Anais Sicud 2015 - UNESP: Câmpus de Dracena
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Anais Sicud 2015 - UNESP: Câmpus de Dracena
RESUMOS CIENTÍFICOS ANAIS DO XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 a 24 de Setembro de 2015 UNESP – Campus Dracena SP 249, Km 651 FICHA CATALOGRÁFICA Desenvolvida pela Biblioteca do Campus Experimental de Dracena S567 SICUD (XI. : 2015 : Dracena). XI Simpósio de Ciências da Unesp Dracena [arquivo de dados legíveis por computador] / editado por Rafael Simões Tomaz, Elaine Mendonça Bernardes, Celso Tadao Miasaki, Etienne Groot e Evandro Pereira Prado -- Dracena : UNESP, 2015. ISSN: 1808-7132 1. Ciências agrárias. 2. Veterinária. 3. Zootecnia. 4. Agronomia. I. Simpósio de Ciências da Unesp - Dracena. II. Tomaz, Rafael Simões. III. Bernardes, Elaine Mendonça. IV. Miasaki, Celso Tadao. V. Groot, Etienne. VI. Prado, Evandro Pereira. XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 SUMÁRIO XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” ALFACE CRESPA VAR. VENERANDA SUBMETIDA A DIFERENTES FONTES DE ADUBOS ORGÂNICOS ...........................................................................................................................4 ALGUNS ATRIBUTOS DE ESCOLHA DE SUPERMERCADO ...........................................................9 ANÁLISE DE DIVERSIDADE GENÉTICA DE TESTE DE PROGÊNIE HÍBRIDA DE EUCALIPTO VISANDO MELHORAMENTO ........................................................................................12 AQUAPONIA: MODELO SUSTENTÁVEL E DE BAIXO CUSTO NA PRODUÇÃO CONJUNTA DE TILÁPIAS DO NILO E ALFACE.................................................................................16 ASPECTOS DOS CONSUMIDORES DA FEIRA LIVRE DE DRACENA ............................................20 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE CASCAS DE OVOS DE QUATRO DIFERENTES MARCAS COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE ANDRADINA-SP ................................................24 COMPACTAÇÃO DE UM LATOSSOLO VERMELHO CULTIVADO COM MILHO VERDE ORGÂNICO EM CONSÓRCIO COM LEGUMINOSAS ..........................................................28 COMPORTAMENTO DE BOVINOS DA RAÇA NELORE EM SISTEMA INTEGRADO DE PRODUÇÃO ANIMAL COM LINHAS SIMPLES DE EUCALIPTO ....................................................32 COMPORTAMENTO DE BOVINOS DA RAÇA NELORE EM SISTEMA INTEGRADO DE PRODUÇÃO ANIMAL COM LINHAS TRIPLAS DE EUCALIPTO.....................................................37 CONSUMO DE ÁGUA E PRODUÇÃO DE PROTEINA SÉRICA TOTAL EM CAVALOS DE PROVA DE TRÊS TAMBORES ........................................................................................................41 CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA E PRODUÇÃO DE OVOS EM AVIÁRIOS DE POEDEIRAS COMERCIAIS ....................................................................................................................45 CRESCIMENTO DE CANA-DE-AÇÚCAR QUANDO PLANTADA SOB DOSES CRESCENTES DE ÁCIDO SALICÍLICO ..................................................................................49 CRESCIMENTO DE CANA-DE-AÇÚCAR QUANDO PLANTADAS SOB DIFERENTES POSIÇÕES DO MINITOLETE .................................................................................................................53 DESEMPENHO DE DIFERENTES VOLUMES DE APLICAÇÃO NA DEPOSIÇÃO EM FEIJÃO.......................................................................................................................................................57 DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE DE 1 A 21 DIAS SUPLEMENTADOS COM PROBIÓTICOS E ÁCIDOS ORGÂNICOS EM SUBSTITUIÇÃO AOS ANTIBIÓTICOS....................61 DESEMPENHO DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO HIDRÁULICA NA DEPOSIÇÃO EM FEIJÃO.......................................................................................................................................................65 DIAGNÓSTICO DOS ESTOQUES DE CAPITAIS EM PROPRIEDADE LEITEIRA DO MUNICIPIO DE DRACENA (SP) ............................................................................................................69 1 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DIFERENCIAÇÃO DE QUEIJOS PRODUZIDOS EM SISTEMA CONVENCIONAL E ORGÂNICO PELA TÉCNICA DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS ...................................................................73 DIFERENCIAÇÃO DE SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE PELOS ISÓTOPOS ESTÁVEIS DE 13C, 15N E 18O NA CARNE ..........................................................................77 DIMINUIÇÃO DA QUANTIDADE DE FUNGOS EM FLORES DE MELANCIA E DA SOBREVIDA DE LARVAS DE ABELHAS MELÍFERAS CONTAMINADAS COM PIRACLOSTROBINA ...............................................................................................................................82 DOSES DE EXTRATO DE PRÓPOLIS NO CONTROLE DO FUNGO ASPERGILLUS SP E NO TRATAMENTO DE SEMENTES DE PEPINO ................................................................................86 DOSES DE POTÁSSIO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MOGNO-AFRICANO.........................90 EFEITO DO IMIDACLOPRIDO SOBRE A BIOENERGÉTICA EM MITOCONDRIAS ISOLADAS DE FÍGADO DE RATO........................................................................................................94 EFEITOS DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DOSES DE POTÁSSIO EM VARIÁVEIS MORFOFISIOLÓGICAS E PRODUTIVIDADE DE CAPIM-MOMBAÇA ...........................................98 EQUAÇÃO MATEMÁTICA PARA USO DO BIOGÁS NA GERAÇÃO DE ELETRICIDADE E FUNCIONAMENTO DE MOTORES ESTACIONÁRIOS ...................................................................102 ESTUDO DE DIFERENTES MODELOS PARA ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS DE PESOS CORPORAIS E METABÓLICOS EM BOVINOS DA RAÇA BRAHMAN ..........................................................................................................106 EXTRATO DE PRÓPOLIS NO CONTROLE DO Penicillium sp. E NA QUALIDADE DE SEMENTES DE COUVE-FLOR ...............................................................................................................110 GASTOS COM A FEIRA LIVRE DE DRACENA...................................................................................114 INFLUÊNCIA DAS LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM VARIÁVEIS DE PRODUTIVIDADE DE CAPIM-MOMBAÇA ............................................................118 INFLUENCIA DO TRATAMENTO ANTI-HELMÍNTICO NO DESEMPENHO E TERMINAÇÃO DE VACAS DESCARTES SUPLEMENTADAS A PASTO ........................................122 INFLUÊNCIA DOS DIFERENTES NÍVEIS DE SOMBREAMENTO NA PASTAGEM SOBRE O GRAU DE PARASITISMO E DESEMPENHO DE NOVILHOS NA FASE DE RECRIA .....................................................................................................................................................126 INTERFERÊNCIA DA QUALIDADE DOS FENOS DE TIFTON E ALFAFA NO PERÍMETRO ABDOMINAL E PESO CORPORAL DE EQUINOS .......................................................130 LISOFOSFOLIPÍDIOS ASSOCIADOS COM ÁCIDOS ORGÂNICOS AUMENTAM O TEOR DE Ω-3 NA CARCAÇA DE FRANGOS ALIMENTANDOS COM ÓLEO DE SOJA ...........................134 MASSA DE FORRAGEM DO CAPIM-MARANDU EM SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO ANIMAL .............................................................................................................................138 MICROCLIMA E ÍNDICES DE CONFORTO TÉRMICO EM SISTEMAS INTEGRADOS ................142 NÍVEL DE VERMINOSE E CARACTERÍSTICAS HEMATOLÓGICAS DE NOVILHOS NELORES A PASTO SOB TRÊS NÍVEIS DE SOMBREAMENTO ......................................................146 2 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 ORGANIZAÇÃO E CONTROLE FINANCEIRO DE PROPRIEDADE FAMILIAR: UM ESTUDO DE CASO. .................................................................................................................................150 PERCEPÇÃO DE CONSUMIDORES DOS ESTADOS DE MINAS GERAIS E SÃO PAULO, SOBRE O BEM-ESTAR DOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO ...................................................................155 PERFIL GERAL E PERSPECTIVAS FUTURAS DE JOVENS INCLUSOS AO PROJETO AGRÍCOLA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA – SP......................................................158 POTENCIAL ANTAGÔNICO DE UM ISOLADO DE Saccharomyces COMO AGENTE DE BIOCONTROLE DE Stemphylium ...........................................................................................................162 PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALFACE EM DIFERENTES SUBSTRATOS .......................................166 QUALIDADE DA CARNE MATURADA DE NOVILHAS BUBALINAS COM IDADE ENTRE 32-36 MESES ...............................................................................................................................170 QUALIDADE DOS FENOS DE CAPIM-TIFTON 85 E ALFAFA SOBRE A DIGESTIBILIDADE DE DIFERENTES DIETAS PARA EQUINOS .....................................................174 QUALIDADE DOS FENOS DE CAPIM-TIFTON 85 E ALFAFA SOBRE A PRODUÇÃO E UMIDADE FECAL DE EQUINOS ...........................................................................................................178 QUEBRA DE DORMÊNCIA EM SEMENTES E O DESENVOLVIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE UROCHLOA BRIZANTHA CV. MARANDU QUANDO SUBMETIDA AO USO DO ETEFOM .............................................................................................................................182 RESÍDUO DA SEMENTE DE MARACUJÁ NA ALIMENTAÇÃO DE POEDEIRAS COMERCIAIS ...........................................................................................................................................185 SUPERFÍCIE DE RESPOSTA EM EXPERIMENTO FATORIAL PARA PRODUÇÃO DE MASSA SECA EM CAPIM-MOMBAÇA SOB LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA .......................................................................................................................................190 TEOR DE CLOROFILA E PROTEÍNA BRUTA DE CAPIM-MARANDU EM SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO .............................................................................................................194 VACINAÇÃO CONTRA RAIVA, EM CÃES E GATOS E TESTE DA LEISHMANIOSE: AÇÕES REALIZADAS PELO PROJETO CÃO CIDADÃO – UNESP DE DRACENA EM JUNQUEIRÓPOLIS/SP .............................................................................................................................199 3 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 ALFACE CRESPA CULT. VENERANDA SUBMETIDA A DIFERENTES FONTES DE ADUBOS ORGÂNICOS Maikon Vinicius da Silva Lira¹; Fernando Takayuki Nakayama; Gabriely Fernanda de Souza; Tamara Bastos Cardoso Farias; Elton Felipe Marques. 1 - ETEC Prof. Carmelina Barbosa, Dracena - SP [email protected] RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar a Variedade da espécie Lactuca sativa do grupo crespa, cultivar Veneranda, em sistemas de cultivo orgânico em Dracena/SP. O experimento foi conduzido na área experimental da escola ETEC Profº Carmelina Barbosa, em junho de 2015 foi cultivada em canteiros, e as doses dos adubos utilizados de cada composto foram de 1, 400 kg por m². Foram usados 3 tipos de compostos : aves, coelhos e ovinos, sendo que os mesmos foram selecionados aleatoriamente nos barracões e após, colocados em sacos pretos de plásticos. A adubação orgânica presta-se à reciclagem de resíduos rurais, o que possibilita maior autonomia dos produtores em face do comércio de insumos e apresenta grande efeito residual (Smith & Hadley, 1989; Vidigal et al., 1995). Cada canteiro possuía 5 metros de comprimento com 1 metro de largura, totalizando 5 m² cada, sendo que o espaçamento entre os canteiros foi de 50 cm. Após a condução do experimento foram coletadas 10 amostras de alface por parcela experimental, logo foram higienizadas. As variáveis analisadas foram: número de folhas e comprimento de raiz. O presente trabalho mostrou que os estercos de aves e de coelho propiciam melhores desenvolvimentos de raiz e tamanho de folhas para a alface crespa ‘Veneranda’, se comparado à testemunha. Para tamanho de folhas, as plantas subtidas à adubação com esterco de aves diferiram também das plantas adubadas com esterco de coelhos Palavras-chave: Produção de alface, Orgânico, Tipos de composto INTRODUÇÃO A Lactuca sativa L. (alface) é a principal hortaliça folhosa comercializada e consumida pela população brasileira pela facilidade de aquisição e por ser produzida durante o ano inteiro (Oliveira et al., 2004). O grupo de alface crespa é o mais importante no Brasil, respondendo por aproximadamente 70% do mercado de alface. È consumida tanto em formas de saladas ou em sanduíches, por isso e importante o estudo para que melhoras as produções dessas olerícolas e que garanta a sustentabilidade na agricultura. O Brasil possui uma área de aproximadamente 4 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 35.000 hectares plantados com alface, caracterizados pela produção intensiva, pelo cultivo em pequenas áreas e por produtores familiares, gerando cerca de cinco empregos diretos por hectare (COSTA; SALA, 2005). Os estados de São Paulo e Minas Gerais são os maiores produtores de alface do país, sendo que somente o estado de São Paulo plantou 6.570 ha em 2006, produzindo 129.077 toneladas (IEA, 2007). A adoção de adubos orgânicos nos cultivos de hortaliças tem crescido nos últimos anos e vários estudos têm sido realizados, em virtude das inúmeras vantagens da adubação orgânica no cultivo de hortaliças, elevado custo de adubos minerais solúveis e o marketing realizado em torno da produção orgânica de alimento (SANTOS et al., 2001). Os adubos orgânicos contem vários tipos de nutrientes, desde macronutrientes aos micronutrientes, assim também melhorando a CTC do solo. Com isso torna-se necessário avaliar tipos de compostos orgânicos e seus desempenhos produtivos para auxiliar os produtores em suas decisões de adubação. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o desenvolvimento vegetativo da alface sob diferentes tipos de compostos orgânicos. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido entre os anos agrícolas de 2015 em área experimental pertencente escola ETEC Profº Carmelina Barbosa, no qual instalou-se a Unidade de Avaliação situada às margens da Rodovia SP 294 (Comandante João Ribeiro de Barros), km 653 – Bairro das Antas, Município de Dracena-SP. O delineamento empregado foi o de blocos ao acaso com 4 repetições para o experimento, totalizando 16 parcelas com 10 plantas cada. Antes da instalação do experimento, realizou-se preparo convencional no terreno experimental, e foi feito o levantamento do canteiro, e as doses dos adubos utilizados foram de 1, 400 kg por m². Para o controle de plantas daninhas foram realizadas capinas manuais no período inicial de desenvolvimento, durante a condução do experimento foi feitas capinas semanais. Não houve necessidade de controle fitossanitário, pois não ocorreu nenhum ataque de pragas ou doenças. As variáveis avaliadas no presente trabalho foram tamanho de raiz e comprimento de folhas no qual foi utilizada uma régua graduada para obtenção dos dados. Após a medição os dados foram submetidos à análise de variância através do teste F e teste de comparação de médias (Tukey) ao nível de significância de 5%, utilizando a metodologia descrita por Gomes (2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO 5 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 A tabela 01 apresenta os valores médios de comprimento de raiz. Dentre os compostos orgânicos testados, observa-se uma variação considerável no aspecto visual de plantas sendo que os adubos orgânicos de aves e coelhos obtiveram melhor aspecto visual. Após análise, verificouse que os estercos de aves e coelhos diferiram da testemunha, apresentando raízes mais compridas. Fato este pode estar relacionado à melhor qualidade nutricional destes estercos, pois durante o preparo dos canteiros, bem como durante a condução do experimento foram os que mais facilmente foram incorporados, possibilitando uma camada mais uniforme, do ponto de vista qualitativo. Tabela 01. Valores médios de tamanho de raiz (cm) obtidos em alface crespa ‘Veneranda’, submetidas à diferentes fontes de adubos orgânicos - Dracena (SP), 2015 Teste F 4,6633** CV (%) 39,73 DMS 3,017 Tratamentos Tamanho de raiz (cm) Testemunha 4,00 b Esterco de aves 7,45 a Esterco de ovinos 5,80 ab Esterco de coelhos 7,60 a As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. A tabela 02 apresenta os valores médios de tamanho de folha. Dentre os compostos orgânicos testados os adubos de aves e de coelho diferiram significativamente da testemunha, corroborando com os mesmos resultados para tamanho de raiz. Possivelmente o mesmo comportamento que foi observado na variável anterior foi também para tamanho de folha, sendo que a facilidade de incorporação do adubo orgânico foi fundamental para melhor aproveitamento das plantas, refletindo no desenvolvimento vegetativo. Tabela 02. Valores médios de tamanho de folha (cm) obtidos em alface crespa ‘Veneranda’, submetidas a diferentes fontes de adubos orgânicos - Dracena (SP), 2015 Teste F CV (%) DMS Tratamentos 13,2757** 17,58 4,1492 Tamanho de folhas (cm) 6 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Testemunha 15,90 c Esterco de aves 24,4 a Esterco de ovinos 16,60 bc Esterco de coelhos 20,30 ab As médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. CONCLUSÕES O presente trabalho mostrou que dentre os tipos de estercos, os melhores resíduos para a produção da cultivar Veneranda foram o de aves e coelhos. REFERÊNCIAS COSTA, C. P. da; SALA, F. C. A evolução da alfacicultura brasileira. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 23, n. 1, jan./mar., 2005. Artigo de capa. DIAS, CASTANHO. Raízes da Fertilidade. São Paulo: Calandra Editorial, 2005. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Centro nacional de pesquisa de solos. Rio de Janeiro, 1999, 412p. GOMES, P.F. Curso de estatística experimental, Piracicaba: USP, 2000. 477p. IEA. Banco de dados: área e produção dos principais produtos da agropecuária. Disponível em: . Acesso em: 04 out. 2007. KÖPPEN, W.; GEIGER, R. Klimate der Erde. Gotha: Verlag Justus Perthes. 1928. Wall-map 150cmx200cm. OLIVEIRA, A. C. B.; SEDIYAMA, M. A. N.; PEDROSA, M. W.; GARCIA, N. C. P.; GARCIA, S. L. R. Divergência genética e descarte de variáveis em alface cultivada sob sistema hidropônico. Acta Scientiarum, v.26, n.2, p.211-217, 2004. SMITH, S. R.; HADLEY, P. A comparison of organic and inorganic nitrogen fertilizers: their nitrate-N and ammonium-N release characteristics and effects on the growth response of lettuce (Lactuca sativa L. cv. Fortune). Plant and Soil, v. 115, n. 1, p. 135-144, 1989. VIDIGAL, S. M.; RIBEIRO, A. C.; CASALI, V. W. D.; FONTES, L. E. F. Resposta da alface (Lactuca sativa L.) ao efeito residual da adubação orgânica: II. Ensaio em casa de vegetação. Revista Ceres, Viçosa, v. 42, n. 239, p. 89-97, 1995. 7 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 ALGUNS ATRIBUTOS DE ESCOLHA DE SUPERMERCADO Ana Carolina dos Santos*¹; Flávio Pereira Junior¹; Etiénne Groot2. ¹Discente Unesp de Dracena ²Docente Unesp de Dracena. *[email protected] RESUMO Este trabalho teve como objetivo avaliar a opinião de consumidores de Dracena/SP à respeito de certos atributos de supermercados considerados no processo de decisão de onde realizar as compras. As opiniões foram obtidas por oito entrevistas pessoais, que contou com o auxílio de questionário. Como resultado, observou–se que há dois grupos de consumidores: os que realizam compras nos supermercados quase que diariamente e os que fazem as compras com pouca frequência. Assim como em grandes centros urbanos, a quantidade e qualidade dos produtos ofertados são importantes para os consumidores escolherem o estabelecimento comercial. Quatro estabelecimentos da cidade foram indicados com melhor sortimento de produtos. Em relação às Marcas Próprias, muitos acreditam que esta estratégia não influenciaria na sua decisão de onde comprar. Os consumidores preferem os estabelecimentos perto aos que estão longe de suas casas para fazer as compras. A percepção de longe ou perto depende hora da distancia e hora do tempo. PALAVRAS-CHAVE: atributos; Dracena; consumidores. INTRODUÇÃO A contínua transformação dos clientes tem provocando mudanças na dinâmica dos supermercados. A visão é ter nos clientes mais uma fonte de competência para a empresa. No livro The Theory of the Business, Peter Drucker (1994) ressalta que os consumidores analisam diversos atributos de supermercados, como: o sortimento de produtos, a disponibilidade de marcas de produtos e preços atrativos. O cliente acaba escolhendo aquele estabelecimento que lhe ofereça maior utilidade, isso condicionado ainda ao seu conhecimento, mobilidade e renda. Os estudos sobre o processo de decisão de estabelecimentos comerciais são mais frequentes em grandes cidades (por exemplo: FURUTA; BARRIZZELLI, sd), onde estão os grandes mercados consumidores. Para cidades pequenas, como Dracena – interior do Estado de São Paulo, carecem ainda de estudos sobre os critérios que afetam a decisão dos consumidores sobre o local de compras. 8 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi analisar, a nível exploratório, quais os atributos mais valorizados pelos clientes de supermercados em Dracena/SP. Segundo o IBGE (2015), Dracena é um município do oeste paulista, fundado em 1945. Atualmente, a sua população é estimada em 45.847 pessoas. Em 2012, o PIB per capito do município foi estimado em 17,38 mil reais, valor este 26,5% abaixo da média nacional. MATERIAL E MÉTODOS Para atender os objetivos do estudo, realizaram–se entrevistas pessoais abordando consumidores de diferentes gêneros e idades nas principais vias públicas de Dracena/SP. Na abordagem, os entrevistados foram informados sobre o anonimato de suas respostas, ou seja, que as suas opiniões seriam publicadas de forma impessoal. As entrevistas foram realizadas com o auxílio de um questionário contendo dez questões discursivas a respeito dos critérios de escolha de estabelecimentos comerciais de Dracena/SP. Os entrevistadores foram dois alunos da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Dracena. O trabalho contou com a supervisão de um professor. As entrevistas ocorreram no mês de junho de 2015. A abordagem dos entrevistados foi ao acaso. A única condição imposta para participar das entrevistas foi a confirmação das pessoas que frequentavam os supermercados da cidade e que são responsáveis pela realização das compras de seus respectivos lares. No total, 8 pessoas foram entrevistadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A vida moderna tem ocupado as pessoas cada vez mais. Ir aos supermercados implica em sacrifício de tempo. Nas entrevistas, observou-se que há dois tipos de consumidores quanto à frequência das compras. Um grupo de consumidores vai aos supermercados com pouca frequência. Fazem uma grande compra por mês, logo adquirem apenas os produtos faltantes. O segundo grupo é constituído por pessoas que frequentam os supermercados quase que diariamente. Comprar “apenas o necessário para o dia” em pequenas quantidades. Isso ocorre porque a cidade é pequena e o acesso aos supermercados é rápido. Dependendo do tipo de consumo da população, estes acabam indo com maior ou menor frequência ao supermercado. Os consumidores mais exigentes em qualidade de produtos, especialmente quanto ao frescor, tendem a ir com maior frequência aos supermercados. 9 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 O sortimento de produtos é importante na decisão de onde comprar (LAZZARINI, 2012). Neste sentido, alguns entrevistados indicaram que não percebem diferença no sortimento de produtos dos principais supermercados da cidade. Para este segmento, só é possível encontrar diversidade de produtos em mercados maiores, fora de Dracena. Por outro lado, outros entrevistados mencionaram que 4 supermercados na cidade de Dracena possuem maior número de produtos, com destaque a um estabelecimento que pode ser considerado líder na oferta de produtos. O tipo de produto pode motivar a busca de novos locais de compra. Os produtos que possuem maior impacto no orçamento da família acabam influenciando mais nesta escolha. No caso, praticamente todos os consumidores apontaram os produtos cárneos, por terem maior peso nos gastos com alimentos, como os que mais influenciam na escolha do local de compra. Os produtos de limpeza e de higiene pessoal foram considerados de importância secundária. As marcas próprias são marcas de produtos desenvolvidos e vendidos exclusivamente por determinadas redes varejistas para a diferenciação em relação às lojas concorrentes (FIGUEIRA JR; PELSCH, 2010). Em Dracena não existe supermercados pertencentes a grandes redes de distribuição e nenhum tenta captar clientes através de marcas próprias. Os estabelecimentos não possuem escala que justifique a adoção desta estratégia. Por parte dos consumidores, muitos desconhecem as marcas próprias e consideram que, caso houvesse a disponibilidade de marcas próprias em Dracena, não influenciariam as duas decisões de onde comprar. Outro aspecto que pesa na hora de escolher o estabelecimento comercial, mesmo se tratando de uma cidade do interior, é o deslocamento da casa ao estabelecimento. No questionário, perguntou-se o que os consumidores consideram um estabelecimento longe: distancia ou tempo? As opiniões não foram unânimes. Os consumidores que consideram o tempo de trajeto como melhor parâmetro para definir o que é longe costumam ir ao supermercado de carro. Por outro lado, aqueles consumidores que consideram a distância como parâmetro representativo de longe/perto, tendem a ir ao supermercado a pé. CONCLUSÕES O setor de varejista tem sofrido profundas modificações nas últimas décadas. A mudança de formato de venda, o surgimento de grandes redes de comércio varejista e a política de mercado são alguns exemplos desta mudança. A concorrência entre os estabelecimentos para 10 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 conquistar e manter clientes tem aumentado a cada dia. Satisfazer, ou mesmo surpreender o cliente é condição básica para permanecer na atividade. Neste sentido, conhecer como é o processo de escolha do estabelecimento e quais os fatores que são importantes nesta decisão é de extrema importância. O presente estudo verificou que fatores relevantes em grandes centros urbanos podem ser importantes também em cidades menores, como em Dracena. O sortimento de produtos é importante na escolha do local de compras porque o cliente encontra tudo o que precisa num só local. Na atualidade, alguns poucos empreendimentos da cidade são capazes de satisfazer esta necessidade. A qualidade do produto influencia na escolha do estabelecimento. Por esta razão, os gestores de estabelecimentos comerciais devem desenvolver politicas de qualidade de produto. Estas políticas abrangem desde a gestão de fornecedores até as ações de manutenção de qualidade de produtos. REFERÊNCIAS DRUCKER, P.F. Theory of the business. Harvard Business Review, pp. 95‐106, September/October 1994. FIGUEIRA JR, M.F.; LEPSCH, S.L. Comportamento do consumidor de marcas próprias de supermercado. Em 3º Congresso Latino Americano de Varejo (CLAV), 2010. Disponível em: <http://clav2010.fgv.br/sites/clav2010.fgv.br/files/Comportamento%20do%20Consumidor%20d e%20Marcas%20proprias%20de%20Supermercado_Marcelo%20Felippe.pdf>. Acesso 07 set. 2015. FURUTA, E.C.; BARRIZZELLI, N. Razões de escolha de supermercados de vizinhança como local de compra. Disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/tcc/trabalhos/artigo_erikafuruta.pdf>. Acesso em 01 set. 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). IBGE Cidades. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=351440&search=saopaulo|dracena>. Acesso: 01 set. 2015. LAZZARINI, J.C. A definição do sortimento-profundidade nos supermercados brasileiros: influência nas vendas e critérios utilizados. 2012. 245 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, 2012. 11 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 ANÁLISE DE DIVERSIDADE GENÉTICA DE TESTE DE PROGÊNIE HÍBRIDA DE EUCALIPTO VISANDO MELHORAMENTO Rheirike Oliveira Teixeira dos Santos*1; Wengler Mateus Garcia1; João Vitor Franca Pirola1; Antônio Marcos Rosado2, Rafael Simões Tomaz1. ¹FCAT – Unesp Dracena. 2 Melhorista da Empresa Celulose-Nipo-Brasileira S.A. * [email protected] RESUMO Os programas de melhoramento de eucalipto requerem métodos de análise que permitam a manutenção dos ciclos de melhoramento. Para tanto, faz-se necessária a seleção de indivíduos superiores em populações com base genética ampla permitindo ganhos de forma contínua, visando tanto a obtenção de potenciais clones produtivos, quanto a manutenção dos ciclos de melhoramento. O objetivo deste trabalho foi estimar parâmetros genéticos de uma progênie híbrida de Eucalyptus sp com o intuito de identificar potenciais clones, permitindo ainda com que fossem direcionados cruzamentos para manutenção do ciclo de melhoramento. Para tanto avaliou-se uma progênie de 28 famílias de irmão completos, em DBC com 4 repetições, com parcela linear de 6 plantas. Foi construída e analisada a matriz de diversidade das famílias, o que permitiu o direcionamento de 6 cruzamentos visando incremento de DAP e altura. PALAVRAS-CHAVE: Diversidade; melhoramento; eucalipto. INTRODUÇÃO As espécies do gênero Eucalyptus são as mais utilizadas em reflorestamentos no país, sendo que o Brasil ocupa lugar de destaque como um dos países de maior área plantada com eucalipto. No ano de 2014 a área planta de Eucalyptus sp. excedeu os 5,55 milhões de ha. A crescente demanda de madeira para celulose e carvão é suportada por plantios de progênies e clones com alta produtividade (RAMALHO, 2005). Por meio da hibridação de plantas, têm sido desenvolvidas progênies nas quais há manifestação do chamado efeito heterótico. A progênie apresenta características de ambos os genitores, o que na prática, conduz e melhores produtividades de madeira. Dessa forma, a adequada seleção das progênies superiores passa a ser uma etapa essencial do processo, tanto para que sejam identificados futuros clones comerciais, quanto para o direcionamento de novos cruzamentos, completando o ciclo de melhoramento (Resende, 2002). Ainda, estudos de 12 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 diversidade genética são de vital importância, uma vez que permitem o direcionamento de cruzamentos, maximizando o efeito heterótico. Com este intuito, este trabalho objetivou a estimação de parâmetros genéticos de um experimento de teste de progênies híbridas de Eucalyptus sp. visando a seleção de potenciais clones, e adicionalmente, a identificação de famílias para subsequentes ciclos melhoramento. MATERIAL E MÉTODOS O material genético utilizado no experimento constitui-se um teste de progênie híbrida no qual foram avaliados 28 famílias de irmãos completos. O experimento, instalado sob o delineamento de blocos casualizados, com quatro repetições, foi conduzido na área experimental da empresa CENIBRA NIPO-BRASILEIRA SA no município Sabinópolis, estado de Minas Gerais. O experimento foi avaliado em nível de indivíduo dentro da parcela linear com 6 plantas. Dados mensurados de circunferência à altura do peito, convertidos em diâmetro e (DAP) e altura das plantas (ALT), foram coletados (42 meses de idade), e submetidos à análise de variância. Para análise de Variância, foi considerado o modelo geral: Yijk = µ + Gi + B j + ε ij + δ ijk ; em que Yijk corresponde à observação da i-ésima progênie do j- ésimo bloco na k-ésima planta; µ corresponde à média geral; Gi ao efeito da i-ésima progênie; B j ao efeito do j-ésimo bloco; ε ij ao erro experimental entre progênies; e δ ijk ao erro experimental dentro das progênies. Para análise de diversidade fenotípica, foi adotada a distância generalizada de Mahalanobis como medida de dissimilaridade para se estimar a divergência entre as 28 famílias avaliadas. O método de agrupamento de Tocher foi adotado para agrupamento das famílias com menor variação entre si (Cruz, et al. 2004). Todos os procedimentos de análise biométrica e estatística foram realizados por meio do programa GENES (Cruz, C.D., 2013). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi realizada análise de variância para as variáveis DAP e ALT de planta e estimação de parâmetros genéticos (Tabela 1). Os coeficientes de variação experimental para ambas as características podem ser considerado baixo (Pimentel Gomes, 2001) e sugerem boa precisão experimental. Os coeficientes de variação genética sugerem a existência de variabilidade genética. Quanto maior esse valor, maior a facilidade de encontrar os indivíduos superiores que irão proporcionar ganhos com o processo seletivo. Recomenda-se a seleção das famílias 1, 3 e 13 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 14, para característica DAP e das famílias 1, 3 e 6 para característica ALT. Adicionalmente, as estimativas de herbabilidade em nível de média de família foram muito elevadas, 85,99 e 82,48 para DAP e ALT respectivamente. Este parâmetro genético populacional indica a fração da variação que é de origem genética, sendo mais eficiente o processo seletivo quanto mais próximo de 1,0. TABELA 1. Resultados das análises de variância e estimativas de parâmetros genético populacionais, para a característica DAP e ALT, de um teste de progênie aos 42 meses de idade. FV GL Blocos Progênies Resíduo (entre) CVe (%) Media CVG (%) 3 27 81 σ G2 σ E2 h p2 (%) QUADRADO MÉDIO DAP ALT 2,85 2,30 58,91** 56,50** 8,26 9,90 9,90 7,73 13,19 18,50 12,26 8,39 2,62 2,41 0,10 0,49 85,99 82,48 CVe (%) - Coeficiente de variação experimental; CVG (%) – Coeficiente de variação genético; σ G2 - Variância genética entre família ; σ E2 - Variância residual; hp2 (%) - Herdabilidade em nível de média de família. Adicionalmente, foi realizado o método de agrupamento de Tocher (Tabela 2), para identificação dos grupos de famílias mais divergentes entre si. As árvores mais produtivas de tais famílias podem potencialmente ser consideradas para subsequentes ciclos de cruzamento visando efeito heterótico. Dessa forma, como as famílias selecionadas apresentaram-se em grupos distintos, deveria ser recomendada a recombinação destas: famílias 1 e 3, 1 e 14, 3 e 14 visando incremento de DAP; 1 e 3, 1 e 6, 3 e 6 visando incremento de ALT. Tabela 2. Análise de agrupamento das 28 famílias de Eucalyptus sp. pelo método de Tocher. 14 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Grupos I II III IV V VI VII Famílias 5 – 10 – 15 – 9 – 7 – 2 – 11– 6 – 13 – 18 – 12 – 19 – 16 – 4 26 – 27 – 23 – 24 3 – 14 – 8 17 – 20 – 22 25 – 28 21 1 CONCLUSÕES Existe variabilidade nas famílias avaliadas para as características de DAP e ALT, corroborado pelo alto coeficiente de variação genético e alta herdabilidade das características. A análise de diversidade permitiu a identificação das famílias híbridas mais divergentes; podendo aquelas de maior produtividade serem aquelas utilizados como genitores potenciais nos subsequentes ciclos de seleção. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à PROPE, à UNESP – Dracena, e à empresa CENIBRA Celulose Nipo-Brasileira S.A. REFERÊNCIAS Cruz, C.D. GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta Scientiarum. v.35, n.3, p.271-276, 2013. Pimentel Gomes, F. Curso de Estatística Experimental, 14 ed. Piracicaba: Degaspari, 2000. 477 p.. Cruz, C. D.; Regazzi, A. J.; Carneiro, P. C. S. Modelos Biométricos Aplicados ao Melhoramento Genético. v. 1, 3 ed., Viçosa: UFV, 480p. 2004. RAMALHO, M.A.P.; FERREIRA, D.F.; OLIVEIRA, A.C. de. Experimentação em genética e melhoramento de plantas. Lavras: UFLA, 2005. 326p. RESENDE, M. D.V. de. Genética biométrica e estatística no melhoramento de plantas perenes. Brasília : EMBRAPA Informação Tecnológica, 2002b. 975p. 15 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 AQUAPONIA: MODELO SUSTENTÁVEL E DE BAIXO CUSTO NA PRODUÇÃO CONJUNTA DE TILÁPIAS DO NILO E ALFACE Lucas José Coneglian Barbosa*1; Lucas da Silva Alves1; Leonardo Susumu Takahashi1; Celso Tadao Miasaki1; Paulo Renato Matos Lopes1. ¹Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, campus de Dracena. *[email protected] RESUMO No presente trabalho, foram avaliados a qualidade da água (concentração de amônia, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, pH e temperatura) e o desenvolvimento de peixes (peso, comprimento) e hortaliças (massa fresca, massa seca, número de folhas, altura e diâmetro) em um sistema aquapônico de baixo custo. Os resultados revelaram que o modelo proposto, baseado no desenvolvimento sustentável, foi eficiente na manutenção da qualidade da água, evidenciado pelo eficiente processo de produção conjunto de tilápias do Nilo e alfaces. PALAVRAS-CHAVE: economia; qualidade de água; sustentabilidade. INTRODUÇÃO A aquaponia é um sistema que integra aquicultura com a produção hidropônica. Considerada uma solução inovadora e sustentável; quando bem gerida melhora a eficiência de retenção de nutrientes, reduz o uso de água e resíduos descartados no meio ambiente e aumento a rentabilidade por meio da produção simultânea de duas culturas rentáveis (Tyson et al., 2011). Recentemente no Brasil (Castellani et al., 2012), foi demonstrado que a aquaponia é um método eficiente para o aproveitamento de água residual, principalmente para hortaliças folhosas (alface, espinafre e agrião) e frutas (tomate e pepino), proporcionando um menor impacto no meio ambiente (Lennard, Leonard, 2006). MATERIAL E MÉTODOS O sistema aquapônico foi composto inicialmente pelo tanque de peixes de 1.000 L (Figura 1, n.1). Na sequência, havia O decantador de sólidos com capacidade de 100 L (Figura 1, n.2). O sistema segue para uma caixa de água de 310 L contendo seixo rolado, servindo de filtro biológico para alocação das bactérias nitrificantes (Figura 1, n.3). Posteriormente, encontra-se o tambor de bombeamento de 100 L (Figura 1, n.4). Por fim, água era distribuída em telha de 3 metros de comprimento, na qual foram plantadas mudas de alface (Lactuca sativa) em seixo 16 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 rolado. O ciclo da água neste sistema aquapônico era contínuo e integrado, sendo que a água caia da telha com as hortaliças (Figura 1, n.5) para o viveiro de peixes. Figura 1 – Sistema aquapônico de baixo custo. Foram utilizados 11 exemplares de tilápia do nilo (Oreochromis niloticus) com média de massa de 289,39 g no início do experimento (tempo zero). Esses animais foram alimentados com ração comercial com nível de proteína de 28% duas vezes ao dia por um período de 50 dias. Houve um período de aclimatação destes animais e biometrias até sua alocação no sistema aquapônico (Figura 1, n. 1). Em relação às hortaliças, foram cultivadas mudas de alface (Lactuca sativa) da variedade americana. Os vegetais foram preparados em bandejas para melhor germinação antes de serem inseridos no sistema. Esse processo totalizou um período de 15 dias e, posteriormente, foi feito o transplante com espaçamento de 10 cm entre plantas e com distância de uma calha para outra de 10 cm, totalizando 5 sulcos em telha (Figura 1, n. 5) As análises das amostras de água foram realizadas durante 22 dias (t0-t22) diariamente às 10:00 no tanque de peixes (Figura 1, n. 1) com avaliação da condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, pH e temperatura. A concentração de amônia foi determinada por método espectrofotométrico para os dias 6, 10 e 13. Como forma de avaliar a eficiência do sistema aquapônico proposto, foram realizadas biometrias dos peixes e das hortaliças. A análise dos animais fez-se com medidas de massa e comprimento dos onze exemplares em três períodos: tempo zero (t0), após 12 dias (t12) e tempo final de 50 dias (t50). Por outro lado, a biometria vegetal foi realizada com nove plantas de alface baseando-se no número de folhas, diâmetro, altura, massa fresca e massa seca das partes aérea e radicular de cada planta. RESULTADOS E DISCUSSÃO 17 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Os dados dos parâmetros de água e das biometrias dos animais e das hortaliças estão apresentados na Figura 2, Tabela 1 e Tabela 2, respectivamente. Figura 2 – Parâmetros da água no sistema aquapônico. (a) Oxigênio dissolvido, em mg de O2.L-1. (b) Condutividade elétrica, em mS.cm-1. (c) Temperatura, em ºC. (d) pH. Os valores da concentração de amônia apresentado uma redução no decorrer do processo produtivo, em μg.L-1, com 7,44 em t6; 3,77 em t10 e 1,19 em t13. Tabela 1 – Média dos dados de biometria dos peixes com desvio padrão. Biometria (tempo) Massa (g) Comprimento (cm) Relação Massa/Comprimento t0 289,39 ± 67,26 24,80 ± 1,77 11,67 t12 368,76 ± 91,86 25,50 ± 1,75 14,46 t50 494,20 ± 113,15 28,14 ± 1,83 17,56 Tabela 2 – Média dos dados de biometria das alfaces com desvio padrão. Biometria Massa fresca (g) Massa seca (g) Parte áerea 283,87 ± 91,37 11,16 ± 3,72 Parte radicular 39,60 ± 18,84 7,29 ± 4,24 Número de folhas Altura (cm) Diâmetro (cm) 20,4 ± 5,3 14,36 ± 1,79 12,47 ± 1,78 Nas análises de água pudemos observar que o oxigênio dissolvido, a condutividade elétrica e o pH tiveram um pequeno aumento no decorrer das análises e apresentaram uma faixa estreita de variação dos valores entre t0 e t22. A manutenção da temperatura restringiu-se também a um pequeno intervalo entre 18,7 e 22,3 ºC (Figura 2). Em relação à concentração de nitrogênio amoniacal, deve-se destacar a eficiência do filtro biológico na transformação da amônia (NH3) em nitrito (NO2-) e nitrato (NO3-). Assim, as transformações biológicas do nitrogênio representam um processo fundamental, eficiente e de 18 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 custo reduzido para aquaponia por oxidar a amônia originada no tanque de peixes e oferecer às plantas fontes de nitrogênio assimiláveis para seu desenvolvimento (Vanotti, Hunt, 2000). Quanto aos peixes, foi observado um aumento médio de 71% de peso, evidenciada pela maior relação massa/comprimento no decorrer do tempo (Tabela 1). Da mesma forma, o sucesso na produção conjunta de tilápias e alfaces foi demonstrado pelo desenvolvimento das plantas. A retenção de água nas partes área e radicular foi de 96% e 82%, respectivamente. Tal fato revelou a grande eficiência do sistema na produção sustentável de hortaliças utilizando a mesma água do tanque de peixes após passar pelo filtro biológico. CONCLUSÕES No sistema aquapônico de baixo custo proposto foi observada a redução na concentração de amônia em poucos dias, um ótimo ponto para a qualidade da água para os organismos, favorecendo a alimentação e a resistência dos peixes. Assim, o grande ganho de massa dos animais foi alcançado, além de se obter condições propícias para o cultivo da alface. Portanto, a eficiência dessa produção conjunta foi provada pelo desenvolvimento dos animais e plantas neste sistema de baixo custo, baseado no modelo sustentável e de economia de água. REFERÊNCIAS CASTELLANI, D.; CAMARGO, A.F.M.; ABIMORAD, E.G. Aquaponia: aproveitamento do efluente do berçário secundário do Camarão-da-Amazônia (Macrobrachium amazonicum) para produção de alface (Lactuca sativa) e agrião (Rorippa nasturtium aquaticum) hidropônicos. Funep, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2012. LENNARD, W.; LEONARD, B. A comparison of three different hydroponic subsystems (gravel bed, floating and nutrient film technique) in an aquaponic test system. Aquaculture International, v. 14, n. 6, p. 539–550, 2006. TYSON, R.V.; TREADWELL, D.D.; SIMONNE, E.H.; Opportunities and challenges to sustainability in aquaponics. HortTechnology, v. 21, n. 1, p. 6–13, 2011. VANOTTI, M.B.; HUNT, P.G. Nitrification treatment of swine wastewater with acclimated nitrifying sludge immobilized in polymer pellets. Transaction of ASAE, v. 43, n. 2, p. 405-413, 2000. 