leitura, escrita e novas mídias
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leitura, escrita e novas mídias
LEITURA, ESCRITA E NOVAS MÍDIAS SILVA, Fabiano Correa da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM) Instituição de Ensino São Francisco (IESF) [email protected] RESUMO: O presente artigo faz parte de uma pesquisa maior que procurou compreender como acontecem as relações entre leitura e escrita, leitores e escritores com o advento das novas tecnologias da informação e da comunicação – NTICs. A redefinição destes novos lugares com a valorização da interatividade por meio destes inovadores recursos tecnológicos faz do leitor não mais um simples receptor de conteúdos, mas também um participante com capacidade de interferir nos rumos da própria escrita do texto, o chamado escrileitor. PALAVRAS-CHAVE: Leitura, Escrita, Novas Mídias, Interatividade. ABSTRACT: This article is part of a larger research project that sought to understand how the relationship between reading and writing, readers and writers with the advent of new information technologies and communication – NICTs. The redefinition of these new places with the enhancement of interactivity through these innovative technological features makes the reader no longer a mere recipient of content, but also a participant with the capacity to interfere in the course of the actual writing of the text, called escrileitor. KEYWORDS: Reading, Writing, New Media, Interactivity. A escrita metódica me distrai da presente condição dos homens. A certeza de que tudo está escrito nos anula ou faz de nós fantasmas (BORGES, 2007). Questões como a escrita e a leitura muitas vezes estiveram em pauta nas discussões a respeito das manifestações artísticas e culturais do homem, pois são formas primordiais de comunicação e inter-relação entre os seres humanos. Dessa forma, torna-se importante pensarmos a respeito de como a atual “revolução” das novas mídias, como diz FURTADO (2002), tem modificado as maneiras de produzir (escrever) e consumir (ler) textos. Desde o surgimento da escrita, há aproximadamente seis mil anos, com os primeiros hieróglifos até o presente das chamadas escritas eletrônicas, o que o homem busca são maneiras de se comunicar, se expressar e se fazer presente numa sociedade em mudança. A escrita tornou-se o aparato pri- mordial e mais importante de expressão da humanidade, visto que dá a impressão de eterno em contrário ao sentimento de efemeridade do oral. Um exemplo marcante disso foi, segundo diz Horcades (2007), o apoio que os reis e a Igreja deram à imprensa quando do seu surgimento, visto que os interesses em manter viva as suas doutrinas e poderio sobre a sociedade medieval. Por esse motivo, as sociedades letradas passaram a escrever as suas histórias, como aconteceu com a Bíblia Sagrada judaico-cristã, ou mesmo o alcorão mulçumano. Todas as histórias ali presentes e carregadas de imagens abstratas e figuras de linguagem, antes de serem escritas, foram narradas de geração para geração durante muitos séculos. Um exemplo concreto disso é a celebração da Páscoa judaica, à qual foi cristianizada pelos seguidores de cristo, de acordo com a sua nova doutrina. A perpetuação da escrita como forma principal de manifestação da humanidade fez surgir o que é chamado de sociedades letradas, havendo uma super vaInterciência & Sociedade 97 SILVA, F. C. da lorização da escrita, em detrimento do oral. A palavra dita e acordada já não é mais válida, sendo necessária a escrita de um documento legal que legitime tal acordo, o que demonstra uma mudança social importante, pois a escrita torna-se algo supremo, só perdendo este status com o surgimento das mídias eletrônicas já no final do século XX, relata Mourão em suas análises sobre o hipertexto. Com o surgimento da imprensa de Gutenberg no final da idade média a escrita inicia o seu apogeu e domínio, pois a facilidade de acesso aos textos impressos vai se tornando, com o passar do tempo, cada vez mais fácil. Os romances do século XIX são exemplos de como a sociedade tem, no suporte escrito, o maior aliado na propagação de idéias, culturas e conhecimentos. A supremacia da escrita, portanto, faz surgir os leitores, consumidores deste tipo de comunicação que, para fazerem parte desta sociedade, precisam dominar a decodificação destes sinais gráficos, as letras. Assim, o domínio da leitura e da escrita torna-se algo de fundamental importância, pois aqueles que não tiverem o conhecimento letrado são impedidos de ter acesso as