Bienal do Livro Rio realiza balanço da 17ª edição em coletiva neste

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Bienal do Livro Rio realiza balanço da 17ª edição em coletiva neste
Bienal do Livro Rio realiza balanço da 17ª edição em
coletiva neste domingo
Neste sábado, Café Literário celebrou a história e a cultura da cidade, enquanto
Cubovoxes e Conexão Jovem reuniram leitores de todas as idades
A 17ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro promove uma coletiva de imprensa
neste domingo, 13, encerramento do evento, para divulgar um balanço na edição, que
espera receber mais de 600 mil pessoas ao longo de seus 11 dias. O encontro, que
acontece na Sala dos Autores (mezanino 3, Pavilhão Azul), às 17h30, terá participação
dos organizadores do evento – o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e a
Fagga | GL events Exhibitions – e dos curadores das atividades da programação cultural.
Neste segundo sábado de Bienal, o Café Literário recebeu os historiadores Mary del
Priore e Jacques Leenhardt . Em homenagem aos 450 anos do Rio, a mesa apresentou o
cotidiano dos cariocas durante o século XIX. Autor do livro Jean-Baptiste Debret, viagem
pitoresca e histórica no Brasil, Leenhardt identificou as diversas transformações
históricas ocorridas no país a partir de gravuras do pintor, feitas durante a sua estadia
no Rio de Janeiro: "Debret fez 600 aquarelas enquanto esteve no Brasil e viveu todo o
processo de transformação da colônia portuguesa em uma nova nação. Filho da
Revolução Francesa, ele tinha uma noção diferente das mudanças sociais pelas quais o
Rio e o país todo passavam", afirmou.
Para Mary del Priore, o pintor retratou muito bem a vida nas ruas da cidade e a
configuração da sociedade na época. "Com a abertura dos portos, o Rio recebeu gente
do mundo todo, e isso acelerou a transformação local. Debret fez uma documentação
visual de alto nível, desde o comércio até as atividades mais curiosas, como catar piolhos
e pentear os cabelos nas sacadas das casas", comentou Mary.
Dando continuidade às comemorações, a mesa com o jornalista e escritor Ruy Castro
destacou as diversas faces do Rio de Janeiro ao longo do tempo. Citando Nelson
Rodrigues ao dizer que “o passado tem sempre razão”, Ruy contou que suas pesquisas
revelaram que na década de 1930 Di Cavalcanti já dizia que a cidade maravilhosa havia
ficado para trás. Ele relatou também que, nos anos 1960, o amigo e jornalista Paulo
Francis falava que o Rio tinha acabado. “Não tem para onde correr. A Cidade
Maravilhosa nunca vai existir no tempo de ninguém. Ela só existe no passado. Em 20 ou
30 anos muita gente lembrará do Rio de 2015 com saudade”, afirmou. O jornalista ainda
celebrou a revitalização da Lapa, a volta do carnaval de rua – movimentos que acredita
ser de geração espontânea da sociedade – e a implosão do Elevado da Perimetral, que,
ao banir os carros, devolveu uma importante área da cidade à população.
Também no Café Literário, em um bate-papo descontraído, o historiador Clóvis Bulcão,
o jornalista Julio Maria e o jurista e professor Gustavo Binenbojm contaram um pouco
dos bastidores na luta pela queda da censura prévia às biografias no Brasil. Gustavo
lembrou que o país era o único democrático do mundo onde o objeto biográfico tinha
que autorizar a publicação do texto sobre si, enquanto Julio Maria contou que foi o
último biógrafo a ter que enviar seu texto para a aprovação dos herdeiros.
“Eles optaram por não interferir em uma linha sequer do meu trabalho, mesmo que não
gostassem de tudo o que eu estava revelando sobre a personalidade de Elis. No livro,
inclusive, agradeço à família por acreditar em meu trabalho e respeitar a liberdade de
expressão”, disse Julio. Para Clóvis, o maior mérito das biografias é o de revelar situações
da história do Brasil por meio da vida de pessoas que contribuíram muito para a
construção do país e de sua cultura.
Em seguida, a mesa Grandes lançamentos juntou os escritores Marcelo Rubens Paiva,
Paulo Scott e Ronaldo Correia de Brito para uma conversa sobre seus novos trabalhos.
Com mediação da jornalista Valéria Lamego, os autores abordaram o universo de seus
livros e apresentaram, respectivamente, os novos Ainda estou aqui, Ithaca road e O
amor dos sonhos.
Encerrando a noite de sábado no espaço, os antropólogos Lilia Schwarcz e Luiz Eduardo
Soares, mediados pelo jornalista Alberto Dines, debateram alguns aspectos da história
ligados à formação sócio-cultural brasileira. Autora do livro Brasil: uma biografia, Lilia
contou que a publicação desconstrói certos estereótipos. "Chacoalhamos alguns mitos
fundamentais brasileiros, como, por exemplo, o de que o Brasil é um país pacífico, de
que só tivemos uma guerra. Na verdade, somos um país de golpes, violento. E isso
permanece até hoje. Entre história e memória há uma diferença fundamental: a história
congela a memória, mas também a trapaceia com silenciamentos importantes",
defendeu.
