Sobre Hipersuperfícies Completas em Produtos Riemannianos
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Sobre Hipersuperfícies Completas em Produtos Riemannianos
Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Matemática Curso de Mestrado em Matemática Sobre Hipersuperfícies Completas em Produtos Riemannianos por Arlandson Matheus Silva Oliveira † sob orientação do Prof. Dr. Henrique Fernandes de Lima Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Matemática - CCT - UFCG, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Matemática. † Este trabalho contou com apoio nanceiro da CAPES Sobre Hipersuperfícies Completas em Produtos Riemannianos por Arlandson Matheus Silva Oliveira Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Matemática - CCT - UFCG, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Matemática. Área de Concentração: Geometria Diferencial Aprovada por: Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Matemática Curso de Mestrado em Matemática 02/2015 ii Resumo No começo do século passado, S. Bernstein provou seu celebrado teorema, o qual assevera serem os planos os únicos grácos inteiros e mínimos em R3 . Desde então, um dos tópicos de pesquisa de grande importância na teoria de imersões isométricas são as possíveis extensões desse teorema para dimensões maiores ou para outros espaços ambiente. Os esforços consignados por escrito nesta dissertação são devotados à segunda vertente. Vamos considerar hipersuperfícies completas, conexas, orientáveis e com curvatura média constante, produto Riemanniano da forma M ψ : Σn # M n+1 n+1 = R × M n, , isometricamente imersas em um em que Mn é uma variedade Rie- manniana conexa e completa, para as quais sempre escolheremos um campo de vetores suave, normal e unitário a geometria de uma tal N, Σn , relacionadas a ela, a saber: η := hN, ∂t i, em que ∂t globalmente denido em Σn . Com o propósito de estudar lançaremos mão da análise de duas funções naturalmente a função altura vertical h := (πI )Σ e a função ângulo representa o vetor unitário que determina em lheação de codimensão 1 por slices totalmente geodésicos M n+1 Mtn := {t} × M n . uma foA partir de restrições apropriadas sobre essas funções e suas derivadas, aliadas a exigências bastante razoáveis sobre a geometria de M iii e sobre os autovalores do endomorsmo iv de Weingarten associado à orientação N, empregaremos métodos analíticos (essencial- mente, os princípios do máximo devidos ao Omori e ao Yau) para assegurar que (isométrica a) um slice. No caso particular em que i.e., Σn = Σn (u) = {(u(x), x) ∈ M n+1 : x ∈ M n }, Σ é um gráco inteiro sobre para alguma função mostraremos que um controle adequado da norma do gradiente de para que tenhamos u ≡ t0 Palavras-chave: do máximo. ou, equivalentemente, Σn Σn = Mtn0 , seja M n, u ∈ C ∞ (M ), u em M n é suciente para algum t0 ∈ R. Problemas tipo-Bernstein, produtos riemannianos, princípios Abstract In the beginning of past century, S. Bernstein proved his celebrated theorem which asserts that the planes are the only entire minimal graphs in R3 . Since then, one of research topics of greatest interest into the theory of Isometric Immersions are the possibles extensions of this theorem either to higher dimensions or to other ambient spaces. The eorts registered in writing in this dissertation are devoted to the second perspective. We will consider complete connected orientable constant mean curvature hypersurfaces of the form M ψ : Σn # M n+1 n+1 isometrically immersed in a Riemannian product space = R × M n (M n being a complete connected Riemannian manifold), for which we will always chose a smooth normal unitary vector eld in Σn . With the purpose of studying the geometry of such a Σn , N we will analyze two functions naturally related to it, namely, the vertical height function the angle function mines in M n+1 η := hN, ∂t i (here ∂t globally dened h := (πI )Σ and stands for the unitary vector eld which deter- a codimension-one foliation by totally geodesic slices Mtn := {t} × M n . After imposing appropriated restrictions on these functions, combined with very reasonable requirements on the geometry of Mn e on the eigenvalues of the Weingarten endomorphism associated to the orientation given by v N, we will apply analytic techni- vi ques (essentially, the maximum principles due to Omori and Yau) to ensure that (isometric to) a slice. In the particular case in which M n, i.e. Σn = Σn (u) = {(u(x), x) ∈ M n+1 Σn : x ∈ M n }, u ≡ t0 Keywords: ples. or, equivalently, Σn = Mtn0 , for some function for some is is an entire graph dened on we will show that an adequate control over the norm of the gradient of ensure that Σn u u ∈ C ∞ (M ), is enough to t0 ∈ R. Bernstein-type problems, Riemannian products, maximum princi- Agradecimentos Ao professor Cláudio Dias, de alguma maneira ponto zero maquínico deste texto. Ao professor Rubens Leão de Andrade, por me haver ensinado os rudimentos de Topologia. Ao professor Ronaldo Freire de Lima, por haver me inspirado o desejo de constar n'O Livro. Ao professor Henrique Fernandes de Lima, pela conança e pela orientação. Ao professor Marco Antônio, pelo zelo e pela coorientação. Ao professor Antônio Brandão, com quem aprendi que Matemática é, antes de mais, criação e empenho. Ao professor Marco Aurélio, por ter me ensinado a integrar e a ser pontual µ-a.e. Ao Programa de Pós-Graduação em Matemática da Universidade Federal de Campina Grande. Aos professores e funcionários dos departamentos de Matemática da Universidades Federais do Rio Grande do Norte e de Campina Grande, em particular aos professores Marcelo e Viviane, a Andrezza e a Aninha. À CAPES, pelo suporte nanceiro. Ao Hugo Romero (in memorian), pelos morangos mofados. Aos amigos com quem partilhei as mais diversas alegrias e agruras desde que cheguei em Campina Grande, em especial, ao Ailton, ao Fábio, à Débora e à Manu. Last, but not least, à minha família, particularmente à minha mãe (sine qua non), à minha irmã, ao meu pai e às minhas tias Lívia e Dagmar, por mais de duas décadas de incentivo, cuidado e amor. vii Dedicatória Ao Bernstein, ao Yau, aos meus pais (Sandra e Antenor) e à minha irmã Camila. viii I modi in cui ignoriamo qualcosa sono altrettanto e forse più importanti dei modi in cui lo conosciamo. Vi sono modi del non sapere sbadataggini, disattenzioni, dimenticanze che producono goaggine e bruttura; ma di altri la svagatezza del giovinetto di Kleist, la spezzatura incantata di un bambino non ci stanchiamo mai di ammirare la compiutezza. [. . .] Vi sono, dunque, modi riusciti di ignorarsi e la bellezza è uno di questi. É possibile, anzi, che sia proprio il modo in cui riusciamo a ignorare a denire il rango di ciò che riusciamo a conoscere e che l'articolazione di una zona di non conoscenza sia la condizione e, insieme, la pietra di paragone di ogni nostro sapere. [. . .] Epistemologia e scienza del metodo indagano e ssano le condizioni, i paradigmi e gli statuti del sapere, ma per come sia possibile articolare una zona di non conoscenza non vi sono ricette. Articolare una zona di non conoscenza non signica, infatti, semplicemente non sapere, non si tratta soltanto di una mancanza o un difetto. Signica, al contrario, tenersi nella giusta relazione con un'ignoranza, lasciare che un'inconoscenza guidi e accompagni i nostri gesti, che un mutismo risponda limpidamente per le nostre parole. O, per usare un vocabolario desueto, che ciò che ci è più intimo e nutriente abbia la forma non della scienza e del dogma, ma della grazia e della testimonianza. L'arte di vivere è, in questo senso, la capacità di tenersi in armonica relazione con ciò che ci sfugge. Anche il sapere si tiene, in ultima analisi, in rapporto con un'ignoranza. Ma lo fa nel modo della rimozione o in quello, più ecace e potente, della presupposizione. Il non sapere è ciò che il sapere presuppone come il paese inesplorato che si tratta di conquistare, l'inconscio è la tenebra in cui la coscienza dovrà portare la sua luce. In entrambi i casi qualcosa viene separato, per poi essere compenetrato e raggiunto. La relazione con una zona di non conoscenza veglia, al contrario, a che essa resti tale. E non per esaltarne l'oscurità, come fa la mistica, né per gloricarne l'arcano, come fa la liturgia. E nemmeno per riempirla di fantasmi, come fa la psicanalisi. Non si tratta di una dottrina segreta o di una scienza più alta, né di un sapere che non si sa. É possibile, anzi, che la zona di non conoscenza non contenga proprio nulla di speciale, che, se si potesse guardarvi dentro, s'intravedrebbe soltanto ma non è certo un vecchio slittino abbandonato, soltanto ma non è chiaro il cenno scontroso di una ix x bambina che ci invita a giocare. Forse non esiste nemmeno una zona di non conoscenza, esistono soltanto i suoi gesti. Come Kleist aveva capito così bene, la relazione con una zona di non conoscenza è una danza. Giorgio Agamben, Nudità. Nosotros (la indivisa divinidad que opera en nosotros) hemos soñado el mundo. Lo hemos soñado resistente, misterioso, visible, ubicuo en el espacio y rme en el tiempo; pero hemos consentido en su arquitectura tenues y eternos intersticios de sinrazón para saber que es falso. J. L. Borges, Avatares de la tortuga. As luzes do casario, aos poucos se apagaram. Somente no alto de um sótão brilha uma lâmpada; E, através da janela, se vê um jovem estudante, Cabelos despenteados, caídos sobre a testa; Está lendo: estuda um teorema de geometria. Joaquim Cardozo, Visão do último trem subindo ao céu. Conteúdo Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Brevíssima excursão pela Análise Geométrica 6 10 1.1 Produtos warped semi-riemannianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.2 Hipersuperfícies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.3 A análise do laplaciano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.3.1 O princípio do máximo de Omori-Yau . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.3.2 O princípio do máximo de Hopf-Calabi . . . . . . . . . . . . . . 38 1.3.3 A fórmula de Bochner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 1.3.4 O laplaciano das funções altura e suporte . . . . . . . . . . . . . 48 Os tensores de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 1.4 2 Resultados principais 61 2.1 Resultados de rigidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 2.2 Aplicações no espaço hiperbólico 75 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Grácos verticais inteiros R×M 83 3.1 Grácos em . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 3.2 Um resultado de integrabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 3.3 Um pouco de heurística . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91 3.4 Resultados tipo-Moser . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 3.5 Coda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Bibliograa 101 Introdução No começo do século passado, S. Bernstein [11] provou seu celebrado teorema (modicado por E. Hopf [41]), o qual assevera serem os planos os únicos grácos inteiros e mínimos em R3 .1 Desde então, um dos tópicos de pesquisa de grande importância na teoria de imersões isométricas são as possíveis extensões desse teorema para dimensões maiores ou para outros espaços-ambiente. Nos anos subsequentes, houve um crescente interesse no estudo de hipersuperfícies imersas em um produto warped R ×f M n , o que corresponde à segunda vertente oriunda do resultado de Bernstein. Neste contexto, assinalamos o artigo seminal de U. Abresch e H. Rosenberg [1] que generaliza o teorema de Hopf para produtos riemannianos (nos quais f ≡ constante) homogêneos. No que tange às superfícies mínimas nestes espaços produto, esse artigo é de grande relevância, 1 J. Simons [64] provou um resultado que, combinado com alguns teoremas de E. de Giorgi [37] e W. H. Fleming [31], fornece uma prova da extensão do teorema de Bernstein para Rn , com n ≤ 7. No entanto, E. Bombieri, E. de Giorgi e E. Giusti [13] surpreendentemente mostraram que esse teorema não vale para n ≥ 8. Desde então, um interessante tópico de pesquisa em Análise Geométria têm sido as possíveis extensões do resultado de Bernstein para dimensões maiores ou para outros espaçosambiente. Uma contribuição notável foi dada por J. Moser [48], que mostrou que os hiperplanos são os únicos grácos inteiros e mínimos de Rn tais que o gradiente da função correspondente tem norma limitada. Mais surpreendentemente ainda, D. T. Hieu e T. L. Nam [39] mostraram que o teorema de Bernstein é verdadeiro para G × R, que é Rn+1 com a densidade mista euclidiana e gaussiana. De forma precisa, eles provaram o seguite: O gráco Σ de uma função u(x1 , . . . , xn ) = xn+1 sobre Gn é Hf −mínimo se, e somente se, ele é um hiperplano xn+1 = a, i.e., u é constante. (Aqui, Gn é o |x|2 espaço Euclidiano Rn com a densidade probabilística gaussiana e−f = (2π)− 2 e− 2 , conhecido como espaço de Gauss, e Hf −mínimo quer dizer que a curvatura média ponderada Hf := H + h∇f, N i é identicamente nula, em que N é o campo unitário normal a Σ.) Para uma demonstração bastante n elegante do teorema de Bernstein em R3 , veja [23]. Para uma não menos elegante do teorema de Bernstein-Calabi (uma versão Lorentziana do resultado de Bernstein), veja [55]. Veja também [2]. Introdução 7 se levarmos em consideração o trabalho anterior de H. Rosenberg [56], que mostrou que, quando M2 é uma superfície completa com curvatura Gaussiana não negativa, um gráco inteiro e mínimo em R × M2 gráco é um slice horizontal ou M2 é totalmente geodésico. Portanto, neste caso, o é um R2 plano e o gráco é um plano inclinado. Algum tempo depois, L. J. Alías, M. Dajczer e J. Ripoll [5] generalizaram o resultado de H. Rosenberg [56] para grácos inteiros de curvatura média constante imersos num espaço riemanniano munido de um campo de Killing. A seguir, J. M. Espinar e H. Rosenberg [29] classicaram as superfícies de curvatura média constante em R × M2 segundo o ínmo de suas projeções horizontais. C. P. Aquino e H. F. de Lima [6] aplicaram o conhecido princípio do máximo de H. Omori [50] e S. T. Yau [66] para obter resultados de rigidez concernentes a grácos verticais completos em um produto riemanniano R × M n , cuja bra M n é ou isométrica a Sn ou é plana. H. F. de Lima e U. Parente obtiveram um teorema tipo-Bernstein em 2 Em [45], R × Hn . Como aplicação de seu resultado, eles estudaram a unicidade de grácos verticais completos com curvatura média constante em tal espaço. H. Rosenberg, F. Schulze e J. Spruck [58] mostraram que um gráco inteiro mínimo com função altura não negativa em um produto riemanniano R × M n, cuja bra Mn é completa com curvatura de Ricci não negativa e curvatura seccional limitada inferiormente, deve ser um slice. Em [43], H. F. de Lima, usando uma extensão do teorema de Stokes-Yau devida a A. Caminha, provou que em um produto R×M n cuja bra Mn tem curvatura de Ricci não negativa, os grácos inteiros que têm segunda curvatura média limitada inferiormente e norma do gradiente da função correlacionada integrável à Lebesgue em geodésicos; em particular, se a curvatura de Ricci de Mn Mn são totalmente é positiva, então tais grácos são slices. C. P. Aquino, H. F. de Lima e E. A. Lima Jr. [7] zeram uso do referido princípio do máximo generalizado de Omori-Yau e da fórmula de Bochner a m de obter resultados de rigidez em em produto riemanniano R×Mn e apresentaram um exemplo não trivial de um gráco vertical com curvatura média constante em R × H2 . Mais recentemente, H. F. de Lima, E. A. Lima Jr. and U. L. Parente [44] trabalharam com hipersuperfícies completas e two-sided imersas em um produto riemanniano 2 No M n+1 = Teorema 2.7 desta dissertação, apresentamos um resultado um pouco mais geral, obtido a partir deste de Aquino e de Lima. Introdução R × M n, 8 cuja bra Mn tem curvatura seccional limitada inferiormente, e mostraram que controles adequados na norma do gradiente da função altura e no comportamento da função ângulo, aliados a certas condições geométricas (quais sejam, a curvatura média não mudar de sinal em particular, ser constante e segunda curvatura média limitada inferiormente), são sucientes para assegurar que hipersuperfícies imersas em M n+1 são slices. Dillen et al. estudaram superfícies de ângulo constante imersas em um espaço R × M 2, especicamente aquelas superfícies para as quais o campo unitário produto normal faz um ângulo constante com a direção tangente a R (veja, por exemplo, [25], [26] e [27]). Estendendo tais estudos, E. Garnica, O. Palmas e G. Ruiz-Hernández [36] estabeleceram que hipersuperfícies completas, com ângulo e curvatura média constantes, imersas em um produto R×M n , cuja bra M n tem curvatura de Ricci não negativa, devem ser ou totalmente geodésicas ou parte de um cilindro sobre uma hipersuperfície de curvatura média constante imersa em M n. Os esforços consignados por escrito nesta dissertação são devotados à segunda vertente. Vamos considerar hipersuperfícies conexas, completas, two-sided e com curvatura média constante, riemanniano da forma ψ : Σn # M M n+1 n+1 = R × M n, , isometricamente imersas em um produto em que Mn é uma variedade riemanniana conexa e completa, para as quais sempre escolheremos um campo de vetores suave, normal e unitário N, geometria de uma tal globalmente denido em Σn , em que ∂t Com o propósito de estudar a lançaremos mão da análise de duas funções naturalmente relacionadas a ela, a saber: η := hN, ∂t i, Σn . a função altura vertical h := (πI )Σ e a função ângulo representa o vetor unitário que determina em lheação de codimensão 1 por slices totalmente geodésicos M n+1 Mtn := {t} × M n . uma foA partir de restrições apropriadas sobre essas funções e suas derivadas, aliadas a exigências bastante razoáveis sobre a geometria de de Weingarten associado à orientação N, Mn e sobre os autovalores do endomorsmo empregaremos métodos analíticos (essencial- mente, os princípios do máximo devidos ao Omori e ao Yau) para assegurar que (isométrica a) um slice. No caso particular em que i.e., Σn = Σn (u) = {(u(x), x) ∈ M n+1 : x ∈ M n }, Σn é um gráco inteiro sobre para alguma função Σn é M n, u ∈ C ∞ (M ), Introdução 9 mostraremos que um controle adequado da norma do gradiente de para que tenhamos u ≡ t0 ou, equivalentemente, Σ = Mtn0 , O texto está organizado da seguinte maneira. No u em M n é suciente para algum t0 ∈ R. Capítulo 1 Brevíssima excursão pela Análise Geométrica, estabeleceremos o arcabouço analítico que será utilizado na obtenção dos resultados dos demais capítulos. No Capítulo 2 Resultados principais, baseado em [6, 7, 44], vamos nos dedicar ao estudo de hipersuperfícies isometricamente imersas em um produto warped R×f M n . Finalmente, no Σn Capítulo 3 Grácos verticais inteiros, tecido a partir dos resultados de [6, 7, 43, 44, 49], lidaremos com grácos verticais inteiros em