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Cooktop de Indução Sergio Luiz Cequinel Filho Engenheiro Eletricista Universidade Positivo – UP [email protected] Introdução O homem sempre necessitou do fogo para se aquecer, cozinhar, iluminar, se proteger. A primeira forma de energia que o homem conseguiu dominar foi o fogo. Entre os romanos, eram sacerdotisas, as vestais, que guardavam em seus templos o fogo sagrado, e esse nunca deveria se apagar. Desde a sua conquista, há mais de 500.000 anos, o fogo se tornou, nas mãos dos homens, o primeiro meio para modificar o mundo, sendo, pois, a primeira forma de energia que conseguiu dominar. Com o domínio do fogo o homem foi aprimorando o uso do mesmo para benefício próprio. Com a chegada da revolução industrial acontece o auge do aprimoramento humano em relação ao fogo, surgindo às máquinas a vapor, cuja fonte de energia era o carvão. Esta nova tecnologia provocou uma grande mudança na sociedade, pois as indústrias se multiplicaram criando a necessidade de se utilizar novos combustíveis. Qual ser humano poderia imaginar que o domínio tecnológico seria tanto a ponto de usar ondas eletromagnéticas para cozinhar os alimentos, facilitando a vida diária e propiciando um maior conforto e segurança no momento da utilização de um fogão? (24) No caso das novas tecnologias muitas delas vêm sendo desenvolvidas em prol da qualidade de vida, eficiência e segurança, contudo alguns produtos, que teriam tudo para dar certo, possuem grandes dificuldades em termos de difusão e prospecção tecnológica e mercadológica, em função do não entendimento de aplicação e manuseio, que é justamente o consumidor final. O fato é que existe um pensamento intrínseco na sociedade que vai além das informações de uma nova operação de um equipamento, ou dificuldades na compreensão de produtos inovadores. Este pensamento está alojado desde a pré-história humana e que, dentro de uma possível disrupção desta cultura na valorização pelo fogo há milênios, é que justamente impede ou desacelera a prospecção tecnológica de alguns produtos mais inovadores. As principais perguntas e preocupações no momento de adquirir um produto giram sempre ao redor da eficiência, qualidade e garantia do equipamento, segurança, design, e obviamente o último quesito e o principal determinante no momento da decisão no instante da compra, o preço. Quando este novo produto e de alta tecnologia está voltado para uma utilização dentro da própria casa e ainda numa parte da casa onde ocorre o maior índice de acidentes, que é justamente a cozinha, percebe-se que a decisão sempre ocorrerá de forma mais facilitada, observando sempre com maior peso o risco e a possibilidade de que aconteça algum acidente. Neste contexto, ainda um fator de risco atrelado por um possível manuseio de determinado equipamento por outras pessoas, fazendo com que alguns produtos levem imensa desvantagem. Para a maioria dos consumidores e que ainda decide no momento da compra, ainda é bem mais cômodo, seguro e rápido optar sempre pelo lado mais prático em adquirir um produto simples e muitas vezes já conhecido. (1) Por outro lado, sabe-se que o uso de uma nova tecnologia poderá modificar as tarefas do dia a dia de forma bastante relevante, como é o caso do cooktop ou fogão de indução, onde a atração é especialmente forte entre as pessoas da Geração X e Y, que estão montando suas primeiras cozinhas ou em alguns casos, entrando numa etapa de reforma, procurando rever novos conceitos, de acordo com as rotinas estabelecidas neste novo século. Além da praticidade, velocidade e facilidade tão sonhadas no momento da compra de um novo produto, para este novo perfil de consumidores, existe uma forte tendência de ruptura quanto à utilização do gás e uma elevação mais acentuada no grau de interesse em adquirir produtos mais eficientes e seguros e que ainda favorecem as questões ambientais. O conceito em cozinhar por indução existe há muito tempo, principalmente em outros países, tendo sido inicialmente difundido no começo do século passado, contudo somente na década de 70 ocorreu uma aplicação prática em cozinhas residenciais. Por inúmeras razões e devido ao apelo incansável da mídia para que as pessoas absorvam definitivamente a ideia em ter uma cozinha com um design clean e versões altamente modernas, somente agora a procura realmente aumentou. Além de tudo isto, é acrescido o fato de que as pessoas estão buscando cada vez mais diminuir o tempo com limpeza e manutenção após a utilização de determinados eletrodomésticos. Desta forma, as empresas fabricantes, através de muita análise e pesquisa, compreenderam a real necessidade do consumidor, aumentando ainda mais a variedade de produtos e consequentemente proporcionaram para que o preço deixasse de ser um grande empecilho na decisão de comprar ou não determinado equipamento. (1), (2) Magnetismo: História e Conceitos As observações de fenômenos magnéticos naturais são muito antigas. Entre elas relatam-se com frequência as realizadas pelos gregos em uma região da Ásia conhecida por Magnésia, embora haja indícios de que os chineses já conheciam o fenômeno há muito mais tempo. Ainda no século VI a.C., Tales de Mileto, em uma de suas viagens ao continente (na época província da Grécia), constatou que pequenas pedrinhas tinham a capacidade de atrair tanto objetos de ferro quanto a de atraírem-se. Tales foi o primeiro a tentar explicar o fenômeno afirmando que a magnetita - o minério magnético presente no solo - seria possuidor de uma espécie de "alma", e que esse poderia comunicar "vida" ao ferro inerte, que por sua vez também adquiria o poder de atração. Tales não teria sido, contudo o primeiro a descobrir tal fenômeno na região. Conta a lenda que um pastor de ovelhas, de nome Magnes, teria percebido que a ponta de ferro do seu cajado ficava presa quando este o encostava em determinadas pedras, presumidamente a magnetita. Segundo alguns autores, do nome da região derivou-se o termo "magnetismo", até hoje usado para estudar os fenômenos relacionados. Contudo para outros o termo "magnetismo" advém do nome do pastor de ovelhas que teria constatado o primeiro fenômeno "magnético". (11), (12), (13), (14), (15) Os chineses foram certamente os primeiros a encontrar aplicações práticas para o magnetismo. No início da era cristã os adivinhos chineses já utilizavam um precursor da bússola, uma colher feita de magnetita que, colocada em equilíbrio sobre um ponto de apoio central, podia mover-se livremente. Tratava-se da "colher que apontava para o sul", sempre presente em seus rituais. No século VI os chineses já dominavam a tecnologia para a fabricação de ímãs. (11), (12) Esses fenômenos, contudo, não despertaram um maior interesse, pelo menos até os século XIII, quando começaram a surgir observações e trabalhos mais acurados a respeito da eletricidade e do magnetismo. Delas decorreram de imediato a conclusão de que os fenômenos elétricos e magnéticos teriam naturezas completamente distintas, ideia que perdurou até dois séculos atrás. Em 1269 Pierre de Maricourt, em uma de suas cartas enviadas a um amigo, descreve com precisão a maioria das experiências típicas associadas ao fenômeno e que ainda hoje figuram com abundância em livros de ensino atuais. A ele devemos as nomenclaturas "polo norte" e "polo sul" associadas aos polos de um magneto e a lei dos "opostos se atraem, iguais se repelem" diretamente associada aos mesmos. Também observou que em um ímã, mesmo quando oriundo de quebra de outro, encontram-se presentes sempre dois polos opostos e assim sucessivamente. (11), (12) Os avanços seguintes na área do magnetismo só foram possíveis graças a um significativo progresso ocorrido na área da eletricidade como a invenção da pilha pelo físico italiano Alexandro Volta. A existência de uma fonte de energia elétrica, dada pela experiência em 1820, onde o físico e químico dinamarquês Hans Christian Oersted observou a deflexão de um pequeno ímã colocado próximo a um fio com corrente constante. Esta descoberta fundamental desencadeou uma série de pesquisas que levou à unificação dos fenômenos elétricos e magnéticos. (11), (17, (18) O passo seguinte foi o aumento na compreensão do magnetismo em direção ao eletromagnetismo, dado pelo inglês Michael Faraday e concomitantemente pelo norte- americano Joseph Henry: a descoberta da indução magnética. Trata-se tão somente da resposta experimental afirmativa para uma questão diretamente decorrente da experiência de Oersted: se eletricidade é capaz de produzir fenômeno magnético, o oposto também ocorrerá. Devido aos exaustivos estudos realizados por Faraday em detrimento de uma devoção menor por parte de Henry ao assunto - decorrente da sua indisponibilidade de tempo por razões profissionais - historicamente credita-se a Faraday e não a Henry os louros da descoberta. (11), (19), (20) A Faraday também credita-se o conceito de campo, conceito este imediatamente estendido tanto ao estudo da eletricidade quanto ao do magnetismo e que mostrar-se-ia essencial à síntese realizada por James Clerk Maxwell. Em tal contexto as contribuições de Heirinch Friedrich Emil Lenz (Lei de Lenz), de Wilhelm Eduard Weber, homenageado ao estabelecer-se a unidade no Sistema Internacional (S.I.) para a grandeza fluxo magnético (o weber), sendo quem primeiro obteve a partir de experimentos relacionados ao eletromagnetismo o valor experimental de uma constante, c = 3,1 x 108 m/s, imediatamente reconhecida como análoga ao valor da velocidade da luz no vácuo; dos matemáticos Franz Ernst Neumann (Lei de Faraday-Neumann-Lenz), o alemão Carl Friedrich Gauss (Lei de Gauss), a dupla de físicos franceses Jean-Baptiste Biot e Féliz Savart, que consideravam que a intensidade do vetor campo magnético total poderia ser calculada, somando-se as contribuições dos campos magnéticos associados a vários trechos de um fio que apresente corrente elétrica (Lei de Biot-Savart). Também os franceses Charles Augustin Coulomb (Lei de Coulomb) e André-Marie Ampère (Lei do Ampere), entre tantos outros, não podem deixar de ser mencionados. (11) Conceito Básico: Na natureza e em específico na Física e outras Ciências dos Materiais o Magnetismo é a denominação associada ao fenômeno ou conjunto de fenômenos relacionados à atração ou repulsão observada entre determinados objetos materiais, particularmente intensas aos sentidos nos materiais ditos ímãs ou nos materiais ditos ferromagnéticos. Entre tais materiais e condutores de correntes elétricas, especificamente entre tais materiais e portadores de carga elétrica em movimento ou ainda, a uma das parcelas da interação total (Força de Lorentz), que estabelecem entre si os portadores de carga elétrica quando em movimento, explicitamente a parcela que mostra-se nula na ausência de movimento de um dos dois, ou de ambos ao materiais em questão. Há de se ressaltar que a simples observação de atração ou repulsão entre dois objetos não é suficiente para caracterizar a interação como de origem magnética, geralmente confundindo-se com certa facilidade, os fenômenos magnéticos e elétricos. Tais fenômenos elétricos e magnéticos, apesar de hoje saber-se estarem profundamente correlacionados, têm em princípio de naturezas certamente diferentes. Magnetismo é ainda o nome associado à divisão da Física responsável pelo estudo dos fenômenos magnéticos. A descoberta e melhor compreensão da estreita relação existente entre os fenômenos magnéticos e elétricos implicou, em tempos recentes, na fusão das áreas concernentes ao estudo da eletricidade e magnetismo - originalmente distintas - em uma única divisão mais abrangente, o eletromagnetismo. O eletromagnetismo encerra em si todos os fenômenos elétricos, todos os magnéticos, e mais os fenômenos associados à inter-relação explícita ou implícita entre os dois primeiros. (11) Classes Magnéticas: No estudo do magnetismo convencionou-se dividir os diversos materiais em classes magnéticas a fim de sistematizar a compreensão dos diversos comportamentos magnéticos observados. As estruturas materiais são, pois, classificadas em cinco classes magnéticas, cada qual caracterizada por um certo conjunto de propriedades particulares. São elas: a classe dos materiais diamagnéticos, dos paramagnéticos, dos ferromagnéticos, dos antiferromagnéticos e por fim a classe dos materiais ferrimagnéticos. A mais importante