Otimismo com o pé no chão marca início da safra 2016/17
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Otimismo com o pé no chão marca início da safra 2016/17
1 Revista Canavieiros - Abril de 2016 2 Revista Canavieiros - Abril de 2016 Editorial C 3 Otimismo com o pé no chão marca início da safra 2016/17 om discursos moderados, lideranças do setor sucroenergético pontuam que a safra 2016/17, iniciada no dia 1 de abril, poderá ser mais produtiva que a anterior, em um cenário com preços melhores para os produtos da cana, mas o segmento ainda enfrenta barreiras, principalmente devido ao alto endividamento que passa dos R$ 93,7 bilhões. A Revista Canavieiros preparou um especial com a projeção das principais consultorias nacionais e traz na sua matéria de capa as informações sobre a temporada atual, mostrando que o desafio a ser vencido se esbarra no controle e gestão dos custos de produção num ambiente de inflação e desvalorização cambial. A revista de abril mostra também como foi o 18º Seminário de Mecanização, traz matérias sobre as novas colhedoras da Case IH e Valtra e que o Agronegócio na Escola teve sua primeira palestra de capacitação de 2016. Também tem matéria sobre a nova fábrica de trens inaugurada em Araraquara, entre outros eventos. Desta vez, tem entrevista com o ex-ministro da Agricultura, embaixador da FAO/ONU para o cooperativismo e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues e com as empresárias Ana Carolina Salles Leite Viseu e Ana Maria Leite. Já no Ponto de Vista opinam José Osvaldo Bozzo, Dib Nunes, Celso Torquato Junqueira Franco, José Bressiani, José Luiz Tejon Megido e Marcos Matos. Artigos técnicos de Maximiliano Salles Scarpari, Marcelo Borges Lopes, Roberto Giacomini Chapola e Hermann Paulo Hoffmann, além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves. As notícias do Sistema trazem uma matéria sobre o jantar beneficente em prol do Hospital de Câncer realizado pelo Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cobred, que em sua 10ª edição, contou dessa vez com show de Fernando e Sorocaba. E que a Canaoeste prossegue no seu plano de reestruturação, iniciando agenda de reuniões técnicas. Assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidos nesta revista de abril. Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 RC Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 23.000 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) [email protected] Boa leitura! Conselho Editorial www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Abril de 2016 4 Ano IX - Edição 118 - Abril de 2016 - Circulação: Mensal Índice: Capa - 38 Otimismo com o pé no chão marca início da safra 2016/17 Com discursos moderados, lideranças do setor sucroenergético pontuam que o ciclo poderá ser mais produtivo que o anterior, mas o segmento ainda enfrenta barreiras, principalmente devido ao alto endividamento Coluna Caipirinha .....................página 18 Ana Carolina Salles Leite Viseu e Ana Maria Leite Irmãs apostaram na inovação do caldo de cana em caixinha Assuntos Legais .....................página 34 20 - Notícias Copercana - Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred realiza jantar em prol do Hospital de Câncer de Barretos 28 - Notícias Canaoeste - Um novo cenário, uma nova Canaoeste! 32 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal 70 - Destaques ABAG/RP realiza palestra de capacitação do 16º “Agronegócio na Escola” .....................página 70 IAC realiza a 9ª edição de seu curso de formação de MPB .....................página 80 Trem “made in Brazil” .....................página 72 A irrigação pode contribuir para o controle de pragas da cana, afirmam especialistas em evento do GIFC .....................página 84 Agronegócio é discutido em encontro promovido pela AMCHAM .....................página 78 Pesquisa mostra impacto dos fertilizantes no rendimento da cana .....................página 79 Revista Canavieiros - Abril de 2016 Fornecedores de cana passam a apostar nas vantagens da irrigação por gotejamento .....................página 86 Interior Paulista sedia o 18º Seminário de Mecanização .....................página 88 Combatendo as cana-de-açúcar Entrevista: Roberto Rodrigues .....................página 08 Pontos de Vista: José Osvaldo Bozzo .....................página 10 Dib Nunes Jr .....................página 12 Celso Torquato Junqueira Franco .....................página 14 08 - Entrevista Tecnologias sustentáveis e planejamento da reforma de cana crua foram debatidos em curso do APTA .....................página 76 E mais: principais doenças da .....................página 92 Artigos Técnicos: Modelagem matemática associada às imagens de satélite visando à estimativa da safra canavieira .....................página 52 Os desafios para otimizar a colheita mecanizada .....................página 54 Artigos: O potencial da cana-energia como fonte de biomassa para a agroindústria do etanol .....................página 58 2016: Ano para quem sabe superar .....................página 60 Código Florestal Brasileiro e a segurança jurídica do agronegócio .....................página 62 Informações Setoriais .....................página 64 Novas Técnologias Case IH lança a versão 2016 da colhedora de cana A8800 .....................página 66 Valtra quer aumentar market share no segmento de colhedora de cana .....................página 68 Classificados .....................página 94 Cultura ....................página 98 5 Entrevista I “Enquanto houver produtor rural disposto a enfrentar todas as dificuldades que existem, nós vamos continuar crescendo” Roberto Rodrigues A afirmação é do produtor rural, ex-ministro da Agricultura, embaixador da FAO/ONU para o cooperativismo e coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, Roberto Rodrigues. Em entrevista à Revista Canavieiros, o ex-ministro falou de um setor que é estratégico para a economia brasileira, o agronegócio, e fez um balanço a respeito da situação econômica e política do país. Acompanhe! Fernanda Clariano Revista Canavieiros: Ao mesmo tempo em que se acentua o ritmo da produção brasileira de grãos cresceu a disparidade entre os meios rural e urbano. Como o senhor vê isso? Roberto Rodrigues: A agricultura e consumidor rural e urbano, campo e cidade, são pedaços do mesmo corpo, o corpo da nação. A nação tem o agricultor, o consumidor, o produtor de sapato, de óleo vegetal. Então tudo faz parte de um mesmo corpo, não existe a nação sem o produtor e não existe o produtor sem o consumidor. Somos uma coisa só e esse conceito que está muito claro nos países desenvolvidos, ainda não está claro aqui, onde somos nós e eles, o urbano é uma coisa e o rural é outra coisa, uma segunda classe e isso é um erro. Na medida em que esse processo educacional evoluir e florescer, esse contexto de que tudo é uma coisa só gera o desenvolvimento nacional de maneira equilibrada. Revista Canavieiros: O agronegócio tem uma importância muito grande para o país. Nos últimos 25 anos a área plantada com grãos cresceu 53% e a produção de grãos cresceu 260%. A que isso se deve? Roberto Rodrigues: Isso se deve a tecnologia. Os produtores rurais submetidos ao Plano Collor e depois ao Plano Real - que estabilizaram a economia, depois geraram uma demanda de competitividade para sobreviver - foram buscar tecnologia em gestão, aumentaram a produtividade e reduziram os custos de produção, ficando competitivos. Isso teve um reflexo na sustentabilidade da atividade rural brasileira fora do comum. Se nós tivéssemos hoje a produtividade que tínhamos há 25 anos seriam necessários mais 78 milhões de hectares para gerar a safra deste ano, ou seja, nós preservamos 78 milhões de hectares em desmatamento porque aumentamos a produção na área que já existia. Então, a ciência, a tecnologia e a inovação foram a alavanca da competitividade brasileira e continuam sendo. Revista Canavieiros: O que podemos esperar da agricultura? Roberto Rodrigues: Eu vejo claramente a segurança alimentar como a única garantia mundial de paz e isso não sou eu quem está inventando. Não há paz onde houver fome, a fome gera miséria, desgraça e guerra. Então, alimentar o mundo inteiro é um desafio Revista Canavieiros - Abril de 2016 6 para a humanidade ter paz e cada cidadão no mundo deveria lutar para ter alimento para todo mundo e ter paz. O mundo contemporâneo olha para o Brasil como um grande supridor de alimentos, a expectativa é que em 10 anos possamos aumentar em 40% a exportação de alimentos e se nós aumentarmos em 40%, o mundo cresce a metade, que é 20%. Nós temos um desafio e uma solicitação internacional, uma demanda internacional fantástica. Por favor, cresça 40% para que o mundo cresça 20%. Eu acho isso uma coisa maravilhosa, um desafio espetacular, de modo que eu vejo agricultura como um cenário de empregos nobres, de geração de uma sociedade brasileira mais desenvolvida, mais harmoniosa, economicamente mais equilibrada, com base numa agricultura igualmente sólida, sóbria e tecnificada. Eu vejo um horizonte que é oferecido ao Brasil fantástico. Ser o campeão mundial da paz. Revista Canavieiros: Sabemos do potencial do agronegócio brasileiro, mas até onde ele é capaz de sustentar a economia brasileira? Roberto Rodrigues: Enquanto houver produtor rural disposto a enfrentar todas as dificuldades que existem, vamos continuar crescendo, mas a grande expectativa que existe é que em algum momento a sociedade brasileira desperte para essa demanda global e pressione os governos de qualquer natureza, municipal, estadual, federal, para uma estratégia para a agricultura. Hoje não tem política comercial adequada, não tem política de renda, não tem política tecnológica, não tem política de logística, estrutura, é tudo contra o agricultor e estamos crescendo, imagina se houver uma estratégia. Ninguém segura o Brasil. Revista Canavieiros: O senhor foi ministro no Governo do ex-presidente Lula. Como o senhor vê o momento político e econômico do país? O agronegócio ganha ou perde com a atual conjuntura? Roberto Rodrigues: Todo mundo perde, o agronegócio também perde porque numa situação de estabilidade política e econômica, acaba faltando crédito, os créditos ficam mais caros os custos sobem, a volatilidade cambial gera uma volatilidade comercial porque os preços mudam a cada dia para cima ou para baixo, o ajuste fiscal necessário certamente vai fazer o crédito muito mais seletivo e muito mais caro, então o agronegócio acaba sofrendo também inevitavelmente, mas ainda é ¼ do PIB Nacional que é quem sustenta a balança comercial brasileira e vamos de novo em 2016 fazer a mesma coisa. Revista Canavieiros: Em recente entrevista a um jornal, o senhor afirmou que a presidente Dilma Rousseff perdeu o controle da gestão. O senhor é a favor ou contra o processo de impeachment? Roberto Rodrigues: Eu acho de novo que a Dilma perdeu a capacidade de governar. Posso dar milhões de exem- Revista Canavieiros - Abril de 2016 plos para explicar isso. Ela destruiu a Petrobras porque estabeleceu todo processo de combate a inflação com os combustíveis com preço estável. Comprava lá fora mais caro do que vendia aqui dentro, foram 34 bilhões de prejuízo só no ano passado, destruiu a Petrobras. Destruiu junto o setor sucroenergético que era um florão da agricultura brasileira, o mundo inteiro olhava com inveja e ela destruiu isso. Prometeu que a energia elétrica não iria subir e subiu 60%, que o juro iria cair e subiu, cresceram desemprego e a inflação. Ela cometeu tantos erros na área da gestão pública que perdeu o comando e perdeu a confiança do investidor, e não se faz um país sem o setor privado. Cabe ao Estado estabelecer as regras, escrever os mecanismos e o setor privado vai lá e ocupa o espaço econômico e toca para frente. Com esse fracasso todo da presidente Dilma, o setor privado não confia e não está investindo. O desemprego aumenta, a inflação aumenta, tudo aumenta, tudo piora. Eu acho que ela não tem condição de gestão para tocar o país e recuperar a confiança. Por outro lado, politicamente ela também se perdeu de uma forma trágica e não consegue manter uma estrutura de sustentação política adequada. Agora o PMBD desembarcou do Governo, ou uma parte desembarcou do Governo. Com isso, eu acho que ela não tem nem condição executiva e nem condição política de tocar o país de modo que tem que haver uma mudança. Acredito que a melhor solução seria via renúncia, o que ela não vai fazer. A segunda solução para mim seria o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) impugnar a chapa por causa de crimes eleitorais, mas aí teria que fazer uma nova eleição e o país está vivendo um momento muito complicado, muito conturbado para uma nova eleição. E, por último, ela abdicou das funções dela, não renunciou ao cargo, mas abdicou das funções trazendo o Lula para um cargo de primeiro ministro, eu até acho que o Lula tem muito mais capacidade do que ela para resolver as coisas e quem sabe até sair lá na frente, mas agora precisa de confiança. Tem que criar um mecanismo qualquer para que algo aconteça e eu acho que o único mecanismo viável seria o impeachment, mas acho pouco provável que aconteça. RC 7 PROTEÇÃO E PERFORMANCE PARA A CANA-DE-AÇÚCAR. A T E NÇà O Estes produtos são perigosos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas nos rótulos, nas bulas e nas receitas. Utilize sempre equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização dos produtos por menores de idade. Venda sob receituário agronômico. Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo. Evos possui elevada seletividade e mobilidade que proporciona o pleno desenvolvimento da cana e obtém controle efetivo sobre a podridão-abacaxi e as ferrugens. É um fungicida de amplo espectro de ação pronto para promover melhor sanidade e qualidade do canavial, mais produtividade e lucro direto ao produtor. CONHEÇA NOSSA LINHA PARA CANA-DE-AÇÚCAR: +55 (41) 3071.9100 Uma empresa do grupo fb.com/altaagricola www.alt a - b r a s i l . c o m América Latina Tecnologia Agrícola Revista Canavieiros - Abril de 2016 8 Entrevista II Do canavial direto para a caixinha Ana Carolina Salles Leite Viseu e Ana Maria Leite Com uma história ligada ao setor canavieiro há décadas, as irmãs Ana Carolina Salles Leite Viseu e Ana Maria Leite decidiram inovar e oferecer ao mercado, de um modo prático, um produto muito apreciado, mas disponível somente em feiras livres ou locais específicos. Apaixonadas pela garapa e inconformadas de só poder bebê-la de vez em quando, investiram mais de três anos em pesquisas e no aprimoramento da qualidade da cana até chegar a uma forma de envasar a bebida para que todo mundo pudesse tomá-la sempre. Assim nasceu a Acana, uma marca de bebida, que é feita com a cana-de-açúcar produzida na fazenda da família, a Santa Lourdes, localizada em São Carlos-SP, onde também fica a fábrica. Lançado em setembro de 2015, o caldo de cana na caixinha Tetra Pak vem ganhando as prateleiras internacionais, como as do Japão e também as nacionais, principalmente na capital paulista, sendo que as irmãs estimam faturar R$ 5 milhões, em 2016. Andréia Vital Revista Canavieiros - Caldo de cana-de-açúcar na caixinha. Como surgiu essa ideia? Ana Carolina Salles Leite Viseu Durante uma reunião familiar surgiu a ideia de envasarmos o caldo de cana para que pudéssemos tomar a todo momento. A embalagem Tetra Pak surgiu como viabilidade de produção durante o processo de pesquisa, já que mantém a bebida protegida da luz, evitando sua oxidação e também permite abrir mão dos conservadores, uma vez que o envase é asséptico, logo após a pasteurização. Ou seja, não há risco de contaminação. Revista Canavieiros - O setor sucroenergético vem há anos sofrendo crises. Quais foram os principais desafios e obstáculos enfrentados por vocês ao empreender neste segmento e em algo novo no mercado? Ana Maria Leite - Enxergamos na bebida industrializada algo promissor justamente por agregar valor à cana-de-açúcar. Nosso principal desafio foi desenvolver um produto que não contivesse preservativos ou aditivos químicos, que ficasse o mais próximo do natural. Além disso, o fato de ser uma categoria de bebida completamente inovadora, temos também o desafio de educar nosso consumidor tanto em relação aos benefícios nutricionais, quanto ao próprio momento de consumo. Afinal, até agora, o caldo de cana só era possível nas feiras livres ou em alguns pontos de venda específicos. Revista Canavieiros - Abril de 2016 Foto: Wellington Nemeth. Irmãs: Ana Carolina e Ana Maria apostaram na inovação do caldo de cana em caixinha 9 Revista Canavieiros - Quanto foi investido no negócio? Ana Carolina - Até agora, contando toda a parte da linha de produção e o desenvolvimento do produto foram cerca de R$ 2 milhões Revista Canavieiros - Quais os impactos sociais desse empreendimento na região onde é produzido o produto? (Foram gerados quantos empregos? Ocorreu a capacitação de profissionais? Etc). Ana Maria - A fábrica hoje trabalha em apenas um turno, empregando diretamente 6 pessoas e indiretamente (na lavoura), mais 10. A fazenda Santa Lourdes, localizada em São Carlos-SP, cultiva a cana-de-açúcar há mais de seis décadas, portanto, desenvolveu, ao logo dos anos processos e tecnologias próprias de plantio, colheita, seleção da cana e processamento. Na fábrica, entretanto, houve sim capacitação de vários funcionários para trabalhar na moagem, na linha de produção e no controle de qualidade. Revista Canavieiros - As exigências em relação à preservação do meio ambiente são cada vez maiores. A sustentabilidade está presente na produção dos seus produtos? Ana Carolina - A fazenda Santa Lourdes conta com uma PCH (pequena central hidrelétrica) própria que gera energia limpa para a fábrica. Além disso, usa água de mina para a lavagem de toda a tubulação e limpeza geral das instalações. Essa água é tratada (com certificação) e reutilizada nas plantações. O bagaço da cana que sobra da sala de moagem é todo destinado à plantação da cana em forma de adubo e é também direcionado para alimentar o gado da propriedade. Por fim, a palha da cana, descartada na colheita, segue para secagem e prensa na fábrica local de briquetes, as chamadas lenhas verdes, usadas em caldeiras e fornos. Sabemos o quão importante é devolver para a natureza o que dela tiramos e ter um uso consciente de todos esses recursos. Revista Canavieiros - Vocês têm a expectativa de faturar R$ 5 milhões em 2016. Quais são as estratégias para conquistar esta margem? Ana Maria - Estamos muito focadas no mercado internacional, agora que obtivemos as licenças para exportação e o registro no FDA (Food and Drug Administration - Estados Unidos). O mercado externo é muito receptivo para os produtos genuinamente brasileiros e, por isso, acreditamos que teremos sucesso nessa empreitada. No mercado nacional, apesar da crise econômica pela qual passa o Brasil, conseguimos entrar na maioria dos grandes supermercados da Capital paulista e estamos planejando nossa ida para outras capitais e grandes cidades brasileiras. Estamos bastante otimistas por sermos pioneiros no caldo de cana envasado em caixinha. po e dedicação. Tudo isso sobrecarrega muito a rotina, mas, acreditamos que esse equilíbrio é uma conquista diária, em que vamos medindo de onde vem as maiores demandas para dedicar a atenção necessária. Nem sempre é possível atender a tudo e a todos, mas, o que realmente importa é não se cobrar a perfeição, pois isso não constrói nada. Revista Canavieiros - Na sua opinião, o que faz as mulheres boas empreendedoras? Ana Carolina - Difícil generalizar. Mais do que uma questão de gênero, o que interfere no bom desempenho é muito mais a competência, o perfil individual de uma pessoa e seu grau de comprometimento do que o fato de ser homem ou mulher. Entretanto, acho que as mulheres tendem a ser mais detalhistas e analíticas e isso pode trazer uma clareza benéfica dos cenários apresentados. Revista Canavieiros - Embora a participação das mulheres vem crescendo, ainda predomina no setor sucroenergético a ala masculina. Vocês sofreram preconceito nesse mercado por conta de serem profissionais mulheres? Ana Carolina - Nosso terceiro sócio é um homem (nosso pai) e responsável pela plantação, portanto, nossa atuação tem sido mais nas áreas comercial, financeira, de marketing, exportação e produção. Nos setores mencionados não sentimos dificuldade pela questão do gênero. Temos uma equipe com muitas mulheres na fábrica, no escritório e de colaboradores externos, mas nossa escolha é pelo talento e pelas habilidades individuais, não por ser homem ou mulher. Revista Canavieiros - Quais são os planos para o futuro? Ana Maria - Estamos muito focadas em exportar e expandir para o território nacional. Acabamos de colocar os pés no mercado, temos uma enorme lição de casa para fazer e muito trabalho pela frente ainda. O desafio de colocar no mercado algo totalmente inovador é bastante motivante e estamos muito felizes de termos chegado até aqui! Revista Canavieiros - A atuação da mulher é um exercício de conciliação profissional e pessoal. Como vocês lidam com isso? Ana Maria - Claro que é bastante difícil essa conciliação. Temos filhos, somos casadas e temos uma vida profissional que exige muita energia, tem- Revista Canavieiros - Deixem uma mensagem para as mulheres que desejam ser empreendedoras. Ana Maria - O mais importante é acreditar no seu produto e em si mesmas! Se isso acontece, a determinação e a força para empreender vêm quase que automaticamente! RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 10 Ponto de Vista I Não há corrupção sem corruptos José Osvaldo Bozzo* M ais do que nunca, a máxima “não existe corrupção sem corruptores” precisa ser tratada como um mote a ser respeitado e seguido. Vivemos um momento de transformação de nosso país, em que não podemos relegar nossos valores mais éticos e nosso comportamento moral a um segundo plano. A cada dia, conhecemos pela imprensa relatos de que conceituadas empresas brasileiras vinham se valendo de recursos criativos de contabilidade e de subterfúgios orientados a escamotear atos, ações e processos destinados a alimentar desvios e a corrupção de agentes públicos e privados. O que vemos no dia a dia de algumas empresas é certamente um exemplo que envergonharia profundamente o monge franciscano Luca Pacioli, o pai da contabilidade moderna, que, no longínquo século XV, criou o chamado método de partidas dobradas, preparando as bases para as atuais Ciências Contábeis. Vivemos, também, em um novo mundo globalizado, em que países que não toleram a desigualdade de oportunidades vêm criando leis que extrapolam os limites das fronteiras nacionais na perseguição daqueles que se dedicam a malfeitos. É o caso do FCPA – Foreign Corruption Practice Act, dos Estados Unidos, e do BA – Bribery Act, do Reino Unido. Sem muito sucesso, lamentavelmente, o próprio Brasil vem reforçando seu arcabouço legal dedicado ao combate à corrupção no seio das corporações, como no caso da Lei 12.846, sancionada em 2013. Os sistemas de controle de desvios contábeis têm evoluído ano a ano, e reduzido chances de gestores desviarem do caminho da retidão e da responsabilidade na condução das finanças corporativas. Mesmo assim, alguns profissionais e empresários pouco éticos valem-se da criatividade e da desfaçatez para enganar órgãos de controle e o Fisco. José Osvaldo Bozzo Diante do quadro de insatisfação geral do brasileiro, é preciso que cada um de nós decida por não pactuar com as mazelas que tanto mal fazem a nossas instituições. Não aceitamos mais que a corrupção seja protagonista em nossas vidas. O momento é de prezar pela honestidade, pela valorização das relações comerciais limpas, pela correção na gestão pública e privada. As empresas, assim como as pessoas, precisam zelar por suas responsabilidades. Não adianta simplesmente argumentar que a única forma de sobreviver no mercado é “agindo incorretamente como os outros”. Isso não é uma verdade definitiva. Empresas e pessoas que não transigem da honestidade e da correção existem e, em geral, além de exemplos de atuação, são as que acabam conquistando melhores resultados e, o mais importante, o respeito de toda a sociedade. Revista Canavieiros - Abril de 2016 É hora de virar essa página de um passado que precisa ser apagado de nossos hábitos e costumes. A corrupção está entre os piores males que corroem as estruturas de uma nação. Temos de lembrar, sempre, que nossas atitudes e ações são a base da transformação daquilo que tanto mal tem feito ao Brasil. Que todos nós lutemos e atuemos por uma sociedade melhor e mais honesta, e que tenhamos a consciência de que o fim da corrupção depende de nossas próprias atitudes. *José Osvaldo Bozzo (jbozzo@ mjcconsultores.com.br) é consultor tributarista e sócio da MJC Consultores. Formado em Direito, iniciou carreira na PwC. Foi também sócio da BDO e da KPMG e professor de Planejamento Tributário na USP – MBA de Ribeirão Preto.RC 11 A EvOluçÃO NÃO PODE PArAr. ExTrATOr PrIMárIO Faixas refletivas Calota de proteção anti-vortex Chapas de desgaste SISTEMA DE GESTÃO Monitor Pro 700+ com diagnósticos operacionais e de manutenção Mapas de produtividade Piloto automático com linhas individuais Gerenciamento operacional e de manutenção ElEvADOr Novo sistema de giro com “Soft Stop” NOvO SISTEMA HIDráulIcO DE FIlTrAGEM Menor quantidade de troca de filtros por safra FAcIlIDADE DE MANuTENçÃO Agrupamentos de pontos de lubrificação Nova posição do filtro de combustível Acesso externo aos rolamentos dos rolos transportadores MOTOr Smart Cruise cONFOrTO Menos vibração e ruído Tanque d’água para higienização Sistema de iluminação de serviço e tomadas de energia externa MAIOr DISPONIbIlIDADE – ATé + 210 HOrAS/SAFrA MENOr cuSTO OPErAcIONAl EcONOMIA DE ATé r$ 30 MIl/SAFrA MElHOr TEcNOlOGIA DE GESTÃO Revista Canavieiros - Abril de 2016 12 Ponto de Vista II Ganhos e perdas na produção de cana-de-açúcar Dib Nunes Jr. - Grupo IDEA N os últimos anos, o setor canavieiro sofreu imensamente com as políticas do Governo de controle da inflação que “congelou” os preços dos combustíveis por quase seis anos. Agora, em 2016, numa conjuntura de preços melhor, o setor começa a reagir positivamente, muito embora sabe-se que a recuperação se dará gradativamente, caso os preços se mantenham nestes patamares. Nesse período, o setor, para poder sobreviver, buscou reduzir ao máximo os seus custos de produção chegando a “cortar na carne”, atrás de margens muitas vezes insignificantes que acabaram prejudicadas por longo período de preços baixos. A tabela abaixo demonstra a variação dos custos de produção de cana-de-açúcar em todas as suas fases produtivas. No período entre 2011 a 2015, os custos das diversas fases de produção subiram 56,7% ante uma inflação oficial de 31,3%. Por outro lado, o custo de produção de uma tonelada de cana subiu o equivalente à inflação do período, sendo que o mesmo não foi maior devido à recuperação da produtividade em 2015. Nesse período fecharam 81 usinas e outras 76 entraram em recuperação judicial, mostrando o tamanho do estrago que o Governo Federal causou ao setor. Tabela 1 – Custos de Produção de cana-de-açúcar Dib Nunes Jr. Até outubro de 2015, data do fechamento desta pesquisa do IDEA, os produtos finais das usinas e dos fornecedores ainda se encontravam defasados, sendo que a matéria-prima era a que se encontrava com índice mais defasado de 35,2% em relação à correção de preços pela inflação do período, conforme pode-se observar na tabela 2, a seguir. Fonte: IDEA - Obs.: IPCA do período: 31,3% Tabela 2. Evolução dos preços de Cana, Açúcar e Etanol até outubro de 2015 (slide 25) Além de toda a crise, o setor foi também submetido a uma seca intensa em 2014, que derrubou as produtividades agrícolas para níveis semelhantes aos praticados no Centro-Sul do Brasil na década de 80. As médias de produtividade em 2014 se reduziram para pouco mais de 70 t/ha, valores estes 12% inferiores aos que normalmente são obtidos pelos produtores. Quanto menor for a produtividade, maiores serão os custos de produção de uma tonelada de cana-de-açúcar, conforme mostra a figura 1. Em 2014, com baixa produtividade, o custo de produção de uma tonelada de Revista Canavieiros - Abril de 2016 13 Figura 1- Custos de produção de uma tonelada de cana X produtividade cana chegou próximo a R$ 93,00, agravando ainda mais a situação do setor. Em 2015, os custos das usinas que se reduziram para R$ 86,12, mesmo com o aumento da inflação, segundo as pesquisas do IDEA, por conta da produtividade que subiu para 83,7 t/ha. Ressalta-se que os custos das usinas são maiores do que os custos dos fornecedores por incorrer em vários custos paralelos que os fornecedores não têm, tais como: o social, o jurídico, o ambiental, o patrimonial, a alimentação, convênios, uniformes, EPIs, etc. Esta gangorra só vai se reduzir se as empresas, hoje já muito mais enxutas, conseguirem equilibrar suas produtividades agrícolas em patamares acima de 80 t/ha, ou mais. Para tanto, necessitam se livrar do “esqueleto” da crise, hoje representado por canaviais envelhecidos com baixa produtividade, tecnologias e variedades ultrapassadas, práticas operacionais (principalmente de colheita), sem qualidade e de uma gestão unicamente voltada para a questão financeira. Só se haverá recuperação destas dificuldades se o setor se mantiver com preços razoáveis de açúcar e etanol por, pelo menos, dois a três anos. por absoluta falta de planejamento na colheita ou realizá-la sem cuidados e a necessária qualidade além do massacre dos canaviais pela mecanização intensiva e sem respeito com as raízes da cana, o abandono de práticas de controle de pragas e doenças, a falta de viveiros sadios com novas variedades mais produtivas, além das dificuldades financeiras para em renovar os canaviais com muitos cortes repletos de falhas, mato, etc., como já foi citado. No caso das perdas de ATR, pode-se recuperá-las se a gestão considerar, na hora da colheita, fatores importantíssimos como a idade mínima para corte, o manejo das características varietais, as influências dos ambientes de produção e, principalmente, a redução do nível de impurezas na colheita mecanizada, responsável por perdas que variam de cinco a oito quilos de ATR por tonelada de cana. Por outro lado, nas usinas, observa-se que há muito para ser feito para melhorar os resultados agrícolas. Sabe-se que práticas simples e um “arroz com feijão” bem feito poderá mudar tudo isso rapidamente e, principalmente, se a isso for agregado a uma gestão operacional rigorosa e uso de recursos tecnológicos disponíveis. Tudo isso maximizará os resultados para transformar o setor rapidamente, tirando-o da delicada situação em que ainda se encontra, levando-o para um nível de alta competitividade. Pode-se citar alguns pontos a serem atacados como: desperdícios de ATR *Dib Nunes Jr é presidente do Grupo IDEA RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 14 Ponto de Vista III Por um Brasil mais doce e próspero Celso Torquato Junqueira Franco* N o início de abril, a região Centro-Sul do Brasil deu a partida para mais uma safra do setor sucroenergético. A safra 2015/16 encerrou em 31 de março passado com moagem total de 617,65 milhões de toneladas de cana, sendo 14,03 milhões de toneladas processadas na 2ª quinzena de março/16, cana que deixou de ser processada no final de 2015. O clima que dificultou o processamento de cana da safra 2015/16 contribuiu para um melhor desenvolvimento do canavial para a safra 2016/17, que tem uma previsão de moagem acrescida em cerca de 5 milhões de toneladas de cana, se considerarmos o novo critério de safra. No início de março, a previsão do clima era de maior volume de chuvas no primeiro semestre, ainda influenciado pelo efeito EL Niño. Para o segundo semestre, as previsões indicam uma reversão, com efeito La Niña, e redução do volume de chuvas. Caso tenhamos uma confirmação da previsão climática, poderemos ter um atraso na moagem do primeiro semestre, o que não ocorreu neste princípio de safra, com redução de volume de cana moída, teor de açúcar na cana mais baixo, implicando em redução de volume total de produção. De outro lado, teremos boas condições de brotação de soqueiras, assim como o desenvolvimento da cana planta de 2016, favorecendo a produção do ano seguinte. Para o segundo semestre a situação se inverte, com clima mais seco poderemos ter melhores condições de processamento, cana com melhor maturação, elevando teor de açúcar, porém, com queda de produtividade para o final de safra, mas ainda assim possibilitando um maior volume de produção. Neste caso, teremos piores condições de desenvolvimento das soqueiras, com maiores falhas na brotação, resultando em comprometimento de produtividade para a safra 2017/18. Com clima mais seco, teremos melhores condições para processar a cana na safra 2016/17, com redução de volume para a safra 2017/18. Com clima mais chuvoso, teremos maior volume de cana para a safra 2017/18, e menor volume de produção para a safra 2016/17. Neste horizonte de dois anos, temos pouca variação no volume total produzido. O setor precisa ser visto a médio prazo, 3 a 5 anos. Um fator fundamental para a produção do setor é o volume de cana plantada. O canavial está ficando mais velho, com plantio menor que 17% da área, que normalmente é recomendado a fim de manter o canavial em condições técnicas de estabilidade na produtividade nos cortes futuros. Não fosse o clima tão favorável durante 2015, já teríamos uma redução de volume de cana para a safra 2016/17. Mas para a safra 17/18, as projeções deverão ser de redução de volume em relação à safra 16/17. Para esta temporada, temos expectativa de uma safra com mix mais açucareiro que a safra 2015/16, com acréscimo de produção de açúcar na ordem de 3 milhões de toneladas, 10% superior à safra passada, operando próximo à capacidade máxima de produção da commodity, 35 milhões ton de açúcar/ano. Já para o etanol, devemos ter uma produção muito próxima a da safra 15/16. O setor aproveita a redução de demanda por combustíveis Ciclo Otto no mercado interno, direcionando o crescimento de oferta de cana para atender parte do déficit do mercado mundial de açúcar. Com taxa de câmbio favorável para as exportações do Brasil, teremos melhores preços para o açúcar, contribuindo para recuperar parte da rentabilidade perdida nos últimos anos. Com preço e volume superiores, o setor deve se aproximar de US$ 10 bi- Revista Canavieiros - Abril de 2016 Celso Torquato Junqueira Franco lhões como saldo na balança comercial na safra 16/17. A demanda mundial de açúcar cresce cerca de 3 milhões de toneladas por ano. O Brasil tem o menor custo de produção mundial, com boas condições técnicas para ampliar a produção de cana, com área agricultável disponível e clima favorável, devendo ser o principal responsável para atender à nova demanda mundial. O Brasil pode acrescentar cerca de 15 