Prova Unicamp - Novembro 2008

Transcrição

Prova Unicamp - Novembro 2008
o
anglo
resolve
a
prova
da 1ª- fase
da Unicamp
novembro
2008
É trabalho pioneiro.
Prestação de serviços com tradição de confiabilidade.
Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examinadoras na tarefa de não
cometer injustiças.
Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o estudante no processo
de aprendizagem, graças a seu formato: reprodução de cada questão, seguida
da resolução elaborada pelos professores do Anglo.
No final, um comentário sobre as disciplinas.
A prova da 1ª- fase da Unicamp consta de 3 opções para a elaboração de uma
redação (valendo 48 pontos) e de 2 questões discursivas, subdivididas em 2
itens (a e b) de cada uma das seguintes matérias: Matemática, Física, Química, Biologia, História e Geografia (totalizando 48 pontos, pois cada item vale
2 pontos).
Somente serão corrigidas as redações dos candidatos que estiverem numa das
seguintes situações:
a) até o limite de 8 candidatos por vaga do curso da 1ª- opção, independentemente da nota obtida nas questões (desde que esta seja diferente de
zero);
b) até o limite de 12 candidatos por vaga do curso da 1ª- opção, caso tenha
sido atingida a nota mínima de 24 pontos nas questões (50% de acerto).
Código: 835010109
A pontuação obtida nessa prova de 1ª- fase (redação + questões) será utilizada duplamente: para a convocação para a 2ªª- fase e, com peso 2, para a
avaliação final.
Serão chamados para a 2ª- fase todos os candidatos cujo rendimento for igual
ou superior a 50% do total da 1ªª- fase, até o limite de 8 vezes o número de
vagas do curso de 1ªª- opção. Sempre que o número de candidatos selecionados for inferior ao limite de 3 por vaga, a seleção se completará segundo o
critério de ordem decrescente de notas, até se atingir esse limite.
Caso o candidato tenha solicitado e isso o favoreça, a Unicamp incluirá no
cálculo da nota final da 1ª- fase (NF) os pontos obtidos na parte objetiva do
ENEM (E), aplicando a seguinte fórmula:
NF = (0,8N) + (0,2 × 0,96E)
Para aqueles que fizeram o ENEM 2007 e 2008, a Unicamp utilizará a nota da
parte objetiva do ENEM somente dos candidatos que tenham nota diferente
de zero na Redação.
O vestibular da Unicamp avalia também os candidatos aos cursos de Medicina
e Enfermagem da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (estadual).
▼
QUEST ÕES
Questão 1
O aquarismo é uma atividade que envolve a criação de espécies aquáticas em ambiente confinado. O bom funcionamento do aquário depende do controle de uma série de parâmetros, como temperatura, matéria orgânica dissolvida, oxigênio dissolvido, pH, entre outros. Para testar seus conhecimentos químicos, responda às seguintes questões:
a) Um dos principais produtos do metabolismo dos peixes é a amônia, que é excretada na água. Desconsiderando-se qualquer mecanismo de regulação externa e considerando-se apenas essa excreção de amônia, o
valor do pH da água do aquário tende, com o passar do tempo, a aumentar, diminuir ou permanecer constante? Justifique.
b) Para peixes de água fria, a concentração ideal de gás oxigênio dissolvido na água é de 5 ppm. Considerandose esse valor e um aquário contendo 250 kg de água, quantos mols de gás oxigênio estão dissolvidos nessa
água?
Dados: 1 ppm significa que há 1 grama de gás oxigênio dissolvido em 1.000 quilogramas de água; massa molar
do gás oxigênio = 32 g mol –1.
Resolução
a) O pH da solução aumentará, pois a amônia dissolvida em água se ioniza, liberando íons hidroxila de acordo com a equação:
+
NH 4 (aq) + OH–(aq)
NH3(g) + H2O(l)
b) Uma concentração de 5 ppm de O2 significa:
106 g de água
5 g de O2
x
x=
5 g ⋅ 250 kg
103 kg
103 kg de água
250 kg de água
= 1, 25 g de O2
Como a massa molar do oxigênio é igual a 32 g/mol, temos:
 1 mol de O2 ———— 32 g

y —————— 1,25 g

▼
y∼
– 0,04 mol de O2.
Questão 2
A quantidade de gás oxigênio dissolvido na água pode ser monitorada através de um teste químico, em que,
inicialmente, faz-se o seguinte: a uma amostra de 5 mL de água do aquário, adicionam-se 2 gotas de solução
de Mn2+ e 2 gotas de uma solução de I– (em meio básico), agitando-se a mistura. Na seqüência, adiciona-se
uma solução para tornar o meio ácido e agita-se a mistura resultante. Sabe-se que em meio básico, o íon Mn2+
se transforma em Mn4+ ao reagir com o oxigênio dissolvido na água. Em meio ácido, o Mn4+ da reação anterior
reage com o I–, produzindo I2 e Mn2+. Quando não há oxigênio dissolvido, as reações anteriormente descritas
não ocorrem.
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ANGLO VESTIBULARES
Dados:
Espécie química em solução
Mn2+
Mn4+
I–
I2
cor
rosa claro
preto
incolor
castanho escuro
a) Correlacione a presença ou a ausência de oxigênio dissolvido com a coloração (clara/escura) do teste.
Justifique sua resposta, indicando a espécie responsável pela coloração em cada caso.
b) Escreva a equação química balanceada para a reação do Mn4+ com o I–, conforme se descreve no texto da
questão.
Resolução
a) Caso a solução não tenha oxigênio dissolvido, não ocorrerá a oxidação do íon Mn2+, ficando a solução com
a cor rosa claro devido à presença desse íon.
