O Brasil é considerado o país de maior biodiversidade do

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O Brasil é considerado o país de maior biodiversidade do
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Capítulo
3
Título
Mudanças Climáticas na Esfera Nacional
(Sub)Seção:
Autores
Autores Principais:
Hilton Silveira Pinto
Autores Colaboradores:
Regina Célia dos Santos Alvalá
Ana Maria H.de Avila
Draft
Primeiro Draft
Versão
01
Nome do
Arquivo
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Data
30/08/2011 / hora
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O Brasil é considerado o país de maior biodiversidade do planeta. Dada a sua dimensão continental
e a grande variação geomorfológica e climática, abriga sete biomas: Amazônia, Cerrado, Pantanal,
Mata Atlântica, Caatinga, Campos Sulinos e o bioma Costeiro (ARAUJO, 2007). Os ecossistemas
que fazem parte do bioma amazônico ocupam cerca de 3,68 milhões de km2, os do Cerrado
abrangem em torno de 2 milhões de km2, os da Mata Atlântica estendem-se por 1,1 milhão de Km2
e os da Caatinga cobrem 736 mil Km2. Conforme destacado por LEWINSOHN e PRADO (2002),
estima-se que, até o início dos anos 2000, tenham sido registradas no Brasil cerca de 200 mil
espécies (Tabela 1). Com base nos grupos taxonômicos mais bem conhecidos, estima-se que o país
possui 13,6% das espécies do mundo e abriga a maior diversidade de mamíferos, contando com
mais de 530 espécies já descritas, e com muitas a serem descobertas e catalogadas ainda (COSTa et
al., 2005).
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Por ser um país predominantemente tropical, e isso tem forte influência em sua biodiversidade. Na
perspectiva ecológica, os trópicos compreendem a região delimitada pela isoterma de 20ºC de
temperatura média anual. Algumas das características peculiares das florestas tropicais, como a alta
diversidade de espécies, alta frequência de polinização cruzada, ocorrência comum de mutualismo,
alto índice de fluxo de energia na cadeia trófica e ciclo de nutrientes relativamente curto
(MONTAGNINI e JORDAN, 2005), impõem enormes desafios à conservação e ao manejo dos
ecossistemas tropicais.
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Segundo ASSAD (2000), as alterações ou até mesmo a destruição dos diferentes ecossistemas
existentes no planeta ou no contexto mais local, no Brasil, seja pela interferência humana ou por
causas naturais, são um dos principais fatores de ameaça à sobrevivência de grande número de
espécies. Ao se destruir um local com características específicas, os seres vivos que o habitam, caso
não se adaptem em outros locais, caminham para um rápido e acelerado processo de
desaparecimento.
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De acordo com FOWLER (1998), a fauna ameaçada no Brasil é de aproximadamente 228 espécies
com risco de extinção, o que corresponde a aproximadamente 6% do total de animais ameaçados no
mundo. Com relação às plantas, o IBAMA destaca que aproximadamente 100 espécies estão
ameaçadas de extinção.
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Tabela 1: Estimativas ou contagens do número de espécies descritas no Brasil e no mundo
(simplificado a partir de Lewinsohn e Prado, 2002)
Reino/Filo
Brasil conhecido
Mundo conhecido
Virus
250 a 400
3600
Monera
1100 a 1350
4760
- “Bactéria”
300 a 450
4200
- Mycoplasma
4a7
60
- Cyanophycota
800 a 900
3100
Fungi
12500 a 13500
70500 a 72000
Stramenopila
141
760
Protista
7000 a 9900
75300
Plantae
45300 a 49500
264000 a 279400
- Bryophyta
3100
14000 16600
- Pteridophyta
1200 a 1400
9600 a 12000
- “Gymnospermae”
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40000 a 45000
240000 a 250000
Animália
113000 a 151000
1287000 a 1330000
- “Invertebrados”
107000 a 145000
1236000 a 1287000
- Chordata
6200
41400 a 42200
- Pisces
2811
23800
- Amphibia
600
4220
- Reptilia
468
6460
- Aves
1677
9700
- Mammalia
524
4650
Total
179000 a 226000
1706000 a 1766000
- Magnoliophyta
(Angiospermas)
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Existem muitos fatores que, segundo ASSAD (2000), podem ser apontados como causadores da
destruição da diversidade biológica, tais como incremento da demanda por recursos biológicos,
derivado do crescimento populacional e do desenvolvimento econômico; crescimento urbano
acelerado; falta de conscientização por parte da população das consequências de suas ações sobre o
meio ambiente a longo prazo; incremento das migrações humanas, das viagens e do comercio
internacional, sem o devido preparo para a conservação dos recursos naturais; perda irreversível de
inúmeras espécies devido à destruição acelerada dos habitats, resultante da expansão populacional e
de suas atividades; desconhecimento, por parte dos mercados, do valor real e atual da
biodiversidade; incapacidade, em nível local, de conhecer e aplicar métodos de valorização da
biodiversidade; uso inadequado de tecnologias que afetam diretamente o meio ambiente; ausência
de avaliações sistemáticas das consequências do uso de tecnologias e seus impactos no meio
ambiente; ausência de políticas governamentais claras para regulamentar o acesso e o uso dos
recursos genéticos.
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O principal exemplo de destruição e perda dos habitats no Brasil está relacionado ao desmatamento
e degradação da Mata Atlântica, que vem ocorrendo há vários séculos, tendo-se acentuado na
década de 50, principalmente devido a fatores como a industrialização e à agricultura extensiva.
Antigamente, a Mata Atlântica estendia-se por quase todo o litoral brasileiro, cobrindo praticamente
12% do território nacional, desde o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte. Segundo
ASSAD (2000), o consenso geral é que, baseado em estudos de diversos autores, a deterioração da
Mata Atlântica ultrapassou 90%, o que representou uma destruição de diversos habitats existentes,
levando ao acentuado deterioramento da diversidade biológica desta região.
