Quem acredita sempre alcança - WebEduc

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Quem acredita sempre alcança - WebEduc
“Quem acredita sempre alcança”
E.E.Profª Ephigênia Cardoso Machado Fortunato
Professora: Giane Gonçalves de Sales Falseti
“Prêmio Professores do Brasil- 3ª Edição”
Categoria: Ensino Médio
“Quem acredita sempre alcança”
S.P
Sumário
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Síntese ..........................................................................................
Objetivos ........................................................................................
Descrição .......................................................................................
Contextualização ............................................................................
Justificativa ....................................................................................
Resultados .....................................................................................
Avaliação .......................................................................................
Anexo .............................................................................................
01
02
02
08
09
10
11
13
Síntese
O presente trabalho foi desenvolvido em classes do Ensino Médio da rede
pública do Estado de São Paulo, visando despertar nos alunos a sensibilidade
para discutir questões ligadas às pessoas com necessidades especiais.
Durante o trabalho os alunos mantiveram contato com algumas pessoas com
necessidades especiais, a fim de adquirir pontos de vista sobre a convivência
dessas pessoas na sociedade. Ao mesmo tempo fizeram leituras, pesquisas,
participaram de palestras, conversas virtuais, com pessoas que vivem essa
realidade ou com aquelas pessoas que trabalham com o tema. O trabalho
iniciou em 2007 e encontra-se em um processo continuum em 2008. A
perspectiva deste projeto para os próximos anos será o desenvolvimento de
diferentes contextos dentro da temática de estudo.
Objetivos da experiência
O objetivo geral do projeto foi despertar na comunidade escolar
(alunos do 2º e 3º ano do Ensino Médio) a capacidade de acreditar e lutar
pelos seus sonhos e projetos de vida. No entanto, no decorrer do processo
o trabalho tornou-se um Projeto de Sustentabilidade Social, o qual passou a ter
como objetivo específico a inclusão social do deficiente físico, apresentar aos
indivíduos com necessidades especiais que eles gozam de direitos, e que
estes devem ser respeitados.
Para atingir este objetivo, algumas competências foram
trabalhadas, a fim de desenvolver nos alunos algumas habilidades específicas,
que seguem:
•
•
•
Discutir questões que envolvem a relação entre ética e direitos
humanos.
Incentivar a autonomia na constituição de valores de cada aluno,
ajudando-o a se posicionar nas relações sociais dentro da escola e da
comunidade como um todo.
Instigar o desenvolvimento do caráter dos alunos, a fim de manifestar
em seu comportamento virtudes tradicionalmente reconhecidas e
respeitadas, tais como a solidariedade e o respeito ao próximo.
Descrição das atividades
Atividades desenvolvidas em 2007:
1. Convite aos alunos para a participação no projeto:
O convite foi feito na sala de aula. Comentei com eles as minhas
observações e a possibilidade de realizarmos um trabalho que
motivasse nossas aulas e nosso dia-a-dia. Contei-lhes a respeito do
Jaciel Antonio Paulino, paraatleta que conheci na São Silvestre de
2006, cujo exemplo de vida poderia despertar nossas discussões, e
sua pessoa seria o símbolo do nosso projeto.
2. Entrei em contato com o paratleta Jaciel Antonio Paulino através de
e-mail, convidando-o para ser o símbolo do projeto “Quem acredita
sempre alcança”. Expliquei para ele o motivo do projeto e como seria
sua participação. De início os alunos iriam entrar em contato com ele
através da internet (e-mail), para conversar e conhecer a história de
vida de Jaciel.
3. Primeiro contato dos alunos com Jaciel. Nesse dia os alunos se
apresentaram e em outro momento realizaram uma entrevista com
ele, utilizando como ferramenta o e-mail.
4. OBS: Antes do primeiro contato, os alunos ficaram curiosíssimos em
conhecer Jaciel através de fotografia, então providenciei e imprimi
uma das fotos, tirada no dia em que o conheci.
5. Pesquisa na internet sobre a biografia de Jaciel: antes de
encaminhar os alunos eu fui até a sala de informática e fiz a pesquisa
para ler os sites que poderiam ter conteúdo sobre a biografia de
Jaciel.Já na sala os alunos leram várias informações sobre a
trajetória do paratleta.
