mobilidade urbana e poluição sonora na área central do - Abes-RS

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mobilidade urbana e poluição sonora na área central do - Abes-RS
MOBILIDADE URBANA E POLUIÇÃO SONORA NA ÁREA CENTRAL DO
MUNICIPIO DE GOVERNADOR VALADARES, MG
Gutembergue Costa de Carvalho Filho – [email protected]
Instituto Federal de Minas Gerais- Câmpus Governador Valadares
Avenida Minas Gerais, 5189, Bairro Ouro Verde
35057-760 – Governador Valadares – Minas Gerais
Daniela Martins Cunha – [email protected]
Instituto Federal de Minas Gerais- Câmpus Governador Valadares
Fábio Monteiro Cruz – [email protected]
Instituto Federal de Minas Gerais- Câmpus Governador Valadares
Resumo: Este trabalho objetiva apresentar e analisar de forma descritiva as condições de mobilidade urbana e os níveis de
poluição sonora gerados pelos veículos motorizados que circulam nas principais vias do centro urbano do município de
Governador Valadares, MG. Como procedimentos metodológicos foram utilizados, principalmente: câmera fotográfica para
filmar e contabilizar o número de veículos motorizados que circularam na área central pesquisada e o Decibelímetro,
instrumento utilizado para coletar e medir os níveis de ruídos. Como principais resultados, constatou-se que, os veículos
motorizados de uso individual, como motocicletas e automóveis, somados, representam um percentual que varia em média
de 95 a 99% do total de veículos utilizados para a circulação diária em Governador Valadares e que os veículos de
transporte coletivo representam médias que variam de 0,4 a 4%. Verificou-se também em todos os pontos de coleta de dados
que os valores médios de emissão de ruídos estão maiores que 65 dB(A). E que os valores máximos de ruídos, em todos os
pontos de medição foram determinados, principalmente, pela circulação de motocicletas equipadas com os escapamentos
kadrons, os quais emitem ruídos muito superiores aos originais de fábrica. Pelo trabalho, considera-se que a gestão da
mobilidade urbana deve dispor não apenas da disponibilização da oferta eficaz do serviço de transporte coletivo, mas
também de mecanismos de influencia sobre o uso e demanda do transporte individual e de controle e fiscalização dos níveis
de ruídos emitidos por veículos motorizados.
Palavras-chave: veículos motorizados. ruídos. ambiente urbano. saúde.
URBAN MOBILITY AND NOISE IN THE CENTRAL AREA OF CITY OF
GOVERNADOR VALADARES, MG
Abstract: This paper aims to present and analyze descriptively the conditions of urban mobility and levels of noise caused by
motor vehicles on main roads of the urban center of the city of Governador Valadares, MG. The methodological procedures
were used mainly: camera to film and record the number of motorized vehicles circulating in the central area searched and
the decibel meter, an instrument used to collect and measure noise levels. As main results , it was found that the motorized
individual use , such as motorcycles and cars together represent a percentage that varies on average 95-99 % of total
vehicles used for daily circulation in Governador Valadares and that public transportation vehicles represent averages
ranging from 0.4 to 4 % . There was also at all points of data collection that the mean values of noise emissions are greater
than 65 dB ( A) . And that the maximum values of noise at all measuring points were determined mainly by the movement of
motorcycles equipped with kadrons exhausts, which emit far superior to the original factory noises. At work, it is considered
that the management of urban mobility must have not only the provision of efficient provision of public transport services,
but also the mechanisms of influence on the use and demand of individual transport and control and monitoring of noise
levels emitted by motor vehicles...
Keywords: Motor vehicle. noises. urban environment. health.
1. INTRODUÇÃO
A Lei No 12.587 de 13 de janeiro de 2012 instituiu as diretrizes da Politica Nacional de Mobilidade Urbana, a
qual segundo seu art.1º é um instrumento da politica de desenvolvimento urbano de que tratam o inciso XX do art. 21 e o art.
182 da Constituição Federal, objetivando a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade
das pessoas e cargas no território do Município (BRASIL, 2012).