mais diversas áreas do saber e da cultura. Desde então, saber ler e escrever tornam-se requisitos básicos e primordiais para pertencer à sociedade e ter acesso a gama de conhecimentos desenvolvidos por quem a elas pertencem. Dentre tantos exemplos dessa supremacia da escrita, os tratados filosóficos, representações escritas do que antes era oralmente expresso nas praças públicas, são marcas de como o acesso ao conhecimento é feito por meio do código impresso. O ensino da escrita e o incentivo à leitura como forma de aquisição de saberes torna-se algo essencial em muitas culturas, com o ensino regular de língua e leitura na maioria das escolas em muitos países. Ser um bom escritor e um bom leitor são premissas importantes para que a pessoa faça parte da sociedade e possa gozar de todos os privilégios. Vejamos o caso do romance, gênero literário dominante na sociedade burguesa emergente do século XVIII, em contraste com a poesia, gênero lírico representante 98 da nobreza decadente, que se tornou o estilo literário mais lido, estudado e conhecido a partir de então. Assim, prova-se que o domínio da escrita e da leitura está vinculado com a aquisição de conhecimento e, consequentemente, com o acesso aos bens político-culturais e ao poder. Nas artes plásticas, na pintura mais especificamente, muitas obras representavam nas telas essa supremacia da escrita e da leitura. No teatro, a imagem de pessoas lendo e ou escrevendo simbolizam, por meio de personagens-tipo, a valorização e o culto à palavra escrita. Mesmo nas diferentes religiões, por meio da teatralização das celebrações, existe a “adoração” à Palavra de Deus, simbolizada pela Bíblia Sagrada impressa, disponível de manejar apenas aos sacerdotes, mostrando assim a sacralização deste objeto. Importante lembrar que, apesar de todas as mudanças culturais, religiosas, políticas e sociais, ainda hoje existe essa sacralização do livro sagrado impresso. Fazendo uma pesquisa mais apurada a respeito da valorização da leitura e da escrita, podemos verificar que em muitas manifestações artísticas, tais como a pintura, a escultura, a música, e muito marcadamente a literatura (pois é a arte da escrita), encontramos o culto à escrita e à leitura. Todas essas obras são capazes de demonstrar a valorização de toda uma sociedade ao culto da palavra escrita, impressa e também da decodificação da mesma. O pintor flamengo pré-renascentista Robert Campin, um dos grandes pintores da sua época, demonstra em várias de suas telas essa admiração, culto e valorização da escrita e da leitura, por meio de imagens de pessoas com livros, ou mesmo naquelas obras em que o livro aparece como objeto que pertence à cena retratada. Em “A Virgem e o Menino diante de um guarda fogo” o artista leva ao ápice a valorização da cultura letrada por meio da imagem de um livro sobre um móvel, o qual, possivelmente, Maria, a mãe de Jesus, estaria lendo quando antes de amamentar seu filho. Impressionante é ver que uma santidade leia, a sacralização da leitura. Já em outra obra de Robert Campin, intitulada “Retábulo de Mérode”, no qual retrata a cena da anunciaInterciência & Sociedade Leitura, escrita e novas mídias ção do anjo à Maria, esta, agora sim, está lendo um livro bem posto em suas mãos, e ainda em cima da mesa existe outro também aberto, como se a Virgem estivesse a desfrutar da leitura de ambos. Isso presente numa cena clássica das histórias evangélicas, visto que este episódio é uma marcante data no calendário católico. Também em outras tantas obras de arte, de outros autores e em diferentes épocas representam a valorização da escrita, tais como as pinturas de Henri Fantin-Latour (1836-1904), “A Leitura”, 1870, Óleo sobre tela, 95 x 123 cm, já no final do século XIX; ou mesmo a música “Língua” (1972) do cantor brasileiro Caetano Veloso, a qual faz diferentes alusões a respeito dos usos da língua por meio da escrita, referindo-se a autores brasileiros e portugueses, como Guimarães Rosa, Camões, Fernando Pessoa, dentre outros. Na literatura, mais do que em qualquer manifestação artística, a palavra escrita/impressa é super valorizada. Exemplos de obras que fazem um trabalho de metalinguagem ao homenagear a própria língua e também a enaltecer o ofício do criar não faltam na literatura universal. Camões, em os Lusíadas, por exemplo, pede inspiração às ninfas do Tejo para que a pena em suas mãos corra pelo papel em branco e seu canto possa alcançar o objetivo que é a exaltação aos feitos portugueses. Isso tudo demonstra, mais