Rodrigo Belloube - Revista Apólice

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Rodrigo Belloube - Revista Apólice
editorial
Ano 19 - nº 193
Novembro 2014
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Kelly Lubiato - MTB 25933
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Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores, não
representando, necessariamente, a
opinião desta revista.
São Paulo
não para
O Estado mais populoso do País conta hoje com mais de 44
milhões de habitantes, distribuídos em seus 645 municípios. Por
aqui, tudo é super dimensionado, inclusive e principalmente,
os problemas. Há excesso de carros nas ruas e falta de água nas
torneiras. Estas duas questões permearam o nosso especial sobre
a região.
O seguro de automóvel é uma das carteiras que ainda encontra espaço para crescer, principalmente graças à entrada em vigor
da Lei dos Desmanches, em julho deste ano. Agora, a polícia fecha
os estabelecimentos irregulares. É pouco, mas se for regulamentado o Seguro Auto Popular, um novo horizonte se abre, com a
possibilidade de entrada no mercado de mais quatro milhões de
veículos, segundo estimativas de especialistas.
As fraudes contra o mercado de seguros também são tema de
nosso especial, por conta do Estado representar mais de 40% da
arrecadação de prêmios do setor. Mais uma vez, considerando as
proporções, tudo parece maior.
Outro tema que aflige os paulistas é a falta de água. Quem poderia imaginar que chegaríamos ao ponto de comemorar quando
o céu escurece e aparecem as primeiras gotas? Mostramos em
nossas páginas como o mercado de seguros pode contribuir com
produtos ligados à estiagem, como acontece nos Estados Unidos e
na China.
Torcemos para que a chuva venha!
Boa leitura!
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Diretora de Redação
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Revista Apólice
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sumário
08 entrevista
especial são paulo
Munich Re apresenta o novo CEO no
Brasil, que fala sobre o cenário atual e
dos desafios que enfrentará a partir
de janeiro de 2015
42 eventos
Mercado reúne especialistas para
tratar de temas como resseguro, o
futuro da profissão de corretor de
seguros, previdência privada, vida e
novos produtos
50 educação
26
abertura
Ter uma cidade mais sustentável para os
cidadãos é o sonho de muitos paulistanos.
O Plano Diretor aprovado este ano pode
ser o primeiro passo para que isso se torne
realidade
28
automóveis
34
fraudes
38
6
Escola Nacional de Seguros contrata
novo diretor de Ensino Superior, responsável por novos cursos, MBAs e
junção das unidades paulistas
52 marketing
Zurich fala sobre os planos para 2015
e a importância em fazer com que a
prestação de serviços se reverta em
resultados
56 resultados
O mercado de seguros se prepara para
enfrentar a queda de produção na indústria automobilística, o que poderá afetar
a cidade, que conta com a maior frota de
automóveis do País
Das quadrilhas especializadas às mais corriqueiras mentiras no momento do sinistro,
o número crescente de golpes contra as
seguradoras prejudica todo o mercado
estiagem
São Paulo enfrenta a maior seca dos últimos anos e o mercado precisa pensar em
soluções para a crise hídrica que vão além
do seguro rural
Companhias do mercado divulgam
balanços do último trimestre e
demonstram que ainda tem força
para crescer e diminuir os gaps do
mercado
12 | painel
20 | gente
24 | direto de londres
54 | saúde
58 | comunicação
entrevista | Rodrigo Belloube
Oportunidades em
todas as direções
O novo CEO da Munich
Re no Brasil, Rodrigo
Belloube, fala sobre
os novos desafios do
cargo que assumirá
em janeiro de 2015,
bem como do cenário
mundial de resseguros.
Com 20 anos de
mercado de seguros, o
executivo conta que um
dos maiores desafios
globais será lidar com
o comportamento das
taxas de juros, baixas
em decorrência da
estagnação econômica
e sem viés de alta,
principalmente na
Europa e EUA
Kelly Lubiato
APÓLICE: Como está a sua adaptação
ao cargo de CEO?
Rodrigo Belloube: Muito tranquila
e gratificante. Passei um ano fora do
País com o objetivo maior de me lapidar
para a nova função, portanto tive tempo
suficiente para refletir, conviver com
vários colegas mundo afora e conversar
com eles profundamente sobre temas de
interesse comum, assim como sobre a
estratégia e futuro de nossa subsidiária
no Brasil. Conheci pessoas fantásticas
e muito capazes, que me inspiraram e
com as quais existe hoje uma relação
8
muito próxima, parceiros internacionais
com quem podemos contar desde já no
desenvolvimento de projetos no Brasil,
junto com nosso time local, que se desenvolveu consideravelmente nos últimos
anos e atingiu um nível de maturação
avançado. Kurt Müller, presidente da MR
do Brasil até o fim de 2014, tem sido um
grande parceiro nessa fase de transição,
e temos trabalhado juntos para que haja
continuidade onde faz sentido manter o
status quo, e evolução onde vislumbramos oportunidades a serem aproveitadas.
APÓLICE: O Brasil ainda é um mercado
de grandes oportunidades?
Rodrigo Belloube: Em nossa visão,
as oportunidades são maiores à medida
que os vários elos da cadeia de distribuição
de risco têm um enfoque direcionado à
inovação, à sofisticação das soluções para
o mercado, algo absolutamente necessário
para o desenvolvimento do setor. Nosso
posicionamento é de parceria estratégica
com os clientes que nos escolhem, um
ressegurador disposto a ajudar e estruturar soluções a quatro mãos não só através
do resseguro tradicional de um risco
específico ou portfólio, mas também na
otimização do uso do capital e do balanço
de nossos clientes, no desenvolvimento de
produtos e serviços, em temas de vanguarda como telemática e big data, e no melhor
aproveitamento de canais alternativos de
distribuição, entre outras frentes.
APÓLICE: Como está o mercado de
grandes riscos no Brasil neste momento?
A concentração de negócios das seguradoras afeta as resseguradoras?
Rodrigo Belloube: O resultado
agregado do mercado poderia ser melhor. Houve certa ‘comoditização’ do
setor, uma mecanização do processo de
pulverização de risco, com as negociações via de regra assumindo um caráter
quase unidimensional, focadas predominantemente na variável preço, cujo valor
médio teve trajetória de queda brusca ao
longo dos últimos anos. Em parte, isso
se deve ao desequilíbrio entre oferta e
demanda, em parte porque tínhamos um
mercado fechado até poucos anos. Mas
não existe almoço de graça: mais cedo
ou mais tarde, paga-se a conta. Nossa
proposta é disruptiva no contexto em que
as garantias podem ser muito superiores
às atuais, relevantes para o polo segurado e economicamente balanceadas para
que os usuários do mercado segurador
e ressegurador encontrem nele liquidez
e sustentabilidade no longo prazo. Algumas grandes corporações brasileiras
já sentiram na pele a diferença entre
a escolha por parceiros com estrutura
local qualificada e resseguradores com
presença tímida no País, em particular
em cenários de certa complexidade envolvendo sinistros. Quanto à concentração,
o mercado de resseguros continua em
crescimento: os prêmios cedidos sempre
ultrapassam aqueles do ano anterior. O
“Queremos fazer uma
parceria estratégica
com clientes para
estruturar soluções
a quatro mãos,
otimizando o uso
do seu capital e
do seu balanço, e
atuando em temas
de vanguarda, como
telemática e
big data
”
desafio tem sido o resultado que geram, e
não a falta de oportunidades em si.
APÓLICE: Que produtos vocês disponibilizam para a linha de varejo das
seguradoras?
Rodrigo Belloube: Atuamos em
praticamente todas as linhas no Brasil, ao
ponto de sermos uma réplica em menor
escala da Munich Re da Alemanha, nosso
acionista. Nossos clientes dispõem de
acesso irrestrito aos nossos especialistas
locais, como também aos internacionais
do Grupo, pois temos uma estrutura
corporativa flexível e que promove a
formação de equipes multidisciplinares
e multiculturais para atuar em projetos
ou demandas específicas de qualquer
natureza. Além disso, entre os quatro
pilares de Pesquisa e Desenvolvimento
no Brasil, um enfoca precisamente o
desenvolvimento de produtos e serviços, em particular aqueles trabalhados
a quatro mãos com nossos clientes a
partir de um conceito que chamamos de
Innovation Lab.
APÓLICE: A pesquisa é fundamental
para o negócio de resseguros. Como a
sua empresa investe neste nicho?
Rodrigo Belloube: Localmente,
investimos em quatro pilares de pesquisa:
otimização de capital, desenvolvimento
de produtos e serviços, telemática e big
data, e canais de distribuição. Além disso, acessamos os mais variados núcleos
de P&D do Grupo Munich Re sempre
que há uma necessidade do mercado local
que possa ser melhor atendida por equipe
internacional. Nosso posicionamento é
no sentido de ser um parceiro estratégico
relevante para nossos clientes, colaborando com os seus objetivos estratégicos
e operacionais, ajudando a quatro mãos
na concepção e implementação de ações
concretas que viabilizem um crescimento
sustentável. O resseguro entra como um
elemento de gestão de risco, hedging, e
de consolidação da parceria: estamos ao
lado de nossos clientes seja qual for o
resultado de tais iniciativas.
APÓLICE: Vocês fazem parcerias com o
poder público para levantar dados sobre
riscos em países emergentes?
Rodrigo Belloube: Sim, temos
várias parcerias do gênero. O desenvolvimento foi mais rápido naqueles países
mais expostos a catástrofes naturais e,
portanto mais sensíveis ao tema, mas no
Brasil há ainda ótimas oportunidades a
serem exploradas, pois o governo praticamente não transfere seus riscos ao setor
privado. É inequívoca a tendência ao
agravamento dos cenários catastróficos
no Brasil. Isso resulta de uma combinação
de fatores, desde mudanças no comportamento climático até o adensamento
urbano em grandes centros, com maior
formação bruta de capital fixo. Em paralelo, o setor agrícola, em especial, se
beneficiaria muito se fosse contemplado
com uma política mais arrojada, com
9
entrevista | Rodrigo Belloube
maior robustez no subsídio ao prêmio de
seguro em apoio ao agricultor. Além de
ser uma política social com benefícios
diretos a um setor fundamental para a
pauta exportadora do País, protegeria
os recebíveis dos próprios bancos financiadores.
APÓLICE: Comparado ao resto do
mundo, o Brasil é lucrativo?
Rodrigo Belloube: O Brasil tem
performance inferior à média mundial
no âmbito do resseguro. No mercado
primário, tem boa rentabilidade, principalmente nos segmentos vinculados às
camadas sociais em ascensão. O que nos
APÓLICE: Qual é atualmente o maior faz acreditar no País é o enorme potencial
risco global?
Rodrigo Belloube: Para o
mercado global, penso eu que o
principal desafio hoje talvez esteja
no comportamento das taxas de juro,
baixas em decorrência da estagnação econômica e sem viés de alta
principalmente na Europa e EUA,
com a consequente pressão sobre o
resultado técnico. Capitais alternativos, como fundos de pensão, vêm
buscando remuneração compatível
com suas obrigações futuras e, com
o cenário descrito e como medida alternativa, aumentando suas posições
em contratos catastróficos. Com
isso, há um excesso de oferta em
mercados específicos, notadamente
o americano. Para os jogadores de
menor peso, com reduzido ou nenhum valor agregado e cujo modelo
depende excessivamente de uma
estrutura leve para viabilizar competitividade em preços, os mares à
frente poderiam ser turbulentos.
APÓLICE: O Brasil ainda é um mercado
que desperta interesse internacional?
Rodrigo Belloube: Sim, mas com
uma dose maior de realismo. Houve
muitas empresas que desembarcaram no
País, ou fundos nacionais que investiram
em resseguro, pela primeira vez após a
quebra do monopólio de resseguro – algo
naturalmente legítimo -, mas com planos
de negócio bastante ambiciosos que, no
agregado, se mostraram inatingíveis.
Há também alguma preocupação com o
viés exageradamente litigante em alguns
nichos, bem como uma ou outra corrente
que busca promover reformulações no
ordenamento jurídico com nuances quase
exóticas. Precisamos manter o mercado
nos trilhos e isso significa pensar sempre
em qual a melhor solução para o País, e
não para atores específicos.
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latente que ainda não despertou, atendida
a condicionante de que o foco saia de uma
abordagem meramente unidimensional
centrada em preço, para outra em que
a inovação e agregados sejam a mola
propulsora de desenvolvimento.
APÓLICE: As recentes “estremecidas”
na economia, com alteração na taxa de
juros e alta da inflação, contribuem para
piorar a imagem externa do país?
Rodrigo Belloube: O cenário macroeconômico sempre fez parte da equação quando se analisam as perspectivas
de um mercado ou setor, como todos
sabemos. E os números dos últimos anos,
2014 em particular, não foram os melhores
desde a reforma econômica de 1994, que
trouxe a inflação a níveis mais digeríveis.
Entretanto, o desempenho do mercado de
seguros vem significativamente superando o crescimento econômico, com baixa
correlação entre os dois, pois existe uma
demanda não atendida de proporções consideráveis. No resseguro, o descolamento
é um pouco menor. O Brasil continua a
ser analisado sob uma lógica de longo
prazo e a questão macroeconômica tende
a ganhar importância à medida que, e caso,
aumente a correlação dela com o
comportamento dos mercados de
seguro e resseguro, o que ainda não
é o caso. Para atores cujas carteiras
sejam mais dependentes dos níveis
de investimento, como por exemplo
as de riscos de engenharia e garantias, o cenário econômico tem outra
dimensão.
APÓLICE: Quais carteiras vocês
apostam que serão mais promissoras no Brasil?
Rodrigo Belloube: Nós apostamos em nos posicionar como parceiro estratégico de nossos clientes,
ajudando a quatro mãos em projetos
e iniciativas relacionadas à inovação,
à sofisticação da oferta ao mercado, à
agregação de valor e serviços a produtos de forma a atender demandas
cada vez mais complexas e específicas. Em outras palavras, queremos
ajudar nossos clientes, no papel de
parceiros, a atingir seus objetivos
estratégicos e operacionais. Também
apostamos em nos tornar um veículo de
otimização no uso do capital de nossos
clientes, de forma a maximizar taxas de
retorno. O resseguro é um instrumento
fantástico e versátil, que pode ser utilizado
na forma mais convencional, para soluções
de riscos específicos ou portfólios, como
também como elemento de financiamento, de compartilhamento de riscos e
resultados. Recentemente, ajudamos uma
seguradora brasileira a automatizar seu
processo de venda numa linha específica,
investindo recursos num sistema lógico
avançado que simplifica a interação com
clientes potenciais e reduz drasticamente o
tempo de venda. Celebramos um contrato
cota-parte de longo prazo como forma
de selar a parceria. É nessa direção que
vemos nossa operação e posicionamento
se desenvolvendo.
painel
marketing
Seguradora renova sua logomarca
Perto de completar nove anos de
operação no país, a Berkley adotou uma
nova logomarca que vai ao encontro do
processo de integração da identidade
visual do Grupo Berkley. No caso do
Brasil, a mudança será baseada na padronização de todas as companhias que
atuam na América Latina.
De acordo com o presidente
da Berkley Brasil, José Marcelino Risden, o Grupo cresceu
através da aquisição de empresas
e da criação de startups que adotavam identificações próprias.
Agora, em sintonia com uma
nova linha de comunicação, a
América Latina, assim como
outras regiões do mundo, terá
a mesma identidade, de acordo com o
mercado em que atuam.
“A proposta é de unificação. A
agilidade e a inovação constituem os
principais valores preservados ao longo
dos últimos anos de operação no Brasil e
fortalecem, ainda mais, nossa marca não
só no mercado de seguros brasileiro como
no latino-americano”, destaca Risden.
Para o seu futuro no Brasil, tanto o
presidente quanto o vice-presidente da
companhia, Robert Hugnagel, não descartam a possibilidade de aquisições. Entretanto, eles deixam claro que isso somente
acontecerá caso apareça algum negócio
em consonância com a sua atuação.
“Fazemos questão de ter uma
atuação descentralizada, que
permite a tomada de decisão de
ponta, com destaque para a prestação de serviços. Isso só é possível graças ao grau de tecnologia
que utilizamos e aos subscritores
e técnicos que atuam em todas
as regiões do País”, enfatizou
Hufnagel.
produto
Novo seguro para
equipamentos
A Bradesco Seguros coloca no
mercado o Bradesco Seguro Equipamentos, que abrange equipamentos
de vários tipos e portes e pode ser
comercializado por empresas dos
ramos da construção civil, prestação
de serviços, hospitais e clínicas especializadas e indústria.
A cobertura básica do seguro
garante indenização por perdas ou
danos materiais causados aos bens
descritos na apólice por qualquer
acidente de causa externa, inclusive
roubo ou furto qualificado. Já as
coberturas acessórias cobrem danos
elétricos, perda ou pagamento de
aluguel e responsabilidade civil de
equipamentos móveis.
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credibilidade
Índice de Confiança do setor de seguros
volta a cair
O Índice de Confiança e Expectativas
do Setor de Seguros
(ICSS), calculado a partir de pesquisa realizada pela Fenacor, voltou
a cair em setembro. No
período, o número chegou a 78,7%, uma queda
de 3,1 pontos percentuais ante os 81,8% apurados em agosto.
Ao cont rá r io do
que foi sinalizado pelo
levantamento feito em
agosto, quando os indicadores permaneceram estáveis em comparação
a julho (possivelmente na expectativa
dos movimentos econômicos externos
e internos), em setembro a tendência
de baixa voltou a ser estabelecida,
sobretudo nas respostas das resseguradoras e grandes corretoras.
No caso do Índice de Confiança
das Grandes Corretoras (ICGC), houve uma redução expressiva de 79,7%
para 73,9%, indicando um pessimismo
maior no segmento. Em menor grau
está a queda da confiança dos resseguradoras, medida pelo ICER, que
passou de 86,9% para 82,7%.
Em contrapartida, o Índice de
Confiança e Expectativas das Seguradoras (ICES) aumentou em setembro,
passando de 79% (menor percentual
apurado desde que o indicador foi
criado, há dois anos) para 79,9%.
painel
viagem
Repatriações sanitárias e evacuações de
segurança pelo mundo
evento
19ª edição
A Árvore de Natal da Bradesco
Seguros chega a sua 19ª edição, e será
inaugurada no dia 29 de novembro
no Parque do Cantagalo, na Lagoa
Rodrigo de Freitas (RJ).
Considerada a maior árvore de
Natal flutuante do mundo, segundo o
Guinness Book of Records, a Árvore
de Natal da Bradesco Seguros conta
com 85 metros de altura, equivalente
à de um edifício de 28 andares, e tem
aproximadamente 542 toneladas. A
estrutura é montada sobre uma base de
810 metros quadrados, composta por
11 flutuadores que pesam entre 12 e 16
toneladas. Cerca de 1.200 pessoas (entre produtores, engenheiros, técnicos
e artistas) estão envolvidas no projeto.
Desde 1996, ano da primeira edição, a Árvore conta com o patrocínio
da Bradesco Seguros e o apoio da
Prefeitura da cidade. Desde o início
do projeto, a Árvore tem a direção
criativa de Abel Gomes, da P&G Cenografia; criação de Roberto Medina
e direção geral de Nelson Drucker, da
Backstage Produções.
“É muito gratificante participar
desde 1996 do Natal da família
brasileira, proporcionando magia e
encantamento com a Árvore de Natal
da Bradesco Seguros, um símbolo
natalino em torno do qual as pessoas
se reúnem para celebrar os valores
mais essenciais dessa data”, declara
Alexandre Nogueira, diretor da Bradesco Seguros.
A Árvore será acesa de segunda
a quinta-feira, do anoitecer até as 2h
da manhã. De sexta-feira a domingo,
o horário vai até as 3h da manhã. Ela
será acesa pela última vez em 6 de
janeiro, Dia de Reis.
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Em menos de uma semana, a Assist
Card Internacional foi acionada quatro
vezes para fazer operações de repatriações sanitárias e evacuações de segurança
em diferentes partes do mundo.
As ações de resgate internacional
começaram na última semana de agosto,
sendo a primeira a transferência de um
passageiro com insuficiência respiratória
internado há dois dias em uma Unidade
de Terapia Intensiva (UTI) de Barcelona,
na Espanha. Os médicos ordenaram a
transferência imediata do paciente para
Buenos Aires, Argentina, sua cidade de
origem, para continuar o tratamento de
estabilização.