Ainda conforme a mesma lei, em seu art. 2º, é objetivo desta política contribuir para o acesso universal à cidade,
o fomento e a concretização de condições que contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da politica
de desenvolvimento urbano, por meio do planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana
(BRASIL, 2012). Por conseguinte, pensar em desenvolvimento urbano implica pensar nas condições ambientais nos quais tal
desenvolvimento ocorrerá. E essas condições ambientais perpassam pela equidade econômica e social de acesso ao transporte
como também pela exposição de pedestres e usuários do transporte às condições do ambiente, ou seja, a sua exposição à
níveis elevados de gases gerados pela poluição do ar, assim como a altos níveis de ruídos, geradores da poluição sonora,
ambos realizados por veículos motorizados.
Todavia, poluição e mobilidade urbana nos grandes e médios centros urbanos, na maioria das vezes, esta
relacionada apenas a poluição do ar e suas consequências climáticas. Tal relação é apresentada por Oliveira Júnior (2012)
quando o mesmo afirma que se espera com a ampliação dos recursos destinados à mobilidade urbana, provenientes de
recursos orçamentários ou devido ao aumento na base de financiamento pela contribuição dos beneficiários indiretos, seja
possível adotar tecnologias ambientalmente amigas do clima.
Por outro lado, deseja-se apontar neste trabalho que a temática mobilidade urbana também deve estar
relacionada a outros tipos de poluição, como a sonora. Posto que, as vias públicas abrigam grandes fluxos de veículos,
pessoas, fluxo de serviços, entre outras fontes sonoras. Fatores que aliados à arquitetura e à volumetria das edificações,
tornam o tráfego rodoviário um poluidor acústico responsável por níveis de ruídos altamente prejudiciais à saúde (TRINTA
& RIBEIRO, 2006). O transito é apontado como grande causador de ruídos nas cidades, responsável por cerca de 80% das
perturbações sonoras.
O ruído ambiental é caracterizado pelas diversas fontes que compõem um local de medição. Nunes; Dorneles;
Soares apud Balzan (2011) comprovaram que, no caso de mapeamentos sonoros urbanos, o ruído de tráfego veicular é um
dos maiores poluidores ambientais. Torija; Ruiz; Ramos apud Balzan (2011) identificaram que as paisagens sonoras nas
quais o ruído de tráfego rodoviário predomina, são incômodas e desagradáveis, e apresentam relação linear entre o
incremento do fluxo de veículos e as escalas de percepção do incômodo relatadas pela população.
A diferença entre som e ruído é pouco conhecida. Segundo Machado (2003), som é qualquer variação de pressão
no ar ou água ou outro meio, que o ouvido humano possa capturar, enquanto o ruído é o som ou o conjunto de sons indese jáveis, desagradáveis e perturbadores. Em ambientes abertos a medição do som pode ser calculada por unidade de medida co nhecida como dB(A).
O ouvido humano é pouco sensível às frequências abaixo de 40 Hz e acima dos 20.000 Hz e, em função disso,
níveis de pressão sonora expressos em decibel (dB) não são representativos da sensação auditiva do homem. Para tanto, o nível de pressão sonora deve ser ponderado por um coeficiente, que varia com a frequência, e que permite a relação entre o ní vel de pressão sonora e a sensibilidade auditiva humana. A escala de ponderação indicada para as medições de ruído ambien tal, considerando o ruído de tráfego rodoviário, é a escala de ponderação A, a qual converte os níveis de dB para dB(A) (ISO
1996-2, 2007; ABNT, 2000 apud BALZAN 2011).
Segundo a OMS para o ouvido humano funcionar perfeitamente até o fim da vida não deve-se ultrapassar o valor de exposição de 70 decibéis. Magrini apud Machado (2003) relata que um ruído de 70 decibéis não chega a ser agradável
aos ouvidos, e acima de 85 decibéis começa a danificar a audição. Belojevic et al.(1997); estabelece 65dB(A) como o nível
máximo a que um cidadão pode se expor no meio urbano, sem riscos. Para Zannin et al (2002) é preocupante quando os níveis dos ruídos emitidos em vias com tráfego intenso atingem normalmente 75dB(A).
