ZEÓLITA NaX PARA REMOÇÃO DE CORANTE AZUL DE
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ZEÓLITA NaX PARA REMOÇÃO DE CORANTE AZUL DE
Espaço Química Zeólita NaX para remoção de corante Azul de Metileno 1 1 1 1* Marcela Caovilla , Alessandra Smaniotto Rogério Dallago , Sibele B. C. Pergher Departamento de Química,Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – Campus Erechim, Av. Sete de Setembro 1621, CEP: 99700-000 Erechim – RS *e-mail: [email protected] Resumo-Abstract O objetivo deste trabalho consiste em avaliar a eficiência da zeólita NaX em remover corante Azul de Metileno de soluções aquosas para sua futura utilização em remoção de corantes de efluentes industriais. A capacidade de adsorção da zeólita foi determinada utilizando soluções de corante com concentrações de 10, 50, 100 e 250 mg L-1. Três tamanhos de partículas foram empregados: aproximadamente 3 mm (em esferas – NaXb), 850 µm a 1,0 mm (peneirada, intermediária – NaXi) e fração < 850 µm (peneirada, moída – NaXm). Em cada caso 100 mg da zeólita NaX foram adicionadas a 30 ml de soluções do corante. As amostras foram submetidas à agitação magnética sob refluxo por 24 h a temperatura ambiente. Depois do tempo de contato a fase sólida foi separada da fase liquida por centrifugação e as concentrações do corante na fase aquosa foram determinadas por Spectrofotometro UV-vis com comprimento de onda de λ = 610 nm. The present study consists in evaluating NaX zeolite efficiency in Metilene Blue remove from aqueous solutions. The adsorption capacity of NaX was determined using standart solutions dye of 10, 50, 100 and 250 mg L-1. Three particles size were employed: 3mm (NaXb – sphere), 850 µm – l00µm (NaXi – sieved, intermediary) and < 850 µm (NaXm – sieved, crushed). In each case 100 mg of NaX zeolite were added in 30 ml of dye solutions. The mixture was refluxed for 24 hours in ambient temperature. The aqueous phase was separated from zeolite by centrifugation and the concentration of dye was determined by UV-vis spectrophotometer in the wavelength of 610 nm. Introdução As interações de compostos orgânicas com aluminosilicatos têm sido objeto de numerosas revisões da literatura1-2. O interesse nestes processos se direciona principalmente para o comportamento de herbicidas catiônicos3, fotoestabilização de complexos pesticidasargilas4, moléculas de corantes orgânicos5-6, e modificação hidrofóbica das superfícies de aluminosilicatos7. Por outro lado, estes materiais podem servir como suportes e/ou catalisadores pra vários tipos de reações e fotorreações. Cátions orgânicos participam de equilíbrio de troca-iônica com a superfície dos materiais, além de serem altamente seletivos, como mostram estudos de adsorção competitiva6. Zeólita NaX O termo “zeólita” foi utilizado inicialmente para designar uma família de minerais naturais que apresentavam como propriedades particulares à troca de íons e a dessorção reversível da água. Essa última propriedade deu origem ao nome genérico de zeólita.8 Espaço Química 2004, Vol. 1, No 1 Hoje em dia, esse termo engloba um grande número de minerais naturais e sintéticos. Eles constam de um esqueleto cristalino formado pela combinação tridimensional de tetraedros TO4 unidos entre si através de átomos de oxigênio comuns. A estrutura apresenta canais e cavidades de dimensões moleculares nos quais se encontram os eventuais cátions de compensação, moléculas de água e outros adsorventes e sais. Este tipo de estrutura microporosa faz com as zeólitas apresentem uma superfície interna extremamente grande em relação a sua superfície externa. A microporosidade destes sólidos é aberta e a estrutura permite a transferência de matéria entre o espaço cristalino e o meio que o rodeia. Essa transferência é limitada pelo diâmetro de poros da zeólita, sendo que só poderão entrar ou sair deste espaço cristalino àquelas moléculas cujas dimensões são inferiores a um certo valor crítico, o qual varia de uma zeólita para outra.8 Sendo o Al+3, os tetraedros de AlO4 induzem cargas negativas à estrutura, as quais são neutralizadas por cátions de compensação intercambial. Estes cátions junto 6 com as moléculas de água se encontram ocupando o espaço cristalino do aluminosilicatos.8 As vantagens do uso de zeólitas para remoção de corantes seriam: baixo custo se a zeólita for natural ou sintetizada a partir de resíduos ou matéria prima natural; a zeólita pode ser regenerada com NaCl; as resinas poliméricas trocadoras de íons disponíveis são relativamente caras; a estrutura zeolítica confere seletividade por tamanho, forma e carga, estabilidade térmica e resistência à radiação.8 Alguns exemplos de aplicações das zeólitas é que elas podem ser utilizadas como adsorventes, trocadores iônicos, catalisadores ou suportes de catalisadores (seu uso como componente no craqueo catalítico é o mais importante).8 O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência da zeólita NaX em remover corante Azul de Metileno de soluções aquosas para sua futura utilização em remoção de corantes de efluentes industriais. Caracterização