POLONIA SOCIEDADE BENEFICENTE DO RIO DE JANEIRO
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POLONIA SOCIEDADE BENEFICENTE DO RIO DE JANEIRO
POLONIA SOCIEDADE BENEFICENTE DO RIO DE JANEIRO Número 7 – janeiro a abril de 2016 SUMÁRIO Palavra do Presidente Editorial Polonia Sociedade em Destaque Obituário Aconteceu 2015 Aconteceu 2016 Polonia Patriota Artigo Ecos da Polônia Mówimy po Polsku Polskie Spojrzenie Projeto Memória Visão & Gestão Entrevista Radar Polônico Polônia em Drops Polonia em Foco Espaço do Leitor História & Estórias Sabores da Polônia Crônicas & Poesias 03 04 05 06 10 11 19 20 22 24 26 28 33 34 36 37 38 39 40 41 42 Caros Sócios e Leitores da nossa revista eletrônica, Entregamos para a sua leitura o primeiro número de 2016 com a triste notícia da perda um dos nossos mais importantes e queridos Sócios, Conselheiro da Polonia Sociedade Beneficente e Ex-Presidente da Associação dos Ex-Combatentes Poloneses, Sr. Wladyslaw Dzieciolowski. Ainda estudante, participou em 1939 da segunda Guerra Mundial defendendo a Polônia contra a invasão da Alemanha, foi preso pelos soviéticos e levado para a Sibéria, depois lutou na África e na Itália. Foi um dos pioneiros na conquista de Monte Cassino, sendo gravemente ferido durante uma das últimas operações militares na Itália. Por seu heroísmo e valentia foi condecorado com as mais altas comendas, como a Virtuti Militari e a Cruz de Monte Cassino. Recentemente, com relação aos nossos beneficiados, ampliamos um pouco a lista de pessoas que recebem a nossa ajuda mensal e, para conhecer melhor as condições e necessidades de cada um, elaboramos um questionário para ser preenchido com informações básicas sobre suas condições de habitação, saúde e recursos. As informações recebidas servirão para uma reavaliação do auxílio oferecido pela nossa Sociedade. No campo cultural organizamos um painel sobre a presença de poloneses no teatro brasileiro, bem como um importante encontro com representantes de várias universidades da Polônia, que contou com a participação do Embaixador da Polônia no Brasil, para divulgar as possibilidades oferecidas de efetuar estudos na Polônia e as condições de bolsas de estudo nas mais variadas áreas de formação. Este evento despertou muita atenção dos nossos sócios e amigos e contou com a maravilhosa participação de Tomasz Betka, um músico, compositor e pianista que no final do encontro apresentou composições de sua autoria, como também de F. Chopin e de Tom Jobim. E, na segunda quinzena de abril será apresentada uma exposição comemorativa do Levante do Gueto de Varsóvia. Dentro de nossa cooperação com a Universidade de Slask (Silésia), em Katowice, organizamos um encontro dos alunos do Curso de Idioma Polonês oferecido pela Sociedade para um treinamento conduzido pelas professoras da Universidade, vindas da Polônia. Os trabalhos de melhoria das nossas instalações continuam no ritmo compatível com nossas modestas condições financeiras. O objetivo da Diretoria nessa área é tornar a Sociedade mais bem preparada e agradável, oferecendo aos nossos Sócios e beneficiados mais conforto e organização e, também, ampliar as possibilidades de seu aproveitamento como, por exemplo, pelo Comitê Olímpico Polonês, que ficará instalado em nossa sede, durante os Jogos Olímpicos Rio2016. Stefan Janczukowicz 3 Prezados Leitores, Com imensa satisfação compartilhamos este número, que é o sétimo da , uma publicação que completa dois anos de existência. Muito obrigada à todos que tornaram este sonho realidade. É um projeto de muitas mãos, mas com um grande objetivo: propagar os valores de poloneses que um dia, movidos pelas mais diferentes circunstâncias, na maior parte das vezes trágicas, se viram obrigados a recomeçar em terras brasileiras. Reencontro. Talvez seja esta a palavra que melhor resume esta edição. Este número é também especial, pois homenageia três grandes patriotas poloneses que refizeram suas vidas no Brasil, ensinando às novas gerações que viver vale sim muito à pena, apesar de todas as adversidades. Com imenso pesar, a colônia polonesa perdeu Wladyslaw Dzieciolowski, herói de Monte Cassino, agraciado com a Medalha Virtuti Militari em vida, a mais alta comenda polonesa e cuja trajetória será mostrada no obituário Polonia Eterna, onde também está a trajetória de vida da Sra. Maria Matuszewska, antiga sócia que muito ajudou a Polonia Sociedade. Por uma destas coincidências, o Projeto Memória é dedicado à duas grandes patriotas: Sra. Maria Hrynakowska e a esposa do Sr. Dzieciolowski, Sra. Janina. Então, este casal se reencontra agora no céu e também aqui nesta edição e, juntamente com a Sra Hrynakowska nos ensinam o verdadeiro valor do patriotismo. Para eles vai a nossa gratidão por tempos de paz e de oportunidades. Com certeza, assim como milhões de poloneses, a Sra. Hrynakowska e o casal Dzieciolowski, muitas vezes devem ter falado “byle do wiosny” (até a primavera), expressão da resistência polonesa, da esperança de que dias melhores viriam apesar da guerra, do desamor. A origem desta expressão será abordada na coluna Ecos da Polônia. “Byle do Wiosny” também deve ter sido mencionada por Lech Walesa em sua luta por uma Polônia livre e cuja trajetória vocês poderão conferir na seção Artigo. É também um reencontro com o Prêmio Nobel da Paz, que figura na galeria dos grandes heróis, assim como o Pai da Independência Polonesa, Józef Pilsudski e Henryk Sienkiewicz, também mencionados nesta edição. É um reencontro com os valores mais profundos que forjaram a alma polonesa. A conta de luz tem assustado cada vez mais todos os brasileiros. Há saída para a energia para o Brasil? A resposta está na Entrevista com um dos maiores especialistas na área e sócio da Polonia Sociedade, Jerzy Lepecki. As diferentes nuances do idioma polonês também não poderiam ficar de fora e podem ser conferidas na coluna Mówimy Po Polsku. E aproveitando os dias mais frescos que certamente chegarão, que tal uma sopa de ervilha à moda polonesa, temperada com um glossário? agradece imensamente a Alessandra Kepinski, Andrzej Sladowski, Arthur Trojan, Jerzy Lepecki, Lucyna Brocki Cozzolino e Marek Polak pelas contribuições que viabilizaram esta edição e pelo engajamento nesta iniciativa da Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro, mas que pertence a todos, que unem em um só coração vermelho e branco, que pulsa sobre o verde e amarelo deste Brasil, abençoado por Deus e lindo por natureza! Aleksandra Sliwowska Bartsch Editora-chefe 4 Foi elaborada uma ficha cadastral para avaliação das condições e necessidades de nossos beneficiados, como parte de um recadastramento que se encontra em andamento. O objetivo é aprofundar o conhecimento sobre cada realidade, para que a ajuda possa ser cada vez mais consistente. Estão em fase de consolidação os comentários relativos ao projeto de adaptação de Estatuto da Polonia Sociedade, de acordo com exigências de novo Código Civil. Uma vez consolidados, uma nova versão será enviada aos sócios, para que seja iniciada um nova rodada de analise do mesmo. As obras para instalação de equipamentos de combate incêndio estão com 75% de seu cronograma concluído, com previsão de finalização para a segunda quinzena de abril. Os atrasos ocorridos se deram devido a alterações de especificação técnica das bombas. Foram concluídas as obras de recuperação e construção de uma laje para eliminar infiltrações e oferecer maior conforto para os associados. Foi iniciada a construção de uma nova churrasqueira, que está sendo instalada dentro de nosso parque/jardim, um novo espaço que está sendo criado, trazendo mais uma opção de lazer em nossa sede. 5 OBITUÁRIO WLADYSLAW DZIECIOLOWSKI Nosso querido Wladyslaw Dzieciolowski, ou Ladislao, como era chamado por seus colegas brasileiros, nasceu em 1920 em Lwów e faleceu em Petrópolis no dia 22 de março, aos 95 anos de idade. Aos 19 anos de idade, foi surpreendido com a invasão da Polônia pelo exército alemão no dia 1º de setembro de 1939, e ali começou a sua heróica luta e foi o início do longo caminho que o trouxe até o Brasil! Durante a “Campanha de Setembro”, Ladislao fez parte da Legião Acadêmica que defendeu sua cidade natal e, após a rendição de Lwów, ele e seu irmão Antoni foram feitos prisioneiros pelos russos, ao tentar atravessar a fronteira para incorporar-se ao Exército Polonês que estava sendo organizado pelo Gen. Sikorski na França. Ao longo de 2 anos, passaram por vários interrogatórios em diversas prisões na Ucrânia e na Rússia e foram condenados a oito anos de trabalhos forçados num campo do GULAG soviético. Devido às