Disponibilizando acesso imediato aos resultados dos exercícios.
responsabilizado e motivado
Usabilidade
A usabilidade dos conteúdos deve ser garantida através da:
Criação de um ambiente de
aprendizagem
o
- Disponibilização de dispositivos de suporte (FAQ, ajudas, etc.);
mais
intuitivo possível
- Coerência ao nível do design instrucional, de forma a que haja referências
constantes através das quais o formando se possa orientar ao longo do curso.
Customização
A customização por parte do formando pode ser possível através da:
Possibilidade de o formando
customizar alguns aspectos
do curso consoante a sua
- Selecção das partes do curso que lhe interessam particularmente;
- Selecção do tipo de avaliação que prefere;
preferência
- Selecção do aspecto gráfico do ambiente de aprendizagem.
4.6
Métodos Pedagógicos a Utilizar
O processo de ensino/aprendizagem, em qualquer modalidade de formação, depende de
inúmeros factores. Um dos factores cruciais é a escolha dos métodos pedagógicos. Os
métodos pedagógicos adoptados em contexto de formação constituem importantes
facilitadores da aprendizagem, sendo através destes que o “processo atencional” se
desenvolve e o formando apreende e compreende melhor a informação que o formador
pretende transmitir.
Sociedade Portuguesa de Inovação
134
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Seguidamente é efectuada uma caracterização dos métodos pedagógicos utilizados na
formação, com referência às técnicas utilizadas para a aplicação dos mesmos, sendo depois
referidos os métodos considerados mais adequados em contexto de e-Learning.
4.6.1
Caracterização dos Métodos Pedagógicos
O método pedagógico é o conjunto de princípios que orientam a maneira de conceber a
formação no que respeita à relação formador/formando e à abordagem do conhecimento.
Estes princípios possibilitam o alcance de um determinado objectivo concreto predefinido para
a situação de formação e concretiza-se com recurso a técnicas, procedimentos e materiais
adequados. Método significa, neste contexto, caminho, percurso destinado a desenvolver nas
pessoas a capacidade de aprender novos conhecimentos, modificar atitudes e/ou
comportamentos.
A escolha de métodos mais ou menos activos tem uma enorme importância no processo
formativo, condicionando o impacto que os programas têm nos formandos. De facto, os
métodos pedagógicos constituem instrumentos que permitem aos formadores desenvolver o
processo formativo e obter os resultados pretendidos (objectivos da formação), de acordo com
os conteúdos a transmitir e as características dos públicos-alvo.
Tradicionalmente, os métodos pedagógicos são classificados em quatro categorias:
•
Expositivo;
•
Interrogativo;
•
Demonstrativo;
•
Activo/Interactivo.
Método Expositivo
O método expositivo consiste na transmissão de um determinado saber, através da exposição
de todo o seu conteúdo, tendo os formandos a possibilidade de colocar questões após a
Sociedade Portuguesa de Inovação
135
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
“comunicação” da informação. Com este método, a participação dos formandos é diminuta,
limitando-se estes a ouvir e receber as informações que lhes são transmitidas. Trata-se de
uma comunicação descendente, que não envolve qualquer mudança ao nível de opiniões ou
atitudes. Este método não deve ser utilizado em regime de exclusividade, em especial na
formação de adultos, onde se pretende reinventar o saber e promover a criatividade, reflexão e
investigação, o que implica que o formador não desenvolva uma concepção rígida na
utilização dos métodos ao seu dispor.
O método expositivo pode e deve ser utilizado como ferramenta para a introdução de um
tema, com o objectivo de despertar o interesse dos formandos para um assunto, divulgar
informações, factos ou conceitos, ou para fornecer directrizes para a realização de tarefas
orientadas por outros métodos. Trata-se de um método muito utilizado no ensino tradicional,
onde a comunicação se processa de modo unilateral.
Tabela 36: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Expositivo
MÉTODO EXPOSITIVO
Principais Vantagens
Principais Inconvenientes
Aplicável à maioria dos conteúdos, pois favorece a
Provoca maior distanciamento entre o formador e os
aprendizagem de uma grande variedade de conceitos
formandos, uma vez que a aplicação deste método está
e raciocínios
ligada com a capacidade de comunicação do formador
Pode provocar a desmotivação dos formandos, uma vez
Permite a transmissão de grandes quantidades de
que a transmissão de grande quantidade de informação
informação em espaços de tempo relativamente curtos
sem fomento da iniciativa dos formandos gera uma
redução do investimento no processo de aprendizagem
Pode dificultar a transferência do que é aprendido para
Constitui um método eficaz para grandes audiências e
novas situações. Nem sempre é fácil proporcionar uma
com todos os públicos
vivência real, pelo que a sessão se afasta muitas vezes
das situações concretas e experiências dos formandos
Adequa-se a contextos de formação onde o material
pedagógico seja escasso
Não favorece o controlo por parte do formando da sua
própria aprendizagem e, consequentemente, dificulta a
avaliação da eficácia da formação
Sociedade Portuguesa de Inovação
136
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Método Interrogativo
O método interrogativo assenta num conjunto de perguntas, procurando levar o formando a
descobrir novos conhecimentos através da reflexão e do raciocínio. O formador é o elemento
condutor de um processo de pergunta-resposta, em que os próprios formandos direccionam o
desenvolvimento das questões e problemas colocados.
