Diário do Comércio – 09/08/12

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Diário do Comércio – 09/08/12
Diário do Comércio – 09/08/12
Negócio de pai para filho
Os empresários que criaram algum negócio têm, de uma maneira geral, dificuldade em deixá-lo. A
ligação do fundador com a empresa é muito semelhante àquela que ele mantém com um filho.
"É com um componente diferente, porque na empresa ele é sempre valorizado. Em casa, nem sempre
o filho tem a imagem só positiva do pai", comenta o sócio da consultoria höft, especializada em
empresa familiar, Wagner Luiz Teixeira. Ele afirma que os processos de sucessão, em empresas
familiares, precisam ser construídos durante um longo período. O sucessor, lembra Teixeira, deve se
preparar para o cargo; desenvolver as habilidades; demostrar para o conjunto da empresa que tem
competência; e conquistar desafios. "E o sucedido precisa se preparar para enfrentar o desapego;
delegar poder e legitimar o sucessor". Confira, aqui, a história exemplar de alguns pais que já buscaram
solução para a questão.
Unidade familiar, a maior herança.
Aos 20 anos de idade, o empresário Bruno Leone foi emancipado, para ficar à frente do negócio que
criara, na capital paulista, e que em fevereiro passado completou 41 anos. Inicialmente, ele
comercializava bicos automáticos para postos de gasolina.
Família Leone: pai, filho, primos e até sobrinhos comandam 120 colaboradores. - Newton Santos/Hype
A empresa familiar em que a Leone se tornou vende amplo mix de equipamentos, alguns com marcas
próprias, para o mercado de transporte e distribuição de petróleo.
"Hoje, vendemos, entregamos, instalamos e damos assistência técnica. Comecei do zero, com um
funcionário. Eu era um menino com vontade e hoje sou um jovem senhor, com vontade", comenta, em
tom brincalhão.
Atualmente, Bruno Leone divide a operação com os irmãos Vittorio e Luciano, além do primo Galea –
todos diretores. A segunda geração (seu filho Vinicius, os sobrinhos Carlos e Roberto, além do primo
em segundo grau, Rafael) atua na gerência de áreas estratégicas. E a eles se somam 120 colaboradores,
84 deles funcionários diretos, com atuação na matriz e nas filiais de Campinas, Ribeirão Preto, Rio de
Janeiro e Curitiba.
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No Dia dos Pais, um almoço deverá reunir a família do empresário. Historicamente, os irmãos se
juntam à confraternização, mas com os mais jovens já crescidos, alguns até casados, pode acontecer
uma divisão. Não tem problema.
"A família é muito unida", garante Leone. No âmbito empresarial, explica, todos se envolveram, há
cerca de dois anos, no projeto "A Leone do Futuro", implementado com ajuda de consultoria externa.
"Foi uma iniciativa de todos e ela é boa para todos. A empresa é sólida porque a ideia é dar
continuidade ao negócio. Estou cheio de gás para a empresa, mas cada vez mais, dando espaço para a
nova geração", comenta ele.
O amadurecimento para esse momento, afirma, veio com o tempo, mas também com cursos sobre o
tema. Bruno Leone se define como um empresário que sempre trabalhou muito, mas que também foi
um "super-pai", preocupado com os estudos e em almoçar com os filhos. A vinda do filho Vinicius para
o negócio aconteceu naturalmente, na fase adulta.
Novas ideias muito bem vindas
No próximo domingo, Nicolau Saad Filho comemora o Dia dos Pais certo de que soube conciliar com
harmonia as obrigações de um homem de negócios com a afetividade paternal. Na prática, o filho
André e a filha Nicole já se integraram às operações da General Products, uma trading criada há 26
anos por ele, em dobradinha com o irmão Eduardo.
Nicolau Saad Filho com André e Nicole: filhos desenvolveram nova frente de negócios na empresa. Newton Santos/Hype
"Para mim foi fácil. Acho que isso vai um pouco da educação e também de sorte. Se os filhos não
querem atuar no negócio, aí é que fica difícil", ressalva. Saad explica que a trading nasceu para otimizar
as exportações da fábrica de auto-peças (engrenagem e câmbio) que ele e o irmão comandavam desde
1969 – posteriormente vendida.