19 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 ASPECTOS DOS CONSUMIDORES DA FEIRA LIVRE DE DRACENA Agatha da Silva Argioli*¹; Bruna Romanini de Oliveira1; Francielle Vieira Gomes¹; Etiénne Groot2. ¹Discente Unesp de Dracena ²Docente Unesp de Dracena. *[email protected] RESUMO O objetivo do presente trabalho é de identificar algumas características relevantes dos consumidores que vão à feira livre de Dracena/SP bem como apurar certos hábitos de consumo. Foram coletados dados através da aplicação de um questionário a 94 pessoas ao acaso. Observou – se que os consumidores de ambos os gêneros estão repartindo as obrigações de compras na feira. A feira tem atraído especial atenção de indivíduos do sexo masculino com menos de 20 anos. A principal função da feira é a de abastecer as famílias, não obstante, muitos consumidores têm apontado que a principal razão de ir à feira é para comer no local. PALAVRAS-CHAVE: perfil, alimentos, comercialização. INTRODUÇÃO As feiras livres representam um dos principais canais de comercialização. Do ponto de vista do feirante – que normalmente são agricultores, as feiras representam não apenas um canal de comercialização e sim um instrumento útil na viabilização de seus pequenos negócios (agricultura familiar) e, sob a perspectiva do consumidor, as feiras representam um espaço onde impera a honestidade e a qualidade dos produtos (GODOY; ANJOS, 2007). Para conseguir um lugar no mercado, cada vez mais competitivo, o feirante precisa obter informações sobre as preferências dos consumidores. Entender quem é o seu cliente, como a sua escolha é afetada pelas mais diversas razões, contribui significativamente na sua elaboração de estratégias de mercado. Sem este entendimento, fica difícil permanecer no negócio (SOUZA, 2005). Neste sentido, o objetivo do presente trabalho é o de identificar alguns aspectos relevantes dos consumidores que vão à feira livre de Dracena/SP, bem como apurar determinados hábitos de consumo. Dracena é uma cidade do interior, localizada no oeste paulista. Atualmente a sua população é estimada em 45.847 pessoas. A principal fonte de renda do município é o setor de prestação de serviços, seguido pela indústria e agropecuária (IBGE, sd.). A feira livre, objeto de estudo, é a principal das três feiras livres que ocorrem na cidade. 20 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 MATERIAL E MÉTODOS Para a realização do estudo, foram feitas entrevistas pessoais abordando consumidores que frequentavam a feira livre de Dracena. As entrevistas foram realizadas com o auxílio de um questionário estruturado contendo questões referentes, entre outros aspectos, sobre as características sociodemográficas. As entrevistadoras são alunas do curso de zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Dracena. O trabalho desenvolveu-se sob a supervisão de um professor. As entrevistas ocorreram em agosto de 2015 no horário da feira, das 17h às 21h. Os entrevistados foram abordados ao acaso. O erro amostral foi calculado seguindo as orientações de Trespalacios et al. (2005). O grau de confiança da amostragem é foi estipulado em 95. Como foram entrevistadas 94 pessoas, a margem máxima de erro da amostragem (e) foi estimada em 10,1%. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 contém os dados da estrutura etária dos consumidores que vão à feira livre de Dracena, discriminados pelo gênero. No total, 55,3% das pessoas que foram entrevistadas são mulheres, enquanto que a população de mulheres na cidade é de 50,7%. A participação de mulheres na feira é parecido ao observado por Moreira et al. (2012). Segundo estes autores, mesmo que a participação dos homens seja inferior à das mulheres, existe uma tendência de aumento de ambos os sexos participarem igualitariamente da tarefa. Em relação à idade, a quantidade de homens com menos de 20 anos de idade que vão à feira livre de Dracena é expressiva (26,2%). É uma porcentagem superior à de mulheres da mesma faixa etária que vão à feira (7,7%) e de homens da população (9,2%) nesta faixa etária. Mulheres entre 20 e 34 anos são as que mais participam da feira livre. Tabela 1. Estrutura etária, discriminado por gênero, dos consumidores entrevistados e da população de Dracena/SP. Menos de 20 anos De 20 a 34 anos De 35 a 49 anos De 50 a 65 anos Com 65 anos ou mais Número de pessoas (unidade) Amostra ou população (%) Consumidores1 Homem Mulher (%) (%) 26,2 7,7 33,3 44,2 16,7 19,2 9,5 23,1 14,3 5,8 42 52 44,7% 55,3% População2 Homem Mulher (%) (%) 9,2 8,7 31,4 27,0 27,0 26,7 19,4 21,9 13,0 15,8 17.616 18.150 49,3% 50,7% 21 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Observação: (1) dados da pesquisa, (2) dados da população com mais de 15 anos de idade, publicados pelo IBGE (2015). A feira livre de Dracena é realizada na Rua Rui Barbosa, no centro da cidade. Pela proximidade, a expressiva participação de consumidores do centro da cidade (37 pessoas) era um resultado esperado (tabela 2). A maior participação na feira livre é de consumidores que vivem nos bairros da cidade (50 pessoas). Os consumidores do bairro Metrópole foram os que tiveram maior participação na pesquisa, enquanto que os do bairro Palmeiras ocupam a segunda colocação. Verificou – se, ainda, que a feira é frequentada por pessoas de outras cidades (7 pessoas) da região, como: Ouro Verde, Junqueirópolis, Tupi Paulista, Panorama, entre outros. Tabela 2. Onde o consumidor reside e as razões de ir à feira livre de Dracena Razões principais de ir à feira Comprar alimentos Comer Outros Dracena Centro 17 17 3 Dracena Metrópole 7 3 0 Dracena Palmeiras 5 4 0 Dracena Vera Cruz 4 1 0 Dracena Vila Lucélia 1 2 0 Dracena Outros bairros 14 8 1 Outras cidades 4 3 0 Total 52 38 4 Cidade Bairro Total 37 10 9 5 3 23 7 94 A função principal da feira livre é abastecer as despensas das casas, contudo conta ainda com outras funções. Para 52 consumidores, a principal razão que justifica a ida à feira é a compra de alimentos (tabela 2). Logo, para outros 38 consumidores, a principal razão é a possibilidade de comer na feira. Hoje, após 20 anos desde a fundação, a feira conta com 200 boxes e muitos destes dedicam – se à alimentação (PINATO, 2015). Nas barracas encontram – se: churros recheados, sashimi (e outros pratos japoneses), crepes suíços, churrasco, pastéis, entre outras delicias. Em menor medida, os consumidores vão à feira por outras razões como: encontrar amigos ou apenas para sair de casa. A proximidade da feira influencia na razão de ir à feira. Proporcionalmente, os consumidores do centro da cidade vão mais à feira para comer (17 pessoas dizem que compram alimentos e 17 que vão para comer) que os consumidores dos bairros da cidade (31 pessoas dizem que compram alimentos e 18 que vão para comer). Isso indica que o custo de ir à feira (tempo + deslocamento) afeta mais o propósito de comer do que ir para adquirir alimentos. 22 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES A Feira livre de Dracena possui uma grande variedade de produtos, perecíveis ou não, e atrai diferentes tipos de consumidores. O perfil de consumidor tem mudado nas últimas décadas. Sendo que os homens estão cada vez mais assumindo a responsabilidade de “fazer a feira”, responsabilidade antes atribuída apenas às mulheres. Deste modo, os feirantes precisam considerar mais esse aspecto em suas ações de mercado. Uma das possíveis estratégias é a busca de um sortimento de produtos mais voltado ao público masculino. Os jovens também estão presentes na feira livre de Dracena, o que reforça a permanência deste canal de comercialização no futuro. Ainda assim, a feira livre de Dracena está sendo capaz de se reinventar. Embora a venda de alimentos para o abastecimento de dispensa seja a principal atividade, a venda de comidas tradicionais e exóticas tem grande peso na atividade. Esta nova atividade demanda novas atenções por parte das instituições públicas, como a fiscalização sanitária. A higiene é um ponto sensível para manter a saúde das pessoas. REFERÊNCIAS GODOY, W.I.; ANJOS, F.S. O perfil dos feirantes ecológicos de Pelotas – RS. 2004. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROECOLOGIA, 2004, Porto Alegre. Revista Brasileira de Agroecologia. Disponível em: < http://www.aba- agroecologia.org.br/revistas/index.php/rbagroecologia/article/view/6580/4885>. Acesso em: 11 set. 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cidades. Disponível em: <http://www.cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=351440&search=sao- paulo|dracena> Acesso: 08 set. 2015. PINATO, G. Feira noturna de Dracena as quartas, completa 20 anos. Portal Regional. Dracena, 27 agosto 2015. Disponível em: < http://www.portalregional.net.br/noticias/?id=67805>. Acesso em: 10 set. 2015. SOUZA, R.A.M. Mudança no consumo e distribuição de alimentos: O caso da distribuição de hortaliças de folhas na cidade de São Paulo. 2005. 142f. Dissertação (Mestrado em Economia) – Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, Campinas, 2005. TRESPALACIOS, J.A.; VÁZQUEZ, R.; BELLO, L. Investigación de mercados. Madrid: Ed. Thomson, 2005. 23 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE CASCAS DE OVOS DE QUATRO DIFERENTES MARCAS COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE ANDRADINA-SP Kelry Mayara da Silva*¹; André Yamagishi Ribeiro²; Roberta de Oliveira2; Cristina Lacerda Soares Petrarolha Silva3; Brenda Carla Luquetti 4. 1Mestranda do PPG em Ciência e Tecnologia Animal – Unesp/Dracena e Ilha Solteira, SP - Brasil. Email: [email protected]. 2Médicos Veterinários. 3Docente da Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina – FCAA. 4Docente Substituta da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas- UNESP. e-mail: [email protected] RESUMO O ovo é um dos alimentos mais consumidos pelas populações ao redor do mundo por ser de fácil obtenção, baixo custo e rico em proteínas, vitaminas e minerais. No entanto, esse alimento pode sofrer contaminação e esta se deve principalmente às bactérias mesófilas, que apresentam a capacidade de se multiplicar e sobreviver em temperatura ambiente. Assim, esse trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica de quatro marcas de ovos comercializadas em supermercado e feira livre da região de Andradina-SP. Foram utilizadas dez amostras de cada marca com quatro repetições cada. As marcas foram classificadas em grupos (A, B,C) referente aos ovos dos supermercados e uma amostra classificada como D, que tem como procedência feira livre desta cidade. Realizou-se análise de variância e comparação de médias das unidades formadoras de colônia (UFC) pelo Teste Tukey e Programa Assistat. Os resultados mostraram uma grande contaminação por mesófilos nas cascas dos ovos lavados, sendo que os ovos da marca A apresentaram maior número de UFC do que os da marca B e C (p≤ 0,01). Quando comparados aos ovos não lavados não houve diferença significativa quanto à contaminação. Tendo em vista que a lavagem dos ovos nas granjas não garantiu uma melhor qualidade microbiológica, se faz necessária a implementação de pesquisas de monitoramento dessa qualidade, assim como a inclusão de programas educativos para informação e sensibilização dos agentes da cadeia produtiva em relação às exigências da segurança alimentar. PALAVRAS-CHAVE: contaminação; higiene dos alimentos; mesófilos. INTRODUÇÃO 24 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Os ovos são reconhecidos como um importante alimento, degustado por diversas populações ao redor do mundo, por ser de fácil obtenção, baixo custo e apresentar alta qualidade nutricional (STRINGHINI et al., 2009). A contaminação do conteúdo dos ovos pode ocorrer no trato reprodutor da galinha durante a formação do albúmen no oviduto, antes da formação da casca propiciando a produção de ovos já contaminados, resultante da transmissão vertical do microrganismo (MESSENS et al., 2005). Entretanto alguns estudos microbiológicos revelam que a microbiota do oviduto das aves sadias difere daquela encontrada em ovos comercializados, indicando que a contaminação dos ovos ocorre, preferencialmente após a postura, para a maioria dos microrganismos (SESTI & ITO, 2000) denotando a transmissão horizontal aos fatores associados ao ambiente e manipulação. Os mesófilos correspondem a grande maioria dos microrganismos de importância em alimentos, tal condição pode ser explicada pela temperatura ambiente e pela presença de oxigênio que favorece a multiplicação desse grupo principalmente em locais não esterilizados (FRANCO e LANDGRAF, 2002). Llobet et al. (1989) sugerem que o processo de lavagem de ovos aumenta a aceitação do produto pelo consumidor, como resultado da melhor aparência dos ovos para comercialização diminuindo a contaminação e o risco de intoxicações alimentares (LAUDANNA, 1995). No entanto, existem granjas que comercializam ovos sem o processo de lavagem (FRANCO, 2005). Considerando sua importância este trabalho tem o objetivo de avaliar a qualidade microbiológica de quatro marcas de ovos comercializados em supermercados e feiras livres da região de Andradina – SP. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado no laboratório da FCCA – Faculdade de Ciências Agrárias de Andradina. Os ovos de quatro marcas distintas foram adquiridos em supermercados e feira livre da cidade, sendo utilizadas dez amostras de cada marca, durante quatro semanas, totalizando 160 ovos. As marcas foram classificadas em grupos (A, B, C) referente aos ovos dos supermercados e uma amostra classificada como D, que tem como procedência feira livre desta cidade. O delineamento empregado foi o inteiramente casualizado. Foi utilizado recipiente estéril (stomacher) com 225 ml de solução salina peptonada 0,1% sendo então os ovos imersos e homogeneizados por 60 segundos, sendo posteriormente realizadas diluições seriadas das amostras (10-¹, 10-², 10-³ e 10-4 , sendo esse conteúdo semeado em placas de petri . Após esse processo foi acrescido 15 ml de 25 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 solução de PCA a 47ºC nas placas estéreis onde permaneceram por 48 horas na temperatura de 36º C para que houvesse crescimento dos microrganismos. A variável utilizada foi a unidade formadora de colônia (UFC) e empregada análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey no programa Assistat. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do presente estudo revelam, para as condições analisadas altos valores médios de contagem de mesófilos em todas as cascas dos ovos (Tabela 1). Níveis aceitáveis de contaminação em cascas de ovos não foram estabelecidos pelo MAPA, no entanto é desejável a menor carga bacteriana na casca a fim de diminuir o risco de penetração do microrganismo (STRINGHINI et al., 2009). Tabela 1. Valores médios da contagem de mesófilos UFC/ ml em cascas de ovos das marcas A, B, C e D comercializados em Andradina – SP. Contagem de mesófilos rat. Marca A Marc Marca C Marca D Lavados a B Lavados Lavados Não (n=32) (n=32) (n=30) UFC/mL UFC/ lavados (n=32) UFC/mL UFC/mL 32,66 8,06b 50,06ab <0,01 <0,01 <0,01 mL 95,91a b <0,01 Quando comparados os ovos lavados com os ovos da feira livre (não lavados) não houve diferença significativa quanto à contaminação, corroborando os dados de ARAGON-ALEGRO et al. (2005) que sugeriram que o emprego ou não da etapa de lavagem não tem influência na qualidade microbiológica do produto final. Segundo LAUDANNA (1995) caso a lavagem não seja feita corretamente, além de não sanitizar o ovo, poderá contaminá-lo e, dessa forma, representar perigo à saúde do consumidor. Em contraposição aos resultados observados no presente trabalho, STRINGHINI et al. (2009) encontraram melhor qualidade bacteriológica na 26 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 casca de ovos lavados em comparação aos não lavados, muito embora esses autores relatem que a lavagem foi incapaz de eliminar completamente os coliformes fecais. CONCLUSÕES Nas condições desta pesquisa, conclui-se que tendo em vista que a lavagem dos ovos nas granjas não garantiu uma melhor qualidade microbiológica, se faz necessário a implementação de pesquisas de monitoramento dessa qualidade, assim como a inclusão de programas educativos para informação e sensibilização dos agentes da cadeia produtiva em relação às exigências da segurança alimentar. REFERÊNCIAS ARAGON-ALEGRO, L. C.; SOUZA, K. L. O. ; SOBRINHO, P. S. C.; LANDGRAF, M.; DESTRO, M. T. Avaliação da qualidade microbiológica de ovo integral pasteurizado produzido com ou sem etapa de lavagem no processamento. Departamentos e Nutrição Experimental, Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo. Ago 2005. FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 2002. p. 182. FRANCO, C. G. Aspectos microbiológicos e físico-químicos de ovos lavados e não lavados oferecidos no Estado de Goiás. Monografia (Especialização em Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2005. LAUDANNA, S. P. Cuidados garantem ovos saudáveis. Revista Aves & Ovos, n. 9, 1995. p. 32. LLOBET, J. A. C.; PONTES, M. P.; GONZALEZ, F. F. Factores que afectan a la calidad del huevo. In: Producción de huevos. Barcelona, Espanha: Tecnograf S.A., 1989. p. 255-274. MESSENS, W.; GRIJSPEERDT, K.; HERMAN, L. Eggshell penetration by Salmonella: a review. World’s Poultry Science Journal, v. 61, n. 1, p. 71-85, 2005. SESTI, L. A.; ITO, N. M. K. Fisiopatologia do sistema reprodutor. In: BERCHIERI JÚNIOR, A.; MACARI, M. Doença das aves. Campinas: FACTA, 2000. p. 102, 105, 107. STRINGHINI, M. L. F.; ANDRADE, M. A.; MESQUITA, A. J.; ROCHA, T. R.; REZENDE, P. M.; LEANDRO, N. S. M. Características bacteriológicas de ovos lavados e não lavados de granjas de produção comercial. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 10, n. 4, p. 1317-1327, 2009. Disponível em: <www.revistas.ufg.br/index.php/vet/article/download/4209/5955>. Acesso em: 09 set. 2015. 27 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 COMPACTAÇÃO DE UM LATOSSOLO VERMELHO CULTIVADO COM MILHO VERDE ORGÂNICO EM CONSÓRCIO COM LEGUMINOSAS Emanuelle Rodrigues Alves 1*; Carolina dos Santos Batista Bonini²; Neli Cristina Belmiro dos Santos3; Aline Marchetti Silva Matos1; Guilherme Constantino Meirelles4. ¹Discente do curso de graduação de Engenharia Agronômica, UNESP – campus de Dracena; 2 Docente do curso de Engenharia Agronômica, UNESP – campus de Dracena; 3 Pesquisadora do APTA – Andradina; 4 Discente especial do programa de pós-graduação em Ciência e Tecnologia Animal, UNESP campus de Dracena. *[email protected] RESUMO A habilidade das plantas em explorar o solo, em busca de água e nutrientes, depende grandemente da distribuição de raízes no perfil desse solo, sendo a compactação do solo um dos atributos físicos mais relevantes, pois interfere na resistência à penetração das raízes. O experimento foi conduzido durante o ano de 2015, na área experimental do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Extremo Oeste, no município de Andradina-SP. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com 4 repetições e 12 tratamentos: Milho AG 1051; Milho Cativerde; Milho AG 1051+feijão-de-porco Milho AG 1051+Crotalaria juncea; Milho AG 1051+guandu-anão; Milho AG 1051+feijão comum ;Milho AG 1051+ feijão caupi; Milho Cativerde +feijão-de-porco; Milho Cativerde +Crotalaria juncea; Milho Cativerde +guandu-anão; Milho Cativerde +feijão comum; Milho Cativerde + feijão caupi. Foi avaliada a resistência do solo à penetração utilizando penetroLOG e a umidade gravimétrica do solo pelo método clássico de pesagem, no momento da realização da resistência do solo à penetração. Os dados foram analisados efetuando-se a análise de variância, e teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Conclui-se que os tratamentos utilizados influenciaram na compactação do solo. PALAVRAS-CHAVE: resistência do solo a penetração, leguminosa, gramíneas. INTRODUÇÃO A habilidade das plantas em explorar o solo, em busca de água e nutrientes, depende grandemente da distribuição de raízes no perfil desse solo que, por sua vez, depende das condições físicas e químicas, as quais são passíveis de alterações em função do manejo aplicado (ALVARENGA & CRUZ, 2003). Deste modo os diferentes sistemas de manejo dos solos têm a 28 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 finalidade de criar condições favoráveis ao desenvolvimento das culturas; entretanto, o problema de compactação/adensamento do solo tem sido recorrente (FREITAS 1994; TAVARES FILHO et al., 2001). Um dos atributos físicos mais adotados como indicativo da compactação do solo tem sido a resistência do solo à penetração (STONE et al., 2002), por apresentar relações diretas com o crescimento das plantas (HOAD et al., 2001) e por ser mais eficiente na identificação de estados de compactação comparada à densidade do solo (STRECK et al., 2004). Cardoso et al. (2013) trabalhando com consórcio de leguminosas e gramíneas verificaram que a umidade do solo foi reduzida nas parcelas cultivadas com milheto e crotalária, independente do espaçamento utilizado (0,25 e 0,50 m) e permaneceu inalterada nas parcelas cultivadas com feijão-de-porco no espaçamento de 0,25 e 0,50 m, devido a maior cobertura proporcionada por essa leguminosa. Com isso, o objetivo deste trabalho foi avaliar a compactação do solo através da resistência a penetração de um Latossolo vermelho cultivado com milho verde solteiro e em consorcio com diferentes leguminosas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido durante o ano de 2015, na área experimental do Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Extremo Oeste, no município de Andradina-SP. O clima, segundo a classificação de Köpen é tropical quente e úmido com inverno seco. A precipitação média anual é de 1150 mm e a temperatura média anual é de 23ºC. O solo do local foi classificado como Latossolo Vermelho (EMBRAPA, 2013). O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com 4 repetições, com os seguintes tratamentos: 1-Milho AG 1051; 2 - Milho Cativerde; 3-Milho AG 1051+feijão-deporco; 4-Milho AG 1051+Crotalaria juncea; 5-Milho AG 1051+guandu-anão; 6-Milho AG 1051+feijão comum ; 7-Milho AG 1051+ feijão caupi; 8-Milho Cativerde +feijão-de-porco; 9Milho Cativerde +Crotalaria juncea; 10-Milho Cativerde +guandu-anão; 11-Milho Cativerde +feijão comum; 12-Milho Cativerde + feijão caupi. A área experimental vem sendo cultivada em sistema orgânico há 5 anos, onde foram executados os tratos culturais em atendimento à Instrução Normativa 64 de 18 de Setembro de 2008 (BRASIL, 2008). As adubações de plantio e de cobertura do milho foram realizadas considerando a análise de solo e as recomendações de Raij et al. (1996). 29 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Foi avaliada a resistência do solo à penetração (RP) utilizando penetroLOG, modelo Falker, Automação Agrícola e a umidade gravimétrica do solo (UG) pelo método clássico de pesagem (EMBRAPA, 1997), no momento da realização da resistência do solo à penetração. Os dados foram analisados efetuando-se a análise de variância, teste de Tukey a 5 % de probabilidade para a comparação de médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados sobre a resistência mecânica a penetração do solo e umidade gravimétrica estão apresentados na Tabela 1. Para RP houve diferença estatística e para a UG não houve diferença estatística. Tabela 1 – Valores médios para a resistência mecânica a penetração (RP) e umidade gravimétrica do solo (UG), para os tratamentos estudados, nas camadas de 0-0,10; 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m. Andradina – SP. 2015. RP (MPa) UG (kg. kg-1) Tratamento 0,00-0,10m 0,10-0,20m 0,20-0,40m 0,00-0,10m 0,10-0,20m 0,20-0,40m 1 1,25 b 1,03 c 1,01 b 0,09 0,10 0,09 2 1,39 ab 1,07 c 1,03 ab 0,09 0,09 0,08 3 1,39 ab 1,32 bc 1,34 ab 0,07 0,07 0,08 4 1,42 ab 1,43 abc 1,02 ab 0,09 0,08 0,08 5 1,39 ab 1,57 abc 1,05 ab 0,09 0,09 0,09 6 1,52 a 1,45 abc 1,04 ab 0,08 0,08 0,08 7 1,47 ab 1,77 ab 1,39 a 0,07 0,08 0,08 8 1,52 a 1,59 abc 1,18 ab 0,07 0,07 0,07 9 1,25 b 1,92 a 1,11 ab 0,07 0,08 0,08 10 1,53 a 1,69 ab 1,06 ab 0,09 0,09 0,09 11 1,45 ab 1,70 ab 1,12 ab 0,07 0,08 0,09 12 1,51 a 1,90 a 1,29 ab 0,07 0,07 0,07 F (5%) 3,37 * 5,82 * 2,86 * 1,2NS 2,21NS 1,41NS CV (%) 11,06 23,41 20,76 21,86 12,82 11,91 * Significativo a 5% de probabilidade; NS não significativo. Letras diferentes na coluna, diferem estatisticamente. RP e UG – F transformado (√ 1) em todas as camdas estudadas. Para a RP, os maiores valores encontrados foram para os tratamentos em consórcio com feijão comum e os menores para o milho solteiro e milho com crotalária, na camada de 0,00-0,10 Os maiores valores encontrados foram inferiores ao considerado crítico para Canarache (1990), que diz que RP acima de 2,5 MPa trás prejuízos para a cultura. A camada de solo mais compactada foi a de 0,10-0,20m, possivelmente pelo efeito do preparo de solo. 30 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Para a umidade os tratamentos utilizados não influenciaram a UG, discordando dos resultados encontrados por Cardoso et al (2013). A umidade foi igual para todos os tratamentos não influenciando a RP. CONCLUSÕES Conclui-se que os tratamentos utilizados influenciaram na compactação do solo. A compactação do solo está abaixo do limite critico para o desenvolvimento das culturas. AGRADECIMENTOS A PROPE pela concessão de bolsa de iniciação científica e apoio financeiro para execução do projeto. REFERÊNCIAS ALVARENGA, R.C.; CRUZ, J.C. Manejo de solos e agricultura irrigada. In: RESENDE, M.; ALBUQUERQUE, P.E.P.; COUTO, L. A cultura do milho irrigado. Brasília: p.70-106. Embrapa Informação Tecnológica, 2003. BRASIL. Instrução Normativa no 64, de 18 de dezembro de 2008. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 19 dez. 2008. Seção 1, p.21. CANARACHE, A. PENETR – A generalized semi-empirical model estimating soil resistance to penetration. Soil Till Res, Amsterdam, v.16, p.51-70, 1990. CARDOSO, Dione Pereira et al. Espécies de plantas de cobertura no recondicionamento químico e físico do solo. Revista Brasileira de Ciências Agrárias: Agrária, Recife, v. 8, p.375-382, 21 fev. 2013. Disponível em: <file:///C:/Users/Emanuelle/Downloads/473-954-1-PB.pdf>. Acesso em: 02 set. 2015. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Manual de métodos de análise de solo. 2.ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA/CNPSO, 1997. 212p. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPCUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3.ed. Rio de Janeiro, 2013. 353p. FREITAS, P.L. Aspectos físicos e biológicos do solo. In: LANDERS, J.N. Fascículos sobre experiências em plantio direto nos Cerrados. Uberlândia: APDC, 1994. p.187-96. HOAD, S.P.; SILVA, A.P.; DIAS JUNIOR, M.S.; TORMENA, C.A. Quantificação de pressões críticas para o crescimento das plantas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.25, n.1, p.11-18, 2001. RAIJ, B. van.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. (Eds.) Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC, 1996. p.64-65. (Boletim técnico 100). STRECK, C.A.; REINERT, D.J.; REICHERT, J.M. & KAISER, D.R. Modificações em propriedades físicas com a compactação do solo causada pelo tráfego induzido de um trator em plantio direto. C. Rural, 34:755-760, 2004. TAVARES FILHO, J.; BARBOSA, G.M.C.; GUIMARÃES, M.F.; FONSECA, I.C.B. Resistência do solo à penetração e desenvolvimento do sistema radicular do milho (Zea mays, L.) sob diferentes sistemas de manejo em um latossolo roxo. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.25, n.3, p.725 -30, 2001. 31 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 COMPORTAMENTO DE BOVINOS DA RAÇA NELORE EM SISTEMA INTEGRADO DE PRODUÇÃO ANIMAL COM LINHAS SIMPLES DE EUCALIPTO Anna Carolina Garcia Tarantini Dellefrate*¹; Helena Sampaio Aranha1; Ana Carolina Cavalcante Carriel¹; Polyana Vellone Giacomini1. ¹Discente. *e-mail: [email protected] RESUMO Atualmente, os sistemas estão se expandindo, especialmente para produção de grãos, fibra, energia, florestas e bovinos de corte e leite, além de ovinos e caprinos, dependendo da região. A utilização desses sistemas, nas situações em que é possível a sua adoção, passa a ser de grande importância para a recuperação de áreas degradadas, tanto de pastagem como de lavouras A integração Lavoura-pecuária-floresta pode ser definida como um sistema de produção que integra os componentes agrícolas e pecuário incluindo o componente florestal na mesma área e o sistema de integração Lavoura-pecuária é o sistema de produção que integra o componente agrícola e pecuário em, na mesma área e em um mesmo ano agrícola ou por vários anos, em sequência ou intercalados. O objetivo desse trabalho foi avaliar o comportamento de bovinos da raça Nelore nos sistemas integrados de produção e para isso avaliadores treinados observaram o comportamento dos animais por um período de 9 horas durante um dia, com início as 6:00 horas e término as 15:00 horas. Foram registrados os seguintes comportamentos: pastejo sob a sombra, pastejo sob o sol, em pé ruminando sob a sombra, em pé ruminando sob o sol, ócio à sombra e ócio ao sol. Os animais permaneceram pastejando, no período avaliado, por mais tempo no sistema de iLP comparado como o iLPF, assim como exercendo a atividade de ruminação, ou seja, os diferentes sistemas interferiram no comportamento dos animais. Na estação do verão, o comportamento de bovinos da raça Nelore, criados em sistema integrados com presença de arvores é alterado, sendo que, os animais permanecem maior porcentagem tempo em ócio e menor em pastejo, quando comparado com os sistemas de integração sem árvores. PALAVRAS-CHAVE: Integração; pastejo; produção INTRODUÇÃO A integração Lavoura-Pecuaria-Floresta (iLPF) é uma estratégia de produção sustentável, que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotacionado, e busca efeitos sinérgicos entre os 32 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 componentes do agroecossistema, contemplando a adequando ambiental, a valorização do homem e a viabilidade econômica (Balbino e Barcellos, 2010). Além disso, o componente florestal proporciona ao animal um melhor conforto térmico devido à projeção da sombra. As condições térmicas são determinadas pelas trocas térmicas entre o animal e o ambiente, incluindo a radiação solar direta e a radiação solar refletida nas superfícies que circundam o indivíduo (SILVA, 2000). Nesse sentido, a pastagem é responsável por parte da energia refletida que atinge os animais, e, quanto maior a reflectância da cobertura do solo, pior será o índice de conforto térmico. Alterações de comportamento são realizadas pelo animal com o objetivo de reduzir a produção de calor ou promover a sua perda, evitando estoque adicional de calor corporal. Essas alterações referem-se à mudança do padrão usual de postura, movimentação e ingestão de alimentos (McDANIEL e ROARK, 1956; PERERA et al., 1986; SHULTZ, 1983). O objetivo do trabalho foi avaliar o comportamento de bovinos da raça Nelore em sistemas integrados de produção animal. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em Andradina – SP, na Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta), polo regional extremo-oeste na estação do verão, em Fevereiro de 2015. Foram utilizados dois tratamentos com três repetições, sendo a unidade experimental o piquete. Os tratamentos foram os seguintes: Tratamento 1 – integração Lavoura-pecuária (iLP); Tratamento 2 – Integração Lavoura-pecuária-floresta (iLPF) com linhas simples de eucalipto. Observadores treinados realizaram a coleta dos dados das atividades comportamentais por meio de etogramas. Estas coletas foram realizadas,segundo a metodologia preconizada por Martin e Bateson (1993), através de colheita instantânea e contínua com amostragem focal e intervalo amostral de 10 minutos, de forma direta, por períodos contínuos de 9 horas, com início as 6:00 horas e término as 15:00 horas. Foram registrados os seguintes comportamentos: pastejo sob a sombra, pastejo sob o sol, em pé ruminando sob a sombra, em pé ruminando sob o sol, ócio à sombra, ócio ao sol, interação com outros animais à sombra, interação com outros animais ao sol e comportamento de beber água. O tempo de pastejo foi considerado como o tempo gasto com as atividades de procura e 33 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 colheita de forragem na pastagem, com o animal em atividade de ingestão. O tempo de ruminação foi considerado como o período em que o animal não estava pastejando, mas estava mastigando o bolo alimentar retornado do rúmen, caracterizado por movimentos mandibulares cíclicos e repetitivos. Comportamento de ócio foi adotado quando o animal não estava realizando as demais atividades. Os resultados foram expressos em porcentagem de cada atividade realizada no decorrer das 9 horas observadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A figura 1 apresenta a distribuição das atividades dos animais no período das 6 horas até às 15 horas no sistema de iLP e na figura 2 a distribuição das atividades dos animais no mesmo período e em sistema de iLPF. Somando-se o tempo de pastejo no sol e na sombra do tratamento 2 tem-se que os animais permaneceram nessa atividade 38% do tempo avaliado em comparação com o tratamento 1, no qual apresentaram 45% dessa atividade. No sistema de iLPF os animais permaneceram na atividade de ruminação em 22% do tempo e visto que o tempo de pastejo no iLP foi maior, consequentemente a ruminação teve a porcentagem mais elevada com 26% do tempo dos animais nessa atividade. Como o tempo de ruminação dos animais do sistema de iLPF foi menor consequentemente o tempo de ócio foi elevado, apresentando 40% do tempo nessa atividade durante o período avaliado enquanto que no sistema de iLP os animais apresentaram apenas 29% do tempo realizando essa atividade. Esse comportamento pode ser devido ao componente arbóreo do sistema de iLPF que pode diminuir o campo de visão dos animais e eles ficam mais tempo em alerta do que os animais do sistema de iLP. Segundo Porfírio da Silva (2004), questões como a produção de forragem e bem-estar animal são influenciadas pelo microclima local proporcionados pelo sistema silvipastoril e determinam reflexos no desempenho animal. A presença de árvores, dispostas de forma adequada, favorece o bem-estar animal bem como promove melhorias e proteção à produção forrageira. 34 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Figura 1. Distribuição do comportamento dos animais no tratamento com integração Lavoura-pecuária-floresta do horário das 6 às 15 horas. Figura 2. Distribuição do comportamento dos animais no tratamento com integração Lavoura-pecuária do horário das 6 às 15 horas. 35 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES Na estação do verão, o comportamento de bovinos da raça Nelore, criados em sistema integrados com presença de arvores é alterado, sendo que, os animais permanecem maior porcentagem do tempo em ócio e menor em pastejo, quando comparado com os sistemas de integração sem árvores. REFERÊNCIAS BALBINO, L. C.; BARCELOS, A. de O.; STONE, L. F. (Ed.) Marco referencial em integração lavoura-pecuária-floresta. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 130p. 2011. BUNGENSTAB, Davi José et al. Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta: a produção sustentável. 2. ed. Brasília: Cromosete, 2012. 239 p. MARTIN, P., BATESON, R. Measuring behaviour. Cambridge University Press. p. 84100. 1993. MCDANIEL, A. H.; ROARK, C. B. Performance and grazing habitats of Hereford and Aberdeen-Angus cows and calves on improved pastures ad related to types of shade. Journal of Animal Science, Champaign, v. 15, p. 59-63, 1956. PORFÍRIO DA SILVA, V. O sistema silvipastoril e seus benefícios para a sustentabilidade da pecuária. Palestra no Simpósio ABCZ-CNPC Pecuária Sustentável – ExpoZebu, Uberaba, MG, 2009. PORFÍRIO DA SILVA, V. 2004. In: http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/safs/. Acesso em: 29 de agosto de 2015. PORFÍRIO DA SILVA, V. Sistemas silvipastoris. Disponível em: <http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/safs/>. Acesso: 30/08/2015 SILVA, R.G. Introdução à bioclimatologia animal. São Paulo: Nobel, 286p. 2000. 36 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 COMPORTAMENTO DE BOVINOS DA RAÇA NELORE EM SISTEMA INTEGRADO DE PRODUÇÃO ANIMAL COM LINHAS TRIPLAS DE EUCALIPTO Ana Carolina Cavalcante Carriel*¹; Helena Sampaio Aranha¹; Aline Sampaio Aranha¹; Anna Carolina Garcia Tarantini Dellefrate¹; Cristiana Andrighetto². ¹Discente. ²Docente. *e-mail: [email protected] RESUMO Com o crescimento da população aumenta a demanda por alimentos no mundo, exigindo sistemas de produção mais eficientes e os sistemas integrados de produção agropecuária apresentam grande eficiência nesse contexto. Os sistemas de integração Lavoura-pecuáriafloresta (iLPF) e de integração Lavoura-pecuária, com manejo adequado das culturas e pastagens, podem proporcionar substanciais aumentos na produção, principalmente quando ocorre recuperação de áreas degradadas ou pouco produtivas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o comportamento de bovinos da raça Nelore em ambos sistemas e para tal foi realizada a observação dos animais por um período de 9 horas durante o dia e anotadas suas atividades em um etograma. Foram registrados os seguintes comportamentos: pastejo sob a sombra, pastejo sob o sol, em pé ruminando sob a sombra, em pé ruminando sob o sol, ócio à sombra e ócio ao sol. Os animais permaneceram pastejando por mais tempo no sistema de iLP comparado como o iLPF, assim como exercendo a atividade de ruminação, ou seja, os diferentes sistemas interferiram no comportamento dos animais. PALAVRAS-CHAVE: ambiência; produção; ruminantes. INTRODUÇÃO A integração Lavoura-pecuária-floresta pode ser definida segundo Balbino et al. (2011) como um sistema de produção que integra os componentes agrícolas e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, incluindo o componente florestal na mesma área e o sistema de integração Lavoura-pecuária é o sistema de produção que integra o componente agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área e em um mesmo ano agrícola ou por vários anos, em sequência ou intercalados. Consorciar reflorestamento com pecuária por meio do sistema silvipastoril tornou-se uma ótima alternativa de renda e uma prática ambientalmente correta para os produtores rurais. (TOMAZ, 2010). Esta diversificação promove novas opções de 37 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 mercado, tornando-se uma estratégia contra possíveis entraves econômicos, podendo ser um diferencial competitivo do agronegócio brasileiro, tanto para o setor pecuário, quanto para o setor de base florestal (LUSTOSA, 2008; SILVA; RIBASKI, 2012). As atividades diárias são caracterizadas por três comportamentos básicos: alimentação, ruminação e ócio: sua duração e distribuição podem ser influenciadas pelas características da dieta, manejo, condições climáticas e atividade dos animais do grupo (FISHER et al., 1997). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em Andradina – SP, na Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (Apta), polo regional extremo-oeste na estação do verão, em dezembro de 2014. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado contendo dois tratamentos e três repetições, sendo a unidade experimental o piquete com tamanho médio de dois hectares. Os tratamentos foram os seguintes: Tratamento 1 – Integração-lavoura-pecuária (iLP); Tratamento 2 – Integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) com linhas triplas de eucalipto. Observadores treinados realizaram a coleta dos dados das atividades comportamentais. Estas coletas foram realizadas durante a estação do verão, segundo a metodologia preconizada por Martin e Bateson (1993), através de colheita instantânea e contínua com amostragem focal e intervalo amostral de 10 minutos, de forma direta, por períodos contínuos de 9 horas, das 6:00 às 15:00 horas. Foram registrados os seguintes comportamentos: pastejo sob a sombra, pastejo sob o sol, em pé ruminando sob a sombra, em pé ruminando sob o sol, ócio à sombra, ócio ao sol, interação com outros animais à sombra, interação com outros animais ao sol e comportamento de beber água. O tempo de pastejo foi considerado como o tempo gasto com as atividades de procura e colheita de forragem na pastagem, com o animal em atividade de ingestão. O tempo de ruminação foi considerado como o período em que o animal não estava pastejando, mas estava mastigando o bolo alimentar retornado do rúmen, caracterizado por movimentos mandibulares cíclicos e repetitivos. Comportamento de ócio foi adotado quando o animal não estava realizando as demais atividades. Os resultados comportamentais foram expressos em porcentagem de cada atividade realizada ao longo de 9 horas de avaliação. 38 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os animais permaneceram sob atividade de pastejo 48% do tempo, no sistema de iLPF e 45% no sistema de iLP, assim pode-se inferir que o consumo de forragem foi semelhante, devido a proximidade dos resultados. Constatou-se ainda que, no iLPF a maior parte do tempo de pastejo foi ao sol (35%) e somente 13% do tempo de pastejo avaliado foi sob a sombra. Apesar dos animais que permaneceram no sistema iLPF exibirem tempos de pastejo semelhantes, o tempo de ruminação foi menor (17%) em comparação ao iLP (26%). Sendo que, foi observado no iLPF maior tempo de ócio à sombra (27%) e menor sob o sol (8%). Gráfico 1. Distribuição do comportamento dos animais no tratamento com integração Lavoura-pecuária-floresta do horário das 6 às 15 horas. Gráfico 2. Distribuição do comportamento dos animais no tratamento com integração Lavoura-pecuária do horário das 6 às 15 horas. CONCLUSÕES Bovinos da raça Nelore criados em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta e sistema de integração lavoura-pecuária, apresentam tempos semelhantes de pastejo, entretanto os animais mantidos em sistema de integração lavoura-pecuária-floresta apresentaram maior tempo em ócio e menor em ruminação. Conclui-se que os animais apresentam comportamentos distintos nos diferentes sistemas de integração. 39 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 AGRADECIMENTOS Ao pesquisador Gustavo Pavan Mateus (Apta/Andradina) e aos professores Cristiana Andrighetto (Uneps/Dracena) e Gelci Carlos Lupatini (Unesp/Dracena) pela orientação no trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALBINO, L. C.; BARCELOS, A. de O.; STONE, L. F. (Ed.) Marco referencial em integração lavoura-pecuária-floresta. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 130p. 2011. BUNGENSTAB, Davi José et al. Sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta: a produção sustentável. 2. ed. Brasília: Cromosete, 2012. 239 p. MARTIN, P., BATESON, R. Measuring behavior. Cambridge University Press. p. 84100. 1993. LUSTOSA, A.A.S. Sistema Silvipastoril - Propostas e Desafios. Revista Eletrônica LatoSensu – Ano 3, nº1, março de 2008. SILVA, V. P.; RIBASKI, J.. Sistema silvipastoril: integração de competências para a competitividade do agronegócio brasileiro: ciência livre; 2012. TOMAZ, W. Pecuarista investe no sistema silvipastoril. 2010. 