6. Convidamos Jaciel para participar de um evento de encerramento do
projeto em nossa escola. Lembrando que ele mora na cidade de
Santos e a nossa escola fica em Bariri, interior de São Paulo, cerca
de 460 quilômetros de distância.
7. Começamos a nos preparar para a visita de Jaciel, que ficou muito
lisonjeado como convite:
Iniciamos todos os preparativos para o evento. Tal atividade
consumiu muitas horas de discussões e levantamento de
possibilidades, como as seguintes ações:
8. Divulgação no jornal local e da região, além das rádios da cidade.
9. Divulgação na reunião de professores.
10. Painel sobre informações da vida esportiva de Jaciel:
Consultando a internet, os alunos organizaram um painel com todas
as informações que coletaram sobre o paraatleta, a fim de que todos
os alunos da escola conhecessem a sua trajetória esportiva, pois no
dia do evento todos estariam presentes e julgamos que seria
importante que todos os alunos soubesse quem era essa pessoa tão
incrível, assim eles participariam muito mais da atividade.
11. Apresentação do trabalho em todas as salas de aula da escola:
Os alunos do Grêmio Estudantil, que também fizeram parte do
trabalho,visitaram todas as salas de aula da escola informando os
alunos a respeito dos objetivos do projeto e das atividades
desenvolvidas. O objetivo dessa atividade era preparar toda a escola
para a vinda de Jaciel, já que esta seria a atividade mais esperada
pelos alunos que desenvolviam o projeto.
12. Confecção de faixa de boas-vindas.
13. Construção de uma rampa:
Observando que a quadra da escola não possuía acessibilidade, os
alunos acharam conveniente e necessário construir uma rampa de
acesso a ela. Para conseguir o material eles foram atrás de
patrocínio e doações, já a mão-de-obra foi executada por eles
mesmos.
Esse dia foi muito bacana, na verdade genial, os
alunos,meninos e meninas,dividiram-se levando tijolos, preparando e
carregando massa, até ver finalmente a rampa pronta para o uso.
Para o convidado especial a construção dessa rampa foi algo de
muita importância, pois em muitas ocasiões Jaciel cita o fato,
inclusive ele emocionou-se quando esteve na escola ao saber que a
rampa fora construída para sua chegada. Interessante que a escola
já teve uma aluna deficiente, que ao locomover-se na escola utilizava
uma rampa móvel feita de ferro,apenas para acesso entre pátio e a
sala de aula, quando era necessário ir para a quadra alguns alunos
carregavam-na. O fato de a escola não possuir rampa nunca tinha
sido percebido pelos professores e funcionários, inclusive por mim,
no entanto ,na execução desse projeto os alunos sensibilizaram-se
para isso e providenciaram tudo o que foi preciso.
14. Elaboração da pauta para o dia do evento.
15. Busca de parcerias para custear a visita:
Como Jaciel morava longe, o custo da viagem seria alto, nem o
paraalteta e nem a escola poderia custear a viagem e a estadia para
isso os alunos mobilizaram-se e conseguiram fazer o melhor
possível, pagando todo o combustível, pedágio e a hospedagem na
cidade, oferecendo no final um almoço de confraternização com a
participação dos alunos,professores,familiares, Jaciel e seu treinador.
16. Preparação do almoço:
Os alimentos do almoço foram obtidos de várias fontes: alunos
compraram a carne; a escola comprou refrigerante e a prefeitura
colaborou com o preparo do cardápio: arroz, lasanha, salada e
sobremesa.
17. Painel com o desenho de Jaciel confeccionado por um aluno do 2ª
série, ensino médio.
18. Elaboração de uma apresentação em power point, homenageando o
convidado.
19. Convite para a APAE de Bariri, autoridades locais, parceiros,
comunidade local e equipe da diretoria de ensino:
A participação dos jovens da APAE proporcionou ao evento um
encontro de várias realidades da cidade, visto que em raríssimas
vezes esses jovens participam de atividades na escola.