para o assunto em questão que é o fenômeno da indução é a classe dos materiais ferromagnéticos. Nesta classe há a existência de magnetização espontânea em pequenas regiões do material de forma independente de um campo excitante externo. Os únicos elementos ferromagnéticos são o cobalto, o níquel, o gadolínio, o disprósio, e obviamente o próprio ferro. Contudo existem algumas ligas ferromagnéticas que são o aço e ferrosilício. Em uma abordagem muito simplista e pouco rigorosa, o ferromagnetismo é por muitos citado como resultante de um alinhamento dos momentos de dipolo magnéticos atômicos devido a uma simples interação mútua entre eles, em uma forma que levaria o material ferromagnético a exibir uma magnetização uniforme ao longo de toda a sua extensão. (11), (21) Histerese Magnética: Os materiais ferromagnéticos podem sofrer um envelhecimento do ponto de vista magnético, ocasionando quando o mesmo é submetido a temperaturas elevadas, durante grandes períodos (um bom exemplo são os transformadores em serviço contínuo). Neste caso o material desenvolve a chamada fadiga magnética, que se manifesta por uma diminuição da permeabilidade magnética e aumento das perdas por histerese. Todo material magnético submetido a uma magnetização onde a se opor às variações de fluxo resultante da excitação de campo aplicada. Em consequência disso, diz-se que o material se opõe, a cada instante, tanto ao crescimento quanto ao decrescimento do fluxo externo. Quando o campo externo é retirado, a reação do material à desmagnetização será no sentido de manter a orientação vetorial dos campos dos domínios, o que acarreta num resíduo de polarização destes domínios. Tal reação dá origem ao fenômeno conhecido como histerese magnética, que é tanto maior quanto mais forte for a oposição apresentada pelo material ferromagnético. Desta forma, pode-se dizer que há materiais que apresentam memória magnética, dos quais os materiais a base de ferro constituem exemplos típicos. Na figura 1 verifica-se que mesmo após completamente removida a excitação ainda há uma magnetização residual apreciável no material. É necessária a aplicação de um campo excitante em direção inversa (negativo) com apreciável valor para anular-se novamente a magnetização do material (interseção da curva com o eixo horizontal, à esquerda), e um campo de módulo ainda maior para inverter-se à magnetização até a saturação em direção inversa (ponto extremo inferior do gráfico, terceiro quadrante, o mais à esquerda). O processo se repete de forma similar ao anterior à medida que reduz-se o campo excitante a zero (interseção da figura com o eixo vertical, abaixo) e posteriormente aumenta-se o campo em direção positiva até atingir-se uma magnetização nula (interseção da curva com o eixo horizontal, à direita) e novamente saturação em direção compatível com a primeira saturação (ponto superior no primeiro quadrante, o mais à direita). A curva de histerese para um dado material mostra-se usualmente muito dependente não apenas do material, mas também das condições físicas em que esse se encontra (destaque para a temperatura), e também da frequência com que se percorre a curva, ou seja, da frequência do campo excitante. Mostra-se também muito dependente do valor máximo do campo excitante utilizado. Em suma, a figura 1 apresenta um gráfico idealizado para histerese magnética em um material. Partindo-se de uma situação com magnetização nula sob campo excitante nulo (origem), percorre-se a curva em acordo com o sentido indicado pelas setas. No eixo vertical a magnetização M, no horizontal o campo excitante H. (11), (21) M H Fig. 1: Curva de Histerese (11) Temperatura: Para os chamados núcleos compactos, além da temperatura, os envelhecimentos magnéticos são consequência da ação de campos alternados e choques mecânicos. O Ponto Curie é a temperatura acima da qual um material ferromagnético torna-se um composto paramagnético, isto é, perde suas boas características magnéticas. A permeabilidade magnética de um material ferromagnético aumenta para temperaturas inferiores ao seu Ponto Curie. Para uma dada temperatura, a permeabilidade de um material ferromagnético tende a diminuir com o crescimento do fluxo circulante, devido à saturação. Verifica-se que a magnetização de materiais ferromagnéticos é dependente da temperatura, sendo máxima à temperatura absoluta nula e caindo a zero em uma temperatura conhecida como Temperatura de Curie (Tc). Para o ferro Tc é igual a 1043K, ou seja, equivalente a 770°C. Acima da temperatura de Curie os materiais passam a se comportar como materiais paramagnéticos sujeitos à Lei de Curie adequada à situação, sendo a susceptibilidade magnética então expressa Xm = C/(T – Tc), onde “C” é uma constante. Vale lembrar que a magnetização nos matérias paramagnéticos dá-se de forma proporcional ao campo e observase em decorrência a fraca atração com esta característica entre o objeto magnetizado e a fonte de campo excitante. (11), (21) Princípios e Definições Indução Eletromagnética: É o fenômeno no qual um campo magnético variável produz em um circuito elétrico uma corrente elétrica chamada de corrente elétrica induzida. Num conceito bastante simples, quando uma área delimitada por um condutor sofre variação de fluxo de indução magnética é criado entre seus terminais uma força eletromotriz (fem) ou tensão. Se os terminais estiverem ligados a um aparelho elétrico ou a um medidor de corrente esta força eletromotriz irá gerar uma corrente, chamada corrente induzida. Este fenômeno é chamado de indução eletromagnética, pois é causado por um campo magnético e gera correntes elétricas. A corrente induzida só existe enquanto há variação do fluxo, chamado fluxo indutor. Em resumo a corrente elétrica gera um campo magnético, ocorrendo da mesma forma na situação inversa. (7), (8) Lei de Lenz: Há uma força magnética que atua de modo contrário à variação de fluxo magnético, essa força é gerada pela corrente elétrica induzida e age dessa forma, quando o imã é aproximado da espira: o fluxo magnético aumenta por isso a Força Magnética Induzida (FMI) tenta diminui-lo, exercendo uma força contrária ao imã, portanto para a esquerda. Portanto há