O problema do ruído na sociedade moderna vem gradativamente diminuindo a qualidade de vida dos cidadãos
das cidades. Segundo Oliveira et al; (2000) o ruído é configurado como uma das principais fontes de perturbação em
ambientes urbanos, chegando a 70% das reclamações aos órgãos de controle ambiental das grandes cidades.
Assim, a partir das considerações expostas anteriormente, este trabalho objetiva apresentar e analisar de forma
descritiva as condições de mobilidade urbana e os níveis de poluição sonora gerados pelos veículos motorizados que circulam
nas principais vias do centro urbano do município de Governador Valadares, MG.
1.1 Caracterização da área de estudo
O município de Governador Valadares pertencente à mesorregião do Vale do Rio Doce no Estado de Minas
Gerais (Figura 1). Situa-se a 18° 51’ 03’’ latitude sul e 41° 56’ 56’’ longitude oeste, em uma altitude média de 170 metros,
localiza-se à 320 quilômetros a nordeste da capital do estado, Belo Horizonte, com uma população de 275. 568 habitantes,
sendo assim o nono mais populoso do estado de Minas Gerais e o primeiro de sua mesorregião. Ocupa uma área de
2.342,319 km², sua densidade demográfica é de 112,58 hab./km². Liga-se à capital do estado pela BR-381, à qual dista 320
km (IBGE, 2013).
Figura 1 – Localização geográfica do município de Governador Valadares
Fonte: IBGE (2013); CRUZ (2013).
A cidade conta com uma frota automotiva de 48.901 automóveis, 344 ônibus, 33.731 motocicletas, 3.348
caminhões, 6.592 caminhonetes, os demais tipos de veículos somam juntos 9.642 (IBGE, 2013).
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa foi desenvolvida na área central da cidade de Governador Valadares – MG, em locais de maior fluxo
de veículos com a finalidade de medir a intensidade do trafego. Foram realizadas medições em quatro pontos previamente
escolhidos. A escolha deu-se mediante visita de campo ao centro da cidade para a observação de ruas e o trafego de veículos
existentes nas mesmas, assim, foram selecionadas aquelas com maior fluxo de veículos e pessoas. Os quatro pontos
escolhidos encontram-se em cruzamentos que contemplam duas ruas e maior volume de trafego.
Para medir a quantidade de veículos que trafegavam pelas vias estudadas no período das medições foi utilizada
uma câmera digital Marca Sony, modelo DSC H9, para filmagem do trânsito no local estudado. Desta forma foi realizada 1
(uma) filmagem de 1 (uma) hora em cada um dos 3 (três) turnos de pesquisa, nos 4 (quatro) pontos. Após, os filmes foram
assistidos e foi contabilizada a quantidade de automóveis, motocicletas, ônibus, caminhões e carros de som que trafegaram
naquele período.
Os materiais utilizados para a coleta de dados e medição de ruídos foram: um Decibelímetro Digital com
Datalogger, marca SoilControl, apoiado sobre um tripé e conectado via USB a um computador portátil- notebook. O
Decibelímetro possuí um software de transmissão de dados, desta forma, os ruídos captados por ele são interpretados e
passados ao computador portátil, tornando-se visível na tela os dados de ruído médio, máximo, mínimo.
Os pontos de coleta de dados foram: Avenida Minas Gerais esquina com Rua Sete de Setembro (principal
avenida da cidade e rua via de acesso ao centro), Avenida Minas Gerais esquina com Rua Israel Pinheiro (principal avenida e
via com grande número de lojas), Avenida Minas Gerais esquina com Rua Marechal Floriano (principal avenida e via com
grande número de transeuntes e ponto de transporte público) e Rua Bárbara Heliodora esquina com Rua Belo Horizonte
(movimentado ponto de transporte público).
