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75 3. Convecção Forçada no Interior de Dutos Neste item serão considerados escoamento internos em dutos e canais com convecção térmica forçada. Os escoamentos podem ser laminares ou turbulentos e podem ocorrer as seguintes combinações: 1) escoamento laminar hidrodinâmica e termicamente desenvolvidos; 2) escoamento laminar hidrodinamicamente desenvolvido e termicamente em desenvolvimento; 3) escoamento laminar com desenvolvimento simultâneo e 4) escoamentos turbulentos 3.1 Escoamento laminar num tubo com simetria axial Considere o problema ilustrado na Figura 3.1. Um fluido com velocidade U e temperatura T0 entra num tubo de raio rw , de comprimento L, cuja temperatura de parede é mantida à temperatura Tw . O escoamento se desenvolve hidrodinamicamente e se a temperatura de parede for diferente da temperatura do fluido haverá troca de calor e o desenvolvimento do perfil de temperatura. Figura 3.1 Escoamento laminar num tubo. 76 Em coordenadas cilíndricas, sob hipótese de regime permanente, propriedades constantes e simetria axial, este escoamento pode ser modelado pelo conjunto de equações a seguir, já simplificadas: 1) Equação de Continuidade ∂u 1 ∂ (rv ) + =0 ∂z r ∂r (3.1) 2) Equações e Quantidade de Movimento em z e r z: u ⎛ ∂ 2 u 1 ∂ ⎛ ∂u ⎞ ⎞ ∂u 1 ∂p ∂u +v =− + ν ⎜⎜ 2 + ⎜ r ⎟ ⎟ + Fz ; ∂z ∂r r ∂r ⎝ ∂r ⎠ ⎟⎠ ρ ∂z ⎝ ∂z (3.2) r: u ⎛ ∂ 2 v ∂ 2 v 1 ∂v v ⎞ 1 ∂p ∂v ∂v + ν ⎜⎜ 2 + 2 + − ⎟ + Fr +v =− ρ ∂r r ∂r r 2 ⎟⎠ ∂z ∂r ∂r ⎝ ∂z (3.3) 3) Conservação de Energia Térmica u ⎛ ∂ 2T 1 ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎞ ∂T ∂T +v = α ⎜⎜ 2 + ⎜r ⎟ ⎟ + q ′′′ ∂z ∂r r ∂r ⎝ ∂r ⎠ ⎟⎠ ⎝ ∂z (3.4) As condições de escoamento completamente desenvolvido podem ser expressas por: v=0 u = u (r ) (3.5) p = p( z ) Desta forma a Eq. (3.2) pode ser simplificada resultando ⎛ d 2 u 1 du ⎞ dp ⎟. = μ ⎜⎜ 2 + dz r dr ⎟⎠ ⎝ dr (3.6) 77 A Eq. (3.6) implica que ambos os lados devem ser iguais a uma constante, ou seja, ⎛ d 2 u 1 du ⎞ dp ⎟ = cons tan te = μ ⎜⎜ 2 + dz r dr ⎟⎠ ⎝ dr (3.7) Se o comprimento de desenvolvimento for muito menor do que o comprimento do tubo, Le << L , pode-se aproximar o gradiente de pressão como p − pL ΔP dp =− =− 0 dz L L (3.8) As condições de contorno para solução da Eq. (3.7) são: u = 0; r = rw (3.9) du = 0; r = 0 dr Portanto, a solução da Eq. 3.7 é da forma: 2 rw2 ⎛ dp ⎞ ⎡ ⎛ r ⎞ ⎤ u= ⎜ − ⎟ ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ 4 μ ⎝ dz ⎠ ⎢ ⎜⎝ rw ⎟⎠ ⎥ ⎣ ⎦ (3.10) A velocidade média é definida ∫ 1 1 U= u (r )dA = 2 A A πrw ∫ rw 0 2 rw2 ⎛ dp ⎞ ⎡ ⎛ r ⎞ ⎤ ⎜ − ⎟ ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ 2πrdr 4 μ ⎝ dz ⎠ ⎢ ⎜⎝ rw ⎟⎠ ⎥ ⎣ ⎦ (3.11) Efetuando a integral na Eq. (3.11), resulta U= rw2 ⎛ dp ⎞ ⎜− ⎟ 8μ ⎝ dz ⎠ (3.12) 78 Substituindo a Eq. (3.12) na Eq. (3.10) obtém o perfil de velocidade do escoamento completamente