Colégio Marista Santa Maria - Marista Online

Transcrição

Colégio Marista Santa Maria - Marista Online
2º Semestre • 2014 | 14ª edição
CURIOSIDADE
Games podem ser fortes aliados
no desenvolvimento cognitivo e
emocional de crianças e adolescentes,
basta usá-los da forma adequada.
DIA A DIA
Saiba como as aulas imersivas
transformam teoria em prática,
potencializando o aprendizado
do aluno.
BAGAGEM
CHEIA
A um passo da universidade e
do mercado de trabalho, Ensino
Médio Marista foca nos processos
seletivos e na formação do cidadão.
2
Combinação
única de bons
valores e
excelência.
O Grupo Marista conta com milhares
de pessoas que, diariamente, vivenciam e disseminam importantes valores humanos e cristãos com o compromisso de promover e defender os
direitos das crianças e dos jovens.
Faz parte do jeito Marista a busca
constante por excelência. Na área da
educação, da escola à universidade,
formamos pessoas e trazemos resultados comprovados. Em atividades
nas áreas de saúde e comunicação,
levamos sempre a melhor qualidade
para públicos de diferentes condições e necessidades. Em todas essas
áreas, a ação social está presente
BRASÍLIA
Colégio Marista de Brasília - Ensino Fundamental
SGAS 609 CONJ A - Bairro Asa Sul - Brasília-DF
CEP 70200-690 | (61) 3442-9400
Superior Provincial
Ir. Joaquim Sperandio
Presidente do Grupo Marista
Ir. Delcio Afonso Balestrin
Superintendente Executivo do Grupo
Marista
Paulo Serino
Diretor da Rede de Colégios
Ir. Vanderlei Siqueira dos Santos
Diretor de Marketing E COMUNICAÇÃO
Stephan Younes
Rua Imaculada Conceição, 1155, Prado Velho
Curitiba-PR | Prédio Administrativo PUCPR
8º andar - CEP: 80215-901 | Tel.: (41)3271-6500
www.colegiosmaristas.com.br
Colégio Marista de Brasília - Ensino Médio
SGAS 615 CONJ C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF
CEP 70200-750 | (61) 3445-6900
Colégio Maristinha Pio XII - Educação Infantil e
1º Ano do Ensino Fundamental
SGAS 609, Módulo C - Bairro Asa Sul - Brasília-DF
CEP 70200-690 | (61) 3442-9400
SÃO PAULO
Colégio Marista de Ribeirão Preto
Rua Bernardino de Campos, 550 - Higienopólis
Ribeirão Preto-SP - CEP 14015-130 | (16) 3977-1400
Colégio Marista Arquidiocesano
Rua Domingos de Moraes, 2565 - Vila Mariana
São Paulo-SP - CEP 04035-000 | (11) 5081-8444
Colégio Marista Nossa Senhora da Glória
Rua Justo Azambuja, 267 - Cambuci - São Paulo-SP
CEP 01518-000 | (11) 3207-5866
PARANÁ
Colégio Marista Paranaense
Rua Bispo Dom José, 2674 - Seminário - Curitiba-PR
(41) 3016-2552
Colégio Marista Santa Maria
Rua Prof. Joaquim de M. Barreto, 98 - São Lourenço
Curitiba-PR CEP 82200-210 | (41) 3074-2500
14ª Edição | 2º Semestre 2014
Periodicidade Semestral
EDIÇÃO
Diretoria de Marketing e Comunicação do Grupo Marista
Eduardo Correa e Vivian Lemos
REDAÇÃO
Jornalista responsável: Rulian Maftum / DRT Nº 4646
Supervisão: Maria Fernanda Rocha (Lumen Comunicação)
Edição de arte: Julyana Werneck
PROJETO GRÁFICO
Estúdio Sem Dublê | semduble.com
com iniciativas alinhadas ao posicionamento institucional, mas também
atuamos diretamente, por meio de
uma ampla rede de solidariedade.
Bons valores e excelência.
Nossa missão é proporcionar essa
combinação única para a construção
de um mundo melhor.
Colégio Marista de Cascavel
Rua Paraná, 2680 - Centro - Cascavel-PR
CEP 85812-011 | (45) 3036-6000
Colégio Marista de Londrina
Rua Maringá, 78 - Jardim dos Bancários - Londrina-PR
CEP 86060-000 | (43) 3374-3600
Colégio Marista de Maringá
Rua São Marcelino Champagnat, 130 - Centro
Maringá-PR - CEP 87010-430 | (44) 3220-4224
Colégio Marista Pio XII
Rua Rodrigues Alves, 701 - Jardim Carvalho
Ponta Grossa-PR - CEP 84015-440 | (42) 3224-0374
SANTA CATARINA
Colégio Marista São Francisco
Rua Marechal F. Peixoto, 550L - Chapecó- SC
CEP 89801-500 | (49) 3322-3332
Colégio Marista de Criciúma
Rua Antonio de Lucca, 334 - Criciúma-SC
CEP 88811-503 | (48) 3437-9122
Colégio Marista São Luís
Rua Mal. Deodoro da Fonseca, 520 - Centro
Jaraguá do Sul-SC - CEP 89251-700 | (47) 3371-0313
Colégio Marista Frei Rogério
Rua Frei Rogério, 596 - Joaçaba-SC - CEP 89600-000
(49) 3522-1144
GOIÂNIA
Colégio Marista de Goiânia
Avenida Oitenta e Cinco, 1440 - Santa Marista
Goiânia-GO - CEP 74.160-010 | (62) 4009-5875
Revisão
Lumos | Bureau de Traduções
Envie comentários, críticas e sugestões
sobre a revista para o email
[email protected]
Capa Débora Gouveia, estudante
PUBLICIDADE
R. Amauri Lange Silvério, 270
Pilarzinho Curitiba-PR – CEP: 82120-000
Para anunciar, ligue: (41) 3271-4700
www.grupolumen.com.br
FOTO DE CAPA
Gilberto do Rosário
do Colégio Marista João Paulo II,
de Brasília (DF)
© Todos os direitos reservados.
Todas as opiniões são de
responsabilidade dos respectivos
autores.
3
índice
capa
8 nos Colégios
Maristas os
alunos recebem,
além do preparo
para o vestibular,
subsídios para o
ingresso na vida
universitária e no
mercado de trabalho
com pensamento
crítico.
1ª impressão
dia a dia
entrevista
5 6 14 Atenta aos novos anseios e
pensamentos dos jovens de hoje,
a educação Marista foca em formação
integral, de forma a contribuir para as
futuras decisões dessa geração.
Conheça algumas iniciativas
de atividades práticas que
enriquecem a construção do
conhecimento e tornam visível a
integração entre os aprendizados de
dentro e de fora da sala de aula.
essência
solidariedade
38 Irmãos Maristas comentam
sobre a formação integral,
cujo objetivo é formar cidadãos
preparados para todas as provas da
vida.
40 Na tentativa de assegurar
os direitos da criança, Rede
Marista de Solidariedade assume
creche da Penitenciária Feminina do
Paraná.
índice
como fazer
compartilhar
42 44 17 diversão
olhar
curiosidade
46 48 50 Saiba o que fazer quando o
temido vilão bullying está à
nossa volta.
Além de muito divertida,
a arte circense pode
proporcionar aos alunos o
desenvolvimento motor, a
convivência e o trabalho em equipe.
4
Fabio Viviurka Correia nos conta
como o Circuito Projeto de Vida
está acontecendo nos Colégios Maristas e
quais são os benefícios que o projeto pode
trazer aos alunos envolvidos.
Confira dicas de sites,
revistas, filmes e programas
de TV indicados pelos professores dos
Colégios Maristas.
A psicóloga Marina
Vasconcellos propõe a
reflexão de um assunto polêmico.
Para que serve, afinal, a Lei da
Palmada?
seu colégio
Confira as
matérias
elaboradas
exclusivamente para o
seu Colégio.
Antes considerados
ameaçadores e perigosos,
games se revelam eficientes
ferramentas para estudo e
desenvolvimento de habilidades.
1ª impressão
Educação Marista,
formação integral
para a vida
atividades que contribuam com a formação acadêmica, mas também humanista, social e transcendental. No
Ensino Médio, esse trabalho continua.
A excelência na aprendizagem, que
iniciou na Educação Infantil e prolongou-se no Ensino Fundamental, é continuada nesse segmento. A preparação
dos alunos para os testes e as provas
que precisarão enfrentar, já iniciada
nas séries anteriores, agora recebe novos contornos, sem que, no entanto, se
deixe de lado o justo equilíbrio entre
excelência acadêmica e formação de
valores. Essas duas tarefas tão importantes são o tema de capa desta edição
da revista Em Família Marista.
As boas notas obtidas por nossos
alunos anualmente no Exame Nacional do Ensino Médio e os altos índices
de aprovação nos principais vestibulares mostram que estamos estruturados
para prepará-los para esses desafios.
Porém, prepará-los para obter o sucesso almejado somente nessa fase não
representaria nosso jeito Marista de
educar. O que esperamos é formar cidadãos éticos e íntegros que alcancem
seus objetivos por toda a vida.
E nessa perspectiva de formação integral, estamos cada vez mais preocupados em trabalhar com nossos alunos
não somente a profissão que querem
seguir, mas ajudá-los na construção de
um projeto maior. Um meio para isso,
é “Circuito Projeto de Vida”. No site circuitoprojetodevida.com.br, os estudantes encontram um conteúdo com a
linguagem deles, que tem o objetivo de
ajudar os jovens a descobrir o que eles
realmente esperam da vida e como podem caminhar rumo à conquista de
seus objetivos. Ao pensar o estudante
na sua inteireza e propor aprendizagens conectadas com a vida, a Educação Marista quer formar cidadãos éticos, justos e solidários para a
transformação da sociedade, por meio
de processos educacionais fundamentados nos valores do Evangelho.
[...] é papel da escola
estar atenta às
novas expectativas
dos jovens e pensar
na melhor forma de
ajudá-los a tomar as
melhores decisões para
as suas vidas.
ir. vanderlei
Siqueira dos Santos
Diretor Executivo
da Rede Marista
de Colégios
© Foto: João Borges
Quem nunca perguntou a uma
criança o que ela quer ser quando crescer? Muitas, espontaneamente, nos falam sobre as diversas possibilidades
que surgem em suas mentes criativas:
bailarinas, bombeiros, mágicos, astronautas e tudo mais que a imaginação
fértil permitir.
Quando nossos jovens entram no
Ensino Médio, talvez um pouco antes,
a mesma pergunta ganha uma roupagem mais adulta: “Você já escolheu a
profissão que vai seguir?”. É nessa fase
que uma grande responsabilidade recai sobre os ombros dos estudantes – a
escolha da carreira. Como se não bastasse essa dúvida, ainda acumula-se a
pressão pelos bons resultados em provas como Enem e aprovação nos vestibulares mais concorridos.
O que por si só já parecia complicado, agora ganha novos elementos com
a mudança de perfil das novas gerações. Os nascidos a partir da década de
1990 não enxergam o futuro como um
cenário de escolhas únicas, em que
precisam se decidir entre uma profissão ou outra. A lógica mudou e, agora,
eles pensam em atividades paralelas,
em fazer uma coisa e muitas outras simultaneamente.
Com esse novo comportamento, é
papel da escola estar atenta às novas
expectativas dos jovens e pensar na
melhor forma de ajudá-los a tomar as
melhores decisões para as suas vidas.
Os professores e gestores dos Colégios
Maristas têm essa preocupação em todas as fases da educação, promovendo
5
dia a dia
visita à cidade de Santos preparou os alunos da 3ª série do ensino Médio do Marista nossa Senhora da Glória para o vestibular.
alunos do Marista Paranaense têm diversas aulas com atividades práticas e
tarefas nada convencionais.
Mão na massa
Atividades
práticas auxiliam
o aprendizado e
oferecem diversas
vantagens para
as mais variadas
faixas etárias de
estudantes
Por Mahani Siqueira
6
Qual é o aluno que não gosta de sair
de sala por algumas horas e participar
de atividades práticas em ambientes diferentes daquele em que passa
a maior parte do tempo? No entanto,
mais do que simplesmente oferecer
novos ares e – muitas vezes – oportunidades de relaxar um pouco do conteúdo das disciplinas, as aulas externas
e atividades práticas são uma excelente forma de reforçar o aprendizado e
proporcionar novas experiências aos
estudantes das mais variadas faixas
etárias. Na Rede Marista, são várias as
iniciativas que propõem tirar os alunos
da sala de aula sem afastá-los dos conteúdos previstos.
O Colégio Marista Glória, de São
Paulo (SP), organiza um projeto que
envolve quase todas as turmas – até
a 3ª série do Ensino Médio –, e levando os alunos para saídas pedagógicas
com atividades interdisciplinares relacionadas aos assuntos abordados
dentro de sala. Cada turma (à exceção
do Infantil 3 e da 3ª série do Ensino
Médio, que fazem apenas uma saída)
vai a dois locais por ano e nenhuma
série repete o destino visitado. Em
2014, alguns dos roteiros envolveram
o Museu da Língua Portuguesa, o Instituto Butantan, o Teatro Municipal
de São Paulo, o MASP e a fábrica da
Volkswagen, entre vários outros.
Batizado de Estudo do Meio, o projeto passa por três etapas. Primeiro,
os alunos são contextualizados sobre o local que será visitado. Depois,
já no destino, eles recebem uma aula
prática e, para finalizar, preparam um
trabalho apostilado sobre o conteúdo
aprendido na visita, sendo que o tema
também pode ser utilizado em questões de provas. Segundo Keila Castro,
coordenadora do Núcleo Cultural do
Marista Glória, a vivência é o principal
ponto positivo ofertado pelas atividades práticas.
“Ver, ouvir e presenciar fixa muito
mais o conteúdo do que somente ler
sobre aquilo. As experiências vividas
nas aulas práticas, fora da sala de aula,
são momentos de grande aprendizado
e que os alunos poderão levar para a
vida inteira. Essas aulas práticas não
são apenas passeios, mas sim parte
fundamental do aprendizado, em que
são cobradas até presença e nota. Mas
o mais importante é que os estudantes têm uma grande oportunidade de
enriquecimento cultural em cada uma
dessas saídas”, opina Keila.
A declaração da coordenadora é
validada pelos alunos da 3ª série do
Marista Glória. Mariana Alves Dainese
e os irmãos gêmeos Eduardo e Fábio
Rodrigues Murad Cassiano se preparam para o vestibular no fim do ano e
© Fotos: Acervo dos Colégios
Viagens ao litoral são alguns dos programas mais aguardados pelos estudantes
do Marista Paranaense.
asseguram que a experiência de ter
visitado a cidade de Santos fez muita diferença na hora dos estudos e,
principalmente, caso o assunto esteja presente nas temidas provas.