Caso a solução contenha oxigênio dissolvido, o íon Mn2+ será oxidado a Mn4+ (preto) e a seguir será reduzido novamente a Mn2+ em meio ácido, com oxidação do I – a I2, o que conferirá cor escura para a solução, já
que o I2 possui coloração castanho escuro.
b) Ocorrerá redução do Mn4+ e oxidação do I – de acordo com as semi-reações:
Mn4+ + 2 e–
Mn2+
–
–
2I
I2 + 2e
▼
Mn4+ + 2 I –
H+
I2 + Mn2+
Questão 3
O Pantanal já teve 17% de sua paisagem natural devastados, mas o drama da planície alagada, assim como o
de outras áreas úmidas do Brasil, é praticamente ignorado pelos governos estadual e federal, afirmaram cientistas reunidos em Cuiabá para discutir o futuro dessas regiões. Segundo Walfrido Tomás, especialista em gestão de biodiversidade da Embrapa Pantanal, a pecuária intensiva está se difundindo no Pantanal e tem desmatado muito mais do que a tradicional pecuária pantaneira.
(Adaptado de BBC Brasil: www.viagem.uol.com.br/ultnot/bbc/2008/07/25/ult454u209.htm?action=print)
a) Compare as formas de pecuária intensiva e extensiva.
b) Considerando o Domínio Morfoclimático do Pantanal, quais as características naturais que favorecem a atividade pecuária nessa área?
Resolução
▼
a) A pecuária extensiva se caracteriza por ser realizada com os rebanhos soltos no pasto. Isso determina a necessidade de se utilizar grandes extensões de terra, com pequena aplicação de tecnologia na criação animal, o
que resulta em baixa produtividade econômica.
A pecuária intensiva se caracteriza por ser realizada com os rebanhos criados em estábulos, exigindo grande
uso de mão-de-obra, mas podendo ser realizada em pequenas propriedades. Nesse sistema, aplica-se muita
tecnologia na criação animal, e a produtividade econômica é bastante elevada.
b) O Domínio Morfoclimático do Pantanal se caracteriza por apresentar uma superfície de topografia extremamente plana, recoberta em grande parte do ano (na estiagem) por formações vegetais herbáceas, que funcionam como pastagem natural para a pecuária extensiva regional.
Questão 4
A abelha, no Brasil, é um híbrido das abelhas européias (Apis mellifera mellifera, Apis mellifera ligustica, Apis
mellifera caucasica e Apis mellifera carnica) com a abelha africana (Apis mellifera scutellata). Essa abelha,
africanizada, possui um comportamento muito semelhante ao da Apis mellifera scutellata, em razão da maior
adaptabilidade desta raça às condições climáticas do País. Muito agressiva, porém menos que a africana, a
abelha do Brasil tem grande facilidade de enxamear, alta produtividade e tolerância a doenças.
(Embrapa Meio-Norte, http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Mel/SPMel/racas.htm, acessado em 05/09/2008.)
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ANGLO VESTIBULARES
Expansão das Áreas de Ocorrência das
Abelhas Africanizadas nas Américas
1990
1980
1976
1987
16
m
m
1967
Fortaleza
1966
1963
Ponto de Origem
1957
1976
Área livre de abelhas
africanizadas
Escala: 1:150.000.000
Goudie, A. The Human Impact on the Natural Environment.
6ª- ed., Malden: Blackwell Publishing, 2006, p. 69.
a) Calcule a distância, em quilômetros, de propagação da abelha africana entre o ponto de origem e a cidade
de Fortaleza. Por que a propagação da abelha africana não avançou para a Patagônia Argentina e a Cordilheira dos Andes?
b) A apicultura é uma atividade capaz de causar impactos positivos, tanto sociais quanto econômicos, além de
contribuir para a manutenção e preservação de ecossistemas existentes. Aponte dois aspectos econômicos
positivos trazidos pela apicultura, em especial para a agricultura familiar.
Resolução
▼
a) A escala 1:150.000.000 significa que cada centímetro do mapa representa 1.500 km da realidade. Se no
mapa a distância entre o ponto de origem e a cidade de Fortaleza está indicada como sendo de 16 mm ou
1,6 centímetros, conclui-se que a distância real seria 2.400 km (1,6 × 1.500).
A abelha africana não avançou pela Patagônia Argentina e pela Cordilheira dos Andes porque nessas regiões o clima apresenta invernos frios e baixa precipitação anual, condições ambientais desfavoráveis para
essa espécie animal.
b) Dentre os aspectos econômicos positivos trazidos pela apicultura para a economia, destacam-se:
• produção de alimento e de uma possível fonte de renda para o agricultor familiar, com baixo custo de implantação;
• contribuição para a polinização, essencial ao ciclo de reprodução de muitos vegetais, o que pode elevar a
produtividade agrícola.
Questão 5
A tração animal pode ter sido a primeira fonte externa de energia usada pelo homem e representa um aspecto marcante da sua relação com os animais.
F(N)
1000
800
600
400
200
10
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20
30
40
4
50
60
70
d(m)
ANGLO VESTIBULARES
a) O gráfico anterior mostra a força de tração exercida por um cavalo como função do deslocamento de uma
carroça. O trabalho realizado pela força é dado pela área sob a curva F × d. Calcule o trabalho realizado pela força de tração do cavalo na região em que ela é constante.
b) No sistema internacional, a unidade de potência é o watt (W) = 1 J/s. O uso de tração animal era tão difundido no passado que James Watt, aprimorador da máquina a vapor, definiu uma unidade de potência tomando os cavalos como referência. O cavalo-vapor (CV), definido a partir da idéia de Watt, vale aproximadamente 740 W. Suponha que um cavalo, transportando uma pessoa ao longo do dia, realize um trabalho
total de 4 44 000 J. Sabendo que o motor de uma moto, operando na potência máxima, executa esse mesmo
trabalho em 40 s, calcule a potência máxima do motor da moto em CV.
Resolução
a) O trecho em que a força é constante corresponde ao deslocamento entre 10m e 50m. Supondo-se a força na
mesma direção e sentido do deslocamento:
F(N)
1000
800
600
400
A
200
10
20
30
40
50
60
70
d(m)
τF =N A = 800 ⋅ (50 − 10)
∴ τF = 32000 J
b) Da definição de potência:
P=
| τ | 444000
=
∆t
40
P = 11100 W
Como 1CV = 740 W:
▼
P=
11100
∴ P = 15 CV
740
Questão 6
Os pombos-correio foram usados como mensageiros pelo homem no passado remoto e até mesmo mais recentemente, durante a Segunda Guerra Mundial. Experimentos mostraram que seu mecanismo de orientação envolve vários fatores, entre eles a orientação pelo campo magnético da Terra.
a) Num experimento, um ímã fixo na cabeça de um pombo foi usado para criar um campo magnético adicional
→
→
ao da Terra. A figura abaixo mostra a direção dos vetores dos campos magnéticos do ímã BI e da Terra BT. O
diagrama quadriculado representa o espaço em duas dimensões em que se dá o deslocamento do pombo.
