Rodrigo Belloube - Revista Apólice
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Rodrigo Belloube - Revista Apólice
editorial Ano 19 - nº 193 Novembro 2014 Esta revista é uma publicação independente da Correcta Editora Ltda e de público dirigido Diretora de Redação: Kelly Lubiato - MTB 25933 [email protected] Diretor Executivo: Francisco Pantoja [email protected] Repórteres: Amanda Cruz [email protected] Lívia Sousa [email protected] Executiva de Negócios: Graciane Pereira [email protected] Diagramação e Arte: Ozzie Gheirart [email protected] Articulistas: J. B. Oliveira Luciano Máximo Tiragem: 15.000 exemplares Circulação: Nacional Periodicidade: Mensal CORRECTA EDITORA LTDA Administração, Redação e Publicidade: CNPJ: 00689066/0001-30 Rua Loefgreen, 1291 - cj. 133 V. Clementino Cep 04040-031 - São Paulo/SP Telefones (11) 5082-1472 / 5082-2158 Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião desta revista. São Paulo não para O Estado mais populoso do País conta hoje com mais de 44 milhões de habitantes, distribuídos em seus 645 municípios. Por aqui, tudo é super dimensionado, inclusive e principalmente, os problemas. Há excesso de carros nas ruas e falta de água nas torneiras. Estas duas questões permearam o nosso especial sobre a região. O seguro de automóvel é uma das carteiras que ainda encontra espaço para crescer, principalmente graças à entrada em vigor da Lei dos Desmanches, em julho deste ano. Agora, a polícia fecha os estabelecimentos irregulares. É pouco, mas se for regulamentado o Seguro Auto Popular, um novo horizonte se abre, com a possibilidade de entrada no mercado de mais quatro milhões de veículos, segundo estimativas de especialistas. As fraudes contra o mercado de seguros também são tema de nosso especial, por conta do Estado representar mais de 40% da arrecadação de prêmios do setor. Mais uma vez, considerando as proporções, tudo parece maior. Outro tema que aflige os paulistas é a falta de água. Quem poderia imaginar que chegaríamos ao ponto de comemorar quando o céu escurece e aparecem as primeiras gotas? Mostramos em nossas páginas como o mercado de seguros pode contribuir com produtos ligados à estiagem, como acontece nos Estados Unidos e na China. Torcemos para que a chuva venha! Boa leitura! Acesse nosso site www.revistaapolice.com.br Siga nosso twitter.com/revistaapolice Diretora de Redação Curta nosso Revista Apólice Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para [email protected] sumário 08 entrevista especial são paulo Munich Re apresenta o novo CEO no Brasil, que fala sobre o cenário atual e dos desafios que enfrentará a partir de janeiro de 2015 42 eventos Mercado reúne especialistas para tratar de temas como resseguro, o futuro da profissão de corretor de seguros, previdência privada, vida e novos produtos 50 educação 26 abertura Ter uma cidade mais sustentável para os cidadãos é o sonho de muitos paulistanos. O Plano Diretor aprovado este ano pode ser o primeiro passo para que isso se torne realidade 28 automóveis 34 fraudes 38 6 Escola Nacional de Seguros contrata novo diretor de Ensino Superior, responsável por novos cursos, MBAs e junção das unidades paulistas 52 marketing Zurich fala sobre os planos para 2015 e a importância em fazer com que a prestação de serviços se reverta em resultados 56 resultados O mercado de seguros se prepara para enfrentar a queda de produção na indústria automobilística, o que poderá afetar a cidade, que conta com a maior frota de automóveis do País Das quadrilhas especializadas às mais corriqueiras mentiras no momento do sinistro, o número crescente de golpes contra as seguradoras prejudica todo o mercado estiagem São Paulo enfrenta a maior seca dos últimos anos e o mercado precisa pensar em soluções para a crise hídrica que vão além do seguro rural Companhias do mercado divulgam balanços do último trimestre e demonstram que ainda tem força para crescer e diminuir os gaps do mercado 12 | painel 20 | gente 24 | direto de londres 54 | saúde 58 | comunicação entrevista | Rodrigo Belloube Oportunidades em todas as direções O novo CEO da Munich Re no Brasil, Rodrigo Belloube, fala sobre os novos desafios do cargo que assumirá em janeiro de 2015, bem como do cenário mundial de resseguros. Com 20 anos de mercado de seguros, o executivo conta que um dos maiores desafios globais será lidar com o comportamento das taxas de juros, baixas em decorrência da estagnação econômica e sem viés de alta, principalmente na Europa e EUA Kelly Lubiato APÓLICE: Como está a sua adaptação ao cargo de CEO? Rodrigo Belloube: Muito tranquila e gratificante. Passei um ano fora do País com o objetivo maior de me lapidar para a nova função, portanto tive tempo suficiente para refletir, conviver com vários colegas mundo afora e conversar com eles profundamente sobre temas de interesse comum, assim como sobre a estratégia e futuro de nossa subsidiária no Brasil. Conheci pessoas fantásticas e muito capazes, que me inspiraram e com as quais existe hoje uma relação 8 muito próxima, parceiros internacionais com quem podemos contar desde já no desenvolvimento de projetos no Brasil, junto com nosso time local, que se desenvolveu consideravelmente nos últimos anos e atingiu um nível de maturação avançado. Kurt Müller, presidente da MR do Brasil até o fim de 2014, tem sido um grande parceiro nessa fase de transição, e temos trabalhado juntos para que haja continuidade onde faz sentido manter o status quo, e evolução onde vislumbramos oportunidades a serem aproveitadas. APÓLICE: O Brasil ainda é um mercado de grandes oportunidades? Rodrigo Belloube: Em nossa visão, as oportunidades são maiores à medida que os vários elos da cadeia de distribuição de risco têm um enfoque direcionado à inovação, à sofisticação das soluções para o mercado, algo absolutamente necessário para o desenvolvimento do setor. Nosso posicionamento é de parceria estratégica com os clientes que nos escolhem, um ressegurador disposto a ajudar e estruturar soluções a quatro mãos não só através do resseguro tradicional de um risco específico ou portfólio, mas também na otimização do uso do capital e do balanço de nossos clientes, no desenvolvimento de produtos e serviços, em temas de vanguarda como telemática e big data, e no melhor aproveitamento de canais alternativos de distribuição, entre outras frentes. APÓLICE: Como está o mercado de grandes riscos no Brasil neste momento? A concentração de negócios das seguradoras afeta as resseguradoras? Rodrigo Belloube: O resultado agregado do mercado poderia ser melhor. Houve certa ‘comoditização’ do setor, uma mecanização do processo de pulverização de risco, com as negociações via de regra assumindo um caráter quase unidimensional, focadas predominantemente na variável preço, cujo valor médio teve trajetória de queda brusca ao longo dos últimos anos. Em parte, isso se deve ao desequilíbrio entre oferta e demanda, em parte porque tínhamos um mercado fechado até poucos anos. Mas não existe almoço de graça: mais cedo ou mais tarde, paga-se a conta. Nossa proposta é disruptiva no contexto em que as garantias podem ser muito superiores às atuais, relevantes para o polo segurado e economicamente balanceadas para que os usuários do mercado segurador e ressegurador encontrem nele liquidez e sustentabilidade no longo prazo. Algumas grandes corporações brasileiras já sentiram na pele a diferença entre a escolha por parceiros com estrutura local qualificada e resseguradores com presença tímida no País, em particular em cenários de certa complexidade envolvendo sinistros. Quanto à concentração, o mercado de resseguros continua em crescimento: os prêmios cedidos sempre ultrapassam aqueles do ano anterior. O “Queremos fazer uma parceria estratégica com clientes para estruturar soluções a quatro mãos, otimizando o uso do seu capital e do seu balanço, e atuando em temas de vanguarda, como telemática e big data ” desafio tem sido o resultado que geram, e não a falta de oportunidades em si. APÓLICE: Que produtos vocês disponibilizam para a linha de varejo das seguradoras? Rodrigo Belloube: Atuamos em praticamente todas as linhas no Brasil, ao ponto de sermos uma réplica em menor escala da Munich Re da Alemanha, nosso acionista. Nossos clientes dispõem de acesso irrestrito aos nossos especialistas locais, como também aos internacionais do Grupo, pois temos uma estrutura corporativa flexível e que promove a formação de equipes multidisciplinares e multiculturais para atuar em projetos ou demandas específicas de qualquer natureza. Além disso, entre os quatro pilares de Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil, um enfoca precisamente o desenvolvimento de produtos e serviços, em particular aqueles trabalhados a quatro mãos com nossos clientes a partir de um conceito que chamamos de Innovation Lab. APÓLICE: A pesquisa é fundamental para o negócio de resseguros. Como a sua empresa investe neste nicho? Rodrigo Belloube: Localmente, investimos em quatro pilares de pesquisa: otimização de capital, desenvolvimento de produtos e serviços, telemática e big data, e canais de distribuição. Além disso, acessamos os mais variados núcleos de P&D do Grupo Munich Re sempre que há uma necessidade do mercado local que possa ser melhor atendida por equipe internacional. Nosso posicionamento é no sentido de ser um parceiro estratégico relevante para nossos clientes, colaborando com os seus objetivos estratégicos e operacionais, ajudando a quatro mãos na concepção e implementação de ações concretas que viabilizem um crescimento sustentável. O resseguro entra como um elemento de gestão de risco, hedging, e de consolidação da parceria: estamos ao lado de nossos clientes seja qual for o resultado de tais iniciativas. APÓLICE: Vocês fazem parcerias com o poder público para levantar dados sobre riscos em países emergentes? Rodrigo Belloube: Sim, temos várias parcerias do gênero. O desenvolvimento foi mais rápido naqueles países mais expostos a catástrofes naturais e, portanto mais sensíveis ao tema, mas no Brasil há ainda ótimas oportunidades a serem exploradas, pois o governo praticamente não transfere seus riscos ao setor privado. É inequívoca a tendência ao agravamento dos cenários catastróficos no Brasil. Isso resulta de uma combinação de fatores, desde mudanças no comportamento climático até o adensamento urbano em grandes centros, com maior formação bruta de capital fixo. Em paralelo, o setor agrícola, em especial, se beneficiaria muito se fosse contemplado com uma política mais arrojada, com 9 entrevista | Rodrigo Belloube maior robustez no subsídio ao prêmio de seguro em apoio ao agricultor. Além de ser uma política social com benefícios diretos a um setor fundamental para a pauta exportadora do País, protegeria os recebíveis dos próprios bancos financiadores. APÓLICE: Comparado ao resto do mundo, o Brasil é lucrativo? Rodrigo Belloube: O Brasil tem performance inferior à média mundial no âmbito do resseguro. No mercado primário, tem boa rentabilidade, principalmente nos segmentos vinculados às camadas sociais em ascensão. O que nos APÓLICE: Qual é atualmente o maior faz acreditar no País é o enorme potencial risco global? Rodrigo Belloube: Para o mercado global, penso eu que o principal desafio hoje talvez esteja no comportamento das taxas de juro, baixas em decorrência da estagnação econômica e sem viés de alta principalmente na Europa e EUA, com a consequente pressão sobre o resultado técnico. Capitais alternativos, como fundos de pensão, vêm buscando remuneração compatível com suas obrigações futuras e, com o cenário descrito e como medida alternativa, aumentando suas posições em contratos catastróficos. Com isso, há um excesso de oferta em mercados específicos, notadamente o americano. Para os jogadores de menor peso, com reduzido ou nenhum valor agregado e cujo modelo depende excessivamente de uma estrutura leve para viabilizar competitividade em preços, os mares à frente poderiam ser turbulentos. APÓLICE: O Brasil ainda é um mercado que desperta interesse internacional? Rodrigo Belloube: Sim, mas com uma dose maior de realismo. Houve muitas empresas que desembarcaram no País, ou fundos nacionais que investiram em resseguro, pela primeira vez após a quebra do monopólio de resseguro – algo naturalmente legítimo -, mas com planos de negócio bastante ambiciosos que, no agregado, se mostraram inatingíveis. Há também alguma preocupação com o viés exageradamente litigante em alguns nichos, bem como uma ou outra corrente que busca promover reformulações no ordenamento jurídico com nuances quase exóticas. Precisamos manter o mercado nos trilhos e isso significa pensar sempre em qual a melhor solução para o País, e não para atores específicos. 10 latente que ainda não despertou, atendida a condicionante de que o foco saia de uma abordagem meramente unidimensional centrada em preço, para outra em que a inovação e agregados sejam a mola propulsora de desenvolvimento. APÓLICE: As recentes “estremecidas” na economia, com alteração na taxa de juros e alta da inflação, contribuem para piorar a imagem externa do país? Rodrigo Belloube: O cenário macroeconômico sempre fez parte da equação quando se analisam as perspectivas de um mercado ou setor, como todos sabemos. E os números dos últimos anos, 2014 em particular, não foram os melhores desde a reforma econômica de 1994, que trouxe a inflação a níveis mais digeríveis. Entretanto, o desempenho do mercado de seguros vem significativamente superando o crescimento econômico, com baixa correlação entre os dois, pois existe uma demanda não atendida de proporções consideráveis. No resseguro, o descolamento é um pouco menor. O Brasil continua a ser analisado sob uma lógica de longo prazo e a questão macroeconômica tende a ganhar importância à medida que, e caso, aumente a correlação dela com o comportamento dos mercados de seguro e resseguro, o que ainda não é o caso. Para atores cujas carteiras sejam mais dependentes dos níveis de investimento, como por exemplo as de riscos de engenharia e garantias, o cenário econômico tem outra dimensão. APÓLICE: Quais carteiras vocês apostam que serão mais promissoras no Brasil? Rodrigo Belloube: Nós apostamos em nos posicionar como parceiro estratégico de nossos clientes, ajudando a quatro mãos em projetos e iniciativas relacionadas à inovação, à sofisticação da oferta ao mercado, à agregação de valor e serviços a produtos de forma a atender demandas cada vez mais complexas e específicas. Em outras palavras, queremos ajudar nossos clientes, no papel de parceiros, a atingir seus objetivos estratégicos e operacionais. Também apostamos em nos tornar um veículo de otimização no uso do capital de nossos clientes, de forma a maximizar taxas de retorno. O resseguro é um instrumento fantástico e versátil, que pode ser utilizado na forma mais convencional, para soluções de riscos específicos ou portfólios, como também como elemento de financiamento, de compartilhamento de riscos e resultados. Recentemente, ajudamos uma seguradora brasileira a automatizar seu processo de venda numa linha específica, investindo recursos num sistema lógico avançado que simplifica a interação com clientes potenciais e reduz drasticamente o tempo de venda. Celebramos um contrato cota-parte de longo prazo como forma de selar a parceria. É nessa direção que vemos nossa operação e posicionamento se desenvolvendo. painel marketing Seguradora renova sua logomarca Perto de completar nove anos de operação no país, a Berkley adotou uma nova logomarca que vai ao encontro do processo de integração da identidade visual do Grupo Berkley. No caso do Brasil, a mudança será baseada na padronização de todas as companhias que atuam na América Latina. De acordo com o presidente da Berkley Brasil, José Marcelino Risden, o Grupo cresceu através da aquisição de empresas e da criação de startups que adotavam identificações próprias. Agora, em sintonia com uma nova linha de comunicação, a América Latina, assim como outras regiões do mundo, terá a mesma identidade, de acordo com o mercado em que atuam. “A proposta é de unificação. A agilidade e a inovação constituem os principais valores preservados ao longo dos últimos anos de operação no Brasil e fortalecem, ainda mais, nossa marca não só no mercado de seguros brasileiro como no latino-americano”, destaca Risden. Para o seu futuro no Brasil, tanto o presidente quanto o vice-presidente da companhia, Robert Hugnagel, não descartam a possibilidade de aquisições. Entretanto, eles deixam claro que isso somente acontecerá caso apareça algum negócio em consonância com a sua atuação. “Fazemos questão de ter uma atuação descentralizada, que permite a tomada de decisão de ponta, com destaque para a prestação de serviços. Isso só é possível graças ao grau de tecnologia que utilizamos e aos subscritores e técnicos que atuam em todas as regiões do País”, enfatizou Hufnagel. produto Novo seguro para equipamentos A Bradesco Seguros coloca no mercado o Bradesco Seguro Equipamentos, que abrange equipamentos de vários tipos e portes e pode ser comercializado por empresas dos ramos da construção civil, prestação de serviços, hospitais e clínicas especializadas e indústria. A cobertura básica do seguro garante indenização por perdas ou danos materiais causados aos bens descritos na apólice por qualquer acidente de causa externa, inclusive roubo ou furto qualificado. Já as coberturas acessórias cobrem danos elétricos, perda ou pagamento de aluguel e responsabilidade civil de equipamentos móveis. 