20. No dia da visita de Jaciel várias atividades foram desenvolvidas:
• Recepção organizada pelos alunos na entrada da escola.
• Palestra realizada por Jaciel e seu técnico, Eduardo, sobre sua
trajetória esportiva e sua vida pessoal, destacando o paradesporto.
• Clínica de vivenciar a prática de esporte em cadeira de rodas:
Os alunos tiveram a oportunidade de assistir Jaciel demonstrar como
se utiliza a cadeira de rodas que é especial para corrida;
experimentaram como é a sensação de praticar a corrida na cadeira
e, ainda, participaram de algumas dinâmicas envolvendo esporte
adaptado.
• Cartas da 5ª série:
As crianças da 5ª série resolveram escrever cartinhas para Jaciel.
Ficaram realmente contentes por estarem conhecendo tão de perto
um atleta. O conteúdo das cartas era repleto de congratulações e
mensagens carinhosas. Essa atividade deixou Jaciel muito à vontade
com os pequenos.
• Homenagem da”Banda Marcial Alexandre Giuliano Gallo”:
A Banda Marcial do Município apresentou-se para Jaciel e seu
treinador como é de costume na cidade fazer para com visitantes
célebres,que merecem o respeito e o carinho do município.
• Contato com os alunos da classe de recursos de deficientes
auditivos:
A escola possui uma sala para crianças com problemas auditivos, e
na ocasião Jaciel proporcionou aos alunos dessa sala um divertido
bate-papo,com a interpretação dos sinais feita pela professora da
turma.
• Confraternização com os alunos da 3ª série A: churrasco no clube da
cidade.
Jaciel emocionou-se muito com a festa de boas-vindas. Disse que não
esperava ver tanta gente mobilizada em torno dessa questão. Em
entrevista à rádio local disse que nunca foi tão bem recebido em uma
cidade.
No fim da tarde, ao falar com sua mãe pelo telefone, confessou o
tamanho da sua emoção, “Mãe, não agüentei, chorei. Ah, quando eu vi a
rampa”.
20. No outro dia, animado com a recepção, Jaciel foi visitar o sítio do
aluno Fernando Piotto, onde divertiu-se com todos os alunos da classe.
21. Muito atraído pela cidade e pelo projeto, Jaciel voltou em novembro
de 2007 para preparar-se para a corrida de São Silvestre. Ficou três dias
na cidade e teve a oportunidade de reencontrar os alunos.
22. Os alunos ainda protagonizaram mais uma ação surpreendente:
organizaram uma rifa de uma bicicleta para arrecadar verba para a
compra de uma roda especial para a cadeira de corrida para Jaciel. O
dinheiro foi entregue para Jaciel quando ele retornou para a cidade, a
fim de preparar-se para a corrida de São Silvestre 2007, da qual ele foi
campeão. Os alunos acompanharam as reportagens sobre a Corrida de
São Silvestre interessados em saber do resultado.
Na sua volta, Jaciel trouxe consigo um amigo chamado Carlão, também
paraatleta. Os dois circularam e treinaram pela cidade, além de visitar a
casa de alunos, visitaram à escola e concederam entrevistas à radio
local.
23. Auto-avaliação a respeito da participação do aluno no projeto,
visando diagnosticar se os objetivos foram atingidos.
Atividades desenvolvidas em 2008:
1. Como os alunos que protagonizam o projeto em 2008 conheceram e
participaram, ainda que parcialmente, das atividades desenvolvidas
em 2007, foi fácil envolvê-los no trabalho, uma vez que o projeto teve
sua continuidade a pedido deles mesmos. A partir de uma retomada
do que aconteceu em 2007, fizemos uma escolha do nome para as
atividades de 2008, assim cada sala adotou um título diferente.
2. Vivências: Locomover-se utilizando cadeira de rodas, voleibol
adaptado e futebol de cegos.
Os alunos revezavam-se e, cinco alunos por dia, passaram o período
todo de aula locomovendo-se através de cadeiras de rodas. As cadeiras
foram emprestadas de instituições da comunidade. Após passar o
período todo andando com as cadeiras os alunos relatavam as reações
e sentimentos que a experiência provocou.