Partindo do ponto O, o pombo voa em linha reta na direção e no sentido do campo magnético total e atinge um dos pontos da figura marcados por círculos cheios. Desenhe o vetor deslocamento total do pombo
na figura e calcule o seu módulo.
b) Quando em vôo, o pombo sofre a ação da força de resistência do ar. O módulo da força de resistência do
ar depende da velocidade v do pombo segundo a expressão Fres = bv2, onde b = 5,0 × 10 –3 kg/m. Sabendo
que o pombo voa horizontalmente com velocidade constante quando o módulo da componente horizontal da força exercida por suas asas é Fasas = 0,72 N, calcule a velocidade do pombo.
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1,0 m
1,0m
→
BI
→
O
BT
Resolução
→
→
a) O campo magnético total (sic) resulta da soma vetorial de BI e BT (figura) e, portanto, o pombo atinge o
ponto A.
1,0m
1,0m
A
∆→
r
6m
→
BI
O
→
BT
8m
Da figura, o módulo do vetor deslocamento (∆r ) é dado por:
→
| ∆r | =
→
62 + 82 ⇒ | ∆r | = 10m
→
▼
b) Fasas = bv2 ∴ 0,72 = 5 ⋅ 10– 3v2
⇒
v2 =
0, 72 ⋅ 103
e v = 12m / s
5
Questão 7
Os animais podem sofrer mutações gênicas, que são alterações na seqüência de bases nitrogenadas do DNA.
As mutações podem ser espontâneas, como resultado de funções celulares normais, ou induzidas, pela ação
de agentes mutagênicos, como os raios X. As mutações são consideradas importantes fatores evolutivos.
a) Como as mutações gênicas estão relacionadas com a evolução biológica?
b) Os especialistas afirmam que se deve evitar a excessiva exposição de crianças e de jovens em fase reprodutiva aos raios X, por seu possível efeito sobre os descendentes. Explique por quê.
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ANGLO VESTIBULARES
Resolução
▼
a) As mutações gênicas são uma das fontes de variabilidade nos seres vivos, sobre a qual age a seleção natural,
mecanismo fundamental da Evolução Biológica.
b) Os raios X, caso atinjam as gônadas, onde se situam as células germinativas — que geram gametas —, podem
causar mutações indesejáveis, transmissíveis aos descendentes.
Questão 8
Ao estudar os animais de uma mata, pesquisadores encontraram borboletas cuja coloração se confundia com
a dos troncos em que pousavam mais freqüentemente; louva-a-deus e mariposas que se assemelhavam a folhas
secas; e bichos-pau semelhantes a gravetos. Observaram que muitas moscas e mariposas assemelhavam-se
morfologicamente a vespas e a abelhas e notaram, ainda, a existência de sapos, cobras e borboletas com coloração intensa, variando entre vermelho, laranja e amarelo.
a) No relato dos pesquisadores estão descritos alguns exemplos de adaptações por eles caracterizadas como
mimetismo e camuflagem. Identifique no texto um exemplo de camuflagem. Explique uma vantagem dessas
adaptações para os animais.
b) No texto são citados vários animais, entre eles sapos e cobras. Esses animais pertencem a grupos de vertebrados que apresentam diferenças relacionadas com a reprodução. Indique duas dessas diferenças.
Resolução
▼
a) São exemplos de camuflagem, no texto, as borboletas com cor semelhante à dos troncos, as mariposas semelhantes a folhas secas e os bichos-pau semelhantes a gravetos. A vantagem da camuflagem está em confundir o animal com o ambiente, dificultando sua visualização tanto por presas como por predadores. No mimetismo existente, por exemplo, entre moscas e vespas, as moscas se beneficiam por parecerem organismos
agressivos, o que as protege de seus predadores.
b) Dentre as diferenças na reprodução de anfíbios, como o sapo, por exemplo, e répteis, como as cobras, podem
ser citadas:
I) fecundação externa nos anfíbios e interna nos répteis;
II) ovos sem casca nos anfíbios e com casca nos répteis;
III) fase larval nos anfíbios e ausência dessa fase nos répteis;
IV) ausência de anexos embrionários nos anfíbios e presença nos répteis.
45000
Questão 9
Na década de 1960, com a redução do número de
baleias de grande porte, como a baleia azul, as baleias minke antárticas passaram a ser o alvo preferencial dos navios baleeiros que navegavam no hemisfério sul. O gráfico ao lado mostra o número
acumulado aproximado de baleias minke antárticas capturadas por barcos japoneses, soviéticos/russos e brasileiros, entre o final de 1965 e o final de
2005.
40000
41840
Número acumulado de baleias caçadas
35000
a) No gráfico a seguir, trace a curva que fornece
o número aproximado de baleias caçadas
anualmente por barcos soviéticos/russos entre
o final de 1965 e o final de 2005. Indique também os valores numéricos associados às letras
A e B apresentadas no gráfico, para que seja
possível identificar a escala adotada para o
eixo vertical.
34200
30000
25000
20000
15000
13500
10000
5000
b) Calcule o número aproximado de baleias caçadas pelo grupo de países indicado no gráfico entre o final de 1965 e o final de 1990.
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Japão
URSS/Rússia
Brasil
0
65
7
75
85
Ano
95
05
ANGLO VESTIBULARES
A
0
65
75
Resolução
a) No final de 1987, o número acumulado de baleias minke antárticas capturadas pelos soviéticos/russos foi 34.200. No final de 1972, esse
número foi zero.
Como, de 1972 a 1987, o gráfico foi uma reta, podemos concluir que, nesse período, os soviéticos/
russos capturaram, em média, n baleias por ano,
34200 – 0
com n =
, ou seja, n = 2280.