uma repulsão entre os campos magnéticos. De forma contrária, quando o imã se afasta da espira, o fluxo magnético diminui, por isso a FMI tenta aumentá-lo, exercendo uma força contrária ao movimento, mas no mesmo sentido das linhas de indução, para a direita. Portanto há uma atração entre os campos magnéticos, conforme apresentado na figura 2. (7), (8) Fig. 2: Esquema Lei de Lenz (7) Define-se também que ao ser movimentada uma barra a sua energia cinética é convertida em energia elétrica, surgindo uma corrente elétrica induzida, que é dada pela fórmula Eind = B.L.V em que “B” é o campo magnético, “L” o comprimento e “V” a velocidade da barra (sendo B e V grandezas vetoriais). Quando o movimento muda de sentido, o mesmo ocorre com a corrente que passa a ser alternada. Outro jeito de gerar corrente elétrica é pela variação do fluxo magnético, que é a quantidade de linhas de indução magnética que atravessam um corpo, dado pela equação: Ø = B . A = B . A . cos Ɵ, sendo “B” e “A” grandezas vetoriais em que: “B” é o campo magnético, “A” é a área atravessada e “Ɵ” é o ângulo entre o campo e uma linha perpendicular à área atravessada. Quando é aproximado um imã a uma espira, o fluxo magnético no interior aumenta, nesse momento é criada uma corrente elétrica induzida ou corrente de Foucault, em homenagem ao físico e astrônomo francês Jean Bernard Léon Foucault, que foi quem mostrou a existência desta corrente. No momento do afastamento do imã da espira há uma variação negativa do fluxo magnético, que diminui, e também é gerada uma corrente elétrica induzida. A velocidade do imã influi na corrente, que é dada pela equação: ǀƐǀ = ǀdɸǀ / ǀdtǀ em que “dɸ” é a variação do fluxo e “dt” é a variação do tempo. Devido à suas dimensões consideráveis, a superfície sofre dissipação de energia por efeito Joule, causando grande aumento de temperatura, o que torna possível utilizar estas correntes como aquecedores, e neste caso em específico, em fornos de indução, que têm a passagem de correntes de Foucault como princípio de funcionamento, conforme mostrado na figura 3. (7), (8) Fig. 3: Esquema da Indução Eletromagnética – Corrente Induzida ou Foucault (7) Funcionamento e Segurança Dentro dos conceitos e constituição de um cooktop de indução, vale lembrar que o equipamento não utiliza elementos tradicionais acima ou abaixo da superfície de cozimento. A utilização é dada por bobinas de indução de cobre que geram campos eletromagnéticos de alta frequência, que excitam as moléculas na panela ferromagnética, gerando calor apenas nas superfícies em que há o contato exato entre a área demarcada no equipamento e o utensílio de ferro magnético. O cooktop de indução possui circuitos eletrônicos de indução, onde estes conjuntos de placas de circuitos, ventiladores de resfriamento e semicondutores alimentam o próprio equipamento. A placa eletrônica é coberta com um isolamento e uma placa carregadora de metal que irá sustentar as bobinas de indução. Outra folha de isolamento e inserida no outro lado do cooktop, onde são montados os conjuntos de bobinas eletromagnéticas. Os pedaços de ferro na parte de trás de cada bobina auxiliam na distribuição das correntes eletromagnéticas serão realizadas de maneira uniforme para os utensílios de ferro magnéticos, exatamente na área demarcada para o devido contato. Paralelo a isso os componentes eletrônicos são montados a um painel de vidro (material vitrocerâmico) que serve como interface via toque pelo usuário (touch screen), conforme mostra a figura 3. As áreas circulares demarcadas para contato de indução para utilização de acessórios ou panelas de ferro fundido ou aço inoxidável (materiais ferromagnéticos), são mostrados pela figura 4. (6) Fig. 3: Painel Vitrocerâmico - interface via toque para o usuário - touch screen (6) Fig. 4: Áreas circulares demarcadas para contato eletromagnético (6) Simbologia e Funções Importantes: (0) área de cozimento desligada - (u) função manter aquecido em funcionamento – (A) função aquecimento automático em funcionamento – (F) o sensor da área de indução não detectou o acessório – (E) mal funcionamento – (H) área de cozimento ainda quente (calor residual) – (L) função trava do painel acionada – (P) função turbo potência em funcionamento – (-) o desligamento automático foi acionado. Transferência de Calor: Neste tipo de equipamento não existe uma fonte de calor propriamente dita, funcionando apenas como um processo de geração e troca de calor. É um fogão que apresenta uma superfície de cerâmica (material vitrocerâmico) extremamente polida. De acordo com os conceitos e definições já apresentados, a transferência de calor é iniciada no instante em que surgem as correntes elétricas induzidas nas bobinas de cobre do equipamento. Na aplicação prática, à medida que a panela está em contato coma a área demarcada, obtémse um elevado grau de resistência para a corrente elétrica, proporcionando desta forma um calor que será transferido somente ao interior do recipiente e diretamente ao conteúdo que nele está contido. Tal método de transferência de calor direciona na área exata demarcada na superfície do equipamento, permanecendo as demais áreas na mesma superfície na temperatura ambiente. Em suma, no lugar das chamas convencionais, existe um indutor de campo magnético que quando ligado e acionado, propicia uma movimentação (oscilação – energia cinética). Com o contato na superfície demarcada e acionada, por meio de uma panela (molécula ferromagnética), as moléculas de ferro reagem e começam a se movimentar muito rapidamente, alcançando um patamar de velocidade cerca de 20.000 a 50.000 vezes por segundo, criando o que é chamado de fricção, gerando consequentemente o calor na panela e automaticamente cozinhando o alimento. (6), (9) Segurança e Conforto: As características, em função da aplicação dos princípios de funcionamento são bastante favoráveis no que diz respeito em minimizar acidentes domésticos. Pelas estatísticas, a grande maioria dos acidentes domésticos envolvem ocorrências por queimaduras e choques, justamente pelo uso de equipamentos tradicionais como fogões a gás e elétricos. Na aplicação e uso de equipamentos de indução os