Já o voleibol adaptado foi bem mais divertido. Os alunos ficaram
empolgados,ao mesmo tempo em que tinham uma vontade enorme de
levantar-se. Todos participaram e não pareciam querer parar de jogar.
Para vivenciar uma situação semelhante a de um deficiente visual ,os
alunos jogaram futebol com olhos vendados e fizeram excursão pela
escola, também com olhos vendados, um guia e uma balisa, pois nossa
escola não possui bola com guiso. Ao término da atividade, pude ouvir
expressões como “Que bom é enxergar!”, entre outras.
Todas as vivências foram relatadas, e, através dos instrumentos de
registro, pudemos constatar que os depoimentos foram surpreendentes
e emocionantes. Nesses relatos é possível perceber que a cada dia os
alunos vão fornecendo pistas de que os objetivos do projeto estão sendo
concretizados.
3. Leitura do texto da Campanha da Fraternidade 2006 e nessa
ocasião encontramos a história de vida de Maria de Fátima Longo.
4. Troca de correspondências com a Sr.ª Maria de Fátima Longo, com
necessidades especiais.
5. Leitura de notícias e reportagensde várias fontes: Folha de São
Paulo, 12/08/2008 “Jovem com paralisia cerebral é aprovada no
exame da OAB”; Folha de São Paulo, FOVEST, 19/08/2008 ,
“Particulares também precisam de adaptação”.
6. Reportagem exibida no fantástico sobre Rick Hoyt.
7. Leitura de um texto sobre a reportagem exibida no Fantástico.
8. Pesquisa sobre a trajetória esportiva da equipe Team Royt.
9. Envio de mensagem eletrônica para a equipe de treinamento de Rick
Hoyt:
Para garantir a comunicação com a equipe Royt, elaboramos um
texto em português, que foi traduzido para o inglês com a colaboração
da professora desta disciplina.
10. Tradução da resposta do e-mail de Team Hoyt:
Essa tradução também proporcionou momentos de satisfação. Uma
das alunas, assim que pegou a mensagem, começou a ler alguns
fragmentos sozinha e sentiu-se orgulhosa. Era a primeira vez que
experimentava uma situação real de uso da língua estrangeira. E
observar essa reação também me valeu muito.
11. Divisão de grupos para visitar as lojas pedindo a instalação de
rampas de acesso:
Fizemos uma lista dos estabelecimentos comerciais e os
dividimos entre as equipes de trabalho da classe. Cada grupo teve a
missão de convencer os lojistas da importância da construção de
rampas de acesso. Nesse momento os alunos experimentaram a reação
de preconceito para com os cadeirantes, pois notaram que para isto não
foi dada a devida atenção, ou até mesmo um desprezo sutil. Nos relatos
é possível observar esta constatação, além das nossas conversas, em
que percebi a indignação de alguns deles diante da situação.
12. Palestra sobre acessibilidade em imóveis promovida pelo CREA
(Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), assistida por
alguns alunos da turma, cujo conteúdo, em seguida, foi multiplicado
para todos os alunos envolvidos no projeto.
13. Relatórios das vivências.
14. Leitura do artigo “Pistorius poderá ir a Pequim”, publicada na revista
Contra relógio,seguida de discussão.
15. Análise da letra da música “Natureza Distraída”- Toquinho, que será
utilizada na atividade de encerramento do projeto.
16. Dinâmica”Você quer brincar”?
Os alunos andavam em círculo pela sala, batendo palmas e
tocando nas costas dos colegas. No mesmo ritmo. Alguns alunos, que
foram retirados da sala estrategicamente, são chamados um a um
enquanto a brincadeira de andar em círculo, batendo um nas costas do
outro continua sem cessar. Após alguns segundos no mesmo
movimento, a classe parou a um sinal do professor que interrompeu a
brincadeira. Todos os alunos que estavam em círculo, um de cada
vez,começando pelo que estava ao lado direito do novo participante,
cumprimentam o colega do lado direito, e este fez o mesmo com seu
colega. A seqüência de cumprimentos terminará no novo participante,
porém o mesmo será o único que levará um empurrão e não será
cumprimentado. Quando todos participaram do mesmo processo, pedi
para que relatassem qual a sensação. Foram vários sentimentos
experimentados como exclusão, abandono, desprezo e motivo de risos.
