O Brasil é considerado o país de maior biodiversidade do
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O Brasil é considerado o país de maior biodiversidade do
GT2_RAN1_Draft1_Cap3 Capítulo 3 Título Mudanças Climáticas na Esfera Nacional (Sub)Seção: Autores Autores Principais: Hilton Silveira Pinto Autores Colaboradores: Regina Célia dos Santos Alvalá Ana Maria H.de Avila Draft Primeiro Draft Versão 01 Nome do Arquivo GT2_ RAN1_Draft1_ Cap3 Data 30/08/2011 / hora 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 O Brasil é considerado o país de maior biodiversidade do planeta. Dada a sua dimensão continental e a grande variação geomorfológica e climática, abriga sete biomas: Amazônia, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Caatinga, Campos Sulinos e o bioma Costeiro (ARAUJO, 2007). Os ecossistemas que fazem parte do bioma amazônico ocupam cerca de 3,68 milhões de km2, os do Cerrado abrangem em torno de 2 milhões de km2, os da Mata Atlântica estendem-se por 1,1 milhão de Km2 e os da Caatinga cobrem 736 mil Km2. Conforme destacado por LEWINSOHN e PRADO (2002), estima-se que, até o início dos anos 2000, tenham sido registradas no Brasil cerca de 200 mil espécies (Tabela 1). Com base nos grupos taxonômicos mais bem conhecidos, estima-se que o país possui 13,6% das espécies do mundo e abriga a maior diversidade de mamíferos, contando com mais de 530 espécies já descritas, e com muitas a serem descobertas e catalogadas ainda (COSTa et al., 2005). 13 14 15 16 17 18 19 Por ser um país predominantemente tropical, e isso tem forte influência em sua biodiversidade. Na perspectiva ecológica, os trópicos compreendem a região delimitada pela isoterma de 20ºC de temperatura média anual. Algumas das características peculiares das florestas tropicais, como a alta diversidade de espécies, alta frequência de polinização cruzada, ocorrência comum de mutualismo, alto índice de fluxo de energia na cadeia trófica e ciclo de nutrientes relativamente curto (MONTAGNINI e JORDAN, 2005), impõem enormes desafios à conservação e ao manejo dos ecossistemas tropicais. 20 21 22 23 24 25 Segundo ASSAD (2000), as alterações ou até mesmo a destruição dos diferentes ecossistemas existentes no planeta ou no contexto mais local, no Brasil, seja pela interferência humana ou por causas naturais, são um dos principais fatores de ameaça à sobrevivência de grande número de espécies. Ao se destruir um local com características específicas, os seres vivos que o habitam, caso não se adaptem em outros locais, caminham para um rápido e acelerado processo de desaparecimento. 26 27 28 29 De acordo com FOWLER (1998), a fauna ameaçada no Brasil é de aproximadamente 228 espécies com risco de extinção, o que corresponde a aproximadamente 6% do total de animais ameaçados no mundo. Com relação às plantas, o IBAMA destaca que aproximadamente 100 espécies estão ameaçadas de extinção. 30 31 32 GT2_RAN1_Draft1_Cap3 33 34 Tabela 1: Estimativas ou contagens do número de espécies descritas no Brasil e no mundo (simplificado a partir de Lewinsohn e Prado, 2002) Reino/Filo Brasil conhecido Mundo conhecido Virus 250 a 400 3600 Monera 1100 a 1350 4760 - “Bactéria” 300 a 450 4200 - Mycoplasma 4a7 60 - Cyanophycota 800 a 900 3100 Fungi 12500 a 13500 70500 a 72000 Stramenopila 141 760 Protista 7000 a 9900 75300 Plantae 45300 a 49500 264000 a 279400 - Bryophyta 3100 14000 16600 - Pteridophyta 1200 a 1400 9600 a 12000 - “Gymnospermae” 15 806 40000 a 45000 240000 a 250000 Animália 113000 a 151000 1287000 a 1330000 - “Invertebrados” 107000 a 145000 1236000 a 1287000 - Chordata 6200 41400 a 42200 - Pisces 2811 23800 - Amphibia 600 4220 - Reptilia 468 6460 - Aves 1677 9700 - Mammalia 524 4650 Total 179000 a 226000 1706000 a 1766000 - Magnoliophyta (Angiospermas) 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 Existem muitos fatores que, segundo ASSAD (2000), podem ser apontados como causadores da destruição da diversidade biológica, tais como incremento da demanda por recursos biológicos, derivado do crescimento populacional e do desenvolvimento econômico; crescimento urbano acelerado; falta de conscientização por parte da população das consequências de suas ações sobre o meio ambiente a longo prazo; incremento das migrações humanas, das viagens e do comercio internacional, sem o devido preparo para a conservação dos recursos naturais; perda irreversível de inúmeras espécies devido à destruição acelerada dos habitats, resultante da expansão populacional e de suas atividades; desconhecimento, por parte dos mercados, do valor real e atual da biodiversidade; incapacidade, em nível local, de conhecer e aplicar métodos de valorização da biodiversidade; uso inadequado de tecnologias que afetam diretamente o meio ambiente; ausência de avaliações sistemáticas das consequências do uso de tecnologias e seus impactos no meio ambiente; ausência de políticas governamentais claras para regulamentar o acesso e o uso dos recursos genéticos. GT2_RAN1_Draft1_Cap3 49 50 51 52 53 54 55 56 O principal exemplo de destruição e perda dos habitats no Brasil está relacionado ao desmatamento e degradação da Mata Atlântica, que vem ocorrendo há vários séculos, tendo-se acentuado na década de 50, principalmente devido a fatores como a industrialização e à agricultura extensiva. Antigamente, a Mata Atlântica estendia-se por quase todo o litoral brasileiro, cobrindo praticamente 12% do território nacional, desde o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte. Segundo ASSAD (2000), o consenso geral é que, baseado em estudos de diversos autores, a deterioração da Mata Atlântica ultrapassou 90%, o que representou uma destruição de diversos habitats existentes, levando ao acentuado deterioramento da diversidade biológica desta região. 57 58 59 60 Regiões do Brasil como a Mata Atlântica e o Cerrado são denominados hotspots, pois, conforme definido por MYERS (1988), são áreas que concentram altos níveis de biodiversidade e que estão ameaçadas no mais alto grau. Além destas duas regiões, o Brasil também conta com três Grandes Regiões Naturais (GRN) que são Amazônia, Pantanal e a Caatinga (CI-BRASIL, 1999). 