Jornalismo multiplataforma: uma experiência com o Inspire

Transcrição

Jornalismo multiplataforma: uma experiência com o Inspire
FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL
ANA PAULA MOREIRA
RÚBIA CRISTINA DRUSZCZ
JORNALISMO MULTIPLATAFORMA: UMA EXPERIÊNCIA COM O INSPIRE
CURITIBA
2011
2
ANA PAULA MOREIRA
RÚBIA CRISTINA DRUSZCZ
JORNALISMO MULTIPLATAFORMA: UMA EXPERIÊNCIA COM O INSPIRE
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado como parte dos requisitos para
obtenção do grau de bacharel em
Jornalismo nas Faculdades Integradas do
Brasil – UniBrasil.
Orientador: Prof. Paulo Camargo
CURITIBA
2011
3
RESUMO
Este projeto visa criar um produto multiplataforma presente nas redes sociais
digitais. Diante do desenvolvimento das tecnologias, a comunicação passa por um
período denominado convergência de mídias. Cada vez mais, o leitor está
interagindo com o conteúdo. Nesse contexto, foram analisadas quais plataformas
poderiam oferecer melhores recursos, que pudessem abranger todas as
características da linguagem digital (interatividade, multimidiabilidade e
hipertextualidade). De acordo com o design de cada, optamos por utilizar o
Facebook, o Twitter e dois blogs. Diante de um produto complexo, decidimos por
abordar a temática ambiental, com foco na sustentabilidade. A escolha é justificada
diante da grande repercussão que o tema vem gerando na mídia e a urgente
necessidade de tomar atitudes para reverter à situação em que o planeta se
encontra. O Inspire é o resultado da mescla de informações sustentáveis e vivências
das autoras que se utilizam do estilo do jornalismo literário gonzo, para explicar a
subjetividade presente nos conteúdos. O intuito é a criação de um produto que
contemple essas características.
Palavras-chave: multiplataforma, transmídia, redes sociais, linguagem digital,
jornalismo Gonzo.
SUMÁRIO
4
1
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8
2
DELIMITAÇÃO DO TEMA.................................................................................. 10
2.1 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ......................................................... 10
2.2 SUSTENTABILIDADE NA MÍDIA ....................................................................... 13
3
OBJETIVOS ....................................................................................................... 15
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 15
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................. 15
4
JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 16
5
REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................ 21
5.1 JORNALISMO MULTIPLATAFORMA ............................................................... 21
5.2 CONVERGÊNCIA DE MÍDIA ............................................................................. 24
5.3 O FORMATO DE DISSEMINAÇÃO DO CONTEÚDO........................................ 26
5.4. CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM VIRTUAL ............................................ 28
5.4.1 HIPERTEXTUALIDADE....................................................................................... 29
5.4.2 INTERATIVIDADE ............................................................................................. 30
5.5.3 MULTIMIDIALIDADE .......................................................................................... 31
5.5 ESTRUTURA TEXTUAL MULTITEMATICA....................................................... 32
5.6 JORNALISMO LITERÁRIO – JORNALISMO GONZO ....................................... 32
6
METODOLOGIA ................................................................................................ 37
6.1 PESQUISA QUANTITATIVA .............................................................................. 37
6.2 O PRODUTO...................................................................................................... 40
7
DELINEAMENTO DO PRODUTO .................................................................... 43
7.1 CONCEITOS DO PRODUTO ............................................................................. 43
7.2 PLATAFORMAS DE MÍDIA ................................................................................ 43
7.2.1 FACEBOOK ..................................................................................................... 44
7.2.2 W ORDPRESS .................................................................................................. 45
7.2.3 TWITTER ........................................................................................................ 47
7.3 PLATAFORMAS DE APOIO .............................................................................. 48
7.4 VIABILIDADE DO PRODUTO............................................................................. 49
7.5 PÚBLICO-ALVO ................................................................................................. 51
5
8
CONCLUSÃO ..................................................................................................... 52
9
CRONOGRAMA DE TRABALHO .................................................................... 53
10 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 54
11 APÊNDICE ......................................................................................................... 58
12 ANEXOS ............................................................................................................. 77
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Site Folha de São Paulo 25/05/2011......................................................... 19
Figura 2 - Twitter Folha de São Paulo 25/05/2011 .................................................... 19
Figura 3 - Facebook Folha de São Paulo 25/05/2011 ............................................... 19
Figura 4 - Diagrama hipertextual proposto por Alexandre Braga (2004) ................... 30
Figura 5 - Fan page do Inspire no Facebook............................................................. 44
Figura 6 - Perfil do Inspire no Facebook ................................................................... 44
Figura 7 - Layout do blog 365 vezes sustentáveis no Wordpress ............................. 45
Figura 8 - Layout do blog 365 vezes sustentáveis no Wordpress ............................. 47
Figura 9 - Layout do perfil do Inspire no Twitter ........................................................ 48
Figura 10 - Layout do Inspire no Youtube ................................................................. 49
Figura 11 - Site da Revista Piauí ............................................................................... 59
Figura 12 - Site da Revista TPM ............................................................................... 60
Figura 13 - Site do programa A Liga ......................................................................... 61
Figura 14 - Sexo predominante ................................................................................. 66
Figura 15 - Faixa Etária ............................................................................................. 67
Figura 16 – Escolaridade .......................................................................................... 67
Figura 17 - Classe Social .......................................................................................... 68
Figura 18 - Meios de Comunicação ........................................................................... 68
Figura 19 - Tempo diário de leitura ........................................................................... 69
Figura 20 - Meios tecnológicos.................................................................................. 69
Figura 21 - Redes Sociais ......................................................................................... 70
Figura 22 - Locais de acesso .................................................................................... 70
Figura 23 - Período do dia ......................................................................................... 71
Figura 24 - Freqüência de acesso ............................................................................. 71
7
Figura 25 - Motivações nas Redes Sociais ............................................................... 72
Figura 26 - Tempo diário nas redes sociais............................................................... 72
Figura 27 - Atividades nas mídias sociais ................................................................. 73
Figura 28 - Redes sociais substituem portais de notícias ......................................... 73
Figura 29 - Assunto de interesse............................................................................... 74
Figura 30 - Causa dos problemas ambientais ........................................................... 74
Figura 31 - Sustentabilidade é:.................................................................................. 75
Figura 32 - Em relação à sustentabilidade você é:.................................................... 75
Figura 33 - Atitudes sustentáveis .............................................................................. 76
8
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento das tecnologias da área de comunicação teve como uma
de suas consequências mais significativas à chamada convergência da mídia digital.
Nesse contexto, novos produtos midiáticos se desenvolveram, propiciando novas
experiências ao usuário, que passam a interagir com os meios de comunicação.
Diante desse quadro, no qual são cada vez maiores as possibilidades de
interatividade, visamos que um produto multiplataforma, isto é, que se utilize das
diferentes ferramentas hoje disponíveis no ambiente digital, contemplaria as
necessidades do leitor das novas mídias. O produto, intitulado Inspire, se apresenta
aos leitores por meio de diferentes plataformas de mídia. Cada conteúdo, veiculado
de forma diversa nas diferentes mídias, contribui para a construção do todo. Em
cada fragmento, há elementos que indicam se tratar de uma parte do produto, sem
que nenhuma das inserções, sejam textos ou vídeos, contenha toda a informação,
mas, de certa forma, possua autonomia.
A busca por informações sobre o processo midiático pode oferecer ao
pesquisador perspectivas que permitam trabalhar a transmissão de notícias de
diferentes formas. O Inspire, tal como será apresentado no presente relatório, tem o
propósito de atender às demandas de investigação no cenário das tecnologias hoje
disponíveis. Assim sendo, buscou-se elaborar pautas que tivessem tanto a
densidade quanto a vocação para serem desenvolvidas, de forma integrada, nas
diferentes plataformas.
Dentre da gama de assuntos possíveis para pautar o Inspire, visamos a
temática ambiental, com foco na sustentabilidade. A escolha foi pautada pela própria
natureza do tema, complexo e multidisciplinar, com implicações nas áreas de
economia, política, ciência e comportamento, característica que permitiu o
desenvolvimento de conteúdos distintos, pensados para a veiculação em formatos
jornalísticos diferentes por meio de plataformas diversas.
Como se trata de um produto desenvolvido para circular no ciberespaço, a
linguagem utilizada tem um caráter híbrido, com a maleabilidade necessária para
9
contemplar um produto convergente, pensado para ser veiculado de várias
maneiras. É importante que se tenha em vista que a linguagem no meio digital tem
características
próprias,
como
hipertextualidade,
interatividade
e
a
multimidiabilidade.
Toda a construção textual foi desenvolvida baseando-se no Jornalismo
Gonzo, modalidade (ou subgênero) do jornalismo literário. Tendo em vista que tanto
o gênero escolhido quanto o ambiente em que o conteúdo circula e se desenvolve –
o ciberespaço – são propícios ao uso de um alto grau de pessoalidade, uma das
principais características, senão a fundamental, da modalidade jornalística Gonzo.
Verificamos que a união desses dois elementos pode trazer uma aproximação ao
que o leitor deseja consumir nas redes sociais.
10
2 DELIMITAÇÃO DO TEMA
2.1 O Desenvolvimento Sustentável
Nos últimos anos, intensificou-se a preocupação com a relação entre o homem
e
a natureza. As discussões entre os fatores ambientais atrelados ao
desenvolvimento social são recentes, comparados a anos de desenvolvimento
predatório. Foi em meados dos anos 60 que esse debate ganhou notoriedade, com
o surgimento de movimentos ambientais.
O desenvolvimento desenfreado, sem levar em conta que os recursos naturais
são finitos, gerou problemas ambientais, dos quais já sentimos os seus reflexos.
Assim, o assunto ganhou a cada dia, mais espaço na mídia.
É necessário, no entanto, compreender a história que desencadeou o atual
panorama. Santos (2006) explica que, em um passado remoto o homem teve
dificuldades para suprir suas necessidades de sustento e proteção, pois haviam
poucas ferramentas e instrumentos, estes produzidos de modo rudimentar. Por meio
do progresso técnico, permitiu-se o aperfeiçoamento de novos materiais, que
facilitaram a capacidade de produção, gerando um aumento na complexidade dos
grupos dentro da sociedade.
Assim, depois de enfrentar os primeiros obstáculos na natureza, desenvolveuse um modelo social desigual, onde o “mais forte” detém o poder, dominando o
“mais fraco”. Ainda, segundo Santos (2006), foi o sistema capitalista que agravou os
problemas referentes ao processo de civilização, como por exemplo, a pobreza,
poluição ambiental, a corrupção e a guerra.
Foi somente na segunda metade do século XX, que o homem percebeu o
quanto o seu modo de produção afeta a natureza, assim como, o impacto resultante
em sua vida.
Segundo Denardi (2000 apud GOMES, 2004), até os anos 60, não havia
qualquer distinção entre os termos desenvolvimento e crescimento. O que ocorria,
11
no entanto, é que as condições de vida da população não melhoravam mesmo nos
países com altas taxas de crescimento econômico. O desenvolvimento se deu,
incorporando uma série de aspectos sociais, que supriam as necessidades básicas
da população.
O termo, sustentabilidade, ganhou notoriedade somente em 1987, por meio do
Relatório de Brundtland1, onde governantes, refletiram sobre o assunto e
apresentaram uma nova ótica de desenvolvimento. Definindo assim o seguinte
conceito: “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do
presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem
suas próprias necessidades” (BARBOSA, 2008, p.02).
Segundo Montipó, Salanek Filho, Sartori (2009), as discussões sobre o
desenvolvimento sustentável ganharam tamanha notoriedade que, em 1972, a
Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu uma conferência sobre o meio
ambiente, em Estocolmo, na Suécia. Esse evento concluiu que, se os níveis de
industrialização e poluentes na produção de alimentos e na exploração dos recursos
naturais forem mantidos, o limite de sobrevivência no planeta será atingido. As
medidas preventivas sugeridas foram de uma drástica redução da capacidade de
industrialização e do crescimento econômico.
No entanto, é importante saber que sustentabilidade é um termo complexo e
versátil, que possui diferentes significados. Podemos explicá-lo por meio da área e
do objeto de estudo.
Uma perspectiva comum para se referir à sustentabilidade, no âmbito do
desenvolvimento, é por meio da utilização das cinco dimensões criadas por Sachs.
Nesse conceito, a sustentabilidade pode ser compreendida através das seguintes
formas: social, ecológica, espacial, cultural e econômica.
A primeira dimensão que traremos à tona é a social. Segundo Machado (2006),
a sustentabilidade social almeja a criação de um processo de desenvolvimento,
1
A ONU promoveu a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987,
resultando no Relatório de Brundtland, também chamado de Nosso Futuro em comum.
