grandes navegações

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grandes navegações
GRANDES NAVEGAÇÕES
CONJUNTO DE VIAGENS DE LONGA DISTÂNCIA REALIZADAS
PELOS EUROPEUS DURANTE OS SÉCULOS XV E XVI
Prof.: Mercedes Danza Lires Greco
PERIGOS IMAGINÁRIOS x PERIGOS REAIS
• TERRA = PIZZA = ABISMO
• EQUADOR = ÁGUAS FERVENTES
• MONSTROS MARINHOS
•
•
•
•
VENTOS DESFAVORÁVEIS (FORTES OU AUSENTES)
ENCALHE
FOME E SEDE
DOENÇAS, PRINCIPALMENTE O ESCORBUTO
FATORES QUE LEVARAM ÀS GRANDES NAVEGAÇÕES
1. Desejo de encontrar uma nova rota para chegar à Região das
Índias – fonte produtora das especiarias e dos artigos de luxo.
Rota de comércio antes da expansão marítima
Rota de comércio após as Grandes
Navegações
ESPECIARIAS: qual era a sua
utilidade?
tapetes
marfim
vaso de porcelana
Artigos de luxo: Seda,
tapetes, marfim, porcelana
= artigos de luxo cobiçados
pelos europeus desde fins
da Idade Média.
2. O desejo de expandir a fé cristã em outros continentes.
3. O desejo real de impor seu poder (político e econômico) a
outros povos.
FATORES DO PIONEIRISMO PORTUGUÊS
1. Posição geográfica → experiência com o mar (pesca da
sardinha, do atum e do bacalhau no Atlântico Norte).
2. Portugal: primeiro Estado europeu a ter um poder
centralizado
• 1094 → Condado Portucalense, doado a Henrique de Borgonha
(vassalo do rei de Leão) → retribuição à Guerra de Reconquista.
• 1139 → independência do Condado pela mão de D. Afonso
Henrique →dinastia de Borgonha.
• 1383-1385 → guerra civil entre aqueles que apoiavam a união
com o Reino de Castela (alta nobreza) x aqueles que apoiavam a
escolha de um rei português (arraia-miúda). Vitória de D. João,
Mestre de Avis → dinastia de Avis = grande incentivadora das
Navegações
D. Afonso Henriques e D.
João I: personagens
centrais na consolidação
do Estado Nacional
Português.
3. Existência de uma burguesia mercantil → a posição
geográfica de Portugal favoreceu o surgimento de um grupo
mercantil enriquecido em Lisboa, Setúbal e Porto → locais de
passagem e de troca de mercadorias destinadas às cidades do
norte da Europa. A burguesia + o rei = financiamento da expansão
ultramarina.
4. Desenvolvimento de técnicas e conhecimentos ligados
à navegação → bússola, astrolábio, quadrante, mapas,
portulanos e caravela.
Caravela:
tipo
de
embarcação desenvolvida
pelos portugueses e
também usada pelos
espanhóis nos séculos XV
e XVI.
• Eram rápidas, de fácil manobra e podiam navegar em locais pouco profundos
(embocaduras de rios, por exemplo);
• Em caso de necessidade, podiam ser movidas a remos;
• Eram navios de pequeno porte, possuíam dois ou três mastros;
• Possuíam grande estabilidade;
• Mediam cerca de 25m de comprimento, 7m de boca (largura) e 3m de calado
(profundidade);
• Deslocavam 50 toneladas;
• Transportavam entre quarenta e cinquenta homens;
• As velas “latinas” (triangulares) eram duas vezes maiores que as das naus, o que lhe
permitia ziguezaguear contra o vento;
• Com ventos favoráveis, chegavam a percorrer 250 km por dia.
Bússola
Astrolábio
Quadrante
• Bússola:
é geralmente composta por uma agulha magnetizada colocada num plano
horizontal e suspensa pelo seu centro de gravidade de forma que possa girar livremente e
que orienta-se sempre em direção próxima à direção norte-sul geográfica, de forma a ter a
ponta destacada - geralmente em vermelho - indicando o sentido que leva ao sul
magnético da Terra ou, de forma equivalente, a um ponto próximo ao polo norte geográfico
da Terra.
