ffilffiilÌÈ - IFSP-PRC

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ffilffiilÌÈ - IFSP-PRC
ïïi#ffÍffi;ffi
.ÍÍl|ffi 'Ìïli*lliiffi
ïiilffi
iillitìïffiilliüÍÍ
DEDrvulcnçÃo
DEuMTEXTo
LErruRA
EMcRAvtraçÃo
uMEXEMeLo
creruríncA:
Henrique César da Silva
Introdução
HenriqueCésar da Silva
é doutorandona Faculdade
de Educação/Unicamp,
membrodo Grupode Estudo
e Pesquisaem Ciência e
Ensino - gepCE. -E-mail:
henri @turing.unicamp.br
cientíÍica
Os textosde divulgação
vêm sendoapontadoscomoexemplos
alternativas
ao livro
de possibilidades
e Ricon,1993).Com
didático(Almeida
relaçãoa essetipo de texto,a
é muitogrande:
encontrada
diversidade
há textosescritospor jornalistascom ou
em
sem formaçãocientíficapublicados
jornaise revistaspopulares;há textos
escritospor cientistaspublicadosem
comoé
científica
revistasde divulgação
o caso da CiênciaHoje;há textos
escritospor cientistasque énÍocam
temasrecenlesda pesquisaem Íísica
como O unìversoinílacionáilode Alan
Guth.textosque enÍocamtemasda
Íísicamodernacomo O incrívelmundo
da física modernade G. Gamow,textos
que abarcamquasetodosos principais
assuntosda f ísicanumaabordagem
históricacomo A dançado unÌversode
MarceloGleiser.
tambémpodeser
A diversidade
olhadapor outrosângulos:textosde
quefocalizamos resultados
divulgação
textosque
científico,
do conhecimento
dos
enÍocamo desenvolvimento
ao longo
cientíÍicos
diÍerentesraciocínios
da história,como Á evoluçãoda física
e L. InÍeld.
de A. Einstein
apontadospara
Entreos argumentos
deÍendero usode textosde divulgação
o maior
cientíÍicaencontramos:
dosalunos
e participação
envolvimento
nas atividadesem classecom o uso de
esses
linguagemcomumque caracteriza
textos;o papeldo ensinona Íormação
capazde, ao sairda
do sujeilo-leilor,
escola,continuara obtere checar
de naturezacientíficoinÍormações
de
a apresentação
tecnológica;
ou
conceitosde Íormacontextualizada,
e
Íragmentados
seja,não destacados,
isolados,comonos livrosdidáticos
(Almeidae Ricon,1993).
um texto
Nestetrabalho,analisamos
de divulgaçãocientíÍica,A gravìdade,
escritopor um físico,HansC. von Baeyer.
Trata-sede umaleituraque nãotem a
pretensão
de sermodeloparaumaleitura
r[iiËjiliil'Ì:ffi
realizadapor alunos,mas que aponta
do texto
oossibilidades
de funcionamento
quenão
em salade aula,possibilidades
estãodadas,precisamserconstruídas,
nas inÌerações
em aula.
elaboradas,
do textose
Esta leitura/análise
de
baseiatantonumaconcepção
pautadana linha
linguagem
e leitura,
como
francesada Análisede Discurso,
de conhecimento
numaconcepção
da
e de ensinoe aprendizagem
científico
ciência,pautadana epistemologia
históricae pedagógicade Gaston
Bachelard.
Nossaleituradessetextose dá,
antesde tudo,no sentidodo ensino,ou
dialógico
o potencial
seja,analisamos
de
intrínsecoao texto,na perspectiva
Íísica.
seuusoparaaprender
de leiturada
discursiva
Na concepção
análisede discurso,
"há um leitor virtualinscritono texto.
Um leitorque é constìtuídono
próprioatoda escrita.Em termosdo
que denominamos "formações
imaginárìas"em análisede
discurso,trata-seaqui do leitor
imaginário,aquelequeo autor
imagina(destina)Paraseu brto e
para quemele se dìrige.TantoPode
um
ser um seu'cúmplice'quanto
seu'adversário"'.(Orlandi,1988,p.9)
éa
Em Bakhtin,o dialogismo
"Os
condiçãodo sentidodo discurso.
textossão dialógicosporqueresultamdo
embatede muitasvozessociais."