12
dentro do qual a renda e os bens sejam distribuídos de forma igualitária e justa para
toda a população. Dessa forma, são reduzidas as diferenças sociais da civilização.
Maia (2007) argumenta que a sustentabilidade social também pode ser
compreendida na criação de postos de trabalho com uma renda individual
adequada, melhorando, assim, a qualidade de vida da população e possibilitando
uma melhor qualificação profissional.
A sustentabilidade ecológica possui maior difusão na sociedade. Isso porque,
no senso comum, ligamos a sustentabilidade somente à natureza. Machado (2006)
explica que esse modelo só pode ser alcançado com um aumento na capacidade de
utilização de recursos naturais, limitando o consumo de combustíveis fósseis e de
quaisquer outros recursos esgotáveis. Também deve-se reduzir a geração de
resíduos e poluentes, conservando energia e dando o destino adequado ao lixo.
Ainda sobre a sustentabilidade ecológica, um dos seus componentes é a
produção de forma consciente, respeitando os ciclos ecológicos dos ecossistemas.
Os objetivos, nesse caso, são as melhorias na qualidade do meio ambiente e a
preservação das fontes de recursos energéticos e naturais para as próximas
gerações.
A terceira dimensão de sustentabilidade é a espacial. Machado (2006) explica
que ela posiciona-se na obtenção de forma igualitária a configuração rural-urbana,
além de uma melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das
atividades econômicas. Maia (2007) aponta, como componente da sustentabilidade
espacial, a desconcentração territorial de atividade e da população, assim como a
desconcentração e a democratização do poder local e regional, em uma situação de
maior equilíbrio. Outro componente elencado é a relação equilibrada entre o campo
e a cidade. O objetivo, nesse caso, é evitar aglomerações.
A sustentabilidade cultural facilita a geração de soluções especificas para cada
local, ecossistema, cultura e área, conforme Machado (2006). Maia (2007), explica
que a presente dimensão pode ser compreendida na criação de soluções adaptadas
a cada ecossistema, respeitando a formação cultural de cada comunidade. O
objetivo, nesse caso, é evitar os conflitos culturais com potencial regressivo.
13
A quinta e última dimensão de sustentabilidade é a econômica. Maia (2007)
diz que pode ser compreendida como o fluxo permanente de investimentos
financeiros, tanto no âmbito publico como no privado.
O objetivo é o manejo
eficiente dos recursos, na absorção dos custos ambientais pela empresa, e na
endogeneização, isto é, no desenvolvimento de um modelo que possa contar com
seus próprios recursos.
Ressaltamos, entre as considerações de Machado (2006), com base nas
distinções de Sanchs, que o desenvolvimento deve ocorrer em harmonia com a
natureza, devendo, contudo, permear todo o nosso modo de pensar. Assim, avistar
os panoramas de sustentabilidade, somente com base em pesquisas cientificas,
acaba afastando o conceito da realidade, do dia a dia na vida em sociedade.
Enfim, o jornalismo possui o papel não somente de informar, mas de propor
questionamentos ao leitor, espectador ou ouvinte, a fim de que ele ou ela sejam
capazes de assimilar as informações, em seu fazer diário.
2.2 Sustentabilidade Na Mídia
É interessante visualizar como a temática sustentável ganhou espaço na
mídia, de forma rápida, em todos os meios de comunicação. Girardi (2006), em um
artigo sobre a visão do jornalista acerca do meio ambiente, traz interessantes
informações
para
compreendermos
as
mudanças
na
forma
de
abordar
jornalisticamente questões relacionadas ao meio ambiente. Segundo a autora, uma
coletânea da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), intitulada Educação para o Futuro Sustentável, compreende
que, de forma gradual, tem crescido na sociedade a consciência quanto aos temas
ambientais. Acredita-se, aponta a autora, que uma boa parte dessa alteração se dá
pela eficiência com que a temática tem sido abordada na comunicação. Até porque
as questões ambientais têm se refletido cada vez mais na vida em sociedade. Para
Girardi (2006), existe uma tendência que o debate evolua e torne-se mais propenso
a promover o Desenvolvimento Sustentável, de forma a beneficiar o futuro do
planeta.
14
Para melhor visualizarmos essa transformação, trazemos à tona a pesquisa
realizada em 2008, pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial
(Aberje), nos veículos de mídia impressa. Essa pesquisa chegou à conclusão de que
a sustentabilidade era, quando de sua elaboração, um tema pautado pela mídia de
forma recorrente. Na pesquisa realizada no período de 15 de fevereiro a 15 de maio
de 2008, a partir de 256 reportagens publicadas nos jornais e revistas de maior
influência no país, tornou-se evidente que houve um engajamento da mídia impressa
acerca do tema. Passados cinco anos do artigo de Girardi (2006), evidenciamos que
tal tendência hoje se concretiza.
Partilhamos das opiniões de Dantas (2009), sobre o atual panorama da
sustentabilidade. Em suas considerações finais, o autor ressalta que desde a Eco922, momento em que a ONU passou a discutir sobre desenvolvimento sustentável e
o termo ganhou destaque na mídia, houve uma tendência positiva em trazer
conhecimento ao público, o que ajudou na conscientização da sociedade. No
entanto, a discussão não pode ser compreendida como moda, ou tendência
momentânea. Somente por meio de um debate constante, contínuo, um
engajamento social concreto pode se dar. Desse modo, será criada uma maior
conscientização para a construção de um planeta com maior qualidade de vida,
capaz de se manter para as próximas gerações.
O produto ao qual este relatório se refere, o Inspire, foi desenvolvido de modo
multiplataforma na internet, para trazer a discussão da sustentabilidade de forma
empírica, aproximando seus objetivos ao dia a dia do leitor, utilizando-se das
experiências vivenciadas pelas autoras do produto.
Tendo em vista o que foi aludido anteriormente, visamos o seguinte
questionamento: Como a sustentabilidade pode ser difundida por intermédio das
novas mídias?
2
Conferência realizada de 3 de junho a 14 de junho de 1992 no Rio de Janeiro. Denominada
oficialmente como Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.
15
3
OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Tratar do tema sustentabilidade por meio de um produto multiplataforma na
internet, que propicie a interação, a partir da inserção dos conteúdos em redes
sociais digitais, fazendo uso dos recursos disponíveis no design de cada plataforma,
utilizando recursos da linguagem jornalística do estilo Gonzo de jornalismo literário.
3.2 Objetivos Específicos
Verificar os recursos disponíveis em cada plataforma, e o que impulsiona os
leitores a interagir com os conteúdos.
Propor pautas, que dialoguem com leitor, de modo que este desenvolva
conteúdo próprio, agindo como multiplicador de saberes e opinião.
Verificar como os veículos jornalísticos, que utilizam o estilo jornalístico
Gonzo em suas publicações, têm atuado nas novas mídias.
16
4
JUSTIFICATIVA
Este trabalho busca contribuir para o desenvolvimento crítico da sociedade em
relação
à
sustentabilidade.
Hoje
há
uma
busca
por
um
modelo
de
desenvolvimento mais sustentável, que só será possível a partir de reflexões e
mudanças comportamentais. Diante disso, cabe lembrar que “a presença da
mídia influência fortemente a formação de conceitos, paradigmas, valores e
verdades junto á população” (SCHUBERT, 2008, p.3).
Acompanhando uma tendência mundial, o tema sustentabilidade vem
ganhando destaque na mídia e as notícias são veiculadas com mais frequência.
Porém, a visão adotada pelos meios de comunicação ainda é a alarmista. É
preciso parar de buscar quem é o responsável pelas tragédias, e sim tratar do
problema de forma preventiva. O homem precisa compreender os reflexos de
suas ações na natureza e estar mais atento as questões ambientais. Para
Lutzemberger (apud TRIGUEIRO,2007, p.19) “Somente uma transição rápida a
atitudes fundamentalmente novas, atitudes de respeito e integração ecológica,
poderá ainda evitar o desastre”.
Para isso, além de um novo direcionamento da temática sustentável na mídia,
é preciso ampliar o espaço para o debate. É nesse momento que se faz
importante a escolha do meio. Segundo a empresa de estatística Comscore, em
2010, no Brasil, existiam cerca de 70 milhões de internautas, e esse número está
em constante expansão devido ao aumento da Classe C.3.
Cada vez mais as pessoas estão usando a internet para se informar e estar
em contato com indivíduos que compartilham das mesmas preocupações. A rede
possui uma grande capacidade de disseminar informações e campanhas, isso em
vários locais do mundo e de forma simultânea. Para Maria Aparecida Baccega
(2000), a condição de educar é própria dos meios de comunicação de massa,
3
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística, (IBGE) a Classe C é integrada por pessoas
cuja renda domiciliar varia entre R$ 1.064 e R$ 4.591. Resultando em 53% da população total do
país, o que corresponde a 101,65 milhões de pessoas.
17
cada vez mais desenvolvidos tecnologicamente, o que lhes permite estar em
muitos espaços ao mesmo tempo. “Eles ocupam um lugar privilegiado no
processo educacional, ao lado da escola, da família e de outras agências de
socialização. Mostram às pessoas os fatos já editados, redesenhados, como se
fossem a realidade” (BACCEGA, 2000, p.96).
Segundo pesquisa quantitativa, realizada por meio do site FormaFacil, com
100 pessoas, o público com maior interesse é justamente aquele que passa horas
conectado, tem amplo acesso as redes sociais e constantemente cria e dissemina
conteúdo na web. Esse é o perfil dos jovens entre 21 e 30 anos, que frequentam
as universidades e somam a grande massa da Classe C.
Dentre os milhões de internautas, cerca de 79% fazem parte das redes
sociais, isto significa, mais de 55 milhões de pessoas e estes números continuam
aumentando. Atualmente há uma infinidade de sites de relacionamento, a maioria
com propostas bem semelhantes. Dentre eles, o Orkut é a rede com maior
número de usuários, porém o Facebook está próximo de ultrapassá-lo, isso
porque, enquanto o primeiro cresceu 28% no ano passado, o Facebook
apresentou um aumento de 258%. Esta rede abrange os usuários mais
interessados em negócios, segundo pesquisa da ComScore. Mundialmente, o
Brasil é o país com maior número de usuários também no Twitter, que continua
em expansão e é o segundo no quesito atualização, mas de nove milhões de
pessoas acessam o serviço de microblog. Ainda segundo a ComScore, 60
milhões de brasileiros lêem blogs mensalmente.
Apesar de apresentarem propostas parecidas, cada plataforma dispõem de
ferramentas que a diferenciam umas das outras e garantem parte do sucesso na
rede. Analisando o design de cada uma, é possível identificar pontos fortes que
permitam administrar, de melhor forma o conteúdo. A interação é um exemplo.
A grande concentração de pessoas nas redes foi percebida como um fator de
enorme potencial a ser explorado, tanto por setores da comunicação quanto o
marketing, a área de negócios e até mesmo pela educação. As redes sociais tem
18
se mostrado um importante aliado no exercício do jornalismo, devido à constante
atualização de informações e a busca por fontes.
No desenvolvimento desse trabalho, foi pretendido buscar uma maneira de
despertar reflexões quanto às questões sustentáveis, através da veiculação de
informações nessas redes, fazendo com que o conteúdo seja discutido e
disseminado. Nenhum outro meio parece ser capaz de promover tamanha
interação com os usuários. Segundo Santaella (2004), o rádio e a televisão estão
longe de conseguir superar a interatividade da web.
O rádio e a televisão são capazes de colocar milhões de pessoas na
sintonia de um único acontecimento, mas sua comunicação é assimétrica,
tem um só sentido. A única reação que os receptores podem ter é a de ligar,
mudar de canal, ou desligar a transmissão. (...) Contrariamente, graças a
digitalização, a informação hipermídia é transmitida sob as mais diversas
formas de linguagem escrita, visual, e sonora, dirigindo-se simultaneamente
a diversos sistemas sensoriais aptos a perceber a informação á distância,
especialmente o olho e o ouvido, com grande interferência do sentido tátilmotor, na interatividade. (SANTAELLA, 2004, p.53)
Devido a tais características, esse nicho vem atraindo o olhar da mídia. Em
uma breve análise dos produtos que dispõem seu material na internet, pode - se
constatar que a os grandes veículos fazem uso das redes sociais apenas para
divulgação do seu conteúdo em outros meios. Não há a preocupação de
desenvolver material específico para as redes.
Na prática, o jornalismo tradicional, que mais recentemente tem se voltado às
mídias digitais, pode ser compreendida com base nas perspectivas de Salaverría.
