EStudo agro e-Learning - SPI - Sociedade Portuguesa da Inovação
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EStudo agro e-Learning - SPI - Sociedade Portuguesa da Inovação
Identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Janeiro 2007 União Europeia Fundo Social Europeu Governo da República Portuguesa Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Sociedade Portuguesa de Inovação ii Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional SUMÁRIO EXECUTIVO O sector agrícola nacional está hoje inserido num contexto de elevada complexidade e exigência, fruto das profundas alterações da Política Agrícola Comum (PAC) que estão a decorrer, da crescente abertura dos mercados e consequente aumento da concorrência e das maiores exigências dos consumidores, tornando-se fundamental que se desenvolvam esforços concertados no sentido de tornar o sector mais forte e mais competitivo. As características e competências dos recursos humanos afectos ao sector agrícola nacional reflectem, necessariamente, as suas fragilidades a vários níveis: predomina uma fraca capacidade de gestão e organização para o mercado, observa-se uma quase ausência de cooperação empresarial, verifica-se uma aversão ou ausência de cultura de risco, tudo isto baseado numa população rural das mais envelhecidas da Europa e com um dos mais baixos níveis de literacia. Estas características do sector, nomeadamente um tecido empresarial extremamente envelhecido e um nível educacional baixo, colocam grandes interrogações quanto ao seu futuro. Por outro lado, a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aplicadas à formação no sector agrícola tem tido um percurso lento e difícil, marcado por iniciativas pontuais, de impacto limitado. Na verdade, este é um dos sectores da economia portuguesa no qual tem sido mais difícil fomentar e dinamizar iniciativas de formação que envolvam práticas de e-Learning. Esta precária utilização do e-Learning está ligada a uma série de factores caracterizadores da população e da prática agrícola em Portugal, desde o nível de escolaridade dos activos agrícolas, passando pelo grau de utilização das ferramentas informáticas, até à inexistência de iniciativas destinadas a promover a utilização das TIC na prática agrícola. Neste contexto, o recurso às metodologias de e-Learning afigura-se simultaneamente como uma oportunidade e um desafio para o sector agrícola nacional. Trata-se de uma oportunidade, na medida em que poderá permitir ultrapassar muitas das lacunas formativas detectadas no sector, trazendo um novo dinamismo para as práticas formativas e conferindolhes um elevado grau de flexibilidade e adaptabilidade. Mais, o e-Learning poderá constituir Sociedade Portuguesa de Inovação iii Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional uma resposta às necessidades crescentes de especialização e de qualificação em áreas emergentes, permitindo a formação, tanto dos activos do sector agrícola, como de outros grupos populacionais que deverão ser sensibilizados e formados no sentido de terem um maior contacto com as práticas agrícolas. Trata-se também de um desafio, na medida em que muitos esforços terão que ser efectuados, a fim de fomentar uma maior utilização das TIC por parte dos recursos humanos afectos ao sector agrícola e a fim de lhes proporcionar um acesso alargado às ferramentas informáticas e à Internet. Somente um elevado grau de familiarização com as TIC poderá conduzir a uma integração das mesmas nas práticas formativas. O objectivo geral do Estudo “Agroe-Learning – identificação de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional”, aqui apresentado, é identificar e analisar um conjunto de iniciativas de e-Learning realizadas no sector agrícola, quer a nível nacional, quer a nível internacional, de forma a que estas possam constituir uma base para a definição de linhas de orientação para a evolução do e-Learning no sector agrícola nacional. Neste Estudo é analisado o sector agrícola nacional no que diz respeito às características dos seus recursos humanos e à utilização das TIC, permitindo assim traçar o perfil da população agrícola e identificar grupos de indivíduos com características semelhantes ao nível da actividade que desenvolvem, do grau de qualificações e de outras características. Após esta descrição inicial, é efectuada uma caracterização do que tem sido a oferta formativa no sector agrícola nos últimos anos, permitindo, desde logo, identificar pontos fortes e pontos fracos e as principais lacunas da oferta formativa no sector. No que diz respeito às iniciativas de formação a nível nacional, são destacados alguns casos de iniciativas de e-Learning que foram ou estão a ser desenvolvidas e das quais se podem retirar algumas conclusões válidas para a implementação do e-Learning no sector agrícola nacional. No entanto, verificou-se difícil o levantamento e caracterização deste tipo de iniciativas, já que estas ocorreram em número reduzido – não foi identificada nenhuma acção realizada em regime de e-Learning no âmbito dos programas PAMAF ou AGRO – e, na sua maioria, não tiveram seguimento. Sociedade Portuguesa de Inovação iv Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A nível internacional, o Estudo Agroe-Learning concentrou-se em descrever e analisar um conjunto de iniciativas de formação que recorressem às metodologias ligadas ao e-Learning, cujo sucesso fosse comprovado a vários níveis e cujas características pudessem constituir uma base para o desenvolvimento de linhas de orientação estratégica para as iniciativas de formação no sector agrícola português. Perante o panorama das iniciativas de e-Learning no sector agrícola a nível internacional, houve uma focalização geográfica na América do Norte e na Europa, sendo seleccionado um total de seis casos de boas práticas de iniciativas de eLearning realizadas no sector agrícola no Canadá, Estados Unidos da América (EUA), Reino Unido e Alemanha. Tendo como base a análise efectuada ao nível da caracterização dos recursos humanos do sector agrícola, caracterização da utilização das TIC, caracterização da oferta formativa, identificação de boas práticas de iniciativas de e-Learning no sector agrícola a nível nacional e internacional, foram definidas linhas de orientação estratégica para a implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola português. As linhas de orientação estratégica apresentadas versam diversos aspectos do que deve ser considerado o panorama formativo do sector agrícola em Portugal, incluindo todas as componentes que influenciam a sua evolução. Neste sentido, na definição de linhas de orientação estratégica são abordados aspectos como: o público-alvo; as temáticas a abordar; as tecnologias a utilizar; os conteúdos a desenvolver; os métodos pedagógicos a utilizar; as características e competências dos actores a envolver e os financiamentos existentes para iniciativas de e-Learning. Subjacente à definição destas linhas de orientação está, em muitos casos, a constatação de que não é necessário o empenho de muitos recursos técnicos ou mesmo financeiros para a implementação de uma série de medidas que poderão contribuir para aumentar e diversificar a utilização do e-Learning no sector agrícola. Também ao encontro desta ideia vão muitos dos estudos de caso identificados, que constituem iniciativas de sucesso, não pelos montantes ou complexidade dos recursos envolvidos, mas pelo sucesso das iniciativas, temáticas ou contextos em que foram implementadas. A metodologia adoptada pela equipa técnica do Estudo centrou-se na recolha e análise de documentos de referência quer sobre o sector agrícola, quer sobre o sector da formação, Sociedade Portuguesa de Inovação v Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional abrangendo a realidade nacional e internacional. Este trabalho permitiu efectuar um diagnóstico do estado do sector agrícola em Portugal, no que diz respeito aos seus recursos humanos e à oferta formativa existente. A partir deste diagnóstico e das lacunas detectadas, optou-se por reunir casos de referência nacionais e internacionais como forma de identificar boas práticas que pudessem orientar o desenvolvimento de iniciativas de e-Learning a nível nacional, no sector agrícola. Os casos foram seleccionados de acordo com vários critérios, nomeadamente: • Notoriedade e impacto; • Boas práticas de e-Learning ao nível de metodologias, utilização de ferramentas e temas abordados; • Grau de aplicabilidade a iniciativas de e-Learning no sector agrícola português. Uma vez seleccionado um conjunto de casos, estes foram analisados, de modo uniforme, a vários níveis: • Características estruturantes da iniciativa: objectivos gerais, público-alvo, temas abordados, duração; • Metodologias formativas aplicadas; • Requisitos de acesso; • Ferramentas e recursos disponíveis. Do resultado da análise dos casos seleccionados foram extraídos ensinamentos que possibilitaram a definição de linhas de orientação estratégica para a implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola português. No decorrer dos trabalho, a equipa técnica promoveu um workshop, no qual participaram personalidades de referência no domínio da agricultura e no domínio do e-Learning, com o objectivo de apresentar o trabalho já desenvolvido até então e de promover o debate entre todos, na perspectiva de recolher contributos relevantes para as linhas de orientação Sociedade Portuguesa de Inovação vi Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional estratégica para a implementação e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional. O Estudo Agroe-Learning encontra-se estruturado em cinco capítulos: No primeiro capítulo é efectuado um enquadramento do âmbito do Estudo, com informações sobre o conceito e as práticas de e-Learning, com uma caracterização dos recursos humanos no sector agrícola a nível nacional e com uma caracterização da utilização das TIC na prática agrícola em Portugal. No segundo capítulo é efectuada uma caracterização da oferta formativa no sector agrícola a nível nacional, destacando-se as iniciativas de e-Learning já realizadas ou em desenvolvimento no sector. No terceiro capítulo é apresentado um conjunto de estudos de caso de boas práticas de iniciativas de e-Learning no sector agrícola internacional, nomeadamente na América do Norte e na Europa. No quarto capítulo são sistematizadas linhas de orientação estratégicas para o desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional, nomeadamente no que diz respeito a: público-alvo a atingir, temáticas a abordar, tecnologias a utilizar, conteúdos a desenvolver, métodos pedagógicos a usar, características e competências dos actores a envolver e financiamento de iniciativas de e-Learning. No quinto capítulo são sistematizadas conclusões e considerações finais relativamente ao contexto de implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional. Porto, Janeiro de 2007 A Sociedade Portuguesa de Inovação, S.A. Sociedade Portuguesa de Inovação vii Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional AGRADECIMENTOS Agradecemos a todas as pessoas e entidades que, generosamente, se disponibilizaram para a discussão dos temas relevantes para a elaboração do Estudo Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional, contribuindo com a sua visão para uma análise multifacetada da realidade. Dirigimos um especial agradecimento às personalidades que participaram no workshop promovido no âmbito do trabalho – Engª Ana Aguiar, Engª Maria Lopes Pinto, Engº Pedro Pimenta, Dr. Paulo Sousa - e pelos contributos que amavelmente nos fizeram chegar. Agradecemos também aos consultores que colaboraram com a equipa da SPI no desenvolvimento do Estudo – Professor Fernando Bianchi de Aguiar, Dr. José Miguel Silva, Doutor Miguel Neto e Professor Robert Lang. Os diferentes contributos recolhidos facilitaram significativamente a reflexão, o desenvolvimento de conclusões e a definição de recomendações no âmbito do Estudo AgroeLearning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional, as quais são apresentadas no presente documento. Porto, Janeiro de 2007 A Sociedade Portuguesa de Inovação, S.A. Sociedade Portuguesa de Inovação viii Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional ÍNDICE SUMÁRIO EXECUTIVO.............................................................................................................................................iii AGRACEDIMENTOS ............................................................................................................................................viii ÍNDICE ..................................................................................................................................................................... ix ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................................. xi ÍNDICE DE TABELAS .............................................................................................................................................xii CAPÍTULO 1 1.1 1.2 1.3 O e-Learning ..............................................................................................................................................2 1.1.1 Definição de e-Learning e Principais Conceitos Associados...........................................................2 1.1.2 O Surgimento do e-Learning e a sua Evolução...............................................................................5 1.1.3 Vantagens e Condicionantes da Utilização do e-Learning ..............................................................8 1.1.4 Principais Tendências e Referências na Área do e-Learning........................................................11 Breve Caracterização dos Recursos Humanos no Sector Agrícola a Nível Nacional..............................14 1.2.1 Mão-de-Obra Agrícola ...................................................................................................................14 1.2.2 Produtores Agrícolas .....................................................................................................................17 1.2.3 Outros Recursos Humanos Envolvidos no Sector Agrícola ..........................................................22 Utilização das TIC na Prática Agrícola em Portugal ................................................................................23 1.3.1 Principais Marcos da Evolução da Utilização das TIC na Agricultura ...........................................24 1.3.2 Utilização da Telemática no Sector Agrícola Português................................................................26 1.3.3 Utilização das TIC no Sector Agrícola Português..........................................................................28 CAPÍTULO 2 2.1 2.2 2.3 ENQUADRAMENTO ..................................................................................................................1 FORMAÇÃO NO SECTOR AGRÍCOLA A NÍVEL NACIONAL.................................................34 Panorâmica Geral ....................................................................................................................................35 2.1.1 A Formação Profissional Agrária no Período Anterior a 1986.......................................................35 2.1.2 A Formação Profissional Agrária a partir de 1986.........................................................................35 Caracterização da Oferta Formativa ........................................................................................................37 2.2.1 Volume de Formação Profissional Agrária ....................................................................................37 2.2.2 Avaliação .......................................................................................................................................41 Iniciativas de e-Learning ..........................................................................................................................44 2.3.1 Curso de Formação em Marketing Agrícola ..................................................................................45 2.3.2 Curso Conhecer o Vinho Verde - Nível I .......................................................................................49 2.3.3 Curso para Técnicos na Área do Desenvolvimento Rural.............................................................52 2.3.4 Projecto Rudolf ..............................................................................................................................57 2.3.5 Projecto MadeirAdapt - Valorização dos Profissionais do Sector Agrícola da Região Autónoma da Madeira..........................................................................................................................................................62 2.3.6 Colecções de Materiais Didácticos “Valorização das Explorações Agrícolas” e “Agricultura e Ambiente” ......................................................................................................................................................66 2.3.7 Outras Iniciativas ...........................................................................................................................70 Sociedade Portuguesa de Inovação ix Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 2.3.8 CAPÍTULO 3 Identificação de “Boas Práticas” de e-Learning no Sector Agrícola Nacional ...............................71 IDENTIFICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE E-LEARNING NO SECTOR AGRÍCOLA A NÍVEL INTERNACIONAL....................................................................................................................................................74 3.1 Introdução ................................................................................................................................................75 3.2 Estudos de Caso......................................................................................................................................76 3.2.1 Curso Organic Marketing – Canadá ..............................................................................................77 3.2.2 Projecto Inforfarm – Alemanha ......................................................................................................82 3.2.3 Iniciativa FACE - Farming and Countryside Education – Reino Unido..........................................88 3.2.4 Curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura - Canadá ..........................................................95 3.2.5 Curso de Formação de Aplicadores de Pesticidas – Canadá .......................................................99 3.2.6 Master em Desenvolvimento Agrícola – EUA..............................................................................105 CAPÍTULO 4 LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA PARA A IMPLEMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE INICIATIVAS DE E-LEARNING NO SECTOR AGRÍCOLA NACIONAL.....................111 4.1 Introdução ..............................................................................................................................................112 4.2 Público-Alvo ...........................................................................................................................................113 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.2.1 População Activa .........................................................................................................................114 4.2.2 População Não Activa .................................................................................................................117 Temáticas a Abordar ..............................................................................................................................119 4.3.1 Temáticas “Clássicas” da Agricultura ..........................................................................................120 4.3.2 Temáticas Emergentes na Agricultura.........................................................................................121 4.3.3 Temáticas Directamente Ligadas ao e-Learning .........................................................................123 Tecnologias a Utilizar.............................................................................................................................124 4.4.1 Plataformas de e-Learning ..........................................................................................................125 4.4.2 Outras Soluções Tecnológicas ....................................................................................................128 Conteúdos a Desenvolver......................................................................................................................129 4.5.1 Aspectos a Considerar Previamente à Elaboração dos Conteúdos............................................129 4.5.2 Aspectos a Considerar Durante a Elaboração dos Conteúdos ...................................................131 Métodos Pedagógicos a Utilizar.............................................................................................................134 4.6.1 Caracterização dos Métodos Pedagógicos .................................................................................135 4.6.2 Utilização dos Métodos Pedagógicos em e-Learning..................................................................142 Características e Competências dos Actores a Envolver ......................................................................144 4.7.1 Actores a Envolver no Processo Formativo.................................................................................144 4.7.2 Instituições a Envolver.................................................................................................................147 Financiamento das iIiciativas de e-Learning ..........................................................................................150 4.8.1 Financiamento Público ................................................................................................................150 4.8.2 Financiamento Privado ................................................................................................................153 CAPÍTULO 5 BIBLIOGRAFIA REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................154 ..........................................................................................................................................158 Sociedade Portuguesa de Inovação x Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Evolução do emprego na Agricultura desde 1960 em Portugal e na UE.................................................. 14 Figura 2: Número de produtores agrícolas singulares, por sexo e região NUT II (2003) ........................................ 17 Figura 3: Produtores agrícolas singulares por tempo de trabalho agrícola e região NUT II (2003)......................... 22 Figura 4: Utilização de computador e acesso à Internet nos grandes grupos de profissões (2001) ....................... 29 Figura 5: Evolução da utilização das TIC pelo grupo profissional “Agricultores e Trabalhadores qualificados da agricultura e pesca” ....................................................................................................................................... 30 Figura 6: Programas informáticos para o sector agrícola (1996)............................................................................. 31 Figura 7: Passos na definição e teste de métodos e técnicas pedagógicas............................................................ 59 Figura 8: Plataforma síncrona utilizada no curso do Projecto Rudolf ...................................................................... 60 Figura 9: Exemplo de conteúdos de e-Learning da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” – Curso “Genética, Biotecnologia e a Agricultura” ...................................................................................................... 69 Figura 10: Página de acesso aos cursos online da Universidade de Guelph.......................................................... 80 Figura 11: Ferramenta “Cronograma do curso” utilizada no curso Organic Marketing............................................ 81 Figura 12: Página de entrada do portal Infofarm ..................................................................................................... 83 Figura 13: Página de entrada do website do FACE................................................................................................. 90 Figura 14: Ferramenta “Debating” no website do FACE.......................................................................................... 91 Figura 15: Página de entrada do curso online de Ética e Profissionalismo na Agricultura...................................... 96 Figura 16: Imagem do curso com explicação do objectivo da simulação inicial...................................................... 96 Figura 17: Imagem do curso, no momento em que é pedido ao formando que opte por uma reacção relativamente ao que acabou de ser dito ............................................................................................................................. 97 Figura 18: Página dedicada à Educação à Distância com ligações para os programas dos cursos e informações sobre os recursos disponíveis ..................................................................................................................... 100 Figura 19: Página de entrada da plataforma WebCT na área de cursos online da Assiniboine Community College ..................................................................................................................................................................... 101 Figura 20: Página de Entrada do Master em Desenvolvimento Agrícola .............................................................. 105 Figura 21: Públicos alvo a envolver em iniciativas de e-Learning no sector agrícola............................................ 114 Figura 22: Definição de características dos conteúdos previamente à sua elaboração ........................................ 131 Figura 23: Técnicas mais adequadas aos Métodos .............................................................................................. 141 Figura 24: Intervenção dos actores a envolver por fases do processo formativo.................................................. 145 Sociedade Portuguesa de Inovação xi Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Vantagens da utilização do e-Learning......................................................................................................9 Tabela 2: Condicionantes da utilização do e-Learning ............................................................................................10 Tabela 3: Mão-de-obra agrícola a nível nacional desde 1989 (em UTA) ................................................................15 Tabela 4: Mão-de-obra agrícola por NUT II em 2003 (em UTA)..............................................................................16 Tabela 5: Número de produtores agrícolas singulares, por faixa etária e região NUT II (2003)..............................18 Tabela 6: Número de produtores agrícolas singulares, por nível de instrução e região NUT II (2003)...................19 Tabela 7: Evolução das explorações em Portugal Continental segundo a dimensão económica (1989-2003) ......20 Tabela 8: Explorações segundo a dimensão económica por NUT II em 2003 ........................................................21 Tabela 9: Factores de influência na taxa de adopção das TIC................................................................................32 Tabela 10: FPA realizada no âmbito do PAMAF e do AGRO..................................................................................38 Tabela 11: Avaliação da FPA desenvolvida no quadro do PAMAF e do AGRO .....................................................41 Tabela 12: Módulos do Curso de Marketing Agrícola..............................................................................................45 Tabela 13: Temas e objectivos do curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I” ........................................................50 Tabela 14: Ferramentas da plataforma utilizada no curso “Conhecer o Vinho Verde”............................................51 Tabela 15: Módulos do curso para Técnicos de Desenvolvimento Rural ................................................................53 Tabela 16: Módulos do curso do Projecto Rudolf ....................................................................................................57 Tabela 17: Ferramentas de comunização assíncrona disponíveis no curso do Projecto Rudolf............................60 Tabela 18: Módulos do Curso do Projecto MadeirAdapt .........................................................................................63 Tabela 19: Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” ..............................................................66 Tabela 20: Temas da colecção “Agricultura e Ambiente” ........................................................................................67 Tabela 21: Boas práticas no processo de concepção de cursos.............................................................................72 Tabela 22: Boas práticas no processo de implementação dos cursos....................................................................73 Tabela 23: Módulos do curso Organic Marketing ....................................................................................................77 Tabela 24: Requisitos técnicos para a participação no curso..................................................................................79 Tabela 25: Ferramentas disponíveis na plataforma usada no curso Organic Marketing.........................................81 Tabela 26: Áreas que constituem o portal Infofarm .................................................................................................84 Tabela 27: Áreas que constituem o portal do projecto FACE ..................................................................................89 Tabela 28: Materiais existentes na área “recursos” do projecto FACE....................................................................93 Tabela 29: Temas abordados no curso de Aplicadores de Pesticidas ..................................................................101 Tabela 30: Disciplinas disponíveis no Master em Desenvolvimento Agrícola .......................................................106 Tabela 31: Componentes pedagógicas do Master em desenvolvimento agrícola.................................................107 Tabela 32: Temáticas a abordar ao nível da formação para o sector agrícola......................................................124 Tabela 33: Ferramentas para o trabalho em e-Learning .......................................................................................127 Tabela 34:Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning ....................133 Tabela 35: Características dos conteúdos que contribuem para motivação dos formandos.................................134 Tabela 36: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Expositivo........................................136 Sociedade Portuguesa de Inovação xii Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 37: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Interrogativo....................................137 Tabela 38: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Demonstrativo.................................138 Tabela 39: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Activo/Interactivo.............................139 Sociedade Portuguesa de Inovação xiii Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional CAPÍTULO 1 ENQUADRAMENTO Sociedade Portuguesa de Inovação 1 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 1.1 O e-Learning As sucessivas inovações tecnológicas e o desenvolvimento dos meios de comunicação de massas, principalmente a partir de meados do século XX, têm vindo a produzir reflexos na área da educação e formação, revolucionando toda a dinâmica de ensino-aprendizagem e proporcionando a todos os actores do meio formativo novos instrumentos e ferramentas. O e-Learning conhece hoje múltiplas definições, abordagens e ferramentas de suporte, que foram evoluindo ao longo do tempo. No presente capítulo é efectuada uma abordagem ao conceito de e-Learning, ao seu contexto histórico de evolução, às vantagens e desvantagens da sua utilização e, finalmente, a algumas tendências para o futuro. 1.1.1 Definição de e-Learning e Principais Conceitos Associados Como ponto de partida do presente Estudo, é importante clarificar alguns conceitos-chave, desde logo o próprio conceito de e-Learning, que conhece múltiplas definições e abordagens. A equipa de trabalho envolvida no presente Estudo, optou por adoptar o conceito definido pela Comissão Europeia, no documento “eLearning Action Plan”. Neste documento, e-Learning consiste na utilização das novas tecnologias multimédia e da Internet com o objectivo de melhorar a qualidade da aprendizagem, facilitando o acesso a recursos e serviços, assim como a trocas e colaboração a distância: E-Learning is defined as “the use of new multimedia technologies and the Internet to improve quality of learning by facilitating access to resources and services as well as remote exchanges and collaboration” 1 Esta definição encerra alguns conceitos-chave, como “tecnologias multimédia”, “Internet”, “acesso remoto”, “colaboração”, que caracterizam esta metodologia formativa. Assim, eLearning é normalmente sinónimo de formação a distância via Internet, envolvendo um 1 Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu, The eLearning Action Plan, Designing tomorrow’s education, Bruxelas, 2001 Sociedade Portuguesa de Inovação 2 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional ambiente de aprendizagem em que a informação e o material de estudo se encontram disponíveis na Internet e o acesso aos mesmos (aulas, documentos de apoio, testes, etc.) apenas é possível através de um computador (ou outro equipamento com funções similares, por exemplo, um PDA), ligação à Internet e software de navegação na web. Para além do conceito de e-Learning, central para este Estudo, há ainda outros conceitos que serão abordados ao longo do documento e que importa, desde já, clarificar. Estes conceitos são: • Auto-estudo/Auto-formação: modelo pedagógico segundo o qual o formando trabalha sozinho ou com uma participação muito limitada do tutor ou formador, planificando, organizando, executando e avaliando o seu próprio processo de aprendizagem. O formando relaciona-se com os materiais de ensino de forma autónoma, participando nas aulas e consultando outros documentos em função das suas necessidades de aprendizagem e com os objectivos por si definidos. A participação do tutor ou formador é escassa ou inexistente, podendo pontualmente o formando recorrer a ele para esclarecer algumas questões, ou recorrer a um responsável técnico para colocar questões sobre da utilização dos recursos online2. • Aprendizagem colaborativa: modelo pedagógico segundo o qual o formando está integrado num grupo de trabalho virtual, desenvolvendo o estudo em conjunto com outros formandos e com o apoio do formador ou tutor, destacando-se a participação activa e a interacção entre todos os intervenientes. Este modelo implica a utilização de ferramentas de comunicação, como o e-mail, os fóruns, chats, mensageiros instantâneos e outras que possibilitem estabelecer um contacto rápido, por vezes em tempo real, entre formandos e entre estes e formadores. Por vezes, dependendo dos recursos disponíveis é possível simular online uma sala de aula. • Formação assíncrona: tipo de aprendizagem online em que esta é feita a distância, de forma individual, independente de horário e da presença do formador, e em que o número de formandos em simultâneo pode ser ilimitado. O e-Learning assíncrono prevê um nível de interactividade entre formandos e formadores não imediato, isto é 2 Adaptado de: Cação, Rosário e Dias, Paulo Jorge; “Introdução ao e-Learning”, colecção e-Learning, dos conceitos às perspectivas de desenvolvimento; SPI; Porto - 2003 Sociedade Portuguesa de Inovação 3 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional com algum intervalo de tempo, visto que o contacto é feito através de e-mail, grupos de discussão ou fóruns. • Formação síncrona: tipo de aprendizagem online onde se reproduz, virtualmente (na web), o ambiente de sala de aula presencial, com um professor presente, turma limitada e com hora marcada. O e-Learning síncrono prevê o uso de recursos como chat, voz ou vídeo. • Learning Management System (LMS)/Plataforma de e-Learning: sistema de gestão da aprendizagem, que possibilita o acesso e a organização de serviços de aprendizagem a distância, via Internet, a formandos, formadores e administradores. Esta ferramenta, através da qual é feita a gestão de cursos, permite realizar tarefas como o registo de utilizadores, a localização de cursos, o registo de dados dos utilizadores, fornecimento de relatórios de gestão de conhecimento. Na maioria dos casos, uma plataforma de e-Learning integra também ferramentas de comunicação assíncrona (como fóruns e quadros de mensagens) e síncrona (como chats ou mesmo sistemas de vídeo conferência). • Comunidade de Prática (CoP): grupo de pessoas que partilha um interesse ou motivação por um tópico, e que se junta para desenvolver conhecimento de forma a criar uma prática em torno desse tópico. Há três elementos na definição de comunidades de prática: 1. Domínio: tem de haver um assunto sobre o qual a comunidade fala; 2. Comunidade: as pessoas têm de interagir e construir relações entre si em torno do domínio; 3. Prática: tem de existir uma prática e não apenas um interesse que as pessoas partilham. Elas aprendem juntas como fazer coisas pelas quais se interessam3. • Blended Learning: também designado de b-Learning, é um modelo de formação misto, que inclui uma componente online e uma outra presencial (formação tradicional). Trata-se de um modelo de características próprias, que reúne o melhor da formação presencial e da formação à distância, permitindo um contacto pessoal entre 3 Adaptado da entrevista a Etienne Wenger, criador do conceito de Comunidade de Prática, realizada pelo portal KMOL em 2001: http://www.kmol.online.pt/pessoas/WengerE/entrev_1.html Sociedade Portuguesa de Inovação 4 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional os formandos, ao mesmo tempo que encerra a flexibilidade característica do eLearning. 