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CÓDIGO 1 .a Série Sem título-11 1 Ensino Médio Livro 1 - Professor 18/09/2015 17:41:40 Química no cotidiano e Serg k rstoc utte Sh ens/ y Niv Definição de Química| Onde a Química está? O que é química? Quando uma folha de árvore é exposta à luz do sol e é iniciado o processo da fotossíntese, o que está ocorrendo é química. Quando o nosso cérebro processa milhões de informações para comandar nossos movimentos, nossas emoções ou nossas ações, o que está ocorrendo é química. A química está presente em todos os seres vivos. O corpo humano, por exemplo, é uma grande usina química. Reações químicas ocorrem a cada segundo para que o ser humano possa continuar vivo. Quando não há mais química, não há mais vida. [...] Veículos totalmente recicláveis, construídos com materiais mais resistentes, porém mais leves do que o aço. Moradias seguras e confortáveis, erguidas rapidamente e a um custo mais baixo. Produtos que, ao entrar em contato com o solo, são degradados e se transformam em substâncias que ajudam a recuperar a fertilidade da terra. Plantações de vegetais que produzem plásticos. Combustíveis de alto rendimento energético e não poluentes. Medicamentos ainda mais eficazes. Substâncias capazes de tornar inertes os esgotos de toda uma cidade. Recuperação de áreas devastadas por séculos de exploração. Sonhos? Não para a química, uma ciência que constantemente amplia as fronteiras do conhecimento. Voltada para o futuro, a indústria química investe grande parte do seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento. Foi a indústria química que, com as fibras sintéticas, permitiu ao setor têxtil ampliar a produção e baratear os preços das roupas. Com os plásticos, foram criadas embalagens que conservam alimentos e remédios por longos períodos, tubos resistentes à corrosão e peças e componentes utilizados pelas mais diferentes indústrias. Isto para ficar apenas em alguns exemplos. Da mesma forma, será a indústria química que facilitará ao homem desenvolver processos e materiais que lhe permitirão assegurar alimento, moradia e conforto às novas gerações. Muito do futuro do homem e do planeta está sendo desenhado hoje pela química. [...] (Disponível em: <http://abiquim.org.br/estudante/vida_frame.html>. Acesso em: 27 fev. 2015.) 1. Onde você encontra a Química no seu dia a dia? Relate algumas situações em que utiliza a química. É uma resposta pessoal. O aluno irá descrever algumas situações em que vivência em seu cotidiano. 2. Se não existisse a moderna indústria química, como seria sua vida? A atividade tem como finalidade verificar conhecimentos prévios dos alunos para sabermos onde ele utiliza os compostos e o conhecimento da química na vida cotidiana. 402 QUI B Tei Sinthipsomboon/Shutterstock Yeko Photo Studio/Shutterstock Alexander Raths/Shutterstock EM16_1_QUI_B_01 Fotokostic/Shutterstock Definição de Química A Química é a ciência que estuda a matéria, suas propriedades, composição e as transformações que ocorrem em sua estrutura. Química do amor Esqueça todo o romantismo, Shakespeare e Vinícius de Moraes. O amor pode até bater lá pelas bandas do coração, mas ele é resultado de complexas reações químicas que acontecem no cérebro – e nada mais são do que resultado do processo evolutivo humano. Para economizar a gastança de energia e tempo usados no processo da corte, fomos selecionados para concentrar nossa atenção em uma só pessoa – e, assim, criar com sucesso nossos descendentes. Nesse processo estão envolvidos, basicamente, três neurotransmissores: a dopamina, a norepinefrina e a serotonina, todos produzidos por áreas ligadas ao sistema de recompensa e prazer do cérebro. Onde a Química está? Sem a Química seria impossível manter a qualidade de nossas vidas. Não existe área do conhecimento humano que não utilize a Química. A Química participa intensamente na nossa vida cotidiana. O conhecimento químico não é meramente um conjunto de conhecimentos isolados, mas sim uma construção complexa em contínua transformação. As mãos tremem e o coração e a respiração aceleram quando o ser amado está por perto? Não acuse o cupido. Estão em ação a dopamina e a norepinefrina, substâncias que levam à alegria excessiva, à falta de sono e ao sentimento de que o amado é único, e de que é quase impossível compará-lo com alguém. Já aquela compulsão e obsessão pelo parceiro são causadas por baixos níveis de serotonina. Química na agricultura Nos primórdios da agricultura o homem utilizava apenas os recursos da natureza para adubar o solo, usando normalmente esterco de animais ou restos de alimentos, além da pré-histórica técnica das queimadas. Porém, com o aumento da população mundial, a Química teve um papel fundamental para os avanços na produção de alimentos. Houve a necessidade da fabricação de adubos e fertilizantes sintéticos para suprir toda a demanda de alimentos para o mundo, principalmente para a fertilização do solo e reposição de elementos importantes para as plantas como o nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, que eram removidos pela ação das intempéries, chuvas. Também foi importante para a recuperação de solos pobres, impróprios ou improdutivos. Hoje, com o recurso dos conhecimentos da Química, o homem consegue plantar e produzir alimentos em locais que eram impróprios até pouco tempo atrás. (Disponível em: <http://veja. abril.com.br/noticia/ciencia/ a-quimica-do-amor>. Acesso em: 27 fev. 2015.) EM16_1_QUI_B_01 wk1003mike/Shutterstock A Química está presente nos organismos mesmo após a morte. No processo de cremação, por exemplo, ocorre uma queima (combustão) dos compostos químicos presentes no organismo, mas se o organismo fosse enterrado ocorreria uma série de reações levando o corpo a sua decomposição. pogonici/Shutterstock Observe ao seu redor, quantos produtos químicos você utiliza com frequência. Já leu o rótulo de um frasco de xampu, talvez encontre algumas palavras que conhece, como a água, mas encontrará termos com substâncias estranhas como alquil sulfato éter de sódio, glicerina, dimeticone copoliol, ácido cítrico. No seu creme dental encontrará fluoreto de sódio, bicarbonato de sódio, sorbitol, entre outras. Isso é apenas um pequeno exemplo de onde irá encontrar a Química no seu cotidiano. Basta olhar ao seu redor, observe a etiqueta da sua roupa, leia a composição dos alimentos que ingere, a bula dos medicamentos, além do que a estrutura da sua bicicleta, skate, videogame, boneca, celular, TV, rádio são feitos a partir de uma organizada indústria química. Já pensou como seria a sua vida sem esses utensílios? Olhando mais atentamente no decorrer do seu dia podemos verificar que tudo que vemos tem Química. O funcionamento do nosso corpo e de todo nosso planeta depende da Química. aa Adubo químico auxilia no crescimento de plantas. aa O amor é resultado de complexas reações químicas que acontecem no cérebro. QUI B 403 O filme relata a história de uma mulher solteira (Julia Roberts), mãe de três filhos, que começa a trabalhar em um escritório de advocacia onde, ao organizar os arquivos, encontra relatos de uma empresa que contamina o meio ambiente com cromo, provocando câncer em várias pessoas daquela cidade. A empresa está mais preocupada com o lucro do que com o bem-estar da população. `` O aprimoramento de pesquisas, baseadas na Química, ajudam na prevenção, tratamentos e cura de doenças. 404 QUI B Química na medicina A Química sempre desempenhou uma função muito ativa e próxima com a Medicina. Foi graças a ela que foram elaborados princípios ativos de medicamentos que ajudaram o homem a sanar uma grande parcela de É possível modificar a genética molecular, o genoma humano com procedimentos inteiramente químicos. Química na saúde Assim como na Medicina, a Química desempenha um papel fundamental na saúde. Ela participa nos processos de prevenção, diagnóstico, terapia e cura dos pacientes. Com base nos conhecimentos químicos é possível realizar o tratamento da água de forma correta e, com isso, evitar uma série de doenças como cólera, diarreia e leptospirose. Foi possível o desenvolvimento de inseticidas que exterminam insetos que transmitem, por exemplo, a malária, doença de Chagas e a dengue. Com o avanço da indústria dos polímeros foi possível desenvolver a camisinha (feita de látex), que evita doenças sexualmente transmissíveis. Exames de laboratório estão cada vez mais eficazes no diagnóstico de doenças ou problemas do nosso corpo. angellodeco/Shutterstock Para saber mais sobre o uso nocivo da química, assista ao filme Erin Brockovich – Uma mulher de talento. Direção: Steven Soderbergh. EUA: Jersey Films, 2000. 