A shovelware é evidenciada na cobertura multiplataforma do jornal Folha de São
Paulo. Além da versão impressa, o jornal possui o mesmo conteúdo em seu site,
e nas redes sociais somente compartilha o link. Vejamos isso, utilizando como
exemplo a matéria intitulada “Câmara aprova texto final do novo Código Florestal”,
dos jornalistas, Márcio Falcão e Larissa Guimarães.
Na imagem abaixo, a matéria publicada no site na íntegra, apesar de utilizar
recursos dos gêneros digitais (conforme veremos nos próximos tópicos), o
conteúdo não é criado para aquela plataforma, mas adaptado para o mesmo
19
.
Figura 1 - Site Folha de São Paulo 25/05/2011
No perfil criado pelo jornal no Twitter, foi somente repetido o título e com o
recurso do hiperlink, os leitores eram direcionados para o site que foi publicado a
matéria.
Figura 2 - Twitter Folha de São Paulo 25/05/2011
Já no perfil do Facebook somente o link da matéria foi compartilhado, sem que
nenhum novo material tenha sido publicado especificamente para esta plataforma.
Figura 3 - Facebook Folha de São Paulo 25/05/2011
E foi justamente por conta dessa falta de conteúdo apropriado para as redes
sociais, que foi criado o Inspire, um produto multiplataforma que aborda o tema da
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sustentabilidade por meio do relato de experiências práticas e empíricas. Porém,
este produto é uma experiência, baseada no processo tentativo de Braga.
Segundo o autor, não existe uma fórmula de sucesso para os fenômenos
comunicacionais, estes estão sujeitos a variáveis decorrentes do processo
interativo. Desta forma, desenvolvemos o produto sem analisar seus resultados,
já que estes podem se alterar durante sua existência.
21
5
REFERENCIAL TEÓRICO
5.1 Jornalismo Multiplataforma
As tecnologias da comunicação possibilitaram que o conteúdo jornalístico fosse
transportado para meio digital. O principal expoente desse processo foi a
digitalização, que representou um novo sentido para os veículos de comunicação,
pois agora nada precisaria estar somente em um lugar.
Segundo Rodrigues (2009), novos aparelhos de comunicação favorecem um
aumento no fluxo de conteúdos, transformando o modo de produção, de distribuição
e de consumo da informação. Consequentemente, os leitores não são apenas
receptores da notícia, pois através da interatividade, o leitor participa da criação do
conteúdo, opina e até tem o papel de pautar os meios de comunicação.
Esta é uma discussão muito ampla, que tem os mais variados vieses de
pesquisa. Dessa forma, destacamos este estudo nas disseminações do conteúdo
em plataformas de mídias digitais, não nos atendo a reflexões sobre o futuro dos
meios de comunicação tradicionais, em conflito com as novas mídias.
Tendo em vista que o produto Inspire é destinado a circular no que chamamos
de “novas mídias”, faremos um breve relato, contextualizando o atual panorama em
que esse produto surgiu. Straubhaar, LaRose e Davenport (2010, apud CAPERUTO,
2011) explicam que, na história recente, a palavra “mídia” referia-se somente aos
meios de comunicação de massa. Mas, na atualidade, quando falamos da chamada
nova mídia, ou a “new media”, de modo geral, consideramos as atuais tecnologias
que permitem a interação.
Outras características levantadas pelos autores para definir a nova mídia, são
os fatos de ser digital, gerar audiência, e possuir uma linguagem multimídia. Além
disso, permite maior poder de escolha, de canais de informação, do conteúdo a ser
visto ou lido, além do formato de apresentação e do nível de envolvimento. Para
Macnamara (2010, apud CAPERUTO, 2011), a nova mídia é uma composição de
22
tecnologia com arranjos de práticas culturais, podendo ser de produção ou
distribuição.
Assim, tendo em vista as funcionalidades e possibilidades de interação,
aprofundamos a nossa pesquisa nos ambientes nos quais desenvolvemos este
produto, com ênfase nas plataformas: Twitter, Facebook e Wordpress (blogs).
Segundo Santaella e Lemos (2010), podemos compreender o conceito de
interação por meio de duas modalidades: monomodal e multimodal. A interatividade
monomodal refere-se ao tipo de interação dos anos 90. A era dos blogs, plataforma
a qual hospeda dois diferentes produtos do Inspire, “se caracteriza por uma
experiência individual de acesso por um dado ponto da rede, e é a partir desse
ponto que a navegação se dá.” (SANTAELLA, LEMOS, 2010, p. 56.).
Para exemplificar tal modalidade, as autoras explicam que a interação
monomodal na rede pode ser compreendida como um enorme labirinto, pois
encontramos vários caminhos sem saída, para só então encontrarmos a nossa meta.
Mesmo com uma gama enorme de caminhos, o leitor necessita escolher de forma
pontual, quais módulos desejam acessar. Assim, constataram que a trajetória neste
tipo de interação é unidirecional, pois, segundo as autoras, o leitor para executar um
trajeto de navegação na rede, sai de um ponto em busca de outro. O que ocorre, é
que na maioria das vezes se distrai pelo caminho.
Para compreender o Inspire, focamos em algumas características pontuais do
tipo de interação que o leitor possui quando acessa um blog. Atendo-nos ao fato de
que, nesse tipo de navegação, a temporalidade é um elemento crucial no
desenvolvimento do conteúdo dos blogs “365 Vezes Sustentáveis” e “Missão
Inspire”.
Vejamos, ainda com base nos estudos de Santaella e Lemos (2010), a
navegação monomodal pressupõe um início e um fim. Assim, elementos na
plataforma direcionam a uma composição estabelecida com datas e horários.
23
Mesmo se a plataforma se constituir no ciberespaço4, ambiente totalmente
atemporal, existe uma dinâmica própria neste tipo de interação, sendo que
pressupõe a leitura através de uma temporalidade linear. Assim, ambos os blogs
trazem elementos diários.
Na primeira fase da “Missão Inspire”, a proposta foi estabelecer metas
semanais, sendo assim, criou-se uma temporalidade estabelecendo um começo e
um final. Em outro momento esta ideia passou a ser exercida no blog “365 Vezes
Sustentáveis”, onde a proposta é fazer uma ação sustentável diária, alternando os
dias de publicação entre as duas autoras.
Já a interação multimodal é a que ocorre no atual panorama da internet, a
chamada Web 3.0. Assim, podemos compreender os outros elementos que
constituem o Inspire, as redes sociais 3.0 (RSIs 3.0). Antes é necessário
compreender o seu surgimento e os caminhos que percorreu, para então
compreender o atual panorama das redes sociais digitais.
Santaella e Lemos (2010) explicam que, através das evoluções da navegação
multimodal, surgiram às primeiras redes sociais. Com mecanismos de busca e a
possibilidade de criação de comunidades digitais, o que possibilitou pessoas com os
mesmos interesses compartilharem informação, criando um movimento de
“tribalização” digital.
Traremos uma rápida explicação, proposta por Santaella, Lemos (2010), para
explicar o desenrolar das redes sociais. Um dos primeiros elementos, que
possibilitaram tal criação, a possibilidade de interatividade em tempo real, foi o
chamado ICQ. Essa é a principal característica da chamada RSIs 1.0. A segunda
fase das redes sociais digitais, a RSIs 2.0, se consolida com a possibilidade do
compartilhamento de arquivos através de uma rede social. Essa fase é marcada pelo
surgimento do Orkut e do MySpace. Mas é em 2004, com o surgimento do
Facebook, que entramos na era das RSIs 3.0. O que as diferenciam é a integração
de múltiplas redes, plataformas e funcionalidades, agregadas, segundo Santaella,
4
Conjunto de rede de computadores que abrange a infraestrutura, as informações e o seres contidos
nela.
24
Lemos (2010), através de aplicativos e de mídias que possuam mobilidade.
Assim, para produzirmos o Inspire, focamos em duas redes sociais,
consolidadas como RSIs 3.0, o Twitter - rede de microblogs, que surgiu através do
advento das RSIs 2.0, mais se solidificou através das RSIs 3.0-, e o Facebook,
marco do atual panorama das redes sociais digitais.
O jornalismo, assim, tem um grande desafio pela frente: a possibilidade de
interação traz novas perspectivas de distribuição e produção do conteúdo
jornalístico, como poderemos ver a seguir.
5.2 Convergência de Mídia
A revolução digital e as novas mídias alteraram as formas de consumo da
informação. O surgimento de novos aparelhos difusores da comunicação possibilitou
a convergência das mídias, criando assim uma rede de informação.
O ambiente em que as mídias circulam é o chamado ciberespaço, definido por
Santaella (2007) como um espaço de virtualidades, que toma corpo através de
bytes5 e luzes, simulando, assim, ambientes que possibilitam a interação. O acesso
ao ciberespaço se dá por meio de interfaces que possibilitam penetrar no seu
interior, navegando como se desejar por meio da informação.
Nesse ambiente virtual, as novas mídias surgiram e passaram a convergir,
promovendo novas experiências ao leitor. Deak (2007) apresenta um panorama de
como as narrativas jornalísticas atuam no meio online.
A internet trouxe novas possibilidades para a narrativa jornalística até então
impensáveis: a fusão de vídeo, áudio, texto e gráficos estáticos e animados.
Não se trata da somatória dessas linguagens, antigas e super-exploradas,
mas de uma nova narrativa que se utiliza de todas as outras, acrescida da
participação interativa do leitor. Leitor esse que não pode mais ser chamado
apenas de leitor ou telespectador porque é participante, capaz inclusive de
definir a narrativa que mais lhe agrade. (DEAK, 2007)
Para Jenkins (2009), a convergência das mídias não ocorre apenas por meio
da tecnologia, mas em um processo interno, de compreensão do leitor. Este atua de
5
Conjunto de impulsos elétricos, que representam todos os comando do computador que não
podemos ver.
25
forma
participativa,
construindo
conhecimento
e
interagindo
através
das
funcionalidades que cada plataforma propicia. Santaella (2007) enfatiza que, nesse
processo, o receptor torna-se uma figura heterogênea, pois como os conteúdos
circulam através de computadores interligados em rede, pessoas de diferentes
culturas interagem a fim de ampliar seus conhecimentos. Com isso, o espaço
geográfico já não tem a mesma importância, pois como diz a pesquisadora, qualquer
distância é possível chegar com apenas um clique.
Jenkins (2009) define convergência como o fluxo de conteúdo através de
múltiplas plataformas de mídia, como a cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos. Também fala do comportamento migratório do público, que em busca do
que deseja, procura diferentes suportes de mídia. O conteúdo circula por diferentes
mídias por intermédio do público com a utilização de comentários e de hiperlinks 6,
que o disseminam a medida que as pessoas são incentivadas a buscar informações
dispersas através de conexões entre as mídias. É nesse ambiente que o teórico
Pierre Lévy (apud Jenkins, 2009) enfatiza a necessidade de criar produtos que
tenham a amplitude necessária para contemplar os elementos que constituem um
produto convergente.
No jornalismo, a convergência passou a ser uma discussão frequente em
todos os níveis. Conforme pesquisa elaborada por Mielniczuk & Souza (2009), a
convergência atinge tanto as empresas de mídia como o profissional do jornalismo,
que necessita se adaptar a uma nova realidade de mercado. O pesquisador
espanhol Ramon Salaverría (apud Mielniczuk e Souza 2009) estuda a convergência
no campo do jornalismo e define esse processo de acordo com quatro aplicações:
convergência empresarial, convergência tecnológica, convergência profissional e
convergência de conteúdo. Para o trabalho em questão, colocamos o foco na
convergência de conteúdos.
Com base na pesquisa sobre convergência dos pesquisadores Salaverría e
Jenkins, este trabalho se propõe a verificar como se aplica a convergência no âmbito
da disseminação do conteúdo em estrutura multiplataforma.
6
Endereço que permite o acesso a outras páginas ou a movimentação dentro da mesma.
26
5.3 O Formato de Disseminação do Conteúdo
Aproximando as áreas do entretenimento e jornalismo, tendo em vista que
ambas são resultantes da produção cultural, percebemos que as fronteiras que as
interligam são ínfimas. Cristofoletti (2008) evidência como o jornalismo nas novas
mídias adotou atitudes semelhantes à indústria do entretenimento para atingir novos
públicos.