“Eu acho importante sair um
pouco de sala para poder ver de perto tudo aquilo que os professores e
os livros nos contam. Em Santos, fomos a museus, conhecemos o bondinho da cidade e pudemos presenciar vários detalhes de um assunto
que estávamos estudando no Colégio”, comenta Mariana, seguida por
Fábio, que não hesita quando perguntado sobre a confiança no tema
para o vestibular. “Se cair algo relacionado a Santos, eu já tenho grandes chances de acertar, porque vou
me lembrar da viagem e de tudo que
aprendemos”, completa o estudante.
Coordenadora pedagógica do Colégio Marista São Luís, em Santa Cruz
(RS), Marta Gonzatto vê as experiências práticas como fundamentais no
processo educacional. Segundo ela,
as atividades enriquecem a construção do conhecimento e tornam visível
a integração entre os aprendizados de
dentro e de fora da sala de aula. Ela
reforça, ainda, que a compreensão de
diferentes temas pode ser facilitada
com a elaboração de aulas que não se
limitam às salas e aos quadros negros.
“O aprendizado é um todo que
abarca o que está fora da sala de aula
e o que se deseja ensinar em classe,
tudo faz parte do processo de conhecer o mundo. Assim, os estudantes
podem ver na realidade as coisas
que estudam, facilitando o entendi-
O Museu da Língua Portuguesa foi o destino escolhido para as atividades da 2ª
série do Ensino Médio do Marista Nossa Senhora da Glória.
mento. O professor pode estimular a
curiosidade proporcionando a construção do conhecimento de maneira
descontraída e momentos de socialização. Assim, a compreensão e o
estabelecimento de relações são potencializados”, afirma Marta.
A coordenadora pedagógica ressalta, no entanto, que o professor
deve ter bem definido o objetivo e o
planejamento pedagógico para que
qualquer atividade prática seja coerente com os estudos que pretende
desenvolver. Ela também indica que
é importante preparar experiências
condizentes com as habilidades exigidas na disciplina e que estejam de
acordo com a faixa etária dos estudantes. “É importante que o professor conheça o espaço e as possibilidades que ele pode gerar, levando
em consideração o fator segurança.
Esses cuidados poderão permitir que
a prática faça maior sentido e traga
resultados mais significativos para os
estudantes”, completa.
No Colégio Marista Paranaense,
de Curitiba (PR), são várias as atividades práticas oferecidas aos alunos,
tanto dentro quanto fora da escola.
Além de visitas a museus, usinas de
reciclagem, aterros sanitários e cidades do litoral paranaense e catarinense, os estudantes podem fabricar
sabonetes, vivenciar experiências
sensoriais de degustação e manipulação de alimentos e até participar da
produção de queijo e achocolatados.
Para a coordenadora psicopedagógica do Colégio, Neiva Pinel, as práticas só têm vantagens a oferecer.
“São experiências muito significativas para os alunos. Nelas, além de
aprenderem conteúdos acadêmicos
e de terem acesso à tecnologia de última geração, eles interagem com o
meio, atuam com mais autonomia e
responsabilidade, amadurecem as
relações sociais, aprendem a fazer
uma leitura mais ampla dos contextos culturais e, por meio da observação, constroem conhecimento, senso
crítico e posicionamento político
diante das realidades encontradas”,
finaliza Neiva.
O aprendizado é um
todo que abarca o que
está fora da sala de
aula e o que se deseja
ensinar em classe,
tudo faz parte do
processo de conhecer
o mundo. Assim, os
estudantes podem
ver na realidade as
coisas que estudam,
facilitando o
entendimento.
Marta Gonzatto
Coordenadora pedagógica do
Colégio Marista São Luís,
em Santa Cruz (RS)
7
capa
Eu me vejo como uma
cidadã que se preocupa
com o próximo, acho
que esse é o maior
legado Marista que levo.
Atualmente, gosto do
trabalho de liderança
da turma e de
representar meus
colegas.
débora Gouveia
Aluna da 2ª série do Ensino
Médio do Colégio Marista
João Paulo II, de Brasília (DF)
8
Ensino Médio
focado nas
provas da vida
Mais que preparar o jovem para o vestibular,
é preciso ampará-lo para a escolha certa da
carreira e lhe dar subsídios para o ingresso na
vida universitária e no mercado de trabalho
com pensamento crítico
© Foto: Gilberto do Rosário
Por Michele Bravos
Até parece que o cérebro dos jovens nascidos na década de 1990 funciona
de um jeito diferente dos demais. E talvez seja isso mesmo. Essa geração,
chamada de Geração Z, nasceu conectada e sua consciência foi influenciada, desde a maternidade, pela velocidade da tecnologia. Segundo dados do
Ibope, para a maioria dos jovens Z, o estudo é prioridade e sete em cada dez
deles desejam ingressar em uma universidade. O desafio atual da educação,
principalmente nos anos do Ensino Médio – fase de transição –, é como trabalhar o ensino-aprendizagem em novos formatos, atendendo às expectativas desses jovens e do mercado de trabalho que os espera.
Lucca Roth, do Terceirão do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre (RS),
faz parte desse núcleo de pessoas multitarefas, questionadoras, curiosas,
ávidas por tecnologia. Ele sonha em ser professor e atribui a vontade aos
exemplos que teve. “Essa convicção nasceu da grande admiração que tenho
pelo papel fundamental do professor na sociedade e dos ótimos exemplos
que vejo no Colégio e na minha família”.
Em um mundo que não é cartesiano, Flávio Sandi, diretor-educacional
da Rede de Colégios Maristas, lembra que preparar essa e as gerações futuras para a vida não é treiná-las para uma prova de vestibular. O foco deve
estar além. “Não é na lógica que encontro tudo com o que me relaciono no
mundo. Precisamos falar de transcendência, desenvolvendo sensibilidade
estética, olhando o mundo por meio da dança, por exemplo, trabalhando as
dimensões espiritual, corporal e social de forma interligada”.
9
Lucca Roth, do Terceirão do Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre (RS), e a mãe Carla Domingues.
Para a fisioterapeuta Carla Domingues, 42 anos, mãe de Lucca, a
partir do momento em que a escola
se propõe a formar um cidadão, ela,
junto com a família, deve ter como
objetivo a busca pela plenitude da
realização pessoal tanto na sua individualidade quanto como parte da
sociedade.
A consciência de que ter uma
formação cidadã caminha paralelamente ao sonho de ser biomédica da
aluna Débora Figueiredo, da 2ª série
do Ensino Médio, do Colégio Marista
João Paulo II, de Brasília (DF). “Eu me
vejo como uma cidadã que se preocupa com o próximo, acho que esse
é o maior legado Marista que levo.
Atualmente, gosto do trabalho de
liderança da turma e de representar
meus colegas”.
Os sonhos profissionais não ficam
tão distantes das carreiras já conhecidas. O que muda é a forma como
tudo tem se desenrolado. No artigo
A chegada da Geração Z no mercado
de trabalho, de Caio Lauer, o autor
reforça que esses jovens esperam
que o mundo ao seu redor – aí se
inclui o mercado de trabalho – seja
10
semelhante ao seu próprio mundo:
“conectado, aberto ao diálogo, veloz
e global”.
Diante dos muitos anseios e sonhos, como os de Lucca e Débora, é
preciso um esforço em torno dos Zs,
lembrando-os de que é necessário
ter foco para atingir o que se almeja.
Os caminhos, mesmo que múltiplos,
devem ter um objetivo.
A diretora educacional Márcia
Rosa, do Colégio Marista São Francisco, de Chapecó (SC), afirma que
as formas de se relacionar, de socializar, estudar e aprender mudaram e que o Ensino Médio (período
em que essa geração se encontra no
momento) deve proporcionar “vivências favoráveis ao espírito decidido e questionador da idade como
caminho à composição de diferentes
olhares sobre o mundo”.
Foram esses aspectos, que vão
além de ensinar um conteúdo, que
fizeram com que a pesquisadora associada da Universidade de Brasília
Adelaide Figueiredo, 57 anos, e mãe
de Débora, escolhesse o Colégio Marista para a filha. “Sei que ela não
está só aprendendo o conteúdo necessário para seu acesso à universidade, mas também está valorizando
o respeito pelas diferenças e pelas
pessoas, o esporte, os conceitos de
disciplina e de ordem. Tudo isso em
um ambiente saudável”.
Os novos formatos de socialização
mostram jovens que interagem com
tudo e com todos muito bem intermediados pela tecnologia, mas que
se subestimam nas relações presenciais. O diretor-educacional Flávio
Sandi pontua o quanto é importante
que o jovem seja instigado sobre as
relações pessoais e a sua presença
no meio, para que tenha sucesso no
mercado de trabalho. “No mercado
de trabalho, certamente contratamos pela competência do indivíduo,
mas demitimos pelo relacional”.
A proposta Marista é mediar todas essas facetas com plataformas
digitais, que instigam o aprendizado
dessa geração por meio da linguagem
que mais faz sentido para ela, mas
também desafiando o aluno a vivências que desenvolvam outras habilidades e formas de relacionamento.
“Olhar o mundo sob a ótica das relações, das conexões e das interações
de fato permite aos jovens novas possibilidades de inclusão e desenvolvimento integral”, afirma Márcia.
A diretora ainda complementa que
reconhecer a diversidade como campo de atuação e de identificação é
fundamental. “É importante permitir
aos jovens experiências colaborativas,
inovadoras, o reconhecimento dos resultados e seu valor. Os alunos devem
ser entendidos como fundamentos da
autonomia e da criticidade”.
Não é na lógica que
encontro tudo com o que
me relaciono no mundo.
Precisamos falar de
transcendência.
Flávio Sandi
Diretor-educacional da
Rede Marista de Colégios
© Foto: Gilberto do Rosário
© Foto: Acervo pessoal
capa
© Foto: Gilberto do Rosário
PreParaÇÃo
Lucca entende que os processos
seletivos representam uma pequena fração do que os exames, de fato,
significam. Ele ainda afirma que o cotidiano da vida escolar Marista compreende uma verdadeira gama de valores sendo transmitidos, auxiliando
na formação do caráter.
O professor diz que a 3ª série Marista não é um cursinho, uma vez que
mantém seu foco no aprendizado,
mas os professores empenham seus
esforços para garantir que o aluno ingresse em uma universidade e possa
fazer valer o conhecimento adquirido
durante os anos no Colégio. “Quero
ser lembrado como o professor que
contribuiu para que essa nova fase
fosse possível”.
Pipoca, professor no Colégio
Marista arquidiocesano, em
São Paulo (SP).
© Foto: Divulgação
A construção de um raciocínio crítico passa pelo aprendizado individual.
“Aprender é internalizar algo, é atribuir significado pessoal ao externo”,
diz Sandi. Esse processo se inicia nas
séries do Fundamental e segue até o
Ensino Médio. O diretor questiona a
postura de pais que ainda acham que
os filhos precisam de respostas prontas
para perguntas prontas. “Isso é cópia
e não ensinar a aprender. Quem acerta mais respostas em uma prova não é
aquele que aprendeu mais. Memorizar
fórmulas não é aprender, uma vez que
esse ato exige construir caminhos”. É o
aprendizado que vai tornar esse jovem
um cidadão transformador.
O professor Celso de Miranda Junior, conhecido entre os alunos como
Pipoca, estudou dez anos em Colégios
Maristas – Santa Maria, em Curitiba
(PR), e Arquidiocesano, em São Paulo
(SP). Depois, ingressou como professor no Colégio paulista. Entre idas e
vindas, como estudante e professor,
são mais de 40 anos de envolvimento
com a Instituição. Formado em Física
e Engenharia Eletrônica e com passagem pelo cursinho mais visado de São
Paulo, ele garante que sua especialidade é o vestibular e a revisão de conteúdos. “Por tudo o que já vivi, percebo
que a pessoa que faz cursinho tem
foco em acertar questões de uma prova. Normalmente, ela já fez o Terceirão
e agora precisa revisar alguns pontos”.
Achar que a 3ª série pode ser substituída por um cursinho é um engano.
“Toda a diferença está no desenvolvimento do aluno ao longo dos
anos anteriores. A parte conceitual é
a mais importante de todas e isso é a
base. Na fase de vestibular, a decoreba, com músicas e esquemas, só fará
sentido se houver embasamento”. O
professor lembra que mais importante que saber uma fórmula é saber
utilizá-la e entender o sentido dela
aplicada no mundo.
No Colégio Marista de Brasília,
o projeto Conexão Universidade
apresenta o conteúdo do Enem e
do vestibular da Universidade de
Brasília em aulas preparatórias
que têm como objetivo trazer mais
clareza para o estudante, além de
capacitá-lo para a tomada
de decisões.
eSCoLha CerTa
A fase que sucede o Ensino Médio
é a preparação mais avançada para
o mercado de trabalho. A orientação para essas novas fases faz parte
da formação do jovem e também
deve ser amparada pelo Colégio. No
Colégio Marista São Francisco (SC),
durante a disciplina de Orientação
Profissional, os jovens discutem suas
afinidades e seus interesses, conhecendo um pouco mais sobre os desafios de diferentes profissões.
A farmacêutica Yara Battazza, 48
anos, mãe de Bianca Batazza, da 3ª
série do Colégio Marista Arquidiocesano, acredita que esse formato
de educação influencia na busca da
carreira a ser seguida. “Acho que com
essa formação, o aluno busca uma
profissão em que possa ser importante e útil na vida de alguém, de maneira justa”.
Outra ação implantada em todos os
Colégios e que contribui para as escolhas nessa fase é o Circuito Projeto de
Vida, lançado neste ano (saiba mais
sobre o projeto na página 14). Por meio
de várias linguagens, entre elas a tecnológica, com uso de aplicativos, os
alunos são incentivados a pensar sobre seus interesses e suas escolhas. A
diretora Márcia explica que o projeto
propõe temáticas como solidariedade,
protagonismo, amizade, afeto entre
outros que sugerem aos jovens analisar suas relações e seus sentimentos,
suas inquietações e aspirações.
11
capa
ConheCiMenTo na PrÁTiCa
A dinâmica em tempos atuais é de
mesclar o saber com o fazer, a reflexão com a prática. “A memorização
nesse contexto é substituída pelas
memórias; a decoreba, por reflexões
e repertórios de conhecimentos assegurados no domínio de habilidades e
competências”, diz Márcia.
