Elevada performance na fabricação e revesti
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Elevada performance na fabricação e revesti
Elevada performance na fabricação e revestimento de paredes de caldeiras Régis H. G. e Silva, Jair C. Dutra, José Piotrovski Neto, Franco W. Comeli Resumo – A importância da geração térmica de energia elétrica cresce atualmente no Brasil em consonância com o crescimento econômico que o país experimenta. Desta forma, a eficiência das usinas tem ganhado especial atenção, incluindo esforços para aumento da disponibilidade de máquina. Uma das rotas para otimização deste índice consiste no enfrentamento do desgaste sofrido por componentes das caldeiras, no intuito de aumentar o tempo entre operações de manutenção. Dentro desta problemática, o presente trabalho traz o desenvolvimento de uma solução para fabricação e revestimento por soldagem de paredes d'água com material resistente ao desgaste, com elevada produtividade e qualidade. Para isso, tem sido conduzida P, D &I não apenas em processos de soldagem, mas também em automação e controle. Como resultado, se apresenta um sistema integrado, envolvendo fonte de energia, manipulador robótico e procedimentos de soldagem. Palavras-chave – cladding, mecanização, MIG Pulsado, paredes d'água de termelétricas, solda de overlay I. INTRODUÇÃO Apesar de a matriz enérgica brasileira ser predominantemente hidráulica, montando a 69 % da potência gerada [1], a relevância de outras fontes vêm crescendo ao longo do tempo, impulsionadas pelo crescimento econômico experimentado pelo Brasil, com contribuição dos eventos de grande porte a serem realizados (Copa do Mundo, Olimpíadas), e por questões ambientais, na busca por menor impacto ambiental dos processos de geração. De fato, incremento no crescimento econômico acarreta em maior demanda energética, tanto para atividades econômicas, como consumo residencial. No início da década (1999-2000), quando a economia brasileira cresceu 4,3 % [2], houve correspondente crescimento do consumo de energia de 5,3 % [3]. Associando-se ao aumento no consumo, um grave período de estiagem incorreu, pouco tempo depois, em racionamento de energia por um período de aproximadamente 7 meses. Ficou exposta a fragilidade do sistema e sua instabilidade, pelo Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica regulado pela ANEEL e consta dos Anais do VII Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica (VII CITENEL), realizado na cidade do Rio de Janeiro/RJ, no período de 05 a 07 de agosto de 2013. Este trabalho foi financiado pela empresa TRACTEBEL ENERGIA SA e parcialmente apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). R. H.G e. Silva e J.C. Dutra trabalham no LABSOLDA - Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (e-mail: [email protected]). J. Piotrovski Neto e F. W. Comeli trabalham na TRACTEBEL ENERGIA SA (e-mail: [email protected]). fato de depender do regime de chuvas. Além disso, atrasos em novos empreendimentos hídricos, devido a demorados processos de licenciamento ambiental, também são constantes. Neste contexto, se tornou urgente a complementação da matriz energética brasileira, com o objetivo de garantir a segurança do Sistema Interligado Nacional. Este cenário levou à expansão do parque termelétrico nacional, que, em 2001, representava 14 % da capacidade instalada nacional, alcançando atualmente 27 % [1]. Atrelada ao aumento da dimensão do parque gerador termelétrico, cresce a necessidade de eficiência das usinas, sendo um de seus índices a disponibilidade de máquina. Falhas de componentes, manutenções não previstas e falta de produtividade em paradas são fatores que contribuem para redução na disponibilidade de máquina, podendo comprometer o desempenho geral da usina, incorrendo não apenas em redução de rentabilidade, como até em multas. No caso de usinas a carvão, uma fonte de problemas é o desgaste erosivo e corrosivo sofrido pelas paredes d'água, predominantemente construídas com material de baixa resistência a corrosão / erosão. A consequência é a perda de espessura dos tubos condutores de vapor, levando ao seu colapso, ou necessidade de sua reposição ou reparo prévio. A erosão é causada pelo impacto de cinza e partículas [4, 5, 6, 7] sopradores de fuligem [5, 6] fadiga térmica [6] e, em alguns casos, durante a limpeza, via jato d'água, das cinzas aderidas às paredes [5, 6]. A corrosão advém de reações de produtos da combustão com o material das paredes (tubos e membranas), e é potencializa pelo uso de dispositivos limitadores de NOx (introduzidos por questões ambientais), que aumentam o caráter redutor da atmosfera interna [5-10], e também pelo uso de carvão inadequado [5]. Estudos mostram que as condições químicas internas levam à formação de compostos de enxofre e cloro de baixo ponto de fusão, que dissolvem a camada de óxido de ferro, deixando o aço exposto ao ataque corrosivo [8, 9]. A variação de ataque Fireside Corrosion é considerada a maior causa de falhas [8]. São mencionadas na literatura taxas de perda de espessura de tubos de 15 mpy (mils per year, 1 mil = 0,0254 mm) [8], 40 a 120 mpy [9], 50 a 100 mpy [4], 10 a 100 mpy [6], 0,96 mm/ano (40 mpy) [7]. Diante desta problemática, a solução originalmente disponível era troca periódica de regiões das paredes d'água desgastadas, o que se mostrava pouco produtivo e de alto custo. O grande overturn veio com a introdução de técnicas de recuperação das regiões desgastadas, pelo seu revestimento com materiais resistentes aos desgastes erosivo e corrosivo. Surgem, então duas abordagens: recuperação on-site de regiões desgastadas e revestimento prévio de painéis novos, a serem inseridos nas paredes d'água. Também, dois processos de revestimento têm sido investigados: aspersão térmica e soldagem (também chamado de overlay, ou cladding), sendo que o segundo apresenta melhor performance em diferentes aspectos [7, 9]. Adicionalmente, os desenvolvimentos se dão no sentido de aplicação automatizada dos revestimentos, com impactos determinantes em qualidade e produtividade [4, 6, 7, 11, 12]. Apesar da existência de sistemas no mercado, se tratam de tecnologias estritamente estrangeiras. Portanto, a necessidade iminente é o domínio da tecnologia para redução de custos (equipamentos e serviços), customização à realidade das condições das termelétricas brasileiras e formação de recursos humanos especializados nacionais. Todos estes fatores levam à flexibilidade e capacidade para realização contínua de melhoramentos no sistema e no processo. De fato, a evolução de concepções atuais já é foco do projeto em que o presente trabalho está inserido. Assim, se estabeleceu como objetivo global do projeto o aumento da qualidade e produtividade em operações de fabricação e revestimento por soldagem de paredes d'água, pelo desenvolvimento de um sistema integrado e dedicado, incluindo manipulador robótico e fonte de soldagem. Devidos software, hardware, sistemas mecânicos, assim como procedimentos de soldagem para diferentes condições de aplicação estarão atrelados à solução como metas do projeto. O presente trabalho aborda os objetivos intermediários de desenvolvimento do processo de soldagem MIG/MAG e de novas concepções do sistema robótico. O projeto está em andamento, com financiamento da empresa TRACTEBEL ENERGIA SA, no escopo do programa de P&D da ANEEL, sob o título " Desenvolvimento de uma Tecnologia Nacional Automatizada para o Revestimento e Fabricação por Soldagem de Tubos de Caldeiras e Tecnologias de Soldagem Associadas" e código PD-04030025/2011. A execução é responsabilidade do Instituto de Soldagem e Mecatrônica - LABSOLDA da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em estreita atuação com a equipe da empresa, direcionando o desenvolvimento para aplicação nas usinas termelétricas a carvão de sua propriedade. II. TÉCNICAS DE ENFRENTAMENTO DO DESGASTE DE PAREDES D'ÁGUA A necessidade de manutenção das paredes d'água em condições de operação levou ao desenvolvimento de técnicas para o enfrentamento dos efeitos dos mecanismos de desgaste. A gama é formada por substituição de painéis, aplicação de telhas (escudos, barreira física), aspersão térmica de material resistente e revestimento por soldagem (overlay com material resistente) [7], sendo que a substituição pode ser por painéis novos do mesmo material original, ou painéis revestidos. Na busca por maior confiabilidade e uma rotina de manutenções dentro de uma faixa de frequência economicamente aceitável, os desenvolvimentos almejam brusca desaceleração do desgaste. Assim, a solução de substituição por pai- néis do material original torna-se obsoleta, já que a resistência ao desgaste permanece baixa. No caso do uso de telhas, a desvantagem reside em diferentes fatores. Primeiramente, a limitação de área protegida, já que não é viável a aplicação sobre todo o interior da caldeira [8]. Em segundo lugar, há a dificuldade de fixação das telhas, por elementos mecânicos, e a exposição destes aos fenômenos de erosão e corrosão, levando a seu rompimento, consequente desproteção das paredes d'água e necessidade de remoção das telhas que caem [7]. No que tange à aspersão térmica, as limitações são encabeçadas pela própria natureza do processo, que não resulta em uma ligação metalúrgica entre revestimento e substrato, mas em uma adesão mecânica. Principalmente sob situações de ciclos térmicos e presença de materiais dissimilares, com diferentes coeficientes de dilatação térmica, falhas locais de adesão até desplacamento de parte do revestimento por fadiga térmica pode ocorrer [7, 13]. A intrínseca presença de porosidade em depósitos por aspersão térmica torna o revestimento permeável aos elementos corrosivos, permitindo que alcancem e ataquem o substrato [7, 14]. Portanto, principalmente para situações de maior criticidade em relação a ciclos térmicos e mecanismos de desgaste, se recomenda o uso de revestimento por soldagem (união metalúrgica e isenção de poros) em detrimento à aspersão térmica [9], sendo que se menciona, sob condições similares, uma vida de 4 anos para revestimento por aspersão térmica e 10 ou mais anos para soldagem [7, 