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Regiões do Brasil como a Mata Atlântica e o Cerrado são denominados hotspots, pois, conforme
definido por MYERS (1988), são áreas que concentram altos níveis de biodiversidade e que estão
ameaçadas no mais alto grau. Além destas duas regiões, o Brasil também conta com três Grandes
Regiões Naturais (GRN) que são Amazônia, Pantanal e a Caatinga (CI-BRASIL, 1999).
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Segundo VILAS BOAS e DIAS (2010), o bioma cerrado, em meados dos anos 80, começou a ceder
lugar para as plantações de soja e está desaparecendo rapidamente. Segundo a fundação
BIODIVERSITAS (2009), 112 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de
extinção. Para KLINK e MACHADO (2005), tanto a degradação do solo e dos ecossistemas
nativos, quanto a dispersão de espécies exóticas, são as maiores ameaças à biodiversidade.
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A região Amazônica tem 81 espécies de macacos, das quais 69 (85%) são endêmicas, “a
diversidade vai do pequeno sagüi-leãozinho e o recentemente descoberto sagüi-anão, que pesam
respectivamente 120 e 150 g, até o uacari e o macaco aranha, que pode exceder os 7 kg” (CI BRASIL, 2003, p. 15). Outras importantes espécies, altamente ameaçadas nesta região, estão o
peixe-boi da Amazônia, a ariranha e, dentre as aves, o grupo mais importante é o das araras,
papagaios e seus parentes.
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O Pantanal é a mais vasta planície inundável do mundo e grandes extensões deste ecossistema ainda
se encontram inabitadas ou com baixíssima ocupação e em excelentes condições de conservação.
De acordo com ALHO (2008), o Pantanal é um sistema dinâmico, formado pelo complexo de níveis
de inundação, nutrientes e biota. A vegetação compreende 1.863 espécies de plantas fanerógamas
que ocorrem no Pantanal e 3.400 que se distribuem na Bacia do Alto Paraguai, além de 250
espécies de plantas aquáticas. A complexa cobertura vegetal e a produtividade sazonal do Pantanal
dão suporte ecológico para uma fauna diversa e abundante, isto é, 263 espécies de peixes, 41 de
anfíbios, 113 de répteis (177 para a Bacia), 463 de aves e 132 de mamíferos. Entre as muitas
espécies ameaçadas de extinção estão a Panthera onca. ALHO (2008) também ressalta que as aves
aquáticas são excepcionalmente abundantes na estação seca e que a análise das causas/origem das
ameaças ambientais à biodiversidade indica que 17% do Pantanal e 63% do Planalto do seu entorno
sofreram perdas e modificações de hábitats naturais devido à pecuária e agricultura não
sustentáveis, mineração, contaminação ambiental (incluindo contaminação por mercúrio, pesticidas
e esgoto urbano), turismo não sustentável, fogo, mudanças no fluxo das nascentes de rios, erosão,
ação de conservação deficiente, com implementação ineficiente da legislação ambiental. Segundo
VILAS BOAS e DIAs (2010), as ariranhas, apesar de algumas populações terem se recuperado em
áreas onde estavam praticamente extintas, sãos animais que continuam com o desafio de conseguir
restabelecer-se em sua área de distribuição geográfica original. Neste grande ecossistema
encontram-se ainda vários outros animais muito conhecidos como: as onças pintadas, o lobo-guará,
a anta, o tamanduá-bandeira, o jacaré, a arara-azul e ainda o tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, dentre
outros animais (CI - BRASIL, 2003).
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A Caatinga é considerada uma exceção no cenário da América do Sul, por ser uma região semiárida única, cercada por outros ecossistemas florestais As espécies mais importantes da região são
duas araras altamente ameaçadas. A arara-de-lear, parecida com a arara-azul, tendo sido encontrado
apenas 150 indivíduos na natureza, apesar dos esforços da Fundação Biodiversitas que tem
contribuído para a proteção da espécie, no Estado da Bahia. A outra espécie da Caatinga é a
ararinha-azul, uma das aves mais ameaçadas do mundo (CI - BRASIL, 2003).
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Um dos principais instrumentos para a conservação e o manejo da biodiversidade é o
estabelecimento de áreas protegidas, dentre elas, as conhecidas Unidades de Conservação (UC´S),
as quais foram criadas no Brasil durante o final dos anos 30. O grande impulso na criação das UCs
foi dado na década de 60, quando, já com o código florestal, houve a institucionalização do
instrumento de área protegida/Unidade de conservação, fazendo com que essas unidades
alcançassem determinados objetivos nacionais de conservação, com cada UCs cumprindo um papel
local.
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Com o aquecimento global, algumas regiões do Brasil poderão ter seus índices de temperatura e
chuva aumentados e em outras, diminuídos. Junto com a mudança ou não dos padrões anuais de
chuva, mesmo onde não houver aumento ou diminuição do total anual de chuva, estas poderão ser
mais intensas e acompanhadas de temporais severos.
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Alguns estudos foram realizados no sentido de identificar alterações nos ciclos naturais que podem
estar relacionados com as mudanças climáticas, entretanto não existem muitos estudos sobre
variabilidade de longo prazo e extremos de tempo e clima no país. Alguns estudos foram feitos para
regiões específicas ou incluindo a América do Sul. Um dos desafios que dificulta o andamento
desse tipo de trabalho tem sido a falta de informação meteorológica de boa qualidade em séries
completas de longo prazo.
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Para a Amazonia, CHU et al. (1995) mostraram um aumento sistemático da convecção sobre o
norte dessa região desde 1975, que poderia indicar um aumento de chuva na região. Em outras
bacias do Sudeste do Brasil, os registros do rio Paraíba do Sul em Resende, Guaratinguetá e
Campos (MARENGO e ALVES, 2005), do rio Parnaíba em Boa Esperança (região Sudeste); e do
São Francisco em Juazeiro (região Nordeste), apresentam tendências hidrológicas nas vazões e
cotas que não são consistentes com uma redução ou amento na chuva nas bacias, indicando que é
pouco provável que o clima esteja mudando significativamente nestas regiões (MARENGO et al.,
1998, MARENGO e ALVES, 2005).
