Diagnostico e Caracterização da Sub

Transcrição

Diagnostico e Caracterização da Sub
DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO DA SUB-BACIA DO RIO DOS
QUEIMADOS
Marcela Adriana de Souza Leite – Bióloga
Rafael Leão – Engenheiro Ambiental
Autores
Apoio
Concórdia, SC
2009
Consórcio Intermunicipal de Gestão Ambiental Participativa do Alto Uruguai Catarinense
Francisco Maximino Machado de Aguiar
Presidente
Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga e seus Contíguos
Gilmar Antonio da Rosa
Presidente
Joni Stolberg
Vice-Presidente
Ademilson Barreiros da Silva
Secretário Executivo
Revisores:
Anastácio Castelo Matos – Engenheiro de Pesca
Angela Maria Dezordi - revisão ortográfica
Elisete Ana Barp – Bióloga
Gilmar Antonio da Rosa – Engº Agrônomo
Joni Stolberg – Químico
Julio Cesar Pascale Palhares – Zootecnista
Jusselei Edson Perin - Engenheiro Florestal
Leonilda Maria Funez – Bióloga
Michael de Mello Oliveira – Geólogo
Silvana Bernardi – revisão metodológica
Comissão de Acompanhamento:
Ademilson Barreiros da Silv a – CIDASC
Antonio Ferreira - Policia Militar Ambiental de Concórdia
Claudia Elis Schiavini – Consórcio Lambari
Deise Ieda Caibre – Sadia Concórdia
Fabiola Bassi – AMAUC
Ivanete Teresinha Grendene - AMAUC
Liana Rossi – Sadia
Marcos Roberto Borsatti –Consórcio Lambari
Maycon Pedott –Comitê Rio Jacutinga
Moacir Valcarenghi - Prefeitura Municipal de Concórdia/FUNDEMA
Paulo Montenegro – Queimados Vivo
Roberto Kurtz Pereira – Consórcio Lambari
Simone Marció – Consórcio Lambari
Vagner Gugel – Sadia Concórdia
Agradecimentos:
Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense - AMAUC
Associação Queimados Vivo
EMPRAPA - CNPSA
EPAGRI
Museu Entomológico Fritz Plaumann
Parque Estadual Fritz Plaumann
Prefeitura Municipal de Concórdia
Prefeitura Municipal de Ipumirim
Universidade do Contestado – Campus Concórdia
Impressão e Diagramação
Gráfica Universo
Todos os direitos reservados para o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga
Ficha Catalográfica Elaborada pela Bibliotecária Irene Zanatta Pacheco Camera CRB 14/138
___________________________________________________________________________
Leite, Marcela Adriana de Souza
Diagnóstico e caracterização da sub-bacia do Rio dos Queimados / Marcela Adriana de Souza Leite, Rafael
Leão. – Concórdia: Consórcio Lambari: Comitê do Rio Jacutinga e Contíguos, 2009.
xx p.
Apoio Instituto Sadia
1. Rio dos Queimados (SC) – hidrografia. 2. Rio dos Queimados (SC) – poluição. I. Leão, Rafael. III. Título.
CDD. 551.4838164
____________________________________________________________
1
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 – Regiões Hidrográficas de Santa Catarina ............................................ 16
Figura 02 – Sub-divisão da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados ..................18
Figura 03 - Ordem dos Cursos de Água ..................................................................21
Figura 04 – Área de Drenagem da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados ......26
Figura 05- Mapa Hidrológico do Brasil ....................................................................35
Figura 06- Tempo Geológico ...................................................................................36
Figura 07- Basalto ...................................................................................................38
Figura 08- Topografia da região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados ......41
Figura 09- Formas de Escoamento da água da chuva.............................................42
Figura 10- Classes de solos na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados. ..........47
Figura 11- Sistema de Drenagem de Santa Catarina...............................................50
Figura 12- Aqüíferos ................................................................................................52
Figura 13- Comunidades inseridas na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados .56
Figura 14- Zonas Agroclimáticas de Santa Catarina ...............................................66
Figura 15- Área atingida pela Enchente de 1983. ...................................................78
Figura 16- Área atingida pela Enchente de 1987. ...................................................79
Figura 17- Área atingida pela Enchente de 1998. ...................................................80
Figura 18- Área atingida pela Enchente de 2007. ...................................................81
Figura 19- Área central da cidade de Concórdia alagada .......................................82
Figura 20- Município de Concórdia – Conseqüência da enchente 2007 .................84
Figura 21- Captura de Desmodus rotundus ..........................................................110
Figura 22- Captura de Desmodus rotundus ..........................................................111
Figura 23- Espécime de Cerdocyon thous ............................................................112
Figura 24- Nasua nasua, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque
Estadual Fritz Plaumann. ......................................................................................113
Figura 25- Mazama sp, imagem capturada pela armadilha fotográfica no Parque
Estadual Fritz Plaumann. ......................................................................................113
Figura 26- Hydrochaeris hydrochaeris, imagem capturada pela armadilha
fotográfica no Parque Estadual Fritz Plaumann ....................................................114
Figura 27- Dasyprocta azarae, imagem capturada pela armadilha fotográfica no
Parque Estadual Fritz Plaumann ...........................................................................114
Figura 28- Pegada de Cuniculus paca (paca), no Parque Estadual Fritz Plaumann,
Concórdia – SC .....................................................................................................118
2
Figura 29- Penelope obscura, imagem capturada pela armadilha fotográfica no
Parque Estadual Fritz Plaumann ...........................................................................122
Figura 30- Espécime de coruja no ninho com os filhotes ......................................124
Figura 31- Ecorregiões aquáticas brasileiras ........................................................142
Figura 32- Fisionomias florestais do estado de Santa Catarina, divididas por
regiões hidrográficas. ............................................................................................143
Figura 33-Mapa dos biomas brasileiros ................................................................144
Figura 34- Festa de emancipação de Concórdia ...................................................168
Figura 35- Concórdia em meados de 1940 ...........................................................169
Figura 36- Exploração da Madeira ........................................................................169
Figura 37- Perímetro Urbano da Bacia ..................................................................174
Figura 38- Vista de vegetação secundária em estágio Intermediário de
desenvolvimento (MPB, 2008) . .............................................................................192
Figura 39- Vista de vegetação secundária em estágio avançado de
desenvolvimento ..................................................................................................193
Figura 40- Área de influência do Parque Estadual Fritz Plaumann, com destaque
para a bacia do Rio dos Queimados ......................................................................197
3
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01- Percentual de poços tubulares perfurados por Comunidade.................57
Gráfico 02- Poços secos por Localidade..................................................................58
Gráfico 03- Média da temperatura máxima. .............................................................69
Gráfico 04- Média da temperatura mínima. ..............................................................70
Gráfico 05- Umidade Relativa Média........................................................................72
Gráfico 06- Precipitação Pluviométrica. ...................................................................74
4
LISTA DE QUADROS
Quadro 01- Lista dos anfíbios registrados no Rio Chapecó .................................. 129
Quadro 02- Lista dos répteis registrados no Rio Chapecó .................................... 131
5
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 – Microbacias de estudo..........................................................................19
Tabela 02- Ordem dos Cursos d’água da Bacia do Rio dos Queimados .................22
Tabela 03- Índice de Sinuosidade ............................................................................22
Tabela 04- Declividade da Bacia..............................................................................29
Tabela 05- Tempo de Concentração........................................................................30
Tabela 06- Características Fisiográficas da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados ...............................................................................................................31
Tabela 07- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no oeste catarinense.....46
Tabela 08- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no município de
Concórdia .................................................................................................................46
Tabela 09- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes na Bacia Hidrográfica do
Rio dos Queimados..................................................................................................48
Tabela 10- Pontos de Captação de água no oeste de Santa Catarina ....................53
Tabela 11- Poços tubulares perfurados na região da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados ...............................................................................................................55
Tabela 12- Climatologia do Município de Concórdia ................................................67
Tabela 13- Precipitações Máximas Diárias ..............................................................75
Tabela 14- Histórico das Enchentes.........................................................................76
Tabela 15- Área Alagada .........................................................................................82
Tabela 16- Distribuição da ictiofauna da bacia do Alto Uruguai ...............................97
Tabela 17- Riqueza de vertebrados (em número de espécies descritas) no Brasil e
no mundo, percentual de espécies endêmicas no Brasil, e posição do país no
“ranking” mundial de diversidade ...........................................................................104
Tabela 18- Riqueza, endemismo, número de espécies ameaçadas, grau de coleta
e conhecimento de mamíferos nos biomas brasileiros...........................................106
Tabela 19- Número de espécies de mamíferos que ocorrem no Brasil por ordem e
época em que foram descritas ...............................................................................107
Tabela 20- Representantes de fauna citados espontaneamente ...........................116
Tabela 21- Lista prévia das espécies de abelhas coletadas nas duas áreas de
estudo ....................................................................................................................135
Tabela 22- Principais espécies arbóreas observadas na ecorregião do Uruguai
Alto. ........................................................................................................................149
Tabela 23- Sub-bacias urbanas do Rio dos Queimados com suas áreas de mata
densa .....................................................................................................................157
6
Tabela 24- Espécies amostradas em um fragmento da mata ciliar do Rio Jacutinga
em Concórdia – SC. ...............................................................................................163
Tabela 25- Densidade Demográfica.......................................................................172
Tabela 26- Produtos das Lavouras temporárias.....................................................175
Tabela 27- Produtos das Lavouras Permanentes ..................................................176
Tabela 28- Rebanhos no município de Concórdia .................................................177
Tabela 29- Produtos de origem animal ..................................................................177
Tabela 30- Produtos e Produtores .........................................................................178
Tabela 31- População nas comunidades da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados .............................................................................................................179
Tabela 32- Espécies medicinais e tóxicas coletadas no Parque Estadual Fritz
Plaumann ...............................................................................................................187
7
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................12
CAPÍTULO I
CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA
1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO............................................................15
1.2 ASPECTOS GERAIS DA BACIA........................................................................17
1.2.1 Cursos D’água Da Bacia Hidrográfica – Identificação Dos Principais
Tributários ................................................................................................................17
1.3 ANÁLISE DA BACIA ..........................................................................................19
1.3.1 Densidade Da Drenagem ................................................................................20
1.3.2 Ordem Dos Cursos D’água .............................................................................21
1.3.3 Índice De Sinuosidade (Is) Ou Sinuosidade Do Curso D’água........................22
1.3.4 Área De Drenagem .........................................................................................23
1.3.4.1 Coeficiente de compacidade ou índice de gravelius (KC) ............................24
1.3.4.2 Fator de forma (KF) ......................................................................................24
1.3.5 Extensão Média Do Escoamento Superficial (L) .............................................27
1.3.6 Declividade Da Bacia ......................................................................................28
1.3.7 Tempo De Concentração ................................................................................29
1.3.8 Análise Geral Das Características Fisiográficas Da Região Do Estudo ..........31
CAPÍTULO II
CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA
2.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................32
2.2 GEOLOGIA REGIONAL .....................................................................................34
2.2.1 Bacia Do Paraná .............................................................................................34
2.3 GEOLOGIA LOCAL............................................................................................37
2.4 GEOMORFOLOGIA REGIONAL........................................................................38
2.4.1 Compartimentação Topográfica ......................................................................39
2.5 GEOMORFOLOGIA LOCAL ..............................................................................40
2.5.1 Principais Características Do Relevo .............................................................42
2.5.2 Principais Fatores De Formação Dos Solos...................................................43
2.5.3 Principais Características Dos Solos Da Região Da Bacia Hidrográfica Do
Rio Dos Queimados. ................................................................................................43
8
2.5.3.1 Cambissolo...................................................................................................44
2.5.3.2 Nitossolo.......................................................................................................45
2.5.3.3 Os Solos Da Região Oeste De Santa Catarina E Da Bacia Hidrográfica Do
Rio Dos Queimados .................................................................................................45
2.6 HIDROLOGIA.....................................................................................................48
2.7 HIDROGEOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO ......................................................51
2.7.1 Pontos De Água No Oeste De Santa Catarina................................................53
2.7.2 Poços Tubulares Na Bacia Hidrográfica Do Rio Dos Queimados ...................54
2.8
CONSIDERAÇÕES
ENTRE
A
RELAÇÃO
GEOLÓGICA
E
GEOMORFOLÓGICA SOBRE O CICLO HIDROLÓGICO .......................................58
CAPÍTULO III
CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA
3.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................61
3.2 ASPECTOS CLIMATOLÓGICOS DO BRASIL...................................................61
3.3 CLIMA DO SUL DO BRASIL E DE SANTA CATARINA.....................................63
3.4 CLIMA NO OESTE CATARINESE E REGIÃO DE CONCÓRDIA ......................64
3.5 CLIMATOLOGIA DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS
QUEIMADOS ...........................................................................................................67
3.6 TEMPERATURA ................................................................................................68
3.7 UMIDADE RELATIVA DO AR (%)......................................................................71
3.8 PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA ..................................................................73
3.9 CONSIDERAÇÕES ENTRE CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA E O CICLO
HIDROLÓGICO DA REGIÃO ...................................................................................85
CAPÍTULO IV
BIOTA AQUÁTICA
4.1 FITOPLÂNCTON................................................................................................89
4.2 COMUNIDADES ZOOPLANCTÔNICAS ............................................................90
4.3 MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS.......................................................92
4.4 MACRÓFITAS AQUÁTICAS ..............................................................................95
4.5 ICTIOFAUNA......................................................................................................96
4.6 POLUIÇÃO E VETORES ...................................................................................99
4.7 CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................101
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CAPÍTULO V
FAUNA TERRESTRE
5.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................103
5.2 DIVERSIDADE DE VERTEBRADOS NO BRASIL ...........................................103
5.3 MASTOFAUNA ................................................................................................105
5.3.1 Apresentação e Caracterização do Grupo ....................................................105
5.3.2 Caracterização e Considerações sobre a Mastofauna Local ........................107
5.4 AVIFAUNA .......................................................................................................119
5.4.1 Apresentação e Caracterização do Grupo ....................................................119
5.4.2 Caracterização e Considerações sobre a Avifauna Local .............................120
5.5 FAUNA DE ANFIBIOS......................................................................................127
5.5.1 Apresentação e Caracterização do Grupo ....................................................127
5.5.2 Caracterização e Considerações sobre a fauna de anfíbios local.................127
5.6 FAUNA DE RÉPTEIS .......................................................................................129
5.6.1 Apresentação e Caracterização do Grupo ....................................................129
5.6.2 Caracterização e Considerações sobre a fauna de répteis do Local ...........130
5.7 DIVERSIDADE DE INVERTEBRADOS NO BRASIL .......................................132
5.8 CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................137
CAPÍTULO VI
CARACTERIZAÇÃO DA MATA CILIAR
6.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................140
6.2 BIOMA MATA ATLÂNTICA ..............................................................................145
6.3 REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI .......................................................146
6.4 ECORREGIÃO DO ALTO URUGUAI ...............................................................148
6.5 FLORESTA OMBRÓFILA MISTA ....................................................................153
6.6 FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL............................................................154
6.7 MATA CILIAR...................................................................................................158
6.8 CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................164
CAPÍTULO VII
CARACTERIZAÇÃO DO USO DO SOLO
7.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................166
7.2 HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA
DO RIO DOS QUEIMADOS ...................................................................................167
10
7.3 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL E PRINCIPAIS ATIVIDADES
ECONÔMICAS.......................................................................................................168
7.4 ATUAL OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA URBANA E RURAL NA REGIÃO
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS .....................................171
7.4.1 Solos Urbanos...............................................................................................172
7.4.2 Solos Rurais ..................................................................................................175
7.5 COBERTURA VEGETAL E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO LEGAL ..................179
7.5.1 Um Breve Histórico Sobre As Matas .............................................................179
7.5.2 Vegetação Primária e Secundária nos Estágios Inicial, Médio e Avançado de
Regeneração..........................................................................................................181
7.5.2.1 Estágio inicial de regeneração ..................................................................181
7.5.2.2 Estágio médio de regeneração...................................................................183
7.5.2.3 Estágio avançado de regeneração .............................................................184
7.5.3 Situação Atual ...............................................................................................185
7.5.4 Áreas Protegidas Por Lei...............................................................................193
7.6 CONSIDERAÇÕES ..........................................................................................198
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................200
11
APRESENTAÇÃO
A presente publicação reflete o esforço e a disposição da sociedade local em
participar do equacionamento dos problemas que apresentam a Bacia do Rio dos
Queimados, mais especificamente o problema da qualidade das águas e as
constantes enchentes. Acreditamos que o equacionamento destes problemas só
será possível com a implementação dos instrumentos de gestão previstos na lei
federal 9.433/97. É, pois fundamental que se inicie já o processo de gestão da bacia
do Rio dos Queimados, conforme estabelece a lei. Mas o planejamento e execução
de ações de gestão só são factíveis mediante à disponibilidade de informações que
fundamentem tomadas de decisão que se façam necessárias. É, portanto,
indispensável o conhecimento da situação, tanto do ponto de vista físico como o
sócio ambiental e dos recursos hídricos desta bacia. Foi com este objetivo que foi
estabelecido entre o Instituto SADIA de sustentabilidade (parceiro apoiador), o
Consórcio Intermunicipal de Gestão Ambiental Participativa do Alto Uruguai
Catarinense – Consórcio Lambari (interveniente) e o Comitê de Gerenciamento da
Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga e bacias contíguas – Comitê Jacutinga (parceiro
co-realizador) um termo de compromisso.
Esta publicação é o resultado final deste termo de compromisso e visa
subsidiar e apoiar as entidades públicas, os usuários de água e a sociedade civil
residente na bacia do Rio dos Queimados na promoção do desenvolvimento
sustentável, além de iniciar o processo de gestão participativa dos recursos hídricos.
Já que, após este diagnóstico, segue a elaboração do Plano Estratégico de Gestão
Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga que inclui a bacia, do Rio dos
Queimados.
Entende-se, pois, que a elaboração do diagnóstico e caracterização, ora
descritas, é de fundamental importância para a formulação dos demais componentes
do Plano da Bacia. Cabe destacar, contudo, que o mesmo foi elaborado
exclusivamente a partir de dados existentes, coletados em várias fontes.
12
Assim, é previsível a necessidade da realização de estudos complementares,
admitindo-se que alguns dos quais possam ser executados quando da realização do
Plano da bacia, como o cadastro dos usuários de água, por exemplo.
A abordagem metodológica utilizada na execução dos trabalhos foi a mais
participativa possível. Neste sentido podemos destacar a participação dos membros
da comissão consultiva formada por representantes do poder público, usuários de
água e sociedade civil organizada, que realizou reuniões a cada 15 dias para avaliar
e corrigir o rumo dos trabalhos dos dois profissionais contratados, e ao final de cada
capitulo foi designado um especialista de cada área para que, na condição de
revisor, fizesse as correções necessárias, sem perder o foco principal do trabalho.
A geração de novas informações são essenciais ao processo decisório para a
gestão sustentável dos recursos hídricos da bacia e será sempre uma necessidade
permanente; mas estamos conscientes que este trabalho será um marco histórico da
região do alto Uruguai catarinense, sua eficácia como instrumento fundamental de
planejamento estratégico e gestão de recursos hídricos, já é incontestável.
Gilmar Antonio da Rosa
Presidente do Comitê Jacutinga e Coordenador Geral do Projeto
13
CAPÍTULO I
CARACTERIZAÇÃO FISIOGRÁFICA
Conhecer os aspectos fisiográficos de uma bacia é fundamental para a
elaboração do Plano de Gestão e Gerenciamento, pois com a caracterização da
mesma, entendemos a dinâmica do escoamento superficial. No planejamento dos
recursos hídricos de uma bacia é necessário conhecer ainda a distribuição espacial
e temporal da água. As variáveis hidrológicas mais importantes são, precipitação e
vazão. A entrada de água na bacia corresponde as precipitações, que originam as
vazões fluviais. O conhecimento da distribuição das vazões é necessário para
projetos de obras hidráulicas, programas de abastecimento e saneamento.
De acordo com o Plano de Gestão e Gerenciamento da Bacia do Rio
Araranguá (1997), o estudo hidrológico e das características físicas de uma bacia
hidrográfica tem aplicação nas diferentes áreas:
 escolha de fontes de abastecimento de água para uso doméstico ou
industrial;
 projeto e construção de obras hidráulicas;
 drenagem;
 irrigação;
 regularização de cursos d’água e controle de inundações;
 controle da poluição;
 controle da erosão;
 navegação;
 aproveitamento hidrelétrico;
 operação de sistemas hidráulicos complexos;
 recreação e preservação do meio ambiente;
 preservação e desenvolvimento da vida aquática.
14
1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
A resolução número 32 de 15 de outubro de 2003 institui a divisão
Hidrográfica Nacional em regiões hidrográficas com a finalidade de orientar,
fundamentar e implementar o Plano Nacional de Recursos Hídricos. Atualmente,
existem 12 subdivisões das bacias hidrográficas brasileiras, neste caso, a área em
questão insere-se na Bacia do Rio Uruguai. Esta Bacia tem grande importância para
o país em função das atividades agroindustriais desenvolvidas e pelo potencial
hidrelétrico. Com extensão de 2.200 quilômetros, o Rio Uruguai origina-se da
confluência dos rios Pelotas e Peixe. Desta confluência o rio assume a direção
Leste-Oeste, dividindo os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Possui,
em território brasileiro, 174.612 km² de área, aproximadamente 2,0% do território
nacional.
Em decorrência dos principais rios formadores da Bacia do Rio Uruguai,
existem atualmente 13 unidades hidrográficas nesta bacia, no estado Catarinense
encontram-se 4.
Em caráter estadual, a região hidrográfica do estudo situa-se no Oeste do
estado de Santa Catarina, compreendida na Região Hidrográfica do Vale do Rio do
Peixe (RH3). Esta Região é subdivida em duas Bacias, Rio do Peixe e Jacutinga. A
última engloba afluentes diretos do rio Uruguai, portanto o Rio dos Queimados é
importante na Gestão e Gerenciamento das águas da Bacia do Rio Uruguai (figura
01).
A microbacia do Rio dos Queimados está localizada entre os paralelos 27º
14’03” de latitude sul e 52º14’40” longitude oeste, tem seus divisores áreas
compreendidos no município de Concórdia. (FUNEZ et al. 2008).
15
Figura 01 – Regiões Hidrográficas de Santa Catarina
Fonte: IBGE (2000).
16
1.2 ASPECTOS GERAIS DA BACIA
A Bacia do Rio dos Queimados tem uma área de drenagem de
aproximadamente 90,2 km², com a nascente na comunidade de Linha São José e a
foz, desaguando no Rio Uruguai, junto ao Parque Estadual Fritz Plaumann, próximo
a
comunidade
de
Linha
Sede
Brum,
ambas
no
interior de
Concórdia.
(SOCIOAMBIENTAL, 2005).
De acordo com levantamentos em mapas disponíveis na Prefeitura Municipal
de Concórdia, o curso d’água principal corresponde a 32 km, em linhas sinuosas, no
perímetro urbano e rural do município. Justamente por margear estas áreas, as
principais fontes poluidoras são as de origem orgânica e inorgânica, com caráter
pontual e difuso, provenientes de curtumes, efluentes domiciliares, postos de
combustíveis,
lavagem
e
lubrificação,
suinocultura,
abatedouros,
efluentes
agroindustriais e atividades pecuárias.
Ainda, de acordo com Zanette (2003), o Rio dos Queimados tem seu estado
de conservação considerado de grave situação aparente e uma situação de
extremamente poluído, considerado assim, o curso principal e seus tributários de
Classe 3.
1.2.1 Cursos D’água Da Bacia Hidrográfica – Identificação Dos Principais
Tributários
Devido as características topográficas da região, existem várias microbacias
ao longo do curso d’água. A figura 02 mostra a limitação da bacia e das microbacias
hidrográficas do Rio dos Queimados.
17
N
NO
NE
O
E
SO
SE
S
Figura 02 – Sub-divisão da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados
Fonte: elaborado pelo autor, com base em cartas topográficas do Ciram.
18
Este trabalho adotou 19 microbacias, definidas de acordo com os mapas
topográficos do município e ainda as subdivisões existentes em outros estudos
realizados anteriormente.
A tabela 01 traz os dados relativos a cada microbacia.
Tabela 01 – Microbacias de estudo
MICROBACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO DOS QUEIM ADOS
Identificação
Sub Bacia
Lajeado
Nascente
Abraão
Claudino
Curtume
Sadia
Salvador
Quintino
Olímpio e D iomedes
Pintos
Sem nome 1
Parizotto
Fabrício
Sabão
Tigre Velho
Tapajós
Guarani
Sem Nome 2
Capoeira
Cruzeiro
Margem
Dir/Esquer
Direita
Direita
Direita
Direita
Direita
Direita
Direita
Direita
Esquerda
Esquerda
Esquerda
Esquerda
Esquerda
Esquerda
Esquerda
Esquerda
Esquerda
Esquerda
Área
8,01km²
2,27km²
3,43km²
4,00km²
2,26km²
2,23km²
5,33km²
16,023km²
10,599km²
1,44km²
0,61km²
0,88km²
1,44km²
2,08km²
1,33km²
8,09km²
3,80km²
5,072km²
5,90km²
Perímetro
13,796km
10,069km
10,906km
9,068km
8,102km
6,731km
11,595km
18,114km
16,546km
6,508km
4,500km
4,197km
4,787km
7,398km
5,221km
14,411km
9,691km
13,825km
10,967km
Comprimento
curso d'água
5,902km
2,217km
3,399km
3,679km
2,142km
3,00km
2,270km
9,376km
5,562km
0,707km
0,905km
1,304km
1,354km
2,313km
1,194km
4,091km
3,016km
2,077km
4,80km
Fonte: elaborado pelo autor, com base em cartas topográficas do Ciram.
1.3 ANÁLISE DA BACIA
O entendimento de todas as variáveis que compõem uma bacia hidrográfica é
fundamental para a aplicação de ações que visem o seu ordenamento, assim como
a implantação de um plano de gestão e gerenciamento.
A bacia hidrográfica é uma escolha estratégica para observações e análise de
relação sócio-demográfico-ambientais, pois representa unidades naturais capazes
de relevar as conseqüências da ação do homem e as sócio-demográficas dos limites
19
naturais, permitindo uma compreensão melhor da dinâmica entre as relações.
(ODUM, 1988).
Este trabalho adotará a extensão (L) total dos cursos d’água da bacia
hidrográfica do Rio dos Queimados de 91,308 km conforme trabalhos realizados
anteriormente, com verificação in loco e levantamento através de mapas digitais.
1.3.1 Densidade Da Drenagem
A densidade de drenagem indica o grau de desenvolvimento do sistema de
drenagem da bacia hidrográfica, ou seja, representa a extensão dos cursos d’água
por quilômetro quadrado de área. Estes valores variam de 0,5 km para bacias com
drenagem considerada “pobre” ou bacias mal drenadas devido a elevada
permeabilidade ou precipitação escassa a 3,5 km para bacias excepcionalmente
bem
drenadas ocorrendo em áreas com elevada precipitação ou muito
impermeáveis.
A densidade de drenagem é calculada pela seguinte equação:
Dd = L
Sendo, L o somatório do comprimento de todos os canais e tributários da
bacia (km) e A representa a área total da bacia (km²).
Conforme apresentado acima a densidade de drenagem do Rio dos
Queimados pode ser obtida com o seguinte cálculo:
Dd = L
A
=>
Dd = 91,308
=>
Dd =1,01km
90,2
Ainda, a densidade de drenagem reflete a influência das características
topográficas, litológicas, pedológicas e da cobertura vegetal e incorpora a influência
antrópica, permitindo saber se a bacia tem uma boa drenagem ou não é assim a sua
tendência para a ocorrência de cheias.
20
1.3.2 Ordem Dos Cursos D’água
Um sistema de drenagem de uma bacia é constituído pelo rio principal e seus
tributários, o estudo das ramificações e do desenvolvimento do sistema é
importante, pois indica a maior ou menor velocidade com que a água deixa a bacia
hidrográfica. A ordem dos cursos de água reflete o grau de ramificação ou
bifurcação dentro de uma bacia. Diz-se de primeira ordem as correntes formadoras,
ou seja, os pequenos canais que não tenham tributários; quando dois canais de
primeira ordem se unem formam um segmento de segunda ordem. A junção de dois
rios de segunda ordem dá lugar à formação de um rio de Terceira ordem, e assim,
sucessivamente. A Figura 03 ilustra a ordem dos cursos d’água. (PINTO, 1976).
Figura 03 - Ordem
dos Cursos de Água
Fonte:
PINTO
(1976)
Segundo Rocha (1991), a ordem de grandeza dos afluentes (ravinas, canais e
tributários) define a ordem de grandeza das bacias, sub-bacias e microbacias
hidrográficas.
Neste estudo será considerado os limites da bacia hidrográfica do Rio dos
Queimados para classificação da ordem dos cursos d’água. Desta forma, a Tabela
01 demonstra os resultados.
Para fins de classificação dos cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados, utilizando a metodologia descrita acima, será considerado apenas o
curso principal de cada microbacia, lembrando que, vários tributários constituintes
destas são intermitentes.
21
Tabela 02- Ordem dos Cursos d’água da Bacia do Rio dos Queimados
Cursos d'água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados
Ordem
Número de Rios
1
30
2
3
3
1
4
1
Sub-Total
35
1.3.3 Índice De Sinuosidade (Is) Ou Sinuosidade Do Curso D’água.
Busca a relação existente entre o comprimento do canal principal da nascente
até a exutória e a distância mais curta, em linha reta, entre estes mesmos pontos.
Ou seja, a relação entre a distância entre a desembocadura do rio e a nascente mais
distante, medida em linha reta (Ev), e o comprimento do rio principal (L).
(CHRISTOFOLETTI, 1980).
Is = 100 (L – Ev)
L
Para comparação entre rios diferentes, os valores do índice de sinuosidade
(ls) são expressos em percentuais em relação ao comprimento total do rio, divididos
em 5 classes:
Tabela 03- Índice de Sinuosidade
Número
Classe
Índice de Sinuosidade (Is) - %
I
Muito Reto
< 20%
II
Reto
20 – 29,9%
III
Divagante
30 – 39,9%
IV
Sinuoso
40 – 49,9%
V
Muito Sinuoso
≥ 50%
22
Assim, pode-se conhecer o índice de sinuosidade ou sinuosidade do Rio dos
Queimados.
Is = 100 (L – Ev) => Is = 100
20,799)
L
(32
32
=
– => Is
(11,201)
100
=>
Is = 35,00%
32
Analisando o resultado obtido pelo cálculo acima e comparando com os
dados constantes na Tabela 03 o Rio dos Queimados enquadra-se como Classe III,
divagante, em relação a sinuosidade.
1.3.4 Área De Drenagem
Conhecer a área de drenagem da bacia hidrográfica é parâmetro básico para
cálculos das demais características físicas. A área de drenagem de uma bacia é
representada pela área plana (projeção horizontal) compreendida dentro dos limites
estabelecidos pelos seus divisores topográficos. As cotas máximas de uma bacia
são consideradas os divisores de água, desta forma as precipitações pluviométricas
escoam de acordo com estas limitações.
Outro aspecto relacionado a bacia hidrográfica de grande importância para a
implantação do Plano de Gestão e Gerenciamento relaciona-se com a forma da
bacia. Este estudo, geralmente expresso por índices, permite conhecer a
possibilidade a enchentes. Através da interpretação destes índices, pode-se
estabelecer relações do tempo que leva a água dos limites da bacia para chegar à
saída da mesma.
Os índices utilizados para determinar a forma das bacias visam relacioná-las
com formas geométricas conhecidas: o coeficiente de compacidade, com um círculo
e o fator de forma, com um retângulo.
23
1.3.4.1 Coeficiente de compacidade ou índice de gravelius (KC)
Este coeficiente faz a relação entre o perímetro da bacia e um círculo de área
igual à mesma. Desta forma, temos para bacias irregulares um índice maior e um
coeficiente mínimo igual à unidade correspondente a uma bacia circular. Se outros
fatores permanecerem constantes, aumenta a tendência de maiores enchentes em
microbacias com coeficientes de compacidade próximos a unidade. (BASSI, 2000).
Para conhecermos este coeficiente é utilizada a fórmula descrita abaixo,
sendo que “P” representa o perímetro da bacia em km e “A” representa a área da
bacia em km².
Kc = 0,28 P
√A
Assim pode-se calcular o coeficiente de compacidade ou índice de Gravelius:
Kc = 0,28 P =>
√A
Kc
=
56.559
0,28
=> Kc = 0,28x5959 =>
Kc = 1,67
√90,2
De acordo com esta caracterização, a bacia hidrográfica do Rio dos
Queimados aponta para uma bacia de formato alongado. Assim comprovada pelo
coeficiente de compacidade, e por meio da visualização dos mapas topográficos.
Este fator mostra ainda que a bacia é pouco suscetível a enchentes, tendo grande
controle da sua drenagem.
1.3.4.2 Fator de forma (KF)
Seguindo os estudos da área de drenagem da bacia hidrográfica do Rio dos
Queimados é necessário conhecer os índices referentes ao fator de forma, pois
constitui outro índice indicativo da maior ou menor tendência para enchentes. Um
fator de forma baixo indica que a bacia está menos sujeita a enchentes que outra de
24
mesmo tamanho, porém com maior fator de forma (UFSC, 2008). O Kf é calculado
pela fórmula:
Kf = A
L²
Acima, “A” representa a área em km² e “L” o comprimento da bacia (mede-se
o comprimento da bacia seguindo o maior curso d’água desde a foz até a
cabeceira), assim tem-se a relação entre a largura média e o comprimento axial da
bacia.
Ainda sobre “L”, ressalta-se que este procedimento acarreta diversas
decisões subjetivas quando o rio é irregular ou tortuoso, ou quando a bacia de
drenagem possui forma incomum.
Kf = A
L²
=>
Kf = 90,2
=>
(21,764)²
Kf = 90,2
=>
Kf = 0,19
473,67
Este valor, segundo Villela & Mattos (1975) caracteriza uma bacia hidrográfica
pouco sujeita a enchentes, confirmando assim os valores obtidos através do cálculo
do coeficiente de compacidade.
A Figura 04 ilustra os cursos d’água, com a área de drenagem e o
comprimento da bacia do Rio dos Queimados.
25
ÁREA DE DRENAGEM
Coeficiente de Compacidade ou Índice de Gravelius (Kc)
Fator de Forma (Kf)
Comprimento da bacia (L)
seguindo o maior curso
d'água desde a foz até a
cabeceira: 21.764km
Perímetro da Bacia
Hidrográfica (P) do Rio dos
Queimados: 56.559km
N
NO
NE
O
E
SO
SE
Cursos d'água da Bacia
Hidrográfica do Rio dos
Queimados
S
Figura 04 – Área de Drenagem da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados
26
1.3.5 Extensão Média Do Escoamento Superficial (L)
A extensão média do escoamento superficial é representada pela distância
média em que a água proveniente de precipitações pluviométricas teria que escoar
sobre terrenos de uma bacia, caso o escoamento se desse em linha reta desde
onde a chuva caiu até o ponto mais próximo no leito de um curso d’água. (BASSI,
2000). O índice da extensão média do escoamento superficial é obtido de acordo
com a relação abaixo:
l=A
4L
Aonde: A = área da bacia em quilômetros quadrados e L = comprimento total
dos cursos d’água em quilômetros.
Desta forma temos os seguintes cálculos para a área de estudo:
l=A
=>
l = 90,2
4L
=>
l = 90,2
=>
l = 0,25km
365,232
4(91,308)
Portanto temos a seguinte condição, a água da chuva depois do contato com
o solo da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados percorre uma distância
aproximada de 0,25 km ou 250 m até juntar-se ao leito de um curso d’água qualquer
da bacia.
Vale ressaltar que a extensão do escoamento superficial que efetivamente
ocorre sobre os terrenos possa ser bastante diferente dos valores determinados pela
fórmula acima, devido a diversos fatores de influência, lembrando que este índice
constitui uma indicação da distância média do escoamento superficial.
27
1.3.6 Declividade Da Bacia
A velocidade do escoamento superficial relaciona-se intimamente com as
características topográficas da região. Tais características são determinantes para
conhecermos o tempo que a água da chuva leva para se concentrar nos cursos
d’água. A declividade da bacia hidrográfica afeta ainda o tempo de concentração, a
magnitude dos picos das enchentes, a maior ou menor chance de infiltração e a
suscetibilidade à erosão dos solos, que dependem da rapidez com que ocorre o
escoamento sobre a superfície. (TESSER, 2007).
As características do clima de uma região podem ser afetadas pelas altitudes
dos terrenos, assim, algumas culturas agrícolas recebem influência devido a estes
fatores, como exemplo as áreas próximas a foz do Rio dos Queimados, com
altitudes de aproximadas de 370 m, onde o risco de geadas é menor, quando
comparadas as altitudes máximas da bacia de 800 m, estas mais suscetíveis a
ocorrência de geadas.
O rio dos Queimados apresenta uma boa declividade, fato que possibilitava
uma boa capacidade de escoamento das águas. No entanto, pela ação do homem,
foram construídas edificações sobre o leito do rio, com obstruções variadas que
causam retenção do escoamento fluvial em vários pontos.
De acordo com o projeto realizado pela Empresa MPB/SANEAMENTO (2008)
a pedido da Prefeitura Municipal de Concórdia e conforme o Plano de Manejo do
Parque Estadual Fritz Plaumann (2005), na tabela 03 apresenta-se a declividade de
alguns tributários da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados.
A tabela 03 mostra os dados referente a parte dos tributários da bacia do
estudo, assim, representando aproximadamente 34% da área total.
As maiores declividades devem merecer maior atenção em programas de
conservação dos solos e recomposição da zona ripária, pois estão de forma mais
intensa expostos a perdas de solo através da erosão.
Contudo, o Lajeado Fabrício é o tributário com a maior declividade, com
aproximados 0,15 m de declividade ou 15 cm a cada metro linear.
28
Tabela 04- Declividade da Bacia
Declividade da Bacia
Nome do Tributário
Declividade m/m
Nascente do Rio dos Queimados
0,02
Lajeado Abraão
0,06
Lajeado Claudino
0,07
Lajeado Curtume
0,07
Lajeado Sadia
0,10
Lajeado Parizotto
0,07
Lajeado Fabrício
0,15
Lajeado Sabão
0,12
Lajeado Tigre Velho
0,05
Lajeado Cruzeiro
0,02
1.3.7 Tempo De Concentração
O tempo de concentração pode ser entendido como o tempo necessário para
a água precipitada, que cai no ponto mais distante da seção considerada de uma
bacia, leva para atingi-la. Representa o tempo para que toda a bacia contribua para
o escoamento superficial na seção considerada, a partir do início da chuva. (SANTA
CATARINA, 1997).
Com base no mesmo projeto citado anteriormente, na tabela 04 apresenta-se
o tempo de concentração de alguns tributários da bacia hidrográfica do Rio dos
Queimados.
A microbacia da Nascente do Rio dos Queimados possui o maior Tempo de
Concentração (Tc). Alguns fatores influenciam o Tc de uma bacia, sendo os
principais a forma da bacia, a declividade média, o tipo da cobertura vegetal o
comprimento do curso d’água e as condições do solo encontrado no inicio da chuva.
A umidade do solo afeta Tc na medida em que influi na infiltração de água e
conseqüentemente, na intensidade de chuva efetiva. Altas condições de umidade
29
diminuem a infiltração, aumentam a intensidade de chuva efetiva, com a
conseqüente queda de tempo de concentração. (SANTA CATARINA, 2008).
Os tributários da tabela 04 representam 28% da área de estudo,
consequentemente mostrando uma parcela representativa da bacia hidrográfica do
Rio dos Queimados.
Tabela 05- Tempo de Concentração
Tempo de Concentração
Nome do Tributário
TC (min)
Nascente do Rio dos Queimados
72,04
Lajeado Abraão
21,26
Lajeado Claudino
28,54
Lajeado Curtume
30,07
Lajeado Sadia
17,32
Lajeado Parizotto
10,15
Lajeado Fabrício
10,14
Lajeado Sabão
11,43
Lajeado Tigre Velho
24,95
A microbacia da Nascente do Rio dos Queimados possui o maior Tempo de
Concentração (Tc). Alguns fatores influenciam o Tc de uma bacia, sendo os
principais a forma da bacia, a declividade média, o tipo da cobertura vegetal o
comprimento do curso d’água e as condições do solo encontrado no inicio da chuva.
