Autora: Eveline Carvalho

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Autora: Eveline Carvalho
.:: Tratamento Fonoaudiológico Precose nas Fissuras
Labiospalatinas
Autora: Eveline Carvalho
Data do Artigo:01/06/2002
TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO PRECOSE NAS FISSURAS
LÁBIOS PALATINAS
O bebê portador de fissuras labiopalatina apresenta uma variedade de
problemas que requerem a atuação de diversos profissionais. Além das
cirurgias que devem ser submetidos, podem vir a apresentar problemas
de fala, audição, dentários, ortodônticos, cosméticos e emocionais.
Assim a família deve ser informada quanto a esses problemas e deve ser
orientada a como lidar com eles, por isso é importante realizar um
trabalho precoce. Hoje, nos permite ver, através de avanços
ultrassonográficos, um feto fissurado ainda na vida ultra-uterina, em
idade gestacional, a partir das 22 semanas.
Por muitos anos o tratamento fonoaudiológico para crianças fissuradas
labiopalatinas foi dirigido apenas à reabilitação. Hoje, tem-se enfatizado
a importância do tratamento precoce, desde a conscientização aos pais,
com a chegada do bebê fissurado, com a amamentação, até o ato
cirúrgico, dando continuidade no pós-cirúrgico.
O primeiro contato com os familiares é de suma importância, pois o
nascimento de um bebê com alterações físicas, desestrutura o equilíbrio
familiar de forma severa.
O tratamento fonoaudiológico precoce é dividido em seis áreas básicas:
alimentação, hábitos, sensibilidade, linguagem e fala, audição,
desenvolvimento neuropsicomotor.
•
Alimentação:
A alimentação o ideal é o aleitamento materno, mas diante da dificuldade da
criança na alimentação ou da mãe em lidar com a situação, freqüentemente
é adotada a mamadeira. O uso de sonda nasogástrica fica restrito a casos
especiais. A postura da alimentação deverá ser totalmente vertical, para
impedir o refluxo nasal e aspiração broncopulmonar. Se optar por
mamadeira, deve-se usar o bico ortodôntico por ter o bulbo mais curto, o
que propicia a anteriorização da língua.
•
Hábitos:
O uso de chupeta é indicado a fim de evitar a instalação de lábios nocivos,
tais como a sucção digital. A chupeta utilizada é a ortodôntica, para
estimular somente a porção anterior da boca, trazendo a língua para uma
posição mais anterior, fornecendo inclusive a fortalecimento muscular.
•
Sensibilidade:
O trabalho de sensibilidade com bebês fissurados deve ser desenvolvido
durante todo o seu primeiro ano de vida, pois é através dela que se
fornecerá meios para obter um controle muscular efetivo. O tratamento
fonoaudiológico precoce visa fornecer os estímulos sensoriais da parte
anterior da cavidade oral a fim de evitar que movimentos compensatórios se
fixem e sejam fortemente engramados centralmente, vindo a influenciar a
aquisição de novas funções, tais como a fala.
•
Linguagem:
O desenvolvimento de linguagem nas crianças portadoras de fissuras
labiopalatina é similar ao de crianças normais no que concerne aos
mecanismos lingüísticos. Entretanto, fatores ambientais, culturais e
emocionais podem influir positiva ou negativamente neste desenvolvimento.
As hostilizações freqüentes a superproteção ou a falta de estimulação por
parte dos familiares são fatores que atuam diretamente na aquisição da
linguagem.
•
Fala:
A fala requer uma base de posições estáveis, aprendidas por todos os órgãos
fonocuticulatórios; e mais requer coordenação de movimentos entre todos
eles. Ela só pode ser produzida por ações motoras polifásicas e seqüenciais
intimamente sincronizadas com a respiração. A avaliação precoce de fala é
importante uma vez que a presença de determinados padrões articulatórios,
a hipernasalidade e as emissões nasais, podem indicar uma inadequado
funcionamento do esfíncter velofaríngico. O diagnóstico precoce destas
inadequações é extremamente importante para que o tratamento
fonoaudiológico seja iniciado o quanto antes para eliminar os movimentos
compensatórios presentes e impedir a instalação de novos padrões errôneos.
•
Audição:Crianças portadoras de fissuras labiopalatinas têm muita tendência
a otites de repetição e a conseqüentes problemas, auditivos. Por isso, mês a
mês, o especialista deve estar atento a audição desses pacientes. A otite
média nas crianças decorrem da exposição da tuba auditiva à entrada de
alimentos, traumas ou agentes infecciosos. Estudos recentes, no entanto
referem de abertura da tuba auditiva, resultando no seu colapso
permanente. Isso deve ao mau funcionamento do músculo tensor do véu
palatino, responsável pelo sistema dilatador da tuba auditiva.