61 62 63 64 65 Segundo VILAS BOAS e DIAS (2010), o bioma cerrado, em meados dos anos 80, começou a ceder lugar para as plantações de soja e está desaparecendo rapidamente. Segundo a fundação BIODIVERSITAS (2009), 112 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Para KLINK e MACHADO (2005), tanto a degradação do solo e dos ecossistemas nativos, quanto a dispersão de espécies exóticas, são as maiores ameaças à biodiversidade. 66 67 68 69 70 71 A região Amazônica tem 81 espécies de macacos, das quais 69 (85%) são endêmicas, “a diversidade vai do pequeno sagüi-leãozinho e o recentemente descoberto sagüi-anão, que pesam respectivamente 120 e 150 g, até o uacari e o macaco aranha, que pode exceder os 7 kg” (CI BRASIL, 2003, p. 15). Outras importantes espécies, altamente ameaçadas nesta região, estão o peixe-boi da Amazônia, a ariranha e, dentre as aves, o grupo mais importante é o das araras, papagaios e seus parentes. 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 O Pantanal é a mais vasta planície inundável do mundo e grandes extensões deste ecossistema ainda se encontram inabitadas ou com baixíssima ocupação e em excelentes condições de conservação. De acordo com ALHO (2008), o Pantanal é um sistema dinâmico, formado pelo complexo de níveis de inundação, nutrientes e biota. A vegetação compreende 1.863 espécies de plantas fanerógamas que ocorrem no Pantanal e 3.400 que se distribuem na Bacia do Alto Paraguai, além de 250 espécies de plantas aquáticas. A complexa cobertura vegetal e a produtividade sazonal do Pantanal dão suporte ecológico para uma fauna diversa e abundante, isto é, 263 espécies de peixes, 41 de anfíbios, 113 de répteis (177 para a Bacia), 463 de aves e 132 de mamíferos. Entre as muitas espécies ameaçadas de extinção estão a Panthera onca. ALHO (2008) também ressalta que as aves aquáticas são excepcionalmente abundantes na estação seca e que a análise das causas/origem das ameaças ambientais à biodiversidade indica que 17% do Pantanal e 63% do Planalto do seu entorno sofreram perdas e modificações de hábitats naturais devido à pecuária e agricultura não sustentáveis, mineração, contaminação ambiental (incluindo contaminação por mercúrio, pesticidas e esgoto urbano), turismo não sustentável, fogo, mudanças no fluxo das nascentes de rios, erosão, ação de conservação deficiente, com implementação ineficiente da legislação ambiental. Segundo VILAS BOAS e DIAs (2010), as ariranhas, apesar de algumas populações terem se recuperado em áreas onde estavam praticamente extintas, sãos animais que continuam com o desafio de conseguir restabelecer-se em sua área de distribuição geográfica original. Neste grande ecossistema encontram-se ainda vários outros animais muito conhecidos como: as onças pintadas, o lobo-guará, a anta, o tamanduá-bandeira, o jacaré, a arara-azul e ainda o tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, dentre outros animais (CI - BRASIL, 2003). 93 94 95 96 97 98 A Caatinga é considerada uma exceção no cenário da América do Sul, por ser uma região semiárida única, cercada por outros ecossistemas florestais As espécies mais importantes da região são duas araras altamente ameaçadas. A arara-de-lear, parecida com a arara-azul, tendo sido encontrado apenas 150 indivíduos na natureza, apesar dos esforços da Fundação Biodiversitas que tem contribuído para a proteção da espécie, no Estado da Bahia. A outra espécie da Caatinga é a ararinha-azul, uma das aves mais ameaçadas do mundo (CI - BRASIL, 2003). GT2_RAN1_Draft1_Cap3 99 100 101 102 103 104 105 Um dos principais instrumentos para a conservação e o manejo da biodiversidade é o estabelecimento de áreas protegidas, dentre elas, as conhecidas Unidades de Conservação (UC´S), as quais foram criadas no Brasil durante o final dos anos 30. O grande impulso na criação das UCs foi dado na década de 60, quando, já com o código florestal, houve a institucionalização do instrumento de área protegida/Unidade de conservação, fazendo com que essas unidades alcançassem determinados objetivos nacionais de conservação, com cada UCs cumprindo um papel local. 106 107 108 109 Com o aquecimento global, algumas regiões do Brasil poderão ter seus índices de temperatura e chuva aumentados e em outras, diminuídos. Junto com a mudança ou não dos padrões anuais de chuva, mesmo onde não houver aumento ou diminuição do total anual de chuva, estas poderão ser mais intensas e acompanhadas de temporais severos. 110 111 112 113 114 115 Alguns estudos foram realizados no sentido de identificar alterações nos ciclos naturais que podem estar relacionados com as mudanças climáticas, entretanto não existem muitos estudos sobre variabilidade de longo prazo e extremos de tempo e clima no país. Alguns estudos foram feitos para regiões específicas ou incluindo a América do Sul. Um dos desafios que dificulta o andamento desse tipo de trabalho tem sido a falta de informação meteorológica de boa qualidade em séries completas de longo prazo. 116 117 118 119 120 121 122 123 Para a Amazonia, CHU et al. (1995) mostraram um aumento sistemático da convecção sobre o norte dessa região desde 1975, que poderia indicar um aumento de chuva na região. Em outras bacias do Sudeste do Brasil, os registros do rio Paraíba do Sul em Resende, Guaratinguetá e Campos (MARENGO e ALVES, 2005), do rio Parnaíba em Boa Esperança (região Sudeste); e do São Francisco em Juazeiro (região Nordeste), apresentam tendências hidrológicas nas vazões e cotas que não são consistentes com uma redução ou amento na chuva nas bacias, indicando que é pouco provável que o clima esteja mudando significativamente nestas regiões (MARENGO et al., 1998, MARENGO e ALVES, 2005). 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 MARENGO e CAMARGO 2008, estudando as temperaturas máximas e mínimas no sul do Brasil durante o período 1960-2002 encontraram um aquecimento sistemático da região sul, detectando tendências positivas na temperatura máxima e mínima a níveis anual e sazonal. A amplitude térmica apresenta tendências negativas fortes neste período, sugerindo que as tendências na temperatura mínima são mais intensas que as máximas, especialmente no verão. Isto também foi detectado por GONÇALVES et al. (2002) para São Paulo. Porém estas análises de temperaturas máximas e mínimas não estabelecem se o verão pode ter dias ou noites mais quentes, ou se o inverno pode ter menos noites frias. Porém, as análises de MARENGO e CAMARGO (2008) sugerem que o aquecimento observado parece ser mais intenso no inverno em comparação ao verão, e possivelmente devido ao aumento de numero de dias quentes em inverno. 