1 DVD (130 min). É importante ressaltar que esse conhecimento deve ser usado com muito critério e sabedoria, pois há muitos relatos de agricultores que abusam de agrotóxicos e com isso poluem o solo e a água, comprometendo a saúde e a integridade das pessoas. doenças e enfermidades. Sistemas de esterilização ajudaram a eliminar microrganismos e aumentaram o êxito em processos cirúrgicos. Novos materiais que estão substituindo com perfeição partes do corpo, como próteses, artérias, tecidos e até mesmo órgãos estão sendo produzidos com as técnicas da Química, além de utensílios cirúrgicos como seringas, luvas descartáveis, tubos especiais, embalagens para soro e sangue. EM16_1_QUI_B_01 Mas problemas ocorreram nesse transcurso. Muitas plantações eram atacadas por diversas pragas e para controlar ou eliminar o problema, novamente entrou a ciência da Química. Foram desenvolvidas técnicas para a produção de pesticidas (acabam com insetos e roedores) e herbicidas (destroem as ervas daninha); que colaboraram para o aumento da produção de alimentos. Com isso foi possível obter mais alimentos nas mesmas áreas cultiváveis sem a necessidade de derrubar florestas e reservas nativas. A Química também foi importante para a criação de animais. Vacinas, medicamentos veterinários ajudaram na preservação da saúde dos rebanhos e granjas, aumentando, assim, a qualidade e quantidade de alimento disponível, e ajudando a combater a fome no mundo. Subbotina Anna/Shutterstock Química nos cosméticos Os cosméticos são materiais químicos que possuem a função de melhorar ou proteger a aparência ou o odor do corpo humano. Se você acha que é um recurso químico exclusivo da modernidade está enganado. Há vários relatos históricos que mostram o uso desses produtos. Cleópatra se banhava em leite. Hoje sabemos que o ácido lático, presente no leite, interage nas camadas da pele renovando-a. Na Grécia Antiga as mulheres utilizavam carbonato de chumbo para deixar a pele mais pálida (hoje se sabe que o composto é muito tóxico e jamais poderia ser usado como cosmético). Até a Bíblia tem relatos sobre o uso de cosméticos, como a pintura dos cílios de Jezebel com um produto à base de carvão; banhos com bálsamos que Ester usava para amaciar sua pele e a lavagem dos pés de Jesus com vários perfumes e óleos de banho. aa A química está presente em todos os produtos relacionados à beleza. Hoje a indústria química dos cosméticos é responsável pela produção de muitos produtos de beleza, que geram bilhões de dólares, sendo uma das indústrias mais poderosas do planeta. Dentre os produtos cosméticos destacam-se desodorantes, cremes para o corpo, batons, xampus, condicionadores, esmaltes, sabonetes, maquiagem, protetores solares e cremes dentais. Química na indústria bélica A primeira mistura explosiva que se tem conhecimento é a pólvora. A princípio, esse explosivo foi desenvolvido no Oriente e era conhecido como a “substância do fogo”, e mais tarde foi difundida na Europa. A pólvora é uma mistura de nitrato de potássio (KNO3), também conhecido como salitre, carvão e enxofre. Quando misturados na proporção correta, devidamente secos e com uma fonte de calor, essa mistura explode. Com o desenvolvimento das técnicas da manufatura de explosivos, outros compostos com essas propriedades apareceram, como, por exemplo, o trinitrotolueno, que é mais conhecido pela sua sigla TNT. Esse composto apresenta um poder de explosão muito superior ao da pólvora. Para se ter uma comparação: a onda de choque produzida pela explosão da pólvora chega a algumas centenas de metros por segundo, enquanto que o TNT chega a 6 km/s. Outro explosivo poderoso é a nitroglicerina, representada abaixo. O O2N CH3 NO2 O O2N O NO2 Nitroglicerina NO2 fotohunter/Shutterstock EM16_1_QUI_B_01 NO2 aa Químico examinando amostras de substâncias no laboratório. Trinitrotolueno (TNT) A explosão desse composto gera pressão de 270 milhões de atmosferas em um único milésimo de segundo (a pólvora produz 6 mil atmosferas). Foi Alfred Nobel que conseguiu estabilizar a nitroglicerina e obteve grande fortuna. Antes de morrer criou uma instituição que deveria premiar grandes feitos nas áreas de Química, Física, Medicina, Literatura e paz. Esse prêmio hoje é conhecido como Prêmio Nobel, sendo o maior prêmio concedido nessas áreas. O que faz um profissional da química? Quando você pensa num químico, que imagem lhe vem à mente? Um cientista descabelado, com enormes óculos, misturando líquidos das mais diferentes cores ao som de coisas borbulhando em tubos de ensaio? Descabelado ou não, esse cientista, que preferimos chamar de Profissional da Química, não trabalha em porões escuros, mas em todos os tipos de indústria que você for capaz de listar. E por uma razão muito simples: todo o mundo material é formado por elementos e substâncias químicas. Isso inclui itens básicos como a água, o ar e a terra, e também produtos de consumo obtidos por processos industriais como o papel, as bebidas, os fertilizantes e o mouse do seu computador. Por isso, o químico pode trabalhar não só nos laboratórios, mas em todas as atividades que exigem o acompanhamento de um profissional. Estas atividades envolvem: projeto, planejamento e controle de produção; desenvolvimento de produtos; operações e controle de processos químicos; saneamento básico; tratamento de resíduos industriais; segurança; gestão de meio ambiente e, em alguns casos específicos, vendas, assistência técnica, planejamento industrial e até direção de empresas. Sem dizer que a chamada química forense tem sido uma grande aliada dos investigadores para a solução de crimes. Como se nota, a Química é uma profissão que tem um vasto campo de trabalho como, licenciatura, alimentos, bebidas, biocombustíveis, catalisadores, celulose e papel, cerâmicas, colas, cosméticos, defensivos agrícolas, essências, explosivos, medicamentos, gases industriais, meio ambiente, petroquímica, pilhas e baterias, prestação de serviços, produtos químicos industriais saneantes (produtos de limpeza) entre outras. (Disponível em:<www.crq4.org. br/o_que_faz_um_quimico>. Acesso em: 27 fev. 2015.) QUI B 405 Cartografia: mapas e coordenadas geográficas k rstoc utte k/sh Liga Cartografia | Tipos de mapas | Orientação| Coordenadas Geográficas Noções de cartografia e orientação Você já parou para pensar para que servem os mapas? Onde e como os utilizamos no dia a dia? Quantos tipos de mapas existem? Quem produz os mapas e quanta tecnologia está envolvida nessa atividade? Os mapas são representações da superfície da Terra que são utilizadas para orientar as pessoas em seus deslocamentos pelo globo terrestre ou para explicar fenômenos que ocorrem sobre a sua superfície. Os mapas são recursos indispensáveis e sua elaboração é complexa, o que exige diversas ferramentas e estudo. Assim, a cartografia apresenta uma coletânea de ações técnicas, científicas e artísticas que culminam na elaboração de mapas, cartas, plantas e outras representações gráficas da superfície da Terra. Segundo o Dicionário Cartográfico de Cêurio de Oliveira, a cartografia é um conjunto de estudos baseado no resultado de observações diretas ou de análise de documentação, visando a elaboração de cartas. Atualmente, o significado do termo mapa refere-se à representação geométrica plana, simplificada e convencional de parte da superfície da Terra, ou dela por inteiro. Por meio dos mapas, foi possível viajar e percorrer longas distâncias. Além de conhecer algumas características do planeta Terra: superfície de 510 milhões de km2, circunferência equatorial de 40 mil km aproximadamente, coberto por águas em 2/3 da sua superfície. Triff/shutterstock bb Mapa das Américas de 1632 é possível notar que os contornos não correspondem ao que conhecemos atualmente, além da inserção de imagens de navios e “monstros” marinhos, uma alusão aos perigos do mar desconhecido por muitos. Existem conceitos para os termos mapa, carta e planta que é necessária a compreensão. Atualmente, são comuns, além das representações em papel, as representações em meio digital que podem ser acessadas por diferentes equipamentos e softwares. Com base no texto e na imagem do mapa das Américas de 1632, responda. a) Imagine viajar 450 anos atrás. Como você poderia descrever as viagens realizadas naquele período? Quais foram as limitações? Como foram feitas as comunicações? Sugestão de resposta: As viagens eram realizadas inicialmente a curtas distâncias e mais tarde, em rotas mais longas. Para que não se perdessem, os navegadores, então, passaram a visualizar na paisagem, pontos para referência como montes, montanhas, rios etc. As limitações foram com relação à precisão, pois não foi possível percorrer longas distâncias com a certeza de que voltariam ao mesmo lugar. Viajavam por necessidade de alimentos e outros recursos, como encontrar água e fugir de eventos climáticos ou de inimigos. Praticamente as comunicações foram realizadas diretamente entre os membros dos grupos, sem meios de comunicação a distância, desenhos foram deixados em rochas para a comunicação entre outros grupos. Sugestão de resposta: Os mapas eram confeccionados tentando se projetar o que se via por meio do olhar direto. Posições mais altas como morros e montanhas davam uma perspectiva maior à área representada. Com o surgimento e a evolução das embarcações, traçava-se uma linha imaginária no mar e então o especialista em mapa iria desenhando a costa conforme a distância ao se afastar ou se aproximar, dentro de determinada perspectiva. Os mapas eram muito imperfeitos em suas representações e continham geralmente erros e falhas, mas eram ricos em detalhes. Com o tempo a cartografia foi evoluindo agregando novas tecnologias de acordo com a época e a necessidade de informação. 