LTT - Sinduscon-SP

Transcrição

LTT - Sinduscon-SP
editorial
Lições do Oriente
Sergio Watanabe
é presidente do
SindusCon-SP, vicepresidente da CBIC
e diretor da Fiesp
Envie seus
comentários,
críticas, perguntas e
sugestões de temas
para esta coluna:
presidente@
sindusconsp.com.br
Na recente Missão Técnica do SindusCon-SP ao Japão, em setembro, nos deparamos com um estreito terreno no centro
de Tóquio, onde nada menos de dez equipamentos, entre fresas, guindastes e gruas,
trabalhavam simultaneamente.
Ao visitarmos a Misawa Homes, tivemos a oportunidade de conhecer uma tecnologia inovadora de pré-fabricação de casas.
A partir de um acurado planejamento customizado e da fabricação de pré-moldados, a
empresa é capaz de montar uma residência
de 1º Mundo em menos de um dia.
Preocupação idêntica com o planejamento e a qualidade na execução foram responsáveis pelo feito da construtora Obayashi,
que em 2012 concluiu a Skytree, a torre de
comunicações mais alta do mundo, com
634 m, na capital japonesa.
crescer nos últimos 20 anos, no Brasil tivemos crescimento econômico em meio à
crise internacional, o que foi benéfico, mas
lutamos diariamente contra a deterioração
do ambiente de negócios.
No caso da construção, enfrentamos um
problema adicional. Entre 2007 e 2011, enquanto os salários no setor cresceram 3,2%
acima da inflação ao ano, a produtividade
caiu 5%. Esta situação não pode continuar,
sob pena de nossa atividade se inviabilizar.
Para elevar a produtividade, boa parte
do setor tem se mobilizado via treinamento
da mão de obra e elevação do nível de industrialização. Mas este esforço não será
suficiente se não houver uma firme determinação dos governos da União, dos Estados e
dos Municípios, em formular políticas que
proporcionem horizontes à construção.
Por exemplo, falta
pouco mais de um ano
para o término da atual
gestão do governo federal
e o Programa Minha Casa,
Minha Vida ainda não foi
transformado numa política de Estado. Essa perenização é fundamental para assegurar um fluxo firme de investimentos sem os quais a industrialização
nesse segmento não prospera, obrigando-nos
a seguir edificando com práticas artesanais
e pouco produtivas.
Outra condição necessária ao aumento
da produtividade é a diminuição da carga
tributária. No próximo mês, a construção
ingressa na desoneração da folha, que vai
beneficiar quem faz uso de mão de obra
intensiva, mas prejudicará justamente quem
se modernizou pela industrialização e pela
subcontratação de serviços especializados.
Precisamos de uma desoneração para valer,
que nos permita de fato investir no aumento
da produtividade.
Precisamos de políticas que elevem
os investimentos em produtividade
Também tivemos a oportunidade de
presenciar a cooperação – e não o antagonismo – entre o governo e a iniciativa privada,
para viabilizar operações urbanas que não só
dão margem a gigantescos empreendimentos
mistos, como revitalizam extensas áreas deterioradas e melhoram a mobilidade urbana.
A mesma cooperação se fez sentir em
iniciativas de construtoras japonesas na
pesquisa e no desenvolvimento de novos
materiais, sistemas construtivos e sustentabilidade, bem como em soluções visando o
desenvolvimento de cidades “inteligentes”,
voltadas ao bem-estar de seus cidadãos.
Enquanto no Japão todo esse desenvolvimento continua em pé mesmo que a
economia daquele país tenha parado de
revista notícias da construção
/ Outubro 2013
3
voz do leitor
sumário
MOBILIDADE URBANA
Alexandre de Oliveira
Presidente da CompraCon-SP (Associação de Compras
da Construção Civil no Estado de São Paulo)
Vice-presidentes
Cristiano Goldstein
Eduardo May Zaidan
Francisco Antunes de Vasconcellos Neto
Haruo Ishikawa
João Claudio Robusti
João Lemos Teixeira da Silva
Luiz Antonio Messias
Luiz Claudio Minniti Amoroso
Maristela Alves Lima Honda
Maurício Linn Bianchi
Odair Garcia Senra
Paulo Rogério Luongo Sanchez
Yves Lucien de Melo Verçosa
CULTURA MILENAR
Diretores
Paulo Brasil Batistella (Jurídico)
Salvador de Sá Benevides (Rel. Internacionais)
A Missão Técnica do SindusCon-SP observou no
Japão uma solução de mobilidade que também evita
a deterioração urbana: vias expressas suspensas,
às vezes de três andares, com construções na parte
inferior destinadas ao comércio e aos serviços.
Na Missão Técnica ao Japão, vimos o respeito, o
comprometimento, a competência e a obstinação das
pessoas em suas atividades.
Renato Genioli Jr.
Coordenador do Comitê de Trabalho de Sistemas
Prediais do CTQ do SindusCon-SP
Capa
SEMINÁRIO MOSTRA POTENCIAL
DOS PRÉ-MOLDADOS NO PAÍS.............. 6
•Patologias em fundações assustam
•Controle de execução: sempre na mira
•Em busca da “engenharia de relacionamento”
QUALIDADE............................................... 10
• Setor busca inspiração na inovação
HABITAÇÃO............................................... 12
• PDE: Prefeitura acolhe parte das propostas
• SindusCon-SP defende um MCMV perene
RELAÇÕES INTERNACIONAIS...................... 17
• Japão: um tsunami de inspiração
• Visita à torre mais alta do mundo
• O edifício que menos emite CO2
• Prédio tem 50 itens de sustentabilidade
• Operações urbanas feitas com sucesso
• Demolição “ecológica” inova
• Casas são montadas em um dia
• Construtoras investem para inovar
• Construtora financia cidade “inteligente”
• Embaixada do Brasil abre as portas
MEIO AMBIENTE........................................ 27
• SindusCon-SP discute resíduos em Conferência
• Recuperação de terrenos requer incentivos
RELAÇÕES CAPITAL-TRABALHO.................. 33
• SindusCon-SP prestigia Prêmio Seconci-SP
• Ishikawa recebe premiação no Chile
• Megasipat reúne mais de 350 em Sorocaba
• Ribeirão sorteia de cursos de qualificação
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revista notícias da construção
/ outubro 2013
Presidente
Sergio Tiaki Watanabe
Escreva para esta Seção
e-mail: [email protected]
correio: R. Dona Veridiana 55, 2º andar, 01238-010, São Paulo-SP
• Trabalhadores do ABC lotam auditório do Sesi
• Evento congrega 200 trabalhadores em Bauru
SINDUSCON-SP EM AÇÃO........................... 37
• Sindicato vai à Conferência Nacional das Cidades
• Cônsul-geral da Alemanha visita o SindusCon-SP
REGIONAIS................................................ 42
• Falcão Bauer conclui palestras em Santo André
• Santos debate a logística portuária
• São José dos Campos discute desoneração
• Formalizada a criação da CPR em Franca
• Sorocaba lança curso superior de construção
c ol u n i s t a s
Conjuntura | Robson Gonçalves..............................5
Gestão da Obra | Maria Angélica Covelo Silva...........25
Empreendedorismo | Marco Antonio Conejero.........26
Diretores das Regionais
Eduardo Nogueira (Ribeirão Preto)
Elias Stefan Junior (Sorocaba)
Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto)
Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente)
Márcio Benvenutti (Campinas)
Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru)
Ricardo Beschizza (Santos)
Rogério Penido (São José dos Campos)
Sergio Ferreira dos Santos (Santo André)
Representantes junto à Fiesp
Titulares: Eduardo Ribeiro Capobianco,
Sergio Porto; Suplentes: João Claudio Robusti,
José Romeu Ferraz Neto
Assessoria de Imprensa
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Conselho Editorial
Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José
Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco
Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador
Benevides, Sergio Porto
SUPERINTENDENTE
José Luiz Machado
editor responsável
Rafael Marko
REDAÇÃO
Nathalia Barboza e Fabiana Holtz (São Paulo) com
colaboração das Regionais:
Ester Mendonça (São José do Rio Preto); Giselda
Braz (Santos); Homero Ferreira (Presidente
Prudente); Enio Machado, Elizânio Silva e Tatiana
Vitorelli (São José dos Campos); Marcio Javaroni
(Ribeirão Preto); Sabrina Magalhães (Bauru); Ana
Diniz e Simone Marquetto (Sorocaba); Sueli Osório
(Santo André); Vilma Gasques (Campinas).
Secretaria: Antonia Matos
Arte e diagramação
Marcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte
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Vanessa Dupont - (11) 3334-5627
Pedro Dias Lima - (11) 9212-0312
Bruna Batista Avelino - (11) 3334-5659
Thiago Rodrigues - (11) 3334-5637
Vando Barbosa - (11) 97579-8834
Jéssica Schittini - (11) 96646-6525
André Maia - (21) 7834-5379
Eneida Cristina Martins - (11) 99942-7403
Hamilton Silva - (11) 7714-1148
ENDEREÇO
R. Dona Veridiana, 55, CEP 01238-010, São Paulo-SP
Central de Relacionamento SindusCon-SP
(11) 3334-5600
CTP/ impressão: Pancrom Indústria Gráfica
Tiragem desta edição: 15 mil exemplares
Marketing de Relacionamento | Rodolfo Zagallo..28
Saúde | Jefferson Podestá Brandão..........................30
Gestão Empresarial | Maria Angelica L. Pedreti.......36
Marketing | Antonio Jesus de Britto Cosenza..............38
Soluções Inovadoras | Karina Yumi Iamato e José Maria de .
Camargo Barros................48
Opiniões dos colaboradores não refletem
necessariamente posições do SindusCon-SP
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Construção da Carreira | Felipe Scotti Calbucci.....50
“O papel desta revista foi feito com
madeira de florestas certificadas FSC
e de outras fontes controladas.”
Co n j u n t u r a
O que será o amanhã?
Robson Gonçalves
é professor dos MBAs
da FGV e consultor
da FGV Projetos
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críticas, perguntas e
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para esta coluna:
robson.goncalves@
fgv.br
Das muitas coisas descabidas que se espera dos economistas, a mais angustiante é a
capacidade de prever o futuro. E muitos de nós
simplesmente não resistem a sacar números da
cartola. Meses depois, voltam para explicar
porque erraram. Mas nem tudo é tão incerto
sobre o futuro. A essa altura do ano, por exemplo, começa a ficar claro que o crescimento do
PIB deve superar os 2%, desmentindo os mais
pessimistas, como eu.
Acontece que o PIB é um dos animais
mais estranhos e mais incompreendidos da
fauna econômica. Por exemplo: qual leigo sabe
o que é “efeito carregamento”? Esse fenômeno
está ao mesmo tempo puxando as projeções
de 2013 para cima e as de 2014, para baixo.
dezembro de 2014, então o crescimento foi
zero!” Lego engano! Se a média do ano foi
112, o PIB de 2014 ficou 6,7% acima da média
de 2013, que foi de 105.
Agora, imagine o contrário. Suponha
que o PIB de 2013 teve a seguinte sequência
trimestral: 112, 106, 102, 100. O contrário da
sequência anterior, certo? Mas com a mesma
média 105. Se o PIB de 2014 ficasse parado
no nível de 100, o crescimento no ano seria
negativo em 4,8%, pois 100 (média 2014)
estaria abaixo dos 105 (média 2013).
Agora, vamos aos fatos concretos. O crescimento do PIB brasileiro no segundo trimestre
do ano surpreendeu favoravelmente. A alta foi
de 1,5% contra o trimestre anterior, já descontada a sazonalidade.
Mais investimento,
mais exportações,
bom desempenho da
agropecuária. Tudo
aparentemente muito
bom. Quer dizer, bom
no horizonte do ano de 2013. Mas, o que será
o amanhã?
Os efeitos da forte alta da taxa de câmbio
costumam ser desfavoráveis ao crescimento
no curto prazo. Os custos se elevam, as empresas importadoras perdem rentabilidade,
a classe média se sente mais pobre, pois se
recusa a cancelar as férias de final de ano na
Flórida. Até que os efeitos benéficos apareçam, demora um pouco.
Sendo assim, devemos fechar 2013 com
menos crescimento do que na média do ano.
Graças a isso, o efeito carregamento não vai
favorecer tanto o desempenho de 2014. Entraremos o ano em ritmo mais lento, até, quem
sabe, engrenar lá pelo segundo semestre. Mas,
estatisticamente falando, o ano que vem deverá
ter um PIB com menos brilho do que 2014. O
tempo, senhor da razão, é quem dirá.
O crescimento do PIB no início de
2014 deverá ser em ritmo mais lento
A coisa é simples. Quando dizemos que
o PIB cresceu x% em determinado ano, o que
estamos medindo não é a variação entre janeiro
e dezembro, o chamado “ponta a ponta”. O
crescimento do PIB confronta o nível médio
de um ano contra o nível médio de outro. Mas,
o que acontece quando o ano já termina muito
acima da média? Isso faz com que o ano seguinte já abra em um nível alto, favorecendo
o crescimento. Esse é o efeito carregamento.
Vamos a um exemplo. Suponha que, ao
longo de 2013, o PIB trimestral teve a seguinte sequência (já descontada a inflação): 100
no primeiro trimestre, 102 no segundo, 106
no terceiro e 112 no quarto. Média do ano:
105. Se, no ano seguinte, o PIB estagnasse,
mantendo-se nos mesmos 112 do final de 2013,
qual seria o crescimento? A resposta ingênua
é: “Ora, se o PIB ficou parado de janeiro a
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/ Outubro 2013
5
capa
Estruturas:
hora de crescer
Nathalia Barboza
O segmento de pré-moldados não para
de crescer no Brasil. A Abcic (Associação
Brasileira de Construção Industrializada de
Concreto) diz que a expectativa de aumento
deste sistema em 2013 deverá ficar em torno
de 9%. Mesmo assim, quem ousa apostar
nesta forma industrializada ainda enfrenta
obstáculos, demonstrou o arquiteto e urbanista Sidonio Porto, ícone de projetos com
sistemas industrializados e pré-fabricados,
em sua palestra no 15º Seminário “Tecnologia de Estruturas: projeto e produção
com foco na racionalização e qualidade”,
realizado em setembro pelo SindusCon-SP,
por meio dos Comitês de Tecnologia e Qualidade (CTQ) e de Meio Ambiente (Comasp),
no Caesar Business São Paulo Faria Lima.
Desde 1966, suas construções mostram
ser possível projetar e realizar obras de sucesso com pré-moldados. “Há preconceito
em relação à industrialização fechada.
Alega-se que ela limita a criatividade. Mas
os projetos podem ser mistos, usar vários
sistemas, e dar liberdade criativa com o uso
de elementos como brises, que conseguem
eliminar a rigidez estética”, afirmou Porto.
“Venho sugerindo fazer projetos dentro
dos conceitos de sustentabilidade e industrialização. Mas precisamos ainda conquistar a
aceitação dos clientes e dos construtores. É
frustrante. Você propõe, desenvolve o projeto
e a coisa não acontece”, lamentou.
O Edifício Oscar Americano, na av.