A umidade do solo afeta Tc na medida em que influi na infiltração de água e
conseqüentemente, na intensidade de chuva efetiva. Altas condições de umidade
diminuem a infiltração, aumentam a intensidade de chuva efetiva, com a
conseqüente queda de tempo de concentração. (SANTA CATARINA, 2008).
Os tributários da tabela 04 representam 28% da área de estudo,
consequentemente mostrando uma parcela representativa da bacia hidrográfica do
Rio dos Queimados.
30
1.3.8 Análise Geral Das Características Fisiográficas Da Região Do Estudo
Esta etapa da caracterização consistiu em estudar de forma preliminar as
características fisiográficas da Bacia do Rio dos Queimados, bem como suas
microbacias.
A tabela 05 demonstra o resumo das características fisiográficas da Bacia
Hidrográfica do Rio dos Queimados.
Tabela 06- Características Fisiográficas da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados
Característica
Localização Geográfica
Área da Bacia Hidrográfica
Extensão Curso Principal
Quantidade de Tributários
Densidade de Drenagem
Índice de Sinuosidade do Curso Principal (%)
Perímetro da Bacia
Coeficiente de Compacidade
Fator de Forma
Extensão Média do Escoamento Superficial
Altitude Máxima
Altitude Mínima
Extensão total dos Cursos d’água
Valor
27º 14’03” latitude sul e
52º14’40” longitude oeste
90,2 km²
32 km
19
1,01 km
0,35%
56,559 km
1,67
0,19
0,25 km
800 m
320 m
91,308 km
As informações acima ilustram resultados que podem conter variação na
medida em que se criem desdobramentos específicos. Contudo, servirão de base
para subsidiar tais trabalhos, sobre cada característica descrita ao longo da
caracterização fisiográfica, trabalhando assim no melhoramento contínuo dos dados
da gestão e planejamento da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados.
31
CAPÍTULO II
CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA
2.1 INTRODUÇÃO
Através do raciocínio e de procedimentos específicos da Geologia, é feita a
caracterização dos materiais, das formas de energia e das suas interações no
espaço e no tempo, definindo-se como um conjunto de parâmetros interrelacionados que servem de padrão de referência do meio físico. Este padrão leva a
compreensão do ambiente físico local e de suas relações com o contexto
sociocultural, estendendo-a para o contexto mais amplo, até chegar à concepção da
Terra como sistema evolutivo complexo, que favoreceu o surgimento e evolução dos
organismos, humanidade e que modificam a superfície terrestre. (GUIMARÃES,
2004).
Geologia é considerada a ciência que estuda a história física e química da
terra, sua origem, os materiais que a compõem e os fenômenos naturais e
antropogênicos ocorridos durante as várias eras e períodos do tempo geológico
terrestre. Se propõem, ainda, a estudar alguns fatores essenciais para a Plano de
Gestão e Gerenciamento de uma Bacia Hidrográfica:
 descrever as características da sub-superfície da terra, em
várias escalas.
 compreender as razões de ordem física e química que levaram
o planeta a ser tal, como se observa.
 definir de maneira adequada, a utilização dos materiais e
fenômenos geológicos como fonte de matéria-prima e energia
para melhoria da qualidade de vida da sociedade.
 resolver os problemas ambientais causados anteriormente e
estabelecer critérios para evitar futuros danos ao meio ambiente,
nas várias atividades humanas.
32
Ainda, segundo Rebellatto (2000), conhecer os recursos naturais, dentre eles
os solos, torna-se fundamental para o planejamento do uso e manejo sustentável
das terras.
Com relação a geomorfologia, (do latim geo = terra, morfo = forma, logos =
estudo) tem no conceito, o estudo das formas de relevo, tendo em vista a origem, a
estrutura, a natureza das rochas, o clima da região e as diferentes formas internas e
externas que formam o relevo terrestre. Volta-se principalmente, à gênese e à
evolução do relevo terrestre, considerada, portanto uma ciência descritiva e
genética. (ASSAAD et al., 2004).
As formas descritas acima, são resultantes dos processos atuais e pretéritos
ocorridos sobre a litologia originados a partir de dois tipos de forças:
 as endógenas, resultado da dinâmica interna da Terra e
responsáveis por esculpir as formas de relevo;
 as exógenas, resultado da interação sol, água e litologia, ou
seja, as intempéries, que modelam a superfície terrestre.
A partir da morfogênese, ou seja, da ação das forças endógenas e exógenas,
a superfície da Terra está em constante mudança. As formas de relevo se alternam
entre as regiões como resultado da ação conjunta dos componentes da natureza,
que, por sua vez, também são influenciados em diferentes proporções pelas formas
de relevo. (BRASIL, 2008).
O objetivo principal da caracterização geomorfológica de uma região é
representar as formas atuais da superfície dos terrenos, tendo como foco neste
estudo, a sua interferência com o ciclo hidrológico da região.
A preocupação com o conhecimento dos solos acha-se registrada desde os
tempos pré-históricos, facilmente entendível, a partir do momento em que os
homens passaram a cultivar plantas, logo procuraram reconhecer as melhores terras
para seus cultivos. A expansão dos estudos geomorfológicos, no Brasil, se deu, nas
últimas décadas, devido à valorização das questões ambientais e por se aplicar
diretamente à análise ambiental. As primeiras contribuições geomorfológicas, datam
do século XIX, quando pesquisadores “naturalistas” buscavam, de maneira
diversificada, compreender o meio ambiente e pesquisadores "especialistas", ou
33
seja, botânicos, cartógrafos, geógrafos e geólogos, dedicavam-se a conteúdos
específicos. (SCHOBBENHAUS et al., 1984).
2.2 GEOLOGIA REGIONAL
A geologia do estado de Santa Catarina pode ser dividida basicamente entre
Embasamento, encontrado em todo o planalto litorâneo do estado e Bacia
Sedimentar do Paraná cobrindo todo o restante. O embasamento ou escudo,
formado por rochas magmáticas e metamórficas mais antigas que 570 milhões de
anos, é recoberto pelas rochas vulcânicas e sedimentares paleozóicas e mesozóicas
que constituem a Bacia do Paraná. Esta cobertura foi posteriormente erodida, devido
ao soerguimento da crosta continental à leste, expondo o embasamento.
Sedimentos recentes com idades inferiores a 1,8 milhões de anos recobrem
parcialmente as rochas da Bacia e do Escudo. (SCHOBBENHAUS et al., 1984).
2.2.1 Bacia Do Paraná
A Bacia Sedimentar do Paraná situa-se no centro-leste da América do Sul,
abrangendo uma área de aproximados 1.600.000 km², dos quais 1.000.000 km² são
situados em território brasileiro. A maior parte dos estados de São Paulo, Paraná e
Santa Catarina (regiões central e ocidental) e Rio Grande do Sul (regiões norte,
central e ocidental) situam-se nessa bacia. No litoral sul de Santa Catarina e norte
do Rio Grande do Sul, a bacia chega ao litoral e projeta-se pela plataforma
continental. Pequena parte do sudoeste de Minas Gerais, Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, e sul de Goiás também se incluem na bacia de acordo com Zalán et
al (1987).
A figura 05 ilustra as limitações físicas de cada bacia.
34
Figura 05 - Mapa Hidrológico do Brasil
Fonte: (BRASIL, 1983)
35
A Bacia do Paraná é considerada uma típica bacia intracratônica,
caracterizando-a basicamente como uma depressão topográfica, que foi alvo de
incursões marinhas e que recebeu sedimentos provindos das áreas mais elevadas.
A bacia possui forma elíptica de eixo maior de direção NE-SW sendo
preenchida por pacotes de rochas sedimentares e vulcânicas com idades que
variam entre desde o Siluriano até o Cretáceo Superior (SCHOBBENHAUS et al.,
1984). A Bacia do Paraná constitui uma grande área de sedimentação paleozóicamesozóica.
A bacia se implantou no início do período Ordoviciano sobre crosta
continental estabilizada por processos ligados ao Ciclo Orogênico Brasiliano / PanAfricano. Os registros estratigráficos existentes, podem ser divididos em seis
grandes sequências limitadas por expressivas discordâncias inter-regionais, que
representam o seu preenchimento sedimentar-magmático e documentam quase 400
milhões de anos da história geológica.
A figura 06 ilustra as eras geológicas detalhando o período e época em que
ocorreram.
TEMPO (MILHÕES DE ANOS)
ERA
PERÍODO
ÉPOCA
CENOZÓICO
QUATERNÁRIO
HOLOCÊNICO
0,01
PLISTOCÊNICO
1,8
NEOGÊNICO
PALEOGÊNICO
MOSOZÓICO
5,3
MIOCÊNICO
23,8
OLEOCÊNICO
34,6
EOCÊNICO
56
PALEOCÊNICO
65
CRETÁCICO
145
JURÁSSICO
208
TRIÁSICO
245
PÉRMICO
290
CARBONÍFERO
363
DEVÓNICO
409
SILÚRICO
439
ORDOVÍCICO
510
CÂMBRICO
544
LINHA DO TEMPO
PALEOZÓICO
PLIOCÊNICO
Figura 06 - Tempo Geológico
Fonte: adaptado de Assad (2004).
36
2.3 GEOLOGIA LOCAL
De leste para oeste, afloram hoje no território catarinense os sedimentos
recentes do litoral, uma faixa de rochas magmáticas e metamórficas mais antigas, a
sucessão das rochas sedimentares gondwânicas e os derrames de lavas básicas,
intermediárias e ácidas da Formação Serra Geral. (SANTA CATARINA, 2007).
A bacia hidrográfica do Rio dos Queimados localiza-se em terrenos
constituídos por uma seqüência vulcânica de rochas Juro-Cretáceas, com idades
entre 65 e 135 milhões de anos, pertencentes à Formação Serra Geral, Grupo São
Bento, que é uma das formações que compõem a Bacia do Paraná e depósitos
sedimentares quaternários, derivados do intemperismo das rochas vulcânicas.
A formação Serra Geral ocupa pouco mais de 50% da área do território
catarinense. Constitui-se por uma seqüência vulcânica, compreendendo desde
rochas de composição básica até rochas com elevado teor de sílica e baixos teores
de ferro e magnésio. A seqüência básica ocupa a maior parte do planalto
catarinense, sendo constituída, predominantemente, por basaltos e andesitos.
(SANTA CATARINA, 1997).
A bacia do estudo é compreendida na chamada Zona Basáltica do Planalto
ocidental, verificando-se a ocorrência de afloramentos rochosos e de matacões.
O basalto tem como material de origem o magma e é uma rocha ígnea. Esta
provem do latim ignis, que significa fogo, também conhecida como rocha magmática.
Elas são formadas pela solidificação (cristalização) do magma, que é um líquido com
alta temperatura, em torno de 700 a 1200ºC, proveniente do interior da Terra.
(SCHUMACHER et al., 1999).
As rochas ígneas podem conter jazidas de vários metais e trazem à superfície
do planeta importantes informações sobre as regiões profundas da crosta e do
manto terrestre.
Nos vulcanismos fissurais, o magma atinge a superfície da crosta e entra em
contato com a temperatura ambiente, resfriando-se muito rapidamente. Como a
solificação é praticamente instantânea, os cristais não têm tempo para se
37
desenvolver, portanto muito pequenos, invisíveis a olho nu. Rochas deste tipo são
denominadas rochas vulcânicas, como o basalto. (SCHUMACHER et al., 1999).
A figura 07 ilustra afloramento de blocos de rochas vulcânicas básicas
(basaltos) da Formação Serra Geral, Grupo São Bento, semelhantes às encontradas
na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados.
Figura 07 Basalto
Fonte: Mello
(2008).
2.4 GEOMORFOLOGIA REGIONAL
Tendo ciência que a geomorfologia estuda os processos endógenos e
exógenos que modelam a superfície terrestre, sua evolução, as trocas de energia e
matéria, a dinâmica dos processos erosivos e seus mecanismos, entende-se assim
a dinâmica dos processos e mecanismos erosivos atuantes na transformação do
relevo. Desta forma os itens subseqüentes terão na abordagem no objetivo detalhar
as características acima citada relacionando-as com a bacia hidrográfica de estudo.
38
2.4.1 Compartimentação Topográfica
Os limites da área de estudo ocupam a região geomorfológica do Planalto das
Araucárias, onde encontra-se uma seqüência de variação de relevo muito
relacionado ao nível de dissecação e do modelo de aplainamento, sendo possível
identificar sub-divisões definidas como Planalto dos Campos Gerais, Planalto
Dissecado Rio Iguaçu-Rio Uruguai, Serra Geral e Patamares da Serra Geral.
Na área ocupada pela bacia hidrográfica do Rio dos Queimados apresenta-se
a Unidade Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai. Pertencente à região
Geomorfológica, Planalto das Araucárias, esta unidade apresenta descontinuidade
espacial devido à sua ocorrência dentro da Unidade Geomorfológica Planalto dos
Campos Gerais (SANTA CATARINA, 1986). Tal Unidade pode ser caracterizada por
apresentar relevo muito dissecado com vales profundos e encostas em patamares.
O estado de Santa Catarina tem 77% de seu território acima de 300m de
altitude e 23% acima de 600m, figura entre os estados brasileiros de mais forte
relevo. Altimetricamente, as cotas ultrapassam 1.000m na borda leste, caindo até
cerca de 300 m gradativamente para oeste e noroeste, em direção ao eixo central da
Bacia do Paraná. Esta unidade apresenta formas resultantes dos processos de
dissecação que atuaram na área associados aos fatores estruturais. Estes fatores
são dados pela geologia da área, constituída por seqüências de derrames de rochas
que se individualizam por suas características morfológicas e petrográficas.
Com relação a drenagem, apresenta-se com características semelhantes em
toda a unidade, uma vez que se acha fortemente controlada pela característica
geológica. Os rios possuem cursos sinuosos e vales encaixados, com patamares
nas vertentes. O controle estrutural é evidenciado pela retilinização dos segmentos
dos rios, pelos cotovelos e pela grande ocorrência de lajeados, corredeiras, saltos,
quedas e ilhas. (SANTA CATARINA, 1986).
39
2.5 GEOMORFOLOGIA LOCAL
A área correspondente a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, é
geomorfológica influenciada pelo condicionamento litoestrutural, apresentando topos
planos e convexados. Os intrerfluvios da região são alongados e de maneira geral
estreitos, com vertentes que apresentam de dois à três patamares bem definidos.
Nesta região os vales geralmente são profundos, com as cotas altimétricas
variando de aproximadamente 370 metros na foz, próxima as áreas alagadas da
represa da Usina Hidroelétrica Itá a 800 metros, próximo à nascente.
As altas declividades predominam nas encostas voltados aos cursos d’água
da bacia, de forma geral, sendo os setores com forte suscetibilidade à erosão por
escoamento superficial e movimentos de massa.
Na figura 08 apresenta-se o mapa topográfico da região da bacia hidrográfica
do Rio dos Queimados.
Observa-se na figura 08 as condições relacionadas com a topografia da
região, as curvas de nível com as cotas correspondentes, destacado na cor
vermelha, os limites da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados e a cor azul
representa os cursos d’água desta bacia.
A figura 08 foi gerada a partir de dados e cartas topográficas disponíveis no
Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa
Catarina – CIRAM, baseado em cartas topográficas do IBGE – Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, e adaptações necessárias incluindo os limites e os cursos
d’água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados.
40
LEGENDA
Cursos d'água da Bacia Hidrográfica do
Rio dos Queimados
Limite da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados
N
NE
NO
Curvas de nível
O
E
SO
Sem Escala
SE
S
Figura 08 - Topografia da região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados
Fonte:
do
autor
adaptada
do
Centro
de
Informações
de
Recursos
Ambientais
de
Santa
Catarina
–
CIRAM.
41
2.5.1 Principais Características Do Relevo
A elevada precipitação pluviométrica na região, monitorada pela Embrapa
Suínos e Aves desde o ano de 1987, apontam a média anual em 1809 mm, bem
como os processos pluviais relacionados ao clima úmido, juntamente com os fluviais
e os gravitacionais, através dos movimentos de massas localizados, formam os
principais processos morfogenéticos atuantes no relevo da região.
A Bacia Hidrográfica do estudo recebe ações antrópicas, de forma
significativa, contribuindo para a alteração da cobertura vegetal e dos horizontes
superiores do solo, através da utilização por pastagens, terraplanagens de terrenos,
reflorestamentos, construção de edificações, pavimentações de vias, assim,
alterando algumas características físicas e químicas da superfície.
As principais formas de perda das características físicas e químicas do solo
da bacia ocorrem através de processos erosivos pluviais, sendo o escoamento de
forma superficial e subsuperficial.
Na figura 09, observa-se a forma como ocorrem os escoamentos no solo.
Figura 09 - Formas de Escoamento da água da chuva
Fonte: Santa Catarina (2007)
42
O escoamento superficial é considerado o mais generalizado e mais
importante na esculturação do relevo da região, pois age com maior intensidade,
promovendo o rastejamento, fluxos de lama, desmoronamento e deslizamentos na
área atingida.
Observando a figura 09, nota-se que a característica do relevo, associada à
cobertura do solo agem de forma significativa ao ciclo hidrológico, muitas vezes
fornecendo aos cursos d’água, excesso de materiais, nutrientes e água, provocando
o desequilíbrio ambiental.
2.5.2 Principais Fatores De Formação Dos Solos
Solo pode ser considerado como o material mineral e orgânico inconsolidado
sobre a superfície terrestre servindo como meio natural às plantas.
A mistura de produtos resultantes da decomposição da rocha matriz por
fatores físicos e químicos e de matéria orgânica, produzida pela decomposição dos
resíduos vegetais e animais, derivam no elemento de maior representatividade da
complexidade dos ecossistemas, o solo. (SCHUMACHER et al., 1999).
O solo tem origem no intemperismo das rochas pré-existentes, que é o
principal fenômeno responsável pela transformação da rocha em solo. Os fatores
responsável pela intemperização das rochas são os organismos vivos, clima,
material de origem, relevo e o tempo.
2.5.3 Principais Características Dos Solos Da Região Da Bacia Hidrográfica Do
Rio Dos Queimados.
A unidade geomorfológica Planalto dos Campos apresenta, entre os seus
principais solos, o Cambissolo, o Latossolo e o Nitossolo.
Na área da bacia de estudo considera-se a existência de apenas dois solos, o
Cambissolo e o Nitossolo, de acordo com a classificação de solos realizada pelo
43
Centro de Informações de Recursos Ambientais de Santa Catarina – CIRAM
(DUFLOTH 2005), os quais estão descritos nos itens subsequentes.
2.5.3.1 Cambissolo
Originam-se da decomposição de rochas originadas de derrames de basalto
com ocorrência dominante em clima mesotérmico úmido, de verão quente.
Encontrado em relevo suave, ondulado (nos patamares), quanto no forte ondulado a
montanhoso e topos de elevação, de forma geral são moderadamente drenados.
(TESTA et al., 1992).
Ocorrem de forma generalizada da região oeste de Santa Catarina e Vale do
Rio do Peixe, geralmente em altitudes inferiores a 900m. Vale lembrar que a bacia
hidrográfica do Rio dos Queimados tem suas altitudes inferiores a estas.
Quanto ao grau de limitação deste solo, com relação à fertilidade natural
considera-se ligeira a moderada, sendo as maiores limitações os baixos níveis de
fósforo (P) e menor escala o potássio (K) bem como a acidez.
Testa et al (1992) considera os cambissolos suscetíveis a erosão de forma
ligeira a forte, sendo nos locais de relevo acidentado, as áreas de maior risco. Ainda,
nestes solos a falta de água é tida como nula a moderada. Quanto mais acidentado
o relevo e maior a pedregosidade, maior a tendência a deficiência hídrica, porém
não superando o grau moderado, caracterizada como alta densidade de drenagem
natural e superficial (rios e/ou córregos).
Assim, os cambissolos tem as suas características ambientais consideradas
com um grau de amplitude de variação elevada, afetando diretamente o seu uso e
manejo, assim como a influência no ciclo hidrológico, pois a pedregosidade varia de
nula a muito pedregosa, a profundidade de raso a profundo e o relevo suave
ondulado a montanhoso.
44
2.5.3.2 Nitossolo
É originado a partir de rochas de derrames intermediários com ocorrência em
clima mesotérmico úmido de verão fresco. Encontrado com maior facilidade em
relevo ondulado e forte ondulado, pedregosidade nula a ligeira, com boa drenagem,
geralmente em área acima de 700m.
Os Nitossolos, geralmente ocorrem nos divisores de água, até junto aos
cursos d’água, mas predominam nas superfícies estáveis da paisagem, nos
patamares e junto aos cursos d’água. (TESTA et al., 1992).
Para uso e manejo destes solos, as limitações quanto à fertilidade natural,
caracterizam-se como forte. A suscetibilidade à erosão, é considerada como
moderada a forte.
A sua pequena granulometria, associada com a declividade do terreno são os
fatores que mais expõem os nitossolos a erosão.
Com relação a falta de água, é tida como nula, pois apresentam boa
capacidade de infiltração e retenção de água. Ocorrem em regiões onde a
evaporação tende a ser menor que nos solos situados nas cotas abaixo de 700m.
Um fato, que deve ser considerado relevante neste estudo, é que a área
central da cidade de Concórdia, em quase a sua totalidade, está constituída sob
nitossolos. Consequentemente estes solos, conforme a descrição apresentada,
possuem algumas limitações e fragilidades, principalmente a suscetibilidade a
erosão e retenção de água. Assim expondo, na teoria, a área com a maior
concentração de edificações sob risco de erosão e deslizamento.
2.5.3.3 Os Solos Da Região Oeste De Santa Catarina E Da Bacia Hidrográfica
Do Rio Dos Queimados
Para compreensão da ocorrência dos solos na bacia hidrográfica do Rio dos
Queimados é necessários conhecer os existentes na região. Esta parte do capítulo
apresentará as informações disponíveis a estes aspectos da área.
45
A tabela 06 mostra a porcentagem relativa a cada unidade de solo com
localização e a respectiva área ocupada em porcentagem no oeste de Santa
Catarina.
Tabela 07- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no oeste catarinense
Unidade de Solo/ Mapeamento
Localização
Área (%)
Cambissolos
92 Municípios
57,6
Latossolos
58 Municípios
17,7
Neossolos Litólicos
01 Município
0,4
Nitossolos
92 Municípios
22,5
Sem Informação
-
0,7
Outros (Área Urbana e Alagada)
-
0,8
-
100
Total
Fonte: Dufloth (2005).
De acordo com Dufloth (2005) nos dados da Unidade de Planejamento
Regional do Oeste Catarinense – UPR 1, elaborado pela EPAGRI – Empresa de
Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A, no município de
Concórdia, ocorrem três unidades de solo, destas, publicadas com o percentual
relativo tem-se:
Tabela 08- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no município de
Concórdia
Unidade de Solo/ Mapeamento
Área (%)
Cambissolos
54,37
Latossolos
1,67
Nitossolos
41,73
Outros (Área Urbana)
2,23
Total
100
Fonte: Dufloth (2005).
46
De posse destes dados e com o mapa de Solos da UPR1 possibilitou geração do Mapa de Solos da Bacia Hidrográfica do
Rio dos Queimados. Apresentado como Figura 10.
N
NO
NE
O
E
SO
SE
S
Cambissolos
Nitossolos
Área Urbana
Cursos d'água
Figura 10 - Classes de solos na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados.
Fonte: do autor, adaptado de Dufloth (2005).
47
Das classes de solos existentes na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados,
conclui-se que há maior concentração de Cambissolos, com 66,31% da área
encontrados em quase sua totalidade na área rural da bacia.
Como observado na Tabela 08 no município de Concórdia existem três
classes de solos, já na área ocupada pela bacia do estudo são apenas dois,
apresentados na tabela abaixo:
Tabela 09- Unidade de mapeamento de solos ocorrentes na Bacia Hidrográfica
do Rio dos Queimados
Unidade de Solo/ Mapeamento
Área (%)
Cambissolos
66,31
Nitossolos
31,82
Outros (Área Urbana)
1,87
Total
100
Fonte: Dufloth (2005).
Ressalta-se que os percentuais calculados são aproximados, assim como a
área que ocupam, (figura 10).
2.6 HIDROLOGIA
A rede hídrica do Estado de Santa Catarina é rica e bem distribuída. Na
Vertente do Interior os rios apresentam, via de regra, perfil longitudinal com longo
percurso e perfil longitudinal com inúmeras quedas d'água, o que evidencia o
potencial hidrelétrico na região.
Em geral, a rede hidrográfica na Vertente Atlântica comporta dois tipos
básicos de rios: os que nascem na Serra do Mar e aqueles originados na própria
planície.
A figura 11 ilustra o sistema de drenagem do estado de Santa Catarina.
48
A RH 3 – Região Hidrográfica 3 – Vale do Rio do Peixe, é constituída pelas
bacias do rio do Peixe e do rio Jacutinga, que ocupam 7.923 km²;
O rio do Peixe, cuja bacia é de 5.476 km², nasce na serra do Espigão,
município de Matos Costa, zona central de Santa Catarina, e percorre cerca de 290
km até sua foz no rio Uruguai. Nesse trajeto, recebe as águas dos rios Preto, São
Pedro e Santo Antônio pela margem direita, e rios Bonito e Leão pela margem
esquerda.
O rio Jacutinga nasce na vertente oposta do rio Irani, tendo sua foz situada no
lago formado pela barragem de Itá. Do ponto de vista de gerenciamento de recursos
hídricos, essa bacia engloba afluentes diretos do rio Uruguai, como o rancho Grande
e rio do Engano e o Rio dos Queimados, totalizando 2.447 km².
49
Figura 11 - Sistema de Drenagem de Santa Catarina.
Fonte: Santa Catarina (2007)
50
2.7 HIDROGEOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO
A diversidade de ambientes geológicos, aliada às condições climáticas,
deficiências hídricas nulas, e bons índices de excedentes hídricos conferem à Santa
Catarina um excelente potencial hídrico subterrâneo, com ocorrência de águas
minerais de ótima qualidade distribuídas nas mais diversas regiões. Inserida na
Província Hidrogeológica Basáltica e Gondwânica Mesozóica, esta classificação leva
em consideração as características geológicas, morfológicas e climáticas, uma vez
que à ocorrência e o comportamento das águas subterrâneas são em parte reflexo
delas. Esta província possui pelas suas características litológicas um meio
hidrogeológico heterogêneo ou anisotrópico. (HAUSMAN, 1995).
A Província Hidrogrológica Basáltica e Gondwânica Mesozóica está
fortemente condicionada por fraturamentos, correspondente aos planos de
descontinuidade (falhas, fraturas, fissuras, etc.), sendo estas estruturas favoráveis à
ocorrência de água subterrânea.
No oeste Catarinense existem basicamente dois grandes reservatórios de
água subterrânea, o Aqüífero Guarani ou Botucatu e o Aqüífero Serra Geral.
O Aqüífero Guarani é um reservatório de proporções gigantescas de água
subterrânea, formado por derrames de basalto ocorridos nos Períodos Triássico,
Jurássico e Cretáceo Inferior (entre 200 e 132 milhões de anos). É constituído pelos
sedimentos arenosos da Formação Pirambóia na Base e arenitos Botucatu no topo.
(HAUSMAN, 1995).
Encontra-se exclusivamente coberto por rochas vulcânicas da Formação
Serra Geral, conferindo-lhe o caráter de aquífero confinado. O topo deste aqüífero
ocorre em profundidades que variam de 360 metros a 1.267 metros, no oeste
catarinense. Sua área total é de aproximadamente 1,2 milhões de quilômetros
quadrados, com capacidade de armazenar 46 mil quilômetros cúbicos de água. Com
essas características considera-se o maior aqüífero da América Latina e o terceiro
maior do mundo em extensão. Está presente em 8 estados brasileiros, entre eles
Santa Catarina, onde 54% dos municípios situam-se sobre este aqüífero. Além do
território brasileiro, o aqüífero Guarani abrange parte da Argentina, Uruguai e
Paraguai. (SANTA CATARINA, 2007).
51
O aqüífero fraturado Serra Geral é o mais explorado na região sul do Brasil
assim como no oeste de Santa Catarina. Desenvolve-se nos derrames basálticos
cretáceos com condição de armazenamento e circulação da água localizada em
fraturas e outras descontinuidades.
A recarga principal ocorre através da pluviometria, principalmente em áreas
com desenvolvido manto de alteração, topografia pouco acidentada e considerável
cobertura vegetal (mata nativa). Localmente, onde há condições piezométricas e
estruturais favoráveis, pode ocorrer recarga ascendente a partir do aqüífero Guarani.
Os locais onde existem as piores condições hidrogeológicas são nas
espessas zonas centrais de derrames localizadas em terrenos muito dissecados e
com topografia bastante acidentada, que mesmo interceptadas por fraturas,
demonstram baixíssima potencialidade, sendo que estas características ocorrem em
parte na área da bacia do Rio dos Queimados.
No geral, as características do aqüífero Serra Geral permitem a captação de
água subterrânea a um custo muitíssimo menor ao da captação no aqüífero Guarani,
suprindo de forma satisfatória comunidades rurais, indústrias e sedes municipais.
A figura 12 ilustra a composição e a localização de cada aqüífero citado
acima.
Figura 12 - Aqüíferos
Fonte: Santa Catarina (2007)
52
2.7.1 Pontos De Água No Oeste De Santa Catarina
De acordo com o Projeto Oeste de Santa Catarina – PROESC, sobre
Captação de Águas Subterrâneas, desenvolvido pela Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, foram inventariados 2836 pontos de
captação de água subterrânea no oeste catarinense, entre os anos de 1998 a 2001.
(SANTA CATARINA, 2007).
Foram inclusos pontos de captação em fontes, poços escavados e poços
tubulares, conforme a tabela 09.
Tabela 10- Pontos de Captação de água no oeste de Santa Catarina
Pontos d’ água
Número
Captações de fontes
101
Poços escavados
12
Poços tubulares
2723
Total
2836
Fonte: Santa Catarina (2007)
Da tabela 09, os pontos na superfície terrestre, com surgimento espontâneo
de água subterrânea, são caracterizados como captações de fontes. A proteção
destas fontes, no estado de Santa Catarina é uma prática comum e bastante
disseminada.
Já os poços escavados ou manuais são construídos através de equipamentos
simples por meio de pá e picareta, sem uso de máquinas, ou seja, construídos
manualmente, captando água do lençol freático.
Os poços tubulares, que representam a maioria dos pontos d’água, conforme
o levantamento realizado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e
Meio Ambiente, no ano de 2002, agrupam todos os tipo de perfuração executados
com máquinas específicas denominadas sonda. Erroneamente esses poços são
chamados de artesianos, no entanto, esta denominação é mal empregada, uma vez
que artesiano constitui apenas uma das modalidades de poço no qual a pressão
53
confinante ascende até estabilizar em uma posição acima daquela referida como de
nível estático do local onde o poço foi construído. Na grande maioria dos poços
tubulares do oeste catarinense não ocorre artesianismo.
2.7.2 Poços Tubulares Na Bacia Hidrográfica Do Rio Dos Queimados
Conhecer os pontos de captação de água subterrânea é fundamental para o
planejamento da distribuição e gestão deste manancial, bem como o seu uso
racional.
De acordo com a CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento
Agrícola de Santa Catarina - Obras de Engenharia Rural são essenciais para tal
gestão.
Estas obras possibilitam o aumento e melhoria de produção, preservação e
recuperação dos recursos naturais bem como o desenvolvimento sustentável
principalmente em pequenas propriedades rurais.
Na região a qual a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados está inserida há
o monitoramento da perfuração de poços realizados pela CIDASC encontrado no
Programa de Infraestrutura Agrícola.
Na tabela 10 encontra-se alguns dados referentes às características do poços
tubulares perfurados na região. Tal informação foi extraída do relatório interno da
CIDASC. Os dados são de poços perfurados a partir do ano de 1981 até 2008.
Para obter os dados dos poços tubulares projetados e executados na região
da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados foram realizadas triagens nas planilhas
do relatório abaixo citado, obtendo apenas aquelas a qual o estudo refere-se. Pode
se destacar, porém, a alta porcentagem (45,2%) de poços secos perfurados,
demonstrando que algumas regiões da bacia não possuem oferta de água
subterrânea satisfatória, quando comparada a outras localidades da própria bacia
hidrográfica.
Existem dez comunidades rurais envolvidas, total ou parcialmente na bacia.
Ainda utilizou-se, para este estudo, os poços perfurados na sede da cidade.
54
Tabela 11- Poços tubulares perfurados na região da Bacia Hidrográfica do Rio
dos Queimados
Nº Poços
Profundidade (m)
Vazão (m³/h)
Poços
Secos
Sede
31
48 à 162
0,5 à 13,0
15
48
Linha Sede Brum
13
100 à 198
0,5 à 13,0
7
53
Linha Schiavini
2
136 à 164
-
2
100
Linha São José
12
72 à 130
3,0 à 25,0
7
58
Linha Santa Catarina
3
75 à 111
6,9 à 14,0
1
33
Lajeado Quintino
3
72 à 164
8
2
66
Linha
Presidente
Kennedy
25
60 à 148
0,5 à 23,0
7
28
Linha 29 de Julho
0
-
-
-
Linha Guarani
3
100 à 146
31
2
66
Linha Laudelino
1
82
24
-
0
Total
93
-
-
43
Comunidade
Poços Secos (%)
-
45,2
Fonte: CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina.
Abaixo, apresenta-se a figura 13 com a finalidade de identificar as
comunidades que estão inseridas total ou parcialmente na bacia.
Conhecendo
a
região,
as
comunidades
inseridas,
bem
como
as
características dos poços tubulares perfurados é possível realizar algumas análises
comparativas. Na figura 08 as comunidades que estão em destaque (cor vermelha)
são as inseridas na bacia e descritas na tabela 05.
55
L. São Paulo
465
SC
L. Boscatto
L. Laj.dos Pintos
Sto. Antonio
Laj. Crescêncio
BR2
83
Fragosos
L. São José
L. Barra Fria
L. 8 de Maio
Sede
Posto 100
BR 15
3
Laj. Quintino
L. Marchesan
L. Schiavini
Pres. Kennedy
Alto Suruvi
L. Guarani
L. Pinheiro Preto
Nova Brasilia
.
AV
C/P
461
SC
L. Sta.
Catarina
L. Aparecida
L. Vitória
L. 29 de
Julho
L. Laudelino
L.Sta.
Terezinha
L. Rigon
L. Ouro
Sede Brum
L. Suruvi
L. Ipiranga
L. Frei
Rogério
1
46
SC
Tamanduá
BR
153
V
PA
C/
Porto Brum
L. Rui
Barbosa L. Alto Boa
Esperança
L. Lauro
Muller
Figura 13 - Comunidades inseridas na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados
Fonte: do autor adaptado da Prefeitura Municipal de Concórdia.
56
No gráfico 01 é apresentada a porcentagem relativa aos projetos e perfuração
dos poços tubulares em cada localidade.
Poços Tubulares/Comunidade
Sede
Sede Brum
0%3% 1%
Schiavini
34%
27%
São José
Santa Catarina
Quintino
3%
3%
13%
2%
14%
Presidente Kennedy
29 de Julho
Guarani
Laudelino
Gráfico 01 - Percentual de poços tubulares perfurados por Comunidade
Fonte: do autor.
Com 34% das perfurações de poços tubulares a Sede do município de
Concórdia é a região da bacia com a maior concentração de captação de água
subterrânea. Este fato pode ser entendido devido à concentração de moradores
neste local. Porém, torna-se necessário salientar que, devido a alta quantidade de
poços perfurados para a captação e abastecimento de água, a tendência é que, se a
recarga dos mananciais for menor que o consumo, e não havendo uso racional da
mesma, acarretará na gradual diminuição do volume disponível, comprometendo o
atual uso bem como a demanda necessária para as próximas décadas.
Presidente Kennedy é a comunidade rural com o maior número de poços
perfurados, totalizando 27%. Na comunidade de Linha 29 de Julho não foram
perfurados poços pela CIDASC.
O gráfico 02 ilustra o percentual relativo aos poços secos que foram
perfurados em cada comunidade.
57
Porcentagem Poços Secos por Localidade
100
Sede
100
Sede Brum
90
80
66
70
60
48 53
Schiavini
66
São José
58
Santa Catarina
Quintino
50
40
33
Presidente Kennedy
28
30
29 de Julho
20
Guarani
10
0
0
0
Laudelino
Gráfico 02 - Poços secos por Localidade
Fonte: do autor.
Na comunidade Linha Schiavini foram perfurados 2 poços, neste caso, nem
um teve água, ou seja, representa no gráfico acima 100% de poços secos.
Mencionado anteriormente, linha 29 de Julho não teve pontuação, pois não
teve poços perfurados. Linha Laudelino foi outra comunidade que não pontuou, mas
neste caso foi perfurado um poço com vazão de 24m³/h.
De forma geral foram perfurados 93 poços tubulares na região da bacia
hidrográfica do Rio dos Queimados, pela CIDASC entre os anos de 1981 a 2008.
Destes, 43 são secos, representando um percentual de 45,2% do total.
As profundidades dos poços perfurados na região variam de 48 m a 198 m.
As vazões mínimas dos poços são de 0,5m³/h e as máximas chegando a 31m³/h.
2.8 CONSIDERAÇÕES ENTRE A RELAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA
SOBRE O CICLO HIDROLÓGICO
O conhecimento da vocação hidrológica de áreas sob distintas composições
ambientais revela-se de aplicação direta para previsões relacionadas à recarga de
mananciais de águas subterrâneas: as enchentes ou à propagação espaço-temporal
58
de poluentes que convergem para os rios, entre outras, auxiliando na definição do
uso mais adequado da terra e no manejo dos solos.
Foi possível observar por este estudo, que a área com maior vazão dos poços
tubulares é na comunidade de Linha São José. Sabendo de sua localização na área
da bacia e conhecendo suas características topográficas, pode-se entender que
trata de uma área onde ocorre recarga dos mananciais subterrâneos. Assim, este
local merece maior atenção quanto à utilização do solo, pois torna-se uma área
sensível a contaminação das águas subterrâneas, podendo comprometê-la e
consequentemente o abastecimento em outros locais.
O fluxo sub-superficial, decorrente do escoamento sobre a superfície do
excedente de precipitação, em relação à capacidade de infiltração bem como o fluxo
de sub-superfície, são agentes modeladores por meio de processos erosivos, agindo
assim na transformação do relevo.
A importância do conhecimento sobre como se dá a infiltração da água no
solo é de suma importância para orientação de obras de engenharia e
manejo/conservação e está diretamente ligada às características físicas do mesmo.
Tais características (porosidade e composição), aliadas a agentes biológicos
(animais escavadores e presença de raízes mortas) influenciarão diretamente na
maneira pela qual ocorre o fluxo de água pela sub-superfície.
Na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados existem, basicamente, dois tipos
de solos com a predominância de cambissolos (66,31%) principalmente na área
rural e nitossolos (31,82%) na urbana. Porém, como visto anteriormente a área
central está inserida nesta última unidade de solo, com características limitantes a
ocupação, pois apontam para solos suscetíveis a erosão e possuem boa capacidade
de retenção de água, podendo apresentar riscos as edificações localizadas
principalmente em áreas íngremes. Cabendo assim um estudo do solo detalhado
ante a execução de obras de engenharia civil.
É crescente a pressão exercida em escala mundial sobre os recursos
hídricos, num cenário de expansão demográfica, de crescimento econômico e de
alterações climáticas requer uma abordagem científica e tecnológica multidisciplinar
como meio para se conseguir o melhor conhecimento sobre os processos envolvidos
no ciclo da água. A obtenção de conhecimento científico, passível de apoiar a
59
tomada de decisões respeitantes à gestão destes recursos - à escala local, regional
ou global - é francamente facilitada, quando se utilizam de forma integrada
conceitos, métodos e técnicas provenientes de diversas disciplinas científicas, num
esforço que, além de multidisciplinar, pode ser interdisciplinar. (ASSAAD et al.,
2004).
Visto que, na bacia do estudo, porcentagem significativa de poços perfurados
não apresentaram água, 45,2% do total, demonstra, de certa forma, um cenário
preocupante, considerando a escassez de água na região. Vale considerar ainda
que, no interior a maior porção da água extraída dos mananciais subterrâneos são
destinadas às plantações e dessedentação de animais, devido a produção em
grande escala e a conseqüente procura de mercado.
Este estudo poderá servir de auxilio à implantação do Plano Diretor Rural,
devido aos seus levantamentos de dados regionais e as características encontradas
na área estudada, ordenando de forma sustentável a ocupação do solo nas
diferentes áreas da bacia.