terríveis condições de trabalho, Ladislao adoeceu gravemente, porém conseguiu se recuperar e os irmãos acabaram sendo libertados em agosto de 1941, em conseqüência do acordo firmado por Stalin com o Governo Polonês no Exílio, que anistiou os prisioneiros poloneses e resultou na formação de um Exército Polonês na União Soviética. Depois de atravessar da Sibéria para o sul da Rússia, chegaram às proximidades de Buzuluk (QG do Gen. Anders), onde Ladislao se alistou em 17 de setembro de 1941, sendo designado para o Batalhão de Tanques e enviado a um Centro de Treinamento na Quirguizia. Em meados de março de 1943 as tropas polonesas receberam a ordem de sair da União Soviética. Após deslocar-se através do Uzbequistão e do Turcomenistão e atravessar o Mar Cáspio, chegaram ao porto de Pah-Levi na Pérsia, onde os poloneses passaram a atuar sob o comando britânico. Da Pérsia, as tropas se deslocaram para a Palestina, onde Ladislao completou seu treinamento e foi designado para o 4º Batalhão de Tanques. De lá, seguiu para o Egito e, depois, para o Iraque, ficando acampado no deserto onde se formou o II Corpo do Exército Polonês. Em seguida, as tropas voltaram para a Palestina, onde receberam novos tanques e, após realizaram treinamentos na Síria e no Líbano, retornaram ao Egito e, finalmente, embarcaram para a Itália. 6 Dzieciolowski desembarcou em Nápoles no início de abril de 1944, para assumir um papel crucial e tornar-se um herói nessa guerra que se travava já há mais de 4 anos! A abadia de Monte Cassino, transformada em fortaleza pelos alemães, impedia a passagem das tropas aliadas em direção a Roma e a batalha por sua conquista desenrolava-se desde janeiro, sem que os aliados conseguissem vencer a defesa alemã. Em meados de abril de 1944, o comandante do II Corpo Polonês recebeu a proposta de realizar nova ofensiva contra Monte Cassino, o que aceitou de imediato. Assim, quis o destino que Ladislao fosse um dos três primeiros comandantes poloneses do 4º Regimento de Tanques (“Os Escorpiões”) a entrar nessa batalha de Monte Cassino – o acesso à linha de frente era muito difícil, apenas um estradinha estreita montanha acima que, nos preparativos para o dia “D”, fora alargada e passou a ser chamada de “Estrada dos Sapadores Poloneses”, em homenagem aos muitos que ali morreram devido à explosão das minas plantadas pelos alemães. Depois de uma sangrenta batalha, com grandes perdas de homens e tanques, os soldados poloneses finalmente conseguiram tomar as ruínas do mosteiro, onde fincaram a bandeira polonesa no dia 18 de maio. Após essa batalha, o 4º Regimento Blindado foi deslocado em direção à costa do Mar Adriático, onde Ladislao participou da tomada do Porto de Ancona e de outras batalhas rumo ao norte, até chegar às proximidades de Florença. Em 31 de janeiro de 1945, por sua excepcional coragem e bravura demonstrada no campo de batalha, Wladyslaw Dzieciolowski recebeu das mãos do Gen. Anders a Ordem Virtuti Militari – a mais alta condecoração militar polonesa. Anteriormente, já havia sido condecorado duas vezes com a Cruz de Valor Militar, por atos de bravura em Monte Cassino e por sua ação na batalha de Santa Sofia, nos montes Apeninos. Mais tarde, já em Londres, recebeu também a Ordem Polonia Restituta, equivalente à Virtuti Militari, com o título de Cavaleiro da Ordem. 7 Em meados de abril de 1945 começou a ofensiva de Bolonha e Wladyslaw foi nomeado comandante da força-tarefa formada pelo seu pelotão de tanques, um pelotão de “comandos”, um destacamento de sapadores, uma bateria de canhões anti-tanques e um observador de artilharia. Em 19 de abril, recebeu a ordem de avançar e seu tanque, que seguia à frente, foi atingido por um projétil e se incendiou. Os ocupantes do tanque ficaram feridos e Ladislao sofreu graves queimaduras, porém, felizmente, conseguiram ser resgatados e ele foi removido para o Hospital Polonês em Ancona, onde ficou internado. Recuperado dos ferimentos, após o término da guerra Ladislao permaneceu na Itália, no exército de ocupação e foi nessa época que conheceu Janina, uma sargento polonesa da Companhia de Transportes nº 316, com quem se casou em 1º de junho de 1946, na Basílica de Loreto. Após sua transferência para a Inglaterra e desmobilização do Exército Polonês com a patente de Capitão, em 1947 nasceu sua filha Anna Maria. Não desejando voltar para a Polônia dominada pelo regime comunista soviético, a família partiu rumo à Argentina em março de 1948. Em 1951, nasceu sua segunda filha, Cristina, e Ladislao progrediu na sua carreira de economista. Em 1955, recebeu de um antigo colega do exército a proposta de um emprego na IBM do Brasil, no Rio de Janeiro, onde trabalhou por 28 anos, até se aposentar como DiretorTesoureiro. Aqui, tornou-se membro da Associação dos Ex-combatentes Poloneses (SPK), da qual foi Presidente e, também, Conselheiro da Polônia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro. Suas vivências durante a guerra foram narradas no livro que escreveu, intitulado 'Minhas Memórias'. Wladyslaw Dzieciolowski foi um homem admirável, generoso e querido por todos, que será sempre lembrado com muita saudade por seus familiares, companheiros e amigos! Seu corpo foi velado no Salão da Polonia Sociedade Beneficente, com uma Missa de corpo presente rezada pelo Pe. Jan Flig e o sepultamento foi realizado no Cemitério dos Ingleses, ao lado de sua querida esposa Janina. 8 OBITUÁRIO MARIA MATUSZEWSKA Faleceu em 7 de abril a Sra. Maria Matuszewska, antiga sócia da Polonia Sociedade, que por mais de quarenta anos residiu no Brasil e que participou ativamente, por muito tempo, da vida polônica no Rio de Janeiro, seja na Polonia Sociedade, seja na Igreja Polonesa. A Sra. Maria Matuszewska dirigiu por muitos anos a fábrica BRAMURA Engrenagens Ltda, da qual era sócia-proprietária, juntamente com a Sra. Elzbieta Radziwil Potocka. A BRAMURA, com sede no bairro Imperial de São Cristóvão, conta mais de 50 anos de existência. Foi fundada por seu marido, Marian Matuszewski, e pela Princesa Jolanta Czartoryska Radziwil, mãe da Sra. Potocka, sendo especializada em engrenagens. Sua carteira de clientes engloba empresas como Vale, CSN, Petrobrás, Belgo Mineira, entre outros. Por diversas vezes, nos momentos mais difíceis da Polonia Sociedade, a Sra. Maria Matuszewska ajudou muito tanto financeiramente quanto com sua presença. Mesmo tendo a cidadania brasileira, nunca esqueceu de suas raízes, amando em igual medida a sua terra natal, bem como o Brasil que tão bem a acolheu e no qual pôde viver intensamente. 9 ENCONTRO DE CORAIS 13/12 Por Arthur Trojan Nos últimos anos tem ocorrido na Polonia Sociedade Beneficente o tradicional encontro de corais. Este ano, sob a coordenação do ex-diretor financeiro Vicente Pawelec, o evento teve grande sucesso, contando com maior público desde sua primeira edição (cerca de 80 pessoas). A apresentação foi realizada no dia 13 de dezembro, tendo a participação de três corais: Coro Juvenil da Escola de Música Villa-Lobos, Coral Corcovado e o Coral da Fundação Getúlio Vargas. Estando os dois últimos sob a regência do maestro Ruy Wanderley. No mesmo sábado que foi realizado o encontro de corais, também estava programado a projeção do filme “1920 – Bitwa Warszawska” do premiado diretor polonês Jerzy Hoffman. O filme trata da guerra polono-bolchevique que ocorreu no ano de 1920, logo após a independência da Polônia – foi, certamente, um momento crucial na história polonesa recente. A projeção foi feita pouco antes do início da apresentação dos corais, pelo colaborador Arthur Trojan. Os dois primeiros corais a se apresentarem foram os corais Corcovado e o da Fundação Getúlio Vargas. O Maestro Ruy Wanderley regeu os dois separadamente e depois conjuntamente. Os presentes puderam desfrutar de conhecidas e belas canções natalinas, muitas delas em alemão e português. O coral Juvenil da Escola de Música Villa-Lobos se apresentou logo após, e emocionou o público com a voz de uma jovem menina que fez vários cantos solos. Para finalizar, os três corais cantaram juntos famosas canções natalinas como: Bate o Sino, Noite Feliz e Então é Natal. Após a apresentação dos corais, Vicente Pawelec fez o sorteio de alguns brindes para a os presentes. Depois, todos desfrutaram de um saboroso coquetel que tinha muitas receitas tradicionais da mesa natalina. Os eventos do último dia 12 de dezembro fecharam a programação cultural da Polonia Sociedade Beneficente do ano de 2015. Fotografias de Arthur Trojam 10 BOAS VINDAS AO ANO NOVO 03/01 O ano de 2016 se iniciou com o tradicional almoço de ano novo, no qual participaram