40 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONSUMO DE ÁGUA E PRODUÇÃO DE PROTEINA SÉRICA TOTAL EM CAVALOS DE PROVA DE TRÊS TAMBORES Mariana Siqueira Araujo¹; Katia de Oliveira²; Beatriz Queiroz dos Reis1; Giovani Augusto Campos Oliveira1. Campus Experimental de Dracena, Dracena, Zootecnia, [email protected] RESUMO O trabalho objetivou estudar o efeito da qualidade dos fenos de capim-tifton e alfafa, em três tipos de feno (A, B e C) em dietas isoproteicas e isoenergéticas, sobre a biometria corporal de cavalos. Utilizados seis equinos machos, mestiços, com idade entre 6-7 anos e peso corporal médio de 353,83±49,72 kg As variáveis mensuradas foram peso corporal (PC), perímetro do abdômen (PA), consumo de água (CA), teor de umidade nas fezes (U), concentração de proteína sérica total (PST), produção fecal (PF), coeficiente de digestibilidade da matéria seca (CDMS) das dietas e teor de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) nas fezes. Houve efeito significativo (P<0,05) para as variáveis PC, PA, U, PF e FDNi para o tipo forrageiro nos cavalos alimentado com feno de alfafa apresentou menores valores. Foi possível concluir que o feno de alfafa proporcionou redução no PC e PA, que pode ser explicado pela maior digestibilidade verificada para a dieta composta pelo feno da leguminosa, com reflexos sobre a menor retenção de água e a maior quantidade de massa digestível no trato gastrintestinal em relação ao feno de capim-tifton. PALAVRAS-CHAVE: equinos 1; prova 2; três tambores 3. INTRODUÇÃO Os cavalos são classificados como herbívoros, adaptados a consumirem dietas contendo alto conteúdo de fibra. O moderno manejo de equinos impõe, a esta espécie animal, reduzida quantidade de forragem e incremento de grãos em sua dieta, para atender seus requisitos nutricionais de desempenho esportivo. A estratégia alimentar adotada para nutrir os equinos atletas pode ter efeito expressivo sobre o PC dos mesmos. Cavalos consumindo dietas contendo alta proporção de volumoso resultam em incremento na massa da ingesta presente no intestino grosso (PAGAN & DUREN, 2001), decorrente do aumento da retenção de água no trato gastrintestinal (TGI). Ainda, quanto menos digestível a dieta (alta fibra) presente no intestino grosso de cavalos, ocorre maior ingestão de água pelos mesmos (JANSSON & LINDBERG, 41 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 2012). Desta forma, pesquisadores e treinadores têm recomendado a restrição no consumo de forragem três dias antes de exercício intenso de curta duração, objetivando diminuir o peso de lastro no TGI e redução na energia despendida durante a corrida (BRUNNER et al., 2012). Entretanto, pesquisas têm indicado que o nível de ingestão do volumoso oferecido parece não ser o fator mais importante no aumento de PC em cavalos. Connysson et al. (2010), consideram a composição bromatológica da forragem como característica primordial. S Ribeiro et al. (2011), avaliando equinos em mantença recebendo como fonte de volumoso combinações entre os fenos de capim-tifton e alfafa, observaram que a retenção de água fecal foi influenciada pela composição bromatológica das dietas, no qual o aumento da inclusão de feno de alfafa na dieta resultou em maior valor nesta variável. Pesquisas que objetivem avaliar o efeito da qualidade nutricional dos fenos de capim-tifton e alfafa na alimentação de cavalos atletas em atividade de curta duração, inexistem na literatura nacional e internacional. Neste sentido, a pesquisa objetivou estudar o efeito da qualidade dos fenos de capim-tifton e alfafa, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, sobre a biometria corporal de cavalos. MATERIAL E MÉTODOS Os tratamentos consistiram de seis dietas constituídas por concentrado e volumoso, em que este volumoso era duas forragens (capim-tifton 85 e alfafa) e três tipos de feno (A, B e C). O delineamento experimental foi o quadrado latino 6 x 6 (seis cavalos e seis períodos), em que foram utilizados seis equinos, machos, mestiços, com idade entre seis e sete anos e peso corporal (PC) médio de 353,83±49,72 kg. Cada período experimental foi composto por sete dias. Nos dias de avaliação os cavalos passara por exercício de aquecimento por período de 15 minutos, e foram testados na simulação da prova para Três Tambores. Os cavalos realizaram duas passadas intervaladas, em uma pista de Três Tambores com medidas oficiais (40 x 90 m). O CA (consumo de agua) pelos cavalos foi verificado todos os dias no período da manhã, com uso de bebedouros graduados (tipo balde – graduação de 500 mL) e com fornecimento de água à vontade (RIBEIRO et al., 2011). Para a determinação da PST, no último dia da fase de coleta, foi realizada a colheita de amostra de sangue venoso em tubo sem anticoagulante para obtenção do soro, no período da manhã, antes da primeira refeição do dia. Estes foram imediatamente levados à centrífuga da marca Centribio® para serem centrifugadas por 15 minutos para separar o soro da amostra contendo sangue total. Após este procedimento, os plasmas foram pipetados e colocados 42 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 em tubos identificados e armazenados em freezer. A concentração de proteína sérica total foi obtida utilizando espectrofotômetro, por meio do uso de kit com reagente Biureto. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não se observou efeito significativo (P>0,05) para CA e PST, nas comparações entre tratamentos, assim como, para o tipo de forragem presente nas dietas, como efeito principal. Tabela 1 Médias do consumo de água (CA), e da concentração de proteína sérica total (PST), e desvio padrão dos equinos alimentados com dietas isoproteicas e isoenergéticas submetidos a três tipos (A, B e C) de fenos de capim-tifton1 e alfafa2. Variável A B C A B C 37,04 43,52 33,94 36,04 41,37 38,96 ±5,57 ±5,57 ±5,45 ±5,51 ±5,56 ±5,51 CA (L) PST (g.dL-1) Feno de Alfafa Feno de Capim-Tifton Média1 Média2 37,82±5,26 38,70±5,26 7,68 7,75 7,63 7,63 7,67 7,72 ±0,23 ±0,23 ±0,23 ±0,23 ±0,23 ±0,23 Média1 Média2 7,69±0,22 7,67±0,22 A ausência de efeito estatístico para o consumo de água pelos equinos pode ser justificada devido às dietas oferecidas aos animais terem sido isoproteicas, uma vez que, de acordo com Ribeiro et al. (2011), a ingestão de água está relacionada com o teor de proteína das dietas às quais os animais foram submetidos. A ingestão de água foi quantificada para verificar se os mesmos sofrem alteração das dietas experimentais, e, consequentemente, promove interferência sobre a biometria corporal (PC e PA) dos equinos. As respostas das concentrações de proteína sérica total permitiram afirmar que a volemia dos equinos permaneceu inalterada, não sofrendo influência da alimentação avaliada. 43 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES Independentemente do tipo de classificação, o feno de alfafa como fonte de volumoso, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, apresentou melhor qualidade em relação ao feno de capimtifton,mas não influenciou no consumo de agua e na proteína sérica total dos equinos. AGRADECIMENTOS Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), auxílio à pesquisa sob processo nº 2013/03075-1 e bolsa de Mestrado sob processo nº 2013/20683-5. O desenvolvimento desta pesquisa foi realizado no Haras RR, em São Pedro/SP. REFERÊNCIAS BRUNNER, J.; WICHERT, B.; BURGER, D.; VON PEINEN, K.; LIESEGANG, A.. A survey on the feeding of eventing horses during competition. Animal Physiology and Animal Nutrition, v. 96, n.6, p.878-884, 2012. CONNYSSON, M.; ESSÉN-GUSTAVSSON B.; LINDBERG, J. E.; JANSSON, A.. Effects of feed deprivation on Standardbred horses fed a forage-only diet and 50:50 forage-oats diet. Equine Veterinary Journal, v.42, suppl.38, p.335-340, 2010. JANSSON, A.; LINDBERG, J. E.. Forage-only diet alters the metabolic response of horses in training. Cambridge Journals, v.2, n.4, p.42, 2012. PAGAN, J. D.; DUREN, S. E.. Recent developments in equine nutrition. Recent Advances in Animal Nutrition in Australia, v.13, p.169-177, 2001. RIBEIRO, L. B. R.; FURTADO, C. E.; BRANDI, R. A.; PAULA, A. C. S.; TONELLO, C. L.; AFONSO, D. A.. Consumo de nutrientes e balanço hídrico em equinos recebendo dietas com diferentes níveis de inclusão de feno de alfafa. Ciência Animal Brasileira, v.12, n.2, p.228-234, 2011. 44 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Consumo de energia elétrica e produção de ovos em aviários de poedeiras comerciais Érik dos Santos Harada*¹; Leda Gobbo de Freitas Bueno²; Silvia Regina Lucas de Souza3; Kelry Mayara da Silva4; Danilo Florentino Pereira5. ¹Graduando em Zootecnia- Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas/FCAT-Unesp Dracena. *e-mail: [email protected]. ²Docente na Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas/ FCAT-Unesp Dracena. ³Docente na Faculdade de Ciências Agronômicas/ FCA-Unesp Botucatu. 4Mestranda do PPG em Ciência e Tecnologia Animal – Unesp Dracena/Ilha Solteira. 5Docente na Faculdade de Ciências e Engenharia/ FCE-Unesp Tupã RESUMO A avicultura de postura tem modificado suas instalações ao longo do tempo, com o intuito de amenizar as perdas energéticas das aves devido ao estresse térmico, entendido que quando os animais passam por uma situação de não conforto térmico a produtividade é reduzida. Este trabalho teve o objetivo de avaliar o consumo de energia elétrica de diferentes sistemas de produção e correlaciona-lo descritivamente com a produção de ovos. O experimento foi realizado em uma granja de poedeiras comerciais na cidade de Bastos-SP, em três diferentes galpões, diferenciados pelos seus sistemas de climatização: A1 vertical sem climatização, A2 climatizado por pressão negativa e A3 piramidal sem climatização, sendo medido em todos os galpões o consumo de energia elétrica e também a quantidade de ovos produzidas durante todo o ciclo de produção. Conclui-se que o galpão A2 utilizou o 90,23% a mais que o A1 e 99,1% a mais que o A3. PALAVRAS-CHAVE: uso de energia; avicultura; sistemas de climatização. INTRODUÇÃO O uso de sistemas de climatização, na avicultura de postura, vem sendo implementado, com o intuito de amenizar as perdas energéticas causadas pelo estresse térmico, o qual leva a diminuição dos ganhos econômicos do produtor. Todavia existe a necessidade de verificar se o ambiente termodinâmico proporcionado pela tipologia associada ao sistema de climatização, ao qual soma-se dispêndios com energia elétrica, traz reais benefícios econômicos para garantir a competitividade do produtor no mercado consumidor. BUENO & ROSSI (2006) avaliaram a eficiência energética de aviários de frangos de corte e verificaram que há a necessidade de 45 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 adequação dos mesmos para proporcionar um uso racional desta energia e assim criar condições para o produtor melhorar seus ganhos, tanto no desempenho zootécnico como em sua margem de lucro). Desta forma o objetivo deste estudo foi avaliar o consumo de energia elétrica de diferentes sistemas de produção e correlacioná-lo descritivamente com a produção de ovos. MATERIAL E MÉTODOS Para melhor caracterização do consumo de energia elétrica dos sistemas de produção de três aviários de poedeiras comerciais, com distintos em tamanho, sistema de climatização e sistema de criação, realizou-se a aquisição e análise dos dados para um ciclo de produção (21 dias) por estação de ano (primavera, verão, outono e inverno) utilizando medidores de energia elétrica Meeter da fabricante IMS®. Concomitantemente, coletou-se, através de planilhas específicas, o total de produção de ovos. As aves eram da linhagem Dekalb White e a granja comercial localiza-se em Bastos-SP. Fez-se uma análise descritiva sobre os ovos produzidos e o kWh consumido nos três aviários. A contagem dos ovos foi realizada diariamente e em unidades e posteriormente transformada em dúzias de ovos, forma vendida no mercado. Esta transformação das unidades dos ovos em duzias de ovos foi realizada com o intuito de possibilitar uma comparação de dúzias de ovos produzidas em cada instalação e consumo de energia elétrica. O aviário climatizado com pressão negativa (A2) foi monitorado em relação ao consumo de lâmpadas, exaustores e padcooling. Os galpões piramidal (A3) e vertical (A1), ambos sem sistema de climatização foram monitorados em relação as lâmpadas (Figura 01). Calculou-se o consumo de energia elétrica total dos três galpões individualmente analisados e os respectivos custos, considerando-se o valor de R$0,106 por kWh consumido como custo de energia elétrica cobrado para o subgrupo B2 – Rural pela Concessionária Rede Vale Paranapanema, fornecedora de energia para a granja. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta os valores de consumo de energia elétrica nos três aviários por durante toda a avaliação (1 ano). Já a Tabela 2 mostra a produção de ovos, por aviário em unidades de ovos e transformados em dúzias de ovos. 46 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Tabela 1. Consumo de energia elétrica durante o experimento. Galpão Consumo de energia elétrica Custo (R$) (kWh) A1 17.366,50 1.839,78 A2 177.737,65 18.840,19 A3 1.615,11 171,20 Pelos dados pode ser verificado que o galpão climatizado (A2) apresenta um consumo de energia elétrica superior em 90,23% ao A1 (vertical sem climatização) e 99,1% do A3 (piramidal). O galpão vertical A1 apresenta-se intermediário entre estes consumos. A diferença na tecnologia destes aviários (A1 e A3) seria no número de lâmpadas e motores para recolhimento dos ovos. Também tem-se a diferença que o galpão A3 não apresenta esterqueira com recolhimento automático. Tabela 2. Produção de ovos Galpão Produção de ovos (unidades) Dúzia de ovos A1 11.043,395 920,28 A2 18.260,500 1.521,70 A3 1.950,679 162,55 Na avaliação em relação a produção de ovos nota-se que o aviário A2 produz 60,47% a mais de ovos que o galpão vertical A1 e 89,31% a mais que o galpão piramidal A3. Segundo Avisite (2015) o preço de 30 dúzias de ovos está em torno de R$ 55,00, sendo assim a dúzia sairia por R$ 1,83. Verifica-se que o A2 fatura bruto R$ 2.784.726,25. Já o galpão A1 apresenta um faturamento bruto R$1.684.117,75. O galpão A3 obteve um faturamento bruto na produção de ovos no valor de R$ 297.478,54. CONCLUSÕES Por esta análise preliminar pode-se dizer que o galpão climatizado traz benefícios na produção e lucro bruto, mesmo consumindo um total superior ao consumo de energia elétrica. Deve-se fazer um estudo mais detalhado para verificar sua viabilidade em relação ao vertical sem climatização. 47 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 AGRADECIMENTOS Á Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo pelo apoio financeiro e à Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas/ FCAT-Unesp Dracena. REFERÊNCIAS AVISITE, 2015. Disponível em: < http://www.avisite.com.br/economia/>. Acesso em 16/09/2015. BUENO, LEDA; ROSSI, LUIZ . Comparação entre tecnologias de climatização para criação de frangos quanto a energia, ambiência e produtividade.Campina Grande, PB, R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.10, n.2, p.497–504, 2006. 48 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CRESCIMENTO DE CANA-DE-AÇÚCAR QUANDO PLANTADA SOB DOSES CRESCENTES DE ÁCIDO SALICÍLICO Victor Gustavo da Cunha Alves¹; Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo²; Ronaldo da Silva Viana2; Lucas Aparecido Manzani Lisboa3; Larissa Escalfi Tristão1. Campus Experimental de Dracena, Unidade de Dracena, Curso de Engenharia Agronômica. ¹ Graduando em Eng. Agronômica Univerisdade Estadual Paulista, Unesp - Dracena –SP. E-mail: [email protected]. ² Prof. Dr. Universidade Estadual Paulista, Unesp Dracena –SP. ³ Doutorando Universidade Estadual Paulista, Unesp - Ilha Solteira –SP. RESUMO A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma espécie pertencente à Família Poaceae, extremamente importante para o cultivo comercial voltado para a indústria sucroalcooleira em diferentes partes do mundo. O presente trabalho teve por finalidade avaliar a Aplicação do Ácido Salicílico e sua influência no Desenvolvimento inicial da cultura de cana-de-açúcar. O experimento foi conduzido no Campus Experimental de Dracena da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, localizada em Dracena, Estado de São Paulo, no período de Agosto a Novembro de 2014, em Casa de Vegetação. O delineamento foi inteiramente casualizado com 9 tratamentos e 5 repetições cada. Os tratamentos foram T1- 0 g ha-1, T2- 500 g ha-1, e T3- 1000 g ha-1,T4-1500 g ha-1,T5-2000 g ha-1, T6- 2500 g ha-1, T7- 3000 g ha-1, T8- 3500 g ha-1 e T9- 4000 g ha -1. Aos 60 dias após o plantio, foi avaliado Diâmetro de Plantas, Altura de Planta, Número de Folhas, Peso de Matéria Seca das Raízes; Peso de Matéria Seca da Parte Aérea; Número de Perfilhos e Área Foliar. Conclui-se que o ácido salicílico influencia positivamente para o parâmetro de Área Foliar, para os demais parâmetros não há um incremento no desenvolvimento inicial da cultura de cana-de-açúcar. PALAVRAS-CHAVE: desenvolvimento; dosagens; Saccharum spp. INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma espécie pertencente à Família Poaceae, extremamente importante para o cultivo comercial voltado para a indústria sucroalcooleira em diferentes partes do mundo. Particularmente, o Brasil possui um histórico de produção que remete há mais de quatro séculos (MARTINS e CASTRO, 1999), influenciando intensamente na economia e aspectos sociais do país. É uma das mais importantes culturas no cenário agrícola 49 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 brasileiro, atingindo uma área explorada em torno de 8,36 milhões de hectares de área cultivada (SILVA et al., 2012).. O Ácido Salicílico é um composto envolvido na defesa da planta, sua expressão é dada na resistência sistêmica, graças a sua capacidade na síntese de proteínas relacionadas à patogênese (Proteínas PR) (KESSMANN et al., 1994), que por sua vez encontram-se nas plantas em baixos níveis de forma constitutiva, onde os níveis da Proteína PR é aumentado quando a planta é submetida a condições de estresse como ataque de patógenos ou pragas (BERNARDS et al., 1999; MARTINS-MIRANDA, 2002), possui atividade antifúngica e antibacteriana, agindo na degradação de polissacarídeos estruturais da parede celular de fungos, além de prejudicar o desenvolvimento de microrganismos (ZAREIE et al., 2002). A indução desta proteína é dada por elicitores endógenos e elicitores exógenos (WYATT et al., 1991; REPKA, 1996; THORDALCHRISTENSEN et al., 2000; CHRISTENSEN et al., 2002). Dentro desse conhecimento o presente trabalho tem por finalidade avaliar o desenvolvimento inicial da cultura da cana-deaçúcar em função de diferentes doses de ácido salicílico aplicados no plantio. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em Dracena, Estado de São Paulo, durante o período compreendido entre os meses de Agosto e Novembro de 2014, em casa de vegetação, na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. A Casa de Vegetação era coberta com tela sombrite 50%. Foi realizado o plantio de cana-de-açúcar, variedade RB 86 7515, em vasos com capacidade volumétrica de 9 dm3 e 490,6 cm2 de área, preenchidos com Argissolo proveniente da camada de 0-0,3 m, previamente peneirado e adubado com uréia - 6,13 g; superfosfato triplo – 8,15 g; e cloreto de potássio – 3,74 g. Cada vaso continha 1 minitolete de cana-de-açúcar previamente selecionado e plantado a 8 cm de profundidade. Durante o período de condução do experimento, os vasos foram irrigados sempre que necessário, respeitando a capacidade de campo. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, sendo nove tratamentos com cinco repetições, totalizando 45 parcelas ou vasos. Os tratamentos variaram com as dosagens de ácido salicílico, sendo estes T1- 0 g ha-1, T2- 500 g ha-1, e T3- 1000 g ha1 ,T4-1500 g ha-1,T5-2000 g ha-1, T6- 2500 g ha-1, T7- 3000 g ha-1, T8- 3500 g ha-1 e T9- 4000 g ha -1. Para avaliação dos efeitos das dosagens de ácido salicílico no desenvolvimento inicial, aos 60 dias foram avaliados os seguintes parâmetros: diâmetro de colmos, altura de planta, número de folhas, número de perfilho, área foliar, peso de matéria seca da raiz e peso da matéria 50 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 seca da parte aérea, área foliar foi estimada através da formula: C x L x 0,75. Sendo C – Comprimento de Folha, L - Largura de Folha e 0,75 fator de correção. As variáveis foram submetidas à análise de variância pelo teste F (p<0,05) e ao teste de médias Scoot-knott 5%, sendo utilizado o programa Assistat 7.6 Beta. RESULTADOS E DISCUSÃO Nos resultados apresentados na Tabela 2 para a característica Altura de Planta (AP) houve diferença significativa quando comparado os tratamentos 4,5,6,7 e 9 com a testemunha, mostrando que o ácido salicílico prejudicou na altura das plantas, diferentemente para Área Foliar (AF), a qual apontou maiores valores nos tratamentos 2,5,7 e 8 quando comparados com a testemunha. Para Diâmetro de Colmos (DC) não houve um incremento por parte da aplicação do ácido salicílico. Já para as características Número de Folhas (NF), Peso de Matéria Seca de Raiz (PMSR), Peso de Matéria Seca da Parte Aérea (PMSPA) e Número de Perfilhos (NP) não houve diferença significativa, resultado que corrobora com os trabalhos realizados por Singh e Usha (2003), que mostrou que o ácido salicílico não apresentou incremento nestes parâmetros, aplicados em plantas de trigo. Resultados semelhantes foram apresentados por Senaratna et al.(2000) em plantas de tomate e feijão com aplicação de ácido salicílico. CONCLUSÕES Conclui-se que o ácido salicílico influencia positivamente para o parâmetro de Área Foliar, para os demais parâmetros não há um incremento no desenvolvimento inicial da cultura de cana-de-açúcar. REFERÊNCIAS BERNARDS, M. A.; FLEMING, D. W.; LLEWELLYN, D. B.; PRIEFER, R.; YANG, X.; SABATINO, A.; PLOURDE, G. L. Biochemical characterization ofthe suberisation-associated anionic peroxidase of potato. PlantPhysiology, Bethesda, v. 121, p. 135-146, 1999. 51 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CHRISTENSEN, A. B.; CHO, B. H.; NÆSBY, M.; GREGERSEN, P. L.; BRANDT, J.; MADRIZORDEÑA, K.; COLLINGE, D. B.; THORDAL-CHRISTENSEN, H. The molecular characterization of two barley protein sestablishes the novel PR-17 family of pathogenesis-relatedproteins. Molecular PlantPathology, London, v. 3, n. 3, p. 135-144, 2002. KESSMANN, H.; STAUB, T.; HOFMANN, C.; MAETZKE, T.; HERZOG, J.; WARD, E.; UKNES, S.; RYALS, J. Induction of systemi cacquired diseasere sistance in plantsbychemicals. AnnualReviewofPhytopathology, Palo Alto, v. 32, p. 439-459, 1994. MARTINS, M.B.G.; CASTRO, P.R.C. Efeitos de giberelina e ethephon na anatomia de plantas de cana-de-açúcar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.34, n.10, p.1855-1863, 1999 MARTINS-MIRANDA, A. S. Atividade de enzimas relacionadas com estresses bióticos e abióticos em plântulas de feijão-de-corda [Vignaunguiculata (L.) Walp.] expostas à salinidade e deficiência hídrica.2002. 85f. Dissertação (Mestrado em Bioquímica) – Departamento de Bioquímica e BiologiaMolecular, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. REPKA, V. A virus-inducible cucumberanionic peroxidase has a serological counter part in different plant species. Acta Virologica, Bratislava, v. 40, p. 121-125, 1996. SERANATNA, T. et al. Acetyl salicylic acidand salicylic acidind uce multiple stress tolerance in be anand tomato plants. PlantGrowthRegulation, v.30, p. 157-141, 2000. SILVA, T. G. F. et al. Requerimento hídrico e coeficiente de cultura da cana-de-açúcar irrigada no semiárido brasileiro. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 16, n. 1, p. 64-71, 2012. SINGH, B.; USHA,K. Salicylic acidind uced physological and biochemical changes in wheat see dling sunder water stress. PlantGrowthRegulation, V.39, p. 137-141, 2003. THORDAL-CHRISTENSEN, H.; GREGERSEN, P. L.; COLLINGE, D. B. The barley/Blumeria(syn. Erysiphe) graminisinter action. In: SLUSARENKO, A. J.; FRASER, R.; VAN LOON, K. (Ed.)Mechanisms of Resistance to Plant Disease. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 2000. p. 77-100. WYATT, S. E.; PAN, S. Q.; KUC, J. β-1,3-Glucanase, chitinase, and peroxidase activities in tobacco tissues resistantand susceptibleto blue mould as related to flowering, age and sucker development.Physiologicaland Molecular PlantPathology, Orlando, v. 39, p. 433-440, 1991. ZAREIE, R.; MELANSON, D. L.; MURPHY, P. J. Isolation of fungal cell wall degrading proteins frombarley (Hordeumvulgare L.) leaves in fected with Rhynchos poriumsecalis. Molecular Plant-MicrobeInteractions, St. Paul, v. 15, n. 10, p. 1031-1039, 2002. 52 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CRESCIMENTO DE CANA-DE-AÇÚCAR QUANDO PLANTADAS SOB DIFERENTES POSIÇÕES DO MINITOLETE Larissa Escalfi Tristão¹; Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo²; Ronaldo da Silva Viana2; Lucas Aparecido Manzani Lisboa3; Victor Gustavo da Cunha Alves1. Campus Experimental de Dracena, Unidade de Dracena, Curso de Engenharia Agronômica ¹ Graduando em Eng. Agronômica Universidade Estadual Paulista, Unesp - Dracena –SP. E-mail: [email protected]. ² Prof. Dr. Universidade Estadual Paulista, Unesp Dracena -SP . ³ Doutorando Universidade Estadual Paulista, Unesp - Ilha Solteira -SP RESUMO A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma cultura pertencente à família Poaceae, de grande importância mundial para a indústria sucroalcooleira. O presente trabalho tem por objetivo avaliar o crescimento e desenvolvimento das estruturas vegetais da cultura de cana-de-açúcar quando plantadas sob diferentes posições dos minitoletes. O experimento foi conduzido em Dracena, Estado de São Paulo, durante o período compreendido entre os meses de Agosto e Novembro de 2014, em casa de vegetação, na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, sendo 9 tratamentos com 5 repetições, totalizando 45 parcelas ou vasos. Os tratamentos variaram com a posição vertical e horizontal do minitolete, sendo estes com a gema voltada para cima, para baixo, para o lado e na diagonal. Para avaliação dos efeitos da posição de gema no desenvolvimento inicial, após 60 dias do plantio foram avaliados os parâmetros de Número de Folhas (NF), Altura de Planta (AP), Peso da Matéria Seca da Raiz (PMSR), Peso da Matéria Seca da Parte Aérea (PMSPA), Área Foliar (AF) e Número de Plantas (NP). A posição de gema vertical do tratamento 8, promoveu incremento no crescimento inicial da cultura de cana-de-açúcar. PALAVRAS-CHAVE: gema; desenvolvimento; Saccharum spp. INTRODUÇÃO A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é uma cultura pertencente à família Poaceae, de grande importância mundial para a indústria sucroalcooleira. A agroindústria da cana-de-açúcar é a maior geradora de empregos, além de fomentar valores econômicos e culturais (RODRIGUES, 2004). Bastante difundida no Brasil, o país é o maior produtor e exportador de 53 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 açúcar e álcool do mundo, possuindo aproximadamente 8,36 milhões de hectares de área cultivada (SILVA et al., 2012). Normalmente, a propagação da cana-de-açúcar é realizada por intermédio de pedaços de colmo contendo uma ou mais gemas, denominados como rebolo (CEBIM, 2007). A brotação das gemas é afetada por fatores intrínsecos e externos (CEBIM, 2007). De acordo com Chang e Liu (1960) citado por Frazão (1976), dois fatores que podem afetar a brotação da cana-de-açúcar são a posição da gema e a profundidade de plantio do rebolo. Em um experimento realizado para estudar a influencia desses fatores na germinação e desenvolvimento da cana-de-açúcar, concluíram que as gemas voltadas para baixo apresentaram um retardamento na germinação de 3 a 5 dias e, ainda, baixa porcentagem de germinação no meio e na base do rebolo. De acordo com Clements (1940), as gemas voltadas para cima emergem mais rapidamente do que as voltadas para baixo, pois os seus brotos necessitam percorrer maior distância até atingirem a superfície do solo. O presente trabalho tem por objetivo avaliar o crescimento e desenvolvimento das estruturas vegetais da cultura de cana-de-açúcar quando plantadas sob diferentes posições dos minitoletes. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em Dracena, Estado de São Paulo, durante o período compreendido entre os meses de Agosto e Novembro de 2014, em casa de vegetação, na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. A Casa de Vegetação era coberta com tela sombrite 50%. Foi realizado o plantio de cana-de-açúcar, variedade RB 86 7515, em vasos com capacidade volumétrica de 9 dm³ e 490,6 cm² de área, preenchidos com Argissolo proveniente da camada de 0-0,3 m, previamente peneirado e adubado com ureia - 6,13 g; superfosfato triplo – 8,15 g e cloreto de potássio – 3,74 g. Cada vaso continha 1 minitolete de cana-de-açúcar previamente selecionado e plantado a 8 cm de profundidade. Durante o período de condução do experimento, os vasos foram irrigados sempre que necessário, respeitando a capacidade de campo. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, sendo 9 tratamentos com 5 repetições, totalizando 45 parcelas ou vasos. Os tratamentos variaram com a posição vertical e horizontal do minitolete, sendo estes com a gema voltada para cima, para baixo, para o lado e na diagonal. 54 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Para avaliação dos efeitos da posição de gema no desenvolvimento inicial, após 60 dias do plantio foram avaliados os parâmetros de Número de Folhas (NF), Altura de Planta (AP), Peso da Matéria Seca da Raiz (PMSR), Peso da Matéria Seca da Parte Aérea (PMSPA), Área Foliar (AF) e Número de Plantas (NP). Área Foliar foi estimada através da formula: C x L x 0,75. Sendo C – Comprimento de Folha, L - Largura de Folha e 0,75 fator de correção. As variáveis foram submetidas à análise de variância pelo teste F (p<0,05) e ao teste de médias Tukey 5%, sendo utilizado o programa Assistat 7.6 Beta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos resultados apresentados na Tabela 1 para o parâmetro de Número de Folhas (NF) aos 60 dias, observou-se que as posições de gema ( ) dos tratamentos 6 e 8, apresentaram maiores valores médios quando comparados com a testemunha. No parâmetro de Altura de Planta (AP), as posições que apresentaram melhores resultados foram as gemas ( ( ) , ( )e( ),( ), ) dos tratamentos 1, 2, 3, 5 e 8 respectivamente. Os tratamentos 2,3 e 7 com as posições de gemas ( ) , ( ) e ( ) apresentaram valores médios maiores para o parâmetro de Peso da Matéria Seca da Raiz (PMSR). Observou-se ainda que no parâmetro de Área Foliar (AF) somente a posição da gema ( ) , do tratamento 5, apresentou resultado 55 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 significativo. Destacando-se o tratamento 8 com a posição de gema ( ) , que apresentou melhores para as características avaliadas. Os resultados obtidos nesse experimento corroboram com Segovia (1974), que concluiu que a posição da gema tem efeito marcante sobre a germinação da cana-de-açúcar, onde as gemas voltadas para cima e para os lados obtiveram melhores resultados em relação à germinação. CONCLUSÕES Concluiu-se que a posição de gema ( ) vertical, promoveu incremento no crescimento inicial da cultura de cana-de-açúcar. REFERÊNCIAS CEBIM, V. L. S. M. Biometria de mudas de cana-de-açúcar (Saccharum spp.) em dois sistemas de plantio. 2007. 90p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2007. CLEMENTS, H. F. Factors affecting the germination of sugarcane. Hawaiian Planters’ Record. Honolulu, n. 44, p. 117-146, 1940. FRAZÃO, D. A. C. Influência do intervalo entre colheita e plantio na germinação da cana-de-açúcar (Saccharum spp.). 1976. 59 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1976. RODRIGUES, R., Século XXI, O novo tempo da agroenergia renovável. Visão Agrícola. n. 1, p. 4-7, jan./jun. 2004. SEGOVIA, A. Efecto del tamaño y posición del esqueje em la germinación de la caña de azúcar. Revista de la Faculdad Agronomia de la Universidad Central de Venezuela, Maracay, v. 7, n. 4, p. 21-35, Mayo, 1974. SILVA, T. G. F. et al. Requerimento hídrico e coeficiente de cultura da cana-de-açúcar irrigada no semiárido brasileiro. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 16, n. 1, p. 64-71, 2012. 56 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DESEMPENHO DE DIFERENTES VOLUMES DE APLICAÇÃO NA DEPOSIÇÃO EM FEIJÃO José Luís Carlos dos Santos Júnior¹*; Neli Cristina Belmiro dos Santos2; José Eduardo da Costa Cação1; Sophia Cattleya Dondé3; Evandro Pereira Prado4. ¹Vínculo Institucional – Alunos de graduação do curso de Eng. Agronômica - FCAT/UNESP. 2Vinculo Instituição – Pesquisado da Apta - Polo Regional Extremo Oeste – Andradina. 3Vinculo Instituição – Aluna do curso de graduação em Zootecnica - FCAT/UNESP. 4Vinculo Instituição – Prof. Assistente Doutor do curso de Eng. Agronômica FCAT/UNESP. *[email protected] RESUMO O volume adequado de aplicação de defensivos agrícolas é de fundamental importância para uma efetiva cobertura do alvo desejado e consequentemente maior eficiência do produto. O objetivo desse trabalho foi verificar o desempenho do volume de aplicação nos depósitos da pulverização em plantas de feijão. Foram testados os volumes de aplicação de: 60; 110; 160; 210; 260; 310 e 360 L ha-1. Verificou-se que o aumentou o volume de aplicação foi proporcional aos valores de deposição nas plantas de feijão. Maiores valores de deposição foram encontradas nas parte superior das plantas independente do volume pulverizado. Houve aumento de deposição nas vagens de feijão até o volume de 260 L ha-1 sendo que a partir desse volume não houve acréscimo. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia de aplicação; cobertura da pulverização, taxa de aplicação. INTRODUÇÃO Uma das principais ferramentas para evitar as perdas ocasionadas por insetos e patógenos no feijoeiro, como em outras culturas, é a utilização de defensivos agrícolas os quais tem por função manter essas populações a níveis abaixo ao que causem danos econômicos. Embora, de acordo com o manejo integrado de pragas e doenças, o controle químico deve ser a última tática de controle é notória a necessidade dessa medida por não termos ainda hoje medidas de controle mais eficiente. Para que o controle químico expresse todo o seu potencial é fundamental que as moléculas desse produto atingem o alvo desejado, pois caso isso não acontece, continuaremos aplicando cada vez mais produtos químicos aumentando a contaminação ambiental e com pouca chance de 57 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 sucesso de controle. Dessa forma, a utilização de técnicas de aplicação que coloque o ingrediente ativo do produto da melhor maneira possível sobre o alvo desejado deve ser explorada para que possamos, em um futuro bem próximo, maximizar a eficiência de controle e minimizar a contaminação ambiental até o aparecimento de outras técnicas, que não seja a química, estiver disponível e viável, principalmente aos pequenos produtores. A eficiência de defensivos agrícolas depende, dentre outros fatores, de uma cobertura adequada da calda pulverizada sobre as plantas sendo que essa cobertura pode ser influenciada pela quantidade de água utilizada durante o processo de aplicação (Knoche, 1994). Produtores preferem aplicar baixo volume com intuito de diminuir a quantidade de reabastecimento do pulverizador aumentando a capacidade operacional da máquina e dessa forma reduzindo os custos. A redução do volume de aplicação possui uma série de vantagens como: ingrediente ativo mais concentrado permitindo maior eficácia, maior rendimento dos pulverizadores, redução da quantidade de reabastecimento, da quantidade de água e possibilidade de aplicação de maior quantidade de área nas condições mais favoráveis a aplicação. Vale lembrar que a redução do volume nada vale caso comprometa a eficiência de controle do defensivo em questão. O trabalho teve como objetivo verificar a eficiência de volumes de aplicação de defensivos agrícola sobre os depósitos da pulverização na cultura do feijão. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Fazenda da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) no polo regional do Extremo Oeste localizada no município de Andradina/SP. A implantação ocorreu na primeira quinzena de junho, a variedade utilizada foi IAC Milênio, espaçada em 0,5m e densidade de 8 plantas m-1. O delineamento do ensaio foi feito em blocos casualizados com 7 tratamentos e 4 repetições, sendo os tratamentos constituídos pelas seguintes volumes de aplicação: 60; 110; 160; 210; 260; 310 e 360 L ha-1. As pulverizações do corante alimentício Azul Brilhante (FDC no1) foram realizadas através de pulverizador pesquisa (Herbicat®) pressurizadas por CO2. As condições ambientais no momento da aplicação foram: temperatura 30±4°C, umidade relativa do ar 35±5% e velocidade do vento 2±1 m s-1. Após secagem da calda pulverizadas coletou-se 6 plantas por parcelas e essas separadas em partes superior e inferior. As partes das plantas foram acondicionadas em sacos plásticos (3L) previamente identificados e levados ao laboratório de 58 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 morfofisiologia da UNESP de Dracena. No laboratório foram adicionados 300 mL de água deionizada nos sacos plásticos para remoção do corante. A solução contendo o corante foi alocada em potes plásticos (50 mL) e posteriormente foi determinada a absorvância em espectrofotômetro (Bioespectro modelo SP 220) no comprimento de onda de 630 nm. Pela curva de calibração determinou-se a quantidade de calda na planta conforme metodologia descrita por Scudeller (2004). Depois de lavadas retirou-se o excesso de água das plantas, acondicionou-as em sacos de papel e essas foram levadas a estufa de circulação e renovação de ar a 68°C por 72 horas. Após esse período determinou-se a massa seca (MS). Os valores de deposição foram divididos pela MS sendo expresso em µL g MS -1. RESULTADOS E DISCUSSÕES Valores médios dos depósitos da pulverização da parte superior, inferior e da planta de feijão são apresentados na Figura 1. Observa-se que a deposição da calda pulverizada foi proporcional ao aumento do volume de aplicação, onde os maiores valores de deposição foram encontrados nos tratamentos onde receberam os maiores volumes de aplicação tanto para a parte superior, inferior e da planta de feijão. Vale lembrar que o volume de aplicação, no caso de cultura anual, não está relacionado com a dosagem do produto fitossanitário a ser utilizado e sim como um veículo para esse produto. Desde que a eficiência do produto aplicado não seja comprometida, a aplicação em menores volumes torna-se uma prática economicamente viável aos agricultores. Deposição µL g-1 MS 180 y= 0,28x² + 7,77x + 7,87 (inferior) R2= 0,84 y= 1,09x² + 9,79x + 23,46 (superior) R2= 0,99 y= 0,69x² + 8,78x + 15,66 (planta) R2= 0,96 160 140 120 100 80 60 40 Superior 20 Inferior Planta 0 60 110 160 210 260 310 360 59 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Figura 1. Deposição da calda de pulverização em função do volume de aplicação em plantas de feijão. A Figura 2 apresenta os valores de deposição nas vagens de feijão. Aumento da deposição foi verificado quando a aplicação foi realizada até o volume de aplicação de 260 L ha1 . Quando foram aplicados volumes acima de 260 L ha-1 não foi observado acréscimos nos valores de deposição. Deposição µL g -1 MS 4 y= -0,064x² + 0,786x + 0,886 R2= 0,89 3 2 1 0 60 110 160 210 260 Volume de aplicação (L/ha) 310 360 Figura 2. Deposição da calda de pulverização em função do volume de aplicação em vagens de feijão. CONCLUSÕES Aplicação dos maiores volumes de aplicação apresentaram os maiores valores de deposição para as partes superior e inferior das plantas de feijão Houve aumento de deposição nas vagens de feijão até o volume de 260 L ha-1 sendo que a partir desse volume não houve acréscimo. REFERÊNCIAS KNOCHE, M. Effect of droplet size and carrier volume on performance of foliage-applied herbicides. Crop Protection, v.13, p.163–178, 1994. SCUDELER, F. et al. Cobertura da pulverização e maturação de frutos do cafeeiro com ethephon em diferentes condições operacionais. Bragantia, Campinas, v.63, n.1, p.129-139, 2004. 60 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DESEMPENHO DE FRANGOS DE CORTE DE 1 A 21 DIAS SUPLEMENTADOS COM PROBIÓTICOS E ÁCIDOS ORGÂNICOS EM SUBSTITUIÇÃO AOS ANTIBIÓTICOS Robert Guaracy Aparecido Cardoso¹; Adriano Barbieri¹; Kelry Mayara da Silva¹; Gustavo do Valle Polycarpo²; Valquíria Cação Cruz-Polycarpo³. ¹Mestrandos em Ciência e Tecnologia Animal UNESP - Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Ilha Solteira/Dracena – email: [email protected]. ²Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, USP – Campus de Pirassununga. ³Docente do Curso de Zootecnia da UNESP - Universidade Estadual Paulista, Câmpus de Dracena. RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar dietas suplementadas com probiótico e ácidos orgânicos, isolados ou associados, sobre o desempenho de frangos de corte na fase inicial em substituição aos antibióticos promotores de crescimento. Utilizou-se 900 pintos de corte num delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2+1: suplementação ou não de probiótico e de ácidos orgânicos + um tratamento com inclusão de antibiótico e anticoccidiano, perfazendo 5 tratamentos com 6 repetições. Aos 10 dias as aves foram desafiadas via oral com 1mL de solução contendo 2x105 mL de Eimeria acervulina, 2x104 mL de Eimeria maxima e Eimeria tenella. No período de 1 a 21 dias de idade pode-se observar que os aditivos testados apresentaram efeito significativo nos parâmetros de ganho de peso médio, consumo de ração médio e conversão alimentar, aonde as aves tiveram maior ganho de peso e consumo de ração na presença do antibiótico em comparação a ausência deste aditivo. Os probióticos e os ácidos orgânicos não foram eficazes em substituir os antibióticos promotores de crescimento nas condições de desafio apresentadas. PALAVRAS-CHAVE: Aditivos, desafio, eimeria. INTRODUÇÃO A avicultura de corte tem se desenvolvido muito nos últimos anos chegando a grandes produções. Neste cenário, o Brasil ocupa o primeiro lugar em exportação e terceiro lugar em produção (ANUALPEC, 2015). A utilização de antibióticos promotores de crescimento em rações para aves destinadas ao consumo humano é proibida por alguns países importadores da carne de frango brasileira. Sendo assim, alguns aditivos alternativos estão sendo utilizados para substituir os promotores de 61 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 crescimento sem que a produtividade avícola e a competitividade no mercado sejam afetadas, como é o caso dos ácidos orgânicos e dos probióticos. Probióticos são suplementos aditivos da ração, composto por agentes microbianos vivos, não-patogênicos, que atuam beneficamente no hospedeiro melhorando o equilíbrio microbiano do intestino (LODDI et al., 2000), já ácidos orgânicos vêm sendo utilizados com frequência na alimentação animal pela atividade antimicrobiana específica, têm vários efeitos adicionais incluindo a redução do pH no momento da digestão, aumento da secreção pancreática, efeitos tróficos sobre a mucosa do trato gastrintestinal, entre outros (DIBNER e BUTTIN, 2002). OBJETIVO Avaliou-se o efeito de probiótico e de ácidos orgânicos isolados ou associados sobre o desempenho de frangos de corte na fase inicial de 1 a 21 dias de idade como alternativa aos antibióticos promotores de crescimento. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados 900 pintos de corte, machos, da linhagem Cobb®. As aves foram distribuídas num delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x2+1, suplementação ou não de probiótico, suplementação ou não de ácidos orgânicos + um tratamento controle positivo, com seis repetições de 30 aves por unidade experimental. Os tratamentos foram: T1- ração basal - sem inclusão de aditivos; T2- ração basal com inclusão de probiótico; T3- ração basal com inclusão de ácidos orgânicos; T4- ração basal com inclusão de probiótico e ácidos orgânicos; T5- ração basal com inclusão de antibiótico e anticoccidiano. O probiótico utilizado foi composto por Bacillus amyloliquefaciens e o blend de ácidos orgânicos foi composto pelo ácido lático (40%), acético (7%) e butírico (1%), o qual foi incluído na dieta na proporção de 8kg/t. O antibiótico utilizado foi a avilamicina 20% (50g/t, com 10g de atividade de avilamicina) e o anticoccidiano foi a monensina sódica 40% (300g/t, com 120g de princípio ativo). As rações foram formuladas a base de milho e farelo de soja conforme as recomendações de Rostagno et al. (2011). Aos 10 dias de idade, as aves foram inoculadas por via oral, individualmente, com 1 mL de solução contendo: 2x105 de oocistos esporulados de Eimeria acervulina por mL, 2x104 de oocistos esporulados de Eimeria máxima e Eimeria tenella por mL. 62 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 A análise dos dados foi realizada com auxílio do sistema de análise estatística SAS (2012), com critério de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO O peso médio inicial dos pintos foi 39,90 ± 0,6802g. Os aditivos testados apresentaram efeito significativo nos parâmetros de ganho de peso médio (GPM), consumo de ração médio (CRM) e conversão alimentar (CA) (Tabela 1). Tabela 1. Desempenho de frangos de corte alimentados com dietas suplementadas ou não com probióticos, ácidos orgânicos e antibiótico no período de 1 a 21 dias de idade. GPM2 711,75 722,54 720,38 713,92 713,80 726,96 709,71 718,13 937,47 717,15 CRM 1045,91 1062,55 1061,89 1046,56 1050,25 1073,54 1041,57 1051,56 1253,50 1054,23 Desempenho 21 dias CA 1,5745 1,5783 1,5688 1,5840 1,5503 1,5874 1,5988 1,5693 1,4316 1,5764 VB 98,61 99,16 98,60 99,17 98,33 98,87 98,89 99,46 98,33 98,89 16,9284 15,7273 0,0137 0,3384 Probiótico 0,2965 0,1745 0,8419 0,4918 Ácidos orgânicos 0,5287 0,2095 0,4319 0,4765 Prob*AO Antibiótico 0,8167 <0,0001 0,5816 <0,0001 0,0916 <0,0001 0,9817 0,5364 Efeitos1 Com Sem + com + sem + com sem Presença Ausência Prob AO Prob*AO Antib EPM3 Probabilidade 1 Prob, probióticos; AO, ácidos orgânicos; Antib, antibiótico; com, presença de probióticos; sem, ausência de probióticos; +, presença de ácido orgânico; -, ausência de ácido orgânico. 