•
Desenvolvimento Neuropsicomotor:
Tendo em vista um atendimento mais global da criança portadora de fissuras
labiopalatina, é necessário conhecer o desenvolvimento neuropsicomotor
normal em seus aspectos principais. Para realização de exames neurológicos
é necessário que o fonoaudiólogo tenha em mente aspectos das diferentes
etapas do desenvolvimento.
ORIENTAÇÕES PRÉ E PÓS-CIRÚRGICAS DAS FISSURAS
LABIOPALATINAS
Orientações das cirurgias os pais devem ser informados sobre: o tipo de
procedimento cirúrgico ao qual o seu filho será submetido; ao tempo de
procedimento; que reações o bebê pode ter no pós-operatório e que
condutas tomar em relação à alimentação e outros cuidados gerais.
O acompanhamento fonoaudiológico não é interrompido durante o
período da realização das cirurgias. Os pais são orientados nesse
momento a cerca das mudanças que deverão ocorrer nos hábitos
alimentares e cuidados gerais com seus filhos
Os cuidados pós-operatórios imediatos envolvem a alimentação, que
deve ser reiniciada tão logo a criança esteja acordada da anestesia,
mantendo dieta líquida e em temperatura ambiente.
A avaliação fonoaudiológica é realizada 30 dias após a queiloplastia,
devendo ser observado o resultado cirúrgico quanto ao aspecto
anatomofuncional: mobilidado, tônus muscular, cicatrizes,
encurtamentos, entalhes ou aderências. A *mãe é orientada quanto às
massagens e exercícios de mobilidade na região da cicatriz do lábio. As
massagens tem por finalidade amenizar a hipertrofia da cicatriz,
proporcionando mobilidade labial e elas são interrompidas quando a
região cicatricial tornar-se mais maleável, sem sinal de hipertrofia,
permitindo a mobilidade labial adequada.
* mãe = Pode-se também ser o “cuidador”, que é a pessoa que está mais próxima ao paciente,
auxiliando o profissional em tarefas simples. Ex.: cuidador: irmão (ã), enfermeiro(a), parentes, pai, etc
..
A avaliação fonoaudiológica pós-palatoplastia é realizada também 30
dias após a cirurgia, observando-se o resultadocirúrgico da reconstrução
anatomofuncional do palato mole, palato duro e arcadas alveolares.
O atendimento precoce por uma equipe multidisciplinar é essencial para
a perfeita reabilitação do indivíduo portador de fissuralabiopalatina e
desta maneira, propicia-se a interação do indivíduo portador de uma
fissura labiopalatina o mais precocemente possível ao ambiente social de
forma plena e satisfatória.
CLASSIFICAÇÃO DAS FISSURAS LABIOPALATINAS
Na literatura mundial encontramos inúmeras classificações. No Brasil, a
mais difundida e utilizada atualmente é a classificação de SPÌNA (1972),
tomando-se por base o forame incisivo:
•
•
•
•
•
Pré-forame incompleta, unilateral direita ou esquerda ou bilateral;
Pré-forame completa, unilateral direita ou esquerda ou bilateral;
Pós-forame completa;
Pós-forame incompleta;
Transforame, unilateral direita ou esquerda ou bilateral.
Encontramos ainda dentro da classificação das fissuras pós-forame, as
fissuras submucosas e submucosas ocultam.
“
Se é importante corrigir as
características anormais da fala do
fissurado palatal em algum tempo nas
vidas de nossos paciente, então é ainda
mais importante fazer isso antes que as
marcas da rejeição ou o sentimento de
anormalidade ou diferença sejam
formados no desenvolvimento de suas
personalidades”.
BIBLIOGRAFIA
ALTMANN, Elisa. Fissuras Labiopalatinas. 4ª ed. ver.ampl.atual.
Carapicuíba-SP, 1997 pg 291 - 325.
CARRGIRÃO, Sérgio; LESSA, Sérgio; ZANINI, Silvio. Tratamento das
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CAMPIOTTO, A.; LEVY, C.; HOLZHEIM, D.; RABINOVICH, K.; VICENTE, L.;
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Otacícilo, Ed. Roca. São Paulo-SP, 1997 pg.: 829 - 834.

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