Produtos Fitofarmacêuticos e Biodiversidade

Transcrição

Produtos Fitofarmacêuticos e Biodiversidade
Edição nº2 Junho 2015
S
A revista para quem pensa a agricultura.
Mercado
de PFs
cresce 6,3%
Fito_Entrevista:
Paula Sarmento
Presidente
do ICNF
PFs ilegais
respresentam
10% do mercado
europeu
Os agricultores
sabem que o
Ambiente é
um investimento
Produtos
Fitofarmacêuticos
e Biodiversidade
www.anipla.com
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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
nº2
Editorial
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Liberdade para competir
Fito_Tema
Gestão de efluentes
de produtos
fitoframacêuticos
Fito_Entrevista
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In_Anipla
Paula Sarmento
Presidente_ICN
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Fito_Global
Os 4 pilares
da indústria
Fito_Notícias
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Ficha técnica
Propriedade: ANIPLA- Associação Nacional da Indústria
para a Protecção das Plantas
Rua General Ferreira Martins Nº 10 – 6ºA 1495-137 Algés . Portugal
Tel.: +351 214 139 213 . e-mail: [email protected]
Diretor: António Lopes Dias
Fito_Agenda
A actividade agrícola é provavelmente a actividade
mais nobre da Terra. A agricultura alimenta, veste
e faz mover o mundo. No entanto, para além da
nobreza do seu labor, os agricultores são agentes
económicos. Como qualquer agente económico
necessitam de serem competitivos para verem o
justo retorno do seu investimento e projectarem o
ambicionado crescimento do seu negócio.
O velho continente europeu parece estar a esquecer-se desta realidade. A Europa mostra um
afogamento em sucessivas vagas legislativas que
sufocam a capacidade produtiva dos agricultores, impedindo-os de alcançar a tecnologia e a
inovação científica que tanto necessitam, para
continuar a desenvolver a sua actividade, para
aumentarem a produtividade e, sobretudo, para
manterem a sua competitividade. Os mais afectados são, obviamente, os dos países do Sul, verdadeiros artesãos da oferta variada e na quantidade
necessária de hortícolas, frutas, azeite e vinho,
que os países do Norte tanto precisam e apreciam.
Se a introdução de inovação e tecnologia for,
como tudo parece, avaliada no seu perigo potencial intrínseco e não numa avaliação do risco da
sua utilização, balanceado com o seu benefício,
rapidamente os produtores agrícolas europeus
vão deixar de ser competitivos e, muitos abandonarão certamente, a actividade.
Mas a população da Europa, a tender para mais
velha e mais exigente, vai continuar a precisar de
ser alimentada, vestida e movida.
A consequência é elementar e já está a sentir-se.
Por um lado, aumentam as importações de fora
da UE (a UE já deficitária na produção agrícola),
com todas as legítimas dúvidas que nós, enquanto consumidores, podemos colocar quanto à segurança alimentar; por outro, o investimento dos
operadores económicos, que dedicam grande
parte do seu resultado financeiro e muita “massa
cinzenta” à investigação e ao desenvolvimento,
vai ser canalizando para outros países e continentes.
O que propomos? Uma mudança de atitude por parte
dos decisores políticos, que a Indústria resume em
5 passos, com vista a estancar a corrente actual
e, se possível, inverter a tendência. Estas recomendações, integradas no documento “Visão da
Indústria para o futuro da Europa”, resumem-se
na promoção da Ciência, Inovação, Produtividade Agrícola, Melhor Regulamentação e Políticas
Consistentes e Harmonizadas.
Tudo para que os agricultores da velha Europa,
possam continuar a ter liberdade para competir.
António Lopes Dias // Diretor Executivo Anipla
Coordenação Editorial: Mónica Onofre e Nélia Silva
Projeto Gráfico e Paginação: Musse Ecodesign
Colaboraram nesta edição: Comissão de Agricultura Sustentável;
Comissão de Dados e Estatística; Comissão de Técnica de Homologação.
Estatuto Editorial
A FitoSíntese é uma publicação que visa divulgar a atividade
da ANIPLA, as suas opiniões e posicionamento face a questões
relevantes do sector fitofarmacêutico e da Agricultura
em geral. A FitoSíntese pretende ainda dar a voz a entidades e/ou
personalidades que tal como a ANIPLA Pensam a Agricultura
como um sector de futuro.
A reprodução total ou parcial dos conteúdos publicados
é expressamente proibida sem a autorização escrita
da ANIPLA.
www.anipla.com
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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
1000 33
M€
Fito_Factos
97 225
dos alimentos vendidos da UE são
seguros, contendo resíduos dentro dos LMR
(Fonte: EFSA)
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prejuízos estimados pela falta de soluções
para Usos Menores na UE
(Fonte: Endure)
M€
investimento necessário para desenvolver
um novo produto fitofarmacêutico
(Fonte: Croplife International)
1/4
Os solos albergam ¼ da biodiversidade
no planeta Terra
(Fonte:FAO)
índice de degradação dos solos
à escala global
(Fonte: FAO)
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M€
valor dos insetos polinizadores
na agricultura da UE
(Comissão Europeia)
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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
Fito_Notícias
Visite o novo website
da Anipla www.anipla.com
Com o objetivo de tornar este importante canal de
comunicação mais apelativo, intuitivo e eficaz, o
nosso novo website segue a linha da nova identidade visual da ANIPLA, mais moderna e adaptada
às necessidades de informação do setor. É nosso
objetivo que a nova imagem de modernidade, à
qual associamos utilidade, espelhe o dinamismo
do setor fitofarmacêutico. Visite-nos e confirme
que os conteúdos materializam uma nova forma
de comunicar, utilizando uma linguagem simples,
apelativa e informal. Navegue pelas novidades do
nosso website e surpreenda-se!
