Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro Estudo 1

Transcrição

Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro Estudo 1
Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro
Estudo 1 – A Revelação de Deus
João 1, 1-51
Elaborado por Ana Maria Suman Gomes
[email protected].
Diante de nós, mais uma vez, o Evangelho
de João. Alguns testemunhos sobre este
importante livro foram classificados pelo
Dr. W. C. Taylor, teólogo, professor e
personagem que atuou como missionário
em nosso País. São alguns: para Orígenes,
“este evangelho é a consumação dos
Evangelhos, como estes o são de todas as
Escrituras”. Clemente de Alexandria o
considerava “um evangelho espiritual”.
Lutero, assim se expressou: “se um tirano
conseguisse destruir as Escrituras Sagradas
e lhe escapasse um único exemplar da
Epístola Aos Romanos e do Evangelho
segundo João, estaria salvo o cristianismo”.
A.T. Pierson acrescentou: “se Mateus
corresponde à corte de Israel, Marcos à
corte dos sacerdotes e Lucas à corte dos
gentios, João nos conduz para dentro do
Santo dos Santos”. Finalmente, Sir
William Ramsay escreveu: “o quarto
evangelho foi produzido no nível da
eternidade.” E nós, o que temos a dizer
sobre o evangelho que nos ensina tanto a
respeito da divindade de Jesus?
Parte importante e que por si só nos
ocuparia todo o tempo são os dezoito
primeiros versículos, o chamado Prólogo
Joanino. Durante muitos anos, os
pesquisadores entendiam que tal trecho
estava vinculado ao mundo helênico, a
partir de Fílon de Alexandria, dos escritos
herméticos, das influências gnósticas. No
entanto, após as descobertas dos
Manuscritos do Mar Morto, ficou
evidente que mais que qualquer outra
influência, o que alimentou o autor na
busca de uma história sobre Jesus, foram
as Escrituras do Antigo Testamento.
O evangelho começa com um hino ao
Logos, Deus que se encarnou. Com essa
forma de contar a sua história, o autor acena
para a evolução da revelação até então
conhecida, a do monoteísmo unipessoal do
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Antigo Testamento para o monoteísmo
trinitário. A filiação divina de Jesus e a
proclamação da Sua divindade nos
conduzem a Deus como Pai, que se
expressa na tentativa de traduzir o Logos de
Deus: verbo, palavra, razão, idéia ou
imagem e sabedoria.
Jesus é o resplendor da glória do Pai.
Confessar Jesus como o Messias, o Filho de
Deus, é afirmar que Deus é Pai e Filho e
que este Filho eterno se encarnou. Quando
isto aconteceu, cumpriu-se a promessa
divina de habitar no meio do seu povo,
consoante Ex. 25, 8 e Is 7,14.
O autor nos diz que esse Logos estava “no
princípio”, que estava com Deus e que era
Deus. Em João, o Logos é a plena
expressão da mente e coração de Deus
para a redenção do homem. Note que “o
verbo se fez carne” é diferente de “a carne
se fez Verbo”.Esse Verbo, que se fez carne,
foi visto. No versículo 14 lemos que “vimos
a Sua glória”. A glória, vista no Verbo
encarnado, foi a glória revelada a Moisés,
quando o nome “Eu Sou” ecoou nos seus
ouvidos. Agora, conta-nos João, esta glória
foi manifesta na terra, a partir de uma vida
humana, cheia de graça e de verdade.
João Batista desempenhou papel importante
neste início de evangelho. Coube a ele,
apresentar Jesus a seus discípulos.
Enquanto batizava, testemunhou com
clareza e veemência: “Este é aquele que
vem após mim, que é antes de mim, do qual
eu não sou digno de desatar a correia da
alparca.”(v.27). Pouco tempo depois,
acrescentou: “E João testificou, dizendo: Eu
vi o Espírito descer do céu como pomba, e
repousar sobre ele. E eu não o conhecia,
mas o que me mandou a batizar com água,
esse me disse: Sobre aquele que vires
descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse
é o que batiza com o Espírito Santo. E eu
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vi, e tenho testificado que este é o Filho de
Deus.” (v.32-24)
O gesto e o ensinamento de João Batista
atraíram a atenção de dois dos seus
discípulos. Um deles foi André. O outro,
que neste evangelho aparece anônimo,
possivelmente foi João. Aproximaram-se de
Jesus. Ouvem-no perguntar: que buscais?
Que estais procurando? Que quereis ou por
que me buscas? Temos aqui, amados
ouvintes, a primeira palavra de Jesus
historiada por João.
