Memórias de um Grupo 1

Transcrição

Memórias de um Grupo 1
Memórias de um
Grupo 1
Período: Vespertino
1º semestre/2013
Professora: Letícia Oliveira Mello
Coordenadora Pedagógica: Júlia Souto Guimarães Araújo
MEMÓRIAS DE
UM GRUPO 1
O Grupo 1... Tão novo, tão diferente, tão delicioso! Um Grupo de chegadas, de
construções, de tantas descobertas e tantos detalhes. Cada criança que chegou aqui trouxe
consigo um pedaço do Grupo, um pedaço de memória que agora levamos juntos. Cada um
tem seu jeito, sua fala, seu corpo. Cada um se comunica de uma maneira, e nossas
conversas tornam-se intermináveis!
Os primeiros dias de cada estudante, a ansiedade de conhecê-los, de recebê-los, de
conquistá-los. Alguns mais atirados, outros mais desconfiados: foi na troca de olhares que
nos entendemos. E são tantos olhos, são tantos corpos, são sons, cores, gostos, gestos. São
composições desse espaço, dessa relação, de uma obra de arte chamada Grupo 1. Muito
Quintal, muito Ateliê, crianças novas, adultos novos, espaço novo. Eu via seus olhinhos
encantados tentando desvendar tudo o que esse lugar-escola pudesse oferecer. Observavam
cada gesto, cada voz. No começo, com medo, tentando traçar um caminho entre a segurança
de casa, da família e a novidade da escola. Eles escolheram seu tempo, seu tempo de dizer
“sim, pode ir, agora estou bem”. E, sentindo-se bem, apropriaram-se da sala, do espaço, do
Grupo.
Hoje, eles e elas andam pela Estilo cheios de si, donos do Quintal. Correm para lavar
as mãos cada vez que chega a hora do lanche. Sentam-se sozinhos na hora do relaxamento,
andam até o Ateliê, circulam pelo Quintalzão em busca das crianças mais velhas, de
brincadeiras novas. Abrem armários e gavetas atrás do brinquedo que desejam usar, usam,
compartilham, brincam e guardam assim que chega a hora. É começar a música que saem
em disparada à procura de seus banquinhos e os organizam em frente ao Mural para a Roda.
A Roda virou poesia. A Roda é nosso momento juntos, todos, olhos nos olhos,
compartilhando rituais, músicas, histórias... A Roda começa com o chapéu, que passa pela
cabeça de todos, que aponta um a um quem está ali. Eles esperam ansiosos pela sua vez,
chegam a inclinar a cabeça em direção ao chapéu para que ele venha mais rápido. Em
seguida, a mágica! Mãos de mágica a postos, “Abracadabra, pé-de-cabra!!”: o chapéu
transforma-se em canoa. A canoa vira e todo o Grupo 1 vai ficar no fundo do mar, até que a
música comece para que cada um, na sua vez, levante-se e se coloque no Mural. É uma
MEMÓRIAS DE
UM GRUPO 1
dança ritmada, é em uma coreografia perfeita que a Roda acontece. Todos se observam,
sabem a hora de cada passo, correspondemo-nos com olhares, com sorrisos, para que a
melodia não pare.
Ainda na Roda, escolhemos músicas para cantar juntos, e o corpo acompanha a
canção! Cada som, um gesto, uma careta, uma dança... Às vezes, o gesto deles precede o
som, como quem diz “é essa música!” ou “vamos cantar essa aqui?”. Às vezes, apenas
mexem a boca na intenção de cantar junto. Eles conhecem tão bem nossos rituais, que os
reproduzem, muitas vezes, em outros momentos, pegam as marquinhas, o chapéu, o tambor
e se sentam sozinhos para fazer a Roda.
Nosso Tema “O Quintal de Manoel de Barros” começou na Roda. Poesia sobre poesia.
Primeiro, em detalhes de Quintal, folhas, galhos, águas, areia, pássaros e cantos. Depois, o
Manoel se concretiza. O Manoel foi construído a muitas mãos, foi traçado do corpo de uma
criança e “engordou” no esforço coletivo de enchê-lo. Um pouquinho de espuma de cada
mãozinha e logo ele toma forma de gente. Olhos, nariz, boca, cabelo, bigode... Cada detalhe
construído junto com os estudantes. Eles colocavam a mão, apertavam, colavam partes,
olhavam atentos o nascer de um grande amigo, o nosso Manoel! O último detalhe, a
camiseta da Escola, chamou a atenção de todos, vieram em sua direção, pegaram, olharam,
apontaram a camiseta dele e as suas em seguida. Um símbolo de que agora, certamente, ele
é um de nós!
Mais que apenas habitar o nosso espaço, Manoel trouxe muito de seu espaço, sua
história. Apareceu na Roda em momentos especiais para contar um pouco sobre suas
vivências do Pantanal, seus conhecimentos a respeito dos bichos, dos jardins, do Quintal!
Fizemos rios, viramos onças, buscamos galhos e folhas pela Escola para compor nossas
produções artísticas. Ouvimos histórias sobre pequenos insetos de grande importância,
construímos nossos peixes e nossos pássaros para que habitassem a sala que tanto gostamos
de frequentar todos os dias.
Esse trabalho com Manoel de Barros se encerra assim, sem se acabar. Impossível
romper com a importância das pequenezas em um Grupo 1. Pensar nas poesias desse autor
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UM GRUPO 1
foi, durante esse semestre, observar e respeitar o tempo, o acontecimento e as experiências
vividas por essas crianças nesse momento de suas vidas. Ler Manoel de Barros junto com
esse Grupo foi o mesmo que ler esse Grupo poetizado em palavras de Manoel de Barros.
O primeiro semestre acaba agora. Voou, voou tão rápido que, às vezes, me assusto ao
olhar para os estudantes e constatar tantas mudanças, perceber o quanto cresceram. Nesse
momento, dois sentimentos me dividem: o da saudade antecipada pelo mês que passaremos
longe e o da ansiedade por ver como voltarão esses pequenos após as férias!
Não poderia encerrar sem agradecer imensamente a todos os votos de confiança, as
parcerias, as conversas de batente de porta, os abraços e olhares de conforto. Tenho
também que agradecer minhas grandes parceiras Elza e Michelle, sem as quais esse semestre
não teria o mesmo encanto. Aguardo vocês na volta, cheia de vontade e saudade!
Aproveitem, abraços,
Lê

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