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MARENGO e CAMARGO 2008, estudando as temperaturas máximas e mínimas no sul do Brasil
durante o período 1960-2002 encontraram um aquecimento sistemático da região sul, detectando
tendências positivas na temperatura máxima e mínima a níveis anual e sazonal. A amplitude térmica
apresenta tendências negativas fortes neste período, sugerindo que as tendências na temperatura
mínima são mais intensas que as máximas, especialmente no verão. Isto também foi detectado por
GONÇALVES et al. (2002) para São Paulo. Porém estas análises de temperaturas máximas e
mínimas não estabelecem se o verão pode ter dias ou noites mais quentes, ou se o inverno pode ter
menos noites frias. Porém, as análises de MARENGO e CAMARGO (2008) sugerem que o
aquecimento observado parece ser mais intenso no inverno em comparação ao verão, e
possivelmente devido ao aumento de numero de dias quentes em inverno.
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Impactos de ondas de frio vêm sendo identificados desde o fim do século XIX, pelas estatísticas de
produção de café nas plantações do sul do Brasil. Em estudo e variabilidade climática de longo
prazo na região foi observado que a quantidade de ondas de frio diminuiu com o tempo, mas isso
não garante que a qualquer momento uma onda forte de frio possa afetar a região,
independentemente de terem passado poucas frentes frias, e as temperaturas do inverno na região
mostram tendência de elevação. Em 106 anos, de 1890 a 1996, foram registrados 18 eventos graves
de congelamento que danificaram a produção do café. Destas, 5 foram consideradas catastróficas.
Das 27 geadas que atingiram as regiões cafeicultoras nos últimos 100 anos, 7 ocorreram em Junho e
12 em Julho. Agosto teve 5 geadas no último século, portanto não se pode desprezar o perigo
durante esse mês (MARENGO E ROGERS, 2001)
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GROISMAN et al. (2005) identificaram tendências positivas de aumento sistemático de chuva e de
extremos de chuva na região subtropical, no Sul e no Nordeste do Brasil. Eles afirmam que o
Sudeste do Brasil tem mostrado aumento sistemático na freqüência de chuvas intensas desde 1940.
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XAVIER et al. 1994 estudando a variabilidade da precipitação diária na cidade de São Paulo
durante o período 1933-1986 encontraram aumento no volume diário de chuva acima de 30 mm
entre os meses de fevereiro e maio. Segundo os autores, o efeito urbano pode ter contribuído para a
mudança na distribuição da intensidade da precipitação.
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HAYLOCK et al. (2006) estudando a Região Sul do Brasil juntamente com outros países vizinhos
da América do Sul, período de 1960-2000 encontraram tendências positivas nos índices de
precipitação, sugerindo que houve aumento na intensidade e freqüência de dias com chuva intensa.
Também para o Sul do Brasil, TEIXEIRA (2004) identificou uma ligeira tendência de aumento no
número de eventos extremos de chuva naquela região.
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Outro estudo analisando tendências em extremos anuais de chuva para e Região Sul, incluindo
Paraguai, Uruguai e centro-norte da Argentina desenvolvido por ALEXANDER et al. (2005)
identificou tendências positivas no número de dias com chuva intensa e na quantidade de chuva
concentrada em eventos chuvosos e muito chuvosos, entre os anos de 1961 e 2000.
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Em 27 de março de 2004 uma tempestade inicialmente classificada como ciclone extratropical
atingiu a costa sul do Brasil, com chuvas fortes e ventos estimados em cerca de 150 km/h, matando
11 pessoas no continente e no oceano e causando destruição em dezenas de municípios. Foi o
primeiro furacão de que se tem notícia no país e recebeu o nome de Catarina, pelo Centro
meteorológico regional, por ser o Estado de Santa Catarina, o mais atingido. Alguns estudos
indicam que o aumento da temperatura das águas oceânicas estaria tornando mais intensos esses
fenômenos, mas ainda há incertezas quanto a real influência do aquecimento global em mudanças
na freqüência de furacões e tufões e em sua ocorrência em locais onde não eram observados
(WEBSTER et al 2005; MARENGO e NOBRE, 2005).
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As análises de extremos de chuva e temperatura apresentados nos trabalhos de VINCENT et al.
(2005), HAYLOCK et al. (2006) e ALEXANDER et al. (2006) para América do Sul apresentam
uma visão de aquecimento e de intensificação de eventos extremos de chuva, ainda que as
mudanças de extremos de chuva sejam menos coerentes que as mudanças na temperatura do ar
(MARENGO e CAMARGO 2008).
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Foi verificado um aumento de vazão nos rios Paraguai, Uruguai e no Paraná, a partir da década de
1970. Esses rios formam a Bacia do Prata. O aumento da vazão pode ser devido ao aumento na
pluviosidade ou devido a fatores, como desmatamento e agricultura. Com essas mudanças,
aumentou a produtividade agrícola na região e, com o maior volume de água nos rios aumentou a
produtividade das usinas hidrelétricas, como Itaipu.
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TEIXEIRA (2004) identificou uma ligeira tendência de aumento no número de eventos extremos e
chuva, com maiores freqüências em anos como 1993-94 e 1997-98, que são anos de El Niño.
GRIMM e PSCHEIDT (2001) explicam que no sul do Brasil durante anos de El Niño (La Niña) se
observa um aumento (diminuição) do número de eventos extremos de chuva no mês de novembro
em relação aos anos normais. No período analisado por eles (1963-92), nove eventos El Niño e seis
eventos La Niña aconteceram, e 15 anos foram normais. Foram detectados 36 eventos extremos de
chuva durante novembro de anos El Niño, três durante La Niña e 23 em anos normais. A influência
do El Niño na freqüência de eventos extremos também se estende a outras regiões e épocas do ano.
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Outro fenômeno que parece coincidir com anos de El-Niño é o branqueamento de corais (Glynn
1990). O branqueamento extensivo pode causar a morte em massa dos corais resultando na
degradação do ecossistema recifal, devido à perda da sua cobertura viva, da sua biodiversidade e da
diminuição do crescimento linear dos corais (GOREAU e MACFARLANE, 1990; GLYNN, 1993).