4], podendo chegar a até 20 anos [6]. Adicionalmente, a aspersão térmica se caracteriza por elevado impacto ambiental, com alto nível de emissões (acústicas, fumaça, respingos) [15], reduzindo a qualidade de trabalho do operador e, no caso de aplicação on-site, exigindo exclusividade de operação dentro da caldeira, impactando todo o planejamento de manutenção. Em assim sendo, a opção de revestimento por soldagem se mostra superior às outras e, de fato, tem sido nas últimas décadas alvo de P&D em processos, automação e materiais. Apesar de haver aplicação manual desta técnica [16], se enfatiza o desenvolvimento de inovações para automatização deste processo, com claros benefícios em qualidade, produtividade e repetibilidade. É importante também citar que a independência da habilidade de soldadores traz mais segurança ao cronograma da parada de manutenção e mais imunidade a escassez de mão de obra e absenteísmo. A literatura tem relatado sistemas baseados em cabeçotes de soldagem (manipuladores de tocha) para operação onsite, que se deslocam sobre trilhos, descrevendo trajetórias que buscam otimizar a qualidade dos depósitos sobre as paredes d'água. Os trilhos normalmente têm grandes dimensões, tornando o sistema capaz de cobrir uma grande área e realizar cordões de grande comprimento ininterruptamente [4, 6, 7, 11, 12, 17]. O LABSOLDA, em parceria com a TRACTEBEL ENERGIA, já abordou este tema em projetos prévios, também focando aplicação on-site, tendo realizado aplicações experimentais em caldeira de uma unidade da empresa [18]. A partir de resultados obtidos, do know-how gerado, de informações angariadas da literatura e de contatos estreitos com pessoal de campo, a continuidade da linha de P, D &I se dá pelo desenvolvimento de um sistema ainda mais robusto e dedicado, com configurações para aplicação tanto on-site, como em oficina. Para esta segunda opção, se almeja a solução completa para construção do painel de tubos, incorporando a operação de soldagem de união membranatubo. Em termos de processos de soldagem, predomina a aplicação do processo MIG/MAG em sua versão Pulsada [4, 6, 11, 12, 16], com suas vantagens de estabilidade e controlabilidade da transferência metálica e da poça de fusão, além de menor tendência de falta de fusão e porosidades. Seus benefícios ficam ainda mais evidentes em soldagem fora da posição plana (como é o caso da aplicação em questão), tendo sido foco, dentro da parceria TRACTEBEL ENERGIA e LABSOLDA-UFSC, de um trabalho de grande impacto para revestimentos em usinas hidrelétricas [19]. Não obstante, outras variações do MIG/MAG também serão exploradas. O desafio presente é a formulação de procedimentos e parametrizações dedicados aos materiais resistentes à corrosão nas termelétricas, com capacidade para operar em malha fechada, se adaptando e corrigindo de forma autônoma às condições instantâneas do arco elétrico, provendo estabilidade ao processo. III. PROCESSO MIG/MAG PARA SOLDAGEM DE REVESTIMENTO - DESENVOLVIMENTO DE PARAMETRIZAÇÃO DO PROCESSO O que notabilizou o revestimento por soldagem como preferencial escolha para proteção de paredes d'água em termelétricas foi sua capacidade em obter uma ligação metalúrgica revestimento-substrato, ao mesmo tempo em que mantém as propriedades de resistência à corrosão / erosão do revestimento. No entanto, estas premissas têm um caráter antagônico, já que se busca fusão do material de base, o que acarreta em mistura, na poça de fusão, dos materiais de base (baixa resistência) e do revestimento (alta resistência). Os esforços, então, são no sentido de garantir a fusão do metal de base, mas num nível meramente suficiente para haver uma poça de fusão comum e ligação metalúrgica, minimizando a contaminação do material do revestimento por material do substrato a ser revestido, ou seja, baixa diluição. Especificamente para os mecanismos de desgaste das paredes d'água de termelétricas, se aplicam revestimentos com aço inoxidável 309 e ligas de Ni Inconel [5, 6, 9]. Tais materiais, entre outras fatores, garantem (desde que se garanta diluição adequada) um teor de 20 % ou mais de Cr no revestimento, que é o principal responsável pelas propriedades de resistência. A obtenção de tais valores de diluição, com a devida homogeneidade sobre toda a área revestida, não é obtenível pela soldagem manual. Tal técnica resulta em cordões de grande espessura, variação de velocidade de soldagem e de posicionamento relativo tocha-substrato, além de inúmeras interrupções e reinícios de solda, mesmo que realizada por soldador de elevada experiência. A rota tecnológica de escolha é, portanto, a automação do processo. Reportam-se na literatura desenvolvimentos de sistemas de automação e variantes de processos de Soldagem, cujas características e parametrizações, simbioticamente, são capazes de obter as desejadas propriedades de qualidade e baixa diluição do revestimento [4, 6, 7, 11, 12]. A técnica consiste na aplicação do processo MIG/MAG em uma elevada faixa de corrente (transferência metálica no modo spray), na posição vertical descendente