60
CAPÍTULO III
CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA
3.1 INTRODUÇÃO
Para caracterizar o regime hídrico de uma região é necessário considerar os
diversos fatores que interagem no espaço geográfico do estudo. Desta forma, para a
análise dos Recursos Hídricos da região da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados
faz-se
necessário
estudar
a
climatologia,
fornecendo
assim,
informações, da realidade espacial e sua distribuição temporal.
O levantamento dos dados climatológicos consiste em estudar uma série
histórica de precipitação diária, de estação meteorológica, com no mínimo de 15
anos consecutivos sem falha. (BACK, 2002).
O clima de uma determinada localidade é formado por uma complexa
interação entre os continentes, oceanos e as diferentes quantidades de radiação
recebida do sol. O giro da Terra em torno deste astro faz com que essa quantidade
de energia recebida em cada localidade varie ao longo do ano, criando um ciclo
sazonal responsável pelas estações de verão, outono, inverno e primavera.
3.2 ASPECTOS CLIMATOLÓGICOS DO BRASIL
O extenso território brasileiro, a diversidade de formas de relevo, a altitude e
dinâmica das correntes e massas de ar, possibilitam uma grande diversidade de
climas no Brasil. Atravessado na região norte pela Linha do Equador e ao sul pelo
Trópico de Capricórnio, o Brasil está situado, na maior parte do território, nas zonas
de latitudes baixas chamadas de zona inter-trópica l - nas quais prevalecem os
climas quentes e úmidos, com temperaturas médias em torno de 20 ºC. (NIMER,
1979).
61
Para classificar um clima, devemos considerar a temperatura, a umidade, as
massas de ar, a pressão atmosférica, correntes marítimas e ventos, entre muitas
outras características. A classificação mais utilizada para os diferentes tipos de clima
do Brasil, que se baseia na origem, natureza e movimentação das correntes e
massas de ar.
De acordo com essa classificação, os tipos de clima do Brasil são os
seguintes:
Clima Subtropical: presente na região sul dos estados de São Paulo e Mato
Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por
verões quentes e úmidos e invernos frios e secos. Chove muito nos meses de
novembro a março. O índice pluviométrico anual é de, aproximadamente, 2000 mm.
As temperaturas médias, ficam em torno de 20º C. Recebe influência, principalmente
no inverno, das massas de ar frias vindas da Antártida.
Clima Semi-árido: presente, principalmente, no sertão nordestino, caracterizase pela baixa umidade e pouquíssima quantidade de chuvas. As temperaturas são
altas durante quase todo o ano.
Clima Equatorial: encontra-se na região da Amazônia. As temperaturas são
elevadas durante quase todo o ano. Chuvas em grande quantidade, com índice
pluviométrico acima de 2500 mm anuais.
Clima Tropical: temperaturas elevadas (média anual por volta de 20°C),
presença de umidade e índice de chuvas de médio a elevado.
Clima Tropical de altitude: ocorre principalmente nas regiões serranas do
Espirito Santo, Rio de Janeiro e Serra da Mantiqueira. As temperatura médias
variam de 15 a 21º C. As chuvas de verão são intensas e no inverno sofre a
influência das massas de ar frias vindas pela Oceano Atlântico. Pode apresentar
geadas no inverno.
Clima Tropical Atlântico (tropical úmido): presente, principalmente, nas
regiões litorâneas do Sudeste, apresenta grande influência da umidade vinda do
Oceano Atlântico. As temperaturas são elevadas no verão (podendo atingir até
40°C) e amenas no inverno (média de 20º C). Em função da umidade trazida pelo
oceano, costuma chover muito nestas áreas. (AYOADE, 2004).
62
3.3 CLIMA DO SUL DO BRASIL E DE SANTA CATARINA
A região sul do Brasil é considerada como uma das regiões do globo terrestre
que apresentam melhor distribuição de chuvas durante o ano. Os sistemas de
circulação atmosférica associados à ocorrência de chuvas atuam com frequência
anual semelhante, sobre todo o território da região sul. (NIMER, 1979).
No estado de Santa Catarina a variação sazonal do clima é considerada bem
definida por sua localização geográfica. No verão, quando os raios solares chegam
com maior intensidade, a quantidade de radiação solar global recebida chega a 502
cal/cm²; já no inverno esse fluxo é bem menor, ficando em torno de 215 cal/cm².
Ainda no inverno, a frequência de inserção de frentes frias e massas de ar frio
é muito maior e contrastam com as altas temperaturas de verão, geradas pela
permanência da massa de ar tropical. As estações de transição, outono e primavera,
mesclam características das duas outras estações. Além das variações sazonais
associadas ao movimento da Terra em torno do sol, a orografia (distribuição das
montanhas) de Santa Catarina e a proximidade do mar são os grandes responsáveis
pelas diferenças de clima existente entre as diversas localidades do estado.
A altitude da planície litorânea varia de zero a 300 m, na Serra do Mar, no
Planalto Serrano e no Meio Oeste, as altitudes variam entre 800 e 1500 m; mais ao
oeste, estas altitudes diminuem gradativamente atingindo 200 m no extremo oeste.
Esta variação de altitude e distanciamento do mar faz com que o clima varie
bruscamente entre as diferentes regiões do estado.
Segundo a classificação de Koppen (OMETTO, 1981) o estado de Santa
Catarina foi classificado como de clima mesotérmico úmido (sem estação seca) – cf,
incluindo dois subtipos, cfa e cfb, descritos a seguir:
 Cfa - Clima subtropical, temperatura media no mês mais frio
inferior a 18ºc (mesotermico) a temperatura média no mês mais
quente acima de 22ºC, com verões quentes, geadas pouco
frequentes e tendência de concentração de chuvas nos meses
de verão, contudo sem estação seca definida;
63
 Cfb – Clima temperado propriamente dito; temperatura média no
mês mais frio abaixo de 18ºC (mesotérmico), com verões
frescos, temperatura média no mês mais quente abaixo de 22ºC
e sem estação seca definida.
3.4 CLIMA NO OESTE CATARINESE E REGIÃO DE CONCÓRDIA
De acordo com o projeto denominado de “Estudos Básicos Regionais de
Santa Catarina” elaborado pela EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e
Extensão Rural de Santa Catarina S.A, o estado foi divido em oito Unidade de
Planejamentos Regionais – UPR – formados pela semelhança de clima, geográficas,
critérios ambientais e socioeconômicos e pela associação de municípios. De posse
destas informações, a UPR 1 corresponde ao Oeste Catarinense. (DUFLOTH et. al.,
2005).
A caracterização climática da Unidade de Planejamento Regional Oeste
Catarinense teve como base as informações contidas no Zoneamento Agroecológico
e Socioeconômico do Estado de Santa Catarina. (DUFLOTH et. al., 2005).
O zoneamento agroecológico foi criado com base em combinações de
vegetação, geomorfologia e características climáticas do Estado, (figura 14)
conforme proposta de Diferenciação Climática para o Estado de Santa Catarina.
(BRAGA ; GHELLER, 1999).
As áreas do município de Concórdia situam-se na zonas 2C e 3A com 58 e
42% do território, respectivamente.
A área estudada sofre ainda, influências ambientais, decorrentes das
formações vegetais inseridas nesta região, trata-se de local de transição entre a
floresta ombrófila mista e a floresta estacional decidual, fato que deve ser
considerado como relevante a estudos climatológicos.
Na Zona Agroecológica 2C a qual o município de Concórdia situa-se em 58%
do território, ocorre predominância da floresta estacional decidual, o clima é Cfa, ou
seja, clima subtropical constantemente úmido, sem estação seca, com verão quente
(temperatura média do mês mais quente > 22,0ºC). Segundo Braga e Ghellre
64
(1999), o clima é mesotérmico brando com a temperatura do mês mais frio entre >13
e < 15ºC.
A temperatura média normal anual nesta zona varia de 17,9 a 19,8ºC. A
temperatura média normal das máximas varia de 25,8 a 27,5ºC, e das mínimas de
12,9 a 14,0ºC.
Com relação à precipitação pluviométrica total anual, pode variar de 1.430 a
2.020mm, com o total anual de dias de chuva entre 108 e 150 dias. A umidade
relativa do ar varia de 77 a 82%.
Podem ocorrer de 5,0 a 12,0 geadas por ano. Os valores de horas de frio
iguais ou abaixo de 7,2ºC variam de 300 a 437 horas acumuladas por ano. A
insolação varia de 2.117 a 2.395 horas nesta sub-região.
Já na Zona Agroecológica 3A, a qual representa 42% da área de Concórdia, é
também classificada como clima Cfb e com predominância da floresta ombrófila
mista, as temperaturas do mês mais frio variam de > 11,5 e <13ºC.
A temperatura média normal anual da Zona Agroecológica 3A varia de 15,8 a
17,9ºC. A temperatura média normal das máximas varia de 22,3ºC a 25,8ºC e das
mínimas de 10,8ºC a 12,9ºC.
Quanto à precipitação pluviométrica total normal anual, pode variar de 1.460 a
1.820mm, com o total anual de dias de chuva entre 129 e 144 dias. A umidade
relativa média normal do ar pode variar de 76,3 a 77,7%.
De acordo com os mesmos estudos podem ocorrer de 12,0 a 22,0 geadas por
ano. Os valores de horas de frio abaixo ou iguais a 7,2ºC variam de 437 à 642 horas
acumuladas por ano. A insolação total anual varia de 2.137 à 2.373 horas nesta
subregião.
65
Figura 14 - Zonas Agroclimáticas de Santa Catarina
Fonte: Dufloth et al (2005)
66
3.5 CLIMATOLOGIA DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS
QUEIMADOS
Os índices climatológicos para a região próxima a Bacia hidrográfica do Rio
dos Queimados foram extraídos da estação climatológica do Centro Nacional de
Pesquisa de Suínos e Aves - CNPSA, que funciona desde 1985, seguindo
normatização do Instituto Nacional de Meteorologia (INEMET) do Ministério da
Agricultura, Pecuária e do Abastecimento.
Tendo como objetivo principal o fornecimento de informações que subsidiam
trabalhos de pesquisa, ensino e produção o CNPSA, seguindo as normas do
INEMET, realiza três coletas ao dia, sendo, às 09h00, 15h00 e 21h00 (horário oficial
do Brasil) apresentados na tabela 11.
Conhecendo os dados apresentados na tabela 11 pode-se iniciar um
aprofundamento em alguns tópicos relacionando-os com o ciclo hidrológico da
região da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados.
Ressalta-se que os itens subseqüentes terão uma abordagem referente aos
principais fatores condicionantes do clima da região, comparando os dados
encontrados em Dufloth et. al, (2005) e os dados extraídos da estação climatológica
do Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e Aves – CNPSA.
Tabela 12- Climatologia do Município de Concórdia
Ano
-
Temperatura ºC
Umidade Rel. %
Max Min xMax1 xMin1 Max Min Média1
1987 34,5 -3,5
Precip.
Ventilação
Sol
mm
Km
Total m/s Dir
hh:mm
23
16,6
97
22
76,3
1446
NA
0,7 VR 2041:32:00
1988
37
-4
23,5
16,3
99
16
75,5
1242
NA
0 VR 2521:15:00
1989
34
-3
22,9
16,2
98
24
77,3
1900
NA
0 VR 2123:21:00
1990
37 -2,8
23
15,8
97
33
77,6
2093
NA
1,9 VR 2119:20:00
1991 35,5 -2,2
24,7
16,7
97
30
71,2
1395
NA
0,6 VR 2326:55:00
1992 34,5 -3,2
23,7
15,5
97
34
77
1979
NA
0,4 VR 1939:10:00
35 -2,6
24
15,2
97
26
77,7
1594
NA
1,4 VR 1997:10:00
1994 35,6 -2,6
24,7
16,5
97
18
75,4
2075
NA
1,3 VR 1615:15:00
1995 35,5
23,9
14,4
97
27
75,2
1372
NA
0,9 VR 2199:15:00
1993
0
67
Ano
-
Temperatura ºC
Umidade Rel. %
Max Min xMax1 xMin1 Max Min Média1
1996 34,5
Precip.
Ventilação
Sol
mm
Km
Total m/s Dir
hh:mm
0
23,4
15,5
97
26
75,8
1942
NA
1,4 VR 2048:10:00
35
-2
24,5
15,9
97
27
75,6
2371
NA
1,5 VR 2090:20:00
1998 36,5
2,4
23,9
16,3
97
27
78,6
2454
NA
1,5 VR 1841:40:00
1999
36 -2,2
23,7
15,4
97
29
73,1
1339
NA
1,5 VR 2134:30:00
2000
35 -3,6
23,4
15,8
96
27
74,2
1972
NA
1,5 VR 2236:53:00
2001
36
0
23,9
16,7
96
30
77,4
1944
NA
1,5 VR 1986:25:00
2002 35,5
0
23,8
17,2
96
35
77,5
2153
NA
1,7 VR 1923:00:00
2003 35,5
0
23,6
16,3
96
32
75,9
1739
NA
1,7 VR 2365:15:00
2004 35,5
0
23,4
16,2
96
34
75,5
1427
NA
1,7 VR 2367:30:00
2005 37,5
1
24,1
16,8
96
32
76,3
2041
NA
1,7 VR 2368:25:00
2006 36,5
-2
24
16,6
96
28
75
1425
NA
1,6 VR 2394:30:00
2007
-3
23,7
16,5
96
0
76,7
2078
NA
1,5 VR 2010:49:00
23,7
16,1
75,9
37981
1997
36
Média do Ano
1,2
2126:13:00
Fonte: Estação Agrometeorológica da Embrapa - Centro Nacional de Pesquisa de Suínos e
Aves – CNPSA. Concórdia-SC.
3.6 TEMPERATURA
À parte, a precipitação, a temperatura é o elemento, no tempo atmosférico
com a maior discussão. A temperatura pode ser definida em termos do movimento
de moléculas, de modo que quanto mais rápido o deslocamento, mais elevada será
a temperatura.
Segundo Ayoade (2004), define que temperatura se define em termos
relativos, tomando-se por base o grau de calor que um corpo possui. A temperatura
é a condição que determina o fluxo de calor que passa de um corpo para outro.
O sentido que o calor é transmitido sempre acontece do corpo com a
temperatura maior para outro com temperatura menor. Esta temperatura é
determinada pelo balanço entre a radiação que chega e a que sai e pela sua
transformação em calor latente e sensível.
O gráfico 03 mostra a média das temperaturas máximas de acordo com a
estação climatológica do CNPSA.
68
Média da Temperatura Máxima
24,9
24,7
24,6
24,7
24,5
24,3
Temperatura (Cº)
24
24
23,7
22,8
23,9
23,7
23,5
23,4
23,1
24,1
23,9
23
24
23,7
23,4
22,9
23,9 23,8
23,7
23,4
23,6
23,4
23
22,5
22,2
21,9
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano
Gráfico 03 - Média da temperatura máxima.
Fonte: autor, produzido com base nos dados da estação climatológica do CNPSA.
Analisando o gráfico 03 observa-se que, a média da temperatura máxima no
período monitorado, manteve diferença entre a mínima e máxima de 23 a 24,7ºC. Já
a média total deste período, 21 anos, é de 23,7ºC para a região de Concórdia.
Se comparado as Zonas Agroecológicas apresentadas no item 4, deste
capítulo, temos a seguinte conclusão: a Zona Agroecológica 2C estabeleceu que a
temperatura média normal das máximas varia de 25,8 a 27,5ºC, portanto a média
para Concórdia, que em 58% do território situa-se nesta divisão está abaixo da
média das temperaturas máximas estabelecido por Dufloth et. al. (2005).
Deste mesmo projeto na Zona Agroecológica 3A, a temperatura média normal
das máximas varia de 22,3ºC a 25,8ºC assim sendo a média encontrada a partir da
estação climatológica do CNPSA confirma tal afirmação. Contudo, a estação do
CNPSA está localizada fora da área de abrangência da bacia hidrográfica do Rio
dos Queimados, porém se situa no município de Concórdia e em áreas
correspondente a zona 3A. Lembre-se que, esta é a única estação com dados
disponíveis de maior proximidade a área estudada.
Para conhecer a média das temperaturas máximas de acordo com a estação
climatológica do CNPSA utiliza-se o gráfico 04.
69
Média da Temperatura Mínima
17,7
17,4
17,1
16,8
16,5
Temperatura (Cº)
16,2
15,9
15,6
15,3
15
14,7
17,2
16,7
16,6
16,3 16,2
16,3
16,3
15,9
15,8
15,5
15,5
15,2
14,4
14,1
16,8
16,7
16,5
16,6 16,5
16,2
15,8
15,4
14,4
13,8
13,5
13,2
12,9
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano
Gráfico 04 - Média da temperatura mínima.
Fonte: autor, produzido com base nos dados da estação climatológica do CNPSA.
Vale lembrar que, a temperatura de um corpo é medida através de um
termômetro. Várias escalas são usadas para expressar as temperaturas. Estes
dados apresentados estão na escala Celsius.
O gráfico 04 traz os resultados do monitoramento das temperaturas, neste
caso mostra-se a média das temperaturas mínimas. Definidas nos zoneamentos
agroecológicos temos para a Zona 2C a média de 12,9 a 14,0ºC e na Zona 3A de
10,8ºC a 12,9ºC a média das temperaturas mínimas. Desta forma, calculado esta
média para os valores encontrados no monitaramento mostrado no gráfico 01 temos
16,1ºC para a região. Este valor está acima das médias das temperaturas mínimas
encontradas em ambas as Zonas.
As temperaturas variam de lugar e com o decorrer do tempo em determinado
local. E vários são os fatores que influenciam a distribuição da temperatura sobre a
superfície da terra como: a quantia de insolação recebida, a natureza da superfície,
a distância a partir de corpos hídricos, o relevo, a natureza dos ventos
predominantes e as correntes oceânicas. (AYOADE, 2004).
70
3.7 UMIDADE RELATIVA DO AR (%)
A umidade relativa do ar é a relação entre a quantidade de água existente no
ar (umidade absoluta) e a quantidade máxima que poderia haver na mesma
temperatura (ponto de saturação). Ela é um dos indicadores usados na meteorologia
para se saber como o tempo se comportará.
Essa umidade presente no ar é decorrente de uma das fases do ciclo
hidrológico, o processo de evaporação e evapotranspiração da água. O vapor de
água sobe para a atmosfera e se acumula em forma de nuvens, mas uma parte
passa a compor o ar que circula na atmosfera. Porém, o ar, assim como qualquer
outra substância, possui um limite até o qual ele absorve a água (ponto de
saturação). Abaixo do ponto de saturação, há o ponto de orvalho (quando a umidade
se acumula sob a forma de pequenas gotas ou neblina) e, acima dele, a água se
precipita na forma de chuva. (BRAGA et al, 1999).
A atmosfera recebe umidade da superfície terrestre, através da evaporação
da água do solo nu, das superfícies aquáticas e através da transpiração das plantas.
Evaporação pode ser definido como o processo a qual a umidade em forma líquida
ou sólida passa para a forma gasosa. Emprega-se para descrever a perda de água
das superfícies aquáticas ou do solo nu.
O termo evapotranspiração é usado para descrever a perda de água das
superfícies com vegetação, onde a transpiração é de fundamental importância.
A umidade é o componente atmosférico mais importante na determinação do
tempo e do clima. A quantidade de vapor d’água varia de lugar para lugar e no
transcurso do tempo. (AYOADE, 2004).
A estação climatológica do CNPSA monitora a umidade relativa do ar. Com
base neste monitoramento apresenta-se o gráfico 05 que traz a média anual da
Umidade Relativa.
71
Umidade Relativa (%)
Média
100
90
Umidade relativa (%)
80
70
77,3
76,3
77,6
75,5
77
77,7
71,2
78,6
75,8
75,4
75,2
74,2
75,6
73,1
75,5
77,5
77,4
75,9
75
76,7
76,3
60
50
40
30
20
10
0
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano
Gráfico 05 - Umidade Relativa Média.
Fonte: autor, produzido com base nos dados da estação climatológica do CNPSA.
A média anual da Umidade Relativa do ar neste período monitorado resultou
em 75,9%. Comparando aos dados obtidos na Zona Agroecológica 2C este
percentual ficou abaixo, pois tal monitoramento estabeleceu a Umidade de 77 a
82%.
Quanto a Zona 3A que estabelece para esta região a Umidade entre 76,3 a
77,7%, também não confere com os dados obtidos pelo CNPSA, mostrando uma
pequena diferença, menos de 0,5%.
Desta
forma
pode-se
notar
que
as
diferenças
encontradas
nos
monitoramentos citados acima apontam necessidade de estudos específicos para a
área da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados, uma vez que ela pode ser
considerada em uma área de transição entre duas Zonas Agroecológicas, portanto
com características ambientais distintas entre as áreas próximas a nascente e foz.
Vale lembrar que a estação do CNPSA está localizada fora da área de abrangência
da bacia do estudo, mas situa-se em áreas correspondente a zona 3A.
Ainda, quanto as características ambientais desta região deve ser
considerado que, a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados situa-se em uma área
de transição entre duas formações florestais distintas, com características próprias,
trata-se da floresta ombrófila mista, próxima a nascente e a floresta estacional
72
decidual localizada as margens do Rio Uruguai e consequentemente na região
próxima a foz do rio dos Queimados. Assim, exercendo influência direta no clima da
região.
3.8 PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA
A necessidade de estudos das características de precipitação pluviométrica é
de
grande
interesse
em
engenharia,
por
sua
frequente
aplicação
no
dimensionamento dos projetos de obras hidráulicas, e no planejamento e
aproveitamento dos recursos hídricos. (FENDRISCH et al., 1992).
Nos estudos meteorológicos e climatológicos utiliza-se o termo “precipitação”
para qualquer disposição em forma líquida ou sólida e derivada da atmosfera.
Porém, este termo refere-se às várias formas líquidas ou congeladas de água, como
a chuva, neve, granizo, orvalho, geada e nevoeiro. Contudo, somente a chuva e a
neve, contribuem de forma significativa com os valores totais de precipitação.
Neste estudo levara-se em conta apenas a precipitação pluviométrica, ou
seja, proveniente das chuvas, empregando ora os termos precipitação pluviométrica
ou apenas precipitação.
Segundo Ayoade (2004), a intensidade da precipitação não somente varia
quanto à quantidade de um ano, estação ou mês para outro, como pode também
mostrar uma tendência de declínio ou de ascensão durante determinado período.
Para a região de Concórdia existem monitoramentos quanto a precipitação,
apresentados na tabela 11 e ilustrados através do gráfico 06.
73
Precipitação Pluviométrica
2600
2454
2400
2371
2200
2093
2000
Prcipitação (mm)
1979
1900
1800
2075
1600
1942
2153
1972
1739
1594
1446
1400
1395
1372
1339
1242
1200
2078
2041
1944
1427
1425
1000
800
600
400
200
0
1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano
Gráfico 06 - Precipitação Pluviométrica.
Fonte: autor, produzido com base nos dados da estação climatológica do CNPSA.
Estes dados foram extraídos da estação climatológica do CNPSA. Deste
monitoramento é possível calcular a média da precipitação anual, resultante em
1809 mm/ano.
Comparando este resultado ao outro estudo apresentado neste trabalho, é
possível afirmar que as Zonas Agroecológicas 2C e 3A contemplam o valor
encontrado pelo CNPSA quanto a média anual da precipitação.
De acordo com o Plano de Prevenção de Enchentes de Concórdia, realizado
pela Empresa MPB/SANEAMENTO, os dados sobre a série histórica das
precipitações máximas diárias de cada ano, desde 1956 até 2007 é apresentado na
tabela 12.
74
Tabela 13- Precipitações Máximas Diárias
ANO
PRECIPITAÇÃO (mm)
ANO
PRECIPITAÇÃO (mm)
1956
101
1982
73
1957
103,3
1983
114,4
1958
128
1984
64,2
1959
59,4
1985
64,2
1960
112
1986
101
1961
138
1987
105,4
1962
128
1988
70,4
1963
146
1989
68
1964
68
1990
139,8
1965
65
1991
72,6
1966
1992
84
1967
1993
80
1968
1994
96
1969
93
1995
53
1970
145
1996
78,4
1971
95
1997
93,2
1972
88,4
1998
84,4
1973
109,2
1999
125,7
1974
95
2000
111,4
1975
100
2001
65,8
1976
70,4
2002
80,2
1977
98
2003
108,2
1978
66,2
2004
71,2
1979
79,2
2005
61,7
1980
84,2
2006
80,7
1981
71
2007
77,2
Média
91,2
Fonte: MPB/ Saneamento (2008).
Nota-se que no ano de 1970 a precipitação máxima atingiu a marca de
145mm em um dia, tornando assim o ano em que houve a maior quantidade de
chuva em um dia.
Além dos dados referentes às precipitações médias anuais e as máximas
diárias, será apresentado na seqüência o histórico das principais enchentes que
aconteceram no município de Concórdia.
75
A Defesa Civil de Concórdia tem cadastradas as principais enchentes que
ocorreram na área central da cidade. É possível afirmar que em decorrência da
ocupação urbana e vias pavimentadas, na área central as vazões do sistema pluvial
aumentaram significativamente.
As chuvas intensas de curta duração de Concórdia ocasionam vazões
superiores a 100 m³/s. O canal existente não tem capacidade para escoar vazões
desse porte, causando o transbordamento do canal e a inundação na área central.
(MPB /SANEAMENTO, 2008).
As principais enchentes na área central da cidade, com duração máxima de
um dia, ocorreram da seguinte forma, apresentados na tabela 13.
Tabela 14- Histórico das Enchentes
Enchentes na Cidade de Concórdia
Ano
Mês
1982
Agosto
1983
Maio
1983
Julho
1984
Agosto
1987
Maio
1988
Janeiro
1992
Maio
1998
Junho
2000
Setembro
2007
Julho
Fonte: Defesa Civil de Concórdia.
Das datas apresentadas na tabela 13, duas foram as principais, pois
causaram os maiores prejuízos ao município, sendo elas as de Julho de 1983 e
Maio de 1992 (enchentes que deflagraram estado de calamidade publica).
Na seqüência as enchentes de julho de 1983, maio de 1987, junho de 1998 e
julho de 2007 são ilustradas através de imagens elaboradas pelo Departamento de
Engenharia e Arquitetura da Prefeitura Municipal de Concórdia e adaptadas para
76
este estudo a fim de representar a área alagada em cada uma das datas acima
mencionadas.
Com relação a enchente de 1983 pode-se observar na figura 15 que o
transbordamento aconteceu nas áreas centrais, no curso principal e nos tributários
da margem direita, no lajeado Claudino e Curtume.
Já na enchente de 1987 observa-se na figura 16 que além da área central,
comum em praticamente todas as cheias, houve transbordamento novamente na
margem direita no lajeado Curtume.
Quanto à enchente do ano de 1998 conforme figura 17, vários foram os
trechos com alagamentos. As áreas mais atingidas foram principalmente na margem
esquerda aonde encontram-se os lajeados Fabrício, Sabão e Tigre Velho.
Na figura 18 é possível notar que houve poucos locais de transbordamentos
exceto ao longo do curso principal. Este fato pode estar ligado as limpezas
mecânicas ao longo dos canais dos tributários, trabalho realizado pela Prefeitura
Municipal de Concórdia. Estas limpezas auxiliam na vazão, aumentando o a
velocidade do escoamento e desobstruindo a passagem da água por objetos e
resíduos depositados erroneamente por parte da população lindeira.
Ainda, das imagens abaixo, ressalta-se que as áreas destacadas representam
os locais alagados pelas respectivas enchentes. E, estudando as imagens pode-se
identificar que a enchente com maior área de alagamento foi a do ano de 1998 com
aproximados 5,3 km².
De posse destas imagens foi possível gerar a tabela 14 da seqüência que
ilustra a área alagada em (km²) de cada enchente mencionada
Os dados contidos na tabela 14 referem-se apenas às áreas alagadas no
perímetro urbano da cidade de Concórdia.
77
N
NO
NE
O
E
SO
SE
S
Área Atingida pela
Enchente 1983
Perímetro Urbano
Figura 15 - Área atingida pela Enchente de 1983.
Fonte: autor, adaptado do acervo técnico da Prefeitura Municipal de Concórdia.
78
N
N
O
NE
O
E
SO
SE
S
Área Atingida pela
Enchente 1987
Perímetro Urbano
Figura 16 - Área atingida pela Enchente de 1987.
Fonte: autor, adaptado do acervo técnico da Prefeitura Municipal de Concórdia.
79
N
NO
NE
E
O
SO
SE
S
Área Atingida pela
Enchente 1998
Perímetro Urbano
Figura 17 - Área atingida pela Enchente de 1998.
Fonte: autor, adaptado do acervo técnico da Prefeitura Municipal de Concórdia.
80
N
NO
NE
O
E
SO
SE
S
Área Atingida pela
Enchente 2007
Perímetro Urbano
Figura 18 - Área atingida pela Enchente de 2007.
Fonte: autor, adaptado do acervo técnico da Prefeitura Municipal de Concórdia.
81
Tabela 15- Área Alagada
Ano
Área Alagada (km²)
1983
4,9
1987
0,819
1998
5,3
2007
2,6
Fonte: autor
De forma geral, várias foram as enchentes que causaram prejuízos, tanto em
estabelecimentos comerciais, residenciais, indústrias e obras públicas, porém, a
enchente ocorrida no mês de maio de 1983 teve maiores conseqüências. Neste ano,
houve duas enchentes, no mês de maio como citado acima, e a outra em julho. A
primeira foi a que causou grandes prejuízos ao município, segundo reportagem do
jornal “Abertura” de 28 de maio de 1983, entre os principais foram os prejuízos em
vários estabelecimentos comerciais e residências no município de Concórdia além
de várias ruas destruídas pelo efeito da enchente. Duas pessoas morreram, vários
feridos,
cerca
de
dezessete
casas
destruídas,
centenas
danificadas,
aproximadamente trezentos desabrigados e 70% safra de soja milho feijão perdida.
Na época os prejuízos entre comércio, residências particulares, agricultura, obras
publicas e indústria calculou-se em torno de 25 bilhões de cruzeiros.
Na figura 19 podese observar a área
central da cidade
de
Concórdia
durante
o
alagamento
de
maio de 1983.
Figura 19 - Área
central da cidade de
Concórdia alagada
Fonte:
(2008).
AECOM
82
No ano de 2007, conforme a imagem 19 e 20 foram contabilizados prejuízos
com o alagamento em 80 residências, 130 pontos comerciais, 15 pontos públicos e
20 propriedades rurais foram atingidas pelas águas, números registrados pela
Defesa Civil de Concórdia, publicado no “O Jornal” de julho de 2007.
Ainda sobre a enchente de 22 de julho de 2007, na imagem 05 mostra-se os
locais no interior do município onde foram registrados prejuízos, estes registros
ilustrados representam as pontes danificadas ou destruídas, pinguelas destruídas ou
deslizamentos de terra. De acordo com a Defesa Civil de Concórdia, foram
aproximadamente 6 horas de alagamento nos diversos pontos do município.
83
MUNICÍPIO DE
IRANI
MUNICÍPIO DE
LINDOIA DO SUL
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INTERIOR MUNICÍPIO DE CONCÓRDIA
DEFESA CIVIL - COMDEC
ENCHENTE 22 DE JULHO DE 2007
ALAGAMENTO DAS 14:55 ÁS 22:00Hrs.
ATUALIZAÇÃO: RAFAEL LEÃO JULHO / 2007
PONTES DESTRUÍDAS
PONTES DANIFICADAS
PINGUELAS DESTRUÍDAS
DESLIZAMENTOS
Figura 20 - Município de Concórdia – Conseqüência da enchente 2007
Fonte: Concórdia (2008)
84
3.9 CONSIDERAÇÕES ENTRE CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA E O CICLO
HIDROLÓGICO DA REGIÃO
Todas as ações antrópicas ocorridas na região podem afetar o clima e
consequentemente interferir no ciclo hidrológico na área da bacia hidrográfica do Rio
dos Queimados. Pode causar, inclusive, consequências nos parâmetros hídricos e
efeitos significativos na qualidade de vida na área urbana e rural do município,
quando
ligado principalmente, ao excesso ou escassez de precipitações
pluviométricas.
Como visto anteriormente, através da classificação de Dufloth et. al (2005) o
estado de Santa Catarina foi divido em Zonas Agroecológicas. Estas Zonas
possuem características específicas, relacionadas a diversos aspectos, inclusive o
clima.
Na Zona Agroecológica 2C a qual o município de Concórdia encontra-se
situado em 58% do território, o clima é Cfa, ou seja, clima subtropical
constantemente úmido, sem estação seca e com verão quente. Nesta área ocorre
predominância da floresta estacional decidual.
Já na Zona Agroecológica 3A a qual representa os 42% restantes da área de
Concórdia é classificada como clima temperado propriamente dito - Cfb sem estação
seca definida com predominância de outra formação vegetal, a floresta ombrófila
mista.
As características da precipitação variam de local para local, de acordo com
algumas variáveis, tal como a cobertura vegetal, latitude, altitude a topografia e a
época do ano. Por estas razões que os dados pluviométricos de longas séries de
observações devem ser analisados, estatisticamente, e não podem ser explorados
de uma região para outra. (BACK, 2002).
Considera-se necessário comentar sobre as enchentes, a sua área de
transbordamento bem como os locais atingidos. Desta forma, na enchente de maio
de 1983 e maio 1987, junho de 1998 e julho de 2007, (figura 15, 16, 17 e 18
respectivamente) foi possível visualizar os locais afetados. Relacionando-os com as
características fisiográficas da região, pode-se entender, que os afluentes que
transbordaram, apresentam sua declividade e tempo de concentração superiores
85
aos demais, podendo ser associado este fato, juntamente ao uso e ocupação do
solo lindeiro a série histórica de transbordamentos nestes locais. Devendo assim,
serem tomadas decisões de melhor ocupação do solo nestas áreas.
Ainda sobre estes acontecimentos, na tabela 13, apresentou-se o histórico
completo das enchentes no município, ou seja, o ano e o mês em que ocorreram.
Nos meses de maio, três enchentes, julho e agosto com duas, sendo estes os que
tiveram maior ocorrência.
Este fato pode ser entendido por tratar-se de épocas com quantidade de
chuvas superior aos demais períodos e o solo encontrar-se relativamente úmido.
São épocas próximas ao inverno aonde temos as menores temperaturas e períodos
de sol, desta forma, contribuindo para a ocorrência de transbordamentos devido ao
escoamento superficial e saturação de água no solo.
Algumas sugestões previstas no estudo realizado pela MPB/Saneamento
(2008), merecem destaque, devido à sua relevância na prevenção de enchentes e
melhoria da qualidade ambiental.
Quanto às medidas que requerem necessariamente a intervenção humana,
tem-se como as principais: a limpeza e desassoreamento de todo o leito do rio,
incluindo os principais tributários, com destaque aqueles que demonstraram ao
longo dos anos, analisando o histórico de enchentes, quantidade significativa de
transbordamentos, é o caso dos lajeados Curtume, Fabrício e Sabão.
Nas questões de adequação e aplicação de leis específicas tem-se a restrição
da ocupação e uso do solo através do Plano Diretor Físico Territorial Urbano.
Quanto às faixas não edificáveis, definição de áreas de preservação permanente ao
longo dos cursos d’água e conservação da mata ciliar em trechos remanescentes,
limitando o desmatamento e retirada de vegetação.
Outra medida apontada pela empresa é relativa a implantação de tecnologias
visando o melhor entendimento da atual situação das condições da bacia, como por
exemplo a criação de um serviço de informações meteorológicas e instalação de um
pluviógrafo central. Ainda, o cadastramento dos ocupantes das áreas de
preservação permanente ao longo dos principais cursos d’água, centralizando estas
informações num banco de dados da Defesa Civil municipal, reunindo trabalhos da
Prefeitura, EPAGRI e EMBRAPA.
86
É fato que, algumas benfeitorias necessitarão ser re-locadas, devido ao risco
eminente perante a uma enchente ou até mesmo no sentido de aumentar a vazão
de água no leito do rio. A MPB/Saneamento (2008), cita algumas, em especial, como
é o caso de um galpão industrial a re-locar para fora dos 30 m da faixa sanitária na
ponte da Rua 29 de julho, e na área central da cidade a re-locação de uma adutora
ø 300 mm com pilares e ancoragens no leito do rio.
Um grande avanço a sociedade de Concórdia seria a implantação de lei
municipal visando o reuso da água pluvial, fato que poderá diminuir a água nos leitos
e auxiliar no uso racional da mesma, assim como a aplicação de programas de
educação e conscientização ambiental, focada principalmente, aos moradores da
bacia hidrográfica do Rio dos Queimados.
87
CAPÍTULO IV
BIOTA AQUÁTICA
Os dados sobre a biota aquática apresentados neste diagnóstico, foram
obtidos a partir de dados secundários, sendo também, verificado a insuficiência de
algumas informações, com proposta de estudos futuros. O estudo da biota aquática
foi realizado sob a perspectiva de avaliar e manter a integridade dos ecossistemas
aquáticos. Dividiu-se o ecossistema aquático em fitoplâncton, zooplâncton,
ictiofauna, macroinvertebrados aquáticos e macrófitas aquáticas. Mereceu atenção
especial à publicação denominado “Ictiofauna do Alto Rio Uruguai: biologia,
conservação e cultivo.” (ZANIBONI FILHO et al, 2002) bem como, o “ Catálogo
ilustrado de Peixes do Alto Rio Uruguai” (ZANIBONI FILHO et al, 2004).
Nenhum ambiente natural tem sofrido tantas modificações ao longo dos
tempos quanto os ecossistemas aquáticos. As águas correntes superficiais, que
incluem desde os grandes rios até os pequenos ribeirões, são as mais prejudicadas
pela intensa poluição, e este visível estado de deterioração é a consequência mais
indesejável das atividades humanas. A preocupação com este problema, resultou
em avanços, nos métodos de avaliação das condições gerais dos ambientes
hídricos e através de estudos, percebeu-se que as comunidades biológicas
existentes nos cursos d'água, podem ser utilizadas como bioindicadores, já que
respondem às alterações do ambiente e refletem precisamente o grau de
deterioração do mesmo. (MARQUES ; BARBOSA, 2001 apud BARATO, 2004).
As águas doces fornecem habitat para uma variedade de organismos
incluindo bactérias, protozoários, fungos, esponjas, celenterados, vermes, rotíferos,
briozoários, moluscos, crustáceos, aracnídeos e vários grupos de insetos. A maioria
dos grupos possui representantes tanto em ambientes aquáticos como nos
ambientes terrestre e marinho. Muitos invertebrados de água doce passam parte de
seu ciclo de vida no ambiente aquático e parte no ambiente terrestre, como os
Coleoptera, Odonata, Diptera e muitos outros. (ROCHA, 2003).
88
Os organismos de água doce compreendem um grande número de grupos
taxonômicos, de diferentes reinos. Em termos gerais, a quantidade de táxons é
reduzida, os organismos são de menor tamanho, menos coloridos, e não tão
conspícuos quanto aqueles de ambientes marinhos. Não existe informação
disponível consistente sobre a diversidade de vírus, bactérias e protozoários para as
águas doces brasileiras. Existem previsões de que devem existir pelo menos cerca
de 8000 espécies de invertebrados não registradas (1000 Coleoptera; 500
Heteroptera e 5000 Diptera, 500 crustáceos, 500 Rotifera, mais 1000 espécies entre
todos os outros táxons), não considerando Bacteria e Protozoa. Para fungos, algas,
musgos, pteridófitas e fanerógamas aquáticas, há uma estimativa de 20000
espécies ainda por serem identificadas, e este é, provavelmente, um número
conservador. Pode-se afirmar que menos de 30% da biodiversidade das águas
doces brasileiras são conhecidas no Brasil, atualmente. (ROCHA, 2003).
4.1 FITOPLÂNCTON
A
importância
do
fitoplâncton
em
ecossistemas
aquáticos,
reside
basicamente, em dois fatores: são produtores primários no sistema, sendo o elo
inicial na cadeia alimentar e responsável pela produção de mais de 70% do oxigênio
atmosférico terrestre. (ELEJOR, 2006). Para Carney, (1998) apud Zaniboni Filho et
al (2002).a comunidade de algas (perifíticas e planctônicas) é de grande relevância
na diversidade biológica dos ecossistemas aquáticos continentais, devido ao grande
número de espécies e alta proporção na biodiversidade total destes sistemas.
Vários pesquisadores afirmam que, a predominância de um ou outro tipo de
alga, em determinado ecossistema, é em função das características do meio.
