nanocosméticos – qp 434

Transcrição

nanocosméticos – qp 434
NANOCOSMÉTICOS – QP 434
Alessandra Prando, Juliana Alves e Alvim Jorge
O estudo do uso de cosméticos nas antigas culturas remete a primeira dinastia do Egito 3000 ac. As
mulheres egípcias utilizavam um preparado verde nas pálpebras superiores e utilizavam o Kohl para escurecer a
parte inferior e henna (arvore do norte da áfrica) nas unhas e lábios para deixá-los vermelhos. Apesar do kohol
servir de como proteção estética e anti-infecciosa, estes preparados eram tóxicos (levavam na composição
antimônio e chumbo) e geravam muitos problemas para a população.
Os judeus já utilizavam cosméticos de acordo com o Velho testamento, provavelmente por influencia dos
egípcios. Os romanos, no sec. I a.C. utilizavam punce para limpar os dentes (rocha ígnea porosa, atualmente
utilizada nos cosméticos como esfoliantes). Durante as Cruzadas se observou o uso de cosméticos no Oriente,
que foi posteriormente difundindo na Europa, sendo que os estudos iniciaram na França no século 19, visando
melhores relações custo benefício, e mais recentemente o bem-estar.
A atual definição de cosméticos diz que são preparações constituídas por substâncias naturais ou
sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema capilar, unhas, lábios, órgãos
genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade oral, com objetivo exclusivo ou principal de limpalos, perfumá-los, alterar sua aparência e/ou corrigir odores e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado.
O setor de COSMÉTICO E CUIDADOS PESSOAIS foi responsável por 8% do faturamento líquido da
indústria química brasileira em 2006, estimado em US$ 69,5 bilhões. Existem hoje no Brasil 1.367 empresas
atuando no mercado de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Apenas 15 delas, ou 1,09%, são
de grande porte, com faturamento líquido acima de R$ 100 milhões, e responsáveis por cerca de 72 % do
faturamento do setor. Em termos globais, esta é uma indústria que movimentou US$ 270 Bilhões em 2006.
A utilização de Nanotecnologia tem crescido dentro da indústria cosmética, resultado da convergência de
uma indústria que vive da moda com uma tecnologia que esta se tornando moda. Uma base de dados mantida
por Project of Emerging Technology, uma iniciativa da universidade de Princeton, contou aproximadamente 125
produtos de saúde e beleza e 19 alimentos contendo nanopartículas – daqueles que voluntariamente
identificaram os ingredientes. Nanopartículas, por exemplo, são encontrados em produtos como desodorante,
sabonete, pasta de dente, xampu, condicionador de cabelo, creme anti rugas, bases, pó facial, batom, blush,
sombra, esmalte, perfume e loção pós barba e são vendidos por firmas cosméticas como Revlon, L’Oréal, Estée
Lauder, Proctor and Gamble, Shiseido, Chanel, Beyond Skin Science LLC, Dr Brandt, SkinCeuticals, Dermazone
Solutions e muitas outras. Podemos adicionar neste grupo empresas brasileiras como Natura e Boticário.
Na contramão do desenvolvimento desenfreado, críticos têm visto o mercado crescente da
nanotecnologia como de potencial risco para a saúde e segurança, e estão trabalhando para garantir que a
regulação federal os consiga vigiar. Essas preocupações se devem devido ao uso dos cosméticos e produtos de
cuidado pessoal provocar risco de exposição, uma vez que os produtos são usados diariamente e diretamente na
pele. Eles podem ser inalados ou até ingeridos, e oferece grande risco de toxidez.
O principal dilema dos Nanocosméticos é conforme se diminui o tamanho de partícula até uma escala
nanométrica, se observa um aumento da área superficial. Este fato potencializa todos os efeitos, sejam benéficos
ou tóxicos. O gráfico 1 apresenta o aumento do percentual de moléculas na superfícies em função da redução do
tamanho de partícula, observa-se um aumento drástico para partículas abaixo de 100 nm:
NANOCOSMÉTICOS – QP 434
Alessandra Prando, Juliana Alves e Alvim Jorge
Gráfico 1 – Variação do percentual de moléculas na superfície em função do diâmetro da partícula
Além disso, nanopartículas podem ser mais facilmente absorvidas por membranas biológicas, células,
tecidos e órgãos que as grandes partículas não podem. Uma vez que as nanopartículas estão no corpo e posuem
tamanho compatível com enzimas carregadoras, podem ser facilmente transportadas e atuarem em tecidos
diferentes dos alvos iniciais.
Revisões científicas recentes realizadas por pesquisadores europeus, pela sociedade real britânica e pela
academia real de engenharia têm mostrado potenciais conseqüências de inalação ou absorção de nanopartículas,
que incluem possíveis danos nos tecido (como aumento no estresse oxidativo e produção de citoquinas
inflamatórias), mudanças no DNA e reações anormais do sistema imune. Além disso, uma reportagem recente do
National Nanotechnology Iniciative sobre os riscos da nanotecnologia sugere que algumas nanopartículas podem
se acumular nos tecidos através do tempo, com possíveis efeitos tóxicos. Deve-se então tomar o devido cuidado
para evitar o erro cometido no passado com os asbestos, que inicialmente considerados inofensivos, foram
condenados por causar diversos tipos doenças.
O outro lado da moeda do desenvolvimento de Nanocosméticos é a possibilidade de atingir diversos
benefícios superiores com relação aos cosméticos convencionais. Alguns exemplos já estão na prateleira: Apagard
a pasta de dente que acabará com a ida ao dentista, repara o dente e remove a placa utilizando uma
nanopartícula de HidroxiApatita; a nova linha Prevage reduz as rugas já existentes devido ao sistema de
nanocapsulas ou então o protetor solar que permite maior proteção devido a nanopartículas de Óxido de Titânio.
Estes são apenas alguns exemplos do potencial que a Nanotecnologia pode agregar aos Cosméticos.
Os Nanocosméticos já estão revolucionando a vidas dos usuários, tornando-as mais práticas, mais jovens,
a um custo mais baixo, e até o momento com algumas incertezas quanto aos riscos toxicológicos.