desenvolvido, na forma: ⎡ ⎛ r ⎞2 ⎤ u = 2 ⎢1 − ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ U ⎢⎣ ⎝ rw ⎠ ⎥⎦ (3.13) 3.2 Escoamento laminar em um canal de placas paralelas Um canal de placas paralelas possui a largura muito maior do que o espaçamento entre as placas. Uma análise similar a que foi para o tubo leva ao seguinte resultado para o perfil de velocidade 2 u 3⎡ ⎛ y⎞ ⎤ = ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ U 2 ⎢⎣ ⎝ h ⎠ ⎦⎥ (3.14) em que a velocidade média é dada por 2 ( 2h ) ⎛ dp ⎞ U= − ⎜ ⎟ 12μ ⎝ dx ⎠ (3.15) e h é metade do espaçamento entre as placas. 3.3 Fator de atrito de Fanning e Queda de Pressão A tensão na parede é definida por, no caso do escoamento laminar no tubo, como U ⎛ du ⎞ = 4μ ⎟ rw ⎝ dr ⎠ r = rw τ w = μ⎜ − O fator de atrito de Fanning é definido por (3.16) 79 f = com Re D = τw = 1 ρU 2 2 4 μU 1 16 16 = = ρUD Re D rw 1 ρU 2 μ 2 (3.17) ρUD . Na literatura também aparece o fator de atrito de Darcy-Weisbach μ f * = 4f = 64 Re D (3.18) Em dutos de seção não circular define-se o diâmetro hidráulico na forma Dh = 4A P ⎧ A = área da seção transversal ⎨ ⎩P = perímetro molhado (3.19) Alguns casos de dutos de seções não circulares são: a) duto de seção quadrada; Dh = a (onde a é o lado do quadrado) b) duto de seção retangular a × 4a ; Dh = 8 a (onde a é o comprimento do menor 5 lado) c) canal de placas paralelas; Dh = 2a (onde a é o espaçamento entre as placas) d) triângulo equilátero; Dh = a 3 ( onde a é o lado do triângulo) A queda de pressão no duto ou tubo pode ser calculada a partir de um balanço de forças ΔpA = τ w PL Δp = f L 1 ρU 2 A/ P 2 Δp = 4 f L 1 ρU 2 Dh 2 (3.20) 80 Em geral o fator de atrito pode ser definido na forma: C Re Dh f = (3.21) na qual C depende da forma da seção transversal do duto. Re Dh = UDh / ν . Na literatura encontram-se correlações do tipo C ≅ 16 exp(0,294 B 2 + 0,068B − 0,318) com B = πDh2 / 4 A (3.22) . Ex. 3.1 Calcule ΔP / L para escoamento de água a 20oC num tubo de D=2,7 cm e U = 6 cm/s. Determine também p comprimento da região de entrada. Compare com o comprimento adotado na prática ( Le = 0,05D Re D ). 3.3 Transferencia de Calor em Escoamento Laminar - Entrada Térmica No caso de escoamentos internos define-se a temperatura média de mistura na forma Tm = 1 ρ c p uTdA ρ c pUA ∫A (3.23) O coeficiente de transferência de calor pode então ser definido como h= q ′w′ Tw − Tm (3.24) No caso de escoamento completamente desenvolvido termicamente num tubo tem-se 81 ∂T ∂r ≈ r = rw Tw − Tm rw (3.25) Um balanço de energia num elemento de fluido de comprimento dz resulta ∫ ρu(i z + dz − i z )dA = q ′w′ Pdz A ∫ ρuc dTdA = q′′ Pdz p w A d ( ∫ ρ c uTdA) = q′′ Pdz A p w dTm P q ′w′ = dz A ρc pU (3.26) No caso de tubo resulta dTm hπD(Tw − Tm ) 2 q ′w′ = = dz rw ρc pU m c p A equação de energia em (3.27) escoamento completamente desenvolvido hidrodinâmica