uma vez, que desde que surgiu, a escrita impressa é algo que ganhou muito status e, por esse motivo, hoje na chamada revolução digital (Santaella) a escrita eletrônica pode encontrar barreiras por parte de muitas pessoas que acreditam no fim da escrita impressa/linear, o que não é uma verdade que venha a ocorrer. O surgimento das novas mídias, porém, vem desestabilizar a “cultura livresca” (Furtado), na qual a escrita tradicional impressa é a guardiã da memória, da ordem e da lei que mantém as relações hierárquicas e de poder. Por esse motivo é que é chamado, por muito teóricos da comunicação e das artes, de “Revolução” este momento em que surgem a escrita eletrônica e seus dispositivos de leitura: Estamos, sem dúvida, entrando numa revolução da informação e da comunicação sem precedentes que vem sendo chamada de revolução digital. O aspecto mais espetacular da era digital está no poder dos dígitos para tratar toda informação, som, imagem, vídeo, texto, programas informáticos, com a mesma linguagem universal, uma espécie de esperanto das máquinas. Graças à digitalização e compressão dos dados, todo e qualquer tipo de signo pode ser recebido, estocado tratado e difundido, via computador. Aliada à telecomunicação, a informática permite que esses dados cruzem oceanos, continentes, hemisférios, conectando potencialmente qualquer ser humano no globo numa mesma rede gigantesca de transmissão e acesso que vem sendo chamada de ciberespaço (SANTAELLA, 2004: 71). Esse momento de mudança estabelece temas cruciais, segundo Furtado, da transição do texto impresso para o suporte eletrônico, sendo questões que o autor discute em seus estudos procurando entender como é a natureza do livro no mundo digital como forma de comunicação; como ocorre o controle dos livros, da autoria, dos consumidores e mesmo como gerir a herança cultural; e como reestruturar as economias de autoria e edição. Esses questionamentos fazem parte de um momento em que são precisas respostas que justifiquem o aparecimento do eletrônico numa sociedade historicamente marcada pela escrita impressa/ linear. A palavra Interatividade é um conceito importante quando falamos em Leitura e Escrita nas Novas Mídias, pois a relação entre escritores e produtores de informação com seus leitores e receptores é baseada na interação entre ambos. Dessa forma, Interatividade não é algo novo ou que surgiu com o advento das novas mídias, pois pode haver interação entre um escritor de obras impressas e seus leitores. O que, no entanto, é importante saber é em que sentido usamos o termo em questão, como diz SANTAELLA, 2004 p. 153: diante dessa proliferação ilimitada de sentidos, é preciso recuperar uma noção mais estreita, porém mais significativa do termo ‘interatividade’. Toda palavra quando muito usada Interciência & Sociedade 99 SILVA, F. C. da por uma grande parcela de pessoas, sendo que a usam de diferentes maneiras possíveis, gera um desconforto e até mesmo uma grande confusão. A palavra Interatividade está sendo correntemente usada neste momento que vivemos da chamada Revolução Digital (SANTAELLA, 2004). Diversas definições foram dadas ao termo, o que fez com que muitos estudiosos criassem resistência ao seu uso em obras de pesquisa de caráter científico. Numa pesquisa rápida pelos livros e pela Internet podemos confirmar esta infinidade de usos da palavra Interatividade: Como pudemos perceber, é necessário que saibamos em que sentido e para qual objetivo usamos a palavra em questão. O que é marcante saber, é que esta pesquisa dos significados da palavra interatividade já demonstra por si só o que é viver em uma sociedade que tem nos dias atuais a interação como palavra chave, ou seja, a relação entre pessoas, entre pessoas e máquinas são exemplos da necessidade de compreendermos o uso deste termo que se tornou fundamental para o entendimento da sociedade atual. Apesar de sabermos que faz parte da própria condição humana não viver isoladamente, o que afirmamos aqui é que este conceito Interatividade está ainda mais presente nos dias atuais devido ao avanço tecnológico e suas possibilidades de interação. É fácil perceber que ao fazer uma pesquisa rápida sobre um termo em livros ou mesmo e mais rapidamente na Internet, estamos interagindo com um número infinito de pessoas que também, por algum motivo, tenha procurado saber o significado desta palavra. Assim sendo, percebemos que o que parece ser uma simples pesquisa na qual isoladamente eu procuro saber o sentido de um termo, torna-se, graças