O Seminário organizado a 8 de Abril pela Câmara
Municipal de Lisboa sobre “Aplicação Terrestre
de produtos fitofarmacêuticos em zonas urbanas, de lazer e vias de comunicação” incluiu uma
comunicação da ANIPLA e outra do Valorfito. O
evento destinou-se a técnicos e operacionais das
juntas de freguesias do concelho de Lisboa, das
Câmaras Municipais de Almada, Cascais, Oeiras,
Seixal, Setúbal e Sintra, bem como a técnicos de
entidades públicas e Associações (IICT; ISA; LPVVA; LPN; Jardins Lx, Quercos e outras), entre
outros. A ANIPLA complementou a sua apresentação distribuindo vários folhetos, dos quais
se destaca o folheto editado em conjunto com a
DGAV, sobre o uso não profissional de produtos
fitofarmacêuticos. Este seminário revelou-se
de importância fundamental para um público-alvo que é responsável pela fitossanidade nos
espaços públicos das autarquias e que, em geral, tem reduzidos conhecimentos sobre este
tema.
As comunicações podem ser visualizadas aqui
ANIPLA e Sonae
em Seminário conjunto
Família Prudêncio anima comunicação da ANIPLA
Em 2015 a Família Prudêncio vai dar vida aos suportes de comunicação produzidos pela ANIPLA.
No seguimento do sucesso que a Família Prudêncio tem vindo a fazer na comunicação do Valorfito, também agora a Anipla vai comunicar através
dos Prudêncio. A partir do presente ano e de forma coordenada, a ANIPLA vai dando voz à família
Prudêncio na transmissão das importantes mensagens relativas à utilização segura e eficaz dos
produtos fitofarmacêuticos. Caracterizada por ser
ANIPLA participou em Seminário da Câmara Municipal
de Lisboa
uma família moderna, profissional e preocupada
em produzir de forma sustentável e ambientalmente responsável, os Prudêncio serão o modelo
a seguir na aplicação eficaz das boas práticas agrícolas preconizadas pela Indústria. Nesta primeira
adaptação, a ANIPLA optou por dar prioridade a
dois folhetos de interesse agrícola e económico,
que explicam a necessidade de cumprimento da
lei 26/2013 e alertam para os perigos da utilização
de produtos fitofarmacêuticos ilegais.
A Anipla, em conjunto com a Sonae e a DGAV, organizou a 15 de Abril, na Faculdade de Ciências e
Tecnologia, no Monte da Caparica, um Seminário
intitulado “Homologação e Uso Sustentável dos
Produtos Fitofarmacêuticos”. O evento contou com
a presença de 80 participantes responsáveis pela
produção de frutas e hortícolas comercializadas
pela Sonae. As comunicações apresentadas pela
Anipla, Valorfito e DGAV incidiram sobre as principais alterações que esta legislação impõe e sobre as ações que a Indústria desenvolve com vista
a informar o setor, sendo este Seminário um bom
exemplo, no intuito de incentivar os seus agentes a
adotar as boas práticas.
ANIPLA INFORMA SOBRE BOAS PRÁTICAS
No primeiro semestre de 2015 a Anipla participou ainda em diversos eventos a nível
nacional, onde se debateram as Boas Práticas associadas ao uso de produtos fitofarmacêuticos:
• Ações de sensibilização sobre a Lei 26/2013 – 5Rios – Associação de Agricultores de
Valado de Frades.
• 2 Seminários “Uso sustentável de produtos fitofarmacêuticos” – DGAV.
• 2 Workshop “Proteção das culturas, aplicação de produtos fitofarmacêuticos e inspeção de pulverizadores” – COTHN
• Aula/Palestra na Escola Superior Agrária de Viseu sobre a Lei nº 26/2013; a homologação do produtos fitofarmacêuticos e os projetos em curso na Anipla e no Valorfito.
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ANIPLA patrocinou
o 7º Congresso da CAP
O 7º Congresso da CAP, realizado a 22 e 23 de
Abril, incluiu a celebração dos 40 anos de atividade desta Confederação em representação e
defesa dos interesses dos agricultores portugueses, a nível nacional e internacional. Foram
inúmeras as ilustres personalidades que compuseram o painel de oradores deste Congresso,
que englobou interessantes debates sobre temas
como A Agricultura e as Exportações; A Nova
Política Agrícola Comum; Ambiente e Agricultura no Desenvolvimento Nacional; Investigação e
Inovação no novo Quadro Comunitário de Apoio.
A preocupação de produzir mais e melhor, considerando a previsão de crescimento exponencial
da população mundial, esteve sempre subjacente aos vários temas debatidos. E é exatamente
nesta área que a indústria fitofarmacêutica tem
um papel fundamental na nossa agricultura, o de
disponibilizar aos agricultores ferramentas importantes, seguras e eficazes que lhes permitem
produzir em segurança, em quantidade e com a
qualidade exigidas. A ANIPLA foi um dos patro-
Produtos fitofarmacêuticos ilegais representam
10% do mercado Europeu
cinadores do 7º Congresso da CAP e juntou-se às
diversas vozes que valorizam e promovem a produção nacional. Num ato simbólico ofereceu a todos
os participantes enxertos-prontos da casta Touriga
Nacional, uma variedade representativa do nosso
país e considerada por muitos como a grande estrela das castas nacionais.
