maria salete enderle abordagem fisioterapêutica na
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maria salete enderle abordagem fisioterapêutica na
MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 MARIA SALETE ENDERLE ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA REABILITAÇÃO VESTIBULAR CASCAVEL 2004 III MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 IV MARIA SALETE ENDERLE ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA REABILITAÇÃO VESTIBULAR Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Fisioterapia do Centro Ciências Biológicas e da Saúde Universidade Estadual do Oeste Paraná – campus Cascavel Orientadora: Profa. MS. Cristina Diamante CASCAVEL 2004 do de da do MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 V TERMO DA APROVAÇÃO MARIA SALETE ENDERLE ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA REABILITAÇÃO VESTIBULAR Trabalho de Conclusão de Curso aprovado como requisito parcial para obtenção do título graduado em Fisioterapia, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. ..................................................................................... Orientadora: Profa. MS. Cristina Diamante Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE ...................................................................................... Profa. Karen Andréa Comparin Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE ...................................................................................... Profa. Aneline Maria Ruedell Colegiado de Fisioterapia – UNIOESTE Cascavel, fevereiro de 2004 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 AGRADECIMENTOS À Profa Cristina Diamante, amiga e paciente em todas as etapas deste trabalho; Ao esposo Eduardo, companheiro nos momentos mais difíceis; Aos filhos Bruno e Laura, que foram privados do colo, para permitir esta vitória; Aos familiares, pelo carinho e compreensão. III MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 IV RESUMO O equilíbrio postural do ser humano é garantido pela interação complexa dos sistemas vestibular, proprioceptivo e visual. Quando ocorre um distúrbio nestas informações, o indivíduo apresenta uma sintomatologia que compromete a sua qualidade de vida. Neste contexto, é imperiosa a atuação da Fisioterapia na Reabilitação Vestibular, através de protocolos de exercícios, com o objetivo de restabelecer o equilíbrio, prevenir recorrências, visando reintegrar o indivíduo ao ambiente, recuperando sua autoconfiança. É de suma importância à habilidade do fisioterapeuta para diagnosticar a origem da disfunção, central ou periférica, uma vez que os melhores efeitos dos exercícios terapêuticos são obtidos a partir de protocolos personalizados. A Reabilitação Vestibular usa a plasticidade neural para desenvolver seu mecanismo de adaptação no sistema nervoso central, que pode ser através da compensação ou habituação. O presente trabalho visa apresentar a anatomofisiopatologia do sistema vestibular, destacar as diferentes abordagens fisioterapêuticas no tratamento de labirintopatias, além de proporcionar uma forma de pesquisa e consulta aos interessados pelo assunto. Para desenvolvê-lo, na forma de revisão bibliográfica, pesquisou-se em revistas, livros de diversos acervos, acessou-se a artigos na Internet e obtiveram-se dados de cursos e congressos relacionados às áreas de Otoneurologia, Osteopatia, Fonoaudiologia e principalmente da Fisioterapia. Conclui-se que existem abordagens diferentes de acordo com a labirintopatia que o paciente apresenta, sendo os melhores resultados obtidos a partir do diagnóstico preciso e seleção criteriosa do protocolo de exercícios. Palavras-chave: equilíbrio, labirintopatia, reabilitação vestibular. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 V ABSTRACT The human’s postural balance is sure bet for the complex connection of vestibular, visual, proprioception and systems. When a damage ocurres on these informations, the subject has a symptom that produces a compromising state on your quality of life. In this context, it’s very important the physiotherapy action in the vestibular rehabilitation, within exercises’ sets, with the aim of return the balance, prevent a second event, wanting reconnect the subject into the environment, remaking the belief on yourself. It’s important to the physiotherapist’s ability for diagnose the start of the dysfunction, either central or peripheral, because the best effects of therapeutic exercises are obtained with individual sets. The vestibular rehabilitation uses the neural plasticity to develop its adaptation mechanism in the central nervous system, that can be within its accommodation or habituation. The aim of the current study is to emphasize the different kinds of therapy on the vestibular system on labyrinth disease’s treatment, moreover, it provides a kind of research and verification to the interesting subjects on this subject. For this objective, like an article review, it was researched in magazines, several books that are from different locals, internet articles and they provided data of courses and lectures on Ear neurology, Osteopathy, Speech, Language and Hearing Sciences, and especially Physiotherapy. It can be concluded that exists different kinds of treatment according to the patient’s labyrinth disease, and the best results obtained from the exact diagnosis and a criterion selection of the exercises’ set. Key-words: labyrinth disease, balance, vestibular rehabilitation. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 VI SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................................................................VIII 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................... 1 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR .............................................................................. 3 3 EQUILÍBRIO E DESEQUILÍBRIO ............................................................................................................................. 8 3 EQUILÍBRIO E DESEQUILÍBRIO ............................................................................................................................. 8 4 SEMIOLOGIA DO DESEQUILÍBRIO ......................................................................................................................10 5 PATOLOGIAS DO SISTEMA VESTIBULAR PERIFÉRICO.........................................................................13 5.1 DOENÇA DE MÉNIÈRE........................................................................................................................................................13 5.2 VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA BENIGNA (VPPB) .............................................................................................14 5.3 LABIRINTOPATIAS POR DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS...................................................................................................15 5.4 P RESBIVERTIGEM ...............................................................................................................................................................15 5.5 NEURITE VESTIBULAR.......................................................................................................................................................15 5.6 TRAUMATISMOS - FRATURAS DO OSSO TEMPORAL .......................................................................................................16 5.7 DOENÇA DE PAGET ............................................................................................................................................................17 5.8 OTOESCLEROSE ..................................................................................................................................................................17 5.9 OTOTOXIDADE....................................................................................................................................................................17 5.10 LABIRINTOPLEGIA............................................................................................................................................................18 5.11 LABIRINTITE .....................................................................................................................................................................18 5.12 NEUROMA DO A CÚSTICO................................................................................................................................................18 5.13 BAROTRAUMA ..................................................................................................................................................................19 5.14 VERTIGEM CERVICOGÊNICA...........................................................................................................................................19 5.15 FÍSTULA PERILINFÁTICA................................................................................................................................................20 6 DIAGNÓSTICOS DA DISFUNÇÃO VESTIBULAR.............................................................................................21 6.1 EXAME OCULOMOTOR.............................................................................................................................................23 6.1.1 Nistagmo Espontâneo....................................................................................................................................................23 6.1.2 Sistema Visual de Perseguição ....................................................................................................................................23 6.1.3 Alinhamento Ocular.......................................................................................................................................................23 6.1.4 Avaliação Vestíbulo-ocular.........................................................................................................................................23 6.1.5 Estimulação calórica......................................................................................................................................................24 6.1.6 Teste objetivo..................................................................................................................................................................24 6.2 EXAMINANDO A SENSIBILIDADE.........................................................................................................................24 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 VII 6.3 EXAMINANDO A COORDENAÇÃO ........................................................................................................................25 