sócios e amigos da Polonia Sociedade. É uma data muito especial e que à exemplo da celebração da Páscoa, foi introduzida há muitos anos, para que os poloneses radicados no Brasil, principalmente aqueles que encontravam-se sozinhos na nova terra, pudessem passar estas datas na companhia de seus compatriotas, estando mais perto da Pátria Polonesa, a qual foram obrigados a deixar para trás por diferentes motivos. O almoço começou com a tradicional benção dos alimentos e cânticos natalinos poloneses, realizada pelo Pároco da Igreja Polonesa, Pe. Jan Sobieraj, sendo seguido da partilha do oplatek costume muito antigo polonês. Fotografias de Aleksandra Sliwowska Bartsch 11 HOMENAGEM AO EMBAIXADOR DA POLÔNIA 21/01 Por Israel Blajberg A Associação Nacional dos Veteranos da Força Expedicionária Brasileira – Casa da FEB, Fundada em 16 de Julho de 1963 e sediada no Rio de Janeiro, é a maior associação de excombatentes do Brasil, congregando mais de 25 mil militares do Exército e Força Aérea que o Brasil enviou em 1944 para integrar as Forças Aliadas da 2ª Guerra Mundial na Itália. Em Reunião no dia 5 de novembro de 2015, o Plenário do Conselho Deliberativo aprovou por unanimidade conceder a Medalha Marechal Mascarenhas de Moraes ao Excelentissimo Senhor Dr Andrzej Maria Braiter, Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Republica da Polonia em Brasilia, como reconhecimento aos relevantes serviços prestados a causa dos ex-combatentes brasileiros da Segunda Guerra Mundial, contribuindo assim para reforçar os laços de amizade que unem as Republicas do Brasil e da Polonia. A MMMM foi instituida em homenagem ao Marechal Mascarenhas de Moraes, Comandante da FEB na Itália, incorporada ao US ARMY durante os anos 1944-1945 sob o comando do General Mark Clark. As seguintes autoridades foram tambem agraciadas com a MMMM em 21 de janeiro de 16: Desembargador Egas Moniz de Aragão Daquer, Diretor Juridico do Conselho Nacional de Oficiais da Reserva do Brasil, Coronel Carlos Alberto Fernandes, Comandante do 57º. BIMtz – Regimento Escola de Infantaria, da Vila Militar – RIO, Tenente Ricardo Araujo Cordeiro, Presidente da Associação dos Oficiais da Reserva do Exército – RIO, Tenente Adalberto Marques de Oliveira, Diretor da Associação dos Oficiais da Reserva do Exército – RIO. Fotografias de Aleksandra Sliwowska Bartsch 12 01/03 CURSO DE IDIOMA POLONÊS AULA ESPECIAL EXTRAORDINÁRIA Por Alessandra Kepinski No dia 1º de março, das 18:00 às 20:00 h, as professoras visitantes do Departamento de Estudantes Estrangeiros da Universidade da Silésia em Katowice – Bozena Szalasta Rogowska e Marta Barciak, realizaram uma aula especial extraordinária e conjunta para os alunos das três turmas do curso de polonês. O apoio para a organização e realização da aula foi dado pelo Prof. Marek Polak. A aula, da qual participaram 15 alunos (temos um total de 25 alunos inscritos nos 3 níveis - iniciantes, intermediários e avançados, mas nem todos puderam comparecer), foi baseada, dentre outros, na leitura, análise e interpretação da poesia “Argument”, de Bogdan Czaykowski, poeta polonês que emigrou para o Canadá. Nesse poema, seu autor fala sobre a dificuldade do imigrante de se sentir à vontade na nova pátria pois, ao deixar o seu país de origem e não se sentir totalmente integrado na nova pátria, é como se estivesse “suspenso” entre dois mundos. Em seguida foram apresentadas e comentadas algumas canções polonesas, bem como um interessante fragmento do filme “Antígona em Nova York”, do diretor polonês Janusz Glowacki. A aula foi muito aplaudida e elogiada pelos alunos, que tiveram oportunidade para tirar dúvidas e confraternizar com as professoras após a aula, durante o lanche que foi servido ao seu final. 13 02/03 CULTURA E EDUCAÇÃO DE MÃOS DADAS A Embaixada da Polônia no Brasil e a Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro organizaram um evento que uniu cultura e educação e que contou com as presenças do Embaixador da Polônia Andrzej Braiter e do Ministro do Ensino Superior Aleksander Bobko. O evento começou com o Presidente da Polonia Sociedade, Stefan Janczukowicz, apresentando o trabalho desenvolvido pela instituição centenária, sendo seguido de uma aposição de flores no busto do Pai da Independência da Polônia Marechal Józef Pilsudski. O Embaixador da Polônia Andrzej Braiter e o Ministro Aleksander Bobko fizeram então uso da palavra, destacando a importância de eventos como o Salão do Estudante, que permite mostrar as possibilidades de formação e qualificação na Polônia e também destacaram a importância da atuação da Polônia Sociedade. Fotografias de Aleksandra Sliwowska Bartsch 14 A segunda parte do evento, idealizada pela Sociedade com apoio do sócio Jaroslaw Rogowski contou com um concerto de piano apresentado por Tomasz Betka. O pianista Betka apresentou composições próprias, além de peças de Chopin e de Tom Jobim, sendo muito aplaudido pelos presentes. O evento foi seguido de um coquetel, numa atmosfera bastante alegre. Fotografias de Aleksandra Sliwowska Bartsch 15 20/03 PAINEL DE DEBATE: PRESENÇA E INFLUÊNCIA DOS IMIGRANTES POLONESES NO TEATRO BRASILEIRO MODERNO Em um debate interessantíssimo, organizado pela Sra. Alessandra Kepinski, foram abordadas as influência dos poloneses na construção do moderno teatro brasileiro, pelos Professores Álvaro Luis de Sá, José Dias e Luiza Marcier. A Sra. Kepinski foi a mediadora dos debates, e apresentou inicialmente o trabalho desenvolvido pela Polonia Sociedade. Na sequência, o Prof. Álvaro Luis da Sá, coordenador da Pós-Graduação em Teatro da Faculdade CAL de Artes Cênicas, abordou a importância do pai polonês do teatro brasileiro contemporâneo Zbigniew Ziembinski, que revolucionou o teatro brasileiro, a partir da antológica montagem, em 1943, da peça Vestido de Noiva de Nelson Rodrigues. Ao final da exposição a Sra. Kepinska, destacou o recém-publicado livro da jornalista Aleksandra Pluta “Aquele bárbaro sotaque polonês: Ziembinski nos palcos brasileiros”. Na sequência, a Professora do curso de Design da PUC-Rio, Luiza Marcier, designer, estilista e figurinista falou dos desafios enfrentados pelos figurinistas, bem como abordou a importantíssima contribuição do maquiador Erik Rzepecki, que foi um dos ícones em sua área, sendo reconhecido mundialmente por seu talento. Finalizando a noite, o Professor José Dias, diretor de arte e cenógrafo, escritor e professor da UNIRIO e da UFRJ falou sobre a trajetória de contribuição de Jan Michalski, que foi durante vários anos, colunista do Jornal do Brasil, coordenador da Casa de Artes de Laranjeiras, tendo sido também fundamental para a sedimentação do moderno teatro brasileiro. O Prof. Dias é amigo da Polonia Sociedade há muitos anos e foi vice-reitor da UNIRIO, sendo considerado com um dos três melhores cenógrafos do mundo, segundo a jornalista Hildegard Angel e integra a Academia Brasileira de Educação. O evento contou com uma plateia muito interessada, abrilhantada pela viúva de Jan Michalski, a Sra. Maria José Michalski. Fotografias de Aleksandra Sliwowska Bartsch 16 27/03 PÁSCOA CELEBRADA NA PARÓQUIA PESSOAL DOS POLONESES A colônia polonesa no Rio de Janeiro celebrou a Páscoa com uma Missa na Paróquia Pessoal dos Poloneses, dedicada a Nossa Senhora de Montes Claros. Na Igreja, fundada em 1953, todos os domingos, às 10:00 hs ocorre uma Missa bilíngue, rezada pelo Pároco Pe. Jan Flig, que une os presentes na fé, que celebram a ressurreição de Jesus Cristo. Após a Santa Missa, todos se confraternizaram no salão paroquial, onde foram servidos ovos cozidos abençoados pelo Pároco Flig, uma antiga tradição polonesa, que simboliza a ressurreição de Cristo, uma vida nova. Fotografias de Aleksandra Sliwowska Bartsch 17 PÁSCOA CELEBRADA NA POLONIA SOCIEDADE 03/04 Por Alessandra Kepinski O já tradicional Almoço de Páscoa da Polonia Sociedade Beneficente transcorreu num ambiente de alegre confraternização e contou com a presença de cerca de 75 pessoas, entre sócios, seus familiares e convidados, alguns beneficiados e, também, alguns alunos do nosso Curso de Polonês. A registrar, uma mesa formada pelos jovens poloneses, uma geração de “novos Imigrantes”, ainda que na sua maioria temporários, que vem participando das atividades da Sociedade e trazendo uma renovação muito bem vinda aos nossos eventos! O Presidente, Sr. Stefan Janczukowicz, deu as boas-vindas aos presentes e falou algumas palavras sobre as atividades em andamento na Sociedade. Em seguida, convidou o Pe. Jan para proceder à tradicional benção dos alimentos, que fez então uma oração e abençoou o pão, os ovos e