• Astrolábio: usado para medir a altura dos astros.
• Quadrante: instrumento de madeira ou latão empregado para medir alturas de astros e
através de cálculos ajudar na localização em alto mar.
Portulanos: textos escritos por marinheiros com
informações técnicas úteis dos portos onde
ancoraram, os rumos geográficos, os rumos
magnéticos, as latitudes, as longitudes, a
distância etc.
Mapa Mundi do século XIV
Mapa Mundi do século XV
5. Escola de Sagres → centro de estudos náuticos
coordenado pelo infante D. Henrique. Era local de preparação
técnica dos navegadores e pilotos. Reunia sábios nacionais e
estrangeiros versados em cartografia, geografia e astronomia, que
dedicavam seu tempo ao estudo dessas matérias e a inventar
toda a sorte de instrumentos.
Escola de Sagres: mito ou realidade?
NAVEGAÇÕES PORTUGUESAS
ROTA ORIENTAL ou PÉRIPLO AFRICANO → contornar a África, navegar sempre para
leste até alcançar as Índias.
Principais pontos alcançados:
• Ceuta (1415) – importante
ponto de comércio entre
árabes e italianos.
• Cabo das Tormentas (1488)
por Bartolomeu Dias Comprovou que a África era
contornável e que a rota
portuguesa estava correta.
• Calicute (1498) – Vasco da
Gama atingiu um dos locais
das Índias.
• Brasil (1500) – Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil e depois seguiu viagem para
Calicute a fim de impor o domínio português para garantir o controle do comércio
local.
• Japão (1543) – Antônio Peixoto e Antônio Mota chegaram ao Japão.
As novas rotas comerciais estabelecidas pelos
descobrimentos, ligando Lisboa a Nagasaki (15801640) (azul)
NAVEGAÇÕES ESPANHOLAS
• A Espanha só começou a participar das
Grandes Navegações após ter concluído a
expulsão dos mouros da Península Ibérica,
em 1492.
• O processo de expansão marítima começou
durante o reinado dos Reis Católicos
(Fernando e Isabel).
• ROTA ESPANHOLA: Ocidental → navegar
sempre para oeste até atingir o Oriente =
atingir as Índias pelo ocidente.
Principais navegadores espanhóis
1. Cristóvão Colombo: com o patrocínio dos “reis católicos”,
Colombo partiu do porto de Palos com três embarcações (a nau
Santa Maria e as caravelas Pinta e Nina), em agosto de 1492.
Em 12 de outubro chegou à ilha de Guanahani (atual San
Salvador) nas Bahamas. Acreditou ter chegado às Índias.
• Até 1504 realizou mais três viagens na tentativa de encontrar os
mercados indianos. Descobriu Cuba, Jamaica, Hispaniola (Haiti e
República Dominicana), Guadalupe, Dominica e Martinica.
• Na quarta e última viagem (1502 a 1504), Colombo navegou pela
costa da América Central, ainda na esperança de encontrar uma
passagem para regiões produtoras de especiarias. Morreu em
1504, acreditando ter atingido um braço da Ásia e contrapondo-se
à teoria de que, na verdade, as terras descobertas eram um novo
continente.
•
Colombo apresenta nativos americanos à rainha Isabel.
2. Américo Vespúcio: em 1504, o navegador Américo Vespúcio
comprovou que as terras descobertas por Colombo eram, na
verdade, um continente. Foi batizado com o nome de América.
3. Fernão de Magalhães: a serviço da Espanha, realizou a primeira
viagem de circum-navegação entre 1519 e 1522.
• Partiu de Sevilha com cinco navios e pouco mais de duzentos
tripulantes.
• Na volta à Espanha, Magalhães morreu em combate nas Filipinas.
A viagem foi completada por Sebastião del Cano.
• Regressaram apenas dezoito homens a bordo de um só navio.
PRINCIPAIS VIAGENS PORTUGUESAS E ESPANHOLAS
BULA INTER COETERA
O sucesso da viagem de Colombo levou os “reis católicos” da Espanha
e o rei de Portugal a negociarem a partilha das terras descobertas .