e termicamente é: ρc p u (r ) ∂T 1 ∂ ⎛ ∂T ⎞ =k ⎜r ⎟ r ∂r ⎝ ∂r ⎠ ∂z (3.28) Uma análise de ordem de grandeza dos termos nesta equação mostra que ρc pU k 1 q ′w′ ΔT ≈ k 2 ou h ≈ (constante) rw ρc pU rw rw (3.29) 82 Como o número de Nusselt é definido por Nu Dh = hDh , então, Nu D ≈ O (1) . k Para satisfazer a condição de h constante o perfil de temperatura deve ser da forma: ⎛ r ⎞ T (r , z ) = Tw ( z ) − [Tw ( z ) − Tm ( z )]φ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎝ rw ⎠ (3.30) na qual φ é uma função apenas de r. No caso de parede com fluxo de calor uniforme resulta dTw dTm = dz dz (3.31) ∂T dTw dTm = = dz dz ∂z (3.32) e Neste caso, pode-se obter u (r ) q ′w′ 1 d ⎛ dφ ⎞ =− ⎜r ⎟ U krw ΔT r dr ⎝ dr ⎠ (3.33) Com ⎡ ⎛ r ⎞2 ⎤ u = 2 ⎢1 − ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ e U ⎢⎣ ⎝ rw ⎠ ⎥⎦ φ (rw ) = 0 φ ′(0) = 0 ( simetria) (3.34) 83 resulta a solução da Eq. (3.33) na forma q ′′ r φ (r ) = w w kΔT ⎡ 3 ⎛ r ⎞2 1 ⎛ r ⎞4 ⎤ ⎢ − ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ 4 ⎝ rw ⎠ ⎥ ⎢⎣ 4 ⎝ rw ⎠ ⎦ (3.35) Assim com fluxo de calor constante na parede resulta o número de Nusselt Nu D = 48 / 11 = 4,364 (q ′w′ = cte ) (3.36) Churchill & Ozoe propuseram uma expressão válida tanto para o comprimento de entrada quanto para a região completamente desenvolvida: [ Nu D 4,364 1 + (Gz / 29,6 ) ] 2 1/ 6 ⎧ ⎡ Gz / 19,04 ⎪ = ⎨1 + ⎢ 2 / 3 1/ 2 2 1 + (Gz / 29,6 ) ⎪⎩ ⎢⎣ 1 + (Pr/ 0,0207 ) [ ] [ ⎤ ⎥ 1/ 3 ⎥⎦ ] 3/ 2 1/ 3 ⎫ ⎪ ⎬ ⎪⎭ (3.37) na qual Gz é o número de Graetz definido como πD 2U π ⎛ z / D ⎞ ⎟ Gz = = ⎜⎜ 4αz 4 ⎝ Re D Pr ⎟⎠ −1 (3.38) Para parede isotérmica o fluxo de calor é calculado como q ′w′ = h(Tw − Tm (z ) ) (3.39) e o gradiente da temperatura média de mistura será: dTm 2h = [Tw − Tm ( z )] dz rw ρc pU Integrando a Eq. (3.40) de z1 onde Tm = Tm ,1 , obtém-se (3.40) 84 ⎡ 2h( z − z1 ) ⎤ Tw − Tm ( z ) = exp ⎢− ⎥ Tw − Tm,1 ⎣⎢ rw ρc pU ⎦⎥ (3.41) No caso de temperatura uniforme na parede do tubo, o número de Nusselt do escoamento completamente desenvolvido será Nu D = 3,66 (3.42) e o fluxo de calor na parede pode ser calculado como qw′′ = 3, 66 ⎡ 3, 66α ( z − z1 ) ⎤ k Tw − Tm ,1 ) exp ⎢ − ( ⎥ D rw2U ⎣ ⎦ (3.43) Ex. 3.2 Uma corrente de água à temperatura ambiente é aquecida quando escoa através de um tubo com fluxo de calor uniforme na parede q ′w′ = 0,1 W . O escoamento é cm 2 completamente desenvolvido hidrodinâmica e termicamente. A vazão mássica é m = 10 g / s e o raio do tubo é rw = 1 cm . As propriedades da água na temperatura são μ = 0,01 g W . Calcule a) a velocidade média U; b) o número de e k = 0,006 cm ⋅ s cm ⋅ K Reynolds baseado no diâmetro; c) o coeficiente de troca de calor h e d) a diferença entre a temperatura local de parede e a temperatura média local. 