produtos riemannianos. Capítulo 1 Brevíssima excursão pela Análise Geométrica 1.1 Produtos warped semi-riemannianos Nesta seção, introduziremos o conceito de produto warped semi-riemanniano e estabeleceremos alguns resultados concernentes às curvaturas seccional e de Ricci desse ambiente. R ×f M n O estudo da geometria de espaços da forma é particularmente profícuo e relevante em decorrência do fato de esses espaços possuírem naturalmente, f ∂t . como veremos, um campo conforme e fechado o campo Recordamos que um tensor métrico sobre uma variedade suave −tensor ponto covariante e simétrico p ∈ M. g sobre M, tal que gp g = h·, ·i 1 é um tensor métrico de índice produto warped M = M ×f N f : M → R é a variedade produto 2− em que Sejam M é uma M. (M, gM ) e (N, gN ) uma função suave e positiva. M ×N g = π ∗ (gM ) + (f ◦ π)2 σ ∗ (gN ), 1 Sejam (M, g), constante sobre Denição 1.1 (Produto warped semi-riemanniano) variedades semi-Riemannianas e seja é um é não-degenerado para todo Uma variedade semi-riemanniana é um par variedade suave e M X um espaço vetorial real e β uma forma bilinear sobre é, por denição, a maior dimensão dos subespaços Y ≤ X tais que O munida do tensor métrico (1.1) X . Recordamos que o índice de β β Y ×Y é negativa-denida. Capítulo 1. Produtos warped semi-riemannianos 11 π e σ são as projeções sobre M e N , nesta ordem. Explicitamente, denotando M N por h·, ·i e h·, ·i as métricas de M e N , respectivamente, se v e w são tangentes a M × N em r = (p, q), então em que 2 N hv, wir = hdπr (v), dπr (w)iM p + f (p)hdσr (v), dσr (w)iq . A variedade Se M f ≡ 1, é dita a base de então M ×f N expressar a geometria de M M = M ×f N e a variedade N, a bra. é simplesmente a variedade produto. Nosso objetivo é em termos da função warping f e das geometrias de M e N. Observação 1.1 Assim como no caso de uma variedade produto, as bras π −1 (p) M × {q} = σ −1 (q) e as folhas são subvariedades {p} × N = semi-riemannianas de M , e a métrica warped é tal que se vericam as seguintes condições: π M ×{q} é uma isometria sobre M . Para cada ponto p ∈ M , a aplicação σ é uma homotetia positiva sobre N , {p}×N com fator de homotetia 1/f (p). (i) Para cada ponto (ii) (iii) Para cada ponto em q ∈ N, a aplicação (p, q) ∈ M , a folha M × {q} e a bra {p} × N são ortogonais (p, q). Com efeito, para cada ponto q ∈ N, a aplicação um difeomorsmo. Além disso, para cada ponto x, y ∈ Tr (M × {q}) ≤ Tr M , Πq := π M ×{q} : M × {q} → M é r = (p, q) ∈ M × {q} e para todos temos 2 N hx, yir = hdπr (x), dπr (y)iM p + f (p)hdσr (x), dσr (y)iq = hd(Πq )p (x), d(Πq )p (y)iM p , pois d(Πq )p = dπr Tr (M ×{q}) e σ é constante na folha M ×{q}, logo induz em Tr (M ×{q}) a aplicação linear nula. Isso prova (i). De maneira análoga, podemos demonstrar (ii): basta considerarmos, para cada p ∈ M, o difeomorsmo A condição (iii) é consequência imediata da denição (1.1). Σp := σ {p}×N : {p} × N → N . do tensor métrico g dada em Capítulo 1. Produtos warped semi-riemannianos 12 Vetores tangentes às folhas serão ditos horizontais; vetores tangentes às bras serão ditos verticais. Denotaremos por M, sobre seu subespaço horizontal a projeção ortogonal de Tr (M × {q}) ∼ = Tp M Tr ({p} × N ) ∼ = Tq N . subespaço vertical nor e por tan Tr M , r = (p, q) ∈ a projeção sobre o Pelo item (iii) da Observação 1.1, temos (Tr ({p} × N ))⊥ = Tr (M × {q}). Portanto, para campos de vetores verticais V, W em M, a fórmula α(V, W ) = nor ∇V W, ∇ em que denota a conexão de Levi-Civita de M, fornece o tensor de forma de todas as bras. O espaço dos campos de (respectivamente, L (M ) é um CN∞ (M ) 2 que são levantamento de campos de N ) será denotado por L (M ) (respectivamente, L (N )). ∞ CM (M )módulo, levantamento de funções que M = M ×f N em que C ∞ (M ). é o anel das funções ∞ CM (M ) é o anel das funções De modo similar, C ∞ (M ) L (N ) é um C ∞ (M ) M turno, geralmente envolve a função warping é o que são CN∞ (M )módulo, em C ∞ (N ). é quase tão simples quanto no caso especial do produto semi-riemanniano; a relação para com a bra Lema 1.1 É claro que que são levantamento de funções A relação do produto warped para com a base M N, por seu f. h ∈ C ∞ (M ). Então o gradiente do levantamento h◦π em M = M ×f N levantamento para M do gradiente de h em M . Seja Demonstração. dπ(v)(h) = 0, horizontal x, pois Dado um vetor vertical dπ(v) = 0. Logo, grad(h v , temos que hgrad(h◦π), vi = v(h◦π) = ◦ π) é horizontal. Agora, dado um vetor temos hdπ(grad(h ◦ π)), dπ(x)i = hgrad(h ◦ π), xi = x(h ◦ π) = dπ(x)h = hgrad h, dπ(x)i. Assim, em cada ponto de a grad h em M. Proposição 1.2 2 Veja, M , dπ(grad(h ◦ π)) = grad h, i.e., grad(h ◦ π) é π relacionado Se X, Y ∈ L (M ) por exemplo, [52], p. 2425. e V, W ∈ L (N ), então: Capítulo 1. Produtos warped semi-riemannianos (i) (ii) ∇X Y é o levantamento de ∇M XY em 13 M; ∇X V = ∇V X = (X(f ◦ π)/f ◦ π)V ; (iii) nor ∇V W = α(V, W ) = −(hV, W i/f ◦ π)grad(f ◦ π); (iv) tan ∇V W ∈ L (N ) é o levantamento de ∇N VW em N. Demonstração. (i) A fórmula de Koszul 3 2h∇X Y, V i para se reduz a −V hX, Y i + hV, [X, Y ]i, uma vez que M , hX, Y i [X, Y ] (ii) [X, V ] = [Y, V ] = 0. é constante nas bras. Sendo é tangente às folhas, logo todo V ∈ L (N ), cada Πq donde ∇X Y e Y V vertical, temos hV, [X, Y ]i = 0. são levantamentos a partir de Portanto V hX, Y i = 0. Mas h∇X Y, V i = 0, para é horizontal. O resultado segue, então, do fato de pois [X, V ] = 0. Esses campos de vetores são verticais, pois, por h∇X V, Y i = −hV, ∇X Y i = 0. 2h∇X V, W i warped, X ser uma isometria. ∇X V = ∇V X , (i), Como Todos os termos na fórmula de Koszul para se anulam, à exceção de XhV, W i. hV, W i(p,q) = f (p)2 hVq , Wq iM . hV, W i = f 2 (hV, W iM ◦σ). Pela denição do tensor métrico Escrevendo f em lugar de f ◦ π, temos A expressão entre parênteses no lado direito da última igualdade é constante nas folhas, às quais X é tangente. Assim, XhV, W i = X f 2 (hV, W iM ◦ σ) = 2f Xf (hV, W iM ◦ σ) = 2(Xf /f )hV, W i. Portanto, ∇X V = (Xf /f )V . Geometria Diferencial, prova-se o seguinte resultado: Seja (M, h·, ·i) uma variedade riemanniana. Então existe uma única conexão ∇ em M , dita a conexão de Levi-Civita de M , simétrica e compatível com h·, ·i. Essa conexão é caracterizada pela fórmula de Koszul, 3 Em 2h∇V W, Xi = V hW, Xi + W hX, V i − XhV, W i − hV, [W, X]i + hW, [X, V ]i + hX, [V, W ]i, para todos X, V, W ∈ T M . Veja, por exemplo, o Teorema 11 à página 61 de [52]. semique é Capítulo 1. Produtos warped semi-riemannianos 14 (iii) Por (ii), h∇V W, Xi = −hW, ∇V Xi = −hW, (Xf /f )V i = (Xf /f )hV, W i. Xf = hgrad f, Xi, Pelo Lema 1.1, em M como em M. Assim, para todo X, h∇V W, Xi = −h(hV, W i/f )grad f, Xi. (iv) Como V e W são tangentes a todas as bras, em uma dada bra a derivada covariante aplicada às restrições de tan ∇V W e ∇N VW serem σ−relacionados V e W tan ∇V W é àquela bra. O fato de segue, então, do fato de as homotetias preservarem as conexões de Levi-Civita. Corolário 1.3 M × {q} {p} × N são As folhas geodésicas e as bras Observação 1.2 de um produto warped M = M ×f N são totalmente totalmente umbílicas. Em virtude do Lema 1.1, não deverá haver confusão, se simpli- carmos a notação escrevendo h e grad h em lugar de h◦π e grad(h ◦ π), respectiva- mente. Igualmente com o intento de simplicar a notação (e levando em consideração X para designar tanto um campo de vetores X ∈ L (M ), assim como denotaremos por V a Proposição 1.2), doravante escreveremos X ∈ X(M ) quanto seu levantamento tanto V ∈ X(M ) quanto V ∈ L (M ). Exemplo 1 (i) Uma superfície de revolução é um produto warped, as folhas sendo as diferentes posições da curva rotacionada e as bras os círculos de revolução. Explicitamente, M é obtida pela rotação f : C → R+ dá a distância se (ii) R3 \ {0} como 3 de R \ {0} é C em torno de um M = C ×f S1 (1). de uma curva plana a esse eixo, então eixo em R3 e um produto warped: em coordenadas esféricas, o elemento de linha ds2 = dr2 + r2 (dϑ2 + sin2 ϑdϕ2 ). Capítulo 1. Produtos warped semi-riemannianos 15 r = 1, obtemos o elemento de linha da esfera unitária S2 . Evidentemente R3 \ {0} é difeomorfo a R+ × S2 sob a aplicação natural (t, p) ↔ tp. Assim, a 2 3 fórmula para ds mostra que R \ {0} pode ser identicado com o produto warped R+ ×r S2 . Em R3 \ {0}, as folhas são os raios partindo da origem e as bras são 2 n as esferas S (r), r > 0. Mais geralmente, R \ {0} é naturalmente isométrico a R+ ×r Sn−1 . Fazendo (iii) Os modelos de espaço-tempo standard do universo são produtos warped, bem como os modelos mais simples de vizinhanças de estrelas e buracos negros. (Veja, por exemplo, os capítulos 12 e 13 de [52].) Hn+1 é isométrico aos produtos warped R×et Rn e R×cosh t Hn . n+1 n 4.3 de [46]. Uma isometria explícita entre H e R ×et R pode (iv) O espaço hiperbólico (Veja o Exemplo ser encontrada em [4].) O problema é expressar a curvatura de um produto warped termos de sua função warping f e das curvaturas de Para um tensor covariante π ∗ (A) mente seu pullback A em A(v1 , . . . , vs ) e RM Como a projeção e π RN os levantamentos para M é simples- (1, s)−tensor r cuja projeção em de- Tp M é RN , N. dos tensores curvatura de é uma isometria em cada folha, A asserção correspondente vale para RM RM M N. e dá a curvatura de cada folha. uma vez que a projeção Como as folhas são totalmente geodésicas, M M Essas denições não envolvem nenhuma geometria, logo con- tinuam válidas, mutatis mutandis, para levantamentos de Sejam para No caso de um como sendo o vetor horizontal em A(dπ(v1 ), . . . , dπ(vs )). A v1 , . . . , vs ∈ Tr M , r = (p, q) ∈ M se em N. seu levantamento π : M → M. sob a projeção A : X(M ) × · · · × X(M ) → X(M ), nimos M, M M = M ×f N σ é uma homotetia. coincide com o tensor curvatura em vetores horizontais. A asserção correspondente para RN e R, R de contudo, falha, pois as bras são, em geral, apenas umbílicas. Se h ∈ C ∞ (M ), o levantamento para concorda com o hessiano do levantamento M h◦π de Hess h será denotado por H h. Ele geralmente apenas em vetores horizon- tais. Proposição 1.4 Seja um produto warped com tensor curvatura X, Y, Z ∈ L (M ) e então: M = M ×f N U, V, W ∈ L (N ), R. Se Capítulo 1. Hipersuperfícies (i) R(X, Y )Z ∈ L (M ) 16 é o levantamento de (ii) R(V, X)Y = (H f (X, Y )/f )V , (iii) R(X, Y )V = R(V, W )X = 0; (iv) R(X, V )W = (hV, W i/f )∇X grad f ; (v) em que Hf Veja a Proposição 42 Agora, considere a curvatura de Ricci para para o levantamento (pullback por (i) (ii) (iii) M; é o Hessiano de f; às páginas 210211 de [52]. Ric de um produto warped, escrevendo π ) da curvatura de Ricci de M , e similarmente RicN . Corolário 1.5 X, Y em R(V, W )U = RN (V, W )U − (h∇f, ∇f i/f 2 ){hV, U iW − hW, U iV }. Demonstração. RicM RM (X, Y )Z Em um produto warped horizontais e V, W M = M ×f N , com d := dim N > 1, sejam verticais. Então: Ric(X, Y ) = RicM (X, Y ) − (d/f )H f (X, Y ); Ric(X, V ) = 0; Ric(V, W ) = RicN (V, W ) − hV, W if # , f# = e ∆f é o laplaciano em Demonstração. em que ∆f h∇f, ∇f i + (d − 1) f f2 M. Veja [52], p. 211. 1.2 Hipersuperfícies Comecemos por recordar a seguinte Denição 1.6 n+p , g) uma variedade uma variedade riemanniana e (M n+p n semi-riemanniana. Uma imersão isométrica ψ : M → M é uma imersão (i.e., ψ Sejam (M n , g) x ∈ M ) que satisfaz tensores métricos de M e M pelo mesmo uma hipersuperfície se p = 1, i.e., se a é uma aplicação suave e sua diferencial é injetiva em todo ponto ∗ ψ g = g . Por símbolo h·, ·i. simplicidade, denotaremos os Diremos que codimensão da imersão ψ ψ(M ) ⊂ M for igual a 1. é Capítulo 1. Hipersuperfícies 17 Seja uma imersão isométrica ψ : Σn → M n+1 . Sempre podemos considerar localmente um campo suave de vetores normais e unitários, i.e., um campo suave de vetores todo ξ ∈ T Σ⊥ y ∈ U .4 Y ∈ T Σ, denido numa vizinhança U de cada x ∈ Σn hξy , ξy i = 1 tal que ξ .) (De fato, existem apenas duas possíveis escolhas para Se X ∈ Tx Σ Aξ : T Σ ←- outro lado, como para todo ξ (1.2) é o endomorsmo de Weingarten (ou o operador de forma). Por é um vetor normal unitário, temos X ∈ T M. h∇X ξ, ξi = 0, donde ∇⊥ Xξ = 0 Logo, a fórmula de Weingarten é dada por ∇X ξ = −Aξ X, ∀X ∈ T Σ. Observação 1.3 M n+1 e então a fórmula de Gauss é dada por ∇X Y = ∇X Y + hAξ X, Y iξ, em que para (1.3) Doravante, nesta dissertação, todas as hipersuperfícies ψ : Σn → com as quais lidaremos serão supostas conexas e orientáveis. Ademais, supore- mos que foi xada uma orientação mente denido em n Σ N (i.e., um campo suave normal e unitário, global- ) e denotaremos simplesmente por A = AN o endomorsmo de n+1 n n Weingarten associado a N . Identicando Σ com sua imagem por ψ , ψ(Σ ) ⊆ M , vamos nos referir à hipersuperfície Σn . H := R O tensor curvatura Assim, a curvatura média H de Σn é dada por 1 traço(A). n de uma hipersuperfície ψ : Σn → M n+1 é dado por R(X, Y )Z = ∇[X,Y ] Z − [∇X , ∇Y ] Z, em que [·, ·] é o colchete de Lie e o tensor curvatura curvatura R R de do ambiente Σn M X, Y, Z ∈ T Σ. A equação de Gauss, que descreve em termos do endomorsmo de Weingarten e do tensor n+1 , é dada por R(X, Y )Z = (R(X, Y )Z)> + hAX, ZiAY − hAY, ZiAX, ∀X, Y, Z ∈ T Σ. 4 Aqui, (1.4) como de praxe nos textos de Geometria Diferencial, T Σ e T Σ⊥ denotam, respectivamente, os brados tangente e normal de Σn . As quantidades com ⊥ sobrescrito dirão respeito aos elementos de T Σ⊥ . Para denições e detalhes, sugerimos ao leitor que veja [18], [24] ou [42]. Capítulo 1. A análise do laplaciano 18 1.3 A análise do laplaciano Estamos, nalmente, em condições de descrever nosso objeto de interesse, a saber: hipersuperfícies ψ : Σn # M M ano da forma n+1 n+1 isometricamente imersas em um produto Riemanni- = R × M n, em que a bra Diremos que uma tal hipersuperfície Σn Mn é uma variedade riemanniana. é two-sided se seu brado normal for trivial, o que, neste caso, é equivalente à existência de um campo suave normal e unitário N, globalmente denido em Σn (e está em concordância com a delimitação que ze- mos na seção precedente acerca das hipersuperfícies com as quais trabalharemos; cf. Observação 1.3). Com o propósito de estudar a geometria de uma tal análise de duas funções naturalmente relacionadas a a função ângulo M n+1 (cf. η := hN, ∂t i, em que ∂t Σn : Σn , lançaremos mão da a função altura e representa o vetor unitário que determina em uma folheação de codimensão 1 por slices totalmente geodésicos Corolário 1.3). h := (πI )Σ Mtn := {t} × M Em suma, procuraremos respostas satisfatórias para a seguinte questão: Sob que restrições sobre as funções altura e ângulo (e sobre as geometrias de Σn e de M n ), uma hipersuperfície completa ψ : Σn # M n+1 deve, necessariamente, ser um slice? Nesta seção, estabeleceremos os resultados analíticos que empregaremos no estudo das funções altura e ângulo. 1.3.1 O princípio do máximo de Omori-Yau Em 1967, H. Omori [50], estudando imersões em espaços euclidianos, provou o seguinte resultado: Seja M uma variedade riemanniana completa e conexa, com curvatura sec- f é uma função suave sobre M limitada > 0, existe um ponto p ∈ M , tal que: cional limitada inferiormente. Se superiormente, então, para todo sup f − f (p) < , |∇f (p)| < Capítulo 1. A análise do laplaciano 19 e Hess f (p)(X, X) < , ∀X ∈ Tp M, |X| = 1. A abordagem de Omori, no entanto, é assaz complicada e tem o incoveniente de envolver apenas o hessiano. Em 1975, S. T. Yau [66], obteve um princípio de máximo mais simples, envolvendo o operador de Laplace-Beltrami, para variedades completas com curvatura de Ricci limitada inferiormente. Mais precisamente, Yau provou este teorema: Sejam M uma variedade riemanniana completa e superiormente. Então, para todo (pk )k∈N ⊂ M , p ∈ M, f ∈ C 2 (M ) limitada existe uma sequência de pontos tal que: lim f (pk ) = sup f, k |∇f (pk )| = M 2(f (pk ) − f (p) + 1)ρp (pk ) k(ρp (pk )2 + 2) ln(ρp (pk )2 + 2) e 2(f (pk ) − f (p) + 1)(ρp (pk )K(pk ) + 1) k(ρp (pk )2 + 2) ln(ρp (pk )2 + 2) 4(f (pk ) − f (p) + 1)ρp (pk ) + 2 , k (ρp (pk )2 + 2)2 [ln(ρp (pk )2 + 2)]2 ∆f (pk ) ≤ ρp (x) = d(p, x) em que é a distância a partir de p. Nesta seção, apresentaremos uma demonstração desse teorema e obteremos, como corolário, o seguinte resultado, a que nos referiremos como o princípio do máximo generalizado de Omori-Yau e que será fundamental para provarmos os resultados do próximo capítulo: Seja M uma variedade riemanniana completa cuja curvatura de Ricci é limitada inferiormente. superiormente em M, Se f C 2 (M ), limitada pontos (pk )k∈N ⊂ M , é uma função de classe então existe uma sequência de tal que: lim f (pk ) = sup f, k M lim |∇f (pk )| = 0 k e lim sup ∆f (pk ) ≤ 0. k Capítulo 1. A análise do laplaciano 20 O cut locus Precisaremos do conceito de cut locus, introduzido para superfícies sob o nome ligne de partage por H. Poincaré em 1905 e para variedades Riemannianas por J.H. Whitehead em 1935. Sejam M uma variedade riemanniana completa, γ(0) = p. d(γ(0), γ(τ )) = τ , i.e., γ [0,τ ] é geodésica normalizada com Sabemos que se então uma geodésica não é minimizante, o mesmo acontece para todo dos números τ >0 para os quais p∈M γ : [0, +∞) → M uma τ > 0 é sucientemente pequeno, minimizante. Ademais, se γ [0,τ0 ] τ > τ0 . d(γ(0), γ(τ )) = τ e Por continuidade, o conjunto é da forma [0, τ0 ] ou [0, +∞). Isso motiva a seguinte Denição 1.7 (ponto de mínimo & cut locus) niana completa e p ∈ M. Denotemos por G UM Sejam M uma variedade rieman- o brado tangente unitário de M, Up M, p∈M Up M = {u ∈ Tp M : |u| = 1}. Dado u ∈ Up M , geodésico normalizado, γu (t) = expp (tu). Se em que τ (u) := sup{t : γu [0,t] é seja γu : [0, +∞) → M uma geodésica minimizante} o raio < +∞, γu (τ (u)) é o ponto mínimo de p na direção u. O cut locus de p, que denotaremos por Cut(p), é o conjunto de todos os pontos de mínimo de p, em todas as direções u ∈ Up M . então diremos que Observação 1.4 Cut(p) 6= ∅ para todo p. [Com efeito, dado p ∈ M , seja ρp a função distância a partir de p. Sendo imagem contínua de M , o conjunto ρp (M ) ⊂ R é compacto e, portanto, limitado. Seja u ∈ Up M . Se não existisse ponto mínimo na direção u, então ρp ◦ γu : [0, +∞) → R seria tal que ρp ◦ γu (t) = t para todo t ∈ [0, +∞). Assim, esta seria uma função ilimitada com imagem contida no compacto ρp (M ). Absurdo.] A recíproca é verdadeira. Se M é compacta, então Exemplo 2 (i) Em Rn e Hn (cada um munido de sua métrica canônica), existe uma única geodé- sica normal minimizante ligando dois quaisquer pontos dados. Logo para todo p. Cut(p) = ∅, Capítulo 1. A análise do laplaciano (ii) Se M 21 é completa, simplesmente conexa e tem curvatura seccional não-positiva, M é uma vizinhança normal de cada um de Por conseguinte, se p ∈ M e u ∈ Up M , então γu (t) = expp (tu) é em [0, +∞), donde inferimos que Cut(p) = ∅, para todo p ∈ M . segue do teorema de Hadamard que seus pontos. minimizante S1 × R munido (ei(ϑ0 +π) , z) : z ∈ R é (iii) Para o cilindro Cut p = p = (eiϑ0 , z0 ), então a p. Note que p não da métrica canônica, se a linha vertical oposta tem pontos conjugados. (iv) Para Sn antípoda de Observação 1.5 todo ponto Cut(p) = {p}, com a métrica euclidiana, p. Note que p é também o primeiro ponto Uma variedade riemanniana compacta p∈M p = −p é conjugado de p. em que M o ponto para a qual o cut locus de se reduz a um único ponto é chamada uma variedade Wiedersehen. Um resultado devido a L. Green assevera que as superfícies (dim M = 2) Wiedersehen 5 são isométricas às esferas. Esse resultado foi generalizado por M. Berger e J. Kazdan para o caso em que Proposição 1.8 dim M Suponhamos que geodésica normalizada (i) ou γ(τ0 ) é par e por C.T. Yang γ. L(·) Corolário 1.9 τ Se em q, de p a (0, τ0 ], tal que p ao longo de γ(τ0 ), γ(τ ) Se então tal que γ; L(σ) = L(γ). q é conjugado a não ocorre depois de ponto de mínimo de q é o ponto mínimo de p (i) ou ao longo (ii) se de γ . q é o ponto mínimo de p ao longo de γ , então γ é minimizante L(σ) = L(γ) = d(p, q). −γ ao longo da p ∈ Cut(q). Segue que a geodésica oposta tal que ao longo de p = γ(0) é ímpar. Veja a Proposição 2.2 às páginas 296-297 de [18]. Proposição precedente, ou a σ 6= γ , q ∈ Cut(p), Demonstração. p dim M denota o comprimento de uma curva.) Reciprocamente, se Demonstração. p e q. é o ponto mínimo de é o primeiro ponto conjugado de verica, então existe entre para o caso em que Então: (ii) ou existe uma geodésica (Aqui, γ(τ0 ) 6 ao longo de p. −γ p, é também minimizante entre ou existe uma geodésica q e σ 6= γ , p. Pela ligando Em ambos os casos, o ponto de mínimo de Como L(−γ) = d(p, q), concluímos que p q é o −γ . An isoperimetric inequality and wiedersehen manifolds. In: S. T. Yau (ed.), Seminar on Dierential Geometry, Princeton University Press, Princeton, New Jersey, 1982, pp. 143 5 Veja 157. 