Adelaide acredita que, hoje, conteúdo já não é “o mais relevante”, por-
12
que isso está disponível facilmente
na internet, por exemplo. “Analisar e
criticar esse conteúdo é que é o grande desafio do professor atual. Por
isso, acho que o diferencial do Marista está em contribuir com a educação continuada de um estudante,
mostrando-lhe como aprender a
aprender e não apenas como passar
no vestibular”.
A diretora afirma que o próprio
Enem aponta para esse caminho de
compreensão conceitual e técnica
aplicada à prática da realidade. “É sabido que, há um tempo, a ênfase era
nas práticas de domínio de conteúdo.
Neste momento, temos o desafio de
dar sentido e utilidade aos conteúdos
trabalhados”, diz.
Nesse contexto, potencializam-se
as diversas formas de aprendizado e
a visão ampla sobre o ensino e a formação do jovem.
O professor Junior enfatiza: “Os pais
devem almejar que o filho se torne um
cidadão e não o primeiro lugar em uma
universidade”. Ele, que também é pai
Marista, conta que estava
ciente de que se os filhos não passassem
no vestibular mais
concorrido do país,
isso não os diminuiria.
“A minha filha escolheu uma
profissão para ajudar as pessoas, ela é
terapeuta ocupacional em uma comunidade vulnerável. O meu filho tem um
derança, de articulação
espírito de liderança,
de pessoas muito forte. Eles são cidadãos e muito disso é por conta do
Marista”.
É sabido que, há um
tempo, a ênfase era
nas práticas de domínio
de conteúdo. Neste
momento, temos o
desafio de dar sentido e
utilidade aos conteúdos
trabalhados.
Márcia Maria rosa
Diretora educacional do Colégio
Marista São Francisco,
de Chapecó (SC)
© Foto: Gilberto do Rosário
Débora conta que o Colégio teve
papel fundamental na escolha do
curso de Biomedicina. “Ele me deu
várias oportunidades, como palestras
e semanas vocacionais, para eu chegar a essa conclusão do curso”.
“Sabemos que é um momento de
dúvidas e que elas são naturais. Nosso maior desafio está em auxiliar os
jovens a se reconhecer nos processos e desafios vividos. A disciplina de
Orientação Profissional, juntamente
com a equipe de Pastoral e o Núcleo
Psicopedagógico, faz o acompanhamento das reflexões com estudos
dirigidos, palestras com diferentes
profissionais, teste vocacionais, entre outras atividades. Esse trabalho
contribui no processo de amadurecimento dos jovens e na compreensão
das suas escolhas, minimizando a ansiedade e estabelecendo uma relação
mais segura de expectativas sobre os
desafios da vida profissional e do futuro”, afirma Márcia.
A professora universitária Maria
Teresa Trevisol, mãe de Gabriel Trevisol, da 3ª série do Ensino Médio
do Colégio Marista São Francisco, de
Chapecó (SC), analisa que com um
conjunto de conhecimentos e competências construídos, o aluno terá
melhores condições de se posicionar
diante das inquietações e dos desafios do cotidiano, seja na opção pelo
curso superior ou nos encaminhamentos do cotidiano profissional.
o TerCeirÃo MariSTa
A 3ª série Marista está envolta por muitas emoções, que nem as fórmulas explicam. O
professor Junior lembra que o perfil do aluno Marista dessa etapa é majoritariamente
de jovens que estudaram anos no Colégio. Portanto, esse é um ano de passagem, de
despedida. Quem pratica dança ou esporte sabe que é o último ano que fará aquilo
pelo Colégio.
Dessa forma, o ritmo de aula também precisa estar adequado a esse momento. “Isso
precisa ser respeitado e vivido por eles”, diz o professor. Já se o aluno tem expectativa
de entrar em uma universidade extremamente concorrida, é preciso estar ciente de que
o ritmo nos estudos deve ser mais puxado.
UMa vaGa na USP
À procura de emprego, certa vez
o pai de Allan Deusdará, 24 anos,
deixou seu currículo no Colégio Arquidiocesano. “Eu me lembro de estar andando com o meu pai pela cidade, entregando currículos. Lembro
quando passamos no Arqui”. Nem
pai nem filho poderiam imaginar o
que esse currículo renderia no futuro. O pai de Allan foi chamado para
trabalhar na portaria do Colégio.
Tempos depois, Allan conseguiu uma
bolsa integral para estudar o Ensino
Médio no Marista.
“Eu estudei toda a minha vida
em escola pública. Quando comecei
a estudar no Arqui, foi bem puxado.
Eu não tinha base e alguns assuntos
do 7º ou 8º ano eu nunca nem tinha
visto”. Allan conta que foi só na 2ª
série que ele conseguiu acompanhar
melhor o ensino.
Nesses três anos de Ensino Médio,
ele conta que se dedicou bastante
aos estudos e quando decidiu prestar vestibular somente na USP e na
Unicamp, os esforços redobraram.
“Eu dedicava boa parte do meu tempo para os estudos. Fazia simulados,
revia o conteúdo nos fins de semana”.
O esforço não foi em vão. Allan
passou nos dois vestibulares que
prestou e, hoje, exerce a profissão de
engenheiro químico em uma empresa do segmento, em São Paulo.
O legado Marista que ele traz
consigo até hoje é o valor da amizade. “Eu me tornei amigo de muitos
professores do Arqui. Foram eles que
me ajudaram a superar as falhas que
eu tinha, devido ao ensino público.
Percebia que eles ficavam felizes em
ver o meu progresso. Quando disse
que queria fazer USP ou Unicamp,
muitos me alertaram que seria difícil,
mas me apoiaram dizendo que se era
o que eu queria, eu deveria me esforçar e eu poderia conseguir”.
Os pais devem almejar que o filho se torne
um cidadão e não o primeiro lugar em
uma universidade.
Celso de Miranda Jr.
Professor do Terceirão do Colégio Marista Arquidiocesano, de São Paulo (SP)
© Foto: Gilberto do Rosário
13
© Foto: Gilberto do Rosário
entrevista
Projeto de vida
baseado em
valores
Por Janaína Fogaça
14
nessa nova época, torna-se cada vez
mais difícil escolher uma coisa só ou
assumir um compromisso para a vida
toda. O projeto é pessoal e intransferível e tem como base o registro das
memórias vividas com base em pequenas experiências que são fundamentais para cultivar as lembranças
do ser humano. Por isso, vale a pena
registrar cada momento, pensando
nos próximos passos. Importa mais a
O Circuito é um instrumento para
que os jovens se permitam projetar sua
vida de forma não-linear, descolada
e com propósito. Em um mundo com
tantas possibilidades e escolhas diárias, é necessário ir além do vestibular,
da profissão e do senso comum. Acreditamos que pensar continuamente
nas escolhas que vão sendo feitas ao
longo do caminho contribui para a formação dos nossos jovens. Nos Colégios
Maristas, além de preparar os alunos
para os conteúdos curriculares, preparamos para a vida. E a vida é a referência. Como diz Sêneca, "para quem
não sabe aonde vai, qualquer caminho
serve". Dessa forma, o conceito principal do projeto é: conecte-se com sua
memória histórica e pense nos próximos passos. O Grupo Marista ajuda!
Resumidamente, o Circuito Projeto de
Vida propõe aos jovens e adolescentes a
construção de projetos pessoais de vida.
Para quem
o projeto é
direcionado?
A princípio, ele é direcionado aos jovens em geral. Qualquer pessoa pode
acessar o aplicativo do Circuito. Nos Colégios e nas Unidades Sociais Maristas,
estão sendo realizados pilotos que envolvem os alunos do Ensino Médio e a
comunidade educativa. Serão dedicados
tempo, espaço e subsídios para inspirar
os jovens a construir seu projeto de vida.
Onde o
projeto já foi
implantado
e está
acontecendo
efetivamente?
O piloto do Circuito está acontecendo em três Colégios, quatro
Unidades Sociais, no TECPUC e na
PUCPR. Estima-se que 5 mil pessoas
sejam atingidas diretamente nesse
primeiro ano, sem contar as que terão acesso pela web. O público-alvo
são jovens de 15 a 18 anos.
© Foto: Gilberto do Rosário
O que é o
Circuito Projeto
de Vida e a que
ele se propõe?
distância percorrida em direção aos
nossos sonhos do que o próprio destino de chegada. Afinal, projetar a vida
é uma arte.
Em entrevista para a revista Em Família Marista, Fabio Viviurka Correia,
um dos responsáveis pela implantação do projeto, falou sobre como ele
está acontecendo na prática nos Colégios do Grupo Marista e os benefícios
que ele pode trazer aos envolvidos.
© Foto: Elaine Cezaro | Colégio Marista São Francisco
Ter um projeto de vida e mantê-lo a longo prazo não é tão simples,
mas quando uma reflexão mais ampla é proposta, o que era um projeto
torna-se rotina. E é dessa forma que o
Circuito Projeto de Vida, lançado pelo
Grupo Marista, propõe uma reflexão
acerca de questões sobre o que as pessoas estão vivenciando, norteada por
“o que quero ser aqui e agora”. Diante de tantas possibilidades oferecidas
15
© Foto: Gilberto do Rosário
entrevista
Como o projeto
funciona na
prática?
16
Na prática, o site (aplicativo) está no ar:
circuitoprojetodevida.com.br. Nas unidades Maristas, os Núcleos Pedagógicos
e professores estão sendo capacitados e
instrumentalizados para aplicar o projeto em sala de aula. Cada aluno receberá um kit com uma caixa de memórias,
adesivos, um livreto impresso chamado
scrapbook com inspirações, revistas didáticas e brindes. Com esse material,
vamos estimular os jovens a anotar suas
memórias e queremos rechear suas vidas
com atividades que os ajudem a pensar
nas suas escolhas, nos próximos passos.
Ao receber o kit, os alunos receberão
também uma tarefa que deverá ser cumprida em 24 horas. Essas tarefas foram
batizadas de “nanoatitudes”, que são
ações para tornar a sociedade melhor.
Entre as nanoatitudes incentivadas estão: ficar 24 horas sem celular, para fortalecer as relações off-line; elogiar uma
pessoa em público; e pagar um lanche
para um colega. No total, são 31 nanoatitudes. Com isso, queremos estimular
comportamentos positivos entre nossos
alunos. Em seguida, o professor motiva
um bate-papo sobre temas específicos
e, depois, indica o site para que os alunos compartilhem as nanoatitudes nas
redes sociais, por meio de hashtags, e
continuem suas reflexões durante o ano.
A Pastoral retomará as reflexões em momentos específicos.
Vamos estimular os jovens
a anotar suas memórias
e queremos rechear suas
vidas com atividades
que os ajudem a pensar
nas suas escolhas, nos
próximos passos.
Quais as
temáticas
abrangidas
como
projetos de
vida?
De que
forma o
aplicativo
está
dividido?
O Circuito Projeto de Vida propõe reflexões aos educandos em 16 temáticas,
chamadas de “inspirações”, entre elas o
afeto, a amizade, a carreira, o consumo, a
família, o futuro, o protagonismo, a solidariedade e os sonhos. Em sala de aula, o
professor titular de cada turma apresentará os conteúdos relacionados à temática escolhida pelos alunos e, por meio
do aplicativo, eles continuarão a refletir a
respeito do tema e a trocar experiências.
O aplicativo possui uma área para que
o usuário crie listas por tema. Entre os temas estão: profissional, afeto, interrogações, sonho de consumo, sonho coletivo,
super-sonho, futuro, entre outros. Nesse
espaço, o usuário vai anotando seus sentimentos mais significativos, criando, assim, a sua memória histórica. O aplicativo
traz, ainda, testes vocacionais e uma área
dedicada a compartilhar histórias de pessoas que, com seus projetos de vida, fazem a diferença na sociedade.
índice
POR ThaSSia PireS e FLÁvia BriTo
30 Grêmio infantil propicia
o exercício da liderança
e o entendimento, na prática, de
questões como cidadania e processo
político do país.
destaque
com a palavra
ed. infantil
ens. fundamental
18 20 Com atividades lúdicas,
alunos de 4 a 5 anos já
trabalharam a personalidade, a ajuda
ao próximo, o companheirismo e o
respeito às regras.
22 O aprendizado do inglês
ficou muito mais lúdico com
o projeto Magic Week. Saiba como foi.
ens. médio
diz aí
caleidoscópio
24 O que pensa a
Diretoria.
Alunos realizaram debates
e desenvolveram jogos para
aprofundar os conhecimentos sobre
política.
26 “O que eu quero ser quando
crescer?”. Saiba o que seu
filho pensa sobre isso.
28 você sabia?
gente nossa
ser melhor
34 35 36 Mais do que proporcionar
a união de alunos,
professores e familiares, eventos
esportivos, culturais e recreativos
estão ligados ao ensinoaprendizagem.
Ex-aluno André Ribeiro
Giamberardino, hoje Defensor
Público do Estado do Paraná, dá um
depoimento emocionante sobre a sua
vivência no Colégio
Relembre os principais
acontecimentos do Colégio.
Conheça algumas ações da
Pastoral.
com a palavra
Os nos
papéis da escola
tempos atuais
18
Tornaram-se comuns nas redes sociais algumas frases de efeito como “a
escola ensina, a família educa”. Essa
fronteira entre o ensinar e o educar não
é e não pode ser tão nítida quanto pode
parecer. A família e a escola têm suas
responsabilidades, mas a obrigação de
uma não isenta a da outra. Ambas educam, ensinam e formam. Se uma família
ensina princípios éticos para seus filhos,
a escola está proibida de abordar esse
assunto?
É nessa perspectiva, a título de exemplo, que incentivamos os estudantes,
crianças ainda na tenra idade, alunos de
4º e 5º anos, a participar do Grêmio Infantil. Um espaço de escuta e de debates. Exercitam-se ali o protagonismo, a
liderança e a busca de soluções para as
dificuldades cotidianas. Na campanha
de trânsito, focada no exemplo e nas atitudes, o engajamento do Grêmio Infantil superou as expectativas e sensibilizou
os motoristas que circulam pelo Colégio. Uma lição de cidadania. Nas aulas
de Sociologia, na 2ª série do Ensino Médio, para citar outro exemplo, ao debater sobre o tema Políticas Públicas e a
Função do Estado os estudantes foram
instigados a visitar órgãos públicos,
como escolas e postos de saúde. Além
de avaliar a qualidade do serviço prestado, os alunos tiveram que aprofundar as
discussões sobre política, orçamento,
estruturas de Estado, divisão dos três
poderes e ética. Enfim, são aprendizados que vão além dos estudos acadêmicos, pois são para a vida.