milhões de toneladas de açúcar nos próximos 15 anos, 30% do crescimento de demanda, chegando a 40 milhões de toneladas por ano exportadas. Os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na COP21, com a redução das emissões, assumem produção de etanol de 50 milhões de m³ em 2030, ou seja, o dobro da produção atual do Centro-Sul. Serão necessárias 290 milhões de toneladas de cana adicionais, 120 milhões para o açúcar e 170 milhões para o etanol, cerca de 50% acima do volume atual, crescimento de 2,7% ao ano nos próximos 15 anos. 15 Para a safra 16/17 temos previstas 620 milhões de toneladas, com efeito positivo do clima, 11% acima, das 560 milhões de toneladas da safra 2010/11 no C/S do Brasil, 6 anos após, crescimento de 1,75% ao ano. Este crescimento somente será possível em condições mais favoráveis para investimentos e desenvolvimento tecnológico, caso contrário, teremos elevação nos preços internacionais do açúcar e os compromissos assumidos pelo Brasil na COP21 estarão comprometidos. Considerando o passado recente do Brasil, o esforço terá que ser redobrado. A partir de 2006, foi criado um cenário muito positivo para investimento no setor sucroenergético brasileiro. Foi uma época de investimentos expressivos em novas fronteiras e também muitas operações de fusões e aquisições. Os investimentos predominantes foram de investidores externos, com forte presença das trading tradicionais. por saírem do negócio, com muitas ofertas de venda. Ao contrário do que se esperava, estes grupos consolidadores não apresentaram os ganhos de escala esperados, pois se depararam com as dificuldades da operação agrícola, dificultada pelo momento de adaptação de novas práticas de mecanização na colheita e no plantio da cana. O valor para implantação de novos investimentos está mais elevado que o valor de aquisição de operações existentes. Neste quadro, o investidor prefere adquirir operação existente, e com isto, novas plantas serão postergadas, até o momento que o mercado se equilibre. Nos últimos anos tivemos perda de performance operacional, decorrentes da mecanização, elevação nos custos dos insumos, que resultaram em elevação dos custos de produção e perda de rentabilidade, provocando elevação no endividamento com forte descapitalização para pagar os serviços da dívida. Esta transição deve perdurar por alguns anos e, somente após esta fase, teremos investimentos em novas unidades. O prazo entre a decisão de implementar uma unidade nova e efetivamente entrar em operação é de cerca de 3 anos, o que nos faz crer que antes de 2021 é muita baixa a probabilidade de entrar em operação novas unidades, com a retomada do crescimento da capacidade de produção. Esta realidade vivenciada nos últimos 10 anos desencoraja novos investimentos, pois a maioria dos investidores não foi bem-sucedido na última década, e muitos grupos estão optando Se criarmos condições favoráveis hoje, teremos o crescimento de capacida- Revista Canavieiros - Abril de 2016 16 Ponto de Vista III risco de iniciarem o processo, caso não tenha uma forte e rápida recuperação da rentabilidade, condição necessária para o reequilíbrio econômico de muitas unidades tradicionais do setor, solapadas pela forte e desastrosa intervenção do Governo quanto à prática de preços e tributos dos combustíveis. de de produção a partir de 2021, ou seja, 10 anos até 2030, exigindo crescimento de 4,14% ao ano, se considerarmos parar de perder capacidade produtiva atual. Além desta conjuntura da estrutura de produção do setor, ainda temos outros aspectos políticos e de regulamentação necessários para retomar a atratividade de investimentos no setor, tais como: • Equacionar o endividamento de cerca de 1/3 das unidades produtoras do país; • Estender o prazo de vigência para o crédito presumido do PIS e COFINS para etanol hidratado; • Garantir previsibilidade econômica ao setor, com regras de mercado, eliminando as intervenções do Estado, principalmente relacionadas aos preços de gasolina e política fiscal; • Melhorar a infraestrutura logística, o que contribui para redução dos custos de escoamento da produção; • Estabelecer política de Estado para o setor de energia, com equalização econômica dos preços dos combustíveis com justa precificação do carbono, estabelecendo parâmetros fiscais que não sejam alterados pelo Governo, de acordo com as conveniências do momento; • Fortalecer os acordos comerciais multilaterais, reduzindo as barreiras comerciais para o açúcar; • Criar linhas de crédito para investimento, com taxas de juros e prazos adequados ao setor; • Conceder incentivo fiscal para P&D; • Estreitar o relacionamento do Estado com o setor, criando estrutura moderna de governança, unificando a linguagem, presença na mídia e planejamento estratégico setorial, aliado aos interesses do país, eliminando posturas e atitudes de desconfiança e destruição imagem; • Agentes brasileiros devem participar ativamente para garantir o cumprimento do acordo da conferência COP21; • Acelerar a liberação de créditos para estocagem de etanol, com taxa de juros atrativas. Sejam quais forem as condições climáticas, o Brasil terá uma safra ligeiramente maior que a safra passada, próxima ao limite de capacidade de produção de açúcar, e a capacidade de processamento de cana. Para a safra 2017/18 temos forte possibilidade de redução de volume de cana. Incertezas são muitas, desde a caótica situação política do país, com forte impacto negativo na economia, sem previsão de seu desdobramento, até a baixa de preços internacionais para o petróleo. Qual será o novo patamar de preços para o barril de petróleo? Até quando teremos preços de petróleo deprimidos? Boa parte do setor está com fortes limitações de caixa, impedindo as execuções das melhores práticas agronômicas, com retardamento de renovação dos canaviais, comprometendo a produtividade futura. São mais de 70 unidades em recuperação judicial e outras com forte Revista Canavieiros - Abril de 2016 Devemos ter mais um início de safra pressionando os preços do etanol para baixo, devido ao excesso de oferta por necessidade de liquidez, podendo mais uma vez comprometer a rentabilidade das unidades que pressionadas financeiramente, aceleram suas vendas, muitas vezes praticando preços aviltantes. Por outro lado, entraremos em um ciclo de alta dos preços do açúcar no mercado internacional, que inicia um ciclo de queda nos estoques mundiais. Teremos possivelmente alguns anos com produção inferior ao consumo. Este quadro pode gerar uma melhor condição de rentabilidade para as unidades com equilíbrio financeiro, mas pode ser neutro ou até negativo para as unidades com maior nível de endividamento, ou altamente concentrada na produção de etanol. São muitos os desafios que teremos, setor e Governo. Mais uma vez nosso setor pode auxiliar o Brasil a vencer obstáculos e sair de uma situação econômica desconfortável, retomando investimentos, gerando empregos e divisas. Queremos e podemos ajudar o Brasil a sair desta crise, com trabalho e competência, atendendo ao mercado com produtos de qualidade, a custos competitivos, contribuindo para um planeta mais limpo e socialmente mais justo. O setor já provou sua capacidade e espírito empreendedor, mas foi traído pelas mudanças de prioridades do Governo. Agora queremos e lutaremos por um país mais doce e equilibrado! *Celso Torquato Junqueira Franco é presidente da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia) RC valtraglobal 17 valtravideos NO ANO DO TRABALHO, A COLHEDORA BE 1035e ESCOLHEU VOCÊ. AGRICULTURA DE PRECISÃO exclusivo sistema de telemetria AgCommand® monitoramento em tempo real para maior disponibilidade ALTA TECNOLOGIA eletrônica embarcada própria para colhedora de cana. 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Em março as exportações do agronegócio atingiram US$ 8,3 bilhões, 6% a mais que março de 2015. Com isto, o agro chega a 52,2% das exportações brasileiras. As importações foram de US$ 1,1 bilhão, 17,6% abaixo. O agro deixou um saldo de US$ 7,18 bilhões na balança. A cadeia da soja cresceu quase 24%, trazendo US$ 3,4 bilhões no mês. Carnes cresceram mais de 5%, e a cadeia da cana caiu quase 11%. No primeiro trimestre deste ano o agro nos trouxe US$ 20 bilhões, quase 9% a mais que 2015. O salvador do Brasil. O que acontece com nossa cana? A UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) fechou os números de moagem para a safra que se encerrou agora em 31 de março (2015/16). Foram moídas 617,65 m.t. no Centro-Sul, 8% acima do ciclo anterior. Estes números foram alcançados graças ao recorde moído em março, de 19,33 m.t. devido à cana bisada e mais usinas que já iniciaram a moagem da nova safra. Expectativa do fenômeno La Nina impactando com um segundo semestre mais seco pode beneficiar a concentração de açúcar na cana, na safra 2016/17. Mantemos a previsão de safra de 620 milhões de toneladas para este ano no Centro Sul. É o valor de boa parte das consultorias. Rabobank acredita que a safra fique ao redor de 610 a 620 m.t., sendo 43,5% da oferta para açúcar, o que dará 34 m.t. De acordo com Marcos Landell, a população de colmos é a variável a ser observada para maiores produtividades (número de colmos por metro). Observar também mais cortes na mesma cana (mais colmos). Alta população daria melhor eficiência de colheita, na luta pela cana de três dígitos em pelo menos seis cortes. O que acontece com nosso açúcar? Safra menor da Tailândia (deve exportar 7,1 m.t. ou 20% a menos), na Índia apetite chinês e ligeira valorização do real fizeram o açúcar bater 16 cents/libra peso, um aumento de praticamente 30% em um mês. Segundo a Archer, isto representou R$ 1350/t. Mas os preços voltaram a recuar, próximos a 14,20 cents. Será um ano de grande volatilidade, saber comprar e vender será o diferencial, mais uma vez. Perspectivas de Cuba voltar a produzir como foi no passado são prejudicadas pela qualidade do solo e estrutura agrária, além de política governamental de comprar apenas de produtores cooperativados, impedindo a produção própria pelas usinas. Seguindo passos de Copersucar e Cargill, que criaram a joint venture Alvean, foi aprovada a joint venture de Raízen e Wilmar (Cingapura) para atuar na exportação de açúcar VHO. Fará todas as atividades de originação e logística. Houve ligeiro recuo dos preços do açúcar no mercado interno, para ao redor de R$ 75/SC. Rabobank elevou a expectativa de déficit de 4,8 m.t. para 6,8 m.t. O consumo mundial deve ficar ao redor de 181 m.t. e a produção em 175 m.t. A Datagro também elevou o déficit de 4,37 m.t. para 6,5 m.t. Importações chinesas no bimestre caíram quase 20%. Preços mais altos e estoques crescentes são os motivos. Preços no mercado interno da Índia ficam melhores do que a exportação, devido à estimativa de safra 1,4% Revista Canavieiros - Abril de 2016 Marcos Fava Neves* menor. Outro fator positivo aos preços. Em março o mercado interno estava remunerando melhor que a exportação, contribuindo para maior alocação de produtos. Preços ao redor de R$ 78 por saca, quase 38% acima do preço do ano passado, na mesma época. Porém, com a entrada da safra, houve recuo dos preços do açúcar no mercado interno, para ao redor de R$ 75/SC. O que acontece com nosso etanol? Vem se repetindo algo que todos os anos eu chamo a atenção. Entra a safra e o preço do hidratado na usina despenca (veio de R$ 1,95 para R$ 1,40), sem cair no posto, portanto, sem influenciar favoravelmente no consumo. Com isto mais uma vez se transfere enorme volume de renda do segmento produtor para a distribuição. Chegamos ao absurdo de ter uma diferença entre a Usina e o consumidor final de R$ 1,27, quando no passado assustávamos com uma diferença de R$ 0,75. Como consequência, o volume de etanol vendido em março foi de 2,24 b.l. o que representa 13,42% abaixo do mesmo mês de 2015. A queda maior foi no hidratado, que veio de 1,45 b.l. para 1,12 b.l. Já o anidro aumentou 16,21%, alcançando 1 b.l. Portanto, perdemos vendas de 330 milhões de litros de hidratado. Mais um estudo da USP foi publicado que mostra os benefícios ao 19 sistema de saúde se o uso do etanol passasse dos atuais 28 b.l para 50 b.l. em 2030. Seriam economizados R$ 82,8 bilhões pela redução de 571 milhões de toneladas de CO2 a serem emitidas, evitando milhares de internações e tratamentos respiratórios. Começaram as obras do investimento de US$ 115 milhões feito pela Fiagril e para Summit Agricultural Group em uma planta de etanol de milho em Lucas do Rio Verde. A Argentina deve nos próximos anos ampliar dos atuais 12% para 26% a mistura de etanol na gasolina, seguindo o exemplo brasileiro. Finalmente, neste mês fomos brindados com a notícia de uma possível ação populista para abaixar o preço da gasolina, mas estudos da Datagro mostram que a gasolina importada no Brasil com os custos de frete está 5% mais cara que a gasolina brasileira. Ideia para ser enterrada, mas que causou estragos no preço internacional do açúcar. A UNICA fechou os dados da safra 2015/16. Em etanol, comercializamos 29,27 bilhões de litros, 16,26% a mais que na safra anterior. Foram 27,34 bilhões de litros ao mercado interno, e 17,34 bilhões de hidratado. A produção foi 28,22 bilhões de litros, 2 bilhões acima de 2014/15 e muito acima dos 25,6 bilhões da temporada de 2013/14. A exportação em 2015/16 cresceu 53%, para mais de 1,9 bilhão de litros. A ANP (Agência Nacional do Petróleo) soltou novo estudo onde prevê déficit de combustíveis de 1,2 milhões de barris por dia em 2030. Ou produzimos etanol, ou importamos gasolina… O que acontece com nossa cogeração? As pressões mundiais em relação ao carbono devem ajudar a biomassa de cana. É grande a chance deste produto se consolidar como uma nova commodity mundial, e os investimentos crescem. Apenas como exemplo, o Japão tem que reduzir até 2030 as emissões em 26%. A Sumitomo acredita que o consumo de pellets pode chegar a 10 m.t. até esta data. Quem é o homenageado do mês? Todos os meses nossa coluna traz uma singela homenagem a alguém que Eduardo Romão sempre contribui com o agronegócio e com a cana. Neste mês o homenageado é o Eduardo Romão, grande Esalqueano que agora assume a Orplana no próximo triênio. Bons desafios à frente. Haja Limão: Escutar as fitas gravadas nas escutas autorizadas envolvendo o PT e o ex-presidente do Brasil é um exercício ao nosso estômago. Como podemos ter por tanto tempo um pessoal tão baixo, tão deselegante à frente desta nação. Que estrago. Espero que quando o leitor da Canavieiros percorrer este texto, já estejamos sob nova administração e que tenhamos nos livrado de maneira definitiva deste nefasto período sob a má gestão do Partido dos Trabalhadores. Desculpem-me a sinceridade, mas é só olhar os números do Brasil, das Estatais, dos Fundos de Pensão, enfim uma destruição generalizada. Fico triste, pois torci para dar certo. Chega! Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) e desde 2006 é Professor Visitante Internacional da Universidade de Buenos Aires.RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 20 Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred realiza jantar em prol do Hospital de Câncer de Barretos Cerca de 1.600 pessoas prestigiaram o evento que contou com a apresentação de Fernando & Sorocaba Fernanda Clariano H á uma década, o sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred realiza um jantar com a exclusiva finalidade de oferecer ao Hospital de Câncer de Barretos, pioneiro no tratamento de câncer no interior de São Paulo, a possibilidade de continuar atendendo com competência, carinho e dignidade todos os pacientes que procuram a instituição. No ano passado, o jantar contou com a presença da cantora Ivete Sangalo. Para abrilhantar o tradicional jantar, no dia 24 de março, a dupla Fernando & Sorocaba se apresentou no Centro de Eventos Copercana, em Sertãozinho-SP, para um público animado com cerca de 1.600 pessoas. A abertura do show foi realizada pelos jovens talentos de Sertãozinho-SP, Íkaro & Rodrigo, que recentemente participaram do The Voice Kids Brasil 2016. Os cantores encantaram o público pela interação e simpatia e demonstraram satisfação em poder realizar o trabalho em prol do Hospital de Câncer de Barretos. “O trabalho realizado pelo Hospital de Câncer de Barretos é um dos mais maravilhosos que existem no Brasil em termos de cooperação, sociedade e parceria pública. É algo inacreditável o que o Henrique Prata construiu e vem construindo. Ele conseguiu realmente engajar a sociedade a abraçar uma causa incrível. Esta noite está sendo memorável pois bateu o recorde de arrecadação em prol do Hospital de Câncer de Barretos e a gente divide essa alegria com o sr. Em anos anteriores, se apresentaram artitas consagrados da música brasileira, como Chitãozinho e Xororó, Leonardo, Daniel, Zezé di Camargo e Luciano, Sérgio Reis e Renato Teixeira, Victor e Léo, Paula Fernandes e Jorge e Mateus. O show Ao longo de quase duas horas, os sertanejos Fernando & Sorocaba cantaram um repertório diferenciado aliado a muita tecnologia e efeitos especiais e também fizeram um pout-pourri com músicas raiz e modas de outros sertanejos. Revista Canavieiros - Abril de 2016 Toninho Tonielo e com todo o time de pessoas que trabalharam nesse evento e a sociedade de Sertãozinho que se mobilizou realmente para abraçar essa causa”, ressaltou o cantor Sorocaba. “Estamos felizes por estar aqui fazendo o que gostamos que é cantar e ainda poder contribuir. É lógico que é pouco perto do que o hospital precisa, mas estamos aqui para quem sabe incentivar outros artistas e empresários a ajudar nessa causa”, garantiu o cantor Fernando. Para a diretoria do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, que abraçou a causa do Hospital de Barretos, é motivo de orgulho e satisfação realizar o evento. “Para nós é motivo de grande satisfação poder realizar esse evento. Estamos engajados nessa causa junto ao Hospital de Câncer de Barretos há dez anos, mas para isso, contamos com o apoio dos empresários da nossa cidade e da região que sabem da honestidade da entidade e por isso não medem esforços em nos apoiar. Quando há seriedade no negócio todo mundo 21 Notícias Copercana Fotos: Rafael Mermejo e Thiago Ueda A dupla Fernando & Sorocaba contribui com o hospital desde 2009 contribui e a gente fica muito contente”, disse o presidente da Copercana e do Conselho Administrativo da Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo. "O Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred realiza o jantar bene- Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e do Conselho Administrativo da Sicoob Cocred Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana ficente em prol do Hospital de Câncer de Barretos com muito prazer. Esse é o décimo ano que contribuímos com a entidade e, apesar de um ano de crise, conseguimos superar nossas expectativas e vendemos mais mesas do que no ano passado. O pessoal colabora conosco porque sabe da honestidade desse trabalho e, portanto, só temos que agradecer o público de Sertãozinho e região e a todos que trabalharam pelo sucesso desse evento", comentou Pedro Esrael Bighetti, diretor Secretário da Copercana Homenagens Em noite de festa, a Copercana - representada por Antonio Tonielo e Pedro Esrael Bighetti, foi homenageada pela Família Marques, devido a importante doação que permitiu a aquisição de uma casa de apoio em Barretos, para pacientes de Sertãozinho que precisam fazer tratamento naquela cidade. Na oportunidade, o Orfanato Nosso Lar (casa que abriga meninas de Sertãozinho), representado por Giovana Prestes e pelo Policial Militar Márcio Lopes, homenageou Fernando & Sorocaba com um Cartão de Prata. Uma forma de agradecimento pela doação de um violão autografado pela dupla que foi para leilão e rendeu cerca de R$ 7.000 para o orfanato. Os cantores também receberam das mãos do presidente da Copercana uma homenagem pelo engajamento às causas do hospital. A Copercana foi homenageada pela Família Marques Giovana Prestes do Orfanato Nosso Lar e o Policial Militar Márcio Lopes entregaram uma homenagem a dupla Revista Canavieiros - Abril de 2016 22 Notícias Copercana Centro de Eventos Copercana O Centro de Eventos Copercana, local da apresentação, foi construído para atender aos mais variados tipos de eventos, oferecendo uma estrutura completa. O espaço conta com área total de 10,3 mil metros quadrados, estacionamento próprio, vestiário, sanitários, palco e camarins, cozinha e apoio para buffets. Moderno e sofisticado, o espaço proporciona conforto e tranquilidade a todos. Sobre o Hospital Reconhecido internacionalmente pela excelência em oncologia, o Hospital de Câncer de Barretos registra 4,1 mil atendimentos por dia, sendo 100% via SUS (Sistema Único de Saúde). Para atender os pacientes vindos de todo o Brasil (1.756 municípios), com profissionalismo e humanização, o hospital conta com um corpo clínico com 380 médicos e 3,5 mil colaboradores. A instituição também mantém 13 alojamentos oferecidos gratuitamente a pacientes e acompanhantes, com 650 lugares. O hospital possui ainda oito unidades móveis (carretas) que realizam exames preventivos de câncer de mama, colo do útero, pele, próstata e boca. Pioneiro no tratamento de câncer no interior do Estado de São Paulo, o Hospital de Câncer de Barretos acaba de completar 54 anos e, para celebrar a data, no dia 24 de março inaugurou o Pavilhão “Fernando & Sorocaba”, local que abriga o importante serviço de prevenção de câncer do colo do útero. A cerimônia de inauguração aconteceu no próprio Pavilhão, localizado no Instituto de Prevenção, e contou com a presença da dupla sertaneja Fernando & Sorocaba que há anos é parceira da ins- Fernando, Sorocaba, Pedro Esrael Bighetti, Antonio Eduardo Tonielo e Henrique Prata, diretor geral do Hospital de Câncer de Barretos tituição e também do diretor-geral do hospital e dos diretores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. O dia foi de muita festa para o Hospital de Câncer de Barretos, e também marcou os dez anos de parceria com o Sistema. “Estamos comemorando os 54 anos de história do hospital e também dez anos de parceria com o sistema, data expressiva dessa experiência, em que o sr. Toninho abraçou a nossa causa e daqui contaminou muitos outros municípios e muitas outras pessoas se contaminaram ao ver que é possível organizar uma sociedade em prol de ajudar uma causa”, afirmou o diretor geral do Hospital de Câncer de Barretos, Henrique Prata. O desafio de manter toda a estrutura em funcionamento cresce dia a dia, na medida em que a instituição se torna cada vez mais conhecida e requisitada. Revista Canavieiros - Abril de 2016 De acordo com Prata, as verbas que o hospital recebe não cobrem os custos, e o déficit mensal é de 17 milhões, valor que precisa ser arrecadado por meio de doações e eventos beneficentes e as parcerias que são sempre muito bem-vindas. “A melhor maneira que encontramos para tentar solucionar esse problema foi buscando parceiros e todos os anos, Sertãozinho por meio do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, contribui com o hospital com a melhor receita de evento”, destacou. 23 Participantes do 10º Jantar Beneficente em prol do Hospital de Câncer de Barretos comentam o evento: Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste Manoel Ortolan - presidente da Canaoeste e diretor superintendente da Copercana Este é um trabalho de cunho social que promovemos e realizamos de uma forma muito prazerosa. É um trabalho - talvez na esfera social, o mais significativo que prestamos na região e felizmente contamos com a receptividade da comunidade. Sabemos do grande volume de atendimento diário que é realizado no Hospital de Câncer de Barretos e também da falta de recursos que enfrentam para manter um o atendimento de excelência que é dado aos pacientes. Por reconhecer este trabalho belíssimo é que não medimos esforços em contribuir com essa importante instituição. do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, e as pessoas que aderiram a causa, por mais um ano o evento foi um sucesso. Manoel Sérgio Sicchieri - assessor das diretorias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred Há dez anos realizamos este evento beneficente em prol do Hospital de Câncer de Barretos, e ficamos muito satisfeitos e contentes em ver que todo o trabalho que é feito antes, todos os esforços valem a pena. Graças ao apoio Giovanni Rossanez - gerente Financeiro da Copercana Tive a oportunidade de visitar o Hospital de Câncer de Barretos e pude ver a seriedade que existe naquela instituição. São gestores, médicos, colaboradores altamente capacitados que nos enche de orgulho. A cada ano, o jantar vem crescendo e ganhando a adesão da comu- Manoel Sérgio Sicchieri, assessor das diretorias do Sistema Giovanni Rossanez, gerente Financeiro da Copercana A abertura do show foi realizada pelos jovens talentos de Sertãozinho-SP, Ikaro & Rodrigo Neli e Antonio Eduardo Tonielo com a dupla Fernando & Sorocaba Pedro Esrael e Sandra Pontes Biguetti Sandra e Manoel Ortolan Rita e Márcio Meloni Giovanni e Andrea Rossanez Revista Canavieiros - Abril de 2016 24 Notícias Copercana nidade sertanezina e da região que não medem esforços em contribuir porque sabem da honestidade do nosso trabalho e das necessidades do hospital. Por isso, só temos a agradecer a todos que compraram mesas e nos ajudaram a ajudar. Ricardo Meloni - gerente Comercial da Copercana Estou muito feliz em poder participar mais um ano desse evento importante realizado pelo Sistema e feliz também porque os fornecedores que estão conosco o ano todo, estão fazendo questão de participar e contribuir com a ação. Ricardo Meloni, gerente Comercial da Copercana Carolina Lantaller, coordenadora da Unilever Márcio Meloni - diretor administrativo financeiro da Sicoob Cocred Carolina Lantaller - coordenadora da Unilever A Unilever no mundo é muito engajada nas causas sociais e aqui na região de Ribeirão Preto, não seria diferente. A gente se sente muito honrado em poder apoiar um parceiro nosso de longa data que é a Copercana e participar num momento como esse que é tão importante para a região e para o nosso país em uma causa que nos motiva muito a participar e ajudar. Márcio Meloni - diretor administrativo financeiro da Sicoob Cocred Essa é uma atitude muito bonita do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, dez anos contribuindo com uma entidade, dez anos ajudando a levantar recursos para ajudar várias pessoas. É uma alegria poder participar desse momento e espero que este trabalho continue porque este hospital é de tirar o chapéu. Dupla Ikaro & Rodrigo Rose e Reginaldo Trovo Manoel Sérgio e Sandra Sicchieri Ricardo e Ana Meloni Revista Canavieiros - Abril de 2016 Márcio e Isabel Zeviani 25 Neste ano a Copercana fechou uma parceria com a Photomatic, o público pôde levar para casa fotos lembranças do evento. Lício Cintra – diretor superintendente da São Francisco Saúde Para o Grupo São Francisco, a filosofia que a Copercana se baseia em organizar um evento tão grande num ano difícil como esse e reunir tanta gente em prol de uma causa tão nobre quanto a do Hospital de Câncer de Barretos. Para nós é uma satisfação enorme. Faz parte da nossa filosofia também contribuir para a melhoria da sociedade como um todo e o que a gente acredita no fundo é que se não houver empresas e pessoas como a gente encontra neste evento, dificilmen- Por mais um ano consecutivo o evento recebeu um grande público te teríamos uma condição melhor, num país no qual nem tudo que deveria ser provido em troca dos nossos impostos é feito da maneira mais adequada. Então, é motivo de orgulho participar e esperamos continuar juntos com o Sistema nessa parceria. Lício Cintra, diretor superintendente da São Francisco Saúde Francisco César Urenha - diretor de Crédito da Sicoob Cocred Como cidadão, como diretor do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, sinto me honrado em poder fazer parte desse evento, ainda mais neste dia Revista Canavieiros - Abril de 2016 26 Notícias Copercana em que o hospital completa 54 anos de bom atendimento, de um atendimento humanizado. Realmente estou muito orgulhoso por este trabalho. Francisco César Urenha, diretor de Crédito da Sicoob Cocred Frederico Dalmaso - gerente de Comercialização de Insumos da Copercana Estamos colaborando há dez anos com o Hospital de Câncer de Barretos, que é uma entidade que presta um serviço maravilhoso para pessoas que não podem pagar, que não podem ter acesso às novas tecnologias e a um tratamento digno. Para isso, contamos com o apoio da comunidade e também de empresas parceiras que não medem esforços em nos ajudar. A cada ano que passa temos mais facilidade em vender as mesas porque o pessoal sabe que a entidade que é comandada pelo Henrique Prata é de muita confiabilidade e credibilidade, assim como o Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. Arnaldo Jardim - secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo São dez anos contribuindo com o Hospital de Câncer de Barretos, isso significa salvar muita gente, dar um alento e fazer com que muitas famílias voltem a ter o direito de sonhar e melhorar, isso vale muito. Gostaria de cumprimentar a diretoria do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, por manter essa chama acesa, especialmente nesse momento de crise e de cortes, mas que o povo brasileiro mostra o seu sentimento de solidariedade como estão fazendo neste evento. Eu estou muito feliz em poder participar mais uma vez. Parabéns ao Sistema, parabéns a todos que tornam isso tudo possível. Frederico Dalmaso, gerente de Comercialização de Insumos da Copercana Arnaldo Jardim - secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo O Hospital teve um espaço para a venda do livro "Acima de Tudo Amor", escrito por Henrique Prata Revista Canavieiros - Abril de 2016 27 Sorocaba desceu do palco e fez selfie com seus fãs A Unilever, patrocinadora do jantar, levou ao evento sequilhos de Maizena para degustação Por mais um ano, a diretoria do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred agradece a todos que abraçaram a causa e contribuíram com o Hospital de Câncer de Barretos. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 28 Notícias Canaoeste Um novo cenário, uma nova Canaoeste! Mais próxima dos seus associados, a Canaoeste segue uma nova filosofia de abordagem e de trabalho Fernanda Clariano A Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo) não se resume em prestar serviços focados para a produção de cana-de-açúcar, ela vai além, e 2016 chegou para coroar uma nova fase da Associação, que desde janeiro vem se reestruturando e promovendo mudanças necessárias para o seu fortalecimento em função da atual realidade do setor sucroenergético. Nessa etapa, a Canaoeste traz uma série de inovações, dentre elas as reuniões técnicas mais dinâmicas, com diferentes abordagens. A estratégia é participar o associado das ações da associação nas questões trabalhistas e ambientais, que tanto oneram o produtor rural, preços, perspectivas de mercado, dentre outros assuntos. As reuniões priorizam a aproximação da associação com seus associados, difundindo o conhecimento, inclusive de representatividade política em andamento, bem como novas tecnologias para que essas ferramentas possam auxiliá-los no manejo correto de seus canaviais. Para dar início ao ciclo de reuniões técnicas de 2016, no dia 13 de abril, a Canaoeste reuniu mais de 60 fornecedores de cana no Salão Paroquial em Pontal-SP, que prestigiaram as explanações do presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste Manoel Ortolan, e do gestor corporativo, Almir Torcato, bem como a palestra sobre Manejo de Plantas Daninhas ministrada pelo pesquisador dr. Carlos Azania, do Centro de Cana do IAC-RP e a apresentação técnica da FMC. Na abertura, o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, fez um apanhado geral sobre os cenários nacional e político, falou sobre os desafios e o que levou à reestruturação. Ortolan ainda chamou a atenção sobre a necessidade da representatividade da Associação onde abordou o ponto político. Segundo ele, “muitos associados não têm conhecimento do trabalho que envolve a questão política”. A Associação também se faz presente dialogando e defendendo os interesses dos produtores junto ao Ministério da Agricultura; Ministério do Meio Ambiente; Câmara Setorial; IPA (Instituto Pensar Agro); na Frente Parlamentar Sucroenergética (Federal e Estadual), dentre outros. “Estamos iniciando uma nova etapa, um novo ciclo da Canaoeste. Nós estamos passando por um processo de reestruturação para poder atender melhor os produtores. As situações mudam, o cenário muda e hoje nos estamos vivendo outra realidade comparada há 10-15 anos, então precisamos fazer um ajuste, uma mudança na Associação”, comentou Ortolan, que também enfatizou a importância de se ter uma Associação fortalecida. “Quando uma associação é forte e pujante, se tem recursos para manter bons técnicos, para ter discussões à altura para pleitear revisão de Consecana, revisão de Código Ambiental, Revisão de Leis Ambientais. Então, a reestruturação da Canaoeste veio para atender a um novo cenário econômico e da classe e é importante que todos participem”, argumentou. Seguindo as apresentações, o gestor Corporativo da Canaoeste, Almir Torcato, falou um pouco sobre a atual gestão, os principais resultados desse Revista Canavieiros - Abril de 2016 primeiro trimestre e fez um panorama sobre a perspectiva econômica, contextualizando as influências do mercado diretamente no preço do açúcar e álcool, o que reflete diretamente na remuneração do fornecedor de cana. Apresentou ainda a atuação da Canaoeste e como ela pode representá-los para pleitear questões de revisão do Consecana para melhorar a remuneração como um todo. Sobre a gestão, Torcato pontuou as ações do planejamento estratégico, com as principais conquistas e resultados. “Procurei apresentar de forma objetiva, com vocabulário e gráficos de fácil entendimento, explicando de maneira bem didática a influência do mercado e da economia no preço do ATR. Aposto bastante nesse modelo de abordagem, a aproximação é a alma do negócio”, afirmou o gestor Corporativo. Já o palestrante da noite, dr. Carlos Azania, em sua palestra sobre o Manejo de Plantas Daninhas, apresentou informações de grande utilidade que irão contribuir com o dia a dia dos produtores no campo. O pesquisador falou, entre outros assuntos, da importância de aplicações de herbicidas antes do plantio da cana para minimizar o banco de sementes de plantas daninhas no canavial e também alertou: “um canavial infestado por plantas daninhas, se sim- 29 Eduardo Reis, associado Almir Torcato, gestor corporativo da Canaoeste, Alessandra Durigan, gestora técnica agronômica, Daniela Aragão, agrônoma e Gislene Rocha, secretária do escritório de Pontal plesmente plantar ou colher e não realizar nenhuma forma de controle, as perdas de produtividade podem ser muito significativas”, disse o pesquisador. Parceira nessa primeira reunião técnica, a FMC por meio do profissional de desenvolvimento de mercado, Giovanni Rezende Oliveira, mostrou “Como obter sucesso no controle de ervas daninhas e pragas de cana-de-açúcar com as soluções FMC”. Na oportunidade, Oliveira apresentou os seus produtos, dentre eles: Boral, Gamit Star CS, Furadan e Marshal Star. Depoimentos “O pessoal da Canaoeste está de parabéns pela receptividade e pela reunião que foi muito proveitosa e esclarecedora, mostrando dados e apresentando números. Uma palestra muito interessante. Essa é a primeira vez que a Canaoeste de Pontal recebe a presença maciça dos associados e isso eu acredito que se deve ao novo conceito e com certeza daqui para frente iremos progredir”, afirmou o vice-presidente da Canaoeste Fernando dos Reis Filho. “São essas alianças que permitem a FMC trazer as melhores soluções no controle de ervas daninhas e pragas, contribuindo diretamente na melhoria da produtividade e longevidade do canavial aos nossos fornecedores”, disse o representante Técnico Comercial da FMC, José Renato França. fui muito bem atendido e estou muito satisfeito e devemos continuar com essa parceria por muito tempo”, afirmou o associado Eduardo Reis, que também comentou sobre a representatividade política da associação. “O sr. Manoel foi feliz em sua apresentação ao nos explicar o trabalho que a Associação faz e, que a gente não vê, que é o lado político lá fora, e também quais os trabalhos que estão sendo desenvolvidos, o motivo do recolhimento da taxa. Então deu para esclarecer bem, pois muitos acham que é somente a parte dos agrônomos e não é só isso que a Canaoeste representa. Existe um trabalho muito forte por trás disso em favor dos produtores de cana e é importante que os associados saibam para que eles fiquem mais satisfeitos ainda em recolher a taxa”, disse Reis. Venho acompanhando as palestras da Canaoeste e percebi que melhorou o desempenho, estão abordando novos assuntos de mercado e gostei da palestra ministrada pelo dr. Carlos Azania Fernando dos Reis Filho, vice-presidente da Canaoeste José Renato França, representante Técnico Comercial da FMC “O trabalho da Canaoeste em Pontal hoje é muito bom, a pessoa que representa a Associação aqui é muito competente, de fácil acesso, toda disposta a resolver os problemas que temos na propriedade e também a respeito de plano de queima, a parte ambiental que está nos pegando muito. Já tive problema com a parte ambiental e tanto na Canaoeste no escritório de Pontal como no departamento jurídico de Sertãozinho, Igor Ravagnani Mari, estudante de agronomia e neto de associado Revista Canavieiros - Abril de 2016 30 sobre manejo de plantas daninhas. Vejo essa reunião como um caminho para o aumento de produtividade, redução de custos e sucesso dos produtores que participam e colocam em prática. A Canaoeste tem se destacado aqui em Pontal por estar ao lado dos associados. Temos aqui a engenheira agrônoma Daniela Aragão e também o João Marcelo, que são muito atenciosos e procuram sempre auxiliar e esclarecer nossas dúvidas. Esse respaldo que recebemos da Associação é muito importante”, ressaltou o estudante de agronomia e neto de associado - Igor Ravagnani Mari. A partir desse novo modelo mais dinâmico, estratégico e participativo, em todas as reuniões os associados irão receber um formulário onde poderão opinar e sugerir o que querem para o próximo encontro. Por isso é muito importante que participem e respondam ao questionário, pois, por meio dele é que a Associação podererá trabalhar e melhorar as próximas reuniões. A agenda de encontros está sendo viabilizada. As próximas cidades que farão parte do ciclo de palestras serão: Viradouro, Severínia, Barretos, Cravinhos e Morro Agudo. Todas as cidades onde a Canaoeste está inserida terão a reunião técnica. Revista Canavieiros - Abril de 2016 Notícias Canaoeste Equipe da Canaoeste, palestrantes e parceiros O escritório da Canaoeste de Pontal é representado pela engenheira Agrônoma Daniela Aragão, que realiza o trabalho de assistência técnica e extensão rural. Com vasto conhecimento da cultura da cana-de-açúcar, Daniela procura alternativas que possam auxiliar os seus associados a manejar adequadamente e de forma sustentável as suas lavouras. “A Canaoeste oferece aos seus associados de Pontal uma gama de serviços. Além da assistência técnica agronômica, temos os serviços de topografia, assistência jurídica, a equipe de pragas que faz levantamento no campo, fiscais de sacarose nas unidades industriais, as análises no laboratório de sacarose, bem como o serviço de comunicação, por meio da Revista Canavieiros, dos boletins e das mensagens via WhattsApp, que fazem com que as notícias cheguem aos nossos associados. Por isso, os associados devem estar sempre participando, valorizando a associação e contando com os nossos serviços”, disse Daniela Aragão. RC 31 Revista Canavieiros - Abril de 2016 32 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Fevereiro/2016 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 29 de Fevereiro de 2016. Revista Canavieiros - Abril de 2016 33 Revista Canavieiros - Abril de 2016 34 Assuntos Legais Responsabilidade por crime ambiental à pessoa jurídica – prova de benefício E m recente decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, através da 3ª Câmara de Direito Criminal do referido Tribunal, nos autos do processo n. 2244848-35.2015.8.26.0000, corroborando o entendimento do Tribunal n‘outros casos, decidiu que para uma empresa ser responsabilizada por crime contra o meio ambiente, é necessário que se comprove que ela teria se beneficiado da situação delituosa. contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”. A tese vencedora utilizada e atendida pelo Judiciário foi baseada no artigo 3º Lei 9.605/1998 que prevê “que as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou Este importante precedente, portanto, privilegia a proteção ambiental e o direito ao desenvolvimento sustentável, impedindo que toda atividade degradadora possa ser considerada ilícito penal, o que forçará o órgão acusador, de ora em diante, a provar qual o in- Importante lembrar que aqui estamos tratando de responsabilidade criminal, diferente da responsabilidade civil onde, para esta, basta apenas apurar o dano ambiental e o seu autor para incidir a reparação do dano, através de recuperação da área ou indenização em dinheiro. Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste teresse da empresa e qual o benefício que teria com a atividade delituosa, sob pena de ver a sua denúncia não ser processada judicialmente. QUEIMA DE CANA – Procedimentos a serem adotados em caso de incêndio de origem desconhecida Estimados produtores de cana-de-açúcar, inobstante as autorizações de queima de palha a serem obtidas junto à Secretaria do Meio Ambiente, no Estado de São Paulo, os produtores de cana-de-açúcar podem sofrer autuações administrativas decorrentes de incêndios descontrolados, originados por terceiras e desautorizadas pessoas, que atingem os seus canaviais. Apraz esclarecer que o requerimento de queima deve ser feito por todo produtor rural, independente de utilizar-se do fogo, pois o órgão ambiental assim exige. Então, mesmo aqueles que não mais se utilizam do fogo, devem fazer o requerimento, que, no caso, servirá como “declaração de não-queima”, a ser utilizada em seu favor oportunamente. Digo isto porque o novo Código Florestal (Lei n. 12.651/2012), vigente desde 28 de maio de 2012, disciplinou em seu artigo 38, § 3º, que “na apuração da responsabilidade pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares, a autoridade competente para fiscalização e autuação deverá comprovar o nexo de causalidade entre a ação do proprietário ou qualquer preposto e o dano efetivamente causado” e, no parágrafo 4º do mesmo artigo que é “necessário o estabelecimento de nexo causal na verificação das responsabilidades por infração pelo uso irregular do fogo em terras públicas ou particulares”, significando isso que a agente fiscalizador deve encontrar o real infrator, e não apenas multar o proprietário ou possuidor do imóvel pelo fogo criminoso ali ocorrido. Então, por precaução e para conseguir pleitear eventual autorização EXTRAORDINÁRIA de colheita de cana queimada por incêndio descontrolado, junto à CETESB, deve o produtor de cana-de-açúcar buscar produzir o maior número possível de provas negativas, ou seja, àquelas capazes de demonstrar que Revista Canavieiros - Abril de 2016 não teve intenção de utilizar-se do fogo na lavoura atingida criminosamente pelo incêndio. Provas essas que servirão em prováveis defesas administrativas e judiciais. Mais uma vez, venho enumerar alguns exemplos de provas que o produtor DEVE fazer para tanto: Sempre fazer o requerimento de eliminação de queima até 02 de abril de cada ano, independente se não for utilizar-se do fogo – neste caso informar que não procederá ao uso do fogo; Fazer o Boletim de Ocorrências acerca do incêndio; Fazer análise da cana queimada para poder constatar que o rendimento industrial, medido em quilos de ATR, não está no ponto ideal, ou seja, a cana queimada não estava no seu nível de maturação máximo para ser colhida, não sendo justificável, portanto, o uso do fogo como auxiliar da colheita; 35 Pedir declaração da unidade industrial e ou prestadora de serviços que enviou o caminhão tanque (bombeiro), onde conste que o produtor assim solicitou para apagar um incêndio de origem desconhecida ocorrido em seu canavial; Manter e informar ao agente público sobre a existência de procedimento de controle de prevenção e combate de incêndio, seja através de estrutura própria (caminhão bombeiro, brigadistas, observadores da lavoura, etc.) ou de terceiros (unidades industriais e vizinhos); MANTER OS ACEIROS COM NO MÍNIMO 6 METROS e tirar fotos dos aceiros existentes na propriedade, bem como do não plantio em áreas proibidas de serem exploradas (abaixo das linhas de transmissão de energia elétrica, por exemplo), demonstrando com isso obediência à legislação pertinente; Caso possua autorização, informar ao agente autuador, caso esse apareça, que não estava programada a queima, tanto que sequer efetuou as comunicações aos confrontantes e à Secretaria do Meio Ambiente; Caso não possua autorização, informar ao agente autuante que não possuía interesse em utilizar-se do fogo em sua lavoura, tanto que sequer informou isto noca requerimento; Demonstrar, através de fotos, testemunhas e laudo pericial, que a área queimada estava preparada para o corte me- cânico, não justificando, portanto, o seu interesse em utilizar-se do fogo, assim como a correta área atingida pelo fogo. Apresentar o histórico da colheita mecanizada e/ou evolução desta nas últimas três safras. Demonstração de que a queima na área ocorreu em um período inferior a 12 meses. Isso pode ser feito através de documento que comprove a data da colheita da área queimada na safra anterior, inclusive por meio da comunicação de queima feita à secretaria do meio ambiente. Portanto, estes são alguns exemplos de provas que o produtor rural deverá produzir em caso de incêndio acidental ou criminoso em sua propriedade, para possibilitar, inclusive, o pedido EXTRAORDINÁRIO de colheita perante a CETESB devendo, ainda, caso receba a visita de um Policial Ambiental ou agente ambiental, informar esses fatos para que sejam apostos no respectivo Boletim de Ocorrências ou Auto de Infração, além de procurar orientação jurídica adequada IMEDIATAMENTE, onde o Departamento Jurídico da Canaoeste estará à inteira disposição do associado para defendê-lo nestes casos. Apresentação de laudo técnico, assinado por profissional habilitado, demonstrando a origem desconhecida do fogo ou a origem provocada por terceiros que poderá ser solicitado pelo Escritório Regional da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), (casa da agricultura), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento Estadual. Revista Canavieiros - Abril de 2016 36 Assuntos Legais Despesas dedutíveis no imposto de renda pessoa física da atividade rural Caros leitores, aproveitando que ainda estamos próximos ao termo final para entrega da declaração do imposto de renda 2016 (ano-base 2015), que se dará em 29 de abril de 2016, sirvo-me deste espaço para, com fundamento no entendimento atual dos órgãos de fiscalização, esclarecer aos proprietários rurais sobre as suas despesas que podem ser deduzidas para o cálculo do imposto de renda. Para tanto, além da lei de regência, utilizar-me-ei de orientação recente do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão máximo de julgamento das autuações discais dos contribuintes, vinculado ao Ministério da Fazenda, que posiciona-se no sentido de que somente são dedutíveis na apuração do imposto sobre a renda de pessoa física, as despesas que o proprietário/possuidor rural realmente teve com a sua atividade rural. Melhor dizendo, somente as despesas com a saúde dos trabalhadores rurais, preparação do solo, insumos agrícolas, máquinas e equipamentos rurais, combustíveis e lubrificantes ou outras despesas que comprovadamente foram utilizadas na atividade rural podem ser deduzidas, ao passo que outras despesas que não puderem sem vinculadas a atividade rural não o podem. Por este motivo, as despesas estranhas à atividade rural, como a aquisição de veículos de passeio, por exemplo, estão fora da dedutibilidade no IRPF, que abarcaria neste caso apenas o que foi gasto com “tratores, veículos de cargas e utilitários rurais”. De igual forma, aqueles proprietários rurais que fizeram contrato de parceria agrícola de suas áreas, onde se comprometeram a apenas contribuir com a cessão da terra nua e não possuem outra área com exploração agrícola direta, certamente não poderão deduzir despesas que não estejam vinculadas com a entrega da terra nua, excluindo-se, como exemplo, as despesas com tratos culturais (herbicidas, inseticidas, etc.), aquisição de equipamentos de colheita, etc. Tal orientação encontra-se bem esclarecida através de recente decisão do CARF, abaixo transcrita: “Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 ATIVIDADE RURAL. DESPESAS DE INVESTIMENTO. AUTOMÓVEL DE PASSEIO. A dedutibilidade de despesas na aquisição de veículos, limita-se a tratores, veículos de cargas e utilitários rurais. Despesas na aquisição de automóveis de passeio, ainda que possam ser utilizados eventualmente na atividade rural, não podem ser deduzidas da receita obtida. ATIVIDADE RURAL. DESPESAS DE INVESTIMENTO. EXPLORAÇÃO DA ATIVIDADE EXCLUSIVAMENTE POR MEIO DE PARCERIAS. Nos casos em que o contribuinte explora a atividade rural exclusivamente por meio de contratos de parceria, em que sua participação limita-se à cessão da terra nua para o cultivo agrícola, e não há comprovação da exploração direta em outras áreas Revista Canavieiros - Abril de 2016 rurais nem da pretensão de vir a fazê-lo no futuro, as despesas com aquisições de materiais agrícolas não podem ser consideradas como de investimento e, portanto, não são dedutíveis para fins da apuração do IRPF, em razão de não restar configurado o objetivo de desenvolvimento, de expansão e da melhoria da atividade. ATIVIDADE RURAL NOTAS FISCAIS NÃO RECONHECIDAS PELO EMITENTE. DESPESAS NÃO PROVADAS. A escrituração de despesas fictícias, fundamentadas em notas fiscais não reconhecidas pelo emitente, ensejam a sua. MULTA QUALIFICADA. É cabível a qualificação da multa de ofício no caso de apresentação de notas fiscais fictícias. CARF – Ac 2301-004.543” Espero que, sem querer esgotar tão complexo tema, estas sucintas informações sejam úteis para que os proprietários/possuidores de imóveis rurais e produtores rurais conheçam e saibam mais um pouco sobre quais despesas podem ser utilizadas como dedutíveis quando da apuração do imposto de renda 2016 (ano-base 2015), evitando-se, com isso, autuações fiscais desnecessárias. RC 37 Revista Canavieiros - Abril de 2016 38 Otimismo com o pé no chão marca início da safra 2016/17 Com discursos moderados, lideranças do setor sucroenergético pontuam que o ciclo poderá ser mais produtivo que o anterior, mas o segmento ainda enfrenta barreiras, principalmente devido ao alto endividamento Andréia Vital A solenidade oficial de abertura nacional oficial da safra 2016/2017 de cana-de-açúcar, iniciada no dia 1 de abril foi realizada uma semana depois, (8), na unidade da Biosev, em Rio Brilhante-MS. Durante a cerimônia Roberto Hollanda, presidente da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul) apresentou os dados da produção da safra que se encerrou no dia 31 de março e a projeção para o ciclo atual do setor no Estado. A quantidade total de cana-de-açúcar processada em MS na safra passada foi de 48,6 milhões de toneladas, um volume que ainda não havia sido atingido no Estado. O índice de crescimento com relação à safra anterior é de 13% e fica bem acima do percentual da região Centro-Sul, onde está concentrada cerca de 90% da produção nacional, que cresceu somente 6,6%. Mato Grosso do Sul manteve-se na posição de quarto maior Estado brasileiro na moagem de cana. De acordo com Hollanda, o que mais influenciou a safra que se encerrou foi a chuva, acima das médias históricas em quase todo o período de colheita. “O primeiro impacto desse fenômeno foi o período de safra. Atrasadas em sua produção, muitas usinas estenderam sua moagem, chegando em muitos casos até março. Cerca de 10% da safra foi performada no período em que normalmente se dá a en- Solenidade de abertura nacional oficial da safra 2016/2017 de cana-de-açúcar foi no MS tressafra das usinas”, contou ele, afirmando que 20 unidades operaram neste período, sendo que todas produzem etanol; 11 produzem também açúcar e 12 exportam bioeletricidade excedente. O setor recuperou a produtividade agrícola, atingindo a média de 89,3 toneladas por hectare. No entanto, a produtividade industrial, aferida pela quantidade de sacarose contida na cana, continua abaixo da média, com 126,47 quilos por tonelada de cana. A produção de açúcar, afetada negativamente pelas chuvas, foi de 1,31 milhão de toneladas, volume 2,3% menor que safra anterior. A região Centro-Sul também evoluiu, com 3,34%. 76% do açúcar produzido foi do tipo VHP, destinado à exportação. 20% do tipo cristal e 4% refinado. Revista Revista Canavieiros Canavieiros -- Abril Abril de de 2016 2016 Já a produção de etanol superou a da safra passada em 15,26%. Foram produzidos 707 milhões de litros de etanol anidro, 2,1 bilhões de etanol hidratado, totalizando 2,812 bilhões de litros do biocombustível. Na região Centro-Sul a produção do combustível verde cresceu 6,6%. O mix de produção foi mais voltado a etanol que o previsto, com 78% da matéria-prima destinada à produção do combustível verde. “Foram exportados para o Sistema Integrado Nacional, 2.441GWH de bioeletricidade gerada através da queima do bagaço da cana, um crescimento de 29%. O MS é um dos estados mais avançados no aproveitamento da biomassa da cana para conversão em bioeletricidade, essa é uma característica importante dessa re- 39 gião: ser um dos maiores convertedores de biomassa e de energia exportada e queremos continuar crescendo neste sistema”, afirmou o presidente da Biosul. Com relação a empregos, o executivo lembrou que o setor sucroenergético emprega 26 mil pessoas no MS, com o terceiro melhor salário médio da indústria (R$ 2.356,00) e o maior salário médio da agricultura do Estado (R$2.086,00). “A massa salarial, que representa a soma de todos os salários pagos aos trabalhadores durante o ano, é a maior da indústria e a segunda maior entre todos os setores da nossa economia”, disse Hollanda. Sobre o consumo de combustíveis, os dados divulgados mostraram que, em 2015, cresceu 48,45%, acima do crescimento nacional de 37,35%. Já o consumo de gasolina diminuiu 7,9%, contra uma redução de 7,29% no país. Ainda assim, no mercado de Ciclo Otto (carros que consomem gasolina, Roberto Hollanda, presidente da Biosul etanol ou ambos), a gasolina ainda predomina, com 70% de temos as seguintes participações: Etaparticipação. “Considerando que a ga- nol Hidratado 30%, Etanol anidro 19% solina contém 27% de etanol anidro, e gasolina A (pura) 51%”, explicou. Safra no MS irá crescer 7,3% em relação à temporada anterior “Para a nova safra a expectativa é de continuar o crescimento da produção sucroenergética, recuperar a qualidade da cana e a produção de açúcar, torcendo para o clima não atrapalhar. No entanto, não se deve deixar o crescimento da produção mascarar um momento difícil para o setor. Foram anos sofrendo com políticas públicas equivocadas por parte do Governo Federal que nos levaram a um momento de crise”, afirmou o presidente da Biosul. A previsão para a safra 15/16 é que a moagem no MS deve chegar a 52,1 milhões de toneladas, um aumento de 7,3% com relação à temporada anterior. Na produtividade industrial, também se espera aumento, com maior teor de sacarose na cana da nova safra, com ATR/ TC (açúcares totais recuperáveis por tonelada de cana) passando de 126,47 quilos de para 129, aumento de 2%. dução de açúcar a previsão é de que o volume de etanol a ser produzido permaneça estável, com 2,820 bilhões de litros, sendo 2,020 bilhões para etanol hidratado e 800 milhões de litros para o etanol anidro. “Sem problemas climáticos, como as geadas e as chuvas das safras passadas, deve haver recuperação na produção de açúcar, deve chegar a 1,9 milhão de toneladas, aumento de 44,83%. O MS já havia chegado a produzir 1,74 milhão de toneladas na safra 12/13 e recuou para os 1,3 milhão de toneladas da safra passada”, explicou o executivo, pontuando que com a recuperação da pro- As unidades do MS continuarão destinando a maior parte de sua produção para o etanol, a estimativa para o mix da safra 2016/2017 será de 70% da cana-de-açúcar destinada para etanol e 30% para a produção de açúcar. Na cogeração de bioeletricidade, o excedente exportado deverá chegar a 2.685 GWH, 10% a mais que a safra passada. Revista Revista Canavieiros Canavieiros -- Abril Abril de de 2016 2016 40 Reportagem de Capa Autoridades ressaltam a importância do setor sucroenergético Em sua fala, Maurício Saito, presidente do sistema Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) destacou a relevância do setor sucroenergético para o Estado afirmando que o segmento representa, por parte dos produtores rurais, o quarto VBP (valor bruto de produção) do estado de Mato Grosso do Sul, ultrapassando em 2015, R$ 3,4 bilhões. Saito lembrou também da importância da comunidade científica, que contribuiu para chegar aos números pujantes nos canaviais. “Nós passamos por uma fase de aumento de produtividade e isso aconteceu graças a essas parcerias existentes na comunidade científica e as instituições” disse, lembrando sempre do lado empreendedor do produtor rural, que utiliza as tecnologias disponibilizadas pela comunidade científica. gera empregos, traz oportunidades, além de ter valorizado as terras locais. “Se tivesse uma política para avançar ajudaria na ampliação de novas empresas. Nós temos espaços territoriais, um ótimo clima e um dos melhores solos do país para produção com competência”, alegou. Ruy Chammas, presidente da Biosev “Iniciamos hoje a colheita de cana nacionalmente, então Rio Brilhante e MS tem a honra de receber este evento, que marca o start da colheita em todo o país”, disse o governador do Estado, Reinaldo Azambuja, que na ocasião falou sobre a política equivocada do Governo Federal em relação ao subsídio da gasolina e sobre o mercado de açúcar que serve de alento e projeta para os próximos anos uma melhora significativa nas exportações a nível nacional e internacional. “Mas nós precisamos de uma política energética para o país com uma visão de futuro com planejamento para 40 anos”, disse. Maurício Saito, presidente do sistema Famasul Anfitrião do evento, o presidente da Biosev, Ruy Chammas, recebeu durante a solenidade a licença de operação autorizando a ampliação da usina Rio Brilhante, que tem capacidade atual de moer 5 milhões de toneladas e entra na sua nona safra. “Desde 2007, nós crescemos, prosperamos, investimos e modernizamos a usina, aumentamos nossa capacidade, vigorando novas práticas agrícolas e implantamos novas tecnologias conseguimos aumentar a produtividade de 60 para 90 toneladas por hectares”, disse Chammas, ressaltando que os esforços precisam se somar a uma política clara de Governo como a de Mato Grosso do Sul. Reinaldo Azambuja, governador do Estado O governador também reforçou a importância do setor canavieiro para o MS, pois o segmento movimenta muito a economia dos municípios, Revista Revista Canavieiros Canavieiros -- Abril Abril de de 2016 2016 Azambuja lembrou ainda que o Estado passou pela maior precipitação pluviométrica dos últimos 50 anos, em 2015, condição causadora de problemas em rodovias, estradas e pontes, além de deixar 42 municípios em situação de emergência. Citou também que seu Governo tem um programa forte de recuperação de rodovias e já está em processo de licitação de 37 projetos de pavimentação asfáltica e recapeamento que vai totalizar 1148 quilômetros de novas rodovias e 600 quilômetros de recapeamento asfáltico, no Estado. “E isso é importante porque um dos grandes problemas do nosso país é o apagão logístico que a gente vive, eu estou na briga, no bom sentido, com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para resolver questões relacionadas a investimentos na ferrovia. “Temos um relacionamento cordial com a Rumo ALL. Eles pediram para que nós apontássemos as potenciais cargas do Estado e o Governo reuniu os players de todos os setores e indicamos uma demanda de 10 milhões de toneladas entre carnes, setor sucroalcooleiro, grãos e de outras atividades que poderiam ser escoadas pela ferrovia. Agora estamos aguardando eles apresentarem o programa de investimento e esperamos que a ANTT fiscalize este caso e o cronograma”, disse taxativo o governador. No tocante a uma redução no ICMS sobre o etanol, que é de 27% no Estado, ele confirmou ser um pleito do setor sucroenergético, mas alegou que o Governo Estadual já incentiva a indústria e no cálculo final, ali acaba tendo um dos maiores benefícios fiscal para o etanol. 41 Superávit crescendo O superávit da balança comercial de Mato Grosso do Sul com o exterior no mês de março deste ano é quase cinco vezes maior ao registrado no mesmo período de 2015. No mês passado, o superávit foi de US$ 369 milhões, enquanto que em março de 2015, chegou a US$ 76 milhões. “Como já era esperado, o comércio externo de Mato Grosso do Sul tem Jaime Verruck, secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico respondido à alta do dólar e à demanda mundial por produtos. Tivemos um bom crescimento das exportações de soja e de milho e celulose. Esse dinamismo das exportações permite um crescimento econômico importante no momento em que o mercado interno encontra-se estagnado”, comentou o secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, destacando ainda que a exportação de açúcar não vai bem, mas está estabilizada e a perspectiva é a demanda por açúcar possa efetivamente aumentar. “O setor sucroenergético com os três milhões de toneladas adicionais que virão com a safra atual é importante neste contexto, mas nós temos uma capacidade instalada para aumentar essa quantidade e para isso não precisamos ampliar a indústria, então depende simplesmente de uma melhora do mercado e nós estamos correndo para responder tranquilamente com mais de 10 milhões de toneladas”, justificou. Biosev encerra safra 2015/16 com crescimento de 14% na produtividade agrícola Com 11 unidades agroindustriais localizadas no Brasil, a Biosev encerrou a safra 2015/16 com um volume de moagem igual a 31,0 milhões de toneladas e um ATR Cana de 127,5 kg/ton. O volume de produção medido pelo ATR Total foi igual a 3.946 mil toneladas, superando em 8% o ATR Total da safra anterior. A produtividade dos canaviais, medida pelo TCH atingiu 76,2 ton/ha, um aumento de 14% em relação à safra anterior. A moagem de 31,0 milhões de toneladas é a maior das últimas 5 safras, enquanto o ATR cana reflete a decisão da Companhia de estender o processamento de cana ao longo do quarto trimestre de 2016, período em que o ATR cana é tipicamente menor. Adicionalmente, a taxa de utilização da capacidade instalada foi de 85%, também o maior valor registrado pela empresa nas últimas 5 safras. “Esse desempenho foi viabilizado por meio da implementação de uma série de melhorias operacionais e criam condições para a sustentação e evolução da performance operacional da Biosev”, explicou Rui Chammas, presidente da empresa. Sidney Foroni, prefeito local Sidney Foroni, o prefeito local, também discursou e lembrou que o município de Rio Brilhante é o maior produtor de cana do Estado, com três usinas em suas imediações. Como também explanou Luis Alberto Moraes Novaes, conhecido como Mandi, presidente da Sulcanas (Associação dos Fornecedores de Cana-de-açúcar Sul-matogrossense). Empresa é pioneira na atividade de confinamento no Brasil A Biosev participou do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria realizado entre os dias 13 e 15 de abril, no Centro de Eventos do Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto-SP. Durante o evento, a empresa apresentou seu portfólio completo de produtos para nutrição animal e reforça sua expertise em confinamento. “Fomos pioneiros na atividade de confinamento no Brasil. Em 2015 produzimos ração para alimentar 40 mil cabeças de bovinos de parceiros e fornecedores do Estado de São Paulo e Minas Gerais, sendo sete mil cabeças de bovinos em confinamento”, afirma Regina Margarido, zootecnista e gerente de Nutrição Animal da Biosev. A empresa realiza o confinamento em sua unidade do Vale do Rosário, na cidade de Morro Agudo, interior de São Paulo, há 28 anos e está em pleno projeto de expansão de expansão da atividade. Para a Biosev, a participação no evento, que reúne as principais fábricas de rações e produtores rurais, é importante para reforçar o posicionamento da companhia na fabricação de ração animal e suplementos proteicos e energéticos, como levedura e melaço em pó. Revista Revista Canavieiros Canavieiros -- Abril Abril de de 2016 2016 42 Reportagem de Capa Tereos Guarani celebra o início da safra 2016/17 com produtores A Guarani, empresa do Grupo Tereos, realizou no dia 14 de abril, em Bebedouro-SP, reunião para comemorar o início de sua safra atual, com a presença de mais de 1.100 fornecedores de cana-de-açúcar de suas sete unidades industriais. Parceiros e autoridades também participaram do evento. A empresa inicia este ciclo com previsão de moagem de 20,5 milhões de toneladas de cana, um incremento de quase um milhão de toneladas em relação à safra anterior Jacyr Costa Filho, diretor da Divisão Brasil do Grupo Tereos, explicou que no último ciclo a companhia investiu aproximadamente R$ 510 milhões em renovação de canaviais, crescimento de produtividade e conservação de energia. “Todos esses fatores permitirão melhores resultados na safra 2016/17”, acrescentou. re Santoul, diretor-presidente da Guarani Tereos Açúcar e Etanol Brasil. A companhia possui oito unidades industriais, sendo sete no Brasil, na região noroeste do Estado de São Paulo, climática. “Setembro do ano passado foi o start da recuperação do canavial, a chuva foi muito importante para que o canavial chegasse até hoje com este vigor com que ele se apresenta. É lógico que a gente precisa saber o que vai Jacyr Costa Filho, diretor da Divisão Brasil do Grupo Tereos Pierre Santoul, diretor-presidente da Guarani Jaime Stupiello, diretor Agrícola da Guarani Tereos Açúcar e Etanol Brasil Na última temporada, a Guarani Tereos atingiu capacidade instalada de 1,2 milhão de MWh. A expectativa da empresa é exportar para o Sistema Interligado mais de 1 milhão de MWh em 2016. e uma unidade em Moçambique. Na safra 2015/16, a Companhia processou no Brasil 19,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e produziu 1,4 milhão de toneladas de açúcar, 650 milhões de litros de etanol e 1020 GWh de energia para comercialização. acontecer com o clima, que é o nosso drivers do sucesso ou insucesso da produção agrícola e isso não é diferente para a cana. Nós estamos passando por um veranico de 15 dias e com essas altas temperaturas começa a acender um sinal amarelo, então é importante ficar atento e monitorando, mas no geral a parte agrícola está muito boa”, disse. Devido ao primeiro déficit global da commodity nos últimos cinco anos, o preço do açúcar seguirá valorizado no mercado internacional em 2016. “O etanol também estará em alta por conta da forte demanda, que deve permanecer estável ou superior em relação ao último ano, com base nos recordes de venda do biocombustível em 2015”, afirmou Pier- Em relação ao clima, o diretor Agrícola da Guarani Tereos Brasil, Jaime Stupiello, explicou na oportunidade que 2016 começou com chuvas acima da média histórica, influenciadas pelo fenômeno El Niño, porém, a partir de maio, espera-se a volta da normalidade Revista Canavieiros - Abril de 2016 O executivo terminou seu discurso afirmando que, nos 26 anos de Guarani, já viu moer nas moendas da usina 130.171 milhões de toneladas de cana-de-açúcar fornecidas por produtores parceiros e que 43 Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Elizabeth Farina, diretora-presidente da UNICA Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa espera encerrar o ciclo atual, com a participação de 141.479 toneladas de cana-de-açúcar de fornecedores assegurando assim, o sucesso da companhia. o hidratado gerando um enorme aumento de demanda ao longo do ano. “Tivemos também, na área do açúcar, uma inversão do ciclo de déficit de produção em relação ao consumo e isso sustentou o preço internacional, essas condições parecem persistir neste ano, já que o nosso patamar de receita começou já em um nível maior e se comparado, esse é um cenário construtivo e produtivo para nossa evolução”, ressaltou a executiva, lembrando que alguns riscos também são visíveis, dependemos muito com o que acontece com o preço da gasolina. um quadro tão remunerador quanto foi o período anterior, mas eu acho que a comemoração tem significado na tomada de consciência sobre quais são os desafios que nós vamos enfrentar daqui por diante”, disse ele. O evento contou também com a presença de várias autoridades, como de Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que na oportunidade estava licenciado do cargo para poder participar como deputado da votação do impeachment de Dilma Rousseff e Elizabeth Farina, diretora-presidente da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Elisabeth afirmou que o clima colaborou, mas também o desempenho operacional foi importante, pois sem ele não seria possível passar das 74 toneladas por hectares da safra passada para 83 t /h