às novas tecnologias, a internet no caso, uma grande teia de interatividade. Da mesma forma é importante notar que interagimos constantemente com os demais seres humanos e máquinas que fazem parte da sociedade. A interatividade na sociedade já é algo inerente na vida das pessoas que o fazem muitas vezes sem nem sequer notarem que o estão fazendo. A revolução digital a qual se refere 100 SANTAELLA (2004) é algo que já presenciamos até de forma tranqüila e natural, visto que nossas crianças já nascem com a mão no mouse e os olhos nas telas da TV e do computador, ouvindo nossas músicas e sonhando com nossas histórias. Dessa forma, apesar do substantivo revolução, essas mudanças ocorrem de forma um tanto quanto aparentemente natural, no entanto, ainda existem realidades bastante distantes desta revolução e que estão à margem das novas tecnologias. A vivência na sociedade em rede nos proporciona uma reflexão a respeito das mudanças de paradigmas que enfrentamos neste momento, chamado por muito teóricos da atualidade, da terceira revolução, afirma CASTELLS (2001) que o que é caracterizado na atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. Portanto, a Interatividade no seu sentido mais amplo é a interação entre humano-humano por meio do diálogo com uso ou não de inovações tecnológicas e também a interação entre homem-máquina: ...uma definição mais básica de interatividade nos diz que se trata aí de um processo pelo qual duas ou mais coisas produzem um efeito uma sobre a outra ao trabalharem juntas. Uma definição menos genérica e mais simplificada diz que interação é a atividade de conversar com outras pessoas e entendê-las. Nesta última definição está explícita a inserção da interatividade em um processo comunicativo, que, na conversação, no diálogo, encontra sua forma privilegiada de manifestação (SANTAELLA, 2004: 154). Dessa forma, a interatividade pode ocorrer por meio de diferentes tecnologias, desde as mais simples e conhecidas como o texto impresso de leitura linear no qual o autor propõe um diálogo com seu leitor, quanto àquelas com suporte hipermidiático, nas quais a máquina oferece muitas ferra- Interciência & Sociedade Leitura, escrita e novas mídias mentas que colaboram no dialogismo entre os envolvidos na interação. A palavra “Mídia” tem sua origem no Latim e significa “meios” em português. O acesso a esse conceito ocorreu via língua inglesa (media que pronuncia-se mídia) e que foi apropriado no português do Brasil todas as vezes que se quer referir aos meios de comunicação em geral, tais como os recursos tecnológicos que dispomos em nossos processos comunicacionais: rádio, TV, entre outros. O uso destas ferramentas, isoladamente, corresponde a uma determinada mídia, por exemplo: a TV. Atualmente muito se fala em novas mídias, mas o que seria isso? Em seu artigo intitulado “Novas mídias como tecnologia e idéia: dez definições”, MANOVICH (2009) busca compreender o que seriam estas novas mídias, afirmando que esta pergunta ainda não é fácil de ser respondida, mas que o autor o tentará fazer elaborando dez respostas possíveis, desde a diferenciação entre novas mídias e cibercultura – sendo a primeira mais uma questão cultural e de máquina computacional e a segunda mais redes sociais – passando por questões de novas mídias atreladas a organização de dados por softwares até chegar a discussão sobre a relação das novas mídias com a arte, ao afirmar que os novos criadores de softwares é quem são os novos artistas. Outro fator importante na reflexão de Manovich em seu artigo é o que ele chama de “etapas da nova mídia”, o que pode ser encontrado em diferentes manifestações de usos destes novos recursos. O que autor afirma é que existem, como é sabido, ideologias a permearem os usos destes novos recursos midiáticos (como o computador, por exemplo), e que todo recurso já foi um dia uma nova mídia. Por exemplo, o cinema, o rádio, a televisão já foram assim intitulados e hoje estão em um outro momento, deixaram de ser uma novidade, mas já tiveram o seu título de nova mídia. Sendo assim, o uso do termo Novas Mídias é, muitas vezes, utilizado como estratégia para que uma obra, um texto ou mesmo um recurso tecnológico seja difundido como algo inovador e ganhe repercussão. Portanto, utilizar este título pode ser algo mais ideológico, com intenções de propagação do recurso/obra, do que propriamente uma inovação no sentido mais restrito da palavra. As novas mídias, assim chamadas, apesar das dificuldades ainda hoje de responder o que