Amplas modificações nos padrões de sedimentação e movimentação das massas
d,água, promovem alterações físicas, químicas e conseqüentemente
das
comunidades aquáticas. Da mesma forma, a produção de biomassa fito planctônica
depende de vários fatores (físicos, químicos e biológicos) e dos eventos na bacia
hidrográfica que podem ser de origem natural, como precipitação, vento e influxo do
rio ou antropogênica, principalmente, pelo aporte de nutrientes e pela saída de água
em função de seus múltiplos usos. (ESTEVES, 1998).
89
As algas são um grupo bastante grande e diversificado nas águas doces.
Bourrely (1990) estimou a existência de 13500 espécies já identificadas no mundo,
mas este número é uma subestimativa considerando-se que, novas espécies são
continuamente descritas.
De acordo com Agostinho et al. (1997), o número de espécies nos
ecossistemas aquáticos continentais brasileiros, ainda é impreciso e difícil de ser
estimado, principalmente pelo número de bacias hidrográficas jamais inventariadas;
a insuficiência no número de pesquisadores e na infra-estrutura necessária para
amostragens; o reduzido número de inventários efetuados; a dispersão das
informações que freqüentemente são de difícil acesso e a necessidade de revisão
taxonômica para vários grupos.
Segundo Esteves (1998), os principais grupos de algas com representantes
de águas continentais são: Cyanophyta, Chlorophyta, Euglenophyta, Chrysophyta e
Pyrrophyta.
Para as águas brasileiras não foi ainda possível obter uma estimativa, exceto
para alguns grupos para os quais alguns esforços de catalogação foram realizados:
De acordo com Bicudo & Meneses (1996) 642 Cyanophyta, 74 Charophyta, 44
Rodophyta e 429 Desmidiales (Zygnematophyta) foram catalogadas por alguns
grupos de especialistas.
4.2 COMUNIDADES ZOOPLANCTÔNICAS
O Zooplancton apresenta papel central na dinâmica dos ecossistemas
aquáticos, na ciclagem de nutrientes e no fluxo de energia da cadeia trófica, sendo
que o estudo dessa comunidade é importante para o entendimento da dinâmica
desses ambientes.
Para a fauna de invertebrados nas águas doces brasileiras, foi obtido um
levantamento total de 3134 espécies, já registradas, que podem ser agrupados da
seguinte forma:
 um primeiro grupo diversificado, constituído de 10 pequenos
táxons representados por menos de 100 espécies cada,
90
perfazendo um total de 365 espécies (44 Porifera; 9 Cnidaria; 92
Turbellaria; 2 Nemertinea; 63 Gastrotricha; 10 Nematomorpha;
10 Bryozoa; 61 Tardigrada; 74 Annelida);
 Rotifera, com 467 espécies conhecidas no Brasil;
 Mollusca (Gastropoda e Bivalvia), somando 308 espécies;
 Acari (Hydracarina, ou ácaros aquáticos), com um total de 332
espécies;
 Crustácea, com um total de 365 espécies;
 Insecta, com 1297 espécies registradas em água doce.
Grupos planctônicos como Rotifera, Cladocera, e Copepoda são mais bem
conhecidos do que as formas bênticas. Também entre as formas bênticas, algumas,
como os Crustacea Decapoda, são bem estudadas e taxonomicamente conhecidos
por terem maior tamanho e serem comercialmente cultivados. Uma outra tendência
observada é que grupos relevantes para a saúde pública são também melhor
estudados. Este é o caso de moluscos e insetos vetores ou transmissores de
doenças.
A comunidade zooplanctônica analisada para a área de influência da UHE Itá
(ZANIBONI-FILHO et al, 2002) foi composta por quarenta táxons entre rotíferos e
cladóceros, salientando em que um dos pontos de coleta da pesquisa (7BQ)
encontra-se no trecho inferior da Bacia do Rio dos Queimados, ambiente lêntico,
com vegetação preservada na margem, pois encontra-se nos limites do Parque
Estadual Fritz Plaumann. Nesta pesquisa o maior número de táxons foi observado
no grupo dos rotíferos, no qual foram identificadas 29 (72.5%) táxons distribuídos em
nove famílias, destas oito foram encontradas na Barra do Queimados (Brachionidae,
Notommatidae, Conochilidae, Filiniidae, Gastropodidae, Hexarthridae, Lecanidae e
Synchaetidae). Brachionidae foi a família que mais contribuiu na composição de
rotíferos, com 14 táxons (27,5%) do total identificado, sendo que as demais famílias
contribuíram apenas com um ou dois táxons. No ponto BQ foram identificados 9
táxons (Brachionus angularis, Brachionus caudatus, Brachionus dolabratus,
Brachionus falcatus, Brachionus sp, Kellicotia bostoniensis, Keratella americana,
Keratella cochlearis e Keratella sp.).
91
Em relação aos Cladóceros, foram identificados 11 táxons, distribuídos em
cinco famílias, sendo Daphnidae a família com a maior participação. No entanto, em
nível de pontos de coleta, no BQ obteve-se apenas duas famílias (Bosminidae e
Moinidae) com três táxons (Bosmina longirostris, Bosminopsis deitersi e Moina sp.).
(ZANIBONI-FILHO et al, 2002).
Conforme Zaniboni-Filho et al (2004), registraram pela primeira vez no Alto
Uruguai, uma espécie de rotífero chamado Keratella bostoniensis, uma espécie
exótica que, pela sua ampla distribuição na área de estudo parece ter se adaptado
bem às condições ambientais existentes na região. Essa espécie apresenta hábito
alimentar macrófago, sendo consumidora de pequenas partículas, de detritos e
bactérias. (POURRIOT, 1977 apud LANDA et al., 2002).
Em estudo realizado no reservatório de Furnas, observaram grandes
densidades desta espécie em ambientes com altos valores de nitrato, nitrito e de íon
amônio, o que demonstra que a espécie ocorre tipicamente em ambientes
eutrofizado ou que recebem uma grande carga de efluentes ricos em matéria
orgânica. Estas características são condizentes com o ponto da Bacia do Rio dos
Queimados em que foram coletados as amostras da pesquisa. (LANDA et al. 2002
apud ZANIBONI-FILHO et al, 2002).
Ainda sobre a pesquisa relacionada (ZANIBONI-FILHO et al., 2002), foram
relatadas duas espécies da família Gastropodidae, que foram encontradas
exclusivamente em BQ (Gastropus hyptopus, Gastropus stylifer). Ambas as espécies
são tipicamente planctônicas e herbívoras. Além disso, apresentam intestino e ânus
reduzidos ou ausentes. A presença destas espécies neste ponto pode estar
relacionada à grande quantidade de alimento disponível, já que este ponto, além de
estar localizado num ambiente com características lênticas, com vegetação marginal
preservada, recebe grande carga de nutrientes das localidades vizinhas através do
Rio dos Queimados.
4.3 MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS
Entre as comunidades Aquáticas destacam-se os macroinvertebrados, um
grupo de organismos com tamanhos superiores a 0,5mm de comprimento, visíveis a
92
olho nu e possuidores de características importantes para a avaliação da qualidade
da água, representando assim, um método de análise eficaz e que demanda custos
reduzidos. (TONIOLLO et al., 1996; BEMVENUTI, 2003).
Segundo
Amancio (2006),
macroinvertebrados
bentônicos habitam
o
sedimento de ecossistemas aquáticos continentais, colonizam substratos como
restos de troncos, acúmulos de folhas, pedras, macrófitas aquáticas, algas
filamentosas, durante parte ou por todo o seu ciclo de vida, os macroinvertebrados
são indicadores biológicos, que respondem a alterações no habitat com mudanças
em sua abundância, morfologia, fisiologia ou comportamento.
Segundo Toniollo et al. (1996) a análise desses organismos é um excelente
meio para detectar problemas de qualidade de água, pois diferentes tipos de
estresse geralmente produzirão distintas comunidades de macroinvertebrados
bentônicos.
As associações de macroinvertebrados são entidades biológicas que têm
sofrido adaptações aos seus ambientes, apresentando uma estrutura dinâmica
controlada por fatores abióticos naturais (características do substrato, hidrodinâmica,
salinidade, temperatura, dentre outros), processos bióticos (competição, predação e
interações adultos-juvenis) e os efeitos introduzidos pelo homem (enriquecimento
orgânico e contaminação por compostos tóxicos). (BEMVENUTI, 2003 apud
BASEGGIO, 2004).
A presença da população de uma determinada espécie num local indica que
independentemente das modificações ocorridas, as condições ambientais foram
compatíveis com os níveis exigidos para a sobrevivência da espécie. (SILVA;
OLIVEIRA, 1998).
Em geral, nos ambientes muito degradados, onde a qualidade de água é
realmente baixa, a quantidade de espécies é pequena e ocorre grande predomínio
de apenas um tipo de organismo, embora outros ainda ocorram, em abundâncias
menores. Nesses casos, os invertebrados ainda capazes de sobreviver são muito
tolerantes
à
poluição,
como
minhocas
aquáticas,
sanguessugas,
vermes
nematódeos e larvas de mosquitos da família Chironomidae. (MARQUES;
BARBOSA, 2001 apud BARATO, 2004).
93
Os
principais
representantes
da
comunidade
de
macroinvertebrados
pertencem aos filos Annelida, Mollusca e Arthropoda, neste se destacando as
classes Crustacea e Insecta (principalmente formas imaturas, larvas e ninfas).
Alguns desses organismos são extremamente sensíveis à poluição e às alterações
do habitat e suas populações tendem a desaparecer, assim que ocorrem
modificações no ambiente. Outros, no entanto, têm adaptações que os tornam
bastante tolerantes às más condições ambientais, havendo grande crescimento nas
populações. (MARQUES; BARBOSA, 2001 apud BARATO, 2004).
Segundo Magurran (1991), a avaliação através dos índices é o de que
ambientes não perturbados serão caracterizados por uma alta diversidade e uma
distribuição homogênea de indivíduos entre as famílias encontradas. Em ambientes
perturbados por despejos orgânicos, a comunidade, geralmente, responde com uma
diminuição na diversidade. Na medida em que os organismos sensíveis são
perdidos, há um aumento na abundância de organismos tolerantes que passam a ter
maior quantidade de alimento, dessa forma, desequilibrando o ambiente com a
diminuição da diversidade.
Amancio
(2006),
avaliou
a
qualidade
da
água
através
dos
macroinvertebrados bentônicos existentes no Lajeado Cruzeiro no Parque Estadual
Fritz Plaumann, Concórdia/SC.
O lajeado Cruzeiro é um tributário do Rio dos
Queimados. Foram realizadas 4 amostragens nos meses de Outubro de 2005 a
Julho de 2006, em cada estação amostral, foram coletadas 3 amostras de
sedimentos para o estudo dos insetos aquáticos. O sedimento foi coletado com o
amostrador tipo “Surber” com rede de 250 µm e as amostras foram fixadas com
formol 70%. Foi proposto um protocolo de avaliação da diversidade e qualidade do
ambiente aquático, através da correlação entre diversos parâmetros usados para a
determinação da qualidade de ambientes aquáticos como, a abundância dos bentos,
a diversidade, o índice de BMWP e os parâmetros físicos - químicos e
microbiológicos. Os organismos mais abundantes foram Dípteros (Chironomidae e
Ceratopogonidae), Trycoptera (Hidropsydae), Ephemeroptera (Batidae, Canidae,
Leptoplebidae...), Coleóptera (Elmidae, Psephenidae), Odonata (Libellulidae e
Coenagrionidae) e Oligocheta.
O índice de diversidade não apresentou grande
diferença nos pontos 1, 2 e 3. O ponto 3, por sua vez, correspondeu ao ponto de
maior índice, o que apontou a existência de uma comunidade melhor estruturada.
94
Os resultados obtidos através dos macroinvertebrados foram relacionados com a
qualidade microbiológica, como também os parâmetros físico-químicos (temperatura,
pH, oxigênio dissolvido e vazão). Os índices obtidos através dos macroinvertebrados
indicaram que, a qualidade de água do Lajeado, é de boa a ruim.
Zaniboni-Filho et al. (2002) em sua pesquisa no reservatório de Itá,
registraram para o ponto de coleta na Barra do Queimados, 5 famílias
(Chironomidae, Ceratopogonidae, Gomphidae, Naididae e uma família pertencente a
classe mollusca).
4.4 MACRÓFITAS AQUÁTICAS
As Macrófitas são em sua maioria, vegetais terrestres que ao longo do
processo evolutivo, se adaptaram ao ambiente aquático, por isso apresentam
algumas características de vegetais terrestres e uma capacidade de adaptação a
diferentes tipos de ambientes. (LISAMBIENTAL, 2004).
As macrófitas aquáticas apresentam elevada produtividade e importância na
ciclagem de nutrientes dos ecossistemas, estabelecendo um forte intercâmbio entre
o ecossistema aquático e o ambiente terrestre adjacente e atuando na manutenção
das comunidades de peixes e invertebrados aquáticos. Neste contexto, o
conhecimento sobre sua biologia e ecologia, assim como a importância de sua
preservação, são hoje, prioritários para a manutenção e funcionamento dos
ecossistemas aquáticos. (ROCHA, 2008).
Entre as espécies aquáticas flutuantes, destacam-se Utricularia, Pontederia
lanceolata, Eicchornia crassipes, Salvinia e Pistia stratiotes, principalmente nas
áreas de lagos artificiais formados para geração de energia. (CONSÓRCIO
MACHADINHO, 2005 apud BRASIL 2006). Segundo Lisambiental (2004), as
espécies de Macrófitas mais frequentes na região são três: a Aguapé, Salvinia e
Alface d’água. Quando surgem em equilíbrio, proporcionam inúmeros benefícios,
entre os quais incluem-se a oxigenação da água, refúgio para peixes, aves outros
seres vivos, como moluscos e insetos. Essa vegetação ainda proporciona proteção
às margens contra a erosão, remoção de nutrientes da água e uso paisagístico.
95
Embora a ocorrência destas espécies seja relativamente baixa, nas condições
atuais de fluxo de água, na região de reservatórios de empreendimentos
hidrelétricos, deve-se atentar para o fato de que é comum a proliferação rápida e
maciça destas espécies nestes locais, o que pode acarretar uma série de alterações
como a deterioração da qualidade da água, o impedimento da pesca e do tráfego, o
entupimento dos canais de irrigação e interferência em plantações, entre outros.
O crescimento excessivo das plantas aquáticas pode chagar a níveis tais que
interferem nos usos desejáveis do corpo d’água, principalmente quando ocasionado
pela eutrofização dos ambientes aquáticos que é um dos grandes problemas de
qualidade da água do país. (ROCHA, 2008).
4.5 ICTIOFAUNA
A ictiofauna é o conjunto de espécies de peixes que pertencem a uma
determinada região biogeográfica.
As espécies de peixes foram estudadas na
região do Alto Rio Uruguai, nos períodos de julho de 1995 a julho de 2002, pelos
professores, alunos de pós-graduação e graduação, técnicos e funcionários de
diversos setores das entidades envolvidas (UFSC, CAPES, FAPEU, CNPq e
Consórcio Itá), resultando em um levantamento detalhado da situação dos recursos
pesqueiros e a influência das alterações ambientais da região sobre eles.
Considerando que o Rio dos Queimados é um tributário do Uruguai na sua
margem esquerda e que o estudo citado anteriormente, teve um ponto de coleta na
bacia (Barra do Queimados-BQ), ponto que se encontra represado pelas águas do
lago da Hidrelétrica de Itá, optou-se por citar a lista de peixes (tabela xx) como
prováveis constituintes da bacia. Para efeito de comparação da riqueza de espécies
usou-se uma pesquisa da Universidade do Contestado, departamento de Ciências
Biológicas (ALVES, 2008) em cinco pontos amostrais, localizados próximo a
nascente na linha São José, no bairro São Cristóvão, no Bairro Flamenguinho, na
linha Santa Catarina e em Sede Brum. As coletas foram realizadas no ano de 2008,
nos dias, 29 de março, 16, 04 e 27 de agosto).
96
Segundo Di Persia e Neiff (1986) apud Zaniboni Filho et al (2004) a
variedade de peixes para toda a bacia do Uruguai é de 150 espécies. Na região do
alto Uruguai foram identificadas 96 espécies de peixes.
Durante a pesquisa de monitoramento ambiental no reservatório de Itá, foram
identificados 76 espécies de peixes na fase anterior à formação do reservatório e 84
após a formação do lago. (ZANIBONI FILHO et al., 2004).
A maior parte dos peixes registrados para a região pertencem à classe
Actinopterygii, os peixes com nadadeiras raiadas, distribuindo-se primariamente na
subordem Ostariophysi, predominantes nas águas doces do mundo. A subordem
Ostariophysi está representada por 4 ordens: Cypriniformes, Characiformes,
Siluriformes e Gymnotiformes. A ictiofauna registrada para a Bacia do Alto Uruguai.
(MEDRI et. al, 2002 apud ZANIBONI FILHO et al., 2004).
Tabela 16- Distribuição da ictiofauna da bacia do Alto Uruguai
ORDEM
Cypriniformes
Characiformes
Siluriformes
Gymnotiformes
Atheriniformes
Perciformes
Synbranchiformes
Total
FAMÍLIAS
Cyprinidae
Acestrorhynchidae
Anostomidae
Characidae
Crenuchidae
Curimatidae
Erythrinidae
Parodontidae
Prochilodontidae
Aspredinidae
Auchenipteridae
Callichthyidae
Cetopsidae
Clariidae
Heptapteridae
Loricariidae
Pimelodidae
Pseudopimelodidae
Trichomycteridae
Apteronotidae
Gymnotidae
Sternopygidae
Atherinidae
Cichlidae
Sciaenidae
Synbranchidae
26
ESPÉCIES
3
33
%
3%
33%
46
46%
4
4%
1
12
1%
12%
1
100
1%
100%
97
Segundo Alves (2008), o levantamento da ictiofauna do Rio dos Queimados,
Concórdia, é de suma importância para o conhecimento da diversidade biológica
deste afluente do Rio Uruguai, pois a degradação da integridade do ecossistema
está seriamente comprometida devido às atividades humanas relacionadas ao seu
desenvolvimento. As alterações ambientais causadas por essas atividades
provocam distúrbios de vários graus e profundas alterações nas características
físicas, químicas e biológicas do Rio dos Queimados. Metodologias que avaliam a
qualidade do ambiente aquático vão de acordo com a riqueza de espécies e a
abundância de peixes por amostra e sua diversidade em espécies, tornando os
peixes ótimos bioindicadores da qualidade da água.
Foram realizadas amostragens padronizadas de três arrastos, com rede do
tipo picaré (15m x 1,5m x 0,5cm), de uma ponta a outra do rio, procurando
compreender toda a vazante do rio. No ponto 3 localizado no Bairro Flamenguinho,
em função da grande poluição por efluentes agro industriais e urbano, não foi
possível passar a rede de arrasto, neste caso, utilizou-se um puçá procurando
percorrer a mesma área amostrada pela rede. Os peixes presos na rede foram
coletados e colocados em cubas de vidro com formol 10% e após levados ao
Laboratório de Zoologia da Universidade do Contestado, Campus Concórdia para
então serem feitas as pesagens através de balança de precisão e as medições com
paquímetro, também receberam etiquetas de identificação contendo dados
geográficos e ambientais dos pontos de coleta. (ALVES, 2008).
Os resultados obtidos por Alves (2008), comprovam o alto nível de
degradação do ambiente, pois só foram obtidos exemplares de peixes em dois dos
pontos amostrais próximos da nascente (bairro São José n° 01 e bairro São
Cristóvão n° 56). No total foram obtidos 57 exemplares de peixes sendo
representados por 4 famílias e 5 espécies. É importante salientar que o ponto de
coleta no Bairro São Cristóvão apresentou 31 exemplares da família Characidae
representada por Astyanax sp (61%) da amostra e 1 exemplar
da família
Heptapteridae representado por Rhamdia quelen (0,5%), totalizando 61,5% dos
peixes amostrados os quais apresentam hábito onívoro. Segundo Karr (1981) apud
Alves (2008) a ocorrência de peixes com hábitos alimentares onívoros, acima de
20% da amostra, pode ser um indicativo de degradação do local.
98
Castro (1999) apud Alves (2008) afirma que a predominância de peixes de
pequeno porte é o único padrão geral para a ictiofauna de riachos, pois o número e
composição das espécies variam muito de acordo com o porte e proporção do
riacho. Neste sentido no ponto 1, próximo a nascente na linha São José, o Rio dos
Queimados se encontra muito afunilado pois não dispõe de uma grande vazão de
água. A profundidade é inferior a 60 cm o que não permite a existência de uma
diversidade de peixes, apenas os de pequeno porte. Na segunda amostragem foi
coletado
1
exemplar
pertencente
a
família
Characidae
representado
por
Galeocharax humeralis (Peixe-cachorro, Saicanga).
Os representantes da família Characidae são peixes que possuem o corpo
comprimido e recoberto por escamas, apresentam uma grande diversidade de
tamanho, podendo variar de poucos centímetros como o lambari Macropsobrycon
uruguayanae, até mais de um metro como o dourado Salminus brasiliensis. Dentre
as espécies de pequeno porte, as mais comuns na sub-bacia do rio Ibicuí são os
lambaris: Astyanax jacuhiensis, A. fasciatus, Bryconamericus iheringii, B. stramineus,
Cyanocharax alburnus e Hyphessobrycon luetkenii. Estes peixes, conhecidos no sul
do Brasil como lambaris, apresentam ampla distribuição dentro dos sistemas
aquáticos, podendo ser encontrados na calha principal dos grandes rios até a parte
alta dos menores afluentes. São espécies de pequeno porte, nunca ultrapassando
os 15 cm de comprimento, mas são de grande importância para a manutenção do
equilíbrio do ecossistema aquático, pois, por se alimentar preferencialmente de
larvas de insetos, que têm parte de seu ciclo de vida na água, fazem o controle das
populações desses animais e são a base da alimentação de espécies de
importância comercial como a traíra (Hoplias spp.) e o dourado (Salminus
brasiliensis), este último é um representante de Characidaete muito importante na
pesca comercial e esportiva. (BRASIL, 2006).
4.6 POLUIÇÃO E VETORES
MPB/SANEAMENTO (2008), para levantar a situação concreta das famílias
rurais da região na questão da saúde, priorizaram alguns indicadores: análise
bacteriológica da água e exames parasitológicos.
Das 236 análises de água
99
realizadas foram constatados 91,1% de contaminação por coliformes fecais e totais.
Isto demonstra que a água consumida pelas famílias rurais é incompatível com a
proteção à saúde.
Dos 129 exames parasitológicos realizados em escolares, 61 apresentam
verminose, ou seja, 47,3%; algumas das crianças com mais de 03 tipos de vermes.
Os parasitas encontrados foram: Ancylostoma Duodenalis, Giardia Lamblia,
Entamoeba Colli, Ascaris Lumbricóides, Strongylóides Stercoralis, Enterobius
Vermiculares,
Hymenolepis,
Taenia
e
Trichocephalus
Trichiura.
(MPB/SANEAMENTO, 2008)
Em relação aos vetores, os principais são as moscas e simulídeos
(borrachudos). Em menor proporção, existe o problema dos roedores (ratos) devido
à grande quantidade de paióis e depósitos de cereais. Além disto, existe o problema
do destino inadequado do lixo doméstico. Das 3.222 propriedades rurais existentes
apenas 52,63% dão destino adequado ao lixo doméstico, utilizando fossas,
composto ou ainda a queima enquanto 47,35% lançam o lixo direto no rio ou da
superfície do solo (MPB/SANEAMENTO, 2008).
O destino inadequado do lixo traz como conseqüência alteração na qualidade
do meio, provocando a contaminação de alimentos, água, ar e solo e implica na
proliferação de moscas, mosquitos, baratas e roedores transmissores de doenças,
além de provocar mau cheiro e problemas estéticos. (MPB/SANEAMENTO, 2008).
O agravamento do problema do borrachudo decorre do desequilíbrio
ecológico causado pela drenagem de estercos nos cursos de água, matando os
peixes, seus predadores naturais, que mantém o equilíbrio do meio ambiente, além
da caça indiscriminada, desmatamento das margens de rios e riachos e uso
excessivo de agrotóxicos. Segundo Brasil (2006), a incidência de borrachudos é
considerada de média a alta em 63,93% das propriedades, sendo que os locais de
maior incidência são próximos dos rios, na lavoura e arredores da casa.
Os borrachudos atacam indiscriminadamente as partes do corpo expostas,
levando desconforto aos habitantes durante o trabalho na lavoura, irritabilidade aos
alunos nas aulas, enfim, em todos os afazeres. Além de atacar humanos, os
borrachudos atacam animais de sangue quente. A picada do borrachudo causa
irritação, podendo levar a ferimentos graves decorrentes de coceira, além provocar
100
infecções, como por exemplo, a erisipela e a filariose. A proliferação dos
borrachudos atinge um nível grave e já está sendo apontado como uma das
principais causas de êxodo rural no município. (MPB/SANEAMENTO, 2008).
4.7 CONSIDERAÇÕES
As águas superficiais, que incluem desde os grandes rios até os pequenos
ribeirões, são as mais prejudicadas pela intensa poluição, barramentos-construção
de hidrelétricas, e este visível estado de deterioração é a conseqüência mais
indesejável das atividades humanas.
As comunidades biológicas existentes nos cursos d'água, podem ser
utilizadas como bioindicadores, já que respondem às alterações do ambiente e
refletem precisamente o grau de deterioração do mesmo.
Registrou-se pela primeira vez no Alto Uruguai, uma espécie de rotífero
chamado Keratella bostoniensis, uma espécie exótica que, pela sua ampla
distribuição na área de estudo parece ter se adaptado bem às condições ambientais
existentes na região.
Os índices obtidos através dos macroinvertebrados indicaram que a
qualidade de água do Lajeado é de boa a ruim.
Foram identificadas 76 espécies de peixes na fase anterior à formação do
reservatório de Itá, e 84 após a formação do lago.
Só foram obtidos exemplares de peixes em dois dos pontos amostrais
próximos da nascente do Rio dos Queimados: (bairro São José e bairro São
Cristóvão). As famílias identificadas foram Characidae e família Heptapteridae.
A destruição das florestas ciliares, o aumento da poluição das águas e as
modificações causadas pelas hidrelétricas têm causado alterações na relação
riqueza e abundância da ictiofauna da região. Embora ainda exista riqueza de
espécies, muitas tiveram sua abundância reduzida. E quando se refere à bacia do
Rio dos Queimados a situação é ainda mais critica, há pouquíssimas espécies e
com uma população mínima, observada nos pontos logo após a nascente.
101
Análises de água realizadas demonstra que a água consumida pelas famílias
rurais é incompatível com a proteção à saúde.
Algumas propriedades rurais (52,63%) dão destino adequado ao lixo
doméstico, utilizando fossas, composto ou ainda a queima, enquanto 47,35%
lançam o lixo direto no rio ou da superfície do solo.
A incidência de borrachudos é considerada de média a alta em 63,93% das
propriedades, sendo que os locais de maior incidência são próximos dos rios, na
lavoura e arredores da casa. A proliferação dos borrachudos atinge um nível grave e
já está sendo apontado como uma das principais causas de êxodo rural no
município.
102
CAPÍTULO V
FAUNA TERRESTRE
5.1 INTRODUÇÃO
Os dados sobre a fauna terrestre apresentados neste diagnóstico, foram
obtidos a partir de estudos pré-existentes como inventários, relatórios técnicos,
trabalhos de conclusão de cursos (TCCs), dados provenientes de coleções
científicas, relatório de impacto ambiental de hidrelétricas
e livros técnicos.
Mereceu atenção especial à publicação denominada “AVALIAÇÃO AMBIENTAL
INTEGRADA (AAI) DOS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS DA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO URUGUAI” (EPE, 2006) bem como o PLANO DE
MANEJO DO PARQUE ESTADUAL FRITZ PLAUMANN. (SANTA CATARINA,
2005).
Este trabalho não tem a pretensão de produzir dados primários, as
informações que se mostrarem insuficientes para se planejar a gestão da bacia
hidrográfica do Rio dos Queimados, serão recomendadas metodologias para
estudos futuros.
Para a caracterização da fauna foram elaboradas listagens de espécies
registradas para ecorregião do Uruguai Alto, para a Região Hidrográfica do Rio do
Peixe e à área de abrangência do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga e
seus Contíguos, considerando-se as prováveis ocorrências dentro da área da Bacia
Hidrográfica do Rio dos Queimados.
5.2 DIVERSIDADE DE VERTEBRADOS NO BRASIL
Devido à grande diversidade de feições topográficas e enorme espectro
latitudinal da América do Sul, Cabrera & Yepes (1960) subdividiram o continente,
elaborando uma classificação zoogeográfica, definindo os seguintes distritos: distrito
103
Savânico,
Amazônico,
Tropical,
Subtropical,
Tupí,
Pampásico,
Patagônico,
Subandino, Chileno, Andino e Incásico. (SANTA CATARINA, 2005).
O Brasil é um país de atributos superlativos, notadamente quando se trata de
patrimônio biológico e, junto de países como Madagascar e Indonésia, propiciou o
surgimento
do
conceito
de
megadiversidade
biológica
(Mittermeier,
1988;
Mittermeier et al., 1997). Boa parte da notoriedade e atenção conservacionista
voltada para o Brasil se deve à riqueza dos vertebrados, principalmente por causa
de sua conspicuidade, beleza e familiaridade que o grande público tem com estes
animais. (BRASIL, 2003).
O Brasil tem uma admirável e numerosa diversidade de espécies nos
diferentes grupos de vertebrados, sendo considerado o mais rico entre os países de
megadiversidade (MITTERMEIER et al., 1997). O país apresenta a maior riqueza de
espécies de peixes de água doce e de mamíferos do mundo, tem a segunda maior
diversidade de anfíbios, terceira de aves e quinta de répteis, conforme a tabela 16.
(BRASIL, 2003).
Tabela 17- Riqueza de vertebrados (em número de espécies descritas) no
Brasil e no mundo, percentual de espécies endêmicas no Brasil, e posição do
país no “ranking” mundial de diversidade
Classe
Agnatha
Chondrichthye
s
Osteichthyes
Amphibia
Reptilia
Aves
Mammalia
TOTAL
N°
espécies
no mundo
83
960
23.800
4.800
10.400
9.700
4.650
54.393
N° espécies no Endemism
Brasil
o Brasil (%)
04
141 marinhas
13 água doce
1.300 marinhos
3.000 água doce
600
468
1.688
525
7.739
23%
10-20%
57%
37%
11%
25%
-
Rank
diversidad
e Brasil
1
2
5
3
1
1
Fonte: Brasil (2003).
O grau de endemismo dos vertebrados brasileiros também é um dos maiores
do mundo. Para os anfíbios, cerca de 60% das espécies registradas para o Brasil
104
não ocorrem em nenhum outro país. Para as demais classes, o percentual de
espécies endêmicas varia entre 37% e 10% e, na classificação geral, o Brasil é o
sexto país em endemismos de vertebrados terrestres. (MITTERMEIER et al., 1997).
É pertinente citar o trabalho denominado “Relatório ambiental final - obra de
contenção de cheias no centro de Concórdia/SC” elaborado por MPB/saneamento
(2008). Quanto à fauna, este estudo relatou informações com base em um
diagnóstico de campo e dados secundários.
MPB/saneamento (2008) realizaram entrevistas com alguns moradores da
região, com intuito de obter informações da fauna local, principalmente os de maior
porte, que oportunamente são mais avistados. Os grupos taxonômicos observados
durante a incursão a campo foram: anfíbios e répteis (Herpetofauna), aves
(Avifauna), mamíferos (Mastofauna) e peixes (ictiofauna).
5.3 MASTOFAUNA
5.3.1 Apresentação e Caracterização do Grupo
Os mamíferos constituem o grupo de vertebrados mais derivado do ponto de
vista evolutivo. Entre seus representantes temos gambás, tatus, tamanduás,
roedores, felinos, focas, morcegos, baleias, cavalos, macacos e o homem, além de
muitas outras espécies extintas. Estes exemplos demonstram que a classe com
cerca de 4.600 espécies viventes, é uma das mais variadas em termos morfológicos
e de ocupação de habitats. Há espécies de mamíferos que vivem desde as regiões
polares aos trópicos, desde as florestas tropicais úmidas aos desertos mais tórridos
e secos, além de espécies capazes de explorar os mares, rios e de voar. (POUGH et
al., 1999).
Todos os mamíferos são, em maior ou menor grau, cobertos por pêlos e têm
controle interno de temperatura (endotérmicos). O termo distintivo "mamífero" se
refere às glândulas mamárias das fêmeas, que fornecem o leite para alimentar os
filhotes. O cuidado à prole é mais desenvolvido nesta classe e alcançou grande
complexidade nos hominídeos. (BRASIL, 2003).
105
A riqueza de mamíferos por biomas brasileiros, endemismo, número de
espécies ameaçadas, grau de coleta e conhecimento do grupo é apresentada na
tabela 17.
A Mata Atlântica e os Campos Sulinos somados, apresentaram 264
espécies de mamíferos, o que representa aproximadamente 55% das espécies da
mastofauna brasileira. Na Mata Atlântica, que isoladamente apresenta 250 espécies
de mamíferos, há 55 endêmicas, enquanto que das 102 espécies registradas nos
Campos Sulinos, 5 são endêmicas deste bioma. (BRASIL, 2003).
Tabela 18- Riqueza, endemismo, número de espécies ameaçadas, grau de
coleta e conhecimento de mamíferos nos biomas brasileiros
Bioma
Grau de N°
conhec. ssp
N° ssp
N° ssp
endêmicas ameaçadas
Fontes
Amazônia
Grau
de
Coleta
Ruim
Ruim
311
174
85
Caatinga
Ruim
Ruim
148
10
10
Silva et al.,1999;
MMA, 2002
Fonseca
et
al.,1996;
MMA,
2002
Campos
Sulinos
Cerrado
Ruim
Bom
102
5
*
Ruim
Bom
195
18
16
Mata
Atlântica
Pantanal
Bom
Bom
250
55
38*
Ruim
Ruim
132
2
14
C.I. et al., 2000;
MMA, 2002
Marinho-Filho,
1998; C.I. et al.,
1999; MMA, 2002
C.I. et al., 2000;
MMA, 2002
Marinho-Filho,
1998; C.I. et al.,
1999; MMA, 2002
* Número resultantes da soma de espécies ameaçadas na Mata Atlântica e dos Campos Sulinos.
Fonte: Brasil (2003)
106
Tabela 19- Número de espécies de mamíferos que ocorrem no Brasil por ordem
e época em que foram descritas
Ordem
Séc. XVIII
Séc. XIX
1900-1949
1950-1996
Total
Didelphimorphia
Xenarthra
Chiroptera
Primates
Carnívora
Cetacea
Sirenia
Perissodactyla
Artiodactyla
Rodentia
Logomorpha
Total
7
11
10
10
16
6
1
1
5
10
1
78
23
7
92
47
16
30
1
0
3
97
0
316
10
0
23
7
0
0
0
0
0
37
0
77
4
1
16
11
0
0
0
0
1*
21
0
54
44
19
141
75
32
36
2
1
9
165
1
525
Fontes: a partir da lista de Fonseca et al. (1996); Duarte (1996).
5.3.2 Caracterização e Considerações sobre a Mastofauna Local
De acordo com FATMA (SANTA CATARINA, 2005), a mastofauna da região
do Alto Uruguai e de todo o Oeste Catarinense, enquadra-se no distrito
zoogeográfico definido como Subtropical; consequentemente, a área de estudo
também se inclui na mesma categoria. Este distrito tem um conjunto faunístico
extremamente interessante, do ponto de vista da zoogeografia sul-americana, pois
obedece tanto a influências de origem tropical ao norte, como da sub-região
Patagônica ao sul.
Usando como referência o plano de manejo do Parque Estadual Fritz
Plaumann (SANTA CATARINA, 2005) e o relatório do aproveitamentos energéticos
(BRASIL, 2006) foi possível elaborar uma lista de mamíferos que ocorrem no subbacia do Rio dos Queimados (anexo 1). A partir de dados destes inventários,
contabilizou-se nesta região, 9 ordens e 26 famílias de mamíferos dos quais alguns,
confirmaram-se pela utilização de métodos de observações diretas e indiretas
107
(caracterização de vestígios, avistamentos diretos pela equipe do projeto; armadilha
fotográfica e registros de encontros com a fauna dentro de Unidade de
Conservação).
Observando estes dados pode-se estimar que a riqueza da mastofauna da
área de estudo é rica e diversificada, considerando-se que no Estado de Santa
Catarina ocorre 9 ordens e 34 famílias. (CIMARDI, 1996). Porém, a equipe de
profissionais que elaborou o plano de manejo do Parque Estadual Fritz Plaumann,
consideraram a possibilidade da lista de mamíferos estar super-estimada pois é
originada
de dados secundários, onde os autores confrontaram diversas
bibliografias. “Devido à realidade da cobertura vegetal da UC, onde grande parte dos
ambientes naturais estão desaparecendo e/ou estão comprometidos, acreditamos
que muitas das espécies citadas nestes trabalhos de levantamento, estejam extintas
regionalmente”. (SANTA CATARINA, 2005, p.85).
No mundo existem aproximadamente 4.650 espécies de mamíferos, no Brasil
são aproximadamente 525 espécies, no bioma Mata atlântica são 250 e na
ecorregião da Bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, são 132. Considerando
apenas as espécies citadas em ambas as bibliografias (SANTA CATARINA, 2005 e
BRASIL, 2006) obteve-se uma lista com 88 espécies de mamíferos para a Bacia do
Rio dos Queimados, das quais 35.22% (n= 31) tiveram sua avistagem confirmada
por algum método direto de observação, ou seja, caracterização de vestígios,
visualização, captura, carcaças, relatos, armadilha fotográfica, pegadas, abrigos e
restos alimentares.
Sabe-se que as fontes citadas não estão atualizadas e contém uma margem
considerável de erros, para tanto, fez-se algumas análises na listagem de mamiferos
para chegar a um número aproximado da riqueza de espécies. Foram retiradas da
lista algumas espécies que estão nas categorias criticamente em perigo,
provavelmente extintas ou que não tem dados suficientes. Obteve-se, após esta
análise, um número total de 60 espécies, das quais 51.66 % tiveram sua ocorrência
confirmada por métodos diretos de registro.
A ordem Didelphimorphia apresenta 18 espécies descritas para a região da
bacia, destas, 10 são citadas em ambas as fontes utilizadas, ou seja, tanto em Santa
Catarina (2005) quanto Brasil (2006). Os gambás são os didelfídeos mais
característicos da região. A espécie mais conhecida é o gambá-de-orelha-branca
108
(Didelphis albiventris), sendo encontrado em praticamente qualquer ambiente, desde
pequenos fragmentos de mata até áreas urbanas.
O tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) é o único representante da ordem
Xenarthra, com visualização direta e captura na região. Este mamífero é encontrado
em fragmentos florestais e matas ciliares, este espécime foi capturado pelo 2°
batalhão de Polícia de Proteção Ambiental, em área urbana no município de
Concórdia, acuado por cães domésticos. (CPPA, 2007). O tamanduá-bandeira, outro
representante desta ordem encontra-se na lista vermelha de animais ameaçados de
extinção de Santa Catarina, na categoria vulnerável (BRASIL, 2003), durante o
levantamento de dados para este relatório não se teve informações sobre a espécie.
Quanto à ordem Desypodidae, contabilizou-se cinco espécies, citadas em
ambas as bibliografias utilizadas para compor a lista (tatu-de-rabo-mole, tatu-mulita,
tatu-galinha, tatu-peludo) e uma espécie que só o plano de manejo do Parque Fritz
Plaumann citou o tatu-canastra (pridontes maximus). Os tatus, são encontrados em
fragmentos de matas onde é comum avistar seus abrigos e pegadas, são animais
bem conhecidos pela população rural.
Os morcegos são os únicos mamíferos capazes de voar, existindo
aproximadamente mil espécies distribuídas pelo mundo, representando um quarto
das espécies de mamíferos. Dividem-se em dois grandes grupos, os Megachiroptera
e Microchiroptera. Os Megachiropteros são morcegos grandes, que podem medir até
1,70 metros de envergadura, vivem no norte da África, no sudoeste da Ásia,
Austrália, Ilhas Carolina e Samoa, não existindo nas Américas. Os Microchiropteras
compreendem 16 das 17 famílias de morcegos com distribuição mundial, só não
sendo encontrados nas regiões polares. Recentes listagens apontam à ocorrência
confirmada de 138 espécies de morcegos no Brasil. (BORDIGNON, 2005).