ANIPLA tem novo associado
A empresa UPL IBÉRICA S.A. passou a integrar o
grupo de empresas associadas da ANIPLA desde
Dezembro de 2014. Com a entrada desta nova empresa, o grupo de associados da Anipla passa a ser
composto por: ADAMA Portugal, Lda; BAYER Cropscience Portugal, Lda ; BASF Portuguesa, S.A.;
CHEMINOVA, S.A.; DOW Agrosciences Ibérica, S.A;
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O Jornal Le Monde lançou há dois anos um projeto
editorial chamado “Ecocídio” para detetar o tráfico
ilícito de produtos, realizado pelo crime organizado, que origina a destruição massiva da natureza,
tanto a fauna como a flora. Esta atividade criminosa permite às máfias diversificar as suas fontes de
enriquecimento (drogas, armas, etc.) com menos
risco, considerando que as penas de prisão para
a destruição do ambiente são leves. Este projeto
engloba a realização de 5 inquéritos em diversas
áreas, onde se incluem os pesticidas Ilegais. Na
exaustiva reportagem, designada por “Pesticidas,
a fábrica Infernal”, foram entrevistados vários representantes de entidades envolvidas na luta contra este negócio ilegal, entre os quais destacamos
o diretor-geral da ECPA – Associação Europeia da
Indústria Fitofarmacêutica:
“Pequenos riscos, grandes lucros”
DUPONT Portugal, Lda; INDUSTRIAS Quimícas del
Valles, S.A.; MONSANTO Agricultura España, S.L.;
NUFARM Portugal, Lda; SIPCAM Portugal Agroquímica e Biotecnologia, Lda; SAPEC Agro, S.A.;
SELECTIS, S.A.; SYNGENTA Crop Protection, Lda;
UPL Ibérica, S.A.
Sob o olhar do Organismo Europeu de Luta Antifraude (OLAF) e da Europol, a polícia e a justiça estão a tentar travar este negócio bem-sucedido. De
acordo com Jean-Charles Bocquet, diretor-geral
da European Crop Protection Association (ECPA),
a organização europeia que representa a indústria
fitofarmacêutica, este negócio representa cerca de
10% do mercado europeu de produtos fitofarmacêuticos, ou seja, cerca de mil milhões de euros.
A nível mundial, o comércio de produtos químicos,
inseticidas, herbicidas, fungicidas é avaliado em 50
mil milhões de euros e a fraude em 5 mil milhões.
Esta perda leva as grandes marcas a encomendar
as suas próprias investigações. Segundo o Organismo Central de Luta Contra os Ataques ao Ambiente e à Saúde Pública (OCLAESP), “uma nova
forma de crime organizado desenvolveu-se devido
à excecional relação “pequenos riscos/grandes
lucros” associada a esta atividade”. Nos grandes
mercados como a Europa do Leste, a Ucrânia e a
Rússia, a África, a China, o Brasil, o Vietnam e o
Japão, os produtos ilegais que circulam têm quase sempre a mesma origem: a China, país onde foi
efetuada a última grande captura pelo OLAF, em
Maio 2014. Todos os casos indicam este país como
o da falsificação de moléculas com base em produtos fitofarmacêuticos.
Ler AQUI reportagem completa
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Fito_Entrevista
FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
Fito_Entrevista
Paula Sarmento
Presidente do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF, I.P.)
Os agricultores
sabem que o
Ambiente é um
investimento
Portugal «deve fazer mais e melhor»
para integrar a conservação da Natureza
nas suas políticas agrícolas, defende a
presidente do Instituto de Conservação
da Natureza e das Florestas (ICNF, I.P.).
Em entrevista à FitoSíntese,
Paula Sarmento, admite que a PAC é o
instrumento de apoio público mais eficaz
na gestão ativa dos ecossistemas, mas
lamenta que as medidas do greening
tenham perdido fulgor durante as
negociações.
Até 2050, Ambiente e Agricultura têm um desafio
comum: alimentar 9,5 mil milhões de pessoas.
Onde reside a chave da equação “aumentar a
produtividade agrícola | proteger e melhorar a
biodiversidade”?
mas admito que todos os passos para a adoção de
práticas agrícolas mais sustentáveis revertem a
favor do ambiente e da agricultura, pois o resultado económico a bem da sustentabilidade será
sempre compensador.
O sucesso da promoção da nossa biodiversidade
e de uma agricultura competitiva e sustentável
reside numa relação harmoniosa entre as duas
e na adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis que permitam salvaguardar os recursos a
longo termo.
Portugal é um país muito rico do ponto de vista
dos valores naturais, quase todos ligados a paisagens humanizadas e muito relacionadas com
ecossistemas agrícolas e florestais. A agricultura desempenha um papel chave na promoção
da biodiversidade, e se no passado existia uma
grande diversidade de culturas, espécies e raças, bem adaptadas às condições ambientais, o
que fortalecia a agricultura do ponto de vista de
resiliência às adversidades climáticas, ataques
de pragas e doenças, hoje em dia verifica-se
uma perda da diversidade nas explorações agrícolas, porque para produzir mais com menos recursos as empresas têm investido em culturas
mais produtivas. Este caminho pode pôr em causa a biodiversidade genética dos ecossistemas
agrícolas e tornar a agricultura mais vulnerável.
É preciso lembrar que o trabalho de desenvolvimento de variedades mais produtivas e resistentes depende também da diversidade genética
existente nos ecossistemas naturais.
No concurso ao PDR 2020, que terminou a 29 de
Maio, foram apresentadas candidaturas às medidas agroambientais para perto de 2 milhões de
hectares. Este é um sinal de que os agricultores
estão empenhados em adotar práticas sustentáveis?
A atual Política Agrícola Comum (PAC) põe uma
tónica importante na preservação do ambiente,
nomeadamente, através das medidas do Greening. Em sua opinião esta é uma política equilibrada?