634 GEO EM16_1_GEO_01 b) Como os mapas eram feitos nos primórdios da cartografia? Cartografia Origem dos Mapas Na antiguidade os homens, para encontrar alimentos e recursos, começaram a se deslocar cada vez mais longe. Sempre existiu a necessidade de registrar acontecimentos importantes, e muitos desenhos foram feitos nas paredes das cavernas, denominadas de pinturas rupestres. As pinturas rupestres foram uma das primeiras formas de expressão utilizadas para a representação do espaço, um exemplo é a existência de figuras rupestres, as quais foram encontradas no Vale do Pó, norte da Itália, em especial na cidade de Bedolina. Os desenhos representam uma organização camponesa, mostrando detalhes de atividades agropastoris, por volta de 2 400 anos a.C. Os grupos nômades para não se perderem, marcavam pontos de referência nos quais poderiam ajudar na localização. Com o passar do tempo, as viagens se tornaram cada vez mais longas. Quando os grupos humanos já tinham estabelecido lugares definidos para viver, formando comunidades, vilarejos e posteriormente cidades, a necessidade de registrar rotas para outras pessoas e grupos gerou formas de orientação em desenhos permanentes, o que originou os mapas. Histórico da cartografia EM16_1_GEO_01 A cartografia foi se aperfeiçoando juntamente com a evolução das tecnologias de transporte, topografia (medição da superfície terrestre), Matemática etc. Inicialmente os primeiros encarregados de elaborar mapas, muitas vezes chamados de geógrafos, observavam a paisagem e tentavam desenhar o que viam da melhor forma possível. Foram desenvolvendo várias técnicas para resolver os problemas que surgiam durante o processo de representar o que estava na superfície da Terra para o papel. Os mapas possuíam grande valor econômico, interesse militar, importância para os transportes e a agricultura. Quando os grupos humanos passaram a utilizar embarcações, técnicas especiais eram aplicadas para navegar em linha reta e ir desenhando os contornos das encostas ou litoral. Percebese nos mapas antigos contornos imperfeitos e desproporcionais, se os compararmos com os mapas atuais. O grego Hecateu de Mileto, por volta de 500 a.C., escreveu o primeiro livro de Geografia oficialmente conhecido historicamente. Mais tarde Heródoto ampliou os trabalhos da geografia da época. Infelizmente, os originais das representações gráficas desses mapas se perderam, mas outros autores fizeram referências em seus livros com descrições desses trabalhos. Hecateu descreveu a superfície da Terra como sendo plana e envolta por águas oceânicas, mas acredita-se que Pitágoras e Parimedes já pensavam em uma Terra esférica. No século IV a.C. muitos filósofos da Grécia aceitavam o conceito de um planeta esférico. Um dos grandes feitos foi a medição da extensão do diâmetro da superfície terrestre, o qual levava em conta o planeta ser arredondado, sendo realizado por Erastóstenes, de Alexandria, em III a.C., com poucos recursos técnicos. Outro destaque foi para os trabalhos de Cláudio Ptolomeu, conhecido como matemático e astrônomo que realizou pesquisas extensas na Biblioteca de Alexandria e produziu oito volumes com sofisticados conhecimentos de Geografia para a sua época. Esses estudos serviram como referências para os pesquisadores durante a Idade Média. Ptolomeu, porém, não aceitou os cálculos de Erastóstenes, que projetava um diâmetro terrestre com aproximadamente 40 mil km, acreditando que a Terra seria então menor na realidade. Mais tarde, Cristovão Colombo, baseando-se em Ptolomeu, calculou que as Índias estariam muito mais próximas do que estavam na verdade, e se não tivesse encontrado a América, provavelmente se perderia nas águas do Oceano Atlântico. O mapa mais antigo encontrado tem mais de 4 500 anos. Feito pelos povos babilônicos por volta do ano 2500 a.C. Foi confeccionado sobre uma placa de argila cozida. Print Collector/Getty Images A partir do momento em que o ser humano passou a elaborar mapas e a aprimorar as técnicas de sua produção, foi possível tentar a realização de viagens à longa distância. Instrumentos como astrolábio, lunetas e bússola, entre outros, foram utilizados juntamente com os mapas para orientar os viajantes por terra ou por mar. aa Ga-Sur, 2 400 a.C., primeiro mapa registrado. Ptolomeu desenvolveu conceitos de projeções cartográficas e dispunha de um sistema de coordenadas, com referências a cerca de oito mil localidades. Infelizmente, a Biblioteca de Alexandria foi destruída e muitos desses materiais foram perdidos. Os romanos produziram muitos mapas e definiram uma forma redonda para seus modelos, nos quais infelizmente também desapareceram em sua maioria. Os portugueses, a partir, do século XV deram grande impulso ao aprimoramento da GEO 635 DEA / G. DAGLI ORTI/De Agostini/Getty Images cartografia e surgiu a era das grandes navegações. Novas técnicas de projeção cartográfica foram aplicadas e a qualidade e precisão dos mapas melhoraram. Os portugueses guardavam com muita cautela os mapas, mas mesmo assim aconteciam roubos. A descoberta da América aumentou a necessidade da confecção de novas cartas marítimas, dando muita importância aos estudiosos da época que confeccionavam os mapas. O ouro e prata do novo continente despertavam o interesse de Portugal, Espanha e outras nações para o conhecimento melhor da superfície da Terra e das rotas a serem seguidas para se ir e vir das novas terras recém-descobertas. Com a evolução da cartografia, a Terra foi dividida em dois hemisférios, ocidental e oriental, pelo cartógrafo alemão Martin Waldseemuller, em 1507, este denominou de América o que seria a atual América do Sul, em homenagem a Américo Vespúcio, navegador que fez muitas viagens entre a Europa e a América, e divulgou a existência dessas novas terras aos europeus. Ligak/shutterstock aa Mapa do mundo de Ptolomeu. Ainda sobre a cartografia Galileu Galilei fez estudos com bases nos eclipses das luas de Júpiter e resolveu problemas de longitudes aplicados aos mapas. Em meados do século XVIII, foram feitos os primeiros mapas semelhantes aos usados hoje. aa Mapa-múndi, 1895. bb O sextante, o astrolábio e a bússola foram importantes instrumentos de orientação. 13Imagery/Shutterstock Durante a Idade Média a confecção de mapas era de domínio eclesiástico, ou seja, nessa época, haviam sacerdotes especializados na arte cartográfica. A utilização de instrumentos nas Grandes Navegações, como astrolábio, sextante e bússola possibilitaram viagens mais longas. As constelações também foram mapeadas nesse período, já que muitas estrelas serviam de referência na localização (pontos cardeais). O uso de mapas, instrumentos antigos e orientação pelas estrelas eram atividades complexas, sendo realizadas muitas vezes somente pelo capitão das embarcações, como Marco Polo, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Américo Vespúcio, entre outros, que foram grandes navegadores. OC ST ER TT HU 5/S a6 Dj TT HU OC ST ER K 636 GEO EM16_1_GEO_01 /S pp K or Sc M k stoc tter /shu a zott Pez auro tock tters mas/ shu Abro Rima ntas A partir das dificuldades enfrentadas em tempos passados às facilidades da atualidade com o uso de mapas digitais, sistemas de localização por satélite, os mapas trazem diversas aplicações ao cotidiano da sociedade. As novas tecnologias proporcionaram o acesso ao uso da cartografia de forma nunca antes utilizada pela humanidade e com muito mais atrativos do que os atlas proporcionavam. Aparelhos celulares, máquinas fotográficas, meios de transportes, tudo pode utilizar sistemas de localização associadas à visualização de mapas, esse sistema é conhecido por GPS (Sistema de Posicionamento Global). `` O GPS é um meio de orientação muito utilizado atualmente. Tipos de Mapas Existem diversos tipos de mapas. Podemos definir que mapas cartográficos são representações específicas da superfície da Terra para representar a localização de pontos, acidentes geográficos, estradas, cidades etc. Os mapas, gerais, plantas e cartas possuem uma abordagem técnica mais apurada e são confeccionados por engenheiros cartógrafos e profissionais habilitados para esse fim. Já os geógrafos produzem mapas temáticos, baseados nos mapas técnicos feitos pelos cartógrafos. Você já deve ter notado que quando se trata de representação cartográfica vários termos são utilizados para definir os diferentes tipos de aplicações gráficas da superfície da Terra. Dessa forma vamos conceituar o termo mapa como sendo uma representação gráfica, geralmente em uma superfície plana (papel ou digital), respeitando uma determinada escala, relacionando as formas da superfície da Terra. Os mapeamentos nos dias atuais não se restringem somente ao nosso espaço geográfico conhecido, mas também a outros corpos celestes como a Lua e Marte. Os mapas representam os acidentes geográficos e são representados a partir de uma precisão milimétrica. Utiliza-se para a precisão da localização de elementos no espaço geográfico um sistema de satélites chamado GPS, que consegue definir pontos na Terra Quem trabalha com os mapas Durante muitos anos os geógrafos foram conhecidos como aqueles que confeccionavam mapas. Com a evolução da tecnologia e a necessidade de aprimoramento surgiu uma área própria para a confecção de mapas e suas derivações, a Engenharia Cartográfica. Muitos geógrafos continuam trabalhando com a elaboração e confecção de mapas, porém, destacam-se na produção de mapas temáticos enfocando estudos específicos da geografia física e humana. bb O sistema GPS envia informações para aparelhos também chamados de GPS. Existem vários tipos de aparelhos receptores de sinais com diferentes finalidades. Alguns são para uso em automóveis, outros em aviões, e outro para se utilizar a pé. Existem alguns mais específicos para o uso de cartógrafos e geógrafos. EM16_1_GEO_01 Sentavio/Shutterstock Os mapas temáticos são elaborados por meio de dados estatísticos de uma dada pesquisa que são especializados. Estes mapas baseiam-se em outros mapas e dados produzidos pelos cartógrafos e são utilizados para destacar atividades específicas, como agrícolas, fenômenos climáticos, desenvolvimento econômico, movimentos populacionais etc. Também podemos observar mapas criados por jornais, agências de publicidade e empresas autônomas, os quais podem não ter ou seguir critérios rigorosos de produção, pois querem apenas ilustrar algum tipo de fenômeno particular voltado às necessidades específicas. Mapas, cartas e plantas GEO 637 CÓDIGO 2 .a Série Sem título-11 1 Ensino Médio Livro 1 - Professor 18/09/2015 17:42:00 Verbos no texto II tock tters pies Cien u n/Sh Desig A Anistia Internacional é um movimento global fundado em 1961, pelo advogado britânico Peter Benenson. A organização defende que os direitos humanos internacionalmente reconhecidos sejam respeitados e protegidos, realizando ações e campanhas no mundo todo. A organização conta com mais de 3 milhões de apoiadores, e está presente em mais de 150 países. Em 1977, a AI recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Professor, neste módulo serão estudados os verbos impessoais e seus casos de concordância. Também será apresentada aos alunos a predicação verbal, que posteriormente será retomada em detalhes quando for feito o estudo da sintaxe da oração. Verbos impessoais | Predicação verbal Sete perguntas sobre os refugiados e migrantes que estão morrendo no Mediterrâneo Com a morte por afogamento de aproximadamente 1 700 refugiados e migrantes somente este ano (2015), uma emergência humanitária está se expandindo no Mediterrâneo. Enquanto os líderes da União Europeia determinam como abordá-la, analisaremos por que isso está ocorrendo e o que podemos fazer para ajudar. 