aqui

Transcrição

aqui
Estudos Teatrais
Festivais Teatro
Julieta
Myriam Szabo
Folha Caída
BAALZINE
nº 05 julho 2007
| Baal 17 - Companhia de Teatro na Educação do Baixo Alentejo
| Baal 17 - Companhia de Teatro na Educação do Baixo Alentejo
Foto: Gérard Sarrouy
nº 05 julho 2007
Cinco Baalzines e oito Noras
Cinco – São já cinco as edições da Baalzine e continuamos a receber
mensagens de incentivo e de apoio, de pessoas que nos acham
corajosos, teimosos e … Obrigado pelo retorno. Em jeito de retribuição
fica o nosso modesto e insistente contributo em afirmar a importância
de olhar a cultura e as diferentes formas de arte como um campo fértil,
vivo e em crescimento constante.
Mas, algumas coisas nos separam ainda de um lugar à sombra, ou ao
sol… de uma azinheira cada vez mais palmeira no meio do deserto.
Porque queremos mais consciência de quem a lê, de quem critica.
Crescer é uma curiosa necessidade de comunicar e mais ainda de ouvir.
Queremos crescer e, para isso, necessitamos de vos ouvir, de partilhar
convosco, de receber sugestões, opiniões.
Colectivo Baal 17:
Da esquerda para a direita: Rui
Garcia, Telma Saião, Ana Antão,
Rui Ramos, Sandra Serra, Paulo
Troncão, Marco Ferreira.
Oito – Juntámos esta Baalzine número cinco às Noites na Nora número oito.
Juntas, procuramos fazer com que cheguem mais longe, aproveitando
esta boleia de amigos e de todos aqueles que nos visitam na nossa
segunda casa: a Nora.
Mais um Festival, mais um sem fim de dificuldades superadas, outras
por superar. Com um parco orçamento para programar cinco semanas
de espectáculos, tomámos este ano a decisão de encurtá-lo para quatro
semanas, apostando num maior investimento na programação oferecida.
Aumentamos a qualidade, diminuímos a quantidade.
Ainda assim, assumimos, só conseguimos fazê-la através dos laços de
amizade criados em edições anteriores do festival, de amigos de amigos,
desconhecidos que ainda vamos dando a conhecer e, principalmente, da
renovação de intercâmbios e divulgação de actividades com instituições,
associações e companhias de teatro do país. É claro, também, e
sobretudo, com o apoio da Câmara Municipal de Serpa, do Ministério da
Cultura/Instituto das Artes e todas as demais instituições que nos apoiam
sem as não conseguiríamos fazer esta festa da cultura.
Marco Ferreira
Ficha Técnica
Propriedade: Baal 17 – Companhia de Teatro na
Educação do Baixo Alentejo
Cine-Teatro Municipal de Serpa
Apartado 113 7830 Serpa
www.baal17.com
Telefone: 284 549 488
E-mail: [email protected]
ou [email protected]
Coordenação: Sandra Serra
Colaboram nesta edição: Carlos Pinto, Laureano
Carreira, Marco Ferreira, Rui Garcia, Rui Ramos e
Sandra Serra.
Concepção gráfica: Verónica Guerreiro
Bloco d, design & comunicação (www.blocod.com)
Impressão: Gráfica Comercial, Loulé
Periodicidade: Sai duas vezes ao ano
Tiragem: 1000 exemplares
COMPANHIA FINANCIADA POR
03 Baal Ensino
Estudos Teatrais
04 Baal Auscultação
A realidade dos festivais
de teatro no Alentejo
06 Baal a dois
Julieta Santos por
Rui Ramos
08 Baal e se…
Centro Artístico e
Cultural da Nora?...
09 Baal à nora
Oito anos de cultura
como uma festa
17 Baal com Myriam
Szabo
No caminho da guerreira
19 Baal desbocado
O Stand Uper
20 Baal em Banho Maria
Folha Caída
Pão
ALTO PATROCÍNIO:
Governo Civil de Beja
O ENSINO DO
TEATRO NA
UNIVERSIDADE
DE ÉVORA
BAAL ENSINO
O ensino do teatro na Universidade de
Évora começou em Outubro de 1996,
abrindo em certo sentido um caminho
pioneiro nesta área científico/artística
em Portugal. Na realidade, não existiam
então estudos de teatro na Universidade
Portuguesa ao nível da licenciatura. O
teatro era somente objecto de formação
profissional nos conservatórios, em
particular no Conservatório de Teatro, em
Lisboa, hoje chamado Escola Superior de
Teatro, tendo transitado para a Amadora.
De imediato, o curso de Estudos Teatrais
da Universidade de Évora, então com uma
duração de cinco anos, como era de norma
nas licenciatura na época, distinguiu-se da
formação praticada pelo conservatório pelo
facto de incidir mais na formação teóricohistórica do que na formação prática.
Mais tarde, em 2003, procedeu-se a uma
reestruturação que obedeceu a duas
características principais: o curso passou
de 5 para 4 anos (seguindo, mais uma vez,
a evolução do ensino superior em Portugal),
e foi introduzida uma dose significativa de
formação nas áreas práticas do teatro.
É pois este plano de estudos que ainda
se encontra em vigor até ao final deste
presente ano universitário.
Com efeito, é sabido, pois tem sido objecto
de um intenso debate na imprensa em
Portugal, todo o ensino superior deverá
adaptar-se, até 2010, às novas normas para
o ensino superior europeu designadas
genericamente como “normas de Bolonha”,
do nome da cidade italiana onde tal coisa
foi decidida entre os ministros europeus
do ensino superior. Pretende-se, com estas
novas normas, que todo o ensino superior
praticado no espaço europeu tenha uma
só leitura, qualquer que seja o país. Mas, e
ao mesmo tempo, para além deste aspecto,
Bolonha veio também permitir algo que era
inédito no sistema do ensino em Portugal:
o reconhecimento das competências
adquiridas no meio profissional.
Por princípio, as licenciaturas na Europa
passarão a ter doravante uma duração
de 3 anos (1º ciclo), os mestrados de 2 (2º
ciclo), e os doutoramentos de 3 (3º ciclo).
Algumas excepções tendem a agrupar
os 5 primeiros anos numa única unidade,
são os chamados “mestrados integrados”.
Em suma, um aluno que entre hoje na
universidade, e que não perca nenhum ano,
deverá terminar o seu percurso oito anos
mais com o grau de “doutor”. As vantagens
deste sistema são inúmeras, a começar pelo
facto de os diplomas terem exactamente o
mesmo valor em qualquer país da Europa,
o que significa que uma formação iniciada
em França poderá ser terminada em
Portugal, ou vice-versa, obviamente. E sobre
isto as Universidades não poderão exercer
quaisquer espécies de restrições, pois que o
reconhecimento é um direito adquirido.
Vem isto a propósito do novo plano
de estudos que entrará em vigor em
Setembro próximo nos estudos de Teatro
na Universidade de Évora. Como não podia
deixar de ser, também em Évora a maioria
dos cursos já foram adaptados a Bolonha.
Todavia, ao abrigo desta necessidade de
adaptação, alguns cursos procederam
à criação de novos planos curriculares.
Assim, a Licenciatura em Estudos Teatrais,
doravante intitulada simplesmente
Licenciatura em Teatro, terá uma duração
de 3 anos, com uma notável inovação na
sua filosofia.
Na realidade, este plano curricular foi
concebido para poder criar formações
específicas destinadas a serem
aprofundadas ao nível do segundo ciclo,
que passará a ter três saídas: Arte do Actor,
Dramaturgia e Encenação, e História e
Teoria do Teatro. Isto é, ao nível do primeiro
ciclo, o aluno é susceptível de descobrir
matérias teóricas e práticas dentro de um
equilíbrio que se procurou harmonioso,
enquanto começará, ao mesmo tempo,
a desenhar o percurso formativo que irá
aprofundar ao nível do 2º ciclo.
Quanto ao 3º ciclo, cujo plano curricular
está ainda por concluir, deverá obedecer,
também ele, ao espírito de Bolonha.
Todavia, e para além deste aspecto, é
preocupação do Departamento de Artes
Cénicas que este 3º ciclo, à imagem do
2º ciclo, permita também um aprofundar
original das opções tomadas anteriormente.
Falta somente decidir como chegar lá.
Enfim, algumas palavras sobre a nova
organização dos Estudos artísticos ao
nível da Universidade de Évora. Com
efeito, aproveitando a mudança imposta
por Bolonha, procedeu a reitoria da
universidade à criação de uma Área
Departamental das Artes (correspondente
noutras universidades à designação
de Faculdade), onde se encontram
os departamentos de Artes Visuais,
Arquitectura, Música e Artes Cénicas. Em
suma, o Alentejo possui neste momento, e já
não será sem tempo, ensinos artísticos ao
nível do que melhor se faz na Europa.
Laureano Carreira
Departamento de Artes Cénicas
Universidade de Évora
BAAL DIÁRIO
A realidade dos festivais de
teatro no Alentejo
Existirão sempre
os carolas...
Começaram a surgir há pouco mais de uma década, dando vida aos
palcos de norte a sul do Alentejo. Primeiro com alguma timidez, agora
com ilimitadas ambições e expectativas. Os festivais de teatro no
Alentejo são hoje uma realidade incontornável no calendário regional
de eventos, mas como não há bela sem senão, são muitos os escolhos
que cada iniciativa tem de ultrapassar até à sua concretização. O
diagnóstico das dificuldades está, aparentemente, traçado. Falta
apenas colocar a terapêutica em prática...