As redações estão se movimentando para dialogar mais com seus públicos,
permitindo que participem mais e que se associem em algumas etapas da
produção jornalística. A proliferação dos canais informativos impele
jornalistas a produzirem conteúdos diferenciados e em várias camadas de
aprofundamento de forma a satisfazerem públicos heterogêneos. Com isso,
os agentes da informação tentam encontrar formas para fidelizar seus
públicos, preocupação até então restrita aos publicitários e aos criadores da
indústria midiática. Já se ouve falar de jornalismo de imersão, de
associação de games a noticiários e cada vez é mais influente o jornalismo
participativo. São novos tempos. (CRISTOFOLETTI, 2008, p.01)
Mielniczuk e Souza (2009) aponta semelhanças entre os estudos de Jenkins
e Salaverría, no fato de que ambos estudam o formato de disseminação do
conteúdo. Enquanto Jenkins (2009) apresenta como resultante da convergência a
narrativa transmidiática, o pesquisador espanhol analisa a convergência de
conteúdos. O elemento que difere essas duas idéias é que enquanto a convergência
de conteúdos refere-se ao formato multimídia de narrar, a narrativa transmidiática
refere-se na forma de “narrar” uma história.
A narrativa transmidiática segundo Jenkins (2009) implica em desenvolver
uma história por meio de múltiplas mídias de forma que cada novo texto contribua
para o todo. O produto transmídia é pensado para atuar em diferentes mídias, não
apenas adaptá-las a fim proporcionar uma nova experiência, pois integra múltiplos
textos para criar uma narrativa tão ampla que não pode ser contida em uma única
mídia.
Na forma ideal de narrativa transmidia, cada meio faz o que faz de melhor afim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida
pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado
em games e experimentado como atração de um parque de diversões.
27
Cada acesso a franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário
ver o filme para gostar do game, e vice versa. Cada ponto determinado é
um acesso a franquia como um todo (JENKINS, 2009 p.138)
Através de elementos fragmentados da história, são oferecidos os recursos
que propiciam a participação do consumidor. O público é instigado por meio de
elementos implantados em cada novo conteúdo a buscar partes fragmentadas que
construa o todo dessa narrativa, tornando-se cada vez mais heterogêneo, pois
diferentes mídias atraem diferentes nichos de público.
O elemento crucial em torno da narrativa transmidiatica de Jenkins (2009) é a
criação de um universo o qual o público possa explorar e criar elementos de acordo
com as suas experiências. Esse universo necessita ter consistência suficiente para
poder se fragmentar e ao mesmo tempo ser flexível para poder ser reproduzido em
diferentes mídias. Em uma narrativa transmídiatica, nenhum dos seus componentes
contempla todos os elementos, somente elementos superficiais para que seja
reconhecida como um componente do todo.
Outro elemento na concepção do formato do conteúdo, na construção do
produto, foi à definição de Salaverría (2003 apud Mielniczuk & Souza 2009). A
convergência de conteúdo refere-se à utilização de diferentes formatos midiáticos na
construção do conteúdo jornalístico. Nesse modelo, a apresentação de conteúdos
com um mesmo tema se dá em diferentes suportes midiáticos. É nesse ponto que tal
definição se aproxima do Inspire, tendo em vista que a sustentabilidade se
fragmenta nas plataformas, Facebook, Twitter e Wordpress.
No caso da apresentação de conteúdos de um único tema, mas
disseminados em diferentes plataformas de mídia, ele apresenta duas modalidades:
shovelwaree o repurposing. O shovelware ocorre quando se disponibiliza o mesmo
conteúdo em diferentes suportes sem adaptá-lo ao meio. O repurposing, por sua
vez, ajusta o conteúdo jornalístico de acordo com os recursos disponíveis ao meio.
Os conteúdos, dessa forma, não necessitam estar correlacionados, podendo ser
distribuído de forma autônoma.
Para Mielniczuk & Souza (2009), enquanto a concepção de narrativa
transmidiática contempla a presença de portais de acesso entre os conteúdos dos
28
diferentes suportes midiáticos na criação de um universo narrativo próprio com a
participação ativa dos consumidores, a convergência de conteúdo refere-se à
distribuição do material jornalístico nas diferentes mídias, não havendo a
necessidade de estabelecer relações entre esses conteúdos.
Em uma narrativa transmidiática, é essencial que os textos não se repitam
nas diferentes plataformas de mídia e que estejam relacionados a partir dos portais
de transição, já na convergência de conteúdo a informação pode ser disponibilizada
de forma autônoma ou relacionada. Salavarría (2007 apud Mielniczuk e Souza 2009)
enfatiza que é necessário investir em diferentes formas de apresentação das
notícias.
O Inspire, apesar de ter sido idealizado de modo fragmentado, com os
recursos de interação e participação, desenvolvendo uma história que percorre as
plataformas, assim, como aludido anteriormente aproxima-se de uma narrativa
transmidiatica. Ao mesmo tempo, ele não pode ser considerado um produto
transmídia, pois o todo existe somente em um ambiente, no ciberespaço. O Inspire
se enquadra no repurposing, pois os conteúdos foram ajustados à plataforma de
acordo com os recursos disponíveis a cada uma delas. Assim, olhamos antes a
plataforma, e o produto foi construído para existir naquele espaço, e em mais
nenhum outro, de acordo com as características daquela determinada rede social.
Assim, podemos compreender que o Inspire utiliza recursos de ambas às
modalidades de distribuição multiplataforma, não podendo limitá-lo a uma ou a outra.
5.4. Características da Linguagem Virtual
Tendo em vista que o modo de distribuição, a construção e a recepção da
notícia
sofreram
profundas
alterações,
visamos
estabelecer
as
principais
características da linguagem virtual, a fim de melhor compreender a elaboração do
Inspire.
Destacamos as seguintes características: Hipertextualidade, Interatividade e
Multimidiabilidade. Por fim, traremos uma breve explicação, sobre os elementos que
estruturaram o conteúdo.
29
5.4.1 Hipertextualidade
Este é um importante elemento do Inspire. Com um conteúdo fragmentado,
criou-se uma estrutura textual hipertextual, para que o leitor acesse o todo da
informação.
Santaella (2008) explica que esta modalidade textual só foi possível, através
do processo de digitalização. Os textos não necessitavam de uma estrutura física
para existir. Assim, de modo não linear, o leitor percorre por fragmentos textuais, não
lineares, que se interligam por meio de conexões conceituais, indicativas ou através
de ícones ao clicar em um botão, que o leva de um lugar ao outro, interconectando a
informação.
Destacamos, contudo a não linearidade da informação, a fim de compreender
o modo de criação do Inspire. Dentre a gama de características que o processo não
linear enseja, destacamos a reticularidade. Esta, segundo Santaella (2008), referese ao diagrama hipertextual em formato de rede, que estabelece a estrutura das
conexões. A presente definição advém da pesquisa formulada por Alexandre Braga
(2004) que define a estrutura hipertextual, como um processo sem um começo, meio
e fim, permitindo uma leitura com diferentes pontos de vista e em diferentes níveis
de profundidade.
Tanto faz ir de A a B ou de A a E, passando por B, C e ignorando D, que a
compreensão do conteúdo sempre será alcançada. Tanto faz, também,
começar por outra página: B ou C. Ted Nelson descreveu isto como uma
maneira dos leitores da hipermídia poderem analisar o conteúdo por
diferentes pontos de vista e diferentes níveis de profundidade até
encontrarem a perspectiva que desejam, e também uma maneira dos
autores de conteúdo de hipermídia não precisarem escrever para um tipo
específico de leitor, mas escrever e separar diferentes níveis de
profundidade relacionados ao assunto, o que permite ao usuário se
aprofundar na medida desejada no conteúdo de seu interesse. (Braga,
2004, p.58)
O diagrama hipertextual é desenvolvido conforme ilustração a seguir:
30
Figura 4 - Diagrama hipertextual proposto por Alexandre Braga (2004)
Para explicar o processo de criação do Inspire, nos basearemos no diagrama
hipertextual de Braga, com as suas devidas adequações. Desse modo, podem ser
visualizados quais elementos integram a história e quais relações que podem ser
estabelecidas entre eles.
5.4.2 Interatividade
Sendo este um produto multiplataforma construído com uma linguagem
hipertextual, torna-se essencial tanto pela escolha da plataforma, quanto pela
modalidade textual, ressaltar a interatividade possibilitada pela linguagem virtual.
Santaella (2008) explica que o hipertexto é um elemento eminentemente
interativo, pois, ao fim de cada página o leitor necessita decidir para que caminho
seguir. Isto ocorre pela variedade de caminhos possibilitados pelo design da
interface, pois este serve como orientador no processo cognitivo do leitor. Mas é
importante frisar que o design deve prever uma margem que promova a
31
interatividade livre do usuário. É necessário proporcionar um equilíbrio entre a
orientação do leitor e permitir a livre escolha do mesmo.
Sobre a interatividade proporcionada nas plataformas escolhidas neste
produto, explicamos que no meio digital o leitor pode participar, produzir conteúdo,
colaborar e pautar as ações das autoras. Laura StrelowStorch (2009) explica que a
forma mais comum de interação no jornalismo online é o e-mail disponibilizado por
editorias ou através do e-mail do jornalista que assina o conteúdo. No caso do
Inspire, as matérias produzidas podem ser comentadas, e o leitor tinha a total
liberdade de questionar as atitudes e dar a sua opinião. Outro elemento é que as
matérias eram assinadas de modo digital, através de um hiperlink a uma rede social
com todas as contas e informações sobre as autoras, podendo o leitor escolher
como entrar em contato.
5.5.3 Multimidialidade
Mielniczuk e Palacios (2005) explica que, no contexto do jornalismo online,
multimidialidade refere-se à convergência dos formatos das mídias tradicionais –
imagem, texto e som – na narração do fato jornalístico.
Segundo pesquisa de Baldessar (2009), no início, o termo era usado apenas
para designar o acesso a vídeos, imagens, texto e som no mesmo aparelho, mas, na
atualidade, a multimidialidade deve ser compreendida como uma sobreposição de
mídias, feita com uso de hipermídia7 aliada ao controle do usuário e na interatividade
do mesmo.
No campo do jornalismo, a multimidialidade é aplicada nas reportagens
especiais em que se utilizam diversas mídias como o vídeo, imagem, infográficos,
som, ilustração, hiperlinks, hipermídia e texto. Baldessar (2009) ressalta que o
recurso multimídia é atraente porque facilita o entendimento da reportagem,
podendo o leitor seguir o caminho que deseja na matéria, sendo usualmente não
linear e não sequencial.
7
Diferentes tipos de mídias interligadasque permitem a interação do usuário
32
Assim, adicionamos no dossiê entregue em anexo, informações de quais as
mídias aplicadas nas matérias, para deste modo seja evidenciado que os conteúdos
do Inspire foram criadas de modo multimídia.
5.5 Estrutura textual multitematica
Um produto com uma linguagem hipertextual necessita de uma estrutura de
seleção dos conteúdos. Santaella (2007) traz a tona, quatro estruturas discursivas,
identificadas por Wright e Lickorish: alta coesão, modelares, hierárquicas e
multitemáticas.
A estrutura utilizada pelo Inspire foi a multitemática. Isto porque possibilita
diversas opções de organização de conteúdo. As informações podem ser utilizadas
cruzando o modo verbal com o visual, pensadas de modo multidimensional.
Contudo, “as conexões são criadas pelo próprio usuário no seu processo de
navegação para atender as suas necessidades e interesses” (Santaella, 2007,
p.314).
Esta é uma estrutura que possibilita todo o potencial hipertextual e com
múltiplas interpretações do conteúdo. Desse modo, o leitor que tem acesso a uma
plataforma do Inspire decide quais são os assuntos que mais o agrada, e qual o
modo de distribuição que melhor se aplica no caso em questão.
5.6 Jornalismo Literário – Jornalismo Gonzo
Todo o Inspire é permeado por elementos que o aproximam do Gonzo,
ramificação do estilo jornalístico literário, fortemente construído em torno da
pessoalidade. Por esse motivo, iremos discorrer sobre como o gênero surgiu e quais
são as suas características.
33
A história do jornalismo é permeada pela literatura. O professor Felipe Pena
(2006) explica que o jornalismo literário surgiu por volta do século XVIII, mas teve
mais ascensão no Brasil, no século XIX.
As narrativas literárias, ficcionais, deram ao jornal um tom capitalista, pois
surtiam em um aumento as vendas. Beneficiando empresários da comunicação,
obtendo mais lucro, além de beneficiar os escritores, que ganhavam visibilidade.
Pena (2006) define o jornalismo literário como:
Uma linguagem musical de transformação expressiva e informacional. Ao
juntar os elementos presentes em dois gêneros diferentes, transforma-os
permanentemente em seus domínios específicos, além de formar um terceiro
gênero, que também segue pelo inevitável caminho da infinita metamorfose.