A PAC constitui um instrumento de política
fundamental para assegurar o apoio público à
produção dos serviços dos ecossistemas e consequentemente a preservação ambiental e da
biodiversidade. A PAC é assim um dos principais
instrumentos financeiros para o nosso capital
natural. Residia sobre os pagamentos ecológicos (greening) uma enorme expectativa, que
acabou por não ter o sucesso que se pretendia,
devido a um conjunto de exceções que foram admitidas no decurso das negociações deste pacote ecológico. Dizer que é uma política equilibrada depende da perspetiva de quem analisa,
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Os agricultores produzem bens de interesse público, no seu dia-a-dia salvaguardam serviços dos
ecossistemas, que devem ser pagos pela Sociedade. A PAC é de longe o instrumento de apoio público mais eficaz na gestão ativa dos ecossistemas.
A iniciativa europeia Business & Biodiversity visa
a introdução da biodiversidade nas estratégias e
políticas das empresas. Que balanço faz desta iniciativa em Portugal?
A iniciativa Business & Biodiversity foi adotada durante a presidência portuguesa do Conselho Europeu em 2007. Nesse ano tivemos 27 empresas
aderentes e hoje em dia são 72. Esta iniciativa visa
tornar as empresas mais conscientes das interfaces da sua atividade e impactes na conservação
da natureza e da biodiversidade, convidando-as
a promover compromissos voluntários e públicos
que lhes permitam atuar a esse nível, integrando
os valores naturais e a biodiversidade nas suas
estratégias empresariais. É algo diferente do mecenato, visa que as empresas integrem a relação
com a biodiversidade no seu modelo de negócio,
tornando-as conscientes da relação entre a sua
atividade e o meio natural com o qual interagem.
Que tipo de ações ou projetos estão a ser implementados pelas empresas do setor agrícola que
aderiram ao Business & Biodiversity?
Temos 17 organizações do sector agrícola aderentes à iniciativa Business & Biodiversity, com uma
tipologia de atuação muito diversa, desde projetos
de investigação sobre biodiversidade; a estudos de
caracterização e monitorização de fauna e flora
(ex: insetos polinizadores e seu impacto na atividade agrícola); divulgação e sensibilização para os
valores naturais e biodiversidade; premiar modelos de gestão sustentável de ecossistemas; rea-
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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
bilitação de ecossistemas degradados; medidas
de controlo de erosão; proteção do solo contra a
lixiviação de nutrientes e muitas ações dirigidas à
conservação de espécies, com destaque para os
peixes e aves, com estatuto de ameaça.
A ANIPLA e o ICNF assinaram um memorando de
entendimento no âmbito da Business & Biodiversity, em meados de 2013, visando a integração do
tema da conservação da biodiversidade nas ações
de sensibilização realizadas pela ANIPLA no âmbito do Projeto Cultivar a Segurança. Que importância atribui ao envolvimento da indústria fitofarmacêutica nesta temática?
Os produtos fitofarmacêuticos são importantes
para o rendimento das explorações agrícolas, mas
é fundamental que sejam usados com as melhores práticas e com conhecimento pleno que permita minimizar os seus impactos potenciais no
Ambiente. O memorando assinado entre o ICNF e
a ANIPLA é muito relevante, até pelo efeito multiplicador que pode ter através da adesão de uma
série de entidades e utilizadores à Business &
Biodiversity, uma vez que se trata de uma associação. É muito positivo pela abrangência territorial e
universo de utilizadores que pode envolver. O que
a ANIPLA se compromete a fazer através do projeto Cultivar a Segurança, no sentido de sensibilizar
os utilizadores para a adoção de boas práticas de
utilização dos produtos fitofarmacêuticos, pode
ter um impacto significativo na minimização dos
impactes no Ambiente e na Biodiversidade.
A indústria fitofarmacêutica europeia está empenhada em reforçar a biodiversidade e os habitats
naturais nas paisagens agrícolas, considerando
para tal essencial a formação dos agricultores. De
acordo com os dados que o ICNF detém, quais os
temas onde é necessário insistir com mais e melhor informação?
Temos que estar muito conscientes dos impactes
que podem advir da utilização dos produtos fitofarmacêuticos e estudar as medidas de minimização
a adotar do ponto de vista da sua utilização, divulgando esta informação por todos os utilizadores.
Há também áreas transversais como a promoção
da biodiversidade na agricultura onde a formação
é muito relevante. É importante que os agricultores percebam qual é o impacte da sua atuação nos
ecossistemas onde se inserem, a compatibilização
Uma carreira ao serviço
dos Recursos Naturais
Paula Alexandra Sarmento é mestre
em Geo-Recursos (IST) e licenciada em
Engenharia do Ambiente (FCT/ UNL).
Desempenhou funções no setor privado
no domínio da indústria da fileira florestal e no setor empresarial do estado, no
domínio da indústria mineira e aproveitamentos hidroagrícolas e de fins múltiplos. Desde 2005 que exerce funções
de Direção superior em várias entidades
tuteladas pelos Ministérios do Ambiente
e da Agricultura, ocupando desde 2012
o cargo de presidente do Conselho Diretivo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. Destaca-se a
experiência profissional no domínio da
gestão de recursos naturais, gestão ambiental na indústria, avaliação de impacte ambiental e processos de consultoria
na área do ambiente.
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«O memorando assinado entre o ICNF
e a ANIPLA é muito relevante, até pelo
seu efeito multiplicador»
da biodiversidade com os sistemas de produção e
as boas práticas no uso dos fatores de produção.
Sensibilizar os agricultores para os serviços dos
ecossistemas agrícolas e para a sua valorização
económica também passa pela sensibilização sobre a utilização adequada dos produtos fitofarmacêuticos.
A indústria está igualmente envolvida em diversos
projetos de criação de zonas tampão multi-funcionais para atrair fauna auxiliar às explorações
agrícolas, nomeadamente os insetos polinizadores, cujo valor na agricultura da UE é de €22 mil
milhões/ano. Estas ações, se replicadas em maior
escala podem vir a ter um efeito positivo relevante
no aumento da biodiversidade?