2 GPM, ganho de peso médio; CRM, consumo de ração médio; CA, conversão alimentar; VB, viabilidade. 3 EPM, erro padrão da média. Ao término da fase inicial (21 dias), a presença dos antibióticos, proporcionou às aves maior consumo, refletindo em maior ganho de peso e consequentemente melhor conversão alimentar, em comparação à ausência deste aditivo, indicando que o promotor de crescimento antibiótico influenciou positivamente estes parâmetros. Estes resultados foram obtidos em função de ter dado o tempo das eimerias agredirem as vilosidades do intestino e o antibiótico conseguir destruir-las. Isso se confirma com Loddi et al. (2000) e Zuanon et al. (1998) que verificaram que a adição de antibiótico na ração de frangos de corte promoveu maior ganho de peso corporal de 1 a 21 dias de idade em comparação a uma ração sem antibiótico. 63 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Resultados contraditórios foram encontrados por Rocha et al. (2010), que não observaram diferenças significativas entre aves submetidas a dietas com antibióticos, prebióticos, probióticos e ácidos orgânicos no período de 1 a 21 dias. Isso provavelmente pode ter ocorrido devido às ótimas condições profiláticas e baixo desafio sanitário impostos e por consequência da criação em instalações novas, assim, a microbiota intestinal dessas aves se equilibra em quantidade normal a que é encontrada no trato gastrintestinal. CONCLUSÕES Sob as condições de desafio impostas nesta pesquisa, os ácidos orgânicos e o probiótico, isolados ou associados, não apresentam efeitos satisfatórios que os caracterizem como potencial substituto aos antibióticos promotores de crescimento durante à fase inicial de frangos de corte. AGRADECIMENTOS A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP – 2013/11269-0) e (FAPESP - 2013/15653-0) e à Faculdade de Zootecnia UNESP – Campus de Dracena. REFERÊNCIAS ANUALPEC 2015. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: FNP, 2015 DIBNER, J.J.; BUTTIN, P. Use of organic acids as a model to study the impact of gut microflora on nutrition and metabolism. Journal of Applied Poultry Research, v.11, n.4, p.453-463, 2002. LODDI, M.M.; GONZALES, E.; TAKITA, T.S. et. al. Uso de probiótico e antibiótico sobre o desempenho, o rendimento e a qualidade de carcaça de frangos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v.29, n.4, p.1124-1131, 2000. ROCHA, A.P. et al. Ácidos orgânicos e probióticos em rações para frangos de corte. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.11, n.3 p.793-801, 2010. ROSTAGNO, H.S. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3.ed. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2011. 252p. SAS Institute Inc. 2012. SAS/STAT® 9.3 User’s Guide. Cary, NC, USA: SAS Institute Inc. ZUANON, J.A.S.; FONSECA, J.B.; ROSTAGNO, H.S.; SILVA, M.A. Desempenho de frangos de corte alimentados com rações contendo antibiótico e probiótico adicionados isoladamente, associados e em uso seqüencial. Rev. Bras. Zootec., v.27, p.994-998, 1998. 64 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DESEMPENHO DE PONTAS DE PULVERIZAÇÃO HIDRÁULICA NA DEPOSIÇÃO EM FEIJÃO Matheus Arthur Góes Lôbo Farias¹*; Cinthia L. Cardoso Caetano1; Amanda Ferreira Guioti1; Leonardo de Abreu Corrêa Taglioni1; Evandro Pereira Prado2. ¹Vínculo Institucional: Alunos de graduação do curso de Eng. Agronômica FCAT/UNESP. ²Vínculo Institucional: Prof. Assistente Doutor do curso de Eng. Agronômica FCAT/UNESP. *[email protected] RESUMO O conhecimento da melhor técnica de aplicação de defensivos agrícolas é uma importante ferramenta para o controle eficiente de pragas e doenças na cultura do feijão. Esse trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de pontas de pulverização hidráulica na deposição em plantas de feijão. Foram testadas as pontas de jato plano XR 11002, jato plano XR 8003, jato plano duplo TTJ 60, jato plano com indução de ar XR 110025 e plano duplo DGTJ 11002. As pontas de pulverização testadas apresentaram comportamento semelhante sobre os depósitos da pulverização nas plantas de feijão. Os valores de deposição na parte superior da planta foram três vezes maiores que os valores da parte inferior da planta. PALAVRAS-CHAVE: Tecnologia de aplicação; controle químico; cobertura da pulverização. INTRODUÇÃO A cultura do feijão possui grande importância para a alimentação nacional fazendo parte da dieta da maioria dos brasileiros. Trata-se de uma cultura que oferece grandes riscos para o agricultor e suscetibilidade a vários insetos-pragas e doenças tornando o custo de produção mais oneroso. Uma das principais ferramentas para evitar as perdas ocasionadas por insetos e patógenos no feijoeiro, como em outras culturas, é a utilização de defensivos agrícolas os quais tem por função manter essas populações a níveis abaixo ao que causem danos econômicos. Para que o controle químico expresse todo o seu potencial é fundamental que as moléculas desse produto atingem o alvo desejado, pois caso isso não acontece, continuaremos aplicando cada vez mais produtos químicos aumentando a contaminação ambiental e com pouca chance de sucesso de controle. Dessa forma, a utilização de técnicas de aplicação que coloque o ingrediente ativo do produto da melhor maneira possível sobre o alvo desejado deve ser explorada para que 65 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 possamos, em um futuro bem próximo, maximizar a eficiência de controle e, em contrapartida, minimizar a contaminação ambiental até o aparecimento de outras técnicas, que não seja a química, estiver disponível e viável, principalmente aos pequenos produtores. De acordo com Cunha et al. (2005) dentre as diversas pontas existentes no mercado, as mais usadas são as de jato cônico vazio e jato plano, as quais dependendo da pressão e do ângulo de abertura podem ocasionar grandes perdas por deriva. Nos últimos anos, foram lançados no mercado pontas com potencial de reduzirem perdas por deriva, entretanto podem comprometer a cobertura das plantas por propiciarem gotas de maior tamanho, em especial às pontas de indução de ar. Embora essa hipótese seja evidenciada por muitos autores, poucos são os estudos em relação aos depósitos da pulverização e eficiência biológica de controle de insetos-pragas e doenças utilizando essas pontas em condições de campo. O objetivo do trabalho foi avaliar pontas de pulverização hidráulica mais eficiente sobre os depósitos da pulverização MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Fazenda da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) no polo regional do Extremo Oeste localizada no município de Andradina/SP. A implantação ocorreu na primeira quinzena de junho, a variedade utilizada IAC Milênio, espaçada em 0,5m e densidade de 13 sementes m-1. O delineamento do ensaio foi feito em blocos casualizados com 5 tratamentos e 4 repetições, sendo os tratamentos constituídos pelas pontas de pulverização: jato plano XR 11002, jato plano XR 8003, jato plano duplo TTJ 60, jato plano com indução de ar XR 110025 e plano duplo DGTJ 11002. As pulverizações do corante alimentício Azul Brilhante (FDC no1) na concentração de 1250 mg L-1 foram realizadas através de pulverizador pesquisa (Herbicat®) pressurizadas por CO2 na taxa de aplicação de 160 L ha-1. As condições ambientais no momento da aplicação foram: temperatura 32±3°C, umidade relativa do ar 30±5% e velocidade do vento 2,5±1 m s-1. Após secagem da calda pulverizadas coletou-se 6 plantas por parcela separando entre folhas da parte superior e inferior. As partes das plantas foram acondicionadas em sacos plásticos (3L) previamente identificados e levados ao laboratório de morfofisiologia da UNESP de Dracena. No laboratório foram adicionados 300 mL de água deionizada nos sacos plásticos para remoção do corante. A solução contendo o corante foi alocada em potes plásticos (50 mL) e posteriormente foi determinada a absorvância em espectrofotômetro (Bioespectro modelo SP 220) no 66 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 comprimento de onda de 630 nm. Pela curva de calibração determinou-se a quantidade de calda na planta conforme metodologia descrita por Scudeller (2004). Depois de lavadas retirou-se o excesso de água das plantas, acondicionou-as em sacos de papel e essas foram levadas a estufa de circulação e renovação de ar a 68°C por 72 horas. Após esse período determinou-se a massa seca (MS) das plantas e vagens. Os valores de deposição foram divididos pela MS sendo expresso em µL g-1 MS. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na parte superior das plantas foram observados maiores valores de deposição quando a aplicação foi realizada com as pontas AIXR 110025 e DGTJ 11002. A ponta de jato plano XR 8002 foi que apresentou os menores valores de deposição. Na parte inferior da planta não foi observada diferença significativa entre as pontas de pulverização. Quando avaliada a quantidade de deposição média (parte superior e inferior) não foi observada diferença significativa entre os tratamentos (P= 0,55; F= 0,76). Verifica-se pelos resultados, que o tipo de ponta testada nessa pesquisa não influencia na quantidade de calda depositada nas plantas e feijão (Tabela 1). Diferença significativa (P< 0,001; F= 376,19) foi encontrada entre a interação pontas de pulverização e parte de amostragem. Verificam-se maiores valores de deposição na parte superior em todas as pontas de pulverização. A parte superior apresentou média de valores de deposição maior de 3 vezes do que encontrado na parte inferior (Tabela 1). Tabela 1. Valores médios dos depósitos da pulverização (µL g MS-1) na parte superior e inferior das plantas de feijão. Tratamento Superior Inferior Média XR 110015 XR 8002 90,12 ab A 28,86 a B 59,49 a 83,87 b A 31,92 a B 57,89 a Ponta de pulverização TTJ 60 AIXR 110025 DGTJ 11002 Deposição µL g MS-1 91,90 ab A 101,71 a A 99,32 a A 26,63 a B 29,47 a B 27,66 a B 59,27 a 65,59 a 63,49 a Média 93,39 A 28,91 B Médias com mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si pelo teste LSD (P< 0,05) Maiores valores de deposição (P= 0,29; F= 2,80) foi verificada nas vagens de feijão quando a pulverização foi realizada com a ponta de jato plano DGTJ 11002 diferindo significativamente das pontas XR 11002, XR 8002 e TTJ 60. A utilização das pontas que 67 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 oferecem maiores valores de deposição torna-se uma técnica interessante aos produtores visto que a eficiência dos produtos fitossanitários está relaciona a uma eficiente cobertura. 5 Deposição (µL g-1 MS) DMS = 1,22 a 4 ab 3 b b b 2 1 0 XR 110 XR 80 TTJ 60 AIXR Pontas de pulverização DGTJ Figura 1. Valores médios dos depósitos da pulverização em vagens de feijão. CONCLUSÕES As pontas de pulverização AIXR 110025 e DGTJ 11002 proporcionaram os maiores valores de deposição na parte superior das plantas de feijão. As pontas XR 11002, XR 8002, TTJ 60, AIXR 10025 e DGTJ apresentaram os mesmos valores de deposição nas plantas de feijão. A ponta de jato plano DGTJ 11002 proporcionou os maiores valore de deposição nas vagens de feijão. REFERÊNCIAS CUNHA, J.P.A.; TEIXEIRA, M.M.; VIEIRA, R.F. Avaliação de pontas de pulverização hidráulicas na aplicação de fungicida em feijoeiro. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.5, p.1069-1074, 2005. SCUDELER, F. et al. Cobertura da pulverização e maturação de frutos do cafeeiro com ethephon em diferentes condições operacionais. Bragantia, Campinas, v.63, n.1, p.129-139, 2004. 68 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DIAGNÓSTICO DOS ESTOQUES DE CAPITAIS EM PROPRIEDADE LEITEIRA DO MUNICÍPIO DE DRACENA (SP) Beatriz Queiróz dos Reis*¹; Andrea Machado Lopes¹; Paulo César da Silva Santos¹; Elaine Mendonça Bernardes¹. ¹UNESP; FCAT; Coordenação de Curso de Graduação em Zootecnia; Dracena; São Paulo; Brasil. *[email protected] RESUMO A pecuária leiteira na região de Dracena é uma atividade importante para a maioria dos pequenos produtores rurais estabelecidos na região. É uma atividade tradicional e de caráter essencialmente familiar, pois precisa de um esforço diário e de toda a atenção do produtor. A atividade vem ganhando espaço e autonomia cada vez mais na região. Um dos motivos do fortalecimento da atividade na região é a Associação dos Produtores Rurais de Dracena, que junto com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral oferece apoio e melhores condições de comercialização aos produtores rurais associados. Por ser uma atividade que sofre acentuada sazonalidade de produção, é comum encontrar propriedades com dificuldades de se manter rentável no negócio. Buscou-se, no trabalho desenvolvido, compreender os estoques de capitais de uma propriedade, no município de Dracena (SP). Para isso, foi utilizado o diagnóstico de capitais, avaliando, por esse método, pontos fortes e fracos de cada capital. Essa identificação é o primeiro passo para depois estabelecer planos e metas dentro do sistema de produção leiteira. PALAVRAS-CHAVE: bovinocultura leiteira; associação rural; capital social. INTRODUÇÃO No Estado de São Paulo, a atividade de produção de leite é importante para um número grande de pequenas propriedades. Os dados disponíveis são do Levantamento Censitário das Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo ─ LUPA ─, e indicam 29.728 Unidades de Produção com Bovinocultura de Leite. No município de Dracena, são cadastradas 24 Unidades de Produção Agropecuária (LUPA, 2008). Como a atividade leiteira é a principal fonte de renda dessas propriedades cadastradas, é importante estudar os fatores de produção de tal atividade, identificando pontos fortes e fracos dos estoques de capitais disponíveis. Apesar do aumento da produtividade leiteira, nos últimos meses, e da recente tecnificação envolvida, a pecuária leiteira é uma atividade peculiar, que depende do esforço diário e de toda a atenção do produtor e, em grande parte, de sua família. Na região de Dracena, alguns produtores 69 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 de leite participam da Associação dos Produtores Rurais de Dracena (APRD). Junto com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e apoio da Prefeitura Municipal, a APRD oferece melhores condições de comercialização, compra de insumos, serviços de mecanizações e capacitação. Diante da parceria dos produtores com a APRD, considera-se importante analisar propriedades de leite dessa associação. Foi escolhida, como estudo de caso, uma propriedade cujo produtor participa ativamente das atividades da APRD, e seu sistema de produção pode ser visto como “típico” do município, segundo Millen1 (2015). Por essa razão, o objetivo específico deste estudo − de realizar um diagnóstico detalhado desse caso − auxiliaria na identificação de pontos fortes e fracos de grande parte dos produtores da região. MATERIAL E MÉTODOS A metodologia usada, descrita em Peres (2009), foi utilizada por Mendes (2012), em análise de propriedade de produção de leite e é chamada de diagnóstico dos cinco capitais. Envolve investigação, coleta, registro, ordenação e análise da descrição dos estoques de capitais ─ (a) natural; (b) físico; (c) financeiro; (d) humano, e (e) social. E assim, esse diagnóstico pode ser usado para posterior estabelecimento das metas e estratégias nas propriedades agropecuárias. Para capital natural, financeiro e físico, foram realizados um levantamento de dados no campo e, preenchida uma planilha. Com relação ao estoque de capital social, aplicou-se questionário com base em questões adotadas por Knack e Keefer (1997) e para capital humano foram incluídas algumas questões. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação do capital natural, até o presente momento, ainda não foi realizado o levantamento de classe de capacidade do uso do solo, mas pode-se afirmar que: (a) trata-se de propriedade com o nível de fertilidade do solo com características argilosas e latossolos, semelhante às outras propriedades de Dracena (SP); (b) com relevo ondulado; (c) água disponível e, (d) a Área de Preservação Permanente (APP) foi adequada à legislação. A água acessível (subterrânea) é o ponto forte. O processo de erosão identificado é o principal ponto fraco da propriedade. O capital humano, avaliado pelo questionário, consiste no proprietário e a esposa (a propriedade tem caráter estritamente familiar), ambos com segundo grau completo e mais de 1 MILLEN, D.D. Informação pessoal. Dracena, 2015. 70 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 cinquenta anos. Quanto ao perfil do produtor, é de empreendedor, verificado pelas questões realizadas, pois ele acredita que (i) é justo receber pelo trabalho realizado com eficiência e responsabilidade; (ii) é possível mudar de classe social através do trabalho; (iii) as pessoas saudáveis devem ser responsáveis pelo próprio sustento; (iv) é preciso ser ousado na hora, de se fazer grandes mudanças na vida; (v) é preferível ter um negócio próprio e, (vi) apesar de ter realizado dívidas (financiamento do governo), ele economizou/guardou/ investiu nos recursos da propriedade visando melhorar a produção de leite. O principal ponto forte é a atitude do proprietário, que exerce com dedicação e conhecimento as suas atividades, buscando informação sempre que necessário. É um perfil empreendedor, que acredita que através do trabalho pode se obter grandes feitos na propriedade. Porém, o estoque de capital humano da propriedade é definido apenas pelo proprietário é a sua esposa, gerando assim um desgaste físico. Observou-se no capital social: (a) a falta de “confiança social”, de modo geral é necessário ter cuidado quando tratamos com as outras pessoas; (b) apesar da falta de “confiança social” há instituições em que o proprietário confia inteiramente, são elas: (i) as forças armadas; (ii) o sistema judiciário; (iii) as organizações ecológicas; (iv) os institutos de pesquisa; (v) os serviços de extensão rural e, (vi) a APRD. Entre as instituições relacionadas, o entrevistado apenas não confia nos partidos políticos. Apesar de não confiar nos partidos políticos, ele não aceita, dentro de um regime político democrático, a participação de um boicote, greve ilegal, ocupação de edifícios públicos ou edifícios privados. Essas respostas podem ser um indicativo para o civismo (e não indicativas de passividade ou alienação). O questionário foi positivo para civismo, indicando respeito às instituições e às práticas políticas do País. O resultado mostra a falta de “confiança social” de um modo geral. A propriedade tem como principal atividade a pecuária leiteira e sendo secundarias a produção de frangos, suínos e doces caseiros. Na tentativa de reduzir os custos de produção, os proprietários são associados à “APRD” e à “Cooperativa Agropecuária de Dracena” adquirindo através de tais instituições melhores condições de comercialização de (a) insumos; (b) adubos; (c) defensivos e (d) equipamentos. O capital financeiro envolve os estoques de recursos que são passiveis de serem transformados em moeda e as dividas realizadas, são eles: (i) novilhas; (ii) bezerras; (iii) aves; (v) suínos; (vi) financiamento; (vii) insumos e combustíveis, totalizando um valor de R$ 54.475,00.O ponto forte do estoque de capital financeiro é que a propriedade conta com outras atividades que fazem diferença significativa na descrição de capital financeiro e, graças à parceria com a APRD, melhora as condições de obtenção de financiamento (por 71 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 exemplo o tanque de refrigeração para a associação). O ponto fraco é que o produtor gerou dependência por causa da dívida adquirida pelo financiamento de capital físico. O capital físico está descrito como todo estoque que foi feito ou reformado pelo homem, que fornecem serviços produtivos por mais de um período. A propriedade possui (a) animais especializados na produção de leite; (b) touro reprodutor; (c) pocilga e aviário; (d) sala de ordenha; (e) pastagem irrigada; (g) implementos; (h) trator; (i) casa; (j) poços semi-artesiano e, (k) cana-de- açúcar, totalizando um valor de R$250.200,00. A propriedade possui maquinário, que atende às principais necessidades; a pastagem irrigada oferece melhores condições de pastagem. Porém, faltam algumas edificações para melhorar o rendimento da propriedade. CONCLUSÕES O diagnóstico dos cinco capitais possibilitou identificar os pontos fortes e fracos de cada estoque de capital. Foi possível concluir que o capital humano envolvido, apesar de escasso, é representado por um produtor (a) com grande potencial empreendedor e de liderança; (b) com tendências ao interesse por questões políticas e (c) interesse em melhorar suas condições de produção. Porém o principal “gargalo” para qualquer alternativa a ser proposta, é a dependência por causa da dívida gerada pelo financiamento. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (processo 2015/03771-3). REFERÊNCIAS KNACK, S.; KEEFER, P. Does social capital have an economic payoff? A cross-country investigation. Quarterly Journal of Economics, Cambridge, 1997. MENDES, E.E.B. Sustentabilidade do sistema de produção de leite: diagnóstico dos capitais e análise Emergética. Nova Odessa, SP. 2012. PERES, F.C. et al. O Programa Empreendedor Rural. Curitiba: SEBRAE/PR e SENAR/PR, 2009. SÃO PAULO. Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo - LUPA 2007/2008. 72 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DIFERENCIAÇÃO DE QUEIJOS PRODUZIDOS EM SISTEMA CONVENCIONAL E ORGÂNICO PELA TÉCNICA DE ISÓTOPOS ESTÁVEIS Ramon Argentini Rizzieri*¹; Cyntia Ludovico Martins2; Juliana Célia Denadai2; Maria Márcia Pereira Sartori1; Carlos Ducatti3. ¹FCA/Unesp, Botucatu; ²FMVZ/Unesp, Botucatu; 3IBB/Unesp, Botucatu; *[email protected] RESUMO O objetivo do presente trabalho foi diferenciar queijos tipo Minas frescal produzidos em sistemas convencional e orgânico, através da razão isotópica de 13C e 15N presente no queijo, no soro e no soro contido na embalagem. Foram coletados três queijos convencionais e dois queijos orgânicos a cada semana, durante oito semanas, não havendo a repetição de lotes. As amostras de queijo foram cortadas em dez cubos de 1 cm cada, sendo identificadas, congeladas, liofilizadas, moídas e pesadas para a realização das análises. Para a obtenção do soro, mais oito cubos de queijo foram centrifugados e, após a coleta do soro, o mesmo foi identificado, congelado, liofilizado e pesado para as análises. Por fim, cada embalagem teve o soro contido coletado, identificado, congelado, liofilizado, moído e pesado. Todas as amostras foram analisadas pelo espectrômetro de massas DELTA-S Finnigan Mat acoplado ao Analisador Elementar EA 1108 CHN. Observou-se diferenças (P ≤ 0,05) nos valores de δ13C e δ15N para queijo, soro e soro contido nas embalagens entre sistemas convencional e orgânico. Assim, a técnica de isótopos estáveis foi eficiente na diferenciação de queijos tipo Minas frescal, produzidos em sistemas convencional e orgânico. PALAVRAS-CHAVE: Carbono; Certificação; Soro. INTRODUÇÃO A crescente preocupação com o consumo de alimentos de boa procedência, isentos de contaminantes e associados à sustentabilidade vem impulsionando a produção de alimentos orgânicos em todo o mundo. Por este fato, se faz necessário o estudo de técnicas eficazes para processos de certificação que possam comprovar a autenticidade de produtos orgânicos. 73 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 A técnica dos isótopos estáveis tem sido utilizada com sucesso em regiões produtoras de alimentos para verificação de autenticidade da origem geográfica e de adulterações (KNOBBE et al, 2006). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no laboratório do Centro de Isótopos Estáveis da Unesp, Campus de Botucatu. Amostras de queijo (n = 40), soro (n = 40) e soro contido nas embalagens (n = 40) foram coletadas durante oito semanas, sendo a cada semana um lote diferente para cada marca, três de sistema de produção convencional duas de sistema de produção orgânico. Os queijos orgânicos foram adquiridos de revendas das propriedades produtoras situadas no município de Botucatu/SP, as quais recebem certificação de produtoras orgânicas. Os queijos convencionais foram coletados diretamente do varejo de um único mercado do mesmo município. Para o preparo das amostras de queijo foram utilizados dez cubos de 1 cm cada e acondicionados em coletores universais. Para as amostras de soro, foram centrifugados mais oito cubos por 5 minutos a 7.500 rpm, sendo o soro acondicionado em tubos de Eppendorf, já as amostras de soro contidas nas embalagens, foram armazenados em coletores universais. Posteriormente, as amostras de queijo, soro e soro contido nas embalagens foram congeladas em nitrogênio líquido e liofilizadas por cinco dias. Após o processo, apenas as amostras de queijo e soro contido nas embalagens foram novamente congeladas em nitrogênio líquido e moídas em moinho criogênico até atingirem uma textura de talco e acondicionadas em tubos de Eppendorf. Por fim, foram pesadas em balança analítica entre 50µg a 70µg para análise do δ13C e de 500µg a 600µg para análise do δ15N, acondicionadas em cápsulas de estanho e analisadas pelo espectrômetro de massas DELTA-S Finnigan Mat acoplado ao Analisador Elementar EA 1108 CHN. Os valores foram expressos em notação delta per mil (δ ‰) relativos aos padrões internacionais PeeDee Belemnite para o 13C, nitrogênio do ar atmosférico para o 15N , de acordo com a equação geral (DUCATTI, 2004): δ(amostra, padrão) = [(Ramostra – Rpadrão)/Rpadrão] Sendo que R é a razão entre o isótopo menos abundante e o mais abundante, ou seja, 13 12 C/ C, 15N/14N. Adimensional. Os dados isotópicos obtidos foram analisados pelo programa Minitab 16 pela análise do T- test (P ≤ 0,05) e análise multivariada de multielementos de componentes principais. 74 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 . RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observadas diferenças estatísticas para a diferenciação de queijos produzidos em diferentes sistemas (Tabela 1). Tabela 1. Valor do δ13C e δ15N de amostras de queijos tipo Minas frescal produzidos em sistema convencional e orgânico, coletadas no município de Botucatu/SP. Convencional Orgânico Desvio Padrão Valor de P Queijo -16,26a -17,64b 0,89 0,001 Soro -14,51a -15,44b 1,13 0,020 Soro embalagem -14,56a -15,16b 0,73 0,020 Queijo 4,87b 7,70a 1,06 0,0001 Soro 4,54b 6,88a 1,14 0,0001 Soro embalagem 4,15b 7,04a 1,39 0,0001 δ 13C, ‰ δ 15N, ‰ a,b Médias com letras distintas, diferem entre si pelo T-test (P ≤ 0,05). Diferenças do valor de δ13C observadas no queijo, soro e soro contido nas embalagens entre sistemas, podem ser em decorrência da dieta oferecida aos animais, sendo influenciada pela quantidade de plantas C3 e C4 em sua composição, pois se pode caracterizar a dieta do animal pela análise isotópica do carbono dos tecidos pela diferença isotópica da ordem de 16‰ nos valores de δ13C entre plantas de ciclo fotossintético C3 e C4 (DUCATTI, 2004). O mesmo ocorreu para o valor de δ15N, cujas diferenças encontradas no queijo, soro e soro contido nas embalagens entre sistemas, são caracterizadas pela utilização exclusiva de fertilizantes orgânicos em sistema de produção orgânica e pela utilização de fertilizantes sintéticos em sistema de produção convencional, tendo os últimos, valor de δ15N de -6‰ a 6‰ (BATEMAN e KELLY, 2007). A análise de componentes principais de carbono e nitrogênio permitiu a diferenciação de queijos tipo Minas frescal produzidos em diferentes sistemas (Figura 1). Na Austrália, a análise isotópica de multi-elementos tem bom potencial, possibilitado determinar a origem geográfica dos produtos lácteos (CRITTENDEN et al., 2007). 75 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Figura 1. Análise de componentes principais de queijos tipo Minas frescal produzidos em sistema orgânico e convencional. CONCLUSÕES A técnica de isótopos estáveis foi eficiente na diferenciação de queijos tipo Minas frescal, produzidos em sistemas convencional e orgânico. Portanto, esta técnica pode complementar os sistemas de certificação existentes, comprovando assim a autenticidade de produtos orgânicos. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. REFERÊNCIAS BATEMAN, A. S.; KELLY, S. D. Fertilizer nitrogen isotope signatures. Isotopes in Environmental and Health Studies, v. 43, p, 237-247, 2007. CRITTENDEN, R. G. et, al. Determing the geographic origino f milk in Australasia using multielement stable isotope ratio analysis. International Dairy Journal, 2007. 421-428p. DUCATTI, C. Isótopos estáveis ambientais [Apostila], 2004. Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, 2004. 184 p. KNOBBE, N. et al. C and N stable isotope variation in urine and milk of cattle depending on the diet. Anal Bioanal Chem, v. 386, p. 104-108, 2006. 76 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DIFERENCIAÇÃO DE SISTEMAS DE ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS DE CORTE PELOS ISÓTOPOS ESTÁVEIS DE 13C, 15N e 18O NA CARNE Alexandre Perdigão*1; Luiz Carlos Vieira Junior1; Cyntia Ludovico Martins1; Carlos Ducatti2; Mário De Beni Arrigoni1. 1 FMVZ-UNESP Botucatu; 2IBB-UNESP Botucatu/SP; *e-mail: [email protected] RESUMO Avaliou-se o potencial metodológico da técnica de isótopos estáveis dos elementos carbono (C), nitrogênio (N) e oxigênio (O) nos músculos de bovinos na diferenciação de diferentes sistemas de alimentação. Foram utilizados 45 bovinos machos, provindos de três tratamentos com 15 repetições, sendo: T1 = Pasto, T2: Confinamento convencional e T3 = Confinamento superprecoce. Os animais foram abatidos e coletou-se aproximadamente 300 gramas dos músculos Trapezius cervicis, Longissimus dorsi e Semitendinosus. As determinações da composição isotópica dos músculos foram realizadas por meio de um amostrador automático no analisador elementar Flash 2000 Organic Elemental Analyzer EA for IRMS. Os gases de N2 e CO resultantes foram separados em coluna cromatográfica gasosa e analisados no espectrômetro de massa de razões isotópicas (Delta V Advantage Isotope Ratio MS, Thermo Scientific, Alemanha). Os dados foram submetidos a análise multivariada de multielementos, utilizando-se o programa estatístico Minitab, versão 16.0 (MINITAB®, 2010). O músculo Trapezius cervicis permitiu a caraterização do sistema superprecoce, principalmente com os valores dos coeficientes de carbono e oxigênio, explicando 73,8% da taxa de contribuição de variação. Os músculos Longissimus dorsi e Semitendinosus foram bons indicadores na caracterização dos três sistemas de alimentação pela combinação dos coeficientes de carbono, nitrogênio e oxigênio, explicando 97,4% e 91,4% da taxa de contribuição de variação, respectivamente. O uso da técnica de isótopos estáveis de 13C, 15N e 18O, permitiu a diferenciação das carnes de sistemas de alimentação de bovino de corte com uso da análise de multivariada. PALAVRAS-CHAVE: multivariada; músculo e rastreabilidade. INTRODUÇÃO As exigências do mercado mundial, principalmente da União Europeia, para exportação de carne bovina brasileira estão voltadas a aspectos de controle sanitários e rastreabilidade animal, cujo o desenvolvimento tem ocorrido em velocidade crescente. 77 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Na China, foi possível identificar a origem da carne bovina em algumas localizações geográficas utilizando a associação da razão isotópica (Guo et al., 2010) e pela combinação de isótopos estáveis com análise de multivariada (Zhao et al., 2013). A preocupação com a origem da carne tornou-se um fator importante que influencia fortemente a decisão de compra do consumidor devido a incidentes alimentares, tais como a encefalopatia espongiforme bovina e febre aftosa. Portanto, a origem do produto final é interessante para os consumidores, produtores, varejistas e autoridades governamentais. Neste contexto, o objetivo do estudo foi avaliar o potencial metodológico da técnica de isótopos estáveis dos elementos C, N e O nos músculos de bovinos na diferenciação de sistemas de alimentação. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados 45 bovinos machos, provindos de três tratamentos com 15 repetições, sendo: T1 = Pasto, alimentados predominantemente de Brachiaria brizantha cv. Marandu (13C = -14,41‰), T2: Confinamento convencional, submetidos a uma dieta com bagaço de cana-deaçúcar in natura, milho grão inteiro, farelo de arroz, farelo de amendoim, polpa cítrica e núcleo mineral (13C = -18,85‰) e T3 = Confinamento superprecoce, com dieta de crescimento contendo feno de Coast cross, farelo de amendoim e núcleo mineral (13C = -22,8‰) e dieta de terminação composta por feno triturado de Cynodon dactylon cv. Coast cross, bagaço de cana-de-açúcar in natura, silagem de grãos úmidos de milho, polpa cítrica, farelo de amendoim, torta de algodão, ureia, suplemento vitamínico e mineral (13C = -23,07‰). Os animais foram abatidos em frigoríficos comerciais e foram coletados aproximadamente 300 gramas dos músculos Trapezius cervicis, Longissimus dorsi e Semitendinosus (sem extração de gordura), identificados e refrigerados a -18°C. As amostras de músculos foram moídas em moinho criogênico Spex Sample Prep, modelo Geno/Grinder 2010, à -196ºC. Essas foram pesadas (0,5mg para O; 50µg para C e 500µg para N) em cápsula de prata para O e de estanho para C e N (5mm x 3mm) e permaneceram em dessecador com P2O5, pelo período de 24 h antes da análise. Após a pesagem, foi feita a determinação da composição isotópica, as cápsulas foram introduzidas por meio de um amostrador automático no analisador elementar Flash 2000 Organic Elemental Analyzer EA for IRMS. Os gases resultantes de N2 e CO foram separados em coluna cromatográfica gasosa e analisados no espectrômetro de massa de razões isotópicas (Delta V Advantage Isotope Ratio 78 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 MS, Thermo Scientific, Alemanha) no Centro de Isótopos Estáveis do Instituto de Biociências da UNESP, Campus de Botucatu. Os resultados foram expressos em notação δ, em relação ao padrão internacional Vienna-Pee Dee Belemnite (PDB) para δ13C, Ar atmosférico para δ15N e Vienna – Standar Mean Ocean Water (SMOW) para δ18O. Os dados foram submetidos a análise multivariada de multielementos, utilizando-se o programa estatístico Minitab, versão 16.0 (MINITAB®, 2010). RESULTADOS E DISCUSSÃO O músculo Trapezius cervicis, permitiu a diferenciação do sistema superprecoce (Figura 1A) principalmente com os valores dos coeficientes de carbono e oxigênio, explicando 73,8% da taxa de contribuição de variação (Tabela 1). Os músculos Longissimus dorsi (Figura 1B) e Semitendinosus (Figura 1C) foram bons indicadores na diferenciação dos três sistemas de alimentação pela combinação dos coeficientes de carbono, nitrogênio e oxigênio, explicando 97,4% e 91,4% da taxa de contribuição de variação, respectivamente (Tabela 1). Tabela 1. Coeficiente de escores da análise de componentes principais para músculos de bovinos em sistemas de alimentação. Músculo Trapezius cervicis Item Longissimus dorsi Semitendinosus Fator1 Fator2 Fator1 Fator2 Fator1 Fator2 Carbono 1,257 0,131 0,547 0,099 0,470 0,291 Nitrogênio 0,486 0,456 0,498 0,105 1,253 0,020 Oxigênio 0,134 1,229 0,000 1,041 0,029 1,115 % Variação 0,371 0,367 0,611 0,363 0,656 0,258 Os diferentes alimentos consumidos pelos animais entre os sistemas geram uma “impressão digital isotópica” nos tecidos, devido ao valor isotópico encontrado no alimento que é refletido nos tecidos específicos dos animais após certo tempo de metabolismo (GANNES et al., 1998). 79 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Figura 1. Análise de componentes principais dos músculos Trapezius cervicis, Longissimus dorsi e Semitendinosus de bovinos criados em diferentes sistemas de alimentação. Os músculos com mais atividade contrátil tendem a ter transferência isotópica com maior rapidez e o tipo de fibras musculares pode influenciar na incorporação dos elementos. No Trapezius cervicis, há predominância de fibras oxidativas (63%), no Longissimus dorsi e Semitendinosus predominam fibras glicolíticas, com cerca de 43 e 50%, respectivamente (KIRCHOFER et al., 2002). Fibras oxidativas tem elevada troca de metabólitos e de oxigênio, portanto são ricamente vascularizadas e com grande número de mitocôndrias (MACARI et al., 1994). Por outro lado, fibras glicolíticas apresentam reduzida densidade de capilares sanguíneos e consequentemente menor troca de metabólitos e de oxigênio (BANKS, 1992). Logo, quanto maior a troca de metabólitos, mais rapidamente os músculos refletem o sinal da troca de dietas. CONCLUSÕES O uso da técnica de isótopos estáveis de 13 C, 15 Ne 18 O, permitiu a diferenciação das carnes de sistemas de alimentação de bovino de corte com uso da análise de multivariada. REFERÊNCIAS ANUALPEC. Anuário estatístico da pecuária de corte. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio Ltda., 2015. BANKS, W.J. Histologia veterinária aplicada. São Paulo: Manole, 1992. 629p. GANNES, L., O’BRIEN, D.M., AND MARTINEZ DEL RIO, C. Stable isotopes in animal ecology: assumptions, caveats, and a call for more laboratory experiments. Ecology, vol. 78 (4), p. 1271–1276, 1997. 80 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 GUO, B. L.; WEI, Y. M.; PAN, J. R.; LI, Y. Stable C and N isotope ratio analysis for regional geographical traceability of cattle in China. Food Chem., v.118, p.915–920, 2010. KIRCHOFER, K. S., CALKINS, C. R., GWARTNEY, B. L. Fiber-Type Composition of Muscles of the Beef Chuck and Round. J. Anim. Sci., vol. 80, p. 2872-2878, 2002. MACARI, M. FURLAN, R.L; GONZALES, E. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. Jaboticabal: FUNEP, p.313-323, 1994. MINITAB. Minitab statistical software user`s guide 2: data analysis and quality tools. State College, PA, USA: Minitab Release 16, Minitab Inc, 2010. ZHAO, Y.; ZHANG, B.; CHEN, G. et al. Tracing the Geographic Origin of Beef in China on the Basis of the Combination of Stable Isotopes and Multielement Analysis. J. Agric. Food Chem., v.61 p.7055−7060, 2013. 81 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DIMINUIÇÃO DA QUANTIDADE DE FUNGOS EM FLORES DE MELANCIA E DA SOBREVIDA DE LARVAS DE ABELHAS MELÍFERAS CONTAMINADAS COM PIRACLOSTROBINA Kamila Vilas Boas Balieira*¹; Tatiane Paes dos Santos¹; Amanda de Carvalho¹; Daniel Nicodemo¹; Paulo Renato Matos Lopes¹. ¹Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, campus de Dracena. *[email protected] RESUMO O uso de fungicidas pode implicar negativamente na vida das abelhas. O objetivo desse trabalho foi verificar se o tratamento de plantas de melancia com piraclostrobina influencia na quantidade de fungos presentes nas flores masculinas e avaliar se a sobrevida de larvas de abelhas melíferas foi comprometida quando tratadas com alimento com o fungicida. Foi realizada a contagem de UFC para fungos totais em anteras das flores masculinas em três tratamentos: sem aplicação (controle) e com aplicação dois dias antes da coleta (piraclostrobina) e no dia da coleta (piraclostrobina imediato). Foi verificada a sobrevida média de larvas de abelhas melíferas intoxicadas com piraclostrobina em cinco concentrações. A contagem de UFC mostrou que o uso do princípio ativo imediato obteve a menor concentração de fungos totais. A sobrevida média das larvas de abelhas melíferas foi comprometida para o seu desenvolvimento a partir de doses de 20ηg. O uso da piraclostrobinana cultura da melancia pode alterar a qualidade dos grãos de pólen que são utilizados pelas abelhas como alimento e prejudicar o desenvolvimento larval. PALAVRAS-CHAVE: Apicultura; Intoxicação; Polinização. INTRODUÇÃO A cultura da melancia Citrulluslanatus é uma atividade agrícola de grande importância para o Brasil, pois proporciona retorno econômico para o produtor (SANTOS et al, 2005). Contudo, o que limita a sua produção são as doenças que provocam danos e redução na qualidade e produtividade dos frutos (CÉSAR e SANTOS, 2001). As principais doenças que afetam a cultura da melancia são provocadas por fungos e vírus, que são contornadas pelo uso de agentes químicos (SANTOS et al, 2005). Os fungicidas e herbicidas possuem um mecanismo de ação muito especifico, desta forma oferecem grande risco para as abelhas (RIELD et al, 2006). 82 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 O fungicida piraclostrobina pertence ao grupo das estribilurinas, atua em alguns processos fisiológicos, promovendo efeitos benéficos à cultura de interesse (VOLF et al., 2011). Os efeitos subletais decorrentes da exposição de abelhas a baixo nível de dose, ou pequenas aplicações, a longo prazo, são pouco conhecidos (KEVAN, 1999; THOMPSON, 2003). A contaminação nas abelhas ocorre no momento da coleta de pólen e néctar (JAY, 1986), por esse motivo, o tamanho da área pulverizada influencia seus efeitos sobre a colônia e quanto maior a área, maior a exposição das forrageiras e a contaminação das colônias (FREE, 1993). O objetivo desse trabalho foi verificar se o tratamento de plantas de melancia com piraclostrobina influencia na quantidade de fungos presentes nas flores e avaliar se a sobrevida de larvas de abelhas melíferas foi comprometida quando tratadas com alimento contaminado. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em Dracena/SP, em uma área de 3.000 m², na qual foram cultivadas plantas de melancia da cultivar Crimson Sweet, a partir de Maio de 2015. Foram realizadas quatro aplicações em intervalos de 10 dias de fungicida à base de piraclostrobina, durante o período de floração, conforme recomendação expressa na bula do produto comercial (Comet® BASF) para o controle de Oídio (Sphaerothecafuliginea). Foram utilizadas 300 larvas de abelhas melíferas de um dia de idade para a avaliação de a toxicidade alimentar da piraclostrobina em cinco concentrações 0, 5, 10, 20 e 50 ηg, sendo incorporado nas dietas a partir do segundo dia. Os alvéolos contendo as larvas foram acondicionados em placas de Petri, mantidas em câmara de germinação a 33°C e umidade relativa do ar entre 70 e 80%. As observações foram realizadas nos períodos de 24, 48, 72, 96 e 120 horas, após a intoxicação. A sobrevida foi analisada através do método não paramétrico de Kaplan-Meier.Além disso, foi realizada a contagem das unidades formadoras de colônias (UFC) de fungos totais das anteras das flores de melancia, com diluição de 10-² x UFC/0,100g de anteras, pelo método Pour Plate. Foi realizada diluição seriada das amostras a partir de 9,9 mL de solução salina 9%. O meio de cultura utilizado foi o ágar Saboraud com tempo de incubação de 120 horas a 28°C. Os três tratamentos consistiam sem aplicação de piraclostrobina (controle) e com aplicação dois dias antes da coleta (piraclostrobina) e no dia da coleta (piraclostrobina imediato). RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas doses de 5 e 10 ηg de piraclostrobina, a sobrevida média das larvas foi superior a 120 horas, não interferindo no seu desenvolvimento (Tabela 1). 