(Barrose Fiorin,1994).No textoque
procuramos
as
distinguir
analisamos
em termosde
diversasvozespresentes,
no sentido
suaracionalidade,
Emborao componente
bachelardiano.
nãosejao único
epistemológico
no ensino,nesta
aspectosinterveniente
nossaleiturado texto,iremosnos deter
nesseaspecto.
maisespeciÍicamente
Coerentecom umaperspectiva
por
de leitura,procuramos
discursiva
inscritono
indíciosde um leitor-virtual
verificarcomoo autor
texto,procurando
dialogacom esseleitore que imagem
constróinessediálogo.
ffilffiilÌÈ
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Análise do texto
Paraefeitode análise,dividimoso
textoem cincopartes,descrevendo
as
características
de cada uma delasem
separado.
A primeirapartecompreendeda
página17 à 18,ou seja,os dois
primeirosparágrafos
do texto.O autor
iniciafalandosobreEinstein,
notadamente
Íazendoreferência
à sua
imagempública,popular,
mítica:"(...)o
mundo ìnteiroassr'sÍiuàs comemorações
do centésimoaniversáriode nascimento
de AlbertEinstein;'De certo,a Íigurade
Einsteiné um íconeda culturado século
XX, estampadaem camisetas,posters,
"há mais
associadaa comerciaisde TV:
de meio séculoo nome de Eìnsteine
umapalavra familiarque extrapolaos
limites da comunidadede f ísicos''.E
que autor
coma imagemde Einstein
(pertencente
à comunidadede físicos)e
algoem
leitor(leigo)têm inicialmente
comum.A imagemde Einsteiné
peloautorde Íormamuito
relembrada
nítida,não apenasem seustraços
f ísicos("o seu rostocândido"," uma
desgrenhadamadeixa branca de cabelo,
que permaneciaem pé como que
eletrificadapor excessode inteligência"),
comoem seustraçosde personalidade
"gentilezahumana",
(genialidade,
"humildade"e "decência"),que compõem
sua imagemmítica.
conjuntamente
O leitorvirtualdo textoé partede um
mundoculturaldo ouala ciênciafaz
parte.E supondoesse leitore o
em seu textoque o autor
inscrevendo
procurase aproximardo leitorreal.
O leitore logolevadoa pensarno que
sabe,no queconhece:a imagemde
E,
Einstein,
tornandoo textoconvidativo.
o primeiroparágrafo
simultaneamente
o que nãose sabe,o que não
apresenta
o seutrabalho:
se conhecede Einstein,
"incompreensível
para os leigos". Assim
"os
iniciao segundoparágrafo: mistérios
que ocuparamEinsteindurante toda a
sua vida podem ser sintetizadosem três
perguntas:O que é espaço?O que é
tempo?O que é gravidade?'Seu
trabalhonãoÍoi dar as respostasa
essasperguntas,mas descobrir
relaçõesentresessasidéias.Desta
formao textosintetizaa essênciado
a
de Einstein,
temado principaltrabalho
suaTeoriada Gravidade(Teoriada
Relatividade
Geral).Em síntese,após
, 'ffi''|**rffi .',:ïi+'Hir_'
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2:
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.':aÍ.',,,
'
"
,
um convitea leitura,o autorcolocaseu
tema principal,o objetodo texto.
A segundapartecompreendeda
página18 ao inícioda20. Nestaparte,o
autorexpõeo objetode que trataa
explicitando
teoriada gravidade,
aspectosdo nossocotidiano
Chamarelacionados
com a gravidade.