Não tenho dúvidas que sim, porque a polinização
é um dos mecanismos mais importantes na promoção da biodiversidade e da vida na Terra. Tudo
o que possamos fazer para promover os insetos
polinizadores tem efeitos diretos na promoção da
biodiversidade e no aumento da produtividade e
rentabilidade das culturas agrícolas.
O comissário europeu do Ambiente, Karmenu
Vella, disse recentemente no 8º Fórum para o Futuro da Agricultura que «os agricultores já perceberam que proteger o ambiente é um investimento
e não um custo». Sente esta afirmação como uma
realidade em Portugal?
Portugal tem evoluído imenso em matéria ambiental, a consciência ambiental é cada vez maior
em todos os setores de atividade económica, incluindo a Agricultura. Os agricultores têm consciência do seu impacte no Ambiente, tanto ao nível
do que promovem - a biodiversidade e os serviços
que prestam ao Ambiente no global -, como do
impacte negativo que podem ter algumas práticas menos adequadas. Os agricultores sabem que
o Ambiente é um investimento e que ao protegê-lo protegem os fatores de produção (água, solo,
insetos polinizadores), dos quais depende o sucesso das suas culturas. Com uma população de
agricultores cada vez mais qualificada, aumenta a
consciência de que as boas práticas podem ter um
retorno financeiro mesmo no curto prazo.
Como está Portugal em matéria de cumprimento
das metas definidas na Estratégia da Biodiversidade na UE para 2020?
Os relatórios recentemente publicados sobre o
“Estado da Natureza” e “Estado e perspetivas do
Ambiente na EU”, mostram que uma parte significativa dos habitats naturais - 69% - e das espécies
protegidas (excluindo aves) – 40% - em Portugal
ainda se encontram em estado desfavorável ou
com lacunas de conhecimento que não permitem
uma correta avaliação do seu estado. Apesar disso,
Portugal está melhor do que a média dos países
da UE, que apresentam um estado desfavorável
de 77% (habitats) e 60% (espécies protegidas). No
entanto, devemos fazer mais e melhor e conseguir
a integração setorial da política de conservação da
Natureza, em particular, em políticas chave como
são a Agrícola, Florestal, Desenvolvimento Rural
e Pescas.
Que passos foram dados nos últimos anos em matéria de Biodiversidade em Portugal?
Fizemos um trabalho relevante no contexto do
Portugal 2020, destacando o PDR, o Programa
Operacional da Sustentabilidade e Eficiência no
Uso dos Recursos e do PROMAR 2020. Foram dados passos no mapeamento e avaliação do estado
dos ecossistemas e dos serviços dos ecossistemas, bem como na avaliação do valor económico
destes serviços (no Parque Natural da Serra de
São Mamede). Temos trabalho desenvolvido em
relação à utilização sustentável dos recursos genéticos e partilha dos benefícios do seu uso (Protocolo de Nagoya), estamos a desenvolver legislação nesta matéria para aplicar o Regulamento
europeu publicado este ano. Uma última palavra
para o Compromisso para o Crescimento Verde,
recentemente adotado pelo Governo, que enquadra e promove a internalização da biodiversidade e
o capital natural que ela suporta na estratégia de
crescimento e desenvolvimento económico para o
país. Por fim, a nossa Estratégia de Conservação
da Natureza e Biodiversidade está a ser ultimada e
antes das férias do Verão será aberta à discussão
pública.
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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
Fito_Tema
Fito_Tema
Gestão de efluentes de produtos fitofarmacêuticos
A ANIPLA colaborou com a DGAV na criação de normas de conformidade técnica a
aplicar aos sistemas de tratamento de efluentes fitofarmacêuticos. A proposta de
Decreto-Lei está em revisão pelas autoridades competentes.
Decorrente da utilização de produtos fitofarmacêuticos são gerados efluentes, os quais se não
forem geridos de forma adequada, podem constituir um sério risco para a contaminação do ambiente. A manipulação e preparação da calda e a
limpeza dos equipamentos de aplicação, constituem momentos que necessitam de cuidado especial.
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Apesar de não instituir como condição obrigatória, a Lei 26/2013 prevê instalações ou equipamentos específicos concebidos de modo a poder
recolher esses mesmos efluentes, na forma em
que são produzidos, para tratamento adequado.
Em Portugal estão já instalados e em funcionamento alguns sistemas de tratamento de efluen-
tes, que ainda têm pouca expressão no território,
à semelhança do que se tem observado noutros
Estados-Membros. Importa dar o enquadramento necessário para o reconhecimento destes sistemas, como garantia de eficácia e eficiência técnica na adequada gestão de resíduos resultantes
das operações envolvendo produtos fitofarmacêuticos. Criando normas que ajudem a promover
as melhores práticas na sua manipulação, aplicação e gestão, pelos utilizadores profissionais, nas
explorações agrícolas e florestais e ainda, por
outras entidades publicas ou privadas, no quadro
legal em vigor.
será publicado sob a forma de Decreto-Lei, com
o objectivo de estabelecer as normas de reconhecimento de conformidade técnica de sistemas de
tratamento de efluentes fitofarmacêuticos, estabelecendo os requisitos a observar na preparação
de planos de gestão de efluentes e instalação dos
sistemas de tratamento de efluentes no território
nacional.
O grupo de trabalho deu a sua tarefa como finalizada, passando o documento para a avaliação e
revisão por todas as autoridades competentes. A
sua publicação deve, no entanto, ficar dependente do actual quadro político / legislativo.