Por Carlos Pinto *
Um pouco por toda a região, os alentejanos
habituaram-se há já algum tempo a
marcarem na sua agenda lúdica os festivais
de teatro. Sejam realizados por amadores
ou por profissionais, assentes na articulação
de marionetas ou mais vocacionados para
um público juvenil, os festivais de teatro são
hoje uma realidade incontornável numa
região onde factores sócio-económicos
ainda limitam o acesso de todos à arte.
Ao longo dos anos, os responsáveis
pela organização de festivais de teatro
têm sabido, à custa de muito suor, levar
a sua “carta a Garcia”, que é como
quem escreve, têm tido a capacidade de
encontrar ferramentas e soluções para os
inúmeros problemas e dificuldades que a
realização de qualquer evento artístico na
região tem de enfrentar. Por isso mesmo, e
apesar do Alentejo ser, cada vez mais, um
território de oportunidades adiadas que
o desenvolvimento teima em abraçar, os
festivais de teatro têm-se multplicado um
pouco por toda a parte.
Mais para norte, no distrito de Portalegre,
destaca-se o Festival Internacional de
Teatro de Portalegre, promovido pelo Teatro
d’O Semeador – Associação de Animação
Cultural e Produção Teatral de Portalegre.
A par deste, nota de realce na agenda
cultural do Norte Alentejano para o Encontro
Nacional de Teatro Escolar (promovido,
também em Portalegre, pela companhia
AMAIA durante o mês de Abril), para o
Encontro de Teatro de Campo Maior (uma
organização da companhia Blá Blá Blá no
mês de Março) e para o Festival de Teatro
do Grupo Alterense de Cultura (em Alter do
Chão, durante o mês de Maio).
Descendo no mapa, no distrito de Évora,
o grande destaque vai para as iniciativas
da eborense Cendrev. Entre Junho e
Setembro com a BIME – Bienal Internacional
de Marionetas de Évora e depois, entre
Novembro e Dezembro, com o Encontro de
Teatro Ibérico. A estes dois eventos juntamse, na região central (geograficamente
falando, é óbvio...) do Alentejo, o Festival de
Teatro de Amadores de Évora (promovido
em Évora entre Setembro e Outubro pela
SOIR – Joaquim António de Aguiar), o
Encontro Theatron (durante o mês de
Outubro em Montemor-o-Novo, numa
organização da Associação Theatron)
e o Encontr’Arte de Artes Performativas
(iniciativa da Opsis em Metamorphose que
tem lugar na vila de Cabeção nos meses de
Março e Abril).
No Baixo Alentejo, os festivais de teatro
parecem ter como local de eleição a
Margem Esquerda do Guadiana. Na cidade
de Serpa, a companhia Baal 17 promove o
Festival Noites na Nora (sempre nos meses
de Verão, de Julho a Agosto) e a Mostra
de Teatro no Outono – Folha Caída (em
Outubro), enquanto que na “vizinha” Moura
o Centro Recreativo Amadores de Música
Os Leões organiza o Festival de Teatro dos
Leões (no mês de Maio). Pelo meio, em Pias,
o Teatro Experimental de Pias é responsável,
em Março, pelo Mês do Teatro.
Passando para a outra margem do
Guadiana, Beja tem também o seu festival.
Trata-se da Bienal Internacional de Teatro
para a Infância e Juventude, promovida pelo
Grupo de Teatro Jodicus entre a capital de
distrito e a freguesia da Cabeça Gorda no
mês de Outubro.
Finalmente, no Litoral Alentejano, há a
sublinhar a Mostra de Teatro de Santo
André (da responsabilidade do Gato SA
– Grupo Amador de Teatro de Santo André
durante o mês de Maio) e a Mostra de
Teatro de Alcácer do Sal (promovida pela
companhia Teatro do Rio).
A Cultura “não vende
detergentes ou enchidos..”
Disseminados um pouco por toda a região, a
organização de um festival de teatro encerra,
contudo, muitas dificuldades para qualquer
companhia. Apoios estatais à parte, sejam
profissionais ou amadores, qualquer grupo
de teatro tem de “puxar pela cabecinha”
para fazer face as todas as despesas
inerentes a um evento do género. E não
se pense que se trata apenas de garantir
os cachets das companhias convidadas.
A estes, há ainda que juntar toda a
componente logística dos espectáculos, a
alimentação e alojamento dos artistas ou a
promoção do próprio evento.
“No Alentejo não existem apoios estatais
nem privados para este tipo de organizações
culturais. As autarquias, que acabam por
ser as grandes financiadoras, e demais
instituições públicas, tem preocupações
culturais mais abrangentes e gerais
e não conseguem dar respostas às
necessidades financeiras para a realização
de festivais artísticos específicos. Os apoios
do Estado, nomeadamente do Ministério da
Cultura, são muito difíceis de conseguir. Face
à escassez de grandes empresas públicas
na região e à pouca sensibilização para o
mecenato, não existem praticamente apoios
privados. Acabam por ser as companhias de
teatro, com uma grande ginástica orçamental
e iniciativa própria, a organizar festivais ou
mostras de teatro no Alentejo”, sublinha Rui
Ramos, da direcção da Baal 17 (Serpa).
“Quando as autarquias entendem o
interesse da iniciativa e se disponibilizam
para a apoiar condignamente, quer ao nível
financeiro, quer logístico, as coisas ficam
simplificadas, de contrário é preciso bater
a muitas portas e ter a capacidade para
‘engolir alguns sapos’, porque isto da Cultura
ainda não dá para vender detergentes, nem
enchidos…”, observa, por seu lado, Mário
Primo, da Gato SA (Santo André).
Que futuro?
Neste panorama de dificuldades, em
que são raros os eventos de expressão
cultural que não sobrevivem à custa da
“arte e engenho”dos seus promotores,
subsistem duas “eternas” questões.
Por um lado, tentar saber qual é o futuro
que têm os festivais de teatro? Por outro
lado, tentar descobrir que caminhos têm
estes de, inevitavelmente, percorrer por
forma a garantirem a sua longevidade
temporal e qualitativa?
Para José Maria Pereira, do Teatro
Experimental de Pias (TEP), aos festivais
de teatro resta percorrer “o caminho da
exigência permanente por mais e melhores
condições” em prol das populações
e dos agentes culturais. Um caminho,
advoga, que terá também de passar pelos
“intercâmbios”, pelas “parcerias” e pela
“troca de experiências” entre as diversas
companhias teatrais da região e do país.
“Havendo apoios e havendo público,
estamos em crer que haverão sempre
alguns carolas com vontade de levar por
diante eventos dessa natureza. Até porque
a arte de Talma é ainda uma daquelas que
permite ao Homem tomar consciência da
sua memória temporal, social e colectiva.
Que apesar de se consumir em cada
espectáculo, voltará a renascer das suas
próprias cinzas no espectáculo seguinte e
onde o actor, mais uma vez, irá incomodar,
provocar, comover, exaltar, de tal forma que
um só actor poderá ele próprio viver sozinho
a história de um povo”, complementa
Rogério Fialho, do Grupo de Teatro Jódicus.
*Jornalista
AAL DIÁRIO
Pela criação de
novos públicos
Nos tempos que correm, é “politicamente
correcto” falar na “criação de novos públicos”
mediante a promoção constante e metódica
de eventos de cariz natural. Um propósito
que se encaixa na perfeição entre aqueles
que devem os grandes objectivos a qualquer
festival de teatro, conforme é reconhecido
pelos seus próprios dinamizadores.
“[As nossas metas são] Promover o
teatro e incentivar o gosto pela expressão
dramática”, observa José Maria Pereira,
do TEP, complementado por Rui Ramos,
do Baal 17: “Na província, o público tem
pontualmente a oportunidade de assistir a
um espectáculo de teatro. Pouca oferta é
um factor dissuasivo para a participação
e o espectáculo que deveria ser uma
oportunidade única, não raro, passa
despercebido. Um festival é sempre um
momento de festa e ritual, as apresentações
enquadram-se num acontecimento e
o publico adere com maior facilidade.
Acontece muitas vezes serem surpreendidos
por espectáculos que à partida não iriam
ver se este não estivesse incluído nessa
‘festa’. A nossa experiência leva-nos a
concluir que os públicos fidelizam-se aos
festivais e assistem cada vez mais a cada
nova edição”.
A opinião de que cada festival de teatro
é uma oportunidade quase única para
despertar em muitos o interesse para a
arte de Moliére é partilhada pela maioria,
mas ainda assim Mário Primo, da Gato SA,
lembra que um certame do género “deve
surgir de uma necessidade já existente”
e não “ser o ponto de partida para o
despertar do interesse por estas práticas”,
sendo que a sua organização “deve estar a
cargo de ‘gente do teatro’, que conheça de
perto as problemáticas específicas que lhe
estão associadas e que seja capaz de tecer
uma rede de contactos e de parcerias que
facilitem a produção”.
“[Em todos os festivais deve haver] Uma
clara preocupação de levar as pessoas ao
teatro mas também levar o teatro junto das
pessoas e, assim, casar os dois principais
objectivos: público e espectáculo”, conclui
Rogério Fialho, do Grupo Jódicus.
Por Rui Ramos
Baal a dois
Foto: Carlos Campos
P: Julieta Santos, passados 20 anos sobre a
fundação do Teatro do Mar é hoje possível
encontrar uma vida fora do teatro?
R: O teatro tornou-se a minha vida por
tudo e tanto que exige. E por tudo e tanto
que me dá. É a minha primeiríssima casa.
Questiono-me muitas vezes... Se isto
acontecerá só a mim, se será uma realidade
de todos os que estão nesta profissão e
mais particularmente aos que trabalham
em pequenas Companhias, com todos os
problemas que isso implica. Pergunto-me se não será mesmo uma espécie de
sacerdócio partilhado por todos os que
viajam neste barco, em qualquer lugar do
país ou do mundo. Estar no teatro, a uma
determinada altura, é um modo de vida,
uma filosofia, uma crença, uma espécie
de religião cujo Deus não mostra o rosto e
procuramos a toda a hora. Estar no teatro
é também uma revelação constante de
vida, de beleza e inquietação, uma forma
constante de estar acordado e atento,
um prazer, um vício, e dor também. Mas
ainda não me arrependi um segundo.
