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Projecto de Transporte Fluvial de Carvão da Riversdale no Rio Zambeze, Moçambique Rascunho do Relatório de EIA Março de 2011 www.erm.com Delivering sustainable solutions in a more competitive world ACRÓNIMOS ACB AIA AID CA CD CES CLO CO CO2 COM dB DD DRIFT DSAT DSD DTS EIA EMA EPDA ERM ETF GAI GLIS Hp Hz IFC IMPACTO IPCC JA km km2 l/s LAT m m3 m3/s MAE Manm Mcm3 MCS MED MICOA MT mtpa Análise Custo-Benefício Avaliação de Impacto Ambiental Área de Influência Directa Caudal Ambiental Chart Datum (Zero Hidrográfico) Corrente Equatorial Sul Corrente de Limite Ocidental Monóxido de Carbono Dióxido de Carbono Corrente Oriental de Madagascar Decibel Documento de Discussão (Documento de Informação do Projecto) Downstream Response to Imposed Flow Transformation (Resposta a Jusante às Transformações de Caudal Impostas) Draga de Sucção Auto-Transportadora Dragas de Sucção com Desagregadores Doenças de Transmissão Sexual Estudo de Impacto Ambiental Escoamento Médio Anual Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito Environmental Resources Management Southern Africa (Pty) Ltd Estação de Transferência Flutuante Gestão Ambiental Integrada US Geological Surveys Global Land Information System Horsepower (cavalos-potência) Hertz (ciclos por segundo) International Finance Corporation Impacto, Projectos e Estudos Ambientais, Lda International Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas Justiça Ambiental Quilómetros Quilómetros quadrados Litros por Segundo Lowest Astronomical Tide (Maré Mínima Astronómica) Metros Metros Cúbicos Metros Cúbicos por Segundo Ministério da Administração Estatal Metros Acima do Nível do Mar Milhões de Metros Cúbicos Matriz de Contabilidade Social Modelo de Elevação Digital Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental Meticais Milhões de Toneladas por Ano NOx OLC OMI PAR PGA PIAs PIB PPP RAIAS RCB RML ROM SADC SASS SIG SO2 STD TdR TPH VP VPL WGS84 WHP WOCE WWF Nitrito (NO2) e Nitrato (NO3) Oficial de Ligação com as Comunidades Organização Marítima Internacional Plano de Acção para Reassentamento Plano de Gestão Ambiental Partes Interessadas e Afectadas Produto Interno Bruto Processo de Participação Pública Relatório de Avaliação de Impacto Ambiental e Social Rácio Custo-Benefício Riversdale Mining Limitada Run of Mine (Material Extraído da Mina ) Southern Africa Development Community (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral ) South African Scoring System (Sistema Sul-africano de Pontuação): Um método de avaliação rápida da qualidade de água, baseado na composição de macroinvertebrados aquáticos Sistema de Informação Geográfica Dióxido de Enxofre Sólidos Totais Dissolvidos Termos de Referência Toneladas por Hora Valor Presente Valor Presente Líquido World Geodetic System 1984 - revised 2004 (Sistema Geodésico Mundial 1984 – revisto em 2004) World Hydrografic Program (Programa Mundial Hidrográfico) World Ocean Circulation Experiment (Experiência Mundial de Circulação Oceânica) World Wildlife Fund (Fundo Mundial da Vida Selvagem) GLOSSÁRIO Águas de lastro: a água de lastro é contida em tanques nos navios para garantir o equilibro do navio. Embarcações sem carga carregam grandes volumes de água de lastro. Aluvião: Solo desagregado ou não consolidado, ou sedimentos erodidos e depositados pela água num ambiente fluvial ou lacustre Alternativa: Possível curso de acção, em substituição de outro, que preencheria os mesmos propósitos e necessidades (da actividade proposta). As alternativas podem, de modo não limitativo, referir a quaisquer uma das seguintes: locais alternativos para implantação do empreendimento, projectos alternativos para um local específico, plantas alternativas do local, projectos executivos alternativos, processos alternativos e materiais alternativos. Aquífero: Definido como uma unidade geológica saturada que é suficientemente permeável para produzir quantidades económicas de água para poços. Avaliação Ambiental: O termo genérico para todas as formas de avaliação ambiental para projectos, planos, programas ou políticas. Isto inclui métodos/ferramentas tais como avaliação de impacto ambiental, avaliação ambiental estratégica, avaliação de sustentabilidade e avaliação de risco. Barcaça: um barco longo e largo, normalmente de fundo plano, para transportar carga. Normalmente este não é motorizado e é rebocado ou empurrado por outra embarcação. Bentônico: conjunto de seres vivos que habitam o fundo de cursos ou corpos de água. Biodiversidade: Os atributos estruturais, funcionais e de composição de uma área, que variam desde os genes à componente vegetativa das paisagens. Biótopo: O local onde habita um determinado grupo de organismos. Caudal de base: O caudal de base corresponde à componente de águas subterrâneas que contribui para os caudais dos cursos de água superficiais. Definição do âmbito: O processo para determinar os limites espaciais e temporais (i.e. a extensão) e os aspectos chave que devem ser abordados na avaliação ambiental. O principal objectivo da definição de âmbito é centrar a avaliação de impacto numa série de questões capazes de serem geridas e importantes. A definição de âmbito garante também que só serão examinados os aspectos significativos e as alternativas razoáveis. Descarga: Velocidade do caudal em metros cúbicos por segundo. Dragagem: Actividade de escavação associada às áreas marítimas rasas ou canais naturais. Endémico: Que ocorre naturalmente num local específico. Estuário: Um corpo de água costeiro, parcialmente fechado, com um ou mais riachos ou rios fluindo na sua direcção e com uma ligação aberta para o mar. Exótico: Introduzido de outro local: não é endémico nem indígena. Grupo Taxionómico Indicador: Grupo taxionómico que é usualmente associado com e característico de tipos específicos de habitats. Habitat: Uma área ecológica ou do meio ambiente que é habitada por uma espécie particular ou que suporta um comunidade típica de espécies. Habitat Natural: áreas terrestres e aquáticas onde (i) as comunidades biológicas do ecossistema são formadas, na sua maioria, por espécies nativas de plantas e animais, e (ii) a actividade humana não modificou essencialmente as funções ecológicas primárias da área. Todos os habitats naturais possuem uma importância biológica, social e económica e um valor existencial. Impacto: Os efeitos positivos ou negativos no bem-estar humano e/ou no meio ambiente. Macroinvertebrados: Invertebrados com dimensões superiores a 1mm. Isto exclui a maior parte do zooplâncton. Meio Ambiente: O ambiente no qual existem os humanos e que é composto por: i. ii. iii. iv. O terreno, a água e a atmosfera do Planeta Terra; Microrganismos, plantas e vida animal; Qualquer combinação de (i) e (ii) e as interrelações entre estes; e As propriedades físicas, químicas, estéticas e culturais e as condições de tais propriedades que influenciam a saúde e bem-estar humanos. Isto inclui as circunstâncias, condições e objectos económicos, sociais, culturais, históricos e políticos, que afectam a existência e o desenvolvimento de um indivíduo, organismo ou grupo. Mitigação: A implementação de medidas práticas para reduzir os impactos adversos ou incrementar os impactos benéficos de uma acção. Pântanos salgados: Um meio ambiente na parte alta das zonas de entre marés da costa, entre a terra e a água salgada (salobra), dominada por canteiros densos de plantas halofítcas, tais como ervas, capins e arbustos baixos. Partes Interessadas e Afectadas: Indivíduos, comunidades ou grupos, para além do proponente ou das autoridades, cujos interesses podem ser, positivamente ou negativamente, afectados pelo projecto ou actividade e /ou que têm preocupações relativamente ao projecto ou actividade e respectivas consequências. Permeabilidade: É uma medida do material poroso (usualmente uma rocha ou material não consolidado) para transmitir fluidos. Processo de Participação Pública: O processo de consulta entre as partes interessadas e afectadas (o proponente, autoridades e outros intervenientes) durante a planificação, avaliação e implementação e/ou gestão dos projectos ou actividades. Proponente: a Riversdale, que submeteu o pedido para uma licença ambiental nos termos da legislação ambiental relevante. Salinidade: A salinidade refere-se ao conteúdo de sais dissolvidos nas águas marítimas. Significância: a significância engloba a magnitude e significância do impacto. A magnitude do impacto trata-se de uma mudança mensurável (i.e. intensidade, duração e probabilidade de ocorrência). A significância do impacto é o valor atribuído à mudança por diferentes partes afectadas (i.e. nível de significância e aceitação). Trata-se de um conceito antropogénico, que faz uso de juízos de valor e critérios científicos (i.e. biofísicos, sociais e económicos). Sólidos Suspensos: os sólidos suspensos referem-se a partículas inorgânicas e à matéria orgânica que se encontram em suspensão na coluna de água. A presença de sólidos suspensos é normalmente atribuída a uma redução na limpidez da água, i.e. penetração de luz ou visibilidade. Thalweg: trajectória do caudal longitudinal ligando as zonas mais profundas do leito do rio. Transmissívidade: a transmissívidade é uma medida da quantidade de água que pode ser transmitida horizontalmente, como por exemplo para um poço de bombagem (medido em m2/dia). Turbidez: A turbidez é causada por suspensões coloidais (tamanho de partículas entres 0.001 µm e 0.1 µm) que normalmente criam uma aparência ‘turva’, enquanto que a cor é causada por substâncias que dissolvem na água e em resultado a cor da água muda. Tanto a turbidez e a cor, em conjunto com os sólidos suspensos, influenciam a limpidez da água, i.e. a profundidade de penetração da luz ou a visibilidade na água. ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO 12 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 OBJECTIVO DESTE RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL ANTECEDENTES DO PROJECTO NECESSIDADE E OBJECTIVO DO PROJECTO PROPOSTO PRESSUPOSTOS E LIMITAÇÕES ESTRUTURA DO RELATÓRIO REFERÊNCIA CRUZADA DAS QUESTÕES COLOCADAS 12 12 12 13 16 16 2 ABORDAGEM DA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL (AIA) 52 2.1 2.2 2.3 2.4 2.4.1 2.4.2 2.4.3 2.5 2.6 2.6.1 2.6.2 2.6.3 ABORDAGEM DA AIA O PROCESSO DA AIA FASE 1: REGISTO DO PROJECTO FASE 2: FASE DO EPDA Recolha Preliminar de Dados de Base Consulta das partes interessadas durante a fase do EPDA Relatório do EPDA FASE 2: ESTUDOS ESPECIALIZADOS FASE 3: FASE DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO Consulta às PI&As durante a fase de Avaliação de Impacto Metodologia da Avaliação de Impacto Relatório da AIA e o PGA 52 52 54 54 54 55 56 57 58 58 59 60 3 ENQUADRAMENTO LEGAL E DIRECTRIZES INTERNACIONAIS 61 3.1 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 3.3 3.3.1 3.3.2 3.3.3 3.4 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.4.4 3.4.5 INTRODUÇÃO QUADRO LEGAL INTERNACIONAL E REGIONAL Convenções Ambientais Internacionais Convenções Marítimas Internacionais Protocolos Regionais QUADRO LEGAL NACIONAL Gestão Ambiental Avaliação de Impacto Ambiental Outros Regulamentos de Interesse para a Gestão Ambiental RECURSOS HÍDRICOS Pescas Terras Florestas e Fauna Bravia A Lei do Mar Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro DIRECTRIZES INTERNACIONAIS DE BOAS PRÁTICAS Princípios do Equador Padrões de Desempenho da Corporação Financeira Internacional 61 61 61 63 65 66 66 67 68 69 70 70 71 71 3.5 3.5.1 3.5.2 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT 73 75 75 76 RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 1 4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO 4.1 4.2 4.3 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 4.5 4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.5.4 4.5.5 4.5.6 4.6 4.6.1 4.6.2 4.6.3 4.7 4.7.1 4.7.2 4.7.3 4.7.4 4.7.5 VISÃO GERAL ALTURA DE REFERÊNCIA DO RIO PARA A DRAGAGEM MOTIVAÇÃO PARA PROJECTO DESCRIÇÃO DO PROJECTO Fase de Construção Construção de Infra-estruturas Ancoragem da Plataforma de Transbordo ACTIVIDADESOPERACIONAIS Carregamento das Barcaças Montagem do Comboio Fluvial Transporte fluvial do Carvão em Barcaças pelo Rio Zambeze abaixo Operações em Chinde Carregamento de carvão no alto marpara exportação para o estrangeiro Dragagem de Manutenção CENÁRIOS DE OPERAÇÃO DO PROJECTO Construção e Operação de Barragens no Rio Condições de Emergência e Adversas MudançasClimáticas ALTERNATIVAS DO PROJECTO Rotas Alternativas Alternativas de Configuração Alternativas Tecnológicas Alternativas do processo Alternativa de Não Prosseguir 5 AMBIENTE BIOFÍSICO RECEPTOR 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.5.1 CLIMA 94 SISTEMAS METEOROLÓGICOS 95 OCEANOGRAFIA FÍSICA 97 SOLOS 98 PRINCIPAISTIPOS DE VEGETAÇÃO NA BACIA DO ZAMBEZE DE TETE A CHINDE 99 Savana arbórea seca – Prado húmido – Floresta-galeria – Mosaico de flora aquática de aluviões e deltas de grandes rios (terras baixas, sublitoral) 99 Savana arbustiva decídua seca precoce (terras baixas) 99 Floresta de savana decídua secaprecoce(terras baixas) 100 Floresta de Savana de Miombo Decídua 100 Mata e floresta litoral de dunas recentes 100 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SISTEMA DO RIO ZAMBEZE 103 Aquíferos do Rio Zambeze 106 Hidrologia 107 Qualidade da Água e Turbidez 107 Transporte de Sedimentos 111 Geologia e geomorfologia do Rio Zambeze 111 BIOTA AQUÁTICA E RIPÁRIA 112 Fauna 112 Macrofauna 115 Avifauna 116 5.5.2 5.5.3 5.5.4 5.5.5 5.6 5.6.1 5.6.2 5.6.3 5.6.4 5.6.5 5.7 5.7.1 5.7.2 5.7.3 78 78 84 85 86 86 92 99 101 101 101 75 78 79 80 82 82 85 90 91 91 91 92 93 93 94 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 2 5.7.4 5.8 5.8.1 5.8.2 5.8.3 5.8.4 5.8.5 5.8.6 5.8.7 5.8.8 5.9 5.9.1 5.9.2 5.9.3 5.9.4 5.9.5 5.9.6 5.10 5.10.1 5.10.2 Habitats e Vegetação Ripárias BIOTA ESTUARINA E MARINHA DO DELTA DO ZAMBEZE O Delta Estuários Mangais e comunidades associadas Pântanos Salgados Comunidades das Dunas Costeiras Banco de Sofala Fauna Marinhae Estuarina Conservação no Delta e no Ambiente Marinho CARACTERÍSTICASFÍSICAS MARINHAS E ESTUARINAS Batimétriana Zona Marítima Marés Salinidade Velocidade das marés Ondas Vento CARACTERÍSTICAS DO LITORAL Foz do Rio Avaliação das Mudanças do Litoral 117 119 119 120 121 122 122 122 124 127 130 130 130 131 131 132 133 134 134 134 6 AMBIENTE RECEPTOR SOCIOECONÓMICO 136 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.6.1 6.6.2 6.6.3 6.7 6.8 6.9 6.9.1 6.9.2 6.9.3 6.9.4 VISÃO GERAL ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRECTADO PROJECTO CONTEXTO ADMINISTRATIVO CONTEXTO ECONÓMICO AGRICULTURA E PECUÁRIA PESCA Aldeias de Pescadores Métodos de Pesca Capturas e lucros POTENCIAL DE TURISMO NA ÁREA DE ESTUDO TRÁFEGO FLUVIAL LOCAL USO DE RECURSOS NATURAIS Floresta de mangal Árvores Ribeirinhas Pântanos de Caniço e Papiro Savana de palma 136 137 137 139 140 141 142 142 144 144 148 149 149 149 149 149 7 IMPACTOS BIOFÍSICOS 151 7.1 7.2 7.3 7.3.1 7.3.2 7.3.3 7.3.4 7.3.5 INTRODUÇÃO PRINCIPAIS ACTIVIDADES DO PROJECTO SUMÁRIO DO ESTUDO DE FLUXO AMBIENTAL Cenários Avaliados Área e Extensão do Estudo Ecoclassificação Mudanças Previstas ao Ambiente Fluvial Trecho 1 de Estudo: Efeitos em Indicadores Biofísicos Individuais 151 151 151 152 152 153 154 155 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 3 7.3.6 7.3.7 7.3.8 7.3.9 7.4 7.4.1 7.4.2 7.4.3 7.5 7.5.1 7.5.2 7.5.3 7.6 7.6.1 7.6.2 7.6.3 7.7 7.7.1 7.7.2 7.7.3 7.8 7.8.1 7.8.2 7.8.3 7.9 7.9.1 7.9.2 7.9.3 7.10 7.10.1 7.10.2 7.10.3 7.11 7.11.1 7.11.2 7.11.3 7.12 7.12.1 7.12.2 7.13 7.13.1 7.13.2 7.13.3 7.14 7.14.1 Trecho de Estudo 2: Efeitos nos Indicadores Biofísicos Individuais 156 Trecho 3 de Estudo: Efeitos nos Indicadores Biofísicos Individuais 157 Efeitos sobre a Condição Geral do Habitat 158 Conclusões 158 IMPACTOS DA DRAGAGEM E DA DEPOSIÇÃO DOS SEDIMENTOS DRAGADOS NO DELTA DO ZAMBEZE E NAS TERRAS HÚMIDAS DE RAMSAR 158 Avaliação do Impacto 158 Mitigação 159 Impacto Residual 159 IMPACTO DA DRAGAGEM E DEPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO NO HABITAT BENTÔNICO 160 Avaliação do Impacto 160 Mitigação 161 Impacto Residual 161 IMPACTO DE DERRAMAMENTO ROTINEIRO DE CARVÃO NOS INVERTEBRADOS AQUÁTICOS 162 Avaliação do Impacto 162 Medidas de Mitigação 162 Impacto Residual 163 IMPACTO DE DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEL NOS INVERTEBRADOS AQUÁTICOS 163 Avaliação do Impacto 163 Medidas de Mitigação 164 Impacto Residual 164 IMPACTO DO COLAPSO DAS MARGENS NOS INVERTEBRADOS AQUÁTICOS 165 Avaliação do Impacto 165 Medidas de Mitigação 166 Impacto Residual 167 IMPACTO DA DRAGAGEM NA TURBIDEZ E NOS PEIXES 167 Avaliação do Impacto 167 Medidas de Mitigação 168 Impacto Residual 168 IMPACTO DO DERRAMAMENTO ACIDENTAL DE COMBUSTÍVEL NOS PEIXES 169 Avaliação do Impacto 169 Mitigação 170 Impacto Residual 171 IMPACTO DO DERRAMAMENTO ACIDENTAL DE CARVÃO NOS PEIXES 172 Avaliação do Impacto 172 Mitigação 172 Impacto Residual 172 IMPACTO DAS ALTERAÇÕES NA HIDROLOGIA E PADRÃO DAS INUNDAÇÕES NOS PEIXES 173 Mitigação 174 Impacto Residual 174 IMPACTO DA DRAGAGEM EM LESÕES NOS PEIXES 175 Avaliação do Impacto 175 Medidas de Mitigação 175 Impacto Residual 175 IMPACTO DA DRAGAGEM NAS CLASSES DE PROFUNDIDADE 176 Avaliação de Impacto 176 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 4 7.14.2 7.14.3 7.15 7.15.1 7.15.2 7.15.3 7.16 7.16.1 7.16.2 7.16.3 7.17 7.17.1 7.17.2 7.17.3 7.18 7.18.1 7.18.2 7.18.3 7.19 7.19.1 7.19.2 7.19.3 7.20 7.20.1 7.20.2 7.20.3 7.21 7.21.1 7.21.2 7.21.3 7.22 7.22.1 7.22.2 7.22.3 7.23 7.23.1 7.23.2 7.23.3 7.24 7.24.1 7.24.2 7.24.3 Medidas de Mitigação 177 Impacto Residual 177 IMPACTO DAS INSTALAÇÕES TERRESTRES DE BENGA NA ECOLOGIA E HABITAT TERRESTRES 178 Avaliação de Impacto 178 Medidas de Mitigação 178 Impacto Residual 180 IMPACTO DAS INSTALAÇÕES TERRESTRES DO CHINDE NOS MANGAIS 181 Avaliação de Impacto 181 Medidas de Mitigação 182 Impacto Residual 184 PERTURBAÇÃO NOS HABITATS RIPÁRIOS DEVIDO À DRAGAGEM E DEPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO 185 Avaliação do Impacto 185 Medidas de Mitigação 185 Impacto Residual 185 IMPACTO DOS DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEL NOS HABITATS RIPÁRIOS 186 Avaliação de Impacto 186 Medidas de Mitigação 187 Impacto Residual 188 AUMENTO NA TAXA DE EROSÃO DOS HABITATS RIPÁRIOS DEVIDO AO EFEITO DE ONDULAÇÃO CAUSADO PELAS BARCAÇAS E REBOCADORES 189 Avaliação do Impacto 189 Medidas de Mitigação 190 Impacto Residual 191 MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO DOS HIPOPÓTAMOS E AUMENTO DE CONFLITOS HOMEM-ANIMAL 191 Avaliação do Impacto 191 Medidas de Mitigação 192 Impacto Residual 193 IMPACTO DO TRÁFEGO HUMANO E DE VEÍCULOS NO HABITAT DE PÂNTANOS SALGADOS 193 Avaliação do Impacto 193 Mitigação 194 Impacto Residual 194 IMPACTO DO RUÍDO NO RIO E NA FAUNA ESTUARINA 195 Avaliação de Impacto 195 Mitigação 196 Impacto Residual 197 IMPACTO DA DRAGAGEM NO BANCO DE AREIA DA ZONA MARÍTIMA NOS ORGANISMOS BÊNTICOS DO FUNDO DO MAR 197 Avaliação do Impacto 197 Medidas de Mitigação 198 Impacto Residual 198 IMPACTO DA DRAGAGEM NO BANCO DE AREIA DA ZONA MARÍTIMA NA QUALIDADE DA ÁGUA SALGADA 198 Avaliação do Impacto 198 Medidas de Mitigação 199 Impacto Residual 199 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 5 7.25 7.25.1 7.25.2 7.25.3 7.26 7.26.1 7.26.2 7.26.3 7.27 7.27.1 7.27.2 7.27.3 7.28 7.28.1 7.28.2 7.28.3 7.29 7.29.1 7.29.2 7.29.3 7.30 7.30.1 7.30.2 7.30.3 7.31 7.31.1 7.31.2 7.31.3 7.32 7.32.1 7.32.2 7.32.3 7.33 7.33.1 7.33.2 7.33.3 7.34 7.34.1 7.34.2 7.34.3 IMPACTO DA ANCORAGEM DE PLATAFORMAS DE TRANSBORDO E NAVIOS TRANSOCEÂNICOS NO LEITO MARÍTIMO DO BANCO DE SOFALA 200 Avaliação do Impacto 200 Medidas de Mitigação 200 Impacto Residual 200 IMPACTO DA POEIRA DE CARVÃO NA VEGETAÇÃO E QUALIDADE DE ÁGUA NO ESTUÁRIO 201 Avaliação de Impacto 201 Medidas de Mitigação 203 Impacto Residual 203 IMPACTO DO DERRAMAMENTO OPERACIONAL DE CARVÃO NO AMBIENTE ESTUARINO 204 Avaliação do Impacto 204 Medidas de Mitigação 204 Impacto Residual 205 IMPACTO DAS POEIRAS DE CARVÃO E DO DERRAMAMENTO OPERACIONAL DE CARVÃO NO AMBIENTE MARINHO 206 Avaliação do Impacto 206 Medidas de Mitigação 206 Impacto Residual 207 IMPACTO DE DESCARGAS OPERACIONAIS DE NAVIOS OCEÂNICOS NO AMBIENTE MARINHO E ESTUARINO 208 Avaliação do Impacto 208 Medidas de Mitigação 209 Impacto Residual 210 IMPACTO DE DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEL DURANTE TRANSFERÊNCIAS DE COMBUSTÍVEL 211 Avaliação de Impacto 211 Medidas de Mitigação 211 Impacto Residual 212 IMPACTO DAS DESCARGAS DE ÁGUA DE LASTRO NO AMBIENTE MARINHO 213 Avaliação de Impacto 213 Medidas de Mitigação 215 Impacto Residual 215 IMPACTO DE ENCALHES E/OU COLISÕES DE BARCAÇAS E /OU REBOCADORES NO RIO 216 Avaliação do Impacto 216 Medidas de Mitigação 217 Impacto Residual 217 IMPACTO DE COLISÕES DE BARCAÇAS E/OU REBOCADORES NO AMBIENTE MARINHO 218 Avaliação de Impacto 218 Medidas de Mitigação 220 Impacto Residual 220 IMPACTO DA INTRUSÃO DA SALINIDADE NO ESTUÁRIO DEVIDO À DRAGAGEM DO BANCO DE AREIA DA ZONA MARÍTIMA 221 Avaliação do Impacto 221 Medidas de Mitigação 221 Impacto Residual 221 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 6 7.35 7.43.1 7.43.2 7.43.3 IMPACTO DA DRAGAGEM DO BANCO DE AREIA DA ZONA MARÍTIMA NA DINÂMICA DOS SEDIMENTOS DE DERIVA LITORÂNEA E NA EROSÃO DA PRAIA 222 Avaliação do Impacto 222 Medidas de Mitigação 223 Impacto Residual 223 IMPACTO DAS INSTALAÇÕES EM TERRA FIRME NOS HABITATS DAS AVES 224 Avaliação de Impacto 224 Medidas de Mitigação 224 Impacto Residual 225 IMPACTO DO RUÍDO NAS AVES 226 Avaliação do Impacto 226 Medidas de Mitigação 226 Impacto Residual 227 IMPACTO DE DISTÚRBIOS NOS HABITATS DE AVES NAS ILHAS DEVIDO À DRAGAGEM 227 Avaliação de Impacto 227 Medidas de Mitigação 228 Impacto Residual 228 IMPACTO DOS DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEL NAS AVES E SEUS HABITATS 229 Avaliação de Impacto 229 Medidas de Mitigação 230 Impacto Residual 231 IMPACTO DA CAÇA DE AVES PELOS TRABALHADORES DURANTE AS FASES DE CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO 231 Avaliação de Impacto 231 Medidas de Mitigação 232 Impacto Residual 232 IMPACTO DA DEPOSIÇÃO DE MATERIAL DRAGADO NOS EFLUENTES DE CAUDAL ALTO E NA ALIMENTAÇÃO E NIDIFICAÇÃO DE AVES 233 Avaliação de Impacto 233 Medidas de Mitigação 233 Impacto Residual 233 IMPACTO DA DRAGAGEM NAS FONTES DE ALIMENTO DAS AVES 234 Avaliação do Impacto 234 Medidas de Mitigação 235 Impacto Residual 235 CONSIDERAÇÕES DO IMPACTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO PARQUE NACIONAL DE GORONGOZA 235 Avaliação do Impacto 235 Medidas de Mitigação 236 Impacto Residual 237 8 IMPACTOS SOCIAIS E ECONÓMICOS 239 8.1 8.2 8.3 INTRODUÇÃO PRINCIPAIS ACTIVIDADES DO PROJECTO IMPACTO DO PROJECTO NA SOCIEDADE MOÇAMBICANA (ANÁLISE CUSTOBENEFÍCIO) Avaliação de Impactos 239 239 7.35.1 7.35.2 7.35.3 7.36 7.36.1 7.36.2 7.36.3 7.37 7.37.1 7.37.2 7.37.3 7.38 7.38.1 7.38.2 7.38.3 7.39 7.39.1 7.39.2 7.39.3 7.40 7.40.1 7.40.2 7.40.3 7.41 7.41.1 7.41.2 7.41.3 7.42 7.42.1 7.42.2 7.42.3 7.43 8.3.1 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT 239 239 RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 7 8.3.2 8.3.3 8.4 8.4.1 8.4.2 8.4.3 8.5 8.5.1 8.5.2 8.5.3 8.6 8.6.1 8.6.2 8.6.3 8.7 8.7.1 8.7.2 8.7.3 8.8 8.8.1 8.8.2 8.8.3 8.9 8.9.1 8.9.2 8.9.3 8.10 8.10.1 8.10.2 8.10.3 8.11 8.11.1 8.11.2 8.11.3 8.12 8.12.1 8.12.2 8.12.3 8.13 8.13.1 8.13.2 8.13.3 8.14 8.14.1 Medidas de Melhoramento 240 Impacto Residual 241 IMPACTO DO PROJECTO NA MACROECONOMIA (ANÁLISE MACROECONÓMICA)241 Avaliação dos Impactos 241 Medidas de Melhoramento 245 Impacto Residual 245 IMPACTO DO RUÍDO DO TRANSPORTE FLUVIAL EM BARCAÇAS NAS COMUNIDADES DAS MARGENS DO RIO 245 Avaliação do Impacto 245 Medidas de Mitigação 246 Impacto Residual 247 IMPACTO DO RUÍDO DA DRAGAGEM NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS 247 Avaliação de Impacto 247 Medidas de Mitigação 248 Impacto Residual 248 IMPACTO DE RUÍDO NO PONTO DE CARREGAMENTO EM BENGA 249 Avaliação dos Impactos 249 Medidas de Mitigação 250 Impacto Residual 251 IMPACTO DE RUÍDO NA PONTE DONA ANA 251 Avaliação de Impacto 251 Medidas de Mitigação 253 Impacto Residual 254 IMPACTO DE RUÍDO NO CHINDE 254 Avaliação de Impactos 254 Medidas de Mitigação 256 Impacto Residual 256 IMPACTO DA DRAGAGEM NAS ACTIVIDADES DA PESCA ARTESANAL E SEMIINDUSTRIAL NO RIO 257 Avaliação de Impactos 257 Medidas de Mitigação 257 Impacto Residual 258 IMPACTO DAS OPERAÇÕES DE TRANSPORTE EM BARCAÇAS NAS ACTIVIDADES DA PESCA ARTESANAL E SEMI-INDUSTRIAL 258 Avaliação de Impacto 258 Medidas de Mitigação 259 Impacto Residual 259 IMPACTO DAS ZONAS DE EXCLUSÃO PARA EFEITOS DE SEGURANÇA NA PESCA ARTESANAL NO CHINDE 260 Avaliação de Impacto 260 Medidas de Mitigação 260 Impacto Residual 261 IMPACTO DA ZONA DE EXCLUSÃO PAR EFEITOS DE SEGURANÇA NA PESCA SEMIINDUSTRIAL E INDUSTRIAL NA ZONA MARÍTIMA 261 Avaliação de Impacto 261 Medidas de Mitigação 262 Impacto Residual 262 IMPACTO DAS MUDANÇAS DOS NÍVEIS DE ÁGUA NA ACTIVIDADE AGRÍCOLA NAS MARGENS DO RIO E ILHAS 263 Avaliação de Impacto 263 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 8 8.14.2 8.14.3 8.15 8.15.1 8.15.2 8.15.3 8.16 8.16.1 8.16.2 8.16.3 8.17 8.17.1 8.17.2 8.17.3 8.18 8.18.1 8.18.2 8.18.3 8.19 8.19.1 8.19.2 8.19.3 8.20 8.20.1 8.20.2 8.20.3 8.21 8.21.1 8.21.2 8.22 8.22.1 8.22.2 8.22.3 8.23 8.23.1 8.23.2 8.23.3 8.24 8.24.1 8.24.2 8.24.3 8.25 8.25.1 Medidas de Mitigação 264 Impacto Residual 264 IMPACTO DO TRANSPORTE EM BARCAÇAS NA SEGURANÇA NO RIO 264 Avaliação do Impacto 264 Medidas de Mitigação 265 Impacto Residual 265 IMPACTO DA ONDULAÇÃO CAUSADA PELO MOVIMENTO DOS COMBOIOS DE BARCAÇAS NAS ACTIVIDADES NAS MARGENS DO RIO (LAVAGEM, TOMAR BANHO, COLECTA DE ÁGUA) 266 Avaliação de Impacto 266 Medidas de Mitigação 266 Impacto Residual 267 IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEIS NAS ACTIVIDADES NAS MARGENS DO RIO (LAVAGEM, TOMAR BANHO E COLECTA DE ÁGUA) 268 Avaliação de Impactos 268 Medidas de Mitigação 268 Impacto Residual 269 IMPACTO NA SAÚDE DA COMUNIDADE 269 Avaliação de Impactos 269 Medidas de Mitigação 270 Impacto Residual 270 IMPACTO NO AUMENTO DE MALES SOCIAIS (CRIME, PROSTITUIÇÃO) NA POPULAÇÃO DO CHINDE 271 Avaliação de Impactos 271 Medidas de Mitigação 271 Impacto residual 271 IMPACTO DO PROJECTO NA INFRA-ESTRUTURA SOCIAL DO CHINDE 272 Avaliação de Impactos 272 Medidas de Mitigação 272 Impacto Residual 273 IMPACTO DA PERDA POTENCIAL DE PROPRIEDADE EM BENGA E NA MARGEM NORTE NO CHINDE 273 Medidas de Mitigação 274 Impacto Residual 274 IMPACTO DAS OPERAÇÕES DE TRANSPORTE POR BARCAÇAS NA SENSAÇÃO DE FAMILIARIDADE COM O LOCAL (SENSE OF PLACE) 275 Avaliação de Impactos 275 Medidas de Mitigação 275 Impacto Residual 275 IMPACTO DO PROJECTO NO POTENCIAL PARA O TURISMO NO RIO 276 Avaliação de Impactos 276 Medidas de Mitigação 277 Impacto Residual 277 IMPACTO DO PROJECTO NA CRIAÇÃO DE EMPREGOS DIRECTOS 277 Avaliação de Impactos 277 Medidas de Melhoramento 278 Impacto Residual 278 IMPACTOS DA TRANSFERÊNCIA DE COMPETÊNCIAS NOS MOÇAMBICANOS LOCAIS279 Avaliação de Impactos 279 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 9 8.25.2 8.25.3 8.26 8.26.1 8.26.2 8.26.3 8.27 8.27.1 8.27.2 8.27.3 Medidas de Melhoramento Impacto Residual IMPACTO DE PROCUREMENT LOCAL EM BENGA, MUTARARA E CHINDE Avaliação de Impactos Medidas de Melhoramento Impacto Residual IMPACTO DA CRIAÇÃO DO CANAL NAVEGÁVEL NAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS E CRIAÇÃO DE EMPREGOS INDIRECTOS Avaliação de Impactos Medidas de Melhoramento Impacto Residual 281 281 282 282 9 IMPACTOS CUMULATIVOS 284 10 QUADRO DO PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL E SOCIAL 289 10.1 10.1.1 10.1.2 10.2 10.2.1 10.2.2 10.2.3 10.2.4 10.3 10.3.1 10.3.2 10.3.3 10.3.4 10.3.5 10.3.6 VISÃO GERAL E ÂMBITO Introdução Âmbito ORGANIZAÇÃODA GESTÃO AMBIENTAL Formação e Sensibilização Comunicação Preparação e Resposta a Emergências Gestão de Alterações nas Actividades do Projecto VERIFICAÇÃO E ACÇÃO CORRECTIVA Introdução Inspecção Monitoria Auditoria Acção Correctiva Relatórios 289 289 289 289 290 291 291 292 293 293 293 293 293 294 294 11 CONCLUSÕES 296 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT 279 279 280 280 280 281 RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 10 ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS Figura 1.1 Mapa da região 15 Figura 2.1 Fluxograma do Processo da AIA 53 Figura4.1 Mapa da Região 80 Figura4.2 Nível de Água em Tete desde 2000 85 Figura4.3 Exemplos de operações de dragagem noutras partes do mundo 91 Figura4.4 Exemplo da Instalação de Carregamento de Barcaças 92 Figura4.5 Plano esquemático dos Pontos de Atracagem e Instalações de Apoio no Ponto de Carregamento 94 Figura4.6 Plano Esquemático dos pontos de atracagem na ponte Dona Ana 95 Figura4.7 Plano Esquemático indicativo das instalações de apoio em Chinde 96 Figura4.8 Plano Esquemático dos pontos de atracagem em Chinde 97 Figura4.9 Localização da Plataforma de Transbordo 100 Figura4.10 Ponto de Carregamento em Benga 102 Figura4.11 Uma barcaça típica usada no transporte de carvão 78 Figura4.12 Exemplo de uma Operação de Transbordo 80 Figura5.1 Precipitação Média Anual da Bacia do Zambeze 94 Figura 5.2 Frequência de ciclones que atingiram a zona da África Austral nos últimos 75 anos 96 Figura 5.3 Estação de ciclones 2006/2007 –Trajectórias completas (da Meteo France) 96 Figura 5.4 Padrões de circulação no Canal de Moçambique 98 Figura 5.5 Principais Tipos de Vegetação ao longo do Rio Zambeze 102 Figura 5.6 Bacia do Rio Zambeze 103 Figura 5.7 Exemplo de um Curso de Água Entrelaçado 105 Figura 5.8 Localização dos hipopótamos encontrados durante o estudo de campo 115 Figura 5.9 Extensão dos Mangais 122 Figura 5.10 Áreas Protegidas 129 Figura 5.11 Elevações de maré previstas em Chinde para 2010 130 Figura 5.12 Gráfico da rosa-das-ondas a partir de dados disponíveis da zona marítima (NCEP, 2010) 133 Figura 5.13 Rosa-dos-ventos dos dados NCEP para a parte marítima de Chinde 134 Figura 5.14 Localização da vegetação, canal principal e bancos de areia a partir da análise histórica de fotografias áreas (UTM Zona 37S) 135 Figure 6.1 Acomodação e Alojamentos 146 Figura 7.1 Trechos de Estudo do Estudo de Fluxo Ambiental 153 Figura 7.2 Atenuação de som com distância estimada de Madsen et al. (2006). A linha vermelha representa a atenuação da cravação por percussão e a linha azul apresenta a atenuação partir da cravação de estacas pelos métodos de vibração/ oscilação. 196 Figura 7.3 Desenho esquemático mostrando a trajectória provável do derramamento de óleos. A rosa-dos-ventos inserida é da PRDW (2010). Os pontos A e B mostram a posição provável da plataforma de transbordo, a seta preta a direcção do vento dominante e a seta vermelha em curva, a direcção do vento associada à corrente superficial. 219 Figura 8.1 Contribuição para o PIB 243 Figura 8.2 Contribuição total para o PIB e Emprego Total 244 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 11 1 INTRODUÇÃO 1.1 OBJECTIVO DESTE RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL Este Relatório de Avaliação de Impacto Ambiental e Social foi elaborado como parte do processo da Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIA) para a proposta do Projecto de Transporte Fluvial de Carvão por Barcaças no Rio Zambeze, em nome da Riversdale Moçambique Limitada (adiante designada por RML ou Empresa). A RML é controlada em 65% pela Riversdale Mining Limited, uma empresa mineira listada na Bolsa de Valores Australiana, com operações na África do Sul e Moçambique. Os restantes 35% são controlados pela Tata Steel Limited, um dos maiores produtores siderúrgicos da Índia. Este relatório da AIA (Avaliação de Impacto Ambiental e Social) sumariza o processo do EIA realizado até à data, delineia o quadro legislativo, e apresenta uma descrição do projecto e as condições biofísicas e socioeconómicas da área de estudo. Também, apresenta a avaliação dos impactos das actividades do projecto proposto no ambiente biofísico e social circundante e recomendações detalhadas em como os impactos negativos poderão ser mitigados e os efeitos positivos poderão ser reforçados. O relatório será usado pelo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) como parte da informação necessária para tomada de decisão sobre a aprovação da proposta de projecto. 1.2 ANTECEDENTES DO PROJECTO A RML controla uma concessão mineira (o "Projecto de Carvão de Benga") e uma licença de prospecção e pesquisa, cobrindo uma área de aproximadamente 25.000 hectares na província de Tete. O Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Plano de Gestão Ambiental (PGA) e a Licença Ambiental 2/2010 para o Projecto de Carvão de Benga da Riversdale (que inclui uma grande mina de carvão a céu aberto e infra-estruturas associadas de mineração, processamento e de logística em Benga, no Distrito de Moatize) foi recentemente aprovado pelo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA). O Projecto de Transporte Fluvial de Carvão por Barcaças no Rio Zambeze proporciona um dos meios (complementar a Linha Férrea de Sena e ao Porto da Beira) para o transporte de carvão da mina para os mercados internacionais. 1.3 NECESSIDADE E OBJECTIVO DO PROJECTO PROPOSTO Actualmente, existem várias empresas de prospecção de carvão na área de Moatize. O potencial carbonífero da região é muito grande (apenas o Projecto de Carvão de Benga tem recursos carboníferos de cerca de 4bilhões de toneladas), o que resultou na necessidade das empresas carboníferas de explorarem diversos meios de transporte de carvão para os mercados ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 12 consumidores. Assim, existem três rotas que estão a ser investigadas para o transporte de carvão: • • • Exportação via Linha de Sena para o Porto da Beira (carregamento directo no Porto da Beira ou através do transbordo em alto mar a partir do Porto); Exportação de Benga através do Corredor e Porto de Nacala; Exportação de Benga por transporte fluvial por barcaças pelo Rio Zambeze. Note-se que, dada a existência de grandes recursos carboníferos na área e uma vez que as outras empresas de mineração também precisarão de transportar carvão, todas as três rotas serão passíveis de serem utilizadas pela RML para garantir que as mesmas sejam capazes de optimizar o potencial de exportação das suas actuais e futuras operações de mineração. Assim, as três rotas são consideradas como sendo complementares e não como opções alternativas. A RML nomeou a Environmental Resources Management Southern Africa Pty Ltd (ERM) em parceria com a Impacto Associados Lda. (Impacto) como consultores independentes para realizar a AIA para o Projecto de Transporte Fluvial de Carvão por Barcaças no Rio Zambeze. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) classificou este projecto como um projecto de Categoria A (Referência N.º 233/GDN/DNAIA/MICOA/10 datado de 15 de Março de 2010). Esta categoria requer que o processo da AIA seja realizado de forma detalhada e compreensiva. O projecto compreende os seguintes elementos e é descrito de forma detalhada no Capítulo 4. • • • • • • Carregamento de carvão em barcaças para ser transportado utilizando rebocadores (do ponto de carregamento em Benga até ao Chinde); Dragagem inicial e de manutenção em determinados locais para obter-se um canal navegável por barcaças de Benga, em Tete, a Chinde, na Zambézia; Pontos de atracagem em ambos os lados da ponte Dona Ana; Pára-choquespara proteger as pontes que cruzam o rio, se necessário; Pontos de atracagem e instalações de apoio no Chinde. Rebocadores (também chamados de rebocadores de transporte) puxando barcaças individuais a partir dos pontos de atracagemno Chinde para uma plataformade transbordo de carga ancoradacerca de 15 a 20 km ao largo do Chinde. A Figura 1.1mostra a área e os elementos chave do projecto. 1.4 PRESSUPOSTOS E LIMITAÇÕES A área de estudo é definida como o local das instalações de carregamento das barcaças em Tete, o ambiente fluvial (o canal do rio e as áreas inundáveis imediatamente adjacentes) do ponto de carregamentoà Chinde, as instalações ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 13 de apoio no lado norte do rio, em frente avila de Chinde-Sede, a foz do rio no Chinde e local do transbordo no oceano. O ponto de partida para este processo da AIA exclui a consideração de meios alternativos de transporte de carvão para o Projecto de Carvão de Benga. Em termos de alternativas, esta AIA incidirá apenas nos planos alternativos do local, processos ou tecnologias dentro da proposta do Projecto de Transporte Fluvial de Carvão por Barcaças no Rio Zambeze e não em rotas ou métodos complementares para a exportação do carvão. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 14 Figura 1.1 Mapa da região 1.5 ESTRUTURA DO RELATÓRIO Este relatório é composto por onze capítulos, conforme descrito abaixo na Tabela 1.1. Tabela 1.1 Estrutura do Relatório de Impacto Ambiental Capítulo Capítulo 1 Descrição Introdução Capítulo 2 Abordagem e Metodologia da AIA Descreve as fases de AIA realizadas até à data e descreve as fases restantes. Enquadramento Legal Descreve o enquadramento legal e regulamentar para a AIA, incluindo as convenções internacionais relevantes. Descrição do Projecto Descreve os antecedentes do projecto proposto. Apresenta também uma breve discussão sobre as alternativas a serem consideradas. O Ambiente Receptor – Biofísico Descreve o ambiente biofísico existente que poderá ser afectado pelo projecto. O Ambiente Receptor – Socioeconómico Descreve o ambiente socioeconómico actual que poderá ser afectado pelo projecto. Identificação e Avaliação de Impactos Apresenta uma avaliação dos impactos identificados pelas actividades do projecto sobre o ambiente biofísico e socioeconómico receptor. As propostas de medidas de mitigação são apresentadas para cada impacto avaliado. Impactos Cumulativos Avaliação Qualitativa dos potenciais impactos cumulativos. Quadro do Plano de Gestão Ambiental e Social Apresenta medidas de gestão (mitigação e melhoria) para resolver os impactos negativos e positivos identificados. Conclusão Apresenta as conclusões do estudo da AIA. Capítulo 3 Capítulo 4 Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7 e 8 Capítulo 9 Capítulo 10 Capítulo 11 Capítulo 12 1.6 Referências Apresenta a lista das referências usadas para compilar este relatório. REFERÊNCIA CRUZADA DAS QUESTÕES COLOCADAS Todas as questões, comentários, dúvidas e preocupações levantadas até à data foram registadas. A Tabela 1.2 e a Tabela 1.3 abaixo facilitam uma fácil referência cruzada de diversas secções deste relatório que abordem uma questão particular. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 16 Tabela 1.2 Referência Cruzada das questões colocadas durante o envolvimento das partes interessadas e afectadas Questões/ Impactos colocados pelas partes interessadas e afectadas até à data Questões /Preocupações / Comentários colocados relacionados com a Dragagem Potencial impacto da dragagem nos efluentes do Zambeze e nos padrões de sedimentação no Delta. O impacto da dragagem nos padrões de erosão deve ser investigado. A erosão é um problema considerável no Vale do Zambeze. A dragagem e o tráfego podem agravar ainda mais o problema. As machambas nos bancos e margens poderão ser afectadas. Necessidade de avaliar o aumento da turbidez da água devido a operações de dragagem. O "comportamento" do rio Zambeze deve ser levado em consideração. É um rio muito errante, e o principal canal muda de posição. Isso fará com que a dragagem seja uma operação muito difícil e dispendiosa. Necessidade de garantir caudais ecológicos, tendo em conta que a dragagem tem o potencial de interferir com os fluxos.Provavelmente, o actual fluxo ecológico mais a dragagem farão com que deixe de ser um caudal ecológico. O Plano Estratégico para o Delta do Zambeze especifica que a dragagem não é permitida no Delta (Plano submetido à apreciação do Governo, mas ainda não foi aprovado). Referência na AIA Secção 5.8.1 Secção 7.4 Secção 7.28 Secção 7.29 Anexo C (Relatório de Ecologia Marinha e Estuarina, Relatório da Dinâmica Sedimentar) Secção 5.10.2 Secção 7.7 Secção 7.13 Secção 7.14 Secção 7.29 Secção 8.15 Anexo C Secção 5.6.3 Secção 7.18 Anexo C Secção 4.2 Secção 4.6 Secção 5.6 Secção 5.8.1 Secção 7.2 Secção 7.3 Anexo C (Avaliação Ambiental do Fluxo) Registado. A RML irá manter linhas abertas de comunicação com todas as autoridades de decisão. Questões/ Impactos colocados pelas partes interessadas e afectadas até à data Necessidade de definir quantos locais serão dragados e as quantidades de sedimentos a serem removidos. Os volumes a serem dragados deverão ser conhecidos. A dragagem deverá ser minimizada o quanto possível. Referência na AIA Secção 4.1 Secção 4.2 Secção 4.4.1 Secção 4.5.3 Secção 4.5.6 Secção 4.7.1 Secção 4.7.3 Secção 7.3.1 Anexo C(Avaliação Ambiental do Fluxo) Embora o conceito do Projecto seja bem definido, o projecto detalhado continua em curso, bem como investigações técnicas das variações de fluxo do rio, profundidades do canal, configurações do comboio de barcaças, os requisitos de atracação das barcaças, os requisitos de dragagem e volumes de carvão a serem transportados, entre outros O despejo do material dragado deverá ser cuidadosamente considerado, especialmente no que diz respeito a Secção 7.3 efeitos sobre a fauna bentónica e reprodução das espécies ribeirinhas. Secção 7.4 Secção 7.11 Secção 7.14 Anexo C(Avaliação Ambiental do Fluxo, Avaliação da Fauna Bentónica) Questões /Preocupações/Comentários colocadas em relação ao ruído Ruído produzido pela passagem de comboios de barcaças pode ser um factor de distúrbio, não apenas para Secção 7.16 os seres humanos, mas também para diversas espécies que habitam no rio que podem sentir-se obrigadas a Secção 8.5 abandonar o seu habitat actual. Secção 8.7 Secção 8.8 Secção 8.9 Questões /Preocupações/Comentários colocadas em relação ao processo de consulta pública Necessidade de envolver mais entidades (tais como universidades, instituições de pesquisa e a Direcção Secção 2.6.1 Anexo B (PPP) Nacional de Águas – DNA) em reuniões técnicas das partes interessadas e afectadas. Necessidade de garantir a transparência do processo e a comunicação de informações técnicas relevantes para escrutínio público. O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais (INGC) já criou Comités de Gestão de Risco ao longo do vale do Zambeze. Esses Comités devem ser envolvidos no projecto. Questões/ Impactos colocados pelas partes interessadas e afectadas até à data Referência na AIA O projecto poderá ter um impacto na reserva de Marromeu. O Director da reserva de Marromeu deverá ser envolvido na procura de medidas para garantir a protecção desta importante área de conservação. Questões /Preocupações/Comentários levantados em relação aos impactos cumulativos Necessidade de manter canais de comunicação abertos entre Riversdale e o consórcio MphandaNkuwa. Secção 4.6.1 Necessidade de considerar o impacto de futuros projectos hidroeléctricos no fluxo do rio, ou seja, nos Capítulo 9 requisitos da dragagem. Necessidade de levar em conta, outras utilidades do rio e outros projectos a serem desenvolvidos no Zambeze, nomeadamente, os projectos hidroeléctricos. Possíveis conflitos com os projectos hidroeléctricos. Existe um trabalho permanente de recuperação do Delta do Zambeze dos impactos negativos provocados por CahoraBassa; este trabalho pode ser prejudicado pelo impacto cumulativo do Projecto de Transporte Fluvial por Barcaças. O Projecto de Transporte Fluvial por Barcaças pode ser conflituante com os projectos hidroeléctricos, projectos de irrigação e projectos de abastecimento de água. Assim, é necessário que haja um acordo entre a RML, CahoraBassa e MphandaNkuwa, para evitar futuros conflitos induzidos por uma possível redução nos fluxos devido à mudanças climáticas. Os impactos cumulativos devem ser considerados. O MICOA e a UEM, em parceria com a WWF, estão preparando um Plano de Gestão do Delta do Zambeze. Necessidade de coordenar o Projecto com o Plano, após o Plano ter sido aprovado pelas autoridades competentes. Os impactos cumulativos devem ser considerados. Compatibilidade do Projecto de Transporte Fluvial por Barcaças com outros potenciais projectos, ou seja, a construção da Barragem de Lupata, a jusante de Benga. Questões /Preocupações/Comentários colocados em relação aos impactos sociais e económicos Possíveis impactos ambientais e socioeconómicos das poeiras de carvão gerados durante as operações do Projecto. Benefícios a serem concedidos às populações das zonas ribeirinhas afectadas pelo Projecto. As populações locais não se beneficiarão do projecto. As medidas de apoio e compensação devem ser estudadas. Necessidade de respeitar não só as políticas de responsabilidade social, mas também políticas de responsabilidade ambiental. Impactos do projecto na subsistência das comunidades das zonas ribeirinhas, especialmente na actividade pesqueira. O rio é um recurso vital para a subsistência das comunidades das zonas ribeirinhas e não deve ser perturbado. Impacto do projecto na actividade turística no rio. Secção 7.20 Secção 7.22 A RML irá desenvolver Iniciativas de Responsabilidade Social. Secção 7.8 Secção 8.10 Secção 8.11 Secção 8.12 Secção 8.13 Secção 6.7 Secção 8.23 Questões/ Impactos colocados pelas partes interessadas e afectadas até à data Referência na AIA Impactos socioeconómicos do Projecto no vale do Zambeze devem ser investigados. Os estudos Secção 8.3 microeconómicos devem ser realizados. Secção 8.4 Anexo C (Avaliação do Impacto Macroeconómico) Necessidade de definir o tipo de medidas que serão aplicadas para compensar as comunidades das zonas A AIA não conclui que a pesca de subsistência ribeirinhas, no caso de interrupções de suas actividades relacionadas com o rio. será afectada a um grau em que alternativas precisarão de ser apresentadas pela RML. No As comunidades pesqueiras ao longo do rio serão severamente afectadas. Necessidade de estudar entanto, o PGA nota que, em caso de qualquer alternativas para aqueles que poderão ser forçados a parar de pescar. reclamação a RML tem a responsabilidade de resolver todas as queixas válidas. Os comboios de barcaças irão significar que mais pessoas (as tripulações das barcaças) irão viajar ao longo Secção 8.19 do rio e parando em alguns pontos (Dona Ana, Chinde). Assim, há uma necessidade de iniciar programas de consciencialização e prevenção do HIV/SIDA. Quando forem construídasinfra-estruturas no Chinde, os mangais deverão ser preservados. Além disso, Secção 4.5.4 devem ser contempladas medidas para evitar um afluxo populacional para a margem norte oposta ao Secção 7.10 Chinde. Secção 8.20 Secção 8.21 Secção 8.26 Questões /Preocupações/Comentários colocados em relação à Segurança Risco de acidentes envolvendo comboios de barcaças e tráfego fluvial existente. Sinalização deve ser Secção 7.26 providenciada. Secção 7.27 Necessidade de implementar regras e procedimentos de segurança de navegação, a fim de evitar acidentes Secção 8.16 de trânsito com outros utentes no rio. Questões /Preocupações/Comentários colocados em relação à fauna Necessidade de avaliar cuidadosamente os impactos do projecto sobre a fauna do rio. Será necessário um Secção 7.4 estudo específico dos possíveis impactos do projecto nas populações de hipopótamos e crocodilos. Secção 7.5 Secção 7.6 Secção 7.7 Secção 7.14 Anexo C Impactos do projecto na migração da avifauna devem ser avaliados. Secção 7.30 Anexo C (Estudo Especialista da Avifauna) Questões /Preocupações/Comentários colocados em relação as alternativas ao transporte fluvial por barcaças no Zambeze Questões/ Impactos colocados pelas partes interessadas e afectadas até à data Referência na AIA Três alternativas foram apresentadas para o transporte de carvão: Linha de Sena, Nacala e o projecto de Secção 1.2 Transporte Fluvial por Barcaças. Outras opções devem ser consideradas, tais como uma nova linha férrea e um novo porto na Província da Zambézia. Necessidade de continuar a explorar a opção ferroviária, que é considerada como a menos prejudicial na perspectiva ambiental. O impacto da opção ferroviária é menos significante do que o impacto do transporte por barcaças. Investimento em estrutura ferroviária deve ser visto como uma solução preferível, em vez do investimento para o transporte fluvial por barcaças. Estudos de viabilidade económica devem ser produzidos para todas as opções. Questões /Preocupações/Comentários colocados em relação à poluição causada pelo derrame de carvão/poeiras/cinzas Emissões de poeira de carvão durante a carga, transporte e transbordo como uma possível fonte de poluição Secção 7.21 Secção 7.22 do ar. A tecnologia escolhida para o transbordo deve ser cuidadosamente avaliada. Os ganchos de carga/descarga Secção 7.24 têm um alto risco de derrame. Métodos de vácuo devem ser considerados. Secção 8.18 Possível contaminação do rio por derrame de carvão, combustível e óleos. É preciso haver medidas adequadas de anti-derrame. Necessidade de definir que tipo de medidas de monitorização serão implementadas para verificar o impacto Anexo D – Quadro do Plano de Gestão Ambiental do projecto na qualidade da água. e Social Necessidade de estudar-se como o rio será afectado pelo trabalho extraordinário do projecto, nomeadamente em termos da qualidade da água. Questões /Preocupações/Comentários colocados em relação ao transporte fluvial por barcaças Vistorias técnicas para as barcaças ebarcos rebocadores devem ser rigorosamente executadas. Esclarecer se o canal é exclusivamente para uso da RML ou vai ser aberto a outros transportadores. Possibilidade de inclusão de pessoal técnico moçambicano em uma visita de estudo de um projecto operacional de transporte fluvial por barcaças, em outra parte do mundo, a fim de capacitá-los através da verificação no local e os impactos de tais projectos. Opção para uso de barcaças sem cobertura, aumenta a necessidade de estudar o regime dos ventos no Vale do Zambeze, que é propenso a ciclones e ventos fortes. Os padrões do vento devem ser estudados. Questões /Preocupações/Comentários colocados em relação à tomada de decisões políticas Necessidade de se ter em conta, as obrigações internacionais de Moçambique, tais como os Protocolos da SADC, uma vez que o rio Zambeze é um rio internacional. Possíveis implicações para decisões políticas que envolvem o projecto do Rio Chire do Malawi. A RML irá desenvolver planos regulares de inspecção e manutenção de acordo com as especificações do fabricante. Logo que o canal for aberto, espera-se que o Governo seja responsável por regulamentar o seu uso. Isto não foi logisticamente viável. Capítulo 5 Capítulo 3 Governo será responsável por regular o seu uso. Questões/ Impactos colocados pelas partes interessadas e afectadas até à data Necessidade de contemplar a eventual necessidade de desvio de águas do Zambeze para outras bacias hidrográficas e as implicações dessa opção sobre o projecto. Questões /Preocupações/Comentários colocados em relação aos aspectos ecológicos Cuidados extremos devem ser exercidos em preservar os mangais no Delta do Zambeze, uma vez que estes constituem viveiros importantes para os camarões capturados no banco de Sofala. Os níveis aceitáveis de confiança no modelo hidrológico devem ser definidos para a tomada de decisões. Dragagem e queda de carvão na água podem afectar os mangais e a produção de camarão do Banco de Sofala, a zona de pesca mais importante do país. Questões /Preocupações/Comentários levantados em relação às mudanças climáticas É necessário clarificar a forma como as alterações climáticas poderão afectar o projecto e se o carvão será empilhado no Chinde. Deve-se ter em conta, os efeitos potenciais de mudanças climáticas sobre o projecto, uma vez que a secas ou cheias extremas poderão afectar a viabilidade do projecto. Referência na AIA O potencial para a transferência inter-bacias de volumes significativos não parece ser parte do plano a curto e médio prazos para o rio Zambeze. Se essas transferências forem consideradas no futuro, as mesmas serão sujeitas a uma AIA abrangente e a RML irá participar nesse processo, a fim de determinar os impactos cumulativos. Anexo D(PGA) Uma avaliação independente do Estudo Especializado do Fluxo Ambiental (FA) está sendo feita pelo Dr. Ian King. Secção 7.19 Secção 4.6.3 Tabela 1.3 Referência Cruzada dos Comentários do MICOA sobre o relatório do EPDA Questões/Impactos colocados pelas partes interessadas e afectadas até à data Referência na AIA A Figura 4.3 mostra o mapa que indica o local de carregamento. Contudo, o mesmo não está nítido, o que dificulta a sua visualização e a avaliação da sua compatibilidade com as outras infra-estruturas existentes; Na lista de acrónimos e abreviaturas não estão incluídas as siglas ESIA (página iii) e a EISA (página 10); O documento apresenta algumas frases na língua Inglesa (por exemplo, páginas iii e iv). Recomendações do MICOA A observância do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, aprovado pelo Decreto N.º 45/2004 de 29 de Setembro, da Directiva Geral para a Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental, e da Directiva Geral para o Processo de Participação Pública; Apresentação da metodologia utilizada na identificação dos impactos; O aprofundamento detalhado dos descritores físicos e bióticos do local de implantação do projecto; Inclusão no capítulo sobre "outros Regulamentos de interesse para a Gestão Ambiental", do Regulamento da Lei do Ordenamento do Território, uma vez que algumas das infra-estruturas do projecto serão implementadas no solo e dentro de um Território; Apresentação das espécies identificadas em nomes científicos, mas também em nomes vernaculares e na língua local; Apresentação através de um mapa de localização das infra-estruturas, de todas as componentes do projecto a serem construídas, incluindo a localização exacta da plataforma flutuante em coordenadas geográficas; Apresentação de medidas de minimização de poeiras durante a injecção de carvão nas barcaças, incluindo outras medidas de segurança para que o transporte de carvão possa ser efectuado em condições ambientais sãs; Agora é Figura 4.9 do Relatório da AIA. Avaliação de impactos de eventos extremos sobre a navegabilidade do rio; Realização de um estudo integrado sobre a dinâmica e implicações hidrológicas, hidrogeológicas, geomorfológicas, e ambientais, incluindo experiências relevantes/estudos de regiões com características similares; Apresentação dos resultados dos estudos batimétricos das condições iniciais do rio antes da implementação do projecto, os quais servirão também como uma base de referência para a monitorização futura; Consultar os Acrónimos e as Abreviaturas no início do relatório. O relatório da AIA passará por uma revisão de controlo de qualidade. Capítulo 2 – Abordagem da AIA O relatório da AIA foi elaborado em conformidade com o Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental aprovado pelo Decreto N.º 45/2004 de 29 de Setembro. Anexo E Capítulo 5 – O Ambiente Receptor Biofísico descreve o actual ambiente biofísico que poderá ser afectado pelo projecto. Ainda estamos à procura desta legislação e iremos incluí-la no presente relatório antes de submeteremos ao MICOA. Anexo C – Os estudos de especialistas indicam as espécies identificadas em nomes científicos e nomes comuns. Figura 4.1 Figura 4.9 Anexo D - Quadro do Plano de Gestão Ambiental Capítulos 7 e 8 Anexo C – Estudos de Especialistas Resultados de estudos batimétricos serão fornecidos pela RML após a conclusão do AIA. Secção 5.9 – Características Físicas Marinhas e Estuarinas Secção 5.6 – Características Físicas do Sistema do rio Zambeze Apresentação das implicações da dragagem sobre as terras húmidas e outros sistemas ecológicos e fluxo das águas subterrâneas, incluindo medidas para sua mitigação ou minimização; Apresentação e avaliação dos locais de deposição dos volumes dragados e suas implicações na dinâmica costeira. Apresentação dos dados de qualidade da água do rio antes da implementação do projecto, os quais servirão como base de referência para a monitorização futura. Avaliação dos aspectos de alterações do regime de escoamento associados aos caudais mínimos, assim como a compatibilidade entre o projecto de Transporte Fluvial de Carvão de Benga e a Barragem de Lupata, incluindo as soluções para a transposição da garganta de Lupata, uma vez que a sua localização está prevista para se localizar a jusante do ponto de carregamento de carvão de Benga. Avaliação das necessidades hídricas para navegação e outros usos de água do Zambeze (irrigação, pescas, geração de energia, consumo humano, industrial, etc.) e os mecanismos de gestão de potenciais conflitos entre os diferentes usuários; A avaliação pormenorizada dos impactos cumulativos resultantes de várias acções previstas para a área do projecto, independentemente de qual a entidade responsável; A descrição das medidas de mitigação do aumento da turbidez da água durante a dragagem, o que poderá reduzir a taxa de crescimento e de reprodução e a sobrevivência das espécies ali existentes; Apresentação da relação entre os efeitos da dragagem e a erosão costeira, especialmente na foz (Chinde); A consulta do "Country Situation Report – Water Resources – Volume 3, Zambezi River, visto que o mesmo contém informação relacionada com a gestão do rio Zambeze, particularmente sobre a navegabilidade do rio; A descrição da metodologia a ser utilizada para a determinaçãoda concentração de poluentes no rio pelo possível derrame de combustíveis e carvão; Secção 9.4 – Impacto da Dragagem e Deposição de Solos no Habitat Bêntico. Secção 9.11 - Distúrbios ao Habitat Ripário devido à Dragagem e Deposição de Solos Secção 9.19 - Impacto da Dragagem dos Bancos de Areia no Mar nos Organismos Bentónicos dos Fundos Marinhos Secção 9.20 - Impacto da Dragagem dos Bancos de Areia do Mar na Qualidade da Água do Mar Secção 4.4.1 - Fase de Construção Secção 5.6.3 Anexo C – Estudo de Especialista do FA e Capítulo 7 e 8 para as avaliações de impacto que utilizaram os resultados do Estudo de Especialista do FA Secção 4.6- Cenários Operacionais Secção 4.6.1 Capítulo 9 O potencial para a transferência entre bacias de volumes significativos não parece ser parte do plano a curto prazo para o rio Zambeze. Se essas transferências forem consideradas no futuro, as mesmas serão sujeitas a uma AIA abrangente e a RML irá participar nesse processo, a fim de determinar os impactos cumulativos. Capítulo 9 – Impactos Cumulativos Impactos sobre os peixes são considerados no Capítulo 7. Anexo C – Dinâmica de sedimentos na foz do rio e outros Estudos Especialistas Não foi possível localizar o relatório com este título em particular. No entanto, o Relatório do Banco Mundial intitulado "A Bacia do Rio Zambeze, Volume 3, Estado de Bacia” foi considerado. Anexo E Capítulo 7 Apresentação dos impactos devidos a derrames de óleos e combustível; A inclusão de medidas a serem tomadas em caso de acidentes durante a desanexação das barcaças na ponte Dona Ana; Apresentação das alternativas de subsistência das famílias em redor da área de influência do projecto durante a dragagem, uma vez que a sua principal fonte de subsistência é a actividade piscatória; Secção 9.5 - Impacto do Derrame de Carvão nos Invertebrados Aquáticos Secção 9.6 - Impacto de Derrames Acidentais nos Invertebrados Aquáticos Secção 9.12 - Impactos de Derrames Acidentais nos Habitats Ripários Secção 9.22 - Impacto de Poeiras de Carvão na Vegetação e Qualidade da Água no Estuário Secção 9.23 - Impacto de Derrames Operacionais de Carvão no Ambiente Estuarino Secção 9.24 - Impacto de Poeiras de Carvão e Derrames Operacionais de Carvão no Ambiente Marinho Secção 9.25 - Impacto das Descargas Operacionais dos OGVs no Ambiente Marinho e Estuarino Secção 9.26 - Impacto da Descarga Acidental de Hidrocarbonetos Líquidos durante as Transferências de Combustível Secção 9.27 - Impacto da Descarga de Água de Balastro no Ambiente Marinho. Anexo D (PGA observa que um Plano de resposta de Emergência (PRE) terá de ser elaborado pela RML) A AIA não conclui que a pesca de subsistência será afectada a um grau em que as alternativas terão de ser apresentadas pela RML. No entanto, o PGA observa que no caso de qualquer reclamação, a RML tem a responsabilidade de resolver todas as queixas válidas. Apresentação de medidas de mitigação/compensação a serem tomadas devido à interrupção da actividade pesqueira das frotas artesanal e semi-industrial, durante a dragagem e transporte por barcaças; Anexo D – Quadro do Plano de Gestão Ambiental e Social Apresentação dos planos de controlo da poluição, de resposta e de emergência, os quais deverão ser avaliados de acordo com a Convenção OPRC 90; A realização de reuniões de consulta pública em todas as regiões a serem atravessadas pelo projecto e a nível central; Garantir o envio dos convites para reuniões de consulta pública às instituições interessadas e afectadas pelo projecto; A consideração das preocupações levantadas pelas partes interessadas e afectadas durante as reuniões de consulta pública em todas as províncias atravessadas pelo projecto; O melhoramento da qualidade das páginas impressas a cores, incluindo a legenda de alguns mapas; A apresentação do programa de acompanhamento e monitorização dos impactos; A apresentação do valor do investimento do projecto; O PGA inclui as medidas de controlo da poluição. As respostas terão de fornecidas pela RML. Capítulo 7 - Processo de Participação Pública Capítulo 7 - Processo de Participação Pública Capítulo 9 e 10 (Impactos Biofísicos e Socioeconómicos incluíram preocupações levantadas pelas partes interessadas e afectadas). O relatório da AIA passará por uma revisão de controlo de qualidade. Anexo D - Quadro do Plano de Gestão Ambiental e Social Anexo C - Estudo Especialista da Macroeconomia ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 51 2 ABORDAGEM DA AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL (AIA) Este capítulo descreve a abordagem da AIA e o processo que foi seguido até à data. A abordagem da AIA cumpre os requisitos legais ambientais aplicáveis em Moçambique, conforme descrito no Capítulo 3. 2.1 ABORDAGEM DA AIA O processo da AIA foi concebido para avaliar os potenciais impactos ambientais do projecto, de forma a apoiar o MICOA durante o processo de aprovações e em conformidade com a legislação Moçambicana ambiental relevante. A Avaliação de Impacto Ambiental está prevista pela Lei do Ambiente de Moçambique (Lei N.º 20/97) e é regida pelo Regulamento da AIA (Decreto N.º 45/2004, de 29 de Setembro de 2004). O Regulamento da AIA destaca a importância da participação pública e os requisitos da participação pública são detalhados posteriormente na Directiva do Processo de Participação Pública (Decreto N.º 130/2006). 2.2 O PROCESSO DA AIA Um dos objectivos do processo da AIA é apoiar a tomada de decisão quanto ao licenciamento ambiental de uma actividade proposta e/ou desenvolvimento. Para alcançar este objectivo, o processo da AIA consiste nas seguintes quatro fases principais: • Registo do Projecto: Durante esta fase, o projecto é registado no MICOA, que classifica o Projecto com base no nível de Avaliação Ambiental necessária. • EPDA: A fase do EPDA visa identificar as principais questões e preocupações relacionadas com o desenvolvimento proposto. Estas podem incluir actividades relacionadas ao projecto, que podem ter o potencial para contribuir ou causar impactos potencialmente significativos aos receptores e recursos ambientais e socioeconómicos da área. O Relatório do EPDA também define os Termos de Referência para os estudos de especialistas e as fases de Avaliação de Impacto a seguir. • Estudos Especializados: Com base no acima mencionado, os estudos especializados são realizados para estabelecer e analisar as condições existentes e as exigências legais relativas ao Projecto e seus arredores, e também para destacar os receptores e recursos sensíveis a potenciais impactos. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 52 • Relatório de Impacto Ambiental e Plano de Gestão Ambiental e Social: O Relatório da AIA visa identificar e avaliar a provável extensão e significância dos potenciais impactos identificados em receptores e recursos ambientais e sociais, de acordo com critérios de avaliação definidos. O relatório da AIA também detalha as medidas recomendadas para evitar, minimizar, reduzir ou compensar eventuais efeitos ambientais adversos, e relata a significância dos impactos residuais que subsistam após a mitigação. O relatório da AIA informa o desenvolvimento de um Plano de Gestão Ambiental e Social (PGA). O PGA apresenta medidas específicas e compromissos assumidos pela RML para tratar dos impactos identificados. As fases do processo da AIA são ilustradas na Figura 2.1 e são descritas em detalhes mais abaixo. Figura 2.1 Fluxograma do Processo da AIA ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 53 2.3 FASE 1: REGISTO DO PROJECTO O principal objectivo da fase de Triagem é de dar início à AIA através da interacção com o MICOA para identificar o nível de avaliação de impacto ambiental necessário. Os documentos para Registo do Projecto foram submetidos ao MICOA para apreciação no dia 26 de Fevereiro de 2010. A aprovação escrita e permissão para prosseguir com a fase do EPDA foram obtidas do MICOA no dia 15 de Março 2010. Este Projecto foi classificado como um projecto de Categoria A, baseando-se no Anexo 1 do Regulamento da AIA, sendo portanto, sujeito a um processo completo de Avaliação de Impacto Ambiental e Social. 2.4 FASE 2: FASE DO EPDA Os objectivos da fase do EPDA foram: • Recolher dados de base sobre a área do projecto a fim de compreender a sensibilidade do ambiente biofísico e social afectado; • Apresentar o projecto proposto para as Partes Interessadas e Afectadas (PI &As) e identificar os problemas e preocupações sobre a proposta de projecto; • Identificar os potenciais impactos positivos e negativos ambientais e socioeconómicos; • Elaborar os Termos de Referência para os estudos especializados e para a Fase de Avaliação dos Impactos; • Compilar a informação do Projecto e os resultados da consulta com as PI&As em um Relatório de EPDA e apresentar ao MICOA para a tomada de decisão; O Relatório Final do EPDA foi submetido ao MICOA no dia 19 de Julho de 2010. As actividades realizadas como parte da Fase do EPDA são descritas abaixo. 2.4.1 Recolha Preliminar de Dados de Base Uma análise de alto nível de sensibilidade dos dados de base ou de referência foi feita para informar o plano da RML antes de iniciar-se com o processo da AIA. O objectivo da análise de sensibilidade preliminar dos dados de base foi ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 54 para destacar as sensibilidades-chave de base, alertas, ou falhas fatais numa perspectiva socioeconómica e biofísica. Esta avaliação preliminar de referência serviu de ponto de partida para a recolha da informação de referência para a Fase do EPDA. Além disso, a informação de base foi recolhida através da análise de relatórios e estudos existentes e através de consultas públicas, durante a fase de EPDA. O reconhecimento do local foi feito também pelos membros da equipa da AIA como forma de se familiarizaram com o ambiente afectado. 2.4.2 Consulta das partes interessadas durante a fase do EPDA A participação pública é uma componente crítica da fase do EPDA, permitindo a identificação das expectativas e preocupações do público, que precisam de ser consideradas e tratadas como parte do processo da AIA. Neste sentido, os objectivos do processo de consulta das partes interessadas e afectadas durante a fase do EPDA foram as seguintes: • • • • consultas com os departamentos governamentais relevantes e as principais partes interessadas; informar o público através de anúncios, documentos de informação do projecto ou documentos de discussão (DDs) e cartas convite; organizar e facilitar reuniões públicas em locais estratégicos; e recolher comentários do público sobre o Relatório do EPDA. O processo de consulta pública realizado até à data está descrito em detalhes no Plano de Consulta Pública e de Divulgação no Anexo B. As cópias de todos os documentos pertinentes, tais como as actas das reuniões, registos de participação, cartas-convite e do Documento de Discussão (DD) estão incluídos no Plano de Consulta Pública e de Divulgação, Anexo B. O resumo das actividades realizadas durante e após a fase de EPDA é apresentado na Tabela 2.1. Tabela 2.1 Sumário do Processo de Participação Pública Actividade Reuniões iniciais Reunião com o MICOA Objectivo e Discussão Tete, Beira, Quelimane e Maputo Para apresentar a proposta do projecto e o processo de AIA proposto Data da actividade 21-24 Setembro 2009 24 Fevereiro 2010 Compilação da Identificar as partes Outubro 2009 base de dados das interessadas e afectadas a serem PI&As incluídas no processo de consulta ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Referência Anexo B Anexo B – Base de Dados das PI&As RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 55 2.4.3 Actividade Compilação e distribuição do Documento de Discussão do Projecto(DD) Objectivo e Discussão Data da actividade Fornecer informações sobre o 22 Março 2010 processo da AIA, o projecto proposto e as datas das reuniões públicas Referência Anexo B Documento de Discussão do Projecto (DD) Distribuição de convites para reuniões públicas Publicação de anúncios de imprensa para as reuniões públicas Reuniões Públicas: Maputo, Quelimane, Tete e Beira. Convidar as PI&Asa participar das reuniões públicas 22 Março 2010 Convidar as PI&Asa reuniões públicas 19 Março 2010 Anexo B - Convite para reuniões públicas Anexo B - Anúncios para as reuniões públicas Para apresentar as propostas do 2 -8Abril 2010 processo de AIA e do projecto ao público e permitir que o publico identifique questões e preocupações de interesse Anexo B - Lista de participantes e actas das reuniões Observações recebidas por escrito Observações recebidas durante o processo de definição de âmbito até 20 Abril 2010 Anexo B – Comentários recebidos sobre o DD e durante as reuniões públicas Actualização da Registo de novas PI&As base de dados das PI&As Março 2010 Anexo B – Base de dados das PI&Asactualizada Relatório de Para consulta pública e Definição de comentários Âmbito disponível para consulta pública 24 Maio- 18 Junho 2010 Apresentação do Relatório Final de Definição de Âmbito e TdR para o MICOA Para decisão do MICOA 19 Julho 2010 Anexo A – Aprovado no dia 13 de Setembro de 2010 Reunião com os as PI&Astécnicas em Maputo, Tete e Quelimane Proporcionar uma actualização técnica aos interessados no processo da AIA e dar uma indicação das actividades futuras em termos do processo da AIA 25-29 Outubro 2010 Anexo B- Lista de participantes e actas das reuniões Relatório do EPDA Os resultados da análise dos dados de base e as actividades de consulta pública foram compilados em um relatório, o relatório do EPDA, elaborado em conformidade com os requisitos do Decreto N.º 45/2004. O Relatório do EPDA foi colocado à disposição para as PI&As registadas e o MICOA para análise por um período de 30 dias úteis. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 56 O relatório final do EPDA foi aprovado pelo MICOA em 13 de Setembro de 2010 e uma cópia da carta de aprovação do MICOA está incluída no Anexo A. 2.5 FASE 2: ESTUDOS ESPECIALIZADOS As questões levantadas durante a fase de definição de âmbito foram utilizadas para elaborar os Termos de Referência (TdR) para os estudos especializados a serem realizados durante a fase de avaliação do impacto da AIA. Os resultados destes estudos serviram de base para a descrição de referência e avaliação do impacto dos potenciais impactos sobre o meio ambiente afectado. Os objectivos dos estudos especializados foram os seguintes: • • • • Descrever as condições ambientais e socioeconómicas existentes; Identificar os recursos ou receptores, que podem vir a ser afectados pelo projecto; Avaliar o impacto sobre o meio ambiente através de critérios prédefinidos; e Identificar potenciais medidas de mitigação. Os estudos especializados realizados no âmbito do processo da AIA estão listados na Tabela 2.2. Tabela 2.2 Estudos de Especialistas Estudo Especializado Estudo do Fluxo Ambiental Revisão Técnica Independente do Estudo do Fluxo Ambiental Estudo da Dinâmica dos Sedimentos na Foz do Rio Estudo da Fauna Bentónica Estudo da Ecologia Terrestre e Ripária Estudo das Aves Estudo dos Peixes e das Pescas Estudo da Ecologia Marinha e Estuarina Estudo Socioeconómico Estudo Económico Estudo do Ruído Estudo das Águas Subterrâneas Especialista Southern Waters Dr. Ian King PRDW Nepid Consulting Impacto Carlos Bento Jorge Mafuca Lwandle Technologies Impacto Strategic Economic Solutions JH Consulting ERM Uma vez que os sistemas estuarinos ecológicos e socioeconómicos são influenciados pelo padrão de caudal (variações sazonais, altura do nível da água, áreas inundáveis, etc.) no rio, o Estudo do Fluxo Ambiental (FA) foi considerado como um dos estudos mais importantes, e os resultados deste foram utilizados por quase todos os outros especialistas, a fim de identificar e avaliar os impactos potenciais nas suas respectivas áreas de especialização. Dada a importância do estudo do FA e para dar garantias às autoridades e ao público, de que os resultados do estudo são fiáveis, solicitou-se uma revisão técnica independente do Estudo de FA. O objectivo da Revisão Técnica Independente foi rever o modelo hidráulico HEC-RAS em que o estudo de FA é baseado para determinar se o modelo pode ser usado para prever as ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 57 alterações do sistema hidráulico do rio, como resultado do projecto proposto. Todos os relatórios dos estudos especializados, incluindo o relatório de revisão independente podem ser encontrados no Anexo C. Como parte dos seus Termos de Referência, os especialistas realizaram trabalho de campo para recolha de dados, para ajudá-los na definição da linha de base, de modo a informá-los nas suas avaliações de impacto. A tabela seguinte apresenta o cronograma dos seus trabalhos de campo. Tabela 2.3 Trabalho de campo dos Especialistas Estudo Especializado Especialistas da Impacto e ERM Estudo do Fluxo Ambiental Trabalho de campo - Caudal alto Trabalho de campo - Caudal médio Trabalho de campo - Caudal baixo Estudo da Dinâmica dos Sedimentos na Foz do Rio Estudo da Fauna Bentónica Estudo da Ecologia Terrestre e Ripária Estudo das Aves Estudo dos Peixes e das Pescas Estudo da Ecologia Marinha e Estuarina Estudo Socioeconómico Estudo Económico Estudo do Ruído Estudo das Águas Subterrâneas Especialistas da Riversdale Amostragem dos sedimentos do leito do rio • Datas 26 - 29 Março 2010 13 - 17 Maio 2010 16 - 28 Agosto 2010 Não foi necessário. Contou-se com os dados do trabalho de campo feito pela WorleyParsons e LwandleTechnologies 30 Abril a 9 Maio 2010 30 Abril a 5 Maio 30 Abril a 5 Maio 30 Abril a 5 Maio Encontros com os cientistas locais em Maputo em Julho 2010 6 a 9 Maio 2010 14 a 16 Junho 2010 Não foi necessário. 