1.1.2 O Surgimento do e-Learning e a sua Evolução A formação a distância, embora sendo já uma prática secular, que começou por socorrer-se de meios como os correios e os serviços postais, conheceu, com o advento da rádio e da televisão, um importante impulso, que permitiu formar mais pessoas, mais rapidamente e com menores custos, sem que estas tivessem que se deslocar a um centro de formação. Mais tarde, com o surgimento do computador e a democratização do acesso à Internet, paralelamente à massificação do acesso ao ensino, a formação (tanto a nível presencial, como a distância) conheceu uma verdadeira revolução, modificando-se os meios utilizados para a comunicação entre os vários agentes de formação, os materiais utilizados no processo formativo, as dinâmicas de ensino-aprendizagem e a própria relação entre formandos e formador. No entanto, a história da formação à distância e da formação com recurso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) não é uma história repleta de sucessos. Em algumas ocasiões, as expectativas colocadas nos reflexos das revoluções tecnológicas das últimas décadas do século XX, acabaram por ser frustradas, não só devido a problemas técnicos de cariz diversificado, mas principalmente por a tónica ser muito frequentemente colocada na vertente tecnológica, em detrimento da vertente pedagógica. A utilização massificada da Internet, O instructional design é o desenho da estrutura dos principalmente a partir dos anos 80, e a conteúdos de cursos de formação (incluindo formação a sua aplicação ao ensino, veio trazer um distância), quer na sua vertente macro – definição de impulso sem precedentes à formação com módulos, unidades de aprendizagem e tópicos; quer na vertente micro – actividades e exercícios em cada unidade recurso às tecnologias. Paralelamente, de aprendizagem, número de sessões síncronas e uma série de inovações na área da assíncronas, etc. Procura-se através do instructional design informática e multimédia, o garantir a qualidade da formação, partindo de uma análise das necessidades de formação para a definição de desenvolvimento do instructional design objectivos, concebendo os “meios” de os atingir, e uma nova abordagem pedagógica mais considerando sempre as necessidades do público-alvo. centrada no formando e no processo de aprendizagem, fizeram do e-Learning a metodologia de formação com maiores Sociedade Portuguesa de Inovação 5 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional potencialidades de desenvolvimento e expansão na actual sociedade globalizada, tendo a Internet como meio privilegiado de troca de informação. Com o objectivo de apoio ao processo de massificação a que se assistiu, foram desenvolvidos os LMS. Esta nova perspectiva do acesso à informação veio influenciar não só as dinâmicas de ensino-aprendizagem e multiplicar o número de iniciativas de formação com recurso às TIC, como possibilitou uma nova relação entre o mundo escolar e o mundo profissional, atribuindo um novo significado aos conceitos de formação contínua e formação ao longo da vida. Actualmente, a formação é encarada como uma componente de desenvolvimento do indivíduo, acompanhando-o desde a infância até ao final da vida, transcendendo a dimensão do ensino formal e estendendo-se às dinâmicas de aprendizagem informal, à constituição de comunidades de prática e a diversas outras iniciativas que se traduzem na aquisição e desenvolvimento de competências técnicas e humanas nas escolas e centros de formação, mas também no local de trabalho e em contextos informais. Neste sentido, o e-Learning é encarado por muitos indivíduos e instituições como a solução ideal para responder às necessidades crescentes de constante reciclagem e actualização de competências essenciais para responder às exigências do mercado globalizado. A utilização do e-Learning, enquanto metodologia formativa, encerra uma série de potencialidades que constituem claras mais-valias para as empresas, para as instituições de ensino e para os próprios indivíduos que têm, cada vez mais, a possibilidade de traçar o seu percurso formativo personalizado, de acordo com as suas necessidades e expectativas e ao seu próprio ritmo. Por força da evolução do e-Learning, as TIC tornaram-se numa parte intrínseca do ensino em sentido formal, dada a contínua procura de soluções de elevada qualidade, constituindo hoje um conjunto de ferramentas através das quais se desenvolvem processos de ensinoaprendizagem. Consequentemente estes processos sofreram alterações, surgindo novas metodologias pedagógicas que centram no formando, nas suas capacidades de trabalhar em comunidade (trabalho colaborativo) e na sua auto-responsabilização o desenvolvimento dos processos de aprendizagem. Por essa via, o formador tem vindo a assumir um papel algo diferente do da visão tradicional, deixando de ser um controlador dos processos de aprendizagem, para assumir o papel de disponibilizador de conteúdos e orientador desse processo. Sociedade Portuguesa de Inovação 6 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional De facto, é necessário não esquecer que hoje em dia a informação está mais acessível e que, em simultâneo, é alvo de um processo constante e dinâmico de actualização, pelo que se torna mais importante que os processos de ensino-aprendizagem assentem, não na tradicional visão de transferência de conhecimento, mas sim nos formandos e na sua capacidade de pesquisar, seleccionar, processar e utilizar a informação, sendo o formador um mero guia deste processo. Esta alteração veio, no entanto, introduzir um novo actor: o tutor, que vem assumindo este papel de facilitador do processo de aprendizagem, orientado e apoiando os formandos nos seus processos de descoberta e de partilha de conhecimentos e experiências, mas também “vencendo” a distância entre os formandos e entre estes e o formador, criando, com recurso a várias ferramentas e instrumentos web, um ambiente pedagógico, facilitador e motivador do processo de aprendizagem. Encarado inicialmente como um recurso para superar as insuficiências do sistema de ensino, para a qualificação profissional e para o aperfeiçoamento/actualização de conhecimentos, o eLearning é cada vez mais usado em programas de formação, combinado com formas tradicionais (formação presencial), sendo visto como uma modalidade formativa alternativa que complementa parte do sistema de ensino regular na modalidade presencial. Conscientes destas potencialidades, as universidades assumiram, em muitos países, um papel pioneiro na utilização do e-Learning, promovendo cursos de formação graduada e pósgraduada. A utilização do e-Learning nas universidades permitiu, para muitos estudantes, compatibilizar a necessidade contínua de formação e actualização com o exercício de uma actividade profissional e com a vida pessoal. Por outro lado, o e-Learning permitiu colocar em contacto estudantes e professores de todo o mundo, trabalhando colaborativamente à distância e trocando informações e experiências sobre diversas temáticas de interesse comum. Apesar de se encontrar já bastante divulgado em empresas de grande dimensão e na maioria das instituições de ensino superior, o e-Learning é ainda uma prática marginal em diversos sectores de actividade, conhecendo também graus de penetração diferentes de país para país. A utilização do e-Learning e das TIC está intimamente ligada com o nível de escolaridade Sociedade Portuguesa de Inovação 7 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional das populações4, com o grau de familiaridade com as ferramentas informáticas, com as condições materiais de acesso ao computador e à Internet e com diversos outros factores de ordem económica, social e cultural, como por exemplo a capacidade de inovação e adaptabilidade das pessoas e das empresas a novos processos, ferramentas e metodologias. 1.1.3 Vantagens e Condicionantes da Utilização do e-Learning À semelhança de outras metodologias formativas, o e-Learning apresenta vantagens e condicionantes na sua utilização. Quando se pondera a implementação de um projecto de eLearning, por exemplo na área da agricultura, é de vital importância considerar as potenciais mais-valias e riscos da adopção desta metodologia, de forma a aferir qual será a melhor opção para cada contexto formativo específico. Antes de apresentar algumas das características que são usualmente citadas como vantagens ou condicionantes da utilização do e-Learning, há que salientar que, na maioria dos casos, o que é considerado vantagem ou condicionante, depende de diversos factores ligados à implementação e desenvolvimento do projecto de e-Learning. Assim, por exemplo, a interacção poderá ser citada como uma vantagem desde que, naturalmente, o formando tenha ao seu dispor as ferramentas de comunicação online e saiba utilizá-las. Relativamente às condicionantes citadas, muitas delas estão actualmente no centro das preocupações dos especialistas de e-Learning pelo que, com alguma regularidade, vão sendo apresentadas propostas com vista à sua resolução. Seguidamente, nas Tabelas 1 e 2, apresentam-se de forma sintética, algumas das características que são, habitualmente, apontadas como sendo as principais vantagens e condicionantes da utilização do e-Learning: 4 A propósito deste aspecto e de outros aspectos ligados ao perfil social dos cibernautas portugueses, poderá consultar-se o Inquérito à Sociedade em Rede em Portugal, CIES-ISCTE, 2003 Sociedade Portuguesa de Inovação 8 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 1: Vantagens da utilização do e-Learning5 VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO E-LEARNING Permite que os formandos possam aceder aos conteúdos e aprender em qualquer lugar e Facilidade de em qualquer altura, desde que disponham de um computador com ligação à Internet e de acesso um programa de navegação. Os conteúdos estão disponíveis online, 24 horas por dia, podendo aceder a eles quando lhe for mais conveniente. Público em geral: permite aprender mais sobre qualquer assunto, de forma cómoda, a partir de qualquer lugar e sem estar limitado pelos horários das aulas; Empresas: permite distribuir a informação mais rápida e eficazmente pelos colaboradores, clientes e parceiros; permite preparar mão-de-obra mais rapidamente para as mudanças Elevada dentro da empresa ou do mercado; aplicabilidade Pessoas com dificuldades ao nível da mobilidade: permite frequentar as aulas a partir de casa, sem necessidade de enfrentar constrangimentos de mobilidade; Profissionais: permite frequentar Pós-Graduações e MBA, sem precisar de se deslocar a universidades nem de cumprir horários das aulas. Simplicidade de utilização Segmentação de conteúdos Para utilizar o e-Learning basta possuir alguns conhecimentos essenciais de informática (saber usar um computador) e de Internet (saber navegar). O conteúdo dos cursos está dividido em unidades de aprendizagem mais pequenas, (módulos, capítulos, etc.), permitindo ao formando frequentar apenas a parte do curso que lhe interessa. Formação personalizada, que possibilita uma maior retenção dos conteúdos por parte do Eficácia formando, que define o seu método de estudo e o seu ritmo de aprendizagem. O ensino é direccionado para o formando, que deixa de ser meramente um participante passivo. Economia Actualização de conteúdos Formação com custos mais baixos: não há necessidade de deslocar formandos e formadores para salas de aula. Os conteúdos de aprendizagem podem ser alterados, corrigidos e actualizados com rapidez e facilidade, proporcionando ao formando a informação mais recente e mais actual. 5 Adaptado de Cação, Rosário e Dias, Paulo Jorge; “Introdução ao e-Learning”, colecção e-Learning, dos conceitos às perspectivas de desenvolvimento; SPI; Porto - 2003 Sociedade Portuguesa de Inovação 9 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 1: Vantagens da utilização do e-Learning VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO E-LEARNING As plataformas de e-Learning usadas incluem ferramentas destinadas a criar um ambiente interactivo online. Existem ferramentas para estabelecer o contacto entre os Interacção e interactividade formandos e para reforçar a interacção do grupo, tais como os relatos, demonstrações, simulações, grupos de debate, equipas de projecto, sugestões, tutoriais e perguntas frequentes. A interactividade dos conteúdos: o uso de conteúdos dinâmicos, com recursos multimédia, nomeadamente, animações flash, registos áudio e vídeo, formulários interactivos, entre outros. Tabela 2: Condicionantes da utilização do e-Learning6 CONDICIONANTES DA UTILZIAÇÃO DO E-LEARNING Velocidade: se a ligação à Internet for de baixa velocidade, a transmissão dos dados poderá demorar bastante tempo; Segurança: existe receio, por parte do utilizador, de que terceiros possam aceder Problemas técnicos remotamente ao seu computador; Incompatibilidade: especialmente nas empresas pode verificar-se incompatibilidade das ferramentas de e-Learning com programas essenciais ao funcionamento da rede da empresa. Metodologias pedagógicas Sobrevalorização do tecnológico Falta de conhecimento sobre as metodologias de aprendizagem online, havendo a necessidade de introduzir melhorias nos conteúdos e na pedagogia. Problemas na adequação do e-Learning à aprendizagem efectiva de cada grupo e cada competência. Desvalorização do elemento pedagógico, em contraste com um destaque excessivo atribuído aos factores técnicos. Falta de um sistema mais eficiente para avaliar os formandos. Quando os cursos são Avaliação realizados integralmente através da Internet, não há hipótese de confirmar quem e como fez realmente os testes de avaliação. No entanto existem já diversos programas e ferramentas que permitem tornar a avaliação mais eficaz. 6 Adaptado de Cação, Rosário e Dias, Paulo Jorge; “Introdução ao e-Learning”, colecção e-Learning, dos conceitos às perspectivas de desenvolvimento; SPI; Porto - 2003 Sociedade Portuguesa de Inovação 10 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 2: Condicionantes da utilização do e-Learning CONDICIONANTES DA UTILZIAÇÃO DO E-LEARNING Existe um número considerável de cursos no mercado que não são mais do que a Qualidade dos transposição para a Internet de cursos da formação convencional. Os cursos em regime conteúdos de e-Learning deverão ser concebidos de raiz para uma realidade electrónica, com todos os recursos online que potenciem ao máximo a sua eficácia. Falta de mão-deobra especializada Em alguns aspectos, o e-Learning debate-se com a falta de formadores e técnicos de ensino vocacionados para o ensino através da Internet. Dificuldade dos formandos se concentrarem diante do ecrã por períodos prolongados, Concentração em criando problemas à aprendizagem, quebras de ritmo e concentração e problemas de frente ao ecrã saúde resultantes da exposição às radiações dos monitores. Contudo, as inovações tecnológicas têm minimizado este problema. Atraso no e-commerce As compras através da Internet ainda não conseguiram afirmar-se em pleno. A relação comercial entre fornecedor e consumidor terá que oferecer garantia de confiança e credibilidade, sobretudo ao nível do pagamento. O e-Learning, em Portugal, carece de certificação a vários níveis, incluindo a Certificação certificação de cursos, formadores e autores de cursos e da própria qualidade da formação. A falta de certificação limita a expansão do e-Learning, em particular pela falta de credibilidade perante formandos, parceiros ou investidores. 1.1.4 Principais Tendências e Referências na Área do e-Learning Apesar de conhecer algumas contrariedades na sua implementação, o e-Learning é reconhecido tanto pelos indivíduos, como pelas escolas, entidades formadoras, empresas e entidades públicas, como uma metodologia essencial para fazer face aos novos desafios da economia do conhecimento. Não se espera, naturalmente, que o e-Learning venha substituir as metodologias de formação presencial, mas antes, que as venha complementar e enriquecer, contribuindo para modificar a forma como nos relacionamos com a aprendizagem. De uma perspectiva fechada e circunscrita, em que a formação é encarada como estando limitada à idade escolar e o processo de aprendizagem é visto como a transmissão unilateral de conhecimentos do professor para o aluno, a sociedade actual caminha para uma outra perspectiva daquilo que é a formação e a aprendizagem, contando, para tal, com as potencialidades do e-Learning. Sociedade Portuguesa de Inovação 11 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A formação deve ser encarada como um complemento essencial à actividade das instituições e à capitalização dos seus recursos, sendo, para além disso, uma fonte de valorização pessoal para todos os indivíduos, ao longo de toda a vida. Neste contexto, a utilização das TIC, nomeadamente da Internet, no processo de aprendizagem, é essencial para fomentar a criação de redes de comunicação, para facilitar a rapidez do envio e actualização de informações e, consequentemente, para a incorporação de novas ideias, produtos e procedimentos nas práticas profissionais. Apesar de não sabermos ao certo como será a educação no futuro, o que torna possível que sejam traçados diversos cenários e formuladas variadas expectativas, podemos assumir, pela evolução actual do e-Learning, que as TIC estarão associadas e integradas com a educação enquanto ferramenta de comunicação entre formadores e formandos, em que a Internet, os computadores e outras ferramentas serão utilizadas em vários formatos e combinações, gerando ambientes de aprendizagem diferenciados e adaptados, onde a metodologia tradicional centrada no formador deixará de ser a dominante. Reconhecendo a importância e o valor do eA Comunicação da Comissão ao Conselho, Parlamento Learning, a União Europeia (UE) tem Europeu, Comité Económico e Social Europeu e Comité das apostado nesta metodologia formativa, tendo Regiões, de 19 de Novembro de 2004, estabelece como em vista aquilo que define como «uma ponto-chave a info-inclusão. A info-inclusão traduz-se na implementação de uma sociedade de informação para economia baseada no conhecimento», que todos, isto é, uma sociedade que proporciona a todos, a se traduz numa geração de cidadãos que preços moderados, o mesmo acesso às TIC e a mesma aprendam mais, mais depressa e durante disponibilidade. Desta forma a info-inclusão deve ser entendida num duplo sentido: por um lado pretende toda a vida. Desta forma, as instituições assegurar a igualdade de acesso e a participação de todos públicas têm vindo a incentivar os governos e na sociedade de informação; por outro lado, aponta para a os cidadãos a prevenir e diminuir a info- implementação de sistemas que permitam às pessoas com deficiência e aos idosos desempenhar plenamente o seu exclusão, mas também a estimular as papel na sociedade e aumentar a sua autonomia. diversas áreas da economia a participar neste processo global de informatização. As competências em TIC, quer em formadores quer em formandos, irão ser fundamentais para o contínuo desenvolvimento e implementação do eLearning, pelo que se torna premente apostar na formação de uns e de outros quanto a essas competências. Sociedade Portuguesa de Inovação 12 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Neste sentido, o conjunto de iniciativas que a UE vem dinamizando principalmente desde o ano 2000, abrange não só os domínio do ensino e formação, mas também do mercado laboral, onde as preocupações são extensíveis à empregabilidade e à capacidade de adaptação dos trabalhadores a esta nova ordem económica. Através do e-Learning, procura-se mobilizar os actores económicos e sociais para a necessidade de aprofundar as mudanças nos sistemas formativos a nível europeu, caminhando na direcção de uma verdadeira sociedade do conhecimento, reforçando a coesão social, fomentando o desenvolvimento pessoal e incentivando o dialogo inter-cultural. O novo “Programa de Acção Integrado no Domínio da Aprendizagem ao Longo da Vida (20072013)”7, apresentado pela Comissão Europeia, prevê a integração de todos os programas de educação e formação existentes a nível europeu, salientando as transformações que se observam em toda a UE e que se traduzem pela integração crescente dos sistemas de educação e formação num contexto de aprendizagem ao longo da vida. No Artigo 37.º do Capítulo V, Título II deste documento, é destacado o objectivo de “apoiar o desenvolvimento de conteúdos, serviços, pedagogias e práticas inovadores, baseados nas TIC, no domínio da aprendizagem ao longo da vida”. Este objectivo é depois concretizado no ponto 3 do mesmo capítulo, no qual são explicitados os apoios a conceder a vários tipos de acções, nomeadamente projectos “que visem o desenvolvimento e a divulgação de métodos, conteúdos, serviços e ambientes inovadores”. No que diz respeito ao contexto nacional e mais concretamente ao sector agrícola português, mantém-se o desafio de concretizar estes objectivos, assim como os objectivos já traçados na “Estratégia de Lisboa”8, colmatando as lacunas existentes ao nível da formação e qualificação dos recursos humanos com o auxílio de metodologias de formação inovadoras, eficazes e motivadoras, como é o caso do e-Learning. 7 Programa de Acção Integrado no Domínio da Aprendizagem ao Longo da Vida (2007-2013)”, 2004; http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/site/pt/com/2004/com2004_0474pt01.pdf 8 Objectivos da Estratégia de Lisboa: http://europa.eu/scadplus/glossary/lisbon_strategy_pt.htm Sociedade Portuguesa de Inovação 13 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 1.2 Breve Caracterização dos Recursos Humanos no Sector Agrícola a Nível Nacional A caracterização dos agentes do sector agrícola nacional é essencial para contextualizar a oferta formativa existente neste sector. O conhecimento das características destes indivíduos, da evolução recente da sua situação e do contexto no qual desenvolvem a sua actividade, permitirá, posteriormente, efectuar um enquadramento devidamente fundamentado da oferta formativa existente no sector agrícola nacional, percepcionando se as iniciativas de e-Learning existentes são suficientes e adequadas aos seus destinatários. Os dados apresentados ao longo deste capítulo apenas consideram a realidade do Continente, ficando de fora desta análise, por falta de dados, as regiões autónomas. 1.2.1 Mão-de-Obra Agrícola Em Portugal, como de resto, em todos os Países da UE, registou-se, nas últimas cinco décadas um forte decréscimo da população empregada no sector agrícola. Este fenómeno acentuou-se ainda de forma mais significativa com a integração do nosso País neste espaço económico. A Figura 1 a seguir apresentada ilustra a evolução do emprego na agricultura em Portugal desde 1960, confrontando-a com a que se registou na UE a 12 (considerando os 12 países desde 1960). Figura 1: Evolução do emprego na Agricultura desde 1960 em Portugal e na UE 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 1960 1970 1980 1985 Portugal 43,9 30 28,6 23,9 2004-2005 9,6 UE 12 21,1 13,8 9,6 8,6 3,8 Sociedade Portuguesa de Inovação 14 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Na Tabela 3 são apresentados os números relativos à evolução da mão-de-obra agrícola (correspondentes a UTA9), por um período de 15 anos, considerado a partir de 1989 (1ª fase do processo de integração de Portugal na UE) até 2003. Tabela 3: Mão-de-obra agrícola a nível nacional desde 1989 (em UTA) Mão-de-obra agrícola familiar Mão-de-obra agrícola total Produtor Cônjuge Outros membros da família Mão-de-obra agrícola não familiar Permanente Eventual Contratada pelo produtor 1989 846 634 329 791 237 646 154 167 62 936 62 998 2 865 1993 609 091 248 381 159 243 106 146 50 201 45 120 2 480 1995 585 077 238 003 154 294 97 991 47 882 46 911 2 292 1997 521 467 214 741 136 590 80 083 45 178 44 871 2 103 1999 526 620 219 814 135 344 77 157 47 335 44 365 2 605 2003 457 647 193 616 118 124 62 373 43 895 37 141 2 500 Uma análise sumária destes números permite concluir que: • Durante este período, e em termos globais, a mão-de-obra agrícola regrediu 46%10; • Os maiores decréscimos registam-se na mão-de-obra de origem familiar, e, particularmente no extracto classificado como “outros membros da família”, facto que parece evidenciar que cada vez mais as explorações de natureza familiar assentam no trabalho do produtor e do seu cônjuge; • Em relação à mão-de-obra não familiar, a redução regista-se com maior impacto na componente que assume um vínculo mais precário (eventual). Estas conclusões podem ter várias leituras. Desde logo, é de aceitar que tem vindo a registarse um crescimento da produtividade do trabalho agrícola, que, seguramente, está muito 9 UTA: Unidades de trabalho agrícola. Cada UTA corresponde a 1920 horas de trabalho por ano. De acordo com o documento “Agricultura Portuguesa. Principais Indicadores-2005”, elaborado pelo Gabinete de Planeamento e Politica Agro-Alimentar, estima-se que, em 2005, a mão-de-obra agrícola aproximar-se-ia das 417 mil UTA. 10 Sociedade Portuguesa de Inovação 15 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional associado ao esforço de mecanização que foi, nas últimas duas décadas, realizado neste sector. Por outro lado, é também evidente que a agricultura portuguesa tem vindo a progredir no sentido de uma maior profissionalização e especialização das actividades (o sector da produção de leite é, a este título, o exemplo mais paradigmático). Por último, parece poder-se concluir que uma franja significativa de pessoas ligadas às explorações agrícolas num quadro que se poderia designar de sub-emprego e que, estatisticamente, eram classificadas como mão-de-obra familiar, foram excluídas deste grupo. Tomando como referência o ano de 2003 apresenta-se, na Tabela 4, a distribuição, pelas regiões NUT II, da mão-de-obra agrícola. Tabela 4: Mão-de-obra agrícola por NUT II em 2003 (em UTA) Mão-de-obra agrícola familiar Mão-de-obra agrícola total Produtor Cônjuge Outros membros da família Mão-de-obra agrícola não familiar Permanente Eventual Contratada pelo produtor Continente 431 521 180 870 113 862 57 644 40 758 35 967 2 421 Norte 180 524 74 479 48 356 31 268 11 573 13 783 1 141 Centro 166 355 74 479 51 159 19 693 9 628 10 832 564 Lisboa 14 852 5 534 3 128 1 615 2 783 1 748 44 Alentejo 56 442 20 283 8 474 3 676 14 716 8 666 627 Algarve 13 348 6 170 2 746 1 392 2 057 937 46 Uma análise sumária destes números permite concluir que: • Cerca de 80% da mão-de-obra agrícola total do Continente concentra-se nas regiões Norte e Centro, sabendo-se que nestas regiões o peso da faixa litoral, onde predominam as explorações de natureza familiar e de pequena dimensão física, é determinante; • A norte de Lisboa e Vale do Tejo, a colaboração do cônjuge é determinante, representando, na região Centro cerca de 35% da mão-de-obra recrutada no seio da família; Sociedade Portuguesa de Inovação 16 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • A sul do Continente, em que parte significativa da superfície agrícola está distribuída por grandes explorações, regista-se a importância da mão-de-obra não familiar. Na região do Alentejo, 42,5% das necessidades de mão-de-obra são preenchidas por pessoal contratado, facto que contrasta com o que se verifica na região Norte que, neste aspecto, regista uma taxa inferior a 15%. 1.2.2 Produtores Agrícolas O conceito de Produtor Agrícola Singular refere-se ao responsável jurídico e económico da exploração agrícola, isto é, a pessoa física em nome da qual a exploração produz. Exclui-se deste conceito a entidade moral como, por exemplo, as sociedades, as cooperativas e o Estado. Sendo os produtores agrícolas um dos grupos mais importantes no panorama do sector agrícola nacional, importa conhecê-los ao nível de características como sexo, idade, nível de instrução, assim como conhecer o tipo de explorações que detêm quanto à sua dimensão económica. Caracterização Geral: Sexo, Idade, Nível de Instrução Na Figura seguinte, apresenta-se a distribuição dos produtores agrícolas em Portugal Continental, considerando a distribuição por região NUT II e o sexo. De acordo com estes dados, em 2003 existiam em Portugal cerca de 376 mil produtores agrícolas singulares. Figura 2: Número de produtores agrícolas singulares, por sexo e região NUT II (2003) Algarve 18.656 3.351 15.305 Total Mulheres 34.445 Alentejo 5.860 28.585 Lisboa e Vale do Tejo Homens 59.944 8.586 51.358 127.205 Centro 30.090 97.115 Norte 135.688 38.760 96.928 375.938 Continente 86.647 289.291 Sociedade Portuguesa de Inovação 17 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Da análise da Figura 2, pode-se concluir que: • Cerca de 70% dos produtores estão concentrados nas regiões Norte e Centro; • Os produtores do sexo masculino somam 77% do conjunto. Em relação às mulheres, constata-se que a sua importância, como produtores, varia entre 14% e 29% sendo mais expressiva no Norte do País. Comparando estes dados com dados de 198911, constata-se que tem crescido o peso das mulheres na estrutura dos produtores agrícolas, o qual passou de 15% (naquele ano) para 25% em 2003. No que diz respeito à idade dos produtores agrícolas, apresenta-se na Tabela 5 a sua distribuição por faixa etária e por região NUT II. Tabela 5: Número de produtores agrícolas singulares, por faixa etária e região NUT II (2003) < 25 25 a <40 40 a <55 55 a <65 >= 65 Total Portugal Continental 1 206 29 747 97 415 103 745 143 825 375 938 Norte 485 12 755 37 562 36 854 48 032 135 688 Centro 232 8 472 33 498 36 069 48 934 127 205 Lisboa e Vale do Tejo 299 4 724 15 143 17 131 22 647 59 944 Alentejo 145 2 984 7 747 8 745 14 824 34 445 Algarve 45 812 3 465 4 946 9 388 18 656 Da análise desta Tabela, conclui-se que: • A idade média dos produtores agrícolas era, em 2003, de 62 anos, situação preocupante e que se tem vindo a agravar. Com efeito em 1989, este indicador era, para o Continente, de 56 anos; • Nas regiões do Sul, com destaque para o Algarve, 77% dos produtores têm idade superior a 55 anos; 11 Dados do INE Sociedade Portuguesa de Inovação 18 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Não obstante os estímulos à instalação de jovens agricultores (com idade inferior a 40 anos), o facto é que, em termos globais, é muito reduzido o seu número (cerca de 8% do total); • Somente três em cada mil agricultores tem responsabilidades de gestão das explorações agrícolas, circunstância que poderá ser explicada por factores de natureza sociológica (como, por exemplo, a resistência dos pais cederem a exploração aos filhos, muito própria do meio rural), mas também poderá ser interpretada pelo desinteresse da juventude em empreender na actividade agrícola. Em relação ao nível de instrução dos produtores agrícolas singulares do Continente, apresenta-se, na Tabela 6, a sua distribuição por regiões (NUT II). Tabela 6: Número de produtores agrícolas singulares, por nível de instrução e região NUT II (2003) Nenhum Ensino Ensino Ensino básico Secundário Superior Total Portugal Continental 129 360 228 474 8 230 9 874 375 938 Norte 49 992 79 602 5 710 5 344 135 688 Centro 42 743 79 991 2 052 2 419 127 205 Lisboa e Vale do Tejo 17 708 39 050 1 708 1 478 59 944 Alentejo 11 695 19 561 1 366 1 823 34 445 Algarve 7 292 10 270 584 510 18 656 Da análise desta Tabela, conclui-se que: • Cerca de 35% dos produtores que não têm qualquer formação académica reconhecida. Se a estes somarmos os que concluíram o ensino básico, conclui-se que o conjunto de produtores cujas qualificações académicas não ultrapassam este grau de ensino atinge os 95%. Esta situação é, com pequenas variações, generalizada a todo o Continente. A excepção que mais se evidencia pela positiva é a da Região do Alentejo, onde cerca de 10% dos produtores têm formação quer a nível do ensino secundário, quer a nível do ensino superior; Sociedade Portuguesa de Inovação 19 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Se nos reportarmos ao ano de 198912, regista-se uma pequena evolução na proporção dos produtores com formação secundária ou superior: passou de 4% para 5% (em 2003) o número de produtores com estas qualificações académicas. Já mais significativa foi a evolução dos produtores com formação profissional na área agrícola, que representavam, em 2003, 9% do universo total de produtores, enquanto em 1989, somente teriam tido acesso à formação menos de 3%. Estrutura da Produção A estrutura da mão-de-obra agrícola está intimamente relacionada com a estrutura de produção. Mais que a dimensão física das explorações agrícolas, é importante conhecer a sua dimensão económica, determinada pela Unidade de Unidade de Dimensão Económica Dimensão Económica (UDE). Na Tabela seguinte (UDE): rendimento que o produtor agrícola pode extrair da sua actividade na apresenta-se a evolução das explorações de acordo exploração. Uma UDE equivale a 1.200€. com a sua dimensão económica, medida em UDE, de 1989 a 2003. Tabela 7: Evolução das explorações em Portugal Continental segundo a dimensão económica (1989-2003) Total 12 Inferior a 2 2 UDE a 3 4 UDE a 7 8 UDE a 15 Superior ou igual UDE UDE UDE UDE a 16 UDE 1989 598 578 342 432 129 291 71 112 33 333 22 410 1993 488 824 241 047 118 271 70 097 34 522 24 410 1995 450 480 214 784 111 004 64 880 32 572 27 240 1997 416 332 177 816 101 179 69 391 37 408 30 538 1999 414 659 204 928 93 724 56 127 30 138 29 742 2003 359 097 185 385 74 649 47 649 25 150 26 264 Dados do INE Sociedade Portuguesa de Inovação 20 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Da análise da Tabela pode concluir-se que: • Em quinze anos (de 1989 a 2003), o número de explorações agrícolas caiu em 40%. Este facto é mais evidente em relação às explorações de mais baixos rendimentos, em particular das que se situam abaixo das 3 UDE; • As explorações de maior dimensão económica (acima das 16 UDE) cresceram, quer em número (cerca de 17%), quer em termos do seu peso no conjunto (peso este que passou de 3,7% em 1989, para 7,3% em 2003). Não obstante esta evolução, a verdade é que, em 2003, as explorações de reduzida dimensão económica (até 7 UDE) representavam aproximadamente 86% do universo total. A leitura da Tabela 8, abaixo apresentada, evidencia o dualismo que caracteriza, neste aspecto, a agricultura portuguesa. A Norte e no Centro, predominam as pequenas e médias explorações agrícolas (cerca de 70% do total das explorações), concentrando-se também nestas zonas, como já atrás se referiu, a população agrícola (aproximadamente 72,5% do total continental), enquanto a região do Alentejo, com quase 42% da superfície agrícola, detêm somente 9,4% das explorações agrícolas e 8,2% da população agrícola. Tabela 8: Explorações segundo a dimensão económica por NUT II em 2003 Total Inferior a 2 2 UDE A 3 4 UDE A 7 8 UDE A 15 Superior ou igual a UDE UDE UDE UDE 16 UDE Continente 330 604 172 138 69 658 43 502 22 655 22 652 Norte 123 719 54 569 32 352 20 690 9 257 6 851 Centro 136 057 84 381 25 342 13 243 6 853 6 239 Lisboa 10 779 4 823 1 872 1 642 1 178 1 264 Alentejo 44 165 19 919 7 227 5 719 4 159 7 141 Algarve 15 883 8 446 2 865 2 208 1 208 1 157 Interessa analisar também o tempo dedicado à actividade por parte dos produtores, o que se prende, naturalmente, com a dimensão económica das explorações agrícolas. Na Figura 3 ilustra-se esta situação com referência ao ano de 2003, para as regiões NUT II. Sociedade Portuguesa de Inovação 21 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Figura 3: Produtores agrícolas singulares por tempo de trabalho agrícola e região NUT II (2003) Algarve Alentejo Lisboa e Vale do Tejo Centro Norte Continente 0% 10% 20% 30% >0 ; <50% 40% 50% >=50%;<100% 60% 70% 80% 90% 100% Tempo Completo Da análise desta Figura podem extrair-se as seguintes conclusões: • Em termos globais, menos de 20% dos produtores exercia, em 2003, a sua actividade a tempo inteiro na exploração. A única excepção é, neste aspecto, a região Norte; • Aproxima-se dos 50% o número de produtores que, no Continente, ocupa na exploração agrícola metade ou menos do seu tempo de trabalho. Esta percentagem atinge valores bem superiores nas regiões do Sul; • No escalão intermédio (entre 50% a 100%), e com excepção das regiões de Lisboa e Vale do Tejo e do Alentejo, todas as regiões apresentam, em relação a este indicador, valores superiores a 30%. 1.2.3 Outros Recursos Humanos Envolvidos no Sector Agrícola Importa ainda fazer uma referência a outros recursos humanos envolvidos no sector agrícola, nomeadamente: dirigentes associativos e técnicos. No que toca à caracterização dos dirigentes associativos, verificou-se bastante difícil encontrar dados que, com algum rigor, permitam ilustrar a situação actual em Portugal. Com efeito, esta população distribui-se por uma miríade de organizações que se podem agregar nas seguintes entidades de cúpula: Sociedade Portuguesa de Inovação 22 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Relativamente às Associações Sócio-Profissionais: o CAP: Confederação dos Agricultores de Portugal; o CNA: Confederação Nacional de Agricultura; o AJAP: Associação dos Jovens Agricultores de Portugal. • Relativamente às Associações Sócio-Económicas o CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal. De todo o modo, não se entende que esta informação venha acrescentar algo ao que já atrás foi referido, já que a esmagadora maioria (para não dizer a totalidade) dos dirigentes associativos são produtores. Relativamente aos técnicos empregados, poderão fazer-se as seguintes distinções, no que respeita à situação profissional: • Técnicos ligados ao aparelho administrativo do Estado (em particular ao Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas – MADRP, e às autarquias); • Técnicos que se encontram a trabalhar nas organizações agrícolas; • Técnicos a trabalhar no sector privado. Também neste domínio tornou-se impossível a obtenção de números, assim como de dados que permitissem traçar o perfil dos técnicos ligados ao sector agrícola, que estão no activo. 1.3 Utilização das TIC na Prática Agrícola em Portugal A caracterização da utilização das TIC no sector agrícola português é essencial para compreender de que base se poderá partir para o desenvolvimento de iniciativas de eLearning. Neste capítulo, a utilização das TIC no sector agrícola português é contextualizada através da descrição dos principais marcos da evolução histórica das TIC na agricultura, referindo-se depois algumas iniciativas de telemática implementadas em Portugal. Após estas Sociedade Portuguesa de Inovação 23 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional referências descreve-se a utilização actual das TIC no sector agrícola em Portugal, no que toca à utilização de computador e Internet e programas informáticos. 1.3.1 Principais Marcos da Evolução da Utilização das TIC na Agricultura As TIC na agricultura têm sido, historicamente, alvo de grandes promessas e de fracos resultados. Assistimos periodicamente a “vagas” de euforia que não se têm traduzido na ampla adopção e utilização destas tecnologias no sector agrícola nem na obtenção generalizada de mais valias e ganhos de competitividade por essa via. Seguidamente descrevem-se alguns dos aspectos mais importantes da evolução da utilização das TIC no sector. Informatização do ‘Back Office’ A informática dos anos oitenta tratava, essencialmente, da mecanização de processos existentes: pacotes de software contabilístico, que permitiam um acompanhamento mais fácil do desempenho da exploração; programas para a gestão de efectivos bovinos leiteiros, que ofereciam análises valiosas do desempenho individual dos animais – este foi um dos primeiros casos de sucesso do uso de TIC no sector. No entanto, uma melhor gestão da informação na exploração era interessante, mas pouco inspiradora, pois muitos agricultores consideravam que o esforço necessário para registar a informação no computador era superior ao benefício obtido e, assim, o número de utilizadores cresceu lentamente. Seriam necessárias novas abordagens para encorajar uma adopção generalizada das tecnologias onde os benefícios fossem claramente superiores ao esforço envolvido na sua utilização. Crescente regulamentação e consequente peso dos processos administrativos Um dos principais factores que encorajou uma maior utilização dos computadores no sector foi, sem dúvida, a crescente importância que os registos da exploração tinham para a obtenção de apoios, ajudas, etc. regulamentadas no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC), bem como com as questões relacionadas com a segurança alimentar e a rastreabilidade. Neste campo, destaca-se a utilização de softwares de gestão das explorações e de soluções incorporando a possibilidade de produzir mapas decorrentes da imposição do Parcelário, aplicações para gerir efectivos pecuários para dar resposta às imposições do SNIRB, etc. Sociedade Portuguesa de Inovação 24 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A revolução da comunicação O correio electrónico é, sem dúvida, a tecnologia que levará à generalização da informática em todas as empresas agrícolas. A necessidade de comunicar e as vantagens que a utilização do e-mail proporciona, têm feito desta tecnologia uma das mais utilizadas da era da Internet, verificando-se também um crescimento do número de fornecedores especializados de informação agrícola. De facto, depois de inúmeros esforços no sentido de descobrir exactamente que informação os empresários agrícolas necessitavam, é agora claro que os maiores benefícios advêm de informação que muda rapidamente e que exige actualizações frequentes como seja preços, relatórios de mercado e informação meteorológica. Comércio na Internet No sector agrícola existiu algum entusiasmo na realização de transacções online de factores e produtos e diversos projectos multinacionais foram lançados para explorar esta “oportunidade”. Infelizmente, hoje restam apenas algumas iniciativas que se converteram à prestação de serviços online e ao fornecimento de informação aos empresários agrícolas ou então que focaram o seu negócio mais a montante e/ou a jusante da exploração agrícola, trabalhando com os fabricantes, distribuidores, etc. No entanto, embora não se possam escamotear os falhanços da era “dot.com”, não devemos esquecer um número considerável de iniciativas de pequena dimensão que, tendo apostado em nichos de mercado, como por exemplo agricultura biológica, produtos tradicionais de qualidade ou mesmo na multifuncionalidade do espaço rural complementando a actividade agrícola com o turismo, artesanato, gastronomia, ambiente, etc., têm tido algum sucesso. Sistemas de informação geográfica, agricultura de precisão e mapeamento Este tipo de sistemas, permite, por exemplo, identificar a posição de qualquer máquina agrícola com uma resolução de poucos metros na superfície do planeta. No entanto, as previsões iniciais de sermos capazes de controlar automaticamente a aplicação de factores de produção utilizando mapas de produtividade e software agronómico inteligente ainda estão longe de ser uma realidade. Por outro lado, na grande maioria dos casos a utilização do GPS para apoiar a utilização de débitos variáveis de aplicação de factores não poupará tempo, uma vez que os agricultores irão necessitar de tempo para aprender as novas técnicas envolvidas e que a complexidade da questão e as grandes quantidades de dados que terão de ser interpretados são um importante factor de limitação da sua adopção. Sociedade Portuguesa de Inovação 25 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Sistemas de apoio à decisão (SAD) A utilização de computadores para registar informação e fornecer aconselhamento é, talvez, o maior desafio e a oportunidade mais interessante para a integração das TIC no sector agrícola num futuro próximo. Existem numerosos exemplos de sistemas de apoio à decisão informatizados para a gestão agrícola, por exemplo para a fertilização e irrigação de parcelas, tratamento de pestes e doenças, etc. Neste contexto, as aplicações Web têm vindo a ganhar terreno como forma de disponibilizar sistemas de apoio à decisão aos potenciais utilizadores, pois possibilitam que os mesmos sejam colocados à disposição de audiências globais a custos muito reduzidos. Paralelamente, permitem que todo o processamento seja efectuado do lado fornecedor, fazendo com que o lançamento de novas versões e as actualizações das bases de dados sejam possíveis sem necessidade de intervenção do utilizador final. i-Farm Existe um enorme potencial para, ao nível da exploração agrícola, se concretizar a utilização integrada de uma série de recursos e materializada num sistema de informação que suporte, no campo ou no escritório, a tomada de decisão do empresário agrícola em tempo real, integrando variáveis culturais, ambientais, sanitárias, económicas, etc. Esta visão materializa-se no conceito i-Farm, que prevê: • Sensores de monitorização sem fios (informação alfanumérica, imagens e vídeo); • Assistentes pessoais digitais, integrando capacidades de comunicação/acesso à Internet; • Cobertura sem fios das unidades de demonstração (Wi-Fi, Wimax) para suportar a recolha em tempo real dos dados que estão a ser monitorizados; • Recolha de imagens aéreas (UAV) para produção de cartografia de análise (stress hídrico, problemas fitossanitários, grau de maturação, etc.); • Controlo remoto / Actuação sobre aspectos da gestão das culturas, como a gestão da rega ou a intervenção localizada de determinada operação fitossanitária. 