este ano na média. “Produtividade e preço médios melhores, decorrente do mercado do etanol e do açúcar, gerou uma receita maior, perto de 10% e quase 20%, considerando o aumento de produtividade”, constatou ela, pontuando que o conjunto de mudanças ocorridas no último ano, como aumento da mistura do anidro na gasolina, entre outras, gerou um hidratado com maior competitividade em relação à gasolina, melhorando, portanto, o seu desempenho. A executiva lembrou ainda que um aumento de preço pela Petrobras para a gasolina reforçou a competitividade com A presidente da UNICA informou ainda que a entidade tem se empenhado na busca de abertura de mercado, para evitar pressões de custos, e para manter as conquistas do ano passado, como na abertura do mercado de açúcar, pela eliminação ao subsídio ao açúcar na Tailândia, com processo na OMC e na troca de ofertas entre União Europeia e Brasil. Jardim destacou a boa perspectiva para a safra, saudando os plantadores e fornecedores de cana-de-açúcar, segundo ele, o elo mais vulnerável da cadeia do setor sucroenergético. “Vocês que sobreviveram deram demonstração de capacidade. As perspectivas são boas do ponto de vista da produtividade agrícola e de um processo de sustentação de preços que deve se verificar para o etanol, o mesmo quadro favorável para o açúcar. Com relação à bioeletricidade nós não devemos ter Para Mônika Bergamaschi, presidente do Ibisa (Instituto Brasileiro para Inovação e Sustentabilidade no Agronegócio) há mais esperança neste início de safra comparado ao clima pessimista da safra passada. “Nós temos um ambiente muito diferenciado este ano em relação ao do ano passado. Independente disso, eu acho que fatores externos também trazem um sentimento diferente, embora o clima em Brasília seja complicado e não nos dá uma noção do que irá acontecer, as pessoas já começam a desenvolver um sentimento de esperança, de uma mudança e que o Brasil saia da estagnação que a gente está”, afirmou ela, apontando alguns fatos que devem receber atenção, como a audiência pública para julgar as Adins das ações de incondicionalidade contra 24 pontos do Código Florestal, realizada no dia 18 de abril. Como também é preciso levar em conta que várias indústrias foram fechadas, com perda de milhares de empregos, a oscilação do dólar, que funciona como uma roleta diária para as empresas alavancadas na moeda americana. “É importante ficar atento e aproveitar a expectativa boa, vamos ver se devagarzinho a gente chega lá”. Revista Canavieiros - Abril de 2016 44 Reportagem de Capa Fornecedores de longa data A cerimônia contou com parceiros fornecedores de longa data, que também são associados da Canaoeste, como Antonio Campanelli, presidente da Agro Pastoril Paschoal Campanelli S/A, empresa agrícola referência em utilização de tecnologia na cultura da cana de açúcar, localizada nos municípios de Severínia, Bebedouro, Olímpia e Altair, no interior de São Paulo. Ele afirmou que fornece cana-de-açúcar ao Grupo Guarani há 16 anos, em torno de 700 mil toneladas atualmente e, Ivan Antonio Aidar que tem propriedade em Severínia, é um dos mais antigos fornecedores de cana da Guarani direcionando para a usina, 130 mil toneladas. Antonio Campanelli, associado da Canaoeste A reunião foi encerrada com palestra de Marcos Fava Neves, professor da FEA/USP, que deu um panorama sobre o cenário político e econômico do Brasil "O país tem que ter um choque de produção", afirmou ele ao se referir a atual situação nacional. Ivan Antonio Aidar, associado da Canaoeste Parceiros do grupo participaram da cerimônia Agrônomos da Canaoeste Canaplan estima 580 milhões de toneladas para a safra atual A primeira estimativa da Canaplan para a safra atual é de 580 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, conforme dados divulgados no dia 15 de abril, durante reunião anual da consultoria, realizada em Ribeirão Preto - SP. O volume pode variar entre 600 milhões de toneladas no ciclo, no caso de clima mais úmido ou 590 milhões caso o período seja mais seco. A safra será mais alcooleira segundo a entidade, sendo que 54% da matéria-prima será voltada para a produção de etanol e 46% para açúcar, independente do clima. A produção de açúcar terá base de 34,7 milhões de toneladas, ficando entre 34,2 e 34,8 milhões conforme o período chuvoso ou seco. E a produção de etanol deverá ser de 24,9, variando entre 24,6 e 25,0 bilhões de litros dependendo do clima. O Açúcar Total Recuperável por tonelada de cana processada será de 135,8 kg de ATR/t variando entre 129,5 a 133,9 kg de ATR/t, maior do que os 130,5 kg de ATR/t registrado na safra passada. A oferta de ATR: milhões de toneladas será de 78,8, podendo variar de 77,1 a 79,1, ficando abaixo do ciclo passado que foi de 80,6. Segundo previsões, a área colhida será maior do que o ciclo passado, que foi de 7,4 milhões de hectares, chegando a 7,8 m/h, podendo variar entre 7,5 e 7,7 milhões de hectares. A renovação dos canaviais teve queda de investimento em 2015, ficando abaixo dos 18% necessários mínimos e em 2016 deverá ser Revista Canavieiros - Abril de 2016 menor ainda, o que ajuda a começar a desenhar um 2017 complicado do ponto de vista de oferta, mas muito positivo do ponto de vista de preços, embora muitos não consigam aproveitar essa boa fase devido ao alto endividamento, explica o presidente da consultoria, Luiz Carlos Corrêa Carvalho. “Quando o índice de 18% é estabelecido, se mantém a idade do canavial e proporciona o potencial de produtividade bom, mas nós tivemos uma queda para 14% e agora será de 15% devido ao baixo investimento. Se nós olharmos o 45 “Nós temos visto projeções de safra de moagem alta, de 620 milhões de toneladas, o que é um espetáculo para 135 de kg de ATR/t. É um mundo de produto que não vai acontecer. Na verdade, quem moeu cana depois de dezembro não vai ter soqueira para 2016, no mínimo para 2017 e essa cana não entra na contabilidade e como muita gente tem colocado aparece um número gigantesco e assusta”, advertiu Carvalho. Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da consultoria índice de plantio em 2015, não tem nenhum estado que se aproximou de uma lógica de manutenção de idade do canavial, então o canavial envelheceu e a tendência dessa queda de investimentos no canavial é potencial de risco de redução de oferta e custo mais alto”, alerta, completando “Além disso, o plantio de 2016 será motivo de grande preocupação, pois nos meses de janeiro, fevereiro e março do ano passado, já haviam plantado 43% do total previsto e, este ano, foi plantado apenas 27% do total estimado, fato que pode comprometer a próxima safra”, alega o presidente. Carvalho explicou ainda que as chuvas surpreenderam em 2015 e mudaram as projeções iniciais. “Com algumas exceções, não tivemos praticamente déficit hídrico e sim quase que uma irrigação a céu aberto. Por outro lado, afetou muito a qualidade das canas, que teve uma queda. A safra, portanto, ficou muito longa e isso nos traz alguns impasses de canas que potencialmente não iremos moer nesta safra”, afirmou o presidente. Entre as preocupações citadas pelo executivo é que com as chuvas as raízes das plantas ficam superficiais, elas crescem menos do que o normal e ficam mais suscetíveis. “A preguiça de enraizamento é que nos preocupa porque quando o enraizamento está mais superficial e tem uma seca, o impacto dessa seca é muito maior do que quando tem mais enraizamento e nós estamos vivendo essa realidade”, alertou, lembrando que a estimativa da consultoria mudou com a alteração feita pelo MAPA, na qual a moagem de março entrou para a safra passada. gada da La Niña. Essa seca pode refletir em uma safra acelerada, que aliás já se refletiu. Nós percebemos que março e abril foram secos, com tendência ao florescimento e isoporização, porém mais importante que florescimento, a isoporização tende a ser um problema muito maior, em função, é lógico, do déficit hídrico”, explicou. “Nesta reunião de abril, que já é tradicional, procuramos caracterizar as limitações. Nós estamos vivendo com limitações há um tempo e que não ficaram claras no ano passado, porque as chuvas mascararam tudo. Este ano há uma tendência de uma safra mais seca, portanto os problemas surgem de novo, então tentamos caracterizar tecnicamente essa avaliação, apontando que a tendência da safra é no final ter um volume de produção total evidentemente menor do que o da safra passada. Na verdade, mais uma vez batendo numa espécie de teto dos limites estruturais do setor para aumentar a oferta, a gente está vivendo de fato um muro de oferta no setor, portanto, a expectativa é essa para esta safra”, explicou Carvalho. Endividamento alto "O setor sucroenergético começa a safra 16/17 com uma dívida de R$ 93,7 bilhões e a estimativa do endividamento por moagem deve ser de R$ 143,00 por tonelada de cana em 2016", afirmou o representante do Rabobank, Manoel Pereira de Queiroz, durante a sua explanação na reunião da Canaplan. Segundo o executivo, 35 grupos industriais, que representam em torno de 50% da moagem brasileira, uma cooperativa e diversas trading companies fazem parte da carteira do banco. "Apesar das boas perspectivas de preço, existe baixa liquidez no mercado de crédito, portanto, somente aqueles que conseguiram conservar, sobretudo, uma boa liquidez financeira, conseguirão se aproveitar totalmente da melhora dos fundamentos", elucidou. Condições climáticas Os impactos da condição climática foram apresentados na ocasião pelo consultor da Canaplan, Nilceu Piffer Cardozo. “Iniciamos este ano com alta disponibilidade hídrica, canaviais com alta produtividade, uma perspectiva da melhoria na qualidade e a disponibilidade de cana bis. Como fatores negativos, destacamos a colheita feita no sacrifício em certas épocas do ano passado, excedente hídrico seguido de possível seca, cuja intensidade é variável com a che- A longo prazo, o executivo pontuou os principais desafios para o etanol e para o açúcar. No caso do combustível, seria o risco da dependência do preço da gasolina e sujeito a intervenção estatal. Já no da commodity, é a de que a demanda crescente de açúcar na África e Ásia devem gerar demanda adicional de no mínimo 55%, possíveis concorrentes com desafios maiores que os nossos geopolíticos, fundiários, disponibilidade de terra e curva de aprendizado tecnológico longa. Nilceu Piffer Cardozo, consultor da Canaplan Manoel Pereira de Queiroz, representante do Rabobank Revista Canavieiros - Abril de 2016 46 Reportagem de Capa Segundo ainda levantamento do banco, pelo histórico de empresas em recuperação judicial, somente 3% saíram da condição com vida, a baixa saída é constatada no mundo inteiro. “Quando uma empresa entra num processo de RJ as chances que ela tem de sair são bastante pequenas”, constatou o especialista. Necessidade de controle de gestão e custo Safra 16/17 pela ótica de produtores e máquinas e insumos Produtores de máquinas e insumos modernos deram sua visão sobre as perspectivas para o ciclo 16/17 da cana, na ocasião. Coordenado por Paulo Rodrigues, do Condomínio Agrícola Santa Izabel, o painel contou com a participação de Leonardo Pereira, da Syngenta; Marcelo Lopes, da John Deere; Douglas, da BASF e Fábio Carvalho, da Dupont. Marcelo Lopes, da John Deere Haroldo Torres, economista e pesquisador do Pecege- USP Custo de produção de cana-de-açúcar, etanol e bioeletricidade no Brasil foi o tema da palestra de Haroldo Torres, economista e pesquisador do Pecege- USP. “Sinais de recuperação do setor sucroenergético estão em curso depois de sete anos seguidos de crise, no entanto, as agroindústrias ainda precisam equacionar as dificuldades de fluxo de caixa e de capital de giro. O desafio é controle e gestão dos custos de produção num ambiente de inflação e desvalorização cambial”, afirmou, pontuando as perspectivas limitadoras da oferta, como a dívida alta, financiamento para renovação de canavial, incertezas regulatórias, falta de investimento, perda de valor dos ativos e competição com outras culturas baixas disponibilidade mecânica de máquinas e equipamentos, rendimento agrícola abaixo do potencial produtividade continuará comprometendo em 16/17 dada a baixa taxa de renovação. “A sobrevivência virá da cogeração de energia que representa apenas 14% do seu potencial e do controle e gestão de custos”. Leonardo Pereira, da Syngenta Segundo o representante da Syngenta, o setor investiu menos em defensivo, o que causou uma queda de 6% do uso de defensivo na cana-de-açúcar da última safra para a atual O controle de broca teve um acréscimo bem interessante, mesmo com a queda no controle de pragas e no mercado total de defensivos. “Dentro do controle de pragas, as brocas seguraram a queda. Outro ponto que puxou o mercado para cima foi catação, controle de ervas por catação. No caso do mercado de herbicida, o uso de pré-emergente foi menor, ocorreu também uma alta muito acentuada de maturadores da safra 2014/15 para a 2015/16, saindo de 19% para 22% a área maturada no Centro-Sul”, explicou Pereira, que é gerente de Marketing para soluções para cana-de-açúcar da Syngenta. Para Marcelo Lopes, da John Deere, a dinâmica de máquinas é diferente e depende de investimento e, na medida que este investimento deixa de ser feito, sobe o preço da manutenção. “Estamos indo para o terceiro ano que o mercado não renova o número de máquinas que precisaria renovar e a intensificação de uso e de outros parâmetros aceleram a degradação do equipamento, a sua depreciação, então isso entra em um cír- Revista Canavieiros - Abril de 2016 culo vicioso quando você tem que fazer a renovação desse equipamento”, afirmou ele, lembrando que uma máquina fabricada há 10 anos não produz o mesmo que uma nova por melhor que seja a manutenção. “Existem aspectos tecnológicos não têm como incorporar nas máquinas antigas. Então a gente vê a não renovação de níveis mínimos bastante preocupantes”, constatou. Douglas Leme, cultivo CANA da BASF Para Douglas Leme, da área de cultivo CANA da BASF, é preciso olhar a produção de açúcar por hectare. “Efetivamente nós temos que elevar a produtividade e isso tem um certo impacto no custo, mas é o benefício que a tecnologia traz, seja ela através defensivos, visando ao aumento da produtividade e, consequentemente, uma redução de custo. Obviamente passa também pelo alicerce do nosso canavial, com a formação de mudas de viveiros com mais qualidade e com tempo menor de retomada do plantel de variedades”, alegou. Ao encerrar o painel, o coordenador afirmou "Destaco dois pontos diante 47 deste debate: nem sempre reduzir investimento, significa reduzir custos e também, que ainda tem muita lição de casa para fazer. É preciso melhorar a gestão das nossas propriedades e assim conseguir reduzir custos”, disse. A reunião ainda contou com a participação de representantes de usinas e associações que deram sua opinião sobre a safra 16/17 pela ótica de produtores. Coordenado pelo presidente da consultoria, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, participam do debate Cássio Paggiaro, da Clealco; Edson Girondi, da Alto Alegre; Fernando Benvenutti, da Raízen, Paulo Rodrigues, do Condomínio Santa Izabel; Jaime Stupiello, da Guarani Tereos; Mário Ortiz Gandini, da São Martinho; Nazareno Hilário Gonçalves, da Alta Mogiana e Paulo Roberto Artii, da Tecnocana. Opinião de participantes Para Antonio Cesar Salibe, presidente executivo da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), a produtividade será maior nesta safra, principalmente no Oeste do Estado de São Paulo, onde é uma região com solo arenoso e que responde muito bem à umidade. “Eu acho que será um ano muito bom de produtividade e em termos de ATR, porque vai ser um ano mais seco, porém é um ano que, apesar dos preços do etanol e do açúcar estarem melhor, temos um endividamento muito alto e as empresas que estão com endividamento mais baixo conseguirão se recuperar e vão ganhar dinheiro, ao contrário das outras, que mesmo com produtividade e preços bons, acaba ainda tendo dificuldades”, constatou. Antonio Cesar Salibe, presidente executivo da UDOP Marco Ripoli, gerente de marketing estratégico para a América Latina da John Deere Marcos Matos, diretor da ABAG-RP Já o gerente de marketing estratégico para a América Latina da John Deere Marco Ripoli, o momento é de vigiar. “Estamos tomando muito cuidado para tentar mensurar o tamanho do mercado. Nos anos anteriores contamos com bastante volume de máquina e interesse das usinas em crescer devido à melhoria no preço do açúcar e álcool. Foram feitas melhorias a nível de financiamento, com um bom volume de dinheiro disponível via BNDES e muitas usinas aproveitaram a oportunidade para fazer antecipações de aquisição de colhedoras de cana, tratores e outros equipamentos para a parte agrícola, mas também fizeram investimentos na parte industrial e o que a gente vê, desde o ano passado para cá, é que houve uma redução ou recuo da indústria canavieira, pois as usinas estão com mais cautela”, explicou afirmando que mesmo assim, a John Deere não deixou de investir na cana como negócio, tanto, que prepararam novidades para serem apresentadas na Agrishow. Focos de incêndio se intensificam Durante a reunião da Canaplan, foi alertado sobre os focos de incêndios, em muitos casos provocados pela estiagem, como também, por ato criminoso. Neste contexto, Marcos Matos, diretor da ABAG-RP, reforçou a campanha institucional de prevenção e conscientização de combate aos incêndios, lançada pela entidade no ano passado. “A iniciativa visa mostrar que o incêndio é prejudicial a todos, do campo e da cidade. Em função de um ano seco, que foi 2014, em 2015 nós conseguimos fazer a implantação da campanha em boa parte do estado de São Paulo. Agora, novamente verificamos o déficit hídrico impactando a cana-de-açúcar e, com certeza, quanto mais seco o clima, mais focos de incêndio, e incêndio tem um viés acidente, mas também tem um viés criminoso porque incêndio é crime. Estamos ajustando as artes para disponibilizar aos parceiros e vamos fazer um novo engajamento e disseminação da ação”, afirmou. Revista Canavieiros - Abril de 2016 48 Reportagem de Capa Nove usinas dão início à safra em Minas Gerais em março Durante o mês de março, nove unidades em Minas Gerais já estavam em funcionamento, com uma moagem de cana de 719,6 mil toneladas, alta de 583% frente as 105,4 mil toneladas do mesmo mês do ano passado. A produção de etanol hidratado até 31 de março situou-se em 31,7 milhões de litros, aumento de 355% na comparação com os 6,9 milhões de litros do mesmo período de 2015. A safra se iniciou com uma queda significativa do preço do etanol hidratado na produção de R$ 0,60, ou seja, em um mês, o litro do combustível caiu de R$ 1,90 para R$ 1,30, sem, porém, que essa redução fosse repassada para as bombas, segundo alertou o presidente da SIAMIG (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais), Mário Campos. “Até agora, lamentavelmente, o consumidor não foi beneficiado pela queda do preço do etanol hidratado na produção e o mercado vem mantendo a máxima de que quando o preço sobe o repasse é feito um foguete, mas quando cai é de paraquedas”, ressalta Campos. Segundo ele, o preço hoje do litro do combustível limpo e renovável ao consumidor poderia estar, em média, em R$ 2,35 - bem diferente dos atuais R$ 2,95 - o que daria uma relação de competividade frente ao litro da gasolina (preço médio de R$ 3,76, segundo a ANP) de 63% contra os atuais 78,4%. “etanol hidratado... quando o preço sobe o repasse é feito um foguete, mas quando cai é de paraquedas” Campos enfatiza que a soma do preço ao produtor de R$ 1,30 mais o ICMS (14%) ou R$ 0,43 daria um valor do litro de R$ 1,73, o restante do diferencial é composto pela margem Mário Campos, presidente da SIAMIG da distribuidora, do posto e logística, fazendo com que a diferença em relação ao preço atual (R$ 2,95) seja de R$ 1,22. No ano passado, essa diferença estava em média em R$ 0,60. Ele ressalta que no Brasil o mercado é livre, mas as quedas de preço deveriam ser repassadas de forma mais rápida para beneficiar o consumidor. Moagem 625 milhões no Centro-Sul segundo DATAGRO A DATAGRO prevê moagem de 625 milhões de toneladas de cana no Centro-Sul, com a geração de 33,8 milhões de toneladas de açúcar e 28,1 bilhões de litros de etanol. A produção esperada para o Brasil (Centro-Sul mais Norte-Nordeste) é de 675 milhões de toneladas de cana, 36,7 milhões de toneladas de açúcar, e 30,0 bilhões de litros de etanol. “A safra de cana de 16/17 será marcada por um volume de cana expressivo, pelo aperto de caixa da maior parte das usinas, pela produção de etanol hidratado como saída para gerar caixa, por um consumo ainda relevante de etanol hidratado e anidro, pela volatilidade intensa de preços do açúcar no mercado internacional, e pela falta persistente de políticas de longo prazo que deem mais segurança aos investimentos necessários para que o setor cumpra o papel que dele se espera até 2030”, afirma Plínio Nastari, presidente da consultoria. “A safra de cana de 16/17 será marcada por um volume de cana expressivo” Segundo ele, a instabilidade política e econômica do Brasil prejudica o setor de açúcar e etanol visto que, para o seu desenvolvimento, é fundamental que haja clareza, transparência e previsibilidade nas políticas públicas Revista Canavieiros - Abril de 2016 Plínio Nastari, presidente da consultoria aplicadas ao setor de combustíveis líquidos e energia elétrica. 49 Para a Conab a safra 2016/2017 de cana-de-açúcar no Brasil chegará a 691 milhões de toneladas A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou sua estimada para a safra nacional no dia 14 de março e prevê que a safra 2016/2017 de cana-de-açúcar produzida pelo Brasil deve chegar a 691 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 3,8% em relação à safra anterior, quando foram colhidas 665,6 milhões de toneladas. A variação se deve ao crescimento da área colhida de 5,4%. Nesta primeira estimativa do órgão, a produção de açúcar é de aumento de 12% em relação à safra anterior (33,4 mt), baseado na expectativa de evolução da área colhida, podendo chegar a 37,5 milhões de toneladas. Por outro lado, a produção de etanol total será de 30,3 bilhões de litros, com uma redução de 0,4% ou 121 milhões de litros a menos que na safra anterior, quando foram produzidos 30,4 bilhões de litros. de litros, com uma redução de 3,4% (649 milhões de litros) quando comparado com a da safra anterior, de 19,2 bilhões. A área colhida deverá ser de cerca de 9 milhões de hectares, com um aumento de 468,2 mil hectares em relação à última safra, quando ocupou 8,6 milhões de hectares. Se confirmada, esta será a maior área colhida no Brasil. Já o etanol anidro, utilizado na mistura com a gasolina, terá aumento de 4,7% ou 528 milhões de litros, passando de 11,2 bilhões para 11,7 bilhões de litros. Para o etanol hidratado, utilizado nos veículos flex, a produção é de 18,6 bilhões No caso da produção de açúcar, foram alcançados 33,5 milhões de toneladas, enquanto que o etanol total chegou a 30,5 bilhões de litros. Já o hidratado fechou com 19,3 bilhões de litros e o anidro teve redução de 4,4%, chegando a 11,2 bilhões. Com relação ao encerramento da safra 2015/16, a companhia divulgou que o 4º e último levantamento aponta que a produção foi de 665,6 milhões de toneladas, com um crescimento de 4,9% frente à safra 2014/15. A área cultivada chegou a 8,6 milhões de hectares, reduzida em 3,9%. UNICA divulga estimativa somente no final de abril A safra 2015/2016 da região Centro-Sul do Brasil fechou com uma moagem de 617,65 milhões de toneladas de cana-de-açúcar entre 1º de abril de 2015 e 31 de março de 2016, segundo a UNICA. Este resultado é recorde para a região e representa um crescimento de quase 8% sobre as 573,14 milhões de toneladas processadas no ciclo 2014/2015 entre 1º de abril de 2014 e 31 de março de 2015. A produção final de etanol totalizou 28,22 bilhões de litros do renovável, quase 2 bilhões de litros acima da marca histórica anterior (26,23 bilhões de litros computados na safra 2014/2015). Deste volume total de etanol produzido, 10,64 bilhões de litros foram de etanol anidro e 17,58 bilhões de litros de etanol hidratado – este último, com expressiva alta de 13,47% em relação aos 15,49 bilhões de litros registrados no ano safra anterior. A produção de açúcar, em contrapartida, somou 31,22 milhões de toneladas na safra 2015/2016, com queda de 2,48% sobre as 32,01 milhões de toneladas contabilizadas em 2014/2015. Segundo Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da entidade, “a condição climática favorável ao desenvolvimento da planta ampliou a disponibilidade de matéria-prima, permitindo um crescimento expressivo da moagem na safra 2015/2016 e, ainda, uma sobra de cana-de-açúcar no campo.” Todo este aumento da quantidade processada foi direcionado à produção de etanol, contribuindo decisivamente para o abastecimento doméstico, acrescenta o executivo. Produção e moagem na segunda quinzena de março de 2016 O processamento de 14,03 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na segunda quinzena de março de 2016 foi fundamental para a moagem recorde de 617,65 milhões de toneladas na safra 2015/2016. Considerando o acumulado do mês, a quantidade moída alcançou a marca inédita de 19,33 milhões de toneladas. A produção de açúcar somou 461,17 mil toneladas na última metade de março de 2016. Neste mesmo período, o volume produzido de etanol totalizou 581,5 milhões de litros, sendo 469,43 milhões de litros de etanol hidratado e 112,07 milhões de litros de etanol anidro. Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da entidade Rodrigues comenta que, “a quantidade elevada de cana não colhida em 2015, a necessidade de geração de caixa devido à situação financeira difícil de boa parte das empresas e o clima mais seco favoreceram o processamento da cana no mês de março”. Como resultado, entre 15 de dezembro de 2015 e 31 de março de 2016, período considerado de entressafra, a moagem alcançou a surpreendente quantidade de 39,65 milhões de toneladas. Revista Canavieiros - Abril de 2016 50 Em relação ao número de unidades em safra, 137 registraram moagem na região Centro-Sul até 31 de março de 2016, contra 58 computadas na mesma data de 2015. Até o final da primeira quinzena de abril, este valor deve ultrapassar 200 empresas em operação. Qualidade da matéria-prima Se a moagem e a produtividade surpreenderam pela melhor condição climática, a qualidade da matéria-prima piorou muito na safra 2015/2016. A quantidade de ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) totalizou, nesse ciclo, 130,51 kg por tonelada de cana-de-açúcar frente aos 136,45 kg por tonelada verificados na safra 2014/2015. De acordo com dados levantados pelo CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), a produtividade agrícola da lavoura colhida atingiu 83 toneladas por hectare nesta safra, o melhor desempenho desde 2010 e superior às 74 toneladas por hectare observadas em 2014/2015. Vendas de etanol O volume de etanol comercializado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul em março de 2016 somou 2,24 bilhões de litros, 13,42% abaixo dos 2,57 bilhões de litros verificados no mesmo mês do último ano. Este recuo decorre principalmente da queda superior a 20% nas vendas domésticas de etanol hidratado no mês: 1,12 bilhão de litros em março de 2016, contra 1,45 bilhão de litros em igual período de 2015. Em sentido contrário, as vendas internas de etanol anidro aumentaram 16,21%; 1 bilhão de litros, ante 863,18 milhões de litros em março do ano passado. Apesar da retração nas vendas de março, no acumulado de 1º de abril de 2015 até 31 de março de 2016, o volume comercializado pelas usinas e destilarias do Centro-Sul somou 29,27 bilhões de litros, com crescimento expressivo de 16,26% sobre o mesmo período da última safra (25,18 bilhões de litros). Deste volume, 27,34 bilhões de litros destinaram-se ao mercado interno, sendo 17,34 bilhões de litros referentes ao etanol hidratado - alta de 23,34% em relação aos 14,06 bilhões de litros registrados no ciclo anterior. Os 10 bilhões de litros restantes correspondem às vendas domésticas de etanol anidro - praticamente o mesmo valor contabilizado na safra anterior (9,62 bilhões de litros). Para Rodrigues, a expectativa é de que as vendas de etanol hidratado combustível se recuperem a partir das próximas semanas. “Isso só não aconteceu até agora porque não houve repasse da queda dos preços no produtor para a bomba. Enquanto o preço nas usinas paulistas caiu mais de R$ 0,50 por litro nas últimas quatro semanas, o valor pago pelos consumidores nos postos não sofreu nenhuma alteração”, explica o executivo. Com efeito, dados apurados pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada)-USP, mostram que o valor médio recebido pelas unidades do Estado de São Paulo diminuiu de R$ 1,95 por litro de etanol hidratado na segunda metade de março para R$ 1,43 por litro na última semana. Nesse mesmo período, informações publicadas pela ANP (Agência Nacional do Pe- Revista Canavieiros - Abril de 2016 tróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) apontam que o preço médio pago pelos consumidores no Estado permaneceu estável em R$ 2,70 o litro. Estimativa para a safra 2016/2017 Já as estimativas para a safra atual serão divulgadas até o final de abril. “Em conjunto com o CTC e demais Sindicatos e Associações da região Centro-Sul, estamos concluindo as análises dos dados coletados junto às unidades produtoras e imagens de satélite e então divulgaremos a estimativa”, explicou o diretor. Embora não fale em números, Rodrigues, que participou da cerimônia de início de safra do Grupo Guarani Tereos, adiantou que existem duas variáveis ainda não definidas em relação ao ciclo atual. A primeira é o florescimento, pois há uma expectativa do canavial ser mais florido do que o ano passado, o que deverá afetar a produtividade agrícola e a qualidade da matéria-prima. A segunda variável é se terá ou não o efeito El Nina. “Em caso positivo, vamos ter uma produtividade menor em contrapartida teremos uma qualidade da matéria-prima um pouco superior, mas sem dúvida, a cana não colhida em janeiro, fevereiro e março de 2016 ficará para o início da próxima safra. Em caso de não ter o efeito, teremos chuva, o que atrapalhara a moagem e de novo, a safra vai se estender, porque não terá aumento de capacidade para que acelere este processo”, explicou. Para ele, a expectativa é que o número seja levemente superior aos 617 milhões de toneladas processados na 15/16. “O quanto vai depender da condição climática”. RC 51 Revista Canavieiros - Abril de 2016 52 Artigo Técnico I Modelagem matemática associada às imagens de satélite visando à estimativa da safra canavieira *Maximiliano Salles Scarpari U ma das preocupações básicas da Ciência, ao longo dos tempos, diz respeito à observação, reprodução e aprimoramento de fenômenos de naturezas das mais distintas. A partir do momento em que se considere que tais fenômenos são devidamente compreendidos e, eventualmente, controláveis, haverá condições de se obter um pequeno nível de incerteza nas previsões de ocorrência de eventos correla- tos. Assim de acordo com Caixeta-Filho, modelos são representações idealizadas para situações do mundo real e propiciam a aquisição de novos conhecimentos além de facilitar o planejamento e as previsões das atividades. O início da modelagem da produtividade em meados da década de 1970 na cana-de-açúcar ocorreu simultaneamente em três países. Bull e Tovey iniciaram Maximiliano Salles Scarpari Figura 1. Estimativa da produtividade (TCH – toneladas de cana por hectare) gerada pelo modelo PREVCANA utilizando o banco de dados. O índice de vegetação pode ser usado para variar a produtividade dentro do bloco de colheita. Revista Canavieiros - Abril de 2016 na Austrália gerando posteriormente o modelo APSIM – Sugarcane, Thompson desenvolveu na África do Sul um modelo relacional simples precursor do atual modelo CANEGRO/DSSAT e no Brasil, Ometto estimou a Evapotranspiração potencial e relacionou com o rendimento da cultura. Com a evolução computacional ao longo desses anos, a estimativa da produtividade da cana-de-açúcar ganhou atualmente fortes aliados com o uso das modernas técnicas como a modelagem matemática associada ao uso das imagens de satélite. Da junção destas técnicas, cria-se uma poderosa ferramenta capaz de auxiliar nas tomadas de decisões objetivando sempre uma estimativa correta da produtividade baseada nas condições climáticas de cada ano. Isso é de grande valia para o planejamento da cultura, pois as previsões de produtividade normalmente são realizadas por observações e experiência dos técnicos através de seu “modelo mental”. O “modelo mental” é entendido como toda a experiência e observação adquirida ao longo do tempo pelo técnico. Vê-se que a formação de um técnico que realize as estimativas de produtividade requer tempo, ao contrário de um modelo matemático que dependendo do banco de dados com informações confiáveis de produtividade e clima poderá ser desenvolvido 53 Figura 2. Validação entre produtividades estimadas versus realizadas. rapidamente. Uma dificuldade a mais na estimativa feita pelo técnico está em associar os extremos climáticos ocorridos ao longo do desenvolvimento do canavial e avaliar qual o impacto na produtividade final. Neste caso a modelagem matemática retornaria valores de produtividade baseados em cenários de clima ocorridos com maior precisão quando comparamos com o “modelo mental”. O modelo PREVCANA tem como base o modelo BRcane publicado por Barbieri em 1993 onde as premissas iniciais para a criação de um modelo brasileiro de estimativa de produtividade de cana-de-açúcar foram discutidas. Desse modo, Scarpari e Beauclair em 2004 e 2009 publicaram uma evolução desse modelo focado na maturação e com a atualização de alguns parâmetros da estimativa de produtividade a fim de suportar valores para os modelos de gestão. O estágio atual de desenvolvimento após anos de calibração nas unidades foi avançar para o uso do banco de dados juntamente com as imagens de satélite e a possibilidade de espacializar a produtividade com o índice de vegetação. Desse modo, o modelo simula o crescimento potencial da cana-de-açúcar baseado em parâmetros fotossintéticos da planta e edafo-climáticos de cada local de produção. Com o histórico de cada área produtiva extraído do banco de dados, simula-se o potencial de crescimento apoiado nas condições climáticas de cada ano possibilitando a construção de cenários de produtividade normal, favorável ou desfavorável na safra. Com isso, temos uma estimativa ao longo da safra para cada área produtiva (Figura 1). A espacialização dessa estimativa usando o modelo pode ser feita com a junção das imagens de satélite usando o índice de vegetação como exemplo. Da Figura 1, visualizamos áreas com tons de