No segundo caso, um jovem de 17
anos sofreu uma fratura na terceira vértebra lombar na cidade de San Carlos de
Bariloche, também na Argentina, e teve
que ser levado às pressas para a capital
Buenos Aires para concluir a recuperação. Já a terceira intervenção foi com um
turista baleado após um assalto na cidade
de San Andrés, na Colômbia, removido
para uma clínica em Bogotá para receber
os cuidados necessários.
Em todas as situações, o atendimento
foi feito por meio das ambulâncias aéreas
da empresa. Todos os passageiros estão
fora de perigo e apresentam melhora
em seus quadros clínicos.
A última ação envolveu 463 funcionários de uma multinacional automotiva asiática. Todos trabalhavam na
Líbia e tiveram que ser transferidos
para o Cairo, no Egito, devido à situação de incerteza gerada pelo conflito
interno sofrido pelo país. A operação
durou cinco dias.
negócios
Aquisição concluída
A Ace Group concluiu a aquisição da
carteira de Riscos Patrimoniais e Responsabilidade Civil (P&C) da Itaú Seguros
S.A., do Itaú Unibanco S.A. A aquisição
se integra às operações existentes da Ace
no Brasil, que incluem um negócio estabelecido de linhas comerciais e pessoais
de P&C, seguros de acidentes pessoais e
saúde complementar, assim como seguros
de vida e resseguro.
“Itaú e Ace têm negócios complementares e compartilham de uma sólida
e disciplinada cultura de subscrição”,
afirmou Jorge Luis Cazar, presidente
regional da Ace Latin America. “Clientes
e corretores no Brasil contam agora com
uma seguradora com maior abrangência
local, maior conhecimento técnico e uma
rede global para satisfazer todas as
suas necessidades de seguro”, completou o executivo.
painel
evento 2
tecnologia
Sincor-SC programa
3º Ecoseg SC
O Sindicato dos Corretores de
Seguros no Estado de Santa Catarina
(Sincor-SC) realizará o 3º Encontro
Catarinense dos Corretores de Seguros (Ecoseg SC). Nesta edição, o
evento terá como tema “Os desafios
do Corretor de Seguros na era Tecnológica” e contará com apresentações
de profissionais da área para inserir
os corretores no uso de ferramentas
que proporcionem a evolução e novas
oportunidades dentro do mercado.
O 3º Ecoseg SC acontecerá entre
os dias 9 e 11 e julho de 2015 no Centro
de Eventos da Expoville, em Joinville.
Mais informações sobre o evento pelo
telefone (47) 3326-8894, pelo e-mail
[email protected] e pelo site
www.sincor-sc.com.br.
❙❙
Auri Bertelli, presidente do Sincor/SC
Cotação online
investimento
Seguradora recebe
aporte de R$ 340 mi
O Conselho de Administração da
MS&AD no Japão aprovou um aporte
de capital de R$ 340 milhões na Mitsui Sumitomo Seguros, subsidiária
brasileira do Grupo. Com a medida, o
capital social da companhia passa de
R$ 282 milhões para R$ 621 milhões,
um aumento de 121%.
Segundo Keiichi Hara, presidente
e CEO da companhia no País, o aporte visa suportar os investimentos do
Grupo no desenvolvimento de novos
negócios e solidificar o posicionamento
da empresa em solo brasileiro.
Já Hélio Kinoshita, vice-presidente e COO da empresa, afirmou
que a ação é um reconhecimento pelo
trabalho efetuado até o momento, e reitera, principalmente, a força do Grupo
Mitsui Sumitomo”.
organograma
Nova estrutura em Recursos Humanos
A Buonny reestruturou sua
área de Recursos Humanos e criou
uma Política de Cargos e Salários.
Idealizada por Silvia Nunes, gestora do ramo, a reestruturação foi
pautada em recentes estudos e tendências de mercado, que apontam
para a necessidade de um departamento de RH mais estratégico.
De acordo com Silvia, antes
do projeto não havia um levantamento das competências de cada
16
indivíduo da companhia. Além disso,
a falta de um plano de cargos, carreiras
e salários também contribuía para a
rotatividade.
Paralelamente à implantação do
plano de Cargos e Salários, foi realizado um mapeamento de processos
e identificação de pontos a serem
aperfeiçoados nas rotinas de recursos
humanos. O RH também se aliou estrategicamente a outras áreas dentro da
empresa, como o marketing.
A Zurich disponibiliza aos parceiros
corretores o sistema de cotação CotaZ.
Desenvolvido pela equipe de Tecnologia da Informação, a ferramenta chega
ao mercado para facilitar a cotação do
produto Automóvel. “É um passo de
inovação utilizando as capacidades do
novo Coresystem, tornando a interface
aderente às necessidades dos clientes”,
afirmou Carlos Goi, CIO da companhia
para o Brasil e América Latina.
O sistema já é implantado em 75%
das filiais da seguradora em todo o Brasil.
“Quando conseguimos reduzir o prazo
de trabalho operacional para os nossos
corretores, eles têm mais tempo para
atuar na sua função principal que são
as vendas e o relacionamento”, declarou
João Bosco Medeiros, diretor comercial
da companhia no País.
painel
mobilidade
mercado
42,2% dos consumidores possuem
aplicações
Um levantamento feito pela
Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São
Paulo (FecomercioSP) revela que os
consumidores paulistanos estão poupando mais em vez de contrair novos
financiamentos. Do total de entrevistados em outubro, 42,2% possuem
algum tipo de aplicação – alta de 0,8
ponto porcentual. Além disso, dos
consumidores endividados, 35,2%
possuem aplicação, aumento de 2,9
pontos porcentuais em comparação
a setembro (32,3%) deste ano.
Intitulado como “Pesquisa de
Risco e Intenção de Endividamento
(PRIE)”, o documento mostra que,
dentre os tipos de aplicação, a poupança ainda é a modalidade mais
escolhida (73,3%). Já a previdência
privada vem ganhando espaço e, em
outubro, alcançou 7,8% do total de
entrevistados.
A pesquisa mostra também que
o Índice de Intenção de Financiamento caiu 3,5% em relação ao mês
anterior, ao passar de 24,8 para 23,9
18
pontos. Quanto aos entrevistados,
87,1% deles não querem contrair
nenhum tipo de financiamento nos
próximos três meses e, na comparação
anual, o desinteresse pela contratação
de novas linhas de crédito aumentou
2,0 pontos percentuais.
O cenário conservador fez com
que o indicador de risco melhorasse
justamente no ponto em que o risco é
mais imediato: entre os consumidores
endividados. A melhora de 2,4% no
Índice de Segurança de Crédito deve-se ao aumento de 9,0% dos consumidores endividados e à diminuição de
2,7% na segurança daqueles que não
possuem dívidas.
Para a assessoria econômica da
FecomercioSP, a evolução na segurança ocorre graças ao incremento
da poupança das famílias e do conservadorismo em razão das incertezas
momentâneas da economia do País.
Além disso, enquanto o índice de desemprego estiver em baixa, o mercado
de crédito não corre riscos excessivos
de inadimplência.
Contribuição para
uma cidade ideal
Já estão abertas as inscrições para o
Prêmio Sinal Livre de Mobilidade Urbana, promovido pela Liberty Seguros, que
tem como tema “Como a sua iniciativa
contribui para uma cidade ideal?”. O
cadastro é gratuito e deve ser feito pelo
site www.premiosinallivre.com.br, até o
dia 30 de novembro.
Podem se inscrever pessoas físicas
e jurídicas de todo o Brasil que tenham
iniciativas engajadas na questão da mobilidade. Todos os projetos passarão pela
triagem de um júri que escolherá cinco
finalistas que, depois de classificados,
serão disponibilizados no site para voto
popular. A votação ocorrerá de 6 a 12 de
dezembro e os internautas precisarão se
cadastrar no site para votar, garantindo
que cada voto seja computado uma única
vez, de acordo com o CPF.
Os cinco finalistas participarão do
evento de premiação, que será realizado
em São Paulo no dia 18 de dezembro, o
vencedor receberá R$ 10 mil. Durante o
evento, aberto apenas para convidados,
também haverá um debate para promover
a discussão sobre mobilidade urbana. “A
premiação, além de reconhecer a importância da causa, é um estímulo para que o
projeto possa ser ampliado e até mesmo
reproduzido em outros locais onde há
necessidade de ações de mobilidade”, explica Karina Louzada, superintendente
de comunicação e marca institucional da
Liberty Seguros.
serviço
sustentabilidade
A Porto Seguro lançou a Rádio Porto
Seguro Corretor. O novo canal é exclusivo para a web e pode ser acessado pelo
portal Corretor Online e pelo celular, na
versão mobile.
Em 24 horas de programação, a rádio
conta com músicas nacionais, além de
entretenimento, notícias sobre produtos e
serviços e dicas de negócios e programas
que abordam temas como sustentabilidade, cidadania e gentileza no trânsito.
Entre as principais propostas do canal
está o apoio ao corretor na prospecção
de negócios.
Além do espaço para a música popular brasileira em toda a programação, a
rádio traz a “Agenda Cultural Porto Seguro”, que inclui informações sobre peças,
shows e outras atrações patrocinadas pela
empresa e que possuem o benefício de
desconto para corretores e seus clientes. Com a fiscalização cada vez mais
rigorosa desde que a Política Nacional
de Resíduos Sólidos (PNRS) entrou em
vigor, em 2010, a contratação do seguro
ambiental no Brasil – principalmente
por indústrias ou empresas que realizam
obras com potencial poluidor – poderá
crescer 50% em 2015, estima a Federação
Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).
Segundo a entidade, atualmente
este seguro movimenta cerca de R$
28,5 milhões e, para o próximo ano, a
expectativa é que o número chegue a
R$ 50 milhões em volume de prêmios.
Para Marcio Guerrero, presidente da
Comissão de Responsabilidade Civil da
FenSeg, “grande parte das licitações,
principalmente em relação às concessões de rodovias, já exige a contratação
do seguro ambiental, um dos motivos
que pode impulsionar esse seguro no
próximo ano”.
Rádio para corretores
de seguros
Demanda por seguro ambiental deve crescer
Anuncio Ameplan
Apesar da expectativa de crescimento do seguro, ainda há espaço a ser
ocupado. De acordo com o executivo,
uma das barreiras é conscientizar as
empresas de que o investimento faz a
diferença no equilíbrio financeiro das
companhias. Entre os acidentes ambientais mais comuns, o executivo ressalta o
“bota-fora”, a limpeza do terreno após
a finalização de uma obra, e o combate
à contaminação de um pequeno lote de
um terreno.
GENTE
Diretoria de
marketing passa por
renovação
A Aon anunciou Luis Felipe Barranco como novo diretor de marketing
no país. O executivo, que atuava anteriormente como gerente de marketing
corporativo da empresa, assume a nova
função com a reestruturação da área e
tem como principal objetivo potencializar a prospecção de novos negócios e a
satisfação dos clientes.
Como estratégia, a corretora também
instituiu duas gerências que serão supervisionadas pelo novo diretor. Danylla
Campos, com passagens pela Microsoft e
ABES (Associação Brasileira das Empresas de Softwares), comandará a gerência
de comunicação e eventos, desenvolvendo
atividades de relações públicas, mídias
sociais e publicidade e propaganda.
Já Márcio Martins, que anteriormente
atuava no marketing estratégico, ficará
responsável pela gerência de suporte a
vendas e retenção de clientes com foco
em inteligência de vendas e mercado.
Responsável anterior pelo departamento de marketing, Carla Abrunhosa
assume integralmente a função de head
de vendas, marketing e comunicação
da empresa para a América Latina. A
executiva continuará dando suporte a
operação da Aon Brasil, em especial a
nova diretoria.
20
Reeleição CVG-SP
Em almoço realizado pelo CVG-SP,
no dia 6 de novembro, foi anunciada a
eleição da diretoria que cuidará da gestão
2015/2016 da entidade.
Osmar Bertacini, presidente do
conselho, fez o anúncio: “Eu declaro que
a chapa vencedora, por aclamação, é a
presidida por Dilmo Bantim. É tradição
no CVG termos sempre uma chapa de
consenso”, afirmou, desejando à nova
diretoria uma excelente gestão.
Reeleito, Dilmo agradeceu a aclamação. “Muito obrigado pela confiança
que depositaram em mim e nessa diretoria. Faremos o nosso melhor para
que o CVG-SP possa ser tudo o que
Mudanças no
comercial
Ricardo Vaz é o novo superintendente comercial da RSA
Seguros no estado de São Paulo.
O executivo deve ampliar a base
e fortalecer o relacionamento
com os corretores e centrais de
negócios do local e com foco
em produtos para pequenas e
médias empresas. Entre suas
metas também estão aumentar
as vendas no estado e buscar
aproximação de entidades que
representam o mercado de seguros e de corretores.
Vaz é formado em Propaganda e Marketing pela Universidade Anhembi Morumbi, tem
20 anos de experiência no setor
de seguros e ocupava o cargo de
gerente comercial na empresa.
desejamos dele, e que essa respeitável
instituição possa atender cada vez
mais e melhor os interesses dos mercados seguradores de Capitalização,
Pessoas, Previdência Complementar
e Saúde, contribuindo positivamente
para elevar o conceito da instituição
do Seguro”.
O almoço contou também com a
advogada Therezinha Corrêa, que analisou a nova resolução CNSP 315/14
que trata sobre o seguro viagem. Essa
regra determina que apenas seguradoras podem comercializar seguro viagem, ou seja, assistências não estariam
aptos a firmar esse tipo de contrato.
Superintendente
comercial
Marcelo Leite assume o cargo de
superintendente comercial da regional São
Paulo da Generali Brasil Seguros. No exercício de suas funções, o executivo irá se
reportar diretamente a Fabiano Rossetto,
diretor comercial da Regional São Paulo.
GENTE
Novas contratações de resseguros
❙❙
André Morandi e Frederico Simões Domingues
Foi aprovado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep)
em outubro, o nome de José Carlos
Cardoso para compor o quadro do
primeiro escalão do IRB Brasil RE.
O novo vice-presidente de Resseguros da empresa deixou a presidência
da Scor Brasil em setembro de 2014
para assumir o novo cargo, tendo sido
responsável técnico e operacional pelas
atividades de resseguro para toda a
América Latina.
No início de novembro, mais
executivos foram integrados aos quadros da companhia, André Morandi,
contratado para ocupar a Gerência de
Riscos Corporativos e a recém criada
gerência de negócios será assumida por
Frederico Simões Domingues, que terá
como desafio cuidar da área de Pesquisa
e Desenvolvimento, compondo, assim,
mais um “braço” da Diretoria Técnica.
❙❙
José Carlos Cardoso
Diretora técnica no Brasil
O XL Group anunciou Thisiani
Matsumura Martins como diretora
técnica de sua operação de seguros no
Brasil, ainda sujeita a aprovação da
Superintendência de Seguros Privados
(Susep). A executiva passa a ocupar o
cargo de Juan Bragadin, que continua na
companhia como consultor para o mercado latino americano; e deverá fortalecer
as soluções oferecidas pela empresa no
País, liderando os processos de aprovação
dos produtos, compliance e resseguro
junto à Susep.
Thisiani atuará a partir do escritório
de São Paulo reportando-se a Renato
22
Rodrigues, gerente geral da operação de
seguros do XL Group no Brasil.
Reeleição no
Sincor-RJ
Os corretores fluminenses elegeram a Chapa 1, da situação, para
um dos mandatos mais longevos do
mercado de seguros. Ao completar
a nova gestão, Henrique Brandão
completará 30 anos no comando da
categoria. O Estado do Rio de Janeiro
possui dez mil corretores de seguros,
sendo 1.200 sindicalizados. Destes,
apenas 624 compareceram às urnas e
se dividiram na votação, dando uma
vitória apertada à situação.
A contagem oficial dos votos
foi feita por Henrique Berardinelli,
diretor da Budget Consultoria, reconhecido pelas duas chapas como
pessoa de estreita confiança para
conduzir o processo. Assim que as
urnas foram fechadas, às 17 horas,
foi feita a ata e os fiscais das chapas,
os candidatos e os grupos de apoio
ocuparam o auditório do Sincor-RJ
para assistir a contagem e o anúncio
do resultado final.
O placar oficial, acompanhado
sob tensão, já que ora havia uma vantagem para um ou outro candidato,
contabilizou o seguinte resultado:
Chapa 1, da situação, liderada por
Henrique Brandão, obteve 314 votos
e Chapa 2, de oposição, obteve 307
votos. A diferença foi de sete votos
para a chapa vencedora. Foram contabilizados também dois votos em
branco e um voto nulo.
direto de londres
por Luciano Máximo*
Lloyd´s para turistas
Londres é uma das cidades mais
vibrantes do globo, isso todo mundo
sabe. É também uma das cinco mais
visitadas: todos os anos, mais de 15 milhões de turistas circulam pelas ruas da
capital inglesa — o Rio de Janeiro atrai
cerca de 2 milhões de visitantes anualmente, de acordo com levantamento da
consultoria Euromonitor. Mesmo sem
nunca ter estado por aqui, muita gente
também conhece as principais atrações
turísticas londrinas: os tradicionais
PUBs, os incríveis museus, se perder nos
belíssimos parques, fazer aquela careta
para a fotografia ao lado do soldado real
de chapéu engraçado que está sempre
imóvel, sequer pisca; tentar encontrar
os cenários do filme de Julia Roberts e
Hugh Grant ao passear por Notting Hill;
apreciar a imponência do Big Ben e das
Casas do Parlamento em Westminster e
caminhar até o Palácio de Buckingham
em Saint James ou até Tower of London,
onde ficam expostas as joias da coroa
sob um esquema de segurança digno de
filme do 007.
E tem muito mais... outro dia mesmo
eu dei um break nos estudos para passear,
porque ninguém é de ferro, não é mesmo?
Mas minha escolha fez com que eu me
perguntasse: “Não devo ser um turista
lá muito normal?” Pois é, entre tantas
opções turísticas, decidi visitar o famoso e “modernoso” prédio do Lloyd’s of
London, que fica no coração financeiro
de Londres. A visita permite nos lançar
numa impressionante viagem por mais
de três séculos de história econômica
e política do Reino Unido e do mundo,
tendo o seguro e o resseguro como um
grande fio condutor. Tudo isso num am24
biente espetacular, que mistura tradição
e modernidade o tempo todo.
Eu tive a oportunidade de conhecer
o Lloyd’s em Londres pela primeira vez
em 2009. Mas foi uma visita profissional,
para fazer uma reportagem para a Revista
Apólice. Desde então, sempre quis voltar,
para explorar cada cantinho desse prédio
extraordinário e futurista, projetado pelo
renomado arquiteto Richard Rogers (que
também assina o museu Pompidou de
Paris) e construído entre 1978 e 1984.
Do lado de fora, na Lime Street, quem
olha logo fica boquiaberto. A estrutura do
edifício é única, lembra um enorme robô,
com mais de 30 mil toneladas de concreto
e mais de 40 mil metros quadrados de
revestimentos em aço inoxidável e vidro.
Do lado de dentro, passado, presente
e futuro começam a dialogar. O “templo”
do seguro tem mais de 300 anos e ainda
é o lugar onde corretores, seguradoras e
resseguradoras e empresas associadas
negociam e compartilham a cobertura
de praticamente qualquer tipo de risco
imaginável, sempre presencialmente, na
base do olho-no-olho, num ambiente com
computadores modernos conectados aos
mercados financeiros globais e mobiliário dos séculos 17, 18, 19 e 20, obras de
arte e documentos históricos espalhados
por toda parte, como apólices de seguro
de navios cargueiros, ramo que tornou o
Lloyds mundialmente famoso.
Na Underwriting Room, na primeira
parte do passeio, os visitantes podem perguntar aos simpáticos e elegantes guias
Peter Fletcher e Robin Erswell sobre as
apólices mais esquisitas que já foram
fechadas no Lloyd’s. Um deles lembra
que, com certeza, foi uma no século
19, quando 40 membros de um clube
de uísque de Derbyshire, no interior da
Inglaterra, conseguiram uma cobertura
contra fogo e roubo de... suas barbas! Mas
eles também lembram que alguns riscos
são negados pela instituição. É o caso do
diretor de cinema Stanley Kubrick. Nos
anos 1960, antes da filmagem do clássico “2001: Uma Odisseia no Espaço”,
Kubrick procurou os brokers do Lloyd’s
em busca de algum tipo de seguro de
risco civil para garantir proteção financeira na eventualidade de ele ter algum
prejuízo caso vida inteligente no espaço
fosse descoberta pelo homem antes do
lançamento do filme.