1987 – 1972
Antes de 1972 e depois de 1987, o número de
baleias minke capturados pelos soviéticos/russos
foi nulo.
85
Ano
95
3000 B
2280
1500 A
0
65
UNICAMP/2008 – 1ª- FASE
05
Resposta:
Número de baleias caçadas
Número de baleias caçadas
B
8
75
85
Ano
95
05
ANGLO VESTIBULARES
b) No final de 2005, o número acumulado de baleias minke antárticas capturadas pelos japoneses foi 41 840.
No final de 1987, esse número foi 35 000. Sendo n o número de baleias minke capturadas por ano, de 1987
41840 – 35000
a 2005, temos n =
, ou seja, n = 380.
2005 – 1987
O número acumulado de baleias capturadas pelos japoneses em 1990 é dado por 35 000 + 380 ⋅ 3 = 36140.
No final deste ano, este número foi 34 200 para os soviéticos/russos e 13 500 para os brasileiros.
Como, em 1965, este número foi zero nos três casos, podemos concluir que o número aproximado de baleias minke antárticas caçadas pelo grupo indicado de países é dado por 36140 + 34200 + 13500, ou seja, 83840.
▼
Resposta: 83 840.
Questão 10
Em um sistema de piscicultura superintensiva, uma grande quantidade de peixes é cultivada em tanques-rede
colocados em açudes, com alta densidade populacional e alimentação à base de ração. Os tanques-rede têm
a forma de um paralelepípedo e são revestidos com uma rede que impede a fuga dos peixes, mas permite a
passagem da água.
a) Um grupo de 600 peixes de duas espécies foi posto em um conjunto de tanques-rede. Os peixes consomem,
no total, 800 g de ração por refeição. Sabendo-se que um peixe da espécie A consome 1,5 g de ração por
refeição e que um peixe da espécie B consome 1,0 g por refeição, calcule quantos peixes de cada espécie o
conjunto de tanques-rede contém.
b) Para uma determinada espécie, a densidade máxima de um tanque-rede é de 400 peixes adultos por metro
cúbico. Suponha que um tanque possua largura igual ao comprimento e altura igual a 2 m. Quais devem ser
as dimensões mínimas do tanque para que ele comporte 7200 peixes adultos da espécie considerada?
Resolução
a) Sendo x e y, respectivamente, as quantidades de peixes das espécies A e B, devemos ter:
123
1,5x + 1,0y = 800
x+
y = 600
Resolvendo esse sistema, obtém-se x = 400 e y = 200.
Resposta: Espécie A = 400 peixes; espécie B = 200 peixes.
b) Dividindo 7200 por 400, teremos o número de metros cúbicos necessários.
7200
0
400
18
Sendo x, x e 2 as medidas, em metros, das dimensões mínimas, devemos ter:
x ⋅ x ⋅ 2 = 18
x2 = 9 ∴ x = 3
▼
Resposta: 3 m, 3 m e 2 m
Questão 11
As primeiras vítimas da Revolução Francesa foram os coelhos. Pelotões armados de paus e foices saíam à cata
de coelhos e colocavam armadilhas em desafio às leis de caça. Mas os ataques mais espetaculares foram contra
os pombais, castelos em miniatura; dali partiam verdadeiras esquadrilhas contra os grãos dos camponeses, voltando em absoluta segurança para suas fortalezas senhoriais. Os camponeses não estavam dispostos a deixar
que sua safra se transformasse em alimento para coelhos e pombos e afirmavam ser a “vontade geral da nação”
que a caça fosse destruída. Aos olhos de 1789, matar caça era um ato não só de desespero, mas também de patriotismo, e cumpria uma função simbólica: derrotando privilégios, celebrava-se a liberdade.
(Adaptado de Simon Schama, Cidadãos: uma crônica da Revolução Francesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, pp. 271-272.)
a) De acordo com o texto, por que os camponeses defendiam a matança de animais?
b) Cite dois privilégios senhoriais eliminados pela Revolução Francesa.
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Resolução
▼
a) Os coelhos e os pombos, citados no texto, eram uma expressão dos privilégios da nobreza, e sua criação resultava em prejuízos para os camponeses na medida em que esses animais consumiam grãos que deveriam
ser destinados ao consumo humano. Chama atenção o emprego do argumento da “vontade geral”, princípio
revolucionário de 1789, que aponta para a importância simbólica dos ataques aos animais.
b) A Revolução aboliu privilégios fiscais e jurídicos da nobreza, bem como as obrigações camponesas que caracterizavam a servidão (trabalho e impostos). Além disso, foram abolidos privilégios relacionados à caça e à
criação de animais, conforme indica o texto.
Questão 12
Os animais humanizados de Walt Disney serviam à glorificação do estilo de vida americano. Quando os desenhos de Disney já eram famosos no Brasil, o criador de Mickey chegou aqui como um dos embaixadores da
Política da Boa Vizinhança. Em 1942, no filme Alô, amigos, um símbolo das piadas brasileiras, o papagaio,
vestido de malandro, se transformou no Zé Carioca. A primeira cópia do filme foi apresentada a Getúlio
Vargas e sua família, e por eles assistida diversas vezes. Os Estados Unidos esperavam, com a Política da Boa
Vizinhança, melhorar o nível de vida dos países da América Latina, dentro do espírito de defesa do livre mercado. O mercado era a melhor arma para combater os riscos do nacionalismo, do fascismo e do comunismo.
(Adaptado de Antonio Pedro Tota, O imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra. São Paulo:
Companhia das Letras, 2000, pp. 133-138, 185-186.)
www.museu.ufrgs.br/programacao/index.php?messelec=10&&anoselec=2006
a) De acordo com o texto, de que maneiras os personagens de Walt Disney serviam à política externa norteamericana na época da Segunda Guerra Mundial?
b) Como o governo Vargas se posicionou em relação à Segunda Guerra Mundial?