3.4 Escoamentos Turbulentos A maioria dos escoamentos ocorrendo na natureza e em aplicações industriais são turbulentos. No caso de escoamento em tubo de seção circular a transição de escoamento laminar para turbulento ocorre para número de Reynolds em na faixa de 2000 a 2300. Geralmente, considera-se 85 ⎧ até ≅ 2000 (laminar) ⎪ Re D = ⎨2000 a 2300 (transição) ⎪> 2300 (turbulento) ⎩ As equações para análise de escoamentos turbulentos são as equações médias de Reynolds, que no caso do escoamento no tubo são: 1) Equação de Continuidade ∂u 1 ∂ (rv ) + =0 ∂z r ∂r (3.44) 2) Equações e Quantidade de Movimento em z e r z: u ∂u ∂u 1 ∂p 1 ∂ ⎡ (ν + ν t )r ∂u ⎤⎥ + ∂ ⎡⎢(ν + ν t ) ∂u ⎤⎥ + Fz ; +v =− + ⎢ ∂z ∂r ∂r ⎦ ∂z ⎣ ∂z ⎦ ρ ∂z r ∂r ⎣ r: u ∂v ∂v ∂v ⎤ ∂ ⎡ ∂v ⎤ v 1 ∂p 1 ∂ ⎡ ( ) ( ) ( ) +v =− + + − + + + + Fr r ν ν ν ν ν ν t t t 2 ∂z ∂r ∂r ⎥⎦ ∂z ⎢⎣ ∂z ⎥⎦ ρ ∂r r ∂r ⎢⎣ r (3.45) (3.46) 3) Conservação de Energia Térmica u ∂T 1 ∂ ⎡ ∂T (α + α t )r ∂T +v = ⎢ ∂z ∂r r ∂r ⎣ ∂r ⎤ ∂ ⎡ ∂T ⎤ ⎥ + ∂z ⎢(α + α t ) ∂z ⎥ ⎦ ⎣ ⎦ (3.47) No caso de considerar o conceito de camada limite, pode-se definir a tensão e o fluxo de calor aparentes como τ ap = − μ ∂u ∂u − ρν t ∂r ∂r (3.48) q ap = −k ∂T ∂T − ρc pα t ∂r ∂r (3.49) 86 O perfil de velocidade e a tensão aparente são ilustradas na Figura 3.2 Figura 3.2. Perfil de velocidade turbulento e tensão aparente. No caso do escoamento turbulento ser completamente desenvolvido hidrodinâmica e termicamente tem-se v =0 u = u (r ) p = p( z) (3.50) As equações de quantidade de movimento e energia ficam na forma simplificada 1 dp 1 ∂ (rτ ap ) − ρ dz ρr ∂r 0=− u [ ] ∂T 1 ∂ = rq ap ∂z ρc p r ∂r Integrando a Eq. (3.51) obtém-se 0= ∫ rw 0 ∫ rw dp rdr + d (rτ ap ) dz 0 (3.51) (3.52) 87 dp rw2 + rwτ w = 0 dz 2 − dp 2τ w = dz rw (3.53) Substituindo a Eq. (3.53) em (3.51) e integrando até um r genérico resulta τ ap r = τ w rw (3.54) Bem próximo da parede, τ ap ≅ τ w e com as coordenadas de parede, u + = u / (τ w / ρ ) 1/ 2 y+ = y ν (τ w / ρ )1 / 2 , resulta ⎧ y + se ν >> ν t ⎪ u+ = ⎨1 + ⎪ ln( y ) + B se vt >> ν ⎩k (3.55) ou ( ) u + = 8,7 y + 1/ 7 (3.56) Para calcular o fator de atrito e a queda de pressão no tubo, pode-se, por exemplo, integrar a Eq. (3.56). A velocidade média no, caso será U= 1 πrw2 2π ∫ ∫ rw dθ u rdr 0 (3.57) 0 A velocidade no centro do tubo ( r = 0 ) é u = u c . Assim obtém-se uc (τ w / ρ )1 / 2 ⎡r = 8,7 ⎢ w ⎢⎣ ν ⎛τ w ⎞ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎝ ρ ⎠ 1/ 2 ⎤ ⎥ ⎥⎦ 1/ 7 (3.58) 88 Da definição do fator de atrito, f = ⎛τ w ⎞ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎝ ρ ⎠ 1/ 2 ⎛f⎞ = U⎜ ⎟ ⎝2⎠ τw 1 ρU 2 2 resulta 1/ 2 (3.59) Combinando as Eqs. (3.58) e (3.59) pode-se mostrar que f ≅ 0,079 (Re D ) 1/ 4 ; 2 x10 3 < Re D < 2 x10 4 (3.60) Existem na literatura várias correlações para cálculo do fator de atrito. Para tubos lisos e altos números de Reynolds tem-se f ≅ 0,046 (Re D ) 1/ 5 ; 2 x10 4 < Re D < 2 x10 6 (3.61) A correlação de Karman-Nikuradse é do tipo 1 f 1/ 2 = 1, 737 