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 Impactos de ondas de frio vêm sendo identificados desde o fim do século XIX, pelas estatísticas de produção de café nas plantações do sul do Brasil. Em estudo e variabilidade climática de longo prazo na região foi observado que a quantidade de ondas de frio diminuiu com o tempo, mas isso não garante que a qualquer momento uma onda forte de frio possa afetar a região, independentemente de terem passado poucas frentes frias, e as temperaturas do inverno na região mostram tendência de elevação. Em 106 anos, de 1890 a 1996, foram registrados 18 eventos graves de congelamento que danificaram a produção do café. Destas, 5 foram consideradas catastróficas. Das 27 geadas que atingiram as regiões cafeicultoras nos últimos 100 anos, 7 ocorreram em Junho e 12 em Julho. Agosto teve 5 geadas no último século, portanto não se pode desprezar o perigo durante esse mês (MARENGO E ROGERS, 2001) GT2_RAN1_Draft1_Cap3 146 147 148 GROISMAN et al. (2005) identificaram tendências positivas de aumento sistemático de chuva e de extremos de chuva na região subtropical, no Sul e no Nordeste do Brasil. Eles afirmam que o Sudeste do Brasil tem mostrado aumento sistemático na freqüência de chuvas intensas desde 1940. 149 150 151 152 153 XAVIER et al. 1994 estudando a variabilidade da precipitação diária na cidade de São Paulo durante o período 1933-1986 encontraram aumento no volume diário de chuva acima de 30 mm entre os meses de fevereiro e maio. Segundo os autores, o efeito urbano pode ter contribuído para a mudança na distribuição da intensidade da precipitação. 154 155 156 157 158 159 HAYLOCK et al. (2006) estudando a Região Sul do Brasil juntamente com outros países vizinhos da América do Sul, período de 1960-2000 encontraram tendências positivas nos índices de precipitação, sugerindo que houve aumento na intensidade e freqüência de dias com chuva intensa. Também para o Sul do Brasil, TEIXEIRA (2004) identificou uma ligeira tendência de aumento no número de eventos extremos de chuva naquela região. 160 161 162 163 164 Outro estudo analisando tendências em extremos anuais de chuva para e Região Sul, incluindo Paraguai, Uruguai e centro-norte da Argentina desenvolvido por ALEXANDER et al. (2005) identificou tendências positivas no número de dias com chuva intensa e na quantidade de chuva concentrada em eventos chuvosos e muito chuvosos, entre os anos de 1961 e 2000. 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 Em 27 de março de 2004 uma tempestade inicialmente classificada como ciclone extratropical atingiu a costa sul do Brasil, com chuvas fortes e ventos estimados em cerca de 150 km/h, matando 11 pessoas no continente e no oceano e causando destruição em dezenas de municípios. Foi o primeiro furacão de que se tem notícia no país e recebeu o nome de Catarina, pelo Centro meteorológico regional, por ser o Estado de Santa Catarina, o mais atingido. Alguns estudos indicam que o aumento da temperatura das águas oceânicas estaria tornando mais intensos esses fenômenos, mas ainda há incertezas quanto a real influência do aquecimento global em mudanças na freqüência de furacões e tufões e em sua ocorrência em locais onde não eram observados (WEBSTER et al 2005; MARENGO e NOBRE, 2005). 175 176 177 178 179 As análises de extremos de chuva e temperatura apresentados nos trabalhos de VINCENT et al. (2005), HAYLOCK et al. (2006) e ALEXANDER et al. (2006) para América do Sul apresentam uma visão de aquecimento e de intensificação de eventos extremos de chuva, ainda que as mudanças de extremos de chuva sejam menos coerentes que as mudanças na temperatura do ar (MARENGO e CAMARGO 2008). 180 181 182 183 184 Foi verificado um aumento de vazão nos rios Paraguai, Uruguai e no Paraná, a partir da década de 1970. Esses rios formam a Bacia do Prata. O aumento da vazão pode ser devido ao aumento na pluviosidade ou devido a fatores, como desmatamento e agricultura. Com essas mudanças, aumentou a produtividade agrícola na região e, com o maior volume de água nos rios aumentou a produtividade das usinas hidrelétricas, como Itaipu. 185 186 187 188 189 190 191 192 TEIXEIRA (2004) identificou uma ligeira tendência de aumento no número de eventos extremos e chuva, com maiores freqüências em anos como 1993-94 e 1997-98, que são anos de El Niño. GRIMM e PSCHEIDT (2001) explicam que no sul do Brasil durante anos de El Niño (La Niña) se observa um aumento (diminuição) do número de eventos extremos de chuva no mês de novembro em relação aos anos normais. No período analisado por eles (1963-92), nove eventos El Niño e seis eventos La Niña aconteceram, e 15 anos foram normais. Foram detectados 36 eventos extremos de chuva durante novembro de anos El Niño, três durante La Niña e 23 em anos normais. A influência do El Niño na freqüência de eventos extremos também se estende a outras regiões e épocas do ano. GT2_RAN1_Draft1_Cap3 193 194 195 196 197 Outro fenômeno que parece coincidir com anos de El-Niño é o branqueamento de corais (Glynn 1990). O branqueamento extensivo pode causar a morte em massa dos corais resultando na degradação do ecossistema recifal, devido à perda da sua cobertura viva, da sua biodiversidade e da diminuição do crescimento linear dos corais (GOREAU e MACFARLANE, 1990; GLYNN, 1993). 198 199 200 201 202 203 204 205 206 Segundo GOREAU & HAYES (1994), anomalias de 1oC de temperatura das águas superficiais do Oceano por mais de 6 semanas pode provocar o branqueamento de coral (Wilkinson et al. 1999). Este valor foi atingido, no ano de 2003, em Abrolhos, na área de Tinharé - Boipeba e no litoral norte do estado. Valores iguais a 0,75oC foram obtidos, no ano de 2003, na Baía de Todos os Santos (BTS) e na região de Camamu, e nos anos de 2001, 2002 e 2005, na região de Abrolhos. No ano de 2005, anomalias com valor de 0,50oC ocorreram nas regiões de Tinharé-Boipeba, PortoSeguro e Baía de Todos os Santos. Nos anos de 2000 e 2004, as anomalias da temperatura da água tiveram valores máximos de 0,25oC nas regiões de Tinharé-Boipeba e de Abrolhos. 