Este método requer que o formando seja um participante activo e deve, por isso, favorecer o
desenvolvimento das suas próprias potencialidades ao nível das capacidades interrogativas.
Tabela 37: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Interrogativo
MÉTODO INTERROGATIVO
Principais Vantagens
Principais Inconvenientes
Não garante a aquisição do conhecimento nem a
Permite desenvolver a iniciativa e a motivação dos
descoberta dos processos cognitivos. Toda a
formandos, assentando num processo de descoberta
iniciativa é do formador, mesmo a estrutura do
raciocínio é imposta por ele
Permite a participação individual e em grupo, estimulando
Dificulta o controlo e as avaliações individuais no
a interacção entre os diferentes elementos
grupo, não sendo compatível com grupos numerosos
Potencia as capacidades de atenção, expressão e
O grupo acomoda-se facilmente, sendo reduzida a
escuta, favorecendo a assimilação dos conhecimentos
dinâmica de grupo
Desenvolve a capacidade crítica, de argumentação e o
pensamento independente de quem aprende
Pode despoletar conflitos no grupo de formação,
podendo constituir um factor de inibição à
participação individual dos formandos
Método Demonstrativo
O método demonstrativo visa essencialmente desenvolver o “Saber-Fazer” dos formandos. O
formador detém e transmite os conhecimentos, explicando e demonstrando aos formandos
como fazer. Consiste numa forma estruturada de ensinar a executar uma tarefa através de
uma demonstração.
Este método permite a transposição dos temas apresentados no plano verbal e de forma
expositiva, para o plano real.
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137
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
O formador interage com os formandos da seguinte forma:
•
1º Faz o formador, com a rapidez natural;
•
2º Faz o formador, novamente, mais lentamente e explicitando cada passo;
•
3º Fazem o formador e formandos simultaneamente;
•
4º Fazem os formandos sozinhos, sempre supervisionados pelo formador.
Tabela 38: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Demonstrativo
MÉTODO DEMONSTRATIVO
Principais Vantagens
Permite a transmissão de conhecimentos teóricos, bem
como a sua aplicação prática, promovendo ainda o
desenvolvimento de aptidões psicomotoras
Principais Inconvenientes
Implica um número reduzido de formandos (máximo
15)
A aprendizagem é individualizada e permite a correcção
Exige disponibilidade de tempo, materiais e espaço
imediata dos erros facilitando o processo de avaliação
físico
Desenvolve a atenção e favorece a interacção no grupo
(cooperação e diálogo)
Poderá apelar pouco à criatividade, dado não ter em
consideração a personalidade do formando que
executa a actividade
Assentando em actividades práticas é bastante motivador
Exige, por parte do formador, preparação teórica do
e adaptável a diferentes realidades
tema e um bom domínio sobre o mesmo
Método Activo/Interactivo
O método activo/interactivo baseia-se, fundamentalmente, na utilização de técnicas que
promovam a actividade do formando. O formando é um agente voluntário e activo no processo
de aprendizagem, sendo-lhe permitido descobrir e experimentar as situações. Através da
tentativa/erro, o formando descobre novas informações, atribui-lhes significado, facilitando,
assim, a sua memorização e apreensão. Este método procura desenvolver uma maior
autonomia e responsabilização do formando no seu processo de aprendizagem.
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138
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Tabela 39: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Activo/Interactivo
MÉTODO ACTIVO/INTERACTIVO
Principais Vantagens
Desenvolve a autonomia dos formandos e a sua
participação no processo de ensino/aprendizagem,
aumentando o interesse e a motivação
Principais Inconvenientes
Exige ao formador alguns cuidados na preparação,
em especial quanto às formas de controlo do tempo
Desenvolve a interacção e coesão no grupo, estimulando
É de difícil avaliação porque a construção do
ainda o relacionamento formador/formando
conhecimento assenta no formando
Permite a troca de experiências entre os elementos do
grupo
Não se torna adequado em grupos muito numerosos
Oportunidade de todos intervirem e participarem
Exige flexibilidade e adaptabilidade por parte do
activamente
formador para contornar situações imprevisíveis
Associadas à escolha do método pedagógico, estão as técnicas pedagógicas, que se
traduzem num conjunto de acções, procedimentos e atitudes que o formador adopta, definidas
a partir do método escolhido, com a finalidade de promover a aquisição de conhecimentos
pelos formandos. É a utilização das diferentes técnicas que permite que seja posto em prática
o método pedagógico escolhido. As técnicas pedagógicas mais comuns são:
•
Colóquio – reunião de “peritos” que conversam entre si. Os formandos participam como observadores
ou ouvintes;
•
Conferência – exposição e debate de um tema entre profissionais;
•
TWI – Training within Industry – o formando é colocado perante uma situação concreta, devendo
executar a tarefa e em simultâneo explicar passo a passo a execução. O formador intervém corrigindo
os erros que entretanto possam surgir;
•
Técnica das perguntas – permite estimular e/ou moderar uma discussão, permitindo descobrir fontes de
informação e fundamento de opiniões, conduzindo muitas vezes à ponderação de ideias, decisões ou
acções;
Sociedade Portuguesa de Inovação
139
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Brainstorming – consiste numa “tempestade de ideias” em que o formador assume o papel de
motivador do grupo, estimulado a criatividade dos formandos na obtenção de maior número de
soluções criativas para um problema ou situação-problema, num determinado período de tempo,