Queixo-me às vezes, quando vejo os dias
Falar do Teatro do Mar é falar também de Julieta
Santos, a sua Directora Artística. Segue o perfil de
uma das poucas mulheres em Portugal a comandar
o destino de uma companhia de teatro.
Resistente e perseverante, ainda acredita na
humanidade e na arte como forma de transformar
e melhorar o mundo…
ensolarados e as pessoas a passear, a
falar de férias, “pontes” e fins-de-semana…
mas depois regresso à “caixa negra” da
sala de ensaios, às luzes, às conversas e
discussões, à descoberta dos corpos que
se movem ali…aos risos e emoções e ao
maravilhar constante do quanto esta arte
revela da natureza humana. Continuo a
assombrar-me com o teatro e enquanto
isso acontecer, a vida acontece-me. P: Era assim nessa altura? Como surgiu
o Teatro do Mar?
R: A história do Teatro do Mar é
essencialmente uma história de resistência
e perseverança. O seu prelúdio teve
lugar em meados dos anos 80. Um grupo
de pessoas, onde eu me incluía, tentava
montar uma peça de teatro. Juntávamo-nos,
inicialmente, numa antiga colectividade
sineense, numa sala de baile com um
grande espelho dourado. O actor Vladimiro
Franklin havia chegado de Lisboa e
trazia na bagagem anos de experiência
profissional, a par de um talento e de um
coração enormes. Transformou-me na Inês
Pereira, da Farsa de Gil Vicente, e fez-me
contracenar com uma galinha verdadeira.
A Miss Fricassé. Ficava na montra do
Teatro-Oficina, um armazém fechado há
algum tempo, que se veio a tornar a nossa
sede por mais de 15 anos, agora o actual
Centro de Artes de Sines. Baptizámos o
grupo. Teatro do Mar. Apresentámo-nos ao
público, pela primeira vez, curiosamente
com um trabalho que antecedeu a
estreia da dita Farsa. A 8 de Março, Dia
Internacional da Mulher, data que passou
a assinalar o nosso aniversário. Ainda me
lembro dos projectores. Lâmpadas enfiadas
em canudos de cartão, forrados com papel
de prata. Estávamos em 1986. Entretanto,
já celebrámos 21 anos de existência. Dirijo
a Companhia desde o final dos anos 80.
O Vladimiro partira nessa altura para
Portalegre e veio, malogradamente, a
falecer mais tarde, em 1998.
Envolver, mais do que mostrar, foi o que
mais definiu o nosso trajecto e objectivos
primeiros. Mesmo que mantendo a constituição de um núcleo duro, nos anos que se se-
baal a dois
entrevista Julieta Aurora Santos
guiram, centenas de jovens participaram no
projecto. Montaram-se produções teatrais,
recitais, espectáculos de rua e animações,
dinamizaram-se acções de formação e
inúmeros trabalhos com as crianças e a comunidade. Mais do que o produto artístico,
apenas a ponta do iceberg, foi fundamental
todo o processo, de profunda aprendizagem
e experiência, não só na arte e ciência do
fazer teatro, mas também no conhecimento pessoal, dos outros e do mundo. Um
caminho desenhado de deslumbramentos e
alegrias mas também de lutas, desilusões e
intempéries. Mas, mais do que nos derrotar,
contribuíram, em contraposição, para criar
anticorpos à desistência e à apatia. A natural evolução ao longo do tempo e a consequente formação profissional e experiência
artística dos seus elementos mais efectivos,
foi trazendo necessidades, exigências e
ambições – artísticas, culturais e sociais
– que, num processo natural, conduziram
o Teatro do Mar à sua profissionalização, o
que veio a consolidar-se em 1997, mantendo
um núcleo duro de pessoas desde esses
anos até aos dias de hoje.
baal a dois
P: Os objectivos de então eram os mesmos de
hoje? O que é que muda em tanto tempo?
R: Os objectivos são basicamente os mesmos,
muito embora nos tenhamos tornado numa
estrutura profissional. Mudou, essencialmente, a nossa capacidade de os concretizar,
sobretudo devido à experiência acumulada
ao longo dos anos. Muda, ou vai mudando, a
nossa forma de encarar os problemas, continuam a crescer as ambições e os desejos,
mas a inquietação é a mesma, a que nos faz
mover ainda. Criar, num movimento cultural,
artístico e social. Criar para dar, contribuir e
participar, para ter um espaço para dizer e
para afirmar o que pensamos e o que sentimos. Conferir alguma utilidade às nossas
capacidades como indivíduos e artistas,
tentando também, dessa forma, encontrar um
sentido para esta coisa que é existir.
P: O Teatro do Mar sem o teu percurso,
seria uma outra companhia de teatro.
Achas que os projectos de teatro ganham
ou perdem ao seguirem no tempo o mesmo
director artístico?
R: Ganham em coerência no seu caminho
artístico, sobretudo se essa direcção
for reflexo do colectivo, mesmo que,
naturalmente, com um olhar direccionado
por quem cumpre essa função.
P: Quando vejo um espectáculo vosso noto
claramente uma linha artística coerente
assente numa estética muito vossa. Porquê
essa estética?
R: Sines é um concelho de contrastes,
onde ao mesmo nível convivem natureza e
indústria, história e tradição e modernidade.
O Teatro do Mar tem vindo a definir uma
linguagem teatral que, fundindo tradições
e contemporaneidade, levante questões
sobre a forma como os valores sociais
estão organizados e de que modo é que os
mesmos se relacionam com o indivíduo.
O nosso trabalho assume-se como
transdisciplinar, um teatro de fusão,
essencialmente físico e visual. Com o
objectivo de estabelecer uma maior
comunicação com o público alvo, as jovens
audiências, temos vindo a desenvolver
uma linguagem, onde possamos, sem
constrangimentos académicos, usar como
contribuição para uma significação comum
e global, assente num rigoroso processo
dramatúrgico, outras artes como a dança,
o circo, a música, as artes plásticas e as
novas tecnologias do vídeo.
Fazemos teatro itinerante. Criamos num
esquema de partilha e participação
colectiva. Um trabalho que se afirma, mais
particularmente, através das produções
de rua e dos espectáculos para a infância,
numa preocupação de carácter social,
numa filosofia de promoção do gosto e da
prática artística do teatro.
P: A recentemente aposta na
internacionalização é uma experiência
ou regra para o futuro?
R: Não é uma aposta recente. É um
desejo, um objectivo muito antigo, agora
concretizado. Não sei se é uma regra, mas
é de certeza uma grande vontade de todos
nós. E estamos a consegui-lo. Este ano
regressamos ao estrangeiro onde vamos
passar, de novo, uma boa parte do Verão e
parte do Outono também.
P: Na tua opinião que mais valias existem
para uma companhia sedeada na província
apresentar o seu trabalho no estrangeiro.
O mercado cultural português é insuficiente?
R: Isso de estar “na província” é cada vez
mais relativo. Sobretudo para uma Companhia itinerante. Estamos em Sines, mas representamos um pouco por todo o país e agora
também no estrangeiro. Sentimos mais a
questão do provincianismo na relação com o
poder político, com os poderes centrais e com
a comunicação social que não se desloca.
O público é cada vez mais heterogéneo.
E é preciso sair dos nossos “quintais”, ir ver
o que se passa lá fora. Lutar contra esta realidade de estarmos num cantinho pequeno,
algures numa ponta da Europa.
É muito importante sairmos do nosso umbigo e confrontarmo-nos com o que se passa
no mundo. Temos aprendido muito com o
que vemos nos Festivais Internacionais e temos valorizado ainda mais o nosso trabalho
pelos bons resultados que temos obtido. E é
importante que Portugal seja representado e
Foto: Edgar Cortes
se mostre o que se faz por cá. Infelizmente,
na maioria dos Festivais onde temos estado,
nunca tinha ido uma Companhia portuguesa.
O que nos orgulha, também nos entristece.
É preciso mudar isso. A internacionalização
é também um desafio, sobretudo a um grupo
que trabalha “sem rede”, sem cunhas, sem
apoios substanciais, residente na “província
portuguesa”. E, o tipo de trabalho em que
nos especializámos, o teatro de rua, tem
uma expressão gigantesca fora de Portugal.
Aqui, praticamente não existe e o que existe
é sobretudo teatro “na” rua, o que é um conceito muito diferente. Para crescer é preciso
trabalhar, ir à luta e confrontar os nossos
conhecimentos e experiências com quem já
anda nisto há muito tempo.
E finalmente, cruzar o fazer teatro com a possibilidade de viajar, mesmo que em trabalho,
é maravilhoso. Estafante, mas maravilhoso.
P: Quais são as dificuldades que o Teatro do
Mar enfrenta no momento?
R: Poucos recursos financeiros e humanos e
a ausência de uma sede definitiva.
P: Com tanto trabalho desenvolvido,
como se explica a inexistência de um
espaço próprio, do Teatro do Mar, para a
persecução dos vossos objectivos? O que
mudaria caso esse espaço existisse?
R: Explica-se pela falta de dinheiro e pela
ineficácia dos agentes políticos, mesmo que
manifestando vontades e intenções, sempre
teóricas. Pelo menos até hoje. E já lá vão
mais de 20 anos de actividade.
Mas, apesar de tudo, já estivemos pior.
