revista impressa de Outubro 2011
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revista impressa de Outubro 2011
Tantos nomes para o mesmo povo Europa revoltada com ira francesa contra ciganos BOÉMIOS Termo arcaico usado para designar os primeiros ciganos chegados ao Ocidente europeu, no século XV. Provavelmente, porque os seus líderes traziam uma carta de apresentação do imperador germânico Segismundo, também rei da Boémia, hoje uma das regiões da República Checa. A expressão sobreviveu para designar os apreciadores de uma vida de divertimento e já não se aplica aos ciganos. GITANOS Designação dos ciganos latinos, essencialmente os espanhóis, os franceses (gitans) e os portugueses (ciganos). A palavra deriva de egyptano, ou egípcio, por inicialmente se pensar que o povo cigano era oriundo desse país do Médio Oriente. Da Amnistia Internacional à Comissão Europeia, passando pelo Papa Bento XVI, GRINGOS Termo usado nos séculos existe uma forte oposição às operações francesas de deportação de ciganos passados na Península Ibérica para designar por vezes os ciganos. Gringo vem de grego e quer dizer aquele que é estrangeiro. A palavra passou para as Américas e perdeu a conotação com os ciganos. Para os latino-americanos, os gringos são hoje os habitantes dos Estados Unidos. romenos e búlgaros. Uma vez mais, essa minoria étnica presente na Europa há vários séculos vê-se associada à criminalidade, mesmo sem provas em tribunal, e sofre a retaliação dos poderosos. Há quem veja nas medidas de Nicolas Sarkozy uma jogada populista para garantir a reeleição como ROMA Nome que tem raízes numa Presidente de França, mas a verdade é que o país conhecido pelos ideais palavra cigana que significa homem. Designava sobretudo os ciganos da Europa Oriental, mas existe uma vontade de usar a expressão Roma para designar todo o povo, mesmo que falando diversos dialectos. de fraternidade está sob uma chuva de críticas e as suspeitas de xenofobia são muitas, mesmo que as autoridades neguem texto Leonídio Paulo Ferreira* fotos Lusa reforma da lei francesa de imigração não fala de ciganos e sempre que o Presidente Nicolas Sarkozy ou o ministro da tutela, Éric Besson, abordam o tema, são cuidadosos em nunca usar uma das palavras que designam esse povo, seja o francês gitan, seja o politicamente correcto roma. Mas a expulsão de “estran- TSIGANES Palavra provavelmente geiros em situação irregular”, mesmo que cidadãos de um país da União Europeia, em casos em que “ameacem a ordem pública”, careçam de uma “forma de sustento duradouro” ou “abusem do direito europeu de livre circulação” parece feita à medida dos ciganos de Leste, que nos últimos anos têm procurado em França, como noutros países ricos, as oportunidades que escasseiam nas suas nações de origem, em especial a RoFÁTIMA MISSIONÁRIA 16 OUTUBRO 2010 ménia e a Bulgária, os dois mais recentes membros da União Europeia a 27. Durante o Verão, deram-se várias ordens de deportação, muitas vezes de famílias inteiras, com os números totais este ano a rondarem já as oito mil pes soas, segundo o próprio ministro Besson, que se referia, contudo, formalmente a cidadãos romenos, não especificando se se tratava no essencial de ciganos. A iniciativa francesa não é inédita na Europa, pois já a Itália de Sílvio Berlusconi aprovou, em tempos, medidas de combate à imigração cigana. Sempre com o argumento da segurança, este tipo de leis acaba, porém, por ser associada a práticas racistas e a gerar grande contestação. O projecto de reforma da lei da imigração francesa não escapa a duras críticas, com o Parlamento Europeu a ter votado uma condenação da iniciativa, enquanto múltiplas