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Segundo GOREAU & HAYES (1994), anomalias de 1oC de temperatura das águas superficiais do
Oceano por mais de 6 semanas pode provocar o branqueamento de coral (Wilkinson et al. 1999).
Este valor foi atingido, no ano de 2003, em Abrolhos, na área de Tinharé - Boipeba e no litoral
norte do estado. Valores iguais a 0,75oC foram obtidos, no ano de 2003, na Baía de Todos os
Santos (BTS) e na região de Camamu, e nos anos de 2001, 2002 e 2005, na região de Abrolhos. No
ano de 2005, anomalias com valor de 0,50oC ocorreram nas regiões de Tinharé-Boipeba, PortoSeguro e Baía de Todos os Santos. Nos anos de 2000 e 2004, as anomalias da temperatura da água
tiveram valores máximos de 0,25oC nas regiões de Tinharé-Boipeba e de Abrolhos.
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O ciclo anual de eventos extremos de chuva no sul do Brasil mostra que estes eventos mais
freqüentes na primavera e outono (TEIXEIRA, 2004). LIEBMANN et al. (2004) mostraram que em
São Paulo, na escala interanual, o número de eventos extremos de chuva mostra correlação com
anomalias de Temperatura da Superfície do Mar no Pacífico Tropical e no sudeste do Atlântico
próximo ao litoral de São Paulo.
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A variabilidade da precipitação diária na cidade de São Paulo durante o período 1933-1986
(XAVIER et al. 1994) mostra fraca tendência de aumento de precipitação mensal nos meses de
fevereiro e maio, acumulações diárias superiores a 30 mm aumentaram nos meses de fevereiro e
maio e acumulações diárias inferiores a 2 e 5 mm diminuíram de forma mais significativa em
fevereiro, mas ocorrem também em outros meses do ano. Para o caso da cidade de São Paulo, é
possível que o efeito urbano tenha contribuído significativamente para a mudança na distribuição da
intensidade da precipitação (XAVIER et. al 1992).
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O Brasil chegou ao final do século XX como um país urbano: em 2000 a população urbana
ultrapassou 2/3 da população total, e atingiu a marca dos 138 milhões de pessoas. Os fenômenos
climáticos podem influenciar a saúde humana de forma direta ou indireta. Especialmente em zonas
urbanas, efeitos diretos, tais como tempestades e inundações –– que provocam mortalidade por
afogamento, deslizamentos de terra e desabamentos de prédios ou por extremos de temperatura
como ondas de calor. Efeitos indiretos, sendo mediado por alterações no ambiente, como a alteração
de ecossistemas e de ciclos biogeoquímicos, por perda na produção agrícola e conseqüentemente
impacto nutricional, queda nos padrões de higiene pessoal e ambiental e também como
determinante de fenômenos demográficos (THOMPSOn e CAIRNCROSS, 2002). Enchentes ou
secas afetam a qualidade e o acesso a água e podem favorecer a incidência de doenças infecciosas
como leptospirose, hepatites virais, doenças diarréicas e doenças não-transmissíveis, que incluem a
desnutrição e doenças mentais.
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As flutuações climáticas sazonais produzem um efeito na dinâmica das doenças vetoriais como, por
exemplo, a maior incidência da dengue no verão e da malaria na Amazônia durante o período de
estiagem. Isto é observado em anos considerados “normais” e está associado à formação de um
grande número de criadouros temporários favoráveis à proliferação dos mosquitos vetores
(CONFALONIERI, 2005; CONFALONIERI e MARINHO, 2007).
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Queimadas e os efeitos de inversões térmicas que concentram a poluição, impactando diretamente
influenciam a qualidade do ar, principalmente nas áreas urbanas agravando as doenças respiratórias.
Também, as alterações de temperatura, umidade e o regime de chuvas podem aumentar os efeitos
das doenças respiratórias, assim como alterar as condições de exposição aos poluentes atmosféricos.
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As características físicas e químicas dos poluentes e as características climáticas como temperatura,
umidade e precipitação definem o tempo de residência dos poluentes na atmosfera, podendo ser
transportados a longas distancias em condições favoráveis de altas temperaturas e baixa umidade.
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Em áreas urbanas, a presença de poluentes atmosféricos associados a eventos meteorológico como
inversões térmicas podem agravar a asma, alergias, infecções bronco-pulmonares e infecções das
vias aéreas superiores (sinusite), principalmente nos grupos mais susceptíveis, que incluem as
crianças menores de 5 anos e indivíduos maiores de 65 anos de idade.
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A maioria dos estudos relacionando os níveis de poluição do ar com efeitos a saúde foram
desenvolvidos em áreas metropolitanas, incluindo as grandes capitais da Região Sudeste no Brasil,
mostram associação da carga de morbimortalidade por doenças respiratórias, com incremento de
poluentes atmosféricos, especialmente de material particulado (SALDIVA et al., 1994; GOUVEIA
et al., 2006). O tamanho da partícula, superfície e a composição química do material particulado
determinam o risco para a saúde humana que a exposição representa a esse agente
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As emissões gasosas e de material particulado para a atmosfera derivam principalmente de veículos,
indústrias e da queima de biomassa. No Brasil, as fontes estacionarias e grandes frotas de veículos
concentram se nas áreas metropolitanas localizadas principalmente na Região Sudeste, enquanto a
queima de biomassa ocorre em maior extensão e intensidade na Amazônia Legal, situada ao norte
do pais.
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Variáveis como idade, perfil de saúde, resiliencia fisiológica e condições sociais contribuem
diretamente para as respostas humanas relacionadas as variáveis climáticas (MARTINS et al.,
2004). Fatores que aumentam a vulnerabilidade dos problemas climáticos são uma combinação de
crescimento populacional, pobreza e degradação ambiental (IPCC, 2007).