Alugámos recentemente uma casa, por
acaso muito bonita, que nos serve de centro
de produção e sede oficial, e um antigo
armazém na mesma rua – onde chove – para
oficina e sala de ensaios. Mas não temos um
espaço de apresentação pública dos nossos
espectáculos – à excepção dos que fazemos
na rua – o que nos colocou sempre numa
situação de o fazer em conformidade com a
programação e agenda do único auditório
municipal existente. Este facto impediu
sempre que o Teatro do Mar pudesse estar
“em cena” na sua própria cidade, tivesse um
espaço permanentemente aberto ao público,
com programação própria e de Companhias
convidadas, ateliers contínuos de formação
para crianças e jovens e um café-teatro, outro
dos nossos sonhos e objectivos. Uma sede
com estas condições aproximaria, ainda
mais, a Companhia da sua comunidade e
contribuiria, sem qualquer dúvida, para o
enriquecimento da oferta cultural da cidade.
P: Que importância tem no panorama
cultural de Sines a existência desta
companhia de teatro profissional?
R: A importância de ter fidelizado
audiências, ter formado e sensibilizado
centenas, se não mesmo milhares de
crianças e jovens, posto a sua cidade no
mapa teatral português e europeu e servir
como exemplo de perseverança, resistência
e luta às novas gerações.
P: Tens planos para mais 20 anos de
actividade?
R: Espero que o Teatro do Mar tenha mais de
20 anos de actividade pela frente.
Quanto a mim, vivo um dia de cada vez, ou
mais concretamente, um projecto de cada
vez. Foi um longo caminho até agora. Mas
claro que há ainda muito para fazer. Sou
uma idealista compulsiva. Ainda acredito
na humanidade e na arte como forma de
transformar, melhorar o mundo e o modo
como nos relacionamos. Isso mantém-me
viva. Mas procuro não fazer mais planos do
que aqueles que a regularidade do trabalho
me obriga a fazer. Um dia estamos aqui, no
outro não sabemos se vamos estar. Procuro
viver o presente com toda a seriedade e
empenho, procuro não anestesiar e estar
atenta. Se um dia sentir que já não tenho
nada para dizer, páro. Se um dia sentir que
os outros já não estão interessados no que
quero dizer, páro. Espero ter o discernimento
e a coragem para o fazer. Em tempo útil.
Centro Artístico e
Cultural da Nora?...
Serpa, com tudo o que aí viveu e aprendeu.
Com tudo o que de bom esse espaço lhe
proporciona. Uma “Casa” onde possa
receber toda uma comunidade e se possa
mostrar a essa mesma comunidade.
Um novo ciclo.
O “Centro Cultural e Artístico”.
Um Espaço vivo, onde a Associação Baal 17
possa dar largas à sua imaginação e onde
possa continuar a crescer de forma sustentada, com a vitalidade que a caracteriza.
Não é difícil de imaginar como seria “se” a
Baal 17 possuísse já esse Espaço...
Espaço Multidisciplinar (Teatro, Dança, Música, Artes Plásticas, etc…), será um local de
eleição para a criação e produção artística
extremamente dinâmico, com várias funcionalidades para a apresentação de espectáculos, projecção de cinema, programação de
exposições, organização de ateliers, etc.
Possuirá espaços para ensaios e demais
condições para artistas e criadores, em
regime de residências e acolhimentos
artísticos, criarem e apresentarem os
seus trabalhos e espaços onde a equipa
da Baal 17 possa realizar condignamente
as suas actividades. Um bar de apoio,
local de encontro e de partilha entre
criadores e população em geral, aberto a
tertúlias e trocas de ideias, será outro dos
espaços a dinamizar.
O “Centro Artístico e Cultural” da Baal 17
representará, inegavelmente, uma tremenda
mais valia para a cidade de Serpa e para
toda a sub-região onde a Associação está
inserida, através do desenvolvimento de
uma permanente actividade cultural e
artística de referência, 365 dias por ano.
Potenciará os projectos da Baal 17,
permitirá o reforço das cumplicidades
existentes e a constituição de novas
parcerias (institucionais e artísticas),
corrigirá assimetrias culturais, estimulará
a mobilidade cultural, sensibilizará e criará
novos públicos para a cultura, promoverá
novos artistas.
Sonhar é fácil, e realizar os sonhos também.
E este é um sonho que está mesmo
aqui à mão.
Haja para tal vontade e força.
O local ideal já está identificado: centro
histórico de Serpa, paredes-meias com o
iconográfico Espaço da Nora, onde a Baal
17 organiza anualmente, e desde há sete
anos, o Festival Noites na Nora, e que só
poderá crescer com a aquisição do espaço
contíguo.
Será que está para breve o “Centro Cultural
e Artístico da Nora”?
Quem sabe.
Uma certeza no entanto – as entidades
públicas e privadas a quem será
apresentado o projecto devem olhar para
ele como uma fantástica oportunidade, a
ser concretizada numa pequena e bela
cidade do interior, validando a arte e a
cultura como factores de crescimento social
e económico.
Tão simples quanto isso….
Rui Garcia
Baal e se
Sete anos e meio em Serpa.
Uma estrutura humana de desenvolvimento
cultural e artístico,que cresceu através dos
constantes desafios que se propôs superar:
Criar objectos artísticos vivos sustentados
por toda uma região e a forma de viver das
suas gentes, numa terra que é de todos e
que a todos inspira;
Realizar e tornar grande um festival [e
depois outro] que ofereça, a esta periférica
parte do mundo,o contacto vivo com o que
os artistas e criadores constroem;
Desenvolver um trabalho artístico de base
junto dos alunos, fundamento essencial
para o seu crescimento;
Esta mesma revista onde estas linhas se
encrostam;
E tantos, tantos outros....
Hoje a Baal 17 é maior de idade.
É parte integrante de uma comunidade
e região.
Possui capital humano de qualidade
e em constante processo de captação
de conhecimento. Possui uma rede de
cumplicidades artísticas e culturais no
Alentejo, em Portugal e no estrangeiro.
Possui apoios minimamente condignos ao
trabalho que desenvolve, ainda que deseje
o seu aumento, para que possa melhorar e
engrandecer constantemente todos os seus
projectos... ir mais além...
Atingindo a maioridade, chegou pois o
momento de se afirmar como ser autónomo,
construindo a sua “Casa”, o seu “Lar”.
Chegou o momento de deixar a casa dos
pais – neste caso o Cine-Teatro Municipal de
AAL OLHARES
noites
na nora
oito anos de cultura como uma festa
Há oito anos começámos a idealizar projectos ligados ao teatro, à música, à dança e às artes plásticas,
criando amizades e partilhando um espaço estimulante que funciona como uma corrente de ar fresco
à criação, espontaneidade e forma de estar. Poesia, surpresa e calma. Desde o primeiro dia um local
arrogou essa função: a Nora.
É para esse local que transpomos a nossa vontade de assumir uma programação estruturada e
especializada. Uma programação que até agora tentou variar e surpreender quem nos visita com um
objectivo: partilhar o sentimento de que a cultura pode ser uma festa. Celebrar esse momento, partilhálo com os amigos e, quem sabe, despertar a imaginação para novos projectos, novas paixões.
Em oito anos fizemos conquistas, mas não queremos baixar a fasquia, muito pelo contrário.
Queremos fazer mais e melhor, mas o facto é que sem um maior incentivo e investimento financeiro
tal não será possível.
Em 2008, subimos um pouco a barreira e criámos uma ponte ainda mais estreita entre novas criações
nacionais e internacionais e o emergir das tradições populares aliadas à pesquisa. É o caso do
projecto inspirado pelo fado de nome Deolinda, as guitarras de Dead Combo entre o blues, o fado
e western, e a residência/criação artística de dança e movimento “Serpa Serpente Terra de Mulher
Gente”, a cargo de Vanda Melo.
No teatro procurámos dar um salto ainda que pouco impulsivo. As dificuldades técnicas do espaço
obrigam a uma procura de espectáculos vocacionados para a rua o que nem sempre é fácil. Sabemos
o que encaixa na perfeição, mas, e novamente as dificuldades orçamentais, fazem-nos encolher a
barriga e fazer a ginástica do euro.
Procuramos fazer com que o Festival chegue mais longe, aproveitando esta boleia da Baalzine que
viaja junto com outros amigos e novos projectos assumindo no nosso papel na criação, edição e
programação. A eles, aos amigos que fomos fazendo ao longo de oito edições de Festival Noites na
Nora, fica aqui publicamente o nosso agradecimento. Graças a eles, também, conseguimos continuar a
ter uma programação rica e fresca. Obrigado também àqueles que ano após ano fazem das Noites na
Nora as suas noites e, claro, a todos os que continuam a apoiar a Cultura como uma Festa.
dia6
música
Ciganos D’Ouro +
Myriam Szabo & Salamantras
Os Ciganos d’Ouro surgiram em 1994,
No Festival Noites na Nora, Myriam Szabo
às
22.30
horas
por iniciativa dos irmãos José Pato e
volta a subir ao palco com os Ciganos
Sérgio Silva. Em 1996 lançam o álbum
d´Ouro e, com ela, as Salamantras Mónica
“La Casa” e passaram então a divulgar
Roncon e Carolina Fonseca prometem
duração
1h30m
o seu trabalho em Portugal, Espanha,
encher de alegria, magia e beleza o
França, Bélgica, Holanda e muito mais e
Espaço da Nora.
Todas as
idades
participando em festivais internacionais
de música cigana, ao mesmo tempo que
conquistam novas plateias fora desta
comunidade. Depois de “Libertad” e
Os Ciganos d’Ouro são:
José Pato – Voz principal e guitarra
Sérgio Silva – 2ª voz e guitarra
Francisco Montoya – guitarra solo
“Maktoub, palavra árabe que significa
Jalma – 2º voz e bateria
destino e caracteriza o caminho errante
Sebastian Charifie – percussão
do povo cigano, os Ciganos d’Ouro editam
Gustavo Roriz – baixo
pela Newcolors. “SAL” é tema de abertura
João Falcato – piano
e dá nome ao álbum que junta assim
9 canções e um tema instrumental da
autoria do guitarrista Francisco Montoya.
dia7
música
10
Vozes do Imaginário
Associação do
Imaginário
às
22.30
horas
duração
50 min.
dia8
teatro
duração
40 min.