6.4 EXAME DA AMPLITUDE DE M OVIMENTO/FORÇA.........................................................................................25 6.5 EXAME POSTURAL......................................................................................................................................................25 6.6 TESTE POSICIONAL.....................................................................................................................................................26 6.8 EXAME PARA VERIFICAR O EQUILÍBRIO ESTÁTICO ...................................................................................26 6.9 EXAME DAS ALTERAÇÕES SENSORIAIS............................................................................................................26 6.10 EXAME DO EQUILÍBRIO DINÂMICO:.................................................................................................................27 6.10.1 Teste de Duncan et al.................................................................................................................................................27 6.10.2 Prova dos passos de Fukuda.......................................................................................................................................27 6.10.3 Teste de Estrela ............................................................................................................................................................27 6.11 EXAMINANDO A MARCHA ...................................................................................................................................27 7 REABILITAÇÃO VESTIBULAR...............................................................................................................................29 7.1 EXERCÍCIOS DE CAWTHORNE & COOKSE (1946)...........................................................................................34 7.2 EXERCÍCIOS PROPOSTOS POR HERDMAN (1990, 1996) ................................................................................35 7.3 PROTOCOLO DE EXERCÍCIOS ELABORADO NO CONGRESSO DE OTONEUROLOGIA DA SOCIEDADE ITALIANA - BOLONHA (1983)............................................................................................................36 7.4 MANOBRA DE BRANDT & DAROFF (1980) .........................................................................................................37 7.5 MANOBRA LIBERATÓRIA DE SEMONT(1976)...................................................................................................38 7.6 REPOSICIONAMENTO CANALICULAR DE EPLEY (1992) .............................................................................39 7.7 TREINAMENTO VESTIBULAR DE NORRÉ (1988) ............................................................................................40 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................................................44 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 VIII LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR........................................3 FIGURA 2 DISPOSIÇÃO ESPACIAL DOS CANAIS SEMICIRCULARES................4 FIGURA 3 CRISTA AMPULAR..................................................................................4 FIGURA 4 MÁCULA E SUA MEMBRANA SOBREJACENTE...................................5 FIGURA 5 INERVAÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR..............................................6 FIGURA 6 MECANISMOS DE POLARIZAÇÃO E DESPOLARIZAÇÃO...................7 FIGURA 7 CONEXÕES DO SISTEMA VESTIBULAR.............................................11 FIGURA 8 MANOBRA DE BRANDT DAROFF.......................................................37 FIGURA 9 MANOBRA DE SEMONT.......................................................................39 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 1 1 INTRODUÇÃO O homem ao conquistar a verticalização, sobre uma pequena base de apoio fornecida pelos pés, adotou características de um pêndulo invertido. Ele deambula na posição ereta, anda de bicicleta, até mesmo se mantém sobre um skate pela manutenção da posição da cabeça e da visão, sendo tudo regido pelo equilíbrio. O equilíbrio corporal é fundamental no relacionamento espacial do homem com o ambiente. É uma complexa interação entre o sensorial e o motor que nos previne de quedas ao chão, por exemplo, quando o corpo se mantém ereto dentro de um ônibus em movimento. Porém, quando ocorre uma alteração visual, proprioceptiva ou vestibular surgem alterações que caracterizam o desequilíbrio. Se a alteração é de origem vestibular, ocorrem sintomas, que entre outros, a tontura é o mais comum e o que mais afeta a qualidade de vida do indivíduo. Antigamente tratava-se tontura com a secção bilateral do nervo vestibular. Na década de 40, Cawtorne e Cookse introduziram o uso de exercícios como tratamento aos pacientes que apresentavam esse sintoma. Entretanto, apenas recentemente, a Fisioterapia Vestibular tem recebido notável atenção, com a aplicação de programas organizados de Reabilitação Vestibular (RV). Tais programas constituem-se de atividades executadas pelo paciente na clínica e que são repetidas em casa até obter redução do quadro vertiginoso. Entre os protocolos disponíveis para a RV, existem os exercícios de Cawtorne e Cookse, do Protocolo da Associação Italiana de Otologia, de Ganança, de Herdmann, assim também há manobras corporais específicas, como, de BrandtDaroff, de Semont, de Epley, de Norré, ,deixando o controle dos problemas vestibulares mais sofisticado, porém sabe-se da importância de estabelecer o diagnóstico da tontura, uma vez que a mesma pode ter diversidade etiológica que MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 2 incluir um grande número de fatores, com: cardiovasculares, neurológicas, ortopédicas, hormonais, auto-imunes, genéticos, infecciosos, inflamatórios, psicológicos e psiquiátricos. Ganança (1998) sugere o tratamento personalizado para obter melhores resultados na RV, pois cada indivíduo se adapta conforme a situação imposta, levando a uma série de alterações que requerem atenção individualizada vezes, multidisciplinar. e por Neste contexto, se faz presente a necessidade do conhecimento amplo do fisioterapeuta para avaliar, traçar os objetivos e realizar o tratamento, a partir da determinação do diagnóstico. Buscou-se com a efetivação deste trabalho aprofundar o estudo sobre o assunto. Sendo assim, o trabalho de conclusão de curso a seguir tem por objetivos: apresentar a anatomofisiopatologia do sistema vestibular, destacar as diferentes abordagens fisioterapêuticas no tratamento de labirintopatias, além de proporcionar uma forma de pesquisa e consulta aos interessados pelo assunto. Para desenvolvêla, na forma de revisão bibliográfica, pesquisou-se em revistas e livros de diversos acervos, acessou-se a artigos na Internet e obtiveram-se dados de cursos e congressos relacionados às áreas de Otoneurologia, Osteopatia, Fonoaudiologia e principalmente da Fisioterapia. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 3 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR A orelha compreende três compartimentos: orelha externa, média e interna. A interna oculta profundamente no osso temporal, contém um espaço conhecido como vestíbulo, razão do nome SISTEMA VESTIBULAR (COHEN, 2001). Este sistema é o órgão que detecta as sensações de equilíbrio. Compõe-se de um sistema de tubos, ossos e câmaras chamado labirinto ósseo, e dentro dele, um sistema de tubos membranosos chamado labirinto membranoso, a parte funcional do sistema. O membranoso é composto pela cóclea, por três canais semicirculares, pelo utrículo e sáculo (Fig. 1) . A cóclea é a principal área sensorial para a audição e não tem qualquer função no equilíbrio. No entanto, o utrículo, o sáculo e os canais semicirculares são todas partes integrantes do mecanismo de equilíbrio (GUYTON, 1992). FIGURA 1 CONSTITUIÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR FONTE: TAVARES, P.; FURTADO, M.; SANTOS, F.;Fisiologia Humana. Rio de Janeiro: Atheneu, 1984 Os três canais semicirculares conhecidos como canais anterior, são orientados em ângulo reto entre si e posterior e horizontal (Fig. 2) (HAIN; RAMASWANY; HILLMANN, 2002) e de tal maneira que representam os três planos do espaço (GUYTON, 1992). Conectam-se ao utrículo, numa extremidade dilatada MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 4 formando o que se chama ampola, dentro da qual se encontra a crista ampular (EYZAGUIRRÉ; FIDONE, 1977). Nela há um conteúdo gelatinoso, onde penetram os cílios, chamado de cúpula (Fig. 3) (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). FIGURA 2 – DISPOSIÇÃO ESPACIAL DOS CANAIS SEMICIRCULARES FONTE: HAIN; RAMASWAMY; HILLMAN. Anatomia e Fisiologia do Sistema Vestibular Normal. In: HERDMAN, S.J. Reabilitação Vestibular. Barueri: Manole, 2002 .p.09. . FIGURA 3 CRISTA AMPULAR FONTE: BEAR, M.F.; CONNORS B. W.; PARADISO, M.A. Neurociências Desvendando o Sistema Nervoso. 2.ed.Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 389. Quanto ao sáculo e o utrículo, são conectados por um fino tubo e suas áreas receptoras especializadas, são as máculas (COHEN, 2001). Segundo Bear, Connors e Paradiso (2002) a mácula do sáculo está orientada verticalmente a do utrículo horizontalmente (Fig. 1). De acordo com Hain, Ramaswany e Hilmann (2002), o sáculo e o utrículo são importantes na posição da cabeça em relação à gravidade e MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 5 na orientação às acelerações lineares. Enquanto os canais semicirculares participam das acelerações angulares, sendo sensíveis à rotação da cabeça. Parikh e Bid (2002) e Barrows (l996) atribuem para estes o equilíbrio dinâmico enquanto para aqueles o estático. Para captar estas acelerações, tanto nas máculas quanto nas cristas, existe grupos de células sensoriais ciliadas e células de sustentação. A única diferença baseia-se no fato de que as células sensoriais são algo mais altas nas cristas do que nas máculas; a disposição dos cílios é idêntica, o quinocílio, que é um cílio grande, acompanhado de outros menores, os estereocílios. Nas máculas (Fig. 4), sobre os cílios, se encontra a membrana otolítica, chamada assim porque está cheia de pequenos cristais de carbonato de cálcio, os quais são denominados otólitos ou otocônias (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). FIGURA 4 MÁCULA E SUA MEMBRANA SOBREJACENTE FONTE: BEAR, M.F.; CONNORS B. W.; PARADISO, M.A. Neurociências Desvendando o Sistema Nervoso. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 388 As terminações nervosas das células ciliadas das máculas e cristas, neurônios sensoriais bipolares, se unem no gânglio de Scarpa (Fig. 5), onde estão os corpos celulares dos aproximadamente 20.000 axônios que formam o ramo vestibular do VIII par craniano (BEAR; CONNORS; PARADISO, 2002). A partir daí MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 6 FIGURA 5 INERVAÇÃO DO SISTEMA VESTIBULAR FONTE: BEAR, M.F.; CONNORS B. W.; PARADISO, M.A. Neurociências Desvendando o Sistema Nervoso. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 386. seguem pelo conduto auditivo interno junto com o ramo coclear e o nervo facial. Ao sair do conduto, o nervo vestibular atravessa a área do ângulo pontocerebelar e chega ao bulbo, terminando nos núcleos vestibulares localizados no assoalho do IV ventrículo. Os núcleos vestibulares já fazem parte do Sistema Vestibular Central. (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). É importante salientar que toda essa estrutura , o labirinto membranoso, é banhado por líquido interno (endolinfa) e outro externamente (perilinfa). A endolinfa possui elevada viscosidade, densidade específica e apresenta uma baixa concentração de sódio e alta concentração de potássio. A perilinfa ao contrário, possui baixa viscosidade, densidade específica e alta concentração de sódio e uma baixa concentração de potássio. Essas diferenças de concentração são importantes durante a transmissão do movimento (COHEN, 2001). Esta transmissão ocorre graças as células sensoriais do sistema vestibular converterem o deslocamento provocado pelo movimento cefálico em uma descarga neural. O deslocamento de qualquer cílio em direção a quinocílios (Fig. 6), resulta em um potencial excitatório. (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 7 FIGURA 6 MECANISMO DE POLARIZAÇÃO E DESPOLARIZAÇÃO DAS CÉLULAS FONTE: ESPANÀ, R. de; ESCOLÁ, F. Equilíbrio e Vertigens. São Paulo: Americana de Publicações LTDA, 1996. p. 19. Segundo Cook e Woollcott (2003) explicam que pelo fato de os canais de ambos os lado de a cabeça serem aproximadamente paralelos uns aos outros eles funcionam juntos de forma recíproca. Os dois canais horizontais trabalham juntos, enquanto cada um dos anteriores é emparelhado, comum canal posterior no lado oposto da cabeça (Fig 2). Quando o movimento cefálico ocorre em um plano específico para um par de canais, um canal é excitado e o canal emparelhado oposto é hiperpolarizado. Quanto à vascularização, segundo Hain, Ramaswamy e Hillman (2002), a artéria labiríntica supre o sistema vestibular. Sua origem é variável, porém, geralmente é uma ramificação da artéria cerebelar anterior inferior. Ao penetrar no labirinto sofre sucessivas ramificações, contudo o labirinto não tem uma rede anastomótica colateral e é altamente suscetível a isquemia. Apenas 15 segundos de uma cessação seletiva de fluxo sangüíneo eliminam a excitabilidade do nervo vestíbulococlear. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 8 3 EQUILÍBRIO E DESEQUILÍBRIO O equilíbrio é uma função sensória – motora que tem por objetivo estabilizar o campo visual e manter a postura ereta (GANANÇA, 1998). A manutenção do equilíbrio corporal estável no meio ambiente é determinada pela integração funcional das informações provenientes das estruturas sensoriais dos sistemas vestibular, visual e proprioceptivo nos núcleos vestibulares do tronco encefálico, sob a coordenação do cerebelo (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). Sanvito (1972) pormenoriza a obtenção do equilíbrio integrando várias estruturas, a saber: o sistema motor (força muscular, tono muscular, reflexos tônicos de postura); as sensibilidades proprioceptivas (a partir dos músculos, tendões e articulações); o aparelho vestibular (cujos receptores informam ao sistema nervoso central a posição e os movimentos da cabeça); o aparelho da visão (encarregado da percepção das relações espaciais); o cerebelo (encarregado da coordenação muscular). Das estruturas musculares assume particular importância o trato vestibuloespinhal, por presidir a contração tônica dos músculos antigravitacionais e das estruturas cerebelares, o vérmis, por presidir a coordenação da musculatura axial do corpo; ambas as estruturas desempenham papel fundamental na manutenção da posição ereta. Em circunstâncias normais, os sensores promovem um padrão harmonioso de informações que serão processadas em centros inconscientes e automáticos, desencadeando reflexos oculares e espinais adequados. Os principais são os reflexos vestíbulocular (RVO) e o reflexo vestíbuloespinhal (RVE). O RVO origina movimentos oculares que permitem uma visão clara enquanto a cabeça se movimenta e o RVE gera movimentos compensatórios do corpo para manter a estabilidade da cabeça e do corpo, evitando quedas (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 9 Hain, Ramaswamy e Hillman (2002) afirma que RVO estabiliza a visão, enquanto RVE estabilida o corpo durante o movimento cefálico. Maudonnet e Maudonnet (2000) destacam a importância do equilíbrio para o ser humano ao deambular, andar, correr e usar patins, skate ou bicicleta, porém Ganança (1998) alerta que se toma conhecimento da importância do equilíbrio na ausência do mesmo. Quanto ocorre a disfunção vestibular, ela pode ter localização periférica (labirinto e/ou nervo vestíbulococlear) e/ou central (núcleos, vias e inter – relações no Sistema Nervoso Central) (TRASERRA, 1996). Recebe a designação genérica de vestibulopatia os distúrbios do equilíbrio corporal sediados no sistema nervoso vestibular periférico ou central, enquanto que, labirintopatia é a afecção determinada por comprometimento do ouvido interno (labirinto) (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). Quando uma das vias de informação (visão, propriocepção ou aparelho vestibular) falha, as outras devem compensá-la; se falharem duas é praticamente impossível manter o equilíbrio. Esta é a base da clássica prova de Romberg: quando o paciente com lesão vestibular unilateral perde a referência visual, ele se desequilibra em direção ao lado afetado (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 10 4 SEMIOLOGIA DO DESEQUILÍBRIO A principal sensação de perturbação do equilíbrio corporal é a tontura. Pode ser definida como uma percepção errônea, uma ilusão ou alucinação de movimentos, uma sensação de desorientação espacial de tipo rotatória (vertigem) ou não – rotatória (instabilidade, flutuação, oscilação), desequilíbrio e distorção visual (oscilopsia). Pode acometer crianças e adolescentes, mas é mais freqüente em adultos e idosos (SILVA; MOREIRA, 2000). Mais de 40% dos adultos relatam a sua ocorrência em alguma época de suas vidas, é ainda mais comum em indivíduos idosos. O sintoma da tontura é apontado por alguns autores como a queixa mais comum do mundo após os 65 anos de idade, e para os adultos abaixo dos 65 anos de idade perde somente para a cefaléia em termos de prevalência de sintomas (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). O transtorno do equilíbrio de maior freqüência é na forma de rotação, a vertigem, que aparece em certas posições da cabeça ou do corpo (KESHNER, 2002). Ela pode ser aguda, em crise repentina, que pode durar vários segundos, minutos, horas ou dias, geralmente é violenta e acompanhada de manifestações neurovegetativas, como: náuseas, vômitos, sudorese, palidez e taquicardia. Porém, será crônica, em situações intermitentes ou constantes, pode ser leve, moderada ou intensa, incapacitante ou não, causando impacto variável sobre a qualidade de vida do paciente (GANANÇA; CAOVILLA,1998). Mesmo que a localização da vestibulopatia seja periférica ou central, as tonturas são descritas de modo idêntico, mas os sintomas associados podem ser diferentes. Nas síndromes periféricas, a vertigem e outros tipos de tontura podem surgir em combinação com perda de audição, zumbido, sensação de pressão ou MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 11 desconforto no ouvido e manifestações neurovegetativas. Nas síndromes centrais, as tonturas podem coexistir com ataxia, diplopia, paresia ou paralisia facial, disartria, fraqueza, incoordenação de movimentos, distúrbios de motricidade e sensibilidade (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). Quanto às manifestações neurovegetativas, elas são decorrentes de conexões do sistema vestibular com núcleos neurovegetativos (Fig. 7) uma vez que estimulados podem desencadear, entre outros sintomas, sudorese, sialorréia e náuseas (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). FIGURA 7 CONEXÕES DO SISTEMA VESTIBULAR. FONTE: ESPANÃ, R. de; ESCOLÁ, F. Equilíbrio e Vertigens. São Paulo: Americana de Publicações LTDA, 1996. p. 17. Também devido às inter - relações entre o sistema vestibular e diversas áreas do Sistema Nervoso Central, o paciente com tontura habitualmente relata dificuldade de concentração mental, perda de memória e fadiga. A insegurança física conduz à insegurança psíquica, irritabilidade, perda de autoconfiança, ansiedade, depressão ou pânico. Desequilíbrio à marcha e quedas também são comuns, podendo resultar em severos traumatismos corporais (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 12 Em decorrência destas alterações que a afecção labiríntica provoca, na maioria dos casos, deixam os pacientes inseguros e depressivos, levando-os ao isolamento, limitações nas atividades diárias e sociais. Com isso, os mesmos tornam-se dependentes dos familiares necessitando deste apoio até para as atividades simples, comprometendo muitas vezes a dinâmica familiar (POPPER, 2001). Em relação as principais manifestações patológicas dos transtornos vestibulares, do ponto de vista clínico, as mais visíveis, segundo Espanã e Escolá (1996), são o desvio corporal produzido pelo defeito do tônus muscular e o nistagmo. Em condições normais, os músculos oculomotores provocam um deslocamento lento do olho no sentido contrário à rotação do corpo com a finalidade de facilitar a fixação da visão (fase lenta); quando o olho percorreu parte de seu campo visual, faz um movimento brusco de recuperação (fase rápida). Se existe uma alteração vestibular, o nistagmo aparecerá sem relação com os movimentos (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 13 5 PATOLOGIAS DO SISTEMA VESTIBULAR PERIFÉRICO 5.1 Doença de Ménière Flowrens, em 1823, realizando experiências nos canais semicirculares do pombo, verificou que a destruição de um ou mais canais de um mesmo lado causava total desequilíbrio e rotação cefálica no animal. Prosper Ménière, em 1861, ao descrever a enfermidade que tem o seu nome, baseou-se extensamente nos trabalhos de Flowrens para demonstrar que as vertigens provinham do labirinto (ALBERNAZ, 1998). Na época pensava-se que a doença era originária do sistema nervoso central, sendo chamada de “congestão cerebral apopletiforme” (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). Atualmente é definida como doença da orelha interna caracterizada pela hipertensão endolinfática, decorrente da absorção inadequada da endolinfa no ducto e no saco endolinfático (FETTER, 2002). Ela pode ter várias causas, sendo as metabólicas as mais freqüentes. É unilateral na maioria dos pacientes. Os sintomas geralmente começam entre os 20 e 60 anos de idade (CAMPOS, 1998). Um episódio típico é experimentado como uma sensação inicial de plenitude na orelha, seguida de uma característica tríade de crise rotatória – hipoacusia – zumbido, além de distúrbios vegetativos, que persistem por 30 minutos a 72 horas. Gradualmente, os sintomas severos são eliminados e o paciente volta a andar, porém apresentando uma certa instabilidade postural (FETTER, 2002). Segundo Campos (1998), se a doença continua ativa pode provocar destruição do labirinto membranoso , fazendo com que as crises se tornem menos intensas e sendo substituídas por um desequilíbrio constante. A acuidade auditiva também piora progressivamente. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 14 5.2 Vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) Após o paciente assumir uma determinada posição crítica, seguem-se 1 a 5 segundos de latência e, então, ocorre uma marcante sensação vertiginosa acompanhada por manifestações neurovegetativas. Observa-se a presença de nistagmo que inicialmente cresce em amplitude e em seguida decresce, juntamente com os sintomas, até desaparecerem após cerca de 10 a 20 segundos, mesmo que a posição da cabeça seja mantida (FETTER, 2002). A propensão a esses ataques evocados pela posição pode durar semanas, meses ou até anos. É um quadro clínico de incidência freqüente, principalmente após os 40 anos de idade e no sexo feminino (CAMPOS, 1998), sendo considerado o tipo mais comum de vertigem (FETTER, 2002). A etiopatogenia é discutida, pois se atribui tradicionalmente ao que se chama de cupulolitíase, deslocamento de alguns otólitos do utrículo até a cúpula do conduto semicircular posterior; ao adotar determinadas posturas, a pressão sobre a cúpula desencadeia a vertigem. A clínica é a típica crise rotatória, porém, desta vez, de grande intensidade e curtíssima duração, sem manifestações auditivas e sendo relacionada com uma determinada posição da cabeça: é muito típica ao deitar-se. E quanto à evolução, tende a curar-se espontaneamente (FETTER, 2002). Quando acomete crianças, geralmente entre 2 a 12 anos, ela se torna apavorada durante a crise, podendo apresentar quedas. No entanto, volta ao seu estado normal e reassume o que estava fazendo pouco tempo após a crise. Normalmente relatam cefaléias, crises de pânico à noite e apresentam problemas na escola. Freqüentemente são inquietas devido à procura de uma posição de conforto e de segurança (GANANÇA; GANANÇA, 1998). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 15 5.3 Labirintopatias por distúrbios circulatórios Manifestação degenerativa e progressiva do labirinto (tanto anterior como posterior), ocasionada por uma deficiência de irrigação contínua, e etiologia aterosclerótica. À diferença da maioria dos quadros periféricos é bilateral e não se apresenta em forma de crise, senão como uma sensação permanente de instabilidade que às vezes se exarceba, sobretudo com as mudanças bruscas de postura (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). Patologia mais freqüente em adultos e principalmente em idosos. As principais causas são: hipertensão ou hipotensão arterial, arteriosclerose, distúrbios do ritmo cardíaco e hiperviscosidade sangüínea (CAMPOS, 1998). 5.4 Presbivertigem Da mesma forma que a surdez devida ao envelhecimento das células do órgão de corti se define como presbiacusia, alguns autores têm proposto o termo presbivertigem para aqueles transtornos do equilíbrio em idosos, baseando-se em estudos anatomopatológicos que demonstram uma degeneração das células ciliadas do labirinto posterior (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). 5.5 Neurite Vestibular Vestibulopatia unilateral é a segunda causa mais comum de vertigem (FETTER, 2002). Por ser uma manifestação inflamatória do ramo vestibular do VIII par, a crise vertiginosa – totalmente periférica – não se acompanhará, desta vez, de hipoacusia ou qualquer manifestação auditiva. A etiologia é quase sempre viral, por MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 16 isso é importante, ao se interrogar o paciente, perguntar sobre um processo recente com estas características (gripe, estomatites,etc...). Pode ser uma crise única, através da qual se mantém durante uns dias uma sensação de desequilíbrio importante, ou várias crises repetidas de intensidade decrescente. Esta patologia caracteriza um quadro fracamente benigno, que evolui para a cura independente do tratamento. O mais importante é estabelecer o diagnóstico diferencial com a esclerose múltipla, que pode apresentar características vertiginosas similares, mas com um prognóstico muito menos otimista (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). Segundo Ganança e Ganança (1998), quando acomete crianças, comumente o adolescente, também é caracterizada por vertigem súbita e intensa com duração de 24 a 48 horas acompanhada de sintomas neurovegetativos. 5.6 Traumatismos - fraturas do osso temporal Nem sempre se trata de uma fratura autêntica, em certas ocasiões é somente o traumatismo e a chamada comoção labiríntica. Os episódios vertiginosos podem estar relacionados a mudanças posturais e ademais encontramos cefaléias em crise, cansaço visual e transtornos psíquicos como perda de memória, irritabilidade, angústia (síndrome pós comicional). Muitas vezes não há manifestações auditivas propriamente ditas (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). Para Campos (1998), os traumas cefálicos podem produzir desde comoção labiríntica, ocasionando tonturas ou vertigens posturais, até fratura do osso temporal envolvendo a orelha interna e provocando vertigens e surdez intensa. Segundo a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia (2002), os traumas de labirinto apresentam inúmeras causas, sendo os mais freqüentes: agentes penetrantes como, MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 17 projétil de arma de fogo, trauma de crânio, traumas cirúrgicos e penetração de hastes flexíveis ( penetração brusca da haste pode provocar perfuração timpânica além da luxação ou trauma do estribo com aparecimento da fístula na janela oval). Apresentam como sintomas, tonturas pós-operatório, nistagmo espontâneo, sintomas neurovegetativos, zumbidos e hipoacusia. 5.7 Doença de Paget Doença óssea similar a otosclerose, também de etiologia desconhecida, mas com a diferença de que afeta todo esqueleto. Se o labirinto é afetado, pode causar surdez e vertigem (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). 5.8 Otoesclerose O processo de degeneração óssea no labirinto pode afetar também o labirinto membranoso e produzir uma surdez de percepção e transtornos do tipo vestibular. A vertigem apresenta-se em forma de crise, muitas vezes relacionadas a mudanças posturais. Outra forma de vertigem ligada a otosclerose é a de origem iatrogênica; sobrevém de uma intervenção cirúrgica mal resolvida (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996). 5.9 Ototoxidade Vários medicamentos apresentam uma franca ototoxicidade. Os mais conhecidos são os antibióticos aminoglicosídeos, diuréticos, antineoplásicos, antimaláricos, anticoncepcionais, anestésicos, anorexígenos, analgésicos, antipiréticos, antiinflamatórios e drogas de ação cardiovascular (CAMPOS, 1998). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 18 5.10 Labirintoplegia Abolição brusca da função labiríntica em sua totalidade, quer dizer, tanto na zona coclear como vestibular. Como clínica, predomina a manifestação auditiva, também chamada surdez brusca. Desde cedo, o equilíbrio pode chegar a compensar-se, mas a hipoacusia é irreversível, a não ser que se trate de forma enérgica e precoce. De etiologia em alguns casos imprecisos, se atribui a fatores vasculares ou virais (ESPANÃ, ESCOLÁ, 1996). 5.11 Labirintite Segundo Campos (1998) é uma inflamação do labirinto subseqüente a uma otite média. A existência de um processo infeccioso na caixa timpânica é imprescindível para estabelecer este diagnóstico. Na fase aguda, principalmente quando ela é unilateral, o paciente apresenta vertigem intensa, manifestações neurovegetativas e perda auditiva do lado comprometido. Se o processo infeccioso provocou destruição da estrutura labiríntica ocorrerá formação de fibrose e, conseqüentemente, a perda auditiva é irreversível e pode ocorrer seqüela parcial do equilíbrio. 5.12 Neuroma do Acústico Tumor do VIII par do nervo craniano, que nem sempre é fácil de diagnosticálo na fase otológica, antes que afete a zona do ângulo pontocerebelar. caracteriza pela hipoacusia Se e zumbido unilaterais, enquanto a vertigem não MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 19 costuma ser claramente rotatória. Na fase neurológica aparecem sintomas mais próprios desta localização, como cefaléia ou comprometimento de outros pares cranianos (ESPANÃ, ESCOLÄ, 1996). 5.13 Barotrauma Decorrente de viagens aéreas e mergulhos submarinos, são modificações bruscas da pressão atmosférica que podem provocar danos para as orelhas média e interna das pessoas a elas submetidas. Tais indivíduos apresentam desde leve vertigem e desequilíbrio provocados pela alteração pressórica da orelha médias, até disacusia e vertigem intensas, provocadas por fístulas da janela oval ou redonda, ou rotura da membrana intralabiríntica (CAMPOS, 1998). 5.14 Vertigem Cervicogênica Três situações, todas elas não completamente destituídas de controvérsias, tem sido consideradas como podendo determinar a vertigem cervicogênica: • Insuficiência vértebro-basilar (IVB): ocorre por compressão das artérias vertebrais, devido aos osteófitos osteoartríticos ou por instabilidade atlantoocciptal, se encontra como uma das três possíveis causas de vertigem cervicogênica (GANANÇA, 1998). • Síndrome simpática cervical posterior: segundo Gurfinkel et all1 (apud SILVA; SILVA; PEREIRA, 2002), haveria uma irritação do plexo vertebral simpático, o qual 1 GURFINKEL V.S. et all. Is the strecth reflex the main mechanism in the system of regulation of the ertical posture of man? Biofizika, 1974; 19: 744 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 20 provocaria, uma constrição da artéria labiríntica e, conseqüentemente, haveria hipoperfusão do aparelho vestibular periférico associado à vertigem. • Sinais proprioceptivos alterados: ainda Gurfinkel et all (1974), sugere que a região cervical superior tem sido indicada como uma fonte de proprioceptores. 