Paulista (1968), podia ser erguido todo em
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revista notícias da construção
/ outubro 2013
pré-moldados. “Só conseguimos fazer as
fachadas”, comentou. Do lado, em 1970,
também não foi possível finalizar o sonho,
mas o Ed. New Center tinha um sistema
que escondia o aparelho de ar condicionado
e reduzia a insolação, numa época em que
todas as fachadas eram de vidro.
Em 1988, o “mix total” de soluções
aconteceu, segundo Porto, numa fábrica, que
recebeu estrutura e forro metálicos, alvenaria
armada (escadas), estrutura moldada in loco
e concreto pré-moldado.
Grande desafio
Íria Oliva Doniak, presidente da Abcic,
comemorou a inclusão de novos segmentos
de obra –como
as de infraestrutura, habitacional e comerciais.
Também ajudaram as Datec
(diretrizes de
a­valiação téc­
nica) do Sinat,
do PBQP-H­.
O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe,
prometeu lutar
pela isenção tributária dos pré-­
fabricados.
Íria, Porto, Jorge Batlouni,
Watanabe, Milititsky, Luiz
Lucio e Paulo Sanchez:
Seminário de Estruturas
dissemina as boas
práticas nas obras
Patologias em fundações assustam
Evoluímos nos ensaios para diagnósticos,
mas paramos no tempo e só fazemos os
testes em obras muito especiais”, comparou.
“Não importa o tamanho e a relevância da
obra; a investigação é sempre fundamental.”
Há também quem faça a investigação,
mas falhe na análise dos resultados. “É cada
vez mais difícil encontrar qualidade nas sondagens. Temos desde o uso de equipamentos
inadequados ou quebrados até procedimentos fraudulentos de geração de resultados
ou de multiplicação de furos de sondagem
que não foram feitos”, comentou Milititsky.
O especialista recomenda sondagens realizadas por técnicos idôneos, equipamentos
calibrados e acompanhamento (supervisão).
“Não dá para dispensar a contratação de
quem faz a melhor sondagem.”
Problemas de manifestações patológicas em fundações acontecem em todas as
etapas da obra –investigação do solo, análise,
projeto, execução, no pós-conclusão e na
degradação dos materiais. A advertência foi
dada no 15° Seminário de Estruturas do SindusCon-SP pelo engenheiro civil geotécnico
Jarbas Milititsky, professor do Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, vice-presidente para
a América Latina da International Society
for Soils Mechanics and Geotechnical Engineering e diretor da Milititsky Consultoria
Geotécnica, que falou sobre o assunto e fez
recomendações de boas práticas.
“Gostaria que estes desafios fossem
motivadores, no setor da construção civil,
para melhorar as práticas. Afinal, no Brasil
temos tecnologias e procedimentos do século 21 ou do século 19, dependendo de onde
a obra está localizada”, disse.
Segundo ele, os problemas relativos
a investigações do subsolo são os mais
frequentes. “Não temos estatísticas no
Brasil, mas, na França, 80% dos problemas
acontecem pelo desconhecimento do solo. A
geotecnia deveria ser como na área médica.
Fotos: Gabriel Pevide
Análise e projeto
Em termos de análise e projeto, os
problemas podem ser relativos ao comportamento do solo sob carga, aos mecanismos
de transferência de solicitações, à estrutura
das fundações, especificação construtiva etc.
Milititsky também citou que muitas vezes a
execução começa antes de uma última revisão do projeto de estruturas (após uma série
de mudanças de projeto ao longo do tempo).
Já os problemas construtivos são o segundo maior responsável pelas patologias
de comportamento das fundações. “Pessoal
especializado, material correto, supervisão
e controle rigoroso são as soluções”, afirmou. Para ele, os chamados ensaios “PIT”,
de verificação de integridade, devem ser
usados “de forma inteligente e racional”.
Segundo Milititsky, eles detectam padrões
ou anomalias. “Prefiro usá-los para detectar
padrões”, observou. E a “prova de carga estática”, disse, é “a única forma de entender
o desempenho das fundações”.
Nos eventos pós-conclusão, disse o
geotécnico, os problemas são “geralmente
devidos a deslocamentos da massa de solo”.
revista notícias da construção
/ Outubro 2013
7
CAPA
Erro de feitio, o “gogó da
ema” volta à pauta do
Seminário de Estruturas
“O aço só trabalha quando o concreto
fissura”, relembrou o engenheiro projetista
de estruturas Ricardo Leopoldo e Silva França, professor da Poli-USP, em sua palestra no
Seminário de Estruturas do SindusCon-SP.
Falando sobre controle de execução, desempenho estrutural e durabilidade, França
destacou o caso do “gogó da ema” e revelou
que, por conta da palestra do seminário em
2011, recebeu consultas do país inteiro sobre
“o improviso” que faz retorcer o vergalhão
retirando dele boa parte de sua resistência e
vida útil. “Pude ajudar a agir para resolver
muitos casos de estruturas que poderiam
colapsar a qualquer momento”, contou.
Em sua apresentação deste ano, França
enumerou os problemas na concepção de estruturas projetadas: falhas no detalhamento
das armaduras ou decorrentes do detalhamento automático feito pelos programas de
estruturas, e não detectadas por revisão de
um engenheiro experiente; falhas decorrentes de interferências não detectadas na fase
de projeto e coordenação; na execução das
armaduras na obra; no processo de concretagem e cura; no fornecimento dos materiais;
ou ainda na interação estrutura/vedações
decorrentes da estrutura ou das vedações.
“Também o controle de fissuração é essencial e não tem sido feito nas obras”, disse.
Já o procedimento de “escora e reescora” é para cuidar bem da laje enquanto ela
está em processo de cura. “Uma boa prática é
posicionar a reescora no mesmo ponto da escora. Do contrário, você judia da laje recém
concretada e promove um carregamento não
previsto nela, provocando flexão e fissuras.”
Em relação aos furos que vazam as
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revista notícias da construção
/ outubro 2013
Fotos: Gabriel Pevide
Controle de execução: sempre na mira
lajes, França advertiu que há “casos absurdos” em vigas, nas quais muitas furações
são feitas sem levar em conta as perdas de
resistência. “Alguns tubos embutidos são
totalmente inadequados. Não sobra espaço
para a laje e a viga funcionar! Além disso,
furos muito próximos fazem a viga perder
fortemente sua capacidade! Tudo fica como
um grande furo horizontal que precisa de
grandes reforços e concretagem bem feita.”
Segundo ele, as condições necessárias
para que a corrosão se inicie são dadas por
5 fatores, que precisam acontecer todos: pH
do concreto menor que 9; permeabilidade
alta do concreto; presença de água; presença
de oxigênio; diferença de potencial elétrico
entre duas partes da armadura.
Desde a concepção
“O problema mais grave é o de concepção de estruturas. A única forma de evitar
é ter a verificação de projetos”, defendeu
França. Um dos problemas é a falta de experiência de engenheiros novatos nos canteiros. Por isso, o ideal seria ter uma espécie
de “Exame da Ordem” para quem quisesse
trabalhar como projetista de estruturas.
França criticou os “casos
absurdos” de furos nas
lajes e vigas: “a perda de
resistência é enorme”
Scheffer
Setor deve valorizar a
engenharia de relacionamento
a confiança dele e tira de cena a ideia de
demissão, o trabalhador se paga. No fim
das contas, este é diferencial imenso”, disse.
Entre as atividades que são realizadas
na obra estão um campeonato interno de
futebol, cafés especiais, visita familiar aos
domingos, ajuda para o planejamento de
férias e a compra de passagens, casamento
comunitário, doação de alimentos e sangue,
campanha contra as drogas, bolo de aniversário e confraternização de fim de ano. Entre
os resultados de produtividade que Barbosa
revelou está a redução de nove para seis
meses de execução das fundações. A opção
pelo sistema Trejor de execução de juntas de
pilar também baixou o tempo de 130 min, no
método tradicional por solda, para 50 min.
Soluções
Ao analisar a produtividade na concepção de estruturas de concreto, Francisco Paulo Graziano, professor da Poli-USP, concluiu
que as estruturas com maior consumo de
fôrmas em viga tendem a apresentar maior
custo relativo de mão de obra, com um risco
de aumento de custo para variações de prazo.
Segundo ele, “a espessura média e a
taxa de armadura não refletem necessariamente o custo da estrutura e não são referências
confiáveis para a decisão
do sistema estrutural”.
Além disso, Graziano advertiu que a remuneração da mão de
obra por m³ de concreto
inviabiliza a adoção de
sistemas mais rápidos,
por “transferir ao empreiteiro grande parte
do benefício destes sistemas”.
Graziano (à esq.) e Barbosa:
produtividade passa pelo fator humano
Simplicidade,
Resistência e
Versatilidade
para obras pesadas
e de infraestrutura.
LTT SH Extra
®
• Cada poste da torre
suporta 6 toneladas ou
mais, dependendo da
modulação e do
contraventamento usado;
• Excelente relação entre
o peso do equipamento
e a carga admissível na
torre. O quadro mais
pesado tem apenas
22,5kg;
• Utilização de menos peças do que
os sistemas similares na montagem
da estrutura;
• Grande flexibilidade na composição
das alturas das torres.
Desde 1969
O fator humano tem sido primordial na
obra da Arena Corinthians, que a Odebrecht
Infraestrutura executa na zona Leste.
Frederico Marcos de Almeida Horta
Barbosa, gerente Operacional da Odebrecht, contou que, não fosse a “engenharia de
relacionamento” que implementou na obra,
“dificilmente esta teria chegado até aqui sem
greves e com bons índices de produtividade”.
Segundo ele, os 1.400 operários do
canteiro foram “lapidados” pela construtora
e a rotatividade ficou “abaixo de 1%”. Pelos
menos 300 chegaram à Arena pelo programa
Acreditar, de qualificação de mão de obra da
Odebrecht, e 700 puderam receber cursos de
requalificação, o que lhes permitiu trabalhar
também em outras etapas da construção.
Além disso, 85 pessoas foram alfabetizadas
no canteiro. “Fidelize que eles te dão produtividade”, garantiu Barbosa.
Para ele, a relação com as pessoas será o
grande legado da obra, mais que a construção
em si do estádio para a Fiel e do que isto pode
significar para Itaquera. “Você pode ter um
planejamento bem feito, a melhor tecnologia
à sua disposição, o melhor equipamento,
mas se não tiver o trabalhador motivado,
a máquina vai quebrar. Se você conquista
fôrmas
•
andaimes
•
escoramentos
Presente em todas as regiões do Brasil
revista notícias da construção
9
0800 282-2125
www.sh.com.br
/ Outubro 2013
qualidade
Setor busca inspiração na inovação
Construção debateu o
que deve fazer para se
tornar mais competitiva
“Inovar é gerar dinheiro novo”. A frase
do pesquisador de gestão e estratégia Clemente Nóbrega foi lembrada por Roberto
Maschetta, diretor executivo do TecnoPUC,
centro de inovações da PUC-RS, no evento
“Caminhos para a Inovação na construção e
implantação do BIM”, do ciclo de debates
“Agenda Produtiva da Construção”, que o
CTE está promovendo em 2013.
Segundo Maschetta, não há condição
de inovar com o modelo atual de organização das empresas brasileiras. “O ambiente é
fundamental para a criatividade e o envolvimento da direção da empresa também. É
obrigação do processo trabalhar em grupo”,
afirmou.
Maschetta sugeriu que, no ambiente de
inovação, “o padrão é dar errado algumas
vezes”. Segundo ele, é preciso insistir,
investir, ter liberdade e aceitar o desafio.
“Dá certo lá pela quarta vez...”
Fundador do CBB (Centro Cerâmico
do Brasil) e da Anfacer (2003), Sergio
Risola, CEO do Cietec, organismo ligado à USP/Ipen que abriga as chamadas
startups, lembrou que as incubadoras e
os parques tecnológicos “estão na base do
sucesso da Coreia”, além da educação de
base. “Queremos deselitizar a inovação”,
comentou.
Com autonomia administrativa e financeira, o Cietec mantém uma estrutura capaz
de fazer com que 91% das empresas que
nasceram ali estejam vivas. “O empreendedor é o cara que consegue resistir à vontade
de desistir”, definiu Risola.
Para Luiz Henrique Ceotto, diretor
da Tishman Speyer e membro do CTQ
(Comitê de Tecnologia e Qualidade) do
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revista notícias da construção
/ outubro 2013
SindusCon-SP, a despeito das melhores
condições para o desenvolvimento tecnológico da construção civil, o setor não
avança e, ao contrário, enfrenta declínio na
qualidade das obras e prejuízos e desvalorizações das ações, entre outros obstáculos.
Segundo ele, o problema é que “não
estarmos preparados para o sucesso”, que
requer entender que a cadeia da produção
é uma cadeia de valor, suas necessidades
e possibilidades; criar indicadores de
desempenho; promover melhores condições de competitividade; e, sobretudo, ter
liderança.
Industrialização
Jorge Batlouni Neto, diretor da Tecnum e coordenador do CTQ, afirmou que
“as obras precisam ser executadas de forma
mais produtiva”. Segundo ele, “o aumento da competitividade das construtoras
depende do aumento da produtividade no
canteiro e isso passa pelo uso de soluções
industrializadas”.
Batlouni alertou que, “se não mudarmos agora, não vamos sobreviver”.
Segundo ele, a média de crescimento
da produtividade
no mundo é de 4%
e a do Brasil, de
apenas 2%. Mesmo assim, a alta
foi sensível para
estruturas de concreto. “Em 1960,
a produtividade
da atividade era
de 72,43 Hh/m³;
em 2008, baixou
para 17 Hh/m³;
em 2013, a melhor
obra da Tecnum
Para Fernando Correa,
adotar o BIM nas
construtoras “é voltar a
fazer engenharia”
Fotos: Satoru Takaesu
Para Batlouni,
setor precisa mudar
para sobreviver
(5D) e execução (6D) do projeto. “Um gerente BIM precisa saber das duas coisas. E
isto muda a visão dentro da empresa: todos
na obra percebem melhor o projeto e entrega melhores resultados”, contou.