Colégio Marista Santa Maria
Uma escola que não
se preocupa com uma
formação humana
integral, ancorada em
valores e princípios
éticos sólidos e
elevados, sem preterir
ou negligenciar
suas obrigações
acadêmicas, não
cumpre a sua
função social, que
é formar cidadãos
íntegros, atuantes e
transformadores.
everson Caleff ramos
Diretor educacional
© Foto: Caio Cruz
Historicamente, quando falamos em
educação formal, em educação escolar,
pensamos quase que automaticamente
nos componentes curriculares clássicos,
como matemática, geografia, filosofia e
ciências. A abordagem e os objetivos de
cada área de conhecimento eram, salvo
raras exceções, exclusivamente acadêmicos, cognitivos e técnicos. O objetivo
principal era oferecer ao estudante um
arcabouço de conteúdos para que ele
dominasse, com certa maestria, determinados campos do saber científico.
Nessa linha, a quantidade de conteúdos
a serem ensinados era mais importante
do que a sua real contribuição para a
formação dos sujeitos. Compreender o
mundo era confundido com dominar
os saberes estabelecidos e tidos como
científicos. Foi nessa escola que estudou
Brás Cubas, personagem ímpar na obra
de Machado de Assis. “A enfadonha escola, onde aprendi a ler, escrever, contar
[...] e ir fazer diabruras”, dizia ele. Esse
modelo de escola, felizmente, não pode
mais ter espaço na atualidade.
Uma escola que não se preocupa
com uma formação humana integral,
ancorada em valores e princípios éticos
sólidos e elevados, sem preterir ou negligenciar suas obrigações acadêmicas,
não cumpre a sua função social, que é
formar cidadãos íntegros, atuantes e
transformadores. Para muito além dos
componentes curriculares, é, sim, obrigação da escola discutir ética, cidadania, solidariedade, política, diversidade,
protagonismo, respeito, intervenção social e estética.
ed. infantil
Senta que
lá vem a história...
Quem nunca ouviu
essa frase não
sabe o quanto é
bom ser criança
20
Colégio Marista Santa Maria
Usar a imaginação e a criatividade inventando histórias, personagens e brincadeiras faz com que a criança viaje num mundo imaginário, recriando, muitas vezes, o mundo real em que ela vive, pois
os brinquedos são meios intermediários entre a realidade da vida
e a sua natural fragilidade. Ao brincar e jogar, a criança constrói o
conhecimento. Para isso, uma das qualidades mais importante das
brincadeiras é a confiança que a criança tem quanto à própria capacidade de encontrar soluções. Confiantes, elas podem chegar às suas
próprias conclusões de forma autônoma.
É a partir dessa premissa que a Educação Infantil é trabalhada no
Colégio Santa Maria. “Nosso papel como educadores é tentar preservar a infância, trazendo brincadeiras verdadeiramente infantis, e
fazer com que as crianças se movimentem, usem a dança, o teatro, a
expressão corporal. Elas precisam ser criativas também nas brincadeiras. Temos que ensinar a elas como brincar, mostrar o quão prazeroso pode ser uma brincadeira”, revela a professora da Educação
Infantil Eliane Piran.
No primeiro semestre, foi trabalhado o projeto Contos de Fadas e
Super-heróis, no qual as crianças entre quatro e cinco anos foram incentivadas a criar seus próprios personagens, explorando também o
lado dos “super-heróis de verdade”, como bombeiros, médicos, entre
outros. “Primeiro, eles criaram o personagem de massinha; depois,
deram vida a esse personagem nas aulas de movimento. Trabalha-
© Fotos: Larissa Oksana
mos, assim, com outras linguagens,
como expressão corporal, dança,
movimento do corpo, fala e escrita,
pois foram eles que criaram a história, então, nessa etapa, conseguimos
trabalhar as letras e o valor sonoro
de cada uma”, conta a professora.
O próximo passo foi criar as fantasias. “O bacana é que não surgiram só princesas e super-heróis,
mas também fantasias de cachorrinho, empregada doméstica, ou seja,
eles trouxeram coisas reais. Depois,
organizamos um festival de animação com a participação dos pais, no
qual aconteceram os desfiles e uma
apresentação em stop motion com as
massinhas; teve até uma mesa de jurados e premiação. Foi uma festa, eles
gostaram muito”, comemora Eliane.
O resultado do projeto mostra o
quanto isso despertou a criatividade
dos alunos, o quanto eles conseguiram trazer o conto de fadas para a realidade. “Eles aprenderam a separar
o real do imaginário, o lado bom do
ruim. Conseguimos também trabalhar a personalidade, a ajuda ao próximo, o companheirismo, o respeito
às regras, entre outras situações importantes. É muito mais fácil conseguir trabalhar com as crianças essas
questões de regras e comportamentos por meio de uma história. Assim,
elas vão incorporando as responsabilidades de uma maneira mais
lúdica, mais prazerosa. É o ensinar
por meio da brincadeira”, afirma a
professora.
É por meio do lúdico que a criança realiza a aprendizagem significativa. O jogo e a brincadeira propõem
à criança um mundo do tamanho de
sua compreensão, no qual ela experimenta várias situações. A ação de
brincar é fonte de prazer e, ao mesmo tempo, de conhecimento. É por
meio da atividade lúdica que a criança se prepara para a vida, assimilando a cultura do meio em que vive, a
ele se integrando, se adaptando às
condições que o mundo lhe oferece
e aprendendo a competir e/ou cooperar com seus semelhantes e, ainda, a conviver como um ser social.
“Trabalhamos muito com a pedagogia da escuta, de dar o tempo para
a criança falar, explorar os ambientes da escola, da sala de aula. Em
sala, temos muitos espaços com fantasias, com jogos simbólicos, para
estimular a brincadeira. É importante que elas se movimentem, explorem vários ambientes educadores;
observamos o quanto isso trabalha a
oralidade, o vocabulário, a expressão, o jeito como a criança se comporta. Conseguimos trabalhar toda
essa questão da fantasia, da criatividade, depois ela vai conseguir transferir isso para produções de textos
mais criativos quando chegar no 1º
ano, por exemplo. Além disso, utilizamos muito os contos para ajudar
as crianças a enfrentar seus medos,
ansiedades e dúvidas”, conclui a professora Eliane.
Nosso papel como
educadores é tentar
preservar a infância,
trazendo brincadeiras
verdadeiramente
infantis, e fazer com
que as crianças se
movimentem, usem
a dança, o teatro, a
expressão corporal.
Elas precisam ser
criativas também
nas brincadeiras.
Eliane Piran
Professora da Educação Infantil
Colégio Marista Santa Maria
21
KEEP CALM
e entre na
SEMANA DA
MAGIA
Conheça um pouco mais do
projeto Magic Week, que
vem encantando os alunos
Maristas com muita diversão e
aprendizagem
22
Colégio Marista Santa Maria
Seja em nome de lojas e de produtos, nas músicas que tocam nas rádios, nos programas a que
assistimos na televisão ou, claro, na internet. Não
podemos negar que o inglês está em todo lugar.
E isso não acontece só no Brasil. O mundo atual
está conectado por meio da língua inglesa, e é por
isso que saber se comunicar nesse idioma pode
ser decisivo para a vida profissional – e até pessoal – de seu filho no futuro. O inglês tornou-se
a língua de referência para a comunicação, tanto
para negócios, quanto para lazer. É um instrumento indispensável para ultrapassar fronteiras.
Um estudo feito pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, concluiu que falar uma segunda língua aumenta o poder de inteligência do cérebro. A pesquisa aponta ainda que os benefícios
independem da idade, ou seja, as pessoas podem
aprender uma segunda língua depois de adultas
e mesmo assim aumentar o poder de inteligência
do cérebro. O aprendizado de novas línguas faz
parte da formação integral Marista. No Colégio
Santa Maria, os alunos aprendem o idioma desde
pequenos, permitindo-os explorar essa imensa
capacidade de aprendizado. “Ao serem expostos
precoce e continuamente a uma língua estrangeira, as crianças deixam de se intimidar e têm mais
facilidade de pensar naquele idioma. O aprendizado flui naturalmente, uma vez que o cérebro da
criança está em contínua transformação, estabelecendo sempre novas conexões baseadas nos estímulos recebidos. O mesmo acontece com a capacidade de reproduzir os mais diversos sons. À
medida que a criança cresce, essa facilidade tende a diminuir e se restringe a reproduzir apenas
os sons da língua materna”, explica a professora e
coordenadora da área de Língua Inglesa, Juliana
Lopes Monteiro.
As crianças nascem prontas para desenvolver
muitas habilidades, entre elas a linguagem. As
que começam cedo têm mais facilidade de aprender inglês sem sotaque, dominando a língua com
fluência e desenvoltura. Essa aprendizagem ajuda também a desenvolver a criatividade e o raciocínio, melhora a concentração e as habilidades
de memória. E para que todo esse aprendizado,
que se estende até o Ensino Médio, seja ainda
mais divertido, prazeroso e estimulante, o Colégio Santa Maria conta com o projeto Magic Week,
que acontece sempre no mês de maio. “São duas
semanas nas quais só é permitido falar em inglês. Na primeira semana acontecem as gincanas, com jogos e apresentações musicais. Cada
© Fotos: Acervo do Colégio
sala representa um país e os alunos
são estimulados a pesquisar sobre a
região, como as cores da bandeira,
a cultura, os costumes, entre outras
informações. Nessa época, o Colégio fica todo colorido, os alunos vêm
com os rostos e cabelos pintados nas
cores dos países, é uma festa. Aqui
entram também as apresentações,
nas quais eles escolhem uma música
para apresentar aos demais alunos,
com coreografia, instrumentos musicais e fantasias”, conta a professora.
A segunda semana conta com a
participação dos alunos do Ensino
Médio que já vivenciaram uma experiência de intercâmbio. “Esses alunos
preparam uma apresentação para
mostrar aos menores, sendo professores por um dia, explorando a cultura que eles aprenderam em outro
país, tudo em inglês, dando foco na
importância da língua para se comunicar com o mundo. O bacana é que
esse contato dos alunos mais velhos
com os mais novos não fica só na semana do Magic Week, ele se estende
durante os intervalos, eventos e demais atividades nas quais eles têm
contato”, revela Juliana.
O resultado é tão positivo que o
projeto que antes tinha duração de
apenas uma semana passou a ser
duas e já acontece há cinco anos. “A
Magic Week está no coração da equipe de Língua Inglesa, pois integrou
os alunos do Ensino Médio com os
mais novos da maneira mais positiva
possível. É um jeito de tirar o aprendizado do papel e mostrar como ele
está inserido no mundo. Queremos
repassar aos alunos a importância
dessa língua universal, por isso eles
começam a ter aulas desde o 1º ano,
com o foco no lúdico, com música,
brincadeiras, para que eles tenham
uma afetividade com o inglês”, afirma
a educadora.
A cada ano os professores se organizam para trazer uma novidade
ao projeto. “Já trouxemos contadores
de histórias e agora estamos pensan-
do em novas propostas para tirar da
cartola. O maior privilégio do aluno
é a possibilidade de ter contato com
as experiências de outros colegas e se
comunicar em outra língua. Tudo isso
sem a necessidade de viajar”, conclui
a professora Juliana.
Perguntamos aos alunos
sobre essa vivência
Já que os envolvidos são eles, convidamos quatro alunos do 7º ano para
contarem suas experiências durante
o Magic Week. “Foi realmente muito legal, além de treinarmos a nossa
fluência em inglês, aprendemos a trabalhar em grupo, pois tínhamos que
aceitar as ideias dos outros colegas e
não só as nossas. Quando eu era pequena, os outros alunos apresentavam pra mim e eu não via a hora de
chegar a minha vez. Quando chegou,
deu um frio na barriga. Cantamos
uma música em inglês para os alunos
mais novos, fizemos até uma coreografia. Foi incrível”, conta a aluna Ana
Luisa de Palma.
Quem também sempre quis participar dessa atividade foi a aluna Gabriela Fontana. “Minha fluência em
inglês ficou muito melhor, foi muito
divertido, é um jeito bem mais gostoso
de aprender uma nova língua. Agora,
queremos fazer uma peça de teatro
em inglês. Será um grande desafio”.
Para o aluno Germano Gaedi, a diversão já começou durante os ensaios
para a apresentação musical. “Todo o
processo de escolha da música e ensaios foi muito contagiante. Tem que
ter Magic Week sempre”. O aluno Felipe Cruz completou contando sobre a
reação dos pequenos durante a apresentação. “As crianças cantaram junto,
conseguimos fazer com que elas se
divertissem e nós também. Foi uma
experiência incrível”.
A Magic Week está no
coração da equipe de
Língua Inglesa, pois
integrou os alunos do
Ensino Médio com os mais
novos da maneira mais
positiva possível. É um
jeito de tirar o aprendizado
do papel e mostrar como
ele está inserido no mundo.
Juliana Lopes Monteiro
Professora e coordenadora da
área de Língua Inglesa
Colégio Marista Santa Maria
23
política com
Debatendo
seu filho
24
O projeto na opinião do aluno Marista
Família, cotas, saúde, etc. “Eles conseguiram entender a função da política tão criticada por todos, buscaram
assuntos com que não concordavam
num primeiro momento para ter uma
visão mais ampla e poder opinar sobre
aquele tema. Quando trazemos tanto
o contato histórico quanto sociológico, vemos o quanto avançamos em
democracia e que o nosso país tem aspectos de destaques, como o sistema
eleitoral, que é referência mundial”,
afirma Marcia.
O resultado do projeto foi tão satisfatório que continuou no segundo
semestre, durante o qual os alunos
criaram jogos políticos, como o Super Trunfo, um jogo de cartas que
traz informações com os nomes dos
candidatos, partidos políticos, bandeiras, ministérios, entre outros.
“Eles precisam de muito recheio
para poder argumentar, ter embasamento quando forem opinar sobre
política”, diz a professora.
Colégio Marista Santa Maria
“Depois do projeto, mudei completamente
a minha visão. Não conhecia muito bem sobre
os programas políticos, não sabia o que ofereciam e como eram executados. Quando a professora pediu para que a gente fosse a campo,
achei que daria para fazer uma pesquisa pela
internet. Mas percebi que era algo bem mais
complexo. Eu e meu grupo escolhemos o assunto Bolsa Família, entrevistei uma responsável do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) para levantar as informações. Agora
sei exatamente o conceito desse projeto. Achei
muito legal esse trabalho, acrescentou muito
nos estudos. O Marista nos dá esse apoio para
descobrirmos coisas novas por nós mesmos”,
conta a aluna Giovana Cassales, 16 anos, da 2ª
série do Ensino Médio.