12 credibilidade Índice de Confiança do setor de seguros volta a cair O Índice de Confiança e Expectativas do Setor de Seguros (ICSS), calculado a partir de pesquisa realizada pela Fenacor, voltou a cair em setembro. No período, o número chegou a 78,7%, uma queda de 3,1 pontos percentuais ante os 81,8% apurados em agosto. Ao cont rá r io do que foi sinalizado pelo levantamento feito em agosto, quando os indicadores permaneceram estáveis em comparação a julho (possivelmente na expectativa dos movimentos econômicos externos e internos), em setembro a tendência de baixa voltou a ser estabelecida, sobretudo nas respostas das resseguradoras e grandes corretoras. No caso do Índice de Confiança das Grandes Corretoras (ICGC), houve uma redução expressiva de 79,7% para 73,9%, indicando um pessimismo maior no segmento. Em menor grau está a queda da confiança dos resseguradoras, medida pelo ICER, que passou de 86,9% para 82,7%. Em contrapartida, o Índice de Confiança e Expectativas das Seguradoras (ICES) aumentou em setembro, passando de 79% (menor percentual apurado desde que o indicador foi criado, há dois anos) para 79,9%. painel viagem Repatriações sanitárias e evacuações de segurança pelo mundo evento 19ª edição A Árvore de Natal da Bradesco Seguros chega a sua 19ª edição, e será inaugurada no dia 29 de novembro no Parque do Cantagalo, na Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ). Considerada a maior árvore de Natal flutuante do mundo, segundo o Guinness Book of Records, a Árvore de Natal da Bradesco Seguros conta com 85 metros de altura, equivalente à de um edifício de 28 andares, e tem aproximadamente 542 toneladas. A estrutura é montada sobre uma base de 810 metros quadrados, composta por 11 flutuadores que pesam entre 12 e 16 toneladas. Cerca de 1.200 pessoas (entre produtores, engenheiros, técnicos e artistas) estão envolvidas no projeto. Desde 1996, ano da primeira edição, a Árvore conta com o patrocínio da Bradesco Seguros e o apoio da Prefeitura da cidade. Desde o início do projeto, a Árvore tem a direção criativa de Abel Gomes, da P&G Cenografia; criação de Roberto Medina e direção geral de Nelson Drucker, da Backstage Produções. “É muito gratificante participar desde 1996 do Natal da família brasileira, proporcionando magia e encantamento com a Árvore de Natal da Bradesco Seguros, um símbolo natalino em torno do qual as pessoas se reúnem para celebrar os valores mais essenciais dessa data”, declara Alexandre Nogueira, diretor da Bradesco Seguros. A Árvore será acesa de segunda a quinta-feira, do anoitecer até as 2h da manhã. De sexta-feira a domingo, o horário vai até as 3h da manhã. Ela será acesa pela última vez em 6 de janeiro, Dia de Reis. 14 Em menos de uma semana, a Assist Card Internacional foi acionada quatro vezes para fazer operações de repatriações sanitárias e evacuações de segurança em diferentes partes do mundo. As ações de resgate internacional começaram na última semana de agosto, sendo a primeira a transferência de um passageiro com insuficiência respiratória internado há dois dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Barcelona, na Espanha. Os médicos ordenaram a transferência imediata do paciente para Buenos Aires, Argentina, sua cidade de origem, para continuar o tratamento de estabilização. No segundo caso, um jovem de 17 anos sofreu uma fratura na terceira vértebra lombar na cidade de San Carlos de Bariloche, também na Argentina, e teve que ser levado às pressas para a capital Buenos Aires para concluir a recuperação. Já a terceira intervenção foi com um turista baleado após um assalto na cidade de San Andrés, na Colômbia, removido para uma clínica em Bogotá para receber os cuidados necessários. Em todas as situações, o atendimento foi feito por meio das ambulâncias aéreas da empresa. Todos os passageiros estão fora de perigo e apresentam melhora em seus quadros clínicos. A última ação envolveu 463 funcionários de uma multinacional automotiva asiática. Todos trabalhavam na Líbia e tiveram que ser transferidos para o Cairo, no Egito, devido à situação de incerteza gerada pelo conflito interno sofrido pelo país. A operação durou cinco dias. negócios Aquisição concluída A Ace Group concluiu a aquisição da carteira de Riscos Patrimoniais e Responsabilidade Civil (P&C) da Itaú Seguros S.A., do Itaú Unibanco S.A. A aquisição se integra às operações existentes da Ace no Brasil, que incluem um negócio estabelecido de linhas comerciais e pessoais de P&C, seguros de acidentes pessoais e saúde complementar, assim como seguros de vida e resseguro. “Itaú e Ace têm negócios complementares e compartilham de uma sólida e disciplinada cultura de subscrição”, afirmou Jorge Luis Cazar, presidente regional da Ace Latin America. “Clientes e corretores no Brasil contam agora com uma seguradora com maior abrangência local, maior conhecimento técnico e uma rede global para satisfazer todas as suas necessidades de seguro”, completou o executivo. painel evento 2 tecnologia Sincor-SC programa 3º Ecoseg SC O Sindicato dos Corretores de Seguros no Estado de Santa Catarina (Sincor-SC) realizará o 3º Encontro Catarinense dos Corretores de Seguros (Ecoseg SC). Nesta edição, o evento terá como tema “Os desafios do Corretor de Seguros na era Tecnológica” e contará com apresentações de profissionais da área para inserir os corretores no uso de ferramentas que proporcionem a evolução e novas oportunidades dentro do mercado. O 3º Ecoseg SC acontecerá entre os dias 9 e 11 e julho de 2015 no Centro de Eventos da Expoville, em Joinville. Mais informações sobre o evento pelo telefone (47) 3326-8894, pelo e-mail [email protected] e pelo site www.sincor-sc.com.br. ❙❙ Auri Bertelli, presidente do Sincor/SC Cotação online investimento Seguradora recebe aporte de R$ 340 mi O Conselho de Administração da MS&AD no Japão aprovou um aporte de capital de R$ 340 milhões na Mitsui Sumitomo Seguros, subsidiária brasileira do Grupo. Com a medida, o capital social da companhia passa de R$ 282 milhões para R$ 621 milhões, um aumento de 121%. Segundo Keiichi Hara, presidente e CEO da companhia no País, o aporte visa suportar os investimentos do Grupo no desenvolvimento de novos negócios e solidificar o posicionamento da empresa em solo brasileiro. Já Hélio Kinoshita, vice-presidente e COO da empresa, afirmou que a ação é um reconhecimento pelo trabalho efetuado até o momento, e reitera, principalmente, a força do Grupo Mitsui Sumitomo”. organograma Nova estrutura em Recursos Humanos A Buonny reestruturou sua área de Recursos Humanos e criou uma Política de Cargos e Salários. Idealizada por Silvia Nunes, gestora do ramo, a reestruturação foi pautada em recentes estudos e tendências de mercado, que apontam para a necessidade de um departamento de RH mais estratégico. De acordo com Silvia, antes do projeto não havia um levantamento das competências de cada 16 indivíduo da companhia. Além disso, a falta de um plano de cargos, carreiras e salários também contribuía para a rotatividade. Paralelamente à implantação do plano de Cargos e Salários, foi realizado um mapeamento de processos e identificação de pontos a serem aperfeiçoados nas rotinas de recursos humanos. O RH também se aliou estrategicamente a outras áreas dentro da empresa, como o marketing. A Zurich disponibiliza aos parceiros corretores o sistema de cotação CotaZ. Desenvolvido pela equipe de Tecnologia da Informação, a ferramenta chega ao mercado para facilitar a cotação do produto Automóvel. “É um passo de inovação utilizando as capacidades do novo Coresystem, tornando a interface aderente às necessidades dos clientes”, afirmou Carlos Goi, CIO da companhia para o Brasil e América Latina. O sistema já é implantado em 75% das filiais da seguradora em todo o Brasil. “Quando conseguimos reduzir o prazo de trabalho operacional para os nossos corretores, eles têm mais tempo para atuar na sua função principal que são as vendas e o relacionamento”, declarou João Bosco Medeiros, diretor comercial da companhia no País. painel mobilidade mercado 42,2% dos consumidores possuem aplicações Um levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) revela que os consumidores paulistanos estão poupando mais em vez de contrair novos financiamentos. Do total de entrevistados em outubro, 42,2% possuem algum tipo de aplicação – alta de 0,8 ponto porcentual. Além disso, dos consumidores endividados, 35,2% possuem aplicação, aumento de 2,9 pontos porcentuais em comparação a setembro (32,3%) deste ano. Intitulado como “Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE)”, o documento mostra que, dentre os tipos de aplicação, a poupança ainda é a modalidade mais escolhida (73,3%). Já a previdência privada vem ganhando espaço e, em outubro, alcançou 7,8% do total de entrevistados. A pesquisa mostra também que o Índice de Intenção de Financiamento caiu 3,5% em relação ao mês anterior, ao passar de 24,8 para 23,9 18 pontos. Quanto aos entrevistados, 87,1% deles não querem contrair nenhum tipo de financiamento nos próximos três meses e, na comparação anual, o desinteresse pela contratação de novas linhas de crédito aumentou 2,0 pontos percentuais. O cenário conservador fez com que o indicador de risco melhorasse justamente no ponto em que o risco é mais imediato: entre os consumidores endividados. A melhora de 2,4% no Índice de Segurança de Crédito deve-se ao aumento de 9,0% dos consumidores endividados e à diminuição de 2,7% na segurança daqueles que não possuem dívidas. Para a assessoria econômica da FecomercioSP, a evolução na segurança ocorre graças ao incremento da poupança das famílias e do conservadorismo em razão das incertezas momentâneas da economia do País. Além disso, enquanto o índice de desemprego estiver em baixa, o mercado de crédito não corre riscos excessivos de inadimplência. Contribuição para uma cidade ideal Já estão abertas as inscrições para o Prêmio Sinal Livre de Mobilidade Urbana, promovido pela Liberty Seguros, que tem como tema “Como a sua iniciativa contribui para uma cidade ideal?”. O cadastro é gratuito e deve ser feito pelo site www.premiosinallivre.com.br, até o dia 30 de novembro. Podem se inscrever pessoas físicas e jurídicas de todo o Brasil que tenham iniciativas engajadas na questão da mobilidade. Todos os projetos passarão pela triagem de um júri que escolherá cinco finalistas que, depois de classificados, serão disponibilizados no site para voto popular. A votação ocorrerá de 6 a 12 de dezembro e os internautas precisarão se cadastrar no site para votar, garantindo que cada voto seja computado uma única vez, de acordo com o CPF. Os cinco finalistas participarão do evento de premiação, que será realizado em São Paulo no dia 18 de dezembro, o vencedor receberá R$ 10 mil. Durante o evento, aberto apenas para convidados, também haverá um debate para promover a discussão sobre mobilidade urbana. “A premiação, além de reconhecer a importância da causa, é um estímulo para que o projeto possa ser ampliado e até mesmo reproduzido em outros locais onde há necessidade de ações de mobilidade”, explica Karina Louzada, superintendente de comunicação e marca institucional da Liberty Seguros. serviço sustentabilidade A Porto Seguro lançou a Rádio Porto Seguro Corretor. O novo canal é exclusivo para a web e pode ser acessado pelo portal Corretor Online e pelo celular, na versão mobile. Em 24 horas de programação, a rádio conta com músicas nacionais, além de entretenimento, notícias sobre produtos e serviços e dicas de negócios e programas que abordam temas como sustentabilidade, cidadania e gentileza no trânsito. Entre as principais propostas do canal está o apoio ao corretor na prospecção de negócios. Além do espaço para a música popular brasileira em toda a programação, a rádio traz a “Agenda Cultural Porto Seguro”, que inclui informações sobre peças, shows e outras atrações patrocinadas pela empresa e que possuem o benefício de desconto para corretores e seus clientes. Com a fiscalização cada vez mais rigorosa desde que a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) entrou em vigor, em 2010, a contratação do seguro ambiental no Brasil – principalmente por indústrias ou empresas que realizam obras com potencial poluidor – poderá crescer 50% em 2015, estima a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). Segundo a entidade, atualmente este seguro movimenta cerca de R$ 28,5 milhões e, para o próximo ano, a expectativa é que o número chegue a R$ 50 milhões em volume de prêmios. Para Marcio Guerrero, presidente da Comissão de Responsabilidade Civil da FenSeg, “grande parte das licitações, principalmente em relação às concessões de rodovias, já exige a contratação do seguro ambiental, um dos motivos que pode impulsionar esse seguro no próximo ano”. Rádio para corretores de seguros Demanda por seguro ambiental deve crescer Anuncio Ameplan Apesar da expectativa de crescimento do seguro, ainda há espaço a ser ocupado. De acordo com o executivo, uma das barreiras é conscientizar as empresas de que o investimento faz a diferença no equilíbrio financeiro das companhias. Entre os acidentes ambientais mais comuns, o executivo ressalta o “bota-fora”, a limpeza do terreno após a finalização de uma obra, e o combate à contaminação de um pequeno lote de um terreno. GENTE Diretoria de marketing passa por renovação A Aon anunciou Luis Felipe Barranco como novo diretor de marketing no país. O executivo, que atuava anteriormente como gerente de marketing corporativo da empresa, assume a nova função com a reestruturação da área e tem como principal objetivo potencializar a prospecção de novos negócios e a satisfação dos clientes. Como estratégia, a corretora também instituiu duas gerências que serão supervisionadas pelo novo diretor. Danylla Campos, com passagens pela Microsoft e ABES (Associação Brasileira das Empresas de Softwares), comandará a gerência de comunicação e eventos, desenvolvendo atividades de relações públicas, mídias sociais e publicidade e propaganda. Já Márcio Martins, que anteriormente atuava no marketing estratégico, ficará responsável pela gerência de suporte a vendas e retenção de clientes com foco em inteligência de vendas e mercado. Responsável anterior pelo departamento de marketing, Carla Abrunhosa assume integralmente a função de head de vendas, marketing e comunicação da empresa para a América Latina. A executiva continuará dando suporte a operação da Aon Brasil, em especial a nova diretoria. 20 Reeleição CVG-SP Em almoço realizado pelo CVG-SP, no dia 6 de novembro, foi anunciada a eleição da diretoria que cuidará da gestão 2015/2016 da entidade. Osmar Bertacini, presidente do conselho, fez o anúncio: “Eu declaro que a chapa vencedora, por aclamação, é a presidida por Dilmo Bantim. É tradição no CVG termos sempre uma chapa de consenso”, afirmou, desejando à nova diretoria uma excelente gestão. Reeleito, Dilmo agradeceu a aclamação. “Muito obrigado pela confiança que depositaram em mim e nessa diretoria. Faremos o nosso melhor para que o CVG-SP possa ser tudo o que Mudanças no comercial Ricardo Vaz é o novo superintendente comercial da RSA Seguros no estado de São Paulo. O executivo deve ampliar a base e fortalecer o relacionamento com os corretores e centrais de negócios do local e com foco em produtos para pequenas e médias empresas. Entre suas metas também estão aumentar as vendas no estado e buscar aproximação de entidades que representam o mercado de seguros e de corretores. Vaz é formado em Propaganda e Marketing pela Universidade Anhembi Morumbi, tem 20 anos de experiência no setor de seguros e ocupava o cargo de gerente comercial na empresa. desejamos dele, e que essa respeitável instituição possa atender cada vez mais e melhor os interesses dos mercados seguradores de Capitalização, Pessoas, Previdência Complementar e Saúde, contribuindo positivamente para elevar o conceito da instituição do Seguro”. O almoço contou também com a advogada Therezinha Corrêa, que analisou a nova resolução CNSP 315/14 que trata sobre o seguro viagem. Essa regra determina que apenas seguradoras podem comercializar seguro viagem, ou seja, assistências não estariam aptos a firmar esse tipo de contrato. Superintendente comercial Marcelo Leite assume o cargo de superintendente comercial da regional São Paulo da Generali Brasil Seguros. No exercício de suas funções, o executivo irá se reportar diretamente a Fabiano Rossetto, diretor comercial da Regional São Paulo. GENTE Novas contratações de resseguros ❙❙ André Morandi e Frederico Simões Domingues Foi aprovado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) em outubro, o nome de José Carlos Cardoso para compor o quadro do primeiro escalão do IRB Brasil RE. O novo vice-presidente de Resseguros da empresa deixou a presidência da Scor Brasil em setembro de 2014 para assumir o novo cargo, tendo sido responsável técnico e operacional pelas atividades de resseguro para toda a América Latina. No início de novembro, mais executivos foram integrados aos quadros da companhia, André Morandi, contratado para ocupar a Gerência de Riscos Corporativos e a recém criada gerência de negócios será assumida por Frederico Simões Domingues, que terá como desafio cuidar da área de Pesquisa e Desenvolvimento, compondo, assim, mais um “braço” da Diretoria Técnica. ❙❙ José Carlos Cardoso Diretora técnica no Brasil O XL Group anunciou Thisiani Matsumura Martins como diretora técnica de sua operação de seguros no Brasil, ainda sujeita a aprovação da Superintendência de Seguros Privados (Susep). A executiva passa a ocupar o cargo de Juan Bragadin, que continua na companhia como consultor para o mercado latino americano; e deverá fortalecer as soluções oferecidas pela empresa no País, liderando os processos de aprovação dos produtos, compliance e resseguro junto à Susep. Thisiani atuará a partir do escritório de São Paulo reportando-se a Renato 22 Rodrigues, gerente geral da operação de seguros do XL Group no Brasil. Reeleição no Sincor-RJ Os corretores fluminenses elegeram a Chapa 1, da situação, para um dos mandatos mais longevos do mercado de seguros. Ao completar a nova gestão, Henrique Brandão completará 30 anos no comando da categoria. O Estado do Rio de Janeiro possui dez mil corretores de seguros, sendo 1.200 sindicalizados. Destes, apenas 624 compareceram às urnas e se dividiram na votação, dando uma vitória apertada à situação. A contagem oficial dos votos foi feita por Henrique Berardinelli, diretor da Budget Consultoria, reconhecido pelas duas chapas como pessoa de estreita confiança para conduzir o processo. Assim que as urnas foram fechadas, às 17 horas, foi feita a ata e os fiscais das chapas, os candidatos e os grupos de apoio ocuparam o auditório do Sincor-RJ para assistir a contagem e o anúncio do resultado final. O placar oficial, acompanhado sob tensão, já que ora havia uma vantagem para um ou outro candidato, contabilizou o seguinte resultado: Chapa 1, da situação, liderada por Henrique Brandão, obteve 314 votos e Chapa 2, de oposição, obteve 307 votos. A diferença foi de sete votos para a chapa vencedora. Foram contabilizados também dois votos em branco e um voto nulo. direto de londres por Luciano Máximo* Lloyd´s para turistas Londres é uma das cidades mais vibrantes do globo, isso todo mundo sabe. É também uma das cinco mais visitadas: todos os anos, mais de 15 milhões de turistas circulam pelas ruas da capital inglesa — o Rio de Janeiro atrai cerca de 2 milhões de visitantes anualmente, de acordo com levantamento da consultoria Euromonitor. Mesmo sem nunca ter estado por aqui, muita gente também conhece as principais atrações turísticas londrinas: os tradicionais PUBs, os incríveis museus, se perder nos belíssimos parques, fazer aquela careta para a fotografia ao lado do soldado real de chapéu engraçado que está sempre imóvel, sequer pisca; tentar encontrar os cenários do filme de Julia Roberts e Hugh Grant ao passear por Notting Hill; apreciar a imponência do Big Ben e das Casas do Parlamento em Westminster e caminhar até o Palácio de Buckingham em Saint James ou até Tower of London, onde ficam expostas as joias da coroa sob um esquema de segurança digno de filme do 007. E tem muito mais... outro dia mesmo eu dei um break nos estudos para passear, porque ninguém é de ferro, não é mesmo? Mas minha escolha fez com que eu me perguntasse: “Não devo ser um turista lá muito normal?” Pois é, entre tantas opções turísticas, decidi visitar o famoso e “modernoso” prédio do Lloyd’s of London, que fica no coração financeiro de Londres. A visita permite nos lançar numa impressionante viagem por mais de três séculos de história econômica e política do Reino Unido e do mundo, tendo o seguro e o resseguro como um grande fio condutor. Tudo isso num am24 biente espetacular, que mistura tradição e modernidade o tempo todo. Eu tive a oportunidade de conhecer o Lloyd’s em Londres pela primeira vez em 2009. Mas foi uma visita profissional, para fazer uma reportagem para a Revista Apólice. Desde então, sempre quis voltar, para explorar cada cantinho desse prédio extraordinário e futurista, projetado pelo renomado arquiteto Richard Rogers (que também assina o museu Pompidou de Paris) e construído entre 1978 e 1984. Do lado de fora, na Lime Street, quem olha logo fica boquiaberto. A estrutura do edifício é única, lembra um enorme robô, com mais de 30 mil toneladas de concreto e mais de 40 mil metros quadrados de revestimentos em aço inoxidável e vidro. Do lado de dentro, passado, presente e futuro começam a dialogar. O “templo” do seguro tem mais de 300 anos e ainda é o lugar onde corretores, seguradoras e resseguradoras e empresas associadas negociam e compartilham a cobertura de praticamente qualquer tipo de risco imaginável, sempre presencialmente, na base do olho-no-olho, num ambiente