Bula Inter Coetera (1493) → determinava a divisão do mundo ultramarino a
partir dos arquipélagos de Açores e Cabo Verde, numa distância de 100
léguas a oeste (635km). As terras situadas a oeste dessa linha imaginária
caberiam aso espanhóis e, aos portugueses, as do leste.
O TRATADO DE TORDESILHAS
A oposição de Portugal à Bula obrigou a Espanha a
concordar com novas negociações.
Em 1494, na cidade espanhola de Tordesilhas, foi assinado o
Tratado de Tordesilhas, que deslocava a linha divisória para
370 léguas (2055km) das ilhas de Cabo Verde.
Assinatura do Tratado de Tordesilhas
EXPANSÃO MARÍTIMA INGLESA, FRANCESA E HOLANDESA
• Razão do atraso da França e da Inglaterra no processo de expansão:
problemas internos, como a Guerra dos Cem Anos entre os dois países, e a
Guerra das Duas Rosas (guerra civil pela disputa do trono inglês, entre as
duas mais importantes famílias da nobreza – Lancaster e York).
• Razão do atraso da Holanda: a luta pela sua independência (1581) do
Império espanhol.
• Razão que levou a França e a Holanda à invasão e à pirataria: o fato de
não reconhecerem o Tratado de Tordesilhas.
“O sol brilha para todos e desconheço a cláusula do testamento de Adão que
dividiu o mundo entre portugueses e espanhóis”. (Francisco I, rei da França entre
1515 e 1547).
Atuação de Francis Drake: corsário (pirata autorizado pelo rei/rainha
através de uma carta de corso), que atacava galeões espanhóis, carregados
de metais preciosos e outras mercadorias de valor, provenientes da
América Espanhola.
• Primeiros
navegadores ingleses que tentarem encontrar uma passagem
para o Oriente através do norte da América: Giovanni Caboto e John
Caboto durante o reinado de Henrique VIII, fundador do Anglicanismo.
• Colonização inglesa efetiva: quando e local? – no século XVII, colonos
ingleses fundaram as Treze Colônias, atualmente parte dos EUA.
• Colonização holandesa: os holandeses
ocuparam a Guiana (atual Suriname) e as
Antilhas e fundaram a cidade de Nova
Amsterdã (atual Nova Iorque, nos Estados
Unidos). Participaram da colonização
portuguesa, financiando a implantação da
indústria açucareira no Nordeste brasileiro
e dominando a distribuição do açúcar no
mercado europeu. No século XVII, os
holandeses invadiram o NE do Brasil, mas
acabaram sendo expulsos.
• Colonização francesa efetiva: quando e local? - Na região do rio
São Lourenço (atualmente, parte do Canadá e dos Estados Unidos).
Jacques Cartier fundou Quebec, em 1608.
• Invasões Francesas no Brasil:
Em 1555, um grupo de franceses, comandados por Nicolau Durand
de Villegaignon, invadiu a Baía de Guanabara onde fundaram uma
colônia francesa – França Antártica. Foram expulsos, em 1567, após
anos de guerra entre portugueses e franceses. Ambos tiveram o
apoio de grupos indígenas.
A Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro foi fundada durante a
guerra para expulsar os franceses. O fundador da Cidade foi Estácio
de Sá (sobrinho do governador, Mem de Sá) que viera de Portugal
para ajudar na guerra.
Em 1612, invadiram o litoral do Maranhão, onde fundaram o forte
de São Luís, hoje Cidade de São Luiz. Foram derrotados e expulsos
em 1615.
Consequências das Grandes Navegações
• O comércio se internacionalizou.
• Deslocamento do eixo econômico do mar Mediterrâneo para o
Oceano Atlântico.
• Declínio das cidades italianas e ascensão de Portugal, Espanha,
França, Inglaterra e Holanda.
• Formação de grandes impérios coloniais europeus e consequente
apropriação da riqueza dos povos africanos, asiáticos e
ameríndios.
• Destruição da cultura dos povos dominados e também
extermínio.
• Grande afluxo de metais preciosos.

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