1. Por que tantas pessoas estão se afogando no Mediterrâneo? Durante este ano, um número sem precedentes de refugiados e migrantes está tentando chegar à Europa em embarcações superlotadas e perigosas, controladas por traficantes de pessoas. Quando seus barcos viram ou apresentam problemas, nem sempre há ajuda por perto. No final de 2014, a Itália e a UE decidiram pôr fim à Mare Nostrum, a operação humanitária da marinha italiana que resgatou mais de 166 000 pessoas em apenas um ano. A UE substituiu esta operação por outra muito menor denominada Triton, que patrulha principalmente as fronteiras perto da terra firme, em vez de salvar vidas em mar aberto. Além disso, conta com barcos menores e menos aviões, helicópteros e pessoal. Como consequência, a busca e salvamento das pessoas depende novamente, em sua maior parte, das guardas-costeiras e dos navios comerciais. 2. Por que as pessoas viajam na rota migratória mais fatal do mundo? (Disponível em: <http://anistia.org.br/>.) A Europa se converteu em uma fortaleza quase impenetrável, e os refugiados têm enormes dificuldades de chegar sem riscos e legalmente a um país da UE. Muitas pessoas fogem do conflito, da violência e da perseguição. Para elas, pagar milhares de dólares a um traficante para atravessar o mar em uma barca frágil é quase a única opção que lhes resta. [...] 3. De onde exatamente vêm todas essas pessoas? lazyllama/Shutterstock Muitas, incluindo famílias com crianças pequenas, fugiram de países arrasados pela guerra, como Síria, Afeganistão, Sudão e Iraque. Outras foram perseguidas por suas opiniões políticas, torturadas e, inclusive, ameaçadas de morte se ficassem [em seus países]. [...] 4. Por que a Europa deveria ajudar? 38 POR A EM16_2_POR_A_03 Os governos europeus enfrentam um tremendo dilema de vida ou morte. Não fazer o suficiente para ajudar agora mesmo é desumano e indefensável, equivalente a içar a ponte levadiça enquanto crianças, homens e mulheres morrem fora de nossas muralhas. Pedir asilo é um direito humano, uma parte essencial dos acordos internacionais sobre refugiados que quase todos os governos assinaram depois da Segunda Guerra Mundial. Mas os governos europeus estão colocando enormes obstáculos para as pessoas que suportaram tanta coisa. Por exemplo, ofereceram um total de apenas 40 137 lugares de reassentamento para refugiados sírios, 30 000 deles somente na Alemanha. Em compensação, somente cinco países vizinhos da Síria acolheram 3,9 milhões de refugiados. 5. O que a UE pode fazer agora mesmo para impedir estas mortes? Todos os países europeus necessitam trabalhar juntos urgentemente para lançar uma operação humanitária de salvamento de pessoas no mar. Isso significa compartilhar o custo de barcos, aviões, helicópteros e pessoal suficientes para resgatar as pessoas que cruzam o Mediterrâneo a partir de agora. Enquanto se organiza esta operação, devem dar à Itália e Malta suficiente apoio econômico e logístico para redobrar o trabalho de busca e salvamento que suas guardas costeiras realizam. 6. O que deveria ocorrer em longo prazo? As pessoas não deixarão de fugir da guerra, da perseguição e da pobreza. Quando a UE estabelecer sua nova agenda sobre migração em maio, terá que oferecer-lhes vias para pedir asilo na Europa sem riscos e legalmente, sem pôr a vida em risco. Além disso, os governos da UE devem dar a mais refugiados a oportunidade de mudar de vida e reassentá-los em seus países. 7. O que eu posso fazer para ajudar? Assine a petição aos governos da UE, em inglês, e divulgue amplamente entre seus conhecidos. Acesse o site, clique em Sign e preencha seus dados: nome, sobrenome, e-mail e país. Juntos podemos demonstrar que não toleramos que o Mediterrâneo se converta em um cemitério. (Anistia Internacional. Disponível em: <https://anistia.org.br/sete-perguntas-sobre-os-refugiados-e-migrantes-que-estaomorrendo-mediterraneo/>. Acesso em: 30 abr. 2015.) 1. O texto consiste num artigo informativo, veiculado no site da Anistia Internacional. a) Do que trata o texto? O texto trata da situação precária dos imigrantes que atravessam o Mar Mediterrâneo em direção à Europa. Os verbos “fazer” e “ajudar” estão no infinitivo porque têm b) Qual o posicionamento apresentado nele? papel de objeto na sentença. O verbo “fazer” complementa O texto critica a atitude da UE e dos governos europeus no que tange às políticas de salvamento e acolhimento dos imigrantes que fazem a travessia do Mar Mediterrâneo e defende que a situação na qual essas pessoas se encontram é desumana. c) Releia o penúltimo parágrafo. Considerando seu conteúdo e o domínio em que foi publicado, qual o objetivo final do texto? O texto tem por objetivo informar o leitor sobre a situação dos imigrantes no Mediterrâneo e, por fim, convidá-lo a ajudar na melhoria da situação dessas pessoas, por meio de petição e doações. 2. Leia o parágrafo a seguir. “[...] uma emergência humanitária está se expandindo no Mediterrâneo. Enquanto os líderes da União Europeia determinam como abordá-la, analisaremos por que isso está ocorrendo e o que podemos fazer para ajudar.” Os verbos em destaque estão em diferentes tempos verbais, no entanto, estabelecem relação entre si, expressando um encadeamento dos fatos aos quais se referem. a) Em que tempo verbal estão cada um dos verbos destacados? “Expandindo”: gerúndio; “determinam”: presente do indicativo; “analisaremos”: futuro do presente do indicativo; “ocorrendo”: gerúndio. b) A partir do tempo verbal dos termos destacados e de sua relação entre si, determine a ordem cronológica na qual os eventos ocorrem. EM16_2_POR_A_03 c) Na última sentença do parágrafo, “[...] o que podemos fazer para ajudar.”, apenas o verbo “poder” está conjugado. Em que tempo verbal ele se encontra? Por que os verbos “fazer” e “ajudar” estão no modo infinitivo? Os verbos “expandindo” e “ocorrendo” estão no gerúndio, indicando que os eventos se passam no momento da fala. Ao empregar o verbo “determinam” no presente, este também estabelece que o evento ocorre no momento da fala, no intervalo de tempo que toma o evento mencionado anteriormente a ele. Por fim, “analisaremos” está no futuro, tendo como ponto de partida o evento “determinam”. “podemos”, ao passo que “ajudar” é objeto indireto de “fazer”. 3. Observe os seguintes usos do verbo “haver” no texto. I. “Quando seus barcos viram ou apresentam problemas, nem sempre há ajuda por perto.” II. “Mas há mais que chegam da África Subsaariana fugindo das penúrias e pobreza.” a) Nas sentenças, o verbo “haver” está no presente do indicativo. Explique o que esse tempo verbal denota nas sentenças. Esse tempo verbal denota que as ações ocorrem no momento em que se narram os fatos. Nesses casos, o verbo "haver" tem sentido de “existir”. b) Na sentença I, o verbo não possui sujeito. Você sabe por quê? Professor, espera-se que o aluno perceba a impessoalidade do verbo "haver". 4. Reescreva a sentença II substituindo o verbo haver por outro verbo sem alterar o sentido da sentença. “Mas existem mais que chegam...” Professor, o aluno pode não chegar a essa resposta. O objetivo da atividade é estimulá-lo a perceber que certos verbos não possuem qualquer termo que estabeleça relação de sujeição. POR A 39 Verbos impessoais Verbos impessoais são aqueles que não têm sujeito. Eles são particulares, pois o sujeito é o ser sobre o qual se faz a declaração verbal. Assim, os verbos impessoais podem até fazer ligação com outros sintagmas, mas o sujeito será sempre inexistente. `` Exemplos: a) Haver (nos sentidos de "existir" ou "de acontecer"). b) Haver, ir e fazer (indicando tempo decorrido). c) Verbos que indicam fenômenos da natureza. d) Verbos “chegar (de)”, “bastar (de)”, “passar (de)” sem sujeito aparente. e) “Ser” indicando tempo (hora, data) e distância. Concordância dos verbos impessoais Retome os exemplos anteriores e observe. ●● Os verbos impessoais em (a), (b), (c) e (d) se flexionam apenas na 3.ª pessoa do singular. ●● O verbo “ser” impessoal concorda com o predicativo (na 3.ª pessoa do singular ou na 3.ª pessoa do plural). `` Exemplos: a) Haver X existir (acontecer): Há um gato ali. Existe um gato ali. (um gato: sujeito) (um gato: OD) Há uns gatos ali. Existem uns gatos ali. (uns gatos: sujeito) (uns gatos: OD) Note que o verbo “haver” é impessoal; “existir” não é, portanto, tem sujeito. Havia um problema. Existia um problema. Havia vários problemas. Existiam vários problemas. Haverá acidentes na estrada. Acontecerão acidentes na estrada. (sujeito) Se não houvesse aquelas guerras, o mundo seria totalmente diferente hoje. Se não acontecessem aquelas guerras, o mundo seria totalmente diferente hoje. Deve haver muitas dúvidas sobre este assunto. Devem existir muitas dúvidas sobre este assunto. (sujeito) Vai haver polêmica. Vai acontecer polêmica. (sujeito) b) Haver, fazer e ir (indicando tempo): Faz um ano que não a vejo. (um ano: OD) Faz dez anos que não a vejo. Conheço-a há dez anos. Havia uns cinco dias desde que ela adoecera. Deve fazer uns mil anos que isso aconteceu. c) Verbos que indicam fenômeno da natureza: Chove. Trovejou bastante ontem. Está frio. Está uns quinze graus agora. Fez invernos rigorosos naquele ano. Vai chover chuvas fortes esta semana. 