com computadores modernos conectados aos mercados financeiros globais e mobiliário dos séculos 17, 18, 19 e 20, obras de arte e documentos históricos espalhados por toda parte, como apólices de seguro de navios cargueiros, ramo que tornou o Lloyds mundialmente famoso. Na Underwriting Room, na primeira parte do passeio, os visitantes podem perguntar aos simpáticos e elegantes guias Peter Fletcher e Robin Erswell sobre as apólices mais esquisitas que já foram fechadas no Lloyd’s. Um deles lembra que, com certeza, foi uma no século 19, quando 40 membros de um clube de uísque de Derbyshire, no interior da Inglaterra, conseguiram uma cobertura contra fogo e roubo de... suas barbas! Mas eles também lembram que alguns riscos são negados pela instituição. É o caso do diretor de cinema Stanley Kubrick. Nos anos 1960, antes da filmagem do clássico “2001: Uma Odisseia no Espaço”, Kubrick procurou os brokers do Lloyd’s em busca de algum tipo de seguro de risco civil para garantir proteção financeira na eventualidade de ele ter algum prejuízo caso vida inteligente no espaço fosse descoberta pelo homem antes do lançamento do filme. Ainda no amplo salão de negociação de riscos, onde é possível ver livros de corretagem centenários e vários objetos de escritório antigos, os visitantes aprendem que o Lloyd’s of London não ficou conhecido mundialmente só por ser um espaço onde é possível fechar seguro para quase tudo — os seguros mais extravagantes são mais exceção do que regra. Foi lá que grandes empreendimentos da humanidade tiveram, e ainda têm até hoje, a garantia para que fossem conduzidos. Exemplos são grandes explorações marítimas e, mais atualmente, o seguro de plataformas de petróleo em alto mar ou de grandes obras de infraestrutura. No Lloyd’s, um pool de seguradores ou resseguradores negocia os vários riscos de um projeto, que acabam fatiados entre os parceiros como forma de garantir a cobertura de um eventual sinistro bi- lionário sem afetar de maneira muito significativa o patrimônio e a liquidez desses players. No passado, quando uma apólice era fechada ou alguma boa notícia chegava aos corretores e seguradores de Londres, como, por exemplo, a chegada ao porto de um navio sem o registro de nenhum sinistro, soavam-se duas badaladas do sino de Lutine, cravado no centro da Underwriting Room. Quando chegava má notícia, um navio que afundou, um incêndio que destruiu algumas construções seguradas pelos membros do Lloyd’s, era apenas um toque. A peça, do século 17 e conservada até hoje, não é mais usada em referência aos negócios fechados atualmente, apenas em ocasiões muito especiais, como a visita da rainha no início deste ano ou o nascimento do primeiro filho do príncipe William com a duquesa Kate Middleton. O próximo passo da visita é a biblioteca e a Adam Room, onde até hoje funciona a sala de jantar do conselho do Lloyd’s. O detalhe é que o local foi projetado em 1763, pelo arquiteto escocês Robert Adam. Ela sobreviveu ao tempo e esteve sempre do mesmo jeitinho em todas as diferentes sedes do Lloyds nos últimos 250 anos. Uma longa mesa envernizada rodeada de pinturas históricas e antiguidades dão um tom de sobriedade ao local. O terraço do Lloyd’s of London encerra o passeio, com uma vista magnífica da cidade. Dali, o verde dos parques de Londres, a roda gigante, o Big Ben e tantos outros pontos turísticos da cidade desta vez ficam em segundo plano para mim. Como turista e entusiasta do universo dos seguros, a visita é mais que recomendada! Serviço O Lloyd’s of London oferece visitas guiadas para grupos de até 20 pessoas de profissionais do ramo de seguros e estudantes universitários. É cobrada uma taxa de 12 libras esterlinas por pessoa. Para participar é preciso apresentar documento de identificação com foto. Homens precisam estar usando paletó e gravata; mulheres, roupa social. Lloyd’s of London One Lime Street, London, EC3M 7HA Tel.: +44 (0)20 7327 5733 [email protected] Faça um tour virtual em www.lloyds.com * Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico, cobriu o setor de seguros e resseguros na Gazeta Mercantil 25 especial são paulo sustentabilidade Por uma vida mais sustentável Temos que repensar o espaço urbano. Este é o grande desafio da maior cidade do País, cujo Plano Diretor, aprovado em 2014, deverá ditar os rumos da sociedade nos próximos 16 anos Kelly Lubiato U ma cidade mais aberta aos cidadãos, com espaços públicos bem utilizados, com o centro ocioso melhor aproveitado, com calçadas mais largas, mais transporte público e maior convivência entre as classes sociais. Este é um resumo de uma cidade sustentável, o sonho de muitos paulistas. Para tentar se aproximar de um planejamento de médio prazo, a cidade de São Paulo conseguiu ver aprovado neste ano o seu Plano Diretor, que traça as diretrizes para o espaço público nos próximos 16 anos. O secretário de Desenvolvimento Urbano de São Pau26 lo, Fernando de Mello Franco, afirma que a cidade não pode ser vista como fragmentos. “Temos que olhar o quadro violento de diferenças sociais da cidade, dos territórios e dos agentes da população”. Apesar do plano ter sido apoiado por cerca de 179 entidades de organização social, o Plano foi contestado por outros setores da sociedades. O economista Marcos Lisboa, vice-presidente do Insper, acredita que o Brasil peca pelo excesso de minúcias na sua legislação. “Temos a legislação mais avançada do mundo em diversas áreas, como prevenção de incêndio, preservação de prédios públicos etc, que fracassam porque têm vocação autoritária. As leis deixam pouco espaço para as soluções temporárias. Em que medida a tentativa de regular acaba inibindo a capacidade de tentar?”, questiona Lisboa, que já atuou no mercado de seguros. Franco diz que a complexidade do Plano Diretor é um reflexo da sociedade. “Ele irá atravessar quatro gestões e não é apenas um plano de Governo. A complexidade e a contradição que ele expressa são reflexos da sociedade. O sonho de cidade tem que ter entrega imediata, com a transformação que todos querem com mudanças econômicas e sociais. Temos que continuar a articulação política que busque a composição e não o conflito”, declara o secretário. Os especialistas em urbanismo afirmam que uma cidade sustentável deve aprender a conviver com suas diversidades. Um dos exemplos mais claros deste modelo é a cidade de Nova Iorque, que promoveu várias políticas públicas para atingir um patamar social e econômico razoável para todos os grupos. Para o presidente do instituto Urbem, Philip Yang, a cidade precisa encontrar um modelo próprio de governança, que contemple a sua nova realidade. “São Paulo passou por um processo de inchamento. A população rural se dirigiu aos grandes centros e se concentrou. Por isso, precisamos de um novo modelo de governança, que priorize a ocupação do centro da cidade, a convivência nas calçadas e o fim do apartheid social. Exemplos disso são a Praia de Copacabana, o Central Park ou o Parque do Ibirapuera, que são espaços para a convivência de todos”, esclarece. Soluções pequenas podem trazer um impacto considerável. O ex-prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, usa o termo “acupuntura urbana” para tratar de pequenas intervenções. Ele foi o responsável pela revitalização da capital paranaense e diz que toda cidade precisa ter um sonho. “Inovar é começar, deixando espaço para que a população corrija quando o processo não estiver correto. A metáfora de uma cidade é uma tartaruga, exemplo de vida, trabalho e mobilidade juntos, com casco representando a tessitura urbana. Se cortássemos o casco – morando em um lugar, trabalhando em outro, separando as pessoas por renda, religião – ela morreria”, exemplificou. Lerner faz uma conta rápida sobre a cidade de São Paulo: são 5,4 milhões de carros na cidade, que basicamente ocupam 2 vagas (uma na residência e outra no trabalho). Considerando que duas vagas têm quase 50 metros quadrados, podemos dizer que elas ocupam o espaço de quase 5 milhões de moradias populares, junto à malha viária e não no fim do mundo. “Precisamos criar uma pílula anticoncepcional para o carro”, sentenciou. É importante lembrar que, antes, a sociedade cobrava benefícios básicos para a sua existência (saúde, educação, moradia, emprego). Hoje, as pessoas cobram a mobilidade, sustentabilidade e coexistência social. A única alternativa para o problema da mobilidade nas cidades é o transporte público, funcionando de maneira integrada. “São Paulo tem jeito. Vejo com bons olhos a prioridade que esta gestão de Fernando Haddad dá ao transporte público e à tentativa de usar áreas públicas. Curitiba teve compromisso com a simplicidade e a imperfeição. Nós criamos um eixo de vida, moradia, trabalho, ❙❙ Marcos Eduardo, da Mapfre tudo junto, ao longo dos corredores de ônibus. Não é viável transporte apenas duas vezes ao dia”, sentenciou Lerner. O presidente do Grupo BB Mapfre, Marcos Eduardo Ferreira, fala porque o anseio de termos mais qualidade de vida, de morarmos em um lugar mais seguro, vivendo com menos tráfego, numa cidade em que você veja mais as pessoas é de todo mundo. “Acho que o cidadão quer esta cidade. Gostaríamos de ter muros mais baixos e trabalhar mais próximos de casa. Este é um desafio que é tem que ser construído nos próximos anos”. Certamente, a iniciativa privada terá um papel fundamental nesta criação de um novo modelo de cidade. Ela pode fazer uma série de trabalhos em conjunto com o poder público. Os produtos de seguro, em especial, são transformadores, porque eles podem, de fato, quando acionados, garantir a estabilidade econômica familiar e a estabilidade social. “Por outro lado”, lembra Ferreira. “melhorar a qualidade de vida das pessoas é bom para os nossos negócios, tanto pela visão econômica quanto pelo fato de sabermos que nossa indústria precisa melhorar o entendimento sobre o tema, disseminando a cultura da proteção e incentivando o planejamento de longo prazo, por exemplo”. Como empresa, o Grupo BB e Mapfre reformulou toda a grade de trabalho no edifício central estabelecendo novos fluxos de horário, para fazer com que as pessoas possam fugir do rush matinal e vespertino. “Há pessoas que conseguiram até 1 hora e meia a mais de convivência familiar”, exemplificou Ferreira. Uma cidade sustentável, com menor fluxo de veículos, tem muitos benefícios para a sociedade. Para o mercado de seguros, Ferreira pondera que o País precisa ter, independente de carro ou outro veículo de transporte, bens para que possamos segurar, núcleos familiares para que possamos protegê-los, sonhos para serem realizados. “Existindo isso, com qualidade de vida, com ampliação de renda e maior nível educacional, é sempre bom para o mercado de seguros”, conclui. 27 especial são paulo automóvel Outras direções 28 A produção de veículos passa por um período de retração. Com menos carros 0km saindo das fábricas, o mercado de seguros se prepara para 2015 com mais cautela, mas não deixa de pensar no crescimento N Amanda Cruz o início do mês de setembro deste ano o banco BTG Pactual divulgou nota oficial dizendo que as perspectivas para o mercado segurador na carteira de automóveis poderiam não ser as mais animadoras. Essa prospecção atingiu ações de empresas do mercado, que se tornou mais cauteloso em suas ações. A venda de automóveis caiu 7,6% e as exportações sofreram um declínio de 35% no primeiro semestre do ano. As principais expectativas até setembro foram bastante pessimistas, mas hoje as declarações e o cenário passaram por mudança positiva e já se fala de uma forma mais otimista, embora cuidadosa. Quais dessas expectativas vingarão para o próximo ano? A Revista Apólice conversou com executivos do mercado para entender como eles enxergam o mercado nesse momento. Marcelo Goldman, diretor Executivo de Produtos Massificados da Tokio Marine, afirma que o setor está atento a esses acontecimentos. “O mercado desacelerou um pouco em relação aos últimos anos e isso tem relação com a queda da indústria automobilística, que afeta o nosso mercado. A expectativa de maior crescimento da indústria deverá ser para 2016”, explica o executivo encarando uma realidade econômica, com planos muito positivos para a carteira de auto em sua companhia de atuação, com crescimento estimado de 15% dentro da Tokio Marine. Com o final de 2014 se aproximando, e as renovações de seguro de automóveis sendo negociadas, o mercado precisará saber se a conta irá fechar e como serão as contas para o ano de 2015, que já está próximo. “As vendas até outubro apresentam queda de 8,9%, mas a projeção da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores – Fenabrave é de que a queda seja de 8% em relação a 2013. Mas o que precisamos olhar pra avaliarmos o impacto é qual o efeito dessa queda na frota total segurável”, reconhece Fabio Leme, diretor de Produto para Automóvel da HDI Seguros. A questão central é perceber os números absolutos, aponta Eduardo Dal Ri, diretor de Automóvel da SulAmérica. A indicação é de que cerca de 250 mil veículos, em média, são emplacados por mês. Os emplacados são veículos que circularão no País, que não serão exportados, e também os carros que são importados. Para o executivo, esse número ainda é bastante representativo. “Claro que não estamos crescendo tanto, mas é um número expressivo. Não é uma indústria que parou”, afirma. A expectativa da CNSeg para o crescimento desse ano está em 7% e, para 2016, 4,5%. Esses números indicam que a entidade passa longe de indicar os dois dígitos que eram habituais nos balanços do mercado. Isso mostra que o momento da economia é delicado e a cautela pode ser uma forte aliada para enfrentar o período. Mas Tiago das Neves, diretor da unidade de Affinity da Willis, apresenta um caminho que é estudado pelos corretores, que também têm sentido a movimentação diferente do setor. “Este cenário é percebido no mercado de seguros de automóvel, principalmente para as corretoras que têm operações direto com montadoras ou concessionárias de automóveis. Neste segmento existe perda de negócio e a solução é fazer mais seguros com menos veículos e complementar a venda com cross selling de outros produtos”, aponta. Dentro da HDI foi feita uma projeção: se as vendas de carro 0km ficassem estáveis até 2020, ou seja, sem crescimento algum, e repetissem a quantidade de venda o crescimento da frota circulante cresceria 28% e a frota segurável (estipulada em automóveis com até 8 anos de uso), aumentaria 46% até 2020. Leme explica que esses números seriam possíveis porque a quantidade de veículos que entra em circulação no País é maior da que entrava entre 2010 e 2011. “Mesmo em um exercício de queda de 3% ao ano, nós prevemos que a frota ainda cresceria”, reitera o executivo da HDI. Medidas A percepção de Neves é de que todos os corretores, inevitavelmente, sentem este impacto. Ter capacidade de abrir novas oportunidades de oferta de outros seguros, aumentar a conversão do seguro de automóvel e, para os clientes que não tiverem como suportar o custo de um seguro “completo”, oferecer soluções mais em conta, tais como seguro do casco com assistências, seguro contra terceiros com assistências ou mesmo oferecer apenas a assistência 24h, são as apostas do diretor da Willis. “Tudo isso precisa ser feito, pois não podemos perder a venda”, afirma. Muito ou pouco impactadas, as seguradora precisarão estudar maneiras de driblar esse período. “Não que as seguradoras não estejam preocupadas, mas o Brasil tem, em média, quatro habitantes por veículo. Como a concentração de renda é grande, existe muita demanda reprimida do brasileiro pelo automóvel. O mercado não está saturado”, pontua ❙❙ Marcelo Goldman, da Tokio Marine 29 especial são paulo automóvel Dal Ri. O executivo não acredita que o cenário futuro trará crescimento na casa de dois dígitos, como aconteceu nos anos anteriores, mas sim em um ritmo menor. O acumulado de vendas, até outubro, foi de 2,7 milhões de veículos, no mês foram 290 mil. Por isso, o executivo da SulAmérica acrescenta que parte da retração nas vendas está ligada também à redução do mercado de crédito disponível. “As ofertas de financiamento estão sendo feitas em menos parcelas, por exemplo.” Ao que tudo indica, o mercado vai sentir os efeitos da retração, mas possui outros meios de fazer a manutenção das carteiras, conforme explica Fabio Leme, para ele existe o impacto, mas as seguradoras irão se adaptar. “O que acontece, naturalmente, é que com essa queda o mercado de seminovos começa a ficar mais aquecido, concessionárias começam a vender mais esses automóveis, gerando muitos negócios”. Não se tornando refém da recuperação do setor automobilístico, o mercado de seguros projeta seu crescimento em suas próprias novidades. O Seguro Auto Popular, mais uma vez, volta à tona, agora mais estruturado e com mais chances de ser aprovado. Embora esse seja um anseio esperado há muito tempo pelo mercado e nada esteja totalmente definido, uma provável atuação das companhias nesse novo nicho ampliaria a carteira. “O seguro popular, que ainda não tem uma definição da Susep, mas está para sair, poderá ampliar a frota de 17 milhões para mais 2 a 4 milhões de carros segurados. Se for aprovado ainda esse ano, ou até o ano que vem, a expectativa é muito melhor, porque ele pode pegar aquela massa que não tem seguro hoje”. A massa a qual ele se refere engloba pessoas que não têm seguro, principalmente porque não podem arcar com o preço, seja do carro seminovo ou antigo. No segundo caso, a falta de peças no mercado também gera relutância dos clientes em potencial, mas esse seguro poderá usar peças recuperadas, tornando o acesso mais fácil e mais barato. “Essa é uma grande esperança que poderá fazer com que a previsão dos números mude”, completa o executivo da Tokio Marine. Fabio Leme diz que o mercado de seguros vê com otimismo o Seguro Auto Popular, pela possibilidade de ampliar um pouco a faixa de atuação para atender carros mais antigos. Ainda assim, para ele, a frota que apresenta o real crescimento é a de seminovos. “Já existem regulamentações publicadas, e algumas outras que estão sendo aprovadas, e isso deve acontecer ao longo dos próximos meses, mas será preciso um período para operar de forma adequada, em longo prazo, como todo novo negócio”, ressalta. Dal Ri expõem as razões pelas quais acredita na consagração desse tipo de seguro: “acho que estamos mais perto do que nunca da aprovação, porque a legislação tratará de temas importantes, como as peças usadas e certificadas”, aponta. Ainda em estudo preliminar, há indícios de que esse mercado, quando maduro, tenha um seguro que custará de 10 a 30% mais barato. “Nós aceitamos carros com até 20 anos de uso. Mas o seguro acaba ficando caro, porque, como temos que fazer o seguro com peças novas, quem tem carro mais velho tem que arcar com um valor muito alto. Essa dinâmica não vai mudar muito se não houver o seguro popular”. O mercado de São Paulo Talvez a questão que seja gritante no mercado paulista de seguros de automóvel é a de roubos e furtos que, junto com o problema da queda de produção, acende a luz de alerta do setor. Goldman, da Tokio Marine, lembra que São Paulo ainda sofre com os prejuízos de roubos e furtos, mas está caminhando a passos largos para minimizar esse problema, já que, no segundo semestre, o Governo da São Paulo colocou em prática a Lei de Desmonte, legalizando esses espaços e fiscalizando e fechando aqueles que não podem se enquadrar dentro da medida. “Isso amenizou o índice de Produção de autoveículos montados Janeiro a outubro de cada ano mil unidades -16,0% 3.188 2.772 2.346 1.956 2.017 2005 2006 2.815 2.819 2010 2011 2012 2.678 Fonte: Anfavea 1.750 