índices de acidentes e suas respectivas taxas de gravidade são bastante reduzidas. Em todo o caso, vale o destaque que parte do calor que é transferido novamente para a superfície do cooktop é bastante elevada, onde há a necessidade de esperar algum tempo, tendo o devido cuidado para não tocar a superfície de cozimento imediatamente após sua utilização. Por serem de fácil uso, os equipamentos de indução, além de práticos, são limpos e seguros. Como mencionado anteriormente, o sistema de indução funciona através de ondas eletromagnéticas que geram calor e aquecem apenas a panela. Com o princípio da indução, o calor pode ser regulado de forma tão rápida e precisa como um fogão a gás, mas com a certeza da inexistência de possibilidade de vazamento de gás. O calor rápido e direcionado também reduz os tempos de cozimento de vegetais. O princípio da indução eletromagnética reduz o tempo de cozimento, bastando selecionar a potência desejada com escalas de potência que podem variar e acordo com cada produto e marca de fabricante, incluindo a posição P (turbo). No mesmo display, após o uso, surgirá a letra “H” que significa hot (quente), ou seja, que a área demarcada ainda encontra-se a uma temperatura elevada, devendo-se evitar o toque naquela região. Tais escalas de potência permitem um maior controle de temperatura e um cozimento adequado, rápido e preciso. Na superfície do equipamento, mesmo se derrubar algo, as placas de indução permitem uma limpeza rápida, ou seja, basta limpar as placas com um pano úmido para que voltem a estar limpas novamente. O único cuidado que o aparelho exige é na conservação do brilho do painel de material vitrocerâmico. Como qualquer superfície de vidro, a do cooktop risca facilmente e deve-se evitar arrastar panelas, acessórios ou qualquer outro abrasivo sobre o painel de vidro. Dentro de alguns exemplos de segurança, foi realizado um teste com dois cubos de gelo com o equipamento ligado em uma das superfícies demarcadas, sendo que um dentro da panela ferromagnética e outro sobre outra área da superfície do equipamento, ou seja, sobre o painel vitrocerâmico. Depois de alguns instantes, o cubo dentro da panela derreteu e evaporou rapidamente, enquanto que o cubo colocado diretamente sobre a superfície fora da panela permaneceu congelado. Isto demonstra que o calor é gerado no fundo da panela ferromagnética, e não na superfície vitrocerâmica do cooktop. Outra característica bastante interessante está relacionada ao acionamento e travamento do equipamento. Os aparelhos de indução possuem um botão de bloqueio com o objetivo de impedir o acionamento involuntário, impedindo, por exemplo, que crianças liguem acidentalmente. Por outro lado, para o desbloqueio, basta manter o contato com o mesmo botão por cinco segundos. De qualquer maneira, mesmo após ligado, o cooktop de indução não funcionará sem que uma panela ou acessório seja compatível e colocado sobre ele. O aparelho possui um alarme, que será acionado instantaneamente caso não reconheça o material do acessório colocado sobre uma das áreas demarcadas. Por medida ainda maior de segurança, após 60 segundos, o equipamento não reconhecendo o material sobre ele ou por motivo de um toque acidental na tela de interface, sem a percepção do usuário, o cooktop de indução desligará automaticamente, evitando desta maneira qualquer acidente. Alguns produtos possuem outra tecnologia que é denominada de “sistema de antiderramamento’. Assim, quando algum líquido cai sobre o painel do equipamento o desligamento ocorrerá de forma automática. Para prevenir acidentes e queimaduras, o cooktop por indução de alguns fabricantes informa quando os queimadores ainda estão quentes após o desligamento. Ainda dentro dos quesitos de segurança, pode ser citado um botão extremamente interessante para acionamento de uma função denominada timer. O objetivo é permitir um desligamento programado, mesmo com o acessório eletromagnético sobre o equipamento. Desta forma evitam-se acidentes pelo fato do usuário simplesmente esquecer que o equipamento está em operação. Os aparelhos por indução emitem menos radiação que um scanner de aeroporto ou até de leitor óptico de códigos de barra, contudo ainda é recomendado para pessoas que utilizam-se de marca-passos ou dispositivos similares, a consulta de um médico especialista antes de adquirir um produto por indução. Para as questões de visão e som os elementos dos fogões de indução não irradiam calor ou incandescem de forma visível, mas todos os modelos contam com luzes indicadoras e alguns oferecem um brilho artificial. Além de tudo disso, a grande maioria dos fogões de indução emitem pouquíssimo ruído. Como última informação de segurança, mas não menos importante, para o usuário que for operar algum equipamento por indução, recomenda-se, por precaução e ao mesmo tempo evitar algum acidente ou queimadura, a retirada de quaisquer joias ou metais, que estiver utilizando, sob o perigo de aquecimento por contato involuntário ou indesejado. (3), (4), (6), (9), (10), (22) Panelas e Acessórios: Um cooktop por indução requer panelas magnéticas com fundo de aço, multicamada ou ferro fundido. O material ideal e mais utilizado em equipamento de indução é o ferro fundido, uma vez que apenas metais magnéticos como o ferro ativam o funcionamento do sistema de indução que transforma a panela de ferro fundido em fonte de energia para cozimento dos alimentos. Os materiais como ferro fundido esmaltado também funcionam adequadamente e perfeitamente. O aço inoxidável, sem o revestimento com camadas de alumínio, possui características semelhantes para o devido funcionamento por indução. Vale destacar que os acessórios e panelas projetados especificamente para cooktops por indução, onde na embalagem desses produtos existe uma indicação sobre as especificações e a forma adequada e segura para a utilização. De forma geral, o aquecimento será bem distribuído e de maneira uniforme, atendendo os itens peso e espessura do material, incluindo o fundo com ausência de curvas, ou seja, na razão proporcional e direta a estes itens ocorrerá o melhor aquecimento, alcançando uma maior eficiência. Para verificação de que o produto