promovendo dessa forma o aparecimento de ideias novas que possam facilitar a resolução do
problema;
•
Jogos Pedagógicos – consistem num conjunto de actividades com o objectivo de envolver todos os
formandos a nível cognitivo, motor e afectivo. Podem ser utilizados como forma de desenvolver uma
competência específica, ou como forma de motivar o grupo, criando um momento de descontracção,
permitindo a reorientação da atenção do grupo;
•
Role-playing (Jogo de papéis) - consiste numa representação dramática de uma situação da vida real,
de forma a potenciar o desenvolvimento de competências activas em contextos reais;
•
Estudos de caso – tem como objectivos desenvolver a capacidade de análise e de expressão, através
do estudo de casos reais que representam situações complexas ao nível profissional ou pessoal;
•
Autoscopia – traduz-se num processo de auto-observação que permite ao formando tomar consciência
dos seus pontos fortes e fracos, de forma a que possa ter consciência dos aspectos a evitar, a adquirir
e a melhorar na sua performance;
•
Técnica de quebra-gelo – consiste num conjunto de actividades que visam promover o conhecimento
entre os participantes, criando um ambiente empático e favorável à aprendizagem e troca de
experiências;
•
Técnica Phillips 6.6 – pretende-se promover o trabalho de grupo, subdividindo os elementos de um
grupo grande em pequenos grupos (6 pessoas) que, sem se preocuparem com a apresentação de uma
solução, dispõe de 6 minutos para debater um determinado tema;
•
Técnica do gira-gira – é uma técnica de animação, em que os formandos estão repartidos em grupos de
4 a 6 pessoas para debate de um tema específico. De 10 em 10 minutos um dos elementos de cada
grupo é convidado a abandonar o seu grupo e a juntar-se a outro, continuando o debate em pequenos
grupos.
Sociedade Portuguesa de Inovação
140
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Figura 23: Técnicas mais adequadas aos Métodos
Métodos
Técnicas mais
adequadas
Método Expositivo
Transmissão de um determinado saber,
através da exposição de todo o seu
conteúdo ao formando
Colóquio
Conferencia
Estudos de Caso
Método Interrogativo
Conjunto de perguntas procurando levar o
formando a descobrir novos
conhecimentos através da reflexão e do
raciocínio
Técnica das Perguntas
Método Demonstrativo
Transmissão de conhecimentos através da
demonstração. O formador explica e
demonstra aos formandos como fazer
TWI – Training Within Industry
Estudos de Caso
Método Activo/Interrogativo
O formando é o agente voluntário e activo
do processo de aprendizagem, sendo que
lhe é permitido descobrir e experimentar
as situações através da tentativa/erro
Quebra-Gelo
TWI – Training Within Industry
Brainstorming
Jogos Pedagógicos
Role-Playing
Autoscopia
Estudos de Caso
Philips 6:6
Gira-Gira
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141
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A escolha dos métodos e das técnicas pedagógicas, enquanto ferramentas indutoras e
facilitadora de processos de aprendizagem, deve ainda ter em consideração as diferentes
áreas do saber:
•
Saber-Saber (área do conhecimento) – abrange os conhecimentos gerais ou
específicos, relativos a uma determinada área do saber, geralmente designados por
conhecimentos teóricos;
•
Saber-Fazer (área psicomotora) – caracteriza-se por um conjunto de actividades
práticas, geralmente associadas à operacionalização dos saberes técnicos,
tecnológicos ou científicos;
•
Saber-Ser ou Estar (área comportamental) – caracteriza-se por um conjunto de
competências sociais e relacionais (atitudes e comportamentos) necessárias ao
exercício de uma determinada função.
4.6.2
Utilização dos Métodos Pedagógicos em e-Learning
A escolha dos métodos pedagógicos a utilizar nas iniciativas de e-Learning no sector agrícola
português, deve ter em consideração as características dos seus recursos humanos, da
utilização das TIC e da oferta formativa. Neste contexto, e apesar de cada iniciativa deve ser
concebida e planeada de forma individualizada, há um conjunto de motivos que aponta como
aconselhável a promoção, implementação e desenvolvimento de iniciativas de formação em
regime de b-Learning.
O b-Learning permite conciliar as vantagens da formação presencial com as potencialidades
da formação à distância: por um lado, utiliza a vertente presencial da formação para a
familiarização dos formandos com as ferramentas a utilizar, para a realização de trabalhos de
cariz prático e para o fortalecimento das relações entre os intervenientes; por outro lado,
mantém a flexibilidade da formação à distância, no que diz respeito à autonomia do formando
no acesso à formação e na gestão do seu percurso de aprendizagem. Esta conciliação de
vertentes pode assegurar uma maior motivação dos formandos, assim como uma introdução
Sociedade Portuguesa de Inovação
142
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
mais facilitada das ferramentas da formação à distância, que podem ser testadas pelos
formandos na vertente presencial.
Independentemente de se optar por um regime de e-Learning ou b-Learning, é de todo
aconselhável que, quer nos momentos de formação presencial (quando existam), quer nos
momentos de formação a distância, sejam privilegiados os métodos demonstrativo e
activo/interactivo, com recursos às técnicas que se adeqúem com os seus objectivos,
centrando o processo de aprendizagem no formando. Desse modo, e porque haverá sempre a
necessidade e recorrer à exposição de conteúdos, será possível proporcionar aos formandos a
aquisição de conhecimentos práticos que facilitem o desenvolvimento de competências
específicas no domínio do saber-fazer, quebrando a necessária exposição de conteúdos.