15 a 26 Abril 2010 Trabalho de escritório Agosto 2010, Novembro 2010 Os relatórios dos especialistas estão disponíveis para análise no Anexo C. Estes relatórios foram integrados nos capítulos de avaliação de impacto e do PGA neste Relatório da AIA. 2.6 FASE 3: FASE DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO 2.6.1 Consulta às PI&As durante a fase de Avaliação de Impacto Em Outubro de 2010, quatro reuniões focais com as PI&As técnicas relevantes foram realizadas: em Quelimane (25 de Outubro de 2010), em Maputo (26 de Outubro de 2010) e Tete (duas reuniões, 28 e 29 de Outubro de 2010). Os preparativos para as reuniões incluíram o envio de convites para as partes interessadas identificados através do correio electrónico, telefax e cartas, seguidos por confirmações telefónicas. A equipa incluiu o Sr. Victor Hugo Nicolau (Impacto), Sr. KamalGovender (ERM) e Sr. Phil Tanner (RML). A estrutura geral das reuniões foi constituída ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 58 por uma apresentação de actualização dos detalhes técnicos do projecto e o processo Ambiental e Social a ser seguido. A discussão em plenário e sessão de perguntas e respostas foram efectuadas a seguir, em que os convidados tiveram a oportunidade de fazer perguntas de esclarecimento, de fazer comentários e/ou apresentar quaisquer preocupações. As PI&As técnicas que participaram nas reuniões foram as seguintes: • • • Quelimane: INAHINA, DPCA Maputo: DPCA, INAHINA, Justiça Ambiental (JA), WWF, Centro Terra Viva. Tete: GPZ, DPCA, ARA-Zambeze Todas as questões colocadas, bem como as respostas podem ser encontradas no Anexo B. 2.6.2 Metodologia da Avaliação de Impacto Durante a definição de âmbito, uma análise preliminar foi realizada sobre as possibilidades pelas quais o projecto pode interagir (positiva e negativamente) com os recursos ou receptores ambientais e socioeconómicos. Os impactos que foram identificados como potencialmente significativos durante o processo de definição de âmbito constituíram o ponto focal para os estudos detalhados da AIA. Cada um dos impactos potenciais identificados foi avaliado utilizando a seguinte metodologia. A avaliação dos impactos avançou através de um processo iterativo, considerando quatro elementos fundamentais, a saber: 1. Previsão da magnitude dos impactos identificados, ou seja, as consequências das propostas sobre o ambiente natural e social; 2. Avaliação da importância (ou significado) dos impactos identificados, levando em conta, a sensibilidade dos recursos ambientais ou receptores humanos; 3. Desenvolvimento de medidas de mitigação para evitar, reduzir ou controlar os impactos; e 4. Avaliação de quaisquer impactos residuais identificados após a aplicação das medidas de mitigação. Onde impactos residuais permanecem, outras opções para a mitigação poderão ser consideradas e os impactos reavaliados até que os mesmos sejam tão baixos quanto razoavelmente praticáveis para o projecto. A metodologia detalhada pode ser encontrada no Anexo E. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 59 2.6.3 Relatório da AIA e o PGA Os resultados dos estudos especializados foram integrados no presente relatório da AIA e servirão de informação para a elaboração do PGA. Este relatório apresenta uma avaliação dos impactos associados com o projecto proposto e faz recomendações para a mitigação dos impactos negativos e a valorização dos impactos positivos. O PGA encontra-se em formato tabular e irá conter medidas claras e práticas de gestão a serem implementadas durante a construção, operação edesmantelamentodo projecto. Caso a licença ambiental seja emitida, o PGA fará parte das condições da licença para garantir que o projecto é conduzido e gerido de uma forma ambiental e socialmente responsável. O relatório da AIA e o PGA serão disponibilizados para consulta pública. As reuniões serão realizadas em Maputo, Quelimane, Tete e Beira para apresentação dos resultados da Fase da AIA e para obter-se comentários sobre o relatório da AIA e o PGA. Todos os comentários recebidos serão compilados no Relatório de Comentários e Respostas e constará como anexo do relatório da AIA e submetido ao MICOA para tomada de decisão. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 60 3 ENQUADRAMENTO LEGAL E DIRECTRIZES INTERNACIONAIS 3.1 INTRODUÇÃO O objectivo deste capítulo é apresentar o quadro legal ambiental em que se enquadra a proposta de projecto, incluindo tanto os instrumentos legais nacionais assim comointernacionais, a identificação das convenções internacionais ratificadas pelo Governo de Moçambique, bem como os acordos estabelecidos a nível regional entre os países da África Austral. Também estão identificados, o quadro legal nacional específico para projectos do sector de transportes e as componentes relacionadas à gestão ambiental e outros aspectos que estão holisticamente integrados no ambiente. Também são abordadas neste capítulo, algumas directrizes internacionais relacionadas com as boas práticas no desenvolvimento de estudos e projectos desta natureza que, embora não constituindo imperativos formais legais, são documentos importantes que estabelecem as normas, orientações ou recomendações relacionadas com as actividades em análise. Estes documentos foram desenvolvidos em parte por organizações internacionais de referência em uma abordagem específica para as diversas questões, quer em termos de projectos de transporte fluvial, estudos ambientais associados, participação pública, etc. 3.2 QUADRO LEGAL INTERNACIONAL E REGIONAL 3.2.1 Convenções Ambientais Internacionais O Governo de Moçambique assinou e ratificou uma série de convenções internacionais que serão relevantes para o projecto proposto. Estas convenções são listadas na Tabela 3.1 abaixo, juntamente com o seu estatuto de ratificação. Tabela 3.1 Participação de Moçambique em Convenções Internacionais relevantes Convenção Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural, Paris, 1972 Convenção sobre a Diversidade Biológica, Rio de Janeiro, 1992 Convenção Sobre Terras Húmidas de Importância Internacional, Especialmente como 'habitat' de Aves Aquáticas (Convenção de Ramsar), Ramsar, 1971 Data Ratificação 1982 Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias de Animais Selvagens, Bona, 1979 Convenção Global das Aves Migratórias, Bona, 1991 A Convenção para a Protecção, Gestão e Desenvolvimento do Meio Ambiente Marinho e Costeiro da Região da África Oriental e protocolos relacionados, Nairobi, 1985 Membro da Organização Marítima Internacional desde 1991 Organização de Cooperação Económica, Científica e Técnica Marinha do Oceano Índico - IOMAC, membro desde 1991 Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, Jamaica, 1982 Não assinado ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT 1996 2003 Não assinado 1996 Não aplicável Não aplicável 1982 RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 61 Convenção Data Ratificação Convenção para a Supressão de Actos Ilícitos contra a Segurança da Acedida em 2003 Navegação Marítima, 1988 (incluindo o Protocolo para a Supressão de Actos Ilícitos contra a Segurança de Plataformas Fixas Localizadas na Plataforma Continental) As seguintes convenções e declarações ambientais ratificadas Moçambique merecem particular destaque para o estudo actual: por • Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, ratificada pela Resolução N.º 18/81, de 30 de Dezembro, em que o princípio fundamental integrado no Artigo II orienta os Estados na adopção de medidas necessárias para assegurar a conservação, utilização e desenvolvimento da terra, água, flora e fauna de acordo com princípios científicos e tendo em consideração os interesses das populações. Em relação à conservação dos recursos hídricos, a Convenção recomenda as várias partes a tomarem diversas medidas necessárias para o desenvolvimento de políticas de conservação e uso de recursos hídricos superficiais e subterrâneos e para as partes a envidarem esforços para garantir o fornecimento suficiente e contínuo de água de qualidade, tomando medidas apropriadas para tal: Execução de estudos sobre os ciclos hidrológicos e de pesquisa em cada bacia hidrográfica; Coordenação e planeamento do desenvolvimento de projectos hidroeléctricos; Gestão e controle de todas as formas de uso da água; Prevenção e controle da poluição. • Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, ratificada pela Resolução N.º 1/94, de 24 de Agosto, cujo objectivo é a promoção da redução das emissões de gases de efeito estufa para níveis seguros, minimizando desta forma os impactos ambientais negativos do aquecimento global. • Convenção sobre a Diversidade Biológica, ratificada pela Resolução N.º 2/94, de 24 de Agosto, que tem como objectivo, a conservação da biodiversidade, a utilização sustentável dos seus componentes e a repartição justa e equitativa se os benefícios forem derivados dos recursos genéticos, inclusive através do acesso adequado a esses recursos e da transferência apropriada das tecnologias relevantes. • Convenção de Ramsar (Convenção sobre Terras Húmidas de Importância Internacional), ratificada através da Resolução N.º 45/2003, de 5 de Novembro. Ao ratificar a convenção, os governos signatários comprometeram-se na designação de áreas para serem integradas na Lista de Terras Húmidas de Importância Internacional e a trabalhar em prol do uso sustentável das terras húmidas através do ordenamento do território, o desenvolvimento de políticas e à publicação da legislação, como também com intervenções de gestão e educação para a educação das suas populações. Os governos também comprometeram-se a designar novos locais para a Lista de Terras Húmidas de Importância Internacional e para ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 62 assegurar a gestão adequada e eficaz e cooperar a nível internacional em relação à terras húmidas transfronteiriças, os sistemas de terras húmidas partilhadas, as espécies comuns e projectos comuns de desenvolvimento que podem afectar as terras húmidas. Reconhecendo o valor do complexo económico, cultural e ecológico em Marromeu no Delta do Zambeze, o governo declarou a área como a primeira terra húmida de importância internacional em Moçambique. 3.2.2 Convenções Marítimas Internacionais A RML é obrigada a garantir que as suas operações cumpram as Convenções Marítimas Internacionais das quais o Governo de Moçambique é signatário. As convenções internacionais relevantes para o ambiente marinho são as seguintes: • MARPOL, 1973, a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL 73/78) contém uma série de disposições pertinentes ao projecto (Tabela 3.2). Estes incluem requisitos gerais em matéria de controlo dos óleos usados, as descargas de óleo de motor, descargas de águas residuais negras e brancas, bem como gestão de resíduos sólidos e sua eliminação. A Convenção de MARPOL inicialmente era composta por Regras para a Prevenção da Poluição por Hidrocarbonetos (Anexo I) e para o Controle da Poluição por Substâncias Líquidas Nocivas a Granel (Anexo II). Outros quatro anexos foram subsequentemente adicionados. Os países ratificantes devem aceitar os anexos I e II, mas os outros quatro anexos são voluntários. Moçambique ratificou os anexos I e II e apenas um projecto de Lei de Poluição Marinha foi preparado para adoptar os restantes quatro anexos das normas da Convenção da MARPOL para a legislação moçambicana. É a intenção do projecto de agir em conformidade com os anexos pertinentes que ainda não foram ratificados. O Anexo I da MARPOL também designa "zonas especiais" onde existe um controlo mais rigoroso sobre a descarga de resíduos oleosos. Nenhumas áreas do mar aberto de Moçambique foram declaradas como áreas especiais da MARPOL. • A Convenção de OPRC, 1990, Convenção Internacional sobre a Preparação, Intervenção e Cooperação em caso de Poluição por Petróleo (OPRC) entrou em vigor em 1995 e exige que as várias Partes estabeleçam medidas para lidar com grandes incidentes ou ameaças à poluição marinha, a nível nacional ou em cooperação com outros países. Os navios são obrigados a ter um plano de emergência a bordo de poluição de petróleo e a relatar os incidentes de poluição para as autoridades costeiras. Os operadores no mar aberto são obrigados a ter planos de emergência de poluição por petróleo ou de acordos semelhantes que devem ser coordenados com os sistemas nacionais para responder rápida e eficazmente a incidentes de poluição de petróleo. A Convenção solicita que os navios disponham de equipamentos de combate ao derrame de petróleo, e que efectuem exercícios de resposta para o combate à poluição, exercícios e o desenvolvimento de planos detalhados para lidar com ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 63 incidentes de poluição. As Partes da Convenção são solicitadas a prestar assistência aos outros, no caso de uma emergência de poluição e está previsto o reembolso para qualquer assistência prestada. • Convenção para a Supressão de Actos Ilícitos contra a Segurança da Navegação Marítima, 1988, esta Convenção foi adoptada a 10 de Março de 1988, e entrou em vigor a 1 de Março de 1992 e foi aderido por Moçambique em 2003. A convenção obriga os Governos a tomar medidas para prevenir actos ilícitos que ameacem a segurança dos navios, bem como a segurança dos passageiros e tripulação. • A Convenção de Nairobi (formalmente conhecida como a Convenção para a Protecção, Gestão e Desenvolvimento do Meio Ambiente Marinho e Costeiro da Região da África Oriental) foi adoptada em 21 de Junho de 1985. A convenção tem por objectivo fornecer uma plataforma de colaboração entre os países signatários para a gestão do ambiente marinho da África Oriental. As Ilhas Comores; Reunião / França / União Europeia, Quénia, Madagáscar, Seychelles e Somália são signatários originais da Convenção. Moçambique, Tanzânia e Ilhas Maurícias assinaram a convenção em uma data posterior. Os aspectos-chave da Convenção estão listados abaixo: • os signatários podem celebrar acordos bilaterais ou multilaterais para a protecção e gestão do ambiente marinho e costeiro da zona da convenção; • os signatários devem cooperar na investigação científica, monitorização e intercâmbio de informações científicas e desenvolver uma rede de centros de investigação nacionais para assegurar a solidez dos resultados científicos; • os signatários devem implementar medidas para assegurar a protecção de espécies ameaçadas da fauna selvagem, tal como consta no Anexo II da Convenção; e • os signatários estabelecerão áreas protegidas em áreas para conservar os recursos naturais da região da África Oriental, onde necessário, consultar uns com os outros para alcançar um acordo sobre áreas protegidas contíguas e estabelecer um programa regional para coordenar a selecção, estabelecimento e gestão destas áreas protegidas. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 64 Tabela 3.2 MARPOL 1973/1978 Disposições desenvolvimento de Petróleo e Gás Aspecto Ambiental relevantes para projectos Disposições do MARPOL 1973/1978 Anexo Água de drenagem Os navios devem seguir a sua rota, mas não dentro de uma 'área especial' e o óleo não deve exceder 15 ppm (sem diluição). Os navios devem estar equipados com um sistema de filtragem de óleo, corte automático e um sistema de retenção de óleo. Descarga É necessário um Plano de Emergência em caso de poluição por acidental de óleo hidrocarbonetos (SOPEP). I Químicos a granel II Descarga de águas residuais Lixos Desperdícios alimentícios Emissões de poluentes atmosféricos 3.2.3 de Proíbe a descarga de substâncias líquidas nocivas, substâncias poluentes perigosas e substâncias resultantes da lavagem de tanques. Os navios estão sujeitos a inspecções periódicas para garantir o cumprimento das regras. Todas as embarcações devem possuir um Manual de Procedimento e Equipamento e um Livro de Registo de Carga. Descarga de águas residuais só é permitida se o navio possui instalações de tratamento de águas residuais, o resultado do teste das instalações estão documentados, e que o efluente não produzirá sólidos flutuantes visíveis, nem causar a descoloração da água circundante. A eliminação de lixos dos navios e de plataformas fixas ou flutuantes é proibida. Os navios devem possuir um plano de gestão de lixo e serão equipados com um Livro de Registo de Lixos A descarga de desperdícios alimentícios que passa por uma malha de 25-mm é permitida em instalações que se encontrem a mais de 12 milhas náuticas da costa. Estabelece limites para as emissões de óxido de enxofre e óxido de nitrogénio dos tubos de escape dos navios e proíbe a emissão deliberada de substâncias destruidoras do ozono, incluindo hidrocarbonetos halogenados e clorofluorcarbonetos. Define limites para as emissões de óxidos de nitrogénio provenientes dos motores a diesel. Proíbe a incineração de determinados produtos a bordo, como materiais de embalagem e bifenilospoliclorados I IV V V VI Protocolos Regionais Como membro da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), Moçambique assumiu os compromissos gerais consagrados no Tratado da SADC, bem como compromissos específicos no domínio da gestão dos recursos naturais. Neste contexto, importa notar, em particular a necessidade de respeitar os objectivos e princípios estabelecidos nos Artigos 2 e 3 do Protocolo da SADC sobre Recursos Hídricos Partilhados, também ratificado por Moçambique, que visa promover a cooperação entre os EstadosMembros para o desenvolvimento sustentável e gestão coordenada, protecção e uso dos recursos hídricos partilhados, a fim de implementar a agenda de integração regional e da erradicação da pobreza na SADC. Em Julho de 2004, o Acordo ZAMCOM (Comissão do Curso de Água do Zambeze) foi assinado, estabelecendo então a Comissão do Rio Zambeze. O acordo ZAMCOM foi assinado por Angola, Botswana, Malawi, Moçambique, Namíbia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, e estabeleceu uma instituição conjunta para a gestão do ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 65 rio Zambeze. Este acordo, no entanto, ainda não está ratificado, e a Zâmbia mostra alguma relutância na adopção de alguns dos princípios consagrados no acordo. Assim, os estados da Bacia do Zambeze estão actualmente sujeitos apenas às exigências do Protocolo da SADC sobre Recursos Hídricos Partilhados. O novo acordo da ZAMCOM incentiva o uso equitativo dos recursos do rio Zambeze, como forma de mitigar os conflitos dentro da bacia. Outros protocolos relevantes na SADC incluem: Protocolo da SADC sobre Género e Desenvolvimento, Artigo 2; Protocolo da SADC sobre Conservação da Fauna Bravia, Artigo 3; Protocolo da SADC sobre a Gestão Florestal, Artigo 2. 3.3 QUADRO LEGAL NACIONAL O projecto proposto deve respeitar as normas aprovadas para o licenciamento de projectos, no que diz respeito aos aspectos institucionais impostos para o licenciamento, a consulta especialmente transversal e coordenação, bem como no que respeita à avaliação dos aspectos sociais e ambientais e seus impactos. A participação pública, especialmente a consulta com as partes potencialmente afectadas, merece destaque neste tipo de projecto. Em termos gerais, os instrumentos e regulamentos aplicáveis aos sectores a seguir são relevantes para este tipo de projecto. 3.3.1 Gestão Ambiental A Política Nacional de Gestão Ambiental (aprovada pelo Conselho de Ministros, Resolução N.º5/95, de 3 de Agosto) adopta o princípio de que "o Homem é um componente importante do ambiente e o beneficiário principal da sua gestão adequada." No ponto 2 da sua introdução, o texto do documento afirma que a política ambiental é a base para o desenvolvimento sustentável de Moçambique, visando a erradicação progressiva da pobreza e a melhoria da qualidade de vida dos Moçambicanos, bem como a redução dos danos ambientais. Os seguintes objectivos gerais são indicados: a) b) c) d) e) f) g) Assegurar uma qualidade de vida adequada dos cidadãos; Assegurar a gestão dos recursos naturais e do ambiente em geral, a fim de manter a sua capacidade funcional e produtiva para as gerações presentes e futuras; Desenvolver a consciencialização ambiental da população, para permitir a participação pública na gestão ambiental; Garantir a integração de considerações ambientais na planificação socioeconómica; Promover a participação da comunidade local no planeamento e na tomada de decisões sobre o uso dos recursos naturais; Proteger os ecossistemas e os processos ecológicos essenciais; Integrar os esforços regionais e globais na busca de soluções para os problemas ambientais. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 66 O Quadro Lei do Ambiente (Lei N.º 20/97, de 1 de Outubro) contém os princípios fundamentais da gestão ambiental e dos recursos naturais no país, com o objectivo de definir a base legal para o uso sustentável e a gestão correcta do ambiente e seus componentes, a fim de implementar um sistema de desenvolvimento sustentável no país. Esta lei, tal como referido no Artigo 3, aplica-se "a todas as actividades públicas e privadas que possam, directa ou indirectamente influenciar os componentes do ambiente", incluindo água, ar, solo, subsolo, flora, fauna e todas as condições socioeconómicas e de saúde que afectam as comunidades" A lei adopta os seguintes princípios fundamentais para a gestão ambiental (Artigo 4): • • • • • • • • Uso racional e gestão dos componentes ambientais; Reconhecimento e valorização das tradições e conhecimento da comunidade local; Precaução; Visão geral e integrada do ambiente; Ampla participação dos cidadãos; Igualdade; Responsabilidade (principio do poluidor ser responsável); Cooperação internacional. Devido à sua importância, atenção é dada à necessidade de observância de todos os princípios incluídos no Artigo 4, dos quais são enfatizados aqui; o princípio da responsabilidade, uma vez que a responsabilidade de prevenir e/ou compensar pelos danos deve ser interpretada com referência a uma definição ampla do meio ambiente (aspectos ecológicos e socioeconómicos), contida na Lei. Isto exige do proponente do projecto e do governo em geral, a necessidade da observância rigorosa e total de todas as prescrições para a prevenção e mitigação de impactos sociais e ambientais, a avaliação cuidadosa de custos/benefícios e das opções alternativas. A lei proíbe a poluição nas suas diversas formas (Artigo 9), incluindo a geração, deposição e/ou a libertação de substâncias tóxicas e poluentes no solo e subsolo, água e atmosfera, bem como a importação de resíduos perigosos para o território nacional, excepto nos casos abrangidos por legislação específica. A lei também proíbe todas as actividades que trabalham contra a conservação, reprodução, qualidade e quantidade dos recursos biológicos, especialmente aquelas ameaçadas de extinção (Artigo 12). A fim de evitar danos ambientais, a lei estabelece a Licença Ambiental, com base em um processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Artigo 15). 3.3.2 Avaliação de Impacto Ambiental Apesar de todas as disposições da Lei do Ambiente e seus regulamentos serem relevantes para este projecto, atenção especial deve ser dada, sem dúvida, às disposições da lei sobre o licenciamento ambiental, detalhado no Regulamento do Processo de Avaliação de Impacto Ambiental - RIMA ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 67 (Decreto N.º45/2004, de 29 de Setembro, alterado pelo Decreto N.º42/2008, de 04 de Novembro). O Diploma Ministerial N.º 198/2005 de 28 de Setembro, prevê que as AIAs da categoria A são apresentadas e geridas a nível nacional do MICOA, enquanto as outras categorias são tratadas a nível provincial). Nota-se também a Directriz Geral para Estudos de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial N.º 129/2006 de 19 de Julho) prescreve directrizes e parâmetros para a implementação geral dos Estudos de Impacto Ambiental, a fim de padronizar os procedimentos inerentes a estes. Esta Directriz fornece uma enumeração detalhada dos aspectos que devem ser parte integrante do EIA. Sob o RIMA, e confirmado pelo MICOA em resposta ao registo do projecto, a proposta de projecto se insere nas actividades da Categoria A em conformidade com o Anexo I, e portanto, o processo do EIA deve seguir as disposições para esta categoria. Para as actividades da Categoria A, um Estudo de Impacto Ambiental completo é necessário, precedido pela elaboração de um Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e de Definição do Âmbito (EPDA), que estabelece os Termos de Referência para a Avaliação de Impacto Ambiental. A participação pública é obrigatória para as actividades da Categoria A (Artigo 14), a ser realizado em conformidade com as Directrizes Gerais para Participação Pública no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental aprovado pelo Diploma Ministerial N.º 130/2006, de 19 de Julho. Após a submissão ao MICOA, ambos os EPDA e EIA são analisados por uma Comissão Técnica de Avaliação especificamente constituída para este fim, que justificará a sua decisão relativa à aprovação dos relatórios e licenciamento ambiental. 3.3.3 Outros Regulamentos de Interesse para a Gestão Ambiental É importante também considerar as normas a seguir, na medida em que prescrevem as normas aplicáveis a diferentes aspectos a considerar: • Decreto N.º 11/2006, de 15 de Junho - Aprova o Regulamento sobre a Inspecção Ambiental, cujo objectivo é regular as actividades de controlo, supervisão e cumprimento das normas de protecção ambiental a nível nacional. • Decreto N.º 18/2004, de 2 de Junho - Aprova oRegulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes, que visa assegurar um controlo eficaz e de monitorização da qualidade do ambiente e dos recursos naturais de Moçambique. Além disso, proporciona padrões de qualidade de água, emissões atmosféricas e de ruído. • Decreto N.º 13/2006, de 15 de Junho - Regulamento sobre Gestão de Resíduos, que estabelece regras para a produção de resíduos, armazenamento no solo e subsolo, e a liberação na água ou na atmosfera. Também aborda as actividades poluentes que aceleram a degradação ambiental, com o objectivo de prevenir ou minimizar os impactos negativos sobre a saúde e o meio ambiente. Classifica os resíduos em perigosos e não perigosos e subdivide-os em categorias definidas no seu Anexo IV. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 68 3.4 • Despacho do Ministro para a Coordenação da Acção Ambiental, de 28 de Setembro de 2005 - relativo à emissão de Licenças Ambientais. • Decreto N.º 45/2006, de 30 de Novembro - Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro. • Decreto N.º 32/2004, de 18 de Agosto – Estatuto Orgânico do Instituto Nacional da Marinha (INAMAR), que tem a competência sobre o uso das águas territoriais para a navegação. • Resolução 64/2004, de 31 de Dezembro - a ratificação do Acordo para o estabelecimento da Comissão do Curso de Água do Zambeze. RECURSOS HÍDRICOS A gestão dos recursos hídricos é definida, em Moçambique, através da Política Nacional de Águas, a Lei de Águas (Lei N.º 16/91, de 3 de Agosto) e o Regulamento de Licenças e Concessões de Águas (Decreto N.º 43/2007, de 30 de Outubro). Esses instrumentos legais são baseados no princípio da prioridade dos direitos de acesso comum ou público de água de abastecimento e contém normas e procedimentos para a gestão dos recursos hídricos da bacia, a emissão de licenças e concessões para extracção privada de água e infra-estruturas para extracção de água e a protecção do equilíbrio ecológico e o meio ambiente, incluindo regras para pagamento da extracção de água e infra-estruturas públicas e a proibição de qualquer efluente sem licenciamento. É importante tomar nota das seguintes disposições da Lei de Águas (Lei N.º16/91, de 3 de Agosto): • Artigo 7, contendo os Princípios da Gestão de Águas, no qual a linha (b) refere-se à necessidade de coordenação institucional e participação da população nas decisões importantes relativas à política de gestão de águas; • Artigo 16 sobre a necessidade de cooperação intersectorial na implementação da Política de Gestão de Águas. Esta disposição é complementada pelo Artigo 17, que institui o Conselho Nacional de Águas e ao qual atribui a responsabilidade de emitir pareceres sobre os programas e projectos hídricos antes de serem submetidos ao financiamento internacional ou destinadas verbas do orçamento do Estado; • Artigo 18 prevê a criação das Administrações Regionais de Água com as seguintes competências: a participação na elaboração, implementação e revisão do plano de ocupação hidrológica das bacias, gestão e monitorização do domínio público hídrico, a criação e manutenção do cadastro de águas; o registo e licenciamento de uso de água privado, bem como a fixação e cobrança de taxas de uso da água; a aprovação e fiscalização de obras hidráulicas a realizar; e a reconciliação de conflitos decorrentes do uso e aproveitamento da água. Neste contexto, a ARA- ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 69 Zambeze foi estabelecida, e é responsável pela gestão da Bacia do Rio Zambeze, a autorização de extracção de águas subterrâneas e superficiais e do material do leito do rio e para a construção e utilização de infraestruturas de abastecimento de água. Além disso, a ARA-Zambeze, é responsável pelas autorizações de utilização, dentro das zonas de protecção especial, como a faixa de 50 metros da costa do rio, para fins de extracção e abastecimento de água (ver o Decreto N.º 26/91 e o Diploma Ministerial N.º 70/2005, de 23 de Março). Por outro lado, o uso do curso de água do rio, o seu canal e do litoral para fins de navegação, como tal, e como zonas de protecção parcial está sujeito à supervisão e autoridade do INAMAR (ver o Decreto N.º 32/94, de 18 de Agosto e o Decreto N.º 37/2007, de 14 de Agosto). 3.4.1 Pescas A Lei das Pescas (Lei N.º 3/90, de 26 de Setembro) é relevante no sentido de que no Artigo 9 é estabelecido que o Estado é responsável pela promoção das pescarias de pequena escala, incluindo a pesca, uma actividade que ocupa um grande número de comunidades ribeirinhas. Faz-se aqui particular referência ao Artigo 8, sobre os planos de desenvolvimento da pesca. 3.4.2 Terras Segundo a Constituição Moçambicana e como reflectido na Lei de Terras, a posse da terra é propriedade do Estado, no entanto os direitos de usar e ocupar as terras adquiridas por herança ou ocupação são reconhecidas. Nenhum título documental é necessário para que esses direitos sejam reconhecidos e protegidos pela Lei. A derrogação ou expropriação do uso da terra e dos direitos de ocupação existentes exige o consentimento da parte afectada e uma indemnização paga por bens tangíveis e intangíveis, perda de activos produtivos e comunitários, incluindo um terreno de substituição e os custos de reassentamento, o que coloca a parte lesada em posição tão boa ou melhor do que gozava anteriormente (Lei N.º 19/1997, de 01 de Outubro; Diploma Ministerial N.º 29A/2000, de 17 de Março; e do Artigo 20 da Lei N.º 19/2007). Neste contexto, a Lei de Terras (Lei N.º 19/95, de 1 de Outubro) prevê as directrizes legais em relação a: • Procedimentos para a aquisição de Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) (Artigo 24); • Direitos pré-existentes de uso e aproveitamento da terra, especialmente das comunidades locais (perda de direitos + reassentamento); • Zoneamento e planeamento do uso da terra para outras finalidades económicas e sociais; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 70 3.4.3 • Agricultura, o uso dos recursos naturais e outras; e • A Política Nacional de Terras de 1995, que promove a facilitação do desenvolvimento socioeconómico sem, contudo, criar desequilíbrios ambientais. Um dos princípios fundamentais da Política Agrária (parágrafo 17) é o uso sustentável dos recursos naturais, para garantir a qualidade de vida para as gerações presentes e futuras, garantindo que as áreas de protecção total e parcial mantenham a qualidade ambiental e os fins especiais para que foram criadas. Florestas e Fauna Bravia O Artigo 3 da Lei de Florestas e Fauna Bravia - LFFB (Lei N.º 10/99, de 7 de Julho) define os princípios para maneio florestal e dos recursos da fauna bravia, em especial para reconhecer e valorizar as tradições e os conhecimentos das comunidades locais (linha (e): envolvimento do sector privado na gestão, conservação e exploração dos recursos florestais e da fauna bravia; linha (f): responsabilidade de quem causar danos aos recursos florestais e da fauna bravia, com a obrigação para a restauração ou compensação da degradação e dos danos causados a terceiros, independentemente de outras consequências legais. Outra disposição relevante diz respeito à protecção de áreas de uso histórico e cultural e valor para as comunidades locais definidos e protegidas pelo Artigo 13. O Artigo 3 do Regulamento da LFFB (Decreto N.º 12/2002, de 6 de Junho, alterado pelo Decreto N.º 11/2003, de 25 Março) também merece consideração, pois requer a implementação de estudos de impacto ambiental para quaisquer actividades excepcionais realizadas nas zonas de protecção. Além disso, considera-se o Decreto N.º 12/2002, de 06 de Junho, alterado pelo Decreto N.º 11/2003, de 25 de Março, que regulamenta a Lei de Florestas e Fauna Bravia, bem como o Decreto N.º 25/2008, de 1 de Julho, que aprova o Regulamento para o Controle de Espécies Exóticas Invasivas. 3.4.4 A Lei do Mar Uma vez que o Projecto de Transporte Fluvial por Barcaças inclui transbordo no mar, esta Lei é relevante. A Lei do Mar (Lei n.º 4/96, de 4 de Janeiro), abrange principalmente os aspectos relacionados com o tráfego marítimo, mas também refere-se às actividades relacionadas com as condições de segurança e controlo da poluição do ambiente marinho. A lei aplica-se a: • Mar e todas as águas navegáveis e o respectivo leito e subsolos sujeitos à jurisdição marítima, nos termos da lei aplicável, bem como ao domínio público adjacente a tais águas; • A todas as embarcações e outros objectos marítimos, incluindo cabos, ductos, instalações e estruturas marítimas sob jurisdição moçambicana; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 71 • A todas as embarcações nacionais, onde quer que se encontrem; • A todas entidades, pessoas singulares ou colectivas de algum modo vinculadas a embarcações ou com navegação em Moçambique; • Todas as actividades marítimas que se realizem dentro dos limites da jurisdição moçambicana, sem prejuízo da legislação específica aplicável às actividades piscatórias e outras. Quanto à zona contígua ao mar territorial: 1. A zona contígua ao mar territorial é definida como a faixa do mar adjacente ao mar territorial, a qual se estende até 24 milhas marítimas medidas a partir da linha de base. 2. Na zona contígua ao mar territorial, o Estado exerce o controlo necessário para a: a. Prevenção da violação das leis, regulamentos aduaneiros, fiscais de migração e sanitários, de protecção e preservação do ambiente marinho, vigentes no território Moçambicano; b. Repressão das infracções às leis e regulamentos referidos na alínea anterior. No que respeita à Zona Económica Exclusiva: A zona económica exclusiva da República de Moçambique compreende a faixa de mar adjacente e para além ao mar territorial, até 200 milhas marítimas medidas a partir da linha de base, a partir da qual se mede o mar territorial. O Artigo 11 da Lei do Mar refere-se aos direitos soberanos da zona económica exclusiva. A jurisdição do Estado sobre a zona económica exclusiva será exercida em conformidade com os termos da presente lei, no que refere: a. A investigação científica marítima; b. Protecção e preservação do meio ambiente marítimo. As medidas regulamentares (Artigo 33) incluem: a. Todas as questões relativas à segurança das embarcações mercantis, investigação de sinistros ou acontecimentos marítimos em águas jurisdicionais moçambicanas; b. Controlo de tráfego marítimo, bem como de pilotagem e de reboque nas águas moçambicanas; c. Questões relativas à poluição marítima; d. Questões relativas ao comércio e indústria marítimos. É também da responsabilidade do Governo regulamentar e administrar todas as actividades de uso do mar dentro das águas jurisdicionais moçambicanas, em conformidade com o direito internacional, nomeadamente: ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 72 a. A investigação científica marítima; b. Exploração e uso de todos os recursos naturais marinhos, vivos e não vivos; c. Protecção e preservação do ambiente marinho; d. Protecção de objectos de carácter arqueológico no mar; e. Desporto marítimo e actividades recreativas marítimas; f. Gestão geral do mar territorial, zona contígua, zona económica exclusiva e plataforma continental moçambicanas. 3.4.5 Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro Decreto N.º 45/2006, de 30 de Novembro(1) aprovou o Regulamento para a Prevenção da Poluição e Proteção dos Ambientes Marinho e Costeiro. Os primeiros capítulos deste Regulamento transpõem disposições gerais incluídas em diversas Convenções sobre o assunto para a ordem legal interna, adaptando-os à realidade Moçambicana. Entre estas, estão a Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (MARPOL 1973/1978), a Convenção para a Protecção, Gestão e Desenvolvimento do Meio Ambiente Marinho e Costeiro da Região da África Oriental (Convenção de Nairobi) e a Convenção Internacional sobre a Preparação, Intervenção e Cooperação em caso de Poluição por Petróleo 1990 - OPRC 90. Como estabelecido no seu Artigo 2, o objectivo do presente Regulamento é determinar as medidas adequadas para prevenir e limitar a poluição derivada das descargas ilegais efectuadas por navios, plataformas ou por fontes baseadas em terra, ao largo da costa de Moçambique, bem como o estabelecimento de bases legais para a protecção e conservação das áreas que constituem domínio publico marítimo, lacustre e fluvial, das praias e dos ecossistemas frágeis. O regulamento é aplicável a todas as pessoas nacionais ou estrangeiras, singulares ou colectivas, que exercem actividades susceptíveis de causar impactos negativos ao ambiente, nas áreas que constituem dominio público, marítimo, lacustre e fluvial, incluindo todos os ecossistemas frágeis localizados junto à costa e águas interiores. Além disso, o regulamento é aplicável às descargas de substâncias nocivas ou perigosas por navios, em portos, instalações portuárias, instalações emissoras ao longo da costa, plataformas ou por outras fontes baseadas em terra, nomeadamente: a. Nas águas interiores, incluindo portos e terras húmidas; b. No mar territorial do Estado moçambicano; c. No Canal de Moçambique, quando utilizado para navegação internacional subordinado ao regime de passagem em trânsito, estabelecido na Parte III, Secção 2, da Convenção do Direito do Mar, ratificada pela Resolução N.º (1) Decreto 45/2006 é publicado no Boletim da Republica N.º48, 1ª Série, Suplemento de 30 de Novembro de 2006 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 73 21/96, de 26 de Novembro, na medida em que o Estado Moçambicano exerce jurisdição sobre o canal; d. Na zona económica exclusiva, estabelecida em conformidade com o direito internacional, e e. No alto-mar. O regulamento também se aplica a todos os navios nacionais e estrangeiros que estejam a navegar nas águas jurisdicionais da República de Moçambique, bem como em instalações localizadas ao largo da costa moçambicana, no que se refere a qualquer descarga ou lançamento ocorrido nos seus termos. Quanto à classificação de substâncias nocivas ou perigosas, o regulamento se refere à regulamentação em vigor sobre gestão de resíduos.1 Título II do presente regulamento trata dos navios e plataformas. No âmbito dos sistemas de prevenção e controlo da poluição, o regulamento estipula que todos os portos, instalações portuárias, plataformas, instalações emissoras ao longo da costa, bem como suas instalações de apoio, têm a obrigação de dispor de instalações ou meios adequados para a recolha e tratamento dos diversos tipos de resíduos e para o controlo da poluição. Os seus proprietários devem elaborar um manual de procedimentos para a gestão dos diversos resíduos gerados ou provenientes das actividades de movimentação e armazenamento de óleos e substâncias nocivas ou perigosas. Este manual de procedimentos deverá ser aprovado pela entidade que tutela a área do ambiente. Os proprietários também deverão ter planos de contingência disponíveis para combater a poluição por óleo e substâncias nocivas ou perigosas2. Os navios possuem ainda a obrigação de armazenar todos os resíduos gerados a bordo, antes de deixar o porto, respeitando, porém, as condições em que isso não pode ser feito.3 O regulamento prevê também a obrigação de fornecer dados sobre os resíduos.4 No Capítulo II (Artigos 11 a 14), o Regulamento trata de questões relacionadas com o transporte de óleos, hidrocarbonetos e substâncias nocivas ou perigosas, estipulando Livros de Registo obrigatórios e quais os dados a serem registados, bem como a obrigação de informar sobre sua localização a bordo como também, os dados que a embalagem de substâncias nocivas ou perigosas deve indicar. O Capítulo III (Artigos 15 a 25) trata de aspectos relacionados a descargas de óleos e substâncias nocivas ou perigosas, proíbindo a sua ocorrência em águas sob jurisdição nacional, e define as excepções a esta proibição. Além disso, no Capítulo III, a obrigação está prevista para comunicação de incidentes que ocorreram nos portos, navios, plataformas e instalações de apoio susceptíveis de provocar poluição das águas sob jurisdição nacional. Artigo 3 doRegulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro Artigo 5, 6 e 7 do Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro 3 Artigo 8 do Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro 4 Artigo 9 do Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro 1 2 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 74 O Capítulo IV (Artigos 26 a 32) define as competências da autoridade marítima para evitar a poluição, entre as quais a possibilidade de exigir ao comandante do navio e/ou proprietário: a. Fazer o transbordo para outro navio disponível ou descarga para uma parte específica do mesmo navio ou ou para um depósito no porto, dentro de determinado período; b. Faça deslocar o navio sob o seu governo para um local especificado; c. Não realize qualquer deslocação do navio de determinado local, até que ordem em contrário seja dada, de acordo com as condições particulares do navio e da posição onde este se encontre; d. Abster-se de qualquer descarga ou transbordo de hidrocarbonetos ou parte dele até ordem em contrário pela autoridade marítima; e. Realizar operações para o afundamento ou destruição do navio, ou da sua carga ou parte desta, de acordo com decisões do Governo; f. Tome uma determinada rota, nos casos em que o navio esteja a navegar em águas territoriais ou na zona contígua; g. Procurar obter serviços de uma ou mais embarcações adequados para apoiar a autoridade marítima nas diligências que se mostrem necessárias; h. Tomar outras diligências em relação ao navio ou sua carga para impedir a descarga de hidrocarbonetos ou a continuação dessa descarga. Em relação ao comandante duma instalação, a autoridade marítima poderá exigir que aquele suspenda a operação da instalação ou que tome medidas acima referidas. O Capítulo V (Artigos 33 a 42) refer-se à investigação de incidentes, sanções e compensação de prejuizos. Para além das sanções pecuniárias, o Regulamento prevê outras medidas punitivas, particularmente a apreensão do navio e a destruição ou inutilização do produto. O Título III (Artigos 43 a 86) deste Regulamento trata da prevenção da poluição marinha e costeira por fontes baseadas em terra. 3.5 DIRECTRIZES INTERNACIONAIS DE BOAS PRÁTICAS Além de cumprir com as normas vigentes no país, sejam elas derivadas de instrumentos legais estritamente nacionais ou instrumentos legais internacionais e regionais adoptados pelo país em virtude da ratificação; o projecto proposto está sujeito à observação das directrizes estabelecidas a nível internacional, para orientar algumas das actividades do projecto 3.5.1 Princípios do Equador As instituições internacionais de crédito dão orientações sobre os requisitos para o processo do EIA e colocam ênfase na obtenção de resultados sustentáveis ambientais, sociais e de saúde. Eles também dão padrões ambientais e limites para as emissões e descargas. Um número de medidas de mitigações de impacto importantes tais como o reassentamento (se necessário) também é especificados. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 75 Os Princípios do Equador são um conjunto de directrizes voluntárias desenvolvidas pelas principais instituições financeiras para gerir as questões ambientais e sociais no financiamento de projectos. As directrizes são baseadas em padrões ambientais e sociais do CFI, e aplicam-se globalmente em projectos de desenvolvimento com um custo capital de 10 milhões de dólares americanos ou mais em todos os sectores da economia. Estes princípios devem servir como uma base comum e contexto para a implementação da participação individual das instituições, procedimentos e padrões internos ambientais e sociais para o financiamento de actividades de projectos em todos os sectores da economia a nível global. Detalhes adicionais podem ser encontrados no site da Internet: www.equator-principles.com. O primeiro conjunto de Princípios do Equador foi lançado em 2003 e acabou sendo adoptado por mais de 40 instituições financeiras durante um período de execução de três anos. Um processo subsequente de actualização ocorreu em 2006, levando a um novo conjunto de Princípios do Equador revisto que foi publicado em Julho de 2006. O novo conjunto de Princípios do Equador revisto é totalmente coerente com os recentes e revistos Padrões de Desempenho da CFI (ver discussão abaixo). O objectivo dos Princípios do Equador é de garantir que, antes da aprovação da concessão de financiamentos, (a) o projecto foi objecto de um nível adequado de avaliação ambiental e social, em conformidade com os requisitos dos Padrões de Desempenho da Corporação Financeira Internacional (CFI – 2006) e (b) que o projecto irá implementar as medidas adequadas para a gestão das questões ambientais, sociais e de saúde durante as fases de construção, operação e desmantelamento. Ao adoptar os Princípios, as instituições financeiras se comprometem a rever cuidadosamente as propostas dos projectos para os quais os seus clientes solicitam financiamento. Eles não comprometem-se a conceder empréstimos a projectos em que o mutuário não irá, ou não será capaz de, cumprir com os requisitos dos Padrões de Desempenho do CFI. 3.5.2 Padrões de Desempenho da Corporação Financeira Internacional A concepção geral do projecto e esta AIAS são baseados em directrizes relevantes publicadas pela Corporação Financeira Internacional (CFI) e, portanto, devem cumprir os requisitos ambientais das potenciais instituições de crédito. O projecto está alinhado com a versão de Abril de 2006 dos Padrões de Desempenho do CFI em Sustentabilidade Social e Ambiental. Os oito Padrões de Desempenho são os que o CFI aplica ao gerir os riscos e impactos sociais e ambientais e para aumentar as oportunidades de desenvolvimento no seu financiamento ao sector privado. Mais informações podem ser encontradas no site da Internet www.ifc.org. Os oito padrões são: ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 76 • • • • • • • • Padrão de Desempenho 1: Sistemas de Avaliação e Gestão Social e Ambiental; Padrão de Desempenho 2: Condições de Trabalho; Padrão de Desempenho 3: Prevenção e Redução da Poluição; Padrão de Desempenho 4: Saúde Comunitária, Protecção e Segurança; Padrão de Desempenho 5: Aquisição de Terras e Reassentamento Involuntário; Padrão de Desempenho 6: Preservação da Biodiversidade e Gestão Sustentável dos Recursos Naturais; Padrão de Desempenho 7: Povos Indígenas; e Padrão de Desempenho 8: Património Cultural. Os Sistemas de Avaliação e Gestão Social e Ambiental estabelecem a importância para: (i) avaliação integrada para identificar os impactos, riscos e oportunidades de projectos sociais e ambientais, (ii) participação da comunidade através da divulgação de informações relacionadas ao projecto e consulta com as comunidades locais sobre o projecto, e (iii) a gestão do desempenho social e ambiental feito pelo investidor ao longo da duração do projecto. Os Padrões de Desempenho de 2 a 8 estabelecem requisitos para prevenir, reduzir, mitigar ou compensar os impactos sobre as pessoas e o ambiente, e melhorar as condições, quando apropriado. Apesar de todos os riscos e os potenciais impactos sociais e ambientais terem de ser considerados como parte da avaliação, os Padrões de Desempenho 2 a 8 descrevem os impactos que exigem uma atenção especial nos mercados emergentes. Quando os impactos sociais ou ambientais são previstos, o investidor deve administrálos através de um sistema de gestão socioambiental, de acordo com o Padrão de Desempenho 1. Além de atender os requisitos dos Padrões de Desempenho, os investidores devem cumprir com a legislação nacional, incluindo aqueles que envolvem as obrigações do país sob a lei internacional. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 77 4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO 4.1 VISÃO GERAL O Projecto proposto inicia-se nas instalações de carregamento do carvão em barcaças, no local onde o carvão é recebido a partir da correia transportadora terrestre da Mina de Benga, e termina quando o carvão é carregado em navios transoceânicos através de uma plataformade transbordo localizado ao largo do Chinde (Figura4.1). O transporte fluvial em barcaças será realizado usando uma operação similar à do Rio Mississippi nos Estados Unidos da América. Esta operação envolve embarcações de pequeno calado especialmente concebidas para empurrar quatro a oito barcaças de carga sem propulsão. As barcaças serão suficientemente leves e pouco profundas para o uso no rio mas suficientemente fortes para serem levadas para a zona marítima.As barcaças, que serão certificadas para uso marítimo, terão proas inclinadas especialmente concebidas para ajudá-las a lidar com as condições marítimas que deverão ser encontradas no Chinde. Embora o conceito do projecto esteja bem definido, o projecto detalhado está em curso, e continuam as investigações técnicas sobre as variações de fluxo do rio, a profundidade do canal, configurações do comboio fluvial, os requisitos de atracagem das barcaças, os requisitos de dragagem e volumes de transporte de carvão, entre outras. A fim de informar a avaliação de impacto, foram usadas estimativas superiores para as profundidades do canal, para a concepção das barcaças, entre outras. A equipa doprojecto técnico está em ligação com a equipa do meio ambiente de modo a reduzir os potenciais impactos, incorporando mudanças no projecto detalhado. Algumas mudanças para a descrição do projecto (principalmente a fase operacional do projecto) foram feitas na sequência da apresentação do Relatório do EPDA. Estas mudanças são descritas em detalhes neste capítulo. As principais actividades associadas a este projecto incluem: Fase de Construção: • Dragagem inicial do rio em determinados locais entre Benga e Chinde com a profundidade ideal para o transporte de carvão entre 3,0 e 3,5 m,com planos para aumentar a profundidade em locais específicos até os 5,5 m. Estes locais serão mais dragados para obter-se profundidades maiores, de forma a proporcionar depósitos localizados para o enchimento do canal em locais específicos. As profundidades do canal referidas no presente capítulo dizem respeito a uma profundidade em relação à altura típica do rio durante a estação seca que, para efeitos deste relatório, é baseada em uma altura do rio de 2,8m na escala de leitura de Tete; • Dragagem inicial do banco de areia na foz do Rio Chinde até uma profundidade de cerca de 4m abaixo do Zero Hidrográfico (ZH). O Zero ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 78 Hidrográfico é aproximadamente o nível mais baixo da maré astronómica e no Chinde está a cerca de 2m abaixo do nível médiodo mar; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 79 Figura4.1 Mapa da Região • Em relação à dragagem, a RML está a investigar a possibilidade de dragar inicialmente um canal menos profundo de aproximadamente 3m. O canal seria então aprofundado, logo que fosse adquirida mais experiência em relação à extensão e taxa de enchimento do canal. Estudos indicam que cerca de 60% (dependendo da profundidade do canal desejado) dos volumes de sedimentos serão dragados na metade superior do rio entre o ponto de carregamento e a ponte Dona Ana. Os restantes 40% serão dragados na metade inferior do rio, da ponte Dona Ana a Chinde. Dependendo da taxa de enchimento do canal que realmente for a ocorrer, pode-se decidir quer aprofundar o canal ao longo de todo o rio ou, alternativamente, manter um canal menos profundo a montante da ponte e aprofundar apenas o canal a jusante da ponte. Sobre este último cenário, as barcaças na parte superior do rio deslocar-se-iam parcialmente carregadas de Benga até um pouco a jusante da ponte Dona Ana e, em seguida seriam preenchidas com carvão adicional em Mutarara para a segunda metade da viagem. Enquanto existe a possibilidade de que o canal navegável em alguns trechos do rio possa ser mantido com menos de 3,5m, será necessária a aprovação para a criação de um canal com uma profundidade mínima de 3,5m em toda sua extensão, com a possibilidade para aprofundar o canal até 5,5m em locais onde se verifiquem altas taxas de sedimentação; • Construção de instalações de carregamento de carvão e pontos de atracagem no Rio Zambeze em Benga; • Construção de instalações de apoio no ou próximo do ponto de carregamento em Benga; • Construção de pontos de atracagem de cada lado da ponte Dona Ana; • Construção de pára-choques na ponte Dona Ana para proteger os pilares da ponte,se as investigações indicarem que tal é necessário ou conveniente; • A estação de transferência flutuante (ETF) de Dona Ana, se instalada, será constituída por uma grua e uma garra montada sobre uma plataforma flutuante. A garra tiraria o carvão de uma barcaça (barcaça de descarga) e colocaria o carvão em outra barcaça (barcaça de carga); • Construção de pontos de atracagem e plataformas flutuantes em vários locais no Chinde. Estes serão localizados na margem esquerda (olhando a jusante) do Rio Zambeze, a jusante do ponto de confluência com o Rio Maria, no Rio Maria, e na margem direita do Rio Zambeze cerca de dois quilómetros a montante do ponto de confluência com o Rio Maria; • Estabelecimento no Chinde de uma ou mais estações de transferência flutuantes para transferir o carvão de barcaças fluviais para barcaças oceânicas maiores. Espera-se que as estações de transferência sejam ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 81 montadas em fases, de forma progressiva à medida que aumentar o volume de carvão; • Construção de infra-estruturas de apoio e instalações associadas no lado norte do Rio em Chinde, com o potencial para construir algumas instalações no Chinde ou arredores; • Ancoragem de uma plataforma de transbordo entre 15 - 20km ao largo do Chinde. Fase de Operação: • Dragagem de manutenção para manter o canal principal navegável durante a vida útil do Projecto, com 3,0 a3,5 ou 5,5 metros de profundidade, e para manter o canal navegável por cima do banco de areia na entrada do rio em cerca de 4m de profundidade abaixo do Zero Hidrográfico; • O carregamento de barcaças no terminal de carga de barcaças em Benga; • Montagem de comboios de barcaças ao lado do terminal de carga em Benga; • Transporte de carvão em comboios de 4 a 8 barcaças, com cada comboio a ser empurrado por um rebocador de pequeno calado. Os comboios podem incluir quatro (ou menos) barcaças no início do projecto, enquanto adquire-se mais experiência de navegabilidade no rio. A frequência dos comboios vai depender de vários factores, tais como o volume de carvão a ser transportado, o número de barcaças por comboio e as profundidades do canal disponível no momento da expedição (por exemplo, a altura do rio está sujeita a alterações por mudanças nas descargas da barragem de Cahora Bassa e das condições meteorológicas). Embora espere-se que a frequência dos comboios não seja mais do que dois por dia, inicialmente, esta tenderá a aumentar com o aumento da produção de carvão e da familiaridade com a navegação; • Se for necessário transportar carvão embarcaças menos carregadas na metade superior da viagem, as barcaças seriam complementadas em termos de carga usando uma estação de transferência flutuante (ETF), que seria atracada a jusante da ponte Dona Ana. À medida que os comboios fluviais com parte da carga chegavam à estação de transferência, o carvão seria transferido de algumas das barcaças com menos carga para outras barcaças do comboio. As barcaças agora totalmente carregadas, retomariam a viagem para Chinde, enquanto as barcas recém-esvaziadas formariam um comboio e voltariam para Benga; • Em termos de configuração do comboio, solicita-se aprovação para comboios de até oito barcaças cada ao longo de todo o rio, de Benga ao Chinde. Propõe-se que os comboios menores, com duas a quatro barcaças ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 82 sejam utilizados inicialmente, e à medida que adquire-se mais experiencia, o tamanho do comboio possa ser aumentado para comportar mais barcaças. É provável que nos primeiros anos, comboios mais curtos sejam utilizados a montante da ponte Dona Ana, e que a jusante da ponte se utilizem comboios maiores; • Poderá efectuar-se o fraccionamento de comboios na ponte Dona Ana (desmontagem de comboios) para facilitar uma circulação segura das barcaças sob a ponte; • Atracagem e fraccionamento dos comboios fluviais no Chinde antes da transferência das barcaças fluviais para o local de transbordo na zona marítima ou antes da transfência do carvão das barcaças fluviais para barcaças marítimas de maior dimensão (ver abaixo); • O reboque das barcaças fluviais carregadas, uma a duas de cada vez, através da barra do Chinde para o local de transbordo por rebocadores marítimos (dependendo das condições meteorológicas); • Transferência de carvão a partir de Chinde, de barcaças fluviais para barcaças oceânicas maiores através de uma estação de transferência flutuante (ETF). As barcaças fluviais são concebidas para uso marítimo e são capazes de transportar carvão em segurança para a plataforma de transbordo na zona marítima de Chinde. No entanto, à medida que o volume de carvão transportado aumenta, chega-se a um ponto, onde se torna mais viável a transferência do carvão a partir de barcaças fluviais para grandes barcaças específicas para uso marinho, que serão transportadas do Chinde para a plataforma de transbordo. As barcaças maiores de transporte marítimo serão faseadas de forma a aumentar o volume de carvão que pode ser transportado de forma eficiente através do banco de areia de Chinde. Estudos indicam que o melhor ponto de integração progressiva corresponde a um volume de carvão de aproximadamente 5milhões de toneladas/ano. No entanto, será necessária a aprovação para a introdução de barcaças maiores de transporte marítimo, em qualquer volume de produção; • O reboque de barcaças, uma ou duas de cada vez, do Chinde à plataforma de transbordo por rebocadores oceânicos; • Transferência de carvão das barcaças para a plataforma de transbordo. A plataforma de transbordo descarregará as barcaças por meio de garras e armazenará o carvão nas suas escotilhas até que esteja pronto para ser transferido para os navios oceânicos dos clientes; • Transferência de carvão da plataforma de transbordo para navios oceânicos de exportação. Os navios oceânicos de exportação com garras próprias poderão descarregar o carvão das barcaças directamente para os seus próprios porões; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 83 • Algumas actividades de manutenção operacional em Chinde e em Benga (manutenção de rotina em Benga e apenas reparações de emergência em Chinde); • Manutenção principal e doca seca periódica dos rebocadores oceânicos na Beira; • Devolução de barcaças vazias de Chinde para as instalações de carregamento emBenga; Propõe-se a investigação de áreas potenciais de armazenamento terrestre em Chinde e, para além disso, a viabilidade da construção de um cais de carga na zona marítima, como parte de estudos mais aprofundados pela equipa do Projecto de transporte fluvial. A construção de áreas terrestres para armazenamento ou qualquer cais marítimo estaria sujeita a aprovações ambientais separadas se a RML pretender posteriormente prosseguir com estas iniciativas. Aprovações para estas instalações não são incluídas nestaAIAS. 4.2 ALTURA DE REFERÊNCIA DO RIO PARA A DRAGAGEM As profundidades do canal referidas no presente Capítulo referem-se a uma profundidade relativa à estação seca do rio que, para efeitos deste relatório, é baseada na altura do rio de 2,8m na escala de medição de Tete. Desde a construção da Barragem de Cahora Bassa, em 1975, os padrões de fluxo do rio a jusante da barragem foram modificados. Ao longo dos últimos anos, a procura de energia aumentou resultando em descargas mais notáveis relacionadas à geração de energia. Enquanto os fluxos continuam variáveis, nos últimos anos, estes são geralmente a uma taxa que mantém o nível de água na escala de medição de Tete acima do nível de referência de 2,8m. Raramente nos últimos anos, o nível caiu muito abaixo de 2,4m (ver a Figura4.2). ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 84 Figura4.2 Nível de Água em Tete desde 2000 As embarcações a utilizar pela RML (barcaças e rebocadores) foram concebidas para ser compatíveis com os padrões de níveis do rio associados ao estilo mais recente das operações de Cahora Bassa. A RML não precisa que os fluxos do rio sejam estabilizados ainda mais. No entanto, deve notar-se que a operação com barcaças é prevista tendo em conta que os padrões de fluxo não alteram substancialmente dos recentes padrões históricos. 4.3 MOTIVAÇÃO PARA PROJECTO A Fase 1 da construção do Projecto da Mina de Benga está em andamento. Nesta fase, a produção será inicialmente de cerca de 2 milhões de toneladas por ano de carvão para exportação. Pretende-se dar início à produção de carvão em meados de 2011. A RML irá exportar o carvão da Fase 1 por via ferroviária pelo Porto da Beira. O Projecto da Mina de Benga é um projecto de desenvolvimento por etapas. Em plena produção, a mina deverá produzir 1012 milhões de toneladas de carvão por ano para exportação. Esta taxa de produção excede em muito a capacidade do transporte ferroviário que poderá estar disponível para a RML em um futuro previsível. Sem um meio seguro e estável de transporte de carvão do Projecto da mina de Benga, o valor ea viabilidade do negócio de exploração e extracção estarão comprometidos. A este respeito, a RML está a avaliar actualmente o transporte fluvial de carvão em barcaças como uma solução complementar à exportação de carvão através da Linha Férrea de Sena e do Corredor de Transporte de Nacala. O transporte em barcaças vai facilitar a expansão das actividades de mineração na bacia de Moatize e permitir que a RML realize a exportação do produto (carvão), que pode não ser de outra forma económico transportar através das outras duas vias de transporte. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 85 O carvão a ser extraído do Projecto da Mina de Benga provém de numerosas camadas com diferentes qualidades. Cerca de um terço do carvão extraído é o carvão metalúrgico de alta qualidade, que espera-se que alcance uma classificação de produtos de alta qualidade no mercado de exportação, uma vez que o carvão foi totalmente testado e está bem estabelecido no mercado. Outro terço do carvão extraído é adequado para uso como carvão térmico em centrais eléctricas (o resto é uma combinação de bandas de pedra e carvão de qualidade muito baixa que não é próprio para venda no mercado de exportação). No entanto, o carvão térmico não é um produto de alta qualidade. Este tipo de carvão tem um teor elevado de cinzas, e é adequado apenas para alguns mercados de exportação. O preço recebido por este carvão será muito inferior ao do produto de alto grau metalúrgico. A chave para a venda deste carvão térmico de menor qualidade é exportá-lo a preço mais baixo e em grandes volumes. A RML está a investigar o uso de barcaças, como meio de desenvolver e fornecer um mercado para este produto de menor qualidade, que de outra maneira não seria rentável para transportar e assim seria desperdiçado. Enquanto o transporte em barcaças é visto como crucial para o desenvolvimento e fornecimento de um mercado de carvão de baixa qualidade, procura-se aprovação para transportar em barcaças qualquer tipo de produto de carvão. Vários benefícios económicos directos e indirectos associados à criação da rota de transporte ao longo do Rio Zambeze são esperados, incluindo oportunidades substanciais para um maior desenvolvimento económico local e regional. 4.4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO 4.4.1 Fase de Construção As actividades da fase de construção consistem na dragagem inicial e na construção de várias componentes de infra-estruturas ao longo da extensão do Rio Zambeze. Dragagem Inicial A dragagem inicial refere-se à dragagem inicial necessária para assegurar que o canal de navegação é suficientemente largo e profundo para permitir que o projecto proposto de transporte fluvial de carvão em barcaças possa prosseguir. A dragagem terá de ser realizada em vários locais ao longo do rio, de Benga a Chinde, em uma distância de aproximadamente 540 km. O canal "ideal" é aquele que, quando o caudal do rio é baixo, tem uma profundidade mínima de 3,0 a 3,5m.O desenho do canal também precisa permitir que os comboios possam fazer as curvas em segurança. As larguras exigidas do canal variam de acordo com os raios e o comprimento das curvas, ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 86 o comprimento dos comboios e se o canal precisa, em locais específicos, de acomodar as necessidades de uma ou de duas vias de tráfego. As dimensões do canal foram concebidas com base em directrizes reconhecidas como a “Canalização e Navegação e Interior", PanfletoNúmero1110-02-14, Monografia de Engenharia e Design, CECW-EH, Ministério do Exército, Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA, Washington DC, 30 de Novembro (Peterson, Margaret Sara (1997)). Uma série de estudos têm sido realizados para optimizar o projecto de alinhamento, largura e profundidade do canal de navegação, incluindo estudos de navegação e estudos económicos, tendo em conta os custos iniciais e de operação. Com base nesses estudos, o canal tem uma profundidade inicial projectada abaixo do nível de referência da água de 3,0m (para barcaças carregadas com calado de 2,5m) e largura variando geralmente entre os 60 e 110m, dependendo do tamanho do comboio e raio de curvatura (o canal precisa ser mais largo nas curvas e menos largo nos trechos rectos). Por exemplo, entre as medidas lineares(1)de 21,87 e 23,37km, o canal de navegação precisa ter uma largura de 220m para acomodar curvas. Como um guia, os canais em linha recta ou levemente curvos precisam de ter pelo menos 50m de largura para acomodar o tráfego de sentido único. As larguras do canal aumentam em curvas mais apertadas. Para comboios de oito barcaças, as curvas de até 900 metros de raio podem ser facilmente navegáveis em uma manobra simples e sem ter de fraccionar o comboio. A largura mínima exigida do canal para um comboio de oito barcaças passar por um raio de 900m de curva que gira 90 graus ou mais é de 110m (tráfego de sentido único). Para curvas menos apertadas ou curvas que giram com menos de 90 graus, a largura do canal necessária é menor. Para os comboios mais curtos, o raio de viragem mínimo reduz. O raio de viragem mínimo para um comboio de quatro barcaças é de 450 m (para uma curva de 90 graus ou mais). Neste contexto, o volume total estimado de dragagem para criar o canal projectado é de aproximadamente 19 milhões de m3. A natureza do rio é tal que, para um projecto de canal que é comum para ambas as metades do rio, cerca de 75% do volume total de dragagem inicial está situado a montante da ponte Dona Ana (esta secção do rio é em média, menos profunda e também tem curvas mais apertadas que necessitam de um canal mais amplo), e cerca de 25% a jusante da ponte Dona Ana. Ao reduzir o tamanho dos comboios na metade superior do rio, foi possível reduzir a largura média do canal a montante e, consequentemente, os volumes de dragagem, além de proporcionar flexibilidade para alargar um pouco o canal na metade inferior do rio para auxiliara navegação. A divisão final dos volumes de dragagem é de cerca de 60% a montante da ponte Dona Ana e 40% a jusante da ponte. O canal acima descrito irá facilitar o tráfego de sentido único. Para os comboios passarem uns pelos outros de forma segura, o canal deve ter pelo (1) A medida linear (chainage) refere-se à distância (em km) do banco de areia na foz do rio (o km) até ao ponto de carga (540 km). ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 87 menos 90m de largura em linha recta ou secções levemente curvas. Dada a frequência prevista dos movimentos do comboio fluvial, juntamente com o facto de que existem muitos locais onde o canal natural ultrapassa os 90m de largura, há pouca necessidade de criar locais de passagem através da dragagem. A passagem será realizada onde o canal é naturalmente largo. Os comboios fluviais vão estar em constante comunicação, um com o outro e com uma central de comunicações. Este sistema de comunicações será utilizado para coordenar e controlar o tráfego de barcaças, incluindo a passagem. A dragagem inicial do rio será realizada por dragas de sucção com desagregadoras (DSD). Este tipo de draga é muito comum e é constituída por um tubo de sucção equipado com uma cabeça desagregadora suportada abaixo de uma barcaça flutuante e uma tubagem de descarga. A draga fica ancorada numa certa posição no rio e gira em torno de um eixo traseiro ou suporte, girando a cabeça desagregadora e o tubo de sucção em um arco horizontal através dos sedimentos no leito do rio. O material dragado é então descarregado através da tubagem de descarga. A localização e o método de eliminação do material dragado serão determinados tanto por factores técnicos como por factores ambientais. Está previsto que todo o material dragado será depositado de volta para o sistema do rio por motivos ambientais (devido a questões de equilíbrio relativas aos sedimentos) em uma distância de cerca de 300 a 700m do local de dragagem, por meio de uma conduta flutuante e barcaças espalhadoras. A conduta tubular seria colocada de tal forma que partículas maiores e mais pesadas quando encontradas, poderiam ser bombeadas selectivamente para uma distância menor, por exemplo, pelo uso de válvulas na conduta. Actualmente, o caso base é que o material dragado será depositado ao longo do canal dragado (no lado com a maior distância até à margem do rio). Medidas de mitigação propostas pela equipa da AIA recomendam que seria ambientalmente desejável(1)depositar o material dragado nos lados abrigados das ilhas ou bancos de areia, sempre que possível. Assim, esta abordagem será adoptada como uma preferência sempre que possível, por exemplo, onde existirem ilhas e bancos de areia perto do local onde a dragagem está sendo feita. Devido ao volume de dragagem, o comprimento longo do rio, e as exigências de horário (período de dragagem inferior a 18 meses), prevê-se que serão necessárias cerca de oito DSDs para serem distribuídas ao longo do rio. Uma vez que as DSDs não têm propulsão própria, serão necessários pequenos barcos de trabalhos/rebocadores para rebocar as dragas entre locais de dragagem. Estas embarcações também seriam utilizadas no posicionamento das âncoras das DSDs. A pesquisa preliminar dos sedimentos mostrou que o material a ser dragado é composto por areias de granulação grossa, média e fina com algumas partículas localizadas de tamanho de cascalho e pedras. À medida que a amostragem se desloca para jusante e para a área do Delta, partículas finas (1) A deposição nos lados abrigados pode reduzir a taxa de enchimento do canal navegável e pode criar um pouco mais de entrançado, que é mais parecido às condições “naturais” existentes antes da construção das barragens de CahoraBassa e Kariba. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 88 começam a aparecer nas amostras de sedimento. Mais pesquisas dos sedimentos estão previstas para a recolha de informações adicionais ao longo do rio e abaixo da profundidade do nível do leito existente. A dragagem inicial também é necessária ao longo da barra de areia que se encontra na entrada para o Rio Zambeze no Chinde, a fim de se obter a profundidade adequada para a operação com barcaças fora dos locais de transbordo. A quantidade estimada de dragagem inicial ao longo da barra de areia é de cerca de 350.000m3. Na barra de areia da entrada, as águas agitadas dificultam o uso de uma draga sucção com desagregadora. Nesta área, a dragagem inicial seria realizada por uma draga com braço hidráulico lateral ou por uma draga de sucção auto-transportadora (DSAT). A DSAT é um navio com autopropulsão e com um porão interno. O material é retirado do fundo do mar através de um braço de draga suspenso (arrastável) de uma forma muito parecida como com um aspirador de pó e colocado no porão da draga. A draga com braço hidráulico lateral é similar a uma DSAT mas, no entanto, não tem porão. Assim, este tipo de draga não armazena o material antes da descarga, bombeando-o imediatamente para um dos lados do navio, de volta para o fundo. As DSAT (dragas de sucção auto-transportadoras) variam em tamanho. A dimensão do navio seria seleccionada para a dragagem da entrada do rio Zambeze, baseada em uma série de factores técnicos e ambientais, mas prevêse que tenha um comprimento total de aproximadamente 70m. O material a ser dragado da barra do Chinde deverá ser areia de granulação fina a média. Devido a razões ambientais, o material seria descarregado no sistema costeiro activo, através do bombeamento para o fundo do mar próximo à costa ou despejo de fundo próximo da costa. A DSAT permitiria alcançar este objectivo através de um dos seguintes meios após uma travessia para a área de deposição: • Através da descarga do material dragado no fundo do mar através das portas do porão; • Pela formação do “arco-íris”do material dragado (bombeá-lo sobre a proa do navio para a superfície da água). Destes métodos, a descarga no fundo do mar é o mais directo. Como a draga com braço hidráulico lateral não tem porão interno deve, conforme mencionado acima, bombear o material para o lado lateral da draga (através de uma tubulação de descarga de um braço prolongado), à medida que realiza o processo de dragagem. Assim, o material é depositado dentro de aproximadamente 50 metros da área de dragagem. O estudo de especialista sobre a dinâmica sedimentar na foz do rio recomenda que o depósito do material dragado seja feito ao longo da costa, de modo a manter o equilíbrio de sedimentos costeiros. A RML seguirá com esta recomendação. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 89 O prazo estimado para a dragagem inicial da barra de areia da entrada não irá ultrapassar os dois meses. Todas as operações de dragagem inicial terão lugar 24 horas por dia, 7 dias por semana (se o tempo e condições de fluxo permitirem). A Figura4.3 abaixo apresenta exemplos de operações de dragagem noutras partes do mundo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 90 Figura4.3 Exemplos de operações de dragagem noutras partes do mundo Exemplo fotográfico de uma operação de dragagem Descrição emoutras parte do mundo A foto mostra uma DSD a fazer a dragagem de areia na Baía Botany em Sydney, na Austrália. Isto ocorre mesmo no centro de Sydney, próximo do Aeroporto Internacional. Próximo deste local encontram-se também zonas residenciais e uma área de terras húmidas RAMSAR. Esta foto mostra uma DSD a fazer a dragagem de areia para manter um canal na extensão da entrada dos Lagos Tuggerah, em Nova Gales do Sul, na Austrália. Os lagos têm valores ecológicos e recreativos significativos. Note-se a proximidade de projectos de desenvolvimento, incluindo zonas residenciais. Esta foto mostra uma draga com braço hidráulico lateral fazendo dragagem de manutenção do canal de navegação do barra de areia na entrada dos Lagos Entrance, na costa de Vitória, na Austrália. Isso é indicativo do que pode acontecer na entrada do Zambeze. Esta foto mostra uma draga com braço hidráulico lateral fazendo dragagem de manutenção do canal de navegação do estuário nos Lagos Entrance. Isto é indicativo do que poderia ter lugar no baixo Zambeze. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 91 4.4.2 Construção de Infra-estruturas O antigo ponto de carregamento, localizado a cerca de 10km a jusante da ponte de Tete, na margem norte, será remodelado para incorporar as instalações de carregamento de barcaças. Uma instalação típica de carregamento de barcaças de carga é apresentada na Figura4.4. Figura4.4 Exemplo da Instalação de Carregamento de Barcaças A infra-estrutura fluvial para apoiar a operação de barcaças compreende principalmente as instalações de carga das barcaças adjacentes à mina, as instalações de reparação e manutenção dos rebocadores e barcaças em Benga, uma doca flutuante seca (Figura4.5), pontos de atracagem a montante ea jusante da ponte Dona Ana, a ETF a jusante da ponte Dona Ana, se necessário, os pára-choques nas duas pontes (Dona Ana e Caia)(Figura4.6), e uma série de instalações em Chinde, ou seja, pontos de atracagem, uma doca seca flutuante, uma base para o rebocador marítimo, e uma ETF(Figura4.7eFigura4.8). Os pontos de atracagem serão construídos nas seguintes áreas: • • • Ao longo da margem esquerda (olhando a jusante) no ponto de carregamento em Benga; Antes e depois da ponte Dona Ana; Em vários locais no Chinde: o Na margem esquerda do Rio Zambeze, a jusante do ponto de confluência com o rio Maria; o No rio Maria; o Na margem direita do Rio Zambeze, cerca de dois quilómetros a montante do ponto de confluência com o rio Maria. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 92 A infra-estrutura do próprio rio, em grande medida inclui pontões flutuantes e pontões de estacas e barcaças (no ponto de carregamento). A cravação de estacas consistiria em estacas tubulares de aço cravadas no fundo do rio a partir de uma barcaça flutuante (ou possivelmente uma barcaça autoelevadora), geralmente em grupos de 3 ou 4 estacas para formar um pontão do tipo "golfinho". A altura das estacas teria de ser suficiente para acomodar os diversos níveis da água do rio observados em vários locais. Os pontões/barcaças seriam fabricados com chapa de aço, com vários compartimentos. Estes seriam concebidos para ter uma borda livre adequada quando submetidos a uma carga morta e viva, incluindo cargas excêntricas. Na foz do rio, a RML irá estabelecer algumas estruturas de apoio que serão localizadas principalmente em estruturas flutuantes ligadas a estacas cravadas no fundo do rio, perto de Chinde. A RML também está a considerar estabelecer a construção de algumas instalações terrestres do lado norte do rio, oposto a Chinde (ver a localização de áreas indicativas para instalações de apoio na Figura4.7) para as operações de barcaças. A RML está actualmente a investigar a conformidade deste local mas o local final pode mudar. A RML também está interessada na construção de algumas instalações, como escritórios e oficinas na vila do Chinde, se estas forem aceites pela população local e administração. As discussões sobre o possível uso de locais na vila de Chinde serão realizadas no futuro próximo. Qualquer alteração relacionada com a localização das instalações será informada e avaliada no relatório do EIA. As infra-estruturas listadas a seguir serão potencialmente estabelecidas dentro ou nas proximidades de Chinde: • • • • • • • • Escritório Administrativo e de comunicação; Instalações de ablução; Estação de tratamento de águas residuais; Gerador; Doca de combustível e de armazenamento de combustível; Doca seca flutuante para reparações de emergência; Campo de aterragem para helicópteros; Se houverem terrenos disponíveis na margem norte e que sejam adequados, serão construídos armazéns de equipamento. As instalações de apoio não irão incluir o manuseamento ou armazenamento terrestre de carvão. Caso seja necessário no futuro, a RML teráde realizar uma AIAS separada, antes de começar com essa actividade, como mencionado. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALEMOÇAMBIQUELIMITADA 93 Figura4.5 Plano esquemático dos Pontos de Atracagem e Instalações de Apoio no Ponto de Carregamento Fonte: WorleyParsons Figura4.6 Plano Esquemático dos pontos de atracagem na ponte Dona Ana Fonte: WorleyParsons Figura4.7 Plano Esquemático indicativo das instalações de apoio em Chinde Fonte: WorleyParsons Figura4.8 Plano Esquemático dos pontos de atracagem em Chinde Fonte: WorleyParsons As coordenadas das infra-estruturas ilustradas acima são as seguintes: Tabela4.1 Coordenadas das Infra-estruturas Ponto Latitude A1 B1 B2 B3 B4 B5 B6 C1 C2 C3 C4 D1 D2 D3 D4 E1 E2 E3 E4 F1 F2 F3 F4 F5 G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 G9 G10 G11 G12 G13 G14 H1 H2 I1 J1 K1 L1 M1 M2 N1 N2 N3 O1 Q1 Q3 Q4 Longitude -16,195575 -16,195119 -16,194617 -16,199544 -16,201261 -16,202842 -16,200575 -16,194817 -16,194819 -16,196325 -16,196394 -16,198378 -16,198469 -16,200178 -16,200106 -16,200178 -16,200308 -16,199731 -16,199622 -17,422536 -17,440661 -17,441611 -17,444572 -17,447700 -18,560389 -18,560933 -18,562128 -18,563294 -18,557381 -18,561344 -18,557211 -18,560797 -18,562883 -18,563033 -18,562789 -18,562700 -18,601508 -18,598344 -18,563178 -18,563250 -18,562178 -18,562058 -18,561667 -18,551806 -18,561275 -18,559314 -18,561275 -18,559514 -18,553728 -18,559780 -18,560843 -18,555490 -18,556736 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT 33,623719 33,624272 33,626103 33,628983 33,630544 33,628714 33,627361 33,623367 33,623197 33,624083 33,623953 33,625042 33,624900 33,626003 33,626114 33,626003 33,625797 33,625447 33,625711 35,055119 35,066181 35,061450 35,068642 35,071822 36,419406 36,419717 36,420178 36,421000 36,422922 36,423692 36,426425 36,427442 36,432914 36,437094 36,443131 36,444542 36,428875 36,429703 36,438942 36,440789 36,445419 36,447408 36,450928 36,426606 36,446036 36,450000 36,446036 36,449589 36,450406 36,449740 36,428524 36,427082 36,449486 RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 98 4.4.3 Ancoragem da Plataforma de Transbordo A plataforma de transbordo, que será uma embarcação modificada do tipo Cape ou Panamax, será ancorado entre 15 e 20 km da costa, dependendo do tamanho do navio do cliente a ser carregado. A plataforma de transbordo será localizado nas áreas indicadas na Figura4.9. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 99 Figura4.9 Localização da Plataforma de Transbordo 4.5 ACTIVIDADESOPERACIONAIS Planeia-se que o transporte fluvial em barcaças seja uma operação de 24 horas, 7 dias por semana, e durante todo o ano. Esta operação de todo o ano será, contudo, sujeita a condições climáticas adequadas e às condições do rio. Espera-se que os comboios na metade superior do rio (a montante da ponte Dona Ana) sejam constituídos por quatro barcaças, inicialmente, com o número de barcaças aumentando até um máximo de oito, logo que seja adquirida experiência suficiente no rio. A jusante da ponte Dona Ana, oito comboios de barcaças estarão em operação. Uma discussão detalhada sobre as actividades operacionais é apresentada abaixo. 4.5.1 Carregamento das Barcaças As barcaças serão carregadas numa terminal de carga. A terminal será abastecida pela correia transportadora. A secção da terminal sobre rio será composta por várias barcaças flutuantes guiadas por guias-corrediças alinhadas em grupos de pontões do tipo “golfinhos” cravados no fundo do rio. Estas barcaças farão parte permanente do terminal (não serão barcaças de carvão utilizadas) e servirão como uma doca flutuante. O carvão será entregue ao tubo de carga a uma taxa de até 3.600 toneladas por hora (tph). As barcaças serão carregadas em uma única passagem pelo guincho da barcaça de carga sob o tubo de carga. Uma barcaça com guindaste montado será usada para aparar as barcaças antes da partida, se necessário. O carvão será transportado via correia transportadora das pilhas de carvão na Mina de Benga ao ponto de carregamento sobre o Rio Zambeze(1). O ponto de carregamento está localizado em um local existente que foi usado para barcaças de carvão de 1920 a 1960. As estruturas em concreto permanecem praticamente intactas e o local contém restos de carvão proveniente de reservas de carvão anteriores (ver Figura4.10). 4.5.2 Montagem do Comboio Fluvial As barcaças cheias serão guiadas por rebocadores para os pontos de atracagem a jusante, a uma curta distância do carregador. Neste local, as barcaças serão agrupadas para formar comboios de quatro a oito barcaças dependendo das condições do canal do rio no momento, e um rebocador será ligado para efectuar a viagem rio abaixo. A frequência dos comboios vai depender de vários factores, incluindo os volumes de carvão, o número de barcaças por comboio e da carga por barcaça, que depende da profundidade existente no canal navegável. Prevê-se que a frequência das barcaças que se dirigem para o Chinde será inicialmente de várias por semana e irá aumentar para várias por dia. A iluminação será necessária em todos os pontos de carregamento, descarga e passagem. (1) Como foi notado anteriormente, a correia transportadora será incluída na Emenda do EIA para a Mina de Benga. Figura4.10 Ponto de Carregamento em Benga 4.5.3 Transporte fluvial do Carvão em Barcaças pelo Rio Zambeze abaixo Para efeitos operacionais, o rio será dividido em duas secções de comprimentos aproximadamente iguais. A metade superior do rio começa na instalação de carregamento em Benga e termina em um ponto de atracagem imediatamente a jusante da ponte Dona Ana localizado na vila de Mutarara. A metade inferior do rio começa na ponte Dona Ana e termina na foz do Rio Zambeze em Chinde. A divisão do rio em duas partes para fins operacionais é devida às diferentes características a montante e a jusante da ponte Dona Ana. A metade superior do rio é menos profundo e o canal natural sujeito a curvas mais apertadas. Também é provável que se registe um maior movimento de sedimentos, resultando num rápido reenchimento do canal. Inclui uma secção fortemente entrançada entre a garganta de Lupata e Mutarara. A metade inferior do rio, embora ainda com secções menos profundas, geralmente é mais profunda e as curvas são em geral mais suaves. Reflectindo as diferentes características do rio, serão usados rebocadores e comboios de barcaças de tamanhos diferentes. Os rebocadores na metade superior serão de 3.600 cv, com um calado de 1,8m, enquanto aqueles que operam na metade inferior do rio serão de 4.500 cv com calados de 2,2 a 2,45m (embarcações com maior calado permitem o uso de hélices maiores, que por sua vez, permitem que sejam usados motores mais potentes). Os rebocadores menores serão capazes de lidar com comboios de até seis barcaças, enquanto que os rebocadores maiores podem empurrar até oito barcaças. As dimensões das barcaças são de 17,5m de largura, 75m de comprimento e 4,5m de altura. O rebocador tem 39m de comprimento. Um comboio de oito barcaças será organizado com duas barcaças de largura e quatro em comprimento. Assim, as suas dimensões serão de 35m de largura e 300m de comprimento (339m de comprimento, incluindo o rebocador). Um comboio de quatro barcaças será organizado 2x2 e terá dimensões de 35m de largura e 150m de comprimento (189m incluindo o rebocador). Dependendo do resultado das investigações de segurança na navegação, o comboio poderá ser "fraccionado" na ponte Dona Ana. O fraccionamento implica atracagem do comboio fluvial antes da ponte e sua separação para permitir que uma ou duas barcaças possam ser empurradas de cada vez por baixo da ponte. O comboio será então reagrupado em um ponto de atracagem do outro lado da ponte. Dependendo dos resultados de novas investigações e consultas com as autoridades competentes, serão tomadas em consideração algumas medidas para providenciar pára-choques em torno dos pilares da ponte, nos vãos de navegação para evitar colisões entre as barcaças e os suportes da ponte. Esta abordagem será igualmente aplicável na Ponte de Caia. Inicialmente, os comboios na metade superior da viagem de Benga à ponte Dona Ana serão compostos por quatro barcaças. Na ponte Dona Ana, dois comboios de quatro barcaças serão reagrupados em um comboio de oito barcaças para a continuação da viagem. Se for necessário que os comboios fluviais viajem com carga leve na parte superior do rio, devido às dificuldades ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 75 na manutenção de um canal profundo, conforme descrito anteriormente, também poderá ser feito o enchimento adicional das barcaças a jusante da ponte Dona Ana através de uma estação de transferência flutuante de barcaça a barcaça (ETF). A ETF incluiria uma barcaça-guindaste equipada com uma garra. As taxas de transferência seriam na faixa entre os 500 e as 1.000 toneladas por hora. A viagem de ida e volta por comboio fluvial (da terminal de Benga ao Chinde) está estimada em aproximadamente seis dias. Assim, se seis comboios estiverem em operação, significa que por dia e em média, um comboio fluvial será expedido de Benga. O número de comboios fluviais passando qualquer ponto no rio, então, dariam a uma média de dois por dia - um deslocando-se a jusante e outro a montante. Na metade superior do rio, onde pequenos comboios de quatro barcaças podem ser utilizados, prevê-se que dois comboios sejam despachados em Tete ao mesmo tempo e prossigam em paralelo para a ponte Dona Ana, onde seriam montados em um comboio de oito barcaças para a continuação da viagem a jusante. O número total de comboios da frota ainda está por ser decidido. Vai depender, entre outras coisas, na então capacidade ferroviária disponível e da profundidade do canal navegável. Menos comboios serão necessários se o canal for suficientemente profundo para permitir que as barcaças sejam totalmente carregadas. Em determinados locais, onde espera-se que o canal seja enchido rapidamente, será vantajosa a dragagem mais profunda para providenciar um tampão contra o enchimento. Depois de investigar operações semelhantes com barcaças no resto do mundo, não se espera que os barcos sejam cobertos de forma rotineiramente. No entanto, durante chuvas fortes, as barcaças serão cobertas (possivelmente com uma lona ou algo similar), caso se considere que possivelmente a água possa afectar a qualidade do carvão ou a estabilidade da barcaça. Se a água da chuva ou do rio entrar nas barcaças, a água que permanece no fundo da barcaça não será lançada no rio. Em vez disso, esta água será bombeada para fora e entregue nas instalações de tratamento de água localizadas na mina de Benga e no Chinde. As barcaças serão provavelmente concebidas como se segue: • • • • • 75m de comprimento x 17,5m de largura x 4,5m de profundidade moldada (700t de peso); Casco duplo e leve o suficiente para as condições no rio, e forte o suficiente para as condições no oceano; Capacidade de 2.300 toneladas de carvão nas barcaças de calado de 2,5m; com capacidade de 3.100 toneladas de carvão em barcaças com calado de 3,0m e com capacidade de 3.430 toneladas de carvão em barcaças de 3,4m; Capacidade de ser cobertas com lonas de operação manual; e Sem tripulação. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 76 Os rebocadores serão provavelmente concebidos como se segue: • 3.600 cv em operação a montante da ponte Dona Ana e 4.500 cv em funcionamento a jusante da ponte Dona Ana, cada um medindo cerca de 39m de comprimento x 16m de largura x 3,5m de profundidade moldada; • Casco duplo; • Calado com apenas 1,8m e totalmente abastecido (a montante da ponte Dona Ana) e 2,2 a 2,45m (a jusante da ponte Dona Ana) e capaz de realizar duas viagens de ida e volta, sem ter necessidade de reabastecer; • Provavelmente com casa do leme retráctil para os rebocadores maiores operarem a jusante da ponte Dona Ana (os rebocadores menores passarão debaixo da ponte sem a necessidade de recolher a casa do leme), sujeito a confirmação da distância da superfície da água ao ponto mais alto da embarcação; e • Tripulação de 15 pessoas. Os rebocadores assistentes serão utilizados para a manipulação de barcaças no ponto de carga, no ponto de atracagem e próximo da ponte Dona Ana, onde o fraccionamento pode ser necessário. Estes rebocadores serão provavelmente concebidos como se segue: • • • • • Terão de ser potentes e manobráveis; Medindo 15m de comprimento x 7m de largura x 1,8m de calado; Casco duplo; Tripulação de 2 pessoas; e Possivelmente com casa do piloto/leme retráctil (casa do piloto pode ser retráctil para passar com segurança sob as pontes). A Figura4.11abaixo mostra um exemplo (embora a uma escala muito maior) de um rebocador e um comboio de carvão. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 77 Figura4.11 Uma barcaça típica usada no transporte de carvão 4.5.4 Operações em Chinde Os comboios carregados chegariam a Chinde e seriam atracados ao longo dos pontões tipo“golfinho.” Estes pontões estariam localizados ao longo da margem esquerda (olhando a jusante) do Rio Zambeze, oposta à vila do Chinde. O rebocador que transporta o comboio pelo rio abaixo faria um percurso de vai-vem , ou seja, deixaria o comboio carregado e imediatamente levaria um comboio de barcaças descarregadas para a viagem de retorno a montante. Ao chegar à ponte Dona Ana, um rebocador no sentido rio abaixo iria "entregar" as barcaças vazias a um rebocador que faria a viagem rio acima. Até ao momento em que barcaças maiores especialmente concebidas para uso marinho forem introduzidas, as barcaças do rio serão rebocadas para a zona marítima, uma a duas de cada vez por rebocadores oceânicos para o local de transbordo no mar. Os rebocadores oceânicos teriam uma força de tracção de 45t, calado de 3,0 a 3,5m e potência instalada de 3.800 cv. Estes rebocadores estariam permanentemente baseados no Chinde. Depois da descarga no local de transbordo, as barcaças do rio seriam rebocadas de volta ao Chinde pelos rebocadores oceânicos e montadas em comboios de barcaças vazias pelos rebocadores assistentes na preparação da viagem de regresso a montante com os rebocadores. O ponto de montagem seria principalmente ao longo da margem esquerda oposta ao Chinde. Para além desse ponto, outro ponto estaria localizado na margem direita do Rio Zambeze, a uma curta distância a montante de Chinde. Pontos de atracagem também serão posicionados no Rio Maria, próximo da sua confluência com o Rio Zambeze. Esta área oferece maior abrigo do que a secção do rio em frente ao Chinde e, portanto, proporciona um refúgio em ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 78 períodos de tempestades oceânicas. Após as barcaças especialmente concebidas para operações marinhas serem introduzidas (cerca de 10.000t de capacidade), será necessário introduzir uma operação de transferência de barcaça a barcaça no Chinde. Isso far-se-ia por meio de uma estação de transferência flutuante (ETF) que é constituída por uma barcaça com guindaste equipada com garras. AETF teria uma taxa de transferência de cerca de 1.500 toneladas por hora. Alternativamente, as barcaças para fins especiais podem ser equipadas com equipamento de auto-carregamento, com uma taxa de carregamento semelhante. As barcaças oceânicas maiores ou seriam rebocadas para o local de transbordo por rebocadores oceânicos (se sem propulsão própria), ou deslocar-se-iam por meios próprios (se com auto-propulsão). As barcaças com auto-propulsão não precisariam de rebocadores auxiliares para atracar ao lado daETF. Outras instalações no Chinde incluiriam uma doca seca flutuante para manutenção de emergência e reparação de rebocadores para o rio abaixo. Esta instalação seria localizada no Rio Maria para protecção adicional contra o mau tempo. Os rebocadores oceânicos seriam levados para o Porto da Beira para a manutenção. As barcaças fluviais seriam mantidas em uma instalação em Benga. As barcaças oceânicas maiores introduzidas com o aumento do volume de carvão seriam levadas para o Porto da Beira para a manutenção. 4.5.5 Carregamento de carvão no alto marpara exportação para o estrangeiro O transbordo terá lugar entre 15 e 20km ao largo do Chinde, dependendo do tamanho do navio a ser carregado, por exemplo, classe Panamax ou Capesize. AFigura4.12apresenta um exemplo de uma plataforma de transbordo. A operação de transbordo implicará a utilização de uma ETF. A ETF seria atracada ao navio, de modo a aceder a todos os porões do navio. As barcaças viriam para junto da ETF, no lado oposto do navio e, quando necessário, sujeitas às condições meteorológicas, a sotavento do navio. Para protecção adicional contra o mau tempo, os rebocadores empurrariam a popa do navio oceânico para criar uma protecção contra o vento para as barcaças. Se barcaças com auto-propulsão de 10.000t forem introduzidas, essas barcaças serão equipadas com propulsores de proa que permitirão que as barcaças possam empurrar o navio oceânico sem a necessidade de auxílio de rebocadores. A ETF será equipada com até quatro guindastes para a descarga das barcaças. Estes guindastes funcionarão com garras de 25 a 35 toneladas de capacidade, e com capacidades de transferência de 1000 a 1500 toneladas por hora. As garras transferirão o carvão das barcaças para um porão tipo tremonha. Se um navio oceânico estiver ao lado, o carvão proveniente da tremonha será alimentado a um sistema de correia transportadora que fará a transferência desse carvão directamente para o navio. Se nenhum navio estiver atracado ao lado da ETF, as garras deixarão cair o carvão no porão da ETF para o armazenamento. Quando um navio chega, as garras retiram carvão do depósito da ETF e descarregam-no na correia transportadora. O equipamento de carregamento ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 79 do navio na ETF deve ter uma distância suficiente entre a linha de água e o ponto mais alto do navio para acomodar o modelo do navio. Nas fases iniciais da operação das barcaças, quando as barcaças fluviais são rebocadas para o mar, a ETF irá incluir a capacidade de armazenamento flutuante da ordem das 60.000t. Neste caso, a ETF poderá descarregar as barcaças fluviais directamente para áreas de depósitos mas, como discutido acima, também teria a capacidade de carregamento dos navios directamente a partir das barcaças fluviais. Logo que barcaças oceânicas, especialmente concebidas, forem introduzidas, a exigência de armazenamento flutuante será reduzida. Além disso, estas barcaças maiores poderão ser concebidas com auto-descarga, influenciando assim o equipamento necessário na ETF. Os rebocadores oceânicos para o reboque de barcaças para a plataforma de transbordo serão provavelmente concebidos com as seguintes especificações: • • • • • Terão de ser potentes e manobráveis, quer para rebocar barcaças individuais ou agrupadas para a estação de transbordo; Medindo 30,8m de comprimento x 11,5m de largura x 5.28m de profundidade total; Restrição na concepção do calado para cerca de 3,0m a 3,5m; Duplo casco; e Tripulação de 5 pessoas. Figura4.12 Exemplo de uma Operação de Transbordo 4.5.6 Dragagem de Manutenção O Rio Zambeze é um sistema muito dinâmico. Isto é evidente a partir da literatura, da comparação de levantamentos hidrográficos realizados para este projecto de transporte fluvial, a partir das observações feitas durante os ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 80 exercícios de recolha de dados, a partir da comparação das fotografias históricas aéreas verticais, e de um número limitado de medições de campo disponíveis do transporte de sedimentos em suspensão e por arrastamento. A recolha de dados adicionais e modelagem numérica dos processos de transporte de sedimentos no Rio Zambeze está em curso com o objectivo de refinar as estimativas das exigências da dragagem de manutenção. A colecta de dados inclui ainda a medição do transporte de sedimentos em suspensão e por arrastamento e ainda levantamentos hidrográficos. Os volumes anuais de manutenção a ser dragados não serão tão significativos como os volumes para as operações de dragagem inicial. Com base nas informações actuais, foi estimado que as quantidades da dragagem de manutenção anual podem representar, em média, cerca de 25% do volume de dragagem de inicial, ou seja, uma média de cerca de 5 milhões de m3 por ano. A base para esta estimativa é a comparação dos últimos levantamentos hidrográficos realizados em cerca de seis localidades ao longo do rio, entre Tete e Chinde, no período 2008 a 2010, e medições de transporte de sedimentos suspensos realizadas na secção a montante do rio, perto de Tete em 2006. O volume de 25%, como acima indicado, é um valor médio. Espera-se que certas áreas do canal exigirão maior esforço de dragagem de manutenção, tais como os pontos de cruzamento no rio, entre o exterior das curvas naturais do rio, e no banco de areia da entrada. Nestas áreas localizadas, os volumes de dragagem de manutenção podem ser consideravelmente superiores à média total de 25%. Os equipamentos que fariam a dragagem de manutenção no rio, incluiriam dragas de sucção com desagregadoras (DSD). Propõe-se que inicialmente,três das oito DSDs originalmente envolvidas na dragagem inicial sejam mantidas para as operações de dragagem de manutenção. Isso é mais do que 25% da capacidade, mas reflecte a incerteza nas necessidades de dragagem de manutenção ao longo do troço de rio em questão, combinado com a necessidade de resposta rápida ao reenchimento do canal dragado. É provável que as DSDs estejam permanentemente estacionadas ao longo do rio, próximo de áreas de sedimentação problemática para reduzir o tempo de mobilização para a manutenção do canal. Para além das DSDs, propõe-se também utilizar equipamento de dragagem com injecção de água e uma barra de varrer para as finalidades da dragagem de manutenção dentro do rio, provavelmente em navios individuais polivalentes. Ambas as técnicas de dragagem podem ajudar com a remoção de locais de alturas localizadas no canal que não podem ser removidos eficientemente pela DSD. No banco de areia da entrada do Rio Zambeze em Chinde, o tipo de equipamento utilizado para a dragagem de manutenção seria o mesmo que o utilizado na dragagem inicial, ou seja, uma draga com braço hidráulico lateral ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 81 e/ou por uma draga de sucção auto-transportadora; as condições no banco de areia são muito expostas para a operação de uma draga de sucção com desagregadora. Os métodos de deposição do material da dragagem de manutenção do rio e do banco de areia da entrada seriam os mesmos que os métodos utilizados para o material da dragagem inicial, ou seja, de volta ao sistema do rio e dentro do sistema costeiro, respectivamente. Durante a fase operacional do projecto de transporte fluvial em barcaças serão feitas actualizações regulares das profundidades disponíveis no canal a partir de sondagens realizadas por cada rebocador enquanto navega a montante ea jusante. Essa informação será repassada para outros rebocadores e para o centro de controlo. Além disso, um número de pesquisas dedicadas será feito ao longo do rio, em áreas com problemas particulares. Isso vai ajudar ainda mais na direcção de esforços da dragagem de manutenção. 4.6 CENÁRIOS DE OPERAÇÃO DO PROJECTO Diferentes configurações das operações do transporte fluvial em barcaças foram descritas acima. Esta secção descreve possíveis cenários induzidos por factores internos (dentro da operação da RML) e externos (outros projectos sobre o rio) identificados. 4.6.1 Construção e Operação de Barragens no Rio Há três barragens propostas nas proximidades do projecto que podem influenciar o projecto, nomeadamente Mphanda Nkuwa, Boroma e Lupata. Barragem de MphandaNkuwa A AIAS para a proposta da barragem de Mphanda Nkuwa está em curso. A barragem está prevista para ser operada em um regime de hidroeléctrica fluvial em que o volume médio mensal de descarga não mudará a partir da condição actual. A barragem de Mphanda Nkuwa poderá ser operada como um sistema de “mid-merit” ou de “baseload”. Um sistema de “mid-merit” significa que a operação da barragem vai gerar energia entre os períodos de pico, num ciclo de 24 horas. Isto significa retenção temporária de águas e a sua libertação através de descargas diárias, o que irá resultar em flutuações diárias no nível da água a menos que a redução dos fluxos turbinados (ou seja, os fluxos através das turbinas do gerador) durante os períodos de geração não seja compensada pelo aumento dos fluxos não-turbinados (fluxos através das comportas que passam pelas turbinas para duas pressões). Caso a barragem de Mphanda Nkuwa seja operada para gerar apenas energia de carga de base (baseload), poderá não alterar materialmente o regime actual de fluxo. Se funcionar como uma central de carga de base todo o tempo, tenderá a suavizar as flutuações de curto prazo nos fluxos recebidos de Cahora Bassa, mas deverá ter poucos outros efeitos. Assim, o regime de “mid-merit” sem desvios de fluxo ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 82 não-turbinados representa o cenário mais pessimista com relação às mudanças de fluxo. Em qualquer cenário, as emissões de Cahora Bassa vão permanecer como a influência predominante no fluxo mensal e sazonal na área do Projecto. Nas discussões, os engenheiros da barragem de Mphanda Nkuwa afirmaram que, no pior caso, o impacto directo das flutuações diárias do nível de água serão sentidas imediatamente a jusante da barragem e que as alterações do nível de água devem tornar-se cada vez menos graves à medida que a água se move a jusante. Embora se possa esperar que a curto prazo, a flutuação do nível da água irá reduzir em amplitude a jusante, a barragem de Mphanda Nkuwa não forneceu quaisquer estimativas à RML das taxas de variação dos fluxos esperados ou flutuações dos níveis a jusante do rio ou sobre os padrões de volume do fluxo a serem considerados pelos engenheiros da barragem de Mphanda Nkuwa. A RML, por consequência não é capaz de traçar cenários que incluam os planos específicos da barragem proposta. No entanto, como parte deste projecto de transporte em barcaças, a RML analisou o fluxo histórico real do rio e dados de níveis provenientes da empresa ARAZambeze. Estes dados indicam que mudanças bruscas no fluxo do rio vindos da barragem de Cahora Bassa levam a mudanças facilmente observáveis nos níveis do rio em Tete e ainda mais para a jusante, e que estas alterações podem ser significativas. Em casos extremos, as mudanças dos níveis de água no rio podem ser substanciais e ocorrem durante um curto período de tempo. Por exemplo, em Agosto de 2010, o fecho das comportas na barragem de Cahora Bassa resultou em uma queda no nível do rio de cerca de 1,6mem Tete, no período compreendido entre duas leituras que eram de seis horas de intervalo. A taxa exacta da redução da altura do rio neste período de 6 horas não é conhecida, pois não se registaram as leituras intermediárias. Apesar de uma queda de 1,6m em 6 horas (ou menos) não ser um evento comum, em muitos casos têm sido observados aumentos e reduções rápidas do nível do rio em Tete, em resposta a mudança de fluxo na barragem de Cahora Bassa. Os dados históricos da ARA-Zambeze mostram também que as flutuações observadas na altura do rio em Tete podem ser observadas mais abaixo do rio e, certamente, em Tambara e além. Em face do exposto, não se pode assumir, sem que se façam estudos adequados, que o fluxo de água e o impacto do nível de água de operação da barragem de Mphanda Nkhuwa como um sistema de “mid-merit” será limitado a áreas próximas à barragem. Mais estudos detalhados serão necessários deverão ser realizados pela Hidrpeléctrica de Mphanda Nkhuwa para melhor conhecimento dos impactos da barragem. Se mais estudos detalhados indicam que as eventuais flutuações do fluxo e altura do rio decorrentes da operação da barragem são amenizados a montante de Tete, então, o impacto deve ser mínimo. Se, por outro lado, as variações significativas de caudal e nível chegarem a Tete e abaixo, poderão surgir impactos negativos. Estes impactos poderiam incluir a redução do calado disponível para os comboios de barcaças, devido a períodos curtos mas repetidos de caudal baixo, potencial para enchimento mais rápido do canal ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 83 navegável devido a períodos curtos mas repetidos de alto fluxo (sedimentos do fundo do rio tornar-se mais móveis com o aumento dos caudais), e os potenciais impactos sobre a erosão da margem do rio devido a repetidas molhas e secagens das margens do rio. Barragens de Lupata e de Boroma Embora os estudos do AIA para as propostas de barragens de Lupata e Boroma já se tenham iniciado, estes empreendimentos hidroeléctricos não parecem estar tão perto da concretização quanto a barragem de Mphanda Nkuwa. Ambas as barragens estão em fase de EPDA mas nenhum estudo de base foi realmente iniciado. É possível que os EIA sejam realizados para que os projectos de Lupata e Boroma fiquem prontos a prosseguir em caso de surgir uma necessidade adicional em termos de energia hidroeléctrica. As datas de início para Lupata e Boroma não estão definidas e podem acontecer em algum momento no futuro. A barragem de Boroma está localizada a montante do ponto de carregamento do Projecto de transporte fluvial em barcaças. Ao contrário das barragens de Mphanda Nkuwa e Boroma, a barragem de Lupata seria construída dentro da área do Projecto de transporte fluvial em barcaças. Assim, para além das potenciais alterações do fluxo, a barragem da Lupata também poderia constituir uma obstrução física à passagem das barcaças. Usando os exemplos e estudos de caso do resto do mundo (notavelmente do Rio Ohio nos Estados Unidos, do Rio TocantinsAraguaia no Brasil e do Rio Yangtze na China), pode-se observar que um sistema eficaz de comportas pode compatibilizar a construção de barragens com a navegação do rio. . A solução proposta pela RML para a operação, no caso da construção da barragem de Lupata, é a discussão com a concessionária da barragem durante a fase de construção para garantir que comportas adequadas sejam desenvolvidas como parte do projecto da barragem. As comportas dão acesso à navegação através do complexo da barragem, sendo os navios são elevados ou abaixados de uma câmara para a outra. A câmara da comporta é essencialmente uma caixa de betão fixada no fundo do rio com dois portões correspondentes em cada extremidade que se fecham em um ângulo dirigido a montante contra o fluxo do rio. As portas podem abrir ou fechar apenas quando o nível da água é o mesmo em ambos os lados. Um conjunto de portas abre para deixar a embarcação entrar e depois fecha para permitir que o nível de água na câmara possa ser levantado ou baixado, dependendo do sentido da viagem. O outro conjunto de portas, em seguida, abre-se para deixar a embarcação partir. O levantar ou baixar de um nível da câmara para o próximo é chamado "elevador." O enchimento e esvaziamento da câmara da comporta são feitos por válvulas que controlam o fluxo de água através de aquedutos nas paredes da comporta. Não é necessário bombeamento pois a água flúi através dos aquedutos, para ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 84 dentro ou para fora da câmara da comporta, inteiramente por gravidade. A câmara da comporta nunca esvazia completamente, ajustando-se até ao nível da câmara do rio a jusante da comporta. 4.6.2 Condições de Emergência e Adversas Colisões com pontes Os comboios fluviais irão passar por baixo das duas pontes - ponte ferroviária Dona Ana e a nova ponte rodoviária de Caia, ponte Armando Emílio Guebuza. Os vãos entre pilares das pontes Dona Ana e Caia são de 70m e 137,5m, respectivamente. Os vãos em ambas as pontes são suficientemente largos para os comboios de oito barcaças passarem com segurança. A ponte Dona Ana, que foi construída em 1935, tem vãos que são de aproximadamente 70m de intervalo. Na ponte, a corrente do rio move-se geralmente paralela, ao longo da margem norte do rio (Mutarara) e em direcção de 90 graus entre os vãos da ponte. O canal principal move-se directamente sob a ponte em linha recta, não formando qualquer ângulo. Isto ajuda à navegação, pois não há nenhumas correntes fortes e cruzadas. Apesar de os vãos da ponte Dona Ana serem suficientemente largos para permitir a passagem em segurança de comboios de oito barcaças, a RML como precaução, não irá deslocar comboios de oito barcaças carregadas sob a ponte até que experiência suficiente seja adquirida e seja comprovado que a passagem pode ser feita em segurança. Inicialmente, comboios de quatro barcaças serão usados no rio superior. Além disso, pontos de atracagem serão colocados a montante e a jusante da ponte para permitir que os comboios sejam fraccionados antes de passar sob a ponte. O fraccionamento do comboio irá reduzir a largura de 35m para 17,5m proporcionando assim uma maior folga. Além disso, a velocidade de navegação será reduzida na aproximação para as pontes. Para os comboios carregados deslocando-se a jusante, a velocidade será reduzida para cerca de 2 nós/hora acima da velocidade actual do rio, e abaixo dos 4 nós/hora acima da velocidade actual do rio, longe das pontes. Esta redução na velocidade, para além da redução do risco de colisão irá reduzir a energia de impacto para cerca de 50% do seu valor original, portanto, reduzindo significativamente os danos potenciais em caso de colisão. Se for desejável reduzir ainda mais a velocidade do comboio debaixo da ponte, tal será possível porque os rebocadores utilizarão a tecnologia de motor de condução Z. Esta tecnologia dá aos rebocadores, o controlo da condução do barco independentemente da velocidade através da água. Ao contrário dos barcos com leme convencionais que necessitam de água a fluir sobre o leme para ter o controlo da condução, a condução do tipo Zé feita alterando o sentido das hélices. Estes barcos têm uma condução excelente, mesmo quando se movem na mesma velocidade que a corrente (ou em sentido reverso). Assim, os comboios podem navegar sob as pontes, a qualquer velocidade que seja considerada adequada, e ao mesmo tempo permanecendo em pleno controlo do leme. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 85 A RML está também a investigar sistemas de pára-choques que podem ser usados para proteger a ponte. A informação sobre o projecto de concepção da ponte está sendo procurada e será investigada. Discussões, em seguida, serão realizadas com as autoridades competentes. O tipo mais provável de colisão com a ponte, se ocorrer, seria um impacto lateral, caso um comboio se aproxime da ponte em um ângulo e não numa trajectória rectilínea. Isso pode ser causado por fortes ventos laterais ou correntes, ou erro do piloto. Uma colisão de lado, a não ser em um ângulo muito grave, seria improvável de causar danos significativos para qualquer comboio ou a ponte, particularmente se a ponte é protegida por pára-choques. As barcaças são fortes pois são feitas de aço. Também são de casco duplo. Portanto, se uma colisão com uma ponte ou outro objecto duro, como uma parede de rocha, viesse a ocorrer, o casco exterior de aço absorveria o impacto e as abrasões. Se o casco exterior fosse desfeito, o casco interior intacto impediria a entrada de água no interior da barcaça. Da mesma forma, os rebocadores também têm casco duplo. Um acidente de pior caso seria um comboio de oito barcaças completamente carregado colidir frontalmente com o pilar da ponte. Enquanto um comboio de oito barcaças pode pesar até 25.000t, há uma série de factores mitigantes, o que significa que é improvável que a ponte receba todo o impacto decorrente do peso bruto do comboio: • As barcaças têm as proas inclinadas, que serviriam como uma “zona de deformação” de absorção de energia durante uma colisão frontal; • O comboio é composto por um número de barcaças individuais. Se o impacto for grave, os laços entre barcaças tenderiam a separar as barcaças fazendo com que as barcaças absorvessem o impacto umas contras as outras, ou separarem-se (parcialmente ou totalmente). Ambas as acções reduziriam o impacto sobre a ponte; Investigações serão realizadas para verificar quais os requisitos em termos de pára-choques para as pontes. A operação dos comboios de barcaças seria objecto de um Plano de Gestão de Navegação. Este plano deveria incluir, entre outras coisas, os procedimentos, tais como fraccionamentos e gestão da velocidade nas pontes para mitigar o risco de colisão e os danos potenciais. Capotamento de barcaças /comboios É muito improvável que uma barcaça se vire no Rio Zambeze ou na zona marítima. As barcaças foram concebida para serem estáveis durante o transporte de carvão em viagens oceânicas. A estabilidade foi verificada com base no código 4.7.3 da OMI (IS) - "Critérios de Estabilidade Intacta para Pontões (Barcaças)." As barcaças são concebidas para ter a força longitudinal adequada para viagens oceânicas. Os critérios da força longitudinal foram ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 86 desenvolvidos com base em "Regras ABS para barcaças oceânicas." No que diz respeito às operações fluviais, a água do rio é simplesmente demasiado rasa para permitir que uma barcaça (com um comprimento de 75m e largura de 17.5m) possa virar, excepto em circunstâncias excepcionais. Apenas em eventos de inundação, com uma corrente muito forte, seria concebível uma barcaça deste tamanho virar, especialmente quando carregada com carvão. No caso improvável que uma barcaça cheia realmente se virar totalmente, o carvão na barcaça cairia no rio. Neste processo, a barcaça encher-se-ia de água, mas não se afundaria. Devido à flutuação criada pelos compartimentos de casco dupla, a barcaça flutuaria, num calado de cerca de 3,3m, e seria facilmente recuperada. É extremamente improvável que um comboio inteiro de barcaças possa virar pois as barcaças separar-se-iam ao invés de virarem. Encalhe/colisão de barcaças e dragas O encalhe de barcaças pode ocorrer de tempos em tempos porque o canal estará sujeito ao enchimento ea altura do rio pode mudar rapidamente, dependendo das descargas da barragem de Cahora Bassa, num dado momento. A libertação de barcaças encalhadas será directa na maioria das circunstâncias. Em primeiro lugar, o encalhe não deve danificar as barcaças pois os estudos têm mostrado que o fundo do rio é composto por areia frouxamente compactada. Na maioria dos casos, o encalhe envolveria uma ou duas barcaças, e não todo o comboio. Normalmente, a barcaça encalhada seria uma das barcaças dianteiras do comboio. As restantes barcaças continuariam a flutuar. O rebocador permaneceria a flutuar porque as barcaças serão sempre carregadas em calados maiores que o do rebocador (procedimento operacional padrão). Várias operações podem ser realizadas para libertar uma barcaça encalhada. Se a barcaça encalhada não puder ser libertada através da inversão de marcha, enquanto o comboio é ligado ao rebocador, a barcaça encalhada seria desacoplada do comboio e as barcaças flutuantes movidas para um local próximo onde estas pudessem estar temporariamente protegidas, quer por atracagem à terra ou aterramento suave em um banco de areia. O rebocador voltaria então para a barcaça encalhada e faria a reversão da barcaça usando o seu motor de condução Z, para direccionar jactos de água para baixo da barcaça para remover a areia que estivesse a reter a barcaça. Logo que suficiente areia tivesse sido removida para libertar a barcaça, esta seria puxada e reagrupada ao resto do comboio. Se o encalhe for tão grave que uma barcaça não possa ser liberada por um rebocador sozinho, várias outras medidas poderão ser tomadas. Uma opção é o envio de uma grua flutuante e uma barcaça vazia para o local e fazer-se a remoção de carvão suficiente para deixar a barcaça flutuar e desencalhar-se. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 87 Se um rebocador ficar encalhado, na maioria dos casos, será capaz de libertarse simplesmente direcionando jactos de água de seus motores para abrir um canal e fazer a inversão de marcha. Se as hélices ou motores do rebocador forem danificados no incidente de encalhe e forem incapazes de se libertar, então este poderia pedir ajuda a outros rebocadores. Note-se que os rebocadores terão três (nos barcos de 4.500cv) a quatro (nos barcos de 3.600cv) hélices, independentemente alimentadas, o que faz com que a possibilidade de todos os motores falharem em um único incidente seja baixa. A probabilidade de uma colisão entre as barcaças e as dragas durante a operação de manutenção do canal é considerada negligenciável. Os comboios de barcaças e as dragas estariam em contacto regular via rádio, para que as respectivas posições de todo o tráfego marítimo da frota da RML sejam conhecidas. Além disso, todas as embarcações estarão devidamente iluminadas à noite. Os comboios de barcaças teriam de esperar que o pessoal da dragagem de manutenção concluísse a dragagem caso o enchimento do canal fosse um impedimento para a passagem segura. No entanto, quando a dragagem de manutenção estiver a ser conduzida com o objectivo de aprofundar uma secção ainda navegável, o grupo de dragagem deslocar-se-ia temporariamente do canal para permitir que o comboio passasse. Em todos os momentos, as barcaças de combustível para a dragagem estariam atracadas bem longe do canal navegável. Perda completa de combustível das dragas e barcaças de combustível O diesel será transportado da Beira para o Chinde em barcaças de topo plano, casco duplo, certificação marítima e com capacidade de 20.000 barris, ou cerca de 2.400m3. As barcaças terão um número (4-6) de compartimentos separados. O combustível em Benga vai ser abastecido com fontes da própria mina, ou por barcaça. Os acordos de fornecimento de combustível para Benga não estão finalizados. A aprovação é solicitada ao abrigo da presente AIA para o abastecimento por barcaças. As barcaças de combustível seriam rebocadas da Beira para o Chinde por rebocadores oceânicos. Para o combustível destinado a Benga, a barcaça de combustível seria ligada a um rebocador no Chinde para a viagem rio acima. Antes da viagem para Benga, parte do combustível seria transferido para uma barcaça de combustível flutuante no Chinde. Além de abastecer as necessidades do Chinde, isso permitiria que a retirada de combustível reduzisse o calado antes da viagem rio acima. No caso de um acidente na viagem do Chinde ao ponto de carga de Benga, várias acções poderiam ser tomadas em função da natureza e da gravidade do acidente. As barcaças de combustível serão fortes e não serão de fácil rompimento. O pior caso seria uma ruptura do casco duplo da barcaça de combustível devido a, por exemplo, colisão da barcaça com um pico de rocha não mapeado no fundo do rio, ou uma colisão grave com uma rocha na garganta de Lupata. Dada as velocidades baixas envolvidas (velocidade ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 88 máxima para cima do rio de 5 a 6 nós/hora em relação ao solo) e tendo em conta o casco duplo de aço, é improvável que a colisão possa causar uma ruptura grande o suficiente para permitir que todo o diesel escape em um curto período de tempo. Um cenário mais provável é que a ruptura poderia resultar em um vazamento lento de um dos compartimentos. Todos os rebocadores serão equipados com kits de contenção de óleo derramado. No entanto, estes só serão eficazes para conter derramamentos pequenos ou de eventos singulares. Os kits não serão capazes de conter um derramamento em curso, especialmente se este ocorrer em uma corrente rápida. O diesel que escapar das cortinas de contenção, no entanto, tenderia a se dispersar rapidamente, dada a natureza da corrente. Se uma ruptura significativa ocorrer, várias acções podem ser tomadas. Uma acção pode ser bombear o diesel para qualquer outro compartimento (se em bom estado e se não estiver completamente cheio) ou para outra barcaça. Esta acção reduzirá o volume do diesel que poderia vazar para o rio. Em caso de emergência, o diesel pode ser transferido para uma barcaça de carvão vazia. Se a ruptura for no fundo da barcaça, outra acção possível seria encalhar a barcaça de combustível em um banco de areia para diminuir a taxa de vazamento de combustível, enquanto o combustível é removido. A dragagem será realizada por empreiteiros (terceiros) e não pela RML directamente mas estará sob a gestão da RML. Estes empreiteiros disponibilizarão o equipamento e por isso os detalhes do equipamento não podem ser especificados no presente relatório. A discussão a seguir é baseada na prática comum no sector. A situação pode variar dependendo do empreiteiro seleccionado e os equipamentos que vai usar. Na maioria das vezes, as dragas estarão estacionárias ou em movimento mas em velocidades muito lentas. Para os tanques de combustível se romperem, a draga terá de colidir com uma embarcação ou, alternativamente, soltar-se da sua atracagem - por exemplo, em uma grande inundação. As dragas transportarão combustível em tanques separados. As dragas a serem usadas no Rio Zambeze serão provavelmente, na sua maioria dragas de sucção com desagregadoras de porte pequenoa médio com capacidade de transporte de combustível de 13m3 cada, ou 52m3 no total. Estas dragas serão abastecidas por barcaças de combustível no local, que por sua vez serão reabastecidas pela barcaça de combustível maior da RML. As barcaças de combustível das dragas serão ancoradas próximo das dragas e por isso os seus movimentos serão mínimos. As barcaças de combustível terão normalmente 500m3 de capacidade, com combustível armazenado em 4 tanques separados. Essas barcaças de combustível serão construídas com chapas de metal pesado e com cantos de chapa dupla. No caso de uma ruptura, é provável que apenas um tanque seja afectado. Para além da implementação de cortinas de contenção de derramamentos, acções começariam rapidamente para bombear combustível do tanque com vazamento para outros tanques, ou até mesmo para as dragas, desde que o ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 89 combustível que fosse bombeado não estivesse contaminado pela água do rio. Se houver uma capacidade de armazenamento insuficiente no local (por exemplo, se os outros tanques das barcaças de combustível estiverem cheios), então, barcaças de carvão vazias poderiam ser trazidas em seguida pela RML para actuar como um tanque de armazenamento de emergência. As práticas e procedimentos de segurança e protecção do ambiente serão desenvolvidos com os empreiteiros da dragagem. O Plano de Gestão Ambiental (PGA) do empreiteiro terá de ser aprovado pela RML antes do início da dragagem. 4.6.3 MudançasClimáticas Estudos de registo e de pesquisas adicionais sobre as alterações climáticas na África Austral estão em curso. Neste momento, o consenso geral é de que as temperaturas na África Austral vão subir 0,20°C por década até 2050. Até 2050, a precipitação deve diminuir em cerca de 10% (UNEP, http://www.grida.no/publications/other/aeo/, acedido em 12 de Janeiro de 2011). A subida do nível do mar depende das correntes oceânicas, da pressão atmosférica, e dos movimentos naturais da terra em locais específicos, mas a subida do nível médio do mar aceite para a África é de 25cm até 2050. A possibilidade de mudanças climáticas nos sistemas hídricos Africanos será afectada por mudanças no ciclo hidrológico, no balanço da temperatura, e precipitação. Segundo o Relatório Especial sobre os Impactos Regionais das Alterações Climáticas (2001) do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a bacia do Zambeze tem uma eficiência baixa de fluxos e um índice de aridez elevado, indicando uma sensibilidade razoável para as alterações climáticas. Além disso, o relatório também afirma que a bacia do Zambeze é particularmente sensível ao aquecimento global, resultando na diminuição do escoamento na bacia, mesmo quando aumenta a precipitação. Isto é, devido ao papel importante desempenhado pela evaporação. O Rio Zambeze tem o pior cenário na África Austral, com diminuição projectada na precipitação de cerca de 15%, aumento da perda potencial por evaporação de 15-25%, e da redução do escoamento de cerca de 30-40%. Concomitantemente, espera-se o aumento da frequência e intensidade das inundações e das secas (Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC, 2001). O padrão sazonal de chuva deverá manter-se inalterado. O que isto significa é que, em 2050, o Rio Zambeze poderá ter alterações consideráveis com implicações associadas à geração de energia hidroeléctrica, agricultura e produção de peixe (IPCC, 2001). A preparação e adaptação para mudanças climáticas na bacia do Zambeze dependem de um melhor planeamento de projectos hídricos e as parcerias estratégicas entre os países para apoiar a gestão integrada da bacia. O escoamento reduzido tem o potencial para o funcionamento da barragem de Cahora Bassa, que por sua vez, poderá afectar o projecto proposto. Assim, a comunicação em curso entre ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 90 a RML e a Hidroeléctrica de Cahora Bassa é fundamental para desenvolver estratégias de adaptação. 4.7 ALTERNATIVAS DO PROJECTO As alternativas referem-se a rotas alternativas, alternativas no local, alternativas tecnológicas ou alternativas dos processos. 4.7.1 Rotas Alternativas A RML transportará carvão através da Linha Férrea de Sena e pretende estar envolvida no transporte de carvão através do proposto Corredor de Nacala no futuro. Dadas as grandes reservas de carvão na área, e dado que outras empresas de mineração também precisam de transportar o carvão para os mercados, todas as três rotas são passíveis de serem utilizadas pela RML para garantir que estas são capazes de optimizar o potencial de exportação de suas operações de mineração actuais e futuras. Assim, as três rotas são complementares e não alternativas. No entanto, deve notar-se que o factor principal por trás do interesse da RML de transportar carvão em barcaças no Rio Zambeze, é que a capacidade ferroviária é insuficiente, sendo pouco provável que o sistema ferroviário tenha disponibilidade, no futuro próximo, para atender às necessidades dos actuais e futuros produtores de carvão na bacia carbonífera de Moatize. Olhando para o rio como um corredor, foram considerados alinhamentos alternativos dentro do corredor. A RML seleccionou o alinhamento do canal navegável, utilizando o máximo de talvegue (canal naturalmente mais profundo dentro do canal activo do rio) quanto possível, e fazer a dragagem de modo a ligar os canais profundos. Isto reduz a quantidade de dragagem necessária e resulta em um canal sinuoso naturalmente navegável. A alternativa de dragagem de um canal navegável recto resultaria em dragagem excessiva levando a elevados custos e uma ampla modificação do sistema fluvial. Portanto, esta alternativa foi filtrada e não foi mais avaliada. 4.7.2 Alternativas de Configuração As alternativas de configuração que serão consideradas relacionam-se com a configuração das instalações de apoio com base terrestre em Chinde e Benga. Os planos esquemáticos terrestres ilustrados na Figura4.5 a Figura4.8 acima são o culminar de um processo de refinação ecorrecção do esquema atéao ponto que os potenciais impactos sejam minimizados. Por exemplo, o plano original das instalações terrestres de apoio na margem norte do Chinde. Como resultado de uma maior investigação e colaboração da equipa da AIA, o plano foi refinado e moveu-se a área ocupada das instalações para norte e principalmente para fora dos mangais. Da mesma forma, com base no feedback das comunidades do Chinde e da equipa da AIA, a RML irá colocar possivelmente algumas instalações, tais como escritórios e acomodações, ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 91 próximo da vila do Chinde, oferecendo uma fonte de emprego local. No ponto de carregamento em Benga, as instalações terrestres foram modificadas para estarem afastadas da propriedade Fabachana, minimizando assim os potenciais impactos de ruído e outras perturbações. 4.7.3 Alternativas Tecnológicas No que diz respeito às alternativas tecnológicas, serão consideradas diferentes tecnologias para a dragagem (diferentes tipos de dragas), para a concepção das barcaças (que são baseadas na informação da profundidade do canal e sobre as condições do rio ou marinhas) e para equipamentos de transbordo (especialmente a concepção da garra de carvão). A tecnologia do transporte fluvial, incluindo rebocadores e barcaças sem propulsão com capacidade de 2.500 toneladas foi seleccionada após a revisão de várias alternativas. O principal factor determinante foi a necessidade de navegar em um rio pouco profundo e sinuoso ao mesmo tempo tentando ser escalável, capaz de lidar com uma carga suficientemente grande e capaz de fazer viagens marítimas até uma plataforma de transbordo. As duas alternativas principais estudadas foram as barcaças com propulsão própria e o sistema de empurrar os comboios por um rebocador que acabou por ser seleccionado. Outros sistemas que envolvem o reboque das barcaças por um rebocador foram rejeitados porque a corrente do rio é forte demais para este tipo de operação. As barcaças com propulsão própria são comuns em muitas partes do mundo, mas são menos adequadas do que os rebocadores para sistemas de rios pouco profundos. Uma vantagem de uma operação de rebocador é que este é muito flexível. Por exemplo, os comboios fluviais podem variar de 2 a 8 barcaças, dependendo das condições. Tendo seleccionado um sistema com rebocador, a atenção voltou-se para a concepção de barcos e barcaças. Estes foram desenhados pelo arquitecto líder em assuntos marinhos, Robert AllenLtd, com sede em Vancouver no Canadá. Uma característica do projecto de concepção dos barcos foi o uso da unidade de propulsão Z, ao invés da combinação convencional da hélice fixa/leme. Uma vantagem da propulsão Z que estas desempenham um controlo excelente da condução com leme, mesmo quando o barco se move lentamente, ou mesmo, parado, enquanto os sistemas convencionais exigem que o barco esteja em movimento para a condução com leme. O transbordo será feito por um empreiteiro(terceiros)que ainda está por ser seleccionado. Diferentes empresas de transbordo terão diferentes tecnologias e abordagens. A RML prefere a utilização de uma plataforma de transbordo flutuante, com pelo menos 60 mil toneladas de capacidade de armazenamento porque requer um stock regulador no lado de Chinde. Embora os detalhes do projecto específico sejam da responsabilidade do empreiteiro de transbordo, este terá de cumprir com os padrões ambientais aceitáveis, e o Plano de Gestão Ambiental terá de ser aprovado pela RML antes do início das operações. Prevê-se, por exemplo, que o sistema de descarga entre a barcaça e ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 92 a plataforma de transbordo seja feito por meio de garras com protectores para conter eventuais derramamentos. Opções para melhorar as práticas e procedimentos de segurança e a protecção ambiental serão desenvolvidos com os empreiteiros da dragagem. O Plano de Gestão Ambiental (PGA) do empreiteiro teria de ser aprovado pela RML antes do início da dragagem. 4.7.4 Alternativas do processo Não há alternativas de processo que são relevantes para este projecto. 4.7.5 Alternativa de Não Prosseguir Todas as avaliações são feitas em comparação às condições de base actuais, ou seja "não prosseguir". Assim, se este projecto não for adiante, os impactos positivos e negativos identificados não se concretizam e o estado actual continuará. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 93 5 5.1 AMBIENTE BIOFÍSICO RECEPTOR CLIMA A bacia do Zambeze possui três estações distintas: fria e seca (Abril-Agosto), quente e seca (Setembro-Outubro), e quente e húmida (Novembro a Março).A precipitação da bacia centra-se em um período de chuvas acentuadas, que estende-se de Outubro a Abril. A precipitação mensal começa a aumentarem Novembro até atingir um máximo em Janeiro, diminuindo depois até terminar em Abril. A precipitação média para toda a bacia é de aproximadamente 970 mm, mas varia consideravelmente em toda a bacia hidrográfica. As partesdo norte da bacia (Malawi, Tanzânia, e o norte e noroeste da Zâmbia) têm uma precipitação média anual de 1200 mm, enquanto as partes sul e sudoeste têm uma precipitação média em torno dos 700 mm. A Figura5.1ilustra estas variações. Figura5.1 Precipitação Média Anual da Bacia do Zambeze F onte: Estudo sectorial daDenconsult, 1998 Estas variações sazonais e espaciais na precipitação e evaporação conduzem a padrões de escoamento complexos, com volumes anuais de escoamento relativamente pequenos. O baixo do Vale do Zambeze, onde o projecto será realizado, é influenciado por diversos factores, tais como o ar marítimo, actividades anti-ciclónicas no Oceano Índico e o movimento anual da Zona de Convergência Inter-Tropical. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 94 O clima é ainda mais influenciado pela topografia, e por exemplo, onde oterreno é montanhoso, a temperatura é mais baixa e as precipitações mais elevadas. A estação de verão quente e chuvosa ocorre de Novembro a Março/Abril ea estação de inverno, que é moderadamente quente e seca, ocorre de Maio a Agosto. No verão, os ventos sopram predominantemente de noroeste e no inverno de sudoeste (SWECO/SWEDPOWER, 1982). A temperatura média anual é de aproximadamente 26ºC em toda a área de terras baixas de Lupata ao mar. Temperaturas acima dos 40ºC foram registadas entre Setembro e Janeiro e, acima dos 45ºC em Outubro e Novembro. A temperatura mais baixa de 2,5ºC foi registada em Mutarara, em Junho-Julho (SWECO/SWEDPOWER, 1982). A precipitação média anual sobre a região do Delta do Zambeze é entre 1000 e 1200mm, em Caia de 987mm, em Mutarara de 711mm e em Tetede 643 mm (SWECO/SWEDPOWER, 1982). 5.2 SISTEMAS METEOROLÓGICOS A ocorrência média de ciclones no Canal de Moçambique é de um pouco mais de três ciclones por ano,(1) principalmente entre Janeiro e Março. Entre 1993 e 2004, 29 ciclones ocorreram ao longo da costa moçambicana, tal como consta na Tabela5.1 abaixo. A área de estudo não é considerada uma área de elevada ocorrência de ciclones, tendo sido registados entre 4 a 8 ciclones, nos últimos75 anos (Figura 5.2), e as suas trajectórias não atingiram a área de estudo, com o litoral sendo o mais afectado (Figura 5.3). Tabela5.1 Ciclones que atingiram a costa moçambicana 1993-2007 Estação de ciclones 1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2006/7 Ciclone tropical Daisy, Geralda, Julitae Nádia FodaheJosta Bonita eDoloresse Fabriola, Gretelle, JosieeLisette A19798 eBeltane Alda e D19899 Astride, Eline, Glória, Hudahe 1319992000 Dera CyprieneAtang Delfina eJaphet Cela, ElitaeGafilo Favio Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) 2008 (1) Tinley, 1971 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 95 Figura 5.2 Frequência de ciclones que atingiram a zona da África Austral nos últimos 75 anos Figura 5.3 Estação de ciclones 2006/2007 –Trajectórias completas (da Meteo France) ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 96 5.3 OCEANOGRAFIA FÍSICA A informação desta secção é proveniente da Impacto e CSA Internacional (2006) e vários outros relatórios e publicações sobre a oceanografia da área de estudo. Correntes O Oceano Índico contém um grande giro de água, conhecido como a Corrente Equatorial Sul (CES), que circula no sentido horário e é conduzida pelos ventos (Figura 5.4). Esta massa de água equatorial flúi para oeste através do Oceano Índico e divide-se quando atinge a parte leste de Madagáscar. Neste ponto, a CES divide-se na Corrente Oriental de Madagáscar (COM) que flui para o sul, e um ramo que flúi para norte ao Cabo de Amber, o ponto mais a norte de Madagáscar, e em seguida em direcção à costa de África, onde divide-se novamente no ramo norte e ramo sul. O ramo norte passa a ser a Corrente Costeira da África Oriental, e o ramo sul torna-se na Corrente de Moçambique. Dados do Programa Mundial Hidrográfico (World Hydrographic Programme - WHP) da Experiência Mundial de Circulação Oceânica (World Ocean Circulation Experiment - WOCE) indicam um transporte para o sulde 29,1 e 5,9 SV(1) nas linhas 12 e 14, acima dos 2500 m de profundidade. De acordo com o modelo da Corrente de Limite Ocidental (Western Boundary Current), CLO)(2), o fluxo para o sul através do Canal de Moçambique não aparece como um fluxo contínuo, mas antes como uma série de grandes redemoinhos ciclónicos e anti-ciclónicos de aproximadamente 300 km de diâmetro.(3) A parte mais estreita do Canal de Moçambique (a aproximadamente 17ºS) flui para sul em aproximadamente 1m/s, no lado ocidental do Canal.(4) O fluxo dentro do Canal de Moçambique é maior na camada superficial de 0 - 200 metros de profundidade e diminuindo para 0,5 m/s abaixo dos 500m da superfície. (1) 1 SV é equivalente a 1x106 m3/s (2) Di Marco et al (2002) (3) Saetree da Silva (1982, 1989) e de Ruijteret al, (2002) (4) Rinderinkhofet al (2003) ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 97 Figura 5.4 Padrões de circulação no Canal de Moçambique Fonte: Impacto e Relatório EIA Final da CSA (2006) 5.4 SOLOS Os principais tipos de solos na área de estudo são aluviais, e variam em texturas de argila fina a areias grossas. Os maiores depósitos aluviais contínuos são encontrados no Vale do Rift, em especial a norte do Rio Zambeze, na Ilha Inhangoma e ao longo do rio Chire. A sul do Zambeze, os depósitos aluviais podem ser encontrados até à costa, próximo da Beira. Os solos argilosos de textura fina cobrem as grandes planícies com depressões no terreno, enquanto o material mais grosso é encontrado nos diques nas margens dos grandes rios e nos canais dos rios. Os vertissolos desenvolvem ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 98 materiais compostos principalmente de partículas mais finas. A maioria dos solos apresenta hidromorfia. 5.5 PRINCIPAISTIPOS DE VEGETAÇÃO NA BACIA DO ZAMBEZE DE TETE A CHINDE O objectivo desta secção é dar uma visão geral dos tipos de vegetação que se encontram na bacia do Zambeze,de Tete a Chinde. Mais detalhes sobre os habitats e a vegetação ripária doDelta podem ser encontrados nas respectivas secções abaixo (Secções 5.7e 5.8).De forma geral, 5 tipos de vegetação podem ser mapeados1 na área do Projecto, conforme indicado na Figura 5.5 abaixo. As Unidades de Mapeamento baseiam-se principalmente em Wild& Barbosa (1967) e são as seguintes: • • • • • 5.5.1 Savana arbórea seca – Prado húmido – Floresta-galeria – Mosaico de flora aquática de aluviões e deltas de grandes rios (terras baixas, sublitoral). Savana arbustiva decídua seca precoce(terras baixas). Floresta de savana decídua seca precoce(terras baixas) Floresta de savana de miombo decídua Mata e floresta litoral de dunas recentes Savana arbórea seca – Prado húmido – Floresta-galeria – Mosaico de flora aquática de aluviões e deltas de grandes rios (terras baixas, sublitoral) Este tipo de vegetação é uma formação costeira importante em Moçambique. As áreas com este tipo de vegetação são inundadas periodicamente, com planícies mal drenadas e prados extensivos, intercalados por algumas áreas ligeiramente elevadas e bem drenadas. Uma savana seca, com árvores e arbustos esparsos ocorre em áreas bem drenadas. Este tipo de vegetação é mapeado como uma única unidade, embora duas subunidades principais possam ser distinguidas, nomeadamente:(a) os tandos da Gorongosa que são inundados sazonalmente e ligam o vale do Zambeze ao sistema de Pungoé no sul, através do vale do Rift, e (b) os prados sazonalmente inundáveis do estuário e zonas inundáveis do baixo Pungoé/Buzi. 5.5.2 Savana arbustiva decídua seca precoce (terras baixas) Este tipo ocorre em uma área significativa do vale do Zambeze. As espécies mais comuns são: Pterocarpus brenanii, Diplorhynchus condylocarpon, Combretum ghasalense, Diospyros kirkii, Terminalia sericea, Sclerocarya caffra, Acacia nigrescens, Colophospermum mopane (arbusto), Julbernardia globiflora, Combretum imberbe, Dalbergia melanoxylon, Bauhinia tomentosa, Cordyla africana, e Sterculia quinqueloba. (1) Existem muitos outros tipos de vegetação e habitats que ocorrem dentro do amplo conjunto de tipos de vegetação, estes não podem ser mapeados nesta escala, mas, quando relevantes são destacados no texto. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 99 5.5.3 Floresta de savana decídua secaprecoce(terras baixas) Este tipo de vegetação cobre grandes áreas no vale do Zambeze, onde a floresta de savana Colophospermum mopane é geralmente de estatura média ou alta (10-15m). A vegetação é quase que exclusivamente composta pela floresta de savana de Colophospermum mopane, mas também ocorre alguma Adansonia digitata. A floresta de savana de Mopane é muitas vezes classificada como floresta de savana de Julbernardia globiflora em áreas mais secas, com solos pobres bem drenados, e no domínio da savana Adansonia-Sterculia. Nas margens do Rio Zambeze, o mopane é muitas vezes substituído por Diospyrusme spiliformis e por vezes por Berchemia discolor. 5.5.4 Floresta de Savana de Miombo Decídua Este tipo de vegetação limita-se à província da Zambézia, aparecendo em solos de transição de ferralíticos a solos cinzentos baixos do complexo de granito ou gnaisse. Pode ser considerado como um mosaico de diferentes miombos por vezes dominados por Brachystegias piciformis ou por B. boehmiiou mesmo Julbernardia globiflora, e com influências das comunidades AcaciaCombretum e também das zonas de terras baixas e infra-litorais. 5.5.5 Mata e floresta litoral de dunas recentes Este é um tipo de vegetação de dunas recentes de solos juvenis a partir de areias de origem eólica. No litoral central de Moçambique, as espécies arbustivas mais comuns são: Sideroxylon inerme, Mimusops caffra, Carissabis pinosa, Salacia madagascariensis, Hugonia elliptica, Todallia asiatica, Maclura Africana, Canavalia gladiata, Xylopia holtzii, Landolphia petersiana e Hippocratea sp. Existem nove factores principais que afectaram as mudanças na vegetação no e em torno do Delta do Zambeze ao longo dos últimos 100 anos. A lista indica que os regimes de inundações e a hidrologia, no geral, não são os únicos factores que influenciam a mudança no Delta, embora estes talvez sejam os mais significativos que mudaram ao longo dos últimos 45 anos: • Aumento dos caudais da estação seca devido à geração de energia a partir de barragens a montante; • Redução das inundações (ambos em incidência e extensão), após a construção das barragens de Kariba e Cahora Bassa; • Construção de diques em todos os canais distributários (especialmente na margem sul) em 1920 para controlar as inundações; • Construção de empresas açucareiras e alterações concomitantes na drenagem de terras na década de 1920 em diante; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 100 • Introdução de gado e assentamentos humanos "terrestres"periféricos (principalmente em relação aos assentamentos nas orlas do rio) na sequência do desenvolvimento das plantações de açúcar. • Introdução de plantas daninhas aquáticas e sua subsequente propagação; • A redução de grandes herbívoros de pastoreio (elefante, búfalo, zebra, hipopótamo) logo após o estabelecimento das plantações de açúcar, através da caça de carne, e novamente no final da guerra civil no início de 1990. Pelo contrário, pode-se dizer que o grande aumento no número de grandes herbívoros, durante o período de 1970-1980, foi o factor mais importante; • As actividades da industria de exploração de madeira no planalto de Cheringoma, em especial no período de 1950 a 1960, e talvez novamente na actualidade, que inclui o corte de árvores, desbravamento de terras e construção de estradas; • Mudanças na sincronização e frequência do regime de queima doprado, com o aumento da frequência de fogo sendo indiscutivelmente a mais importante das duas. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 101 Figura 5.5 Principais Tipos de Vegetação ao longo do Rio Zambeze 5.6 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO SISTEMA DO RIO ZAMBEZE O Rio Zambeze é dividido em três secções geograficamente distintas, com diferentes características físicas. A secção que se estende entre a nascente e as Cataratas Victoria (Victoria Falls) é designada por Alto Zambeze, o trecho entre as Cataratas Victoria e Cahora Bassa é denominado Médio Zambeze, e o restante troço é referido como Baixo Zambeze (ver Figura 5.6). Figura 5.6 Bacia do Rio Zambeze O Rio Zambeze é reconhecido como um dos maiores e mais importantes na África Austral. A sua bacia hidrográfica é a quarta maior de África, depois do Congo/Zaire, Nilo e Níger. A área drenada pelo Rio Zambeze foi estimada entre 1.193.500 e 1.570.000 km2 (Davies, 1986). A bacia hidrográfica abrange oito países, e todos fazem parte da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Os países abrangidos são: Angola, Botswana, Namíbia, Malawi, Moçambique, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe. O Zambeze é, portanto, um dos mais importantes sistemas de recursos naturais da África Austral. O Rio Zambeze nasce a noroeste da Zâmbia, a uma altitude de cerca de 1.555m, e corre ao longo de uma distância de 2.650 km através de Angola, Botswana, Zimbabwe e, finalmente, Moçambique, onde desagua no Oceano Índico. A bacia do Zambeze faz parte da região tropical de África, situando-se entre as latitudes 10º e 20º S e longitudes 20º e 37º E (FAO, 1997). Após a sua confluência com o Kafue, a jusante da Barragem de Kariba, o Zambeze continua por uma área baixa de zona inundável antes de entrar em ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 103 Moçambique e na Barragem de Cahora Bassa, que foi criada em 1974. O Rio Zambeze, em seguida, flúi para sudeste e recebe água do seu último grande afluente, o rio Chire, que drena o Lago Malawi (também chamado de Lago Niassa), cerca de 450 km a norte. A parte norte do lago Malawi faz fronteira entre a Tanzânia eo Malawi, enquanto a parte sul faz fronteira entre Moçambique e Malawi. Na confluência do Zambeze-Chire, a água dos dois rios suporta extensas planícies aluviais que se estendem até ao Oceano Índico (FAO, 1997). Nos últimos 350 km, o rio é caracterizado por um canal muito entrelaçado com as margens mal definidas ligando-se ao Delta. O rio Zambeze move grandes volumes de sedimentos. Os sedimentos são depositados nos locais onde o fluxo de água é reduzido. Os sedimentos depositados, por sua vez, reduzem ainda mais o fluxo de água, permitindo maior deposição de sedimentos. Isto faz com que se criem ilhas ou áreas entrelaçadas no canal do rio (ver Figura 5.7 para um exemplo de um curso de água entrelaçado e ilhas). As áreas entrelaçadas e ilhas criam habitats, promovendo assim a biodiversidade. As aves aquáticas são conhecidas por frequentar ilhas e os peixes podem usar os cursos de água entrelaçados como viveiros ou para abrigo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 104 Figura 5.7 Exemplo de um Curso de Água Entrelaçado O Rio Zambeze apresenta um padrão sazonal, com fluxos mais elevados observados durante os meses chuvosos de verão de Janeiro a Abril. Os ciclos de fluxo históricos foram atenuados pela construção da Barragem de Cahora Bassa. Picos nos fluxos são geralmente registados em Fevereiro ou Março. O escoamento anual médio registado a montante de Cahora Bassa é estimado em 76,9 x 109m3. Deve notar-se, contudo, que o escoamento anual pode variar de menos de metade da média em alguns anos a mais que o dobro da média anual de descarga, nos outros anos. A descarga média é de 2.440 m3/s, no entanto pode variar de caudais tão baixos como 250m3/s acaudais superiores a 18.000 m3/s. Também foi sugerido que há mudanças cíclicas a longo prazo na descarga (calculada em médias de 10 anos)que aumentaram a partir de princípios do século passado, atingindo um pico em 1960 e agora exibindo um declínio (UTIP, 2001, citado em Impacto, 2003). A um caudal de água de cerca de 2.000m3/s, a profundidade do rio varia entre 1 e 11m. A profundidade média é de 3-4 m (SWECO/SWEDPOWER, 1982). De Benga à garganta de Lupata, a profundidade do canal do rio é reduzida em certas partes, com uma profundidade que varia entre os 1,4 e 2,5m. Na garganta de Lupata, o canal tem geralmente uma largura de cerca de 600m,masa menor largura é de 300m. As profundidades variam, geralmente, entre os 3 e os 17m, no entanto áreas menos profundas já foram registadas com menos de 2,5 m. Da Ponte Dona Ana à Ilha de Inhacamba, o rio é plano, largo e relativamente profundo, beneficiando do caudal do rio Chire. Finalmente, a partir da ilha de Inhacamba ao Chinde, existe um canal natural definido, relativamente profundo até à foz do rio. 5.6.1 Aquíferos do Rio Zambeze Aquíferos primários extensos estão associados a depósitos aluviais do sistema do Rio Zambeze. Estes aquíferos estão em continuidade hidráulica directa com o Rio. O potencial de água subterrânea dos aquíferos aluviais é controlado pela espessura saturada, tamanho dos grãos e o alcance dos depósitos aluviais. Os aquíferos aluviais foram desenvolvidos como resultado da deposição de sedimentos durante as inundações, em combinação com as mudanças no padrão do caudal do rio. O ciclo de inundações geralmente deposita uma sucessão de areia, cascalho e silte, seguindo uma tendência a jusante. Os aquíferos aluviais (aquíferos primários) ocorrem ao longo do curso do Rio, com uma espessura geral de 7-20m, mas podem ser superiores a 35m em alguns locais. As transmissibilidades destes aquíferos são elevadas (4.500 m2/dia), indicando um movimento rápido de águas subterrâneas através dos sedimentos (Golder Associates, Julho de 2009). Os aquíferos primários cobrem uma área extensa ao longo do rio Zambeze e têm o potencial de abastecimento de água entre 50e 300l/s. A bombagem destes furos é sustentável ao longo do ano (Golder Associates, Julho de 2009) e ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 106 os rendimentos são afectados minimamente por variações sazonais no nível do rio/caudal. Qualidade do Aquífero A amostra de água retirada do aquífero aluvial perto do ponto de carregamento em Benga tem uma característica Ca-HCO3 e está associada a boa qualidade e a água recentemente recarregada (Golde rAssociates, Julho de 2009). 5.6.2 Hidrologia A hidrologia natural é importante para os invertebrados aquáticos, pois as suas histórias vitais devem ter evoluído para lidar com a variação natural dos fluxos de sedimentos e cargas associadas. Antes da construção de grandes barragens (ou seja, Kariba e Cahora Bassa), o rio dentro da Área de Estudo tinha três períodos distintos: • Período seco de cinco meses (Junho a Outubro), durante o qual os fluxos dentro da Área de Estudo tipicamente reduziam para cerca de 600 m3/s (Rountree, comunicação pessoal); • "Gumura", um pico de inundações em Fevereiro, que transportava escoamento local turvo; e • "Murorwe", um pico de inundação maior, em Abril, que transportava um escoamento mais limpo da bacia superior (Davies 1986). A hidrologia actual é controlada principalmente pelas descargas de Cahora Bassa. As principais alterações da hidrologia natural incluem um aumento significativo dos caudais baixos (2.000 a 3.000 m3/s), redução dos caudais altos (inundações), variabilidade sazonal reduzida e entradas reduzidas de sedimentos (Davies, Beilfusse e Thoms, 2000; Beilfusse e dos Santos, 2001). 5.6.3 Qualidade da Água e Turbidez As condições de base para a turbidez foram obtidas a partir de Siddorn et al. (2001) e Basson (2006) e através da pesquisa em curso por Worley Parsons (2010a). A principal contribuição para o índice de turbidez no Chinde é o sedimento em suspensão do curso superior do Rio Zambeze (Basson, 2006). Os valores de base de turbidez são apresentados na tabela abaixo. Tabela5.2 Turbidez medida no Rio Zambeze Referência Basson (2006) Siddorn et al. (2001) Valor [mg/l] 10.000 450 Local Tete Do Chinde em direcção ao mar A amostragem da qualidade da água foi realizada por Worley Parsons em Agosto e Novembro de 2010. Vários parâmetros foram medidos em 38 locais ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 107 de amostragem de águas superficiais ao longo da área de estudo do Rio Zambeze. Os parâmetros medidos no campo são os seguintes: • • • • • • • • Temperatura; Potencial de Redução de Oxidação (PRO); pH; Condutividade Eléctrica (CE); OxigénioDissolvido (OD); Sólidos Totais Dissolvidos (STD); Salinidade; e Turbidez. A Tabela 5.3 abaixo apresenta os resultados do exercício de amostragem da qualidade de água. Na ausência de directrizes específicas para Moçambique, foram aplicadas as directrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a água potável. Em relação aos usos adicionais de água, os resultados também foram seleccionados com base nas normas Sul-Africanas (DWAF 2006) para irrigação e pecuária. Os valores de referência utilizados incluem: normas da OMS disponíveis para os parâmetros de pH, CE e STD; normas da DWAF (irrigação) para os parâmetros de pH e STD e as normas DWAF(pecuária)para o parâmetro STD. No local de amostragem SSMP (Pontos de atracagem em Chinde) registou-se uma CE de7514µS/cm e STD de 4884 mg/l. Os valores medidos de CE e STD no local SS_RM (Foz do Rio no Chinde) foram de 21,420 µS/cm e 13,920 mg/l, respectivamente. Estas medidas excedem os valores de referência da OMS para CE e STD (2.500 µS/cm e 600 - 1.000 mg/l, respectivamente). Este resultado é compreensível, já que os dois pontos de amostragem (na foz do rio ou perto da foz do rio) estão sujeitos a influências marinhas. Além disso, os valores de referência DWAF para irrigação (40mg/l) e pecuária (1.000 mg/l) também foram ultrapassados nestes dois pontos de amostragem para STD. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 108 Tabela 5.3 Resultados dos testes de amostragem de sedimentos ao longo da área de estudo do Rio Zambeze (WorleyParsons, 2010) Parâmetros da Qualidade da Água Local de Amostragem (SS/ VC) Profundidade Temp PRO pH CE m °C mV unidades µS/cm Água doméstica 6,5 - 9,5 2500 DWAF, 1996 Irrigação 6,5 - 8,5 DWAF, 1996 Pecuária OMS RSA RSA OD mg/l % STD Salinidade Turbide mg/l ppt NTU 600 - 1000 40 1000 SS1 0,10 25,10 151,80 7,63 117 8,05 11,60 76 0,05 5,80 SS2 0,10 26,10 142,50 8,13 107 8,14 103,70 69 0,05 0,06 VC2 0,10 26,10 142,50 8,13 107 8,14 103,70 69 0,05 0,06 VC3/SS3 0,10 26,40 146,10 8,02 113 9,02 113,00 73 0,05 0,00 SS4 0,10 26,60 158,90 8,36 116 8,93 106,40 76 0,05 2,40 VC6/SS6 0,40 23,53 182,60 8,15 103 7,77 97,00 69 0,05 14,07 SS7 0,55 22,50 141,50 8,20 101 8,70 102,00 68 0,05 9,10 VC7 0,10 27,70 91,30 8,59 81 8,31 114,60 51 0,03 0,90 VC8/ SS8 0,40 24,33 126,73 8,36 121 8,49 103,00 80 0,06 9,23 VC9 0,10 27,30 163,20 8,62 115 8,07 102,54 74 0,05 16,20 VC10 0,10 27,90 150,50 8,69 117 8,29 106,30 76 0,05 12,60 VC11 0,10 28,40 140,50 8,72 116 8,37 104,50 76 0,05 15,10 VC12 0,10 26,20 16,96 8,42 121 7,84 98,37 79 0,06 33,60 VC13/SS13 0,10 26,90 131,50 8,55 121 7,58 94,90 79 0,06 17,20 VC14 0,10 27,80 112,40 8,67 123 7,96 100,70 79 0,06 34,70 VC15 0,10 28,40 113,50 8,69 125 8,14 105,70 81 0,06 24,30 VC16/SS16 0,10 27,20 100,70 8,54 97 7,62 97,10 78 0,06 20,20 VC17 0,10 28,30 144,70 8,59 120 7,07 91,30 78 0,06 28,70 VC18/SS18 0,10 28,80 176,80 8,65 118 7,28 97,10 76 0,06 19,60 VC19 0,10 29,00 109,50 8,63 121 7,10 95,20 79 0,05 29,60 VC20 0,10 29,00 93,00 8,57 119 7,23 97,90 78 0,06 48,00 VC21 0,10 27,30 94,00 8,44 119 7,57 95,70 77 0,06 57,40 VC22 0,10 27,70 98,20 8,41 119 7,54 97,60 77 0,05 61,60 SSDA (Ponte Dona Ana) 0,1 27,90 124,90 8,41 117 7,36 95,60 74 0,05 63,30 VC23 0,10 30,50 112,80 8,73 116 7,52 104,60 76 0,05 20,50 VC24 0,10 28,10 169,20 8,33 124 7,72 99,10 79 0,06 88,10 VC25 0,10 28,60 126,60 8,02 156 7,06 91,80 103 0,07 65,50 VC26 0,10 29,10 107,10 8,19 137 7,32 93,50 89 0,06 99,80 VC27 0,10 28,10 64,40 8,21 133 6,91 89,00 86 0,06 93,20 VC28 0,10 28,30 70,50 8,15 134 6,79 87,40 87 0,06 91,70 SSF (Fábrica de Açúcar de Sena) 0,10 28,80 117,40 8,13 7,85 6,91 173,00 VC29/ SS29 0,1 28,70 110,00 8,14 138 89,60 88 0,06 104,00 WQ leitura entre VC29 e VC30 1,55 28,40 71,75 8,14 630 109,80 84 0,06 78,85 VC30 1,55 28,40 131,15 8,14 135 112,80 87 0,06 81,20 WQ leitura 1/3 do percurso entre VC30 e Chinde 1,55 28,90 136,30 8,03 137 103,75 89 0,06 44,05 WQ leitura 2/3 do percurso entre VC30 e Chinde 1,55 28,90 127,50 8,00 175 109,65 113 0,08 53,70 SSMP (Ponto de Atracagem em Chinde) 1,55 30,00 37,25 8,06 7514 94,95 4884 3,75 190,00 SS_RM (Foz do Rio - Chinde) 3,00 29,60 -17,90 8,10 21420 100,20 13920 10,71 84,00 5.6.4 Transporte de Sedimentos Em 1973-4, os materiais em suspensão a montante de Cahora Bassa foram medidos e os valores máximos obtidos foram de 344 mg/l para o Médio Zambeze e 1016 mg/l para o Rio Luangwa (Hall et al., 1977). Ronco et al. (2010), utilizou estes dados para calcular o valor anual e obteve uma estimativa de materiais suspensos totais de 28,6 Mm3/ano. Por sua vez, Bolton (1983) estimou que o total de materiais suspensos que entram em Cahora Bassa varia entre 20 e 200 Mm3/ano. A medição de carga sedimentarem Tete por Basson (não publicado) indicou um valor de 2.65t/s a uma descarga de 2600m3/s, com carga de fundo a 0.18 t/s (7% da carga total). Basson sugeriu que a concentração de materiais em suspensão pode ser tão alta quanto 10.000mg/l, que representa 1 a2 ordens de magnitude de valor maior do que o observado por Hall et al. (1977) no Médio Zambeze, mas é possível que as medições de Hall et al. (1977) não tenham coincidido com os picos de materiais. Neste estudo, a curva de avaliação de sedimentos gerados por BEH-MFPZ (1964, apresentada em Ronco et al., 2010) foi usada para gerar uma descarga de sedimentos anual para o registo de fluxo de 2001-2010. Isto resultou numa estimativa de 51 Mm3/ano. A carga de fundo foi estimada entre 1% (HEBMFPZ, 1964) e 7% (Basson, não publicado) da carga total para o Rio Zambeze, isto é, de 0,5 a 3,5 Mm3/ano. Baseando-se nas nossas observações de campo e experiências, é evidente que grade parte do Baixo Zambeze tem um leito altamente dinâmico, que não é adequado para a criação e manutenção fácil de canais estáveis e fundos. Mesmo a caudais baixos, os sedimentos do leito são altamente móveis e os bancos de areia migram a jusante e lateralmente, através do leito. Por exemplo, durante a pesquisa de campo na época de caudais baixos de 2010 (2000m3/s), alguns bancos de areia deslocaram-se mais de 20 m através do talvegue e impediram que um barco de calado chato usasse o alinhamento utilizado na viagem de cinco dias antes. 5.6.5 Geologia e geomorfologia do Rio Zambeze O vale do Baixo Zambeze corre aproximadamente de Noroeste a Sudeste. A meio caminho entre Lupata e a costa, o vale intercepta com o eixo norte-sul do vale do Rift, que é mais largo e mais plano. O vale do Chire encontra-se a norte do Baixo Zambeze e o seu lado sul é definido pelo graben do Urema. O Delta começa em Mopeia a cerca de 120 Km da costa. Geomorfologicamente, a estrutura do canal fluvial pode ser classificado como anastomosado, com vários canais separados por ilhas estáveis ou de vegetação. A formação destas ilhas estáveis foi provavelmente consolidada por uma redução nas descargas de inundação desde a conclusão da Barragem de Cahora Bassa. A jusante de Lupata, o Rio Zambeze faz meandros entre bancos de areia e ilhas. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 111 A geomorfologia da região do Baixo Zambeze é amplamente dominada pela Superfície Africana extensamente erodida, a Superfície do Limpopo (a mais proeminente no Planalto Inhaminga) e as planícies de inundação dos vales do Zambeze e do Rift. 5.7 BIOTA AQUÁTICA E RIPÁRIA 5.7.1 Fauna A Área de Estudo insere-se na Ecoregião doBaixo Zambeze, que é classificada como "complexos de terras húmidas e rios tropical e subtropical de zonas inundáveis" (FEOW 2010). Esta ecoregião é caracterizada por uma fauna aquática rica e uma notável ausência de espécies endémicas. A fauna de grande porte inclui crocodilos e hipopótamos. Os crocodilos são predadores de topo na cadeia alimentar do Zambeze e, como tal, desempenham um papel ecológico crucial no ecossistema aquático em que vivem. Os crocodilos do Nilo alimentam-se de peixes e espécies aquáticas, naturalmente, controlando as populações das espécies predadoras, tais como os bagres, para que estes não reduzam os números de outros peixes da parte baixa da cadeia alimentar que podem ser de valor comercial, ou constituir uma importante fonte de alimento para outras espécies. Os crocodilos também mantêm os ambientes fluviais limpos ao consumirem animais mortos que poderiam continuar a ser uma fonte de poluição, o que ajuda na reciclagem de nutrientes. Desta forma, o crocodilo do Nilo é uma espécie-chave (tendo um efeito desproporcional sobre a sua comunidade em relação à sua abundância) (http://www.earthwatch.org/europe/expeditions/exped_research_focus/rfzambezi0209.html; acedidaa 13 de Dezembro de 2010). Os peixes do sistema do Rio Zambeze, juntamente com vários outros afluentes e rios historicamente ligados na parte norte da África Austral, constituem uma fauna biogeográfica única. Esta fauna de peixes tropicais é relativamente diversificada e inclui cerca de 178 espécies. O sistema do Baixo Zambeze é caracterizado por um gradiente baixo de sistemas maduros com zonas inundáveis e uma fauna de peixes que tem semelhanças com o sistema de Limpopo (Jubb, 1961; Skeleton, 2001 citados in Impacto, 2003). Um total de noventa e quatro espécies de peixes foram registadas no Baixo Zambeze (Bills, 1999), das quais 58 são principalmente espécies de água doce, quatro são enguias catádromas, e as restantes são estuarinas. Os peixes de água doce, na sua maioria, são espécies de zonas inundáveis. Várias destas espécies também ocorrem no Alto Zambeze, mas estão ausentes no Médio Zambeze, devido à falta de habitat adequado de zonas inundáveis (por exemplo Barbushaasianus e dois anabantídeos, Microctenopoma intermedium e Ctenopoma multispine). Um menor número de peixes foi registado por Bills (1999) no canal principal e estes incluem as espécies reofílicastais como Labeo altivelise L. congoro, duas espécies de Distichodussp. (isto é, D. schengae D. mossambicus), Rycinusimberi, Schilbe intermedius,o peixe-tigre (Hydrocynus ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 112 vittatus) e o bagre vundu (Heterobrachus longifilis). As espécies estuarinas como o tubarão touro (Carcharhinus leucas), o tarpão do Indo-pacífico (Megalops cyprinoides), o sargo picnic (Antathopa grusberda) e o tubarão-serra (Pristis microdon) deslocam-se pelas águas interiores doces até ao distrito de Tete. No Baixo Chire, 63 espécies de peixes foram registadas (Tweddle & Willoughby, 1979), das quais cinco são típicas do sistema do Lago Malawi e não foram encontrados no resto do Baixo Zambeze. Capturas de Peixes Aquáticos O tamanho e a composição específica das capturas diferem, dependendo das artes de pesca. A rede de arrasto e rede mosquiteira capturam um número de espécimes pequenas de Distichodus schenga, Micralestes acutidents, Barbusspp. ,Labeoaltivelis, Labeo congoro, Hydrocynus vittatus, Oreochromis spp. Tilapia spp., que são conhecidas localmente como “Usimbo.” O oposto acontece nas pescarias de anzol e linha e de palangre que têm como alvo grandes espécimens como o bagre vundu (Hetobranchus longifilis), o peixe-tigre (Hydrocynus vittatus) o peixe-gato eléctrico (Malapterurus shirensis) e por vezes o tubarão-touro (Carcarhinus leucas) e o tubarão-serra (Pristis microdon). As redes de deriva tendem a capturar espécies de peixes que habitam o canal principal, como o peixe tigre, o peixe marinheiro (Mormyrops anguilloides); o peixe nkupe (Distichodus mossambicus), o peixechessa (Distichoudus schenga), o peixe de boca de faca (Labeo altivelis) e o peixe labeoroxo (Labeo congoro). As redes de cerco e as armadilhas para peixes são muito menos selectivas, com capturas de um número variado de espécies e tamanhos. Quase todas as espécies de peixes que ocorrem ao longo do Rio Zambeze são capturadas pelos pescadores. A partir dos inquéritos, os pescadores foram capazes de identificar cerca de 43 espécies de peixes que aparecem nas suas capturas. De todas as espécies listadas nas capturas, cerca de dez são frequentemente capturadas em águas doces: o peixe-tigre (Hydrocynus vittatus), o guichador castanho (Synodontis zambezensis), a tilápia de Moçambique (Oreochromis mossambicus), o bagre africano (Clarias gariepinus), o peixe chessa (Distichodus schenga), o peixe de boca-de-faca (Labeoaltivelis), o peixe-cão (Marcusenius macrolepidotus), o peixe marinheiro (Mormyrops anguiloides), o peixe focinho-de-garrafa (Mormyrus longirostris) e o peixevundu (Heteronbrachius longifilis). Endemismo de Peixes Aquáticos, Estado de Conservação e Sazonalidade O Rio Ruo, um afluente do Baixo Chire, tem uma variedade faunística única acima das Cataratas Zoa, de 60 m de altura. Para além destas espécies, não são conhecidas, no Rio Ruo, espécies endémicas do Baixo Zambeze (Tweddle, não publicado). Apesar de algumas espécies serem consideradas raras ou vulneráveis no Baixo Zambeze, existem três espécies que suscitam preocupações em termos de conservação; estas são o tubarão-serra dentuço (Pristis microdon), que está inscrito como “criticamente ameaçado,”a garoupa alaranjada (Epinephalus coioodes) e o tubarão touro (Carcharinus leucas), que são listadas como "quase ameaçados". O tubarão-serra e o tubarão-touro são ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 113 espécies anfídromas e são capazes de penetrar pelo interior até à barragem de Cahora Bassa e estão sujeitas à pesca ao longo do caminho. A garoupa, por outro lado, é tipicamente uma espécie de recife e representa uma menor preocupação para o Zambeze como tal. Com relação à sazonalidade, a maior parte das espécies que habitam a área são migratórias ou potamodrómas, e visitam sazonalmente as zonas inundadas e riachos e rios. Uma lista de espécies, bem como o estado de sua conservação, sazonalidade, abundância, sazonalidade reprodutiva e biologia podem ser encontrados no Anexo C do Estudo Especializado de Ictiologia. Preferência de Habitat dos Peixes, Período de Actividade e Itens para Alimentação As diferentes espécies de peixes que habitam o rio utilizam a variedade de habitats de uma forma diferente. Os membros das famílias Charicidae e Distochodontidae preferem geralmente o canal principal do rio, e particularmente as águas abertas. Outras espécies como a Clarias gariepinus, Heretobranchus longifilis, Synodontis spp., a maioria dos ciclídeos ocupam uma grande variedade de habitats incluindo das águas abertas, zonas inundáveis e pântanos, associadas ao substrato ou vegetação. As espécies pequenas, como Barbus sp., tem preferência por lagoas associadas com o canal principal do rio, pântanos e zonas inundáveis, canais, afluentes e pequenos cursos de águas. Em resumo, todos os habitats disponíveis e adequados são utilizados pelos peixes. De facto, além de muitas poucas espécies de peixes que ocorrem no canal principal, a maior parte das espécies são encontradas dispersas entre os outros tipos de habitats que o ambiente ripário oferece. A maioria das espécies de peixes do rio tende a ter uma dieta relativamente diversa como parte de sua adaptação à sazonalidade e imprevisibilidade do ambiente (Payne, 1987). Esta adaptação estende-se ao ciclo reprodutivo, que é conhecido por ser programado para os eventos de chuvas e cheias. Por esta razão, as interacções tróficas entre as comunidades residentes são bastante complexas. Por um lado, a ingestão de alimentos pelos peixes pode variar com o tempo durante o ciclo de 24 horas, embora a maioria das espécies alimentese durante o período da noite. Os ciclídeos, por exemplo, são conhecidos por se alimentarem ao nascer e pôr-do-sol. Sazonalidade reprodutiva dos peixes aquáticos Uma vez que o regime hidrológico de muitos rios controla a qualidade e a abundância de alimento, muitos animais no rio tendem a ter ciclos reprodutivos sazonais que garantem que os seus juvenis são produzidos sob condições nas quais estes possam sobreviver e, no momento em que a alimentação é mais abundante (Payne, 1987). A maioria dos peixes no Baixo Zambeze reproduz-se durante o verão e muitos destes tendem a realizar migrações de reprodução para cursos de águas e rios, bem como para as áreas inundadas, em busca de áreas adequadas para a reprodução e viveiro. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 114 Algumas espécies, tais como a Oreochromis mossambicus e aTilapia sparrmanii escavam ninhos nas margens arenosas que são usadas para a reprodução, enquanto a Zaireichtys rotundiceps, um bagre pequeno que se encontra na areia, geralmente enterrado e com apenas os olhos salientes, tende a exibir algum tipo de cuidados parentais (Skelton, 2001). Em geral, a maioria das espécies depositam seus ovos no leito do rio ou nos substratos das margens, ligados à vegetação ribeirinha ou na coluna de água. 5.7.2 Macrofauna O hipopótamo (Hippopotamus amphibius) ocorre ao longo de todo o rio, entre Tete e Chinde. Pelo menos 16 grupos de hipopótamos foram registados durante o trabalho de campo. A Figura 5.8 mostra a localização dos hipopótamos encontrados durante o estudo de campo. Figura 5.8 Localização dos hipopótamos encontrados durante o estudo de campo Outros mamíferos registados nos habitats ripários incluem: babuínos (Papioursinus), o macaco de cara preta (Cercopithicus pygerythrus), o macaco simango (Cercopithecus mitislabiatus) e o papa-formigas ou aardvark (Orytero pusafer). Os babuínos foram registados nas costas rochosas e em rochedos perto dagarganta de Lupata. Os macacos simango foram registados em vários fragmentos da floresta ripária ao longo do Rio Zambeze. A população de macacos Samango ocorre nos mangais na margem norte do Rio Zambeze oposta ao Chinde. As tocas de aardvark ocorrem nos terraços aluviais ao longo do Rio Zambeze. A lontra africana (Aonyx capensis) não foi vista, mas ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 115 provavelmente ocorre ao longo do trecho do rio entre Tete e Chinde. O crocodilo do Nilo (Crocodylis niloticus) foi registado em vários locais nas ilhas e ao longo das margens do Rio Zambeze. 5.7.3 Avifauna Devido à grande diversidade de habitats que a região possui, incluindo as extensas terras húmidas (rios, mangais, lagoas, planícies de inundação, etc.), a área oferece excelentes condições para a ocorrência de uma grande variedade de aves, incluindo espécies aquáticas, terrestres e migratórias. Pelo menos 700 espécies de aves foram registadas no Vale do Zambeze, das quais 15 são endémicas. A lista de espécies de aves inclui o pássaro-de-amor-de-queixopreto – Agapornis nigrigenise a garça ardósia – Egrettavina ceigula. Cerca de 160 aves são migratórias na região, das quais 90 são migratórias da Euro-asiática e 70 são migratórias do intra-Africano (Timberlake, 2000). As aves migratórias do Paleoártico migram para a Europa e Ásia, enquanto as do intra-Africano movimentam-se em torno das diferentes regiões de África. Os habitats naturais ao longo do Rio Zambeze são utilizados pelas aves de diversas maneiras, incluindo como local de reprodução, local de empoleiramento, como rota migratória e para outros fins. Assim, o Vale do Zambeze é importante para a sobrevivência de muitas espécies de aves registadas nesta região. Espécies de importância especial em termos de conservação incluem o perdiz-do-mar-das-rochas – Glareola nuchalis, perdizdo-mar de asa preta – Glareola nordmann, a talha-do-mar africana – Rynchops flavirostris e a cegonha branca – Ciconia ciconia. Acima de 24% das aves do Vale do Zambeze são aquáticas ou de alguma forma ligadas às terras húmidas. A maior concentração destas aves encontrase no Delta do Rio Zambeze. O Delta suporta variadas e diversas aves migratórias e residentes. Além disso, o Delta suporta uma percentagem significativa da população total de espécies Ameaçadas e Vulneráveis. De especial interesse é o grou-carunculado Grus carunculatus, um residente globalmente ameaçado da África subsaariana. A grande maioria da população de grous-carunculados (mais de 95% de uma população global estimada em 15.000 aves) ocorre no sul da África central, nas zonas inundáveis e dambos das bacias dos Rios Zambeze, Pungoé, Baixo Zaire e Okavango. O groucarunculado reproduz-se na zona inundável do Delta do Zambeze. O sucesso na reprodução já foi afectado pelas mudanças no regime hidrológico no Vale do Zambeze impostas pelas grandes barragens (Bento etal 2006). O pelicano branco – Pelecanus onocrotalus e o pelicano cinzento – Pelecanus rufescens estão listados na Lista Vermelha da IUCN como vulneráveis e globalmente ameaçadas de extinção. Uma colónia de pelicanos é composta de centenas de indivíduos reprodutores nas zonas inundáveis adjacentes aos mangais no Delta. O mangal suporta milhares de aves migratórias e residentes. Entre as aves confinadas às áreas de mangais está o pica-peixe dos mangais – Halcyon senegaloides. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 116 5.7.4 Habitats e Vegetação Ripárias Uma variedade de habitats ripários ocorre ao longo do Rio Zambeze, incluindo os seguintes: • • • • • • • • • Terraços aluviais com uma cobertura de gramíneas, ervas e, em maior ou menor grau, de árvores; Margens arenosas e costas arenosas sem nenhuma ou com cobertura vegetal muito esparsa; Ilhas arenosas com vegetação densa (principalmente caniços e gramíneas); Macrófitas flutuantes; Costas rochosas; Costas e substratos lodosos; Pântanos de Barringtonia (“mangais do interior”); Mangais verdadeiros; e Pântanos salgados. Terraços Aluviais O terraço aluvial é um dos habitats dominantes ao longo das margens do Rio Zambeze entre Tete e Chinde. Os terraços aluviais têm uma cobertura vegetal de gramíneas, ervas, arbustos e árvores que crescem em solos de textura média ou argilosa acima das margens do rio. Estes fornecem zonas adequadas para os formigueiros de térmitas, tocas de habitação de animais (por exemplo, do papa-formigas africano (aardvark) e habitat de nidificação de várias espécies de aves que escavam a superfície do terraço. A Ziziphu smauritiana (árvore de maçanica) é uma árvore comum (de 3 a 5m de altura) que ocorre nos terraços aluviais. Outras espécies de árvores que ocorrem frequentemente incluem Acácia nilotica, A. xanthphloea, Ficus glumosa, Combretum apiculatum e Sclerocary abirrea ("marula"). Margens arenosas e costas arenosas sem nenhuma ou com cobertura vegetal muito esparsa Margens arenosas e costas arenosas com nenhuma ou com cobertura vegetal muito esparsa ocorrem em áreas que são periodicamente inundadas e onde gramíneas ou ervas não são capazes de estabelecer-se em qualquer grande extensão. Macrófitas Flutuantes As macrófitas flutuantes podem acumular-se nas costas protegidas e pequenas baías, onde o caudal do rio é baixo ou ausente. Estes são habitats temporários e podem ser levados para jusante durante as cheias. Estes fornecem habitats temporários para um número de espécies de aves, anfíbios e de peixes. As macrófitas flutuantes incluem Eichornia crassipes e Nymphaea sp. A presença de ervas daninhas aquáticas no sistema é uma preocupação. Grandes tapetes flutuantes de jacintos de água (Eichornia crassipes) e de alface ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 117 de água (Pistia stratioides) descem frequentemente do Rio Chire e do curso superior do Zambeze. O jacinto de água é uma planta herbácea perene, livremente flutuante que é nativa da bacia do Amazonas (Center, 1994). Cada inflorescência pode produzir mais de 3.000 sementes com uma única roseta capaz de produzir várias inflorescências cada ano (Barrett, 1980). As sementes podem permanecer viáveis no sedimento até 25 anos, no entanto, o crescimento populacional é impulsionado principalmente por via vegetativa. Sob condições ideais, estas características podem resultar em taxas de crescimento de até 6% por dia (Ashton et al., 1979). Estas ervas daninhas têm o potencial de se envolver nas hélices, dificultando o movimento de barcos no rio. Costas rochosas e ilhas Durante a maior parte do seu curso entre Tete e Chinde, o Rio Zambeze atravessa terreno baixio constituído principalmente por areias não consolidadas e aluviões. As costas rochosas e ilhas são de ocorrência limitada. Formações rochosas ocorrem somente nas proximidades da garganta de Lupata, cerca de 70 km a jusante de Tete. Árvores e arbustos podem ocorrer em depressões e encostas onde se acumula solo suficiente. Costas lodosas (não associadas a mangais) As costas lodosas ocorrem em torno de ilhas e ao longo das margens do Rio Zambeze, onde se acumulam sedimentos pesados de textura argilosa. Em locais onde a inundação é periódica, podem estabelecer-se gramíneas parciais e espécies ciperáceas (por exemplo: Echinochloa pyramidalis, E. scabra, Leersia hexandra, Oryza longistaminus, Cyperus digitatus, C. exaltatuse C. distans). As costas lodosas são importantes áreas de alimentação para uma variedade de espécies de aves que se alimentam de moluscos e pequenos peixes. Pântanos de Barringtonia(“mangais do interior”) A floresta pantanosa sempre verde de Barringtonia ocorre nos canais costeiros a alguma distância da costa. Os matagais sempre verdes de “mangais do interior” de Barringtonia racemosa e espécies associadas ocorrem em aluviões lodosos à margem da influência das marés ao longo de canais sinuosos que estendem-se para as planícies de inundação de prados salinos. AB.racemosa (de 10-15m de altura) forma áreas densas e muitas vezes monotípicas ao longo da margem do canal. A cobertura florestal superior é, por vezes, dominada pelas árvores altas de Adina microcephana (15 – 20m de altura). Outras árvores características são a Anthocleista grandiflora, a Cassipourea gummiflua, Celtis gomphophylla, Ficus trichopoda, Funtimia latifolia, Hirtella zanguebarica, Khayanya sica, Manilkara discolor, Mascarenhasia arborescens, Olea capensis, Pachystela brevipes, Parkia filicoidea, Pseudobersamamos sambicensis, Salicornia spp., Syzygium guineense, Vitex doniana, Voacanga thouarsiie Xylopia aethiopicae e as palmeiras Phoenix reclinata. A cobertura de gramíneas é rara ou ausente. A floresta de pântanos de Barringtonia cobre uma área relativamente pequena na costa do Delta de cerca de 3.000ha. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 118 Mangais Verdadeiros e PântanosSalgados Os mangais verdadeiros e pântanos salgados são discutidos em detalhe na Secção 5.8 abaixo, onde o Delta é discutido em maior detalhe. 5.8 BIOTA ESTUARINA E MARINHA DO DELTA DO ZAMBEZE 5.8.1 O Delta O Delta do Zambeze é ecologicamente sensível. Locais sensíveis são definidos como áreas ou zonas junto ao rio que, por razões biofísicas e socioeconómicas, são sensíveis à mudança. A mudança refere-se a uma deterioração do funcionamento do local sensível ou dos serviços fornecidos pelo local sensível. O Delta do Zambeze é uma planície aluvial plana e amplaao longo da costa central de Moçambique. O Delta tem uma forma triangular e cobre uma área de aproximadamente 1,2 milhões de hectares que estendem-se por 120 quilómetros a partir do seu ápice interior (perto da confluência dos rios Zambeze e Chire) para a foz principal do Rio Zambeze e 200 quilómetros ao longo da costa do Oceano Índico, da passagem do Rio Cuácua perto do sul de Quelimane para a passagem do Rio Zuni (Beilfuss e Brown, Maio 2006). A grande cidade portuária da Beira está localizada a cerca de 200 quilómetros a sul da foz do rio. O Delta é limitado a norte pela escarpa de Morrumbala, que serve como divisória entre as bacias hidrográficas dos Rios Zambeze e Chire, e a oeste pela escarpa de Cheringoma, que separa as bacias hidrográficas do Rio Zambeze e do Rio Pungoé. A bacia total do Zambeze em Moçambique cobre uma área de aproximadamente 225.000 km2 de Cahora Bassa para o Reservatório do Delta do Zambeze (mais de 27% da área total de terra de Moçambique) e suporta mais de 3,8 milhões de pessoas (cerca de 25 % da população total de Moçambique). O Rio Zambeze flui para o mar através de um número importante de passagens entre os quais estão: os braçosdo Rio Mucelo, Boca do Zambeze, Catarina e Chinde. Há um grande número de passagens que geralmente só estão activas em condições de inundação sazonal e episódica (Beilfuss e dos Santos, 2001). O Rio Chinde separa-se da corrente dominante do Rio Zambeze, a cerca de 20km da costa leste, e faz meandros em direcção a este até à foz no Chinde. Cerca de 7 km a montante da costa, o Chinde recebe o escoamento do Rio Maria, um pequeno canal que rompe com a corrente dominante do Zambeze, a norte da divisória do Rio Chinde e recebe o escoamento das planícies de inundação do norte. O Rio Chinde tem um canal profundo bem estabelecido no seu lado norte, com profundidades de água superiores a 4m. Este canal estende-se até a foz do rio, em direcção a sudeste, mas é interrompido por um banco de areia raso a cerca de 6 quilómetros da costa. Ondas de areia ocorrem na zona marítima da Beira. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 119 A zona inteira do Delta do baixo Zambeze é plana e os canais do rio perto da costa tem margens levemente inclinadas, o que pode fazer com que grandes extensões de área possam ser inundadas durante períodos de elevados caudais dos rios. Estes padrões de inundação são afectados pelas marés, pois a região do Delta tem a maior variação de marés em Moçambique. A amplitude das marés vivas é de 4,1m no Chinde e de 4,7m em Quelimane. Durante a estação chuvosa, os níveis de marés altas acompanham os caudais do Zambeze e causam inundações sobre as planícies costeiras. Durante a estação seca, a influência das marés é evidente nos80 quilómetros a montante (Beilfuss e dos Santos, 2001). A zona do Delta do Rio Zambeze suporta uma vasta gama de comunidades de vegetação que podem ser divididos em 12 tipos (Beilfussetal., 2001). Estes incluem savana de palmeiras Borassus, savana de Acacia, prados abertos secos, prados abertos húmidos, floresta verde, floresta ciliar, prados de pântanos, pântano de papiro, vegetação de cume, mangais, matas de dunas evegetação costeira. As comunidades de vegetação importantes e emergentes nas áreas da porção inferior do Rio Chinde e área da foz no Chinde são os mangais (e as comunidades associadas) e as comunidades das dunas costeiras. 5.8.2 Estuários Os estuários classificam-se, juntamente com as florestas tropicais e os recifes de coral, como os ecossistemas mais produtivos do mundo; mais produtivos do que ambos o oceano e os rios que os influenciam de ambos os lados (Smith e Smith, 1999). No estuário do Zambeze, as águas do rio, ricas em nutrientes, combinam-se com águas costeiras rasas quentes e claras e as águas profundas de subida natural do oceano, também ricas em nutrientes, para gerar produtividade primária. A mistura de água doce menos densa com a água salgada mais densa, captura e faz circular os nutrientes, que são muitas vezes retidos e reciclados por organismos bentónicos para criar um sistema de autoenriquecimento. Os estuários podem gerar durante todo o ano a produção primária de macrófitas aquáticas, microalgas bentónicas e fitoplâncton. Esta grande produtividade primária é a base da cadeia alimentar estuarina, fornecendo alimento para grandes populações de moluscos. O estuário do Rio Zambeze suporta uma elevada biodiversidade, mas também subsidia a produtividade do Banco de Sofala e da pesca através da exportação de matéria orgânica. A conservação de habitats importantes dentro do estuário (mangais, pântanos de água salgada, bancos de areia e lama emergentes durante as marés e a coluna de água), ea utilização sustentável dos seus recursos deve ajudar a preservar os principais serviços da biodiversidade dependentes do ecossistema em termos da pesca artesanal, semi-industrial e industrial e das comunidades humanas dependentes destes serviços. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 120 5.8.3 Mangais e comunidades associadas Os mangais costeiros e espécies associadas ocorrem em pântanos aluviais. Os pântanos são fortemente salinos e inundados pelas marés acima ou ao nível do solo. Numerosos riachos de drenagem atravessam as zonas de mangal. A floresta de mangal inclui oito espécies de mangal verdadeiro, ocorrendo geralmente em zonas ou faixas de acordo com a variação de marés com tolerância à profundidade da água, salinidade e sombra. As espécies Sonneratia alba e Avicennia marina têm o maior intervalo de tolerância de todas as espécies, ocorrendo geralmente nas áreas expostas ao mar. As espécies Ceriops tangut, Xylocarpus granatum e Heritiera littoralis também são abundantes. À medida que os sedimentos se acumulam nos sistemas de raízes das espécies de S. alba e A. Marina, estas são substituídas por Rhizophora mucronata e Ceriops tagal. Uma zona de R. mucronata desenvolve-se frequentemente atrás da zona de A. marina, seguida por uma zona de matagal de C. tagal em sedimentos mais grossos. A espécie Bruguiera gymnorrhiza (por vezes em associação com Ceriop stagal no substrato) substitui A. marina em águas pouco profundas frequentemente inundadas pelas marés até uma profundidade moderada. A espécie Xylocarpus moluccensis ocorre juntamente com a associação de espécies C. tagal- B.gymnorrhiza- R. mucronata no interior ao longo de pequenas enseadas. A espécie Lumnitzera racemos aé encontrada ao longo das margens do rio associada às espécies B. gymnorrhiza e X. moluccensis. A espécie Heritieria littoralis encontra-se na parte mais interior de extensão dos mangais dando lugar a associações de Barringtonia racemosa na zona terrestre. Plantas associadas, geralmente em locais menos inundados pelas marés, incluem os grandes arbustos de Guettarda speciosa, Hibiscus tiliaceous, Pemphis acidula, Suriana maritima, e Thespesea populnea e o grande feto Achrostichum mareum.As plantas dos pântanos salgados (halofíticas) tais como: Sesuvium portulacastrum, Arthrocnemum perenne eSalicornia perrieri ocorrem em áreas inundáveis pelas marés nas franjas dos mangais, especialmente em riachos. Áreas de planície salgada com Phragmites intercalam com faixas de mangais ou encontram-se em zonas interiores a estas faixas. Para além do seu papel na estabilização da costa, os mangais constituem um habitat importante para caranguejos, incluindo os caranguejos de mangal Scyllaserrata, como áreas de viveiro para peixes juvenis e camarões, como área forrageira para os peixes predatórios, incluindo os membros das famílias Carangidae, Lutjanidae, Sphyraenidae, etc. e como locais reprodutores para o pelicano branco (Pelicanus onocrotalus) (Bento e Beilfuss 2003). A floresta de mangal cobre actualmente cerca de 100.000 ha na região do Delta. A distribuição dos mangais nas proximidades do Chinde é apresentada na Figura 5.9. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 121 Figura 5.9 Extensão dos Mangais 5.8.4 Pântanos Salgados Extensos pântanos ocorrem no lado marinho dos mangais. Estes pântanos constituem áreas importantes de alimentação para uma variedade de espécies de aves que se alimentam de moluscos e crustáceos. 5.8.5 Comunidades das Dunas Costeiras As áreas de dunas de areia de maior altitude por trás da principal cintura frontal de dunas foram modificadas para o cultivo de coco. As dunas frontais sustentam plantas rasteiras baixas, e plantas em tufos tais como Dactyloctenium germinatum, Halopyrum mucronatum, Ipomeapes-caprae, Scaevolathun bergii, e Sporobolus virginicus em associação com Cyperus maritima, Ipomoestolonifera, Launaea sarmentosa, Sophora tomentosa, eTephrosia purpurea (Beilfussetal., 2001). 5.8.6 Banco de Sofala O Banco de Sofala compreende a área da plataforma continental estendendose desde a foz do Rio Save, no sudoeste, a Angoche no nordeste. O limite da ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 122 plataforma continental está localizado a cerca de 36 km na zona marítima no norte da região (Quelimane), e cerca de 54 km do Chinde e cerca de 120 km da Beira, no sul. A quebra da plataforma continental é geralmente entre as isóbatas de 80m e 120m de profundidade e é considerada precipitada (Brinca etal., 1981). A textura dos sedimentos na plataforma continental interna é constituída principalmente por areia lodosa e lodo arenoso adjacente para e ao norte do Chinde, mas a sul deste, é composta principalmente por areias finas e médias. O fundo do mar na parte central e norte é essencialmente plano, embora ocorram algumas áreas isoladas de coral e/ou rocha na plataforma continental média nas profundidades de 40-60m. O fundo do mar em profundidades de água <50 m na secção sul possuem marcadas ondulações consideradas como ondas de areia, o que faz como que a área seja imprópria para pesca de arrasto (Brinca etal., 1981). As propriedades da água na região são fortemente influenciadas pelo escoamento do Rio Zambeze, que tem uma taxa de descarga anual de cerca de 100km3 (Hougane, 1999). Os níveis de turbidez são elevados e de salinidade superficial reduzidos .Devido a diferenças de densidade, os efeitos do escoamento de água doce são mais notáveis nas camadas superficiais com medidas de Quelimane indicando que a água de baixa salinidade é restrita aos 15 a 20m superiores da coluna de água. Uma característica notável da distribuição de salinidade na superfície é a frente de salinidade acentuada, que se desenvolve na extremidade sul do Banco de Sofala, onde a água oceânica penetra em direcção ao litoral. As temperaturas da superfície do mar na região variam entre os 23°C no inverno aos 28°C no verão, com variabilidade espacial limitada (Hoguane, 1999). As velocidades da corrente na área do Banco de Sofala são tipicamente baixas (cerca de 10 cm/s, Sete et al., 2002), mas são influenciadas pelas marés. Leal (2009),apresenta os dados de séries temporais de um local localizado a 50m de profundidade na zona marítima da foz do Rio Zambeze, demonstrando variação cíclica na direcção entre o caudal em direcção a norte e o caudal em direcção ao mar alto, consistente com um ciclo de maré. Nesta série temporal, as velocidades da corrente mas baixas foram de 15 cm/s, coincidentes com o "residual" do caudal para o norte, enquanto as velocidades do caudal maior (cerca de 30cm/s) foram associadas com o caudal em direcção ao mar alto. Os dados de Leal (2009) indicam que as correntes foram barotrópicas, embora a sua cobertura não se estenda completamente at éà camada superior mista. Os padrões de circulação de água no Banco de Sofala ainda não são totalmente compreendidos, mas Hougane (2007) indica a presença de uma circulação ciclónica próximo de Quelimane, enquanto Lutjeharms (2006) descreve a evidência de uma célula de subida natural de águas profundas próximo da costa de Angoche. Considerados em conjunto, é provável que os nutrientes elevados e a produtividade gerados pela subida natural de águas profundas são retidos na área do Banco de Sofala pela circulação ciclónica. Este processo aumenta a produtividade biológica geral da área evidenciada pelas suas populações de camarão e peixe. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 123 Não foram encontrados dados primários sobre a estrutura de comunidade de epifauna ou infauna bentónica no Banco de Sofala. Contudo, por causa dosníveis elevados de matéria orgânica nos sedimentos e da abundância detritívoros e carnívoros bentónicos (camarões), espera-se que a fauna bentónica seja rica e diversificada. Como em outros ambientes marinhos, a estrutura das comunidades deverá ser ligada às propriedades dos sedimentos (por exemplo, Newelletal., 1998). 5.8.7 Fauna Marinhae Estuarina Peixes Marinhos e Estuarinos As áreas da foz do Rio Zambeze oferecem uma variedade de habitats de peixes, incluindo franjas de mangal, pântanos salgados, bancos de areia e lama e canais mais profundos. Apesar da reconhecida importância dos seus sistemas estuarinos extensos como fontes de peixes e sua importância como área de viveiro para a ictiofauna da sua plataforma continental adjacente,esta área não tem sido formalmente pesquisada (Brinca etal., 1981). De acordo com Brinca etal. (1983),a fauna marinha do Banco de Sofala é composta por mais de 1.000 espécies e inclui peixes, moluscos, crustáceos e outros organismos vivos. Os peixes incluem mais de 340 espécies que se distribuem nos seguintes quatro grupos ecológicos: • O grupo costeiro-estuarino, que inclui peixes que ocorrem na foz dos rios; • O grupo de transição de espécies de peixes que habitam a zona onde ocorre mistura de águas costeiras com águas oceânicas; • O grupo nerítico-oceânico de peixes que habitam águas com altos níveis de salinidade (limite inferior da plataforma continental e do limite superior do declive); e • O grupo que inclui os peixes que habitam em águas do oceano aberto. No estuário, há seis peixes que são frequentemente capturados, sendo estes: o sargo (Acanthopa grusberda), apitador de água doce (Microphis fluviatilis), peixezebra (Terapon jarbua), tainha mancha-azul (Vala mugilseheli), magumba (Hilsakelee) e o bagre de ponta preta (Arius dussumieri). A espécie de peixe mais importante do grupo costeiro-estuarino é o Clupeidae Hilsakelee que compõem a maior parte das capturas comerciais nos estuários dos rios e as águas adjacentes próximo da costa. Os peixes do grupo de transição incluem todas as espécies capturadas como fauna acompanhante na pescaria de camarão de superfície. Os peixes pelágicos importantes são: Carangidae Carangoides malabaricus, C. chrysophrys, Elopidae Megalops cordyla, Clupeidae Pellonaditchela e Engraulididae Thryssavitrirostris. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 124 A DNFBB (1998) examinou as capturas de peixe em 15 acampamentos de pesca artesanal no Delta do rio Zambeze, a partir do qual as seguintes podem ser consideradas como "verdadeiras espécies de peixes estuarinos ': • • • • • • • • • • • • • • • • • Mugilcephalus Thryssa vitrirostri Terapon jabua Johnius dussumieri Ariu sdussumieri Otolithes ruber Pomadasys kaakan Apogonoidae sp. Leiognathu sequulus Hilsakelee Liza macrolepis Ambassidae sp. Megalops cyprinoides Trichiurus lepturus Pellona ditchela Scomberoidestol Claridae Em termos de abundância relativa, os dados da pesca artesanal para a área do Chinde indicam que as redes de emalhar de superfície são dominadas por Clupeidae (52%), Trichiuridae (18%) e Mugilidae (10%). As capturas nas redes de emalhar mais profundas (ou seja, abaixo das águas de superfície) são mais heterogéneas e incluem os principais elementos: Carcharinidae (22%), Carangidae (21%), Ariidae (17%), Scombridae (11%), e Haemulidae (10%). A componente demersal do grupo de transição é muito mais diversificada; os peixes importantes incluem Sciaenidae Otolithesruber, JohniusbelengeriieJ. dussumieri, entre outros. O grupo nerítico-oceânico é composto por aproximadamente 100 espécies, a maioria dos quais são demersais (cerca de 87 espécies) e dominado principalmente por duas famílias, ou seja, a Synodontidae (Sauridaundosquamis e S. tumbil) e Trichiuridae (Trichiurus lepturus). Os tubarões (Carcharhinidae e Squalidae) também são comuns neste grupo. As espécies pelágicas mais importantes pertencem às famílias Carangidae (Decapterus, Scomberoides e Sellars pp.), Scombridae (Rastrelligerkaknagurta) e Scomberomoridae. O grupo oceânico é composto por cerca de 69 espécies de peixes. A família Coryphaenidae é um importante predador epi-pelágico, enquanto as famílias Myctophidae e Gonostomidae são os principais elementos da componente mesopelágica, e as famílias Chloriphthalmidae, Nomeidae (Cubicepsnatalensis), Perichthyidae (Neoscombro psannectens) e os tubarões (Squalidae) são os componentes mais importantes da zona demersal. Os crustáceos encontrados na região incluem: os camarões, as lagostas (lagostas de recife de coral e de profundidade),os lagostins e os caranguejos ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 125 (caranguejos de mangal, de superfície e de profundidade). De acordo com a profundidade de ocorrência, existem dois grupos de camarões ou seja, camarão de superfície (0-70m) e camarão de profundidade (300-700m). Os camarões de superfície incluem duas famílias, ou seja, a Penaeidae (Penaeus indicus, Metapenaeus monocerus, P. monodon, P. japonicas e P. latisulcatus) eaSergestidae (Acetes erithreaus) (Brincaetal. 1983). O grupo de águas profundas de camarões inclui Haliporoide striarthrus, Arista emorphafoliacea, Aristeus antennatus e Penaeopsis balssi (Silva e Sousa, 1988). A fauna de caranguejo inclui 25 famílias e mais de 200 espécies. A espécie mais importante de caranguejo de mangal é a Scyllaserrata, que ocorre em todas as áreas de mangais (Silva e Sousa, 1988). Outros recursos marinhos e estuarinos que se encontram na região do Banco de Sofala incluem uma variedade de magajojos marinhos, ouriços-do-mar, tartarugas, polvos, lulas, chocos, bivalves e tubarões. Macrofauna Marinha e Estuarina A fauna de grande porte que ocorre na região do banco de Sofala inclui: as baleias, os golfinhos comuns, os tubarões-baleia e as tartarugas. Os dugongos ocorrem ao sul do Banco de Sofala nas proximidades do arquipélago de Bazaruto, mas como estes animais dependem dos tapetes de ervas marinhas não se espera encontrá-los na região da foz do Rio Zambeze. Cinco espécies de tartarugas marinhas ocorrem nas águas de Moçambique, nomeadamente: a tartaruga verde (Cheloniamydas), a tartaruga olivacea (Lepidochelys olivacea), a tartaruga comum (Carreta carreta), a tartaruga bico-defalção (Eretmochelys imbricate) e a tartaruga gigante (Dermochelys coriácea) (Costa etal., 2007). Costa etal. (2007) afirma que todas as cinco espécies de tartarugas que foram registadas em Moçambique podem ocorrer na área do Banco de Sofala. A nidificação de tartarugas parece estar restringida às praias do norte (E. imbricata, L. olivacea e C. mydas) e sul da Beira (C. mydas). As tartarugas são capturadas como “fauna acompanhante” por arrastões de camarão e Gove et al. (2001) estimou uma taxa de captura extraordinariamente elevada de 1.3053.672indivíduos/ano na pesca industrial e 627-1764 indivíduos/ano na pesca artesanal. Nesta referência, não consta a informação se estas taxas de captura são equivalentes as taxas de mortalidade induzida. Se assim for, uma vez que cerca de 1.000 ninhos de tartarugas são estabelecidos anualmente em Moçambique (veja-se, por exemplo, Pereira et al., 2010), o nível estimado de capturas de fauna acompanhante é insustentável e representa um risco significativo para as populações de tartarugas em Moçambique. Não há registos disponíveis que indiquem que qualquer uma destas espécies entra ou pode entrar no sistema da foz do Rio Zambeze. Da mesma forma, um número de espécies de baleias e golfinhos ocorrem nas águas costeiras de Moçambique, mas não se encontrou nenhum registo de que qualquer uma dessas espécies tenha entrado no Rio Zambeze. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 126 Bentos Marinhoe Estuarino Os moluscos comuns que ocorrem incluem: cornetinhas de mangal (Terebralia palustris), caracol de lama (Cerithidea decollata), ameijoas (Meretrix meretrix, Mactra sp. E Dosinia sp,), lingueirão (Solen sp), mexilhão de areia (Donax incarnates, D. madagascariensis) e cefalópodes (géneros Sepia, Loligo, Omastrephes e Octopus). Os crustáceos comuns que ocorrem incluem:os camarões peneídeos, principalmente pós-larvas e juvenis que utilizam o estuário como viveiro, os camarões carídeos (Pandalidae), caranguejos portunídeos (navalheiras e caranguejos de mangal), caranguejos calapídeos, juntamente com menores anfípodes, isópodes, copépodes, cracas, etc. Os camarões peneídeos constituem a componente mais importante em termos de abundância e importância na pesca artesanal e industrial da região. Cinco espécies foram registadas na região do Delta do Zambeze. O camarão branco (Fenneropenaeu sindicus antigo Penaeusindicus) é dominante, seguido pelo camarão castanho (Metapenaeus monoceros), camarão tigre gigante (Penaeus monodon), camarão flor (Penaeus japonicus) e camarão tigre (Penaeus semisulcatus). A distribuição dos camarões peneídeos nos estuários dominados por mangais e riachos não é uniforme, com F. indicus utilizando a orla do mangal, bem como o interior das florestas de mangal em maior medida do que o M. monoceros (Ronnbacketal., 2002). Estes autores atribuem isso ao facto de que os juvenis de M. monoceros podem escavar e esconder-se entre os sedimentos, evitando assim a predação enquanto o P. indicus não tem a mesma capacidade e por isso é mais dependente da complexidade do habitat oferecida pelos mangais para evitar a predação. No entanto, nenhuma destas duas espécies nem P. monodon ou P. Semisulcatus, parece depender dos detritos do mangal directamente como fonte de alimento. A investigação de isótopos estáveis de carbono e de nitrogénio sobre estas espécies e sobre prováveis fontes de alimento no complexo de habitats de mangal/pântanos/ervas marinhas na Inhacafeita por Macia (2004) indicou uma preferência uniforme de detritos, algas microscópicas (provavelmente de microalgas bentónicas) e (micro) bentos. A ligação entre as espécies de camarão e mangais é assim, provavelmente, mais física em termos de evitar a predação que nutricional. 5.8.8 Conservação no Delta e no Ambiente Marinho Moçambique aderiu à Convenção de Ramsar em 3 de Agosto de 2004. O complexo de Marromeu (Sofala) que abrange 688.000 ha continua a ser o único local Ramsar do país (Figura 5.10). O local Ramsar compreende a Reserva de Búfalos de Marromeu, quatro áreas vizinhas de concessão para caça, uma zona tampão para o lado sudoeste e mais uma zona para nordeste. Este local inclui uma variedade de habitats, incluindo a savana zambeziana costeira inundável, dunas costeiras, prados, pântanos de água doce, dambos associados com floresta de miombo, mangais e tapetes de ervas marinhas (Pritchardetal., 2009). Há duas áreas de conservação marinha em Moçambique, que estão bastante distantes do Delta do Zambeze. O Parque Nacional do Arquipélago de ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 127 Bazaruto (marinho) (PNAB) que está localizado a cerca de 300 quilómetros a sul do Delta e o Parque Nacional das Quirimbas (PNQ) que está localizado a cerca de 900 quilómetros a norte do Delta. O PNAB tem uma extensão de 1.430 km2 e inclui cinco ilhas e as águas vizinhas do arquipélago de Bazaruto. Este parque protege a maior e única população remanescente viável de dugongos no Oceano Índico ocidental, cinco espécies de tartarugas marinhas, recifes de coral, baleias, golfinhos e outros animais marinhos, além de vários gastrópodes terrestres e lagartos endémicos. É também uma área importante para as aves, em especial porque serve de local de hospedagem para agregações significativas de aves aquáticas migratórias do Paleárctico (www.panda.org, acedido em 2 de Agosto de 2010). O PNQ, que estende-se ao longo da costa nordeste de Moçambique e protege 750.639 ha de floresta costeira e mangais, ricos recifes de coral e uma abundante vida marinha, incluindo tartarugas marinhas, dugongos e centenas de espécies de peixes (www.panda.org, acedido em 2 Agosto de 2010). ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUELIMITADA 128 Figura 5.10 Áreas Protegidas 5.9 CARACTERÍSTICASFÍSICAS MARINHAS E ESTUARINAS 5.9.1 Batimétriana Zona Marítima A característica batimétrica predominante em redor do Chinde é o Banco de Sofala. A profundidade média da plataforma continental é de 20m, com o aumento da profundidade para mais de 1000 m no limite da plataforma. 5.9.2 Marés As previsões das elevações da superfície das marés foram obtidas da base de dados de mapas digitais da C-Map. As marés são semi-diurnas. O nível de superfície média é de 2,1 m acima do ponto de referência do mapa (Mapa 49629-M, 1986). Elevações de marés previstas para o ano de 2010 são apresentadas na Figura 5.11 abaixo. Os valores previstos para o máximo, média, percentil 10 e percentil 90 dos níveis de marés são apresentados na Tabela5.4. Tabela5.4 Percentis das elevações das marés previstas Percentil Máximo Percentil 90 Média Percentil 10 Elevações da superfície [m CD] 4,24 3,38 2,04 0,78 A subida e descida das marés é observada até cerca de 40 km para o interior da foz do Delta e os efeitos do fluxo das marés de entrada no controlo da corrente do rio é sentida por muitos quilómetros mais acima do rio (Mapas do Almirantado, 1980). Figura 5.11 Elevações de maré previstas em Chinde para 2010 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 130 5.9.3 Salinidade Existe uma vasta literatura disponível que detalha a salinidade medida na zona marítima do Banco de Sofala da e devido à pluma do Rio Zambeze, entrando no Oceano Índico (Siddorn et al, 2001, Leal et al, 2009). Como parte do Projecto de Transporte de Carvão em Barcaças da Riversdale, a salinidade inicial do projecto foi medida para determinar a extensão superior da influência estuarina (Worley Parsons, 2010a) e estes dados são apresentados na Tabela 5.3 acima. A salinidade média medida no Banco de Sofala directamente na zona marítima de Chinde é apresentada na tabela abaixo. Tabela 5.5 Salinidade medida na zona marítima no Chinde nas proximidades da foz Referência Sete etal. (2002) Siddornetal. (2001) Leal etal. (2009) 5.9.4 Limite inferior [psu] 34,0 20,0 34,8 Limite superior [psu] 35,3 30,0 35,2 Velocidade das marés Os cursos de águas de entrada e saída das marés viram cerca de 1 hora depois do nível de água alto e baixo, respectivamente, no banco de areia. Nas marés vivas, o fluxo de saída das marés atinge uma velocidade de 3,5 nós (1,8 m/s), e o fluxo do curso de água de entrada da maré atinge uma velocidade de 2,5 nós (1,3 m/s); durante as marés mortas há ocasionalmente cursos de água de entrada da maré não perceptíveis e o curso de água de saída da maré é de apenas 1-2 nós (0,51 a 1,03m/s). ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 131 As correntes superficiais da zona marítima foram medidas (Sete et al., 2002) e o intervalo típico foi de 0,1 a 0,6 m/s. Dois instrumentos para medição de perfis de ondas acústicas e correntes foram colocados recentemente (Novembro de 2010) no alto-mar nos locais de transbordo na zona marítima (ERM, 2010a). 5.9.5 Ondas A tabela abaixo apresenta o clima médio em ondas para o Chinde (Local: 37,5° E, 19° S a uma profundidade> 1.000m). Tabela 5.6 Condições médias anuais no Chinde Parâmetro Valor Altura das ondas significantes (Hs) 1,32 m Período de pico de ondas (Tp) 7,15 s Direcçãodas ondas de pico (θp) 139° As seguintes variações sazonais têm sido observadas e estão documentadas (Worley Parsons, 2010). Informações sobre ondas associadas com ciclones tropicais não foram incluídas devido à resolução espacial e temporal dos dados “hindcast” disponíveis. Variações sazonais significativas da altura das ondas: • • • Limite inferior da altura das ondas ao longo do ano, de 1,14 m em Dezembro para 1,47 m em Outubro; Meses de pico: Outubro, Setembro, Julho; Meses baixos: Verão, ou seja, Dezembro, Janeiro, Fevereiro eMarço. Variações sazonais do período de ondas de pico: • • • Varia entre 6,49 sec em Novembro a 7,68 sec em Maio Meses de pico: Outono-Inverno, ou seja, Maio, Junho e Julho Meses baixos: Verão, ou seja, Outubro a Fevereiro Variações sazonais na direcção das ondas de pico: • • • • • • Varia entre 123° em Novembro, e 150° em Maio; Clima de ondas para sul de Outono ao Inverno (de Abril a Julho); Devido provavelmente à ondulação do Oceano Austral causada por ciclones extra-tropicais das latitudes dos Quarenta Rugidores; Os ventos alísios de Sudeste afectam a região de Fevereiro a Junho, reforçando a ondulação oceânica; Maioritariamente um clima de ondas de leste na Primavera/Verão, ou seja, Agosto a Dezembro; Predominância do clima de ondas do mar na Primavera/Verão à medida que os ciclones extra-tropicais se deslocam em direcção sul e os ventos alísios do noroeste geram ondas do mar. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 132 Para efeitos de cálculo dos valores de transporte de sedimentos em direcção à costa para o presente estudo, foram obtidos dados de ondas da“hindcast”para 13 anos (NCEP, 2010) da zona marítima de Chinde a 36,75°E, 19°S e a uma profundidade de 1.200 m. A rosa-das-ondas referente a estes dados é apresentada na Figura 5.12. Figura 5.12 Gráfico da rosa-das-ondas a partir de dados disponíveis da zona marítima (NCEP, 2010) A rosa-das-ondas mostra o sentido dominante das ondas da zona marítima, a 150º com uma componente secundária de ~ 50 a 60º. 5.9.6 Vento Variações sazonais na velocidade do vento: A velocidade média do vento é de 5,32 m/s, e varia de 4,74 m/s em Março a 6,04 m/s em Setembro. A velocidade do vento é maior na Primavera (Setembro-Novembro) e menor no primeiro semestre do ano, especialmente em Março. Variações sazonais na direcção do vento: A direcção média do vento é sudeste e varia de leste em Novembro para sulsudeste em Maio. A direcção do vento é mais para leste na primavera (AgostoDezembro), associada a ventos fortes. No primeiro semestre do ano, a direcção do vento é mais sul, em especial de Abril e Maio, associada a ventos leves. As condições de vento no mar do NCEP foram também analisadas. Estes dados foram extraídos no mesmo local que os dados das ondas. A rosa-dosventos para o local do NCEP utilizada neste estudo é apresentada na Figura 5.13. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 133 Figura 5.13 Rosa-dos-ventos dos dados NCEP para a parte marítima de Chinde Pode-se observar que a direcçãoprimária do vento é do sudeste. 5.10 CARACTERÍSTICAS DO LITORAL 5.10.1 Foz do Rio Numerosos bancos de areia (com partes internas que secam a +2,4 e +3,0 m CD) encontram-se à frente da entrada da foz do Chinde e estendem-se cerca de 4 km em direcção ao mar. O mar rebenta fortemente sobre estes bancos. Há um banco na entrada, situado perto da borda exterior dos bancos de areia que são expostos, mas a posição do canal e as profundidade ao longo do banco estão sujeitas a mudanças frequentes (Mapas do Almirantado, 1980). 5.10.2 Avaliação das Mudanças do Litoral Os padrões de erosão local/acreção são ilustrados na Figura 5.14, abaixo ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 134 Figura 5.14 Localização da vegetação, canal principal e bancos de areia a partir da análise histórica de fotografias áreas (UTM Zona 37S) Como pode ser visto na figura acima, a foz do rio sofreu mudanças substanciais nos últimos cerca de 40 anos. O alargamento do canal do rio, com posterior erosão nas margens norte e sul são claramente visíveis. O litoral sul tem cerca de dois quilómetros acrescidos em 40 anos. As zonas sujeitas a marés ao norte do canal foram preenchidas com sedimentos e colonizadas por mangais. Além disso pode ser visto que as áreas onde predominam os bancos de areia, agora possuem vegetação. É evidente que a foz do rio é muito dinâmica em termos de transporte de sedimentos. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 135 6 AMBIENTE RECEPTOR SOCIOECONÓMICO 6.1 VISÃO GERAL O vale do Rio Zambeze abrange uma área de aproximadamente 225.000km2, que abrange a totalidade da Província de Tete e os distritos de Morrumbala, Mopeia, Chinde, Milange, Mocuba, Maganja da Costa, Namacurra, Nicuadala, Inhassunge e cidade de Quelimane (na Província da Zambézia), Gorongosa,Maringué, Chemba, Caia, Marromeu Cheringoma, Muanza (Província de Sofala) eBáruè, Guro, Tambara, Macossa (Província de Manica). Cerca de 4 milhões de habitantes vivem nesta região do vale do Rio Zambeze, o equivalente a cerca de um quinto da população Moçambicana. Sendo um projecto linear, o Projecto de Transporte Fluvial por Barcaças atravessa 10 Distritose 18 Postos Administrativos (ver a Tabela6.1). Tabela6.1 Distritos e Postos Administrativos da Área do Projecto Distritos Margem esquerda (Norte) Moatize Mutarara Mopeia Chinde Margem direita (Sul) Changara Guro Tambara Chemba Caia Marromeu Postos Administrativos Benga Doa Nhamayabue Inhangoma Mopeia-sede Chinde-sede Luabo Chioco Mandie Nhacolo Nhacafula Chiramba Caia-sede Murraça Sena Vila de Marromeu Chupanga O vale do Zambeze tem vários recursos naturais, distribuídos de acordo com as características das diferentes sub-regiões geográficas. As características agro-climáticas boas da zona do sub-planalto do Vale (constituída pelos distritos de Angónia, Tsangano, Chifunde, Macanga e partes dos distritos de Chiuta e Moatize, Zobué) realçam o potencial para o desenvolvimento deactividades agrícolas e pecuárias. Tradicionalmente, os produtos agrícolas do planalto eram transportados através da Linha de Sena, a partir de Cambulatsisse, antes da linha férrea se tornar inoperacional em 1984. As principais actividades ou usos da terra do médio Zambeze, compreendendo os distritos de Zumbo, Marávia, Magoe, Cahora-Bassa, ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 136 Chiuta, Changara, Cidade de Tete, Moatize (Tete) e Guro, em Manica, incluem: a hidroeléctrica, a agricultura, a pecuária, a floresta, a fauna, os minerais, a pesca e os recursos turísticos. Com a maioria da população rural trabalhando na agricultura, pecuária e pesca, esta subárea apresenta uma baixa densidade populacional, com pequenas comunidades dispersas, com excepção de alguns centros urbanos. As actividades de pesca e secagem do pescado são particularmente importantes no distrito de Morrumbala e na área próxima à confluência dos rios Zambeze e Chire. Os principais produtos da chamada zona deChire-Zambeze (composta pelos distritos de Mutarara em Tete, Morrumbala na Zambézia, Tambara em Manica e Chemba em Sofala) são: algodão, milho, mexoeira, feijão, mandioca, batatadoce, amendoim, gergelim e hortícolas. Além da agricultura, a população é conhecida pela produção animal (caprinos, bovinos, suínos) e pelapesca, embora em menor escala. A zona do Chire-Zambeze é uma área pouco povoada. A subárea mais populada da Bacia do Zambeze é a do Delta do Zambeze, com cerca de 1,8 milhões de habitantes, o que representa cerca de metade da população de toda a bacia do Zambeze. Os distritos de Milanje, Mocuba, Maganja da Costa, Namacurra, Nicoadala, Mopeia,Chinde e a cidade de Quelimane, na província da Zambézia, e Marromeu e Caia em Sofala pertencem a esta subárea. A economia desta subárea é baseada na agricultura, pecuária, pesca, comércio, mineração e transportes. Existem potencialidades nos sectores da indústria e do turismo, que ainda não recuperaram dos efeitos da guerra. No passado, esta subárea contribuía significativamente para a economia nacional, através da produção de culturas como: arroz, copra, chá, castanha de caju, algodão, açúcar, milho, feijão, sorgo e amendoim. 6.2 ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRECTADO PROJECTO A Área de Influência Directa(AID) do projecto, no que diz respeito às pessoas, inclui as populações que vivem ou realizam as suas actividades (agricultura, pesca, transporte), nas margens ou ilhas do Rio Zambeze. Para efeitos socioeconómicos, a AID do projecto é definida como a área que inclui o próprio rio, as ilhas fluviais e mais uma faixa de 2km em cada margem do Rio Zambeze, de Benga a Chinde. Esta área foi definida, tendo em conta que 2km é a distância máxima, em média, entre as aldeias residenciais e os terrenos agrícolas familiares. Portanto, considera-se que as famílias que residem até 2km das margens do rio podem ter machambas nas margens ou nas ilhas do Rio. 6.3 CONTEXTO ADMINISTRATIVO De acordo com a legislação moçambicana, a estrutura política em Moçambique compreende tanto as autoridades formais como as tradicionais. Ao nível provincial, o mais alto nível de autoridade é o Governador ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 137 Provincial, nomeado pelo Presidente da República. O Governador é apoiado por pessoal técnico pertencente às Direcções Provinciais representando vários sectores (Saúde, Educação, Economia, Finanças, etc.). Abaixo do nível provincial, os distritos são dirigidos por Administradores Distritais, que reportam directamente ao Governador Provincial. A estrutura do Governo do Distrito é definida pelo Decreto N.º 6/2006, de 12 de Abril. Cada distrito é dirigido por um Administrador Distrital, apoiado por Direcções Distritais e por um Conselho Consultivo, que integra tanto os líderes formais assim como os tradicionais. Cada Administrador Distrital supervisiona um número de Chefes de Postos Administrativos, que são nomeados pelo Ministério da Administração Estatal (MAE). Os Postos Administrativos são ainda subdivididos em Localidades, que são dirigidas pelo Chefe de Localidade. Abaixo do nível da Localidade, não existem, oficialmente, instituições formais do Estado, e o poder é exercido por Líderes Comunitários, que incluem tanto os líderes tradicionais, seleccionados de acordo com as regras tradicionais, como os líderes eleitos. Durante o tempo pré-colonial, os chefes tradicionais encarnavam o poder político em suas áreas. A sua autoridade e legitimidade era ancorada na ancestralidade e a sucessão era feita de acordo com a elaboração de regras de sucessão. Logo após a independência, o governo aboliu o posicionamento de lideranças tradicionais. No entanto, a liderança tradicional provou ser uma instituição flexível; a influência dos líderes tradicionais nunca deixou realmente de existir e estes continuavam a desempenhar um papel importante na vida rural. Nos últimos dez anos, portanto, as estruturas locais tradicionais de liderança têm sido cada vez mais integradas no sistema formal de administração. Assim, os líderes tradicionais e comunitários operando abaixo do nível da Localidade, têm por função fazer cumprir as decisões do governo. Esses líderes comunitários são seleccionados pelas comunidades de acordo com uma série de critérios (que estão enraizados nos princípios tradicionais de legitimidade, ou seja, baseados no parentesco), e seu estatuto formal foi formalizado através do Decreto N.