comprado realmente irá funcionar, basta fazer um teste simples e rápido no momento da compra, colocando em contato um pequeno imã no fundo da panela. Se ocorrer a atração entre o imã e o fundo da panela o produto irá funcionar perfeitamente. Para o caso de panelas que não funcionam com o cooktop de indução, foi elaborada uma solução, por meio de um disco de indução (disco difusor de calor). Este disco de indução é simplesmente um material circular achatado de ferro fundido ou aço inox que aquece em contato com o fogão por indução. Uma vez que ele está aquecido, coloca-se a sua panela tradicional sobre o disco e o calor irá ser transferido através do disco para a panela. Desta forma, quaisquer panelas podem ser usadas com o equipamento de indução. A desvantagem será na transferência de calor do disco para o fundo da panela, pois haverá perdas, comprometendo desta forma a eficiência do equipamento. Vale sempre lembrar que durante o uso é importante verificar se toda a área da panela está sobre a área de indução demarcada no cooktop, pois somente dentro na área demarcada ocorre o aquecimento da panela. Como precaução, deve-se tomar o cuidado para que o acessório não seja arrastado sobre o material vitrocerâmico. Para a proteção do vidro do cooktop de indução costuma-se utilizar uma proteção de silicone ou material similar, conforme mostrado na figura 5 no intuído de que seja evitado riscar o vidro de material vitrocerâmico do equipamento com o contato (arraste) com o fundo da panela. (4), (9) (a) (b) Fig. 5: (a) Material Vitrocerâmico utilizado de forma inadequada e (b) Proteção para Cooktop (9) Eficiência, Consumo e Custos Para os equipamentos por indução, todo o calor gerado vai para o alimento e não ocorre a perda de temperatura para o ambiente. Pelo próprio funcionamento e utilização da fonte de energia elétrica, estes aparelhos diminuem o custo com o gás, contudo existirá um aumento substancial na conta de luz, consumido valores entre 4 a 8 kWh de energia elétrica. Contudo, a situação de consumo não é tão ruim como parece pelo fato não somente da economia com gás, mas pelo menor tempo que os alimentos levam para serem cozidos. Estima-se que os aparelhos por indução utilizam cerca de 90% da energia transformada em calor, enquanto que os fogões a gás aproveitam apenas 55% e os fogões elétricos usam 65%. Diante desta comparação, apesar do consumo de energia ser elevado, um equipamento por indução é mais econômico pois utiliza racionalmente e sem desperdícios toda a energia gerada ou transformada. Pela própria definição, as placas elétricas de indução geram calor somente onde é necessário, ou seja, diretamente na panela, não aquecendo o equipamento como um todo. Pelo controle de potência, os equipamentos por indução podem fazer a água ferver até 60% mais rápido que os fogões convencionais, ou seja, além da distribuição uniforme do calor, os equipamentos de indução trabalham cerca de 25% a 50% mais rápido que os fogões convencionais. Assim, em cerca de dois minutos um litro de água já está fervendo, enquanto que no fogão a gás leva quase o dobro de tempo. Em valores absolutos e de acordo com uma das empresas fabricantes, para que uma panela com 2,2 litros de água alcance a temperatura de 90°C são necessários pouco mais de 6 minutos num cooktop de indução, enquanto que na utilização do gás o tempo leva em média 11 minutos e 25 segundos. De acordo com uma pesquisa de outro fabricante de cooktop de indução, o tempo em média para ferver 2 litros de água, utilizando gás leva cerca de 30% a mais (11min e 22s), enquanto o elétrico 80% a mais (15min e 24s), em comparação com o tempo do equipamento de indução (8min e 50s). (10) Segundo o teste realizado por um dos fabricantes do produto, em termos de custo com a utilização, com base nos valores tarifários aplicados pelas distribuidoras de energia, o aparelho de indução gasta em média 10% a mais se comparado com o equipamento a gás. Isto quer dizer que através de um valor estimado em R$60,00 com a utilização de um aparelho a gás, o custo pelo uso do equipamento de indução fica próximo a R$66,00. Contudo, se for levado em consideração o tempo de cozimento e eficiência que o equipamento de indução possui, pode ser considerado como uma vantagem com relação aos produtos já conhecidos no mercado. Uma excelente característica é que o cooktop por indução possui zonas de indução de diferentes tamanhos e potências variáveis, sendo flexíveis na preparação de pratos de comida. A disposição das zonas de indução é feita de maneira que o uso seja simplificado. Além disso, elas contam com um sistema de compartilhamento que permite a utilização mais racional da energia. O consumo energético em média para cada área demarcada gira em torno de 1,4 kWh, mas a praticidade é uma alternativa para a falta de espaço na cozinha, podendo ser instalado em qualquer superfície, inclusive granito. Na elaboração de um teste com uma das marcas disponíveis no mercado, para ferver 2 litros de água em um aparelho de indução, o consumo de energia é de 0,216 kWh, enquanto no equipamento elétrico é de 0,280 kWh (aumento de 30%). (22), (23) Se for levado em conta numa decisão de compra apenas o custo entre um equipamento, os equipamentos de indução sofrerão grande desvantagem. Os valores de equipamentos de indução custam em média o dobro dos demais produtos, no caso elétrico e gás, em função da tecnologia embarcada e também pelo design que o cooktop oferece, para quem procura colocar equipamentos de última geração em sua cozinha. Dentro dos vários modelos disponíveis podem ser citados alguns como os modelos de mesa (portáteis) com apenas uma área demarcada de indução que custam em média R$ 300,00. Já outros similares com 2 ou 3 áreas demarcadas chegam a custar por volta de R$ 1.000,00. Os modelos de embutir custam entre R$ 1.500,00 a R$ 3.000,00, além dos eventuais custos da bancada e instalação. Ressalta-se também que os utensílios, acessórios e panelas também possuem um valor mais alto para os equipamentos de indução, acrescendo ainda uma maior desvantagem em termos de valores de compra iniciais. (23) Instalação e Manutenção Para a instalação dos equipamentos de