e com elevada frequência de tecimento (oscilação da tocha). Elevada energia e transferência metálica por spray proveem fusão necessária, produtividade, estabilidade e qualidade; a posição vertical descendente possibilita alta velocidade de soldagem e adequada geometria do cordão de solda; alta dinâmica de movimentação da tocha (velocidade e frequência de tecimento) fornece alta produtividade e garante baixa penetração e diluição. Esta técnica também resulta em baixas espessuras de revestimento, em torno de 1,8 mm [4, 6, 7]). Tais espessuras, para as correspondentes baixas taxas de desgaste, já são suficientes para obtenção de vida satisfatória do revestimento, e representam minimização do material aportado e, portanto, dos custos agregados (materiais de alta resistência são caros). Neste contexto, se estabeleceu como meta o desenvolvimento próprio do processo de revestimento para as condições presentes no LABSOLDA, para exploração da técnica, de suas dificuldades e identificação de trajetórias de evolução. Para isso, foram conduzidos ensaios para parametrização do processo de soldagem e de sua automação, com posterior avaliação tanto do depósito obtido, como da performance do sistema mecanizado. Foi utilizada para os testes uma bancada montada em uma célula de soldagem composta de um robô antropomórfico (1) e uma fonte de soldagem eletrônica (2), conforme a Figura 1. Os corpos de prova consistiram em chapas de aço 1020 de 6,3 x 100,0 x 150,0 mm posicionadas na posição vertical, sempre sob mesmas condições iniciais. Figura 1. Célula de soldagem automatizada. A Tabela 1 mostra os parâmetros de soldagem, que resultaram em uma corrente média de 180 A. Para avaliação da influência do regime de movimentação da tocha, foram realizados ensaios com 2,0; 3,0; 4,0 e 5,0 Hz de frequência de tecimento. Tabela 1. Parâmetros de soldagem aplicados nos ensaios. Arame 309 L; Ø = 1,2 mm Gás de proteção Ar + 3 % CO2 + 2 % Ni Vazão de gás 15 l/min Velocidade de arame 10,5 m/min Tensão 30 V Velocidade de soldagem 40 cm/min Amplitude de tecimento triangular 8,0 mm Distância bico de contato-peça (DBCP) 15,0 mm Como se pode ver na Figura 2, os cordões realizado com 4,0 e 5,0 Hz apresentam melhores características geométricas, com ondulação menos acentuada e isenção de mordeduras, as quais se observam para 2,0 Hz. Para revestimentos, onde há sobreposição de cordões adjacentes, é importante a qualidade e homogeneidade das bordas dos cordões individuais. C Figura 3. Cortes longitudinais nos cordões, para análise do perfil de penetração longitudinal. Confirmou-se forte variação na linha de fusão (interface cordão - substrato) para menores frequências. Este fato leva a considerar, para futuras análises, métodos mais diretos de medida da diluição, com base na análise efetiva da composição química do revestimento, como já proposto por outros autores [20, 21]. De fato, realizou-se análise de composição química via MEV dos cordões em diferentes áreas da seção longitudinal, como mostrado na Figura 4. 2,0 Hz 5,0 Hz Figura 4. Pontos de medição da composição química via MEV. 2,0 Hz 3,0 Hz A análise resultou em um teor médio de 17,65 % de Cr para 2,0 Hz, com um mínimo de 16,24 % no ponto mais próximo à linha de fusão. Para 5,0 Hz, a média foi de 20,1 % de Cr. Não só o teor, mas sua homogeneidade ao longo do revestimento são importantes para a confiabilidade do revestimento em serviço. IV. 4,0 Hz 5,0 Hz Figura 2. Cordões de solda realizados com diferentes frequências de tecimento. O cálculo da diluição dos cordões de solda, que é a proporção do volume de material de base fundido sobre o volume de todo o metal de solda (base + material de adição), resultou em valores de 17,1 % para 2,0 Hz, 24,5 % para 3,0 Hz, 19,4 % para 4,0 Hz e 15,1 % para 5,0 Hz. (Esta proporção é normalmente calculada pela medida da área transversal do metal de solda.) A não linearidade observada de 3,0 Hz para 2,0 Hz, assim como a observação da geometria irregular das bordas do cordão para menor frequência de tecimento, levou à decisão pela análise do perfil longitudinal da interface cordão - substrato. Uma variação de diluição nesta direção estaria mascarada em uma análise apenas do corte transversal. Foram realizados cortes também na direção longitudinal, no centro e na borda do cordão (Figura 3). B DESENVOLVIMENTOS DO PROCESSO DE REVESTIMENTO SOBRE PAINÉIS DE PAREDES D'ÁGUA O próximo passo foi a transposição dos resultados para um feixe de tubos em escala real. Foi montada bancada adjacente à mesma célula de soldagem, como mostra a Figura 5. Nota-se a adoção de sistema de refrigeração a água pelos tubos (mangueiras nas extremidades) para redução das distorções térmicas e manutenção das condições de soldagem ao longo de todo o processo. Em adição, foi aplicada uma pré-deformação oposta à distorção térmica causada pela solda. rente de referencia de 170 A para controle da DBCP. Figura 5. Bancada para revestimento de painéis de paredes d'água. Tabela 2. Parâmetros do MIG/MAG Pulsado em modo misto. Testes iniciais para revestimento sobre um painel de 2,0 m