5.15 Fístula Perilinfática Ocorrem nas janelas redonda e oval da orelha média, decorrente da elasticidade patológica do labirinto ósseo. Geralmente o paciente relata um estalido, seguido de vertigem repentina, perda auditiva e zumbido alto. Os sintomas abrandam durante o repouso, mas reaparece durante a realização de atividades, ao espirrar ou ao assoar o nariz (FETTER, 2002). Alguns profissionais da saúde aceitam a premissa de que a região cervical é a fonte geradora da queixa de vertigem. Mas existem outras causas para justificar o fenômeno. Outros problemas podem causar sintomas de tontura e desequilíbrio, tais como a disfunção vestibular periférica, efeito colateral de drogas, hipotensão ortostática, ataques isquêmicos transitórios e síndrome do pânico (SILVA; SILVA; PEREIRA, 2002). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 21 6 DIAGNÓSTICOS DA DISFUNÇÃO VESTIBULAR Primeiramente é importante separar as afecções unilaterais das bilaterais. O sintoma característico das primeiras é a vertigem, resultado da diferença de tônus entre os dois lados do sistema. Quando as lesões são bilaterais, não há diferença de tônus. Nesse caso, o paciente tem instabilidade, ou sensação de não pisar firme no chão, como se estivesse andando sobre espuma de borracha, mas não sente vertigens. Encontra-se pacientes que têm estes últimos sintomas entre as crises, o que significa que existe afecção bilateral e que periodicamente um dos lados exibe uma alteração de função. O segundo aspecto é saber se a alteração é constante ou apresenta flutuações. Na primeira circunstância, em que a diferença de tônus entre os dois lados é sempre a mesma, haverá uma perfeita compensação por parte do Sistema Nervoso Central, que se adapta ao sistema doente fazendo com que os sintomas gradativamente desapareçam. Muitas afecções labirínticas periféricas são autolimitantes, ou seja, os sintomas desaparecem após um período de tempo variável, mas os achados ao exame otoneurológicos quase sempre persiste. No que diz respeito a alterações flutuantes, a compensação é impossível e o paciente tem episódios vertiginosos intensificados nos momentos em que a assimetria se manifesta (ALBERNAZ, 1998). A adequada identificação da vestibulopatia e da sua causa são indispensáveis para a implementação do melhor tipo de tratamento para cada paciente. Deve-se também definir se a disfunção é devida ou não a uma doença primariamente otológica, neurológica ou no contexto da medicina geral (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). Estes mesmos autores destacam a importância da anamnese cuidadosa na formação das hipóteses diagnósticas sindrômica, topográfica e etiológica no MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 paciente com disfunção vestibular. 22 Whitney e Herdman (2002) ressaltam os dados para auxiliar no diagnóstico, através de um questionário que o paciente responde antes da consulta inicial, conforme anexo 1. Também sugerem para medir a intensidade de sintomas como a vertigem e o desequilíbrio, o uso da escala analógica de 0 a 10, semelhante àquela usada na avaliação da dor. Para quantificar as dificuldades que o paciente apresenta devido à vertigem, Whitney (2001) indica O Inventário das Deficiências da Vertigem (IDV) (anexo2), enquanto Whitney e Herdman (2002) afirmam que o IDV é consistente e de alta confiabilidade de teste-reteste (r=97). Em relação à incapacidade que o paciente apresenta, Shepard et al2 (apud WHITNEY; HERDMAN, 2002) sugerem o uso de uma escala (anexo 3). Porém, não existe nenhum estudo publicado que examine a confiabilidade da mesma, embora seja proveitosa para prever o resultado do tratamento. Shepard et al descobriram que os pacientes com incapacidade classificada como 4 ou 5 apresentavam uma reabilitação menos significativa. Oliveira (2002) sugere a avaliação da função vestibular somente se o paciente relatar vertigens ou desequilíbrios, enquanto Whitney e Herdman (2002) indicam uma criteriosa observação, pois o paciente que apresenta hipofunção vestibular evitam certos movimentos que provocam os sintomas, reduzindo seu nível de atividade levando ao descondicionamento físico. 2 SHEPHARD, N. T. Habitation and balance retraining. Neurol Clin 8:459, 1990. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 23 6.1 EXAME OCULOMOTOR 6.1.1 Nistagmo Espontâneo Segundo Whitney e Herdman (2002) o paciente é observado sob iluminação ambiente. Em casos de hipofunção vestibular periférica unilateral, na fase aguda, o paciente apresenta nistagmo espontâneo, sendo que dentro de alguns dias, ocorre suprimento do nistagmo com a fixação visual. 6.1.2 Sistema Visual de Perseguição Pede-se ao paciente que acompanhe um objeto móvel com os olhos, enquanto a cabeça está imóvel. De acordo com Whitney e Herdman (2002) observase a qualidade do movimento ocular. Normalmente na disfunção vestibular ocorre o nistagmo semi-espontâneo, sendo importante interrogar se existe patologia ocular pregressas. 6.1.3 Alinhamento Ocular Na fase aguda de uma perda vestibular unilateral, ocorre alteração de informações otolíticas tônicas de um dos lados. O olho oposto ao lado da lesão fica elevado, fazendo o paciente relatar a diplopia vertical (WHITNEY; HERDMAN, 2002). 6.1.4 Avaliação Vestíbulo-ocular Segundo Oliveira (2003), lentamente vira-se a cabeça de um lado para outro, para cima e para baixo. Whitney e Herdman (2002) complementam que o procedimento deve ser executado de forma passiva, primeiro com movimentos lentos e depois rápidos, imprevisíveis e de amplitude reduzida. Indivíduos com MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 24 déficit vestibular só conseguem manter a fixação do olhar durante a execução dos movimentos lentos, enquanto que nos rápidos fazem sacadas corretivas para mirar novamente o alvo. 6.1.5 Estimulação calórica Permite o teste unilateral da função vestibular. O paciente é colocado em supino e a cabeça ligeiramente endireitada a fim de verticalizar o máximo o conduto semicircular horizontal. Com um conta gotas pinga-se água fria ou quente (30o a 40o) no ouvido do paciente. A resposta esperada é o nistagmo, devido ao resfriamento ou aquecimento dos canais semicirculares, produzindo fluxo de líquido, seguido pelo reflexo vestíbulo – ocular (ESPANÃ; ESCOLÁ, 1996) 6.1.6 Teste objetivo Paciente sentado sobre uma cadeira giratória de olhos fechados. O terapeuta roda o paciente para um lado 5 vezes e pára. Abre os olhos e cronometra o tempo de nistagmo. Aguarda 1 minuto. Roda-o para o outro lado e repete a manobra. Na pessoa normal os tempos de nistagmo são os mesmos. Um paciente com disfunção vestibular apresenta diferença de tempos. (OLIVEIRA, 2003). 6.2 EXAMINANDO A SENSIBILIDADE Como a propriocepção e a visão participam do equilíbrio, justifica-se a importância desta avaliação. Whitney e Herdmann (2002) sugerem testar a propriocepção, a sensação de vibração, a sensibilidade fina e a dor. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 25 Principalmente a cinestesia é testada com movimento de 10 a 15o de um artelho e o paciente deverá perceber a direção do mesmo, enquanto no teste da acuidade visual, não usar distância inferior a 45 cm, pois os idosos apresentam dificuldade de acomodação. A visão monocular levará a dificuldades na percepção profunda e conseqüentemente na subida e descida de escadas.Um tratamento que não considera a perda sensorial pode ser Ineficaz (WHITNEY, 2001). 6.3 EXAMINANDO A COORDENAÇÃO Oliveira (2003) indica o ”Past pointing”, fazendo o paciente tocar o dedo do examinador, em seguida fechar os olhos, elevar o braço acima da cabeça e tocar novamente o dedo do examinador. Deve-se estabelecer a diferença com incoordenação devido à disfunção cerebelar ou espino– cerebelar. 6.4 EXAME DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO/FORÇA Os pacientes nos quais os movimentos cefálicos exacerbam os sintomas, voluntariamente, ocorre a redução da amplitude de movimento minimizar os sintomas. como forma de Por esta razão, Whirtney e Herdman (2002) indicam a avaliação da amplitude de movimento cefálico. Quanto à força, nos idosos, é comum uma fraqueza distal, que pode deixar o paciente suscetível a quedas. 6.5 EXAME POSTURAL Enquanto patologias vestibulares periféricas não afetam a postura, as centrais, provocam anomalias com freqüência. As vistas ântero-posterior e médiolateral das posturas do paciente sentado e em pé devem ser analisadas (WHITNEY; HERDMAN, 2003). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 26 6.6 TESTE POSICIONAL Um dos testes posicionais mais importantes é a Manobra de Hallpike. Devese posicionar o paciente na posição supina, com a cabeça estendendo-se para fora da mesa de exame. Suportar a cabeça do paciente e movê-la para extensão. A seguir rotar e flexionar lateralmente a cabeça para um lado e manter por 15 a 45 segundos. Repetir o teste para o lado oposto (CIPRIANO, 1999). 6.7 EXAME PARA EQUILÍBRIO NA POSIÇÃO SENTADA Pedir ao paciente que encoste os dedos no chão quando está sentado, posteriorizar o tronco, além de lateralizá-lo à direita e à esquerda e verificar se existe dificuldade no equilíbrio (WHITNEY; HERDMAN, 2002). 6.8 EXAME PARA VERIFICAR O EQUILÍBRIO ESTÁTICO Oliveira (2003) sugere o teste de Romberg para vertigens de origem periférica, enquanto Whitney e Herdman (2002) além deste, citam o teste de ficar em pé sobre uma das pernas (PUP) e o teste de Romberg sensibilizado com o pé atrás do outro são, primeiramente com os olhos abertos e depois fechados para testar o equilíbrio estático. 6.9 EXAME DAS ALTERAÇÕES SENSORIAIS Whitney e Herdman (2002) indicam o teste clínico modificado da interação sensorial do equilíbrio (TCISE) na avaliação da fisioterapia. O paciente fica em pé sobre uma superfície de espuma. Se o paciente apresenta alteração vestibular ao MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 27 omitir as informações visuais e com alteração da superfície de apoio perderá o equilíbrio. 6.10 EXAME DO EQUILÍBRIO DINÂMICO 6.10.1 Teste de Duncan et al É um teste de alcance em pé. O indivíduo é instruído a inclinar-se para frente o máximo que conseguir, sem retirar o calcanhar do solo. Com uma fita métrica fazer a mensuração do deslocamento (WHITNEY; HERDMAN, 2002). 6.10.2 Prova dos passos de Fukuda Paciente com seus pés juntos, estica os braços para frente a 900 e vai andar no mesmo lugar por 1 minuto. Indicará a orelha lesada se ele se desviar a mais ou menos 450 (OLIVEIRA, 2003). Os indivíduos normais terão se movido para frente menos de 50 cm e girado menos de 300, enquanto aqueles com déficit vestibular apresentarão uma rotação excessiva (WHITNEY; HERDMAN, 2002). 6.10.3 Teste de Estrela Dá-se 5 passos para frente e 5 passos para trás. Vai e volta 3 vezes para frente e 3 vezes para trás. Se houver problemas ele vai desviar para o lado da orelha atingida (OLIVEIRA, 2003). 6.11 EXAMINANDO A MARCHA A avaliação da marcha pode ser obtida por meio da observação clínica, da análise de fitas de vídeo ou da análise computadorizada do movimento. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 28 Através de fita de vídeo, é um bom recurso para documentação e educação do paciente (HORAK; SHUPERT, 2002). Além da avaliação fisioterapêutica, os pacientes com qualquer tipo de tontura, com ou sem sintomas auditivos, podem ser avaliados por meio de um perfil otoneurológico, composto transtimpânica e/ou de audiometria, audiometria de imitanciometria, tronco encefálico, eletrococleografia nistagmografia computadorizada e auto-rotação cefálica (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). Segundo Zucco, Leite e Przysiez (2003) em seus estudos os pacientes foram avaliados antes de iniciar o tratamento. A avaliação fisioterapêutica constitui uma avaliação funcional, verificação do grau de independência da marcha, estado em que o paciente se encontrava no momento da avaliação, avaliação da força muscular e mobilidade, avaliação postural, avaliação de equilíbrio, propriocepção e coordenação, perguntas relacionadas à vertigem, sobre as crises, problemas auditivos e oculares, e uma avaliação de qualidade de vida do paciente vertiginoso. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 29 7 REABILITAÇÃO VESTIBULAR Uma abordagem terapêutica que vem destacando-se é a reabilitação vestibular (RV). Ela foi criada na Inglaterra em 1946 pelo médico Cawthorne e o fisioterapeuta Cookse; no Brasil, está sendo implantada há duas décadas. Cawthorne e Cookse incentivaram pacientes a movimentarem a cabeça e os olhos em todas as direções, mantendo enquanto sentissem a tontura, tendo apresentado bons resultados. Outras experiências foram observadas por outros autores, nesse mesmo período, sendo aplicadas em pilotos, bailarinos, patinadores e cobaias, todas com êxito (POPPER, 2001). Estudos recentes têm documentado a eficácia do tratamento em uma variedade de vestibulopatias ( ZUCCO, 2003). GANANÇA e CAVIOLLA (1998) descrevem que é possível obter cura completa em 30% dos casos ou diferentes graus de melhora em 80% dos pacientes vertiginosos tratados exclusivamente por meio de exercícios de reabilitação. Porém, é comum uma múltipla abordagem terapêutica personalizada consistindo em um grupo de medidas concomitantes, como o tratamento etiológico, medicação, reabilitação auditiva e/ou vestibular, correção de erros alimentares e orientações de mudanças de hábitos, eventual aconselhamento psicológico, otoneurocirurgia para tentar aliviar ou erradicar os sintomas e sinais da doença em cada caso. Os pacientes vertiginosos tendem a ficar de cama onde eles se sentem protegidos contra as manifestações da tontura, mas, na verdade, quanto maior a movimentação física, melhor para a resolução da vertigem (POPPER, 2001). Estas pessoas tomam atitudes incorretas como abandonar as atividades laborais, domésticas, esportivas, por medo da crise, caminham apoiando-se em objetos e pessoas (ZUCCO; LEITE; PRZYSIEZNY, 2003). MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 O programa características de terapia destes 30 pacientes deve ser baseado nas clínicas e especificamente para o seu tipo particular de distúrbio labiríntico. O tratamento personalizado é orientado pela história clínica e pelos achados otoneurológicos do paciente (POPPER, 2001). Quando se trata de paciente idoso com disfunção vestibular, além dos exercícios específicos de RV para a diminuição dos sintomas ou resolução destes, deve ser realizado exercício de equilíbrio estático e dinâmico, melhorando assim o equilíbrio do paciente e auxiliando na prevenção às quedas, freqüentes nesta fase ( ZUCCO, 2003; ZEIGELBOIM et al, 2003). Mesmo com a diminuição dos sintomas já ocorrentes devido medicação, a reabilitação procura minimizar ou anular os sintomas, restaurar o equilíbrio corporal, normalizar tanto quanto possível às anormalidades vestibulares funcionais, melhorar a qualidade de vida do paciente e evitar possíveis recorrências (POPPER, 2001). Os mecanismos de reabilitação procuram eliminar assimetria entre o sistema vestibular direito e esquerdo elaborando reflexos vestíbulo-oculomotoras e vestibuloespinhais destinadas a manter não só a estabilidade da visão durante os movimentos cefálicos como também o adequado controle postural (GANANÇA; CAOVILLA, 1998). Do ponto de vista da reabilitação, é de suma importância perceber que existem múltiplos mecanismos automáticos de compensação integrados nesses reflexos. É tão notável a capacidade de reparação, que após a remoção da metade do sistema vestibular periférico, através de uma secção unilateral do nervo vestibular, é difícil a observação de evidências clínicas de disfunção vestibular (HAIN; RAMASWAMY; HILLMAN, 2002). Segundo Ganança (l998) e Kesner (2002) os movimentos que compõem os exercícios visam provocar fenômenos fisiológicos que consigam recuperar a orientação espacial, o equilíbrio estático e dinâmico. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 31 Esses fenômenos fisiológicos são chamados de adaptação e envolvem a habituação e a compensação. O mecanismo de adaptação é explicado por Maudonnet e Maudonnet (2000) como sendo um reaprendizado importante para a reabilitação. Em circunstâncias normais, as aferências proprioceptivas são processadas de modo visuais, vestibulares e inconsciente, automático e instantaneamente são produzidos os reflexos adequados na manutenção da postura. Porém, quando existe a disfunção vestibular os estímulos são deficientes, estranhos e anormais o que passa a necessitar de um reaprendizado, ou seja, da adaptação para ajudar o indivíduo a orientar-se no espaço e equilibrar-se de uma maneira mais próxima do normal. A adaptação que se processa através da compensação ocorre nos núcleos vestibulares do tronco encefálico, onde se integra as informações aferentes (GANANÇA, 1998) e a adaptação que ocorre através da habituação é um processo central (HERDMANN, WHITNEY, 2002). Para definir a compensação, que é uma das formas de adaptação, Maudonnet e Maudonnet (2000) relembra a clássica experiência de fisiologia vestibular: destrói-se um labirinto e obtêm-se tonturas e nistagmo espontâneo para o lado oposto. Após algum tempo, a tontura e o nistagmo cessam, sendo este último devido à compensação. Posteriormente, destrói-se o outro labirinto e tudo recomeça para o lado oposto e, depois de algum tempo, tudo desaparece, dando-se novamente a compensação. Os núcleos vestibulares compensam a falta de input vestibular. Então as falhas em um dos labirintos causam uma perturbação nos núcleos vestibulares, que continuam a receber as informações normais do reflexo vestíbulo ocular e do reflexo vestibular espinhal e são os próprios núcleos que vão corrigir este desequilíbrio, através de um fenômeno denominado compensação que faz desaparecer a assimetria entre os dois reflexos labirínticos. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 Ainda Maudonnet e Maudonnet (2000) coordenador e moderador destacam 32 o cerebelo como da compensação através de suas conexões com os sistemas oculomotor, sômato-sensorial, vestibular e a formação reticular onde ocorre a integração dos três sistemas que produzem o equilíbrio. Uma lesão nessas estruturas retarda ou impede a compensação. A outra forma de adaptação ocorre através da habituação, que segundo Herdman (2002), é um processo central, refere-se a uma redução dos sintomas, produzido a partir de uma exposição repetitiva a uma série de exercícios. Ganança (1998) afirma que a habituação tem um papel fundamental no tratamento de vestibulopatias periféricas. A estimulação repetida dos receptores vestibulares produz reações nistagmáticas progressivamente menos intensas até o seu desaparecimento. Maudonnet e Maudonnet (2000) apresenta as seguintes características para a habituação: 1) Aquisição: é manifestada por um declínio progressivo da resposta do reflexo vestíbulo ocular, isto é, repetindo-se várias vezes uma prova rotatória ou calórica padrão, pode-se notar a redução da resposta nistágmica; 2) Retenção: é a persistência de uma modificação da resposta do reflexo vestíbulo ocular após um período de repouso. Baseado no exemplo anterior, seria a manutenção da redução da resposta inicial do teste rotatório ou calórico acima descrito, após ser repetido várias vezes ao dia e por alguns dias seguidos, quando comparadas com as respostas iniciais do primeiro dia; 3) Transferência: é a presença de uma resposta modificada diferente daquela que apareceu durante os estímulos para provocar a habituação. Isto quer dizer que um nistagmo, que sofre uma redução significativa após várias estimulações calóricas durante vários dias, vai-se apresentar também reduzido, em proporção menor, durante as provas rotatórias. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 33 A primeira etapa do tratamento consta em informar o paciente quanto à anatomia e a fisiologia do sistema vestibular e suas alterações para que possa entender a patologia, os objetivos dos exercícios e seus efeitos no órgão vestibular. Essa etapa é importante para diminuir a ansiedade do paciente em relação às causas, conseqüências e crenças a respeito da tontura (POPPER, 2001). Ainda segundo o mesmo autor, as orientações necessárias ao paciente são: 1) Procurar não evitar movimentos corporais. O labirinto precisa de movimento do corpo para retornar seu movimento normal. Evite passar a maior parte do tempo deitado ou sentado; 2) Não suspender exercícios se sentir tontura. No início pode ser pior, melhorando com o passar do tempo; 3) A melhora começa a surgir em média com um mês de treinamento; 4) As crises vertiginosas, embora desagradáveis, usualmente não são graves e não representam risco de vida; 5) A disciplina e a tolerância na execução dos exercícios é fundamental para a melhora. Quanto maior a insistência e regularidade, mais rápida a recuperação. 6) Não sentir medo da tontura, mas enfrentá-la; 7) Atividades esportivas como nadar, jogar tênis, caminhar, jogos de bola favorecem a melhora; 8) Informações como evitar chá, achocolatado, café, álcool e fumo, pois são agentes estimuladores do Sistema Nervoso Central. A nicotina tanto quanto a cafeína são vasoconstritoras, o que interfere na função normal do labirinto. Segundo CAOVILLA e GANANÇA (1998) os objetivos primordiais da reabilitação são: 1) promover a estabilidade visual durante os movimentos da cabeça; 2) melhorar a interação vestibulovisual durante a movimentação cefálica; 3) ampliar a estabilidade postural estática e dinâmica . MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 34 Há uma grande variedade de métodos descritos na literatura pertinente. De acordo com Ganança e Caovilla (1998), Popper (2001), Zucco (2003) e Guzmán et al (2000) os mais empregados apresentam eventuais modificações e adaptações em relação à proposta original dos seus autores. São descritos, a seguir, os protocolos de exercícios, segundo Ganança e Caovilla (1998). 