ambientes elegantes, precedeu dessa foram os desfiles de moda

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ambientes elegantes, precedeu dessa foram os desfiles de moda
ambientes elegantes, precedeu dessa foram os desfiles de moda mais formais de sua época. O
século XX se iniciou com designers gratuitamente doando roupas às mulheres que ditavam moda
em seu tempo, o que persistiu no decorrer do século com estrelas de cinema usando modelos de
designers no tapete vermelho.
A estilista inglesa Lucile assim como Poiret em Paris declarou que seus desfiles visavam a
espectadores femininos e masculinos que eram “atraídos pela perspectiva de inspecionar a carne,
além dos tecidos”. As modelos de Lucile eram treinadas para executar poses dramáticas e, mal sorriam durante os desfiles e nunca falavam. A imagem ambígua da mulher-modelo como espetáculo
assombra o desfile de moda. Lucile usava a palavra “modelo” referindo-se tanto ao vestido como à
manequim, eliminava assim a diferença entre os dois, coisificando a carne na mesma categoria do
tecido10.
Desde sua origem os desfiles de moda basearam-se nas ferramentas do teatro, narrativa e
drama, e na década de vinte, os ateliês de alta-costura exigiam que seus modelos fossem apresentados numa espécie de peça teatral, com enredo simples e cenários elaborados.
Na década de 60, com a estilista Mary Quant, som e luz passaram a integrar as produções.
Desde então os desfiles de moda passaram a exibir fantasias elaboradas, luzes, adereços, música
e cenários, e a ser chamados de “ teatro sem trama”. Extrapolando os showrooms ambulantes
que muito ainda se vê em desfiles de moda, a partir dos anos 90, designers contemporâneos como
Alexandre McQueen, John Galliano e Helmut Lang ganham notoriedade por desfiles performáticos que se interpretam como seqüências de imagens de sonho ou visões fantásticas e que emulam
produções teatrais. Os desfiles são largamente cobertos pela mídia, ultrapassam as fronteiras do
mundo fashion e se transformam em shows interplanetários.
Alexander McQueen, em entrevista exclusiva a revista Vogue, no ano de 2004, disse:
Meus desfiles eram provocantes por uma razão: a necessidade de se fazer notar.
Eu não preciso mais fazer isso, mas ainda acredito que tenho os meus vinte minutos
para chamar a atenção das pessoas. Você pode não gostar do que eu faço, mas ao
menos o que faço leva as pessoas a pensar.” Dessa forma o importante seria levar
os espectadores à reflexão. Ainda na mesma entrevista acerca das proximidades das
artes com a moda, coloca o quanto gosta de trabalhar com outros artistas, fazendo
freqüentes referências a outras formas de mídia. “Os mundos da música, cinema e
moda estão intrinsecamente ligados e o resultado dessa fusão é a cultura moderna”,
afirma McQueen.
Segundo Ginger Gregg Duggan, os desfiles performáticos na maioria dos casos, interpretam-se como minidramas completos, com personagens, locações específicas, peças musicais relacionadas a temas reconhecíveis. Não raro, o único elemento que separa o desfile de moda de seus
correlatos teatrais é seu objetivo básico - funcionar como estratégia de marketing.
Outro representante dos desfiles como acontecimentos performáticos é o cipriano Hussein
Chalayan, como exemplo podemos citar o desfile de verão 2017, em Paris, que mostrou uma
série de vestidos mutantes, animados por computador, em uma performance-espetáculo capaz de
causar sensações viscerais no platéia do desfile.
É impossível entender por completo os desfiles-espetáculo sem discutir o seus encerramentos. Finais explosivos, sensacionais, são fundamentais na associação da moda com performance e
10
A romancista Edith Saunders escreveu em 1865que, no ateliê de Worth, “moças bonitas chamam a atenção, modelos do
estabelecimento, muitas das quais inglesas”(citado por Castle 1977, p.11). Sua aplicação do termo “ modelo”, em 1865, para se
referir á mulher e não ao vestido é um exemplo precoce e incomum na literatura. A ambigüidade tornava-se, e continua, característica da modelo. Herzog comenta sobre a dificuldade de ver modelo e roupas em separado, em seu tratado dos desfiles de moda em
filmes de Hollywood na década de 1930 (Herzog 1990, p.137).

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