Onde moras? Perguntam. “Vinde e vereis”,
Jesus responde e aqui se utiliza de uma
fórmula comum para entrar na casa de
quem falava. Era freqüente o uso de frases
assim pelos diferentes autores da época. Em
linguagem de hoje, Jesus estava
franqueando a sua casa para que os dois
curiosos a vissem. Entraram, viram e
ficaram com Jesus aquele dia todo.
Notemos que Jesus nunca foi movido por
impaciência evangelizadora. O mundo à sua
volta estava clamando por mudanças e por
paz, mas o nosso Mestre podia ficar o dia
todo com duas pessoas, ensinando-os e
fortalecendo aqueles laços que acabaram de
se formar. Pressa. Palavra que conhecemos
bem. Não temos tempo. Jesus chega e
mostra que educar envolve camaradagem
entre Mestre e discípulo. Nos dizeres do Dr
Taylor, “a urgência de Jesus não é
impaciência, pressa, rapidez. É a
capacidade de chegar ao ponto. Aí ele
parava o tempo conveniente.”
A primeira coisa que André fez após
conhecer Jesus foi buscar seu irmão, para
que este o conhecesse também. André
disse: “Achamos o Messias”. No Antigo
Testamento, este adjetivo era usado para
designar o rei de Israel, o ungido do
Senhor, o sumo-sacerdote e, uma vez no
plural, para os patriarcas no papel de
profeta (Sl 105,15). No início da era cristã,
a expectativa messiânica concentrava-se no
rei. Jesus, no decorrer da sua vida, mostrou
que era profeta, sacerdote e rei.
Não podemos dizer que André sabia o que
dizia, quando usou o termo Messias. Mas
temos absoluta compreensão de que Jesus
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viu exatamente o que seria o seu irmão,
Simão Bay-Yohanan, nome completo pelo
qual era conhecido. Três vezes, lembra
Taylor, vemos, na Escritura, Deus mudar o
nome de pessoas de destaque: Abraão, Jacó
e Pedro.
No dia seguinte, Jesus vai para a Galiléia.
Dirige-se a Filipe: “Segue-me” que tem o
sentido de “e continua a me seguir”. Filipe,
convocado, vai a Natanael e diz: “Havemos
achado aquele de quem Moisés escreveu na
lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de
José.” (v. 45b). Natanael reage: “pode vir
alguma coisa boa de Nazaré?” Estudos
mostram que somente no 4º. Século Nazaré
passou a ter alguma importância, mas são
identificados vestígios de povoação em
Nazaré tão antigos quanto a Idade Meda do
Bronze, entre 2000 e 1550 aC.
Jesus recebe Natanael de coração aberto;
“Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem
não há dolo”. Prestemos atenção em um
detalhe importante: israelita não é
jacobita. A palavra Israel, no primeiro
século, circulava com uma etimologia
popular que significa “o homem que vê
Deus”.
Em alusão a algo conhecido somente a
Natanael, Jesus lhe faz entender que sabia
sobre ele muito mais do que poderia
imaginar. Mouse sugeriu que a frase
“debaixo
da
figueira”
indicava
“conhecimento detalhado de onde uma
pessoa estava e do que fazia”. Talvez fosse
um lugar onde Natanael recentemente
estivera em meditação e onde recebera
alguma impressão espiritual. Crês?
Perguntou-lhe Jesus. “Rabi, tu és o Filho de
Deus; tu és o Rei de Israel.”, responde.
Precisamos terminar, mas não poderíamos
deixar de lado a resposta de Jesus: Você me
chama Filho de Deus e assim me coloca no
topo da escada que chega aos céus. Na
outra extremidade da escada, filho, está o
Filho do Homem. Sou o meio de
comunicação entre o céu e a terra. Sou a
verdadeira escada de Jacó. Torno real a
visão contínua do céu aberto. Seja bemvindo, israelita. Temos muito trabalho pela
frente.
Você também gostaria de seguir a Jesus?
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APOIO BIBLIOGRÁFICO:
ALLEN, Clifton J.(editor) Comentário
Bíblico Broadman vol. 9 .Rio de
Janeiro: JUERP. 2ª. edição. 1987.
BORTOLINI, José. Como ler o
Evangelho de João – O caminho da
vida. São Paulo: Paulus. 7ª. edição
2005.
BRUCE, F.F. João – Introdução e
Comentário. São Paulo: Mundo Cristão.
1987.
CHOURAQUI, André. A Bíblia –
Iohanân (O Evangelho Segundo João).
Rio de Janeiro: Imago. 1997
TAYLOR, W.C. Evangelho de João –
Tradução e Comentário. Volumes I, II e
III. Rio de Janeiro:Casa Publicadora
Batista. 1946.
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