1.3.2 Utilização da Telemática no Sector Agrícola Português Em Portugal, a utilização das TIC com o objectivo de promover a dinamização do sector agrícola e o desenvolvimento rural foi precedida de alguns projectos que importa referir, por promoverem a disseminação de informação com recurso às TIC e incentivarem a adopção e utilização destas tecnologias no mundo rural. Um destes projectos, lançado nos anos 80 com o apoio de fundos comunitários, foi o Agri/PME. Embora numa dimensão muito inferior referemse ainda os projectos AgriBBS e Telecentros Rurais. Sociedade Portuguesa de Inovação 26 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Agri/PME Nos anos oitenta (1988) o Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação (MAPA) lançou o projecto Agri/PME, no âmbito do qual foram desenvolvidos três serviços disponíveis ao público: • AgriVtx – base de dados agrícola, contendo informação tanto de carácter geral (endereços, factos, notícias agrícolas, mensagens de organismos oficiais, feiras, etc.), como de carácter técnico (cotações de produtos agrícolas e pecuários, ajudas financeiras disponíveis, avisos agrícolas, dados agro-meteorológicos, etc.); • VTX Empresas – base de dados contendo informação destinada às pequenas e médias empresas, industriais e comerciais, tais como: cooperação internacional, concursos públicos, criação de empresas, apoios financeiros, etc.; • FertiAgri – programa interactivo que permitia efectuar o cálculo de fertilização adequado a uma dada cultura, mediante a introdução dos dados específicos de cada agricultor, como produção esperada, dados da análise de terra e precedente cultural. Entre os problemas que levaram ao fracasso desta iniciativa, referem-se a informação desactualizada e em pequena quantidade, a falta de formação dos utilizadores e o custo elevado associado à aquisição e utilização do sistema. Estes aspectos mereceram críticas semelhantes nos outros países que iniciaram projectos semelhantes, sendo o único caso de sucesso inquestionável o Francês, em grande parte justificado pelo esforço de investimentos realizado. AgriBBS O AgriBBS, lançado em meados dos anos 90 pelo Ministério da Agricultura, consistiu num sistema de divulgação electrónica cujo objectivo era criar um sistema de informação para o sector agrícola simultaneamente fácil de utilizar, fiável e de baixos custos de acesso e manutenção. Este serviço permitia o acesso remoto via linha telefónica mediante a utilização de software de comunicações adequado. Ao aceder-se ao sistema e após fornecido o nome de utilizador e respectiva palavra-chave, eram disponibilizados os seguintes módulos: Boletins; Ficheiros; Correio electrónico; Aplicações interactivas; Serviços auxiliares; Manutenção; etc. Sociedade Portuguesa de Inovação 27 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional No entanto, também este projecto não perdurou ao longo do tempo, sendo apontados, entre outros, os seguintes problemas: solução proprietária forçando a instalação de uma aplicação de comunicação específica, elevados custos de comunicação, disponibilização de uma única linha de acesso e incapacidade de manter a actualidade da informação disponibilizada em tempo útil. Telecentros Rurais Numa perspectiva diferente, no início dos anos noventa foi lançado um projecto de criação de Telecentros que tinham por objectivo primário apoiar e coordenar a utilização das novas tecnologias de comunicação como instrumentos privilegiados para o desenvolvimento das áreas rurais. O conceito de Telecentro, ou infra-estrutura comunitária de TIC, foi promovido como sendo a solução para os problemas de falta de equipamentos adequados ao nível da exploração. O seu objectivo era apoiar e coordenar a utilização das novas tecnologias de comunicação como instrumentos privilegiados para o desenvolvimento das áreas rurais. No entanto, no Reino Unido, nos últimos anos tem existido um silêncio relativamente à efectividade de tais soluções e a informação que existe sugere que, apesar de serem mais populares as iniciativas telemáticas locais, poucas obtiveram sucesso ou sustentabilidade. 1.3.3 Utilização das TIC no Sector Agrícola Português Previamente à caracterização da utilização das TIC no sector agrícola português são apresentados alguns dados sobre a utilização do computador e da Internet por parte da população portuguesa em geral, permitindo uma contextualização da informação sobre o sector agrícola. De resto, constatou-se alguma dificuldade em encontrar dados actualizados especificamente sobre a utilização das TIC no sector agrícola. A utilização das TIC em Portugal tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. A percentagem de utilizadores do computador cresceu 8% entre 2001 e 2004 para os 54%, Sociedade Portuguesa de Inovação 28 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional enquanto o número de utilizadores de Internet se cifra actualmente nos 43%13. No que diz respeito ao acesso à Internet em banda larga, apesar da anunciada cobertura total do território nacional, no que às áreas mais rurais diz respeito ainda está longe de se tornar realidade. Na Figura seguinte apresentam-se dados relativos à utilização de computador e acesso à Internet nos grandes grupos de profissões. Figura 4: Utilização de computador e acesso à Internet nos grandes grupos de profissões (2001) 100 90 80 70 % 60 50 40 30 20 10 0 Utilização Computador Acesso à Internet A B C D E F G H I Grandes grupos de profissões Grandes grupos de profissões: A - Quadros superiores e dirigentes de empresas B - Especialistas das profissões intelectuais e científicas C - Técnicos e profissionais de nível intermédio D - Pessoal administrativo e similar E - Pessoal dos serviços e vendedores F - Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pesca G - Operários, artífices e trabalhadores similares H - Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores de montagem I - Trabalhadores não qualificados Através da análise da Figura verifica-se que o grupo F “Agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas” apresenta os valores mais baixos, quer na utilização de computadores (4%) quer no acesso à Internet (1%). No entanto, é importante salientar que 13 Fonte: Observatório da Inovação e Conhecimento, 2005 Sociedade Portuguesa de Inovação 29 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional este grupo não inclui, por exemplo, os técnicos do MADRP, os quais apresentam uma maior familiaridade com a utilização das TIC. Apesar da baixa utilização dos computadores e da Internet neste grupo profissional, este número está a evoluir, como se pode verificar pela análise da Figura 5. Figura 5: Evolução da utilização das TIC pelo grupo profissional “Agricultores e Trabalhadores qualificados da agricultura e pesca”14 25 25 21 20 20 15 13 % % 15 10 10 8 6 5 4 5 1 0 0 2001 2003 2004 2001 Utilizadores de Com putador 2003 2004 Utlizadores da Internet Ainda assim, estas taxas de utilização são muito reduzidas quando comparadas com os restantes sectores de actividade profissional em Portugal. No que diz respeito ao sector agrícola, verifica-se uma correlação positiva entre a utilização das TIC e a maior dimensão da exploração, o que significa que, nas explorações com maiores dimensões há uma maior tendência para a utilização das TIC. Quanto à relação entre a idade e o nível de instrução dos recursos humanos e a utilização das TIC, verifica-se que, quanto mais novo for o indivíduo, maior será, na maioria dos casos, o seu nível de instrução e o seu grau de utilização das TIC. Tal como se verificou no capítulo anterior, a realidade portuguesa apresenta, nesta área, características pouco favoráveis: de acordo com o perfil do agricultor português, a maioria dos produtores agrícolas singulares tem 55 ou mais anos de idade e 95% possui, no máximo, o 14 Fonte: UMIC – http://www.umic.gov.pt Sociedade Portuguesa de Inovação 30 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional ensino básico. Consequentemente, nos grupos profissionais associados ao sector agrícola, registam-se baixas taxas de utilização de computadores e de acesso à Internet. Relativamente à utilização de software agrícola, a informação publicada é pouco recente, mas permite conferir uma perspectiva geral do panorama nacional nesta área. Na Figura seguinte pode-se observar, numa lógica de procura, o número de programas informáticos específicos para o sector agrícola, instalados e distribuídos por áreas, em 1996. Figura 6: Programas informáticos para o sector agrícola (1996) Número de Programas Instalados 2500 2000 15 Econom ia Produção 1500 Serviços 1000 500 Ordenam ento da Exploração Transform ação 0 Como se pode verificar, a grande maioria dos sistemas de informação em funcionamento centram-se em instrumentos de natureza contabilística-financeira, restringindo-se a informatização, normalmente, ao sector administrativo. Há diversos factores característicos das TIC que podem influenciar substancialmente a sua taxa de adopção. Entre essas características salientam-se: 15 Programas informáticos para o sector agrícola (Mourão, 1996) Sociedade Portuguesa de Inovação 31 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 9: Factores de influência na taxa de adopção das TIC Factores de influência na taxa de adopção das TIC Rentabilidade das A adopção das TIC aumenta com maiores expectativas de rentabilidade dos sistemas de tecnologias de informação. Assim, aquelas tecnologias de informação que mais facilmente permitem informação uma contabilização dos seus benefícios, a minoria, serão mais rapidamente adoptadas; Interface amigável Se os modelos computorizados são de difícil utilização e se são necessários longos e necessidade de períodos de tempo para introdução de dados ou para a obtenção dos resultados, mesmo tempo o melhor e mais rentável sistema dificilmente será utilizado; Por vezes alguns softwares desenvolvidos não são totalmente credíveis e induzem Credibilidade alguma desconfiança nos agricultores face ao seu conhecimento adquirido ao longo de anos de prática. Este ponto está ligado ao aspecto apresentado de seguida; Adaptação das TIC Por vezes, o software não é adequado aos problemas específicos do agricultor - os à situação da sistemas ajustam-se às características específicas da exploração, mas não dão as exploração respostas que o agricultor pretende; A informação para a gestão agrícola tem de ser disponibilizada na versão mais actual e Informação em tempo útil para melhorar o processo de tomada de decisão. Assim, as TIC têm de ser actualizada rápidas e o agricultor tem de assegurar que os dados de entrada estão disponíveis e que a informação produzida é utilizada atempadamente; Se o software exige muitos conhecimentos prévios do agricultor relativamente ao Conhecimento do problema, ele dificilmente será utilizado. Geralmente, os agricultores mais jovens que já utilizador cresceram a conviver com as TIC têm menor dificuldade na adopção de novas ferramentas. A baixa utilização das TIC no sector agrícola português está, em grande parte, relacionada com estes constrangimentos, ou melhor, com a falta de soluções disponíveis no mercado. Apesar de as informações relativamente à utilização das TIC no sector agrícola em Portugal não indiciarem um percurso fácil para uma implementação generalizada de iniciativas de eLearning, há alguns factores positivos que deverão ser realçados. Por um lado, a evolução extremamente positiva que se tem vindo a verificar na utilização das TIC, nomeadamente do computador e da Internet, tanto por parte dos indivíduos ligados ao sector agrícola, como por parte das entidades públicas ligadas ao sector agrícola – é de destacar a informatização de um grande número de serviços e de procedimentos, que se tem operado nos últimos anos e que constituiu uma verdadeira revolução no que toca ao tratamento de procedimentos Sociedade Portuguesa de Inovação 32 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional administrativos. Por outro lado, é importante referir que, quando estes factores chave para a adopção e utilização de TIC se conjugam de forma favorável, encontramos empresas agrícolas em que a informatização dos processos é uma realidade e que a sua competitividade assenta, em grande medida, no valor acrescentado que os sistemas de informação utilizados permitem obter. Sociedade Portuguesa de Inovação 33 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional CAPÍTULO 2 FORMAÇÃO NO SECTOR AGRÍCOLA A NÍVEL NACIONAL Sociedade Portuguesa de Inovação 34 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 2.1 Panorâmica Geral Em termos históricos, constata-se que a Formação Profissional Agrária (FPA) conheceu duas fases distintas, que, de resto, são demarcadas no tempo pela integração de Portugal na UE. Neste contexto, verifica-se que a panorâmica da FPA é perfeitamente distinta se reportarmos ao período anterior ou ao que se seguiu a 1986. Neste capítulo encontra-se uma breve abordagem a estes dois períodos. 2.1.1 A Formação Profissional Agrária no Período Anterior a 1986 No período que antecedeu a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (C.E.E) foi realizado um número muito reduzido de acções de formação profissional no sector agrícola em Portugal. As iniciativas existentes eram promovidas quase exclusivamente pelo Ministério da Agricultura (serviços Centrais e Regionais) em função das escassas disponibilidades financeiras consignadas a esta finalidade. No entanto, apesar da escassa oferta formativa, deverá referir-se que foi aprovado, no período anterior à adesão, um pacote financeiro para Portugal (de ajudas pré-adesão) que, entre outras medidas, previa o apoio não só à construção de Centros de Formação Profissional, como à realização de acções de formação de técnicos e agricultores. 2.1.2 A Formação Profissional Agrária a partir de 1986 Após a adesão de Portugal à CEE, a FPA conheceu mudanças significativas. De 1986 até 1994 assistiu-se a um crescimento exponencial da FPA, particularmente ao nível dos agricultores, para o que muito contribuiu não só o aumento significativo dos meios financeiros, como a criação de uma rede de Centros de FPA. Por outro lado, a exigência legal de “capacidade profissional bastante” como condicionante para a aprovação de projectos de investimento nas explorações agrícolas, obrigou à criação de condições para responder a esta necessidade específica, traduzida no aumento dos cursos de longa duração (ex: cursos de empresários agrícolas). Este período é ainda caracterizado pelo assumir de um maior protagonismo na promoção de acções de FPA, por parte das Organizações Agrícolas, Sociedade Portuguesa de Inovação 35 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional remetendo-se as Direcções Regionais de Agricultura para um papel que, progressivamente, foi sendo orientado para as tarefas de regulação e controle. De sublinhar que, nesta fase, a capacidade de decisão e gestão financeira estavam concentradas no IEFP – Instituto de Emprego e Formação Profissional. A partir de 1994 e até 2000, para além de se continuar a registar o crescimento da dinâmica da formação de agricultores (assegurada quase na integra pelas Organizações Agrícolas) e de técnicos (assegurada não só pelo Ministério da Agricultura, através dos seus Centros, como por outras Instituições e algumas Organizações Agrícolas), releva-se o facto de, a nível nacional, transitar para o MADRP a gestão da FPA. A formação foi apoiada no âmbito da Medida 6 do Programa de Apoio à Modernização Agrícola e Florestal (PAMAF) e do Programa Quadro da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), programa este que emerge de um acordo com o Governo no âmbito da “concertação social”. A formação no sector patrocinada pelo IEFP estava balizada pelo objectivo de promover a empregabilidade, sendo, fundamentalmente, dirigida a não activos. A partir de 2000, e face ao grande atraso verificado na implementação do 3º Quadro Comunitário de Apoio (que se traduziu na paralisação efectiva da FPA, em pelo menos 1 ano), o ritmo normal somente foi alcançado após 2002. O instrumento mais importante para a FPA é o Programa Operacional AGRO16, através da Medida 7. Por outro lado, foi assegurada a centralização do processo de decisão numa única Unidade de Gestão (não específica) do Programa AGRO, processo este que acabou por promover a dispersão de intervenientes (gestores) com a negociação de Participações Individuais na Formação (PIF) para as Organizações Agrícolas de cúpula. Sublinha-se, todavia, que para além deste programa continua a existir um outro, que é gerido pela CAP. Também não se pode menosprezar o facto de terem sido, até ao presente, realizadas muitas acções de formação profissional com incidência na área da agricultura, através do POEFDS, programa desconcentrado, gerido pelo IEFP e que está orientado preferencialmente para a formação de “não activos”. 16 AGRO acrónimo de Programa Operacional Agricultura e Desenvolvimento Rural Sociedade Portuguesa de Inovação 36 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 2.2 Caracterização da Oferta Formativa Não sendo fácil reunir toda a informação pertinente que possibilite uma compreensão, tanto quanto possível, rigorosa do volume de FPA realizado no nosso País (Continente) julga-se, ainda assim, ser útil avançar com números relativos ao esforço de formação que foi apoiado no quadro dos Programas PAMAF e AGRO, quer a nível de agricultores, quer a nível de técnicos, quer no que respeita a domínios complementares, como sejam a produção de material pedagógico. Neste capítulo é feita a caracterização da formação profissional realizada em Portugal, desde 1994 e são apresentadas as principais conclusões do trabalho de avaliação entretanto realizado sobre a execução dos referidos programas, permitindo construir uma ideia sobre a capacidade de oferta formativa. 2.2.1 Volume de Formação Profissional Agrária Os dados relativos ao volume de FPA desenvolvida com o apoio dos Programas PAMAF, de 1994 a 2000, e AGRO, de 2000/2001 a 2005, são apresentados na Tabela 10. Relativamente a estes dados, deve assinalar-se que se reportam à execução da formação e não ao total da formação que foi aprovada, o que significa não só que estão muito aquém dos dados que foram considerados em fase de aprovação, como, por outro lado, que integram “deslizamentos” entre os anos considerados. Por outro lado, não deverá ser estabelecida uma relação entre os números correspondentes a formandos e os da mão-de-obra agrícola, já que um número significativo de agricultores e técnicos frequentaram mais de uma acção de FPA. Sociedade Portuguesa de Inovação 37 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 10: FPA realizada no âmbito do PAMAF e do AGRO TIPOLOGIA DAS PAMAF AGRO ACÇÕES 1994-2000 2000/2001 2002 2003 2004 2005 4 899 1 571 752 1 153 1 298 2 711 12 384 13 382 013 2 822 .425 1 441 004 2 183 603 2 196 338 3 947 758 25 973 141 71 506 26 198 12 567 19 389 19 538 36 776 185 974 80 913 954 23 869 22 751 34 115 56 439 20 205 81 071 333 917 206 133 127 161 327 1 871 1 048 980 222 907 134 650 144 963 203 944 309 265 2 064 709 15 263 4 098 2 212 1 544 2 651 4 164 29 932 8 794 856 2 405 1 918 2 781 4 533 1 633 8 808 126 - 11 7 7 12 12 49 - 1 353 613 695 1 026 508 4 195 TOTAL Formação de Agricultores Nº de Acções (executadas) Volume de Formação (horas) Nº de Formandos Custo Total (mil euros) Formação de Técnicos Nº de Acções (executadas) Volume de Formação (horas) Nº de Formandos Custo Total (mil euros) Outros Nº de Projectos (aprovados) Custo Total (mil euros) Pela leitura da Tabela podemos concluir que no período compreendido entre 1994 e 2005: • Foram realizadas, em média, cerca de 1.125 acções de formação por ano dirigidas a agricultores, representando cerca de 2.360.000 horas de volume de formação por ano, abrangendo, em média quase 17.000 indivíduos por ano; Sociedade Portuguesa de Inovação 38 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Foram realizadas, em média, cerca de 170 acções de formação por ano dirigidas a técnicos de formação, representando cerca de 187.700 horas de volume de formação por ano, abrangendo, em média mais de 2.700 indivíduos por ano; • No ano de 2005 regista-se uma subida tanto no número de acções de formação, como no volume de formação e nos participantes envolvidos. Como foi referido, é difícil aprofundar a análise da FPA no período compreendido entre 1994 e 2005, uma vez que não dispomos de dados que permitam, por exemplo, confrontar a oferta formativa aprovada com a executada. Para além do número de acções executadas e formandos envolvidos, é pertinente conhecer também as áreas temáticas mais trabalhadas na FPA, independentemente da sua relevância e eficácia. Previamente à apresentação e análise destes dados, deverá salientar-se que a nomenclatura das áreas temáticas variou substancialmente entre a vigência dos programas PAMAF e o AGRO. Com efeito, enquanto no PAMAF as acções de FPA foram classificadas utilizando uma nomenclatura que tinha a ver especificamente com a actividade agrícola e, particularmente, com os subsectores; no programa AGRO foi utilizada a nomenclatura geral que foi adoptada para integrar a formação apoiada, independentemente dos sectores da actividade a que se destinara17. Assim: Analisando o período de vigência do Programa PAMAF18, verifica-se que: Quanto à formação de agricultores: • O maior número de formandos encontra-se nas seguintes áreas de formação: “Operadores de Máquinas Agrícolas” (13.750 formandos), “Empresários Agrícolas” (10.676 formandos), “Pecuária” (10.410 formandos) e “Viticultura” (7.328 formandos); 17 Ministério do Trabalho e da Solidariedade, Portaria nº 316/2001 de 2 de Abril. De acordo com esta Portaria “a ausência de informações comparáveis sobre a formação ministrada no nosso país tanto ao nível da formação inicial como da formação contínua” levou a que “fosse elaborada, sob a supervisão conjunta do Gabinete de Estatísticas das Comunidades Europeias (EUROSTAT) e do Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP), uma subclassificação das áreas de estudo da Classificação Internacional Tipo da Educação (CITE) referente às áreas de formação”. Esta classificação foi actualizada em 2005, com a Portaria nº 256/2005 de 16 de Março. 18 PAMAF, “Distribuição da Formação Profissional Agrária por áreas temáticas (1994-2000)” Sociedade Portuguesa de Inovação 39 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • As acções relacionadas com a área “Agroindustrial-Geral” (192 formandos), a “Comercialização” (321 formandos) e algumas áreas muito especificas (Pesca e Aquacultura, Plantas Aromáticas, Agricultura Biológica, entre outras) motivaram muito poucos agricultores. Quanto à formação de técnicos: • As acções que registaram maior número de formandos foram de “Formação de Formadores” (3.279 formandos), “Desenvolvimento” (2.361 formandos), “Pecuária”, (1.309 formandos) e “Higiene, Segurança e Qualidade” (979 formandos); • As acções que menos motivaram os técnicos foram, em termos gerais, as mesmas que registaram menos afluência por parte dos agricultores; • As acções relacionadas com a “Informática” obtiveram um razoável grau de adesão (825 agricultores e 1.114 técnicos), fundamentalmente na segunda metade do período de vigência do PAMAF. Em relação ao Programa AGRO, e tomando em consideração os anos de 2001/2002 a 2005, verifica-se, quanto à formação de agricultores e técnicos, que: • As áreas que registaram maior afluência de formandos foram as relacionadas com a “Produção Agrícola e Animal” e “Protecção do Ambiente”, já que se tratam de domínios que aglutinam muitas das temáticas que, no âmbito do PAMAF, eram tratadas de forma individualizada; • Na situação inversa, com uma adesão bastante baixa por parte de agricultores e técnicos, encontram-se as áreas relacionadas com “Comércio” e “Marketing e Publicidade”; • Em relação à área de “Formação de Professores e Formadores”, esta continuou a ter um peso significativo na formação de técnicos. Sociedade Portuguesa de Inovação 40 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Destaca-se ainda, neste período que, no conjunto dos formandos, as mulheres tendem a ganhar, progressivamente, uma posição de destaque, situação que é mais evidente no universo dos agricultores. 2.2.2 Avaliação A avaliação19 que é feita pelo MADRP sobre a FPA desenvolvida no quadro destes dois Programas (PAMAF e AGRO) identifica um conjunto de pontos fortes e de pontos fracos que se julga útil transcrever: Tabela 11: Avaliação da FPA desenvolvida no quadro do PAMAF e do AGRO Avaliação da FPA desenvolvida no quadro do PAMAF e do AGRO • A formação profissional é um domínio chave na reorientação e qualificação dos recursos humanos da empresa no sector agro-florestal; Pontos Fortes • Reconhecimento das necessidades de formação como um domínio central de garante do sucesso da sua actividade como empresários agro-florestais; • Existência de enquadramento no FEDER e no FSE para apoios à formação profissional. • Desadequação da formação face às necessidades práticas da agricultura; • Dificuldades de execução dos pedidos de financiamento, pela elevada carga burocrática exigível para a intervenção do FSE; Pontos Fracos • Dificuldades face ao mecanismo de reembolso, que se tem revelado problemático com impactes nos níveis de execução efectiva das acções, obrigando a um elevado esforço de tesouraria por parte de entidades com capacidades financeiras limitadas. No cômputo global ressalta alguma massificação da formação, que não parece compatível com os objectivos do Programa Operacional da Agricultura e Desenvolvimento Rural (POADR). A formação tem assentado fundamentalmente em conteúdos relacionados com a produção, sendo insatisfatória ao nível de uma actuação orientada para o mercado, 19 Fonte: documento sobre a Formação Profissional, apresentado pelo Grupo de Reflexão Estratégica (Subgrupo de trabalho Competitividade) do Gabinete de Planeamento e Politica Agro-Alimentar Sociedade Portuguesa de Inovação 41 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional nomeadamente ao nível da comercialização e marketing e também nas áreas de gestão e administração, onde poderiam ser difundidas novas competências em matéria de reorganização dos processos de trabalho. Em relação especificamente ao Programa AGRO, foi realizada, pelo Instituto Nacional de Administração e pelo ICARD (Inovação, Competitividade Agrícola e Desenvolvimento Rural), uma avaliação intercalar no que respeita à Medida 7 (“reforçar o potencial humano e os serviços à agricultura e zonas rurais – formação profissional”). Esta avaliação identifica alguns factores que contribuíram para a melhoria dos indicadores da FPA e que se podem sintetizar nos seguintes pontos20: • Melhoria dos níveis de fundamentação técnica dos planos de formação aprovados; • Melhoria da capacidade dos recursos formativos de suporte à formação realizada; • Melhoria dos níveis de adesão das entidades beneficiárias; • Utilização crescente de novos recursos e materiais didácticos produzidos com o apoio da Acção 7.3 (“Sistema de Formação”); • Aumento do volume de formandos; • Reforço das competências em domínios transversais ao “core” das actividades das empresas e explorações agrícolas, nomeadamente em domínios favorecedores de uma melhor integração de mercado; • Aumento dos níveis de valor acrescentado induzido pela formação em variáveis vincadamente económicas (p.ex., dinamização da base produtiva); • Aumento das componentes formativas relacionadas com o ambiente, as TIC e a capacidade empresarial; • Utilidade em estruturar uma função acompanhamento com tarefas no domínio técnico-pedagógico, que são encaradas pelas entidades promotoras como benéficas ao desenvolvimento e à qualidade dos resultados das acções. 20 INA, ICADR; “Avaliação Intercalar do Programa AGRO”; 2003 Sociedade Portuguesa de Inovação 42 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Sem prejuízo do atrás exposto e situando a análise no passado recente, podem ser complementados e acrescentados alguns aspectos: • Verifica-se uma pulverização das entidades gestoras, com diferentes regras e critérios de avaliação/decisão; • No que respeita à FPA gerida pelo MADRP, e não obstante a intervenção de vários serviços e entidades, permanece excessivamente centralizada a decisão final (Unidade de Gestão do Programa AGRO); • Tem-se assistido ao revigoramento da ideia de homogeneização das soluções, o que relega para segundo plano a especificidade dos problemas e as dinâmicas regionais; • A não integração de todos os sistemas que hoje intervêm na FPA (Programa AGRO, Programa POEFDS e Programa da CAP), para além de evidenciar alguma dificuldade de coordenação na gestão dos meios consignados a esta finalidade traduz-se, na prática, na total impossibilidade de prevenir a duplicação ou sobreposição de acções da mesma tipologia, promovidas – porventura nos mesmos locais - por entidades diferentes; • Torna-se evidente a incapacidade de compreender as estratégias que estão subjacentes à realização de acções de formação (enquanto factor de desenvolvimento da agricultura e do mundo rural), bem como de perceber os correspondentes impactos; • Os atrasos registados no pagamento da formação realizada (alguns com mais de 2 anos), são obviamente um factor desmotivador, para além de se traduzirem em situações de dificuldade para as entidades promotoras; • Prevalecem ainda regras de gestão pouco flexíveis que objectivamente prejudicam as entidades promotoras; • É evidente a desadequação da FPA, quer em relação a tipologia de cursos, quer no que respeita ao conteúdo, em relação aos fins últimos que deveria prosseguir; • Torna-se cada vez mais evidente a preocupação pela redução drástica dos custos/hora de formação, não se distinguindo a diversidade das acções e a Sociedade Portuguesa de Inovação 43 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional complexidade dos correspondentes conteúdos. Este facto contribui não só para a regressão da qualidade, como, por outro lado, tem-se traduzido na priorização às “acções mais económicas” e de formato “standardizado”; • É inquestionável a ausência de planeamento – consistente e consequente – da formação agrária. Desta breve análise da FPA que se realizou em Portugal nos últimos anos, facilmente se depreende que são muitas as lacunas e as necessidades de melhoria detectadas na formação profissional no sector agrícola. Apesar de não se dever menosprezar o esforço que tem sido feito com vista à melhoria das qualificações dos agentes do sector agrícola, a verdade é que os resultados apontam para uma falta de eficácia da formação, que depois se traduz na persistência de problemas ao nível das qualificações e competências dos recursos humanos ligados ao sector. Alguns dos problemas detectados, nomeadamente ao nível da necessidade de atender à especificidade dos problemas e dinâmicas regionais, poderão ser solucionados através da adopção de uma nova estratégia formativa que inclua iniciativas de e-Learning na FPA. 2.3 Iniciativas de e-Learning A caracterização da formação profissional no sector agrícola em Portugal compreende, não só as iniciativas de formação “tradicional”, realizadas em regime presencial, mas também as iniciativas que recorrem às metodologias ligadas ao e-Learning. No entanto, verificou-se difícil o levantamento e caracterização deste tipo de iniciativas, já que estas ocorreram em número reduzido – não foi identificada nenhuma acção realizada em regime de e-Learning no âmbito dos Programas PAMAF ou AGRO – e, na sua maioria, não tiveram seguimento. Seguidamente são apresentadas as iniciativas que foram ou estão a ser realizadas e que consistem em três cursos de formação em e-Learning desenvolvidos, dois projectos piloto (um já terminado e outro ainda em execução) desenvolvidos ao abrigo de programas comunitários e dois projectos que visaram o desenvolvimento de conteúdos para o sector agrícola, e que Sociedade Portuguesa de Inovação 44 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional contemplam a vertente de e-Learning. É feita também referência a outras iniciativas que se encontram em preparação. 2.3.1 Curso de Formação em Marketing Agrícola Caracterização Geral O curso de formação em Marketing Agrícola foi promovido pelo pólo de Beja da CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional) no ano 2001, no âmbito do programa comunitário “Acções Inovadoras”. Tratou-se de uma iniciativa de formação promovida com recurso a metodologias de e-Learning, combinando a formação presencial tradicional com momentos de formação a distância (b-Learning). Este curso teve como público-alvo preferencial trabalhadores de Pequenas e Médias Empresas (PME), com habilitações mínimas ao nível do 9º ano, contando, na sua estrutura, com os seguintes módulos: Tabela 12: Módulos do Curso de Marketing Agrícola Curso de Marketing Agrícola 1 Integração e modelo de formação a distância 2 O que é o marketing? 3 Sistemas de informação de marketing 4 Segmentação de mercado 5 Análise SWOT 6 Mix de marketing 7 Plano de marketing, controlo e execução 8 Marketing agrícola 9 Certificação interna Sociedade Portuguesa de Inovação 45 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Ferramentas, Materiais e Metodologias A metodologia utilizada neste curso assentou na combinação de momentos presenciais com momentos de formação a distância sendo que, na vertente de formação à distância, os formandos dispunham do apoio de um formador (tutor) que, através de e-mail, prestou o apoio necessário, esclarecendo dúvidas e orientado o percurso de aprendizagem de cada formando. A participação nas sessões presenciais do curso era obrigatória, enquanto que a vertente à distância (assíncrona) podia ser gerida autonomamente por cada formando, que definia o tempo de consulta dos conteúdos colocados online, podendo estudar os mesmos ao seu ritmo e resolver os exercícios propostos e estipulando, assim, o seu próprio percurso de aprendizagem. Os exercícios, de resolução individual, eram enviados aos formadores por email e posteriormente apresentados e debatidos nas sessões presenciais. A característica da auto-responsabilização dos formandos, concretizada no modelo de autoestudo, veio colocar a tónica do processo de aprendizagem no formando e não no formador que se assume aqui como um facilitador. As sessões presenciais eram encaradas como um reforço do auto-estudo e do trabalho desenvolvido pelos formandos, servindo de (re)orientação e debate, de forma a completar e consolidar os conhecimentos adquiridos pelos formandos com a consulta dos conteúdos online. Para além dos momentos de formação presencial e formação à distância assíncrona houve um terceiro momento formativo, que Momentos de formação existentes: 1. Sessões de formação presencial consistiu em sessões de formação virtual, 2. Formação à distância assíncrona (auto-estudo) síncrona, com recurso ao chat. Estas sessões 3. Formação à distância síncrona ocorriam semanalmente, com data e hora marcada, e contavam com a participação do formador e dos formandos, que se encontravam online, em tempo real, por forma a fazer um balanço e debate dos vários temas da formação, esclarecer dúvidas e se necessário re(orientar) o estudo de cada um dos formandos. Por fim, esteve ainda disponível uma outra ferramenta de comunicação entre formandos e entre formandos e formador: a “conferência de módulo”. Esta ferramenta constituiu um fórum de discussão, sendo a participação dos formandos obrigatória, e permitiu a troca de Sociedade Portuguesa de Inovação 46 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional mensagens entre todos os participantes em tempo não real (ao contrário do chat). Através desta ferramenta, todos os formandos colocavam as dúvidas (ao formador e aos outros formandos) e obtinham as respostas, dando também os seus contributos e podendo, inclusivamente, anexar documentos às mensagens. Para frequentar o curso os formandos Ferramentas de comunicação online: 1. E-mail (assíncrona) necessitavam de um computador com ligação à Internet para poderem aceder à plataforma 2. Chat (síncrona) de formação onde os conteúdos estavam 3. Conferência de módulo (assíncrona) disponíveis e onde podiam comunicar utilizando o chat e a conferência de módulo. A plataforma utilizada foi a FirstClass (http://www.firstclass.com), tendo cada um dos formandos um acesso restrito, com uma password individualizada, que foi enviada por e-mail, ou fornecida na primeira sessão presencial. Relativamente à avaliação da aprendizagem, foi proposto aos formandos que, durante o seu auto-estudo fossem resolvendo alguns exercícios e propostas de trabalho (individuais e em grupo) que foram apresentados e debatidos nas sessões presenciais. Adicionalmente, os formandos efectuaram também uma avaliação no final de cada módulo. Resultados O curso de Marketing Agrícola constituiu uma abordagem inovadora no que toca à metodologia utilizada para um curso na área agrícola, devendo, desde logo, ser encarado como uma iniciativa positiva do ponto de vista da aplicação do e-Learning à formação nesta área. No entanto, foram encontradas algumas dificuldades na sua implementação: nem todos os formandos tinham acesso a computador com ligação à Internet, condição essencial para participar no curso. Alguns dos formandos, para conseguirem acompanhar a formação tinham de se deslocar ao pólo de formação (11 em 17 formandos). Este facto veio colocar em causa os objectivos do modelo apresentado, uma vez que se pretendia reduzir as distâncias físicas e não mantê-las, o que originou alguma desmotivação entre os formandos e se reflectiu em Sociedade Portuguesa de Inovação 47 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional reprovações e desistências: apenas 9 dos 17 formandos iniciais concluíram o curso com sucesso. No entanto, nem todas as desistências podem ser apontadas às dificuldades com as TIC. Na verdade, este modelo vem colocar o formando no centro do processo de aprendizagem, responsabilizando-o pelo seu estudo e pelo desenvolvimento das suas competências. Alguns dos formandos, não familiarizados com esta metodologia, acabaram por desmotivar. Conclusões A metodologia aplicada neste curso de formação (b-Learning), assente na combinação de formação presencial com formação a distância, apresentou aspectos positivos e menos positivos. Ao nível dos aspectos positivos, salienta-se a possibilidade de formandos oriundos de diferentes locais poderem frequentar o curso, sendo as dificuldades de comunicação e deslocação ultrapassadas pela utilização das ferramentas de comunicação à distância; salienta-se também o facto de a plataforma utilizada permitir a realização de momentos de formação síncrona, com comunicação em tempo real e sem necessidade de formandos e formadores se encontrarem fisicamente, o que vai ao encontro das necessidades actuais de oferecer à população activa empregada soluções de formação que permitam uma maior autonomia e um menor dispêndio de recursos; também positivo foi o facto de se conseguir contribuir de forma positiva para a utilização das novas TIC entre uma população pouco habituada à utilização das mesmas (refira-se que este grau de sucesso resultou, em parte, da obrigatoriedade de os formandos utilizarem duas das ferramentas disponíveis: “conferência de módulo” e sessões de chat); finalmente, deve salientar-se como aspecto positivo, o facto de ter existido uma avaliação final em cada um dos módulos, na medida em resultou numa maior responsabilização dos formandos pelo seu processo de aprendizagem. No que diz respeito aos aspectos menos positivos, salientam-se algumas dificuldades que geraram desmotivação nos formandos, com impacto nos índices de frequência da acção: uma das dificuldades já referida, foi a de nem todos formandos terem acesso a computador com ligação à Internet, necessitando de se deslocar fisicamente ao centro de formação para Sociedade Portuguesa de Inovação 48 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional efectuar a componente de formação à distância online; uma outra crítica apontada foi o facto de os conteúdos não serem apelativos, o que terá causado também alguma desmotivação. Dado que não tivemos acesso aos conteúdos, é difícil apontar problemas e possíveis soluções, mas não será errado aferir que os conteúdos assumem uma importância central num processo de e-Learning. Uma forma de minimizar este problema seria, por exemplo, usar a primeira sessão presencial do curso (que os formandos apontaram como sendo curta) para demonstrar e experimentar a plataforma e as ferramentas, incluindo os conteúdos21. 