Ainda no amplo salão de negociação
de riscos, onde é possível ver livros de
corretagem centenários e vários objetos
de escritório antigos, os visitantes aprendem que o Lloyd’s of London não ficou
conhecido mundialmente só por ser um
espaço onde é possível fechar seguro para
quase tudo — os seguros mais extravagantes são mais exceção do que regra.
Foi lá que grandes empreendimentos
da humanidade tiveram, e ainda têm até
hoje, a garantia para que fossem conduzidos. Exemplos são grandes explorações
marítimas e, mais atualmente, o seguro
de plataformas de petróleo em alto mar
ou de grandes obras de infraestrutura.
No Lloyd’s, um pool de seguradores ou
resseguradores negocia os vários riscos
de um projeto, que acabam fatiados entre
os parceiros como forma de garantir a
cobertura de um eventual sinistro bi-
lionário sem afetar de maneira
muito significativa o patrimônio
e a liquidez desses players.
No passado, quando uma
apólice era fechada ou alguma
boa notícia chegava aos corretores e seguradores de Londres,
como, por exemplo, a chegada
ao porto de um navio sem o
registro de nenhum sinistro,
soavam-se duas badaladas do
sino de Lutine, cravado no centro da
Underwriting Room. Quando chegava
má notícia, um navio que afundou, um
incêndio que destruiu algumas construções seguradas pelos membros do
Lloyd’s, era apenas um toque. A peça,
do século 17 e conservada até hoje, não
é mais usada em referência aos negócios fechados atualmente, apenas em
ocasiões muito especiais, como a visita
da rainha no início deste ano ou o nascimento do primeiro filho do príncipe
William com a duquesa Kate Middleton.
O próximo passo da visita é a biblioteca e a Adam Room, onde até hoje
funciona a sala de jantar do conselho
do Lloyd’s. O detalhe é que o local foi
projetado em 1763, pelo arquiteto escocês
Robert Adam. Ela sobreviveu ao tempo
e esteve sempre do mesmo jeitinho em
todas as diferentes sedes do Lloyds nos
últimos 250 anos. Uma longa mesa envernizada rodeada de pinturas históricas
e antiguidades dão um tom de sobriedade
ao local.
O terraço do Lloyd’s of London encerra o passeio, com uma vista magnífica
da cidade. Dali, o verde dos parques de
Londres, a roda gigante, o Big Ben e tantos
outros pontos turísticos da cidade desta
vez ficam em segundo plano para mim.
Como turista e entusiasta do universo dos
seguros, a visita é mais que recomendada!
Serviço
O Lloyd’s of London oferece visitas
guiadas para grupos de até 20 pessoas
de profissionais do ramo de seguros e
estudantes universitários. É cobrada uma
taxa de 12 libras esterlinas por pessoa.
Para participar é preciso apresentar documento de identificação com foto. Homens
precisam estar usando paletó e gravata;
mulheres, roupa social.
Lloyd’s of London
One Lime Street, London, EC3M 7HA
Tel.: +44 (0)20 7327 5733
[email protected]
Faça um tour virtual em www.lloyds.com
* Luciano Máximo, jornalista, é repórter licenciado do jornal Valor Econômico, cobriu o setor
de seguros e resseguros na Gazeta Mercantil
25
especial são paulo sustentabilidade
Por uma vida mais
sustentável
Temos que repensar o espaço urbano. Este é
o grande desafio da maior cidade do País, cujo
Plano Diretor, aprovado em 2014, deverá ditar os
rumos da sociedade nos próximos 16 anos
Kelly Lubiato
U
ma cidade mais aberta aos cidadãos, com espaços públicos
bem utilizados, com o centro
ocioso melhor aproveitado,
com calçadas mais largas, mais transporte público e maior convivência entre
as classes sociais. Este é um resumo
de uma cidade sustentável, o sonho de
muitos paulistas.
Para tentar se aproximar de um
planejamento de médio prazo, a cidade
de São Paulo conseguiu ver aprovado
neste ano o seu Plano Diretor, que traça as diretrizes para o espaço público
nos próximos 16 anos. O secretário de
Desenvolvimento Urbano de São Pau26
lo, Fernando de Mello Franco, afirma
que a cidade não pode ser vista como
fragmentos. “Temos que olhar o quadro violento de diferenças sociais da
cidade, dos territórios e dos agentes da
população”.
Apesar do plano ter sido apoiado
por cerca de 179 entidades de organização social, o Plano foi contestado por
outros setores da sociedades. O economista Marcos Lisboa, vice-presidente do
Insper, acredita que o Brasil peca pelo
excesso de minúcias na sua legislação.
“Temos a legislação mais avançada
do mundo em diversas áreas, como
prevenção de incêndio, preservação
de prédios públicos etc, que fracassam
porque têm vocação autoritária. As leis
deixam pouco espaço para as soluções
temporárias. Em que medida a tentativa
de regular acaba inibindo a capacidade
de tentar?”, questiona Lisboa, que já
atuou no mercado de seguros.
Franco diz que a complexidade do
Plano Diretor é um reflexo da sociedade.
“Ele irá atravessar quatro gestões e não é
apenas um plano de Governo. A complexidade e a contradição que ele expressa
são reflexos da sociedade. O sonho de cidade tem que ter entrega imediata, com
a transformação que todos querem com
mudanças econômicas e sociais. Temos
que continuar a articulação política que
busque a composição e não o conflito”,
declara o secretário.
Os especialistas em urbanismo
afirmam que uma cidade sustentável
deve aprender a conviver com suas
diversidades. Um dos exemplos mais
claros deste modelo é a cidade de Nova
Iorque, que promoveu várias políticas
públicas para atingir um patamar social
e econômico razoável para todos os
grupos. Para o presidente do instituto
Urbem, Philip Yang, a cidade precisa
encontrar um modelo próprio de governança, que contemple a sua nova
realidade. “São Paulo passou por um
processo de inchamento. A população
rural se dirigiu aos grandes centros e
se concentrou. Por isso, precisamos de
um novo modelo de governança, que
priorize a ocupação do centro da cidade,
a convivência nas calçadas e o fim do
apartheid social. Exemplos disso são a
Praia de Copacabana, o Central Park ou
o Parque do Ibirapuera, que são espaços
para a convivência de todos”, esclarece.
Soluções pequenas podem trazer
um impacto considerável. O ex-prefeito
de Curitiba, Jaime Lerner, usa o termo
“acupuntura urbana” para tratar de
pequenas intervenções. Ele foi o responsável pela revitalização da capital paranaense e diz que toda cidade precisa ter
um sonho. “Inovar é começar, deixando
espaço para que a população corrija
quando o processo não estiver correto. A
metáfora de uma cidade é uma tartaruga,
exemplo de vida, trabalho e mobilidade
juntos, com casco representando a tessitura urbana. Se cortássemos o casco
– morando em um lugar, trabalhando em
outro, separando as pessoas por renda,
religião – ela morreria”, exemplificou.
Lerner faz uma conta rápida sobre
a cidade de São Paulo: são 5,4 milhões
de carros na cidade, que basicamente
ocupam 2 vagas (uma na residência e
outra no trabalho). Considerando que
duas vagas têm quase 50 metros quadrados, podemos dizer que elas ocupam o
espaço de quase 5 milhões de moradias
populares, junto à malha viária e não no
fim do mundo. “Precisamos criar uma
pílula anticoncepcional para o carro”,
sentenciou.
É importante lembrar que, antes, a
sociedade cobrava benefícios básicos
para a sua existência (saúde, educação,
moradia, emprego). Hoje, as pessoas
cobram a mobilidade, sustentabilidade
e coexistência social.
A única alternativa para o problema
da mobilidade nas cidades é o transporte
público, funcionando de maneira integrada. “São Paulo tem jeito. Vejo com
bons olhos a prioridade que esta gestão
de Fernando Haddad dá ao transporte
público e à tentativa de usar áreas públicas. Curitiba teve compromisso com a
simplicidade e a imperfeição. Nós criamos um eixo de vida, moradia, trabalho,
❙❙
Marcos Eduardo, da Mapfre
tudo junto, ao longo dos corredores de
ônibus. Não é viável transporte apenas
duas vezes ao dia”, sentenciou Lerner.
O presidente do Grupo BB Mapfre,
Marcos Eduardo Ferreira, fala porque
o anseio de termos mais qualidade de
vida, de morarmos em um lugar mais
seguro, vivendo com menos tráfego,
numa cidade em que você veja mais as
pessoas é de todo mundo. “Acho que o
cidadão quer esta cidade. Gostaríamos
de ter muros mais baixos e trabalhar
mais próximos de casa. Este é um desafio que é tem que ser construído nos
próximos anos”.
Certamente, a iniciativa privada terá
um papel fundamental nesta criação de
um novo modelo de cidade. Ela pode fazer uma série de trabalhos em conjunto
com o poder público. Os produtos de
seguro, em especial, são transformadores, porque eles podem, de fato, quando
acionados, garantir a estabilidade econômica familiar e a estabilidade social.
“Por outro lado”, lembra Ferreira. “melhorar a qualidade de vida das pessoas
é bom para os nossos negócios, tanto
pela visão econômica quanto pelo fato
de sabermos que nossa indústria precisa
melhorar o entendimento sobre o tema,
disseminando a cultura da proteção e
incentivando o planejamento de longo
prazo, por exemplo”.
Como empresa, o Grupo BB e
Mapfre reformulou toda a grade de trabalho no edifício central estabelecendo
novos fluxos de horário, para fazer com
que as pessoas possam fugir do rush
matinal e vespertino. “Há pessoas que
conseguiram até 1 hora e meia a mais
de convivência familiar”, exemplificou
Ferreira.
Uma cidade sustentável, com menor
fluxo de veículos, tem muitos benefícios
para a sociedade. Para o mercado de
seguros, Ferreira pondera que o País
precisa ter, independente de carro ou outro veículo de transporte, bens para que
possamos segurar, núcleos familiares
para que possamos protegê-los, sonhos
para serem realizados. “Existindo isso,
com qualidade de vida, com ampliação
de renda e maior nível educacional, é
sempre bom para o mercado de seguros”, conclui.
27
especial são paulo automóvel
Outras direções
28
A produção de
veículos passa por um
período de retração.
Com menos carros
0km saindo das
fábricas, o mercado
de seguros se prepara
para 2015 com mais
cautela, mas não
deixa de pensar no
crescimento
N
Amanda Cruz
o início do mês de setembro deste ano o banco BTG
Pactual divulgou nota oficial
dizendo que as perspectivas
para o mercado segurador na carteira de
automóveis poderiam não ser as mais animadoras. Essa prospecção atingiu ações
de empresas do mercado, que se tornou
mais cauteloso em suas ações. A venda
de automóveis caiu 7,6% e as exportações
sofreram um declínio de 35% no primeiro
semestre do ano.
As principais expectativas até setembro foram bastante pessimistas, mas
hoje as declarações e o cenário passaram
por mudança positiva e já se fala de uma
forma mais otimista, embora cuidadosa.
Quais dessas expectativas vingarão para
o próximo ano? A Revista Apólice conversou com executivos do mercado para
entender como eles enxergam o mercado
nesse momento.
Marcelo Goldman, diretor Executivo de Produtos Massificados da Tokio
Marine, afirma que o setor está atento
a esses acontecimentos. “O mercado
desacelerou um pouco em relação aos
últimos anos e isso tem relação com a
queda da indústria automobilística, que
afeta o nosso mercado. A expectativa de
maior crescimento da indústria deverá
ser para 2016”, explica o executivo encarando uma realidade econômica, com
planos muito positivos para a carteira de
auto em sua companhia de atuação, com
crescimento estimado de 15% dentro da
Tokio Marine.
Com o final de 2014 se aproximando,
e as renovações de seguro de automóveis
sendo negociadas, o mercado precisará
saber se a conta irá fechar e como serão
as contas para o ano de 2015, que já está
próximo. “As vendas até outubro apresentam queda de 8,9%, mas a projeção
da Federação Nacional da Distribuição
de Veículos Automotores – Fenabrave é de que a queda seja de 8% em relação
a 2013. Mas o que precisamos olhar pra
avaliarmos o impacto é qual o efeito dessa
queda na frota total segurável”, reconhece Fabio Leme, diretor de Produto para
Automóvel da HDI Seguros.
A questão central é perceber os
números absolutos, aponta Eduardo Dal
Ri, diretor de Automóvel da SulAmérica.
A indicação é de que cerca de 250 mil
veículos, em média, são emplacados
por mês. Os emplacados são veículos
que circularão no País, que não serão
exportados, e também os carros que
são importados. Para o executivo, esse
número ainda é bastante representativo.
“Claro que não estamos crescendo tanto,
mas é um número expressivo. Não é uma
indústria que parou”, afirma.
A expectativa da CNSeg para o
crescimento desse ano está em 7% e, para
2016, 4,5%. Esses números indicam que
a entidade passa longe de indicar os dois
dígitos que eram habituais nos balanços
do mercado. Isso mostra que o momento
da economia é delicado e a cautela pode
ser uma forte aliada para enfrentar o
período.
Mas Tiago das Neves, diretor da unidade de Affinity da Willis, apresenta um
caminho que é estudado pelos corretores,
que também têm sentido a movimentação
diferente do setor. “Este cenário é percebido no mercado de seguros de automóvel, principalmente para as corretoras que
têm operações direto com montadoras
ou concessionárias de automóveis. Neste
segmento existe perda de negócio e a
solução é fazer mais seguros com menos
veículos e complementar a venda com
cross selling de outros produtos”, aponta.
Dentro da HDI foi feita uma projeção: se as vendas de carro 0km ficassem
estáveis até 2020, ou seja, sem crescimento algum, e repetissem a quantidade de
venda o crescimento da frota circulante
cresceria 28% e a frota segurável (estipulada em automóveis com até 8 anos
de uso), aumentaria 46% até 2020. Leme
explica que esses números seriam possíveis porque a quantidade de veículos que
entra em circulação no País é maior da
que entrava entre 2010 e 2011. “Mesmo
em um exercício de queda de 3% ao ano,
nós prevemos que a frota ainda cresceria”,
reitera o executivo da HDI.
Medidas
A percepção de Neves é de que todos
os corretores, inevitavelmente, sentem
este impacto. Ter capacidade de abrir
novas oportunidades de oferta de outros
seguros, aumentar a conversão do seguro
de automóvel e, para os clientes que não
tiverem como suportar o custo de um
seguro “completo”, oferecer soluções
mais em conta, tais como seguro do
casco com assistências, seguro contra
terceiros com assistências ou mesmo
oferecer apenas a assistência 24h, são as
apostas do diretor da Willis. “Tudo isso
precisa ser feito, pois não podemos perder
a venda”, afirma.
Muito ou pouco impactadas, as
seguradora precisarão estudar maneiras
de driblar esse período. “Não que as seguradoras não estejam preocupadas, mas
o Brasil tem, em média, quatro habitantes
por veículo. Como a concentração de
renda é grande, existe muita demanda
reprimida do brasileiro pelo automóvel.
O mercado não está saturado”, pontua
❙❙
Marcelo Goldman, da Tokio Marine
29
especial são paulo automóvel
Dal Ri. O executivo não acredita que o
cenário futuro trará crescimento na casa
de dois dígitos, como aconteceu nos anos
anteriores, mas sim em um ritmo menor.
O acumulado de vendas, até outubro, foi
de 2,7 milhões de veículos, no mês foram
290 mil. Por isso, o executivo da SulAmérica acrescenta que parte da retração
nas vendas está ligada também à redução
do mercado de crédito disponível. “As
ofertas de financiamento estão sendo
feitas em menos parcelas, por exemplo.”
Ao que tudo indica, o mercado vai
sentir os efeitos da retração, mas possui
outros meios de fazer a manutenção das
carteiras, conforme explica Fabio Leme,
para ele existe o impacto, mas as seguradoras irão se adaptar. “O que acontece,
naturalmente, é que com essa queda o
mercado de seminovos começa a ficar
mais aquecido, concessionárias começam
a vender mais esses automóveis, gerando
muitos negócios”.
Não se tornando refém da recuperação do setor automobilístico, o mercado
de seguros projeta seu crescimento em
suas próprias novidades. O Seguro Auto
Popular, mais uma vez, volta à tona, agora
mais estruturado e com mais chances de
ser aprovado. Embora esse seja um anseio
esperado há muito tempo pelo mercado
e nada esteja totalmente definido, uma
provável atuação das companhias nesse novo nicho ampliaria a carteira. “O
seguro popular, que ainda não tem uma
definição da Susep, mas está para sair,
poderá ampliar a frota de 17 milhões para
mais 2 a 4 milhões de carros segurados.
Se for aprovado ainda esse ano, ou até
o ano que vem, a expectativa é muito
melhor, porque ele pode pegar aquela
massa que não tem seguro hoje”. A massa
a qual ele se refere engloba pessoas que
não têm seguro, principalmente porque
não podem arcar com o preço, seja do
carro seminovo ou antigo. No segundo
caso, a falta de peças no mercado também
gera relutância dos clientes em potencial,
mas esse seguro poderá usar peças recuperadas, tornando o acesso mais fácil e
mais barato.
“Essa é uma grande esperança que
poderá fazer com que a previsão dos
números mude”, completa o executivo
da Tokio Marine.
Fabio Leme diz que o mercado de
seguros vê com otimismo o Seguro Auto
Popular, pela possibilidade de ampliar um
pouco a faixa de atuação para atender
carros mais antigos. Ainda assim, para
ele, a frota que apresenta o real crescimento é a de seminovos. “Já existem
regulamentações publicadas, e algumas
outras que estão sendo aprovadas, e isso
deve acontecer ao longo dos próximos
meses, mas será preciso um período para
operar de forma adequada, em longo
prazo, como todo novo negócio”, ressalta.
Dal Ri expõem as razões pelas quais
acredita na consagração desse tipo de
seguro: “acho que estamos mais perto
do que nunca da aprovação, porque a
legislação tratará de temas importantes,
como as peças usadas e certificadas”,
aponta. Ainda em estudo preliminar, há
indícios de que esse mercado, quando
maduro, tenha um seguro que custará de
10 a 30% mais barato.
“Nós aceitamos carros com até 20
anos de uso. Mas o seguro acaba ficando
caro, porque, como temos que fazer o
seguro com peças novas, quem tem carro
mais velho tem que arcar com um valor
muito alto. Essa dinâmica não vai mudar
muito se não houver o seguro popular”.
O mercado de São Paulo
Talvez a questão que seja gritante no
mercado paulista de seguros de automóvel é a de roubos e furtos que, junto com
o problema da queda de produção, acende
a luz de alerta do setor.
Goldman, da Tokio Marine, lembra
que São Paulo ainda sofre com os prejuízos de roubos e furtos, mas está caminhando a passos largos para minimizar
esse problema, já que, no segundo semestre, o Governo da São Paulo colocou em
prática a Lei de Desmonte, legalizando
esses espaços e fiscalizando e fechando
aqueles que não podem se enquadrar dentro da medida. “Isso amenizou o índice de
Produção de autoveículos montados
Janeiro a outubro de cada ano
mil unidades
-16,0%
3.188
2.772
2.346
1.956
2.017
2005
2006
2.815
2.819
2010
2011
2012
2.678
Fonte: Anfavea
1.750
2.553
2.876
2004
30
2007
2008
2009
2013
2014
❙❙
Eduardo Dal Ri, da Sulamérica
roubo e a tendência é de que permaneça
assim. Acredito que São Paulo tende a
melhorar em termos de contratação de
seguro. À medida que o roubo diminui,
as seguradoras poderão ter preços melhores”, comemora o executivo. As iniciati-
vas governamentais acabam tornando-se
peças chaves, pois sem elas a cultura e a
insegurança permanecerão as mesmas,
impedindo a maior democratização do
mercado. A gritante diferença de preços
entre regiões do Estado é a prova disso.