Alio Ernesto Kimura, diretor da TQS,
que fornece softwares para o sistema BIM,
revelou que em breve a empresa lançará
uma ferramenta de interligação de informações entre o projeto e o canteiro de
obra. “A construtora poderá gerenciar a
execução integrando todos os agentes, com
mobilidade total”, prometeu. A ideia é que
o produto faça o controle da qualidade e tenha o mapeamento de fotos digitais tiradas
conseguiu 12,77 Hh/m³ com o uso de grua”,
no local, em tempo real, tudo registrado e
afirmou Batlouni.
documentado. “A empresa poderá controlar
“As empresas mantêm uma postura
a concretagem, comparando os volumes de
conservadora, não consideram o desenmateriais projetados e efetivamente utilizavolvimento tecnológico como algo realdos”, anunciou.
mente importante e ainda usam processos
A arquiteta Miriam Addor, direconstrutivos artesanais e de baixa produtora da Addor
tividade”, disse
e Associados,
Ceotto. “Sequer
destacou o pasabemos avaliar
pel da coordeo impacto da
nação de projetecnologia no
tos BIM. “Mais
nosso negócio.”
importante que
a detecção de
Caminho
interferências
sem volta
é a tomada de
Entre as
decisão a partir
ações de inovadisso”, justifição que ainda
cou. Segundo
estão em andamento, destacou Roberto de Souza, do CTE, e Ceotto: problema é o conservadorismo ela, a adoção
dos chamados
o debate, está
“modelos federados” é boa, mais ainda
o entendimento de que o BIM (Building
guarda as partes do projeto “em silos”. O
Information Modeling) é um dos camiideal, afirmou, seria o “modelo composto”,
nhos inevitáveis. A defesa desta visão foi
que agrega e funde todas as disciplinas.
feita por Fernando Correa, diretor da Sinco
Para Thomas Martin Diepenbruck, geConstrutora e coordenador da Comissão de
rente técnico da Hochtief do Brasil, o BIM
Trabalho de BIM do CTQ. Para ele, adoé um caminho sem volta, mas o país ainda
tar o BIM na construtora é “voltar a fazer
precisa mudar seus paradigmas, ter mais
engenharia”.
colaboração entre as empresas e “saber a
Correa disse que, além de possibilitar a
dose certa do remédio certo”. E alertou:
inclusão de planos mais complexos dentro
“cuidado para não ficar para trás!”
do projeto, como o planejamento da obra
(Nathalia Barboza)
(4D), o BIM permite gerenciar o orçamento
revista notícias da construção
/ Outubro 2013
11
H A B ITA Ç Ã O
Proposta de Plano Diretor
reduz a insegurança
Haddad atendeu boa
parte das sugestões
do SindusCon-SP
A proposta do prefeito de São Paulo,
Fernando Haddad, para o novo Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade atendeu
a maioria das sugestões enviadas pelo SindusCon-SP. Entre as questões centrais para
o sindicato está a vigência dos efeitos da lei.
Em carta enviada ao prefeito, o SindusCon-SP havia pedido que os projetos
protocolados até seis meses após a data da
publicação da lei sejam analisados de acordo
com a legislação hoje em vigor. Isto porque
o anteprojeto dispunha que os processos
protocolados após 31 de julho já seriam
apreciados pelo futuro Plano Diretor, o que
gerou insegurança no setor.
A sugestão foi parcialmente atendida
pela Prefeitura, que no anteprojeto deixou
de fazer menção aos projetos protocolados
“após” 31 de julho. E dispôs que os processos de licenciamento protocolados “até” 31
de julho de 2013, nos quais não tenha sido
expedido alvará de aprovação ou alvará de
aprovação e execução, poderão ser apreciados de acordo com a legislação hoje em vigor, caso o interessado manifeste sua opção
no prazo de 90 dias a partir da publicação da
futura lei. Possivelmente, por engano, “após”
foi trocado por “até”.
O sindicato também havia pedido regras para se evitar a “corrida do protocolo”.
Nesse contexto, o PDE de Haddad propõe
que os processos de licenciamento de obras
e edificações protocolados até 31 de julho
de 2013 sejam indeferidos caso não estejam
instruídos com a documentação mínima que
possibilite a análise do projeto.
A proposta de uso da Planta Genérica de
12
revista notícias da construção
/ outubro 2013
Valores do IPTU para o cálculo
da outorga onerosa, o que eliminaria a possibilidade de opção
pelos valores de referência do
ITBI, também foi aceita pelo
prefeito. A entidade também
pediu a revisão dos fatores de
planejamento indicados no
quadro 06 referente ao tema,
cujo custo da outorga onerosa
muitas vezes inviabilizaria o
desenvolvimento imobiliário.
Os fatores foram revistos e o
sindicato fazia sua análise no
fechamento desta edição.
Com relação ao limite de
25% para vagas não computáveis na rede de estruturação da transformação urbana, que na avaliação do sindicato
seria incompatível com o perfil das unidades
habitacionais menores para famílias de renda
média, a prefeitura acatou a sugestão do
SindusCon-­SP e adotou o limite de uma vaga
não computável por apartamento.
Entre as propostas apresentadas pelo
sindicato, mas que não foram atendidas
e agora devem ser objeto de discussão na
Câmara Municipal, estão: a manutenção do
coeficiente máximo de 2,5% no centro de
bairro (visto que uma diminuição desse parâmetro ensejaria um aumento no custo das
unidades); a definição de parâmetros para
casos híbridos de demolição e reconstrução
de edifícios com os mesmos parâmetros
urbanísticos (retrofit total), considerando a
possibilidade de se agregar lotes lindeiros;
e que no caso de exigência de doação de
áreas ao município para fins de produção de
Habitação de Interesse Social, a legislação
“deva” prever a concessão de incentivos
ao empreendedor (e não apenas “possa”
prever).
(RM e FH)
habitação
Futuro do MCMV em jogo
SindusCon-SP pede ao
governo rever os valores
e perenizar o programa
que, para os empresários, as regras da faixa
1 são indispensáveis. “Nela, você consegue
trabalhar em parceria com os governos. A
faixa 2 depende só do mercado”, disse.
A estratificação por faixas de renda do
Minha Casa, Minha Vida (MCMV), uma
das bases do programa federal, poderá se
tornar seu maior problema caso o governo
não reveja os valores das faixas 1 e 2. O
alerta ao governo foi dado em setembro
pelos empresários do setor, durante o Painel
“Programa Minha Casa, Minha Vida: Presente e Futuro”, da Convenção Secovi 2013.
O presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe, solicitou a Maria do Carmo
Avesani, diretora do Departamento de Produção Habitacional da Secretaria Nacional
de Habitação, que levasse ao governo o
pedido de correção de valores e perenização
do Minha Casa. “No MCMV 1, a diferença
entre as faixas foi muito clara. Mas, com
o crescimento econômico, muitas famílias
passaram para a faixa 2, perdendo o direito
a um subsídio maior, sem o qual elas não
conseguem comprar imóvel nas Capitais.”
Ele questionou “o que será do Minha
Casa” após as eleições: o programa acaba
em 2014. “Em 2011, ficamos 9 meses para
retomá-lo. Se isso se repetir, nenhum investidor dará continuidade aos projetos.”
José Carlos Martins, vice-presidente
da CBIC, defendeu o estudo daquilo que
chamou de “faixa um e meio”. Ele lembrou
Política de Estado
Em relação à transformação do MCMV
em política de Estado, Watanabe citou a
PEC 285/2008, que tramita na Câmara com
o apoio dos empresários, trabalhadores e
movimentos sociais de luta pela moradia.
“Perenizar o MCMV é fundamental, mesmo
que seja em valores inferiores aos da PEC”,
disse. A Proposta de Emenda à Constituição
285 prevê destinar recursos orçamentários
aos Fundos de Habitação de Interesse Social,
na União (2%), nos Estados, no Distrito
Federal e nos Municípios (1% cada). Sua
aprovação é uma das principais bandeiras
da Campanha Nacional pela Moradia Digna,
que o SindusCon-SP e a CBIC encabeçaram.
Martins concordou. “Perenizar é fundamental. Antes do MCMV, 87% destas
habitações eram feitas informalmente. O
programa é vitorioso e muito bem-avaliado.
Não passa pela cabeça de ninguém que não
se mantenha no longo prazo.”
Maria do Carmo disse que um futuro
MCMV 3 deverá tratar os valores “de forma
regionalizada”. Ela disse ainda caber ao
mercado privado buscar alternativas “construtivas” e áreas com terrenos mais baratos
nas grandes cidades, para adequar os preços
dos imóveis aos limites do programa.
(Nathalia Barboza)
Flávio Prando, do
Secovi-SP, Martins,
Maria do Carmo e
Watanabe: Minha
Casa, Minha Vida é
fundamental para o
país, mas precisa de
ajustes urgentes
Fotos: Calão Jorge
RE L A Ç Õ ES INTERNACI O NAIS
Um tsunami
de inspiração
Qualidade e inovação
no Japão entusiasmam
a Missão Técnica do
SindusCon-SP 2013
RAFAEL MARKO
Mesmo atingido por estagnação econômica e deflação, o Japão não deixou de
produzir obras e projetos inspiradores. As
construtoras japonesas esbanjam: rigor no
planejamento; execução industrializada,
produtiva, limpa e perfeitamente acabada,
feita por mão de obra bem formada e qualificada; atualização tecnológica permanente,
e preocupações crescentes com resistência
antissísmica e sustentabilidade ambiental.
Tudo isso entusiasmou os 29 integrantes da Missão Técnica do SindusCon-­SP
que visitou aquele país, de 6 a14 de setembro. Líder do grupo, o presidente do
SindusCon-­SP, Sergio Watanabe, observou
que “a construção japonesa chegou a um alto
padrão tecnológico num país de tradições e
cultura milenares. Tecnologia até se pode
comprar, mas estamos muito distantes na
qualificação da mão de obra. Precisamos
correr, porque ficará cada vez mais difícil
nos atualizarmos.”
“O grande diferencial foi vermos inovações em projetos e tecnologias já sendo
aplicadas”, comentou o vice-presidente de
Tecnologia e Qualidade, Paulo Sanchez.
A Missão foi realizada pela Diretoria
de Relações Internacionais, conduzida por
Salvador Benevides – a décima sob sua
responsabilidade e na qual se despediu do
encargo por razões pessoais. “O SindusCon-­
SP trouxe inúmeras contribuições em tecnologia, qualidade e sustentabilidade para
16
revista notícias da construção
/ outubro 2013
a construção brasileira de suas viagens,
das quais pretendo continuar participando
como integrante. Esta foi uma das melhores
missões, graças à excelente agenda técnica,
à agência de viagens e a toda a equipe do
SindusCon-SP.”
Promovida pelos Comitês de Tecnologia e Qualidade e de Meio Ambiente do
sindicato, a Missão teve a agenda técnica
elaborada pelo ex-superintendente Sussumu
Niyama, com o apoio de Itamaraty, Embaixadas do Brasil em Tóquio e do Japão em
Brasília, e Consulado Geral do Japão em São
Paulo. A operação foi da Interbusiness Tours.
Além de Watanabe, Sanchez, Benevides
e Niyama, pelo SindusCon-SP participaram
os vice-presidentes Eduardo Zaidan, Haruo
Ishikawa, João Lemos e Maurício Bianchi;
os representantes junto à Fiesp José Romeu Ferraz Neto e Sergio Porto; o diretor
Jurídico, Paulo Batistella; o ex-presidente
e conselheiro Artur Quaresma Filho; o 2º
vice-presidente do Conselho Consultivo,
José Batista Ferreira; os membros do CTQ
Alexandre Oliveira, Fábio Ribeiro Filho,
Fernando Fernandes, Luiz Lucio, Paulo
Aridan e Renato Genioli Jr.
Também participaram o presidente do
Sinaenco-SP, José Bernasconi; o membro
do Conselho Deliberativo da Abece, Francisco Graziano; o diretor da Abece, Virgílio
Ramos; o vice-presidente da Ademi-RJ,
Joaquim Andrade; o presidente do Conselho
Consultivo da Asbea, Henrique Cambiaghi;
o presidente da Formaplan, Francisco Pigatto Neto; os diretores José Arruda Sampaio
(JDL); Carlos Franck (Gesso New); Argemiro Villaça (Interbusiness), e o editor de
Notícias da Construção, Rafael Marko.
Integrantes da Missão
Técnica em reunião na
Embaixada do Brasil
em Tóquio, com o
embaixador Marcos
Galvão (no destaque)
Benevides no trem para
Kashiwa-no-ha, com a
bandeira brasileira que
sempre fez questão de
levar nas 10 missões do
SindusCon-SP ao exterior,
por ele coordenadas
Veja a galeria de
fotos da Missão
Técnica ao Japão
em facebook.com/
sindusconsp
A torre mais alta do mundo
Um dos destaques da Missão Técnica ao
Japão foi conhecer o processo de construção
da Skytree, a torre mais alta do mundo, com
634m, concluída em 2012. Antes, o grupo
subiu ao mirante da torre a 350 m de altura
(alguns foram até 450 m) nos elevadores
mais velozes do Japão (600m/minuto).
A montagem das 37 mil t de tubos de
aço da estrutura externa foi feita usando
BIM, medição em 3D com GPS e correções
de até um décimo de milímetro com solda.
Kiyoshi Tanabe, vice-diretor da obra
da Obayashi, apresentou o processo que
custou US$ 650 milhões à Togo, dona da
torre: as estacas de 50m; os tubos feitos por
19 siderúrgicas e sua montagem por 2 gruas
que subiam junto com a obra e 2 guindastes
no chão; a construção com fôrmas deslizantes da coluna central interna (que funciona
como contrapeso quando há terremotos ou
ventania); os 12 shafts por onde passam os 8
elevadores com capacidade para 40 pessoas
cada, e o içamento da antena. “É engenharia na veia!”, entusiasmou-se José Roberto
Bernasconi, do Sinaenco-SP.
Também impressionou filmagem feita
no topo da torre, no terremoto de 2011. A
estrutura e os trabalhadores nada sofreram.
Durante os 3 anos e 8 meses da obra não se
registrou acidente grave entre os 3 mil operários. Uma vez ao ano verificam-se a pintura,
a posição dos pilares
centrais e o sistema de
controle antissísmico,
informou o vice-­diretor
de manutenção, Tatsuo
Sugiyama.
Edifício alto
A Missão Técnica visitou um dos dois
edifícios altos que a Maeda e a Kajima estão
construindo em Idabashi, investindo US$
600 milhões. A obra de 30 andares, 136m
de altura e 124 mil m² de área, que depois
de pronta abrigará 7 mil pessoas, com 36
elevadores à velocidade de 360m/minuto,
impressionou: estrutura mista com pilares
de aço recheados de concreto, e proteção
antichama; reforço a partir do 4º andar com
sistema de amortecimento a terremotos (tubos de aço recheados de concreto); refeitório
e área de vivência com ar condicionado para
os 800 trabalhadores, com circuito interno
de TV para orientações diárias; elevador de
obra para 3 t e velocidade de 100m/minuto;
limpeza da obra e proteção segura do poço
do elevador definitivo, o que chamou a atenção do vice-presidente Haruo Ishikawa e do
consultor José Carlos Sampaio.
O chefe da obra, Ichiyanagui Shigeyuki,
apresentou detalhes como a fachada de perfis
montados na Tailândia com vidros da China
e que depois recebem brises para elevar o
conforto térmico. O edifício comercial prevê
apenas 140 vagas para automóveis em seus
dois subsolos numa região bem servida pelo
transporte público. Contrapartidas viárias
estão sendo feitas em troca da autorização
para a altura elevada.
revista notícias da construção
Etapa da construção da
Skytree, quando ela já
ultrapassava 300 m de
altura; utilização de BIM
no projeto da edificação;
com 634 m, a torre de
comunicações eleva-se
sobre Tóquio
Detalhe das fundações da
torre, que têm 50 m
Membros da Missão
dentro do elevador que
tem capacidade para 3 t
e velocidade de 100m/
minuto, na obra da
Kajima; organização e
limpeza impressionaram
/ Outubro 2013
17
relações internacionais
O edifício com a
menor emissão de CO2
O destaque ambiental da Missão Técnica ao Japão foi a visita à nova sede da Shimizu, inaugurada em 2012 e que conquistou
o título de edifício em operação que menos
CO2 emite no mundo.
O gerente de Planejamento, Toru Furuya, apresentou inovações como: combinação da conservação de energia com racionalização dos espaços de trabalho; economia
de 93% de energia gasta em iluminação mediante luminárias de LED nos tetos, abajures
de mesa e desligamento automático da luz
em ambientes vazios; persianas com gradação automática controlada; refrigeração do
ambiente por dutos de água nos tetos e ar
frio que sai do piso; dois tipos de painéis de
captação de energia solar e monitoramento
informatizado do gasto energético e térmico
regulando persianas internas.