2.3.2 Curso Conhecer o Vinho Verde - Nível I Caracterização Geral O curso “Conhecer o Vinho Verde” surgiu da vontade da Região dos Vinhos Verdes (RVV) tornar mais e melhor conhecidos os seus vinhos. O curso e os seus conteúdos foram desenvolvidos numa parceria entre a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa e o Centro de Computação Gráfica da Universidade do Minho e insere-se num projecto denominado Verde Global - Sistema de Informação Global da Região dos Vinhos Verdes, no âmbito do Programa Operacional Norte (ON), medida de valorização regional e local. Este curso é coordenado pelo responsável do Departamento de Sistemas de Informação da CVRVV. Os destinatários do curso são consumidores e profissionais com curiosidade e interesse em aprofundar o seu conhecimento sobre a RVV e os seus vinhos. O curso tem uma duração de seis semanas, sendo realizado inteiramente à distância e abrange dois temas principais: 21 A sessão presencial inicial assume, neste tipo de formação em blended Learning, um papel importante, na medida em que permite familiarizar os formandos com a temática e as ferramentas do curso, servindo ainda como forma de quebrar barreiras de relacionamento com os outros formandos e formador e esclarecer dúvidas. Sociedade Portuguesa de Inovação 49 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 13: Temas e objectivos do curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I” Curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I” Conceitos de - Identificar as diferentes denominações qualitativas usadas para os Vinhos Verdes; Qualidade em - Distinguir classificações normativas e de uso; Vinho - Compreender o que são estilos de vinho. - Identificar e ser capaz de explicar os principais factores de produção primária de Vinhos Factores que Influenciam a Qualidade Verdes, sua transformação e factores de envelhecimento; - Compreender a cadeia de comercialização dos Vinhos Verdes e as suas principais características; - Identificar conceitos de publicidade e promoção dos Vinhos Verdes, conhecer a história dos Vinhos Verdes, da garrafa, e das associações gastronómicas e receitas de Vinho Verde. Ferramentas, materiais e metodologias Dado o curso se realizar inteiramente à distância, utilizando uma plataforma de e-Learning onde se encontram todos os recursos pedagógicos, a participação no mesmo pressupõe que os alunos tenham experiência na utilização de um computador e da Internet. O processo de inscrição dos formandos é feito via Internet. Após validação e confirmação das inscrições e respectivos pagamentos, o acesso à plataforma é feito mediante envio do respectivo login e password aos formandos e tutores (bem como aos coordenadores). Durante o decorrer do curso, os formandos têm o apoio duma equipa de profissionais, cujo papel é complementar informações, tirar dúvidas, dinamizar as conversas online, debater ideias e prestar auxílio nas questões relacionadas com a tecnologia. São propostas leituras, actividades, provas de vinho e são realizadas actividades de avaliação. São também realizadas sessões de chat duas vezes por semana, com a duração de 1h. Nestas sessões estão presentes os formandos e um ou mais tutores (consoante o conteúdo a ser abordado). Os conteúdos disponibilizados neste curso constituem um repositório de informação completa e detalhada sobre o Vinho em geral e o Vinho Verde em particular. A informação contida nos conteúdos está disponível para download em formato “.pdf” na biblioteca da plataforma, para ser possível a sua leitura sem recurso à Internet. Sociedade Portuguesa de Inovação 50 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A avaliação do curso é feita com recurso a dois elementos: um teste final e a resposta a casos práticos, cujas datas de entrega se encontram definidas na plataforma. O teste final contém perguntas de escolha múltipla ou preenchimento de espaços. Nos casos práticos é proposto aos formandos que escolham um Vinho Verde e que o estudem no âmbito dos temas abordados durante o curso. Posteriormente, os formandos deverão elaborar um relatório escrito com base numa ficha de caracterização tipo, disponível na plataforma e que inclua a análise sensorial desse vinho. O documento é entregue via plataforma e avaliado pelos tutores. Há ainda um conjunto de actividades adicionais de auto-avaliação que são propostas aos alunos, que não contam para a avaliação final. A plataforma de e-Learning utilizada neste curso é a Easy Education (www.easy.uminho.pt), na qual se encontram disponíveis várias ferramentas de suporte e interacção: Tabela 14: Ferramentas da plataforma utilizada no curso “Conhecer o Vinho Verde” Ferramentas da plataforma Placard Novidades Online Enviar Dúvidas Conteúdos Dados Pessoais Actividades Chat Colaboração Zona de avisos. Indicação automática de novas actividades, conteúdos, mensagens ou avisos. Lista dos utilizadores que estão simultaneamente ligados à plataforma e que poderão ser contactados por mensagem escrita. Área que permite colocar questões aos coordenadores e tutores. Área com informação do curso, conteúdos e actividades. Área com informação pessoal editável e informação sobre desempenho dos formandos nas actividades. Acesso às actividades propostas no curso. Acesso a páginas onde decorrem as sessões de chat. Área que inclui chat e fórum. Apoio Área que inclui “dúvidas frequentes”, “enviar dúvidas”, “placard”, “biblioteca” e “enviar e-mail”. Gestão Área onde é feito o acompanhamento do desempenho dos formandos. Sociedade Portuguesa de Inovação 51 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Resultados Os resultados das acções já realizadas do curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I” têm sido bastante positivos. Para além de uma elevada taxa de aprovação nas duas acções do curso já realizadas, os formandos tiveram uma reacção muito positiva em relação às mesmas, demonstrando um elevado grau de satisfação. Dado o sucesso deste curso, está prevista a realização de futuras acções, com base na mesma metodologia e nas mesmas ferramentas. Conclusões O curso “Conhecer o Vinho Verde – Nível I” trata-se de um caso de boas práticas na implementação do e-Learning no sector agrícola em Portugal. Os participantes demonstraram uma opinião positiva relativamente aos resultados obtidos e às metodologias utilizadas. Suportado numa plataforma de e-Learning que concilia um conjunto de ferramentas de comunicação, gestão de informação e gestão de dados, o desenvolvimento deste curso é assegurado por uma equipa de especialistas capazes de prestar apoio à distância aos participantes, permitindo-lhes beneficiar das vantagens do e-Learning e tentando minimizar os problemas normalmente associados a este modo de formação, tais como os problemas ligados à dificuldade de utilização de algumas ferramentas informáticas. 2.3.3 Curso para Técnicos na Área do Desenvolvimento Rural Caracterização Geral O curso para Técnicos na Área de Desenvolvimento Rural foi uma iniciativa promovida em 1998, pelo IDARN (Instituto para o Desenvolvimento Agrário da Região Norte) com apoio do então programa PAMAF. Este curso recorreu também ao modelo de formação b-Learning, incluindo momentos de formação presencial e momentos de formação à distância com recurso a soluções web para comunicação e troca de informação em ambientes formativos o que, em Sociedade Portuguesa de Inovação 52 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 1998, constituiu uma iniciativa de formação verdadeiramente inovadora, não só no sector agrícola, mas em todo o contexto formativo nacional. O público-alvo preferencial deste curso foram técnicos inseridos em actividades de desenvolvimento rural, com habilitações ao nível do bacharelato ou licenciatura, e que desempenhassem funções nos centros de informação rural europeus, grupos LEADER (Ligação Entre as Acções de Desenvolvimento da Economia Rural) e projectos INTERREG (INTERREG II – Cooperação Transfronteiriça). De um total de 595 horas de formação, 56 horas decorriam em regime presencial e as restantes à distância, distribuídas pelos seguintes módulos: Tabela 15: Módulos do curso para Técnicos de Desenvolvimento Rural Curso para Técnicos na Área do Desenvolvimento Rural 1 Internet 2 Desenvolvimento do Meio Rural 3 Animação do Desenvolvimento Rural I 4 Animação do Desenvolvimento Rural II 5 Economia Rural 6 Gestão dos Recursos Naturais Ferramentas, materiais e metodologias O curso recorreu à utilização do modelo de formação b-learning, pelo que os formadores tinham contacto com os formandos não só nas sessões presenciais, mas também na vertente de formação à distância, nomeadamente através do e-mail, que era utilizado para o esclarecimento de dúvidas e para a orientação dos formandos no seu percurso de aprendizagem. No início do curso, houve a preocupação de preparar e familiarizar os formandos com a utilização das TIC, de forma a que estes tivessem as competências mínimas para poderem frequentar com sucesso o curso, incluindo a vertente de formação a distância. Assim, o Sociedade Portuguesa de Inovação 53 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional primeiro módulo, com uma carga de 32 horas em regime presencial, era inteiramente dedicado à Internet, cobrindo temas como as ferramentas de navegação, e-mail, fóruns, motores de pesquisa, entre outros. Este módulo decorreu em 5 dias seguidos, de uma forma intensiva e foi reforçado com sessões de esclarecimento a distância, através de e-mail, podendo os formandos, ao longo do desenrolar da formação aceder a todo o apoio informático que necessitassem por parte de um formador Boa Prática: formação e facilitação do acesso especializado em TIC. Adicionalmente, o IDARN às TIC para os formandos estabeleceu uma parceria com o CESAE (Centro 1. Módulo intensivo no início do curso dedicado à de Serviços e Apoio às Empresas), de modo a Internet; permitir que os formandos e os formadores 2. Acompanhamento contínuo dos formandos acedessem aos conteúdos, à web e aos e-mail’s. Pretendeu-se, desta forma, combater o facto de, durante o curso, com apoio de um formador especializado em TIC; 3. Estabelecimento de parceria com outra na época, não ser usual o acesso à Internet em instituição, para permitir o acesso a computador condições aceitáveis a partir de casa. com ligação à Internet. As sessões presenciais deste curso eram de presença obrigatória. As primeiras sessões foram fundamentais para que os formandos adquirissem as competências necessárias para a utilização das TIC; as restantes sessões foram fundamentais para a apresentação e debate de trabalhos, esclarecimento de dúvidas e acompanhamento do processo formativo. A componente de formação a distância foi realizada de forma contínua exigindo um elevado esforço dos formandos - o cronograma de actividades previa que estes acedessem aos conteúdos todos os dias da semana, numa média de 7 horas por dia. Neste contexto, a autonomia de gestão do tempo de auto-estudo, que caracteriza o formação a distância, esteve limitada, exigindo um compromisso por parte dos formandos, em termos de disponibilidade, em tudo semelhante ao da formação em regime presencial, embora se mantivesse a possibilidade de os formandos acederem aos conteúdos sem hora ou local marcado. As ferramentas de comunicação à distância utilizadas no curso foram o e-mail e o chat. Os formandos comunicavam entre eles e com os formadores através do e-mail, quer para obter resposta a dúvidas sobre os conteúdos ou sobre o funcionamento do curso, quer para o envio de trabalhos de avaliação. As sessões de chat eram marcadas previamente, permitindo a Sociedade Portuguesa de Inovação 54 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional comunicação síncrona entre formandos e formador e consistindo o seu conteúdo no acompanhamento do processo de aprendizagem dos formandos, no esclarecimento de dúvidas e no debate de questões sobre os conteúdos e sobre os trabalhos de avaliação. Estas ferramentas, em especial o chat, permitiram assegurar um ritmo contínuo de comunicação entre os intervenientes, mesmo à distância, complementando assim o esforço de auto-estudo dos formandos. Relativamente à avaliação, os formandos realizaram trabalhos em todos os módulos (individualmente ou em grupo), sendo estes trabalhos enviados para os formadores por e-mail e posteriormente apresentados e debatidos nas sessões presenciais. Esta forma de organização da avaliação contribuiu para promover uma ideia de trabalho colaborativo entre os formandos, nomeadamente através da constituição de grupos de trabalho para resolução dos desafios propostos pelos formadores. Resultados Os resultados do curso para Técnicos na Área do Desenvolvimento Rural apontam num sentido claramente positivo. O curso recorreu a uma metodologia de formação inovadora no sector agrícola, que constituiu um esforço de desenvolvimento de iniciativas de formação com utilização das TIC no sector. As principais dificuldades de implementação do curso prenderam-se com a dificuldade, por parte de alguns formandos, de ter um acesso facilitado a computador com ligação à Internet, dificuldade essa que a coordenação do curso tentou superar com a parceria estabelecida com o CESAE (Centro de Serviços e Apoio às Empresas) e que permitia aos formandos aceder aos conteúdos e às ferramentas de comunicação disponíveis. Assim, esta dificuldade inicial não gerou a desmotivação do grupo – na verdade, de todos os formandos que participaram na acção de formação apenas 1 desistiu, tendo os restantes sido aprovados e registando elevadas taxas de assiduidade (existiam registos de presenças quer para as sessões presenciais, quer para as sessões à distância). Este resultado revela a motivação dos formandos e a sua adesão à metodologia utilizada neste curso. Sociedade Portuguesa de Inovação 55 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Conclusões Como já foi referido, este curso apresentou, à época, uma metodologia de formação inovadora, permitindo que pessoas de diferentes origens geográficas pudessem frequentar o mesmo curso de formação com uma reduzida necessidade de deslocações e contribuindo para a promoção das competências em TIC nos públicos-alvo em causa, habitualmente carecidos deste tipo de competências. Para além do contacto assíncrono via e-mail, a existência de sessões de chat permitiu que existissem momentos de formação síncronos, em que formandos e formadores podiam debater temas e trabalhos associados ao curso. No entanto, devido ao seu carácter “pioneiro”, este curso continha algumas características que, em eventuais futuras edições, poderiam ser ajustadas, com vista à melhoria da sua qualidade: em primeiro lugar, o facto de as sessões à distância terem uma elevada carga horária por dia (uma média de 7 horas por dia) traduz-se num esforço elevado por parte dos formandos, limitando a autonomia destes, em especial no que se refere à gestão do tempo e conciliação da formação com as actividades profissionais e vida familiar. As metodologias actuais tendem a propor cargas horárias de auto-estudo mais reduzidas e que sejam compatíveis com a disponibilidade dos formandos. Em segundo lugar, a relação entre as cargas horárias presencial e a distância era algo desproporcional, correspondendo a carga horária presencial (56 horas) a menos de 10% do total da carga horária total (595 horas). Tal facto poderá ter causado alguns constrangimentos no relacionamento entre formandos e entre formandos e formadores, uma vez que os momentos de formação presencial foram poucos e muito separados no tempo. Como referência adicional, assinale-se que a carga horária do curso está, à luz do Despacho 17035/2001, que veio posteriormente regulamentar a formação à distância a desenvolver no âmbito de algumas medidas do POEFDS, fora das actuais orientações para os processos de formação combinados, por um lado porque a carga de trabalho em formação a distância ultrapassa as 500 horas anuais e por outro lado porque alguns dos módulos ultrapassam as 100 horas de formação22. 22 Artigo 3º do Despacho 17035/2001 de 14 de Agosto de 2001 Sociedade Portuguesa de Inovação 56 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 2.3.4 Projecto Rudolf Caracterização Geral O Projecto Rudolf, desenvolvido com o apoio do Programa Leonardo Da Vinci, teve como objectivo a definição de um modelo de formação contínua, de referência e interactivo, para aplicação em agricultura biológica. O projecto resultou de uma parceria de carácter transnacional, que envolveu instituições de nove países europeus (incluindo Portugal) e de carácter multisectorial, reunindo universidades, parceiros sociais, empresas e instituições locais23. O curso de formação desenvolvido no âmbito do projecto, utilizou o modo de formação eLearning e baseou-se no sistema de Sistema Europeu de Transferência de Créditos (ECTS: European Credit Transfer System) tendo, na sua estrutura, nove módulos correspondentes a um total de 95 unidades de crédito: Tabela 16: Módulos do curso do Projecto Rudolf Curso de agricultura biológica do Projecto Rudolf 23 1 Introdução 2 Enquadramento Legal 3 Sistemas de Agricultura Biológica 4 Gestão de Solos Férteis 5 Reprodução Animal 6 Processos Aplicados a Produtos Orgânicos 7 Marketing de Produtos Agrícolas 8 Gestão Integrada de Quintas 9 Aspectos Sociais da Agricultura Biológica Mais informações sobre este projecto em http://www.rudolfproject.org Sociedade Portuguesa de Inovação 57 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Ferramentas, Materiais e Metodologias Previamente à concepção do curso de formação, foi realizado um diagnóstico de necessidades de formação no sector da agricultura biológica, a nível europeu, cujos resultados serviram de base à estruturação dos conteúdos que foram desenvolvidos, bem como à metodologia de formação utilizada. O modelo de formação adoptado neste curso piloto foi o eLearning, baseado na ideia de interacção e Modelo pedagógico colaborativo: A aplicação colaboração entre todos os participantes (modelo do modelo colaborativo neste curso baseou-se pedagógico colaborativo). O formador desempenha na criação de grupos de trabalho que um papel de moderador, sendo responsável pelo desenvolveram o trabalho à distância com recurso a ferramentas de colaboração online. acompanhamento, orientação e motivação dos Os formandos, por incentivar e facilitar a utilização das disponibilizados pelos formadores, interagindo ferramentas web e por incentivar a interacção e formandos acediam aos conteúdos entre eles e com um tutor, realizando trabalhos e debatendo temas e ideias online. Este modelo colaboração entre os participantes. O formando, por fomenta a responsabilização dos formandos seu turno, assume o papel central em todo o pelo seu processo de aprendizagem, mas processo de aprendizagem, definindo o seu percurso e ritmo de aprendizagem e recorrendo às também pela construção do conhecimento e pelo desenvolvimento da comunidade de aprendizagem ferramentas e aos recursos que considera mais adequados para a sua formação. A definição dos métodos e técnicas pedagógicas a utilizar constituiu um ponto importante no projecto: na fase da concepção do curso, foi criado um grupo de formadores dos vários países da parceria (grupo-piloto) com competências na temática da agricultura biológica, com o objectivo de, em conjunto, definir e testar as abordagens pedagógicas a adoptar. Esta inovação conceptual foi feita por passos: Sociedade Portuguesa de Inovação 58 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Figura 7: Passos na definição e teste de métodos e técnicas pedagógicas Este grupo-piloto desempenhou um papel fundamental no projecto, testando e avaliando a Boa Prática: teste prévio do curso por um grupo de formadores e adaptação dos metodologia e as ferramentas em ambiente de e- conteúdos a cada realidade nacional. Learning e testando os conteúdos desenvolvidos pela parceria, e que no final do projecto foram integrados num curso-piloto sobre agricultura biológica. Posteriormente foram criadas redes de formação nos vários países que participaram no projecto-piloto, ficando cada rede a cargo de um formador com competências específicas em agricultura biológica. Estas redes nacionais tiveram como objectivo adaptar a metodologia e os conteúdos às realidades locais e promover uma aproximação aos agentes locais, nomeadamente formar outros formadores, criar uma base de dados a nível local sobre o tema da agricultura biológica e testar os conteúdos em face de cada realidade nacional. Para a implementação do curso foi escolhida uma plataforma open source24, que permitia a utilização de várias ferramentas, tanto de formação assíncrona como síncrona. Na vertente assíncrona foram disponibilizadas as seguintes ferramentas: 24 Open source é um tipo de software cujo código fonte é público, isto é, de utilização livre. Sociedade Portuguesa de Inovação 59 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 17: Ferramentas de comunização assíncrona disponíveis no curso do Projecto Rudolf Ferramentas de comunização assíncrona disponíveis no curso do Projecto Rudolf Permite a troca de informações (incluindo upload de documentos), debate de temas, Fórum esclarecimento de dúvidas entre todos os participantes. Permite aos participantes criarem grupos de trabalho, pesquisa e troca de informações. Grupos Cada participante pode fazer parte de vários grupos. Vídeo Permite o upload de vídeos. Links Permite a consulta de uma lista de links úteis. Quadro virtual Permite o upload e a consulta de textos de apoio e outros documentos. Calendário Permite estar sempre a par do cronograma de actividades previsto. Mediateca Permite a consulta de um repositório de informação sobre o tema do curso. Anúncios Permite colocar informações sobre reuniões, conferências, links de interesse, etc. Na sua vertente síncrona, a plataforma permitia sessões de formação virtuais com voz e vídeo, isto é, permitia o encontro dos formandos em data e hora marcada para uma sessão de formação em tempo real através da Internet. Para além da comunicação por voz e vídeo, esta plataforma permitia a troca de mensagens escritas instantâneas e a partilha e edição de documentos em vários formatos. Figura 8: Plataforma síncrona utilizada no curso do Projecto Rudolf Sociedade Portuguesa de Inovação 60 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Resultados Os resultados do curso-piloto que a parceria promoveu apontam para o sucesso da iniciativa os participantes consideraram que, em geral, a plataforma era de fácil utilização e dotada de recursos que permitem a comunicação entre os participantes e a efectiva troca de conhecimento. De entre os aspectos considerados mais importantes destaca-se o facto de a plataforma permitir a troca e partilha de documentos e outros materiais, e o facto de o fórum permitir reunir e concentrar, de forma intuitiva, os contributos de todos os participantes. No que diz respeito aos aspectos a melhorar foram lançadas as seguintes sugestões: deveria existir na própria plataforma um manual de apoio ao utilizador; na área de links, o facto de os participantes no curso poderem remover os links era desvantajoso, uma vez que criava confusão e desorganização. Conclusões O desenvolvimento deste curso-piloto teve como grande mérito o facto de promover um grande envolvimento dos formadores, tendo estes não só o papel de definir as metodologias a utilizar, mas também o papel de testar, enquanto formandos, as metodologias definidas, observando na realidade a sua aplicação e avaliando-a na realidade prática, na óptica do formando. Em suma, poderá referir-se que o sucesso desta iniciativa resulta do facto de: • Ter permitido o brainstorming entre os formadores seleccionados; • Ter permitido o jogo de papéis, em que os formadores assumiram o papel de formandos; • Ter permitido a observação e a aplicação das metodologias e a análise dos resultados; • Ao longo do projecto ter sido promovida a avaliação quer dos conteúdos, quer da plataforma e das ferramentas disponíveis. Sociedade Portuguesa de Inovação 61 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 2.3.5 Projecto MadeirAdapt - Valorização dos Profissionais do Sector Agrícola da Região Autónoma da Madeira Caracterização Geral O projecto MadeirAdapt25 é um projecto de Iniciativa Comunitária EQUAL, que está actualmente na sua Acção 2 e que tem como um dos seus objectivos centrais desenvolver as competências dos agricultores da Região Autónoma da Madeira (RAM) em agricultura biológica, através do recurso à auto-formação em e-Learning. A fim de atingir este objectivo, e com base num trabalho de diagnóstico prévio, a parceria que compõe este projecto encontra-se a desenvolver, entre outros recursos, um curso b-Learning sobre a temática da agricultura biológica e um manual de introdução à informática para eLearning. Embora o projecto esteja ainda em desenvolvimento, o que irá limitar a avaliação dos seus resultados, podem ser dadas algumas referências que se julga serem importantes, relativamente à iniciativa de e-Learning. O curso que irá ser desenvolvido no âmbito deste projecto utilizará o regime de b-Learning, com uma carga total de 90 horas, sendo 26 das mesmas presenciais e 64 à distância. Dos 8 módulos que compõem o curso, somente o último, “Visita a Explorações Agrícolas”, é inteiramente presencial, tendo todos os restantes uma componente presencial e uma componente à distância. A estrutura do curso será a seguinte: 25 Mais informações sobre este projecto em www.madeiradapt.com Sociedade Portuguesa de Inovação 62 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 18: Módulos do Curso do Projecto MadeirAdapt Módulos do Curso do Projecto MadeirAdapt (agricultura biológica) 1 Introdução à Agricultura Biológica 2 Fertilidade do Solo e Fertilização 3 Produção de Plantas 4 Horticultura em Modo de Produção Biológico 5 Fruticultura em Modo de Produção Biológico 6 Viticultura em Modo de Produção Biológico 7 Introdução à Pecuária Biológica 8 Visitas a Explorações Agrícolas Ferramentas, materiais e metodologias Tal como já foi referido, o curso será concebido com recurso ao b-Learning, sendo as Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment): LMS que permite a componentes presencial e à distância intercaladas construção de cursos online, podendo ser usado ao longo de todo o curso, com excepção do último em trabalho colaborativo, criação de páginas módulo, que é inteiramente presencial. Está pessoais, portfolios ou mesmo blogs. O utilizador precisa apenas de um navegador de previsto que na primeira sessão presencial seja Internet. O Moodle é livre e open source - pode explicado aos formandos o funcionamento da ser distribuído sem limitações e o seu código plataforma e a metodologia de formação, pelo que a sessão deverá ocorrer em sala alterado para satisfazer necessidades específicas. com equipamentos informáticos. A combinação destas componentes deverá permitir que os momentos de formação à distância consolidem e aprofundem os conhecimentos adquiridos na componente presencial, fomentando também o conhecimento mútuo entre formandos e formadores e reforçando o espírito colaborativo. Sociedade Portuguesa de Inovação 63 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A vertente formação a distância, que constituirá a maior parte do curso, será desenvolvida na plataforma open source Moodle26, uma vez que esta é de fácil utilização e disponibiliza ferramentas bastante acessíveis, tais como o chat, fórum, área de trabalho, entre outras. A concepção e o desenvolvimento dos conteúdos, assim como a implementação da metodologia de formação, está a ser feita de forma faseada e em contacto directo com representantes do público-alvo preferencial desta iniciativa: os agricultores da Região Autónoma da Madeira. Para tal, foi constituída uma turma-piloto que está a testar os conteúdos, as ferramentas e a metodologia de formação, à medida que a concepção do curso se vai desenvolvendo, através de sessões de teste. Esta colaboração permite à parceria obter importantes feedbacks e implementar alterações e/ou melhorias ao longo do processo de concepção que se adeqúem ao perfil e à realidade dos futuros beneficiários do curso. Relativamente aos conteúdos, estes estão a ser desenvolvidos por formadores especialistas em Boa Prática: metodologia utilizada para o desenvolvimento do curso áreas chave da agricultura biológica, identificados no trabalho de diagnóstico de necessidades de formação, de acordo com algumas linhas 1. Sistematização das características básicas do curso na fase de diagnóstico; 2. Criação de turma piloto para teste do curso à orientadoras (que também resultam do referido medida que vai serndo desenvolvido; diagnóstico) com o objectivo de a versão final dos 3. Sessões de teste dos conteúdos e da mesmos ser de fácil utilização, apelativa para os plataforma com os agricultores para inserção de formandos, interactiva e dinâmica, indo ao encontro melhorias. das necessidades de formação detectadas. Adicionalmente está também a ser desenvolvido um manual de introdução à informática para e-Learning, em formato papel e formato electrónico. Neste manual, são explicados conceitos básicos ligados às TIC, como por exemplo “Internet”, “Sistema Operativo”, “e-mail”, principalmente considerando a forma como estes poderão ser utilizados num contexto de eLearning. Pretende-se, desta forma, que os destinatários do curso tenham as bases necessárias para o frequentar. 26 http://moodle.org/ Sociedade Portuguesa de Inovação 64 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Resultados Dado este projecto estar ainda em fase de desenvolvimento, não é possível, neste momento, avançar com os resultados do mesmo. O curso não foi ainda finalizado, implementado ou avaliado, pelo que não se poderá concluir do sucesso ou não das metodologias utilizadas no seu desenvolvimento e implementação. No entanto, e apesar de os resultados finais serem ainda inexistentes, considerou-se que esta é uma iniciativa relevante no que toca ao desenvolvimento do e-Learning no sector agrícola em Portugal, pelo que deveria ser retratada neste Estudo. Conclusões Actualmente pode-se apenas referir que o caminho seguido pela parceria de desenvolvimento deste projecto para a concepção do curso de formação, parece ser bastante interessante. Por um lado, a existência de um diagnóstico prévio que faz referência não apenas às necessidades formativas na área da agricultura biológica, mas também ao nível de conhecimentos e competências informáticas; por outro lado, a concepção do curso de formação é feita por fases, havendo no final de cada uma destas sessões de teste para as quais foi constituída uma turma-piloto composta por agricultores, o principal público-alvo deste projecto. Tal irá permitir o desenvolvimento de um produto mais adequado às efectivas realidades dos futuros beneficiários. Saliente-se ainda que o facto de terem sido dadas recomendações/orientações aos formadores quanto à concepção dos conteúdos é um facto de extrema importância, uma vez que irá contribuir de forma decisiva para a adequação do curso aos utilizadores. Sociedade Portuguesa de Inovação 65 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 2.3.6 Colecções de Materiais Didácticos “Valorização das Explorações Agrícolas” e “Agricultura e Ambiente” Caracterização Geral As colecções de materiais didácticos “Valorização das Explorações Agrícolas”, e “Agricultura e Ambiente” foram desenvolvidas sob a coordenação da SPI, no âmbito do Programa Agro, Medida 7 – Formação Profissional, tendo como objectivos reforçar a competitividade no sector agrícola nacional e reforçar a atenção sobre o impacto das práticas agrícolas no ambiente. Para atingir estes objectivos, a SPI reuniu um conjunto de especialistas em temas de interesse aos empresários agrícolas, que colaboraram no desenvolvimento de uma série de materiais didácticos de cariz prático. Com base em trabalhos prévios de diagnóstico, foram identificadas algumas áreas-chave no domínio da valorização das explorações agrícolas e do ambiente, a partir das quais foram desenvolvidos os recursos, com vista a capacitar os empresários para responder de forma eficaz, com recurso às melhores práticas agrícolas e ferramentas de gestão, aos desafios que se lhes colocam diariamente, contribuindo também para a melhoria do ambiente e diminuindo os impactos negativos de algumas práticas agrícolas. O desenvolvimento destas colecções pretendeu também responder à necessidade de definição de linhas orientadoras para a valorização agrícola e fomentar a utilização dos recursos técnico pedagógicos desenvolvidos em vários contextos formativos, contribuindo para a valorização dos profissionais do sector agrícola. Os materiais desenvolvidos em cada uma das colecções versaram os seguintes temas: Tabela 19: Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” 1 Conceitos e Práticas em Modernas Explorações Agrícolas 2 Manuseamento de Produtos Hortofrutícolas 3 Novos Produtos de Valor Acrescentado 4 Genética, Biotecnologia e Agricultura 5 Tecnologias de Informação e Comunicação na Agricultura Sociedade Portuguesa de Inovação 66 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 19: Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” Temas da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” 6 Marketing nas Pequenas e Médias Explorações Agrícolas 7 Normas e Legislação 8 Estudos de Casos de Boas Práticas de Gestão de Explorações Agrícolas Tabela 20: Temas da colecção “Agricultura e Ambiente” Temas da colecção “Agricultura e Ambiente” 1 Actividades Agrícolas e Ambiente 2 Utilização de Produtos Fitofarmacêuticos na Agricultura 3 Gestão de Resíduos Orgânicos 4 Tecnologias Limpas em Agro-Pecuária 5 Produção Integrada 6 Gestão Ambiental e Economia de Recursos 7 Estudos de Casos e Boas Práticas Ambientais na Agricultura Ferramentas, materiais e metodologias Com base nos temas definidos para cada uma das colecções, foram desenvolvidas duas colectâneas de recursos didácticos, incluindo cada uma delas: • Um manual técnico em suporte de papel sobre cada um dos temas; • Uma colectânea de transparências sobre cada um dos temas; • Quatro vídeos (um da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” e três da colecção “Agricultura e Ambiente”); • Uma aplicação informática (integrada na colecção “Valorização das Explorações Agrícolas”); • Um conjunto de materiais multimédia (conteúdos) para aprendizagem via e-Learning; • Dois DVD (um por colecção). Sociedade Portuguesa de Inovação 67 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Os recursos didácticos desenvolvidos apresentam um elevado grau de flexibilidade, podendo ser adaptados a vários contextos formativos, com soluções flexíveis de modo a facilitar a sua divulgação e replicação em vários contextos de aprendizagem. Estes materiais podem ser utilizados, por exemplo, em cursos de formação assentes no modo de formação presencial, ou em contextos formativos com recurso ao e-Learning e b-Learning. Os manuais e as transparências estão disponíveis em formato electrónico27. Os vídeos foram elaborados com o objectivo de reforçar a componente didáctica associada a alguns dos manuais, apresentando algumas explorações agrícolas, no sentido de ilustrar práticas de produção e gestão. O software, desenvolvido no âmbito da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas”, está Boa Prática: flexibilidade dos recursos didácticos associado ao manual de “Tecnologias de Os recursos desenvolvidos podem ser utilizados em Informação e Comunicação Agrícola” e contextos consiste formativos diversos, nomeadamente: formação presencial, formação à distância (e-Learning e b-Learning). numa ferramenta simples, desenvolvida com o intuito de dar apoio à análise de novos projectos de investimento. No que diz respeito aos conteúdos para formação à distância, foram concebidos, a partir de cada um dos manuais técnicos, cursos para serem implementados em modo de e-Learning ou b-Learning28. Os conteúdos foram concebidos de forma a permitirem a frequência dos cursos em regime de auto-estudo, podendo ser disponibilizados integradamente numa plataforma ou como ficheiros independentes. Entre outras características, incluídas nos conteúdos a fim de orientar a navegação e guiar o formando no seu percurso de aprendizagem, destacam-se as ferramentas de auto-avaliação, que permitem que o formando, mesmo sem o acompanhamento por parte do formador, afira o grau de aprendizagem em cada capítulo de cada curso. No entanto, os conteúdos são também passíveis de serem utilizados num curso com tutoria ou mesmo como suporte a aprendizagem colaborativa. 27 28 Os manuais podem ser consultados em http://www.spi.pt/agrovalorizacao/ Os conteúdos poderão ser consultados através da plataforma de e-Learning da SPI: http://training.spi.pt Sociedade Portuguesa de Inovação 68 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Figura 9: Exemplo de conteúdos de e-Learning da colecção “Valorização das Explorações Agrícolas” – Curso “Genética, Biotecnologia e a Agricultura” Actualmente e apesar de já terem sido divulgados, a nível nacional, os resultados destes projectos em vários seminários, ainda não foi possível colocar em prática os recursos didácticos, isto é, ainda não se realizou qualquer curso de formação em regime de e-Learning. Resultados Lamentavelmente, a avaliação dos resultados deste projecto é bastante limitada, na medida em que os materiais desenvolvidos ainda não foram aplicados num contexto formativo. Desta forma, não foi possível aferir a satisfação de formandos e formadores, a efectividade da aprendizagem, ou detectar aspectos de melhoria nos conteúdos elaborados. No entanto, podemos concluir que estas iniciativas apresentam mais valias importantes para o sector agrícola, quanto à formação dos seus agentes. Conclusões Apesar de não existirem dados acerca da aplicação dos materiais destas colecções em contextos formativos reais, permitindo assim testar a sua adequação e pertinência, será ainda assim legítimo concluir que estas colecções contêm um conjunto de recursos didácticos Sociedade Portuguesa de Inovação 69 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional bastante completo e flexível, que permite a sua aplicação em contextos de aprendizagem variados. De facto o conjunto de materiais produzidos, e o facto de os conteúdos técnicos estarem já disponibilizados sob a forma de cursos de e-Learning demonstra essa mais-valia. No entanto, perante a disponibilização e divulgação desta variedade de materiais, não poderá deixar de se lamentar a falta de utilização dos mesmos, um ano volvido da sua divulgação. Vários exemplares das colecções foram solicitados por indivíduos ligados à formação na área agrícola, mas nenhuma iniciativa foi levada a cabo com vista à implementação de um ou mais cursos das colecções. 