7.1 EXERCÍCIOS DE CAWTHORNE & COOKSE (1946) Indicados originalmente para as vertigens determinadas por disfunções vestibulares unilaterais ou traumatismos cranianos, com o objetivo de reduzir a vertigem e melhorar o equilíbrio do paciente. Podem ser realizados na clínica , individualmente ou em grupo, e em casa, quinze minutos duas vezes ao dia, aumentando gradativamente a sua freqüência e a sua duração, até trinta minutos por sessão. Cada exercício terá 20 repetições, iniciando lentamente e com aumento progressivo da velocidade, obedecendo a seguinte seqüência; 1) Movimento com os olhos estando o paciente deitado: olhar para cima e para baixo; olhar para um lado e para outro; esticar um dos braços, focalizar e acompanhar o movimento da ponta de um dedo que se aproxima e se afasta da face. 2) Movimentos da cabeça continuando com o paciente deitado: curvar a cabeça para frente e para trás, com os olhos abertos; virar a cabeça para um lado e depois para outro lado; realizar esses exercícios com os olhos fechados, quando o paciente estiver melhor do seu quadro vertiginoso. 3) Exercícios na posição sentada: colocar os braços para trás, tentando encostar as escápulas; rodar o tronco para ambos os lados; curvar-se para frente apanhar um objeto no solo e voltar à posição sentada; MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 35 4) Exercícios em pé: a partir da posição sentada, levantar-se com os olhos abertos; repetir com os olhos fechados; passar uma pequena bola de borracha de uma mão para outra, acompanhando-a com os olhos; passar a bola de uma mão para outra, por baixo dos joelhos; 5) Exercícios de movimentação: atravessar a sala, caminhando de olhos abertos e depois fechados; subir e descer a rampa de olhos abertos e depois fechados; subir e descer uma escada, com os olhos abertos e depois fechados. 7.2 EXERCÍCIOS PROPOSTOS POR HERDMAN (1990, 1996) Esses exercícios são indicados para incrementar a adaptação vestibular. Aumentam o ganho do reflexo vestibulocular e a tolerância aos movimentos da cabeça. Podem ser usados no tratamento da hipofunção unilateral. Os procedimentos podem ser realizados com o paciente sentado, quando necessário. Quando realizados de pé, o paciente pode aumentar a base de sustentação e depois, diminuir este alargamento progressivamente, à medida que o equilíbrio melhora. 1) Girar a cabeça 45 graus de um lado para outro, sem parar mantendo o olhar focalizado em palavras num cartão a sua frente, durante um ou dois minutos. 2) Repita rapidamente; 3) Repita novamente, movendo a cabeça para cima e para baixo; 4) Movimente o cartão e cabeça em direções opostas, sem parar, mantendo as palavras em foco durante um ou dois minutos; 5) Repita o exercício anterior, rapidamente; 6) Repita, movendo a cabeça para cima e para baixo; MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 36 7.3 PROTOCOLO DE EXERCÍCIOS ELABORADO NO CONGRESSO DE OTONEUROLOGIA DA SOCIEDADE ITALIANA - BOLONHA (1983) Indicado para pacientes com vertigem crônica de origem periférica, deve ser realizado duas vezes ao dia, em casa, com visitas semanais à clínica, por dois ou três meses. O paciente deve ter um diário em que anota a evolução dos sintomas dia-a-dia. Consta dos seguintes exercícios: 1) Passar rapidamente de sentado para decúbito dorsal e vice-versa; 2) Em decúbito dorsal, passar para o decúbito lateral direito, após para esquerdo; Na posição sentada: 3) Girar a cabeça à direita e à esquerda; 4) Flexionar e estender a cabeça; 5) Passar a decúbito dorsal, girar a cabeça à direita e à esquerda; 6) Olhar para trás e para a direita; 7) Olhar para a direita e para baixo; Na posição em pé: 8) Erguer os braços acima da cabeça, olhando para as mãos; 9) Flexionar o tronco e a cabeça para diante e voltar à posição ereta; Sentado, numa cadeira giratória: 10) Dar duas voltas em sentido horário e depois no sentido anti-horário; 11) Repetir a manobra anterior, fixando um ponto durante a rotação; 12) Repetir as manobras 10, fixando um ponto depois da rotação; ainda o protocolo sugere se a compensação for ineficaz: olhar em várias direções, focalizar um objeto que se move a 30 cm e seguir o movimento de um pêndulo. Exercícios para serem realizados em pé, com os olhos fechados: 1) Colocar um pé adiante do outro; MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 37 2) Flexionar a cabeça para direita, esquerda, frente e atrás; 3) Oscilar para frente e para trás com os joelhos rígidos; 4) Idem ao três na ponta dos pés, sobre o calcanhar, o pé esquerdo, o pé direito; Exercícios para serem realizados em pé, com os olhos abertos: 1) Oscilar para frente e para trás, fixando o olhar numa linha vertical, progredir o exercício para unipodal e após sobre uma plataforma oscilante; 2) Caminhar primeiramente com os olhos abertos, depois fechados, na ponta dos pés, sobre os calcanhares, sobre um colchonete, em círculo e em oito; 3) Com os olhos abertos, levantar-se da cadeira, sentar-se, jogar bola e acompanhar os saltos da bola; 7.4 MANOBRA DE BRANDT & DAROFF (1980) É uma terapia indicada para o tratamento da vertigem postural paroxística benigna. O paciente muda rapidamente de posição sentada para o decúbito lateral que provoca a vertigem, apoiando a região occipital no plano horizontal, para a estimulação dos canais semicirculares posteriores, alvo da reabilitação. Depois de cessar a vertigem, permanecer 30 segundos nessa posição. Após, volta a posição sentada por 30 segundos. Repetir a manobra para o lado esquerdo (Fig. 8). FIGURA 8 MANOBRA DE BRANDT DAROFF FONTE: GANANÇA et al. Manual de Exercícios de Reabilitação Vestibular. São Paulo, 2000. p. 25 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 38 O exercício deve ser repetido de cinco a dez vezes consecutivas com o paciente parando na posição sentada e em seguida repetir de cinco a dez vezes, indo diretamente de um lado para outro sem parar na posição sentada. O paciente é ensinado e praticará os exercícios na clínica, após segue as instruções para serem efetuados em casa, de três em três horas nos primeiros dias e duas vezes ao dia por mais 30 a 60 dias. 7.5 MANOBRA LIBERATÓRIA DE SEMONT(1976) Posteriormente desenvolvida por Semont, Freyss e Vitte (1988) foi planejada para a VPPB unilateral. Identifica-se a posição que provoca a vertigem. Senta-se o paciente com as pernas para fora da maca e deve-se auxiliá-lo na execução dos seguintes movimentos, de forma rápida e contínua, no entanto sem ser abrupta. 1) Posição vertiginosa com a cabeça 45 graus para cima (plano do canal semicircular posterior) nela permanecendo 2 a 3 minutos; 2) Passar rapidamente para a posição sentada e assumir o decúbito lateral contralateral, com a face levemente voltada para baixo, estando a cabeça e pescoço alinhados e permanecer por 5 minutos. 3) Se o paciente não apresentar vertigem, agitar-lhe a cabeça para mobilizar os otólitos, ficar mais 5 minutos nessa posição; 4) Concluir a manobra, sentando lentamente o paciente ( Fig. 9). Orientações ao paciente: Permanecer na posição vertical por 48 horas mesmo dormindo. Evitar a posição que provoca a vertigem por uma semana. O uso do colar cervical auxiliará a imobilização da cabeça, evitando um novo deslocamento de otocônias. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 39 FIGURA 9 MANOBRA DE SEMONT FONTE: Fonte: GANANÇA et al. Manual de Exercícios de Reabilitação Vestibular.São Paulo, 2000. p. 27. 7.6 REPOSICIONAMENTO CANALICULAR DE EPLEY (1992) Esse procedimento foi modificado por Herdman e cols. (1993). Consiste numa única sessão na tentativa de mover otólitos do utrículo que se deslocaram para o canal semicircular posterior. Na posição Hallpike (1952), cabeça pendente virada para um dos lados, o paciente sentirá vertigem e permanecerá por 3 a 4 minutos. A cabeça é movida lentamente, aumentando a sua extensão e girando para o lado oposto. Habitualmente, o paciente também tem tontura nessa nova posição. Em seguida, o paciente girará seu corpo de modo ipsolateral a rotação da cabeça. O terapeuta posiciona o nariz do paciente em 45 graus para baixo. Manter posição por 3 a 4 minutos. Sentar o paciente lentamente devendo não mais sentir tontura. Caso a sinta, repetir imediatamente a manobra. O paciente deverá permanecer 15 minutos na clínica para assegurar que não venha a ter tontura após a manobra. Fazer uso de colar cervical, manter posição ereta por 48 horas. Durante 5 dias evitar deitar do lado afetado. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 40 7.7 TREINAMENTO VESTIBULAR DE NORRÉ (1988) Indicado para todos os tipos de vertigens subaguda e crônica, em particular na vertigem postural. É importante que o terapeuta diagnostique intensidade, tipo, duração da vertigem e sintomas neurovegetativos associados. São exercícios para executar a manobra: 1) Sentado, deitar; 2) Na posição supina, girar o corpo à direita; 3) Na posição supina, girar o corpo à esquerda; 4) Da posição supino à sentada; 5) De pé, girar à direita; 6) De pé, girar à esquerda; 7) Sentado, apoiar o nariz no joelho esquerdo; 8) Sentado, apoiar o nariz no joelho direito; 9) Sentado, girar a cabeça em sentido anti-horário; 10) Sentado, girar a cabeça no sentido horário; 11) Inclinar o tronco para frente; 12) Sentado, ficar de pé; 13) Sentado, mover a cabeça para frente e para trás; 14) Sentado, passar à posição supina e, com a cabeça pendente, girar para a esquerda; 15) Sentar; 16) Repetir o passo 14 e girar à direita; 17) Sentar; 18) Sentado, passar à posição supina, com a cabeça pendente; 19) Sentar; MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 41 O treinamento de Norré é realizado rapidamente com duração de 10 segundos em cada posição. As posições que produzem sintomas são os que devem ser repetidas 5 vezes em casa, 2 ou 3 vezes ao dia, até o desaparecimento dos sintomas. MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 42 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer da realização deste neuroatomofisiopatologia do sistema vestibular ação. Este sistema atua propriocepção trabalho, pesquisou-se a para entender o seu mecanismo de de modo complexo, interagindo com a visão e a para manutenção da posição da cabeça, garantido uma postura adequada e conseqüentemente o equilíbrio do indivíduo. Uma vez instalado algum distúrbio nesse sistema, surgem sintomas que perturbam o equilíbrio corporal, podendo ser vertigem, instabilidade, flutuação, oscilações, desequilíbrio ou distorção visual, afetando a qualidade de vida do paciente. Quanto às patologias vestibulares elas podem ser centrais ou periféricas, sendo estas últimas, nomeadas de labirintopatias. Entre as labirintopatias mais freqüentes destacam-se a vertigem posicional paroxística benigna e a neurite vestibular. De acordo com os estudos analisados no decorrer da