40 POR A EM16_2_POR_A_03 Vai para dez anos que ele morreu. d) Chegar de, bastar de e passar de: “Chega de saudade...” Basta de choro! Passava das dez quando ela saiu. e) Verbo ser impessoal: É uma hora. (uma hora: predicativo) São duas horas. Eram dez de agosto. É primeiro de julho. É dia quinze de maio. São quinze de maio. São quinze quilômetros até lá. Devem ser umas dez horas. Obs.: É meio-dia e meia. Vamos analisar a concordância dos verbos destacados nos exemplos a seguir e, se estiver inadequada, corrigi-la. a) Não podem haver dúvidas neste assunto. Locução verbal “poder haver”. Quem determina a sintaxe é “haver”; quem se flexiona é “poder”. Sendo “haver” impessoal no sentido de existir, o auxiliar deve se flexionar na 3.a pessoa do singular. A concordância está inadequada. Não pode haver dúvidas neste assunto. b) Vão fazer meses que ele não nos visita. Locução verbal “ir fazer”. Quem determina a sintaxe é “fazer”; quem se flexiona é “ir”. Sendo “fazer” impessoal indicando tempo decorrido, o auxiliar deve se flexionar na 3.a pessoa do singular. A concordância está inadequada. Vai fazer meses que ele não nos visita. c) Existe muitas coisas para fazermos. “Existir” não é impessoal, portanto, concorda com o sujeito “muitas coisas”. A concordância está inadequada. Existem muitas coisas para fazermos. d) Haverá mudanças nesta empresa. “Haver” é impessoal no sentido de existir, portanto, concorda na 3.a pessoa do singular. A concordância está adequada. e) Daqui até minha casa é uns três quilômetros. O verbo “ser” é impessoal indicando distância, mas é uma exceção entre os impessoais, pois concorda com o predicativo “uns três quilômetros”. A concordância está inadequada. Daqui até minha casa são uns três quilômetros. f) Agora fazem dez graus em Belo Horizonte. Deve haver muitas dúvidas sobre este assunto. Devem existir muitas dúvidas sobre este assunto. (sujeito) Vai haver polêmica. Verbos que indicam fenômeno da natureza são impessoais e devem concordar na 3.a pessoa do singular. A concordância está inadequada. Agora faz dez graus em Belo Horizonte. EM16_2_POR_A_03 g) Se não nos programássemos, poderia haver muitos problemas para resolvermos agora. Locução verbal “poder haver”. Quem determina a sintaxe é “haver” e quem se flexiona é “poder”. Sendo “haver” impessoal, nesse caso, o auxiliar deve se flexionar na 3.a pessoa do singular. A concordância está adequada. Vai acontecer polêmica. (sujeito) No caso de uma locução verbal (verbo auxiliar + verbo principal "haver"), o verbo impessoal (haver) transmite sua impessoalidade ao verbo auxiliar, que, portanto, não se flexiona. Exemplos: Deve haver maneiras de resolver essa situação. Vai haver novas reuniões do grupo. POR A 41 Ciclo trigonométrico e arcos côngruos Circunferência trigonométrica | Medida de arcos em radianos | Arco trigonométrico | Relações fundamentais | Relações auxiliares tock 07/ nka0 Ben Stansall/AFP oksa ters Shut Operários subiram no Big Ben, em Londres, para limpar uma das quatro faces do relógio mais famoso do mundo. Equipados com cordas e protetores auriculares, os técnicos literalmente escalaram o campanário do Palácio de Westminster, sede do Parlamento britânico. (Disponível em: <http://veja.abril.com.br/multimidia/galeria-fotos/imagens-do-dia-19-de-agosto-2014/>. Acesso em: 23 abr. 2015.) Considere as seguintes informações: ●● a altura do chão até a base do relógio é igual a 89 metros; ●● o diâmetro do relógio é 7 metros; II 90 cm ●● a distância entre um numeral do relógio e seu extremo é 90 cm, como representa a figura ao lado. a) A que altura do chão encontra-se um operário que está limpando o relógio exatamente no ponteiro das horas quando este marca 2 h? 240 MAT B 41451_MIOLO_EM16_2_MAT_2_L1.indb 240 EM16_2_MAT_B_03 vichie81/Shutterstock b) Existe outra posição em que a altura do operário permanece a mesma que a obtida no item a. Essa posição corresponde a que horário? 18/09/2015 15:18:13 Circunferência trigonométrica É uma circunferência orientada de raio unitário. Nessa circunferência, fixa-se um ponto (A) como origem dos arcos e convenciona-se o sentido anti-horário como positivo e o horário como negativo. O R=1 A Os antigos babilônios, começaram os seus estudos trigonométricos por meio do círculo trigonométrico, o que lhes possibilitou as primeiras descobertas. Medida de arcos em radianos A medida de um arco, em radianos, é a razão entre o comprimento do arco e o raio da circunferência. 180º equivale a π rad, R a 90º equivale a rad 2 ... e assim por diante. É interessante observar que para calcularmos π basta dividir o comprimento de uma circunferência pelo seu diâmetro. R A a = ângulo central medida de a = medida do arco AB = comprimento do arco AB Pela definição, temos: a= 2πR = = 2π rad R R Portanto, 360º equivale a 2π rad, B O a= R O arco AB medirá 1 radiano (1rad) se o seu comprimento for igual ao raio da circunferência. O arco de uma volta, cuja medida em graus é 360 º, tem comprimento igual a 2πR. A sua medida em radianos será: `` Exemplo: Calcular o comprimento do arco AB definido numa circunferência de raio r = 10 cm, por um ângulo central de 120º. Solução: 1.º passo: passar 120 º para radianos. 180º – 1π rad 120º – x x = 2π rad 3 2. º passo: usar a relação a = ⇒ 2π = ⇒ = 20π ≅ 20,9 cm R 3 10 3 Arco trigonométrico Analogamente, chama-se de ângulo trigonométrico AÔP o conjunto de todos os ângulos de lados OA e OP. P a O A Chama-se de arco trigonométrico o conjunto de todos os arcos com origem em A e extremidade em P. EM16_2_MAT_B_03 Na figura exemplificada, a é a medida de 1.ª determinação positiva do arco AP e é o comprimento do arco. 41451_MIOLO_EM16_2_MAT_2_L1.indb 241 Aos arcos (ou ângulos) que possuam a mesma origem e a mesma extremidade, denominamos arcos (ou ângulos) côngruos. `` Exemplo: 40 º, –320 º, 760 º, 1 120 º são medidas de arcos (ou ângulos) côngruos. Veja a congruência. –320 º = 40 º + (–1) · 360 º ⇒ –320 º – 40 º = (–1) · 360 º 760 º = 40 º + (2) · 360 º ⇒ 760 º – 40 º = (2) · 360 º • O ângulo a será sempre em radianos. • Comprimento da circunferência (C): C = 2πR R = raio Trigonometria, palavra que significa medida do triângulo, teve origem quando ainda se acreditava que os planetas descreviam órbitas circulares ao redor da terra, surgindo o interesse de relacionar o comprimento da corda de uma circunferência com o ângulo central por ela subentendido. O objetivo inicial da trigonometria era a resolução de problemas com triângulos. Posteriormente foram surgindo as noções de seno, cosseno e seus associados: tangente, cotangente, secante e cossecante. Ao longo dos anos, as funções trigonométricas foram ficando mais abrangentes, surgindo então a sua aplicação na Astronomia, no cálculo do raio da Terra e na incidência dos raios de Sol na Terra. (Disponível em: <www. revistadialogos.com.br/Dialogos_11/ pdf/Artigo_Janaina.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2015.) MAT B 241 18/09/2015 15:18:18 Número π: histórico, sua irracionalidade e transcendência [...] Desde que o homem conseguiu um grau razoável de civilidade, ele começou a interessar-se por problemas de medidas de comprimentos e áreas. Um problema particularmente importante, que gerou certa curiosidade, foi o cálculo do comprimento de uma circunferência cujo diâmetro era conhecido. O primeiro fato importante notado pelos geômetras da Antiguidade foi que quanto maior o diâmetro, maior o comprimento, mais ainda, que o comprimento da circunferência é proporcional ao seu diâmetro. Se indicarmos por C o comprimento e por D o diâmetro, isso significa que o quociente C/D é constante, qualquer que seja a circunferência considerada. Medidas experimentais mostravam que essa constante era um pouco maior do que três. Os geômetras na Antiguidade usaram, com muito sucesso, valores aproximados para essa constante, como 22/7. Assim, o número π surge na Matemática como a razão entre o perímetro de uma circunferência e o seu diâmetro. Essa é uma das várias definições possíveis e, tal como todas as outras, pode esconder a complexidade e a beleza desse número. [...] (Disponível em: <www.ucb. br/sites/100/103/TCC/12005/ GilvaneideLucenadosSantos.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2015.) 1120 º = 40 º + (3) · 360 º ⇒ 1120 º – 40 º = (3) · 360 º Por meio do exemplo dado é possível observar que os arcos são côngruos quando suas medidas diferem de um múltiplo de 360 º ou 2π rad. É interessante observar que se existe a igualdade a – q = k · 360 º, k , a e q são arcos ou ângulos côngruos. Expressão geral AP = a + k · 360 º (em graus) ou AP = a + 2kπ (em radianos) k , ou seja, k {... –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3...} AP = a (1.ª Observe que quando k = 0 determinação positiva ou negativa). `` Exemplo: Determine a 1.ª determinação positiva dos arcos: a) 1 280 º 1 280o 360o 200o 3 1 280o = 200o + 3 · 360o 200o é a 1.a determinação positiva de 1 280o. b) 7π 3 7π = 7 · 180 º = 420 º 3 3 420o 360o 60o 1 420o = 60o +1 · 360o 60 º = π é a 1.ª determinação positiva de 7π . 3 3 c) –840 º – 840o 360o –120o 2 Atenção: –840o = –120 – 2 · 360 º –120 o é a 1. a determinação negativa de –840 o e a 1. a determinação positiva será –120o + 360o = 240o. Relações fundamentais As relações fundamentais são uma generalização do que ocorre num triângulo retângulo para o círculo trigonométrico. Seja o triângulo ABC e x um de seus ângulos agudos. sen2x + cos2x = 1 Além disso, é interessante recordar algumas razões trigonométricas obtidas do triângulo A’B’C’: Função tangente: tgx = senx cosx Função cotangente: cosx senx cotgx = Dividindo-se as medidas dos seus três lados pela medida da hipotenusa, obtém-se: Função secante: secx = Observe que os triângulos ABC e A’B’C’ são semelhantes e, por consequência, têm os ângulos correspondentes congruentes. 