Realizaram-se as medições em dias úteis, escolhidos aleatoriamente. As medições foram realizadas em três
turnos, com 1 (uma) hora de duração cada medição, sendo: turno da manhã de 07h às 08h, turno do almoço de 11h às 12h, e
no turno da tarde de 17h às 18h. Estes turnos e horários foram selecionados por serem os horários de pico no centro da
cidade, manhã – ida para o trabalho e colégio, almoço – procura de local para refeição ou retorno para casa, e tarde – final do
expediente e de dia letivo (retorno para residência).
O primeiro ponto estudado foi Avenida Minas Gerais esquina com Rua Sete de Setembro, o campo foi realizado
no dia 06 de junho de 2013. O segundo ponto estudado foi Avenida Minas Gerais esquina com Rua Israel Pinheiro, trabalho
realizado no dia 14 de agosto de 2013. O terceiro ponto em pauta foi o da Avenida Minas Gerais esquina com a Rua
Marechal Floriano no dia 15 de agosto de 2013. O quarto e último ponto em estudo foi o da Avenida Minas Gerais esquina
com a Rua Bárbara Heliodora no dia 16 de agosto de 2013.
A cidade de Governador Valadares também passou por protestos, ou seja, as manifestações populares que
tomaram conta do país, nos meses de junho e julho de 2013, o que inviabilizou a pesquisa nestes meses em consequência do
grande fluxo de pessoas, carros com som, apitos, e o impedimento da circulação de veículos pelas ruas do centro da cidade.
Desta forma a pesquisa foi retomada no mês de agosto de 2013.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
O primeiro ponto estudado foi o cruzamento entre a Avenida Minas Gerais e a Rua Sete de Setembro. A avenida
é a principal estrada de rolagem no centro da cidade, o interligando em suas extremidades de Leste a Oeste e a Rua Sete de
Setembro é uma das principais vias de acesso para quem chega de cidades vizinhas, interligando a área central no sentido
norte/sul.
O primeiro horário de coleta de dados foi de 07h às 08h, em uma quinta-feira 06 de junho de 2013. Foram
contabilizados neste período 1.471 automóveis, 1.185 motocicletas, 41 ônibus de transporte público urbano, 35 caminhões e
1 máquina pesada. No segundo horário de coleta de dados (11h às 12h), foram registrados os seguintes resultados: 1.382
automóveis, 918 motocicletas, 37 ônibus de transporte público urbano e 33 caminhões, além de 3 carros de som com
anúncios. A ligeira queda no volume do trafego pode ser explicada pelo fato de que diversas pessoas fazem sua refeição no
centro da cidade, se locomovendo a pé do local de trabalho ao restaurante mais próximo. O terceiro e último horário de
medição foi de 17h às 18h e foram contabilizados os seguintes resultados : 1.376 automóveis, 1.006 motocicletas, 40
ônibus e 13 caminhões (Figura 2).
Figura 2- Contagem dos veículos- Av. Minas Gerais/Rua Sete de Setembro
Na figura 3 é possível observar os valores de máxima, mínima e média de dB(A) dos três horários de medição, sendo
1 o primeiro horário de coleta de dados, 2 o segundo horário e 3 o terceiro e último horário. Nota-se nos três horários de coleta um valor máximo acima dos 80 dB(A), que segundo a literatura é um valor exacerbado, nível que começa a causar danos
ao organismo, já o valor médio se mostrou acima dos 65 dB(A) que é considerado o limiar de conforto acústico para a medi cina preventiva (ZANIM et al, 2002). O valor mínimo é expresso no momento em que o trânsito de veículos cessa devido ao
sinal vermelho do semáforo, e abre-se o sinal de pedestres, tendência esta observada em todas as medições ao longo do traba lho.
Figura 3- Nível de ruídos- Av. Minas Gerais/Rua Sete de Setembro
O segundo ponto estudado foi a Avenida Minas Gerais esquina com Rua a Israel Pinheiro (grande fluxo de
veículos e pedestres – rua comercial), trabalho realizado em uma quarta-feira, 14 de agosto de 2013. Foram realizadas
medições nos três horários supracitados e obtidos os seguintes resultados na primeira medição: 1.025 automóveis, 480
motocicletas, 8 ônibus de transporte público urbano e 8 caminhões. O menor número de ônibus de transporte público
justifica-se pela rota que os mesmo fazem, não sendo um local de trânsito intenso como o do primeiro dia de medições
(Figura 4).