(...) Não se trata da oposição de informar ou entreter, mas sim de uma
atitude narrativa em que ambos estão misturados. Não se trata nem de
jornalismo, nem de literatura, mas sim de melodia. (PENA, 2006)
Segundo Pena (2006) o jornalismo literário possui um desenvolvimento
distinto ao jornalismo convencional, sem esquecer pontos importantes como a
apuração, a observação, a abordagem ética, entre outras coisas. Apenas
potencializando esses recursos, definindo esta como uma das características do
gênero.
A periodicidade e a atualidade tornam-se elementos com menor importância,
rompendo com os acontecimentos do cotidiano e transmitindo uma visão ampla da
realidade, sendo estas duas características citadas por Pena (2006). Outra
característica apontada é o exercício da cidadania, como um compromisso com a
sociedade.
Ainda segundo Pena (2006), o jornalista ao escolher uma pauta deve atentarse a temas que proporcionem um crescimento do cidadão enquanto parte integrante
de uma sociedade. Outra característica apresentada por Pena (2006) é o
rompimento do lead. Aplicando técnicas literárias, é possível se desvencilhar da
objetividade tão almejada no jornalismo convencional que prioriza os fatores de
maior relevância logo no primeiro parágrafo.
34
Pena (2006) também aponta a busca por novas fontes, fugindo do óbvio.
Observando pontos de vista ainda não explorados a partir de aproximação de fontes
muitas vezes anônimas, o chamado cidadão comum. Por fim, a perpetuidade. Os
escritores buscam, por meio de textos mais trabalhos, com elementos narrativos
utilizados pela literatura, atingir a perenidade, tão evasiva nas notícias do dia a dia.
Suas obras são feitas para permanecerem na memória.
Pena (2006) destaca que diversas narrativas presentes no jornalismo literário
produziram subdivisões. Tais subgêneros foram se desenvolvendo ao longo do
século XX e mesmo sendo diferentes, em suma apresentam características
semelhantes que possibilitam um melhor entendimento acerca do jornalismo literário.
Tendo em vista que o gênero que permeia o produto em questão é o Gonzo
jornalismo, faremos um breve histórico do seu surgimento e de suas características.
Wilson Krette Jr (2010) expõe que o jornalismo gonzo surgiu na metade da
década de 60, carregando características de seus antecessores e acrescentando
outras, sendo considerada uma versão mais radical do gênero jornalístico literário. A
vertente popularizada por Hunter Stockton Thompson rapidamente conquistou as
revistas americanas Playboy, Rolling Stone, Esquire, entre outras, principalmente
por romper com o jornalismo convencional.
Jornalismo Gonzo consiste no envolvimento profundo e pessoal do
autor no processo de elaboração da matéria. Não se procura um
personagem para a história; o autor é o próprio personagem. Tudo
que for narrado é a partir da visão do jornalista. Irreverência,
sarcasmo, exageros e opinião também são características do
Jornalismo Gonzo. Na verdade, a principal característica dessa
vertente é escancarar a questão da impossível isenção jornalística
tanto cobrada, elogiada e sonhada pelos manuais de redação.
(THOMPSON, 2004b, apud KRETTE JR 2010)
Krette Jr (2010) define o autor como objeto de sua reportagem, esta é a
principal característica do gênero. O jornalista deve mais do que apurar os fatos, ele
deve vivenciar a experiência, interferindo no destino de sua história, mesmo que de
forma involuntária. Sendo assim, o texto é redigido em primeira pessoa. Outra
característica levantada pelo autor é a criação de personagens e até mesmo de
detalhes ficcionais, no intuito de acrescentar informações porém, não deve ser
35
perceptível a diferença entre o que é real e ficção. A descrição dos personagens é
de forma bem aproximada, causando ao leitor uma identificação. É também
frequente o uso do exagero, da coloquialidade, de comparações e o uso de
metáforas.
No Brasil, Arthur Veríssimo é consagrado como um dos melhores autores do
gênero. Em entrevista ao site Observatório da Imprensa, Veríssimo revela sua busca
como repórter dentro do Jornalismo Gonzo:
Eu tento levar uma reportagem que mexa com os sentidos.
Tento buscar sempre um jeito de despertar. Tirar a pessoa do
lugar comum. Por exemplo, ele está no metrô lendo a matéria,
no avião, na privada, criando ruídos dentro dela. Senão, pra
que é que eu estou fazendo alguma coisa? (MASSIH,2006)
Como o Inspire existe no ciberespaço, o presente gênero foi escolhido em
decorrência de uma de suas principais característica: a pessoalidade. Esta que
também se caracteriza nas relações estabelecidas na internet. Aline Soares Lima
(2009) enfatiza que a pessoalidade da internet apresenta-se no contexto de
subjetividade, sendo os aspectos individuais e singulares da identidade e a vida dos
sujeitos que permeiam as relações de interação na internet.
Pode-se considerar, portanto, que o contexto da cibercultura
torna as condições para produção e circulação de uma maior
variedade de discursos mais acessíveis e traz à tona novos
ambientes de sociabilidade e uma modalidade de construção de
“narrativas do eu”, que torna possível não somente novas formas
de representação, mas, sobretudo, torna visíveis representações
que nos permitem entrar em contato com experiências de vida,
histórias e pessoalidade, proporcionando também a possibilidade
de questionar e relatar posições e identidades hegemônicas
desde outros lugares. (LIMA,2009)
Chagas (2006) coloca o foco da narrativa do “eu”, proporcionada pela ascensão
dos blogs, pelos novos suportes tecnológicos que é a internet, a partir de 1994,
quando a mesma começava a se desenvolver, pessoas do mundo todo começaram
a utilizar os blogs como um diário online.
Lemos e Palacios (2001) expõem que o ser humano, pela necessidade de
amizades e simpatia, gosta de ouvir e contar histórias. Assim, consegue se afirmar
na sociedade. “(..) colocar nossas vidas on-line não significa conduzir nossas vidas
on-line, mas utilizar um veículo de partilha sem precedentes. Nós interagimos no
36
mundo real e usamos o ciberespaço para colaborar, dividir e conjurar nossas
possibilidades”. (LEMOS, PALÁCIOS, 2001, apud CHAGAS, 2006 p.235)
Dentro dessa perspectiva de apostar numa modalidade de jornalismo de alto
grau de pessoalidade, o Inspire tem forte ligação com o jornalismo gonzo. Na
medida em que ele é construído a partir de narrativas das experiências e vivências
das jornalistas, que buscam seguir os preceitos da sustentabilidade, com o objetivo
de mostrar como e se é possível aplicar na prática os conceitos teóricos.
37
6
METODOLOGIA
6.1 Pesquisa Quantitativa
Para Antonio Carlos Gil (1989, p.42) “O objetivo fundamental da pesquisa é
descobrir respostas para problemas mediante emprego de procedimentos
científicos”. Portanto, para elaboração deste trabalho, inicialmente, foi utilizado o
método de pesquisa quantitativa.
Para tanto, foi aplicado um questionário online com 21(vinte e uma) perguntas
objetivas, como pode ser observado em anexo, durante o mês de março. Todas as
questões foram elaboradas a fim de definir o perfil do público-alvo e suas
preferências. Para Gil (1989), o questionário é uma das mais importantes técnicas
para obtenção de dados, pois é composto de questões que tem como objetivo o
“conhecimento
de
opiniões,
crenças,
sentimentos,
interesses,
expectativas,
situações vivenciadas, etc.” (GIL 1989, p. 124).
O levantamento de dados se “caracteriza pela interrogação direta das
pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL 1989, p.76). A pesquisa
“Sustentabilidade nas Redes Sociais” foi divulgada por meio do site Formfácil e
distribuída através do email para todos os contatos das autoras. Este critério foi
adotado, pois diante do produto proposto, o público alvo é o usuário do meio online e
das mídias sociais, que exige como passaporte de entrada, a identificação através
de um email. O link disponibilizado pelo e-mail redireciona a uma página com a
pesquisa, onde não é necessário se identificar e as respostas não ficam associadas
a qualquer que seja. A única obrigatoriedade é a de que todas as perguntas sejam
respondidas, havendo questões com apenas uma alternativa e questões abertas a
mais de uma resposta. Em um espaço de 15 dias, 100 pesquisas foram respondidas.
Gil (1989) entende que em grande parte dos levantamentos, apenas uma
parte da população é estudada, e esta é tomada como objeto de investigação e que
“As conclusões obtidas a partir desta amostra são projetadas para a totalidade do
38
universo, levando em consideração a margem de erro, que é obtida mediante
cálculos estatísticos” (GIL 1989, p.77).
A tabulação dos dados foi à forma empregada para o levantamento das
respostas. Este processo consiste em “agrupar e contar os casos que estão nas
várias categorias de análise” (GIL 1989, p.169). A análise desta pesquisa é realizada
através do tratamento de dados e da interpretação destes, a fim de encontrar as
respostas para o problema proposto, o que torna a “análise de conteúdo um dos
mais importantes instrumentos para a análise das comunicações de massa.” (GIL
1989, p.164)
Para um maior entendimento do público alvo, foram abordadas na pesquisa,
questões relacionadas ao representativo populacional, como sexo, idade e classe
social.
Quanto ao sexo, à porcentagem permaneceu em certo equilíbrio e justamente
por isso, esta resposta não influência nos resultados. Sendo de cem pessoas
entrevistadas, 57 % feminino e 43% masculino. A faixa etária dominante, de acordo
com a pesquisa, é a apontada como Geração Y, ou seja, os nascidos entre os anos
80 e 90 e que estão continuamente ligados a internet. De acordo com a pesquisa,
77% dos entrevistados têm entre 21 e 30 anos, e é justamente este o público que o
Inspire busca atingir. Outra característica deste público é o aumento na
escolaridade, 47% dos entrevistados possuem o superior incompleto, o que pode
representar uma grande parcela com o curso universitário em andamento. 19% já
concluíram o terceiro grau e 16% possuem especialização.
Este aumento na
escolaridade também é reflexo do maior poder aquisitivo da população, que pode
ser observado com o ligeiro aumento da Classe C. De acordo com a pesquisa
encomendada pela Cetelem BGN, empresa do grupo financeiro BNP Paribas, cerca
de 19 milhões de pessoas emergiram para a classe que já é a maior entre os
brasileiros, o resultado disto pode ser observado em nossa pesquisa, onde 58% dos
entrevistados responderam ser da classe C.
O maior poder aquisitivo da população também tem reflexos na forma pela
qual ela se informa, com o aumento do consumo, aumentou o número de usuários
da internet, segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE),
cerca de 43 milhões de pessoas no Brasil navegam na rede. Dados estes que
39
refletiram em nossa pesquisa, onde 39% afirmam usar a internet para se informar,
contra 27% da televisão, 15% dos jornais, 11% do rádio e 8% das revistas. Apesar
disto, a pesquisa revelou que o aparelho tecnológico mais utilizado pelos
entrevistados é o celular com 29%, seguido de perto pelo computador de mesa e
pelo notebook.
De acordo com a pesquisa, o acesso à internet em grande parte é feito em
casa e no trabalho, preferencialmente nos períodos da noite e da tarde. Sobre as
redes sociais, 64% afirmaram acessar mais de uma vez por dia, permanecendo mais
de uma hora logados, com o principal motivo de estar conectados aos amigos.
Entretenimento e passar o tempo foram as outras respostas mais citadas na
pesquisa.
Atualmente existe uma variedade de redes sociais e os usuários costumam
estar conectados a mais de uma, sendo o Facebook e Orkut as mais acessadas com
23%, seguida pelo Twitter com 19% e pelo Youtube com 16%. Em resposta as
atividades que desenvolvem nas redes sociais, 27% responderam que coletam e
reproduzem informação, apesar disto, 83% dos entrevistados acreditam que as
redes sociais não podem substituir os portais de notícia, no quesito de divulgação de
informações.
Acerca da temática sustentável, 61% tem consciência da definição mais
difundida de sustentabilidade, que é “prover o melhor para as pessoas e para o
ambiente, desta e das próximas gerações.” 26% acreditam que sustentabilidade é a
preservação dos recursos naturais e 5% que sustentabilidade é reciclar o lixo e
utilizar produtos reciclados. Diante disto, 44% se diz interessado no assunto, porém
não se esforça para adquirir mais conhecimento e 42% dos entrevistados se dizem
informados, que conhecem e debatem o tema. Tanto que 37% dizem ter práticas
sustentáveis como economizar energia, água e outros, e 31% declaram fazer
reciclagem. 70% das pessoas afirmam que pagariam a mais por um produto
sustentável, e que os problemas ambientas são causados por falta de consciência
ecológica, planejamento, urbanização, legislações rígidas, informação e programas
públicos, nesta sequência de importância.