o sal, os quais foram servidos como entrada. A preparação da comida, farta e saborosa, foi realizada pela Sra. Guenia com ajuda de sua filha Regina. Como pratos principais, tivemos “bigos”, estrogonofe de carne e de frango, peixe com molho de raiz forte e canelones, acompanhados por saladas variadas, batatas e arroz. Os pratos do almoço foram muito elogiados pelos presentes e, de sobremesa, foram servidos mousse de maracujá e sonhos, duas deliciosas tortas no formato de coelhos de Páscoa preparadas pela Sra. Regina Szczepura, bem como uma cesta de bombons gentilmente oferecida pela Sra. Leda. Encerrando o almoço, estava planejado realizar o Concurso de Pisanki, e com este objetivo adquirimos 3 Ovos de Páscoa para oferecer como prêmios do concurso. Como apenas a Sra. Dagmara Szkudlapska Ferreira trouxe uma cestinha com pisanki e outros objetos típicos poloneses da Páscoa para enfeitar a alegre mesa dos “novos imigrantes”, então ela foi a primeira a receber o brinde! Em seguida, cantamos parabéns para o aniversariante do dia, nosso beneficiado Alexandre Zarnowski, que ganhou o segundo ovo de chocolate e, finalizando, oferecemos o terceiro brinde ao Pe. Jan, em agradecimento à sua dedicação e apoio à Sociedade. Fotografias de Lucyna Brocki Cozzolino 18 Um povo que não respeita o seu passado, não merece respeito no presente e não tem direito ao futuro Marechal Józef Pilsudski Pai da Independência da Polônia 19 WALESA, HOMEM DA ESPERANÇA Por Arthur Trojan1 No pós-guerra, por quatro décadas e meia, os poloneses experimentaram uma das formas mais duras de experiência de transição socialista que ocorreu no século XX. Em especial, nos onze primeiros anos, quando a autocracia estalinista estava a todo vapor, não apenas na Polônia, mas em todo o mundo soviético. Naquele período, a repressão ocorria desde a censura até as formas mais deletérias de torturas nos porões da SB (Służba Bezpieczeństwa), o serviço secreto polonês, criando um verdadeiro estado de terror a qualquer pessoa que se colocasse contrário aos interesses do regime. Esse estado policialesco, certamente, foi fundamental para minar qualquer tipo de oposição seja de forma aberta ou até mesmo clandestina. Durante a década de 1960 e 1970, diversas greves, manifestações e paralisações ocorreram na Polônia e foram duramente reprimidas e geraram uma grande repercussão no mundo a fora. Uma das razões para as repressões do governo polonês serem tão duras, foi o medo de que tropas do Pacto de Varsóvia – organização militar do bloco socialista – acabassem enrtando na Polônia para controlar as manifestações, como ocorreu na Hungria em 1956 e na então Tchecoslováquia em 1968. A partir da década de 1980, surge o Solidariedade, fundando em 31 de agosto 1980, em Gdansk, nos Estaleiros Lenin, quando o governo comunista da Polônia assina o acordo que permitia a sua existência. Em 17 de setembro de 1980, mais de vinte comitês de sindicatos livres fundiram-se em uma organização nacional denominada NSZZ Solidariedade (Niezależny Samorządny Związek Zawodowy "Solidarność”). Cabe ressaltar que a eleição de um papa polonês, naquele período, foi fundamental para criação do Solidariedade, segundo o escritor e jornalista Mieczylaw Czuma. Conforme o jornalista, a visita de Wojtyla, já como papa, à Polônia em 1978, e seu incentivo através da mensagem dita os poloneses: “não tenham medo!”, foi um reforço a necessidade de se organizar e lutar pela mudança do regime. Nessa encruzilhada da história da Polônia, surge como liderança inconteste o eletricista Lech Walesa, um dos fundadores do sindicato Solidariedade, que consegue trazer novamente esperança aos poloneses. Walesa, torna-se uma figura conhecida internacionalmente pela sua atuação de forma pacifica no combate ao regime comunista. O fato de ter liderado as paralisações dos grevistas, em 1980, e de ser católico, deu à Walesa uma grande base de apoio popular, mas os seus ganhos tiveram um carácter efêmero ante a resistência do regime comunista. 20 Em dezembro de 1981, o governo impõe a lei marcial, criando um estado de guerra (stan Wojenny), com o intuito de esmagar a oposição e o sindicato Solidariedade. Os cidadãos passam a ter sua vida restringida, vários dos líderes do Solidariedade são presos, inclusive Walesa, e muitas pessoas foram mortas. Em outubro de 1982 o Sindicato Solidariedade é colocado na ilegalidade. E, finalmente, no ano de 1983, pela sua reconhecida atuação na defesa dos direitos dos trabalhadores poloneses, Walesa recebe o prêmio Nobel da Paz, que será entregue, em Oslo, à sua esposa. No final da década de 1980, o Solidariedade volta a legalidade e começa conversações com o governo do general Wojciech Jaruzelski. Em 1990, são feitas as primeiras eleições livres na Polônia e Walesa é eleito presidente e mostra ao mundo que não foi apenas homem da esperança, mas o homem que conseguiu trazer de volta para mãos polonesas a soberania e liberdade de seu povo. Apesar de todo o empenho, o governo de Walesa foi bastante impopular a ponto dele não se reeleger nas eleições de 1995. Em 2000, ao concorrer novamente às eleições, obteve menos de 1% de intenção de votos. No ano de 1992, o nome de Walesa aparece em listas de colaboradores do regime comunista que estavam no Ministério de Assuntos Internos, e tal assunto volta à tona no presente ano, quando documentos encontrados na casa do general Czesław Kiszczak, morto em 2015, são publicados com informações de colaboradores, dentre eles o do informante de codinome “Bolek”, que supostamente seria o ex-presidente polonês. Apesar de Walesa negar de forma veemente as acusações, alguns setores da sociedade polonesa acham os indícios muito convincentes. A despeito da evidência dos fatos, a reflexão que devemos fazer, não é se Walesa colaborou ou não com os órgãos de repressão do regime comunista polonês, mas em quais circunstâncias isso ocorreu. Devemos sempre levar em conta que no período de transição socialista, vivia-se um estado de exceção, onde os cidadãos, em muitos casos, instados pelo estado, não tinham outra opção, se não terem que colaborar. Hoje, numa Polônia democrática – democracia essa que custou muito caro a pessoas como Walesa –, os que tentam, através de ilações e suposições, usar esse passado de trevas para denegrir a imagem de alguém, não passam de frustrados que não tiveram o mesmo papel histórico que o sindicalista de Gdansk. Mas o que consola a todos que veem no sindicalista a coragem que faltou em tempos de desesperança, é que superados os percalços, Lech Walesa, o homem da esperança, ficou na história. 1 Artur Trojan é advogado e concluiu a Escola de Formação de Líderes Polônicos na Polônia em 2014. É aluno do Curso de Polonês da Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro Os artigos e comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta Revista 21 BYLE DO WIOSNY... ATÉ A PRIMAVERA… Por Andrzej Sladowski1 Prezados Amigos, Como dizia meu saudoso amigo Nelson Rodrigues, famoso escritor e dramaturgo….há muitos anos atrás quando eu começava o meu caminho como jornalista: “jovem amigo, lembre-se, sempre comece pelo começo. É o melhor passo para a frente”. Então vamos lá! O dia 1 de setembro de 1939 amanheceu lindo, ensolarado, apesar do outono já chegando, o sol brilhava no céu azul quando levantei da cama cedinho, pois começava o ano letivo, no meu ginásio. Rapidamente me lavei, e às 6:30 hs já estava na praça Szczepanski, com meu cachorrinho, para dar um rápido passeio, mas, de repente, neste céu azul, apareceram, com um ruído ensurdecedor, aviões voando baixo, com uma cruz nas asas…..eram muitos….as pessoas, muitas na praça, pois tinha lá uma feira de verduras e frutas, os vendedores e clientes, começaram a correr para lá e cá, apavorados, gritando: “é a guerra, é a guerra!” Corri para casa, onde os meus avos, Maria e José, sentados no salão, estavam escutando o radio e gritaram para mim: “que bom você chegar em casa são e salvo, querido neto. Os alemães atacaram nesta madrugada a Polônia. Estamos em estado da guerra. Que Deus nos proteja...” E assim começou a terrível II Guerra Mundial. Cinco anos de terror, sofrimento, pavor, luta desesperada para sobreviver. Sem liberdade, sem comida, sem nada, além da esperança de que, um dia, este horror acabaria, e a liberdade voltaria, assim como a Polonia livre… A partir daí, uma frase, que se ouvia todos os dias, de todas as bocas, em todos os lugares, era BYLE DO WIOSNY. Amigos, esta frase nos acompanhava durante todos os terríveis cinco anos do terror e escuridão, pois era proibido iluminar as ruas e casa. Vivia-se numa