Os métodos demonstrativo e activo são centrados no formando enquanto elemento
fundamental do processo de aprendizagem, uma vez que apelam e privilegiam a sua
participação e envolvimento e, em simultâneo, promovem uma maior autonomia e
responsabilização pela aprendizagem. Por outro lado, a aplicação destes métodos em
formação de adultos favorece o desenvolvimento de uma relação formador-formandos e
formandos-formandos mais estimulante e coesa, fomentando a troca de experiências e
vivências entre os elementos de um grupo de formação, com as vantagens que daí advém
para o processo de aprendizagem.
A utilização destes métodos formativos vai ao encontro da perspectiva construtivista e de
trabalho colaborativo, presente em algumas Boas Práticas de e-Learning citadas (ver capítulo
3) e que se deverá ser incentivada na implementação das iniciativas de e-Learning no sector
agrícola em Portugal.
No entanto, não se deverá marginalizar a utilização de outros métodos pedagógicos que
apresentam, em determinados contextos formativos, mais vantagens do que os métodos
demonstrativo e activo/interactivo. O recurso ao método interrogativo, por exemplo,
apresenta-se como uma excelente opção no âmbito da avaliação de pré-requisitos do grupo
quanto a conhecimentos, competências ou comportamentos (avaliação diagnóstica inicial). Já
o recurso ao método expositivo será a opção mais adequada sempre que, no processo de
aprendizagem, seja necessária a transmissão de conteúdos de cariz teórico e/ou informativo,
que mais tarde sejam alvo de outro tipo de tratamento.
Sociedade Portuguesa de Inovação
143
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
4.7
Características e Competências dos Actores a Envolver
A implementação de uma estratégia de e-Learning no sector agrícola português deverá
envolver diversos actores e instituições, num trabalho conjunto, no âmbito do qual se promova
a criação de parcerias, permitindo assim rentabilizar recursos e competências e aumentar a
qualidade e abrangência da oferta formativa. A identificação e caracterização dos vários
intervenientes neste processo, apresentada seguidamente, distingue por um lado, os actores –
pessoas com determinado perfil profissional, que devem ser envolvidas nos momentos chave
do ciclo formativo – e, por outro lado, as instituições, que devem estar ligadas a esta temática
e envolvidas no processo formativo, em diferentes níveis.
4.7.1
Actores a Envolver no Processo Formativo
A promoção de iniciativas de e-Learning requer a intervenção de um conjunto de profissionais
especializados, que garantam a realização de diversas actividades e tarefas necessárias à
implementação de iniciativas de qualidade. A intervenção destes profissionais é essencial em
dois momentos, que correspondem a duas das fases do ciclo formativo:
•
Fase 1 - Concepção:
o Técnicos de formação e formadores;
o Especialistas em desenvolvimento de conteúdos e recursos pedagógicos;
o Especialistas na área informática: software, webdesign, multimédia, TIC, etc.
•
Fase 2 - Implementação/Operacionalização:
o Coordenadores;
o Técnicos de formação;
o Formandos/estudantes;
o Formadores/Tutores.
Sociedade Portuguesa de Inovação
144
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Figura 24: Intervenção dos actores a envolver por fases do processo formativo
- Especialistas em desenvolvimento de
conteúdos e recurso pedagógicos
Concepção
- Especialistas na área informática
- Técnicos de Formação
- Coordenadores
- Formandos/estudantes
- Tutores
Implementação e Operacionalização
- Formadores
A fase de concepção inclui o desenho dos percursos formativos (estrutura das iniciativas de
formação: módulos e cargas horárias, unidades de aprendizagem, metodologias, etc), a
concepção de conteúdos temáticos e a sua conversão para formatos web. Este trabalho
deverá resultar de um esforço coordenado de vários elementos, uma vez que as várias tarefas
que o compõem estão intimamente ligadas.
Os técnicos de formação, com apoio de formadores, serão responsáveis por desenhar a
estrutura de iniciativas de formação, definindo as metodologias de aprendizagem e de
avaliação e orientando-as para as características dos públicos-alvo, de acordo com recursos
físicos, humanos e técnológicos disponíveis. Para além das competências e conhecimentos
específicos na área da formação profissional e na área da gestão e coordenação de
actividades pedagógicas, o leque de competências destes profissionais deverá abranger
também a área da formação à distância.
O desenvolvimento dos conteúdos, por sua vez, é um trabalho conjunto entre os formadores,
os especialistas em desenvolvimento de conteúdos e recursos pedagógicos e os especialistas
da área informática. Estes deverão definir as unidades de aprendizagem e os planos de
sessão, conceber os jogos pedagógicos, exercícios e actividades formativas e adaptar todos
Sociedade Portuguesa de Inovação
145
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
estes conteúdos para o formato de e-Learning, garantindo a sua integração na plataforma.
Para além das competências dos formadores, já citadas, os especialistas da área informática
deverão ter competências ao nível do webdesign, multimédia e TIC, assim como competências
na área pedagógica, de forma a actuarem de forma concertada com as intervenções
anteriores, garantindo que os conteúdos, jogos pedagógicos, exercícios e outros instrumentos
em formato web sejam coerentes com a estrutura desenhada e opções metodológicas e
pedagógicas.
Na fase da implementação/operacionalização da formação são vários os actores a envolver.