verde mais escuro indicando produtividades estimadas na faixa de 105 a 140 toneladas para áreas de cana planta e segundo corte e áreas com tons de amarelo e produtividades na faixa de 70 a 93 toneladas para canas de terceiro e quarto corte, e áreas com tons de laranja indicando produtividades abaixo de 70 toneladas para cana de quinto e demais cortes onde são áreas que requerem especial atenção seja por problemas no stand ou mesmo relacionados ao manejo que dependendo da distância desta área produtiva até a unidade de moagem, economicamente não se sustenta e medidas de reforma ou replantio dessas áreas devem ser tomadas. Por isso, usando conjuntamente as técnicas de modelagem matemática, banco de dados e imagem, obtém-se excelentes resultados na estimativa da safra com erros abaixo de 3% nas validações entre as produtividades estimadas e realizadas e um bom coeficiente de correlação entre os valores (Figura 2). Os próximos passos na evolução da estimativa da produtividade estão focados nos modelos de estimativa da maturação associados à imagem de satélite. Uma releitura dos modelos de estimativa da maturação publicados por mim no mestrado e no doutorado em associação à imagem de satélite já estão em testes e representam uma nova forma de se associar a modelagem da maturação com as imagens de satélite e as variações existentes dentro dos ambientes de produção. *Maximiliano Salles Scarpari é pesquisador do IAC/APTA Centro de Cana-de-açúcar E-mail: [email protected] RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 54 Artigo Técnico II Os desafios para otimizar a colheita mecanizada Marcelo Borges Lopes* A colheita mecanizada de cana-de-açúcar cresceu vertiginosamente nos últimos 10 anos e, no momento, vivemos as dores desta expansão. A atividade é uma das mais onerosas no processo de produção de cana. A mecanização motivada pela necessidade de abandonar a queima resultou em significativos ganhos de produtividade da mão-de-obra no setor sucroenergético. No entanto, o rápido crescimento não permitiu que avanços na eficiência da atividade ocorressem concomitantemente com a disseminação da colheita mecanizada. Aliada a esse cenário, a enorme demanda por mão-de-obra qualificada para operar e gerir equipamentos também contribui para tornar a atividade ainda mais desafiadora. Testes de campo feitos em 2015 com a colhedora de cana CH570 mostram uma capacidade de colheita efetiva (medida quando a máquina está, de fato, em atividade) que varia de 74 a 99 toneladas de cana por hora. Tais testes foram conduzidos em seis localidades diferentes no Centro-Sul do Brasil, já as medições de campo foram feitas pelo Nempa (Núcleo de Ensaio de Máquinas e Pneus Agroflorestais), da Faculdade de Ciências Agronômica da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e comprovaram o grande potencial de redução do consumo de combustível das máquinas, oriundo dos sistemas hidráulico e de alimentação mais eficientes. Esse é um indicador do potencial de colheita do equipamento, que chama atenção quando comparado com os números médios de produção verificados atualmente. (IDEA), com base em dados da safra passada, mostram que a produção média das colhedoras está abaixo de 600 tc/d. Para entender melhor porque conseguimos usar apenas pouco mais de um quarto da capacidade das máquinas, a ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo) realizou um estudo sobre o tempo e movimento de uma frente de colheita de cana. Resumidamente, verificou-se que: • 8% do tempo é gasto em manobra, que é uma função requerida para a operação; • 9% são tempos auxiliares (abastecimento, lubrificação, lavagem, troca de facas, limpeza do equipamento e manobra do transbordo); • 8% do tempo é tomado pela manutenção corretiva da máquina; • 27% são tempos perdidos (trocas de turnos, refeições, deslocamento de área e espera por transbordo); • 2% do tempo é desperdiçado devido à chuva. Ou seja, menos da metade de um dia é de fato empregada na colheita. Além desses tempos, a velocidade também é uma variável que afeta diretamente a produtividade das máquinas já que deve ser definida em função de diversos itens como o porte do canavial, a produtividade agrícola, a sistematização, o nivelamento e a declividade. Considerando todas as condições de colheita, o operador deve definir a melhor velocidade baseada nas metas de perdas, impurezas e Se fosse possível colher 24 horas por dia, essa colhedora renderia cerca de duas mil toneladas de cana em um dia (tc/d). Sabemos que isso não é possível, a começar pela necessidade de manobrar o equipamento nas cabeceiras das linhas de cana, passando por trocas de turnos e refeições e pela imprescindível manutenção dos equipamentos, além das ociosidades do sistema. Estudos da Consultoria em Gestão Agrocomercial Revista Canavieiros - Abril de 2016 Marcelo Borges Lopes fluxo de produção (tc/hora). Em diversas usinas encontramos limites de velocidade pré-definidos, o que tende a resultar em menor produção por equipamento. A figura abaixo mostra de forma mais ilustrativa como cada um desses fatores reduz a capacidade de colheita. A capacidade de colheita efetiva foi estimada considerando 85 tc/hora vezes 24 horas. A redução da velocidade foi calculada considerando que a máquina poderia operar em uma situação hipotética de colheita a 6 km/h, mas por decisão gerencial está limitada a 5 km/h. Os demais tempos (oriundos do estudo já discutido anteriormente) foram convertidos em tc/dia. Apesar de ser uma simulação teórica, partimos de dados de campo e chegamos a um resultado 55 muito próximo da realidade atual. Além disso, também foram utilizados dados de campo para o estudo de tempos. A questão da velocidade é bastante polêmica. A recomendação do fabricante é que se opere o equipamento na maior velocidade possível respeitando-se as metas de perdas e impurezas de cada cliente, minimizando danos às soqueiras e ao próprio equipamento, além de garantir a segurança da operação. O ponto aqui explorado é a limitação da velocidade ao invés de capacitar o operador e deixar essa decisão sob sua responsabilidade. Em suma, não se deve trocar qualidade por quantidade. Com esse cenário de baixa eficiência da colheita, o mesmo estudo da ESALQ/ USP, sugere o uso de ferramentas Lean (Mentalidade Enxuta) para otimizar o processo. Essa metodologia já é consagrada na manufatura e foca na redução ou eliminação das atividades do processo que não agregam valor ao produto sob a ótica do cliente – no caso a área industrial da usina. Com a implantação das melhorias, aumentam as Eficiências Gerenciais e de Campo e isso faz com que se necessite de um menor número de máquinas e equipamentos para colher a mesma quantidade de cana. Além disso, recomenda-se que a gestão da frente de colheita seja baseada no valor calculado do intervalo necessário da “entrega” de caminhões na descarga de cana picada. Este tempo é denominado “pitch” pela metodologia. Ele é calculado em função da necessidade na moenda, podendo assim variar ao longo do tempo. Se esta variação for sincronizada com a frente de colheita, vai permitir um melhor planejamento da utilização das máquinas e realização de manutenções preventivas programadas, reduzindo as interrupções por quebras imprevistas. Com base nessa metodologia foi criado o cenário futuro em que o processo fluiria conforme esse modelo de gestão, levando ao balanceamento operacional das etapas do processo: colheita, transbordo e transporte. Isso feito considerando o intervalo necessário de chegada de caminhões na Usina. Por esse balanceamento pode-se evitar “gargalos” nas etapas. Finalmente, a base pra toda a metodologia Lean – padronização das atividades de maneira formal –, devem ser acompanhadas por gestão à vista. Essa padronização das atividades é a base para as melhorias. Na próxima figura pode-se observar a comparação entre o estado atual do processo e o futuro proposto com base nessa metodologia. O resultado final é um ganho de eficiência da frente de colheita, que passa de 46% de eficiência para 58%. Este ganho representa um quarto a mais de eficiência no processo como um todo, conseguido a partir de pequenos ganhos em cada uma das etapas com a redução do desperdício de tempo, que não agrega valor ao produto. Esse ganho de eficiência, em uma frente com cinco máquinas, significaria elevar a colheita diária de 3 mil tc para 3.780 mil tc. Fica a provocação para buscarmos modelos e processos que nos levem a outro patamar de eficiência na colheita mecanizada de cana. Já evoluímos bastante em muito pouco tempo, porém os desafios do setor são maiores a cada dia. Apenas os bons terão sucesso num mercado extremamente competitivo. * Marcelo Borges Lopes é gerente de Contas Estratégicas para a América Latina da John Deere. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 56 Revista Canavieiros - Abril de 2016 EVENTO 57 100 CONGRESSO NACIONAL DA STAB CENTRO DE CONVENÇÕES DE RIBEIRÃO PRETO - SP 20 a 22 de setembro de 2016 boletim n0 1 A Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil - STAB, realizará no periodo de 20 a 22 de setembro de 2016, em Ribeirão Preto - SP, o seu 10º Congresso Nacional. O evento deverá reunir os diversos segmentos do setor sucroenergético do Brasil e da América Latina, envolvendo Pesquisadores, Professores, Técnicos, Empresários, Administradores e demais profissionais e instituições/empresas com atividades direcionadas para a agroindústria canavieira. Os mais recentes avanços tecnológicos das áreas agrícola, industrial e administrativa serão apresentados e discutidos em sessões plenárias com apresentação de trabalhos técnicos e científicos e conferências do setor Sucroenergético. Em setembro de 2016 a STAB Regional Sul espera por você. Participe do 10º Congresso Nacional da STAB e conheça um dos maiores pólos sucroenergéticos do Brasil. APRESENTAÇÃO DE TRABALHO Os trabalhos deverão ser inéditos e contribuírem significativamente para o desenvolvimento técnico ou cientifico das diferentes áreas da agroindústria da cana-de-açúcar. Não serão aceitos trabalhos de cunho comercial. Os trabalhos serão submetidos e analisados pelos membros das comissões técnicas indicadas pela Comissão Organizadora do Congresso, que terão o poder de recomendar ou não a sua aceitação, quanto ao conteúdo e ao atendimento às normas de apresentação. Os trabalhos serão distribuídos nas seguintes áreas: Agronômica: Melhoramento genético, Fitotecnia, Fitopatologia, Entomologia, Controle de ervas daninhas, Biotecnologia, Solos, Irrigação, Meteorologia, Moto-mecanização e Controle Agrícola. Industrial: Engenharia industrial, Processamento, Energia, Subprodutos, Diversificação. Administração e outras áreas: Informática, Estatística, Conservação ambiental (sustentabilidade), Socio-economia, Comercialização e mercado, Controle de qualidade e Recursos humanos. NORMAS PARA PREPARAÇÃO DE TRABALHO Os trabalhos deverão ser apresentados em português com o máximo de 12 páginas , incluindo as figuras, gráficos e tabelas e confeccionados em Microsoft Word (editor de texto) e encaminhados via e-mail, à secretaria executiva do Congresso, [email protected], até o dia 29 de abril de 2016. Os trabalhos deverão conter no máximo 12 páginas impressas em papel A4, em um só lado da folha, em espaço duplo com 2,5cm em todas as margens, nas fontes arial ou times new roman, no tamanho 12(corpo), devendo neste total conter todas as tabelas e figuras (graficos desenhos e fotos). A estrutura dos trabalhos científicos deverá apresentar a seguinte ordenação: Título, Autores, Referência dos Autores, Resumo (no máximo de 200 palavras), Summary, Palavras Chave, Introdução, Material e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos ( no máximo de 50 palavras) e Referências Bibliográficas. Na primeira página do trabalho oTítulo deverá ser conciso e centralizado na largura da folha e em letras maiúsculas (exceto para termos científicos). O(s) nomes(s) do(s) autor(es) deverá(ão) ser mencionado(s) abaixo do título, centralizado(s) na largura da folha e em letras maiúsculas. Os números símbolos e abreviaturas do texto deverão apresentar o sistema métrico e os algarismos arábicos, exceção quando for a primeira palavra de uma sentença. Os símbolos poderão ser usados para indicar elementos compostos e porcentagens. As abreviaturas comuns na literatura açucareira poderão ser usadas: STAB, ISSCT, TCH, POL, TPH, BRIX, dms, ha, g, m², m³, ppm, mL, t, etc. As Referências bibliográficas devem ser seguidas de acordo com as normas da ABNT (NBR-6023, de 2002) e deverão ser organizadas pela ordem alfabética do autor ou primeiro autor, e a lista de referências deve conter apenas as citações constantes no corpo do trabalho. As Referências de periódicos devem conter pela ordem: nome(s) do(s) autor(es), nome completo do artigo, nome completo do periódico, segundo Word List Scientific Periodical, local de publicação, número do volume, número do fascículo do volume, número das páginas, mês e ano de publicação. Exemplos: GUTIERREZ, L. E. Composição de ácidos graxos e viabilidade celular em Saccharomyses cerevisae. STAB Açúcar, Alcool e Subprodutos. Piracicaba v.9, n.6, p.31-34, jul/ago.1991. As referências dos livros deverão conter pela ordem: nome(s) do(s) autor(es) em maiúscula, título do livro em negrito, local de publicação; editora, ano de publicação, e o número de páginas. PAYNE, J. H. Unit operations in cane sugar production. Amsterdam, Elsevier, 1982. 302p. As tabelas deverão estar numeradas consecutivamente em algarismos arábicos, e serem encabeçadas por um título conciso e claro e em letras maiúsculas, não devendo usar as linhas verticais para separar colunas. As figuras (fotografias, gráficos ou desenhos) deverão ser numeradas consecutivamente em algarismos arábicos, recebendo a denominação de ‘’fig.’’, colada na parte inferior com a respectiva legenda, em letras maiúsculas. A representação das figuras deverá ter por base as dimensões da página já citada para tabelas, gráficos e desenhos, devendo ser feitas em alguns dos seguintes programas: Corel Draw, Imagem do Word ou qualquer editor de imagem, sempre e quando sejam gerados arquivos com no mínimo de resolução de 300 dpi e nos formatos ‘’JPEG’’, ‘’TIF’’ e ‘’EPS’’ (esses arquivos devem ser enviados junto com o documento ou texto). As fotografias poderão ser em preto e branco ou coloridas, em papel brilhante e apresentar bom contraste. Cada figura deverá ser identificada no texto e no verso, devendo ser acompanhada da respectiva legenda, em folha separada do original. A nomenclatura científica deverá ser citada segundo os critérios estabelecidos nos códigos e os nomes científicos e devem estar em itálico. Revista Canavieiros - Abril de 2016 58 Artigo O potencial da cana-energia como fonte de biomassa para a agroindústria do etanol José Bressiani* D iversos países têm estudado e desenvolvido tecnologias inovadoras, na tentativa de se adequarem a uma matriz energética mais limpa de acordo com os recursos disponíveis. Em última instância, tudo isso requer grandes investimentos em ciência e tecnologia para buscar alternativas e diminuir a dependência do petróleo, uma necessidade mundial, não apenas por razões econômicas, mas principalmente ambientais. Desta forma, o aproveitamento da energia contida na biomassa vegetal (bioenergia) volta a ser uma das mais importantes saídas para enfrentar uma série de desafios ligados à sustentabilidade e ao suprimento energético, especialmente para os países tropicais. É de fundamental importância, porém, que seja considerada a utilização da biomassa vegetal em ciclos de transformação energética de alta eficiência, a fim de aproveitar ao máximo o potencial energético contido nela. A rota de transformação escolhida estará ligada ao produto final desejado, na forma de calor, combustível, bioquímica ou energia elétrica. Muito embora não se tenha como discutir o tema “produção de energia” sem considerar a questão da competição por área agricultável com a produção de alimentos, deve-se lembrar que é necessário também que haja energia disponível para produzir, transportar e processar esses alimentos de modo sustentável, sem depender da energia derivada do petróleo. Pensando em fontes alternativas de biomassa, pode-se considerar o cultivo agrícola de culturas dedicadas à produção de bioenergia como o mais apropriado e de maior potencial econômico, uma vez que alternativas como resíduos agrícolas e urbanos apresentam quantidades restritas e muito dispersas. Quanto a culturas dedicadas a produção de energia, a questão é eleger as biomassas que ofereçam algum ganho energético e não disputem espaço com a produção de alimentos. Além disso, deve-se priorizar a produção de plantas fibrosas em vez de amiláceas e oleaginosas. Surgem, então, dois tipos de cultivo para os trópicos: as florestas plantadas, especialmente de eucalipto, e as gramíneas como a cana-de-açúcar, o sorgo e o capim-elefante. No presente artigo o foco ficará por conta da cana-de-açúcar, por acreditarmos em seu maior potencial de produtividade e maior oportunidade de melhoramento genético. Devido às necessidades industriais da época, a agroindústria sempre voltou esforços para o melhoramento genético da cana-de-açúcar, buscando aumentar sua produtividade de açúcar (sacarose) e mantendo o teor de fibra entre 10% e 14%. Em 1975, o Brasil abriu caminho para novas formas de exploração da cultura, alavancando a produção de etanol combustível em larga escala e a geração de excedente elétrico. Nos moldes de exploração agrícola atuais, pode-se considerar que apenas 80% do total de biomassa gerado pela cana-de-açúcar é aproveitado para processamento (base peso), sendo quase a totalidade da palhada ou palhiço (folhas mais ponteiro) descartada no momento da colheita. Em termos puramente energéticos, esse resíduo representa quase 40% de energia que poderia ser aproveitada, tanto para combustão direta e transformação em energia térmica ou elétrica, como para transformação em combustível líquido, utilizando a tecnologia da fermentação da celulose e da hemicelulose. Em resumo, estamos passando por uma transição, uma “volta ao passado”, em que buscamos variedades ricas em fibra, que têm a capacidade Revista Canavieiros - Abril de 2016 José Bressiani - Agrícola da GranBio de aumentar a produtividade da biomassa, gerando, assim, impactos ambientais e econômicos positivos. Diversas empresas e institutos de pesquisas vêm estudando e trabalhando há tempos para obter este resultado. A GranBio, empresa brasileira de biotecnologia industrial, iniciou, em 2012, o desenvolvimento de uma nova variedade da cana-de-açúcar, a cana-energia. Com a parceria de instituições, como os centros de pesquisa de Barbados, Miami, IAC e Ridesa/ UFAL – Universidade Federal de Alagoas – foram feitos cruzamentos entre espécies ancestrais e híbridos comerciais da cana tradicional, até chegar a variedades com as características buscadas. Após pouco mais de quatro anos de pesquisa, o resultado foi 59 uma planta mais robusta, com produtividade superior a 180 toneladas por hectare de biomassa e teor de fibras que pode ultrapassar o índice de 33%, valores duas vezes maiores que os da cana-de-açúcar. A estas cultivares foi dado o nome de Cana Vertix®. Tabela: Resultados experimentais das cultivares de cana-energia da GranBio na média de dois cortes anuais em relação à variedade de cana-de-açúcar RB92579, Estado de Alagoas, 2014 e 2015. Cultivar TMSH TMVH ART (kg/t) Fibra% Vertix 2 75 209 77,9 23,5 Vertix 1 74 180 92,4 27,0 RB92579 35 104 144,914,5 A tabela ao lado apresenta uma comparação de performance das cultivares de cana-energia da GranBio em relação à uma variedade comercial de cana-de-açúcar. Legenda: TMSH – toneladas de massa seca por hectare por ano da biomassa integral; TMVH – toneladas de massa verde por hectare por ano da biomassa integral; ART(kg/t) - teor de açúcares presentes no caldo da biomassa integral; fibra% - teor de fibras na biomassa integral. O principal destaque dessas cultivares de cana-energia é o elevado potencial de biomassa por área na base seca: mais que o dobro do valor observado para a variedade de cana utilizado como padrão; três vezes e meia superior ao histórico de produtividade alcançado pelo eucalipto e mais que o dobro do observado nos experimentos com sorgo biomassa. Deve-se destacar que os resultados apresentados são de apenas dois cortes e que a produtividade da cana-energia tende a aumentar ao longo das colheitas, devido à presença de rizomas no sistema radicular, que conferem longevidade prolongada e ao perfilhamento intenso da cana-energia. energia renovável e a alta resistência a estresses bióticos e abióticos. Por conta destas características, esta variedade pode ser cultivada com menor utilização de insumos (fertilizantes, pesticidas e energia) em terras de menor valor agronômico, com fertilidade reduzida, maior teor de salinidade, menor disponibilidade de água, maior amplitude térmica e sem competir com a produção de alimentos. Neste contexto, existe uma excelente oportunidade de utilizar, com baixo custo, as extensas áreas de pastagens degradadas do Brasil, promovendo controle da erosão local, recuperação das áreas e captura de gases de efeito estufa por meio da fotossíntese. Além do elevado potencial produtivo, que impacta em uma redução nos custos dos projetos, a cana-energia reúne outras características que contribuem para sua aceitação e utilização comercial, como a produção de Com vistas a produção agrícola, vale destacar que o cultivo, o manejo, a colheita e o transporte destas cultivares são procedimentos já bem estabelecidos. O intenso perfilhamento resulta em uma elevada taxa de propagação, que pode chegar a 1:400 em um ano, com multiplicações semestrais na taxa de 20 vezes, número 16 vezes superior ao praticado com a cana-de-açúcar. Por fim, a maior produtividade implicará em uma redução significativa nos custos de colheita e transporte. O Brasil reúne todos os ingredientes para produzir a biomassa mais competitiva do mundo: solo, clima, tradição agrícola e expertise em melhoramento genético para o desenvolvimento de variedades como a cana-energia. Este é o momento de o país reconhecer e impulsionar suas aptidões e liderar uma revolução energética, que trará desenvolvimento econômico e social local, energia renovável abundante para mover a economia, e um importante aliado no combate às mudanças climáticas. *Por José Bressiani, diretor de Tecnologia Agrícola da GranBio RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 60 Artigo II 2016: Ano para quem sabe superar José Luiz Tejon Megido* C rises são ótimas, pois nos obrigam a criar. A fórmula para o enfrentamento da entropia é criatividade. Quando olhamos para o cooperativismo brasileiro, suas origens, seus desafios, vamos encontrar seres superantes da melhor espécie. Pessoas em pequenos grupos, visionários corajosos, valentes, iniciaram no passado o que hoje nos orgulhamos de ver representado pela OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, pelo atual líder, Marcio Lopes de Freitas. Da mesma forma a superação borbulha por todos os cantos e campos do agronegócio do país. Na parábola bíblica do semeador, é recomendado “não plantar em terras fracas“. O brasileiro que supera transcendeu até este ensinamento e hoje colhe mais de 650 milhões de toneladas de cana em terras fracas, consideradas no passado, inviáveis. Da mesma forma a força da superação vive exemplificada na evolução competitiva sensacional da produção de grãos, da suinocultura, da avicultura, dos saltos qualitativos da carne bovina e do leite. E, iremos ver esse mesmo espetáculo superante na aquicultura dos próximos anos. O amigo Ivan Wedekin, ex-secretário da política agrícola no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, na época do ministro Roberto Rodrigues, me disse estes dias que o impacto do governo sobre a receita do produtor nacional é de apenas 3%. Ou seja, os produtores brasileiros têm progredido e vieram a ser nesta metade da segunda década do novo século, exemplos vivos de superação concreta, como protagonistas. A agroindústria processadora no país, em meio a custos logísticos impressionantes, a tributação e a desgovernança pública e política, demonstra liderança global. Compete com grupos multinacionais e sistemas de proteção gigantescos. Até no carnaval, vimos o samba nas avenidas sob o ponto de vista da organização, do processo, da mesma forma com a qual a moderna carne brasileira é produzida e vendida no mundo todo. Ou seja, de histórias de superação não temos falta no agronegócio brasileiro. Não temos falta no setor sucroenergético que supera a cada dia depois de ter passado pela última crise em 2014. Temos uma representante como a Beth Farina, presidente da UNICA, com tamanha integridade e competência. Basta querer ver. E o ano exige foco nos fundamentos do negócio. O ano exige ênfase em vendas. O ano exige clarificar. E, com quem vamos nos relacionar para irmos ao futuro!? Na minha tese de doutorado, batizada “A pedagogia da superação”, realizei vários estudos com grupos humanos e observei pessoas que, sob circunstancias difíceis superaram. Fiz a comparação com outros, que sob as mesmas condições fracassaram, fraquejaram e se permitiram ao abandono. Sim, ao desistir abandonamos, e acima de tudo, abandonamos a nós mesmos. Nesse estudo encontrei 10 fatores vitais, essenciais presentes naqueles que "Crises são ótimas, pois nos obrigam a criar." José Luiz Tejon Megido aprenderam a superar. Sim, é uma pedagogia. Significa conhecer, ter possibilidade de aprender, de ensinar e de ser algo viável como aprendizagem. Dessa forma, para superar precisamos tomar consciência e desenvolver esses 10 fatores fundamentais: 1- Limiar de dor: Pessoas que superam são muito mais resilientes, sofrem, choram, caem, mas sabem suportar dores que afugentam e atemorizam aqueles que não superam. 2- Protagonistas versus vítimas: Pessoas que superam foram ensinadas ao protagonismo, jamais vitimização. 3- Talentos e habilidades: pessoas superantes guardam dentro de si um dom, uma vocação. Sabem fazer obras extraídas de si e, com esse poder geram fatos para superação das circunstâncias. Revista Canavieiros - Abril de 2016 61 4- Amabilidade: gente que supera é amável. Quer dizer atraem ajuda. Os fatores incontroláveis, a incerteza e o acaso estão presentes na ordem do universo. A amabilidade atua como fator de atração das ajudas e de caminhos de oportunidades. Terminam por receber dos outros, luzes inestimáveis. das, vibrantes e animadas. Aprendem a aprender. música, tocando sucessos diferentes com os mesmos 4 acordes. 8- Inteligência emocional: a superação ao ser obtida exige estabilização, inteligência emocional. As disrupturas foram grandes, e é chegada uma hora de construir em alicerces firmes. 5- Engajamento em profundidade. Pessoas que sabem que sabe superar são engajadas. Atuam na vida comprometidos em corpo, alma e espírito. Dessa forma, enxergam e captam o que escapa a maioria. 9- Foco priorizado em valores: os valores fundamentais e eternos precisam estar presentes, e preservados, como uma coluna dorsal sobre a qual as lutas existirão, mas serão as fortalezas, as sabedorias que nos farão vencer não apenas a curto, mas a longo prazo. A superação que vale é aquela que pode ser julgada pelo tempo. Esses 10 ingredientes encontrei nos meus estudos e estão presentes nos casos e seres humanos que superam. Neste ano de 2016, temos mudanças para enfrentar, sistemas internacionais em conflito, choques multiplicados e alavancados pela interatividade mediática. “Disruption“ é um nome desta era. Mutação acima de transformação. Velocidade. Gerações midiáticas, quer dizer imediatas e mediáticas. Porém, será exatamente desta era, que veremos sair uma maior consciência de sustentabilidade, de saudabilidade, de empreendedorismo e volta a um novo campo, ao melhor cooperativismo e ao inexorável ser humano global. 6- Capacidade de amar. A superação exige amor. Significa concentração e foco, e um olhar apaixonado pela causa, pela coisa, pelo objetivo a ser superado. Amar será sempre a capacidade da renovação do amor. 7- Crianças vivas dominantes: adultos que superam são aqueles que conAnúncio de Canamanter - 20,5 x13,5 cm.pdf 08/04/2016 11:06:57 seguem suas1 crianças vivas interiores fortes, curiosas, estimula- 10- Criatividade: o poder criador humano é um talento divino, uma competência que nos permite criar valor a partir da própria vida e sob quaisquer circunstancias. Criamos do lixo, criamos da crise, criamos do nada, e podemos criar com o que já temos nas nossas mãos, como exemplificamos na *José Luiz Tejon Megido é conselheiro fiscal do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM, e é comentarista da Rádio Jovem Pan.RC Pense bem antes de renovar o seu canavial Cana produtiva para mais cortes Com o Programa Nutricional Longevita, você aumenta o número de cortes e deixa de fazer investimento na renovação do canavial. Além disso, adiando a renovação, os custos de produção passam a ser diluídos em um ciclo mais longo, diminuindo o custo por tonelada produzida. Resumindo, você aumenta a lucratividade do seu canavial. Revista Canavieiros - Abril de 2016 62 Artigo III Código Florestal Brasileiro e a segurança jurídica do agronegócio Marcos Matos* A aprovação do Novo Código Florestal, em 2012 deu ao país um marco legal para a proteção da vegetação nativa, uma conquista que concilia preservação e produção, pois trata da definição de regras para a regularização das propriedades rurais neste quesito. O Código trouxe, entre diversas disposições, o CAR, Cadastro Ambiental Rural; e o PRA, Programa de Regularização Ambiental. A junção de todos os cadastros, elaborados pelos próprios proprietários rurais de modo declaratório, resultará em uma fotografia do uso e ocupação das terras no Brasil. Com base nela, cada estado da Federação oferecerá um programa específico de regularização ambiental das propriedades, com as diretrizes gerais para o cumprimento do disposto na Lei. Com o Código, os produtores rurais tiveram a sensação da esperada segurança jurídica, principalmente no que diz respeito a um dos princípios básicos do Direito, o da irretroatividade das leis, já que o Brasil teve diversas legislações sobre o assunto desde 1934. Contudo, o STF, Supremo Tribunal Federal, se prepara para julgar quatro ADIs (Ações Diretas de Inconstitucionalidade) contra diversos dispositivos do Código Florestal, ajuizadas pela PGR (Procuradoria Geral da República), e pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Todas se baseiam em uma das principais teorias da doutrina dos confusos direitos difusos, a chamada Teoria da Proibição do Retrocesso. A depender da decisão do STF, o Código corre o risco de ter partes revogadas, cenário que representará um gigantesco retrocesso para o agronegócio brasileiro. A revogação agravará ainda mais a profunda crise política e econômica que o país atravessa, pois afetará a agropecuária. O setor registrou um crescimento de 1,8% do PIB, Produto Interno Bruto, e contratou mais do que demitiu no cenário de 1,54 milhão de vagas formais fechadas em 2015, configurando-se como uma exceção entre os demais setores da economia brasileira. O caminho para a retomada do desenvolvimento do Brasil passa, obrigatoriamente, pelo agronegócio, mundialmente reconhecido por conciliar, de forma bem-sucedida, a produção, a geração de renda e emprego, e a preservação do meio ambiente. O agronegócio parece ser a única saída para projetar o Brasil no cenário econômico mundial, e de quebra ainda haverá a possibilidade de cumprir a missão de liderar a oferta de alimentos, fibras e energia limpa em âmbito global, pelas próximas décadas. Mais uma vez assistimos aos avanços alcançados com o Novo Código Florestal serem atacados por argumentos ideológicos e preconceituosos. O caminho possível, para evitar retrocessos ao desenvolvimento do país, é e continua- Revista Canavieiros - Abril de 2016 Marcos Matos rá sendo o da ciência. Talvez um dia a sociedade e os poderes constituídos conheçam um pouco melhor o agronegócio, valorizem os produtores rurais, e se orgulhem de um setor que dá sucessivas provas de sua competência e de sua responsabilidade socioambiental. *Marcos Matos é diretor Executivo ABAG/RP (Associação Brasileira do Agronegócio).RC 63 Revista Canavieiros - Abril de 2016 64 Informações Climáticas Chuvas de fevereiro & previsões de final de abril a junho Quadro 1: Chuvas anotadas durante o mês de março de 2016. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Consultor A média das chuvas de março de 2016 (186mm) ficou pouco acima da média histórica (167mm) e quase igual a do mês de março de 2015 (193mm). Merece destacar que os volumes de chuvas menores que a média do mês foram registrados na Açúcar Guarani, Unesp-Jaboticabal, Biosev-Sta Elisa, EEC-Bebedouro e Centro de Cana IAC. O mapa A2 - março de 2016- mostra que, salvo faixa Norte e Leste, as chuvas na maior área sucroenergética do Estado de São Paulo ficaram abaixo das respectivas médias históricas, notadamente na segunda quinzena do mês. Enquanto que e a rigor; em março de 2015 - mapa A1, a soma de chuvas inferiores às normais ficaram concentradas no “miolo” do Estado. Os artigos mensais de Informações Climáticas contam com os trabalhos diários das anotações de chuvas dos escritórios regionais e que são condensados em Viradouro. Estes dados são disponibilizados diariamente no site Canaoeste e, as suas médias mensais e respectivas normais climáticas são aqui também apresentadas no Quadro 2. Os dados do Quadro 2 mostram, no destaque do canto inferior direito, as diferenças observadas entre as médias mensais, versus as normais climáticas de janeiro a março de 2013, que foram apenas 30mm inferior às respectivas normais climáticas (706, versus 736 mm). Observando-se, também, as médias mensais e normais climáticas de janeiro a março de 2016, nota-se que as médias mensais de 2013 superaram as normais climáticas em 130mm (787, versus 657mm). Se bem que estes valores estão longe de se prever que chuvas em 2016 venham a ser iguais ou até mais expressivas que em 2013. (vide mais adiante, quase ao final do artigo) Os mapas B1 e B2 ilustram as distribuições das chuvas nos meses de março Mapa A1 Mapa A2 Fonte: SOMAR Meteroroliga, elaboração Canaoeste Revista Canavieiros - Abril de 2016 destes dois anos nos principais estados sucroenergéticos da Região Centro-Sul do Brasil, exceto para o Estado de São Paulo, que já foi mostrado e discutido nos mapas A1 e A2. Poucas diferenças podem ser notadas entre estes dois anos para os Estados do Mato Grosso e do Sul, bem como para o Paraná. Enquanto que, nos Estados de Goiás e Minas Gerais, as chuvas foram mais expressivas e uniformes em 2015. Para planejamentos próximo-futuros, a Canaoeste resume o prognóstico de consenso entre o Instituto Nacional de Meteorologia e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de abril a junho de 2016, como descrito a seguir e ilustrado no Mapa C. • Nestes meses, as temperaturas tendem a ser próximas ou acima das respectivas normais climáticas em toda Região Centro-Sul do Brasil; • Pelo consenso INMET-CPTEC/ INPE, as chuvas poderão ocorrer com iguais probabilidades (acima, dentro e abaixo das normais) em todas as áreas em cinza; enquanto que prevalecem previsões de chuvas acima da média na área verde e, abaixo das respectivas normais climáticas, em período de plantio no Nordeste do Brasil, na área amarela do Mapa C. 65 Quadro 2: Chuvas mensais de janeiro a março de 2013 a 2016 anotadas pelos escritórios regionais e as respectivas médias mensais e normais climáticas. OBS: Médias mensais correspondem às médias das chuvas dos meses em questão; Normais climáticas ou médias históricas são médias de 10(+) anos dos locais (1 a 11). Mapa B1 Mapa B2 Fonte: SOMAR Meteroroliga, elaboração Canaoeste • Tomando-se como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas das chuvas em Ribeirão Preto e seu entorno são de 70mm em abril, 55mm em maio e 28mm em junho. Valerá muita atenção às previsões próximas-futuras, consultadas a SOMAR Meteorologia que, pelos seus modelos os prognósticos climáticos para o Estado de São Paulo e Centro-Sul do Brasil, o outono e inverno de 2016 poderão ser mais secos que o mesmo período do ano anterior, e complementando: 1) Neste final de abril, podem ocorrer 10 a 15mm chuvas entre 23 a 27, podendo chegar ao dobro nas áreas canavieiras do Centro-Sul do Estado de Mato Grosso do Sul, Paraná e faixa limítrofe com o Sudoeste de São Paulo; 2) Em maio, estão previstas chuvas melhores que abril, mas pouco provável que ultrapassem, das respectivas normais climáticas das regiões canavieiras do Centro-Sul; 3) Para junho, prevê-se como mais seco e mais prolongadas que em maio; 4) Em julho, as chuvas poderão ficar acima das normais das regiões. Com esta tendência de clima menos chuvoso, os solos só não ficarão com baixos a baixíssimos níveis de água armazenada em razão da cobertura por palhada pós-colheita. Entretanto, como Mapa C: Elaboração Canaoeste do Prognóstico de Consenso entre INMET-CPTEC/INPE para abril a junho de 2016 há possibilidade de entradas de massas polares, esta umidade mesmo que baixa, mas boa condutora de calor (no caso, de frio), os solos poderão não se contrapor, com o seu calor latente, a eventuais períodos com temperaturas mínimas mais acentuadas. O ano de 2016 evidencia-se que irá requerer mais cuidado para manter linhas de cana sob palhada. Há observações, mesmo que não publicadas, de que a temperatura rente ao solo pode chegar a 10-12°C mais baixa que em linhas sem palha. A Canaoeste relembra que, sob baixas temperaturas, canaviais sob palhada, que pela associação de períodos com frio mais intensos e longos intervalos de dias secos, poderão apresentar muitas falhas e lento desenvolvimento inicial de soqueiras. Implicações semelhantes poderão ocorrer em plantios de inverno sem irrigação, estimulantes de brotação ou proteção contra doenças de solo e, nas regiões menos sujeitas a baixas temperaturas e sob estiagens, as áreas já colhidas estarão mais expostas a incêndios. Estes prognósticos serão revisados nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Fatos climáticos relevantes serão noticiados em www.canaoeste.com.br e www.revistacanavieros.com.br. Persistindo dúvidas, consultem os técnicos mais próximos ou através do Fale Conosco Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 66 Novas Tecnologias Case IH lança a versão 2016 da colhedora de cana A8800 Produtores rurais, concessionárias, usinas e jornalistas conheceram as vantagens da máquina Fernanda Clariano C om anos de tradição oferecendo soluções para o setor canavieiro, a Case IH reuniu na noite de 30 de março, no Espaço Golf, em Ribeirão Preto-SP, jornalistas, representantes de concessionárias, produtores de cana, usinas e convidados, para o lançamento oficial da versão 2016 da colhedora de cana A8800. Durante o lançamento, o especialista de marketing de produto, Fábio Balaban, apresentou para a imprensa os principais pontos de melhoria da colhedora, que evoluiu em mais de 40 itens. Hoje o setor colhe em torno de 500/600 toneladas de cana por máquina/dia e a A8800 chega para contribuir com até 21horas a mais de disponibilidade mecânica por safra. Redução de custo - Além das mudanças no aumento da disponibilidade mecânica, a marca investiu na redução de custos. O novo Sistema de Filtragem O novo modelo traz três grandes propostas de valor: maior disponibilidade, menor custo operacional e tecnologia de gestão. Disponibilidade mecânica - as colhedoras de cana no Brasil trabalham em um regime de 24 horas - são 180 dias de safra, o que significa que qualquer minuto de máquina parada é cana que deixa de ir para a usina. Paralelo a isso, o setor tem o desafio de aumentar a produtividade da lavoura e a proposta é contribuir com essa questão. Revista Canavieiros - Abril de 2016 Fábio Balaban, especialista de marketing de produto da Sucção de óleo hidráulico proporciona aumento no intervalo de troca, de 250 para 100 horas (redução de 46 filtros por safra para apenas seis filtros). Outra mudança é a nova vedação dos motores hidráulicos, que proporciona redução da frequência da troca dos retentores em até cinco vezes. O conjunto de alterações, como a nova mesa de giro e o novo filtro Blow-by c, gera uma redução de custo que chega a 15%. 67 Tecnologia de gestão - Com essa máquina, a Case IH é hoje a única fabricante que tem condição de fazer um mapeamento da área. O monitor de produtividade - conectado a agricultura de precisão, permite que o produtor consiga pegar os dados de produtividade da lavoura em tempo real, metro por metro, e saber quanto está produzindo a sua lavoura. O gerente de Marketing de Produto, Roberto Biasotto, destacou: “Temos uma colhedora com mudanças focadas no aumento da disponibilidade mecânica e na redução de custos, e isso é o que o produtor mais precisa”. Roberto Biasotto, gerente de Marketing de Produto De acordo com o diretor de marketing, Christian Gonzalez, a máquina nasceu da integração das necessidades de manutenção e operação, do ganho de tempo e ganho nas facilidades de manutenção e operação nos tempos improdutivos da colhedora. Christian Gonzalez, diretor de marketing “Sabemos que toda colhedora tem um regime de manutenção que exige um grande esforço por parte dos nossos clientes, e a nossa proposta é a seguinte, já que temos que parar a máquina em Autoridades do setor e produtores, participaram do evento algum momento para fazer manutenção, que esse tempo seja o mais rápido possível porque precisamos ganhar tempo seja na operação, na logística e também na manutenção”, disse Gonzalez que ainda ressaltou a participação dos clientes no desenvolvimento da máquina como peça fundamental. “Estamos entregando uma máquina 100% projetada em parceria com nossos clientes. Todo o processo de desenvolvimento foi validado por eles antes do lançamento da máquina”, afirmou o executivo que também contou sobre o processo para chegar a A8800. “Fizemos um processo onde selecionamos um grupo de 14 clientes, que representam 20% da moagem de cana no Brasil. Coversamos com esses clientes para entender as principais necessidades deles no negócio e o que eles esperavam da Case IH. Isso gerou uma lista com mais de 100 itens que virou base para o novo plano de desenvolvimento de produto da Case IH para colhedoras de cana”. Segundo o diretor comercial Brasil, César Di Luca, apesar do cenário César Di Luca, diretor comercial Brasil preocupante, pela situação política e econômica, a Case IH não deixou de investir porque acredita no setor. “Neste momento onde muitas indústrias estão retraindo os seus investimentos, faz a diferença para a indústria de cana-de-açúcar um grupo como o nosso, que aposta e mostra que está firme ao lado dos clientes para seguirem em frente. Acreditamos que o mercado sucroalcooleiro este ano será melhor do que nos últimos dois anos e temos certeza que a A8800 chega para fazer a diferença”, enfatizou o executivo. Revista Canavieiros - Abril de 2016 68 Novas Tecnologias Valtra quer aumentar market share no segmento de colhedora de cana A BE 1035e é a primeira máquina produzida na fábrica da AGCO de Ribeirão Preto-SP Andréia Vital A colhedora será um dos destaques da empresa durante a Agrishow 2016 A AGCO abriu as portas de sua unidade, em Ribeirão Preto-SP, onde é produzida a nova colhedora de cana BE 1035e da Valtra, marca pertencente ao grupo, recentemente, para mostrar à imprensa as novas instalações da planta, que recebeu investimentos de R$ 100 milhões, desde 2012, quando a multinacional a adquiriu da Santal. Ao dar as boas-vindas aos jornalistas, Henrique Dalla Corte, vice-presidente de operações da empresa, afirmou que a fábrica recebeu grandes aportes em tecnologia visando agregar valor ao negócio, aumentar a sua capacidade na linha de solução, além de trazer mais confiabilidade e qualidade para seus produtos, entre eles, a colhedora de cana BE1035e lançada ao mercado em 2015 durante a Agrishow. correção, prevenção e otimização, possibilitando à Valtra verificar a forma como a máquina está sendo usada e orientar o operador como utilizá-la da maneira mais adequada, além de indicar e orientar quanto às manutenções preventivas. A BE 1035e é a primeira máquina fabricada na unidade da AGCO de Ribeirão Preto-SP, que tem capacidade instalada de produção anual de até 240 máquinas, com o uso de um turno de operação. O equipamento é pioneiro na adoção do avançado sistema de telemetria desenvolvido pelo grupo e único no mercado, que tem como base três pilares: A colhedora é equipada com o motor AGCO Power 9.8L de 350cv, que fornece respostas à altura das exigências de uma colheita de alta performance com baixos níveis de consumo e maior vida útil, resultado do melhor ajuste da sua relação torque/rpm, possibilitando um trabalho de altíssima qualidade em todo tipo de canavial. Henrique Dalla Corte, vice-presidente de operações AGCO América do Sul Revista Canavieiros - Abril de 2016 Marco Antônio Gobesso, gerente de marketing de equipamentos de cana-de-açúcar da AGCO “O ano passado para nós não foi de venda, embora tenha ocorrido alguma, mas sim para apresentar a colhedora e consolidar o equipamento. Nós lançamos um lote de máquinas e colocamos para trabalhar em alguns clientes parceiros para mostrar sua capacidade”, ressaltou Marco Antônio Gobesso, gerente de marketing de equipamentos de cana-de-açúcar da AGCO, pontuando que 2016 sim será um ano de crescimento. “Começamos a fabricar as máquinas em escala no final de 2015 e já estamos entregando as colhedoras que serão usadas nesta safra. A meta para este primeiro semestre é ter 40 colhedo- 69 ras trabalhando nas lavouras canavieiras”, afirmou o gerente. “Nosso objetivo é encerrar este ano com um significativo crescimento na participação do mercado doméstico de colhedoras de cana e não parar por aí. Queremos continuar crescendo nos próximos anos. A unidade fabril da AGCO em Ribeirão Preto recebeu os investimentos necessários para suportar este crescimento e também para atender demandas futuras do mercado externo. Já estamos buscando alternativas com testes de colhedoras na Índia, Tailândia, África e também em países das Américas do Sul e Central”, explicou, contando que técnicos desses locais já participaram de treinamentos na fábrica. Falando sobre mercado, o executivo ressaltou que mesmo no atual cenário da indústria canavieira há necessidade de renovação de frota devido a curta vida útil das máquinas, já que a colheita é uma atividade que exige muito do equipamento. Segundo ele, após cinco a seis anos de uso, operando até três mil horas safra, a máquina vira sucata. Para o profissional, a perspectiva nacional de vendas de colhedoras deverá ser igual a de 2015, quando foram comercializadas cerca de 700 máquinas. “Para nós, o crescimento relacionado à necessidade da mecanização, o boon de vendas, já aconteceu em 2013 para 2014, este foi o maior pico de investimento. Nós não acreditamos que o Protocolo Nacional, que prevê o fim das queimadas até 2017, vá provocar o mesmo volume que o Protocolo de São Paulo provocou porque os níveis de mecanização já estão próximos de Denis Oliveira, gerente de manufatura da Valtra José Renato Donato, responsável pelo marketing do produto 100%”, destacou afirmando que a empresa quer crescer a participação neste mercado, passando de 3 a 4%, para 5% seu share. “A Valtra tem a proposta de ganhar share gradual ao longo dos próximos cinco anos, por isso investiu na fábrica e nos produtos”, reforçou. mostrou à imprensa toda a sua funcionalidade. As soluções de eletrônica desenvolvidas para essa máquina mudaram, por completo, os processos da colheita, tornando-os mais eficazes, explicou ele, mostrou o novo sistema de telemetria que permite o monitoramento da máquina em tempo real, quer seja da fábrica, da concessionária Valtra ou até mesmo do cliente. Para Denis Oliveira, gerente de manufatura da Valtra, um dos guias para mostrar a unidade aos jornalistas durante a visita, entre os investimentos feitos recentemente na fábrica, o destaque é a cabine de teste. “É a maior que a gente tem hoje no país, para efeito de colhedoras de cana. Aqui são testados 102 itens de inspeção, todos eles controláveis e objetivos, portanto, temos dentro dessa cabine medidores de oscilação, medidores de operação, de ruído, que possibilita o teste de toda a máquina”, explicou. Ele ressaltou ainda o padrão mundial benchmarking aplicado na fábrica, inclusive na cabine de teste, citando o sistema de verificação de selagem das cabines das colhedoras. “Temos um sistema de ultravioleta que monitora a estanqueidade de todo o sistema hidráulico da máquina e o pós-venda dessa nova colhedora de cana começa aqui mesmo na fábrica, com a garantia da reposição de peças para as concessionárias e no monitoramento de todas as colhedoras de cana produzidas em Ribeirão Preto”, conclui. Cabine de teste onde são testados 102 itens de inspeção, todos eles controláveis e objetivos A simplicidade da operação da máquina foi destacada por José Renato Donato, responsável pelo marketing do produto, que na ocasião, A empresa oferece uma solução completa para o setor sucroenergético, lembra Gobesso. Além da colhedora de cana, tem também equipamentos para o plantio, carregamento e transporte e cogeração de energia. “A unidade de Ribeirão Preto quando se soma ao portfólio da AGCO, mais especificamente da Valtra, faz com que a AGCO passe a oferecer uma solução completa para o nosso produtor”, disse ele, informando que a linha de produtos Valtra inclui tratores de 50 a 375 cavalos, colheitadeiras, colhedoras, implementos e pulverizadores. No Brasil desde 1960, a empresa conta hoje com uma rede de mais de 160 pontos de venda e assistência técnica no país, além de 13 distribuidores nos demais países da América Latina. No sentido de contribuir com o segmento canavieiro, o gerente citou ainda que a AGCO, em parceria com o SENAI-SP, inaugurou no ano passado, durante a Agrishow, a Escola Móvel de Manutenção de Colhedoras de Cana. Resultado de um investimento de R$ 3,5 milhões, sendo R$ 2 milhões do SENAI-SP e R$ 1,5 milhão do Grupo AGCO. A oficina itinerante foi customizada em duas carretas conjugadas que, juntas, totalizam uma área de 180 m², dividida em laboratórios, salas de aula e kits didáticos, que possibilitam a capacitação profissional permitindo o treinamento em cada conjunto do maquinário. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 70 Destaque I ABAG/RP realiza palestra de capacitação do 16º “Agronegócio na Escola” Por meio da educação a ABAG/RP difunde a dimensão do agronegócio na vida das pessoas e também para o país Fernanda Clariano E m 16 anos de existência, o “Agronegócio na Escola” vem sendo desenvolvido em escolas públicas da região de Ribeirão Preto-SP e já traduziu o dia a dia do mais importante setor econômico do país – o agronegócio, para quase 180 mil alunos. Também capacitou cerca de oito mil e quinhentos professores, o que mostra a importância do programa educacional. Ao longo do ano letivo, inúmeras atividades são realizadas nas escolas, muitas delas envolvem inclusive a comunidade. Mas para isso, os professores participam de uma palestra de capacitação e depois saem a campo visitando empresas e instituições de pesquisas voltadas ao setor para se aprofundarem ainda mais no universo do agronegócio e assim difundirem o conhecimento em sala de aula. Este ano, a palestra inaugural de capacitação aconteceu no dia 1º de abril, no Centro de Cana em Ribeirão Preto-SP. Participaram professores, coordenadores pedagógicos, diretores de escolas e secretários municipais de educação de vários municípios. A ação também recebeu os conselheiros da ABAG/RP - Mônika Bergamaschi e Paulo Rodrigues. O jornalista da EPTV de Ribeirão Preto, Dirceu Martins, e o ex-ministro da Agricultura e embaixador da FAO/ONU para o cooperativismo, Roberto Rodrigues, foram os palestrantes convidados. Dirceu Martins e uma equipe percorreram oito países para contar “A origem dos alimentos”, uma produção da EPTV, exibida no Globo Repórter em janeiro deste ano. O repórter explicou a história, a evolução e a ciência que estão por trás dos alimentos que são Dirceu Marins, jornalista da EPTV de Ribeirão Preto consumidos pela humanidade e ainda falou da importância do agronegócio no Brasil e no mundo. “Quem sai do Brasil aprende a respeitar a nossa grandeza. A força do nosso sol dá saudade em outras paragens. Não vejo nada mais sagrado que a parceria entre as mãos de Deus e do homem do campo. É básico, germinal. Divulgar esta parceria, como a ABAG faz, é bendizer a dádiva da vida e compreender a primazia da missão que o planeta nos incumbiu. É ouviu um chamado bíblico”, afirmou Dirceu Martins. Revista Canavieiros - Abril de 2016 O especial “A origem dos alimen- Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e embaixador da FAO/ONU para o cooperativismo tos”, será levado para os estudantes das escolas que participam do projeto. Já o ex-ministro Roberto Rodrigues, que tradicionalmente participa da palestra inaugural de capacitação, explanou sobre segurança alimentar bem como a importância econômica, ambiental e social do agronegócio e também as expectativas sobre o atual cenário brasileiro e mundial. “A agricultura é uma atividade que está ligada a todos nós o tempo inteiro. Não existe vida civilizada sem agricultura. Numa democracia como felizmente é o Brasil hoje em dia, polí- 71 Paulo Rodrigues (conselheiro da ABAG/RP), Roberto Rodrigues e Marcos Matos (diretor executivo da ABAG/RP) ticas públicas só acontecem a favor ou contra qualquer setor se a maioria da sociedade assim o desejar. Se a sociedade tiver uma visão errada da agricultura, do agronegócio, nunca teremos uma política pública adequada para este setor. Mas se a sociedade compreender que a agricultura é essencial para a vida da nação a gente avança e muito”, afirmou o ex-ministro que também ressaltou o trabalho da ABAG/ RP. “Disseminar o conhecimento é o melhor caminho e eu acho espetacular o trabalho desenvolvido pela ABAG/ RP de difundir o agronegócio por meio desse programa educacional. Os professores são grandes formadores de opinião, são eles que lidam todos os dias com os alunos e então se cria uma estrutura favorável de troca de informação, de difusão de conhecimento e de aprendizagem e isso é sensacional”, reconheceu Rodrigues. A cada ano novas cidades se juntam ao Programa que é realizado em parceria com as prefeituras. “Este ano, estão participando 36 municípios – com 64 unidades de ensino e quase 11 mil alunos inscritos. A capacitação é o ponto chave e a forma que escolhemos para Marcos Matos levar a educação e o conhecimento e ocorre tanto para os professores quanto para os alunos e é a forma mais pratica para que haja a percepção para a dimensão, a importância do agro para a nossa cidade, nossa região, nosso Estado e no nosso país”, garantiu o diretor executivo da ABAG/RP, Marcos Matos. Aletheia Patrícia Corrêa Gabanella, diretora de Departamento de Educação de Sabino-SP “Quero cumprimentar e parabenizar toda a equipe da ABAG/RP pelo comprometimento, pela seriedade e aos novos participantes representantes da educação, que se sintam entusiasmados porque o projeto é fantástico”, disse Aletheia Patrícia Corrêa Gabanella, diretora de Departamento de Educação de Sabino-SP. Novidades 2016 Além das palestras, a capacitação dos professores terá seis roteiros à disposição. Os educadores poderão escolher os temas que mais lhe interessam. A primeira delas será uma visita guiada às Agrishow 2016, para entenderem o que a tecnologia aplicada ao agronegócio tem a ver com a preservação e desenvolvimento. Os outros roteiros mostrarão as diversas cadeias produti- vas da região, além das instituições de pesquisas voltadas para o setor. Para estimular o envolvimento das escolas, as tradicionais atividades para professores e alunos vão reverter pontos para 1º Prêmio Escola ABAG/ RP. A participação em cada uma delas conta pontos para a escola, uma espécie de gincana de todos contra todos onde o que vale é aprender e disseminar conhecimento. Para os alunos são cinco oportunidades nos concursos de Redação, Desenho, Frase, Blog e Feira de Conhecimento. O objetivo é estimular o exercício de interpretação, escrita, pesquisa e raciocínio, além de valorizar as manifestações artísticas, para assim despertar a consciência sobre o meio no qual o aluno está inserido, e ampliar a compreensão dele sobre a importância do agronegócio para a região e para o país. Para os professores a grande premiação é o Prêmio Professor “Agronegócio na Escola”, que está na sexta edição. A participação em cada uma das atividades do Programa conta ponto para a escola, isso até o último momento que será o evento encerramento do Programa com apresentações finais de professores e alunos. A premiação para os alunos é em vale compras da Fnac no valor de R$ 300,00 para os primeiros colocados; R$ 250,00 para os segundos colocados e R$ 200,00 para os terceiros. Os professores concorrem a computadores e as escolas a um aparelho projetor de multimídia e um kit de som. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 72 Destaque II Trem “made in Brazil” Hyundai-Rotem inaugura planta em Araraquara-SP para fabricar composições ferroviárias e locomotivas a diesel para o transporte de cargas Andréia Vital A Hyundai-Rotem Brasil, uma empresa do Grupo Hyundai Motors, com sede na Coreia do Sul, inaugurou no dia 30 de março a primeira unidade da multinacional sul-coreana instalada no Brasil. A fábrica de trens foi erguida em uma área total de 150 mil metros quadrados na Avenida Marginal de Acesso à Rodovia Antônio Machado Sant´Anna em Araraquara-SP, sendo 21 mil metros quadrados de área construída. Trata-se da primeira planta multinacional da empresa instalada no Brasil, sendo a segunda maior Hyundai-Rotem no mundo e possui o que há de melhor em tecnologia e inovação para produção de trens e composições ferroviárias, uma infraestrutura com uma linha de produção mecânica. O empreendimento, que recebeu investimento de R$ 100 milhões, vai gerar mais de 300 empregos. O vice-presidente comercial mundial da empresa, Kevin Choi afirmou que o Grupo Hyundai vê um grande potencial no Brasil como mercado, por isso investiu aqui, embora o cenário de crise te- Descerramento da faixa contou com a presença do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin nha afastado investidores. Segundo ele, a exemplo da Hyundai Motors, também pertencente ao grupo e que inaugurou sua primeira fábrica em terras brasileiras, em 2012, eles resolveram investir no país no ano passado, instalando a fábrica de trens em Araraquara-SP. “O nosso investimento no Brasil não é voltado para oportunidades somente no país, pois pretendemos expandir nossas atividades comerciais por toda América do Sul. Países como Colômbia, Peru, Argentina, Chile e outros países da América do Sul estão procurando por novos negócios e novas soluções de mobilidade urbanas de trens”, disse ele ressaltando que o Brasil é o lugar perfeito para se investir atualmente. Revista Canavieiros - Abril de 2016 Kevin Choi, vice-presidente comercial mundial da empresa Com capacidade de produção de 200 carros por ano, a fábrica já está com sua linha de montagem ativa produzindo 30 trens modernos, com oito carros cada, para a CPTM (Companhia 73 Paulista de Trens Metropolitanos), que devem começar a circular ainda em 2016. Segundo o CEO mundial da multinacional, Seung-tack Kim, a empresa já tem encomendas até 2018, com contratos para a produção de 112 vagões para as linhas 1 e 2 de Salvador (BA) e de 240 vagões de passageiros para a CPTM. A nova planta da empresa sul-coreana também foi projetada para fabricar locomotivas a diesel para o transporte ferroviário de cargas, além de toda linha de veículos ferroviários produzida na matriz, localizada na Coreia, como VLTs, trens de levitação magnética, trens leves com sistemas automáticos, trens de alta velocidade que atingem até 430 quilômetros por hora, carros de passageiros com dois andares, entre outros. Brasil e Coreia do Sul têm laços diplomáticos há 57 anos A cerimônia de inauguração do empreendimento contou com a presença de empresários, lideranças e autoridades, como o presidente da Hyndai-Rotem Brasil, Sungha Jun, e o embaixador da Coreia do Sul no Brasil, Jeong-gwan Lee, que na ocasião falou dos laços diplomáticos do Brasil e Coreia do Sul, estabelecidos desde 1959, em vários setores. “O Brasil é o maior parceiro comercial da América Latina para a Coreia do Sul e também o principal destino dos investimentos coreanos com o estabelecimento de inúmeras empresas coreanas no país”, destacou ele, ao afirmar que a inauguração da fábrica é mais um significativo marco da vigorosa relação entre os dois países. “Uma relação que demostra ao mesmo tempo a plena percepção de presente e a visão do futuro dessa empresa global, que vem crescendo e fornecendo vários modelos de vagões e trens”, afirmou. Lee também ressaltou que os vagões e trens fabricados na unidade de Araraquara serão produtos made in Brazil e que, além de atender à demanda interna nacional, também serão exportados para outros locais. Seung-tack Kim, presidente mundial da Hyndai-Rotem CEO entregou uma placa de agradecimento ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e ao prefeito de Araraquara-SP, Marcelo Barbieri “Em termos logísticos, Araraquara-SP nos oferece uma localização estratégica. Trouxemos para cá o que há de melhor em tecnologia e inovação”, afirmou Seung-tack Kim. De acordo com ele, o transporte ferroviário de passageiros é fundamental para o futuro da mobilidade urbana e o Brasil possui um grande potencial nesse sentido. “A Hyundai-Rotem chega com todo seu know how na produção de trens modernos, confortáveis e eficientes, em benefício da qualidade de vida das pessoas”, afirmou. A multinacional exporta para mais de 35 países e, além de fabricar os Jeong-gwan Lee, embaixador da Coreia do Sul no Brasil trens, desenvolve pesquisas e tecnologia própria para sua linha de produção. Kim também agradeceu a presença de todos e disse que cumpriu a promessa feita no dia 2 de abril de 2015 - ocasião do lançamento da pedra fundamental da fábrica - que já estariam produzindo 11 meses depois e reforçou o elo comercial existente entre Brasil e Coreia. “Ouvi que no Brasil há um provérbio que diz “Uma mão lava a outra”, esperamos que ambos os países construam laços mais fortes e possam contribuir com o crescimento um do outro através da cerimônia de inauguração da Hyundai-Rotem Brasil. Queremos conquistar o coração do brasileiro através de alto padrão de qualidade, como também fazer o nosso papel como empresa cidadã, apoiando escolas profissionalizantes de Araraquara”, disse o executivo, ressaltando que seu desejo é que a cidade se torne o centro da indústria ferroviária. O CEO entregou ainda uma placa de agradecimento, que marcou o momento do encontro entre os dois países, ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao prefeito de Araraquara-SP, Marcelo Barbieri, presentes na solenidade de inauguração. Revista Canavieiros - Abril de 2016 74 Destaque II Investimentos no setor ferroviário "Essa é uma das mais modernas fábricas de trens do mundo. Mostra a recuperação da indústria ferroviária, especialmente em São Paulo. Aqui estão sendo fabricados 30 trens da CPTM. São carros modernos, vagão contínuo, mais confortável, mais seguro, transporte de alta capacidade e não poluente", disse na ocasião, Alckmin, citando que, atualmente, estão com cinco obras simultâneas no Metrô e duas novas importantes da CPTM. "Uma delas é a Linha 13, que abrirá em maio licitação para compra de mais oito trens com oito carros cada um. Serão 64 carros novos. Nós vamos ter os dois aeroportos integrados com o sistema metroferroviário. Cumbica com a 13 da CPTM e Congonhas com a Linha 17", explicou. O governador ainda falou de novos investimentos em Araraquara no setor ferroviário. "Nós temos um grande entroncamento ferroviário e uma recuperação da história da cidade e com foco no futuro", comentou. "Estamos empenhados junto com o Governo Federal para a criação dos chamados trens intercidades. Para poder aproveitar as áreas lindeiras das antigas Estradas de Ferro. Com isso, o custo da implantação cai muito pois não tem desapropriação", contou ele, dizendo que na primeira etapa prevista, o projeto vai de São Paulo a Campinas, depois até Americana e seguindo mais para outras cidades do interior. “Não é trem bala, é um trem de média velocidade, com custo factível para que o setor privado possa implementá-lo”, ponderou. Alckmin ressaltou também a necessidade de expansão do setor ferroviário e sua importância para o país, citando a recente reinauguração da hidroviária Tiete Paraná e sua integração com o modal ferroviário. “Toda a carga do Centro-Oeste brasileiro sai de São Simão-GO vem até Pederneiras-SP sem usar o caminhão. Cada comboio da hidrovia tira 200 caminhões da estrada e já estamos com 17 comboios, então são 3.400 caminhões a menos. Em Pederneiras, a carga passa para o trem automaticamente e vai até o Porto de Santos-SP sem um caminhão. Essa integração de modais é o caminho para reduzir custos e melhorar a competitividade, por isso eu quero saudar e agradecer a Hyundai Rotem, que mesmo em um momento difícil, demonstra confiança no Brasil com um investimento deste significado, acreditando neste país. É tudo o que nós precisamos: investimentos, empregos, pesquisa e desenvolvimento”, disse o governador. Ao discursar na cerimônia de inauguração da nova fábrica, Marcelo Barbieri, prefeito de Araraquara-SP, destacou o compromisso da multinacional em entregar a planta no prazo previsto, gerando emprego e impacto na economia local. Também reforçou o espírito cidadão da empresa, contando que desde que chegou, a Hyndai-Rotem Brasil vem contribuindo com o município através de iniciativas sociais, citando a parceria feita com o Fundo Social e Senai local para treinar pessoas para trabalhar no segmento ferroviário, como também a doação recente de 600 livros para escolas e creches municipais, entre outras ações. Destacou que a nova fábrica é mais um marco para a história de Araraquara, que é ligada ao setor ferroviário, desde 1895, quando foi instituída a Companhia Estrada de Ferro Araraquarense, tendo sua obra se iniciado em 1896 e inaugurada em dezembro de 1901. Barbieri afirmou que “o sentimento é de dever cumprido por ter conseguido trazer esta fábrica para nós” e contou que tem agendado viagem oficial para a Coreia para buscar junto ao governo sul-coreano uma parceria de investimentos na área de educação. “A FATEC de Araraquara é uma universidade que se propõe a abrigar o primeiro curso de engenharia ferroviária do Brasil e nós estamos empenhados nesta direção e por isso iremos à Coreia para firmarmos este convênio”, disse. O prefeito comentou ainda que Araraquara vem recebendo investimentos Revista Canavieiros - Abril de 2016 na melhoria do transporte ferroviário de cargas, que atravessava a cidade e, desde meados do ano passado, vem gradativamente sendo feito pelo contorno ferroviário. “Cerca de 80% da carga já vem sendo transportada pelo contorno ferroviário, o que falta ainda é fazer a oficina de manutenção das locomotivas e o poço de combustível, que é de responsabilidade da concessionária que atua na região, a Rumo ALL. O município já destinou a área e está negociado com a empresa ferroviária, que está fazendo o projeto. Temos uma boa perspectiva que até o final do ano que vem isso já esteja resolvido”, concluiu. Vicente Abate, presidente da ABIFER Para Vicente Abate, presidente da ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária) a vinda da Hyndai-Rotem Brasil é muito relevante para a indústria ferroviária brasileira. “É extremamente importante, não só a vinda desta multinacional, como a de qualquer empresa que produza os bens ferroviários aqui no Brasil”, ressaltou ele, comentando que foram feitos outros investimentos no segmento nos últimos tempos, citando a inauguração, no ano passado, da fábrica da francesa Alstom para a produção de VLTs, em Taubaté-SP, e da fábrica de monotrilhos da empresa Scomi, da Malásia, também na mesma cidade, sendo que a pedra fundamental da planta foi lançada no começo deste mês. “Em que pese toda a crise e do atual cenário brasileiro, temos boas oportunidades no Brasil, tanto no setor ferroviário de passageiro, que é o caso presente, como no setor ferroviário de carga, de forma que a indústria brasileira está bem posicionada e a vinda de empresas estrangeiras com tecnologia avançada é bastante saudável para todos”, constatou. RC 75 Destaque III Dia de campo em Jaboticabal-SP e Paranavaí-PR mostra novas tecnologias para produtores de cana-de-açúcar Eventos analisaram soluções para a cultura canavieira na prática Andréia Vital com informações da assessoria A Estação Ridesa, em Paranavaí-PR, e a Estação Herbae, em Jaboticabal/SP, foram as primeiras a receber o Campo de Treinamento da Adama de cana-de-açúcar. O evento, organizado pela empresa global do setor de agroquímicos, reuniu cerca de 300 participantes, entre técnicos de campo das usinas, consultores e distribuidores. Em Jaboticabal, a ação ocorreu nos dias 5 e 6 de abril e na cidade paranaense nos dias 30 e 31 de março, proporcionando aos agricultores a apresentação das soluções da empresa na prática. Os participantes puderam comparar e analisar a eficácia e seletividade de diferentes tratamentos para o controle de plantas daninhas feito com produtos que integram o portfólio da Adama, como os herbicidas Premerlin® e Jump®, além de novas tecnologias que estarão em breve no mercado, como também, interagir com o portfólio de serviços da companhia para o setor. “O CTA em Jaboticabal permitiu que os produtores deste importante polo canavieiro pudessem conhecer de perto os produtos e soluções da Adama para o segmento, observando os diferentes tratamentos em momentos distintos de aplicação de herbicidas (em pré e pós-emergência) e avaliar os resultados em controle das principais plantas daninhas que causam prejuízos à cultura da cana-de-açúcar”, afirmou Márcio Lemos, gerente de Marketing de Culturas da Adama, destacando que “os agricultores ficaram muito satisfeitos com a explanação feita por nossos técnicos e com o portfólio para cana que foi apresentado”. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 76 Destaque IV Tecnologias sustentáveis e planejamento da reforma de cana crua foram debatidos em curso do APTA Participantes visitaram experimentos de plantio direto de cana e das principais culturas de rotação, como a soja Tecnologia Intacta, amendoim alto oleico e adubos verdes Andréia Vital A APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) promoveu entre os dias 15 e 16 de março, o 3º Curso Teórico-Prático "Rotacana - tecnologias sustentáveis e planejamento da reforma de cana crua". Engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas, produtores rurais, estudantes de ciências agrárias e demais profissionais do setor sucroenergético e cooperativas participaram do evento realizado no IAC (Instituto Agronômico), em Ribeirão Preto - SP, e que teve como objetivo transferir informações de pesquisa e validações comerciais da aplicação do sistema conservacionista plantio direto na reforma de cana crua, capacitar técnicos sobre detalhes de planejamento da reforma, quanto à escolha das culturas a serem cultivadas e seus reflexos sobre a produção de cana, além de fornecer subsídios para tomada de decisão sobre qual manejo de solo utilizar. “Nesta edição nós tivemos a felicidade de receber um número de participantes bastante diversificado, com representantes de usinas, sendo algumas delas de grandes grupos do Paraná e pessoas do Mato Grosso. A gente percebe o interesse do setor de assistência técnica, de revendas e não só de usinas que estão entendendo que o caminho para melhorar a produtividade e reduzir custo em cana-de-açúcar, deve passar por rever como é feito o manejo de solo na reforma” explicou Denizart Bolonhezi, pesquisador do APTA e coordenador do curso. De acordo com ele, o Rotacana é voltado para compreensão das opções de tecnologias sustentáveis para a reforma de canavial, envolvendo sempre o uso de leguminosa no período de entressafra e a adoção de manejo de solo conservacionista. “Talvez este seja o único experimento envolvendo o plantio direto de cana de longa duração que esteja instalado no Brasil, ou seja, desde 1998. Os participantes viram ainda um experimento também envolvendo manejo de solo com a cultura da cana só que focado em MPB (Muda Pré-Brotada), e aspectos de regulagem de máquinas, bem como discutiram detalhes das principais culturas de rotação, como a soja Tecnologia Intacta, amendoim alto oleico e adubos verdes”, disse. José Florivaldo Otrente, do pós-venda da Marchesan, empresa de máquinas Revista Canavieiros - Abril de 2016 Denizart Bolonhezi, pesquisador do APTA José Florivaldo Otrente, do pós-venda da Marchesan agrícolas, participou do evento e destacou a parceria com o projeto através do uso da plantadeira própria para plantar soja na palhada de cana. “Desde 2014 usam neste trabalho a plantadeira COP 77 CA da Marchesan, que contribui para evitar erosão, oferece maior produtividade e menor consumo de combustível”, assegurou o profissional ao mostrar o equipamento para alguns alunos. Participantes como o presidente da APDVP (Associação de Plantio Direto do Vale do Paranapanema), Benedito Hélio Orlandi, mais conhecido como Bertola, e o pesquisador do IAPAR (Instituo Agronômico do Paraná), Ronaldo Hojo, acharam que o curso foi excelente e vai agregar muitos conheci- Benedito Hélio Orlandi, presidente da APDVP mentos para serem usados em suas regiões. “O conteúdo debatido foi excelente e vai agregar muitos conhecimentos para nós produtores, pois percebemos que o plantio direto está sendo cada vez mais usado. Com as informações e tecnologias apresentadas podemos dispensar várias operações de preparo, reduzir custos, melhorar as condições dos solos e fazer o plantio direto em cima da palhada de cana”, assegurou Bertola. Opinião compartilhada com Hojo, que veio atrás de novas informações sobre o sistema também para servir de modelo de pesquisa em seu Estado. Segundo Bolonhezi, o encontro acontece nesta época do ano porque o foco é a rotação. “Temos que mostrar também o potencial das culturas que estão sendo cultivadas na reforma, mas nada nos impede de realizarmos em outros períodos, dependendo do interesse de associações e cooperativas. O importante é que agora vai começar a colheita e as tomadas de decisão sobre o que fazer na reforma dos talhões que vão ser reformados no segundo semestre”, argumenta. O plantio de MPB (mudas pré-brotadas) de cana-de-açúcar em sistemas de manejo conservacionista do solo, incluindo talhões da “cana energia” também foram visitados pelo grupo que participou do Rotacana. A planta é capaz de acumular biomassa e altos teores de fibra rapidamente, o que resulta em uma capacidade maior de produção de energia elétrica ou etanol de segunda geração. Ainda em testes no IAC, a cultivar deve chegar ao mercado nos próximos anos. Também chamada de "cana energia", a nova planta é capaz de acumular biomassa e altos teores de fibra rapidamente, o que resulta em uma capacidade maior de produção de energia elétrica ou etanol de segunda geração, que pode chegar a seis metros de altura e aumentar a produtividade no campo, além de reduzir os custos de produção de etanol e energia elétrica, a partir da palha e do bagaço. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 78 Destaque V Agronegócio é discutido em encontro promovido pela AMCHAM Especialistas apontam cenário mais positivo para o setor canavieiro em 2016 Andréia Vital A pesar da crise econômica e diversos fatores que atualmente têm causado incertezas sobre o futuro, “não há dúvidas de que o país tem as condições estruturais e mais determinantes para a retomada do crescimento econômico. E o agronegócio exerce um papel fundamental neste sentido”, afirmou Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, durante o “Café Setorial de Agronegócios” da Câmara Americana de Comércio (AMCHAM), realizado no dia 16 de março, em Ribeirão Preto-SP. O evento destacou os desafios e oportunidades do agronegócio do município, para um grupo seleto de empresários. Para Jardim, o Estado de São Paulo tem exercido um importante protagonismo na tomada de decisões e na produção de conhecimentos para o setor agropecuário. “O agronegócio não é produção, mas sim, uma cadeia pensada de forma integrada. Não é negócio para amadores, mas de profissionais, de especialização crescente e desafios de inovação. Nossa missão, como poder público, é criar as condições para que essas circunstâncias possam se desenvolver, seja por meio de parcerias ou programas de financiamento voltados também à complementaridade da pequena propriedade, como é o caso de mais de 80% das propriedades da região”, disse. O secretário destacou ainda que a economia brasileira reage aos artificialismos impostos, como no caso do preço dos combustíveis em 2015. “A região de Ribeirão Preto também sentiu o impacto da crise no setor da cana-de-açúcar, na qual 70 usinas foram fechadas e outras 70 passam por processo de recuperação judicial, fazendo o setor patinar de forma dramática e gerando uma reação em cadeia. No ano passado, algumas empresas que tinham saúde financeira começaram a operar novamente “no azul”, mas não ainda a ponto de fazer novos investimentos”, afirmou. Um dos palestrantes do evento, o diretor da Wedekin Consultores, Ivan We- Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Revista Canavieiros - Abril de 2016 Ivan Wedekin, diretor da Wedekin Consultores dekin, apresentou dados econômicos e o atual cenário de crise e destacou a grandeza do mercado interno, que consome 70% da produção agropecuária no país. “Há uma crise no agronegócio brasileiro, mas que é suavizada pela característica de essencialidade e de eficiência do setor, ainda que o consumidor esteja menos propenso a assumir gastos”, disse, afirmando que a agricultura paulista deve ser respeitada no Brasil e no mundo devido às suas proporções. “Os sete mandamentos da agricultura neste horizonte 2016 e 2017 são gerenciamento do caixa, controle de custos, aumento da receita, câmbio, o produtor não é especulador, tem que travar o seu risco de preço, tecnologia e investimento, pois só cresce quem investe”, ressaltou. O cenário de investimentos no agronegócio foi avaliado por Guilherme Bellotti de Melo, consultor agro do Itaú BBA, na ocasião. O especialista afirmou que, embora o mercado ainda aguarda uma estabilidade para a retomada dos negócios, o setor sucroenergético volta a respirar em 2016. A previsão de déficit de açúcar no mercado mundial depois de cinco anos de superávit é um dos fatores apontados por ele para a retomada do segmento. “A cur- 79 Guilherme Bellotti de Melo, consultor agro do Itaú BBA Bernhard Kiep, vice-presidente de marketing da AGCO va futura do açúcar aponta para preços mais elevados nos próximos anos e o preço do açúcar deve sustentar as cotações de etanol”, esclareceu. deiras têm mais de 20 anos e devido à alta competitividade, o produtor precisa enxergar valor agregado para investir no novo equipamento”, disse o executivo, contando que a empresa representa atualmente, 13% do mercado global e tem boas perspectivas, principalmente no segmento canavieiro. Já Bernhard Kiep, vice-presidente de marketing da AGCO, afirmou que o Brasil tem uma frota relativamente pequena para o tamanho de sua área agricultável, em comparação com os EUA e Alemanha. “Hoje, 43% das colheita- “É um ano especial para a AMCHAM de Ribeirão Preto, pois completamos uma década aqui, sendo que a Câmara já está no Brasil há quase 100 anos. Portanto, neste ano comemorativo, está programado a realização de 60 atividades a exemplo desse café setorial, com a previsão de atingir mais de três mil executivos de todas as empresas de Ribeirão Preto”, disse Bianca Guazzelli, coordenadora da regional da AMCHAM Ribeirão Preto, ao finalizar o evento. RC Pesquisa mostra impacto dos fertilizantes no rendimento da cana-de-açúcar Estudo mostrou caminhos viáveis para o aumento de produção canavieira Andréia Vital com informações da assessoria Experimentos testando a eficácia de tipos de fertilizantes em relação à produtividade da cana-de-açúcar no plantio foram feitos nos municípios paulistas de Lençóis Paulista e Santa Bárbara, entre 2014 e 2015, pela Mosaic Fertilizantes, empresa produtora global de fosfatados e potássio combinados, e compararam fertilizantes convencionais com um produto premium, com fórmula de fósforo diferenciada. Os testes em Santa Bárbara mostraram um incremento de produtividade que chegou a 9,5 toneladas por hectares nas áreas onde o fertilizante premium foi utilizado. Nesta mesma área, a produção foi de cerca de 104,8 toneladas por hectare, enquanto na área em que foi aplicado o produto conven- cional a produção foi de 95,3 toneladas por hectare. Além disso, houve um ganho de 2,6 kg de ATR (Açúcar Total Recuperável) nas áreas com o uso do fosfatado premium. No caso dos testes realizados em Lençóis Paulista, conduzidos em solos de ambientes C e E, e com diferentes doses de fertilizantes fosfatados convencionais e premium, foram registrados melhores números de produtividade. O uso do produto fosfatado premium elevou a rentabilidade em até R$ 1.221,64 por hectare, não considerando o custo de CCT (corte, carregamento e transporte). “A fertilidade do solo pode ser responsável por até 60% da produtividade da lavoura”, explica Maristela Chimello, gerente regional de Vendas para Agroindústrias. Segundo ela, as características exclusivas de fertilizantes com nutrientes concentrados no mesmo grânulo proporcionam melhor absorção de nutrientes. “Eles são uma fonte de fósforo com alta eficiência e solubilidade, além de viabilizar a disponibilidade de enxofre durante todo o ciclo da cultura”, explicou. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 80 Destaque VI IAC realiza a 9ª edição de seu curso de formação de MPB Evento teve por objetivo a capacitação técnica quanto à formação das mudas pré-brotadas na cultura de cana-de-açúcar Andréia Vital M ais de 300 profissionais ligados ao setor sucroenergético já participaram do curso teórico e prático de formação de MPB (Mudas Pré-Brotadas) organizado desde 2013, pelo Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico). A nona edição do curso aconteceu nos dias 06 e 07 de abril, no auditório do Centro, situado em Ribeirão Preto-SP, e reuniu 35 participantes de vários locais do país, interessados em alternativas para o plantio de suas lavouras. “Para alcançar novos patamares de produtividade nos canaviais e dar saltos quantitativos significativos, nós temos que ser rápidos na adoção de novas tecnologias. É preciso caminhar em direção aos três dígitos de produção, com produtividade acima de 100 toneladas na média dos cinco primeiros cortes, e também para uma maior longevidade de nossos canaviais. Isso implica na adoção de novas variedades, que apresentam uma maior população de colmos e, para isso, as mudas pré-brotadas se apresentam como uma solução por ser um sistema de multiplicação rápida, por isso, tem despertado tanto interesse”, afirmou Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC, que na ocasião, falou sobre as indicações varietais e manejo varietal. Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC Dr. Mauro Xavier, melhorista do IAC De acordo com o melhorista do IAC, o dr. Mauro Xavier, além das aulas teóricas, o curso também tem atividades práticas dentro do núcleo de produção de mudas do Centro de Cana. “São turmas pequenas exatamente para o pessoal ter um aproveitamento otimizado do conteúdo do curso. Durante as aulas procuramos dar uma visão para os participantes da necessidade de colocar a MPB dentro de um sistema de produção. O produtor não vem aqui somente para aprender a fazer muda, ele vem aqui para aprender a fazer a MPB e a utilizar as mudas dentro de um sistema novo de produção de cana-de-açúcar. Essa é a ideia e é uma realização do Programa Cana do IAC com seus inúmeros pesquisadores participando deste processo e curso”, explicou o pesquisa- Revista Canavieiros - Abril de 2016 Dr. Maximiliano Scarpari, pesquisador do IAC dor que proferiu palestra sobre o sistema de multiplicação da MPB. A fisiologia da brotação da cana-de-açúcar foi abordada pelo pesquisador do IAC, dr. Maximiliano Scarpari. “No sistema MPB usamos gemas com diferentes idades e com isso teremos diferença na velocidade da brotação e na emissão de raízes. Normalmente temos gemas do ápice com reservas em maior concentração de glicose e frutose e isso traz uma maior velocidade na brotação além de gemas mais novas” explicou o profissional, lembrando que o produtor precisa estar atendo em relação à brotação do material escolhido para a produção de MPB. Ao falar sobre as pragas da cana-de-açúcar, a pesquisadora Leila Dinar- 81 logadas na cana-de-açúcar, sendo que em torno de 10 ocorrem no Brasil com maior ênfase, porém, são apenas cinco doenças que nós consideramos principais, dessas o raquitismo da soqueira, a escaldadura, o mosaico, o carvão e a ferrugem causam muito problema na produção, portanto, o produtor precisa estar atento à qualidade da muda e fazer uma boa desinfestação dos instrumentos de cortes evitando assim que se leve doença para o campo”, ensinou o pesquisador. Leila Dinardo Miranda, pesquisador do IAC Dr. Ivan dos Anjos, pesquisador do Miranda, afirmou que o sistema de MPB tem uma série de vantagens, por se tratar de uma muda sadia, livre de pragas. “Portanto, o agricultor não corre o risco de introduzir praga em uma outra área, como no caso específico do Sphenophorus levis, essa é a principal vantagem do ponto de vista entomológico”, afirmou, contando que além de frisar este aspecto, orientações sobre como conduzir uma muda sadia ao campo e cuidados com viveiros foram transmitidos aos participantes. “A MPB é uma cana e ela vai sofrer o ataque de pragas de brocas de cigarrinhas como qualquer cultivar e, como é um material nobre de produção, o seu plantio é mais caro do que um plantio convencional, então é necessário ter uma série de cuidados para não perdê-lo”, ponderou. Já o dr. Ivan dos Anjos falou sobre manejo para controle de doenças na produção de MPB. “Existem 206 doenças cata- Irrigação no sistema de mudas pré-brotadas foi o tema da palestra da pesquisadora Regina Célia Pires. “A irrigação é uma pratica adotada em todo o sistema de produção de MPB, portanto, é importante a gente conhecer a quantidade, o intervalo e a uniformidade com que se aplica essa irrigação”, disse, afirmando que existem vários caminhos para fazer uma abordagem e melhorar o uso da irrigação. “Inicialmente podemos pensar em uma avaliação quanto a uniformidade de sistema dentro da área Revista Canavieiros - Abril de 2016 82 Destaque VI Pesquisadora Regina Célia Pires de produção de MPB e, posteriormente, verificar se precisa manter a manutenção ou não do sistema”, analisou a profissional, que apresentou informações sobre experimentos feitos com as mudas dentro da estufa, mostrando a correlação delas com elementos do clima, a demanda climática da área, como também, com a utilização de alguns sensores para monitoramento do potencial de água no tubete. “São sensores pequenininhos que se mostraram interessantes para se conduzir adequadamente o manejo da água neste sistema de produção”, explicou. O uso de herbicidas no sistema de MPB foi abordado na ocasião pelo pesquisador dr. Carlos Alberto Mathias Azania, que alertou a necessidade do produtor ter planejamento para fazer a aplicação dos produtos. “Não temos ainda um receituário de um manejo adequado para o MPB, o que temos preconizado ao produtor é aplicar produtos em alguma antecedência do plantio MPB, com isso ele pode usar doses gerenciadas e certamente vai reduzir o banco de sementes. Transcorridos 30 a 60 dias da aplicação do produto, deve intervir com o plantio e somente voltar a aplicar o herbicida após Dr. Carlos Alberto Mathias Azania Ighor Raphael Oliveira Dumont Cruvinel, gestor de tratos culturais e responsável pelo viveiro de produção de MPB da usina Jalles Machado a fase de pegamento, ou seja, após cerca de 40 dias, aí sim faz o complemento havendo a necessidade”, ensinou. O pesquisador dr. Júlio César Garcia abordou o tema da nutrição e adubação da cana-de-açúcar. “Destacamos aqui alguns conceitos básicos sobre nutrientes e a sua importância no desenvolvimento inicial das plantas. O manejo adequado desses nutrientes em viveiro, a importância de se ter um equilíbrio e não excesso para que a planta tenha um perfeito desenvolvimento inicial. Como também frisamos que o produtor precisa ser criterioso na escolha dos resíduos que utiliza para a formação de substrato, deve-se ter cuidado com elementos tóxicos que podem ser maléficos”, alertou. Para os participantes, as informações obtidas vão contribuir para o progresso em suas lavouras. Como é o caso de Ighor Raphael Oliveira Dumont Cruvinel, gestor de tratos culturais e responsável pelo viveiro de produção de MPB da usina Jalles Machado, localizada em Goinésia, Goiás. “O intuito da participação neste curso foi buscar novas informações para o uso do MPB, Revista Canavieiros - Abril de 2016 Ricardo Magnani, produtor de cana-deaçúcar de Taquaritinga-SP conhecer novas tecnologias e técnicas utilizadas pelo IAC, como também trocar experiências com outras pessoas”, disse. Segundo ele, há cinco anos já utilizam o sistema na usina, em áreas de 20 a 30 hectares como ferramenta para um manejo varietal, mas a intenção é ter a MPB também em área comercial. O produtor de cana-de-açúcar de Taquaritinga-SP, Ricardo Magnani, também se interessou em fazer o curso para se inteirar das novidades sobre o sistema, que ele considera o futuro do plantio de canaviais. “Eu já tenho um viveiro com algumas mudinhas que adquiri, mas vim aqui conhecer mais a respeito do sistema para ver se consigo produzir as minhas próprias mudas e aplicá-las na minha propriedade”, afirmou ele que fornece cana para as Usina Bonfim e Usina São Francisco. “A questão principal não é aumentar a produtividade dos meus canaviais, que é de 96 toneladas por hectare, e sim o corte de custo em plantio, que hoje é muito grande e quem não correr atrás de uma nova forma de reduzir isso, provavelmente vai ficar para trás. A intenção é essa, partir para usar mais tecnologia no campo e o IAC está dando essa oportunidade para nós, então devemos aproveitar”, elucidou. RC 83 Revista Canavieiros - Abril de 2016 84 Destaque VII A irrigação pode contribuir para o controle de pragas da cana, afirmam especialistas em evento do GIFC Uso e benefícios da quimigação, que é a aplicação de agroquímicos por meio dos sistemas de irrigação, foram debatidos na ocasião Andréia Vital O “Controle de Pragas em Cana-de-Açúcar Irrigada e Fertirrigada, foi tema do 25º Encontro do GIFC (Grupo de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açúcar) realizado no dia 17 de março, no Centro de Convenções da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP de Jaboticabal-SP. A reunião contou com a participação de profissionais do setor sucroenergético e estudantes de disciplinas ligadas ao segmento. Para o superintende do GIFC, Marco Viana, o encontro foi importante por levantar discussões pouco exploradas pelo setor sucroenergético. “Ouvimos especialistas que mostraram que a irrigação pode sim contribuir para o controle de pragas. Entendemos que há muitas oportunidades ainda a serem exploradas por empresas fabricantes de tecnologia e equipamentos de irrigação, assim como para pesquisadores, para um maior e diversificado uso da irrigação no controle de pragas da cana, como broca e cigarrinha”, avaliou Viana. afirmou Antônio de Souza Rossato Jr., pesquisador da Fafram – Faculdade Dr. Francisco Maeda e presidente da Coplana, que apresentou, na oportunidade, a palestra “Efeitos da irrigação no manejo de pragas na cana-de-açúcar com ênfase em cigarrinha e broca”. Luiz Carlos de Almeida, diretor na Entomol Consultoria Sustentável”. O especialista mostrou as vantagens da utilização da quimigação, que é o uso da irrigação para a aplicação de agroquímicos no canavial. Redução da compactação do solo e de danos mecânicos na cultura, melhor incorporação e ativação dos agrotóxicos, entre outros, são os benefícios trazidos pela prática. Marco Viana, superintende do GIFC O engenheiro agrônomo, Luiz Carlos de Almeida, diretor na Entomol Consultoria, fez uma abordagem em relação ao controle e manejo de pragas de cana, destacando os benefícios que a irrigação pode trazer para a efetivação desses controles durante a apresentação da palestra “Efeitos da Irrigação na Bioecologia de Pragas da Cana e o Manejo “A irrigação oferece oportunidades para uma melhor eficácia do manejo de pragas seja por gotejamento, pivô central ou aspersão. Pode promover uma melhor alocação de inseticidas. Facilita a quebras de barreiras naturais das plantas, pois a irrigação permite a colocação desse inseticida mais no colo da planta e menos nas folhas. Há oportunidade do aumento de eficácia dos próprios produtos que existem no mercado. Assim como redução de custo também de hora máquina, com uso de menos tratores, “A broca e a cigarrinha são pragas que afetam os canaviais de diferentes regiões do Brasil. A irrigação pode atuar em benefício do manejo dessas pragas. É importante discutir novas tecnologias que favorecem esse controle e manejo”, alertou Almeida. “É preciso olhar para as oportunidades oferecidas pela irrigação em cana-de-açúcar do ponto de vista da entomologia e do manejo de pragas”, Revista Canavieiros - Abril de 2016 José Antônio de Souza Rossato Junior, pesquisador da Fafram 85 ou aplicação aérea para essa finalidade, já que se aproveita a água como veículo para fazer a aplicação do inseticida”, explicou Rossato. A reunião contou ainda com palestra do professor Joaquim Gonçalves Machado Neto, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP de Jaboticabal (SP), que explicou sobre os aspectos ambientais e legais do uso da “Quimigação no Controle de Pragas, Normas e Vantagens” e de João Henrique Mantellatto Rosa, gestor financeiro da PECEGE da ESALQ/USP, que na Professor Joaquim Gonçalves Machado Neto, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP de Jaboticabal ocasião, apresentou uma proposta de parceria com as usinas que fazem irrigação. “No PECEGE já temos um levantamento de custos de produção de cana em nível de Brasil, tanto com usinas quanto com fornecedores, mas não tem nenhuma dedicação exclusiva para a irrigação. Então, a intenção foi trazer essa proposta para fazer um estudo dedicado para usinas que irrigam e, sobretudo, apurar o custo de produção da cana, do açúcar e do etanol, dessas unidades”, explicou o gestor. Os participantes ainda visitaram os experimentos de cana irrigada re- João Henrique Mantellatto Rosa, gestor financeiro da PECEGE da ESALQ/USP alizados pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP de Jaboticabal. Desde 2014, a universidade estuda o desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar com irrigação suplementar e deficitária por gotejamento com mudas plantadas em sistema de MPB (Mudas Pré-Brotadas), o que facilitou e uniformizou a instalação do projeto, afirmou o professor Alexandre Barcellos Dalri, coordenador dos experimentos. “As variedades estudadas neste experimento são a CCT4, a IAC5000, a IAC1098, a IAC3046 e a RB 7515. A ideia é trabalhar com essas cinco variedades e saber qual delas é a mais responsiva à irrigação suplementar ou à irrigação deficitária, também estudamos as condições de manejo sem irrigação para servir de comparativo. Os resultados preliminares são positivos”, concluiu o docente. A próxima reunião do GIFC irá discutir o manejo de nematoides em canaviais irrigados e acontecerá a partir das 8h do dia 19/05/2016, na Universidade Federal de Goiás, em Goiânia-GO. A inscrição pode ser feita através do site: www.gifc.agr.br. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 86 Fornecedores de cana passam a apostar nas vantagens da irrigação por gotejamento Aumento do uso de MPB tem impulsionado o crescimento do sistema, que reduz custo, proporciona alta rentabilidade e eficiência operacional Andréia Vital A chuva no ano passado não influenciou negativamente o investimento em irrigação por gotejamento e a implantação do sistema continua em ascensão em todo o país. “A chuva aconteceu na época que tinha que acontecer e, mesmo que 2015 tenha sido um ano bem molhado, a nossa empresa cresceu 10%, pois não usamos somente água, é um sistema fertiirrigação, que está preparado para atender três características principais: colocar água quando precisa, nutrientes e produto químico”, explica Carlos Sanches, gerente agronômico da Netafim, completando “Nosso sistema é 95% preciso, sem desperdício de água, o que significa uma economia de 30% a 50% em relação a outros sistemas como aspersão, por exemplo”, afirma. Segundo o executivo, os planos da multinacional israelense são ainda mais ousados para 2016, pois o Brasil tem a oportunidade de produzir alimentos para uma população crescente e faminta, cada vez com menos recursos. “A irrigação tem papel fundamental nessa história, pois pode contribuir com os agricultores com um sistema mais efi- Carlos Sanches, gerente agronômico da Netafim Daniel Pedroso, engenheiro agrônomo da Netafim ciente, de fácil utilização, e acessível para o plantio de diversas culturas, garantindo assim alta rentabilidade e eficiência operacional”, acredita Sanches, afirmando que a Netafim prevê um crescimento de 20% este ano, baseado na atuação de novos negócios no setor de grãos. Projetos para o segmento canavieiro também refletem na estimativa da empresa, que atende grandes grupos e passa agora a focar também no fornecedor de cana-de-açúcar. A Netafim já viveu a experiência de escassez de água em Israel, seu país de origem, que hoje transformou os desertos da região em pomares e lavouras com alta produtividade. Dados da companhia mostram que mais de 10 milhões de hectares em todo o mundo são irrigados por gotejadores da empresa e no Brasil este número também supera os 500 mil hectares. “A flexibilidade do nosso sistema é enorme, atendendo desde o pequeno produtor, incluindo Revista Canavieiros - Abril de 2016 Destaque VIII o familiar, até os grandes empresários rurais com os sistemas de gestão 100% automatizados”, declara. No Brasil, os projetos da empresa já estão em 30 mil hectares de cana, sendo que 60% deles estão no Nordeste e 40% no Centro-Sul. “A irrigação por gotejamento já está consolidada em São Paulo, onde temos 80% dos nossos projetos do CS”, afirmou Daniel Pedroso, engenheiro agrônomo da Netafim, dando como exemplo a usina Santa Fé, de Nova Europa-SP, que iniciou um projeto de irrigação e agora já está com uma nova iniciativa para aproveitar a vinhaça. “Estamos fazendo um projeto que vai mesclar a água normal com vinhaça e nós vamos aplicar tudo isso via gotejo”, disse, explicando que a vinhaça é rica em potássio possibilitando à usina reduzir custos com a aplicação de potássio. Outro grupo citado pelo profissional é a usina Vale do Paraná, do Grupo Manuelita e Pantaleão. “Eles têm ampliado ano a ano o sistema, cerca de 350 hectares por ano e já estamos no terceiro projeto”, contou. “Já no Centro-Oeste, que é uma região nova, inclusive para a cana-de-açúcar, estamos entrando nessa região acompanhando o desenvolvimento das empresas, então já temos projetos pilotos de irrigação com grandes grupos que querem irrigar a metade de suas áreas lá”, contou Pedroso. A empresa tem projetos de 100 até 5 mil hectares e o setor sucroenergético já sinalizou novos investimentos para este ano. “Temos projeto com grandes grupos do setor, como Odebrecht, Biosev, Bunge, Raízen e outros se mostraram interessados”, adiantou. “Um de nossos projetos em Minas Gerais, na Usina Coruripe - Unidade Iturama é um sucesso. A usina não para de atingir recordes de produtividades e se destaca como uma das melhores do país. Por 12 anos, eles colheram mecanicamente a cana com produtividade média de 90 t/h, fizeram a reforma apenas dos tubos gotejadores, trocaram a variedade e agora colheram o terceiro corte com uma média de 178 toneladas. Então, fazendo as contas de 15 anos, eles estão colhendo muito aci- ma de 130 toneladas, a economia que tiveram em relação à longevidade e redução de custo de transporte e colheita está sendo fantástica”, assegurou. Outra usina citada foi a Agrovale, da Bahia, que é uma usina 100% irrigada. “Eles utilizam três métodos de irrigação: por superfície em sulcos, pivô central e gotejamento, mas como estão tendo recorde de produtividade a decisão é trocar todo o sistema começando com o que gasta mais água, que é o sulco implantando nessas áreas o gotejamento. E a economia já pode ser notada, pois a mesma quantidade de água que eles conseguiam irrigar 100 hectares com o sistema antigo, com o gotejamento conseguem irrigar 200 hectares, então estão expandindo a área sem ter aumento de água”, analisou. De acordo com os especialistas, a irrigação por gotejamento consegue incremento de 50 a 55 toneladas por hectare. “Não só pela água, se precisar da água nós vamos por água, mas também fazer a fertirrigação, aplicar ácido húmico e ácido fúlvico, a aplicação de maturador para ajudar na maturação da cana, nematicidas, inseticidas, etc”, explicou. “O investimento do sistema é muito variável porque a água pode estar localizada perto ou longe, isso tem uma interferência muito significativa na implantação, mas o valor fica em uma faixa de R$ 4 mil a R$ 8 mil por hectare, na média, mas se eu pensar na realidade do Nordeste, onde tem que se aplicar mais água, este valor pode passar de R$ 6 mil a R$ 10 mil por hectare, então depende muito das condições”, elucidou Sanches, reforçando que o sistema se paga. “O payback médio das usinas está sendo no terceiro ou quarto ano do sistema instalado”, disse o gerente. Já Pedroso afirmou que o uso de irrigação tem aumentado também entre os produtores de cana-de-açúcar, principalmente, com o aumento do sistema de MPB nas lavouras. “Os produtores estão produzindo suas próprias mudas utilizando o sistema de viveiros e a irrigação é necessária neste contexto. 87 Devido ao aumento da demanda, estamos desenvolvendo um kit de irrigação específico para MPB. “O nosso sistema é semifixo, usa-se o tubo gotejador na produção de muda e o cabeçote de controle muda de lugar, promovendo a irrigação. É um sistema que fica extremamente barato quando se faz por hectare e a resposta do viveiro é incrível, com muda de qualidade. Tem produtor que consegue tirar duas safras de mudas por ano a cada seis meses”, afirma. Embora o cenário se mostre positivos para eles, a companhia tem se preocupado com as iniciativas públicas e privadas para impulsionar o setor de irrigação no Brasil. “Essas ações são extremamente importantes. Por exemplo, infraestrutura necessária para irrigação, disponibilização de água e energia de qualidade, isso pode beneficiar os agricultores e a sociedade em geral, além de contemplar as empresas de irrigação que ganham espaço e credibilidade no mercado. A disponibilização de linhas de créditos acessíveis é necessária e impulsionará o agronegócio”, diz Sanches. Mesmo assim, a empresa não para de investir no país e lançará na Agrishow, feira que acontece de 25 a 29 de abril, em Ribeirão Preto/SP, o novo sistema de irrigação por gotejamento com controle e gestão automatizados, e monitoramento em tempo real, garantindo economia de água, fertilizantes e mão de obra. O lançamento é acessível para todos os produtores, utilizando tubos flexíveis que otimizam o projeto de irrigação e facilitam as atividades operacionais e de armazenamento. “O produtor rural poderá controlar à distância todo o processo de irrigação e nutrirrigação – que é a técnica de levar a solução nutritiva junto da água, na mesma tecnologia gota a gota. Por cair direto na raiz da planta, essa eficiência aumenta a produtividade das lavouras duas vezes mais”, destaca Carlos Sanches, gerente agronômico da Netafim, lembrando que “Essa tecnologia é uma das mais modernas em automação e nutrição das plantas tornando assim todo o processo mais sustentável para o produtor rural”, finaliza Sanches. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 88 Destaque IX Interior Paulista sedia o 18º Seminário de Mecanização Vitrine das tecnologias voltadas à cana-de-açúcar, o evento sediou também a 7ª Mostra de Máquinas, Equipamentos e Componentes Agrícolas e premiou 14 usinas que se destacaram em produtividade agrícola ao longo do ano anterior Fernanda Clariano com informações de assessoria Paralelamente ao Seminário, no mesmo espaço, foi realizada a 7ª Mostra de Máquinas, Equipamentos e Componentes Agrícolas voltados à agroindústria canavieira, uma vitrine das tecnologias voltadas à cana-de-açúcar disponíveis no mercado atualmente. A o longo dos dois dias, um público formado por cerca de 600 pessoas, entre pesquisadores, profissionais de usinas e produtores de cana-de-açúcar, participou do 18º Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-Açúcar que aconteceu nos dias 30 e 31 de março, no Centro de Eventos Taiwan, em Ribeirão Preto- SP, em busca de conhecimentos e de avanços tecnológicos. Ao todo foram 20 palestras que discutiram as tecnologias que estão em processo de implantação, bem como os progressos, resultados e também os temas atuais e de bastante relevância para o setor. Na abertura, o idealizador do evento e diretor do Grupo IDEA, Dib Nunes Jr., fez críticas ao atual Governo e afirmou que o setor canavieiro está se superando e pronto para voltar a crescer. “O setor sucroenergético, é um dos setores mais prejudicados pela desastrosa política econômica do PT, mas estamos reagindo e superando as nossas dificuldades. Acredito que este será um ano diferente, pois os preços aos poucos estão voltando ao normal e as usinas e os produtores ganhando um ânimo novo. Estamos diante de uma nova fase, que ao que tudo indica será muito favorável ao setor. Estamos prontos para voltar a crescer”, afirmou. Manutenção mecânica, pneus canavieiros e plantio mecanizado A primeira parte do Seminário, coordenado pelo consultor Luiz Antônio Bellini, abordou o tema “Manutenção Mecânica, Pneus Canavieiros e Plantio Mecanizado”, onde foram apresentados Consultor Luiz Antônio Bellini trabalhos sobre - Como economizar com a gestão de pneus agrícolas e a tecnologia LSW; A importância dos pneus na melhoria da produtividade; Manutenção mecânica e pneumática de implementos rodoviários; Programa de alta performance de manutenção e operação agrícola; Plantio mecanizado integrado à aplicação de torta de filtro e Dicas para um plantio mecanizado mais econômico. A manutenção mecânica e pneumática de implementos rodoviários, principais causas de acidentes este assunto de grande importância para as usinas, foi discutida pelo consultor da Sigma Consultoria Automotiva, Luiz Nitch, que em sua apresentação, destacou que a manutenção mecânica e pneumática de implementos rodoviários pode represen- Revista Canavieiros - Abril de 2016 tar até 30% dos custos de manutenção do setor automotivo das usinas. O consultor ainda apontou medidas de como manter os veículos e também como redução das despesas com manutenção. Luiz Nitch, Sigma Consultoria Automotiva 89 Auro Pardinho, gerente de marketing da DMB Já o gerente de marketing da DMB, Auro Pardinho, discorreu sobre os benefícios da torta de filtro no sulco de plantio e, de acordo com ele, são: A presença de micronutrientes na matéria orgânica; Os minerais contidos na torta estão menos sujeitos a lixiviação; Aumento da CTC dos solos onde a torta é aplicada; Capacidade de reter maiores quantidades de água que podem suprir deficiências hídricas, principalmente na brotação; Propicia melhores condições físico-química e microbiológicas para o desenvolvimento da planta. Pardinho afirma que, para conseguir todos esses benefícios, os produtores e usinas podem utilizar a Carreta sulcadora e distribuidora de torta de filtro "Plantadora de torta da DMB. O equipamento foi desenvolvido para realizar a sulcação de duas linhas de cana com simultânea distribuição de adubo e torta de filtro no sulco de plantio. Na ocasião, o gerente de marketing da DMB falou com a Revista Canavieiros sobre o mercado de máquinas e também sobre a Agrishow. “O mercado de máquinas anda complicado. As vendas estão reduzidas, muito aquém daquilo que a gente gostaria que estivesse. Porém, hoje os preços, tanto da cana quanto do açúcar e do etanol, já são mais animadores, então é a hora de ganhar dinheiro. O grande problema, e talvez isso que tenha influenciado nos negócios, é que o pessoal ainda precisa se capitalizar, o setor ainda está descapitalizado. Eu acredito que até retomar os investimentos ainda vai levar tempo porque mesmo quem tem dinheiro, está na dúvida e quer primeiro esperar ver o que acontece na política do país para tomar uma decisão”, avaliou pardinho, que também destacou “esse seminário antecede a Agrishow e isso é muito bom porque ele atrai um número grande de pessoas do setor que tomam a decisão. São gestores das áreas envolvidas no setor e é interessante que eles participem das palestras e, em seguida, tendo a Agrishow, quem sabe já os motivam a tomar alguma decisão de compra e é isso que a gente espera”, garantiu. Júlio Vieira Araújo, gerente agrícola da Usina São José da Estiva As dicas de como obter um plantio mecanizado mais econômico, foram apresentadas pelo gerente agrícola da Usina São José da Estiva, Júlio Vieira Araújo. Uma das estratégias da usina é utilizar a meiosi. Araújo mostrou as vantagens e as desvantagens. Segundo ele as vantagens são: Redução de custo - ausência de transbordo proporcionando melhor logística; Economia de mudas MPB; Rotação de cultura - benefícios econômicos controle de pragas; Taxa de multiplicação varietal rápida; Alto poder germinativo. Já as desvantagens são: Liberação do canavial para reforma antecipadamente - época ideal de planto da meiose (set/out); Administrar a quantidade de gemas necessárias para a multiplicação; Controle de broca; Maior cuidado com o sincronismo dos equipamentos; Quebra de equipamento - substituição. Revista Canavieiros - Abril de 2016 90 Destaque IX Meio ambiente, colheita mecanizada e logística Abrindo a segunda parte do Seminário, coordenada pelo presidente do IDEA, Dib Nunes, tratou sobre as questões relacionadas ao “Meio Ambiente, Colheita Mecanizada e Logística”, onde foram abordados os seguintes assuntos: Implicações sobre a regulação das áreas ambientais; Os desafios para otimizar a colheita mecanizada; Novas tecnologias para a gestão e o aumento da produtividade na colheita mecanizada de cana-de-açúcar; Fuse connected services - sistema de monitoramento on-line Valtra; Cana Energia uma nova opção para produtores; Novo sistema de corte de base: serra radial e Estratégias de logística que estão reduzindo custos de colheita. Na oportunidade, as grandes fabricantes de colhedoras de cana-de-açúcar, Case IH, John Deere e Valtra/AGCO apresentaram suas novidades tecnológicas e trouxeram informações sobre o que elas estão fazendo em termos de tecnologia para que o produtor possa reduzir custos e diminuir perdas. Presente no evento, o pesquisador do IAC, Marcos Landell, falou com a Revista Canavieiros e ao ser questionado se as variedades de hoje estão adaptadas à mecanização, ele comentou: “Já se passam praticamente 20 anos da colheita mecânica e hoje temos um grupo varietal que é bastante adaptado. O IAC tem preconizado o uso de variedades facilitadoras, são aquelas variedades que têm alta repetibilidade de performance - boa em plantio. Na nossa visão não há necessidade dos produtores correrem riscos de implantar um canavial falho, com baixa população pelo fato de não observarem a adaptabilidade ou utilizarem essas variedades facilitadoras. O que a gente tem indicado sempre é que procurem se informar qual o grupo de variedades facilitadoras que tem uma boa repetibilidade na sua performance e que se utilizem unicamente delas”, pontuou. Por meio do advogado e engenheiro agrônomo Paulo Daetwyler Junqueira, sócio-diretor da Junqueira & Associados Consultoria, o Seminário trouxe uma palestra que alertou o público sobre as implicações da regulação das áreas ambientais, no âmbito do CAR (Cadastro Ambiental Rural), que nem sempre são de conhecimento de usinas e produtores de cana. O advogado falou sobre as implicações da regulação sobre as áreas ambientais. Segundo ele, os donos de propriedades rurais já podem participar do PRA (Programa de Regularização Ambiental), que foi regulamentado no Estado de São Paulo, em 12 de janeiro de 2015 pelo Decreto n° 61.792. Paulo Daetwyler Junqueira, sócio-diretor da Junqueira & Associados Consultoria O Programa permitirá a restauração de mais de um milhão de hectares de áreas degradadas ou alteradas, ampliando a área de vegetação nativa em propriedades e imóveis rurais paulistas. Junqueira estima que os produtores rurais terão que arcar, ao todo, com cerca de R$ 1 trilhão para regularizar o passivo ambiental do país. Durante apresentação o advogado fez um alerta: “Não é possível ficar alheio à resolução e ao programa de recuperação ambiental. O seu cumprimento é obrigatório e complexo, e acarretará custos ao produtor”, enfatizou Junqueira. Lançamento O evento também foi palco para o lançamento de duas variedades de cana-energia: Vertix 1 e Vertix 2, materiais destinados à produção de biomassa que foram apresentados pelo diretor agrícola da GranBio, José Bressiani. De acordo ele, os materiais devem começar a ser plantados em escala comercial ainda este ano. José Bressiani, diretor agrícola da GranBio Marcos Landell, pesquisador do IAC Revista Canavieiros - Abril de 2016 91 Custos, gestão de frota, novas tecnologias e uso da palha No segundo dia das apresentações, o tema em questão foi “Custos, Gestão de Frota, Novas Tecnologias e Uso da Palha”. Com a coordenação do consultor Luiz Nitsh, os palestrantes explanaram sobre: A evolução dos custos de produção e ganhos possíveis de ATR na colheita; Tratores agrícolas: avanço tecnológico, benefícios e boas práticas para o setor canavieiro; A experiência de aproveitamento da palha na Usina Rio Vermelho; Gestão de frota: segurança, disponibilidade e produtividade na movimentação de bagaço de cana-de-açúcar; Gestão de frota canavieira com apuração de indicadores operacionais e CTT e Técnicas para plantio de cana sem o uso de terraços e curvas de nível. A palestra de abertura do segundo dia do Seminário foi ministrada pelo diretor do Grupo IDEA, Dib Nunes, que abordou a “Evolução dos Custos e Produção e Ganhos possíveis de ATR na Colheita”, de acordo com ele, nos últimos cinco anos, os custos totais de produção de cana subiram muito, avançando bem mais do que a inflação. “O custo para se formar um canavial subiu 20%, em relação ao ano passado, chegando a R$ 7.400 por hectare”, avaliou. O gerente agrícola da Usina Rio Vermelho, Luiz Fernando Foresti, apresentou “A experiência de aproveitamento de palha na Usina Rio Vermelho”. Segundo ele, a palha disponível no campo é utilizada como combustível suplementar para as caldeiras de alta pressão, o que possibilita um aumento na geração de energia, sendo que o excedente ainda poderá ser comercializado. Além dessas vantagens, Luiz Fernando Foresti, gerente agrícola da Usina Rio Vermelho esse processo ajuda a combater a mosca-dos-estábulos, pois o recolhimento de palha nas áreas da bacia de vinhaça funciona como medida profilática. Já o produtor e consultor da Agrícola Rio Claro, Luiz Carlos Dalben, falou sobre as “Técnicas para plantio de cana sem o uso de terraços e curvas de nível”, onde destacou sua experiência que tem trazido redução de custos e ganho de área plantada. Dalben também enfatizou que uma correta conservação do solo, em qualquer cultura, é feita por meio do conjunto de tomadas de posições e atitudes, onde a somatória dessas resulta, ou não, no sucesso esperado”. Luiz Carlos Dalben, produtor e consultor da Agrícola Rio Claro Premiação Tradicionalmente, o Seminário de Mecanização e Produção de Cana-de-Açúcar premia as usinas que se destacaram em produtividade agrícola ao longo do ano anterior. Foram analisadas cerca de 200 unidades sucroenergéticas, utilizando-se os O gerente regional de vendas do CTC, seguintes critérios: Rodrigo Almeida, e o presidente do - Moagem mínima: Grupo IDEA, Dib Nunes conduziram a premiação. 600 mil toneladas - Total de safras já realizadas: mínimo 5 safras - Produtividade: cana Bis < 5% - Máximo de cana planta (18m): 20% da área de corte - Índice Idea= TCH (ATR x 0,67) + (Idade média x 10) Índice <200 - Ruim De 201 A 210 - Regular De 211 A 220 - Bom >220 - Ótimo Este ano, 14 usinas receberam o título de “Usinas Campeãs de Produtividade Agrícola, safra 2015/16”. Conheça as usinas campeãs A grande campeã nacional em produtividade agrícola foi a Usina Coruripe, Filial Iturama (MG), que conquistou um índice IDEA de 235,57. O TCH registrado foi de 114 ton/ha, o ATR de 128,5 kg e a idade média do canavial foi de 3,6 cortes. Estado de São Paulo: Região de Araçatuba: Usina Santa Albertina (Grupo Colombo) Região de São José do Rio Preto: Usina São José da Estiva e Usina Itajobi Região de Ribeirão Preto: Usina Santo Antônio e Usina Bonfim (Grupo Raízen) Região de São Carlos: Usina São Manoel e Usina Ferrari Região de Piracicaba: Usina Santa Maria (J. Pilon) Região de Assis/Presidente Prudente: Nova América Agrícola Estado de Goiás: Usina Porto das Águas (Cerradinho Bio Energia S.A.) e Energética Serranópolis Estado do Paraná: Usina Dacalda Estado do Mato Grosso do Sul: Usina Angélica Estado de Minas Gerais: Usina Coruripe (Filial Iturama) RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 92 Pragas e Doenças Combatendo as principais doenças da cana-de-açúcar Roberto Giacomini Chapola Hermann Paulo Hoffmann PMGCA/UFSCar/RIDESA N o mundo, já foram descritas mais de uma centena de doenças que podem afetar a cana-de-açúcar, das quais aproximadamente dez são simultaneamente importantes em determinada região ou país. Apesar disso, a preocupação em se fazer o controle das mesmas é menor do que em outras culturas, como soja e milho, por exemplo. Isso acontece porque grande parte das doenças da cana-de-açúcar é controlada via resistência genética; os programas de melhoramento buscam incorporar resistência às principais doenças nas novas variedades e priorizam a seleção de materiais com essa característica. Assim, presume-se que variedades liberadas para plantio comercial sejam resistentes à maioria das doenças; entretanto, não há imunidade, pois em cana-de-açúcar predominam resistências quantitativas, o que significa que elas não são absolutas, mas sim graduais. Por isso, mesmo variedades resistentes podem ser infectadas por determinadas doenças e sofrer algum dano, caso as condições ambientais favoreçam a infecção ou a pressão de inóculo seja alta. Roberto Giacomini Chapola Hermann Paulo Hoffmann Atualmente, a doença que mais tem preocupado os produtores de cana no Brasil é a Ferrugem Alaranjada (Fig. 1), causada pelo fungo Puccinia kuehnii. Sua detecção recente no país, entre 2009 e 2010, e as quedas de produtividade causadas em variedades suscetíveis, que em certas situações chegaram a mais de 40%, são as razões para tal preocupação. Além da Ferrugem Alaranjada, outras doenças que provocam danos expressivos à cultura da cana-de-açúcar no Brasil são: Raquitismo-das-soqueiras - bactéria Leifsonia xyli subsp. xyli; Escaldadura (Fig. 2) - bactéria Xanthomonas albilineans; Vírus do Mosaico da Cana-de-açúcar (Fig. 3); Carvão - fungo Sporisorium scitamineum; Podridão Abacaxi (Fig. 4) - fungo Ceratocystis paradoxa; e Ferrugem Marrom - fungo Puccinia melanocephala. Diante disso, o objetivo deste artigo é apresentar medidas que o produtor pode utilizar para reduzir os impactos das do- Variedades importantes para o setor e que apresentaram suscetibilidade, como a RB72454, a SP89-1115 e, mais recentemente, a SP81-3250, vem sendo substituídas por materiais resistentes. Figura 1 - Ferrugem Alaranjada Revista Canavieiros - Abril de 2016 Figura 2 - Escaldadura em cana-de-açúcar Figura 3 - Mosaico em cana-de-açúcar 93 preparo de solo, inviabiliza uma porcentagem significativa dos esporos de S. scitamineum presentes no solo; quanto maior o tempo entre a reforma e o novo plantio de cana, menor é o risco de epidemias de Carvão. Figura 4 - Podridão Abacaxi em cana-de-açúcar enças na produtividade, de maneira eficaz e sustentável. Métodos de controle de doenças da cana-de-açúcar Como já destacado, o principal método de controle de doenças em cana é o plantio de variedades resistentes. Essa tática é suficiente para combater a Ferrugem Alaranjada e a Ferrugem Marrom, sem a necessidade de utilizar qualquer outra técnica. Já para controlar eficientemente o Carvão e o Mosaico, o emprego de variedades resistentes deve ser associado ao uso de mudas sadias. No caso da Podridão Abacaxi, variedades de germinação rápida são consideradas resistentes, pois elas ficam menos expostas ao ataque do fungo. Destaca-se, no entanto, que para escolher a variedade a ser plantada é essencial que o produtor conheça as doenças que ocorrem na região onde a propriedade está localizada. Para Escaldadura e Raquitismo, não existem variedades resistentes; no entanto, há materiais tolerantes, que não sofrem quedas significativas de produtividade devido a essas doenças. O meio de controle mais eficaz para ambas é o plantio de mudas sadias. No caso do Raquitismo, o plantio comercial deve ser feito com mudas de viveiros instalados a partir de material básico tratado termicamente – o mais eficiente é o tratamento de 50,5 °C por 2 horas. Este tratamento pode controlar Escaldadura, Mosaico e Carvão, porém com eficiência inferior em comparação ao Raquitismo. Após o tratamento, o material básico deve ser banhado em fungicida sistêmico para controle do Carvão. Os viveiros podem também ser plantados com material proveniente de biofábricas; esse material possui elevada sanidade, pois além do tratamento térmico, passou por cultura de meristemas. Dos dois aos oito meses após o plantio, os viveiros devem ser inspecionados a cada duas semanas e, durante as inspeções, recomenda-se fazer o “roguing”, que consiste em eliminar todas as misturas varietais e plantas com sintomas de Escaldadura, Mosaico ou Carvão. Com isso, evita-se a disseminação dessas doenças por meio de mudas infectadas. Durante o manejo da cultura, seja em viveiro ou área comercial, as bactérias causadoras da Escaldadura e do Raquitismo podem ser transmitidas por ferramentas de corte; por isso, as mesmas devem ser desinfestadas, para evitar tanto a introdução dessas doenças no talhão como sua disseminação de plantas infectadas para sadias. Ferramentas de corte e máquinas de plantio e colheita podem ser limpas com produtos bactericidas – o mais utilizado é a amônia quaternária. Além das técnicas já citadas, existem medidas culturais muito eficazes no combate de certas doenças. O Carvão, por exemplo, tem seu controle potencializado quando se associam métodos culturais ao emprego de variedades resistentes e ao uso de mudas sadias. O plantio de outra cultura, como soja ou amendoim, entre a reforma do canavial e um novo plantio de cana na área, junto com um bom Medidas culturais também são muito eficientes contra a Podridão Abacaxi. Uma delas é evitar o plantio de inverno, quando as condições são desfavoráveis à germinação da cana; com isso, os efeitos da doença são diminuídos consideravelmente. O plantio em profundidades apropriadas, em solos com umidade adequada e bem preparados são ações que igualmente produzem bons resultados. Outras medidas efetivas são o uso de rebolos de partes jovens dos colmos, e o plantio de colmos inteiros ou cortados em rebolos maiores; dessa forma, reduzem-se os ferimentos e, consequentemente, diminuem-se as portas para entrada do fungo na planta. O controle químico de doenças em cana-de-açúcar não é usual, mas pode ser considerado em situações pontuais. Quando se faz o plantio de inverno, em condições de baixas temperaturas e em solos secos, recomenda-se aplicar fungicidas ou promotores de germinação nos rebolos para combater a Podridão Abacaxi. Após o estabelecimento da cultura, no entanto, os fungicidas só devem ser empregados em ocasiões emergenciais. Ressaltamos que não é comum o uso de fungicidas para combater doenças foliares em cana, como as Ferrugens; estas são controladas eficientemente com variedades resistentes, sem custos adicionais ao produtor. Portanto, podemos concluir que existem diversas formas de se controlar as principais doenças da cana-de-açúcar. Nossa recomendação é utilizar em conjunto as técnicas aqui apresentadas, fazendo-se o manejo integrado; com isso, é possível reduzir os prejuízos causados pelas doenças de maneira eficaz e sustentável, sem elevar consideravelmente os custos de produção e, consequentemente, sem prejudicar a rentabilidade do produtor. RC Revista Canavieiros - Abril de 2016 94 VENDE-SE Apartamento no empreendimento Les Alpes da construtora Copema, em Ribeirão Preto, no bairro Saint Gerárd. Área de 140 m², 3 suítes e 2 vagas na garagem. 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VENDEM-SE - Caminhão VW 26310, ano 2004 canavieiro 6x4, cana picada; - Carreta de dois eixos, cana picada – Rondon. Tratar com João pelos telefones: (17) 3281-1359 ou (17) 9 9732-3118. VENDE-SE Área de mata fechada para reserva ambiental de 90 hectares, Guatapará/ Pradópolis -SP, R$ 27.000,00 o hectare. Tratar pelo telefone: (16) 9 9992-1910. VENDE-SE Gleba de terras sem benfeitorias (30 alqueires), boas águas, arrendamento de cana com Usina ABENGOA (Pirassununga). Localizada no município de Tambaú-SP (Fazenda família Sobreira). Revista Canavieiros - Abril de 2016 96 Tratar com proprietário, em Ribeirão Preto, pelos telefones: (16) 3630-2281 ou (16) 3635-5440. VENDEM-SE - Sulcador de duas linhas Tratar com Chico Rodrigues pelos telefones: (16) 9 9247-9056 ou (16) 3947-3725. cozinha com armários, área de serviço, quarto com estante em alvenaria, WC, despensa, varanda coberta, ótima área externa. Excelente ponto comercial. Área construída: 270 m². Tratar com Marina e Ailton pelos telefones: (17) 9 9656-3637 e (16) 99134-8033 - Marina (17) 9 9656-2210 e (16) 9 9117-2210 – Ailton. VENDEM-SE - Sítio de 9 alqueires, sem mato ou brejo (100% aproveitável) em OlímpiaSP, a 5 km Usina Cruz Alta, 10 minutos dos Thermas dos Laranjais, 25 minutos de Rio Preto, 35 minutos de Barretos, plaino, na rodovia, sem benfeitorias, mas com energia na propriedade; - Sítio Arlindo - município de Olímpia, área de12 alqueires, casa de sede, área de churrasco (100 m²), casa de funcionário reformada, pomar e árvores ao redor da sede, 4 alqueires de mata nativa de médio/grande porte, terras de "bacuri" (indicador de terras muito férteis). Rede elétrica nova, divisa com fazenda Baculerê, distância de 25 Km de Olímpia. Tratar com David pelo telefone: (17) 9 8115-6239. VENDE-SE Destilaria completa com capacidade para 150.000 litros de etanol hidratado por dia. Composta por preparo de cana com picador, nivelador, desfibrador, turbina e esteira de 48”; 4 ternos de moenda 20 x 36 com turbina e 2 planetários TGM; caldeira; destilaria; trocadores de calor; tratamento de caldo e Gerador 2000 KVA, enfim, Destilaria completa a ser realocada. Na última safra obteve uma moagem de aproximadamente 350.000 toneladas. Preço a combinar. Localizada no município de Tambaú-SP. Tratar com Edson pelos telefones e/ou e-mail (19) 9 9381-3391 / 9 9381-3513 / 9 9219-4414, E-mail: [email protected] VENDEM-SE LIQUIDAÇÃO GIROLANDO E GIR PO - 4 touros GIR PO, 1 com 18 meses e 3 com 26 meses; - 11 novilhas girolando, grande sangue 3/4 e 5/8, todas de inseminação. Seis já estão prenhas; Obs.: Sítio localizado na cidade de Santo Antônio da Alegria - SP, há 15 anos trabalhando com inseminação. Tratar com José Gonçalo pelo telefone e/ou e-mail (16) 9 9996-7262 – [email protected]. VENDEM-SE - Motor de 75CV com bomba KSB 100/6 revisada e sem uso; - Chave de partida ''a óleo"; - Transformador de 75 KVA; - Postes duplos T de cimento; - Chaves de alta, para raios, cabo e etc. Tratar com Francisco pelo telefone (17) 9 8145-5664. VENDEM-SE - Mudas de seringueira, Clone RRIM 600 com alta produção de látex. Viveiro credenciado no RENASEM Nº SP 14225/2013, localizado na Rodovia Vicinal Carlos Deliberto, a 2 Km da rotatória que leva à Usina Moema, município de Orindiúva-SP. Preço: R$ 4,50/muda; -Fazenda com 48 alqueirões no município de Carneirinho-MG, localizada próxima da rodovia asfaltada. Ótimo aproveitamento para plantio de cana, seringueira e/ou pastagens. Preço: R$ 60.000,00/alqueirão; -Imóvel sobradado em Ribeirão Preto - SP, localizado na Av. Plínio de Castro Prado, com salão e WC privativos, sacada, 03 dormitórios, sendo 1 suíte, armários embutidos, banheiro social, sala, sala de jantar, jardim de inverno, VENDE-SE Ordenhadeira mecânica completa com 4 unidades, Usinox. Obs: também funciona quando ligada no trator. Tratar com José Augusto pelo telefone (16) 9 9996-2647. VENDE-SE - Sítio em Cravinhos, área 15 alqueires com 12 de cana de açúcar. Sem benfeitoria, 2 km do asfalto; - Imóvel comercial (PRÉDIO), localização: Ribeirão Preto / Av.João Fiusa Alugado Por R$ 48.000,00, valor R$ 10.000.000,00; - Imóvel Comercial (PRÉDIO), localização: Ribeirão Preto / Centro. Excelente para Agência Bancária área construída: 800m², valor R$ 4.500.000,00; - Casa Condomínio Colina Verde / Ribeirão Preto, área total: 3.500m², área construída: 1.500m², 4 suítes + 1 apto de hospedes anexado a casa, 8 vagas de Revista Canavieiros - Abril de 2016 garagem, valor R$ 5.800.000,00. Tratar com Miguel ou Paulo pelos telefones (16) 9 9312-1441, (16) 3911-9970 ou (16) 9 9290-0243. VENDEM-SE -Trator 292 MF, traçado, 2007; -Caminhão Mercedes 1113 truck, todo revisado, 73, vermelho. Tratar com Saulo Gomes pelo telefone (17) 9 9117-0767. VENDEM-SE - Duas casas, sendo uma na frente e outra no fundo, com garagem, quarto, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, a segunda é igual, porém de laje e piso frio. Ideal para residência ou comércio. R$ 200.000,00, localizadas no bairro Jardim Sumaré em Sertãozinho-SP; - Casa com sala, copa, cozinha e banheiro, com piso de ardósia e laje, na frente possui um salão 10 m² e um chuveiro, ideal para residência ou comércio. R$ 200.000,00, localizada no bairro Inocoop II, em Sertãozinho-SP; - Casa e terreno, com 2 quartos, sendo uma com suíte, cozinha e sala, mais duas salas comerciais com banheiro, área de serviço com banheiro, 120 m² de quintal e 68 m² área coberta com garagem para 3 carros, ideal para casa de repouso ou oficina. R$ 380.000,00, localizada no bairro jardim Sumaré, em Sertãozinho-SP. Tratar com João Sacai Sato pelo telefone (16) 3610-1634. VENDEM-SE - VW 17190 / 13 comboio, Gascom; - VW 31320 / 12 chassi; - VW 31320 / 11 pipa bombeiro, Gascom; - VW 31320 / 10 pipa bombeiro, Gascom; - VW 26260/09 betoneira; - VW 15180 / 09 comboio de lubrificação e abastecimento; - VW 17180 / 08 Hincol, H31000; - VW 15180 / 07 pipa bombeiro; - VW 12140 / 96 oficina móvel, Gascom; - MB 2318 / 94 pipa bombeiro; - MB 2318 / 94 basculante; - MB 2831 / 12 basculante; - MB 1725 / 06 comboio; - MB 1725 / 06 abastecedor; - MB 2220 / 90 pipa bombeiro; - MB 2013 / 81 Masal MS12000; - MB 1513 / 76 toco chassi; - MB 1113 / 69 toco chassi; - MB 1418 / 00 toco 4x4; - F.Cargo 1719 / 13 toco chassi; - F.Cargo 2628 / 07 basculante; - F.Cargo 2626 / 05 pipa bombeiro; - F12000 / 95 pipa bombeiro; 97 - F14000 / 90 pipa bombeiro; - Prancha Facchini 2008 3 eixos; - Reboque tanque fibra, 16.000 litros; - Tanque fibra 36.000 litros; - Tanque 14.000 litros pipa bombeiro; - Borracharia Gascom; - Basculante truck 14m³; - Basculante toco 5m³; - Munck Hincol H 43000 / 12; - Munck Masal MS 12000 / 07; - Munck Hincol H 4000 / 11; - Munck 640-18 / 90; - Carroceria de ferro, ¾. Tratar com Alexandre pelos telefones: (16) 3945-1250 / 9 9766-9243 Oi / 9 9240-2323 Claro, whatsApp / 78133866 id 96*81149 Nextel. VENDEM-SE - Colheitadeira Case A7700, ano 2009, 7700, esteira, motor Cummins M11, Autotrac, máquina utilizada na última safra. Valor: R$ 128.000,00; - Colheitadeira Case A8800, ano 2011, esteira, máquina na colheita de cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00; - Colheitadeira Case A7700, ano 2007, série 770678, motor Scania novo, máquina revisada e trabalhando. Valor: R$ 118.000,00; - Colheitadeira Case 8800, ano 2010, motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 250.000,00; - Transbordo de 10 toneladas, 2006 e 2007, R$ 20.000,00; - Transbordo de 8,5 toneladas, ano 2002, R$ 15.000,00. Tratar com Marcelo pelos telefones (16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664. VENDEM-SE - Trator Valtra, BM 125i, 4x4, com 547 horas, comando duplo, 2011, seminovo; - Pá carregadeira CMH 910, 4x4, 2010, com 1.165 horas seminova; - Trator Valmet, 4x2, modelo 785, 1994, com embreagem dupla e comando duplo; - Trator Valtra BM 125, 4x4, 2009, com 2498 horas; - Cultivador de cana DMB, São Francisco, para cana queimada, com 2 hastes de sulcar sem marcador, 2002; - Enleradeira dupla, de palha de cana, com pistão nas rodas da frente para transporte no trator, marca Feroldi; - Enleradeira DMB; - Trator Maxion, 4x4, modelo 9150, 1995, potencia 150 cv, Obs: (tem hidráulico mas não tem os braços); - Tanque de dez mil litros, com bomba KSB, chuveiro e canhão; - Plantadeira Jumil, modelo JM, 2980, sete linhas a ar plantio direto, 1998; - Sulcador duas linhas, com marcador de pistão, caixa de adubo redonda com tampa, DMB; - Grade intermediaria, 18x28, Baldan, espaçamento 270mm, mancal a óleo, disco seminovos; - Plantadeira Semeato PH, 2700, 5 linhas, plantio convencional, ano 1985, carreta de plantio de cana, 01 eixo; - Tanque de água de 4 mil litros; - Tanque Bitrem, 2005, quatro eixo, marca Rondon; - Pulverizador Condor, Jacto, 600 litros, com mexedor de calda, com barras de 12 metros, obs: (no lugar de mangueiras que vai nos bicos é cano de alumínio); - Kits para plantadeira Semeato de amendoim; - Cobridor de cana 2 linhas; - Caminhão Ford, F 600, toco a diesel, 1978, com prancha medindo 6 metros de comprimento e 2.60 de largura; - Carreta de duas rodas, tipo basculante, com desarme manual; - Sulcador DMB, com marcador, com pistão e caixa com tampa; - Subsolador de arrasto, de 5 astes de controle, com pneus 1000x20 canavieiro; - Trator Massey Ferguson, 680, 4x4, 2007; - Grade niveladora, 20x20 de arrasto; - Eliminador de soqueira, 2012, marca DMB, seminovo; - Arado 3 bacias reversíveis. Tratar com Waldemar pelos telefones: (16) 3042-2008/ 9 9326-0920. VENDEM-SE ou ARRENDAM-SE - Destilaria de cachaça e álcool, completa, (10.000 litros de cachaça por dia); - Esteira de cana inteira, picador com 22 facas, esteira de cana picada, dois ternos 15x20, esteira de bagaço. Peneira Johnson, cush-cush. Caldeira de 113 m²; - Máquina a vapor de 220 HP (toca os ternos e o picador); - Seis dornas de fermentação de 10.000 litros cada; - Destilaria de bandeja/calota A e B de 600 mm de diâmetro com trocador de calor; - Dois tonéis de madeira amendoim com capacidade de 50.000 litros cada; Valor Total R$ 600.000,00. Estudo troca por imóvel. Localização: Laranjal Paulista. Tratar com Adriano pelos contatos: [email protected] ou (15) 9 97059901. Veja vídeo em: www.youtube. com/watch?v=_mzWp3PCavA. VENDE-SE OU ALUGA-SE Salão medindo 11,00 metros de frente por 42,00 metros de fundo, 462 metros, possui cobertura metálica com 368,10 metros, localizado à Rua Carlos Gomes, 1872, Centro, Sertãozinho-SP. Preço a combinar. Tratar com César pelo telefone (16) 9 9197-7086. PROCURAM-SE Glebas de Cerrado em pé, no Estado de São Paulo, para reposição Ambiental. Não pode ser mata. Área total da procura: Cinco mil hectares, podendo ser composta por várias áreas menores. Documentação Atualíssima, com: CCIR/CAR/Certificação de (Georreferenciamento) Georreferenciamento/ mapa do perímetro da área em KMZ e Autocad/Bioma:/vegetação. Valor por hectare, condição de pagamento e opção de venda. Tratar com Ricardo Pereira pelo e-mail e telefone – ricardo@fabricacivil. com.br – (16) 9 8121-1298. ALUGA-SE Estrutura de confinamento com capacidade para 650 cabeças com: 1 vagão forrageiro + 1 carreta 4 rodas + 1 carreta 2 rodas, 1 ensiladeira JF90, 1 trator 292 + 1 trator Ford 5610, 1 misturador de ração, 3 silos trincheiras de porte médio, sendo uma grande possibilidade de área para produção de silagem com irrigação ao redor de 30 ha, Jaboticabal–SP, a 2 km da cidade. Tratar com Luiz Hamilton Montans pelo telefone (16) 9 8125-0184. Anuncie na Canavieiros (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] - A Revista Canavieiros não se responsabiliza pelos anúncios constantes em nosso Classificados, que são de responsabilidade exclusiva de cada anunciante. Cabe ao consumidor assegurar-se de que o negócio é idôneo antes de realizar qualquer transação. - A Revista Canavieiros não realiza intermediação das vendas e compras, trocas ou qualquer tipo de transação feita pelos leitores, tratando-se de serviço exclusivamente de disponibilização de mídia para divulgação. A transação é feita diretamente entre as partes interessadas. Revista Canavieiros - Abril de 2016 98 Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. ...qual o meu estado abençoado? Ser livre, meu amor. In: Trechos Tecidos Com Palavras... Sentimentos... Afins... Sem Fim... Madras/Editora/Renata Carone Sborgia Renata Sborgia 1) Ele vive “às custas” do sogro. Vixiiiii....... O correto é: à custa Regra fácil: À custa de (do) (com acento grave-crase) é uma locução prepositiva, assim sempre deve ficar no singular. (à custa de - significados: À custa de pode significar por meio de, sendo uma locução sinônima de: através do esforço de, com o sacrifício de, graças a, através do trabalho de, por causa da influência de, por causa do poder de,… Pode significar também com o dinheiro de, sendo sinônima de: a expensas de, mediante o dinheiro de, com recursos de, com na dependência de,… OBS.: o vocábulo “custas”, dessa forma, no plural, só está empregado corretamente quando no âmbito jurídico e terá significado aproximado de “despesas com processos”. Exemplo: Ele pagou às custas do processo. 2) Maria está prestando concurso público. Sempre diz ser uma “concurseira” aplicada! Maria precisa aplicar e estudar a Língua Portuguesa! O correto é: concursista (A única forma registrada no VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa). OBS.: o VOLP não utiliza as expressões: concurseiro, concursando como formas corretas para nomearem pessoas que prestam concursos públicos. Utiliza o VOLP como formas corretas: concursado, concursante, concursar, concursável, concursista e concurso. 3) Maria gostaria de mudar a cor do cabelo para “louro”! Muito bem, Maria! Bela cor! Escrita correta! Combinação que a Língua Portuguesa agradece! Assim, pode mudar a cor do cabelo! O correto: louro ou loiro Coluna mensal * Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. Revista Canavieiros - Abril de 2016 HERBISHOW 99 15º Seminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cana 12º SEMINÁRIO SOBRE CONTROLE DE PRAGAS DA CANA 10º Grande Encontro sobre 15º PRODUTIVIDADE & CANA-DE-AÇÚCAR DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA VARIEDADES DE REDUÇÃO DE CU$TO$ Revista Canavieiros - Abril de 2016 100 Revista Canavieiros - Abril de 2016