6 Veja J. L. Kazdan, C. T. Yang, (1980), 9196. Odd-dimensional wiedersehen manifolds are spheres, J. Di. Geometry, 15 Capítulo 1. A análise do laplaciano Corolário 1.10 p a Se q∈ / Cut(p), então existe uma única geodésica minimizante ligando q. Demonstração. γ : [0, τ ] → M zante σ 6= γ γ(τ ) ligando p a q, Pelo teorema de Hopf e Rinow, existe uma geodésica minimi- γ(0) = p e γ(τ ) = q . com γ p ao longo de não seria minimizante em Observação 1.6 Se existisse outra geodésica minimizante então, pela recíproca da Proposição 1.8, existiria é o ponto mínimo de então, [0, τ ]. γ. τ (p, u) = τ0 , +∞, se se q∈ / Cut(p), Como teríamos τ < τ. τ : U M → R ∪ {+∞}, γp,u (τ0 ) = expp (τ0 u) ∈ Cut(p), p não tem ponto de mínimo na é contínua. Um corolário disso é que τ ∈ [0, τ ] tal que Mas, Contradição. É possível mostrar que a função ( em 22 Cut(p) direção denida por u, é um subconjunto fechado de medida zero M. Fixemos um ponto p ∈ M. O cut locus está profundamente relacionado à suavi- dade da função distância a partir de p, ρp : M → R x 7→ ρp (x) = d(p, x). Sabemos que em M. ρp De fato, é uma função contínua. Contudo, não é difícil ver que ρp nunca é suave em p! ρp não é suave Neste contexto, temos a seguinte Proposição 1.11 (i) ρp é de classe C ∞ em M \ (Cut(p) ∪ {p}), Cut(p) ∪ {p}) é dado por e seu gradiente ∇ρp (q) em q∈M\ 0 ∇ρp (q) = γpq (ρ(q)), em que γpq denota a única geodésica minimizante de comprimento de arco. Em particular, p a q parametrizada pelo |∇ρp (q)| = 1. (ii) Suponha que existem pelo menos duas geodésicas minimizantes normalizadas ligando p a q. Então ρp não é diferenciável em q. Capítulo 1. A análise do laplaciano Demonstração. 23 Veja a Proposição 4.8 às páginas 108109 de [59]. Observação 1.7 (i) O conjunto dos pontos Cut(p) q satisfazendo a hipótese de (ii) é denso em é um subconjunto fechado de M, Cut(p). Como isso fornece a seguinte caracterização do Cut(p) é o fecho do conjunto de todos os pontos de M que podem ser ligados a p por pelo menos duas geodésicas minimizantes. Pode-se provar que se q pode ser ligado a p por pelo menos duas geodésicas minimizantes, então ρ2p não possui derivada direcional em q para vetores na direção dessas duas geodésicas. cut locus: Esses dois fatos, combinados, implicam o seguinte resultado (Teorema 2 de [65]): M Seja n. uma variedade riemanniana completa de dimensão Assuma 2 que existe um ponto p ∈ M tal que ρp possui derivadas direcionais em n toda a M . Então M é difeomorfa a R . (ii) Usando a fórmula da segunda variação, é possível calcular o hessiano de M \ (Cut(p) ∪ {p}). ρp em Em particular, podemos provar o seguinte (veja [59], p. 109110): Se γ : [0, τ ] −→ M é uma geodésica normalizada partindo de Cut(p). que não intersecta 0 γ (τ0 ), Se τ0 ∈ (0, τ ] e X ∈ Tγ(τ0 ) M γ(0) = p é ortogonal a então ˙ Jiγ(τ ) , (Hess ρp )γ(τ0 ) (X, X) = hJ, 0 J é J(τ0 ) = X . em que Se o único campo de Jacobi ao longo de γ : [0, τ ] → M γ é uma geodésica normalizada ligando J(0) = 0 tal que p a x, e denimos (veja [66]) Kγ (x) := min t∈[0,τ ] Esta quantidade 1 (τ − t)2 donde Z t τ Kγ (x) 1 n−1 − τ −t (τ − t)2 Z τ 2 0 (ζ − t) Ric(γ (ζ))dζ . t é bem-denida, uma vez que 1 (ζ − t) Ric(γ (ζ))dζ ≤ sup Ric(γ 0 (ζ)) 2 (τ − t) ζ∈[0,τ ] τ −t = sup Ric(γ 0 (ζ)), 3 ζ∈[0,τ ] 2 0 Z t τ (ζ − t)2 dζ Capítulo 1. A análise do laplaciano ( Kγ (x) ≥ min t∈[0,τ ] n−1 − τ −t 24 τ −t 3 ) sup Ric(γ 0 (ζ)) . ζ∈[0,τ ] O mínimo no lado direito da última desigualdade existe, pois a expressão entre chaves é uma função Caso nimos g(t), [0, τ ) contínua em x ∈ M \ Cut(p), K(x) := Kγ (x). seja γ limt→τ − g(t) = +∞. e tal que a única geodésica minimizante ligando Caso contrário, pomos K(x) := inf γ Kγ (x), tomado sobre todas as geodésicas minimizantes γ ligando p a p a x. De- em que o ínmo é x. O próximo lema coleciona alguns fatos sobre a quantidade K que acabamos de denir. Lema 1.2 (i) Para todo x ∈ M \ Cut(p), (ii) Se a curvatura de Ricci de temos que M ∆ρp (x) ≤ K(x); é limitada inferiormente, então sup K(x) < ∞. x∈M Demonstração. (i) Sejam γ : [0, ρp (x)] −→ M a geodésica minimizante ligando os únicos campos de Jacobi ao longo de γ Ji (ρp (x)) = ei (ρp (x)), i = 1, . . . , n − 1, em que temos γ. Observação 1.7−(ii). x e J1 , . . . , Jn−1 γ(0) e tais que {e1 , . . . , en−1 , en = γ 0 } Como 7 (Hess ρp )x (Ji , Ji ) = hJi0 , Ji ix , 7 Cf. a que se anulam em referencial ortonormal e paralelo ao longo de i = 1, . . . , n − 1, p Ji (0) = 0 e é um hJi , γ 0 ix = 0, Capítulo 1. A análise do laplaciano 25 donde ∆ρp (x) = n X h∇ei ∇ρp , ei ix i=1 = n−1 X h∇ei ∇ρp , ei ix i=1 = = = n−1 X i=1 n−1 X i=1 n−1 X (Hess ρp )x (ei , ei ) (Hess ρp )x (Ji , Ji ) hJi0 , Ji ix . i=1 Por outro lado, pela equação de Jacobi, hJi00 , Ji i = −hR(γ 0 , Ji )γ 0 , Ji i. Assim, Z ρp (x) {hJi0 , Ji0 i − hR(γ 0 , Ji )γ 0 , Ji i}dt Iρp (x) (Ji , Ji ) = 0 Z ρp (x) {hJi0 , Ji0 i + hJi00 , Ji i}dt = 0 Z ρp (x) = hJi0 , Ji i0 dt 0 = hJi0 , Ji ix . Logo, ∆ρp (x) = n−1 X Iρp (x) (Ji , Ji ). i=1 Fixado τ0 ∈ [0, ρp (x)), f : [0, ρp (x)] −→ R é dada por 0, se 0 ≤ t ≤ τ0 , f (t) = t−τ0 , se τ ≤ t ≤ ρ (x), se ρp (x)−τ0 então f é seccionalmente suave e tal que 0, Vi := f ei 0 p f (0) = 0 e f (ρp (x)) = 1. Como hJi , γ 0 i = é um campo de vetores seccionalmente suave ao longo de γ, com Capítulo 1. A análise do laplaciano hVi , γ 0 i = 0, Ji (0) = Vi (0) = 0 e 26 Ji (ρp (x)) = Vi (ρp (x)) = ei (ρp (x)). Aplicando o lema do índice, é fácil ver que n−1 1 ∆ρp (x) ≤ − ρp (x) − τ0 (ρp (x) − τ0 )2 RicM ≥ C , posteriormente. Se (ζ − τ0 )2 Ric(γ 0 (ζ))dζ. τ0 C <0 em que γ : [0, τ ] → M ρp (x) τ0 ∈ [0, ρp (x)) , τ0 → ρp (x)− . Basta, por m, tomarmos o mínimo em (ii) Podemos supor que Z é uma constante a ser escolhida é uma geodésica normalizada ligando p a x, então Z τ C n−1 2 − (ζ − t) dζ Kγ (x) ≤ min t∈[0,τ ] τ −t (τ − t)2 t n − 1 C(τ − t) = min − . t∈[0,τ ] τ −t 3 (1.5) (1.6) Estudemos a função f : t 7→ f (t) = Derivando, obtemos f 0 (t) = n−1 (τ −t)2 n − 1 C(τ − t) − , t 6= τ. τ −t 3 + C3 . Assim, os pontos críticos de r t1 = τ − e − r t2 = τ + − f são 3(n − 1) C 3(n − 1) . C É fácil ver que f 0 (t) < 0 ⇐⇒ t ∈ (−∞, t1 ) ∪ (t2 , +∞) e que f 0 (t) > 0 ⇐⇒ t ∈ (t1 , t2 ), t 6= τ. Portanto, t1 é um mínimo global para grande, temos f (t1 ). 0 ≤ t1 < τ . Como f (−∞,τ ) . Tomando |C| sucientemente limt→τ − f (t) = +∞, segue de (1.5) que Kγ (x) ≤ Capítulo 1. A análise do laplaciano Lema 1.3 Seja γ : [0, τ ] → M 27 uma geodésica minimizante, tal que γ(0) = p M \ Cut(p). Então existe um aberto U contendo Γ := γ([0, τ ]) tal que, x ∈ U , há em U no máximo uma geodésica minimizante ligando x a p. Demonstração. nenhum tal q é ligado a com U Podemos supor que existir, para todo j ∈ N, γ e γ(τ ) ∈ para todo esteja normalizada. Por contradição, se xj ∈ M , existiria tal que limj d(xj , Γ) = 0 e xj por pelo menos duas geodésicas minimizantes distintas, digamos αj e βj , |αj0 (0)| = |βj0 (0)| = 1. Passando a uma subsequência, se necessário, podemos supor que existem (0, τ ] e v, w ∈ Up M , τ0 ∈ tais que lim xj = γ(τ0 ), lim αj0 (0) = v, lim βj0 (0) = w. Pela continuidade da função distância, para e γw (t) = expp (tw) t ∈ [0, τ0 ], temos que γv (t) = expp (tv) são geodésicas minimizantes ligando p a γ(τ0 ). Há dois casos a considerar. I Caso: v 6= γ 0 (0) v 6= γ 0 (0). Então w 6= γ 0 (0). ou γ(τ0 ) é ligado a Logo, pela Proposição 1.8, existe longo de γ, p Suponhamos, sem perda de generalidade, que pelas geodésicas minimizantes distintas τ ∈ (0, τ0 ] tal que γ(τ ) γ é o ponto mínimo de e γv . p ao contradizendo nossas hipóteses. II Caso: v = w = γ 0(0) . Então lim expp (τ0 αj0 (0)) = expp (τ0 γ 0 (0)) = lim expp (τ0 βj0 (0)). j Como que γ j é minimizante e γ(τ0 ) crítico de γ(τ ) ∈ M \ Cut(p), não é conjugado a expp . Logo expp p ao longo de novamente pela Proposição 1.8, temos γ e, portanto, é injetiva numa vizinhança de sucientemente grande, teremos τ0 αj0 (0) = τ0 βj0 (0). τ0 γ 0 (0) τ0 γ 0 (0), Contradição. não é um ponto de modo que, para j Capítulo 1. A análise do laplaciano 28 O teorema de Yau e seus corolários Teorema 1.12 (Yau [66]) 2 C (M ) pontos limitada superiormente. (pk )k∈N ⊂ M M Sejam uma variedade riemanniana completa e p ∈ M, Então, para todo f ∈ existe uma sequência de tal que lim f (pk ) = sup f, k |∇f (pk )| = (1.7) M 2(f (pk ) − f (p) + 1)ρp (pk ) k(ρp (pk )2 + 2) ln(ρp (pk )2 + 2) (1.8) e ∆f (pk ) ≤ em que ρp (x) = d(p, x) Demonstração. 2(f (pk ) − f (p) + 1)(ρp (pk )K(pk ) + 1) k(ρp (pk )2 + 2) ln(ρp (pk )2 + 2) 4(f (pk ) − f (p) + 1)ρp (pk ) + 2 , k (ρp (pk )2 + 2)2 [ln(ρp (pk )2 + 2)]2 é a distância a partir de k ∈ N, Para gk é contínua e, se p. denimos gk (x) := Obviamente, (1.9) f (x) − f (p) + 1 1 [ln(ρp (x)2 + 2)] k f (x) ≤ C gk (x) ≤ para todo . x ∈ M, C − f (p) + 1 1 [ln(ρp (x)2 + 2)] k então , de maneira que lim sup gk (x) ≤ 0. (1.10) ρp (x)→+∞ Afirmação. gk Com efeito, como gk (x) < gk (p). gk (p) > 0, Como e Rinow garante que pk ∈ M . assume seu máximo (absoluto) em algum BR (p) BR (p) segue de (1.10) que existe é limitado e fechado e é compacto. tal que ρp (x) > R ⇒ é completa, o teorema de Hopf Por continuidade, pk ∈ BR (p), o qual é, portanto, um máximo global. Agora, há dois casos a considerar. M R>0 gk Em particular, assume um máximo f (pk )−f (p)+1 > 0. Capítulo 1. A análise do laplaciano I Caso: pk ∈ M \ Cut(p) . Se obtemos, em Como v ∈ Tx M , 29 como (omitindo x por simplicidade) 2(f − f (p) + 1)ρp v(ρp ) v(f ) v(gk ) = k1 − 1 +1 , ln(ρ2p + 2) k(ρ2p + 2) ln(ρ2p + 2) k (1.11) ∇f 2(f − f (p) + 1)ρp ∇ρp 0 = ∇gk = k1 − 1 +1 . ln(ρ2p + 2) k(ρ2p + 2) ln(ρ2p + 2) k (1.12) pk , |∇ρp (pk )| = 1, obtemos (1.8). Para o cálculo do laplaciano, a equação (1.11) nos dá v(v(f )) 2ρp v(f )v(ρp ) v(v(gk )) = k1 − 1 +1 ln(ρ2p + 2) k(ρ2p + 2) ln(ρ2p + 2) k 2{ρp v(f )v(ρp ) + (f − f (p) + 1) [v(ρp )2 + ρp v(v(ρp ))]} 1 +1 k(ρ2p + 2) ln(ρ2p + 2) k 4(f − f (p) + 1)ρ2p v(ρp )2 1 2 + 1 +2 k + 1 + ln(ρp + 2) . k(ρ2p + 2)2 ln(ρ2p + 2) k − Portanto, em (1.13) pk , 4ρp h∇f, ∇ρp i 1 +1 k(ρ2p + 2) ln(ρ2p + 2) k ln(ρ2p + 2) 2(f − f (p) + 1)(1 + ρp ∆ρp ) − 1 +1 k(ρ2p + 2) ln(ρ2p + 2) k 4(f − f (p) + 1)ρ2p 1 2 + k1 +2 k + 1 + ln(ρp + 2) . 2 2 2 k(ρp + 2) ln(ρp + 2) ∆f 0 ≥ ∆gk = Novamente usando que k1 − |∇ρp (pk )| = 1, h∇f, ∇ρp i = segue de (1.12) que, em (1.14) pk , 2(f − f (p) + 1)ρp . k(ρ2p + 2) ln(ρ2p + 2) Substituindo essa expressão em (1.14) e usando o Lema 1.2(i), obtemos a desigualdade (1.9). II Caso: pk ∈ Cut(p). Então p ∈ Cut(pk ). pk ao longo de γ é uma geodésica minimizante p é o ponto de γ , então q ∈ / Cut(pk ) para todo q ∈ Γ, q 6= p, pk . Fixando um parametrizada pelo comprimento de arco ligando mínimo de Se pk = γ(0) a p, tal que Capítulo 1. A análise do laplaciano tal 30 q = γ(τ0 ), pelo Lema 1.3, podemos tomar um aberto U ⊃ Γ̃, em que Γ̃ = γ([0, τ0 ]), tal que, para todo x∈U, Denotemos por numa vizinhança de que ρ̃q (x) ≥ ρq (x), Denimos há no máximo uma geodésica minimizante ligando ρ̃q a função distância a pk , pois g̃k (x) = Afirmação. g̃k De fato, como gk na variedade pk ∈ / Cut(q) ∪ {q}. para todo g̃k : U → R q U. Temos que ρ̃q q a x. é suave Da denição de distância, inferimos x∈U. por f (x) − f (p) + 1 1 {ln [(ρ̃q (x) + ρp (q))2 + 2]} k atinge seu máximo em assume seu máximo em g̃k (pk ) = pk , ,x∈U. pk . temos, para todo x∈U, que f (pk ) − f (p) + 1 1 {ln [(ρ̃q (pk ) + ρp (q))2 + 2]} k f (pk ) − f (p) + 1 = 1 = gk (pk ) [ln(ρp (pk )2 + 2)] k f (x) − f (p) + 1 ≥ gk (x) = 1 [ln(ρp (x)2 + 2)] k f (x) − f (p) + 1 ≥ 1 = g̃k (x). {ln [(ρ̃q (x) + ρp (q))2 + 2]} k (Na última desigualdade, usamos que ∇g̃k (pk ) = 0 e ρ̃q (x) + ρp (q) ≥ ρq (x) + ρp (q) ≥ ρp (x).) ∆g̃k (pk ) ≤ 0. Note que a diferença entre as expressões de ρp (q). Como ρp (q) v(g̃k ) = pk , gk e g̃k é a troca de ρp (x) por ρ̃q (x) + é constante, um cálculo semelhante àquele que nos conduziu à expressão (1.11) mostra que, para Assim, em Logo, v ∈ Tx U , e omitindo x por clareza, temos v(f ) 1 {ln [ρ̃q + ρp (q)] + 2} k 2(f − f (p) + 1)(ρ̃q + ρp (q))∇ρ̃q − . 1 k [(ρ̃q + ρp (q))2 + 2] {ln [ρ̃q + ρp (q) + 2]} k +1 Capítulo 1. A análise do laplaciano v(f ) 0 = v(g̃k ) = Como |∇ρ̃q | = 1, ρ̃q (pk ) = ρq (pk ) q → p, 1 {ln [ρ̃q + ρp (q)] + 2} k 2(f − f (p) + 1)(ρ̃q (pk ) + ρp (q))∇ρ̃q (pk ) − . 1 k [(ρ̃q (pk ) + ρp (q))2 + 2] {ln [ρ̃q (pk ) + ρp (q) + 2]} k +1 obtemos |∇f (pk )| = De 31 2(f (pk ) − f (p) + 1)(ρ̃q (pk ) + ρp (q)) , k [(ρ̃q (pk ) + ρp (q))2 + 2] ln [(ρ̃q (pk ) + ρp (q))2 + 2] e da continuidade da função distância d : M × M → R, fazendo seque que |∇f (pk )| = 2(f (pk ) − f (p) + 1)ρ(pk ) k(ρp (pk )2 + 2) ln(ρp (pk )2 + 2) que é precisamente (1.8). De maneira similar, obtém-se (1.9). Para provar (1.7), é suciente mostrarmos que não fosse verdade, então existiriam δ>0 e x ∈ M, lim sup f (pk ) = supM f . Se isso tais que f (x) > lim sup f (pk ) + δ, donde f (x) > f (pk ) + δ/2, para todo Se k suentemente grande. ρp (pk ) → ∞, quando gk (x) = quando (1.15) ρp (pk ) > ρp (x). k → ∞, f (x) − f (p) + 1 [ln(ρp (x)2 + 2)] 1 k > f (pk ) − f (p) + 1 1 [ln(ρp (pk )2 + 2)] k Isso contradiria a denição de Se, para alguma subsequência de (1.15), teríamos então = gk (pk ), pk . k , (pk ) convergisse para um ponto x0 , então, de Capítulo 1. A análise do laplaciano 32 f (x) ≥ f (x0 ) + δ/2. (1.16) Como f (x) − f (p) + 1 1 → f (x) − f (p) + 1, [ln(ρp (x)2 + 2)] k k → ∞, quando temos f (x) − f (p) + 1 1 > f (x) − f (p) + 1 − δ/4, [ln(ρp (x)2 + 2)] k para j (1.17) sucientemente grande. De f (pk ) − f (p) + 1 1 [ln(ρp (pk )2 + 2)] k → f (x0 ) − f (p) + 1, quando k → ∞, segue que f (x0 ) − f (p) + 1 > f (pk ) − f (p) + 1 1 − δ/4. [ln(ρp (pk )2 + 2)] k De (1.16), (1.17) e (1.18), decorre que f (x) − f (p) + 1 1 + δ/4 > f (x) − f (p) + 1 [ln(ρp (x)2 + 2)] k > f (x0 ) − f (p) + 1 + δ/2 f (pk ) − f (p) + 1 > 1 + δ/4, [ln(ρp (pk )2 + 2)] k i.e. f (x) − f (p) + 1 [ln(ρp (x)2 + 2)] novamente uma contradição. 1 k > f (pk ) − f (p) + 1 1 [ln(ρp (pk )2 + 2)] k , (1.18) Capítulo 1. A análise do laplaciano 33 Teorema 1.13 (Princípio do máximo de Omori-Yau) Seja M uma variedade ri- f ∈ C 2 (M ) (pk )k∈N ⊂ M emanniana completa cuja curvatura de Ricci é limitada inferiormente. Se é limitada superiormente em M, então existe uma sequência de pontos tal que lim |∇f (pk )| = 0 lim f (pk ) = sup f, k k M Demonstração. Caso f lim sup ∆f (pk ) ≤ 0. e k atinja máximo em M pacta), o resultado é trivial: de fato, basta tomarmos e pk = p, para todo k ∈ N. Caso contrário, xemos (em particular, se p∗ ∈ M p ∈ M, tal que e seja M for com- f (p∗ ) = supM f (pk )k∈N ⊂ M uma sequência satisfazendo (1.7), (1.8) e (1.9), cuja existência é assegurada pelo Teorema 1.12. Então, pondo C1 := sup f , de (1.8), segue que ρp (pk ) 1 2(C1 − f (p) + 1) · · 2 k ρp (pk ) + 2 ln(ρp (pk )2 + 2) 2(C1 − f (p) + 1) 1 1 ≤ ·√ · , k 2 ln 2 |∇f (pk )| ≤ donde lim |∇f (pk )| = 0. k Como a curvatura de Ricci de uma constante (positiva) C2 , M tal que é limitada inferiormente, existe, pelo Lema 1.2, K(pk ) ≤ C2 , para todo k ∈ N. Daí e de (1.9), inferimos que 2(C1 − f (p) + 1) C2 ρp (pk ) + 1 1 · · 2 k ρp (pk ) + 2 ln(ρp (pk )2 + 2) 2 ρp (pk ) 1 4(C1 − f (p) + 1) + · · 2 2 k ρp (pk ) + 2 ln(ρp (pk )2 + 2) 2(C1 − f (p) + 1)C3 C1 − f (p) + 1 ≤ + , k ln 2 2k 2 ln2 2 ∆f (pk ) ≤ em que C3 é uma constante positiva, de modo que lim sup ∆f (pk ) ≤ 0. k No caso em que Teorema 1.13 à função f ∈ C 2 (M ) −f , é uma função limitada inferiormente, aplicando o obtemos o seguinte Capítulo 1. A análise do laplaciano Corolário 1.14 Seja M 34 uma variedade riemanniana completa cuja curvatura de Ricci f ∈ C 2 (M ) é limitada (pk )k∈N ⊂ M tal que é limitada inferiormente. Se uma sequência de pontos lim f (pk ) = inf f, M k lim |∇f (pk )| = 0 k Corolário 1.15 (Cheng-Yau [21]) Seja M inferiormente em negativa de classe (em particular, se então existe lim inf ∆f (pk ) ≥ 0. e k uma variedade Riemanniana completa, com curvatura de Ricci limitada inferiormente. Se 2 M, β f : M → R C , tal que ∆f ≥ αf para algum f for subharmônica), então f ≡ 0. é uma função não- par de números α>0 e β >1 Antes de passarmos à demonstração do Corolário 1.15, recordamos as seguintes expressões para o gradiente e o laplaciano de uma função e ϕ:S⊆R→R F = ϕ◦f , em que f ∈ C ∞ (M ) é uma função suave: ∇F = ϕ0 (f )∇f, ∆F = ϕ0 (f )∆f + ϕ00 (f )|∇f |2 . (1.19) Demonstração do Corolário 1.15. Denimos F := ϕ ◦ f , em que ϕ : t ∈ R∗+ 7→ 1 ∈ R∗+ , (1 + t)λ Usando as fórmulas em (1.19) e o fato de que ∆F = ϕ0 (f )∆f + λ := ϕ(t) > 0, β−1 > 0. 