No segundo horário de coleta de dados, que compreende o período do almoço – 11h às 12h foram registrados os
seguintes valores: 1.216 automóveis, 479 motocicletas, 3 ônibus de transporte público urbano, 14 caminhões e 1 carro de som
com anúncios. Foi observado, contudo, neste ponto um pequeno aumento no número de veículos no horário do almoço, o que
contrasta com o ocorrido no ponto estudado anteriormente.
Para fechamento da coleta de dados neste ponto, no horário
de 17h às 18h foram obtidos os seguintes resultados: 1.439 automóveis, 833 motocicletas, 11 ônibus de transporte público
municipal e 2 caminhões. Observado também a tendência de leve aumento no trafego neste horário (Figura 4).
Figura 4- Contagem dos veículos- Av. Minas Gerais/Rua Israel Pinheiro
Na figura 5 nota-se novamente como visto na primeira coleta de dados, um valor máximo de dB(A) acima do
recomendado, este valor neste caso, conforme o observado em campo, foi expresso, principalmente, por sirenes de veículos
de resgate, não sendo um ruído constante, o que é corroborado pelos valores mínimos e médias obtidos. O valor mínimo
seguiu a tendência e manteve-se bem mais abaixo dos 65 dB(A), coincidente também com o momento de parada dos veículos
no farol de trânsito, e a média também marcou pouco acima do máximo recomendado (65 dB(A)).
Figura 5- Nível de ruídos- Av. Minas Gerais/ Rua Israel Pinheiro
O terceiro ponto estudado foi Avenida Minas Gerais esquina com Rua Marechal Floriano (grande fluxo de
veículos e pedestres – rua comercial, em que se localiza a Rodoviária Municipal), trabalho realizado em uma quinta-feira 15
de agosto de 2013. A contagem da quantidade de veículos para o primeiro horário de coleta de dados mostrou 1.116
automóveis, 649 motocicletas, 33 ônibus de transporte público urbano e 5 caminhões. O grande número de ônibus justificase, pois nas proximidades do local de medição encontra-se um grande ponto de ônibus que faz a ligação do centro às zonas
periféricas da cidade (Figura 6).
No horário do almoço – 11h às 12h - foram registrados os seguintes valores: 1.212 automóveis, 501
motocicletas, 34 ônibus de transporte público urbano e 7 caminhões. Dados que mantiveram certa padronização em relação
ao anterior. Finalizando o dia de coleta de dados no horário de final de expediente foram obtidos os seguintes dados: 1.253
automóveis, 516 motocicletas, 28 ônibus de transporte público e 8 caminhões. Notadamente uma irrisória variação nos
valores referentes às demais medidas (Figura 6).
Figura 6- Contagem dos veículos- Av. Minas Gerais/Rua Marechal Floriano
O cruzamento estudado é o mais largo do centro da cidade, próximo ao ponto de coleta de dados, a Avenida
Minas Gerais sofre uma ampliação em sua largura, bem como a própria Rua Marechal Floriano, sendo linhas de ligações
fundamentais entre o centro e os bairros, ambas com 4 faixas de rolagem cada. A grande largura das vias públicas contribui
para rápida dispersão dos ruídos. O valor mínimo observado (27.00 db(A)), bem abaixo dos encontrados nos outros pontos,
justifica-se pelo mesmo fato dos anteriores, cessa o trânsito de veículos e o ambiente torna-se relativamente silencioso,
apenas com a travessia de pedestres na via. O valor máximo (86.80 dB(A)) deve-se ao intenso fluxo de ônibus de transporte
público, que pela natureza do veículo é bastante ruidoso. O valor médio manteve-se como já observado pouco acima do
tolerável (Figura 7).