207 208 209 210 211 212 O ciclo anual de eventos extremos de chuva no sul do Brasil mostra que estes eventos mais freqüentes na primavera e outono (TEIXEIRA, 2004). LIEBMANN et al. (2004) mostraram que em São Paulo, na escala interanual, o número de eventos extremos de chuva mostra correlação com anomalias de Temperatura da Superfície do Mar no Pacífico Tropical e no sudeste do Atlântico próximo ao litoral de São Paulo. 213 214 215 216 217 218 219 220 A variabilidade da precipitação diária na cidade de São Paulo durante o período 1933-1986 (XAVIER et al. 1994) mostra fraca tendência de aumento de precipitação mensal nos meses de fevereiro e maio, acumulações diárias superiores a 30 mm aumentaram nos meses de fevereiro e maio e acumulações diárias inferiores a 2 e 5 mm diminuíram de forma mais significativa em fevereiro, mas ocorrem também em outros meses do ano. Para o caso da cidade de São Paulo, é possível que o efeito urbano tenha contribuído significativamente para a mudança na distribuição da intensidade da precipitação (XAVIER et. al 1992). 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 O Brasil chegou ao final do século XX como um país urbano: em 2000 a população urbana ultrapassou 2/3 da população total, e atingiu a marca dos 138 milhões de pessoas. Os fenômenos climáticos podem influenciar a saúde humana de forma direta ou indireta. Especialmente em zonas urbanas, efeitos diretos, tais como tempestades e inundações –– que provocam mortalidade por afogamento, deslizamentos de terra e desabamentos de prédios ou por extremos de temperatura como ondas de calor. Efeitos indiretos, sendo mediado por alterações no ambiente, como a alteração de ecossistemas e de ciclos biogeoquímicos, por perda na produção agrícola e conseqüentemente impacto nutricional, queda nos padrões de higiene pessoal e ambiental e também como determinante de fenômenos demográficos (THOMPSOn e CAIRNCROSS, 2002). Enchentes ou secas afetam a qualidade e o acesso a água e podem favorecer a incidência de doenças infecciosas como leptospirose, hepatites virais, doenças diarréicas e doenças não-transmissíveis, que incluem a desnutrição e doenças mentais. 234 235 236 237 238 239 As flutuações climáticas sazonais produzem um efeito na dinâmica das doenças vetoriais como, por exemplo, a maior incidência da dengue no verão e da malaria na Amazônia durante o período de estiagem. Isto é observado em anos considerados “normais” e está associado à formação de um grande número de criadouros temporários favoráveis à proliferação dos mosquitos vetores (CONFALONIERI, 2005; CONFALONIERI e MARINHO, 2007). GT2_RAN1_Draft1_Cap3 240 241 242 243 244 Queimadas e os efeitos de inversões térmicas que concentram a poluição, impactando diretamente influenciam a qualidade do ar, principalmente nas áreas urbanas agravando as doenças respiratórias. Também, as alterações de temperatura, umidade e o regime de chuvas podem aumentar os efeitos das doenças respiratórias, assim como alterar as condições de exposição aos poluentes atmosféricos. 245 246 247 248 As características físicas e químicas dos poluentes e as características climáticas como temperatura, umidade e precipitação definem o tempo de residência dos poluentes na atmosfera, podendo ser transportados a longas distancias em condições favoráveis de altas temperaturas e baixa umidade. 249 250 251 252 253 Em áreas urbanas, a presença de poluentes atmosféricos associados a eventos meteorológico como inversões térmicas podem agravar a asma, alergias, infecções bronco-pulmonares e infecções das vias aéreas superiores (sinusite), principalmente nos grupos mais susceptíveis, que incluem as crianças menores de 5 anos e indivíduos maiores de 65 anos de idade. 254 255 256 257 258 259 260 A maioria dos estudos relacionando os níveis de poluição do ar com efeitos a saúde foram desenvolvidos em áreas metropolitanas, incluindo as grandes capitais da Região Sudeste no Brasil, mostram associação da carga de morbimortalidade por doenças respiratórias, com incremento de poluentes atmosféricos, especialmente de material particulado (SALDIVA et al., 1994; GOUVEIA et al., 2006). O tamanho da partícula, superfície e a composição química do material particulado determinam o risco para a saúde humana que a exposição representa a esse agente 261 262 263 264 265 266 As emissões gasosas e de material particulado para a atmosfera derivam principalmente de veículos, indústrias e da queima de biomassa. No Brasil, as fontes estacionarias e grandes frotas de veículos concentram se nas áreas metropolitanas localizadas principalmente na Região Sudeste, enquanto a queima de biomassa ocorre em maior extensão e intensidade na Amazônia Legal, situada ao norte do pais. 267 268 269 270 271 Variáveis como idade, perfil de saúde, resiliencia fisiológica e condições sociais contribuem diretamente para as respostas humanas relacionadas as variáveis climáticas (MARTINS et al., 2004). Fatores que aumentam a vulnerabilidade dos problemas climáticos são uma combinação de crescimento populacional, pobreza e degradação ambiental (IPCC, 2007). 272 273 274 275 276 277 278 279 280 Os riscos associados as mudanças climáticas globais não podem ser avaliados em separado desse contexto. Ao contrario, deve-se ressaltar que os riscos são o produto de perigos e vulnerabilidades, como costumam ser medidos nas engenharias. Os perigos, no caso das mudanças globais são dados pelas condições ambientais e pela magnitude de eventos. Já as vulnerabilidades são conformadas pelas condições sociais, marcadas pelas desigualdades, as diferentes capacidades de adaptação, resistência e resiliencia. Uma estimativa de vulnerabilidade das populações brasileiras apontou o Nordeste como uma região mais sensível a mudanças climáticas devido aos baixos índices de desenvolvimento social e econômico (CONFALONIERI, 2005). 281 282 283 284 Essas avaliações são baseadas no pressuposto de que grupos populacionais com piores condições de renda, educação e moradia sofreriam os maiores impactos das mudanças ambientais e climáticas. No entanto, como ressalta GUIMARÃES (2005), as populações mais pobres nas cidades e no GT2_RAN1_Draft1_Cap3 285 286 campo têm demonstrado uma imensa capacidade de adaptação, uma vez que já se encontram excluídas de sistemas técnicos. 