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Os riscos associados as mudanças climáticas globais não podem ser avaliados em separado desse
contexto. Ao contrario, deve-se ressaltar que os riscos são o produto de perigos e vulnerabilidades,
como costumam ser medidos nas engenharias. Os perigos, no caso das mudanças globais são dados
pelas condições ambientais e pela magnitude de eventos. Já as vulnerabilidades são conformadas
pelas condições sociais, marcadas pelas desigualdades, as diferentes capacidades de adaptação,
resistência e resiliencia. Uma estimativa de vulnerabilidade das populações brasileiras apontou o
Nordeste como uma região mais sensível a mudanças climáticas devido aos baixos índices de
desenvolvimento social e econômico (CONFALONIERI, 2005).
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Essas avaliações são baseadas no pressuposto de que grupos populacionais com piores condições de
renda, educação e moradia sofreriam os maiores impactos das mudanças ambientais e climáticas.
No entanto, como ressalta GUIMARÃES (2005), as populações mais pobres nas cidades e no
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campo têm demonstrado uma imensa capacidade de adaptação, uma vez que já se encontram
excluídas de sistemas técnicos.
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No que concerne a população, aqueles com menos recursos e que têm menor capacidade de se
adaptar são os mais vulneráveis. O estudo desenvolvido pelo Núcleo de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República em 2005 (NAE 2005a,b) sugere que o Nordeste é a região mais
vulnerável a mudanças climáticas. O semi-árido Nordestino que apresenta curta, porém
crucialmente importante estação chuvosa no clima presente, poderia, num clima mais quente no
futuro, transformar-se em região árida. Isto pode afetar a agricultura de subsistência regional, a
disponibilidade de água e a saúde da população, obrigando as mesmas a migrarem para outras
regiões.
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Desde meados dos anos 70, passou-se a reconhecer que alterações da cobertura da terra modificam
o albedo de superfície e, portanto, as trocas de energia entre a superfície e a atmosfera, as quais têm
impacto sobre o clima local e regional. Apesar dos homens terem modificado a terra para obtenção
de alimentos e outros itens essenciais ao longo de milhares de anos, as taxas atuais, extensões e as
intensidades de LUCC vêm aumentando, o que conduz às mudanças nos ecossistemas e processos
ambientais em escalas local, regional e global (ELLIS, 2010). Portanto, o monitoramento e a
avaliação das consequências negativas da LUCC, juntamente com a produção sustentável de
recursos essenciais, tornaram-se uma grande prioridade para pesquisadores e formuladores de
políticas públicas.
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Particularmente no Brasil, a exploração de suas florestas segundo GOLDEWIJK e
RAMANKUTTY (2004), iniciada na era da colonização pelos europeus, começou com as
plantações de borracha ao longo da costa Atlântica e, em seguida, teve inicio o cultivo de cana de
açúcar. O maior desmatamento destrutivo na América do Sul associou-se à derrubada das florestas
de araucária no sul do Brasil, cuja extensão original era de aproximadamente 25 milhões de
hectares e, atualmente restringe-se a apenas 445 mil ha. Principalmente para fins agrícolas, a maior
parte da madeira era simplesmente queimada. A exploração nos primórdios da colonização era
ineficiente e destrutiva e os pioneiros foram em direção às florestas, o que resultou, conforme
destacaram os autores, em perturbação na bacia de drenagem do Rio Iguaçu, PR, que foi perturbada
em razão das atividades de desmatamento, a tal ponto de não mais permitir a navegação. A
introdução de culturas de rendimento acrescentou pressão extra sobre as áreas de floresta
remanescentes no Brasil. Três milhões de hectares de florestas foram convertidos em plantações de
café durante o século XIX. A exploração madeira foi iniciada um pouco mais tarde, como um
empreendimento econômico valioso. A conversão maciça de terras para a criação de gado, em larga
escala, ocorreu especialmente durante as últimas décadas do século XX. Grandes projetos de
infraestrutura, como a Rodovia Transamazônica, implicaram na abertura de áreas de floresta
tropical intocada, muitas vezes seguida da disseminação de colonos em terras de pousio. Ainda,
conforme destacado por GOLDEWIJK e RAMANKUTTY (2004), entre 1850 e 1985, cerca de 370
milhões de ha de florestas na América Latina foi convertida em outros usos da terra, sendo a maior
parte dela para expansão de pastagens (44% para pecuária), áreas de cultivo (25%), terras
degradadas (20%) e agricultura itinerante (10%).
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Concernente à floresta amazônica, esta, segundo FEARNSIDE (2005), manteve-se intacta até 1970.
O desmatamento iniciou a partir da construção da Transamazônica, com taxas que têm variado ao
longo dos anos. Atualmente, o Brasil conta com dois sistemas para monitoramento do
desmatamento, ambos desenvolvidos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), isto é,
um programa que calcula o desmatamento anual (PRODES) e detecta exclusivamente
desmatamentos tipo “corte raso”, superiores a 6.25 ha; e um sistema para a detecção do
desmatamento em tempo real (DETER), que permite identificar de maneira mais rápida onde está
ocorrendo o desmatamento, este baseado em dados do sensor MODIS do satélite Terra/Aqua e do
sensor WFI do satélite CBERS, de resolução espacial de 250 m. Portanto, o DETER mapeia áreas
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de corte raso e também áreas em processo de desmatamento por degradação florestal. A taxa de
desmatamento estimada pelo INPE, para o período de agosto de 2009 a agosto de 2010, foi de 6.451
km2 enquanto, pelo sistema DETER, 224,94 km² da floresta sofreu corte raso ou degradação
progressiva no mês de julho de 2011. Todos os dados monitorados pelo INPE podem ser vistos em
http://www.obt.inpe.br. As florestas são derrubadas por várias razões, incluindo exploração
madeireira seletiva, conversão de áreas de cerrado em áreas agrícolas (por exemplo, cultivo de
soja), abandono e rebrota das florestas; porém, predomina o desmatamento para a pecuária, cujo
lucro com os bovinos de corte é uma importante fonte de renda, conforme destacado em
FEARNSIDE et al. (2009). A degradação resulta da exploração madeireira, incêndios florestais e os
efeitos da fragmentação, o que contribui para a perda de biodiversidade, alterações dos ciclos
hidrológico, biogeoquímico e climático.