Pesquisa revela que 54% dos jovens de
15 a 29 anos consideram a participação
política muito importante
Perguntas como “quais são os problemas
que mais preocupam os jovens atualmente, “o
que os jovens valorizam no Brasil?” e “como
eles avaliam a importância da política?” foram feitas para jovens brasileiros entre abril e
maio de 2013. Os resultados gerais da pesquisa
Agenda Juventude Brasil 2013 foram apresentados no mês de agosto em Brasília. O estudo
sobre perfil e opinião dos jovens brasileiros
revela haver interesse dos jovens pela política.
Quando convidados a apontar duas formas
de atuação que podem ajudar a mudar ou a
melhorar as coisas no Brasil, 45% acreditam
que a “participação em mobilizações de rua e
outras ações diretas” seja uma delas. A esse
dado se somam 44% de menções à “atuação
em coletivos que se organizam em torno de
uma causa” e 35% à “atuação em conselhos,
conferências, audiências e outros canais de
participação desse tipo”. Outros 34% incluem
a atuação via “internet, opinando e cobrando
políticos e governantes”.
© Foto: Caio Cruz
Proporcionar aos jovens um espaço para reflexão sobre políticas públicas e o papel do Estado, incentivando o envolvimento dos estudantes
em situações práticas de pesquisa e
debate no contexto político. Foi essa
a proposta apresentada durante as
aulas de Sociologia pela professora e
coordenadora da área de História e
Sociologia, Marcia Oliveira. “O mais
interessante é que esse projeto surgiu
por meio de uma demanda dos próprios alunos. Eles só entenderam que
faltava uma discussão política dentro
da Escola porque, em algum momento, se depararam com o assunto nesse ambiente. Não podíamos perder a
oportunidade. Elaboramos um projeto que visa conscientizar a juventude
sobre a importância da política com
ética, moral e comprometimento,
proporcionando aos jovens da 2ª série do Ensino Médio realizar debates
sobre temas de interesse político e
social”, explica Marcia.
A primeira etapa foi uma leitura
mais conceitual sobre o que é política,
como se organiza, entre outros assuntos. “Depois, incentivamos os alunos
a sair a campo e contrapor aquilo que
eles veem na mídia com o que viram
em sala de aula. Eles tinham que selecionar uma instituição que oferecesse
um serviço público para visitar e, assim, comparar aquilo que é função do
Estado”, conta a professora.
Isso gerou um trabalho de mapeamento, que revelou se o Estado cumpria ou não a sua função e quais eram
os entraves. “Eles descobriram que
existe toda uma organização para que
as políticas sejam de fato efetivadas”,
acrescenta Marcia. Segundo ela, o objetivo era tirar a ideia que muitos têm
de que política pública é compra de
votos, principalmente ligada a Bolsa
Mas esteja preparado, porque eles
têm argumentos na ponta da língua
?
diz aí
Qual é a
profissão
dos seus
© Fotos: Caio Cruz
sonhos
Mariana karaS zeLLa
2ª série do EM
BeaTriz aTanazio
2ª série do EM
JULiano M. PieTrUk
2ª série do EM
“A minha profissão dos sonhos
tem que estar ligada com o meio
da criação, que é algo de que
gosto muito. É a partir desse
ponto que vou escolher qual
carreira seguir. Sei que este é o
momento de acertar na escolha,
por isso preciso avaliar todos os
pontos positivos e negativos.”
“Não tenho uma profissão dos
sonhos. Antes, achava que
iria fazer Jornalismo, pois sou
muito comunicativa, gosto de
me relacionar com as pessoas.
Mas há uma diferença entre
lidar com pessoas ou apenas
comunicar algo. Ao participar
do grupo vocacional, consegui
me autoavaliar melhor e isso
me incentivou a conhecer outras
profissões. Neste momento, estou
desvendando a área de terapia
educacional. Meus pais dão o
suporte necessário para que eu
consiga chegar no que acredito ser
o melhor para mim.”
“Sempre quis fazer Relações
Internacionais ou Comércio Exterior.
Era algo que pensava desde que
tinha dez anos. Então, investi em
cursos de línguas, comecei a me
preparar para isso. Mas depois do
grupo vocacional, abri os olhos
para outras profissões e percebi que
aquilo que eu tinha escolhido já não
era bem o que quero agora. Hoje,
estou tendendo para o Direito.”
26
Colégio Marista Santa Maria
Beatriz S. Sarnowski
3ª série do EM
Alexandre Gomes Vaz
2ª série do EM
Luiz Gustavo E. Franco
3ª série do EM
“Talvez a profissão dos meus
sonhos seja arquitetura, sempre
me identifiquei muito com a área
de arte e urbanismo. Acredito que
seria feliz trabalhando com isso.
Mas antes de chegar nessa opção,
eu estava cheia de dúvidas.”
“Sempre quis ser jogador de
futebol, jogo desde pequeno. Mas
é difícil seguir essa carreira, tem
que treinar muito e conciliar com
os estudos. Então, ainda estou
pensando em outra opção. Busco
inspiração nas pessoas que estão
mais próximas a mim.”
“Gosto muito de aviões, mas não
é só por isso que vou ser piloto.
Estou na dúvida entre Medicina e
Engenharia Mecânica, dois cursos
voltados para o lado de ajudar
as pessoas. Leio muito a respeito.
Apesar de ter médicos na família,
não fui influenciado na escolha.”
Opinião da psicóloga
O Santa Maria conta com um Centro de Orientação
Vocacional e Profissional que atua junto aos alunos do
Ensino Médio. Comandado pela psicóloga e especialista em desenvolvimento de carreira Selena Maria Garcia
Greca, o projeto existe há 17 anos. “Além dos encontros
em grupo, organizamos um Seminário de Profissões
com palestrantes de fora”, conta Selena. Já na 1ª série do
Ensino Médio, são realizados trabalhos sobre a escolha
da profissão e da carreira a ser construída. Na 2ª série, é
ofertado o grupo de orientação vocacional, com duração de três meses. “Trabalhamos o autoconhecimento,
fazendo com que eles reflitam sobre o que gostam e não
gostam, suas habilidades, seus interesses, valores, etc.
Organizamos visitas a empresas e laboratórios de universidades para que eles tenham um pouco dessa vivência, desmistificando aquilo que idealizam. Eles precisam esquecer o sonho de criança e ter a informação
real. Todo esse processo é para que eles cheguem mais
maduros, conscientes e responsáveis pela escolha que
vão tomar. Queremos fazer com que reconheçam que a
carreira é um projeto em desenvolvimento ao longo da
vida”, conclui a psicóloga.
Selena Maria Garcia Greca
Psicóloga e especialista em desenvolvimento de carreira do
Centro de Orientação Vocacional e Profissional
Colégio Marista Santa Maria
27
Mesmo com
chuva, as famílias
prestigiaram a
Festa Junina, que
teve as tradicionais quadrilhas
com música ao
vivo da banda
Areia Branca.
EVENTOS
Mensalmente, o Círculo de Reflexões traz temas atuais
para ajudar as famílias no importante papel de educar seus
filhos. Na foto, os palestrantes Daniel Seifert e Meire Fava
com o diretor educacional, Everson Caleff Ramos.
© Fotos: Larissa Oksana | Maiara Prestes | Daniel Jara
2014
Por meio do XI Seminário de Profissões Marista, o Colégio abriu suas portas à comunidade e aos alunos,
com informações privilegiadas sobre as mais diversas
carreiras.
© Fotos: Larissa Oksana
caleidoscópio
Em abril, os XVII Jogos Marcelino Champagnat reuniram alunos do Santa Maria, do Marista de Maringá e do Paranaense,
além de outros colégios de Curitiba. Na abertura, destaque
para a apresentação de circo.
Nos momentos das Acolhidas, a
experiência de ser Marista.
28
Colégio Marista Santa Maria
© Fotos: Daniel Jara | Acervo do Colégio
Os alunos do 1º ano B
participaram, no mês
de junho, do Projeto de
Educação Ambiental
de Reflorestamento,
plantando mudas de
árvores em uma área
situada às margens do
Rio Belém.
A Fadinha das Mãos ensinou, de forma lúdica,
os alunos do Infantil 3 até o 1º ano do Ensino
Fundamental e do Ampliado como lavar corretamente as mãos e, assim, evitar doenças.
DIA DAS MÃES
Estudo de Meio no Museu Paranaense com os alunos do 6º ano
dentro do Componente História.
NA PRÁTICA
© Fotos: Caio Cruz
Dia das Mães celebrado em diferentes linguagens, o amor materno
lembrado no palco da Escola. Participação da Educação Infantil e do
Ensino Fundamental.
A Big Time Orchestra animou as famílias que prestigiaram o show em homenagem às mães.
Colégio Marista Santa Maria
29
© Foto: Caio Cruz
destaque
Formando
líderes mirins
No Santa
Maria, o
Grêmio Infantil
propicia na
prática o
exercício da
liderança e o
entendimento
de questões
como cidadania
e processo
político do país
30
Apesar da pouca idade, eles têm, sim,
muito a dizer e a contribuir com inúmeras possibilidades de ações dentro do
ambiente escolar e para a comunidade.
É por isso que o Colégio Santa Maria dá
voz aos pequenos alunos por meio do
Grêmio Infantil, voltado para os alunos
dos 4º e 5º anos do Ensino Fundamental.
O Grêmio constitui um meio de participação dos alunos na vida escolar, o que
favorece a formação para a cidadania,
tornando-se um espaço de discussão,
criação e tomada de decisão acerca do
processo escolar, bem como fortalecendo noções a respeito de direitos, deveres
e convivência comunitária.
“Quando os alunos chegam no 4º
ano, já querem expressar suas opiniões, já estão desenvolvendo uma maior
autonomia. Por isso, essa é a fase ideal
para começarmos a trabalhar com o
Grêmio. Percebemos que existem algumas lideranças dentro da sala de aula
e o Grêmio é uma forma de desenvolvermos isso, além de trabalhar outras
questões, como a autonomia”, explica a
Colégio Marista Santa Maria
professora titular do 4º ano e coordenadora do projeto, Aline Yuki.
O Grêmio é o órgão máximo de representação dos estudantes na escola.
Atuando nele, os alunos podem defender seus direitos e interesses e aprender
ética e cidadania na prática. Ele permite
que os alunos discutam, criem e fortaleçam as possibilidades de ação tanto
no próprio ambiente escolar quanto na
comunidade. Sem contar que também
é um importante espaço de aprendizagem, convivência e responsabilidade.
Portanto, ao criar tal espaço de participação, o Colégio Santa Maria dá aos alunos a possibilidade de transformar a sua
realidade, propor alternativas, lutar por
seus direitos e, o mais importante, exercer o papel de cidadãos.
Para a formação do Grêmio, os alunos passam por um processo de eleição
no qual os candidatos apresentam suas
propostas e como as atividades serão desenvolvidas por meio do Grêmio. Depois,
eles mesmos elegem o representante.
“Queremos que os candidatos mostrem a
O bom exemplo é decisivo na
eleição de um representante
Durante esses anos do Grêmio Infantil, a professora Aline tem notado
que nem sempre os alunos escolhidos
como representantes são os líderes da
turma. “Temos tido perfis bem diferentes de escolha, não somente daqueles
estudantes que são considerados bons
comunicadores. Podemos citar como
exemplo os alunos que são muito estudiosos, com boas notas, que não faltam
e que acabam sendo uma referência
para a turma. Temos os dois perfis dentro do Grêmio, porém, cada vez mais
o que aparece é o aluno que dá o bom
exemplo”, revela Aline.
O mais interessante é ver o quanto
essas crianças se desenvolvem como
líderes. “Muitas vezes, eles são eleitos
mas não têm facilidade de se comunicar com os demais. Então, com o Grêmio, os alunos começam a se questionar sobre como vão se expressar e
aprendem, da melhor maneira possível, como representar a turma. O Grêmio tem um efeito diferente para cada
um, trazendo muitos ensinamentos”,
frisa a coordenadora do projeto.
Durante os encontros semanais,
além dos assuntos voltados para a formação cidadã, os alunos também têm
um espaço para apresentar os problemas percebidos na Escola e debater
em busca de soluções. “Problemas
como o ‘empurra-empurra’ na escada e a desordem no banheiro foram
alguns dos temas levantados por eles.
No fundo, eles estão percebendo que
apesar de todos saberem o que é certo
na teoria, eles não o fazem. Por isso,
estamos sempre conversando muito
com eles sobre isso, pesquisando sobre o problema, buscando ações de
melhorias e coletando sugestões para
que ele seja solucionado. E são eles
que estão fazendo isso, o meu papel
ali é apenas de mediadora”, diz Aline.
O assunto é realmente levado a sério no Marista, e para apresentar tudo
o que é debatido no Grêmio, são organizados encontros entre os diretores do Colégio e os alunos, para que
eles possam conversar sobre os problemas e ver como a Escola pode
contribuir para as melhorias. “O Marista está sempre disposto a ouvi-los.
Afinal, se resolvemos ter um Grêmio,
temos que acolher o que eles trazem
e levar adiante. Todos sabemos que
isso é essencial para a formação de
um cidadão. Queremos que a participação do estudante no Grêmio Estudantil torne o ambiente escolar mais
prazeroso, ativo e seja para ele um
despertar para a sua responsabilidade na construção de uma sociedade
mais justa e humana. Que essa participação, além de ajudar a Escola a se
tornar mais ativa e democrática, seja
uma verdadeira aula de cidadania.
Fica bem claro o quanto eles se desenvolvem”, ressalta a professora.
A importância do Grêmio
O Grêmio representa uma importante entidade de democratização
da gestão escolar na medida em
que constitui um espaço de participação política dos alunos na
vida do Colégio, favorecendo a
formação para a cidadania. Por
isso, seus principais objetivos são
contribuir para aumentar a participação dos alunos nas atividades
da Escola, organizando projetos
e discussões e fazendo com que
eles tenham voz ativa e participem, junto com pais, funcionários, professores, coordenadores
e diretores, da programação e
da construção das regras do Colégio. O Grêmio tem também um
estatuto, que é construído pelas
crianças junto com o mediador. As
dificuldades existem para desenvolver as atividades no ensino,
mas a motivação dos estudantes
está fazendo a diferença na realização do trabalho. “Já é um começo, para eles, entender como
funciona o processo político do
nosso país”, conclui a coordenadora Aline.
© Foto: João Borges
importância do Grêmio Infantil para
os demais alunos e para a Escola e,
ainda, reforcem projetos e propostas. A ideia do representante é muito
forte para eles, os estudantes já têm
um conceito formado sobre isso e o
levam muito a sério. Quando entram
no Grêmio, eles ainda não têm noção
do que a organização faz, mas logo
começam a perceber que não é só
status, ser líder, mas sim representar
um grupo, suas opiniões, seus interesses. Então, existe todo um trabalho
para que eles já comecem a entender
que existe um processo democrático,
um processo de escolha. É muito bacana”, afirma a professora.