287 288 289 290 291 292 293 294 295 No que concerne a população, aqueles com menos recursos e que têm menor capacidade de se adaptar são os mais vulneráveis. O estudo desenvolvido pelo Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República em 2005 (NAE 2005a,b) sugere que o Nordeste é a região mais vulnerável a mudanças climáticas. O semi-árido Nordestino que apresenta curta, porém crucialmente importante estação chuvosa no clima presente, poderia, num clima mais quente no futuro, transformar-se em região árida. Isto pode afetar a agricultura de subsistência regional, a disponibilidade de água e a saúde da população, obrigando as mesmas a migrarem para outras regiões. 296 297 298 299 300 301 302 303 304 Desde meados dos anos 70, passou-se a reconhecer que alterações da cobertura da terra modificam o albedo de superfície e, portanto, as trocas de energia entre a superfície e a atmosfera, as quais têm impacto sobre o clima local e regional. Apesar dos homens terem modificado a terra para obtenção de alimentos e outros itens essenciais ao longo de milhares de anos, as taxas atuais, extensões e as intensidades de LUCC vêm aumentando, o que conduz às mudanças nos ecossistemas e processos ambientais em escalas local, regional e global (ELLIS, 2010). Portanto, o monitoramento e a avaliação das consequências negativas da LUCC, juntamente com a produção sustentável de recursos essenciais, tornaram-se uma grande prioridade para pesquisadores e formuladores de políticas públicas. 305 306 307 308 309 310 311 312 313 314 315 316 317 318 319 320 321 322 323 324 325 Particularmente no Brasil, a exploração de suas florestas segundo GOLDEWIJK e RAMANKUTTY (2004), iniciada na era da colonização pelos europeus, começou com as plantações de borracha ao longo da costa Atlântica e, em seguida, teve inicio o cultivo de cana de açúcar. O maior desmatamento destrutivo na América do Sul associou-se à derrubada das florestas de araucária no sul do Brasil, cuja extensão original era de aproximadamente 25 milhões de hectares e, atualmente restringe-se a apenas 445 mil ha. Principalmente para fins agrícolas, a maior parte da madeira era simplesmente queimada. A exploração nos primórdios da colonização era ineficiente e destrutiva e os pioneiros foram em direção às florestas, o que resultou, conforme destacaram os autores, em perturbação na bacia de drenagem do Rio Iguaçu, PR, que foi perturbada em razão das atividades de desmatamento, a tal ponto de não mais permitir a navegação. A introdução de culturas de rendimento acrescentou pressão extra sobre as áreas de floresta remanescentes no Brasil. Três milhões de hectares de florestas foram convertidos em plantações de café durante o século XIX. A exploração madeira foi iniciada um pouco mais tarde, como um empreendimento econômico valioso. A conversão maciça de terras para a criação de gado, em larga escala, ocorreu especialmente durante as últimas décadas do século XX. Grandes projetos de infraestrutura, como a Rodovia Transamazônica, implicaram na abertura de áreas de floresta tropical intocada, muitas vezes seguida da disseminação de colonos em terras de pousio. Ainda, conforme destacado por GOLDEWIJK e RAMANKUTTY (2004), entre 1850 e 1985, cerca de 370 milhões de ha de florestas na América Latina foi convertida em outros usos da terra, sendo a maior parte dela para expansão de pastagens (44% para pecuária), áreas de cultivo (25%), terras degradadas (20%) e agricultura itinerante (10%). 326 327 328 329 330 331 332 333 334 Concernente à floresta amazônica, esta, segundo FEARNSIDE (2005), manteve-se intacta até 1970. O desmatamento iniciou a partir da construção da Transamazônica, com taxas que têm variado ao longo dos anos. Atualmente, o Brasil conta com dois sistemas para monitoramento do desmatamento, ambos desenvolvidos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), isto é, um programa que calcula o desmatamento anual (PRODES) e detecta exclusivamente desmatamentos tipo “corte raso”, superiores a 6.25 ha; e um sistema para a detecção do desmatamento em tempo real (DETER), que permite identificar de maneira mais rápida onde está ocorrendo o desmatamento, este baseado em dados do sensor MODIS do satélite Terra/Aqua e do sensor WFI do satélite CBERS, de resolução espacial de 250 m. Portanto, o DETER mapeia áreas GT2_RAN1_Draft1_Cap3 335 336 337 338 339 340 341 342 343 344 345 de corte raso e também áreas em processo de desmatamento por degradação florestal. A taxa de desmatamento estimada pelo INPE, para o período de agosto de 2009 a agosto de 2010, foi de 6.451 km2 enquanto, pelo sistema DETER, 224,94 km² da floresta sofreu corte raso ou degradação progressiva no mês de julho de 2011. Todos os dados monitorados pelo INPE podem ser vistos em http://www.obt.inpe.br. As florestas são derrubadas por várias razões, incluindo exploração madeireira seletiva, conversão de áreas de cerrado em áreas agrícolas (por exemplo, cultivo de soja), abandono e rebrota das florestas; porém, predomina o desmatamento para a pecuária, cujo lucro com os bovinos de corte é uma importante fonte de renda, conforme destacado em FEARNSIDE et al. (2009). A degradação resulta da exploração madeireira, incêndios florestais e os efeitos da fragmentação, o que contribui para a perda de biodiversidade, alterações dos ciclos hidrológico, biogeoquímico e climático. 346 347 348 349 350 351 352 353 354 355 356 357 358 359 360 No contexto climático, várias pesquisas foram realizadas nas duas últimas décadas para avaliar o impacto das alterações dos usos da terra da Amazônia no clima regional e local (NOBRE et al., 1991; MANZI e PLANTON, 1996; SAMPAIO et al., 2007; CORREIA et al., 2008; entre outros). De modo geral, os estudos revelam que as avaliações, considerando simulações a partir de modelos climáticos globais ou regionais e desmatamento em larga escala ou de cenários projetados para o futuro, podem alterar o clima regional, o qual seria mais quente e mais seco sobre a região; portanto, corroborando outros estudos que indicam que, se o desenvolvimento sustentável e as políticas de conservação não forem no sentido de deter o aumento da degradação ambiental na Amazônia, as mudanças nos usos da terra podem conduzir o sistema clima-bioma a um novo estado de equilíbrio mais seco, levando à savanização de algumas partes da Amazônia. Recentemente, também baseado em estudos de modelagem, SOARES FILHO et al. (2010) estimaram a demanda futura por terra e as emissões geradas pelas mudanças no uso do solo e florestas (Land Use, Land Use Change, and Forestry - LULUCF). A partir dos resultados, verificaram que o volume total de terras adicionais necessárias chega a mais de 70 milhões de ha para acomodar a expansão de todas as atividades durante o período de 2006 a 2030. 