penumbra diária, mais difícil ainda de se suportar durante os invernos, quando o dia acabava às 15 horas, e começava a noite… 22 Assim, esta frase, com decorrer dos tempos, adaptou-se na língua do povo, e significava várias possibilidades: o dia seguinte melhor, melhor saúde no futuro. Que deveríamos seguir adiante com otimismo, pois a guerra acabará um dia, os nazistas serão derrotados, e nas bocas dos soldados da AK (Armia Krajowa) significava ainda uma certeza: de que a primavera da liberdade, da vitória, a esperança de dias melhores, chegará, com esta ou a próxima primavera, pois nunca deve se perder a esperança. Jamais... Acho, pessoalmente, de que esta famosa frase já existia há muito tempo, mas usada com moderação, não tão constantemente como durante a guerra. Hoje, a expressão é usada em abundância, pois os tempos aqui, e no mundo inteiro, não são lá muito favoráveis para nós. Então, expressamos o nosso desejo de viver em paz, nos dias melhores para o nosso povo. Para finalizar…...anexo a foto antiga na minha querida avó Maria, quando ainda jovem…..nascida no século XIX. Foi um verdadeiro anjo, que desceu do céu, para a minha felicidade, para me criar, educar, dedicar para mim todo amor possível, proteger e estar sempre ao meu lado nestes terríveis dias da guerra. Infelizmente, não chegou a ver e viver novamente a liberdade, pois faleceu no ano de 1942, com 67 anos. Foi para mim uma perda enorme... Este retrato está na parede do meu quarto quando escrevo estas linhas, ela olha para mim… Com todo amor, dedico este artigo à ela, à ela, avó Maria… Até a próxima, Amigos... e bom dia para todos... Byle do wiony... 1Jornalista e correspondente internacional da na Polônia Os artigos e comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta Revista 23 IDĘ, JADĘ, LECĘ, PŁYNĘ, PORUSZAM SIĘ? E ONDE ESTÁ O “IR”? Por Marek Polak Dando aula de polonês percebi que, para o aluno carioca, é um pouquinho problemático que a língua polonesa não tem um verbo que serve para todos os tipos de locomoção. Em português tanto faz se andamos a pé, se usamos carro, voamos de avião, sempre podemos dizer que “vamos”, ou, até mais fácil, hoje em dia “a gente vai”. Em língua polonesa precisamos ser um pouquinho mais específicos, porque não existe um “ir”. Como então saber qual verbo deveríamos usar? Durante a conversa precisamos saber rapidamente qual palavra aplicar considerando cada caso separadamente. Hoje tentarei dar umas dicas. Idziemy do kina? – vamos ao cinema? Verbo “iść” é o que mais usamos. Vai nos servir sempre quando usamos os pés para nos movimentarmos. Se nossas pernas nos levam para o objetivo da viagem, com certeza podemos falar que “idę do ...”- vou para .... Portanto, há que se admitir que este verbo é mais perto do português “ir”. Este verbo vamos usar também nas situações abstratas. Por exemplo – idziemy na piwo (vamos tomar cerveja). Quando o meio de transporte não é definido, mas o objetivo está em alcance razoável (digamos dentro de uma cidade) também vamos usar esta palavra – por exemplo, quando marcamos para ir para cinema – “idziemy do kina?”. Mesmo se depois vamos precisar usar outro meio de transporte. Jechać – este verbo é muito fácil de reconhecer. Se nos movimentamos em algo que tem rodas, vamos usar este verbo – jechać rowerem (andar de bicicleta), jechać samochodem (de carro), jechać pociągiem (de trem), jechać deskorolką (de skate), jechać metrem (de metrô), etc. Também utilizamos este verbo quando queremos viajar e o objetivo de nossa viagem encontra-se relativamente longe (digamos fora da cidade). Jedziemy na wakacje? – vamos para férias?; Jedziemy do Gdańska? – Vamos para a Gdansk?; Jedziemy do Włoch? – vamos para Itália? 24 Quando nossa movimentação, seja longa ou curta, acontece sobre a água ou nela, vamos usar o verbo „płynąć”. Płynąć - nadar, płynąć statkiem - ir de barco, płynąć łódką – ir de bote, płynąć łodzią podwodną – ir de submarino. Quando abandonamos o contato com a terra ou a água e nos levantamos no ar como os pássaros, significa que voamos (lecimy). Em polonês neste caso precisamos usar o verbo „lecieć”. Lecimy samolotem (vamos de avião), lecimy paralotnią (vamos de asa delta), lecimy helikopterem (vamos de helicóptero). Na gíria polonesa também vamos usar este verbo para dizer que vamos embora. “Późno już, lecimy!”(já é tarde, vamos embora!). Estes quatro verbos não esgotam a temática. Como em português, dependendo do objetivo da nossa movimentação, podemos usar outros verbos – viajar (podróżować), caminhar (spacerować), escalar (wspinać się) e outros, mas se conhecemos estes quatro principais, facilmente vamos explicar tudo que for necessário. Os artigos e comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta Revista 25 W ŚWIECIE WIECZNEGO LATA Por Marek Polak1 Życie ma swój ustalony biologiczny rytm. Od czasu do czasu burze przerywają jego bieg, ale wiosna, lato, jesień, zima następują po sobie jak urodzenie, życie, śmierć. Tyle, że przyroda zmartwychwstaje - my nie Zofia Kucówna Emigrując do Brazylii wyobrażałem sobie, iż życie w kraju wiecznego lata będzie niemal zbawienne. Męczyły mnie jesienne słoty i długie, ciemne zimy. Nie przypuszczałem, jak bardzo będzie brakować mi zapachu pierwszego wiosennego dnia, widoku pierwszych pąków na drzewie i tego wszystkiego co składa się na pewne osobliwe, nie definiowalne uczucie początku czegoś nowego. Pory roku, a w szczególności wiosna wpisana jest w życie naszego narodu od początku historii. Cykliczność życia, jego doroczne odradzanie się to znacznie więcej aniżeli tylko zmiana pogody i ubrania, które używamy. Pory roku nas regulują, pozawalają planować, przygotowywać się na różne okresy w życiu, uczą cieszyć się dostatkiem, jak i przygotowywać i akceptować kryzys. Pozwalają być wdzięcznym za obfitość i pokornym wobec braku. Pory roku, ich powtarzalność i zmiany, które za sobą niosą uświadamiają człowiekowi jego głęboką przynależność do świata natury. Ten pierwszy dzień wiosny, gdy w powietrzu czujemy inny zapach oznacza odrodzenie – nas i całego świata natury, który go otacza. W kulturze symbolizuje go wielkanocne jajko, które święcimy w Wielką Sobotę. Jajko jest symbolem nowego życia, nowego cyklu. Na wiosnę planujemy, rozpoczynamy nowe projekty, zakochujemy się, na wzór ptaków zakładamy nowe gniazda lub porządkujemy stare. Lato to czas żniw, zbieramy owoce wiosennego wysiłku, delektujemy się obfitością natury, odpoczywamy. Jesień to czas przygotowań na kryzys. Zabezpieczamy domy, organizujemy zapasy, przygotowujemy przetwory. Nasze myśli zwalniają, przestają wybiegać daleko w przyszłość, skupiają się na zbliżającym się trudnym czasie. Jesienią oswajamy się z myślą, iż będzie ciężko, przygotowujemy się. 26 Zima to czas hibernacji. Zwalniamy, wyłączamy się. Zima to czas kryzysu. Nie planujemy, nie podejmujemy nowych wyzwań, chcemy dotrwać, przetrwać, dotrzeć do ciepłej przystani wiosny. Zima od małego uczy nas radzić sobie w ciężkich czasach. Dzięki niej wiemy jak radzić sobie w życiu z problemami, z czasami, w których nie radzimy sobie i nie wszystko układa się po naszej myśli. Zima choć brutalna, jest nam potrzebna, abyśmy stawali się ludźmi odporniejszymi, zarówno fizycznie jak i mentalnie. W Brazylii ten mój wewnętrzny rytm się zachwiał. Człowiek nie żyje cyklami, gdyż pogoda jest wciąż ciepła, gdyż owoce są przez cały rok. Dla Polaka to jak permanentna symulacja wiosny i lata. Ciągła aktywność. Na dłuższą metę to męczy. Zaczynam obserwować Brazylijczyków, jak oni radzą sobie z tą kwestią i odkrywam horacjańskie Carpe Diem. Życie z dnia na dzień, stoicki spokój, kontent z chwili obecnej. To piękne podejście umożliwiające ludziom życie w spokoju w czasach obfitości. Lecz gdy przychodzi kryzys, jak ten toczący obecnie kraj kawy, widzę smutek, brak gotowości na gorsze czasy, apatię i bezradne pytania, o to co dalej. Wtedy doceniam polską naturę z jej porami roku, jej cyklami, jej ciężką szkołą radzenia sobie z czasami wymuszonej ascezy. 