Colégio Marista Santa Maria
31
www.colegiosmaristas.com.br
O Colégio Marista Santa Maria, buscando proporcionar um ensino diferenciado de Língua
Inglesa, implantará a partir de 2015 o Marista Idiomas, utilizando a metodologia Red Balloon.
Com 45 anos de tradição, o Red Balloon é pioneiro no ensino para crianças a partir de 3
anos de idade. Além da metodologia pedagógica alinhada aos valores Maristas, haverá uma
sede própria dentro do Colégio. Conheça o método que vai ajudar seu filho a alçar voos ainda
mais altos na vida.
Colégios Maristas.
Preparação para todas as provas da vida.
Nada mais
atual do que
um novo jeito
de aprender
inglês:
o jeito
Marista.
.: Aulas com 2h de duração, duas vezes por semana
.: Atividades especiais: Drama Class, Be a Chef,
Farmer's Market e International Camp
.: Professores especializados no ensino de inglês
para crianças e jovens
você sabia?
Os eventos do Colégio e
o ensino-aprendizagem
Os acontecimentos organizados pela Escola vão muito
além do relacionamento: agregam conteúdo
34
só se constrói quando conseguimos
comunicar claramente o que fazemos”, afirma o diretor. De acordo
com Carassai, os eventos da Educação Infantil são praticamente uma
imersão da família na proposta Marista. Como exemplo, podemos citar
a Acolhida, momento para os pais
virem até o Colégio e desenvolverem
junto com seus filhos o sentimento
de coletividade, sentindo-se pertencentes à Comunidade Marista.
PaiS inForMadoS SoBre o
QUe aConTeCe no CoLéGio
Outro momento significativo é o
Círculo de Reflexões, que acontece
mensalmente. “A proposta não se resume apenas à palestra proporcionada às famílias, mas também passa
pelo processo pedagógico em sala.
O tema é desenvolvido junto com os
alunos e, depois, mostramos aos pais
o que foi trabalhado”, explica Carassai.
A Festa Junina é outro exemplo,
voltada para o relacionamento, porém com o intuito de trabalhar em
sala a questão cultural, da dança, dos
instrumentos e dos costumes, os
quais são explícitos no dia do evento.
“Estamos sempre procurando a melhor maneira de comunicar aos pais
sobre os acontecimentos do Santa
Maria. Utilizamos muito o e-mail
para enviar os convites e, recentemente, adotamos a comunicação por
vídeos curtos que trazem os palestrantes convidando os pais. A nossa
página no Facebook também está
sendo um excelente canal de interação”, garante Carassai.
Colégio Marista Santa Maria
© Fotos: Acervo do Colégio
Seja qual for a idade e a fase escolar do seu filho, interaja com a rotina
de estudos e o processo de aprendizagem dele. A parceria da família
com a escola sempre será fundamental para o sucesso da educação
de qualquer indivíduo. Portanto,
pais e educadores precisam ser
grandes e fiéis companheiros nessa
nobre caminhada da formação educacional do ser humano.
Você, pai, já participou de algum
evento realizado aqui no Santa Maria? A Acolhida, o Círculo de Reflexões, a Festa Junina, o InVento, entre
outros são excelentes oportunidades
para avaliar o aproveitamento e o
desenvolvimento do seu filho, além
de serem uma grande oportunidade
para se aprofundar no conhecimento da Proposta Educativa Marista.
Sabemos que o engajamento dos
pais na vida escolar dos filhos só é
100% quando a Escola abre as portas, mostra o que espera deles e propicia formas de interação. “Fazemos
os eventos pensando em criar espaços de relacionamentos, que ajudem
a retratar o processo pedagógico e a
criar proximidade com os pais. Queremos dar o tom daquilo que produzimos aqui no Colégio levando conteúdo para as famílias. A essência
dos eventos está, exatamente, na relação de parceria”, explica o diretor-geral Gerson Luis Carassai.
Ao participar dos eventos no Colégio, é possível também conhecer
os pais de outras crianças e os educadores que interagem com o seu filho. “A relação entre escola e família
gente nossa
Ex-aluno Marista André
Ribeiro Giamberardino,
hoje defensor público
do estado do Paraná e
professor de Direito da UFPR
e da Universidade Positivo,
nos dá um depoimento
emocionante sobre a sua
vivência no Colégio Santa
Maria e no Núcleo Pastoral
Ontem, eu voltava a pé pra casa
quando, perto de uma padaria, senti
aquele forte cheiro de pão saindo do
forno, misturado ao de café com leite.
Havia muitas pessoas por perto, mas
nenhuma sentiu o mesmo cheiro que
eu senti. De algum modo, o cheiro de
pão com café com leite, naquele momento, me fez voltar no tempo, lá pra
casa de minha avó, no interior, quando eu era criança; a mesa posta para
o lanche e toda a ternura que o mundo pode lhe oferecer. Para os demais
ali presentes, até poderia ser só pão e
café. Mas pra mim, naquele instante,
era saudade, era amor.
Acredito que a vida deva mesmo
ser repleta dessa saudade que enche
tudo de significado. Mais que meras
lembranças, são o que nos faz ser o
que somos. Sou muito feliz em poder
reconhecer que a passagem pelo Colégio Marista Santa Maria, por 12 anos,
e a convivência em seu Núcleo Pastoral deixaram marcas profundas em
minha vida, dessas que, por vezes, me
fazem parar o que estou fazendo, durante o dia, e simplesmente lembrar.
Entrei com cinco anos, no Jardim
2, e saí aos 17. Por mais que a educação Marista tenha cumprido a missão
esperada (preparar para o vestibular),
© Fotos: Acervo pessoal
Um passado
que ainda vive
nunca achei que isso fosse o mais importante. O que sempre me marcou,
na educação Marista, foi sua profunda humanidade. Foi o Colégio disponibilizar um ônibus para a turma
poder comparecer ao velório da mãe
de um colega. As amizades. Perceber
que os professores sabiam o nome
dos colaboradores da limpeza. O incentivo à participação política no grêmio estudantil. A preocupação com
uma sociedade mais justa. Lembro-me de, em pleno Terceirão, participar
de inúmeras reuniões sobre ações de
solidariedade junto aos catadores de
papel que viviam no lixo. Isso nunca
atrapalhou os estudos; pelo contrário,
pois nada é mais útil, nesses momentos, do que motivação.
A Pastoral Marista, da qual participava desde a 1ª série do Ensino
Médio, foi e é o lugar mais acolhedor que já conheci. Nela, reaprendi
o que, quando criança pequena, sabia, mas havia esquecido: que Deus
está bem ao lado, nas pessoas e nos
milagres cotidianos dos pequenos e
imensos gestos de amor.
Hoje, trabalho como professor
e defensor público. Sei que o que a
educação Marista me ensinou é muito mais do que sou capaz de viver no
cotidiano. A gente tenta, nem sempre consegue. O que importa é que
os caminhos continuarão ali, sempre
abertos. Das lições mais árduas, uma
andré ribeiro Giamberardino, 30 anos,
formado em 2001 no Santa Maria. Possui
graduação, mestrado e doutorado em
direito pela UFPr, mestrado em Criminologia pela Università degli Studi di
Padova e especialização em direito Penal e
Criminologia pelo iCPC/UFPr.
central parece ser aquela de que é
possível, em qualquer campo de atuação profissional, construir a própria
realização fazendo a vida dos outros
ser um pouco melhor.
O tempo tem passado rápido, e
isso não deixa de ser um pouco assustador. Continuo com o mesmo
apelido estranho, mas o escuto cada
vez menos. Crescer é bom, mas não
nego um profundo sentimento de
saudade e gratidão que, como o
cheiro de pão e café com leite que
me levou junto à minha avó, transporta-me a outros lugares e sonhos.
Vejo um céu azul e é como se escutasse um violão em um acampamento Marista. Sinto aquela fogueira próxima e isso me ajuda a, nesse
mundo louco, silenciar e recuperar a
fé. Não se trata, enfim, de falar no
passado. Falar do Marista é falar de
um passado que vive, intensamente,
em meu presente e futuro.
Colégio Marista Santa Maria
35
Ser e Conviver
Alunos e ex-alunos
Maristas colocam
em prática os
ensinamentos da PJM
O Marista acredita em um mundo onde o bem comum deva estar
em primeiro lugar. Todo dia somos
convidados a transformar o ambiente em que vivemos. Tornar a
relação em casa melhor, trazer mais
harmonia para a sala de aula, e assim por diante. É com esse intuito
que a Pastoral Juvenil Marista (PJM)
trabalha todos os dias com os alunos. “Quando um aluno Marista
entra em contato com outra realidade, ‘saindo dos muros da Escola’,
entende que nem todas as pessoas
vivem em condições de igualdade”,
afirma o coordenador do Núcleo
Pastoral, Felipe Ribas M. da Rocha.
A PJM é dividida em quatro momentos, os três primeiros acontecem no Colégio, com os alunos dos
7º, 8º e 9º anos e o Ensino Médio. Já
o quarto momento é voltado para os
estudantes do Terceirão e ex-alunos.
“No último momento, os alunos
colocam em prática o aprendizado
por meio de um trabalho social”,
explica Rocha. E foi isso o que o ex-aluno Matheus Moraes fez. Depois
de se formar em 2013 no Colégio,
ele participou de diversas ações em
comunidades carentes e, este ano, se
envolveu como coordenador do projeto Ser e Conviver.
36
oS enCanToS deSSe
GrandioSo ProJeTo
Com a finalidade de estimular e
fortalecer a autoimagem positiva
das crianças e dos jovens que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social, o projeto atua
na entidade Meninos de 4 Pinheiros.
“Queremos criar estratégias educativas que façam com que os meninos
da chácara persistam em seus sonhos
e projetos de vida, fortalecendo valores como união, fraternidade, solidariedade, escuta, respeito, amor e amizade”, explica Moraes.
A Fundação Educacional Profeta Elias, mais conhecida como
Chácara Meninos de 4 Pinheiros, é
uma organização não governamental sem fins lucrativos que oferece
assistência e educação integral a
crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, principalmente os que vivem nas ruas
de Curitiba e Região Metropolitana.
“Para transformar uma realidade, é
preciso conhecê-la de perto”, afirma o coordenador da Pastoral, que
também participa do projeto.
Uma história muito marcante para
o ex-aluno Matheus aconteceu durante as primeiras visitas na chácara.
“Conheci um menino que queria fazer
Direito, como eu faço faculdade nessa área, ficamos conversando muito
sobre isso e ele me contou que estava
lendo um livro. Quando ele me mostrou, vi que era o Código Civil, ele estava lendo inteiro, por curiosidade,
Colégio Marista Santa Maria
fiquei impressionado, é uma coisa que
eu nunca fiz. Foi incrível ver que eles
pensam no futuro”, revela Matheus.
Uma das ações realizadas com os
meninos foi a participação deles na
última Festa Junina do Colégio Santa
Maria. “Foi comovente ver a solidariedade entre eles e com a gente. A
nossa formação Marista vai além de
Física, Química, Biologia, entre outras disciplinas. Quando olhamos
para a desigualdade do mundo, temos o compromisso de incluir essas
pessoas na sociedade. Mais do que
trazer respostas, é caminhar junto”,
afirma Rocha. Moraes completa: “O
que sempre vou levar comigo é essa
formação diferenciada que o Marista
me proporcionou. Isso é o que tem de
mais especial”.
© Fotos: Caio Cruz
© Fotos: Acervo pessoal
ser melhor
Antecipe as
compras de
uniforme
escolar do
seu filho na
Educastore.
Afinal, nas férias
escolares você também
merece um descanso.
É fácil, rápido e você nem precisa sair de casa.
www.educastore.com.br
Frete
w wgrátis
w . para
e d compras
u c a sdetqualquer
o r e .valor
c o até
m 12/12/2014.
.br
www.
educastore
.com.br
Pronto. Em breve, você
receberá os produtos
com segurança no
conforto da sua casa.
cidade
escola
série
Acesse:
www.educastore.com.br
Selecione sua
cidade, instituição e
série do seu filho.
Escolha os itens
do uniforme,
siga as instruções
e finalize a compra.
Dúvidas, ligue 41 3271 6301
ou envie para
[email protected]
essência
Formar jovens atuantes
e comprometidos com o
futuro
C
M
Y
CM
MY
CY
© Foto: João Borges
CMY
K
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
38
conhecimento e o cultivo de valores
fazem parte da vida do estudante em
nossos Colégios. E, assim, formamos
cidadãos comprometidos com o presente e o futuro. Isso tudo é um compromisso de nossa visão e resultado
de um processo contínuo de educação
cristã e Marista, que vê o indivíduo de
forma integral, cuja experiência ele
carregará para toda a vida.
Igualmente, ao olharmos para a
história da educação Marista, encontramos o mesmo amor e empenho educativo. Na própria memória
do caro leitor devem haver diversas
experiências inesquecíveis envolvendo estudantes e familiares nas
escolas Maristas. São muitos os Irmãos e professores que têm orientado e desafiado os jovens a superar
as próprias metas e a construir com
dignidade a vida profissional e vocacional.
Acima de tudo, como repetia São
Marcelino Champagnat aos primeiros Irmãos: “Para bem educar uma
criança é preciso antes de tudo
amá-la!” – princípio este que precisa
se tornar prática em cada época. Assim, continuamos hoje partícipes
com a família, primeira educadora,
na formação integral das crianças e
dos jovens a nós confiados. Por isso,
convido todos a repensarem, contarem e escreverem sua própria experiência de formação integral e seu
significado para a vida.
irmão onorino
Moresco
Diretor do Colégio
Marista Rosário (RS)
K
© Foto: Acervo pessoal
Num certo dia, há um ano e meio,
entrou pela portaria do Colégio Marista Rosário um senhor de cabelos
brancos. O ex-aluno foi recebido e
acolhido como de costume. Aproximo-me, dizendo meu nome, e, com
singeleza, ele me pede permissão
para ver o pátio do Colégio. Eu o
acompanho e quando chegamos ao
destino, com um olhar longínquo,
ele demonstra querer ficar só. Meia
hora mais tarde, passo pelo local e o
vejo sereno. Eis que o visitante diz:
“Obrigado, Irmão, revivi a vida de
estudante neste pátio pelo qual passei”. Em sua sabedoria e agradecido,
foi saindo de mansinho após contemplar parte de sua trajetória.
Esse e tantos outros relatos e vivências com que nos deparamos diariamente remetem à riqueza do jovem
como protagonista de sua história.