40
6.2 O produto
Após a análise estatística e a interpretação dos dados, cruzados com as
teorias abordadas, criou-se o Inspire, um produto multiplataforma digital.
O Inspire é intitulado como uma experiência por se tratar de um processo
tentativo. Para Braga (2010) a comunicação não pode ser definida como de boa
qualidade ou bem sucedida, pois é complexo definir fórmulas para tal. A
comunicação é um processo tentativo, pois conta com uma variada probabilidade,
significando que alguma coisa pode acontecer, e baixa precisão, pois os valores são
aproximativos. Tudo isto é variável, podendo ser medido através de condições
comunicacionais como: a clareza dos enunciados, o equilíbrio ou desequilíbrio entre
os participantes, entre outros. Desta forma não podemos ter controle sobre o
resultado. Porém, Braga reforça que não se pode dizer que a comunicação sendo
ela tentativa irá se realizar ou não, e que mesmo diante destas contestações o
sucesso comunicacional deve ser buscado. “Tentar a comunicação – e constatar que
esta se realiza em alguma medida – corresponde a buscar alguma previsibilidade e
a tentar ampliar a probabilidade de sucesso.” (Braga, 2010, p.80)
Na 1º fase, definiu - se que as pautas seriam temáticas, e alimentação foi o
primeiro assunto a ser abordado. O Facebook recebeu atualizações diárias,
intercalando com status (que possuem a capacidade para 420 caracteres) e notas,
algumas ilustradas com fotos ou com a indicação de matérias de outros sites através
do hiperlink. O conteúdo foi disponibilizado tanto no perfil quanto na Fan page do
Inspire.
O blog Missão Inspire trabalhou com a ideia de trazer parte da rotina e até
mesmo desabafos, contando como foi possível desenvolver tarefas sustentáveis.
Empregando o conceito de blog como um diário online. Este se propôs a ser uma
narração biográfica por seis dias.
41
Por possuir um número limitado de caracteres em cada tweet (124
caracteres), o Twitter foi utilizado mais no contexto da hipertextualidade. Com o título
e o link de redirecionamento para outras páginas da internet, (reportagens, sites e
conteúdos acerca do tema). Houve também publicações que remetessem as outras
plataformas, contemplando a multimidialidade e questionamentos que pudessem
proporcionar a interação.
Seguindo o processo tentativo, para a segunda fase, mudanças foram
estabelecidas no produto. Em decorrência da quantidade e velocidade da
informação, o perfil do Facebook passou a ser atualizado apenas através do status,
e passou a ser assinado, com o link que redireciona para o perfil da autora. A Fan
page8 do Inspire seguiu a mesma linha de raciocínio, porém com menor volume de
atualização. Olhar Incomum foi o nome dado ao álbum com fotos tiradas no
cotidiano,
que
de
alguma
forma
representavam
o
meio
ambiente
e
a
sustentabilidade, postadas na Fan page.
No Twitter as atualizações diárias contaram com dicas e informações
rápidas sobre sustentabilidade, sempre seguidas da fonte. Através destas
informações divulgadas buscou-se a interação por meio de perguntas lançadas, em
ambas plataformas. Dentro do Facebook e do Twitter é possível encontrar links que
redirecionam para as outras plataformas, tornando o produto um ciclo. Mesmo diante
das
alterações,
as
características
da
linguagem
digital
(multimidialidade,
interatividade e hipertextualidade) foram mantidas.
O Wordpress nesta segunda fase passou por mudanças mais significativas, o
Missão Inspire passou a conter as informações mais densas, seguindo a proposta da
plataforma, de maior quantidade de texto. Nele é possível conferir notícias atuais
sobre a ótica ambiental e outras reflexões do cotidiano. A partir destas mudanças,
surgiu o blog 365 Vezes Sustentáveis, que partindo da idéia de diário online, é
composto por atitudes sustentáveis praticadas pelas autoras, onde cada qual é
assinada com o link que redireciona para o perfil do Facebook e para o perfil do
Me.adiciona.
8
Interface do Facebook para divulgação de empresa, marca, etc...
42
Para contemplar as outras mídias dentro das plataformas escolhidas,
utilizamos como plataforma auxiliar, o Youtube. O Youtube é um site de
hospedagem de áudio e vídeo, por algumas plataformas não disporem dessas
ferramentas, ele foi utilizado para armazenamento do conteúdo em audiovisual,
divulgados nas outras plataformas por meio do hiperlink.
Para melhor entendimento da hipertextualidade presente no Inspire e análise
do conteúdo, foi aplicado o método de categorização, que segundo Bardin (1977)
consiste em isolar os elementos e depois reparti-lós de acordo com uma
determinada organização, para uma “representação simplificada dos dados brutos”.
Foram elaborados diagramas hipertextuais, propostos por Alexandre Braga (2004).
Com estes, visamos clarear a visão acerca das características do transmídia,
abordadas neste produto. Assim, podemos verificar a relação entre as publicações,
de forma que cada post ou inserção faça sentindo isolado e, agrupado, seja parte
integrante de um todo, sem que seja estabelecida uma vinculação obrigatória. O
usuário é livre para percorrer o caminho que desejar, sem ordem cronológica,
podendo, dessa forma, analisar o conteúdo por diferentes pontos de vista.
Diante de todas estas características, foi feita uma análise de três produtos
semelhantes, a escolha destes foi pautada no uso da linguagem literária na internet.
Porém os produtos escolhidos não são específicos para o meio, o seu conteúdo é
adaptado das mídias tradicionais. A análise visa constituir referências quanto ao que
vem sendo disponibilizado no meio online. Para tanto foram observados em cada
produto as características da linguagem digital: Interatividade, Mulmidialidade e a
Hipertextualidade.
Sendo assim, foi criado um arquivo, contendo as publicações feitas em todas
as plataformas integrantes do Inspire e redistribuídas dentro do diagrama
hipertextual de Braga. De acordo com Bardim (1977), uma das fases importantes da
categorização é a definição das categorias. Para isso, optamos por classificá-las de
acordo com as cinco dimensões de sustentabilidade definidas por Sanches: Social,
ecológica, econômica, cultural e espacial. Dentro destas, fragmentamos o conteúdo
por pautas para melhor elucidação do todo, conforme será apresentado no intitulado
Dossiê Inspire.
43
7
DELINEAMENTO DO PRODUTO
7.1 Conceitos do Produto
O Inspire propõe uma nova ótica sobre a importância do desenvolvimento
sustentável para o homem, e como o impacto deste pode trazer conseqüências para
si e para as futuras gerações. Diante disto, aproximamos a sustentabilidade ao dia a
dia do cidadão comum, utilizando as próprias experiências das autoras como
referência. Assim o Inspire não se classifica apenas como uma experiência no
campo da comunicação, mas também se refere às vivências transportadas através
do gonzo jornalismo ao leitor.
O produto foi nomeado com o verbo de ação inspirar, com o intuito de fazer as
pessoas terem uma atitude frente às propostas de cada pauta. E mais do que isso,
inspirar tem referência à natureza, tendo em vista que o ato de respirar – inspirar o
ar- é fundamental para a sobrevivência.
Sendo este um produto multiplataforma, possui uma leitura própria, que pode
ser compreendida de uma forma singular, isto é, somente com o conteúdo de uma
plataforma, mas para o todo da informação, necessita-se vislumbrar todas, pois o
conteúdo é fragmentado e complementar.
O leitor não tem somente a função de receptor da notícia, neste produto ele faz
parte da obra como um todo. Suas opiniões e questionamentos dão continuidade ao
processo criativo, em uma rede de informação complexa.
7.2 Plataformas de Mídia
O produto será disseminado nas seguintes plataformas de mídia: Wordpress,
Facebook e Twitter. Tendo em vista que cada uma atua de maneira distinta, com
especificações próprias de elaboração.
44
7.2.1 Facebook
Figura 5 - Fan page do Inspire no Facebook
Figura 6 - Perfil do Inspire no Facebook
No Facebook foram criadas duas formas de distribuição de conteúdo, os
leitores/participantes podem ser amigos do perfil do Inspire ou curtir a Fan page
criada na plataforma.
45
Em ambos utilizamos todas as ferramentas disponibilizadas na plataforma.
Foi inserido texto no formato de status e de notas, fotos publicadas no mural e no
álbum, vídeos com auxilio da plataforma Youtube, e o compartilhamento de sites,
contemplando assim a característica da multimidiabilidade.
No total foram 76 atualizações, dos dias 13 de abril de 2011 a 12 de junho
de 2011. A característica de interatividade se deu por meio da opção “curtir”,
utilizada 105 vezes ao todo, e através de nove comentários.
Já a característica da hipertextualidade pode ser vista nas opções de
compartilhamento dos conteúdos do Inspire em outras plataformas e para link
indicados para leitura. Foi utilizado o hiperlink como meio de assinatura digital para
identificar o autor do conteúdo, aproximando deste elemento a característica do
Gonzo Jornalismo – personalismo.
7.2.2 Wordpress
7.2.2.1 Missão Inspire
Figura 7 - Layout do blog 365 vezes sustentáveis no Wordpress
46
Esta plataforma iniciou-se com a proposta de um blog diário com uma missão
semanal em uma primeira fase. Com um tema por semana, uma das autoras ficava
responsável em cumprir uma atitude sustentável especifica. Neste caso em questão
o tema foi alimentação sustentável. O conteúdo foi elaborado em um formato de
diário, sendo este em primeira pessoa.
Nesta etapa foram preparados sete posts, sendo que as mídias utilizadas foram:
vídeos, fotos e textos. Assim se deu a característica da multimidiabilidade. A
hipertextualidade pode ser visualizada quando relatava os locais por onde passou,
adicionado o mapa ou site do estabelecimento. Sendo este um blog aberto os
leitores podem deixar comentários, neste blog especificamente, não houve nenhuma
resposta do público.
A segunda fase do Missão Inspire foi inserida editorias e notícias com uma ótica
sustentável. Sempre ilustradas com uma foto ou vídeo. A imagem ilustrativa das
matérias fazem link para o site externo que serviu como base para o conteúdo.
Neste elemento podemos observar a hipertextualidade. As outras características da
linguagem virtual se mantiveram da mesma forma que na primeira fase.
Foram inseridos mais13 posts, totalizando 20 atualizações. O layout gratuito foi
desenvolvido por The Morning After por WooThemes. Há uma página sobre o que é
o produto e quem são as autoras com perfil e foto.
7.2.2.2 365 vezes sustentáveis
47
Figura 8 - Layout do blog 365 vezes sustentáveis no Wordpress
Neste blog a proposta era desenvolver cada dia uma atitude sustentável e
descrever como esta ação refletiu na vida das autoras. Os textos foram elaborados
em 1º pessoa contemplando as características do Jornalismo Gonzo.
Sobre as características da linguagem virtual, podemos destacar que a
multimidiabilidade foi utilizada através dos recursos visuais: fotografia, ilustração e
vídeo. A interatividade, assim como no outro blog foi possibilitada através dos
comentários, sendo que este obteve duas interações. Através da assinatura digital
das autoras é possível constatar a hipertextualidade.
O layout escolhido foi gratuito, nomeado como Vertigo, criado por Matthew
Buchanan. Este layout permite o compartilhamento direto nas redes Facebook e
Twitter. Há uma página sobre como surgiu o produto.
7.2.3 Twitter
48
Figura 9 - Layout do perfil do Inspire no Twitter
No Twitter optamos por compartilhar links, retweetar informações, as quais
serviram de fontes para as vivências das autoras, inserimos dicas e informações
acrescentadas das fontes, questionamentos e imagens. Além do compartilhamento
dos próprios produtos do Inspire nas demais plataformas.
O layout é gratuito e designado como Theme 5. Foi criado um padrão para
inserir as dicas e informações, com a seguinte estrutura: EDITORIA: mensagem
(via@ fonte). Ao todo foram 73 tweets. Estabelecemos que para está plataforma, de
acordo com o seu design, está seria a melhor forma de inserção de conteúdo. A
multimidiabilidade está presente através dos vídeos e textos publicados. O Twitter
por si só é uma plataforma hipertextual, desta forma esta característica é visualizada
através dos tweets assinados com o perfil do autor. A interatividade é possível
quando alguém responde ao conteúdo publicado com o @inspire_br
7.3 Plataformas de Apoio
49
Figura 10 - Layout do Inspire no Youtube
Utilizamos o Youtube como plataforma de apoio, pois este complementa as
características da linguagem digital, como a multimidiabilidade das plataformas que
escolhemos para inserir o Inspire. O Youtube foi o local encontrado para hospedar
os vídeos, já que as plataformas Twitter e Wordpress não oferecem esta ferramenta.