nos a atençãoa linguagemcom que
tratao conceito:a gravidade"vence";"a
primeira vitóriasobre a gravidade","às
vezes, essepequeno conflito se
transformaem uma batalha e termina
em derrota."Sáotermosque aludemàs
desdeque
nossasaçõescotidianas,
(há
nascemos a Íigurade um bebê
deitadosobreum colchão),à nossa
primeira,
imediata,
e tão
experiência
cotidlanaoue não nos damosconta.O
conceitoganhaentãoumageneralidade
quese estende,na página19, para
"o
afémdas nossassensações: mundo
é moldadopela gravidade"e não apenas
o nossocorpo,as nossasações
diárias,mas tambéma Terra,os
vulcões,as montanhas,a formadas
coisas,das estrelas,das galáxias.Nos
"
"
termos" vencel', lutaÌ', aglutinaÌ',
podemosentrevera idéiade Íorça.Uma
da qualsó
Íorça,no entanto,invisível,
podemosperceber,com nossocorpo,
nossalutacontraela. Mas o conceito
de forçaextrapolao nossocorpo.Enfim,
é universal!
a gravidade
O autorleva,assimo leitora sentiro
conceitoem seu corpoem sua
diáriae ao mesmotempo,a
experiência
essa
sensaçãoparao corpo
extrapolar
da Terra,paratudoque é material,para
as Íormasdo Universo.De um ladoo
autorvai ao encontrodo leitorem sua
primeira,
mas,de outro
experiência
produzum deslocamento
ao ampliar
"experiência"
para
coisas,a
as
essa
trata
aindade
Terra,o Universo.Não se
uma ruptura,mas estaextensão
preparao leitorparao conceitode ação
a distância.
O leitorvirtualdo textoé partede um
está
mundo,universoondea gravidade
presente
sempree seuprimeiro
no
é "experimental"
conhecimento
dada,
sentidode umaexperiência
primeira,e nãoconstruída.
Na terceirapartedo texto,que
os doisprimeiros
compreende
parágrafos
da página20,o autorexpõe
umaconcepçãoconstruídasobrea
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gravidade:
a concepçãoaristotélica.
Ao
m e s m ot e m p oq u e e x p õ ea
racionalidadearistotélic
a, "Aristóteles
ensina que o movimentonatural das
coisas pesadas é descendenteem
dìreção ao centro da Terra, uma
si tuação deveras tranq uiIizadora",
exoõetambéma sua crítica.A razáo
aristotélica
não explicaa gravidade,
não a questiona,não a analisa.E uma
concepçãoque entravao
No texto,ao criticara
conhecimento.
racionalidade
aristotélica,
críticaque
só teve sentidohistórico,com a
construção
da racionalidade
newtoniana,
o autorcriticaa base
presentenos
dessaracionalidade,
peloque Bachelard
chama
indivíduos,
histórica(Lopes,1993).
de recorrência
"Dizerque uma coisa é natural
isenta-ade maior especulação.
Natural sign ifica n ormal,
s a u d á v eel c o m u m , e n ã o
anômalo,patológicoe carente de
análise e interpretação.A
palavra'naturalmente'servepara
encerrarconversas,e não para
ìniciá-las"(p. 20)
Queremospontuaresseaspecto
peculiar
como uma característica
dessetexto.Trata-sede um textoque
racionalidades
aoresentadiÍerentes
por
que progrediram
historicamente
rupturasumascom as outras:a
aristotélica,
a
racionalidade
newtoniana
ea
racionalidade
einsteiniana.
O textonão
racionalidade
mas,
trazdefiniçõesda gravidade,
comoÍicarámaisevidenteno restante
da análise,localizaa essênciade cada
as críticas,os
Íormade pensamento,
que,superados,
levaramà
obstáculos
construçãode um outraracionalidade.
E assimque apresentaas idéiasde
comojá evidenciamos.
Aristóteles,
O leitorvirtualinscritono textoé um
e
leitorque possuisuas racionalidades
o autorse contrapõea elas.De um
lado,identiÍicao leitorcom a
aristotélica:
todasas
racionalidade
coisascaem,e isso é simplesmente
natural.De outrolado,se contrapõea
mediadopela
essaracionalidade,
razáode Newton:naturalx
comumx anômalo.
extraordinário,
L o p e s( 1 9 9 3 )n, u ma r t i g oe m q u e
de Bachelard
discuteas contribuicões
',jjÈffitr{,,r.\ryií{
.;,4pÊ+4
: ::
-iï
:::.
a o e n s i n od a c i ê n c i ar, e s s a l t a l g u n s
aspectossobreo papelda
historicização
no ensino:"(...)é preciso
o alunoadquirira consciência
da
retiÍicaçãoconstanteda ciência,do
eternorecomeçoda razâoque se Íaz
(Lopes,
todanovaa cadadesilusão"
1 9 9 3 ,p . 3 2 6 ) .S e g u n d oa a u t o r a ,
do
apresentar
a históriado progresso
numavisão
conhecimento,
é importante
de ensinoque enfocaos problemas
cientíÍicos,
os raciocínios
e não os
resultados.