2.3.7 Outras Iniciativas Para além das iniciativas de e-Learning no sector agrícola analisadas nos pontos anteriores, destacam-se ainda algumas outras, que se encontram em fase de preparação e que serão implementadas a curto prazo: • A Universidade do Porto irá lançar um curso intitulado "Protecção da Vinha", que se realizará em regime b-Learning, tendo início previsto para Junho 2007. Este curso terá uma duração de cerca de três semanas, sendo dirigido para um público mais sénior e estando integrado no programa de formação contínua da Universidade do Porto; • O Centro Operativo de Tecnologia e de Regadio (COTR) encontra-se a ultimar os preparativos para realizar acções de e-Learning na sua área de intervenção (gestão da rega) utilizando a plataforma Moodle. O facto de estas iniciativas se encontrarem em preparação reflecte a preocupação que alguns actores têm em explorar as potencialidades do e-Learning e em beneficiarem das vantagens da utilização das TIC na formação na área agrícola. Sociedade Portuguesa de Inovação 70 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 2.3.8 Identificação de “Boas Práticas” de e-Learning no Sector Agrícola Nacional Perante o reduzido número de iniciativas de e-Learning detectadas no panorama da formação no sector agrícola em Portugal, torna-se difícil citar vários exemplos paradigmáticos, que sirvam de base à implementação de iniciativas futuras de e-Learning de qualidade e com sucesso. Não se conclua, com isto, que as iniciativas descritas não são merecedoras de reconhecimento, pelo contrário, desde logo por terem constituído sinais de vontade para que se dessem alguns passos na introdução do e-Learning nas práticas formativas no sector agrícola. Através do desenvolvimento e implementação dos projectos citados, foram testadas novas metodologias, foram construídos novos materiais e, acima de tudo, foi disseminada, junto de agentes ligados ao sector agrícola, a utilização das TIC na formação na área agrícola. Destes exemplos, válidas conclusões se poderão retirar, tanto no que diz respeito a aspectos positivos que interessa repetir e divulgar, como no que diz respeito a aspectos negativos que interessa evitar no futuro. De entre as iniciativas apresentadas, destacamos como boa prática o curso “Conhecer o Vinho Verde - Nível I” (ponto 2.3.2): em primeiro lugar, por se tratar de uma iniciativa de e-Learning, que aborda temáticas ligadas ao sector agrícola e cuja implementação se tem revelado um sucesso; em segundo lugar, por utilizar uma plataforma de e-Learning que inclui ferramentas adequadas para a comunicação entre os vários intervenientes no curso, para a troca de informação e para a disponibilização de conteúdos. De salientar a preocupação em familiarizar os participantes com a plataforma desde a fase da inscrição, que é efectuada online, e também a integração de diversos processos na plataforma, desde a disponibilização dos conteúdos (para consulta online e para download em formato .pdf), passando pela divulgação das notas e da agenda do curso, até à própria avaliação e entrega de trabalhos. Merece também destaque o facto de esta iniciativa ser o resultado de uma parceria entre várias instituições, reforçando a ideia de que, a criação de redes de trabalho que permitam potencializar competências e recursos diversos é, muitas vezes, um factor decisivo para a qualidade das intervenções. O sucesso desta iniciativa e da metodologia formativa utilizada é comprovado pela satisfação demonstrada pelos participantes e pela continuidade dada ao curso que, tendo duas acções já realizadas, prevê a realização de futuras acções. Sociedade Portuguesa de Inovação 71 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Neste sentido, considerando características do sector da formação agrícola em Portugal, julgamos ser viável e aconselhável a implementação de iniciativas de e-Learning com características semelhantes à apresentada, podendo este tipo de curso ser implementado também noutras áreas temáticas e dirigido a outros públicos-alvo. No que diz respeito às restantes iniciativas identificadas, apesar de não se destacar nenhuma enquanto “Boa Prática” como um todo, será importante assinalar alguns aspectos que, pelo seu carácter inovador, integrador e bem sucedido, deverão ser encarados como exemplos positivos a ter em consideração em iniciativas de e-Learning a desenvolver no futuro. Tabela 21: Boas práticas no processo de concepção de cursos Boas Práticas no processo de concepção dos cursos Metodologia para o desenvolvimento do curso Três passos fundamentais: sistematização das características básicas do curso na fase de diagnóstico; criação de turma piloto para teste do curso à medida que vai sendo desenvolvido; sessões de teste dos conteúdos e da plataforma com os destinatários para inserção de melhorias Preparação e desenvolvimento de recursos didácticos Teste prévio do curso Concepção de recursos que podem ser utilizados em contextos formativos diversos, nomeadamente: formação presencial e formação à distância (e-Learning e b-Learning) Teste prévio do curso por parte do grupo de formadores que havia definido a metodologia a utilizar. Adaptação dos conteúdos a cada realidade formativa Tabela 22: Boas práticas no processo de implementação dos cursos Boas Práticas no processo de implementação dos cursos Formação e Módulo intensivo no início do curso dedicado à Internet; acompanhamento contínuo facilitação do acesso dos formandos durante o curso, com apoio de um formador especializado em TIC; às TIC para os estabelecimento de parceria para permitir o acesso a computador com ligação à formandos Características da plataforma Internet a todos os formandos. Utilização de uma plataforma que permite a troca e partilha de documentos e outros materiais; utilização de um fórum que permite reunir e concentrar, de forma intuitiva, os contributos de todos os participantes. Sociedade Portuguesa de Inovação 72 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 22: Boas práticas no processo de implementação dos cursos Boas práticas no processo de implementação dos cursos Comunicação durante o curso Realização de sessões de chat regulares, para permitir um maior acompanhamento por parte do formador e fomentar a comunicação regular entre formandos e entre estes e o formador Utilização de modelo orientado para a auto-responsabilização dos formandos, Modelo pedagógico de autoestudo colocando a tónica do processo de aprendizagem no formando. As sessões presenciais são encaradas como um reforço do auto-estudo e do trabalho desenvolvido pelos formandos, servindo de (re)orientação e debate, de forma a completar e consolidar os conhecimentos adquiridos pelos formandos com a consulta dos conteúdos online Criação de grupos de trabalho que desenvolvem o trabalho à distância com recurso a ferramentas de colaboração online. Os formandos acedem aos conteúdos Modelo pedagógico disponibilizados pelos formadores, interagindo entre eles e com um tutor, realizando colaborativo trabalhos e debatendo temas e ideias online. Este modelo fomenta a responsabilização dos formandos pelo seu processo de aprendizagem, mas também pela construção do conhecimento e pelo desenvolvimento da comunidade de aprendizagem Sociedade Portuguesa de Inovação 73 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional CAPÍTULO 3 IDENTIFICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE E-LEARNING NO SECTOR AGRÍCOLA A NÍVEL INTERNACIONAL Sociedade Portuguesa de Inovação 74 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 3.1 Introdução A realização do Estudo Agroe-Learning prevê a descrição e análise de um conjunto de iniciativas de formação no sector agrícola a nível internacional, que recorram às metodologias ligadas ao e-Learning, cujo sucesso seja comprovado a vários níveis e cujas características possam constituir uma base para o desenvolvimento de linhas de orientação estratégica para as iniciativas de formação no sector agrícola português. Neste sentido, neste capítulo procuramos descrever e analisar o panorama das iniciativas de e-Learning no sector agrícola a nível internacional, com uma focalização geográfica em duas áreas principais: • América do Norte: particularmente Estados Unidos da América e Canadá, dado tratarem-se de países com um grau de desenvolvimento bastante acentuado no que diz respeito à formação no sector agrícola e à implementação de iniciativas de eLearning neste sector. Através da análise de boas práticas nestes países, é possível beneficiar da longa experiência já aí existente, onde foram já testadas várias metodologias formativas, que foram sucessivamente reformuladas e melhoradas, de forma a tornarem-se cada vez mais adequadas às necessidades do público-alvo. Por outro lado, a focalização nestes dois países deveu-se à “boa reputação” de que goza a actividade agrícola, para a qual contam, certamente, as iniciativas de formação e as mensagens que através das mesmas são promovidas; • Europa: particularmente no Reino Unido e na Alemanha, dado tratarem-se de países que conheceram uma reconversão do seu sector agrícola com forte incidência ao nível da formação dos agentes agrícolas, mas também com a preocupação de sensibilizar o público em geral (consumidores) para a importância da necessidade de existirem boas práticas agrícolas. Nestes dois núcleos geográficos, foram seleccionadas iniciativas de e-Learning considerando vários critérios, dos quais se destacam os seguintes: Sociedade Portuguesa de Inovação 75 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Notoriedade e impacto: avaliação positiva por parte de formandos/alunos; notoriedade no mercado; reconhecimento por parte de governos/instituições; impacto na região, etc; • Boa práticas de e-Learning ao nível de: metodologias, utilização de ferramentas, temas abordados, etc; • Grau de aplicabilidade a iniciativas de e-Learning no sector agrícola português: possibilidade de transferência. Uma vez seleccionado um conjunto de casos, foram analisados, de modo uniforme, vários aspectos sobre os mesmos: • Características estruturantes da iniciativa: objectivos gerais, público-alvo, temas abordados, duração; • Metodologias formativas aplicadas; • Requisitos de acesso; • Ferramentas e recursos disponíveis. Ao contrário da realidade nacional, foi encontrado um número significativo de iniciativas de formação na área agrícola com utilização das novas TIC, promovidas por universidades, escolas e empresas, de cariz privado e com custos para os utilizadores/participantes. Este ponto assume relevância para demonstrar que a formação pode e dever ser promovida sem estar necessariamente pendurada em programas de financiamento. Do cruzamento de todos os critérios foi reunido um grupo final de 6 estudos de caso, que são analisados nas páginas seguintes. 3.2 Estudos de Caso Com base nos critérios citados anteriormente, foi seleccionado um conjunto de estudos de caso de iniciativas de e-Learning realizadas na América do Norte e na Europa, seguidamente apresentados, e cuja análise foi feita com base nos critérios acima identificados. Sociedade Portuguesa de Inovação 76 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 3.2.1 Curso Organic Marketing – Canadá Caracterização Geral O curso Organic Marketing (Marketing de Produtos Biológicos) é promovido pela Universidade de Guelph29, Canadá, fazendo parte de um vasto programa de formação a distância dinamizado pela instituição. O curso foi desenvolvido com fundos próprios da Universidade e com apoio financeiro do Centro de Agricultura Biológica do Canadá, tendo surgido, originalmente, como forma de responder às necessidades da indústria alimentar e agrícola e igualmente à procura por parte dos consumidores de produtos alimentares de origem biológica. No sentido de responder a estas necessidades, o curso Organic Marketing visa preparar os estudantes para a necessidade de acompanhar o desenvolvimento do sector da alimentação biológica nos países da OCDE, tendo como objectivo central fornecer-lhes uma visão sobre a produção de alimentos biológicos, comparando e percebendo as diferenças entre a produção biológica e a produção industrializada. Com uma duração de 12 semanas, este curso realiza-se anualmente, estando as turmas limitadas a 40 participantes. A estruturação dos módulos é a seguinte: Tabela 23: Módulos do curso Organic Marketing Módulos do Curso de Marketing Biológico 29 1 Perspectiva geral sobre o sector da alimentação biológica 2 Características dos produtos produzidos de modo biológico e os mercados alimentares 3 Os mecanismos de um mercado aberto 4 Gestão de fornecedores 5 Estratégias alternativas de marketing 6 A influência do comportamento do consumidor Mais informações em: http://uoguelph.ca Sociedade Portuguesa de Inovação 77 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional De acordo com o programa do curso, são realizadas sessões semanais online de debate de questões e temas, lideradas por um tutor, nas quais são avaliados trabalhos individuais e de grupo desenvolvidos pelos formandos com base em casos de estudo. Perto do final do curso é promovida uma sessão de conferência e um exame final supervisionado, com vista à certificação. Metodologias de Formação O processo de aprendizagem está centralizado no desenvolvimento de trabalhos propostos nos manuais. Para promover o debate necessário à realização destes trabalhos, são feitas “sessões de conferência” entre os participantes, moderadas pelo tutor. Adicionalmente, é proposta aos participantes a resolução de vários casos de estudo, que são posteriormente avaliados pelo tutor e debatidos por todos os participantes, incentivando-se dessa forma a partilha de ideias e a consolidação de conhecimentos. O tutor procura incentivar a participação de todos sempre que pertinente, encorajando o trabalho colaborativo, nomeadamente através da criação de grupos de trabalho (entre 4 a 5 elementos) para a resolução dos casos. O trabalho associado a estas actividades implica que os participantes interajam no processo de descoberta, tratamento e assimilação da informação. Paralelamente a este trabalho colaborativo, em cada módulo, é requerida a cada formando a leitura e assimilação dos conteúdos e de informação complementar disponibilizada, bem como resposta escrita a perguntas apresentadas pelo tutor. Os manuais apresentam os temas e os casos de estudo de forma breve, orientando os participantes para um trabalho de pesquisa e análise de informações complementares. No que diz respeito à interacção com o tutor, para além do contacto efectuado nas sessões de debate, cada participante tem um contacto individualizado com o tutor, no caso de necessitar de esclarecimentos no que diz respeito aos conteúdos, podendo ainda colocar as suas questões na plataforma, utilizando o fórum, que permite partilhar as perguntas e respostas com os restantes participantes. Sociedade Portuguesa de Inovação 78 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Requisitos de Acesso Para a participação no curso são exigidos conhecimentos básicos de informática na óptica do utilizador, estando as informações necessárias à utilização dos recursos sistematizadas num guia de orientação. Os participantes recebem, com o registo na universidade e após pagamento do custo inerente à frequência do curso, um código de acesso à plataforma de eLearning e a universidade coloca à sua disposição, em vários pontos, computadores para a frequência do curso. No entanto, todos os participantes devem ter acesso a uma impressora uma vez que as propostas de trabalho assim o exigem. Na Tabela seguinte, encontram-se os requisitos técnicos para a participação no curso, de acordo com as informações constantes na página de acesso aos cursos online da Universidade de Guelph. Tabela 24: Requisitos técnicos para a participação no curso Componentes Sistema Operativo Vídeo Necessários Monitor SVGA (resolução mínima de 800 x 600) Resolução de 1024x768 ou maior Drive de CD-ROM Colunas Browsers Internet Explorer 6.0 suportados Netscape 7.2 (Windows) Firefox 1.5 Netscape 7.2 Browsers Safari 1.3, 2.0 suportados (Mac) ligação à Internet 30 Recomendados Windows 98, 98SE, ME, 2000, 2003, XP ou Mac OS X Periféricos Velocidade da 30 Firefox 1.5 Modem de 56K ADSL ou Cabo Java Script Activado Cookies Activados Software Software de processamento de texto http://www.open.uoguelph.ca/online/online_learning/system_requirements.cfm Sociedade Portuguesa de Inovação 79 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A plataforma está acessível 24 horas por dia, 7 dias da semana, durante o decorrer do curso e nas duas semanas anteriores à data de arranque. Ferramentas e Recursos O curso Organic Marketing desenvolve-se na plataforma Open Online31. Antes do início do curso, os participantes têm acesso a um guia de orientação sobre a navegabilidade dos conteúdos, a utilização das várias ferramentas e a metodologia de funcionamento do curso, bem como a um manual de apoio, que consiste na compilação de informação complementar sobre o curso, e que contém referências bibliográficas, links para páginas de interesse e elementos de leitura obrigatória. Figura 10: Página de acesso aos cursos online da Universidade de Guelph A partir do menu disponível na página de entrada, é possível efectuar um “Course Tour” (visita guiada a um curso), onde são explicados os recursos e ferramentas disponibilizados pela plataforma: 31 http://www.openonline.com/ Sociedade Portuguesa de Inovação 80 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 25: Ferramentas disponíveis na plataforma usada no curso Organic Marketing Ferramentas disponíveis na plataforma usada no Curso Organic Marketing Secção de Updates Índice do curso Cronograma do curso Recursos web Secção onde se encontram anúncios do tutor, novidades ou avisos. Surge logo após o login na plataforma Listagem com ligações a todas as componentes do curso, desde o programa, passando pelos trabalhos a realizar, contactos do tutor e apoio técnico, etc. Secção onde se encontra o cronograma do curso com ligações a todas as unidades, às actividades de aprendizagem e a outras instruções do curso Secção com ligações a recursos web, dicas para pesquisa e indicações para avaliar os resultados das pesquisas na web Sistema de Sistema assíncrono, que permite ao participante ler as mensagens dos colegas e deixar conferência mensagens para que todos leiam Ajuda Conjunto de ligações para ajudas durante a frequência do curso: contactos de formadores e especialistas técnicos, paginas de ajuda online, entre outros Na Figura seguinte é possível visualizar uma das ferramentas da plataforma – o cronograma. Aqui, as actividades e tarefas do curso encontram-se organizadas por semanas, de modo que o formando consegue ter continuamente a percepção das tarefas que dele são esperadas. Figura 11: Ferramenta “Cronograma do curso” utilizada no curso Organic Marketing Sociedade Portuguesa de Inovação 81 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Conclusões O curso Organic Marketing da Universidade de Guelph constitui uma boa prática no que toca ao desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola. Desde o modelo de formação utilizado, passando pelas ferramentas e recursos disponíveis, até aos conteúdos abordados, as componentes do curso têm-se revelado adequadas às necessidades dos destinatários e o curso tem demonstrado ser um sucesso, o que é comprovado, desde logo, pelo grau de regularidade com o qual o mesmo se realiza. Considerando os seus objectivos este curso permite comparações técnicas e científicas entre produtos alimentares de origem biológica e industrial, fomentando o debate sobre a expansão dos mercados e dos produtos de origem biológica, quer ao nível no Canadá, quer ao nível internacional. A produção biológica ainda apresenta muito potencial, havendo nichos de mercado por explorar, o que potencia o interesse dos pequenos produtores. Mas para tal, os pequenos produtores necessitam de conhecimentos específicos, nomeadamente ao nível da legislação, mercado e necessidades/gostos dos consumidores, apresentando-se este curso como uma excelente resposta. 3.2.2 Projecto Inforfarm – Alemanha Caracterização Geral O Infofarm é um portal virtual de informação e formação, que foi estabelecido no âmbito da iniciativa Infoschool32, através de um projecto financiado pelo Estado Alemão. O portal foi concebido e é mantido por uma rede de 16 escolas profissionais, que utilizam a plataforma enquanto meio que permite a adopção de uma abordagem pedagógica construtivista na sala 32 O Infoschool é um projecto de âmbito nacional, que tem como objectivo ligar todas as escolas à Internet, envolver estudantes e professores na utilização das TIC e criar, utilizar e explorar recursos educacionais em formato digital. Sociedade Portuguesa de Inovação 82 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional de aula. O projecto iniciou com a colaboração de 3 escolas e, no espaço de 3 anos, a participação ascendeu às 16 escolas. Este portal não foi concebido com o intuito de ser um LMS, mas sim um portal informativo, que fornece informação relevante na área agrícola, para as escolas e para a sociedade em geral. Assim, para além da utilização em contextos de educação formal, o Infofarm também está acessível a todas as pessoas interessadas na temática da agricultura e oferece uma variedade de recursos educacionais online de forma gratuita. Estas características fazem deste portal um valioso recurso para todos os actores interessados e reforça o seu benefício para a sociedade em geral. Figura 12: Página de entrada do portal Infofarm Sociedade Portuguesa de Inovação 83 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Para além do acesso a recursos educacionais, o Informarm contém uma série de outras áreas: Tabela 26: Áreas que constituem o portal Infofarm Áreas que constituem o portal do projecto Inforfarm Secção de notícias Secção de Eventos Secção de Publicações Secção de media Secção de comércio Bolsa de emprego Divulgação de notícias sobre diversos temas, como: agricultura, ambiente, saúde, formação, mercados e preços, etc. Divulgação de datas de relevo, divulgação de feiras e outros eventos Publicações sobre o sector agrícola e áreas afins Secção na qual estão integrados os recursos educacionais Secção onde é possível a compra e venda de bens e serviços Divulgação de oportunidades de emprego (oferta e procura) Metodologias de Formação O portal do Infofarm é apenas a parte exterior e visível de todo o projecto. Nos bastidores da iniciativa, nas 16 escolas que participaram no projecto, professores e alunos experimentaram novas metodologias de aprendizagem, com base numa abordagem construtivista. Pretendiase que os estudantes trabalhassem em grupos, sobre tarefas concretas e utilizando a Internet para a recolha de informação e desenvolvimento de trabalho colaborativo. A aprendizagem ocorreu no interior da sala de aula numa base presencial, e também à distância, na colaboração com as outras escolas participantes, utilizando como recursos um misto de formulários de apoio ao desenvolvimento do projecto (assignement), literatura impressa e recursos digitais disponíveis online. Com estes recursos, os alunos desenvolveram diversos estudos Construtivismo: Teoria de aprendizagem que defende que os formandos constroem a de caso em diferentes áreas, que foram depois sua própria realidade a partir das suas disponibilizados online para serem utilizados em próprias percepções das experiências. contextos de educação formal e não formal e informal. Numa abordagem construtivista, a construção do conhecimento pelos alunos é O apoio foi assegurado pelos professores das escolas fruto de sua acção e o professor tem como participantes, que monitoraram e avaliaram o processo função criar situações favorecedoras de de aprendizagem. aprendizagem. Sociedade Portuguesa de Inovação 84 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Os alunos utilizaram também as TIC para estabelecer contacto com peritos em diversas áreas, com empresas e outras instituições, a fim de obter a informação necessária para os projectos nos quais se encontravam a trabalhar. No desenvolvimento do trabalho, estes foram incentivados a pesquisar de forma activa os recursos online, a consultar especialistas, a trabalhar em tarefas concretas dentro de cada projecto. Desta forma, os alunos desenvolveram competências de pensamento analítico e aprenderam também a trabalhar de forma independente. Para além do desenvolvimento do trabalho ao nível de cada escola e do contacto dos alunos com peritos externos, a utilização de ferramentas do portal e das TIC também permitiram que as pessoas das várias escolas envolvidas contactassem entre si, o que possibilitou uma melhor transferência de conhecimento. Assim, os estudantes tiveram a oportunidade de aprender com os colegas das outras escolas participantes. Requisitos de Acesso O requisito básico para a participação no projecto Inforfarm era o acesso a um computador com ligação à Internet. O projecto em si não requeria a utilização de soluções técnicas muito avançadas, mas antes focalizou-se na utilização eficiente das ferramentas de TIC mais comuns, aplicando-as em novos contextos pedagógicos, a fim de fortalecer e aumentar a qualidade do processo de aprendizagem e os seus resultados. Ferramentas e Recursos Tal como já foi referido, o Infofarm não se trata de um LMS, mas sim de um portal informativo, pelo que as suas funcionalidades não podem ser comparadas às de uma ferramenta desenvolvida especificamente para o contexto de e-Learning. Ainda assim, é importante compreender que tipo de ferramentas e recursos são disponibilizados neste portal. Para além das secções de notícias, eventos, publicações, comércio e bolsa de emprego existe uma secção de media, onde são disponibilizados diversos recursos técnico-pedagógicos. Os recursos consistem num leque alargado de materiais de cariz diverso, tais como: exercícios Sociedade Portuguesa de Inovação 85 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional elaborados por professores para serem utilizados na educação formal, documentos com informação relevante, exames antigos com respectivas soluções, etc. O número total de recursos actualmente disponíveis ascende aos 300, embora deva referir-se que nem todos constituem exercícios ou cursos. Para além de assuntos específicos ligados à agricultura, os recursos incluem informação sobre a utilização das TIC e sobre o perfil de emprego a nível nacional e a respectiva oferta de formação. Os materiais são apresentados com um resumo e são colocados no próprio portal ou são tornados acessíveis através de um link. A sustentabilidade foi encarada como uma questão de elevada importância, pelo que todos os materiais de estudo se encontram disponíveis online através do portal Infofarm ou no website das escolas participantes. Uma vez que os alunos que estiveram envolvidos de forma activa no desenvolvimento dos materiais eram do ensino secundário e de formação profissional de nível básico, a maioria dos materiais desenvolvidos consiste em documentos de texto. Considerando o grupo alvo primário e o objectivo geral do projecto, estas características devem ser vistas como uma abordagem razoável. As ferramentas e recursos do Infofarm reflectem um princípio importante do projecto, que foi proporcionar um portal aberto com recursos que podem ser actualizados e melhorados por todos os alunos. O portal permite que os utilizadores registados submetam links para as diferentes áreas e enriqueçam o portal com conteúdo. Uma característica que se denota como estando em falta é a impossibilidade de colaboração online (por exemplo através dos fóruns, blogs, portfólios). Assim, a colaboração parece ter ocorrido maioritariamente centrada na escola, sem que o portal tivesse sido utilizado como único meio de colaboração. Conclusões O Infofarm, incluindo o portal online e o projecto que o suporta, é um bom exemplo demonstrativo dos benefícios da utilização das TIC e das abordagens pedagógicas modernas na formação no sector agrícola. Este projecto demonstra como os recursos digitais podem ser incorporados na sala de aula, fortalecendo o processo de aprendizagem e melhorando os resultados da mesma na educação formal. Adicionalmente, o portal digital possibilita a Sociedade Portuguesa de Inovação 86 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional aprendizagem informal a todos os que estão interessados no sector agrícola, permitindo a troca de informações sobre o sector. No final do projecto, os alunos participaram em feiras para apresentar os resultados. Esta participação foi encarada como um forma de recompensar o trabalho desenvolvido e teve também ainda um impacto positivo ao nível de patrocínios – muitas empresas ficaram interessadas no projecto e manifestaram o seu interesse em apoiá-lo. Isto resultou em fundos adicionais que puderam ser investidos no projecto Inforfarm. Um outro indicador de sucesso deste projecto foi o facto de os alunos dedicarem voluntariamente e por iniciativa própria uma parcela significativa do seu tempo de lazer ao projecto. A motivação é um factor chave para uma aprendizagem com sucesso e este projecto demonstrou que os estudantes estavam bastante motivados e valorizaram esta nova forma de aprendizagem. O projecto demonstrou também que as novas O Infofarm e o projecto que serviu de base abordagens pedagógicas construtivistas funcionam à criação do portal foram citados em 2004 melhor se os professores tiverem consciência das por Hendrik Förster no âmbito da sua tese mutações que se operam nas tarefas e nos papéis dos de doutoramento, como sendo um exemplo positivo de educação aberta construtivista. actores envolvidos no processo de aprendizagem. Os professores envolvidos neste projecto votaram redobrada importância ao apoio aos estudantes no contexto do processo de aprendizagem enriquecido pelas TIC. Nesta perspectiva, os professores estavam também a aprender em conjunto com os alunos, e ambas as partes adoptaram novos papéis. A aprendizagem ocorreu em conjunto e não da forma tradicional em que a transferência de conhecimento é centrada no professor. Sociedade Portuguesa de Inovação 87 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 3.2.3 Iniciativa FACE - Farming and Countryside Education – Reino Unido Caracterização Geral A iniciativa FACE - Farming and Countryside Education (Educação para a Agricultura e Mundo Rural)33 começou no ano de 2001, estando registada como instituição de beneficiência, sendo independente de qualquer partido político ou movimento. Um dos objectivos gerais deste projecto é educar crianças e jovens nas temáticas da alimentação e agricultura num ambiente rural sustentável. Actualmente, o projecto FACE envolve cerca de 60 organizações, tendo todas elas um compromisso com o trabalho educacional associado à área alimentar, agricultura e campo. Este projecto foi criado para responder à preocupação generalizada acerca da forma como as crianças, os jovens e as suas famílias se afastaram e desinteressaram de saber de onde vêm os alimentos que consomem, quais as características de uma dieta e um estilo de vida saudáveis e quais são as oportunidades que o campo proporciona a nível de lazer, actividades sociais e emprego. Com o objectivo de ir ao encontro destas necessidades educacionais, a equipa envolvida neste projecto trabalha com diversos parceiros na promoção de visitas a quintas e proporcionando acesso fácil a uma vasta gama de recursos e actividades educacionais de alta qualidade, de modo a complementar o estudo escolar e as visitas ao ar livre. Dentro deste âmbito, o FACE desenvolveu um website que disponibiliza uma série de serviços online, já que um dos objectivos mais importantes do projecto é fornecer um portal aberto com recursos educacionais que podem ser utilizados em todo o Reino Unido. Este portal inclui: 33 Mais informações sobre o projecto em http://www.face-online.org.uk Sociedade Portuguesa de Inovação 88 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 27: Áreas que constituem o portal do projecto FACE Áreas que constituem o portal do projecto FACE Notícias Com notícias sobre agricultura Parceiros Com contactos dos parceiros que colaboram com o FACE Secção de Recursos Secção de Ensino Secção de Temas Secção de Agricultores Com recursos diversificados para o público em geral Com uma série de recursos pedagógicos elencados por temas e direccionados especificamente para professores Com informação variada sobre temas como: ciência aplicada, biodiversidade, vida saudável, história da agricultura e culturas não alimentares Com informações e recursos especificamente destinados a agricultores Este website é particularmente vocacionado para fornecer aos professores recursos educacionais que incluem uma vasta gama de materiais muito diversos, como por exemplo exercícios, actividades e modelos pedagógicos, estudos de caso, perfis agrícolas de quintas parceiras, links para outros recursos educacionais. Estes recursos constituem um importante elemento de apoio para os professores, na medida em que permitem: • Estimular o interesse e a curiosidade dos estudantes; • Estabelecer a ligação a todos os aspectos e níveis do currículo escolar; • Permitir que os alunos vejam as actividades rurais (como por exemplo a produção alimentar) em primeira-mão; • Demonstrar aos alunos uma série de novas actividades de lazer que se podem desenvolver no campo; • Mostrar aos alunos oportunidades de carreira no mundo rural. Sociedade Portuguesa de Inovação 89 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Figura 13: Página de entrada do website do FACE Como se pode verificar, o FACE não é somente um projecto virtual. Tem, por exemplo, uma intensa actividade na organização de visitas no terreno, de forma a proporcionar aos estudantes experiências práticas de agricultura, encorajando-os a explorar activamente o mundo rural. As TIC são utilizadas como um serviço adicional, para maximizar o valor dos serviços proporcionados pelo FACE. A parte virtual do site tem como principal objectivo fornecer materiais aos professores, enquanto que a vertente mais “prática” do projecto consiste na educação em sala e exercícios práticos fora da sala de aula, no contexto rural. Para além do site, o projecto FACE também criou centros locais que se localizam nas instalações das instituições parceiras do projecto. Metodologias de Formação Os materiais disponíveis no website do FACE incentivam a aplicação de uma vasta gama de abordagens pedagógicas modernas e de actividades de aprendizagem, sem se focalizarem numa delas em particular. São materiais desenvolvidos de forma a envolver os estudantes nas actividades, promovendo um papel activo da sua parte – as TIC constituem uma ferramenta para a consecução deste objectivo. Tanto no caso dos recursos pedagógicos como no caso das visitas, o projecto tem como objectivo conferir aos estudantes um papel activo. Sociedade Portuguesa de Inovação 90 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Os materiais que são fornecidos aos professores são muito orientados para o incentivo à participação dos alunos, por exemplo através dos debates e desempenho de papéis. Este é um aspecto importante numa época em que os governos procuram cada vez mais um papel activo por parte dos cidadãos. Outros materiais têm como objectivo desenvolver competências de pesquisa junto dos estudantes, competências muito importantes na sociedade da informação/conhecimento. Podem ainda ser encontrados materiais educativos que fazem uso de actividades como o “brainstorming” e os questionários. Figura 14: Ferramenta “Debating” no website do FACE Requisitos de Acesso O requisito básico é possuir um computador com uma ligação à Internet, principalmente para os professores poderem aceder aos recursos educativos. O projecto em si não exige tecnologias muito avançadas, focando-se antes na utilização das tecnologias mais simples e ferramentas mais básicas. O design do website do FACE é simples e leve e a navegação pelas páginas é intuitiva, sem demasiada intensidade gráfica, não sendo necessária uma ligação à Internet de alta velocidade para navegar pelo website. Sociedade Portuguesa de Inovação 91 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Ferramentas e Recursos Os recursos disponibilizados no website consistem num misto de exercícios, materiais educacionais, recursos informativos, recursos digitais e ligações para recursos exteriores e encontram-se distribuídos pelas secções “Ensino”, “Recursos”, “Temas” e “Agricultores”. Na secção “Ensino” encontra-se um catálogo extensivo de recursos para escolas, incluindo posters, CD-Roms, folhetos e livros sobre todos os aspectos da área alimentar e agrícola. Muitos dos materiais foram concebidos para os professores fazerem download e aplicarem na sala de aula. Os recursos disponíveis nesta secção incluem materiais de áreas como: • Geografia; • Ciência; • Debates; • Programa “Gifted and Talented”; • Ligações ao currículo educacional nacional; • Diversificação na indústria agrícola. A secção “Temas” contém materiais sobre: • Ciência aplicada; • Biodiversidade; • Vida Saudável; • História; • Cereais não alimentícios. Os materiais disponibilizados na secção “Recursos” são muito variados e transversais à área agrícola e a outros temas conexos. Na Tabela seguinte podemos ver uma lista desses materiais. Sociedade Portuguesa de Inovação 92 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 28: Materiais existentes na área “recursos” do projecto FACE Materiais existentes na área “recursos” do projecto FACE Recursos educacionais Gama de recursos educacionais gratuitos, que exploram a cadeia alimentar “desde o da Home Grown campo até ao prato”. Este conjunto de jogos e actividades divertidas foi Cereals Authority especialmente desenvolvido para crianças do ensino básico e secundário. Todos os (HGCA) recursos têm ligações ao currículo escolar nacional Perfis agrícolas Descrições detalhadas de uma série de negócios agrícolas no país e estrangeiro Visitas a quintas Informação relativa à organização e acolhimento de visitas a quintas 1. “À descoberta”: documentos que fornecem informação factual sobre uma variedade de tópicos, tais como cereais, agricultura biológica e outros; Folhas informativas 2. “Exploração”: documentos que têm como objectivo ajudar os alunos a pesquisar sobre vários temas sobre assuntos como alimentação, manipulação genética, etc.; 3. “Assuntos Gerais”: documentos sobre vários aspectos do desenvolvimento global da Rede Mundial de Agricultores (Farmers’ World Network). Catálogo de recursos Galeria Base de dados de recursos disponíveis para fins educativos sobre vários tópicos e temas Colecção sempre em expansão de imagens para download sobre as áreas agrícola e alimentar A secção “Agricultor” contém materiais como: • Banco de recursos para visitas a quintas com materiais educacionais úteis para agricultores que pretendem acolher visitas de estudo ou deslocar-se às escolas; • Curso CEVAS para agricultores: pode ser usado como apoio em cursos de formação acreditados ou como package pedagógico à distância para acreditação através da Open College Network (Rede de Universidades Abertas) - apoiada pela empresa Bayer Crop Science. As instituições parceiras do Projecto FACE também beneficiam dos recursos e do conhecimento dos outros parceiros e de um serviço de inquéritos. Sociedade Portuguesa de Inovação 93 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional O website disponibiliza ainda um curso de e-Learning de 8 horas para todos os interessados na área agrícola. Este curso é de fácil navegação, embora pudesse ter beneficiado de ferramentas de comunicação e colaboração online. Conclusões O Projecto FACE, incluindo o website e todo o projecto por trás do mesmo, é um bom exemplo que demonstra os benefícios da utilização das TIC e das abordagens pedagógicas modernas na formação na área agrícola. Este projecto demonstra também como é possível interligar a formação na área agrícola com experiências práticas agrícolas fora da sala de aula e como os professores podem beneficiar dos materiais online gratuitos. Os professores podem reutilizar os cursos e materiais existentes e que têm já um sucesso comprovado. Isto pode ser particularmente valioso se forem aplicadas as abordagens pedagógicas construtivistas modernas: minimiza-se o risco de os professores cometerem erros básicos por falta de experiência. Adicionalmente, o website permite a todos os cidadãos interessados o acesso à maioria dos recursos educacionais, incentivando, assim, a aprendizagem informal. Uma vez que os recursos educativos são direccionados maioritariamente para alunos do ensino formal, estes materiais podem ser utilizados por exemplo pelos pais, para educarem os seus filhos. Verificando-se que a formação na área agrícola não é um tema sobre o qual estejam disponíveis muitos recursos, este projecto vem permitir preencher essa lacuna. Sociedade Portuguesa de Inovação 94 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 3.2.4 Curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura - Canadá Caracterização Geral O Curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura, é promovido pelo Instituto Canadiano da Agricultura34. Este curso está inserido no programa de formação contínua do Instituto e é dirigido a um público-alvo específico: agrologistas35 que prestem ou pretendam prestar serviços de consultadoria. Os cursos inseridos neste programa de formação são abertos a todos os profissionais do sector agrícola, quer sejam ou não membros do referido Instituto, do sector público ou privado. O objectivo deste curso é promover o significado de “profissionalismo” entre estes profissionais, alertando para o que se espera da sua actuação junto dos produtores agrícolas e promovendo a eficiência no exercício da sua actividade enquanto consultores no sector agrícola. Desta forma, pretende-se que a formação seja um veículo de desenvolvimento profissional, pelo que o curso se destina a recém-licenciados, mas também a agentes agrícolas, com o objectivo de incutir uma maior responsabilização profissional na sua actuação, não apenas nos domínios técnico-científicos, mas em especial na área comportamental. As gestão de explorações agrícolas é sujeita a várias Este curso é uma adaptação para e- perturbações/alterações, quer de origem financeira, Learning de um curso originalmente quer de origem social e face a elas é necessário que desenvolvido pelo Instituto da Agricultura estes profissionais sejam capazes de actuar com de Ontário. extrema sensibilidade, pois geralmente estão em causa crises de âmbito familiar, onde o aspecto humano acaba por ser o de maior relevância. O curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura vem dotar os participantes de competências para lidar com este tipo de situações, promovendo a análise e a resolução de conflitos, bem como a responsabilidade no acto de consultadoria. Pretende-se, desta forma, consciencializar os participantes para a importância das competências interpessoais ao nível da consultadoria financeira na área agrícola. 