1 Marek Polak konczy Doktorat nt. spotkania faweli i swiata dzielnic regularnych, roli jakos pelni w spolecznstwie Carioca stygmat i stereotyp i gdzie jest on kreowany. Próba uchwycenia Rio de Janeiro jako projektu estetycznej utopii i rola faweli w tym projekcie. Os artigos e comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta Revista 27 NOSSAS MÃES GUERREIRAS As histórias de Janina Dzieciolowska e Maria Hrynakowska Por Alessandra Kepinski1 Todos os anos, no segundo domingo de maio, comemoramos o Dia das Mães. Este ano, o Dia das Mães será em 8 de maio e coincide com mais um aniversário do término da 2ª GueRra Mundial na Europa (8 de maio de 1945), marcado pela queda da cidade de Berlim frente ao exército das forças aliadas. Então, nada mais justo do que lembrar a trajetória e homenagear nessa data duas mulheres e mães, guerreiras polonesas que, cada uma a seu modo, sofreram os horrores dessa terrível guerra, foram deportadas para a Sibéria e, quando libertadas, lutaram ao lado do Exército Polonês do General Anders. Terminada a 2ª Guerra Mundial, casaram-se com soldados poloneses, seus companheiros na luta pela liberdade da sua Pátria, mas infelizmente não puderam retornar à sua terra natal. Então, na busca de um futuro melhor para suas famílias, para poderem criar seus filhos em paz e liberdade, emigraram para o Brasil, fixando-se no Rio de Janeiro. Aqui, fizeram parte da Associação dos Ex-Combatentes Poloneses e atuaram com dedicação na Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro. Estas são as suas histórias. M. Hrynakowska e J. Dzieciolowska em cerimônia no Monumento aos Pracinhas, no Rio de Janeiro Janina Coller Dzieciolowska nasceu em 20 de novembro de 1920 em Wloclawek, cidade situada às margens do rio Vístula, na região centronorte da Polônia. Após a invasão soviética, em abril de 1940, Janina e sua mãe foram deportadas para o Cazaquistão, na Ásia Central, em conseqüência de um processo conhecido como “engenharia social”, criado pelo regime comunista sob a orientação do ditador Josef Stalin. Na prática, esse programa consistiu no desterro em massa de populações polonesas e sua substituição por população russa, trazida do interior da URSS, mudando dessa forma o perfil social dos territórios ocupados. 28 Em julho de 1941, devido à invasão da Rússia pelas tropas de Hitler, quebrando o pacto de não-agressão mútua estabelecido entre a Rússia e a Alemanha em 1939, foi firmado um acordo entre o governo soviético e o Governo Polonês no Exílio, pelo qual todos os prisioneiros poloneses nos campos de trabalhos forçados, em sua maioria militares, seriam libertados para possibilitar a formação de um Exército Polonês na Rússia. Uma grande quantidade de civis poloneses deslocados por Stalin para o interior da Rússia uniu-se a esse movimento, marchando para o sul e alistando-se como voluntários nas tropas do General Anders que viriam a formar o II Corpo Polonês, consolidado sob o comando britânico. Dentre estes voluntários, encontrava-se a jovem Janina. Através do Mar Cáspio e da Pérsia (hoje, Irã), as tropas polonesas foram levadas para a Palestina que, à época, era um território administrado pelos ingleses, e onde civis e militares receberam treinamento. Assim, em abril de 1942, Janina passou a fazer parte do Serviço Auxiliar Feminino (PSK – Polska Sluzba Kobiet) do II Corpo Polonês, servindo na 316ª Companhia de Transportes como motorista de caminhões. Com a sua unidade, Janina passou pela Palestina, Iraque e Egito e em 1944 embarcou para a Itália, onde participou do apoio logístico às tropas polonesas durante a conquista daquele país pelas forças aliados. A 316ª Companhia prestou apoio nas batalhas de Monte Cassino, Ancona e Bolonha. Ao longo da campanha, Janina foi promovida ao posto de 2ª Sargento e recebeu várias medalhas por sua atuação. Na Itália, Janina conheceu Wladyslaw Dzieciolowski, comandante de tanques do 4ª Regimento Blindado do II Corpo Polonês, com quem se casou em 1º de junho de 1946, na Basílica de Loreto. Após a sua transferência para a Inglaterra e a subseqüente desmobilização do Exército Polonês, em março de 1948 o casal Dzieciolowski, já então com sua filha Anna Maria, não desejando voltar para a Polônia dominada pelo regime comunista soviético, deixou a Inglaterra rumo à Argentina, para tentar a sorte no Novo Mundo. 29 Em 1951, nasceu sua segunda filha, Cristina. Depois de alguns anos na Argentina, a família mudou-se para o Brasil, quando Wladyslaw recebeu uma proposta de emprego mais vantajosa no Rio de Janeiro, na IBM do Brasil. Aqui, Janina foi membro atuante da Associação dos Ex-combatentes Poloneses (SPK) e da Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro. Em 2005, Janina recebeu do Governo Polonês a medalha “Pro Memória”, em reconhecimento aos serviços dos que lutaram pela liberdade da Polônia durante a II Guerra Mundial. (*) Maria Hrynakowska nasceu em 22 de julho de 1909 em Smila, nas proximidades de Lwów, na região sudeste da Polônia, que esteve sob o domínio russo até 1918 e que em 1939 passou a pertencer à Ucrânia, sob domínio da União Soviética. Após a independência da Polônia, em 1922 sua família estabeleceu-se na cidade de Poznan, onde seu pai, Konstanty Hrynakowski, foi professor catedrático daquela Universidade. Maria formou-se como Farmacêutica na Universidade de Poznan, porém sua grande paixão sempre foi a aviação. Em 10 de novembro de 1932, Maria Hrynakowska tornou-se uma das fundadoras da Seção Feminina de Planadores do Aeroclube de Poznan, onde aprendeu a pilotar não apenas os planadores, mas também pequenos aviões a motor. Maria Hrynakowska e Wanda Modlibowska no avião RWD-8. (**) Equipe do Aeroclube de Poznan na VIII Competição Aérea Nacional, em 1938, da qual Maria. Hrynakowska fez parte. (**) (*) Fonte: Livro “Minhas Memórias”, de Wladyslaw Dieciolowski e documentos da família. (**) Fonte: Biografia de Wanda Modlibowska, por Ludwig Misiek e Radoslaw Górzenski, publicada pelo Aeroclube de Poznan em 2007. (www.aeroklub.poznan.pl) 30 Em conseqüência da invasão da Polônia pelo exército alemão em 1º de setembro de 1939, Maria Hrynakowska foi mobilizada e participou da “Campanha de Setembro” trabalhando no hospital da Fortaleza de Brzesc, cidade localizada à beira do rio Bug, que foi anexada à Bielorússia após a invasão soviética em 17 de setembro de 1939. Após a evacuação do hospital, Maria voltou para Poznan, depois seguiu para Varsóvia, onde se uniu ao movimento da Resistência. Mais tarde foi para Lwów e, ao tentar atravessar a fronteira para a Romênia, foi apanhada pelos soviéticos e levada para a prisão em Stanislawów. De lá, em 15 de agosto de 1940, foi transferida para o campo de trabalhos forçados de Koltubianka, na Sibéria, onde adoeceu gravemente de tifo. Internada no hospital do campo, permaneceu trabalhando ali como enfermeira até a libertação dos prisioneiros poloneses em julho de 1941. Com a formação de um Exército Polonês na URSS, Maria Hrynakowska alistou-se no Serviço Auxiliar Feminino (Pomocnicza Sluzba Kobiet – PSK) e, junto com esta unidade, seguiu para o Irã e, depois Iraq e Palestina, como integrante do II Corpo Polonês (Exército do General Anders). Ao saber que uma colega dos tempos do Aeroclube de Poznan encontrava-se na Inglaterra a serviço do A.T.A – Air Transport Auxiliary, organização criada durante a 2ª Guerra que empregou mulheres como pilotos em vôos de transporte interno naquele país, solicitou a sua ajuda. Com o apoio da amiga, Maria foi transferida para a Inglaterra em 1943, porém não chegou a concluir o treinamento requerido para as pilotos. M. Hrynakowska (1ª à esq.) e colegas do A.T.A. Após deixar o A.T.A., foi reincorporada em 1944 ao Serviço Auxiliar Feminino e destacada para o Hospital Militar Polonês em Edimburgo, na Escócia, onde serviu exercendo a sua profissão de farmacêutica. Em 1945, após o término da guerra, Maria retornou ao II Corpo Polonês estacionado na Itália, onde trabalhou na farmácia do Hospital Polonês na cidade de Senigallia, na costa do mar Adriático. Por sua atuação durante a II Guerra Mundial, Maria Hrynakowska foi condecorada com a Cruz de Mérito de Prata e foi desmobilizada com a patente de 2º Tenente. Ainda na Itália, Maria casou-se com o Capitão Roscislaw Kepinski e, em maio de 1946 nasceu sua filha Alessandra. Após o retorno para a Inglaterra, onde nasceu seu filho George em 1947 e a desmobilização do seu marido, a família Kepinski emigrou para o Brasil em 1948. 31 No Rio de Janeiro, Maria Hrynakowska participou ativamente da Associação dos Ex-Combatentes Poloneses (SPK) e das atividades da Polonia Sociedade Beneficente, onde ajudou a organizar a biblioteca. Em 1992, embora com a saúde já bastante debilitada, teve a satisfação de retornar à Polônia, país novamente independente e livre, onde participou do Encontro Mundial dos Combatentes Poloneses. Em seguida a esse evento, Maria também participou do Encontro Mundial dos Aviadores Poloneses, realizado em Deblin, em agosto de 1992. Distintivo do Encontro Mundial dos Combatentes Poloneses Varsóvia, Agosto, 1992 Maria Hrynakowska faleceu no Rio de Janeiro em junho de 1993. Distintivo comemorativo do Encontro dos Aviadores Poloneses em Deblin Maria Hrynakowska e uma antiga colega, no Encontro de Deblin Essas são as nossas Mães, que homenageamos nessa data. Valentes guerreiras, heroínas quase anônimas e, ao mesmo tempo, doces mulheres e mães carinhosas, a quem devemos nossas vidas e que muito amamos. Que descansem em paz, sabendo que jamais as esqueceremos! 