Os desafios em diferentes áreas do
maristas
2017
um novo começo
2017
2017
maristas
maristas
um um
novo
novo
começo
começo
“DEIXAR A PRÓPRIA
COMODIDADE E
ATREVER-SE
A
“DEIXAR
“DEIXAR
A PRÓPRIA
A CHEGAR
PRÓPRIA
A TODAS
AS
PERIFERIAS
COMODIDADE
COMODIDADE
E E
QUE A
NECESSITAM
ATREVER-SE
ATREVER-SE
CHEGAR
A CHEGAR
DA LUZ DO
A TODAS
A TODAS
AS PERIFERIAS
AS PERIFERIAS
EVANGELHO”
(EG).
QUE
QUE
NECESSITAM
NECESSITAM
DA LUZ
DA LUZ
DO DO
EVANGELHO”
EVANGELHO”
(EG).(EG).
2014|2015
Montagne
2015|2016
Fourvière
2016|2017
La Valla
solidariedade
Crianças encarceradas
© Fotos: João Borges
e uma casa de direitos
Na tentativa
de assegurar os
direitos da criança,
Rede Marista de
Solidariedade
assume creche
da Penitenciária
Feminina do Paraná.
Formação pautada
em valores e amor é o
foco dessa mudança
Por Michele Bravos
40
Atrás do portão verde de ferro da
Penitenciária Feminina do Paraná,
em Piraquara, uma das penitenciárias estaduais de segurança máxima
do país, estão em clausura, além de
pouco mais de 400 presas, cerca de
40 crianças entre zero e 3 anos de
idade. Em casos em que a mulher
é presa grávida, seu bebê nasce em
cárcere e, por lei, lá ele pode permanecer até os 6 anos de idade.
A mesma justiça também prevê,
por meio do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), “o direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como
pessoas humanas”, compreendendo-se que liberdade é poder ir e vir, conviver em ambiente familiar e comunitário sem discriminação, brincar,
praticar esportes e se divertir.
Com o objetivo de assegurar os
direitos da criança, a Rede Marista
de Solidariedade (RMS) assumiu, no
segundo semestre de 2014, o espaço
Cantinho Feliz, uma creche localizada dentro da penitenciária e que, até
então, era mantida pelo Estado. Com a
mudança, o espaço passa a se chamar
Centro Social Marista Estação Casa.
Viviane da Silva, gerente educacional das unidades da RMS, destaca
a importância de projetos pautados
em valores e, principalmente, no
amor em locais de extrema vulnerabilidade, como é o caso da creche na
penitenciária. Lá, a urgência é ainda
maior por se tratarem de crianças
na fase da primeira infância – período determinante para o desenvolvimento cognitivo e social do indi-
víduo. É nessa fase também que a
criança passa a ter consciência de
sua existência.
O novo nome do espaço não é
à toa e faz jus ao que ele se propõe
a ser: um espaço acolhedor, que
promove o fortalecimento de vínculos entre mãe, criança e família,
respeitando as culturas infantis e
proporcionando às crianças acesso
ao mundo que está além-muros. “É
um espaço que se diferencia da instituição prisional, com dinâmicas e
processos que respeitam as culturas
infantis e a maternagem, garantindo
a dignidade e promovendo a efetivação de direitos”, afirma Viviane.
Parceria
O projeto da RMS é uma consequência de um trabalho que já vem
sendo realizado na penitenciária por
meio do programa Ciência e Transcendência: Educação, Profissionalização e Inserção Social, idealizado
por Fernando Arns e em execução
desde 2012. O programa é coordenado pela Pastoral da PUCPR e está sob
a coordenação de Cristiane Arns. Até
o primeiro semestre de 2014, um dos
projetos do programa era aplicado na
creche, com foco no resgate do vínculo mãe e bebê, por se entender que
uma educação com raízes no amor
pode trazer transformações futuras.
Cristiane conta o quanto é admirável presenciar a mudança de
comportamento das mães com seus
filhos. Antes do programa, não havia
delicadeza no cuidado com o bebê.
Hoje, ouve-se até música de ninar
pelos corredores frios e cinzentos.
A maioria das detentas mães verbaliza o quanto esse novo olhar para
os filhos as fez ver uma nova perspectiva de futuro para elas próprias e
poder sonhar um caminho diferente
para seus filhos.
Em um primeiro momento, atuarão na Estação Casa dois técnicos,
sendo um coordenador e um assistente social, além de dois educado-
res. Por ser uma iniciativa inovadora
no país, Viviane ressalta a importância de um planejamento que pondera os riscos e desafios de tanta
mudança. “É nosso desafio construir
um espaço com uma dinâmica que
respeite as culturas infantis no contexto complexo de uma penitenciária. Outro ponto de atenção é ampliar as ações que visam humanizar
as relações com esse espaço, inclusive extrapolando o tempo da criança
na penitenciária. Há de se pensar na
saída da criança e na continuidade desse vínculo”, explica a gerente
educacional.
Segundo Viviane, “as crianças que
nascem na penitenciária estão na
fronteira da invisibilidade das políticas públicas, fragilizadas pela realidade do cárcere”, por isso, é também
desafio para a RMS levar para discussão nacional políticas públicas
que assistam às crianças em contexto prisional.
Todo o planejamento do Centro
Social foi respaldado pela experiência
da equipe do Programa e da própria
direção do presídio e contou com o
auxílio de uma consultoria social.
É nosso desafio
construir um
espaço com
uma dinâmica
que respeite as
culturas infantis
no contexto
complexo de uma
penitenciária.
Viviane da Silva
Gerente educacional das unidades da RMS
41
© Foto: 123rf.com
como fazer
De olho no
Apesar de relativamente novo, o termo “bullying” apenas define uma série de comportamentos
bem mais antigos. O que fazer quando esse temido vilão está à nossa volta?
Por Mahani Siqueira
Não faz muito tempo que o termo "bullying" ganhou os holofotes
e passou a ser alvo de frequentes e
intermináveis discussões por parte
de professores, psicólogos e pais.
Atos de agressão física ou verbal no
ambiente escolar, no entanto, existem há muito mais tempo do que se
possa calcular, ainda que sem uma
denominação específica. Foi apenas
no começo da década passada que
a palavra originada de bully (valentão, em inglês) incorporou-se ao vocabulário de verbetes comuns nas
conversas de educadores e definiu
um nome para a preocupação de
inúmeros pais em relação ao comportamento de seus filhos na escola.
Muitas vezes, descobrir que as
crianças estão praticando ou sendo vítimas de bullying é uma tarefa complicada e que exige atenção
detalhada das pessoas à sua volta.
Segundo a psicóloga clínica Juliana
Potter, especializada em terapia familiar e parceira dos Colégios Maristas, são vários os sinais que os
42
filhos podem dar para demonstrar
que estão sofrendo provocações ou
algum tipo de agressão na escola ou
em atividades paralelas. Em todos
os casos, de acordo com a psicóloga,
é fundamental que os adultos estejam com o radar em pleno funcionamento.
“A criança pode se manifestar de
diversas maneiras: por meio de dores psicossomáticas (sempre ter dor
de barriga na hora de ir para a escola, por exemplo), evitando atividades relacionadas à escola (medo de
pegar a van, medo de ser assaltado
perto da escola, perder os trabalhos
da escola e objetos importantes),
diminuição do contato com os amigos, irritação, tristeza, pesadelos,
choro frequente, cansaço extremo,
abatimento, alterações de apetite,
entre outros. É importante dizer que
nenhum desses sintomas de forma
isolada caracteriza o bullying. Por
isso, os pais devem estar atentos
sempre para agir com rapidez e de
maneira assertiva”, avalia Juliana.
Marilisa Fraga, psicóloga e psicanalista infantil, entende que é importante os pais prestarem atenção
para não interpretarem os sinais
dos filhos de maneira errada e, na
pressa, já definir como bullying um
comportamento que, se avaliado
com mais calma e cuidado, pode se
revelar apenas um episódio isolado
ou até mesmo um apelo por mais
carinho. Segundo Marilisa, a generalização é um perigo constante
quando se trata desse tema.
“Os pais devem tomar cuidado
para não serem seduzidos pelos
afetos direcionados aos filhos e ter
a tendência natural de generalizar
e tomar o bullying como verdade
absoluta antes de uma investigação
mais profunda. Uma queixa que o filho chama de bullying pode ter sido
apenas uma crítica mais dura de um
amigo irritado ou pode estar sendo
hiperdimensionada pelo jovem. Outra possibilidade é que se trate de
um pedido de atenção fraterna, que
acaba simplesmente sendo nomea-
Existem muitas maneiras
de lidar com o bullying,
mas todas elas envolvem
o diálogo entre a criança
agredida, a escola, a
família e o agressor. Os pais
precisam estar envolvidos
na vida escolar do filho
conversando diariamente e
não apenas quando ocorrem
problemas.
bullying
Juliana Potter
Psicóloga
É importante manter um bom contato com a escola para compreender
o que acontece e buscar a melhor
atitude a ser tomada de maneira
conjunta”, comenta a psicóloga.
De acordo com Marilisa, a investigação detalhada e a identificação precisa do que acontece com a
criança ou com o jovem é o primeiro
passo antes de definir qual a atitude mais correta a se tomar. “Nesses
casos, os pais devem procurar a coordenação da escola e checar informações do atual comportamento e
das atitudes do filho naquele ambiente. Essa é primeira providência
a ser tomada pelos pais, pois determina muitas vezes se há ou não reais
necessidades de encaminhamento
terapêutico para o psicólogo”, complementa.
Outra preocupação que deve ser
levada em conta pelos responsáveis é
saber que o filho pode ser, na verdade, o autor de atitudes consideradas
bullying. Nesses casos, o diálogo também se faz fundamental, assim como a
aceitação do fato e seu enfrentamento.
É o que garante Juliana.
“É importante não negar a situação
ou tapar o sol com a peneira. Conversar com o filho sobre a responsabilidade e o impacto das atitudes na vida do
agredido pode ser um bom começo. Se
a agressão acontece pela internet, os
pais devem estar mais atentos e supervisionar as ações do filho de perto.
Buscar maneiras de reparação junto ao
agredido e atividades que desenvolvam comportamentos mais empáticos. A ajuda de um profissional também pode ser muito importante”,
finaliza a psicóloga.
© Foto: Acervo pessoal
do com clichês pela criança. É preciso ter muita atenção flutuante para
captar o que está sendo dito e o que
ele quer dizer simbolicamente com
aquela queixa”, opina Marilisa.
A partir do momento em que o
bullying é constatado, a conversa
torna-se uma ferramenta imprescindível para evitar maiores danos
e prevenir que os temidos episódios
voltem a acontecer. A psicóloga Juliana defende que qualquer solução
ou resposta a agressões deve ser
buscada em conjunto entre todas
as partes envolvidas. Ela garante,
ainda, que a comunicação, quando frequente no dia a dia, pode ser
um excelente instrumento contra o
bullying.
“Existem muitas maneiras de lidar com o bullying, mas todas elas
envolvem o diálogo entre a criança agredida, a escola, a família e
o agressor. Os pais precisam estar
envolvidos na vida escolar do filho
conversando diariamente e não
apenas quando ocorrem problemas.
Marilisa Fraga,
psicóliga e
psicanalista
infantil.
43
compartilhar
CoMPanheiroS de viaGeM
No livro “Pais e Filhos – Companheiros de Viagem,
uma Educação Para a Felicidade”, Roberto Shinyashiki
nos presenteia com um conselho ímpar: devemos,
como professores e pais, ajudar nossos alunos e filhos
a realizar suas próprias vocações, libertando-os de um
sonho ou projeto de vida que não lhes pertença. É um
livro para a família e os alunos, principalmente para
aqueles que estão prestes a encarar os vestibulares
e, consequentemente, para a família que vive tudo
isso junto. Somos educados para o sucesso ou para a
felicidade? Um problema filosófico bem pertinente para o
momento de nossos alunos e filhos.
Marciel Colonetti, professor de Filosofia no Ensino Médio do
Colégio Marista Paranaense - Curitiba (PR)
o QUe QUero Ser QUando CreSCer?
A incômoda pergunta "o que quero ser quando crescer?"
requer a busca constante pelo autoconhecimento e por
informações sobre cursos e carreiras. A família tem
papel importante no envolvimento, na preparação
e na execução das atividades da escola e de exames
externos. O Maristão oferece ações como Orientação
de Estudos, Feira de Profissões e Conexão Universidade
e demais projetos que buscam orientar a caminhada.
Uma boa dica é o Guia do Estudante Abril, que traz
sempre conteúdos atuais, que podem ser úteis nos
concursos vestibulares de todo o país.
© Fotos: Divulgação
Matheus kaiser Cabral Brandão, assistente
psicopedagógico do Colégio Marista de Brasília - EM (DF)
CanaL do enSino
Vivenciamos e demonstramos o nosso jeito Marista de ser
e de educar por meio da autonomia no desenvolvimento
acadêmico de cada estudante, enfatizando a pluralidade
de conhecimentos e investindo na capacitação dos nossos
jovens de maneira significativa e produtiva. É nossa missão
cotidiana fazer com que eles desenvolvam habilidades e
competências que os realizem plenamente. O portal Canal
do Ensino é uma ótima ferramenta, que pode auxiliar os
jovens na busca por capacitação e conteúdos relevantes,
tendo a internet como aliada.
Maira Bachmann wroblewski, coordenadora psicopedagógica
do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio do Colégio Marista São
Luís - Jaraguá (SC)
44
o eSTUdo e aS MÍdiaS diGiTaiS
Com a liberação da rede wireless na escola, vários professores
estão repensando suas aulas e projetos, integrando as
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em suas práticas
docentes para facilitar o processo de ensino-aprendizagem e a
avaliação por meio de aulas criativas, interativas e inovadoras.
Por exemplo, produção de texto no Whatsapp, Plataforma
Oxford para prática em Língua Inglesa, EDMODO para uma
maior interação entre professor e aluno, ferramentas de autoria,
dentre outros.
nelson Luiz Felipe Coelho, coordenador psicopedagógico do Colégio
Marista Londrina (PR)
Treino Para a vida
O filme “Coach Carter - Treino Para a Vida” traz a história de um treinador que
decide mostrar os diversos aspectos dos valores de uma vida ao suspender seu
time campeão por causa do desempenho acadêmico dos atletas. Dessa forma,
Ken Carter recebe elogios e críticas, além de muita pressão para levar o time
de volta às quadras. A história leva à reflexão além das quatro linhas e pode
perfeitamente ser utilizada como suporte de orientação em busca do sucesso
ou do acerto em decisões.