34 35 Mais informações em www.aic.ca Cientistas que estudam os solos utilizáveis com interesse agrícola Sociedade Portuguesa de Inovação 95 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Figura 15: Página de entrada do curso online de Ética e Profissionalismo na Agricultura Metodologia de Formação O curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura realiza-se em regime de auto-estudo e totalmente à distância, pelo que dispõe de uma total flexibilidade ao nível do local e horário de acesso, assim como ao nível do número de participantes (pode funcionar com apenas um participante ou com grupos de participantes). O curso não tem uma duração limitada no tempo. Uma vez inscrito, o participante é convidado a interagir com os conteúdos e simular os vários cenários propostos. Figura 16: Imagem do curso com explicação do objectivo da simulação inicial Sociedade Portuguesa de Inovação 96 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional O processo de aprendizagem/consciencialização assenta em conteúdos com figuras animadas, com bastante interacção audiovisual, baseado em técnicas de role-playing (jogo de papéis) interactivas, que pretendem simular vários cenários de consultadoria. Assim, consoante determinada situação, é sugerido ao formando que responda como reagiria e, perante essa resposta, o conteúdo desenvolve de determinada forma. Por este motivo, cada módulo tem várias vertentes de exploração, dependendo da forma como se responde a cada situação. Figura 17: Imagem do curso, no momento em que é pedido ao formando que opte por uma reacção relativamente ao que acabou de ser dito Como se verifica, os conteúdos assentam em simulações de situações reais, em histórias, nas quais o participante tem um papel activo. Pretende-se assim sensibilizar os profissionais para os impactos da sua actuação através da técnica de role-playing, procurando-se, mais do que um processo de aprendizagem, um processo de consciencialização. Estes conteúdos dinâmicos são suportados por documentos de apoio que fazem parte do curso original, e que vêm complementar o processo de aprendizagem/consciencialização com uma base científica. Sociedade Portuguesa de Inovação 97 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A avaliação do curso é feita mediante a resposta a um questionário online, no qual os formandos têm que ter um resultado mínimo de 80%, para obterem aprovação no curso. No final de responder ao questionário, o formando pode aceder imediatamente ao resultado. Requisitos de Acesso Os participantes recebem, com o registo na universidade, e após o pagamento do custo inerente à frequência do curso, um código de acesso à plataforma. A universidade coloca à disposição dos participantes, em vários pontos, computadores que podem ser utilizados. Os requisitos mínimos para participação neste curso são: acesso a computador com ligação à Internet; mínimo de 16MB de memória RAM e 500mhz de velocidade. É ainda necessário que os participantes tenham instalado o plug-in do Flash 5. Os conteúdos são desenvolvidos em Flash e têm uma dimensão de cerca de 1.8 MB, pelo que o acesso com ligações de baixa velocidade (modem de 56k) podem provocar alguma demora, mas uma vez feito o download, a velocidade de acesso deixa de ser um problema. Os formandos devem ter também colunas de som ou auscultadores, uma vez que a simulação é baseada no relato de uma situação, perante a qual o formando deve optar pelo “caminho a seguir”. Ferramentas e Recursos Os participantes têm acesso a conteúdos interactivos que simulam situações de consultadoria com recurso a técnicas de role-playing. As simulações existentes nos conteúdos são baseadas em conhecidos princípios do comportamento humano e teoria de análise situacional, resultando dos contributos de vários especialistas, desde gestores de recursos humanos, a gestores financeiros na área agrícola e formadores da associação de universidades e colégios do Canadá. O curso não tem um manual de formação, mas tem uma área de sugestões de materiais de leitura que podem ser consultados depois de os participantes percorrem todas as situações de role-playing sugeridas, de forma a consolidarem os conhecimentos adquiridos. Sociedade Portuguesa de Inovação 98 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A plataforma está acessível 24 horas por dia, 7 dias por semana. O curso não tem uma duração fixa no tempo, pretendendo-se que seja uma referência no percurso profissional dos participantes e que estes o possam consultar sempre que precisarem. Conclusões Este curso, dirigido a profissionais do sector agrícola privado e público, visa promover um sólido sentido de profissionalismo entre a comunidade e o desenvolvimento de uma importante consciencialização do impacto das suas actuações. A agricultura moderna é mais do que tecnologia. As interacções em situações de crise financeira e de planificação requerem também competências ao nível das relações humanas. Neste contexto, o curso de Ética e Profissionalismo na Agricultura tem especial mérito por se tratar de um curso que explora a vertente comportamental usando, para tal, a metodologia da simulação e permitindo, assim, ver qual a consequência de cada atitude e abrindo a porta para um comportamento mais ponderado. Por outro lado, a total flexibilidade espacial e temporal que permite é também um aspecto a valorizar, pois permite abrir o curso a grupo alargado de pessoas com diferentes estilos de vida e oriundos de diversos locais. 3.2.5 Curso de Formação de Aplicadores de Pesticidas – Canadá Caracterização Geral Este curso é promovido pelo Governo da Província de Monitoba (Canadá), através do Ministério da Agricultura, Alimentação e Iniciativas Rurais, com o apoio da Assiniboine Community College e do Departamento de Tecnologias de Informação da Universidade de Manitoba36. Trata-se de um curso dirigido a agricultores e a outras pessoas que trabalhem com a venda e administração de pesticidas, com habilitações mínimas ao nível do 12º ano. 36 Mais informações sobre o curso em http://public.assiniboine.net/xDefault.aspx?tabid=223 Sociedade Portuguesa de Inovação 99 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional O curso encontra-se disponível em vários formatos: à distância com materiais para impressão simples; em modo presencial e em modo de e-Learning, constituindo a base para a certificação de pessoas quanto à utilização e manuseamento de pesticidas. Deve realçar-se que o curso em modo de e-Learning contém o mesmo rigor académico do que o curso em modo presencial, concedendo os mesmos créditos para efeitos de certificação. Note-se ainda que, mesmo sendo um curso obrigatório para efeitos de certificação junto da Associação Canadiana de Pulverizadores Aéreos, o público em geral também pode aceder ao mesmo e frequentá-lo. Figura 18: Página dedicada à Educação à Distância com ligações para os programas dos cursos e informações sobre os recursos disponíveis O curso de formação de Aplicadores de Pesticidas tem como objectivo promover nos participantes a aplicação eficaz e segura de produtos químicos na agricultura. Os temas focados no curso são: Sociedade Portuguesa de Inovação 100 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 29: Temas abordados no curso de Aplicadores de Pesticidas Temas abordados no curso de Aplicadores de Pesticidas 1 O impacto dos efeitos climáticos 2 Cálculo e implicação das variações do vento 3 Compatibilidade de produtos químicos 4 Sensibilidade específica de determinadas culturas 5 Calibração das aplicações e de outros equipamentos Para além da formação teórica, o curso prevê que os participantes possam testar de forma prática a aplicação de pesticidas. Os conteúdos estão disponíveis online, sem uma duração temporal definida, de modo a permitir aos participantes conjugar as suas actividades profissionais com a formação. Para além dos conteúdos online, estão ainda disponíveis outras informações em CD-ROM e DVD com vídeos e outros documentos de apoio. Metodologias de Formação O curso de Aplicadores de Pesticidas é realizado através da plataforma WebCT. Nesta plataforma, os formandos têm acesso aos conteúdos do curso e a uma série de ferramentas de formação e comunicação. Figura 19: Página de entrada da plataforma WebCT na área de cursos online da Assiniboine Community College Sociedade Portuguesa de Inovação 101 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional O curso é realizado em regime de auto-estudo com tutoria, o que significa que os formandos têm total flexibilidade espacial e temporal no acesso aos conteúdos, definindo o seu ritmo de estudo e aprendizagem, tendo o apoio de um tutor, que acompanha o percurso de formação de cada participante, respondendo às questões que possam surgir durante a formação. Para contactarem com o tutor, para além do e-mail, os participantes têm à sua disposição uma linha telefónica gratuita. Para além deste apoio individualizado, os participantes podem recorrer ainda ao quadro de mensagens online (Bulletin Board) para colocar as suas questões e dúvidas e tentar obter respostas dos restantes participantes, sendo por esta via fomentada a comunicação e a partilha de conhecimentos entre os participantes. O curso não se limita à disponibilização de conteúdos para consulta. Intercalados nos conteúdos, surgem propostas de exercícios e exercícios com perguntas de resposta múltipla (quiz). É também disponibilizada uma área de discussão/debate de temas entre os participantes. Relativamente à avaliação, esta é também realizada As questões da avaliação e certificação foram online. Uma vez que se trata de um curso que alvo de grande rigor e atenção neste curso. permite a obtenção de um certificado, o nível de Desta forma, pretende-se conferir toda a exigência é relativamente elevado, sendo necessário credibilidade à certificação em aplicação de pesticidas, assegurando, perante o público, que os participantes alcancem resultados positivos que os indivíduos que aplicam pesticidas têm superiores a 70%, realizando a avaliação sem competências para compreender as questões consulta de documentos. Durante a avaliação, o de saúde e ambiente ligadas a esta profissão. participante é acompanhado por um elemento externo nomeado pelo tutor do curso, sendo esse acompanhamento feito através de uma página web também definida pelo tutor (secure testing site)37. A metodologia utilizada neste curso é bastante flexível, permitindo a promoção da formação contínua de adultos e reduzindo a tradicional ansiedade dos participantes, mas mantendo o rigor académico. Apesar desta flexibilidade temporal, os participantes devem seguir a 37 Na página http://www.assiniboine.net/public/oltres/support/student_support_instructions.html encontram-se todas as indicações que deverão ser seguidas pelos formandos para a realização do teste online. Sociedade Portuguesa de Inovação 102 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional orientação sequencial das várias unidades de aprendizagem e exercícios de acordo com as instruções do tutor, por forma a que o processo de aprendizagem se apresente no final com resultados sólidos e compactos. Requisitos de Acesso Os participantes recebem, com o registo na plataforma e após pagamento do custo inerente à frequência do curso, um código de acesso à plataforma. Em alguns casos, antes da aceitação dos participantes, é promovido um teste para avaliar o nível de habilitações literárias e de conhecimentos informáticos. É sugerido que os participantes tenham conhecimentos básicos de informática ao nível do utilizador, para que possam navegar nos conteúdos sem quaisquer constrangimentos. A nível de requisitos técnicos, de acordo com as informações disponibilizadas na página de apresentação do curso, o formando deverá ter acesso a um computador (processador Pentium) com drive de CD-ROM, funcionalidades multimédia (placa de som e colunas ou headphones) e acesso à Internet (no mínimo modem de 56Kb). É também aconselhável que os formandos tenham acesso a uma impressora. Para a navegação na Internet, os requisitos mínimos são Netscape 4.x ou Internet Explorer 4.x ou versões mais recentes e um processador de texto (MS Word or MS Works). Ao longo do curso são fornecidos os links através dos quais os formandos podem efectuar download dos plug-ins necessários à navegação pelos conteúdos. Ferramentas e Recursos A ferramenta que suporta todo o desenvolvimento do curso é a plataforma de e-Learning WebCT. A plataforma está acessível 24 horas por dia, 7 dias da semana, sendo que o curso não tem uma duração limitada no tempo - pretende-se que os participantes possam consultar os conteúdos sempre que necessitem ao longo do seu percurso profissional. Nesta plataforma, para além dos conteúdos propriamente ditos, os participantes têm acesso a outras Sociedade Portuguesa de Inovação 103 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional ferramentas de aprendizagem e avaliação, podendo desenvolver actividades, resolver exercícios e trocar mensagens com os tutores e com outros formandos. Ao nível de recursos, para além dos conteúdos interactivos é disponibilizada aos participantes informação complementar em CD-ROM e DVD, bem como um manual do curso que os orienta no processo de aprendizagem, com informações sobre a organização dos conteúdos e exercícios. Uma vez que alguns dos temas abordados exigem conhecimentos ao nível da matemática, está também disponível um tutorial específico para este tema, por forma a garantir que os conhecimentos básicos necessários são adquiridos. Durante o curso, para as matérias associadas a cálculos matemáticos e geométricos, são disponibilizadas folhas de cálculo interactivas, que permitem um acompanhamento e monitorização da aprendizagem. Conclusões Este curso, na sua versão online, tem um impacto positivo na região, dadas as características da produção agrícola e florestal da província canadiana do Manitoba. Trata-se de uma região com produção muito variada e com áreas de produção bastante isoladas, e em que os programas de pulverização aérea estão bastante dispersos e não oferecem muitos recursos para consulta de informação. O curso online de Aplicadores de Pesticidas surge, assim, como resposta a necessidades específicas da região, numa área considerada fundamental e cuja actividade profissional é alvo de certificação, devendo assegurar que todos os profissionais têm acesso facilitado à formação necessária para o manuseamento e utilização eficiente e seguro de pesticidas na agricultura sem perder o rigor académico. Num país vasto como o Canadá, a possibilidade de obter este tipo de certificação totalmente à distância, com toda a garantia de qualidade e credibilidade é de importância crucial. A formação à distância apresenta-se, neste caso, como a solução ideal para superar os obstáculos de dispersão espacial e de isolamento dos aplicadores de pesticida, permitindo não só atribuir-lhes a necessária certificação, como também colocar em contacto profissionais que, de outra forma, estariam completamente isolados, perdendo a valiosa oportunidade de trocar informações e experiências acerca do desenvolvimento desta profissão. De realçar mais uma Sociedade Portuguesa de Inovação 104 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional vez a importância dos mecanismos de avaliação disponíveis, que permitem que esta se realize totalmente à distância, mas de uma forma rigorosa e segura, sendo reconhecida para fins de certificação. 3.2.6 Master em Desenvolvimento Agrícola – EUA Caracterização Geral Este curso é promovido pelo Colégio de Agricultura e Ciências da Vida da Universidade A&M do Texas38. Trata-se de um curso de estudos pós-universitários, sem apresentação de tese, que combina metodologias de formação à distância com formação prática. É dirigido a profissionais do sector agro-industrial que precisam de obter competências específicas, de nível superior, tendo como objectivo preparar os participantes para assumirem funções de professores e/ou investigadores na área agrícola. É também dirigido a trabalhadores do sector público e privado que pretendem alargar o seu leque de conhecimentos técnicos. Figura 20: Página de Entrada do Master em Desenvolvimento Agrícola 38 Mais informações em http://coals.tamu.edu/default.htm Sociedade Portuguesa de Inovação 105 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Este Master requer que os participantes atinjam um total de 36 créditos em várias disciplinas, divididos da seguinte forma: Tabela 30: Disciplinas disponíveis no Master em Desenvolvimento Agrícola Disciplinas disponíveis no Master em Desenvolvimento Agrícola 15 créditos nas disciplinas base do Master: Métodos avançados de educação a distância Princípios da educação de adultos Métodos de alteração tecnológica Filosofia da educação na agricultura Avaliação de programas de educação 6 créditos de entre um conjunto de temas opcionais na área das TIC: Introdução à educação a distância; Utilização de materiais instrucionais Aplicação das telecomunicações na educação Comunicação gráfica Instrucional design: Técnicas na educação tecnológica Aplicação à educação de soluções gráficas Produção multimédia interactiva 6 créditos de entre um conjunto de temas de suporte aos temas base do Master: Economia de recursos naturais; Princípios da hereditariedade A utilização de fitoquímicos no sector alimentar e o seu impacto na saúde humana Estudos de campo na área da gestão da montanha Vida selvagem e alterações Ecologia para professores ambientais Soluções web para a horticultura 9 créditos de estudo independente: Esta fase ocorre quando os participantes terminarem com sucesso o programa de formação. Pretende-se que os participantes organizem um momento de formação prático, definindo um tema de trabalho, escolhendo um especialista no sector, com o objectivo de apresentarem um trabalho de cariz prático. Trata-se de um programa de estudo independente, por forma a servir as necessidades e disponibilidades de tempo dos participantes. Sociedade Portuguesa de Inovação 106 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Apesar de o curso conter uma fase de estudo independente, a sequência do desenvolvimento da formação é determinada pela orientação de um conselheiro, que guia os participantes, de forma individualizada, no processo de aprendizagem. Isto deve-se ao facto de os participantes terem de assistir às várias disciplinas nos períodos normais de funcionamento da universidade (3 semestres), podendo fazer a parte final de estudo independente em qualquer altura. Metodologias de Formação O Master em desenvolvimento agrícola utiliza uma metodologia formativa que combina uma série de ferramentas de formação e comunicação, com grande predominância da vertente de formação à distância. Os participantes têm acesso a uma plataforma de formação (WebCT) onde podem aceder aos conteúdos e a outros endereços web e links com informação e conteúdos úteis para as várias temáticas tratadas ao longo do Master. O processo de aprendizagem é conduzido por um conselheiro que coordena as actividades dos participantes de forma individual, gerindo a utilização dos recursos disponíveis e o acesso à informação, na sequência de um plano de estudos previamente definido pelo participante e que combina, geralmente, as seguintes componentes: Tabela 31: Componentes pedagógicas do Master em desenvolvimento agrícola Componentes pedagógicas do Master em Desenvolvimento Agrícola Formação assíncrona desenvolve-se na plataforma Webct, que é utilizada tanto para a transmissão de informação e conteúdos, como para a comunicação entre os formandos e os professores Formação Em alguns casos há lugar a momentos de formação presencial, nomeadamente através de presencial visitas de estudo, trabalho em laboratório e momentos de avaliação Formação Quando não é possível haver interacção presencial, alguns tutores optam pela interacção síncrona com os alunos através de sistemas de videoconferência39 Materiais Podem ser fornecidos recursos suplementares em VHS, CD-ROM, DVD ou outros suplementares 39 Componente predominante no curso, a vertente de formação à distância assíncrona formatos, embora estes não sejam os meios privilegiados de transmissão de informação A Universidade A&M do Texas proporciona acesso a instalações equipadas para videoconferência em todo o estado do Texas, através do programa Trans-Texas Video conference Network (TTVN). Sociedade Portuguesa de Inovação 107 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Cada participante tem a orientação de um professor, para além do conselheiro, que acompanha todo o processo de aprendizagem, intervindo de forma mais directa no momento da avaliação. A avaliação consiste em trabalhos e exames que são em tudo equiparados aos que são utilizados no Master em regime presencial. Estes trabalhos são revistos pelos professores dos vários temas e sempre que necessário estes reúnem individualmente com os participantes de forma a solidificar o processo de aprendizagem. Sempre que necessário, e após estes encontros individualizados, podem ser nomeados aos participantes acompanhamento especializado de um técnico ou tutor, que irá orientar os participantes na revisão/consolidação de conhecimentos adquiridos, ou no acesso a mais informações. Requisitos de Acesso Os participantes recebem, com o registo na plataforma e após pagamento do custo inerente à frequência do curso, um código de acesso à plataforma. Para aceder à plataforma e a todas as ferramentas e recursos, é necessário que os participantes tenham acesso a um computador com o software e os plug-ins considerados mais comuns e com uma ligação à Internet com uma velocidade mínima de 56K e um navegador (browser) actual. No entanto, uma vez que os formandos têm de aceder a muitos documentos é sugerido que utilizem uma ligação de banda larga. É ainda requerida a utilização de um computador com drives de DVD e CR-ROM, com placa de som, auscultadores e microfone. Apesar de ser possível a utilização de sistema VOIP40, é aconselhado que os participantes utilizem como meio de comunicação o telefone, uma vez que a utilização do VOIP, em boas condições, nem sempre é possível com as ligações à Internet de menor qualidade. 40 Voice Over Internet Protocols – Sistemas de voz sobre IP Sociedade Portuguesa de Inovação 108 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Ferramentas e Recursos Tal como já foi referido, a ferramenta básica para o desenvolvimento do curso é a plataforma de e-Learning WebCT, onde se encontram disponíveis os conteúdos e onde os participantes encontram outras informações e estabelecem a comunicação entre si e com a universidade. Os conteúdos são revistos e avaliados anualmente pelo comité científico do Colégio de Agricultura e Ciências Vivas, sendo introduzidas, sempre que relevantes, as necessárias adaptações ou actualizações, que são de imediato adaptadas para o Master em regime presencial. Para além destes, e quer através da plataforma, quer através de DVD, os participantes têm acesso a exercícios práticos e a demonstrações que lhes permitem acompanhar a aplicação prática dos conhecimentos teóricos. Uma vez que se trata de um curso com uma assinalável intervenção do conselheiro, os participantes dispõem de ferramentas de comunicação síncrona e assíncrona como o chat, o e-mail e os bulletin boards, de modo a poderem colocar as questões que entenderem relevantes, esclarecer as dúvidas e discutir os conteúdos ou aplicações dos mesmos. Para além destas ferramentas, os alunos têm acesso a uma área de “perguntas frequentes”, gerida pelo conselheiro do curso, que lhes poderá dar um apoio imediato. Em alguns dos módulos é também utilizado o sistema de videoconferência como forma de implementar uma colaboração mais directa entre os participantes e os professores. Os materiais de suporte disponíveis são os mesmos que estão disponíveis para os vários temas na vertente presencial do Master, acrescidos de links e outros endereços web para consulta de informação complementar. Conclusões O Master em Desenvolvimento Agrícola é um exemplo de sucesso de aplicação das metodologias de e-Learning ao nível universitário. No âmbito do curso são abordados temas de carácter técnico e científico em conjugação com o treino de competências de liderança, o que facilita aos participantes o acesso a uma carreira na área da educação ou da investigação. Destaca-se, ainda, neste curso, o carácter personalizado do acompanhamento do processo de aprendizagem de cada aluno, concretizado através do trabalho do conselheiro. Previamente ao início do curso, o conselheiro define, em conjunto com cada aluno, as especificidades do Sociedade Portuguesa de Inovação 109 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional seu percurso, adaptando as metodologias e a calendarização do curso, de acordo com as suas características e necessidades. Esta é uma das grandes mais-valias do e-Learning, enquanto modo de formação capaz de flexibilizar o tempo e o local de formação de alunos e professores, ao mesmo tempo que permite delinear percursos de aprendizagem personalizados e adaptados às características e expectativas de cada aluno. Sociedade Portuguesa de Inovação 110 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional CAPÍTULO 4 LINHAS DE ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA PARA A IMPLEMENTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE INICIATIVAS DE ELEARNING NO SECTOR AGRÍCOLA NACIONAL Sociedade Portuguesa de Inovação 111 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 4.1 Introdução Tendo como base a análise efectuada nos capítulos anteriores (caracterização dos recursos humanos do sector agrícola, caracterização da utilização das TIC, caracterização da formação) e a identificação de boas práticas de iniciativas de e-Learning no sector agrícola a nível nacional e internacional, são agora definidas algumas linhas de orientação estratégica para a implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola português. As linhas de orientação estratégica apresentadas consideram diversos aspectos do ciclo formativo, das dinâmicas do e-Learning e do sector agricola português, incluindo as componentes que influenciam a sua evolução. Neste sentido, na definição de linhas de orientação estratégica são abordados aspectos como: o público-alvo; as temáticas a abordar; as tecnologias a utilizar; os conteúdos a desenvolver; os métodos pedagógicos a utilizar; as características e competências dos actores a envolver e os financiamentos existentes para o desenvolvimento de iniciativas de e-Learning. O recurso ao e-Learning no sector agrícola terá de ser enquadrado nas características do público-alvo a que se destina. Assim, e considerando como alvo primário da sua realização a população activa no sector, não poderá deixar de se referir que, conforme já foi exposto anteriormente, a adopção e utilização das TIC na agricultura, essencial para a implementação do e-Learning enquanto solução formativa, está, em grande medida, relacionada com o nível de instrução, a idade do empresário agrícola e a dimensão da exploração. No entanto, ao analisar a realidade do sector agrícola em Portugal e o perfil do agricultor português verifica-se que a maioria dos produtores agrícolas singulares tem 55 ou mais anos de idade, possui um nível de escolaridade bastante baixo e trabalha numa exploração de pequena dimensão. Este contexto de limitado potencial para a implementação das TIC é confirmado pelas relativamente baixas taxas de utilização de computadores e de acesso à Internet existentes no sector agrícola e por se verificar que, nas zonas rurais, apenas uma reduzida parte da população tem acesso próprio à Internet por ligação ADSL. No entanto, não deverá deixar de se assinalar que, nos últimos anos tem sido notória a evolução em muitos destes aspectos, o que faz prever uma maior predisposição para a utilização das TIC nas práticas agrícolas e na formação. Sociedade Portuguesa de Inovação 112 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A implementação de iniciativas de e-Learning apresenta-se como uma solução que poderá ser bastante valiosa para a superação de várias lacunas formativas e para a criação de respostas adequadas às novas necessidades formativas, mas apresenta-se, simultaneamente, como um grande desafio, que implica um esforço conjunto por parte dos recursos humanos ligados ao sector agrícola, por parte das instituições e por parte da sociedade em geral que deverá, cada vez mais e com maior empenho, orientar esforços com vista à construção de uma sociedade baseada no conhecimento. Este contexto leva-nos a acreditar no potencial do e-Learning, enquanto forma de derrubar barreiras espaciais e possibilitar o acesso permanente à formação, mas coloca uma grande ênfase na necessidade de existir um aposta clara na divulgação e formação em TIC e no apoio ao investimento nestas tecnologias no seio das empresas agrícolas. As linhas de orientação estratégica apresentadas neste Estudo constituem um contributo para o que poderá ser a implementação de uma estratégia de e-Learning no sector agrícola a nível nacional, a qual terá que envolver diversos actores, quer actores integrados no sector, quer outros actores cuja intervenção, dado o seu alcance, é essencial para o alavancar desta área. Subjacente à definição destas linhas de orientação está, em muitos casos, a constatação de que não é necessário o empenho de muitos recursos técnicos ou mesmo financeiros para a implementação de uma série de medidas que poderão contribuir para aumentar e diversificar a utilização do e-Learning no sector agrícola. Também ao encontro desta ideia vão muitos dos estudos de caso identificados, que constituem iniciativas de sucesso, não pelos montantes ou complexidade dos recursos envolvidos, mas pelo sucesso das metodologias utilizadas, temáticas abordadas ou contextos de implementação. 4.2 Público-Alvo Antes de mais, interessa definir quais deverão ser os públicos-alvo a privilegiar na implementação e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional. Nesta abordagem, é feita uma distinção entre a população activa (agricultores/empresários agrícolas e técnicos) e a população não activa (crianças até ao segundo ciclo e público sénior), divisão essa que terá impacto nas restantes linhas orientadoras, nomeadamente nas temáticas a abordar, nos actores a envolver e nas metodologias a implementar. Sociedade Portuguesa de Inovação 113 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Figura 21: Públicos alvo a envolver em iniciativas de e-Learning no sector agrícola POPULAÇÃO ACTIVA - Agricultores jovens empresários agrícolas POPULAÇÃO NÃO ACTIVA - Crianças e jovens - Público Sénior (reformados/idosos) - Técnicos 4.2.1 População Activa No que diz respeito à população activa, o público-alvo primário a visar inclui agricultores/empresários agrícolas e técnicos do sector público e privado. A oferta formativa para estes dois grupos deverá ser distinta, de acordo com as suas características, competências, conhecimentos e necessidades formativas. Tanto os agricultores como os técnicos deverão ser privilegiados na implementação de iniciativas de e-Learning, antes de mais por constituirem a força motriz do sector agrícola português, sem a qual qualquer perspectiva de evolução no sector é, à partida, limitada. No entanto, deve atentar-se ao facto de estes grupos serem bastante diferentes em diversos aspectos, pelo que deverão ser alvo de preocupações e orientações específicas. Deve salientar-se também que estes públicos-alvo carecem de tempo disponível para a formação, uma vez que as actividades agrícolas obedecem a hábitos de trabalho contínuos, que vão de sol-a-sol e com reduzidos períodos de descanso, pelo que desde logo se justifica, perante estas condicionantes, a adopção de metodologias formativas que envolvam o e-Learning, dada a possibilidade de flexibilização dos tempos dedicados à formação e dos locais nos quais esta é efectuada. Agricultores Como se verificou na caracterização dos recursos humanos afectos ao sector agrícola, a maioria dos agricultores portugueses atesta um grau de escolaridade bastante baixo, na sua maioria ao nível do ensino básico (ou mesmo inferior), bem como reduzidos ou mesmo inexistentes conhecimentos sobre a utilização das TIC, assim como uma baixa taxa de utilização do computador e da Internet. Apesar das diversas iniciativas desenvolvidas ao longo Sociedade Portuguesa de Inovação 114 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional dos últimos anos, continua a observar-se um baixo nível de instrução e qualificação da maioria dos agricultores, sendo que somente 1% tem formação específica para a actividade agrícola. Assim, as iniciativas de e-Learning dirigidas a este grupo devem privilegiar, como ponto de partida, o desenvolvimento de competências no domínio das TIC aplicadas à formação. Poderão (e deverão) ser criadas unidades de aprendizagem que abranjam as temáticas mais básicas no domínio da utilização das TIC, que possam ser incorporadas em programas de formação na área agrícola, ou implementadas de forma autónoma. É também importante encontrar formas de garantir que estes públicos-alvo não fiquem privados de aceder às iniciativas de e-Learning que venham a ser promovidas no sector. Convém ainda salientar que a maioria dos agricultores dificilmente tem acesso a computadores e, ainda menos, a computadores com ligação à Internet, o que reforça a necessidade de se identificarem mecanismos que permitam ultrapassar esta limitação. A este propósito, numa das iniciativas de e-Learning a nível nacional citadas neste Estudo, este problema foi contornado através do estabelecimento de uma parceria entre a entidade promotora da formação e outra instituição, que facultou aos formandos o acesso a computadores sempre que necessário (ver ponto 2.3.3). Considerando ainda este grupo dos agricultores e as suas características, importa salientar que terão de ser tomadas em consideração algumas especificidades, quer quanto às temáticas a abordar e aos conteúdos a desenvolver, quer quanto às metodologias e ferramentas a utilizar. Os conteúdos terão de ser apelativos e de fácil utilização (intuitivos) e as temáticas de cariz prático e de aplicação directa no seu dia-a-dia, sob pena de este grupo não encontrar na formação um meio de melhorar as suas práticas. Por outro lado, deverá equacionar-se a utilização de outras metodologias de formação à distância (p. Ex. Vídeo, projecção de slides, telefone) de forma que a falta de conhecimentos de TIC não constitua um obstáculo para a formação destes indivíduos. Poderão ainda surgir outro tipo de resistências, uma vez que tradicionalmente as práticas agrícolas são transmitidas entre familiares e vizinhos, de viva voz e aprendendo fazendo. Talvez a promoção de iniciativas que combinem momentos de formação presencial com formação a distância possam ser a forma de quebrar essas eventuais resistências. Sociedade Portuguesa de Inovação 115 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Dentro do grupo dos agricultores, deverá ser dada uma particular atenção aos jovens empresários agrícolas, que poderão ter particular interesse e condições para participar em iniciativas de e-Learning, visto constituirem uma nova geração de activos agrícolas com características distintas da geração mais antiga, nomeadamente um mais elevado nível de instrução, o desenvolvimento de actividade a um nível mais intensivo e uma maior utilização das TIC. Os jovens empresários agrícolas, com uma visão algo diferente, mais inovadora e empreendedora do que os tradicionais produtores agrícolas, reunirão mais condições (leia-se vontade e motivação, mas também necessidade) para frequentar iniciativas de formação na modalidade de e-Learning, em especial no que toca à formação útil para a implementação de novos produtos e técnicas agrícolas. Relativamente às competências de partida, este grupo apresenta características próximas das dos técnicos do sector agrícola, pelo que não deverão surgir, quanto a estes, necessidades específicas de formação nas áreas das TIC. Técnicos Os técnicos do sector agrícola constituem também, indubitavelmente, um grupo a privilegiar no desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola. Dentro deste grupo consideram-se também os formadores na área agrícola. Relativamente aos agricultores, os técnicos apresentam características e competências algo diferentes: na sua maioria, os técnicos possuem habilitações mínimas ao nível do 12º ano de escolaridade ou da licenciatura, bem como conhecimentos e acesso facilitado às TIC, sendo este acesso, em muitos dos casos, diário. Devido às características do seu trabalho, o contacto com o computador e com a Internet é bastante frequente, pelo que este é um grupo alvo potencialmente bastante receptivo a iniciativas de e-Learning. Para além da vantagem de possuirem já algumas competências que poderão facilitar o acesso a formação em regime de e-Learning, os técnicos poderão ainda beneficiar de uma oferta formativa já um pouco mais desenvolvida do que aquela existente para os agricultores, nomeadamente no que diz respeito a iniciativas de formação com recurso à utilização das TIC e da Internet no Ensino Superior. Esta oferta formativa deverá ser alargada e aprofundada, permitindo tirar vantagem das potencialidades do e-Learning em termos de flexibilização dos percursos de aprendizagem e adaptação dos mesmos às necessidades específicas de cada utilizador. Sociedade Portuguesa de Inovação 116 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional O enfoque da formação para técnicos deverá ser dado preferencialmente às temáticas de formação na área agrícola, sendo de admitir que a grande maioria das pessoas que compõe este grupo não irá necessitar de formação suplementar no domínio das TIC. Termos como chat, fórum, e-mail, entre outros, não serão desconhecidos destes, logo, ainda que intuitivamente, terão facilidade em utilizar muitas das ferramentas utilizadas em e-Learning e beneficiar das iniciativas de e-Learning que venham a ser promovidas. No caso dos formadores, deverão ser ainda promovidas iniciativas de formação que abordem temas ligados à vertente pedagógica associada ao e-Learning e à utilização das suas ferramentas. 