Resolução
a) Os personagens de Walt Disney eram usados para divulgar o “estilo de vida” norte-americano, fundado na
sociedade de consumo, que supostamente seria disseminado na América Latina como conseqüência da
aceitação dos princípios do livre mercado. Além disso, no âmbito da “Política da Boa Vizinhança” adotada
pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, seria estimulada no continente a criação de um
bloco norte-americano, englobando desde a esfera econômica e política até, se necessário, a militar.
b) Até dezembro de 1941, o governo chefiado por Vargas adotou uma posicão de neutralidade em relação ao
conflito mundial. Ele mantinha acordos comerciais e diplomáticos com a Alemanha, a Inglaterra e os Estados Unidos.
A política de neutralidade terminou quando os EUA entraram na guerra, em 7 de dezembro de 1941, em
resposta ao ataque japonês a Pearl Harbor, rapidamente, o governo do Estado Novo cedeu as bases aeronavais do Nordeste para uso das tropas norte-americanas, e Washington liberou um financiamento bancário
para a construção da Companhia Siderúrgica Nacional.
Como desdobramento dessa aliança com os EUA, em janeiro de 1942, Vargas decretou a ruptura das relações políticas e econômicas do Brasil com os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
A partir desse momento, a marinha nazista passou a afundar sistematicamente os cargueiros brasileiros que
abasteciam a Inglaterra. Por isso, Vargas decretou a guerra contra os nazifascistas, em agosto de 1942, juntando-se aos Aliados.
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RE DAÇ ÃO
ORIENTAÇÃO GERAL: LEIA ATENTAMENTE.
O tema geral da prova da primeira fase é O homem e os animais. A redação propõe três recortes desse
tema.
Propostas:
Cada proposta apresenta um recorte temático a ser trabalhado de acordo com as instruções específicas.
Escolha uma das três propostas para a redação (dissertação, narração ou carta) e assinale sua escolha no alto
da página de resposta.
Coletânea:
A coletânea é única e válida para as três propostas. Leia toda a coletânea e selecione o que julgar pertinente
para a realização da proposta escolhida. Articule os elementos selecionados com sua experiência de leitura
e reflexão. O uso da coletânea é obrigatório.
ATENÇÃO — sua redação será anulada se você desconsiderar a coletânea ou fugir ao recorte temático
ou não atender ao tipo de texto da proposta escolhida.
APRESENTAÇÃO DA COLETÂNEA
De acordo com a época e a cultura, o homem se relaciona de diferentes formas com os animais. Essa relação
tem sido motivo de intenso debate, principalmente no que diz respeito à responsabilidade do homem sobre
a vida e o bem-estar das demais espécies do planeta.
COLETÂNEA
1) O fundamento jurídico para a proteção dos animais, no Brasil, está no artigo 225 da Constituição Federal,
que incumbe o Poder Público de “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à crueldade”. Apoiada na Constituição, a Lei 9605, de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais, criminaliza a conduta de quem “praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos
ou domesticados, nativos ou exóticos”. Contudo, perguntas inevitáveis surgem: como o Brasil ainda compactua, em meio à vigência de leis ambientais avançadas, com tantas situações de crueldade com os animais, por vezes aceitas e legitimadas pelo próprio Estado? Rinhas, farra do boi, carrocinha, rodeios, vaquejadas, circos, veículos de tração, gaiolas, vivissecção (operações feitas em animais vivos para fins de ensino e
pesquisa), abate, etc. — por que se mostra tão difícil coibir a ação de pessoas que agridem, exploram e matam
os animais?
(Adaptado de Fernando Laerte Levai, Promotoria de Defesa Animal. www.sentiens.net, 04/2008.)
2) A Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou, no início de 2008, uma lei que, se levada à prática, obstruiria
uma parte significativa da pesquisa científica realizada na cidade por instituições como a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz), as universidades federal e estadual do Rio de Janeiro e o Instituto Nacional do Câncer (Inca). De
autoria do vereador e ator Cláudio Cavalcanti, um destacado militante na defesa dos direitos dos animais, a lei
tornou ilegal o uso de animais em experiências científicas na cidade. A comunidade acadêmica reagiu e mobilizou a bancada de deputados federais do Estado para ajudar a aprovar o projeto de lei conhecido como Lei
Arouca. A lei municipal perderia efeito se o projeto federal saísse do papel. Paralelamente, os pesquisadores
também decidiram partir para a desobediência e ignorar a lei municipal. “Continuaremos trabalhando com animais em pesquisas cujos protocolos foram aprovados pelos comitês de ética”, diz Marcelo Morales, presidente
da Sociedade Brasileira de Biofísica (SBBF) e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos
líderes da reação dos cientistas. A interrupção do uso de animais geraria prejuízos imediatos com repercussão
nacional, como a falta de vacinas (hepatite B, raiva, meningite, BCG e febre amarela), fabricadas, no Rio, pela
Fiocruz, pois a inoculação em camundongos atesta a qualidade dos antígenos antes que eles sejam aplicados
nas pessoas. “Também é fundamental esclarecer à população que, se essas experiências forem proibidas, todos
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os nossos esforços recentes para descobrir vacinas contra dengue, Aids, malária e leishmaniose seriam jogados
literalmente no lixo”, diz Renato Cordeiro, pesquisador do Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica da
Fiocruz. Marcelo Morales enumera outros prejuízos: “pesquisas sobre células-tronco no campo da cardiologia,
da neurologia e de moléstias pulmonares e renais, lideradas por pesquisadores da UFRJ, e de terapias contra o
câncer, realizadas pelo Inca, teriam de ser interrompidas”.
(Adaptado de Fabrício Marques, Sem eles não há avanço. Revista Pesquisa Fapesp, nº- 144, 02/2008, pp. 2-6.)
3) O Senado aprovou, em 9 de setembro de 2008, o projeto da Lei Arouca, que estabelece procedimentos para o
uso científico de animais. A matéria vai agora à sanção presidencial. A lei cria o Conselho Nacional de Controle
de Experimentação Animal (CONCEA), que será responsável por credenciar instituições para criação e utilização
de animais destinados a fins científicos e estabelecer normas para o uso e cuidado dos animais. Além de credenciar as instituições, o CONCEA terá a atribuição de monitorar e avaliar a introdução de técnicas alternativas
que substituam o uso de animais tanto no ensino quanto nas pesquisas científicas. O CONCEA será presidido
pelo Ministro da Ciência e Tecnologia e terá representantes dos Ministérios da Educação, do Meio Ambiente,
da Saúde e da Agricultura. Dentre outros membros, integram o CONCEA a Sociedade Brasileira para o Progresso
da Ciência (SBPC), a Academia Brasileira de Ciências, a Federação de Sociedades de Biologia Experimental
(FeSBE), a Federação Nacional da Indústria Farmacêutica e dois representantes de sociedades protetoras dos
animais legalmente estabelecidas no país.