vozes influentes, com destaque para o Papa, já se pronunciaram contra a deportação de ciganos. Bento XVI, falando em francês, apelou aos valores da fraternidade humana. Também a ONU e a Amnistia Internacional têm criticado Sarkozy, cujos únicos aplausos externos vêm de forças de extrema-direita como os nacionalistas húngaros, que defendem que os ciganos sejam colocados em guetos. A Comissão Europeia, através da FÁTIMA MISSIONÁRIA 17 OUTUBRO 2010 importada da Europa Central, pois em húngaro existem os czigany e em alemão os zigeuner. Já na Grécia, fala-se dos atsinganos. MANUCHES Nome dado aos ciganos na Itália, na Bélgica e no Norte de França. CIGANOS Palavra portuguesa, aparentada ao espanhol gitano, mas também ao grego atsinganos. GYPSIES Palavra inglesa para ciganos, que tem origem na palavra egípcios. Com o fim da Guerra Fria e a entrada de países como a Roménia na União Europeia, os Roma espalharam-se por toda a Europa, gerando muitas vezes choque com as comunidades locais luxemburguesa Viviane Reding, ameaça mesmo levar o Estado francês a tribunal. Entre os franceses, as opiniões dividem-se entre aqueles que apoiam Sar kozy, cansados de verem proliferar nos arredores da grandes cidades os acampamentos nómadas, e aqueles que consideram que o país está a trair os ideais de fraternidade que vêm da Revolução de 1789 e constam da actual Constituição. Milhares de franceses, aliás, manifestaram-se sábado, 11 de Setembro, nas ruas contra “o ódio e a xenofobia”. Também em Bucareste, capital da Roménia, tem havido protestos contra as deportações francesas. Membros da Aliança Cívica dos Ciganos, sobretudo homens, têm gritado palavras de ordem junto da embaixada francesa, com a mais comum a ser “Rom pavikalo”, que se pode traduzir por “Cigano de confiança”, na tentativa de desfazer a associação entre a etnia e a criminalidade. Mas muitos dos ciganos expulsos para a Roménia têm preferido manter o silêncio, esperando uma oportunidade para voltarem a França. É que na Roménia, onde constituem um décimo dos 22 milhões de habitantes, os ciganos sofrem uma forte discriminação, sendo dos mais afectados em épocas de crise e relegados para segundo plano. Aliás, algumas sondagens revelam que 53 por cento dos romenos compreendem a motivação das autoridades francesas para as deportações de ilegais. Ciganos Gypsies à chegada ao aeroporto de Bucareste, Roménia, repatriados de França, onde 300 campos ilegais foram desmantelados e 700 Gypsies receberam ordem de expulsão Muitos dos repatriados planeiam regressar Na origem da actual crise dos ciganos está a morte no início do Verão de um cigano francês pela polícia. Na sequência, dezenas de ciganos franceses atacaram uma esquadra de polícia na pequena cidade de Saint Aignan, no Vale do Loire, o que causou a ira do Presidente Sarkozy e do seu ministro do Interior, Brice Hortefeux. Foram dadas ordens para desmantelamentos de 300 acampamentos ilegais, mas a esmagadora maioria dos ciganos que vive em França tem nacionalidade francesa, sendo os da Roménia e da Bulgária pouco mais de dez mil. A sua entrada em território francês sem visto é legítima, mas para estadas de mais de três meses necessitam de autorizações de residên- cia ou de trabalho, o que em regra não acontece nestes grupos. Como estão a actuar, alegando problemas de segurança, mas sem ordem de qualquer tribunal, as autoridades francesas dizem que os repatriamentos são voluntários e pagam 330 euros por cada adulto e 100 euros por cada criança. Muitos dos repatriados planeiam regressar. Sobre aqueles que são cidadãos franceses pesa a ameaça de retirada da nacionalidade, se atentarem contra a vida de polícias e