2 para todo ϕ00 (f ) |∇f |2 , 0 2 ϕ (f ) de modo que − ϕ00 (f ) |∇f |2 + ∆F = ϕ0 (f )∆f. ϕ0 (f )2 Agora, é fácil ver que 0 ϕ (t) = −λϕ(t) Assim, λ+1 λ , ϕ00 (f ) = ϕ0 (f )2 λ+1 λ 1 . ϕ(t) t ∈ R+ , obtemos Capítulo 1. A análise do laplaciano λ+1 λ 35 |∇f |2 − f ∆f = λϕ(f ) 2λ+1 λ ∆f fβ ≥ αλ (1 + f )2λ+1 β f ; = αλ 1+f em suma, Como F 2 |∇f | − f ∆f ≥ αλ é, claramente, limitada inferiormente (F F cia minimizante para Corolário 1.14. k → ∞, λ+1 λ β . (1.20) ≥ 0), seja (pk )k∈N ⊂ M uma sequên- no sentido de Omori-Yau, cuja existência é assegurada pelo Avaliando ambos os lados da deseigualdade (1.20) em pk e fazendo vemos que " lim αλ k donde f 1+f limk f (pk ) = 0. limk f (pk ) = supM f . Ora, como f (pk ) 1 + f (pk ) β # = 0, limk F (pk ) = inf M F e ϕ é estritamente decrescente, O resultado segue. Inspirados na prova do Corolário 1.15, se acrescentarmos às hipóteses deste corolário a hipótese de para o caso em que Corolário 1.16 f ser limitada superiormente, então podemos estender o resultado β = 1. Seja M uma variedade riemanniana completa cuja curvatura de Ricci f é uma função de classe C 2 , não-negativa, ∆f ≥ cf , para alguma constante c > 0, então f ≡ 0. é limitada inferiormente. superiormente e tal que Demonstração. tal que Mais precisamente, temos o seguinte f (x) ≤ A, Se Denimos para todo Ademais, note que F : M → R∗+ x ∈ M, por p F (x) = 1/ 1 + f (x). então 1 1 0< √ = F ≤ 1. ≤√ 1+f 1+A √ F = ϕ(f ), em que ϕ : t 7→ 1/ 1 + t. ∇F = ϕ0 (f )∇f = −∇f −F 3 ∇f = , 2(1 + f )3/2 2 Então Se limitada A>0 é Capítulo 1. A análise do laplaciano 36 i.e., ∇f = −2 ∇F. F3 Por outro lado, ∆F = ϕ0 (f )∆f + ϕ00 (f )|∇f |2 = −∆f 3|∇F |2 + , 2(1 + f )3/2 (1 + f )3/5 F 6 i.e., F ∆F = −1 4 F ∆f + 3|∇F |2 , 2 ou ainda, F 4 ∆f = 6|∇F |2 − 2F ∆F. Seja (pk )k∈N ⊂ M uma sequência minimizante para F avaliando ambos os membros da última igualdade em consideração que segue que F é limitada, obtemos limk ∆f (pk ) = 0. Daí e de no sentido de Omori-Yau. Então, pk , fazendo k → ∞ e levando em limk [F (pk )4 ∆f (pk )] = 0. ∆f ≥ cf , decorre que Como F (pk ) 6→ 0, lim f (pk ) = 0. Ora, lim f (xk ) = sup f . Observação 1.8 Seja M uma variedade riemanniana completa. Diremos que o prin- cípio do máximo (forte) de Omori-Yau vale para M se, para qualquer função f ∈ 2 C (M ) limitada superiormente (respectivamente, inferiormente), for possível obter uma sequência de pontos de M satisfazendo as três condições do Teorema 1.13 (respectivamente, Corolário 1.14). Um tal sequência será dita uma sequência maximizante (respectivamente, sequência minimizante) para f. Note que o Teorema 1.13 estabelece uma condição suciente para a validade do Omori-Yau, qual seja, a de que a curvatura de Ricci de M seja limitada inferiormente. Em seu belo opúsculo [54], S. Pigola, M. Ri- goli e A.G. Setti provaram que a validade do Omori-Yau depende menos da curvatura de Ricci (e mesmo da geometria) de M do que os resultados apresentados nesta seção nos levariam a crer. Mais precisamente, eles provaram o seguinte (M, h·, ·i) uma variedade riemanniana e suponha que existe uma função C 2 não-negativa ν satisfazendo as exigências a seguir: Seja ν(x) → +∞ ∃A > 0 ∃B > 0 em que G tal que tal que quando |∇ν| ≤ Aν 1/2 x → ∞, fora de um compacto, ∆ν ≤ Bν 1/2 G(ν 1/2 )1/2 é uma função suave em [0, +∞) fora de um compacto, satisfazendo: Capítulo 1. A análise do laplaciano (G1) G(0) > 0; (G2) G0 (t) ≥ 0 (G3) G(t)−1/2 ∈ / L1 (+∞); (G4) lim supt→+∞ [0, +∞); em tG(t1/2 ) G(t) < +∞. u ∈ C 2 (M ) Então, dada qualquer função uma sequência (xk )k∈N ⊂ M (OY1) u(xk ) > u∗ − (OY2) |∇u(xk )| < (OY3) ∆u(xk ) < para cada ∃B > 0 37 com u∗ = supM u < +∞, existe com as seguintes propriedades: 1 ; k 1 ; k 1 k k ∈ N. tal que Se substituirmos a última exigência sobre a função Hess ν ≤ Bν 1/2 G(ν 1/2 )1/2 h·, ·i ν por fora de um compacto, no sentido de formas quadráticas, obteremos, em lugar de (OY3), a seguinte conclusão mais forte Hess u(xk ) < 1 h·, ·i. k Exemplos especialmente signicativos de funções satisfazendo (G1) − (G4) são dados por 2 G(t) = t N Y 2 ln (t) , (j) t 1, j=1 em que ln(j) denota o j ésimo iterado da função logaritmo. As duas pri- meiras condições sobre a função Exemplo 3 ν implicam que (M, h·, ·i) é completa. M o plano R com a métrica g = dr +h (r)dθ , em que h ∈ C ([0, +∞)) é tal que h(r) > 0 para r > 0 e ( r, se 0 5 r 5 1, h(r) = 2 r3 3r e , se r = 3. Uma variedade na qual não vale o princípio de Omori-Yau. Seja 2 A métrica 2 g 2 2 ∞ f : M → R por Z t 1 h(s)ds dt. h(t) 0 é suave e completa. Denimos Z f (x) = 0 2 r(x) f ∈ C (M ), supM f < +∞ e ∆f ≡ 1. Em particular, não existe nenhuma sequência (pk ) em M tal que lim supk ∆f (pk ) 5 0. Para r > 3, a curvatura gaussiana de M é dada por h00 (r) 2 2 K(r) = − = − 9r + 18r + 2 , h(r) r donde K(r) → −∞ quando r → +∞. Então Capítulo 1. A análise do laplaciano 1.3.2 38 O princípio do máximo de Hopf-Calabi Lema 1.4 para todo f, g : (M, g) −→ R x próximo de p, então Se são funções C2 tais que f (p) = g(p) e f (x) ≥ g(x), ∇f (p) = ∇g(p), Hess f (p) ≥ Hess g(p), ∆f (p) ≥ ∆g(p). Demonstração. Se (M, g) ⊂ (R, can), geral, tomando uma geodésica observação para f ◦α e g ◦ α, então o resultado é simples cálculo. Em α : (−, ) → M com α(0) = p, podemos usar essa a m de ver que df (α0 (0)) = dg(α0 (0)) Hess f (α0 (0), α0 (0)) ≥ Hess g(α0 (0), α0 (0)). Claramente, isso implica o lema, se zermos Desse lema decorre que uma função em que f :M →R B é uma aplicação bilinear simétrica em Tp M se, existe uma função (i) f (p) = f (p); (ii) f (x) ≥ f (x) (iii) v = α̇(0) f (x), percorrer todos os de classe (ou Hess f (p) ≥ B − · gp (ou tem Hess f (p) ≥ B , ∆f (p) ≥ a ∈ R) se, e somente denida numa vizinhança de em alguma vizinhança de C2 v ∈ Tp M . p, tal que p; ∆f (p) ≥ a − ). As próximas denições visam dar sentido a esses fatos (reproduzi-los, se assim podemos dizer) quando f é apenas uma função contínua. Denição 1.17 (Função-suporte) suporte para uma função contínua C 2, f denida em uma vizinhança de Seja M uma variedade riemanniana. Uma função- x0 ∈ M é uma função g de classe g(x0 ) = f (x0 ) e g(x) ≤ f (x) nessa em um ponto x0 , tal que vizinhança. Denição 1.18 (Sub/superhamonicidade no sentido de funções-suporte) Sejam M uma variedade riemanniana e f ∈ C 0 (M ). Seja a ∈ R. Diremos que ∆f ≥ a Capítulo 1. A análise do laplaciano x0 no sentido de ˜ f = fx0 , de f em x0 em 39 funções-suporte se, para todo > 0, existir uma função-suporte tal que ∆f˜ ≥ a − , ∆ em que, nesta última ocorrência, ∆f ≥ a em todo x ∈ M . Uma função contínua f com ∆f ≥ 0 (respectivamente, ∆f ≤ 0) será dita subharmônica (respectivamente, superharmônica). que ∆f ≥ a denota o operador de Laplace-Beltrami. Diremos se Teorema 1.19 (Princípio do máximo de Hopf-Calabi [14, 40]) variedade riemanniana conexa de dimensão (no sentido de funções-suporte). Então f n e f ∈ C 0 (M ) M n uma Sejam uma função subharmônica M n, não atinge máximo em a menos que f seja constante. A demonstração que apresentaremos é devida a J. Eschenburg e E. Heintze [28]. (Veja também [19, 20, 59].) Demonstração. todo x próximo de p. Seja p um máximo local, de tal maneira que Tomemos uma pequena bola coordenada normal supor que exista um ponto z ∈ ∂Bδ (p) tal que f (p) > f (z). f (p) > f (z 0 ) para z 0 ∈ ∂Bδ (p) sucientemente próximo de z . de coordenadas normal d((x2 )2 + · · · + (xn )2 ), f (p), então φ(y) < 0. {xi }ni=1 em que d tal que grande, Então Se f˜ = fq, Ademais, ψ(p) = 0. f + µψ δ (p) Assim, para < f (p), φ(x) := x1 − y ∈ ∂Bδ (p) e f (y) = µ>0 Logo, para Como f + µψ f + µψ em sucientemente pequeno, f q. em q Para com q ∈ Bδ (p). ∆f˜ ≥ −, então f˜ + µψ é sucientemente pequeno, temos tem um máximo local em f˜ + µψ < f + µψ, a sucientemente (f + µψ)(p) = f (p). é uma função-suporte para ∆(f˜ + µψ) > 0. Ponhamos tem um máximo interior em algum ponto também uma função-suporte para que Consideremos um sistema ∂ − · · · 6= 0. ∂x1 ∆ψ = (a2 |∇φ|2 + a∆φ)eaφ . (f + µψ)∂B Por conseguinte, e vamos Note que ψ := eaφ − 1. ∆ψ > 0. z = (δ, 0, . . . , 0). Bδ (p), para Então, por continuidade, é um número tão grande que, se ∇φ = Seja f (p) ≥ f (x) q e (f˜ + µψ)(q) = (f + µψ)(q), Capítulo 1. A análise do laplaciano segue que f˜ + µψ 40 tem um máximo local em q. Isso é uma contradição, uma vez que o Hessiano de uma função em um ponto de máximo é negativo semi-denido, logo seu traço é ≤ 0. Portanto, o conjunto de pontos nos quais f atinge um máximo é aberto e fechado e, por hipótese, coincide com toda a variedade. 1.3.3 A fórmula de Bochner Teorema 1.20 (Bochner [10, 12]) são n e seja f ∈ C 2 (M ). Seja M n uma variedade Riemanniana de dimen- Então 1 ∆|∇f |2 = Ric(∇f, ∇f ) + h∇f, ∇(∆f )i + |Hess f |2 . 2 Demonstração. uma vizinhança Fixemos U ⊂M de p, p ∈ M, e seja geodésico em p. {Ei }ni=1 (1.21) um referencial ortonormal em Então, em p, temos 1 1X ∆|∇f |2 = (Hess |∇f |2 )(Ei , Ei ) 2 2 i X 1X = Ei (Ei h∇f, ∇f i) = Ei (h∇Ei ∇f, ∇f i) 2 i i X X = h∇Ei ∇Ei ∇f, ∇f i + |∇Ei ∇f |2 i (1.22) i X = h∇Ei ∇Ei ∇f, ∇f i + |Hess f |2 . i Agora, para X X ∈ T M, temos que hR(Ei , X)∇f, Ei i = i X h∇X ∇Ei ∇f − ∇Ei ∇X ∇f + ∇[Ei ,X] ∇f, Ei , Ei i. (1.23) i Como o referencial é geodésico em p, temos que ∇X Ei (p) = 0 e, daí, em p, X X h∇X ∇Ei ∇f, Ei i = Xh∇Ei ∇f, Ei i = X(∆f ) = hX, ∇(∆f )i. i (1.24) i Novamente em virtude de o referencial ser geodésico em p, junto com o fato de Hessf Capítulo 1. A análise do laplaciano 41 ser um operador linear auto-adjunto, obtemos, em p, h∇Ei ∇X ∇f − ∇[Ei ,X] ∇f, Ei i = Ei h∇X ∇f, Ei i − h∇X ∇f, ∇Ei Ei i − h∇Ei ∇f, [Ei , X]i = Ei h∇Ei ∇f, Xi − h∇Ei ∇f, ∇Ei X − ∇X Ei i (1.25) = h∇Ei ∇Ei ∇f, Xi + h∇Ei ∇f, ∇Ei Xi − h∇Ei ∇f, ∇Ei Xi = h∇Ei ∇Ei ∇f, Xi. Substituindo (1.24) e (1.25) em (1.23), obtemos X X hR(Ei , X)∇f, Ei i = hX, ∇(∆f )i − h∇Ei ∇Ei ∇f, Xi i i ou, ainda, X h∇Ei ∇Ei ∇f, Xi = Ric(X, ∇f ) + hX, ∇(∆f )i. i Basta tomar X = ∇f Observação 1.9 para 1-formas na última relação e substituir o resultado em (1.22). Em [34], a fórmula de Bochner é deduzida da seguinte identidade diferenciais: ((DX DY − DY DX )α)(Z) = α(R(X, Y )Z), quaisquer que sejam os campos fórmula a α = df , X, Y, Z em (M, g) e a 1−forma α. obtemos DDdf (X, Y, Z) − DDdf (Y, X, Z) = df (R(X, Y )Z). Tomando traços com respeito a X e a Z e observando que DDdf (X, Y, Z) = DDdf (X, Z, Y ) (pois df é fechada), vemos que tr12 DDdf (Y Por outro lado, ) = −d∆f (Y ) + Ric(∇f, Y ). DX |df |2 = 2g(DX df, df ), donde 2 DX,Y |df |2 = 2g(DX df, DY df ) + 2g(DX DY df, df ). Aplicando essa Capítulo 1. A análise do laplaciano 42 Tomando o traço, obtemos 1 − ∆|df |2 = |Ddf |2 + tr12 DDdf (∇f ). 2 A fórmula desejada segue, bastando para isso eliminar o termo DDdf (∇f ). Combinaremos o princípio do máximo de Omori e Yau (1.13) e a fórmula de Bochner (1.20) para obter a seguinte extensão do teorema de Liouville, devida ao S. T. Yau ([66]). Proposição 1.21 Seja Mn uma variedade riemanniana completa, com curvatura de Ricci não negativa. As únicas funções harmônicas limitadas inferiormente em Mn são as constantes. Demonstração. Para a > 0, Sem perda de generalidade, podemos supor que denimos uma função g:M →R g(x) = p Da denição de g por f (x) |∇f (x)|2 + a . (1.26) e das propriedades do grandiente, segue que ∇g = p Usando div(hX) inf M f > 0. ∇f |∇f |2 + a = h∇h, Xi + hdivX − f ∇|∇f |2 . 2(|∇f |2 + a)3/2 (1.27) e a fórmula de Bochner (1.21), obtemos que ∆f 3f |∇|∇f |2 |2 h∇|∇f |2 , ∇f i p + + |∇f |2 + a)3/2 |∇f |2 + a 4(|∇f |2 + a)5/2 f − {|Hessf |2 + h∇∆f, ∇f i + Ric(∇f, ∇f )}. 2 |∇f | + a)3/2 ∆g = − Como, por hipótese, ∆g ≤ − ∆f = 0 e RicM ≥ 0, segue que 3f |∇|∇f |2 |2 f h∇|∇f |2 , ∇f i + − |Hessf |2 . 2 3/2 2 5/2 2 3/2 |∇f | + a) 4(|∇f | + a) |∇f | + a) Tomando o produto interno de (1.27) com Schwarz, obtemos (1.28) ∇f (1.29) e usando a desigualdade de Cauchy- Capítulo 1. A análise do laplaciano h∇|∇f |2 , ∇f i 2 − ≤ 2 3/2 |∇f | + a) f 43 ( |∇f |2 ) |∇g||∇f | − p |∇f |2 + a . (1.30) De (1.27), vem também que p 2 3 |∇f |2 + a f ∇|∇f |2 3f |∇|∇f |2 |2 = 2(|∇f |2 + a)3/2 4(|∇f |2 + a)5/2 f " #2 p 3 |∇f |2 + a |∇f | p + |∇g| . ≤ f |∇f |2 + a Multiplicando ambos os lados de (1.29) por g (1.31) e usando (1.26), (1.30) e (1.31), obtemos g∆g ≤ 2 |∇f |2 |∇g||∇f | p − |∇f |2 + a |∇f |2 + a ! +3 !2 |∇f | p + |∇g| |∇f |2 + a (1.32) f2 − |Hessf |2 . |∇f |2 + a)3/2 Portanto, p |∇f | f |∇f ||Hessf | ≤ . 8|∇g| + 1 + 3|∇g|2 − g∆g p 2 3/2 (|∇f | + a) |∇f |2 + a Agora, dado de Tx M tal que obtemos, em n escolhemos uma base ortonormal {ei }i=1 2 P P k ≤ k ki=1 c2i , ∇f (x)/|∇f (x)|. Usando a desigualdade 1=1 ci x∈M e1 = (1.33) com ∇f (x) 6= 0, x, |Hessf |2 = n X i,j=1 fij2 ≥ n X i=1 2 fii2 = f11 + n X i=2 1 2 fii2 ≥ f11 + n−1 n X !2 fii i=2 1 f2 n 2 2 = f11 + (∆f − f11 ) = f11 + 11 = f2 . n−1 n−1 n − 1 11 Tomando o produto interno de (1.27) com e1 , temos f h∇e1 ∇f, ∇f i f |∇f |f11 |∇f | |∇f | h∇g, e1 i = p − =p − 2 3/2 (|∇f | + a) |∇f |2 + a |∇f |2 + a (|∇f |2 + a)3/2 (1.34) Capítulo 1. A análise do laplaciano 44 e, daí, |∇f | f |∇f ||f11 | |∇f | p p − |h∇g, e i| ≥ − |∇g|. ≥ 1 (|∇f |2 + a)3/2 |∇f |2 + a |∇f |2 + a (1.35) Combinando (1.34) e (1.35), obtemos f |∇f ||Hessf | ≥ (|∇f |2 + a)3/2 r n n−1 |∇f | ! r |∇f | p − |∇g| . |∇f |2 + a (1.36) De (1.33) e (1.36), temos p |∇f | 8|∇g| + 1 + 3|∇g|2 − g∆g p ≥ |∇f |2 + a n n−1 ! p − |∇g| , |∇f |2 + a que implica r n |∇g| ≥ n−1 r |∇f | p |∇f |2 + a Seja, agora, Yau. Dado > 0, (pk ) ⊂ M existe p n − 8|∇g| + 1 + 3|∇g|2 − g∆g . n−1 uma sequência minimizante para k0 ∈ N g no sentido do Omori- tal que |∇g(pk )| < , −g(pk )∆g(pk ) < , ∀k = k0 . Daí e de (1.37), temos r n |∇f | > p (pk ) n−1 |∇f |2 + a r √ n 2 − 1 + 9 + 3 , n−1 implicando n √n−1 lim sup p (pk ) ≤ p n . 2 − 1 + 9 + 3 k |∇f |2 + a n−1 p |∇f | Fazendo → 0+ na desigualdade precedente, encontramos que lim sup p k |∇f | |∇f |2 + a (pk ) = 0. (1.37) Capítulo 1. A análise do laplaciano Portanto, existe k1 ∈ N 45 tal que √ |∇f | 2 p (pk ) < , 2 2 |∇f | + a e, assim, |∇f (pk )|2 < a, ∀k ≥ k1 . ∀k ≥ k1 Ora, f (pk ) f (pk ) inf f g(pk ) = p > √ ≥ √ , 2 2a 2a |∇f (pk )| + a Como g(pk ) → inf g , |∇f (p)| < f (p) Fazendo a → 0+ , Exemplo 4 segue que inf g ≥ ∀k = k1 . inf √ f . Portanto, 2a p √ |∇f (p)|2 + a 1 1 2a = ≤ ≤ , f (p) g(p) inf g inf f obtemos que |∇f (p)| = 0, para todo ∀p ∈ M, a > 0. p ∈ M. Com o auxílio do princípio do máximo de Hopf-Calabi e da Fórmula de Bochner estabeleceremos o seguinte resultado, devido a Myers e a Cheng: Seja (M, g) uma variedade riemanniana completa cuja curvatura de Ricci satisfaz RicM dade vale se, √ ≥ (n − 1)κ = RicSn (κ) . Então diam(M ) ≤ π/ κ, n e somente se, (M, g) é isométrica a S (κ). e a igual- Necessitaremos desta Proposição 1.22 ( Comparação do laplaciano) Sejam M r(x) := d(p, x), x ∈ M , a função distância a partir de p. (n − 1)κ, para todo v ∈ U M , então, em M \ (Cut(p) ∪ {p}), temos √ √ se κ > 0, (n − 1) κ cot( κr), κ ∆r ≤ ∆ r = (n − 1)/r, se κ = 0, √ √ (n − 1) −κ coth( −κr), se κ < 0. Denote por Aqui ∆κ Se (1.38) denota o operador de Laplace-Beltrami na variedade Riemanniana simples- mente conexa M (κ) com curvatura seccional constante Demonstração da Proposição 1.22. (1.21) à função f (x) = r(x) em obtemos |Hess r|2 + Sejam p ∈ M. Ric(v, v) ≥ completa e λ1 , . . . , λ n os auto-valores κ. Aplicando a fórmula de Bochner M \ (Cut(p) ∪ {p}), onde r é suave e ∂ ∂ ∂ (∆r) + Ric( , ) = 0. ∂r ∂r ∂r de Hess r , i.e., os autovalores auto-adjunta v 7→ ∇v ∇r. |∇r| = 1, da aplicação linear Capítulo 1. A análise do laplaciano Como x, ∇r(x) = 0 , = γr(x) ∂ ∂r x em que 46 γ é a única geodésica normalizada ligando p a temos ∇∇r ∇r = 0. Segue que um dos auto-valores, digamos dá Como λ1 , é zero. A desigualdade de Cauchy-Schwarz (traço(Hess r))2 (λ2 + · · · + λn )2 (∆r)2 = = ≤ λ22 + · · · λ2n = |Hessr|2 . n−1 n−1 n−1 Ric(∇r, ∇r) ≥ (n − 1)κ, obtemos a desigualdade de Riccati (∆r)2 ∂ + + (n − 1)κ ≤ 0. n − 1 ∂r Denimos snκ (t) := √1 κ √ sin( κt), t, √1 −κ √ sinh( −κt), ctκ (t) := se κ > 0, se κ = 0, κ < 0, se (1.39) 0 snκ (t) snκ (t) e ψκ (t) := (n − 1)ctκ (t). Note que ψκ satisfaz a equação de Riccati, ψκ0 + ψκ2 + (n − 1)κ = 0. n−1 x ∈ M \(Cut(p)∪{p}), γ a única geodésica minimizante ligando p a x, v := γ 0 (0) ϕ(t) = ∆r(γ(t)). Observe que ϕ satisfaz Sejam e ϕ0 + ϕ2 + (n − 1)κ ≤ 0. n−1 Por outro lado, como i.e., ϕ(t) = n−1 t + O(t), ∆r = n−1 + O(r), r existe r0 ≤ d(v) quando r → 0, tal que ϕ(t)2 + (n − 1)κ > 0, n−1 ∀t ∈ (0, r0 ). Assim, levando em consideração a desigualdade (1.39), obtemos −ϕ0 ϕ2 n−1 (1.40) + (n − 1)κ ≥1 em (0, r0 ). (1.41) Capítulo 1. A análise do laplaciano 47 Por integração, obtemos Z 0 t −ϕ0 ϕ2 n−1 + (n − 1)κ donde arc ctκ ϕ(t) n−1 ds ≥ t, ∀t ∈ (0, r0 ] , ≥ t, ∀t ∈ (0, r0 ] . (Aqui arc ctκ denota a função inversa de ctκ .) Daí, ϕ(t) ≤ (n − 1)ctκ (t) = ψκ (t), t ∈ (0, r0 ] . Pomos t0 := sup{0 < t < τ (v) : ϕ ≤ ψκ Se t0 = τ (v), obtemos (1.38). Se t0 < τ (v), então em (0, t)}. ϕ(t0 ) = ψκ (t0 ) e, assim, ψκ (t0 )2 ψ(t0 )2 + (n − 1)κ = + (n − 1)κ > 0. n−1 n−1 Mas, então, (1.41) vale em (0, t0 + ) para algum >0 de t0 . t ∈ (0, t0 + ), o que contradiz a denição t ∈ (0, τ (v)). Em M (κ), a desigualdade (1.39) é, ∆κ r satisfaz (1.40), temos ∆κ (x) = ψκ (x). todo ϕ(t) ≤ ψκ (t), ϕ(t) ≤ ψκ (t), para e, portanto, para Logo, todo na verdade, uma igualdade. Como Passemos ao resultado prometido: Demonstração do resultado de Myers e Cheng. A primeira parte do teorema é já bastante conhecida. Provaremos a parte da rigidez. Podemos supor que p, q ∈ M tais que d(p, q) = π . Denote por r e r̃ as funções distância a partir de p e q , respectivamente. Pela desigualdade triangular, temos r + r̃ ≥ π , e a igualdade vale para qualquer x ∈ M \ {p, q} que pertença a uma segmento ligando p e q . Dena f := r+r̃−π . Então f ≥ 0. Como r̃ ≥ π−r , temos cot r̃ ≤ cot(π−r) = − cot r . κ = 1. Sejam Segue daí e da Proposição 1.22 que ∆f ≤ (n − 1)(cot r + cot r̃) ≤ 0. M . O Teorema 1.19, aplicado à função −f , garante que f ≡ 0. Consequentemente, r + r̃ = π , e qualquer geodésica normalizada partindo de p encontra q a uma distância π . Logo, Cut(p) = {q} e Cut(q) = {p}. Em particular, r e r̃ são suaves em M \ {p, q}. A 2 2 partir daí, é possível provar que Hess r = cot(r)dsn−1 em M \ {p, q} e que g = dr + sin(r)ds2n−1 . Ora, esta última condição implica que M deve ser (isométrica a) Sn (veja, Assim, f é uma função super-harmônica que atinge seu mínimo em por exemplo, [53], p. 136137, 270272 e 284285). Capítulo 1. A análise do laplaciano 1.3.4 O laplaciano das funções altura e suporte Seja índice 48 M n+1 g = h·, ·i uma variedade semi-riemanniana conexa com métrica ν ≤ 1 e conexão semi-riemanniana ∇. Para um campo de vetores de X ∈ T M , seja (X) = hX, Xi. Um campo de vetores V em M n+1 é dito conforme se LV h·, ·i = 2ϕh·, ·i, para alguma função M. A função Como V ∈ TM φ ϕ∈ ∞ C (M ), em que L denota a derivada de Lie da métrica de é chamada de fator conforme de V. LV (X) = [X, X] para todo X ∈ T M , segue do caráter tensorial de LV que é conforme se, e somente se, h∇X V, Y i + hX, ∇Y V i = 2ϕhX, Y i, para todos somente se, X, Y ∈ T M . Em particular, V é campo de Killing relativamente a se, e φ ≡ 0. No que segue, consideraremos imersões riemannianas imersões de uma variedade suave que a métrica induzida de Levi-Civita unitário g ∇. n−dimensional, orientável e conexa, Σn g = ψ ∗ (g) Orientamos ψ : Σn → M faz de Σn Σn n+1 em , ou seja, M n+1 , tal uma variedade riemanniana, com conexão pela escolha de um campo de vetores normal e N , e sejam A o endomorsmo de Weingarten e H = (traço(A))/n a curvatura média correspondentes. O resultado a seguir apareceu pela primeira vez em [60], no contexto riemanniano. Em [9], A. Barros, A. Brasil e A. Caminha generalizaram-no para o contexto lorentziano. Apresentamos aqui a versão unicada