sejam, encontram em Manovich uma definição interessante: “as novas mídias são objetos culturais que usam a tecnologia computacional digital para distribuição e exposição”. Aqui o autor faz uma distinção importante entre mídia e novas mídias: não é o uso ou não dos recursos computacionais que definem as novas mídias, mas sim a distribuição e exposição. Sendo assim, os objetos culturais que usam a computação apenas para produzir e armazenar dados não são classificadas como novas mídias. No percurso evolutivo das mídias às novas mídias (uma constante evolução como vimos em Manovich), torna-se interessante verificar as diferenças entre a Multímidia e a Hipermídia. O uso de diferentes mídias para um mesmo propósito, seja em uma aula, numa apresentação da empresa, numa apresentação teatral, dentre tantas outras, chama-se de multimídia. Como exemplo, imaginemos uma peça teatral na qual o diretor faz uso das seguintes mídias: o aparelho de rádio que executa CD (Compact Disc) para reproduzir músicas românticas de acordo com o enredo da obra; um projetor para reproduzir imagens de lugares paradisíacos e bucólicos, com o intuito de sensibilizar a platéia; entre outros recursos disponíveis, demonstram que há nesta dramatização o uso de um aparato multimidiático. O próprio aparelho de televisão é considerado uma multimídia, pois agrupa som e imagem num mesmo aparato. Portanto, multimídia corresponde à integração de diferentes modalidades de mídias sendo, como afirma FERREIRA (1999) uma combinação de diversos formatos de apresentação de informações, como textos, imagens, sons, vídeos, animações, etc., em um único sistema. Com o surgimento do computador houve um salto na evolução das mídias, causando a chamada convergência das mídias – as hipermídias: Interciência & Sociedade 101 SILVA, F. C. da A aliança entre computadores e redes fez surgir o primeiro sistema amplamente disseminado que dá ao usuário a oportunidade de criar, distribuir, receber e consumir conteúdo audiovisual em um só equipamento. Uma máquina de calcular que foi forçada a virar máquina de escrever há poucas décadas, agora combina as funções de criação, de distribuição e de recepção de uma vasta variedade de outras mídias dentro de uma mesma caixa (SANTAELLA, 2004:20). A diferença entre a multimídia e a hipermídia é que a segunda pode ter diferentes mídias sendo utilizadas de uma única vez no mesmo espaço, ou seja, o computador. Essa miscelânea de aparatos midiáticos presentes num único aparelho revolucionou toda a Tecnologia da Informação e da Comunicação, estabelecendo uma postura ainda mais inovadora em seus usuários, já que, em tese, qualquer pessoa que conheça um pouco de cada uma das mídias, pode usá-las conjuntamente tendo como suporte o computador. Todas estas inovações requerem de nós, leitores/consumidores e escritores/ produtores uma postura diferenciada em relação às definições de leitura e escrita nas novas mídias. Afinal, diferentes suportes requerem diferentes leitores, sendo que com as novas mídias os papéis de ambos (escritor e leitor) são redesenhados e redefinidos, fazendo surgir os chamados escrileitores (leitor/escritor), mais ativos na construção e definição da própria noção de texto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, J. L. O Livro de Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. FERREIRA, A. (org.) Relatos de Experiência de Ensino e Aprendizagem de Línguas na Internet. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. FURTADO, J. A.. Livro e Leitura no Novo Ambiente Digital. Porto: Porto Editora, 2002. HORCADES, C. M. A Evolução da Escrita. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2 ed., 2007. MANOVICH, L. Novas Mídias como Tecnologia e Ideia: dez definições. In: LEÃO, Lucia (org.) O Chip e o Caleidoscópio: Reflexões sobre as novas mídias. São Paulo: Senac São Paulo, 2005. SANTAELLA, L. Navegar no Ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004. Fabiano Correa da Silva é graduado em Letras pela PUC-Campinas. Mestre em Educação Superior pela PUC-Campinas e Doutorando em Ciência da Informação pela UFP - Porto/Portugal. Professor de Ensino Superior há 9 anos . Professor da Instituição de Ensino São Francisco (IESF). Coordenador Geral da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM). Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Educação, Ciência e Tecnologia do CNPq. Pesquisador do Projeto PO-EX - UFP, financiado pela FCT - Fundação de Ciência e Tecnologia de Portugal. 102 Interciência & Sociedade