ln( f 1/ 2 Re D ) − 0,396 (3.62) Para tubos rugosos e altos números de Reynolds tem-se f = 1 ⎡ ⎤ ⎛D⎞ ⎢1,74 ln⎜⎜ ⎟⎟ + 2,28⎥ ⎝ ks ⎠ ⎣ ⎦ 2 na qual k s é a rugosidade da parede do tubo. A eq. (3.52) também pode ser integrada resultando (3.63) 89 2π ∫ r ρc p u 0 ∂T rdr = 2πrq ap ∂z (3.64) Para r = rw , resulta ∫ rw ρc p u 0 ∂T rdr = rw q ′w′ ∂z (3.65) Combinando as Eqs. (3.64) e (3.65) resulta q ap q ′w′ =M r rw (3.66) em que 1 2 M = r 1 rw2 ∂T rdr ∂z 0 rw ∂T u rdr ∂z 0 ∫ ∫ r u Se q ′w′ é independente de z, 1 2 M = r 1 rw2 (3.67) ∂T é independente de r, a Eq. (3.67) fica então na forma ∂z ∫ u rdr ∫ u rdr r 0 rw (3.68) 0 O perfil de velocidade u (r ) é quase plano, desta forma, M ≅ 1 , obtendo-se a relação do calor aparente para o calor da parede q ap q ′w′ ≅ r rw (3.69) 90 Para r ≤ rw , q ap = cte = q ′w′ . O coeficiente de troca de calor pode ser calculado pela analogia entre transferência de quantidade de movimento e transferência de calor. Sabe-se o número de Stanton e definido como St = h 1 = f / Pr 2 / 3 ; Pr ≥ 0,5 ρc pU 2 (3.70) Para tubos lisos resulta a correlação para cálculo do coeficiente de transferência de calor Nu D = hD = 0,023 Re 4D/ 5 Pr 1 / 3 ; 2 x10 4 < Re D < 10 6 k (3.71) Uma correlação muito utilizada é a de Dittus-Boelter: ⎧2500 < Re D < 1,24 x10 5 ⎪ ⎪0,7 < Pr < 120 hD ⎪ Nu D = = 0,023 Re 4D/ 5 Pr n ; ⎨ L / D > 60 k ⎪n = 0,4 se T > T w m ⎪ ⎪⎩n = 0,3 se Tw < Tm (3.72) Na correlação de Dittus-Boelter, as propriedades são avaliadas a Tm . Para aplicações em que a influência da temperatura sobre as propriedades é significante, Sieder & Tate propuseram 0, 4 ⎧Re D > 10 4 hD 4/5 1/ 3 ⎛ μ ⎞ ⎟ ⎜ Nu D = = 0,027 Re D Pr ⎜ ⎟ ; ⎨0,7 < Pr < 16700 k ⎝ μw ⎠ ⎩ (3.73) com as propriedades avaliadas a Tm , exceto μ w que é avaliada na temperatura de parede Tw . A correlação mais acurada é de Gnielinski (1976) na forma: 91 ( ) 6 ( f / 2) Re D − 10 3 Pr hD ⎪⎧2300 < Re D < 5 x10 = ; ⎨ Nu D = 1/ 2 k ⎪⎩0,5 < Pr < 10 6 1 + 12,7( f / 2) Pr 2 / 3 − 1 ( ) (3.74) Na Eq. (3.74) o fator de atrito é obtido do Diagrama de Moody, Figura 3.3 Figura 3.3. Fator de atrito para escoamento laminar e turbulento completamente desenvolvido em um tubo. Outras correlações alternativas, propostas por Gnielinski, a Eq. (3.74) aparecem na literatura, são elas: ⎧10 4 ≤ Re D ≤ 5 x10 6 hD 0 ,8 0, 4 = 0,0214 Re D − 100 Pr ; ⎨ Nu D = k ⎩0,5 ≤ Pr ≤ 1,5 ( Nu D = ) ⎧3 x10 3 ≤ Re D ≤ 10 6 hD = 0,012(Re 0D,8 − 280)Pr 0, 4 ; ⎨ k ⎩1,5 ≤ Pr ≤ 500 Para metais líquidos são recomendadas as correlações, Notter & Sleicher (1972): (3.75) (3.76) 92 0 ,85 0 , 93 hD ⎪⎧6,3 + 0,0167 Re D Pr ; (q ′w′ = cte ) ⎧0,004 < Pr < 01 ; ⎨ Nu D = =⎨ k ⎪⎩4,8 + 0,0156 Re 0D,85 Pr 0,93 ; (Tw = cte ) ⎩10 4 < Re D < 10 6 (3.77) com as propriedades avaliadas a Tm . 