361 362 363 364 365 366 367 368 369 370 371 372 373 374 375 376 377 Por outro lado, BARONA et al. (2010) ressaltaram que a dinâmica do desmatamento na Amazônia brasileira é complexa e que o debate crescente considera que o desmatamento resulta da expansão brasileira da indústria da soja. Análises mais recentes sugerem que o desmatamento é conduzido pela expansão da pecuária, ao invés da soja, ou seja, esta parece estar substituindo terras previamente desmatadas e / ou terras anteriormente ocupadas por pastagens. Logo, para o estudo, consideraram estatísticas, em nível de município, de áreas agrícolas e desflorestadas na Amazônia Legal, período de 2000-2006, para examinar os padrões espaciais e as relações estatísticas entre o desmatamento e as mudanças em áreas de pastagens e de soja. Os resultados corroboraram estudos prévios que apontaram que o desmatamento é predominantemente resultado da expansão das pastagens. Além disso, os resultados suportam a hipótese de que um aumento da soja no estado de Mato Grosso deslocou pastagens mais ao norte, levando ao desmatamento em outros lugares. Embora não conclusivo, as descobertas sugerem que o debate em torno dos mecanismos dirigentes do desmatamento da Amazônia ainda não está fechado, e que ligações causais indiretas entre soja e desmatamento podem existir, as quais necessitam ser mais exploradas. Pesquisas futuras devem examinar mais detalhadamente como as interligações entre área de terras, preços e políticas influenciam a relação entre a soja e o desmatamento, a fim de subsidiar uma análise mais conclusiva para o deslocamento do desmatamento. 378 379 380 381 382 383 384 385 Atualmente, há também uma crescente demanda global por biocombustíveis, que exigirá conversão de ecossistemas agrícolas convencionais ou naturais. A expansão da produção de biocombustíveis em áreas hoje utilizadas no Brasil para a agricultura reduz a necessidade de limpar os ecossistemas naturais, o que implica em benefícios indiretos do clima através da redução de emissões de gases do efeito estufa e retorno mais rápido de débitos de carbono (LOARIE et al., 2011). A expansão dos biocombustíveis pode também causar mudanças diretas no clima local, alterando o albedo da superfície e a evapotranspiração, embora estes efeitos ainda não tenham sido completamente documentados. Para quantificar os efeitos climáticos diretos da expansão da cana de açúcar no GT2_RAN1_Draft1_Cap3 386 387 388 389 390 391 392 393 394 395 Cerrado brasileiro, para uma área de 1,9 milhões de km2, LOARIE et al. (2011) consideraram como base mapas recentes de expansão da cana de açúcar e do desmatamento da vegetação natural, combinados com dados de sensoriamento remoto de temperatura, albedo e evapotranspiração. Os resultados do estudo indicaram que em uma base regional, para dias de céu claro, a conversão da vegetação natural em um mosaico de culturas / pastagem aqueceu o cerrado por uma média de conversão de 1,55 (1,45-1,65) °C; porém, a conversão subsequente do mosaico em cana de açúcar resfria a região a uma média de 0,93 (0,78-1,07) °C, resultando em um aumento médio líquido de 0,06 °C. Portanto, os resultados de LOARIE et al. (2011) indicam que a expansão da cana de açúcar em áreas agrícolas e de pastagens existentes tem um efeito de resfriamento local direto que reforça os benefícios indiretos para o clima a partir desta opção de uso da terra. 396 397 398 399 400 401 402 403 A evolução do desmatamento no Pantanal brasileiro e seu entorno, no período de 1976 a 2008, assim como cenários para o período de 2010 a 2050, foram elaborados por (SILVA et al. 2011). Os resultados, considerando as subdivisões da Bacia do Alto Paraguai - BAP (planície e planalto), BAP (Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), e BAP (Biomas Pantanal, Cerrado e Amazônia), apontam que até 2008 o desmatamento na planície do pantanal atingiu 12,14% de sua área, enquanto no planalto atingiu 58,9%. Os percentuais atuais apontam ainda que, caso não sejam estabelecidas ações efetivas de controle, a vegetação natural da região do Pantanal brasileiro, cuja área é de 361.666 km2 (SILVA e ABDON, 1998) poderá ser suprimida até o ano de 2050. 404 405 406 407 408 409 410 411 412 413 414 415 416 417 418 419 420 421 Destacada a importância do monitoramento da Amazônia por dados de satélites e conhecendo a relevância dos demais biomas brasileiros, que representam, aproximadamente, metade do território nacional, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente - SBF/MMA passou a monitorar, mais recentemente, o desmatamento nos biomas Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. O monitoramento visa quantificar desmatamentos de áreas com vegetação nativa e embasar ações de fiscalização e combate a desmatamentos ilegais nos biomas mencionados. A caatinga, principal ecossistema da Região Nordeste, tem sido ocupada desde os tempos do Brasil Colônia com o regime de sesmarias e sistema de capitanias hereditárias, por meio de doações de terras, criando-se condições para a concentração fundiária. A extração de madeira, a monocultura da cana-de-açúcar e a pecuária nas grandes propriedades (latifúndios) deram origem à exploração econômica. Na região da Caatinga, ainda é praticada a agricultura de sequeiro. Uma das principais causas do desmatamento na região é a extração ilegal da mata nativa, que é convertida em carvão vegetal e lenha, correspondendo a 30% da matriz energética usada nas indústrias da região, intensificando, portanto, o desmatamento local. Este é um dos mais vulneráveis biomas às mudanças climáticas, com áreas sob grave risco de desertificação. Logo, o relatório técnico do MMA de 2011 destaca que a área total do bioma é de 826.411 km2 e que as áreas desmatadas até 2008 e de 2008 a 2009 foram iguais a 375.116 km2 e 1.921 km2, respectivamente, ou seja, 45,39% da caatinga foram desmatadas até 2008. 