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No contexto climático, várias pesquisas foram realizadas nas duas últimas décadas para avaliar o
impacto das alterações dos usos da terra da Amazônia no clima regional e local (NOBRE et al.,
1991; MANZI e PLANTON, 1996; SAMPAIO et al., 2007; CORREIA et al., 2008; entre outros).
De modo geral, os estudos revelam que as avaliações, considerando simulações a partir de modelos
climáticos globais ou regionais e desmatamento em larga escala ou de cenários projetados para o
futuro, podem alterar o clima regional, o qual seria mais quente e mais seco sobre a região;
portanto, corroborando outros estudos que indicam que, se o desenvolvimento sustentável e as
políticas de conservação não forem no sentido de deter o aumento da degradação ambiental na
Amazônia, as mudanças nos usos da terra podem conduzir o sistema clima-bioma a um novo estado
de equilíbrio mais seco, levando à savanização de algumas partes da Amazônia. Recentemente,
também baseado em estudos de modelagem, SOARES FILHO et al. (2010) estimaram a demanda
futura por terra e as emissões geradas pelas mudanças no uso do solo e florestas (Land Use, Land
Use Change, and Forestry - LULUCF). A partir dos resultados, verificaram que o volume total de
terras adicionais necessárias chega a mais de 70 milhões de ha para acomodar a expansão de todas
as atividades durante o período de 2006 a 2030.
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Por outro lado, BARONA et al. (2010) ressaltaram que a dinâmica do desmatamento na Amazônia
brasileira é complexa e que o debate crescente considera que o desmatamento resulta da expansão
brasileira da indústria da soja. Análises mais recentes sugerem que o desmatamento é conduzido
pela expansão da pecuária, ao invés da soja, ou seja, esta parece estar substituindo terras
previamente desmatadas e / ou terras anteriormente ocupadas por pastagens. Logo, para o estudo,
consideraram estatísticas, em nível de município, de áreas agrícolas e desflorestadas na Amazônia
Legal, período de 2000-2006, para examinar os padrões espaciais e as relações estatísticas entre o
desmatamento e as mudanças em áreas de pastagens e de soja. Os resultados corroboraram estudos
prévios que apontaram que o desmatamento é predominantemente resultado da expansão das
pastagens. Além disso, os resultados suportam a hipótese de que um aumento da soja no estado de
Mato Grosso deslocou pastagens mais ao norte, levando ao desmatamento em outros lugares.
Embora não conclusivo, as descobertas sugerem que o debate em torno dos mecanismos dirigentes
do desmatamento da Amazônia ainda não está fechado, e que ligações causais indiretas entre soja e
desmatamento podem existir, as quais necessitam ser mais exploradas. Pesquisas futuras devem
examinar mais detalhadamente como as interligações entre área de terras, preços e políticas
influenciam a relação entre a soja e o desmatamento, a fim de subsidiar uma análise mais
conclusiva para o deslocamento do desmatamento.
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Atualmente, há também uma crescente demanda global por biocombustíveis, que exigirá conversão
de ecossistemas agrícolas convencionais ou naturais. A expansão da produção de biocombustíveis
em áreas hoje utilizadas no Brasil para a agricultura reduz a necessidade de limpar os ecossistemas
naturais, o que implica em benefícios indiretos do clima através da redução de emissões de gases do
efeito estufa e retorno mais rápido de débitos de carbono (LOARIE et al., 2011). A expansão dos
biocombustíveis pode também causar mudanças diretas no clima local, alterando o albedo da
superfície e a evapotranspiração, embora estes efeitos ainda não tenham sido completamente
documentados. Para quantificar os efeitos climáticos diretos da expansão da cana de açúcar no
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Cerrado brasileiro, para uma área de 1,9 milhões de km2, LOARIE et al. (2011) consideraram como
base mapas recentes de expansão da cana de açúcar e do desmatamento da vegetação natural,
combinados com dados de sensoriamento remoto de temperatura, albedo e evapotranspiração. Os
resultados do estudo indicaram que em uma base regional, para dias de céu claro, a conversão da
vegetação natural em um mosaico de culturas / pastagem aqueceu o cerrado por uma média de
conversão de 1,55 (1,45-1,65) °C; porém, a conversão subsequente do mosaico em cana de açúcar
resfria a região a uma média de 0,93 (0,78-1,07) °C, resultando em um aumento médio líquido de
0,06 °C. Portanto, os resultados de LOARIE et al. (2011) indicam que a expansão da cana de açúcar
em áreas agrícolas e de pastagens existentes tem um efeito de resfriamento local direto que reforça
os benefícios indiretos para o clima a partir desta opção de uso da terra.
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A evolução do desmatamento no Pantanal brasileiro e seu entorno, no período de 1976 a 2008,
assim como cenários para o período de 2010 a 2050, foram elaborados por (SILVA et al. 2011). Os
resultados, considerando as subdivisões da Bacia do Alto Paraguai - BAP (planície e planalto), BAP
(Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), e BAP (Biomas Pantanal, Cerrado e Amazônia),
apontam que até 2008 o desmatamento na planície do pantanal atingiu 12,14% de sua área,
enquanto no planalto atingiu 58,9%. Os percentuais atuais apontam ainda que, caso não sejam
estabelecidas ações efetivas de controle, a vegetação natural da região do Pantanal brasileiro, cuja
área é de 361.666 km2 (SILVA e ABDON, 1998) poderá ser suprimida até o ano de 2050.