de comprimento mostraram resultados insatisfatórios e heterogêneos, para regulagens de soldagem e movimentação fixas. As discrepâncias ocorriam conforme se alterava a região do painel a ser processada. Em um análise mais aprofundada, onde a monitoração dos dados de soldagem não identificou irregularidades, se concluiu que os parâmetros de movimentação efetivos não correspondiam aos regulados. Foi realizada verificação, via filmagem de alta velocidade, do real regime de movimentação do TCP (tool central point) do robô, que confirmou dissonância com os parâmetros regulados. De fato, nas faixas de frequência de tecimento e velocidade de soldagem demandadas, há sobresolicitação dos motores das juntas do robô, que, então, limita sua dinâmica para determinadas posições do TCP (tocha de soldagem). A solução foi posicionamento do feixe em uma condição na qual todas as regiões a serem revestidas resultavam em uma posição da tocha de soldagem na qual o robô mantinha os parâmetros regulados, que é a situação mostrada na Figura 5 (feixe na frente do robô). Apesar de se obter um processo estável, as condições de aplicação sobre tubos de painéis são distintas daquelas sobre chapas planas, o que acarreta em diferenças no resultado. Como mostra a Figura 6, o revestimento tem boas características geométricas, porém apresenta excesso de respingos aderidos à superfície. Os respingos aderidos representam pontos de descontinuidade na camada de óxido que protege o material abaixo, configurando potencial sítio de início de corrosão / erosão. Isto, para a aplicação em questão, pode ser fatal. Portanto, excesso de respingos aderidos deve ser evitado. Tensão de pulso Up Tempo de pulso Corrente de base Tempo de base Velocidade de arame 34,0 V 4,0 ms 90 A 8,0 ms 6,0 m/min A geometria do painel de tubos exige programação diferenciada das trajetórias de movimentação da tocha. A superfície deve ser revestida com sucessivos cordões sobrepostos em suas laterais, em uma sequência que minimize tensões, distorções e espessura da camada, conforme recomendações da literatura [5]. Para a topologia do painel em questão, a Figura 7 ilustra a sequência de cordões e a Tabela 3, os respectivos parâmetros de movimento. Nota-se, que foi necessária alteração em relação aos resultados descritos no item III, chegando a frequências de 2,0 Hz. Resta ainda a realização de ensaios para verificação do perfil da diluição resultante sobre o painel. Figura 7. Distribuição de cordões sobre o painel de tubos, depositados conforme sequência da Tabela 3. Tabela 3. Parâmetros de movimentação do robô na soldagem do inox 309. Cordão Figura 6. Revestimento e detalhe de respingos aderidos. Com a intenção de melhorar a qualidade do revestimento, se decidiu pela adoção do modo pulsado do processo MIG/MAG, por suas características de melhor estabilidade na transferência metálica [19]. No entanto, o MIG/MAG Pulsado com imposição pura de corrente não permitiria a utilização de um recurso do sistema robótico que estava sendo aplicado, o controle automático de DBCP. Este fato levou ao uso do MIG/MAG Pulsado em modo misto, no qual a tensão é controlada no tempo de pulso de energia, permitindo a leitura da corrente durante este tempo como sinal de erro do sistema de controle em malha fechada. A Tabela 2 mostra a parametrização resultante, com uma cor- Membrana Junção Lateral Topo Velocidade de Soldagem (cm/min) 42 63 68 64 Amplitude (mm) 3 5 3 3 Frequência (Hz) 2 3,9 2 2 Tempos Parada (s) 0 0,2 0 0 Como mostrado na Figura 8, o resultado do revestimento foi satisfatório, com alta qualidade do acabamento superficial. metálica, o que ocorreu neste caso, numa taxa de 4000 quadros/s. Foi alcançada determinada estabilidade no processo, evidenciada pela pouca variação de tensão (pulso e base) nos oscilogramas da Figura 9. No entanto, a mesma figura mostra que ainda são expelidos gotas secundárias de menor diâmetro, após a gota principal (que deveria ser única) e uma característica explosiva em certos momentos. Isto pode acarretar em respingos aderidos à superfície e também desperdício de material de alto custo, além de emissão de resíduo sólido. Em decorrência disso, desenvolvimentos do processo ainda estão em andamento para eliminar as gotas secundárias, ou reduzi-las em alto grau. Figura 8. Painel revestido de modo automatizado. V. APLICAÇÃO DO MANIPULADOR ROBÓTICO O robô antropomórfico prova-se como uma excelente ferramenta, que fornece alta flexibilidade e agilidade a desenvolvimentos de processos de soldagem. Sua aplicação em campo, no entanto, é inviável devido a suas dimensões e peso. Suas características geométricas, cinemáticas e de programação são amplas (o que também eleva seu custo), mas não dedicadas especificamente ao revestimento dos feixes (de grande comprimento e superfície tubular). Muitas das funcionalidades de que os robôs antropomórficos são dotados são supérfluas para a operação de revestimento de paredes d'água. Portanto, uma solução dedicada, materializada num manipulador robótico dedicado, se mostra muito mais atrativa. Na sequência do