A ordem Chiropthera apresenta-se na região com quarenta espécies,
distribuídas em quatro famílias (Noctilionidae, Phyllostmidae, Vespertilionidae e
Mollosidae). A espécie Myotis ruber, conhecida como morcego-borboleta-vermelha
está na lista vermelha de animais ameaçados de extinção na categoria vulnerável.
(SANTA CATARINA, 2005).
Os morcegos tem hábitos noturnos e só saem ao anoitecer. Durante o dia se
abrigam em lugares úmidos e escuros, como cavernas, fendas de rochas, troncos
109
ocos, casas abandonadas, forros de casas, bueiros etc. Os morcegos não são
cegos, como muitas pessoas pensam. Para se locomoverem utilizam, além da visão,
um sistema de ecolocalização, eu seja, emitem ultra-som que ao bater nos
obstáculos retornam, em forma de eco, que são recebidos pelos ouvidos e desta
forma calculam a que distância estão os obstáculos ou, até, os seus alimentos. Só
os
Microchiropteras
têm
o
sistema
de
ecolocalização.
As
espécies
de
Megachiropteros se orientam pela visão e outros sentidos. (BORDIGNON, 2005).
Bordignon (2005), pesquisou Desmodus rotundus em alguns municípios da
região oeste de Santa Catarina, através do método de captura (figura 21 e 22), “O
número de animais capturados caracteriza uma população em níveis acima da
média observada em outros locais.
Figura 21 - Captura de
Desmodus rotundus
Fonte:
Bordignon
(2005).
Desmodus rotundus é a espécie de vampiro mais importante para a
transmissão da raiva para os herbívoros. Suas principais características são: dentes
incisivos superiores desenvolvidos em forma de “V” e muito cortantes, que ele usam
para cortar a pele dos animais, focinho em forma de ferradura com uma fenda na
parte inferior, polegar bastante desenvolvido com 3 calosidades e membrana
interfemural rudimentar, sem a presença de cauda. No Brasil estima-se que a raiva
110
cause um prejuízo em torno de 15 milhões de dólares por ano, só com as perdas em
herbívoros. O controle dos morcegos hematófagos deve ser feito por pessoas
treinadas e imunizadas , em Santa Catarina este trabalho é feito pelos veterinários
da CIDASC.
Figura 22 - Captura de Desmodus rotundus
Fonte: Bordignon (2005).
Ao contrário da crença popular, os morcegos são animais benéficos e em,
mais de 900 espécies conhecidas em todo o mundo, somente três são hematófagas.
Os morcegos desempenham um papel de controladores de insetos. Muitos dos
insetos capturados por morcegos são daninhos às lavouras ou podem transmitir
doenças ao homem. Mais de 500 espécies de plantas neotropicais são polinizadas
por morcegos. (REIS, et al., 1993).
Outra ordem importante na região é a dos primatas, das duas famílias citadas
ainda encontra-se com certa facilidade, a espécie Cebus apella, o macaco-prego,
que pertence à família Cebidae, principalmente nos remanescentes florestais do
Parque Estaduam Fritz Plaumann. A família Atelidae não foi citada neste estudo.
111
Os Carnívoros foram citados por ambas as bibliografias utilizadas (BRASIL,
2006 e SANTA CATARINA, 2005) com 4 famílias na região, ambas citadas por
métodos de registro direto. Na família Canidae, o mais comum é o graxaim-do-mato
(Cerdocyon thous), (figura 23) o qual foi capturado pelo método de “armadilha
fotográfica” no Parque Estadual Fritz Plaumann. O graxaim é uma espécie
generalista que se habituou a alimentar-se de vários tipos de alimento e viver em
ambientes bem alterados.
Figura 23 - Espécime de Cerdocyon thous
Fonte: ECOPEF (2008).
Da família Procyonidae, as duas espécies contabilizadas são Nasua nasua
(quati) (figura 24) e Procyon cancrivorus (mão-pelada). Da família Mustelidae, os
mais comuns são o zorrilho (Conepatus chinga), a irara (Eira barbara), o furão
(Galictis sp) e a lontra (Lontra longicaudis). Quanto aos felinos, tem-se o gatomourisco (Herpailurus yagouaroundi) e o gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus)
como destaque, pois se encontra na lista de animais ameaçados de extinção,
categoria vulnerável. (BRASIL, 2003).
112
Figura 24 - Nasua
imagem
nasua,
capturada
pela
armadilha
fotográfica
no
Parque Estadual
Fritz Plaumann.
Fonte:
ECOPEF
(2008).
Da família Cervidae encontram-se o veado-mateiro (Mazama sp) o qual foi
registrado por ECOPEF (2008), através do método de “armadilha fotográfica”,
conforme a figura 25.
Figura
Mazama
25sp,
imagem
capturada pela
armadilha
fotográfica
no
Parque Estadual
Fritz Plaumann.
Fonte: ECOPEF
(2008).
113
A ordem Rodentia destaca-se com 10 famílias, a maioria com espécies
bastante comuns e abundantes. A família Erethizontidae é representada por dois
gêneros de ouriço-cacheiro (Coendou e Sphiggurus). O ouriço é um animal bem
conhecido nas comunidades rurais. A família Hidrochoeridae contempla uma
espécie bem abundante, a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) (figura 26), a qual
se proliferou muito após o represamento do Rio Uruguai e consequentemente de
trechos do Rio dos Queimados também. Outras famílias de roedores que também
são bem comuns são Agoutidae (pacas), Dasyproctidae (cutia, figura 27),
Capromyidae (ratão-do-banhado), Sciuridae (esquilo), Cavidae (preá) e Cricetidae/
Muridae (ratos e camundongos).
Figura
26Hydrochaeris
hydrochaeris,
imagem
capturada pela
armadilha
fotográfica
no
Parque Estadual
Fritz Plaumann
Fonte: ECOPEF
(2008).
Figura
27Dasyprocta
azarae, imagem
capturada pela
armadilha
fotográfica
no
Parque Estadual
Fritz Plaumann
Fonte: ECOPEF
(2008).
114
Nichele (2007) fez uma pesquisa com o objetivo de levantar informações para
o planejamento de estratégias fomentadoras de motivação e envolvimento
comunitário para a conservação da natureza em três comunidades rurais
pertencentes ao entorno do Parque Estadual Fritz Plaumann. Duas destas
comunidades têm sua área dentro da bacia do Rio dos Queimados: Sede Brum e
Linha Laudelino.
A forma utilizada para recolhimento dos dados foi através de uma entrevista
semi-estruturada pautada numa conversa informal com o objetivo de buscar o
conhecimento e a relação dos mesmos com a fauna silvestre local, sempre seguido
de um eixo de perguntas pré-estabelecidas embasadas e relacionado a critérios de
história local e pessoal. (NICHELE, 2007).
Além do conhecimento espontâneo da fauna, foram demonstradas quatorze
fotos já pré-selecionadas da fauna silvestre, fazendo com que os entrevistados
reconhecessem
os
respectivos
representantes
de
fauna
e
posteriormente
identificassem algumas de suas características, danos nos cultivos agrícolas e se já
foi um animal apreciado pela caça. (NICHELE, 2007)..
Os animais que foram trabalhados por Nichele (2007) são o Quati (Nasua
nasua), o Mão-Pelada (Procyon cancrivorus), o Macaco-Prego (Cebus apella apella),
a Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), a Cutia (Dasyprocta azarae), a Lontra
(Lontra longicaldis), o Leão-Baio (Puma concolor), a Jacutinga (Pipile jacutinga), o
Porcodo- Mato (Tayassu pecari), o Jacu (Penelope obscura), o Graxaim (Cerdocyon
thous), a Saracura (Aramides saracura), o Gato-do-Mato (Leopardus tigrinnus) e o
Veado (Manzama mama).
Através da menção espontânea da fauna, quarenta e três espécies foram
mencionadas (tabela 19), das quais doze coincidiam com a á fauna já pré-escolhida.
Só não foram mencionadas nas repostas espontâneas, a Jacutinga (Pipile jacutinga)
e a Cutia (Dasyprocta azarae). (NICHELE, 2007). A Jacutinga está extinta
localmente.
115
Tabela 20- Representantes de fauna citados espontaneamente
FAUNA CITADA
ESPONTANEAMENTE
NÚMERO DE ENTREVISTADOS
Jacu
10
Veado
09
Gato-do-mato
08
Quati
07
Graxaim
06
Iambu
06
Pomba-carijó
06
Pomba-do-mato
06
Macaco-prego
05
Baitaca
05
Irara
04
tucano
04
Capivara
03
Saracura
03
Papagaio (maracanã)
03
Surucuá
03
Tatu
03
Paca
03
Porco-espinho
03
Tamaduá-mirim
03
Gambá
03
Cutia
02
Caturrita
02
Curucacá
02
Garça-branca
02
Leão-baio
02
Lebre
02
Mão-pelada
02
Perdigão
02
Sangue-de-boi
02
Tico-tico
02
116
FAUNA CITADA
ESPONTANEAMENTE
NÚMERO DE ENTREVISTADOS
Anta
01
Bem-ti-vi
01
Chupim-do-Paraná
01
Coruja-buraqueira
01
Furão
01
Gralha-azul
01
João-de-Barro
01
Jaguatirica
01
Macuco
01
Pica-pau-de-cabeça-branca
01
Porco-do-mato
01
Serelepe
01
TOTAL
135
Segundo Nichele (2007), dos 14 representantes de fauna ilustrados através
das foto-figuras, seis foram reconhecidos e vistos por todos os entrevistados, são
eles: o Jacu (Penelope obscura), a Saracura (Aramides saracura), o Veado
(Manzana mama), o Gato-do-Mato (Leopardus tigrinus), o Quati (Nasua nasua) e o
Macaco- Prego (Cebus apella apella), sendo os representantes mais presentes na
vida dos entrevistados,
Hachmann (2007), utilizando o método de parcelas de areia para identificar
pegadas de mamíferos, (figura 28) no Parque Estadual Fritz Plaumann, obteve
resultados interessantes: 4 ordens, 8 famílias, e 10 espécies. A ordem Xenarthra,
com as famílias, Myrmecophagiodidae, da qual são pertencentes a espécie
Myrmecophaga tridactyla (tamanduá-bandeira), família Dasypodidae, e as espécies
Dasypus novencinctus (tatu-galinha), e Dasypus sexcinctus (tatu-peba). A ordem
Carnívora, com as famílias, Canidae, a qual pertence o Cerdocyon thous (cachorrodo-mato), e a família Felidae, com a espécie de Leopardus tigrinus (gato-do-mato),
e a família Mustelidae, que inclui o Galictis vittata (furão). A Ordem Artiodactyla, com
as famílias, Tayassuidae com a espécie Tayassu pecari (queixada), família Cervidae
117
com a espécie Ozotocerus bezoarticus (veado-campeiro) e a ordem Rodentia, com a
família Dasyproctidae, a qual pertence a espécie Dasyprocta azarae (cutia).
Figura 28Pegada de
Cuniculus
paca
(paca), no
Parque
Estadual
Fritz
Plaumann,
Concórdia
– SC
Fonte:
Hachmann
(2007).
Segundo MPB/Saneamento (2008), em suas expedições na área de estudo
foi registrada a presença de Didelphis albiventris (gambá-de-orelha-branca),
encontrado atropelado em uma rodovia próxima. Identificaram-se através de
vestígios, tocas de tatú (possivelmente Dasypus sp). Considera-se ainda,
pertencente ao grupo mamífero, que devam ocorrer espécies de pequeno porte
como algumas espécies de morcegos, pequenos roedores e marsupiais.
Um dos principais papéis dos mamíferos na bacia, além da biodiversidade, é
a interação com a flora, atuando como polinizadores e dispersores de sementes.
Alguns aspectos podem contribuir para a fragilidade dos mamíferos, fazendo
com que se tornem mais vulneráveis, com populações em declínio ou extintas na
região. Segundo Santa Catarina (2005), a acentuada destruição e redução do
ecossistema Florestal Estacional Decidual são responsáveis pela fragmentação das
populações de mamíferos.
118
5.4 AVIFAUNA
5.4.1 Apresentação e Caracterização do Grupo
As aves compreendem o grupo de vertebrados mais facilmente reconhecível,
dadas
as
suas
características
diagnósticas
e
ao
período
de
atividade,
predominantemente diurno. São os únicos vertebrados viventes que apresentam
penas que revestem o corpo, servindo tanto para possibilitar o vôo quanto para o
isolamento térmico. (FORSHAW, 1998).
A temperatura do corpo é regulada internamente (endotérmicos) e tal controle
evoluiu independentemente da endotermia apresentada pelos mamíferos (POUGH
et al., 1999). São os únicos tetrápodas com os membros anteriores transformados
em asas, através da fusão dos ossos da mão. Os ossos dos pés também são
fundidos numa conformação única e os membros posteriores são adaptados para
empoleirar, andar ou nadar. O tamanho varia desde aproximadamente 5 cm e 3
gramas nos pequenos beija-flores (e.g., beija-flor-de-helena, Mellisuga helenae,
provavelmente a menor ave) até a avestruz (Struthio camelus), que pode chegar a
2,5 m de altura e cerca de 130 kg. (FORSHAW, 1998).
Por serem relativamente bem conhecidas, especializadas por habitats e
sensíveis a alterações dos biótopos preferidos, as aves são muito utilizadas como
indicadores biológicos. (SILVA, 1998). Por exemplo, espécies típicas de florestas
são sensíveis ao desmatamento e apresentam declínios populacionais ou mesmo
extinções locais após alterações do hábitat. (WILLIS & ONIKI, 1992; SILVA, 1998).
O maior conhecimento da Biologia e Ecologia deste grupo pode subsidiar programas
de manejo e conservação de ecossistemas. (SILVA, 1998). Muitas espécies atuam
como polinizadoras e dispersoras de sementes, mas a vasta maioria é insetívora.
A coloração vistosa e a sonoridade do canto de algumas espécies de aves
chamam atenção dos humanos e muitas delas são usadas como animais de
estimação, fatos que as tornam vítimas do tráfico de animais silvestres. Algumas
espécies de aves são domesticadas e contribuem para o suprimento da alimentação
humana. A caça predatória ou de subsistência, mesmo ilegal, continua a ser
praticada em muitas regiões do país. (BRASIL, 2003).
119
5.4.2 Caracterização e Considerações sobre a Avifauna Local
O conhecimento taxonômico da fauna de aves do Brasil é bom, com famílias,
gêneros e mesmo espécies bem estabelecidas, e a identificação pode ser feita
através de literatura específica. Contudo, ainda faltam bons guias populares,
carência destacada por praticamente todos os pesquisadores ao longo do projeto.
(BRASIL, 2003).
O Comitê Brasileiro de Registro Ornitológico (CBRO) produz e atualiza
periodicamente três listas de aves do Brasil: principal, secundária e terciária. Na lista
principal, estão incluídas, exclusivamente, as espécies para as quais existe alguma
evidência material disponível de ocorrência, tais como pele, fotografia, gravação ou
filmagem. A lista secundária é constituída de espécies prováveis, mas cujos registros
brasileiros não dispõem de documentação conhecida. Na lista secundária, estarão,
desde espécies "muito prováveis" até outras "menos prováveis", da mesma maneira
que na lista principal podem constar, por exemplo, espécies com dezenas de
evidências materiais conhecidas para o país, ao lado de espécies com apenas uma
ou pouca documentação ou evidências materiais registradas na literatura.
Finalmente, na lista terciária são incluídas espécies que em algum momento foram
consideradas por alguém como ocorrentes no Brasil, mas cujos registros não
apresentam informações suficientes para justificar sua inclusão na lista secundária.
(CBRO, 2007).
A lista primária do CBRO (2007) indicava a ocorrência de 1801 espécies de
aves no Brasil, distribuídas em 26 ordens e 95 famílias, sendo 11% endêmicas,
colocando o pais em terceiro no rank de diversidade mundial de aves.
No mundo todo existem no mundo todo aproximadamente 9.700 espécies de
aves, no estado do Rio Grande do Sul há registros de 624 espécies enquanto em
Santa Catarina 596 espécies. (SILVA, 1998).
Para elaborar a lista de avifauna da área de estudo (anexo 2) utilizou-se o
plano de manejo do Parque Estadual Fritz Plaumann (SANTA CATARINA, 2005),
Unidade de Conservação localizada na Sub-bacia do Rio Queimados e o relatório
dos aproveitamentos energéticos (BRASIL, 2006), complementado por dados
120
primários produzidos por outras fontes. Totalizou-se 285 espécies de aves que
foram relatadas em ambas as bibliografias.
MPB/Saneamento (2008) identificaram, em seu estudo, na bacia do Rio do
Queimados, a presença de algumas espécies, como é o caso das espécies:
Rupornis magnirostris (gavião-carijó), Milvago chimachima (carrapateiro), Columbina
talpacoti (rolinha), Colaptes campestris (pica-pau-do-campo), Pitangus sulphuratus
(bem-te-vi), Tyrannus melancholicus (suiriri), Tyrannus savana (tesourinha),
Troglodytes musculus (corruíra), Turdus rufiventris (sabiá-vermelho), Thraupis
sayaca (sanhaçu-cinzento), Zonotrichia capensis (tico-tico), Sicalis flaveola (canárioda-terra), Saltator similis (trinca-ferro), Molothrus bonariensis (chopim), Vanellus
chilensis (quero-quero) Theristicus caudatus (curicaca).
Optou-se por discutir as famílias das aves mais comuns e que foram citadas
em algum dos métodos diretos de amostragem, ou seja: visualização direta,
captura, carcaça, armadilha fotográfica, pegadas, abrigos, restos alimentares,
relatos e fotos.
A família Tinamidae, a qual pertencem macucos, inhambus, perdizes e
codornas, compreende um grupo de aves muito perseguidas por caçadores, ainda
se aproveitam do desmatamento e se infiltram até em áreas cultivadas. Estão
ameaçadas pelo emprego de inseticidas, espalhados indiscriminadamente por toda
parte, comem formigas cortadeiras envenenadas por iscas granuladas e carrapatos
mortos caídos do gado tratado. As posturas das espécies campestres são
prejudicadas pelas queimadas e trabalhos agrícolas entre agosto e novembro.
(SICK, 1994).
A espécie Phalacrocorax brasilianus, conhecido como biguá, representa a
família Phalacrocoracidae na região. Os biguás, segundo Gmelin (1789) apud Sick
(1994), da família Phalacrocoracidae, podem ser encontrados em ambientes de
água doce e salina. Alimentam-se principalmente de peixes, e em menor quantidade
de moluscos, artrópodes aquáticos e anfíbios.
As curicacas (Theristicus caudatus) pertencem à família Threskiornithidae e
são visualizadas com freqüência na Bacia do Rio dos Queimados. É uma espécie de
habitats abertos, típica da região de campos (ROSÁRIO, 1996). Segundo Ghizoni-Jr
et al (2006), esta espécie não apresentava registro na região oeste de Santa
121
Catarina a cerca de vinte anos atrás, mas, após a derrubada da floresta são mais
comum atualmente.
A família Anatidae compreende aves aquáticas como as marrecas, patos e
gansos. Sua importância é demasiadamente grande, pois dela descendem várias de
nossas aves domésticas, bem como por possuir varias espécies silvestres que se
constituem em alvos para caçadores (BELTON, 1994). Na bacia, foram identificados
espécimes de Anas flavirostris, a marreca pardinha.
Um grupo de aves bem representados na região são os Falconídeos, com
três espécies citadas: carrapateiro (Milvago chimachima), Chimango (Milvago
chimango) e o caracará (Polyborus plancus). Os falconídeos distinguem-se dos
outros falconiformes por matarem a presa com o bico e não com as garras. Para
isso, possuem a ponta da parte superior do bico curvada. (BELTON, 1994).
Dentre as espécies mais perceguidas por caçadores encontra-se a Penelope
obscura, o jacu (figura 29), que é bem conhecido e citado nos relatos de habitantes
da Bacia Hidrográfica. O jacu pertence à família dos Gracidae a qual também
pertence a jacutinga (Pipile jacutinga) extinta localmente. Os cracídeos são
normalmente barulhentos, pois sua vocalização é estridente e alta. Quando
assustados fazem o maior barulho, voando em seguida. São monógamos e
normalmente fazem seus ninhos de gravetos em galhos ou forquilha em árvores,
sendo todo desengonçado, sem muita harmonia. (SICK, 1997).
Figura
29Penelope
obscura,
imagem
capturada pela
armadilha
fotográfica no
Parque
Estadual Fritz
Plaumann
Fonte:
ECOPEF
(2008)
122
As aves da família Rallidae são encontradas quase sempre perto da água, e
compreendem os populares saracuras, frangos e pintos d'água. Segundo Sick
(1997), são aves "magrelas", de pernas e bicos longos, altamente adaptados ao seu
habitat que é muito especial: os alagados, mangues, brejos, solos úmidos e
sombreados das florestas. São onívoros, pois se alimentam de capim de brotos de
milho e de pequenas cobras d’água. Na área de estudo foram citados as espécies
Aramides saracura (saracura) e Gallinula chloropus (frango-de-água).
O quero-quero (Vanellus chilensis) representante da família Charadriidae
habita da América Central até a Terra do Fogo, e no Brasil é encontrado em todo o
território (SICK, 1997). Em Santa Catarina é considerada uma espécie abundante,
residente e nidificantes em todo o estado (NAKA e RODRIGUES, 2000).
Esta
espécie é comum na área de estudo, tolerando fortes pressões antrópicas.
A família Columbidae é formada por mais de duzentas espécies espalhadas
por todo o planeta. Seus ninhos são feitos de pequenos gravetos meio
desordenados, sem muito capricho. Os ovos brancos são em número de um a dois.
O macho e a fêmea se revezam na criação dos filhotes. Há pouca diferença entre os
dois sexos, praticamente imperceptível. Seu papo durante a época de procriação
fornece aos filhotes uma secreção leitosa. Alimentam-se de sementes. Seu canto
(arrulho) é de poucas notas repetitivas (PINTO, 1949). É comum na área da bacia
hidrográfica adaptando-se as áreas urbanas e degradadas. Três espécies foram
citadas neste levantamento: pombo comum (Columba lívia), rola (Columbina
talpacoti) e juriti (Leptotila verreauxi).
A famosa família dos papagaios “Psittacidae” reúne mais de 350 espécies
distribuídas as redor do mundo, principalmente nos trópicos e no Hemisfério Sul.
(BELTON, 1994).
Na área da Bacia apenas a espécie Myiopsitta monachus
(caturrita) foi visualizada. A caturrita é qualificada de ave extraordinária nesta família,
porque é a única espécie que constrói o seu próprio ninho. Todas as outra procuram
cavidades existentes para esta finalidade. (BELTON, 1994). Os agricultores
consideram as caturritas aves destrutivas, pois podem causar danos as plantações.
A família Cuculidae apareceu neste estudo representado por três espécies:
alma-de-gato (Piaya cayana), anu-preto (Crotophaga ani) e anu-branco (guira guira),
ocupam matas ciliares, bordas de florestas e áreas urbanas arborizadas. Alimentanse de gafanhotos, percevejos, aranhas, miriápodes etc. Predam também lagartas
123
peludas
e
urticantes,
lagartixas
e
camudongos.
Pescam na
água
rasa;
periodicamente comem frutas, bagas, coquinhos e sementes, sobretudo na época
seca quando há escassez de artrópodes. (SICK, 1997).
Duas espécies de corujas da família Strigidae foram citadas por métodos
diretos de observação neste estudo: corujinha-do-mato (otus choliba) e corujaburaqueira (Speotyto cunicularia). As corujas têm olhos grandes voltados para a
frente o que lhes confere uma visão binocular; a audição é muito especializada e
algumas espécies possuem os ouvidos dispostos assimetricamente na cabeça,
auxiliando na localização das fontes de som; as rêmiges são macias tornando
possível um vôo silencioso (SICK, 1997). A figura 30 mostra o ninho de um exemplar
da família Strigidae, na cavidade de uma árvore.
Figura 30 - Espécime de
coruja no ninho com os
filhotes
Fonte: Müller (2008).
Os beija-flores representantes da familia Trochilidae foram citados entre as
aves encontradas na área de estudo, no entanto, normalmente as pessoas não
conseguem descrever de quais espécies estão falando. O beija-flor-de-papo-branco
(Leucochloris albicollis) pode ser contabilizado visto que é um dos membros da
124
família mais facilmente indentificáveis. Como os insetos e alguns mamíferos, os
beija-flores são importantes agentes polinizadores.
Os surucuás (família Trogonidae) são aves de grande beleza, pois
apresentam uma rica e colorida plumagem com uma combinação de cores de
grande raridade. São aves de porte médio que vivem em áreas florestadas, onde se
alimentam de lagartas, cigarras, aranhas e pequenos insetos que pegam nas
folhagens, fazendo um certeiro vôo. Alimentam-se também de frutos tais como
embaúba, figueira, canela e muitos outros que encontram na floresta. É um ótimo
controlador de insetos que causam danos na agricultura.
Encontra-se, principalmente, na área represada da bacia do Rio dos
Queimados o martim-pescador (Ceryle torquatus), representante da família
Alcedinidae. São execelentes predadores, alimentando-se principalmente de peixes
e anfíbios. Para isso possui características como visão aguçada, cabeça grande em
relação ao corpo e bico robusto, o que permite capturar a presa durante rápidos
mergulhos. Apresenta hábitos diurnos e territorialistas.
Tucanos é uma designação atribuída às espécies de aves que ocorrem nas
florestas da América do Sul e Central, pertencentes à ordem Piciformes e família
Ramphastidae. Os tucanos apresentam um grande bico, altamente especializado e
brilhantemente colorido, e frequentemente uma plumagem vistosa. Vivem em
pequenos bandos, alimentando-se de frutos, sementes e insetos. Fazem o ninho em
buracos de árvores, onde a fêmea põe 2 a 4 ovos; ambos os progenitores cuidam
dos ovos e das crias. Existem 37 espécies, cujo tamanho varia entre 30 cm e 60 cm
(SICK, 1997). Na região em estudo, a espécie que ocorre é Ramplastos dicolores.
Estas aves são excelentes dispersores de sementes e, portanto importantes
“plantadores de florestas”.
No Brasil, encontramos 47 espécies da família Picidae. Os pica-paus são
aves relativamente fáceis de se identificar na natureza pelo observador de aves, pois
possuem uma característica muito especial: são hábeis "cavadores de buracos em
troncos", o que fazem com o forte bico, a procura de alimentos. Sua língua é
vermiforme e muito longa, sendo um eficiente instrumento para a coleta de insetos
que ficam no interior dos "furos que faz na madeira". A espécie citada durante o
trabalho foi o pica-pau-do-campo (Colaptes campestris).
125
O João-de-barro (Furnarius rufus) é um pássaro pertencente à ordem dos
Passariformes e à família Furnaridae. Seu tamanho é um pouco menor do que o do
sabiá, ele se alimenta de larvas, insetos, pequenos moluscos e sementes. Na parte
superior do corpo ele possui cor de ferrugem acanelada, na parte inferior, tem
coloração marrom clara e sua cauda tem uma tonalidade avermelhada. É uma ave
conhecida por não ser tímida, pois se aproxima do homem sem medo e canta como
se soubesse que está sendo observada e admirada. (BELTON, 1994).
Algumas de nossas aves mais conhecidas são membros da família
Tyrannidae, a qual compreende 435 espécies, todas habitantes do continente
americano. (BELTON, 1994). Para a área da Bacia as espécies que foram citadas
pelos métodos diretos foram o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) e a tesoura
(Tyrannus savana).
A gralha-picaça (Cyanocorax chrysops), foi a representante da família
Corvidae observadas na área de estudo. Residente em florestas e fragmentos de
matas, onde vive em bandos pequenos. É muito curiosa e freqüentemente se
aproxima fazendo algazarra de pessoas que estão na floresta. Têm uma grande
variedade de sons vocais, alguns parecendo mecânicos. (BELTON, 1994).
A familia das corruíras (Troglodytidae), é particularmente abundante nos
trópicos americanos. As corruíras são notáveis por suas vozes bonitas, este
simpático passarinho compensa com o canto o que lhe falta em colorido. É
encontrada ao redor de casas e nos jardins. Também é comum nas capoeiras,
brejos e beiras de matas. A espécie visualizada na Bacia Hidrográfica é a
Troglodytes aedon.
Os sábias (família: Muscicapidae subfamília: Turdinae) são comuns em
bordas de florestas, parques, quintais e áreas urbanas arborizadas. Vive solitário ou
aos pares, pulando no chão. Come coquinhos de várias espécies de palmeiras
contribuindo assim para a dispersão dessas espécies. Alimenta-se ainda de laranjas
e mamões maduros, bem como de insetos e aranhas. Na área de estudo foram
citadas duas espécies de sábias: Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira) e Turdus
subalaris (sabiá-ferrereiro).
126
5.5 FAUNA DE ANFIBIOS
5.5.1 Apresentação e Caracterização do Grupo
Os Amphibia incluem as cecílias (Ordem Gymnophiona; ca. 160 spp.), as
salamandras (Ordem Caudata; ca. 410 spp.) e os sapos, rãs e pererecas (Ordem
Anura; ca. 4.200 spp.). Há, portanto, apenas três ordens viventes, com cerca de
4.800 espécies atuais. (ZUG et al. 2001). Embora existam variações na forma do
corpo e nos órgãos de locomoção, pode-se dizer que a maioria dos anfíbios atuais,
notadamente da Ordem Anura, tem uma pequena variabilidade no padrão geral de
organização do corpo. O nome anfíbio indica apropriadamente que a maioria das
espécies vive parcialmente na água, parcialmente na terra. Fora o primeiro grupo de
cordados a viver fora da água: entre as adaptações que permitiram a vida terrestre
incluem pulmões (embora exista um grupo de salamandras que não os apresenta),
pernas, e órgãos dos sentidos que podem funcionar tanto na água como no ar. No
Brasil, a maioria dos anfíbios tem entre 3 e 10 cm de comprimento. (MMA, 2003).
A maioria das espécies de anfíbios apresenta hábitos alimentares insetívoros,
sendo, portanto, vertebrados controladores de pragas. Muitas espécies sensíveis a
alterações ambientais (e.g., desmatamento, aumento de temperatura ou poluição)
são consideradas excelentes bioindicadores (HADDAD, 1998). A diminuição de
certas populações tem sido atribuída a alterações globais de clima (HEYER et al.,
1988; WEYGOLDT, 1989). Para certos biomas do Brasil, como a Mata Atlântica, os
declínios populacionais ou mesmo extinção de anfíbios têm sido atribuídos ao
desmatamento (BERTOLUCCI & HEYER, 1995; HADDAD, 1998). A Mata Atlântica
segundo Brasil (2002) é de longe, o bioma com a maior riqueza, (340 spp)
endemismos e (250 spp) de anfíbios.
5.5.2 Caracterização e Considerações sobre a fauna de anfíbios local
No mundo existem cerca de 4.800 espécies de anfibios (ZUG et al., 2001), no
Brasil, cerca de 600 espécies (HADDAD, 1998), a segunda maior riqueza do mundo.
127
Foram descobertas 115 espécies novas no Brasil entre 1978 e 1995. (BRASIL,
2003).
O estado de Santa Catarina possui poucos estudos remissivos sobre os
anfibios, a maioria realizada no norte do estado ou na região da Mata Atlântica do
litoral. Dados sobre a fauna da região sul do estado, no Planalto das Araucárias, são
escassos, resumindo-se aos estudos de impacto ambiental realizados no local e aos
trabalhos realizados no Rio Grande do Sul, na região da fronteira entre os dois
estados. Alguns dos trabalhos relevantes para o presente estudo são os de Heyer
(1983); Garcia (1996); Cruz et al. (1997); Garcia & Vinciprova (1998) e Caramaschi &
Cruz (2002), que descrevem novas espécies, e expandem a ocorrência de anuros
para o Estado de Santa Catarina. (BRASIL, 2006).
A sub-bacia do Uruguai Alto, tem a maior riqueza das espécies de anfíbios
registradas em toda bacia hidrográfica do Uruguai, 135 espécies (anexo 3), ou seja,
95,7% das espécies inventariadas reunindo grande parte dos anfíbios citadas por
Kwet (2005) para
o Rio Grande do Sul e Santa Catarina (96 e 95 espécies,
respectivamente). Dessas 135 espécies de anfíbios, 49 são endêmicas e 19
ameaçadas. Essas condições aumentam a importância da região em relação à
conservação desses animais. (BRASIL, 2006).
Para Santa Catarina, os estudos herpetológicos na região oeste do estado,
são praticamente inexistentes, o que resulta na escassez de informações a respeito
desse grupo, tanto taxonômicas quanto ecológicas. Para a região do presente
estudo, alguns trabalhos podem ser citados por se encontrarem na grande bacia do
Uruguai. Em trabalho realizado no Rio Chapecó (Bacia do Uruguai), para inventário
de fauna em uma PCH Testoni e Borchardt (2006), listaram 16 espécies do grupo
anfíbia (Quadro 01).
128
Quadro 01- Lista dos anfíbios registrados no Rio Chapecó
Táxon
Nome comum
ANURA
Bufonidae
Chaunus ictericus
sapo
Hylidae
Hypsiboas faber
Dendropsophus minutus
Bokermannohyla circumdata
sapo-ferreiro
perereca
perereca-das-folhas
Scinax perereca
perereca
Scinax cf. berthae
perereca
Scinax fuscovarius
perereca
Scinax rizibilis
perereca
Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus
Leptodactylus mystacinus
Leptodactylus ocellatus
Leptodactylus plaumanni
Odontophrynus americanus
rã-assubiadeira
rã
rã-manteiga
rã
sapo
Physalaemus cuvieri
rã-cachorro
Physalaemus sp aff. gracilis
rã-chorona
Ranidae
Litobates catesbeianus
rã-touro
Fonte: Testoni e Borchardt Jr (2006).
5.6 FAUNA DE RÉPTEIS
5.6.1 Apresentação e Caracterização do Grupo
O grupo dos Reptilia inclui a Ordem Chelonia (tartarugas, cágados e jabotis,
ca. 285 spp.), a Ordem Squamata (lagartos, ca. 7.200 spp.; e cobras, ca. 2.900
spp.), a Ordem Crocodylia (crocodilos e jacarés, com 23 spp.) e a Ordem
Rhynchocephalia (com 2 spp. De tuataras, da Nova Zelândia) (ZUG et al., 2001).
Existem, portanto, apenas quatro ordens viventes, diferentemente das 16 ordens
129
conhecidas, que floresceram no Mesozóico, a era dos répteis. Embora constituídos
por linhagens distintas (parafiléticas; veja POUGH et al., 1999), os répteis foram os
primeiros vertebrados adaptados à vida em lugares de baixa umidade na terra, visto
que sua pele seca e córnea reduz a perda de umidade do corpo. Além da pele
córnea, os ovos de répteis apresentam anexos embrionários complexos (âmnio,
córion e alantóide) que lhes conferem independência da água para a reprodução. A
maioria das espécies é terrestre (terrícolas, fossórios e arborícolas), mas há algumas
em água doce e marinhas. O tamanho dos répteis atuais varia de 5 cm a 10 m, mas
a maioria mede entre 25 e 150 cm. (BRASIL, 2003).
Muitas espécies de serpentes das famílias Colubridae, Boidae e Viperidae
apresentam hábito alimentar rodentívoro, sendo vertebrados predadores de pragas.
Cerca de 70 espécies das famílias Viperidae (gêneros Bothrops, Crotalus e
Lachesis) e Elapidae (gênero Micrurus) são peçonhentas e potencialmente
perigosas aos humanos, pois podem causar acidentes ofídicos (SEBBEN et al.,
1996). Componentes de venenos de serpentes, como as do gênero Bothrops,
apresentam
substâncias
cujos
princípios
ativos
são
usados
na
indústria
farmacêutica, no combate à hipertensão arterial. (MARQUES et al., 2002; BRASIL,
2003).
Por
serem
extremamente
suscetíveis
às
alterações
ambientais,
principalmente os anfíbios, mas também os répteis vêm sofrendo declínio em suas
populações em várias partes do mundo. (BRASIL, 2006).
5.6.2 Caracterização e Considerações sobre a fauna de répteis do Local
Das 161 espécies inventariadas para toda a bacia do Uruguai (BRASIL,
2006), (anexo 4), 28 são lagartos, 115 serpentes, 8 quelônios, 1 jacaré e 10
anfisbenas. Nota-se um número muito maior de espécies ocorre no Uruguai Alto
(137). Dentre as espécies de répteis registradas 57 são endêmicas (35,2% do total)
e 26 ameaçadas (16,7% do total).
Em trabalho realizado no Rio Chapecó (Bacia do Uruguai), para inventário de
fauna em uma PCH, Testoni e Borchardt (2006), citaram 16 espécies do grupo
reptília (Quadro 02).
130
Quadro 02- Lista dos répteis registrados no Rio Chapecó
Táxon
Nome Comum
Chelonia
Chelidae
Hydromedusa sp
Cágado
Phrynops hilarii.
Cágado
Squamata
Amphisbaenidae
Amphisbaena sp.
Cobra-de-duas-cabeças
Rineuridae
Leposternon sp.
Cobra-cega
Gymnophthalmidae
Pantodactylus schreibersii
Lagartixa-comum
Tropiduridae
Tropidurus torquatus
Lagartixa-cinzenta
Teiidae
Tupinambis merianae
Teiú
Colubridae
Atractus sp.
Chironius bicarinatus
Cobra
Cobra-cipó
Liophis miliaris
Cobra-d’água
Philodryas olfersii
Cobra-verde
Thamnodynastes sp.
Cobra
Viperidae
Crotalus durissus
Cascavel
Bothrops jararaca
Jararaca
Bothrops alternatus
Bothrops cotiara
Urutú
Cotiara
Fonte: Testoni e Borchardt Jr (2006).
MPB/Saneamento (2008), relataram em seu trabalho na região do
empreendimento que o grupo reptília esteve representado pela espécie Tupinambis
merianae, avistado durante a incursão a campo e entrevista dos moradores da
região sobre a presença de algumas serpentes como cobra-da-água (possivelmente
131
Liophis miliaris), cobra cipó (possivelmente Chironius bicarinatus) e a caninana
(Spilotes pullatus). Ainda para este grupo, provavelmente ocorra as espécies de
cágado como Hydromedusa tectifera e Phrynops sp, nos rios e córregos próximos.
5.7 DIVERSIDADE DE INVERTEBRADOS NO BRASIL
Os animais ditos invertebrados distribuem-se por 33 filos (número que pode
variar dependendo da classificação adotada), reunindo 95% das espécies
conhecidas. Os outros 5% pertencem a um único filo - os Vertebrados. A maioria dos
filos
de
animais
invertebrados
é
exclusivamente
marinha,
alguns
são
predominantemente marinhos e o restante predominantemente terrestres. Os
invertebrados que ocorrem em ambientes terrestres são os Acanthocephala,
Tardigrada, Onychophora, Platyhelminthes, Nematoda, Arthropoda, Annelida e
Mollusca. Os Arthropodas são o maior grupo, existem cerca de l,5 milhão de
espécies descritas, mas acredita-se que esse número traduza apenas uma pequena
fração do que deve existir. (BRASIL, 2003).
As aranhas formam um grupo taxonômico indicado para avaliar o estado de
conservação de fragmentos florestais, visto que a estrutura do habitat pode
influenciar na composição e riqueza das comunidades de aranhas de florestas
tropicais, ou seja, em uma vegetação madura, mais densa e estratificada são
encontradas mais espécies e famílias de aranhas. (UETZ, 1991 apud LUZ, 2008).
Segundo Coddington & Levi (1991) apud Luz (2008), as aranhas são
consideradas um grupo mega-diverso, representando um dos mais diversificados e
abundantes grupos de organismos. No entanto Platnick (2007) segundo o mesmo
autor listou mais de 39.725 espécies descritas em 3.677 gêneros em todo o mundo.
Porém, a fauna de aranhas das regiões tropicais e subtropicais ainda não é bem
conhecida. (LUZ, 2008).
Gris (2006) realizou estudo no Parque Estadual Fritz Plaumann, Concórdia –
SC, utilizou três pontos de coleta que foram amostrados nas quatro estações do
ano, onde coletou 694 exemplares pertencentes a 13 famílias. As famílias mais
freqüentes foram Araneidae, Salticidae, Linyphidae, Anyphaenidae e Thomisidae.
132
Com a finalidade de dar continuidade ao inventariamento da araneofauna da
região oeste de Santa Catarina, Luz (2008) inventariou a fauna de aranhas
ocorrentes na área do campus da Universidade do Contestado e comparar com a
diversidade encontrada em uma área de preservação que é o Parque Estadual Fritz
Plaumann. Destaca-se que ambas as pesquisas estão inseridas no contexto da
Bacia hidrográfica do Rio dos Queimados.