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Destacada a importância do monitoramento da Amazônia por dados de satélites e conhecendo a
relevância dos demais biomas brasileiros, que representam, aproximadamente, metade do território
nacional, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente - SBF/MMA
passou a monitorar, mais recentemente, o desmatamento nos biomas Caatinga, Cerrado, Mata
Atlântica, Pampa e Pantanal. O monitoramento visa quantificar desmatamentos de áreas com
vegetação nativa e embasar ações de fiscalização e combate a desmatamentos ilegais nos biomas
mencionados. A caatinga, principal ecossistema da Região Nordeste, tem sido ocupada desde os
tempos do Brasil Colônia com o regime de sesmarias e sistema de capitanias hereditárias, por meio
de doações de terras, criando-se condições para a concentração fundiária. A extração de madeira, a
monocultura da cana-de-açúcar e a pecuária nas grandes propriedades (latifúndios) deram origem à
exploração econômica. Na região da Caatinga, ainda é praticada a agricultura de sequeiro. Uma das
principais causas do desmatamento na região é a extração ilegal da mata nativa, que é convertida
em carvão vegetal e lenha, correspondendo a 30% da matriz energética usada nas indústrias da
região, intensificando, portanto, o desmatamento local. Este é um dos mais vulneráveis biomas às
mudanças climáticas, com áreas sob grave risco de desertificação. Logo, o relatório técnico do
MMA de 2011 destaca que a área total do bioma é de 826.411 km2 e que as áreas desmatadas até
2008 e de 2008 a 2009 foram iguais a 375.116 km2 e 1.921 km2, respectivamente, ou seja, 45,39%
da caatinga foram desmatadas até 2008.
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O cerrado brasileiro, bioma da parte central do Brasil, ocupa área aproximada de 203 milhões de
hectares (IBGE, 2004), ou seja, 25% do território brasileiro. Caracteriza-se pela vegetação rica em
espécies, com mais de 450 espécies vasculares por hectare, e diferentes tipos de cerrado: pastagens,
savanas arbustivas, savana arborizada, etc (SANO et al., 2000). FERREIRA et al. (2007) ressalta
que o cerrado é considerado a savana mais rica do mundo em termos de biodiversidade (RATTER
et al., 1996) e que o cerrado brasileiro foi considerado um dos 25 “hotspots” de biodiversidade no
Planeta (MYERS et al., 2000). O Cerrado desempenha ainda um importante papel no balanço de
energia, água e carbono da região, atuando como um sumidouro de gases de efeito estufa, tal como
o CO, CO2 e CH4. Os resultados preliminares referentes ao monitoramento do desmatamento
divulgados pelo MMA indicam que em 2009 o cerrado contava com área de vegetação nativa de
1.043.346 km2, ou seja, 51,16% da área do bioma.
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O Pampa, ou Campos Sulinos, é um bioma restrito a uma unidade federativa do Brasil (Rio Grande
do Sul) e ocupa aproximadamente 60% da área do Estado (~ 178.000 km2). Neste ecossistema
predomina vegetação de gramíneas e arbustos espalhados e dispersos. Próximos aos cursos d'água
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e nas encostas de planaltos a vegetação torna-se mais densa, com ocorrência de árvores. Os
Banhados, áreas alagadas perto do litoral, também fazem parte desse bioma, que abriga grande
biodiversidade. Os resultados do monitoramento do MMA de 2011 indicam que o Pampa
apresentava área nativa, em 2008, da ordem de 64.131 km2, equivalente a 36% da área do bioma.
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O monitoramento das alterações da cobertura vegetal da Mata Atlântica é feito desde 1989 pela
Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Também está sendo feito pelo MMA. Este bioma, que se estende por quase todas as regiões do
Brasil e abrange 15 Estados, caracteriza-se pela variedade de fitofisionomias e pela complexidade
de aspectos bióticos. É o bioma que tem a menor cobertura vegetal natural; porém, é rico em
diversidade biológica, incluindo várias espécies endêmicas. Os recursos hídricos neste bioma são
usados para abastecer população que ultrapassa 120 milhões de brasileiros. Seus remanescentes
regulam o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram a fertilidade do solo, controlam o clima e
protegem escarpas e encostas das serras. Em termos geológicos, destacam-se as rochas précambrianas e as rochas sedimentares da Bacia do Paraná. A paisagem é dominada por grandes
cadeias de montanhas, além de platôs, vales e planícies de toda a faixa continental atlântica do leste
brasileiro.
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O referido bioma é composto principalmente por florestas ombrófilas densa, aberta e mista e
florestas estacionais semideciduais e deciduais. A Floresta Ombrófila Densa apresenta a maior
distribuição latitudinal dentro do bioma. Considerada um dos mais importantes ecossistemas do
mundo, a Mata Atlântica protege e regula o fluxo dos mananciais hídricos que abastecem as
principais metrópoles do país e centenas de cidades; controla o clima local, garante a fertilidade do
solo e a beleza de suas paisagens. Sua área original, outrora considerável, hoje se encontra restrita a
alguns remanescentes bastante fragmentados, vestígios do ecossistema original que, embora
aparentemente protegidos pela topografia acidentada da Serra do Mar, continuam sendo destruídos
para reflorestamento de espécies exóticas e extração de sua flora original.
(http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/mataatlantica/index.htm).
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Dados de desflorestamento da Mata Atlântica para os anos de 2008 e 2010, separadamente para
cada Estado de abrangência do bioma, bem como dos remanescentes florestais, ano base 2010,
podem ser vistos no Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, período 2008-2010
(Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2011). Os Estados que apresentaram o maior (menor)
percentual de remanescentes florestais foram Santa Catarina (Goiás), com valor igual a 23,04 %
(4,7%). Informações mais detalhadas, para cada município dos diversos Estados, também podem
ser vistas no Atlas. Segundo o MMA, da área total do bioma (1.103.961 km2), 75,88% foi
desmatada até 2008.
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O monitoramento do desmatamento da planície de inundação do Brasil (Pantanal) também é feito
pelo MMA, considerando separadamente os dois Estados de abrangência, cuja área total estimada é
de aproximadamente 151.313 km2. Desta, 15,18% foi desmatada até 2008 e, embora o Pantanal
tenha sido declarado Reserva da Biosfera e Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO, ações de
fiscalização e combate aos desmatamentos ilegais são primordiais para a sua preservação.