(Adaptado de Daniela Oliveira e Carla Ferenshitz, após 13 anos de tramitação Lei Arouca é aprovada. Jornal da Ciência (SBPC),
www.jornaldaciencia.org.br, 09/2008.)
4) Grande parte de nossa sociedade acredita na necessidade incondicional das experiências com animais. Essa
crença baseia-se em mitos, não em fatos, e esses mitos precisam ser divulgados a fim de evitar a consolidação
de um sistema pseudo-científico. As experiências com animais pertencem — assim como a tecnologia genética
ou o uso da energia atômica — a um sistema de pesquisas e exploração que despreza a vida. Um desses mitos
é o de que tais experiências possibilitaram o combate às doenças e assim permitiram aumentar a média de vida.
Esse aumento, entretanto, deve-se, principalmente, ao declínio das doenças infecciosas e à conseqüente diminuição da mortalidade infantil, cujas causas foram as melhorias das condições de saneamento, a tomada de
consciência em questões de higiene e uma alimentação mais saudável, e não a introdução constante de novos
medicamentos e vacinas. Da mesma maneira, os elevados coeficientes de mortalidade infantil no Terceiro
Mundo podem ser atribuídos aos problemas sociais, como a pobreza, a desnutrição, e não à falta de medicamentos ou vacinas. Outro mito é o de que as experiências com animais não prejudicam a humanidade. Na realidade, elas é que tornam as atuais doenças da civilização ainda mais estáveis. A esperança da descoberta de um
medicamento por meio de pesquisas com animais destrói a motivação das pessoas para tomarem uma iniciativa própria e mudarem significativamente seu estilo de vida. Enquanto nos agarramos à esperança de um novo
remédio contra o câncer ou contra as doenças cardiovasculares, nós mesmos — e todo o sistema de saúde —
não estamos suficientemente motivados para abolir as causas dessas enfermidades, ou seja, o fumo, as bebidas
alcoólicas, a alimentação inadequada, o stress, etc. Um último mito a ser destacado é o de que leigos, por falta
de conhecimento especializado, não podem opinar sobre experiências com animais. Esse mito proporcionou,
durante dezenas de anos, um campo livre para os vivisseccionistas. Deixar que os próprios pesquisadores
julguem a necessidade e a importância das experiências com animais é semelhante a deixar que uma associação
de açougueiros emita parecer sobre alimentação vegetariana. Não serão justamente aqueles que estão engajados no sistema de experiências com animais que irão questionar a vivissecção!
(Adaptado de Bernhard Rambeck, Mito das experiências em animais. União Internacional Protetora dos animais,
www.uipa.com.br, 04/2007.)
5) A violência exercida contra os animais suscita uma reprovação crescente por parte das opiniões públicas ocidentais, que, freqüentemente, se torna ainda mais vivaz à medida que diminui a familiaridade com as vítimas.
Nascida da indignação com os maus-tratos infligidos aos animais domésticos e de estimação, em uma época na
qual burros e cavalos de fiacre faziam parte do ambiente cotidiano, atualmente a compaixão nutre-se da crueldade a que estariam expostos seres com os quais os amigos dos animais, urbanos em sua maioria, não têm nenhuma proximidade física: o gado de corte, pequenos e grandes animais de caça, os touros das touradas, as
cobaias de laboratório, os animais fornecedores de pele, as baleias e as focas, as espécies selvagens ameaçadas
pela caça predatória ou pela deterioração de seu habitat, etc. As atitudes de simpatia para com os animais também variam, é claro, segundo as tradições culturais nacionais. Todavia, na prática, as manifestações de simpatia pelos animais são ordenadas em uma escala de valor cujo ápice é ocupado pelas espécies percebidas como
as mais próximas do homem em função de seu comportamento, fisiologia, faculdades cognitivas, ou da capacidade que lhes é atribuída de sentir emoções, como os mamíferos. Ninguém, assim, parece se preocupar com a
sorte dos arenques ou dos bacalhaus, mas os golfinhos, que com eles são por vezes arrastados pelas redes de
pesca, são estritamente protegidos pelas convenções internacionais. Com relação às medusas ou às tênias, nem
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mesmo os membros mais militantes dos movimentos de liberação animal parecem conceder-lhes uma dignidade
tão elevada quanto à outorgada aos mamíferos e aos pássaros. O antropocentrismo, ou seja, a capacidade de se
identificar com não-humanos em função de seu suposto grau de proximidade com a espécie humana, parece
assim constituir a tendência espontânea das diversas sensibilidades ecológicas contemporâneas.
(Adaptado de Philippe Descola, Estrutura ou sentimento: a relação com o animal na Amazônia.
Mana, vol. 4, n. 1, Rio de Janeiro, 04/1998.)
6)
Manifestação de militantes da ONG Vegan Staff na 60ª- Reunião Anual da
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC),
www.veganstaff.org, 07/2008.
PROPOSTA A
Leia a coletânea e elabore sua dissertação a partir do seguinte recorte temático:
O uso de animais em experimentação científica tem sido muito debatido porque envolve reivindicações dos
cientistas e dos movimentos organizados em defesa dos animais, assim como mudanças na legislação vigente.
Instruções:
1 - Discuta o uso de animais em experimentação científica.
2 - Trabalhe seus argumentos no sentido de apontar as controvérsias a respeito desse uso.
3 - Explore os argumentos de modo a justificar seu ponto de vista sobre essas controvérsias.
PROPOSTA B
Leia a coletânea e elabore sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
Os movimentos organizados em defesa dos animais têm sensibilizado uma parcela da sociedade, que busca
adotar novas condutas, coerentes com princípios de responsabilidade em relação às diversas espécies.