Desde logo, os coordenadores e técnicos de formação que, em conjunto, devem promover e
organizar a formação de acordo com as especificidades dos cursos de formação, públicos-alvo
e metodologias a implementar.
O coordenador, enquanto agente de planeamento, deverá ser o responsável por assegurar a
implementação do curso tal e qual este foi estruturado, respeitando os tempos, as
actividades/exercícios previstos e as metodologias de avaliação. Para o bom desempenho
destas tarefas o coordenador deve possuir competências e conhecimentos que sustentem as
actividades pedagógicas ao nível das iniciativas de e-Learning, mais especificamente, aquelas
que se prendem com as metodologias de aprendizagem/formação e aquelas que se referem
ao recurso a plataformas de formação e principais instrumentos de comunicação e interacção.
Finalmente temos os formandos/estudantes e formadores/tutores que serão os actores com
intervenção directa nas iniciativas de formação, no sentido que lhe vão dar vida. Os
formadores/tutores terão de possuir, além do domínio dos temas, boas capacidades
pedagógicas que lhes permitam dinamizar as sessões de formação, passar a informação aos
formandos, dirigir os exercícios e actividades e avaliar a formação. Estas competências são
fundamentais uma vez que serão estes os actores que contactarão de forma directa com os
formandos. Acresce que o tutor, enquanto facilitador dos processo de aprendizagem na
formação a distância e supervisor do decorrer do curso, terá de assumir ainda funções ao nível
da regulação da motivação e participação dos formandos, nomeadamente fornecendo apoio,
orientação e aconselhamento. Este terá, assim, de dominar os aspectos fundamentais da
gestão das plataformas de aprendizagem e das suas principais ferramentas.
Sociedade Portuguesa de Inovação
146
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Os formandos/estudantes serão os agentes receptores, mas com um papel bastante activo,
uma vez, que as iniciativas de e-Learning exigem destes uma atitude proactiva em relação aos
processo de aprendizagem, auto-responsabilizando-os. O aspecto determinante nos
formandos/estudantes será o seu empenho e motivação para cumprir cabalmente com o seu
percurso de formação, participando activamente nas actividades e exercícios, mas também
procurando e tratando as informações necessários para a construção e aquisição dos saberes.
4.7.2
Instituições a Envolver
Relativamente às instituições a envolver na implementação de iniciativas de e-Learning no
sector agrícola português, são focadas primeiramente aquelas que devem assumir um papel
activo no processo formativo, quer na concepção de propostas formativas, quer na fase da
implementação/operacionalização. Devem ser chamadas a intervir instituições como:
•
Universidades e Politécnicos;
•
Escolas profissionais;
•
Entidades formadoras;
•
Empresas/organizações ligadas ao desenvolvimento de materiais didácticos e
soluções de formação;
•
Empresas/organizações ligadas ao desenvolvimento e implementação de software e
outras soluções informáticas para a formação e para a área agrícola.
As universidades e os politécnicos que actualmente promovem cursos superiores em áreas
de relevo para o sector agrícola, deverão assumir um papel activo na implementação de
iniciativas de e-Learning no sector agrícola, por forma a tentar combater o decréscimo de
alunos no ensino superior na área agrícola. A implementação deste tipo de iniciativas poderá
fazer aumentar o interesse e a motivação de potenciais alunos para ingressarem no ensino
superior em cursos ligados à área agrícola, renovando e modernizando, por essa via, a sua
oferta dando um cariz moderno e inovador, imagem que nem sempre é associada ao sector.
Sociedade Portuguesa de Inovação
147
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Importa ainda salientar que estas instituições podem usar estas soluções no
desenho/concepção ou melhoramento da oferta de formação superior pós-universitária –
formação contínua - promovendo assim uma formação ao longo da vida, num formato mais
apelativo e adequado ao ritmo de vida actual. É reconhecido que as explorações agrícolas
estão afastadas dos centros urbanos onde essas instituições se situam, o que muitas vezes
desmotiva, senão mesmo torna impossível, a participação de agentes do sector em programas
de formação contínua promovidas por aquelas, pelo que a implementação de iniciativas de eLearning poderá ser uma forma de combater esse distanciamento.
O mesmo se diga em relação às escolas profissionais que promovem o ensino profissional não
superior, em áreas temáticas de interesse para o sector agrícola. Também a este nível se
verifica um crescente decréscimo do número de formados pelo que a promoção de iniciativas
de e-Learning poderá contribuir decididamente para mudar essa situação, permitindo que as
escolas profissionais consigam também promover iniciativas de formação mais apelativas e
suportadas nas novas TIC:
As entidades formadoras (empresas) terão aqui um papel importante, ao firmarem parcerias
com as universidades, politécnicos e escolas profissionais. As primeiras já promovem
iniciativas de e-Learning em muitos outros sectores de actividade e dirigidas a públicos-alvo
diversificados, possuindo assim uma assinalável experiência na implementação deste tipo de
iniciativas, quer quanto à concepção, quer quanto à implementação/operacionalização. O seu
contributo poderá ser aproveitado não só na vertente técnica, mas também na experiência
acumulada em contornar algumas dificuldades de implementação que surgem sempre que os
níveis de conhecimentos dos públicos-alvo na utilização das TIC se apresenta reduzido ou
mesmo inexistente.