Vigas de alumínio recebem revestimen-
18
revista notícias da construção
/ outubro 2013
to de poliestireno que também ajuda à não
dilatação do concreto interno, e sensores
apagam a luz quando não há ninguém no
ambiente (exceto no refeitório, usado para
reuniões). Diante da necessidade de economizar o consumo de energia da rede pública,
ocasionada pelo acidente da usina nuclear
de Fukushima, a temperatura ambiente no
verão é elevada, porém com baixa umidade.
Sustentabilidade
No mesmo dia, a Missão Técnica conheceu as iniciativas ambientais da Toda, a
única construtora japonesa que tem uma subsidiária no Brasil. Shoichirou Iguchi, diretor
de Assuntos Ambientais, mostrou alguns
dos 50 itens de sustentabilidade ambiental
na construção e operação de um edifício na
cidade de Aoyama.
Entre estes, figuram o resfriamento da
água utilizada no sistema de ar condicionado
passando por tubulações enterradas a 34m
de profundidade; paredes externas duplas,
painéis de captação de energia solar, iluminação e ventilação naturais, telhados e
paredes “verdes”, e reuso de água de chuva
para irrigá-los.
Ele também mostrou outras iniciativas
de responsabilidade socioambiental da
construtora, como a construção e instalação
no mar de um protótipo de equipamento
gerador de energia eólica, e a coleta de óleo
de cozinha e sua transformação em biodiesel e posterior utilização nos equipamentos
utilizados em canteiro de obras.
A empresa ainda apresentou um sistema
de mudanças nas cores e na intensidade da
iluminação interna ao longo do dia, visando
adaptação ao ritmo de trabalho conforme
o horário (luminosidade mais forte pela
manhã), bem como a filtragem do ar condicionado para a eliminação de bactérias.
Edifício da Toda em
Aoyama, com 50 itens
de sustentabilidade
Combinação de luz
natural, LED e sensores
de presença diminuiu
em 93% a energia para
iluminação das salas na
sede da Shimizu
Fio vertical com 5
sensores de temperatura,
chapa de alumínio
revestida de poliestireno
e bloco de concreto
armado, na Shimizu
Reforço antissísmico
na obra da Kajima
Sucesso em operações urbanas
A Missão Técnica assistiu a uma apresentação do diretor de Projetos da construtora Mori, Masayochi Yuge, sobre o investimento de US$ 850 milhões na edificação do
complexo Toranomon Hills, dentro de uma
operação urbana. O edifício está praticamente concluído, com 247m de altura, 244 mil
m² de construção e 6 mil m² de área verde.
Seus 52 andares serão distribuídos para uso
hoteleiro, residencial e comercial, além de
544 vagas de garagem.
Como a prefeitura planejava completar
no local um anel viário, ela permutou o
direito de passagem desta via sob o edifício
pelo direito de construção com coeficiente
de 11,5 vezes a metragem do terreno.
Esta proposta de edificação do complexo foi apresentada pela Mori à prefeitura,
que a aceitou e abriu a licitação ganha pela
incorporadora. “É um projeto cidadão”,
elogiou o vice-presidente Maurício Bianchi.
“Foi louvável como o poder público e a
iniciativa privada se uniram para revitalizar
uma área degradada e concluir um anel viá­
rio”, comentou o vice-presidente Eduardo
Zaidan.
Foi utilizada a técnica da escavação
invertida das fundações para edificar os
subsolos ao mesmo tempo em que se erguem
os pavimentos. Haverá geração própria de
eletricidade a partir de painéis solares, com
possibilidade de venda do excedente para a
rede pública. Coleta e reutilização de água
de chuva também foram providenciados.
Uma curiosidade: entre os materiais de
acabamento, será utilizado basalto adquirido
em Porto Alegre.
Gabarito elevado
O gerente de Planejamento da Mitsubishi Estate, Tetsuya Shirane, e sua equipe
apresentaram à Missão Técnica detalhes da
operação urbana que possibilitou o retrofit
de edifícios da região central de Marunouchi,
elevando a altura de alguns deles de 31m
(gabarito que vigorava desde 1923, com a
construção do primeiro shopping center local) para 200m, com aumento proporcional
do número de vagas para carros.
O grupo pagou US$ 500 milhões de
outorga onerosa à Prefeitura, realizou melhorias viárias e remodelou a estação ferroviária
de Tóquio, situada na mesma região. Desde
1890, a Mitsubishi é dona de 30% da área
de Marunouchi.
Os edifícios têm lojas e restaurantes nos
andares inferiores, e escritórios nos superiores. Aumentou o número
de vagas de garagem. A largura das ruas diminuiu, para
expandir a área destinada
aos pedestres. Áreas verdes
foram criadas, elevando o
movimento de pessoas nos
fins de semana. O acesso
dos pedestres às estações de
metrô e de trem foi ampliado.
O grupo visitou o Shimanouchi, um dos 100 edifícios da
área que está sendo reurbanizada, e recebeu itens de
sustentabilidade, como um
sistema de ar condicionado
por aquecimento e refrigeração da água.
revista notícias da construção
Canteiro limpo e
organizado da obra do
Toranomon Hills; dos 2
mil trabalhadores na obra
do edifício, os de laranja
são da construtora; os
demais, terceirizados
O edifício da Mori de
247m de altura, em fase
de acabamento
/ Outubro 2013
19
relações internacionais
Demolição
“ecológica”
O método de demolição “ecológica”,
pelo qual o edifício do Hotel Príncipe Akasaka em Tóquio ia sendo rebaixado andar
por andar por macacos hidráulicos, foi
apresentado à Missão Técnica por Hideki
Ichiara, gerente da Taisei Corporation.
Segundo ele, o método, indicado para
edifícios de estruturas de aço com mais
de 100 m de altura, reduz em 90% a poeira e em 70% o ruído que incomodam a
vizinhança; destina à reciclagem 95% dos
resíduos, e reutiliza a energia produzida durante a descida do material pelo guindaste
central montado no centro da obra.
Os três últimos andares e meio do edifício foram envelopados com uma película
de aço fina, as paredes e as lajes seccionadas internamente e o material descia por
um guindaste que gerava energia com este
movimento, usada para puxar o cabo para
cima e iluminar o ambiente. Distribuídos
pelas colunas, os macacos hidráulicos trabalhavam simultaneamente. Levaram-se 8
dias para demolir cada 2 pisos, e meio dia
para a descida do material.
Utilização de BIM
Em outra visita, a Missão conheceu a
utilização de BIM pela construtora Toda, no
edifício comercial que ela está construindo
20
revista notícias da construção
/ outubro 2013
da nova sede da Takigen, para substituir a
anterior destruída pelo terremoto de 2011.
Aiko Takimoto, dona da obra, contratou o
renomado escritório de arquitetura de Shin
Takamatsu para desenvolver um projeto
aliando um ambiente de trabalho motivador para os funcionários a uma estrutura
resistente a terremotos, idealizada em colaboração com a Universidade de Tóquio.
Bence Kovacs, diretor da Graphisoft
no Japão, e a equipe de tecnologia da Toda
explicaram a utilização de BIM para o
projeto executivo, para evitar colisões e
definir os locais dos equipamentos e até da
fixação de parafusos. Os softwares Vico,
para gerenciar custos, e ArchiCAD também
foram usados.
Na demolição do edifício existente na
área, descobriram-se estacas de madeira da
era Edo. Em vez de parede diafragma, usou-­
se a técnica de Soil Mixed Wall, bastante
difundida no Japão. A estrutura de aço foi
construída do oeste para o leste (e não de
baixo para cima) no prazo de 45 dias.
Brises pré-moldadas em madeira clara,
especialmente projetadas pelo escritório
de arquitetura, controlarão a luminosidade
interna.
Ao término
do dia, o grupo foi
recepcionado pela
Graphisoft no restaurante Gonpachi,
que serviu de inspiração para o cineasta
Quentin Tarantino
retratar uma casa do
gênero em Tóquio,
no filme Kill Bill.
Maquete do futuro edifício
comercial da Takigen, com
brises em madeira
Rebaixamento por
macacos hidráulicos do
edifício do Hotel Príncipe
Akasaka, enquanto ele era
demolido internamente
Macaco hidráulico
instalado em viga
Os níveis de ruído (acima)
e da vibração (abaixo),
medidos em tempo real e
mostrados no tapume da
obra do Toranomon Hills
Casas montadas em um dia
O processo de construção industrializada de casas pré-fabricadas da Misawa Homes foi apresentado à Missão Técnica pelo
diretor da empresa, Toshitsugu Hirata, e pelo
gerente de Tecnologia, Takami Mukayama.
Atuante desde 1967, a Misawa já edificou
1,247 milhão dessas residências, incluindo a
estação japonesa de pesquisas na Antártida.
Com vida útil de 60 anos e custando em
média entre US$ 2 mil e US 3 mil o metro
quadrado (excetuado o terreno), as residências combinam produção industrializada
com rigor técnico, sistemas de amortecimento a abalos sísmicos, conforto térmico e uma
arquitetura funcional e de apurada estética.
Entre a assinatura do contrato e a entrega da residência passam-se cerca de seis
meses, dos quais metade é dedicada à elaboração do projeto em conjunto com o cliente.
Depois de ter as partes fabricadas, a casa
pode ser montada em um dia, estruturada
em madeira, aço ou concreto.
Paredes com isolamento térmico,
painéis solares, ar condicionado à base de
tubulações de água fria, vidros duplos e
iluminação de LED garantem produção de
energia maior que o consumo e a consequente venda do excedente à rede pública.
Oshiro e Tenkumo, na apresentação à Missão brasileira
Vergalhão inovador em estudos
Uma apresentação sobre os desenvolvimentos da Kuraray em fibrocimento e
suas pesquisas sobre um novo geopolímero
para substituir o aço em vergalhões foram
o destaque da recepção oferecida à Missão
Técnica. Ficou acertado um contato da
empresa com projetistas no Brasil, para
uma avaliação mais profunda.
O grupo foi recebido pelo presidente
da Divisão de Fibras da Kuraray, Kazuhiro Tenkumo; pelo diretor Hideki Oshiro,
e pelo representante no Brasil, Stanley
Fukuyama.
Eles mostraram os materiais produzidos para a construção, como os polímeros
para reforço de concreto e argamassas, e
em substituição ao amianto na fabricação
de telhas.
A empresa também desenvolve pesquisas com construtoras japonesas em
pavimentação e na prevenção de descolamentos de placas de revestimento em
túneis.
Interior de uma casa préfabricada pela empresa;
membros da Missão
vibram em simulador de
terremotos na Misawa
Teste de resistência da
fixação de madeiras (as
amarelas ao centro),
com cola feita de resina
natural da Misawa
Montagem da residência
com partes industrializadas
leva um dia, diz a empresa
relações internacionais
Construtoras
investem
para inovar
A pesquisa e o desenvolvimento de
inovações, feitos por institutos ligados a
construtoras do Japão em parceria com o governo e as universidades daquele país, “são
um exemplo para a construção brasileira”.
A afirmação foi feita pelo presidente
Sergio Watanabe a Hajime Taniguchi, gerente geral do Instituto de P&D da construtora
Takenaka Komuten, ao término da visita
da Missão Técnica àquela instituição, em
Chiba.
Considerado o maior centro de pesquisas em estado da arte da construção civil do
mundo, o instituto com 150 pesquisadores
foi fundado em 1953 e tem laboratórios voltados à pesquisa e desenvolvimento em som
e acústica, materiais e instalações prediais,
sistemas de paredes “verdes”, estruturas e
resistência ao fogo, resistência ao vento,
fundações e tecnologias de ponta.
A Missão Técnica conheceu os trabalhos do laboratório que desenvolveu o
sistema acústico de reprodução de sons de
instrumentos e vozes humanas do Teatro
Nacional do Japão. Viu amostras de concreto que passaram por ensaios para evitar
rachaduras, bem como sistemas de paredes
“verdes” plantadas sobre estruturas de metal
e de concreto com fibra de vidro. Ouviu
22
revista notícias da construção
/ outubro 2013
uma explicação sobre o desenvolvimento de
estruturas de madeira que recebem placas de
concreto em seu interior, para que resistam
a incêndios por uma hora. E assistiu a uma
apresentação sobre os estudos desenvolvidos
para otimizar a iluminação natural de acordo
com as estações do ano, para um prédio de
escritórios de Osaka.
O instituto recebe anualmente cerca de
US$ 60 milhões de sua principal mantenedora, a construtora Takenaka, além de subsídios
do governo e de outras instituições. Muitas
de suas pesquisas são feitas em conjunto
com fabricantes de materiais de construção.
Cidade “inteligente”
A Missão Técnica viajou de trem para
Kashiwa-no-ha, onde conheceu uma cidade
sustentável em formação, gerida a partir de
parcerias entre a Mitsui Estate, outras construtoras, universidades e a prefeitura local.
Hiroya Mimaki, vice-presidente da entidade sem fins lucrativos UDCK, formada
para impulsionar o projeto, apresentou as
iniciativas em desenvolvimento: soluções
ambientais como o esforço para monitorar
e gerar toda a energia consumida; soluções
para uma sociedade como a japonesa com
25% de idosos, como o controle preventivo
de saúde e atividades diversas
para a sociedade promovidas
pela universidade; e inovações
para a indústria, aproveitando a
sinergia de se ter nas proximidades 20 institutos de pesquisa e
desenvolvimento nacionais, 70
ligados à iniciativa privada e 3
universidades locais de primeira
linha.
Maquete da cidade
“inteligente” de Kashiwa-no-ha,
em parte já edificada
No Instituto Takenaka,
guia mostra madeira
com enxertos de placas
cimentícias para resistir
ao fogo por ao menos
uma hora; iluminação
natural otimizada em
edifício de escritórios de
Osaka, a partir de estudo
feito pela instituição
Pesquisa com parede
“verde” no Instituto
Takenaka Komuten
Embaixada
abre as portas
O embaixador do Brasil no Japão,
Marcos Bezerra Galvão, colocou a embaixada brasileira em Tóquio à disposição
da Missão Técnica do SindusCon-SP para
localizar empresas japonesas interessadas
em levar às construtoras brasileiras materiais e tecnologias que tragam produtividade e sustentabilidade ambiental.
Saudando o embaixador e os diplomatas Paulo Martins, Iberê Barbosa e Fábio
Schmidt, o presidente Sergio Watanabe
manifestou o interesse na busca de tecnologias que aumentem a produtividade das
construtoras, salientando que “o setor pode
oferecer oportunidades para investimentos
japoneses”.
Galvão traçou um histórico da economia japonesa, que busca sair da estagnação
com a política econômica do primeiro-­
ministro Shinzo Abe. Destacou que as
empresas daquele país seguem com grande
capacidade de inovação e têm interesse em
compartilhar tecnologias, sobretudo em
sustentabilidade ambiental. “O Brasil dá
menos atenção ao Japão do que a outros
países, e estamos prontos a aproximar construtoras brasileiras e empresas japonesas.”