que pode ser encontrada em [17]. Teorema 1.23 (Proposição 2.1 de [17]) φ∈C M uma variedade semi-riemanniana que admite um campo de vetores conforme V , com fator conforme n+1 (M ), e seja ψ : Σn → M uma imersão riemanniana. Se η := hV, N i, então de dimensão ∞ Seja n+1 ∆η = −nhV, ∇Hi − η{Ric(N, N ) + |A|2 } − n{Hϕ + N (ϕ)}, em que = (N ), ∇H é o gradiente de H na métrica de n+1 de M e |A| é a norma de Hilbert-Schmidt de A. Σn , Ric (1.42) é o tensor de Ricci Capítulo 1. A análise do laplaciano Demonstração. uma vizinhança de 1, . . . , n {Ei p } (i.e., com autovalores ∇N Ei (p) = 0. p ∈ Σn , Fixemos p em Σn , 49 e seja geodésico em p, {Ei }ni=1 e tal que, também em é uma base ortonormal de {λi }). Estendemos Ei um referencial ortonormal em Tp M p, AEi = λi Ei , i = formada por autovetores de a uma vizinhança de p em M A, de tal forma que Podemos escrever V = X αi Ei + ηN. i Então η = hN, V i =⇒ Ei (η) = h∇Ei N, V i + hN, ∇Ei V i = −hAEi , V i + hN, ∇Ei V i, donde ∆η = X Ei (Ei (η)) = − X i Ei hAEi , V i + X i Ei hN, ∇Ei V i i X X X =− h∇Ei AEi , V i − 2 hAEi , ∇Ei V i + hN, ∇Ei ∇Ei V i. i Agora, derivando X i AEi = P hij Ej j i com relação a h∇Ei AEi , V i = X = X i,j i,j = X X i obtemos em p i,j X αj Ei (hij ) + h∇Ei Ej , N ihV, N i αj Ei (hij ) + i,j = Ei , X h∇Ei Ej , V i Ei (hij )hEj , V i + i,j X (1.43) (1.44) h2ij η i,j αj Ei (hij ) + η|A|2 . i,j Usando que X i AEi = λi Ei p, temos que, em X λi hEi , ∇Ei V i = em hAEi , ∇Ei V i = i p, X λi ϕ = nHϕ. (1.45) i A m de computar o último somatório de (1.43), note que a conformidade de dá h∇N V, Ei i + hN, ∇Ei V i = 0 V Capítulo 1. A análise do laplaciano para todo k. Derivando a relação precedente na direção de 50 Ei , temos h∇Ei ∇N V, Ei i + h∇N V, ∇Ei Ei i + h∇Ei N, ∇Ei V i + hN, ∇Ei ∇Ei V i = 0. Contudo, em p, temos h∇N V, ∇Ei Ei i = h∇N V, h∇Ei Ei , N iN i = h∇N V, λi N i = λi ϕhN, N i = λi ϕ. e h∇Ei N, ∇Ei V i = −λi hEi , ∇Ei V i = −λi ϕ, donde h∇Ei ∇N V, Ei i + hN, ∇Ei ∇Ei V i = 0. (1.46) Por outro lado, como [N, Ei ] (p) = ∇N Ei (p) − ∇Ei N (p) = λi Ei (p), segue de (1.46) que hR(N, Ei )V, Ei ip = h∇Ei ∇N V − ∇N ∇Ei V + ∇[N,Ei ] V, Ei ip = −hN, ∇Ei ∇Ei V ip − N h∇Ei V, Ei ip + h∇λi Ei V, Ei ip = −hN, ∇Ei ∇Ei V ip − N (ϕ) + λi ϕ, e, portanto, X hN, ∇Ei ∇Ei V ip = −nN (ϕ) + nHϕ − Ric(N, V )p . i Finalmente, Ric(N, V ) = X αj Ric(N, ej ) + ηRic(N, N ) j = X hR(Ei , Ej )Ei , N i + ηRic(N, N ) i,j e hR(Ei , Ej )Ei , N ip = h∇Ej ∇Ei Ei − ∇Ei ∇Ej Ei , N ip . (1.47) Capítulo 1. A análise do laplaciano 51 Daí, Ric(N, V )p = X αj Ej (hii ) − X i,j αj Ei (hij ) + ηRic(N, N )p . i,j Segue de (1.49) que X hN, ∇Ei ∇Ei V ip =− nN (ϕ) + nHϕ − V > (nH) i + X (1.48) αj Ei (hi,j ) − ηRic(N, N ). i,j Substituindo (1.44), (1.46) e (1.48) em (1.43), obtemos a desejada fórmula (1.42). Exemplo 5 (Corolário 1 de [32]) (n + mensão Seja M n+1 uma variedade Riemanniana de din+1 1), admitindo um campo de Killing K . Seja ψ : Σn # M uma hi- persuperfície compacta e orientável, com campo normal unitário constante H. N e curvatura média Suponha que Ric(V, V ) = −nH 2 , ∀V ∈ U M . n n não muda de sinal em Σ , então Σ é invariante n+1 n pelo grupo de isometrias a um parâmetro de M determinado por K ou Σ é umbílica n+1 2 e M tem curvatura de Ricci não positiva Ric(N, N ) = −nH na N −direção. Se a função ângulo η = hN, Ki Demonstração. que de ψ Não há perda de generalidade em supormos que hK, ∇Hi ≡ 0, ϕ ≡ 0 η ≥ 0. Note e, por (1.42), Ric(N, N ) + |A|2 ≥ Ric(N, N ) + nH 2 ≥ 0. ∆η ≤ 0. Como M é compacta, decorre do teorema de Hopf 2 que η = constante e, assim, ∆η ≡ 0. Logo, η ≡ 0 ou Ric(N, N ) + |A| ≡ 0. No n n primeiro caso, concluímos que K é um campo vetorial em Σ , donde Σ é invariante pelo grupo de isometrias a um parâmetro determinado por K . No segundo caso, teremos |A|2 = nH 2 = −Ric(N, N ), e a igualdade |A|2 = nH 2 implica que Σn é umbílica. Segue do Teorema 1.23 que Exemplo 6 (Corolário 2 de [32]) são 3. Seja M Seja M 3 uma variedade Riemanniana de dimen- 2 uma superfície completa, conexa, simplesmente conexa e de curvatura 3 média constante H imersa em M , tal que Ric(V, V ) ≥ −2H 2 , Seja K um campo de Killing em sinal em M 2 . Se M 3 ∀V ∈ U M . e suponha que a função η = hN, Ki não muda de Capítulo 1. A análise do laplaciano 52 (i) M2 tem o tipo conforme do disco ou da esfera, ou (ii) M2 tem o tipo conforme do plano e então M por na |K| é limitado em M 2, 3 é invariante pelo grupo de isometrias a um parâmetro de M determinado 3 2 2 ou M é umbílica e M tem curvatura de Ricci não positiva Ric(N, N ) = −2H K N −direção. Demonstração. Consideremos que M 2 Se M2 é a esfera, então este exemplo se reduz ao anterior. é do tipo conforme do disco. Suponhamos que η ≤ 0. Então ∆η = −(Ric(N, N ) + |A|2 )η ≥ −(Ric(N, N ) + 2H 2 )η ≥ 0; logo η é subharmônica. pelo princípio do máximo e, daí, η<0 η = 0 Portanto, se M2 em algum ponto de é invariante por K. não pode ocorrer. Por contradição, suponhamos que M 2, então η ≡ 0 Vamos provar que o caso η<0 em M 2. Temos, pela equação de Gauss, |A|2 = 4H 2 − 2(K − K), em que K é a curvatura gaussiana de expressão para o laplaciano de η M2 e K é a curvatura seccional de M {E1 , E2 } . Da fornecida pelo Teorema 1.23, obtemos ∆η − 2Kη + (Ric(N, N ) + 2K + 4H 2 )η = 0. Considerando 3 um referencial ortonormal local em T M, (1.49) obtemos Ric(N, N ) + 2K = hR(N, E1 )N, E1 i + hR(N, E2 )N, E2 i + 2hR(E1 , E2 )E1 , E2 i = hR(N, E1 )N, E1 i + hR(E1 , E2 )E1 , E2 i +hR(N, E2 )N, E2 i + hR(E2 , E1 )E2 , E1 i = Ric(E1 ) + Ric(E2 ). Então Ric(N, N ) + 2K + 4H 2 ≥ 0. Contudo, (1.49) contradiz o Corolário 3 de [30], que estabelece que quando K é a curvatura gaussiana de uma métrica completa e conforme no disco unitário, não existe Ric(N, N ) + 2K + 4H 2 ≥ 0. 2 2 Finalmente, vamos supor que M = R (conformemente) e que |K| é limitada 2 2 em M . Então η é limitada e subharmônica em R . Decorre que η = constante. 2 Então ∆η ≡ 0, donde (Ric(N, N ) + |A| )η ≡ 0. A conclusão segue como no exemplo solução não positiva de (1.49) se precedente. Capítulo 1. A análise do laplaciano Sejam, agora, nexa, I ⊆R Mn uma variedade riemanniana um intervalo e produto warped M n+1 53 f :I →R = I ×f M n n−dimensional, orientável e co- uma função suave positiva. Consideremos o munido da métrica hv, wip = h(dπI (v), dπI (w)i + (f ◦ πI )(p)2 h(dπM (v), dπM (w)i, em que = −1 ou = 1 para todo p ∈ M as projeções sobre I e M, e para todos v, w ∈ Tp M , e πI e πM denotam respectivamente. O campo de vetores V := (f ◦ πI )∂t 1−forma é conforme e fechado (no sentido de que sua conforme Se ϕ = f 0, dual é fechada), com fator em que a linha denota derivação com respeito a ψ : Σn → M n+1 Σn orientada pelo campo = (∂t ) = (N ). A proposição seguinte é uma imersão riemanniana, com de vetores normais e unitários N, temos que t ∈ I. restabelece o Teorema 1.23 nesse contexto. Proposição 1.24 (Proposição 3.1 de [17]) do Teorema 1.23, se Σ n Seja M n+1 tem curvatura média constante = I ×f M n . H, Nas notações então ∆η = −η RicM (N > , N > ) + (n − 1)(ln f )00 (1 − hN, ∂t i2 ) + |A|2 − nHf 0 , em que RicM denota o tensor de Ricci de Demonstração. Antes de mais, Mn e (1.50) N > = dπM (N ). η = hV, N i = f hN, ∂t i e segue de (1.42) que ∆η = −η{Ric(N, N ) + |A|2 } − n{Hf 0 + N (f 0 )}. Agora, N (f 0 ) = f 00 hN, ∂t i = (f 00 /f )η . Por outro lado, como N = N > + hN, ∂t i∂t , segue do Corolário 1.5 que Ric(N, N ) = Ric(N > , N > ) + hN, ∂t i2 Ric(∂t , ∂t ) 00 f (f 0 )2 nf 00 > > > > = Ric(N , N ) − hN , N i + (n − 1) − hN, ∂t i2 f f f 00 0 0 0 2 f (f ) f = Ric(N > , N > ) − + (n − 1) − (n − 1) hN, ∂t i2 f f f (usamos que hN > , N > i na última igualdade). Assim, Capítulo 1. A análise do laplaciano 54 0 0 00 (f 0 )2 f f 2 > > + (n − 1) − (n − 1) hN, ∂t i ∆η = −η Ric(N , N ) − f f f f 00 2 0 −η|A| − n Hf + η f = −η RicM (N > , N > ) + (n − 1)(ln f )00 (1 − hN, ∂t i2 ) + |A|2 − nHf 0 . Proposição 1.25 (Proposição 3.2 de [17]) Na notação precedente, ∆h = (ln f )0 (h){n − |∇h|2 } + nHhN, ∂t i, H em que denota a curvatura média de Demonstração. Como h = π I Σ , Σn com relação a (1.51) N. temos ∇h = ∇(πI Σ ) = (∇πI )> = ∂t> = ∂t − hN, ∂t iN, em que ∇ denota o gradiente com relação à métrica do espaço-ambiente e a componente tangencial de um campo de seja A TM em o endomorsmo de Weingarten associado a em que w ∈ Tp M é tangente à bra de M n+1 Σn . N. Agora xe Escrevemos passando em p. denota p ∈ M, v ∈ Tp M e v = w + hv, ∂t i∂t , Por repetidos usos da Proposição 1.2, obtemos ∇v ∂t = ∇w ∂t + hv, ∂t i∇∂t ∂t = ∇w ∂t = (ln f )0 w = (ln f )0 (v − hv, ∂t i∂t ), donde (·)> Capítulo 1. Os tensores de Newton 55 ∇v ∇h = ∇v ∇h − hAv, ∇hiN = ∇v (∂t − hN, ∂t iN ) − hAv, ∇hiN = (ln f )0 w − v(hN, ∂t i)N + hN, ∂t iAv − hAv, ∇hiN = (ln f )0 w + (hAv, ∂t i − hN, ∇v ∂t i)N + hN, ∂t iAv − hAv, ∇hiN = (ln f )0 w + (hAv, ∂t> i − hN, (ln f )0 wi)N + hN, ∂t iAv − hAv, ∇hiN = (ln f )0 w + (ln f )0 hv, ∂t ihN, ∂t iN + hN, ∂t iAv = (ln f )0 {v − hv, ∂t i(∂t − hN, ∂t iN )} + hN, ∂t iAv = (ln f )0 (v − hv, ∂t> i∇h) + hN, ∂t iAv = (ln f )0 (v − hv, ∇hi∇h) + hN, ∂t iAv. Agora, xando p ∈ Σn ∆h = e uma base ortonormal tr(∇ 2 h) = {ei } de Tp Σ, obtemos n X h∇ei ∇h, ei i i=1 = n X h(ln f )0 (ei − hei , ∇hi∇h) + hN, ∂t iAei , ei i i=1 = (ln f )0 {n − |∇h|2 } + hN, ∂t itr(A) = (ln f )0 {n − |∇h|2 } + nHhN, ∂t i. 1.4 Os tensores de Newton Nesta seção, vamos denir as curvaturas médias de ordem superior de uma hipersuperfície, bem como os tensores de Newton e os operadores diferenciais lineares de segunda a eles associados. Daremos destaque ao operador quadrado de Cheng-Yau, que desempenhará um papel fundamental na demonstração do resultado de integrabilidade contido na Seção 3.2. Dada uma imersão isométrica ψ : Σn # M n+1 , seja garten associado à escolha de um campo normal unitário A o endomorsmo de Wein- N ∈ T Σ⊥ que determina a Capítulo 1. Os tensores de Newton orientação de Σn . Associados a A, 56 temos os dados pelas igualdades det(tI − A) = n X n invariantes algébricos S r , 1 ≤ r ≤ n, (−1)r Sr tn−r , r=0 S0 = 1 por denição. em que de Ap , Quando {ek } é uma base de Tp Σ formada por autovetores com autovalores (ou curvaturas principais) correspondentes {λk }, temos Sr = σr (λ1 , . . . , λn ), em que σr ∈ R [X1 , . . . , Xn ] minadas X1 , . . . , X n , é o r−ésimo polinômio simétrico elementar nas n indeter- i.e., Sr = X λi1 · · · λir . i1 <...<ir Para cada 0 ≤ r ≤ n, Em particular, quando a r−ésima curvatura média Hr n Hr = Sr . r de Σn é denida por r = 1, n 1X H1 = λi = H n i=1 é a curvatura média de Σn e, quando r = n, Hn = λ1 · · · λn é a curvatura de Gauss-Kronecker. Observação 1.10 As curvaturas médias de ordem superior cumprem Hj2 ≥ Hj−1 Hj+1 , 1 ≤ j ≤ n − 1. Ademais, caso ocorra a igualdade para r = 1 ou algum 1 < r < n com Hr+1 6= 0, temos λ1 = · · · = λn . Essas desigualdades são conhecidas para todo como desigualdades de Newton. Veja, por exemplo, a Proposição 1 de [15] e o Teorema 51 de [38]. Usando restrições apropriadas sobre as r−curvaturas, muitos autores têm obtidos interessantes resultados de rigidez. Por exemplo, L. J. Alías, A. G. Colares e A. Brasil Jr. [3] provaram que uma hipersuperfície tipo-espaço e fechado imersa numa variedade n+1 (c), de curvatura seccional constante c, e que possua conformemente estacionária M Capítulo 1. Os tensores de Newton curvaturas Hr Hr+1 e 57 constantes (não nulas), para algum 1 ≤ r ≤ n − 1, deve ser totalmente umbílica. No caso Riemanniano, o trabalho de S. Montiel e A. Ros [47] nos oferece uma bela caracterização de esferas totalmente umbílicas como as únicas Hn+1 , Rn+1 hipersuperfícies fechadas mergulhadas em n+1 S e que possuem alguma curvatura Hr ou num hemisfério aberto de constante. Vamos restringir nossa atenção ao contexto riemanniano (o que já se apercebe da ausência de Para cada na denição de 0 ≤ r ≤ n, Hr ). denimos os tensores de Newton Pr : T Σ ←pondo P0 = I e, para 1 ≤ r ≤ n, Pr = Sr I − APr−1 , onde I : T Σ ←- é o operador identidade. diferencial linear de segunda ordem Associado a cada Lr : C ∞ (Σ) ←-, Lr (u) = traço(Pr ◦ Hess u), Em particular, Pr , temos o operador dado por ∈ C ∞ (Σ). L0 (u) = traço(Hess u) = ∆u. Uma indução trivial mostra que Pr = r X (−1)j Sr−j Aj , j=0 de modo que o teorema de Cayley-Hamilton assegura que Pr é um polinômio em com A, para todo r. A para cada r, cada Pr Logo, se B também diagonaliza i, e denotarmos por Ai Pr em B = {ei } p. Pn = 0. é um operador auto-adjunto que comuta é uma base que diagonaliza Note ainda que, se escrevermos a restrição de A det(tI − Ai ) = ao subespaço span{ei } n−1 X (−1)k Sk (Ai )tn−1−k , k=0 em que Sk (Ai ) = Ademais, como cada X 1≤j1 <···<jm ≤n j1 ,...,jm 6=i λj 1 · · · λj m . ⊥ A em p ∈ Σ, Aei = λi ei , ≤ Tp Σ, então para todo então Capítulo 1. Os tensores de Newton 58 Com essas notações é fácil ver que Pr ei = Sr (Ai )ei e, daí (cf. Lema 2.1 de [8]), em que traço(Pr ) 2 traço(A Pr ) = (n − r)Sr = br Hr ; traço(APr ) n r+1 M n+1 br = S1 Sr+1 − (r + 2)Sr+2 = n r+1 HHr+1 − br+1 Hr+2 , br = (r + 1) Quando = (r + 1)Sr+1 = br Hr+1 ; = (n − r) n . r é uma variedade riemanniana com curvatura seccional constante, H. Rosenberg [57] provou que Lr (u) = Div(Pr ∇u), em que Div denota a divergência de um campo vetorial sobre Voltemos nossa atenção para o tensor P1 . Σn . Note que P1 = nHI − A. (1.52) O operador diferencial linear de segunda ordem naturalmente associado a P1 é chamado de operador quadrado de Cheng-Yau [22] e é dado por : C ∞ (Σ) ←- (1.53) f 7→ f = traço(P1 ◦ ∇2 f ), em que ∇2 f : T Σ ←- ao Hessiano de f denota o operador linear auto-adjunto metricamente equivalente e é denido por h∇2 f (X), Y i = h∇X (∇f ), Y i, Considerando em segue que Σn X, Y ∈ T Σ. um referencial ortonormal local {E1 , · · · , En }, de (1.53) Capítulo 1. Os tensores de Newton f = = n X i=1 n X 59 hP1 (∇Ei ∇f ), Ei i = n X h∇Ei ∇f, P1 (Ei )i i=1 h∇P1 (Ei ) ∇f, Ei i = traço(∇2 f ◦ P1 ). i=1 Ademais, div(P1 (∇f )) = n X n X h(∇Ei P1 )(∇f ), Ei i + hP1 (∇Ei ∇f ), Ei i i=1 i=1 = hDiv P1 , ∇f i + f, em que n X Div P1 := traço(∇P1 ) = (∇Ei P1 )(Ei ). i=1 Por outro lado, de (1.52) temos (∇X P1 )Y = nh∇H, XiY − (∇X A)Y, Assim, tomando um referencial ortonormal local Div P1 = n∇H + ∀X, Y ∈ T Σ. {E1 , . . . , En } em Σn , obtemos n X (∇Ei A)Ei . i=1 Usando a equação de Codazzi, para X ∈ T Σ, obtemos h(∇Ei A)Ei , Xi = h(∇Ei A)Ei , Xi = h(∇X A)Ei , Ei i + hR(X, Ei )Ei , N i = h(∇X A)Ei , Ei i − hR(N, Ei )X, Ei i. Daí, hDiv P1 , Xi = nh∇H, Xi − n X h(∇E1 A)Ei , Xi i=1 = nh∇H, Xi − n X i=1 h(∇X AEi , Ei i + n X hR(N, Ei )X, Ei i i=1 = nh∇H, Xi − traço(∇X A) + Ric(N, X). Capítulo 1. Os tensores de Newton 60 Temos, ainda, traço(∇X A) = nh∇H, Xi. Portanto, hDiv P1 , Xi = Ric(N, X). Capítulo 2 Resultados principais Comecemos por registrar dois lemas cujas conclusões, uma vez estabelicidas, serão tratadas como argumentos canônicos e empregadas tacitamente a partir de então. Lema 2.1 M, N variedades M = N. Sejam completa, então Demonstração. dN riemannianas, conexa, com Consideremos os espaços métricos M ⊆ N. (M, dM ) ⊆ (N, dN ), é a distância riemanniana induzida pela métrica Riemanniana em distância riemanniana induzida por Rinow, de N N. dN em M. (M, dM ) é um espaço métrico completo. M Armamos que conexidade de N. uma sequência (pn ) ⊂ M , Se M N. não fosse fechado, existiria tal que pn → p0 e M é em que dM é a Em virtude do teorema de Hopf e Temos que é, também, fechado em N Se M é um subconjuto aberto A conclusão decorrerá, então, da p0 ∈ Bd M segundo a distância \ M. dN . Assim, existiria Contradição. O próximo lema contém as restrições que faremos sobre as geometrias da bra Mn de um produto Lema 2.2 tais que n+1 = R × Mn e da hipersuperfície M n uma variedade riemanniana cujas ≥ −K0 , para alguma constante K0 > 0. Seja KM M Σn # M n+1 . KM são ψ : Σn # R × M n uma curvaturas seccionais Seja hipersuperfície two-sided completa, com curvatura média constante e segunda curvatura média limitada inferiormente. Então a curvatura de Ricci de mente. Σn é limitada inferior- Capítulo 2. 62 Demonstração. Denotemos por RicΣ a curvatura de Ricci de Σn . Para conve- niência do leitor, recordamos que a equação de Gauss, por intermédio da qual podemos descrever o tensor curvatura de Σ em termos do tensor curvatura R de R × M, é dada por R(X, Y )Z = (R(X, Y )Z)> + hAX, ZiAY − hAY, ZiAX, Consideremos um campo vetorial {E1 , . . . , En } ⊂ T Σ. X ∈ TΣ X, Y, Z ∈ T Σ. (2.1) e um referencial ortonormal local Segue da equação (2.1) que n X RicΣ (X, X) = hR(X, Ei )X, Ei i + nHhAX, Xi − hAX, AXi. (2.2) i=1 Por outro lado, em virtude do Corolário 1.5, temos hR(X, Ei )X, Ei i = hRM (X ∗ , Ei∗ )X ∗ , Ei∗ iM = KM (X em que M e de M. X ∗ = X − hX, ∂t i∂t RM e KM e (2.3) , Ei∗ )(hX ∗ , X ∗ iM hEi∗ , Ei∗ iM Ei∗ = Ei − hEi∗ , ∂t i∂t − hX ∗ , Ei∗ i2M ), são as projeções de X e Ei sobre denotam, respectivamente, o tensor curvatura e a curvatura seccional Como estamos supondo que a relação (2.3) em X ∗ i = 1, . . . , n, KM ≥ −K0 , para alguma constante K0 > 0, somando obtemos hR(X, Ei )X, Ei i ≥ −K0 ((n − 1)|X|2 − |∇h|2 |X|2 − (n − 2)hX, ∇hi2 ) i (2.4) ≥ (n − 1)K0 (1 − |∇h|2 )|X|2 ≥ −K0 (n − 1)|X|2 , para todo X ∈ T Σ. De (2.2) e (2.4), vemos que a curvatura de Ricci de Σ satisfaz a seguinte estimativa 2 nH n2 H 2 RicΣ (X, X) ≥ {(n − 1)K0 (1 − |∇h| ) − AX − X + |X|2 , 2 4 2 (2.5) Capítulo 2. Resultados de rigidez 63 Fazendo, agora, uso da seguinte relação algébrica |A|2 = n2 H 2 − n(n − 1)H2 , de (2.2) inferimos que nossas restrições sobre Ricci de Σn H e H2 (2.6) asseguram que a curvatura de é limitada inferiormente. 2.1 Resultados de rigidez Seja constante ψ : Σn # R × M n H. Σn → [0, π] uma hipersuperfície two-sided, com curvatura média Denimos a função argumento de Σn θ : como sendo a função suave dada por θ = arccos η. Recordamos que o gradiente e o laplaciano da função altura h = πR Σ de Σn são dados por ∇h = (∇πR )> = ∂t> = ∂t − ηN. (2.7) ∆h = nHη, (2.8) e em que unitário η = hN, ∂t i N é a função ângulo de que dá a orientação de Σn . Σn , denida com relação ao campo normal e O laplaciano de η é dado por ∆η = −(RicM (N ∗ , N ∗ ) + |A|2 )η, em que RicM TM sobre e é o tensor de Ricci da bra |A| M n, N ∗ (2.9) é a projeção do campo vetorial N é a norma do endomorsmo de Weingarten. O teorema a seguir é a pedra fundamental desta dissertação. Teorema 2.1 (Teorema 1 de [7]) cujas curvaturas seccionais KM M n uma variedade riemanniana completa que KM ≥ K0 , para alguma constante K0 ∈ Sejam são tais ψ : Σn # R × M n uma hipersuperfície completa e two-sided, com curvatura média constante H e segunda curvatura média H2 limitada inferiormente. Se a função n n argumento de ψ é tal que 0 ≤ θ ≤ π/4 ou 3π/4 ≤ θ ≤ π , então Σ é um slice {t0 }×M . R+ , e Capítulo 2. Resultados de rigidez Demonstração. 