º15/2000, que dá-lhes autoridade para tomar decisões sobre uma série de problemas da comunidade, incluindo a alocação de terras. A autoridade das estruturas tradicionais é mantida pelo Estado, essencialmente devido à sua legitimidade contínua como uma fonte de autoridade ao nível comunitário (ou seja, ao longo do parentesco baseado em estruturas sociais, como o clã, linhagem, etc.) e não necessariamente por causa de seu desempenho. Muitos desses líderes assumem a função, mas não têm recursos e/ou uma agenda funcional que lhes permita definir e implementar projectos de desenvolvimento. A sua função é, portanto, limitada à resolução de conflitos do dia-a-dia e a algumas actividades específicas de natureza política. O mais importante sobre essa estrutura é o reconhecimento da legitimidade dos líderes tradicionais na comunidade, assim o seu papel de conselheiros e ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 138 "ajudantes" da estrutura formal é fundamental. Além disso, esta estrutura tem o papel crucial de perpetuar as tradicionais cerimoniais, crenças, tradições e costumes, mantendo assim a coesão social a nível comunitário. 6.4 CONTEXTO ECONÓMICO A economia de Moçambique é uma das mais rápidas em crescimento a nível mundial, embora esta seja reconhecida como partindo de uma base muito baixa. Nos últimos 15 anos, a economia cresceu a uma taxa média de8% ao ano (7,8% nos últimos seis anos), desacelerando para cerca de 6% durante a crise económica global de 2009, e com cerca de 7%esperado para este ano. Este valor é bem acima da previsão feita pelo Banco Mundial, que é de 4% para toda a África Austral. No entanto, apesar de um crescimento económico considerável, Moçambique fica está mal posicionado em outras áreas. Em termos do Índice Global de Competitividade do Fórum Económico Mundial, o país apresenta um dos piores desempenhos do mundo, sendo classificado no 129º lugar entre um total de 133 países. De igual modo, Moçambique encontrase classificado no 172º lugar, num total de 182 países, no índice da ONU em termos de Desenvolvimento Humano. Paralelamente, e segundo o FMI, ainda está classificado como um dos países que apresenta um dos PIB per capita mais baixos do mundo, menos de 1.000 dólares em Paridade de Poder de Compra. Apesar da queda amplamente divulgada na taxa de pobreza de 69% em 1997 para 54% em 2003, o número absoluto de pessoas que vive abaixo da linha da pobreza, na verdade, aumentou para 11,7milhões numa população de cerca de 20,5milhões de pessoas. A agricultura é o sector económico mais importante em termos de produção e manteve-se entre os 25 e 27% do PIB entre 2003 e 2009. A mineração foi o sector que mais cresceu nos últimos seis anos (19,4%), seguido pelo comércio (10,4%) e transportes (10,1%). A Província de Tete é composta por cerca de 10% da população moçambicana de 20,5 milhões de pessoas. Um décimo dos residentes da província de Tete vive no distrito de Moatize, onde encontra-se localizada a principal bacia carbonífera. Cerca de 1,2 milhões de pessoas, o equivalente a cerca de 6% da população total do país, vivem em dez distritos localizados nas margens do baixo Zambeze entre Tete e Chinde, na Zambézia. A taxa de crescimento anual da população do país foi de 2,4% na última década. No entanto, a Província de Tete, a terceira província mais populosa de Moçambique, tem experimentado um crescimento mais elevado, de 3,3%. Cerca de 90% da força de trabalho do país trabalha no sector informal, ganhando a vida através da agricultura de subsistência com remuneração recebida muitas vezes em espécie em vez de dinheiro. A importância do sector informal é reflectida em níveis relativamente elevados de auto-emprego (62,1%) e actividades domésticas privadas (24,6%). O emprego formal limitase principalmente às cidades (36,2%), especialmente a Maputo (59,9%), enquanto o sector informal predomina nas áreas rurais (95,2%). A percentagem de emprego informal aumenta da região relativamente mais urbanizada, o sul do país (73,4%), para as mais rurais, do centro do país (90,0%), e da região norte (92,3%). As províncias da região do Baixo Zambeze ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 139 espelham este padrão: as pessoas que vivem ao longo da margem sul do rio, nas províncias de Manica (12,3%) e Sofala (20,9%) têm maior probabilidade de serem formalmente empregadas do que aquelas que vivem no lado oposto, na margem norte, nas províncias de Tete (9,7%) e Zambézia (5,1%). Mais de 85% da força de trabalho total de Moçambique gera a sua renda através da agricultura. Esta percentagem aumenta para 95% fora das cidades e de pouco mais de 70% no Sul, para cerca de 90% no Centro e Norte. Novamente, como no caso do emprego no sector informal, a contribuição da agricultura no emprego local aumenta de sul para norte. A região Sul que faz fronteira com a África do Sul e inclui Maputo é mais urbanizada e possui uma economia mais desenvolvida e diversificada, em comparação com as regiões interiores rurais e mais remotas das zonas centro e norte, onde a agricultura de subsistência constitui o pilar da economia. A região do baixo Zambeze reflecte uma linha divisória similar norte-sul. Em Tete e Zambézia, as províncias da margem norte do rio, a agricultura sustenta 90% do emprego. Pelo contrário, em Manica e Sofala, no lado oposto sul, o contributo do sector para o emprego cai para 80%. Há, no geral, baixo desemprego nas zonas rurais. A razão para isto é que, a terra é relativamente abundante e sub-utilizada e a população pode envolver-se em agricultura de subsistência, como um meio de auto-emprego. Por causa dos altos níveis de auto-emprego na agricultura de subsistência, as taxas de desemprego são negativamente correlacionadas com a percentagem de emprego agrícola. O desemprego é menor em áreas mais rurais e agrícolas. Como resultado, o desemprego é menor nas economias agrárias e menos desenvolvidas da região central de Moçambique (16,2%) e Norte (16,6%) em relação ao sul, mais urbanizado (25,0%). De forma similar, nas províncias nortenhas do baixo Zambeze, nomeadamente Tete (16,5%) e Zambézia (11,2%), o índice de desemprego é muito menor do que nas províncias do sul, Manica (23,6%) e Sofala (21,2%). A maioria dos moçambicanos vive com menos de US$1,25 por dia, situação esta classificada como de "extrema pobreza" pela ONU. Na ausência de apoios sociais eficazes (ou seja, dos modelos típicos do Estado-Providência), o menor aumento do custo de vida pode tornar-se uma questão de vida ou morte. A população na Província de Tete ganha em média 376 Meticais por mês. Este valor excede a média nacional de 325 Meticais/mês e está em segundo lugar, depois da Cidade de Maputo. 6.5 AGRICULTURA E PECUÁRIA Os sistemas hidrográficos da bacia do Zambeze fornecem a maior parte da produção de energia hidroeléctrica da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), apoiam algumas das comunidades de subsistência mais pobres da região, e representam uma série de activos importantes em termos de oportunidades de turismo e de recreação na região. Os 1,39 milhões km² da bacia hidrográfica constituem o lar de cerca de 32 milhões de pessoas, ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 140 80% das quais dependem da agricultura, enquanto as comunidades que vivem nas margens do Rio Zambeze dependem fortemente da pesca. Como tal, todas as actividades económicas no interior da bacia dependem criticamente das suas águas, minerais e recursos biológicos. A agricultura é o pilar da economia da Bacia do Zambeze, suportando milhões de pessoas, ambos como produtores e consumidores. Em média, a agricultura contribui com 34% do Produto Interno Bruto(PIB) da África Austral, empregando 80% de toda a força de trabalho, produzindo cerca de 26% das receitas em divisas, e contribuindo com mais de 50% das matérias-primas para a indústria (Chenje, 2000). A produção agrícola na bacia é caracterizada por baixa produtividade e baixa produtividade da mão-de-obra. Ano pós ano, os índices de produtividade agrícola e crescimento continuam a ser fortemente afectados pela variabilidade climática e as oscilações da precipitação. A influência das chuvas ressalta a importância de uma política de gestão de recursos naturais, especialmente aqueles relacionados com a segurança alimentar eo desenvolvimento dos recursos hídricos. Apesar do seu papel dominante na economia da bacia, a agricultura está ameaçada pela falta de desenvolvimento e estagnação devido à cooperação limitada entre os países da bacia, mobilização inadequada de recursos, e alta variabilidade da precipitação em toda a bacia (Granitetal. 2003). No entanto, o sector agrícola da bacia tem o potencial para desenvolvimento, e poderia fazer uma contribuição significativa para a redução da pobreza, se devidamente gerido e desenvolvido. Um instrumento-chave para o desenvolvimento agrícola é a utilização plena do potencial de irrigação para garantir a segurança alimentar e combatera pobreza na bacia, mas no entanto, menos de metade da área potencialmente produtiva da bacia é possui actualmente uma agricultura irrigada (FAO, 1998). 6.6 PESCA Depois do alumínio, o peixe é o segundo maior produto individual de exportação de Moçambique, correspondendo entre 10 e 15% de todas as exportações e contribuindo em cerca de 1,5% para o PIB anual de Moçambique. O licenciamento da pesca nas Províncias é administrado pelo Direcção Provincial das Pescas e pela Administração Marítima. As actividades de pesca em Moçambique podem ser classificadas em três categorias, a saber: a pesca artesanal, a pesca semi-industrial e a pesca industrial, que são descritas em detalhe mais adiante. Da cidade de Tete à garganga da Lupata, cerca de 70 km a jusante da cidade de Tete, o Rio Zambeze, geralmente segue um canal bem definido. As actividades de pesca nesta porção do Rio realizam-se no canal activo (geralmente nas margens dos rios) e nas ilhas. No canal activo, o método de ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 141 pesca é a rede de emalhar à deriva, que é conduzida por uma ou duas pessoas, geralmente à noite; em compensação, as redes de cerco, são utilizadas nos bancos de areia e as armadilhas são colocadas ao longo do rio em águas calmas. Também é comum ver-se crianças pescando com redes mosquiteiras, capturando espécimes pequenos, vulgarmente conhecidas como "Usimbos". A pesca industrial de embarcações de maior porte se destina ao camarão de superfície, assim como espécies de peixes de profundidade, localizados a norte, mais afastadas da costa. Estas capturas são principalmente exportadas, em vez de vendidas no mercado interno. Modificações nos viveiros de peixes ou camarões podem resultar numa diminuição das populações dessas espécies. Isto poderá ter implicações concomitantes para a economia local. Alterações na pesca também poderão afectar os meios de subsistência e a economia. 6.6.1 Aldeias de Pescadores Quatro províncias (Tete, Manica, Sofala e Zambézia) partilham a porção do Rio Zambeze afectada pelo projecto. Dentro destas províncias, há um total de 12 Distritos, distribuídos da seguinte forma: Tete (3), Manica (2), Sofala (4) e Zambézia (3). De acordo com uma pesquisa realizada em 2007 pelo IDPPE, existem pelo menos 119 aldeias de pescadores ao longo da área afectada. Este número não inclui as diversas estruturas temporárias encontradas ao longo do rio, especialmente nas ilhas, e refere-se apenas aos assentamentos permanentes. Uma das áreas que tem uma actividade de pesca importante é a Lagoa Danga (16º48'21.3"; 34º38'08.2"), que se liga ao Rio Zambeze durante as grandes cheias através do Rio Macatue (16º48'37.6"; 34º34'57.4"). Esta lagoa, juntamente com as lagoas deLifumba e Duarte,está localizada no distrito de Mutarara. Estaslagoas suportam uma indústria de pesca em que os peixes são capturados, secos e exportados para o Malawi (Mafuca, 2006). O Estudo Especializado de Ictiologia e Pescas no Anexo C apresenta a lista dos assentamentos distribuídos ao longo do Rio Zambeze, de acordo com o último levantamento. 6.6.2 Métodos de Pesca A variedade dos recursos marinhos e aquáticos estuarinos é explorada por quatro tipos de pesca, nomeadamente a de subsistência, a artesanal, a semiindustrial e a industrial (Sousa e Silva, 1988). Estes tipos são descritas abaixo. Pesca de Subsistência Este tipo de pesca é realizado com ou sem barco e utilizando artes de pesca rudimentares. É geralmente empreendido como uma actividade secundária, principalmente para o consumo familiar, apesar das capturas também poderem ser vendidas. As práticas pesqueiras incluem a colecta directa e o uso de armadilhas para peixes. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 142 Pesca Artesanal Por definição, a pesca artesanal é exercida apenas por cidadãos nacionais (devido a exigências de licença) e realiza-se dentro das três milhas da costa (Lei das Pescas). Dentro da área do projecto, a pesca artesanal é realizada tanto no estuário do Rio Zambeze como na área marinha adjacente. Existem cerca de 80 mil pescadores artesanais registados na área total do Banco de Sofala (IDPPE, 2009). A pesca artesanal é realizada usando uma variedade de artes de pesca, tais como as redes de emalhar, redes de cerco, armadilhas, linha, palangres, linha e anzol, entre outros. No último censo pesqueiro foram registadas um total de 886 unidades de pesca, das quais a grande maioria era de redes de emalhar. Apesar de constituírem menos de 10% do número absoluto de artes de pesca, as redes de arrasto de praia são usadas mais amplamente do que qualquer uma das outras artes, apoiando a maioria dos pescadores e fornecendo mais de 75% das capturas desembarcadas. Em comparação com redes de arrasto de praia, as redes de emalhar, linha e anzol são menos trabalhosas. As redes de emalhar e métodos de linha e anzol exigem canoas e são relativamente mais selectivas em termos do tamanho do peixe capturado do que a rede de arrasto de praia. As redes de emalhar e métodos de linha e anzol também contribuem com uma pequena proporção das capturas desembarcadas na área do Delta do Zambeze. Ao analisar as estatísticas de captura e esforço da “Base de dados Pescart” do IIP, concluiu-se que as operações da pesca artesanal ocorrem principalmente entre as 04h00 e as 13h00 nos dias úteis. Supinho (2006),utilizando dados semelhantes para a Província de Sofala, concluiu que os domingos, os dias de luto devido à morte de um membro da comunidade e os dias de mau tempo podem reduzir o número de dias de pesca em cerca de 19% numa base anual. O número total de pescadores na região do Delta do Zambeze está estimado em 7.299, que constitui cerca de 9% dos cerca de 80 mil pescadores artesanais na área do Banco de Sofala (acima). Estes contam com cerca de 2.740 embarcações, principalmente sob a forma de canoas para o seu trabalho diário. Estas embarcações representavam cerca de 17% das embarcações registadas em 2007 para todo o Banco de Sofala (Banco de dados Pescart, IIP). Pesca Semi-industriale Industrial A frota semi-industrial inclui as embarcações que geralmente não usam gelo para conservar as suas capturas. Estas embarcações, por consequência, tendem a operar perto dos seus portos de origem e gastar um máximo de 1-2 dias no mar a pescar. Uma frota de cerca de 57 arrastões semi-industriais opera nas águas pouco profundas do Banco de Sofala, a partir de 1 milha náutica em direcção ao mar alto. Estas embarcações estão baseadas em Angoche, Beira e Chiloane (Ministério das Pescas, 2010). Apesar de não pescarem ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 143 frequentemente na zona da foz do Rio Zambeze, esta região também faz parte da área de pesca destes arrastões. A frota tem como alvo de pesca o camarão e a fauna acompanhante (composta por peixes, moluscos e crustáceos) e, em conjunto com o sector artesanal, é um dos principais fornecedores de pescado aos mercados de peixe em Moçambique. Outra frota de 15 embarcações semiindustriais captura os peixes de linha no Banco de Sofala, que são o principal alvo desta pescaria (Ministério das Pescas, 2010). A frota de arrasto industrial inclui os navios equipados com instalações de congelamento da captura. Existem um total de 58embarcações da frota Moçambicana que se dedicam à pesca comercial de camarão no Banco de Sofala, incluindo na área do Delta do Zambeze. Os portos de origem são: a Beira (cerca de 70% da frota), Quelimane e Maputo (Ministério das Pescas, 2010). A maior parte das capturas efectuadas por estas embarcações atende o mercado de exportação de camarão edas espécies capturadas da fauna acompanhante. 6.6.3 Capturas e lucros A captura total anual estimada para pesca ao longo da AID do Projecto é de cerca de 16.000 toneladas. A arte de pesca mais importante parece ser a rede de emalhar devido ao seu múltiplo uso. Esta rede pode ser colocada perto da vegetação em águas relativamente calmas, mas também pode ser usada à deriva, durante a noite. No entanto, em termos de níveis de captura, as redes de arrasto para a praia são muito mais eficientes, capturando duas vezes mais que as redes de emalhar. O problema com as redes de cerco é encontrar zonas de pesca adequadas, porque só podem ser usadas em bancos de areia ou em lagoas que secam, durante a estação seca. Com base nos resultados das entrevistas, o peixe é vendido ao preço médio de cerca de 40 meticais/quilo. Supondo que pelo menos 60% da captura é vendida, estima-se que a receita anual atinja cerca de 384 milhões de meticais. 6.7 POTENCIAL DE TURISMO NA ÁREA DE ESTUDO O Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo define o papel do turismo na economia Moçambicana e no alívio da pobreza. Este plano destaca o potencial turístico da região, e descreve as tendências do turismo e de mercados estratégicos em Moçambique e em toda a região. Finalmente, o plano fornece um quadro de implementação, uma Visão para 2025 e a Missão para o desenvolvimento do turismo em Moçambique. Para além de dois grupos de estâncias turísticas de praia de alta qualidade (nas Províncias de Inhambane e Cabo Delgado), a indústria do turismo de Moçambique continua a ser muito pouco desenvolvida. A fauna bravia (possivelmente o maior dos recursos em termos de atracção turística) encontra-se dizimada, até mesmo dentro dos actuais Parques Nacionais, e esta situação constitui um enorme obstáculo. O Governo de Moçambique, através ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 144 do Ministério do Turismo, desenvolveu e está implementando uma Política Nacional de Turismo e Estratégia de Implementação para 2004-2013 (PEDTM Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique). Sob esta política, o Governo reconhece a necessidade de priorizar algumas áreas para o desenvolvimento do turismo - Áreas Prioritárias para Investimento em Turismo (APIT). Actualmente, 18 áreas prioritárias para investimento em turismo foram identificadas e classificadas em três categorias: áreas de curto, médio e longo prazos. Nenhuma dessas APIT está localizada na área de influência do projecto. Na verdade, a única APIT localizada ao longo do Zambeze é a Zona de Turismo de Cahora Bassa, a uns 150 km a montante de Benga. A Figure 6.1 abaixo indica a localização dos alojamentos conhecidos. Como pode ser visto, o número de alojamentos é reduzido e não parece satisfazer o turismo fluvial no presente. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 145 Figure 6.1 Acomodação e Alojamentos ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 146 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 147 A área ao longo do Zambeze não tem actividades turísticas significativas e actualmente é classificada como "área de reduzida infra-estrutura de turismo"(1). A única actividade turística significativa na área do projecto está centrada nas concessões de caça (coutadas) na margem sul, perto de Marromeu (Sofala). Esta actividade, entretanto, não é dependente do rio e não é susceptível de ser perturbada pelo Projecto. Há também um complexo turístico no distrito de Chemba, o Complexo de Safaris Mozunaf em Chiramba, 40 km a oeste de Chemba, próximo da margem direita do Zambeze. Também no distrito de Chemba há uma riqueza considerável de animais selvagens, na antiga concessão de caça (Coutada) Nº6. Esta concessão, no entanto, não está a ser explorada actualmente. 6.8 TRÁFEGO FLUVIAL LOCAL Devido à má qualidade das estradas ao longo do Zambeze e da escassez de transportes públicos, as populações locais dependem fortemente do rio para transporte. Além disso, a própria natureza de estratégias de sobrevivência das comunidades ribeirinhas (por exemplo, algumas famílias residem numa margem, mas têm terrenos agrícolas nas ilhas e na margem oposta, outras vendem os seus excedentes ou têm relações comerciais com as comunidades que residem na margem oposta, etc.), contribui para o tráfego de canoas existente ao longo das margens, de margem para margem e das margens para as ilhas. O tráfego fluvial local divide-se em duas categorias principais: • Canoas usadas para fins de pesca e de transporte, operando em todos os lugares entre Benga e Chinde; Estas canoas representam, de longe, a maior parte da navegação fluvial, sendo operadas por uma variedade de pessoas, incluindo mulheres e crianças ; • Os táxis aquáticos (embarcações maiores, movidas com motores a diesel), transportando passageiros na área do Delta (principalmente entre Marromeu, Luabo e Chinde); • O tráfego local ocorre não apenas durante o dia, mas também durante a noite. Isto é devido ao facto de uma grande parte da actividade pesqueira ser nocturna. O risco de acidentes envolvendo comboios de barcaças e canoas locais, portanto, existe, e tem sido indicado como uma preocupação durante as reuniões com as comunidades. Uma vez que se espera que os comboios de barcaças operem 24 horas por dia, 365 dias por ano, se as condições atmosféricas permitirem, a navegação nocturna pode representar um risco acrescido. (1) Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Turismo em Moçambique, p. 55. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 148 6.9 USO DE RECURSOS NATURAIS 6.9.1 Floresta de mangal Os mangais constituem uma fonte importante de madeira resistente à decomposição para construção de habitações e para lenha para as comunidades costeiras, bem como para conter a erosão. Os mangais também servem como um importante viveiro para os camarões e outros crustáceos que são capturados pelas comunidades locais. 6.9.2 Árvores Ribeirinhas As árvores de tronco duro são usadas para a construção e lenha; as comunidades locais colhem frutos das árvores ribeirinhas. 6.9.3 Pântanos de Caniço e Papiro O caniço é importante para a cobertura de colmos e construção; O papiro é também usado como material de escrita. 6.9.4 Savana de palma A palmeira do género Hyphaene é usada para fazer uma bebida alcoólica, bem como para material de construção. Existe ainda um certo interesse na exploração local das palmeiras do género Borassus para obtenção de madeira. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 149 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 150 7 7.1 IMPACTOS BIOFÍSICOS INTRODUÇÃO Este capítulo foi baseado nos resultados dos seguintes estudos especializados: • Estudo do Fluxo Ambiental • Estudo da Dinâmica Sedimentar na Foz do Rio • Estudo da Fauna Bentónica • Estudo da Ecologia Terrestre e Ripária • Estudo das Aves • Estudo dos Peixes e das Pescarias • Estudo das Águas Subterrâneas 7.2 PRINCIPAIS ACTIVIDADES DO PROJECTO Os impactos biofísicos são os impactos sobre a biota e o funcionamento físico dos sistemas em resultado de mudanças trazidas pelo Projecto. Em relação aos impactos biofísicos, as principais actividades do projecto são: • • • • localização das instalações terrestres; dragagem de aprofundamento (ou inicial) e de manutenção; locais escolhidos para a deposição do material dragado; e o potencial para derramamentos de carvão nos locais de transferência ao longo do rio e os locais escolhidos para as infra-estruturas o rio (pontos de atracagem, pára-choques, estações de transferência flutuantes, docas secas flutuantes, etc.). Destas actividades, aquelas com potencial para ter a maior influência sobre o ambiente biofísico são a dragagem e a deposição do material dragado. Esta influência seria exercida por meio de mudanças no fluxo do rio. 7.3 SUMÁRIO DO ESTUDO DE FLUXO AMBIENTAL O Estudo de FA permite-nos compreender como os fluxos no rio mudam, em resultado da proposta de dragagem e deposição do material dragado. Assim, ao descrever as mudanças físicas esperadas para o fluxo do rio, os resultados do estudo ajudam a compreender os potenciais impactos biofísicos (e socioeconómicos) que resultam da mudança física esperada. Este resumo destina-se a descrever as mudanças esperadas no fluxo do rio e as alterações concomitantes aos indicadores biofísicos, a fim de contextualizar a avaliação de impacto a seguir. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 151 7.3.1 Cenários Avaliados As dimensões do canal de dragagem que foram avaliados foram: Orientação: Profundidades-alvo: Largura: Linha central c. seguindo o talvegue.(1) 3,5 e 5,5 m 60 a 110m, com um segmento de 1,5km entre os 21,87 e 23,37km, requerendo um canal com largura de 220m Foram avaliados três cenários: Dragagem do canal (conforme descrito no Relatório do FA, Anexo C), sem deposição dos sedimentos dragados; Dragagem do canal (conforme descrito no Relatório do FA, Anexo C), com deposição dos sedimentos dragados ao longo do canal dragado; Dragagem do canal (conforme descrito no Relatório do FA, Anexo C), com deposição dos sedimentos dragados no lado abrigado pelas ilhas e bancos de areia que se encontram no meio do canal. O cenário 1 (sem deposição do material dragado) é um cenário hipotético, que foi avaliado porque apresenta as estimativas mais conservadoras de mudanças em descargas efectivas, uma vez que a deposição do material dragado no canal iria compensar estas mudanças, especialmente em descargas maiores. As mudanças esperadas resultantes dos três cenários foram avaliadas em relação ao presente dia, nomeadamente as condições actuais, ou seja, nenhuma mudança na geometria do canal como resultado da dragagem. Cada cenário incluiu algumas considerações de dragagem de manutenção, como se segue: 7.3.2 • a geometria do canal de dragagem proposto seria mantida para o período de avaliação (10 anos); • a deposição do material dragado, resultante da dragagem de manutenção, seria feita nas mesmas áreas e em proporções relativas a aquelas da dragagem de aprofundamento, mas em termos de volumes seria de 25% do volume de dragagem de aprofundamento (ou inicial). Área e Extensão do Estudo A área de estudo para a Avaliação do FA é definida como o ambiente fluvial (canal do rio e áreas inundáveis imediatamente adjacentes) de Tete ao Chinde. Neste contexto, três trechos de estudo foram seleccionados: (1) Canal mais profundo no rio. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 152 Trecho 1 de Estudo: Tambara (421,5 – 395,0 km do Chinde, ao longo da linha de centro do canal de dragagem(1)) – 26km de extensão em comprimento; Trecho 2 de Estudo: Chiramba (360,5 – 330,10km do Chinde) – 30km de extensão em comprimento; Marromeu (157,30 - 108km do Chinde, mais as terras húmidas de Marromeu) – 50km de extensão em comprimento. Trecho 3 de Estudo: Figura 7.1 Trechos de Estudo do Estudo de Fluxo Ambiental E645-Luia Luia R. 168071 MOZAMBIQUE PEMBA Cahorra Bassa Revubue R. M6 E320-Tete TETE E302-Revubue BEIRA Benga E348-Luenha Luenha R. Study Reach 1 Lupata Gorge MAPUTO 167072 Zambezi R. E299-Tambara Study Reach 2 N Chemba Chire R. E289-Chire E293-Mutarara CAIA SCALE E291-Caia 100 km MOPEIA Landsat mapped section of Study Reach 3 EN 213 KEY E291-Caia EN 213 Gauge number-name Gauge plate Discharge Town Road 166073 Landsat frame number CAIA 7.3.3 166073 E285-Marromeu MARROMEU Marromeu Reserve Chinde Branch Zambezi Branch CHINDE ATLANTIC Ecoclassificação A condição do habitat actual (2010) em todos os três trechos de estudo é de categoria C(2), o que significa que o sistema está moderadamente modificado da Condição de Referência. Uma alteração e perda do habitat e (1) A linha central no Chinde é a +10 km. (2) Conforme definido pelo Índice das Terras Húmidas para a Integridade do Habitat desenvolvido pelo Departamento Sul-Africano de Assuntos Hídricos e Florestais. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 153 biota naturais ocorreu, mas as funções básicas dos ecossistemas ainda encontram-se predominantemente inalteradas. 7.3.4 Mudanças Previstas ao Ambiente Fluvial A tabela abaixo resume as alterações esperadas nos três trechos de estudo, em resultado da dragagem e com os dois possíveis cenários de deposição do material dragado. Unidades Trecho 1 Trecho 2 m3/s 1.789 1.950 Trecho 3 1.898 ha 3.050 3.334 1.839 Largura do canal de dragagem m 65 70 100 Área do canal de dragagem ha 162,5 210 190 % da área afectada do canal activo % 5,4 6,4 10,5 Mm3 2,0 2,5 1,3 m -0,06 -0,08 -0,06 ha 2.999 3.284 1.816 % 1,7 1,5 1,3 7,1 7,9 11,7 % 17 17 17 m 0,45 0,52 0.47 % 12 11 15 m 0,60 0,77 0.55 Descargas mapeadas Área do canal activo (antes da dragagem) IMPACTO DO TRAJECTO DA DRAGAGEM: Volume do material a ser dragado do trecho Mudança esperada no nível de água nesta descarga (pós-dragagem) Nova área esperada de canais activos (pós-dragagem) % de redução da área do habitat dentro do canal devido ao nível mais baixo de água % da Área Total (redução da área + trajecto dragado) IMPACTO DA DEPOSIÇÃO DE MATERIAL DRAGADO: DEPOSIÇÃO LATERAL % área de canal activo afectado pelos entulhos (excluindo o trajecto dragado) Variação média da profundidade do fundo na área de entulhos (incluindo a mudança do nível de água) DEPOSIÇÃO DE ENTULHOS NO LADO ABRIGADO DOS BANCOS E ILHAS % área de canal activo afectado pelos entulhos (excluindo o trajecto dragado) Variação média da profundidade do fundo na área de entulhos (incluindo a mudança do nível de água) Tabela 7.1 Área do canal activo afectada pela dragagem do canal, e as duas opções de deposição de material dragado para os Trechos 1, 2 e 3 Esta tabela indica que o impacto da dragagem nos diversos "habitats" no canal activo do rio e nas extensões do estudo é relativamente menor. Os "habitats", neste contexto, referem-se às várias profundidades de água no canal activo do rio. Ao mudar o perfil do fundo do rio, a dragagem altera (aumenta ou diminui) a área disponível/volume do "habitat". Em termos de material dragado, a deposição no lado abrigado das ilhas ou bancos de areia é favorecida, uma vez que minimiza a variação percentual do canal activo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 154 7.3.5 Trecho 1 de Estudo: Efeitos em Indicadores Biofísicos Individuais As diferenças nos indicadores de hidrologia para a situação actual e para o Cenário 1 (Dragagem – Sem deposição de entulho para o Trecho 1) são relativamente pequenas: • • • nível da água ≤ 8 cm velocidade ≤ 0,02 m/s profundidade ≤ 8 cm As mudanças médias nos indicadores biofísicos para as opções da proposta de dragagem e deposição de entulhos dragados em relação à situação actual são apresentadas abaixo. Tabela 7.2 Efeitos nos Indicadores Biofísicos para Extensão 1 do Estudo Indicador Área de bancos de areia móveis -6% -1% +2% -0,2% -0,2% -0,2% Largura do canal activo -3% -4% -6% Comprimento dos canais distribuidores de baixo fluxo -3% -12% -5% -4% -4% -4% -2% -2% -2% -0,3% +4,2% +3,2% -1% -1% -1% -2% -2% -2% -1,1% -1,1% -1,1% -5,2% -5,2% -5,2% Planícies inundáveis: prados -5,2% -5,2% -5,2% Planícies inundáveis: bosques -1% -1% -1% Geomorfologia Área de ilhas (com vegetação) estáveis Vegetação Deposição de entulhos Deposição de entulhos no lado abrigado das ao longo do canal ilhas e bancos de areia dragado no canal Sem deposição de entulhos Comprimento dos canais distribuidores activados anualmente (cheias) Área dos lagos grandes de planícies inundáveis Limite exterior do canal: margem do rio Bancos do canal: meio do canal e lateral Planícies inundáveis: terras húmidas, pântanos Planícies inundáveis: inundação de terras cultivadas Planícies inundáveis: canais distribuidores activados pelas cheias A tabela indica que as variações (tanto aumentos como reduções) dos indicadores biofísicos são relativamente pequenas. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 155 7.3.6 Trecho de Estudo 2: Efeitos nos Indicadores Biofísicos Individuais As diferenças nos indicadores de hidrologia para a situação actual e para o Cenário 1 (Dragagem – Sem deposição de entulho dragado para o Trecho 2 do Estudo) são relativamente pequenas. • • • nível da água ≤ 14 cm velocidade ≤ 0,09 m/s profundidade ≤ 14 cm As mudanças médias nos indicadores biofísicos para as opções da proposta de dragagem e deposição do material dragado em relação à situação actual são apresentadas abaixo. Tabela 7.3 Efeitos nos Indicadores Biofísicos para a Extensão 2 do Estudo Vegetação Geomorfologia Indicador Deposição de entulho Sem deposição de Deposição de entulho ao na parte abrigada das entulho longo do canal dragado ilhas e bancos de areia no canal Área de bancos de areia móveis +3% +4% +5% Área de ilhas (com vegetação) estáveis -0,1% -0,1% -0,1% Largura do canal activo -1% +4% +1% Comprimento dos canais distribuidores de baixo fluxo -3% -12% -5% -2% -2% -2% -1% -1% -1% -0,8% +2,5% +3,5% 0% 0% 0% -1,6% -1,6% -1,6% -0,9% -0,9% -0,9% -5,6% -5,6% -5,6% Planícies inundáveis: prados -5,6% -5,6% -5,6% Planícies inundáveis: bosques 0% 0% 0% Comprimento dos canais distribuidores activados anualmente (cheias) Área dos lagos grandes de planícies inundáveis Limite exterior do canal: margem do rio Bancos do canal: meio do canal e lateral Planícies inundáveis: terras húmidas, pântanos Planícies inundáveis: inundação de terras cultivadas Planícies inundáveis: canais distribuidores activados pelas cheias A tabela indica que as variações (tanto aumentos como reduções) dos indicadores biofísicos são relativamente pequenas. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 156 7.3.7 Trecho 3 de Estudo: Efeitos nos Indicadores Biofísicos Individuais As diferenças nos indicadores de hidrologia para a situação actual e para o Cenário 1 (Dragagem – Sem deposição de material dragado para o Trecho 3 de Estudo) são relativamente pequenas: • • • nível da água ≤ 27 cm velocidade ≤ 0,17 m/s profundidade ≤ 27 cm As mudanças médias nos indicadores biofísicos para as opções da proposta de dragagem e deposição de entulhos dragados em relação à situação actual são apresentadas abaixo. Tabela 7.4 Efeitos nos Indicadores Biofísicos para a Extensão 3 do Estudo Vegetação Geomorfologia Indicador Deposição de entulho na Sem deposição de Deposição de entulho ao parte abrigada das ilhas entulho longo do canal dragado e bancos de areia no canal Área de bancos de areia móveis -0,6% +1,9% +5,2% Área de ilhas (com vegetação) estáveis -0,2% +0,2% -0,2% Largura do canal activo -2% +2% -1% Comprimento dos canais distribuidores de baixo fluxo -3% -10% -5% -0,7% -0,7% -0,7% 0% 0% 0% 0% +5% +6% 0% 0% 0% -1,3% -1,3% -1,3% -0,2% -0,2% -0,2% -0,6% -0,6% -0,6% Planícies inundáveis: prados -0,6% -0,6% -0,6% Planícies inundáveis: bosques -0,1% -0,1% -0,1% Comprimento dos canais distribuidores activados anualmente (cheias) Área dos lagos grandes de planícies inundáveis Limite exterior do canal: margem do rio Bancos do canal: meio do canal e lateral Planícies inundáveis: terras húmidas, pântanos Planícies inundáveis: inundação de terras cultivadas Planícies inundáveis: canais distribuidores activados pelas cheias A tabela indica que as variações (tanto aumentos como reduções) dos indicadores biofísicos são relativamente pequenas. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 157 7.3.8 Efeitos sobre a Condição Geral do Habitat Após a avaliação, os efeitos da dragagem proposta serão na sua maioria no canal activo, ou seja, serão impactos localizados. O efeito é maior no Trecho 1 de Estudo, embora ainda relativamente baixo, e embora os impactos sejam perceptíveis, não deverão resultar em uma queda da actual categoria C para a categoria D. 7.3.9 Conclusões O resultado desta avaliação depende da configuração proposta para o canal de dragagem (de Julho de 2010), do volume assumido associado com a dragagem de manutenção subsequente, e a descarga de referência prevista para o transporte fluvial em barcaças (cerca de 1.800m3/s). O resultado do estudo prevê que os impactos esperados da dragagem proposta sobre o sistema hidrológico e habitats do Baixo Zambeze serão diluídos pelo tamanho do ecossistema do Baixo Zambeze em relação a dragagem do canal e influência da deposição do material dragado propostos. As variações mensuráveis previstas (em relação à situação actual) serão principalmente limitadas ao canal activo. Estas incluem: • pequena mudança para a descarga efectiva média na estação seca; • perda de habitat de águas profundas existentes; e • um aumento de bancos de areia móveis. Se as actividades de dragagem e deposição do material dragado alterarem significativamente da inicialmente apresentada (por exemplo, as operações de dragagem actuais, em particular as dragagens de manutenção excederem as propostas, tanto em termos de área e frequência e/ou os entulhos forem depositados fora do canal, resultando em diques que separam as planícies inundáveis do rio), o Estudo de FA precisaria de ser revisto, a fim de determinar o efeito dessas mudanças. 7.4 IMPACTOS DA DRAGAGEM E DA DEPOSIÇÃO DOS SEDIMENTOS DRAGADOS NO DELTA DO ZAMBEZE E NAS TERRAS HÚMIDAS DE RAMSAR 7.4.1 Avaliação do Impacto Este potencial impacto pode ocorrer durante as fases de construção e de operação do Projecto. A dragagem do canal de navegação comporta o potencial para modificar o nível de água e os padrões de inundação, o que por seu turno tem implicações directas no Delta do Zambeze e nas terras húmidas de Ramsar. O Delta do Zambeze e a terras húmidas de Ramsar providenciam serviços ecológicos valiosos para uma série de receptores biológicos e sociais. Alguns dos serviços ecológicos providenciados ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 158 incluem o fornecimento de habitats, fontes de alimentação e de água e o incremento da biodiversidade. Alguns dos serviços sociais incluem o suporte da pesca artesanal e semi-industrial de peixe e camarão, a provisão de terra para a agricultura e a provisão de combustível lenhoso. A manutenção destes serviços ecológicos e sociais depende da inundação sazonal do Delta e das áreas de terras húmidas, durante a estação das chuvas. O Estudo de Caudais Ambientais prevê que, durante a estação das chuvas, haverá uma diferença negligenciável no nível da água ou nos padrões de inundação. Mais importante, é que, durante a estação das chuvas, os distributários no Delta não terão qualquer alteração notável nos caudais de água em resultado do Projecto proposto. Deste modo, este impacto é classificado como de intensidade negligenciável, extensão local e duração de longo prazo. Espera-se assim que a magnitude do impacto seja negligenciável. Em conjunto com a baixa probabilidade de ocorrência, prevê-se que a significância do impacto seja Negligenciável. 7.4.2 Mitigação Objectivo da Mitigação Garantir que a dragagem não resulte em alterações significativas nos padrões de inundação e níveis de água durante a estação das chuvas. Medida(s) de Mitigação • 7.4.3 Caso a configuração aprovada para o canal de navegação (em termos de dimensão, volume de sedimentos dragados ou do seguimento do meandro natural do rio) venha a alterar-se de forma significativa, deve ser realizado um Estudo de Caudais Ambientais e a nova configuração do canal deve ser modelada para determinar os potenciais impactos. Impacto Residual Prevê-se que o Impacto Residual permaneça Negligenciável. Tabela 7.5 Impacto da Dragagem e da Deposição do Material Dragado no Delta do Zambeze e nas terra húmidas de Ramsar Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Longa Local Negligenciável Negligenciável Improvável Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Local Negligenciável Negligenciável Improvável ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 159 Sem mitigação Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Negligenciável Negligenciável Fase Operacional Longa Longa Local Local Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Improvável Improvável Negligenciável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, é provável que os habitats bêntonicos regressem, ao longo do tempo, às condições actuais. 7.5 IMPACTO DA DRAGAGEM E DEPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO NO HABITAT BENTÔNICO 7.5.1 Avaliação do Impacto A dragagem e a deposição do material dragado irão certamente perturbar os habitats bentónicos durante as fases de operação e construção. Espera-se que os impactos sobre os invertebrados aquáticos durante a fase de desmantelamento e encerramento, sejam insignificantes, e por isso não serão discutidos mais adiante. Estima-se que a área directamente afectada pelo trajecto dragado seja entre 7,1 e 11,7% do canal activo (Southern Waters 2010a). Em contrapartida, a área afectada pela deposição do material dragado é estimada em 17% do canal activo (Southern Waters 2010a). A deposição do material dragado poderá alterar também os fluxos dos afluentes se as entradas para estes canais estiverem bloqueadas, e isso poderia afectar uma área muito maior. A extensão espacial deste impacto é provável que seja local, mas poderá ser regional em algumas áreas em um cenário de pior caso, se os afluentes forem afectados. A recolonização dos invertebrados dos sedimentos dragados é rápida e leva normalmente entre 30 a 45 dias (Harvey 1986, Thomas 1985). No entanto, espera-se que a dragagem ocorra ao longo das fases de construção e de operação, pelo que a duração é classificada como de longa duração. A dragagem e deposição do material dragado terão impactos negativos sobre os invertebrados encontrados nos sedimentos, tais como as moscasde água que vivem em covas, as libélulas (Gomphidea) e os caracóis (Thiaridae). A deposição do material dragado poderá ter impactos negativos sobre invertebrados sensíveis que encontram-se na vegetação marginal, tais como os camarões e as moscas de mayo (Heptageniidae). A intensidade deste impacto é classificada como média. A magnitude deste ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 160 impacto é média, e a probabilidade é definida, portanto, a significância total é classificada como Moderada tanto para as fases de construção bem como de operação. 7.5.2 Mitigação Objectivo da Mitigação O objectivo desta medida de mitigação é minimizar a perturbação ao habitat bentónico através da minimização da dragagem de manutenção. Medida (s) de Mitigação As duas medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.5.3 • Os sedimentos dragados devem ser depositados nos lados abrigados das ilhas existentes, sempre que tal seja possível. Isso deve reduzir a intensidade da dragagem de manutenção, e reduzir a área afectada pelos sedimentos dragados de 17% para 11-15% do canal activo (Southern Waters 2010a); • Os sedimentos dragados não devem ser depositados nas entradas dos afluentes ou próximo destes. Impacto Residual A mitigação proposta irá reduzir a escala espacial e a intensidade deste impacto, de modo que a significância total esperada do impacto residual é Baixa. Tabela 7.6 Impacto da Dragagem e Deposição de Material Dragado no Habitat Bentônico Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Longa Local a Regional (Pior cenário) Local Média Baixa Média Baixa Definida Definida Moderada Baixa Fase Operacional Longa Longa Local a Regional (Pior cenário) Local Média Baixa Média Baixa Definida Definida Moderada Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 161 Sem mitigação Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, é provável que os habitats bênticos regressem ao longo do tempo às condições actuais. 7.6 IMPACTO DE DERRAMAMENTO ROTINEIRO DE CARVÃO NOS INVERTEBRADOS AQUÁTICOS 7.6.1 Avaliação do Impacto O derramamento de carvão na zona de carregamento em Benga, e a área de transferência na Ponte Dona Ana irão alterar permanentemente os substratos do fundo do rio nas imediações das áreas de carregamento e transferência durante as fases de operação e encerramento, e isto certamente irá reduzir a biodiversidade nestas áreas. Algum deste material provavelmente moverá a jusante durante períodos de alto fluxo, mas a extensão será localizada. Durante a fase de construção não se prevê nenhum derramamento de carvão, pelo que esta fase não será discutida adiante. A sensibilidade dos invertebrados encontrados nos sedimentos ao derramamento de carvão em Benga tem-se mostrado alta, então a intensidade é classificada como alta. A probabilidade de um derrame de carvão é definitiva, e a magnitude é avaliada como baixa, de modo que a significância geral é avaliada como Baixa para as fases de operação, desmantelamento e encerramento. 7.6.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação O objectivo destas medidas de mitigação é para reduzir a probabilidade e extensão espacial dos derramamentos de carvão. Medida(s) de Mitigação As seguintes medidas de mitigação são recomendadas: • Procedimentos. Os procedimentos para carregamento e transferência de carvão devem ser claramente definidos, comunicados e executados; • Demarcação. Uma zona de sacrifício em torno das áreas de carregamento e de transferência devem ser claramente demarcadas, e o derramamento de carvão dentro desta zona pode ser tolerado; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 162 • 7.6.3 Um Plano de Gestão Ambiental será elaborado e incluirá a notificação dos eventuais derramamentos de carvão, testes regulares no fundo do rio dentro da zona de sacrifício e de áreas de interesse nas proximidades. Se o carvão for encontrado fora da zona de sacrifício, os procedimentos serão actualizados para evitar futuros derramamentos. Impacto Residual Espera-se que a intensidade e a probabilidade de um derramamento de carvão reduzam com a mitigação, de modo que a significância total esperada do impacto residual será Negligenciável. Tabela 7.7 Impacto do Derramamento de Carvão nos Invertebrados Aquáticos Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Média Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Longa Local Baixa Negligenciável Improvável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a 7.7 IMPACTO DE DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEL NOS INVERTEBRADOS AQUÁTICOS 7.7.1 Avaliação do Impacto O projecto proposto irá provavelmente aumentar a probabilidade de derramamentos acidentais de diesel durante as fases de construção e de operação. O derramamento acidental durante o desmantelamento e o ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 163 encerramento devem ser insignificantes, de forma que estes não serão discutidos adiante. É provável que o impacto de derramamentos acidentais nos invertebrados aquáticos seja muito localizado. Os impactos tendem a ser de curta duração devido à velocidade da corrente do Rio e a rápida evaporação do combustível. A intensidade é classificada como média por causa da presença de taxa que são sensíveis à deterioração da qualidade da água, tais como os camarões e as moscas de mayo (Heptageniidae). O impacto é avaliado como tendo uma magnitude baixa e de provável ocorrência, e por isso a significância total foi classificada como sendo Baixa para as fases de construção e operação. 7.7.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação O objectivo destas medidas de mitigação é reduzir a probabilidade de derramamentos acidentais. Medida(s) de Mitigação As seguintes medidas de mitigação são recomendadas: 7.7.3 • Desenvolver e implementar procedimentos para a prevenção de derramamentos e medidas de emergência para a limpeza de derramamentos (por exemplo, usando material absorvente, tratamento do solo, quando necessário); • Garantir que todos os funcionários são treinados de forma adequada; • Implementar procedimentos operacionais padronizados de acordo com as boas práticas internacionais. Impacto Residual A implementação das medidas de mitigação acima mencionadas teria como resultado uma redução da significância do impacto residual para Negligenciável. Tabela 7.8 Impacto de Derramamentos Acidentais de Combustível nos Invertebrados Aquáticos Sem mitigação Duração Escala Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Temporária Local Temporária Local ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 164 Sem mitigação Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Média Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Temporária Local Média Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Média Negligenciável Improvável Negligenciável Fase Operacional Temporária Local Média Negligenciável Improvável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento Longa n/a n/a n/a n/a n/a 7.8 IMPACTO DO COLAPSO DAS MARGENS NOS INVERTEBRADOS AQUÁTICOS 7.8.1 Avaliação do Impacto A acção da ondulação (efeito de esteira) causada pelas barcaças e outras embarcações motorizadas utilizadas durante as fases de construção e operação pode aumentar a taxa de colapso das margens em áreas onde as margens já estão expostas, dependendo da velocidade do comboio fluvial e da "distância" destas margens. O colapso exacerbado das margens no momento da fase de encerramento está prevista para ser negligenciável, portanto, não será discutido para esta fase. O colapso das margens é uma característica natural dos sistemas do Delta, e é provável que as margens do rio no Baixo Zambeze já tenham sido significativamente mais dinâmicas e instáveis sob condições naturais. Um aumento do colapso das margens causado pela proposta de projecto de transporte fluvial em barcaças poderia ser considerado como uma mudança em direcção as condições mais naturais. Entretanto, as áreas onde as margens entraram em colapso têm pouca ou nenhuma cobertura de vegetação marginal e por isso, a cobertura e substrato disponíveis para a colonização de invertebrados é baixa. A biodiversidade e os bens e serviços ecológicos associados são, portanto, muito baixos nestas áreas. Além disso, os sedimentos adjacentes às margens em colapso ficam encobertos, e demonstrou-se neste estudo, que suportam uma diversidade muito baixa de invertebrados bentónicos. As margens estáveis, portanto, melhoram os bens e serviços ecológicos, de modo que qualquer aumento do colapso das margens sobre e acima da taxa actual é considerado como um impacto negativo. A magnitude do efeito de ondulação depende da velocidade do comboio fluvial através da água e da profundidade do canal de navegação. O ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 165 impacto do efeito da ondulação depende destes factores, bem como da proximidade da margem ao canal de navegação. Quanto mais distante a margem, menor será o impacto. Segundo o estudo do efeito de ondulação (Robert Allan, 2010), para comboios com barcaças carregadas que deslocam-se a 5,0 nós a jusante através da água (cerca de 8 nós de velocidade em relação ao solo), as ondas de superfície geradas na proa e na popa do comboio são insignificantes (mudanças na elevação de 0,1m a 0,3m) e dissipam-se rapidamente a uma curta distância do comboio. O impacto das ondulações é mais pronunciado em barcaças com carga leve que deslocam-se a montante. Aos 9 nós através da água a montante (cerca de 6 nós/hora de velocidade em relação ao solo), o comboio de barcaças irá gerar mudanças de elevação entre 0,2m e 0,5m. Estas transformam-se em um sistema de ondas quando a esteira propaga-se do canal de navegação para as águas mais rasas. O estudo mostra que quando a velocidade é reduzida para 7 nós através da água (cerca de 4 nós de velocidade em relação ao solo), enquanto as mudanças de elevações permanecem (perto do comboio), estas dissipam-se muito rapidamente e o sistema de ondas superficiais em águas rasas desaparece. A escala do aumento previsto no colapso da margem é provável de ser localizada. A duração deste impacto é avaliada como longa. A intensidade deste impacto é avaliado como baixa, devido à baixa biodiversidade encontrada nestas áreas e, devido ao colapso natural das margens em curso. A magnitude é avaliada como baixa, e a probabilidade é definida, de forma que a significância total deste impacto, antes da mitigação, é classificado como Baixa para as fases de construção e de operação. 7.8.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação O objectivo principal desta mitigação é garantir que a instabilidade na margem do rio não é agravada pelo transporte fluvial em barcaças e actividades associadas. Medida(s) de Mitigação As seguintes medidas de mitigação são recomendadas: • Implementar e impor limites de velocidade. As barcaças carregadas em movimento a jusante não devem exceder os 5 nós de velocidade através da água. As barcaças sem carga e movendo-se a montante não devem exceder os 7 nós de velocidade através da água; • Definir o comprimento do canal de navegação. O comprimento do canal de navegação deverá permanecer relativamente constante para garantir que a sinuosidade actual do rio é mantida. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 166 7.8.3 Impacto Residual Se os limites de velocidade forem implementados, o impacto residual deverá ser Negligenciável. Tabela 7.9 Impacto do Colapso das Margens do Rio nos Invertebrados Aquáticos Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Permanente Local Média Baixa Definida Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Permanente Local Média Baixa Definida Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Permanente Local Média Baixa Improvável Negligenciável Fase Operacional Permanente Local Média Baixa Improvável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a 7.9 IMPACTO DA DRAGAGEM NA TURBIDEZ E NOS PEIXES 7.9.1 Avaliação do Impacto Este impacto pode ocorrer durante as fases de construção e de operação. A dragagem inicial será realizada por oito embarcações operando em paralelo 24 horas por dia, 7 dias por semana durante um período de 18 meses. A dragagem de manutenção está prevista para ocorrer ao longo da vida útil do projecto e estima-se que seja retirado anualmente cerca de 25% do volume da dragagem inicial. As actividades de dragagem poderão resultar em uma mudança na qualidade da água devido a um aumento na carga de sedimentos em suspensão e turbidez, que é conhecido por resultar em uma diminuição do oxigénio dissolvido e um aumento na temperatura da água. Um aumento na turbidez devido às actividades de dragagem pode afectar os peixes, obstruindo as suas brânquias, removendo o muco protector ou escamas, reduzindo a visibilidade (que afecta a relação presa/predador) e/ou reduzindo a penetração da luz (que pode afectar a produção primária, ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 167 com efeitos em cascata sobre os níveis tróficos e lesões nos peixes). As espécies de peixes que preferem águas claras devem ser as mais afectadas num cenário de aumento de sedimentos suspensos. Estas incluem o peixegato das montanhas (Amphilius uranoscopus), barbo de olhos vermelhos (Labeo cylindricus) e o bairrão do Norte (Opsaridium zambezense). Não há contaminantes significativos no fundo do rio que podem ser mobilizados por meio da dragagem. A avaliação realizada ao longo do trajecto da dragagem revelou que na maior parte da extensão do rio este é composto por areia média e grossa. Os materiais finos tendem a suspender facilmente na coluna de água, ao contrário do material médio e grosso que não suspende facilmente. A avaliação realizada ao longo do trajecto de dragagem revelou que, a maioria da extensão do rio é composto por areia média e grossa. Portanto, espera-se que a mudança na qualidade da água seja localizada às áreas de dragagem, com uma magnitude baixa durante um longo período. A magnitude total deverá ser reduzida e de ocorrência provável. Assim, a significância esperada do impacto será Baixa durante as fases de construção e operação. Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.9.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os impactos sobre os peixes devido às actividades associadas a dragagens. Medida(s) de Mitigação A seguinte medida de mitigação é recomendada: • 7.9.3 Limitar a área de dragagem e a profundidade ao estritamente necessário para manter o canal navegável. Impacto Residual O impacto residual deverá manter-se com uma significância Baixa. Tabela 7.10 Impacto da Dragagem na Turbidez e nos Peixes Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Local Baixa Baixa Provável Baixa Longa Local Baixa Baixa Provável Baixa ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 168 Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase Operacional Longa Longa Local Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento 7.10 IMPACTO DO DERRAMAMENTO ACIDENTAL DE COMBUSTÍVEL NOS PEIXES 7.10.1 Avaliação do Impacto Um barco rebocador de 3.600 cavalos de potência (com calado de 1,8 m) transportará 85 metros cúbicos (85.000 litros) de combustível diesel. Este combustível estará em 8 tanques com capacidade entre 9,8 metros cúbicos (9.800 litros) e 20 metros cúbicos (20.000 litros) cada. Um barco grande de 4.500 cavalos de potência, que terá um calado de 2,15m, transportará 135 metros cúbicos (135 mil litros) de combustível diesel. Os rebocadores terão casco duplo e os tanques, que ficam na parte interna dos tanques de lastro, são também de paredes duplas - ou seja, há pelo menos quatro paredes de aço entre o combustível e a água. Uma barcaça de combustível será utilizada para transportar combustível para os depósitos terrestres (Chinde e possivelmente Benga) para fornecer combustível para as operações de transporte fluvial. A barcaça de combustível proposta será uma barcaça de casco duplo com a parte superior achatada, com certificação marinha e com uma capacidade de cerca de 3.180m3 de combustível diesel (3,18 milhões de litros). Durante as operações de dragagem, as barcaças de combustível serão usadas para abastecer as dragas. Estas barcaças de combustível serão construídas com chapas de metal grosso e com cantos de chapa dupla. O movimento destas barcaças de combustível a partir de um local para outro será mínimo, pois estas barcaças estarão ancoradas em um local perto do local de dragagem, onde o combustível pode ser transferido em pequenas quantidades para a draga através de um rebocador auxiliar. As barcaças de combustível para as dragas terão uma capacidade de 500m3 (500.000 litros). O combustível é armazenado em 4 tanques separados de até 125m3 (125.000 litros) por tanque. É provável que as dragas irão operar em grupos de duas ou três por local com uma barcaça de combustível para abastecimento de cada grupo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 169 O derramamento de combustível localizado pode ocorrer durante o abastecimento ou a transferência de combustível. É altamente improvável que possa haver uma ruptura simultânea de mais de um dos tanques de combustível de um rebocador a qualquer momento. Em qualquer caso, a quantidade de combustível será relativamente pequena comparada ao volume e ao fluxo do rio (por exemplo, 20.000 litros do tanque maior de combustível de um rebocafor de 3.600 cavalos de potência) e deverá espalhar-se rapidamente ao longo da superfície do rio e, eventualmente, separar-se e evaporar. O combustível iria poluir a água e poderia resultar em mortes de peixes. No caso de um evento catastrófico não rotineiro como uma explosão na barcaça de combustível, uma quantidade relativamente grande de combustível poderia ser libertada para a água e causar impactos sobre os peixes. A probabilidade de tal impacto acontecer é considerada baixa. Este impacto poderá ser sentido principalmente durante as fases de construção e de operação. Para ambas as fases, a extensão e a duração do pior cenário seria limitada. A duração do impacto seria curta pois o diesel evapora-se muito rapidamente. Se o impacto ocorrer, poderá esperar-se um impacto de intensidade média dependendo de onde o acidente ocorra. A magnitude seria média a alta, associada a uma ocorrência improvável o que resultaria em um impacto de significância Moderada para ambas as fases. 7.10.2 Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os impactos sobre as espécies de peixes devido a derramamentos de combustível diesel. Medida(s) de Mitigação As seguintes medidas de mitigação são recomendadas: • Implementar as boas práticas de procedimentos operacionais; • Desenvolver e implementar procedimentos de prevenção derramamentos e medidas de emergência para limpeza derramamentos; • As tripulações devem ser treinadas para lidar com situações de emergência e limpeza de derramamentos de combustível; • Garantir que os canos e as mangueiras estão devidamente conectados, fechados e em boas condições durante o abastecimento de combustíveis; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT de de RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 170 7.10.3 • Certificar que as mangueiras de transferência são de comprimento e resistência suficientes para manobrar navios de acordo com as condições de fluxo do rio; • Incorporar o desligar automático das válvulas; • Garantir que a área de reabastecimento é bem iluminada durante as operações nocturnas; • Desenvolver um plano de gestão que poderá incluir uma provisão para desistir de operações de reabastecimento durante condições meteorológicas severas. Impacto Residual Com a pós-implementação das medidas de mitigação acima mencionadas, o potencial impacto esperado terá uma significância Baixa, dependendo de onde o derramamento ocorre e a velocidade das medidas de resolução. Tabela 7.11 Impacto do Derramamento Acidental de Combustível nos Peixes Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Média Média Média a alta Baixa a média Improvável Improvável Moderada Baixa Fase Operacional Curta Curta Local Local Média Média Baixa a média Baixa a média Improvável Improvável Moderada Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, o potencial impacto dos derramamentos acidentais nas espécies de peixes será eliminado. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 171 7.11 IMPACTO DO DERRAMAMENTO ACIDENTAL DE CARVÃO NOS PEIXES 7.11.1 Avaliação do Impacto Durante as operações, cada barcaça quando totalmente carregada pode transportar 3.500t de carvão. Por sua vez, cada comboio será composto de 4 a 8 barcaças totalizando um peso por comboio de entre 14.000 a 28.000t. No caso de um derramamento não rotineiro e improvável, é quase impossível que todas as barcaças de um comboio virem ao avesso. É pouco provável que o carvão altere significativamente a qualidade da água, pois será lavado antes do seu escoamento por barcaças e espera-se que seja inerte na água. Assim, o derrame de uma grande quantidade de carvão vai apresentar mais um impacto físico sobre o leito do rio do que um impacto na qualidade da água. O impacto físico pode ter implicações para a fauna bentónica que é uma fonte de alimento para os peixes. Mais uma vez, a natureza localizada de tal impacto significa que, no contexto da área de estudo, a intensidade do impacto seria baixa. Esse impacto não ocorreria durante as fases de construção, desmantelamento e encerramento. A extensão e a duração do pior cenário seria limitada e pouco provável de ocorrer. A duração do impacto seria provavelmente de curto prazo e com uma baixa magnitude. Esta associada a uma improvável ocorrência resultaria em um impacto de significância Negligenciável. 7.11.2 Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os impactos sobre as espécies de peixes, minimizando os derramamentos de carvão. Medida(s) de Mitigação As seguintes medidas de mitigação são recomendadas: 7.11.3 • Implementar boas práticas em procedimentos operacionais. • Desenvolver e implementar procedimentos de prevenção de derramamentos de carvão e limpeza se ocorrer um derramamento significativo fora das áreas de “sacrifício” designadas em torno das áreas de carga de carvão. Impacto Residual Com implementação das medidas de mitigação acima mencionadas, o impacto potencial provavelmente manter-se-á com uma significância Negligenciável. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 172 Tabela 7.12 Impacto de Derramamentos Acidentais de Carvão nos Peixes Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância 7.12 Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Curta Curta Local Local Baixa Média Baixa Baixa Improvável Improvável Negligenciável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, o potencial para derramamentos acidentais nas espécies de peixes será eliminado. IMPACTO DAS ALTERAÇÕES NA HIDROLOGIA E PADRÃO DAS INUNDAÇÕES NOS PEIXES Este impacto pode ser sentido em resultado da dragagem durante as fases de construção e de operação. Mudanças no comportamento hidrológico podem afectar as funções ecológicas dentro do sistema de rio e de seus afluentes, como pântanos e lagos sazonalmente inundáveis (Nigthingale e Simenstad 2001, LFR Lenive, Fricke, 2004). Isso poderá afectar a reprodução sazonal e migrações de várias espécies de peixes de água doce. No caso do Rio Zambeze, algumas das pescarias importantes ocorrem em lagos sazonalmente inundáveis, como Duarte, Danga e Lifumba, bem como as terras húmidas de Nkhosi. O resultado do estudo de FA (Southern waters, 2010) mostra que não haverá mudanças significativas no nível de água (cerca de 1cm) e, por esta razão, o padrão de inundação actual não deverá ser significativamente afectado. Esta conclusão é importante porque a maioria das espécies de peixes fluviais é conhecida pelo seu comportamento potamódromo (migração sazonal lateral para rios caudalosos e riachos para procriar), que é a chave para a sua continuidade e para os lagos de terras inundáveis e para a pesca em terras inundáveis. Na verdade, a maioria das áreas importantes da pesca ao longo do Baixo Zambeze estão localizadas em terras inundáveis e afluentes. É, portanto, importante assegurar que não aconteça nenhuma mudança significativa que possa afectar esta característica do rio, pois terá impactos negativos nas populações de peixes ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 173 e, consequentemente, sobre a pesca. Em resumo, sob o cenário descrito acima, este impacto é improvável de ocorrer. O estudo do FA indica que este impacto teria uma intensidade e magnitude Negligenciável e seria de ocorrência improvável. Por isso, espera-se um impacto com significância Negligenciável. 7.12.1 Mitigação Objectivo de Mitigação Para garantir que as dimensões do canal de navegação não mudarão significativamente daquelas que foram propostas pela RML. Medida(s) de Mitigação As seguintes medidas de mitigação são recomendadas: 7.12.2 • Se as dimensões (comprimento, largura ou profundidade) do canal de navegação mudarem significativamente daquelas propostas pela RML, o estudo de FA deve ser alterado para determinar os efeitos para os padrões de hidrologia e de inundação. Se necessário, medidas de mitigação deverão ser elaboradas e implementas nesta fase. • O material dragado não devem ser depositado de forma a bloquear os afluentes ou canais distribuidores. Impacto Residual O impacto residual deverá manter-se com uma significância Negligenciável. Tabela 7.13 Impacto das Mudanças na Hidrologia e Padrões de Inundações nos Peixes Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Negligenciável Negligenciável Improvável Negligenciável Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Negligenciável Negligenciável Improvável Negligenciável Duração Escala n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Local Negligenciável Negligenciável Improvável Negligenciável Fase Operacional Longa Local Negligenciável Negligenciável Improvável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 174 Sem mitigação Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a n/a 7.13 IMPACTO DA DRAGAGEM EM LESÕES NOS PEIXES 7.13.1 Avaliação do Impacto O arrastamento ocorre quando os organismos são presos durante a captação de sedimentos e de água por máquinas de dragagem. No Rio Zambeze, as espécies de peixes que são mais susceptíveis de serem arrastadas são o peixe-gato de areia (Zaireichtys rotundiceps). No entanto, os peixes de fundo, como as enguias (Anguilla spp.), o peixegato (Clarias spp.), o barbo gordo (Barbus afrohamiltoni), o barbo de pintas amarelas (Barbus manicensis), o barbo de três cores (Barbus trimaculatus), os guichadores (Synodontis spp.), o peixe-cão (Marcusenius macrolepidotus), peixe focinho de garrafa (Mormyrus longirostris), a pescadinha comum (Sillago sihama), a solha de barbatana negra (Solea bleekeri), também podem ser afectados por arrastamento. Espera-se que o impacto tenha uma duração longa e seja de extensão local. Dado que a maioria das espécies dispersam-se para áreas mais seguras, logo que começar a dragagem, a intensidade deve ser baixa, associada a uma magnitude baixa. Espera-se então que o impacto seja de ocorrência improvável e com uma significância Negligenciável. Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.13.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a dragagem. Medida(s) de Mitigação • 7.13.3 Limitar a área de dragagem e profundidade ao necessário para manter o canal navegável. Impacto Residual O impacto residual deverá manter-se com uma significância Negligenciável. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 175 Tabela 7.14 Impacto da Dragagem em Lesões nos Peixes Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Longa Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Negligenciável Negligenciável Fase Operacional Longa Longa Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Negligenciável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento 7.14 IMPACTO DA DRAGAGEM NAS CLASSES DE PROFUNDIDADE 7.14.1 Avaliação de Impacto Durante as fases de construção e de operação, a dragagem vai resultar em alterações de diferentes classes de profundidade (por exemplo, aumento em profundidade do canal navegável e diminuição de profundidade onde for depositado o material dragado). A preferência pelas profundidades varia entre as espécies de peixes e em relação ao tamanho das espécies. A extensão deste impacto sobre os peixes e pesca associada é difícil de estimar, porque as populações actuais destas espécies no sistema do rio são desconhecidas. A gravidade dos impactos também varia, dependendo da reacção das espécies aos impactos. No entanto, o facto de que esta parte do rio é altamente dinâmica é indicador de que as perturbações no habitat dos peixes acontecem com alguma regularidade e os peixes são capazes de lidar com as mudanças. Assim, embora algumas espécies possam ser gravemente afectadas com distúrbio ou alteração de seus habitats preferidos, a maioria das espécies eventualmente irá adaptar-se às mudanças da mesma forma que fizeram quando outras alterações dos seus habitats ocorreram (por exemplo, em Kariba e Cahora Bassa, onde a maioria dos populações de peixes que existia antes das represas ainda continuam presentes, muitos anos depois de grandes mudanças terem ocorrido). ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 176 Tanto para as espécies de peixes de águas pouco profundas assim como de águas profundas, a duração do impacto esperada é de curto prazo, porque as espécies de peixes serão capazes de adaptarem-se às mudanças no tempo. O impacto vai ocorrer em uma escala local, tanto para as espécies de peixes de águas pouco profundas assim como profundas, porque o efeito será ao longo do canal activo. A intensidade do impacto deverá ser baixa para ambos os peixes de águas pouco profundas e profundas, e, portanto, irá resultar em uma baixa magnitude. Juntamente com uma ocorrência provável, a significância do impacto será Baixa. 7.14.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os potenciais impactos sobre as classes de profundidade devido à dragagem. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.14.3 • Sempre que possível, planear as actividades de dragagem para depois da época de reprodução, que ocorre durante a estação chuvosa e, possivelmente, três meses após o fim da estação chuvosa, para permitir que os juvenis possam crescer; • Limitar as actividades de dragagem apenas a aquelas que são necessárias para manter o canal navegável. Impacto Residual O impacto residual deverá manter-se como Baixo. Tabela 7.15 Impacto da Dragagem nas Classes de Profundidade Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta Local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Média Baixa Provável Baixa Duração Escala n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Local Baixa Baixa Provável Baixa Fase Operacional Longa Local Média Baixa Provável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 177 Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a n/a n/a n/a n/a Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.15 IMPACTO DAS INSTALAÇÕES TERRESTRES DE BENGA NA ECOLOGIA E HABITAT TERRESTRES 7.15.1 Avaliação de Impacto Um lote de terra (Figura 4.5) adjacente ao terminal de carregamento de carvão será adquirido para a construção de armazéns, áreas de depósito, escritórios, vestiários, banheiros, tanques de combustível, tanque de óleos residuais e tanques de decantação de água de carvão. A área será cercada por uma vedação de segurança. Este impacto é provável que ocorra durante as fases de construção (associado à limpeza do local e à construção), de operação (derrames acidentais, geração de resíduos) e de desmantelamento e encerramento (distúrbios físicos associados com as estruturas de desmantelamento). O local em Benga foi altamente perturbado pela anterior actividade humana (corte de árvores, pastoreio de cabras e solo contaminado por particulas de carvão). Não obstante, a infra-estrutura vai ocupar o terreno e poderá resultar na perda de alguma cobertura de árvores. Com base em uma perspectiva de conservação da biodiversidade e das espécies vegetais ou habitats que constam na lista vermelha, nenhuma parte da área de Benga proposta é considerada uma área proibida. Assim, um impacto de baixa intensidade é esperado, com uma duração permanente. Em todas as fases da vida útil do projecto, espera-se que a magnitude seja baixa, com uma significância Baixa. 7.15.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para reduzir os potenciais impactos sobre os habitats e cobertura de árvores, especialmente nas zonas ripárias de Benga. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: • Todo o pessoal envolvido nas actividades do projecto deve ser informado da necessidade de preservar, sempre que possível, a cobertura natural das árvores, especialmente os embondeiros e as árvores ripárias marginais ao longo do Rio Zambeze; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 178 • Para cada árvore removida com Diâmetro na Altura do Peito (DAP) > 5cm, o empreiteiro deverá plantar pelo menos duas árvores em substituição. Isto aumentará a cobertura de árvores e sombra durante a fase operacional e contribuirá para o controle da erosão; • As áreas de construção ao longo das margens devem ser monitoradas para garantir o mínimo de perturbação da margem do rio e da vegetação ripária. A movimentação de pessoal e de máquinas e veículos ao longo das margens do Rio Zambeze deve ser restrito às áreas de trabalho demarcadas. Como a zona ripária já mostra sinais de erosão, a reabilitação desta zona ripária com o plantio de arbustos e árvores que ocorrem naturalmente dentro desta zona deve ser considerada. Isto vai estabilizar as margens do rio e proteger as instalações terrestres mais próximas do rio; • Os tanques devem ser localizados em terra seca a 50m de distância do Rio Zambeze ou qualquer outro curso de água; • Depois de terminadas as obras e a infra-estrutura temporária for removida, as áreas degradadas devem ser recuperadas para restabelecer a situação natural; • Desenvolver e implementar procedimentos de prevenção de derramamentos e medidas de limpeza de emergência (por exemplo, usando material absorvente, correcção do solo, quando necessário); • Manutenção preventiva e periódica das máquinas e veículos a fim de evitar avarias e subsequente dispersão de óleos e combustível; • Manutenção de equipamentos ou veículos a serem realizadas em áreas especialmente designadas com uma superfície impermeável, drenagem adequada e colecta de eventuais derramamentos; • Caso o solo estiver contaminado com diesel ou óleo, este deve ser submetido a métodos adequados de biorremediação; • As áreas de armazenamento de combustíveis e outros produtos químicos devem estar localizadas no mínimo a 50 metros da margem do Rio Zambeze. As áreas de armazenamento de combustíveis e produtos químicos devem ter sinalização adequada em Inglês e Português e serem construídas em cimento, em bacias de contenção impermeáveis que retêm e permitem a colecta de possíveis derramamentos; • Os funcionários que trabalham com produtos químicos devem receber instruções adequadas e equipamentos de protecção individual (tais como luvas, máscaras, uniformes); ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 179 • 7.15.3 A fim de evitar possíveis derramamentos, as seguintes precauções são recomendadas em relação ao armazenamento e manuseamento de combustíveis e lubrificantes: o Os tanques de combustível com uma capacidade de mais de 1.000 litros devem ser colocados em terras planas ou ligeiramente inclinadas, cercados por uma bacia de retenção com uma capacidade que é igual a 110% do volume total do tanque. As paredes e os alicerces desta bacia devem ser feitos de material impermeável ou ter um revestimento adequado para assegurar que qualquer derramamento possa ser contido. Um sistema de recolha de produtos químicos derramados deve ser instalado (por exemplo, uma fuga levando a um tanque colector impermeável); o O armazenamento de combustível e a manutenção ou reabastecimento dos veículos ou equipamentos devem ocorrer pelo menos a 50 metros do Rio Zambeze; o O óleo usado deve ser armazenado em tambores lacrados, e não deve ser misturado com outras substâncias, tais como gasolina, solventes e anti-congelantes. O óleo usado pode ser devolvido ao fornecedor para posterior reciclagem. • A área onde o trabalho está em andamento deve ser mantida limpa e os resíduos não devem ser queimados, enterrados ou eliminados indiscriminadamente. • O metal de sucata deve ser retirado da área e eliminado de forma adequada. • Os recipientes de resíduos com tampa à prova de macacos devem ser fornecidos e esvaziados regularmente. Os resíduos devem ser eliminados de forma adequada em um depósito de resíduos. • O material biodegradável pode ser usado para fazer adubo para ajudar a re-vegetação de quaisquer áreas perturbadas ou depositadas em aterros de resíduos e, em seguida coberto de terra. Impacto Residual Com a implementação das medidas de mitigação, é provável que a significância do impacto seja Negligenciável. Tabela 7.16 Impacto das Instalações Terrestres de Benga na Ecologia e Habitat Terrestres Sem mitigação Duração Temporária ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Temporária RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 180 Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Baixa Impacto Residual (Com mitigação) Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Negligenciável Fase Operacional Temporária Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento Temporária Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Negligenciável Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Temporária Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Temporária Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Baixa 7.16 IMPACTO DAS INSTALAÇÕES TERRESTRES DO CHINDE NOS MANGAIS 7.16.1 Avaliação de Impacto Um número de estruturas será construído em terrenos adjacentes aos mangais na margem norte do Rio Zambeze oposta a Chinde. As actividades de construção podem resultar em perturbações ou perda de algumas árvores na floresta de mangal. Este impacto será sentido mais durante a construção, quando for feita a limpeza do local e a montagem de estruturas. Durante a fase operacional, impactos potenciais serão associados a derramamentos acidentais, a geração de resíduos ou transporte não autorizado de pessoas e equipamentos para a floresta de mangal. O desmantelamento e encerramento deve resultar em impactos semelhantes aos da fase de construção, mas isso seria de curta duração pois as áreas perturbadas recuperam-se naturalmente pós-encerramento. A partir da configuração do projecto pode ser visto que as estruturas estarão localizadas em grande parte fora da floresta de mangal. É possível no entanto, que um impacto indirecto da construção na área irá levar a uma migração interna da população local à procura de trabalho. Isto é susceptível de aumentar a perturbação da floresta de mangal com o corte de árvores para combustível ou material de habitação. As vias de acesso serão, provavelmente, levantadas por caminhos de madeira (para permitir as mudanças de marés), mas espera-se que haja alguma perturbação dos mangais no acesso. A área que será afectada não é especificada na descrição do projecto fornecido, mas para cada local é calculada de forma conservadora para ser equivalente a uma faixa de 10m de largura estendendo o comprimento da área de atracagem na margem norte do Rio Chinde, que é estimada em 3,5m de comprimento (ou seja ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 181 perda de 3,5ha para a construção das vias de acesso). As florestas de mangal são extensas na área do Delta do Zambeze e cobriam aproximadamente 100.000 ha em 2000 (Beilfuss et al., 2001) e, portanto, a estimativa conservadora de perda da floresta em escala regional é < 0,01%. As instalações para atracagem de barcaças e rebocadores serão instaladas em três locais (Figura 4.8) no Chinde, com cada um destes suportando florestas de mangal. A extensão do cais ao longo da costa é de mais de 3,5km de frente para o rio com a maior parte das florestas de mangal na parte traseira do cais, excepto para o cais a montante, na margem direita do Rio Chinde (Figura 4.8). Apesar de tencionar-se usar postos de atracagem do tipo dolphin, uma abordagem de precaução será aqui aplicada e presume-se que o comprimento total da linha de costa por trás dos cais será perturbado a vários graus e que estender-se-á até 20m da costa. Isso pode resultar em 7ha dos mangais sendo modificados completamente ao longo da margem do rio. Os mangais do Chinde não são tão desenvolvidos como os das áreas do Delta para o sul. Há aproximadamente 180ha de mangais na margem norte da foz do Rio Chinde por atrás das áreas propostas para os cais. No cenário de pior caso, a proporção desta área que pode ser danificada (por vias de acesso e facilidades de atracagem) é de aproximadamente 6%. Esta é uma fracção negligenciável das árvores de mangal da foz do Rio Chinde. Assim, as magnitudes do impacto durante as fases de construção e operação provavelmente serão baixas. Espera-se também que o impacto tenha uma significância baixa durante a construção e operação. Durante a fase de desmantelamento e encerramento, mais alguma perturbação dos mangais poderá ocorrer, mas espera-se que os mangais recuperem ao longo do tempo após o desmantelamento e encerramento do Projecto. Espera-se que o impacto tenha uma significância Baixa positiva, à medida que ocorre a recuperação natural dos mangais. 7.16.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os impactos sobre a terra e mangais adjacentes durante a construção das instalações terrestres no Chinde. Medida(s) de Mitigação As seguintes medidas de mitigação são recomendadas: • Demarcar de forma clara uma área proibida para além da qual, o pessoal e o equipamento não estão autorizados a ir; • A remoção de árvores de mangal pelos trabalhadores ou para fins de construção deve ser proibido; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 182 • Não permitir nenhuma escavação dentro do mangal para colocação do oleoduto de descarga. O oleoduto de descarga deve ser colocado sobre uma passadeira elevada ao longo do seu percurso. Alternativamente, a zona de atracagem da barcaça de combustível deve estar localizada no Rio Maria e do oleoduto de descarga deverá ser alinhado atrás do mangal; • Desenvolver e implementar procedimentos de prevenção de derramamentos e medidas de limpeza de emergência (por exemplo, usando material absorvente, correcção do solo, quando necessário); • Manutenção preventiva e periódica das máquinas e veículos a fim de evitar avarias e subsequente dispersão de óleo e combustível; • A manutenção de equipamentos ou veículos deve ser realizada em áreas especialmente designadas com uma superfície impermeável, drenagem adequada e colecta de eventuais derramamentos; • Se o solo for contaminado com diesel ou óleo, deverá ser submetido a métodos adequados de biorremediação; • As áreas de armazenamento de combustíveis e outros produtos químicos devem estar localizadas no mínimo a 50 metros da margem do Rio Zambeze. As áreas de armazenamento de combustíveis e produtos químicos devem ter sinalização adequada em Inglês e Português e devem ser construídas em cimento, e com bacias de contenção impermeáveis que retêm e permitem a colecta de possíveis derramamentos; • Os funcionários que trabalham com produtos químicos devem receber instruções adequadas e equipamentos de protecção individual (tais como luvas, máscaras e uniformes); • A fim de evitar possíveis derramamentos, as seguintes precauções são recomendadas em relação ao armazenamento e manuseamento de combustíveis e lubrificantes: o Os tanques de combustível com uma capacidade de mais de 1.000 litros devem ser colocados em terras plana ou ligeiramente inclinadas, cercada por uma bacia de retenção com uma capacidade que é igual a 110% do volume total do tanque. As paredes e os alicerces desta bacia devem ser feitos de material impermeável ou ter um revestimento adequado para assegurar que qualquer derramamento pode ser contido. Um sistema de recolha de produtos químicos derramados deve ser instalado (por exemplo, uma fuga levando a um tanque colector impermeável); o O armazenamento de combustível e a manutenção ou reabastecimento dos veículos ou equipamentos devem ocorrer pelo menos a 50 metros do Rio Zambeze; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 183 o 7.16.3 O óleo usado deve ser armazenado em tambores lacrados, e não deve ser misturado com outras substâncias, tais como gasolina, solventes e anti-congelantes. O óleo usado pode ser devolvido ao fornecedor para posterior reciclagem. • A área onde o trabalho está em andamento deve ser mantida limpa e os resíduos não devem ser queimados, enterrados ou eliminados indiscriminadamente. • Metal de sucata deve ser retirado da área e eliminado de forma adequada. • Os recipientes de resíduos com tampa à prova de macacos devem ser fornecidos e esvaziados regularmente. Os resíduos devem ser eliminados de forma adequada em um depósito de resíduos. • O material biodegradável pode ser usado para fazer adubo para ajudar a re-vegetação de quaisquer áreas perturbadas ou depositadas em aterros de resíduos e, em seguida coberto de terra. Impacto Residual As medidas de mitigação propostas irão reduzir a intensidade do impacto. No entanto, espera-se ainda que a significância do impacto residual seja Baixa. Tabela 7.17 Impacto das Instalações Terrestres nos Mangais Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Baixa Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Baixa Fase Operacional Longa Especifica ao local Baixa Baixa Provável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento Longa Especifica ao Local Baixa Baixa Provável Baixa ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 184 7.17 PERTURBAÇÃO NOS HABITATS RIPÁRIOS DEVIDO À DRAGAGEM E DEPOSIÇÃO DO MATERIAL DRAGADO 7.17.1 Avaliação do Impacto A dragagem será realizada por oito barcaças operando em paralelo 24 horas por dia, 7 dias por semana durante um período de 18 meses. A dragagem de manutenção está prevista para ocorrer ao longo da vida útil do projecto e estima-se que seja retirado anualmente cerca de 25% do volume da dragagem inicial. As actividades de dragagem podem resultar em distúrbios nas ilhas com vegetação e as ilhas arenosas (por exemplo, pela colocação de tubagem de descarga através de ilhas e pelos efeitos das passadas dos trabalhadores sobre as ilhas). Face aos resultados do Estudo de FA, é pouco provável que a variação estimada do nível de água resulte em grandes mudanças nos habitats ripários. Espera-se que o impacto tenha uma duração longa e extensão local. A intensidade seria baixa, resultando em um impacto de magnitude baixa. Juntamente com uma provável ocorrência, espera-se que o impacto tenha uma significância Baixa. Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.17.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os impactos sobre os habitats ripários devido à dragagem e actividades associadas. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.17.3 • Os oleodutos de descarga não devem ser colocados através das ilhas. • As ilhas arenosas e com vegetação devem ser consideradas zonas proibidas para qualquer actividade devido à sua importância como áreas de restauração, de descanso e de alimentação para as aves. Impacto Residual A significância do impacto residual deverá manter-se Baixa. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 185 Tabela 7.18 Perturbação nos Habitats Ripários devido à Dragagem e Deposição de Material Dragado Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Baixa Baixa Fase Operacional Longa Longa Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.18 IMPACTO DOS DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEL NOS HABITATS RIPÁRIOS 7.18.1 Avaliação de Impacto Um rebocador de 3600 cavalos de potência (com calado de 1,8m) transportará 85 metros cúbicos (85.000 litros) de diesel. Este combustível estará em 8 tanques com capacidade entre 9,8 metros cúbicos (9.800 litros) e 20 metros cúbicos (20.000 litros). Um barco maior de 4.500 cavalos de potência, que terá um calado de 2,15m, poderá transportar 135 metros cúbicos (135.000 litros) de diesel. Os rebocadores tem casco duplo e os tanques, que ficam na parte interna dos tanques de lastro, são também de paredes duplas - ou seja, há pelo menos quatro paredes de aço entre o combustível e a água. Uma barcaça de combustível será utilizada para transportar combustível para os depósitos terrestres (Chinde e possivelmente Benga) para fornecimento de combustível para as operações de transporte fluvial. A barcaça de combustível proposta será uma barcaça de casco duplo com a parte superior achatada, com certificação marinha e com uma capacidade de cerca de 3.180m3 de combustível diesel (3.180.000 litros). Durante as operações de dragagem, as barcaças de combustível serão usadas para abastecer as dragas. O movimento destas barcaças de combustível a partir de um local para outro será mínimo, pois as barcaças estarão ancoradas em um local perto do local de dragagem, onde o combustível pode ser ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 186 transferido em pequenas quantidades, para a draga através de um rebocador auxiliar. As barcaças de combustível para as dragas terão uma capacidade de 500m3 (500.000 litros). O combustível é armazenado em 4 tanques separados até 125m3 (125.000 litros) por tanque. É provável que as dragas operem em grupos de duas a três por local com uma barcaça de combustível para abastecimento de cada grupo. O derramamento de combustível localizado pode ocorrer durante o abastecimento ou a transferência de combustível. É altamente improvável que possa haver uma ruptura simultânea de mais de um dos tanques de combustível de um barco empurrador a qualquer momento. Em qualquer caso, a quantidade de combustível será relativamente pequena comparada ao volume e ao fluxo do rio (por exemplo, 20.000 litros do tanque maior de combustível de um rebocador de 3.600 cavalos de potência) e deverá espalhar-se rapidamente ao longo da superfície do rio e, eventualmente, romper-se e evaporar. No caso de um evento catastrófico não rotineiro como uma explosão na barcaça de combustível, uma quantidade relativamente grande de combustível poderá ser libertada para a água e parte do derramamento poderá chegar à terra e contaminar os habitats ripários. A probabilidade de tal ocorrer é considerada baixa. Espera-se que o impacto seja sentido principalmente durante as fases de construção e de operação. Para ambas as fases, a extensão e a duração do cenário de pior caso seria limitado. A duração do impacto será provavelmente de curto prazo, pois o diesel evapora-se muito rapidamente. Se o impacto ocorrer, poderá esperar-se um impacto de intensidade média dependendo de onde um acidente ocorra. A magnitude média a alta, associada a uma improvável ocorrência resultará em um impacto de significância Moderada para ambas as fases. 7.18.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os impactos nos habitats ripários devido ao derramamento de combustível. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: • Implementar as boas práticas de procedimentos operacionais. • Desenvolver e implementar procedimentos de prevenção de derramamentos e medidas de limpeza de emergência de derramamentos (por exemplo, usar papel absorvente, fazer o tratamento do solo quando necessário). ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 187 7.18.3 • As tripulações devem ser treinadas para situações de emergência e limpeza de derramamentos de óleos. • Garantir que os canos e as mangueiras estão devidamente conectados, fechados e em boas condições durante o abastecimento de combustíveis. • Disponibilizar absorventes perto da área onde possam ocorrer derramamentos a bordo das embarcações. • Para grandes derramamentos de petróleos na água garantir que os diques flutuantes estejam disponíveis para contenção de derramamentos (no entanto, isso só será eficaz em áreas protegidas). • Certificar que as mangueiras de transferência são de comprimento e resistência suficientes para manobrar navios de acordo com as condições de escoamento do rio. • Incorporar válvulas de desligamento automático. • Garantir que a área de reabastecimento é bem iluminada durante as operações nocturnas. • Desenvolver um plano de gestão que pode incluir uma provisão para desistir de operações de reabastecimento durante condições meteorológicas severas. Impacto Residual Com a implementação das medidas de mitigação acima mencionadas, a significância esperada do potencial impacto será provavelmente Baixa dependendo de onde o derramamento ocorrer e a velocidade da implementação das medidas de remediação. Tabela 7.19 Impacto de Derramamentos Acidentais de Combustível nos Habitats Ripários Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta Local Média Média a alta Improvável Moderada Duração Curta ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Local Média Baixa a média Improvável Baixa Fase Operacional Curta RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 188 Sem mitigação Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Local Média Baixa a média Improvável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do projecto, o potencial para derramamentos acidentais nos habitats ripários será eliminado. Local Média Média a alta Improvável Moderada 7.19 AUMENTO NA TAXA DE EROSÃO DOS HABITATS RIPÁRIOS DEVIDO AO EFEITO DE ONDULAÇÃO CAUSADO PELAS BARCAÇAS E REBOCADORES 7.19.1 Avaliação do Impacto Os terraços aluviais são particularmente susceptíveis à erosão devido à acção das ondas. Os padrões de erosão actuais têm sido atribuídos à diminuição da carga de sedimentos no Rio Zambeze, devido às barragens de Kariba e Cahora Bassa. Ao longo de muitos trechos do Rio Zambeze, os terraços aluviais já estão sujeitos à erosão, conforme salientado em Marromeu, onde a estrada de ferro que funcionou originalmente ao longo da margem do rio, encontram-se já em colapso no rio. O efeito das ondas dos comboios fluviais e tráfego de embarcações a montante e a jusante do rio pode resultar em um aumento na taxa de erosão dos terraços aluviais, terraços dos mangais e bancos de areia e margens arenosas. Uma área de interesse potencial é em torno da foz do Chinde, onde as margens com áreas de mangal e pântanos salgados são compostas de material muito fino (Southern Waters Ecological Research and Consulting, 2010). Os sedimentos aqui podem ser mais susceptíveis à erosão, já que as argilas finas e os siltes são dispersivos e podem dissolver-se mais facilmente do que aqueles sedimentos nos trechos a montante do rio, especialmente onde a vegetação marginal foi removida. As espécies de aves que normalmente alimentam-se nos lodaçais adjacentes ao mangal incluem a cegonha de bico aberto, gaivina pequena, a garça branca pequena e o corvo-marinho de faces brancas. O mangal é considerado um habitat importante para várias espécies de aves, incluindo o pica-peixe de mangal. O colapso das margens do rio devido ao efeito das ondas pode afectar várias espécies de aves. Por exemplo, o pica-peixe malhado perderá dois elementos fundamentais para a sobrevivência, ou seja, ramos para empoleirar-se (porque a mata vai desaparecer com o colapso das margens) e perda de paredes estáveis para a nidificação. O colapso e destruição de ninhos podem coincidir com o período de postura ou incubação resultando na morte de pares de nidificação ou de pintos ou na destruição dos ovos. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 189 Isso pode afectar a população desta ave e outras com hábitos semelhante em termos de alimentação, como o pica-peixe gigante, o pica-peixe de mangal e o pica-peixe de poupa. Várias outras espécies de aves nidificam nos terraços aluviais que ladeiam as margens do Rio Zambeze, incluindo três espécies de abelharucos, duas espécies de andorinhas e as andorinhas das barreiras. A magnitude do efeito das ondas depende da velocidade do comboio fluvial e da profundidade do canal de navegação. O impacto depende destes factores, bem como da proximidade da margem ao canal navegação. Quanto mais distante estiver a margem, menor será o impacto. Segundo o estudo do efeito das ondas (Robert Allan, 2010) para os comboios de barcaças carregadas que deslocam-se a jusante a uma velocidade de 5,0 nós através da água, as ondas de superfície geradas na proa e na popa do comboio são insignificantes (mudanças na elevação de 0,1m a 0,3m) e dissipam-se rapidamente a uma curta distância do comboio. O impacto das ondas é mais pronunciado para barcaças de carga leve deslocando-se a montante. Aos 9 nós através da água a montante, o comboio irá gerar mudanças de elevação de 0,2m a 0,5m. Estas transformam-se em um sistema de ondas quando a esteira propaga-se do canal de navegação para as águas mais rasas. O estudo mostra que quando a velocidade é reduzida para 7 nós através da água, enquanto as mudanças de elevação permanecem (perto do comboio), estas dissipam-se muito rapidamente e o sistema de ondas de superfície nas águas mais rasas desaparece. Sem mitigação, a intensidade seria de baixa a média, dependendo da velocidade dos comboios de barcaças. Isso resultará em um impacto de magnitude média. Juntamente com uma provável ocorrência, o impacto teria uma significância Moderada. Esse impacto não será sentido durante as fases de construção, desmantelamento e encerramento. 7.19.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a erosão potencial de habitats ripários devido ao efeito das esteiras e ondas produzidas durante as operações de transporte em barcaças. Medida(s) de Mitigação • Implementar e impor limites de velocidade. As barcaças carregadas em movimento a jusante não devem exceder os 5 nós através da água. As barcaças carregadas em movimento a montante não devem exceder os 7 nós através da água e não devem exceder os 5 nós na proximidade dos mangais do Chinde. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 190 7.19.3 Impacto Residual A significância do impacto residual provavelmente manter-se-á Baixa para ambas as fases. Tabela 7.20 Aumento na Taxa de Erosão nos Habitats Ripários devido ao Efeito das Ondas causado pelas Barcaças e Rebocadores Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Longa Longa Local Local Baixa a média Baixa Média Baixa Provável Provável Moderado Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, a operação com as barcaças terminará e não haverá mais os efeitos de esteira causados pelas barcaças e barcos empurradores. 7.20 MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO DOS HIPOPÓTAMOS E AUMENTO DE CONFLITOS HOMEM-ANIMAL 7.20.1 Avaliação do Impacto Os hipopótamos permanecem no rio durante o dia e saem à noite para pastar nas margens do rio. O seu comportamento alimentar é nocturno e são capazes de se esconderem em canais estreitos e caniçais impenetráveis durante o dia onde estão relativamente seguros contra a predação humana e podem refrescar do calor do dia. Eles podem permanecer debaixo da água por períodos mais longos que cinco minutos e vem à superfície apenas para respirar com as suas narinas aparecendo acima da água. O tamanho de um grupo de hipopótamos é extremamente variável. Durante a pesquisa foram observados grupos de 4 a 15 animais no rio. Apesar de os hipopótamos serem predominantemente herbívoros de gramíneas e ciperáceas selvagens, dada a oportunidade eles irão consumir milho, cana, abóbora, feijão, melão e outros vegetais. Os danos que causam às culturas plantadas perto das margens dos rios podem ser devastadores e ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 191 esta é uma fonte de origem do conflito homem-animal ao longo do Rio Zambeze. A dragagem afectará os habitats submersos dentro do canal activo, onde os hipopótamos permanecem submersos durante o dia, o que pode forçá-los a aproximarem-se das margens dos rios. A posição do trajecto de dragagem e as áreas onde se propõe depositar os sedimentos dragados vão provocar alterações no comportamento dos hipopótamos. Segundo o Estudo do FA (Southern Waters, 2010), a deposição de sedimentos dragados nos lados abrigados das ilhas e dos bancos de areia no meio do canal resultará em uma mudança de menor percentagem da alteração total da disponibilidade de diferentes classes de profundidade na extensão do estudo. Apesar da dragagem ampliar e aprofundar o canal principal (talvegue), esta área não estará disponível para os hipopótamos enquanto as barcaças estiverem a usar o canal de navegação (três a sete comboios, numa estimativa conservadora, a passarem por um ponto a cada 24 horas). No entanto, áreas significativas de habitats de todas as classes de profundidade ainda estão disponíveis no canal activo e os hipopótamos, sendo altamente móveis, devem ser capazes de mover para outros habitats submersos - isto foi observado durante o trabalho de campo quando os hipopótamos saíram do caminho do barco bem antes da passagem do barco. Isto significa que a probabilidade de aumentar as interacções homens/hipopótamos é improvável. Mesmo assim, a magnitude deverá ser média, e a significância esperada para o impacto será Baixa para ambas as fases de construção e operação. Este impacto não ocorrerá durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.20.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os impactos sobre os habitats submersos dos hipopótamos e, portanto, para minimizar as alterações no comportamento de hipopótamos. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: • Depósito de material dragado no lado abrigado de ilhas e bancos de areia sempre que possível, pois reduzirá alterações nas várias classes de profundidade no rio; • A imposição de restrições de velocidade dos comboios de barcaças (para reduzir o efeito das ondas e a erosão ribeirinha) irá reduzir as perturbações aos hipopótamos. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 192 • 7.20.3 Implementar e impor limites de velocidade. As barcaças com carga e em movimento a jusante não devem exceder os 5 nós através da água. As barcaças sem carga e em movimento a montante não devem exceder os 7 nós. Impacto Residual A magnitude do impacto pode reduzir ligeiramente com a implementação das medidas de mitigação. Assim, a significância do impacto esperada é provavelmente Baixa a Negligenciável para as fases de construção e operação. Tabela 7.21 Mudanças no Comportamento dos Hipopótamos e Aumento nos Conflitos Homem - Animal Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Temporária Temporária Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Improvável Improvável Baixa Negligenciável a Baixa Fase Operacional Temporária Temporária Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Improvável Improvável Baixa Negligenciável a Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, não haverá a necessidade de dragagens, o que eliminará o potencial para conflitos homem-animal. 7.21 IMPACTO DO TRÁFEGO HUMANO E DE VEÍCULOS NO HABITAT DE PÂNTANOS SALGADOS 7.21.1 Avaliação do Impacto Os pântanos de água salgada são desenvolvidos nas margens de córregos drenando as áreas de mangal e nas áreas inundadas pelas marés que ladeiam os pântanos salgados. O Estudo do FA indica que a área total de pântano salgado que poderia ser afectada por mudanças nos níveis de água é de aproximadamente 2%. Uma vez que não haverão nenhumas perturbações graves dos horizontes do solo, espera-se que durante a fase de ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 193 construção ou fase de operação, quaisquer áreas pequenas perturbadas devido à construção das infra-estruturas de acostagem e instalações terrestres de apoio, recuperar-se-ia moderadamente rápido, se os pântanos salgados não fossem perturbados ou substituídos a partir de plantas saudáveis adjacentes se perturbados. Sendo o impacto de intensidade média, de extensão local e de curta duração, a magnitude esperada será baixa. O distúrbio teria uma ocorrência provável e resultaria num impacto com significância Baixa durante as fases de construção e operação do Projecto. Nenhum impacto é esperado durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.21.2 Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a perturbação dos habitats de pântanos salgados. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.21.3 • Certificar que cuidado e atenção é dada para reduzir os danos e ajudar na recuperação de áreas degradadas através da sementeira de substituição; • Demarcar áreas de pântanos salgados como áreas de acesso proibido. Impacto Residual Dado o tempo de recuperação rápida, o impacto residual terá uma significância Negligenciável. Tabela 7.22 Impacto do Tráfego Humano e de Veículos nos Pântanos Salgados Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta Específico ao local Média Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta Específico ao local Média Baixa Provável Baixa Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Específico ao local Baixa Baixa Improvável Negligenciável Fase Operacional Curta Específico ao local Baixa Baixa Improvável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 194 Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a No final do Projecto, a recuperação das plantas e áreas perturbadas deverá ser moderadamente rápida, se ervas turfas dos pântanos salgados não forem perturbadas ou substituídos a partir de plantas adjacentes saudáveis, se perturbados. 7.22 IMPACTO DO RUÍDO NO RIO E NA FAUNA ESTUARINA 7.22.1 Avaliação de Impacto O método de cravação que será empregue para construir as instalações de atracagem ainda não foi especificado na presente fase de concepção do projecto, mas poderá ser cravação de estacas por percussão ou por vibração/oscilação. Os dois métodos de cravação de estacas (por percussão ou por vibração/ oscilação) vão produzir ruído subaquático. Nos pontos de carregamento de Benga e no estuário do Rio Chinde, os principais organismos em situação de risco devido ao ruído da cravação de estacas (onda de pressão) serão os peixes pois os invertebrados não têm bexigas de ar nem parecem usar o som na comunicação e por isso são considerados insensíveis ao som subaquático a estes níveis. A mortalidade de peixes parece exigir níveis muito altos de intensidade sonora. Hastings (1990, In Turnpenny e Nedwell, 1994) notou que os limites letais para os peixes começam aos 229 dB re 1 µPascal rms1 e atordoamentos temporários foram observados entre os 192 e 198 dB recebidos, mas que os peixes em cativeiro geralmente recuperavam após 30 minutos. Turnpenny e Nedwell (1994) observaram que esse atordoamento temporário pode ser fatal na vida selvagem devido a um aumento na predação, mas isso, naturalmente, exige que o predador não seja igualmente afectado. Por outro lado, Santulli et al. (1999) não observaram nenhuma mortalidade ou manifestação de lesão patológica em robalos em cativeiro do mar Europeu, quando expostos a níveis de intensidade sonora de recepção acima dos 200 dB re 1 µPascal rms. A perda de transmissão de som em águas pouco profundas é altamente variável. Usando as curvas padrão de atenuação do som (Figura 7.2). Isso indica que os peixes dentro dos 600m podem sofrer perda auditiva permanente devido à cravação por percussão. Para a cravação por vibração/oscilação, esta perda reduz para os 300m. Isso significa que o impacto terá uma extensão local e curta duração (fase de construção apenas). A intensidade será média, mas a magnitude total provavelmente Dados de intensidade de som de banda larga (dB re 1 µTPa @ 1 m) são geralmente apresentados como pico a pico (PP), de zero a pico (0-p), raiz quadrada (rms) e/ou nível de exposição sonora (NES). O raio de segurança está especificado em unidades rms (EUA NMFS 2000). As seguintes conversões aproximadas aplicam-se para o mesmo som medido no mesmo local: 160 dB re 1 µPa @ 1 mrms = 170-1720-p, 176-178p-p and 145-150 dB re 1 Pa2.sSEL (de LGL 2010). 1 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 195 será baixa. Espera-se então um impacto de significância Baixa. Este impacto é restrito à fase de construção. Figura 7.2 Atenuação de som com distância estimada de Madsen et al. (2006). A linha vermelha representa a atenuação da cravação por percussão e a linha azul apresenta a atenuação partir da cravação de estacas pelos métodos de vibração/ oscilação. 7.22.2 Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a perturbação causada pelo ruído durante a fase de construção. Medida(s) de Mitigação A mitigação recomendada é a utilização dos métodos de cravação de vibração/oscilação, em oposição à cravação por percussão. Neste cenário, o impacto seria espacialmente mais restrito e, portanto, de magnitude muito baixa e de curta duração. Caso as condições geotécnicas ditarem o uso de técnicas de percussão, algumas medidas devem ser adoptadas, como por exemplo, a operação realizada apenas entre as 8 e as 17 horas e com períodos de pausa. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 196 7.22.3 Impacto Residual O impacto será de curta duração e por isso a significância do impacto residual será Negligenciável. Tabela 7.23 Impacto do Ruído no Rio e Fauna Estuarina Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta Local Média Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Local Baixa Baixa Improvável Negligenciável Fase Operacional n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a 7.23 IMPACTO DA DRAGAGEM NO BANCO DE AREIA DA ZONA MARÍTIMA NOS ORGANISMOS BÊNTICOS DO FUNDO DO MAR 7.23.1 Avaliação do Impacto O banco de areia no mar deve ser dragado para profundidades de navegação seguras, provavelmente por uma draga com braço hidráulico lateral ou por uma draga de sucção auto-transportadora. A dragagem vai envolver a remoção de cerca de 350.000m3 de sedimentos do banco, e sua deposição próximo da costa, provavelmente a nordeste do Rio Chinde. Estima-se que a dragagem inicial levará dois meses para ser concluída. Neste processo, todos os organismos bentónicos em sedimentos da área dragada serão removidos. Os organismos bentónicos na área de deposição dos sedimentos dragados serão inundados pelos sedimentos despejados. Espera-se que a dragagem de manutenção seja a uma taxa de pelo menos 90.000m3 por ano e poderá ser consideravelmente maior. Espera-se também que a dragagem de manutenção terá de ser realizada em intervalos irregulares ao longo do ano. Os bentos na área de dragagem não terão tempo suficiente de recuperação para uma comunidade clímax, devido aos distúrbios frequentes, e aos alagamentos. No local de deposição do material dragado, os efeitos serão semelhantes nos organismos bentónicos. No ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 197 entanto, os níveis de mortalidade absoluta são desconhecidos. Estes podem ser consideráveis na dragagem, mas mínimos na deposição do material dragado (e.g. Maurer et al., 1980, 1981, 1982). Devido à área relativamente pequena de distúrbio, espera-se que a magnitude deste impacto seja negligenciável. Embora a probabilidade de impacto de ocorrência seja definida e associada a uma magnitude negligenciável, a significância total esperada será Negligenciável para ambas as fases de construção e de operação. 7.23.2 Medidas de Mitigação Nenhuma possível. 7.23.3 Impacto Residual A significância deste impacto manter-se-á Negligenciável. Tabela 7.24 Impacto da Dragagem do Banco de Areia da Zona Marítima nos Organismos Bênticos do Fundo do Mar Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Longa Regional Regional Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Definida Definida Negligenciável Negligenciável Fase Operacional Longa Longa Regional Regional Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Definida Definida Negligenciável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a No final da vida útil do Projecto, não haverá dragagem no banco de areia e os habitats bênticos provavelmente voltarão às condições actuais ao longo do tempo. 7.24 IMPACTO DA DRAGAGEM NO BANCO DE AREIA DA ZONA MARÍTIMA NA QUALIDADE DA ÁGUA SALGADA 7.24.1 Avaliação do Impacto Durante as fases de construção e de operação do Projecto, a dragagem deverá resultar no aumento dos níveis de turbidez da água do mar, devido ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 198 à suspensão de sedimentos na cabeça da draga no fundo do mar e na superfície do mar através da descarga de águas residuais (Lean Water Overboard). Além disso, quaisquer contaminantes antropogénicos nos sedimentos-alvo da dragagem podem ser remobilizados. Tanto a turbidez e a ressuspensão de contaminantes podem comprometer a qualidade da água do mar. Os dados disponíveis das propriedades dos sedimentos para o banco de areia na zona marítima indicam que estes são compostos de areia média, com um teor baixo de lama (PRDW 2010). Portanto, a geração de turbidez acima do que pode ser registado em fluxos de inundação normais (por exemplo, Figura 4.4) é improvável. O potencial de sedimentos grossos para reter contaminantes é baixo, e dado o carácter essencialmente rural da bacia hidrográfica do Rio Zambeze, não existem fontes imediatamente óbvias de tais contaminantes. Portanto, a magnitude global deste impacto é Negligenciável. Juntamente com uma probabilidade definida, o impacto terá uma significância esperada Negligenciável durante as fases de construção e de operação. 7.24.2 Medidas de Mitigação Nenhuma necessária. 7.24.3 Impacto Residual A significância deste impacto manter-se-á Negligenciável. Tabela 7.25 Impacto da Dragagem do Banco de Areia da Zona Marítima na Qualidade da Água Salgada Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta Local Negligenciável Negligenciável Definida Negligenciável Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta Local Baixa Negligenciável Definida Negligenciável Duração Escala Intensidade Magnitude n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Local Negligenciável Negligenciável Definida Negligenciável Fase Operacional Curta Local Baixa Negligenciável Definida Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 199 Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a Depois do tempo útil do Projecto, não haverá dragagem no banco de areia. 7.25 IMPACTO DA ANCORAGEM DE PLATAFORMAS DE TRANSBORDO E NAVIOS TRANSOCEÂNICOS NO LEITO MARÍTIMO DO BANCO DE SOFALA 7.25.1 Avaliação do Impacto Durante a fase operacional do Projecto, a plataforma de transbordo na zona marítima será mantido em posição por ancoragem. As âncoras e as correntes das âncoras representarão um substrato artificial rígido em uma área que é normalmente um habitat com sedimentos de areia lodosa ou lama arenosa. Este substrato artificial irá eliminar a comunidade de bentos do sub-sedimento em que é colocado. Além disso, o movimento das correntes com o movimento da embarcação na superfície irão perturbar cronicamente a superfície do leito do mar. Ambos o substrato artificial e os movimentos de raspagem afectarão a comunidade bentónica na área de ancoragem. Este impacto não irá ocorrer durante a fase de construção e de desmantelamento e encerramento. Ao longo da vida útil do projecto, este impacto terá um efeito específico ao local, uma intensidade baixa, resultando em uma baixa magnitude. Isso significa que a significância esperada para este impacto é Baixa. Uma zona de exclusão de 500m para além de todas as embarcações ancoradas será aplicável. 7.25.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a área perturbada pelo sistema de ancoragem. Medida(s) de Mitigação Assegurar que a plataforma de transbordo e os navios transoceânicos são sempre ancorados dentro da mesma área definida para as duas classes de navios transoceânicos (classe Panamax e Cape). 7.25.3 Impacto Residual Espera-se que a medida de mitigação reduza a significância do impacto para Negligenciável. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 200 Tabela 7.26 Impacto da Ancoragem das Plataformas de Transbordo e Navios Transoceânicos no leito do mar do Banco de Sofala Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa No local Baixa Baixa Definida Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Longa No local Negligenciável Baixa Provável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a 7.26 IMPACTO DA POEIRA DE CARVÃO NA VEGETAÇÃO E QUALIDADE DE ÁGUA NO ESTUÁRIO 7.26.1 Avaliação de Impacto Considera-se provável que poeiras de carvão sejam geradas pelo manuseamento de carvão nas instalações no Chinde durante as transferências entre o rio e as barcaças oceânicas. Isso só vai ocorrer durante a fase operacional. A localização das áreas de deposição de poeiras de carvão é incerta uma vez que o comportamento da poeira não foi modelado. Espera-se que os montantes que podem ser gerados sejam pequenos e que o ponto de geração será de 2 a 3 metros acima da superfície da água e as áreas afectadas devem ser relativamente menores. As poeiras de carvão podem afectar a qualidade da água do estuário através da alteração do pH (ligada ao teor de enxofre no carvão) e do aumento da turbidez. Além disso, as poeiras de carvão podem modificar as propriedades dos sedimentos na zona de areia interdital que, provavelmente, suportam as microalgas bentónicas que afectam a produtividade. As poeiras de carvão podem revestir as folhas das árvores de mangal, reduzindo os níveis de luz que chega aos cloroplastos e, consequentemente, afectando a fotossíntese e, por conseguinte, o crescimento das árvores (Naidoo e Chirkoot, 2004). Não há nenhuma ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 201 evidência de que as poeiras de carvão são tóxicas para os mangais ou que efeitos agudos podem ser gerados pela exposição às poeiras de carvão (Ahrens e Morrisey, 2005). Há diferenças específicas para as espécies em relação aos efeitos na fotossíntese, como por exemplo, nas folhas lisas típicas de Rhizophora e Bruguiera que geralmente não retêm poeira de carvão ao contrário das folhas peludas da Avicennia que o fazem. Por isso, Naidoo e Chirkoot (2004) observaram atrofiamento mais grave na última espécie perto de pilhas de armazenamento de carvão em Richards Bay, África do Sul, em comparação com as outras duas espécies. Não há evidências de efeitos directos das poeiras de carvão em plantas de pântanos salgados, embora um efeito semelhante ao dos mangais possa ocorrer se o estabelecimento de poeiras de carvão gerar uma camada contínua sobre as folhas das plantas de pântanos salgados (Ahrens e Morrisey 2005). Os pescadores artesanais secam parte das suas capturas em áreas expostas de areia, próximo da cidade do Chinde e as poeiras de carvão podem comprometer a qualidade do pescado ou a percepção da qualidade do pescado. O estuário do Rio Chinde é geralmente turvo e, portanto, é pouco provável que o aumento da turbidez devido à deposição de poeiras de carvão cause efeitos ecológicos. A redução do nível de pH da água é aparentemente improvável, devido à baixa concentração de enxofre (cerca de 1% em peso, dados da RML) de acordo com os dados listados em Ahrens e Morrisey (2005). Esta conclusão é reforçada pela elevada capacidade tampão da água do mar (por exemplo, Parsons et al., 1977). Portanto, não são esperados efeitos nas quantidades de poeiras de carvão que podem atingir a superfície da água. As poeiras de carvão podem depositar-se nas zonas de areias planas interditais expostas durante os períodos de maré baixa. As poeiras de carvão serão leves (densidade <1 g/cm3, http://www.powderandbulk.com,, acedido a 13 de Dezembro de 2010) e, portanto, facilmente ressuspensas pelo fluxo turbulento das marés e transportadas para fora zona arenosa plana. Assim, a exposição, se houver, de microalgas bentónicas está previsto que seja de um prazo muito curto (<2-3 horas) e com implicações negligenciáveis para a fotossíntese e produção de microalgas bentónicas. Os níveis crónicos de deposição de poeiras de carvão no mangal podem muito bem gerar efeitos negativos através da alteração das distribuições das espécies através da redução da Avicennia marina e pelas implicações associadas para a utilização de mangais por juvenis do camarão branco Penaeus indicus, em especial (Ronnback et al., 2002). Isso pode afectar o recrutamento para a pesca semi-industrial e industrial. O grau de ocorrência está relacionado com a área de mangal que encontra-se ameaçada. Dado que qualquer potencial impacto sobre o mangal ocorrerá dentro de uma área de mangal de aproximadamente 11.000 ha, a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 202 magnitude do impacto provavelmente será baixa. Isso resultará em um impacto de significância Baixa. 7.26.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar a geração de poeiras de carvão. Medida(s) de Mitigação • 7.26.3 Reduzir o potencial de ampla dispersão de poeiras de carvão, minimizando a elevação a partir da qual o carvão é descarregado em porão durante as transferências. Impacto Residual A medida mitigadora fará provavelmente com que a significância do impacto mantenha-se Baixa. Tabela 7.27 Impacto das Poeiras de Carvão na Vegetação e na Qualidade da Água no Estuário Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Específica ao local Média Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Longa Específica ao local Baixa Baixa Provável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 203 7.27 IMPACTO DO DERRAMAMENTO OPERACIONAL DE CARVÃO NO AMBIENTE ESTUARINO 7.27.1 Avaliação do Impacto Durante a fase operacional, é possível que algum carvão possa ser derramado no mar durante as transferências entre as barcaças fluviais e oceânicas nas instalações no Chinde. Este material irá modificar principalmente a textura de areia lodosa/lama arenosa do fundo do estuário e provavelmente irá acumular-se, temporária ou permanentemente, em áreas de deposição de baixa corrente. Estas zonas de deposição serão transformadas de fundos de substrato sedimentar para fundos de substrato duro com alterações correspondentes nos organismos bentónicos, isto é, desenvolvimento de comunidades de organismos filtradores (ostras e cracas) em pequenos fragmentos de carvão (Ahrens e Morrisey 2005), e possivelmente interacções tróficas. A PRDW (2010) estimou a velocidade de fluxo crítico para manter as partículas de carvão em suspensão e levadas para fora do estuário. O estudo mostrou que para os pedaços maiores de carvão (50mm de diâmetro) seriam necessárias inundações com velocidade de corrente superior a 3m/s para suspender e transportar esse carvão para fora do estuário. Em contraste, tamanhos mais finos de carvão seriam transportados para fora do sistema por correntes de maré normais, até mesmo nas marés mortas. A PRDW (2010) nota que as estimativas de suspensão e transporte podem ser conservadoras, uma vez que baseiam-se na curva Hjulström para sedimentos fluviais (densidade de cerca de 2,6g/cm3), enquanto a densidade do carvão é normalmente 1,5g/cm3 (http://wiki.answers.com, acedida em 13 de Dezembro de 2010). Contudo, a natureza dos sedimentos na qual o carvão deposita-se, por exemplo, lama arenosa, pode aumentar a velocidade necessária para a ressuspensão. Uma vez que o sucesso do transbordo de carvão é o principal objectivo de todo o projecto, consideramos que é provável que as perdas operacionais de carvão serão mantidas a um mínimo absoluto. No entanto, dada a duração do projecto, montantes consideráveis de carvão podem acabar na massa de água do estuário. Dados os processos hidrodinâmicos do mar e estuários, espera-se que a intensidade do impacto seja baixa. Isto, juntamente com a natureza específica ao local e temporária, o impacto será de uma baixa magnitude. A significância esperada é Baixa. 7.27.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar o derramamento de carvão. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 204 Medida(s) de Mitigação 7.27.3 • Boas práticas de limpeza e implementação de procedimentos para minimizar derramamentos de carvão; • Uma zona de sacrifício em torno das áreas de transferência de carvão deve ser claramente demarcada, e o derramamento de carvão dentro desta zona pode ser tolerado; • Desenvolver um Plano de Gestão de Transferência de Carvão, que inclui o acompanhamento das transferências de carvão e comunicação de eventuais derramamentos de carvão, testes regulares do fundo do rio, tanto dentro da zona de sacrifício como também nas áreas de interesse nas proximidades. Se o carvão for encontrado fora da zona de sacrifício, serão incorporadas modificações nos procedimentos para evitar futuros derramamentos; • Limpar o carvão, onde um derramamento é considerável, fora da área designada de sacrifício e em correntes de baixa velocidade. Impacto Residual Espera-se que a medida mitigadora mantenha um impacto residual com significância Baixa. Tabela 7.28 Impacto do Derramamento Operacional de Carvão no Ambiente Estuarino Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Temporária Específica ao local Média Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Temporária Específica ao local Baixa Baixa Provável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 205 7.28 IMPACTO DAS POEIRAS DE CARVÃO E DO DERRAMAMENTO OPERACIONAL DE CARVÃO NO AMBIENTE MARINHO 7.28.1 Avaliação do Impacto Durante a fase operacional, é possível que o carvão possa ser perdido no mar a partir das barcaças durante a transferência para a plataforma de transbordo na zona marítima. Este material irá modificar principalmente a textura de lama arenosa/areia lodosa do fundo do mar neste local, e em outros locais, se transportadas por correntes do leito, que como pode ser gerado em condições de tempestade. As consequências serão alterações nos organismos bentónicos, por exemplo, desenvolvimento da comunidade de organismos sésseis filtradores (mexilhões) e micro-predadores (anémonas) em pequenos fragmentos de carvão (Ahrens e Morrisey 2005), e, possivelmente, interacções tróficas. As poeiras de carvão geradas durante a transferência podem acumular-se na superfície do mar, aumentar a turbidez da água do mar e modificar o equilíbrio do pH. A posição da plataforma de transbordo na zona marítima será em direcção à borda externa de influência da água turva do escoamento do Rio Zambeze (Siddorn et al., 2001) de modo que águas limpas da plataforma continental possam estar frequentemente presentes. A turbidez elevada pode limitar a penetração de luz e, assim, reduzir o crescimento do fitoplâncton. O pH pode ser reduzido pelo teor de enxofre no carvão. O minério de carvão alvo tem baixo teor de enxofre, mas no entanto, a capacidade tampão da água do mar vai acomodar facilmente qualquer acidez adicionada pelo carvão. Ambos os efeitos das poeiras de carvão são fortemente dependentes da quantidade de poeira gerada e, atendendo aos métodos de transferência de carvão específicos com a utilização de ganchos e correias transportadoras e canos inclinados, os efeitos devem ser mínimos. Como o sucesso de transbordo de carvão é o principal objectivo de todo o projecto, consideramos que é provável que as perdas operacionais de carvão serão reduzidas ao mínimo absoluto. No entanto, dada a duração do projecto, apreciáveis quantidades de carvão podem acabar perdidas no mar. Apesar de esperar-se um impacto de longo prazo a permanente, a baixa intensidade e extensão local irão resultar em uma magnitude negligenciável. Relativo à área marítima, a significância do impacto é considerada Negligenciável. Este impacto só será sentido durante a fase operacional. 7.28.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar a geração de poeiras de carvão e derramamento de carvão. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 206 Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.28.3 • Reduzir o potencial de ampla dispersão de poeiras de carvão, através da minimização da elevação a partir do qual o carvão é descarregado no porão durante as transferências. • Utilizar um sistema de transferência eficiente usando pessoal treinado para minimizar os derramamentos de carvão. • Instalar placas de captura ou similar para capturar derramamentos. Impacto Residual Espera-se que a medida mitigadora mantenha um impacto residual com significância Negligenciável. Tabela 7.29 Impacto das Poeiras de Carvão e do Derramamento Operacional de Carvão no Ambiente Marinho Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Temporária Específica ao local Baixa Negligenciável Provável Negligenciável Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Temporária Específica ao local Negligenciável Negligenciável Provável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 207 7.29 IMPACTO DE DESCARGAS OPERACIONAIS DE NAVIOS OCEÂNICOS NO AMBIENTE MARINHO E ESTUARINO 7.29.1 Avaliação do Impacto Durante a fase operacional, a plana de transbordo na zona marítima, as embarcações de serviço, os navios de carga e descarga de carvão e aqueles que operam e que fazem manutenção na área da foz do Rio Chinde, inevitavelmente produzirão diversos tipos de resíduos. Quaisquer descargas sólidas ou líquidas a três milhas marítimas da costa ou da entrada para a foz do Rio Chinde (ou seja, a partir da zona marítima da linha de base) devem ser transportadas para as instalações portuárias de recepção. Os efeitos das descargas de sólidos, líquidos e gases para o meio marinho bem como os requisitos relevantes da Convenção de MARPOL são os seguintes: Esgotos: os esgotos não tratados são uma fonte de nutrientes para os microrganismos marinhos. Estes esgotos levam a um aumento nos níveis de bactérias na água e uma maior procura de oxigénio. As bactérias metabolizam os esgotos, resultando em sua rápida degradação. Os esgotos tratados não devem aumentar a carga bacteriana do mar, mas aumentariam a procura biológica de oxigénio. Os volumes de esgotos que serão gerados nas embarcações industriais serão baixos. O Anexo IV da Convenção de MARPOL (Prevenção da poluição por esgotos dos navios), exige que os esgotos descarregados a partir de navios sejam tratados ou triturados (pulverizados) e desinfectados, antes da descarga, e isto deve ser feito a uma distância de mais de 3 milhas náuticas da zona marítima de base. Convés de drenagem: As lavagens para fora do convés dos navios podem conter pequenas quantidades de óleos, solventes e produtos de limpeza, que são potencialmente tóxicos para os organismos marinhos. Os volumes perdidos no mar seriam pequenos. Não há critérios da Convenção de MARPOL para a drenagem do convés. Água residual do porão e drenagem da casa das máquinas (incluindo resíduos oleosos de geradores, tanques de combustível e de bombas) contêm vestígios de óleo. As baixas concentrações de hidrocarbonetos de petróleo na água são facilmente absorvidas ou ingeridas por maior parte dos organismos marinhos, com concentrações significativas sendo absorvidas em poucas horas. O Anexo I da Convenção de MARPOL (Prevenção da poluição por óleos) estipula que o teor de óleo nas descargas provenientes da drenagem da casa das máquinas dos navios não deve exceder os 15ppm, sem diluição. Nenhuma embarcação pode descarregar resíduos oleosos acima destas concentrações no mar e as águas oleosas devem ser processadas em um sistema de separação e tratamento adequado antes da descarga. Os resíduos oleosos de não-cumprimento devem ser devidamente eliminados na costa. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 208 Emissões para a atmosfera: o diesel é usado a bordo dos navios como combustível para geradores e motores; gases de escape incluem SO2, CO, CO2, NOx e partículados. As substâncias destruidoras do ozono podem ser libertadas acidentalmente, durante as operações de manutenção ou em situações de emergência. Estas emissões são classificadas como poluentes e contribuem também para o impacto cumulativo que os "gases de estufa" têm sobre o aquecimento global. O Anexo VI da MARPOL (Prevenção da poluição atmosférica por navios) estabelece limites para emissões de SO2 e de NOx e proíbe a emissão de substâncias que destroem o ozono. Resíduos das cozinhas dos navios e lixo: Os resíduos alimentares das cozinhas são biodegradáveis e aumentam a carga orgânica e de bactérias no mar. Os volumes de resíduos gerados na cozinha do mar serão baixos. Outros resíduos, como embalagens, plásticos, metal e vidro podem ser perigosos, principalmente para a fauna marinha se descarregados no mar, ou podem constituir um poluente visual na praia ou nos canais dos rios. Os plásticos, em particular, podem persistir por décadas e podem mutilar e matar mamíferos marinhos, tartarugas e aves que ficam presas ou ingeremnos. Os impactos das quantidades de lixo tóxico ou persistente que podem ser descartados pelos navios poderiam ser altamente significativos. O Anexo V da Convenção MARPOL (Prevenção da poluição por lixo dos navios) exige que os resíduos de alimentos biodegradáveis e lixo em geral devem ser macerados para menos de 25 milímetros em tamanho e eliminados no mar a uma distância superior a três milhas náuticas da zona marítima de base. Outros resíduos como plásticos, metais e outros materiais não combustíveis devem ser segregados e transferidos para a costa para reciclagem ou eliminação em instalações terrestres adequadas. O Anexo V da MARPOL e a Convenção de Londres proíbe a eliminação de todos os plásticos em qualquer lugar no mar. Se as exigências da MARPOL forem atendidas não haverá nenhum efeito significativo das descargas operacionais. Os impactos cessarão quando as operações terminarem (note que, se alguns sintéticos/plásticos forem descartados para a vida marinha terão um impacto por séculos). Supõe-se que a RML irá insistir que todas as embarcações em suas instalações sejam cumpridoras das exigências da MARPOL. Isto resultará em um impacto de significância Baixa. O incumprimento das normas sobre emissões e descargas operacionais de rotina e eliminação de resíduos no mar vai resultar em impactos de maior significância. 7.29.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar poluição e contaminação dos navios oceânicos. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 209 Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.29.3 • Cumprir com as leis que regulam as descargas operacionais de rotina, emissões e eliminação de resíduos no mar; • Fazer a manutenção adequada dos motores de navios, motores e geradores para minimizar o conteúdo de fuligem nos gases de escape; • Minimizar a produção de resíduos e adoptar uma responsabilidade de gestão de resíduos desde o princípio até ao fim; • Cumprir com os Planos de Gestão de Resíduos aprovados. Impacto Residual A aplicação das medidas de mitigação reduziria os impactos, mas não a classificação da significância. Portanto, é provável que a significância mantenha-se Baixa. Tabela 7.30 Impacto das Descargas Operacionais de Navios Oceânicos no Ambiente Marinho e Estuarino Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta Local Baixa Baixa Definida Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Curta Local Negligenciável Baixa Definida Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 210 7.30 IMPACTO DE DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEL DURANTE TRANSFERÊNCIAS DE COMBUSTÍVEL 7.30.1 Avaliação de Impacto Uma instalação de reabastecimento de rebocadores estará a ser operada no Chinde durante a fase operacional. O diesel para operações marinhas será armazenado em barcaças e transferido para os rebocadores inicialmente e, possivelmente, para barcaças marítimas com propulsão própria no futuro. O derramamento de combustível durante as transferências pode gerar efeitos letais e subletais em plantas de mangal e de pântanos salgados, com implicações para as populações e processos biológicos dependentes destes habitats. O tempo de recuperação para as áreas afectadas pode ser de longo prazo. Isso resulta em uma intensidade e magnitude médias. A ocorrência improvável resulta em um impacto de significância Baixa. O potencial para o derramamento acidental de hidrocarbonetos poderá ocorrer durante as fases de construção, operação ou desmantelamento e encerramento. Espera-se uma significância Baixa para todas as fases. 7.30.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar os derramamentos de hidrocarbonetos. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: • Desenvolver e implementar procedimentos de prevenção de derramamentos e medidas de limpeza de emergência (por exemplo, usando material absorvente, tratamento do solo, quando necessário); • Usar mangueiras com revestimento duplo para a transferência de combustível; • Certificar que são usadas válvulas de desligamento automático para limitar as perdas de volume no oleoduto no caso de este se romper; • Usar um cais designado para o reabastecimento com sistemas de bombagem e sistemas de armazenamento que passam por uma manutenção completa; • Limitar a transferência de combustível para o período diurno pois o derramamento de combustível é difícil de detectar durante a noite. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 211 7.30.3 Impacto Residual Estas medidas deverão reduzir a probabilidade e a propagação de qualquer combustível derramado reduzindo a significância do impacto para Baixa. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 212 Tabela 7.31 Impacto de Derramamentos Acidentais de Combustível durante a Transferência de Combustível Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Média Média Improvável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Longa Local Baixa Baixa Improvável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a 7.31 IMPACTO DAS DESCARGAS DE ÁGUA DE LASTRO NO AMBIENTE MARINHO 7.31.1 Avaliação de Impacto Este é um impacto da fase operacional. Por definição, os navios transoceânicos que chegarão a uma plataforma de transbordo no mar, estarão quase sem carga e, para uma navegação segura, carregarão tanques de lastro (carregados com água). Esta água de lastro será descarregada durante o carregamento de carvão. As descargas de águas de lastro trazem o risco de liberação de organismos arrastados nos portos de origem para o ambiente portuário de recepção. Por exemplo, Carlton e Geller (1993) registaram mais de 350 táxons em amostras de água de lastro 'Japonesas' tiradas em Oregão, EUA. A maioria destes eram formas holo- e mero-planctónicas, mas todos os principais taxa marinhos estavam representados. Este caso mostra que é possível transportar assembleias completas de espécies de plâncton através dos oceanos. Além disso, Hutchings (1992) forneceu evidências de que, quando a água de lastro é retirada de áreas muito populosas com sistemas inadequados de tratamento de águas residuais, patógenos virais e contaminantes também podem ser transladados através da troca da água de lastro. A este respeito a Organização Marítima Internacional (OMI), cita casos de cólera (Vibrio cholerae) aparentemente atribuível a descargas de águas de lastro (http://www.imo.org/Conventions). Uma vez libertadas em ambientes adequados (geralmente portos), as espécies alienígenas ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 213 podem tornar-se invasoras, através do estabelecimento de populações e podem interromper os processos ecológicos. Carlton e Geller (1993) registaram 45 “invasões” atribuíveis a descargas de água de lastro em vários estados costeiros em todo o mundo. As espécies invasoras incluem dinoflagelados e copépodes planctónicos, Scyphozoa nectónicos, Ctenophora, Mysidacea e peixes, e bentos como os anelídeos Oligochaeta e Polichaeta, crustáceos Brachyura e moluscos bivalves. Tendo em conta os efeitos negativos registados pelas transferências de espécies alienígenas, a Organização Marítima Internacional (OMI) considera a sua introdução a novos ambientes através da água de lastro de navios, ou de outros vectores, como uma das quatro maiores ameaças actuais aos oceanos do mundo (Awad et al., 2004). A probabilidade de transferência de espécies alienígenas na água de lastro para as zonas costeiras e águas perto da costa de Moçambique depende da fonte da água de lastro (correspondência ambiental com o porto de destino) e se o tratamento da água de lastro tem sido aplicada (Carter, 2007). As áreas comerciais prováveis para o carvão carregado fora do Rio Zambeze são a Índia e a China. Ambos os países têm portos "tropicais" indicando que deve haver um alto grau de harmonização do ambiente com o centro de Moçambique em termos pelo menos de temperaturas da água do mar. Consequentemente, os organismos arrastados na água de lastro retirada nestas áreas provavelmente irão sobreviver ao largo de Moçambique. Pesquisas sobre água de lastro de risco em portos representativos na Índia e na China (Clarke et al., 2004a & b, Anil et al., 2004) mostram que ambas possuem organismos que são conhecidos ou suspeitos de serem potencialmente invasivos e prejudiciais. Consequentemente, espera-se que as águas de lastro destes portos possam conter organismos nocivos que podem ser capazes de estabelecer-se em Moçambique. A escala de risco da introdução de espécies invasoras através de descargas de água de lastro também está relacionada ao grau de tratamento da água de lastro. A OMI (2004) considera que trocas de águas de lastro do oceano aberto (profundidades maiores que 200m), suficientes para conseguir a reposição de 95%, irão reduzir as probabilidades de liberação de organismos não-indígenas para níveis aceitáveis. Supõe-se que a RML irá insistir que os navios transoceânicos de carregamento de carvão nas suas instalações sejam cumpridores dos regulamentos de troca de água de lastro da OMI. Se as espécies invasoras alienígenas são transferidas para a costa moçambicana e os efeitos da área da plataforma continental na biodiversidade e ecologia marinhas forem graves, os efeitos podem repercutir até mesmo na qualidade do pescado (toxinas dos dinoflagelados). Se os navios transoceânicos forem cumpridores dos regulamentos de troca de água de lastro da OMI, a probabilidade de ocorrência do impacto é considerada improvável. Juntamente com uma magnitude total média, a significância esperada deste impacto será Baixa. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 214 7.31.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para impedir que organismos invasores alienígenas entrem nas águas costeiras de Moçambique. Medida(s) de Mitigação Aplicar os procedimentos de tratamento de água de lastro recomendados pela OMI (2004) nos navios transoceânicos para que descarreguem fora do Rio Zambeze e garantir que estes são os primeiros a adoptar os novos padrões e procedimentos de tratamento aceites pela OMI. Mais dados definitivos sobre os principais portos comerciais vão melhorar a compreensão do risco e determinar se procedimentos mais rigorosos, como, por exemplo, calor, ou o tratamento biocida de água de lastro ou outras medidas podem ser necessárias. 7.31.3 Impacto Residual Estas medidas deverão reduzir a probabilidade de ocorrência do impacto, mas não a significância. A significância deverá continuar a ser Baixa. Tabela 7.32 Impacto das Descargas de Água de Lastro no Ambiente Marinho Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Permanente Nacional Média Média Improvável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Permanente Nacional Média Média Improvável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 215 7.32 IMPACTO DE ENCALHES E/OU COLISÕES DE BARCAÇAS E /OU REBOCADORES NO RIO 7.32.1 Avaliação do Impacto Onde houver actividade de transporte marítimo poderão ocorrer acidentes. Estes podem levar ao naufrágio na costa e a derramamentos de combustível, etc. O primeiro acidente pode desfigurar o ambiente estuarino e do rio, mas tem consequências ecológicas insignificantes. Os derramamentos de combustível, por sua vez, constituem uma situação diferente, já que eles podem espalhar-se muito e rapidamente e podem gerar efeitos subletais e letais em mangais e pântanos salgados. A NOAA (2002) apresentou uma série de casos de derramamentos de óleos no mangal. Os principais resultados incluem: • Longevidade dos efeitos - a extensão total dos danos no mangal só torna-se aparente meses ou anos após o incidente de derramamento de óleos. A recuperação dos efeitos pode levar muitos anos (10-20 anos). • O grau de derramamento de óleos no mangal ou florestas pode ser extenso com muitas árvores sendo revestidas por depósitos pesados de óleo. • Os efeitos do derramamento de óleos variam de considerável desfolhamento e morte de árvores em áreas altamente afectadas pelo derramamento a perda mínima de folhas se levemente afectadas pelo óleo. • A recuperação de árvores de mangal correlaciona-se com o grau de derramamento de óleo. Nos casos de considerável cobertura por óleo, a recuperação pode estender-se para além dos 4 anos, enquanto o efeito menos pronunciado do óleo, pode mesmo estimular levemente as taxas de crescimento das árvores. • Uma consequência importante de longo prazo da mortalidade de árvores pode ser a redução da protecção da orla costeira pelas árvores e, assim, mudanças morfológicas e na erosão. Adicionados a estes impactos são os efeitos na sobrevivência do camarão juvenil por causa da redução da função de refúgio desempenha pelo mangal nas orlas. Os efeitos sobre as plantas dos pântanos salgados podem ser bastante graves pois grande parte da zona pode tornar-se revestida de camadas de óleo, provocando uma alta mortalidade de plantas (por exemplo, Zhu et al., 2004). A resposta letal pode ser rápida com a clara senescência das plantas dos pântanos salgados no prazo de 10 dias depois da exposição inicial. O ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 216 tempo de recuperação de tais derramamentos de óleos, incluindo o combustível, pode estender-se até 12 a 17 meses ou mais (Clarke e Ward, 1994) e mesmo assim, pode resultar na modificação da estrutura da comunidade (Lin et al., 2002). A sucessão biológica normal pode levar alguns anos para restabelecer a distribuição pré-derramamento (por exemplo, NOAA, 2002). Devido aos potenciais impactos de alta intensidade, extensão local, e longo prazo, uma magnitude alta é esperada. A ocorrência é considerada improvável, o que resulta em um impacto de significância Moderada durante a fase operacional. Durante as fases de construção e de desmantelamento e encerramento, o volume de óleo/combustível que pode ser derramado seria menor do que durante as operações, resultando em um menor magnitude e uma significância Baixa. 7.32.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para evitar a ocorrência de quaisquer acidentes ou colisões. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.32.3 • Certificar que são contratados mestres experientes e certificados para condução dos rebocadores; • Implementar procedimentos de segurança no trânsito e garantir que todos os operadores sejam adequadamente treinados; • Certificar que a prevenção de derramamentos e equipamentos de limpeza de derramamentos estão prontamente disponíveis e que o pessoal está devidamente treinado para seu uso. Impacto Residual Espera-se que significância do impacto reduza para Baixa em todas as fases. Tabela 7.33 Impacto de Encalhes e/ou Colisões de Barcaças e /ou Rebocadores no Rio Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Longa Local Média Baixa Improvável ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Baixa Baixa Baixa Improvável RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 217 Sem mitigação Significância Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Alta Alta Improvável Moderada Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Média Baixa Improvável Baixa Impacto Residual (Com mitigação) Baixa Fase Operacional Longa Local Baixa Baixa Improvável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento Longa Local Baixa Baixa Improvável Baixa 7.33 IMPACTO DE COLISÕES DE BARCAÇAS E/OU REBOCADORES NO AMBIENTE MARINHO 7.33.1 Avaliação de Impacto Este é um potencial impacto da fase operacional. Um acidente de navios pode levar ao naufrágio na costa e derramamento de óleo/combustível, etc. O primeiro tipo de acidente pode desfigurar o ambiente costeiro, mas tem consequências ecológicas insignificantes. Os derramamentos de petróleo, no entanto, podem espalhar-se muito e rapidamente e podem gerar efeitos subletais e letais nas comunidades biológicas. É considerado altamente improvável que haverá perda de óleo e combustível dos navios transoceânicos quando estiverem a fazer o carregamento de carvão no local da plataforma de transbordo na zona marítima, pois tal envolveria encalhe ou afundamento do navio transoceânico. Os rebocadores e eventualmente as barcaças com propulsão própria são as mais vulneráveis a danos e, portanto, o combustível pode ser perdido a partir destes através de colisões. Qualquer diesel derramado seria transportado por correntes da superfície do mar impulsionadas pelo vento. A velocidade dessas correntes é, em geral cerca de 2% da velocidade do vento e com direcção ligeiramente para a esquerda do vento, devido aos efeitos de Coriolis (por exemplo, http://oceanmotion.org, acedida em 12 de Dezembro de 2010). A Figura 7.3 mostra um esquema da trajectória provável do derramamento de óleo nas condições de vento prevalecentes. É evidente que, neste cenário, o diesel derramado iria deslocar-se em direcção à costa e, possivelmente, atingir o litoral entre o Chinde e Quelimane. Entretanto, deve-se ter em mente que os derramamentos de óleo são eventos no tempo e vão responder a condições meteo-oceanográficas na altura do derramamento que não são, necessariamente, a velocidade mediana ou média do vento ou direcção do vento. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 218 Figura 7.3 Desenho esquemático mostrando a trajectória provável do derramamento de óleos. A rosa-dos-ventos inserida é da PRDW (2010). Os pontos A e B mostram a posição provável da plataforma de transbordo, a seta preta a direcção do vento dominante e a seta vermelha em curva, a direcção do vento associada à corrente superficial. O diesel é volátil e qualquer derramado na superfície do mar será submetido à evaporação, a mistura na coluna de água e intempéries. O volume perdido através desses processos é essencialmente dependente do tempo, dada a camada fina e uniforme, e, portanto, o período que o diesel leva a chegar à costa determinará o montante que chega à praia. A trajectória dominante provável indica uma distância de viagem de aproximadamente 17km da posição da plataforma de transbordo A para o litoral. Os ventos de 10m/s estão próximo do limite superior no registo eólico (rosa-dos-ventos na Figura 7.3), que deverão gerar um fluxo de superfície pelo caminho da trajectória de 20 cm/s. O tempo para qualquer quantidade de óleo perdida no local A da plataforma de transbordo chegar à costa, nestas condições, é portanto, de cerca de 24 horas. A modelação do derramamento de óleos realizada em latitudes comparáveis ao largo de Angola (ASA 2008) prevê que, após esse período, 50 % do diesel teria evaporado e 14 % teria sido misturado para baixo na coluna de água, deixando 36% do volume derramado disponível para chegar à costa. O limite superior do volume de derramamento de diesel a partir de um rebocador foi estimado em cerca de 60m3 (e-mail de A. Menton, Riversdale, a 15 de Dezembro de 2010). Portanto, o montante que pode atingir a costa a partir dos cálculos acima é de aproximadamente 22m3 (19 toneladas). A maior parte da costa que pode ser afectada é de areia. As praias arenosas são caracteristicamente de areia de granulação média e de alta energia e ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 219 não se conhece ou espera-se que suportem comunidades biológicas únicas. No caso do diesel, que é um óleo leve, espera-se que rapidamente infiltre-se através das areias sem constituir camadas fortes (DTI, 2007). Nestas circunstâncias, o intemperismo continuará auxiliado pela acção da abrasão dos grãos de areia. Portanto, as consequências de um derramamento de óleo diesel - que espera-se que dure semanas - não terão provavelmente efeitos nocivos a longo prazo sobre a fauna marinha e costeira. Assim, a magnitude média e associada a uma ocorrência improvável resulta em um impacto de significância Baixa. 7.33.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para prevenir qualquer dano de rebocadores e derramamentos no ambiente marinho. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.33.3 • Certificar que são contratados mestres experientes e certificados para condução dos rebocadores; • Implementar procedimentos de segurança no trânsito e garantir que todos os operadores sejam adequadamente treinados; • Certificar que o equipamento para prevenção e limpeza de derramamentos está prontamente disponível e que o pessoal está devidamente treinado para seu uso; • Assegurar que os rebocadores têm os tanques de combustível protegidos. Impacto Residual A significância deverá continuar a ser Baixa. Tabela 7.34 Impacto das Colisões de Barcaças e/ou Rebocadores no Ambiente Marinho Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Temporária Regional ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Temporária Regional RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 220 Sem mitigação Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Média Média Improvável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Baixa Média Improvável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a 7.34 IMPACTO DA INTRUSÃO DA SALINIDADE NO ESTUÁRIO DEVIDO À DRAGAGEM DO BANCO DE AREIA DA ZONA MARÍTIMA 7.34.1 Avaliação do Impacto Durante as fases de construção e operação do Projecto, o banco de areia na zona marítima no Chinde será dragado. O banco de areia é uma característica do transporte dinâmico de sedimentos afectados pela carga de sedimentos do rio e da deriva litorânea ao longo da costa. Em águas estratificadas, os bancos de areia nas fozes do rio inibem a mistura de água de alta salinidade do mar com a água doce do rio. Isto reduz o nível de salinidade no estuário da foz do rio e limita a intrusão da água do mar até o rio durante as marés. Durante a fase de construção, um canal de entrada será dragado através do banco de areia a uma profundidade de aproximadamente 4m abaixo do Zero Hidrográfico e 100m de largura (G. Britton 2010, comunicação pessoal, 15 de Novembro), a fim de permitir o acesso das barcaças de carvão e embarcações de serviço para a pataforma de transbordo. A fim de manter a largura e profundidade navegável do canal, pelo menos, cerca de 25 % da dragagem da fase de construção serão necessários por ano, como dragagem de manutenção. Devido aos casos registados de intrusão salina pelo Rio Zambeze e o pequeno aumento percentual da área de fluxo crítico para a área de dragagem proposta do canal de navegação em relação à área existente, considera-se improvável que o aumento da salinidade seja significativo. A baixa magnitude do impacto associada a uma provável ocorrência resulta em uma significância Baixa. 7.34.2 Medidas de Mitigação Nenhuma é necessária. 7.34.3 Impacto Residual A significância esperada manter-se-á Baixa. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 221 Tabela 7.35 Impacto da Intrusão da Salinidade no Estuário devido à Dragagem do Banco de Areia da Zona Marítima Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Longa Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Baixa Baixa Fase Operacional Longa Longa Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, não haverá mais dragagem. 7.35 IMPACTO DA DRAGAGEM DO BANCO DE AREIA DA ZONA MARÍTIMA NA DINÂMICA DOS SEDIMENTOS DE DERIVA LITORÂNEA E NA EROSÃO DA PRAIA 7.35.1 Avaliação do Impacto Durante as fases de construção e de operação, o aumento da profundidade do canal pode ter um impacto negativo na deriva litorânea ao longo da costa. Os estudos de base têm indicado que a direcção predominante do transporte de sedimentos ao longo da costa afectada é de sul para norte. O transporte de sedimentos pelo litoral alimenta as áreas costeiras com sedimento necessário para manter um estado de equilíbrio dinâmico. A dragagem de um canal pode potencialmente remover sedimentos do sistema e, portanto, desprover as praias de sedimentos, o que levaria à erosão destas praias. Os efeitos sobre a erosão só serão perceptíveis em relação à acreção subadjacente de longo prazo da foz do rio e das praias adjacentes. Por exemplo, se os processos de transporte de sedimentos existentes estão a provocar um acréscimo da costa de 50m por ano para a praia do norte, uma redução deste acréscimo para 25m por ano deve ser considerada como uma erosão relativa de 25m por ano, devido à falta de disponibilidade de sedimentos através do canal de navegação. Os volumes de dragagem propostos são uma percentagem significativa do transporte litoral. A dragagem do canal de navegação, assim, terá um impacto significativo sobre a deriva ao longo das praias do norte, se os sedimentos dragados forem removidos do sistema litoral, por exemplo, ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 222 pela eliminação dos sedimentos longe da costa. Esta avaliação pressupõe o pior cenário, isto é, os sedimentos dragados serão depositados longe do sistema de litoral próximo da costa e, portanto, "perdidos" para o sistema. A intensidade é considerada média em uma área local e a longo prazo. A magnitude média resultante, associada a uma ocorrência provável, resultará em um impacto de significância Moderada. 7.35.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para prevenir a erosão das praias do Chinde. Medida(s) de Mitigação Depositar os sedimentos dragados para o norte do canal e dentro da zona litorânea, ou seja, a uma profundidade menor que 5m CD. 7.35.3 Impacto Residual Com a implementação da medida de mitigação acima mencionada, a significância esperada poderá reduzir para Baixa, uma vez que os sedimentos permanecerão no sistema e continuarão a "alimentar" a praia norte. Tabela 7.36 Impacto da Dragagem no Banco de Areia da Zona Marítima na Dinâmica dos Sedimentos de Deriva Litorânea e na Erosão da Praia Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Longa Local Local Média Baixa Média Baixa Provável Provável Moderada Baixa Fase Operacional Longa Longa Local Baixa Média Baixa Média Baixa Provável Provável Moderada Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, não haverá mais dragagem. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 223 7.36 IMPACTO DAS INSTALAÇÕES EM TERRA FIRME NOS HABITATS DAS AVES 7.36.1 Avaliação de Impacto A infra-estrutura será construída em Benga, ponte Dona Ana e na margem norte do Rio Zambeze perto de Chinde. Escritórios, banheiros, tanques de combustível, tanques de decantação de água de carvão, e vestiários serão construídos em Benga. A implantação desta infra-estrutura vai exigir a aquisição de uma pequena área de terra. A área para a instalação de infraestrutura de Benga já é altamente perturbada, embora os habitats remanescentes e as árvores sejam visitadas por algumas espécies de aves. Uma série de estruturas serão construídas predominantemente fora dos mangais praticamente intactos na margem norte do Rio Zambeze oposta ao Chinde. O alinhamento proposto para o oleoduto de descarga da zona de atracagem da barcaça de combustível para bombear óleo residual e água de lavagem de carvão para a Estação de tratamento de resíduos passa directamente através da fronteira leste da área de mangal (Figura 4.7). As actividades de construção, portanto, podem resultar em perturbação ou perda parcial da floresta de mangal. Isto pode, por sua vez afectar as espécies de aves na área. Como as estruturas de Chinde não estão localizados directamente no mangal (excepto para o alinhamento proposto do oleoduto), apenas uma pequena área de habitats de nidificação e alimentação das aves pode ser afectada. Alguns habitats ripários podem ser perturbados em Benga, Dona Ana e Chinde, devido à construção de pontos de atracagem, oleodutos e estações flutuantes de transferência. Esse impacto ocorrerá na fase de construção e continuará na fase operacional. A área de perturbação seria específica ao local e com uma baixa intensidade. A magnitude total deverá ser baixa (dada a pequena área de distúrbio) associada a uma ocorrência provável. Portanto, a significância do impacto deverá ser Baixa. 7.36.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar a perda e/ou distúrbio de habitats de aves e terrenos para as infra-estruturas. Medida(s) de Mitigação • Um ornitólogo ou observador de aves experiente deve visitar os locais de impacto do projecto na região do Delta, a jusante da Ponte Dona Ana, para confirmar que as zonas de impacto não incluem quaisquer locais de repouso ou de nidificação de significância. Esta visita de ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 224 confirmação deve ser realizada durante a época de reprodução, durante Abril-Maio, e deve ser conduzida o mais cedo possível para que quaisquer resultados significativos possam ser utilizados para modificar a área de influência do projecto, como forma de mitigação dos impactos significativos previstos. 7.36.3 • Todos os trabalhadores da construção devem ser informados da necessidade de preservar a cobertura natural de árvores ripárias marginais ao longo do Rio Zambeze e mangais, sempre que possível; • Todos os trabalhos devem ser limitados a uma área designada de trabalho; • Depois de terminadas as obras e infra-estrutura temporária for removida, as áreas degradadas devem ser recuperadas para restabelecer a condição natural. O crescimento da vegetação nativa para atrair as aves deve ser incentivado, em vez de plantio de espécies exóticas; • Os materiais de construção e resíduos não devem ser eliminados no local; • Limitar a criação e as dimensões das vias de acesso na área de mangal, para o que for estritamente necessário. Impacto Residual O impacto residual deverá manter-se como Baixo. Tabela 7.37 Impacto das Instalações com base terrestre nos Habitats das Aves Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta No local No local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Baixa Baixa Fase Operacional Curta Curta Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 225 7.37 IMPACTO DO RUÍDO NAS AVES 7.37.1 Avaliação do Impacto O ruído será gerado principalmente durante a fase de construção quando nos pontos de atracagem forem cravadas estacas no fundo do rio em Benga, Dona Ana e Chinde. No Chinde estes estarão na margem norte (olhando a jusante) do Rio Zambeze, a partir do ponto de confluência com o Rio Maria, no próprio Rio Maria bem como sobre as margens sul. Estudos dos impactos de cravação de estacas sobre as aves aquáticas têm indicado que as aves dentro dos 300m tendem a sair da área quando iniciase com a cravação de estacas. Várias aves voltam a sentar-se na água dentro de seis minutos após o inicio da cravação de estacas (http:// www.wsdot.wa.gov/Environment /Air/ PileDrivingReports.htm). Apesar de ter uma duração curta, o ruído de cravação de estacas pode afectar o comportamento reprodutivo. As aves podem abandonar temporariamente as suas áreas de colocação de ovos. Esses distúrbios podem afectar as espécies de aves, como o pica-peixe dos mangais, pelicanos e garças pequenas, cuja ocorrência está intimamente associada à floresta de mangal. No entanto, o curto espaço de tempo durante o qual a cravação de estacas ocorrerá limita a intensidade desse impacto. A duração do impacto seria de curto prazo e numa extensão específica ao local. A intensidade deve ser baixa, com um impacto de baixa magnitude. Juntamente com uma ocorrência provável, espera-se um impacto com significância Baixa. Este impacto não será sentido durante as fases de operação, desmantelamento e encerramento. 7.37.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar os impactos do ruído durante as operações de construção no comportamento das aves durante a reprodução, alimentação e descanso. Medida(s) de Mitigação • Sempre que possível a instalação de pontos de atracagem por cravação de estacas deve ser feita fora das estações de reprodução (ou seja, durante o período de inverno, entre Abril e Setembro); • A cravação dos pontos de atracagem deve ser realizada apenas durante o dia, pois isso irá reduzir o stress nas aves, pois estas podem ver e evitar locais onde os pontos de atracagem estão sendo instalados; • Restringir outras actividades de construção para o dia; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 226 • 7.37.3 Realizar manutenção de rotina de equipamentos e veículos para garantir que os mesmos estão em boas condições de funcionamento. Impacto Residual A significância do impacto residual será Baixa. Tabela 7.38 Impacto do Ruído nas Aves Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta No local No local Baixa Baixa Baixa Baixa Provável Provável Baixa Baixa Fase Operacional n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.38 IMPACTO DE DISTÚRBIOS NOS HABITATS DE AVES NAS ILHAS DEVIDO À DRAGAGEM 7.38.1 Avaliação de Impacto Esse impacto ocorrerá na fase de construção e operação. A dragagem inicial será necessária para alargar e aprofundar o canal, especialmente no trecho do rio entre Benga e a ponte Dona Ana, em Mutarara. A dragagem será realizada por operações de oito barcaças em paralelo, 24 horas por dia, 7 dias por semana, durante um período de 18 meses de actividades de dragagem que podem resultar em distúrbios nas ilhas arenosas e ilhas com vegetação (por exemplo, através da colocação de tubagem de descarga através das ilhas). Nas ilhas com vegetação, várias espécies de aves foram observadas, incluindo muitas tecelãs, felosas, abelharucos, carraceira, corvo-marinho africano e cegonhas de pico amarelo. Algumas destas espécies empoleiram-se nas ilhas durante a noite. Esse impacto ocorrerá na fase de construção e continuará na fase de operação. O impacto deverá ser, assim, de duração longa e de extensão ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 227 específica ao local. A intensidade deve ser baixa, dadas as pequenas áreas de perturbação. A magnitude esperada será baixa com uma ocorrência provável, resultando em um impacto de significância Baixa. Este impacto não será sentido durante as fases de operação, desmantelamento e encerramento. 7.38.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar os impactos sobre as ilhas com vegetação e sem vegetação e habitats ripários decorrentes de operações associadas à dragagem. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.38.3 • A instalação de oleodutos de descarga através das ilhas deve ser proibida; • As ilhas arenosas e de vegetação devem ser consideradas áreas proibidas para qualquer actividade devido à sua importância como áreas para a nidificação, descanso e alimentação de aves; • Os trabalhadores devem ser proibidos de instalar acampamentos ou abrigos temporários nas ilhas, acender fogueiras nas ilhas para cozinhar e, em geral desembarcar nas ilhas. Impacto Residual O impacto residual esperado é Negligenciável. Tabela 7.39 Impacto dos Distúrbios nos Habitats das Aves nas Ilhas devido à Dragagem Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta No local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta No local Baixa Baixa Provável Baixa Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta No local Negligenciável Negligenciável Improvável Negligenciável Fase Operacional Curta No local Negligenciável Negligenciável Improvável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 228 Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.39 IMPACTO DOS DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEL NAS AVES E SEUS HABITATS 7.39.1 Avaliação de Impacto O combustível será usado durante a dragagem e operações de transporte fluvial. Um rebocador de 3600 cv (com calado de 1,8 m) transportará 85 metros cúbicos (85.000 litros) de diesel. Este estará em 8 tanques com capacidade entre 9,8 metros cúbicos (9.800 litros) e 20 metros cúbicos (20.000 litros). Um barco grande de 4.500 cv, que terá um calado de 2,15m, vai transportar 135 metros cúbicos (135.000 litros) de diesel. Os barcos rebocadores tem casco duplo e os tanques, que ficam na parte interna dos tanques de lastro, são também de casco duplo - ou seja, há pelo menos quatro paredes de aço entre o combustível e a água. Uma barcaça de combustível será utilizada para transportar combustível para os depósitos terrestres (Chinde e possivelmente Benga) para fornecer combustível para as operações de transporte fluvial. A barcaça de combustível proposta será uma barcaça de casco duplo, com a parte superior achatada, com certificação marinha e com uma capacidade de cerca de 3.180m3 de diesel (3,18 milhões de litros). Durante as operações de dragagem, as barcaças de combustível serão usadas para abastecer as dragas. Estas barcaças de combustível serão construídas com chapas de metal pesado e com cantos de chapa dupla. O movimento destas barcaças de combustível a partir de um local para outro é mínima, pois estarão ancoradas próximo do local de dragagem, onde o combustível pode ser transferido para a draga através de um rebocador auxiliar em pequenas quantidades. As barcaças de combustível para as dragas terão uma capacidade de 500m3 (500.000 litros). O combustível é armazenado em 4 tanques separados com capacidades de até 125m3 (125.000 litros) por tanque. É provável que as dragas operem em grupos de 2 ou 3 por local com uma barcaça de combustível para abastecimento servindo a cada grupo. Derramamento localizado de combustível pode ocorrer durante o abastecimento ou a transferência de combustível. É altamente improvável que se verifique uma ruptura simultânea de mais de um dos tanques de combustível de um rebocador a qualquer momento. O cenário de pior caso é um evento catastrófico não-rotineiro como uma explosão em uma barcaça de combustível, caso em que uma quantidade ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 229 relativamente grande de combustível poderia ser libertada na água. Isso afectaria directamente a qualidade da água, as aves aquáticas e os habitats das aves nas ilhas e matas ripárias. A intensidade seria média e a extensão local. Espera-se uma magnitude de média a alta associada a uma ocorrência improvável o que poderá resultar em um impacto com significância Moderada. Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.39.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar os derramamentos de diesel durante as operações de dragagem e operações de transporte fluvial. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: • Implementar as boas práticas de procedimentos operacionais; • Desenvolver e implementar procedimentos de prevenção derramamentos e medidas de limpeza de emergência derramamentos; • As tripulações devem ser treinadas para situações de emergência e limpeza de derramamentos de óleos; • Garantir que os canos e as mangueiras estejam devidamente conectados, fechados e em boas condições durante o abastecimento de combustíveis; • Certificar que as mangueiras de transferência são de comprimento e resistência suficientes para manobrar navios de acordo com as condições de fluxo do rio; • Incorporar válvulas de desligamento automático; • Garantir que a área de reabastecimento é bem iluminada durante as operações nocturnas; e • Desenvolver um plano de gestão que pode incluir uma provisão para desistir de operações de reabastecimento durante condições meteorológicas severas. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT de de RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 230 7.39.3 Impacto Residual A significância do impacto residual será Baixa. Tabela 7.40 Impacto dos Derramamentos Acidentais de Combustível nas Aves e seus Habitats Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Média Baixa Média a alta Baixa Improvável Improvável Moderada Baixa Fase de Operação Curta Curta Local Local Média Baixa Média a alta Baixa Improvável Improvável Moderada Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, o potencial de derramamentos acidentais nas aves será eliminado. 7.40 IMPACTO DA CAÇA DE AVES PELOS TRABALHADORES DURANTE AS FASES DE CONSTRUÇÃO E OPERAÇÃO 7.40.1 Avaliação de Impacto Durante as fases de construção e operação, os trabalhadores serão empregados ao longo da extensão da área do projecto. Os trabalhadores não qualificados serão recrutados na sua maioria localmente. Um número de trabalhadores semi-qualificados e qualificados serão contratados de fora da área do projecto. Um aumento no número de trabalhadores de fora da área do projecto pode resultar em um aumento da caça de aves para consumo e venda. De preocupação especial, são as operações no Chinde onde os mangais intactos e os lodaçais constituem áreas importantes de nidificação e de alimentação para um grande número de espécies de aves. Face a uma gestão rigorosa que deve ser implementada, este impacto teria uma intensidade baixa e uma extensão específica local. A baixa magnitude associada a uma provável ocorrência resulta em um impacto de significância Baixa. Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 231 7.40.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para eliminar a caça feita por funcionários da RML. Medida (s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: • 7.40.3 Todos os trabalhadores devem ser informados que a caça de qualquer espécie da fauna (incluindo Aves) é proibida. Os contratos de trabalho devem incluir cláusulas que proíbem os trabalhadores de fazerem a caça de fauna bravia e infracções a esta proibição resultarão na aplicação de penalidades; Impacto Residual A significância do impacto residual será Negligenciável. Tabela 7.41 Impacto da Caça de Aves pelos Trabalhadores durante as Fases de Construção e Operação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Curta No local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa No local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta No local Média Baixa Provável Negligenciável Fase Operacional Longa No local Baixa Baixa Provável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 232 7.41 IMPACTO DA DEPOSIÇÃO DE MATERIAL DRAGADO NOS EFLUENTES DE CAUDAL ALTO E NA ALIMENTAÇÃO E NIDIFICAÇÃO DE AVES 7.41.1 Avaliação de Impacto Durante os fluxos altos, os canais efluentes fornecem água para as planícies de inundação e lagos ao longo do Rio Zambeze, em especial a jusante da garganta de Lupata. Estas planícies de inundação e lagos associados são importantes na alimentação e como área de nidificação para uma variedade de aves aquáticas. Qualquer interrupção no fluxo de água ao longo dos efluentes irá afectar os habitats destas terras húmidas. Durante a dragagem da fase de construção e operação, a deposição do material dragado tem o potencial de bloquear os canais que permitem os pulsos de inundação. A intensidade seria média, resultando em um impacto de magnitude média. A RML comprometeu-se a fazer uma deposição cuidadosa do material dragado de modo que torna a ocorrência do impacto em improvável. Por isso, espera-se um impacto de significância Baixa. Este impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. 7.41.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar o bloqueio de canais efluentes de alto fluxo. Medida(s) de Mitigação As medidas de mitigação recomendadas são as seguintes: 7.41.3 • Nenhuma deposição do material dragado é permitida na entrada de qualquer canal efluente (estes canais devem ser mapeados utilizando coordenadas obtidas através de um GPS); • Certificar que os empreiteiros de dragagem estão cientes da importância de manter os canais efluentes em aberto; • A deposição de material dragado deve ser feita no lado abrigado das ilhas em vez de ao longo dos canais dragados. Impacto Residual A significância do impacto residual será Negligenciável. Tabela 7.42. Impacto da Deposição de Entulhos nos Canais Distribuidores de Alto Fluxo e na Alimentação e Nidificação das Aves ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 233 Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta a longa Curta a longa Local Local Média Baixa Média Baixa Improvável Improvável Baixa Negligenciável Fase Operacional (manutenção) Curta a longa Curta a longa Local Local Média Baixa Média Baixa Improvável Improvável Baixa Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, os canais poderão recuperar e normalizar os fluxos. 7.42 IMPACTO DA DRAGAGEM NAS FONTES DE ALIMENTO DAS AVES 7.42.1 Avaliação do Impacto A dragagem e deposição do material dragado irão decorrer durante as fases de construção e de operação. A dragagem e deposição do material dragado dentro do canal activo podem influenciar o habitat da fauna bentónica. A avaliação da fauna bentónica indica que, sem mitigação (onde o material dragado é depositado de forma linear em vez de nos lados abrigadas das ilhas e bancos de areia), os impactos sobre a fauna bentónica podem ser moderados. Os organismos bentónicos e os peixes são as principais fontes de alimento para espécies de aves, como garças-reais, garças e cegonhas-debico-aberto que alimentam-se em habitats de águas pouco profundas. Sem mitigação, a intensidade do impacto seria de baixa a média, com uma extensão local. Durante a fase de construção, a magnitude seria de baixa a média, com uma ocorrência provável. Durante a fase de operação, a natureza de longo prazo do impacto resultaria em uma magnitude média associada a ocorrência provável. Assim, a significância do impacto sobre as aves seria de Baixa a Moderado durante a fase de construção e Moderada durante a fase de operação. Esse impacto não será sentido durante a fase de desmantelamento e encerramento. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 234 7.42.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar os impactos sobre os habitats de água pouco profundas que são importantes para as espécies de aves, devido às actividade associadas a dragagem. Medida(s) de Mitigação • 7.42.3 O material dragado deve ser depositado na zona abrigada das ilhas existentes, sempre que tal seja possível. Esta medida deve reduzir a intensidade da dragagem de manutenção, e reduzir a área afectada pelo material dragado de 17% para 11 a 15% do canal activo (Southern Waters 2010a). Impacto Residual A significância do impacto residual será Baixa. Tabela 7.43. Impacto da Dragagem nas Fontes de Alimento das Aves Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Baixa a média Baixa Baixa a média Baixa Provável Provável Baixa a Moderada Baixa Fase Operacional Longa Longa Local Baixa Média Baixa Média Baixa Provável Provável Moderada Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, os canais poderão recuperar e normalizar os fluxos. 7.43 CONSIDERAÇÕES DO IMPACTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS NO PARQUE NACIONAL DE GORONGOZA 7.43.1 Avaliação do Impacto Durante o envolvimento das partes interessadas e afectadas foi levantada uma preocupação em relação a possíveis impactos da actividade proposta ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 235 de transporte de carvão usando barcaças nos recursos hídricos do sistema do Rio Zambeze e outros receptores a jusante, por exemplo, do Parque Nacional da Gorongosa. Embora vários aquíferos e geometrias do canal fluvial são encontrados ao longo do Rio Zambeze, a probabilidade de impactos sobre a qualidade das águas subterrâneas do sistema do Zambeze, incluindo o Lago Urema, é considerada improvável. Também espera-se que o transporte fluvial em barcaças pelo canal do rio não altere o rendimento dos aquíferos aluviais fronteiriços. É possível que a dragagem possa aumentar o volume de escoamento de base para o rio, o que resultará em maior recarga natural dos aquíferos. É provável que qualquer ligação entre o Rio Zambeze e o lago Urema Lago (Parque Nacional da Gorongosa) relaciona-se ao fluxo de água superficial e a inundações. Qualquer possível ligação subterrânea entre estes dois sistemas não foram investigados anteriormente (não encontraram-se nenhumas referências), mas devido à complexidade dos aquíferos de rocha dura fracturados, e o facto que a direcção do fluxo das águas subterrâneas é inferida pela topografia e a baixa transmissibilidade dos aquíferos no Parque Nacional da Gorongosa, é pouco provável que a recarga dos aquíferos associados ao sistema do Rio Zambeze seja significativa. Os impactos na qualidade da água no Rio Zambeze podem relacionar-se a derramamentos acidentais de carvão e/ou combustível. Em geral, o movimento das águas subterrâneas e a migração de plumas de contaminação seguem o caminho de menor resistência. Devido às altas velocidades do Rio Zambeze e dos valores de alta transmissibilidade dos aquíferos aluviais associados com o Rio Zambeze, os poluentes são mais propensos a difundir-se no Rio Zambeze e mover-se ao longo desses aquíferos aluviais. Devido à diferença de transmissibilidade entre os aquíferos aluviais primários e os aquíferos de rocha dura fracturados e a pressão criada pelo rápido escoamento do Rio Zambeze, é improvável que os poluentes migrem distâncias significativas para o interior e através das formações de rocha dura. O projecto proposto não implicará quaisquer actividades que poderiam resultar em contaminação das águas subterrâneas e/ou qualquer ligação subterrânea entre o sistema do Zambeze e do Parque Nacional da Gorongosa é improvável. Qualquer que seja o potencial impacto é considerado ter uma intensidade e uma magnitude negligenciáveis e uma ocorrência improvável. Assim, espera-se que a significância deste impacto seja Negligenciável. 7.43.2 Medidas de Mitigação Nenhuma será necessária. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 236 7.43.3 Impacto Residual Este impacto manter-se-á Negligenciável. Tabela 7.44 Impacto das Águas Subterrâneas no Parque Nacional de Gorongosa Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Improvável Improvável Negligenciável Negligenciável Fase Operacional n/a n/a n/a n/a Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Improvável Improvável Negligenciável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, não haverá nenhum impacto potencial. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 237 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 238 8 8.1 IMPACTOS SOCIAIS E ECONÓMICOS INTRODUÇÃO Este capítulo foi baseado nos seguintes estudos especializados: • • • • • • 8.2 Estudo Económico Estudo Socioeconómico Estudo sobre o Ruído Estudo sobre os Peixes e Recursos Pesqueiros Estudo do Fluxo Ambiental Estudo do Efeito das Ondas causadas pelos Barcos (realizado pela RML) PRINCIPAIS ACTIVIDADES DO PROJECTO Os impactos sociais e económicos são impactos sobre a economia local, regional e nacional, bem como sobre as pessoas e os meios de subsistência, em resultado das mudanças trazidas pelo Projecto. Em relação aos impactos sociais e económicos, as actividades principais do projecto são a localização de instalações terrestres, a dragagem inicial e de manutenção, as operações de transporte fluvial por barcaças, os locais escolhidos para deposição do material dragado e o investimento no país. 8.3 IMPACTO DO PROJECTO NA SOCIEDADE MOÇAMBICANA (ANÁLISE CUSTOBENEFÍCIO) 8.3.1 Avaliação de Impactos A Análise Custo-Benefício trata da economia nacional como uma entidade em si. Esta análise assume que, o que é comprovadamente bom para a economia como um todo, é uma aproximação razoável do que seria bom para a maioria das pessoas que vivem e trabalham no país. Para a sociedade como um todo, esta análise considera o custo contra o benefício de um projecto proposto. Quando grandes investimentos estão para ser implementados, os responsáveis pela tomada de decisões precisam de saber qual o impacto que o novo investimento terá sobre a economia como um todo e, portanto, quanto benefício pode assumir-se como resultando para o povo do país. A Análise económica de Custo-Benefício foi realizada em dois níveis. O primeiro nível relaciona-se apenas aos custos e benefícios do Projecto (incluindo a Mina de Benga). O segundo expande a análise para incluir os potenciais benefícios para as indústrias relacionadas à agricultura, pescas, mineração e turismo. No entanto, o nível de confiança decresce à medida que se desloca do nível de análise do Projecto para a análise nacional mais ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 239 ampla. Assim, o impacto do projecto na mina de Benga tem um grau de confiança elevado, mas este nível de confiança diminui quando se investiga o impacto na agricultura, na pesca e no turismo. Em ambos os casos o único custo identificado é a perturbação da pesca durante as fases de dragagem inicial e de manutenção. Estima-se que isto tenha um valor presente (VP) de USD$5,3 milhões. Os benefícios relacionados ao projecto totalizam USD$4.499 Milhões. O benefício líquido (Valor Presente Líquido ou VPL) do projecto consiste na diferença entre os VPs dos benefícios e dos custos. Calculado em USD 4.499 Milhões (161.783 Milhões de Meticais) este é bastante positivo e indica que o projecto é de grande benefício para o País. A razão pare este VPL extremamente elevado é que os fundos utilizados para desenvolver o projecto são todos provenientes do exterior e o único custo para a economia de Moçambique é a potencial perturbação de uma parte da indústria pesqueira. De uma perspectiva económica este projecto é extremamente benéfico para Moçambique, mesmo quando visto isoladamente. O resultado da análise custo-benefício é a indicação do rácio custo sobre benefício (RCB). No entanto, para qualquer projecto em que os fundos originam do exterior do país, o RCB tende a ser alto, pelo que o VPL é normalmente o melhor indicador do valor do projecto. A consequência de incluir os benefícios económicos mais amplos é o incremento do total de benefícios de USD 4.499 Milhões para USD 12,684 Milhões. O VPL (VP dos benefícios menos o VP dos custos) totaliza USD 12.679 Milhões (456,448 Milhões de Meticais). Um dos cenários económicos que necessita de ser considerado é qual seria o impacto para Moçambique no caso da Riversdale identificar, ao longo do tempo, que a dragagem do Rio Zambeze é demasiado onerosa. Neste caso as operações seriam reduzidas após cinco anos. Neste cenário, o VPL do Projecto é de USD 591 Milhões. Uma vez que o VPL é positivo este continua a ser um projecto economicamente eficiente, não obstante a perda dos benefícios que ocorreria após o período de cinco anos. Na escala nacional, a magnitude do impacto é considerada alta e juntamente com uma probabilidade provável, espera-se que a significância do impacto seja Alta positiva. 8.3.2 Medidas de Melhoramento Objectivo do Melhoramento Para maximizar o VPL. Medida(s) de Melhoramento Uma operação mais longa irá provavelmente aumentar os benéficos, aumentando o VPL. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 240 8.3.3 Impacto Residual O impacto residual permanecerá como Alto. Tabela 8.1 Impacto do projecto na Sociedade Moçambicana (Análise Custo–Benefício) Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Nacional Alta Alta Provável Alta Impacto Residual (Com mitigação) Construção e Operação Longa Nacional Alta Alta Provável Alta 8.4 IMPACTO DO PROJECTO NA MACROECONOMIA (ANÁLISE MACROECONÓMICA) 8.4.1 Avaliação dos Impactos A análise macroeconómica relata sobre o Produto Interno Bruto, Criação Directa e Indirecta de Empregos, Contribuição para receitas de Imposto e Rendimento Indirecto dos Agregados Familiares. O Produto Interno Bruto é o valor total de todos os bens e serviços finais produzidos no país. É claramente fundamental para a qualidade de vida económica das pessoas no país. É também, a medida mais importante e abrangente do efeito macroeconómico do projecto de dragagem e transporte fluvial por barcaças. Isto é diferente da Análise Custo-Benefício acima referida, na medida em que analisa o impacto monetário dos gastos na macroeconomia. • A dragagem inicial deverá contribuir com USD 41 milhões e USD 81 milhões para o PIB em 2011 e 2012, respectivamente; • A construção de instalações no Chinde deverá contribuir com mais USD 21 milhões para o PIB em 2012; • A dragagem de manutenção contínua deverá contribuir com USD 30 milhões em 2013 e que essa contribuição deverá aumentar até um valor constante de USD 51 milhões por ano a partir de 2018 em diante; • Logo que as operações com barcaças começarem de facto em 2013, espera-se que esta contribuição aumente de forma constante de USD 28 milhões nesse ano para USD 195 milhões em 2030; • O aumento das operações na mina de Benga, também marcadas para iniciar de 2013 em diante, e a sua contribuição para o PIB, também aumentará de forma constante (em termos reais) de USD 175 milhões em 2013 a USD 292 milhões em 2030. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 241 A contribuição total resultante do impacto do projecto, portanto, aumenta de USD 41 milhões em 2011 para USD 539 milhões por ano, de 2018 em diante. O impacto nacional alargado leva um tempo mais longo para manifestar-se mas mostra um impacto macroeconómico total semelhante ao impacto total do projecto. O impacto alargado a nível nacional é negativo em 2011 e 2012 por causa do impacto negativo da dragagem sobre a pesca, mas em seguida, mostra um aumento significativo até USD 128 milhões em 2013. Este aumento continuará à medida que a produção da mineração no Zambeze e a terceira mina de carvão na área estiverem a operar na sua produção máxima e, com o crescimento da agricultura e do turismo. O impacto macroeconómico total do impacto nacional alargado será de USD 515 milhões em 2030. Há uma potencial contribuição negativa do sector das pescas em 2011, 2012 e 2013. Isto é devido à interrupção da actual actividade da pesca no Rio Zambeze, devido à dragagem inicial e de manutenção. A contribuição total para o PIB e tamanho relativo de cada um dos impactos do projecto, o impacto nacional alargado e os efeitos do comércio regional são ilustrados na Figura 8.1. Quando faz-se uma análise de ambos os efeitos a nível do projecto e ao nível nacional, a contribuição total no PIB aumenta de USS 36 milhões (1.290 milhões de Meticais) em 2011 para USD 97 milhões (3.495 milhões de Meticais) em 2012. Até 2030, o valor irá subsequentemente aumentar para USD 1.054 milhões (37.930 milhões de Meticais). O PIB é importante não apenas porque significa rendimento, mas também porque o rendimento tem a capacidade de tornar-se em riqueza. Com base nestas projecções, o projecto proposto de dragagem e transporte em barcaças teria implicado uma contribuição cumulativa para o PIB de USD 1.37 biliões (49.5 biliões de Meticais) até 2015 e mais de USD 16 bilhões (577 biliões de Meticais) até ao final de 2030. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 242 Contribuição para o PIB Project Impact Broader National Impact 1 200 1 000 Contribution to GDP (US$ millions) Figura 8.1 800 600 400 200 0 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 O projecto de dragagem e transporte de carvão em barcaças resultaria em mudanças em três tipos de empregos. O primeiro tipo é dos empregos directos que seriam criados no período do projecto. Estes são empregos directamente criados pela dragagem do rio e pela operacionalização das barcaças. O segundo tipo engloba os empregos criados como resultado de mudanças estruturais na economia. Estes são os postos de trabalho directos criados ou perdidos nas minas, na agricultura, pesca e turismo, como resultado do aumento (ou diminuição) actividades naquelas indústrias. O terceiro tipo de empregos inclui os chamados indirectos, que são devido aos efeitos multiplicadores tanto do projecto de dragagem e transporte em barcaças bem como do aumento de operações nos sectores identificados. • Durante o período de dragagem em 2011 e 2012, cerca de 507 pessoas poderão ser directamente empregadas como resultado do projecto, com mais 193 pessoas empregadas na construção das instalações no Chinde. Espera-se que o projecto veja a sustentar 2.603 empregos directos a partir de 2018 em diante; • O impacto alargado a nível nacional será a criação de cerca de 1.023 empregos em 2013. Prevê-se que o número total de empregos devido ao impacto alargado a nível nacional aumente para 5.184 até 2030. No entanto, dentro deste aumento líquido de empregos poderá haver perdas de emprego no sector das pescas. Nos cenários assumidos, estas perdas podem ser até 214 empregos durante o período de dragagem inicial e até 54 como resultado da dragagem de manutenção. • Uma análise macroeconómica iria normalmente indicar a criação de empregos indirectos. No entanto, porque estamos a lidar com uma área ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 243 onde a agricultura e pesca de subsistência são as actividades económicas predominantes, não é possível separar as alterações no rendimento da criação de empregos indirectos. Certamente haverá a criação de alguns postos de trabalho indirectos em lugares como Tete. No entanto, é provável que parte das despesas indirectas seja feita em alimentos produzidos por pessoas que são actualmente e em maior parte agricultores de subsistência e nos peixes capturados por pessoas que são actualmente e na sua maioria pescadores de subsistência. Isso é mais geração de renda do que criação de empregos indirectos. Por isso, é apresentado o aumento de renda. Esta abordagem é considerada mais preciso do que a tentativa de estimar os empregos indirectos. Contribuição total para o PIB e Emprego Total Total Contribution to GDP Total Direct Jobs 1 200 9 000 8 000 1 000 7 000 6 000 800 5 000 600 4 000 Total Direct Jobs Contribution to GDP (US$ millions) Figura 8.2 3 000 400 2 000 1 000 200 0 0 -1 000 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030 A contribuição total para o PIB (isto é, a soma do impacto do projecto, o impacto nacional alargado e os efeitos do comércio regional) e para o emprego total (directos e indirectos) são apresentados na Figura 8.2. O gráfico indica o carácter sustentável dos efeitos a partir do ano de 2017 em diante. Também é evidente no gráfico, o aumento de postos de trabalho directos no sector agrícola à medida que mais agricultores de subsistência são levados para a agricultura comercial. Os dois últimos impactos macroeconómicos que são apresentados são os da contribuição para as receitas de impostos e o rendimento do agregado familiar. • A contribuição do impacto do projecto nas receitas de impostos aumenta de US$6 milhões em 2011 para US$168 milhões em 2030. No mesmo período, a contribuição para as receitas de impostos do impacto nacional alargado aumentará de US$ 3 milhões em 2013 para US$173 milhões em 2030. A maior parte destes impostos provêm dos impostos indirectos e são criados através do efeito multiplicador da economia; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 244 • A contribuição total a receita de impostos (directos e indirectos) estimada é de um aumento de US$6 milhões (217 milhões de Meticais) em 2011 para US$341 milhões (12.269 milhões de Meticais) em 2030; • O total acumulado ao longo dos 20 anos é de US$5.296 milhões (190.665 milhões de Meticais); • Estima-se que o rendimento total dos agregados familiares aumentará de US$15 milhões (540 milhões de Meticais) em 2011 para US$1.572 milhões (56.595 milhões de Meticais) em 2030. O total acumulado no período de 20 anos deverá ultrapassar os US$ 24 bilhões (864 biliões de Meticais). Na escala nacional, a magnitude do impacto é considerada como sendo alta e de ocorrência provável. Espera-se que a significância do impacto seja positiva Alta. 8.4.2 Medidas de Melhoramento Não são necessárias. 8.4.3 Impacto Residual O impacto residual permanecerá como Alto. Tabela 8.2 Impacto do projecto na Macroeconomia Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Nacional Alta Alta Provável Alta Impacto Residual (Com mitigação) Construção e Operação Longa Nacional Alta Alta Provável Alta 8.5 IMPACTO DO RUÍDO DO TRANSPORTE FLUVIAL EM BARCAÇAS NAS COMUNIDADES DAS MARGENS DO RIO 8.5.1 Avaliação do Impacto Os impactos de ruído serão sentidos em diferentes graus dependendo da proximidade à fonte do ruído. A maior parte da área de estudo é rural, com um nível de referência de ruído baixo. Adicionalmente, a área de estudo é fracamente povoada, o que significa que os potenciais receptores de ruído (os receptores de ruído são as zonas habitadas) são limitados. Os padrões do IFC seguem as directrizes da OMS no que respeita ao ruído e permitem um incremento de 3dB no nível do ruído ambiente. O impacto do ruído para as operações normais de transporte fluvial em barcaças não ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 245 será sentido para além de uma distância de 28m do canal de navegação, durante o dia, e de 90m durante as operações nocturnas. Em diversos pontos ao longo do rio poderá haver população dentro destas distâncias. A tabela abaixo indica as formas em como as pessoas a diferentes distâncias do canal de navegação sentiriam o impacto do ruído. Tabela 8.3 Excedente Esperado acima dos Níveis de Ruído Ambiente a Várias Distâncias do Eixo Central do Canal do Rio Excedente em dB Durante o dia Durante a noite 3 28m 90m Intensidade da Resposta pelas Pessoas Baixa a nenhuma 3≤5 22m 70m Baixa 5≤7 18m 55m Baixa 7 ≤ 10 12m 40m Baixa a média 10 ≤ 15 7m 22m Média a alta Descrição do Impacto Mudança apenas discernível. Mudança facilmente discernível. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Mudança de 10 dB percebido como "duas vezes mais alto", levando a queixas generalizadas. Estas são as condições de pior cenário, com base no ruído produzido por uma única passagem do comboio de barcaças, corrigido para ser comparável com o Leq máximo por hora, tal como definido nas orientações da OMS. Note-se que isso ocorrerá duas ou três vezes por dia, em um determinado ponto do rio, e não será um ruído contínuo. O impacto do transporte por barcaças só será sentido durante a fase operacional do Projecto. O impacto será de longa duração, específico ao local e terá uma intensidade baixa, resultando numa magnitude baixa. A intensidade baixa é devida ao número limitado de pessoas que vivem mais perto do que 90 m do canal navegável ao longo da área do projecto. Juntamente com a ocorrência provável , espera-se que o impacto tenha uma significância Baixa. 8.5.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Minimizar os impactos do ruído nos receptores. Medida(s) de Mitigação • • Assegurar que a manutenção dos rebocadores é feita regularmente; Desenvolver e implementar um mecanismo de reclamações. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 246 8.5.3 Impacto Residual O impacto residual esperado é Baixo. Tabela 8.4 Impacto do Ruído do Transporte Fluvial em Barcaças nas Comunidades Ribeirinhas Com mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a O impacto do transporte em barcaças apenas será sentido durante a fase operacional do Projecto Fase Operacional Longa Longa No local No local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Provável Provável Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a O impacto do transporte em barcaças apenas será sentido durante a fase operacional do Projecto 8.6 IMPACTO DO RUÍDO DA DRAGAGEM NAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS 8.6.1 Avaliação de Impacto Um aumento de ruído de 3 dB não será sentido para além de uma distância de 1km do alinhamento do canal de navegação durante o dia e para além dos 3,14km durante as operações nocturnas. Dependendo do actual alinhamento do canal poderá haver zonas habitadas dentro destas distâncias, especialmente no que respeita ao impacto durante noite. A tabela abaixo indica como as pessoas a diferentes distâncias do canal navegável sentiriam o impacto de ruído. Tabela 8.5 Valor Excedente Esperado acima dos Níveis de Ruído Ambiente a Várias Distâncias do Eixo Central do Canal do Rio Excedente em dB Durante o dia Durante a noite Intensidade da Resposta por Parte das Pessoas ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Descrição do Impacto RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 247 Excedente em dB Durante o dia Durante a noite 3 710m 2,24km Intensidade da Resposta por Parte das Pessoas Baixa a nenhuma 3≤5 550m 1,73km Baixa 5≤7 450m 1,41km Baixa 7 ≤ 10 280m 880m Baixa a média 10 ≤ 15 155m 490m Média a alta Descrição do Impacto Mudança apenas discernível. Mudança facilmente discernível. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Mudança de 10 dB percebido como "duas vezes mais alto", levando a queixas generalizadas. No que respeita aos impactos de ruído resultante do transporte fluvial em barcaças, estas são as condições do pior cenário, com base no ruído produzido por uma única passagem da draga, corrigida para ser comparável com o Leq máximo por hora, tal como definido nas orientações da OMS. Note-se que a dragagem ocorre em intervalos ao longo do alinhamento, e não a cada hora em uma base contínua na mesma posição. O impacto será sentido somente durante as fases de construção e de operação. Dado que mais pessoas poderão estar dentro da zona de impacto, especialmente durante a noite, a probabilidade do impacto ocorrer é certa. Espera-se que a magnitude seja reduzida em virtude do facto de que o impacto não será sentido de forma contínua e de a população ser relativamente escassa na área de estudo. A significância do impacto tende a ser Baixa para a área de estudo como um todo. 8.6.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Minimizar os impactos de ruído nos receptores. Medida(s) de Mitigação • • • 8.6.3 Assegurar que a manutenção dos rebocadores é feita regularmente; Informar as comunidades potencialmente afectadas da dragagem iminente; Desenvolver e implementar um mecanismo de reclamações. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual mantenha-se Baixo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 248 Tabela 8.6 Impacto do Ruído da Dragagem nas Comunidades das Margens do Rio Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Temporária Temporária No local No local Baixa Baixa Baixa Baixa Definitiva Definitiva Baixa Baixa Fase Operacional Temporária Temporária No local No local Baixa Baixa Baixa Baixa Definitiva Definitiva Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a A dragagem irá somente ocorrer durante as fases de construção e de operação. 8.7 IMPACTO DE RUÍDO NO PONTO DE CARREGAMENTO EM BENGA 8.7.1 Avaliação dos Impactos Durante a fase de construção, é provável que a fonte de ruído dominante seja a cravação de estacas, principalmente se a cravação for por meio de percussão. Alguns ruídos também serão gerados quando as instalações de armazenagem forem erguidas. Os níveis de ruído ambiente aumentariam em mais de 3 dB a uma distância de 3,2 km a partir do local de cravação, conforme ilustrado na tabela abaixo. A cravação não irá ocorrer durante a noite e não se esperam nenhuns impactos de ruído nocturno. Alguns residentes dentro de um raio de 3,2 km do local da cravação sentirão um impacto de ruído por um curto período. O impacto será de curta duração, com efeito local e intensidade e magnitude médias. Juntamente com uma probabilidade definitiva, a significância do impacto deverá ser Moderada durante a fase de construção. Tabela 8.7 Excedente Esperado acima dos Níveis do Ruído Ambiente a Várias Distâncias do Local de Cravação de Estacas durante a Construção Excedente em dB Durante o dia Durante a noite 3 3,2 km n/a Intensidade de Resposta pelas Pessoas Baixa a nenhuma 3≤5 2,4 km n.d Baixa ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Descrição do Impacto Mudança apenas discernível. Mudança facilmente discernível. RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 249 Excedente em dB Durante o dia Durante a noite 5≤7 1,9 km n/a Intensidade de Resposta pelas Pessoas Baixa 7 ≤ 10 1,4 km n.d Baixa a média 10 ≤ 15 750 m n.d Baixa a alta Descrição do Impacto Podem ser recebidas queixas esporádicas. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Mudança de 10 dB percebido como "duas vezes mais alto", levando a queixas generalizadas. Durante a fase operacional, o ruído dominante será das actividades de atracagem e carregamento das barcaças. O impacto não será sentido para além de uma distância de 72m durante o dia e de 230m durante as operações nocturnas. Não existem receptores sensíveis ao ruído dentro dos 72m do ponto de carregamento e, portanto, a significância deste impacto é considerada Negligenciável. Tabela 8.8 Excedente Esperado acima dos Níveis do Ruído Ambiente a Várias Distâncias durante a Operação Excedente em dB 8.7.2 Durante o dia Durante a noite 3 72m 230m Intensidade de Resposta pelas Pessoas Baixa a nenhuma 3≤5 55m 180m Baixa 5≤7 43m 140m Baixa 7 ≤ 10 32m 102m Baixa a média 10 ≤ 15 17m 55m Baixa a alta Descrição do Impacto Mudança apenas discernível. Mudança facilmente discernível. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Mudança de 10 dB percebido como "duas vezes mais alto", levando a queixas generalizadas. Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Minimizar os impactos de ruídos nos receptores. Medidas de Mitigação • • Realizar as actividades de cravação de estacas entre as 8 e as 17 horas apenas. Se possível, realizar cravação de estacas por vibração em vez de cravação de estacas por percussão. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 250 • • 8.7.3 Informar as comunidades potencialmente afectadas antes da cravação de estacas. Desenvolver e implementar um mecanismo de reclamações. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual se mantenha Moderado durante a fase de construção e Negligenciável durante a fase de operação. Tabela 8.9 Impacto do Ruído no Ponto de Carga em Benga Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Média Baixa Média Baixa Definitiva Definitiva Moderada Moderada Fase de Operação Longa Longa Local Local Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Definitiva Definitiva Negligenciável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impacto de ruído no Ponto de Carga em Benga durante esta fase. 8.8 IMPACTO DE RUÍDO NA PONTE DONA ANA 8.8.1 Avaliação de Impacto A fonte dominante de ruído durante a fase de construção de todas as instalações ribeirinhas é provável que seja a cravação de estacas, principalmente se for por meio de percussão. A cravação não irá ocorrer durante a noite e por isso não se esperam nenhuns impactos de ruído nocturnos. Os residentes dentro de um raio de 3,2km do local de cravação sentirão um impacto de ruído de curta duração durante a fase de construção. O impacto será de curta duração, local e com intensidade e magnitude médias. Juntamente com uma probabilidade definitiva, a significância do impacto será Moderada na fase de construção. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 251 Tabela 8.10 Excedentes Esperados acima dos Níveis do Ruído Ambiente a Várias Distâncias do Local de Cravação de Estacas Excedente em dB Durante o dia Durante a noite 3 3,2km n/a Intensidade de Resposta pelas Pessoas Baixa a nenhuma 3≤5 2,4km n/a Baixa 5≤7 1,9km n/a Baixa 7 ≤ 10 1,4km n/a Baixa a média 10 ≤ 15 750m n/a Média a alta Descrição do Impacto Mudança apenas discernível. Mudança facilmente discernível. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Mudança de 10 dB percebido como "duas vezes mais alto", levando a queixas generalizadas. Durante a fase operacional, o impacto do ruído estará associado com a atracagem de barcaças, separação e remontagem do comboio de barcaças, bem como actividades de enchimento. Cada barcaça do comboio será empurrada separadamente por baixo da ponte e será igualmente manobrada dentro desta área para posicionamento nas bóias de atracagem, actividade que ocorrerá em aproximadamente 70% do dia. Supõe-se que serão utilizados silenciadores críticos para reduzir os níveis máximos de ruído a um máximo de 80dB (A) na parte traseira do convés dos rebocadores (ou 53dB (A) a 160m de distância do rebocador). Adicionalmente, estima-se que será necessária uma potência de 85% para o troço de montante, 50% de potência para o troço de jusante e 50% de potência durante o período de manobras. Assume-se que as manobras terão lugar no meio do troço entre o canal de navegação e o ancoradouro, i.e. a 330m da margem. O cenário do pior caso seria uma passagem pelo ponto mais próximo, que produzisse um nível de ruído de 58dB (A) nominalmente a 160m, que é a distância mínima que o comboio de barcaças pode aproximar-se das áreas habitadas de Mutarara na margem esquerda, caso seja utilizado um canal de navegação entre os ancoradouros 7 e 9. Os silenciadores críticos reduzem os níveis de ruído produzidos pelas necessidades de menor potência durante uma parte da operação. O uso destes silenciadores em conjunto com aumento das distâncias para os rebocadores, em parte da operação, representa uma redução de aproximadamente 9dB. No pior caso, tal como acima descrito, sem medidas de mitigação, não haverá impactos para além de uma distância de 60m do canal de navegação durante o dia e de 180m do canal de navegação durante a noite (como ilustrado na Tabela 8.11). Uma vez que a maioria das habitações em Mutarara se localizam a mais de 300m do canal de navegação, espera-se que o impacto seja de intensidade baixa. Juntamente com a longa duração e ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 252 a extensão local do impacto espera-se que a magnitude seja baixa a média. A magnitude baixa a média, em conjunto com a probabilidade de ocorrência definitiva, resulta numa significância Baixa a Moderada. Supõe-se que cada barcaça no comboio será empurrada separadamente por baixo da ponte e que o comboio poderá envolver um máximo de oito barcaças. Este cenário de pior caso envolve 16 passagens por baixo da ponte pelo comboio de barcaças, bem como actividades de manobras contínuas nesta área. O nível de ruído contínuo do pior caso é calculado em 58 dB(A) nominalmente a 160m, que é a distância mínima que o comboio de barcaças poderá deslocar-se em direcção às áreas residenciais na margem leste de Mutarara, se for usado um canal de navegação através do cais 7 a 9. O impacto não será sentido para além de uma distância de 160m do canal de navegação durante o dia e para além dos 500m durante a noite (conforme a Tabela 8.11). Como as habitações estão localizadas tão próximas quanto os 50m, espera-se um impacto de alta intensidade. Juntamente com impacto de longa duração e numa extensão local, espera-se uma magnitude alta. A magnitude média associada a uma probabilidade de ocorrência definitiva irá resultar em uma significância Alta. Tabela 8.11 8.8.2 Excedentes Esperados acima dos Níveis do Ruído Ambiente a Várias Distâncias das Actividades de Construção Excedente dB Durante o dia Durante a noite 3 60m 180m Intensidade de Resposta pelas Pessoas Baixa a nenhuma 3≤5 45m 140m Baixa 5≤7 36m 110m Baixa 7 ≤ 10 25m 80m Baixa a média 10 ≤ 15 14m 45m Média a alta Descrição do Impacto Mudança apenas discernível. Mudança facilmente discernível. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Mudança de 10 dB percebido como "duas vezes mais alto", levando a queixas generalizadas. Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Minimizar os impactos de ruído nos receptores. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 253 Medida(s) de Mitigação • • • • • 8.8.3 Realizar as actividades de cravação de estacas somente entre as 8 e as 17 horas; Se possível, realizar cravação de estacas por meio de vibração em vez de cravação de estacas por meio de percussão; Informar as comunidades potencialmente afectadas antes da cravação de estacas; Consultar as comunidades significativamente afectadas e, se necessário, incluir no Plano de Acção de Reassentamento; Desenvolver e implementar um mecanismo de reclamações. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual reduza para Moderado durante as fases de construção e operação. Tabela 8.12 Impacto do Ruído nas Áreas de Atracagem das Barcaças na Ponte Dona Ana Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Média Baixa Média Baixa Definitiva Definitiva Moderada Moderada Fase Operacional Longa Longa Local Local Baixa Baixa Baixa a Média Baixa a Média Definitiva Definitiva Baixa a Moderada Baixa a Moderada Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impacto de ruído na Ponte Dona Ana durante esta fase. 8.9 IMPACTO DE RUÍDO NO CHINDE 8.9.1 Avaliação de Impactos É provável que a fonte dominante de ruído durante a fase de construção sejam as operações de cravação, especialmente se for por meio de percussão. Outras fontes de ruído serão a construção de edifícios, de instalações de armazenamento e de instalações de apoio. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 254 Nenhuma actividade de construção ruidosa (incluindo a cravação) ocorrerá durante o período nocturno e, portanto, nenhuns impactos de ruído nocturnos são esperados. Os residentes dentro de um raio de 3,2km do local de cravação sentirão um impacto de ruído de curta duração durante a fase de construção (Tabela 8.13). A curta duração, dimensão localizada e intensidade média irá resultar num impacto de magnitude média. Juntamente com uma probabilidade definitiva, espera-se que a significância do impacto seja Moderada na fase de construção. Tabela 8.13 Excedentes Esperados acima do Níveis do Ruído Ambiente a Várias Distâncias das Actividades de Construção Excedente dB Durante o dia Durante a noite 3 3,2km 10km Intensidade de Resposta pelas Pessoas Baixa a nenhuma 3≤5 2,4km 7,9km Baixa 5≤7 1,9km 6,1km Baixa 7 ≤ 10 1,4km 4,5km Baixa a média 10 ≤ 15 750m 2,4km Média a alta Descrição do Impacto Mudança apenas discernível. Mudança facilmente discernível. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Mudança de 10 dB percebido como "duas vezes mais alto", levando a queixas generalizadas. Durante a fase operacional, o ruído será produzido pela atracagem das barcaças, separação e remontagem do comboio de barcaças e, potencialmente pelo carregamento de barcaças marinhas. Planeia-se realizar esta actividade na margem esquerda do rio, oposta ao Chinde. As habitações mais próximas encontram-se a aproximadamente 2km de distância. Supõe-se que cada barcaça no comboio seja empurrada separadamente para a estação de transbordo e que o comboio possa ter até um máximo de oito (8) barcaças. Este cenário de pior caso envolve 16 passagens das embarcações pela vila do Chinde, bem como as actividades de manobras contínuas nesta área. O nível de ruído contínuo do cenário de pior caso é calculado em 58dB(A) nominalmente a 160m. O impacto diurno não será sentido para além de uma distância de 160m do canal de navegação e para além de 500m para as operações nocturnas. Dada a distância das habitações mais próximas, espera-se uma magnitude baixa e uma ocorrência provável. Isto resultará num impacto com significância Baixa durante a fase operacional. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 255 Tabela 8.14 8.9.2 Excedentes Esperados acima dos Níveis do Ruído Ambiente a Várias Distâncias das Actividades Operacionais Excedente em dB Durante o dia Durante a noite 3 160m 500m Intensidade de Resposta pelas Pessoas Baixa a nenhuma 3≤5 125m 390m Baixa 5≤7 100m 310m Baixa 7 ≤ 10 70m 225m Baixa a média 10 ≤ 15 40m 125m Média a alta Descrição do Impacto Mudança apenas discernível. Mudança facilmente discernível. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Podem ser recebidas queixas esporádicas. Mudança de 10 dB percebido como "duas vezes mais alto", levando a queixas generalizadas. Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Minimizar os impactos de ruído nos receptores. Medidas de Mitigação • • • • • 8.9.3 Realizar as actividades de cravação de estacas somente entre as 8 e as 17 horas; Se possível, realizar cravação de estacas por meio de vibração em vez de cravação de estacas por meio de percussão; Informar as comunidades potencialmente afectadas antes da cravação de estacas; Assegurar que é realizada a manutenção regular de todos os barcos rebocadores e que os mesmos são mantidos em boas condições de funcionamento. Desenvolver e implementar um mecanismo de reclamações. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual mantenha-se Moderado durante a fase de construção e Baixo durante a fase operacional. Tabela 8.15 Impacto do Ruído nas Áreas de Atracagem de Barcaças no Chinde Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Curta Local Média Média Definitiva ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Local Baixa Baixa Definitiva RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 256 Sem mitigação Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância 8.10 Impacto Residual (Com mitigação) Moderada Fase Operacional Longa Longa No local No local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Provável Provável Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos de ruído nas áreas de atracagem de barcaças no Chinde nesta fase. Moderada IMPACTO DA DRAGAGEM NAS ACTIVIDADES DA PESCA ARTESANAL E SEMIINDUSTRIAL NO RIO 8.10.1 Avaliação de Impactos Esse impacto ocorrerá durante as fases de construção e de operação do Projecto. Os impactos sobre as populações de peixes são considerados no Estudo de Ictiofauna; este impacto refere-se à interrupção física das actividades de pesca ou danos no equipamento de pesca (redes de pesca, etc.). A actividade de dragagem poderá afectar as operações de pesca nas proximidades das operações de dragagem, devido ao ruído ou poderá inibir os pescadores de pescar em determinadas zonas do rio em determinados momentos. Uma zona de exclusão será mantida em torno das operações de dragagem - esta destina-se a evitar danos aos equipamentos de pesca. O impacto será em locais específicos e sentido de forma intermitente durante o Projecto. Espera-se que a intensidade e a magnitude do impacto sejam baixas durante as fases de construção e operação, com uma ocorrência provável. Assim, espera-se um impacto de significância Baixa. 8.10.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Minimizar a perturbação física das actividades pesqueiras. Medida(s) de Mitigação • • • Informar as comunidades potencialmente afectadas sobre as operações de dragagem antes do início da actividade; Substituir o equipamento de pesca que for danificado ou destruído em resultado da dragagem; Desenvolver e implementar um mecanismo de reclamações. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 257 8.10.3 Impacto Residual Espera-se que o impacto residual mantenha-se Baixo durante as fases de construção e operação. Tabela 8.16 Impacto da Dragagem nas Actividades da Pesca Artesanal e Semiindustrial Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância 8.11 Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Temporária Temporária Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Provável Provável Baixa Baixa Fase Operacional Temporária Temporária Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Provável Provável Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impacto na pesca artesanal e semi-industrial durante esta fase. IMPACTO DAS OPERAÇÕES DE TRANSPORTE EM BARCAÇAS NAS ACTIVIDADES DA PESCA ARTESANAL E SEMI-INDUSTRIAL 8.11.1 Avaliação de Impacto Este impacto será sentido na fase operacional, e refere-se apenas à interrupção física das actividades de pesca devido às passagens para cima e para baixo do rio dos comboios de barcaças. A actividade de transporte no rio será limitada ao canal navegável, onde a actividade pesqueira é muito baixa (consultas com os pescadores indica que eles preferem não pescar no canal profundo do rio); a maioria das capturas ocorre nas secções mais rasas do rio e nas lagoas adjacentes. Além disso, o tráfego de comboio de barcaças não deverá ser intenso (até uma média de sete comboios de barcaças que passarão por um ponto do rio a cada 24 horas) e por isso a perturbação será temporária. Uma zona de exclusão em redor dos comboios de barcaças em movimento será mantida para evitar danos ao equipamento de pesca ou prejuízos para os pescadores. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 258 Espera-se que o impacto seja local e intermitente durante o período do projecto. A intensidade e a magnitude serão baixas. Juntamente com a ocorrência provável, espera-se uma significância Baixa. 8.11.2 Medidas de Mitigação Objectivo da Mitigação Para minimizar a interrupção física das actividades pesqueiras. Medida(s) de Mitigação 8.11.3 • Um calendário indicando o horário de passagem dos comboios de barcaças deve ser produzido e distribuído em cada localidade ribeirinha principal e actualizado regularmente; • Substituir o equipamento de pesca (linhas, redes ou mesmo canoas) depois de comprovado que foi danificado ou destruído como resultado do transporte em barcaças; • Implementar e fazer cumprir limites de velocidade. As barcaças carregadas que se movimentam para jusante não devem exceder os 5 nós através da água. Barcaças leves deslocando-se a montante não devem exceder os 7 nós. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual mantenha-se Baixo. Tabela 8.17 Impacto do Transporte em Barcaças nas Actividades da Pesca Artesanal e Semi-industrial Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impacto nas actividades de pesca artesanal e semi-industrial durante esta fase. Fase Operacional Temporária Temporária Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Provável Provável Baixa Baixa Fase de desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 259 Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a n/a n/a Não haverá impacto nas actividades da pesca artesanal e semi-industrial durante esta fase. 8.12 IMPACTO DAS ZONAS DE EXCLUSÃO PARA EFEITOS DE SEGURANÇA NA PESCA ARTESANAL NO CHINDE 8.12.1 Avaliação de Impacto Durante a fase de construção, as zonas de exclusão para efeitos de segurança serão estabelecidas em torno das áreas de construção para prevenir acidentes e emaranhamento dos equipamentos de pesca com embarcações de serviço operacional nas áreas de construção ou colisões entre essas embarcações e os pescadores. Durante a fase operacional, zonas de exclusão para efeitos de segurança serão estabelecidas em torno das áreas de atracagem das barcaças. Para os fins desta avaliação, a medida postulada dessas zonas de exclusão é de 500m de raio em torno de áreas de construção e áreas de atracagem. Não há estimativas do número de pescadores artesanais que operam redes de emalhar e outras técnicas de pesca em águas relativamente profundas no raio de 500m das instalações marinhas de Chinde. Partindo do pressuposto de que as áreas de pesca nos canais de águas profundas na região da foz do rio no Chinde são igualmente produtivas (considerado um pressuposto conservador), as áreas de exclusão irão impedir o acesso a cerca de 24%(1) destas, nas fases de construção e de operação, supondo que todos os três locais são desenvolvidos concomitantemente ou que todas as zonas de exclusão são mantidas no lugar durante a construção e operação. O impacto da construção não irá ocorrer após a fase de construção. O impacto operacional não irá ocorrer após a vida útil do projecto. A dimensão local e longa duração deste impacto, juntamente com a intensidade média irá resultar em uma magnitude média. Juntamente com uma probabilidade definitiva, espera-se um impacto de significância Moderada. 8.12.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a área total das zonas de exclusão. (1) O comprimento do canal no local de atracagem a montante até ao local da foz incluindo a margem sul = ~14.500m; comprimento da exclusão por local da margem do rio Chinde = 3.500m. O rio Maria foi excluído do cálculo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 260 Medida(s) de Mitigação Durante a fase operacional, remover as zonas de exclusão sempre que for seguro fazê-lo (quando não está a decorrer a atracagem). 8.12.3 Impacto Residual Implementar as zonas de exclusão somente quando necessário, irá reduzir a magnitude deste impacto e é provável que resulte na redução da significância para Baixa durante a fase operacional. Tabela 8.18 Impacto das Zonas de Exclusão de Segurança na Pesca Artesanal no Chinde. Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Média Baixa Média Baixa Definitiva Definitiva Baixa Negligenciável Fase Operacional Longa Longa Local Local Média Baixa Média Baixa Definitiva Definitiva Moderada Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois da vida útil do Projecto, as zonas de exclusão serão removidas. 8.13 IMPACTO DA ZONA DE EXCLUSÃO PAR EFEITOS DE SEGURANÇA NA PESCA SEMI-INDUSTRIAL E INDUSTRIAL NA ZONA MARÍTIMA 8.13.1 Avaliação de Impacto Durante a fase operacional, haverá necessidade de ter zonas de exclusão para efeitos de segurança em redor da embarcação de transbordo na zona marítima, bem como nas rotas marcadas de aproximação e retirada para os navios de grande porte que irão fazer carregamentos de carvão. O extensão da zona de exclusão em redor da embarcação de transbordo ainda não está definido, mas deve ser de pelo menos 500m de raio. Do mesmo modo, se houver zonas específicas de aproximação e retirada, estas devem ser igualmente de cerca de 500m de largura, mas com possivelmente cerca de 1.800m de comprimento. Assim sendo, a área total estimada de zonas de ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 261 exclusão será de 2.6 km2. Foram especificadas duas posições possíveis para a instalação marítima, uma a cerca de 15km e outra a cerca de 20 km da costa. Ambas estão localizadas em áreas activas de arrasto e, portanto, haverá implicações para a pesca. De acordo com este valor, o nível de interferência será menor para o local em alto mar mais afastado da costa, especialmente se as rotas de navegação para e da instalação forem orientadas para a zona marítima (longe da costa), em oposição ao longo da costa. A pesca semi-industrial e industrial distribuem-se por uma área muito grande e as zonas de exclusão são comparativamente insignificantes. No entanto, as zonas estarão em vigor durante a vida útil do projecto. Este impacto local e de longa duração será provavelmente de intensidade insignificante devido à pequena área afectada. A magnitude negligenciável juntamente com a probabilidade definitiva resulta em um impacto de significância Negligenciável. Esse impacto não irá ocorrer durante as fases de construção, desmantelamento e encerramento. 8.13.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a perturbação da pesca. Medida(s) de Mitigação Assegurar uma comunicação adequada com os pescadores para alerta-los das actividades de transbordo. 8.13.3 Impacto Residual Este impacto permanecerá Negligenciável. Tabela 8.19 Impacto da Zona de Exclusão na Pesca Semi-industrial e Industrial na Zona Marítima Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância n/a n/a n/a n/a n/a n/a Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Negligenciável Negligenciável Definitiva Negligenciável Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a Fase Operacional Longa Local Negligenciável Negligenciável Definitiva Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 262 Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância 8.14 Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Depois do período do Projecto as zonas de exclusão serão removidas. IMPACTO DAS MUDANÇAS DOS NÍVEIS DE ÁGUA NA ACTIVIDADE AGRÍCOLA NAS MARGENS DO RIO E ILHAS 8.14.1 Avaliação de Impacto O projecto tem o potencial de modificar os caudais durante as fases de construção e de operação devido à dragagem e possivelmente aos efeitos de ondas causados embarcações. Os resultados da pesquisa dos efeitos das ondas causados pelo movimento dos barcos são utilizados para avaliar este potencial impacto. O estudo dos efeitos das ondas indica que é provável que o tráfego de barcaças tenha um impacto menor sobre os habitats ripários com a gestão adequada da velocidade. Embora possa haver uma erosão das margens relacionada às barcaças, é improvável que a taxa de erosão seja significativamente maior do que a taxa actual. O Estudo do Fluxo Ambiental indica que as mudanças no nível de água como resultado da dragagem são baixas e que os padrões de inundação provavelmente permanecerão substancialmente inalterados. Isto significa que provavelmente, qualquer efeito relacionado com o caudal na agricultura das margens seja mínimo. Não se espera que a dragagem provoque a remoção de ilhas, de modo que, se prevê que a agricultura nas ilhas permaneça praticamente inalterada. Dada a dinâmica natural do rio, os agricultores são geralmente móveis e mudam os terrenos agrícolas, em resposta às mudanças do rio. Assim, é provável que qualquer impacto tenha uma intensidade baixa com uma duração curta e extensão local. A magnitude seria baixa com uma ocorrência “improvável.” Isso resulta em uma significância Negligenciável. Este impacto pode tornar-se mais significativo se a RML solicitar a Barragem de Cahora Bassa para descarregar caudais maiores na estação seca. Este não será o caso, e até mesmo se a RML solicitar fluxos de água adicionais, é provável que seja na estação seca e apenas para que o rio tenha um caudal mínimo necessário para o transporte fluvial em barcaças (2,600m3/s). Este caudal não irá resultar em inundações dos terrenos agrícolas das margens. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 263 8.14.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para evitar que a dragagem ou o transporte fluvial em barcaças afecte a agricultura nas ilhas ou nas margens. Medida(s) de Mitigação • 8.14.3 Na medida do possível garantir que o transporte fluvial em barcaças ocorra dentro do regime de caudal existente. Não solicitar Cahora Bassa para descarregar fluxos de água adicionais para apoiar a operação de transporte em barcaças. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual mantenha-se Negligenciável. Tabela 8.20 Impacto das Mudanças do Fluxo na Actividade Agrícola Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Improvável Improvável Negligenciável Negligenciável Fase Operacional Longa Longa Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Improvável Improvável Negligenciável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impacto nas mudanças de fluxo na actividade agrícola. 8.15 IMPACTO DO TRANSPORTE EM BARCAÇAS NA SEGURANÇA NO RIO 8.15.1 Avaliação do Impacto Impactos potenciais na segurança serão sentidos durante a fase operacional. Durante as operações diárias com barcaças, existe a possibilidade de que as pessoas no rio, em canoas ou táxis aquáticos possam capotar devido a colisões ou devido ao efeito das ondas causado pelo movimento dos comboios fluviais. O transporte em barcaças durante ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 264 24 horas por dia e sete dias por semana, aumentará o potencial de colisões entre as barcaças e canoas ou táxis aquáticos, especialmente à noite. Prevêse que o risco de colisões ou capotagens irá diminuir ao longo do tempo à medida que as pessoas se acostumarem às operações das barcaças. A probabilidade de colisão é improvável uma vez que a maioria das canoas e táxis aquáticos mantêm-se junto das margens pouco profundas do rio. Os efeitos das ondulações nas canoas serão mais propensos a ser uma preocupação de segurança do que colisões. Na pior das hipóteses, a morte por afogamento ou ataque de crocodilos e hipopótamos poderia ocorrer. Se o pior cenário ocorrer, a magnitude do impacto será alta. No entanto, dada a improvável probabilidade de ocorrer o impacto, espera-se uma significância Moderada. 8.15.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para evitar qualquer lesão ou morte para as comunidades locais como resultado do Projecto. Medida(s) de Mitigação 8.15.3 • Um calendário indicando o horário de circulação dos comboios fluviais deve ser produzido. Este horário deve ter informações sobre o tempo de viagem por cada localidade ribeirinha importante, e deve ser distribuído para conhecimento público. • Implementar limites de velocidade para comboios fluviais, de modo a limitar os efeitos das ondas criadas e permitir que as pessoas em canoas tenham tempo suficiente para deslocarem-se para zonas seguras durante a aproximação de comboios fluviais. As barcaças carregadas movendo-se a jusante não devem exceder os 5 nós. As barcaças sem cargas e em movimento a montante não devem exceder os 7 nós. • Os comboios fluviais devem tornar sua presença visível através da utilização de sinais sonoros e luminosos, a fim de tornar os usuários do rio conscientes da sua aproximação. • Estabelecer um processo de reclamações com as comunidades locais e desenvolver um plano de gestão para resolução de problemas. Impacto Residual Se as medidas de mitigação propostas forem implementadas, o impacto residual esperado será Baixo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 265 Tabela 8.21 Impacto do Transporte em Barcaças na Segurança no Rio Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impacto do transporte em barcaças na Segurança no rio durante a fase de construção. Fase Operacional Temporária Temporária No local No local Alta Baixa Alta Baixa Improvável Improvável Moderada Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impacto do transporte em barcaças na segurança no rio durante esta fase. 8.16 IMPACTO DA ONDULAÇÃO CAUSADA PELO MOVIMENTO DOS COMBOIOS DE BARCAÇAS NAS ACTIVIDADES NAS MARGENS DO RIO (LAVAGEM, TOMAR BANHO, COLECTA DE ÁGUA) 8.16.1 Avaliação de Impacto Esse impacto ocorrerá durante as fases de construção e de operação, quando a passagem das dragas e/ou comboios de barcaças podem causar ondulações que deslocam-se para as margens do rio. Devido à proximidade do canal principal às margens, é possível que os efeitos das ondas causadas pelo movimento dos comboios de barcaças possam afectar algumas rotinas normais, ou seja, perturbação de objectos (pratos, copos, etc.) e secagem de roupas ou pilhas de roupas colocadas na margem para lavagem. Este efeito foi observado durante os estudos de campo ao longo do rio, levantando alguns protestos de pessoas envolvidas em lavagens nas margens. Para ambas as fases de construção e operação, a magnitude do impacto esperada é baixa, com uma ocorrência provável. Para ambas as fases, a significância do impacto esperada é Baixa. 8.16.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar os efeitos das ondas causado pelo movimentos das embarcações. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 266 Medidas de Mitigação 8.16.3 • Medidas apropriadas de configuração das barcaças devem ser implementadas para limitar os efeitos das ondas. • Um calendário indicando o horário de passagem dos comboios fluviais deve ser produzido. Este horário deve ter informações sobre o tempo de viagem por cada localidade ribeirinha importante, e deve ser distribuído para conhecimento público. • Implementar limites de velocidade para comboios fluviais, de modo a limitar os efeitos das ondas e de permitir que as pessoas em canoas tenham tempo suficiente para deslocar-se para zonas seguras durante a aproximação de comboios fluviais. As barcaças carregadas movendo-se a jusante não devem exceder os 5 nós/. As barcaças sem cargas em movimento a montante não devem exceder os 7 nós/horas. • Os comboios fluviais devem fazer sua presença visível através da utilização de sinais sonoros e luminosos, a fim de tornar os usuários do rio conscientes da sua aproximação. • Estabelecer um processo de reclamações com as comunidades locais e desenvolver um plano de gestão para resolução de problemas. Impacto Residual O impacto residual esperado manter-se-á Baixo durante ambas as fases de construção e operação. Tabela 8.22 Impacto dos Efeitos das Ondas nas Actividades nas Margens do Rio Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Temporária No local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Temporária No local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade n/a n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Temporária No local Negligenciável Negligenciável Provável Baixa Fase Operacional Temporária No local Negligenciável Negligenciável Provável Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 267 Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) Não haverá impactos dos efeitos de esteira causados pelo movimento de embarcações nas actividades nas margens do rio durante esta fase. 8.17 IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS ACIDENTAIS DE COMBUSTÍVEIS NAS ACTIVIDADES NAS MARGENS DO RIO (LAVAGEM, TOMAR BANHO E COLECTA DE ÁGUA) 8.17.1 Avaliação de Impactos Este impacto pode ocorrer durante ambas as fases de construção e de operação. Derramamentos acidentais de carvão ou de combustíveis têm o potencial de causar impacto na qualidade da água das margens dos rios. Conforme discutido na Secção 9.12, mesmo no pior cenário, um derramamento de combustível teria um impacto baixo. O mesmo aplica-se a eventuais derramamentos de carvão (Secções 9.5, 9.23 e 9.24). A improbabilidade de um grande derramamento combinado com o facto de águas fluindo rapidamente no canal de navegação significa que os derramamentos são mais propensos a dissiparem-se e afastarem-se do que serem depositados nas margens do rio. No caso de um derramamento ocorrer perto da margem do rio, o risco de interrupção das actividades na margem do rio aumentará. Tal impacto deve ser localizado e de curta duração. Assim, no contexto da área de estudo, espera-se que o impacto potencial tenha uma extensão local, curta duração e baixa intensidade. A magnitude esperada é baixa, com uma ocorrência “improvável a provável.” Assim, a significância esperada seria Baixa. 8.17.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para evitar qualquer derramamento de carvão ou de combustível no rio durante as operações de rotina de transporte em barcaças. Medidas de Mitigação • Assegurar que todas as barcaças, embarcações de transbordo, barcos rebocadores passam por uma manutenção regular e são mantidos em boas condições de funcionamento; • Procedimentos adequados de prevenção de derramamentos deverão ser aplicados durante o carregamento e transporte; • A amostragem da qualidade da água deve ser realizada no caso de ocorrência de um derramamento de combustível significante para informar as medidas de recuperação. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 268 8.17.3 Impacto Residual Espera-se que o impacto residual reduza para Baixo para ambas as fases de construção e de operação. Tabela 8.23 Impacto dos Derramamentos Acidentais nas Actividades nas Margens do Rio Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Temporária Temporária Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Improvável – Provável Improvável Negligenciável – Baixa Negligenciável Fase Operacional Temporária Temporária Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Improvável – Provável Improvável Baixa Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos de derramamentos acidentais do transporte em barcaças durante esta fase. 8.18 IMPACTO NA SAÚDE DA COMUNIDADE 8.18.1 Avaliação de Impactos Esse impacto pode ocorrer em ambas as fases de construção e operação do Projecto. A interacção resultante do afluxo intensificado dos trabalhadores de construção para os locais-chave do projecto, nomeadamente Mutarara e Chinde, onde serão construídas infra-estruturas, pode resultar em um aumento na disseminação de doenças de transmissão sexual (DTSs) como a SIDA. Durante a fase operacional, pode haver interacção contínua entre o pessoal do projecto e as populações locais em locais-chave do projecto (nomeadamente Benga, Mutarara e Chinde). Isso pode ampliar o impacto tornando-o de longa duração. Provavelmente, a intensidade do impacto será média, com uma magnitude média. A ocorrência é provável. A significância do impacto deverá ser Moderada, sem medidas de mitigação. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 269 8.18.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a propagação de doenças, particularmente de DTSs. Medidas de Mitigação 8.18.3 • Realização de campanhas de sensibilização sobre o SIDA e DTSs no seio das comunidades no ponto de carga em Benga, em Mutarara e Sena e no Chinde. Estas campanhas devem ser realizadas em parceria com as autoridades locais. • O pessoal do projecto também deve receber uma formação periódica de saúde. • A distribuição gratuita de preservativos deve estar disponível para o pessoal do projecto. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual diminua para Baixo para ambas as fases de construção e de operação. Tabela 8.24 Impacto na Saúde da Comunidade Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local - Regional Local Média Baixa Média Baixa Provável Provável Moderada Baixa Fase Operacional Longa Longa Local- Regional Local Média Baixa Média Baixa Provável Provável Moderada Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos na saúde da comunidade durante esta fase. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 270 8.19 IMPACTO NO AUMENTO DE MALES SOCIAIS (CRIME, PROSTITUIÇÃO) NA POPULAÇÃO DO CHINDE 8.19.1 Avaliação de Impactos Este impacto poderá ter início durante a fase de construção e estender-se até a fase operacional. Como o ponto de saída para o Projecto, Chinde será o destinatário de um considerável investimento em infra-estrutura e será um local atraente para os empresários locais. Assim, será provável um afluxo de pessoas à procura de oportunidades de trabalho. Este afluxo de procura de emprego, bem como aqueles que procuram fornecer serviços de suporte pode resultar em um aumento de patologias sociais como a criminalidade e a prostituição dentro da comunidade de Chinde. Este impacto será "específico ao local”, terá uma curta duração durante a fase de construção e longa duração durante a fase operacional. A intensidade e a magnitude seriam baixas na fase de construção e médias na fase operacional. Juntamente com a ocorrência provável, a significância esperada seria Baixa na fase de construção e Moderada na fase operacional. 8.19.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a propagação de males sociais. Medida(s) de Mitigação 8.19.3 • A fim de evitar expectativas excessivas que podem ocasionar o afluxo de pessoas para Chinde, o projecto deverá divulgar informações realistas sobre as exigências de trabalho e sobre a política de recrutamento do projecto; • Sempre que possível, o Projecto deverá apoiar a polícia local para enfrentar os desafios desse tipo. Impacto residual O impacto residual deverá manter-se como Baixo para a fase de construção e variar de Moderado a Menor durante a fase operacional. Tabela 8.25 Impacto nos Males Sociais no Chinde Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Curta No local Baixa Baixa Provável ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta No local Negligenciável Negligenciável Provável RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 271 Sem mitigação Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Baixa Fase Operacional Longa Longa No local No local Média Baixa Média Baixa Provável Provável Moderada Moderada – Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos nos males sociais no Chinde durante esta fase. Baixa 8.20 IMPACTO DO PROJECTO NA INFRA-ESTRUTURA SOCIAL DO CHINDE 8.20.1 Avaliação de Impactos Durante a fase de construção, o pessoal de construção contaria com os serviços locais de abastecimento de água potável. A RML poderia complementar esta fonte de água através do fornecimento de água engarrafada. Instalações sanitárias portáteis seriam fornecidas pela RML. A electricidade para a construção seria fornecida através de geradores. Assim, qualquer impacto na infra-estrutura social existente durante a fase de construção teria um valor insignificante com uma ocorrência improvável. A significância esperada seria Negligenciável durante a construção. Durante a fase operacional, o projecto poderá vir a necessitar mais fortemente de infra-estruturas sociais (estradas, abastecimento de água, fornecimento de electricidade, etc.) em Chinde. A RML proporcionaria uma pequena clínica para lidar com as necessidades menores de saúde dos seus trabalhadores e os problemas mais graves seriam tratados em instalações adequadas, fora de Chinde. Assim, é improvável que haja pressão sobre os serviços de saúde de Chinde. Qualquer impacto previsto sobre a infraestrutura social do Chinde seria de baixa intensidade e magnitude. Juntamente com a ocorrência provável, a significância do impacto seria Baixa durante a fase operacional. 8.20.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar a pressão sobre as actuais infra-estruturas sociais. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 272 Medida(s) de Mitigação 8.20.3 • A fim de evitar expectativas excessivas que podem provocar o afluxo de pessoas para o Chinde, o projecto deve divulgar informações realistas sobre as exigências de trabalho e sobre a política de recrutamento do projecto; • O proponente do projecto deve reunir-se com autoridades locais para discutir as melhores formas de oferecer apoio local sobre os serviços sociais no âmbito do programa de projectos de Responsabilidade Social. Impacto Residual O impacto residual deverá manter-se como Negligenciável durante a fase de construção e Baixo durante a fase operacional. Tabela 8.26 Impacto na Infra-estrutura Social no Chinde Com mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância 8.21 Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Baixa Negligenciável Negligenciável Negligenciável Improvável Improvável Negligenciável Negligenciável Fase Operacional Longa Longa Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Provável Provável Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n.d Não haverá impactos do projecto na infra-estrutura social durante esta fase. IMPACTO DA PERDA POTENCIAL DE PROPRIEDADE EM BENGA E NA MARGEM NORTE NO CHINDE Esse impacto ocorrerá na fase de construção, mas irá durar até ao final da fase operacional. Há alguns terrenos agrícolas em Benga que poderão ser afectados pela construção de instalações de armazenamento. Em Benga, esta situação já foi abordada através do Plano de Acção de Reassentamento. No Chinde, há uma série de pequenas palhotas usadas como abrigos provisórios por pescadores na área onde a infra-estrutura do projecto será construída. Não foram notados nenhuns terrenos agrícolas na margem ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 273 norte de Chinde, durante a visita ao local ou através da análise de imagens aéreas. Devido à implementação do PAR em Benga, o impacto não é analisado em maior detalhe nesta secção. No Chinde, a perda de abrigos temporários é considerada de baixa intensidade pois existem outras áreas remanescentes abertas para servir de abrigos. A ocorrência é considerada provável, resultando em um impacto de significância Baixa. 8.21.1 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar o impacto da ocupação de terras. Medida(s) de Mitigação 8.21.2 • Devem assegurar-se terrenos para substituição e/ou indemnizações devem ser pagas aos proprietários; • As autoridades locais devem ser envolvidas no processo de negociação; • Em caso de perda de terras agrícolas, deverão ser fornecidas terrenos de substituição de qualidade igual ou superior, de acordo com as recomendações do Banco Mundial e da CFI. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual reduza para Negligenciável durante as fases de construção e operação. Tabela 8.27 Impacto na Infra-estrutura Social no Chinde Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Específica ao local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Longa Local Baixa Baixa Provável Baixa Duração Escala Intensidade Magnitude n/a n/a n/a n/a Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Longa Específica ao local Negligenciável Negligenciável Provável Negligenciável Fase Operacional Longa Específica ao local Negligenciável Negligenciável Provável Negligenciável Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 274 Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a Não haverá impactos do projecto na infra-estrutura social durante esta fase. 8.22 IMPACTO DAS OPERAÇÕES DE TRANSPORTE POR BARCAÇAS NA SENSAÇÃO DE FAMILIARIDADE COM O LOCAL (SENSE OF PLACE) 8.22.1 Avaliação de Impactos Este impacto será provavelmente predominante na fase operacional. Este é um impacto difícil de avaliar, pois é por natureza bastante subjectivo. Diferentes pessoas vêem e sentem o rio de diferentes maneiras. Este impacto é avaliado do ponto de vista da possível mudança na paisagem rural. Para quem vê o rio como um recurso cultural e patrimonial que deve ser protegido de mudanças, qualquer mudança resulta em fortes objecções. Espera-se que a intensidade seja baixa, com uma magnitude baixa a média. Para tais observadores, a probabilidade do impacto ocorrer é definitiva. Isso resulta em uma significância Baixa a Moderada. Espera-se que a significância deste impacto diminua com o tempo, à medida que as pessoas vão acostumam-se com o Projecto. Para aqueles que procuram empregos, e que vêem sinais de desenvolvimento positivos, um impacto positivo é esperado. É provável que impacto positivo tenha uma baixa intensidade com uma magnitude baixa a média. Juntamente com uma probabilidade de ocorrência definitiva, espera-se que o impacto tenha uma significância Baixa a Moderada positiva. 8.22.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para minimizar o impacto intruso do Projecto na sensação de familiaridade com o local. Medida(s) de Mitigação • 8.22.3 Estabelecer um processo de reclamações com as comunidades locais e elaborar um plano de gestão para resolução de problemas. Impacto Residual O impacto residual provavelmente não irá mudar. Tabela 8.28 Impacto na Sensação de Familiaridade Sem mitigação Duração n/a ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 275 Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Sem mitigação Impacto Residual (Com mitigação) n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos do projecto na infra-estrutura social durante esta fase. Fase Operacional Longo prazo Longo prazo Temporária Temporária Local Local Local Local Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa-Média Baixa-Média Baixa Baixa Definitiva Definitiva Provável Provável Baixa-Moderada +Baixa Moderada Baixa-Moderada +Baixa Moderada Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos do projecto na infra-estrutura social durante esta fase. 8.23 IMPACTO DO PROJECTO NO POTENCIAL PARA O TURISMO NO RIO 8.23.1 Avaliação de Impactos Durante a fase operacional, o projecto tem o potencial para afectar as actividades de turismo. Actualmente, não há nenhuma actividade turística significativa com base no rio na área de estudo. No entanto, o Rio Zambeze tem o potencial para o turismo. Condições para algumas actividades de ecoturismo, tais como a observação de aves, estão presentes em grandes trechos do rio. O projecto de transporte fluvial poderia ter impactos positivos e negativos no turismo. No caso de um impacto positivo, a abertura e a manutenção de um canal de navegação tem o potencial de facilitar o turismo baseado no rio. Os operadores de turismo seriam capazes de levar os barcos pelo Rio Zambeze e o aumento no acesso poderia provocar o desenvolvimento de alojamentos turísticos ao longo do rio. Este impacto positivo seria de longa duração, extensão local e de baixa intensidade. Espera-se que a magnitude baixa resultante, combinada com uma ocorrência provável resultaria numa significância Baixa positiva. No caso de impactos negativos, ao mudar-se a sensação projectada pelo local (sense of place), o transporte de carvão (por vezes visto como algo "sujo") tem o potencial de prejudicar o desenvolvimento futuro do turismo baseado no rio. Dado que o turismo com base no rio não está actualmente em curso e não está no plano estratégico do Governo a curto e médio prazos, esse impacto seria de baixa intensidade e magnitude. Juntamente com a ocorrência provável, espera-se um impacto com significância Baixa. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 276 8.23.2 Medidas de Mitigação Objectivo de Mitigação Para facilitar o futuro turismo potencial com base no rio. Medida(s) de Mitigação • 8.23.3 Estabelecer um processo de reclamações com as comunidades locais e elaborar um plano de gestão para resolução de problemas. Impacto Residual O impacto residual provavelmente não irá mudar. Tabela 8.29 Impacto no Potencial do Turismo baseado no Rio Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Sem mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Provável Provável Baixa Negligenciável Fase Operacional Longa Longa Longa Longa Local Local Local Local Baixa Baixa Negligenciável Baixa Baixa Baixa Negligenciável Baixa Provável Provável Provável Provável Baixa + Baixa Baixa Baixa Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos do projecto no potencial do turismo com base no rio durante esta fase. 8.24 IMPACTO DO PROJECTO NA CRIAÇÃO DE EMPREGOS DIRECTOS 8.24.1 Avaliação de Impactos Durante a fase de construção, o projecto resultará na necessidade de mãode-obra especializada, semi-qualificada e não qualificada. Prevê-se que grande parte da exigência de trabalho semi-qualificado e não qualificado seja preenchida pelas comunidades locais (Chinde e arredores, Mutarara e arredores e Benga e arredores). Estima-se que cerca de 680 empregos directos(1) possam vir a ser criados na fase de construção. Este impacto (1) Barry Standish et al., Estudo de Especialista Economico SES, Tabela 9. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 277 positivo seria localizado por natureza, com duração curta e teria uma intensidade média a alta. Espera-se que a magnitude seja média com uma ocorrência provável, resultando em uma significância Moderada positiva durante a fase de construção. Embora não seja em grande escala, a fase operacional irá gerar um número de empregos locais associados com as tripulações dos comboios fluviais (estimando-se em cerca de 15 membros da tripulação por comboio), as operações de atracagem, carga e descarga das barcaças, manutenção de infra-estruturas e serviços auxiliares. No total, estima-se que 193 empregos directos poderão ser criados até ao início de 2013 (início estimado da operação em caso de aprovação do projecto), expandindo-se para 2.176 postos de trabalho directos até 2015 e 3.078 postos de trabalho directos até 2030(1). Durante a fase operacional, este impacto positivo será sentido a longo prazo com uma intensidade e magnitude média a alta. Juntamente com a ocorrência provável, espera-se que este impacto positivo aumente gradualmente para uma significância de Moderada a Alta ao longo do tempo. 8.24.2 Medidas de Melhoramento Objectivo de Melhoramento Para maximizar a criação de empregos. Medida(s) de Melhoramento • 8.24.3 Deve ser dada prioridade à contratação e formação de mão-de-obra local. A fim de difundir os benefícios por meio de comunidades ribeirinhas, um sistema de quotas pode ser considerado. Também é altamente aconselhável que as autoridades locais sejam envolvidas no processo de recrutamento. Além disso, e sempre que possível, as tarefas devem ser atribuídas às empresas locais e/ou subcontratadas. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual se mantenha como Moderado a Alto e positivo. Tabela 8.30 Impacto na Criação de Empregos Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Curta Local Média-Alta Média Provável Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Local Alta Alta Provável (1) Barry Standish et al., Estudo de Especialista Economico SES, Tabela 9. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 278 Sem mitigação Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Moderada – Alta Fase Operacional Longa Longa Local Local Média-Alta Alta Média-Alta Alta Provável Provável Moderada-Alta Moderada-Alta Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n.d n/a n/a n.d n/a n.d n/a Não haverá impactos na criação de empregos durante esta fase. Moderada 8.25 IMPACTOS DA TRANSFERÊNCIA DE COMPETÊNCIAS NOS MOÇAMBICANOS LOCAIS 8.25.1 Avaliação de Impactos Durante a fase operacional, os pilotos fluviais expatriados iriam transferir os seus conhecimentos para os pilotos moçambicanos. Esta transferência de conhecimento tecnológico será um factor importante na criação de uma força de trabalho altamente qualificada em Moçambique. Estas competências podem ser colocadas em uso em projectos de navegação dentro e fora de Moçambique, criando assim mais oportunidades para os locais. A transferência de competências e de formação deverá aumentar ao longo do tempo, resultando em uma intensidade e magnitude de média a alta. Com uma ocorrência provável, a significância esperada é Moderada a Alta e positiva. 8.25.2 Medidas de Melhoramento Objectivo de Melhoramento Para maximizar a transferência de competências. Medida(s) de Melhoramento • 8.25.3 A RML deverá desenvolver e implementar um programa de transferência de competências. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual se mantenha Moderado a Alto e positivo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 279 Tabela 8.31 Impacto na Transferência de Competências Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção Curta Curta Local Local Média-Alta Alta Média-Alta Alta Provável Provável Moderada –Alta Moderada –Alta Fase Operacional Curto prazo Curto prazo Local Local Média-Alta Média-Alta Média-Alta Média-Alta Provável Provável Moderado –Alta Moderada –Alta Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos na criação de empregos durante esta fase. 8.26 IMPACTO DE PROCUREMENT LOCAL EM BENGA, MUTARARA E CHINDE 8.26.1 Avaliação de Impactos Durante a fase operacional, o desenvolvimento de infra-estruturas em locais chave (Benga, Mutarara e Chinde) pode resultar em benefícios para as comunidades locais, pois podem fornecer bens e serviços nesses locais. Dado que Chinde teria mais desenvolvimento (sob a forma de escritórios, serviços de apoio, etc.), irá contribuir mais do que os outros locais em apoiar uma microeconomia local. Essa contribuição será de escala local, com uma duração longa e de intensidade baixa a média. A magnitude seria de média a alta, com uma ocorrência provável, resultando em um impacto de significância Moderada a Alta positiva. 8.26.2 Medidas de Melhoramento Objectivo de Melhoramento Para maximizar os benefícios locais. Medidas de Melhoramento • Tanto quanto possível, mercadorias e serviços devem ser fornecidos localmente; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 280 • 8.26.3 As iniciativas de Responsabilidade Social que visam beneficiar a população local em locais-chave do projecto (por exemplo, manutenção ou reparação de pequenos pontões ou rampas para uso da comunidade) pode ser implementada. Impacto Residual Espera-se que o impacto residual se mantenha como Moderado a Alto e positivo. Tabela 8.32 Impacto do Projecto de Desenvolvimento em Benga, Mutarara e Chinde Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos devido ao projecto de desenvolvimento em Benga durante a fase de construção. Fase Operacional Longa Longa Local Local Baixa-Média Média Média-Alta Alta Provável Provável Moderada-Alta + Moderada-Alta + Fase de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos devido ao projecto de desenvolvimento em Benga durante esta fase. 8.27 IMPACTO DA CRIAÇÃO DO CANAL NAVEGÁVEL NAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS E CRIAÇÃO DE EMPREGOS INDIRECTOS 8.27.1 Avaliação de Impactos Durante a fase operacional, a abertura de um canal de navegação durante todo o ano, pode resultar em oportunidades económicas adicionais (incluindo o potencial para a exportação de produtos agrícolas) para quem deseje explorar novas oportunidades de negócio, tais como empresas de transporte público no rio, aumentando assim o nível de serviços oferecidos às populações locais e gerando novos empregos. Estima-se que a criação de empregos indirectos possa variar de cerca de 3.000 em 2012 para 39.000 em 2030(1). Esse impacto seria sentido durante um longo período, em uma (1) Barry Standish et al., Estudo de Especialista Económico SES, Tabela 10. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 281 extensão local e com uma intensidade média. Espera-se que a magnitude seja média com uma ocorrência provável. Assim, antecipa-se que o impacto tenha uma significância Moderada positiva. 8.27.2 Medidas de Melhoramento Não foram identificadas medidas de melhoramento específicas. O funcionamento normal das forças de mercado e a actividade empresarial são o veículo habitual para este tipo de impacto. 8.27.3 Impacto Residual Espera-se que impacto residual se mantenha Moderado e positivo. Tabela 8.33 Impacto da Abertura do Canal Navegável nas Oportunidades de Negócios e Empregos Indirectos Sem mitigação Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Duração Escala Intensidade Magnitude Probabilidade Significância Impacto Residual (Com mitigação) Fase de Construção n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos durante a fase de construção. Fase Operacional Longa Longa Local Local Média Alta Alta Alta Provável Provável Moderada Moderada Fases de Desmantelamento e Encerramento n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a n/a Não haverá impactos durante a fase de desmantelamento. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 282 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 283 9 IMPACTOS CUMULATIVOS Os impactos cumulativos ocorrem quando uma actividade do Projecto actua em conjunto com outras actividades (outros projectos) de forma a afectar sobre o mesmo receptor ambiental ou social. Para efeitos do presente relatório, os impactos cumulativos foram definidos como "as mudanças para o meio ambiente causadas por uma actividade em combinação com outras actividades humanas passadas, presentes e futuras razoavelmente previsíveis." As actividades passadas e presentes foram consideradas no desenvolvimento da linha de base ambiental e social contra a qual o projecto é avaliado. Por exemplo, a fauna bentónica da linha de base leva em conta as actividades passadas de carregamento de carvão que modificaram habitats bentónicos e que resultaram numa queda do número de espécies da fauna bentónica. Assim, o impacto sobre a fauna bentónica, como resultado do projecto inerentemente considera a actividade do passado e, portanto, a avaliação do impacto incorpora o efeito cumulativo. Para além das actividades presentes e passadas, foram identificadas as seguintes actividades "razoavelmente previsíveis" que podem agir em conjunto com o Projecto para cumulativamente afectar o meio ambiente: • • • • • • A construção e operação da Barragem e Central Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa; A expansão da Barragem de Cahora Bassa; A construção e operação da Barragem e da Central Hidroeléctrica de Lupata; A construção e operação da Barragem e da Central Hidroeléctrica de Boroma; O uso do rio por outras empresas como via de transporte. Outros projectos em curso. IMPACTOS CUMULATIVOS DAS BARRAGENS E DO PRESENTE PROJECTO A Questão As barragens acima indicadas concorrerão com o Projecto em termos de induzir modificações nos caudais e nos padrões de sedimentação do rio, exacerbando os impactos ambientais e sociais no Rio Zambeze, no Delta, nas terras húmidas de Ramsar, em áreas ripárias e húmidas em geral, na agricultura nas margens e ilhas e na pesca artesanal e semi-industrial. O curso do Baixo Zambeze foi alterado significativamente pelos projectos de desenvolvimento das Barragens do Kariba e de Cahora Bassa. Estas grandes barragens resultaram em uma atenuação dos caudais do Rio ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 284 Zambeze; em grande parte, eliminando as grandes inundações e os caudais muito baixos da estação seca. Os caudais são agora mais constantes, o que favorece a produção hidroeléctrica. Isto fez com que o rio a jusante de Cahora Bassa se tornasse geomorfologicamente mais estável, com um canal activo mais estreito, menos entrançado e com menor transporte de sedimentos do que foi historicamente o caso. O resultado é que os sistemas geomorfológicos e ecológicos do rio a jusante das barragens têm sido drasticamente modificados em relação ao seu estado natural. As inundações no delta dependem agora do regime das chuvas a nível regional e/ou de descargas de Cahora Bassa (Beilfuss e Brown, 2006). Avaliação e Mitigação Uma vez que não se conhecem, neste momento, os cenários de operação das barragens, não é possível quantificar os impactos cumulativos. O estudo de caudais realizado no âmbito deste Projecto demonstra que o Projecto terá efeitos insignificantes sobre os actuais níveis de água e padrões de cheia do rio e que não removerá sedimentos do sistema fluvial. Assim, à luz desses resultados, é razoável assumir que o projecto de transporte fluvial implicará efeitos sobre os caudais e sobre os sedimentos inferiores aos que serão induzidos pelas novas barragens propostas as quais, pela sua natureza, são mais susceptíveis de induzir impactos sobre os caudais e sedimentos. Em linha com as boas práticas internacionais, a mitigação a empreender pela RML deve ser feita na proporção da sua contribuição para os impactos cumulativos. A este respeito, uma medida de mitigação apropriada será a partilha de informação com terceiros, de modo a facilitar uma avaliação estratégica regional que informe o desenvolvimento do Baixo Zambeze. Existe uma necessidade clara de reforçar a colaboração entre o sector mineiro e o sector de produção de energia hidroeléctrica, bem como entre estes dois sectores e o Governo Moçambicano e ONGs. IMPACTOS CUMULATIVOS DO TRANSPORTE FLUVIAL POR OUTRAS COMPANHIAS E PROJECTOS MINEIROS. A Questão A criação e manutenção de um canal navegável pelo Projecto pode resultar no interesse de outras companhias e projectos (incluindo companhias mineiras, transportadores e operadores turísticos) em utilizar o rio como via de transporte. Haverá assim potencial para que sejam gerados impactos cumulativos no ambiente e no meio socioeconómico, os quais poderão afectar aspectos como a qualidade de água, segurança da navegação, habitates ribeirinhos, agricultura nas margens e ilhas, etc. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 285 Avaliação e Mitigação Tal como sucede no caso das barragens propostas, não é possível quantificar impactos introduzidos pela eventual utilização do rio por futuros operadores. Caso esses operadores se restrinjam aos parâmetros definidos pela RML em relação ao canal navegável (isto é, utilizem o canal sem proceder ao seu alargamento ou a dragagem adicional) ou em termos operacionais (velocidade das embarcações, padrões de segurança, medidas de prevenção da poluição, procedimentos de emergência, etc.), os impactos cumulativos no ambiente e comunidades ribeirinhas serão, provavelmente, de baixa significância. Dependendo do número de embarcações adicionais em causa e do grau de intervenção das autoridades competentes, no entanto, o aumento de tráfego poderá induzir um impacto cumulativo significativo na segurança da navegação. A principal medida de mitigação a aplicar pela RML, em conjunto com futuros utilizadores, será colaborar com o Governo Moçambicano no sentido de garantir o cumprimento os regulamentos de transporte fluvial. Como mínimo, todos os utilizadores deverão cumprir os padrões operacionais descritos no presente EIA e no PGA e quaisquer regulamentos definidos pelas entidades governamentais competentes. IMPACTOS CUMULATIVOS DOS EMPREENDIMENTOS CORRENTES . A Questão Para além dos projectos razoavelmente previsíveis acima referidos, o desenvolvimento que se regista na área de Tete (essencialmente ligado à expansão da indústria mineira) está a resultar no aumento da população e no correspondente aumento da pressão sobre as infra-estruturas e serviços existentes. Este crescimento demográfico e as pressões do desenvolvimento podem conduzir ao aumento da importância do rio como via de transporte e fonte de abastecimento de água o que poderá, por sua vez, afectar cumulativamente o funcionamento ecológico do rio e as actividades socioeconómicas dele dependentes, na região do Baixo Zambeze. Avaliação e Mitigação Apesar dos actuais empreendimentos contribuírem significativamente para o crescimento económico da Província de Tete e de Moçambique como um todo, é provável que o funcionamento do Baixo Zambeze como uma importante fonte de recursos de subsistência e de desenvolvimento económico, em si, venha a sofrer mudanças em resultado dos impactos sofridos. O Governo de Moçambique deverá encontrar soluções de equilíbrio entre o crescimento dos sectores mineiro, energético e industrial e os benefícios socioeconómicos decorrentes desse crescimento para a economia nacional e para o povo Moçambicano, por um lado, e os ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 286 potenciais impactos cumulativos a longo prazo no funcionamento da bacia do Zambeze, por outro. Esta questão reveste-se de extrema importância, considerando o papel que o Zambeze desempenha como determinante da viabilidade de vários sectores a economia, nomeadamente a sua contribuição para a pesca e exportação de camarão (fornecendo áreas de reprodução, nutrientes e viabilizando o banco de Sofala), para a agricultura nas margens e ilhas, e, potencialmente, para o futuro desenvolvimento da actividade ecoturística na região. Embora os impactos cumulativos sejam difíceis de quantificar, acções regulares de monitoria serão essenciais para fornecer ao Governo de Moçambique informação relevante para a elaboração de um planeamento estratégico para o Baixo Zambeze. Assim, a colaboração entre os projectos dos diversos sectores, o Governo de Moçambique e as ONGs contribuirá para promover um conhecimento mais extensivo do sistema do Baixo Zambeze. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 287 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 288 10 QUADRO DO PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL E SOCIAL 10.1 VISÃO GERAL E ÂMBITO 10.1.1 Introdução Este capítulo apresenta o quadro do Plano de Gestão Ambiental e Social (PGA) da RML para o Projecto de Transporte Fluvial de Carvão da Riversdale no Rio Zambeze. Os elementos deste plano provisório serão levados adiante e incorporados em um projecto abrangente de PGA que será utilizado para elaborar objectivos de conformidade com as normas globais de Saúde e Segurança Ambiental (SSA) e outros compromissos relacionados. Este PGA é um mecanismo de execução de medidas de mitigação ambiental e social, apresentadas no Relatório da AIA. O objectivo do PGA é garantir que estas recomendações sejam traduzidas em acções práticas de gestão que podem ser dotadas de recursos adequados e integradas nas fases do projecto. O PGA é, portanto, uma ferramenta de gestão ambiental utilizada para garantir que impactos negativos indevidos ou razoavelmente evitáveis da construção e desmantelamento sejam evitados e que os benefícios dos projectos sejam capitalizados.(1) O quadro do PGA pode ser encontrado no Anexo D. 10.1.2 Âmbito O PGA é destinado a cobrir as actividades descritas no Capítulo 4 deste relatório da AIA. Abrange as actividades do projecto durante as fases de construção e operação e estará sujeito a revisões completas antes do início das actividades para garantir que esteja completo. 10.2 ORGANIZAÇÃODA GESTÃO AMBIENTAL A RML está empenhada em fornecer os recursos necessários para a execução e controlo do PGA. Os recursos incluem os recursos humanos adequados e competências técnicas especializadas. A RML terá pessoal competente e dedicado com base numa educaçãoadequada, formação e experiência, que irá gerir e supervisionar as normas SSA da construção do projecto. (1) Lochner, P. 2005. Guideline for Environmental Management Plans. CSIR Report No. ENV-S-C 2005-053 H.RSA, Provincial Government of the Western Cape, Department of Environmental Affairs and Development Planning, Cape Town. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 289 10.2.1 Formação e Sensibilização A RML irá identificar, planificar, monitorizar e registar as necessidades de formação para o pessoal cujo trabalho possa ter um impacto adverso significativo sobre o meio ambiente ou condição social. O projecto reconhece que é importante que os trabalhadores a cada nível e função relevantes estejam cientes da política ambiental e social do projecto; potenciais impactos de suas actividades; e funções e responsabilidades em atingir a conformidade com a política e procedimentos. Este objectivo será atingido através de um processo de formação formal. A formação de funcionários irá incluir a sensibilização e competência com respeito a: • impactos sociais e ambientais que poderão resultar das suas actividades; • necessidade de agir de acordo com as exigências da AIA e do PGA, a fim de evitar ou reduzir esses impactos; e • funções e responsabilidades para agir em conformidade com tais exigências, incluindo no que respeita à gestão da mudança e resposta a emergências. O coordenador das normas SSA do projecto é responsável pela coordenação da formação, mantendo os registos da formação dos trabalhadores, e garantir que estes sejam monitorados e revistos regularmente. O coordenador também irá verificar periodicamente se os funcionários trabalham com competência, por meio da discussão e da observação. Os funcionários responsáveis pela realização de inspecções no local receberão formação através de recursos externos, se necessário. Aformação será coordenada pelo coordenador das normas SSA do projecto, antes do comissionamento das instalações. Após a conclusão da formação e uma vez considerada competente pela administração, a equipa estará pronta para treinar outras pessoas. Da mesma forma, o projecto irá exigir que cada um dos subempreiteiros realize programas de formação para o seu pessoal. Cada empresa subcontratada é responsável pela formação e sensibilização no local em termos da observância das normas SSA, pelo pessoal contratado, nos locais de trabalho. Os subcontratantes são também responsáveis pela identificação de eventuais necessidades de formação adicional para manter os níveis de competência exigidos. O programa de formação das partes subcontratadas estará sujeita à aprovação do projecto e será objecto de auditoria para assegurar que: ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 290 • • • 10.2.2 os programas de formação são adequados; todos os funcionários que necessitem de formação foram treinados; e a competência é verificada. Comunicação A RML irá manter um processo formal de comunicação com as entidades reguladoras e as comunidades. O coordenador das normas SSA do projecto é responsável pela comunicação de questões relacionadas às normas SSA de e para as entidades reguladoras, sempre que necessário. As reuniões serão realizadas, conforme necessário, entre a RML ea apropriada autoridade reguladora e os representantes da comunidade para analisar o desempenho das normas SSA, áreas de interesse e questões emergentes. As negociações serão transparentes e os interessados terão acesso ao pessoal e informações para responder às preocupações levantadas. A RML nomeou um Oficial de Ligação Comunitária (OLC). O OLC é responsável pela disseminação de informação e pela coordenação da comunicação coma comunidade durante o curso do Projecto. O Projecto irá desenvolver e implementar um Mecanismo de Reclamações para que os membros da comunidade possam colocar quaisquer questões de interesse. As queixas podem ser verbais ou escritas e geralmente são reivindicações específicas por danos/lesões ou reclamações ou sugestões sobre a maneira como o projecto está sendo implementado. Quando a reclamação for levada ao conhecimento da equipa do projecto, a mesma será registada e avaliada. A pessoa ou grupo com a queixa terá de apresentar motivos para fazer uma reclamação ou reivindicação de perda, para que seja feita uma avaliação correcta e informada. Sempre que uma queixa ou reclamação for considerada válida, algumas etapas necessárias serão tomadas para corrigir o problema ou para acordar numa compensação pelos prejuízos. Em todos os casos, a decisão tomada ea razão para a decisão será registada e comunicada às partes interessadas. Onde ainda existir desacordo sobre o resultado, então, pode ser que seja necessário que o procedimento de arbitragem seja supervisionado por um terceiro (por exemplo, um funcionário do governo). As partes interessadas das comunidades locais serão informadas sobre como implementar o Mecanismo de Reclamação. 10.2.3 Preparação e Resposta a Emergências A RML irá preparar planos e procedimentos para identificar o potencial de resposta a acidentes ambientais e situações de emergência de saúde e de ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 291 segurança, para prevenir e mitigar os impactos ambientais e sociais potencialmente negativos que possam estar associados a estes. As medidas para preparação e respostas para emergências serão analisadas pela RML, pelo menos numa base anual e, após a ocorrência de quaisquer acidentes ou situações de emergência para garantir que as lições aprendidas ajudam para uma melhoria contínua. Exercícios de emergência serão realizados em uma base regular para confirmar a adequação das estratégias de resposta. As investigações de acidentes ou incidentes seguirão procedimentos formais que serão documentados. 10.2.4 Gestão de Alterações nas Actividades do Projecto Alterações no projecto podem ocorrer devido a situações imprevistas. As mudanças adaptativas também podem ocorrer durante o curso do desenho definitivo do projecto,o seu fecho, ou mesmo durante a fase de operação. O projecto vai implementar um procedimento formal para gerir as mudanças no projecto que será aplicado a todas as actividades do projecto. O objectivo do procedimento é garantir que o impacto das mudanças sobre a saúde e a segurança do pessoal, do ambiente, instalações e equipamentos é identificado e avaliado antes de qualquer modificação ser implementada. A gestão do processo de mudança vai garantir que: • As alterações propostas têm uma justificação sólida a nível técnico, de segurança, ambiental e comercial; • Mudanças são revistas por pessoal competente e o impacto das alterações reflecte-se na documentação, incluindo os procedimentos operacionais e desenhos; • Os riscos decorrentes de mudanças que alterem as condições avaliadas no EIA foram identificados e avaliados, os impactos das alterações não prejudiquem a gestão da saúde, da segurança ou do ambiente; • As alterações são comunicadas ao pessoal, que é dotado com as habilitações necessárias, através da formação, para efectivamente implementar mudanças; e • Um funcionário da RML, devidamente autorizado, aceita a responsabilidade pela mudança da actividade. À medida que a informação sobre as incertezas se torna disponível, o projecto do PGA será actualizado para incluir estas informações em revisões subsequentes. As considerações ambientais e sociais como também ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 292 a praticabilidade de engenharia e custos serão tidas em conta na escolha entre alternativas possíveis. 10.3 VERIFICAÇÃO E ACÇÃO CORRECTIVA 10.3.1 Introdução A verificação inclui inspecções e monitorização, bem como as actividades de auditoria para confirmar a correcta aplicação dos sistemas de controlo, bem como a eficácia das mitigações. As acções correctivas incluem a resposta para situações fora do controlo, incumprimento e nãoconformidade. As acções também incluem aquelas destinadas a melhorar o desempenho. 10.3.2 Inspecção A inspecção das normas SSA será realizada, semanalmente, numa base ad hoc e formalmente pelo menos uma vez a cada seis meses. Os resultados das actividades de inspecção serão notificados à RML para serem resolvidos. 10.3.3 Monitoria A monitoria será realizada para garantir a conformidade com os requisitos regulamentares, bem como avaliar a eficácia do controlo operacional e outras medidas destinadas a mitigar os potenciais impactos. Os parâmetros de monitoria estão incluídos na estrutura do PGA no Anexo D. 10.3.4 Auditoria Para além das actividades de inspecção de rotina e monitoria realizadas, as auditorias serão realizadas internamente pela RML para garantir a conformidade com os requisitos regulamentares, bem como as suas próprias normas e políticas de SSA. Auditorias a serem realizadas também irão cobrir as actividades de inspecção e de monitoria feitas pelo subcontratante. A auditoria deve ser realizada por pessoal qualificado e os resultados devem ser comunicados à RML para serem resolvidos. A auditoria incluirá uma análise de conformidade com os requisitos da AIA e PGA e incluir, no mínimo, o seguinte: • Integridade da documentação SSA, planificação e os registos de inspecção; • conformidade com requisitos de monitoria; ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT incluindo documentos de RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 293 • eficácia das actividades para tratar de qualquer falta de conformidade com os requisitos de monitoria; e • actividades de formação e manutenção de registos. Haverá um ciclo de auditorias em áreas específicas do projecto, tais como gestão de resíduos. A frequência das auditorias será baseada no risco e irá variar com o estágio do projecto e irá depender dos resultados de auditorias anteriores. 10.3.5 Acção Correctiva A investigação de “um quase”incidente ou incidente real após a sua ocorrência pode ser usada para obter lições valiosas e informações que podem ser utilizadas para evitar ocorrências semelhantes ou mais graves no futuro. A RML irá implementar um procedimento formal de rastreamento de não conformidade e acção correctiva para a investigação de causas e identificação de acções correctivas em resposta a acidentes ambientais ou sociais ou não-conformidades. Isso irá garantir uma acção coordenada entre a RML e os seus subcontratados. O coordenador das normas SSA será responsável por manter os registos das acções correctivas e por supervisionar a modificação de procedimentos de protecção ambiental ou social e/ou programas de formação para evitar a repetição de incumprimento e não-conformidade. 10.3.6 Relatórios Ao longo do projecto, a RML irá manter informadas as autoridades reguladoras do desempenho do projecto no que diz respeito às questões das normas SSA por meio de relatórios escritos do ponto de situação e reuniões pessoais (isto é, cara a cara). A RML irá preparar um relatório sobre o desempenho ambiental e social e submetê-lo ao MICOA. A frequência destes relatórios será acordada entre a RML e o MICOA. Se necessário, a RML irá fornecer a documentação adequada sobre as actividades relacionadas com as normas SSA, incluindo os registos de controlo interno, os registos de formação, e relatórios às autoridades competentes. Os subcontratados também serão obrigados a fornecer relatórios de desempenho das normas SSA para a RML numa base regular, através de relatórios semanais e mensais. Esta informação será usada como matéria-prima para os relatórios a submeter ao MICOA. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 294 ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 295 11 CONCLUSÕES O projecto proposto é o primeiro do seu género em Moçambique em termos de escala e complexidade. Dada a importância ecológica e social do Rio Zambeze, bem como os principais projectos de desenvolvimento (principalmente barragens), que alteraram significativamente o regime hidrológico do Rio Zambeze, a expectativa é de que o projecto será escrutinado fortemente pelas partes interessadas e afectadas. Assim, a RML iniciou um processo de AIAS que levou quase dois anos a ser concluído, a fim de se compreenderem completamente as questões-chave. As principais questões que foram levantadas várias vezes durante o processo pelas partes interessadas e afectadas externas e por especialistas internos estão listadas abaixo: • • • • • • Potenciais mudanças do nível de água com implicações associadas aos habitats ripários e às actividades socioeconómicas marginais; Potencial para derrames de carvão e combustíveis que afectam o funcionamento do ecossistema e as interacções sociais com o rio; Segurança dos actuais utentes do rio; Potenciais implicações para as populações de peixes e para a pesca; Potenciais implicações para o Delta e as terras húmidas Ramsar; Impactos cumulativos (projectos de futuras barragens no rio). Todas as medidas para mitigar e gerir os impactos, bem como para monitorar a implementação eo sucesso das medidas são apresentadas no quadro PGA (Anexo D). Um resumo de todos os impactos avaliados são apresentados na tabela abaixo. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOZAMBIQUE LIMITADA 296 Tabela11.1Resumo dos Impactos Impacto Fase do Projecto Impacto da dragagem e deposição dos sedimentos dragados no habitat bentónico Construção Operação Impacto de derrames rotineiros de carvão sobre os invertebrados aquáticos de água doce Operação Desmantelamento&Encerramento Impacto de derrames acidentais de combustível em invertebrados aquáticos Construção Operação Impacto de quedadas margens nos invertebrados aquáticos Impacto das instalações com base terrestre no Chinde sobre os mangais Construção Operação Construção Operação Construção Operação Operação Construção Operação Construção Operação Construção Operação Construção Operação Desmantelamento&Encerramento Construção, Distúrbio nos habitats ripários devido à dragagem e à deposição do material dragado Operação Desmantelamento&Encerramento Construção Impacto de derrames acidentais de combustíveis nos habitats ripários Operação Construção Operação Construção Impacto da dragagem na turbidez da água e nos peixes Impacto de derrames acidentais de combustível nos peixes Impacto de derrames acidentais de carvão nos peixes Impacto das mudanças no padrão de hidrologia e inundações nos peixes Impacto da dragagem em termos de potencias riscos de lesões nos peixes Impacto da dragagem nas classes de profundidade Impacto das instalações com base terrestre em Benga na ecologia e habitat terrestre Aumento na taxa de erosão dos habitats ripários devido à ondulação causada pelo movimento das barcaças e rebocadores Operação Significância ( Pré Mitigação/ Medidas de Melhoramento) Moderada Moderada Impacto Residual ( PósMitigação/ Medidas de Melhoramento) Baixo Baixo Baixa Negligenciável Baixa Negligenciável Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Moderada Moderada Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Baixo Baixo Baixo Baixo Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Baixo Baixo Negligenciável Negligenciável Negligenciável Baixo Baixa Baixa Baixo Baixo Baixa Baixo Baixa Moderada Baixo Baixo Moderada Baixo Moderada Baixo Baixa Baixo Alterações no comportamento dos hipopótamos e aumento dos conflitos homem-animal Construção Baixa NegligenciávelaBaixo Operação Baixa Negligenciávela Baixo Impacto do tráfico humano e de veículos no habitat de pântanos de água salgada Construção a Baixa Baixa Baixa Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Baixa Negligenciável Baixa Baixa Baixo Baixo Negligenciável Negligenciável Baixa Baixo Baixa Baixo Baixa Baixa Moderada Baixo Baixo Baixo Baixa Baixa Baixa Baixo Baixo Baixo Impacto do ruído na fauna fluvial e estuarina Impacto da dragagem do banco de areia no mar nos organismos bentónicos do fundo do mar Impacto da dragagem do banco de areia no mar e na qualidade da água do mar Impacto da ancoragem da plataforma de transbordo e NOs (Navios oceânicos) no leito do mar do Banco de Sofala Impacto das poeiras de carvão sobre a vegetação e a qualidade da água no estuário Impacto de derrames operacionais de carvão sobre o ambiente estuarino Impacto das poeiras de carvão e derrames operacionais de carvão sobre o ambiente marinho Impacto das descargas operacionais dos NOs sobre o ambiente marinho e estuarino Impacto de derrames acidentais de hidrocarbonetos líquidos durante as transferências de combustíveis Impacto da descarga de água de lastro no ambiente marinho Impacto dos encalhes e/ou colisões das barcaças e/ou rebocadores no rio Operação Construção Construção Operação Construção Operação Operação Operação Operação Operação Operação Operação Operação Construção Operação Desmantelamento&Encerramento Impacto das colisões das barcaças e/ou rebocadores no ambiente marinho Impacto da intrusão salina no estuário devido à dragagem do banco de areia no mar Operação Construção Operação Impacto da dragagem do banco de areia no mar na dinâmica dos sedimentos à deriva no litoral e na erosão da praia Construção Baixa Moderada Baixo Baixo Operação Construção Operação Construção Construção Operação Construção Operação Construção Operação Construção Operação Moderada Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa to Moderada Baixa to Moderada Baixa Baixa Baixa Baixa Baixo Baixo Baixo Baixo Negligenciável Negligenciável Baixo Baixo Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Impacto das instalações com base terrestre no habitat das aves Impacto do ruído sobre as aves Impacto dos distúrbios nos habitats das aves das ilhas devido à dragagem Impacto de derrames acidentais de combustível nas aves e nos habitats de aves Impacto da caça de aves pelos trabalhadores durante as fases de construção e operação Impacto da deposição de solos nos canais distribuidores de alto fluxo e na alimentação e reprodução das aves Impacto da dragagem nas fontes de alimento das aves Impacto do projecto na economia nacional de Moçambique (Análise Custo- Benefício) Impacto do projecto sobre a macroeconomia Impacto do ruído das barcaças nas comunidades ribeirinhas Impacto do ruído da dragagem nas comunidades ripárias Impacto do ruído no ponto de carregamento em Benga Impacto do ruído nas áreas de atracagem das barcaças na Ponte Dona Ana Impacto do ruído nas áreas de atracagem de barcaças no Chinde Impacto da dragagem em actividades de pesca artesanal e semi-industriais no rio Impacto das operações de transporte fluvial em barcaças nas actividades de pesca artesanal e semi-industrial Impacto das zonas de exclusão de segurança na pesca artesanal no Chinde Impacto da zona de exclusão para efeitos de segurança na pesca semi-industrial e industrial no mar Impacto das alterações dos fluxos na actividade agrícola nas margens de rios e nas ilhas Construção Operação Construção Operação Desmantelamento&Encerramento Construção Baixa to Moderada Moderada Alta Alta Alta Baixo Baixo Alto Alto Alto Alta Alto Operação Desmantelamento&Encerramento Operação Construção Operação Construção Operação Construção Operação Construção Operação Construção Operação Alta Alta Baixa Baixa Baixa Moderada Negligenciável Moderada Alta Moderada Baixa Baixa Baixa Alto Alto Baixo Baixo Baixo Moderado Negligenciável Moderado Moderado Moderado Baixo Baixo Baixo Baixa Baixo Baixa Moderada Negligenciável Baixo Negligenciável Negligenciável Negligenciável Negligenciável Moderada Negligenciável Negligenciável Baixo Operação Construção Operação Operação Impacto do transporte fluvial em barcaças na segurança do rio Construção Operação Operação Impacto da ondulação dos comboios de barcaças nas actividades nas margem do rio (lavar, tomar banho, recolha de água) Construção and Operação Baixa Baixa Baixo Baixo Impacto de derrames acidentais de combustível nas actividades na margem do rio (lavar, tomar banho, recolha de água) Impacto na saúde da comunidade Construção and Operação Construção Operação Construção Negligenciável Baixa Moderada Moderada Baixa Negligenciável Negligenciável Baixo Baixo Baixo Aumento de patologias sociais (criminalidade, prostituição) sobre a população do Chinde Operação Impacto do projecto nas infra-estruturas sociais no Chinde Construção Moderada Negligenciável Moderado Baixo Negligenciável Perda potencial depropriedadesna margem norte de Benga e do Chinde Impacto do projecto sobre o turismo centrado no rio Impacto das operações das barcaças na sensação de familiaridade da região Impacto do projecto na criação de empregos directos Impacto da transferência de competências nos moçambicanos locais Impacto dos desenvolvimentos em Benga, Mutarara e Chinde Impacto da criação de um canal navegável nas oportunidades de negócios e empregos indirectos Operação Construção Operação Construção Operação Operação Construção Operação Operação Operação Operação Baixa Baixa Baixa Baixa Baixa BaixaModerada Baixo Negligenciável Negligenciável Negligenciável +Baixo +Baixa - Moderada Moderada Moderada Moderada–Alta Moderada - Alta Moderada Baixo BaixoModerado +Baixo +Baixo - Moderado Moderado–Alto Moderado–Alto Moderado–Alto Moderado–Alto Moderado A partir da tabela acima, pode ser visto que o proposto Projecto descrito neste relatório teria, predominantemente um impacto relativamente pequeno sobre o status quo do Rio Zambeze. A principal razão para isto reside no facto de se esperar que os impactos da dragagem proposta sobre o sistema hidráulico e habitats do Baixo Zambeze sejam absorvidos pelo tamanho total do ecossistema do Baixo Zambeze em relação ao canal de dragagem proposto e influência da deposição do material dragado. Espera-se pré-mitigação moderada para: • • • • • • • • • • • • • • • • Impacto da dragagem no habitat bentónico (construção e operação); Impacto de derrames acidentais em habitats ripários (construção e operação); Impacto das zonas de exclusão para os pescadores artesanais (operação); Impacto de encalhes ou colisões no estuário (operação); Impacto da dragagem do banco de areia no mar na dinâmica de sedimentos à deriva no litoral e na erosão da praia (construção e operação); O impacto do ruído no ponto de carregamento em Benga (construção); O impacto do ruído na área de atracagem de barcaças no Chinde; Impacto do transporte fluvial em barcaças na segurança do rio; Impacto do projecto na saúde da comunidade (construção e operação); Impacto do projecto no aumento das patologias sociais em Chinde (operação); Impacto das zonas de exclusão de segurança da pesca artesanal no Chinde (construção); Aumento da taxa de erosão dos habitats ripários devido à ondulação criada pelo movimento das barcaças e rebocadores (operação); Impacto de derrames acidentais de combustível em peixes (construção e operação); Impacto do derrame acidental de combustível sobre as aves e os habitats das aves (construção e operação); Impacto sobre as fontes de alimento para aves (construção e operação); O impacto do ruído na ponte Dona Ana (construção). Um grande impacto negativo esperado é: • O impacto do ruído na ponte Dona Ana (operação). Com excepção dos impactos de ruído nos pontos de carregamento de Benga, Ponte Dona Ana e no Chinde, os impactos acima mencionados podem ser atenuados para serem de significância baixa. Espera-se que projecto também tenha impactos positivos moderados a elevados com relação a: • O rácio de custo e benefício (benefícios superam os custos para a sociedade moçambicana); ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 301 • • • • • Contribuição para o PIB e a macroeconomia; Geração de empregos directos e indirectos; Transferência de competências; A aquisição local de bens e serviços; Criação de um canal navegável sobre oportunidades de negócios. Se a magnitude do projecto de dragagem permanecer inalterada daquela descrita no presente relatório, e se as medidas de mitigação propostas forem implementadas, é pouco provável que haja quaisquer falhas fatais do ponto de vista ambiental e social. Caso o projecto seja aprovado, é recomendável que a RML trabalhe em estreita colaboração com o Governo Moçambicano para monitorar as actividades em curso, para: • • • • adicionar à informação existente sobre o rio; avaliar o sucesso das medidas de mitigação e de gestão; compreender melhor os requisitos para a dragagem de manutenção e, portanto, determinar se o estudo de Fluxo Ambiental precisa de ser actualizado; e para ajudar no planeamento estratégico para o rio, prestando especial atenção aos impactos cumulativos. ENVIRONMENTALRESOURCES MANAGEMENT RIVERSDALE MOÇAMBIQUE LIMITADA 302