Algumas famílias se destacaram em quantidade de indivíduos. Anyphaenidae
foi a família mais freqüente com 110 exemplares, seguida por Thomisidae com 88,
Salticidae com 79, Araneidae com 72, Theridiidae com 68 indivíduos. Além destas
foram coletadas mais 14 famílias de aracnídeos, porém estes com menor número de
exemplares:
Amaurobiidae,
Linyphidae,
Lycosidae,
Corinnidae,
Mimetidae,
Ctenidae,
Oonopidae,
Dictynidae,
Oxyopidae,
Gnaphosidae,
Pholodromidae,
Pisauridae, Sparassidae, Tetragnatidae. (LUZ, 2008).
Os insetos são considerados bons indicadores dos níveis de impacto
ambiental devido a sua grande diversidade de espécies e habitat, além da sua
importância nos processos biológicos dos ecossistemas naturais. A classe Insecta,
segundo Gallo et al., (2002), é considerada como a mais evoluída do filo Arthropoda,
abrangendo cerca de 70% das espécies de animais, sendo que para Filho (1995), os
insetos são os organismos de maior ocorrência em ambientes florestais. Portanto, o
número de ordens, famílias e espécies destes, diminui, com a elevação do nível de
antropização do ambiente. (THOMANZINI e THOMANZINI, 2002).
Segundo Freitas et. al., (2003) apud Prando (2004), a utilidade dos insetos
como indicadores ambientais é incontestável. Alguns grupos, como borboletas e
formigas,
são
especialmente
úteis
no
monitoramento,
porque
são
muito
diversificados, facilmente amostrados e identificados, comuns o ano todo e
respondem de imediato às alterações ambientais. É por essa e outras razões que
os insetos têm sido alvo de muitos estudos, objetivando encontrar subsídios para o
conhecimento da diversidade e que sirvam de apoio para a avaliação das condições
ambientais. (GANHO e MARINONI, 2003).
Prando (2004) executou uma pesquisa com o objetivo de comparar as
espécies de besouros e estudar a interação deles com as espécies hospedeiras, e
também servir de apoio na avaliação do ambiente do Parque Estadual Fritz
Plaumann onde foram coletadas os espécimes. Durante o período de amostragem
133
foram um total de 194 espécimes de coleópteros pertencentes a 9 famílias:
Scarabaeidae, Leiodidae, Tenebrionidae, Bostrychidae, Carabidae, Nitidulidae,
Elateridae, Lagriidae, Bostrychidae.
Prando (2004) concluiu que nos dois locais estudados, no interior da Ilha do
Parque Estadual Fritz Plaumann, a família de coleópteros mais abundante é a
Scarabaeidae, seguindo-se de Nitidulidae. Comparando-se os dados obtidos por
Lappe (2004) em outra área do Parque Estadual Fritz Plaumann, porém utilizando
dois métodos de amostragem, identificou como mais abundante, a família
Tenebrionidae.
Comparando-se os dados obtidos por Spielmann (2003), em duas áreas fora
da Ilha, observa-se que a família Tenebrionidae é a mais abundante na mata e a
família Passalidae é a mais abundante no pomar. Esses dados indicam a
necessidade de preservação destes ambientes e contribuem para a tomada de
decisões quanto ao manejo da área estudada.
Um outro grupo importante são as abelhas, segundo Krug (2008), o papel
mais importante delas é, provavelmente, seu serviço gratuito de polinização,
determinante para a manutenção da flora nativa e contribui na produção de
alimentos consumidos pelo Homem.
Dois levantamentos da apifauna estão sendo realizados em duas áreas de
fisionomia vegetais distintas, Floresta Ombrófila Densa Submontana e Floresta
Estacional Decidual, respectivamente nos municípios de Blumenau e Concórdia. As
abelhas são coletadas ativamente com rede entomológica e também são oferecidos
dois tipos de armadilha: iscas de cheiro e bandejas armadilha. (KRUG, 2008).
Uma listagem de identificação prévia das abelhas coletadas até o momento
na pesquisa inclui 16 espécies em Concórdia e 18 espécies em Blumenau (Tabela
20).
Segundo a pesquisadora (KRUG, 2008), este trabalho representa uma
pequena contribuição ao conhecimento das abelhas nativas do sul do Brasil e da
região Neotropical, mas é evidente que pesquisas nesta área são muito importantes
e tem um grande papel nas decisões futuras as quais inclui o parque Fritz Plaumann
e, sobretudo a Bacia Hidrográrfica do Rio dos Queimados.
134
Tabela 21- Lista prévia das espécies de abelhas coletadas nas duas áreas de
estudo
Família
Andrenidae
Apidae
Tribo
Protandrenini
Blumenau
Concórdia
Anthrenoides sp.
X
Psaenythia sp.
X
Apis mellifera
X
Bombini
Bombus atratus
X
Bombus morio
X
Melipona bicolor
X
Melipona
mondury
X
Melipona sp.1
X
Melipona sp.2
X
Trigona spinipes
X
X
Tetragonisca
angustula
X
X
Plebeia sp.
X
X
Ceratina sp.
X
X
Xylocopa sp.
X
X
Xylocopini
Megachilidae
Local coleta
Apini
Melipinini
Halictidae
Espécie
X
X
Eucerini
Sp.
X
Emphorini
Sp.
X
Augochlorini
Neocorynura sp.
X
Sp.
X
X
Halictini
Sp.
X
X
Anthidiini
Sp.
X
X
Megachilini
Coelioxys sp.
X
X
Megachile sp.
X
X
Fonte: Krug (2008)
As pesquisas sobre os insetos ainda são incipientes, existem poucos registros
na área de estudo com a composição e distribuição dos grupos na Bacia do Rio dos
Queimados ou mesmo a nivel de região, no entanto, é pertinente citar a obra do
entomólogo Fritz Plaumann, o qual coletou insetos em toda a região, inclusive
135
comunidades dentro da área de estudo, a partir da década de 20, devendo ser
considerada a possibilidade de grande parte das espécies citadas na coleção já
estarem extintas. Em 70 anos de trabalho dedicado e apaixonado, esse caçador,
colecionador e estudioso de insetos conseguiu classificar um total de 17 mil
espécies. Dessas, 1.500 eram desconhecidas da ciência. O trabalho meticuloso
desse pesquisador autodidata conquistou o reconhecimento de seus colegas
cientistas de todo o mundo, que batizaram 150 das novas espécies descobertas por
ele, com o seu nome. A maioria delas são besouros, como o Atenisius plaumanni, o
Aleiphaquylon plaumanni e o Ormeta plaumanni. (SANTA CATARINA, 2008).
Hoje são 80 mil exemplares de 17 mil espécies diferentes, adequadamente
preservados em condições ideais de umidade e temperatura, que formam um acervo
entomológico (Entomologia é o estudo dos insetos) que não poderá ser igualado,
pois mais de 70% das 17 mil espécies catalogadas já não existem mais. O Museu
Entomológico Dr. Fritz Plaumann, construído em frente de sua casa pela prefeitura
de Seara e pela Fundação Catarinense de Cultura, com o apoio do Banco do Brasil.
Hoje, um convênio entre a UFSC e a Prefeitura de Seara (detentora do acervo),
administram o museu e garantem a proteção à grande obra de Fritz Plaumann. São
gafanhotos, bichos-pau, moscas, vespas, percevejos cigarras, baratas, abelhas,
louva-a-deus, besouros, lavadeiras, neurópteros e borboletas diurnas e noturnas
com indescritíveis combinações de cores e tons. (SANTA CATARINA, 2008).
No caso das borboletas, as musas da coleção, o cientista teve a preocupação
de demonstrar a evolução completa do inseto, do estado larval ao adulto. Ele adotou
esse mesmo critério em relação às espécies importantes para o estudo de doenças
humanas, como o mosquito Aedes aegypt, transmissor da dengue e da febre
amarela. (SANTA CATARINA, 2008).
Dos exemplares da coleção, a maioria (95%) é da região do Alto Uruguai, que
ele começou a explorar assim que se instalou em Nova Teutônia, município de
Seara. O começo foi árduo. Tinha de dividir o tempo entre o trabalho duro de
amanhar a terra como agricultor, as tarefas de professor (responsável pela
alfabetização de várias gerações de habitantes da região) e o estudo de
entomologia. Foi também fotógrafo ambulante e comerciante. Em meio a essas
atividades, ainda arranjava tempo para enveredar pelas florestas do Alto Uruguai,
em busca de insetos. Nessas ocasiões, um cão era o seu único e fiel companheiro.
136
Só na década de 50 ele teve mais tempo e recursos para se dedicar às pesquisas.
Nessa época, com um caminhão International ou um jipe importado, rodou pelo
Pantanal, pelo oeste e norte paulista e até pelo Rio de Janeiro em busca de novas
espécies. (SANTA CATARINA, 2008).
5.8 CONSIDERAÇÕES
A acentuada destruição e redução do ecossistema florestal é responsável
pela fragmentação das populações de mamíferos, répteis, anfíbios, aves e demais
seres do ecossistema. Um dos principais papéis dos mamíferos na bacia, é a
interação com a flora, atuando como polinizadores e dispersores de sementes.
Muitas espécies de aves atuam como polinizadoras e dispersoras de sementes e
controlam populações de insetos. A caça predatória, mesmo ilegal, continua a ser
praticada; A maioria das espécies de anfíbios apresenta hábitos alimentares
insetívoros, sendo, portanto, vertebrados controladores de pragas.
Por
serem
extremamente
suscetíveis
às
alterações
ambientais,
principalmente os anfíbios, mas também os répteis vêm sofrendo declínio em suas
populações em várias partes do mundo.
Os insetos são os organismos de maior ocorrência em ambientes florestais.
O número de ordens, famílias e espécies destes, diminui com a elevação do nível
de antropização do ambiente.
Pode-se dizer que a fauna da sub bacia é rica e diversificada, pois apresenta,
segundo a bibliografia, 09 ordens de mamíferos, o mesmo número que o estado de
Santa Catarina e 26 famílias, enquanto que o Estado todo apresenta 34 famílias.
Tratando-se do número de espécies de mamífero, na ecorregião da Bacia
hidrográfica do Rio dos Queimados são 132. Considerando 88 espécies de
mamiferos citadas em ambas as bibliografias consultadas (SANTA CATARINA, 2005
e BRASIL, 2006), 35.22% tiveram sua avistagem confirmada por algum método
direto de observação.
137
Os gambás são os didelfídeos mais característicos da região. A espécie mais
conhecida é o gambá-de-orelha-branca, sendo encontrado em praticamente
qualquer ambiente, desde pequenos fragmentos de mata até áreas urbanas.
O tamanduá-mirim é o único representante da ordem Xenarthra, com
visualização direta e captura na região. O tamanduá-bandeira outro representante
desta ordem encontra-se na lista vermelha de animais ameaçados de extinção de
Santa Catarina.
Segundo pesquisas, na região Oeste de Santa Catarina, os morcegos
vampiros caracterizam uma população em níveis acima da média observada em
outros locais. No Brasil, estima-se que, a raiva cause um prejuízo em torno de 15
milhões de dólares, por ano, só com as perdas em herbívoros.
Quanto aos felinos, pode-se destacar o gato-mourisco e o gato-do-matopequeno, pois se encontra na lista de animais ameaçados de extinção, categoria
vulnerável. Contabilizou-se na área de estudo 285 espécies de aves, enquanto no
Estado de Santa Catarina existem 596.
A família Tinamidae compreende um grupo de aves muito perseguidas por
caçadores e ameaçadas pelo emprego indiscriminado de inseticidas, espalhados por
toda parte. Também pode ser destacado como espécie perseguida para a caça, o
jacu pertence à família dos Gracidae.
As curicacas só se estabeleceram na região oeste de Santa Catarina após a
derrubada da floresta, há cerca de vinte anos atrás.
Algumas espécies de aves são comuns na área de estudo e até abundantes,
pois tolerando fortes pressões antrópicas, como áreas urbanas degradadas: queroquero, pombo comum, rola, juriti, alma-de-gato, anu-preto, anu-branco, pica-paus,
João-de-barro, bem-te-vi, tesoura, corruíras e sábias.
As caturritas podem causar danos às plantações. Os agricultores as
consideram aves destrutivas.
Encontram-se, principalmente na área represada da bacia do Rio dos
Queimados o martim-pescador, além de ter hábitos diurnos e territorialistas é um
excelente predador, alimentando-se principalmente de peixes e anfíbios.
138
Os tucanos merecem destaque, alimentam-se de frutos, sementes e insectos.
Estas aves são competentes dispersores de sementes e, portanto importantes
“plantadores de florestas”.
A área de estudo é importante em relação à conservação dos anfíbios, visto
que a sub-bacia do Uruguai Alto, tem a maior riqueza de espécies registradas em
toda a bacia hidrográfica do Uruguai: 135 espécies, sendo, 49 endêmicas e 19
ameaçadas.
Nota-se que o Uruguai Alto apresenta diversidade de espécies de répteis
(137), sendo que 57 são endêmicas e 26 ameaçadas. Destacam-se neste grupo as
espécies Tupinambis merianae, Chironius bicarinatus, Liophis miliaris, Spilotes
pullatus, Hydromedusa tectifera e Phrynops sp, as quais foram contabilizadas por
métodos diretos de amostragem.
Inseridas no contexto da Bacia hidrográfica do Rio dos Queimados estão
relatadas duas pesquisas quanto à fauna de aranhas. Algumas famílias se
destacaram em quantidade de indivíduos. Anyphaenidae, Thomisidae, Salticidae,
Araneidae,
Theridiidae,
Gnaphosidae,
Amaurobiidae,
Linyphidae,
Lycosidae,
Corinnidae,
Mimetidae,
Ctenidae,
Dictynidae,
Oonopidae,
Oxyopidae,
Pholodromidae, Pisauridae, Sparassidae e Tetragnatidae.
Durante pesquisas desenvolvidas no interior do Parque Estadual Fritz
Plaumann,
inclusive
na
ilha,
contabilizou-se
04
famílias
de
coleópteros:
Scarabaeidae, Nitidulidae, Tenebrionidae e Passalidae.
As pesquisas sobre os insetos ainda são incipientes na região, no entanto, é
pertinente citar a obra do entomólogo Fritz Plaumann. Em 70 anos de trabalho
conseguiu classificar um total de 17 mil espécies. Dessas, 1.500 eram
desconhecidas da ciência.
Resalta-se que 70% das espécies de insetos
catalogadas devam estar extintas e que a maioria das espécies (95%) foi coletada
nas florestas do Alto Uruguai.
139
CAPÍTULO VI
CARACTERIZAÇÃO DA MATA CILIAR
6.1 INTRODUÇÃO
Considerando que a mata ciliar é um ecossistema linear de interface águaterra, com função de formação de habitat, corredores de migração, locais de
reprodução, constancia térmica, regulação de fluxo de energia, fornecimento de
material orgânico, contenção de ribanceiras, contenção de entradas de sedimentos,
sombreamento, regulação da vazão, influência na concentração de elementos
químicos,
torna-se
necessário
concentrar
esforços
para
promover
ações,
objetivando a conservação e a recuperação nos trechos que são considerados
conexão entre os fragmentos florestais dos ecossistemas locais.
Em uma bacia hidrográfica a cobertura florestal contribui decisivamente para
regularizar a vazão dos cursos d’água, aumentar a capacidade de armazenamento
nas microbacias, reduzir a erosão, diminuir os impactos das inundações e manter a
qualidade da água. Soma-se a esse aspecto, a noção de que o aporte de nutrientes
oriundo da cobertura vegetal propicia a manutenção das espécies aquáticas, que
compõe os mananciais hídricos.
De acordo com Santa Catarina (1986), a área da ecoregião do Uruguai Alto
(figura 31, resolução SNRH,n° 32 de 15 de outubro de 2003), originalmente era
ocupada em sua maior parte pela Floresta Ombrófila Mista, seguida pela Floresta
Estacional Decidual (Mata Caducifólia) e em menor parte pela Savana. A
coexistência de floras adversas determina o padrão estrutural e fitofisionômico da
Floresta Ombrófila Mista, cujo domínio desce aos 500/600 metros de altitude,
conforme a figura 32.
Segundo Santa Catarina (2005), o Parque Estadual Fritz Plaumann, o qual
encontra-se na Bacia do Rio dos Queimados, está inserido na região de transição
entre a Floresta Estacional Decidual e a Floresta Ombrófila Mista, sendo esta última,
140
representada na UC pela ocorrência de esparsos indivíduos remanescentes de
pinheiro-brasileiro, Araucaria angustifólia.
A área de estudo encontra-se inserida no bioma da Mata Atlântica. Em alguns
dos pontos da bacia têm-se altitudes de aproximadamente 800 metros, evidenciando
um ambiente de transição entre duas fisionomias florestais: Floresta Ombrófila Mista
e Floresta Estacional Decidual.
A vegetação da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados é composta
basicamente pelas regiões fitoecológicas:
 Floresta
Ombrófila
predominando
no
Mista
terço
ou
Floresta
superior
da
com
bacia
Araucária,
hidrográfica
(aproximadamente 800 metros de altitude, na nascente);
 Floresta Estacional Decidual, que compreende o terço médio e
inferior da bacia hidrográfica;
O IBGE em parceria com o MMA elaborou o “Mapa de Biomas do Brasil”
(IBGE, 2004a) (figura 33), estudo que tem como base técnico-operacional o “Mapa
da Vegetação do Brasil”, onde são classificadas e mapeadas as diferentes tipologias
vegetais que os compõe. (IBGE, 2004b). Na conformação dos biomas considerou-se
a distribuição contínua das tipologias vegetais dominantes e as variáveis abióticas
determinantes de sua ocorrência, resultando no reconhecimento de seis grandes
unidades continentais.
141
Figura 31 - Ecorregiões aquáticas brasileiras
Fonte: Brasil (2006a).
142
Figura 32 - Fisionomias florestais do Estado de Santa Catarina, divididas por regiões hidrográficas.
143
Figura 33 - Mapa dos biomas brasileiros
144
6.2 BIOMA MATA ATLÂNTICA
Bioma é definido como um conjunto de vida (vegetal e animal), constituído
pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis regionalmente,
com condições geoclimáticas similares e história compartilhada
de mudanças, resultando em diversidade biológica própria. (IBGE, 2004a). O bioma
consiste na unidade biótica de maior extensão geográfica, compreendendo várias
comunidades em diferentes estágios de evolução, tendo como elemento de união o
tipo de vegetação dominante. (IBGE, 2004a).
O bioma da mata atlântica é um complexo ambiental que incorpora cadeias
de montanhas, platôs, vales e planícies de toda a faixa continental atlântica leste
brasileira. No sudeste e sul do país se expande para oeste, alcançando as fronteiras
com o Paraguai e Argentina, avançando também sobre o Planalto Meridional até o
Rio Grande do Sul. Abrange litologias do embasamento Pré-Cambriano, sedimentos
da bacia do Paraná e sedimentos cenozóicos. Dependente de maior volume e
uniformidade de chuvas, esse bioma constitui o grande conjunto florestal
extraamazônico, formado por Florestas Ombrófilas (Densa, Aberta e Mista) e
Estacionais (Semideciduais e Deciduais). (BRASIL, 2006a).
A Floresta Ombrófila Densa constitui o núcleo do bioma e está relacionada ao
clima quente e úmido costeiro das regiões sul-sudeste, sem período seco
sistemático e com amplitudes térmicas amenizadas por influência marítima.Tais
condições, tem como reflexo, a grande riqueza estrutural e florística da vegetação.
(BRASIL, 2006a).
A floresta Ombrófila Aberta ocorre, principalmente, próximo ao litoral dos
estados de Alagoas e Paraíba, associada à bolsões de umidade da costa
nordestina, intercalando-se com outros tipos de vegetação, sobretudo a Floresta
Ombrófila Densa e a Estacional Semidecidual. (BRASIL, 2006a).
A Floresta Ombrófila Mista ocorre em poucas e dispersas formações
remanescentes nas Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e no Planalto Meridional.
Neste, em desacordo com o clima florestal de altitude, ocorre junto a Floresta
Ombrófila Mista áreas disjuntas da Estepe (BRASIL, 2006a).
145
Em relação às Florestas Estacionais Semideciduais e Deciduais, suas
formações
primárias
remanescentes
ocupam
situações
geográficas
mais
interiorizadas, afastadas ou mais abrigadas da influência estabilizadora marítima,
apresentando inserções disjuntas da Estepe e da Savana. (BRASIL, 2006a).
Segundo Brasil (2006a), o bioma da Mata atlântica representou outrora um
dos mais ricos e variados conjuntos florestais pluviais Sul-Americanos, somente
ultrapassado em extensão pela Floresta Amazônica. Atualmente, é reconhecido
como o mais descaracterizado dos biomas brasileiros, onde se iniciou e ocorreram
os principais eventos da colonização e ciclos de desenvolvimento do país. Sua área
de abrangência, tem hoje, a maior densidade de população e lidera as atividades
econômicas
do
país.
Ainda
assim,
suas
reduzidas
formações
vegetais
remanescentes abrigam uma biodiversidade ímpar, assumindo uma importância
primordial para o país, além dos inúmeros benefícios ambientais oferecidos. Faz
contato com o Bioma Caatinga na faixa semi-árida nordestina, com o Bioma Cerrado
por ampla faixa interiorana de clima tropical estacional e com o Bioma Pampa,
associado ao clima frio/seco meridional sul-americano.
6.3 REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI
A Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai está inserida em dois Biomas brasileiros:
o Bioma Mata Atlântica e o Bioma Pampa, estendendo-se a partir das nascentes do
rio Pelotas, nos contrafortes da Serra Geral, passando pelos campos planálticos
(campos de altitude), pela floresta com Araucárias (Floresta Ombrófila Mista),
floresta estacional decidual e o pampa (campos da campanha riograndense), até a
sua foz no rio da Prata. A região encontra-se intensamente alterada e apenas áreas
isoladas ainda conservam a vegetação original, considerando-se todas as tipologias
vegetais registradas na bacia. (BRASIL, 2006b).
Dentro do contexto sócioambiental atual, os estados sulinos, especialmente
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, possuem uma grande variabilidade de
ecossistemas, abrangendo desde formações pioneiras até áreas florestais –
atualmente fragmentadas e em diferentes estados de conservação - sendo que
146
muitos destes ambientes abrigam espécies raras, endêmicas, ameaçadas ou em
processo de extinção. (BRASIL, 2006).
Em nível de paisagem, quando se consideram as duas grandes formações
determinantes da fisionomia vegetal na região da Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai,
percebe-se que, em sua metade setentrional, concentra-se a maior área com
ocorrência de florestas nativas, especialmente no estado do Rio Grande do Sul.
(BAPTISTA et al. 1992). Adicionalmente, a região do planalto sul-brasileiro, devido à
sua ampla extensão territorial, apresenta uma heterogeneidade de ambientes que
permite a ocorrência de tipologias vegetacionais diferenciadas, onde se destacam,
entre as formações florestais, a Floresta Estacional Decidual e a Floresta Ombrófila
Mista (floresta com Araucária). (RADAMBRASIL, 1986).
O clima preferencialmente úmido e sombreado (matas) na maior parte da
região planáltica meridional favorece o predomínio de espécies de briófitas (musgos
e hepáticas) que, como um todo, tende a estar bem representada no Bioma Mata
Atlântica na Região Sul. Estima-se que, nas regiões Sul e Sudeste, ocorram cerca
de 372 espécies de briófitas, sendo que elas apresentam grande número de
espécies endêmicas. (SCHEPHERD, 2003 apud BRASIL, 2006).
Da mesma forma, também características de ambientes úmidos, as
pteridófitas são bastante diversas e bem concentradas na Região Sul, estimando-se
algo em torno de 690 espécies – 420 em Santa Catarina e 270 no Rio Grande do
Sul. Destaca-se o xaxim Dicksonia sellowiana como espécie típica da Floresta
Ombrófila Mista nestes dois estados. (BRASIL, 2006).
Entre os liquens, cabe destacar a Floresta Ombrófila Mista devido à sua
grande importância liquenológica, registrando-se a ocorrência de exemplares Usnea
sp. Por serem extremamente sensíveis a poluentes atmosféricos, inclusive os
acumulando – referências para o gênero Usnea em Carneiro (2004) - os líquens
constituem excelentes bioindicadores e biomonitores da qualidade do ar.
As gimnospermas estão representadas por 3 gêneros na Região Sul
(aproximadamente 25% das espécies conhecidas no Brasil), sendo dois deles
registrados em formações florestais do Bioma Mata Atlântica: Podocarpus sp. e
Araucaria angustifólia. (SCHEPHERD, 2003 apud BRASIL, 2006).
147
Segundo Coelho (2000), no que se refere à flora, o estado do Rio Grande do
Sul - que ocupa a maior parte da bacia - é privilegiado em fitodiversidade em razão
dos vários ecossistemas existentes sobre seu território, com um número de espécies
em torno de 600, considerando-se somente os representantes de hábito arbóreo, e
um total de 3 a 4 mil espécies de plantas nativas.
Nessa região hidrográfica estão integralmente incluídas as ecorregiões
aquáticas Alto Uruguai e Baixo Uruguai.
6.4 ECORREGIÃO DO ALTO URUGUAI
As ecorregiões podem ser definidas como áreas espaciais finitas, menores
que os biomas, onde condições ambientais ou assembléias de espécies são
presumivelmente homogêneas quando comparadas à heterogeneidade observada
em áreas mais amplas. As ecorregiões são unidades de escala mais detalhadas,
que buscam, sobretudo capturar as interações ecológicas que são determinantes
para a viabilidade das comunidades em longo prazo. (OLSON et al., 2001).
A
abordagem
ecorregional
consiste
num
sistema
de
classificação,
regionalização e mapeamento, que estratifica progressivamente a superfície
terrestre em áreas menores e de homogeneidade maior. Os tipos ecológicos são
classificados e as unidades ecológicas mapeadas com base nas associações dos
fatores bióticos e ambientais que regulam a estrutura e funções dos ecossistemas. O
Planejamento ecorregional é aplicado tanto para sistemas terrestres, quanto para
aquáticos ou marinhos, constituindo importante ferramenta para a gestão integrada
de ecossistemas. (BAILEY, 1986 apud BRASIL, 2006b).
A delimitação das ecorregiões aquáticas é primariamente estabelecida por
meio do agrupamento de grandes redes de drenagem com base na zoogeografia de
espécies obrigatoriamente aquáticas. (HIGGINS et al., 2005 apud BRASIL, 2006b).
Estudos baseados na abordagem ecorregional constituem importante
subsídio à discussão de estratégias para o uso sustentável dos recursos naturais,
pois as ecorregiões correspondem aos principais processos ecológicos e
evolucionários que criam e mantém a biodiversidade, abrangendo grupos lógicos de
148
comunidades naturais biogeograficamente relacionadas, possibilitando análises de
representatividade que visam garantir que todos os habitas e suas espécies sejam
respeitados a luz dos demais usos inerentes na respectiva região. (ABELL, 2002
apud BRASIL, 2006b).
O conhecimento das diferentes interações entre terra e água, variações
regionais nos padrões de qualidade da água, padrões biogeográficos distintos,
similaridades e diferenças entre ecossistemas nas diferentes ecorregiões, tornam a
abordagem ecoregional uma importante ferramenta para a organização e análise de
informações, racionalizando os custos necessários ao efetivo monitoramento
ambiental. (USGS, 2005 apud BRASIL, 2006b).
Com base nos dados obtido na bibliografia consultada para a elaboração
desta caracterização, destacam-se as principais espécies ocorrentes na ecorregião
do Uruguai Alto, a qual a área de estudo pertence (tabela 21).
Tabela 22- Principais espécies arbóreas observadas na ecorregião do Uruguai Alto.
Espécie
Popular
Família
Hábito
Ocorrência
Acacia bonariensis
Unha-de-gato
Fabaceae
Arv
FOM/FS
Aechmea recurvata
Bromélia
Bromeliaceae
ErvR,
ErvE
Allophylus edulis
Chal-chal
Sapindaceae
Arv
FOM/FED/FS
Allophylus guaraniticus
Vacum
Sapindaceae
Arv
FOM/FED/FS
Allophylus puberulus
Vacum
Sapindaceae
Arv
-
Apuleia leiocarpa
Grápia
Fabaceae
Arv
FOM/FED
VU**
Araucaria angustifolia
Pinheiro-brasileiro
Araucariaceae
Avr
FOM/FS
VU*/**
Aspidosperma parvifolium
Guatambu
Apocynaceae
Avr
-
-
Astronium balansae
Pau-ferro
Anacardiaceae
Avr
FS
EP**
Ateleia glazioviana
Timbó
Fabaceae
Arv
-
-
Baccharis dracunculifolia
Alecrim do campo
Asteraceae
Arb
FED/FS
-
Baccharis guadichaudiana
Carqueja
Asteraceae
ErvT
-
-
Baccharis punctulata
Vassoura
Asteraceae
Arb
-
-
Baccharis semiserrata
Vassoura
Asteraceae
Arb
FOM/FED
-
Baccharis trimera
Carqueja
Asteraceae
ErvT
-
-
Baccharis unicella
Carqueja
Asteraceae
ErvT
-
-
Balfourodendron
riedelianum
Guatambú
Rutaceae
Arv
-
-
Banara parviflora
Guaçatunga-preta
Flacourtiaceae
Arv
-
-
Bauhinia fortificata
Pata-de-vaca
Fabaceae
Avr
-
-
-
Situação
EP ou VU (1)**
VU**
149
Espécie
Popular
Família
Hábito
Ocorrência
Situação
Bauhinia sp.
Pata-de-vaca- pilosa
Fabaceae
Avr
-
-
Butia eriospatha
Butiá
Arecaceae
Pal
-
EP**
Calliandra foliolosa
Quebra-foice
Fabaceae
Arb
-
-
Calyptranthes concinna
Guamirimde-facho
Myrtaceae
Arv
-
-
Campomanesia
guazumifolia
Sete-capotes
Myrtaceae
Arv
FOM
-
Campomanesia
xanthocarpa-
Guabiroba
Myrtaceae
Arv
-
-
Capsicodendron dinissi
Pimenteira-arbórea
Canellaceae
Arv
-
-
Casearia decandra
Guaçatunga
Flacourtiaceae
Arv
FOM
-
Casearia sylvestris
Chá-de-bugre
Flacourtiaceae
Arv
FED/FS
-
Cedrela fissilis
Cedro
Meliaceae
Arv
FS
-
Chorisia speciosa
Paineira
Bombacaceae
Arv
-
-
Chusquea sp.
Taquara
Poaceae
Bam
FOM
-
Cinnamomum amoenum
Canela
Lauraceae
Arv
-
-
Clethra scabra
Caujuja
Clethraceae
Avr
-
EP**
Cupania vernalis
Camboatá-vermelho
Sapindaceae
Arv
FOM/FED/FS
-
Dalbergia frutescens
Rabo-de-bugio
Fabaceae
Arv
-
-
Diatenopteryx sorbifolia
Maria-preta
Sapindaceae
Arv
-
-
Dicksonia sellowiana
Xaxim
Dicksoniaceae
Arbs
FOM
EP*
VU**
Dyckia cabrerae
Gravatá
Bromeliaceae
ErvT
-
EP*
Eryngiun horridum
Caraguatá
Apiaceae
ErvT
-
-
Eugenia hyemalis
Guamirim-folhamiúda
Myrtaceae
Arv
FS
-
Eugenia involucrata
Cerejeira-do-mato
Myrtaceae
Arv
FS
-
Eugenia uniflora
Pitangueira
Myrtaceae
Arv
FOM/FED/FS
-
Eupatorium serratum
Vassourinha
Asteraceae
Arb
FOM/FS
-
Eupatorium sp.
Vassourinha
Asteraceae
Arb
-
-
Gymnanthes concolor
Laranjeira-do-mato
Euphorbiaceae
Arv
FOM/FED/FS
-
Helietta apiculata
Canela-de-veado
Rutaceae
Arv
FED/FS
-
Holocalyx balansae
Alecrim
Fabaceae
Avr
-
-
Hovenia dulcis
Uva-do-japão
Rhamnaceae
Arv
-
-
Ilex brevicuspis
Caúna-da-serra
Aquifoliaceae
Avr
FOM
-
Ilex paraguariensis
Erva-mate
Aquifoliaceae
Avr
-
-
Inga marginata
Ingá-feijão
Fabaceae
Arv
FED
-
Inga vera
Ingá-banana
Fabaceae
Arv
-
-
Justicia brasiliana
Justicia
Acanthaceae
Avr
FED
-
Lamanonia speciosa
Guaperê
Cunoniaceae
Arv
-
-
Lithraea brasiliensis
Aroeira-bugre
Anacardiaceae
Avr
FOM/FS
-
Lonchocarpus campestris
Pau-canzil
Fabaceae
Arv
FED
-
Lonchocarpus nitidus
Farinha-seca
Fabaceae
Arv
FOM/FS
-
ou
150
Espécie
Popular
Família
Hábito
Ocorrência
Situação
Luehea divaricata
Açoita-cavalo
Tiliaceae
Arv
FOM/FED
-
Machaerium
paraguariense
Canela-do-brejo
Fabaceae
Arv
FOM/FED
-
Machaerium stipitatum
Canela-do-brejo
Fabaceae
Arv
FED
Matayba elaeagnoides
Camboatá-branco
Sapindaceae
Arv
FOM/FED/FS
-
Microgramma squamulosa
Cipó-cabeludo
Polypodiaceae
ErvE
-
-
Miltônia flavescens
Orquídea
Orchidaceae
ErvE
-
EP**
Miltonia segnelli
Orquídea
Orchidaceae
ErvE
-
EP**
Mimosa scabrella
Bracatinga
Fabaceae
Arv
-
-
Morus nigra
Amoreira-vermelha
Moraceae
Arb
-
-
Myrceugenia cucullata
Guamirim-quebradiço
Myrtaceae
Arv
FOM
-
Myrceugenia glaucescens
Conserva-branca
Myrtaceae
Arv
-
-
Myrcia bombycina
Guamirim-do-campo
Myrtaceae
Arv
FOM/FS
-
Myrcianthes pungens
Guabijú
Myrtaceae
Arv
FED
-
Myrocarpus frondosus
Cabriúva
Fabaceae
Arv
FOM/FS
VU**
Myrsine coriacea
Capororoquinha
Myrsinaceae
Arv
-
-
Myrsine umbellata
Capororocão
Myrsinaceae
Arv
FED
-
Nectandra lanceolata
Canela-amarela
Lauraceae
Arv
FOM/FED
-
Nectandra megapotamica
Canela-preta
Lauraceae
Arv
FOM/FED/FS
-
Ocotea diospyrifolia
Canela-louro
Lauraceae
Arv
-
-
Ocotea odorifera
Sassafrás
Lauraceae
Arv
-
EP*/**
Ocotea porosa
Canela
Lauraceae
Arv
-
VU*/**
Ocotea puberula
Canela-guaicá
Lauraceae
Arv
FOM/FED
-
Ocotea pulchella
Canela-lageana
Lauraceae
Arv
FOM/FED
-
Parapiptadenia rigida
Angico-vermelho
Fabaceae
Arv
FOM/FED/FS
-
Patagonula americana
Guajuvira
Boraginaceae
Avr
FED/FS
-
Peltophorum dubium
Canafístula
Fabaceae
Arv
-
-
Phytolacca dioica
Umbu
Phytolaccaceae
Arv
FED
-
Pilocarpus pennatifolius
Cutia
Rutaceae
Arv
-
-
Podocarpus lambertii
Pinheiro-bravo
Podocarpaceae
Arv
FS
CP**
Podocarpus sellowii
Pinheiro-bravo
Podocarpaceae
Arv
-
CP**
Prunus selowii
Pessegueiro-Bravo
Rosaceae
Arv
-
-
Pteridium aquilinum
Samambaia
Polipodiaceae
ErvT
-
-
Quillaja brasiliensis
Pau-sabão
Rosaceae
Arv
FS
-
Rollinia rugulosa
Araticum-quaresma
Annonaceae
Avr
FOM
-
Ruprechtia laxiflora
Marmeleiro-do-mato
Polygonaceae
Arv
FS
-
Schinus lentiscifolius
Aroeira-cinzenta
Anacardiaceae
Avr
FS
-
Schinus terebinthifolius
Aroeira-vermelha
Anacardiaceae
Avr
FOM
-
Sebastiania brasiliensis
Branquilho-leiteiro
Euphorbiaceae
Arv
FOM/FED/FS
-
Sebastiania
commersoniana
Branquilho-comum
Euphorbiaceae
Arv
FOM/FED/FS
-
151
Espécie
Popular
Família
Hábito
Ocorrência
Situação
Sinningia lineata
Rainha do abismo
Gesneriaceae
ErvR
-
EP**
Sorocea bonplandii
Cincho
Moraceae
Arv
FED
-
Strychnos brasiliensis
Anzol-de-lontra
Loganiaceae
Arv
-
-
Styrax leprosus
Carne-de-vaca
Styracaceae
Arv
FS
-
Symphyopappus sp.
Vassoura
Asteraceae
Arb
-
-
Symplocos uniflora
Sete-sangrias
Symplocaceae
Arv
-
-
Tecoma stans
Caroba-louca
Bignoniaceae
Avr
-
-
Tillandsia geminifolia
Bromélia
Bromeliaceae
ErvE
-
EP**
Tillandsia stricta
Bromélia
Bromeliaceae
ErvE
-
-
Tillandsia tenuifolia
Bromélia
Bromeliaceae
ErvE
-
EP**
Tillandsia usneoides
Bromélia
Bromeliaceae
ErvE
-
EP**
Trichilia catigua
Catiguá-verdadeiro
Meliaceae
Arv
-
-
Trichilia elegans
Catiguá-de-ervilha
Meliaceae
Arv
FOM/FED/FS
-
Trithrinax brasiliensis
Buriti
Arecaceae
Pal
-
EP**
Tarumã
Verbenaceae
Arv
FS
-
Bromélia
Bromeliaceae
ErvE
-
EP**
Vriesea reitzii
Bromélia
Bromeliaceae
ErvE
-
EP**
Vriesea rodigasiana
Bromélia
Bromeliaceae
ErvE
-
EP**
Warmingia eugenii
Orquídea
Orchidaceae
ErvE
-
-
Xylosma ciliatifolium
Espinho-de-agulha
Flacourtiaceae
Arv
-
Zanthoxylum rhoifolium
Mamica-de-cadela
Rutaceae
Arv
FOM/FED
Vitex egapotamica
Vriesea Platynema
-
Hábito = Hábito predominante. Arv (árvore); Arb (arbusto); Arbs (arborescente); ErvT (erva terrícola); ErvE (erva epífita); ErvR
(erva rupícola); Lia (liana – trepadeira lenhosa);
Bam (bambu lenhoso); Pal (palmeira). (1) Depende da variedade.
Ocorrência = ocorrência das espécies lenhosas foi classificada em acordo com dados do Inventário Florestal Contínuo do
Estado do Rio Grande do Sul (SEMA/UFSM, 2001)
em FOM = Floresta Ombrófila Mista FED = Floresta Estacional Decidual e FS = Fisionomia Savânica (Savana, Savana
Estépica e Estepe, segundo IBGE, 2004).
Situação = Categoria de ameaça de acordo com: * Portaria 37N/1992 IBAMA e ** Decreto Estadual do Rio Grande do Sul Nº
42.099/2002 (EP = Em perigo. VU = Vulnerável.
CP= Criticamente em perigo. IC= Imune ao corte segundo Lei Estadual/RS 9.519/1992).
Obs.: Para as espécies lenhosas (árvores, arbustos e lianas), a lista foi elaborada a partir de uma compilação de dados do
IFC/RS (SEMA/UFSM, 2001), ou seja, através de dados quali-quantitativos referentes aos principais taxons inventariados em
cada sub-bacia; para as demais formas de vida (ervas terrícolas, epífitas e rupícolas), a listagem foi elaborada a partir de
fontes qualitativas, empregando-se apenas o registro/ocorrência das principais espécies em cada região, após consulta em
estudos específicos (referidos ao longo da caracterização).
Fonte: Brasil (2006).
No que se refere à quantificação da cobertura vegetal florestal na sub-bacia
do Uruguai alto, a Floresta Estacional Decidual ocupa aproximadamente
213.221,52ha e a Floresta Ombrófila Mista 1.313.248,59ha
152
6.5 FLORESTA OMBRÓFILA MISTA
Os solos, em geral, em Santa Catarina, são oriundos, da decomposição das
rochas do trap (diabásio e meláfiro) e menos freqüentemente de outras formações
geológicas e em geral menos ácidos do que os ocupados pelos campos. (KLEIN,
1984).