3.5 Variação da temperatura média de mistura A variação da temperatura média de mistura para parede isotérmica e fluxo e fluxo de calor uniforme na parede é ilustrada na Figura 3.4 Figura 3.4. Variação da temperatura média de mistura: esquerda, Tw = cte ; direita, q ′w′ =cte. Para calcular as propriedades é recomendável fazer Tm = (Te + Ts ) / 2 , em que Te = Tm ,e e Ts = Tm , s Ex. 3.3 O tubo interno de um trocador de calor coaxial usado para extração de energia geotérmica tem diâmetro de 16 cm. O material do tubo é aço comercial. Numa certa localidade ao longo do tubo, a temperatura média da corrente de água é 80oC. O fluxo de água é de 100 ton/h. Calcule a queda de pressão por unidade de comprimento. 3.6 Taxa total de transferência de calor Bejan propõe calcular a taxa total de transferência de calor na forma: 93 q = hAw ΔTlm (3.78) Para escoamento turbulento completamente desenvolvido com parede isotérmica, ΔT = Tw − Tm decresce exponencialmente na direção jusante, entre um certo valor na entrada do tubo e o menor valor na saída do tubo. Se ΔTe = Tw − Te e ΔTs = Tw − Ts , ΔTlm está entre ΔTe e ΔTs . Também a taxa de calor pode ser calculada como q = m c p (Ts − Te ) = m c p [(Tw − Te ) − (Tw − Ts )] = m c p (ΔTe − ΔTs ) (3.79) O fluxo de calor na parede pode ser estimado como q ′w′ = h(Tw − Tm ) como (3.80) dTm P q ′w′ = , obtém-se dz A ρc pU dTm P h = dz Tw − Tm A ρc pU (3.81) a qual integrada entre z = 0; (Tm = Te ) e z = L; (Tm = Ts ) resulta ⎛ T − Te ⎞ hPL ⎟⎟ = ou ln⎜⎜ w ⎝ Tw − Ts ⎠ ρUAc p ⎛ ΔT ⎞ hA ln⎜⎜ e ⎟⎟ = w ⎝ ΔTs ⎠ m c p (3.82) Comparando as Eqs. (3.79) e (3.82) pode-se concluir que ΔTlm = ΔTe − ΔT ⎛ ΔT ⎞ ln⎜⎜ e ⎟⎟ ⎝ ΔTs ⎠ (3.83) 94 que é denominada de diferença média logarítmica de temperatura. Alternativamente a taxa total de transferência de calor pode ser calculada como ⎡ ⎛ − hAw ⎞⎤ ⎟⎥ q = m c p ΔTe ⎢1 − exp⎜ ⎟ ⎜ m c ⎢⎣ p ⎠⎥ ⎝ ⎦ (3.84) ∫ Se o coeficiente h = h(z ) , então h = h( z )dz / L . L Pode-se verificar imediatamente que no caso de fluxo de calor uniforme na parede: ΔTlm = ΔTe = ΔTs que é um caso especial da Eq. (3.83) quando (3.85) ΔTe → 1. ΔTs 95 3.7 Experimento 01: Convecção Forçada em Dutos O objetivo nesta primeira experiência é determinar o coeficiente de transferência de calor por convecção forçada, h, o número de Reynolds e uma correlação para o número de Nusselt, Nu = f (Re, Pr) , para escoamento no interior de dutos. O aparato experimental consiste de um tubo com aquecimento por resistência elétrica (efeito Joule) equipado com um medidor de vazão do tipo placa de orifício e doze termopares: um para medir a temperatura na entrada do tubo, outro parta medir a temperatura na saída do tubo e dez termopares para medir as temperaturas em dez pontos na superfície do tubo. A resistência é enrolada em torno do tubo e o conjunto é isolado termicamente do meio externo. O tubo possui um comprimento de 2002 mm e a resistência elétrica possui comprimento de 1830 mm. Os diâmetros interno