Fábio acencio, professor do Colégio Marista de Maringá (PR)
45
diversão
Arte circense que se aprende na escola
Atividade
extracurricular privilegia
o contato com a arte
do circo, proporcionado
aos alunos o
desenvolvimento motor,
a convivência e o
trabalho em equipe
Por Janaína Fogaça
Tatames, bolas, pratos de plástico,
malabares, tecido. Os itens descritos
bem podiam representar um legítimo picadeiro, e é exatamente isso que
acontece no ginásio de esportes do Colégio Marista Santa Maria, em Curitiba
(PR): aulas de circo.
Há cerca de 3 anos, a unidade oferece aos seus alunos a modalidade como
atividade extracurricular. "A aposta nas
aulas de circo deu tão certo que, atualmente, além dos 45 alunos matriculados, temos outros 20 em fila de espera",
diz o supervisor do Núcleo de Atividades
Complementares, Anderson Retechuki.
Atualmente, 45 alunos entre 7 e 17
anos participam das aulas que acontecem no contraturno escolar uma vez
por semana, durante 50 minutos.
a neCeSSidade de Ser CriaTivo
Tudo começou em 2010, quando a professora Patrícia Dal Molin apresentou
o projeto para a direção do Colégio. "Queria apresentar uma proposta nova,
de algo que fosse criativo, interativo e diferente. Então, aliei duas paixões: o
circo e as aulas", conta a professora, que traz consigo uma bagagem circense,
pois a sua avó fazia apresentações no picadeiro quando jovem.
Em 2001, Patrícia engravidou, e a rotina das aulas de Educação Física
ficou comprometida. "Eu não podia mais exercer as atividades que exercia
anteriormente, como a ginástica e a capoeira, foi um momento de adaptação
para mim, então, aproveitei os sábados para praticar as atividades circenses
e aos poucos ir retomando a rotina", diz a professora, que se orgulha ao
mencionar que o filho, de apenas 3 anos, já está iniciando nas atividades
circenses.
Oferecida como opção de atividade extracurricular, as aulas circenses vêm
ganhando espaço por engajarem crianças e adolescentes em exercícios físicos
de forma lúdica e estimularem a concentração, a disciplina, a expressão
corporal e o trabalho em equipe, incluindo a confiança em si mesmos e nos
colegas. Em Curitiba, além do Colégio Santa Maria, o Marista Paranaense
também oferece a atividade.
A técnica circense trabalhada pela professora Patrícia durante as aulas
foca a coordenação motora para crianças de 5 a 7 anos. A partir dos 10 anos,
as crianças começam a ter um contato mais amplo com as técnicas. "Procuro
trabalhar com as crianças menores os malabares, a cama elástica e o
slackline, pois eles ajudam a desenvolver o equilíbrio, a coordenação motora
e psicomotora, além da autoconfiança. Com os maiores, conseguimos ousar
um pouco mais nas acrobacias em tecido", afirma Patrícia.
Dentre os benefícios oferecidos pela prática estão o favorecimento da
força e a valorização do trabalho em equipe, fazendo com que alguns
alunos que antes eram tímidos comecem a se "soltar". "Temos relatos de pais
e professores que dizem que o aluno era tímido, retraído, e que com as aulas
de circo, começou a socializar mais com os colegas e também em casa",
conta a professora.
46
© Fotos: Gilberto do Rosário
FoCo no deSenvoLviMenTo
Companheiras de acrobacia
A estudante do 8º ano do Ensino Fundamental Larissa Serbena
estava em busca de uma atividade complementar diferente quando
soube das aulas de circo oferecidas pela Escola. "Eu quis saber o
que exatamente a atividade oferecia. No início, achei que era mais
voltada para a parte de clown (palhaços), mas quando eu vi que tinha
atividades em tecido, eu achei muito legal e quis me inscrever", conta
a estudante.
Em seguida, Larissa convidou a melhor amiga e colega de classe,
Giulia Pizzatto, a se inscrever. A relação de amizade e companheirismo
entre as duas é nítida e fica mais evidente quando elas desenvolvem
atividades juntas. O tecido é a paixão de ambas, e para chegar lá
no alto, Larissa conta com a ajuda de Giulia e vice-versa. "Nós nos
conhecemos desde os 3 anos de idade, e de um ano para cá, somos
amigas inseparáveis. A atividade de circo é algo de que nós duas
gostamos muito e costumamos nos ajudar nas acrobacias. Acho
fundamental poder ter com quem contar na hora em que estamos
desenvolvendo essas atividades", diz Giulia.
Além do gosto pela atividade, as duas têm em comum a vontade de ir
cada vez mais longe: "Cada vez que a gente consegue se sair bem em um
exercício e consegue dominá-lo, tem vontade de partir para outros mais
difíceis – inclusive, pesquisamos na internet exercícios que ainda não
tenhamos feito e trazemos para a professora nos auxiliar", afirma Giulia.
A disposição e o interesse das meninas chamou a atenção da
professora. Patrícia conta que Giulia e Larissa pedem para treinar até
mesmo depois que aulas acabam. "Normalmente, a aula delas acaba
por volta de duas horas da tarde, mas elas pedem para ficar um pouco
mais. É gratificante saber que consegui despertar nelas essa vontade e a
paixão por esse esporte", conta, emocionada, a professora.
No início, os pais ficaram um pouco preocupados com a ousadia
das meninas e a vontade de ir cada vez mais fundo no esporte. "Meus
pais achavam perigoso, mas hoje já estão mais confiantes. Toda vez
que conto para a minha mãe que aprendi um exercício diferente, que
envolve acrobacias no tecido, ela fica apreensiva", conta, entre risos,
Giulia.
Quando perguntadas se pretendem seguir carreira na ginástica ou
em atividades relacionadas ao circo, as duas garotas são enfáticas:
"Talvez como uma atividade paralela, mas meu sonho é ser médica",
diz Giulia. "E o meu é ser arquiteta", completa Larissa.
Investimento
A modalidade tem custo simbólico para os participantes.
O investimento maior se dá pela Instituição ao adquirir os
equipamentos, mas para quem pratica a modalidade, além do
interesse e da força de vontade, são necessários os seguintes itens:
l
l
l
l
Calça legging
Camiseta
Colant para apresentações
Sapatilha de ginástica rítmica desportiva
Quanto aos acessórios a serem adquiridos pelas Instituições, são
necessários malabares, que custam por volta de R$ 200; tecido, R$
250; trapézio, R$ 600; e lira, R$ 250.
47
olhar
Questionamentos sobre a
© Fotos: Divulgação
Lei da
Palmada
Assunto polêmico esse. Para que
serve, afinal, a Lei da Palmada?
Em primeiro lugar, temos que definir o que vem a
ser uma palmada: como o próprio nome sugere, é o bater com a palma da mão. Quem já levou uma palmada
quando criança de seus pais por algo de errado que tenha feito e sente-se “traumatizado” por isso? Difícil encontrar um exemplo.
Estamos falando aqui daquela “palmada corretiva”,
quando os argumentos verbais já foram explorados e esgotados sem efeito e os pais sentem-se “obrigados” a partir
para uma intervenção física para que a criança entenda de
uma vez por todas o que está sendo pedido ou ordenado.
Existe sempre a “tática do 1... 2... 3!” antes de bater,
que consiste em dizer para a criança que ela está fazendo algo errado e deve parar imediatamente. Você contará até três pausadamente: caso ela não tenha parado no
três, levará uma palmada. Dessa forma, está sendo advertida verbalmente e tem a chance de evitar um possível castigo mais severo se não obedecer, tendo a escolha
de parar o que está fazendo para não apanhar.
Geralmente, elas param antes do três e não é preciso
bater. Mas nem todas são tão fáceis de lidar. Há aquelas que insistem em provocar e testar os limites dos pais
achando que não acontecerá nada demais, e quando
levam a palmada, param instantaneamente, como se a
ficha da autoridade dos pais caísse naquele momento,
forçando-as a obedecê-los.
Estamos falando, aqui, de crianças pequenas, até
seus 5 ou 6 anos, algumas um pouco mais. E a palmada
é pontual, funcionando como um “basta” ao comportamento a ser corrigido. Nada que deixe marcas no corpo,
ou que seja humilhante (como tapa no rosto, inadmissível). Totalmente diferente de surras, em que os pais
muitas vezes utilizam objetos para bater nos filhos, deixando, aí sim, marcas visíveis da violência empregada.
48
O Estatuto da Criança e do Adolescente condena o
uso de maus tratos contra tais vítimas em sua educação,
apenas não definindo se são físicos ou morais. A nova
lei deixa expresso que não se pode usar “castigo corporal” contra crianças e adolescentes, embora a “palmada
corretiva” ainda seja permitida, ao contrário da “palmada
agressiva”. Mas quem definirá o limite entre o corretivo e o
agressivo? Esse critério é extremamente subjetivo, o que,
certamente, dará brecha para inúmeras interpretações.
Aí pergunto: como ficam os maus tratos verbais e
emocionais contra os menores, que podem ser de longe
mais traumatizantes para os futuros adultos, que provavelmente crescerão com marcas psíquicas profundas e,
por vezes, incuráveis? Quanto aos aspectos práticos e à
eficácia, como prevenir os maus tratos ou o tratamento
degradante e cruel quando a lei não prevê sequer pena
ao infrator?
Talvez essa lei seja útil apenas para trazer o assunto à
baila e provocar discussões, forçando-nos a olhar para os
inúmeros casos de violência doméstica que acontecem rotineiramente em grande parte das famílias brasileiras.
Marina vasconcellos
é psicóloga pela
PUCSP; especialista
em Psicodrama
Terapêutico pelo
Instituto Sedes
Sapientiae;
psicodramatista
didata pela Federação
Brasileira de
Psicodrama (FEBRAP);
e terapeuta familiar
e de casais pela
Unifesp.
Encontre
a MPB
na internet.
Acesse o novo site:
www.lumenfm.com.br
Aprendizado
virtual
Antes considerados
ameaçadores e perigosos,
games se revelam eficientes
ferramentas para estudo
e desenvolvimento de
habilidades
Por Mahani Siqueira
Por muito tempo, eles foram vistos
como inimigos da saúde, causadores
de episódios frequentes de mau comportamento, incitadores de atos violentos e perigosos para a formação
de qualquer criança ou adolescente.
Hoje, os games assumiram um novo
papel e, embora ainda despertem
alguma desconfiança aqui ou ali, podem ser poderosos instrumentos no
processo educativo.
A NeuroGames é uma iniciativa
que comprova as inúmeras utilidades
que os jogos virtuais podem ter para
trazer diferentes benefícios. A empresa, que tem como principal área de
atuação o desenvolvimento de ferramentas para saúde com foco na educação, já elaborou jogos em parceria
com universidades federais e internacionais e, atualmente, cria games
capazes de detectar precocemente
habilidades cognitivas e socioemocionais de crianças e adolescentes.
Segundo Thiago Rivero, neuropsicólogo e um dos fundadores do projeto,
são várias as habilidades necessárias
na hora de comandar o joystick.
“Todos os games exigem o desempenho de habilidades cognitivas e
socioemocionais. Quando jogamos,
50
atenção, memória, controle do impulso, tomada de decisão, gerenciamento de habilidades sociais e outras
tantas são requisitados. Por meio
dos jogos, provocamos o uso dessas
funções e, assim, podemos construir
ferramentas de avaliação e estimulação das habilidades cognitivas. Com
isso, podemos conhecer melhor as
habilidades dos jogadores e, desse
modo, construir, por meio da nossa
plataforma e de nossa metodologia,
intervenções que sejam ‘adaptadas’ e
costuradas para as dificuldades e características individuais de cada um”,
comenta Rivero.
“Crianças e adolescentes entendem a linguagem simbólica e profunda dos games. Isso nos permite falar
diretamente e, principalmente, negociar e explicar o que queremos. Com
games, não é possível ser indulgente
com as crianças. Elas sabem jogar e jogam bem; portanto, precisamos criar
desafios e formas de avaliá-las que
sejam motivadores e que tenham sentido. Os games são máquinas eficazes
de aprendizado, e quando as crianças
decifram seus códigos e suas formas
de atuação, elas aprendem”, complementa o psicólogo da NeuroGames.
Para a psicóloga Luciana Ruffo, do
Núcleo de Pesquisa da Psicologia em
Informática da PUCSP, a interação
com os games pode despertar nas
crianças uma série de habilidades,
desde que sejam escolhidas as opções corretas e que os pais acompanhem o que os filhos têm em mãos.
“Todos os games podem ser positivos
de alguma maneira. As opções de
guerra, por exemplo, exigem muita
estratégia. Mas é importante ter sempre em mente qual é o interesse do jovem naquele jogo e saber como ele vê
essa diversão”, analisa Luciana.
Gerente de inovação e novas mídias
da Editora FTD, Fernando Fonseca revela que a empresa já enxerga as plataformas digitais e os momentos de lazer como potenciais ferramentas de
aprendizado que podem ser integradas com os livros. Segundo ele, assim
também é possível fazer com que o
estudo seja mais divertido e prazeroso. “Não há dúvida de que os jogos
permitem criar uma experiência de
ensino e de aprendizagem mais motivadora para todos, capaz de obter resultados superiores ao que, em geral, o
professor consegue com outras estratégias”, finaliza Fonseca.
www.colegiosmaristas.com.br
,
1
1
0
2
EM
O
I
C
U
L
U
E
C
L
A
O
I
G
É
L
O
C
O
D
,
L
A
LE A PARANAENSE,
T
S
I
R
A
M
M
0
5
1
U
E
R
R
CO
.
S
1
,
1
2
EM
E AÍ, QUE TAL SUPERAR ESSA
CONQUISTA NO MARISTA DE LONDRINA?
A OLIMAR 2015 ESTÁ CHEGANDO.
Colégios Maristas.
Preparação para todas as provas da vida.
Coloque o talento do seu filho nas mãos
de quem tem as ferramentas para lapidá-lo.
As novas ferramentas de ensino integrado proporcionam ao aluno
um aprendizado dinâmico e de qualidade.
Em parceria com o FTD Sistema de Ensino, oferecemos soluções
educacionais de ponta para os estudantes da Educação Infantil ao
Ensino Médio.
Plataforma digital: integra usuários e disponibiliza conteúdos
digitais e ferramentas específicas para alunos, família, professores
e gestores.
GEEKIE GAMES: plataforma de ensino para preparar os alunos
para o Enem.
A
COM UM
CONTE
E
U
IA Q
PARCER
A NO
IT
D
E
ACR
IAL DO
POTENC
HO.
SEU FIL
0800 729 3232
[email protected]
www.ftdse.com.br
/FTDSistemaDeEnsino