O embaixador comentou que o reduzido interesse das empresas japonesas
nas concessões de infraestrutura no Brasil
advém principalmente de uma cultura
bastante conservadora e avessa
ao risco.
Habitação
A Missão
Técnica foi recebida pelo diretor
do Departamento
de Habitação do
Ministério da TerInoue, ao receber a Missão
no Ministério da Terra
Idoso dança e canta observado por menina, em
apresentação no Museu Metropoliltano de Edo,
em Tóquio, no dia livre da Missão Técnica: 25% da
população têm mais de 65 anos
ra, Infraestrutura, Transportes e Turismo,
Inoue Toshioki, e equipe. Watanabe fez um
relato da política habitacional brasileira e
salientou que o Brasil “oferece grandes
oportunidades de negócios em toda a
cadeia produtiva da construção” e necessita “espelhar-se no Japão para produzir
habitação em massa e combater o déficit
habitacional”.
Toshioki relatou que, devido à estagnação econômica, o Japão produz apenas
900 mil moradias por ano, contra 1,8
milhão no passado, e que o país tem 57
milhões de unidades habitacionais para
as 50 milhões de famílias que compõem
sua população de 127 milhões de pessoas.
Ele informou que a construção japonesa tem características próprias: cuidado
com a acessibilidade (25% da população
tem mais de 65 anos); racionalização
energética (o Japão importa todo seu petróleo e reduziu drasticamente o consumo
da energia nuclear depois do tsunami que
paralisou a usina de Fukushima); segurança antissísmica das construções (a norma
técnica de estruturas é revista periodicamente, e hoje as novas edificações são
construídas para resistir a terremotos no
grau 9 da escala de Richter); e manutenção
do corpo técnico das construtoras, apesar
da redução da produção habitacional.
revista notícias da construção
/ Outubro 2013
23
relações internacionais
Cenas do Japão 2013
A Missão diante de casa pré-fabricada da Misawa; Watanabe, ao centro, ladeado por
Hirata, diretor da empresa, e Sussumu Niyama, responsável pela agenda técnica
Edifício na “cidade eletrônica” de Akihabara, em Tóquio:
comércio fervilhante de eletroeletrônicos
“A Missão Técnica foi ótima para termos uma
projeção do futuro da construção no Brasil, com
mais equipamentos, tecnologia e qualidade.”
Sergio Porto, Representante do SindusCon-SP junto à Fiesp
Instrumentistas em quimonos tradicionais, tocando
shamisen em uma moderna praça de alimentação
Terreno exíguo repleto de gruas e guindastes em Tóquio
24
revista notícias da construção
/ outubro 2013
Itens de segurança, como
este vasto andaime,
impressionaram a Missão
G EST Ã O DA O B RA
Tragédias evitáveis
Maria Angelica
Covelo Silva é
engenheira civil,
mestre e doutora em
engenharia, diretora
da NGI Consultoria e
Desenvolvimento
Envie seus
comentários,
críticas, perguntas e
sugestões de temas
para esta coluna:
ngi@ngiconsultoria.
com.br
O trágico desabamento de uma obra no
bairro paulistano de São Mateus, em 27 de
agosto, recolocou a construção civil na triste
estatística dos “acidentes” evitáveis que vêm
aumentando.
O mais impressionante é a indiferença
percebida nestas situações. Ninguém do setor
se manifestou, como se fosse um problema
isolado, pontual, que afetasse somente os envolvidos. As 10 vidas perdidas, as 20 pessoas
feridas e os vizinhos desalojados não bastaram
para mobilizar a construção em torno de ações
efetivas de análise sobre o que está levando às
várias ocorrências dos últimos anos.
Para maior espanto ainda, dias depois,
o prefeito de São Paulo assinou uma lei dispensando, do Auto de Conclusão (Habite-se)
para obtenção de licença de funcionamento, as
edificações comerciais de até 1.500 m² de área
construída. Era o caso da obra que desabou
antes de ser concluída.
construção– está muito aquém em organização
e capacidade do que precisamos para as dimensões de cidade, de país e de nível de atividade
econômica atual.
E por que nada é feito? Em Santa Maria,
no Rio Grande do Sul, 242 pessoas morreram
e em nenhuma parte, nenhuma, do processo
noticiado pela imprensa de todo o país, viu-se
qualquer menção ao fato de a causa primária
de tudo ter sido um material desprovido dos
aditivos necessários para não se inflamar daquela forma que causou a tragédia.
Temos norma brasileira para o ensaio
destas condições naquele material desde 2003
(NBR 9178), mas se permite que o mesmo
seja comercializado sem qualquer fiscalização, liberando gases altamente tóxicos em
situação de incêndio quando não contém os
aditivos. Mas fica “bem mais barato” fabricar
sem estes.
A não-conformidade no setor da construção sempre é associada
a materiais de construção, mas podemos
dizer que a não-conformidade às normas e legislação é generalizada
em projetos, obras, uso e manutenção.
O que será preciso acontecer adicionalmente para que a atividade de construção civil
seja mais fiscalizada em todas as suas dimensões e agentes produtivos – proprietários e
empreendedores, projetistas, construtoras,
fabricantes de materiais, administradores
etc., sem corporativismo, mas com foco na
segurança da sociedade que utiliza edificações e empreendimentos de toda natureza?
Mais mortes? Certamente as teremos em
breve, se tudo continuar como está, mas não
dá para saber se um dia serão suficientes para
sensibilizar quem tem o poder de mudar esta
situação.
O ciclo da construção precisa ser
fiscalizado com foco na segurança
E se tivesse desabado quando o comércio
ali previsto estivesse funcionando? Em vez
de encontrar solução para a insuficiência de
recursos para fiscalizar, adota-se o caminho
mais simples: acabar com a exigência. Solução política simples, mas tecnicamente e
socialmente desastrosa. Que todos fiquemos
bem atentos ao usarmos o comércio que funciona neste tipo de edificação. Podemos ser as
próximas vítimas de obras mal projetadas, mal
executadas e mal fiscalizadas.
O ciclo completo de exercício das profissões ligadas à construção –fiscalização de
projetos e obras, licenças para construir, e até
fabricação e comercialização de materiais de
revista notícias da construção
/ Outubro 2013
25
empreendedorismo
Cuide do planejamento
MARCO ANTONIO
CONEJERO é
economista, doutor
em Administração
pela FEA-USP, professor pesquisador
da FACCAMP e sócio­consultor da Stracta
Consultoria
Envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de
temas para esta coluna: marco.conejero@
gmail.com
Muito se sabe da pujança vivenciada
pelo setor da construção civil em função do
bom momento enfrentado pela economia
brasileira e de programas governamentais de
incentivos fiscais e creditícios. As construtoras claramente vêm buscando acompanhar
essa tendência via crescimento orgânico,
parcerias estratégias, ou fusões e aquisições
de outras companhias.
Considerando a história econômica
brasileira, com ciclos de alta e baixa, é aconselhável que o empresário do setor aproveite
o momento com o uso da ferramenta de
planejamento. Em especial, na análise de
oportunidades de fusão ou aquisição de outras
empresas.
É bastante disseminada no mundo dos
negócios a prática do Valuation, termo em
inglês que significa avaliação de empresas.
Nada mais é do que o processo de avaliar o
valor dos ativos, financeiro ou real, integrantes da empresa a ser vendida.
fuga de talentos. É preciso realizar um projeto
do tipo PMI (Post Merger Integration), que
foca em alinhar a empresa adquirida à cultura
e estilo de gestão da empresa adquirente, mas
preservando os pontos fortes como marca,
pessoas, capacidade de inovação e carteira
de clientes.
Para a empresa adquirente, a compra do
concorrente sempre visa ganhar market share
e agregar competências complementares. Mesmo assim, lacunas e pontos de melhoria são
possíveis de serem identificados. Recomen­dase então a realização de um diagnóstico interno, em ambas as empresas, para identificar lacunas em estratégia, estrutura organizacional,
recursos humanos, e em processos comercial,
industrial e administrativo-financeiro.
Em paralelo a isso, é recomendável a rea­
lização de uma pesquisa de mercado com os
clientes estratégicos e segmentos de atuação
de ambas as empresas, com vistas a identificar percepções de posicionamento de preço e
qualidade de serviços.
A voz do mercado é um
importante instrumento
para evitar possíveis
miopias dos executivos
internos.
Tendo em mãos a lista final de lacunas
e pontos de melhoria, sugere-se a proposição
de um modelo de gestão (e estrutura organizacional) para a empresa resultante, que leve
em consideração:
• novo corpo diretivo para a empresa
resultante;
• admissão e demissão de pessoas conforme a nova estrutura;
• melhorias em processos e rotinas nas
áreas administrativo-financeira, comercial e
industrial;
• rotina de reuniões entre a nova administração da empresa resultante.
O que observar nas aquisições e
fusões de empresas da construção
Antes da concretização da transação, a
pedido da compradora, a empresa alvo passa
por um processo de Due Dilligence, que significa Diligência Prévia. A ideia é fazer uma
investigação formal, que vai além da avaliação econômica, e verificar o cumprimento de
aspectos legais, contábeis, fiscais, trabalhistas
e ambientais, para minimizar riscos e even­
tuais passivos futuros.
Independentemente do Valuation ou do
Due Dilligence, essas práticas não garantem
uma boa integração das empresas. Nesse sentido, esse artigo procura discutir como realizar esse processo sem perda de market share e
26
revista notícias da construção
/ outubro 2013
MEI O AM B IENTE
Destaque na 4ª Cema
SindusCon-SP discute
resíduos na
Conferência Estadual
do Meio Ambiente
A parceria que o SindusCon-SP mantém com a Secretaria Estadual do Meio
Ambiente para a realização de um projeto
piloto de implementação de um sistema online de gestão e rastreabilidade de resíduos
sólidos da construção foi destacada pelo
secretário da pasta, Bruno Covas em seu
pronunciamento na cerimônia de abertura
da 4ª Conferência Estadual do Meio Ambiente (Cema) do Estado de São Paulo, no
Memorial da América Latina, em setembro.
Covas confirmou que o piloto se iniciará
em Santos a partir de fevereiro. Segundo ele,
se o sistema se mostrar confiável e eficiente,
em seis meses poderá ser implementado em
outras cidades. Para Ricardo Beschizza, diretor da Regional Santos do SindusCon-SP,
a ferramenta “facilitará o trabalho de gestão
das construtoras e de monitoramento pela
Prefeitura”. Segundo ele, o piloto também
poderá servir para reverter o que não funcionar na Lei Municipal de Gestão de Resíduos
e melhorá-la.
Propostas
O presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe, compôs a mesa de abertura da
Cema, que encerrou o ciclo das etapas preparatórias para a Conferência Nacional de
Meio Ambiente (CNMA), marcada para 24
a 27 de outubro, em Brasília.
A coordenadora técnica do Comasp
(Comitê de Meio Ambiente) do SindusCon-­
SP, Lilian Sarrouf, é membro da COE
(Comissão Organizadora Estadual). A 4ª
Cema contribuiu com propostas de solução
dos entraves e desafios de implementação
dos instrumentos da Política Nacional de
Resíduos Sólidos (PNRS).
No evento estadual, cerca de 800 participantes elegeram os 70 delegados que
representarão São Paulo na etapa nacional e
votaram em plenário as 20 sugestões prioritárias, 5 por eixo temático (o Eixo 2 refere-se
aos resíduos sólidos da construção).
Duas propostas das construtoras foram
levadas a voto: a primeira de criação de novas linhas de crédito e incentivos fiscais às
cooperativas, associações e empresas cujos
produtos resultam em redução do consumo
de recursos naturais e para usinas de triagem, processamento de RCCs, ecoponto e
resíduos de compostagem; a segunda, para
incluir nas licitações de obras públicas o uso
de resíduos reciclados da construção.
Em São Paulo, foram realizadas 32
conferências municipais, 22 regionais (com
participação de 507 municípios) e 42 conferências livres. Um total de 539 dos 645
municípios participou das conferências regionais e municipais, o que
representa 83,56% dos municípios
do Estado.
O SindusCon-SP também teve
um estande no saguão do auditório
Símon Bolivar, no Memorial, no
qual expôs e distribuiu material impresso sobre as ações do sindicato
na área de meio ambiente.
(Nathalia Barboza)
Estande do SindusCon-SP
revista notícias da construção / Outubro 2013
distribuiu informações sobre
as ações de meio ambiente
27
marketing de rel acionamento
Tiro certeiro
RODOLFO ZAGALLO
é presidente do
Grupo ZAZCOMM.
e fundador do C3 –
Clube da Construção
Civil. Atua há 15
anos no mercado
de comunicação e
marketing
Envie seus
comentários, críticas,
perguntas e sugestões
de temas para esta
coluna: rodolfo@
zazcomm.com.br
Nesta edição vamos falar sobre como
atingir o alvo com o “calibre certo”.
Fala-se cada vez mais em segmentação,
mas o mercado continua usando esta prática
de forma primária e equivocada.
Muitos definem seu foco de atuação em
cima do tradicional público alvo, que todo
empresário já escutou um dia: homens ou
mulheres de x a y anos, casados ou solteiros.
Atualmente temos ferramentas para
trabalhar a segmentação de forma muito
mais profunda, mídias dirigidas para um
público muito mais fechado e receptivo a
certos pontos de contato. Novamente volto
a falar da importância do relacionamento, é
muito mais barato manter um cliente feliz
do que conquistar um novo.
Enfim, muitos continuam dando tiro de
canhão no lugar de usar uma sniper e o resultado não pode ser diferente do que dispersão
de dinheiro. As agências de propaganda
não se cansam de usar a tradicional “fórmula de bolo”, até porque a velha máxima
“está dando certo assim, para que mudar?”
continua sendo aceita principalmente nas
grandes empresas.
Mercado imobiliário deveria usar
estratégias regionais e dirigidas
O profissional que ousa, inova ou tenta
mudar, muitas vezes é mal visto por vários
departamentos da empresa, e quando dá
certo quase nunca é reconhecido.
As empresas que se propõem a reinventar enfrentam uma barreira grande e na
maioria dos casos escutam: “Nossa, que
grande ideia, mas acho melhor não arriscar”.
Como sempre, gosto de usar exemplos.
Vou arriscar e dar um do mercado da indús28
revista notícias da construção
/ outubro 2013
tria da construção civil.
Sempre escuto de muitos empresários
que o maior volume de vendas está nos investidores e na mão dos corretores... Apesar
disso, continuam investindo milhões em uma
campanha de jornal ou revista que fala com
300 mil pessoas.
Gostaria muito de saber: por que falar
com uma pessoa de Guarulhos sobre um
empreendimento residencial nos Jardins?
Para que comunicar o lançamento de um
empreendimento corporativo em Campinas,
para empresas de Taubaté?
É aí que entram as estratégias de segmentação e marketing de relacionamento,
por exemplo, relacionamento com investidor
e cultura do corretor.
As pessoas se esquecem de analisar o
perfil de consumo da região, fazer uma pesquisa no entorno, conversar com moradores
da região, entender o comportamento do
seu futuro cliente. Antes de definir qualquer
campanha, precisamos entender com quem
queremos falar, o que eles querem escutar
e, muito além disso, quais os sonhos e
desejos deles.
Não podemos nos esquecer de
que cada região é quase como um
outro mundo, com costumes, desejos
e ambições diferentes.