Além disto, não é necessário ter uma conta na plataforma para visualizar os vídeos,
pois optamos por manter estes públicos.
7.4 Viabilidade do Produto
O produto torna-se viável por conta de dois elementos: estar na internet e
tratar da temática ambiental.
Assim, vislumbramos algumas possibilidades de arrecadação financeira,
sendo elas o crowdfunding e através de investidores públicos e privados, de fundos
de arrecadação ao desenvolvimento e tecnologia.
50
O primeiro, o crowdfunding, é uma nova modalidade de financiamento, que
surgiu com a internet. Através de sites de arrecadação, o publico investe em idéias,
produtos e ações, e o valor é destinado ao projeto. Caso o valor total não seja
atingido, os doadores recebem o seu dinheiro de volta. Em matéria da revista INFO,
da editora Abril, edição nª303, publicada em maio de 2011, ressalta que esta
modalidade esta em ascensão no Brasil, mas em outros países, este tipo de
investimento já possui rentabilidade a muito tempo.
O Inspire será inscrito, posteriormente, no site Incentivador. A meta neste site
será arrecadar o total necessário para sustentar o produto por 12 meses. Neste
valor, estarão os gastos de transporte para cumprir as pautas, ingressos, internet, e
o custo dos profissionais que trabalham na criação de materiais para o Inspire,
conforme tabela a seguir:
Pró-labore: R$ 4.400,00
Gastos gerais R$ 500,00
Total= R$ 4.900,00 mensais
Total em 12 meses= R$ 58.800,00
É necessário ressaltar, que o Inspire se trata de um produto para o meio
online, sendo assim, não é necessário a criação de uma sede fixa. Além disso, o
Office home, torna-se também uma proposta ecológica de atuação, evitando a
locomoção diária, ato que beneficia o equilíbrio do planeta. No entanto, para futuras
reuniões com investidores, reuniões de pautas ou eventos, o Inspire terá uma conta
na Aldeia, que é um escritório colaborativo, localizada hoje na Av. Marechal Deodoro
262 Centro de Curitiba.
A segunda possibilidade de arrecadação é através dos investimentos públicos
e privados ao desenvolvimento. A temática ambiental está no foco da mídia atual,
existem inúmeros concursos e premiações para os produtos de mídia.
51
7.5 Público-Alvo
Conforme
elucidamos
na
metodologia,
em
uma
pesquisa
preliminar,
identificamos como público alvo os usuários ativos da internet. Estes compreendem
em sua grande maioria a chamada a geração Y, identificados como os nascidos
entre os anos 80 e 90. Estes se encontram hoje no mercado de trabalho e no campo
acadêmico, e possuem mais autonomia em relação aos meios de informação na
internet.
Devido à grande ascensão da classe C, os usuários pertencentes a este grupo
dispõem de mais ferramentas que permitam estar online por mais tempo.
52
8
CONCLUSÃO
Como o Inspire é um produto que circula num ambiente em frequente e intensa
transformação – o meio digital –, um de nossos objetivos fundamentais foi conhecer
de modo empírico as funcionalidades das plataformas nas quais o produto está
inserido. Devido a caráter experimental do projeto, optamos por não fazer pesquisas
de recepção ou fazer projeções sobre a futura utilidade das plataformas e das redes
sociais para o jornalismo.
Como o produto continua existindo na rede, ele continua em transformação. A
experimentação não foi interrompida. Um dos aspectos importantes do presente
projeto foi a possibilidade concreta de usar, na construção de seus conteúdos,
experiências reais vivenciadas pelas autoras no que tange a aspectos da
sustentabilidade, representadas e retratadas nas diferentes plataformas utilizadas.
Tendo em vista que o Inspire foi construído baseado no processo tentativo
delineado por Braga (2010), evidenciamos que não existe uma fórmula perfeita para
a comunicação. Não há como garantir se o processo comunicacional está certo ou
errado, pois não analisamos a receptividade dos leitores. Considerando as variáveis
dos níveis de interação, o leitor torna-se um participante tentativo. Diante disso, “as
tentativas dos participantes (cada qual tentando ser bem sucedido em sua visada
especifica, na troca) ocorrem em um contexto processual no qual alguma coisa está
em jogo” (BRAGA, 2010, p.72). Dessa forma, Braga explica que o participante tenta
e não somente organiza as tentativas, contribuindo com novas informações e
desenvolvendo tentativas sociais. No Inspire esse processo tornou-se perceptível
diante do conteúdo fragmentado em diferentes plataformas, o que possibilitou que o
participante percorre-se o caminho escolhido com base na suas próprias
expectativas.
Não nos precipitaremos em tratar este produto como um estudo de caso.
Acreditamos que seja mais relevante, no presente momento, relatar as experiências
que tivemos com um produto multiplataforma, sem muitos equivalentos no cenário
midiático atual. Assim, acreditamos que o produto faz uma contribuição importante
para o aprofundamento acadêmico sobre as várias possibilidades que meio digital
oferece à área da comunicação, mais especificamente do jornalismo.
53
9
CRONOGRAMA DE TRABALHO
ALUNO/EQUIPE: Ana Paula Moreira / Rúbia Cristina Druszcz
Descrição de Atividades
Pesquisa bibliográfica
Elaboração do referencial teórico
Registro nas plataformas
Elaboração do projeto
Desenvolvimento do produto
Banca
7
8
9
10
X
X
X
X
11
MÊS
12
1
X
X
2
3
4
5
X
X
6
X
X
X
X
54
10 REFERÊNCIAS
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58
11 APÊNDICE
A - Produtos jornalísticos literários na internet
Dentre os produtos de mídia disponibilizados na internet, escolhemos três
opções de produtos do gênero jornalístico literário que disponibilizam o conteúdo
oriundo das mídias tradicionais para as novas mídias: Revista TPM da editora TRIP,
Revista Piauí da editora Abril e o site do programa televisivo A Liga, da emissora
Band.
É necessário se ater que os três exemplos analisados são produtos
adaptados aos recursos das novas mídias, sem que sua gênese tenha sido
desenvolvida para o ciberespaço. O produto convergente desta forma segue os
pressupostos de Salaverría ao definir o conceito de convergência de conteúdos. O
produto em questão, que o presente projeto almeja elaborar é um produto
desenvolvido para ser difundido no ciberespaço, de forma de se desenrole através
de plataformas online sendo a linguagem própria para o meio.
Está pesquisa visa estabelecer referências que possam servir como modelo
de atuação do gênero jornalístico literário atua na internet. Os critérios desta
pesquisa serão: Interatividade, Mulmidialidade e a Hipertextualidade.
Site da Revista Piauí
59
Figura 11 - Site da Revista Piauí
O site da Revista Piauí não utiliza muitos recursos em seu site que mantém
no domínio http://revistapiaui.estadao.com.br/. A hipertextualidade é vista em
algumas matérias que possuem links de matérias relacionadas e na sessão Achados
& Imperdíveis que apresenta alguns links externos de vídeos e sonoras, mas estes
não se relacionam com as matérias do site. A interatividade é pouco explorada,
sendo que nem nos blogs apresenta a opção comentário. Há a opção carta do leitor,
mas este é mediada através da caixa contato precisando da verificação dos
produtores da revista para a publicação na sessão. Uma opção de interação é o
Concurso Literário em que os participantes têm seus textos publicados no site e os
três melhores são publicados na versão impressa. Os recursos da multimidiabilidade
não são utilizados no site.
Site da Revista TPM
60
Figura 12 - Site da Revista TPM
A versão web da revista TPM, da editora Trip é entre os três sites analisados
o que mais apresentou as características da linguagem digital. A hipertextualidade
aparece em matérias relacionadas, nos blogs dentro da versão online da revista há o
uso do hiperlink para diversos sites sempre indicados na opção vai lá. A
multimidiabilidade pode ser percebida em quase todas as matérias. Na edição nº
103 o ensaio fotográfico do apresentador Rodrigo Faro possui no site três opções de
mídia: as fotos do ensaio fotográfico, o vídeo com o making off e a entrevista com o
apresentador. As redes sociais são muito bem utilizadas neste site, com o recurso
de “recomendar” que remete a rede social Facebook e o retweet para que a matéria
seja indicada através de hiperlink na rede social Twitter. O site utiliza a opção de
tags no home, com as palavras mais procuradas no site. As atualizações do Twitter
também aparecem no home do site. Todas as matérias apresentam a opção
61
comentário e o site possui um espaço reservado para o leitor e pode criar uma conta
dentro do site no espaço Minha TPM, neste local pode ver os seus próprios
comentários no site e ver os que foram postados depois de seu comentário e pode
participar de promoções exclusivas para os cadastrados, pode separar as matérias
favoritas e marcar matérias para ler depois contemplando a característica da
interatividade.
Site do programa A Liga
Figura 13 - Site do programa A Liga
A hipertextualidade aparece no ler mais com outras opções de conteúdo
sobre o tema do programa. A multimidiabilidade é percebida com mídias diferentes
na opção em cada tema do programa. O programa sobre a Insegurança na cidade
de São Paulo possui entre as opções de mídia o vídeo completo do programa, um
infográfico e dicas de segurança em diversos lugares. Há a opção de indicar a
matéria em diversas redes sociais de forma genérica sem que haja uma contagem
62
de quantas vezes a matéria teve indicações nas redes sociais. Não há a opção de
comentários desta forma o site não contempla está característica.
B – Questionário
Esta pesquisa faz parte do Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo das
alunas Ana Paula Moreira e Rúbia Druszcz. Sua participação é importante.
Obrigada!
Qual o seu sexo? *
Feminino
Masculino
Faixa etária? *
Menos de 20 anos
De 21 anos a 30 anos
De 31 anos a 40 anos
De 41 anos a 50 anos
Mais de 51 anos
Qual seu nível de escolaridade? *
Ensino médio
Técnico
Superior incompleto
Superior completo
Superior com especialização ou pós-graduação
Qual a sua classe social? *
Classe A ( renda familiar média acima de R$ 10.200,00)
Classe B ( renda familiar média de R$ 5.100,00 à R$
10.200)
Classe C ( renda familiar média de R$ 2.040,00 à R$
5.100,00)
Classe D ( renda familiar média de R$ 1.020,00 à
2.040,00)
Classe E ( renda familiar média de R$ 0 à R$ 1.020,00)
Qual meio de comunicação você utiliza para se informar? *
Jornal
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Televisão
Rádio
Internet
Revistas
Quanto tempo diário você dedica a leitura? *
Menos de 1 hora
Mais de 2 horas
Mais de 4 horas
Mais de 6 horas
Dos meios tecnológicos, qual você primordialmente utiliza? *
Tv a cabo
PC
Laptop
Celular
Tables
Em qual destas redes sociais você possui conta? *
Facebook
Twitter
Orkut
Youtube
My Space
Linked In
Haboo
Flick
Outras
De qual desses locais você costuma acessar as redes sociais? *
Casa
Trabalho
Casa de amigos ou parentes
Locais públicos pagos
Locais públicos gratuitos
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Em que período do dia você costuma acessar as redes? *
Manhã
Tarde
Noite
Com que freqüência você costumar acessar as redes sociais? *
Uma ou duas vezes por mês
Uma ou duas vezes por semana
Uma vez ao dia
Mais de uma vez ao dia
Quais tuas as principais motivações para visitar as redes sociais? *
Entretenimento
Conhecer novas pessoas
Passar o tempo
Estar em contato com amigos
Ser reconhecido
Procurar opiniões de outras pessoas
Por motivos profissionais
Para ver fotos e vídeos que meus amigos postam
Porque quero me informar
Quanto tempo você passa diariamente em redes sociais? *
Menos de 1 hora diária
Mais de 1 hora
Mais de 3 horas
Mais de 5 horas
Mais de 8 horas
Que atividades costuma desenvolver nas mídias sociais? *
Produz conteúdo
Faz critica
Coleta ou reproduz informação
Observa, participa e cultiva contatos
Consome ou cria mídia relacionado a marca, produto ou
65
serviço
As redes sociais substituem as informações encontradas nos portais de
notícias? *
Não
Sim
Qual assunto de maior interesse nos meios de comunicação? *
Cultura
Sustentabilidade
Problemas Sociais
Política
Economia
Tecnologia
Atualidades
Saúde / Doenças
Consumo / Compras / Produtos
Os problemas ambientais são causados por: *
Falta de legislações rígidas
Falta de consciência ecológica.