83 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Tabela 1 - Sobrevida média, em horas, de larvas de abelhas melíferas tratadas com dietas intoxicadas com piraclostrobina, em diferentes concentrações. Tratamentos (doses de piraclostrobina, ηg/larva) Sobrevida média (horas) Controle > 120 5 > 120 10 > 120 20 120 50 96 χ2 16,25 p < 0, 0001 Larvas que receberam 20 ηg de piraclostrobina sobreviveram por cinco dias após a intoxicação e não poderiam completar o seu ciclo de desenvolvimento, passando para a fase de pupa. Com a maior dose (50 ηg/larva) a sobrevida foi menor (96 horas), indicando que há um efeito dose dependente em relação à sobrevida das larvas de abelhas melíferas. Nos resultados da contagem de UFC, foi observado que o tratamento controle (sem a aplicação do fungicida) obteve maior número de colônias em relação às anteras das flores tratadas com o princípio ativo (Figura 1). No tratamento com fungicida pulverizado dois dias antes da coleta foram contadas 508,33 x 102 UFC por 0, 100 g de anteras, ou seja, número menor que o tratamento controle, porém maior que o ensaio “piraclostrobina imediato”. Controle 508.33 8.67 Piraclostrobina 1098.33 Piraclostrobina Imediato Figura 1- Contagem da UFC para fungos totais em 100 g de anteras das flores da cultivar melancia tratadas em diferentes tratamentos. O uso do fungicida na cultura imediato mostrou efeito direto na população fúngica pelo reduzido valor encontrado nos tratamentos com aplicação da piraclostrobina. Além disso, seu uso pode acarretar em toxicidade aos polinizadores da cultura como, por exemplo, as abelhas. 84 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES A utilização do princípio ativo piraclostrobina ocasiona o declínio da população de abelhas (Apis mellifera L.), interrompendo o ciclo de vida das larvas em doses a partir de 20 ηg. A contagem das UFC de fungos totais revelou o efeito direto desse agente na redução da população fúngica nas anteras das flores de melancia. Ainda, o uso da piraclostrobina nesta, pode alterar a qualidade dos grãos de pólen que são utilizados pelas abelhas como alimento e prejudicar o desenvolvimento larval desses insetos. Suas aplicações devem ser efetuadas ao final da tarde, quando seu efeito é reduzido. REFERÊNCIAS CÉSAR, N.S. & SANTOS, G.R. Doençasda cultura da melancia no Projeto Formoso, Tocantins. Fitopatologia Brasileira 26:411. 2001. FREE, J.B. Polinização por insetos de culturas. Academic Press,Londres, U.K. 1993. 684p. JAY, S.C.Gestão do espaço das abelhas nas culturas.Annual Reviews of Entomology. 1986. 31: 49-65p. KEVAN, P. sPolinizadores como bioindicadores do status do ambiente:atividade e diversidade de espécies. Agriculture Ecosystems and Environment. 1999. v.74, 373-393p. RIELDL, H. Como reduzir o envenenamento por pesticidas abelha.Corvaltis: Oregon Universidade Estadual, 2006. 26p. (Pacific NorthwestExtension, 591). SANTOS, R.G; FILHO, C.C. A; SABOYA, M.F.L. Controle químico do crescimenro gomoso do caule em melancia. Fitopatol. 2005. THOMPSON, H.M..Efeitos Comportamentais de pesticidas em bees- seu potencial para uso na avaliação de risco.Ecooxicology, v.12, p. 313-330, 2003. VOLF, M.R. Piraclostrobina em diferentes épocas de aplicação, e diferentes sistemas de manejo fitossanitários. Mercosoja. 2011. 85 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DOSES DE EXTRATO DE PRÓPOLIS NO CONTROLE DO FUNGO Aspergillus sp E NO TRATAMENTO DE SEMENTES DE PEPINO Loyara Joyce de Oliveira*¹; Bruno Salvat Moscato²; Fernando Henrique Benatto Perino²; Pâmela Gomes Nakada Freitas¹; Sílvia Blumer². ¹Universidade Estadual Paulista/ Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (UNESP/FCAT); Departamento de Produção Vegetal; Dracena-SP; Brasil. *[email protected] ²Faculdades Gammon (FUNGE); Departamento de Produção Vegetal; Paraguaçu Paulista-SP; Brasil. RESUMO O controle alternativo tem como características a ausência de contaminação e toxicidade social e ambiental, e uma alternativa é o extrato de própolis, que se objetivou com este trabalho, verificar o efeito de soluções de extrato de própolis no controle in vitro do fungo Aspergillus sp, e a qualidade fisiológica das sementes de pepino após o tratamento com as mesmas soluções. Isolado do fungo foi inoculado em meio BDA com concentrações de 0; 8; 12; 18 e 25% de extrato aquoso Propamax®, totalizando cinco tratamentos. Para o tratamento das sementes foram utilizadas mesmas concentrações de extrato de própolis. O delineamento foi inteiramente casualizado com seis repetições. Verificou-se que com o aumento linear da dose do extrato de própolis, houve interferência no desenvolvimento do fungo atingindo máximo com dose de 25%. Sementes de pepino tratadas com soluções de própolis não afetam a qualidade fisiológica, surgindo um possível tratamento alternativo de sementes. PALAVRAS-CHAVE: Cucumis sativus; defensivo orgânico; qualidade fisiológica. INTRODUÇÃO O pepino é uma das hortaliças que vem se destacando, e ocupou o terceiro lugar do ranking em 2014 na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), em valores de 56.856,76 t e com participação de 6,5% nesse cenário (CEAGESP, 2014). A cultura é propagada sexuadamente através de suas sementes. Estas são um dos principais agentes disseminadores de patógenos. Alojam determinados organismos, como fungos parasitas de sementes, Aspergillus sp, reduzindo a viabilidade e vigor das sementes (MIGLIORINI et al., 2011). Para prevenção contra esses patógenos, ainda é mais utilizado o tratamento com agrotóxicos em sementes. Os antifúngicos presentes no mercado, além de gerar custos para o produtor, gera também um alto custo ambiental visto a toxicidade destas substâncias e seus efeitos prejudiciais ao meio ambiente (CESCHINI, 2011). Os controles alternativos (SOUZA; SOARES, 2009) têm como características o baixo potencial de contaminação e toxicidade, reduzindo risco à saúde. Uma das alternativas utilizadas é o uso de produtos como a própolis, caracterizando-se com propriedades antifúngicas, antimicrobianas, antioxidantes, antiviral e antiprotozoária (PEREIRA et al., 2008). 86 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Foram encontrados trabalhos utilizando o extrato de própolis em: tomate (PEREIRA et al., 2008), em plantas do pepineiro (VIEIRA et al., 2009), quiabeiro (SOUZA et al., 2008). No entanto, não foram encontrados resultados no tratamento de sementes de pepino. Portanto, este trabalho objetivou verificar o efeito de doses de extrato de própolis no controle do fungo Aspergillus sp in vitro e, a qualidade fisiológica das sementes de pepino após o tratamento com as mesmas doses. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em duas etapas, sendo a primeira no Laboratório de Microbiologia e a segunda no Laboratório de Sementes da Faculdade Gammon, localizada em Paraguaçu Paulista-SP, no período de agosto de 2014 a março de 2015. Na primeira etapa foi estudado soluções de extrato de própolis no controle do fungo Aspergillus sp. in vitro. Os tratamentos consistiram em soluções do extrato de própolis Propamax® nas concentrações de 0; 8; 12; 18 e 25%. Na segunda etapa foi feito o tratamento de sementes de pepino da cultivar Pepino Aodai Melhorado com as mesmas concentrações citadas anteriormente com extrato de própolis. Estas foram tratadas, agitando-se por cinco minutos (ASSIS et al., 2012), com as mesmas concentrações do extrato de própolis. Retirou-se o excesso da solução, e em seguida foram colocadas sobre papel toalha permanecendo em câmara fria por um dia para secagem. As características avaliadas foram: germinação e vigor (primeira contagem de germinação e comprimento da parte aérea e raiz). Para o teste de germinação e primeira contagem de germinação adotou-se a metodologia de Brasil (2009). Para avaliação do comprimento de parte aérea e raiz, foram amostradas 10 plântulas normais do teste de germinação medidas com auxílio de uma régua, expresso em centímetros (GUEDES et al., 2013). Nas duas etapas do estudo o delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado com seis repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade, e em caso de significância, as médias foram comparadas através da análise de regressão, ao mesmo nível de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na primeira etapa do estudo, verificou-se que o extrato de própolis promoveu interferência no desenvolvimento do fungo Aspergillus sp, à medida que aumentou a dose de 87 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 extrato de própolis, diminuiu o crescimento micelial do fungo (Figura 1), conferindo o efeito antifúngico (PEREIRA et al., 2008). Vieira et al. (2009) também verificaram controle do oídio na cultura do pepino ao utilizarem o extrato de própolis na concentração de 1,6%. Na segunda etapa do trabalho, não houve diferença significativa para germinação, primeira contagem e comprimento de parte aérea (Tabela 1). Diferentemente para o comprimento de raiz de plântulas de pepino, verificou-se que as sementes tratadas com solução de extrato de própolis, foram beneficiadas pelas soluções de própolis, atingindo maior crescimento micelial (cm) comprimento na dose de 15% (Figura 2). 4 3 2 1 0 y = -0.0854x + 2.9161 R² = 0.7587 0 4 8 12 16 20 própolis (%) 24 28 raiz (cm) Figura 1. Crescimento micelial do fungo Aspergillus sp desenvolvido em função de diferentes doses de extrato de própolis. Paraguaçu Paulista, 2014. 12 11 10 9 8 y = -0.0108x2 + 0.3225x + 9.4407 R² = 0.7768 0 4 8 12 16 20 própolis (%) 24 28 Figura 2. Comprimento da raiz de plântulas de pepino em função do tratamento de sementes de pepino com diferentes doses de extrato de própolis. Paraguaçu Paulista, 2014. Tabela 1. Germinação, primeira contagem de germinação e comprimento de parte aérea (CPA) em função do tratamento de sementes de pepino com diferentes doses de extrato de própolis. Paraguaçu Paulista, 2014. Solução de própolis (%) 0 8 12 18 25 CV** Germinação (%)* 84 90 85 82 88 8,5 Primeira contagem de germinação (%)* 75 87 82 81 75 10,7 Parte aérea de plântula (%)* 8,8 8,7 7,7 10,1 9,4 16,8 *Não significativo a 5% de probabilidade. **Coeficiente de variação. 88 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES O extrato de própolis na dose de 25% proporcionou interferência no desenvolvimento do fungo Aspergillus sp impedindo a sua proliferação, como também não afetou a qualidade fisiológica de sementes de pepino. REFERÊNCIAS ASSIS, M.O.; RODRIGUES, B.R.A.; DAVID, A.M.S.S.; CANGUSSÚ, L.V.S.; MOTA, W.F. 2012. Potencial fisiológico de sementes de coentro e resposta ao tratamento com fertilizante à base de zinco e molibdênio. Horticultura Brasileira, v. 30, p. S7867-S7874. 2012. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: Mapa/ACS, 2009. 399p. CEAGESP, 2014. Disponível em: <http://www.acessoainformacao.gov.br/sistema/Principal.aspx>. Acesso em: fevereiro de 2015. CESCHINI, V.C. Potencial antifúngico de extratos de folhas de Eucalyptus staigeriana F. Muell. sobre Aspergillus flavus. 97f. Dissertação. (Mestrado em ciências) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, 2011. GUEDES, R.S.; ALVES, E.U.; COSTA, E.M.T.; SANTOS-MOURA, S.S.; SILVA, R.S.; MIGLIORINI, P.; MUNIZ, M.; MULLER, J.; NOAL, G.; POLLET, C.S.; BASTOS, B.O. ; SILVA, T.A.; SUZANA, C.S. Qualidade sanitária de sementes de Brassica napus produzidas no Estado do Paraná. In: SIMPÓSIO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 16., 2012, Santa Maria Anais... Santa Maria: Unifra, 2012. PEREIRA, S.C.; GUIMARÃES, R.J.; POZZA, A.; SILVA, E.A. Controle da cercosporiose e da ferrugem do cafeeiro com extrato etanólico de própolis. Revista Ceres, Viçosa, v. 55, n. 5, p. 369-376. 2008 SOUZA, L.A. Efeito fungicida da própolis e do leite sobre a cercosporiose na cultura do quiabeiro (Abelmoschus esculentus). Revista Brasileira de Agroecologia, Porto Alegre, v. 3, suplemento especial, 2008. VIEIRA; G.H.C.; ANDRADE, W.P. Efeito fungicida de produtos alternativos no controle de oídio em pepineiro. Omnia Exatas, Adamantina. v. 2, n. 2, p.45-49, 2009. 89 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DOSES DE POTÁSSIO NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MOGNOAFRICANO João Vitor França Pirola*¹; Matheus da Silva Araújo²; Stephany Diolino Cunha2; José Eduardo Dias Calixto Júnior2; Vitor Corrêa de Mattos Barretto3. ¹Discente, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”; Câmpus Experimental de Dracena; ²Discentes do curso de Engenharia Florestal; Universidade Estadual de Goiás; Câmpus Ipameri, Goiás; 3Professor Assistente Doutor, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”; Câmpus Experimental de Dracena; *joã[email protected] RESUMO O presente trabalho teve por objetivo avaliar o crescimento inicial de plantas de mognoafricano (Khaya senegalensis) submetidas a doses de potássio. O experimento foi instalado e conduzido em casa de vegetação da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Ipameri. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com cinco doses de potássio (0; 40; 80; 120 e 160 mg dm-3) e cinco repetições. Utilizou-se amostras de areia lavada, como substrato, sendo acondicionadas em vasos de plástico com capacidade para 7 dm3. As variáveis analisadas foram: altura, diâmetro de colo e número de folíolos aos 90 dias após transplantio. Todas as variáveis não apresentaram diferenças significativas entre as doses de potássio. Deste modo, pode-se concluir que a Khaya senegalensis é pouco exigente em potássio na fase inicial de crescimento, desde que as demais necessidades nutricionais sejam atendidas. PALAVRAS-CHAVE: Khaya senegalensis; macronutriente; adubação potássica. INTRODUÇÃO Um dos fatores essenciais para o desenvolvimento das espécies florestais é o conhecimento das exigências nutricionais. Aliado a isto, os solos destinados aos povoamentos florestais são geralmente arenosos, de baixa fertilidade natural e com déficit hídrico, fatores esses que interferem nos teores de nutrientes no solo e na disponibilidade destes para as plantas, sendo a adubação uma prática importante (SOUZA et al., 2010). Várias espécies estão sendo difundidas no Brasil, em especial, o mogno-africano (Khaya senegalensis) pertencente à família Meliaceae que possui madeira de alta resistência e de 90 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 alto valor comercial, sendo destinada para movelaria, laminação, construção naval e construções de interiores (PINHEIRO et al., 2011). O potássio não faz parte de nenhum composto orgânico, entretanto é o cátion mais abundante no citoplasma e a com grande importância no potencial osmótico das células e dos tecidos de plantas. Plantas bem supridas de potássio apresentam maior eficiência do uso da água, enquanto que plantas deficientes em potássio possuem menor desempenho fotossintético, devido à abertura estomática não acontecer de forma regular, reduzindo a entrada de CO2 (PRADO, 2008). Poucos são os estudos avaliando as necessidades nutricionais para o desenvolvimento inicial de plantas de mogno-africano. Visto o potencial da espécie e a escassa existência de pesquisas sobre o assunto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar crescimento inicial de plantas de mogno-africano adubadas com potássio em casa de vegetação. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado e conduzido em casa de vegetação da Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Ipameri-GO. O substrato utilizado foi areia lavada. A precipitação média anual é de 1.500 mm. As temperaturas registradas foram de 11°C (mínima) e 43°C (máxima), com média de 27°C, durante a execução do experimento. As mudas de mogno-africano (Khaya senegalensis) foram obtidas do viveiro Vasconcelos Florestal, localizado no município de Monte Alto-SP. As mudas foram oriundas de sementes importadas do continente africano, produzidas em tubetes com capacidade de 53 cm3, altura média de 15 cm e 90 dias de idade. Nesse período, não receberam nenhuma adubação. Posteriormente, essas mudas foram transferidas para vasos de polietileno preto, com capacidade para 7 dm3, com uma planta por vaso, contendo areia que constituíram os tratamentos. Em seguidas foram adicionadas as seguintes doses de potássio: 40; 80; 120 e 160 mg dm-3, tendo como fonte o cloreto de potássio (60% de K2O). Também foram adicionados doses padrões de nitrogênio (160 mg dm-3) e fósforo (150 mg dm-3) tendo como fonte o ureia e superfosfato triplo, respectivamente. E por fim, os micronutrientes: boro (0,5 mg dm-3), manganês (1,5 mg dm-3), zinco (5 mg dm-3), cobre (0,5 mg dm-3) e molibdênio (0,1 mg dm-3). As mudas foram transplantadas para os vasos aos 90 dias de idade, no mês de junho de 2015. A umidade do solo foi mantida durante todo o período experimental em aproximadamente 60% da capacidade de retenção de água na areia. O volume de água evapotranspirado foi 91 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 reposto, diariamente, por meio de pesagem dos vasos que indicaram a quantidade necessária de água a ser adicionada individualmente em cada vaso. As plantas foram conduzidas até aos 90 dias após o transplantio, as quais foram determinadas a altura, o diâmetro do coleto e número de folíolos. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com 5 doses de potássio (0; 40; 80; 120 e 160 mg dm-3) e 5 repetições. Cada parcela experimental foi constituída por um vaso de plástico com capacidade de 7dm³ de areia, contendo uma muda de mognoafricano (Khaya senegalensis). Os dados obtidos nas avaliações foram submetidos à análise de variância (teste F) e as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o programa estatístico ASSISTAT (SILVA, 2009). RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Tabelas 1 e 2 são apresentadas as médias das variáveis analisadas nas plantas de mogno-africano em função dos tratamentos, aos 90 dias após transplantio. Verifica-se que não houve diferenças estatísticas significativas para as variáveis aos 90 dias após transplantio (Tabelas 1 e 2). Tabela 1. Resumo da análise de variância para altura, diâmetro e número de folíolos de plantas de mogno-africano submetidas a doses de potássio. Ipameri. UEG. 2015. Quadrados médios GL Fonte de Altura Diâmetro Número de Variação (cm) (mm) Folíolos NS NS Tratamento 4 5,47040 2,09780 106,64000NS Bloco 4 4,01440 2,09680 219,04000 CV(%) 16,39 13,46 38,25 Média 23,89 8,47 51,36 ns não significativo ao nível 5% de probabilidade pelo Teste F. Tabela 2. Médias das características avaliadas para altura, diâmetro e número de folíolos de plantas de mogno-africano submetidas a doses de potássio. Ipameri. UEG. 2015. Médias Fonte de Altura Diâmetro Número de Variação (cm) (mm) Folíolos 22,70 a 8,70 a 48,40 a 0 23,22 a 9,21 a 57,80 a 40 25,42 a 8,03 a 54,60 a 80 24,30 a 8,82 a 47,00 a 120 23,84 a 7,59 a 49,00 a 160 92 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Perez (2014) objetivando avaliar o suprimento de doses de potássio sob duas condições hídricas (30 e 70% de capacidade de retenção de água) verificou que o aumento das doses de potássio não afetou o crescimento em altura, diâmetro, área foliar e matéria seca de raiz, caule e folhas das plantas a 70% de umidade. CONCLUSÕES O mogno-africano (Khaya senegalensis) é pouco exigente em potássio na fase inicial de crescimento, desde que as demais exigências nutricionais sejam supridas. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Universidade Estadual de Goiás, Câmpus Ipameri e ao Viveiro Vasconcelos Florestal pela doação das mudas de mogno-africano para a realização de pesquisas. REFERÊNCIAS PINHEIRO, A. L.; COUTO, L.; PINHEIRO, D. T.; BRUNETTA, J. M. F. Ecologia, silvicultura e tecnologia de utilização dos mognos-africanos (Khaya spp.). Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Agrossilvicultura. 2011. 102 p. PEREZ, B. A. P. Doses de potássio e umidades de solo para o crescimento de plantas de mogno-africano. 2014. 33 f. Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal, 2014. PRADO, R. M. Nutrição de plantas. São Paulo: UNESP, 2008. 407 p. SILVA, F. de A. S. E; AZEVEDO, C. A. V. de. Principal Components Analysis in the Software Assistat-Statistical Attendance. In:WORLD CONGRESS ON COMPUTERS IN AGRICULTURE, 7, Reno-NV-USA: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2009. SOUZA, C. A. S.; TUCCI, C. A. F.; SILVA, J. F.; RIBEIRO, W. O.; Exigências nutricionais e crescimento de plantas de mogno (Swietenia macrophylla King.). Revista Acta Amazonica, v. 40, n. 3, p. 515-522, 2010. 93 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 EFEITO DO IMIDACLOPRIDO SOBRE A BIOENERGÉTICA EM MITOCONDRIAS ISOLADAS DE FÍGADO DE RATO Bizerra, P F.V.*, Tavares, M.A., Mazzo, M., Bottan, A.P., Mingatto, F.E. Laboratório de Bioquímica Metabólica e Toxicológica (LaBMeT), UNESP-Dracena/SP. *email: [email protected] RESUMO Inseticidas estão sendo usados extensivamente em todo o mundo no domínio da agricultura e da prática veterinária para o controle de parasitos. O imidacloprido é um inseticida neonicotinóide que mata os insetos via ingestão ou contato, interferindo no sistema nervoso por meio do bloqueio dos receptores pós-sinápticos da acetilcolina. Neste estudo avaliou-se o efeito da adição de diferentes concentrações de imidacloprido (150, 200, 250 e 300 µM) sobre a bioenergética em mitocôndrias energizadas com substratos do complexo I e do complexo II da cadeia respiratória. O imidacloprido afetou a bioenergética das mitocôndrias, inibindo a cadeia respiratória, causando danos à respiração mitocondrial e dissipou o potencial de membrana. PALAVRAS-CHAVE: Imidacloprido; Bioenergética; Mitocôndrias. INTRODUÇÃO Inseticidas estão sendo usados extensivamente em todo o mundo no domínio da agricultura e da prática veterinária para o controle de parasitos. O uso indiscriminado e/ou a exposição destes inseticidas levou a uma preocupação generalizada sobre os potenciais toxicológicos e efeitos adversos desses produtos químicos na saúde humana e animal (ALSALEH, 1994). O imidacloprido (1-[(6-cloro-3-piridinil)metil]-N-nitro-2-imidazolidinimina) é um inseticida neonicotinóide que mata os insetos via ingestão ou contato, interferindo no sistema nervoso por meio do bloqueio dos receptores pós-sinápticos da acetilcolina (TOMIZAWA et al., 2005). É amplamente utilizado para controle de vários insetos no tratamento de sementes, do solo e de plantações e até mesmo no controle de pulgas em animais domésticos e moscas em animais de fazenda (HUTCHINSON et al., 2001; FOSSEN, 2006). Vários estudos vêm sendo conduzidos sobre os efeitos do imidacloprido em animais, principalmente em ratos, demonstrando que o composto tem alta capacidade de danificar o fígado, porém, o mecanismo de ação tóxica neste órgão ainda não foi descrito. 94 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 O fígado é o órgão central no metabolismo, pois está interposto entre o trato digestivo e a circulação geral do organismo. Ele é capaz de biotransformar e inativar muitos xenobióticos, convertendo-os em substâncias hidrossolúveis, facilitando, assim, a eliminação destes pelo organismo (Guillouzo, 1998). A ação de compostos nocivos ao organismo vivo pode atingir as mitocôndrias, que é responsável pela síntese da quase totalidade do ATP necessário à manutenção da estrutura e função celular. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do imidacloprido em mitocôndrias isoladas de fígado de rato em parâmetros associados à bioenergética, para elucidar os mecanismos de sua toxicidade. MATERIAL E MÉTODOS As mitocôndrias foram isoladas por centrifugação diferencial (PEDERSEN et al., 1978) do fígado de ratos Wistar machos pesando entre 180-200 g e a proteína mitocondrial foi determinada utilizando-se a reação do biureto, de acordo com Cain e Skilleter (1987), e BSA como padrão. Os ensaios foram realizados a 30oC usando-se mitocôndrias energizadas com glutamato de potássio 5 mM + malato de potássio 5 mM ou succinato de potássio 5 mM (+ rotenona 50 nM). O meio padrão de incubação era composto por sacarose 125 mM, KCl 65 mM e HEPESKOH 10 mM, pH 7,4. O consumo de oxigênio pelas mitocôndrias foi medido usando um medidor de oxigênio dissolvido equipado com um eletrodo tipo Clark. A respiração de estado 3 foi iniciada pela adição de 400 nmols de ADP. O potencial de membrana das mitocôndrias energizadas foi determinado com o indicador safranina O (4 µM). A variação de fluorescência foi avaliada utilizando-se um espectrofluorímetro, nos comprimentos de onda de 505 e 535 nm para excitação e emissão, respectivamente. Os resultados foram expressos como porcentagem em relação à fluorescência total obtida com a adição do desacoplador CCCP. A significância estatística dos dados experimentais foi determinada pelo teste de análise de variância (ANOVA), seguido do teste de comparação múltiplas Dunnett, sendo considerados estatisticamente significativo os resultados com valores de P < 0,05. As análises foram realizadas por meio do programa GraphPad Prism, versão 4.0 para Windows, GraphPad Software (San Diego, CA, USA 03/04/2003). 95 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os efeitos da adição de diferentes concentrações de imidacloprido (150, 200, 250 e 300 µM) sobre a velocidade de consumo de oxigênio do estado 3 da respiração em mitocôndrias energizadas com substratos do complexo I e do complexo II da cadeia respiratória foram observados em dois experimentos independentes. No primeiro experimento (Fig. 1), o substrato oxidável foi o glutamato 5 mM juntamente com malato 5 mM (complexo I) e observa-se que a ação do imidacloprido é dose dependente e sua inibição é significativo a partir da concentração 150 µM. Já no segundo experimento (Fig. 2), o substrato oxidável foi o succinato 5 mM (complexo II) e o imidacloprido apresentou efeito semelhante sendo significativo a partir da 50 25 ** Consumo de O2 em nmol de O2 . min -1 mg de proteína-1 Consumo de O2 em nmol de O2. min -1 mg de proteína-1 concentração 150 µM. ** ** ** 250 300 0 C 150 200 50 25 ** ** ** ** 0 C 150 Imidacloprido (µ µM) 200 250 300 Imidacloprido (µ µM) Figura 1. Efeito do imidacloprido sobre a respiração Figura 2. Efeito do imidacloprido sobre a respiração em mitocôndrias isoladas de fígado de rato em mitocôndrias isoladas de fígado de rato energizadas energizadas com malato e glutamato. com **Significantemente diferente do controle (C) **Significantemente (P<0,01). (P<0,01). succinato diferente (+ do rotenona). controle (C) As Figuras 3 e 4 mostram o efeito do imidacloprido sobre o potencial de membrana em mitocôndrias isoladas de fígado de rato, quando energizadas com malato e glutamato (Fig. 3) ou succinato (+ rotenona) (Fig. 4). Pode-se observar que houve efeito significativo sobre o potencial de membrana em ambos os casos a partir da concentração de 200 µM, sendo o efeito mais pronunciado quando as mitocôndrias foram energizadas com succinato (+ rotenona). ** 100 ** ** ∆ψ (% do total) ∆ψ (% do total) 100 50 ** ** ** 50 0 0 C 150 200 250 300 C 150 200 250 300 Imidacloprido (µ µM) Imidacloprido (µ µM) Figura 3. Efeito do imidacloprido sobre o potencial de Figura 4. Efeito do imidacloprido sobre o potencial de membrana em mitocôndrias isoladas de fígado de rato membrana em mitocôndrias isoladas de fígado de rato energizadas energizadas com malato e glutamato. **Significantemente diferente do controle (C) (P<0,01). com succinato (+ 96 rotenona). **Significantemente diferente do controle (C) (P<0,01). XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES O imidacloprido afeta a bioenergética das mitocôndrias, inibindo a cadeia respiratória, causando danos à respiração mitocondrial e dissipando o potencial de membrana. Esse efeito pode estar relacionado com a intoxicação hepática de animais tratados com o imidacloprido observado em estudos anteriores. REFERÊNCIAS AL-SALEH, I. A. Pesticides: A review article. J. Environ. Pathol. Toxicol. Oncol. V. 13, p. 151-161, 1994. CAIN, K. & SKILLETER, D.N. Preparation and use of mitochondria in toxicological research. In: SNELL, K. &MULLOCK, B., (Ed). Biochemical Toxicology. Oxford: IRL Press, p. 217254, 1987. FOSSEN, M. Environmental Fate of Imidacloprid, Environmental Monitoring Department, California Department of Pesticide Regulation, 1001 I Street, Sacramento, CA, 2006. GUILLOUZO, A. Liver cell models in in vitro toxicology. Environmental Health Perspectives, v. 106, n. 2, p. 511-532, 1998. HUTCHINSON MJ, JACOBS DE, MENCKE N. Establishment of the cat flea (Ctenocephalides felis) on the ferret (Mustela putorius furo) and its control with imidacloprid. Med. Vet Entomol, v.15, p.212‐214, 2001. PEDERSEN, P.L., GREENAWALT, J.W., REYNAFARJE, B., HULLIHEN, J., DECKER, G.L., SOPER, J.W. & BUSTAMENTE, E. Preparation and characterization of mitochondria and submitochondrial particles of rat liver and liver-derived tissues. Methods Cell.Biol., v.20, 411481, 1978. TOMIZAWA M.; LEE D.L.; CASIDA J.E.; Neonicotinoid insecticide toxicology: Mechanisms of selective action. Annu Rev Pharmacol Toxicol v. 45 p. 247-68, 2005. 97 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 EFEITOS DE LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DOSES DE POTÁSSIO EM VARIÁVEIS MORFOFISIOLÓGICAS E PRODUTIVIDADE DE CAPIMMOMBAÇA Gabriel Ribeiro Ferrairo1; João Paulo Basaglia Freschi1; Jean Claudio Queiroz Cardoso1, Rafael Simões Tomaz1; Ronaldo Cintra Lima1. ¹FCTA – Unesp Dracena. * [email protected] RESUMO Objetivou-se neste trabalho, estudar o efeito de lâminas de água, doses de adubação com potássio e sua interação sobre a produtividade do capim-Mombaça. O experimento foi realizado no campo irrigado da FCAT-Unesp Dracena, em delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições, em esquema fatorial 5x4. Foram consideradas variáveis fisiológicas e de produtividade. Foi realizada análise de variância e subsequente teste de médias para as variáveis que apresentaram efeito significativo. Foi identificado efeito significativo (p<0,05) da lâmina de irrigação sobre o índice de clorofila, diâmetro equatorial do estômato, altura de planta e massa seca de forragem. Para essa última, as lâminas de 100 e de 70% apresentaram resultados significativos com produtividade de 3166 e 3035 kg.ha-1. Apenas a característica altura de planta apresentou diferença significativa para o fator adubação com potássio. De forma geral, os menores níveis conduziram a menor altura da forrageira. PALAVRAS-CHAVE: Manejo de água, forrageira; fertilizantes. INTRODUÇÃO As pastagens representam a forma mais prática e econômica de alimentação de bovinos, constituindo a base de sustentação da pecuária no Brasil. Sabe-se, entretanto, que os resultados econômicos que vêm sendo obtidos pela maioria dos pecuaristas do nosso país, com a produção de bovinos a pasto, podem ser considerados muito modestos tendo em vista o grande potencial (GARGANTINI, 2005). A baixa produtividade das pastagens, dentre elas o capim-Mombaça (Panicum maximum), é devido ao estabelecimento inadequado, lotação excessiva, baixa fertilidade do solo, falta de adubação e manutenção, agravado por déficit hídrico. Por vezes, faz-se necessário lançar mão de tecnologias que visam melhorar a produtividade e qualidade das forrageiras. Neste contexto, destacam-se estudos que visam o adequado dimensionamento do sistema de irrigação, associados ou não com uso de corretivos, 98 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 adubação de base como fósforo, e adubação de cobertura com nitrogênio e doses de potássio, que interferem diretamente na fisiologia da planta. Ainda, segundo Steinglein et al. (2005) faz-se de suma importância a avaliação de variáveis fisiológicas de forma a melhor entender sua relação com fatores de nutrição e disponibilidade de água. Este trabalho foi, então, realizado com o objetivo de estudar o efeito das lâminas de água e doses de potássio e sua interação sobre a produtividade e sobre as características morfofisiológicas do capim Mombaça. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido com a forrageira de capim-Mombaça na Área Experimental Irrigada do Campus da Unesp de Dracena – SP, implantado em 20/02/2015 e primeiro corte em 15/07/2015. Foi considerado delineamento de blocos ao acaso, 4 repetições, em esquema fatorial 5x4 com, parcelas medindo 3x3m. Foram avaliadas 5 diferentes lâminas de irrigação (ETo padrão = 100%) sendo, L1 (130%); L2 (100%); L3 (70%); L4 (30%) e L5 (0%), adotou coeficiente de cultura (Kc) igual a 1,0, e o tratamento secundário composto por 4 doses de potássio (K): 0; 50, 100 e 200 kg.ha-1 por corte e foram analisados lâminas da parte abaxial das folhas tratadas com potássio, sendo todas observadas em microscópio óptico Olympus modelo BX 43. As fotos serão utilizadas para as medições dos parâmetros anatômicos por meio do programa de análise de imagens cellSens Standard, segundo metodologia descrita por Pereira et al. (2008). As variáveis avaliadas foram: índice de clorofila (IC), número de estômatos por milímetro quadrado da face abaxial da folha (NE), distância polar de estômatos da face abaxial da folha (DPE), distância equatorial de estômatos da face abaxial da folha (DEE). A altura de planta (AL) foi medida em campo. A forragem colhida, identificada, pesada, e encaminhada ao Laboratório Morfofisiológica Vegetal da FCAT – Unesp Dracena, para determinação da massa seca (MS), segundo metodologia descrita por Silva & Queiroz (2002). Os dados foram submetidos à análise de variância e subsequente de comparação de médias (p<0,05). Todas as análises estatísticas foram procedidas por meio de rotinas desenvolvidas pelos autores no Software livre R. RESULTADOS E DISCUSSÃO O resultado ANOVA para as variáveis fisiológicas e de produtividade estão apresentados na Tabela 1. O fator Dose adubação com potássio foi significativo apenas para a variável AL. O fator Lâmina de irrigação foi significativo para as variáveis fisiológicas IC e 99 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 DEE, e para as variáveis de produtividade, AL e MS. O efeito de Interação Lâmina de Irrigação x Adubação com potássio não se mostrou significativo para nenhuma variável. Para aqueles fatores que se mostram significativos, foram procedidos os respectivos de médias (Tabela 2). Tabela 1. Resumo da ANOVA para as Variáveis Fisiológicas e de Produtividade. QM – Quadrado médio do resíduo; g.l. – grau de liberdade. QM FV g.l. Dose 3 Lâmina 4 IC 1,7ns 989,80*** 5,04.10-9 ns ns Interação 12 13,6 Resíduo 18,7 Média CV (%) 60 Variáveis Fisiológicas NE DPE -9 ns 3,74.10 0,49ns 23,88 18,10 2,21.10 -9 ns 2,14.10-9 ns 2,06.10 22,48 -4 11,97ns 5,48 ns DEE 2,32ns 29,15*** 8,33 ns Variáveis de Produtividade AL MS 588,60*** 160273,00ns 360,70** 62,30 ns 2282610,00*** 176123,00ns 4,83 5,10 78,60 325310,00 25,84 8,51 18,61 12,14 81,47 10,88 2769,50 20,59 *** - (p<0,001); ** - (p<0,01); * - (p<0,05); ns – (p≥0,05). Tabela 2. Teste Tukey para comparação de médias dos fatores Lâmina de Irrigação (A) e Dose de Adubação com potássio (B). Estão apresentadas apenas as variáveis cujos efeitos mostraram significância na ANOVA. (A) (B) Lâminas IC DEE AL MS Dose AL L1 30,08 a 18,41 ab 85,44 a 2710 ab D1 79,25 bc L2 27,09 a 18,7 ab 85,06 a 3166 a D2 75,45 c L3 29,78 a 19,24 a 83,81 a 3035 a D3 83,05 ab L4 21,08 b 20,19 a 78,44 ab 2749 ab D4 88,15 a L5 11,38 c 16,53 b 74,62 b 2187 b * Médias com letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). Para a característica IC, as lâminas de 30% e 0% conduziram a valores significativamente menores que os demais, evidenciando que o estresse hídrico acentuado prejudicou bastante o desenvolvimento do capim-Mombaça. Resultado semelhante ocorreu com a característica AL, no qual se observou gradativa diminuição desta característica com a redução da lâmina de irrigação. DEE respondeu de forma negativa às lâminas de irrigação extremas. A lâmina que conduziu a um maior diâmetro (numérico) foi a de 30%. Já para a característica MS, que reflete a produtividade de forragem, as lâminas de 100 e de 70% conduziram a resultados 100 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 estatisticamente iguais entre si. Apenas a característica AL apresentou diferença significativa para o fator adubação com potássio. De forma geral, os menores níveis conduziram a menor altura do capim-Mombaça. CONCLUSÕES Foram identificados efeitos significativos com relação à Lâmina de Irrigação e dose de adubação com Potássio. Com relação à característica MS, que reflete a produtividade de forragem, as lâminas de irrigação de 100 e de 70%, conduziram a resultados numericamente superiores que os demais. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro das seguintes instituições: PROPe; PROEX, UNESP-Dracena. REFERÊNCIAS GARGANTINI, P.E. Irrigação e adubação nitrogenada em capim-Mombaça (Panicum maximum jacq) na região oeste do Estado de São Paulo. Ilha Solteira, 2005. 85p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Engenharia da UNESP. PEREIRA, F.J.; CASTRO, E.M.; SOUZA, T.C.; MAGALHÃES, P.C. Evolução da anatomia radicular do milho 'Saracura' em ciclos de seleção sucessivos, Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 12, p.1649-1656, 2008. R Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL http://www.R-project.org/ SILVA, D.J., QUEIROZ, A. C. Análise de Alimentos (métodos químicos e biológicos). 3. ed. Viçosa: Imprensa Universitária da Universidade Federal de Viçosa. 2002. 235p. STENGLEIN S.A.; ARAM BARRI A.M.; CARMEM M. D.; SEVILLANO M.; BALATTI P.A. Leaf epidermal characters related with plant’s passive resistance to pathogens vary among accessions of wild beans Phaseolus vulgaris var. aborigineus (Leguminosae-Phaseoleae). FloraMorfhology, Distribution, Functional Ecology of Plants, v. 200, p. 285-295, 2005. 101 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 EQUAÇÃO MATEMÁTICA PARA USO DO BIOGÁS NA GERAÇÃO DE ELETRICIDADE E FUNCIONAMENTO DE MOTORES ESTACIONÁRIOS Guilherme Augusto Colusse*¹; Murilo Postingue Bernardo²; Juliana Caroline Colusse3 Cristiane Pirola Narimatsu4 ¹Graduação em Biotecnologia pela FISMA-Andradina ²Estudante de graduação em Agronomia pela UNESP campus Dracena 3Estudante de graduação em Zootecnia pela UNESP campus Dracena 4 Doutora em Engenharia Química pela UFSCAR *[email protected] RESUMO Com a grande demanda por energia elétrica e o aumento abusivo de seu preço, ocorre a necessidade de inovação energética no setor agropecuário com a finalidade de promover práticas alternativas que consigam satisfazer a demanda pelo agricultor. A utilização de biodigestores e digestão anaeróbica tem sido estudados durante muito tempo e sua integração na agropecuária como fonte principal de energia é atualmente uma realidade, fazendo com que o setor agropecuário utilize o biogás como fonte de combustível gasoso para geração de energia. O biogás é uma mistura de gases oriundo da digestão anaeróbica de diferentes matérias-primas, onde seu valor energético é mensurado a partir do percentual de metano no mesmo. Geradores a gás podem receber biogás como combustível para geração de eletricidade e assim funcionar motores estácionários acoplados a eles. O objetivo deste trabalho foi elaborar uma equação matemática com o propósito de calcular a quantidade de biogás necessária para funcionar um motor estacionário mediante um gerador. Os resultados mostraram-se favoráveis, uma vez que a confiabilidade da equação foi satisfatória para a determinação da quantidade exata de biogás através de variáveis como percentual de metano, potência do motor e tempo (em horas) que permanecerá ligado. PALAVRAS-CHAVE: Digestão anaeróbica; autossuficiência; combustível gasoso. INTRODUÇÃO 102 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Atualmente há uma grande necessidade por energias alternativas em propriedades rurais devido a deficiência energética no setor e principalmente impostos e preços altos cobrados por kWh na propriedade. Esse alto custo deve-se a utilização regular de motores elétricos de grande porte como, por exemplo, bombas submersas para irrigação e motores destinados a fábricas de rações na propriedade. Segundo Filho et al (2010), o motor elétrico pode ser considerado um equipamento responsável pela transformação de energia elétrica em energia mecânica, sendo a principal forma de uso final da energia elétrica. No cenário nacional, a indústria representa mais de 50% do uso final dessa energia. A utilização de motores monofásicos acoplados em série vem sendo estudada para produção de energia elétrica para pivô central (FILHO et al., 2005), fazendo com que o custo de energia seja reduzido proporcionando uma melhoria de vida para o agricultor. O biogás surge como uma opção viável neste cenário para geração de energia em propriedades rurais, pela presença de matérias primas com altos índices de biodegradabilidade e pelo valor energético caracterizado pelo metano. Atualmente, a reciclagem de resíduos agrícolas e agro-industriais vem ganhando espaço cada vez maior, não simplesmente porque os resíduos representam “matérias primas” de baixo custo, mas, principalmente, porque os efeitos da degradação ambiental decorrente de atividades industriais e urbanas estão atingindo níveis cada vez mais alarmantes (NETO et al., 2000). A digestão anaeróbia de resíduo animal resulta na produção de biogás, composto basicamente de metano (CH4-50 a 70%) e dióxido de carbono (CO2-50 a 30%). O metano gerado nos biodigestores pode ser aproveitado como fonte de energia térmica ou elétrica, tendo como vantagem, ser uma fonte de energia renovável e de fácil uso. Além dos aspectos ambientais como redução na emissão de gases de efeito estufa. A produção de biogás pode agregar valor a propriedade, tornando-a autossustentável economicamente, por meio da geração de energia (térmica e elétrica) e a valorização agronômica do biofertilizante (OLIVEIRA, 2004; BONAZZI, 2001; LUCAS JUNIOR, 1994). Dentro do cenário prático na agricultura, um dos fatores que impossibilitam o produtor a aplicar tais técnicas é a ausência de informação na área. Frente a esses parâmetros, é de extrema importância a obtenção de dados referentes a quantidade de biogás que será utilizado, pois a eficiência do gerador pode ser melhor explorada neste quesito, ou seja, pode ser trabalhado com a quantidade certa do biocombustível. A utilização de tais resultados podem 103 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 também propiciar um melhor dimensionamento de biodigestores devido ao conhecimento do volume de biogás necessário para a geração de energia elétrica utilizada para a atividade. Este trabalho teve como objetivo principal a elaboração de uma equação para determinar a quantidade requerida de biogás necessário para o funcionamento de motor estacionário mediante um gerador a gás. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido integrando equações já descritas na literatura correlacionando-as com dados já conhecidos, como por exemplo, o valor energético do metano. Desta forma foi possível a criação de uma equação matemática e assim estabelecer um valor teórico de biogás para funcionamento de motor estacionário. Foi utilizado o poder calorífico do metano com a finalidade de calcular o poder calorífico do biogás mediante a quantidade de CH4 presente na mistura. RESULTADOS E DISCUSSÃO A equação elaborada (Figura 1) representa a quantidade de biogás necessário para funcionamento de motores estacionários levando em consideração sua potência. Figura 1. Equação matemática desenvolvida Onde as variáveis representadas são: X: Potência do motor de interesse em HP; Y: Tempo de funcionamento do motor em horas/dia; Z: Percentual de metano no biogás. Para transformação da potência do motor de HP para kilowatt utilizou-se um fator de conversão 0,7455, o qual corresponde ao valor de 1 HP. Desta forma a equação trabalha com a unidade de kWh depois de fornecidos os valores sobre potência (HP) e tempo de funcionamento do motor (horas). 