64 Pela fórmula de Bochner (cf. Teorema 1.20), temos 1 ∆|∇h|2 = |∇2 h|2 + Ric(∇h, ∇h) + h∇∆h, ∇hi, 2 em que ∇2 h : T Σ ←- ao Hessiano de h, (2.10) denota o operador linear auto-adjunto, metricamente equivalente dado por h∇2 h(X), Y i = h∇X (∇h), Y i, X, Y ∈ T Σ. Segue de (2.2) e (2.4) que Ric(∇h, ∇h) ≥ (n − 1)K0 (1 − |∇h|2 )|∇h|2 + nHhA(∇h), ∇hi − hA(∇h), A(∇h)i (2.11) ≥ (n − 1)K0 (1 − |∇h|2 )|∇h|2 + nHhA(∇h), ∇hi − |A|2 |∇h|2 . Por outro lado, como H é constante, por (2.7) temos ∇∆h = nH∇η. (2.12) Agora, veja que X(η) = XhN, ∂t i = h∇X N, ∂t i + hN, ∇X ∂t i = −hA(X), ∂t i = −hA(X), ∂t> i = −hX, A(∂t> )i = −hX, A(∇h)i, para todo X ∈ T Σ. Note que usamos que ∇X ∂t = 0, para todo X ∈ T Σ (cf. Proposição 1.2). Daí, ∇η = −A(∇h). Consequentemente, de (2.12) e (2.13), obtemos (2.13) Capítulo 2. Resultados de rigidez 65 ∇∆h = −nHA(∇h). (2.14) Temos, ainda, que 0 = ∇X ∂t = ∇X (∂t> + ηN ) = ∇X ∂t> + ∇X ηN = ∇X ∂t + hA(X), ∂t> iN + η∇X N + XhN, ∂t iN, qualquer que seja X ∈ TΣ hA(X), ∂t> i = XhN, ∂t i, (zemos uso da fórmula de Gauss). Como, claramente, concluímos que ∇X (∇h) = ∇X (∂t> ) = ηA(X).1 (2.15) |∇2 h|2 = |A|2 η 2 . (2.16) |∇h|2 = 1 − η 2 , (2.17) Daí, temos Usando, nalmente, que podemos rescrever (2.16) da seguinte forma |∇2 h|2 = |A|2 − |∇h|2 |A|2 . (2.18) Substituindo (2.11), (2.14) e (2.18) em (2.10), obtemos 1 ∆|∇h|2 ≥ (n − 1)K0 (1 − |∇h|2 )|∇h|2 + |A|2 (1 − 2|∇h|2 ). 2 Levando em consideração nossa hipótese sobre a função ângulo, θ, de ψ, (2.19) de (2.17) e de (2.19) vem que 1 Note que, a partir dessa relação, podemos obter diretamente (i.e., sem o auxílio da Proposição 1.25) a expressão (2.8) para o laplaciano de h. Capítulo 2. Resultados de rigidez 66 1 ∆|∇h|2 ≥ (n − 1)K0 (1 − |∇h|2 )|∇h|2 . 2 Seja (pk )k∈N ⊂ Σ (2.20) uma sequência de pontos, tal que lim |∇h|2 (pk ) = sup |∇h|2 k e lim sup ∆|∇h|2 (pk ) ≤ 0. Σ k Note que é de fato possível escolher uma tal sequência, uma vez que o tensor de Ricci de Σ é limitado inferiormente e que os lados da desigualdade (2.20) em |∇h|2 ≤ 1/2. pk Avaliando as aplicações em ambos lim sup e tomando o em k, obtemos 0 ≥ lim sup ∆|∇h|2 (pk ) ≥ (n − 1)K0 (1 − sup |∇h|2 ) sup |∇h|2 ≥ 0. Σ k Novamente em virtude de nossa hipótese sobre 0. Logo, h é constante Observação 2.1 KM ≥ K0 > 0, Seja Σ e, assim, Mn ψ(Σ) θ, inferimos de (2.21) que supΣ |∇h|2 = é um slice segue do teorema de Bonnet que hipótese de compacidade de {t} × M n , como no Teorema 2.1. n Σ (2.21) Σ Mn Como para algum Mn t ∈ R. é completa e tal que é compacta. Se acrescentarmos a (fato que será constatado a posteriori), podemos oferecer outra demonstração do Teorema 2.1. Na verdade, sob essa hipótese adicional, podemos provar um pouco mais, a saber: Seja Mn uma variedade riemanniana completa cujas curvaturas seccionais são limitadas inferiormente por uma constante R×M n K0 ∈ R + . Seja uma hipersuperfície completa, compacta e two-sided. Suponha que a curvatura média e que a função ângulo não mudam de sinal em Σ ψ : Σn # n é um slice mergulhado Mt0 , para algum Σn . Então t0 ∈ R. h é dado por ∆h = nHη . Como H e η não mudam de sinal em Σ , o mesmo acontece com ∆h. Aplicando o teorema de Hopf à função h, concluímos que h ≡ t0 , para algum t0 ∈ R. Com efeito, sabemos que o laplaciano da função altura n Teorema 2.2 (Teorema 2 de [7]) Seja Mn uma variedade riemanniana completa, ψ : Σn # R × M n uma hipersuperfície completa e two-sided, com segunda curvatura H2 limitada inferiormente. Se a função n argumento de ψ está longe de π/2, então ψ(Σ ) é mínima. com curvaturas seccionais não negativas. Seja Capítulo 2. Resultados de rigidez Demonstração. 67 Substituindo (2.2), (2.11), (2.14) e (2.18) em (2.10) e levando em consideração que a bra Mn tem curvatura seccional não negativa, obtemos 1 ∆|∇h|2 ≥ |A|2 (1 − |∇h|2 ) − hA(∇h), A(∇h)i. 2 (2.22) Assim como na demonstração do Teorema 2.1, nossas restrições sobre junto com a hipótese de que Mn tem curvaturas seccionais o princípio do máximo de Omori e Yau (cf. 1.13) à função uma sequência maximizante para |∇h|2 ≥ 0, H e H2 , nos permitem aplicar |∇h|2 . Seja (pk )k∈N ⊂ Σn no sentido do Omori-Yau. Temos lim |∇|∇h|2 (pk )| = 0. (2.23) k De (2.13), (2.17) e (2.23), obtemos lim |η(pk )A(∇h)(pk )| = 0. (2.24) k Ora, nossa hipótese sobre o ângulo, δ, tal que η ≥ δ. θ de ψ garante que existe uma constante positiva Assim, de (2.24) vem que lim |A(∇h)(pk )| = 0. (2.25) k Combinando (2.17), (2.23) e (2.24), obtemos 1 0 ≥ lim sup ∆|∇h|2 (pk ) ≥ lim |A|2 (pk )(1 − |∇h|2 (pk )) ≥ lim |A|2 (pk )δ 2 . k k 2 k Como |A|2 ≥ nH 2 , (2.26) segue de (2.26) que 1 0 ≥ lim sup ∆|∇h|2 (pk ) ≥ nH 2 δ 2 ≥ 0, 2 k donde H = 0, i.e., Corolário 2.3 (i) se h slice ψ é mínima. Sob as hipóteses do Teorema 2.2, temos: atinge máximo em {t0 } × M n ; Σn (em particular, se Σn é compacta), então Σn é um Capítulo 2. Resultados de rigidez (ii) se h é limitada inferiormente em então n Σ é slice {t0 } × M Demonstração. n 68 Σn e se o tensor de Ricci de Σn é não negativo, . ψ Sabemos que, sob as hipóteses do Teorema 2.2, ∆h = nHη . Sabemos, igualmente, que Assim, ∆h = 0, i.e., h é mínima. é harmônica em Σn . Os itens (i) e (ii) seguem, então, nesta ordem, do princípio do máximo de Hopf-Calabi (cf. Teorema 1.19) e do resultado de Liouville-Yau (cf. Proposição 1.21). Teorema 2.4 (Teorema 1 de [44]) Seja n+1 = R × M n um produto riemanniano, tais que KM ≥ −K0 , para alguma cons- M M n tem curvaturas seccionais KM n+1 n tante K0 ∈ R+ , e seja ψ : Σ # M uma hipersuperfície completa e two-sided, H constante e H2 limitada inferiormente. Suponha que a função ângulo η de Σn longe de zero e que sua função altura h satisfaz uma das seguintes condições: cuja bra |∇h|2 ≤ para alguma constante 0 < α < 1; Σn é um slice de Demonstração. M n+1 α |A|2 , (n − 1)K0 (2.27) n H 2. (n − 1)K0 (2.28) . Podemos supor que inf η > 0. O laplaciano de η é dado por ∆η = −(RicM (N ∗ , N ∗ ) + |A|2 )η. Como, por hipótese, as curvaturas seccionais para alguma constante está ou |∇h|2 ≤ Então com K0 ∈ R+ , KM da bra Mn (2.29) são tais que KM ≥ −K0 , é fácil ver que RicM (N ∗ , N ∗ ) ≥ −(n − 1)K0 |N ∗ |2 = −(n − 1)K0 (1 − η 2 ) = −(n − 1)K0 |∇h|2 . Assim, ∆η ≤ −(|A|2 − (n − 1)K0 |∇h|2 )η. Se a função altura de (2.41) segue que Σn (2.30) satisfaz a condição (2.27), então dessa condição e de Capítulo 2. Resultados de rigidez 69 ∆η ≤ −(n − 1)|A|2 η. Seja (pk )k∈N ⊂ Σn (2.31) uma sequência minimizante para η no sentido do Omori-Yau. Por conseguinte, como estamos supondo que o operador de Weingarten A é limitado, de (2.42), passando a uma subsequência se necessário, obtemos 0 ≤ lim inf ∆η(pk ) ≤ −(1 − α) lim |A|2 (pk ) inf η ≤ 0, k donde limk |A|2 (pk ) = 0 Σ k e, consequentemente, por (2.27), de (2.17) concluímos que inf Σ η = 1, logo limk |∇h|(pk ) = 0. Portanto, η ≡ 1. Recorde que |A|2 = n2 H 2 − n(n − 1)H2 = nH 2 + n(n − 1)(H 2 − H2 ). Se supusermos agora que a função altura de Σn (2.32) satisfaz a condição (2.28), então, de (2.41) e (2.32), obtemos ∆η ≤ −n(n − 1)(H 2 − H2 )η. Seja (pk )k∈N ⊂ Σn uma sequência minimizante para η (2.33) no sentido do Omori-Yau. Então 0 ≤ lim inf ∆η(pk ) ≤ −n(n − 1) lim inf(H 2 − H2 )(pk ) inf η ≤ 0. Σ k Daí, passando a uma subsequência se necessário, temos que Ademais, como H limk (H 2 − H2 )(pk ) = 0. é constante, de (2.32) vem que lim |A|2 (pk ) = nH 2 . (2.34) k Como |A|2 = P i λ2i , em que λi são os autovalores de subsequência se necessário, para todo alguns λ∗i ∈ R. 1 ≤ i ≤ n, A, novamente passando a uma temos que Motivados por isso, pomos X n(n − 1) H2 = λ∗i λ∗j . 2 i<j lim λi (pk ) = λ∗i , para Capítulo 2. Resultados de rigidez H = 1/n Note que P i λ∗i . Portanto, 70 H2 = H2 e λ∗i = H , para todo 1 ≤ i ≤ n. Seja {Ei } um referencial ortonormal local de autovetores, associado aos autovalores {λi } de P A. Podemos escrever ∇h = i hi Ei , em que cada hi é uma função suave em Σn . Uma vez que ∇η = −A(∇h), temos que 0 = lim |∇η|2 (pk ) = lim |A(∇h)|2 (pk ) = k k X = i (λ∗i )2 lim h2i (pk ) = H 2 Σn é um slice de limk λi (pk ) = 0, donde M n+1 . Se Se H 2 > 0, limk |∇h|(pk ) = 0. lim(λ2i h2i )(pk ) k lim h2i (pk ), k i passando a uma subsucessão, se preciso. que X k i X H = 0, segue imediatamente de (2.28) então, para todo 1 ≤ i ≤ n, temos que Ora, por (2.17), inf η = lim η(pk ) = 1. Σ Logo η≡1 em Σn e, assim, Σn k é um slice. Corolário 2.5 (Corolário 2 de [44]) sided de n+1 R Seja S , então n Σ two − Σn está contido num hemisfério aberto de é mínima. Observação 2.2 2.2. uma hipersuperfície completa e , com curvatura média constante e curvatura escalar limitada inferior- mente. Se o fecho da aplicação de Gauss de n Σn Apresentaremos outra demonstração da primeira parte do Teorema supΣ η < 0. Denimos ξ : Σn → R n limitada em Σ . Temos que Podemos supor que Obviamente, tal ξ é por ∆ξ = 2|∇η|2 + 2(1 + η)∆η = 2|∇η|2 − 2(1 + η){RicM (N ∗ , N ∗ ) + |A|2 }η ≥ −2η (1 + η) RicM (N ∗ , N ∗ ) −2η(1 + η)|A|2 |{z} | {z } | {z } >0 ≥0 ≥−(n−1)K0 |∇h|2 ≥ −2η(1 + η)(−α|A|2 ) − 2η(1 + η)|A|2 = 2η(1 + η)(α − 1)|A|2 ≥ 0. ξ = (1 + η)2 . Capítulo 2. Resultados de rigidez Seja (pk )k∈N ⊂ Σn 71 uma sequência maximizante para ξ no sentido do Omori-Yau. Pelas estimativas precedentes, temos, passando a uma subsucessão se necessário, que 0 ≥ lim sup ∆ξ(pk ) ≥ lim(2(α − 1)η(1 + η)|A|2 )(pk ) ≥ 0. k k limk |A|2 (pk ) = 0 ou limk (1 + η)(pk ) = 0. O primeiro caso reduz-se ao segundo, 2 2 pois limk |A| (pk ) = 0 implica, levando em consideração (2.27), limk |∇h| (pk ) = 0, 2 n donde lim η (pk ) = 1. Como η < 0 em Σ , segue que limk (1 + η)(pk ) = 0. Assim, esta Daí, última condição deve necessariamente valer. Ora, lim(1 + η)(pk ) = 0 =⇒ 0 = lim(1 + η)2 (pk ) = lim ξ(pk ) = sup ξ. k Uma vez que k ξ ≥ 0, inferimos que ξ≡0 k em Σn , i.e., Σ η ≡ −1. Logo Σn é um slice. Neste ponto, convém observarmos que a condição de a função ângulo hipersuperfície Σn não mudar de sinal é mais fraca que a condição de Σn η de uma ser localmente um gráco. Assim, no que segue, suporemos a primeira condição, em virtude da qual podemos sempre supor que η ≤ 0, e é isso que faremos, salvo mênção explícita em contrário. Por bem da heurística, passaremos pelo próximo resultado antes de chegarmos ao Teorema 2.7, no qual ofeceremos uma melhoria no controle imposto sobre a função ângulo no Teorema 5.1 de [6]. Teorema 2.6 Seja intervalo e a bra n+1 M Mn = I × Mn I ⊆ R é um n+1 ψ : Σn # M uma um produto riemanniano, em que é isométrica a Sn ou é plana. Seja hipersuperfície, com segunda forma fundamental limitada e curvatura média constante. Se a função ângulo de Σn está longe de zero e, além disso, satisfaz a seguinte estimativa η ≤ |A|2 − 1, então Σn (2.35) é um slice. Demonstração. função ângulo satisfaça de zero, teremos Podemos escolher a orientação de −1 ≤ η < 0. supΣ η < 0. Σn de tal maneira que sua Desse modo, como por hipótese Denimos uma função ξ = (1 + η)2 . ξ : Σn → R por η é limitada longe Capítulo 2. Resultados de rigidez Claramente, tal ξ é limitada em Σn . 72 Temos ∆ξ = 2|∇η|2 + 2(1 + η)∆η = 2|∇η|2 − 2(1 + η){RicSn (N ∗ , N ∗ ) + |A|2 }η. Note que RicSn (N ∗ , N ∗ ) = (n − 1)|N ∗ |2 = (n − 1)|∇|2 . Assim, ∆ξ = 2|∇η|2 − 2(1 + η){RicSn (N ∗ , N ∗ ) + |A|2 }η = 2|∇η|2 − 2(1 + η){(n − 1)|∇h|2 + |A|2 }η = 2|∇η|2 + {(n − 1)|∇h|2 + |A|2 }(|∇h|2 − ξ). Veja que |∇h|2 − ξ = (1 − η 2 ) − (1 + η)2 = (1 − η 2 ) − (1 + 2η + η 2 ) (2.36) = −2η (1 + η) . |{z} | {z } >0 ≥0 Por conseguinte, temos ∆ξ ≥ {(n − 1)|∇h|2 + |A|2 }(|∇h|2 − ξ). Seja, agora, (pk )k∈N ⊂ Σn uma sequência maximizante para Omori-Yau. Avaliando ambos os lados de (2.37) em pk e fazendo lim ((n − 1)|∇h|2 + |A|2 )(|∇h|2 − ξ) (pk ) = 0. k Daí, lim((n − 1)|∇h|2 + |A|2 )(pk ) = 0 k ou lim(|∇h|2 − ξ)(pk ) = 0. k (2.37) ξ no sentido do k → ∞, obtemos Capítulo 2. Resultados de rigidez No primeiro caso, concluímos que 73 limk |A|2 (pk ) = 0, donde, por (2.39), limk η(pk ) = −1. No segundo, recorremos a (2.36) para concluir que casos, inferimos que limk ξ(pk ) = 0. Ora, negativa, devemos necessariamente ter limk (1 + η)(pk ) = 0. limk ξ(pk ) = supΣ ξ . ξ ≡ 0, o que implica ξ Sendo Em ambos os uma função não η ≡ −1. Uma análise cuidadosa da demonstração precedente nos conduz imediatamente à seguinte extensão do Teorema 2.6: Teorema 2.7 n+1 M = I × M n um produto riemanniano, em que I ⊆ R é um n+1 M n tem curvatura de Ricci não negativa. Seja ψ : Σn # M uma Seja intervalo e a bra hipersuperfície, com segunda forma fundamental limitada e curvatura média constante. Se a função ângulo de Σn está longe de zero e, além disso, satisfaz a seguinte estimativa η ≤ |A|2 − 1, Σn então é um slice. Corolário 2.8 tante H (2.38) Seja e curvatura ψ : Σn # Rn+1 uma hipersuperfície, escalar R limitada inferiormente. Se com curvatura média consa função ângulo de Σn está longe de zero e, além disso, satisfaz a seguinte estimativa η ≤ −1 − n(n − 1)R, Σn então (2.39) é um hiperplano. Observação 2.3 Quando a curvatura H não é necessariamente constante, mas apenas limitada e com sinal denido, então é possível mostrar que H não pode estar global- mente longe do zero. Mais precisamente, temos o seguinte resultado, cuja demonstração será apresentada no próximo capítulo: n+1 M n tem n+1 n vaturas seccionais limitadas inferiormente, e seja ψ : Σ # M hipersuperfície two − sided e completa, contida num slab, Seja M = R × Mn um produto riemanniano, cuja bra [t1 , t2 ] × M n , de Se n+1 M H2 então inf Σ H = 0. H Σn está longe de 1 H é constante, então Σn −1. n em Σ , ou de é limitada e não muda de sinal Em particular, se uma t1 , t2 ∈ R, . Suponha que a função ângulo de é limitada inferiormente e cur- é mínima. Averiguemos o que acontece quando uma hipersuperfície faz um ângulo constante com a R−direção. Capítulo 2. Resultados de rigidez Teorema 2.9 (Teorema 15 de [36]) 74 M n uma variedade riemanniana com n n curvatura de Ricci não negativa e ψ : Σ # R × M uma hipersuperfície imersa que n faz um ângulo constante com o campo vetorial ∂t tangente à R−direção. Se Σ tem n curvatura média constante, então Σ é totalmente geodésica ou é parte de um cilindro n sobre uma hipersuperfície de curvatura média constante imersa em M . Demonstração. ∂t então geodésicas em Por hipótese, o ângulo Σn , é tangente a R × M n. i.e., Σn Σn η entre Σn e ∂t é constante. Se é folheada pelas linhas integrais de Σn . Como ∂t Σn Σn que são Mtn0 é globalmente tangente a Σn , a partir dessa interseção e seguindo o uxo de cilindo referido no enunciado do teorema. Como ∂t , η = 0, com um slice Por transversalidade, a interseção de é (isométrica a) um hipersuperfície de podemos reconstruir Sejam ∂t , obtendo o tem curvatura média constante, o mesmo deverá acontecer com esse cilindro. Se η 6= 0, Σn então é localmente o gráco de uma função O Teorema 2.3 de [35] estabelece que curvatura média H do gráco de f Σn segue que uma constante. ! ∇f p 1 + |∇f |2M . tem curvatura média constante e o gradiente de ∆f = div∇f Por outro lado, a é dada por H = div Como |∇f | = c, f : U ⊂ M → R. f tem norma constante, é uma função constante. Pela fórmula de Bochner, 1 ∆|∇f |2 = h∇f, ∇∆f i − Ric(∇f, ∇f ) − |Hessf |2 , 2 e pela hipótese sobre a curvatura de Ricci de identicamente. Como Hessf (X, Y em M n, ) = h∇X ∇f, Y i, concluímos que Hessf se anula temos que ∇f é um campo paralelo M n. Lt = f −1 (t) Isso implica que as hipersuperfícies de nível geodésicas em de f são totalmente M n ; logo {t}×Lt é totalmente geodésica em R×M n (pois cada {t}×M n é totalmente geodésico em totalmente geodésicas R×M n ). Concluímos que Σn é folheada pelas hipersuperfícies {t} × Lt . Por outro lado, sabemos que o campo vetorial 1 N=p (∂t − ∇f ) 1 + |∇f |2M Capítulo 2. Aplicações no espaço hiperbólico dá uma orientação para o gráco de podemos escrever N = λ∂t − λ∇f , f η > 0). (na qual em que 75 Como |∇f | λ = (1 + |∇f |2M )−1/2 . paralelo, por ser a soma de dois campos paralelos e, portanto, que é constante, Segue que Σn N é é totalmente geodésica. 2.2 Aplicações no espaço hiperbólico O propósito desta seção é estabelecer o resultado a seguir e, a partir dele, derivar algumas aplicações no espaço hiperbólico. Teorema 2.10 (Teorema 3.4 de [6]) Seja M n+1 = I ×f M n , em que I ⊆R é um intervalo, um produto warped, que satisfaz a seguinte condição de convergência KM ≥ sup(f˙2 − f f¨) (2.40) I e cuja bra Mn tem curvatura seccionais não negativas. Seja hipersuperfície completa e ψ : Σn # M n+1 uma two − sided, com segunda forma fundamental limitada e n+1 n curvatura média constante. Suponha que Σ está contida num slab de M e que 0 ≤ H ≤ inf Σ Se a função altura de Σn f0 . f (2.41) satisfaz β f0 |∇h| ≤ α inf − H , Σ f 2 para algumas constantes positivas α e β, então Σn (2.42) é um slice. Precisaremos de um resultado análogo ao Lema 2.2. Lema 2.3 Seja M n+1 = I ×f M n , em que I⊆R é um intervalo, um produto warped que a satisfaz a seguinte condição de convergência (2.40), em que KM denota a curn+1 n n vatura seccional da bra M . Seja ψ : Σ # M uma hipersuperfície completa, com curvatura média e segunda forma fundamental limitadas. Se a função em Σ n , então a curvatura de Ricci de Demonstração. n Σ Denotemos por f 00 /f é limitada é limitada inferiormente. RicΣ o tensor de Ricci de X ∈ T Σ e um referencial ortonormal local {E1 , . . . , En } de T Σ. feitos na demonstração do Lema 2.2, temos que Σn e consideremos Revisitando os cálculos Capítulo 2. Aplicações no espaço hiperbólico 76 n X 2 n2 H 2 nH RicΣ (X, X) ≥ hR(X, Ei )X, Ei i − AX − X + |X|2 2 4 i=1 Assim, como por hipótese H e inferiormente se, e somente se, A são limitadas, vemos que RicΣ (X, X) P i hR(X, Ei )X, Ei i o for. será limitada Lançando mão das propriedades do tensor curvatura, obtemos R(X, Ei )X = R(X ∗ , Ei∗ )X ∗ + hX, ∂t iR(X ∗ , Ei∗ )∂t + hEi , ∂t iR(X ∗ , ∂t )X ∗ + hX, ∂t ihEi , ∂t iR(X ∗ , ∂t )∂t + hX, ∂t iR(∂t , Ei∗ )X ∗ + hX, ∂t i2 R(∂t , Ei∗ )∂t + hX, ∂t ihEi , ∂t iR(∂t , ∂t )X ∗ + hX, ∂t i2 hEi , ∂t iR(∂t , ∂t )∂t , em que vetores X ∗ = X − hX, ∂t i∂t X e Ei , Ei∗ = Ei − hEi , ∂t i∂t e respectivamente, sobre a bra são as projeções dos campos de M. A Proposição 1.4 nos fornece (i) (ii) R(X ∗ , Ei∗ )∂t = 0; 00 00 R(X ∗ , ∂t )X ∗ = −R(∂t , X ∗ )X ∗ = −|X ∗ |2 ff ∂t = −(|X|2 − hX, ∂t i2 ) ff ∂t ; ¨ ¨ (iii) R(X ∗ , ∂t )∂t = ff X ∗ = ff (X − hX, ∂t i∂t ); (iv) R(∂t , Ei∗ )X ∗ = hEi∗ , X ∗ i ff ∂t = (hX, Ei i − hX, ∂t ihEi , ∂t i) ff ∂t ; (v) R(∂t , Ei∗ )∂t = −R(Ei∗ , ∂t )∂t = − ff Ei∗ = − ff (Ei − hEi , ∂t i∂t ); (vi) 00 00 00 00 R(∂t , ∂t ) = 0. Ademais, temos X X f f 00 hR(X, Ei )X, Ei i = hRM (X ∗ , Ei∗ )X ∗ , Ei∗ i − 2 |X|2 f i i (f 0 )2 (|∇h|2 − (n − 1))|X|2 f2 0 2 (f ) − f f 00 +(n − 2) hX, ∇hi2 . f2 + Capítulo 2. Aplicações no espaço hiperbólico Desse modo, usando também que R(X ∗ , Ei∗ )X ∗ ∗ 77 ∇h = ∂t> = ∂t − hN, ∂t iN , , Ei∗ )X ∗ f0 f temos que 2 = RM (X − |X|2 Ei − hX, Ei iX 0 2 0 2 f f 2 + |X| hEi , ∂t i∂t + hX, ∂t i2 Ei f f 0 2 0 2 f f hX, Ei ihX, ∂t i∂t − hEi , ∂t ihX, ∂t iX. − f f Um cálculo simples mostra que 1 X ∗ ∗ 2 2 2 K (X , E ) |X| − h∇h, E i |X| M i i f2 i 1 X − 2 KM (X ∗ , Ei∗ ) hX, Ei i2 + hX, ∇hi2 f i 2 X + 2 KM (X ∗ , Ei∗ )hX, ∇hihX, Ei ih∇h, Ei i. f i X hRM (X ∗ , Ei∗ )X ∗ , Ei∗ i = i Logo, usando a condição de convergência (2.40), e através de outro cálculo