Quando falamos de empreendimentos corporativos não muda muito, as empresas também têm DNA próprio. E
quando pensamos no empreendimento a ser
lançado, imediatamente temos que imaginar
qual o DNA da empresa que queremos para
povoar este complexo. Atualmente, existem
dados prontos de mercado que nos orientam
para seguir estes caminhos.
Reflita:
Inovar e criar dá trabalho, o mercado
está cada dia mais preguiçoso.
meio ambiente
Falta incentivar a remediação
Após a regulamentação da Lei Estadual
13.577/2009 pelo decreto 59.263, que permite gerenciar efetivamente áreas contaminadas no Estado de São Paulo, os debates sobre
a questão poderiam avançar um pouco mais
com a criação de um mecanismo de incentivo à recuperação destas áreas por empresas
do mercado imobiliário, indica Francisco
Vasconcellos Neto, vice-presidente de Meio
Ambiente do SindusCon-SP.
Segundo ele, os 103 artigos do decreto
sobre as diretrizes e procedimentos para a
proteção da qualidade do solo e das águas
subterrâneas representam “um grande progresso”, sobretudo ao criar o Feprac (Fundo
Estadual para Prevenção e Remediação de
Áreas Contaminadas), mecanismo financeiro destinado à identificação e remediação
das chamadas “áreas órfãs”. “O Estado não
dispunha de mecanismo que lhe permitisse
assumir os custos de um projeto de remediação, cobrando judicialmente do responsável
num segundo momento. Isto vinha fazendo com que muitas áreas potencialmente
descontamináveis ficassem abandonadas”,
comenta Vasconcellos.
Segundo ele, os incentivos às construtoras seria ótima alternativa. “No mundo todo
isto acontece. As empresas remediam a área
e, em troca, têm um andamento mais rápido
nos processos de licenciamento”, conta.
A regulamentação obriga, entre outras
coisas, a averbação da informação sobre a
contaminação identificada na área na respectiva matrícula do imóvel e institui o seguro
ambiental que garante a execução do Plano
de Intervenção.
“O decreto juntou, melhorou e deu base
legal às ações de descontaminação de áreas”,
diz o vice-presidente do SindusCon-SP.
Vasconcellos: incentivos às
construtoras beneficiariam
toda a sociedade
Andaimes Urbe fornece
equipamento para estádio da
Copa do Mundo Brasil 2014
Sede da abertura do mundial, o Estádio do
Corinthians, já tem 82% das suas obras
concluídas. A versatilidade de aplicações do
Andaime Fachadeiro Urbe proporcionará rapidez
e produtividade para a fase de acabamento da
obra e ajudará a garantir a inauguração dentro
do prazo previsto, dezembro / 2013.
São Paulo (11) 2256-6000
Osasco
(11) 3601-2777
Campinas (19) 3216-4440
revista notícias da construção / Outubro 2013
29
www.urbe.com.br
P REVEN Ç Ã O E SA Ú DE
Saúde bucal
JEFFERSON PODESTÁ
BRANDÃO é cirurgiãodentista formado
pela Unisa, com
especialização em
periodontia e gerente
de Odontologia do
Seconci-SP
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perguntas e sugestões
de temas para esta
coluna:
[email protected]
A saúde bucal é parte integrante e inseparável da saúde do indivíduo. Os trabalhadores
da construção apresentam problemas bucais
relevantes que podem culminar em urgências
odontológicas com impacto na qualidade de
vida, produtividade e, eventualmente, em
absenteísmo, chegando em alguns casos até
a comprometer os relacionamentos sociais,
evidenciando a importância do atendimento
odontológico na saúde desses trabalhadores.
É fundamental conhecer as doenças
bucais que afetam os trabalhadores. Compartilhar dados estatísticos sobre atendimentos e
procedimentos permite evidenciar o impacto
das afecções bucais no processo produtivo e
na saúde do trabalhador.
Em 2012, a equipe de Odontologia do
Seconci-SP realizou 40.617 atendimentos
para os trabalhadores titulares, o que corresponde a 66% do total de pacientes atendidos.
incidência de cárie, é aplicado durante as
consultas.
Os serviços odontológicos no SUS têm
se revelado insuficientes e os planos de saúde
que preveem assistência odontológica apresentam impactos financeiros significativos
que limitam o acesso, sobretudo para os trabalhadores do setor e suas famílias. Um dos
diferenciais do Seconci-SP é proporcionar o
acesso à assistência odontológica, com recursos físicos e materiais de primeira qualidade
e com atendimento humanizado, contando
com um índice de satisfação elevado entre
os usuários.
Diferentemente do que ocorre na rede
pública e privada de saúde, o tempo de espera
para agendamento de consultas no Seconci-­
SP é inferior a 15 dias. A instituição oferece
ainda pronto atendimento para as urgências e
emergências, contando com um rol completo
de especialidades.
Outro fator relevante é que os atestados
emitidos em 2012 tiveram prazo máximo de
afastamento entre um
e dois dias. Assim como os atestados médicos emitidos pela entidade, os odontológicos
representaram 4% do total de atendimentos
realizados. A extração dentária foi responsável
por 95% desse total.
Mediante solicitação das empresas, o
atendimento também pode ser oferecido
diretamente nos canteiros de obras, pois
o Seconci-SP dispõe de Unidades Móveis
Odontológicas, capacitadas para percorrer
todas as regiões do Estado.
A manutenção da saúde bucal dos
trabalhadores, além de melhorar a qualidade
de vida, contribui para o aumento da produtividade e para a redução dos índices de
absenteísmo nas obras.
Seconci-SP dá tratamento e leva
dentistas aos canteiros de obras
Entre os principais procedimentos realizados no período, as restaurações foram a
maioria com 36,5%, seguidos de triagem (sem
hora marcada) com 26,5%, periodontia (tratamento de gengivas) com 14% e a reabilitação
protética (próteses) com 10%.
Considerando que os procedimentos vinculados à triagem e à periodontia trabalham
conceitos e ações preventivas, evidencia-se a
relevância dessas especialidades no combate
à cárie e aos problemas gengivais.
Nos atendimentos odontológicos no
Seconci-SP, o conceito de escovação, o uso
do fio dental e informações sobre hábitos
alimentares adequados são transmitidos aos
pacientes. O flúor, importante na redução da
30
revista notícias da construção
/ outubro 2013
TREinAMEnTo DA nR-35
Trabalho em Altura
PARCERiA: SindusCon-SP / Senai-SP
Apoio às empresas da construção, capacitação
e prevenção para o trabalhador.
ESTE é uM BEnEfíCio gRATuiTo APEnAS PARA
EMPRESAS ASSoCiADAS Do SinDuSCon-SP
O Programa SindusCon-SP de Segurança (PSS)
foi criado em 2005 para orientar e disseminar
conhecimentos sobre o cumprimento da NR-18
e agora proporciona treinamento da NR-35.
Procure o SindusCon-SP da sua cidade e obtenha mais informações
SEDE
Tel (11) 3334-5600
[email protected]
Presidente Prudente
Tel/fax (18) 3222-9801
[email protected]
São José do Rio Preto
Tel/fax (17) 3226-5626
[email protected]
Bauru
Tel (14) 3234-1242
[email protected]
Ribeirão Preto
Tel (16) 3623-1340
[email protected]
São José dos Campos
Tel: (12) 3942-5007
[email protected]
Campinas
Tel/fax (19) 3236-8069
[email protected]
Santo André
Tel (11) 4990-6433
Fax (11) 4992-4676
[email protected]
Sorocaba
Tel/fax (15) 3224-2369
(15) 3234-3211
[email protected]
Mogi das Cruzes (Delegacia)
Tel: (11) 4735-5274
[email protected]
Santos
Tel (13) 3222-5396
Fax (13) 3223-2035
[email protected]
www.sindusconsp.com.br
facebook.com/sindusconsp
@sindusconsp
RE L A Ç Õ ES CA P ITA L - TRA B A L H O
SindusCon-SP é premiado no Chile
O SindusCon-SP recebeu a “Distinción
Asociación Latinoamericana de Seguridad
e Higiene en el Trabajo”, prêmio concedido pela Asociación Latinoamericana de
Seguridad e Higiene en el Trabajo (Alaseht)
a empresas ou instituições que realizem
atividades e ações meritórias nas áreas de
segurança, meio ambiente e saúde no trabalho, em setembro, em Santiago, no Chile. A
distinção foi entregue ao vice-presidente de
Relações Capital-Trabalho do sindicato, Haruo Ishikawa, pelo presidente do Conselho
Nacional de Seguridade do Chile, Guillermo
Gacitúa Sepúlveda, eleito novo presidente
da Alaseht.
Criada em 1977, a Alaseht é composta
por nove membros, entre os quais o Brasil,
para promover a segurança por meio de
prevenção de acidentes, saúde e segurança
no trabalho, proteção ambiental, bem como
para melhorar a produtividade e a competitividade na construção latino-­americana.
Prêmio Seconci-SP
Haruo Ishikawa e a vice-presidente de
Responsabilidade Social, Maristela Honda,
representaram o SindusCon-SP na segunda
edição do Prêmio Seconci-SP de Saúde e
Segurança do Trabalho, promovido em se-
tembro. Distribuída em quatro categorias,
a premiação incentiva as melhores práticas
em saúde e segurança do trabalho em canteiros de obras residenciais, comerciais e
industriais em todo o Estado de São Paulo.
Ishikawa entregou o bronze na categoria “Campanhas motivacionais em saúde
e segurança no trabalho” para a equipe
da Racional Engenharia responsável pela
obra do Shopping Iguatemi Esplanada, em
Sorocaba.
Coube a Maristela entregar a prata na
categoria aos engenheiros da Odebrecht
Realizações Imobiliárias (OR).
Personalidade
Nesta edição, o presidente do
Sintracon-­SP, Antonio de Souza Ramalho,
foi escolhido a Personalidade do Ano. Na
categoria de Trabalhador Modelo foi homenageada a carpinteira Lenice Carvalho da
Silva Oliveira, da MPD Engenharia.
Além de Ishikawa, Maristela e Antonio
Carlos Salgueiro de Araújo, presidente do
Seconci-SP, a cerimônia contou com as
participações de José Sílvio Valdissera, presidente do Sindinstalação, e Carlos Alberto
Laurito, representante do Sinicesp.
(Fabiana Holtz)
revista notícias da construção
Ishikawa (dir.) recebe
o prêmio das mãos de
Gacitúa, em Santiago
Maristela entre os
premiados do Seconci-SP
/ Outubro 2013
33
relações capital-trabalho
Megasipat reúne mais de 350
trabalhadores em Sorocaba
Mais de 350 trabalhadores da construção civil aproveitaram o dia no Sesi de
Sorocaba na 14ª edição da Megasipat (Mega
Semana Interna de Prevenção de Acidentes
do Trabalho) em setembro. Realizada pelo
SindusCon-SP, em parceria com Fiesp, Sesi-­
SP, Senai-SP e Seconci-SP, a Megasipat é o
maior evento paulista de Saúde e Segurança
do Trabalho.
Em nome da vice-presidente de responsabilidade social, Maristela Honda, o diretor
da regional, Elias Stefan Junior, deu as boas-vindas aos trabalhadores e agradeceu as
entidades parceiras. Julio Cesar Martins, diretor do Sesi Sorocaba, disse ser importante
que os participantes repliquem em casa o que
aprenderam durante o evento. Emílio Alves,
presidente da Feticom, também ressaltou a
importância da segurança do trabalho. Já o
diretor do Sindicato dos Trabalhadores na
Construção Civil em Sorocaba e Região,
Vitorino Gabriel, chamou a atenção para a
prevenção de acidentes, um procedimento
que deve ser constante.
Para Jocilei Oliveira, diretor do Senai
Sorocaba, a Megasipat é um momento para
se pensar na formação de cada um. “Os tra-
balhadores precisam aproveitar para refletir
sobre novos aprendizados e qualificação”.
Os participantes fizeram exames médicos, receberam orientações sobre saúde
e qualidade de vida. Também assistiram
a palestras sobre segurança no trabalho e
violência doméstica, intercaladas com esquetes teatrais e sorteios. Foi oferecido aos
trabalhadores café da manhã e almoço.
O evento percorrerá, até novembro, as
nove Regionais do SindusCon-SP, além da
Delegacia de Mogi das Cruzes e a Capital.
A expectativa neste ano é de reunir mais de
2.500 trabalhadores da construção civil em
todo o Estado.
(Lívia Camargo)
Reunidos em Sorocaba,
Martins, do Sesi, Stefan
Júnior, da Regional, Alves
e Costa, da Feticom-SP, e
Oliveira, do Senai
Ribeirão tem sorteio de cursos
Com a participação de aproximadamente 200 trabalhadores, a Megasipat de
Ribeirão Preto aconteceu no Teatro do Sesi
e nas dependências do CAT José Villela de
Andrade Jr.
A abertura do evento contou com as
presenças do diretor adjunto da Regional,
Fernando Junqueira, da auditora fiscal do
Ministério do Trabalho Nara Soares Borba,
do coordenador administrativo do Seconci-­
SP Agnaldo Silva e dos representantes do
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revista notícias da construção
/ outubro 2013
Sesi-SP, Heloísa Lança, e do Senai-SP, Valdeir Borges, além de Iussef Miguel Iun, que
representou a prefeita Dárcy Vera.
Ao final foram sorteados diversos
brindes, entre eles cursos de qualificação
profissional oferecidos pelo Instituto da
Construção.
“É preciso que as pessoas se cuidem
bem. Vocês são a mão de obra que todos
procuram”, afirmou Iussef Iun.
(Márcio Javaroni)
Trabalhadores do ABC lotam
auditório do Sesi Mauá
Público recebeu dicas de prevenção de acidentes
Na Regional Santo André, a Megasipat
lotou o Sesi CAT Ministro Raphael de Almeida Magalhães, em Mauá. Para o diretor
da Regional, Sergio Ferreira dos Santos, o
sucesso de público é sinal de que a iniciativa
está atingindo sua finalidade: a conscientização sobre a importância que devemos dar
à segurança em nossas vidas, e não só em
nosso ambiente de trabalho.
Na abertura do evento, a diretora-­
adjunta da Regional, Rosana Carnevalli,
destacou a importância dessa ação, que tem
contribuído para a prevenção de acidentes e
apresentado reflexos importantes na saúde
do trabalhador há 14 anos. Para o professor
Carlos A. Carvalho, diretor do Sesi local,
“é motivo de grande honra e satisfação
poder prosseguir com essa parceria em prol
da saúde e segurança dos trabalhadores da
Indústria da Construção Civil.”
Nancy Fasioli, agente de treinamento do
Senai A. Jacob Lafer, comentou “É um dia
diferente e especial para os trabalhadores.
Quando falamos em segurança, precisamos
ficar atentos a todos os detalhes.”
Ao dar as boas-vindas ao público,
Wilson Roberto Anighi, diretor de saúde e
segurança do Sindicato dos Trabalhadores
da Construção Civil de Santo André, Mauá,
Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, disse
que a conscientização dos trabalhadores
eleva também a produtividade. “Ainda há
muito trabalho pela frente, mas evoluímos
muito nesse sentido”, argumentou.
Anighi abordou também a importância
da boa saúde piscológica do trabalhador, que
deve ser desenvolvida em casa, com diálogo
e bom relacionamento entre os familiares, o
que resulta em um trabalhador mais atento.