Por outro lado, Luiz Eduardo Soares, autor de Elite da tropa, reuniu importantes relatos
em seu novo livro Rio de Janeiro – Histórias de vida e morte. "Foi o livro mais difícil que
já escrevi. São histórias minhas e de outras pessoas que emocionam e sensibilizam, mas
que também são reveladoras. Tratam de desigualdade, violência, racismo e política,
configurando um lado perverso da cidade e de nossa cultura", revelou.
Cubovoxes
No Cubovoxes, espaço dedicado à cultura jovem, durante a mesa que discutia a
aprovação da PEC 171/1993, sobre a redução da maioridade penal, na Câmara dos
Deputados, o deputado federal Alessandro Molon defendeu que jovens infratores
precisam ser punidos, mas que essa punição deve ser inteligente, buscando recuperar o
indivíduo que acabará retornando ao convívio em sociedade.
“Não há nenhuma estatística que comprove o envolvimento de menores de idade em
crimes. Temos a sensação de que muitos jovens estejam envolvidos, mas isso não
significa que esse sentimento corresponda a realidade brasileira. Números recentes dão
conta de que a participação desses jovens representa 1% em crimes gerais e 0,5% nos
crimes contra a vida. Por isso é preciso que o Congresso produza um levantamento
confiável sobre o tema, para que, a partir daí, sejam discutidas políticas públicas para a
solucionar essa questão tão relevante”, afirmou.
Outro encontro foi entre a jornalista Flávia Oliveira e Atila Roque, diretor da Anistia
Internacional do Brasil, no bate-papo Jovem negro morto... Vamos mudar essa notícia?
O tema foi abordado pelo ponto de vista histórico e social. “Existe um vácuo na atenção
política pública com o adolescente. Precisamos enfrentar e derrotar raízes
preconceituosas de um país machista e racista”, disse Flávia. Para Átila, “é preciso parar
para escutar e tentar entender o outro e circular mais pela cidade para quebrar a
indiferença racial”.
Depois, o escritor Pedro Gabriel, autor de Eu me chamo Antônio, participou do batepapo sobre o processo de criação de sua obra, que nasceu na mesa de um bar e conta,
em desenhos e frases escritas em guardanapos, suas lembranças, saudades, alegrias e
tristezas. “A poesia brinca com palavras próximas e sonoridades”, disse.
Conexão Jovem
A britânica Sophie Kinsella foi a primeira atração do Conexão Jovem deste sábado. A
autora da série Os delírios de consumo de Becky Bloom, que já vendeu cerca de 300 mil
exemplares no país, teve um encontro bem-humorado com os fãs e se disse surpresa
com a recepção calorosa dos brasileiros. “É incrível e surpreendente ver tanta gente aqui
que gosta de mim e do meu trabalho. Amo o Brasil, não tem ninguém que seja como
vocês.”
Sucesso de público na plataforma de leitura Wattpad e, posteriormente, nas livrarias de
todo o mundo, a norte-americana Anna Todd participou da segunda rodada do Conexão
Jovem. A escritora, que se tornou mundialmente conhecida com a série After, em que
transformou os integrantes da banda One Direction em personagens de uma história
romântica, falou com o público a respeito dos altos e baixos do casal central da trama,
Tessa e Hardin. “São jovens que vivem entre idas e vindas e que se descobrem um no
outro, como muitos outros casais de adolescentes. A intensidade desse relacionamento
é o combustível para toda a história. Talvez por isso as meninas se identifiquem tanto.”
Já a mineira Paula Pimenta, fenômeno da literatura juvenil, faz parte de um crescente
grupo de autoras nacionais que arrastam uma multidão de fãs por onde passa. Terceira
atração do Conexão Jovem neste sábado, Paula falou sobre o início difícil e as tentativas
de publicação de seu primeiro livro que, nas palavras dela, foi “paitrocinado”.
“Logo que comecei, sofri muito preconceito. O mercado e os leitores estavam em uma
vibe de que o melhor vinha de fora, que o produto brasileiro não tinha tanta
credibilidade quanto o internacional. Aos poucos esse cenário foi mudando, e hoje
temos várias autoras brasileiras fazendo tanto sucesso quanto as americanas ou
inglesas. As próprias editoras viram isso”, disse a autora de Fazendo meu filme e Minha
vida fora de série.
O último encontro do dia foi com Colleen Houck, do sucesso A maldição do tigre e o
lançamento O despertar do príncipe, primeiro volume da série Deuses do Egito. Ela
comparou os eventos literários nos EUA à Bienal Internacional do Livro Rio. “Achei muito
diferente, aqui o envolvimento com o autor é muito maior. E, acima de tudo, vejo muitos
jovens circulando pela feira, o que é sensacional.”
Fotos em https://www.flickr.com/photos/101023397@N04/.
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