2.553 2.876 2004 30 2007 2008 2009 2013 2014 ❙❙ Eduardo Dal Ri, da Sulamérica roubo e a tendência é de que permaneça assim. Acredito que São Paulo tende a melhorar em termos de contratação de seguro. À medida que o roubo diminui, as seguradoras poderão ter preços melhores”, comemora o executivo. As iniciati- vas governamentais acabam tornando-se peças chaves, pois sem elas a cultura e a insegurança permanecerão as mesmas, impedindo a maior democratização do mercado. A gritante diferença de preços entre regiões do Estado é a prova disso. “O mercado tem milhões de clientes, mas se a gente conseguisse ter índices de violência menores poderíamos ter ainda mais”, pondera o executivo da Tokio Marine. São Paulo possui um terço da frota circulante do País, mas, exatamente por isso, segundo os executivos, é mais resistente aos impactos dos problemas da indústria automobilística, já que possui um mercado mais parrudo. “O Estado já é o “driver” do crescimento nacional, então este impacto é sim sentido também. A vantagem é que o mercado é maior, o que permite ter uma base grande para buscar receitas alternativas”, assegura Neves. Essas medidas incluem encontrar novas soluções de produto e canais para uma oferta massificada, aumentando a ❙❙ Fabio Leme, da HDI penetração, segundo executivo da Willis. Fabio Leme, da HDI, também dá mais crédito à colocação de São Paulo no mercado para aguentar o abalo. “Os mercados da região Norte e Nordeste do País devem sentir um pouco mais, porque especial são paulo automóvel cresciam em velocidade superior”, diz. Conforme as análises, apesar do trânsito paulista indicar que há um problema de espaço nas vias, essa grande frota garantiu renovações de apólices e, por causa do alto índice de roubos e furtos, uma necessidade muito maior de estar protegido. “54% dos veículos segurados estão no Sudeste, sendo São Paulo, de longe, o maior mercado, com uma forte relação com o PIB do País. A pulverização da carteira se apresenta como uma medida que pode amenizar esses riscos. É certo que São Paulo continua a ser um grande mercado em que ainda há espaço. O crescimento O otimismo com o mercado não se esvai, porque junto ao seguro propriamente dito estão as assistências que aproximam seguradora, corretor e segurado. Os carros seminovos continuarão precisando de reparos, manutenção e 32 os clientes continuarão demandando as companhias que puderem dar a eles o atendimento que faz jus ao que esperam. Vidros, parachoques, inspeção, além de benefícios para a casa, ligam os players do mercado e é o ponto mais ressaltado quando a questão sobre como driblar essas barreiras que vem à tona. “Sem dúvidas, hoje o cliente tem mais contato com o seguro através da assistência. Normalmente, o uso da apólice em caso de sinistro é de 7,8%. O das assistências fica entre 30 e 40%”, explica Marcelo Goldman. A cobertura de vidros é ressaltada pelo executivo como um item que as pessoas usam muito. Tiago das Neves aposta em um crescimento na casa dos 10% para 2015. “Não vemos espaço para ser muito pior ou melhor que isso. No espírito do momento político que atravessamos existe uma margem de erro de 2% para cima ou para baixo”, comenta. Para ele, a criatividade será muito mais importante às companhias. “As seguradoras têm sido criativas na busca de novas ofertas e produtos, mas não demonstram querer avançar para segmentos de maior risco ou sinistralidade”, atesta. A receita da SulAmérica também não é diferente. “Vamos focar muito em atendimento, missão sinistro e lançamento de produtos de produtos novos. Para esse ano posso citar a Franquia Flex, que funciona trabalhando com o valor que o cliente quer e que cabe melhor no bolso dele”, adianta Edurado Dal Ri. O mercado é otimista. As notícias sobre o assunto não são as melhores, mas a situação de mercado se reflete na maneira somo seus players se colocam diante dos empecilhos impostos. Neves sintetiza essa característica: “O corretor é um profissional otimista. Acredito que os bons corretores saberão encontrar oportunidades que lhes permitam crescer a taxas superiores às apontadas para o seguro auto”, finaliza. Suplemento Especial Longevidade História de amor iniciada na terceira idade: o casal Cledí e Osvaldo mostra sua arte durante o evento Especialistas debateram, durante o IX Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, as diferenças de prioridades entre os gêneros. Para as mulheres, a melhor idade traz a liberdade; para os homens, uma carga de dúvidas e dependências. Apoio: Fotos: Rogério Luvizzutto Vida longa para homens e mulheres especial | IX fórum| da longevidade especial seguro de vida A diferença no processo de envelhecimento entre gêneros – homens e mulheres – foi o tema central do IX Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, realizado pelo Grupo Bradesco Seguros no dia 15 de outubro, em São Paulo. Hoje, aqueles que têm mais de 60 anos de idade representam um universo de 20 milhões de pessoas que, em 2050, chegará a 65 milhões, de acordo com estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse crescimento se deve ao aumento da expectativa de vida, fruto dos avanços da medicina e do acesso à informação e ao consumo, em razão de melhores condições tanto no campo como nas cidades. Ao convidar os participantes para a reflexão sobre essa nova realidade, o presidente do Grupo Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi, lembrou que, por iniciativa de líderes como Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, e Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Banco Bradesco, o tema da longevidade integra hoje o DNA da empresa e é indispensável para se pensar o futuro, na perspectiva de um país mais experiente no qual convivem diferentes gerações de brasileiros e brasileiras. Rossi ressaltou que a Fundação Bradesco atende hoje a mais de cem mil crianças em todo o país e que, ao longo das últimas décadas, milhares delas passaram por suas escolas e já ingressaram, como milhões de brasi- Os especialistas Claudia Burlá, Mirian Goldenberg, Alexandre Kalache e Maria Victoria Zunzunegui durante debate leiros, nas estatísticas da longevidade. E foi justamente sobre esse aumento da expectativa de vida e sobre as diferenças entre gêneros que se debruçaram especialistas e palestrantes ilustres, no IX Fórum da Longevidade. Afinal, quem nasceu em 2010 tem uma expectativa de vida de 73 anos, enquanto quem nascerá em 2050 já contará com 81 anos. Os dados levam em conta o passado, pois há 50 anos essa expectativa era de apenas 60 anos. A diferença, tanto no passado como no presente, está no fato de que as mulheres têm, em média, sete anos a mais de vida que os homens. O médico e gerontólogo Alexandre Kalache, consultor do Grupo Bradesco Seguros para temas relacionados à longevidade, lembra que existem hoje 700 milhões de pessoas no mundo com mais de 60 anos, população que poderá chegar a dois bilhões nas próximas três décadas. Ele lembra também que muitas mulheres buscam mais os médicos e os cuidados preventivos, enquanto boa parte dos homens adia esse encontro, só recorrendo a médicos e exames quando, muitas vezes, os cuidados preventivos não surtem mais efeito - o que é um dos fatores que explica o fato de elas viverem mais. Como o Brasil é um dos primeiros no ranking dos países que mais envelhecem, o tema ganha ainda mais relevância. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013, divulgada pelo IBGE, mostra que as pessoas com 60 anos ou mais correspondem a 13% da população, o que equivale a 26,1 milhões de idosos no país. Em 2050, a projeção é que este grupo alcance 64 milhões, equiparando-se ao Japão. A questão do gênero - explica Kalache, que mediou diversos painéis no evento - está diretamente relacionada ao papel social desempenhado por mudar. O tempo que era dedicado ao outro e para satisfazer demandas externas deve ser dedicado a si próprio. “O tempo é para mim. A prioridade é cuidar de mim, no tempo da escolha e não da obrigação. O tempo é um patrimônio.” Mirian afirma que as mulheres, mais do que os homens, falam de uma conquista que elas só alcançam na velhice: a liberdade. Muitas que viveram um casamento ou a cultura do corpo como uma prisão afirmam: “Hoje, com mais de 60 anos, sou livre pela primeira vez na minha vida”. A bela velhice Ao olhar à nossa volta, é fácil perceber a quantidade de pessoas acima de 60 anos de idade que mantêm uma vida ativa. A antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mirian Goldenberg, comentou o texto de sua coluna semanal no jornal Folha de S. Paulo que deu origem ao estudo “A bela velhice”. Quando publicou sua crônica, Mirian recebeu centenas de e-mails de homens e mulheres que abriram caminho para a pesquisa. A partir daí, a antropóloga entrevistou 1.700 pessoas com mais de 60 anos para descobrir o que pensam, quais são suas preocupações e frustrações e qual a receita para ser uma pessoa ‘ageless’, ou seja, do tipo que não se torna invisível, apagada e infeliz ao atingir a maturidade. Mirian conta que, entre as principais conclusões da pesquisa, destaca-se a de que não é preciso ser celebridade para ser feliz, mas sim ter um projeto de vida, com pequenas e grandes escolhas do cotidiano. “Para os homens, nessa fase da vida, o trabalho precisa ter um significado, porque eles querem continuar sentindo-se úteis e ativos, mas não por obrigação”, afirma, acrescentando que, nessa etapa, todos querem ser seu melhor “eu”, eliminando da vida tudo o que impeça sua evolução. Para uma bela velhice, frisa Mirian, o conceito de tempo tem que Mirian Goldenberg As diferenças de gênero aparecem em vários momentos da pesquisa. Quando a pergunta versa sobre quem será encarregado dos cuidados com a pessoa na velhice, as mulheres respondem: “Quem vai cuidar de mim são minhas amigas, minha família escolhida”. Já os homens dizem, de forma emocionada: “Quem vai cuidar de mim é a minha esposa, são meus filhos e meus netos”. As mulheres quase nunca falam da família. Mirian afirmou que há uma inversão na maturidade, porque os homens retornam ao seio da família e recebem o carinho e o afeto que não receberam quando eram jovens e tinham que se dedicar ao trabalho. “É um momento libertador para homens e mulheres”, comenta. No Brasil, segundo a antropóloga, as mulheres têm receio de envelhecer porque veem no seu corpo as temidas mudanças. Na fase dos 40 aos 50 anos, enfrentam uma crise, não por terem ficado ‘velhas’, mas por se perceberem invisíveis. “Quando eu pergunto”, diz Mirian, “se você deixaria de usar alguma roupa porque envelheceu, 91% dos homens dizem não, mas 96% das mulheres dizem que já mudaram. Elas cortam o cabelo, deixam de lado as saias mais curtas e o biquíni”. Mirian ressaltou o que de mais importante aprendeu com a sua pesquisa: para viver bem, é preciso ter saúde e um pouco de dinheiro; mas, acima de tudo, é preciso dar risadas. “Das mulheres pesquisadas, 32% dizem que não são felizes porque são perfeccionistas, insatisfeitas, críticas, preocupadas, estressadas, exaustas e inseguras. Elas não têm tempo para rir. No entanto, 60% das mulheres querem ser mais livres, felizes e leves. Querem rir mais”, aponta. Isso, segundo ela, deve-se ao fato de as mulheres estarem livres da opinião dos outros. A antropóloga destacou que a única categoria social que inclui todo mundo é “velho”. “Nós somos classificados como homem ou mulher, homo ou heterossexual, negro ou branco, mas velho todo mundo é, hoje ou amanhã. Por isso, como nos movimentos libertários do século passado, deveríamos vestir uma camiseta com os dizeres: ‘eu também sou velho’ ou ‘velho é lindo’”, concluiu. Saúde para a maturidade O século XXI é considerado o século do envelhecimento da população, e o que chama a atenção é que o segmento populacional que mais cresce é o de pessoas com mais de 80 anos, apontou a médica Claudia Burlá, em palestra apresentada no IX Fórum da Longevidade Bradesco Seguros. Para a especialista em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, o grande desafio da sociedade é como cuidar das pessoas que alcançaram essa faixa etária. O envelhecimento é um processo universal, que não pode ser bloqueado. Cabe aos técnicos estudar como especial | IX fórum| da longevidade especial seguro de vida homens e mulheres. As mudanças no mercado de trabalho e na perspectiva de longevidade revelam, também, que as mulheres estão mais ativas economicamente e menos disponíveis para o papel de cuidadoras que exerciam anteriormente. “As mudanças demográficas provocam impacto em todas as políticas governamentais, incluindo, além da saúde, as áreas da educação, da família, do trabalho, da previdência e da assistência”, ressalta Lúcio Flávio de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi). especia| | IX fórum da longevidade lidar com suas vicissitudes. Homens e mulheres envelhecem de forma diferente e, apesar de viverem mais, elas também são mais frágeis. “Quando adoece, o homem tende a morrer mais rapidamente. Já as mulheres tendem a ter um processo mais lento de terminalidade da vida”, explicou Claudia. É essa heterogeneidade da velhice o grande desafio. Segundo a médica, ao envelhecer, a terminalidade da vida torna-se mais complexa. Por isso, é necessário saber o que é prevalente nas pessoas de ambos os sexos. “O homem é mais solitário na velhice”, disse Claudia, levando em conta sua percepção clínica. “Ao longo da vida, sua sociabilidade é melhor, principalmente por conta do trabalho. A mulher, por inúmeras necessidades, acaba tendo diferentes focos de inserção. Dois cromossomos X fazem uma enorme diferença”, afirma. Casais que envelhecem juntos também apresentam particularidades, abordando, ao final da vida, questões que lhes foram caras durante esse período. “É no leito de morte que segredos são revelados entre casais e entre pais e filhos. É importante dar oportunidade para ressignificar essas situações”, pontuou Claudia. “Pessoas com pendências têm muito mais dificuldade para morrer e respondem mal ao tratamento. Cabe a nós, profissionais da saúde, sermos facilitadores desse tipo de situação”, afirmou. Segundo a geriatra, é difícil dizer para uma pessoa que ela tem um problema que não pode ser revertido, e que, portanto, precisa ser aceito. Ainda de acordo com a especialista, homens toleram menos situações de dependência. Ao lado de um homem mais velho dependente há sempre uma mulher, afirmou Claudia. Ou é a companheira, ou uma ex-mulher, ou uma filha que vai cuidar de seu pai. Em famílias mais numerosas, normalmente são as filhas mulheres que cuidam do pai ou da mãe. Para a especialista, isso se deve ao “duplo cromossomo ‘X’”: a mulher tem, talvez, o talento de ficar atenta aos detalhes e cuidar daquele que necessita. Um grande divisor de águas para as pessoas idosas são os acidentes domésticos, as quedas que acontecem normalmente dentro do domicílio. A geriatra declarou que não se podem deixar sozinhos os idosos nesse momento de terminalidade. Segundo ela, é muito frequente, nos ambientes hospitalares, não se permitir a presença do cônjuge ou de pessoas significantes do final da vida. A perversidade do sistema, frisou, faz com que as pessoas sejam separadas, mas é preciso lembrar que a doença faz parte do ciclo da vida de uma pessoa. Claudia enfatizou a necessidade de nos adaptarmos aos processos de cuidados e sermos otimistas, mesmo nas situações mais adversas. “O mau humor envelhece e é sempre melhor valorizar o contato. Lo-Tech, Hi-Touch (Baixa Tecnologia, Alto Contato)!”, finalizou. Executivos da Bradesco Seguros destacam importância do autocuidado No balanço que fizeram do evento, em entrevista coletiva à imprensa, o presidente da Bradesco Saúde e Mediservice, e também presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Marcio Coriolano, e o presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), Lúcio Flávio de Oliveira, reforçaram a importância do autocuidado, abordado por palestrantes em debates, como elemento fundamental para essa conquista. De acordo com Marcio Coriolano, vivemos hoje três importantes transições: a demográfica, com a redução do crescimento populacional; a epidemiológica, com a transformação de doenças antes fatais em doenças crônicas, como a AIDS e alguns tipos de câncer; e a tecnológica, com mais remédios e mais materiais e equipamentos médicos. “Tudo isso implica altos custos, e é importante que as pessoas tomem consciência e comecem a levar uma vida mais saudável”, afirmou. Marcio Coriolano destacou o trabalho de prevenção realizado em empresas, citando o programa Juntos pela Saúde, do Grupo Bradesco Seguros, que recomenda ações de prevenção, incluindo desde material explicativo até a elaboração de programas específicos de gestão de patologias, com impacto positivo no custo-benefício. O presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio de Oliveira, lembrou que há outros tipos de impacto no processo de envelhecimento, além do físico e do financeiro. “Não podemos nos limitar à assistência e à prevenção, precisamos tratar do cuidado como um todo, ao longo da vida do cliente”, afirmou. Segundo ele, em média, uma pessoa gasta com saúde, nos últimos cinco anos de vida, tanto quanto no decorrer de toda a sua vida. Nesse sentido, destacou as ações do Grupo Bradesco Seguros voltadas a estimular a conquista da longevidade com qualidade de vida e bem-estar, a exemplo do próprio Fórum, do Circuito da Longevidade e de programas como o Porteiro Amigo do Idoso, que já qualificou mais de 600 desses profissionais, apontados pelos idosos como sendo seus melhores amigos. Maria Victoria Zunzunegui, professora de Saúde Pública e Envelhecimento da Universidade de Montreal, apresentou um estudo internacional sobre a mobilidade na velhice. Foram colhidos dados em cinco cidades: Natal (Brasil); Kingston (Ontário/Canadá); Manizales (Colômbia); Tirana (Albânia) e St. Hyacinthe (Quebec/Canadá). A especialista explicou que o objetivo do programa é avaliar as diferenças das funções físicas no envelhecimento de homens e mulheres. Elas têm menos capacidade física do que os homens e mais dificuldade para se recuperar de problemas físicos. Em Natal e Tirana, 60% das mulheres reportaram algum tipo de incapacidade para caminhar 400 metros. Em Kingston, esse índice cai para 18% das mulheres. “Alguns pontos que podem explicar a menor capacidade física da mulher estão ligados ao estresse social da falta de segurança, com agravantes como a violência doméstica e o isolamento social”, afirmou Maria Victoria, acrescentando que a história reprodutiva também pode ser levada em conta, pois dar à luz antes dos 19 anos de idade e ter partos diversos aumenta os riscos de ter doenças crônicas: diabetes, hipertensão, doença cardiológica e osteoporose. Ainda em sua apresentação, Maria Victoria aplicou na plateia um teste desenvolvido nos anos 70 para identificar as características de masculinidade e feminilidade de cada pessoa, levando em conta padrões de construção social de cada gênero, baseados mais no comportamento do que nos determinantes de sexo. De acordo com a classificação do teste, cada indivíduo pode ser feminino, masculino, andrógino e indiferente. A conclusão é a de que os andróginos, por transitarem tanto pelo universo feminino quanto pelo masculino, tendem a ser mais longevos e saudáveis, ao lidarem melhor com os desafios da vida. Um pouco de história e economia Você sabia que mais de 67% dos trabalhadores que atuavam no processo de industrialização no Brasil eram mulheres? Que médicos e anarquistas diziam que lugar de mulher era em casa, cuidando dos filhos? Essas e outras informações foram apresentadas pela pesquisadora e historiadora Mary Del Priore, que