desenvolvimento, foi testada a performance do manipulador robótico já disponível na reprodução do processo ora desenvolvido com o robô antropomórfico. A. Processo de Soldagem MIG/MAG Pulsado Uma funcionalidade ainda não presente no sistema de controle do manipulador disponível é a correção automática de DBCP. Desta maneira, ensaios iniciais envolveram cordões de solda de menor comprimento e eventuais correções na DBCP foram feitas manualmente pelo operador. Outra consequência foi a adoção do modo normal do processo MIG/MAG Pulsado, ou seja, com controle puro de corrente. A determinação dos parâmetros de pulso de corrente (forma de onda) exige etapas experimentais, nas quais é realizado monitoramento do processo via oscilogramas de tensão e corrente. Esta etapa pode ser enriquecida com sincronização de filmagem em alta velocidade da transferência Figura 9. Monitoração do processo MIG/MAG Pulsado, com oscilogramas de tensão e corrente sincronizados com filmagem de alta velocidade (esq.:gotas secundárias; dir.: explosão de gota. B. Movimentação do Manipulador Robótico Como mencionado anteriormente, a atratividade de um sistema dedicado para aplicação do revestimento reside em sua simplicidade e capacidade se adaptar plenamente à aplicação sobre painéis de paredes d'água. Uma das premissas para isso é possibilidade de realizar o necessário movimento de tecimento em planos diferentes do plano xy da base do manipulador, para manutenção das condições de aplicação ao redor dos tubos, acompanhando sua forma circular. Para isso, é necessário que o equipamento possa sincronizar o acionamento dos eixos transversal (y) e vertical (z) da tocha de soldagem. Para ilustrar o requisito colocado, a Figura 10 mostra a situação sob técnicas tecimento apenas no eixo y e sob oscilação angular da tocha (ambas presentes em sistemas disponíveis no mercado). Nota-se que para ambas há variação significativa da DBCP, o que, então, limita exploração de procedimentos com maiores amplitudes de tecimento. Já o tecimento em dois eixos desenvolvido no escopo do presente trabalho fornece uma condição mais adequada, com menos variação da DBCP e menos influência sobre o processo. Figura 10. Técnicas de tecimento: A) apenas no eixo y; B) angular (pendulamento); C) em dois eixos (y, z). A execução da trajetória em plano inclinado exigiu devido cálculo cinemático, assim como implementação do software de controle e da interface-homem-máquina (IHM). (Detalhamento dos cálculos e das linhas de comando não é escopo do presente trabalho.) Os ensaios foram realizados em bancada preparada para o manipulador, como mostra a Figura 11. Figura 13. Bocal de proteção: A) modelo inovador adotado, permitindo melhor posicionamento da tocha B) bocal convencional. Testes preliminares em vazio, com filmagem em alta velocidade, revelaram uma distorção do movimento de tecimento resultante na ponta da tocha, o qual foi regulado e comandado para traçar uma trajetória triangular. A discrepância (mostrada na Figura 14) é atribuída a folgas nos acoplamentos e vibrações do sistema trilho-manipulador. Estes aspectos serão levados em consideração na concepção e projeto da próxima versão do sistema integrado. Figura 11. Bancada de ensaios do manipulador: 1- fonte de soldagem; 2 manipulador e trilho; 3 - unidade de controle do manipulador; 4: IHM; 5 base basculante. Nesta etapa foi identificada incapacidade do manipulador disponível em gerar frequências de tecimento em plano inclinado acima de 1,0 Hz, devido a limitações de velocidade dos eixos y e z. Desta maneira, foi necessário alterar os parâmetros de soldagem, incluindo adoção de arame-eletrodo de menor diâmetro (1,0 mm). Com uma corrente média de 150 A, velocidade de arame de 5,8 m/min, vazão de 12 l/min de Ar+25 % CO2 como gás de proteção, velocidade de soldagem de 20 cm/min e tecimento com frequência de 0,6 Hz e 8,8 mm de amplitude, foi alcançado o resultado mostrado na Figura 12. Figura 12. Revestimento aplicado com tecimento em plano inclinado. Uma primeira iniciativa para sanar a limitação de frequencia de tecimento foi a adoção de menores reduções nos acionamentos dos eixos em questão. Isso acarretou em menos resistência ao movimento e, assim, em movimentos não planejados devidos a ação da gravidade ("queda" dos eixos, quando em repouso). Este problema, por sua vez, foi sanado com a introdução de motores com freio. Testes e desenvolvimentos de novos procedimentos estão em andamento. Para os revestimentos em painéis reais foi adotado um modelo inovador de bocal do gás de proteção, que permite melhor posicionamento da tocha nos planos mais inclinados (Figura 13). Figura 14. Trajetória efetiva da ponta da tocha, para um tecimento regulado como triangular. VI. EVOLUÇÃO DO SISTEMA MECÂNICO DO MANIPULADOR ROBÓTICO PARA REVESTIMENTO DE PAINÉIS DE TUBOS Para apresentar a evolução do sistema integrado dedicado, é importante certo aprofundamento quanto ao sistema que vem sendo aplicado. O manipulador cartesiano utilizado para as primeiras etapas do projeto foi batizado de Tartílope V4 e é do tipo CNC (controle