(Sueli Osório)
Bauru tem curso de artesanato
Em Bauru, a Megasipat reuniu cerca
de 200 trabalhadores do setor da construção
civil no Senai João Martins Coube. Além de
exames gratuitos, palestras sobre importância da prevenção para a saúde de homens
e mulheres e sorteio de brindes, neste ano
a programação incluiu um minicurso de
artesanato. As apresentações de um grupo teatral, que interligavam as palestras,
também fizeram sucesso com músicas e
participação da plateia.
(Sabrina Magalhães)
revista notícias da construção
/ Outubro 2013
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G EST Ã O EM P RESARIA L
Novo paradigma
Maria Angelica
Lencione Pedreti
é professora de
Contabilidade
e Finanças da
FGV e mestra em
Administração de
Empresas; trabalha
em Planejamento
Estratégico
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críticas, perguntas e
sugestões de temas
para esta coluna:
maria.lencione@
fgv.br
Um estudo do Instituto Brasileiro de
Planejamento Tributário concluiu que as
empresas brasileiras que faturam mais de R$
48 milhões/ano costumam viver, em média,
35 anos. Esta amostra representa apenas 2%
das 13 milhões de empresas do Brasil. Ainda
segundo o estudo, uma em cada seis empresas
pequenas morrem antes de completarem cinco anos, o que não é diferente da estatística
do resto do mundo.
Se enxergarmos as empresas como um
conjunto de pessoas e de culturas, fica mais
fácil entender que as ideias podem ficar ultrapassadas e muitas vezes, as culturas, que
foram importantes em certo momento da vida
da empresa, se tornem um obstáculo ao seu
crescimento futuro ou até à sua sobrevivência.
As empresas são feitas de pessoas, que
acabam criando procedimentos para defenderem seus interesses, e muitas vezes isso
conflita com os interesses, especialmente de
longo prazo, da organização. Assim, torna-se
imperativo preparar a cultura da empresa ao
que está por vir, para que ela seja um fator
propulsor, e não um entrave ao crescimento
sustentável.
A mudança dos paradigmas também
possui um papel importante nesse processo:
enquanto for mais eficiente e eficaz que uma
empresa tenha funcionários, uma sede, uma
só razão de ser, ela existirá. O que ocorre,
segundo os especialistas, é que os custos de
transação estão se reduzindo, de modo que,
em alguns casos, pode ser mais fácil e mais
barato contratar profissionais de acordo com
o projeto a ser realizado, com a vantagem de
contar com profissionais especializados, a
custos mais baixos, graças aos avanços das
comunicações.
Assim, a empresa, constituída hoje como
um conjunto de pessoas que entram em diferentes tipos de contratos, em torno de uma
mesma ideia, será substituída por um novo
tipo de organização, baseada num conjunto
de contratos e de ideias para cada oportunidade. A organização antiga dará lugar à nova
e quem mudar não precisará morrer.
Obviamente, há empresas que morrem
por erros de administração, de gestão de risco, por briga entre os sócios, problemas de
sucessão, práticas desleais da concorrência.
Mas um dos maiores riscos à existência
de uma empresa são as
ações de outra empresa, como aquele jogo
de xadrez, em que
você deve prever o que
o oponente fará antes
de tomar sua posição. E, segundo o consultor
e acadêmico Clayton Christensen, inovações
de ruptura são praticamente imprevisíveis.
Não posso deixar de destacar, no entanto,
que mesmo imprevisíveis são estas inovações
de ruptura que potencializam as empresas ao
crescimento sustentável que criará valor.
Nas próximas edições, detalharemos um
pouco mais sobre os principais problemas das
empresas e como tratá-los a tempo!
Empresas precisam se preparar para
enfrentar resistências a mudanças
Outro fator encontrado na pesquisa
refere-se às crescentes fusões e aquisições.
Se uma empresa possui uma estratégia de
crescer via aquisições e não apenas por
crescimento orgânico, as empresas adquiridas, uma vez incorporadas, tendem a desaparecer. E como a estratégia de aquisições
leva a um crescimento mais rápido, é de se
esperar que ocorram num mundo cada vez
mais dinâmico.
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revista notícias da construção
/ outubro 2013
SINDUSC O N - S P EM A Ç Ã O
SindusCon-SP é eleito
para a Conferência
Nacional das Cidades
Na 5ª Conferência Estadual das Cidades, no final de setembro, três representantes
do SindusCon-SP foram eleitos entre os
delegados do setor empresarial que irão participar da Conferência Nacional das Cidades,
em novembro, em Brasília: Cristiano Goldstein Filho, Miguel Sastre e Vânia Bonafin. O
sindicato também foi eleito para compor o
segmento empresarial no Conselho Estadual
das Cidades (Concidades-SP).
Com a presença de duas mil pessoas, o
evento marcou a criação do Concidades-SP,
que integrará o Sistema Nacional e garantirá
acesso paulista a projetos e recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Urbano.
O presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe, participou da abertura da Conferência Estadual, no Memorial da América
Latina, ao lado do ministro das Cidades Alexandre Cordeiro (interino) e dos secretários
estaduais Edson Aparecido (Casa Civil) e
Silvio Torres (Habitação).
Watanabe (3º à dir.) na
Conferência Estadual,
que marcou a criação do
Concidades-SP
Cônsul-geral da Alemanha visita o sindicato
O presidente do SindusCon-SP, Sergio
Watanabe, afirmou que “a economia brasileira precisa muito da contribuição alemã em
tecnologia para elevar a produtividade”. A
afirmação foi feita ao receber o novo cônsul-­
geral da Alemanha em São Paulo, Friedrich
Däuble, em setembro, no sindicato.
Participaram do encontro o cônsul para
Assuntos Políticos e Imprensa, Christoph
Oversolhl; o vice-presidente Administrativo
e Financeiro do sindicato, Cristiano Goldstein, e o superintendente José Luiz Machado.
Watanabe relatou que a construção tem
se ressentido do baixo crescimento da economia brasileira, devendo crescer cerca de 2%
neste ano e acompanhar o desempenho do
PIB em 2014. Ele manifestou a preocupação
de que a política econômica adote medidas
populistas em função das eleições do ano
que vem.
Friedrich Däuble
marketing
Espaços urbanos
Antonio Jesus de
Britto Cosenza é
consultor de empresas
e professor da EAESPFGV e da BBS
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perguntas e sugestões
de temas para esta
coluna: cosenza@
cosenzaeassociados.
com.br
É comum lermos reportagens sobre o
que pode ser feito para minimizar o tempo
perdido em deslocamentos aproveitando a
conectividade gerada pelas redes sociais.
Estamos preparados para abrir mão da
liberdade do cidadão em prol do monitoramento para uma qualidade de vida melhor
nas cidades? Estamos educados para conviver socialmente de forma civilizada sem
abusarmos das “pequenas” transgressões de
trânsito e da ocupação do espaço público?
Já temos maturidade para democraticamente
propormos normas de convívio nas cidades,
independentemente da tutela governamental? Podemos ter menos interferência estatal
porque já somos responsáveis socialmente?
redes sociais uma incessante exposição? A
revista The Economist trouxe uma excelente
reportagem resultante de um estudo realizado
por dois professores, mostrando que, quanto
mais as pessoas usam o Facebook, menos
satisfeitas elas estão com a vida. Descreve,
ainda, as consequências do uso incessante do
Facebook no estado de humor dos jovens e
recomenda a todos que usem menos as redes
sociais e tenham mais contatos pessoais, pois
eles fazem bem à saúde emocional e mental.
Termina dando a todos um simples e prático
conselho: get a life.
O equilíbrio entre a intervenção estatal e a liberdade democrática precisa ser
buscado, mas é necessária a compreensão
do que seja liberdade
democrática. Quando
esta é confundida com
liberalidade ou mesmo
libertinagem; quando
condutores de veículos realizam conversões proibidas porque
não podem perder tempo, estacionam em
fila dupla ou em locais proibidos; quando
manifestantes depredam patrimônios públicos e privados em nome de reivindicações;
quando uma ida a um restaurante ou a uma
lanchonete se transforma em uma perda de
patrimônio pessoal com risco de vida, não
podemos acreditar que haja educação para a
vida em uma sociedade democrática.
Será que o monitoramento para uma
convivência em uma cidade mais inteligente,
em nome de uma maior qualidade de vida,
não deva ser também policialesco por total
falta de compreensão de que cidadania é um
conjunto de direitos e deveres?
Instrução, educação e civilidade são
premissas para um smarter planet.
Não há computador capaz de substituir
esses pressupostos.
Comodidade do mundo virtual traz
consigo uma perda da privacidade
Essas e outras questões surgem quando
pensamos nas cidades inteligentes. A big
data, o big brother, o Admirável Mundo
Novo, 1984, a Aldeia Global tornam-se parte
de nossa realidade quando somos monitorados por câmeras em nossos movimentos,
em nome de uma melhor qualidade de vida.
O Rio de Janeiro já está pronto para a
Copa do Mundo com todo esse equipamento.
Os aplicativos nos smartphones indicam os
melhores itinerários para fugirmos dos congestionamentos. Também enviam mensagens
de ofertas quando passamos próximos a
uma loja, dentro de um shopping ou na rua.
Permitem-nos identificar o táxi mais próximo
e fornecem uma avaliação sobre o motorista.
Toda essa enorme comodidade e conforto não vêm sem uma perda considerável
de privacidade. Será que damos importância
à privacidade, quando testemunhamos nas
38
revista notícias da construção
/ outubro 2013
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2 de novembro (sábado) - ParIs
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independentes.
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3º dia - dia livre para atividades independentes*
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9º dia - dia livre para atividades pessoais. Saída do hotel (check-out) até as 12h. À tarde,
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JUR Í DIC O
Taxa questionada
José Carlos
Baptista Puoli
é coordenador do
Conselho Jurídico do
SindusCon-SP e sócio
da Duarte Garcia,
Caselli Guimarães e
Terra Advogados
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de temas para esta
coluna:
josepuoli@dgcgt.
com.br
De tempos para cá, tem crescido a quantidade de processos ajuizados por adquirentes de imóveis em produção, questionando o
pagamento da comissão devida ao corretor
de imóveis que atua na intermediação da
venda.
Explica-se: o alvo do questionamento
refere-se à prática de, na aquisição de imóvel na planta, ser destinada ao comprador
a responsabilidade pelo direto pagamento
da comissão de corretagem. Quando assim
é feito, o adquirente, no momento da contratação, emite diversos cheques, parte dos
quais destinada ao incorporador imobiliário
(a título de pagamento de parcela do preço)
e os restantes destinados ao “corretor”.
Os argumentos utilizados para impugnar este tipo de contratação podem ser
reduzidos a dois principais. De um lado,
afirma-se que se trataria de venda casada,
pois o adquirente só poderia optar por um
corretor que atue com o incorporador para
realizar a intermediação no estande do empreendimento. De outro lado, afirma-se que a
atuação do corretor, neste tipo de caso, seria
apenas do interesse do incorporador o qual,
por isto, deveria assumir o custo do serviço.
qual o preço do imóvel e qual a remuneração do corretor (e/ou da empresa de
comercialização). Não fosse assim, o custo
da intermediação passaria a ser considerado
mais um insumo da produção imobiliária
e estaria embutido no preço, reduzindo o
detalhamento da informação hoje prestada
ao comprador.
De outro lado, considerado o fenômeno
do ponto de vista econômico, também aqui
não há prejuízo ao adquirente pois, direta ou
indiretamente, este acabaria arcando com o
custo da intermediação.
Cabe anotar que o serviço realizado é
do interesse de ambos os contratantes que
“querem” realizar o negócio e contam com
a colaboração do intermediador.
Neste contexto, parecem realmente equivocados os argumentos de quem
questiona este mecanismo. Entende-se ser
plenamente legal a transferência ao adquirente de imóveis, no ato da contratação, da
responsabilidade por este pagamento.
A despeito de ser assim, o tema tem
sido levado para apreciação do Judiciário
e, mesmo já sendo anotados precedentes
favoráveis ao acima exposto, não se tem
como prever qual será
a palavra final dos
juízes a respeito desta
controvérsia.
Em vista disto,
serve o presente para
comentar a ocorrência, convidando os
empresários do setor da construção a meditarem sobre como esta contratação tem
sido realizada. Com tal meditação, a escolha do modelo a ser empregado em cada
empreendimento pode ser realizada com
conhecimento do risco acima mencionado,
reduzindo a surpresa que, esta sim, tem sido
muito difícil de assimilar no setor.
Na aquisição de imóvel na planta
é legal pagar comissão ao corretor
Tais argumentos, contudo, são equivocados. Havendo a intermediação imobiliária (e a realização do serviço não tem
sido questionada, pois ele de fato existe), a
atuação do corretor deve ser remunerada, de
modo que, com a sistemática acima descrita, tal pagamento é feito com transparência,
permitindo maior grau de informação ao
comprador que pode distinguir exatamente
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revista notícias da construção
/ outubro 2013
regionais
Falcão Bauer
conclui ciclo
em Santo André
Pela terceira vez neste ano, o diretor
técnico do Grupo Falcão Bauer – Centro
Tecnológico de Controle de Qualidade,
engenheiro Roberto José Falcão Bauer,
palestrou na região do ABC por meio da
parceria entre o SindusCon-SP e o Grupo
Falcão Bauer.
O tema “Durabilidade e Vida Útil de Estruturas de Concreto Armado” foi distribuído
em dois dias, devido ao seu extenso conteú­
do. As palestras, realizadas no auditório da
Etec Júlio de Mesquita, foram dirigidas a
engenheiros, mestres de obras e alunos dos
cursos de Edificações Modular, Edificações Integrado e Desenho de Construção
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revista notícias da construção
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Civil. O diretor da Regional Santo André,
Sergio Ferreira dos Santos, afirmou ser
gratificante ver o retorno que esta iniciativa
do SindusCon-SP traz. “Seja com relação à
qualidade da palestra, como pela presença de
tantas pessoas, mostrando o quanto o assunto
abordado foi interessante”, afirmou.
Para Valéria Santos, engenheira e coordenadora do curso de Edificações da Etec
Julio de Mesquita, as palestras despertaram
a preocupação em relação à confecção do
concreto. “Ele deve ser bem executado na
sua parte técnica e composição, com atenção
em relação a possíveis patologias desde a
execução”, disse.
(Sueli Osório)
O diretor da Regional
Santo André, Sergio
Ferreira (esq.) assistiu
à última palestra de
Bauer (dir.)