E na apresentação
da
das teorias
tessituraepistemológica
que a históría,
diríamos,
científicas
epistemológica
da ciência,tem seu
pela"colocação
das
carátereducativo,
lutasentreidéiase fatosoue
constituíram
o progressodo
c o n h e c i m e n t (oL" o p e s1, 9 9 3 ,p . 3 2 7 ) .
Seguindoportanto,a linhadessa
na
epistemológica,
historicização
quartapartedo texto,da página20 à
22, o aulorapresentaa racionalidade
newtoniana,
em oposiçãoà aristotélica:
"(...)lsaac Newton transformoua
gravidade em algo extraordinário,algo
de que se tenha cìêncÌa,algo que
necessita de expIicação",rompendo
a s s i m s, u p e r a n d oa, i m o b i l i d a ddeo
pensamento
ico.
aristotél
O autorÍocalizasua exposiçãoda
teoriade Newtonno pontocentralda
que resideno
newtoniana
racionalidade
conceltode açãoà distância,uma idéia
Íorado empirismoimediato,sem
primeirado
traduçãona experiência
s u j e i t oS. e g u n d oK o y r é( 1 9 8 6 )u, m d o s
pontosmais atacadosda teoria
justamente
estárelacionado
aristotélica
de se suporaté Galileu
à incapacidade
e Newtonque os corpospudessem
interagirsem contato.Paraexplicar
porqueos projéteiscontinuamse
movendomesmocessadaa forçade
tinhaque Íazer
contato,Aristóteles
que consideramos
suposições
mantendoseu pressuposto
estranhas,
de que sem força em contatocom o
E nesse
corpo,não há movimento.
da
sentidoque a racionalidade
negaa
mecânicanewtoniana
ea
racionalidade
aristotélica,
comum.
experiência
sempre
Comoo conhecimento
possuimovimento,
e comodiz
B a c h e l a r d" (, . . . ) oh o m e mm o v i d op e l o
espíritocientíÍicodesejasaber,mas
para,imediatamente,
melhor
q u e s t i o n a(rB
" a c h e l a r d1,9 9 6 ,p . 2 1 ) ,o
autorexplicitanovasperguntasque a
racionalidadenewtoniana levanla'."Mas
de onde provém essa força? O que faz
com que as coisasse atraiam
mutuamente?'
SegundoLopes(1993):
"Bachelard
(1972a)inclusive
consideraa históriadas ciências
como um imensaescola,na qual
existembonsalunose os alunos
medíocres,enfatizandoa
imoortância
de se trabalharcom
a históriade ambos:a
transmissão
de verdadese a
transmissão
dos erros.O
dasverdadesnos
conhecimento
Íaz entenderas progressivas
O
construções
racionais.
conhecimento
dos errosnos
permiteentendero que obstruio
(p. 327)
conhecimento
cientíÍico"
de Newtonnão
A teoriada gravidade
questões,
mas o autor
respondeessas
dá um exemplode um erro,de um
"maualuno"da escolanewtoniana,
ao
Coldem
exporas idéiasde Cadwallader
( 1 6 8 8 - 1 7 7 6E) .n e s s em o m e n t o ,
generaliza
de
o tipode raciocínio
nele
leitor:
incluindo
o
Cadwallader
"As pessoas comuns não
comp artilham a alienação
enlevadade Newton. Muitos
procuram - e muitos ainda
pIgplIam - modelos que façam
sentido,que tranqúilizema
mente quandoa terrívelpergunta
lhes assalta o pensamento:Por
que será que as coisa se atraem
(p.21)
mutuamente?"