A
Floresta
Ombrófila
Mista
(floresta
com
pinheiros),
se
estende,
principalmente, pela parte leste e central do Planalto Meridional Sul-brasileiro, dos
estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, formada por duas floras
que aí se encontram: a tropical Amazônica e a temperada Australásica. Apresenta
estratificação própria, sendo o estrato superior exclusivamente formado pelo
pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), imprimindo assim, à floresta uma
característica peculiar, face ao extraordinário gregarismo, que por vezes se verifica.
(KLEIN, 1984).
A densidade dos pinheiros varia consideravelmente nas diferentes áreas,
chegando por vezes a mais de 200 árvores adultas por hectare, em determinadas
áreas. Sob a copa dos pinheiros se encontra uma cobertura geralmente bastante
densa, formada, principalmente, pelas representantes das Lauráceas dos gêneros
Ocotea, Nectandra e Cryptocarya, além de outras latifoliadas de menor expressão
fitofisionômica e, sobretudo, econômica. (KLEIN, 1984).
O estrato das arvoretas é visivelmente caracterizado pelas Áqüifoliáceas,
predominando muitas vezes: a erva-mate (Ilex paraguariensis). Outras espécies
muito comuns são a caúna (Ilex brevicuspis), a guaçatunga (Casearia decandra), o
vacunzeiro (Allophylus edulis) e o vacunzeiro miúdo (Allophylus guaraniticus).
(KLEIN, 1984).
Nos ambientes ainda preservados é possível observar a imponente araucária
sobre a copagem de outras espécies, onde se destacam principalmente as canelas
(canela-lajeana: Ocotea pulchella, canela-amarela: Nectandra lanceolata, canelaguaicá: Ocotea puberula, canela-fedida: Nectandra grandiflora, canela-fogo:
Cryptocarya aschersoniana) e, em particular, a imbuia (Ocotea porosa), ao lado dos
camboatás (Matayba elaeagnoides), da sapopema (Sloanea lasiocoma), da erva-
153
mate (Ilex paraguariensis), da bracatinga (Mimosa scabrela) e tantas outras
arbóreas, arbustivas e herbáceas típicas do planalto. (KLEIN, 1984).
Durante a elaboração do Plano de Gerenciamento dos programas ambientais
apresentados no Estudo Ambiental Simplificado (EAS), do Loteamento Mores, a ser
implantado na Rua Tancredo de Almeida Neves, 2885 no Bairro São Cristóvão no
município de Concórdia/SC, os técnicos responsáveis identificaram que, o local
apresenta remanescentes de floresta ombrófila mista, confirmando que a região da
nascente do Rio dos Queimados apresenta uma tipologia florestal que difere das
demais áreas da bacia.
6.6 FLORESTA ESTACIONAL DECIDUAL
Os ambientes típicos da área de estudo são freqüentemente marcados por forte
dissecação do relevo, vales encaixados e pendentes íngremes. Esses e outros
gradientes ecológicos permitem o desenvolvimento de uma flora típica e de uma
floresta particularmente interessante pelo seu dinâmico aspecto fitofisionômico. A
dinamicidade é refletida magnificamente no estrato superior da floresta que,
anualmente, no inverno, perde suas folhas, recuperando-as na primavera e
permanecendo verdes durante o verão e o outono. (KLEIN, 1988).
O conceito desta Região Ecológica, é semelhante ao da região da Floresta
Estacional Semidecidual variando apenas a percentagem da decidualidade foliar dos
indivíduos dominantes que passa a ser de 50% ou mais. (KLEIN, 1988).
O agrupamento abrange em Santa Catarina apenas a formação Submontana,
situada ao longo do Rio Uruguai e seus afluentes, entre as altitudes de 200 a 500 m.
(KLEIN, 1988).
No Sul do Brasil se encontram duas áreas principais de Floresta Estacional
Decidual Submontana, a saber: uma na Bacia do Alto Uruguai e outra na Bacia Média
e Inferior do Jacuí. (KLEIN, 1988).
A vegetação original da Floresta Estacional Decidual era representada por
espécies arbóreas de grande porte, atingindo de 30 a 40 metros de altura, dando à
floresta um cunho imponente, sem, contudo formarem uma cobertura superior
154
contínua. Os troncos destas árvores são grossos de fuste longo e sem
esgalhamento, de modo geral mais largo do que o apresentado pelas árvores da
Floresta Atlântica imprimindo assim, um perfil próprio e muito característico. De
composição consideravelmente mais homogênea do que a Floresta Atlântica, seus
agrupamentos
são
caracterizados
fitofisionomicamente
por
um
número
relativamente reduzido de árvores dominantes do estrato superior, que se tornam
responsáveis por largas áreas de aspecto fitofisionômico bastante homogêneo.
Quanto à estrutura podem ser distinguidos, com relativa facilidade, três estratos
arbóreos além de um estrato arbustivo, bem como o herbáceo. Os três estratos
arbóreos são: o estrato das árvores altas ou emergentes do estrato superior (30 – 40
metros de altura); o estrato das árvores (comumente entre 20 – 25 metros de altura)
e estrato das arvoretas (comumente entre 6 – 15 metros de altura). (KLEIN, 1972).
Esta formação florestal é constituída por um número relativamente pequeno
de
espécies
arbóreas,
apresentando
um
aspecto
fitofisionômico
bastante
homogêneo, realçando ainda a acentuada predominância de poucas espécies no
estrato emergente. (PERIN, 2008).
A área da Bacia do Alto Uruguai se caracteriza pela acentuada predominância da
grápia (Apuleia leiocarpa) no estrato emergente; como subdominante observa-se
geralmente a Parapitadenia rigida que, não raro, nas altitudes maiores, (400-600
metros), pode se tornar a dominante. (PERIN, 2008).
Como espécies freqüentes deciduais do estrato emergente, aparecem no Alto
Uruguai:
a
canafístula
(Peltophorum
dubium),
a
timbaúva
(Enterolobium
contortisiliquum), a maria-preta (Diatenopterix sorbifolia) e a cabreúva (Myrocarpus
frondosus), além de outras menos freqüentes. (PERIN, 2008).
No estrato arbóreo contínuo predominam as espécies perenefoliadas e onde as
Lauráceas desempenham papel muito importante. Em toda a Bacia do Alto Uruguai
domina neste estrato a Canelinha (Nectandra megapotamica), apresentando vasta e
expressiva dispersão. Além desta Laurácea, temos ainda as seguintes, que também
são bastante expressivas: a canela-amarela (Nectandra lanceolata), canela-sassafrás
(ocotea odorífera) e a canela (Ocotea acutifolia). (PERIN, 2008).
Neste estrato ocorrem também algumas espécies deciduais, dentre as quais
sobressai pela sua abundância e frequência a guajuvira (Patagonula americana), que,
155
não raro, domina no fundo dos vales e no início das encostas; Cedrela fissilis é outra
espécie bastante característica neste estrato, apresentando bastante regular
distribuição pela floresta, bem como o louro-pardo (Cordia trichotoma), com distribuição
bastante regular e expressiva, por toda a região. (PERIN, 2008).
O
estrato das arvoretas é bastante homogêneo, em virtude do alto gregarismo
das principais espécies constituintes deste estrato. Predominam quase sempre: a
laranjeira-do-mato (Actinostemon concolor), o cincho (Sorocea bonplandii), o catiguá
(Trichilia claussenii) e o chal-chal (Allophylus edulis), formando um estrato muito denso
e característico pelo elevado número de indivíduos componentes. (PERIN, 2008).
A
Floresta
Decidual
apresenta
também
grande
número
de
espécies
perenifoliadas, porém de baixa representatividade fisionômica. Deste grupo fazem
parte o pau-marfim, as canelas, os camboatás, o tanheiro, etc. que, junto com as
espécies arbustivas e herbáceas, dão conteúdo interior à floresta. A maior parte da
área originalmente ocupada com estas formações encontra-se descaracterizada devido
aos desmatamentos efetuados desde o início da colonização do Oeste de Santa
Catarina, todo restante da área encontra-se sob agricultura com culturas cíclicas.
(KLEIN, 1988).
Epe (2006), destaca que no contexto sócioambiental atual, os estados
sulinos, especialmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, possuem uma grande
variabilidade de ecossistemas, abrangendo desde formações pioneiras até áreas
florestais – atualmente fragmentadas e em diferentes estados de conservação sendo que muitos destes ambientes abrigam espécies raras, endêmicas,
ameaçadas ou em processo de extinção.
Com base em MPB/saneamento (2008), elaborou-se a tabela 22, contendo a
área total e a área de mata densa das sub-bacias que se localizam na área urbana e
as da área rural próximas a nascente.
156
Tabela 23- Sub-bacias urbanas do Rio dos Queimados com suas áreas de mata
densa
Sub-bacias do
Queimados
Rio
Edificações
Lotes ou Área de
vegetação mata
rasteira.
densa
Sub-bacia do Lajeado dos 1,33 km²
Tapajós
1 km²
0,2 km²
0,03 Km²
Sub-bacia do Lajeado Tigre 2,08 km²
Velho
1,78 km²
0.10
0,2 km²
Sub-Bacia do Lajeado do 1.44 km²
Sabão
1,24 km²
-
0,2 km²
Sub-bacia do Lajeado do 0,88 km²
Fabrício
0,55 km²
-
0,23 km²
Sub-bacia do Lajeado do 0,61 km²
Parizotto
0,14 km²
0.40
0,07 km²
Sub-bacia do
Exposições
0,12 km²
0,97 km²
0,35 km²
Sub-bacia da Nascente do 8,38 km²
rio dos Queimados
1,3
6,88 km²
1,3 km²
Sub-bacia do Lajeado do 2,27 km²
Abraão
-
2.04
0,23 km²
Sub-bacia do Lajeado do 3,43 km²
Claudino
0,3 km²
2,67 km²
0,26 km²
Sub-bacia do Lajeado do 4,00 km²
Curtume
0,74 km²
2,66 km²
0,6 km².
Sub-bacia do Lajeado da 2,26 km²
Sadia
0,68 km²
-
0,42 km²
Sub-bacia do Lajeado do 2,23 km²
Salvador
0,5 km²
1.26
0,47 Km²
Total de sub-bacias: 09
8.35 km²
17.18 km²
4.36 Km²
Parque
dos Área total
de 1,44 km²
30.35 km²
De acordo com a tabela 22, pode-se perceber que de uma área de 30.35 km²
amostrados, ou seja, 33.64%, apenas 14.16% do território da bacia do Rio dos
Queimados encontram-se coberto com Mata densa (4.36 km²), 27.51% encontramse ocupado com edificações (8.35 km²) e 56.60 % é ocupado por lotes, vegetação
rasteira ou pastagens (17.18 km²). O município de Concórdia possui uma população
urbana de 50.693 habitantes, se dividir-mos a área de remanescentes pela
população urbana tem-se um índice de 86.00 m² de mata por habitante. Um índice
157
(discute-se se este foi estabelecido pela ONU, ou não) sugere 12 metros quadrados
de área verde por habitante para que haja equilíbrio entre a quantidade de oxigênio
e gás carbônico. Se incluirmos todas as atividades antrópicas com combustão
(indústria, tráfego, atividades domésticas) este índice se eleva para 75 metros
quadrados por habitante.
Em trabalho realizado com espécies frutíferas do Parque Estadual Fritz
Plaumann - Concórdia, SC, Kerber et al (2006), foram encontrados 35 espécies,
pertencentes à 20 famílias, grande parte dessas espécies são características e
preferentes de formações secundárias. Das espécies coletadas, somente a uva-doJapão (hovenia dulcis) é exótica. A família que apresentou a maior diversidade foi a
Fabaceae, com 9 espécies, seguida pela Lauraceae com 5 e por Meliaceae,
Moraceae e Rutaceae com 2 espécies cada. Dentre as espécies encontradas estão:
Erva-mate (Ilex paraguariensis), Aroeira vermelha (Schinus terebinthifolia), Uva-doJapão (Hovenia dulcis), Grápia (Apuleia leiocarpa), Ingá-feijão (Inga marginata),
Cabreúva (Myrocarpus frondosus), Corticeira-da-serra (Erythrina falcata), Rabo-debugiu (Lonchocarpus campestris), Pata-de-vaca (Bauhinia forficata), Canafístula
(Peltophorum dubium), Angico-vermelho (Parapiptadenia rígida), Angico-branco
(Albizia polycephala), Cedro (Cedrela fissilis), Canjerana (Cabrelea canjerana),
Coqueiro-gerivá (Syagrus romanzoffiana), Guajuvira (Patagonula americana), Cháde-bugre (Casearia sylvestris), Cincho (Soroceae bonplandii), Figueira (Ficus
enormis), Açoita-cavalo (Luehea divaricata), Mamica-de-cadela (Zanthoxylum
rhoifolium), Jaborandi (Pilocarpus pinnatifolius), Fumo-bravo (Solanum erianthum),
Mamona (Ricinus communis), Pessegueiro-bravo (Prunus sellowii), Capororoca
(Myrsine umbellata), Carapicho-de-carneiro (Arctium minus), Canela-amarela
(Nectandra
lanceolata),
Canela-imbuia
(Ocotea
porosa),
Canela-cheirosa
(Endlicheria paniculata), Canela-sêbo (Ocotea puberula), Canela-sassafráz (Ocotea
pretiosa), Camboatá-branco (Matayba elaeagnoides), Grandiúva (Trema micrantha),
Pente-de-macaco (Pithecoctenium sp.).
6.7 MATA CILIAR
A expressão florestas ciliares envolve todos os tipos de vegetação arbórea
vinculada à beira de rios. Fitoecologicamente, trata-se da vegetação florestal às
158
margens de cursos d´água, independentemente de sua área ou região de ocorrência
e de sua composição florística. Nesse sentido, a abrangência do conceito de matas
ciliares é quase total, para o território brasileiro, pois ocorrem de uma forma ou outra
em todos os domínios morfoclimáticos e fitogeográficos do país. (RODRIGUES et
al., 2004).
As matas ciliares encontram-se inseridas, indistintamente, dentro de das
formações florestais registrados na Bacia Hidrográfica do Rio Uruguai. São
formações situadas ao longo dos cursos de água e no entorno das nascentes
podendo estender-se por dezenas de metros a partir de suas margens e apresentar
variações em sua composição florística e estrutura comunitária de acordo com as
interações que se estabelecem entre o ecossistema aquático e o terrestre adjacente.
(RODRIGUES, 2000),
Estas formações são de fundamental importância na proteção ambiental das
encostas, proporcionando, entre outros parâmetros (VALCARCEL, 1985 apud
JESUS, 1992):
 melhoria das propriedades físico-hidrológicas dos solos no que
se refere a estruturação, infiltração e percolação;
 a regularização do regime hídrico das bacias hidrográficas,
através da perenização dos cursos d'água e das nascentes,
controle de enchentes, recarga do lençol freático e melhor
administração do recurso água nas bacias;
 estabilização e minimização do processo erosivo dos solos e
assoreamento dos rios e represas.
As formações florestais ciliares são incontestavelmente essenciais para a
sobrevivência da fauna regional, representando para ela, local de refúgio, água
(também como local de nidificação, entre outros) e alimento, além de serem fontes
de água potável e também de produção de energia. Principalmente quando
localizadas em áreas agrícolas bastante desenvolvidas, desempenham funções
vitais na qualidade da água dos mananciais, pois absorvem e filtram a água das
chuvas contaminadas com resíduos de fertilizantes e agrotóxicos que escorrem
sobre o solo, evitando a contaminação das nascentes e aumentando o suprimento
de água despoluída aos aqüíferos subterrâneos. (BRASIL, 2006).
159
Existe uma interação funcional permanente entre a vegetação ciliar, os
processos geomórficos e hidrológicos dos corpos d’água e a biota aquática. Ela
decorre, em primeiro lugar, em função do papel desempenhado pelas raízes na
estabilização das margens. A rugosidade destas margens e a queda de galhos e
troncos (resíduos grosseiros) favorecem o processo de retenção de nutrientes por
obstruírem o fluxo d'água, criando zonas de turbulência e zonas de velocidade
diminuída. Este fenômeno auxilia no processo de deposição diferencial de partículas
e sedimentos, favoráveis para alguns organismos aquáticos e para a ictiofauna local.
(FERRAZ, 2001 apud BRASIL, 2006). Um outro aspecto desta interação, resulta da
atenuação da radiação solar proporcionada pela mata ciliar, auxiliando na
manutenção do equilíbrio térmico da água e influenciando positivamente a produção
primária deste ecossistema. (BARBOSA, 2000 apud BRASIL, 2006).
Do ponto de vista ecológico, as matas ciliares têm sido consideradas como
corredores biológicos extremamente importantes para o movimento da fauna ao
longo da paisagem, assim como para a dispersão vegetal, facilitando o fluxo gênico
e a colonização de novos habitats. (PRIMACK e RODRIGUES, 2001). Elas são
responsáveis, desta forma, pela manutenção de uma abundante fauna específica.
Esta função ecológica já é, sem dúvida, razão suficiente para justificar a
necessidade da conservação das zonas ripárias.
Os valores das matas ciliares do ponto de vista do interesse de diferentes
setores de uso da terra são bastante conflitantes: para o pecuarista, representam
obstáculos ao livre acesso do gado à água; para o produtor florestal, representam
sítios bastante produtivos, onde crescem árvores de alto valor comercial; em regiões
de topografia acidentada, proporcionam as únicas alternativas para o traçado de
estradas; para o abastecimento de água ou para a geração de energia, representam
excelentes locais de armazenamento de água visando garantia de suprimento
contínuo. (BREN, 1993).
A destruição da mata ciliar pode, a médio e longo prazo, pela degradação da
zona ripária, diminuir a capacidade de armazenamento de água da microbacia e
consequentemente a vazão diminuir na estação seca. (LIMA & ZAKIA, 2000).
Sob a ótica da hidrologia florestal, considerando a integridade da microbacia
hidrográfica, as matas ciliares ocupam as áreas mais dinâmicas da paisagem, tanto
em termos hidrológicos, como ecológicos e geomorfológicos. Estas áreas têm sido
160
chamadas de Zonas Ripárias. Tal zona está intimamente ligada ao curso d´água,
porém não é facilmente demarcada, pois, em tese os limites laterais estendem-se
até o alcance das planícies de inundação, mas como processos físicos moldam
frequentemente os leitos dos cursos d´água, que vão desde intervalos de
recorrência curtos de cheias anuais, até fenômenos de enchentes intensas, impõemse a necessidade de considerar um padrão temporal de variação da zona ripária.
(BREN, 1993).
Do ponto de vista ecológico, as zonas ripárias são consideradas corredores
extremamente importantes para o movimento da fauna ao longo da paisagem, bem
como para a dispersão vegetal. Além das espécies tipicamente ripárias, nelas
ocorrem também espécies típicas de terra firme, desta forma são também
consideradas como fontes importantes de sementes para o processo de
regeneração natural. (RODRIGUES, et al. 2004).
No Brasil o Código Florestal (Lei n° 4.777/65) inclui as matas ciliares na
categoria de áreas de preservação permanente. Assim, toda a vegetação natural
(arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e
de reservatórios deve ser preservada. (IBAMA, 2008).
Entre os ecossistemas terrestres representativos da bacia hidrográfica situase o Parque Estadual Fritz Plaumann, originalmente recoberto pela Floresta
Estacional Decidual e onde ocorrem cerca de 400 espécies nativas, dentre as quais
21 características de matas ciliares, 124 de bordas das matas e 255 de seu interior.
Quanto ao hábito, estima-se que, cerca delas 80% sejam lenhosas, destacando-se
arbustos, árvores e espécies trepadeiras. Nas encostas mais íngremes existentes ao
longo da calha do Rio Pelotas e do Rio Uruguai, observam-se também, formações
melhor preservadas desta tipologia florestal.
Para o mapeamento da classe “Mata Ciliar”, seria necessário delimitar a faixa
existente em cada corpo de água (zona ciliar) e, posteriormente, a região ocupada
pela vegetação florestal dentro dela. Assim, são imprescindíveis a definição do
tamanho da planície de inundação do corpo hídrico e de sua interação com as
diferentes tipologias registradas na região ciliar, uma vez que foram identificados,
segundo a literatura especializada (RODRIGUES e LEITÃO-FILHO, 2000),
“diferentes níveis hierárquicos na classificação destas formações, definindo
subformações ou sub-tipos deste tipo vegetacional”, conforme segue:
161
 formação ribeirinha com influência fluvial permanente;
 formação ribeirinha com influência fluvial sazonal e
 formação ribeirinha sem influência fluvial.
Nesta abordagem, existe a necessidade de um extenso e detalhado esforço
de amostragem em todos os cursos de água da bacia, com o objetivo de identificar,
em cada um deles, quais as sub-formações de mata ciliar registrados, e qual o seu
limite. Esta classificação demandaria um esforço de campo ao longo do tempo, com
características similares a estudos de monitoramento (não compatível com os
objetivos e métodos do presente trabalho), envolvendo investigações sazonais com
equipe multidisciplinar (avaliação do recurso hídrico e da flora característica destas
tipologias), não sendo abrangente o mapeamento da classe “Mata Ciliar” de outra
forma.
Quanto à delimitação da faixa ciliar a partir da Área de Preservação
Permanente (APP), esta é uma definição legal que procura manter a cobertura
vegetal mínima, necessária para a proteção do recurso hídrico, e que, sob esta
abordagem, em alguns corpos de água, pode também não incluir todas subformações de mata ciliar existentes.
Tratando-se da mata ciliar do Rio dos Queimados praticamente não existem
publicações sobre as espécies características, utilizou-se, então, dois trabalhos que
foram feitos no Rio Jacutinga, levando em consideração que estão dentro da mesma
Ecorregião.
Um dos trabalhos refere-se a um estudo fitossociológico de um fragmento da
mata ciliar do Rio Jacutinga, localizado na comunidade de Lajeado Crescêncio,
Concórdia – Santa Catarina, região de floresta estacional decidual (coordenadas 27°
13´50´´ S e 52º 01´ 00´´ W a uma altitude aproximada de 740 metros), o qual teve o
intuito de descrever a estrutura dos componentes arbóreos. Demarcou-se 30
parcelas de 5x5, distribuídas em 10 transectos, ocupando uma área de 750 m2, onde
foram identificados e medidos todos os indivíduos com perímetro a altura do peito,
PAP≥15cm (1,3 m do solo). Foram amostrados 116 indivíduos distribuídos em 22
espécies, 14 famílias e 19 gêneros (tabela 23). As famílias com maior riqueza foram
as Myrtaceae, Fabaceae, Lauraceae e Boraginaceae. Das espécies com maior
Índice de Valor de Importância (IVI) destacaram-se Myrocapus frondosus (cabriúva)
162
com 14,78%, a Patagonula americana (guajuvira) com 13,96%, o Casearia sylvestris
(chá-de-bugre) com 13,87% e a Rollinia sylvatica (araticum) com 10,66%.
(SCHIAVINI, 2004). De acordo com Klein (1972) e Rambo (1980) a riqueza
encontrada nas matas estacionais das bacias dos Rios Paraná e Uruguai, variam de
130 a 140 espécies.
Tabela 24- Espécies amostradas em um fragmento da mata ciliar do Rio
Jacutinga em Concórdia – SC.
Nome Científico
Nome Comum Família
Nº de indívidos
Myrocarpus frondosus
Cabreúva
Fabaceae
17
Casearia sylvestris
Chá-de-bugre
Flacourtiaceae
16
Patagonula americana
Guajuvira
Boraginaceae
16
Rollinia sylvatica
Araticum
Annonaceae
12
Ocotea puberula
Canela-guaicá
Lauraceae
10
Parapiptadenia rigida
Angicovermelho
Fabaceae
8
Rapanea guianensis
Capororoca
Myrsinaceae
8
Psidium guajava
Goiaba
Myrtaceae
6
Sebastiania commersoniana
Branquilho
Euphorbiaceae
4
Campomanesia
guazumaefolia
Sete-capote
Myrtaceae
2
Campomanesia xanhtocarpa
Guabirova
Myrtaceae
2
Cordia trichotoma
Louro
Boraginaceae
2
Ficus luschnatiana
Figueira
Moraceae
2
Ocotea velutina
Canela
amarela
– Lauraceae
2
Zanthoxylum rhoifolium
Mamica-decadela
Rutaceae
2
Apuleia leiocarpa
Grápia
Fabaceae
1
Cabralea canjerana
Canjerana
Meliaceae
1
163
Nome Científico
Nome Comum Família
Nº de indívidos
Campomanesia neriiflora
Guabirova
branca
Cupania vernalis
Camboatávermelho
Sapindaceae
1
Eugenia involucrata
Cerejeira
Myrtaceae
1
Luechea divaricata
Açoita-cavalo
Tiliaceae
1
Peschiera fuchsiaefolia
Leiteiro
Apocynaceae
1
Total:
22
14
– Myrtaceae
1
116
6.8 CONSIDERAÇÕES
A recuperação das faixas ciliares é muito importante, onde animais poderão
estar transitando em busca de alimentos e reprodução, podendo assim aumentar a
diversidade de espécies.
Torna-se necessário concentrar esforços para promover ações, objetivando a
conservação e a recuperação nos trechos que são considerados conexão entre os
fragmentos florestais dos ecossistemas locais.
A área de estudo encontra-se inserida no bioma da Mata Atlântica. Em alguns
dos pontos da bacia têm-se altitudes de aproximadamente 800 metros, evidenciando
um ambiente de transição entre duas fisionomias florestais: Floresta Ombrófila Mista
e Floresta Estacional Decidual.
A área da ecorregião do Uruguai Alto, originalmente era ocupada, em sua
maior parte, pela Floresta Ombrófila Mista, seguida pela Floresta Estacional
Decidual. O domínio da Floresta Ombrófila desce aos 500/600 metros de altitude.
A sub-bacia apresenta duas tipologias florestais: floresta ombrófila mista na
região da nascente do Rio dos Queimados e floresta estacional decidual, na maior
parte da bacia.
164
A Floresta Ombrofila Mista conta com a presença de espécies tipicas da flora
em perigo de extinção: pinheiro-brasileiro (Araucaria angustifolia), xaxim (Dicksonia
sellowiana).
A Floresta Estacional Decidual encontra-se no estado de Santa Catarina
apenas a formação Submontana, a qual situa-se ao longo do Rio Uruguai seus
afluentes, entre as altitudes de 200 a 500 m.
Entre os ecossistemas terrestres representativos da bacia hidrográfica situase o Parque Estadual Fritz Plaumann, originalmente recoberto pela Floresta
Estacional Decidual.
Se analisado as áreas de mata densa nas sub-bacias do Rio dos Queimados
nota-se que as maiores remanescentes estão na Nascente, Lajeados do Curtume,
Lajeado Salvador, Lajeado da Sadia e Lajeado do Parque de Exposição. O
município de Concórdia tem um índice de 86.00 m² de mata por habitante.
Existe a necessidade de um extenso e detalhado esforço de amostragem em
todos os cursos de água da bacia, com o objetivo de identificar, em cada um deles,
quais as sub-formações de mata ciliar registrados, e qual o seu limite.
Destaca-se o Programa de Revitalização, Renaturalização e Preservação do
Rio dos Queimados, iniciativa pioneira da OSCIP “Queimados Vivos” na
recuperação da faixa ciliar.
165
CAPÍTULO VII
CARACTERIZAÇÃO DO USO DO SOLO
7.1 INTRODUÇÃO
Os estudos dos fenômenos naturais, de forma não integrada é em geral uma
prática comum, vista com a pressuposição de que conhecendo as partes de um
sistema pode-se conhecer suficientemente o todo. Porém para conservar a
natureza, particularmente o solo e a água, faz-se necessário o envolvimento
coordenado e integrado de todos, o que faz com que a bacia de drenagem
corresponda a unidade fundamental de trabalho na conservação do solo e do meio
ambiente, já que permite o detalhamento progressivo de estudo sem a perda do
sentido de conjunto. (ALVES, 2005).
Assim, este capítulo terá como objetivo proceder à caracterização ambiental
da área sob o ponto de vista do uso e ocupação do solo e cobertura vegetal, bem
como, as áreas de preservação permanente, apresentando o histórico e as
legislações pertinentes com o objetivo de entender a atual situação das áreas
ocupadas pelas diversas atividades humanas.
A caracterização da região da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, no
que se refere aos aspectos de uso e ocupação do solo, cobertura vegetal e as áreas
de preservação permanente será centrada em uma abordagem descritiva dos dados
disponíveis.
Este trabalho pretende produzir subsídios para compreender a interferência
humana na dinâmica do ciclo hidrológico da bacia hidrográfica do Rio dos
Queimados.
166
7.2 HISTÓRICO DA COLONIZAÇÃO DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO DOS QUEIMADOS
Para a melhor compreensão dos atuais problemas sociais e ambientais que
assolam a sociedade contemporânea é necessário recorrer a história para entender
as diferentes relações estabelecidas pelo homem com a natureza. (MARCHESAN,
2003).
O povoamento do Oeste Catarinense, teve início, tempos antes do processo
de colonização, pois estas terras eram habitadas por índios e caboclos. Estes
sucederam as populações indígenas, e procederam os colonizadores imigrantes,
tendo como principal cultura a extração de erva-mate. Portanto, a colonização
efetivou-se como uma nova forma de ocupação das terras. (MARCHESAN, 2003).
Esta colonização passou a ser intensificada após a Guerra do Contestado,
especialmente nos anos de 1920 e 1930. Nesta época os governos estadual e
federal estimulavam a venda de pequenas propriedades rurais aos colonos gaúchos.
Estes colonos, principalmente descendentes de alemães e italianos foram
atraídos pela propaganda de Companhias colonizadoras, iniciando a ocupação
definitiva do solo do Oeste catarinense baseado na extração da madeira,
estabelecendo a base da economia do atual processo agro-industrial que se alicerça
na suinocultura e na avicultura. (ROSSETTO, 1989 apud MARCHESAN, 2003).
Uma das grandes motivações ao processo de colonização em pequenas
propriedades e com produção familiar de excedentes agrícolas foi quanto a
disponibilidade de recursos naturais da região. A mata nativa, associada a boa
fertilidade do solo, propiciaram aos imigrantes uma forte base de produção de meios
para viabilização do modelo. (TESTA et al 1996).
No início da demarcação das terras havia poucos moradores, que habitam a
região dos “Queimados”, atual município de Concórdia. As instalações eram ranchos
de tábuas rústicas, construídas com precariedade pelos caboclos.
Até meados de 1923, este município era denominado de “Queimados”.
Passou a ser chamado de "Concórdia", por ter sido “assinado” o acordo de paz para
o final da Guerra do Contestado nestas terras.
167
No dia 12 de julho de 1934, o Coronel Aristiliano Ramos, interventor Federal
do Estado, assinou o Decreto nº 635, criando o Município de Concórdia, instalado
solenemente no dia 29 de julho de 1934, com a presença do Dr. Plácido Olímpio de
Oliveira, Secretário do Interior e Justiça. (CONCÓRDIA, 2008).
Figura 34Festa de
emancipa
ção
de
Concórdia
Fonte:
Concórdia
(2008)
7.3 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO TERRITORIAL E PRINCIPAIS ATIVIDADES
ECONÔMICAS
O processo de colonização da região se baseou no padrão de lotes coloniais
dispostos de forma a facilitar as comunicações e a circulação, seguindo as
condições topográficas do terreno. A área da maior parte deles era de 10 ou 12
alqueires.
Os loteamentos rurais tinham como limite as estradas. Baseados em
pequenos lotes, tais loteamentos geraram uma seqüência de edificações que deram
origem às futuras aglomerações urbanas, consolidadas a partir da igreja, da venda e
da escola rural, consolidando o chamado “núcleo da linha” (SOCIOAMBIENTAL,
2005).
Na figura 35 apresenta-se a forma de ocupação das áreas de onde hoje
encontra-se o centro da cidade de Concórdia, em meados de 1940.
168
Figura
Concórdia
meados
1940
35em
de
Fonte:
Concórdia
(2008)
A paisagem atual da região foi principalmente influenciada por dois grandes
ciclos econômicos, a exploração da madeira e expansão agropecuária. O primeiro
teve início na ocupação do território, envolvendo o corte de árvores de valor
econômico significativo. Parte destas seguiam através de balsas durante as cheias
do Rio Uruguai com destino a Argentina. O resultado desta exploração foi a
descaracterização de boa parte da Floresta Estacional Decidual (SANTA
CATARINA, 2007).
Na figura 36 apresenta-se a exploração de madeira no Comércio do Sr. João
Carlos Krombauer em Presidente Kenedy interior de Concórdia no ano de 1931.
Figura
36Exploração
da Madeira
Fonte:
Buchele
(1999).
169
O ciclo madeireiro foi sendo substituído gradualmente pela expansão
agropecuária, em virtude da elevada qualidade e fertilidade destes solos. Criação de
animais e cultivos agrícolas, com destaque para o cultivo de erva-mate foram base
para a ocupação mais consistente da região, abrindo novas fronteiras sobre as
áreas de floresta. (SOCIOAMBIENTAL, 2005).
A expansão agropecuária foi consolidada em período mais recente,
principalmente pelo estabelecimento de agroindústrias para o beneficiamento de
grãos e abate de aves e suínos, além da introdução de novas tecnologias de uso de
insumos químicos.
Em meio às grandes transformações mundiais e ao avanço industrial
brasileiro que marcaram a década de 40, a região de Concórdia também
atravessava por mudanças em seu perfil.
Se nas décadas anteriores a região era vista como área de difícil acesso e
desprovida de desenvolvimento social ou econômico, nos anos 40 começa a se
tornar importante centro produtor, o que posicionavam o município de Concórdia
entre os 10 mais prósperos do Estado.
Foi neste cenário de desenvolvimento, trabalho árduo e visão do potencial
econômico e social que surge a empresa Sadia. Fundada por Attilio Francisco Xavier
Fontana em 7 de junho de 1944, a partir da aquisição de um frigorífico em
dificuldades, a S. A. Indústria e Comércio Concórdia é batizada por seu fundador,
pouco tempo depois, como Sadia. O nome foi composto a partir das iniciais SA de
"Sociedade Anônima" e das três últimas letras da palavra "Concórdia", DIA, e virou
marca registrada em 1947. (CONCÓRDIA, 2008).
A paisagem atual da região é composta por lavouras, benfeitorias, áreas de
criação de animais e florestas em diferentes estágios de regeneração, baseado na
pequena propriedade familiar, compondo a paisagem atual em forma de mosaico.
(SANTA CATARINA, 2007).
Para D’Angelis (1995) o modelo colonizador agrícola juntamente com os
processos de ocupação do solo na região foram apenas de interesse econômico não
havendo respeito humano que valesse a pena ser considerado, desta forma o Oeste
Catarinense foi devastado tanto física como culturalmente.
170
7.4 ATUAL OCUPAÇÃO DO SOLO NA ÁREA URBANA E RURAL NA REGIÃO DA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS
Historicamente a cidade de Concórdia desenvolveu-se sobre terrenos
ondulados, às margens do Rio dos Queimados e nas encostas e patamares dos
morros sem ter de fato uma ocupação do solo de forma organizada, prevista em lei
através de critérios técnicos.
No ano de 2001 através da Lei Complementar nº 185, foi criado com
fundamento na Constituição da República, em especial no que estabelecem os arts.
30 e 182 e na Lei Orgânica do Município de Concórdia, o Plano Diretor Físico Territorial Urbano - PDFTU da cidade de Concórdia.
O PDFTU, nos exatos termos das leis que o compõem, aplica-se à área
urbana do Município de Concórdia, delimitada pelo perímetro urbano e a zona rural
de utilização controlada – ZRUC.
Desta forma, a partir da data mencionada todas as políticas, diretrizes, planos
e projetos de ocupação do solo passaram a atender o que está estabelecido nesta
lei.
Alguns objetivos do PDFTU merecem destaque:
 estabelecer critérios de ocupação e utilização do solo urbano,
tendo em vista o cumprimento da função social da propriedade;
 orientar o crescimento da cidade visando minimizar os impactos
das cheias;
 definir zonas, adotando-se como critério básico seu grau de
urbanização atual, com a finalidade de reduzir as disparidades
entre os diversos setores da cidade;
 prever e controlar densidades demográficas e de ocupação de
solo urbano, como medida para gestão do bem público, da
oferta de serviços públicos e da conservação do meio ambiente;
 compatibilizar usos e atividades diferentes.
171
Segundo os dados da Prefeitura Municipal de Concórdia, as áreas do
município correspondem a 797,26 km². Atualmente destes, 771,86 km² situam-se em
áreas rurais e 25,40 km² em áreas urbanas. (CONCÓRDIA, 2008).
O município de Concórdia conta com uma população total de 67.249
habitantes. Desta População, 16.556 habitantes residem na zona rural e 50.693
habitantes na área urbana, com um crescimento médio anual de 2,91%.
(IBGE/2008).
A densidade demográfica do município de Concórdia é apresentada na tabela
24, com os cálculos iniciados em 1970 até 2007.
Tabela 25- Densidade Demográfica
Densidade Demográfica (habitantes/Km²)
1970
1980
1991
1996
2001
2002
2003
2007
38,01
49,69
64,34
63,96
78,1
79,09
80,47
84,35
Fonte: Concórdia (2008)
A região tem grande aptidão a produção de alimentos, olerícolas, frutícolas,
avicultura, suinocultura e a bovinocultura de corte e leite. Tem propensão para a
produção de madeiras, de essências nativas e reflorestadas. Alem destas, possui
duas grandes vocações industriais, sendo uma delas a perfeita fusão da atividade
agropecuária com a indústria de transformação, no exemplar sistema de integração
agroindustrial. A outra engloba o setor de floresta, madeireiro e seus derivados:
papel e papelão, mobiliário e produtos afins. Está em expansão, por sua vez, a
indústria metal-mecânica, metalúrgica e os setores de cereais, hortigranjeiros e de
frutas de clima temperado. (MPB/ SANEAMENTO, 2008).
7.4.1 Solos Urbanos
Aproximadamente 75% da população do município de Concórdia reside na
área urbana do município. Conforme visto anteriormente o Plano Diretor Físico 172
Territorial Urbano implantado em 2001 entre outras atribuições passou a orientar a
ocupação do solo urbano.
Na figura 37 apresenta-se o mapa da bacia hidrográfica do Rio dos
Queimados, com áreas destacadas conforme a legenda.
Conforme pode ser visto na figura 37, a área destacada ilustra a área urbana
da cidade de Concórdia, que correspondente a aproximados 24% ou 22,0 km² do
total da bacia.
Dos 25,40 km² de área urbana do município, 3,4 km² ou 13,4% estão situados
fora dos limites físicos da bacia.
Existem cadastrados 20.252 domicílios no município de Concórdia, destes
14.974 ou 74% do total são domicílios urbanos, sendo que a maior parte encontra-se
nas áreas inseridas na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, fato atribuído
principalmente a maior concentração de imóveis na área central urbana. (IBGE,
2008).
Quanto à produção de resíduos sólidos na cidade de Concórdia, segundo
dados da FUMDEMA – Fundação Municipal de Defesa do Meio Ambiente, através
de Concessão de área junto ao Aterro Sanitário acontece a triagem de materiais
recicláveis encontrados na coleta convencional dos resíduos domiciliares urbanos.
Em 2006 foram triados 741,64 toneladas.
173
Área do Perímetro Urbano
inserido na Bacia Hidrográfica
do Rio dos Queimados
N
N
O
NE
O
E
SO
SE
S
Perímetro da Bacia Hidrográfica
do Rio dos Queimados
Cursos d'água da Bacia
Hidrográfica do Rio dos
Queimados
Perímetro Urbano da Cidade de
Concórdia
Figura 37 - Perímetro Urbano da Bacia
Fonte: Autor
174
7.4.2 Solos Rurais
Do total de domicílios cadastrados no município de Concórdia 26% situam-se
na zona rural, correspondendo a 5.278 imóveis. (IBGE, 2008).
Concórdia tem sua principal característica a estrutura rural, formada
basicamente por minifúndios, constituídos pelas atividades econômicas da
suinocultura, avicultura, pecuária de leite, culturas agrícolas e indústria alimentícia.
Destaca-se ainda como um dos municípios de maior produção de milho de Santa
Catarina. (CONCÓRDIA, 2008).
Na tabela subseqüente apresenta-se os principais produtos cultivados no
município de Concórdia nas lavouras temporárias.