outros agentes do Estado. O que pensaria disto a célebre Cármen, a cigana que George Bizet imortalizou numa ópera. * jornalista do Diário de Notícias FÁTIMA MISSIONÁRIA 18 OUTUBRO 2010 Os egípcios que afinal vieram da Índia Em nenhum local os ciganos se integraram tão bem como no Sul de Espanha, como se as suas raízes culturais e as da Andaluzia de influência árabe tivessem pontos em comum. Contudo, esses ‘egípcios’ referenciados na Península Ibérica pela primeira vez no início do século XV não tinham qualquer sangue árabe e o Egipto a que se referiam significava apenas que vinham de um remoto ponto do Oriente. Mais tarde descobrir-se-á, sobretudo através da análise das suas línguas por académicos alemães, que os ciganos são um povo originário do norte da Índia, e que foram partindo em sucessivas levas entre os séculos IX e XI. Aliás, pertenceriam provavelmente a castas de dançarinos de uma região que depois da partição da Índia britânica em 1947 se situa no actual Paquistão. Foi lenta a sua progressão para Ocidente, atravessando o Médio Oriente até entrarem na Europa pelos Balcãs. Apresentavam-se como artistas, muitas vezes como trupes de músicos, com as suas misteriosas mulheres a reivindicarem poderes mágicos que lhes permitiam ler a sina nas mãos. Pouco a pouco foram-se tornando também comerciantes. Orgulhosamente diferentes, foram tolerados na Europa, algumas vezes com uma facilidade surpreendente, como no caso da Espanha que dava os passos finais da Reconquista. Sem vontade de se integrar, e também sem acolhimento nesse sentido, os ciganos mantiveram um estilo de vida nómada, raramente casan- do fora do seu grupo étnico, o que lhes permitiu preservar certos traços físicos, como o tom moreno da pele. A língua, porém, foi-se dividindo em vários dialectos e sofrendo a influência dos idiomas dos países onde viviam. Sobretudo, surgiu a divisão entre os dialectos dos Roma, os ciganos do Leste, e o dos gitanos, os ciganos dos países latinos. Do ponto de vista religioso, a regra foi a adaptação ao país de acolhimento, com o catolicismo a impor-se entre os grupos que vieram para França, Espanha e Portugal. Povo sempre suspeito de viver do banditismo, a chegada de uma caravana de ciganos a uma cidade gerava, em regra, medo. Mas ao mesmo tempo provocava curiosidade, pois muitas vezes os ciganos, sobretudo os FÁTIMA MISSIONÁRIA 19 OUTUBRO 2010 de Leste, eram artistas de circo, com os seus animais domesticados, por vezes cães, outras vezes enormes ursos. Da repressão ocasional às tentativas de integração forçada sucedeu, porém, no século XX a tentação do genocídio, com a Alemanha nazi a fazer dos ciganos, depois dos judeus, o principal alvo do seu plano de pureza racial da Europa. Calcula-se que meio milhão de ciganos foi exterminado nos campos de Auschwitz, Birkenau, Buchenwald e Dachau. Depois do final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, a cortina-de-ferro entre o Ocidente democrático e o Leste comunista separou também os dois grandes grupos de ciganos europeus, mas pouco a pouco, à medida que a vigilância nas fronteiras se relaxava, os Roma começaram a surgir em Itália, como mostra o filme ‘O Tempo dos Ciganos’ do sérvio Emir Kusturica, um realizador que tem dado grande protagonismo ao povo cigano, apresentando-o sob uma forma simpática, mesmo que por vezes bizarra. Com o fim da Guerra Fria e a entrada de paí ses como a Roménia na União Europeia, os Roma espalharam-se por toda a Europa, gerando muitas vezes choque com as comunidades locais. Em Itália, onde estão associados na mentalidade popular à mendicidade e ao crime, os ciganos de Leste viram acampamentos seus serem incendiados, perante