A dobradinha familiar se repetiu em outros empreendimentos, administrados por filhos do irmão.
André e Nicole se familiarizaram com a General Products ainda na adolescência. Durante alguns
períodos das férias escolares, eram incumbidos de pequenas tarefas na empresa. "Depois, fizeram
intercâmbio, para ver outras culturas, aperfeiçoar o inglês, se virarem sozinhos", explica Nicolau. Ao se
integrarem ao negócio, conta o empresário, seus filhos desenvolveram, no mercado interno, um novo
espaço para o comércio de móveis de decoração média/alta operado pela trading. "Nós sempre
estivemos abertos para testar outros segmentos de negócio", afirma Nicolau.
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A transição entre gerações, de acordo com avaliação dele, "vai acontecendo naturalmente".
Disposição para aprender desde cedo
O empresário José Alarico Rebouças reconhece ser difícil, para o empreendedor que construiu um
negócio, se afastar do empreendimento para que os herdeiros assumam o comando. Mas ele trilhou
esse caminho com sucesso e, agora, acompanhando os negócios mais à distância, considera já ter
concluído o processo de sucessão.
Rebouças e o filho Júnior: benção. - Newton Santos/Hype
"Você tem que aceitar outros desafios e sair de uma zona de conforto. No meu caso, foi uma benção",
comenta, se referindo ao fato do filho, também herdeiro do seu nome, gostar do negócio.
Rebouças conta que já pensava em sucessão há 21 anos, quando criou a World Brokers, uma empresa
comissária de despachos aduaneiros. O empreendimento nasceu como evolução natural da sua longa
carreira em áreas do comércio exterior de várias corporações. Naquela época, no entanto, ele pensava
que o filho deveria atuar em outras empresas. Mas José Alarico Rebouças Júnior tinha outros planos e,
com a ajuda da mãe (atuante na World Brokers), convenceu o empresário a tê-lo como funcionário.
"Eu tinha 16 anos e comecei como office boy. Por exigência do meu pai, passei por todos os postos da
empresa", explica Júnior, desde 2008 no cargo de diretor responsável pela supervisão operacional e
comercial do escritório, um negócio com 25 funcionários e operações em São Paulo, Santos, Bauru e
Recife. "Meu pai só saiu da operação em 2011 e ainda é uma pessoa presente na empresa", diz. Júnior
lembra que, na adolescência, a distinção entre os personagens pai e patrão era difícil.
"Ele era rígido comigo no trabalho, na época eu não entendia direito. Ficava revoltado, mas também
era determinado. Hoje, se necessário, eu faria da mesma forma", declara.
Expectativas de vendas para o Dia dos Pais
O maior volume de compras associadas ao Dia dos Pais, a ser comemorado no próximo domingo, é
esperado para este final de semana, especialmente no dia de amanhã.
Pesquisa da Virtual Gate, especializada na gestão do movimento de pessoas em pontos de venda,
mostra que o fluxo de consumidores cresce de forma intensa nos 14 dias que antecedem a data,
especialmente na véspera da comemoração dos pais.
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As estimativas sobre o quanto esse fluxo se converterá em crescimento de vendas para o varejo são
bem variadas.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) projeta salto em torno de 3%, ante igual período de 2011.
"As roupas e calçados ainda devem ser destaque, mas também acredito em crescimento das vendas de
celulares, pelas novidades que o mercado oferece", comenta o economista da ACSP, Emilio Alfieri.
Na Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), o diretor de relações institucionais, Luís
Augusto Ildefonso, estima vendas 4% maiores, comparadas ao mesmo período de 2011. "O segundo
semestre sempre é melhor do que o primeiro, mas o Dia dos Pais não é termômetro", afirma. No final
deste mês, a Alshop "balizará" a previsão inicial de crescimento do setor, de 10% para o faturamento
até o final de 2012.
A tendência é ajustar para baixo. Já a associação que reúne os donos de shoppings (Abrasce) projeta
vendas 14% maiores para a data – um patamar semelhante ao divulgado por vários desses centros de
compra.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio - SP) prevê
salto das vendas entre 4% a 5% e o comércio eletrônico, bem otimista, projeta 20% de crescimento por
conta da data que homenageia os pais brasileiros..
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