Puderam assim,sentir na pele,como uma pessoa com deficiência ou
dificuldades de aprendizagem pode se sentir quando estão em processo
de aprendizagem.
17. Exibição do vídeo de Maria de Fátima, contando sobre sua vida e a
superação nas atividades diárias:
A senhora Maria de Fátima não possui braços nem pernas. Nesse
vídeo ela realiza ações cotidianas muito comuns para nós, mas quase
impossíveis para ela. É possível vê-la escovando os dentes, escrevendo
com a boca, atendendo o telefone, e, até mesmo, tirando sobrancelha.
Os alunos ficaram impressionados com sua força de vontade e alegria
de viver. Eles ainda descobrem que ela desenvolve muitas atividades e
dá aulas particulares.
18. Divulgação do projeto para todos os alunos da escola.
19. Preparo para a recepção da convidada de honra Sra. Maria de
Fátima, que ocorrerá no dia do encerramento do projeto*:
• Coreografia
• Apresentação de malabares
• Apresentação de ginástica de solo
• Apresentação de Power-point
• Escrita da pauta da cerimônia
• Seleção da sonoplastia do evento
• Estas atividades estão em andamento e não estarão
concluídas até o momento da entrega deste texto.
20. Atividade em andamento: painel de fotos de rampas da cidade
identificando quais são eficazes e quais não são.
Contextualização
A Escola Estadual Ephigênia C. M. Fortunato localiza-se em uma
cidade do interior de São Paulo, na região Centro-oeste do estado. Seu corpo
discente é formado por 814 alunos, sendo 203 do Ensino Fundamental, Ciclo II;
570 do Ensino Médio; 30 do EJA e 11 alunos na sala de Educação Especial. O
corpo docente é formado por 28 professores efetivos; 26 professores OFA
(Ocupante de Função Atividade); três efetivos de outra Unidade Escolar (UE)
que completam o cargo na escola; 12 professores OFA de outra UE; e 4
professores eventuais. Todos os professores possuem nível superior, muitos
com curso de especialização e aperfeiçoamento e dois professores estão na
fase de conclusão de mestrado, nas áreas Linguagens Códigos e suas
Tecnologias, nas disciplinas de Educação Física e Língua Portuguesa.
No que se refere aos nossos alunos são, em sua maioria, filhos
de comerciante e trabalhadores da indústria. Muitos deles almejam cursar a
universidade. Alguns pais, desses alunos, cursaram o ensino médio, mas há
também uma parcela de pais que não concluíram o ensino fundamental e,
somente, uma minoria teve a formação no ensino superior, deste contado com
a faculdade alguns não completaram seus estudos.
A Escola Ephigênia destaca-se na região por apresentar ótimos
conceitos nas avaliações externas, no ENEM, nas aprovações em vestibulares
das universidades públicas e privadas e, recentemente, no Enem. Muitos dos
alunos, que cursam ensino médio em nossa escola, escolheram-na,
principalmente, por ter conhecimento da qualidade do ensino oferecido.
Cabe destacar a participação de segmentos que se organizam
dentro da escola, a exemplo do conselho escolar, o qual apóia as atividades
desenvolvidas para melhorar a qualidade de ensino dos alunos. Com a ajuda
da comunidade e de membros do conselho, os alunos como protagonistas
conseguiram construir, como já citado, a rampa de acesso à quadra, preparar a
recepção do convidado especial de 2007, empréstimos das cadeiras para as
vivências, divulgação em jornais e rádios locais, transporte, outros.
Contamos, também, com a participação dos alunos do Grêmio
Estudantil, que se envolveram com o projeto, além de acompanhar o
desenrolar dos procedimentos deste trabalho, colaboraram, ainda, com a
divulgação das atividades na escola, visitando todas as salas de aula
explicitando os objetivos do projeto e como seria atividade final.