Até aos
12 anos
das Beiras. A música de Zeca Afonso é
cal constituído por um conjunto de vozes
também elemento integrante do repertório
femininas e três instrumentistas que dão
deste projecto.
corpo ao vasto repertório das polifonias
M/12
anos
às
22
horas
Vozes do Imaginário é um projecto musi-
tradicionais portuguesas. O legado de
A inclusão de sonoridades de instrumen-
Michel Giacometti é o elemento de partida
tos como o contrabaixo, percussões e
para esta revisita à tradição musical por-
sopros, conferem a este grupo caracterís-
tuguesa. Engloba um conjunto de temas
ticas algo invulgares emprestando às suas
que vão desde as polifonias femininas do
apresentações um carácter particular,
Minho até às modas de trabalho do Alen-
estabelecendo uma curiosa ponte entre a
tejo passando pelas canções de romaria
tradição e o nosso tempo.
A Revolta dos Micróbios
Teatro Jódicus
Autor: Carlos Manuel Pires Correia
Encenação: João Góis
Concepção e construção do
espectáculo: Colectiva
Trata-se de um espectáculo que se desen-
Num segundo plano, a acção desenrola-se
Actores manipuladores: Rogério
rola em dois planos de acção, por um lado
dentro da boca do nosso amigo João. Aqui,
Fialho e João Góis
o consultório do dentista, onde podemos
vamos assistir ás tropelias e atitudes malé-
assistir ao desenrolar de uma consulta que
ficas dos micróbios residentes na cavidade
se quer pedagógica e elucidativa sobre a
bucal do nosso jovem.
profilaxia da higiene oral, nomeadamente
na boca de um jovem que não se farta de
comer guloseimas.
Desenho de Luz: José Jorge Anes
Canções e Musica: Artur Silva
nacional e internacional, foi eleita em 2002 Melhor Travesti Nacional
e, em 2006, Rainha da Noite. Realiza interpretações diversas, desde
o cómico às duplas de grandes divas, incluindo a grande Amália
Rodrigues; Bang Bang Ladesh - Gilberto Costa actor e transformista
cómico, conta com várias participações em televisão tais como na
novela brasileira Cabôcla/ como Anastácio, no Big Show Sic ou Sítio
do Pica-Pau Amarelo; Armani D’Vyne - artista britânica radicada em
Portugal há 10 anos, exímia na interpretação de grandes divas como
show
transformista
A 8.ª edição do Festival Noites na Nora recebe o seu primeiro show
de transformismo. Em palco: Linda Xennon - com 25 anos de carreira
dia12
Linda Xénon, Armani D’Vyne,
Bang Bang La Desh
às
22
horas
duração
50 min.
M/16
anos
Diana Ross, Shirley Bassey, Whitney Houston, Tina Turner, Cher, primando pelo glamour e beleza de uma artista nova, sendo que tem uma
Re-apareceu a Margarida
Entretanto Teatro
11
tragicómica que retrata o dia-a-dia
de uma sala de aula da severa
Professora D. Margarida, que se
desloca numa trama de indagações
onde é a própria a dar as respostas
que os alunos deveriam responder.
Texto | Roberto Athayde
às
22
horas
Versão Portuguesa | Nina Teodoro
Encenação | Gabriel Villela
Assistência de Encenação | Hugo Sousa
Interpretação | Júnior Sampaio
duração
1h30m
Participação | Hugo Sousa
Operação de Luz e Som | Tiago Dâmaso
Co-Produção | Cia. Melodramática Brasileira
Produção | ENTREtanto TEATRO
D. Margarida transforma a
plateia em alunos para discutir e
A linguagem e as expressões irónicas usadas
criticar uma sociedade oprimida,
pela personagem, mostram claramente a nossa
D. Margarida, na sua condição neurótica e
solitária, amedronta, agride, faz-nos rir e
metamorfoseando as disciplinas
sociedade actual, com os seus encontros e des-
leva-nos à condição de esqueleto, com um
de Biologia, História e
encontros, situações conflituosas e a opressão
humor próprio de uma mulher, cujo verbo
Matemática, em instrumentos
do regime totalitarista, evidenciando a busca de
principal é a violência.
de práticas terroristas.
uma nova escola de formação mais humanista.
Dead Combo
Tocam Lisboa, a cidade do campo, das
que Marc Ribot avistou, do klezmer judaico e
chaminés e das cúpulas brancas, cenários de
do drama siciliano... Desmontam as paisagens
um passado perdido, o fado, o western vadio,
sonoras que tinham já dado em “Vol. 1”, o álbum
tudo junto num voodoo de emoções, o Tejo, os
de estreia manifestamente elogiado pela crítica
amantes desencontrados, anjos abandonados
em 2004. Dele se disse que era “um dos mais
nas encruzilhadas do destino, flores com cores
belos e tocantes registos alguma vez paridos
trocadas, santos, Câmaras ardentes, guitarras
sob o signo da melancolia.”; ou “um projecto que
despidas, cuspidas e deitadas à rua, contrabaix-
figura de OVNI no panorama musical português
os em fogo, cartolas, galinhas à solta e coisas
em 2004 – ou em qualquer outro ano(...)”.
que rolam na rua.
Em “Vol 2: Quando a Alma não é Pequena”, os
Dead Combo também nos dão vestígios do
tango, flamenco, do Faroeste como manifestado
por Ennio Marricone, da Cuba real e daquela
Os Dead Combo são:
Tó Trips (Lulu Blind) e Pedro Gonçalves.
Encarnam duas personagens que poderiam
ter saído de uma BD: um gato pingado e um
gangster.
M/16
anos
dia14
música
“RE Apareceu D. Margarida”
de Roberto Athayde é uma peça
dia13
teatro
carreira ainda muito recente.
às
22.30
horas
duração
60 min.
M/12
anos
dia15
circo
Na Cara – Leo Cartouche
Atrás do rosto inexorável oculta-se Jens
entretenimento, mas onde é proposto ao
constante e mútua provocação, o actor se
Altheimer, performer, criador e professor
público que participe e interaja, onde numa
adapte e responda.
nas áreas do Novo Circo e do Teatro Físico.
às
22
horas
duração
50 min.
foi visto em muitos países, em Portugal
tornou-se num dos dinamizadores do Novo
Circo. “Na Cara”- comedy-show interactivo, é uma produção que utiliza técnicas
circenses como linha condutora, recorrendo
às linguagens de improvisação e de teatro
de comédia. Um espectáculo não só de
“Piratas! O Mistério de
Maria de la Muerte” Teatro
das Beiras
dia 18
teatro
Todas as
idades
Enquanto como intérprete compulsivo já
Venha fazer parte da tripulação de
às
22
horas
uma grande viagem marítima!
O que é um verdadeiro pirata?
duração
60 min.
Helen Ainsworth
Encenação: Graeme Pulleyn,
Quem aqui já saboreou o sangue
Cenografia e figurinos: Helen
da batalha em alto mar?
Ainsworth
Qual de vocês sabe o que é andar
Interpretação: Teresa Baguinho, Filipa
a cavalo nas ondas encapeladas?
M/12
anos
Texto: Graeme Pulleyn e
Eu sei. Isto eu sei e muito mais.
Teixeira, Sara Silva, João Costa, Paulo
Almeida e Rafael Freire
Tesouros, aventuras, mulheres de
dia19
teatro
todo o mundo
às
22
horas
duração
50 min.
M/16
anos
AL-MaSRAH Teatro
Carne p´ra Cargueiro
Carne p´ra Cargueiro é um espectáculo
do Brasil, mas acabam por ser raptadas
as raparigas são abandonadas no Sul do
de Dança /Teatro inspirado numa história
e seguem viagem no cargueiro onde
Brasil. A partir daí elas terão de enfrentar
verídica, que aconteceu em 1995 no
permanecem cativas durante 28 dias. Esta
a nova realidade das suas vidas. Mas…
Brasil. Várias prostitutas brasileiras são
viagem está repleta de amores, desafectos,
será que lhes será feita justiça ou estas
contratadas para passar três noites num
violações, violências e outras situações
mulheres são apenas pessoas de segunda
navio romeno, ancorado no Nordeste
trágicas. A aventura tem o seu fim quando
categoria, carne p’ra canhão?
Criação Colectiva AL-MaSRAH
Teatro
Direcção: Rita Alves
Interpretação: Aline Catarino,
Nuno Faísca, Patrícia Vito, Pedro
Ramos, Sónia Botelho, Susana
Nunes, Verónica Guerreiro
12
até à revolução de 74 um dos cantautores
a Frederico Garcia Lorca” e “Camões,
mais censurados pela ditadura com dois
as Descobertas e Nós”. O Fado, a música
LP e vários singles proibidos.
tradicional portuguesa e o jazz são outras
A sua criatividade, inspiração e ousadia
facetas menos conhecidas, mas também
como compositor respondem por grandes
exploradas pelo autor. Em 2006 produz o
êxitos como “Na cabana junto à praia”
seu próprio álbum “Vinyl” e edita “Baladas
ou “Cai neve em Nova York”. Com uma
da minha vida” – disco de platina nos dois
atitude mais vanguardista inicia nos anos
primeiros meses de venda. Mora numa
casa bonita do princípio do século passado,
álbum “10.000 anos depois entre Venús e
onde vai gravando e produzindo tanto para
popular portuguesa no fim dos anos 60
Marte”, e explora nas décadas de 80 e 90
si como para outros artistas. Nos tempos
com a “Lenda d´Rei D. Sebastião” e foi
o lado da música étnica com os CD´s “Ode
livres participa em concursos hípicos.