numérico computadorizado) de quatro eixos. Ele é constituído basicamente por quatro subsistemas: manipulador da tocha, o gabinete de controle, a interface homem-máquina e o controle de correção manual, como mostra a Figura 15. Figura 15. Subsistemas do Tartílope V4. No manipulador, o eixo designado como X corresponde ao deslocamento do manipulador sobre um trilho, que pode ser flexível ou rígido, no sentido da soldagem. O eixo designado como Y, perpendicular ao eixo X, tem o papel de fazer movimentos de tecimento. O eixo designado como Z é fundamentalmente utilizado para ajustar a distância entre a tocha e a peça (DBCP). O eixo angular, designado como A, é responsável pela orientação da tocha de soldagem. O equipamento é acoplado a um trilho, fixado na parede da caldeira de forma paralela ao eixo dos tubos, por meio de sapatas magnéticas, como mostra a Figura 16. As sapatas magnéticas foram projetadas para se encaixar entre dois tubos. De acordo com os requisitos gerais do processo e procedimentos em desenvolvimento, foi elaborada inicialmente uma configuração para o revestimento de paredes de caldeira on-site, de forma a propiciar a produtividade e capacidade para uma grande área de trabalho. A Figura 17 mostra um modelo conceitual da configuração em desenvolvimento. Figura 17. Modelo conceitual do manipulador para revestimentos on-site. Figura 16. Sistema de fixação do manipulador ao painel de tubos. As limitações mecânicas apresentadas no item V, e consequente dificuldade de continuar o avanço no desenvolvimento de processos e procedimentos de elevada performance levaram a alterações no projeto do Tartílope V4. Todavia, se chegou na saturação do projeto, e novas melhorias ainda necessárias implicariam em alterações radicais em toda a arquitetura do sistema. Foi então feita a opção por um novo projeto, partindo de um novo conceito com foco na elevada dinâmica de movimentação. A. O conceito do sistema modular (Tartílope VX) para Revestimento on-site O novo conceito adota uma arquitetura modular, que deve permitir a combinação dos diferentes sistemas componentes gerando um leque razoavelmente grande de opções, podendo atender de maneira dedicada a cada um dos cenários de aplicação por meio de uma configuração customizada. Para as diferentes vertentes tecnológicas a serem abordadas no projeto (diferentes processos de soldagem: MIG/MAG, PTA-P e Plasma-MIG; diferentes condições de aplicação: on-site e em oficina; diferentes processos: revestimento e união) é possível escolher os módulos que melhor atendam às solicitações. A concepção inicial do sistema prevê três módulos (Tabela 4), sendo que cada módulo comporta diferentes opções inerentes ao processo e à aplicação. A estrutura, segundo os módulos apresentados na Tabela 4, fica assim configurada (e ilustrada na Figura 18): M1F: módulo capaz de posicionar o M1D no sentido perpendicular a soldagem (Y’), posicionando assim de modo “grosseiro” o manipulador, de modo a deixar o braço (Y) responsável apenas pelo tecimento. A utilização de trilhos flexíveis se justifica devido a possíveis curvaturas e imperfeições na parede da caldeira que devem ser absorvidas parcialmente. M1D: terá um conjunto de guias prismáticas e um fuso de esferas que promoverá o deslocamento de uma plataforma na qual será acoplado o M2E. O M1D será dinâmico ao longo da soldagem sendo ele responsável pelo movimento de avanço da tocha. M2E: responsável pelo tecimento, que pode envolver a movimentação de três juntas (duas prismáticas e uma rotacional). Será acoplado na plataforma do M1D e servirá de base para o M3A. M3A: responsável pela armazenagem e alimentação do material de adição. Pelo fato de estar o mais próximo possível da tocha reduz o comprimento e peso do mangote (melhorando condições dinâmicas da tocha), e também reduz a quantidade de unidades a serem manipuladas e transportadas, pois se elimina o alimentador de arame isolado. Tabela 4. Características do sistema modular concebido. Módulo Função Tipo 1 Movimentação do manipulador Trilho rígido Trilho flexível 2 Movimentação da tocha Espacial Linear 3 Sistema de alimentação Arame Pó Figura 18. Vista explodida dos módulos do modelo conceitual do manipulador para revestimentos on-site. B. O conceito do sistema modular (Tartílope VX) para Revestimento Prévio em Oficina Uma opção tecnológica adicional considerada no projeto de P&D é a confecção do revestimento em oficina de painéis novos, que posteriormente substituirão regiões deterioradas das paredes d'água das caldeiras. O principal fator favorável a esta opção é a dificuldade de aplicação on-site, diretamente sobre as paredes d'água. Dentro da caldeira a mobilidade é altamente limitada, o que dificulta o transporte e manipulação de todo o aparato de aplicação. Um agravante reside na execução concomitante de diversas operações de manutenção, pois o cronograma de paradas de manutenção deve ser racionalizado, e transito incessante de pessoas e materiais pelos andaimes. Outro fator complicador é a necessidade de limpeza prévia da superfície a ser revestida, que deve