104 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 A constante 9,94 refere-se ao poder calorífico do gás metano, onde 1 m3 de metano equivale a 9,94 kWh (COLDEBELLA, 2006), tornando possível o cálculo e correlacionado o percentual de metano encontrado no biogás com valores do próprio gás na literatura. Vale ressaltar que a equação ainda necessita ser validada com experimentos práticos como próxima etapa do trabalho, sendo que neste caso a mesma fundou-se em dados encontrados na literatura e conhecimentos gerais. CONCLUSÕES Conclui-se que esta equação é viável e pode ser aplicada para a determinação da quantidade de biogás necessário para funcionamento de motores estacionários. Deve ser evidenciado também a importância deste modelo matemático, sendo que não há informações na literatura que possam auxiliar este ramo no setor agropecuário, fazendo com que uma propriedade possa se tornar auto suficiente em energia elétrica. REFERÊNCIAS BONAZZI, G. Manuale per l’utilizzazione agronomica degli effluenti zootecnici. Reggio Emilia: Centro de Ricerche Produzioni Animali – CRPA, 2001. 320p. Edizioni L’Informatore Agrario. COLDEBELLA, A.; SOUZA, S.N.M.; SOUZA, J.; KOHELER, A.C. Viabilidade da cogeração de energia elétrica com biogás da bovinocultura de leite. AGRENER, 2006. FILHO, D.O.; FERENC, C.H.R.; TEIXEIRA, C.A.; DIAS, G.P.; MILAGRES, R.C.; PONTES, C.R. Uso de motores monofásicos acoplados mecanicamente em série, em irrigação por pivô central. Rev. bras. eng. agríc. ambient. vol.9 no.1 Campina Grande Jan./Mar. 2005. FILHO, D.O.; RIBEIRO, M.C.; MANTOVANI, E.C.; SOARES, A.A.; FERNANDES, H.C. Dimensionamento de motores para bombeamento de água. Eng. Agríc. vol.30 no.6 Jaboticabal Dec. 2010. LUCAS JR., J. Algumas considerações sobre o uso do estrume de suínos como substrato para três sistemas de biodigestores anaeróbios. 1994. 113p. Tese (Livre Docência) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal. NETO, P. R. C.; ROSSI, R. S. F.; ZAGONEL. G. F.; RAMOS. L. P. Produção de biocombustível alternativo ao óleo diesel através da transesterificação de óleo de soja usado em frituras. Química nova, 23(4) (2000). OLIVEIRA, P. A. V. de. Produção e aproveitamento do biogás. In: OLIVEIRA, P.A.V. de. Tecnologia para o manejo de resíduos na produção de suínos: manual de boas práticas. Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2004. Cap. 4, p.43-55. 105 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 ESTUDO DE DIFERENTES MODELOS PARA ESTIMAÇÃO DE PARÂMETROS GENÉTICOS PARA CARACTERÍSTICAS DE PESOS CORPORAIS E METABÓLICOS EM BOVINOS DA RAÇA BRAHMAN Matos Manuel¹; Camila Renata de Souza Tino²; Ligia Cavani3; Thamilis Jesus de Menezes4; Ricardo da Fonseca5. 1Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal - UNESP, Dracena. e-mail: [email protected]. 2Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal - UNESP, Dracena. 3Programa de Pós-Graduação em Zootecnia - UNESP, Jaboticabal. 4Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Animal - UNESP, Dracena. 5Professor Campus experimental de Dracena - UNESP, Dracena. RESUMO Foram estimados coeficientes de herdabilidade para pesos ao desmama (PD), à primeiro ano (P365), à sobreano (P550) e pesos metabólicos nas respectivas idades de bovinos de raça Brahman nascidos entre 1994 e 2012, pertencentes à ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu) sob três modelos distintos. O modelo 1 incluiu o efeito genético aditivo direto como aleatório, além dos efeitos fixos de grupo de contemporâneos, definido pelas variáveis: proprietário, rebanho, criador, rebanho do criador, sexo, condição de criação, ano e mês de nascimento, ano e mês da pesagem. O modelo 2 compreendeu, além dos efeitos supracitados, o efeito de ambiente permanente materno. O modelo 3 constou dos efeitos genético aditivo direto e materno e de ambiente permanente materno (aleatórios) e os mesmos incluídos no modelo 1 (fixos). De acordo com o teste de razão de verossimilhança (LRT), o modelo 3 foi o mais adequado para ajustar os efeitos estudados. As estimativas de herdabilidade direta foram moderadas a altas (0,325 a 0,598), decrescendo desmama às idades subsequentes. PALAVRAS-CHAVE: comparação de modelos; herdabilidade; peso corporal. INTRODUÇÃO O estudo dos fatores que influenciam determinada característica e a definição de modelos mais adequados são fundamentais para a acurácia da estimação de parâmetros genéticos e da predição de valores genéticos. Por meio dos coeficientes de herdabilidade é possível predizer se determinadas características responderão à seleção direta e, portanto, se a inclusão da mesma como critério de seleção possibilitará ganhos genéticos nos rebanhos. Em bovinos de 106 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 corte, as características de crescimento são afetadas não apenas pelo potencial genético do animal, mas também pelo efeito materno. Indicando a necessidade de se considerar a importância da inclusão destes efeitos nos modelos a serem utilizados na estimativa de parâmetros genéticos dos pesos neste período. Assim, o principal objetivo deste trabalho foi determinar o modelo mais adequado, na estimação de parâmetros genéticos para bovinos da raça Brahman para características pesos e pesos metabólicos nas diferentes idades. MATERIAL E MÉTODOS No presente estudo foram utilizados dados da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) de animais da raça Brahman provenientes de várias regiões do Brasil nascidos entre os anos de 1994 e 2012. O banco de dados foi submetido a uma análise de consistência no software R, para posterior estudo sobre os efeitos ambientais e formação dos grupos contemporâneos (GC). Para todas as características foram incluídos as seguintes classes de idades: desmama corrigida para 205 dias, primeiro ano a 365 dias, sobreano aos 550 dias, e os mesmos pesos elevados a 0,75 pesos metabólicos. Os grupos contemporâneos GC foram definidos pelas variáveis: proprietário, rebanho do proprietário, criador, rebanho do criador, sexo, condição de criação (mamando ou desmamado), ano e mês de nascimento, ano e mês de pesagem. Foram considerados três modelos, diferenciados apenas pelos efeitos aleatórios. Primeiro modelo constou do efeito genético aditivo direto, como aleatório, além dos feitos fixos de GC. O segundo modelo incluiu, além dos desses efeitos, o efeito de ambiente permanente materno. O terceiro modelo compreendeu os efeitos genéticos diretos e maternos e o efeito de ambiente permanente materno, além dos efeitos fixos constantes no primeiro modelo. Os modelos podem ser representados na forma matricial como: Modelo 1: Y = Xβ + Za + e; Modelo 2: Y = Xβ + Za + Wp + e; Modelo 3: Y = Xβ + Za + Mm + Wp + e, Em que: Y é o vetor das observações; β, a, m, p são os vetores dos efeitos fixos, genético aditivo, materno e ambiente permanente, respectivamente; X, Z, M, W são as matrizes de incidência relacionadas aos respectivos efeitos; e é o vetor dos resíduos aleatórios associados a cada observação. Os parâmetros genéticos foram estimados pelo método de Máxima Verossimilhança Restrita (REML), por meio de software WOMBAT (MEYER, 2007). A escolha do modelo mais adequado para cada peso foi realizada a partir do teste de razão de 107 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 verossimilhança (Likelihood Ratio Test), o qual compara o aumento da função de verossimilhança (avaliado pela significância do acréscimo de um efeito, quando comparado a um modelo em que não é incluso), a uma distribuição qui-quadrado com “n” graus de liberdade e probabilidade de 5% de erro (P<0,05) (HOGG et al., 1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 1. Comparação entre os três modelos propostos e estimativas de herdabilidade direta (h2 d), com respectivos erros padrão (ep) para pesos ao desmama (PD), peso a 1 ano (P365), peso ao sobreano (P550), peso metabólico a desmama (PMD), meso metabólico ao 1 ano (PM365) e peso metabólico ao sobreano (PM550) de bovinos de raça Brahman. Características Modelos -2logL PD 1 225856460 PD 2 225737248 PD 3 225641172 P365 1 254148502 P365 2 254131370 P365 3 253983310 P550 1 281928618 P550 2 281928618 P550 3 281840288 PMD 1 143819738 PMD 2 143750828 PMD 3 143718260 PM365 1 156205212 PM365 2 156118138 PM365 3 156070550 PM550 1 177825514 PM550 2 177813380 PM550 3 177780070 Comparação entre modelos (2-1) (3-2) (3-1) (2-1) (3-2) (3-1) (2-1) (3-2) (3-1) (2-1) (3-2) (3-1) (2-1) (3-2) (3-1) (2-1) (3-2) (3-1) LRT 119212** 96076** 215288** 17132** 148060** 165192** 0** 88330** 88330** 68910** 32568** 101478** 87074** 47588** 134662** 12134** 33310** 45444** h2d ± ep 0.551 ± 0.017 0.470 ±0 .020 0.434 ±0 .021 0.598 ±0 .016 0.578 ± 0.018 0.547 ±0.019 0.591 ±0.017 0.591 ± 0.019 0.557 ± 0.020 0.413 ± 0.017 0.350 ± 0.019 0.325 ± 0.020 0.513 ± 0.017 0.457 ± 0.019 0.440 ± 0.020 0.494 ± 0.017 0.472 ± 0.019 0.454 ± 0.020 **(P<0,05); -2log L: função de máxima verossimilhança; LRT: teste de razão de verossimilhança. O teste de razão de verossimilhança comprovou diferença significativa (P<0,05) entre os três modelos estudados, evidenciando a importância de se incluir os efeitos maternos (genético materno e ambiente permanente materno) nas análises para características de crescimento. Por meio deste teste também foi possível notar que o modelo 3 considerando o efeito genético materno e a covariância entre os efeitos diretos e maternos igual a zero, foi o mais adequado para estimar as herdabilidades das características estudadas. Uma vez que foi possível observar um aumento no valor da função de verossimilhança, bem como maiores erros padrões nas estimativas de herdabilidade, quando a covariância entre os efeitos genéticos diretos e maternos 108 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 foi incluída. Mercadante et al. (2003), testando diferentes modelos para P550 e peso à seleção de machos e fêmeas como um só caráter, em animais da raça Nelore, concluíram que o melhor modelo para estas características inclui não apenas o efeito genético direto, mas também o de ambiente permanente materno. Cyrillo et al. (2004) destacaram também que a inclusão do efeito de ambiente permanente materno no modelo, além do efeito genético direto, foi suficiente para ajustar a variação de ambos os efeitos maternos, em pesos de animais machos Nelore até 13 meses de idade. Em modelos testados pelo LRT neste estudo, via máximo função de verossimilhança para o modelo mais completo -2LogL, as estimativas de herdabilidade obtidas presentes na tabela acima, são de magnitudes moderada a alta. Assim como para o peso aos 365 dias de idade bem como outras características, as estimativas de herdabilidade do peso aos 550 dias decresceram de 0,59 no modelo 1 para 0,55 no modelo 3. CONCLUSÕES A importância da inclusão dos efeitos genéticos maternos e de ambiente permanente materno nos modelos para estimação de parâmetros genéticos para características de crescimento de bovinos de raça Brahman foi evidente. A seleção para peso ao desmama dessa raça pode ser eficiente, visto que o peso tomado nesta idade é um importante critério de seleção. REFERÊNCIAS CYRILLO, J.N.S.G.; ALENCAR, M.M.; RAZOOK, A.G. et al. Modelagem e estimação de parâmetros genéticos e fenotípicos para pesos do nascimento à seleção (348 dias) de machos Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1405-1415, 2004. Hogg RV, Craig AT. Introduction to Mathematical Statistics. New Jersey: Prentice Hall; 15 ed. p.564, 1995. MERCADANTE, M.E.Z; PACKER, I.U.; RAZOOK, A.G. et al. Direct responses to selection for yearling weight on reproductive performance of Nelore cows. Journal of Animal Science, v.81, p.376-384, 2003. MEYER, K. WOMBAT - A tool for mixed model analyses in quantitative genetics by restricted maximum likelihood. Journal of Zhejiang University SCIENCE B, v.8, n. 11, p.815821, 2007. 109 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 EXTRATO DE PRÓPOLIS NO CONTROLE DO Penicilliumsp. E NA QUALIDADE DE SEMENTES DE COUVE-FLOR Emanuele Possas de Souza*¹; Fernando Henrique Benatto Perino²; Bruno Salvat Moscato²; Pâmela Gomes Nakada Freitas¹; Sílvia Blumer². ¹Universidade Estadual Paulista/ Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (UNESP/FCAT); Departamento de Produção Vegetal; Dracena-SP; Brasil. *[email protected] ²Faculdades Gammon (FUNGE); Departamento de Produção Vegetal; Paraguaçu Paulista-SP; Brasil. RESUMO Atendendo a demanda mundial por alimentos de melhor qualidade e isentos de agrotóxicos, meios alternativos vêm sendo estudados para o controle de fungos. Os fungos do gênero Penicillium sp são conhecidos como fungo de armazenamento que degradam a reserva das sementes diminuindo sua viabilidade. Diante disso, objetivou-se avaliar o efeito de soluções do extrato de própolis no controle do fungo Penicilliumsp. in vitro e na qualidade fisiológica de sementes de couve-flor após o tratamento. Os tratamentos consistiram de concentrações de 0, 5, 10 e 20% de extrato de própolis. O estudo foi dividido em duas etapas. Na primeira verificou-se o efeito das soluções de extrato de própolis no desenvolvimento do fungo in vitro, e na segunda a qualidade fisiológica das sementes de couve flor tratadas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado para as duas etapas, com sete e seis repetições, respectivamente. As características avaliadas foram: crescimento micelial, germinação, primeira contagem de germinação, comprimento de parte aérea e raiz de plântulas de couve-flor. Solução de extrato de própolis a concentração de 20% impede o desenvolvimento do fungo Penicilliumsp. in vitro e não afeta a qualidade fisiológica de sementes de couve flor. PALAVRAS-CHAVE: Brassicaoleraceavar botrytis;tratamento de sementes;controle alternativo. INTRODUÇÃO Com o crescimento da demanda por alimentos orgânicos, produtores adotam defensivos alternativos para o controle de fungos fitopatogênicos. Um dos desafios é encontrar uma opção para o tratamento de sementes, já que a maioria comercializada, encontram-se revestidas com agrotóxicos. A própolis compõe propriedades terapêuticas e antibióticas, a qual já foi testada no combate a microrganismos (VIEIRA et al., 2010). Esses mesmos autores trataram sementes de feijão com soluções de extrato de própolis e,detectaram eficiência no controle de vários fungos. As olerícolas vêm se destacando no setor do agronegócio brasileiro, sobretudo com participação dos agricultores familiares (MORAIS et al., 2010), os quais tem buscado a produção de espécies mais valorizadas, dentre elas a couve-flor. Estes, do segmento dos orgânicos, tem tido dificuldades de encontrar no mercado, sementes isentas de agrotóxicos, devido a facilidade 110 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 de perdas da qualidade das sementes, devido ao ataque de fungos de armazenamento, a exemplo o Penicillium sp. Diante deste cenário, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de soluções do extrato de própolis no controle do fungo Penicilliumsp. invitro, e, naqualidade fisiológica de sementes de couve-flor após o tratamento. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em duas etapas, sendo a primeira no Laboratório de Microbiologia e a segunda no Laboratório de Sementes da Faculdade Gammon, localizada em Paraguaçu Paulista-SP, no período de agosto de 2014 a março de 2015. Na primeira etapa foi estudado soluções de extrato de própolis no controle do fungo Penicilliumsp. in vitro. Os tratamentos consistiram de soluções de extrato de própolis nas concentrações de 0, 5, 10 e 20% do produto Propomax®, incorporado ao meio BDA (Batata-Dextrose-Ágar), e vertido em placas de Petri. O isolado do fungo foi inoculado nestas placas, as quais permaneceram por sete dias sob temperatura ambiente a 25ºC e fotoperíodo de 12 horas de luz para desenvolvimento do fungo. Após esse período, foi medido o crescimento micelial do fungo com auxílio de uma régua, expresso em centímetros. Na segunda etapa foi feito o tratamento de sementes de couve flor da cultivar Bola de Neve com as mesmas concentrações citadas anteriormente com extrato de própolis. As sementes foram tratadas, agitando-se por cinco minutos (ASSIS et al., 2012),com as mesmas concentrações do extrato de própolis. Retirou-se o excesso da solução, e em seguida foram colocadas sobre papel toalha permanecendo em câmara fria por um dia para secagem. As características avaliadas foram: germinação e vigor (primeira contagem de germinação e comprimento da parte aérea e raiz). Para o teste de germinação e primeira contagem de germinação adotou-se a metodologia de Brasil (2009). Para avaliação do comprimento de parte aérea e raiz, foram amostradas 10 plântulas normais do teste de germinação medidas com auxílio de uma régua, expresso em centímetros (GUEDES et al., 2013). Nas duas etapas do estudo o delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado com sete e seis repetições, primeira e segunda etapa, respectivamente. 111 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5% de probabilidade, e em caso de significância, as médias foram comparadas através da análise de regressão, ao mesmo nível de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na primeira etapa do experimento houve diferença significativa quanto ao crescimento micelial do fungo (Figura 1). Quanto maior a concentração de própolis, menor foi o crescimento micelial. Na concentração de 20% não houve desenvolvimento do fungo. O provável motivo é a concentração de flavonóides contida na própolis, que tem efeito antimicrobiano (LONGHINI, 2007). Vieira et al. (2010) também verificaram controle de alguns fungos fitopatogênicos como Alternaria spp., Aspergilusspp, Cladosporiumspp., Crescimento micelial (cm) Coletotrichumspp. com o uso do extrato. 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 y = -0.1507x + 2.976 R² = 0.9567 0 5 10 15 20 Solução de própolis (%) 25 Figura 1. Crescimento micelial do fungo Penicilliumsp.desenvolvidoin vitro em função de diferentes soluções de extrato de própolis. Paraguaçu Paulista, 2014. Na segunda etapa do trabalho não houve diferença significativa entre os tratamentos quanto à qualidade fisiológica das sementes: primeira contagem de germinação, porcentagem de germinação, plântulas anormais, comprimento de parte aérea e raiz (Tabela 1). Estudo realizado por Vieira et al. (2010) também não detectaram efeito sobre a qualidade fisiológica de sementes de feijão. Tabela 1. Primeira contagem de germinação (PCG), germinação (G), plântulas anormais, comprimento de parte aérea (CPA) e raiz (CR) em função do tratamento de sementes de couve flor com diferentes soluções de extrato de própolis. Paraguaçu Paulista, 2014. PCG* G* Anormais* CPA * CR* Dose (%) (%) (%) (cm) (cm) 0 83 85 12 5,2 5,1 5 82 87 11 5,5 5,1 10 82 88 9 5,3 4,5 112 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 20 Média CV (%)** 82 82 8,2 83 86 8,0 14 12 44,5 5,2 5,3 5,2 5,2 4,9 10,5 *Não significativo a 5% de probabilidade. **Coeficiente de variação. CONCLUSÕES Solução de extrato de própolis a concentração de 20% impede o desenvolvimento do fungo Penicillium sp. in vitro, e, não afeta a qualidade fisiológica de sementes de couve flor. REFERÊNCIAS ASSIS, M.O.; RODRIGUES, B.R.A.; DAVID, A.M.S.S.; CANGUSSÚ, L.V.S.; MOTA W.F. Potencial fisiológico de sementes de coentro e resposta ao tratamento com fertilizante à base de zinco e molibdênio. Horticultura Brasileira v.30, S7867-S7874. 2012. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília: Mapa/ACS, 2009. 399p. GUEDES, R.S.; ALVES, E.U.; COSTA, E.M.T.; SANTOS-MOURA, S.S.; SILVA, R.S.; LONGHINI, R.; RAKSA, S. M.; OLIVEIRA, A. C. P.; SVIDZINSKI, T. I. E., FRANCO, S. L. Obtenção de extratos de própolis sob diferentes condições e avaliação de sua atividade antifúngica. Revista Brasileira Farmacogn. Braz J. Pharmacogn. 17(3): Jul./Set. 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbfar/v17n3/14.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2014. MORAIS JÚNIOR, OP; CARDOSO, AF; LEÃO, EF; PEIXOTO, N. Desempenho de híbridos de verão de couve-florde verão em Ipameri-GO. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2358 Disponível <http://www.abhorticultura.com.br/eventosx/trabalhos/ev_4/a2514_t4889_comp.pdf>. em: Acesso em: 30 nov. 2014. VIEIRA, G. H. da C.; DARDANI, P.; ANDRADE, W. da P.; BARBOSA, C. A. F. 044-Efeitos do extrato de própolis sobre a qualidade sanitária e fisiológica de sementes de feijão. Resumos do III Seminário de Agroecologia de MS. Cadernos de Agroecologia, Vol5 N.1, 2010. Disponível em: <http://www.aba- agroecologia.org.br/revistas/index.php/cad/article/view/10170/6843>. Acesso em: 27 nov. 2014. 113 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 GASTOS COM A FEIRA LIVRE DE DRACENA Bruna Romanini de Oliveira*¹; Agatha Argioli1; Francielle Viana Gomes1; Etiénne Groot2. ¹Discente Unesp de Dracena ²Docente Unesp de Dracena. *[email protected] RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar os gastos de diferentes tipos de consumidores que frequentam a feira livre de Dracena – SP. Os dados foram obtidos através da aplicação de um questionário. A média dos gastos foi estimada em R$40,70 por semana. Observou-se que os consumidores com menos de 25 anos de idade, os de menor renda familiar e que vão à feira por outras razões – não a busca de mantimentos, são os que apresentam menor gasto. Em relação aos demais tipos de consumidores, os gastos não diferiram significativamente. PALAVRAS-CHAVE: consumidores, preferências, comercialização. INTRODUÇÃO Atualmente temos o conhecimento de que o padrão alimentar de cada indivíduo pode definir seu estado de saúde, bem como o crescimento e desenvolvimento durante a vida toda (WHO/FAO,2003). A busca de alimentos de boa qualidade – e mais acessíveis financeiramente – aumenta ainda mais a importância das feiras livres, presentes em praticamente todas as cidades do Brasil. No Brasil, existem índices que registram as tendências de consumo em estabelecimentos de autos serviços (supermercados e hipermercados), publicados pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS, 2015). Por outro lado, existe uma carência de informações sobre as tendências de consumo em outros canais de comercialização, como é o caso das feiras livres. Neste sentido, o presente estudo objetiva avaliar os gastos dos consumidores que frequentam a principal feira livre de Dracena. Segundo o IBGE (2015), Dracena é um município do oeste paulista, fundado em 1945. Atualmente, a sua população é estimada em 45.847 pessoas.A cidade conta com 3 feiras livres, que ocorrem em diferentes locais e dias da semana. A principal feira livre, que é foco deste trabalho, ocorre todas as quartas-feiras pela tarde/noite numas das principais vias da cidade. Dita feira livre completou 20 anos em agosto de 2015 (PORTAL REGIONAL, 2015). 114 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 MATERIAL E MÉTODOS Para a realização do estudo, foram feitas entrevistas pessoais abordando consumidores que frequentavam a feira livre de Dracena. Durante a abordagem, os entrevistados foram informados sobre a impessoalidade da publicação dos resultados. O anonimato do consumidor favorece a qualidade de suas respostas. As entrevistas foram realizadas com o auxílio de um questionário estruturado contendo questões referentes às características sociodemográficas dos entrevistados e sobre os seus gastos com a feira. As entrevistadoras são alunas do curso de zootecnia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,Campus de Dracena.O trabalho desenvolveu-se sob a supervisão de um professor. As entrevistas ocorreram em agosto de 2015 no horário da feira, das 17h às 21h. Os entrevistados foram abordados ao acaso. Os dados coletados foram organizados em uma planilha do Excel e os contrastes dos gastos foram analisados aplicando o teste de Tukey. RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela 1 contém os principais resultados do estudo. No total, 95 pessoas foram entrevistadas. Em média, cada entrevistado gasta R$ 40,70 por semana na feira livre de Dracena. Este valor pode ser considerado alto se comparado com os gastos observados na feira de Chapada Gaúcha – MG, que oscila de R$ 10,00 a R$ 20/feira (Brandão et al., 2015). O maior gasto em Dracena pode ser explicado pela grande diversidade de produtos para a compra: quando maior o número de produtos, maior o gasto. Os gastos em Dracena se aproximam aos gastos na Região Metropolitana de São Paulo, que é em média R$ 35,66/feira (Viebiget al., 2015). Habitualmente, as mulheres são as responsáveis pelas decisões de compra de alimentos em casa. No presente estudo observou-se que as mulheres gastam pouco mais com a feira de Dracena que os homens, embora não haja diferença estatística. Rocha et al. (2010) observaram algo semelhante. A possível explicação da semelhança de gastos está nas estruturas familiares. Assim como as mulheres têm ganhado espaço no mercado de trabalho, homens e mulheres tem dividido a tarefa de compra os alimentos na feira. Em diversos casos o nível de estudos determina os diferentes comportamentos de compra dos consumidores. No caso do gasto na feira livre de Dracena, o nível de estudos do consumidor não apresenta influência. Também não foram encontradas diferenças significativas entre os gastos dos consumidores regulares (os que vão todas as semanas) e esporádicos. A feira se realiza no centro da cidade. Embora não haja diferença estatística, os consumidores que vivem no centro da cidade gastam ligeiramente menos na feira que os que 115 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 vivem nos bairros. Esta observação justifica-se pelo menor custo (de deslocamento e tempo) em ir à feira dos consumidores do centro. Tabela 1.Gastos semanais com a principal feira livre de Dracena. Gênero do consumidor R$/semana a Masculino 38,33 Feminino 42,62a Idade do consumidor Menos de 25 anos R$/semana Em Dracena, no centro 38,11a Em Dracena, nos bairros 44,32a Nível de estudos do consumidor R$/semana Primário 40,33a b Secundário 39,29a Universitário 41,12a 27,71 47,97 50 anos ou mais 49,00b R$/semana a Até 3 pessoas 38,14 4 pessoas ou mais 45,03a Renda familiar R$/semana a De 25 a 50 anos Número de pessoas na moradia Onde o consumidor mora R$/semana Frequência que vai à feira R$/semana Regularmente 42,50a Esporadicamente 38,48a Razão principal pelo qual vai à feira R$/semana Até 2.000 reais/mês 33,11a Comprar comida 47,90a De 2.000 a 4.000 reais/mês 42,12ab Outras razões 31,79b 4.000 reais/mês ou mais 52,32b Média geral 40,70 reais por semana Obs. As médias de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. As maiores diferenças nos gastos foram observadas quanto à idade do consumidor, renda familiar e razão de ir à feira. Os consumidores jovens, com menos de 25 anos, aqueles em que a razão principal não é comprar mantimentos (no questionário: para comer ou para encontrar conhecidos ou para sair de casa) e aqueles com menor renda familiar possuem os menores gastos na feira da cidade. Outro aspecto avaliado no estudo foi se o número de pessoas na moradia interferia nos gastos com a feira. O resultado observado não foi o esperado. Esperava-se que com o aumento de pessoas na moradia, a compra de alimentos na feira também aumentaria. O que se observou foi um pequeno aumento, mas sem significância estatística. CONCLUSÕES As feiras são espaços de grande relevância no país, pois através delas a população pode ser abastecida com produtos frescos, muitas vezes produzidos na região. O presente estudo objetivou avaliar os gastos com a principal feira livre de Dracena, localizado no oeste paulista. Os primeiro aspecto levantado foi o gasto médio dos consumidores dracenenses, que é comparável ao dos consumidores da Região Metropolitana de São Paulo. Este aspecto é de 116 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 grande relevância porque sugere que a feira tem oferecido boa gama de produtos aos consumidores. Para futuros trabalhos é de grande relevância avaliar a procedência dos produtos comercializados na feira, se são regionais ou não. Alguns produtos trazidos de outras regiões poderiam contar com políticas de produção local. Não há de se esquecer de que as feiras representam um importante canal de comercialização aos produtores rurais, principalmente os de pequeno porte. O presente estudo detectou dois tipos de consumidores da feira. Um voltado para o abastecimento de seus lares e outro que busca um local para interagir com as pessoas. É preciso que a gestão pública leve em consideração estas duas funções da feira ao desenvolverem políticas para a feira livre da cidade. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SUPERMERCADOS (ABRAS). Disponível em: http://www.abras.com.br/. Acesso em: 04/09/2015. BRANDÃO, A.A. et al.Perfil socioeconómico dos consumidores de hortaliças em feiras libres na microrregião de Januária. Horticultura Brasileira, 33: 119 – 124. PORTAL REGIONAL. Feira noturna de Dracena as quartas, completa 20 anos. Disponível em: http://www.portalregional.net.br/noticias/?id=67805. Acesso em: 04/09/2015. ROCHA, H.C. et al. (2010) Perfil socioeconómico dos feirantes e consumidores da Feira do Produtor de Passo Fundo, RS. Ciência Rural, Santa Maria, Online. 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cr/2010nahead/a801cr1599.pdf. Acesso em: 01/09/2015. VIEBIG, R.F. et al. Feiras livres da Região Metropolitana de São Paulo: comportamento do consumidor. EFDeportes.com, Revista Digital – ano 20, nº 204. 2015. Disponível em: http://www.efdeportes.com/efd204/feiras-livres-comportamento-do-consumidor.htm. Acesso: 04/09/2015. WORLD HEALTH ORGANIZATION/ FOOD e AGRICULTURAL ORGANIZATION (WHO/FAO) Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases.WHO TechnicalReport Series 916, 2003. Disponível http://www.who.int/dietphysicalactivity/publications/trs916/en/gsfao_introduction.pdf. em: Acesso em: 01/09/2015. 117 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 INFLUÊNCIA DAS LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM VARIÁVEIS DE PRODUTIVIDADE DE CAPIM – MOMBAÇA Jean Claudio Queiroz Cardoso1; Gabriel Ribeiro Ferrairo1; João Paulo Basaglia Freschi1; Brhaian Dejesús Jiménes Garcia1; Ronaldo Cintra Lima1. ¹FCAT – UNESP Dracena. *[email protected] RESUMO O trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de lâminas de água, doses de adubação com nitrogênio e sua interação sobre a produtividade do capim-Mombaça. O experimento foi realizado no campo irrigado da FCAT-UNESP Dracena, em delineamento de blocos ao acaso com quatro repetições, em esquema fatorial 5x4. Foram consideradas variáveis fisiológicas e de produtividade. Foi realizada análise de variância e subsequente teste de médias para as variáveis que apresentaram efeito significativo. Foram identificados efeitos significativos de interação Lâmina x Dose para IC (índice de clorofila) e DPE (Diâmetro polar de estômato). Foram detectados efeitos de Lâmina de Irrigação para característica agronômica MS (Massa seca). Para o fator dose de adubação com Nitrogênio, foram detectados efeitos para as características agronômicas AL (Altura de planta) e MS (Massa seca). Para fins de produção de forragem, a lâmina de irrigação de 70% juntamente com adubação de 100 ou 150 kg.ha-1 conduziram à maior produtividade de massa seca. PALAVRAS-CHAVE: Manejo de irrigação; forragem; capim-Mombaça. INTRODUÇÃO No Brasil as pastagens estão em sua grande maioria submetidas a solos de baixa fertilidade e de manejo inadequado o que resulta em desenvolvimento e produtividade abaixo do esperado, necessitando então a aplicação de nutrientes com o intuito de realizar exploração animal mais eficiente (Gargantini, 2005). Dentre os macronutrientes o N desempenha importância fundamental por participar no processo da fotossíntese vegetal atuando na molécula de clorofila, além de ser constituinte das proteínas. Com isso se faz preciso o uso de tecnologias que visam melhorar a produtividade e qualidade das forrageiras. Neste aspecto destaca-se a necessidade de estudos adequados para o correto dimensionamento do sistema de irrigação e qual a melhor lâmina de irrigação a ser aplicada, relacionados ou não com uso de corretivos, adubação de base 118 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 e adubação de cobertura como no caso o nitrogênio, que participa diretamente no metabolismo da planta. Segundo Steinglein et al. (2005) torna-se de vital importância à avaliação de variáveis fisiológicas de forma a melhor entender sua relação com fatores de nutrição e disponibilidade de água. Este trabalho foi, então, realizado com o objetivo de estudar o efeito das lâminas de água e doses de nitrogênio e sua interação sobre a produtividade e sobre características morfofisiológicas do capim Mombaça. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido com a forrageira capim-Mombaça na Área Experimental Irrigada da FCAT – UNESP - Dracena – SP, implantado em 20/02/2015 e primeiro corte em 15/07/2015. Foi considerado delineamento de blocos ao acaso, 4 repetições, em esquema fatorial 5x4 com parcelas de 9m2. Foram avaliadas 5 lâminas de irrigação (ETo padrão = 100%) sendo, L1 (130%); L2 (100%); L3 (70%); L4 (30%) e L5 (0%), adotou coeficiente de cultura (Kc) igual a 1,0, e o tratamento secundário composto por 4 doses de nitrogênio (N): 0; 50, 100 e 150 kg.ha-1 por corte, e foram analisadas lâminas da parte abaxial das folhas tratadas com potássio, sendo todas observadas em microscópio óptico Olympus modelo BX 43. As fotos foram utilizadas para as medições dos parâmetros anatômicos por meio do programa de análise de imagens cellSens Standard, segundo metodologia descrita por Pereira et al. (2008). As variáveis avaliadas foram: índice de clorofila (IC), número de estômatos por milímetro quadrado da face abaxial da folha (NE), distância polar de estômatos da face abaxial da folha (DPE), distância equatorial de estômatos da face abaxial da folha (DEE). A altura de planta (AL) foi medida em campo. A forragem foi colhida, identificada, pesada, e encaminhada ao Laboratório de análise Morfofisiológica Vegetal da FCAT – UNESP Dracena, para determinação da massa seca (MS), segundo metodologia descrita por Silva & Queiroz (2002). Os dados foram submetidos à análise de variância e subsequente de comparação de médias (p<0,05). Todas as análises estatísticas foram procedidas por meio de rotinas desenvolvidas pelos autores no Software livre R. RESULTADOS E DISCUSSÃO O resultado ANOVA para as variáveis fisiológicas e de produtividade estão apresentados na Tabela 1. Dose de adubação com nitrogênio foi significativo para as variáveis altura de planta (AL) e massa seca (MS). O fator Lâmina de irrigação foi significativo para MS e IC. Para os fatores que mostraram significância pelo teste F, foram procedidos os respectivos 119 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 testes de média (Tabela 2). Adicionalmente, o fator interação foi significativo para as características IC e DPE, devendo cada combinação de fatores ser avaliada individualmente. Para NI; L3D3 = 28,83 e L3D4 = 26,17 apresentam maiores médias seguidas apenas de uma letra, por meio do teste de Tukey (p<0,05). Para a característica DPE, o mesmo foi observado com L4D3 = 29,03 e L5D2 = 28,73. Tabela 1. Resumo da ANOVA para as Variáveis Fisiológicas e de Produtividade. QM – Quadrado médio do resíduo; g.l. – grau de liberdade do resíduo. QM FV Dose 3 Var. Fisiológicas IC NE DPE 1,05x10-9 565,50*** 0,88 ns Lâmina 4 360,70*** g.l. Interação 12 42,40** Resíduo 60 16,10 1,44x10-9 ns 2,38x 10-9 ns 1,37x10-9 ns DEE Var. Produtividade AL MS 9,12 ns 536,70*** 210439,29*** 25,82*** 7,53 ns 102,00 ns 9892,65*** 10,31** 6,54 ns 54,00 ns 1420,26 ns 3,51 3,71 79,00 1642,49 63,88 13,06 1930,22 21,00 Média 17,05 1,97x10-4 25,84 17,49 CV (%) 23,56 18,77 7,25 11,02 ns *** - (p<0,001); ** - (p<0,01); * - (p<0,05); – (p≥0,05). Tabela 2. Teste Tukey para comparação de médias dos fatores Lâmina de Irrigação (A) e Dose de Adubação com nitrogênio (B). Estão apresentadas apenas as variáveis cujos efeitos mostraram significância na ANOVA. (A) Lâminas L1 L2 L3 L4 L5 (B) MS 1797,00 b 1823,00 b 2365,00 a 1905,00 b 1762,00 b Dose D1 D2 D3 D4 AL 43,10 c 58,80 b 74,35 a 79,30 a MS 544,50 d 1800,00 c 2501,00 b 2876,00 a * Médias com letras diferentes na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). Para a característica de produtividade MS, ambos os fatores foram significativos. Para essa característica, a lâmina de irrigação de 70% foi a que proporcionou melhor resultado, diferente estatisticamente de todos os demais, com produtividade de 2365,00 kg.ha-1. Para essa 120 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 mesma característica, a dose de adubação nitrogenada de 150 kg.ha-1 também conduziu à maior média de produtividade 2876,00 kg.ha-1. Com relação à característica altura, as doses de adubação de 100 e 150 kg.ha-1 apresentaram maiores alturas, estatisticamente iguais, 74,35 e 79,30cm. CONCLUSÕES Foram identificados efeitos significativos de interação Lâmina x Dose para IC e DPE. Foram detectados efeitos de Lâmina de Irrigação para característica agronômica MS. Para o fator dose de adubação com Nitrogênio, foram detectados efeitos para as características agronômicas AL e MS. A lâmina de irrigação de 70% juntamente com adubação de 100 ou 150 kg.ha-1 conduziram à maior produtividade de massa seca de capim-Mombaça. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro da PROPe; PROEX e FCTA-UNESP. REFERÊNCIAS GARGANTINI, P.E. Irrigação e adubação nitrogenada em capim mombaça (Panicum maximum jacq) na região oeste do Estado de São Paulo. Ilha Solteira, 2005. 85p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Faculdade de Engenharia da UNESP. PEREIRA, F.J.; CASTRO, E.M.; SOUZA, T.C.; MAGALHÃES, P.C. Evolução da anatomia radicular do milho 'Saracura' em ciclos de seleção sucessivos, Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 12, p.1649-1656, 2008. R Core Team (2015). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL http://www.R-project.org/ SILVA, D.J., QUEIROZ, A. C. Análise de Alimentos (métodos químicos e biológicos). 3. ed. Viçosa: Imprensa Universitária da Universidade Federal de Viçosa. 2002. STENGLEIN S.A.; ARAM BARRI A.M.; CARMEM M. D.; SEVILLANO M.; BALATTI P.A. Leaf epidermal characters related with plant’s passive resistance to pathogens vary among accessions of wild beans Phaseolus vulgaris var. aborigineus (LeguminosaePhaseoleae). Flora-Morfhology, Distribution, Functional Ecology of Plants, v. 200, p. 285295, 2005. 121 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 INFLUÊNCIA DO TRATAMENTO ANTI-HELMÍNTICO NO DESEMPENHO E TERMINAÇÃO DE VACAS DE DESCARTE SUPLEMENTADAS A PASTO Osvaldo Alex de Sousa*¹; Pedro Fernando Santi1; João Victor Tino Dellaqua¹; Daniele Floriano Fachiolli2; Ricardo Velludo Gomes de Soutello3. ¹Discente do curso de Zootecnia/Unesp-Dracena 2Mestranda em Ciências e Tecnologia Animal – UNESP/Campus de Dracena 3Docente do curso de zootecnia/Unesp-Dracena *[email protected] RESUMO O trabalho realizado teve como objetivo investigar o efeito do tratamento anti-helmíntico no desempenho de vacas descartes. Foram avaliados 60 animais divididos em três grupos de 20 vacas: Dois grupos serão tratados com anti-helmíntico diferentes (endectocida e convencional) enquanto um grupo controle receberá apenas a solução fisiológica. Os anti-helmínticos e a solução fisiológica serão administrados por via subcutânea nas doses recomendadas pelos fabricantes: G1- Levamisol (RIPERCOL*L®) 1mL/40kg/PV; G2- Moxidectina (CYDECTIN®) 1mL/50kg/PV; G3- Controle (solução fisiológica) 1 mL/45kg/PV. Fezez foram coletadas para contagem de ovos por grama de fezes (OPG) de cada um dos animais, uma coleta a cada 28 dias, junto com a coleta de fezes pesagem foram realizadas para análise de ganho de peso dos tratamentos. Não houve diferença estatística de contagem de OPG e ganho de peso entre os tratamentos avaliados. Ambos os grupos apresentaram baixa contaminação ao longo do experimento, sugerindo que quando criadas em condições de conforto vacas multíparas de corte hígidas não necessitariam de tratamento anti-helmíntico. Palavras – Chave: Bovinos; Helmintos gastrointestinais. INTRODUÇÃO A pecuária voltada para a produção de carne vem sofrendo sucessíveis alterações na rentabilidade, essas consequências ocorrem devido ao aumento constante nos custos de produção e variações do preço da carne. O sucesso da bovinocultura de corte perante outras atividades agropecuárias depende da eficiência da estratégia escolhida, redução de custos e bom planejamento, garantindo assim uma maior lucratividade (SAMPAIO et al., 2001). Dentre os fatores que contribuem para o baixo índice de produtividade da bovinocultura, a verminose ocupa um lugar de destaque e tem sido apontada como um dos importantes pontos de estrangulamento dos sistemas de produção de bovinos de corte e de leite (BIANCHIN; MELO, 1985). Os danos causados por helmintos são difíceis de serem mensurados, porém estima-se que animais que não foram submetidos a tratamentos com anti-helmíntico têm desempenho de 30 a 70 kg/ano inferior ao dos que recebem medidas profiláticas, nas condições de Brasil central (PINHEIRO, 1985; ZOCOLLER et al., 1995; BIANCHIN, 1996; SOUTELLO et al., 2001). Estimam que o controle ineficiente pode ocasionar perdas de aproximadamente 68.000.000,00 de dólares/ano somente na região centro-oeste do Brasil (HONER & BIANCHIN; 1987). 122 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Por ser considerada uma categoria de baixa eficiência alimentar no sistema produtivo de bovinos de corte, as vacas eliminadas do rebanho de cria (vacas de descarte), normalmente são terminadas em pastagens nativas, que apresentam grande variação qualiquantitativa durante o ano, o que não proporciona o adequado desempenho e grau de acabamento da carcaça (3 a 6 mm de gordura de cobertura) exigido pelos frigoríficos (Moura, 2013). No Brasil ainda há uma carência de trabalhos que correlacionem aspectos parasitários e nutricionais, principalmente em vacas de descarte após o parto em sistema de pastejo convencional. Investigações científicas nesse sentido são de grande valia para a obtenção de melhores resultados de desempenho dessa categoria, a fim de torná-la mais eficiente. Sendo a terminação uma fase importante dentro do sistema de produção na bovinocultura de corte, onde o estresse pode resultar negativamente no processo de engorda e na carga parasitária deste animal após o desmame dos bezerros. Desta forma, é importante analisar o desempenho dessa categoria de animais avaliando se há necessidade da utilização de anti-helmíntico em vacas descarte. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido entre os meses de agosto a dezembro de 2014 na Fazenda Santa Luzia localizada no município de Castilho- SP (Oeste Paulista), conveniada com a UNESPCampus de Dracena. Utilizou – se 60 fêmeas bovinas da raça Nelore (Bos taurus indicus) recém desmamadas, com média de 72 meses de idade, distribuídas em três grupos tratados e não tratados com 20 animais em cada grupo. Dois grupos tratados com anti-helmíntico diferentes (endectocida e convencional) enquanto um grupo controle recebeu apenas a solução fisiológica. Os anti-helmínticos e a solução fisiológica foram administrados por via subcutânea nas doses recomendadas pelos fabricantes: G1- Levamisol (RIPERCOL*L®) 1mL/40kg/PV; G2Moxidectina (CYDECTIN®) 1mL/50kg/PV; G3- Controle (solução fisiológica) 1 mL/45kg/PV. As vacas permaneceram em mesma pastagem com taxa de lotação de 1 UA/ha, formada por Brachiaria decumbens, durante 120 dias, recebendo água à vontade e suplementada com 0,3% peso vivo de ração por dia. Analise coproparasitologicas: foram realizadas coletas de fezes a cada 14 dias, sendo uma delas realizada antes do dia zero do experimento (pré teste) para diagnostico do rebanho, todas as amostras de fezes serão coletadas diretamente do reto do animal, sendo realizadas as contagem de ovos por grama de fezes (OPG), de acordo com a técnica de Gordon & Whitlock (1939) para avaliar o grau de infecção e tempo de reaparecimento de ovos, as amostras foram submetidas ao exame fecal de Willis (1927), e posteriormente, realizada uma coprocultura para cada grupo, segundo a metodologia de ROBERTS e O´SULLIVAN (1950). As larvas infectantes obtidas foram identificadas de acordo com Keith (1953) com intuito de estabelecer a fauna helmíntica dos hospedeiros. Os anti-helmínticos e placebo foram administrados no dia zero do experimento. Análises de desempenho: para avaliar o desempenho dos grupos será feita pesagens individuais no início e final do experimento (120 dias). Na chegada ao frigorifico será feita uma terceira pesagem para cálculos de perdas durante o transporte. Análises estatística: usou – se um delineamento inteiramente casualizado (DIC), e após coleta de dados, aplicou-se o teste de Tukey a 5%. 