The Campesinos
Bluegrass, Country Blues
13
The Campesinos tocam as canções
Scruggs, juntaram-se para tocar Bluegrass
lisboeta de Bluegrass, Old Time e Old
clássicas e originais do bluegrass e old
com alguns dos melhores músicos Folk
School Country Blues que tocam canções
school country de artistas como Johnny
portugueses incluindo o tocador de
de amor, desgosto, angustia e infortúnio.
Cash, Dr. Ralph Stanley, Bill Monroe, Flatt
Bandolin Luis Peixoto, a acordionista Celina
É Sábado à noite e toda a aldeia está
and Scruggs e the Carter Family e também
Piedade e o violinista Nuno Flores, todos
versões Bluegrass das tuas canções
fascinados pelo som do Bluegrass.
preferidas, como nunca ouviste antes.
Esperamos encontra-los pela estrada,
AAL OLHARES
presente, a fogueira a crepitar, a luz pálida
da lua, canecos de whiskey de contrabando
espirrando pela taberna.
The Campesinos formaram-se quando
batendo o pé e o coração ao ritmo da
Arranje um lugar e entre neste espectáculo
Pancho Brown, um viajante country trovador
música dos The Campesinos.
musical que o fará reviver outros tempos.
do lado Americano do Atlântico aterrou em
Os The Campesinos são tão quentes como
Lisboa e cruzou caminho com André Daal,
o cobertor de lã que te aconchega ao teu
tocador de Banjo Português que poderia
amor enquanto escutam a musica da velha
também ter nascido em Nashville.
grafenola, aparecendo-te como o crack de
Desenvolvendo um repertório de clássicos e
uma pistola Colt numa fria e irritadiça noite.
originais, Brown e Daal, the Lisbon Flatt and
nome e foi fonte de inspiração ao brasão
Ou de Serpínia, a Princesa?
desta cidade.
Talvez de Ana, a Encantada
Foi nesta atmosfera que me atrevi e entrei
Tem Serpa o nome, a Beleza?”
para iniciar este trabalho de criação, uma
Serpa será mulher?
fusão plástica de dança, expressão e canto.
A mulher faz parte predominante das lendas
Esta peça tenta ligar de forma simbólica o
esta terra e é fonte de inspiração neste tra-
passado lendário e o presente, sem preten-
balho. Todo o universo que povoa as estórias
siosismo, mas, e apenas, com a intenção
lendárias de Serpa assim o sugere, e são figu-
de acender a chama de curiosidade sobre
ras femininas: “Ana - a encantada em Ser-
as lendas desta terra e homenagear o seu
pente alada e Serpínia - a princesa amada”.
encanto e beleza. É uma peça que fala
Porque são lendas e cantes e contos - de
do faz-de-conta, da magia, do simbólico.
- estórias não se sabe ao certo a origem
Fala-nos de fecundidade, sensualidade,
do nome Serpa, mas tudo indica que a
solidão, alegria, carácter, e beleza. Ela trata
serpente alada esteve na origem deste
o universo feminino, de forma intemporal.
M/12
anos
às
22.30
horas
duração
90 min.
Todas as
idades
The Campesinos são:
Pancho Brown – Guitarra e voz
André Daal - Banjo
Nuno Flores - Violinino
Miguel Santos - Bandolin
Serpa Serpente Terra de Mulher Gente
“De Serpe, Serpente Alada?
duração
90 min.
Realização e coreografia: Vanda Melo
Assistente de realização: Kátia Leitão
dia22
dança
Os The Campesinos são uma banda
às
22.30
horas
dia21
música
80 o rock sinfónico em Portugal com o
José Cid liderou a renovação da música
dia20
música
José Cid - Ao Piano
Bailarinas: Kàtia Leitão, Joana
Manaças, Rita Leão, Rita Luz, Cláudia
Oliveira, Eduarda Espernega,
Cantora: Helena Madeira
às
22
horas
duração
50 min.
M/12
anos
dia25
teatro
às
22
horas
duração
60 min.
M/12
anos
Smooth Cabaret
Baal 17 and “guests”
Existe no País a ideia feita de que os
por ser desenrascado perante as
alentejanos são preguiçosos, mas também
adversidades que são muitas, mas também
amáveis, acolhedores e prestáveis; de
é smooth por ser bonacheirão nos meses
que os alentejanos são ignorantes mas
de Verão em que o calor e a languidez
Eduarda Espernega, Marco Ferreira,
também desenrascados. Existe também
nos lenhificam os movimentos. E porquê
Sandra Serra, Susana Romão, Rui
a ideia de que um espectáculo que se
o cabaret? Porque nas Noites na Nora, e
Garcia, Rui Ramos e Telma Saião,
apresenta com um título em inglês tem
sobretudo nas noites quentes de verão em
mais hipóteses de revelar uma certa
Serpa, tudo é mais fácil se for divertido.
Criação Colectiva
Coordenação geral: Marco Ferreira
Interpretação: Ana Cristina Baptista,
entre outros “guests”.
Operação de Som e Luz:
Paulo Troncão
profundidade artística. É sobre todas
essas ideias feitas e, em nossa opinião,
erradas por tão generalistas, que este
espectáculo se constrói. Assim, Smooth
Cabaret pretende ser um espectáculo que
aborda de uma forma mordaz a qualidade
intrínseca do povo alentejano em ser
Smooth com tudo o que o significado
da palavra implica. O povo alentejano
é smooth por ser gentil, por possuir a
dia 26
teatro
suavidade que a paisagem lhe transmite,
às
22
horas
duração
45 min.
dia27
música
M/6
anos
às
22
horas
duração
40 min.
M/10
anos
Sombras - Marionetas Actores e Objectos
Com este espectáculo pretendemos apresentar uma
pequena mostra desta arte milenar que se chama
Teatro de Sombras. As marionetas de sombra da
Texto, cenário e marionetas: Sabahat
Passos
Manipulação: Alexandre Vorontsov
Turquia são figuras bidimensionais, confeccionadas
Vozes: António Neiva, Carla Magal-
num material transparente (pele de camelo,
hães e Sabahat Passos
tradicionalmente) e coloridas. As suas sombras num
Encenação: Alexandre Vorontsov
ecrã branco resultam igualmente coloridas.
Assim vamos juntos ver um espectáculo de sombras.
Técnica de manipulação: Teatro de
sombras tradicional da Turquia
Haja luz!
Deolinda - Fusão Fado
com Urânio Enriquecido
“O seu nome é Deolinda e tem idade suficiente
popular portuguesa, inspirado pelo fado e as
para saber que a vida não é tão fácil como parece,
suas origens tradicionais. Formado em 2006
solteira de amores, casada com desamores, natural
por 4 jovens músicos com experiências musicais
de Lisboa, habita um rés-do-chão algures nos
diversas (jazz, música clássica, música étnica e
subúrbios da capital. Compõe as suas canções a
tradicional), procuram, através do cruzamento das
olhar por entre as cortinas da janela, inspirada pelos
diferentes linguagens e pesquisa musical, recriar
discos de grafonola da avó e pela vida bizarra dos
uma sonoridade de cariz popular que sirva de base
vizinhos. Vive com 2 gatos e um peixinho vermelho...”
às composições originais do grupo.
Deolinda é um projecto lisboeta de música original
Encarnam a Deolinda:
Ana Bacalhau, na voz
Pedro da Silva Martins
e Luis José Martins, nas
guitarras clássicas
Zé Pedro Leitão, no
contrabaixo
14
Vinda de uma época esquecida, mas
fole do Vítor Cordeiro. A estabelecer
jovens músicos oferece ao público um
o ritmo das percussões e a ensinar as
espectáculo de ritmos europeus dignos
coreografias perdidas no tempo, estará o
de uma lenda épica. Os participantes
Matias, disposto a animar quem acei-
poderão dançar valsas lentas e inebriantes
tar este desafio. As danças e músicas
ou, se preferirem, agitadas coreogra-
levam o nosso imaginário a vários países
fias de tirar o fôlego. Os quatro músicos
desde Portugal, França, Irlanda, Suécia,
acompanharão o público nesta aventura
Alemanha, Bulgária, Estónia, entre outros,
onde uma concertina, tocada por Luísa
em que todas as culturas são trazidas à
Corte, se deixa embalar por uma guitarra,
memória de muitos.
Os Mosca Tosca são:
Vitor Cordeiro: Flautas, Gaitas-de-Foles
Mário Dias: Viola
Luísa Corte: Concertina, Flautas
Matias: Cajon, Percussão
acompanhar pelas flautas e gaitas-de-
ainda viva, esta recente formação de
dia28
música/baile
Mosca Tosca
Música Tradicional Europeia
às
22.30
horas
duração
1.30
horas
Todas as
idades
pela dança. A formação será baseada na
dança e da vida assumidas numa profunda
Dança Gypsy Duende com uma fusão
interdependência consciente. É uma busca
entre a dança oriental e improvisações em
energética, intelectual e emocional através
músicas gypsy techno e decorre no
da exploração do corpo, manifesta-se pelo
Cine-Teatro Municipal de Serpa,
movimento e pela tranquilidade. É uma
nos dias 7 e 8 de Julho.
Oficina de Danças Tradicionais por Matias
“Pr’aprender” a bailar antes do baile à noite com
bastante informação, com uma agenda actualizada
Matias, um dos grandes dinamizadores de bailes e
sobre Bailes, Jam Sessions, Festivais, Fotos
jam sessions de danças tradicionais europeias por
e Oficinas de Danças Tradicionais que se vão
Lisboa, sobretudo no Teatro Ibérico onde também
realizando em Portugal e no estrangeiro.
realiza trabalho como actor.