Nesta perspectiva participativa os alunos sentem-se acolhidos no
espaço escolar, o que faz com que se envolvam em atividades promovidas
pela escola. Portanto, diante das possibilidades oferecidas no ambiente escolar
e com a constante iniciativa de oferecer novas oportunidades de valorizar a
auto-estima, e, sobretudo, valorizar o ser humano muitos dos alunos, ao
concluírem o ensino médio retornam, posteriormente, à escola como
profissionais ou mesmo como voluntários.
Justificativa
O projeto justifica-se pela necessidade de criar na comunidade
escolar um espaço para discutir temas transversais. Observamos com o
convivio diário que os alunos sentem-se mais motivados ao participar de
propostas que incluam temas de seus interesses.
Dessa forma, o projeto pedagógico da escola contempla e se
preocupa em desenvolver atitudes de iniciativa e participação ativa, que
estimulem o protagonismo dos jovens. Sendo assim, muitas das ações da
escola são pautadas na premissa do protagonismo juvenil. Nesse sentido Corti
e Souza1 (2007, p. 40) assinalam que garantir a participação dos alunos nos
espaços de decisão da escola é importante “para compreender o que os jovens
possuem como expectativa em relação à instituição. Ao mesmo tempo,é uma
forma de fazer com que a escola seja um espaço de vivência,de praxes
democráticos”. As autoras acreditam
que não há apenas um,mas vários caminhos. Há meios
mais conhecidos de participação dos estudantes na
escola, como o grêmio estudantil, mas há também
outros, pouco considerados, como os representantes de
classe e o próprio conselho de escola. Há ainda
iniciativas que, por vias diferentes, ampliam a
participação dos estudantes. Todos esses caminhos, no
entanto, dependem de um posicionamento político da
escola, em querer se tornar um espaço mais democrático
e mais participativo” (p. 40)
Neste contexto, a escolha do tema teve como premissa o
interesse dos alunos. Após a definição do tema aproveitei o ensejo para
motivá-los a viver bem e melhor, com o intuito de que descobrissem quão
prazeroso é viver e, mais do que isso, proporcionar e compartilhar com outros
indivíduos do mesmo prazer, uma vez que notei vários alunos desanimados a
participar do vestibular e participar de algumas atividades, mostrando-se
desacreditados de si mesmo.
Diante deste quadro, procurei desenvolver a motivação a partir da
temática do projeto, sentindo-me na obrigação de desencadear um processo
de mudança. Porém, este caminhar não é uma tarefa fácil, principalmente
quando se trata de auto-estima, medos, insegurança, fracasso pessoal e
profissional, solidão, entre outros.
De acordo com Sposito2 (2007, p. 13) foram pesquisados pela
fundação Perseu Abramo, em 1999, jovens “predominante otimistas quanto ao
seu futuro pessoal, embora esse otimismo decresça nos seguimentos sociais
com renda mais baixa”, pois “acreditavam que, como esforço pessoal
promoveriam a melhoria das suas condições de vida, reiterando o imaginário
liberal em torno da importância do êxito individual”. A autora acrescenta que
naquele período, os jovens,
1
CORTI, A. P.;SOUZA, R. Diálogos com o mundo juvenil : subsídios para educadores. São Paulo: Ação
Educativa, 2004. p.151-165. In: BRASIL. Ministério da Educação. Programa Ética e cidadania:
construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Básica, 2007. p.40-48.
2
SPOSITO, M. P. Os jovens do Brasil: desigualdades multiplicadas e novas demandas políticas. São
Paulo: Ação Educativa, 2003. p.23-26. In: BRASIL. Ministério da Educação. Programa Ética e
cidadania: construindo valores na escola e na sociedade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica, 2007. p.11-15.
demonstravam-se mais pessimistas diante do futuro do
país. Mas a confiança no futuro pessoal era permeada
por certa insegurança, pois, ao examinar a frase o “o
futuro traz mais dúvidas que certezas”, 53% concordaram
totalmente e 26%, em parte, com a afirmação (p.13).
No âmbito desse debate, lembrei-me da ocasião em que
conhecera um jovem paraatleta (Jaciel Antonio Paulino) na competição da São
Silvestre 2006, ficando encantada com a sua participação na corrida. Cabe
lembrar que a sua condição de paraatleta se deve pela paralisia infantil
acometida nos primeiros anos de vida. Achei que o relato de vida dele serviria
muito para apresentar o tema aos alunos, sendo um ponto de partida para
nossas discussões.