É ainda importante realçar que as empresas tendem a promover várias iniciativas, algumas
com interesse para o sector agrícola, mas de forma isolada, pelo que as parcerias sugerias
poderão ser aproveitadas para a criação de sinergias que permitam o surgimento de redes de
informação e partilha de recursos entre todos os actores envolvidos, facilitando e promovendo
a construção de novo conhecimento. Actualmente, neste e noutros sectores verifica-se que os
vários actores trabalham de forma isolada e muitas vezes repetitiva, devido à falta de
comunicação ou mentalidade adversa à partilha da informação, o que gera muitos projectos
que acabam por não ter seguimento. Uma actuação conjunta irá permitir uma melhor
Sociedade Portuguesa de Inovação
148
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
planificação da oferta formativa no sector e uma oferta mais rica e concertada, indo ao
encontro das reais necessidades do sector e dos seus actores.
As referidas parcerias devem ser estendidas a outras empresas e organizações do sector
privado, nomeadamente às que actuam nas áreas do desenvolvimento de materiais didácticos
e do desenvolvimento e implementação de software e outras soluções informáticas. Estas
poderão contribuir com a experiência acumulada nestes domínios, colaborando com as
universidades, politécnicos e escolas profissionais, enriquecendo as iniciativas de e-Learning
que venham a ser promovidas. Muita desta experiência do sector privado, ainda que resulte de
outros sectores de actividade, podem sem dúvida ser transferida para o sector agrícola.
Sob um ponto de vista mais institucional termos ainda de considerar um conjunto de outras
instituições que, intervindo de uma forma generalizada na temática agrícola, terão um papel
importante. Referimo-nos aqui às entidades reguladoras do sector agrícola, do sector da
formação e do sector das novas tecnologias de informação e comunicação. Actuando em
conjunto, estas entidades, poderão contribuir decididamente para promoção de iniciativas de
e-Learning, traçando linhas de orientação gerais para serem concretizadas ao nível da
concepção e da implementação/operacionalização.
As entidades reguladoras do sector agrícola deverão assumir um importante papel ao nível da
definição de programas estruturados que contemplem a formação dos profissionais do sector
agrícola, traçando linhas orientadoras quanto às temáticas a abordar, definindo e apoiando a
boa aplicação de fundos comunitários na formação profissional e incentivando parcerias entre
o sector publico e privado. Apoiadas nas estruturas regionais existentes, as entidades
reguladoras do sector, podem traçar diagnósticos de necessidades de formação às
populações alvo que apoiem a definição dos citados programas, e que permitam contemplar
as assimetrias existentes que resultam dos contextos específicos quer quanto às pessoas quer
quanto aos territórios.
Estas linhas orientadoras serão a base de trabalho de todos os restantes actores a envolver,
nomeadamente, universidades e politécnicos, escolas profissionais e empresas. As restantes
entidades, quer ao nível da formação, quer ao nível das novas TIC, terão um contributo
importante ao replicar para este sector iniciativas que se possam classificar de boas práticas e
que já foram implementadas e avaliadas noutros sectores.
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149
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Saliente-se ainda que, a intervenção destas entidades deverá ser feita em parceria com outras
instituições, como as Confederações, Associações e outras Organizações sectoriais do sector
agrícola. Estas têm um contributo importante a dar, uma vez que estão próximas quer dos
indivíduos, quer das realidades territoriais, pelo que conhecem também as necessidades de
uns e de outros. Por outro lado, é este último tipo de instituições que a mão-de-obra agrícola
se encontra ancorada, é nelas que confiam, e é através delas que poderão aderir às iniciativas
de e-Learning.
Em suma, será fundamental uma actuação concertada das várias instituições a envolver,
desde o desenho de programas que contemplem formação e iniciativas de e-Learning para o
sector agrícola, até à promoção destas últimas junto dos públicos-alvo. Será importante que
sejam traçadas linhas orientadoras e transversais a todo o sector, com a necessária
flexibilidade que permita intervenções concretas direccionadas aos diferentes contextos e às
diferentes necessidades.
4.8
Financiamento das Iniciativas de e-Learning
Para além de serem equacionados aspectos como as metodologias a utilizar ou os actores a
envolver na implementação de uma estratégia de e-Learning no sector agrícola a nível
nacional, é imprescindível equacionar como poderão ser financiadas as iniciativas de
formação, nomeadamente em e-Learning. Iremos analisar neste capítulo quais as
possibilidades de financiamento, tanto a nível público como a nível privado, que podem ser
equacionadas para o sector agrícola.
4.8.1
Financiamento Público
No quadro do Plano Estratégico Nacional (PEN) para o Desenvolvimento Rural, onde são
estabelecidas as prioridades conjuntas da acção do FEADER e de cada Estado Membro, para
o período de programação 2007-2013, conjugando as orientações estratégicas comunitárias e
os seus objectivos específicos com as orientações de política nacional, é afirmado que na
maior parte das fileiras do sector agro-florestal muitos dos problemas já identificados no
passado persistem, propondo-se uma abordagem coordenada, que promova a integração
Sociedade Portuguesa de Inovação
150
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
vertical de todas as actividades, a organização da produção e o seu agrupamento funcional,
de forma participada mas selectiva quanto aos objectivos e metas a atingir, isto é, uma
abordagem de fileira.
Esta abordagem tem como objectivo criar dimensão e massa crítica para poder investir, inovar
e subsistir, alargando-se a todos os sectores e actividades, privilegiando-se nesta abordagem
sectores estratégicos. Complementarmente está prevista uma aposta na criação de serviços
de apoio técnico e de gestão a montante ou jusante, incluindo a formação em permanência.