“O mercado tem milhões de clientes,
mas se a gente conseguisse ter índices
de violência menores poderíamos ter
ainda mais”, pondera o executivo da
Tokio Marine.
São Paulo possui um terço da frota
circulante do País, mas, exatamente por
isso, segundo os executivos, é mais resistente aos impactos dos problemas da
indústria automobilística, já que possui
um mercado mais parrudo. “O Estado
já é o “driver” do crescimento nacional,
então este impacto é sim sentido também.
A vantagem é que o mercado é maior, o
que permite ter uma base grande para
buscar receitas alternativas”, assegura
Neves. Essas medidas incluem encontrar
novas soluções de produto e canais para
uma oferta massificada, aumentando a
❙❙
Fabio Leme, da HDI
penetração, segundo executivo da Willis.
Fabio Leme, da HDI, também dá
mais crédito à colocação de São Paulo
no mercado para aguentar o abalo. “Os
mercados da região Norte e Nordeste do
País devem sentir um pouco mais, porque
especial são paulo automóvel
cresciam em velocidade superior”, diz.
Conforme as análises, apesar do trânsito
paulista indicar que há um problema
de espaço nas vias, essa grande frota
garantiu renovações de apólices e, por
causa do alto índice de roubos e furtos,
uma necessidade muito maior de estar
protegido. “54% dos veículos segurados
estão no Sudeste, sendo São Paulo, de
longe, o maior mercado, com uma forte
relação com o PIB do País.
A pulverização da carteira se apresenta como uma medida que pode amenizar esses riscos. É certo que São Paulo
continua a ser um grande mercado em
que ainda há espaço.
O crescimento
O otimismo com o mercado não
se esvai, porque junto ao seguro propriamente dito estão as assistências que
aproximam seguradora, corretor e segurado. Os carros seminovos continuarão
precisando de reparos, manutenção e
32
os clientes continuarão demandando as
companhias que puderem dar a eles o
atendimento que faz jus ao que esperam.
Vidros, parachoques, inspeção, além de
benefícios para a casa, ligam os players
do mercado e é o ponto mais ressaltado
quando a questão sobre como driblar
essas barreiras que vem à tona. “Sem
dúvidas, hoje o cliente tem mais contato
com o seguro através da assistência.
Normalmente, o uso da apólice em caso
de sinistro é de 7,8%. O das assistências
fica entre 30 e 40%”, explica Marcelo
Goldman. A cobertura de vidros é ressaltada pelo executivo como um item que
as pessoas usam muito.
Tiago das Neves aposta em um
crescimento na casa dos 10% para 2015.
“Não vemos espaço para ser muito pior
ou melhor que isso. No espírito do momento político que atravessamos existe
uma margem de erro de 2% para cima
ou para baixo”, comenta. Para ele, a
criatividade será muito mais importante
às companhias. “As seguradoras têm
sido criativas na busca de novas ofertas
e produtos, mas não demonstram querer
avançar para segmentos de maior risco
ou sinistralidade”, atesta.
A receita da SulAmérica também
não é diferente. “Vamos focar muito em
atendimento, missão sinistro e lançamento de produtos de produtos novos. Para
esse ano posso citar a Franquia Flex, que
funciona trabalhando com o valor que o
cliente quer e que cabe melhor no bolso
dele”, adianta Edurado Dal Ri.
O mercado é otimista. As notícias
sobre o assunto não são as melhores,
mas a situação de mercado se reflete na
maneira somo seus players se colocam
diante dos empecilhos impostos. Neves
sintetiza essa característica: “O corretor
é um profissional otimista. Acredito que
os bons corretores saberão encontrar
oportunidades que lhes permitam crescer
a taxas superiores às apontadas para o
seguro auto”, finaliza.
Suplemento Especial Longevidade
História de amor iniciada
na terceira idade: o casal
Cledí e Osvaldo mostra
sua arte durante o evento
Especialistas debateram, durante o IX Fórum da Longevidade Bradesco
Seguros, as diferenças de prioridades entre os gêneros.
Para as mulheres, a melhor idade traz a liberdade; para os homens,
uma carga de dúvidas e dependências.
Apoio:
Fotos: Rogério Luvizzutto
Vida longa para
homens e mulheres
especial | IX
fórum| da
longevidade
especial
seguro
de vida
A
diferença no processo de
envelhecimento entre gêneros – homens e mulheres
– foi o tema central do IX
Fórum da Longevidade Bradesco Seguros, realizado pelo Grupo Bradesco
Seguros no dia 15 de outubro, em São
Paulo. Hoje, aqueles que têm mais
de 60 anos de idade representam um
universo de 20 milhões de pessoas
que, em 2050, chegará a 65 milhões,
de acordo com estimativas do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). Esse crescimento se deve ao
aumento da expectativa de vida, fruto
dos avanços da medicina e do acesso
à informação e ao consumo, em razão
de melhores condições tanto no campo como nas cidades.
Ao convidar os participantes para
a reflexão sobre essa nova realidade,
o presidente do Grupo Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi, lembrou
que, por iniciativa de líderes como
Lázaro Brandão, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, e
Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente
do Banco Bradesco, o tema da longevidade integra hoje o DNA da empresa
e é indispensável para se pensar o
futuro, na perspectiva de um país mais
experiente no qual convivem diferentes
gerações de brasileiros e brasileiras.
Rossi ressaltou que a Fundação
Bradesco atende hoje a mais de cem
mil crianças em todo o país e que, ao
longo das últimas décadas, milhares
delas passaram por suas escolas e já
ingressaram, como milhões de brasi-
Os especialistas Claudia Burlá, Mirian Goldenberg, Alexandre
Kalache e Maria Victoria Zunzunegui durante debate
leiros, nas estatísticas da longevidade.
E foi justamente sobre esse aumento da expectativa de vida e sobre
as diferenças entre gêneros que se debruçaram especialistas e palestrantes
ilustres, no IX Fórum da Longevidade.
Afinal, quem nasceu em 2010 tem
uma expectativa de vida de 73 anos,
enquanto quem nascerá em 2050 já
contará com 81 anos. Os dados levam
em conta o passado, pois há 50 anos
essa expectativa era de apenas 60 anos.
A diferença, tanto no passado como
no presente, está no fato de que as
mulheres têm, em média, sete anos a
mais de vida que os homens.
O médico e gerontólogo Alexandre Kalache, consultor do Grupo Bradesco Seguros para temas relacionados
à longevidade, lembra que existem hoje
700 milhões de pessoas no mundo com
mais de 60 anos, população que poderá
chegar a dois bilhões nas próximas
três décadas. Ele lembra também que
muitas mulheres buscam mais os
médicos e os cuidados preventivos,
enquanto boa parte dos homens adia
esse encontro, só recorrendo a médicos e exames quando, muitas vezes, os
cuidados preventivos não surtem mais
efeito - o que é um dos fatores que
explica o fato de elas viverem mais.
Como o Brasil é um dos primeiros no ranking dos países que mais
envelhecem, o tema ganha ainda mais
relevância. A Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (Pnad) de
2013, divulgada pelo IBGE, mostra
que as pessoas com 60 anos ou mais
correspondem a 13% da população,
o que equivale a 26,1 milhões de
idosos no país. Em 2050, a projeção
é que este grupo alcance 64 milhões,
equiparando-se ao Japão.
A questão do gênero - explica Kalache, que mediou diversos painéis no
evento - está diretamente relacionada
ao papel social desempenhado por
mudar. O tempo que era dedicado ao
outro e para satisfazer demandas externas deve ser dedicado a si próprio.
“O tempo é para mim. A prioridade é
cuidar de mim, no tempo da escolha
e não da obrigação. O tempo é um
patrimônio.”
Mirian afirma que as mulheres,
mais do que os homens, falam de
uma conquista que elas só alcançam
na velhice: a liberdade. Muitas que
viveram um casamento ou a cultura
do corpo como uma prisão afirmam:
“Hoje, com mais de 60 anos, sou livre
pela primeira vez na minha vida”.
A bela velhice
Ao olhar à nossa volta, é fácil perceber a quantidade de pessoas acima
de 60 anos de idade que mantêm uma
vida ativa. A antropóloga e professora
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mirian Goldenberg, comentou o
texto de sua coluna semanal no jornal
Folha de S. Paulo que deu origem
ao estudo “A bela velhice”. Quando
publicou sua crônica, Mirian recebeu centenas de e-mails de homens e
mulheres que abriram caminho para
a pesquisa. A partir daí, a antropóloga entrevistou 1.700 pessoas com
mais de 60 anos para descobrir o que
pensam, quais são suas preocupações
e frustrações e qual a receita para ser
uma pessoa ‘ageless’, ou seja, do tipo
que não se torna invisível, apagada e
infeliz ao atingir a maturidade.
Mirian conta que, entre as principais conclusões da pesquisa, destaca-se a de que não é preciso ser celebridade para ser feliz, mas sim ter
um projeto de vida, com pequenas e
grandes escolhas do cotidiano. “Para
os homens, nessa fase da vida, o trabalho precisa ter um significado, porque
eles querem continuar sentindo-se
úteis e ativos, mas não por obrigação”,
afirma, acrescentando que, nessa etapa, todos querem ser seu melhor “eu”,
eliminando da vida tudo o que impeça
sua evolução.
Para uma bela velhice, frisa
Mirian, o conceito de tempo tem que
Mirian Goldenberg
As diferenças de gênero aparecem em vários momentos da pesquisa.
Quando a pergunta versa sobre quem
será encarregado dos cuidados com
a pessoa na velhice, as mulheres respondem: “Quem vai cuidar de mim
são minhas amigas, minha família
escolhida”. Já os homens dizem, de
forma emocionada: “Quem vai cuidar
de mim é a minha esposa, são meus
filhos e meus netos”. As mulheres
quase nunca falam da família. Mirian afirmou que há uma inversão na
maturidade, porque os homens retornam ao seio da família e recebem o
carinho e o afeto que não receberam
quando eram jovens e tinham que se
dedicar ao trabalho. “É um momento
libertador para homens e mulheres”,
comenta.
No Brasil, segundo a antropóloga,
as mulheres têm receio de envelhecer
porque veem no seu corpo as temidas
mudanças. Na fase dos 40 aos 50 anos,
enfrentam uma crise, não por terem
ficado ‘velhas’, mas por se perceberem
invisíveis. “Quando eu pergunto”, diz
Mirian, “se você deixaria de usar alguma roupa porque envelheceu, 91%
dos homens dizem não, mas 96% das
mulheres dizem que já mudaram. Elas
cortam o cabelo, deixam de lado as
saias mais curtas e o biquíni”.
Mirian ressaltou o que de mais
importante aprendeu com a sua pesquisa: para viver bem, é preciso ter
saúde e um pouco de dinheiro; mas,
acima de tudo, é preciso dar risadas.
“Das mulheres pesquisadas, 32%
dizem que não são felizes porque são
perfeccionistas, insatisfeitas, críticas,
preocupadas, estressadas, exaustas e
inseguras. Elas não têm tempo para
rir. No entanto, 60% das mulheres
querem ser mais livres, felizes e leves.
Querem rir mais”, aponta. Isso, segundo ela, deve-se ao fato de as mulheres
estarem livres da opinião dos outros.
A antropóloga destacou que a
única categoria social que inclui todo
mundo é “velho”. “Nós somos classificados como homem ou mulher,
homo ou heterossexual, negro ou
branco, mas velho todo mundo é, hoje
ou amanhã. Por isso, como nos movimentos libertários do século passado,
deveríamos vestir uma camiseta com
os dizeres: ‘eu também sou velho’ ou
‘velho é lindo’”, concluiu.
Saúde para a
maturidade
O século XXI é considerado o
século do envelhecimento da população, e o que chama a atenção é que
o segmento populacional que mais
cresce é o de pessoas com mais de 80
anos, apontou a médica Claudia Burlá,
em palestra apresentada no IX Fórum
da Longevidade Bradesco Seguros.
Para a especialista em Geriatria pela
Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, o grande desafio da
sociedade é como cuidar das pessoas
que alcançaram essa faixa etária.
O envelhecimento é um processo
universal, que não pode ser bloqueado. Cabe aos técnicos estudar como
especial | IX
fórum| da
longevidade
especial
seguro
de vida
homens e mulheres. As mudanças no
mercado de trabalho e na perspectiva
de longevidade revelam, também, que
as mulheres estão mais ativas economicamente e menos disponíveis para
o papel de cuidadoras que exerciam
anteriormente.
“As mudanças demográficas provocam impacto em todas as políticas
governamentais, incluindo, além da
saúde, as áreas da educação, da família, do trabalho, da previdência e
da assistência”, ressalta Lúcio Flávio
de Oliveira, presidente da Bradesco
Vida e Previdência e vice-presidente
da Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida (FenaPrevi).
especia| | IX fórum da longevidade
lidar com suas vicissitudes. Homens
e mulheres envelhecem de forma diferente e, apesar de viverem mais, elas
também são mais frágeis. “Quando
adoece, o homem tende a morrer mais
rapidamente. Já as mulheres tendem a
ter um processo mais lento de terminalidade da vida”, explicou Claudia.
É essa heterogeneidade da velhice o
grande desafio.
Segundo a médica, ao envelhecer,
a terminalidade da vida torna-se mais
complexa. Por isso, é necessário saber
o que é prevalente nas pessoas de
ambos os sexos. “O homem é mais
solitário na velhice”, disse Claudia,
levando em conta sua percepção
clínica. “Ao longo da vida, sua sociabilidade é melhor, principalmente
por conta do trabalho. A mulher, por
inúmeras necessidades, acaba tendo
diferentes focos de inserção. Dois
cromossomos X fazem uma enorme
diferença”, afirma.
Casais que envelhecem juntos
também apresentam particularidades,
abordando, ao final da vida, questões
que lhes foram caras durante esse
período. “É no leito de morte que
segredos são revelados entre casais e
entre pais e filhos. É importante dar
oportunidade para ressignificar essas
situações”, pontuou Claudia.
“Pessoas com pendências têm
muito mais dificuldade para morrer e
respondem mal ao tratamento. Cabe
a nós, profissionais da saúde, sermos
facilitadores desse tipo de situação”,
afirmou.
Segundo a geriatra, é difícil dizer para uma pessoa que ela tem um
problema que não pode ser revertido,
e que, portanto, precisa ser aceito.
Ainda de acordo com a especialista,
homens toleram menos situações de
dependência.
Ao lado de um homem mais velho
dependente há sempre uma mulher,
afirmou Claudia. Ou é a companheira,
ou uma ex-mulher, ou uma filha que
vai cuidar de seu pai. Em famílias
mais numerosas, normalmente são
as filhas mulheres que cuidam do pai
ou da mãe. Para a especialista, isso se
deve ao “duplo cromossomo ‘X’”: a
mulher tem, talvez, o talento de ficar
atenta aos detalhes e cuidar daquele
que necessita.
Um grande divisor de águas para
as pessoas idosas são os acidentes
domésticos, as quedas que acontecem
normalmente dentro do domicílio.
A geriatra declarou que não se podem deixar sozinhos os idosos nesse
momento de terminalidade. Segundo
ela, é muito frequente, nos ambientes hospitalares, não se permitir a
presença do cônjuge ou de pessoas
significantes do final da vida. A perversidade do sistema, frisou, faz com
que as pessoas sejam separadas, mas
é preciso lembrar que a doença faz
parte do ciclo da vida de uma pessoa.
Claudia enfatizou a necessidade
de nos adaptarmos aos processos de
cuidados e sermos otimistas, mesmo
nas situações mais adversas. “O mau
humor envelhece e é sempre melhor
valorizar o contato. Lo-Tech, Hi-Touch (Baixa Tecnologia, Alto Contato)!”,
finalizou.
Executivos da Bradesco Seguros destacam importância do autocuidado
No balanço que fizeram do evento, em entrevista
coletiva à imprensa, o presidente da Bradesco Saúde e
Mediservice, e também presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Marcio Coriolano, e o presidente da Bradesco Vida e Previdência e
vice-presidente da Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida (FenaPrevi), Lúcio Flávio de Oliveira, reforçaram a importância do autocuidado, abordado por
palestrantes em debates, como elemento fundamental
para essa conquista.
De acordo com Marcio Coriolano, vivemos hoje três
importantes transições: a demográfica, com a redução
do crescimento populacional; a epidemiológica, com
a transformação de doenças antes fatais em doenças
crônicas, como a AIDS e alguns tipos de câncer; e a tecnológica, com mais remédios e mais materiais e equipamentos médicos. “Tudo isso implica altos custos, e é
importante que as pessoas tomem consciência e comecem a levar uma vida mais saudável”, afirmou. Marcio Coriolano destacou o trabalho de prevenção realizado em
empresas, citando o programa Juntos pela Saúde, do Grupo Bradesco Seguros, que recomenda ações de prevenção, incluindo desde material explicativo até a elaboração
de programas específicos de gestão de patologias, com
impacto positivo no custo-benefício.
O presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio
Flávio de Oliveira, lembrou que há outros tipos de impacto no processo de envelhecimento, além do físico e do
financeiro. “Não podemos nos limitar à assistência e à
prevenção, precisamos tratar do cuidado como um todo,
ao longo da vida do cliente”, afirmou. Segundo ele, em
média, uma pessoa gasta com saúde, nos últimos cinco anos de vida, tanto quanto no decorrer de toda a sua
vida. Nesse sentido, destacou as ações do Grupo Bradesco Seguros voltadas a estimular a conquista da longevidade com qualidade de vida e bem-estar, a exemplo do
próprio Fórum, do Circuito da Longevidade e de programas como o Porteiro Amigo do Idoso, que já qualificou
mais de 600 desses profissionais, apontados pelos idosos como sendo seus melhores amigos.
Maria Victoria Zunzunegui, professora de Saúde Pública e Envelhecimento da Universidade de Montreal,
apresentou um estudo internacional
sobre a mobilidade na velhice. Foram
colhidos dados em cinco cidades: Natal
(Brasil); Kingston (Ontário/Canadá);
Manizales (Colômbia); Tirana (Albânia) e St. Hyacinthe (Quebec/Canadá).
A especialista explicou que o
objetivo do programa é avaliar as
diferenças das funções físicas no envelhecimento de homens e mulheres.
Elas têm menos capacidade física do
que os homens e mais dificuldade para
se recuperar de problemas físicos.
Em Natal e Tirana, 60% das
mulheres reportaram algum tipo de
incapacidade para caminhar 400
metros. Em Kingston, esse índice cai
para 18% das mulheres.
“Alguns pontos que podem explicar a menor capacidade física da
mulher estão ligados ao estresse social
da falta de segurança, com agravantes como a violência doméstica e o
isolamento social”, afirmou Maria
Victoria, acrescentando que a história
reprodutiva também pode ser levada
em conta, pois dar à luz antes dos 19
anos de idade e ter partos diversos
aumenta os riscos de ter doenças crônicas: diabetes, hipertensão, doença
cardiológica e osteoporose.
Ainda em sua apresentação, Maria
Victoria aplicou na plateia um teste desenvolvido nos anos 70 para identificar
as características de masculinidade e
feminilidade de cada pessoa, levando
em conta padrões de construção social
de cada gênero, baseados mais no
comportamento do que nos determinantes de sexo. De acordo com a classificação do teste, cada indivíduo pode
ser feminino, masculino, andrógino e
indiferente. A conclusão é a de que os
andróginos, por transitarem tanto pelo
universo feminino quanto pelo masculino, tendem a ser mais longevos e
saudáveis, ao lidarem melhor com os
desafios da vida.
Um pouco de história e
economia
Você sabia que mais de 67% dos
trabalhadores que atuavam no processo de industrialização no Brasil eram
mulheres? Que médicos e anarquistas
diziam que lugar de mulher era em
casa, cuidando dos filhos? Essas e
outras informações foram apresentadas pela pesquisadora e historiadora
Mary Del Priore, que estuda a presença da mulher no mercado de trabalho.
Até os anos 50 e 60, disse ela, era
mais comum as mulheres cuidarem
da casa. Até que a jornalista Carmem
da Silva começou a difundir a ideia
de que a mulher deveria “querer ser,
buscar a identidade fora do ambiente doméstico”, explicou Mary. Ao
trabalhar fora, a mulher esvaziava
o poder do patriarca. “Na década de
70, ela educava os filhos para serem
trabalhadores e as filhas para serem
O caminho da felicidade
Autor do best-seller “Homens são
de Marte, Mulheres são de Vênus”,
o psicólogo norte-americano John
Gray trouxe para o IX Fórum da
Longevidade Bradesco Seguros sua
Mary Del Priore
especial | IX fórum da longevidade
John Gray
donas de casa. Eram dois pesos e duas
medidas”.