123 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão apresentados os valores médios de ovos por gramas de fezes (OPG) dos animais, contendo dois grupos tratados e um controle. Para as variáveis ovos por grama de fezes não foi apresentado efeito significativo (P>0,05) entre os tratamentos. Anti-helmíntico Grupo Pré-teste OPG 1 OPG 2 OPG 3 Ripercol G1 136.20 134.50 5.17 25.90 Cydectin G2 127.60 77.60 0 3.45 Placebo G3 93.10 77.60 0 25.90 180.642 160.779 11.814 48.287 Desvio padrão combinado Os valores resultantes de ovos por grama de fezes (Tabela 1) da administração dos antihelmínticos, confirmam que quando bem manejada não há necessidade de medidas profiláticas contra a verminose, desde que os animais estejam livres de estresse e má nutrição, concordando com Viana et al (2009). Tabela 2 – Médias de ganho de peso (GP) e desvio padrão combinado dos bovinos tratados com diferentes anti-helmínticos e placebo. Anti-helmíntico Grupo Ganho de peso Ripercol G1 54.56 Cydctin G2 52.04 Placebo G3 45.71 16.864 Desvio padrão combinado Na Tabela 2 estão apresentados os valores médios de ganho de peso (GP), não encontrando valores significativos (P>0,05) entre os animais tratados e não tratados. Assim como no OPG dos animais, o GP não demonstrou diferenças entre os tratamentos. Semelhante a este trabalho, Stromberg et al. (1997) relatam que não houve ganho de peso entre os grupos de vacas multíparas. CONCLUSÕES Conclui-se que quando em situação desafiadora como aleitamento e nutrição debilitada, a categoria sofre influência de infecção helmíntica, porém com a retirada da prole e suplementação os animais mostram-se sem queda de desempenho a infecção helmíntica. REFERÊNCIAS 124 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 BIANCHIN, I.; HONER, M. R. Produção de ovos de vermes gastrintestinais em vacas nelore, durante o período periparto. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1985. Comunicado Técnico, n. 27. BIANCHIN, I. Controles estratégicos dos helmintos gastrointestinais em bovinos de corte no Brasil. A Hora Veterinaria., v. 7, n. 39, p. 49-53, 1987. BIANCHIN, I. Epidemiologia dos nematódeos gastrintestinais em bovinos de corte nos cerrados e o controle estratégico no Brasil. In: Controle dos nematódeos gastrointestinais de bovinos. EMBRAPA, p. 113-156, 1996. BIRGEL, E. H. Hematologia Clínica Veterinária. In: BIRGEL, E. H.; BENESI, F. J. Patologia Clínica Veterinária. São Paulo: Sociedade Paulista de Medicina Veterinária, 1982. p. 2-34. GORDON, H. M., & WHITLOCK, H. V. A new technique for counting nematode eggs in sheep faeces. Journal of Count Science, v. 12, p. 50-2. 1939. HONER, M. R., BIANCHIN, I. Considerações básicas para um programa de controle estratégico da verminose bovina em gado de corte no Brasil. Campo Grande: EMBRAPA/ CNPGC, 1987. 53 p. (Circular técnica, 20). Moura, I.C.F., Kuss, F., Moletta, J.L., Perotto, D., Strack, M.G. & De Menezes, L.F.G. "Feedlot finishing cull cows fed diets with different levels of concentrate", Semina:Ciencias Agrarias, vol. 34, n. 1, p. 399-408, 2013. PINHEIRO, A. C. Custo benefício dos esquemas estratégicos de controle das helmintoses dos bovinos. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 3, 1985, Balneario Camburiú. Anais... Brasilia: EMBRAPA / DDT, p. 153 – 7, 1985. ROBERTS, F. H. S. & O’SULLIVAN, P. J. Methods for egg counts and larval cultures for strongyles infecting the gastro-intrestinal tract of cattle. Australian Journal of Agriculture Research, v. 1, p. 99- 102, 1950. SAMPAIO, A.A.M. et al. Comparação de sistemas de avaliação de dietas para bovinos no modelo de produção intensiva de carne. Suplementação do pasto para vacas na estação seca. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.4, p.1287-1292, 2001. SOUTELLO, R.V.G.; GASPARELLI JÚNIOR, A.G.; MENEZES, C.F.; DOURADO, H. F.; LIMA, M.A.; BAIER, M.O. Ação e importância dos anti-helmínticos em relação a produção de ruminantes. Ciências Agrárias e da Saúde, v. 1, n. 1, p. 55-59, 2001. VIANA, Rinaldo Batista et al. Dinâmica da eliminação de ovos por nematódeos gastrintestinais, durante o periparto de vacas de corte, no Estado do Pará. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinaria, Jabuticabal, v. 18, n. 4, p.49-52, dez. 2009 ZOCOLLER, M.C., STARKE, W.A., VALÉRIO FILHO, W.V. Ganho de peso em fêmeas da raça Guzerá tratadas com diferentes épocas de aplicação de anti-helmínticos. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 9, 1995, Campo Grande. Anais... Campo Grande: CBPV, p. 124, 1985. 125 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 INFLUÊNCIA DOS DIFERENTES NÍVEIS DE SOMBREAMENTO NA PASTAGEM SOBRE O GRAU DE PARASITISMO E DESEMPENHO DE NOVILHOS NA FASE DE RECRIA Renata Tardivo*¹; Juliana Alencar Gonçalves¹; Arthur Fernando Lorena de Almeida¹; Leandro Dias Pinto¹; Ricardo Velludo Gomes de Soutello² ¹Aluno(a) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP, Dracena/SP - Brasil, ²Prof. Dr. da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP, Dracena/SP - Brasil *email: [email protected] RESUMO O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de produção mundial de bezerros, tendo em vista que uma boa alimentação através de forrageiras de qualidade juntamente com um conforto promovido pelo sombreamento no pastejo sobre o Sistema Agrossilvipastoril pode ser uma forma alternativa de controle dos nematódeos gastrintestinais, dos quais pode alterar seu desempenho. Este trabalho teve o propósito de verificar a influência dos diferentes níveis de sombreamento na pastagem sobre o grau de parasitismo e seu desempenho (ganho de peso médio – GPM) de novilhos na fase de recria no sombreamento do Sistema Agrossilvipastoril. Os grupos serão: G1: Integração – Pecuária – Floresta (sem árvores de eucalipto); G2: Sistema Agrosilvipastoril (com árvores de eucalipto plantadas em linhas simples); G3: Sistema Agrosilvipastoril (árvores de eucalipto plantadas em linhas triplas). Neste período foram realizadas pesagens a cada 28 dias para obtenção do ganho de peso médio (GPM) e juntamente a coleta de fezes para a determinação do grau de infecção, que será realizada através da contagem de ovos por gramas de fezes (OPG), para assim determinar o grau de infecção e seu GPM. Observou-se que os bovinos não apresentaram diferença significativa entre os diferentes níveis de sombreamento na pastagem no período avaliado, com médias de OPG 9,3; 303 e 183,7, respectivamente para o G1, G2 e G3. Os animais do G2 (uma linha de eucalipto) apresentaram maior incidência de helmintos, no entanto, não houve uma relação entre o grau de verminose com o GPM no presente estudo. PALAVRAS-CHAVE: Bovinos; Ganho de Peso; Verminose. 126 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 INTRODUÇÃO O Brasil possui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo com 209.790.000 cabeças. Cerca de 85% das cabeças de bovinos abatidas em 2013 foram criadas e terminadas exclusivamente em pastagens (ANUALPEC, 2013). Uma das principais razões para o baixo desempenho do animal é a verminose, os efeitos dos parasitas dependem da intensidade da infecção, levando à anemia, diarreia, menor consumo voluntário, menor capacidade de digerir alimentos e absorver nutrientes, podendo afetar dessa forma baixa condição corporal e consequentemente reduzir o ganho de peso (GP). Os nematóides são os vermes de destaque entre os helmintos, principalmente os gastrintestinais (SOUTELLO, 2001) que de acordo com Pinheiro et al. (1999) e Nicolau et al. (2001) podem causar até a morte dos animais quando estão em grande quantidade, sendo a morbidade a pior situação que um animal pode chegar (caráter crônico da infecção que diminui o desempenho do gado). Tendo em vista que uma boa alimentação através de forrageiras de qualidade juntamente com um conforto promovido pelo sombreamento no pastejo sobre o sistema agrossilvipastoril, pode-se esperar que interfira no desempenho dos animais e uma possível forma alternativa de controle dos nematódeos gastrintestinais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência dos diferentes níveis de sombreamento na pastagem sobre o grau de parasitismo e desempenho de novilhos na fase de recria. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na Agência Paulista de Tecnologia (APTA) de Andradina, parceria feita pela UNESP/ Campus de Dracena. Foram utilizados 58 animais machos da raça Nelore em uma área de 25,5 hectares divididos em 12 piquetes, sendo o delineamento experimental em blocos ao acaso com três grupos e quatro repetições, em pastagem de Urochloa brizantha cv. Marandu. G1: Sistema Integração - Pecuária (sem árvores de eucalipto); G2: Sistema Integração - Lavoura - Pecuária - Floresta (com árvores de eucalipto plantadas em linhas simples, sendo a distância entre linhas de 17 a 21m e entre plantas de 2m – 196 árvores/ha); G3: Sistema Integração - Lavoura - Pecuária - Floresta (com árvores de 127 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 eucalipto plantadas em linhas triplas, possuindo 3m entre linhas, 2m entre plantas e de 17 a 21m entre cada faixa tripla de eucalipto - 448 árvores/ha). A cada 28 dias foram realizadas as pesagens dos animais, com jejum de 16 horas. O GPD foi obtido pela diferença entre a pesagem final e inicial, dividido pelo número de dias do experimento. Os animais foram castrados entre as coletas do outono e do inverno. Coletas de fezes foram realizadas para a determinação do grau de infecção por helmintos, através de contagem de OPG (ovos por grama de fezes) utilizando-se câmara de McMaster (GORDON e WHITLOCK, 1939). Para o cultivo e extração das larvas, foi utilizado o método de Roberts e O’Sullivan (1950), e para posteriores identificações foram utilizada a chave de Keith (1953).Nas analises estatísticas utilizamos o teste Tukey a 5%, no programa Minitab. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias de GP dos grupos sem sombreamento (G1), com uma linha de eucalipto (G2) e três linhas de eucalipto (G3) foram 60,1; 56,2 e 62 kg, respectivamente, ou seja, observou-se que os bovinos não apresentaram diferença significativa (p<0,05) entre os diferentes níveis de sombreamento na pastagem durante o período avaliado para o GP. Tal fato pode ser justificado pela origem étnica dos bovinos (Bos indicus) utilizados, uma vez que este grupo racial apresenta o conforto térmico com intervalo definido entre 10 e 32ºC (CARVALHO et al., 2003). Porém observou-se que no outono as médias GPD dos grupos foram de 0,79; 0,63 e 0,71 kg, respectivamente, já no inverno as médias foram inferiores significativamente (p<0,05), sendo 0,05; 0,20 e 0,18 kg. No entanto, as médias de GPD não diferiram entre os grupos no inverno e no outono, o G2 (5,88 kg) obteve maior GPD quando comparado com o G3 (1,46 kg). O motivo que pode ter levado a queda do GPD é a castração que foi realizada nos animais entre a última coleta do outono e a primeira coleta do inverno. Outro motivo pode ser em relação à disponibilidade e qualidade da pastagem que normalmente é inferior no período do inverno. As médias de OPG do G1, G2 e G3 foram respectivamente 159,3; 303 e 183,7, mostrando que os animais que permaneceram nos piquetes com 1 linha de eucalipto (G2) apresentaram valores de OPG maiores quando comparado com os animais que permaneceram nos piquetes com três linhas de eucalipto (G3) e sem sombreamento (G1), não demonstrando diferença significativa entre eles. Segundo Sotomaior et al. (2009) o sombreamento também pode ser um fator importante que influencia no grau de parasitismo nos animais, pois preserva as condições da pastagem favoráveis para as larvas. 128 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Os gêneros encontrados nas realizações da coprocultura foram: Cooperia ssp., Haemonchus ssp.,Trichostrongylus ssp., e Oesophagostomum ssp., comparando os parâmetros de GPM com os valores do OPG, observou-se que mesmo com animais do G2 diferindo dos outros grupos, as características em relação ao GPM não variaram entre os grupos. CONCLUSÕES Conclui-se que não houve influência do sombreamento, seja em 1 linha ou 3 com eucalipto ou sem sombra, em relação ao GP. Quanto o OPG pode concluir que os animais do G2 (contendo 1 linha de eucalipto), apresentaram maior incidência de helmintos, no entanto não houve uma relação entre o grau de verminose com o ganho de peso nas condições do presente estudo. REFERÊNCIAS ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. FNP, São Paulo, 2013. 357 p. BALBINO, L.C.; CORDEIRO, L.A.M.; PORFIRIO DA SILVA, V. Evolução tecnológica e arranjos produtivos de sistemas de integração de lavoura – pecuária – floresta no Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.46, n.10, p.i-xii, out. 2011. CARVALHO, F.A.N .; B ARBOSA, F.A.; MCDOWELL, L.R. Cromo. Nutrição de bovinos a pasto .Belo Horizonte: PapelForm, 2003. p.357 -359. GORDON, H. McL; WHITLOCK, A. V. A new technique for counting nematode eggs in sheep feces. Journal Council Scientific Industry Research Australia, v. 12, p. 50-52, 1939. KEITH, R. K. The differentiation of the infective larvae of some common nematode parasites of cattle.AustralianJournalofZoology, Victoria, v. 1, n. 2, p. 223-235, 1953. MACEDO, M.C.M.; Integração lavoura e pecuária: o estado da arte e inovações tecnológicas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, p.133 – 146, 2009 (supl. Especial). NICOLAU, C. V. J.; AMARANTE, A.F.T.; ROCHA, G.P. et al. Relação entre desempenho e infecção por nematódeos gastrintestinais em bovinos 52 Nelore em crescimento. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 54, 2001. SOTOMAIOR, C. S.; MORAES, F. P. S.; SOUZA, F. P.; MILCZEWSKI, V.; PASQUALIN, C. A. Parasitoses gastrintestinais dos ovinos e caprinos: alternativas de controle. Curitiba: Instituto Emater, 2009. 36p. Disponível em: <http://www.arcoovinos.com.br/sitenew/ferramenta/imagens/artigos/1.pdf>. Acesso em: 04 set. 2015. 129 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 INTERFERÊNCIA DA QUALIDADE DOS FENOS DE TIFTON E ALFAFA NO PERÍMETRO ABDOMINAL E PESO CORPORAL DE EQUINOS Ana Carolina de Almeida Duarte*¹; Kátia de Oliveira; Denise Tsuzukibashi¹; Mariana Siqueira Araújo; Amanda Mantovani Pereira¹; Giovani Augusto Campos Oliveira¹ ¹Discente do curso de Zootecnia/Unesp-Dracena ²Docente do curso de zootecnia/UnespDracena. *[email protected] RESUMO O trabalho objetivou estudar o efeito da qualidade dos fenos de tifton e alfafa, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, sobre a biometria corporal de cavalos. Foram utilizados seis equinos, com idade entre 6-7 anos e peso corporal médio de 353,83 kg. Os tratamentos consistiram de seis dietas constituídas por concentrado mais volumoso. O volumoso da dieta foi composto pelas combinações de fenos tifton e alfafa e três qualidades de feno (A, B e C). As variáveis mensuradas nos cavalos foram peso corporal (PC) e perímetro do abdômen (PA). Houve efeito significativo (P<0,05) para as variáveis PC e PA para o tipo forrageiro. O grupo de cavalos alimentado com feno de alfafa apresentou menores valores para PC (349,23±39,69 kg), PA (174,27±8,18 cm). Foi possível concluir que o feno de alfafa proporcionou redução no PC e PA, que pode ser explicado pela digestibilidade verificada para a dieta composta por feno de alfafa, bem como pela retenção de água e quantidade de massa não digestível no trato gastrointestinal para o feno de tifton. PALAVRAS-CHAVE: biometria corporal; cavalo; forragem INTRODUÇÃO O moderno manejo de equinos impõe, a esta espécie animal, reduzida quantidade de forragem e incremento de grãos em sua dieta, para atender seus requerimentos nutricionais de desempenho esportivo. Atualmente, os cavalos em atividade física de curta duração são alimentados com dieta composta por concentrado e volumoso na proporção de 50:50, contidos em uma ingestão de matéria seca (IMS) de 2% do peso corporal (PC). A estratégia alimentar adotada para nutrir os equinos atletas pode ter efeito expressivo sobre o PC dos mesmos. Cavalos consumindo dietas contendo alta proporção de volumoso resultam em incremento na massa da ingesta presente no intestino grosso (PAGAN & DUREN, 130 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 2001), decorrente do aumento da retenção de água no trato gastrointestinal (TGI), bem como da quantidade de material fibroso não digerido (ELLIS, HOLLAND & ALLEN, 2002). A digestibilidade dos nutrientes do volumoso pode também alterar substancialmente o PC de equinos, resultando em menor massa indigestível no TGI, para forragens de boa qualidade (PAGAN, 2009). Neste sentido, a pesquisa objetivou estudar o efeito da qualidade dos fenos de tifton e alfafa, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, sobre a biometria corporal de cavalos. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados seis cavalos, mestiços, com idade entre seis e sete anos e peso corporal (PC) médio de 353,83 kg. Os tratamentos consistiram de seis dietas constituídas por concentrado e volumoso e o delineamento experimental foi o quadrado latino 6 x 6 (seis cavalos e seis períodos). Cada período experimental foi composto por sete dias para adaptação dos cavalos à dieta (GOACHET et al., 2009), seguido por três dias de mensurações (fase de coleta), de acordo com Gobesso et al. (2009). Aos seis tratamentos do experimento, o volumoso da dieta foi composto pelas combinações de fenos, em esquema fatorial 2 x 3, ou seja, duas forragens (tifton e alfafa) e três qualidades de feno (A, B e C). Para compor as dietas experimentais, foram adquiridos fenos de tifton e alfafa dos tipos A, B e C, concentrado comercial e suplemento mineral para equinos. As variáveis mensuradas nos cavalos foram peso corporal (PC), perímetro do abdômen (PA). Os animais foram pesados diariamente, durante todo o período experimental, antes do fornecimento da primeira refeição do dia às 7:00 h da manhã (RICE et al., 2001). O PA foi feito por meio de fita métrica e as medidas foram tomadas na altura da 18ᵃ vértebra torácica. Esta medida representou a circunferência do abdômen, medido diariamente após a pesagem dos animais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na tabela 1 estão apresentados os valores médios do peso corporal (PC) e do perímetro abdominal (PA) dos equinos. Não foi verificado efeito significativo (P>0,05) das dietas experimentais sobre o PC e PA dos animais, porém verificou-se diferença significativa (P<0,05) para o tipo de forragem, como o efeito principal. O grupo de cavalos alimentado com feno de 131 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 tifton apresentou valores superiores às variáveis PC e PA, no qual resultou em 367,75±42,88 kg e 177,05±8,14 cm, respectivamente. Enquanto que os cavalos consumindo feno de alfafa obtiveram reduções nestas variáveis, cujos valores observados foram de 349,23±39,69 kg para PC e 174,27±8,18 cm ao PA. Tais respostas resultaram na diferença entre as médias dos grupos experimentais contendo feno de tifton e alfafa, como fonte de volumoso nas dietas, de 18,52 kg (P=0,0316) e de 2,78 cm (P=0,0478), para PC e PA, respectivamente. Os valores resultantes de PC (Tabela 1) do fornecimento dos fenos de tifton e alfafa, como fonte de volumoso na alimentação dos cavalos, confirmam que, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, o tipo de forrageira interfere no PC destes animais. Para perímetro abdominal fica evidente a influência do tipo forrageiro sobre esta variável, em equinos alimentados com dietas isoproteicas e isoenergéticas (Tabela 1). Assim, cavalos consumindo dietas com feno de alfafa, independentemente de sua qualidade, na atual pesquisa, resultaram em redução nesta medida em 2,78 cm. CONCLUSÕES 132 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 O tipo forrageiro ingerido influenciou na biometria corporal dos cavalos. O fornecimento de feno de alfafa, como fonte de volumoso, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, promoveu redução no peso corporal e perímetro abdominal em equinos. AGRADECIMENTOS Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), processo 2013/03075-1. O desenvolvimento desta pesquisa foi realizado no Haras RR, em São Pedro/SP REFERÊNCIAS ELLIS, J. M.; HOLLANDS, T.; ALLEN, D. E. Effect of forage intake on body weight and performance. Equine Veterinary Journal, v.34, p.66-70, 2002. GOACHET, A. G.; PHILIPPEAU, C.; VARLOUD, M.; JULLIAND, V.. Adaptations to standard approaches for measuring total tract apparent digestibility and gastro-intestinal retention time in horses in training. Animal Feed Science and Technology, v.152, n.1, p.141-151, 2009. GOBESSO, A. A. O.; LORENZO, C. L. F.; PREZOTTO, L. D.; RENNÓ, F. P.. Effects of alfalfa processing and addition of soybean oil on the total diet digestibility of foals. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.4, p.713-717, 2009. PAGAN, J. D.; DUREN, S. E.. Recent developments in equine nutrition. Recent Advances in Animal Nutrition in Australia, v.13, p.169-177, 2001. PAGAN, J. D.. Water is the most overlooked nutrient for horses. Kentucky Equine Research, v.29, n.1, p.3, 2009. RICE, O.; GEOR, R.; HARRIS, P.; HOEKSTRA, K.; GARDNER, S.; PAGAN, J.. Effects of restricted hay intake on body weight and metabolic responses to high-intensity exercise in thoroughbred horses. Proceedings 17th Equine Nutrition and Physiology Symposium, p.273279, 2001. 133 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 LISOFOSFOLIPÍDIOS ASSOCIADOS COM ÁCIDOS ORGÂNICOS AUMENTAM O TEOR DE Ω-3 NA CARCAÇA DE FRANGOS ALIMENTANDOS COM ÓLEO DE SOJA Gustavo do Valle Polycarpo¹*; Robert Guaracy Aparecido Cardoso²; Valquíria Cação CruzPolycarpo²; Filipe Zanferari1, Ricardo de Albuquerque¹. ¹Departamento de Nutrição e Produção Animal VNP-FMVZ-USP, Campus de Pirassununga. *email: [email protected] ²Universidade Estadual Paulista, UNESP - Câmpus de Dracena. RESUMO Foi utilizado um esquema fatorial 2×2×2 para avaliar o efeito de duas fontes lipídicas (óleo de soja ou sebo bovino) em dietas suplementadas com lisofosfolipídios e ácidos orgânicos sobre a composição da carcaça de frangos de corte. Foram utilizados 64 frangos machos da linhagem Cobb®, perfazendo oito repetições por tratamento e uma ave por unidade experimental. O sebo bovino proporcionou maior porcentagem de extrato etéreo às carcaças, independente da utilização dos aditivos. O perfil de ácidos graxos da gordura corporal dos frangos foi fortemente influenciado pelo teor de ácidos graxos das fontes lipídicas. A inclusão combinada de lisofosfolipídios mais ácidos orgânicos diminuiu a quantidade de ácido palmítico e aumentou a quantidade de ácido α-linolênico em frangos que receberam dietas com óleo de soja. Os lisofosfolipídios aumentaram a quantidade total de ácidos graxos ω-3 e melhoraram a relação entre ácidos graxos ω-6/3, independente dos outros fatores estudados. PALAVRAS-CHAVE: ácidos graxos; aditivos; fontes lipídicas. INTRODUÇÃO A inclusão de lipídios na dieta de frangos de corte é fundamental para que a exigência de energia metabolizável seja adequadamente atendida. Além disso, os lipídios fornecem ácidos graxos essenciais que podem alterar a composição da carcaça de frangos (MOGHADASIAN, 2008). A modulação da composição da carcaça pela alteração do perfil de ácidos graxos dos lipídios dietéticos foi estudada em diversas pesquisas afim de se obter um produto final que atenda a crescente demanda de consumidores que buscam produtos mais saudáveis. A incorporação de ácidos graxos essenciais depende da alimentação e da digestibilidade, que pode ser incrementada por meio da utilização de aditivos. O emprego de emulsificantes, como os lisofosfolipídios, incrementam os processos de digestão das gorduras (SILVA JÚNIOR, 134 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 2009). Já os ácidos orgânicos podem atuar sobre a microbiota intestinal, preservando os sais biliares endógenos que são fundamentais para a formação de micelas. OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do óleo de soja ou do sebo bovino em dietas suplementadas com lisofosfolipídios e ácidos orgânicos sobre a composição da carcaça de frangos de corte. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados 64 frangos machos da linhagem Cobb®. Os mesmos foram distribuídos num delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2×2×2, sendo duas fontes lipídicas (óleo de soja ou sebo bovino) contendo ou não lisofosfolipídios e ácidos orgânicos, com oito repetições e uma ave por unidade experimental. Os frangos foram criados de 1 a 42 dias de idade recebendo dietas a base de milho e farelo de soja, formuladas com níveis isoenergéticos e isoaminoacídicos, de acordo com Rostagno et al. (2011). Aos 42 dias, as aves foram abatidas e as carcaças foram cortadas em pedaços com a ajuda de uma serra de fita e moídas em moedor de carne convencional. Após a moagem, as carcaças foram homogeneizadas, acondicionadas em placas de Petri e liofilizadas. Foram analisados os teores de umidade e extrato etéreo, além dos ácidos graxos obtidos por cromatografia gasosa. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento MIXED (SAS Institute, 2012). Quando necessário, as diferenças entre os tratamentos foram estudadas comparando-se as médias estimadas dos quadrados mínimos (LSMEANS) calculadas pelo comando PDIFF (Compared Pairwise). RESULTADOS E DISCUSSÃO As fontes lipídicas influenciaram o porcentagem corporal de extrato etéreo das aves (Tabela 1). O sebo bovino proporcionou maior porcentagem de extrato etéreo às carcaças, independente da utilização dos aditivos. O perfil de ácidos graxos da gordura corporal dos frangos foi fortemente influenciado pelo teor de ácidos graxos das fontes lipídicas. Tabela 1. Composição e perfil de ácidos graxos da carcaça de frangos de corte aos 42 dias. 135 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 A inclusão combinada de lisofosfolipídios mais ácidos orgânicos diminuiu a quantidade de ácido palmítico (C16:0) ao passo que aumentou a quantidade de ácido α-linolênico (18:3 cis9, 12, 15) em frangos que receberam dietas com óleo de soja (Figura 1 e 2). Os lisofosfolipídios 136 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 aumentaram as quantidades de ácido araquidônico (C20:3 cis-8, 11, 14) e melhoraram a relação ω-6/3, independente dos outros fatores estudados. CONCLUSÕES O sebo bovino aumenta a quantidade de gordura da carcaça de frangos. Os lisofosfolipídios associados aos ácidos orgânicos diminuem a incorporação de ácido palmítico ao passo que aumentam a quantidade de ácidos graxos da família ω-3. Ainda, os lisofosfolipídios aumentam a quantidade de ácido araquidônico e melhoram a relação ω-6/3, independente da fonte lipídica utilizada. AGRADECIMENTOS A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo pela concessão do auxílio à pesquisa (FAPESP 2012/08536-4) e da bolsa de estudos (FAPESP 2012/11370-0). REFERÊNCIAS MOGHADASIAN, M. H. Advances in dietary enrichment with n-3 fatty acids. Food Science and Nutrition, v. 48, n. 5, p. 402-410, 2008. ROSTAGNO, H. S.; ALBINO, L. F. T.; DONZELE, J. L.; GOMES, P. C.; OLIVEIRA, R. F.; LOPES, D. C.; FERREIRA, A. S.; BARRETO, S. L. T.; EUCLIDES, R. F. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 3. ed. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2011. 252 p. SILVA JÚNIOR, A. Interações químico-fisiolóficas entre acidificantes, probióticos, enzimas e lisofosfolipídios na digestão de leitões. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, p. 238245, 2009. N. Especial. STATISTICAL ANALISYS SYSTEM. (SAS). Institute Inc. User’s Guide. Cary, NC, USA: SAS Institute Inc. 2012. 137 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 MASSA DE FORRAGEM DO CAPIM-MARANDU EM SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO ANIMAL Samuel Dias Moreira*1; Michele Martinho de Oliveira2; Aline Sampaio Aranha³; Mayara Mayumi Shiguematsu4; Brahian DeJesus Jimenez Garcia5. Dracena- FCAT. 125 1245 UNESP Campus de Discente Engenharia Agronômica. 4Discente Zootecnia. 3 Discente do Programa de Pós Graduação em Ciência e Tecnologia- UNESP/FEIS. *[email protected] RESUMO O trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a massa de forragem do capimmarandu (Urochloa brizantha) nos períodos iniciais de pastejo sob o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) com duas densidade de árvores (196 e 448 árvores.ha-1) e no sistema de integração lavoura-pecuária (pleno sol) , em delineamento em blocos . A massa de forragem foi determinada por meio do corte de todo o material presente no interior de uma moldura de 0,5 m² em 9 pontos de cada piquete. Conclui -se que o sistema de integração com 196 e 448 árvores.ha-1 não interferiu na massa de forragem do capim-marandu. PALAVRAS-CHAVE: Urochloa brizantha; pastejo; sombreamento. INTRODUÇÃO O Brasil é o quinto maior país do mundo em território, com 8,5 milhões de km² de extensão. A área ocupada por pastagens é de 180 milhões de hectares, e, deste total, aproximadamente 70% (126 milhões de ha) são pastagens plantadas (IBGE, 2012). A Urochloa brizantha cv. Marandu é a planta forrageira mais plantada, próximo de 60 milhões de hectares, a qual apresenta contribuição marcante na produção de carne bovina e leite (LUPATINI, 2010). O uso de integração lavoura-pecuária-floresta tem sido sugerido para garantir a sustentabilidade em sistemas de produção animal, devido ao seu potencial de promover aumentos na produção de forragem com a recuperação de áreas degredadas e proporcionar diversificação de renda para o produtor (PACIULLO et al., 2009). Nos sistemas integrados de produção animal se torna muito importante estudar as diversas interações entre a forragem e a espécie arbórea (PACIULLO, 2007). Entre essas interações, observa-se o sombreamento ocasionado pela planta de maior porte sobre a de menor 138 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 porte. Paciullo et al. (2009) verificaram que a massa de forragem de capim-braquiária (Urochloa decumbens) não diferiu entre o sistema silvipastoril e o capim em monocultivo. Este estudo teve por objetivo avaliar a influência do componente arbóreo sobre a massa de forragem do capim-marandu em relação ao pleno sol (iLP). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido na APTA - Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – Polo Regional do Extremo Oeste, Andradina - SP. O local situa- se a 20º53’38” de latitude sul e 51º23’01” de longitude oeste, e possui 400 m de altitude. De acordo com a classificação de Köeppen, o clima predominante na região é do tipo Cwa, que se caracteriza pelo clima tropical de altitude, com inverno seco e verão quente e chuvoso. O solo da área experimental é classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico, com camada superficial arenosa e a declividade média do terreno é de 6%. A área total do experimento é de aproximadamente 24 ha, dividida em 12 piquetes (unidades experimentais) com área entre 1,8 e 2,2 ha. Os tratamentos estão dispostos em: 1) Integração Lavoura-Pecuária- Floresta (iLPF) em linhas simples, árvores de eucalipto plantadas em linhas únicas, sendo a distância entre linhas de 17 a 21m e a distância entre plantas de 2m, com densidade de 196 árvores/ha; 2) ILPF em linhas triplas, com árvores de eucalipto plantadas em linhas triplas, sendo a distância entre linhas de eucaliptos de 3m, a distância entre plantas de 2m e a distância entre as faixas de eucalipto de 17 a 21m, com densidade de 448 árvores/ha; e 3) Pastagem em integração lavoura-pecuária (iLP) em pleno sol. O delineamento experimental é em blocos com quatro repetições. O método de pastejo utilizado é o de lotação contínua e taxa de lotação variável, utilizando a técnica de put and take (MOTT e LUCAS, 1952), utilizando-se novilhos de corte da raça Nelore de aproximadamente 10 meses de idade com peso médio inicial de 200 kg. Em cada piquete são utilizados cinco animais testes e um número variável de reguladores, conforme a necessidade de ajuste da taxa de lotação para manutenção da meta de pastejo, que é a altura média da pastagem de 30 cm. As amostras de forragem foram colhidas no período de fevereiro a abril de 2015, sendo realizado o corte rente solo de todo material presente no interior de uma moldura com medidas de 1 x 0,5 m (0,5 m²) em 9 pontos de cada piquete. A forragem cortada foi pesada, homogeneizada e levada à estufa com circulação de ar forçada, para determinação da matéria 139 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 parcialmente seca a 65°C até atingir peso constante. A massa seca de forragem por hectare foi obtida multiplicando-se a massa verde de forragem pelo respectivo teor de matéria seca. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da massa de forragem, expressos em massa seca por hectare, estão apresentados na Tabela 1. Verifica-se que não houve diferença significativa na massa de forragem nos tratamentos estudados, com valores semelhantes. Tabela 1. Massa de forragem de capim-marandu na integração-lavoura-pecuária-floresta sob duas densidades de arvores e a pleno sol. Tratamento Massa de forragem (kg ha-1) Pastagem em iLP, pleno sol 3642 a iLPF em linhas simples de eucalipto 3321 a iLPF em linhas triplas de eucalipto 3260 a Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. Esses resultados podem provavelmente ser relacionados com as distâncias e a altura baixa das árvores que não influenciaram o suficiente para interferir significativamente na massa da forragem, uma vez que a luminosidade é fundamental para o crescimento e desenvolvimento da planta forrageira. Dias-Filho (2002) avaliou as respostas fotossintéticas do capim-marandu sob sombreamento artificial em casa de vegetação e verificou que esta espécie foi capaz de ajustar o comportamento fotossintético sob sombreamento, o que auxilia na explicação dos resultados. Um estudo conduzido no município de Sinop - MT, região de transição Cerrado/Amazônia por Cavalli et al. (2015), demonstrou que o capim-marandu com sombreamento de eucalipto em renques espaçados de 30 metros com linhas triplas (3 m entre árvores x 3,5 m entre linhas) com altura média de 9 metros, não apresentou diferença significativa na massa do capim quando comparado com o capim a pleno sol, semelhante ao obtido no presente trabalho. 140 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES Os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta em linhas simples e triplas de eucalipto, e a pastagem em integração lavoura-pecuária a pleno sol não interferem na massa de forragem do capim-marandu. AGRADECIMENTOS À APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) pelo apoio e área experimental. REFERÊNCIAS CAVALLI, J. et al. Massa de forragem e composição morfológica de capim Marandu em pastagens a pleno sol e em silvipastoril. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA, 24., 2014, Vitória. A zootecnia fazendo o Brasil crescer. Anais... Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2014. 3p. 2015. DIAS-FILHO, M.B. Photosynthetic light response of the C4 grasses Brachiaria brizantha and B. humidicola under shade. Scientia Agricola, v.59, p.65-68, 2002. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=rj&tema=pecuaria2011>. Acesso em: 15/10/2012. LUPATINI, G.C. Produção, características morfológicas e valor nutritivo de cultivares de Brachiaria brizantha submetidas a duas alturas de resíduo. 2010. 64f. Tese (Doutorado em Zootecnia) – UNESP, Botucatu, 2010. PACIULLO, D.S.C., et al. Características do pasto e desempenho de novilhas em sistema silvipastoril e pastagem de braquiária em monocultivo. Pesquisa agropecuária brasileira, v.44, n.11, p.1528-1535, 2009. PACIULLO, D.S.C., et al. Morfofisiologia e valor nutritivo do capim-braquiária sob sombreamento natural e a sol pleno. 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Pennsylvania: State College Press, 1952. p.1380-1385. 141 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 MICROCLIMA E ÍNDICES DE CONFORTO TÉRMICO EM SISTEMAS INTEGRADOS Gustavo Antunes Trivelin*¹; Murilo Scalet Daldon³; Érik dos Santos Harada¹; Mayara Mayumi dos Santos Shiguematsu¹; Ana Caroline de Freitas Di Carne². ¹Graduando do curso de zootecnia da FCAT, UNESP Campus de Dracena; ²Graduando do curso de engenharia agronômica da FCAT, UNESP Campus de Dracena; ³Zootecnista formado pela FCAT, UNESP campus de Dracena. *E-mail: [email protected] RESUMO No presente trabalho foi avaliado o microclima sob radiação direta do sol nos sistemas: iLP (agropastoril), iLPF-1 (agrossilvipastoril com uma densidade arbórea de 200 árvores/ha) e iLPF-2 (agrossilvipastoril com densidade de 500 árvores/ha). Os parâmetros avaliados foram: velocidade do vento (VV), temperatura do ar (TA), umidade relativa (UR), carga térmica radiante (CTR), índice de temperatura e umidade (ITU) e índice de temperatura e umidade de globo (ITGU). No período registrado não houve diferença nos índices de conforto térmico entre os sistemas, apenas na VV, que foi maior no tratamento sem as árvores, mostrando que os sistemas iLPF são importantes barreiras físicas do vento.Os índices térmicos, na estação do verão sob radiação direta do sol, foram desfavoráveis ao conforto térmico dos animais. PALAVRAS-CHAVE: agrossilvipastoril; conforto térmico; ambiência. INTRODUÇÃO O Brasil detém o segundo maior rebanho bovino comercial do mundo com 217,55 milhões de cabeças (ANUALPEC, 2015). Na produção animal, fatores como disponibilidade de água, sombreamento, temperatura corporal podem levar o animal ao estresse térmico. Caso o animal não esteja em equilíbrio térmico ele entra em estado de estresse, o que pode ocasionar graves problemas, tanto na produção, como na reprodução animal (NAVARINI et al., 2009). Segundo Silva et al. (2011), o uso de espécies florestais incorporadas ás pastagens reduzem os efeitos das condições climáticas estressantes para os animais. Demonstrando assim a importância de se avaliar o microclima dentro desses sistemas. O objetivo deste trabalho foi avaliar índices de conforto térmico em sistemas agrossilvipastoris na estação do verão. 142 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado, na APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) Pólo Regional do Extremo Oeste, localizada no município de Andradina (20° 53' 46'' de latitude sul, 51° 22' 46'' de longitude oeste e 405 m de altitude), Oeste do Estado de São Paulo. O clima predominante na região é o Cwa, caracterizando-se como clima tropical de altitude, com verão quente e chuvoso e inverno seco. Segundo os dados climáticos da Apta – Pólo Regional do Extremo Oeste a precipitação anual da região é em torno de 1.257 mm, concentrando 78% das chuvas de outubro-abril e 22% de maio-setembro caracterizando a estação seca. Os tratamentos estudados foram: Integração lavoura-pecuária (iLP); Integração lavourapecuária-floresta em linhas únicas de árvores de eucalipto, com distância entre linhas de 17 a 21m, na densidade de 196 árvores.ha-2 (iLPF 1); e Integração lavoura-pecuária-floresta em linhas triplas de árvores de eucalipto, com distância entre linhas de 17 a 21m, na densidade de 448 árvores.ha-2 (iLPF2). O delineamento experimental utilizado foi em blocos, com três repetições. Apastagem utilizada nos sistemas foi Urochloa brizantha (Syn. Brachiaria brizantha) cv. Marandu e o componente arbóreo gênero Urograndis (clone i-224) Variáveis climáticas como temperatura de globo negro (TG), temperatura do ar (TA), umidade relativa (UR) foram registradas por meio de data loggers acoplados a globo termômetro de Vernon, configurados para registros a cada minuto, instalados a 1,5 m do solo, simulando a altura do centro de massa de bovinos, e em locais previamente escolhidos, de forma que estivessem expostos à incidência de radiação solar direta nos diferentes horários do dia. A velocidade do vento (VV) foi mensurada por meio de anemômetro digital portátil, registrados a cada 30 minutos no intervalo das 6 às 14h no dia 28 de fevereiro de 2015. As variáveis climáticas foram utilizadas para determinação dos índices de conforto térmico: 1) Carga Térmica Radiante, pela equação proposta por Esmay (1982): CTR = O’(TRM)4, onde O' é constante de Stefan-Boltzmann (5,67 x 10-8 W m-2 K-4) e TRM = temperatura média radiante);2)Índice de Temperatura de Globo e Umidade, equação proposta por Buffington et al. (1981); e Índice de Temperatura e Umidade, pela equação de acordo com Thom (1958). Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste Scott-Knott ao nível de significância de 5% de utilizando programa estatístico SISVAR. 143 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 RESULTADOS E DISCUSSÃO Estão apresentados na Tabela 1: a VV, TA, UR, CTR, ITU e ITGU nos sistema agropastoril e agrossilvipastoris sob radiação solar direta. Tabela 1. Velocidade do vento (VV), temperatura do ar (TA), umidade relativa (UR), carga térmica radiante (CTR), índice de temperatura e umidade (ITU) e índice de temperatura de globo e umidade (ITGU) no ambiente exposto à radiação solar direta no sistema agropastoril (iLP), agrossilvipastoril com densidade de 196 árvores/ha (iLPF-1), e com densidade de 448 árvores/ha (iLPF-2). VV (m/s) TA (ºC) UR (%) CTR (W.m-²) ITU ITGU iLP 1,43a 30,31 65,48 639,20 81,24 88,86 iLPF – 1 0,74b 30,57 62,16 608,97 82,23 89,95 iLPF - 2 0,48b 31,88 60,40 578,81 82,81 88,58 *Letras minúsculas iguais na coluna não diferem pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Os valores de VV foram 57% maiores no sistema composto apenas pela pastagem do que no sistema em que também compõe o componente arbóreo. Resultados similares de 48% de variação foram encontrados por Carvalho (2010), mostrando assim a forte característica do componente arbóreo de barreira física contra o vento. Como as coletas de dados foram feitas sob radiação direta do sol os valores de TA, UR E CTR não sofreram diferenças estatisticamente (p<0,05), mostrando que as condições de conforto térmico seriam as mesmas nos sistemas. Não houve diferença entre os sistemas os quais apresentam conforto térmico ruim quando as avaliações foram realizadas sob radiação, com os valores de ITU na média de 82,09. Segundo a classificação de ITU apresentados por Perissinotto (2009), uma condição de conforto térmico regular seria de 80,2. Não houve diferença nos valores de ITGU nos tratamentos, resultando em uma média de 89. Segundo Baêta (1985) valores de ITGU acima de 84 caracterizam estado de emergência, significando severo estresse térmico nos animais. CONCLUSÕES Os índices térmicos sob radiação direta do sol na estação do verão se encontraram desfavoráveis para manter o conforto térmico dos animais nos sistemas agrossilvipastoris. Em razão das mudanças climáticas chuvosas no segundo período do dia, não puderam ser coletados 144 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 os dados do período da tarde, sendo que seriam de grande utilidade na avaliação das condições térmicas do todo o dia. Diante disso, estudos de maiores períodos devem ser realizados. REFERÊNCIAS ANUALPEC: Anuário da pecuária brasileira. São Paulo FNP, p. 61, 2015. BAÊTA, F.C. Responses of lactating dairy cows to the combined effects of temperature, humidity and wind velocity in the warm season. 1985. 218 f. Thesis (Ph.D.) - Universityof Missouri, Columbia, 1985. BUFFINGTON, D.E et al. Black-Globe-Humity Index (BGHI) as comfort equation for dairy cows. Transactions of the ASAE, v.24, p.711-714, 1981. CARVALHO, P. H. V. ; ALMEIDA, R. G. ; MACEDO, M. C. M. ; GAMARRA, E. L. ; ECHEVERRIA, D. M. S. ; SANTOS, V. A. C. ; QUINTINO, A. C. . Microclima em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, no terço final do inverno. In: JORNADA CIENTÍFICA DA EMBRAPA GADO DE CORTE, 6, 2010, Campo Grande, MS. Anais.... Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2010. p. 1-1. ESMAY, M.L. Principles of animal environment. Westport : Avi, 1982. 