Instruções:
1 - Imagine uma personagem que decide mudar de hábitos para ser coerente com sua militância em defesa
dos animais.
2 - Narre os conflitos gerados por essa decisão.
3 - Sua história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa.
PROPOSTA C
Leia a coletânea e elabore sua carta a partir do seguinte recorte temático:
As controvérsias sobre o uso de animais em experimentação científica não se encerraram com a recente aprovação, pelo Senado, da Lei Arouca, que cria o CONCEA.
Instruções:
1 - Escolha um ponto de vista em relação ao uso de animais em experimentação científica.
2 - Argumente no sentido de solicitar que seu ponto de vista prevaleça na atuação do CONCEA.
3 - Dirija sua carta a um membro do CONCEA que possa apoiar sua solicitação.
Análise da proposta
Seguindo a tradição, a Banca da Unicamp elegeu um tema atual, que tem gerado polêmica entre diferentes grupos de interesses: a relação entre o homem e os animais. Conforme a proposta enfatiza, ela é cultural, ou seja, varia conforme a época, a intensidade dos debates a seu respeito e a noção de responsabilidade
do homem sobre os demais seres vivos.
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PROPOSTA A
Para elaborar seu texto dissertativo, o candidato deveria discutir o uso de animais em experimentação
científica — assunto controverso que envolve interesses de cientistas, grupos defensores dos direitos dos animais e legisladores. Para garantir maior peso argumentativo ao texto, o candidato poderia acrescentar elementos de seu repertório cultural às informações e opiniões veiculadas na coletânea. Seria importante considerar os contradiscursos implicados na questão e adotar em relação a eles um posicionamento bem definido.
Encaminhamentos possíveis
Entre outras, as seguintes informações poderiam ser aproveitadas para defender o uso de animais em
experiências científicas:
• As experiências são toleradas e financiadas pelo Estado, para fins de ensino e pesquisa, sob o argumento
de que o bem público alcançado, por exemplo, por meio do desenvolvimento de vacinas e medicamentos,
está acima das teses de alguns movimentos minoritários em defesa dos animais.
• A interrupção do uso de animais em pesquisas traria prejuízos incalculáveis ao desenvolvimento da ciência
e à saúde pública, porque comprometeria, por exemplo, terapias contra o câncer, pesquisas com células-tronco e a produção de vacinas contra inúmeras doenças.
• Os argumentos daqueles que condenam o uso de animais são frágeis, baseados muito mais na compaixão
causada pelo sofrimento de seres vivos do que em raciocínios científicos. A sensibilidade ecológica seria
motivada por um suposto grau de proximidade entre a espécie humana e cobaias não-humanas.
• O atual estágio do desenvolvimento tecnológico e científico da humanidade é baseado na crença de que o
valor do homem se sobrepõe ao dos animais: alimentação, vestuário, transporte, medicina, nada prescinde
destes na vida moderna.
Para argumentar contra o uso de animais pela ciência, poderiam ser considerados os seguintes raciocínios:
• O Estado, segundo a Lei 9.605, de 1998, amparada pela Constituição, deve criminalizar quem “praticar ato
de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados”.
• A necessidade de experiências com animais se baseia em mitos, não em fatos: os pressupostos científicos em
nome da defesa da vida desprezam a vida; a sociedade sempre foi excluída do debate sobre o modo de
fazer ciência, e isso impulsionou uma concepção pouco democrática e humanística do progresso científico.
Para sustentar um posicionamento conciliador entre os pólos radicais da questão, as seguintes reflexões
poderiam ser aproveitadas:
• Justamente porque o debate sobre o uso de animais em experimentos não avança, uma atitude perversa
de crueldade contra eles ainda impera nos meios científicos; a racionalização dos experimentos, portanto,
atenderia às necessidades tanto dos tradicionais processos de pesquisa com animais, quanto dos grupos
defensores de seus direitos.
• O uso de animais em experimentos seria regulado por leis aplicadas e fiscalizadas pelo CONCEA: seriam criadas cobaias para essa finalidade, apenas enquanto não se desenvolvem outros meios de pesquisa.
Outra possibilidade de encaminhamento extrapola a opinião particular sobre o uso de animais em
pesquisas: a Banca, por meio da seleção dos textos da coletânea e das instruções para a proposta, permitia que
o candidato opinasse sobre as posições de diferentes grupos a respeito da polêmica.
Segundo essa perspectiva, seria possível, por exemplo:
• atacar os argumentos dos movimentos que defendem os direitos dos animais ou mesmo a posição contraditória do Estado, que por um lado proíbe, mas por outro legitima a prática de crueldade com animais;
• defender a postura dos cientistas, manifestando apoio a ações como o boicote de pesquisadores do Rio de
Janeiro à lei municipal que proibiu experimentos com animais no estado.
PROPOSTA B
A banca solicitou a redação de uma narrativa cuja personagem principal enfrentasse conflitos devidos à
decisão de adotar novos hábitos, coerentes com a defesa dos animais. Vale lembrar que o candidato deveria
levar em consideração a coletânea, apresentando situações inspiradas pelos textos de apoio.
O primeiro passo para planejar o texto seria estabelecer o conflito gerador da narrativa.
Como base para reflexão, o texto 5, por exemplo, apresenta as contradições de quem deseja defender os
animais contra os abusos da ciência. O autor Phillipe Descola salienta que é comum termos solidariedade apenas com os seres mais próximos, aqueles que refletem valores antropocêntricos. Alguém que desejasse realmente ser coerente com seu posicionamento deveria, como o texto sugere, defender até mesmo as tênias. Esse
fragmento dá a dimensão das possibilidades de conflito.
Incluindo muitas situações em que os animais são desrespeitados no dia-a-dia, o texto 1 da coletânea enumera práticas cruéis contra animais: “rinhas, farra de boi, carrocinha, rodeios, vaquejada, circos, veículos de
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tração, gaiolas, vivissecção... abate”. Situações em que a personagem, por algum motivo, se encontrasse na obrigatoriedade de participar indiretamente em tais atividades poderiam fornecer um bom conflito. Uma das sugestões mais radicais do texto 1 indica que um bom defensor dos animais deveria mudar inclusive seus hábitos alimentares. Vale lembrar que até mesmo medicamentos têm como base componentes de origem animal.