Com a democratização da pílula anticoncepcional, nos anos 80,
a feminização de alguns postos de
trabalho abriu oportunidades para
as mulheres, mas sempre com salários inferiores aos dos homens. “A
mulher, dona de seu corpo, começou
a conquistar o mercado de trabalho
e passou a educar suas filhas para
serem profissionais. Nesse período,
cresceu como nunca o número de divórcios e a violência contra a mulher”,
lembrou Mary.
Em 1995, 45% das mulheres
brasileiras já eram chefes de família,
enquanto uma em cada cinco comandava a casa sozinha. Hoje, mais
de 50% das mulheres são chefes de
família.
No século XXI, afirmou Mary, o
grande problema da mulher brasileira
com mais de 35 anos continua a ser a
família: ela sai para trabalhar e deixa
os filhos em casa. “Na geração dos 20
aos 35 anos, temos uma reviravolta,
porque é o momento em que a mulher
escolhe entre ser mãe e trabalhar.
Essa escolha significa a ruptura com
um padrão de 1.500 anos”, disse a
historiadora.
especia| | IX fórum da longevidade
experiência. Em seu consultório, Gray
recebe casais em busca de terapia
para melhorar a vida a dois. Segundo
ele, a condição primordial para ser
longevo é estar feliz no casamento.
Pessoas casadas, afirmou, têm menos
câncer, menos doenças cardíacas e
menos Alzheimer. E, para ser feliz
no casamento, é importante olhar
para algumas questões das diferenças
de gênero. Sobre sexo, por exemplo,
o especialista lembrou que o homem
quer quantidade, enquanto a mulher
prefere qualidade. É importante garantir um equilíbrio na vida conjugal.
Do ponto de vista da saúde e do
bem-estar, Gray recomendou que as
toxinas sejam eliminadas do corpo.
Entre suas dicas, orientou beber água
morna com limão todas as manhãs,
de forma a estimular o fígado a
produzir mais bílis para eliminar as
toxinas. Para uma vida feliz, Gray
ressaltou ainda a necessidade de
Bradesco Seguros premia reportagens, trabalhos científicos e histórias de vida
durante IX Fórum da Longevidade
Durante o IX Fórum da Longevidade, foi realizada a
cerimônia de entrega dos Prêmios Longevidade Bradesco Seguros, Em sua quarta edição, a premiação é considerada uma das mais importantes iniciativas do gênero
no Brasil, nas modalidades de Jornalismo, Histórias de
Vida e Pesquisa em Longevidade – esta última, lançada
em 2014, com foco na comunidade acadêmica.
Veja, a seguir, os vencedores. Mais informações no
site premiosdalongevidade.com.br.
Prêmio Longevidade Bradesco Seguros –
Modalidade de Jornalismo
Categoria Mídia impressa – Jornal e Revista
ll 1º Lugar – Fernando Jasper, jornal Gazeta do Povo, de
Curitiba, com a série de reportagens “O Brasil envelhece”.
ll 2º Lugar - Karla Spotorno, Revista Valor Investe do
Jornal Valor Econômico, com a matéria “Dez Passos
para um Futuro Promissor”
ll 3º Lugar – Vinícius Sassine, jornal O Globo, da sucursal Brasília, com a série de reportagens “Batalha no
Fim da Vida”.
Categoria Mídia Eletrônica – Rádio, TV e Web
ll 1º Lugar – Alessandra Dias, pela série de reportagens
“Desafios da Longevidade”, da CBN de São Paulo.
ll 2º Lugar – Débora Brito, pela reportagem “Novos Idosos, Novo Desafios”, veiculada pela TV Brasil, de Brasília.
ll 3º Lugar – Simone Queiroz, pela matéria “Esperança
contra o Alzheimer” veiculada pelo SBT Manhã.
Prêmio Longevidade Bradesco Seguros –
Modalidade Pesquisa em Longevidade
publicado pela Life Sciences, de Amsterdã – Dr. Celso
Martins Queiroz-Junior, doutor em Biologia Celular
pela Universidade Federal de Minas Gerais.
Categoria Gerontologia
ll 1º Lugar – “Argumentos morais sobre inclusão/exclusão de idoso na atenção à saúde”, publicado na
Revista Bioética, de Brasília. O trabalho aborda seis
argumentos morais propostos contra a internação
hospitalar do paciente geriátrico no CTI. Quem recebeu o prêmio foi a Dra. Edna Estelita Costa Freitas,
mestre em Clínica Médica pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
ll 2º Lugar – Veiculado na publicação on-line Occupational Medicine, da Sociedade de Medicina Ocupacional do Reino Unido, o estudo “Complexity of lifetime occupation and cognitive performance in old
age” verificou a associação entre níveis de complexidade da ocupação desenvolvida ao longo da vida
e o desempenho cognitivo global na velhice. Quem
recebeu o prêmio foi a Dra Priscila Cristina Correa Ribeiro, de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Prêmio Longevidade Bradesco Seguros –
Modalidade Histórias de Vida
ll 1º Lugar – Tiago Silveira Meira Borges, de Caetité, interior da Bahia: “Todo Dia um Prego na Parede: Marcas do tempo entre Neto e Avô”.
ll 2º Lugar – Carmem Alves Ruchel, do Rio Grande do
Sul: “A vida e o colar de pérolas”.
ll 3º Lugar – Inês Amanda Streit, de Florianópolis, Santa
Catarina: “A resiliência de Dona Inácia: uma história
de superação no caminho para a longevidade”.
Categoria Geriatria
ll 1º Lugar – “Human Longevity is associated with regular
sleep patterns, maintenance of slow wave sleep, and
favorable lipid profile” (A longevidade humana está
associada a padrões de sono regulares, manutenção
de leves ondas de sono e perfil lipídico favorável), publicada na Frontiers in Aging Neuroscience – Dr. Diego
Robles Mazzotti, da Universidade Federal de São Paulo.
ll 2º Lugar – Estudo experimental que envolve duas
das mais importantes condições clínicas associadas
ao envelhecimento: artrite reumatoide e doença
periodontal (“Preventive and therapeutic anti-TNF-a
therapy with pentoxifylline decreases arthritis and
the associated periodontal co-morbidity in mice”),
O presidente da Bradesco Vida e Previdênia, Lúcio
Flávio de Oliveira (penúltimo, da esq. para dir.), e o
diretor da Bradesco Seguros, Alexandre Nogueira
(à esq.), participam da premiação
Zuenir Ventura
II Fórum
Internacional da
Longevidade
U
m espaço para aprofundamento e troca de experiências. Assim o médico e
gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional
de Longevidade Brasil (International
Longevity Centre - ILC-Br) e consultor do Grupo Bradesco Seguros para
assuntos relacionados à longevidade,
definiu o II Fórum Internacional da
Longevidade, realizado nos dias 16 e 17
de outubro, no Rio de Janeiro. O evento,
que reuniu cerca de 300 pesquisadores
de todo o mundo, dando sequência
aos debates iniciados no IX Fórum da
Longevidade Bradesco Seguros, foi
promovido pelo ILC-BR, com o apoio
do Grupo Bradesco Seguros, Centro de
Estudo e Pesquisa do Envelhecimento
(CEPE), WDA (World Demographic
Forum Ageing) e UNFPA (Fundo das
Nações Unidas para a População).
Marcio Coriolano, presidente da
Bradesco Saúde e da Mediservice, e
também da FenaSaúde, ressaltou, na
abertura do Fórum, a importância de
o Rio sediar o encontro, a crescente
expectativa de vida daqueles que
passaram dos 60 anos e a necessidade
de desenvolvimento de produtos que
correspondam aos desafios impostos
pela longevidade. Promovido pelo
ILC-Brazil, com apoio do Grupo Bradesco Seguros e do Fórum Mundial de
Demografia e Envelhecimento (WDA
Forum), o evento teve como tema
“Envelhecimento e Gênero”, reunindo
especialistas dos cinco continentes.
Na primeira palestra, “Uma
perspectiva acadêmica sobre gênero
e envelhecimento”, a pesquisadora
Sara Arber, da Universidade de Surrey (Reino Unido), apontou os três
tipos de recursos mais importantes
para a qualidade de vida dos idosos:
materiais (renda e bens), de saúde e
assistenciais. Seu foco principal foram
os assistenciais, sobre os quais destacou quatros aspectos que impactam
diretamente a atenção e o cuidado
dispensados aos idosos.
O primeiro é o demográfico, uma
vez que a população mundial vem
envelhecendo rapidamente, sobretudo nas chamadas economias emergentes; o segundo são as mudanças
familiares, já que cresce o número de
famílias nucleares (formadas somente
por casais ou viúvas) e com poucas
crianças, ocasionando pouca disponibilidade de cuidadores no interior das
próprias famílias; o terceiro fator é o
especial | II fórum internacional da longevidade
se viver sem ressentimentos, com
alegria e bom humor.
E quem esbanjou bom humor,
como sempre, foi o jornalista e escritor Zuenir Ventura, 83 anos, colunista do jornal O Globo e autor de
best-sellers como “Cidade Partida”
e “1968 – O ano que não terminou”.
Em palestra em forma de entrevista
concedida ao médico e gerontólogo
Alexandre Kalache, consultor de
Longevidade do Grupo Bradesco
Seguros, Zuenir contou ‘causos’
de sua vida e mostrou a paixão por
sua esposa, com quem divide a vida
há 51 anos. “Não acredito em vida
sem emoção. O melhor jornalista é
aquele que escreve com o emocional, pois, sem isso, a matéria vira
um relatório”.
Otimista, Zuenir falou de suas
caminhadas pelo calçadão de Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro,
e sobre seus amigos, como Ziraldo
e Luis Fernando Verissimo. “Tenho
poucos amigos porque não dou
conta de conversar com todos eles.
Mas a amizade é melhor do que
o amor, porque não tem cláusula
de exclusividade nem exigência de
libido”, brincou. Sobre as mudanças
tecnológicas que presenciou ao longo
da vida, o jornalista observou que um
meio de comunicação não necessariamente elimina outro. “Temos é
que nos adequar às novas exigências.
Confesso que sou um ‘analfabyte’ e
que minha neta de cinco anos é quem
me ensina muitas coisas”, concluiu.
especial | II fórum internacional da longevidade
aumento do emprego de mão de obra
feminina, que onera o pagamento de
aposentadorias; e o quarto e último
ponto são as migrações, que implicam
a escassez de adultos para cuidar dos
idosos nas regiões e países de origem.
“Todos esses fatores afetam a disponibilidade de recursos para a atenção
aos idosos, principalmente nas classes
mais baixas”, afirmou Sara.
Em seguida, o holandês Willem
Adema, economista-sênior da OCDE
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), falou sobre “Gênero e envelhecimento – perspectivas econômicas e oportunidades”.
Ele afirmou que o Brasil apresenta um
gasto adequado com pensões e aposentadorias, em relação ao PIB, mas
que os chamados cuidados de longa
duração ainda são praticamente nulos.
De acordo com o economista, as
mulheres ainda recebem menos do que
os homens em termos de pensões no
mundo. Porém, nos países da OCDE,
graças ao seu crescente nível de instrução, elas têm grande chance de ganhar
cada vez mais, o que as ajuda a aumentar sua contribuição nos lares. Segundo
ele, cresce o número de países onde é
possível para um casal escolher qual
dos dois vai deixar de trabalhar para
cuidar dos filhos. Isso, porém, ainda
não acontece quando o que está em
jogo é cuidar dos parentes idosos.
O envelhecimento no
mundo
O painel “Envelhecimento e Gênero – perspectivas regionais” trouxe
um panorama geral do envelhecimento
na América Latina, Europa, América
do Norte e Oceania. A conversa foi
mediada pelo diretor no Brasil para
o Fundo de População das Nações
Unidas (UNFPA), Harold Robinson.
Participaram Guita Debert, da
Universidade de Campinas (Unicamp);
Toni Antonucci, da Sociedade Americana de Gerontologia; Vitalija Gaucaite
Wittich, da Comissão Econômica das
Nações Unidas para a Europa (Unecep);
e Gabrielle Kelly, do Instituto de Pesquisas Médicas e de Saúde do Sul da
Alexandre Kalache, Marcio Coriolano e Alexandre Nogueira
Austrália. A condução foi do presidente
do ILC-Brazil, Alexandre Kalache.
Entre os pontos comuns identificados pelos palestrantes, o destaque
ficou para a diferença entre gêneros,
pois, em todos os continentes, as
mulheres ganham menos do que os
homens e, como vivem mais, esse é
um problema a ser enfrentado tanto do
ponto de vista previdenciário como de
políticas públicas.
A necessidade de educação para a
convivência intergeracional (pessoas
de diferentes gerações) e o papel do
idoso na formação de mão de obra
também foram abordados como importantes tanto para a economia quanto para a sociedade como um todo.
Equidade de gêneros
em um mundo que
envelhece
Na abertura do segundo dia do
Fórum, Islene Araújo de Carvalho,
da Organização Mundial da Saúde,
destacou o boletim especial lançado
em 2013 por essa entidade da ONU
sobre as ações políticas voltadas para
mulheres idosas. De acordo com a especialista, todas as ações governamentais ao redor do mundo veem a mulher
apenas pelo aspecto da reprodução.
“Não existem serviços voltados para as
mulheres a partir de 45 anos. As outras
políticas só se referem às maiores de
60 anos, quando já são idosas.”
Alexandre Kalache aproveitou
para lembrar que é justamente nesse
período que as pessoas têm de se pre-
parar para o restante da vida. Durante
debate sobre os direitos da pessoa idosa, Monica Roque, da Secretaria para
Crianças, Adolescentes e Famílias,
do Ministério do Desenvolvimento
Social da Argentina, defendeu o
estabelecimento de uma convenção
internacional sobre direitos dos idosos. Segundo ela, a projeção é que,
em 2050, haverá em todo o mundo
mais pessoas acima de 60 anos do
que abaixo de 15, o que só aumenta
a urgência dessa discussão. Segundo
Monica, a população com mais de 60
com dependência moderada ou severa
irá mais do que duplicar na América
Latina até 2050, passando de 23 milhões para 50 milhões de idosos.
Especialistas brasileiros e internacionais, a exemplo de Ana Amélia
Camarano, do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), apresentaram os dados macrossociais e
macroeconômicos, indicando que as
políticas públicas têm evoluído, mas
que é necessário, cada vez mais, levar
o tema ao debate da sociedade. A
jornalista especializada em finanças
Mara Luquet, da rádio CBN e da TV
Globo, enfatizou a importância do
planejamento financeiro, levando
em conta a mudança de visão das
famílias.
A exemplo do IX Fórum da
Longevidade Bradesco Seguros, o II
Fórum Internacional da Longevidade
foi encerrado com bate-papo descontraído, conduzido pelo gerontólogo
Alexandre Kalache, com o jornalista
e escritor Zuenir Ventura.
especial são paulo fraudes
A quebra do mutualismo
Seguradoras e segurados têm em suas apólices um contrato de
cooperação mútua. Mas quando uma das partes quebra esse acordo,
toda a cadeia securitária acaba sendo prejudicada
O
mutualismo é base da existência do seguro, é preciso
contar com a cooperação de
seguradora e segurado para
o melhor aproveitamento de todos que
pagam um prêmio, visando o bem-estar
futuro em caso de sinistro.
Mas a complexidade de desenvolver
uma grande cadeia em que todos colaboram, e são beneficiados conforme sua
necessidade, mostra que a incidência de
pessoas mal intencionadas que aproveitam
brechas nas apólices para fraudá-las é
significativo. Mas há perigo à espreita das
seguradoras também entre funcionários
34
Amanda Cruz
e redes credenciadas. O mapeamento de
comportamentos suspeitos para futuras
investigações sobre fraudes é um processo demorado e que, muitas vezes, as
companhias têm receio de fazer, pois há
o risco de o investigado, caso não sejam
comprovadas irregularidades, processe
a seguradora por danos morais, devido à
acusação. A estimativa do setor é de que
20% dos gastos da companhia estejam relacionados com casos de fraudes. Mesmo
assim, ainda é difícil definir com precisão
em quanto pode chegar essa conta.
A CNSeg divulgou um documento intitulado Sistema de Quantificação de Frau-
des (SQF), com dados de 2013, que traz
números que reiteram essa necessidade de
atenção do setor. Ele mostra aumento de
27% nas fraudes comprovadas dentro das
companhias, sem incluir as suspeitas em
que as investigações não foram levadas a
diante. Essas comprovações representam
R$ 341 milhões, ou 1,2% do total de sinistros e 0,8% do que foi arrecadado em
prêmios. Em linhas gerais, com todos os
ramos do setor que foram pesquisados, os
sinistros com suspeita de fraude formam
um montante de R$ 2,17 bilhões, que representaria, nesse período, 7,8% do valor
total dos sinistros (R$ 28 bilhões).
A empresa Nortix, que atua com
mais de 70 sistemas para seguradoras,
ajudando-as a identificar irregularidades na hora da contratação da apólice,
desenvolveu um sistema de identificação,
com um banco de dados que alerta a seguradora. “O sistema permite à empresa
uma menor exposição à fraude. Ela pode
ter a tranquilidade de que o veículo não é
irregular e que isso não prejudicará suas
operações”, afirma Arthur Giansante,
diretor Comercial da empresa.
ocorrendo na carteira é fraude, mas não
conseguem provar”, conta José Roberto
Macéa, presidente da Jopema, reguladora
de sinistros. Isso faz com que toda carteira tenha potenciais fraudadores.
Pelos resultados, de acordo com pesquisa também realizada pela CNSeg em
2012, 56% das suspeitas em seguros de
vida, por exemplo, ficam sem resolução,
já que a falta de provas levou R$119 milhões de reais a serem pagos, ainda que
esses sinistros estivessem sob suspeita.
Isso ocorre porque a má-fé do segurado poderia levar a seguradora a se
negar a fazer o pagamento, mas sem a
confirmação desse ato é extremamente
improvável que o beneficiário saia do
julgamento sem direito à indenização.
Quando o crime é comprovado, mas não
houve má-fé do acusado, ele fica sem o
direito de receber a indenização, mas
não paga criminalmente por isso. Os
casos em que não há intenção de fraudar
as seguradoras são os mais comuns, já
que a complexidade da apólice de seguros, ou a falta de atenção no momento
de contratação, faz com que as pessoas
acreditem que possuem determinadas
coberturas quando, na verdade, não as
contrataram.
Para fins de comparação, o Brasil
não é o único país que sofre com essas
ações. Segundo artigo disponibilizado
pelo FBI, órgão do governo dos Estados
Unidos, em sua página oficial, a indústria
de seguros estadunidense possui cerca
de 7 mil companhias que coletam mais
de US$ 1 trilhão em prêmios por ano
Questões jurídicas
O Supremo Tribunal de Justiça é
o responsável por analisar, em última
instância, os casos suspeitos de fraudes
contra as seguradoras. Sendo assim,
não há muito recursos ao setor além de
acompanhar os processos e acatar as
decisões da Lei. Os órgãos reguladores
e as entidades não possuem nenhuma
forma de intervenção. Esse acaba sendo
um dos motivos pelos quais muitas vezes
as situações não são investigadas até o
final. Comprovar essas fraudes requer
um investimento que, muitas vezes, as
companhias não estão dispostas a arcar,
nem tanto pelos custos da ação, mas por
um desgaste de imagem da seguradora,
especialmente pelo temor de que, caso
não seja comprovada a fraude , a seguradora saia como “vilã” da questão.
