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MACAU PRESENTE EM mostra FOTOGRÁFICA EM PEQUIM
Embaixatriz despede-se da China com exposição de fotografia
Está para breve a despedida de Ana Carlota Meirelles ao país que a acolheu faz três anos.
Consigo, levará “memórias fascinantes”. Algumas das quais exibidas agora ao público,
num registo que é a sua mais recente paixão: “a fotografia”
JOÃO PIMENTA
Em Pequim
Foi o fascínio pela China que motivou a embaixatriz Ana Carlota Meirelles a pegar na
sua máquina e começar a fotografar um mundo em quase tudo novo para si. E, se no
início era apenas um hábito esporádico, a partir de certa altura “houve qualquer coisa
mágica e comecei a sentir que precisava de tirar mais fotografias”, como explicou a
própria em declarações ao JTM, durante a inauguração da exposição de sua autoria, “O
Mundo Através dos Meus olhos”. O resultado final destes três anos em que acompanhou
o seu marido embaixador Rui Quartim Santos em missão diplomática pela China, e que
estará exposto até ao dia 18 de Fevereiro na galeria XYZ, sedeada na área 798 - zona
artística de referência em Pequim.
Mais do que a “concretização dum sonho”, como assume a embaixatriz, a realização
desta exposição reveste-se também de um carácter simbólico que a remete para uma
forma de despedida do país onde Ana Carlota Meirelles diz ter “aprendido, vivido e
sentido muita coisa nova”. Nesse sentido, acrescenta, sente-se bem “por ter desenvolvido
um trabalho por si própria”. Algo que a liberta da imagem cliché de “mulher do
embaixador”, aponta, e a faz até considerar uma carreira como fotógrafa.
Objectivo não despropositado, já que neste seu primeiro passo, Ana Carlota Meirelles
conseguiu conquistar a crítica ao qualificar cinco das suas fotos, entre milhares, para a
final do concurso “Beijing in the Eyes of Foreigners”. Outro marco definitivo ocorreu
quando, para sua surpresa, foi premiada por duas vezes no concurso “Behind the Great
Wall” - organizado por uma fundação cultural norte-americana - e para o qual, diz, “tinha
concorrido apenas por brincadeira”. O trabalho, distinguido como a melhor foto do
concurso e a paisagem mais intrigante, consiste numa imagem capturada junto à
cordilheira do Pamir, no desértico noroeste da China, e onde se podem ver duas tendas
nómadas. “Uma enorme revelação”, considera a embaixatriz, e que acabou por
“funcionar como incentivo para desenvolver o meu potencial como fotógrafa e melhorar
a minha capacidade técnica”, pode-se ler no texto assinado por si num livro-maquete que
reúne as fotos agora expostas.
Ao todo, a exposição “O Mundo Através dos Meus Olhos” é constituida por 30
fotografias, com grande parte a ter Pequim como cenário, mas onde Macau não foi
esquecida, assim como as províncias de Xinjiang, Gansu, Zhejiang e Guangxi. Uma foto
ao edifício do BNU, reflectindo de forma distorcida um amontoado de prédios antigos, e
uma imagem capturada no Venetian, assinalam a presença da RAEM. Também a
Mongólia, Myanmar e Austrália mereceram destaque nas salas da galeria XYZ.
No evento, marcaram presença os embaixadores e embaixatrizes de algumas das
principais embaixadas europeias. Assim como parte da comunidade portuguesa radicada
em Pequim - pouco mais de meia centena ao todo, segundo os registos oficiais na
embaixada. E, apesar da exposição ser assinada por uma estrangeira, houve mesmo
alguns jornalistas chineses a cobrir a inauguração.