Tabela 26- Produtos das Lavouras temporárias
Principais Produtos das Lavouras Temporárias do Município de Concórdia 2006
Área Plantada Área Colhida Produção
Produto
Média (kg/ha)
(ha)
(ha)
(t)
Feijão safra
270
270
324
1200
Fumo
200
200
360
1800
Milho
12500
12500
60000
4800
Soja
370
370
777
2100
Arroz
200
200
400
2000
Alho
3
3
18
6000
Batata doce
330
330
3960
12000
Batata
80
80
800
10000
Inglesa
Cebola
15
15
120
8000
Melancia
50
50
1600
32200
Tomate
5
5
200
40000
Abacaxi
4
4
40
10000
Cana de
300
300
12000
40000
açúcar
Mandioca
440
220
3432
15600
Banana
10
10
200
20000
Caqui
10
10
100
10000
Pêssego
30
30
135
4500
Uva
82
72
720
10000
Fonte: Concórdia (2008).
175
Já a tabela 26 expressa os produtos cultivados no município em lavouras
permanentes.
Tabela 27- Produtos das Lavouras Permanentes
Principais Produtos das Lavouras Permanentes do Município de Concórdia 2006
Área Colhida Produção
Média
Produto
Área Plantada (ha)
(ha)
(t)
(kg/ha)
Erva-Mate
(folha
verde)
4659
4572
27.954
6.114
Laranja
350
300
6000
20.000
Fonte: Concórdia (2008).
Os números acima dão conta das culturas de lavouras temporárias e
permanentes, abrangendo de forma total o município e não apenas a área da bacia
hidrográfica do Rio dos Queimados.
Devido à característica topográfica da região, a utilização de máquinas e
equipamentos para a prática de culturas agrícolas é prejudicada, exigindo o esforço
braçal do produtor. Comumente são adicionados às áreas destinadas ao cultivo,
dejetos animais com o objetivo de proporcionar ao solo e consequentemente à
planta, maior quantidade de nutrientes.
O uso atual do solo mostra que 28% da área total do município é ocupada por
culturas anuais. Atualmente observa-se que ainda muitos agricultores possuem seus
potreiros em áreas próprias para a exploração de culturas perenes, e suas lavouras
são plantadas em áreas planas. A forma como se desenvolveu a agricultura no
município, ao longo da ocupação dos espaços rurais proporcionou um descaso com
os recursos naturais, resultando em uma situação preocupante. (CONCÓRDIA,
2008).
Com relação a pecuária destaca-se a criação de suínos, aves e gado de leite.
O desenvolvimento da avicultura é responsável pelo município ser o maior produtor
de frangos no Brasil.
176
Na tabela 27 pode-se observar as principais atividades pecuárias no
município.
Tabela 28- Rebanhos no município de Concórdia
Rebanho Cabeças - 2006
Bovinos Suínos Equinos Coelhos Ovinos Galinhas
60.457 513.700
472
652
3.147
17.580
Galos, frangos
e pintos
5.185.200
Codornas
2380
Fonte: Concórdia, (2008).
Na tabela 28, destaca-se os principais produtos de origem animal.
Tabela 29- Produtos de origem animal
Principais Produtos de Origem Animal - 2006
Leite
(mil
litros)
42.393
Ovos galinha
(mil dúzias)
25.324
Ovos de
codorna
(mil dúzias)
116
Mel de
abelha (kg)
Lã
(kg)
Peixe
(kg)
121.372
1.742
143.230
Fonte: Concórdia (2008).
Entre as atividades vistas anteriormente, as agroindústrias ocupam papel
fundamental no beneficiamento dos produtos cultivados. Algumas ainda compõem
uma modalidade de integração, tornando o produtor parte do sistema. É desta forma
que algumas empresas, com destaque a SADIA S/A, pois situa-se nas áreas da
bacia do estudo, disponibilizou os números relativos aos integrados e a quantidade
de animais alojados.
177
Tabela 30- Produtos e Produtores
Quantidade de Integrados por Comunidade e número de animais alojados
Comunidade
Linha São
José
Lajeado
Quintino
Linha
Schiavini
Linha
Guarani
Linha Sede
Brum
Linha Santa
Catarina
Total
Parceria
Terminação
Produção Leitões
Frango Corte
Integrados
Nº
Aves
Integrados
Nº
Fêmeas
Integrados
Nº Aves
1
1100
1
150
6
108300
1
630
-
-
1
12500
1
600
-
-
0
0
3
960
-
-
5
76900
2
1160
2
185
3
40500
1
9
700
5150
3
335
2
17
33210
271410
Fonte: Sadia S/A (2008)
Na bacia hidrográfica do Rio dos Queimados existem atualmente nove
integrados, divididos em seis comunidade rurais do interior de Concórdia que
produzem suínos e/ou aves para a empresa citada acima.
Existem outros dados, que apontam para o número total de suínos na
comunidade de Sede Brum em 19.554 no período de 1 (um) ano. O volume
estimado de produção de dejetos é de 4.045 m³/6 meses, existindo uma defasagem
em relação a capacidade de armazenamento (esterqueiras) em 846 m³, podendo
haver
em
determinadas
épocas
o
descarte
destes
dejetos
para
o
rio.
(SOCIOAMBIENTAL, 2005).
Apesar de haver em torno de 80% do volume de dejetos atendidos pelas
esterqueiras este número caí bastante quanto ao manejo dado aos mesmos, uma
vez que grande parte destes resíduos acabam sendo carreados, quando de chuvas
intensas, para os cursos d’água.
178
De maneira geral a comunidade de Sede Brum possui a maior quantidade de
suínos da cidade de Concórdia (juntamente com a Linha Guarani), com drenagem
para o Rio dos Queimados. (SOCIOAMBIENTAL, 2005).
Atualmente 25% da população concordiense reside no interior do município,
nas 100 comunidades existentes. Na tabela 30 são apresentadas as nove
comunidades rurais envolvidas, total ou parcialmente na bacia hidrográfica do Rio
dos Queimados, com a parcela da população feminina e masculina em cada local.
Tabela 31- População nas comunidades da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados
Comunidade
Linha Sede Brum
Linha Shiavini
Linha Guarani
Linha 29 de Julho
Linha Presidente Kennedy
Linha Santa Catarina
Lajeado Quintino
Linha Laudelino
Linha São José
Total
População
Feminina
142
22
76
5
385
68
43
32
66
839
População
Masculina
135
16
70
8
420
59
42
31
65
846
Total
277
38
146
13
805
127
85
63
131
1685
Fonte: Concórdia,(2008).
A tabela acima mostra que, 1685 pessoas residem atualmente nas
comunidades rurais localizadas na bacia do estudo, representando pouco mais de
2,5% da população do município. Se calculado este percentual apenas para a
população rural do município esta porcentagem sobre para 10,2%.
7.5 COBERTURA VEGETAL E ÁREAS DE PRESERVAÇÃO LEGAL
7.5.1 Um Breve Histórico Sobre As Matas
Segundo Dean (1997) apud Marchesan (2003), quando os portugueses
aportaram em território brasileiro, em 22 de abril de 1500, um de seus primeiros atos
179
e que se tornou histórico, foi o de derrubar uma árvore e de seu tronco fazer uma
cruz que, para eles, representava o símbolo da salvação da humanidade.
Na perspectiva colonizadora, desmatar um território, cultivá-lo, significa
“humanizá-lo”, ou seja, afirmar a supremacia de uma certa civilização sobre os
elementos naturais. Assim, esta concepção justifica a profunda interação do
processo de humanização, que se deu através de uma relação de exploração dos
recursos naturais, entre eles, as matas, primeiramente, como condição de existência
e sobrevivência e posteriormente, no decorrer do processo do modelo capitalista,
como condição para a acumulação econômica. (MARCHESAN, 2003).
A compra de terras no oeste Catarinense, pelos imigrantes, obedecia,
principalmente, a observação de um critério fundamental: a cobertura vegetal. Este
indicador era um pressuposto relevante, pois revelava a garantia de fertilidade do
solo. Onde havia florestas, os solos, seguramente, seriam humosos, férteis e de boa
qualidade para a produção agrícola. (MARCHESAN, 2003).
A área de estudo que no passado era a Colônia Rio Uruguai, também
conhecida como Colônia do Rio do Engano e Colônia Concórdia. “Uma cobertura
vegetal, própria, foi percebida como fonte de uma riqueza significativa, geralmente,
exploradas pelas próprias empresas colonizadoras ou por empresas madeireiras.
Muitas das espécies têm valores medicinais, especialmente nas áreas próximas aos
rios”. Para poder instalar-se numa determinada área, e estabelecer a propriedade,
era preciso devastar a vegetação, “abrindo clareiras” nas espessas matas nativas,
compostas em sua maioria por madeiras de lei, como o angico, o cedro, a canela, a
imbuia, o pinheiro e outros. (WOLOSZYN, 2006 apud MARCHESAN, 2003).
Marchesan (2003), em sua pesquisa relata que os imigrantes e seus
descendentes, os primeiros moradores da região enfrentaram muitas dificuldades
para
desbravar
as
matas
e
fazer
suas
roças.
Com
uma
geografia
predominantemente composta de vales e montanhas, as dificuldades encontradas
eram imensas.
180
7.5.2 Vegetação Primária e Secundária nos Estágios Inicial, Médio e Avançado
de Regeneração
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, no uso das
atribuições que lhe são conferidas pela Lei no. 6.938, de 31 de agosto de 1981,
alterada pela Lei no. 8.028, de 12 de abril de 1990, regulamentadas pelo Decreto no.
99.274, de 06 de junho de 1990, e Lei no. 8.746, de 09 de dezembro de 1993,
considerando o disposto na Lei no. 8.490, de 19 de novembro de 1992, e tendo em
vista o disposto em seu Regimento Interno, e considerando a necessidade de se
definir vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de
regeneração da Mata Atlântica em cumprimento ao disposto no artigo 6o. do Decreto
750, de 10 de fevereiro de 1993, na Resolucão/conama/no. 10, de 01 de outubro de
1993, e a fim de orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais
no Estado de Santa Catarina, resolve:
 Art. 1º Vegetação primária é aquela de máxima expressão local, com
grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas
mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características
originais de estrutura e de espécies, onde são observadas área basal
média superior a 20,00 metros quadrados por hectare, DAP médio superior
a 25 centímetros e altura total média superior a 20 metros.
 Art. 2º Vegetação secundária ou em regeneração é aquela resultante dos
processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da
vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo
ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária.
 Art. 3º Os estágios em regeneração da vegetação secundária a que se
refere o artigo 6o. do Decreto 750/93, passam a ser assim definidos:
7.5.2.1 Estágio inicial de regeneração
 nesse estágio a área basal média é de até 8 metros quadrados
por hectare;
 fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo; altura total média
até 4 metros, com cobertura vegetal variando de fechada a
aberta;
181
 espécies lenhosas com distribuição diamétrica de pequena
amplitude: DAP médio até 8 centímetros e 4 metros de altura.
 epífitas, se existentes, são representadas principalmente por
líquens, briófitas e pteridófitas, com baixa diversidade;
 trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas;
 serapilheira, quando existente, forma uma camada fina pouco
decomposta, contínua ou não;
 diversidade biológica variável com poucas espécies arbóreas ou
arborescentes, podendo apresentar plântulas de espécies
características de outros estágios;
 espécies pioneiras abundantes;
 ausência de subosque;
 espécies indicadoras:
1. Floresta Ombrófila Mista: Pteridium aquilium (Samambaiadas
Taperas),
Melines
minutiflora
(Capim-gordura),
Andropogon bicornis (Capim-andaime ou Capim-rabo-deburro), Biden pilosa (Picão-preto), Solidago microglossa
(Vara-de-foguete),
Baccharis
Baccharis
dracunculifolia
elaeagnoides
(Vassoura),
(Vassoura-braba),
Senecio
brasiliensis (Flor-das-almas), Cortadelia sellowiana (Capimnavalha ou macegão), Solnum erianthum (fumo-bravo).
2.
Floresta
Estacional
Decidual:
(Samambaia-das-taperas),
Melinis
Pteridium
aquilium
minutiflora
(Capim-
gordura), Andropogon bicornis (Capim-andaime ou Capimrabo-de-burro),
Baccharis
Solidago
microglossa
elaeagnoides
(Vara-de-foguete),
(Vassoura),
Baccharis
dracunculifolia (Vassoura-braba), Senecio brasiliensis (Flôrdas-almas),
Cortadelia
sellowiana
(Capim-navalha
ou
macegão), Solanum erianthum (Fumo-bravo).
182
7.5.2.2 Estágio médio de regeneração
 nesse estágio a área basal média é de até 15,00 metros
quadrados por hectare;
 fisionomia arbórea e arbustiva predominando sobre a herbácea
podendo constituir estratos diferenciados; altura total média de
até 12 metros;
 cobertura arbórea variando de aberta a fechada, com ocorrência
eventual de indivíduos emergentes;
 distribuição diamétrica apresentando amplitude moderada, com
predomínio dos pequenos diâmetros: DAP médio de até 15
centímetros;
 epífitas aparecendo com maior número de indivíduos e espécies
em relação ao estágio inicial, sendo mais abundantes na floresta
ombrófila;
 trepadeiras,
quando
presentes,
são
predominantemente
lenhosas;
 serapilheira presente, variando de espessura, de acordo com as
estações do ano e a localização;
 diversidade biológica significativa;
 subosque presente;
 espécies indicadoras:
1. Floresta Ombrófila Mista: Cupanea vernalis (Cambotávermelho),
Schinus
therebenthifolius
(Aroeira-vermelha),
Casearia silvestris (Cafezinho-do-mato);
2. Floresta Estacional Decidual: Inga marginata (Inga feijão),
Baunilha candicans (Pata-de-vaca).
183
7.5.2.3 Estágio avançado de regeneração
 nesse estágio a área basal média é de até 20,00 metros
quadrados por hectare;
 fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando um
dossel fechado e relativamente uniforme no porte, podendo
apresentar árvores emergentes; altura total média de até 20
metros;
 espécies emergentes ocorrendo com diferentes graus de
intensidade;
 copas superiores horizontalmente amplas;
 epífitas presentes em grande número de espécies e com grande
abundância, principalmente na floresta ombrófila;
 distribuição diamétrica de grande amplitude: DAP médio de até
25 centímetros;
 trepadeiras geralmente lenhosas, sendo mais abundantes e
ricas em espécies na floresta estacional;
 serapilheira abundante;
 diversidade biológica muito grande devido à complexidade
estrutural;
 estratos herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo;
 florestas
nesse
estágio
podem
apresentar
fisionomia
semelhante à vegetação primária;
 subosque normalmente menos expressivo do que no estágio
médio;
 dependendo da formação florestal pode haver espécies
dominantes;
 espécies indicadoras:
184
1. Floresta Ombrófila Mista: Ocotea puberula (Canela guaica),
Piptocarpa
angustifolia
(Vassourão-branco),
Vernonia
discolor (Vassourão-preto), Mimosa scabrella (Bracatinga).
2. Floresta Estacional Decidual: Ocotea puberula (Canelaguacá), Alchornea triplinervia (Tanheiro), Parapiptadenia
rigida (Angico-vermelho), Patagonula americana (Guajuvirá),
Enterolobium contortisiliguum (Timbaúva).
A lei n° 11.428, de 22 de dezembro de 2006, dispõe sobre a utilização da
vegetação nativa do Bioma da Mata Atlântica. Visando a conservação, a proteção, a
regeneração e a utilização deste Bioma, observando o que estabelece a legislação
vigente, em especial a Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965.
7.5.3 Situação Atual
O extrativismo de madeira de alto valor econômico, bem como a exploração
da erva-mate, foi inicialmente responsável pela degradação de grande parte da
cobertura vegetal. Posteriormente a implantação de lavouras diversas, tais como a
do milho, trigo e feijão, contribuíram significativamente para a devastação total da
vegetação primitiva. (CONCÓRDIA, 2008).
As terras do Município de Concórdia foram bastante exploradas e
descaracterizadas no último século, devido ao valor da madeira e aptidão agrícola
dos solos. Entretanto, ainda é possível encontrar remanescentes esparsos com
cobertura florestal densa e contínua, onde incluem também espécies exóticas,
principalmente Hovenia dulcis (uva do japão) e Eucaliptus sp., introduzidas na região
e que hoje estão em franca dinâmica de ocupação deste ambiente. Segundo o Profº
Dr. Masato Kobiyama da UFSC, as zonas de APPs das propriedades visitadas
durante sua pesquisa (Lajeado dos Fragosos, Concórdia- SC) apresentavam
diferentes níveis de degradação da cobertura florestal, ocorrendo desde apenas
cobertura graminóide até cobertura com dossel mais homogêneo. Ponto positivo:
“Boa cobertura vegetal na região. Áreas sem cobertura florestal estão próximas de
áreas florestadas englobando espécies nativas, o que representa um facilitador do
processo de restauração”.
185
Destaca-se ainda no município o extrativismo da madeira possuindo diversas
fábricas de móveis e serrarias. (CONCÓRDIA, 2008).
Santa Catarina (2005) descreve que a cobertura vegetal atual, dentro dos
limites do parque Estadual Fritz Plaumann, se caracteriza principalmente, por áreas
em estágio inicial de regeneração natural, em conseqüência do abandono da terra,
devido às indenizações realizadas, bem como, por vegetação arbórea. As áreas
cobertas por vegetação arbórea podem ser divididas, de maneira geral, em três
tipos:
 floresta
Secundária
-
vegetação
arbórea
mais
bem
desenvolvida;
 capoeirão
-
onde
houve
desmatamento
seletivo,
permanecendo alguns indivíduos arbóreos de grande porte;
 capoeira - onde foi eliminada toda a vegetação, encontra-se
em estágio inicial e médio de regeneração.
Kerber et al (2006), em trabalho realizado com espécies frutíferas do Parque
Estadual Fritz Plaumann – o qual se encontra na área da bacia do Rio dos
Queimados, encontraram 35 espécies, pertencentes a 20 famílias, grande parte
dessas espécies são características e preferentes de formações secundárias. Das
espécies coletadas, somente a uva-do-Japão (Hovenia dulcis) é exótica. A família
que apresentou a maior diversidade foi a Fabaceae, com 9 espécies, seguida pela
Lauraceae com 5 e por Meliaceae, Moraceae e Rutaceae com 2 espécies cada.
Dentre as espécies encontradas estão: Erva-mate (Ilex paraguariensis), Aroeira
vermelha (Schinus terebinthifolia), Uva-do-Japão (Hovenia dulcis), Grápia (Apuleia
leiocarpa),
Ingá-feijão
(Inga
marginata),
Cabreúva
(Myrocarpus
frondosus),
Corticeira-da-serra (Erythrina falcata), Rabo-de-bugiu (Lonchocarpus campestris),
Pata-de-vaca (Bauhinia forficata), Canafístula (Peltophorum dubium), Angicovermelho (Parapiptadenia rígida), Angico-branco (Albizia polycephala), Cedro
(Cedrela fissilis), Canjerana (Cabrelea canjerana), Coqueiro-gerivá (Syagrus
romanzoffiana),
Guajuvira
(Patagonula
americana),
Chá-de-bugre
(Casearia
sylvestris), Cincho (Soroceae bonplandii), Figueira (Ficus enormis), Açoita-cavalo
(Luehea
divaricata),
Mamica-de-cadela
(Zanthoxylum
rhoifolium),
Jaborandi
(Pilocarpus pinnatifolius), Fumo-bravo (Solanum erianthum), Mamona (Ricinus
186
communis), Pessegueiro-bravo (Prunus sellowii), Capororoca (Myrsine umbellata),
Carapicho-de-carneiro (Arctium minus), Canela-amarela (Nectandra lanceolata),
Canela-imbuia (Ocotea porosa), Canela-cheirosa (Endlicheria paniculata), Canelasêbo (Ocotea puberula), Canela-sassafráz (Ocotea pretiosa), Camboatá-branco
(Matayba
elaeagnoides),
Grandiúva
(Trema
micrantha),
Pente-de-macaco
(Pithecoctenium sp.).
Techio et al. (2008), com o objetivo de contribuir para o conhecimento da
composição florística, realizaram um levantamento de espécies medicinais e tóxicas
em três áreas amostrais, compreendendo 6 transectos de 300 metros de
comprimento por 20 metros de largura. A área de estudo foi o Parque Estadual Fritz
Plaumann. Para o estudo florístico foi coletado material botânico fértil no período de
maio a setembro de 2004. O material coletado foi processado de acordo com os
procedimentos usuais para preparo de exsicatas, analisado morfologicamente e
identificado com auxílio de chaves de identificação. Foram catalogadas cinquenta e
oito espécies pertencentes a trinta e seis famílias. Dessas espécies, trinta e duas
apresentam propriedades medicinais, catorze são tóxicas e doze apresentam
propriedades tóxica e/ou terapêutica. O resultado desta pesquisa está demonstrado
na tabela 31.
Tabela 32- Espécies medicinais e tóxicas coletadas no Parque Estadual Fritz
Plaumann
TAXONOMIA
NOME COMUM
ÁREA
CLASSIFICAÇÃO
AMOSTRAL
PTERIDOPHYTA
Pteridaceae
Adiantum capillus-veneris L.
Avenca
2ª
Medicinal
Dennstaedtiaceae
Pteridium aquilinum (L.) Kuhn
Samambaia
1ª, 2ª e 3ª
Medicinal/Tóxica
Pariparoba
1ª
Medicinal
MAGNOLIÍDEA
PIPERALES
Piperaceae
Piper mikanianum (Kunth) Steud.
MONOCOTOLEDÔNEAS
ALISMATALES
Araceae
187
Pistia stratiotes L.
Dieffenbachia picta Schott.
Alface - d’água
Comigo-ninguémpode
Copo-de-leite
3ª
3ª
Medicinal
Tóxica
2ª
Tóxica
Pita
3ª
Tóxica
Ananás
3ª
Medicinal
Rabo-de-burro
Capim-limão
1ª
2ª
Medicinal
Medicinal
Língua-de-vaca
2ª
Medicinal
Maria-gorda
3ª
Medicinal
Pitangueira
Goiabeira
2ª
3ª
Medicinal
Medicinal
Tajujá
1ª
Medicinal/Tóxica
Pata-de-vaca
Cabriúva
1ª, 2ª e 3ª
1ª, 2ª e 3ª
Medicinal
Medicinal
Salicaceae (Flacourtiaceae)
Casearia silvana Schltr.
Chá-de-bugre
3ª
Medicinal
Euphorbiaceae
Ricinus communis L.
Mamona
2ª
Medicinal/Tóxica
Azedinha
2ª e 3ª
Medicinal
Zantedeschia
Spreng
aethiopica
(L.)
Agavaceae
Agave americana L.
POALES
Bromeliaceae
Ananas ananassoides (Baker) L.
B. Sm.
Poaceae
Andropogon bicornis L.
Cymbopogon citratus (DC.) Stapf
EUDICOTILEDÔNEAS CORE
CARYOPHYLLALES
Polygonaceae
Rumex crispus L.
Portulacaceae
Talinum
paniculatum
Gaertn.
(Jacq.)
ROSÍDEAS
MIRTALES
Myrtaceae
Eugenia uniflora L.
Psidium guajava L.
EUROSÍDEAS I
CUCURBITALES
Cucurbitaceae
Bryonia cordifolia L.
FABALES
Fabaceae
Bauhinia forficata Link
Myrocarpus frondosus Fr. Allem.
MALPIGHIALES
OXALIDALES
Oxalidaceae
Oxalis martiana Zucc.
188
ROSALES
Rosaceae
Rubus brasiliensis Mart.
Prunus myrtifolia (L.)
Amora-do-mato
Pessegueiro-bravo
2ª
1ª
Medicinal
Tóxica
Moraceae
Ficus carica L.
Figueira
2ª
Medicinal/Tóxica
Urticaceae
Urera baccifera L.
Urtigão
1ª, 2ª e 3ª
Tóxica
Lima
2ª
Medicinal
Laranjeira
Jaborandi
2ª
1ª
Medicinal
Medicinal/Tóxica
Meliaceae
Melia azedarach L.
Cinamomo
2ª
Tóxica
Anacardiaceae
Schinus terebinthifolia Raddi
Aroeira-vermelha
1ª, 2ª e 3ª
Tóxica
Ericaceae
Rhododendron indicum (L.) Sweet
Azaléia
3ª
Tóxica
Primulaceae
Anagallis arvensis L.
Escarlate
3ª
Medicinal/Tóxica
Rubiaceae
Palicourea crocea (Sw.) Roem.
Erva-de-rato
3ª
Tóxica
Apocynaceae (Asclepiadaceae)
Asclepias curassavica L.
Oficial-de-sala
1ª, 2ª e 3ª
Medicinal/Tóxica
Cipó-de-são-
1ª
Medicinal/Tóxica
Lamiaceae
Leonurus sibiricus L.
Rubim
1ª e 3ª
Medicinal
Verbenaceae
Lantana camara L.
Verbena bonariensis L.
Cambará, Lantana
Erva-ferro
1ª
2ª e 3ª
Medicinal/Tóxica
Medicinal
Plantaginaceae
Plantago major L.
Tansagem
3ª
Medicinal
EUROSÍDEAS II
SAPINDALES
Rutaceae
Citrus
aurantifolia
(Christm.)
Swingle
Citrus sinensis (L.) Osbeck
Pilocarpus pennatifolius Lem.
ASTERÍDEAS
ERICALES
EUASTERÍDEAS I
GENTIANALES
LAMIALES
Bignoniaceae
Pyrostegia venusta (Ker Gawl.)
Miers
189
SOLANALES
Solanaceae
Solanum americanum Mill.
Brugmansia suaveolens (Humb. Et
Bonpl. Ex Willd.) Bercht. Et. J.
Presl.
Cestrum calycinum Wild. Ex.
Roem. &
Schult.
Nicotiana sp.
Solanum capsicoides All.
Convolvulaceae
Ipomoea coccinea L.
Maria-pretinha
2ª e 3ª
Medicinal/Tóxica
Trombeteira
2ª
Tóxica
Coerana
1ª
Tóxica
Fumo-de-mato
Mata-cavalo
2ª
3ª
Tóxica
Tóxica
Flor-de-cardeal
3ª
Medicinal
Acariçoba
Funcho selvagem
2ª
2ª
Tóxica
Medicinal/Tóxica
Erva mate
1ª, 2ª e 3ª
Medicinal
Macela
2ª
Medicinal
Vassourinha
Carqueja
Erva grossa
Buva
Maria mole
2ª e 3ª
2ª
3ª
1ª, 2ª e 3ª
1ª e 3ª
Medicinal
Medicinal
Medicinal
Medicinal
Medicinal/Tóxica
Erva lanceta
Serralha
Dente-de-leão
1ª
3ª
2ª e 3ª
Medicinal
Medicinal
Medicinal
Sabugueiro
3ª
Medicinal
EUASTERÍDEAS II
APIALES
Apiaceae (Umbelliferae)
Hydrocotyle umbellata L.
Conium maculatum L.
AQUIFOLIALES
Aquifoliaceae
Ilex paraguariensis A. St. Hill.
ASTERALES
Asteraceae (Compositae)
Achyrocline satureioides (Lam.)
DC
Baccharis dracunculifolia DC.
Baccharis trimera (Less.) DC
Elephantopus mollis Kunth
Erigeron bonariensis L.
Senecio brasiliensis (Spreng.)
Less.
Solidago chilensis Meyen
Sonchus asper (L.) Hill.
Taraxacum officinale L.
DIPSACALES
Caprifoliaceae
Sambucus australis
Schldt
Cham
&
De modo geral, a malha vegetal das áreas amostrais no Parque Estadual Fritz
Plaumann, transparece um acentuado grau de alteração antrópica imposto à
cobertura primitiva. Os diferentes graus de alteração estão em íntima relação com o
processo
de
uso
e
ocupação
da
terra
por
produtores
rurais
durante,
aproximadamente, cinqüenta anos. (TECHIO et al. 2008).
190
Segundo
MPB/SANEAMENTO (2008),
a floresta
com araucárias, é
encontrada na área de estudo na sua forma original, embora em pequenos
fragmentos, é uma tipologia que se caracteriza pela diversificação ambiental,
resultante da interação dos múltiplos fatores, e é um importante aspecto desta
unidade fitoecológica, com ponderável influência sobre a dispersão e crescimento da
flora e da fauna associada. Sendo assim, a área de estudo está inserida neste
contexto, onde são observadas algumas espécies típicas da formação de Floresta
Ombrófila Mista (Floresta com Araucária) apresentando em sua composição
florísticas espécies de lauráceas como a imbuia (Ocotea porosa), o sassafrás
(Ocotea odorifera), a canela-lageana (Ocotea pulchella), além de diversas espécies
conhecidas
por
canelas.
Merecem
destaque
também
a
erva-mate
(Ilex
paraguariensis), entre outras aquifoliáceas.
Salienta-se porém, que não foi possivel estimar a porcentagem da Bacia
Hidrográfica que se encontra sobre a influência da floresta ombrófila mista ou da
floresta estacional decidual ou mesmo sobre as áreas de transição entre os dois
tipos florestais, devido a ausência de dados confiáveis.
Quanto à vegetação secundária pôde ser observada em estágio inicial,
preferencialmente
ao
redor
de
florestas
em
estágios
intermediários
de
desenvolvimento e trechos aterrados, sendo observada a maior ocorrência de
algumas espécies como: Solanum erianthum (fumo-bravo), Schinus terebinthifolia
(Aroeira vermelha), Arctium minus (Carapicho-de-carneiro), Vassoura (Baccharis
elaeagnoides),
Vassoura-braba
(Baccharis
dracunculifolia),
alecrim-do-campo
(Baccharis anomala). Esta formação foi encontrada, na grande maioria dos
fragmentos
encontrados
durante
a
incursão
a
campo,
conforme
MPB/SANEAMENTO (2008).
O estágio intermediário de desenvolvimento ou médio de regeneração
encontra-se em alguns fragmentos ao longo do traçado da linha e em meio às áreas
agricultadas. Observou-se ainda, que esta formação se intercala com estágios
iniciais e avançados de desenvolvimento, o que demonstra que a área já sofre com
um relativo grau de antropização, nas áreas de influência direta e indireta do
empreendimento, ou seja, no trecho urbano da Bacia Hidrográfica do Rio dos
Queimados.( MPB/SANEAMENTO (2008).
Pode ser observado ainda, para a área urbana da Bacia, um número elevado
191
de famílias e espécies florestais diferentes na vegetação em estágio intermediário de
desenvolvimento dos encontrados nos fragmentos remanescentes, salientando-se
as principais espécies encontradas como sendo Araucaria angustifolia (araucária),
Corticeira-da-serra (Erythrina falcata) Schinus terebinthifolia (Aroeira vermelha),
Hovenia dulcis (Uva-do-Japão), Apuleia leiocarpa (Grápia), Inga marginata (Ingáfeijão), Bauhinia forficata (Pata-de-vaca), Peltophorum dubium (Canafístula),
Casearia
sylvestris
(Chá-de-bugre),
Soroceae
bonplandii
(Cincho),
Ricinus
communis (Mamona), Myrsine umbellata (Capororoca), Syagrus romanzoffiana
(Coqueiro-gerivá), conforme a figura 38. (MPB/SANEAMENTO (2008).
Figura
38-
Vista de vegetação secundária em estágio Intermediário de desenvolvimento
Fonte: MPB/SANEAMENTO (2008).
Durante os estudos realizados por MPB/SANEAMENTO (2008), chegou-se a
conclusão que o estágio avançado de desenvolvimento é relativamente pouco
encontrado, pois são escassos os fragmentos de vegetação existentes na área do
empreendimento que mantém as características originais.
Como resultados da observação em campo, são poucos os fragmentos de
vegetação ou partes destes que se encontram no estágio avançado de
desenvolvimento (figura 39), sendo listadas algumas espécies florestais. Citando as
seguintes espécies com maior valor de importância: Araucaria angustifolia
(araucária), Ocotea pulchella (canela-lageana), Ocotea puberula (canela-guaica),
Piptocarpa angustifolia (Vassourão-branco), Vernonia discolor (Vassourão-preto),
192
Mimosa scabrella (Bracatinga), Figueira (Ficus enormis), Lonchocarpus campestris
(Rabo-de-bugiu), Parapiptadenia rígida (Angico-vermelho), Cedrela fissilis (Cedro),
Cabralea canjerana (Canjerana), Luehea divaricata (Açoita-cavalo), Nectandra
lanceolata
(Canela-amarela),
Ocotea
puberula
(Canela-sêbo),
Matayba
elaeagnoides (Camboatá branco), tarumã (Vitex megapotamica).
Figura
39Vista
de
vegetação
secundária
em estágio
avançado de
desenvolvim
ento
Fonte:
MPB/SANEA
MENTO
(2008).
7.5.4 Áreas Protegidas Por Lei
A Lei Nº 9.985 de 18 de julho de 2000, a qual institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), define como Unidade de
Conservação (UC) o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
(BRASIL, 2000).
As Unidades de Conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois
grupos, ou seja, Unidades de Uso Sustentável e Unidades de Proteção Integral.
(BRASIL, 2000).
193
As Unidades de Uso Sustentável, tem como objetivo básico, compatibilizar a
conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos
naturais para o desenvolvimento. Nesta Unidade destaca-se: Área de Proteção
Ambiental (APA), área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva
extrativista, reserva de fauna, reserva de desenvolvimento sustentável e reserva
particular do patrimônio natural (BRASIL, 2000). Na bacia do Rio dos Queimados
não existem Unidades de Conservação desta categoria.
Já as Unidades de Proteção Integral tem como objetivo básico preservar a
natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais.
Merecem destaque os parques federais, estaduais e municipais. (BRASIL, 2000).
Na área da bacia do Rio dos Queimados tem-se o Parque Estadual Fritz
Plaumann, situado às margens do Rio Uruguai, em área diretamente afetada pelo
reservatório da Usina Hidrelétrica de Itá. Encontra-se entre as coordenadas 27º
16’18” e 27º 18´57” de latitude Sul, 52º 04’ 15” e 52º 10’ 20” de longitude Oeste,
junto à foz do Rio dos Queimados. (SANTA CATARINA, 2005).
O Parque Estadual Fritz Plaumann é a única Unidade de Conservação
existente na Sub bacia, representando 8.2 % da área total da mesma.
O Parque Estadual Fritz Plaumann se insere na região do Alto Rio Uruguai,
onde a degradação florestal foi intensa, movida pela exploração irracional de
madeira e pela expansão da agricultura e da pecuária. Em razão deste processo
sócio-econômico relativamente recente, a região apresenta poucos remanescentes
da Floresta Estacional Decidual (Floresta do Rio Uruguai) que cobria a maior parte
do Vale do Rio Uruguai e que atualmente encontra-se extremamente fragmentada,
sendo uma das formações vegetais mais ameaçadas dos Domínios da Mata
Atlântica. Em razão disto, apesar de relativamente pequeno, o Parque Estadual Fritz
Plaumann representa importância significativa num esforço de conservação desta
ameaçada formação florestal. (SANTA CATARINA, 2005).
O nome da Unidade de Conservação representa uma homenagem a um dos
mais importantes entomólogos do estado catarinense, notório naturalista que
sempre atentou e se preocupou com as alterações ambientais que vinham
ocorrendo na região oeste do planalto catarinense, onde se instalou e viveu a maior
parte de sua vida. (SANTA CATARINA, 2005).
194
De acordo com os critérios estabelecidos pela legislação e IBAMA (1996),
definiu-se a Área de Influência do Parque Estadual Frtiz Plaumann como sendo o
Município de Concórdia, com destaque para a bacia hidrográfica do Rio dos
Queimados, que se encontra totalmente inserido nos limites deste município (Figura
40). Como a UC está totalmente inserida no município de Concórdia este é o único
abrangido pela Área de Influência, a área da bacia hidrográfica apresenta
importância destacada por motivo geográfico e ambiental, uma vez que as
atividades antrópicas desenvolvidas nesta área apresentam grande potencial de
interferência na Unidade de Conservação. A drenagem das águas de toda a bacia
do Rio dos Queimados se dirige para a área da UC, o que é bastante preocupante,
devido o visível grau de poluição que apresentam. O restante do município é
abrangido pela Área de Influência em função das relações sócio-econômicas
potenciais entre este e o Parque. (SANTA CATARINA, 2005).
As Áreas de Preservação Permanente – APP são aquelas em que, mesmo
em propriedade particulares, em razão da sua fragilidade, não é permitido o
desmatamento, tendo em vista garantir a preservação dos recursos hídricos, da
estabilidade geológica e da biodiversidade, bem como o bem estar das populações
humanas. (AGUIAR, 1997 apud MPB/SANEAMENTO, 2008).
A definição de áreas de preservação permanente esta presente na legislação
federal, pelo menos desde a promulgação do Código Florestal de 1934, tendo sido
mantida no código Florestal de 1965, atualmente em vigor.
Objetivando disciplinar e limitar as interferências antrópicas sobre o meio
ambiente, o artigo 2º do Código Florestal Brasileiro - a Lei nº 4.771, de 15 de
setembro de 1965 - contempla a criação das Áreas de Preservação Permanente
(APP). Nessas áreas não se pode fazer a retirada da cobertura vegetal original,
permitindo, assim, que ela possa exercer, em plenitude, suas funções ambientais.
(SOARES et al., 2002).
O artigo 2° do Código florestal ainda estabelece os parâmetros para as
delimitações de áreas de APP, em diversas alíneas, conforme se segue:
Art 2°:considera-se de preservação permanente, pelo só efeito desta lei, as
florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
195

Ao longo dos rios ou de qualquer curso de água desde o seu nível mais
alto em faixa marginal;

Ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios da água naturais ou
artificiais;

Nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olho de
água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50
metros de largura (Brasil, 1965).
Mais recentemente, tendo em vista os compromissos assumidos pelo Brasil
perante a Declaração do Rio de Janeiro de 1992 e a necessidade de se regulamentar
aquele artigo, entrou em vigor, no dia 13 de maio de 2002, a Resolução nº 303, do
Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Essa resolução estabelece
parâmetros, definições e limites referentes às APPs e adota, ainda que
implicitamente, a bacia hidrográfica como unidade de sua aplicação. No entanto, não
se tem pesquisas que possam quantificar o grau de preservação da vegetação ciliar
na Bacia do Rio dos Queimados.
196
Figura 40 - Área de influência do Parque Estadual Fritz Plaumann, com destaque para a bacia do Rio dos Queimados.
197
7.6 CONSIDERAÇÕES
Os conflitos sócio-ambientais na área de preservação permanente da Bacia
do Rio dos Queimados são evidentes, no entanto, não se tem receita fácil e
econômica para resolver, o caminho mais adequado parece ser o de possibilitar a
população o conhecimento da legislação ambiental e que a mesma tenha a
oportunidade de participar nas tomadas de decisão, pelo poder público ao que se
refere à conservação dos recursos ambientais do município e efetiva fiscalização da
área protegida por parte dos órgãos responsáveis.
O Parque Estadual Fritz Plaumann é a única Unidade de Conservação
existente na bacia, representando 8.2 % da área total.
Mesmo possuindo um
tamanho relativamente pequeno, representa um importante remanescente no
contexto da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados, para o Município de
Concórdia e mesmo da floresta estacional decidual, a qual se encontra tão
ameaçada.
De forma geral, baseado nos dados existentes da bacia hidrográfica do Rio
dos Queimados, sob os aspectos de uso e ocupação dos solos, afirma-se que, a
concentração
de
consequentemente
edificações
sob
o
acontece
curso
principal
na
do
área
Rio,
central
da
acarretando
cidade
e
problemas
relacionados à impermeabilização da área ou escoamento da água.
Para que diminua a pressão de urbanização e de outros usos do solo em
áreas de preservação permanente da bacia é necessário que se estabeleça uma
política de expansão urbana capaz de evitar que Concórdia cresça de forma
desordenada como previsto no plano diretor físico territorial urbano.
O desmatamento e uso de terras localizados nas áreas de APPs nos imóveis
rurais provoca assoreamento e compromete os corpos de água. Ações de aumento
da produtividade com mitigação de impactos devem ser adotadas, ou seja, utilização
dos recursos naturais existentes na propriedade em consonância com sua
capacidade de suporte. Uma solução para tal questão pode ser a elaboração e
implantação de um plano diretor rural, onde tais questões fossem contempladas,
baseadas em um documento técnico elaborado por uma equipe multi-disciplinar.
198
Por fim, evitar que se estabeleçam ocupação e uso do solo irregular em
APPs, pois uma vez estabelecidas, tornam-se quase sempre inviáveis, a sua
desocupação, tanto social quanto economicamente.
199
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