“Quando se fala em quadrilhas especializadas, trata-se de pessoas que sabem
onde e como fazer, com uma prática e
que por isso obtém tanto sucesso. E há
seguradoras que sabem que o que está
❙❙
Arthur Giansante, da Nortix
❙❙
Djalma Perin, da Nortix
Em relação ao Sinistro Suspeito
19,4%
Fraude Detectada
0,41
Sinistro com
Fraude Detectada
2,13
Sinistro Suspeito
16,2% Fraude Comprovada
0,35
2,13
Sinistro com
Fraude Comprovada
Sinistro Suspeito
Em relação ao Sinistro Investigado
26,9%
Fraude Detectada
0,41
Sinistro com
Fraude Detectada
1,54
Sinistro Investigado
22,4% Fraude Comprovada
0,35
1,54
Sinistro com
Fraude Comprovada
Sinistro Investigado
❙❙
Roberto Macea, da Jopema
35
especial são paulo automóvel
e o país identifica que o custo total por
fraudes, mesmo sem incluir o sistema de
saúde, é estimado em US$ 40 bilhões
por ano. Esses valores mostram que as
fraudes custam, em média, US$ 400 a
US$ 700, por ano, em aumento no valor
dos prêmios para cada família dos Estados Unidos.
pelo que é chamado de fraude de oportunidade, que ocorre quando o segurado
sofre o sinistro e tenta tirar vantagem da
situação. “Ele quer aproveitar para trocar
um pára-choque que foi danificado em
outra ocasião, por exemplo, mesmo que
isso não seja certo, que ele não tenha
direito”, exemplifica José Roberto Macea, presidente da Jopema, empresa de
Oportunidade
regulação de sinistros.
A carteira de Auto continua sendo
Outro problema identificado pela
uma das mais afetadas, principalmente Nortix é a omissão de informações. A
Pequenas Ações
Não são apenas as grandes fraudes que têm impacto no setor. Atos aparentemente pequenos acumulam-se e podem dificultar a vida de seguradoras
e segurados. Confira algumas das mentiras mais frequentes em fraudes:
• Inversão de responsabilidade: esse caso é bastante comum. Geralmente
quando há a colisão de automóveis e um deles não possui seguro, independente da culpa, o motorista segurado assume a responsabilidade para que a
companhia arque com as despesas e nenhum dos motoristas seja penalizado;
• Mudar CEP do pernoite: essa ação é frequentemente descoberta em caso
de sinistros. Na hora da contratação, para ter abatimento no preço, o comprador
diz que o carro possui uma garagem fixa, o que acaba não sendo verdade.
Muitas vezes, o pernoite é feito na rua aumentando as chances de roubo;
• Omissão de segundo condutor: ter mais de um motorista para o veículo
segurado é algo que pode aumentar o valor do seguro, especialmente se o
outro condutor tiver um perfil considerado de maior risco. Por isso, é freqüente
que o titular da apólice assuma a responsabilidade em caso de sinistro quando
outra pessoa conduzia o veículo;
• Carro supostamente roubado, mas vendido em outro país e capotamento intencional: esses tipos de fraudes são menos frequentes, pois são
feitas com mais planejamento;
• Mutilação: foram encontrados causos de fraude em que as pessoas se
automutilam para receberem indenização em apólices que cubram a invalidez
permanente;
• Morte natural alegada como acidental: as indenizações por morte
acidental podem chegar ao dobro do valor do oferecido em caso de morte
natural. Por isso, não é raro que as famílias forjem um acidente para conseguir
uma cobertura maior;
• Homicídios arquitetados: alguns casos tomaram as manchetes de
jornais, como foi o assassinato do casal Manfred e Marísia Von Richthofen,
em outubro de 2002, por sua filha Suzanne. A herança, incluindo seguros de
vida, em que se encontrava como beneficiária, teriam sido a motivação da
mandante, que acabou sendo condenada e não ficando com a indenização.
36
empresa trabalha com código de chassi,
que é a informação que o veículo ganha
quando sai da montadora. Dali em diante, outros dados são complementados no
Denatran e depois mais informações
que vem de uma base do governo. A
partir dessa última o risco de fraude já
existe. “A base governamental pode já
ter problemas, pois os dados podem ter
sido omitidos ou corrompidos no processo de adesão de novas informações”,
conta Djalma Perin, diretor de Vendas
e Marketing.
Fazer seguro de um carro 1.8, por
exemplo, tem um valor diferente da apólice do 1.0. Se o cliente disser que possui
o automóvel 1.0 e ocorrer um sinistro,
a seguradora o sistema identificará que
os dados estão errados. “Se o cliente
falar que errou, vai apenas pagar um
complemento. Essa é uma fraude muito
comum e é muito difícil de comprovar”,
conta Giansante, da Nortix.
A oportunidade também aparece em
casos de seguro residencial, conta Macéa, que destaca que 50% dos sinistros
em casas e apartamentos acontecem por
danos elétricos e também que roubos e
furtos podem abrir portas para esse tipo
de prática. “Há pessoas que aproveitam
o dano elétrico e colocam na lista aparelhos que já não funcionavam mais há
muito tempo. Ou têm suas casas furtadas
e, na lista de bens perdidos, incluem o
que nem possuíam”, conta.
“No Brasil ainda há uma mentalidade muito forte de tirar vantagem.
Temos que evoluir no aspecto de cultura
social. Evoluímos, mas é necessário
aprender mais sobre seguros”, acredita
Macéa.
Seguradoras, corretores e prestadores de serviço do mercado, juntamente
com advogados especializados no setor,
sempre se voltam para a questão das
fraudes e parecem buscar novas maneiras de detectar os infratores, mas,
de acordo com os entrevistados, o mais
importante é fazer com que as pessoas
entendam que dentro da cesta de produtos do seguro existem diversas pessoas
para utilizá-los e que pegar a mais para
si faz com que o seguro encareça e os
objetivos do mutualismo não sejam
alcançados.
especial são paulo estiagem
Soluções em
andamento
Mercado ainda se volta aos seguros rurais quando o tema é a
estiagem. Com o estado mais populoso do País em crise, segmento
tem agora o desafio de criar produtos específicos para secas em
grandes metrópoles
Lívia Sousa
Q
uando estudos alertavam que
a água passaria da abundância
à escassez em poucos anos,
muitos desacreditaram da
afirmação e acharam que isso só seria
possível num futuro distante. Mas os
especialistas não falavam da boca para
fora: com 12% de toda a água potável
do planeta, o Brasil vive uma estiagem
histórica. Nem o Rio São Francisco, o
principal do País, escapou.
Além do Norte e do Nordeste, onde a
seca já faz parte da rotina há anos, agora
é região Sudeste – mais precisamente o
estado de São Paulo – que vê o recurso
desaparecer. Até o fechamento desta
edição da Revista Apólice o sistema
Cantareira, responsável por abastecer
quase metade da população da Região
Metropolitana, operava com 11,6% da
capacidade, incluindo a segunda cota
de sua reserva. Já o sistema Alto Tietê,
que leva água a 4,5 milhões de pessoas
da zona leste da capital e atende outros
municípios da Grande São Paulo, estava
em 8,5%. Ao contrário do primeiro, o
Alto Tietê não conta com o chamado
“volume morto”. Isto significa que, caso a
chuva abaixo da média persista, o sistema
secará completamente até o fim do ano.
Enquanto a água não cai com a intensi38
dade que deveria, moradores das regiões
afetadas vivem no improviso, comércios
locais alteram a rotina de trabalho e a
produção agrícola chega a níveis críticos.
Ao mesmo tempo em que não faltam
discussões sobre os motivos que levaram
o estado mais populoso do País a entrar
na pior crise hídrica dos últimos 80 anos,
pouco se aborda o papel do seguro nestes
casos. Neste mercado, a consequência da
estiagem acontece de forma indireta e a
longo prazo, na medida em que a falta
de água impactar na produtividade das
empresas seguradas. Mas em cenários
catastróficos, companhias podem suspender as atividades por falta do recurso.
“Nesses casos teremos um impacto
na saúde financeira das empresas e,
consequentemente, na economia como
um todo. Naturalmente isso levará as
companhias a cortarem custos, o que vai
impactar na contratação dos mais diversos seguros, já que em algumas situações
a exposição poderá, inclusive, deixar de
existir, como os seguros de transporte”,
avalia o presidente da corretora de seguros Lockton Brasil, Tony Gusmão.
Já Rodrigo Protasio, CEO da JLT
Brasil, afirma que com a escassez do
recurso afetando a geração de energia,
a população deverá desembolsar ainda
mais na conta de energia elétrica, uma vez
que as térmicas trabalharão no limite e
colocarão em risco os equipamentos, que
poderão sofrer mais danos e impactar os
seguradores. Mais que a consequência
indireta no setor, o executivo reforça
que a própria cultura brasileira justifica
a falta de diálogo. “Compramos pouco
seguro, somos pouco prudentes e ainda
acreditamos que moramos em um País
abençoado, onde a água não faltará”.
De fato, a estiagem não só surpreendeu a população como também o
mercado segurador. Habituadas a cobrir
alagamentos e inundações, eventos de
maior frequência no Brasil até então, as
companhias do setor agora tem o desafio
de criar produtos específicos que garantam os danos da contínua falta de água,
visto que grande parte das coberturas
aqui oferecidas continua destinada aos
seguros Agrícola e de Florestas.
“É a primeira vez que acontece uma
estiagem deste nível em São Paulo. Por
isso, até hoje não se falou sobre seguros
em grandes metrópoles em situações
como esta”, explica Cláudia Melo, gerente
de relacionamento com o setor público da
resseguradora Swiss Re.
Produtos adaptados
A Califórnia, nos Estados Unidos,
vive situação semelhante com a dos paulistas e paulistanos. Também o mais populoso do país, o estado norte-americano
❙❙
Tony Gusmão, da Lockton Brasil
entrou em crise hídrica há três anos e
agora tem 81% do território em estiagem
extrema e 58,4% do estado em dias de seca
excepcional, segundo o Centro Nacional
de Mitigação à Seca dos Estados Unidos.
Assim como os sistemas de abastecimento brasileiro, lá as represas chegaram
a níveis críticos. Dos 12 principais reservatórios locais, 10 estão com a metade
do volume e alguns operam com 11% da
capacidade. A pedido das autoridades,
desde o início do ano a população tenta
reduzir o consumo de água em 20%,
ficando sujeita a multa se constatado o
uso irregular do recurso.
Outro local que sofre com o fenômeno é o Nordeste da China. Enfrentando
a pior estiagem das últimas seis décadas,
foi preciso recorrer à chuva artificial (procedimento realizado também no Brasil)
para “salvar” a agricultura do país.
A exemplo do Brasil, grande parte
do mercado global ainda está voltado
aos seguros rurais quando o tema é a
estiagem. Mas, alguns países e regiões
já trabalham com produtos exclusivos
para o cenário, como é o caso da Europa
e da própria China, que contam com dois
tipos específicos de seguros. O primeiro,
corporativo, paga o sinistro em caso de
dias seguidos de altas temperaturas; já o
segundo é voltado à população: com o
aumento do consumo de energia elétrica
no período, o serviço garante a cobertura
do custo adicional da conta de luz.
Mesmo em países mais quentes,
onde a estiagem é recorrente, muitos
não estão segurados. Protasio, da JLT
Brasil, explica que o serviço geralmente
é acessível justamente em cenários onde a
seca acontece em longos intervalos (como
no Brasil), mas dificilmente se viabiliza
em locais no qual já se tornou recorrente,
pois nestes casos é comum que o seguro
fique mais caro.
“Seguro existe justamente para fazer
frente aos prejuízos inesperados. Uma
vez que o evento é certo, ele se inviabiliza. Desta forma a solução é o governo
estar presente e o melhor remédio é
poupar, controlar o consumo, ter mais
investimentos em represas e no trabalho
de reciclagem da água. Cidades como
Londres, na Inglaterra, reciclam quase
90% de toda a água”, orienta.
Os serviços oferecidos nestes países
podem ser adaptados para utilização
também no Brasil, segundo Protasio, justificando que são os resseguradores internacionais operando em diversos países, e
os operadores de derivativo globais, que
podem melhor correr esse tipo de risco.
De acordo com o executivo, pelo tamanho
e suas proporções continentais, e com a
“mão pesada” do governo federal, o País
poderia estruturar junto às empresas da
área um programa para os estados que
melhor lidassem com perdas de secas ou
de chuvas severas e para os anos de maior
desastre, criando um sistema centralizado
de apoio, além de um fundo de catástrofe
gerido pelo mercado, com participação do
estado e da iniciativa privada.
suas empresas não só para redução do
impacto ambiental, mas também para
auxiliá-los a conviver com a nova realidade climática.
“O mercado segurador encoraja a
mitigação de risco. Por ser composto por
grandes investidores, eles têm o poder
de influenciar corporações, instituições
e as famílias que seguram por meio de
incentivos ou penalizações na hora da
subscrição, assim como também tem o
poder de influenciar governos, que tem
um papel principal no endereçamento das
questões climáticas”, explica Gusmão.
Para isso, as companhias se esforçam para incluir os riscos das mudanças
climáticas nos processos de cálculos atuariais com o objetivo de estimar perdas
que possam ser suportadas em caso de
eventos catastróficos, assim como fornecer alternativas de seguros para projetos
de energia renovável e investir em companhias e projetos relacionados ao meio
ambiente. “Nosso entendimento é que o
foco do mercado segurador futuramente
será mais abrangente no que se refere aos
riscos climáticos como um todo”, afirma
o presidente da Lockton Brasil.
A corretora, por exemplo, busca
avaliar as exposições a que cada cliente
possa estar exposto, considerando todas
as variáveis pertinentes de acordo com
o momento das análises de risco. Já a
JLT Brasil oferece o seguro paramétrico, que cobre tanto os danos materiais
O que está sendo feito no
Brasil
Depois de focar nas catástrofes naturais de maior intensidade e frequência
(como terremotos, tsunamis e furacões), o
mercado segurador começa a se preparar
para atuar com mais força no oferecimento de novos serviços de avaliação e
mitigação de riscos recorrentes do clima
e suas mudanças. De acordo com Tony
Gusmão, da Lockton Brasil, essas atividades devem naturalmente evoluir para
novas linhas de negócios de auditoria
energética, avaliação de readequações,
instalações e gerenciamento, e buscarão
auxiliar os segurados na adequação de
❙❙
Cláudia Melo, da Swiss Re
39
especial são paulo estiagem
decorridos de excesso de chuva quanto
as consequências causadas pela falta dela.
Nesta última, o serviço é destinado aos
produtores agrícolas, distribuidoras de
água e empresas de geração de energia
hidroelétrica.
“O acordo é feito estabelecendo o
que é o índice de chuva ou de nível de
reservatório (ideal e geralmente feito
pelo índice pluviométrico). Uma vez que
a variação atinge, ou é superior ao valor
acordado como limite, a empresa, no
caso uma geradora de eletricidade com
menos água em seu reservatório, geraria
por consequência menos energia e essa
perda seria quantificada em megawatt
(MW). Determinado um preço por MW,
o segurado receberia o valor da indenização, que o permitiria comprar energia no
mercado elétrico para fornecer e cumprir
seus contratos”, explica Rodrigo Protasio,
da JLT Brasil.
Se os produtos específicos para situações de estiagem em grandes cidades ainda são quase inexistentes, por outro lado,
Cláudia Melo, da Swiss Re, vê a ausência
do serviço como uma nova oportunidade
ao segmento. Para ela, são em situações
como esta que o mercado segurador deve
mostrar sua expertise.
“Acreditamos que no Brasil a oportunidade se dá no ramo de energia elétrica,
e por isso a Swiss Re já trabalha para
desenvolver o que chamamos de proteção
setorial, que ressarce perda financeira
Desde o início do ano, os níveis dos dois principais
reservatórios de São Paulo registram
queda constante
SISTEMA CANTAREIRA
Abastece quase metade da população
da Região Metropolitana
SISTEMA ALTO TIETÊ
Abastece a zona leste da capital e
outros municípios da Grande SP
Dia / mês / nível do reservatório
Dia / mês / nível do reservatório
4 de janeiro: 26,9%
28 de janeiro: 22,9%
4 de janeiro: 46,4%
28 de janeiro: 45,4%
1 de fevereiro: 21,9%
25 de fevereiro: 16,9%
1 de fevereiro: 44,4%
25 de fevereiro: 39%
1 de março: 16,6%
29 de março: 13,6%
1 de março: 38,9%
29 de março: 37,5%
1 de abril: 13,4%
29 de abril: 10,9%
1 de abril: 37,5%
29 de abril: 36,1%
2 de maio: 10,4%
30 de maio: 25%
2 de maio: 35,6%
30 de maio: 30,9%
(utilizando a primeira cota do volume morto)
3 de junho: 24,6%
27 de junho: 21,1%
3 de junho: 30,6%
27 de junho: 26,6%
1 de julho: 20,4%
29 de julho: 15,7%
1 de julho: 25,7%
29 de julho: 21,2%
1 de agosto: 15,3%
29 de agosto: 11,3%
1 de agosto: 20,7%
29 de agosto: 16%
2 de setembro: 10,7%
30 de setembro: 6,9%
2 de setembro: 15,3%
30 de setembro: 12,5%
3 de outubro: 6,4%
31 de outubro: 12,4%
3 de outubro: 12,1%
31 de outubro: 6,6%
(utilizando a segunda cota do volume morto)
4 de novembro: 11,9%
7 de novembro: 11,6%
4 de novembro: 8,7%
7 de novembro: 8,5%
Fonte: manaciais.tk
❙❙
Rodrigo Protasio, da JLT Brasil
40
do setor de energia elétrica nos casos em
que não houver água o suficiente para
utilizar energia”, explica. A ação levará
em conta as particularidades do País e
suas empresas estatais de energia e será
implantada pelo Grupo em longo prazo,
uma vez que depende de associações, ins-
tituições e empresas públicas e privadas
para ser executada.
Além da proteção setorial, a companhia pretende intensificar os seguros
agrícolas, comercializando ainda mais
o serviço de quebra de safra para toda a
cadeia agropecuária.
evento | enconseg
Auditório lotado em plena
6ª feira de sol no Rio
Corretores fluminenses
se unem para debater
os temas emergentes
da classe
Rio de Janeiro
É
possível reunir aproximadamente 1,5 mil profissionais do
mercado de seguros em auditório fechado, numa sexta-feira
de muito sol no Rio de Janeiro, por mais
de 10 horas seguidas? Bem, foi isso que
aconteceu durante o V Enconseg - Encontro de Corretores de Seguros do Rio
de Janeiro, promovido pelo Sincor-RJ,
com o patrocínio da SulAmérica e da
Bradesco Seguros, no dia 31 de outubro.
E o resultado parece ter superado todas as
expectativas. “Estamos comprovando o
amadurecimento do nosso mercado com
este evento essencialmente de trabalho”,
comemorou o presidente do Sincor, Henrique Brandão.
A quinta edição do Enconseg teve
como tema central “A atuação de corretores de seguros e seguradoras em um
mercado orientado para os clientes”.
Entre os palestrantes, destaque para
os presidentes do Outback Steakhouse no
Brasil, Salim Maroun, curiosamente alvo
42
de muitos selfies dos corretores e corretoras presentes; e da Empresa Olímpica
Municipal (organizadora das Olimpíadas
do Rio em 2016), Joaquim Monteiro
de Carvalho; além do consultor Yacoff
Sarkovas; do jornalista Paulo Henrique
Amorim, e do publicitário Clóvis Tavares. Todos falaram das suas experiências
pessoais nas respectivas áreas de atuação.
Tal qual o clima, o evento começou
quente. Logo na abertura, o superintendente da Susep, Roberto Westenberger,
defendeu a regulamentação da figura do
agente. “O corretor representa o consumidor. Mas, o agente é tão intermediário
quanto o corretor, só que defende os
interesses das seguradoras”, frisou Westenberger, para quem o corretor precisa
ficar atento para não perder espaços em
um cenário novo no qual o consumidor
exerce com força o seu poder de escolha,
inclusive dos canais para a contratação
de seguro. “A Susep regula seguradoras
e corretoras, mas não regula a vontade
do consumidor”, acrescentou.
Para contrabalançar, ele prometeu
que o corretor de seguros terá sua carteira de volta, muito em breve. “Comprei essa ideia e entendo a importância
psicológica dessa carteira. Mas, preciso
de um pouco mais de tempo, pois a
estrutura burocrática é um pouco mais
lenta”, observou.
Já Henrique Brandão enfatizou
a importância do corretor de seguros
como “agente da transformação” na sociedade. “Somos responsáveis por 85%
da produção do mercado de seguros e
devemos estar sempre preparados para
as oportunidades que surgem”, salientou.