Para o próximo QREN definiram-se os seguintes Objectivos Globais42 para a FPA:
•
Contribuir para o aumento da competitividade dos sectores agrícola, alimentar e
florestal nas áreas consideradas estratégicas para o seu desenvolvimento;
•
Contribuir para o desenvolvimento sustentável do meio rural;
•
Promover a criação ou melhoria de competências específicas dos agentes
económicos no meio rural;
Estes objectivos, que, como facilmente se percebe, tem subjacente uma reorientação do
modelo de FPA adoptado até ao presente, são explicitados através do enunciado de um
conjunto de princípios base em que se deverão enquadrar as intervenções para a qualificação
no âmbito do FEADER, que a seguir se reproduzem:
•
Criação de mecanismos de responsabilização da sociedade civil; limitação da
obrigatoriedade da formação ao legalmente exigido, devendo induzir-se as
necessidades da formação;
•
Integração na actuação através da articulação com as diferentes áreas de
intervenção;
•
Vinculação do apoio à formação através da concretização de objectivos associados à
criação de valor;
42
Fonte: Grupo de Trabalho da Qualificação Profissional, veiculadas, em finais de Abril do corrente ano, através
do documento “Formação Profissional no quadro do Programa de Desenvolvimento Rural 2007-2013”
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
•
Introdução da inversão da lógica do apoio às entidades formadoras, com apoio ao
formando;
•
Garantia de acompanhamento e continuidade na qualificação;
•
Adequação da formação às necessidades dos formandos, com possibilidade de
formação prática e especializada;
•
Sistema assente num modelo puro do lado da procura, com apoio ao formando nas
situações de formação individual;
•
Modelo misto nas situações identificadas como necessitando de alguma actuação do
lado da oferta, nomeadamente nas seguintes situações, cabendo ao MADRP a
identificação das redes de competência a que os formandos possam recorrer:
o Jovens agricultores;
o Planos Integrados de Fileira;
o Intervenções Territoriais Integradas (ITIs).
Por outro lado, e para a operacionalização dos objectivos atrás referidos, são identificados três
tipos de acções:
Acção 1: Capacitação para a actividade, orientada para “o apoio à formação dirigida
para o desenvolvimento de competências transversais e específicas dos activos
(empresários, trabalhadores e produtores/proprietários florestais) do sector agroflorestal”, privilegiando os jovens;
Acção 2: Formação técnica especializada, orientada para “o apoio à formação dos
activos do sector agro-florestal no âmbito da sua especialização em áreas
consideradas relevantes e específicas para o desenvolvimento da competitividade do
sector e incremento de valor acrescentado nas actividades beneficiadas. Tem
subjacente a necessária articulação com outras áreas de intervenção, nomeadamente
com a componente de investimento e inovação”;
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152
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Acção 3: Redes temáticas de informação e divulgação, tendo em vista “o acesso à
informação nas áreas consideradas relevantes para o desenvolvimento sustentado do
meio rural, contribuindo para a qualificação contínua e integrada dos activos do sector
agro-florestal”.
4.8.2
Financiamento Privado
Para além do recurso a financiamento público para o desenvolvimento de iniciativas de eLearning, cada vez mais deverá pensar-se no desenvolvimento de iniciativas sustentáveis, que
não dependam somente de dinheiros públicos. Tal como foi ilustrado em diversos estudos de
caso internacionais, uma oferta formativa de qualidade, que vá ao encontro das necessidades
dos destinatários rapidamente alvo da atenção de investidores privados, que a podem apoiar e
contribuir para a sua divulgação (ver secção 2.2.5 do capítulo III).
Para que tal seja uma realidade será necessário que a formação seja auto-sustentada e tal
apenas será possível se os potenciais formandos (agentes do sector agrícola) virem na
mesma uma resposta efectiva às suas necessidades, identificando uma mais valia para a
melhoria/reforço das suas competências e qualificações. Dessa forma, as entidades que
operam no sector privado devem privilegiar a realização de efectivos diagnósticos de
necessidades formativas de modo a conceber, promover e implementar cursos de formação
que de forma cirúrgica tenham um impacto positivo na actividade profissional dos agentes do
sector.
A auto-sustentação da formação de iniciativa privada poderá recolher frutos se for incentivado
um contacto mais estreito entre os actores potencialmente interessados no desenvolvimento
de iniciativas de e-Learning no sector agrícola, de forma a que possam ser encontrados
mecanismos de financiamento destas iniciativas. A título de exemplo, são já frequentes
noutros países iniciativas como a realização de empréstimos com taxas de juro reduzidas ou o
recurso a patrocínios, através da colocação de publicidade em websites ligados à formação.
Como exemplo podemos referir a Iniciativa FACE – Farming and Countryside Education – (ver
3.2.3 do capítulo III).
Sociedade Portuguesa de Inovação
153
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
CAPÍTULO 5
REFLEXÕES E
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
O sector agrícola nacional está hoje inserido num contexto de elevada complexidade e
exigência, tornando-se fundamental que se desenvolvam esforços concertados no sentido de
tornar o sector mais forte e mais competitivo. As características e competências dos recursos
humanos afectos ao sector agrícola nacional reflectem, estas suas fragilidades a vários níveis:
predomina uma fraca capacidade de gestão e organização para o mercado, observa-se uma
quase ausência de cooperação empresarial, aversão ou ausência de cultura de risco, tudo isto
baseado numa população rural das mais envelhecidas da Europa e com um dos mais baixos
níveis de literacia.