A ANIPLA e a DGAV constituíram um grupo de trabalho com a tarefa de preparar um diploma, que
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FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
In_Anipla
Comissão de Agricultura Sustentável
Produtos fitofarmacêuticos e Biodiversidade
A produtividade agrícola e a conservação da biodiversidade
No entanto, alguns desequilíbrios dos ecossistemas locais têm origem na existência de espécies
invasoras infestantes e na proliferação de pragas e doenças. Nestes últimos casos, uma forma
válida de atenuar esses impactos passa pelo uso
seguro e responsável de produtos fitofarmacêuticos (PF), pelos nossos agricultores e técnicos
agrícolas.
Para um melhor conhecimento do importante
papel que o uso responsável dos PF pode desempenhar na proteção dos benefícios da biodiversidade, reduzindo, ao mesmo tempo, os
impactos na agricultura provenientes dessa
mesma biodiversidade, a Indústria fitofarmacêu-
Todos queremos uma grande variedade de alimentos de elevada qualidade e a preços acessíveis à nossa disposição o ano todo. Queremos
também uma paisagem rural próspera e ecossistemas saudáveis e diversificados.
Uma população em crescimento e o aumento
das exigências na agricultura apresenta à sociedade um dos grandes desafios do século XXI –
produzir mais com a mesma área agrícola, protegendo a biodiversidade.
Aumentar a produtividade agrícola enquanto se
mantém, ou mesmo se reforça, a biodiversidade,
representa um enorme desafio para a humanidade. A produção sustentável de bens agrícolas
16
suficientes, seguros e de elevada qualidade será
alcançável se fizermos um uso eficaz dos recursos naturais e intelectuais disponíveis, essencial
em qualquer estratégia que vise um aumento
sustentável da produção. Contudo não devemos ignorar, ou ter medo, do poder e do valor
da ciência e da inovação, assim como da enorme
capacidade da nossa espécie para resolver problemas complexos.
tica editou uma brochura onde são descritas as
medidas que visam o uso seguro e profissional
de PF, assim como o seu processo de inovação e
desenvolvimento, que permite uma maior compreensão de como os produtos fitofarmacêuticos
são ferramentas fundamentais no apoio a uma
agricultura mais produtiva mas sustentável.
Em Portugal, a brochura “Produtos Fitofarmacêuticos e Biodiversidade”, originalmente editada pela Associação Europeia da Indústria Fitofarmacêutica (ECPA), foi traduzida e adaptada
pela ANIPLA e teve o importante contributo do
Instituto da Conservação da Natureza e Florestas – ICNF.
A Indústria Europeia está empenhada
em reforçar a biodiversidade e os habitats naturais nas paisagens agrícolas,
utilizando o conhecimento especializado
na proteção das culturas e promovendo
a harmonia local entre a natureza e a
agricultura.
Faça o download da brochura aqui
A compreensão do presente desafio exige o reconhecimento de que a biodiversidade é fundamental para a agricultura, como por exemplo, as
abelhas que ajudam a polinização e os invertebrados do solo que mantêm as terras saudáveis.
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In_Anipla
FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
Comissão de Dados e Estatística
Comissão Técnica de Homologação
Mercado de fitofarmacêuticos cresce 6,3%
1º trimestre 2015
Lista de substâncias ativas “candidatas a substituição”
Como surge esta lista?
De acordo com o novo Regulamento Europeu relativo à homologação de produtos fitofarmacêuticos
(PF), foi solicitado à Comissão Europeia a elaboração de uma lista de substâncias identificadas
como “candidatas a substituição”, com características determinadas que cumprem critérios
estabelecidos. Para os PF que contenham uma
substância ativa (SA) identificada como “candidata
a substituição”, os Estados-membro (EM) deverão
avaliar se, para os usos autorizados nesses produtos, existem outros PF que os possam substituir.
+
6,3
O que significa uma substância ativa integrar esta
lista?
Todas as substâncias incluídas na lista e os produtos registados que as contenham, estão auto-
rizados na Europa porque as autoridades competentes confirmaram que o seu uso não implica
riscos para o utilizador, o consumidor e o ambiente. Qualquer substância incluída na lista não põe,
portanto, em causa a sua segurança, desde que
os produtos sejam devidamente utilizados. O que
irá acontecer é que, aos produtos que contenham
alguma dessas substâncias, será exigida uma
fase adicional de revisão: a avaliação comparativa.
O que irá acontecer a esses produtos?
Como resultado desta avaliação comparativa poderá dar-se o caso de alguns dos usos destes
produtos serem cancelados, caso existam alternativas adequadas, que sejam significativamente
mais seguras, não apresentem desvantagens práticas nem económicas e que não constituam risco
de desenvolvimento de resistências.
No primeiro trimestre de 2015, o mercado nacional de produtos fitofarmacêuticos aumentou 6,3% devido,
principalmente, aos grupos dos Fungicidas, Inseticidas e Diversos.
Evolução percentual do mercado nacional de produtos fitofarmacêuticos, relativa ao 1º trimestre de 2015
comparando com igual período do ano anterior
50
Diversos
43,7
40
30
20
Fungicidas
12,4
Inseticidas
7,5
10
%
6,3
Herbicidas
0
-10
18
Total
-5,3
19
FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
Fito_Global
Os 4 pilares da indústria
Por que é que simplesmente não se substituem esses
produtos ou usamos apenas aqueles em que essas
questões não se colocam?
instruções de utilização.
Leia
Devido ao facto de os critérios
de avaliação a nível
europeu estarem em constante mudança e serem
cada vez mais restritivos, estima-se que, por cada
informação relativa
SA nova que é aprovada, cerca de 140.000 ficaram
ao produto antes
pelo caminho, nos vários estádios de investigação e
de oNum
utilizar.
desenvolvimento.
ambiente regulamentar tão
imprevisível, as empresas têm cada vez mais dificuldade em investir os recursos necessários para
desenvolver novos produtos na Europa.