1Alessandra Kepinski, autora desse texto, é filha de Maria Hrynakowska. 32 MARCAS FAMOSAS POLONESAS Por Aleksandra Sliwowska Bartsch1 Nos anos 1990 o capitalismo foi introduzido na Polônia e os consumidores tinham a certeza de que tudo o que era ocidental, era melhor. Passadas algumas décadas, muitos avanços foram experimentados, embora, muitas firmas ainda escolham, hoje em dia, nomes estrangeiros para as suas marcas. Reconhecimento mais rápido no mercado internacional e o desejo de convencimento do mercado consumidor de que as raízes destas marcas se encontram fora da Polônia, são algumas das justificativas para este tipo de estratégia. Vejamos alguns exemplos: Black Energy Drink Bebida energética que em 2012 trouxe Mike Tyson como garoto propaganda. A dona da marca é uma firma polonesa, a FoodCare, com sede em Zabierzów, perto de Cracóvia. Wittchen Muitos pensam que esta é uma marca alemã ou suiça, mas a empresa é polonesa, com sede em Lomianki, perto de Varsóvia. Fundada por Jedrzej Wittchen, comercializa acessórios de couro. É a segunda marca mais lembrada pelos poloneses, ficando apenas atrás da Louis Vuitton. Black Red White Um dos maiores fabricantes de móveis na Polônia. Exporta seus produtos para cerca de 40 países e sua sede está localizada em Bilgoraj. Reserved Marca mais popular no segmento de lojas de roupas da Polônia., tendo começado sua atuação quando marcas como Zara eram praticamente desconhecidas no mercado polonês. A marca possui mais de 100 lojas em vários países. (*)Doutora em Gestão da Inovação Tecnológica (UFRJ), Mestre em Engenharia de Produção (COPPE/UFRJ0 e Economista (UFF). Professora universitária em cursos presenciais e à distância e pesquisadora na área de Inovação e Sustentabilidade. 33 entrevistou o Sr. Jerzy Zbigniew Leopold Lepecki, um dos maiores especialistas em energia do mundo. Engenheiro, diretor e presidente de concessionárias de energia elétrica brasileiras. Foi um dos fundadores e Diretor Geral do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás – Cepel (1974-91). Foi sócio e diretor de duas empresas de consultoria e engenharia, é membro titular fundador da Academia Nacional de Engenharia e presidente do seu Comitê de Energia, Fellow do Institute of Electrical and Electronic Engineers – IEEE, membro e presidente internacional (199096) do Conseil International de Grands Réseaux Électriques à Haute Tension – CIGRÉ. Foi presidente do Instituto Brasil Estados Unidos - IBEU, no Rio de Janeiro (200006) e é, atualmente membro do seu Conselho Deliberativo. PC: Como o senhor avalia a matriz energética brasileira? Jerzy Lepecki: Inicialmente devo dizer que a minha especialidade se concentra na área de energia elétrica e assim os meus comentários basicamente ficarão restritos a ela. Assim mesmo, com reação a esta primeira pergunta, posso afirmar que a nossa matriz energética é muito interessante: primeiramente porque é cerca de 40% renovável o que é altamente benéfico ao meio ambiente, tanto local, quanto global. Este percentual, alto para padrões internacionais, é em grande parte devido à matriz da energia elétrica que hoje é cerca de 70% renovável, já tendo sido mais de 80%. Este aspecto será discutido mais adiante. A parte renovável da matriz elétrica é constituída essencialmente por recursos hídricos e, cada vez mais os “novos renováveis” vento, sol e biomassa. O segundo aspecto interessante da nossa matriz energética é que ela é extremamente diversificada. O Brasil possui todos os recursos energéticos que se possa imaginar – agua, sol, vento e biomassa, mas também petróleo, gás, carvão e uranio. Assim, o que se pode dizer que o Brasil não deve sentir nenhuma crise por falta de recursos energéticos. Os possíveis problemas seriam de ordem financeira, gerencial e, (sempre!), política. PC: Quais os maiores desafios do Brasil no ramo energético para os próximos 20 anos? Jerzy Lepecki: Desafios não faltam. No curtíssimo prazo, o setor energético precisa se recuperar dos problemas causados por diversas circunstancias. No caso da Petrobras temos efeitos da corrupção má gestão e baixa dos preços do petróleo. No setor elétrico, são os resultados de intervenções mal pensadas do governo – aliás também ocorridas no caso da Petrobras – dos anos de seca e da diminuição de consumo devida à recessão e, possivelmente, também corrupção. Já a médio e longo prazo, o setor elétrico precisa se adaptar às mudanças que estão ocorrendo no nosso sistema que, aos poucos, está deixando de ser predominantemente hidráulico. Conforme mencionado acima, a proporção de energia hidráulica na matriz elétrica brasileira tem diminuído. Em parte, isso é pontual, devido às recentes condições climáticas, mas também com cada vez maior dificuldade na construção de novas hidrelétricas devido a problemas ambientais, ao esgotamento de novos locais apropriados para sua implantação e à política de fazer novas usinas sem grandes reservatórios o que torna o sistema mais vulnerável a variações climáticas. Isso tudo induz a instalação de usinas térmicas e busca de outras fontes. 34 Ultimamente o sistema elétrico brasileiro tem recebido aporte das fontes eólica e, em menor grau, mas num bom ritmo, solar. Isso introduz mudanças operativas e, no caso de energia solar, pode influenciar o modelo de negócios das concessionárias, já que possibilita a geração individual, conectada ou não ao sistema interligado. Finalmente, para substituir as grandes hidrelétricas com reservatórios, deve ser considerada a energia nuclear. PC: Em sua opinião, como o Brasil deveria se posicionar em relação às energias renováveis? Jerzy Lepecki: Lembrando sempre que a energia hidráulica é renovável, conforme vimos, o Brasil já está recebendo energias, como solar e eólica, além da biomassa. Elas devem continuar sendo incorporadas ao sistema e, ao longo de tempo nacionalizadas para a sua produção aqui. PC: A matriz polonesa difere muito da brasileira? Em sua opinião qual dos dois países possuem estratégias mais eficientes no setor? Que lições poloneses e brasileiros podem trocar nesta temática? Jerzy Lepecki: A matriz energética polonesa é totalmente diferente da brasileira, sendo baseada essencialmente no carvão que é a sua principal riqueza natural. Isso está se tornando um problema tendo em vista o movimento mundial, abraçado fortemente pela União Europeia no sentido de limitar e, eventualmente acabar com o uso de combustíveis fosseis. O carvão está especialmente na mira destes movimentos por ser poluidor e contribuir para o efeito estufa. Assim, a Polônia precisa também efetuar uma transição no seu setor energético, especialmente na área da eletricidade. Como na Alemanha, a introdução em grandes quantidades da energia eólica e solar é uma possibilidade. A implantação de algumas usinas nucleares para geração na base seria provavelmente benéfica. Assim, de comum nesta questão o Brasil e a Polônia teriam as necessidades de executar uma transição do atual sistema elétrico para um novo, sendo que as energias eólica e solar teriam um importante papel em ambos os casos. 