Por sua vez, o presidente da SulAmérica, Gabriel Portella, falou das mudanças
experimentadas pelo consumidor e sobre
o “olhar diferente” de quem contrata seguros no Brasil atual. “Nesse contexto, o
nosso papel é apoiar o corretor de seguros,
que precisa ser não um corretor de seguros, mas o corretor de todos os seguros.
Nada substituirá o relacionamento entre
corretor e cliente”, afirmou Portella.
❙❙
Gabriel Portella, da SulAmérica
GERAIS
Em outro momento do evento, o
diretor da FenSeg, Neival Rodrigues,
disse que o segmento de seguros gerais
vem crescendo acima do PIB e que deve
continuar assim por algum tempo. A
estimativa é de um avanço de 8% a 10%
este ano.
Quanto aos roubos e furtos de veículos, ele revelou que a lei que combate
o desmanche ilegal de veículos vem
apresentando resultados satisfatórios em
São Paulo, onde os roubos e furtos cresceram apenas 6,4%, contra 20% no Rio
de Janeiro, por exemplo. “Isso também
deve ocorrer em nível nacional com a lei
que regulamenta essa atividade em todo
o país”, frisou.
PESSOAS
A visão otimista também prevalece
no ramo de pessoas. Segundo o presidente
da FenaPrevi, Osvaldo Nascimento, há
“muito espaço” para o corretor de seguros
ocupar, seja na comercialização de seguros pessoais ou de planos de previdência
complementar. “Pesquisa que realizamos
recentemente indica que apenas 35% das
pessoas que se preocupam com o futuro
contratam apólices de seguro”, destacou.
SAÚDE
No ramo saúde, o cenário é igualmente favorável ao corretor de seguros.
“Há um mar de oportunidades para os
corretores de seguros. As pequenas e
médias empresas se transformaram em
grandes compradoras de planos de saúde.
E ainda tem uma forte tendência de interiorização da demanda”, revelou o presidente da FenaSaúde, Marcio Coriolano.
CAPITALIZAÇÃO
Até mesmo na capitalização, produto
quase sempre desdenhado pelo corretor
de seguros, há ‘janelas de oportunidades”
pela frente, como assegurou o presidente
da FenaCap, Marco Barros. “A capitalização pode ser casada com seguros de
vida e viagem, por exemplo. Além disso,
o componente lúdico sempre teve muito
valor para a sociedade brasileiro”, disse
o executivo.
Por fim, o presidente da CNSeg,
Marco Antonio Rossi, falou sobre as
excelentes perspectivas do setor no Brasil
para os próximos anos. Na visão dele, o
mercado local tem tudo para atingir uma
posição de destaque no cenário internacional. “Somos a 7ª economia do mundo,
mas ocupamos apenas a 12ª posição no
ranking mundial de seguros. Queremos
ser, pelo menos, o 7º colocado nesse
ranking”, assinalou Rossi, para quem as
seguradoras e os corretores ainda exploram muito pouco “o potencial de compra
de nossos segurados”.
StefanoAguiar
Lançada a AC Sincor
Em um “evento de trabalho” se
trabalha até nos intervalos. Assim, em
uma das pausas entre as palestras, foi
lançada a AC Sincor, para a emissão
de certificados digitais.
Assim como ocorre com sucesso
em São Paulo, os corretores cariocas
poderão recorrer à AC Sincor para
comercializar esses certificados. “Atualmente, mais de 90% das categorias
profissionais são obrigadas a ter
uma certificado digital. É um grande
mercado para o corretor, que pode
ainda aproveitar a oportunidade para
conquistar novos segurados”, acentuou o consultor Rodrigo Matos, que
apresentou a novidade para a plateia.
Segundo ele, alguns corretores
de seguros já conseguiram aumentar
em até 25% o faturamento da sua
empresa depois que começaram a
vender certificados digitais.
❙❙❙❙
Joaquim Monteiro de Carvalho,
da Empresa Olímpica Municipal
❙❙
Roberto Westenberger, da Susep
43
evento | seminário
Discutindo o mercado
Durante um dia,
especialistas do
mercado debateram
melhores práticas
para as novidades que
aparecem no setor
P
Amanda Cruz
lanos de mídia, área rural, vendas pela internet. Esses foram
alguns dos temas reunidos no
Seminário de Seguro e Resseguro, realizado pela Inova no dia 30
de outubro, em São Paulo. Explorando
os interesses do mercado, palestrantes
de seguradoras e prestadores de serviços ajudaram a esmiuçar os assuntos
pautados.
Henrique João Dias, diretor de
Marketing da Seguros Unimed, começou a manhã celebrando os bons resultados que as campanhas pela internet trouxeram à seguradora. “Fomos para uma
linha importante, que nos fez pensar
em vender seguros online e acabamos
sendo pioneiros no e-commerce há dois
anos”, afirmou. Apesar de o brasileiro
ainda não estar acostumado a comprar
seguros em ambiente virtual, o executivo acredita que esse é um caminho que
deverá se consolidar em alguns anos.
Tratando das questões jurídicas da
venda de seguro pela internet, Daniel
Flores Carneiro dos Santos, da JBO
Advocacia, destacou que a principal
dificuldade dos clientes para lidar com
o meio digital na compra de apólices
é a falta de um estatuto voltado para
regulamentação dessa prática.
Exemplo disso é a questão do direito
de arrependimento, que é a desistência
da compra de um produto em até sete
dias. “É preciso ter essa questão bem
definida, ainda que seguro seja algo
comprado com mais cautela” apontou.
Para falar sobre seguro rural, Joaquim Cesar Neto, gestor da Porto Seguro, mostrou dados da importância da
agronegócio no País, que é responsável
por 23% do PIB e 37% dos empregos.
“O Brasil tem uma necessidade de ser
estimulado a contratar mais seguro.
Respeitando suas diversidades regionais
e de cultura.” As coberturas desse seguro
englobam eventos como granizo, geada,
seca, excesso de chuvas e incêndio.
Fernando Atlee Ligiéro foi ao evento
representando o Ministério da Fazenda
para esclarecer o papel da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores,
que poderão vir de fontes como cotistas
e pessoas jurídicas, que atuará em obras
de infraestrutura no País. “Essa empresa deve atuar somente onde não existe
interesse ou capacidade do mercado de
atuar. Então, vai atuar apenas em falhas
de mercado”, esclareceu.
Os dois grandes focos da ABGF são
a infraestrutura e o comércio exterior. A
ação deverá ser para gerir os fundos de
concessões de rodovias, por exemplo,
onde poderá faltar a garantia da obra em
caso de sinistro. Catástrofes também deverão, no futuro, contar com esse apoio.
Segundo Ligièro não haverá nenhum tipo
de concorrência com o mercado existente
no Brasil.
evento | vida e previdência
❙❙
Osvaldo Nascimento, presidente da Fenaprevi
Revolução
no mercado
Líderes discutem
tendências do setor
no VII Fórum Nacional
de Seguro de Vida e
Previdência Privada,
realizado pela FenaPrevi
Lívia Sousa
46
O
s serviços de seguro de vida
e previdência privada avançaram nos últimos anos, mas
ainda estão presentes na vida
de uma pequena parcela da população
brasileira. De acordo com um estudo
realizado pela Federação Nacional de
Previdência Privada e Vida (FenaPrevi)
em parceria com o Instituto Ipsos, 35%
dos brasileiros estão segurados. Destes,
somente 18% contratam seguro pessoal.
Para discutir os desafios e as oportunidades do segmento presidentes, diretores e
lideranças do setor se reuniram no VII
Fórum Nacional de Seguro de Vida e
Previdência Privada, realizado pela FenaPrevi em São Paulo.
“Há 20 anos tínhamos um mercado
de planos tradicionais, com promessas
baseadas em indexadores e juros que não
seriam possíveis serem entregues a longo
prazo”, explicou na ocasião Osvaldo Nascimento, presidente da Federação.
Assim o mercado foi redesenhado,
destacando a proteção e a transparência
ao consumidor, além da solvência às
empresas da área. Na medida em que
os pontos eram estruturados, vieram
algumas pendências, que foram e continuam sendo trabalhadas e aperfeiçoadas
gradativamente. Por outro lado, ainda há
muito a se fazer.
Alcance ao novo consumidor
Mesmo que já tenham um propósito
definido, os usuários de serviços securitários ainda encontram dificuldades em
contratar um seguro de vida ou planejar
a aposentadoria. “Temos uma indústria
que lida com o sonho de longo prazo,
o futuro e a incerteza. Mesmo no país
mais desenvolvido, é difícil responder
quanto se precisa para se aposentar”,
lembrou Marcelo Picanço, CFO da
Porto Seguro.
Para auxiliar o cliente, países como
os Estados Unidos adotaram a chamada
arquitetura de escolha. Dentro da poupança de aposentadoria, por exemplo,
metade das empresas locais passaram a
trabalhar com a adesão automática, que
pode ser interrompida pelo beneficiário a
qualquer momento. Richard Thaler, especialista em economia comportamental e
professor da Escola de Negócios Chicago
Booth, acredita que a medida funcionaria
bem no Brasil, visto que a adesão automática não é recomendada para baixas
taxas de juros.
Thaler chamou a atenção para que
o profissional sempre dê um feedback
e ofereça ajuda ao cliente. “Às vezes o
cliente precisa de uma ‘cutucada’, algo
que chame sua atenção e o faça mudar
de comportamento”, declarou.
Distribuição aprimorada
A distribuição do serviço é, por vezes, vista pelas seguradoras apenas como
meio de captação de clientes. Segundo o
consultor internacional e sócio da PwC
Consultoria, Jamie Yoder, é importante
que o setor comece a repensar seus modelos de negócios buscando simplicidade,
transparência e lidando com a média de
custos.
“Por falta de conhecimento, muito
dinheiro é gasto com publicidade quando
as seguradoras deveriam entender que o
papel do corretor é extremamente importante nesta atividade”, frisou Yoder, completando que as companhias devem focar
principalmente no consumidor. “Temos
que entender o cliente final, que agora
quer interagir do jeito dele. Claro que o
setor tem de ser produtivo, mas precisa
ter em mente até que ponto deve trabalhar
sem empurrar o serviço ao público”.
Armando Vergílio, presidente da Fenacor, acredita que a área poderá avançar
rapidamente neste quesito, caso haja vontade política em debater e construir um
novo caminho para a atividade, e deixou
claro que a entidade se dispõe a discutir
o assunto desde que seja considerada a
questão da alta tributação. “A regulação
deve ser feita de forma responsável, consequente e com a mão do Estado, que em
nome do consumidor tem a prerrogativa
de supervisionar isso”, concluiu.
O poder da tecnologia
O mundo já dá seus primeiros passos
na era pós-digital e o mercado securitário deve entender como a tecnologia
pode revolucionar o segmento. Walter
Longo, da Unimark Longo Comunicação, destacou a importância de se criar
canais de vendas, serviço e atendimento
principalmente entre as novas gerações,
que se esquivam de compromissos a
longo prazo.
“Previdência e seguro de vida utilizam uma linguagem falando do futuro.
Abordando essas pessoas, temos que
encontrar uma maneira de ‘acordá-los’
de modo eficiente. Por isso as empresas devem atuar de forma efêmera e
se reinventar para continuar perenes”,
argumentou.
Neste campo, uma das grandes
oportunidades se dá com a substituição
do banco de dados pelo banco de fatos,
considerando que o público atual muda
constantemente e sempre se manifesta
quando deseja algo. “As pessoas mudam
de status, de promoção, de emprego e
divulgam isso abertamente. É importante a sincronicidade com o momento
da pessoa, o aprofundamento nas
informações temporais e causais que
afetam o cotidiano delas. Para isso não
precisamos ir tão longe, basta usar o que
já temos sem nenhum custo adicional”,
explicou Longo.
É preciso se reinventar
A dependência dos idosos cresce
mundialmente e alguns países começam a apresentar mudanças quando o
assunto é a cobertura por sobrevivência. Enquanto o Brasil continua fiel ao
sistema de pagamento mensal, outros já
migram para os planos de contribuição
definida, no qual pessoas são automaticamente inscritas, mas tem a liberdade
de deixar o serviço quando desejar.
Segundo Ian Tonks, professor de
finanças da Universidade de Bath, o
serviço já ultrapassou o seguro de vida.
“A previsão é de que o valor dos ativos
chegue a 1,2 bilhões de libras em 15
anos”, disse. Na fase de desacumulação, a ação permite que o beneficiário
tenha a possibilidade de retiradas em
certos períodos e compra de anuidades
de vida.
Quando o assunto é a cobertura de
riscos, o exemplo fica com o seguro de
vida destinado a pessoas com mais de
90 anos de idade, utilizado nos Estados Unidos e no Canadá. Para Philip
Smalley, vice-presidente sênior e diretor oficial global de medicina da RGA
International, no Brasil a tendência
também deverá ser positiva em razão
dos avanços médicos, que permitiram
a queda de mortalidade, completando
que o mercado de seguros deve utilizar
esses avanços medicinais para desenvolver novos produtos.
Futuro
Osvaldo Nascimento, da FenaPrevi,
apontou a necessidade da reforma da
previdência privada. “Na medida em
que haja um investimento da população,
mais pessoas se aposentarão e menos
pessoas contribuirão. É um sistema que
certamente precisa de novas reformas
e essas reformas têm que ser feitas de
maneira gradual, visto que politicamente
não é tão trivial convencer a população da
necessidade destas mudanças”.
Na visão de Dyogo Henrique de
Oliveira, secretário-executivo adjunto
do Ministério da Fazenda, o mercado de
seguros de vida e previdência privada
crescerá ainda mais, uma vez que a sociedade atual vive e estuda mais e sua renda
também cresce. Segundo ele, algumas
questões deverão ser enfrentadas neste
mercado, principalmente no que tange
à tributação. “Temos muitos títulos com
características semelhantes no mercado,
mas as tributações são distintas. Essa é
uma das inconsistências que precisamos
corrigir mais rápido”.
47
produto | gestão
Proteção para processos
administrativos
Pequenos e médios empreendimentos têm alternativa para se
proteger de responsabilização em danos a terceiros
Amanda Cruz
E
mpreender e construir um negócio que seja promissor e rentável
são um desafio que muitas pessoas têm se disponibilizado a
enfrentar. Além do perfil de empresário,
também é preciso uma formação técnica
que capacite essas pessoas.
Os empresários precisam ter a
consciência de que, especialmente
no Brasil, por causa da legislação, a
possibilidade de responsabilização por
qualquer fator do empreendimento é
voltada para seu líder.
As empresas não estão imunes a
falhas e críticas, mas, ao mesmo tempo,
o empresário não consegue colocar em
seu radar gestor todas as possibilidades.
Camila Leal Calaias, sócia da prática de
Seguros, Resseguros e Previdência do
escritório Mattos Filho Advogados, contou, em evento realizado pela AIG, casos
que presenciou nos quais, apesar de bem
intencionados e com os negócios bem
direcionados, empresários tiveram que
arcar com processos. Um dos exemplos
foi o caso de uma instituição de ensino
em que um dos alunos moveu uma ação
por causa das condições de limpeza dos
banheiros. Outro, uma pequena indústria
química, teve um problema com uma
das máquinas e, o cheiro exalado pelos
materiais, durante uma semana, criou
um problema com a comunidade local.
O dono da empresa foi responsabilizado.
Em ambos os casos, a pessoa física
não tinha culpa do ocorrido, mas teve
que responder às acusações. “Ainda que
certas questões não estejam em contrato,
o empresário será responsabilizado por
tudo que fizer parte daquele empreendimento”, destaca Camila.
O empresário precisa estar ciente
das facetas que ele precisa enfrentar para
48
gerir bem seu negócio: o relacionamento
com clientes, adequando-se e entendendo
as necessidades da cada um; a relação
empregatícia, evitando problemas de
convivência e, em casos mais graves,
processos por danos morais; a comunidade, que pode sentir-se incomodada
com a presença do empreendimento; e a
faceta que se volta aos fornecedores, para
garantir a qualidade e desenvolvimento
do que é oferecido.
Sendo assim, como é possível proteger-se contra esses riscos? O seguro
de D&O pode ser uma alternativa, mas,
após sua implementação no mercado brasileiro, apenas cinco mil apólices foram
emitidas. Isso indica que, apesar de ter
extrema relevância para o mercado, ela
pode não ser tão abrangente, especialmente para empresas menores.
Além disso, o D&O contempla
acusações contra pessoas físicas apenas,
mas, conforme visto nos exemplos, nem
sempre há um único responsável por trás
dos problemas.
Levantando essas questões, o evento
promovido pela AIG apresentou o Gestão
Protegida 360°, um produto novo para
o mercado que visa proteger as pessoas
jurídicas contra reclamações regulatórias,
cíveis, administrativas, criminais, consumeristas, ambientais, por negligência,
falha, erro, distorção e omissão da sociedade com danos a terceiros.
Esse produto deverá abranger todas
as coberturas já existentes no conhecido
D&O, mas o seu público alvo são as pequenas e médias empresas. “O pequeno e
médio empresário tem muita preocupação
com reclamações contra a gestão de sua
própria empresa. ele, não é suficiente
cobrir apenas as reclamações contra a pessoa física. Essa possibilidade não existia
até o lançamento desse produto.” afirma
Lucas Scortecci, gerente de Produtos
Financeiros da AIG no Brasil.
educação | seguros
instituição – conforme autorização do
Ministério da Educação (MEC) – não são
suficientes para suprir a demanda atual.
Em novembro, a Escola Nacional de
Seguros receberá a visita do MEC para
a autorização final do Curso, já em fase
de implantação no Rio de Janeiro e que
deve entrar em vigor no próximo ano.
Para São Paulo, a previsão é de que a
aprovação seja realizada apenas em 2015.
“Entendemos que este ainda é um início,
pois nosso mercado vem crescendo a
taxas altas mesmo em épocas em que a
economia não está muito forte”, pontua.
Outros projetos
Novo
comando
Escola Nacional de Seguros contrata Mario Pinto
como diretor de Ensino Superior; mudanças
da atual gestão incluem novos cursos, MBAs e
junção das unidades paulistas
A
Escola Nacional de Seguros
tem um novo diretor de Ensino Superior. Mario Pinto, que
acaba de chegar à instituição,
ficará à frente dos cursos de graduação,
pós-graduação e extensão oferecidos
pela entidade. “Chego à Escola muito
motivado e com o propósito inicial de dar
continuidade ao excelente trabalho que
vinha sendo desenvolvido. Aos poucos,
irei contribuir com meus conhecimentos
e experiência para ampliar a oferta de
programas educacionais sobre seguros e
temas afins na área de ensino superior”,
afirma o diretor.
A instituição, que conta com mais de
36 mil participantes em seus programas,
registra forte interesse pelos cursos que
oferece. Grande parte da procura ainda
é feita por quem já atua no mercado se50
Lívia Sousa
gurador, mas o diretor frisa que também
há uma crescente parcela de egressos
sem vinculação prévia com a área. “É
natural que as pessoas se interessem pela
Escola, pois sabem que aqui encontram
uma ponte para a empregabilidade. A
taxa de pessoas que saem empregadas
após concluir a graduação está na faixa
de 95%. Isso sem contar as que mudam
de emprego no decorrer do curso para
posições melhores do que as que tinham
quando entraram”, explica.
E é justamente pelo aumento da
procura que Mario já trabalha para a
abertura do Curso Superior de Tecnologia
em Gestão de Seguros, com formação de
curta duração. Segundo ele, o interesse
pela graduação registrou um crescimento expressivo, principalmente em São
Paulo, e as vagas disponibilizadas pela
Além do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Seguros e da recente
adesão da Escola ao Programa Nacional
de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec), do Governo Federal, estão
previstas ainda a abertura de novos
MBAs e cursos de extensão – que levará
em conta o novo marco regulatório do
MEC, a ser anunciado nos próximos dias.
Uma sequência de novos cursos também
deverá ser aberta ao longo de 2015, assim
como o redesenho da graduação em Administração, previsto para 2016.
A entidade, de acordo com Mario,
também já se prepara para atuar em um
novo cenário com a inclusão de metodologias blended (EAD+presencial). “A
vantagem de atuarmos em nicho é que
nosso tamanho e foco nos permitem
estar na vanguarda, visto que não temos
a inércia de outras instituições de ensino
para fazer as adaptações mercadológicas
e tecnológicas”, explica.