Faz parte dos Dançarilhos e do Rancho Folclórico
Monitor de danças tradicionais europeias na
das Salineiras de Lavos.
Quinta da Regaleira (Sintra), é ainda responsável
Local: Cine-Teatro Municipal de Serpa.
oficina
das
17
horas
às
19.30
oficina
busca que versa a arte de viver. A alquimia
às17
às 19
horas
Residência
“Serpa Serpente”
por Vanda Melo
Durante seis dias, oito mulheres
passado lendário e o presente, sem
criam em Serpa um trabalho de fusão
pretensiosismo, mas e apenas com
plástica de dança, expressão e canto,
a intenção de acender a chama da
tendo como fonte de inspiração a
curiosidade sobre as lendas desta terra
Mulher nas lendas de Serpa. Uma peça
e homenagear o seu encanto e beleza.
que tenta ligar de forma simbólica o
residência
pelo Blogue Trad Balls, onde se pode encontrar
dia7e8
15
A Dança Duende, conceito criado por
Myriam Szabo, assenta numa visão da
dia28
Oficina Dança Gypsy
Duende por Myriam Szabo
dia7e 8
dedilhada por Mário Dias, que se permite
às
22
horas
A CULTURA COMO UMA FESTA
6 a 28 de julho | serpa 2007
TEATRO. MÚSICA. DANÇA.
OFICINAS. RESIDÊNCIAS
noites
na nora
Ciganos D'Ouro | Deolinda | Myriam Szabo + Salamantras | Dead Combo |
José Cid | Mosca Tosca | Teatro das Beiras | Entretanto Teatro |
Leo Cartouche e muito mais...
Baal 17 Companhia de Teatro na Educação do Baixo Alentejo | Apt. 113 - 7830 Serpa - Portugal | 284 549 488 | 966 350 511 | 961 363 107 | [email protected] | www.baal17.com
APOIO À DIVULGAÇÃO:
Agradecimentos Grupo de Teatro de Serpa, Grupo de Teatro Jodicus, Santa Casa da
Misericórdia de Serpa, Bloco D – Design & Comunicação, Cocas Produções, funcionários da
Câmara Municipal de Serpa, Carla Matadinho, Daniel Veiga, David Tejera, Carlos Arruda, Bernardo
Santos, António Guerreiro, Restaurante “A Tradição”, Pronto a Comer “La Salete” e Bombeiros
Voluntários de Serpa e a todos os que de alguma forma ajudaram ou contribuíram para a realização
do Festival Noites na Nora 2007.
Noites na Nora 2007 Direcção Geral: Baal 17 I Programação: Marco Ferreira I Coordenação
do espaço: Rui Ramos I Direcção Financeira/Gestão: Telma Saião I Direcção de Produção: Rui
Garcia I Produção Executiva: Sandra Serra I Assistência de Produção: Ana Antão e Marla Leitão |
Direcção Técnica: Marco Ferreira I Equipa Técnica: Paulo Troncão e João Sofio
PATROCÍNIO:
COM O APOIO DE:
BAAL 17 FINANCIADO POR:
Foto: Paulo Escoto
a
Baal com Myriam Szabo
No caminho
da guerreira
Por Sandra Serra
“Logo que consegui segurar-me nas pernas quis dançar. Era uma
certeza e também uma obsessão”. Um caminho que começou aos
três anos de idade e que prossegue um desígnio: o da coroação
da vida, como uma artista autêntica, feliz de partilhar essa
simples vivência com o mundo. Hoje, Dança o seu Caminho,
assente na Liberdade, no Rigor, e na Virtude, os três pilares da
Dança Duende. Contar o caminho de Myriam Szabo é desfolhar
um livro de aventuras, um livro no caminho do conhecimento
pessoal e do mundo; um caminho altruísta, acreditando, por que
não (?) que o mundo pode e deve ser melhor.“
baal COM MYRIAM SZABO
17
Myriam Szabo nasceu em França, Paris,
em 1961,nacionalidade a que viria a juntar
também a Portuguesa, na década de 80.
E, com três anos de idade, inicia os seus
estudos em Dança Clássica e “Tap Dance”,
nos Estados Unidos da América. De volta a
Paris recebe formação em Dança Clássica e
Dança de Carácter na École du Ballet Russe
Irina Grjebina, escola onde viria a ser solista
com 12 anos de idade, realizando digressões
pela Europa e pela Coreia do Sul.
Com 19 anos Myriam inicia na agência
“Mademoiselle” carreira como manequim
profissional, posando para revistas como a
“Elle” ou a “Vogue” e realizando diversas
campanhas publicitárias (Triumph, L’Óreal).
Em 1981, torna-se uma das caras mais
conhecidas em França, com a célebre e
polémica campanha publicitária “Avenir”,
que viria a ser tema central da revista “Photo”
que lhe dedica a primeira capa a preto e
branco da sua história. Pouco depois retira-se
da vida profissional: “uma pessoa quando se
torna famosa torna-se um produto e eu achei
que não tinha estrutura para isso. Por isso
retirei-me”, disse “revista 7”, em 1994.
Com 21 anos, deixa a ribalta e o estrelato
e viaja pela Índia e pelo Nepal, realizando
vários retiros tradicionais em solitário, e
especializando-se em Filosofia Budista,
Hatha Yoga, Karate Shoutuakan e Chi Gong.
O seu caminho tornava-se mais espiritual
e, com ele, também a visão da dança.
Dançar para um mundo melhor, como forma
de aperfeiçoamento pessoal e não como
ambição profissional.
No final da década de 80, Myriam Szabo
Foto: José Carballo
chega a Portugal apaixonada por um
português. Realiza espectáculos de
dança no Centro de Yoga e Macrobiótica
“Pirâmide” e gere o restaurante do mesmo,
no quadro da Escola de Budismo Tibetano
Ogyen Kuunzang Choling.
A mulher do mundo em busca do
conhecimento frequenta workshops
intensivos de danças do mundo: Flamenco,
Sevilhanas, a Kathakali, Bharata Natyam,
Danças Africanas, Danças Judias (já tinha
colaborado com a companhia de dança
judaica Iahmel), Dança Contemporânea
Expressiva, recebe formação em Arte
Dramática e descobre a Dança Oriental,
impulsionada por um amigo português.
Sobre essa descoberta escreve Myriam
no seu sítio da Internet: “Quando a Dança
Oriental me domesticou finalmente,
descobri uma nova sensibilidade, uma
doçura, uma feminilidade delicada à flor
da pele que se desenvolveu aos poucos no
meu coração. O coração terno, profundo e
temível da Mãe”. Sobre a Dança Oriental,
a que comummente chamamos Dança
do Ventre, Myriam continua: “Do Oriente
a Dança Oriental só tem a aparência; ela
é universalmente feminina. Adquirindo
suavidade, um sorriso nos lábios e
ondulamos com generosidade, trememos
com vigor. Deixamos de ser uma mulher
com uma idade, com um rosto, um nome
ou uma história. É muito mais do que isso,
descobrimos A Mulher. Não falo de se
cobrir de fantasia nem de ouro ou seda
para deslumbrar o público ou para tentar
um competição lamentável com Salomé,
nutrindo-se dos suores libidinosos de
alguns predadores frustrados, fascinandose até à cegueira com o brilho do nosso
próprio umbigo. Aí nos espera a alhada da
vaidade, os ciúmes ruins que nos afastam
de nós próprias e dos outros, que nos
afastam do essencial”.
Em Portugal, Myriam Szabo começa a
agitar o País pelo Norte. No Porto organiza
e produz os 1.º e 2.º Rally Jazz do Porto e
é galardoada pela Secretaria de Estado
da Cultura, fazendo cair novamente em
si os olhos da imprensa estrangeira em
busca da menina que tinha protagonizado
a campanha “Avenir”, e traçando o
seu percurso até então. Dos tempos no
Norte, Myriam cria espectáculos, realiza
performances a solo, organiza digressões
de artistas como Ghalia Benali e Waso,
O projecto Dança Duende (termo
popular andaluz que designa a presença
poética em toda a sua força), explica
Myriam, “apareceu espontaneamente
à medida que o meu trabalho se
tornou mais incansável e se afastou de
categorias de danças pré-existentes.
Ao tomar consciência das implicações
artísticas e pessoais da minha própria
experiência como bailarina, como
mulher e como ser humano, comecei
a procurar meios de partilhar essas
vivências com numerosos alunos. A
minha profunda admiração pelas
Danças Tradicionais, pelas Artes
Marciais e pelas Artes Internas, a
minha formação clássica e o meu
empenhamento numa via espiritual
milenar juntam-se numa dança que
ainda não tinha nome. Efectivamente
esta dança segue sem nome, já que a
Dança Duende é um meio e não um fim”.
Efectivamente, Dança Duende pretende
propor uma abordagem integrada
da dança em geral, sensibilizando as
pessoas para novas dimensões, que
nem sempre se enquadram nas técnicas
dos vários estilos de dança, mas que
são indispensáveis para transformar
um “bom técnico” num artista autêntico,
mágico e especial. Não se trata de criar
um novo estilo de dança, trata-se de
“restaurar uma visão simples e sagrada
das artes no âmbito profissional graças a
um processo criativo ilimitado, individual
e definido”, uma visão que se pretende
aplicada a todos os aspectos da vida.
Liberdade, Rigor e Virtude, são os três
pilares onde assenta o caminho do
guerreiro.
“Quando a consciência brilha: aqui
nasce o duende. Se a Arte é duende por
que não a vida?” Aí reside o desígnio da
vida de Myriam Szabo. Transmiti-lo aos
outros talvez a sua missão.