simples, obtemos X hR(X, Ei )X, Ei i = − i donde se infere que RicΣ f 00 |f 00 | (n − |∇h|2 )|X|2 = −(n − 1) |X|2 , f f é limitada inferiormente, como armado. Demonstração do Teorema 2.10. Denimos a seguinte aplicação g:Σ → R p 7→ g(p) = f (1 + hN, ∂t i)(p). Como estamos a supor que positiva C tal que g≤C Σ em está contida num slab de I ×f M , existe uma constante Σ. Calculando o laplaciano de g com o auxílio das Proposições 1.24 e 1.25, obtemos Capítulo 2. Aplicações no espaço hiperbólico 78 (f 0 )2 − f f 00 ∗ ∗ 2 ∆g = − RicM (N , N ) − (n − 1) |∇h| f hN, ∂t i f2 00 f f − (f 0 )2 (f 0 )2 + |∇h|2 + n − nHf 0 f f + (nHf 0 − f |A|2 )hN, ∂t i. Por outro lado, graças à condição de convergência (2.40), um cálculo direto nos fornece a seguinte estimativa RicM (N ∗ , N ∗ ) ≥ Logo, como hN, ∂t i < 0, ∆g ≥ (n − 1) sup((f 0 )2 − f f 00 )|∇h|2 . f2 I obtemos f f 00 − (f 0 )2 f |∇h|2 + n (f 0 )2 − nHf 0 + (nHf 0 − f |A|2 )hN, ∂t i. f Consequentemente, como por hipótese ∆g ≥ n Sabemos que KM ≤ 0, segue que (f 0 )2 − nHf 0 + (nHf 0 − f |A|2 )hN, ∂t i. f |A|2 ≥ nH 2 . Daí e da estimativa precedente, por intermédio de um cálculo simples, obtemos ∆g ≥ n f0 − H (f 0 + Hf hN, ∂t i). f Suponhamos agora, a partir de (2.41), e por contradição, que f0 ∆g ≥ n inf Σ f H < inf Σ (f 0 /f ). Assim, f0 n f0 f0 inf − H g ≥ inf inf − H g 2 . Σ f Σ f C Σ f Pelo Corolário 1.15, devemos ter um slice. Contudo, um slice Mtn g ≡ 0. Logo, hN, ∂t i ≡ −1, o que implica que tem curvatura média constante igual a nos dá uma contradição. Dessa maneira, H = inf Σ (f 0 /f ) e, por (2.42), (f 0 /f )(t). Σn Σn é Isso é um slice. Capítulo 2. Aplicações no espaço hiperbólico Observação 2.4 79 O Teorema 2.10 pode ser visto como uma extensão do Teorema 3 de [46]. Em [46], S. Montiel provou os resultados que colecionamos na proposição a seguir. Proposição 2.11 Seja M n+1 , n ≥ 1, uma variedade Riemanniana completa munida de um campo fechado, conforme e não-trivial 1. O conjunto Então: Z(X) formado pelos pontos de M n+1 2. O campo unitário Z(X) X. N = X/|X| X se anula é discreto. denido no conjunto aberto e denso satisfaz ∇N N = 0, 4. A distribuição de dimensão nos quais nD ∇u N = ϕ u |X| denida em se M0 M 0 = M n+1 \ hu, N i = 0. por p ∈ M 0 7→ D(p) = {v ∈ Tp M n+1 : hX(p), vi = 0} F(X) de codimensão um que é orientada por N . Ademais, as funções |X|, Div X e Xϕ são constantes nas folhas conexas de F(X) e cada folha tem curvatura média constante H = − Div X/(n + 1)|X|. determina uma folheação umbílica 5. X tem no máximo dois zeros e as alternativas a seguir são as únicas possíveis, correspondendo respectivamente aos casos em que zero em (i) M n+1 X tem um, dois ou nenhum : M n+1 é um espaço euclidiano com uma métrica rotacionalmente invariante, n+1 i.e., M = Rn+1 e a métrica, em termos de coordenadas polares (x = rp) n+1 em R \ {0} = R+ × Sn , é, a menos de homotetias, dr2 + f (r)2dσn2 , Sn e f é 0 a restrição positiva a R+ de uma função suava ímpar com f (0) = 1. Além n n+1 disso, o campo X é dado por X(r, p) = f (r)p para r ∈ R+ e p ∈ S ⊂ R e as folhas da folheação F(X) são as esferas centradas na origem r = r0 . em que (ii) dσn2 é a métrica de curvatura constante e igual a um 1 em M n+1 é uma esfera com uma métrica rotacionalmente invariante, i.e., M n+1 = Sn+1 e a métrica, em termos das coordenadas polares (x = a cos θ + p sin θ) n+1 em S \ {a, −a} = (0, π) × Sn , em que a ∈ Sn+1 é arbitrário e Sn é o equador ortogonal a a, é dada, a menos de homotetias, por dθ2 + f (θ)dσn2 , Capítulo 2. Aplicações no espaço hiperbólico 80 f é a restrição a (0, π) de uma função periódica ímpar, de período 2π , com f 0 (0) = 1 e sem zeros em (0, π). Ademais, o campo X é dado por X(θ, p) = f (θ)(a sin θ − p cos θ), para cada θ ∈ (0, π) e p ∈ Sn ⊂ Sn+1 . n+1 Neste caso, as folhas de F(X) são as pequenas esferas de S paralelas ao n equador S . em que (iii) O recobrimento riemanniano simplesmente conexo de warped R ×f P n , em que P n M n+1 é um produto é uma variedade Riemanniana completa e simplesmente conexa, de dimensão n, e f é uma função positiva denida R. Ademais, o grupo Γ de automorsmos isométricos é um subgrupo de n Iso(R) × Iso(P ). Neste caso, a função f é invariante pelas translações na projeção de Γ em Iso(R), o campo X é determinado como sendo a projeção n de f (s)∂s(s,p) , para todo s ∈ R e todo p ∈ P , e a folheação F(X) consiste n nas projeções dos slices {s} × P , s ∈ R. em Os espaços hiperbólicos Hn+1 podem ser pensados como uma classe de hipersu- perfícies no espaço de Minkowski. De fato, denotando por Lorentz de índice 1 em Rn+2 , h·, ·i a métrica canônica de temos que cada componente conexa da hiperquádrica {p ∈ Rn+2 : hp, pi = −1}, munida da métrica induzida, é uma variedade riemanniana completa e simplesmente conexa com curvatura seccional constante e igual a Hn+1 , −1. Com essa representação para não é difícil acreditar que X(p) = a + ha, pi, a ∈ Rn+2 para um vetor p ∈ Hn+1 , xado, provê campos conformes e exatos que são qualitativa- mente distintos, de acordo com o caráter causal do vetor folheação quando a F(X) de Hn+1 por esferas, quando a. Assim, cada origina uma a é um vetor tipo-tempo; por horoesferas, é tipo-luz; e por hiperplanos hiperbólicos totalmente geodésicos, quando é tipo-espaço. f (r) = sinh r. a A primeiro situação corresponde a um caso particular da Proposição 2.11−5(i), em que se tem a métrica rotacionalmente invariante dr2 + f (r)2 dσn2 , com A segunda situação é um caso particular da Proposição 2.11−5(iii), por- que, desse ponto de vista, com X f (t) = et para cada Hn+1 pode ser considerado como o produto warped t ∈ R. R ×f Rn A terceira situação corresponde à da Proposição Capítulo 2. Aplicações no espaço hiperbólico 2.11−5(ii) e descreve Hn+1 como R ×f Rn , com f (t) = cosh t para cada t ∈ R. Uma iso- Hn+1 R ×et Rn metria explícita entre o modelo do semi-espaço para é dada como segue. Seja perfícies Mt := {t} × M M n+1 81 = R ×f M n e o produto warped um produto warped. A família de hipersu- constitui uma folheação de M por folhas totalmente umbílicas de curvatura média constante H(t) = (ln f )0 (t) = (f 0 /f )(t). Seja s:R→J s(t) = s(0) = a aplicação dada por Então a variedade produto warped R ×f M n Rt 0 f −1 (u)du, em que J = s(R). é isométrica à variedade produto J × M n, munida da métrica conforme h·, ·i = λ2 (s)(ds2 + h·, ·iM ), τ (t, p) = (s(t), p) por meio da isometria orientação na direção do campo isometria entre R ×et Rn e Hn ∂t . λ(s) = f (t(s)), com que reverte a orientação, já que reverte a Temos que Hn+1 = R ×et Rn , uma vez que τ é uma no modelo do semi-espaço. Neste contexto, do Teorema 2.10 obtemos a seguinte extensão do Teorema 5.2 de [17]. Corolário 2.12 (Corolário 4.1 de [6]) orientável, com campo normal unitário Seja N, ψ : Σn # Hn+1 uma hipersuperfície segunda forma fundamental limitada e cur- 0 ≤ H ≤ 1. Suponha que a função Σn 3 p 7→ hN, ∂t i(p) tem n Se Σ está contida entre duas horoesferas e sua função altura vatura média constante sinal denido em Σn . satisfaz |∇h|2 ≤ α(1 − H β ), para algumas constantes positivas α e β, então Σn é uma horoesfera. O corolário precedente é mais exatamente um escólio da demonstração do Teorema 2.10. De fato, é suciente notar que, sob as hipóteses desse corolário, os cálculos feitos na referida demonstração, nos permitem concluir que |∇h|2 ≤ α(1 − H β ), segue Σn H β = 1, logo H = 1, e como é uma horoesfera. Convém enfatizarmos que, para não sermos conduzidos a uma longa digressão sobre o espaço hiperbólico, por horoesfera, entedemos simplesmente um slice Para a representação {t} × Rn R ×cosh t Rn de da representação Hn+1 , R ×et Rn . obtemos o seguinte Capítulo 2. Aplicações no espaço hiperbólico Corolário 2.13 (Corolário 4.2 de [6]) entável, com campo normal unitário tura média constante em Σ n H. N, ψ : Σ # Hn+1 Seja . Suponha, ainda, que Σ uma hipersuperfície ori- segunda forma fundamental limitada e curva- Σn 3 p 7→ hN, ∂t i(p) Suponha que a função n 82 tem sinal denido está contida entre duas hiperesferas e que 0 ≤ H ≤ inf (tanh t). Σ Se a função altura de Σn satisfaz |∇h|2 ≤ α(inf (tanh t) − H)β , Σ α e β , então Σn é uma hiperesfera. (Aqui, por {t} × Rn da representação R ×cosh t Rn de Hn+1 .) para algumas constantes positivas hiperesfera, entendemos um slice Fazendo uma análise da demonstração do Teorema 2.10, vemos que a hipótese de Σn f 00 estar entre dois slices é uma condição suciente para garantir que tanto são limitadas em Σn . Como nos modelos warped de garantirmos que a função warping uma vez Hn+1 = R ×et Rn , f Σn . f = f 00 , é suciente obtemos a seguinte extensão do Teorema 5.1 de [17]. orientável, com campo normal unitário sinal denido em temos quanto é limitada. Consequentemente, considerando mais Corolário 2.14 (Corolário 4.3 de [6]) vatura média constante Hn+1 f 0 ≤ H ≤ 1. N, ψ : Σn # Hn+1 Seja uma hipersuperfície segunda forma fundamental limitada e cur- Suponha que a função Se a função altura de Σn Σn 3 p 7→ hN, ∂t i(p) tem é tal que h ≤ C − ln(1 + hN, ∂t i), para alguma constante β, então Σ +∞ e |∇h|2 ≤ α(1 − H β ), para algumas constantes positivas α e é uma horoesfera. Observação 2.5 como C, quando No Corolário 2.14, o termo hN, ∂t i = −1. − ln(1 + hN, ∂t i) deve ser interpretado Capítulo 3 Grácos verticais inteiros O estudo da geometria de hipersuperfícies imersas em um espaço riemanniano constitui um clássico e profícuo tema na Teoria de Imersões Isométricas. Um dos mais celebrados resultados desse ramo é, sem dúvida, o teorema de Bernstein [11] (modicado por Hopf [41]), o qual estabelece que os únicos grácos inteiros e mínimos em R3 são os planos. Algum tempo depois, J. Simons [64] provou um resultado que, combinado com alguns teoremas de E. de Giorgi [37] e W. H. Fleming [31], fornece uma prova da extensão do teorema de Bernstein para Rn , para n ≤ 7. No entanto, E. Bombieri, E. de Giorgi e E. Giusti [13] surpreendentemente mostraram que esse teorema não vale para n ≥ 8. Desde então, um interessante tópico de pesquisa em Análise Geométria têm sido as possíveis extensões do resultado de Bernstein para dimensões maiores ou para outros espaços-ambiente. Uma contribuição notável foi dada por J. Moser [48], que mostrou que os hiperplanos são os únicos grácos inteiros e mínimos de Rn tais que o gradiente da função correspondente tem norma limitada. Este capítulo é devotado ao estudo de grácos inteiros Σn (u) := {(u(x), x) : x ∈ M n } ⊂ R × M n , u ∈ C ∞ (M ). Essencialmente, empregaremos o princípio do máximo de H. Omori [50] e S. T. Yau [66] e a expressão dada pela Proposição 1.24 para o laplaciano da função ângulo de uma Capítulo 3. Grácos em R × M hipersuperfície Σn 84 isometricamente imersa em para os referidos grácos. R×Mn para obter resultados de rigidez Averiguaremos o que acontece quando a curvatura não é necessariamente constante e discutiremos um resultado de integrabilidade (é bastante natural nos voltarmos para L1 (M ) quando queremos obter, via métodos analíticos, informações sobre a geometria de uma variedade riemanniana não compacta M n ). Finalmente, apresentaremos dois resultados do tipo-Moser, o segundo dos quais é, em certo sentido, uma extensão do resultado original de Moser. 3.1 Grácos em R × M Consideremos C ∞ (Ω) Ω ⊆ Mn um domínio (i.e., um aberto conexo). Toda função determina um gráco sobre Ω u∈ dado por Σn (u) = {(u(x), x) : x ∈ Ω} ⊂ R × M n . Dizemos que o gráco é inteiro quando Seja Ω = M n. Σn (u) = {(u(x), x) : x ∈ M n } ⊂ R × M n um gráco inteiro. g : (t, x) ∈ R × M n 7→ g(t, x) = t − u(x) ∈ R é tal que Σn (u) = g −1 (0). Dado v ∈ Tp Σn (u), α0 (0) = v . tomemos uma curva suave α : (−, ) → Σn (u) Seja tal que A função p ∈ Σn (u). α(0) = p e Temos d v(g) = (g ◦ α)(t) = 0. dt t=0 Como v(g) = hv, ∇gi, inferimos que ∇g(p) ⊥ v , para todo v ∈ Tp Σn (u). praxe nesta dissertação, objetos assinalados por R × M n .) Por outro lado, se escrevermos (·) (Aqui, como de dizem respeito ao espaço-ambiente v = (λ∂t , w), em que então v(g) = λ∂t (g) + w(g) = λ + w(u) = h∂t , vi − hDu, wi = h∂t − Du, vi, w ∈ Tq M n , q = πM (p), Capítulo 3. Grácos em R × M em que Du denota o gradiente de u 85 em M n. Portanto, como ∇g(u(x), x) = ∂t (u(x),x) − Du(x), p ∈ Σn (u) é arbitrário, ∀x ∈ M n , e o campo de vetores unitários 1 N (x) = p (∂ − Du(x)), t (u(x),x) 1 + |Du|2M dá uma orientação para Σn (u) na qual temos η > 0. x ∈ M n, (3.1) Daí e da relação η 2 = 1 − |∇h|2 , segue que |∇h|2 = |Du|2M . 1 + |Du|2M (3.2) Apesar de ser corriqueira em Geometria Diferencial a identicação de um objeto com sua imagem por uma imersão suave − e, de fato, foi isso que até agora zemos e continuaremos a fazer sistematicamente −, em certas ocasiões é essencial ser preciso com a notação empregada. Γu : Ω → R × M n Todo gráco pode ser visto como a imagem da imersão dada por Γu (x) = (u(x), x), Dados x∈Ω e v ∈ Tx M , x ∈ Ω. temos por denição que d dΓu (v) = Γu (α(t)) , dt t=0 para qualquer curva diferenciável α : (−, ) → M n com α(0) = x e α0 (0) = v . d dΓu (v) = (u(α(t)), α(t)) = (v, dux (v)) = v + hDu(x), viM ∂t (u(x),x) . dt t=0 A partir da expressão obtida para Então (3.3) dΓu , comprovamos imediatamente que Γu é, em verdade, uma imersão. Por outro lado, também a partir daí podemos obter a expressão geral da métrica induzida em Ω por Σn (u). Para v, w ∈ Tx M , temos hv, wi = hdΓu (v), dΓu (w)i = hv, wiM + hDu(x), viM hDu(x), wiM , Capítulo 3. Grácos em R × M i.e., a métrica induzida sobre via Σn (u) Ω 86 da métrica Riemanniana do espaço ambiente R × Mn é dada por h·, ·i = h·, ·iM + du2 . É imediato, então, que um gráco inteiro é completo, se M o for, pois hX, Xi = hX, XiM + hDu, Xi2M ≥ hX, XiM , e, assim, curvas divergentes na métrica original de Vamos empregar a imersão Γu M n também o serão na nova métrica. para calcular o operador de forma de de Weingarten estabelece que, dado qualquer campo vetorial Σn (u). X ∈ T M, temos ∇dΓu (X) N = −dΓu (AX). Calculemos ∇dΓu (X) N . Civita e denotando A fórmula (3.4) Tendo em conta as propriedades básicas da conexão de Levi- ξ := ∂t − Du, temos ∇dΓu (X) N = ∇dΓu (X) 1 ξ |ξ| 1 = ∇dΓu (X) ξ + dΓu (X) |ξ| 1 ξ. ξ (3.5) Por um lado, também temos ∇dΓu (X) ξ = ∇(X+hDu,Xi∂t ) (∂t − Du) = −DX Du, em que D denota a conexão de Levi-Civita de dΓu (X) 1 |ξ| =X M e, por outro lado, ! 1 p 1 + |Du|2M =− hDX Du, DuiM (1 + |Du|2M )3/2 Substituindo as duas últimas expressões em (3.5), obtemos ∇dΓu (X) N = − p DX Du 1+ |Du|2M − hDX Du, DuiM (∂t − Du). (1 + |Du|2M )3/2 (3.6) Da equação 3.3, deduzimos que dΓu (AX) = AX + hDu, AXiM ∂t . (3.7) Substituindo (3.6) e (3.7) na identidade (3.4) e identicando as partes tangentes, nalmente obtemos que Capítulo 3. Um resultado de integrabilidade 87 1 hDX Du, DuiM AX = p DX Du − Du, 2 (1 + |Du|2M )3/2 1 + |Du|M para qualquer campo vetorial tangente {E1 , . . . , En } Seja, agora, métrica h·, ·iM ). X sobre (3.8) Ω. um referencial ortonormal local de TM (com relação à Tomando traços relativamente a esse referencial na expressão (3.8), obtemos que a função curvatura média Hu Σn (u) de um gráco é dada por nHu (1 + |Du|2M )3/2 = (1 + |Du|2M )∆M u − |Du|2M D2 u(Du, Du), em que bre ∆M e D2 (M n , h·, ·iM ). representam, nesta ordem, os operadores laplaciano e hessiano soEsta última expressão pode ser reescrita de modo mais condensado usando o operador divergência. Assim, a curvatura média de Σn (u) é dada pela seguinte equação nHu = Div em que Div denota o divergente na bra Du p 1 + |Du|2M ! , (3.9) M n. 3.2 Um resultado de integrabilidade Em 1976, S. T. Yau [67] obteve a seguinte extensão do teorema de Hopf: Proposição 3.1 Sejam Mn uma variedade riemanniana de dimensão n, completa e u : M → R uma função suave. Se u é subharmônica (ou superharmônica) 1 e |∇u| ∈ L (M ), então u é harmônica. Aqui, L (M ) denota o conjunto de todas as funções f : M → R que são integráveis no sentido de Lebesgue. orientada, e 1 A ferramenta essencial para a demonstração do supracitado resultado é a seguinte extensão do Teorema de Stokes para variedades Riemannianas e não compactas, 1 também devida a S. T. Yau[67] : 1 Esboço da demonstração. Seja r a função Lipschitziana denida em M n que a cada ponto faz corresponder a distância a partir de um ponto xado p. Para cada R > 0, seja B(R) a bola de raio R centrada em p. Aproximando a função r, podemos encontrar uma função suave não negativa gR tal que: −1 (1) Exceto, possivelvemente, para um número nito de t < R, gR (t) é uma hipersuperfície regular e −1 −1 compacta; (2) |dgR | ≤ 3/2 em gR ([0, R]); (3) gR (t) ⊂ B(t + 1) \ B(t − 1) para t ≤ R. Por outro lado, Capítulo 3. Um resultado de integrabilidade Seja Mn 88 uma variedade riemanniana de dimensão pacta. Se n, completa e não com- n−1 ω∈Ω então existe uma M = ∪i Bi (M ) é uma (n−1)−forma diferencial integrável em M n , n sequência (Bi )i∈N de domínios em M , tal que Bi ⊂ Bi+1 , e Z lim dω = 0. i ω = ι∇u dΣ, Com efeito, fazendo direção do gradiente de u Bi e dΣ em que u ∈ C ∞ (Σ), ι∇u é o elemento de volume de Σ, é a contração na obtemos imediatamente a Proposição 3.1. Seguindo as ideias desenvolvidas por Yau, A. Caminha [16] mostrou a seguinte Proposição 3.2 Seja X um campo suave denido numa Riemanniana M n , completa, não compacta e orientada. Suponha M n e que |X| ∈ L1 (M ). Então Div X ≡ 0. Demonstração. M n. de Seja dM ω a Div X que n−dimensional não muda de sinal em Podemos supor, sem perda de generalidade, que (n − 1)−forma diferencial em na direção do campo vetorial ortonormal em um aberto U ⊂ M, M dada por X ∈ T M. Se com formas duais ιX dM , i.e., {E1 , . . . , En } {ω1 , . . . , ωn }, ω Div X ≥ 0 em é a contração é um referencial então n X ιX dM = (−1)i−1 hX, Ei iω1 ∧ · · · ∧ ω b i ∧ · · · ∧ ωn . i=1 Uma vez que as (n − 1)−formas ω1 ∧ · · · ∧ ω bi ∧ · · · ∧ ωn temos são ortonormais em Ωn−1 (M ), n X |ω| = hX, Ei i2 = |X|2 , 2 i=1 donde 1 |ω| ∈ L (M ). sequência de domínios Ademais, Bi ⊂ M Z dω = d(ιX dM ) = (Div X)dM . M = ∪i Bi , Bi ⊂ Bi+1 Z i (divX)dM = dω −→ 0. tal que Bi temos que R −1 gR ([0,R]) |dgR ||ω| = R R R 0 Existe, pois, uma e Bi −1 gR (t) |ω| dt. Segue de (2) que R R R 0 −1 gR (t) R |ω| dt ≤ 3/2 M |ω|. −1 Assim, para algum R/2 ≤ tR ≤ R em que gR (tR ) é uma hipersuperfície regular e compacta, temos R R que g−1 (tR ) |ω| ≤ 3/R M |ω|. Do teorema standard de Stokes e da última desigualdade, inferimos R R R R que g−1 ([0,tR ]) dω ≤ g−1 (tR ) |ω| ≤ 3/R M |ω|. Da propriedade (3) de gR , concluímos, então, que R R R M n = ∪i gi−1 ([0, ti ]) e que limi g−1 ([0,ti ]) dω = 0. Q.E.D. i Capítulo 3. Um resultado de integrabilidade Como Div X ≥ 0 em M, concluímos que 89 Div X ≡ 0. Nesta seção, seguindo o espírito dos resultados de integrabilidade discutidos até aqui, estabeleceremos o seguinte Teorema 3.3 (Teorema 1.1 de [43]) vertical inteiro em R × M n, Seja Σn (u) = {(u(x), x) : x ∈ M n } um gráco com curvatura média limitada. Suponha que uma das seguintes condições é satisfeita: (i) Mn tem curvatura de Ricci negativa e (ii) Mn