Figura 7- Nível de ruídos- Av. Minas Gerais/ Rua Marechal Floriano
O quarto e último ponto estudado foi o cruzamento entre a Rua Belo Horizonte esquina com Rua Bárbara
Heliodora (onde se localiza ponto de ônibus público, com intenso fluxo de pessoas e ônibus), trabalho realizado em uma
sexta-feira 16 de agosto de 2013. Os veículos contabilizados foram: 411 automóveis, 321 motocicletas, 62 ônibus de
transporte público, 19 caminhões (Figura 8). O baixo número de veículos pode ser justificado pelo fato de que este ponto em
estudo é afastado da principal avenida da cidade – Av. Minas Gerais – contudo nota-se o grande aumento no número de
veículos de transporte coletivo, tendo em vista o citado anteriormente.
No segundo momento de medição, no horário do almoço, observaram-se os seguintes dados: 648 automóveis,
439 motocicletas, 24 ônibus de transporte público, 15 caminhões e 5 carros de som com anúncios. No último turno de coletas
de dados – 17h às 18h os dados coletados foram: 901 automóveis, 641 motocicletas, 58 ônibus de transporte público urbano e
14 caminhões (Figura 8).
Figura 8- Contagem dos veículos- Rua Belo Horizonte/Rua Bárbara Heliodora
Neste ponto de coleta pode-se notar considerável amplitude dos ruídos entre os valores máximos e mínimos,
sobretudo no primeiro horário de medição, devido a pequena mínima registrada, o que evidencia uma diferença em relação a
máxima de 71.5 dB(A). Observa-se uma diferença expressiva no valor das mínimas que foi de 37.1 dB(A), dado ao valor
registrado no período da manhã, sendo a menor em todo o estudo. Nos valores médios a diferença entre o maior e menor
valor é de 5.18 dB(A). Porém nos valores médios é observado como sempre pequena dispersão de dados, os valores giram
em torno de 68.29 dB(A), o que novamente fica alguns decibéis acima do recomendado na literatura (Figura 9).
Figura 9- Nível de ruídos- Rua Belo Horizonte/Rua Bárbara Heliodora
Por fim, pôde-se observar que os veículos motorizados de uso individual ou de poucos passageiros, como
motocicletas e automóveis, somados, representam um percentual que varia em média de 95 a 99% do total de veículos
utilizados, conforme o local de medição. Ficando os veículos de uso coletivo, como os ônibus de transporte urbano com
médias que variam de 0,4 a 4% do total de veículos utilizados para aquele período.
Por outro lado, conforme as observações de campo contrapõe-se o fato de que mesmo sendo os automóveis os
veículos mais utilizados para o transporte urbano no centro da cidade, são eles também os menos ruidosos, principalmente
por se tratarem de uma frota mais nova, o contrário, ocorre com os veículos de transporte coletivo. E, ainda com relação aos
níveis de ruídos, detectou-se que os valores máximos coletados em todos os pontos de medição e em todos os horários foram
determinados, além dos veículos de transporte coletivo urbano, principalmente, pela circulação de motocicletas equipadas
com os escapamentos kadrons, os quais emitem ruídos muito superiores aos escapamentos originais de fábrica.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão da mobilidade urbana de forma eficiente deve dispor não apenas da disponibilização da oferta eficaz do
serviço de transporte coletivo, mas também de mecanismos de influencia sobre o uso e demanda do transporte individual,
uma vez que, o uso destes possuem relação direta com a capacidade do sistema viário do município em questão. Além disso,
deve estabelecer também mecanismos para o controle e inibição do uso de escapamentos kadrons pelas motocicletas, bem
como a fiscalização e penalidade pelo uso de escapamentos, neste caso em todos os veículos motorizados, que emitam sons
fora dos padrões permitidos por lei.
As medidas citadas anteriormente junto ao estabelecimento de prioridades do uso dos transportes não
motorizados sobre os motorizados e do incentivo ao uso de veículos motorizados que emitam níveis de ruídos toleráveis pelo
organismo humano melhorarão a qualidade de vida/saúde dos pedestres que diariamente circulam pelo centro da cidade, bem
como dos usuários dos sistemas de transporte viário. Uma vez que possibilitarão maior agilidade na mobilidade urbana de
ambos os usuários e contribuirão para a diminuição dos níveis de ruídos que na atualidade atingem valores médios
prejudiciais à saúde humana.
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