a passividade das autoridades. E mais recentemente em França, medidas de repressão sobre a comunidade cigana estão a ser tomadas, perante o protesto geral, indo até à expulsão de famílias inteiras para o seu país de origem, muitas vezes a Roménia ou a Bulgária. Mil anos depois de terem deixado a Índia, o povo cigano ainda procura a terra que possa chamar sua e enfrentar a hostilidade dos gadjos, ou seja, os não-ciganos. Ciganos famosos de bailarinos a futebolistas JOAQUIN CORTÉS Nascido em Córdova numa família cigana, Joaquín Cortés herdou dos seus antepassados a paixão pela dança. Com 12 anos, começou a ter aulas de ballet. Depressa se tornou bailarino solista, graças ao seu talento. Como bailarino de flamenco, ganha fama internacional. Coreógrafo — os seus espectáculos enchem salas de Nova Iorque a Moscovo —, Cortés já participou como actor em vários filmes, entre os quais ‘Gitano’ ao lado da super-modelo francesa Laeticia Casta. Em 2008, o bailarino, hoje com 41 anos, foi nomeado embaixador do povo Roma junto da União Europeia, num esforço para acabar com a discriminação de que o seu povo continua a ser vítima. “Sou um dos pouco ciganos europeus a quem a sorte sorriu. Posso dizer quem sou sem temer ser perseguido ou humilhado”, disse na altura, citado pelo diário britânico ‘The Independent’. GYPSY KINGS Foi quando Tonino, Diego e Paco Baliardo, netos do famoso guitarrista cigano Manitas de Plata, conheceram os seus primos Nicolas, Canut e Paul Reyes durante umas férias em Saintes-Maries-de-la-Mer nos anos 1970, que nasceram os Gypsy Kings. Fundado por filhos de ciganos espanhóis que fugiram da Catalunha para Arles e Montpellier durante a guerra civil de Espanha, o grupo tornou-se mundialmente famoso nos anos 1980, graças ao sucesso de músicas como ‘Bamboleo’ e Djobi Djoba’. Orgulhosos das suas origens, os membros do grupo estão envolvidos em vários projectos a favor da integração dos ciganos. Em 2008, Canut Reyes conseguiu que a câmara municipal de Arles inaugurasse uma praça com o nome do pai, o guitarrista José Reyes. ESMA REDZEPOVA A cantora macedónia Esma Redzepova até pode dizer que não foi informada que a sua música ‘Chaje Shukaraje’ ia ser usada por Sasha Baron Cohen no seu file Borat em 2006. A verdade é que esse foi o momento em que a rainha da música cigana, como é apelidada pelos fãs, se tornou internacionalmente conhecida. Nascida há 75 anos, em Skopje, Redzepova começou a carreira aos 13. Pouco depois, conheceu o mentor, e mais tarde marido, o compositor Stevo Teodosievski. Juntos iriam protagonizar uma longa carreira, marcada por mais de 12 mil concertos. E juntos também adoptaram quatro dezenas de rapazes, alguns dos quais ainda hoje acompanham Redzepova nas suas digressões. Defensora dos direitos dos ciganos, sobretudo das mulheres daquele povo, a cantora fundou a FÁTIMA MISSIONÁRIA 20 OUTUBRO 2010 ONG Rom-Esma. O seu trabalho humanitário valeu-lhe a nomeação para o prémio Nobel da Paz em 2002. CIDÁLIA MOREIRA Fado e flamenco foram os dois ritmos que marcaram a infância de Cidália Moreira. Nascida em 1944 em Olhão, no Algarve, a fadista destacou-se, ainda criança, a cantar nas festas da escola. Mas se os primeiros passos artísticos foram dados na escola, foi nas festas da família que conseguiu actuar para um público maior. Dona de longos cabelos negros, a “cigana do fado”, como cedo lhe começaram a chamar, chegou a Lisboa em 1973, passando a fazer parte do elenco de fadistas do restaurante ‘Viela’. Desde então, a sua carreira não mais parou, dividindo-se entre as casas de fado e a revista à portuguesa. DAMJANOVIC JOVAN Apontado como o primeiro cigano a ser nomeado