Os próximos projetos incluem ainda a migração de todas as unidades da
Escola Nacional de Seguros da capital
paulista para um prédio localizado na
Rua Augusta, no centro da cidade, que
vai permitir a integração entre os cursos
oferecidos pela instituição.
“Em breve, os limites do nicho em que
atuamos não vão ser suficientes para nós.
Vamos extrapolar o mercado de seguros
e oferecer nossa competência para todos
aqueles que necessitem de um curso de
gestão de primeira linha. Esse processo
de reforço de posicionamento já se iniciou
e, em 2015, ficará mais claro para a sociedade”, conclui o novo diretor.
marketing | seguradora
Mitsueda/Divulgação
Transformar a prestação de
serviços em resultados
Zurich Seguros reúne clientes, parceiros e
colaboradores para falar das expectativas
econômicas para 2105 e na tangibilização dos
produtos do mercado
N
o momento em que anunciou
várias mudanças em seu quadro diretivo (leia no Box),
a Zurich Seguros reuniu no
Guarujá, em São Paulo, steakholders para
discutir a transformação de prestação de
serviços em resultados. O vice-presidente
da companhia, Werner Stetler, disse que o
tema do evento tira as pessoas da zona de
conforto, porque abre a possibilidade de
discutir de forma aberta maneiras de melhorar os serviços com quem os utiliza.
Paulo Rabelo de Castro, economista,
falou sobre a grande preocupação de
empresas globais com o cenário mundial.
O Brasil, por sua dimensão continental,
é virado para o próprio umbigo. “Somos
um quadro muito grande e é difícil olhar
para a própria moldura”.
Ele usou este exemplo para mostrar
que a configuração comercial do Brasil
está voltada para as commodities, o
que acaba nos distanciando das cadeias
52
Kelly Lubiato
globais. A retomada das supply chains
vai se tornar crucial em 2015. Apesar do
FMI projetar crescimento de 3,3% para
o mundo, há fatores que podem refrear
ainda mais este número.
O economista citou problemas
na economia global que podem afetar
diretamente o Brasil, como o caminho
de recessão da Europa, e a recuperação
frustrada do Japão, além do final do hiperciclo das commodities.
Outra recessão na Europa? Castro
mostrou a queda do overnight dos bancos
europeus mostra que a situação desde
2010 traz taxas próximas a 0,5%. Agora,
esta taxa está próxima de 0, que mostra
que ninguém está emprestando nada a
ninguém. “Você poderia pegar dinheiro
barato, mas não tem dinheiro”.
A recuperação das commodities
aconteceu de forma espetacular. A crise
que vai demandar maior eficiência vai
voltar em 2015, mostrando como um dos
sinais da crise futura a deterioração da
moeda de países emergentes. Vale prestar atenção no que acontece com outros
países emergentes, porque o movimento
tende a ser geral, atingindo os países de
forma distintas.
Como consequência, Castro citou o
carregamento financeiro mais oneroso
e a moeda dos emergentes tendendo à
depreciação. O lado bom é a recuperação
das margens da indústria e custo menor
do frete internacional.
O desafio político é muito grande e
a conta corrente brasileira está bastante
pressionada. Os gastos públicos crescem
muito acima da capacidade de financiamento do País, o que causa o foco inflacionário resistente. “Damos o remédio
amargo da taxa de juros alta para o setor
privado, quando o setor público continua
com altos gastos”, avisou o economista.
O freio financeiro prejudica demais
as perspectivas financeiras brasileiras. O
varejo perdeu o fôlego, com a indústria
fragilizada e sem financiamento externo,
que fica mais caro. “A festa está acabando,
com o crédito entrando em proporção
menor. Apesar dele ter alcançado seu
maior patamar, agora é pressionado pela
alta taxa de juros”. Os recursos livres, de
bancos privados, estão em ligeira queda,
em torno de 30% do PIB, ante 26% de recursos direcionados, de bancos públicos.
O último ensaio de euforia do varejo
foi em 2013 com a retirada do IPI dos
produtos de linha branca. Em 2014, houve
uma diminuição do ritmo de crescimento,
alcançando cerca de 2% no final do ano.
“O consumidor ainda não sentiu o ‘beliscão’ do cobrador que ele não conseguiu
pagar”, brincou Castro.
O problema provém do próprio Governo, que gasta demais e constrange o
setor privado a pagar a sua conta. Pior
do que o gasto demasiado (se ainda
fosse para obras de infraestrutura) ele é
estéril, com 60 milhões de contracheques
por mês (30 milhões de aposentados, 15
❙❙
Werener Stettler
milhões de bolsas-família, 2 milhões de
servidores ativos e inativos, 7 milhões de
seguro-desemprego).
“Estamos elegendo um síndico sem
saber se ele vai varrer o prédio. Estamos
diante de um drama político, nem tanto
econômico. O Aécio está melhor em fundamentos e em sentimentos do mercado.
Mas acho que o movimento do PT caso
vença, será de melhorar os fundamentos
para então reverter o sentimento para
positivo. Com o Aécio, o sentimento
positivo será elevado assim como os
fundamentos da economia”, previu.
O Brasil não é um País entregue ao
ilusionismo político. O Brasil tem todas
as chances de dar a volta por cima. Só
precisa de lideranças políticas que tenham
vocação para mudar a forma de pensar.
Um novo modelo passa pela simplificação
fiscal, pela contenção dos gastos correntes
e pela capitalização popular.
Werner Stettler, vice-presidente
Corporate da Zurich, disse que o Brasil é
prioridade para a companhia, que acabou
de assumir os negócios da Via Varejo,
que envolvem seguros comercializados
nas lojas das Casas Bahia e Ponto Frio.
Ela se tornou uma das maiores seguradoras nesta área e esta é a posição que
pretende assumir em outras carteiras
também. “Temos uma visão de longo
prazo como uma seguradora presente
nos dois lados do Atlântico, em mais de
200 países”, afirmou.
A respeito de compra de carteira de
outras empresas, Stettler declarou que
pelo seu porte a Zurich analisa qualquer
negócio que entre no mercado. “Não
posso dizer agora se temos 50 coisas
no forno ou não, mas posso garantir
que qualquer coisa que esteja à venda
aparece na mesa da Zurich para ser
analisada, seja em riscos de engenharia,
riscos financeiros etc”.
Sobre a concentração do mercado,
Stettler disse que há uma tendência no
seguro corporate dos bancos se retirarem
dos grandes riscos. Este ramo acaba se
tornando foco das empresas que já atuam
na área e que conseguem servir os clientes ao redor do mundo.
O Zurich Corporate Conference
2104 é um evento que reúne anualmente
parceiros intermediários e clientes para
discutir temas da atualidade. “É muito
bom poder trocar ideias fora do ambiente
do dia-a-dia e ter a possibilidade de novos
contatos”. Esta ação reforça a reivindicação dos seguradoras de que as seguradoras devem estar mais próximas do cliente
ao longo do ano inteiro e não apenas no
momento da renovação do seguro ou da
regulação do sinistro.
Nesta 5a. edição, representantes dos
corretores de seguros mostraram como
avaliam as seguradoras junto aos clientes
e como apresentam estes dados às seguradoras para que elas possam aprimorar
a sua atuação.
Mudanças na diretoria
A Zurich anunciou que Antonio Cassio dos Santos, Chairman for Latin
America, Chief Executive Officer (CEO) General Insurance Latin America e CEO
General Insurance no Brasil, decidiu sair da empresa em acordo mútuo por
razões pessoais. Nesse sentido e devido à importância da região nos planos
do Grupo, Mike Kerner, CEO General Insurance do Grupo Zurich, substituiu
interinamente Antonio Cassio em sua função de CEO para a América Latina
até que seja anunciado seu sucessor.
David Colmenares, atual Chief of Staff General Insurance em Latin America e Head of Personal Lines General Insurance no Brasil, assumiu a função
de CEO de General Insurance Brazil desde de 1° de novembro. Ele se reporta
a Mike Kerner e está baseado em São Paulo. Além disso, José María Orlando,
CEO Global Life Latin America, decidiu deixar a empresa em busca de novas
oportunidades profissionais a partir de 31 de dezembro de 2014. Como seu
substituto, assumirá Edson Franco, atual CEO da Zurich Santander Brasil, que
se reportará diretamente a Kristof Terryn, CEO Global Life do Grupo Zurich, e
estará baseado em São Paulo.
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painel
saúde
campanha
estudo
Venda de planos
PME
Informações sobre saúde suplementar
A Ameplan Saúde lançou uma
campanha exclusivamente voltada
para estimular as vendas de planos
PME.
Além da comissão tradicional,
que é normalmente paga pelo negócio, a Ameplan visa estimular os
corretores de saúde a ofertar os seus
produtos voltados para empresas
com até 50 vidas. Para isso, oferece
incentivo financeiro adicional para
cada vida conquistada e o corretor
também acumula pontos extras para
ganhar muitos outros prêmios.
As campanhas de estímulo às
vendas de planos de saúde, na maioria das vezes, visam exclusivamente
a conquista de beneficiários através
de contratações individuais ou familiares, deixando de reconhecer
os representantes comerciais especializados em vender para pequenos
empresários.
Os representantes comerciais que
se especializaram em vender planos
individuais e familiares não se sentem
confortáveis em atender os pequenos
empresários, que costumam ser mais
questionadores e exigentes do que as
pessoas físicas. Afinal, ele não está
adquirindo só para ele, mas, para
outras pessoas também.
As premiações são depositadas
semanalmente em um cartão de
crédito personalizado, bandeira MasterCard, e o titular pode sacar, pagar
contas de consumo ou adquirir bens
e serviços. Simples e prático.
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A Abramge apresentou o “Cenários da Saúde”, em caderno com as
principais informações sobre a saúde
suplementar. O estudo será editado
trimestralmente com informações
atualizadas pela Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) e tem como
objetivo apresentar indicadores econômicos e análises sobre o setor.
Dentre as informações reveladas
na primeira edição, destaca-se o incremento do número de beneficiários em
planos médico-hospitalares no interior
do Brasil, superior à média nacional.
Nos últimos 12 meses, terminados em
junho de 2014, o índice apresentado foi
de 3,8% – maior que o verificado nas capitais e regiões metropolitanas (3,6%).
Segundo Antonio Carlos Abbatepaolo, diretor executivo da Abramge, o
crescimento na região foi alavancado
pelas operadoras de medicina de grupo,
que registraram avanço do número de
beneficiários de 4,7%, também superior
à média nacional (3,8%). “Esse resultado evidencia a importância das pequenas e médias operadoras, presentes
nessas regiões, para o desenvolvimento
e expansão do mercado”, afirmou.
Seguindo a mesma tendência, o
mercado de planos individuais registrou
forte expansão no segundo trimestre
deste ano e totalizou um crescimento
de 0,7% no período, índice superior ao
avanço dos planos coletivos empresariais (0,5%) e por adesão (0,4%).
e-commerce
operadora
Integração à
Fenasaúde
A operadora de planos Hapvida
Sistema de Saúde passa a fazer parte,
neste fim de ano, da Federação Nacional
de Saúde Suplementar (FenaSaúde),
organização que representa, a partir
de agora, 41,5% de todo o mercado em
número de clientes. Com a entrada da
Hapvida, a Federação reunirá 17 grupos do segmento, com 27 operadoras
ao todo – das quais 11 seguradoras
especializadas em saúde, dez medicinas
de grupo e seis odontologias de grupo.
O Sistema Hapvida, atualmente,
atende a 1,9 milhão de beneficiários de
planos médicos hospitalares, 300 mil
clientes em contratos por administração
e a quase 870 mil clientes de planos
exclusivamente odontológicos. O Grupo
prevê encerrar 2014 com uma receita
líquida de R$ 2,4 bilhões.
Planos
odontológicos
O Inpao Dental lançou seu e-commerce desenvolvido para a
comercialização de planos odontológicos. A plataforma, que permite
ao cliente final comprar o produto de
sua escolha, faz com que a proposta
seja assinada eletronicamente e o
futuro beneficiário escolha a forma
de pagamento.
O piloto envolve os advogados
filiados da Ordem dos Advogados
do Brasil do Rio de Janeiro (OAB/
RJ), contrato que a operadora acabou de implementar e que envolve
quase 100 mil vidas diretas. Com
a plataforma, os familiares dos advogados também podem contratar
planos odontológicos, operação que
pode aumentar consideravelmente
o número de beneficiários do Inpao
Dental no segmento de pessoa física.
resultados | mercado
Companhias divulgam
desempenho do
terceiro trimestre
Positivos em sua maioria,
os números do mercado de
seguros revelam que a demanda
ainda é grande e as corretoras,
seguradoras e resseguradoras
estão preenchendo, aos poucos,
as lacunas do mercado
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Destaque na América Latina
O grupo Marsh & McLennan Companies que obteve lucro
de US$ 445 milhões no terceiro trimestre deste ano, um crescimento de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior.
As receitas do grupo aumentaram cerca de 7%, fechando o
período com cerca de US$ 3 mi. A expansão registrada foi de
8%, fechando o terceiro trimestre com uma receita de US$ 1,3
mi. A Marsh América Latina e Caribe (LAC) se destacou com
maior crescimento dos negócios, apresentado aumento de
11% na receita durante o terceiro trimestre de 2014.
Resultados em receitas e prêmios
As receitas totais e os prêmios de seguros da Porto Seguro
cresceram 13% e 10% no trimestre e 16% e 12% no acumulado
do ano, respectivamente. A frota segurada atingiu 4,9 milhões
de veículos (+9%) e o número de residências seguradas aumentou 15%, alcançando 1,9 milhão. O lucro líquido foi de R$
234 milhões no trimestre e de R$ 606 milhões no ano, correspondendo a um aumento de 33% e 27% respectivamente.
Expansão no mercado de vida
Um levantamento realizado pela FenaPrevi apontou que
as seguradoras que operam no segmento de seguros de pessoas pagaram R$ 4,8 bilhões em indenizações aos segurados e
aos beneficiários no acumulado de janeiro a agosto deste ano.
O valor representa um crescimento de 18,25% ante o mesmo
período de 2013. No período, o segmento de seguros de pessoas movimentou R$ 17,4 bilhões em prêmios, volume 2,33%
maior que o verificado nos mesmos primeiros oito meses do
ano passado. O seguro viagem teve expansão de 34,40%. Os
segurados pagaram cerca de R$ 202,8 milhões em prêmios
contratando coberturas de risco de auxílio funeral. Com isso,
de janeiro a agosto os segurados contrataram 21,06% a mais
em relação a janeiro a agosto de 2013.
Crescimentos de dois dígitos
O Grupo Bradesco Seguros fechou os nove primeiros
meses de 2014 com faturamento de R$ 38,3 bilhões, aumento
de 10% sobre igual período do ano passado, nos segmentos
de seguros, capitalização e previdência complementar aberta.
O lucro líquido registrou evolução de 15,7% .Na comparação
com os nove primeiros meses de 2013, os segmentos de Auto,
Saúde e Capitalização apresentaram evolução de dois dígitos
– 37%, 21% e 17%, respectivamente.
Metas para o lucro operacional
De acordo com a Reuters, a seguradora alemã Allianz divulgou que o faturamento avançou 14,5%, para 28,78 bilhões
de euros no terceiro trimestre. O lucro líquido chegou a 1,6
bilhão de euros no terceiro trimestre ante 1,45 bilhão no mesmo período do ano passado. Analistas, em média, esperavam
resultado positivo de 1,54 bilhão de euros, segundo pesquisa da
Reuters. A seguradora também confirmou que espera alcançar
lucro operacional de cerca de 10,5 bilhões de euros em 2014.
Aumento de indenizações
O lucro líquido do IRB Brasil Re foi de R$ 62,6 milhões no
terceiro trimestre, com queda de 39,6% na comparação com
igual período do ano passado. O resultado foi impactado por
um aumento no volume de pagamento de indenizações. O
volume de prêmios emitidos pelo IRB Brasil Re subiu 25% de
julho a setembro em relação a igual período de 2013, a R$
957,7 milhões. O volume de indenizações pagas no período
somou R$ 867,8 milhões, com alta de 76% em 12 meses. O
resultado financeiro teve bom desempenho, com a alta dos
juros médio no país, mas insuficiente para compensar o maior
volume de indenizações. O resultado com o investimento das
reservas técnicas somou R$ 137,3 milhões no trimestre, alta de
58% na comparação anual.
Crescimento alinhado às projeções
A BB Seguridade registrou lucro líquido ajustado de R$
822,279 milhões no terceiro trimestre deste ano, aumento de
50,1% na comparação com o mesmo intervalo de 2013, de R$
547,8 milhões. No comparativo com o segundo trimestre, o
lucro líquido apresentou redução de 2,7%.
O lucro líquido da BB Seguridade veio em linha com a
média das projeções de analistas consultados pelo Broadcast,
serviço em tempo real da Agência Estado, que esperavam
lucro de R$ 802 milhões.
comunicação e expressão
por J. B. Oliveira*
Afinal, o que há de errado
com o gerúndio?
Com o gerúndio, nada!
Ele está contemplado na Gramática Expositiva como
uma das três formas nominais do verbo. As outras duas são
o infinitivo e o particípio.
Tão autêntico e admissível é o gerúndio, que Camões –
clássico da língua portuguesa – em apenas um dos segmentos
do Canto I de sua obra máxima “Os Lusíadas”, utiliza-o
QUATRO vezes:
“E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte liberando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e a arte.”
Mais próximo de nossa época, também referência lusófona, Fernando Pessoa emprega-o, por exemplo, no poema
“Ode Marítima”, em que assim poetiza:
“Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, clássico à sua maneira.”
O que ocorre na prática comunicacional, entre Portugal
e Brasil, é que nós cá usamos mais o gerúndio, em construções como: “estou lendo; estavam cantando; ficou falando;
estivemos comprando”, ao passo que eles, na mesma situação,
preferem o infinitivo: “estou a ler; estavam a cantar; ficou a
falar; estivemos a comprar”. Apenas isso!
Saltando para outro polo, cabe aqui perguntar: O que há
de errado com o apêndice, o labirinto, o esôfago, o tendão,
os brônquios...?
Em princípio, nada.
Entretanto, quando lhes agregamos o sufixo “ite”, a coisa
complica e dá lugar a: apendicite, labirintite, esofagite, tendinite, bronquite...!
A questão é que o sufixo “ite” está ligado à ideia de
inflamação, palavra que veio do latim ”Inflammatio”, cujo
sentido é atear fogo! (sem machismo maldoso, mas há que se
notar: enquanto tudo está bem, as palavras são masculinas. Aí,
quando surge o problema, passam a ser femininas...)
E o que é que o gerúndio tem a ver com isso?
É que podemos, por analogia, aplicar-lhe o mesmo princípio.
Como vimos no início, o gerúndio é correto e consta da
gramática, no campo da Morfologia, na parte do Verbo, como
uma de suas seis flexões (Modo, Tempo, Pessoa, Número,
Voz e Formas Nominais). Seu uso é legítimo e se refere a
uma ação em desenvolvimento. É o caso de Ela está lendo
um livro interessante. Estive viajando na semana passada.
Estamos trabalhando hoje. Também como já vimos, os irmãos
portugueses aplicariam, nesses exemplos, a forma infinitiva:
Ela está a ler um livro interessante. Estive a viajar na semana
passada. Estamos a trabalhar hoje.
E o erro? Consiste no que chamo de gerundite – “Inflamação do Gerúndio”! Dá-se pela junção de um verbo conjugado
(geralmente o verbo IR), mais o infinitivo do verbo estar e mais
um verbo no gerúndio, como nestes exemplos:
– O senhor pode estar anotando o número do protocolo?
– Eu vou estar transferindo sua ligação para a gerência.
– Nós vamos estar providenciando o reenvio da correspondência.
Em todos esses casos, o gerúndio é desnecessário e causa
uma “gerundite” fácil e perfeitamente evitável, assim:
– O senhor pode anotar o
número do protocolo?
– Vou transferir sua ligação para a gerência.
– Nós vamos providenciar
o reenvio da correspondência.
E assim como a cura das
inflamações patológicas traz
bem estar ao organismo, a supressão da inflamação gerundial faz bem aos bons ouvidos!
* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.
É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras
www.jboliveira.com.br – [email protected]
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