geschichten um den caboclo
Transcrição
geschichten um den caboclo
1 Literatura Brasileira de Expressão Alemã www.martiusstaden.org.br PROJETO DE PESQUISA COLETIVA Coordenação geral: Celeste Ribeiro de Sousa JUANITA SCHMALENBERG BEZNER 1908-1988 (Celeste Ribeiro de Sousa) 2014 GESCHICHTEN UM DEN CABOCLO von Gustavo Barroso Übersetzung von Juanita Schmalenberg Bezner in „Wo die Palme tief...― Ein Pater und ein Student bereisten zusammen den Sertão und hatten als Lastträger einen Caboclo bei sich. In einem Hause, in dem sie übernachtet hatten, bekamen sie einmal einen kleinen Käse aus Ziegenmilch geschenkt, den sie als Wegzehrung mitnehmen sollten. Da sie aber nun nicht wußten, wie sie ihn teilen sollten und jeder sowieso nur Anrecht auf ein kleines Stück davon hatte, so bestimmte der Pater, sie sollten sich schlafen legen und der Käse würde am anderen Tage demjenigen gehören, der den schönsten Traum gehabt hätte. Mit seinen Redekünste[n] glaubte er die beiden anderen mühelos in den Sack stecken zu können. Indessen nahmen die zwei sein Angebot an und legten sich nieder zum schlafen. Mitten in der Nacht wachte plötzlich der Caboclo auf, schlich hinaus, holte sich den Käse und verzehrte ihn mit Behagen. 2 Am folgenden Kaffeetisch und Morgen der versammelten Pater fing als sich erster die an, drei von am seinen Traumerlebnissen zu erzählen. Er berichtete, daß er die Leiter Jakobs gesehen habe und wie wunderschön sie gewesen sei und daß er schließlich im Triumph auf ihr hinaufgestiegen sei in den Himmel. Der Student dagegen wollte sich schon im Himmel gesehen und dort auf die Ankunft des Paters gewartet haben. Er malte ihn in den wunderbarsten Farben und lächelnd hörte der Caboclo allem zu, bis die Reihe an ihn kam. „So hat mirs auch geträumt―, fing er an, „Der Pater stand auf der Leiter, die zum Himmel führte und Sie, Herr Doktor, breiteten ihm aus dem Himmel die Arme entgegen. Ich stand allein unten auf der Erde und rief mit Leibeskräften zu euch hinauf: „Herr Pater, Herr Doktor, der Käse! Ihr habt ja den Käse vergessen!― und ihr antwortet von weit – weit her – „Behalte den Käse nur! Behalte ihn! Er gehört dir! Wir sind hier oben im Himmel, wir brauchen keinen Käse mehr!― Und dieser Traum war so stark, daß ich glauben mußte, alles sei wahr. In der Nacht, während ihr schlieft, ging ich hinaus, holte mir den Käse und aß ihn auf...― FONTE: Bezner, Juanita Schmalenberg. Geschichten um den Caboclo. (Histórias em torno do caboclo). Tradução da história ―O caboclo, o padre e o estudante‖, extraída de Ao som da viola, de Gustavo Barroso. In: O ano. Das Jahr. Brasilianischer Volks-Kalender (Almanaque Popular Brasileiro). Florianópolis, Livraria Catarinense de Carlos Alperstedt, 1949, p. 102. 3 Texto transcrito por Celeste Ribeiro de Sousa O caboclo, o padre e o estudante Colhido no Ceará por Gustavo Barroso Um estudante e um padre viajavam pelo sertão, tendo como bagageiro um caboclo. Deram-lhes numa casa um pequeno queijo de cabra. Não sabendo como dividi-lo, mesmo porque chegaria um pequenino pedaço para cada um, o padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho mais bonito, pensando engabelar todos com os seus recursos oratórios. Todos aceitaram e foram dormir. À noite, o caboclo acordou, foi ao queijo e comeu-o. Pela manhã, os três sentaram à mesa para tomar café e cada qual teve de contar o seu sonho. O frade disse ter sonhado com a escada de Jacob e descreveu-a brilhantemente. Por ela, ele subia triunfalmente para o céu. O estudante, então, narrou que sonhara já dentro do céu à espera do padre que subia, O caboclo sorriu e falou: — Eu sonhei que via seu padre subindo a escada e seu doutor lá dentro do céu, rodeado de amigos. Eu ficava na terra e gritava: — Seu doutor, seu padre, o queijo! Vosmincês esqueceram o queijo. Então, vosmincês respondiam de longe, do céu: 4 — Come o queijo, caboclo! Come o queijo, caboclo! Nós estamos no céu, não queremos queijo. O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade, levanteime, enquanto vosmincês dormiam, e comi o queijo... Nota — Publicamos na “Revista do Brasil” (Jesus Christo no Sertão, n 79, julho de 1922, S. Paulo) uma variante em que aparecem Jesus Cristo, S. Pedro e Judas. Antônio Torres (Prós & Contra) registrara a versão de Minas Gerais, com um Jesuíta, um Dominicano e um Capuchinho, o conto é oriental e já fora incluído no secular livro árabe Nushetol Udeba, entre um cristão, um maometano e um judeu. Divulgou-se na Europa através do Disciplina Clericalis, fins do século XI ou princípios do XII, reunião de contos e apólogos morais, coordenados pelo judeu converso Pedro Afonso, com dois burgueses e um camponês. No século XVI, Giraldi Cintio incluiu o episódio no seu Eccatomiti, dizendo-o ocorrido em Roma, no ano de 1527, sendo os personagens um filósofo, um astrólogo e um soldado. A tradição popular encarna infalivelmente os vitoriosos do amor e da fortuna nos pobres, nos humildes, nos desprotegidos. Está nisto a suprema ironia e a suprema bondade do Folclore. É o Mt. 1926 de Aarne-Thompson, Dream Bread. O resumo de Antti Aarne diz que três peregrinos combinaram que o último pão fosse comido por quem tivesse o mais lindo sonho. Um dos peregrinos comeu o pão e disse ter sonhado com a morte dos dois companheiros, FFC. 74, pág. 189. No recente A Treasury of American Folklore, de B. A. Botking, New York, 1944, 452, The Three Dreams se passa entre dois irlandeses e um judeu. Cf. D. P. Rotunda, Motif Index of the Italian Novelia in Prosa, Bloomington, 1942, K 444, Dream sausage (bread): the most wonderful dream. Gustavo Dodt Barroso (Fortaleza, 29 de dezembro de 1888 — Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 1959) foi um advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista brasileiro. Texto extraído do livro “Ao Som da Viola”, Rio de Janeiro, 1921, p. 413. Disponível em: http://www.releituras.com/gustavobarroso_caboclo.asp