e externo do tubo são 32 e 38 mm respectivamente. A razão entre as áreas do furo da placa de orifício e área da seção transversal do tubo é Ad / Ast = 0, 45 . A Figura 3.5 ilustra o aparato experimental. Figura 3.5 – Aparato experimental para medida de h em escoamento de ar. (por mvtn) No caso, a taxa de transferência de calor constante para ar escoando dentro do tubo é dada por q = E⋅I (3.86) 96 Na qual E é a tensão elétrica e I a corrente passando pela resistência. Consequentemente, o fluxo de calor será q′′ = E⋅I π DL (3.87) Da definição do coeficiente de transferência de calor h= q′′ Tw, z − Tm , z (3.88) na qual Tw, z é a temperatura da parede na posição z e Tm, z pode ser obtida diretamente da integração da equação (3.89) dTm P q ′w′ = dz A ρc p U (3.89) resultando, no presente caso, de fluxo de calor constante, a equação Tm, z = Tm,e + Per qw′′ z c p m (3.90) A vazão mássica de ar é determinada como m = ρ arUAst . Pelo uso da placa de orifício, mede-se a diferença de pressão através da placa de orifício e determina-se a velocidade no orifício, a partir da Equação de Bernoulli e de conservação da massa, por ud = 2Δp 1 ρ ar ⎡1 − ( Ad / Ast )2 ⎤ ⎣ ⎦ = 1 2Δp 1− β 4 ρ ar ; β =d/D (3.91) A vazão mássica teórica é determinada como m t = ρ ar ud Ad , ou seja m t = Ad ρ ar 1− β 2Δp 4 ρ ar = Ad 1− β 4 2 ρ ar Δp (3.92) 97 Pode-se demonstrar também que a diferença de pressão está relacionada com diferença de coluna do fluido manométrico Δp = p1 − p2 = g ρ agua ΔH (3.93) Para se calcular a vazão mássica real, multiplica-se a vazão mássica teórica pelo coeficiente de descarga m = Cd m t = Cd Ad 1− β 4 2 ρ ar Δp = Cq Ad 2 ρ ar Δp (3.94) A velocidade média do escoamento será U = Cq Ad Ast 2Δp ρ ar = Cq 0, 45 2 g ρ agua ΔH (3.95) ρ ar O número de Reynolds do escoamento é calculado como Re D = ρ arUD ρ ar DCq 0, 45 2 g ρ agua ΔH = μ μ ρ ar (3.96) O coeficiente de vazão da placa de orifício é função do Reynolds, por sua vez o número de Reynolds depende de Cq , desta foram o cálculo de Cq é feito de forma iterativa, resolvendo a equação, por exemplo, pelo método de Newton-Raphson: Re D − ρ ar DCq ( Re D ) 0, 45 2 g ρ agua ΔH =0 μ ρ ar (3.97) Calculado o número de Reynolds, determina-se a vazão mássica por m = π Dμ Re D (3.98) 4 Portanto, a sequência de cálculo e de medidas é: 1) Calcula-se Re D : Re D − ρ ar DCq ( Re D ) 0, 45 2 g ρ agua ΔH = 0 ; após medir ΔH e μ ρ ar ⎛ 60000 − Re ⎞ estimar o coeficiente de vazão: Cq ( Re ) = 0, 67522 + 0, 01164 exp ⎜ ⎟ ⎝ 30806,98 ⎠ 2) Calcula-se m = π Dμ Re D 4 3) Calcula-se a temperatura média de mistura Tm, z = Tm,e + q′′ = E⋅I com E e I medidos π DL Per qw′′ z após calcular c p m 98 4) Mede-se a temperatura Tw, z nas posições: z [m] = 0,06; 0,14; 0,4; 0,6; 0,8; 1,0; 1,2; 1,4; 1,6 1,8 5) Calcula-se h: h = q′′ Tw, z − Tm , z 6) Calcula-se o número de Nusselt local, para cada