422 423 424 425 426 427 428 429 430 431 432 O cerrado brasileiro, bioma da parte central do Brasil, ocupa área aproximada de 203 milhões de hectares (IBGE, 2004), ou seja, 25% do território brasileiro. Caracteriza-se pela vegetação rica em espécies, com mais de 450 espécies vasculares por hectare, e diferentes tipos de cerrado: pastagens, savanas arbustivas, savana arborizada, etc (SANO et al., 2000). FERREIRA et al. (2007) ressalta que o cerrado é considerado a savana mais rica do mundo em termos de biodiversidade (RATTER et al., 1996) e que o cerrado brasileiro foi considerado um dos 25 “hotspots” de biodiversidade no Planeta (MYERS et al., 2000). O Cerrado desempenha ainda um importante papel no balanço de energia, água e carbono da região, atuando como um sumidouro de gases de efeito estufa, tal como o CO, CO2 e CH4. Os resultados preliminares referentes ao monitoramento do desmatamento divulgados pelo MMA indicam que em 2009 o cerrado contava com área de vegetação nativa de 1.043.346 km2, ou seja, 51,16% da área do bioma. 433 434 435 O Pampa, ou Campos Sulinos, é um bioma restrito a uma unidade federativa do Brasil (Rio Grande do Sul) e ocupa aproximadamente 60% da área do Estado (~ 178.000 km2). Neste ecossistema predomina vegetação de gramíneas e arbustos espalhados e dispersos. Próximos aos cursos d'água GT2_RAN1_Draft1_Cap3 436 437 438 439 e nas encostas de planaltos a vegetação torna-se mais densa, com ocorrência de árvores. Os Banhados, áreas alagadas perto do litoral, também fazem parte desse bioma, que abriga grande biodiversidade. Os resultados do monitoramento do MMA de 2011 indicam que o Pampa apresentava área nativa, em 2008, da ordem de 64.131 km2, equivalente a 36% da área do bioma. 440 441 442 443 444 445 446 447 448 449 450 451 O monitoramento das alterações da cobertura vegetal da Mata Atlântica é feito desde 1989 pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Também está sendo feito pelo MMA. Este bioma, que se estende por quase todas as regiões do Brasil e abrange 15 Estados, caracteriza-se pela variedade de fitofisionomias e pela complexidade de aspectos bióticos. É o bioma que tem a menor cobertura vegetal natural; porém, é rico em diversidade biológica, incluindo várias espécies endêmicas. Os recursos hídricos neste bioma são usados para abastecer população que ultrapassa 120 milhões de brasileiros. Seus remanescentes regulam o fluxo dos mananciais hídricos, asseguram a fertilidade do solo, controlam o clima e protegem escarpas e encostas das serras. Em termos geológicos, destacam-se as rochas précambrianas e as rochas sedimentares da Bacia do Paraná. A paisagem é dominada por grandes cadeias de montanhas, além de platôs, vales e planícies de toda a faixa continental atlântica do leste brasileiro. 452 453 454 455 456 457 458 459 460 461 O referido bioma é composto principalmente por florestas ombrófilas densa, aberta e mista e florestas estacionais semideciduais e deciduais. A Floresta Ombrófila Densa apresenta a maior distribuição latitudinal dentro do bioma. Considerada um dos mais importantes ecossistemas do mundo, a Mata Atlântica protege e regula o fluxo dos mananciais hídricos que abastecem as principais metrópoles do país e centenas de cidades; controla o clima local, garante a fertilidade do solo e a beleza de suas paisagens. Sua área original, outrora considerável, hoje se encontra restrita a alguns remanescentes bastante fragmentados, vestígios do ecossistema original que, embora aparentemente protegidos pela topografia acidentada da Serra do Mar, continuam sendo destruídos para reflorestamento de espécies exóticas e extração de sua flora original. (http://siscom.ibama.gov.br/monitorabiomas/mataatlantica/index.htm). 462 463 464 465 466 467 468 469 Dados de desflorestamento da Mata Atlântica para os anos de 2008 e 2010, separadamente para cada Estado de abrangência do bioma, bem como dos remanescentes florestais, ano base 2010, podem ser vistos no Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, período 2008-2010 (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2011). Os Estados que apresentaram o maior (menor) percentual de remanescentes florestais foram Santa Catarina (Goiás), com valor igual a 23,04 % (4,7%). Informações mais detalhadas, para cada município dos diversos Estados, também podem ser vistas no Atlas. Segundo o MMA, da área total do bioma (1.103.961 km2), 75,88% foi desmatada até 2008. 470 471 472 473 474 O monitoramento do desmatamento da planície de inundação do Brasil (Pantanal) também é feito pelo MMA, considerando separadamente os dois Estados de abrangência, cuja área total estimada é de aproximadamente 151.313 km2. Desta, 15,18% foi desmatada até 2008 e, embora o Pantanal tenha sido declarado Reserva da Biosfera e Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO, ações de fiscalização e combate aos desmatamentos ilegais são primordiais para a sua preservação. 475 476 477 478 479 480 481 482 483 484 485 No setor agropecuário, as conseqüências do aquecimento global serão inúmeras. O Brasil com sua extensa dimensão continental, heterogeneidade climática, tipos de solo e topografia que imprimem diferentes condições ao desenvolvimento das culturas. Considerando-se os prognósticos futuros de aumento das temperaturas pode-se admitir que, nas regiões climatologicamente limítrofes àquelas de delimitação de cultivo adequado de plantas agrícolas, a anomalia positiva que venha a ocorrer será desfavorável ao desenvolvimento vegetal. Quanto maior a anomalia, menos apta se tornará a região, até o limite máximo de tolerância biológica ao calor. Por outro lado, outras culturas mais resistentes a altas temperaturas, provavelmente serão beneficiadas, até o seu limite próprio de tolerância ao estresse térmico. No caso de baixas temperaturas, regiões que atualmente sejam limitantes ao desenvolvimento de culturas susceptíveis a geadas, com o aumento do nível térmico devido ao aquecimento global passarão a exibir condições favoráveis ao