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No setor agropecuário, as conseqüências do aquecimento global serão inúmeras. O Brasil com sua
extensa dimensão continental, heterogeneidade climática, tipos de solo e topografia que imprimem
diferentes condições ao desenvolvimento das culturas. Considerando-se os prognósticos futuros de
aumento das temperaturas pode-se admitir que, nas regiões climatologicamente limítrofes àquelas
de delimitação de cultivo adequado de plantas agrícolas, a anomalia positiva que venha a ocorrer
será desfavorável ao desenvolvimento vegetal. Quanto maior a anomalia, menos apta se tornará a
região, até o limite máximo de tolerância biológica ao calor. Por outro lado, outras culturas mais
resistentes a altas temperaturas, provavelmente serão beneficiadas, até o seu limite próprio de
tolerância ao estresse térmico. No caso de baixas temperaturas, regiões que atualmente sejam
limitantes ao desenvolvimento de culturas susceptíveis a geadas, com o aumento do nível térmico
devido ao aquecimento global passarão a exibir condições favoráveis ao desenvolvimento da planta.
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Vários estudos foram feitos sobre os impactos das mudanças climáticas na agricultura. Um deles
refere-se ao efeito direto nas plantas, do aumento da concentração de dióxido de carbono na
atmosfera, o qual tem sido intensamente estudado pelos especialistas em fisiologia vegetal. É bem
conhecido o funcionamento, no que diz respeito à atividade fotossintética, da concentração do
dióxido de carbono no crescimento das plantas. A concentração do CO2 na atmosfera, sendo
próximo de 300 ppm está bem abaixo da saturação para a maioria das plantas. Níveis excessivos,
próximos a 1.000 ppm, passam a causa fitotoxidade. Nesse intervalo, de modo geral, o aumento de
CO2 promove maior produtividade biológica nas plantas. ASSAD e LUCHIARI (1989) utilizando
modelos fisiológicos simplificados mostraram que essas variações são significativas nos cerrados
brasileiros. A temperatura média durante a estação chuvosa nessas regiões – de outubro a abril – é
de 22oC, tendo um máximo de 26,7oC e um mínimo de 17,6oC, supondo que um aumento da
concentração de CO2 provoque um aumento de 5oC na temperatura, as plantas do tipo C4, como o
milho e o sorgo, aumentariam a produtividade potencial em pelo menos 10kg/ha/dia de grãos secos.
Para as plantas tipo C3, soja, feijão e trigo, esse aumento seria menor, da ordem de 2 a 3kg/ha/dia
de grãos secos.
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Considerando cenários de aumento e de redução de temperatura, ASSAD & LUCHIARI Jr. (1989)
avaliaram as possíveis alterações de produtividade para as culturas de soja e milho. SIQUEIRA et
al (2000) apresentaram, para alguns pontos do Brasil, os efeitos das mudanças globais na produção
de trigo, milho e soja. Uma primeira tentativa de identificar o impacto das mudanças do clima na
produção regional foi feita por PINTO et al. (2001), que simularam os efeitos da elevação da
temperatura e das chuvas no zoneamento do café para os Estados de São Paulo e Goiás. O estudo
previu uma drástica redução nas áreas com aptidão agroclimática, o que condenaria a produção de
café nestas regiões. Recentemente, PINTO et al (2007), ASSAD et al (2007), ZULLO Jr et al
(2006) e NOBRE et al (2006) elaboraram estudos detalhados sobre o futuro da agricultura brasileira
em função dos cenários previstos para o clima regional.
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Em 1996, foi instituído o programa de zoneamento de riscos climáticos no Brasil e desde então se
tornou política pública adotada pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário,
para orientar o crédito e o seguro agrícola do país. O zoneamento estabeleceu, estatisticamente,
níveis de riscos das regiões estudadas para vários tipos de cultura, admitindo perdas de safras de no
máximo 20%. O zoneamento agroclimático de riscos é uma ferramenta que indica o que plantar,
onde plantar e quando plantar de acordo com a disponibilidade climática regional.
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O zoneamento de riscos climáticos avalia a aptidão de uma determinada região a um tipo de cultura,
não só com dados meteorológicos de chuva e temperatura, mas também com índices específicos
desenvolvidos para apontar a sensibilidade das culturas a eventos extremos que possam ocorrer em
fases fenológicas críticas da planta. O uso de geoprocessamento e de imagens de satélites é
fundamental nesse processo. Com todas essas informações, é possível mostrar as probabilidades de
se obterem safras com produtividade econômica mínima, em nível de município.
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Seguindo a mesma metodologia do modelo de zoneamento de riscos climáticos, em 2008 (Deconto,
2008) foi divulgado um estudo que simula os cenários futuros da agricultura brasileira, a partir de
resultados de modelos de mudanças climáticas. Os valores das temperaturas futuras para 2010,
2020, 2050 e 2070, através do modelo Precis, do Hadley Centre, para os cenários A2, de maior
emissão, e B2, de menor emissão, do IPCC, para avaliar como as áreas e os municípios serão
afetados pelos efeitos térmicos e hídricos. Os resultados obtidos foram coerentes com previsões
anteriores de impactos do aquecimento nas áreas de potencial de produção agrícola brasileiras.
Espera-se que o aumento da temperatura promova um crescimento da evapotranspiração e,
conseqüentemente, um aumento na deficiência hídrica, com reflexo direto no risco climático para a
agricultura. Por outro lado, com o aumento das temperaturas, ocorrerá uma redução no risco de
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geadas no sul, no sudeste e no sudoeste do país, acarretando um efeito benéfico às áreas atualmente
restritas ao cultivo de plantas tropicais.
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A dinâmica climática deverá causar uma migração das culturas adaptadas ao clima tropical para as
áreas mais ao sul do país ou para zonas de altitudes maiores, para compensar a diferença climática.
Ao mesmo tempo, haverá uma diminuição nas áreas de cultivo de plantas de clima temperado do
país. Um aumento próximo a 3°C causará um possível deslocamento das culturas de café e da canade-açúcar para áreas de maiores latitudes.
542
543
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546
Os resultados obtidos permitem ainda outras conclusões. As áreas cultivadas com milho, arroz,
feijão, algodão e girassol sofrerão forte redução na região Nordeste, com perda significativa da
produção. Duas regiões poderão ser mais atingidas: toda a área correspondente ao agreste
nordestino, hoje responsável pela maior parte da produção regional de milho, e a região dos
cerrados nordestinos, como sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia.
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