da zeólita NaX O difratograma de raios-X da NaX está ilustrado na Figura 1 comprovando que o material é composto das fases zeolíticas X e A. Observa-se também uma banda larga na região de 15 a 35o que não pertence às fases zeolíticas X e A. Esta banda larga é um indício de uma fase amorfa, que pode ser proveniente da própria síntese ou de algum aditivo adicionado para a confecção das esferas (forma em que é vendida).9 Através dos resultados da adsorção de nitrogênio foi construída a isoterma de adsorção (Figura 2), onde se pode observar uma isoterma típica de materiais que contém principalmente microporos. Para critério de comparação, utilizou-se a equação de BET para calcular a área superficial específica da NaX, obtendo-se um valor de 332,2 m2/g. Observa-se que este valor é relativamente baixo, pois materiais com estrutura faujasita normalmente possuem áreas superficiais BET na ordem de 600 m2/g. Este resultado comprova mais uma vez que o material não possui uma fase zeolítica X pura.9 Experimental Figura 1. Difratograma de raios-X da zeólita NaX Adsorvente O material adsorvente utilizado nas análises foi uma zeólita comercial NaX Baylight WE894 da Bayer com relação molar Si/Al = 1,49 e com a seguinte composição: Al2O3 = 25,68%; SiO2 = 45,14% e Na2O = 18,14%.9 A zeólita foi caracterizada por difração de raios-X (DIFFRAKTOMETER – D5000 – Siemens) e análise de adsorção de N2 para medir a área superficial específica (QUANTA CHROME – Nova 1000).9 X X X 800 A X X A A X 600 X+A 400 A X 200 A Intensidade Relativa (u.a.) 1000 0 0 10 20 30 o 40 50 60 2θ 120 3 Volume de N2 adsorvido (cm /g) Estudos de adsorção As capacidades de adsorção do corante catiônico azul de metileno (AM) na zeólita NaX foram estudadas em sistema batelada. Foram preparadas soluções do corante de 10, 50, 100 e 250 mg L-1. Três tamanhos de partículas de zeólita foram empregados: aproximadamente 3 mm (em esferas – NaXb), 850 µm a 1,0 mm (peneirada, intermediária – NaXi) e fração < 850 µm (peneirada, moída – NaXm). Em cada caso, 100 mg da zeólita NaX (seca a 100 °C) foram adicionadas a 30 mL de soluções de AM. As amostras permaneceram em refluxo sob agitação magnética, à temperatura ambiente 1atm por 24h. A fase aquosa foi separada da zeólita por centrifugação, e as concentrações do corante foram determinadas em um espectrofotômetro UV-VIS (modelo), utilizando λ=610nm. 110 Adsorção Dessorção 100 90 80 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 p/po Figura 2. Isoterma de adsorção de N2 da NaX Resultados e Discussão Espaço Química 2004, Vol. 1, No 1 Adsorção de Corante 7 A quantidade de moléculas de corante adsorvida foi calculada através do decréscimo da concentração de azul de metileno no meio considerando o volume de adsorção e a quantidade de zeólita empregada:9 A Figura 3 ilustra os resultados obtidos para 24 h de agitação para adsorção de corante AM utilizando o método de agitação magnética sob refluxo a temperatura ambiente. 50 NaXm NaXi NaXb zeólita qeq/mgcorante g -1 40 Conclusões Pelos resultados obtidos conclui-se que é possível utilizar a zeólita NaX para remoção de corantes em efluentes industriais. A granulometria do material exerce um papel importante no processo de adsorção. Especificamente, neste trabalho, a NaX moída apresentou a maior capacidade de adsorção (30 mg corante/g de zeólita) empregando-se soluções com concentração inicial a partir de 100 mg/L de corante por 24 horas. 30 Agradecimentos 20 Marcela Caovilla agradece a URI pela bolsa de Iniciação Cientifica concedida. 10 0 0 50 100 150 200 250 Referências Bibliográficas 1 Co (mg L ) Figura 3. Quantidade de corante adsorvido pela zeólita. Observa-se que a NaX moída (NaXm) atinge uma capacidade máxima de adsorção de 30 mg de corante/g de zeólita a partir da concentração inicial de 100 mg L-1. Observa-se ainda que a granulometria do material joga um papel importante na adsorção do corante AM. Quanto menor a granulometria maior a adsorção obtida, principalmente em concentrações iniciais elevadas. Embora seja conhecido que partículas de maiores tamanhos possuem menor área externa e por isso possuem uma capacidade de adsorção menor, acreditava-se que por se tratar de um material microporoso com elevada área superficial (330 m2/g) este efeito não seria tão pronunciado. Além disso, em peneiras moleculares tais como zeólitas, a difusão ou migração de moléculas através dos poros e cavidades (dentro dos cristais) representa um papel importante e muitas vezes dominante.9 Em resultados anteriores no nosso grupo empregando a NaX com diferentes granulometrias para remoção de metais9 observou-se o mesmo comportamento, onde a NaX moída adsorve quantidades muito superiores a intermediaria e esfera. Espaço Química 2004, Vol. 1, No 1 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. J. K. Thomas; Chem. Rev. 1993, 93,301. R. M. Barrer; Clays Clay Miner. 1989, 37, 385. a) D. R. Narine; R. D. Guy; Clays Clay Miner. 1981; 29, 205. b) A. V. Ogram; R. E. Jessup; L. T. Ou; P. S. C. Rao; Appl. Environ. 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