estuda a presença da mulher no mercado de trabalho. Até os anos 50 e 60, disse ela, era mais comum as mulheres cuidarem da casa. Até que a jornalista Carmem da Silva começou a difundir a ideia de que a mulher deveria “querer ser, buscar a identidade fora do ambiente doméstico”, explicou Mary. Ao trabalhar fora, a mulher esvaziava o poder do patriarca. “Na década de 70, ela educava os filhos para serem trabalhadores e as filhas para serem O caminho da felicidade Autor do best-seller “Homens são de Marte, Mulheres são de Vênus”, o psicólogo norte-americano John Gray trouxe para o IX Fórum da Longevidade Bradesco Seguros sua Mary Del Priore especial | IX fórum da longevidade John Gray donas de casa. Eram dois pesos e duas medidas”. Com a democratização da pílula anticoncepcional, nos anos 80, a feminização de alguns postos de trabalho abriu oportunidades para as mulheres, mas sempre com salários inferiores aos dos homens. “A mulher, dona de seu corpo, começou a conquistar o mercado de trabalho e passou a educar suas filhas para serem profissionais. Nesse período, cresceu como nunca o número de divórcios e a violência contra a mulher”, lembrou Mary. Em 1995, 45% das mulheres brasileiras já eram chefes de família, enquanto uma em cada cinco comandava a casa sozinha. Hoje, mais de 50% das mulheres são chefes de família. No século XXI, afirmou Mary, o grande problema da mulher brasileira com mais de 35 anos continua a ser a família: ela sai para trabalhar e deixa os filhos em casa. “Na geração dos 20 aos 35 anos, temos uma reviravolta, porque é o momento em que a mulher escolhe entre ser mãe e trabalhar. Essa escolha significa a ruptura com um padrão de 1.500 anos”, disse a historiadora. especia| | IX fórum da longevidade experiência. Em seu consultório, Gray recebe casais em busca de terapia para melhorar a vida a dois. Segundo ele, a condição primordial para ser longevo é estar feliz no casamento. Pessoas casadas, afirmou, têm menos câncer, menos doenças cardíacas e menos Alzheimer. E, para ser feliz no casamento, é importante olhar para algumas questões das diferenças de gênero. Sobre sexo, por exemplo, o especialista lembrou que o homem quer quantidade, enquanto a mulher prefere qualidade. É importante garantir um equilíbrio na vida conjugal. Do ponto de vista da saúde e do bem-estar, Gray recomendou que as toxinas sejam eliminadas do corpo. Entre suas dicas, orientou beber água morna com limão todas as manhãs, de forma a estimular o fígado a produzir mais bílis para eliminar as toxinas. Para uma vida feliz, Gray ressaltou ainda a necessidade de Bradesco Seguros premia reportagens, trabalhos científicos e histórias de vida durante IX Fórum da Longevidade Durante o IX Fórum da Longevidade, foi realizada a cerimônia de entrega dos Prêmios Longevidade Bradesco Seguros, Em sua quarta edição, a premiação é considerada uma das mais importantes iniciativas do gênero no Brasil, nas modalidades de Jornalismo, Histórias de Vida e Pesquisa em Longevidade – esta última, lançada em 2014, com foco na comunidade acadêmica. Veja, a seguir, os vencedores. Mais informações no site premiosdalongevidade.com.br. Prêmio Longevidade Bradesco Seguros – Modalidade de Jornalismo Categoria Mídia impressa – Jornal e Revista ll 1º Lugar – Fernando Jasper, jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, com a série de reportagens “O Brasil envelhece”. ll 2º Lugar - Karla Spotorno, Revista Valor Investe do Jornal Valor Econômico, com a matéria “Dez Passos para um Futuro Promissor” ll 3º Lugar – Vinícius Sassine, jornal O Globo, da sucursal Brasília, com a série de reportagens “Batalha no Fim da Vida”. Categoria Mídia Eletrônica – Rádio, TV e Web ll 1º Lugar – Alessandra Dias, pela série de reportagens “Desafios da Longevidade”, da CBN de São Paulo. ll 2º Lugar – Débora Brito, pela reportagem “Novos Idosos, Novo Desafios”, veiculada pela TV Brasil, de Brasília. ll 3º Lugar – Simone Queiroz, pela matéria “Esperança contra o Alzheimer” veiculada pelo SBT Manhã. Prêmio Longevidade Bradesco Seguros – Modalidade Pesquisa em Longevidade publicado pela Life Sciences, de Amsterdã – Dr. Celso Martins Queiroz-Junior, doutor em Biologia Celular pela Universidade Federal de Minas Gerais. Categoria Gerontologia ll 1º Lugar – “Argumentos morais sobre inclusão/exclusão de idoso na atenção à saúde”, publicado na Revista Bioética, de Brasília. O trabalho aborda seis argumentos morais propostos contra a internação hospitalar do paciente geriátrico no CTI. Quem recebeu o prêmio foi a Dra. Edna Estelita Costa Freitas, mestre em Clínica Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. ll 2º Lugar – Veiculado na publicação on-line Occupational Medicine, da Sociedade de Medicina Ocupacional do Reino Unido, o estudo “Complexity of lifetime occupation and cognitive performance in old age” verificou a associação entre níveis de complexidade da ocupação desenvolvida ao longo da vida e o desempenho cognitivo global na velhice. Quem recebeu o prêmio foi a Dra Priscila Cristina Correa Ribeiro, de Belo Horizonte, Minas Gerais. Prêmio Longevidade Bradesco Seguros – Modalidade Histórias de Vida ll 1º Lugar – Tiago Silveira Meira Borges, de Caetité, interior da Bahia: “Todo Dia um Prego na Parede: Marcas do tempo entre Neto e Avô”. ll 2º Lugar – Carmem Alves Ruchel, do Rio Grande do Sul: “A vida e o colar de pérolas”. ll 3º Lugar – Inês Amanda Streit, de Florianópolis, Santa Catarina: “A resiliência de Dona Inácia: uma história de superação no caminho para a longevidade”. Categoria Geriatria ll 1º Lugar – “Human Longevity is associated with regular sleep patterns, maintenance of slow wave sleep, and favorable lipid profile” (A longevidade humana está associada a padrões de sono regulares, manutenção de leves ondas de sono e perfil lipídico favorável), publicada na Frontiers in Aging Neuroscience – Dr. Diego Robles Mazzotti, da Universidade Federal de São Paulo. ll 2º Lugar – Estudo experimental que envolve duas das mais importantes condições clínicas associadas ao envelhecimento: artrite reumatoide e doença periodontal (“Preventive and therapeutic anti-TNF-a therapy with pentoxifylline decreases arthritis and the associated periodontal co-morbidity in mice”), O presidente da Bradesco Vida e Previdênia, Lúcio Flávio de Oliveira (penúltimo, da esq. para dir.), e o diretor da Bradesco Seguros, Alexandre Nogueira (à esq.), participam da premiação Zuenir Ventura II Fórum Internacional da Longevidade U m espaço para aprofundamento e troca de experiências. Assim o médico e gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (International Longevity Centre - ILC-Br) e consultor do Grupo Bradesco Seguros para assuntos relacionados à longevidade, definiu o II Fórum Internacional da Longevidade, realizado nos dias 16 e 17 de outubro, no Rio de Janeiro. O evento, que reuniu cerca de 300 pesquisadores de todo o mundo, dando sequência aos debates iniciados no IX Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, foi promovido pelo ILC-BR, com o apoio do Grupo Bradesco Seguros, Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE), WDA (World Demographic Forum Ageing) e UNFPA (Fundo das Nações Unidas para a População). Marcio Coriolano, presidente da Bradesco Saúde e da Mediservice, e também da FenaSaúde, ressaltou, na abertura do Fórum, a importância de o Rio sediar o encontro, a crescente expectativa de vida daqueles que passaram dos 60 anos e a necessidade de desenvolvimento de produtos que correspondam aos desafios impostos pela longevidade. Promovido pelo ILC-Brazil, com apoio do Grupo Bradesco Seguros e do Fórum Mundial de Demografia e Envelhecimento (WDA Forum), o evento teve como tema “Envelhecimento e Gênero”, reunindo especialistas dos cinco continentes. Na primeira palestra, “Uma perspectiva acadêmica sobre gênero e envelhecimento”, a pesquisadora Sara Arber, da Universidade de Surrey (Reino Unido), apontou os três tipos de recursos mais importantes para a qualidade de vida dos idosos: materiais (renda e bens), de saúde e assistenciais. Seu foco principal foram os assistenciais, sobre os quais destacou quatros aspectos que impactam diretamente a atenção e o cuidado dispensados aos idosos. O primeiro é o demográfico, uma vez que a população mundial vem envelhecendo rapidamente, sobretudo nas chamadas economias emergentes; o segundo são as mudanças familiares, já que cresce o número de famílias nucleares (formadas somente por casais ou viúvas) e com poucas crianças, ocasionando pouca disponibilidade de cuidadores no interior das próprias famílias; o terceiro fator é o especial | II fórum internacional da longevidade se viver sem ressentimentos, com alegria e bom humor. E quem esbanjou bom humor, como sempre, foi o jornalista e escritor Zuenir Ventura, 83 anos, colunista do jornal O Globo e autor de best-sellers como “Cidade Partida” e “1968 – O ano que não terminou”. Em palestra em forma de entrevista concedida ao médico e gerontólogo Alexandre Kalache, consultor de Longevidade do Grupo Bradesco Seguros, Zuenir contou ‘causos’ de sua vida e mostrou a paixão por sua esposa, com quem divide a vida há 51 anos. “Não acredito em vida sem emoção. O melhor jornalista é aquele que escreve com o emocional, pois, sem isso, a matéria vira um relatório”. Otimista, Zuenir falou de suas caminhadas pelo calçadão de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, e sobre seus amigos, como Ziraldo e Luis Fernando Verissimo. “Tenho poucos amigos porque não dou conta de conversar com todos eles. Mas a amizade é melhor do que o amor, porque não tem cláusula de exclusividade nem exigência de libido”, brincou. Sobre as mudanças tecnológicas que presenciou ao longo da vida, o jornalista observou que um meio de comunicação não necessariamente elimina outro. “Temos é que nos adequar às novas exigências. Confesso que sou um ‘analfabyte’ e que minha neta de cinco anos é quem me ensina muitas coisas”, concluiu. especial | II fórum internacional da longevidade aumento do emprego de mão de obra feminina, que onera o pagamento de aposentadorias; e o quarto e último ponto são as migrações, que implicam a escassez de adultos para cuidar dos idosos nas regiões e países de origem. “Todos esses fatores afetam a disponibilidade de recursos para a atenção aos idosos, principalmente nas classes mais baixas”, afirmou Sara. Em seguida, o holandês Willem Adema, economista-sênior da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), falou sobre “Gênero e envelhecimento – perspectivas econômicas e oportunidades”. Ele afirmou que o Brasil apresenta um gasto adequado com pensões e aposentadorias, em relação ao PIB, mas que os chamados cuidados de longa duração ainda são praticamente nulos. De acordo com o economista, as mulheres ainda recebem menos do que os homens em termos de pensões no mundo. Porém, nos países da OCDE, graças ao seu crescente nível de instrução, elas têm grande chance de ganhar cada vez mais, o que as ajuda a aumentar sua contribuição nos lares. Segundo ele, cresce o número de países onde é possível para um casal escolher qual dos dois vai deixar de trabalhar para cuidar dos filhos. Isso, porém, ainda não acontece quando o que está em jogo é cuidar dos parentes idosos. O envelhecimento no mundo O painel “Envelhecimento e Gênero – perspectivas regionais” trouxe um panorama geral do envelhecimento na América Latina, Europa, América do Norte e Oceania. A conversa foi mediada pelo diretor no Brasil para o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Harold Robinson. Participaram Guita Debert, da Universidade de Campinas (Unicamp); Toni Antonucci, da Sociedade Americana de Gerontologia; Vitalija Gaucaite Wittich, da Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unecep); e Gabrielle Kelly, do Instituto de Pesquisas Médicas e de Saúde do Sul da Alexandre Kalache, Marcio Coriolano e Alexandre Nogueira Austrália. A condução foi do presidente do ILC-Brazil, Alexandre Kalache. Entre os pontos comuns identificados pelos palestrantes, o destaque ficou para a diferença entre gêneros, pois, em todos os continentes, as mulheres ganham menos do que os homens e, como vivem mais, esse é um problema a ser enfrentado tanto do ponto de vista previdenciário como de políticas públicas. A necessidade de educação para a convivência intergeracional (pessoas de diferentes gerações) e o papel do idoso na formação de mão de obra também foram abordados como importantes tanto para a economia quanto para a sociedade como um todo. Equidade de gêneros em um mundo que envelhece Na abertura do segundo dia do Fórum, Islene Araújo de Carvalho, da Organização Mundial da Saúde, destacou o boletim especial lançado em 2013 por essa entidade da ONU sobre as ações políticas voltadas para mulheres idosas. De acordo com a especialista, todas as ações governamentais ao redor do mundo veem a mulher apenas pelo aspecto da reprodução. “Não existem serviços voltados para as mulheres a partir de 45 anos. As outras políticas só se referem às maiores de 60 anos, quando já são idosas.” Alexandre Kalache aproveitou para lembrar que é justamente nesse período que as pessoas têm de se pre- parar para o restante da vida. Durante debate sobre os direitos da pessoa idosa, Monica Roque, da Secretaria para Crianças, Adolescentes e Famílias, do Ministério do Desenvolvimento Social da Argentina, defendeu o estabelecimento de uma convenção internacional sobre direitos dos idosos. Segundo ela, a projeção é que, em 2050, haverá em todo o mundo mais pessoas acima de 60 anos do que abaixo de 15, o que só aumenta a urgência dessa discussão. Segundo Monica, a população com mais de 60 com dependência moderada ou severa irá mais do que duplicar na América Latina até 2050, passando de 23 milhões para 50 milhões de idosos. Especialistas brasileiros e internacionais, a exemplo de Ana Amélia Camarano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apresentaram os dados macrossociais e macroeconômicos, indicando que as políticas públicas têm evoluído, mas que é necessário, cada vez mais, levar o tema ao debate da sociedade. A jornalista especializada em finanças Mara Luquet, da rádio CBN e da TV Globo, enfatizou a importância do planejamento financeiro, levando em conta a mudança de visão das famílias. A exemplo do IX Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, o II Fórum Internacional da Longevidade foi encerrado com bate-papo descontraído, conduzido pelo gerontólogo Alexandre Kalache, com o jornalista e escritor Zuenir Ventura. especial são paulo fraudes A quebra do mutualismo Seguradoras e segurados têm em suas apólices um contrato de cooperação mútua. Mas quando uma das partes quebra esse acordo, toda a cadeia securitária acaba sendo prejudicada O mutualismo é base da existência do seguro, é preciso contar com a cooperação de seguradora e segurado para o melhor aproveitamento de todos que pagam um prêmio, visando o bem-estar futuro em caso de sinistro. Mas a complexidade de desenvolver uma grande cadeia em que todos colaboram, e são beneficiados conforme sua necessidade, mostra que a incidência de pessoas mal intencionadas que aproveitam brechas nas apólices para fraudá-las é significativo. Mas há perigo à espreita das seguradoras também entre funcionários 34 Amanda Cruz e redes credenciadas. O mapeamento de comportamentos suspeitos para futuras investigações sobre fraudes é um processo demorado e que, muitas vezes, as companhias têm receio de fazer, pois há o risco de o investigado, caso não sejam comprovadas irregularidades, processe a seguradora por danos morais, devido à acusação. A estimativa do setor é de que 20% dos gastos da companhia estejam relacionados com casos de fraudes. Mesmo assim, ainda é difícil definir com precisão em quanto pode chegar essa conta. A CNSeg divulgou um documento intitulado Sistema de Quantificação de Frau- des (SQF), com dados de 2013, que traz números que reiteram essa necessidade de atenção do setor. Ele mostra aumento de 27% nas fraudes comprovadas dentro das companhias, sem incluir as suspeitas em que as investigações não foram levadas a diante. Essas comprovações representam R$ 341 milhões, ou 1,2% do total de sinistros e 0,8% do que foi arrecadado em prêmios. Em linhas gerais, com todos os ramos do setor que foram pesquisados, os sinistros com suspeita de fraude formam um montante de R$ 2,17 bilhões, que representaria, nesse período, 7,8% do valor total dos sinistros (R$ 28 bilhões). A empresa Nortix, que atua com mais de 70 sistemas para seguradoras, ajudando-as a identificar irregularidades na hora da contratação da apólice, desenvolveu um sistema de identificação, com um banco de dados que alerta a seguradora. “O sistema permite à empresa uma menor exposição à fraude. Ela pode ter a tranquilidade de que o veículo não é irregular e que isso não prejudicará suas operações”, afirma Arthur Giansante, diretor Comercial da empresa. ocorrendo na carteira é fraude, mas não conseguem provar”, conta José Roberto Macéa, presidente da Jopema, reguladora de sinistros. Isso faz com que toda carteira tenha potenciais fraudadores. Pelos resultados, de acordo com pesquisa também realizada pela CNSeg em 2012, 56% das suspeitas em seguros de vida, por exemplo, ficam sem resolução, já que a falta de provas levou R$119 milhões de reais a serem pagos, ainda que esses sinistros estivessem sob suspeita. Isso ocorre porque a má-fé do segurado poderia levar a seguradora a se negar a fazer o pagamento, mas sem a confirmação desse ato é extremamente improvável que o beneficiário saia do julgamento sem direito à indenização. Quando o crime é comprovado, mas não houve má-fé do acusado, ele fica sem o direito de receber a indenização, mas não paga criminalmente por isso. Os casos em que não há intenção de fraudar as seguradoras são os mais comuns, já que a complexidade da apólice de seguros, ou a falta de atenção no momento de contratação, faz com que as pessoas acreditem que possuem determinadas coberturas quando, na verdade, não as contrataram. Para fins de comparação, o Brasil não é o único país que sofre com essas ações. Segundo artigo disponibilizado pelo FBI, órgão do governo dos Estados Unidos, em sua página oficial, a indústria de seguros estadunidense possui cerca de 7 mil companhias que coletam mais de US$ 1 trilhão em prêmios por ano Questões jurídicas O Supremo Tribunal de Justiça é o responsável por analisar, em última instância, os casos suspeitos de fraudes contra as seguradoras. Sendo assim, não há muito recursos ao setor além de acompanhar os processos e acatar as decisões da Lei. Os órgãos reguladores e as entidades não possuem nenhuma forma de intervenção. Esse acaba sendo um dos motivos pelos quais muitas vezes as situações não são investigadas até o final. Comprovar essas fraudes requer um investimento que, muitas vezes, as companhias não estão dispostas a arcar, nem tanto pelos custos da ação, mas por um desgaste de imagem da seguradora, especialmente pelo temor de que, caso não seja comprovada a fraude , a seguradora saia como “vilã” da questão. “Quando se fala em quadrilhas especializadas, trata-se de pessoas que sabem onde e como fazer, com uma prática e que por isso obtém tanto sucesso. E há seguradoras que sabem que o que está ❙❙ Arthur Giansante, da Nortix ❙❙ Djalma Perin, da Nortix Em relação ao Sinistro Suspeito 19,4% Fraude Detectada 0,41 Sinistro com Fraude Detectada 2,13 Sinistro Suspeito 16,2% Fraude Comprovada 0,35 2,13 Sinistro com Fraude Comprovada Sinistro Suspeito Em relação ao Sinistro Investigado 26,9% Fraude Detectada 0,41 Sinistro com Fraude Detectada 1,54 Sinistro Investigado 22,4% Fraude Comprovada 0,35 1,54 Sinistro com Fraude Comprovada