Foto: Gérard Sarrouy
Dança
Duende:
Dançar
o seu
caminho
renunciando à produção de eventos
e dedicando-se exclusivamente ao
desenvolvimento do projecto Dança Duende
e à direcção artística do grupo Salamantras
(Myriam Szabo, Carolina Fonseca e Mónica
Roncon), projecto criado por Myriam Szabo
em 2002 e que, tendo começado como
uma formação de dança Zíngaroriental
na Península Ibérica, o evoluiu para uma
abordagem da dança como um caminho,
uma via para a transformação das emoções
e para o alcance do bem-estar e da
felicidade, unindo técnicas e conhecimentos
de disciplinas ancestrais, tais como o KungFu, o Chi Gong ou o Bharata-Natyam. De quando em vez, muito raramente,
Myriam regressa a Portugal. Não pára. É
difícil saber onde a encontrar hoje e se lá
estará ainda amanhã. Ainda há muitas rotas
por percorrer, muitos caminhos por explorar.
“Acho que tenho um objectivo na vida
que é bastante esquisito. Um dia, quando
morrer queria estar satisfeita. Estar pronta
para isso sem problemas de consciência.
Entretanto, gostava de perceber os outros e
não ser egoísta”.
baal COM MYRIAM SZABO
dedica-se ao estudo da etnia cigana
em Portugal, protagoniza passagens
pelo cinema, dinamiza ateliês de dança,
coordena a exposição de arte sagrada
do Tibete no Centro Cultural de Belém, é
modelo fotográfico de “Do Tamanho do
Mundo”, de Carlos Pinto Coelho. E mais
uma vez o tamanho do mundo a chama e
Myriam parte, em 1996, viajando durante um
ano com saltimbancos pela Europa.
Depois de várias digressões como solista
pela Europa e das aulas regulares em
Bruxelas, Myriam chega a Serpa, em 2002,
contratada pela autarquia local como
assessora cultural e professora de dança. O
agito na Vila Branca começou. Aqui dá aulas
nas escolas do concelho para cerca de 60
alunas e co-produz com a Baal 17 “A História
de Yanarava”. É também em Serpa que
concebe e realiza o Festival “Wild Women´s
World” que, infelizmente, contou apenas com
duas edições. Myriam Szabo acabaria por
voar mais para Sul, para o Centro de Retiro
Budista Karuna, em Monchique.
Novamente o apelo do vento, e o espírito
criador livre e Myriam parte para Bruxelas,
O Stand Uper
Por Desbocado Doidinho
Com Up
baal DESBOCADO
19
Indeciso
Sem Futuro
Sem Up
Eu queria ser um Stand Uper com piada. Ou
mesmo um Stand Uper sem piada.
É uma profissão de futuro. Os americanos,
esse povo empreendedor, rico em cultura
e de longa história, fazem isto há dezenas
de anos, e toda a gente sabe que o que é
americano é bom. E eu não quero arriscar
numa profissão sem futuro.
Tenho vindo a estudar esta matéria
atentamente: as ditas profissões com saída.
E penso que saída quer dizer, no caso da
profissão, sucesso, resmas de dinheiro
e reconhecimento público, a satisfação
pessoal não é para aqui chamada. Se tenho
que trabalhar, então que o trabalho, se for
árduo, se traduza em capital para o meu
bolso e o resto são cantigas. Até porque,
pelo que vejo, Stand Uper é uma profissão
muito sofredora, sempre de pé, estão
sozinhos e desamparados, eles transpiram,
eles enganam-se no que dizem, a tensão é
óbvia e não raro entaramela-se-lhes a voz,
é mesmo um trabalho para verdadeiros
homens, facto atestado pela quase
inexistência de mulheres a fazê-lo.
Há muitos artistas em Portugal, não sei se
demais ou se de menos, mas artistas de
Stand Up há poucos, pouquinhos. O que
é bom, pelo menos para mim que quero
enveredar pela profissão.
Há algum tempo fui a uma festa, daquelas
que duram uma semana com muitos
espectáculos e têm preocupações
culturais, mas também políticas, muito
altas. Fui assistir a alguns desses
espectáculos. E qual não é o meu espanto:
o público num certo dia esgotou o recinto
para ver 1 (um) Stand Uper e não apareceu
no outro dia para ver um espectáculo dito
de “teatro convencional” com quase 12
(uma dúzia) de actores em cena. Imagino
que o cachet daquele Stand Uper seja
bem merecido e proporcional ao seu
sucesso: um verdadeiro Stand Uper de
massas. Para mim, este episódio é um bom
indicador, não sei muito bem de quê, mas
definitivamente um bom indicador.
E depois há todo o resto… Eu sou feio,
admito. Mas para Stand Up quanto mais
feio melhor. Aliás, no Stand Uper o feio
fica bonito. O Stand Uper não precisa
de estudar, apenas de tentar e persistir,
não precisa de ter talento, apenas
descaramento, não precisa de saber falar e
se for alarve tanto melhor.
Se eu começar agora, já, num qualquer
programinha de TV (que não deve ser
difícil), aposto que lá para o fim do
ano já darei a cara por alguma marca
publicitária, farei tournée por todo o
país, e para aqueles que não tiverem
oportunidade de assistir ao vivo aos meus
espectáculos terei uma linha telefónica de
valor acrescentado e dois DVD editados
onde contarei muitas e boas piadas.
Isto do Stand Up não é novo cá por
Portugal, quem não se lembra das velhas
histórias do Raul Solnado? Mas acho que
o homem se esforçava demais, coitado, e
aquilo era muito rebuscado. Nem sempre
o trabalho e o talento são sinónimos
de qualidade. O certo é que não se lhe
deu muita importância e a coisa não
vingou. Até agora… Porque agora tudo é
diferente. Agora somos um país da linha
da frente. E há certas preocupações
culturais demasiado profundas que não
são mais necessárias. Basta de sensaboria
e de velhas formas que deveriam estar
enterradas há milhares de anos. Viva a
simplicidade. Viva a oratória e a capacidade
de improviso. Viva o individualismo.
Vivam os homens empreendedores que
orgulhosamente sós enfrentam as massas.
Vou parar por aqui, porque senão ainda
acabo no Iraque a lutar pela democracia.
Pois é, estou decidido. Este é o momento
ideal para começar, o riso está na moda.
E há lá coisa mais risível que um
Stand Uper português?
BAAL EM BANHO MARIA
2ª Edição da Mostra de Teatro
no Outono – Folha Caída
De 6 a 27 de Outubro. Cine-Teatro Municipal de Serpa
Depois de uma primeira edição,
em 2006, e em que o balanço foi
por demais positivo, a Baal 17 volta
a organizar conjuntamente com a
Câmara Municipal de Serpa a Mostra
de Teatro de Outono – Folha Caída.
Temos como objectivo a criação de
novos públicos para o Teatro, pelo que
na programação
apostamos em espectáculos que
abranjam o público escolar, desde
o pré-escolar ao secundário, com
marcações específicas para os
estabelecimentos de ensino, onde se
pretende, também, fazer do palco um
espaço de análise, de aprendizagem
e, igualmente, de convívio com a arte, e
com os protagonistas do espectáculo.
O estabelecimento de pontes artísticas
com outras companhias de teatro, é
igualmente razão de ser desta mostra
de teatro, que, em 2007, conta com
as participações do Projecto Ruínas,
da Urze Teatro, Companhia de Teatro
de Portalegre O Semeador, A Bruxa
Teatro, Art’ Imagem, AL-MaSRAH
Teatro e Cendrev.
Pão
Criação colectiva
Nenhum outro alimento, antes ou
depois da sua descoberta, dominou
tanto o mundo como o pão. O Pão
que triunfou ao longo dos tempos,
que ultrapassou guerras, conquistou
povos e dominou o mundo.
Que histórias há para contar do pão?
O pão, que faz viver o homem, que só
pode sobreviver pela mão do homem.
O Homem, que sobre o assento de
aço do tractor, já não parece um
homem. O Homem que já não lavra,
faz com essa máquina uma cirurgia
à terra que ecoa pelos campos,
inseparável do ar e da terra que com
eles vibravam em uníssono. O Homem
sentado no seu acento metálico,
orgulhoso das linhas rectas que não
é ele a traçar, orgulhoso do tractor
que não lhe pertence, orgulhoso da
potência que não controla.
E quando a seara cresce e depois
é ceifada, ninguém chegou a pegar
num torrão húmido com as mãos
para o desfazer e deixar escorregar
a terra por entre os dedos. Nenhuma
mão humana tocou na semente,
ninguém chegou a amar a terra. O
homem come aquilo que não fez
crescer. Já não há ligação entre o
Homem e o pão que levava à boca.
“Pão” será um espectáculo criado
a partir de pesquisas realizadas
em torno das histórias e história do
pão, e onde se pretende explorar a
importância deste alimento dando
principal destaque à sua história no
Alentejo, à sua evolução tecnológica
e cultural, política e social,
económica e psicológica, através da
exploração dramatrgica do seu ciclo,
envolvendo-o como personagem
principal numa viagem aos trabalhos
da terra, ao homem e ao seu contexto
político, religioso, social e místico.
Pretende receber informações sobre a actividade da Baal 17? Quer passar a receber a Baalzine comodamente em sua casa ou no seu local
de trabalho? Quer fazer parte desta família? Então não hesite, preencha o destacável e envie para: Baal 17 Cine-Teatro Municipal Apartado
113 7830 Serpa, ou envie um e-mail com as palavras Informação e/ou Baalzine para [email protected].
Nome
Idade
Profissão
Morada
Localidade
Código Postal
E-mail
Pretendo receber
Informação Comentário à Baalzine (opcional)
Baalzine

Documentos relacionados