indução há a necessidade de tomar alguns cuidados. Os modelos maiores normalmente são de embutir necessitam de instalação, enquanto os modelos de mesa não precisam de instalação fixa, bastando apoiá-los sobre um móvel plano e estável. Para instalar um cooktop, é preciso uma bancada ou nicho no tamanho adequado ao modelo que deseja (com espessura entre 30 e 60 milímetros), totalmente plana e revestida com algum material resistente ao calor, como por exemplos mármore ou granito. O cooktop será parafusado nessa bancada e com um bom acabamento ficará perfeitamente integrado a ela. Caso exista algum equipamento na cozinha, abaixo ou ao lado do cooktop de indução, como aparelho de micro-ondas, forno elétrico ou lava-louças, haverá necessidade de deixar um espaço entre as “paredes” destes equipamentos para passagem de fluxo de ar quente ao ambiente, evitando assim o aquecimento desnecessário de alguns componentes eletrônicos no aparelho de indução, mesmo enquanto ele não estiver sendo utilizado. Além de manter a distância mínima entre os equipamentos de cozinha para saídas de ar, recomenda-se a utilização de materiais isolantes termicamente próximo às paredes dos equipamentos em questão. A figura 6 apresenta as distâncias mínimas necessárias para a instalação do equipamento de indução. (9), (25) Fig. 6: Condições de Local de Instalação – Distâncias Mínimas (25) Instalação Elétrica: Por tratar-se de um equipamento de uso específico de elevada potência (entre 6kW e 8kW de potência total), para o cooktop de indução há a necessidade de utilizar um circuito elétrico exclusivo com uma tensão de 220V monofásico (220V Fase-Neutro) ou 220V bifásico (220V Fase-Fase). Esta atenção deve ocorrer em função da diferença das características de tensão de saída do secundário do transformador da rede de distribuição de energia em algumas concessionárias brasileiras. Vale ressaltar que devem ser rigorosamente observadas e atendidas as regulamentações da ABNT NBR5410 (Norma Brasileira de Instalações Elétricas de Baixa Tensão). Para os cabos de alimentação devem ser utilizados 3 condutores (Fase-Fase-Terra ou Fase-Neutro-Terra), dependendo das características da baixa tensão das Concessionária de Distribuição de Energia. A seção transversal (bitola) do fio condutor deve ser de 6mm² com isolação em PVS, classe 750V. A proteção do circuito elétrico do equipamento, recomenda-se a instalação de um disjuntor exclusivo de 50A (bifásico ou monofásico). As conexões mal elaboradas e com especificação abaixo da indicada podem causar o aquecimento nas ligações elétricas e nos fios, resultando em curto-circuito, falhas de funcionamento e/ou danos à residência do usuário. É extremamente importante para o projeto e execução da instalação elétrica de equipamentos de alta tecnologia e complexidade, a contratação de um profissional ou empresa autorizada e devidamente habilitada pelo Sistema CONFEA/CREA. (25) Manual de Instruções: Normalmente o que se percebe é que os manuais elaborados por todos os fabricantes em produtos de alta tecnologia vêm com as informações mínimas e necessárias para uma instalação adequada, bem como para a manutenção e cuidados de limpeza, além de aspectos que envolvem a segurança na utilização destes equipamentos. Destacam-se como pontos positivos as informações prestadas no manual com relação às orientações para que o usuário procure um técnico ou entre em contato com uma empresa autorizada para o esclarecimento de dúvidas ou prestação de serviços. Notadamente, sente-se a ausência de informações no manual de que o usuário deva sempre recorrer aos profissionais e empresas habilitadas e capacitadas e que possuam registro no Conselho de Engenharia e Agronomia (CREA). Nota-se também que as empresas âncoras (fabricantes) demonstram pouca preocupação na verificação da empresa ou profissional para que seja composto no quadro de autorizados. Muitas das empresas destes produtos se quer fazem uma simples consulta ao Sistema CONFEA/CREA para comprovação ou não das empresas ou profissionais. Isto pode ser feito de maneira singela, por meio da solicitação de acervo técnico ou atestado de capacidade técnica da empresa/profissional, para daí sim inserirem na lista de empresas autorizadas. Outro fator positivo está na tabela de “Prováveis Causas/Correções”, além das especificações técnicas, onde o constam informações resumidas na forma de dicas que auxiliam ao usuário na identificação de determinado problema mais simples. Nos quesitos a serem melhorados ainda podem ser inseridas muitas informações no manual do produto, que certamente gerariam maior credibilidade aos próprios fabricantes, principalmente porque muitos usuários hoje em dia costumam recorrer constantemente aos sites das empresas fabricantes, onde lá estão contidas as listas de prestadores de serviços dos fabricantes locais (empresas autorizadas). Entre algumas sugestões poderiam ser realizadas uma apresentação mais clara e transparente das equipes técnicas, tanto da empresa fabricante, como das prestadoras de serviços autorizados. As informações poderiam variar desde o número de técnicos e engenheiros na empresa até a prestação de dados como registro no Sistema CONFEA/CREA. Isto demonstraria que os fabricantes estão preocupados não somente com o pós-venda, mas também compromissados com a segurança e garantia de que o produto foi/será devidamente instalado e que a orientação técnica e manutenção foram/serão realizadas de forma adequada, de acordo com as especificações técnicas do fabricante e sempre respeitando as normas técnicas, garantindo desta maneira a segurança e aumentando ainda mais a confiabilidade da marca para o consumidor. (25) Venda Especializada No momento em que o consumidor entra numa loja como potencial interessado para a compra de determinado produto, o que se tem notado é que os vendedores costumam prestar informações de maneira bastante simples, principalmente no que diz respeito aos itens de instalação, operação e manutenção de equipamentos de uma tecnologia mais elevada. O que percebe-se claramente é que os vendedores não estão capacitados para determinados tipos de vendas e necessitam um treinamento com informações mais