Informação
Falta de programas públicos
Falta de planejamento e urbanização
O que você entende por sustentabilidade? *
É ter renda para sustentar a familia ou se sustentar
sozinho
É a preservação de recursos naturais
É o que a empresa faz pelo meio ambiente
É reciclar o lixo e utilizar produtos reciclados
É prover o melhor para as pessoas e para o ambiente,
desta e das próximas gerações
Não sei definir
Em relação a sustentabilidade você se considera: *
Desconectado ( Não tem interesse no tema)
66
Interessado ( Mas não faz esforço para se informar)
Informado (Conhece e debate o tema)
Influenciador (É detentor de informções recentas e claras
sobre o tema)
Quais destas atitudes sustentaveis você pratica: *
Economia (luz, água, energia e outros)
Planejamento (otimização dos recursos)
Reciclagem (reaproveitamento de materiais)
Compras sustentavéis (consumo consciente)
Nenhuma
Você pagaria mais por um produto sustentavel? *
Não
Sim
Figura 14 - Sexo predominante
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Figura 15 - Faixa Etária
Figura 16 – Escolaridade
68
Figura 17 - Classe Social
Figura 18 - Meios de Comunicação
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Figura 19 - Tempo diário de leitura
Figura 20 - Meios tecnológicos
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Figura 21 - Redes Sociais
Figura 22 - Locais de acesso
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Figura 23 - Período do dia
Figura 24 - Freqüência de acesso
72
Figura 25 - Motivações nas Redes Sociais
Figura 26 - Tempo diário nas redes sociais
73
Figura 27 - Atividades nas mídias sociais
Figura 28 - Redes sociais substituem portais de notícias
74
Figura 29 - Assunto de interesse
Figura 30 - Causa dos problemas ambientais
75
Figura 31 - Sustentabilidade é:
Figura 32 - Em relação à sustentabilidade você é:
76
Figura 33 - Atitudes sustentáveis
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12 ANEXOS
A - Reportagem publicada pela Folha de São Paulo
25/05/2011 - 00h43
Câmara aprova texto final do novo Código Florestal
MÁRCIO FALCÃO
LARISSA GUIMARÃES
DE BRASÍLIA
Atualizado às 18h03.
Após semanas de embate, negociações e troca de acusações, a Câmara dos
Deputados aprovou na terça-feira (24) o texto-base da reforma do Código
Florestal com alterações que significaram uma derrota para o governo.
Uma emenda aprovada por 273 votos a 182 rachou a base do governo levando os
principais partidos governistas, PT e PMDB, para lados opostos. O texto da emenda
consolida a manutenção de atividades agrícolas nas APPs (áreas de preservação
permanente), autoriza os Estados a participarem da regularização ambiental e deixa
claro a anistia para os desmates ocorridos até junho de 2008.
O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), chegou a falar, em nome da
presidente Dilma Rousseff, que a aprovação da emenda seria "uma vergonha".
Líderes reagiram às declarações. "Vergonha é um governo querer fazer tudo por
decreto", disse o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP). Os discursos foram
acalorados.
O líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), negou que o texto, acordado com
aliados e oposicionistas, seja uma derrota. "Sou o governo Dilma, não aceito que se
diga aqui que está se derrotando o governo. Como se a proposta é nossa."
Mais cedo, a Câmara aprovou por 410 votos a favor e 63 contra o texto base do
Código Florestal redigido pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Entre outros
pontos, o Código define a isenção da reserva legal para as propriedades de quatro
módulos (20 a 400 hectares, dependendo do Estado), ponto que o governo é contra.
A emenda e o texto de Rebelo foram considerados um retrocesso pelos
ambientalistas que se revezaram na tribuna para fazer críticas à proposta.
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL E ECONOMIA LOCAL
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O Código Florestal determina como deve ser a preservação de rios, florestas e
encostas, combinada com a produção de alimentos e a criação de gado. Desde
1965, quando foi criado, a lei passou por várias modificações. Há 12 anos o
Congresso tenta discutir um novo texto.
Em outubro de 2009, Rebelo assumiu a relatoria e apresentou um documento que
foi alvo de críticas de ambientalistas e ruralistas. Ao longo do trabalho, o deputado
foi acusado de defender os interesses do agronegócio e promover a anistia de
desmatadores.
Questionado sobre seu texto final, o deputado disse que era "o possível", negando o
alinhamento com os ruralistas e pedindo que a proposta seguisse para o Senado.
"Como relator, não aguento mais amarrar e desamarrar esse fecho de lenha e
carregá-lo por mais tempo. É o momento de votarmos e deixarmos que o Senado
realize seu trabalho", disse.
O governo pretende reverter no Senado pontos que é contra e ainda ampliar a
punição do agricultor que for reincidente em crimes ambientais. Se não conseguir
desfazer o quadro, a presidente Dilma Rousseff pretende vetar parte desses pontos.
Na campanha eleitoral, Dilma se comprometeu a não autorizar projetos que
estabelecessem a redução de reserva legal e das APPs.
Mesmo prevendo que perderia a votação, o governo liberou a análise da proposta
para destravar a pauta da Câmara que tem 11 medidas provisórias, sendo que a
maioria perde a validade na próxima semana. O PMDB, principal aliado, já tinha se
comprometido a não votar mais nada se o código não fosse analisado.
Nos últimos dias, o governo chegou a fazer concessões. O ministro Antonio Palocci
(Casa Civil) fez uma série de reuniões para tentar ajustar o relatório de Rebelo, mas
não encontrou previsão regimental para a última aposta que tratava das APPs.
Como a discussão da matéria foi interrompida há duas semanas, nenhuma nova
emenda poderia ser apresentada. O Planalto chegou a ampliar a proposta feita na
véspera para tentar conseguir o apoio da base aliada.
Uma última cartada seria flexibilizar as APPs de matas ciliares (de rio) não só para
propriedades de quatro módulos, que ficaram em 20%, mas também estabelecer um
escalonamento para as APPs em terras de até dez módulos. "O governo chegou
com uma proposta muito boa, mas tarde demais", disse o líder do PMDB na
Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
O governo também resistia à isenção da reserva legal para os quatro módulos.
Queria que o texto de Rebelo trouxesse apenas previsão para agricultura familiar,
mas o relator insistiu em incluir pequenos proprietários. Segundo o Ministério do
Meio Ambiente, a medida deixará 15 milhões de hectares, o equivalente ao território
do Acre, sem reflorestamento.
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B – Entrevista com Arthur Veríssimo ao Site Observatório da Imprensa
DIRETÓRIO ACADÊMICO
ENTREVISTA / ARTHUR VERÍSSIMO
“Jornalismo gonzo exige pesquisa profunda”
Por Gustavo Abdel Massih em 12/09/2006 na edição 398
Da porta de entrada de seu amplo apartamento já se ouvia o som das potentes
caixas balançando ao ritmo reggae de Damian Marley. Descalço e com roupas
largas, Arthur abre a porta para a visita e logo diz: “Quer água?”, como se já
estivesse traçando um perfil do entrevistador naquele momento. Mas não, o calor em
São Paulo deixa qualquer um com o rosto suado depois de atravessar a Avenida
Paulista sob temperatura de 30º, e o mínimo que se pode oferecer é muita água.
Percebia-se que o repórter acabara de voltar de mais uma de suas viagens e ainda
estava arrumando as coisas espalhadas pela sala. Ou melhor, mal se via a sala, de
tantas esculturas, quadros, santos, tapetes, jornais, revistas, tudo espalhado de
forma organizada, surpreendentemente. Adepto da filosofia ioga, Arthur transita com
facilidade e agilidade em meio a tantas coisas, mesmo com seus 1,90m. Um incenso
é aceso, as pernas são cruzadas sobre a cadeira, os dois ouvidos revistados pelos
dedos e por fim a exclamação: “Vamos lá!”. A metralhadora falante aperta o gatilho e
não há Buda que o detenha. Saia de baixo que ele vai falar, do mesmo jeito que
costuma escrever.
***
Em que momento da sua vida alguém disse: Arthur, a partir de agora, é o repórter
gonzo da Trip!
O nome estava aí, mas foi dentro da Trip, pelo meu editor, Paulo Lima. Eu já
conhecia a obra do Hunter Thompson (1937-2005). Era uma coisa fácil de
decodificar, tem a ver com jornalismo, e fez uma febre danada... um monte de garoto
querendo ser gonzo, gonzo, gonzo. A minha vontade é que essa juventude que está
querendo fazer jornalismo gonzo pesquise profundamente. O Hunter Thompson
fazia isso. Pelos diários de Jack Kerouac, vê-se que o cara era um baita pesquisador
também. Aquele fluxo contínuo de idéias e ações. Por exemplo: o TinTin é gonzo, o
Peninha é Gonzo, Jack Kerouac é gonzo, os andarilhos sadhus da Índia também.
Daí, o gonzo que a gente recriou dentro das possibilidades editoriais da Trip foi fazer
um tipo de jornalismo que fosse degustativo para os jovens. Pois é entretenimento,
aquilo. Antropologia com entretenimento. Sempre querendo saber até onde pode
chegar esse tipo de jornalismo. É preciso entrar no corpo a corpo, aí é que você
aprende realmente. No tipo de reportagem que faço tento resgatar grandes
pesquisadores, como Marco Pólo, Darwin e outros.
80
Qual o momento em que você decidiu escrever?
Cara, a história é longa. Tinha uma revista que os “maluco beleza” faziam na época,
os “Zé pedrinha da época”, umas questões profundas, muitas terapias, chamavase Transe, uma revista de Brasília, em 1979. Lógico, quando eu era garoto,
presidente de grêmio de colégio, já fazia um jornalzinho. Pra mim sempre foi muito
fácil fazer um texto clássico de jornal, com as informações, apuração etc. Pra mim é
fácil. O difícil é fazer num espaço pequeno, não sendo um livro, uma matéria mais
elaborada, investigativa, que não tenha o tamanho de um livro, mas que mostre as
preciosidades do mundo. Por exemplo, essa minha última matéria, sobre o João de
Deus (edição 145 da Trip), essa matéria, poxa, ainda nesse período se confronta
com questões de censura. Nas bancas nós encontramos, hoje, publicações que
falam sobre espiritismo, sobre as psicografias de Chico Xavier e outros – são coisas
profundas do Brasil, são cicatrizes. E nós temos que correr atrás dessas
informações. O jornalismo político também está aí. As pessoas (repórteres) se
prendem a muitas besteirinhas, enfim...
Por que o jornalismo literário não está na mídia?
Porque os caras que controlam não permitem. Bom, mas até o dono de jornal, o
Otavio Frias [da Folha], ele até fez algumas matérias de grandes investigações.
Escreveu “A queda livre”, enfim, teve algum espaço. ATrip dá um espaço não muito
grande... pois é legal ter fotografia. Com fotografia fica fácil a leitura. Eu tento levar
uma reportagem que mexa com os sentidos. Tento buscar sempre um jeito de
despertar. Tirar a pessoa do lugar comum. Por exemplo, ele está no metrô lendo a
matéria, no avião, na privada, criando ruídos dentro dela. Senão, pra que é que eu
estou fazendo alguma coisa? Eu gosto muito dos jornais de sábado e domingo, por
que aparecem boas reportagens. É um lixo, mas eu leio tudo, a Folha, o Estado, O
Globo, Jornal do Brasil.
E as suas pautas?
Eu sou uma bíblia. Eu ripo há muitos anos todas as publicações. Eu tenho fontes
inesgotáveis de matérias. Um exemplo: vocês estão sabendo o que vai acontecer
amanhã, com o planeta? Amanhã o XP14 (asteróide) vai passar do ladinho do
planeta Terra. Saiu uma nota num jornal chileno, e nos brasileiros não saiu “lhufas”.
É uma p... informação, que altera todos os hábitos dos terráqueos, e a imprensa
brasileira foi a única que não informou...
Claro que você teve alguma influência. Quem são?
Um cara que me influenciou bastante foi o Gilberto Felisberto Vasconcellos. Um cara
top é Cláudio Tognolli, com as suas investigações. E outro foi Pepe Escobar, que
também me influenciou muito e pra mim é um ícone do jornalismo brasileiro. E assim
vai. A turma do Pasquim remete muito ao jornalismo gonzo. Eu devorava esse jornal,
as revistas Manchete, Realidade e Playboy dos meus primos. Na verdade, eu acho
que a gente deve produzir, fotografar, se pautar, pagar, e temos às vezes que
maquiar as situações. Me apóio muito nos 10 mandamentos de Ryszard
Kapuscinski, de como um jornalista deve se virar no exterior. Também pego na fonte
de Kerouac. O gonzo aconteceu também por incentivo de muitas pessoas. Muitos
amigos influenciaram bastante. A gente estuda, mas o autodidatismo é fundamental.
Eu tenho muito interesse por literatura, também. Livros de ciência também fizeram
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parte do meu repertório. A gente vem de uma época de informações incríveis, não
com essa velocidade de informações que, particularmente, também acho legal.

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