Assim, durante seu desenvolvimento em 2007, o projeto cresceu
e tomou dimensões maiores do que as previstas, pois as atividades
desenvolvidas em 2007 foram capazes de sensibilizar os alunos de toda escola
para a realidade do deficiente na sociedade. Neste caminhar e a pedido dos
próprios alunos, sua continuidade foi estendida e garantida em 2008. No
entanto, lembramos que para este ano o foco do trabalho foi a inclusão de
pessoas com necessidades especiais (físico, metal etc.), garantia dos direitos e
diminuição de preconceitos estabelecidos pela sociedade.
Resultados obtidos
Os resultados apresentados foram superiores às expectativas
iniciais. Foram, gradativamente, acumulando-se e surgindo a cada dia com um
novo formato e durante o processo de desenvolvimento do projeto fui
organizando uma pasta (portfólio), na qual registrava os resultados obtidos com
o desenrolar das atividades, como seguem:
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Construção de rampas na escola.
Passaram a analisar se a escola tem condições para receber alunos
com necessidades especiais. Ex: cantina, bebedouros, etc.
Observam se a cidade está preparada para pessoas com necessidades
especiais.
Divulgação do projeto em vários meios de comunicação:
http://equipefw.blogspot.com/;
http://carlao.mutango.com.br/?
PAG=Noticias.asp?ID_NOT=74;
www.dejau.com.br/ ;no Jornal Candeia; Jornal da Cidade- Bauru; jornal
O Comércio de Jahu”, nas rádios locais.
Aluna Monique Barbam decidiu fazer o curso de Educação Física para
dedicar-se às pessoas com necessidades especiais, conseguiu bolsa
através do Prouni. Isso foi uma grande conquista para mim,pois
inicialmente esses alunos não acreditavam que seriam capazes de
passar em um vestibular ,e no entanto muitos deles prestaram
vestibular, enem e hoje estão estudando. Para mudar a vida do
próximo,primeiro eles precisavam acreditar na possibilidade de
trasnformava a sua própria vida,realizar seus sonhos e ter ideiais.
Os alunos entram em sites para informar-me sobre paraolimpíada.
Passaram a interessar-se em assistir entrevista com paratletas.
•
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Os alunos têm consciência de que o acesso deve ser eficaz e não
somente para cumprir a lei.
No começo não acreditavam que seria possível mudar as rampas nas
lojas, agora já sabem que a lei apóia essa iniciativa e acreditam que é
possível,sabendo até da possibilidade de fazer uma denúncia para a
promotoria caso a lei não seja cumprida depois da data limite.
Em uma das salas há um aluno que precisava melhorar seu
comportamento sócio-afetivo, hoje posso observar que já houve uma
mudança de postura em relação a ele por parte dos alunos da sala de
aula dele. Fomos destacando sua expressão criativa, principalmente no
que envolve informações visuais e auditivas,pois ele tem demonstrado
responsabilidade e competência em todas atividades que tem
participado. Com o tempo ele foi ganhando espaço para conquistar
autoconfiança, respeito e a simpatia de todos.
Prefeitura aumentou o número de rampas coma vinda de Jaciel.
Apoio de instituições para emprestar as cadeiras: Lar Vicentino,
Maçonaria.
Avaliação
O intuito deste projeto foi trabalhar a inclusão de pessoas com
necessidades especiais, bem como despertar o respeito e a solidariedade nos
alunos. Gostaria que eles percebessem o próximo de uma maneira diferente,
que se tornassem pessoas mais perceptíveis e sensíveis com as dificuldades
do próximo, não tratando as pessoas com diferença e preconceito.
Araujo3 (2007, p. 16) traz em seus estudos a contribuição de Barth
(1990, p. 514-515), pontuando que “as diferenças representam grandes
oportunidades de aprendizado. Para ele, o que é importante nas pessoas – e
na escola- é o que é diferente, e não o que é igual”. Nesta citação pude constar
que os alunos envolvidos neste trabalho foram despertados para conhecer o
outro, sua realidade e dificuldades, suas angústias e medos, sua falta de
informação e apoio quanto aos seus direitos.