Á gua
li m nta
e
Sa
úde
iv e r s i d
d
20
A Indústria está constantemente a trabalhar para
isso, de facto. No entanto, devemos ter em conta
que um novo produto demora em média cerca de
10 anos até chegar ao mercado e requer um investimento perto de 200 milhões de euros.
Bi o
Além disso existe uma grande quantidade de culturas e pequenos usos, sobretudo em frutas, hortícolas e flores, que ainda se debatem por encontrar
soluções e que ficariam ainda mais desprotegidos.
A indústria não está a desenvolver produtos novos e
mais seguros?
A
Estamos a falar potencialmente de muitas SA, provavelmente afectando mais de metade dos produtos atualmente utilizados pelos agricultores. Os
produtores precisam
Pa de uma variedade de soluções para combater os problemas fitossanitários e
fazer uma gestão adequada para evitar o desenvolambiente respeitar as
vimento de resistências.
Além disso, se a lista de substâncias “candidatas
a substituição” for mal interpretada e se converter
numa “lista negra”, poderá ter consequências graves na fileira alimentar.
o
Esta é uma questão que a própria Indústria já colocou aos decisores políticos. Os critérios utilizados
não são baseados em nenhuma evidência científica
ou alerta e resultaram apenas de negociações políticas.
Significa acima de tudo, que menos soluções ficarão disponíveis para os agricultores protegerem as
suas produções.
çã
Então, porquê produzir uma lista de substância ativas
se elas são seguras?
Que consequências podem ter para a fileira alimentar
(do produtor ao consumidor)?
ee
Sim, e isso é demonstrado durante a avaliação
para a sua autorização na União Europeia. Todas as
substâncias ativas autorizadas na Europa são sujeitas a um processo de avaliação prévio, que é um
dos mais exigentes a nível mundial.
Se todos os produtos da lista de “candidatos a
substituição” fossem removidos do mercado, ficaEx.
riam várias culturas muito mal protegidas e outras
completamente desprotegidas.
ad
As substâncias “candidatas a substituição” são seguras?
A Indústria
fitofarmacêutica assumiu
compromissos em quatro
áreas cruciais para a
atividade agrícola e para
a Sociedade - Água,
Alimentação, Saúde e
Biodiversidade – e está
a trabalhar em parceria
com entidades públicas
e privadas para a sua
implementação.
21
FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
Água
Conservar os Recursos
A água é um recurso vital à vida e a Indústria fitofarmacêutica europeia encara a proteção e a
conservação da água como um dos pilares da sua
atividade, comprometendo-se a trabalhar de forma
contínua para promover práticas agrícolas sustentáveis. O que estamos a fazer para preservar este
recurso?
TOPPS-Prowadis
Projeto que visa dar formação a agricultores e
equipas de vendas e marketing das empresas de
produtos fitofarmacêuticos sobre boas práticas na
proteção da água, nomeadamente sobre como evitar a contaminação de origem pontual. Este projeto,
que resulta da expansão do projeto Topps, decorre
em Portugal e noutros 13 países da UE, até final de
2017. Em Portugal, a implementação do Topps está
a ser projetada pela ANIPLA em parceira com outras entidades ligadas ao setor agrícola nacional,
como sendo a CAP, a Confagri e Companhia das
Lezírias, para formar e sensibilizar os técnicos e os
agricultores para as boas práticas na utilização dos
produtos fitofarmacêuticos, no sentido da redução
da poluição potencial das águas nas várias formas
em que esta pode ocorrer.
Este projecto prevê, por exemplo, criar zonas tampão vegetativas junto aos cursos de água, as quais
podem reduzir o escorrimento de produtos fitofar-
22
macêuticos entre 50% a 75%. O projeto piloto, que
decorre atualmente em Espanha e na Polónia, e
que chegará em breve a Portugal, ensina a instalar e manter as zonas tampão e explica os seus
benefícios na preservação da qualidade da água e
do solo.
Soluções analíticas
Este projeto garante suporte a programas de
monitorização da qualidade da água, fornecendo
padrões analíticos fiáveis e transparentes aos laboratórios acreditados. Ajuda a garantir a correta
identificação e gestão da contaminação da água.
Alimentação
em quantidade e com qualidade
Usos Menores
Estamos a trabalhar, em conjunto com vários
parceiros, na preparação de um programa de
Coordenação de Usos Menores a nível europeu,
por forma a estabelecer medidas concretas que
disponibilizem soluções de Usos Menores para os
agricultores.
Produtos Fitofarmacêuticos Ilegais
A ANIPLA, tal como as suas congéneres europeias, desenvolve um esforço proactivo e contínuo
de sensibilização sobre os perigos de comercializar e utilizar produtos ilegais e os riscos que tal
acarreta para o agricultor, Ambiente e para a Segurança Alimentar.
Em Novembro de 2014 a ANIPLA convidou jornalistas portugueses a visitar as estufas em Almeria onde,
numa ação dedicada à imprensa internacional, a Associação Europeia (ECPA) partilhou os objetivos e resultados do projeto de gestão de resíduos.
A Indústria fitofarmacêutica contribui para uma
alimentação saudável, de qualidade e acessível
para todos. Tal só é possível mantendo as culturas sãs, aumentando a sua produtividade e melhorando as práticas agrícolas. Como estamos a
acautelar as necessidades de agricultores e consumidores?
Gestão de Resíduos
O projeto de gestão de resíduos, implementado
em parceria com a estação de experimentação e
investigação agrícola Cajamar Caja Las Palmerillas, em Almería, Espanha, visa partilhar as
melhores práticas com vista a minimizar o nível de
resíduos de produtos fitofarmacêuticos nas culturas, em concreto de tomate e pimento produzidos
em estufa. Centenas de agricultores e técnicos
de vários países da Europa deslocam-se a este
centro para receber formação. Em Novembro de
2014 a ANIPLA convidou jornalistas portugueses
a visitar as estufas em Almeria onde, numa ação
dedicada à imprensa internacional, a Associação
Europeia (ECPA) partilhou os objetivos e resultados deste projeto.