Por outro lado, a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aplicadas à
formação no sector agrícola tem tido um percurso lento e difícil, marcado por iniciativas
pontuais, de impacto limitado. A precária utilização do e-Learning está ligada a uma série de
factores caracterizadores da população e da prática agrícola em Portugal, desde o nível de
escolaridade dos activos agrícolas, passando pelo grau de utilização das ferramentas
informáticas, até à existência de iniciativas destinadas a promover a utilização das TIC na
prática agrícola.
Neste contexto, o recurso às metodologias de e-Learning afigura-se simultaneamente como
uma oportunidade e um desafio para o sector agrícola nacional. Trata-se de uma
oportunidade, na medida em que poderá permitir ultrapassar muitas das lacunas formativas
detectadas no sector, trazendo um novo dinamismo para as práticas formativas e conferindolhes um elevado grau de flexibilidade e adaptabilidade. Mais, o e-Learning poderá constituir
uma resposta às necessidades crescentes de especialização e de formação em áreas
emergentes, permitindo a formação, tanto dos activos do sector agrícola, como de outros
grupos populacionais que deverão ser sensibilizados e formados no sentido de terem um
maior contacto com as práticas agrícolas. Trata-se também de um desafio, na medida em que
muitos esforços terão que ser enveredados, a fim de fomentar uma maior utilização das TIC
por parte dos recursos humanos afectos ao sector agrícola e a fim de lhes proporcionar um
acesso alargado às ferramentas informáticas e à Internet. Somente um elevado grau de
familiarização com as TIC poderá conduzir a uma integração das mesmas nas práticas
formativas.
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155
Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
A implementação de uma estratégia para o desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no
sector agrícola a nível nacional implica uma intervenção a diversos níveis. Desde logo, há que
considerar uma expansão das iniciativas a outros públicos-alvo que não apenas os activos do
sector agrícola. A sensibilização de públicos como o infanto-juvenil ou o público mais sénior
poderá ser um factor essencial para uma “reconciliação” da sociedade com as actividades
ligadas ao sector agrícola.
No que diz respeito às temáticas a abordar, deverá apostar-se, não só num reforço das
temáticas consideradas “clássicas” e nas quais continuam a evidenciar-se consideráveis
necessidades de formação, como deverão ser investidos esforços no desenvolvimento de
iniciativas de formação sobre temáticas emergentes na agricultura, que permitam beneficiar
das potencialidades das metodologias ligadas ao e-Learning. Considerando o assinalável
atraso da população agrícola portuguesa no contacto com as TIC, é de vital importância que
seja reforçada a formação nas áreas ligadas à informática, como condição essencial para o
desenvolvimento de competências para a utilização de novas metodologias formativas.
Quanto às características dos conteúdos a desenvolver, deverão ser considerados diversos
aspectos, de forma a que os mesmos respondam verdadeiramente às necessidades dos
destinatários. Num contexto em que o acesso às TIC e à Internet são ainda limitados no
mundo rural, deverão privilegiar-se contéudos de acesso bastante simples, que não requeiram
a instalação de plug-ins e não constituam ficheiros pesados e difíceis de abrir, o que desde
logo poderá limitar a motivação dos formandos. Na elaboração dos conteúdos devem
transparecer as preocupações de design instrucional, assim como a aplicação de
metodologias que favoreçam a intervenção activa do formando e a construção do percurso de
aprendizagem de forma autónoma.
Seguindo as características dos conteúdos, os métodos e as técnicas pedagógicas a utilizar
devem privilegiar um cariz eminentemente prático da formação. Para a implementação de
iniciativas de e-Learning junto da população agrícola tenha algum sucesso, é imprescindível
que os destinatários sintam familiaridade com a informação que é transmitida, mas também
com a forma como essa informação é transmitida e o processo de aprendizagem é fomentado.
Assim, a utilização de estudos de caso e de exercícios de cariz prático revela-se, na grande
maioria dos casos, muito mais eficaz do que a mera exposição de informação.
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional
Como se pode constatar pela diversidade de aspectos a considerar para a implementação de
iniciativas de e-Learning, diversos terão que ser também os actores a envolver neste
processo. Por um lado, há que considerar os actores que se encontram directamente
envolvidos no ciclo formativo: técnicos de formação e formadores; especialistas em
desenvolvimento de conteúdos e recurso pedagógicos; especialistas na área informática
(software, webdesign, multimédia, TIC, etc.); coordenadores; técnicos de formação;
formandos/estudantes; formadores/Tutores. Por outro lado deverão ser envolvidos neste
processo outros actores institucionais: universidades e politécnicos; escolas profissionais;
entidades formadoras; empresas/organizações ligadas ao desenvolvimento de materiais
didácticos e soluções de formação; empresas/organizações ligadas ao desenvolvimento e
implementação de software e outras soluções informáticas para a formação e para a área
agrícola.
A reflexão sobre a forma como estas iniciativas poderão ser financiadas, constitui também um
aspecto essencial para a determinação de uma estratégia de e-Learning para o sector
agrícola. Nesta reflexão devem ser consideradas, não só os financiamentos públicos, mas
também a necessidade de encontrar mecanismos de financiamento destas iniciativas por parte
de actores privados.
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Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica
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