vazão medida: Nu, z = hD kar N 7) Calcula-se o número de Nusselt médio, para cada vazão medida: Nu = ∑ Nu, i =1 z N 8) Obtenha uma correlação Nu = Nu ( Re Pr ) 9) Compare o Nu experimental com o Nu da literatura. Os dados medidos podem ser organizados numa tabela como a ilustrada a seguir med E[V] I[A] ΔH [m] T1 1 0,144 2 0,135 3 0,124 4 0,113 5 0,104 6 0,094 7 0,084 8 0,075 9 0,064 10 0,053 T2 T3 T4 A curva de calibração dos termopares é da forma T ⎡⎣ o C ⎤⎦ = 22,819 E [ mV ] + 4, 229 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T11 T12 99 3.8 Experimento 02: Trocador de Calor Duplo Tubo O objetivo nesta experiência é calcular o coeficiente global de transferência de calor U em um trocador de calor duplo tubo e verificar o princípio de conservação de energia. O experimento consiste em medir as temperaturas de entrada e de saída dos fluidos quente e frio em um trocador de calor de tubos concêntricos, denominado trocador duplo tubo. O fluido quente escoa no tubo interno e o fluido frio no tubo externo, podendo o escoamento ser paralelo (mesmo sentido) ou em contra corrente (sentidos opostos). O aparato experimental é ilustrado na Figura 3.6. Figura 3.6 – Aparato experimental para medir o coeficiente global de transferência de calor. (por mvtn) As dimensões do trocador de calor são: L = 5,2m; Di , q = 0, 0415m ; De ,q = 0, 048m ; De, f = 0, 089m ; Di , f = 0, 079m O cálculo do coeficiente global baseia-se na expressão q = UAΔTlm na qual a diferença média logarítmica de temperatura é estimada como (3.99) 100 ΔTlm = ΔT1 − ΔT2 ln ( ΔT1 / ΔT2 ) (3.100) e ΔT1 = Tq ,e − T f ,e ; ΔT2 = Tq , s − T f , s para o trocador de correntes paralelas; ΔT1 = Tq ,e − T f , s ; ΔT2 = Tq , s − T f ,e para o trocador de correntes opostas. Na expressão de cálculo de U, a taxa de calor pode ser estimada como q= q f + qq 2 na qual q f = m f c p , f (T f , s − T f ,e ) ; qq = m q c p ,q (Tq ,e − Tq , s ) . (3.101) O coeficiente global pode ser baseado ou na área interna ou externa da parede q = U i Ai ΔTlm = U e Ae ΔTlm (3.102) Desta forma Ue = q ; Ae = π De ,q L . Ae ΔTlm (3.103) Pela literatura, U pode ser calculado na forma Ue = 1 A ln ( De / Di ) 1 Ae + e + 2π kw L hi Ai he (3.104) em que os coeficientes hi e he podem ser estimados pelas correlações de Petukov (1970) ou Gnielinski (1976). 101 ( f / 2 ) ( Re D − 103 ) Pr ⎪⎧0,5 ≤ Pr ≤ 106 ; ⎨ Nu D = 1/ 2 1 + 12, 7 ( f / 2 ) ( Pr 2 / 3 − 1) ⎪⎩2300 ≤ Re D ≤ 5 x106 (3.105) com f obtido do Diagrama de Moody. Duas correlações alternativas são: ⎧0,5 ≤ Pr ≤ 1,5 0,4 NuD = 0, 0214 ( Re0,8 ; ⎨ 4 D − 100 ) Pr 6 ⎩10 ≤ Re D ≤ 5 x10 (3.106) ⎧1,5 ≤ Pr ≤ 500 0,4 NuD = 0, 012 ( Re0,87 − 280 Pr ; ) ⎨ D 3 6 ⎩3 x10 ≤ Re D ≤ 10 (3.107) As medidas podem ser organizadas na forma m q [l/h] m f [l/h] 800 800 800 700 800 600 800 500 800 400 800 300 T f ,e [K] T f , s [K] Tq ,e [K] Tq , s [K]