Sinistro Investigado ❙❙ Roberto Macea, da Jopema 35 especial são paulo automóvel e o país identifica que o custo total por fraudes, mesmo sem incluir o sistema de saúde, é estimado em US$ 40 bilhões por ano. Esses valores mostram que as fraudes custam, em média, US$ 400 a US$ 700, por ano, em aumento no valor dos prêmios para cada família dos Estados Unidos. pelo que é chamado de fraude de oportunidade, que ocorre quando o segurado sofre o sinistro e tenta tirar vantagem da situação. “Ele quer aproveitar para trocar um pára-choque que foi danificado em outra ocasião, por exemplo, mesmo que isso não seja certo, que ele não tenha direito”, exemplifica José Roberto Macea, presidente da Jopema, empresa de Oportunidade regulação de sinistros. A carteira de Auto continua sendo Outro problema identificado pela uma das mais afetadas, principalmente Nortix é a omissão de informações. A Pequenas Ações Não são apenas as grandes fraudes que têm impacto no setor. Atos aparentemente pequenos acumulam-se e podem dificultar a vida de seguradoras e segurados. Confira algumas das mentiras mais frequentes em fraudes: • Inversão de responsabilidade: esse caso é bastante comum. Geralmente quando há a colisão de automóveis e um deles não possui seguro, independente da culpa, o motorista segurado assume a responsabilidade para que a companhia arque com as despesas e nenhum dos motoristas seja penalizado; • Mudar CEP do pernoite: essa ação é frequentemente descoberta em caso de sinistros. Na hora da contratação, para ter abatimento no preço, o comprador diz que o carro possui uma garagem fixa, o que acaba não sendo verdade. Muitas vezes, o pernoite é feito na rua aumentando as chances de roubo; • Omissão de segundo condutor: ter mais de um motorista para o veículo segurado é algo que pode aumentar o valor do seguro, especialmente se o outro condutor tiver um perfil considerado de maior risco. Por isso, é freqüente que o titular da apólice assuma a responsabilidade em caso de sinistro quando outra pessoa conduzia o veículo; • Carro supostamente roubado, mas vendido em outro país e capotamento intencional: esses tipos de fraudes são menos frequentes, pois são feitas com mais planejamento; • Mutilação: foram encontrados causos de fraude em que as pessoas se automutilam para receberem indenização em apólices que cubram a invalidez permanente; • Morte natural alegada como acidental: as indenizações por morte acidental podem chegar ao dobro do valor do oferecido em caso de morte natural. Por isso, não é raro que as famílias forjem um acidente para conseguir uma cobertura maior; • Homicídios arquitetados: alguns casos tomaram as manchetes de jornais, como foi o assassinato do casal Manfred e Marísia Von Richthofen, em outubro de 2002, por sua filha Suzanne. A herança, incluindo seguros de vida, em que se encontrava como beneficiária, teriam sido a motivação da mandante, que acabou sendo condenada e não ficando com a indenização. 36 empresa trabalha com código de chassi, que é a informação que o veículo ganha quando sai da montadora. Dali em diante, outros dados são complementados no Denatran e depois mais informações que vem de uma base do governo. A partir dessa última o risco de fraude já existe. “A base governamental pode já ter problemas, pois os dados podem ter sido omitidos ou corrompidos no processo de adesão de novas informações”, conta Djalma Perin, diretor de Vendas e Marketing. Fazer seguro de um carro 1.8, por exemplo, tem um valor diferente da apólice do 1.0. Se o cliente disser que possui o automóvel 1.0 e ocorrer um sinistro, a seguradora o sistema identificará que os dados estão errados. “Se o cliente falar que errou, vai apenas pagar um complemento. Essa é uma fraude muito comum e é muito difícil de comprovar”, conta Giansante, da Nortix. A oportunidade também aparece em casos de seguro residencial, conta Macéa, que destaca que 50% dos sinistros em casas e apartamentos acontecem por danos elétricos e também que roubos e furtos podem abrir portas para esse tipo de prática. “Há pessoas que aproveitam o dano elétrico e colocam na lista aparelhos que já não funcionavam mais há muito tempo. Ou têm suas casas furtadas e, na lista de bens perdidos, incluem o que nem possuíam”, conta. “No Brasil ainda há uma mentalidade muito forte de tirar vantagem. Temos que evoluir no aspecto de cultura social. Evoluímos, mas é necessário aprender mais sobre seguros”, acredita Macéa. Seguradoras, corretores e prestadores de serviço do mercado, juntamente com advogados especializados no setor, sempre se voltam para a questão das fraudes e parecem buscar novas maneiras de detectar os infratores, mas, de acordo com os entrevistados, o mais importante é fazer com que as pessoas entendam que dentro da cesta de produtos do seguro existem diversas pessoas para utilizá-los e que pegar a mais para si faz com que o seguro encareça e os objetivos do mutualismo não sejam alcançados. especial são paulo estiagem Soluções em andamento Mercado ainda se volta aos seguros rurais quando o tema é a estiagem. Com o estado mais populoso do País em crise, segmento tem agora o desafio de criar produtos específicos para secas em grandes metrópoles Lívia Sousa Q uando estudos alertavam que a água passaria da abundância à escassez em poucos anos, muitos desacreditaram da afirmação e acharam que isso só seria possível num futuro distante. Mas os especialistas não falavam da boca para fora: com 12% de toda a água potável do planeta, o Brasil vive uma estiagem histórica. Nem o Rio São Francisco, o principal do País, escapou. Além do Norte e do Nordeste, onde a seca já faz parte da rotina há anos, agora é região Sudeste – mais precisamente o estado de São Paulo – que vê o recurso desaparecer. Até o fechamento desta edição da Revista Apólice o sistema Cantareira, responsável por abastecer quase metade da população da Região Metropolitana, operava com 11,6% da capacidade, incluindo a segunda cota de sua reserva. Já o sistema Alto Tietê, que leva água a 4,5 milhões de pessoas da zona leste da capital e atende outros municípios da Grande São Paulo, estava em 8,5%. Ao contrário do primeiro, o Alto Tietê não conta com o chamado “volume morto”. Isto significa que, caso a chuva abaixo da média persista, o sistema secará completamente até o fim do ano. Enquanto a água não cai com a intensi38 dade que deveria, moradores das regiões afetadas vivem no improviso, comércios locais alteram a rotina de trabalho e a produção agrícola chega a níveis críticos. Ao mesmo tempo em que não faltam discussões sobre os motivos que levaram o estado mais populoso do País a entrar na pior crise hídrica dos últimos 80 anos, pouco se aborda o papel do seguro nestes casos. Neste mercado, a consequência da estiagem acontece de forma indireta e a longo prazo, na medida em que a falta de água impactar na produtividade das empresas seguradas. Mas em cenários catastróficos, companhias podem suspender as atividades por falta do recurso. “Nesses casos teremos um impacto na saúde financeira das empresas e, consequentemente, na economia como um todo. Naturalmente isso levará as companhias a cortarem custos, o que vai impactar na contratação dos mais diversos seguros, já que em algumas situações a exposição poderá, inclusive, deixar de existir, como os seguros de transporte”, avalia o presidente da corretora de seguros Lockton Brasil, Tony Gusmão. Já Rodrigo Protasio, CEO da JLT Brasil, afirma que com a escassez do recurso afetando a geração de energia, a população deverá desembolsar ainda mais na conta de energia elétrica, uma vez que as térmicas trabalharão no limite e colocarão em risco os equipamentos, que poderão sofrer mais danos e impactar os seguradores. Mais que a consequência indireta no setor, o executivo reforça que a própria cultura brasileira justifica a falta de diálogo. “Compramos pouco seguro, somos pouco prudentes e ainda acreditamos que moramos em um País abençoado, onde a água não faltará”. De fato, a estiagem não só surpreendeu a população como também o mercado segurador. Habituadas a cobrir alagamentos e inundações, eventos de maior frequência no Brasil até então, as companhias do setor agora tem o desafio de criar produtos específicos que garantam os danos da contínua falta de água, visto que grande parte das coberturas aqui oferecidas continua destinada aos seguros Agrícola e de Florestas. “É a primeira vez que acontece uma estiagem deste nível em São Paulo. Por isso, até hoje não se falou sobre seguros em grandes metrópoles em situações como esta”, explica Cláudia Melo, gerente de relacionamento com o setor público da resseguradora Swiss Re. Produtos adaptados A Califórnia, nos Estados Unidos, vive situação semelhante com a dos paulistas e paulistanos. Também o mais populoso do país, o estado norte-americano ❙❙ Tony Gusmão, da Lockton Brasil entrou em crise hídrica há três anos e agora tem 81% do território em estiagem extrema e 58,4% do estado em dias de seca excepcional, segundo o Centro Nacional de Mitigação à Seca dos Estados Unidos. Assim como os sistemas de abastecimento brasileiro, lá as represas chegaram a níveis críticos. Dos 12 principais reservatórios locais, 10 estão com a metade do volume e alguns operam com 11% da capacidade. A pedido das autoridades, desde o início do ano a população tenta reduzir o consumo de água em 20%, ficando sujeita a multa se constatado o uso irregular do recurso. Outro local que sofre com o fenômeno é o Nordeste da China. Enfrentando a pior estiagem das últimas seis décadas, foi preciso recorrer à chuva artificial (procedimento realizado também no Brasil) para “salvar” a agricultura do país. A exemplo do Brasil, grande parte do mercado global ainda está voltado aos seguros rurais quando o tema é a estiagem. Mas, alguns países e regiões já trabalham com produtos exclusivos para o cenário, como é o caso da Europa e da própria China, que contam com dois tipos específicos de seguros. O primeiro, corporativo, paga o sinistro em caso de dias seguidos de altas temperaturas; já o segundo é voltado à população: com o aumento do consumo de energia elétrica no período, o serviço garante a cobertura do custo adicional da conta de luz. Mesmo em países mais quentes, onde a estiagem é recorrente, muitos não estão segurados. Protasio, da JLT Brasil, explica que o serviço geralmente é acessível justamente em cenários onde a seca acontece em longos intervalos (como no Brasil), mas dificilmente se viabiliza em locais no qual já se tornou recorrente, pois nestes casos é comum que o seguro fique mais caro. “Seguro existe justamente para fazer frente aos prejuízos inesperados. Uma vez que o evento é certo, ele se inviabiliza. Desta forma a solução é o governo estar presente e o melhor remédio é poupar, controlar o consumo, ter mais investimentos em represas e no trabalho de reciclagem da água. Cidades como Londres, na Inglaterra, reciclam quase 90% de toda a água”, orienta. Os serviços oferecidos nestes países podem ser adaptados para utilização também no Brasil, segundo Protasio, justificando que são os resseguradores internacionais operando em diversos países, e os operadores de derivativo globais, que podem melhor correr esse tipo de risco. De acordo com o executivo, pelo tamanho e suas proporções continentais, e com a “mão pesada” do governo federal, o País poderia estruturar junto às empresas da área um programa para os estados que melhor lidassem com perdas de secas ou de chuvas severas e para os anos de maior desastre, criando um sistema centralizado de apoio, além de um fundo de catástrofe gerido pelo mercado, com participação do estado e da iniciativa privada. suas empresas não só para redução do impacto ambiental, mas também para auxiliá-los a conviver com a nova realidade climática. “O mercado segurador encoraja a mitigação de risco. Por ser composto por grandes investidores, eles têm o poder de influenciar corporações, instituições e as famílias que seguram por meio de incentivos ou penalizações na hora da subscrição, assim como também tem o poder de influenciar governos, que tem um papel principal no endereçamento das questões climáticas”, explica Gusmão. Para isso, as companhias se esforçam para incluir os riscos das mudanças climáticas nos processos de cálculos atuariais com o objetivo de estimar perdas que possam ser suportadas em caso de eventos catastróficos, assim como fornecer alternativas de seguros para projetos de energia renovável e investir em companhias e projetos relacionados ao meio ambiente. “Nosso entendimento é que o foco do mercado segurador futuramente será mais abrangente no que se refere aos riscos climáticos como um todo”, afirma o presidente da Lockton Brasil. A corretora, por exemplo, busca avaliar as exposições a que cada cliente possa estar exposto, considerando todas as variáveis pertinentes de acordo com o momento das análises de risco. Já a JLT Brasil oferece o seguro paramétrico, que cobre tanto os danos materiais O que está sendo feito no Brasil Depois de focar nas catástrofes naturais de maior intensidade e frequência (como terremotos, tsunamis e furacões), o mercado segurador começa a se preparar para atuar com mais força no oferecimento de novos serviços de avaliação e mitigação de riscos recorrentes do clima e suas mudanças. De acordo com Tony Gusmão, da Lockton Brasil, essas atividades devem naturalmente evoluir para novas linhas de negócios de auditoria energética, avaliação de readequações, instalações e gerenciamento, e buscarão auxiliar os segurados na adequação de ❙❙ Cláudia Melo, da Swiss Re 39 especial são paulo estiagem decorridos de excesso de chuva quanto as consequências causadas pela falta dela. Nesta última, o serviço é destinado aos produtores agrícolas, distribuidoras de água e empresas de geração de energia hidroelétrica. “O acordo é feito estabelecendo o que é o índice de chuva ou de nível de reservatório (ideal e geralmente feito pelo índice pluviométrico). Uma vez que a variação atinge, ou é superior ao valor acordado como limite, a empresa, no caso uma geradora de eletricidade com menos água em seu reservatório, geraria por consequência menos energia e essa perda seria quantificada em megawatt (MW). Determinado um preço por MW, o segurado receberia o valor da indenização, que o permitiria comprar energia no mercado elétrico para fornecer e cumprir seus contratos”, explica Rodrigo Protasio, da JLT Brasil. Se os produtos específicos para situações de estiagem em grandes cidades ainda são quase inexistentes, por outro lado, Cláudia Melo, da Swiss Re, vê a ausência do serviço como uma nova oportunidade ao segmento. Para ela, são em situações como esta que o mercado segurador deve mostrar sua expertise. “Acreditamos que no Brasil a oportunidade se dá no ramo de energia elétrica, e por isso a Swiss Re já trabalha para desenvolver o que chamamos de proteção setorial, que ressarce perda financeira Desde o início do ano, os níveis dos dois principais reservatórios de São Paulo registram queda constante SISTEMA CANTAREIRA Abastece quase metade da população da Região Metropolitana SISTEMA ALTO TIETÊ Abastece a zona leste da capital e outros municípios da Grande SP Dia / mês / nível do reservatório Dia / mês / nível do reservatório 4 de janeiro: 26,9% 28 de janeiro: 22,9% 4 de janeiro: 46,4% 28 de janeiro: 45,4% 1 de fevereiro: 21,9% 25 de fevereiro: 16,9% 1 de fevereiro: 44,4% 25 de fevereiro: 39% 1 de março: 16,6% 29 de março: 13,6% 1 de março: 38,9% 29 de março: 37,5% 1 de abril: 13,4% 29 de abril: 10,9% 1 de abril: 37,5% 29 de abril: 36,1% 2 de maio: 10,4% 30 de maio: 25% 2 de maio: 35,6% 30 de maio: 30,9% (utilizando a primeira cota do volume morto) 3 de junho: 24,6% 27 de junho: 21,1% 3 de junho: 30,6% 27 de junho: 26,6% 1 de julho: 20,4% 29 de julho: 15,7% 1 de julho: 25,7% 29 de julho: 21,2% 1 de agosto: 15,3% 29 de agosto: 11,3% 1 de agosto: 20,7% 29 de agosto: 16% 2 de setembro: 10,7% 30 de setembro: 6,9% 2 de setembro: 15,3% 30 de setembro: 12,5% 3 de outubro: 6,4% 31 de outubro: 12,4% 3 de outubro: 12,1% 31 de outubro: 6,6% (utilizando a segunda cota do volume morto) 4 de novembro: 11,9% 7 de novembro: 11,6% 4 de novembro: 8,7% 7 de novembro: 8,5% Fonte: manaciais.tk ❙❙ Rodrigo Protasio, da JLT Brasil 40 do setor de energia elétrica nos casos em que não houver água o suficiente para utilizar energia”, explica. A ação levará em conta as particularidades do País e suas empresas estatais de energia e será implantada pelo Grupo em longo prazo, uma vez que depende de associações, ins- tituições e empresas públicas e privadas para ser executada. Além da proteção setorial, a companhia pretende intensificar os seguros agrícolas, comercializando ainda mais o serviço de quebra de safra para toda a cadeia agropecuária. evento | enconseg Auditório lotado em plena 6ª feira de sol no Rio Corretores fluminenses se unem para debater os temas emergentes da classe Rio de Janeiro É possível reunir aproximadamente 1,5 mil profissionais do mercado de seguros em auditório fechado, numa sexta-feira de muito sol no Rio de Janeiro, por mais de 10 horas seguidas? Bem, foi isso que aconteceu durante o V Enconseg - Encontro de Corretores de Seguros do Rio de Janeiro, promovido pelo Sincor-RJ, com o patrocínio da SulAmérica e da Bradesco Seguros, no dia 31 de outubro. E o resultado parece ter superado todas as expectativas. “Estamos comprovando o amadurecimento do nosso mercado com este evento essencialmente de trabalho”, comemorou o presidente do Sincor, Henrique Brandão. A quinta edição do Enconseg teve como tema central “A atuação de corretores de seguros e seguradoras em um mercado orientado para os clientes”. Entre os palestrantes, destaque para os presidentes do Outback Steakhouse no Brasil, Salim Maroun, curiosamente alvo 42 de muitos selfies dos corretores e corretoras presentes; e da Empresa Olímpica Municipal (organizadora das Olimpíadas do Rio em 2016), Joaquim Monteiro de Carvalho; além do consultor Yacoff Sarkovas; do jornalista Paulo Henrique Amorim, e do publicitário Clóvis Tavares. Todos falaram das suas experiências pessoais nas respectivas áreas de atuação. Tal qual o clima, o evento começou quente. Logo na abertura, o superintendente da Susep, Roberto Westenberger, defendeu a regulamentação da figura do agente. “O corretor representa o consumidor. Mas, o agente é tão intermediário quanto o corretor, só que defende os interesses das seguradoras”, frisou Westenberger, para quem o corretor precisa ficar atento para não perder espaços em um cenário novo no qual o consumidor exerce com força o seu poder de escolha, inclusive dos canais para a contratação de seguro. “A Susep regula seguradoras e corretoras, mas não regula a vontade do consumidor”, acrescentou. Para contrabalançar, ele prometeu que o corretor de seguros terá sua carteira de volta, muito em breve. “Comprei essa ideia e entendo a importância psicológica dessa carteira. Mas, preciso de um pouco mais de tempo, pois a estrutura burocrática é um pouco mais lenta”, observou. Já Henrique Brandão enfatizou a importância do corretor de seguros como “agente da transformação” na sociedade. “Somos responsáveis por 85% da produção do mercado de seguros e devemos estar sempre preparados para as oportunidades que surgem”, salientou. Por sua vez, o presidente da SulAmérica, Gabriel Portella, falou das mudanças experimentadas pelo consumidor e sobre o “olhar diferente” de quem contrata seguros no Brasil atual. “Nesse contexto, o nosso papel é apoiar o corretor de seguros, que precisa ser não um corretor de seguros, mas o corretor de todos os seguros. Nada substituirá o relacionamento entre corretor e cliente”, afirmou Portella. ❙❙ Gabriel