Saúde
Garantir práticas seguras
Para a Indústria é prioritário proteger a saúde dos
agricultores e do público em geral, introduzindo
tecnologias inovadoras e promovendo o uso seguro
e sustentável dos produtos fitofarmacêuticos. Portugal dá o exemplo:
Cultivar a Segurança - este projeto permitiu dar formação, essencialmente prática, a várias centenas
de técnicos, distribuidores e agricultores em Portugal, sobre uso responsável, seguro e sustentável dos produtos fitofarmacêuticos. Decorreu em
quintas-modelos por todo o país, com a colaboração das Direções Regionais de Agricultura e outras
entidades públicas e privadas.
Gestão de Embalagens Vazias - Portugal está no
pelotão da frente no que se refere à recolha de
embalagens vazias de produtos fitofarmacêuticos,
com uma taxa de retoma de cerca de 40% e perto
de 800 pontos de retoma em todo o país. O sistema VALORFITO, em funcionamento desde 2006,
está a servir de modelo para alguns países europeus que estão em fase inicial de implementação
de sistemas de gestão de embalagens vazias.
23
FitoSíntese // A revista para quem pensa a agricultura.
Fito_Agenda
Biodiversidade
Reforçar os habitats naturais
Em Portugal, a ANIPLA e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) assinaram
um memorando de entendimento no âmbito da
Business & Biodiversity, em meados de 2013, visando a integração do tema da conservação da
biodiversidade nas ações de sensibilização realizadas pela ANIPLA no âmbito do Projeto Cultivar a
Segurança. Leia a entrevista com a Presidente do
ICNF nesta edição da FitoSíntese.
A Associação da Indústria Fitofarmacêutica Europeia (ECPA) está a trabalhar em diversos projetos
que demonstram o compromisso da Indústria em
adotar as melhores práticas para aumentar a biodiversidade:
Quintas Modelo - visa criar uma rede europeia de
quintas modelo para demonstrar e apresentar as
melhores práticas de gestão e os benefícios dos
produtos fitofarmacêuticos para o aumento da
biodiversidade e produtividade agrícola em toda
a Europa, junto dos agricultores e do pessoal de
vendas e marketing das empresas que comercializam produtos fitofarmacêuticos, mas também
junto de decisores políticos e opinião pública em
geral.
23 > 24 Jun.
25 > 28 Jun.
Zonas Tampão Multi-funcionais - projeto que demonstra as várias iniciativas das empresas fitofarmacêuticas relacionadas com a conservação
de insetos polinizadores e questões mais amplas
da biodiversidade.
Centro de Feiras e Convenções de Tel-Aviv
Israel Saber mais
Sever do Vouga
Saber mais
26 Jun.
Formação - Para incentivar a adoção das melhores práticas de gestão, será ministrada formação
às pessoas que trabalham na área comercial e
marketing das empresas fitofarmacêuticas.
Workshop Equipamentos de Aplicação
de Produtos Fitofarmacêuticos
25 Jun > 5 Jul.
Indicadores - Está a ser elaborado um guia sobre
os indicadores para a biodiversidade em terras
agrícolas.
1 > 3 Jul.
Auditório da AFPDM/Escola Profissional do Montijo
Saber mais
Cereais para Alimentar o Mundo
Conferência da Associação Internacional para Ciência
e Tecnologia dos Cereais (ICC)
Exposição Mundial de Milão . Itália
Saber mais
Smart Farm
Os 4 pilares num projecto global
Apesar da separação, em termos de projectos, de cada um dos pilares alvo da Indústria, a sua interligação é essencial, na medida em que é o seu conjunto que permite
garantir uma agricultura sustentável e um
desenvolvimento integrado. Neste âmbito,
a ANIPLA pretende criar um espaço onde
seja possível conjugar os diversos projetos
e desenvolver e implementar um conjunto
de tecnologias, equipamentos e práticas,
consideradas como “modelo” para um uso
sustentável e seguro dos produtos fitofarmacêuticos.
A Companhia das Lezírias irá ser o “hospedeiro” deste projecto, que pretendemos
seja evolutivo e esteja sempre pronto a
mostrar e a demonstrar as melhores e
mais modernas práticas agrícolas, a um
conjunto alargado de interessados, incluindo o grande público.
24
FreshAgroMashov
8ª Feira Nacional do Mirtilo
Fórum Tecnologia em Horticultura
Feira São Pedro, Torres Vedras
Saber mais
2 > 3 Set.
Potato Europe
Feira Internacional do Sector da Batata
Kain, Tournai . Bélgica
Saber mais
2 > 4 Set.
23 > 25 Set.
Feira Internacional de Frutas e Legumes
Hong Kong
Saber mais
Feira Internacional de Frutas e Legumes
Rimini Expo Centre . Itália
Saber mais
Asia Fruit Logistica
14 > 16 Out.
Construir o Futuro da Segurança
Alimentar
Conferência EFSA (Autoridade Europeia para
a Segurança Alimentar)
Exposição Mundial de Milão . Itália
Saber mais
Macfrut
28 > 30 Out.
Fruit Attraction
Feira Internacional de Frutas e Legumes
Ifema, Madrid
Espanha
Saber mais
21 > 24 Nov.
3 > 6 Dez.
Alimentaria&Horexpo Lisboa
Feira Internacional de Lisboa (FIL) Portugal
Saber mais
Feira Internacional de Frutas e Legumes
Agadir Park Expo . Marrocos
Saber mais
Portugal AGRO
SIFEL Marrocos
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