pesquisa, verificou-se a existência de abordagens diferentes, de acordo com a etiologia da disfunção. Torna-se indispensável um diagnóstico preciso da patologia para a seleção adequada do protocolo de exercícios que visam à reabilitação vestibular. Esta reabilitação é obtida graças a plasticidade neural. Tanto o paciente pode apresentar uma acomodação dos sintomas espontaneamente, quanto pode ser acelerado o processo, através da Fisioterapia. Também os exercícios podem provocar uma habituação, que reduz o potencial excitatório pós-sináptico. Durante a coleta de dados encontrou-se diversos materiais impressos apresentando uma coletânea de exercícios indicados para reabilitação vestibular, fornecidos por profissionais da saúde a pacientes vertiginosos. A partir da MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 realização dessa revisão bibliográfica questiona-se o tratamento 43 aos pacientes vertiginosos de modo indiferenciado. Portanto, cabe ao fisioterapeuta estabelecer um diagnóstico adequado, julgar as prioridades no tratamento, preconizando o nível final do tratamento que é o retorno a todas as atividades. Diante disso, conclui-se que a seleção do protocolo de exercícios deve ser personalizada de acordo com uma série de fatores, entre eles: disfunção periférica ou central, uni ou bilateral, apresenta tontura ou desequilíbrio, além dos sintomas associados. A otimização do tratamento informações visuais e proprioceptivas. também depende da integridade das MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 44 REFERÊNCIAS ALBERNAZ, P. L. M. Causas das Vertigens e Sintomas Associados. In: GANANÇA, M. M. Vertigem tem cura? São Paulo: Lemos Editorial, 1998. p. 27-35. BARROWS, H. S. 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MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 ANEXOS ANEXO 1 QUESTIONÁRIO PARA SER PREENCHIDO, PELO PACIENTE, ANTES DA CONSULTA INICIAL................................48 ANEXO 2 INVENTÁRIO DAS DEFICIÊNCIAS DA VERTIGEM (IDV)................52 ANEXO 3 ESCALA DE INCAPACIDADE...........................................................55 47 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 48 ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO PARA SER PREENCHIDO, PELO PACIENTE, ANTES DA CONSULTA INICIAL MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 49 Anexo 1 - Questionário para ser preenchido, pelo paciente, antes da consulta inicial. Avaliação inicial: Sim Não Acompanhamento: Sim Não Data:_______________________ Paciente:_______________________________________________________ Data de Nascimento: ____/____/____ Idade: _____________________ Médico que encaminhou e médicos para os quais devemos enviar um relatório (por favor, citar o endereço: _________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Descreva o principal problema ou motivo pelo qual nos procurou: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Quando este problema começou?________________________________________ Você experimenta crises de vertigem (uma sensação de girar)? Sim Não Em caso positivo, quanto tempo estas crises duram? _________________________ Quando foi a última vez que a vertigem ocorreu? ____________________________ A vertigem é: Espontânea Sim Não Induzida pelo movimento Sim Não Induzida por alterações na posição Sim Não Você experimenta uma sensação de perda de equilíbrio? Em caso positivo, esta sensação é: Constante Sim Não Espontânea Sim Não Induzida pelo movimento Sim Não Induzida por alteração na posição Sim Não Piora com o cansaço Sim Não Piora no escuro Sim Não Piora em ambientes abertos Sim Não Piora em superfícies desiguais Sim Não Sim Não Esta sensação de desequilíbrio ocorre quando você está: Deitado Sim Não Sentado Sim Não Em pé Sim Não Caminhando Sim Não Você já caiu no chão ou costuma cair? Sim Não Em caso positivo, por favor,descreva______________________________________ ___________________________________________________________________ Com qual freqüência você cai?___________________________________________ MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 50 Você já se machucou por causa disso? Sim Não Em caso positivo, por favor, descreva _____________________________________ Você costuma tropeçar, cambalear ou “ virar o pé” enquanto caminha? Sim Não Você desvia para um dos lados enquanto está caminhando? Sim Em caso positivo, qual é este lado? Direito Esquerdo Não História Patológica Pregressa Pertinente: Você tem: Diabetes Sim Não Doença Cardíaca Sim Não Hipertensão Sim Não Cefaléia Sim Não Artrite Sim Não Problemas cervicais Sim Não Problema nas costas Sim Não Problemas Pulmonares Sim Não Fraqueza ou paralisia Sim Não Problemas auditivos Sim Não Problemas visuais Sim Não Você já sofreu algum acidente? Sim Não Em caso positivo, por favor, descreva____________________________________ __________________________________________________________________ Quando ele ocorreu?_________________________________________________ Quais medicamentos você toma? ________________________________________ __________________________________________________________________ História Social: Você mora sozinho? Sim Não Em caso negativo, quem mora com você? _______________________________ __________________________________________________________________ Tem escada em sua casa? Sim Não Em caso positivo, quantos degraus? ____________________________________ Você fuma? Sim Não Em caso positivo, por favor, indique quantos cigarros por dia? ________________ Você toma bebidas alcoólicas? Sim Não Em caso positivo, indique quanto_______________________________________ Você tem problemas para dormir? Sim Não A escala abaixo consiste em algumas palavras que descrevem diferentes sensações e emoções. Leia cada item e depois marque a resposta adequada no espaço da palavra. Indique até que ponto você se sente geralmente dessa forma, isto é, como você se sente em média. Use a legenda anexa para registrar suas respostas. 1 ligeiramente, ou não sente 2 um pouco 3 moderadamente 4 consideravelmente 5 extremamente MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 ___interessado ___irritável ___agitado ___forte ___nervoso ___entusiasmado ___angustiado ___alerta ___ativo ___alegre ___envergonhado ___chateado ___inspirado ___hostil ___culpado ___determinado ___orgulhoso ___atento ___assustado Como você poderia descrever o nível das suas atividades funcionais, antes deste problema se desenvolver?____________________________________________ _________________________________________________________________ Condição funcional atual: Você é independente nas atividades de cuidados pessoais? Sim Não Você dirige? Sim Não Você está trabalhando? Sim Não Qual a sua ocupação? ______________________________________________ Você está de dispensa médica? Sim Não Você consegue: Assistir TV confortavelmente: Sim Não Ler: Sim Não Sair para fazer compras: Sim Não Ficar no trânsito: Sim Não Usar o computador: Sim Não 51 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 ANEXO 2 - INVENTÁRIO DAS DEFICIÊNCIAS DA VERTIGEM (IDV) 52 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 53 Anexo 2 Inventário das Deficiências da Vertigem (IDV) Nome:___________________________________________ Data: __/__/__ A finalidade desta escala é identificar dificuldades que você pode estar experimentando, por causa da vertigem e da instabilidade. Por favor, responda “Sim”, “Não” ou “Às vezes” para cada questão. Responda apenas às questões pertinentes ao seu problema com vertigem e a instabilidade. Sim 01 . Quando você olha para cima o seu problema piora? ___ E2 . Você se sente frustrado por causa do seu problema? ___ F3 . Por causa dos seus problemas, você restringe suas viagens de negócio ou lazer? ___ 04 . Quando você caminha num corredor piora o seu problema? ___ F5 . Você tem dificuldade para dormir ou sair da cama por causa do seu problema? ___ F6 . O seu problema restringe significativamente a sua participação em atividades sociais? ___ F7 . Você sente dificuldade para ler por causa do seu problema? ___ 08 . A execução de atividades como esporte, dança e tarefa doméstica aumenta o seu problema? ___ E9 . Você tem medo de sair de casa sozinho, por causa do seu problema? ___ E10. Por causa do seu problema, fica envergonhado na frente de outras pessoas? ___ 011. Os movimentos rápidos da cabeça aumentam seu problema? ___ F12. Você evita lugares altos, por causa do seu problema? ___ 013. O seu problema piora quando você muda de posição na cama? ___ F14. Por causa do seu problema, é difícil executar tarefas caseiras ou jardinagem? ___ E15. Você tem medo de que as pessoas pensem que você está intoxicado? ___ F16. É difícil sair para uma caminhada sozinha, por causa do seu problema? ___ 017. Aumenta o seu problema ao caminhar por uma calçada? ___ El8. Você tem dificuldade para se concentrar, por causa do seu problema? ___ F19. Por causa do seu problema é difícil andar fora de casa no escuro? ___ E20. Por causa da tontura, você tem medo de ficar em casa? ___ E21. Decorrente deste problema, você se sente um deficiente? ___ Não ___ ___ Às vezes ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 E22. O seu problema já lhe causou tensão com familiares ou amigos? E23. Por causa da vertigem você se sente deprimido? E24. O seu problema interfere nos compromissos profissionais e domésticos? 025. Quando você inclina seu corpo para frente seu problema piora? Total: Total: ___________ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ (x2) ___ ___ ___ ___ (x4) (x0) F:______ E: ______ 0: _____ (36) (36) (28) 54 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 ANEXO 3 - ESCALA DE INCAPACIDADE 55 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 56 Anexo 03 Escala da Incapacidade Critério Pontuação Sintomas mínimos........................................................................................................0 Sintomas desagradáveis..............................................................................................1 Cumpre tarefas habituais, mas os sintomas interferem nas atividades externas..................................................................................................2 Os sintomas interrompem a execução das atividades habituais e das externas.........................................................................................3 Atualmente sob dispensa médica ou teve de sair do trabalho por causa dos sintomas.............................................................................4 Incapaz de trabalhar por mais de um ano, ou incapacidade permanente estabelecida, com pagamento de compensação por invalidez.............................................................................................................5 MONOGRAFIAS DO CURSO DE FISIOTERAPIA – UNIOESTE n. 01-2004 ISSN 1678-8265 57