35 SÃO MATEUS DO SUL Fruto dos seus estudos de Mestrado, Ana Márcia Kotrich Staniszewski transformou em livro sua dissertação de Mestrado, que fala da cultura da comunidade polonesa em São Mateus do Sul. O livro aborda temas fundamentais para aqueles que desejam conhecer a fundo as nuances, dificuldades e o árduo trabalho dos imigrantes poloneses. São apresentadas questões como a febre brasileira e o processo de imigração, os aspectos religiosos, a família polonesa, a música, superstições, atividades escolares e profissões, além de diferentes aspectos sociais. Uma leitura fundamental para aqueles que admiram a força dos imigrantes poloneses e a Polônia CURITIBA SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 36 DESIGN POLONÊS PREMIADO Experts do mundo inteiro foram unânimes ao afirmarem que o trem polonês possui o design mais bonito do mundo. A avaliação foi feita durante um dos mais importantes concursos internacionais, o iF Design Award. O concorrente polonês superou 5295 produtos e projetos de 53 países. Cada composição conta com 153 metros de comprimento, com capacidade total para 352 passageiros sentados, dos quais 60 na primeira classe. Além disso, possui climatização, acesso a rede wi-fi, bicicletário e lanchonete, além da acessibilidade para portadores de deficiência. JUBILEU 1050 Em comemoração ao Jubileu de 1050 anos da Polônia como estado unificado, será lançada uma nova cédula de 20 zł com a imagem de Mieszko I e Dobrawa. Na frente da nota mostra os retratos estilizados de Mieszko I e Dobrawa. Na parte de trás a imagem da Catedral de Gniezno. De acordo com fontes históricas, foi Dobrawa que convenceu o marido a ser batizado no ano de 966. Fonte: Teraz Polska, 2016 37 HOMENAGEM A Cônsul da Embaixada, Sra. Katarzyna Braiter, foi agraciada com o Trofeu Mulher Cristal por sua destacada atuação na área internacional. Parabéns pela merecidíssima homenagem! Fonte: Embaixada da República da Polônia, 2016 AULA ABERTA O Professor Rodrigo Lychowski, da Faculdade de Direito da UERJ ministrou uma aula aberta, na mesma instituição intitulada "A terceirização na Administração Pública“, que contou com relato de experiência de sucesso junto aos terceirizados. SAMBA COM SOTAQUE POLONÊS A coreógrafa e dançarina Katarzyna Stocka foi a madrinha de bateria da escola de samba Alegria da Zona Sul no carnaval de 2016. A agremiação cantou sobre “Ogum”, o orixá ligado a batalhas e à metalurgia e aproveitou a força do orixá para abrir os caminhos, contar sua história e pedir proteção para o povo guerreiro das comunidades Pavão-Pavãozinho e Cantagalo. 38 Este é um espaço dedicado à você Caríssimo Leitor. Aproveite para enviar suas críticas, sugestões, elogios. Que seja este um espaço de troca de ideias, democrático e inspirador de novas iniciativas. Através do e-mail: [email protected] nós da abrimos mais um canal de comunicação e interatividade. Você tem no território da Polônia questões de herança e propriedade não regularizadas? Você quer construir a árvore genealógica de sua família ou buscar seus parentes na Polônia? Você tem raízes polonesas e quer encontrar os documentos e registros civis dos seus antepassados? Você quer recuperar um imóvel adquirido ilegalmente pelo estado polonês depois de 1945? Fale conosco! Escritório de Herança GENEATRANSLAT Temos vinte anos de experiência em: • Realização de pesquisa genealógica, incluindo reconstrução das árvores familiares e busca de documentos e registros civis; • Encontro de herdeiros desconhecidos e membros desaparecidos da família; • Condução de processos de herança; • Recuperação de imóveis. Também oferecemos ajuda na obtenção de documentos que confirmam a origem polonesa, necessários no processo de recebimento da Carta polonesa (Karta Polaka) e cidadania polonesa. Trabalhamos com parceiros do mundo inteiro. Kancelaria Spadkowa GeneaTranslat Ul. Piękna 43/3 - 00-672 Warszawa tel.: +48 22 487-98-58 / fax: +48 22 741-59-14 e-mail: [email protected] www.geneatranslat.com.pl Enviado por Marek Polak 39 A IGREJA DE SANTA MARIA E O SAPATO AMARELO Entre os anos de 1355 e 1365 o rei Casemiro III supervisionou a construção da Igreja de Santa Maria, uma das mais importantes em Cracóvia, e que tem em seu altar, o ponto central. Com mais de 200 figuras esculpidas pelo artista alemão Wit Stwosz, esta jóia levou mais de 12 anos para ser concluída. Quando, em 1867, estavam sendo realizada a manutenção do altar foi encontrado um sapato amarelo empoeirado. Após uma extensa pesquisa foi descoberta a origem daquele objeto, digamos, um tanto inusitado. Diz a lenda, que 400 anos antes, havia um menino que morava numa aldeia nos arredores de Cracóvia, chamado Wawrzek, que adorava esculpir e certa vez, praticando este ofício, esqueceu de cuidar da plantação de trigo do pároco da aldeia, que foi completamente destruída. O menino ficou com tanto medo, que fugiu para Cracóvia. Lá chegando foi procurar trabalho com Wit Stwosz. O rei Casemiro reconheceu o talento imenso do jovem e decidiu presenteá-lo com um par de sapatos amarelos. No dia da inauguração do altar, todo contente, Wawrzek notou que a figura de São Estanislau estava sem o cajado. Quando ele subiu no altar para completar a figura, os sapatos caíram na parte de trás do altar, permanecendo ali por 400 anos. O pobre Wawrzek teve de continuar andando descalço... 40 SOPA DE ERVILHA À POLONESA Marek Polak Uma das sopas mais populares na Polônia (especialmente entre os homens) é a sopa de ervilha. Os mais velhos associam este prato principalmente aos tempos de serviço militar. No entanto, o exército não é o único lugar onde encontramos esta comida rica, aromática e incrementada com a linguiça polonesa. Está presente nas casas polonesas tanto cotidianamente como em ocasiões especiais. Não se aproxima em sua nobreza das sopas dos dias festivos como barszcz vermelho ou de cogumelos silvestres, mas nos dias curtos dos invernos longos ela se torna muito desejada nas mesas polonesas. No Brasil ela é preparada como um creme, em uma versão muito mais leve do que na Polônia (o que é compreensível por conta do clima), no entanto as diferenças na preparação são marcantes, e o efeito final também pode surpreender o paladar brasileiro. INGREDIENTES (para 3-4 litros de água) 2 cenouras Aipo, salsa, alho poró; 400g de ervilha seca; 2 colheres de manjerona; 400g de costela suína (opcional); 1 linguiça; 1 cebola; 200-300g de toicinho defumado. Sal, pimenta do reino moída Pimenta jamaicana em grãos. 2 dentes de alho; 4 folhas de louro; 4 batatas médias. MODO DE FAZER Colocar a ervilha de molho por cerca de 24 horas. Adicionamos aos 3-4 litros de água a cenoura, o aipo (talo e folhas), a salsa e o alho poró. Caso deseje uma sopa mais pesada (forte), adicionar um pedaço de carne, frango ou um osso (pode ser defumado). Cozinhe o caldo por uma à duas horas, dependendo se for ou não adicionada a carne. Peneire o caldo, separando os vegetais e a carne. Acrescente ao caldo coado a ervilha junto com o toicinho defumado e a costela e acrescente sal, pimenta do reino, alguns grãos da pimenta jamaicana, alho e cozinhe até que a ervilha se torne macia. Corte a linguiça, a cebola e as batatas. A cebola precisa ser levemente refogada. Quando a ervilha na sopa começae a amolecer, adicione estes três ingredientes e cozinhe até a batata ficar macia). Adicione a manjerona, o que tornará a sopa mais aromática e facilitará a digestão. Tradicionalmente, a sopa de ervilha é servida com pão branco.. Smacznego! 41 ANO DE HENRYK SIENKIEWICZ O Parlamento da República da Polônia decretou que 2016 será o ano de Henryk Sienkiewicz. Serão celebrados o 170º aniversário do nascimento e os 100 anos da morte do escritor, bem como os 120 anos do lançamento do romance Quo Vadis, que trouxe ao escritor fama internacional. Sienkiewicz foi o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1905, pelo conjunto de sua obra. Obteve imensa popularidade em vida. Além de Quo Vadis, escreveu também a Trilogia (A Ferro e Fogo, Dilúvio e Senhor Wolodyjowski, traduzidos para o português por Tomasz Barcinski). Seus livros foram traduzidos em muitos idiomas além do português, entre eles, árabe e japonês. Era reconhecido como o líder espiritual do povo polonês. Como Sienkiewicz mesmo dizia, seus escritos tinham como objetivo “reconfortar os corações”, além de manter o espírito de muitas gerações, através do orgulho da história da pátria polonesa, promovendo o patriotismo. A comissão do Prêmio Nobel destacou, como parte da justificativa da premiação: “é raro encontrar um gênio que soube tão bem personificar a alma de uma nação.” Na cerimônia de entrega do prêmio, disse Sienkiewicz sobre a Polônia: “Anunciaram-na como morta, este é um dos milhares de motivos que comprovam que ela vive. Decretaram sua conquista, e aqui está a prova de que Polônia sabe vencer” 42 POLONIA SOCIEDADE BENEFICENTE DO RIO DE JANEIRO EXPEDIENTE FUNDADA EM 30/11/1890 Presidente: Stefan Janczukowicz Vice-presidentes: Elvira Helena Gimbitzki e Marianna Brocki Tesoureiros: Hélio Kowalesli e Roberto Piesiecki Secretárias: Alessandra Kepinski e Laura Miranda Conselheiros: Alina Felczak, Helena Warzynski, Lucyna Ve^rônica Brocki Cozzolino e Claudio Skóra Rosty Conselho Consultivo: Jadwiga Matic, Jerzy Lepecki, Tomasz Lychowski Conselho Fiscal: Maria Malgorzata Wojnowski, Expedito Máximo Bezerra, Adilson Stofel dos Santos, Rodrigo Lychowski e Vicente Pawelec Suplentes: Fatima Patrícia Pontes Veloso, Francisco Klujsza, Krystyna Hillekes, Liliana Syrkis e Jorge Pastusiak. Editora: Aleksandra Sliwowska Bartsch Distribuição eletrônica Contato: (21) 2558-1391 / 2557-1318 – e-mail: [email protected] A Revista Eletrônica Polonia Carioca é uma publicação quadrimestral da Polonia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro
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