precisas para produtos mais sofisticados e que ainda não estão totalmente entendidos ou disseminados pelos consumidores brasileiros. Isto acarreta na primeira falha, tanto por parte dos fabricantes como dos próprios lojistas, justamente por entenderem de forma bastante superficial as características de equipamentos de alta tecnologia. A consequência é tão negativa que faz com que o consumidor de forma geral não entenda determinado produto e que um determinado produto tecnológico tenha insucesso no mercado, em função da falta de instrução e capacitação de entendimento técnico na ponta, que é justamente no momento da venda e contato direto com o consumidor. Informações sobre instalação elétrica, operação, segurança e manutenção não devem constar somente no manual do produto, transferindo a responsabilidade e deixando simplesmente que as autorizadas cuidem disso. As lojas mais estruturadas e modernas já devem contar com vendedores mais capacitados tecnicamente, ou seja, os lojistas devem ter uma preocupação com os quesitos mais técnicos também no momento de orientar um potencial consumidor. Se for elaborada uma pesquisa, muitos consumidores perderão o interesse de imediato em determinado produto com um grau mais elevado de tecnologia, simplesmente pelo repasse de informação inadequado ou superficial. O levantamento e análise constata que muitos vendedores perdem suas vendas pela ausência de conhecimento em determinado produto tecnológico. Isto significa que as ações de marketing e divulgação do produto podem até surtir efeito no início, mas não é a única estratégia de venda. Esta notícia causa certa surpresa, mas também é motivo de muita preocupação para os fabricantes, pois a prospecção e sucesso de determinado equipamento tecnológico, como o de indução, também está nas mãos dos lojistas e na forma como está sendo abordada e executada a ação de venda. Outros Equipamentos No mercado existem vários equipamentos, que podem confundir o consumidor no momento da compra, pois as aparências são bastante semelhantes e ambos necessitam de energia elétrica para o acionamento. Embora funcionem para o mesmo objetivo, que é justamente cozinhar os alimentos, os conceitos utilizados para este fim em cada equipamento são extremamente diferentes. Entre estes aparelhos pode ser citado o cooktop elétrico, que seu funcionamento básico é através de resistência elétrica, tal qual os chuveiros e fornos elétricos. Quando acionado percebe-se que ele atinge elevadas temperaturas em um tempo bastante curto, portanto aquece muito e rapidamente. Uma das desvantagens é que o cooktop elétrico leva um longo tempo para retornar à sua temperatura normal no momento em que é desligado, possibilitando um aumento de risco em acidentes com queimaduras. Por outro lado, a vantagem está em sua principal característica em atingir grandes temperaturas em altíssima velocidade, além de possuir uma maior precisão no controle de temperatura. A maior desvantagem se dará no aumento de consumo de energia. A exemplo do equipamento de indução, ele também exige panelas com fundo reto (planas) e altamente reforçadas ou resistentes, como as panelas de aço. Materiais menos resistentes, como vidro ou cerâmica, não devem ser usados neste aparelho. Por fim, para que seja notada a real diferença entre um equipamento de indução e outro elétrico, basta verificar quando os dois estão em operação. No caso do aparelho por indução a cor na tela vitrocerâmica não se altera, enquanto que no equipamento elétrico a tela emite um brilho rubro e forte, justamente pela presença da resistência elétrica. Segundo o levantamento, o cooktop elétrico, uma espécie de fogão de mesa que tem ganhado espaço nas casas e apartamentos, gasta 68,55 kWh de energia por mês. O cálculo considera o uso de cada queimador por uma hora diária. O queimador equivale à boca do fogão. (6), (9), (23) Fig. 7: Cooktop Elétrico (23) Considerações Finais Os novos conceitos de cozinhar e também do cotidiano das pessoas estão entrando no mercado, contudo muitas dúvidas e questionamentos sobre a entrada de linhas de produtos de alta tecnologia como os cooktops de indução. Os principais itens de comparação aos produtos já existentes e aceitos no mercado são o consumo de energia, eficiência, segurança e principalmente os custos envolvidos, contudo este último quesito ainda tem levado forte vantagem no momento de decisão pela compra do produto. De qualquer maneira os novos conceitos em se morar, sob a ótica de design moderno e avançado, beleza e praticidade, os produtos de alta tecnologia têm sido bastante procurados. O que os fabricantes devem apenas tomar o cuidado em uma preparação e capacitação mais técnica e adequada aos profissionais que trabalham com vendas dos mais variados tipos de produtos e utensílios para uma residência e que exigem conhecimentos de novas tecnologias e itens diferenciados de segurança. Os fornecedores de serviços especializados não podem e nem devem ficar atrás em termos de treinamentos aos seus profissionais, principalmente para produtos que exigem um grau ainda maior de complexidade sob o aspecto de segurança também. As grandes difusões na utilização de uma inovação tecnológica muitas vezes acarretam em mudanças de comportamento no consumidor final. Uma ruptura na utilização de uma fonte energética pode também causar problemas, se for analisada entrada ou incentivo de um produto que deixará de utilizar o gás como exemplo, migrando para a eletricidade. Ficam alguns questionamentos sobre uma estrutura adequada com relação à oferta de energia brasileira. Será que há lastro para as futuras e grandes prospecções tecnológicas que também migrarão para o uso exclusivo da eletricidade? Com a inserção de um custo a mais em função da implantação do sistema de bandeiras tarifárias nas contas de energia, onde há um forte apelo do governo federal para a economia de energia, o consumidor ainda optará por um produto tecnológico baseado em fonte de energia elétrica? Como será a postura do governo na questão de disseminação e incentivo ao uso de produtos tecnológicos que dependem exclusivamente de energia elétrica? 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