1 cosx Função cossecante: cossecx = 1 senx Utilizando o teorema de Pitágoras no triângulo A’B’C’ chega-se à seguinte relação fundamental: Relações auxiliares Dividindo os dois membros da relação sen2 x + cos2 x = 1 por cos2 x, tem-se: sen2 x + cos2 x = 1 por sen2 x, temos: ⇒ sen2 x + cos2 x 1 = ⇒ 2 cos2 x cos x sen2 x cos2 x 1 + =⇒ cos2 x cos2 x cos2 x tg2 x + 1 = sec2 x 242 MAT B 41451_MIOLO_EM16_2_MAT_2_L1.indb 242 ⇒ sen2 x + cos2 x 1 = ⇒ sen2 x sen2 x sen2 x cos2 x 1 + = sen2 x sen2 x sen2 x 1 + cot g2 = cos sec2 x EM16_2_MAT_B_03 Dividindo os dois membros da relação 18/09/2015 15:18:20 Tecnologia JPRichard/Shutterstock Matemática Equações deixam prédios transparentes Para Alexander J. Hahn, professor de matemática na Universidade de Notre Dame (Estados Unidos), a matemática permite ao homem ver aquilo que, de outra forma, jamais poderia ver. Ao usar ferramentas matemáticas para estudar prédios antigos e novos, Alex percebeu que, quando os matemáticos criam conceitos novos, arquitetos talentosos transformam tais conceitos em construções mais ousadas Em 2012, Alexander J. Hahn lançou um livro sobre matemática e arquitetura (Mathematical Excursion to the World’s Great Buildings, isto é, Excursões Matemáticas aos Grandes Prédios do Mundo), mas não deixa que ninguém tente classificá-lo como “um matemático que gosta de arquitetura”: ele até aceita o rótulo, no fim das contas, mas antes disso protesta. “Nos últimos poucos anos”, diz Alex, “tenho tido grande satisfação quando consigo interligar tópicos da matemática elementar a outras disciplinas. Um livro sobre as interconexões entre a matemática elementar e a arquitetura foi apenas minha realização mais recente. No fundo, contudo, ainda sou um algebrista.” [...] Todo prédio bonito tem alguma característica matemática comum? Algumas coisas são óbvias. Para quem tem prática, é fácil sugerir o círculo de curvatura de um arco. Mas, para mim, o principal desafio é captar os aspectos quantitativos que revelam a estrutura de uma construção, e essa revelação deve me surpreender. Por exemplo: pense nos arcos romanos, como aqueles que vemos em aquedutos. Quais forças laterais são geradas nessa estrutura semicircular? Para obter a resposta, precisamos de trigonometria e das propriedades básicas dos vetores. Pego as forças envolvidas e as decomponho em componentes vetoriais verticais e horizontais. Os vetores verticais têm a ver com a força da gravidade e com a massa, e nos dizem quais forças a estrutura pode aguentar. Os vetores horizontais têm a ver com as forças restantes. Num aqueduto romano, o intervalo entre os arcos é uma espécie de resposta a esses vetores horizontais. Então, a matemática me dá ideias que uma descrição verbal da construção ou que um desenho não me daria. Os antigos romanos não sabiam de nada disso tudo, como é óbvio: seus conhecimentos foram obtidos por tentativa e erro. Para eles, seria impossível construir algo como a ópera de Sydney [na Austrália]. (Disponível em: <www.revistacalculo.com.br/equacoes-deixam-predios-transparentes/>. Acesso em: 25 abr. 2015.) O arco na arquitetura – história Os construtores da antiguidade dispunham de limitados materiais para fazer suas construções. Entre esses materiais tinham a madeira e a pedra. A madeira, pela sua pequena resistência e pouca durabilidade não era dos melhores materiais. As pedras apesar de difíceis de serem removidas e trabalhadas, apresentavam grande resistência a compressão e grande durabilidade. Foram desenvolvidas então, técnicas para melhor se aproveitar essas características da pedra. Os etruscos iniciaram e depois os romanos aperfeiçoaram a construção de arcos. Conseguem-se vãos muito maiores com arcos do que com vigas retas, por isso eles são muito usados na construção de pontes e viadutos. Arcos podem vencer vãos de cerca de 300 m e se forem metálicos podem chegar a 550 m. Mas além da sua função prática de distribuição da carga o arco possui também uma forte componente decorativa permitindo uma grande varidedade formal. (Disponível em: <www.uel.br/ cce/mat/geometrica/php/dg/ dg_8t.php>. Acesso em: 30 abr. 2015.) EM16_2_MAT_B_03 Visun Khankasem/Shutterstock Considere que a medida de um arco romano é expressa por 200º e escreva essa medida em radianos. 41451_MIOLO_EM16_2_MAT_2_L1.indb 243 MAT B 243 18/09/2015 15:18:25 CÓDIGO 3 .a Série Sem título-11 1 Ensino Médio Livro 1 - Professor 18/09/2015 17:42:11 Variações das heranças monofatoriais tock lfio/ tti A Scise Variações das heranças monofatoriais | Heredogramas (genealogias) ters Shut Doenças genéticas recessivas Genes deletérios: genes que apresentam mutações que provocam anomalias. Casal consanguíneo (endogamia): dois indivíduos geneticamente relacionados. Quando um casal possui um ascendente em comum, como os primos que possuem o mesmo casal de avós. Professor, acesse você também o site da sociedade brasileira de genética, disponível em <http://geneticanaescola.com.br/>, onde você poderá selecionar diversos materiais didáticos, textos e atividades que irão enriquecer as suas aulas de Genética e Biologia Evolutiva. “[...] Os riscos genéticos de casais aparentados estão aumentados com relação a doenças que têm herança recessiva, ou seja, aquelas nas quais a criança tem de herdar uma dose dupla do gene alterado (mutante) para que a doença se instale. Indivíduos que possuem uma única dose de um gene recessivo são sadios e chamados de portadores. A maioria dos genes recessivos em uma população está “escondida” em portadores sadios. Na verdade, estudos demonstraram que cada um de nós é portador, em dose única, de três a cinco genes deletérios que seriam letais em dose dupla. Entretanto, a frequência de doenças recessivas se mantém baixa na população, porque para que um portador tenha um filho afetado é necessário que a sua parceira também seja portadora. Se a parceira não for consanguínea, a probabilidade de que isso aconteça vai depender da frequência do gene na população, mas em geral será muito baixa. Por outro lado, se a parceira for parente, o risco de um filho do casal receber um gene mutante em dose dupla aumenta. O impacto real desse aumento para os casais consanguíneos é que precisa ser bem entendido para informar as suas decisões reprodutivas. Uma conclusão importante dessa explicação é que o maior risco genético de casais consanguíneos refere-se apenas a uma categoria específica de doenças genéticas raras, que são as doenças recessivas. O risco de doenças cromossômicas, como a síndrome de Down, não aumenta com a consanguinidade. Na avaliação do casal consanguíneo, é necessário obter uma história familiar detalhada para estabelecer de forma precisa o grau de consanguinidade e para identificar casos prévios de doença genética na família. Se for verificada alguma doença genética, principalmente do tipo recessivo, o risco para o casal precisa ser calculado de acordo com as regras mendelianas bem conhecidas. “[...]”. (Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/colunas/deriva-genetica/2018passione2019-e-a-genetica-deprimos/?searchterm=casamentos%20consangu%C3%ADneos>. Acesso em: 27 fev. 2015.) De acordo com o exposto, responda: a) Por que os descendentes de casamentos consanguíneos podem ter maior probabilidade de apresentar determinadas doenças genéticas? Porque os casamentos consanguíneos podem apresentar indivíduos normais que possuem uma única dose de um alelo recessivo deletério, ou seja, que causa alguma doença genética. Assim, os descendentes desses casamentos podem estar mais sujeitos a herdar uma dose dupla desse gene alterado. b) Justifique a frase: “A maioria dos genes recessivos em uma população está “escondida” em portadores sadios”. O indivíduo pode ser considerado sadio, mas apresenta o alelo deletério em dose única, pois é heterozigoto. Assim, ele é apenas portador do alelo deletério. 464 BIO A 41454_MIOLO_EM16_3_BIO.indb 464 EM16_3_BIO_A_02 Balkonsky/Shutterstock 14/09/2015 19:14:35 Variações das heranças monofatoriais Vimos anteriormente os cruzamentos que envolvem o raciocínio matemático com base na Primeira Lei de Mendel, em que analisamos um caráter com duas variedades de alelos (monoibridismo com dominância). Veremos agora algumas variações existentes nos estudos de Genética e que não seguem as normas básicas da Primeira Lei de Mendel. Nesses casos, as proporções obtidas entre os descendentes apresentam algumas modificações em relação ao que já estudamos. Entre elas, temos a herança sem dominância (herança intermediária ou incompleta) e a letalidade (alelos letais). Para que possamos realizar os cálculos da descendência nas heranças, teremos algumas noções de probabilidade. Noções de probabilidade A Genética moderna norteia suas experiências com base nos princípios da probabilidade. O raciocínio matemático das experiências realizadas por Gregor Mendel foi, possivelmente, um dos motivos pelos quais suas ideias tenham sido incompreendidas por muitos anos. Qual a diferença entre proporção genotípica e proporção fenotípica? A proporção genotípica refere-se aos alelos que os descendentes podem apresentar, enquanto a proporção fenotípica refere-se às características manifestadas. Por exemplo: do cruzamento entre heterozigotos (Aa X Aa), podem-se esperar as seguintes proporções: •• proporção genotípica: 1:2:1. Nesse caso, um indivíduo é homozigoto dominante (AA); dois indivíduos são heterozigotos (Aa) e um indivíduo é homozigoto recessivo (aa). •• proporção fenotípica: 3:1. Nesse caso, três indivíduos apresentam a característica dominante e um indivíduo possui a característica recessiva. Para podermos calcular a possibilidade de um acontecimento em Genética, precisamos ter algumas noções básicas de probabilidade. Os cálculos envolvendo as probabilidades se resumem em dividir o número de eventos desejados pelo número total de eventos. Por exemplo, quando jogamos uma moeda para cima, esperamos obter cara ou coroa. IESDE BRASIL S/A Se desejarmos retirar a face cara no sorteio, equivale dizer que desejamos um evento em dois possíveis, ou seja, a probabilidade de jogarmos a moeda e conseguirmos a face cara é de 1/2. Probabilidade = N.