4.2.2 População Não Activa No que diz respeito à população não activa, propõe-se que sejam visados dois grandes grupos: crianças e jovens (até ao segundo ciclo de escolaridade) e público sénior (reformados/idosos). Tratam-se de faixas populacionais que não estão inseridas directamente no sector produtivo agrícola, mas que podem dar um importante contributo no seu desenvolvimento e na divulgação e familiarização de importantes camadas da população com as actividades ligadas ao mundo rural. Crianças e Jovens Um dos grupos privilegiados na formação no sector agrícola com recurso às tecnologias de eLearning deverá ser o público infanto-juvenil, particularmente as crianças com idades até aos 12 anos. Este público é cada vez mais visado pelos governos em diversos tipos de iniciativas, para fins de sensiblização e formação. Iniciativas deste cariz foram levadas a cabo, por exemplo, para promover a protecção do ambiente, estilos de vida saudáveis, ou mesmo a promoção de outros hábitos, como a leitura ou interesse pela matemática e pelas ciências. Nesta linha, a formação e sensibilização de crianças e jovens para a importância e o interesse do mundo rural poderá ser um factor chave para promover uma “reconciliação” da sociedade portuguesa com a agricultura. Lamentavelmente, hoje em dia é notório o afastamento e o Sociedade Portuguesa de Inovação 117 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional desinteresse das crianças e jovens pelo mundo rural, tendo estes um total desconhecimento do que são as práticas agrícolas e da forma como os produtos chegam ao consumidor final. A formação, numa óptica de sensibilização, poderá dar um importante contributo para fomentar uma aproximação deste grupo à agricultura, dando uma nova visão desta actividade e assegurando o interesse por parte das gerações mais jovens. Somente desta forma será possível que os jovens, ao optarem por uma área profissional, considerem a prática agrícola como uma opção viável e aliciante. De outro modo, a actividade agrícola ficará confinada ao isolamento e à desertificação gradual. Esta prática poderá contribuir para ajudar a cativar futuros técnicos agrícolas ou futuros produtores empreendedores, contribuindo para o reforço e renovação dos actuais agentes no sector agrícola. A utilização do e-Learning para a promoção de iniciativas de e-Learning para este público-alvo deverá ser fomentada ao máximo. As gerações mais jovens têm, hoje em dia, um contacto quase constante com as TIC e com a Internet, o que lhes confere uma grande familiaridade com um conjunto de ferramentas habitualmente utilizadas em e-Learning. Mais do que ser recomendável o recurso ao e-Learning para a este público-alvo, torna-se quase imprescindível que a agricultura e o mundo rural estejam presentes na Internet e adoptem as novas metodologias formativas, de modo a que consigam chegar a estas camadas mais jovens. Neste campo, as possibilidades de desenvolvimento de iniciativas de formação são ilimitadas: desde a promoção de cursos à distância, passando pela criação de websites/portais com recursos pedagógicos para utilização e download, até ao desenvolvimento de iniciativas de parceria entre os agricultores e as escolas, são inúmeras as formas de sensibilizar os mais jovens para a importância e o interesse da actividade agrícola. Tal como foi ilustrado por alguns casos de boas práticas apresentados neste Estudo (ver pontos 3.2.2 e 3.2.3), as TIC e a Internet podem ser a chave para promover a ligação entre o mundo rural e os centros urbanos, não só através da formação à distância, mas também através da divulgação, pela Internet, de uma série de iniciativas presenciais, como visitas de estudo a explorações agrícolas, participação em feiras de divulgação de produtos agrícolas ou mesmo divulgação de ofertas de emprego no sector agrícola. Sociedade Portuguesa de Inovação 118 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Público Sénior (Reformados/Idosos) Para além do público infanto-juvenil, deverá ser ainda considerado um outro grupo populacional, o dos reformados/idosos, grupo este que deverá ser privilegiado em futuras iniciativas de e-Learning a desenvolver no sector agrícola nacional. Considerando o aumento da esperança de vida, e o facto de muitas pessoas anteciparem a sua reforma, existe um conjunto crescente de pessoas com disponibilidade e com vontade/necessidade de ocupar o tempo de uma forma produtiva e diferente. Acresce que, vulgarmente se assiste ao fenómeno da migração de pessoas que trabalharam em centros urbanos para as suas vilas ou aldeias de origem, onde aproveitam o tempo para se dedicarem a pequenas iniciativas agrícolas, com particular destaque para a Agricultura Biológica. Para este público, o e-Learning poderia ser também uma solução, nomeadamente através de pequenos cursos ou pacotes de conteúdos nos quais estivessem incluídos os conceitos básicos da prática agrícola. Este grupo não se inclui nos activos do sector agrícola, uma vez que é composto por um conjunto de pessoas que se dedica a pequenas produções familiares, muitas vezes de produtos específicos e de fácil exploração, aliando o desejo de ocupar o tempo livre ao benefício de poder cultivar produtos para seu próprio consumo. Para este grupo de pessoas com necessidades específicas de formação, o e-Learning poderá apresentar-se como uma solução adequada, já que permite a disponibilização de conteúdos de cariz informativo sobre práticas agrícolas. 4.3 Temáticas a Abordar Portugal apresenta condições naturais e factores de competitividade para se desenvolver em importantes fileiras agrícolas, como o vinho, o azeite, o leite, as frutas e os legumes, bem como os produtos da floresta. No entanto, estas potencialidades são, muitas vezes, desaproveitadas, devido a bloqueios e problemas que impedem um desenvolvimento sustentado do sector, sendo muitas das dificuldades transversais a todas as fileiras: fraca organização do sector e baixa qualificação dos recursos humanos, falta de dimensão da oferta, deficiente integração com a comercialização, a transformação e com a exportação. Sociedade Portuguesa de Inovação 119 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Neste contexto, o sector agrícola depara-se com um conjunto de desafios, que podem transformar-se em oportunidades de desenvolvimento, se os agentes do sector responderem proactivamente aos mesmos, ou que poderão transformar-se em problemas adicionais, caso se mantenham os obstáculos que actualmente afectam o sector. Um destes desafios está ligado às novas exigências dos consumidores: menos tempo disponível, solicitação de produtos diferenciados, etc. Uma outra vertente que apresenta uma grande dinâmica é a dos sistemas de certificação e qualificação - estes sistemas podem assumir várias formas, desde os referentes à qualidade mínima (Segurança Alimentar), passando por estratégias comerciais de empresas privadas, até sistemas em que existe uma iniciativa pública de incentivo à diferenciação. Estas e outras prioridades do sector agrícola deverão ser reflectidas em iniciativas de formação com características e conteúdo capazes de contribuir para solucionar os problemas existentes e responder aos novos desafios que se colocam. Neste contexto, destacam-se, no presente capítulo, três tipos de temáticas a explorar na formação no sector agrícola em Portugal: • Temáticas “clássicas” da agricultura; • Temáticas emergentes na agricultura; • Temáticas directamente ligadas ao e-Learning. A exploração das várias temáticas tanto poderá ser feita com recurso à formação tradicional (em regime presencial), como com recurso ao e-Learning, ou ao b-Learning. Na verdade, a utilização ou não do e-Learning deverá depender, antes de mais, das características do público-alvo da formação e dos recursos disponíveis para a implementação da mesma, nomeadamente os recursos teconólogicos, pelo que se deverão sempre colocar vários cenários formativos, ponderando qual será o mais adequado de acordo com vários critérios. 4.3.1 Temáticas “Clássicas” da Agricultura Em primeiro lugar, destacam-se as temáticas consideradas “clássicas” na formação no sector agrícola. Como se apurou no segundo capítulo deste Estudo, são várias as lacunas formativas Sociedade Portuguesa de Inovação 120 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional no sector agrícola em Portugal: exagerada homogeneização e falta de resposta a necessidades de formação mais específicas, fraca adesão e desadequação da formação face às necessidades práticas dos públicos-alvo, formação insatisfatória ao nível de uma actuação orientada para o mercado, nomeadamente nas áreas da comercialização e marketing, assim como na área de gestão e administração. Tendo por base as características do sector, o conhecimento já disponível do que será o próximo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e as reflexões constantes do Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural41, propõem-se como grandes áreas, nas quais seria pertinente apostar, para a melhoria das qualificações dos recursos humanos do sector agrícola, as seguintes: • Gestão de Empresas (Agrícolas); • Marketing; • Práticas Agrícolas (agricultura biológica, agricultura de precisão, etc.); • Higiene e segurança no trabalho; • Higiene e segurança alimentar; • Protecção ambiental. 4.3.2 Temáticas Emergentes na Agricultura Adicionalmente às “áreas clássicas” que carecem de reforço ao nível da formação, propõe-se o tratamento de outras temáticas através da formação, quer presencial quer em e-Learning, temáticas essas que estão relacionadas com as áreas emergentes no sector agrícola: 41 • Marketing directo/ Internet Marketing; • Gestão da Inovação; • Planos de Negócio; http://www.gppaa.min-agricultura.pt/drural2007-2013/doc/PEN_set06.pdf Sociedade Portuguesa de Inovação 121 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). A formação sobre a temática das TIC é essencial para a criação de condições para a penetração do e-Learning no sector, como também para permitir a introdução de um conjunto de processos na produção agrícola e na gestão das explorações. Deverá, assim, ser desenvolvido um conjunto de acções de formação na utilização das TIC, podendo esta formação ser realizada em três patamares de acção distintos: • Introdução às TIC: incluindo aplicações de escritório (processamento de texto, folhas de cálculo, etc) e aplicações de comunicação (correio electrónico, navegação na Internet, etc.); • TIC na gestão económica da exploração agrícola: incluindo o recurso a aplicações de contabilidade e de facturação, de gestão de recursos humanos, de gestão de stocks, etc.; • TIC na gestão da exploração agrícola: incluindo agricultura/zootecnia de precisão, condicionamento ambiental, gestão da rega, etc. Ainda dentro das temáticas emergentes na agricultura, deverão considerar-se as temáticas ligadas ao desenvolvimento de actividades turísticas e artesanais em zonas rurais. A revitalização das actividades desenvolvidas no espaço rural passa pela capacidade de rentabilizar melhor os recursos presentes nos territórios, explorando o carácter multifuncional da actividade agro-florestal e a tradição de pluriactividade associada às explorações. Neste sentido, o aumento de riqueza e do emprego no sector agrícola passa também pela conciliação de actividades do sector secundário e terciário, como as turísticas e de lazer, com as de pequena transformação e comercialização. Para tal, é necessário que os recursos humanos tenham as competências necessárias para tirar proveito destas oportunidades, pelo que se sugere também um reforço da formação nas seguintes áreas: • Turismo em Espaço Rural: o Turismo de habitação; o Turismo rural; Sociedade Portuguesa de Inovação 122 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional o Agro-turismo; o Casas de campo; o Turismo de aldeia. • 4.3.3 Artesanato (produtos de madeira, metal, cerâmica, têxteis e alimentação). Temáticas Directamente Ligadas ao e-Learning A utilização do e-Learning enquanto solução formativa no sector agrícola só é possível se os agentes ligados à formação reunirem as competências necessárias para tal. Assim, é essencial que, para além das temáticas acima apresentadas como sendo merecedoras da realização de acções de formação, seja desencadeado um conjunto de iniciativas, especificamente dirigidas a agentes de formação do sector, que promovam uma capacitação do próprio sistema de formação na utilização do e-Learning. Entre os aspectos a serem abordados existem duas áreas vitais para assegurar o sucesso da realização de iniciativas desta natureza e que poderão e deverão ser realizadas em ambiente de e-Learning: • Boas práticas na produção de materiais didácticos para cursos de e-Learning; • Boas práticas pedagógicas para e-formadores/tutores em e-Learning. De modo a enquadrar estas acções de formação num esforço global de promoção das TIC e do e-Learning, deverá também apostar-se na realização de acções de divulgação sobre as metodologias ligadas ao e-Learning e sobre a utilização das TIC no sector agrícola. Sociedade Portuguesa de Inovação 123 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 32: Temáticas a abordar ao nível da formação para o sector agrícola Temáticas a abordar ao nível da formação para o sector agrícola - Gestão de Empresas (Agrícolas); - Marketing; Temáticas “clássicas” da agricultura - Práticas Agrícolas (agricultura biológica, agricultura de precisão, etc.); - Higiene e segurança no trabalho; - Higiene e segurança alimentar; - Protecção ambiental. - Marketing directo/ Internet Marketing; - Gestão da Inovação; - Planos de Negócio; - Tecnologias de Informação e Comunicação; - Introdução às TIC; - TIC na gestão económica da exploração agrícola; Temáticas emergentes na agricultura - TIC na gestão da exploração agrícola. - Turismo em Espaço Rural: - Turismo de habitação; - Turismo rural; - Agro-turismo; - Casas de campo; - Turismo de aldeia; - Artesanato (produtos de madeira, metal, cerâmica, têxteis e alimentação). Temáticas directamente - Boas práticas na produção de materiais didácticos para cursos de e-Learning; ligadas ao e-Learning - Boas práticas pedagógicas para e-formadores/tutores em e-Learning. 4.4 Tecnologias a Utilizar Tal como se constatou pela caracterização da utilização das TIC no sector agrícola (ver ponto 1.3), Portugal apresenta algumas limitações no que diz respeito às condições necessárias para uma utilização alargada das tecnologias. Por um lado, existem ainda algumas limitações na utilização do computador e no acesso à Internet; por outro lado, o baixo nível de formação dos recursos humanos faz com que, a maioria das pessoas ligadas ao sector agrícola detenha poucas competências para utilizar as ferramentas de e-Learning. Sociedade Portuguesa de Inovação 124 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A implementação de iniciativas de e-Learning e das respectivas soluções tecnológicas num determinado contexto, deverá partir de uma análise destes factores (existência de computadores e acesso à Internet, competências e características dos destinatários, etc.), de modo a permitir a adopção de soluções acessíveis para os utilizadores e ultrapassar os obstáculos que existam ao nível tecnológico. Tal como foi demonstrado em diversos estudos de caso internacionais (ver capítulo 3), muitas vezes o êxito das iniciativas de e-Learning não está directamente relacionado com o grau de complexidade das soluções tecnológicas adoptadas, mas sim com a utilização que se faz das ferramentas disponíveis. Tal significa também que, em muitos casos, não serão necessários avultados investimentos em soluções tecnológicas, mas sim e, acima de tudo, a capacidade de colocar os utilizadores a comunicar e a partilhar conhecimento, utilizando ferramentas que lhes sejam acessíveis em contextos que lhes sejam familiares. Com base nestas premissas, apresenta-se seguidamente um conjunto de reflexões e orientações sobre as características das soluções tecnológicas a adoptar para a implementação do e-Learning no sector agrícola a nível nacional. Partindo-se da caracterização da solução mais utilizada em e-Learning, o LMS, ou plataforma de e-Learning, são exploradas as características dos ambientes de aprendizagem criados através das plataformas, assim como as ferramentas que poderão ser utilizadas, sendo posteriormente referidas outras soluções para além dos LMS. 4.4.1 Plataformas de e-Learning O software mais amplamente utilizado para o desenvolvimento de projectos de e-Learning denomina-se LMS ou plataforma de e-Learning (ver ponto 1.1). Actualmente, existem inúmeras plataformas disponíveis, a nível nacional e internacional, quer em regime comercial (plataformas desenvolvidas e comercializadas por empresas), quer com base em software open source (plataformas cujo código é aberto e que podem ser utilizadas e modificadas livremente, sem custos para a instituição que as utiliza). A escolha de uma plataforma de e-Learning é um processo que deve envolver vários actores e contemplar várias fases, desde a definição das necessidades da instituição no que diz respeito Sociedade Portuguesa de Inovação 125 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional às funcionalidades desejáveis da plataforma, passando pelo levantamento de informações sobre a oferta disponível, até à elaboração de critérios para a escolha da plataforma, entre outras. Trata-se de um processo que conduzi a conclusões diversas de instituição para instituição, pelo que, à partida, não se poderá referir que existe uma plataforma de e-Learning ideal. Acima de tudo, é importante que a plataforma inclua ferramentas que permitam acompanhar a evolução da comunidade de aprendizagem, respondendo às suas necessidades, sem confundir os utilizadores e sem se tornar um obstáculo por ser de difícil utilização. A prioridade deverá ser a criação de um ambiente de e-Learning no qual a aprendizagem seja respeitada, o conhecimento seja partilhado e a participação dos intervenientes sejam orientados na perspectiva de que todos têm um papel activo na aprendizagem e são fonte de conhecimento. Ferramentas integradas nas plataformas de e-Learning Do vasto conjunto de ferramentas que actualmente se pode integrar numa plataforma de eLearning, salientam-se, na Tabela seguinte, algumas que apresentam importantes características para o fomento do trabalho em e-Learning. Tabela 33: Ferramentas para o trabalho em e-Learning Ferramentas para o trabalho em e-Learning Blocos de notas Ferramentas de publicação pessoal Permitem ao utilizador copiar citações, desenvolver ideias e juntar partes relevantes de conteúdos de documentos e fóruns Permitem ao utilizador publicar e partilhar com os restantes utilizadores informação produzida por si. Ex: Blogs Ferramentas de co-autoria e Permitem o desenvolvimento conjunto de documentos à distância, podendo cada gestão colaborativa de utilizador editar o trabalho desenvolvido e diponibilizá-lo para que este seja conteúdos editado pelos restantes utilizadores. Ex: Wikis Fóruns de discussão e Ferramentas clássicas de comunicação assíncrona. São particularmente quadros de mensagens adequados para a discussão de assuntos e colaboração à distância sobre tópicos específicos Sociedade Portuguesa de Inovação 126 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 33: Ferramentas para o trabalho em e-Learning Ferramentas para o trabalho em e-Learning Ferramentas de gestão Permitem aos membros disponibilizar e organizar várias versões de documentos documental de todos os tipos Hypertrails Consistem num “percurso” de hyperlinks, que relacionam partes diferentes dos conteúdos, notícias e documentos diversos Ferramentas de procura e navegação Mapas do Site Permitem a pesquisa de textos e palavras em todo o tipo de conteúdos, incluindo fóruns e wikis. Ex. Motores de pesquisa Permitem efectuar uma navegação “visual”, sendo para muitas pessoas bastante mais fácil do que a navegação baseada em texto Perfis dos membros e Permitem a organização e disponibilização dos dados dos participantes, directórios possibilitando, por exemplo encontrar pessoas com os mesmos interesses ou da mesma área geográfica Calendário Permite rever, acrescentar e editar eventos, aspectos importantes e compromissos Indicadores de presença Permitem mostrar quais os membros da comunidade que estão online e com os quais se pode comunicar. Ex: Ferramenta “quem está online” Permitem comunicar de forma síncrona, com feedback imediato, potenciando a Envio de mensagens interacção entre os participantes e sendo particularmente úteis na resolução de instantâneas e chat questões que, em comunicação assíncrona (ex: por e-mail) poderiam demorar muito tempo a resolver Áreas de trabalho Permitem às equipas de trabalho organizar-se em torno de projectos e coordenar a colaboração entre os utilizadores Ferramentas para a identificação e organização de perspectivas Notificações Permitem aos participantes manifestarem a sua opinião sobre vários aspectos. Ex: Sistemas de votação, sondagens, questionários, avaliação de conteúdos, etc. Permitem o envio de avisos da publicação de novos eventos, conteúdos, mensagens nos fóruns, etc., de acordo com o interesse de cada utilizador Permitem a gestão de utilizadores (criação de contas de utilizadores e definição Ferramentas para a gestão do tipo de acesso/privilégios de cada um); gestão de estatísticas (analise da das comunidades presença dos utilizadores e utilização que fazem de cada uma das ferramentas da plataforma); e arquivo de informação para utilização futura Sociedade Portuguesa de Inovação 127 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 4.4.2 Outras Soluções Tecnológicas Para além das plataformas de e-Learning, Website: conjunto de páginas Web, isto é, de hipertextos outras soluções poderão ser adoptadas acessíveis geralmente pelo protocolo HTTP na Internet. O para implementação de iniciativas de e- conjunto de todos os sites públicos existentes compõem a Learning. Citam-se, como exemplos, os websites e os portais que, embora não reunindo o conjunto de ferramentas normalmente disponíveis nos World Wide Web. As páginas num site são organizadas a partir de um URL básico, onde fica a página principal, e geralmente residem no mesmo directório de um servidor. Portal: site na internet que funciona como centro aglomerador LMS, e distribuidor de tráfego para uma série de outros sites ou poderão constituir soluções viáveis para subsites dentro e fora do domínio ou subdomínio da alguns contextos formativos, com a instituição gestora do portal. Na sua estrutura mais comum, os portais incluem um motor de busca, um conjunto, por vantagem de serem geralmente menos vezes considerável, de áreas subordinadas com conteúdos complexos ao nível da administração e, próprios, uma área de notícias, um ou mais fóruns e outros muitas vezes, menos dispendiosos. serviços de geração de comunidades e um directório, podendo incluir ainda outros tipos de conteúdos. O Projecto Infofarm, apresentado no ponto 3.2.2 deste Estudo, constitui um exemplo da criação de um portal online com o objectivo de apoiar a utilização das TIC na formação e de fomentar o intercâmbio de recursos pedagógicos entre as escolas participantes. Este portal, embora não tenha sido concebido com o intuito de ser um LMS, permitiu às escolas participantes no projecto partilharem informações e recursos, incluindo também diversas outras funcionalidades (como a secção de emprego) que contribuiram para dinamizar a sua utilização. Este tipo de solução poderá ser aplicado com sucesso em iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional. Em geral, a navegação em websites e portais é menos complexa do que utilização de um LMS, sendo estes espaços abertos a vários tipos de utilizadores e podendo permitir a comunicação entre eles, o intercâmbio de informações e a disponibilização de conteúdos. A utilização de portais e websites não deverá substituir os LMS, mas antes conferir uma perspectiva mais abrangente ao conceito de e-Learning, que não passa somente pela frequência de cursos de formação com programa e duração definidos rigorosamente, mas também, por exemplo, pela constituição e partilha de conhecimento a nível informal e pelo estabelecimento de redes de comunicação entre diversos actores. Sociedade Portuguesa de Inovação 128 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 4.5 Conteúdos a Desenvolver Os conteúdos pedagógicos são um elemento central da formação em e-Learning. Na maioria das práticas de e-Learning, principalmente naquelas em que o formando desenvolve o seu percurso de aprendizagem de forma autónoma, é através da consulta e interacção com os conteúdos que este leva a cabo a aprendizagem. Tal não significa, no entanto que, para a implementação de uma iniciativa de e-Learning, sejam necessários conteúdos com um nível de complexidade muito elevado, mas sim que estes devem servir as necessidades dos destinatários. Seguidamente são descritos alguns aspectos que deverão ser tomados em consideração antes e durante a elaboração de conteúdos de e-Learning no contexto da implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional. 4.5.1 Aspectos a Considerar Previamente à Elaboração dos Conteúdos O desenvolvimento de conteúdos para uma iniciativa de e-Learning deverá ser precedido de um conjunto de passos que permitam uma definição rigorosa das suas características. Através deste processo, é possível reunir as informações necessárias e planificar o desenvolvimento de conteúdos que sejam adequados aos destinatários da formação (às suas características e necessidades) e às tecnologias e ferramentas disponíveis. Assim, em primeiro lugar, é necessário efectuar uma caracterização dos destinatários da iniciativa de e-Learning a realizar. Esta caracterização deverá considerar vários aspectos, desde o nível de instrução dos destinatários, passando pela sua situação profissional, conhecimentos de TIC, até ao grau de utilização do computador e da Internet, entre outros. A título de exemplo, no contexto do sector agrícola português, o resultado desta caracterização iria, desde logo, revelar que, provavelmente os conteúdos a desenvolver para um grupo de técnicos têm características diferentes dos que deverão ser desenvolvidos para um grupo de agricultores. Sociedade Portuguesa de Inovação 129 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Paralelamente à caracterização dos destinatários da formação, é necessário identificar os recursos disponíveis para a elaboração dos mesmos. A identificação dos recursos disponíveis inclui: • Recursos humanos: formadores, técnicos de formação e tutores; especialistas em desenvolvimento de conteúdos e recursos pedagógicos; especialistas na área informática: software, webdesign, multimédia, TIC, etc. • Recursos tecnológicos: plataforma de e-Learning ou outro software para a disponibilização dos conteúdos; software para o desenvolvimento de conteúdos; ferramentas a integrar com os conteúdos; • Recursos financeiros: investimento a realizar na contratação de serviços, aquisição de software e aquisição outros materiais necessários ao desenvolvimento dos conteúdos. Uma vez caracterizados os destinatários e identificados os recursos disponíveis, é possível tomar as opções necessárias relativamente a uma série de características dos conteúdos: • Requisitos técnicos de acesso: determinação dos requisitos mínimos que serão necessários aos utilizadores para a navegação pelos conteúdos (ex: sistema operativo, periféricos, ligação à Internet e velocidade mínima, instalação de plug-ins, etc.). A título de exemplo, no caso da concepção de um curso para um grupo de agricultores com escasso contacto com TIC e, eventualmente, sem acesso, na sua casa, a computador e ligação à Internet, será importante que os conteúdos sejam desenvolvidos de forma a que os participantes possam aceder aos mesmos a partir de qualquer computador público. Por outro lado, será importante desenvolver conteúdos que não constituam ficheiros muito pesados (com imagens muito pesadas, clips de vídeo e som muito extensos) e que possam ser abertos e visualizados sem necessidade da instalação de plug-ins ou de outros programa adicionais (dado que, em muitos computadores públicos encontra-se vedada a possibilidade de instalação de qualquer tipo de aplicações); • Temas e informação: a definição do tema a abordar nos conteúdos deverá resultar de um processo prévio de diagnóstico de necessidades de formação, que permita Sociedade Portuguesa de Inovação 130 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional identificar as lacunas existentes ao nível dos conhecimentos e das competências dos destinatários. No entanto, a informação recolhida através da caracterização dos destinatários poderá contribuir para uma determinação mais precisa da informação que deverá ser incluída nos conteúdos e da forma como esta se deverá encontrar estruturada; • Metodologia de ensino/aprendizagem: definição da metodologia que irá enquadrar a utilização dos conteúdos. A título de exemplo, os conteúdos poderão ser desenvolvidos com a finalidade de serem utilizados em regime de auto-estudo ou com a finalidade de serem explorados colaborativamente por um grupo de formandos. Figura 22: Definição de características dos conteúdos previamente à sua elaboração CARACTERIZAÇÃO DOS DESTINATÁRIOS IDENTIFICAÇÃO DOS RECURSOS DISPONÍVEIS Requisitos técnicos de acesso Temas e informação Metodologia de ensino/aprendizagem 4.5.2 Aspectos a Considerar Durante a Elaboração dos Conteúdos Na sequência da definição dos aspectos citados anteriormente, deverão ser elaborados os conteúdos de e-Learning, contendo as características consideradas mais adequadas de acordo com as necessidades dos destinatários e com as tecnologias e ferramentas disponíveis. Muito embora os conteúdos possam ter características muito diversas, devem ser considerados alguns aspectos ao nível do design pedagógico e organização visual dos mesmos, de modo a que sejam de fácil consulta e utilização para os destinatários. Sociedade Portuguesa de Inovação 131 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 34:Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning Informação concisa Pirâmide inversa A Informação deve focar os pontos essenciais para facilitar a leitura online Os conteúdos devem ser apresentados partindo de um pequeno sumário da informação e expandindo sucessivamente para maior detalhe Conceitos importantes Os conceitos mais importantes devem ser salientados com a utilização de listas de conceitos-chave, parágrafos, cabeçalhos, estilo “negrito”, etc. Hierarquia visual Proporção equilibrada As páginas devem obedecer a uma hierarquia visual lógica e previsível Os vários elementos que compõem a apresentação devem ter uma proporção equilibrada entre si Gráficos, imagens e/ou animações Sempre que seja relevante para a mensagem que se pretende transmitir, os textos devem ser complementados com gráficos, imagens e/ou animações A largura dos blocos de texto deve permitir ao utilizador ler uma linha completa Largura dos blocos de texto sem necessitar de mover a cabeça e sem grandes movimentos laterais dos olhos. O texto deve ocupar a zona central do ecrã, que é menos sujeita a distorção e é melhor iluminada Comprimento das páginas As páginas de conteúdos não devem ser muito longas, de forma a facilitar a legibilidade Deve existir uma distinção entre os vários componentes de uma página, Tipografia através da utilização de fontes e/ou tamanhos de letra diferenciados para: títulos, subtítulos, ligações, blocos de texto, etc. Organização visual dos Devem ser colocados no topo da página os elementos especiais (tais como elementos barras de navegação, títulos, subtítulos, etc.) de forma a facilitar a navegação Os conteúdos devem apresentar uma forte consistência: deve ser mantido um estilo de organização, de texto e de gráficos/imagens constante; devem ser Consistência utilizados elementos de reforço à consistência dos conteúdos, tais como numeração das páginas, nome do módulo presente em todas as páginas, indicador de progresso na unidade, etc. Estabilidade funcional Deve ser assegurado que todos os componentes da página funcionam e que todas as ligações conduzem ao destino desejado Navegação Os conteúdos devem ter ícones consistentes e claros, esquemas gráficos e sumários que permitam uma visão geral do site e uma fácil navegação Sociedade Portuguesa de Inovação 132 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 34:Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning Regras de design pedagógico a considerar na elaboração de conteúdos de e-Learning Acesso rápido a páginas Os utilizadores devem conseguir regressar facilmente à página inicial e aceder importantes a outras páginas importantes dos conteúdos, a partir de qualquer outra página Os dispositivos de navegação (ex: botões, numeração das páginas) devem Dispositivos de navegação estar na mesma posição em todas as páginas e deve haver navegação redundante: mais de uma forma de navegação para chegar ao mesmo local Reprodução de vídeo e áudio Deve ser assegurado que os utilizadores controlam a reprodução de vídeo e áudio Deve ser desenvolvido material de apoio para todos os utilizadores que utilizam os conteúdos (formandos, formadores, tutores, etc.). Este material Produzir material de apoio pode consistir, por exemplo, num “Manual de utilização dos conteúdos” e deverá conter informações sobre a navegação e interacção com os conteúdos, requisitos técnicos, temas abordados nos conteúdos, etc. Para além da observância das regras de design pedagógico, na elaboração de conteúdos de e-Learning, é importante que estes estimulem a motivação dos formandos. A utilização do eLearning como solução formativa está, muitas vezes, relacionada com o elevado grau de autonomia dos formandos, dando-lhes a possibilidade, por exemplo, de frequentar cursos em regime de auto-estudo, praticamente sem interacção com outros formandos ou com formadores. Neste contexto, os conteúdos deverão ter um conjunto de características que os tornem mais atractivos para os utilizadores e que são apresentadas na Tabela seguinte: Tabela 35: Características dos conteúdos que contribuem para motivação dos formandos Características dos conteúdos que contribuem para a motivação dos formandos Entretenimento A fim de fomentar a relação lúdico-pedagógica com os formandos pode-se: Estímulo dos sentidos com - Incluir um design de fundo apelativo (sem desviar a atenção da mensagem); uma finalidade pedagógica, - Utilizar imagens apelativas, fotografias, animações (úteis e pertinentes); de modo a que estudar/ informar-se tenha um cariz lúdico - Incluir pequenos clips de som (com abordagem directa ao formando) e vídeo; - Recorrer a histórias ou temas com desenvolvimentos progressivos (por exemplo “caça ao tesouro” ou “mistério”). Sociedade Portuguesa de Inovação 133 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 35: Características dos conteúdos que contribuem para motivação dos formandos Características dos conteúdos que contribuem para a motivação dos formandos Interacção Criação de requeiram pontos a A fim de fomentar a intervenção activa dos formandos pode-se: que intervenção activa do formado - Introduzir exercícios nos quais os formandos necessitam de obter resultado positivo para avançar nos conteúdos; - Utilização botões de navegação “clicar para avançar”. Controlo por parte do Deve ser dada ao formando a possibilidade de “gerir” o seu percurso de formando Possibilidade de o formando aprendizagem, por exemplo: traçar o seu percurso de - Permitindo aceder aos conteúdos sempre e durante o tempo desejado; aprendizagem, fazendo com - Criando formas de aceder às diversas partes do curso; que este se sinta mais - Disponibilizando acesso imediato aos resultados dos exercícios. responsabilizado e motivado Usabilidade A usabilidade dos conteúdos deve ser garantida através da: Criação de um ambiente de aprendizagem o - Disponibilização de dispositivos de suporte (FAQ, ajudas, etc.); mais intuitivo possível - Coerência ao nível do design instrucional, de forma a que haja referências constantes através das quais o formando se possa orientar ao longo do curso. Customização A customização por parte do formando pode ser possível através da: Possibilidade de o formando customizar alguns aspectos do curso consoante a sua - Selecção das partes do curso que lhe interessam particularmente; - Selecção do tipo de avaliação que prefere; preferência - Selecção do aspecto gráfico do ambiente de aprendizagem. 4.6 Métodos Pedagógicos a Utilizar O processo de ensino/aprendizagem, em qualquer modalidade de formação, depende de inúmeros factores. Um dos factores cruciais é a escolha dos métodos pedagógicos. Os métodos pedagógicos adoptados em contexto de formação constituem importantes facilitadores da aprendizagem, sendo através destes que o “processo atencional” se desenvolve e o formando apreende e compreende melhor a informação que o formador pretende transmitir. Sociedade Portuguesa de Inovação 134 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Seguidamente é efectuada uma caracterização dos métodos pedagógicos utilizados na formação, com referência às técnicas utilizadas para a aplicação dos mesmos, sendo depois referidos os métodos considerados mais adequados em contexto de e-Learning. 