estar livre de escórias, cinzas e ferrugem. Esta operação é feita por jateamento de areia e aumenta a poluição interna à caldeira. De fato, a atmosfera interna à caldeira durante as paradas de manutenção é intrinsecamente contaminada, contendo alto teor de partículas em suspensão (Figura 19). Não somente estas partículas, como materiais que possam vir a cair de operações em andares superiores à operação de revestimento por soldagem, podem ser fatalmente deletérias à qualidade do resultado, levando a altos índices de retrabalho. Figura 19. Atmosfera interna à caldeira e andaimes de trabalho. Diante desta realidade, se deu início à concepção de uma variação do sistema integrado para confecção do revestimento previamente sobre tubos novos, em oficina. Nesta configuração, o sistema também será capaz de realizar a solda de união membrana-tubo para fabricação dos painéis, com qualidade e produtividade. Primeiramente, se deu a definição dos requisitos gerais do projeto. O sistema deve prover, de acordo com os procedimentos de soldagem previamente descritos, elevada dinâmica de movimentação, robustez / baixo erro de posicionamento e de movimentação / repetibilidade, rigidez ao ambiente industrial, para aplicação em painéis de tubos de até 6 metros de comprimento na posição vertical, com capacidade de lidar com o empenamento dos mesmos ao longo do processo. O modelo conceitual do sistema é apresentado na Figura 20. Estruturalmente, ele se adere ao conceito modular apresentado, e consiste de um M1F (eixo x) e um M2E (eixos z, y e rotação A). O protótipo está no momento em construção e os resultados dos testes será tema de trabalhos futuros. Figura 20. Modelo conceitual do sistema para revestimento em oficina. VII. CONCLUSÕES O presente trabalho se insere no escopo de um amplo projeto de P&D, mas está contido na continuidade de linhas de pesquisa do LABSOLDA. Nas etapas abordadas neste trabalho, foi possível adquirir e gerar conhecimento e experiência prática, que nortearão o andamento do trabalho. Foram criados subsídios tanto na vertente de processo de soldagem como de projeto de sistema de automação. Em termos do processo de soldagem, o processo MIG/MAG se provou adequado para o revestimento dos tubos. Confirmou-se, também, o potencial de alta qualidade do revestimento da filosofia de alta energia e alta dinâmica de aplicação (alta frequência de tecimento). Tais resultados são atingíveis tanto com o MIG/MAG Pulsado como em spray. No entanto, é necessária adequada parametrização de movimento, que resulte em perfil homogêneo de penetração, assim como rigidez e confiabilidade do sistema de automação, para que a trajetória de tecimento reproduza de fato os valores regulados. Adequada parametrização do MIG/MAG pulsado é necessária para estabilidade da transferência metálica e maior qualidade superficial. A aplicação de tecimento em plano inclinado, acompanhando o perfil circular dos tubos dos painéis, foi viabilizada e forneceu bons resultados de revestimento. No entanto, análise mostrou que ainda há desvios da trajetória real da tocha em relação à trajetória regulada. Isto foi considerado na definição dos requisitos de projeto do novo sistema integrado. As limitações observadas de sistemas de automação da soldagem comerciais, presentes inclusive em equipamentos de alta tecnologia, como robôs antropomórficos, contribuem para justificar plenamente o desenvolvimento de um sistema dedicado. Os novos conceitos modulares apresentados, tanto para aplicação on-site, como para aplicação em oficina, são embarcados com todos os requisitos para alta produtividade e confiabilidade de desempenho e do resultado. A etapas seguintes visarão a consolidação da tecnologia. Pra isso, protótipos (já em fase de construção) serão testados em laboratório e em campo, avaliados e aperfeiçoados, com estreita colaboração da equipe técnica da empresa financiadora. Pelo menos mais um processo de soldagem de revestimento será avaliado (PTA-P - Plasma Pó), e será desenvolvido o processo de soldagem de união membrana-tubo, para fabricação dos painéis, no caso de aplicação em ofici- na. A consubstanciação da tecnologia, ao final do projeto, juntamente à formação de pessoal especializado altamente qualificado, representará significativa contribuição para elevação da confiabilidade e eficiência do parque termelétrico brasileiro. Este aspecto tem fundamental importância, considerando seu papel de complemento da matriz hidrelétrica nacional e corresponsável pela segurança energética nacional. VIII. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a toda equipe do LABSOLDA e da empresa IMC-Soldagem pelo esforço e apoio prestados. Agradecimento especial também é dirigido à equipe técnica da TRACTEBEL ENERGIA SA, pelo envolvimento e interação no trabalho. IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [16] [17] [18] [19] BIG - Banco de Informações de Geração. ANEEL. Disponível em www.aneel.gov.br O Brasil em 4 Décadas / IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2010. 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