Portella, da SulAmérica GERAIS Em outro momento do evento, o diretor da FenSeg, Neival Rodrigues, disse que o segmento de seguros gerais vem crescendo acima do PIB e que deve continuar assim por algum tempo. A estimativa é de um avanço de 8% a 10% este ano. Quanto aos roubos e furtos de veículos, ele revelou que a lei que combate o desmanche ilegal de veículos vem apresentando resultados satisfatórios em São Paulo, onde os roubos e furtos cresceram apenas 6,4%, contra 20% no Rio de Janeiro, por exemplo. “Isso também deve ocorrer em nível nacional com a lei que regulamenta essa atividade em todo o país”, frisou. PESSOAS A visão otimista também prevalece no ramo de pessoas. Segundo o presidente da FenaPrevi, Osvaldo Nascimento, há “muito espaço” para o corretor de seguros ocupar, seja na comercialização de seguros pessoais ou de planos de previdência complementar. “Pesquisa que realizamos recentemente indica que apenas 35% das pessoas que se preocupam com o futuro contratam apólices de seguro”, destacou. SAÚDE No ramo saúde, o cenário é igualmente favorável ao corretor de seguros. “Há um mar de oportunidades para os corretores de seguros. As pequenas e médias empresas se transformaram em grandes compradoras de planos de saúde. E ainda tem uma forte tendência de interiorização da demanda”, revelou o presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano. CAPITALIZAÇÃO Até mesmo na capitalização, produto quase sempre desdenhado pelo corretor de seguros, há ‘janelas de oportunidades” pela frente, como assegurou o presidente da FenaCap, Marco Barros. “A capitalização pode ser casada com seguros de vida e viagem, por exemplo. Além disso, o componente lúdico sempre teve muito valor para a sociedade brasileiro”, disse o executivo. Por fim, o presidente da CNSeg, Marco Antonio Rossi, falou sobre as excelentes perspectivas do setor no Brasil para os próximos anos. Na visão dele, o mercado local tem tudo para atingir uma posição de destaque no cenário internacional. “Somos a 7ª economia do mundo, mas ocupamos apenas a 12ª posição no ranking mundial de seguros. Queremos ser, pelo menos, o 7º colocado nesse ranking”, assinalou Rossi, para quem as seguradoras e os corretores ainda exploram muito pouco “o potencial de compra de nossos segurados”. StefanoAguiar Lançada a AC Sincor Em um “evento de trabalho” se trabalha até nos intervalos. Assim, em uma das pausas entre as palestras, foi lançada a AC Sincor, para a emissão de certificados digitais. Assim como ocorre com sucesso em São Paulo, os corretores cariocas poderão recorrer à AC Sincor para comercializar esses certificados. “Atualmente, mais de 90% das categorias profissionais são obrigadas a ter uma certificado digital. É um grande mercado para o corretor, que pode ainda aproveitar a oportunidade para conquistar novos segurados”, acentuou o consultor Rodrigo Matos, que apresentou a novidade para a plateia. Segundo ele, alguns corretores de seguros já conseguiram aumentar em até 25% o faturamento da sua empresa depois que começaram a vender certificados digitais. ❙❙❙❙ Joaquim Monteiro de Carvalho, da Empresa Olímpica Municipal ❙❙ Roberto Westenberger, da Susep 43 evento | seminário Discutindo o mercado Durante um dia, especialistas do mercado debateram melhores práticas para as novidades que aparecem no setor P Amanda Cruz lanos de mídia, área rural, vendas pela internet. Esses foram alguns dos temas reunidos no Seminário de Seguro e Resseguro, realizado pela Inova no dia 30 de outubro, em São Paulo. Explorando os interesses do mercado, palestrantes de seguradoras e prestadores de serviços ajudaram a esmiuçar os assuntos pautados. Henrique João Dias, diretor de Marketing da Seguros Unimed, começou a manhã celebrando os bons resultados que as campanhas pela internet trouxeram à seguradora. “Fomos para uma linha importante, que nos fez pensar em vender seguros online e acabamos sendo pioneiros no e-commerce há dois anos”, afirmou. Apesar de o brasileiro ainda não estar acostumado a comprar seguros em ambiente virtual, o executivo acredita que esse é um caminho que deverá se consolidar em alguns anos. Tratando das questões jurídicas da venda de seguro pela internet, Daniel Flores Carneiro dos Santos, da JBO Advocacia, destacou que a principal dificuldade dos clientes para lidar com o meio digital na compra de apólices é a falta de um estatuto voltado para regulamentação dessa prática. Exemplo disso é a questão do direito de arrependimento, que é a desistência da compra de um produto em até sete dias. “É preciso ter essa questão bem definida, ainda que seguro seja algo comprado com mais cautela” apontou. Para falar sobre seguro rural, Joaquim Cesar Neto, gestor da Porto Seguro, mostrou dados da importância da agronegócio no País, que é responsável por 23% do PIB e 37% dos empregos. “O Brasil tem uma necessidade de ser estimulado a contratar mais seguro. Respeitando suas diversidades regionais e de cultura.” As coberturas desse seguro englobam eventos como granizo, geada, seca, excesso de chuvas e incêndio. Fernando Atlee Ligiéro foi ao evento representando o Ministério da Fazenda para esclarecer o papel da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores, que poderão vir de fontes como cotistas e pessoas jurídicas, que atuará em obras de infraestrutura no País. “Essa empresa deve atuar somente onde não existe interesse ou capacidade do mercado de atuar. Então, vai atuar apenas em falhas de mercado”, esclareceu. Os dois grandes focos da ABGF são a infraestrutura e o comércio exterior. A ação deverá ser para gerir os fundos de concessões de rodovias, por exemplo, onde poderá faltar a garantia da obra em caso de sinistro. Catástrofes também deverão, no futuro, contar com esse apoio. Segundo Ligièro não haverá nenhum tipo de concorrência com o mercado existente no Brasil. evento | vida e previdência ❙❙ Osvaldo Nascimento, presidente da Fenaprevi Revolução no mercado Líderes discutem tendências do setor no VII Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada, realizado pela FenaPrevi Lívia Sousa 46 O s serviços de seguro de vida e previdência privada avançaram nos últimos anos, mas ainda estão presentes na vida de uma pequena parcela da população brasileira. De acordo com um estudo realizado pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) em parceria com o Instituto Ipsos, 35% dos brasileiros estão segurados. Destes, somente 18% contratam seguro pessoal. Para discutir os desafios e as oportunidades do segmento presidentes, diretores e lideranças do setor se reuniram no VII Fórum Nacional de Seguro de Vida e Previdência Privada, realizado pela FenaPrevi em São Paulo. “Há 20 anos tínhamos um mercado de planos tradicionais, com promessas baseadas em indexadores e juros que não seriam possíveis serem entregues a longo prazo”, explicou na ocasião Osvaldo Nascimento, presidente da Federação. Assim o mercado foi redesenhado, destacando a proteção e a transparência ao consumidor, além da solvência às empresas da área. Na medida em que os pontos eram estruturados, vieram algumas pendências, que foram e continuam sendo trabalhadas e aperfeiçoadas gradativamente. Por outro lado, ainda há muito a se fazer. Alcance ao novo consumidor Mesmo que já tenham um propósito definido, os usuários de serviços securitários ainda encontram dificuldades em contratar um seguro de vida ou planejar a aposentadoria. “Temos uma indústria que lida com o sonho de longo prazo, o futuro e a incerteza. Mesmo no país mais desenvolvido, é difícil responder quanto se precisa para se aposentar”, lembrou Marcelo Picanço, CFO da Porto Seguro. Para auxiliar o cliente, países como os Estados Unidos adotaram a chamada arquitetura de escolha. Dentro da poupança de aposentadoria, por exemplo, metade das empresas locais passaram a trabalhar com a adesão automática, que pode ser interrompida pelo beneficiário a qualquer momento. Richard Thaler, especialista em economia comportamental e professor da Escola de Negócios Chicago Booth, acredita que a medida funcionaria bem no Brasil, visto que a adesão automática não é recomendada para baixas taxas de juros. Thaler chamou a atenção para que o profissional sempre dê um feedback e ofereça ajuda ao cliente. “Às vezes o cliente precisa de uma ‘cutucada’, algo que chame sua atenção e o faça mudar de comportamento”, declarou. Distribuição aprimorada A distribuição do serviço é, por vezes, vista pelas seguradoras apenas como meio de captação de clientes. Segundo o consultor internacional e sócio da PwC Consultoria, Jamie Yoder, é importante que o setor comece a repensar seus modelos de negócios buscando simplicidade, transparência e lidando com a média de custos. “Por falta de conhecimento, muito dinheiro é gasto com publicidade quando as seguradoras deveriam entender que o papel do corretor é extremamente importante nesta atividade”, frisou Yoder, completando que as companhias devem focar principalmente no consumidor. “Temos que entender o cliente final, que agora quer interagir do jeito dele. Claro que o setor tem de ser produtivo, mas precisa ter em mente até que ponto deve trabalhar sem empurrar o serviço ao público”. Armando Vergílio, presidente da Fenacor, acredita que a área poderá avançar rapidamente neste quesito, caso haja vontade política em debater e construir um novo caminho para a atividade, e deixou claro que a entidade se dispõe a discutir o assunto desde que seja considerada a questão da alta tributação. “A regulação deve ser feita de forma responsável, consequente e com a mão do Estado, que em nome do consumidor tem a prerrogativa de supervisionar isso”, concluiu. O poder da tecnologia O mundo já dá seus primeiros passos na era pós-digital e o mercado securitário deve entender como a tecnologia pode revolucionar o segmento. Walter Longo, da Unimark Longo Comunicação, destacou a importância de se criar canais de vendas, serviço e atendimento principalmente entre as novas gerações, que se esquivam de compromissos a longo prazo. “Previdência e seguro de vida utilizam uma linguagem falando do futuro. Abordando essas pessoas, temos que encontrar uma maneira de ‘acordá-los’ de modo eficiente. Por isso as empresas devem atuar de forma efêmera e se reinventar para continuar perenes”, argumentou. Neste campo, uma das grandes oportunidades se dá com a substituição do banco de dados pelo banco de fatos, considerando que o público atual muda constantemente e sempre se manifesta quando deseja algo. “As pessoas mudam de status, de promoção, de emprego e divulgam isso abertamente. É importante a sincronicidade com o momento da pessoa, o aprofundamento nas informações temporais e causais que afetam o cotidiano delas. Para isso não precisamos ir tão longe, basta usar o que já temos sem nenhum custo adicional”, explicou Longo. É preciso se reinventar A dependência dos idosos cresce mundialmente e alguns países começam a apresentar mudanças quando o assunto é a cobertura por sobrevivência. Enquanto o Brasil continua fiel ao sistema de pagamento mensal, outros já migram para os planos de contribuição definida, no qual pessoas são automaticamente inscritas, mas tem a liberdade de deixar o serviço quando desejar. Segundo Ian Tonks, professor de finanças da Universidade de Bath, o serviço já ultrapassou o seguro de vida. “A previsão é de que o valor dos ativos chegue a 1,2 bilhões de libras em 15 anos”, disse. Na fase de desacumulação, a ação permite que o beneficiário tenha a possibilidade de retiradas em certos períodos e compra de anuidades de vida. Quando o assunto é a cobertura de riscos, o exemplo fica com o seguro de vida destinado a pessoas com mais de 90 anos de idade, utilizado nos Estados Unidos e no Canadá. Para Philip Smalley, vice-presidente sênior e diretor oficial global de medicina da RGA International, no Brasil a tendência também deverá ser positiva em razão dos avanços médicos, que permitiram a queda de mortalidade, completando que o mercado de seguros deve utilizar esses avanços medicinais para desenvolver novos produtos. Futuro Osvaldo Nascimento, da FenaPrevi, apontou a necessidade da reforma da previdência privada. “Na medida em que haja um investimento da população, mais pessoas se aposentarão e menos pessoas contribuirão. É um sistema que certamente precisa de novas reformas e essas reformas têm que ser feitas de maneira gradual, visto que politicamente não é tão trivial convencer a população da necessidade destas mudanças”. Na visão de Dyogo Henrique de Oliveira, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, o mercado de seguros de vida e previdência privada crescerá ainda mais, uma vez que a sociedade atual vive e estuda mais e sua renda também cresce. Segundo ele, algumas questões deverão ser enfrentadas neste mercado, principalmente no que tange à tributação. “Temos muitos títulos com características semelhantes no mercado, mas as tributações são distintas. Essa é uma das inconsistências que precisamos corrigir mais rápido”. 47 produto | gestão Proteção para processos administrativos Pequenos e médios empreendimentos têm alternativa para se proteger de responsabilização em danos a terceiros Amanda Cruz E mpreender e construir um negócio que seja promissor e rentável são um desafio que muitas pessoas têm se disponibilizado a enfrentar. Além do perfil de empresário, também é preciso uma formação técnica que capacite essas pessoas. Os empresários precisam ter a consciência de que, especialmente no Brasil, por causa da legislação, a possibilidade de responsabilização por qualquer fator do empreendimento é voltada para seu líder. As empresas não estão imunes a falhas e críticas, mas, ao mesmo tempo, o empresário não consegue colocar em seu radar gestor todas as possibilidades. Camila Leal Calaias, sócia da prática de Seguros, Resseguros e Previdência do escritório Mattos Filho Advogados, contou, em evento realizado pela AIG, casos que presenciou nos quais, apesar de bem intencionados e com os negócios bem direcionados, empresários tiveram que arcar com processos. Um dos exemplos foi o caso de uma instituição de ensino em que um dos alunos moveu uma ação por causa das condições de limpeza dos banheiros. Outro, uma pequena indústria química, teve um problema com uma das máquinas e, o cheiro exalado pelos materiais, durante uma semana, criou um problema com a comunidade local. O dono da empresa foi responsabilizado. Em ambos os casos, a pessoa física não tinha culpa do ocorrido, mas teve que responder às acusações. “Ainda que certas questões não estejam em contrato, o empresário será responsabilizado por tudo que fizer parte daquele empreendimento”, destaca Camila. O empresário precisa estar ciente das facetas que ele precisa enfrentar para 48 gerir bem seu negócio: o relacionamento com clientes, adequando-se e entendendo as necessidades da cada um; a relação empregatícia, evitando problemas de convivência e, em casos mais graves, processos por danos morais; a comunidade, que pode sentir-se incomodada com a presença do empreendimento; e a faceta que se volta aos fornecedores, para garantir a qualidade e desenvolvimento do que é oferecido. Sendo assim, como é possível proteger-se contra esses riscos? O seguro de D&O pode ser uma alternativa, mas, após sua implementação no mercado brasileiro, apenas cinco mil apólices foram emitidas. Isso indica que, apesar de ter extrema relevância para o mercado, ela pode não ser tão abrangente, especialmente para empresas menores. Além disso, o D&O contempla acusações contra pessoas físicas apenas, mas, conforme visto nos exemplos, nem sempre há um único responsável por trás dos problemas. Levantando essas questões, o evento promovido pela AIG apresentou o Gestão Protegida 360°, um produto novo para o mercado que visa proteger as pessoas jurídicas contra reclamações regulatórias, cíveis, administrativas, criminais, consumeristas, ambientais, por negligência, falha, erro, distorção e omissão da sociedade com danos a terceiros. Esse produto deverá abranger todas as coberturas já existentes no conhecido D&O, mas o seu público alvo são as pequenas e médias empresas. “O pequeno e médio empresário tem muita preocupação com reclamações contra a gestão de sua própria empresa. ele, não é suficiente cobrir apenas as reclamações contra a pessoa física. Essa possibilidade não existia até o lançamento desse produto.” afirma Lucas Scortecci, gerente de Produtos Financeiros da AIG no Brasil. educação | seguros instituição – conforme autorização do Ministério da Educação (MEC) – não são suficientes para suprir a demanda atual. Em novembro, a Escola Nacional de Seguros receberá a visita do MEC para a autorização final do Curso, já em fase de implantação no Rio de Janeiro e que deve entrar em vigor no próximo ano. Para São Paulo, a previsão é de que a aprovação seja realizada apenas em 2015. “Entendemos que este ainda é um início, pois nosso mercado vem crescendo a taxas altas mesmo em épocas em que a economia não está muito forte”, pontua. Outros projetos Novo comando Escola Nacional de Seguros contrata Mario Pinto como diretor de Ensino Superior; mudanças da atual gestão incluem novos cursos, MBAs e junção das unidades paulistas A Escola Nacional de Seguros tem um novo diretor de Ensino Superior. Mario Pinto, que acaba de chegar à instituição, ficará à frente dos cursos de graduação, pós-graduação e extensão oferecidos pela entidade. “Chego à Escola muito motivado e com o propósito inicial de dar continuidade ao excelente trabalho que vinha sendo desenvolvido. Aos poucos, irei contribuir com meus conhecimentos e experiência para ampliar a oferta de programas educacionais sobre seguros e temas afins na área de ensino superior”, afirma o diretor. A instituição, que conta com mais de 36 mil participantes em seus programas, registra forte interesse pelos cursos que oferece. Grande parte da procura ainda é feita por quem já atua no mercado se50 Lívia Sousa gurador, mas o diretor frisa que também há uma crescente parcela de egressos sem vinculação prévia com a área. “É natural que as pessoas se interessem pela Escola, pois sabem que aqui encontram uma ponte para a empregabilidade. A taxa de pessoas que saem empregadas após concluir a graduação está na faixa de 95%. Isso sem contar as que mudam de emprego no decorrer do curso para posições melhores do que as que tinham quando entraram”, explica. E é justamente pelo aumento da procura que Mario já trabalha para a abertura do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Seguros, com formação de curta duração. Segundo ele, o interesse pela graduação registrou um crescimento expressivo, principalmente em São Paulo, e as vagas disponibilizadas pela Além do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Seguros e da recente adesão da Escola ao Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Governo Federal, estão previstas ainda a abertura de novos MBAs e cursos de extensão – que levará em conta o novo marco regulatório do MEC, a ser anunciado nos próximos dias. Uma sequência de novos cursos também deverá ser aberta ao longo de 2015, assim como o redesenho da graduação em Administração, previsto para 2016. A entidade, de acordo com Mario, também já se prepara para atuar em um novo cenário com a inclusão de metodologias blended (EAD+presencial). “A vantagem de atuarmos em nicho é que nosso tamanho e foco nos permitem estar na vanguarda, visto que não temos a inércia de outras instituições de ensino para fazer as adaptações mercadológicas e tecnológicas”, explica. Os próximos projetos incluem ainda a migração de todas as unidades da Escola Nacional de Seguros da capital paulista para um prédio localizado na Rua Augusta, no centro da