Outro veio fértil seria apresentar a personagem enfrentando problemas com parentes, amigos e colegas
de trabalho, ao mudar suas atitudes. Pode-se pensar em dois tipos básicos de conflito: o do indivíduo com ele
mesmo — suas dificuldades em mudar hábitos; o do indivíduo em relação aos semelhantes.
No que diz respeito à personagem, a Banca exigiu somente que fosse defensora dos animais e que
resolvesse mudar seus hábitos. Havia, portanto, um amplo leque de possibilidades. Entretanto, considerando
a necessidade de uso da coletânea, seria interessante construir o protagonista ligado ao que foi apresentado:
um cientista, um futuro integrante do CONCEA, alguém que tivesse participado da manifestação registrada
no texto 6 da coletânea.
Quanto ao tempo, como a questão da defesa dos animais é contemporânea, conviria ambientar na época atual.
No texto 1, há sugestões de espaço — que também são bem abrangentes, pois vão desde a referência a
práticas que têm como cenário o espaço rural (“rodeios”), até outras comuns no espaço urbano (uso da carrocinha para capturar cães abandonados).
Reiterando a tradição, a UNICAMP deixou para o vestibulando a escolha do foco narrativo – primeira ou
terceira pessoa. Como narrador-protagonista, o candidato poderia explorar melhor o impacto emocional do
conflito, construção mais apropriada à narrativa introspectiva. Já o narrador em terceira pessoa, dado o distanciamento crítico, conseguiria expor melhor os ridículos do conflito.
Essas indicações apenas sugerem caminhos possíveis. Um bom conhecedor de literatura poderia, por exemplo,
inspirar-se na história de Policarpo Quaresma, personagem construída por Lima Barreto, e criar um protagonista
que, em defesa dos animais, chegasse a situações absurdas. O contrário também seria possível: uma personagem
que, com a mudança de hábitos, conseguisse sensibilizar as pessoas ao seu redor sobre as crueldades que os animais sofrem em nome da ciência. Em qualquer desses casos extremos, é importante destacar que o conflito e as
peripécias dão qualidade à narrativa — além, é claro, das referências à coletânea, que são exigência da Banca.
PROPOSTA C
A proposta C solicitava que o candidato, depois de assumir um posicionamento a respeito da utilização de
animais em pesquisas científicas, dirigisse uma carta a um membro do CONCEA, para motivá-lo a lutar pela
prevalência daquele posicionamento na ação desse conselho.
Seguindo a orientação da proposta, são necessárias três operações para desenvolver o texto:
1) Definir um ponto de vista a respeito da questão. Considerando as atribuições legais do CONCEA, listadas no
texto 3 da coletânea, “credenciar instituições para criação e utilização de animais destinados a fins científicos e estabelecer normas para o uso e cuidado dos animais (...) além de monitorar e avaliar a introdução
de técnicas alternativas que substituam o uso de animais tanto no ensino quanto nas pesquisas científicas”,
eram possíveis pelo menos três posicionamentos:
• A favor da livre utilização de animais no ensino e na pesquisa, desde que respeitadas as normas de uso
e cuidado, tendo em vista que é flagrantemente contrária ao interesse geral a imposição de freios ao
desenvolvimento de pesquisas que podem levar à cura de doenças como a dengue.
• Contra a utilização de animais nessas pesquisas, fazendo prevalecer a atribuição legal do CONCEA de
favorecer o desenvolvimento de alternativas que possibilitem o ensino e a pesquisa sem exigir o sacrifício de animais.
• A favor da utilização de animais em pesquisas apenas em casos específicos ou por prazo determinado,
sem admiti-la em toda a amplitude que hoje se permite.
2) Determinar o destinatário da carta. O mesmo texto 3 da coletânea lista os membros do CONCEA, dentre os
quais o candidato deveria escolher o mais coerente para representar o seu ponto de vista, isto é, o que
estaria mais propenso a acatar e levar adiante sua solicitação.
3) Construir o percurso argumentativo do texto. A coletânea oferecia muitos subsídios para os candidatos que
defendessem a utilização de animais, sobretudo para os que optassem por dirigir sua carta a um representante da comunidade científica.
Tanto estes quanto os que preferissem posicionar-se contra essa utilização deveriam lembrar que a inclusão do contra-argumento é um recurso que normalmente contribui para a força do discurso — ou seja, em
quaisquer posicionamentos as ressalvas são sempre desejáveis.
Cabe ressaltar ainda que a argumentação também deve estar ajustada ao remetente da carta. Seria possível adotar uma máscara enunciativa (apresentando-se como uma personagem: um médico, um pesquisador,
um militante das sociedades protetoras dos animais, etc.) como um recurso adicional para aumentar a credibilidade dos argumentos.
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CO MENTÁRI OS
Química
A Unicamp elaborou uma boa prova.
Foram abordados assuntos importantes da Química do Ensino Médio, como pH, mol, soluções e reações
de oxirredução, em um nível de dificuldade adequado para uma prova de 1ª- fase.
Geografia
Boa prova, de dificuldade média, que avaliou conhecimentos essenciais da Geografia.
Física
Prova simples, com duas questões básicas, mede apenas a capacidade de leitura do candidato.
Biologia
Duas questões bem propostas, bastante abrangentes, sobre assuntos pertinentes à programação do Ensino
Médio.
Matemática
Prova de conhecimentos básicos, explorando capacidade de raciocínio e interpretação de gráfico.
Na questão 9, foram exigidas as capacidades de interpretação de texto, interpretação de gráfico e conhecimentos básicos de Geometria Analítica, como, por exemplo, o conceito de coeficiente angular.
A questão 10 foi um pouco mais fácil: exigiu interpretação de texto, resolução de um sistema de equações
e o cálculo do volume de um paralelepípedo.
História
As questões foram bem elaboradas e abordaram aspectos significativos do processo histórico. Ressalve-se
apenas que, sendo elas em tão pequeno número, o conhecimento dos candidatos é medido de maneira muito
fracionada, o que pode comprometer o objetivo de selecionar aqueles mais bem preparados.
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