º de eventos desejados N.º de eventos possíveis Outro exemplo, ainda fora da Genética, é o lançamento de um dado. Seus seis lados concorrem com a mesma chance, pois cada um deles tem 1/6 de probabilidade de ser obtido num sorteio aleatório. Aplicando exemplos na Genética, podemos considerar um casal de heterozigotos (Aa x Aa) e calcular como pode ser a descendência. Gametas A A A AA Aa a Aa Aa Como podemos perceber, existem quatro possíveis descendentes (AA, Aa, Aa e aa) para esse casal, e cada um deles concorre com a mesma probabilidade, ou seja, 1/4. No entanto, se o casal desejar um descendente heterozigoto (Aa), a chance é de 2/4 ou ½, pois existem duas possibilidades de descendentes com o genótipo Aa, num total de quatro possibilidades. EM16_3_BIO_A_02 Com essa breve noção, podemos conhecer as duas regras básicas dos cálculos em probabilidade. Os cálculos probabilísticos nos mostram resultados que nós esperamos que ocorram, entretanto, nem sempre acontecem dessa maneira. Por exemplo, ao jogarmos uma moeda duas vezes, não conseguiremos obter obrigatoriamente a face cara numa jogada e a coroa na outra. Podemos obter a mesma face nas duas jogadas. Por isso, o resultado mais próximo do que esperamos pode ser obtido com o maior número de jogadas. Com 500 jogadas, é bem possível que tenhamos 50% de face cara e 50% de face coroa. Nos cálculos genéticos isso também acontece, pois quanto maior for o número de descendentes, que se reproduzem rapidamente, melhor é a avaliação estatística dos resultados obtidos. 41454_MIOLO_EM16_3_BIO.indb 465 Professor, aproveite o momento para ressaltar a importância de cada disciplina enfatizando que, apesar do ensino ocorrer separadamente, elas se relacionam e, em alguns momentos, a interdisciplinaridade é essencial. Acesse o site <http://geneticanaescola. com.br/>. Lá você encontra a revista semestral publicada pela sociedade brasileira de genética com acesso à interessantes informações. BIO A 465 14/09/2015 19:14:37 Herança sem dominância ou Existem diversos outros exemplos de herança sem dominância (intermediária), como a forma do rabanete (raiz) ou do pepino (fruto), que pode ser longa (LL), redonda (RR) e oval (LR), a pelagem malhada de certas raças de animais, a cor do fruto da berinjela, entre outros. ou IESDE BRASIL S/A 1 1 1 = x 2 6 12 No caso da determinação sexual, lembre-se de que o homem apresenta dois cromossomos sexuais diferentes (X e Y) e a mulher possui dois cromossomos sexuais iguais (XX). Como qualquer um dos cromossomos do homem pode fecundar o ovócito feminino, deve-se sempre usar a probabilidade de 1/2 para a determinação do sexo. Probabilidades Ocorrência de um evento ou outro: adição das probabilidades. Ocorrência de um evento e outro: multiplicação das probabilidades. Devemos destacar que a probabilidade de um evento ocorrer independe desse evento já ter ocorrido em tentativas anteriores. 41454_MIOLO_EM16_3_BIO.indb 466 Um só caráter de cada vez Cromossomos homólogos Regra do E (multiplicação): caracteres diferentes e BIO A Dois alelos: um não domina o outro 1 1 1 1 3 + = = + 2 6 6 6 6 Esta regra é usada para eventos em que a ocorrência de um não interfere na ocorrência de outro, ou seja, eles são independentes. O lançamento de um dado é independente do lançamento de uma moeda. O cálculo da probabilidade de dois eventos independentes é obtido pela multiplicação das probabilidades isoladas. Por exemplo: qual a probabilidade de jogarmos uma moeda e um dado e conseguirmos, simultaneamente, coroa na moeda e número 5 no dado? 466 Lócus IESDE BRASIL S/A Para calcular a probabilidade de um evento ou outro ocorrer, devemos somar as probabilidades isoladas. Por exemplo: qual a probabilidade de lançarmos um dado e conseguirmos um número par? Em determinados casos genéticos não existe a manifestação do alelo totalmente dominante e nem o alelo totalmente recessivo. O par heterozigoto condiciona a existência de um fenótipo intermediário ou diferente dos observados nos pais homozigotos. A diferença dos padrões de herança entre aqueles que apresentam dominância e os que não apresentam dominância está no efeito dos alelos que o indivíduo heterozigoto possui. Observe o esquema a seguir: Três variedades fenotípicas Dominância incompleta ou intermediária A dominância incompleta não foi objeto de pesquisas de Gregor Mendel, no entanto, a segregação dos genes, durante a formação dos gametas, ocorre do mesmo modo ao enunciado na Primeira Lei de Mendel. As únicas mudanças são: •• aparecimento de um terceiro fenótipo ou intermediário aos homozigotos; •• mesmas proporções fenotípicas e genotípicas; •• não usamos os termos “alelo dominante” e nem “alelo recessivo”; •• a representação gráfica desses alelos pode ser feita, usando–se •• a letra inicial maiúscula do fenótipo existente no homozigoto. Exemplo 1: herança da cor das pétalas da flor maravilha (Mirabilis jalapa) A cor da corola (pétalas) das flores é determinada por um par de alelos (V e B) e pode ser vermelha, branca ou rósea. Os indivíduos com genótipo VV apresentam flor vermelha, o genótipo BB manifesta coloração branca e os heterozigotos (VB) são intermediários, pois possuem cor rósea. Notamos, portanto, que não há dominância entre os alelos V e B, uma vez que nos heterozigotos surge uma característica intermediária entre aquelas determinadas por cada um dos alelos V e B. EM16_3_BIO_A_02 Esta regra é usada para eventos mutuamente exclusivos, ou seja, quando a ocorrência de um impede a ocorrência do outro. Numa mesma jogada, uma moeda não pode mostrar cara e coroa, ela deve mostrar cara ou coroa. Quando um dado é lançado, deve aparecer uma de suas faces (1 ou 2 ou 3 ou 4 ou 5 ou 6) e não duas faces simultaneamente. IESDE BRASIL S/A Regra do OU (adição): o mesmo caráter 14/09/2015 19:14:41 Observe a seguir: Caráter Alelos Genótipos VeB (sem dominância) Cor das pétalas da flor Fenótipos VV (Homozigoto) Pétalas vermelhas VB (Heterozigoto) Pétalas róseas BB (Homozigoto) Pétalas brancas Cruzamento: __ Ilustração do cruzamento entre as plantas Mirabilis jalapa, mostrando a herança da cor das pétalas. P) Vermelha Branca TOSHIAKI ONO/amanaimages/Corbis/Latinstock F1 Rosa F2 G ARCHER SCIENCE PHOTO LIBRARY/Latinstock Vermelha Rosa 25% P) Flores vermelhas VV x V VB Flores rosa 25% BB B F1) EM16_3_BIO_A_02 Branca 50% G) F1) Rosa VB Flores brancas Fecundação cruzada 100% Flores rosa VB x Flores rosa G) V B V B F2) VV VB VB BB Autofecundação Genótipo ¼ ou 25% VV ½ ou 50% VB ¼ ou 25% BB Proporção genotípica 1 (VV) : 2 (VB) : 1 (BB) Fenótipo ¼ ou 25% Vermelhas ½ ou 50% Róseas ¼ ou 25% Brancas Proporção fenotípica 1 (Vermelha) : 2 (Róseas) 1 (Branca) 41454_MIOLO_EM16_3_BIO.indb 467 aa Flores da planta Mirabilis jalapa, mostrando as três variedades de cores da herança intermediária: branca (BB), vermelha (VV) e rósea (VB). BIO A 467 14/09/2015 19:14:48 Radioatividade slak Krze EML/Shutterstock Piotr Descoberta da radioatividade | Radioatividade na natureza | Radiação alfa | Decaimento beta | Decaimento gama | Meia-vida e vida média | Séries ou famílias radioativas | Fissão nuclear | Fusão nuclear k rstoc tte /Shu No dia 6 de agosto de 1945, o piloto do Enola Bay, Paul Tibbets, lança a primeira bomba atômica utilizada em uma guerra. Intitulada Little boy, ela produziu uma explosão equivalente a 15 mil toneladas de TNT, arrasando a cidade de Hiroshima, no Japão. O Little Boy destruiu toda construção a um raio de 1,5 km do local da detonação. Pelo menos 70 mil pessoas foram mortas, sem contar os inúmeros habitantes afetados pelas consequências da radiação. Três dias depois, uma segunda bomba, chamada Fat Man, foi lançada em Nagasaki, matando mais de 40 mil pessoas. Em 14 de agosto, o Japão rendeu-se, dando fim à Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos começaram esse empreendimento militar anos antes sob a liderança do general Leslie Richard Groves e do físico Robert Oppenheimer. Denominado Projeto Manhattan, os eventos provocados por ele mudaram drasticamente as guerras bélicas de todo o mundo. 1. De onde vem a imensa quantidade de energia liberada durante a explosão de uma bomba nuclear? Se for uma bomba nuclear à base de fissão nuclear, à energia necessária para tal explosão vem da fissão de átomos pesados: quando um núcleo se fissiona, também libera uma grande quantidade de energia. 2. Cite alguma aplicação tecnológica para o aproveitamento da energia nuclear que não seja para fins bélicos. aa Interior do avião Beechcraft Model 18, modelo usado por Paul Tibbets. Uma possível utilidade para a energia nuclear é transformá-la em energia elétrica em uma usina nuclear. 270 FIS A 41455_MIOLO_EM16_1_FIS_PROF.indb 270 EM16_3_FIS_A_03 argus/Shutterstock bb Explosão nuclear resultado da detonação de uma bomba nuclear. 