Esteé o segundotrechodo texto
e m q u e o a u t o ri n c l u oi l e i t o rn u m
raciocínio
superadopelaracionalidade
newtoniana,
agorade Íormamais
Novamenteum exemplodo
explícita.
que Bachelard
chamade recorrência
"e
muitos
aindaprocuram".
histórica:
inclusão
do sujeitoNovamente
uma
no texto
leitor,de sua racionalidade
quandoo autorse reÍereàs "pessoas
comuns".
Em outrosmomentosdo textohá
reÍerênciascríticasa atitudesque
podemser consideradas
ao
obstáculos
conhecimento
científico:"A creduIidade
é uma fraquezahumana"(p. 22); "4
preguiça é um outra fraqueza humana"
(p.23).
Na página22 enconïramosoutro
indíciodo diálogoentreautore leitor:
"A explicação de Newton para a
gravidade é repetida com tanto
freqüêncìae autorìdadeque
todos nos acreditamose, na
realidade,sentimos que a sua
verdade passou a fazer parte da
nossa ìntuição".
A palavragravidadejá Íaz partedo
nossocotidianocultural,quasetoda
criançasabeque "os objetoscaempor
causada gravidade".No entanto,tratase de umaaoreensãonão
racionalizada,
de umaextensãodo
sensocomum.Maisuma vez, o autor,
em seu diálogocom o leitor,se
Estaé
contraoõeà sua racionalidade.
Íundamental
da
umacaracterística
formacomoo autordialogacom o
leitor,comoum leitorque,embora
possapensarcomoAristóteles,
não
mas que
vivenumaculturaaristotélica,
também,ainda,nãovivenumacultura
no
newtoniana,
da racionalidade
dela.
sentidode ter-seapropriado
Numa
Apenasum parêntesis.
por nóscom
desenvolvida
atividade
a l u n o sd e u m ap r i m e i r as é r i ed o
ensinomédiocolocamosem questão
se a Terrase moviaou não.
aos alunosque se
Solicitamos
dividissem
e m d o i sg r a n d e sg r u p o s ,
em gruposmenorespara
subdivididos
propiciaruma primeiratrocade idéias.
Um dos gruposgrandesdeveriapensar
a favordo movimentoda
argumentos
Terrae o outrogrupo,argumentos
contrao movimentoda Terra.Em
princípiofoi diÍícildividira classe,pois
a m a i o r i ad o s a l u n o sq u e r i aÍ i c a rn o
da
grupoque deÍendiao movimento
ser mais
Terra,por acreditarem
simples,teremmaisargumentos.
Após uma primeiradiscussãocom a
classe,tornou-seevidenteque era
muitomaisfácildefendera imobilidade
da Terrado que o oposto,e a maior
parteda classepassouparaesse
grupo.A quantidade
de argumentos
que essesalunosapresentaram
foi
realmentemuitomaior,tornandomuito
do grupoque
difícila argumentação
da Terra,e
deÍendiaa mobilidade
,ìiiiiiii
:ì ,1i
È-ìÌiiii
derrubandoquasetodosos seus
argumentos.
Voltandoao textode von Baeyer,na
quintapartedo texto,da página23 em
diante,o autorapresentaa
einstein
iana,novamente
racionalidade
comocontraposição
à racionalidade
anterior.Destaformao autorcontrapõe
(da
conceitoscomoespaçotempo
de Einstein)ao
teoriada relatividade
espaçoabsoluto(dateoriade Newton).
Poderíamos
ser levadosa crerque
a verdadeatingiuseu limitejá que nos
no pontoda históriaonde
encontramos
a teoriada gravidadede Einsteiné a
ú l t i m aP
. o d e r í a m ossu p o rq u e a s
outrasteoriasestavamerradasno
s e n t i d od e o u e a h o r ad a v e r d a d eÍ i n a l
. a sm a i s
a i n d an ã oh a v i ac h e g a d oM
u m av e z p o d e m o sc o n s i d e r aers s e
poisem vários
textobachelardiano.
momento,o autor,explicitatambémas
i n c o m p l e t u d edsa t e o r i ae i n s t e i n i a n a ,
a s q u e s t õ e sq u e d e l as u r g e mq u e e l a
deixasem resposta,num movimento
sem fim, no pontoonde os cientistas
se encontramhoje,menosdiantedas
respostasda teoriada relatividade
geral,do que diantedas interrogações
que ela levanta.