tem curvatura de Ricci positiva e em Se H2 H2 é não negativa em Σn (u); é não positiva e limitada inferiormente n Σ (u). |Du| ∈ L1 (M ), então Σn (u) é um slice {t0 } × M n . Antes, contudo, de passarmos à prova deste teorema, precisamos de uma expressão apropriada para o operador quadrado de Cheng-Yau (cf. Seção 1.4) da função altura. Essa expressão será crucial para a prova. Recordamos que ∇X ∇h = ηAX, ∀X ∈ T Σ. (3.10) Levando em consideração que traço(A em que H2 = ◦ P1 ) = n(n − 1)H2 , 2 S denota o valor médio da segunda função simétrica elementar n(n−1) 2 dos valores do operador de forma de Σn , S2 da expressão para o operador quadrado de Cheng-Yau dada em (1.53) e de (3.10), obtemos h = n(n − 1)H2 hN, ∂t i. Demonstração do Teorema 3.3. que se (3.11) Suponhamos que (i) é satisfeita. Observe A é a segunda forma fundamental da imersão, então seus autovalores são funções contínuas em que a norma Σn (u). |A| Segue da denição de for limitada em Σn (u). P1 que |P1 | Portanto, como |A|2 = n2 H 2 − n(n − 1)H2 , é limitada em Σn (u), sempre Capítulo 3. Um resultado de integrabilidade 90 das hipóteses de que a curvatura média é limitada e de que que existe uma constante C > 0, tal que |P1 | ≤ C em H2 é não negativa, inferimos Σn (u). Daí, |P1 (∇h)| ≤ |P1 ||∇h| ≤ C|∇h|. (3.12) Consequentemente, de |Du|2M |∇h| = 1 + |Du|2M 2 e de (3.12), vemos que a hipótese |Du| ∈ L1 (M ) Por outro lado, em virtude das equações X ∈ TΣ (cf. Seção 1.4), e ∇h = ∂t − ηN , assegura que |P1 (∇h)| ∈ L1 (Σ). hDiv P1 , Xi = Ric(N, X), para todo temos hDiv P1 , ∇hi = Ric(N, ∇h) = Ric(N, ∂t ) − hN, ∂t iRic(N, N ), em que Ric denota o tensor de Ricci de R × M n. Assim, levando em consideração que R(X, Y )Z = RM (X ∗ , Y ∗ )Z ∗ , para quaisquer campos vetoriais curvatura da bra Mn Mn e X, Y, Z R × M n, em X ∗ = X − hX, ∂t i∂t RM em que denota o tensor é a projeção do campo vetorial X sobre (cf. Corolário 1.5), obtemos hDiv P1 , ∇hi = −hN, ∂t i RicM (N ∗ , N ∗ ), em que RicM é o tensor de Ricci da bra Portanto, das equações (3.13) M n. Div P1 (∇f ) = hDiv P1 , ∇f i + f , para toda f ∈ C ∞ (Σ) (cf. Seção 1.4), (3.11) e (3.13), obtemos Div P1 = hDiv P1 , ∇hi + h (3.14) = hN, ∂t i(n(n − 1)H2 − RicM (N ∗ , N ∗ )). Agora, como a função ângulo a curvatura de Ricci da bra hN, ∂t i tem sinal estrito em Σn (u), nossas hipóteses sobre Mn e sobre o sinal de H2 garantem que divP1 (∇h) não Capítulo 3. Um pouco de heurística 91 muda de sinal. (Note que se (ii) for satisfeita, ainda se pode dizer o mesmo sobre a invariância de sinal.) Div P1 ≡ 0 em Σn (u). Podemos aplicar a Proposição 3.2 para concluir que nemos a (3.14). Como o sinal de lidar), inferimos que RicM Retor- é estrito (negativo, no caso com que estamos a N ∗ é identicamente zero em Σn (u), i.e., Σn (u) é um slice {t0 }×M n . Para o caso de grácos inteiros mínimos, da prova do Teorema 3.3 obtemos a seguinte extensão fraca do teorema de Bernstein clássico: Corolário 3.4 (da demonstração do Teorema 3.3) tical inteiro e mínimo em Suponha que M n R×M n é um slice Σn (u) um gráco ver- , com segunda curvatura média limitada inferiormente. |Du| ∈ L1 (M ), então Σn (u) n Ricci de M é positiva, então tem curvatura de Ricci não negativa. Se é totalmente geodésica. Em particular, se a curvatura de Σn (u) Seja {t0 } × M n . Quando o espaço ambiente é o espaço euclidiano Rn+1 , o Corolário 3.4 assume a seguinte conguração: Corolário 3.5 Σn (u) |Du| ∈ L1 (Rn ), são Os únicos grácos inteiros e mínimos escalar limitada inferiormente e tais que Observação 3.1 Um gráco vertical inteiro em Rn+1 , com curvatura os hiperplanos. Σn (u) # R × M n , com curvatura média 1 |Du| ∈ L (M ), é necessariamente mínimo. Com efeito, temos n que o laplaciano da função altura de Σ (u) é dado por ∆h = nHη . Escolhendo para Σn (u) a orientação dada em (3.1), com respeito à qual η > 0, vemos que ∆h não n 1 muda de sinal em Σ (u). Em virtude de (3.2), temos que |Du| ∈ L (M ) implica |∇h| ∈ L1 (Σ(u)). Podemos, então, aplicar a extensão do Teorema de Hopf com a qual n iniciamos esta seção para concluir que h é harmônica em Σ (u). Retornando à relação ∆h = nHη , inferimos que H = 0. constante H e tal que 3.3 Um pouco de heurística Os dois resultados a seguir (Teoremas 3 e 4 de [7]), achamos por bem incluí-los a m de deixar transparecer o processo heurístico que nos conduziu aos teoremas da próxima seção. Capítulo 3. Um pouco de heurística Teorema 3.6 92 M n uma variedade riemanniana compacta com curvaturas seccin n n onais positivas. Seja Σ (u) # R × M um gráco inteiro sobre M , com curvatura média constante e segunda curvatura média limitada inferiormente. Se |Du|M ≤ 1, então u ≡ t0 , para algum t0 ∈ R. Seja Demonstração. Considere Σn (u) com a orientação dada por (3.1). Sabemos que |∇h|2 = Assim, |Du|M ≤ 1 implica |∇h|2 ≤ |Du|2M . 1 + |Du|2M 1 . Como 2 Teorema 2.1, o qual nos permite concluir que Teorema 3.7 Σn (u) u ≡ t0 , é completo, podemos invocar o para algum t0 ∈ R. M n uma variedade riemanniana compacta com curvaturas seccin n n onais positivas. Seja Σ (u) # R × M um gráco inteiro sobre M , com curvatura média constante e segunda curvatura média limitada inferiormente. Se |Du|M é limin tada, então Σ (u) é mínimo. Ademais, se u ≥ 0, então u ≡ t0 , para algum t0 ≥ 0. Seja Precisaremos do seguinte Lema 3.1 (Teorema 1.3 de [58]) Seja Mn uma variedade riemanniana completa Kπ ≥ −K0 , para alguma constante não negativa K0 . Seja S um gráco inteiro e mínimo em M × R com função 2 altura u ≥ 0. Então S = M × {c}, para alguma constante c ≥ 0. com curvatura de Ricci não negativa e curvaturas seccionais Demonstração do Teorema 3.7. |∇h|2 = vemos que a hipótese de de |Du|M Das relações |∇h|2 = 1 − η 2 |Du|2M , 1 + |Du|2M ser limitada implica que o ângulo de 1 (equivalentemente, o argumento de Σn (u) está longe de 2 Esboço e Σn (u) está longe π . Então, podemos aplicar 2 da demonstração. Seja S um gráco inteiro e mínimo com função altura u ≥ 0. Seja (x1 , . . . , xn ) um sistema de coordenadas locais para M com métrica correspondente σij . A métrica induzida em S é então gij = hXi , Xj i = σij + ui uj . De acordo com o Corolário 4.4 de [58], |Du| ≤ C1 globalmente em M (Du denota o Laplaciano de u em M ). Portanto, a métrica induzida gij é √ uniformemente elíptica e o laplaciano ∆S em S , dado por ∆S = divS (DS ·) = √1g Di ( gg ij Dj ·) = g ij Di Dj , em que D denota a derivada covariante em M , g = det(gij ) e (g ij ) é a inversa de (gij ), é um operador uniformemente elíptico em forma de divergência. Por translação, podemos supor que inf M u = 0. Assim, dado > 0, existe um ponto p ∈ M com u(p) ≤ . Aplicando a desigualdade de Harnack (Teorema 7.4 de [63]), para todo R temos que supBR (p) u ≤ C inf BR (p) u ≤ C, para uma constante uniforme C independente de R. Fazendo R → ∞ e então → 0, vemos que u ≡ 0. Q.E.D. Capítulo 3. Um pouco de heurística o Teorema 2.2 para concluir que 3.1, devemos ter u ≡ t0 , 93 Σn (u) é mínimo. para algum Ademais, se u ≥ 0, então, pelo Lema t0 ≥ 0. O próximo teorema, o último desta secção, talvez tenha seu lugar de direito entre os resultados do capítulo precedente. No entanto, por causa dos interessantes corolários que dele decorrem para o estudo de grácos, decidimos alocá-lo aqui. Teorema 3.8 (Teorema 3 de [44]) Seja M n+1 = R × Mn um produto riemanniano n+1 n cuja bra M tem curvaturas seccionais limitadas inferiormente, e seja ψ : Σ # M n+1 . um hipersuperfície completa e two-sided que está contida entre dois slices de M R n Suponha que ±1 ∈ / {η(p) : p ∈ Σ } . Se H2 é limitada inferiormente e H é limitada e n não muda de sinal em Σn Σn , então inf Σ H = 0. H Em particular, se é constante, então é mínima. Demonstração. Antes de mais, note que estamos sob as hipóteses do Lema 2.2, o que nos assegura que a curvatura de Ricci de Agora, suponhamos por exemplo que Considere (pk ) ⊂ Σn Σn H ≥0 é limitada inferiormente. em Σn . Recorde que ∆h = nHη . tal que 0 ≥ lim sup ∆h(pk ) = n lim sup(Hη)(pk ). k k Também temos 0 = lim |∇h(pk )|2 = 1 − lim η 2 (pk ). k k Logo, se supusermos por exemplo que obtemos limk η(pk ) = 1. −1 não pertence ao fecho da imagem de η, Consequentemente, 0 ≥ lim sup ∆h(pk ) = n lim sup H(pk ) ≥ 0, k k e, assim, concluímos que lim sup H(pk ) = 0. k (Se 1 não pertence ao fecho da imagem de η, então limk η(pk ) = −1 lim supk ∆h(pk ) = −n lim supk H(pk ) = n lim inf k H(pk ) ≥ 0.) Se H ≤ 0, então seja (qk ) uma sequência de pontos de Σn 0 ≤ lim inf ∆h(qk ) = n lim inf (Hη)(qk ). k k tal que e, assim, 0 ≥ Capítulo 3. Um pouco de heurística Supondo novamente que −1 94 não pertence ao fecho da imagem de η, obtemos 0 ≤ lim inf ∆h(qk ) = n lim inf H(qk ) ≤ 0. k (Se 1 k η, não pertence ao fecho da imagem de então limk η(pk ) = −1 lim inf k ∆h(qk ) = −n lim inf k H(qk ) = n lim supk H(qk ) ≤ 0.) caso concluíremos que e, daí, 0 ≤ Portanto, também neste inf Σ H = 0. Em 1959, R. Osserman [51] respondeu uma conjectura de Nirenberg, mostrando que se uma superfície mínima e completa da aplicação normal de Gauss de Σ2 Σ2 em R3 não é um plano, então a imagem é densa na esfera unitária S2 . Mais geralmente, H. Fujimoto [33] provou que se a imagem da aplicação de Gauss de uma superfície deixa de conter mais que quatro pontos, então essa superfície é um plano. Graças ao resultado de Osserman, decorre do Teorema 3.8 o seguinte Corolário 3.9 (Corolário 4 de [44]) As únicas superfícies de R3 completas, two−sided e de curvatura média constante, com curvatura Gaussiana limitada inferiormente, contidas entre dois planos e tais que ambos os pólos de planos − S2 − que são ortogonais àqueles não estão no fecho da imagem da aplicação de Gauss, são os planos de Por outro lado, o exemplo da Seção 3.5 mostrará que a hipótese de contida entre dois slices de R × Mn que a curvatura média de Σn não pode estar globalmente longe de zero. C ⊂ R3 ao fecho da imagem da aplicação de Gauss N Ademais, satisfaz quase todas as hipóteses do Corolário 3.9, exceto a que exige que nenhum dos pólos de N estar é necessária no Teorema 3.8, a m de concluirmos observe que o cilindro circular horizontal todas as direções nas quais Σn R3 . de C. S2 , ortogonais a C , pertença Na verdade, C é ilimitado em é isolada. Em virtude do Lema 3.1, o Teorema 3.8 também fornece este Corolário 3.10 (Corolário 5 de [44]) Seja Mn uma variedade riemanniana com- pleta com curvatura de Ricci não negativa e curvatura seccional limitada inferior- Σn (u) # R × M n um gráco inteiro de uma função suave e não negativa u ∈ C ∞ (M ), com H constante e H2 limitada inferiormente. Se u é limitada, então u ≡ t0 , para algum t0 ∈ R. mente. Seja Capítulo 3. Um pouco de heurística 95 3 Ainda do Teorema 3.8, desta vez combinado com o Teorema 1.2 de [58] , obtemos o seguinte Corolário 3.11 (Corolário 6 de [44]) Seja Mn uma variedade riemanniana com- pleta e recorrente, com curvatura de Ricci não negativa e curvatura seccional limitada inferiormente. Seja H constante algum t0 ∈ R. Σn (u) ⊂ R × M n o gráco H2 limitada inferiormente. u com e Observação 3.2 I. Salavessa [62] provou que quando a bra compacta, um gráco inteiro n Σ (u) mínimo, se a constante de Cheeger D D V (D) e calculados na métrica de A(∂D) M n. Mn é completa e não média constante H é Recordamos que A(∂D) , V (D) percorre todas as subvariedades abertas de e bordo suave, e é limitada, R × M com curvatura h(M ) da bra M n se anula. h(M ) = inf em que Se n em u ∈ C ∞ (M ), então u ≡ t0 , para inteiro de uma função são o volume de D Mn com fecho compacto em e a área de ∂D, Mn respectivamente, Retornando ao contexto do Teorema 2.4, observamos que a condição de o ângulo η da hipersuperfície gráco n Σ (u) Σn estar longe de zero assegura que de alguma função ∞ u ∈ C (M ). Σn é, de fato, (localmente) o Se (2.28) vale, de (3.2) e (3.9) vemos que o argumento de Salavessa nos permite obter que ∇u Z Z ! p dV 1 + |∇u|2 + I * r ∇u n p = , ν dA ≤ HA(∂D), (n − 1)K0 1 + |∇u|2 ∂D nHdV = nHV (D) = D em que ν div D é o vetor unitário normal que aponta para fora de estimativa para a constante de Cheeger da bra M n ∂D. Isso fornece a seguinte : p n(n − 1)K0 ≤ h(M ). que uma variedade M n tem a propriedade do semi-espaço se os slices M n × {t} são as únicas hipersuperfícies mínimas propriamente imersas em M n × R+ . M n é dita recorrente se para qualquer aberto limitado ∅ = 6 U j M n , toda função harmônica limitada em M n \ U é determinada por seus valores de fronteira. O Teorema 1.2 de [58] estabelece o seguinte: Seja M n uma variedade riemanniana completa e recorrente, com curvaturas seccionais limitadas |Kπ | ≤ K0 , para alguma constante K0 . Então M n tem a propriedade do semi-espaço. 3 Dizemos Capítulo 3. Resultados tipo-Moser 96 L = −∆ − Ric(N, N ) − |A|2 , constante H é dita estável se Ademais, recordando o operador de estabilidade uma hipersuperfície Σn com curvatura média Z (L f )f ≥ 0, ∀f ∈ C02 (Σ). Σ Note que, sob a referida hipótese do Teorema 2.4, a hipersuperfície é um slice e, portanto, Ric(∂t , ∂t ) = 0 e |A|2 = 0. Logo, neste caso, vemos que a hipersuperfície mínima é estável. 3.4 Resultados tipo-Moser Os resultados desta seção compõem o paper [49]. Teorema 3.12 Sejam Teorema 3.13 Sejam M n uma variedade riemanniana compacta com curvaturas secn n n cionais positivas e Σ (u) # R × M um gráco inteiro sobre M , com curvatura média H constante e segunda curvatura média H2 limitada inferiormente. Se |Du|M ≤ C , para alguma constante C > 0, então u ≡ t0 , para algum t0 ∈ R. M n uma variedade Riemanniana completa com curvatura de n n n Ricci não negativa e Σ (u) # R × M um gráco inteiro sobre M , com curvatura média H constante e segunda curvatura média H2 limitada inferiormente. Se |Du|M ≤ α|A|, para alguma constante α > 0, então u ≡ t0 , para algum t0 ∈ R. Demonstração dos Teoremas 3.12 e 3.13. Sabemos que Σn (u) é uma variedade completa e que o campo unitário 1 (∂t − Du) N=p 1 + |Du|2M dá uma orientação para Σ(u) com relação à qual temos 0 < η ≤ 1. com essa orientação, denimos uma função limitada e suave Considerando g : Σn (u) → R g = −eη . Temos ∇g = −eη ∇η e, usando a Proposição 1.24, ∆g = eη {−|∇η|2 + (RicM (N ∗ , N ∗ ) + |A|2 )η}. por Σn (u) Capítulo 3. Resultados tipo-Moser É imediato que N ∗> = η∇u deração que a função altura em Σ(u). e h 97 |∇u|2 = hN ∗ , N ∗ iM . de Σ(u) Da expressão para o campo Aqui, estamos levando em consi- não é senão a função N, |∇u|2 = u vista como uma função obtemos |Du|2M . 1 + |Du|2M A norma do endomorsmo de Weingarten (3.15) A de Σ(u) satisfaz a seguinte identidade algébrica |A|2 = n2 H 2 − n(n − 1)H2 , donde inferimos, uma vez que por hipótese que H é constante e H2 é limitada inferiormente, supp∈Σ(u) |A(p)|2 < +∞. Como existe uma constante positiva Teorema 3.13, podemos tomar C tal que C = α supp∈Σ(u) |A(p)|2 ), |Du|M ≤ C de (no contexto do η 2 = 1 − |∇u|2 e de (3.15), vem que 1 η≥√ > 0. 1 + C2 (3.16) Note que estamos sob as hipóteses do Lema 2.2, o qual assegura que a curvatura de Ricci de Σn (u) (pk )k∈N ⊂ Σn (u), 0. é limitada inferiormente. tal que Existe, pois, uma sequência de pontos limk g(pk ) = supΣ(u) g , limk |∇g(pk )| = 0 e lim supk ∆g(pk ) ≤ Consequentemente, temos 0 ≥ lim sup ∆g(pk ) = lim eη(pk ) (RicM (N ∗ , N ∗ )|A|2 )η(pk ) k k ≥ einf p∈Σ(u) η(p) · lim(RicM (N ∗ , N ∗ )|A|2 )(pk ) · inf η(p) k (3.17) p∈Σ(u) ≥ 0. Agora, suponha que as curvaturas seccionais de tante positiva β. M são limitadas por uma cons- Então, neste caso, RicM (N ∗ , N ∗ ) ≥ β|∇u|2 . Consequentemente, como (3.16) garante que inf p∈Σ(u) η(p) > 0, lim |∇u(pk )|2 = 0. k concluímos que Capítulo 3. Coda Daí e de 98 η 2 = 1 − |∇u|2 , segue que Finalmente, supondo que que limk |A(pk )| = 0. |Du|M ≤ α|A|, u ≡ t0 , temos Mn η ≡ 1, i.e., u ≡ t0 , para algum t0 ∈ R. tem curvatura de Ricci não negativa, de (3.17) vem Logo, como por hipótese existe uma constante positiva de (3.15) inferimos que para algum limk |∇u(pk )|2 = 0. α tal Assim, também neste caso, t0 ∈ R. 3.5 Coda Finalizemos com um exemplo. No que segue, consideraremos o modelo do semiespaço para o espaço hiperbólico de dimensão 2, i.e., munido da métrica H2 = {(x, y) ∈ R2 : y > 0} h·, ·iH2 = (dx2 + dy 2 )/y 2 . Neste ambiente, estudemos a função suave para uma constante não nula a ∈ R. u : H2 → R dada por u(x, y) = a · ln y , Seu gráco é Σ2 (u) = {(a · ln y, x, y) : y > 0} # R × H2 . Temos Σ2 (u) Du(x, y) = (0, ay) e, portanto, |Du|2H2 = a2 . Ademais, a função altura h de satisfaz |Du|2H2 a2 |∇h| = = . 1 + |Du|2H2 1 + a2 2 Logo, a função ângulo η de Σn (u) com relação à orientação (3.1) é dada por 1 η=√ . 1 + a2 Em particular, Σn (u) tem argumento constante θ = arccos Armamos que efeito, note que 1 √ 1 + a2 Div = Div0 − y2 dy , em que Div0 {y∂x , y∂y } . denota a divergência em é um referencial ortonormal global em Temos Div X = h∇y∂x X, y∂x i + h∇y∂y X, y∂y i = y 2 (h∇∂x X, ∂x i + h∇∂y X, ∂y i). H2 . Seja R2 . Com X ∈ T H2 . Capítulo 3. Coda 99 Pela fórmula de Koszul, temos 2h∇∂x X, ∂x i = ∂x hX, ∂x i + Xh∂x , ∂x i − ∂x h∂x , Xi −h∂x , [X, ∂x ]i + hX, [∂x , ∂x ]i + h∂x , [∂x , X]i 2 1 + h∂x , [∂x , X]i0 . = X y2 y2 Logo 1 X h∇∂x X, ∂x i = 2 h∇0∂x X, ∂x i0 + y 2 1 y2 . Analogamente, obtemos X 1 h∇∂y X, ∂y i = 2 h∇0∂y X, ∂y i0 + y 2 1 y2 1 y2 . Portanto, 2 Div(X) = Div0 (X) + y X 2 = Div0 (X) − Xy y 2 = Div0 (X) − dy(X), y donde 2 Div = Div0 − dy. y Dessa identidade que relaciona as divergências em H2 e R2 e de (3.9), seque que 2Hr3 = r2 y 2 ∆0 u − y 3 (yQ(u) + uy |D0 u|20 ), em que as quantidades com o zero subscrito dizem respeito a q √ r = 1 + |Du|2H2 = 1 + a2 (R2 , h·, ·ican ), Capítulo 3. Coda 100 e Q(u) = u2x uxx + 2ux uy uxy + u2y uyy . Substituindo u(x, y) = a · ln y , obtemos a H= √ 2 1 + a2 e, como η é constante, 0 = ∆η = −(|A|2 − |∇h|2 )η e, assim, |A|2 = |A|2 = n2 H 2 − n(n − 1)H2 , Ademais, da identidade algébrica Σ2 (u). Mas λ2 = 0 e usando que H2 = λ1 λ2 , Observação 3.3 função n em que H= λ1 +λ2 2 a2 . 1 + a2 λ1 , λ2 = são os autovalores de λ1 , obtemos 2 λ1 = A. H2 = 0 em Assim, considerando √ a . 1+a2 Em [61], I. Salavessa provou que para cada u:H →R vemos que c com |c| ∈ [0, n − 1], a dada por Z u(x) = 0 c (sinh r)n−1 r(x) r 1− Rr 0 (sinh t)n−1 dt 2 dr, Rr c (sinh t)n−1 dt (sinh r)n−1 0 em que r(x) = ln é suave em Hn , e Em particular, se 1 + |x| 1 − |x| , Σn (u) ⊂ Hn × R tem curvatura média constante n = 2 e c = 1, u pode ser escrita como Z r(x) r 1 u(x) = (cosh r − 1)dr. 2 0 dada por |H| = |c| . n Bibliograa [1] U. Abresch and H. Rosenberg, A Hopf dierential for constant mean curvature surfaces in S2 × R and H2 × R, Acta Math. 193 (2004), 141174. [2] A. L. Albujer and L. J. Alías, Calabi-Bernstein results for maximal surfaces in Lorentzian product spaces, J. Geom. Phys. 59, 620631, 2009. [3] L. J. Alías, A. G. Colares e A. Brasil Jr., Integral formulae for spacelike hyper- surfaces in conformally stationary spacetimes and applications, Proc. Edinb. Math. Soc. 46 (2003), 465488. [4] L. J. Alías and M. 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