14ª
evento
g r a t u it o
MEGA SEMANA INTERNA DE PREVENÇÃO
DE ACIDENTES DE TRABALHO 2013
vagas
limitadas
caleNdário
Setembro
Dia 18, em Sorocaba (Sesi)
Dia 20, em Ribeirão Preto (Sesi)
Dia 25, em Santo André (Sesi-Mauá)
Dia 27, em Bauru (Senai)
outubro
Dia 2, em São José do Rio Preto (Sesi)
Dia 16, em Presidente Prudente (Sesi)
Dia 23, em Campinas (Senai)
Dia 30, em São José dos Campos (Sesi)
Novembro
Dia 6, em Santos (Sesi)
Dia 7, em Mogi das Cruzes (Sesi)
Dia 28, em São Paulo (Senai-Tatuapé)
iNformaçõeS e iNScriçõeS:
(11) 3334-5600 ou [email protected]
acesse www.sindusconsp.com.br/megasipat
e conheça a programação
www.sindusconsp.com.br
facebook.com/sindusconsp
realização
@sindusconsp
patrocínio
apoio
REGIONAIS
Santos debate a logística portuária
Os empresários da construção estiveram representados pelo SindusCon-SP
na 11ª edição do Santos Export – Fórum
Internacional para a Expansão do Porto
de Santos, no Mendes Convention Center. “A possibilidade de desenvolvimento
do porto traz expectativa, tendo em vista
que a expansão aquece o setor por exigir
a realização de obras”, disse o diretor da
Regional Santos, Ricardo Beschizza.
Estímulo para as ferrovias e leilão
de terminais foram as novidades no seminário, em agosto. O ministro-chefe da
Secretaria de Portos, Leô­nidas Cristino,
anunciou que a secretaria pretende se unir
ao Ministério dos Transportes para aumentar a capacidade das ferrovias que seguem
em direção à Baixada Santista.
Outra iniciativa será inserir, nos novos
contratos de arrendamento de terminais
graneleiros, a exigência de que um per-
centual de cargas chegue ou saia do porto
em trilhos.
São José dos
Campos discute
desoneração
Formalizada a
criação da CPR
em Franca
O Painel Tributário, promovido pela
regional São José dos Campos em setembro, discutiu entre outros temas a
desoneração da folha de pagamento das
empresas. O evento foi uma parceria entre
o SindusCon-SP e a Aconvap (Associação
das Construtoras do Vale do Paraíba).
Cerca de 80 pessoas participaram do
painel no auditório da Aconvap. As palestras foram ministradas por Renato Romano
Filho e Rosilene Carvalho Santos, assessores jurídicos do SindusCon-SP.
Durante o encontro também foram discutidos o Regime Especial de Tributação
e as ações regressivas, bem como o Nexo
Técnico Epidemiológico .
(Elizânio Silva)
Desde setembro, a cidade de Franca,
segunda mais populosa entre as integrantes
da Regional Ribeirão Preto, tem seu Comitê Permanente Regional (CPR) da NR-18
(norma de segurança e saúde do trabalho).
O SindusCon-SP será o coordenador
dos trabalhos do Comitê, que terá como
membros titulares Carlos André de Carvalho Fávero (Governo - GRTE Franca),
Fernando Junqueira (Empregadores SindusCon-SP) e Jaime Plácido Barbosa
(Trabalhadores - Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do
Mobiliário de Franca).
As reuniões serão mensais, na terceira
quarta-feira de cada mês.
(Márcio Javaroni)
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revista notícias da construção
/ outubro 2013
Churrasco
Em clima de confraternização, empresários de Santos se reuniram em concorrido churrasco que aconteceu no Grill
do Tênis Clube de Santos, em setembro.
O evento, uma promoção conjunta da
Regional do SindusCon-­SP e da Assecob,
reuniu mais de cem participantes.
Conforme Beschizza, o tradicional
encontro, que no início se restringia a empresários e familiares, hoje atrai autoridades e representantes de vários segmentos
ligados ao setor, com potencial para gerar
negócios. O evento contou com o patrocínio: Grupo Mega Forma, Viapol, Pinte
Pronto, Hyundai Elevadores, Fundamenta,
Caixa Econômica Federal e Gerdau.
(Giselda Braz)
Para Beschizza,
tradicional encontro tem
potencial de negócios
C l a ss i f i c a d o s
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(11) 3334-5627
[email protected]
REGIONAIS
Sorocaba lança curso para construção de edifícios
Atendendo a uma sugestão da Regional Sorocaba do SindusCon-SP, a Universidade Paulista (Unip) terá o novo Curso
Superior Tecnológico de Construção de
Edifícios. As inscrições já estão abertas
para o processo seletivo.
Para Maristela Honda, vice-presidente
de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, o programa-piloto é mais um
passo do comprometimento do sindicato
com o desenvolvimento da cidade no setor
da construção.
“Fico orgulhosa em participar de mais
uma etapa que une educação e tecnologia
aos nossos futuros empreendedores”,
afirmou.
O curso pretende suprir, com mão de
obra qualificada, o vazio existente entre
o engenheiro civil responsável pela construção e os trabalhadores que compõem a
equipe de execução da obra.
Com duração de três anos, o curso
será oferecido a partir de 2014. Mais informações podem ser obtidas: www.unip.
br ou pelo telefone (15) 3412 1022.
(Lívia Camargo)
revista notícias da construção
/ Outubro 2013
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S O L U Ç Õ ES IN O VAD O RAS
Hidrofresa inovadora
KARINA YUMI IAMATO
é engenheira civil da
Damasco Penna Engenharia Geotécnica,
formada pela Fesp
JOSÉ MARIA DE
CAMARGO BARROS
é engenheiro civil,
doutor Poli/USP e
pesquisador do IPT
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48
Com a diminuição de áreas disponíveis
para novos empreendimentos e o crescimento
da frota veicular, há uma forte demanda por
edifícios com mais subsolos.
Dentre as alternativas existentes, a parede
diafragma é a contenção mais recomendada
quando se precisam escavar subsolos abaixo
do lençol freático. Constituída por lamelas ou
painéis de concreto armado e muitas vezes
atirantada, essa solução é muito utilizada.
Procura-se sempre embuti-la em solo impermeável, eliminando-se assim a necessidade
do rebaixamento externo do lençol freático.
Em geral não há maiores dificuldades
para escavações em solo, utilizando-se o
equipamento clam-shell. Entretanto, em razão
do grande número de subsolos, atinge-se com
frequência o material rochoso, onde a escavação é bem mais complexa. É aí que entra
a hidrofresa.
Quando se utiliza o clam-shell, as fases
principais de execução são:
• execução da mureta-guia para proteção
do topo da escavação;
• escavação com clam-shell até a profundidade de projeto, mantendo-se o furo sempre
cheio de lama bentonítica ou polímero;
• limpeza do fundo da escavação, tratamento da lama bentonítica, colocação das
chapas-junta e colocação da armadura;
• lançamento do concreto, de baixo para
cima, através de tubos de concretagem;
• recuperação das chapas-junta e da
mureta-guia.
As muretas-guia de concreto armado
têm a função de guiar o equipamento nos
primeiros metros de escavação. Após sua execução, começa-se a escavação da lamela com
o clam-­shell, que tem espessuras variando de
30 a 120 cm e larguras de 250, 280 ou 320 cm.
Esse equipamento, preso a um cabo de aço,
cai com as mandíbulas abertas dentro da vala.
revista notícias da construção
/ outubro 2013
Estas se fecham, levando para a superfície o
material escavado.
Para o sucesso desta escavação é indispensável a utilização da lama bentonítica ou de
polímeros sintéticos para seu preenchimento.
Estes são cada vez mais usados, pois, embora
mais caros, reduzem os impactos ambientais
e os custos com o descarte da lama. Ambos os
materiais dão estabilidade à escavação e devem
passar por testes de qualidade no canteiro de
obras antes de serem utilizados.
Terminada a escavação, colocam-se verticalmente, com seção trapezoidal, as chapas­
-junta nas extremidades laterais da lamela,
dando-lhe o formato de encaixe. As chapas
são retiradas após o inicio da pega do concreto.
A armadura é montada em formato de
“gaiola” conforme especificações de projeto,
içada por guindaste e posicionada dentro da
lamela. A concretagem, feita após o posicionamento da armação, é submersa, empregando-se
um tubo tremonha que executa o processo de
baixo para cima, expulsando a lama bentonítica conforme o concreto é lançado.
Assim são executados todos os painéis.
Ao final, é necessária uma viga de coroamento, que unifica todas as lamelas, para que não
trabalhem isoladamente e não tenham reações
diferenciadas.
Execução das juntas secantes com a hidrofresa
Com o emprego da hidrofresa, os processos iniciais são os mesmos. Como a hidrofresa
apresenta bom desempenho somente em rochas, matacões e solos mais duros, é necessário
o uso do clam-shell para escavação da lamela
nos seus primeiros metros em solo.
A velocidade para execução com clam­
-shell em solos depende de diversos fatores,
mas, em geral, varia de 2 m/h a 12 m/h. Quando
essa faixa de valores não é atingida, entra em
ação a hidrofresa, e a partir daí a execução
começa a ser diferenciada.
A hidrofresa é montada num guindaste
movimentado sobre grandes esteiras ou por
unidade hidráulica. O equipamento possui
espessuras variando de 60 até 150cm e larguras
de 250 à 320cm.
A hidrofresa possui duas rodas de corte,
acionadas por motores hidráulicos. Elas giram
em sentidos opostos em torno de seus eixos
horizontais e possuem bits de tungstênio ou
vídea, para triturar a rocha.
Os detritos, juntamente com o fluido
estabilizante, são aspirados por uma bomba
hidráulica de alta capacidade de sucção, e
direcionados à estação de tratamento da lama,
onde ela é reciclada e limpa, retornando à vala.
Esse procedimento garante o uso de materiais
estabilizantes permanentemente reciclados e
limpos. Ao final, o posicionamento das armações e a concretagem seguem os mesmos
processos descritos.
Sensores instalados no equipamento
medem a sua velocidade de avanço e o torque
do motor. Sua verticalidade também é medida
continuamente e eventuais desaprumos podem ser corrigidos.
A central de tratamento de fluidos
necessita de um espaço maior e é bem
mais complexa, por possuir mais etapas de tratamento, do que a utilizada
na escavação com o clam-shell.
Em geral, executam-se inicialmente duas lamelas separadas denominadas primárias e entre elas posteriormente uma denominada fechamento
ou secundária. As primárias podem ser
simples ou duplas (com duas descidas
da hidrofresa) e as de fechamento são
sempre simples.
O espaço entre as duas primárias
reservado para a de fechamento tem uma
largura menor que a do equipamento, de
forma que, quando essa lamela é escavada, a hidrofresa escarifica as laterais das
lamelas primárias vizinhas. Obtém-se
uma superfície rugosa no contato entre o
concreto fresco e o já endurecido. Essas
juntas secantes proporcionam melhor
desempenho estrutural da parede e maior
estanqueidade da escavação.
Como no caso convencional, executa-se a viga de coroamento ao final da
execução de todos os painéis.
A experiência brasileira no uso de
hidrofresa é bastante recente, cerca de
quatro anos, e por essa razão ainda há
pouca informação sobre seu desempenho.
Em certos tipos de rochas, principalmente as mais resistentes e sãs, o
desempenho do equipamento deixa a desejar,
apresentando dificuldades de avanço e até mesmo não atingindo a profundidade de escavação
prevista. Por outro lado, tem mostrado um desempenho bastante satisfatório em obras com
a presença de rochas mais brandas ou mais
alteradas. Para essas situações, a hidrofresa
é uma ferramenta bastante interessante para
viabilizar obras com escavações profundas
em rocha.
Agradecemos à empresa Geofix Fundações pela cessão de algumas das ilustrações
deste trabalho.
revista notícias da construção
Conjunto completo
da hidrofresa
Processo executivo
de uma lamela
primária dupla
/ Outubro 2013
49
C O NSTRU Ç Ã O DA CARREIRA
Seja você mesmo
Felipe Scotti
Calbucci é
graduado em
Comunicação Social
e gerente executivo
de Property &
Construction da
Michael Page, com
foco em recrutamento
de gerentes e diretores
para construtoras
e incorporadoras
Envie seus
comentários, críticas,
perguntas e sugestões
de temas para esta
coluna: felipecalbucci@
michaelpage.com.br
A maioria dos executivos tem dúvidas
sobre como se portar diante de um processo
seletivo. Vejamos quais são as boas maneiras
e os erros mais comuns.
Tudo começa com uma ligação de um
headhunter ou do departamento de RH da
empresa. Geralmente, este contato é feito
no momento do dia menos esperado e estamos ocupados. Por isso, costumamos pedir
retorno posterior e às vezes este contato
nunca vem.
Recrutadores estão sempre em busca de prazos para atender seus clientes e
quando entram em contato com o candidato
encontram-se em meio a ao menos 50 ligações seguidas, para definir quem será pré-­
selecionado às entrevistas. Ao final destes
contatos, provavelmente o selecionador já
escolheu os nomes para seu cliente e por isso
não liga novamente. Há inúmeras exceções
de processos de mapeamento ou quando
você foi indicado por alguém.
chance para causar boa impressão.
Reforço a recomendação feita em edição anterior: vale ser você mesmo, falar seus
resultados tangíveis e ser totalmente sincero
em suas respostas.
Ao final da entrevista, pergunte sobre
os próximos passos. Assim você terá sua
expectativa alinhada e saberá o momento
certo de fazer um acompanhamento. Um
dos maiores erros dos candidatos é o excesso de ligações enquanto não recebe um
retorno. Não me interprete mal: feedback é
obrigatório e qualquer recrutador sério lhe
dará retorno. Contudo, vale a pena dosar as
ligações para não “sufocar” a outra ponta
e também se fazer presente e interessado.
Provavelmente, haverá novas etapas e,
na medida em que o processo avança, o recrutador esperará que seu interesse aumente.
Por isso, seja sincero caso não esteja 100%
interessado no projeto. Não pega bem mudar
de ideia na etapa final e como consequência
as portas na empresa podem se fechar,
especialmente se não
houver um headhunter
intermediando a relação com a companhia.
Caso seja aprovado e receba uma proposta não satisfatória, o
melhor é responder com suas dúvidas e contraproposta rapidamente. Assim a empresa
saberá que você está decidido a ingressar no
projeto, mas faltam ajustes.
Recebendo uma proposta satisfatória, é
bem aceito que você peça um dia para pensar
e conversar com sua família.
Ao aceitar a proposta, vale reforçar
todos os pontos do projeto que lhe foram
apresentados para posterior acompanhamento por você, caso o dia a dia não seja
como imaginou.
Conheça a melhor conduta e os erros
mais comuns nos processos seletivos
Duas dicas:
• tente atender a ligação na hora ou
anote o telefone da pessoa e retorne;
• zele por sua reputação no mercado.
Em nosso negócio imobiliário, você é o que
suas referências dizem.
Entrevista agendada. Como se preparar da melhor maneira?
• Pesquise sobre o presente e a história
da empresa, e sobre o entrevistador; descubra se existe alguma ligação entre você e ele.
• Seja pontual, vista-se de maneira adequada e prepare sua rotina no dia para estar
bem na hora da entrevista. Você terá só esta
50
revista notícias da construção
/ outubro 2013
CapaCitação profissional
treinamento
em
destaque
Curso de inCorporação de edifíCios Com profº Jamil raHme
Nas unidades do SindusCon-SP:
São Paulo - 25 a 29/11 e 02 a 04 /12 das 19h às 22h30
Campinas - 23, 24 e 30/11 e 01/12 - sábados das 14h às 20h e domingos das 10h às 14h e 15h30 às 19h30
Ribeirão Preto - 05, 06, 07 e 08/12 – dias úteis 18h30 às 22h30 e final de semana 09h às 13h30 e 15h às 20h
InSCRIçõeS e InfoRmaçõeS:
31 3282.2939 – 31 8765.8481 • www.incorporacaodeedificios.com.br
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