cidade, que vai permitir a integração entre os cursos oferecidos pela instituição. “Em breve, os limites do nicho em que atuamos não vão ser suficientes para nós. Vamos extrapolar o mercado de seguros e oferecer nossa competência para todos aqueles que necessitem de um curso de gestão de primeira linha. Esse processo de reforço de posicionamento já se iniciou e, em 2015, ficará mais claro para a sociedade”, conclui o novo diretor. marketing | seguradora Mitsueda/Divulgação Transformar a prestação de serviços em resultados Zurich Seguros reúne clientes, parceiros e colaboradores para falar das expectativas econômicas para 2105 e na tangibilização dos produtos do mercado N o momento em que anunciou várias mudanças em seu quadro diretivo (leia no Box), a Zurich Seguros reuniu no Guarujá, em São Paulo, steakholders para discutir a transformação de prestação de serviços em resultados. O vice-presidente da companhia, Werner Stetler, disse que o tema do evento tira as pessoas da zona de conforto, porque abre a possibilidade de discutir de forma aberta maneiras de melhorar os serviços com quem os utiliza. Paulo Rabelo de Castro, economista, falou sobre a grande preocupação de empresas globais com o cenário mundial. O Brasil, por sua dimensão continental, é virado para o próprio umbigo. “Somos um quadro muito grande e é difícil olhar para a própria moldura”. Ele usou este exemplo para mostrar que a configuração comercial do Brasil está voltada para as commodities, o que acaba nos distanciando das cadeias 52 Kelly Lubiato globais. A retomada das supply chains vai se tornar crucial em 2015. Apesar do FMI projetar crescimento de 3,3% para o mundo, há fatores que podem refrear ainda mais este número. O economista citou problemas na economia global que podem afetar diretamente o Brasil, como o caminho de recessão da Europa, e a recuperação frustrada do Japão, além do final do hiperciclo das commodities. Outra recessão na Europa? Castro mostrou a queda do overnight dos bancos europeus mostra que a situação desde 2010 traz taxas próximas a 0,5%. Agora, esta taxa está próxima de 0, que mostra que ninguém está emprestando nada a ninguém. “Você poderia pegar dinheiro barato, mas não tem dinheiro”. A recuperação das commodities aconteceu de forma espetacular. A crise que vai demandar maior eficiência vai voltar em 2015, mostrando como um dos sinais da crise futura a deterioração da moeda de países emergentes. Vale prestar atenção no que acontece com outros países emergentes, porque o movimento tende a ser geral, atingindo os países de forma distintas. Como consequência, Castro citou o carregamento financeiro mais oneroso e a moeda dos emergentes tendendo à depreciação. O lado bom é a recuperação das margens da indústria e custo menor do frete internacional. O desafio político é muito grande e a conta corrente brasileira está bastante pressionada. Os gastos públicos crescem muito acima da capacidade de financiamento do País, o que causa o foco inflacionário resistente. “Damos o remédio amargo da taxa de juros alta para o setor privado, quando o setor público continua com altos gastos”, avisou o economista. O freio financeiro prejudica demais as perspectivas financeiras brasileiras. O varejo perdeu o fôlego, com a indústria fragilizada e sem financiamento externo, que fica mais caro. “A festa está acabando, com o crédito entrando em proporção menor. Apesar dele ter alcançado seu maior patamar, agora é pressionado pela alta taxa de juros”. Os recursos livres, de bancos privados, estão em ligeira queda, em torno de 30% do PIB, ante 26% de recursos direcionados, de bancos públicos. O último ensaio de euforia do varejo foi em 2013 com a retirada do IPI dos produtos de linha branca. Em 2014, houve uma diminuição do ritmo de crescimento, alcançando cerca de 2% no final do ano. “O consumidor ainda não sentiu o ‘beliscão’ do cobrador que ele não conseguiu pagar”, brincou Castro. O problema provém do próprio Governo, que gasta demais e constrange o setor privado a pagar a sua conta. Pior do que o gasto demasiado (se ainda fosse para obras de infraestrutura) ele é estéril, com 60 milhões de contracheques por mês (30 milhões de aposentados, 15 ❙❙ Werener Stettler milhões de bolsas-família, 2 milhões de servidores ativos e inativos, 7 milhões de seguro-desemprego). “Estamos elegendo um síndico sem saber se ele vai varrer o prédio. Estamos diante de um drama político, nem tanto econômico. O Aécio está melhor em fundamentos e em sentimentos do mercado. Mas acho que o movimento do PT caso vença, será de melhorar os fundamentos para então reverter o sentimento para positivo. Com o Aécio, o sentimento positivo será elevado assim como os fundamentos da economia”, previu. O Brasil não é um País entregue ao ilusionismo político. O Brasil tem todas as chances de dar a volta por cima. Só precisa de lideranças políticas que tenham vocação para mudar a forma de pensar. Um novo modelo passa pela simplificação fiscal, pela contenção dos gastos correntes e pela capitalização popular. Werner Stettler, vice-presidente Corporate da Zurich, disse que o Brasil é prioridade para a companhia, que acabou de assumir os negócios da Via Varejo, que envolvem seguros comercializados nas lojas das Casas Bahia e Ponto Frio. Ela se tornou uma das maiores seguradoras nesta área e esta é a posição que pretende assumir em outras carteiras também. “Temos uma visão de longo prazo como uma seguradora presente nos dois lados do Atlântico, em mais de 200 países”, afirmou. A respeito de compra de carteira de outras empresas, Stettler declarou que pelo seu porte a Zurich analisa qualquer negócio que entre no mercado. “Não posso dizer agora se temos 50 coisas no forno ou não, mas posso garantir que qualquer coisa que esteja à venda aparece na mesa da Zurich para ser analisada, seja em riscos de engenharia, riscos financeiros etc”. Sobre a concentração do mercado, Stettler disse que há uma tendência no seguro corporate dos bancos se retirarem dos grandes riscos. Este ramo acaba se tornando foco das empresas que já atuam na área e que conseguem servir os clientes ao redor do mundo. O Zurich Corporate Conference 2104 é um evento que reúne anualmente parceiros intermediários e clientes para discutir temas da atualidade. “É muito bom poder trocar ideias fora do ambiente do dia-a-dia e ter a possibilidade de novos contatos”. Esta ação reforça a reivindicação dos seguradoras de que as seguradoras devem estar mais próximas do cliente ao longo do ano inteiro e não apenas no momento da renovação do seguro ou da regulação do sinistro. Nesta 5a. edição, representantes dos corretores de seguros mostraram como avaliam as seguradoras junto aos clientes e como apresentam estes dados às seguradoras para que elas possam aprimorar a sua atuação. Mudanças na diretoria A Zurich anunciou que Antonio Cassio dos Santos, Chairman for Latin America, Chief Executive Officer (CEO) General Insurance Latin America e CEO General Insurance no Brasil, decidiu sair da empresa em acordo mútuo por razões pessoais. Nesse sentido e devido à importância da região nos planos do Grupo, Mike Kerner, CEO General Insurance do Grupo Zurich, substituiu interinamente Antonio Cassio em sua função de CEO para a América Latina até que seja anunciado seu sucessor. David Colmenares, atual Chief of Staff General Insurance em Latin America e Head of Personal Lines General Insurance no Brasil, assumiu a função de CEO de General Insurance Brazil desde de 1° de novembro. Ele se reporta a Mike Kerner e está baseado em São Paulo. Além disso, José María Orlando, CEO Global Life Latin America, decidiu deixar a empresa em busca de novas oportunidades profissionais a partir de 31 de dezembro de 2014. Como seu substituto, assumirá Edson Franco, atual CEO da Zurich Santander Brasil, que se reportará diretamente a Kristof Terryn, CEO Global Life do Grupo Zurich, e estará baseado em São Paulo. 53 painel saúde campanha estudo Venda de planos PME Informações sobre saúde suplementar A Ameplan Saúde lançou uma campanha exclusivamente voltada para estimular as vendas de planos PME. Além da comissão tradicional, que é normalmente paga pelo negócio, a Ameplan visa estimular os corretores de saúde a ofertar os seus produtos voltados para empresas com até 50 vidas. Para isso, oferece incentivo financeiro adicional para cada vida conquistada e o corretor também acumula pontos extras para ganhar muitos outros prêmios. As campanhas de estímulo às vendas de planos de saúde, na maioria das vezes, visam exclusivamente a conquista de beneficiários através de contratações individuais ou familiares, deixando de reconhecer os representantes comerciais especializados em vender para pequenos empresários. Os representantes comerciais que se especializaram em vender planos individuais e familiares não se sentem confortáveis em atender os pequenos empresários, que costumam ser mais questionadores e exigentes do que as pessoas físicas. Afinal, ele não está adquirindo só para ele, mas, para outras pessoas também. As premiações são depositadas semanalmente em um cartão de crédito personalizado, bandeira MasterCard, e o titular pode sacar, pagar contas de consumo ou adquirir bens e serviços. Simples e prático. 54 A Abramge apresentou o “Cenários da Saúde”, em caderno com as principais informações sobre a saúde suplementar. O estudo será editado trimestralmente com informações atualizadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e tem como objetivo apresentar indicadores econômicos e análises sobre o setor. Dentre as informações reveladas na primeira edição, destaca-se o incremento do número de beneficiários em planos médico-hospitalares no interior do Brasil, superior à média nacional. Nos últimos 12 meses, terminados em junho de 2014, o índice apresentado foi de 3,8% – maior que o verificado nas capitais e regiões metropolitanas (3,6%). Segundo Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor executivo da Abramge, o crescimento na região foi alavancado pelas operadoras de medicina de grupo, que registraram avanço do número de beneficiários de 4,7%, também superior à média nacional (3,8%). “Esse resultado evidencia a importância das pequenas e médias operadoras, presentes nessas regiões, para o desenvolvimento e expansão do mercado”, afirmou. Seguindo a mesma tendência, o mercado de planos individuais registrou forte expansão no segundo trimestre deste ano e totalizou um crescimento de 0,7% no período, índice superior ao avanço dos planos coletivos empresariais (0,5%) e por adesão (0,4%). e-commerce operadora Integração à Fenasaúde A operadora de planos Hapvida Sistema de Saúde passa a fazer parte, neste fim de ano, da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), organização que representa, a partir de agora, 41,5% de todo o mercado em número de clientes. Com a entrada da Hapvida, a Federação reunirá 17 grupos do segmento, com 27 operadoras ao todo – das quais 11 seguradoras especializadas em saúde, dez medicinas de grupo e seis odontologias de grupo. O Sistema Hapvida, atualmente, atende a 1,9 milhão de beneficiários de planos médicos hospitalares, 300 mil clientes em contratos por administração e a quase 870 mil clientes de planos exclusivamente odontológicos. O Grupo prevê encerrar 2014 com uma receita líquida de R$ 2,4 bilhões. Planos odontológicos O Inpao Dental lançou seu e-commerce desenvolvido para a comercialização de planos odontológicos. A plataforma, que permite ao cliente final comprar o produto de sua escolha, faz com que a proposta seja assinada eletronicamente e o futuro beneficiário escolha a forma de pagamento. O piloto envolve os advogados filiados da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB/ RJ), contrato que a operadora acabou de implementar e que envolve quase 100 mil vidas diretas. Com a plataforma, os familiares dos advogados também podem contratar planos odontológicos, operação que pode aumentar consideravelmente o número de beneficiários do Inpao Dental no segmento de pessoa física. resultados | mercado Companhias divulgam desempenho do terceiro trimestre Positivos em sua maioria, os números do mercado de seguros revelam que a demanda ainda é grande e as corretoras, seguradoras e resseguradoras estão preenchendo, aos poucos, as lacunas do mercado 56 Destaque na América Latina O grupo Marsh & McLennan Companies que obteve lucro de US$ 445 milhões no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior. As receitas do grupo aumentaram cerca de 7%, fechando o período com cerca de US$ 3 mi. A expansão registrada foi de 8%, fechando o terceiro trimestre com uma receita de US$ 1,3 mi. A Marsh América Latina e Caribe (LAC) se destacou com maior crescimento dos negócios, apresentado aumento de 11% na receita durante o terceiro trimestre de 2014. Resultados em receitas e prêmios As receitas totais e os prêmios de seguros da Porto Seguro cresceram 13% e 10% no trimestre e 16% e 12% no acumulado do ano, respectivamente. A frota segurada atingiu 4,9 milhões de veículos (+9%) e o número de residências seguradas aumentou 15%, alcançando 1,9 milhão. O lucro líquido foi de R$ 234 milhões no trimestre e de R$ 606 milhões no ano, correspondendo a um aumento de 33% e 27% respectivamente. Expansão no mercado de vida Um levantamento realizado pela FenaPrevi apontou que as seguradoras que operam no segmento de seguros de pessoas pagaram R$ 4,8 bilhões em indenizações aos segurados e aos beneficiários no acumulado de janeiro a agosto deste ano. O valor representa um crescimento de 18,25% ante o mesmo período de 2013. No período, o segmento de seguros de pessoas movimentou R$ 17,4 bilhões em prêmios, volume 2,33% maior que o verificado nos mesmos primeiros oito meses do ano passado. O seguro viagem teve expansão de 34,40%. Os segurados pagaram cerca de R$ 202,8 milhões em prêmios contratando coberturas de risco de auxílio funeral. Com isso, de janeiro a agosto os segurados contrataram 21,06% a mais em relação a janeiro a agosto de 2013. Crescimentos de dois dígitos O Grupo Bradesco Seguros fechou os nove primeiros meses de 2014 com faturamento de R$ 38,3 bilhões, aumento de 10% sobre igual período do ano passado, nos segmentos de seguros, capitalização e previdência complementar aberta. O lucro líquido registrou evolução de 15,7% .Na comparação com os nove primeiros meses de 2013, os segmentos de Auto, Saúde e Capitalização apresentaram evolução de dois dígitos – 37%, 21% e 17%, respectivamente. Metas para o lucro operacional De acordo com a Reuters, a seguradora alemã Allianz divulgou que o faturamento avançou 14,5%, para 28,78 bilhões de euros no terceiro trimestre. O lucro líquido chegou a 1,6 bilhão de euros no terceiro trimestre ante 1,45 bilhão no mesmo período do ano passado. Analistas, em média, esperavam resultado positivo de 1,54 bilhão de euros, segundo pesquisa da Reuters. A seguradora também confirmou que espera alcançar lucro operacional de cerca de 10,5 bilhões de euros em 2014. Aumento de indenizações O lucro líquido do IRB Brasil Re foi de R$ 62,6 milhões no terceiro trimestre, com queda de 39,6% na comparação com igual período do ano passado. O resultado foi impactado por um aumento no volume de pagamento de indenizações. O volume de prêmios emitidos pelo IRB Brasil Re subiu 25% de julho a setembro em relação a igual período de 2013, a R$ 957,7 milhões. O volume de indenizações pagas no período somou R$ 867,8 milhões, com alta de 76% em 12 meses. O resultado financeiro teve bom desempenho, com a alta dos juros médio no país, mas insuficiente para compensar o maior volume de indenizações. O resultado com o investimento das reservas técnicas somou R$ 137,3 milhões no trimestre, alta de 58% na comparação anual. Crescimento alinhado às projeções A BB Seguridade registrou lucro líquido ajustado de R$ 822,279 milhões no terceiro trimestre deste ano, aumento de 50,1% na comparação com o mesmo intervalo de 2013, de R$ 547,8 milhões. No comparativo com o segundo trimestre, o lucro líquido apresentou redução de 2,7%. O lucro líquido da BB Seguridade veio em linha com a média das projeções de analistas consultados pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que esperavam lucro de R$ 802 milhões. comunicação e expressão por J. B. Oliveira* Afinal, o que há de errado com o gerúndio? Com o gerúndio, nada! Ele está contemplado na Gramática Expositiva como uma das três formas nominais do verbo. As outras duas são o infinitivo e o particípio. Tão autêntico e admissível é o gerúndio, que Camões – clássico da língua portuguesa – em apenas um dos segmentos do Canto I de sua obra máxima “Os Lusíadas”, utiliza-o QUATRO vezes: “E também as memórias gloriosas Daqueles Reis que foram dilatando A Fé, o Império, e as terras viciosas De África e Ásia andaram devastando, E aqueles que por obras valerosas Se vão da lei da Morte liberando, Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.” Mais próximo de nossa época, também referência lusófona, Fernando Pessoa emprega-o, por exemplo, no poema “Ode Marítima”, em que assim poetiza: “Pequeno, negro e claro, um paquete entrando. Vem muito longe, clássico à sua maneira.” O que ocorre na prática comunicacional, entre Portugal e Brasil, é que nós cá usamos mais o gerúndio, em construções como: “estou lendo; estavam cantando; ficou falando; estivemos comprando”, ao passo que eles, na mesma situação, preferem o infinitivo: “estou a ler; estavam a cantar; ficou a falar; estivemos a comprar”. Apenas isso! Saltando para outro polo, cabe aqui perguntar: O que há de errado com o apêndice, o labirinto, o esôfago, o tendão, os brônquios...? Em princípio, nada. Entretanto, quando lhes agregamos o sufixo “ite”, a coisa complica e dá lugar a: apendicite, labirintite, esofagite, tendinite, bronquite...! A questão é que o sufixo “ite” está ligado à ideia de inflamação, palavra que veio do latim ”Inflammatio”, cujo sentido é atear fogo! (sem machismo maldoso, mas há que se notar: enquanto tudo está bem, as palavras são masculinas. Aí, quando surge o problema, passam a ser femininas...) E o que é que o gerúndio tem a ver com isso? É que podemos, por analogia, aplicar-lhe o mesmo princípio. Como vimos no início, o gerúndio é correto e consta da gramática, no campo da Morfologia, na parte do Verbo, como uma de suas seis flexões (Modo, Tempo, Pessoa, Número, Voz e Formas Nominais). Seu uso é legítimo e se refere a uma ação em desenvolvimento. É o caso de Ela está lendo um livro interessante. Estive viajando na semana passada. Estamos trabalhando hoje. Também como já vimos, os irmãos portugueses aplicariam, nesses exemplos, a forma infinitiva: Ela está a ler um livro interessante. Estive a viajar na semana passada. Estamos a trabalhar hoje. E o erro? Consiste no que chamo de gerundite – “Inflamação do Gerúndio”! Dá-se pela junção de um verbo conjugado (geralmente o verbo IR), mais o infinitivo do verbo estar e mais um verbo no gerúndio, como nestes exemplos: – O senhor pode estar anotando o número do protocolo? – Eu vou estar transferindo sua ligação para a gerência. – Nós vamos estar providenciando o reenvio da correspondência. Em todos esses casos, o gerúndio é desnecessário e causa uma “gerundite” fácil e perfeitamente evitável, assim: – O senhor pode anotar o número do protocolo? – Vou transferir sua ligação para a gerência. – Nós vamos providenciar o reenvio da correspondência. E assim como a cura das inflamações patológicas traz bem estar ao organismo, a supressão da inflamação gerundial faz bem aos bons ouvidos! * J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista. É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras www.jboliveira.com.br – [email protected] 58