Além disso, muitos alunos ficaram sensibilizados com a causa dos
deficientes e passaram a sentir-se responsáveis em participar de ações que
promovam a qualidade de vida dessas pessoas. Considero que é importante
despertar nos alunos o pensamento altruísta, para que eles possam enxergar
que é possível ajudar ao outro, melhorando a qualidade de vida.
Para muitos jovens é fato que as pessoas com necessidades
especiais não precisam melhorar a qualidade de vida, alguns pensavam até
que a pessoa já havia se acostumado com a sua situação, portanto não havia
necessidade de mudar essa realidade.
O projeto fomentou a possibilidade de tornar a vida das pessoas
com necessidades especiais mais “feliz”, ou seja, que elas pudessem sentir-se
3
ARAUJO, U. F. A educação e a construção da cidadania: eixos temáticos da ética e da democracia. In:
BRASIL. Ministério da Educação. Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade.
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. p.11-21.
realizadas enquanto pessoas, satisfeitas e capazes de acreditar em seus
sonhos. Ao mesmo tempo os alunos experimentaram a oportunidade de saber
que podem ser responsáveis por essa mudança.
Nesse jogo de solidariedade os jovens protagonistas descobriram
que se sentiriam mais “felizes” se estivessem comprometidos em colaborar
com a vida de outra pessoa, transformando atitudes e comportamentos, que
por sua vez trabalhados erroneamente podem contribuir para a criação de
barreiras entre os indivíduos.
No bojo desse processo, não poderia deixar de mencionar – entre
os vários fatos ocorridos – um fato relatado por um dos alunos. Este aluno
enquanto realizava atividades rotineiras no centro da cidade, observou um
cadeirante que não encontrava nenhum local de acesso (rampa ou guia
rebaixada) ao longo de toda uma calçada, pois a meta era subir e poder
aproximar-se de uma lanchonete. Vendo que não seria possível subir na
calçada, pois estava sozinho e o degrau era alto, o cadeirante fez o pedido de
seu lanche da rua mesmo, e lá foi atendido. O aluno conta que achou
humilhante a cena do rapaz recebendo o seu lanche na rua encostado na guia
e comendo-o sem nenhum apoio. Pensou até em registrar com fotografia, mas
não tinha nenhuma máquina disponível. Sua indignação mostrou-me uma
mudança de comportamento, pois ele mesmo completa que antes de nosso
trabalho ele nem percebia se isso acontecia ou não.
Outro ponto importante do sucesso do trabalho é o potencial de
transformação que eles descobriram dentro de si atrelado as diversas
possibilidades oferecidas pela lei. Alguns deles relataram que no ano de 2009,
os estabelecimentos da cidade que não se adaptarem as leis em vigor,
oferecendo acesso às pessoas com necessidades especiais, eles acionarão a
promotoria pública. Essa iniciativa revela que eles e toda a discussão
fomentada sobre esta causa estendeu-se para além das paredes da escola.
Mediante aos fatores já mencionados, entre outros, o que me
motivou ainda mais, inclusive a participar desse prêmio, foi o fato de enxergar
no trabalho desenvolvido perspectivas de continuidade e sustentabilidade. No
âmbito desse processo e com o desenvolvimento do projeto desde 2007,
perpassando o ano de 2008, com a apresentação de resultados positivos,
podemos afirmar a viabilidade de sua continuidade para o próximo ano. De
modo que os próprios alunos entendem o trabalho como inerente às atividades
da escola. Para o próximo ano contamos com a participação efetiva e
sugestões dos alunos para dar seqüência ao projeto.
Neste contexto, a fim de garantir a continuidade e
sustentabilidade do trabalho o assunto foi inserido na Proposta Curricular do
Estado de São Paulo para o Ensino Médio, nas aulas de Educação Física. Por
fim, mediante o sucesso do projeto, a perspectiva de continuação está pautada
na realização de um trabalho prazeroso e satisfatório, por saber, e fazer saber,
que é possível mudar alguns paradigmas impostos pela sociedade.
Anexos

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