ministro num governo, o sérvio Jovan Damjanovic foi vice-presidente da União Internacional Romani, tendo dirigido a mesma organização no seu país de origem. Grande defensor da integração dos ciganos, Damjanovic, num discurso à sua comunidade em 2006, afirmou: “Irmãos e irmãs Roma, espero sinceramente que a Europa venha a ter um melhor entendimento dos nossos problemas e que nos dê uma oportunidade real de integração sem assimilação”. RAFAEL DE PAULA Na Espanha do pós-guerra civil, ser toureiro era uma das poucas saídas para os ciganos. E foi esse o caminho seguido por Rafael Soto Moreno, conhecido por ‘Rafael de Paula’. Nascido em 1940 em Jerez de la Frontera numa família cigana, Rafael de Paula começou a sua carreira nas touradas clandestinas. Mas se durante duas décadas a sua carreira nunca o levou ao estrelato, apesar de algumas actuações muito elogiadas, em 1985 Rafael de Paula acabou nas primeiras páginas de todos os jornais. Não pela sua arte do capote, mas sim pelos problemas que teve com a justiça, após ter decidido pagar a um grupo de homens para intimidarem o amante da mulher. JUAN DE DIOS RAMÍREZ HEREDIA Foi na comunidade cigana de Puerto Real, perto de Cádiz, que Juan de Dios Ramírez Heredia nasceu, em 1942. Contrariamente à tradição do seu povo, os pais encorajaram-no a estudar, tendo-se formado em Direito e obtido um doutoramento em Ciências da Informação. Na universidade interessou-se pela política, porque a considerava um caminho para a defesa dos ciganos. Militante socialista, em 1977 tornou-se no primeiro deputado espanhol de origem cigana. Eurodeputado entre 1986 e 1999, é membro fundador da União Romani Internacional. O seu trabalho na defesa da sua comunidade valeu-lhe o doutoramento ‘honoris causa’ pela universidade de Cádiz. RICARDO QUARESMA O ‘pequeno ciganito’, como Ricardo Quaresma era tratado em criança, começou a jogar futebol de 5 numa colectividade em Alcântara, tendo mais tarde passado para o futebol de 11. Formado nas escolas do Sporting, foi no FC Porto que deu nas vistas. Hoje, com 26 anos, o jogador do Besiktas, da Turquia, não esconde a sua origem cigana. Quando jogava no Barcelona, em 2003, gravou mesmo um documentário para a televisão catalã, no qual visitava um acampamento cigano, jogava às cartas com velhotes e mostrava que sabe algumas palavras na língua do seu povo. “Tenho orgulho nas minhas origens e não vejo motivo para as esconder”, confessou na altura. Na mesma ocasião recordou ainda que tanto o pai como o tio pertencem àquela comunidade. FÁTIMA MISSIONÁRIA 21 OUTUBRO 2010 Onze milhões de ciganos no mundo As estimativas da União Romani Internacional variam entre os seis e os 11 milhões de ciganos, sobretudo concentrados na Europa. O número mais elevado é credível, mas as flutuações nas estimativas variam num país como a Roménia entre os 1,5 milhões e os três milhões (num país de 22 milhões). E no caso da Hungria, entre os 600 000 e o milhão (para 10 milhões de habitantes). Os números seguintes são os mais optimistas. ALBÂNIA ALEMANHA ÁUSTRIA BÉLGICA BÓSNIA BULGÁRIA BIELORÚSSIA CROÁCIA DINAMARCA ESLOVÁQUIA ESPANHA ESTÓNIA FINLÂNDIA FRANÇA GRÉCIA HOLANDA HUNGRIA ITÁLIA KOSOVO LETÓNIA LITUÂNIA MACEDÓNIA MOLDÁVIA MONTENEGRO NORUEGA POLÓNIA PORTUGAL REINO UNIDO REPÚBLICA CHECA ROMÉNIA RÚSSIA SÉRVIA SUÉCIA SUÍÇA UCRÂNIA EUA e CANADÁ AMERICA LATINA TOTAL MUNDO 100000 130000 50000 15000 200000 900000 30000 40000 2000 550000 1000000 4000 15000 500000 300000 40000 1000000 110000 25000 15000 6000 250000 25000 40000 1500 60000 50000 120000 400000 3000000 400000 400000 20000 80000 100000 200000 200000 11200000
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