4.6.1 Caracterização dos Métodos Pedagógicos O método pedagógico é o conjunto de princípios que orientam a maneira de conceber a formação no que respeita à relação formador/formando e à abordagem do conhecimento. Estes princípios possibilitam o alcance de um determinado objectivo concreto predefinido para a situação de formação e concretiza-se com recurso a técnicas, procedimentos e materiais adequados. Método significa, neste contexto, caminho, percurso destinado a desenvolver nas pessoas a capacidade de aprender novos conhecimentos, modificar atitudes e/ou comportamentos. A escolha de métodos mais ou menos activos tem uma enorme importância no processo formativo, condicionando o impacto que os programas têm nos formandos. De facto, os métodos pedagógicos constituem instrumentos que permitem aos formadores desenvolver o processo formativo e obter os resultados pretendidos (objectivos da formação), de acordo com os conteúdos a transmitir e as características dos públicos-alvo. Tradicionalmente, os métodos pedagógicos são classificados em quatro categorias: • Expositivo; • Interrogativo; • Demonstrativo; • Activo/Interactivo. Método Expositivo O método expositivo consiste na transmissão de um determinado saber, através da exposição de todo o seu conteúdo, tendo os formandos a possibilidade de colocar questões após a Sociedade Portuguesa de Inovação 135 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional “comunicação” da informação. Com este método, a participação dos formandos é diminuta, limitando-se estes a ouvir e receber as informações que lhes são transmitidas. Trata-se de uma comunicação descendente, que não envolve qualquer mudança ao nível de opiniões ou atitudes. Este método não deve ser utilizado em regime de exclusividade, em especial na formação de adultos, onde se pretende reinventar o saber e promover a criatividade, reflexão e investigação, o que implica que o formador não desenvolva uma concepção rígida na utilização dos métodos ao seu dispor. O método expositivo pode e deve ser utilizado como ferramenta para a introdução de um tema, com o objectivo de despertar o interesse dos formandos para um assunto, divulgar informações, factos ou conceitos, ou para fornecer directrizes para a realização de tarefas orientadas por outros métodos. Trata-se de um método muito utilizado no ensino tradicional, onde a comunicação se processa de modo unilateral. Tabela 36: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Expositivo MÉTODO EXPOSITIVO Principais Vantagens Principais Inconvenientes Aplicável à maioria dos conteúdos, pois favorece a Provoca maior distanciamento entre o formador e os aprendizagem de uma grande variedade de conceitos formandos, uma vez que a aplicação deste método está e raciocínios ligada com a capacidade de comunicação do formador Pode provocar a desmotivação dos formandos, uma vez Permite a transmissão de grandes quantidades de que a transmissão de grande quantidade de informação informação em espaços de tempo relativamente curtos sem fomento da iniciativa dos formandos gera uma redução do investimento no processo de aprendizagem Pode dificultar a transferência do que é aprendido para Constitui um método eficaz para grandes audiências e novas situações. Nem sempre é fácil proporcionar uma com todos os públicos vivência real, pelo que a sessão se afasta muitas vezes das situações concretas e experiências dos formandos Adequa-se a contextos de formação onde o material pedagógico seja escasso Não favorece o controlo por parte do formando da sua própria aprendizagem e, consequentemente, dificulta a avaliação da eficácia da formação Sociedade Portuguesa de Inovação 136 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Método Interrogativo O método interrogativo assenta num conjunto de perguntas, procurando levar o formando a descobrir novos conhecimentos através da reflexão e do raciocínio. O formador é o elemento condutor de um processo de pergunta-resposta, em que os próprios formandos direccionam o desenvolvimento das questões e problemas colocados. Este método requer que o formando seja um participante activo e deve, por isso, favorecer o desenvolvimento das suas próprias potencialidades ao nível das capacidades interrogativas. Tabela 37: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Interrogativo MÉTODO INTERROGATIVO Principais Vantagens Principais Inconvenientes Não garante a aquisição do conhecimento nem a Permite desenvolver a iniciativa e a motivação dos descoberta dos processos cognitivos. Toda a formandos, assentando num processo de descoberta iniciativa é do formador, mesmo a estrutura do raciocínio é imposta por ele Permite a participação individual e em grupo, estimulando Dificulta o controlo e as avaliações individuais no a interacção entre os diferentes elementos grupo, não sendo compatível com grupos numerosos Potencia as capacidades de atenção, expressão e O grupo acomoda-se facilmente, sendo reduzida a escuta, favorecendo a assimilação dos conhecimentos dinâmica de grupo Desenvolve a capacidade crítica, de argumentação e o pensamento independente de quem aprende Pode despoletar conflitos no grupo de formação, podendo constituir um factor de inibição à participação individual dos formandos Método Demonstrativo O método demonstrativo visa essencialmente desenvolver o “Saber-Fazer” dos formandos. O formador detém e transmite os conhecimentos, explicando e demonstrando aos formandos como fazer. Consiste numa forma estruturada de ensinar a executar uma tarefa através de uma demonstração. Este método permite a transposição dos temas apresentados no plano verbal e de forma expositiva, para o plano real. Sociedade Portuguesa de Inovação 137 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional O formador interage com os formandos da seguinte forma: • 1º Faz o formador, com a rapidez natural; • 2º Faz o formador, novamente, mais lentamente e explicitando cada passo; • 3º Fazem o formador e formandos simultaneamente; • 4º Fazem os formandos sozinhos, sempre supervisionados pelo formador. Tabela 38: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Demonstrativo MÉTODO DEMONSTRATIVO Principais Vantagens Permite a transmissão de conhecimentos teóricos, bem como a sua aplicação prática, promovendo ainda o desenvolvimento de aptidões psicomotoras Principais Inconvenientes Implica um número reduzido de formandos (máximo 15) A aprendizagem é individualizada e permite a correcção Exige disponibilidade de tempo, materiais e espaço imediata dos erros facilitando o processo de avaliação físico Desenvolve a atenção e favorece a interacção no grupo (cooperação e diálogo) Poderá apelar pouco à criatividade, dado não ter em consideração a personalidade do formando que executa a actividade Assentando em actividades práticas é bastante motivador Exige, por parte do formador, preparação teórica do e adaptável a diferentes realidades tema e um bom domínio sobre o mesmo Método Activo/Interactivo O método activo/interactivo baseia-se, fundamentalmente, na utilização de técnicas que promovam a actividade do formando. O formando é um agente voluntário e activo no processo de aprendizagem, sendo-lhe permitido descobrir e experimentar as situações. Através da tentativa/erro, o formando descobre novas informações, atribui-lhes significado, facilitando, assim, a sua memorização e apreensão. Este método procura desenvolver uma maior autonomia e responsabilização do formando no seu processo de aprendizagem. Sociedade Portuguesa de Inovação 138 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Tabela 39: Principais vantagens e inconvenientes da utilização do Método Activo/Interactivo MÉTODO ACTIVO/INTERACTIVO Principais Vantagens Desenvolve a autonomia dos formandos e a sua participação no processo de ensino/aprendizagem, aumentando o interesse e a motivação Principais Inconvenientes Exige ao formador alguns cuidados na preparação, em especial quanto às formas de controlo do tempo Desenvolve a interacção e coesão no grupo, estimulando É de difícil avaliação porque a construção do ainda o relacionamento formador/formando conhecimento assenta no formando Permite a troca de experiências entre os elementos do grupo Não se torna adequado em grupos muito numerosos Oportunidade de todos intervirem e participarem Exige flexibilidade e adaptabilidade por parte do activamente formador para contornar situações imprevisíveis Associadas à escolha do método pedagógico, estão as técnicas pedagógicas, que se traduzem num conjunto de acções, procedimentos e atitudes que o formador adopta, definidas a partir do método escolhido, com a finalidade de promover a aquisição de conhecimentos pelos formandos. É a utilização das diferentes técnicas que permite que seja posto em prática o método pedagógico escolhido. As técnicas pedagógicas mais comuns são: • Colóquio – reunião de “peritos” que conversam entre si. Os formandos participam como observadores ou ouvintes; • Conferência – exposição e debate de um tema entre profissionais; • TWI – Training within Industry – o formando é colocado perante uma situação concreta, devendo executar a tarefa e em simultâneo explicar passo a passo a execução. O formador intervém corrigindo os erros que entretanto possam surgir; • Técnica das perguntas – permite estimular e/ou moderar uma discussão, permitindo descobrir fontes de informação e fundamento de opiniões, conduzindo muitas vezes à ponderação de ideias, decisões ou acções; Sociedade Portuguesa de Inovação 139 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Brainstorming – consiste numa “tempestade de ideias” em que o formador assume o papel de motivador do grupo, estimulado a criatividade dos formandos na obtenção de maior número de soluções criativas para um problema ou situação-problema, num determinado período de tempo, promovendo dessa forma o aparecimento de ideias novas que possam facilitar a resolução do problema; • Jogos Pedagógicos – consistem num conjunto de actividades com o objectivo de envolver todos os formandos a nível cognitivo, motor e afectivo. Podem ser utilizados como forma de desenvolver uma competência específica, ou como forma de motivar o grupo, criando um momento de descontracção, permitindo a reorientação da atenção do grupo; • Role-playing (Jogo de papéis) - consiste numa representação dramática de uma situação da vida real, de forma a potenciar o desenvolvimento de competências activas em contextos reais; • Estudos de caso – tem como objectivos desenvolver a capacidade de análise e de expressão, através do estudo de casos reais que representam situações complexas ao nível profissional ou pessoal; • Autoscopia – traduz-se num processo de auto-observação que permite ao formando tomar consciência dos seus pontos fortes e fracos, de forma a que possa ter consciência dos aspectos a evitar, a adquirir e a melhorar na sua performance; • Técnica de quebra-gelo – consiste num conjunto de actividades que visam promover o conhecimento entre os participantes, criando um ambiente empático e favorável à aprendizagem e troca de experiências; • Técnica Phillips 6.6 – pretende-se promover o trabalho de grupo, subdividindo os elementos de um grupo grande em pequenos grupos (6 pessoas) que, sem se preocuparem com a apresentação de uma solução, dispõe de 6 minutos para debater um determinado tema; • Técnica do gira-gira – é uma técnica de animação, em que os formandos estão repartidos em grupos de 4 a 6 pessoas para debate de um tema específico. De 10 em 10 minutos um dos elementos de cada grupo é convidado a abandonar o seu grupo e a juntar-se a outro, continuando o debate em pequenos grupos. Sociedade Portuguesa de Inovação 140 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Figura 23: Técnicas mais adequadas aos Métodos Métodos Técnicas mais adequadas Método Expositivo Transmissão de um determinado saber, através da exposição de todo o seu conteúdo ao formando Colóquio Conferencia Estudos de Caso Método Interrogativo Conjunto de perguntas procurando levar o formando a descobrir novos conhecimentos através da reflexão e do raciocínio Técnica das Perguntas Método Demonstrativo Transmissão de conhecimentos através da demonstração. O formador explica e demonstra aos formandos como fazer TWI – Training Within Industry Estudos de Caso Método Activo/Interrogativo O formando é o agente voluntário e activo do processo de aprendizagem, sendo que lhe é permitido descobrir e experimentar as situações através da tentativa/erro Quebra-Gelo TWI – Training Within Industry Brainstorming Jogos Pedagógicos Role-Playing Autoscopia Estudos de Caso Philips 6:6 Gira-Gira Sociedade Portuguesa de Inovação 141 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A escolha dos métodos e das técnicas pedagógicas, enquanto ferramentas indutoras e facilitadora de processos de aprendizagem, deve ainda ter em consideração as diferentes áreas do saber: • Saber-Saber (área do conhecimento) – abrange os conhecimentos gerais ou específicos, relativos a uma determinada área do saber, geralmente designados por conhecimentos teóricos; • Saber-Fazer (área psicomotora) – caracteriza-se por um conjunto de actividades práticas, geralmente associadas à operacionalização dos saberes técnicos, tecnológicos ou científicos; • Saber-Ser ou Estar (área comportamental) – caracteriza-se por um conjunto de competências sociais e relacionais (atitudes e comportamentos) necessárias ao exercício de uma determinada função. 4.6.2 Utilização dos Métodos Pedagógicos em e-Learning A escolha dos métodos pedagógicos a utilizar nas iniciativas de e-Learning no sector agrícola português, deve ter em consideração as características dos seus recursos humanos, da utilização das TIC e da oferta formativa. Neste contexto, e apesar de cada iniciativa deve ser concebida e planeada de forma individualizada, há um conjunto de motivos que aponta como aconselhável a promoção, implementação e desenvolvimento de iniciativas de formação em regime de b-Learning. O b-Learning permite conciliar as vantagens da formação presencial com as potencialidades da formação à distância: por um lado, utiliza a vertente presencial da formação para a familiarização dos formandos com as ferramentas a utilizar, para a realização de trabalhos de cariz prático e para o fortalecimento das relações entre os intervenientes; por outro lado, mantém a flexibilidade da formação à distância, no que diz respeito à autonomia do formando no acesso à formação e na gestão do seu percurso de aprendizagem. Esta conciliação de vertentes pode assegurar uma maior motivação dos formandos, assim como uma introdução Sociedade Portuguesa de Inovação 142 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional mais facilitada das ferramentas da formação à distância, que podem ser testadas pelos formandos na vertente presencial. Independentemente de se optar por um regime de e-Learning ou b-Learning, é de todo aconselhável que, quer nos momentos de formação presencial (quando existam), quer nos momentos de formação a distância, sejam privilegiados os métodos demonstrativo e activo/interactivo, com recursos às técnicas que se adeqúem com os seus objectivos, centrando o processo de aprendizagem no formando. Desse modo, e porque haverá sempre a necessidade e recorrer à exposição de conteúdos, será possível proporcionar aos formandos a aquisição de conhecimentos práticos que facilitem o desenvolvimento de competências específicas no domínio do saber-fazer, quebrando a necessária exposição de conteúdos. Os métodos demonstrativo e activo são centrados no formando enquanto elemento fundamental do processo de aprendizagem, uma vez que apelam e privilegiam a sua participação e envolvimento e, em simultâneo, promovem uma maior autonomia e responsabilização pela aprendizagem. Por outro lado, a aplicação destes métodos em formação de adultos favorece o desenvolvimento de uma relação formador-formandos e formandos-formandos mais estimulante e coesa, fomentando a troca de experiências e vivências entre os elementos de um grupo de formação, com as vantagens que daí advém para o processo de aprendizagem. A utilização destes métodos formativos vai ao encontro da perspectiva construtivista e de trabalho colaborativo, presente em algumas Boas Práticas de e-Learning citadas (ver capítulo 3) e que se deverá ser incentivada na implementação das iniciativas de e-Learning no sector agrícola em Portugal. No entanto, não se deverá marginalizar a utilização de outros métodos pedagógicos que apresentam, em determinados contextos formativos, mais vantagens do que os métodos demonstrativo e activo/interactivo. O recurso ao método interrogativo, por exemplo, apresenta-se como uma excelente opção no âmbito da avaliação de pré-requisitos do grupo quanto a conhecimentos, competências ou comportamentos (avaliação diagnóstica inicial). Já o recurso ao método expositivo será a opção mais adequada sempre que, no processo de aprendizagem, seja necessária a transmissão de conteúdos de cariz teórico e/ou informativo, que mais tarde sejam alvo de outro tipo de tratamento. Sociedade Portuguesa de Inovação 143 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional 4.7 Características e Competências dos Actores a Envolver A implementação de uma estratégia de e-Learning no sector agrícola português deverá envolver diversos actores e instituições, num trabalho conjunto, no âmbito do qual se promova a criação de parcerias, permitindo assim rentabilizar recursos e competências e aumentar a qualidade e abrangência da oferta formativa. A identificação e caracterização dos vários intervenientes neste processo, apresentada seguidamente, distingue por um lado, os actores – pessoas com determinado perfil profissional, que devem ser envolvidas nos momentos chave do ciclo formativo – e, por outro lado, as instituições, que devem estar ligadas a esta temática e envolvidas no processo formativo, em diferentes níveis. 4.7.1 Actores a Envolver no Processo Formativo A promoção de iniciativas de e-Learning requer a intervenção de um conjunto de profissionais especializados, que garantam a realização de diversas actividades e tarefas necessárias à implementação de iniciativas de qualidade. A intervenção destes profissionais é essencial em dois momentos, que correspondem a duas das fases do ciclo formativo: • Fase 1 - Concepção: o Técnicos de formação e formadores; o Especialistas em desenvolvimento de conteúdos e recursos pedagógicos; o Especialistas na área informática: software, webdesign, multimédia, TIC, etc. • Fase 2 - Implementação/Operacionalização: o Coordenadores; o Técnicos de formação; o Formandos/estudantes; o Formadores/Tutores. Sociedade Portuguesa de Inovação 144 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Figura 24: Intervenção dos actores a envolver por fases do processo formativo - Especialistas em desenvolvimento de conteúdos e recurso pedagógicos Concepção - Especialistas na área informática - Técnicos de Formação - Coordenadores - Formandos/estudantes - Tutores Implementação e Operacionalização - Formadores A fase de concepção inclui o desenho dos percursos formativos (estrutura das iniciativas de formação: módulos e cargas horárias, unidades de aprendizagem, metodologias, etc), a concepção de conteúdos temáticos e a sua conversão para formatos web. Este trabalho deverá resultar de um esforço coordenado de vários elementos, uma vez que as várias tarefas que o compõem estão intimamente ligadas. Os técnicos de formação, com apoio de formadores, serão responsáveis por desenhar a estrutura de iniciativas de formação, definindo as metodologias de aprendizagem e de avaliação e orientando-as para as características dos públicos-alvo, de acordo com recursos físicos, humanos e técnológicos disponíveis. Para além das competências e conhecimentos específicos na área da formação profissional e na área da gestão e coordenação de actividades pedagógicas, o leque de competências destes profissionais deverá abranger também a área da formação à distância. O desenvolvimento dos conteúdos, por sua vez, é um trabalho conjunto entre os formadores, os especialistas em desenvolvimento de conteúdos e recursos pedagógicos e os especialistas da área informática. Estes deverão definir as unidades de aprendizagem e os planos de sessão, conceber os jogos pedagógicos, exercícios e actividades formativas e adaptar todos Sociedade Portuguesa de Inovação 145 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional estes conteúdos para o formato de e-Learning, garantindo a sua integração na plataforma. Para além das competências dos formadores, já citadas, os especialistas da área informática deverão ter competências ao nível do webdesign, multimédia e TIC, assim como competências na área pedagógica, de forma a actuarem de forma concertada com as intervenções anteriores, garantindo que os conteúdos, jogos pedagógicos, exercícios e outros instrumentos em formato web sejam coerentes com a estrutura desenhada e opções metodológicas e pedagógicas. Na fase da implementação/operacionalização da formação são vários os actores a envolver. Desde logo, os coordenadores e técnicos de formação que, em conjunto, devem promover e organizar a formação de acordo com as especificidades dos cursos de formação, públicos-alvo e metodologias a implementar. O coordenador, enquanto agente de planeamento, deverá ser o responsável por assegurar a implementação do curso tal e qual este foi estruturado, respeitando os tempos, as actividades/exercícios previstos e as metodologias de avaliação. Para o bom desempenho destas tarefas o coordenador deve possuir competências e conhecimentos que sustentem as actividades pedagógicas ao nível das iniciativas de e-Learning, mais especificamente, aquelas que se prendem com as metodologias de aprendizagem/formação e aquelas que se referem ao recurso a plataformas de formação e principais instrumentos de comunicação e interacção. Finalmente temos os formandos/estudantes e formadores/tutores que serão os actores com intervenção directa nas iniciativas de formação, no sentido que lhe vão dar vida. Os formadores/tutores terão de possuir, além do domínio dos temas, boas capacidades pedagógicas que lhes permitam dinamizar as sessões de formação, passar a informação aos formandos, dirigir os exercícios e actividades e avaliar a formação. Estas competências são fundamentais uma vez que serão estes os actores que contactarão de forma directa com os formandos. Acresce que o tutor, enquanto facilitador dos processo de aprendizagem na formação a distância e supervisor do decorrer do curso, terá de assumir ainda funções ao nível da regulação da motivação e participação dos formandos, nomeadamente fornecendo apoio, orientação e aconselhamento. Este terá, assim, de dominar os aspectos fundamentais da gestão das plataformas de aprendizagem e das suas principais ferramentas. Sociedade Portuguesa de Inovação 146 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Os formandos/estudantes serão os agentes receptores, mas com um papel bastante activo, uma vez, que as iniciativas de e-Learning exigem destes uma atitude proactiva em relação aos processo de aprendizagem, auto-responsabilizando-os. O aspecto determinante nos formandos/estudantes será o seu empenho e motivação para cumprir cabalmente com o seu percurso de formação, participando activamente nas actividades e exercícios, mas também procurando e tratando as informações necessários para a construção e aquisição dos saberes. 4.7.2 Instituições a Envolver Relativamente às instituições a envolver na implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola português, são focadas primeiramente aquelas que devem assumir um papel activo no processo formativo, quer na concepção de propostas formativas, quer na fase da implementação/operacionalização. Devem ser chamadas a intervir instituições como: • Universidades e Politécnicos; • Escolas profissionais; • Entidades formadoras; • Empresas/organizações ligadas ao desenvolvimento de materiais didácticos e soluções de formação; • Empresas/organizações ligadas ao desenvolvimento e implementação de software e outras soluções informáticas para a formação e para a área agrícola. As universidades e os politécnicos que actualmente promovem cursos superiores em áreas de relevo para o sector agrícola, deverão assumir um papel activo na implementação de iniciativas de e-Learning no sector agrícola, por forma a tentar combater o decréscimo de alunos no ensino superior na área agrícola. A implementação deste tipo de iniciativas poderá fazer aumentar o interesse e a motivação de potenciais alunos para ingressarem no ensino superior em cursos ligados à área agrícola, renovando e modernizando, por essa via, a sua oferta dando um cariz moderno e inovador, imagem que nem sempre é associada ao sector. Sociedade Portuguesa de Inovação 147 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Importa ainda salientar que estas instituições podem usar estas soluções no desenho/concepção ou melhoramento da oferta de formação superior pós-universitária – formação contínua - promovendo assim uma formação ao longo da vida, num formato mais apelativo e adequado ao ritmo de vida actual. É reconhecido que as explorações agrícolas estão afastadas dos centros urbanos onde essas instituições se situam, o que muitas vezes desmotiva, senão mesmo torna impossível, a participação de agentes do sector em programas de formação contínua promovidas por aquelas, pelo que a implementação de iniciativas de eLearning poderá ser uma forma de combater esse distanciamento. O mesmo se diga em relação às escolas profissionais que promovem o ensino profissional não superior, em áreas temáticas de interesse para o sector agrícola. Também a este nível se verifica um crescente decréscimo do número de formados pelo que a promoção de iniciativas de e-Learning poderá contribuir decididamente para mudar essa situação, permitindo que as escolas profissionais consigam também promover iniciativas de formação mais apelativas e suportadas nas novas TIC: As entidades formadoras (empresas) terão aqui um papel importante, ao firmarem parcerias com as universidades, politécnicos e escolas profissionais. As primeiras já promovem iniciativas de e-Learning em muitos outros sectores de actividade e dirigidas a públicos-alvo diversificados, possuindo assim uma assinalável experiência na implementação deste tipo de iniciativas, quer quanto à concepção, quer quanto à implementação/operacionalização. O seu contributo poderá ser aproveitado não só na vertente técnica, mas também na experiência acumulada em contornar algumas dificuldades de implementação que surgem sempre que os níveis de conhecimentos dos públicos-alvo na utilização das TIC se apresenta reduzido ou mesmo inexistente. É ainda importante realçar que as empresas tendem a promover várias iniciativas, algumas com interesse para o sector agrícola, mas de forma isolada, pelo que as parcerias sugerias poderão ser aproveitadas para a criação de sinergias que permitam o surgimento de redes de informação e partilha de recursos entre todos os actores envolvidos, facilitando e promovendo a construção de novo conhecimento. Actualmente, neste e noutros sectores verifica-se que os vários actores trabalham de forma isolada e muitas vezes repetitiva, devido à falta de comunicação ou mentalidade adversa à partilha da informação, o que gera muitos projectos que acabam por não ter seguimento. Uma actuação conjunta irá permitir uma melhor Sociedade Portuguesa de Inovação 148 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional planificação da oferta formativa no sector e uma oferta mais rica e concertada, indo ao encontro das reais necessidades do sector e dos seus actores. As referidas parcerias devem ser estendidas a outras empresas e organizações do sector privado, nomeadamente às que actuam nas áreas do desenvolvimento de materiais didácticos e do desenvolvimento e implementação de software e outras soluções informáticas. Estas poderão contribuir com a experiência acumulada nestes domínios, colaborando com as universidades, politécnicos e escolas profissionais, enriquecendo as iniciativas de e-Learning que venham a ser promovidas. Muita desta experiência do sector privado, ainda que resulte de outros sectores de actividade, podem sem dúvida ser transferida para o sector agrícola. Sob um ponto de vista mais institucional termos ainda de considerar um conjunto de outras instituições que, intervindo de uma forma generalizada na temática agrícola, terão um papel importante. Referimo-nos aqui às entidades reguladoras do sector agrícola, do sector da formação e do sector das novas tecnologias de informação e comunicação. Actuando em conjunto, estas entidades, poderão contribuir decididamente para promoção de iniciativas de e-Learning, traçando linhas de orientação gerais para serem concretizadas ao nível da concepção e da implementação/operacionalização. As entidades reguladoras do sector agrícola deverão assumir um importante papel ao nível da definição de programas estruturados que contemplem a formação dos profissionais do sector agrícola, traçando linhas orientadoras quanto às temáticas a abordar, definindo e apoiando a boa aplicação de fundos comunitários na formação profissional e incentivando parcerias entre o sector publico e privado. Apoiadas nas estruturas regionais existentes, as entidades reguladoras do sector, podem traçar diagnósticos de necessidades de formação às populações alvo que apoiem a definição dos citados programas, e que permitam contemplar as assimetrias existentes que resultam dos contextos específicos quer quanto às pessoas quer quanto aos territórios. Estas linhas orientadoras serão a base de trabalho de todos os restantes actores a envolver, nomeadamente, universidades e politécnicos, escolas profissionais e empresas. As restantes entidades, quer ao nível da formação, quer ao nível das novas TIC, terão um contributo importante ao replicar para este sector iniciativas que se possam classificar de boas práticas e que já foram implementadas e avaliadas noutros sectores. Sociedade Portuguesa de Inovação 149 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Saliente-se ainda que, a intervenção destas entidades deverá ser feita em parceria com outras instituições, como as Confederações, Associações e outras Organizações sectoriais do sector agrícola. Estas têm um contributo importante a dar, uma vez que estão próximas quer dos indivíduos, quer das realidades territoriais, pelo que conhecem também as necessidades de uns e de outros. Por outro lado, é este último tipo de instituições que a mão-de-obra agrícola se encontra ancorada, é nelas que confiam, e é através delas que poderão aderir às iniciativas de e-Learning. Em suma, será fundamental uma actuação concertada das várias instituições a envolver, desde o desenho de programas que contemplem formação e iniciativas de e-Learning para o sector agrícola, até à promoção destas últimas junto dos públicos-alvo. Será importante que sejam traçadas linhas orientadoras e transversais a todo o sector, com a necessária flexibilidade que permita intervenções concretas direccionadas aos diferentes contextos e às diferentes necessidades. 4.8 Financiamento das Iniciativas de e-Learning Para além de serem equacionados aspectos como as metodologias a utilizar ou os actores a envolver na implementação de uma estratégia de e-Learning no sector agrícola a nível nacional, é imprescindível equacionar como poderão ser financiadas as iniciativas de formação, nomeadamente em e-Learning. Iremos analisar neste capítulo quais as possibilidades de financiamento, tanto a nível público como a nível privado, que podem ser equacionadas para o sector agrícola. 4.8.1 Financiamento Público No quadro do Plano Estratégico Nacional (PEN) para o Desenvolvimento Rural, onde são estabelecidas as prioridades conjuntas da acção do FEADER e de cada Estado Membro, para o período de programação 2007-2013, conjugando as orientações estratégicas comunitárias e os seus objectivos específicos com as orientações de política nacional, é afirmado que na maior parte das fileiras do sector agro-florestal muitos dos problemas já identificados no passado persistem, propondo-se uma abordagem coordenada, que promova a integração Sociedade Portuguesa de Inovação 150 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional vertical de todas as actividades, a organização da produção e o seu agrupamento funcional, de forma participada mas selectiva quanto aos objectivos e metas a atingir, isto é, uma abordagem de fileira. Esta abordagem tem como objectivo criar dimensão e massa crítica para poder investir, inovar e subsistir, alargando-se a todos os sectores e actividades, privilegiando-se nesta abordagem sectores estratégicos. Complementarmente está prevista uma aposta na criação de serviços de apoio técnico e de gestão a montante ou jusante, incluindo a formação em permanência. Para o próximo QREN definiram-se os seguintes Objectivos Globais42 para a FPA: • Contribuir para o aumento da competitividade dos sectores agrícola, alimentar e florestal nas áreas consideradas estratégicas para o seu desenvolvimento; • Contribuir para o desenvolvimento sustentável do meio rural; • Promover a criação ou melhoria de competências específicas dos agentes económicos no meio rural; Estes objectivos, que, como facilmente se percebe, tem subjacente uma reorientação do modelo de FPA adoptado até ao presente, são explicitados através do enunciado de um conjunto de princípios base em que se deverão enquadrar as intervenções para a qualificação no âmbito do FEADER, que a seguir se reproduzem: • Criação de mecanismos de responsabilização da sociedade civil; limitação da obrigatoriedade da formação ao legalmente exigido, devendo induzir-se as necessidades da formação; • Integração na actuação através da articulação com as diferentes áreas de intervenção; • Vinculação do apoio à formação através da concretização de objectivos associados à criação de valor; 42 Fonte: Grupo de Trabalho da Qualificação Profissional, veiculadas, em finais de Abril do corrente ano, através do documento “Formação Profissional no quadro do Programa de Desenvolvimento Rural 2007-2013” Sociedade Portuguesa de Inovação 151 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional • Introdução da inversão da lógica do apoio às entidades formadoras, com apoio ao formando; • Garantia de acompanhamento e continuidade na qualificação; • Adequação da formação às necessidades dos formandos, com possibilidade de formação prática e especializada; • Sistema assente num modelo puro do lado da procura, com apoio ao formando nas situações de formação individual; • Modelo misto nas situações identificadas como necessitando de alguma actuação do lado da oferta, nomeadamente nas seguintes situações, cabendo ao MADRP a identificação das redes de competência a que os formandos possam recorrer: o Jovens agricultores; o Planos Integrados de Fileira; o Intervenções Territoriais Integradas (ITIs). Por outro lado, e para a operacionalização dos objectivos atrás referidos, são identificados três tipos de acções: Acção 1: Capacitação para a actividade, orientada para “o apoio à formação dirigida para o desenvolvimento de competências transversais e específicas dos activos (empresários, trabalhadores e produtores/proprietários florestais) do sector agroflorestal”, privilegiando os jovens; Acção 2: Formação técnica especializada, orientada para “o apoio à formação dos activos do sector agro-florestal no âmbito da sua especialização em áreas consideradas relevantes e específicas para o desenvolvimento da competitividade do sector e incremento de valor acrescentado nas actividades beneficiadas. Tem subjacente a necessária articulação com outras áreas de intervenção, nomeadamente com a componente de investimento e inovação”; Sociedade Portuguesa de Inovação 152 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Acção 3: Redes temáticas de informação e divulgação, tendo em vista “o acesso à informação nas áreas consideradas relevantes para o desenvolvimento sustentado do meio rural, contribuindo para a qualificação contínua e integrada dos activos do sector agro-florestal”. 4.8.2 Financiamento Privado Para além do recurso a financiamento público para o desenvolvimento de iniciativas de eLearning, cada vez mais deverá pensar-se no desenvolvimento de iniciativas sustentáveis, que não dependam somente de dinheiros públicos. Tal como foi ilustrado em diversos estudos de caso internacionais, uma oferta formativa de qualidade, que vá ao encontro das necessidades dos destinatários rapidamente alvo da atenção de investidores privados, que a podem apoiar e contribuir para a sua divulgação (ver secção 2.2.5 do capítulo III). Para que tal seja uma realidade será necessário que a formação seja auto-sustentada e tal apenas será possível se os potenciais formandos (agentes do sector agrícola) virem na mesma uma resposta efectiva às suas necessidades, identificando uma mais valia para a melhoria/reforço das suas competências e qualificações. Dessa forma, as entidades que operam no sector privado devem privilegiar a realização de efectivos diagnósticos de necessidades formativas de modo a conceber, promover e implementar cursos de formação que de forma cirúrgica tenham um impacto positivo na actividade profissional dos agentes do sector. A auto-sustentação da formação de iniciativa privada poderá recolher frutos se for incentivado um contacto mais estreito entre os actores potencialmente interessados no desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola, de forma a que possam ser encontrados mecanismos de financiamento destas iniciativas. A título de exemplo, são já frequentes noutros países iniciativas como a realização de empréstimos com taxas de juro reduzidas ou o recurso a patrocínios, através da colocação de publicidade em websites ligados à formação. Como exemplo podemos referir a Iniciativa FACE – Farming and Countryside Education – (ver 3.2.3 do capítulo III). Sociedade Portuguesa de Inovação 153 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional CAPÍTULO 5 REFLEXÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS Sociedade Portuguesa de Inovação 154 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional O sector agrícola nacional está hoje inserido num contexto de elevada complexidade e exigência, tornando-se fundamental que se desenvolvam esforços concertados no sentido de tornar o sector mais forte e mais competitivo. As características e competências dos recursos humanos afectos ao sector agrícola nacional reflectem, estas suas fragilidades a vários níveis: predomina uma fraca capacidade de gestão e organização para o mercado, observa-se uma quase ausência de cooperação empresarial, aversão ou ausência de cultura de risco, tudo isto baseado numa população rural das mais envelhecidas da Europa e com um dos mais baixos níveis de literacia. Por outro lado, a utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aplicadas à formação no sector agrícola tem tido um percurso lento e difícil, marcado por iniciativas pontuais, de impacto limitado. A precária utilização do e-Learning está ligada a uma série de factores caracterizadores da população e da prática agrícola em Portugal, desde o nível de escolaridade dos activos agrícolas, passando pelo grau de utilização das ferramentas informáticas, até à existência de iniciativas destinadas a promover a utilização das TIC na prática agrícola. Neste contexto, o recurso às metodologias de e-Learning afigura-se simultaneamente como uma oportunidade e um desafio para o sector agrícola nacional. Trata-se de uma oportunidade, na medida em que poderá permitir ultrapassar muitas das lacunas formativas detectadas no sector, trazendo um novo dinamismo para as práticas formativas e conferindolhes um elevado grau de flexibilidade e adaptabilidade. Mais, o e-Learning poderá constituir uma resposta às necessidades crescentes de especialização e de formação em áreas emergentes, permitindo a formação, tanto dos activos do sector agrícola, como de outros grupos populacionais que deverão ser sensibilizados e formados no sentido de terem um maior contacto com as práticas agrícolas. Trata-se também de um desafio, na medida em que muitos esforços terão que ser enveredados, a fim de fomentar uma maior utilização das TIC por parte dos recursos humanos afectos ao sector agrícola e a fim de lhes proporcionar um acesso alargado às ferramentas informáticas e à Internet. Somente um elevado grau de familiarização com as TIC poderá conduzir a uma integração das mesmas nas práticas formativas. Sociedade Portuguesa de Inovação 155 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional A implementação de uma estratégia para o desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola a nível nacional implica uma intervenção a diversos níveis. Desde logo, há que considerar uma expansão das iniciativas a outros públicos-alvo que não apenas os activos do sector agrícola. A sensibilização de públicos como o infanto-juvenil ou o público mais sénior poderá ser um factor essencial para uma “reconciliação” da sociedade com as actividades ligadas ao sector agrícola. No que diz respeito às temáticas a abordar, deverá apostar-se, não só num reforço das temáticas consideradas “clássicas” e nas quais continuam a evidenciar-se consideráveis necessidades de formação, como deverão ser investidos esforços no desenvolvimento de iniciativas de formação sobre temáticas emergentes na agricultura, que permitam beneficiar das potencialidades das metodologias ligadas ao e-Learning. Considerando o assinalável atraso da população agrícola portuguesa no contacto com as TIC, é de vital importância que seja reforçada a formação nas áreas ligadas à informática, como condição essencial para o desenvolvimento de competências para a utilização de novas metodologias formativas. Quanto às características dos conteúdos a desenvolver, deverão ser considerados diversos aspectos, de forma a que os mesmos respondam verdadeiramente às necessidades dos destinatários. Num contexto em que o acesso às TIC e à Internet são ainda limitados no mundo rural, deverão privilegiar-se contéudos de acesso bastante simples, que não requeiram a instalação de plug-ins e não constituam ficheiros pesados e difíceis de abrir, o que desde logo poderá limitar a motivação dos formandos. Na elaboração dos conteúdos devem transparecer as preocupações de design instrucional, assim como a aplicação de metodologias que favoreçam a intervenção activa do formando e a construção do percurso de aprendizagem de forma autónoma. Seguindo as características dos conteúdos, os métodos e as técnicas pedagógicas a utilizar devem privilegiar um cariz eminentemente prático da formação. Para a implementação de iniciativas de e-Learning junto da população agrícola tenha algum sucesso, é imprescindível que os destinatários sintam familiaridade com a informação que é transmitida, mas também com a forma como essa informação é transmitida e o processo de aprendizagem é fomentado. Assim, a utilização de estudos de caso e de exercícios de cariz prático revela-se, na grande maioria dos casos, muito mais eficaz do que a mera exposição de informação. Sociedade Portuguesa de Inovação 156 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Como se pode constatar pela diversidade de aspectos a considerar para a implementação de iniciativas de e-Learning, diversos terão que ser também os actores a envolver neste processo. Por um lado, há que considerar os actores que se encontram directamente envolvidos no ciclo formativo: técnicos de formação e formadores; especialistas em desenvolvimento de conteúdos e recurso pedagógicos; especialistas na área informática (software, webdesign, multimédia, TIC, etc.); coordenadores; técnicos de formação; formandos/estudantes; formadores/Tutores. Por outro lado deverão ser envolvidos neste processo outros actores institucionais: universidades e politécnicos; escolas profissionais; entidades formadoras; empresas/organizações ligadas ao desenvolvimento de materiais didácticos e soluções de formação; empresas/organizações ligadas ao desenvolvimento e implementação de software e outras soluções informáticas para a formação e para a área agrícola. A reflexão sobre a forma como estas iniciativas poderão ser financiadas, constitui também um aspecto essencial para a determinação de uma estratégia de e-Learning para o sector agrícola. Nesta reflexão devem ser consideradas, não só os financiamentos públicos, mas também a necessidade de encontrar mecanismos de financiamento destas iniciativas por parte de actores privados. Sociedade Portuguesa de Inovação 157 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional BIBLIOGRAFIA Sociedade Portuguesa de Inovação 158 Agroe-Learning – identificação de boas práticas e definição de linhas de orientação estratégica para a promoção e desenvolvimento de iniciativas de e-Learning no sector agrícola nacional Agricultural Institute of Canada: www.aic.ca ASHEIM, B.T. e ISAKSEN, A., “Localized Knowledge, Interactive Learning and Innovation: Between Regional Networks and Global Corporations”, in VATNE, E. and TAYLOR M., The Networked Firm in a Global World. Small Firms in New Environments. 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