"Mas não existe uma resPosta
definitiva. O que falta no novo
raciocínio é uma explicação da
razãopela qual uma massa,
como a do Sol ou da Terra,
distorce a direção dos cursos.
(...) Mas antes de tudo,Por que é
que as massas curvam o
(p.32)
espaçotempo?"
O diálogocom o leitor,que se iniciou
em suaculturano
encontrando-o
sentidomaisamplo,ondea imagemde
Einsteintem um sentidomítico,e em
primeira,
no
sua culluraexperimental
termina,no
sentidobachelardiano,
texto,numoutronívelepistemológico,
ouandoo leitoré convidado
a pensarjunto com
explicitamente
Einstein:
"Tente.lmagine-sesegurando
uma pedra. lmagine-selargandoa. Agora imagine-asendo
carregadasilenciosae
rapidamenteao longo do rio do
tempo,que por acaso tem uma
' u
uf ;.1#i
t,
,t,
l:".:
pequenacurvaturabem aqui,
voltadapara o solo. A pedra
segue a dÌreçãodo curso do
espaçotempoexatamentecomo
um gravetosegue uma corrente.
Existealgo de mais natural?"(p.
33)
O leitore sua pedranão se
encontrammaisno mesmomundoem
que estavam.Trata-seagorade um
mundomediadopeloconceito
de espaçotempo.
einsteiniano
ComentáriosÍinais
São diversosos aspectosque
p o d e ms e r c o n s i d e r a d onsa e s c o l h ae
seleçãode textosparatrabalhoem
salade aula.O interessee motivação
d o s a l u n o sp e l ot e m ad o c u r s o ,a
a
geraçãode debatese polêmicas,
produção
de aspectosda
apresentação
da ciênciae tecnologia,de aspectos
da
do contextohistórico-social
produçãodo conhecimento
científico,a
introduçãode conteúdosde maior
relevânciasocial,a série,o lugardos
textosno curso,a relaçãodos textos
com outrosrecursoscomovídeoe
etc. etc. O texto
experimentação,
escritonão só pode ser usadocom
como
diÍerentesintençõese objetivos,
Íuncionaráde modosdiferentes
conformea atividade,o contextode
a históriade vida e de
interações,
l e i t u r ad o s a l u n o se o t r a b a l h os o b r e
suasexpecÌativas.
Na análiseque Íizemosdo textode
von Baeyerressaltamoso asPecto
o
concebendo
historico-epistemológico,
interlocução
textocomo um espaçode
polêmicanumaperspectiva
bachelardiana.
Trata-sede um textoPolifônico,
segundoBakhtin(Barrose Fiorin,1994)
vozesentramem
em oue diferentes
a voz do leitorqueé
inclusive
conÍronto,
com as vozesdo passado
identiÍicada
da históriada ciência,poiscomoafirma
"a
do aluno,
Lopes(1993), diÍiculdade
fazendo
muitasvezes,nãoé individual,
partede uma recorrência
(p.
histórica"
327).
assim,a ciênciaque o
EnÍatizamos
textode von Baeyerapresenta
plural
ressaltando
o aspectoracionalista
que
Pluralidade inclui
e descontinuísta.
';.,r '.
1
'#&RY,Í41nÌ
ii$ìiìi"tá
no textocomo
a voz do sujeito-leitor
que deveser
umaracionalidade
comomeiode produçãodo
contestada
sentidoda racionalidade
cientíÍica,
pois,comoaÍirmaBachelard(1996),
"psicologicamente,
não há verdadesem
(p. 293).
erroretiÍicado"
BARROS,D. P.e trIORIN,J. L. (orgs.)(1994)
polifonia,
Dialogismo,
intertextualidade: em torno de
de culBakhtin Mikhail. (E,nsaios
tura.7). SãoPaulo;EDUSP.
Referências
(1993)
ALMEIDA,M. J.P.M. eRICON,A.E.
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BACHELARD, G. (1996)- A formaçãodo espírito científico: contribuição para
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