desenvolvimento da planta. GT2_RAN1_Draft1_Cap3 486 487 488 489 490 491 492 493 494 495 496 497 498 499 500 501 Vários estudos foram feitos sobre os impactos das mudanças climáticas na agricultura. Um deles refere-se ao efeito direto nas plantas, do aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera, o qual tem sido intensamente estudado pelos especialistas em fisiologia vegetal. É bem conhecido o funcionamento, no que diz respeito à atividade fotossintética, da concentração do dióxido de carbono no crescimento das plantas. A concentração do CO2 na atmosfera, sendo próximo de 300 ppm está bem abaixo da saturação para a maioria das plantas. Níveis excessivos, próximos a 1.000 ppm, passam a causa fitotoxidade. Nesse intervalo, de modo geral, o aumento de CO2 promove maior produtividade biológica nas plantas. ASSAD e LUCHIARI (1989) utilizando modelos fisiológicos simplificados mostraram que essas variações são significativas nos cerrados brasileiros. A temperatura média durante a estação chuvosa nessas regiões – de outubro a abril – é de 22oC, tendo um máximo de 26,7oC e um mínimo de 17,6oC, supondo que um aumento da concentração de CO2 provoque um aumento de 5oC na temperatura, as plantas do tipo C4, como o milho e o sorgo, aumentariam a produtividade potencial em pelo menos 10kg/ha/dia de grãos secos. Para as plantas tipo C3, soja, feijão e trigo, esse aumento seria menor, da ordem de 2 a 3kg/ha/dia de grãos secos. 502 503 504 505 506 507 508 509 510 511 512 Considerando cenários de aumento e de redução de temperatura, ASSAD & LUCHIARI Jr. (1989) avaliaram as possíveis alterações de produtividade para as culturas de soja e milho. SIQUEIRA et al (2000) apresentaram, para alguns pontos do Brasil, os efeitos das mudanças globais na produção de trigo, milho e soja. Uma primeira tentativa de identificar o impacto das mudanças do clima na produção regional foi feita por PINTO et al. (2001), que simularam os efeitos da elevação da temperatura e das chuvas no zoneamento do café para os Estados de São Paulo e Goiás. O estudo previu uma drástica redução nas áreas com aptidão agroclimática, o que condenaria a produção de café nestas regiões. Recentemente, PINTO et al (2007), ASSAD et al (2007), ZULLO Jr et al (2006) e NOBRE et al (2006) elaboraram estudos detalhados sobre o futuro da agricultura brasileira em função dos cenários previstos para o clima regional. 513 514 515 516 517 518 Em 1996, foi instituído o programa de zoneamento de riscos climáticos no Brasil e desde então se tornou política pública adotada pelos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário, para orientar o crédito e o seguro agrícola do país. O zoneamento estabeleceu, estatisticamente, níveis de riscos das regiões estudadas para vários tipos de cultura, admitindo perdas de safras de no máximo 20%. O zoneamento agroclimático de riscos é uma ferramenta que indica o que plantar, onde plantar e quando plantar de acordo com a disponibilidade climática regional. 519 520 521 522 523 524 O zoneamento de riscos climáticos avalia a aptidão de uma determinada região a um tipo de cultura, não só com dados meteorológicos de chuva e temperatura, mas também com índices específicos desenvolvidos para apontar a sensibilidade das culturas a eventos extremos que possam ocorrer em fases fenológicas críticas da planta. O uso de geoprocessamento e de imagens de satélites é fundamental nesse processo. Com todas essas informações, é possível mostrar as probabilidades de se obterem safras com produtividade econômica mínima, em nível de município. 525 526 527 528 529 530 531 532 533 534 Seguindo a mesma metodologia do modelo de zoneamento de riscos climáticos, em 2008 (Deconto, 2008) foi divulgado um estudo que simula os cenários futuros da agricultura brasileira, a partir de resultados de modelos de mudanças climáticas. Os valores das temperaturas futuras para 2010, 2020, 2050 e 2070, através do modelo Precis, do Hadley Centre, para os cenários A2, de maior emissão, e B2, de menor emissão, do IPCC, para avaliar como as áreas e os municípios serão afetados pelos efeitos térmicos e hídricos. Os resultados obtidos foram coerentes com previsões anteriores de impactos do aquecimento nas áreas de potencial de produção agrícola brasileiras. Espera-se que o aumento da temperatura promova um crescimento da evapotranspiração e, conseqüentemente, um aumento na deficiência hídrica, com reflexo direto no risco climático para a agricultura. Por outro lado, com o aumento das temperaturas, ocorrerá uma redução no risco de GT2_RAN1_Draft1_Cap3 535 536 geadas no sul, no sudeste e no sudoeste do país, acarretando um efeito benéfico às áreas atualmente restritas ao cultivo de plantas tropicais. 537 538 539 540 541 A dinâmica climática deverá causar uma migração das culturas adaptadas ao clima tropical para as áreas mais ao sul do país ou para zonas de altitudes maiores, para compensar a diferença climática. Ao mesmo tempo, haverá uma diminuição nas áreas de cultivo de plantas de clima temperado do país. Um aumento próximo a 3°C causará um possível deslocamento das culturas de café e da canade-açúcar para áreas de maiores latitudes. 542 543 544 545 546 Os resultados obtidos permitem ainda outras conclusões. As áreas cultivadas com milho, arroz, feijão, algodão e girassol sofrerão forte redução na região Nordeste, com perda significativa da produção. Duas regiões poderão ser mais atingidas: toda a área correspondente ao agreste nordestino, hoje responsável pela maior parte da produção regional de milho, e a região dos cerrados nordestinos, como sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia. 547 548 Referências bibliográficas 549 550 551 552 553 554 555 ALEXANDER, L. V., X. ZHANG, T. C. PETERSON, J. CAESAR, B. GLEASON, A. KLEIN TANK, M. HAYLOCK, D. COLLINS, B. TREWIN, F. RAHIMZADEH, A. TAGIPOUR, P. AMBENJE, K. RUPA KUMAR, J. REVADEKAR, G. GRIFFITHS, L. VINCENT, D. STEPHENSON, J. BURN, E. AGUILAR, M. BRUNET, M. TAYLOR, M. NEW, P. ZHAI, M. RUSTICUCCI, J. L. VAZQUEZ-AGUIRRE, 2006: Global observed changes in daily climate extremes of temperature and precipitation, J. Geophys Research, v.111, p. 1-22, doi:10.1029/2005JD006290. 556 557 ALHO, C. J. R. 2008. 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