16/09/2015 14:06:46 Descoberta da radioatividade Becquerel logo descobriu que a radiação emitida pelo urânio ou outros materiais radioativos não era raios-x, mas uma radiação carregada eletricamente, pois a trajetória da radiação emitida podia ser curvada pela ação de um campo magnético. Ao se observar o comportamento da radiação emitida pelos materiais radioativos dentro de um campo magnético, observava-se três situações distintas: dois feixes de radiação curvados em direções opostas e um que não era afetado pelo campo magnético. Havia, portanto, três tipos de radiação: uma contendo cargas elétricas positivas, outra contendo cargas elétricas negativas e um terceiro que era neutro eletricamente. EM16_3_FIS_A_03 A palavra radioatividade foi cunhada por Marie Curie que, com seu marido Pierre Antoine Henri Becquerel (1852-1908) foi o terceiro de sua família a ocupar a cátedra de física do Museu de História Natural de Paris e a pertencer à Academia de Ciência, depois de seu avô, Antoine César, e de seu pai, Alexandre Edmont. Como seus predecessores, Henri era especializado em minerais fosforescentes. SmithsonianInstitutionLibrarie Curie, começaram a investigar os fenômenos descobertos por Becquerel. O casal Curie extraiu urânio puro a partir de minérios de urânio e descobriu, surpreendentemente, que o que havia sobrado emitia mais radiação que o próprio urânio. Marie e Pierre concluíram que deveria haver outros materiais radioativos. A radioatividade contida nos restos do minério após a extração do urânio levou à descoberta do polônio e do rádio, cujas propriedades físicas e químicas foram determinadas somente quatro anos mais tarde. Ernest Rutherford (1871-1937) também estudou exaustivamente a radioatividade e nomeou os três tipos de radiações emanadas por materiais radioativos de radiações alfa, beta e gama, respectivamente. Estudou, também, a penetrabilidade de cada radiação na matéria. ●● Radiação alfa: não era capaz de atravessar alguns centímetros de ar. As partículas que a compõem são carregadas positivamente e cada partícula tem massa quatro vezes superior à massa de um átomo de hidrogênio. Dessa forma, interage mais facilmente com a matéria. ●● Radiação beta: as partículas que a formam movem-se mais rapidamente e são menos massivas, embora sejam carregadas, negativamente ou positivamente. Uma folha de alumínio com 1 mm de espessura consegue detê-la. Marie Curie (1867-1934) nasceu em Varsóvia, na Polônia, é a única pessoa a ganhar um Nobel em duas ciências distintas: o de Física em 1903 e o de Química em 1911. Trabalhou exaustivamente em radioatividade durante toda sua vida, descobrindo os elementos químicos polônio e rádio. Morreu de leucemia, devido à radioatividade, em 1934. ●● Radiação gama: muito mais penetrante que as outras, consegue atravessar vários centímetros de ferro ou chumbo. GeorgiosKollidas/Shutterstock Em 1896, Henri Becquerel, físico e químico francês, estava estudando os raios-x, descobertos por Wilhelm Röntgen no ano anterior, usando materiais naturalmente fosforescentes. Becquerel expôs sulfato duplo de potássio e uranila à luz solar, acreditando que o urânio absorveria a energia solar e reemitiria sob a forma de raios-x, que seria detectável por meio de placas fotográficas. Porém, em 26 e 27 de fevereiro daquele ano, o experimento não pôde ser realizado em virtude do tempo nublado em Paris. Por alguma razão desconhecida, Becquerel guardou o sal fluorescente que não foi exposto à luz solar juntamente com as placas fotográficas. Para sua surpresa, as placas fotográficas foram fortemente impressionadas, provando que o urânio emitia radiação sem uma fonte externa de energia. Dessa forma, a radioatividade tinha sido descoberta. aa Placa fotográfica utilizada por Becquerel impressionada pela radiação emitida pelo urânio. 41455_MIOLO_EM16_1_FIS_PROF.indb 271 FIS A 271 16/09/2015 14:06:51 Radioatividade na natureza A radioatividade é uma parte natural de nosso ambiente. Alguns elementos apresentam isótopos com uma longa meia-vida e ainda estão significativamente presentes na superfície da Terra, como o urânio. A proporção do urânio em relação ao chumbo possibilita estimar a idade da Terra em, aproximadamente, 4,5 bilhões de anos. Muitos isótopos radioativos que estavam presentes no início da história da Terra já decaíram para elementos estáveis. Um dos produtos do decaimento do urânio 238, o radônio-222, possui meia-vida de 3,8 dias, isto é, leva 3,8 dias para que metade dos átomos de radônio decaia. O radônio é um gás nobre e se mistura facilmente com a atmosfera e está presente em minas e escavações. Alguns isótopos radioativos, como o carbono-14 e o berílio-7, são produzidos pela colisão de raios cósmicos com átomos da alta atmosfera. O carbono-14 é útil na datação de certos objetos com idades inferiores a 5 000 anos. É possível, também, que uma das principais fontes de calor para aquecer o interior da Terra venha de processos radioativos. Radiação alfa general-fmv/Shutterstock O átomo de 210Po possui 84 prótons e 126 nêutrons. A razão entre prótons e nêutrons é Número de prótons (número atômico) Z 84 = = 0,667 N 126 Número de nêutrons Após o decaimento alfa, o átomo de 206Pb é formado e a razão entre prótons e nêutrons, para esse átomo, é Z 82 = = 0,667 N 124 Essa pequena redução já é suficiente para que o átomo de polônio decaia em um átomo de chumbo por decaimento alfa. No decaimento alfa, um núcleo instável emite um núcleo de hélio (uma partícula alfa), que é consistido de dois prótons e dois nêutrons. O decaimento alfa ocorre com mais frequência em núcleos grandes, que contenham uma proporção alta de prótons em comparação aos nêutrons. Assim que uma partícula alfa é emitida, a proporção de prótons em relação aos nêutrons diminui, deixando o núcleo mais estável. Considere o átomo de 210Po emitindo uma partícula alfa. A reação pode ser escrita como: 210 84 272 FIS A 41455_MIOLO_EM16_1_FIS_PROF.indb 272 Po → 206 82 Pb + 42 He A Z X → AZ−−42 Y + 42 He Dessa forma, o produto de um decaimento alfa é um elemento químico diferente, com propriedades físicas e químicas diferentes. A energia de ligação entre os prótons e os nêutrons do átomo também diminui com o decaimento alfa. Pelo princípio da conservação de energia, a energia que “desaparece” é transformada em energia cinética tanto do núcleo quanto da partícula alfa. Em virtude da conservação da quantidade de movimento linear, o núcleo, mais massivo, terá menor velocidade, ao passo que a partícula alfa sairá em alta velocidade. Dessa forma, a maior parte da energia cinética ficará com a partícula alfa. EM16_3_FIS_A_03 aa No decaimento alfa, o núcleo de um átomo instável emite dois prótons e dois nêutrons (núcleo do hélio). No decaimento alfa, os produtos dos decaimentos possuem um número atômico inferior em duas unidades, ao passo que seu número de massa diminui em quatro unidades. 16/09/2015 14:06:53 Decaimento beta As partículas beta são elétrons ou pósitrons (a antimatéria do elétron), mas com carga positiva. O decaimento beta ocorre quando um próton se transforma em um nêutron, ou vice-versa. Acontece com mais frequência em núcleos que possuem muitos prótons ou muitos nêutrons. No decaimento beta negativo, um nêutron (n) decai para um próton (p), um elétron (e–) e um antineutrino do elétron (ν) general-fmv/Shutterstock Partícula Beta Elétron Raio gama n→p+e +ν − No decaimento beta positivo, um próton (p) decai para um nêutron (n), um pósitron (e+) e um neutrino do elétron (ν) Antineutrino do elétron p → n + e+ + ν Núcleo Ambas as reações ocorrem em toda a tabela periódica e o núcleo final da reação aa No decaimento radioativo, um nêuserá mais estável que o núcleo inicial. As leis de conservação devem ser mantidas e, para o tron se transforma em um próton decaimento beta negativo, quando um nêutron se transforma em um próton, a carga elétrica emitindo um elétron, raios gama e um antineutrino do elétron, ou um deve ser conservada. Inicialmente, com o nêutron, não há carga elétrica. Após o decaimento, próton se transforma em um nêua carga elétrica deverá continuar a ser nula. Como o próton tem carga +e, é necessária a tron, emitindo um pósitron, raios gama e um antineutrino do elétron. criação de uma carga –e para contrabalancear a carga do próton. Dessa forma, um elétron é criado na reação. O mesmo princípio também ocorre no decaimento beta positivo, no qual a carga inicial é +e. A criação do neutrino ou do antineutrino também se deve arg a uma lei de conservação, a conservação de número leptônico. O elétron, us/ Shu tter o neutrino ou o antineutrino não existiam no núcleo e são criados no sto ck momento da reação. Não se sabe se o próton isolado (núcleo do átomo de hidrogênio) decai em um nêutron por decaimento beta positivo. No entanto, um nêutron isolado decairá em um próton por decaimento beta negativo, com uma meia-vida de 10,5 minutos. Há casos em que um próton captura um elétron da eletrosfera do átomo para se transformar em um nêutron, liberando um neutrino. EM16_3_FIS_A_03 O decaimento beta positivo, o beta negativo e a captura de elétrons são as três maneiras pelas quais prótons se transformam em nêutrons, ou vice-versa. Em cada decaimento, há uma mudança do número atômico, mudando o elemento químico em consequência. Não há mudança no número de massa, pois a quantidade total de prótons e nêutrons não se altera em um decaimento beta. No entanto, o número atômico pode aumentar ou diminuir em uma unidade. Quando um núcleo sofre decaimento beta, há alteração da energia de ligação entre os prótons e os nêutrons. A energia residual aparece na forma de massa (pela equivalência massa-energia), em energia cinética do elétron ou pósitron, do neutrino ou antineutrino, e na energia cinética do núcleo resultante. A proporção da energia em cada partícula varia significativamente para um mesmo núcleo, pois há também a conservação da quantidade de movimento linear entre o núcleo resultante, o elétron ou pósitron, e com o neutrino ou antineutrino. 41455_MIOLO_EM16_1_FIS_PROF.indb 273 FIS A 273 16/09/2015 14:07:00