325p. NAVARINI, F. C. et al. Conforto térmico de bovinos da raça nelore a pasto sob diferentes condições de sombreamento e a pleno sol. Engenharia Agrícola, v. 29, p. 508-517, 2009. PERISSINOTTO, MAURÍCIO; DE MOURA, DANIELLA J. DETERMINAÇÃO DO Conforto térmico de vavas leiteiras utilizando a mineração de dados. Revista Brasileira de Engenharia de Biossistemas/Brazilian Journal of Biosystems Engineering, v. 1, n. 2, p. 117-126, 2009. SILVA, J. A. R., et al. Conforto térmico de búfalas em sistema silvipastoril na Amazônia Oriental. Pesq. agropec. bras., Brasília, 2011, 46.10: 1364-1371. THOM, E.C. Cooling degrees - days air conditioning, heating, and ventilating. 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Com base em 3 diferentes níveis de sombreamento (T1 – sistema sem árvore de eucalipto; T2 – sistema com 1 linha de eucalipto; T3 – sistema com 3 linhas de eucalipto) o trabalho objetivou avaliar o grau da verminose (OPG) associado com as características hematológicas (volume globular – VG, proteína plasmática total – PPT e porcentagem de eosinófilos) de 53 novilhos Nelore a pasto (Urochloa brizantha cv. Marandu). As coletas de fezes para a determinação do grau de verminose foram realizadas a cada 28 dias e as sanguíneas feitas por estação do ano (Outono e Inverno) com o propósito de indicar a relação com as infecções por helmintos. Para os parâmetros sanguíneos (VG, PPT e eosinófilos) não houve resultados significativos entre os tratamentos 1, 2 e 3 e para o OPG apenas a média do T1 apresentou variação significativa. Logo, foi observado que mesmo com uma variação nos resultados do OPG, não houve mudanças nos resultados dos dados sanguíneos. PALAVRAS-CHAVE: Análise hematológica; bovinos; parasitismo. INTRODUÇÃO Em 2013 aproximadamente 40,8 milhões de cabeças de bovinos foram abatidas, sendo 34,4 milhões (84%) criadas e terminadas somente em pastagens, principalmente tropicais (ANUALPEC, 2012). O sistema a pasto é uma característica no rebanho brasileiro, e na pecuária há diversos fatores que diminuem a produtividade (BIANCHIN, 1987). Deste modo, o sucesso na bovinocultura de corte depende da estratégia escolhida, da redução dos custos e do bom planejamento (SAMPAIO, 2001). A verminose, além da qualidade do pasto, é uma das razões para o baixo desempenho de bovinos, segundo Nicolau (2001) a morbidade é o pior resultado do 146 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 parasitismo, podendo levar a morte dos animais. As perdas causadas por helmintos são difíceis de mensurar (SOUTELLO et al., 2001), dentre as consequências que a verminose causa, alguns nematódeos gastrintestinais utilizam o sangue como alimento, provocando hemorragia, anemia e outros (FORTES, 1993), logo é muito importante aplicar medidas que diminuam e mantenham a quantidade de parasitos em níveis aceitáveis, sendo isso possível através do sistema de produção (STROMBERG; AVERBECK, 1999). Dessa forma o objetivo desse trabalho foi avaliar o nível de verminose associando com possíveis alterações das características hematológicas de novilhos Nelore sob diferentes níveis de sombreamento, permitindo assim uma avaliação da relação entre os parâmetros sanguíneos e as infecções causadas por helmintos e o efeito do sistema de produção nessa relação. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Agência Paulista de Tecnologia (APTA) de Andradina, parceria feita pela UNESP/Campus de Dracena, no período de Março a Julho de 2015. O delineamento experimental foi blocos ao acaso com três tratamentos (16 animais cada) e quatro repetições, em pastagem de Urochloa brizantha cv. Marandu, sendo utilizados 58 animais machos da raça Nelore em uma área de 25,5 hectares dividida em 12 piquetes. T1: Integração – Pecuária – Floresta (sem árvores de eucalipto); T2: ILPF (com árvores de eucalipto plantadas em linhas simples, sendo a distância entre linhas de 17 a 21m e entre plantas de 2m – 196 árvores/ha); T3: ILPF (com árvores de eucalipto plantadas em linhas triplas, possuindo 3m entre linhas, 2m entre plantas e de 17 a 21m entre cada faixa tripla de eucalipto - 448 árvores/ha. As coletas de fezes foram realizadas para determinar o nível de infecção por helmintos, através de exames de OPG (ovos por grama de fezes) utilizando-se câmara de McMaster (GORDON e WHITLOCK, 1939). Para cultivar e extrair as larvas utilizou-se o método de Roberts e O’Sullivan (1950) e Baermann (1917), e para suas posteriores identificações a chave de Keith (1953). As sanguíneas foram feitas para analisar volume globular (VG), proteína plasmática total (PPT) e quantificação dos eosinófilos, através da venopunção, utilizando tubos Vacutainer® com EDTA (ácido etilenodiaminotetracetico potássio), diretamente da veia jugular esquerda dos animais, sendo os valores de VG (%) determinados pelo método de Strumia et al. (1954), pela centrifugação do sangue em tubos de micro-hematócrito, os níveis de PPT estimados por meio de um refratômetro ocular manual, conforme o método de Wolf et al. (1962), e para a contagem de eosinófilos, utilizou-se a solução de Carpentier para a coloração, e depois 147 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 se fez a quantificação através de um hemocitômetro denominado câmara de Neubauer (DAWKINS et al., 1989), sendo expressa em número de eosinófilos por microlitro de sangue. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias do VG para os tratamentos 1,2 e 3 foram 40,03; 42,12 e 40,8, respectivamente, sendo assim os animais dos piquetes sem sombreamento (T1), com 1 linha de eucalipto (T2) e com 3 linhas (T3) não apresentara diferenças significativas. O mesmo ocorreu com a PPT e as porcentagens de eosinófilos, sendo as médias, respectivamente, 66,21; 68,34 e 67,29 e 10,40; 9,24 e 14,32. Os eosinófilos são uma das principais células relacionadas com as infecções causadas por helmintos, sendo que o seu número aumenta nos tecidos quando há a presença de vermes (BALIC; BOWLES; MEEUSEN, 2000). Assim como os eosinófilos, os outros parâmetros analisados também respondem as infecções por helmintos. Para os valores de VG observou-se que os números diminuem conforme a contagem de OPG aumenta (BARGER e DASH, 1987) e para PPT há uma diminuição de acordo com a verminose (HOLMES, 1985). No entanto, a variação do nível de infecção não foi suficiente para alterar estas características, sendo que as médias de OPG para o T1, T2 e T3 foram, respectivamente, 159,3; 303 e 183,7, dessa forma pode-se observar que os animais presentes nos piquetes com 1 linha de eucalipto (T2), quando comparados com os piquetes não sombreados (T1), apresentaram valores maiores. Logo se observa que o sombreamento pode influenciar no grau de verminose dos animais, pois as larvas são preservadas nas condições que a pastagem se encontra (SOTOMAIOR et al., 2009). Comparando os parâmetros sanguíneos com os valores de OPG, observou-se que mesmo o T2 diferindo dos demais tratamentos, as características hematológicas não variaram entre eles. CONCLUSÕES Concluiu-se que não houve diferença nos parâmetros sanguíneos mesmo com a variação de OPG nos tratamentos, não existindo interação entre os dois fatores analisados durante o trabalho. REFERÊNCIAS ANUALPEC. Anuário de Pecuária Brasileira. FNP. São Paulo, 2012. 376p. BAERMANN, G. Eine Einfache Methode zur Auffindung von Ankylostomum (Nematoden) Larven in Erdproben. Mededeel mit h. Geneesk. Lab Weltvreden Feestbundel, Batavia, p. 4147, 1917. 148 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 BALIC, A.; BOWLES, V. M.; MEEUSEN, E. N. T. The Immunobiology of gastrointestinal nematode infections in ruminants. Advances in Parasitology, London, v. 45, p. 181-241, 2000. BARGER, I.A.; DASH, K.M. Repeatability of ovine faecal egg counts and blood packed cell volumes in Haemonchus contortus infections. International Journal for Parasitology. V. 17, n. 4, p. 977-980, april, 1987. BIANCHIN, I. Controles estratégicos dos nematódeos gastrintestinais em bovinos de corte no Brasil. Hora Veterinária, v. 39, p. 49-53, 1987. DAWKINS, H. J. S.; WINDON, R. G.; EAGLESON, G. K. Eosinophil responses in sheep select for high and low responsiveness to Trichostrongylus colubriformis. International Journal for Parasitology, v. 19, n. 2, p. 199-205, 1989. FORTES, E. Parasitologia veterinária. Porto Alegre: Sulina, 606p. 1993. GORDON, H. McL; WHITLOCK, A. V. A new technique for counting nematode eggs in sheep feces. Journal Council Scientific Industry Research Australia, v. 12, p. 50-52, 1939. HOLMES , P. H. Pathogenesis of Trichostrongylosis. 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Organização e controle atual realizado não são suficientes para gerenciar financeiramente a propriedade. Foi proposto Demonstrativo de Fluxo de Caixa para auxiliar no gerenciamento da propriedade um Plano de Contas simplificado. PALAVRAS-CHAVE: Gerenciamento; Controle Financeiro; Agricultura Familiar. INTRODUÇÃO No Brasil, as propriedades rurais são representadas principalmente por médios e pequenos estabelecimentos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ─ IBGE ─ (2006), 84,4% dos estabelecimentos brasileiros são constituídos pela agricultura familiar e ocupam 80,25 milhões de hectares. Geralmente, tais propriedades são desprovidas de aplicação de tecnologia adequada. Diante disso, a produção agropecuária tende a estar associada à baixa produtividade e lucratividade, possivelmente como resultado de gestão financeira inadequada das atividades rurais exercidas na propriedade. A falta de capacidade de gestão e a ausência de planejamento têm sido apontadas como fatores limitantes ao desempenho da propriedade rural (Neukirchen et. al 2005). No cenário de baixa produtividade e lucratividade, a gestão rural é fundamental. Aspectos relacionados, como o controle dos custos de produção, podem auxiliar em vários pontos, tais como analisar a rentabilidade da atividade, reduzir os custos, gerar indicadores (Paris et al.,2012). Assim, o objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo de caso, avaliar as 150 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 condições de gerenciamento realizadas e propor um modelo de gerenciamento baseado nas funções administrativas de organização e controle. O produtor em questão encontrava-se insatisfeito com a rentabilidade. A seguir, a metodologia usada no estudo de caso. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi desenvolvido com base em dados primários, coletados numa propriedade rural de pequeno porte, localizada no município de Andradina-SP. A propriedade se enquadra nos critérios estabelecidos pela Lei da Agricultura Familiar Brasileira (Lei 11.326/2006), citada por Pedroso (2014). Tomou-se como referência a matriz proposta por Canziani (2001), para a área financeira. No nível estratégico dessa Matriz, na função Organização, são definidos centros de custos da empresa e detalhado o plano de contas da empresa. No nível operacional, organizados e sistematizados o fluxo de informações financeiras da empresa e definida a forma de armazenamento de dados e de processamento das informações financeiras. A coleta e sistematização dos dados, bem como a avaliação da empresa e das atividades correspondem, segundo o autor citado, à função controle. Os dados a serem apresentados referem-se ao monitoramento da propriedade no ano de 2014, obtidos através de visitas à propriedade, com realização de entrevista com o proprietário e também gestor, depoimento da esposa e avaliação de notas fiscais. A propriedade possui 72,6 hectares, tem como principal fonte de renda a produção leiteira, secundariamente a lavoura, cultivada em períodos específicos do ano e a pecuária de corte como uma atividade pouco expressiva, com vendas esporádicas. A pecuária de leite é mantida, em parte, através da lavoura de milho e parte dos bezerros dessa atividade vão para um sistema de cria e recria a pasto (pecuária de corte). Participam da produção somente o proprietário e a esposa. Além do milho, comercializado parcialmente com vizinho, produzem feijão ─ exclusivamente comercializado com cerealistas da região. O leite produzido é do tipo C, com produção de cerca de 200 litros diários, comercializados diretamente para um laticínio da região. A partir do cronograma apresentado no Quadro 1, foi proposto um Demonstrativo de Fluxo de Caixa, que possibilita ao produtor realizar um controle de entradas e saídas de dinheiro por atividades. 151 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Em função do Demonstrativo de Fluxo de Caixa proposto, foi gerado um plano de contas adequado às necessidades da propriedade. O lançamento a ser utilizado é o de partida simples, sendo suficiente apenas um livro caixa para registro das operações de entrada e saída de caixa. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 apresenta o Demonstrativo de Fluxo de Caixa proposto. VALORES ESTIMADOS (R$) POR ATIVIDADE Nº 1. 1.1 1.2 1.3 2. 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 ITENS EMPRESA LEITE CORTE MILHO FEIJÃO MÁQUINAS - 72.320,00 10.000,00 25.000,00 5.000,00 - - - - - - - - - 3.000,00 - - - - - - - - - - - - - 2.000,00 - - 2.000,00 2500,00 2.000,00 500,00 500,00 - - - 3.360,00 - 960,00 - - ENTRADAS Vendas de produtos Prestação de serviço p/ terceiros Outras entradas Total 1.000,00 SAÍDAS Compra de máquinas, veículos, equipamentos e implementos Despesas com novas construções, instalações e melhoramentos Mão de obra eventual Combustíveis e lubrificantes Fertilizantes, corretivos, defensivos, sementes e mudas Compra de animais 152 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Alimentação/suplementação Medicamentos e vacinas Manutenção da propriedade 2.9 e maquinário 2.10 Seguros, taxas, impostos 2.11 Energia elétrica Família 2. Total 2.7 2.8 3. Déficit (-) ou Superávit (+) 1.200,00 200,00 2.400,00 36.000,00 51.400,00 1200,00 1.800,00 600,00 - - - - - - - - - - - - - (+) 9.500,00 Tabela 1. Demonstrativo de Fluxo de Caixa do Sítio Esperança Ano: 2014 A numeração da primeira coluna corresponde às contas do Plano de Contas. Os dados expressos são reais. Cada conta pode ser mais detalha por atividade agropecuária. Assim, uma conta com o código 1.1.1 corresponderia às entradas de dinheiro oriundas da atividade produção de leite e uma conta com o código 2.1.1 corresponderia às saídas de caixa referentes à atividade de produção de leite. Propõe-se adoção de um livro caixa para o registro. CONCLUSÕES Organização e controle atual realizado não são suficientes para gerenciar financeiramente a propriedade. Faz-se necessário o uso de instrumento de gerenciamento como aplicação de um plano de contas e demonstrativo de fluxo de caixa que permitirá maior controle de entradas e saídas. O modelo proposto é compatível com a propriedade em questão. REFERÊNCIAS PEDROSO, M.T. M. Experiências internacionais com a agricultura familiar e o caso brasileiro: o desafio da nomeação e suas implicações práticas. In: BUAINAIN, A. M. ; ALVES, E.; SILVEIRA, J.M. ; NAVARRO, Z. O mundo rural no Brasil do século 21: a formação de um novo padrão agrário e agrícola. Brasília, DF. Unicamp/ EMBRAPA, 2014.1182p. CANZIANI, J.R.F. Assessoria a produtores rurais no Brasil. Piracicaba, 2001. 224p. Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. NEUKIRCHEN, L. C.; ZANCHET, A.; PAULA, G. de. Tecnologia de gestão e rentabilidade na pequena propriedade rural-estudo de caso. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA. Brasília – DF, 2005. Anais... Disponível em: < http://www.sober.org.br/palestra/2/506.pdf> Acesso em 11 Set 2015. 153 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Agropecuário, 2006. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/agropecuaria/censoagr o /agri_familiar_2006/ familia_censoagro2006.pdf> PARIS, M.; CULLMANN, J. R.; GNOATTO, A. A.; KUSS, F.; MICHELS, T. Gestão em pequenas propriedades leiteiras na região sudoeste do Paraná como estratégias para o desenvolvimento da atividade. In: IX CONGRESSO VIRTUAL BRASILEIRO – ADMINISTRAÇÃO, 2012. Anais... Disponível em: <http://www.convibra.com.br/upload/paper/2012/30/2012_30_4966.pdf> Acesso em 11 Set 2015. 154 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 PERCEPÇÃO DE CONSUMIDORES DOS ESTADOS DE MINAS GERAIS E SÃO PAULO, SOBRE O BEM-ESTAR DOS ANIMAIS DE PRODUÇÃO Raymis Bruno Rosa Moura¹*, Bianca Maria Ferreira Lima¹, Isabelle Chaves Placca¹, Roberta Cristina Costa Leal¹, João Henrique Silva Vera² ¹Alunos do Curso de Medicina Veterinária – FEA – Andradina/SP; 2Professor do Curso de Medicina Veterinária – FEA – Andradina/SP *[email protected] RESUMO Nas últimas décadas a preocupação com o bem-estar dos animais de produção tem sido muito debatida no meio acadêmico, pois se observa a falta de informação da sociedade com relação ao sistema de criação dos animais. O objetivo do trabalho foi avaliar a opinião pública em relação ao sistema de criação animal e verificar a percepção do consumidor de produtos de origem animal sobre o bem-estar animal (BEA). Para tanto, foi elaborado um questionário com dezessete questões, sendo aplicados a 468 indivíduos, escolhidos de forma aleatória, levando-se em consideração o nível de escolaridade, grau de conhecimento sobre os sistemas de criação, consumo de carne, consideração na compra do produto. Os resultados foram analisados por estatística descritiva, através do programa Excel. Os resultados demostram que os consumidores já ouviram falar sobre o tema e muitos se preocupam em saber quais são os métodos utilizados para criação e abate dos animais, no entanto, poucos julgam ter conhecimento suficiente sobre como os animais que originam os produtos são criados. Mas a maioria dos consumidores revela que passariam a consumir produtos certificados por agências controladoras de BEA disponíveis nas redes de supermercados. Desta forma, sugere-se a condução de trabalhos de conscientização e educação da população sobre o grau de bem-estar dos animais de produção. Palavras-chave: Certificação; conhecimento do consumidor; sofrimento animal. INTRODUÇÃO No início do século XX, a utilização de animais para produção aumentou em associação com a expansão das necessidades humanas e com isso, iniciou-se um sistema de manutenção de animais em altas densidades de lotação, diminuindo o contato entre o ser humano e os animais, exercendo influência sobre a atitude da população em relação aos animais (FRASER e BROOM, 2002). Recentemente o tema bem-estar animal (BEA) vem sendo amplamente discutido no meio científico. A União Europeia editou numerosos regulamentos nas últimas décadas para estabelecer os padrões mínimos aceitáveis de bem-estar para animais de criação. A condenação de práticas de produção habituais, tais como a mutilação, confinamento excessivo, ea comparação de unidades de produção de animais para indústrias que priorizam o lucro a qualquer custo, foi o que mais contribuiu para ocorrência dessas mudanças (BRAMBELL, 1965). Com a conscientização dos consumidores sobre o assunto, a demanda por produtos diferenciados, que atendam os princípios do bem-estar animal tende a aumentar (BROOM, 2010; FRANCHI et al., 2012; LAMA et al., 2013). Porém, o conhecimento sobre o modo de pensar e agir da maioria das pessoas de uma determinada sociedade, é vital para o acerto na tomada de decisões, melhoria gradativa das condições de BEA, bem como para auxiliar profissionais em 155 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 delineamentos de projetos educacionais e de extensão em BEA, necessários e bem aceitos pela população local (MOLENTO, 2005). Contudo, objetivo do trabalho foi avaliar a opinião pública em relação ao sistema de criação animal e verificar a percepção do consumidor de produtos de origem animal sobre o bem-estar dos animais de produção. MATERIAL E MÉTODOS Foi elaborado um questionário com dezessete questões, sendo aplicado a 468 indivíduos, escolhidos de forma aleatória, levando-se em consideração o sexo, a faixa etária, nível de escolaridade, grau de conhecimento sobre os sistemas de criação, consumo de carne, consideração na compra do produto, preocupação como são os métodos de criação. As entrevistas foram realizadas nas cidades de Andradina - SP, Uberlândia - MG, Uberaba - MG, Araçatuba - SP e Ilha Solteira – SP no período do mês de julho de 2015. Os responsáveis pelas entrevistas foram acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Ciências Agrarias de Andradina – FCAA. Os resultados de cada questão foram analisados por estatística descritiva, através do programa Excel. RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total de indivíduos entrevistados 56,2% são mulheres e 43,8% homens, sendo 65,4% com grau de escolaridade maior que o ensino médio completo. Os percentuais apontam que 85,9% consomem carne quatro ou mais de vezes por semana e o principal fator levado em consideração na hora da compra é o preço, seguido da aparência, data de validade e marca. Esses resultados demostram um elevado nível de consumo de carne e pouca consideração relacionada à qualidade e conservação da carne, não sendo muito influenciados por atributos como a segurança alimentar, o ambiente e o bem-estar animal. A análise estatística assinala que 71,6% das pessoas envolvidas no estudo já ouviram falar sobre BEA, 52% se dizem preocupadas em saber quais são os métodos utilizados para criação e abate dos animais, e apenas 42,3% julgam-se ter conhecimento suficiente sobre como os animais que originam os produtos são criados. Segundo Oliveira, Bortoli, Barcellos (2008), esse grau de conhecimento dos brasileiros em relação ao BEA foi impulsionado pelas exigências dos países importadores de produtos de origem animal, principalmente os da União Europeia. A partir daí os brasileiros começaram a ter contato com o assunto e cada vez mais as mídias divulgam o tema, ressaltando a melhoria da qualidade dos produtos oriundos deste tipo de criação. Pois, carnes oriundas de animais bem tratados e com criação humanitária, desde o nascimento, até o abate, sem dúvida, apresentarão melhor aspecto, textura e sabor. Após serem apresentadas figuras sobre os diferentes sistemas de criação dos animais de produção, os resultados apontaram que 94% consideram boas e muito boas as práticas de BEA, 68% acreditam existir diferença entre as carnes, 77,6% acham que a qualidade da carne oriunda de sistemas com práticas de BEA são melhores, 91,9% gostariam que as redes de supermercados oferecessem os seguintes produtos e 87,6% passariam a escolher produtos certificados por agências controladoras de BEA. Esses resultados estão condizentes com as pesquisas de Molento(2005), a medida em que a sociedade reconhece o sofrimento animal como um fator relevante a demanda exigirá mudanças no manejo do ambiente. 156 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES A comparação da percepção observada revela que o conhecimento da população estudada com relação ao grau de sofrimento dos animais de produção ainda é pequeno, no entanto já existe uma quantidade expressiva de consumidores dispostos a pagar mais pela garantia de produtos certificados que garantam o BEA. Desta forma, sugere-se condução de trabalhos de conscientização e educação da população sobre o grau de bem-estar dos animais de produção. REFERÊNCIAS MOLENTO, C. F. M. Bem-estar e produção animal: aspectos econômicos - Revisão. Archives of Veterinary Science, v. 10, n. 1, p. 1-11, 2005. BRAMBELL, F.W.R. Report of the Technical Committee to Enquire into the Welfare of Animals Kept Under Intensive Livestock Husbandry Systems. London: Her Majesty’s Stationery Office, 1965. Command Paper 2836. BROOM, D. M. Animal welfare: an aspect of care, sustainability, and food quality required by the public. Journal of Veterinary Medical Education, v. 37, n 1, p. 83 - 88, 2010. FRANCHI, G. A.; NUNES, M. L. A.; GARCIA, P. R.; SILVA, I. J. O. Percepção do mercado consumidor de Piracicaba em relação ao bem estar dos animais de produção.PUBVET, v. 6, n. 11, p. 15, 2012. FRASER, A.F.; BROOM, D.M. Farm animal behaviour and welfare. Oxon: CABI, 2002. 437 p. LAMA, G. M. C.; SEPÚLVEDA, W. S.; VILLARROEL, M.; MARÍA, G. A. Attitudes of meat retailers to animal welfare in Spain. Meat Science, v. 95, n. 3, 569 - 575 p., 2013. OLIVEIRA, C. B. de; BORTOLI, E. C de; BARCELLOS, J. O. J. Diferenciação por qualidade da carne bovina: a ótica do bem-estar animal. Ciência Rural, v. 38, n. 7, p. 2092-2096, 2008. 157 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 PERFIL GERAL E PERSPECTIVAS FUTURAS DE JOVENS INCLUSOS AO PROJETO AGRÍCOLA SOCIAL DO MUNICÍPIO DE ILHA SOLTEIRA - SP Jéssica Pinoti Cavalhieri1*; Ariane Janaina Silva2; Leonardo Tedeschi3; Caio César dos Ouros4; Antonio Carlos de Laurentiz5. 1 Médica Veterinária graduada pela Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI) *[email protected]. Campus de Ilha Solteira. 3,4 2 Aluna de Graduação em Zootecnia, UNESP Pós-Graduando em Ciência e Tecnologia Animal, UNESP Campus Ilha Solteira/Dracena. 5 Docente do Departamento de Biologia e Zootecnia, UNESP Campus de Ilha Solteira RESUMO Com o objetivo de avaliar as perspectivas futuras dos alunos do Projeto Agricola Social (PAS), foi feita uma coleta de dados através da elaboração de um questionário, aplicado aos 33 alunos, com o intuito de melhor conhecer o projeto e a expectativa dos alunos quanto a escolha profissional. Os dados foram submetidos a análise qualitativa obtidas de respostas discursivas. Através desta avaliação, constatou-se que 33% dos jovens responderam não ter interesse em realizar um curso de nível superior, enquanto parte pretende ingressar em escola técnica, e outra, 45% almejam cursar o ensino superior. A participação em atividades com auxílio de diversos profissionais dentro do Projeto os tornam mais preparados para responsabilidades futuras, como o mercado de trabalho, além de incentivá-los na busca por especializações após conclusão do ensino médio. PALAVRAS–CHAVE: inclusão social; projetos sociais; perspectiva. INTRODUÇÃO O artigo 205 da constituição nacional diz que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). De acordo com Saveli (2010), educação de qualidade é direito de todo ser humano e dever do Estado. Consequentemente deve ser prioridade de todos os governos, federal e estadual, e deve ser visto como um instrumento a favor da redução diária das desigualdades e das 158 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 discriminações sociais. Assim, a educação representa uma contribuição asseguradora de uma vida digna a todos. Cada vez é mais comum observar em cidades de todos os estados Brasileiros, a criação de projetos de inclusão social, com o intuito de trazer oportunidades de vida e educação para jovens e adolescentes em condições menos favorecidas. Os jovens são colocados diante das responsabilidades de efetuar trabalhos distintos com remuneração variante ao tipo de atividade realizada. Na luta constante por assegurar o direito à inclusão social, foi criada uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Ilha Solteira-SP e o Departamento de Biologia e Zootecnia da UNESP, representado pelo Grupo de Estudos de Aves (GEAIS) em conjunto com a Cargill, a fim de promover o desenvolvimento profissional dos adolescente vinculados ao projeto, uma vez que os jovens são responsáveis na realização das tarefas de produção agropecuária, que posteriormente é comercializada. Há também o incentivo na realização de cursos profissionalizantes, já que todos os alunos são acompanhados por profissionais da área e estudantes de graduação. Para participar do projeto, os interessados devem estar regularmente matriculados na rede oficial de ensino público, podendo ser encaminhados através de programas sociais, pelas próprias famílias ou procurar espontaneamente. O objetivo da pesquisa foi caracterizar o perfil dos adolescentes que participam do Projeto Agrícola Social (PAS), localizado a cidade de Ilha Solteira, em São Paulo. MATERIAL E MÉTODOS Para a realização do presente trabalho, foi desenvolvido um questionário composto por 16 itens, entre questões de múltipla escolha e dissertativas objetivas, afim de conhecer o perfil socioeconômico em que os jovens estão inseridos, o grau de escolaridade, participação em atividades extras, opiniões sobre o projeto e como objetivo principal, as perspectivas de futuro de cada jovem (trabalho, curso profissionalizante, curso superior). A aplicação do questionário foi realizada de forma coletiva e na própria sede do PAS. Foi precedido de uma breve explicação dos objetivos da presente pesquisa e ficaram dispostas informações para esclarecimento de dúvidas quando necessário. Após a obtenção dos dados, os resultados foram submetidos a uma análise qualitativa para avaliação de decisões futuras dos alunos. 159 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Participaram da pesquisa 24 adolescentes do sexo masculino e 9 adolescentes do sexo feminino do Projeto Agrícola Social (PAS), totalizando 33 cooperantes, com faixa etária entre 14 e 17 anos. Todos os jovens estão matriculados em escolas públicas do município de Ilha Solteira – SP, entre ensino fundamental (7) e ensino médio (26). RESULTADOS E DISCUSSÃO Quando foram questionados sobre o projeto, quanto sua importância para cada jovem e se gostavam de participar, 25 responderam que sim e 8 alegaram que não. As respostas variaram. Quanto as afirmativas, apontaram pontos positivos como renda extra e conhecimento sobre o campo, quanto as negativas, alegaram que trabalham apenas pelo “salário” e que não gostam de ficar expostos ao sol. Em relação à atividades extras, 12 jovens praticam entre academia e escola de idiomas, enquanto 21 apenas vão à escola. Os 33 alunos moram com os pais ou outros familiares. Quanto as perspectivas em relação às atividades acadêmicas, 41,7% dos meninos responderam que não possuem interesse em continuar estudando, 16,6% desejam realizar algum curso técnico e 41,7% pretendem ingressar na universidade. Em relação as meninas 77,8% pretendem realizar algum curso superior e 22,2% cursos técnicos (Figura 1). Nenhuma das meninas, optou por parar de estudar futuramente. Pressupõem-se que o considerado número de alunos que pretendem realizar curso técnico ou curso superior, deve-se ao fato de que a cidade conta com uma Escola Técnica gratuita e a UNESP . 160 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Dentre os cursos que mais despertam interesse destacam-se as seguintes profissões: Zootecnia, Agronomia, Ciências biológicas, Direito, Engenharia Elétrica e Veterinária, sendo que destes seis cursos, quatro deles são fornecidos pelo campus de Ilha Solteira. Ao analisar as justificativas é possível observar que o projeto influência nas escolhas das profissões, já que durante as atividades realizadas há o acompanhamento de diferentes profissionais das áreas de interesses citadas. Além disso, o projeto auxilia no crescimento pessoal e a convivência em grupo, proporcionando atividades que requerem altos níveis de responsabilidade, disciplina e comprometimento. CONCLUSÕES O projeto agrícola social posiciona-se, então, como mais uma parceria na ação positiva de inclusão social e melhoria de vida e futuro dos jovens da cidade de Ilha Solteira. Além disso, mantem o jovem no campo através das atividades agrícolas realizadas ao longo do projeto criando uma oportunidade de sensibilização dos jovens para que busquem profissionalização em diversas áreas de atuação. AGRADECIMENTOS Ao Grupo de Estudo de Aves de Ilha Solteira (GEAIS), a Prefeitura Municipal de Ilha Solteira, ao Projeto Agrícola Social (PAS) e também a empresa parceira Cargill, pelo empenho e dedicação na busca de melhoria para estes alunos. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. SAVELI, E.L. A educação obrigatória nas constituições brasileiras e nas leis educacionais delas derivadas. Revista Contrapontos Eletrônica, v.10, n.2, p.129-146, 2010. 161 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 POTENCIAL ANTAGÔNICO DE UM ISOLADO DE Saccharomyces COMO AGENTE DE BIOCONTROLE DE Stemphylium. Gabriel Leonardi Antonio*¹, Roberto De Lima Donato¹; Ana Carolina Firmino¹. ¹UNESPCampus Experimental de Dracena, Dracena/SP. *e-mail: [email protected] RESUMO Como alternativa ao uso de defensivos químicos muitos agentes abióticos ou bióticos de baixo impacto ambiental vem sendo usados na agricultura, dentro da área de proteção de plantas. Entre esses agentes estão fungos e leveduras. Estes microrganismos estimulam o sistema de resistência latente da planta e ainda produzem substancias antagônicas e/ou competem por nutrientes no meio. Este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade de levedura in vitro sobre o fungo Stemphylium sp.agente causador de doença em diferentes espécies de plantas de importância econômica. O procedimento foi realizado o de antibiose por difusão com dupla camada. Os resultados apontam que o fungo Stemphylium teve seu crescimento inibido in vitro pela levedura usada quando ela está ou não ativa, podendo este ser um agente promissor no controle deste fungo. PALAVRAS-CHAVE: controle, alternativo, fitopatógenos. INTRODUÇÃO O uso de agroquímicos utilizados na agricultura cresceu substancialmente a partir da “revolução verde” por volta da década de 1950 e foi tido como a principal forma de controlar doenças nas lavouras. Porém seu uso indiscriminado causou problemas a várias comunidades em especial a dos países em desenvolvimento (MOREIRA et al., 2002) Como alternativa ao uso de defensivos químicos vem surgindo nos últimos vários trabalhos relacionados a indução de resistência, estratégia que segundo Kuhn (2007), consiste na utilização de agentes abióticos ou bióticos de baixo impacto ambiental que estimulem o sistema de resistência latente da planta. Entre esses agentes estão fungos e leveduras, microorganismos que podem produzir e excretar substâncias como antibióticos e enzimas hidrolíticas, competir por nutrientes ou serem parasitas de determinado patógeno, reduzindo ou interrompendo seu ciclo de vida (FIALHO, 2004) 162 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 A levedura Saccharomyces cerevisiae já apresentou resposta em diversos trabalhos relacionados à indução de resistência e inibição do crescimento de patógenos, tanto in vitro quanto a campo. Wulff e Pascholati (1998), constataram que o uso de S. cerevisiae como agente de controle biológico em sorgo, segundo os autores a levedura induziu a produção de fitoalexinas na planta. Gouvea et.al. (2004) estudando a interação entre S. cereviseae e Colletotrichum observou que o filtrado da cultura líquida da levedura proporcionou melhores resultados que o fungicida utilizado no trabalho o que indica que o uso de leveduras tende a ser eficiente no controle de Colletotrichum. Em trabalho realizado por Oliveira e colaboradores (2011), quando foram testadas 24 linhagens diferentes de leveduras para controle de fitopatógenos, quinze delas se mostraram promissoras. Segundo os autores elas apresentaram características diferentes para controlarem os fitopatógenos, algumas competiram pelo nutriente com o fungo fitopatogênico e outras delas além da competição por alimentos, também apresentaram propriedades antibióticas. Com base nos resultados acima citados, este trabalho teve como objetivo avaliar a atividade de levedura in vitro sobre o fungo Stemphylium sp.agente causador de doença em diferentes espécies de plantas de importância econômica. MATERIAL E MÉTODOS O procedimento foi realizado o de antibiose por difusão com dupla camada, segundo metodologia descrita por Romeiro (2001). O primeiro passo foi cultivar o agente de controle biológico, nesse caso a Saccharomyces, em meio de cultura de Batata e dextrose (BA) líquido a 25°C±2°C durante 24 horas. Passado este período depositaram-se duas gotas (20µL cada gota) da solução na mesma distância a meio BDA (Batata, dextrose e ágar) sólido contido em Placa de Petri. Após o depósito das gotas na placa, elas foram incubadas em temperatura de 25°C±2°C durante 48 horas para a formação das colônias. Após a formação das colônias adicionou-se 1 mL de clorofórmio na parte interna da tampa, onde não há meio de cultura, durante 20 minutos, visando matar as células do agente de controle. Para a eliminação dos resíduos de clorofórmio as placas ficaram entreabertas na câmera de fluxo laminar durante 30 min, após esse período fechou-se as placas e elas foram recolocadas em suas posições habituais. Também foram usadas placas que não foram inativadas com clorofórmio. 163 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 A solução contendo o Stemphylium foi formulada uma solução que continha 10mL de meio BA líquido (concentração de 108esporos.mL-1) com o fungo e 500 mL de meio BDA fundente. Essa solução foi vertida na placa que continha as colônias de leveduras sendo que o meio sólido foi colocado de forma homogênea no que diz respeito à espessura. As placas já contendo as colônias de levedura desativadas e ativas a solução de Stemphylium foram incubadas a 25°C±2°C e analisadas depois de três dias para verificação da presença de halos de inibição e quando a cultura do patógeno atingiu toda a placa no tratamentotestemunha, que indicam a inibição do crescimento do fungo fitopatogênicos testado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observados halos em torno da Saccharomyces, caracterizados pelo não crescimento do fungo neste local. Os resultados apontam que o fungo Stemphylium teve seu crescimento inibido in vitro pela levedura usada quando ela está ou não ativa (com o sem o uso de clorofórmio) (Figura 1). A B Figura 1: Stemphylium em meio de cultura na presença de Saccharomyces. A. Saccharomyces que não foi exposta ao clorofórmio. B. Saccharomyces que foi exposta ao clorofórmio Com relação ao efeito de Saccharomyces sobre o crescimento micelial de fungos fitopatogênicos, existem muitos trabalhos que demonstram a influência negativa de leveduras sobre estes organismos. Kupper et al. (2013) observou que Penicillium digitatum, agente causador de doenças pós colheita, teve seu desenvolvimento comprometido na presença de leveduras. Além de inibir o crescimento de fungos fitopatogênicos o extrato da levedura contém quitina, oligômeros de N-acetilglucosamina, beta-glucanas, glicopeptídeos e ergosterol, que são utilizados como elicitores de respostas de defesa da planta, ou seja ela modifica o metabolismo da planta induzindo a resistência contra o patógeno (Pascholati, 1998). Zanardo, Pascholati e Fialho (2009), demonstraram que o extrato de S. cerevisiae induziu a resistência do pepineiro a 164 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Colletorichum lagenarium. Segundo estes autores a severidade da antracnose diminuiu em cerca de 70%. CONCLUSÕES A Saccharomyces inibiu o crescimento de Stemphylium, podendo esta ser promissora no controle deste fungo. REFERÊNCIAS FIALHO, M.B. Efeito in vitro de Saccharomyces cereviseae sobre Guignardia citricarpa, agente causal da pinta preta do citros. Dissertação (mestrado) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2004 GOUVÊA, A, et al. Controle de doenças foliares e de flores e qualidade pós-colheita do morangueiro tratado com Saccharomyces cerevisiae. Horticultura Brasileira, v.27, p.527-533, 2009 KUHN, O.J. Indução de resistência em feijoeiro (Phaseolus vulgaris) por acibenzolar S-metil e Bacillus cereus: aspectos fisiológicos, bioquímicos e parâmetros de crescimento e produção. Tese (doutorado) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2007 MOREIRA, C.J; et al. Avaliação integrada do impacto do uso de agrotóxicos sobre a saúde humana em uma comunidade agrícola de Nova Friburgo, RJ. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.7, n.2, p.299-311, 2002 OLIVEIRA, A.V, et al. Biocontrole in vitro de Botrytis cinerea por Leveduras killer Visando Aplicação em Morangos Pós-colheita, Revista Ciências Exatas e Naturais, vol.13, n◦ 3, p. 353364 Edição Especial, 2011 PASCHOLATI, S. F.; LEITE, B. ; STANGARLIN, J. R ; CIA, P. . Interação plantapatógeno: Fisiologia, Bioquímica e Biologia Molecular. Piracicaba, SP: Fealq, 2008. v.1. 627 p. ROMEIRO, R. Controle biológico de doenças de plantas: procedimentos. Viçosa: UFV, 2007. 172p. WULFF, N.A; PASCHOLATI, S.F. Preparaçoes de Saccharomyces cerevisiae elicitoras de fitoalexinas em mesocótilos de sorgo, Scientia Agricola, Piracicaba, vol.55, n.1, Jan. 1998. ZANARDO, N. M. T.; PASCHOLATI, S. F.; FIALHO, M. B.. Resistência de plântulas de pepineiro a Colletotrichum lagenarium induzida por frações de extrato de Saccharomyces cerevisiae. Pesq. agropec. bras., Brasília , v. 44, n. 11, p. 1499-1503, 2009. 165 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 PRODUÇÃO DE MUDAS DE ALFACE EM DIFERENTES SUBSTRATOS Tiago José Maestrello Cavalheiro*¹; João Gabriel Oliveira Valverde²; Pâmela Gomes Nakada Freitas¹; Sílvia Blumer². ¹Universidade Estadual Paulista/ Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas (UNESP/FCAT); Departamento de Produção Vegetal; Dracena-SP; Brasil. *[email protected] ²Faculdades Gammon (FUNGE); Departamento de Produção Vegetal; Paraguaçu PaulistaSP; Brasil. RESUMO A produção de mudas é uma das etapas mais importantes no cultivo das hortaliças, pois sua qualidade está diretamente ligada à produção final. A escolha do substrato adequado é um dos principais fatores para obtenção de mudas de qualidade. Este trabalho teve como objetivo avaliar a produção de mudas de alface em diferentes substratos. O experimento foi conduzido em ambiente protegido no município de Vera cruz-SP. O experimento foi em fatorial 4x2, sendo quatro substratos: Amafibra®, Carolina®, Multiplant® e Tropstrato HA®; e duas cultivares de alface: Stella e Lucy Brown. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso com três repetições. As características avaliadas foram: comprimento de parte aérea e raiz, massa fresca e seca da parte aérea e raiz das mudas. O substrato Carolina® proporcionou adequada formação de mudas para as cultivares Stella e Lucy Brown, bem como o Tropstrato HA® sobretudo para ‘Lucy Brown’. PALAVRAS-CHAVE: Lactuca sativa L.; cultivares; desenvolvimento de mudas. INTRODUÇÃO A produção brasileira de alface é de 525.602 toneladas, sendo o estado de São Paulo maior contribuinte com 31% da produção brasileira, Rio de Janeiro por 27%, seguido por Minas Gerais com 7% (HORTIBRASIL, 2013). Para produção de alface, a etapa inicial é a produção de mudas com qualidade. Para isto é necessário a seleção de um substrato, pois substitui a função do solo, fornecendo à planta sustentação e nutrientes. Dentre as características desejáveis de um bom substrato, destacam-se: baixo custo, fácil disponibilidade, bom teor de nutrientes, alta capacidade de troca de cátions, esterilidade biológica, boa aeração, retenção de umidade, agregação às raízes (torrão) e uniformidade (GONÇALVES, 1994). O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção de mudas de alface de duas cultivares em diferentes substratos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em ambiente protegido com cobertura de polietileno transparente, localizada na propriedade Nossa Senhora Aparecida, no município de Vera Cruz, Estado de São Paulo, no período de 01 de março a 01 de abril de 2015. 166 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Os tratamentos consistiram em fatorial 4 x 2, sendo quatro substratos comerciais: Carolina®, Multiplant®, Amafibra® e Tropstrato HA® (Tabela 1), e duas cultivares de alface: Stella (alface lisa) e Lucy Brown (alface americana), sementes peletizadas. Tabela 1. Quantidade de macronutrientes, nitrogênio (N); fósforo (P) e potássio (K), matéria orgânica, pH, relação carbono nitrogênio (C/N) e composição física de diferentes substratos comerciais. Substrato N P K M.O. pH C/N Composição física % Carolina® 0,69 0,49 0,18 49,5 6,0 29 Turfa de Sphagno, perlita expandida, casca de arroz carbonizado, calcário dolomítico Multiplant® 0,63 0,41 0,15 50,5 5,0 28 70% de casca de pinus, 25% de vermiculita e 5% de areia Amafibra® 0,46 0,40 0,12 89,5 5,5 29 fibra de coco Tropstrato HA® 0,68 0,48 0,15 54,0 6,0 15 casca de pinus, turfa, vermiculita expandida A semeadura foi realizada no dia 01 de março em bandejas de poliestireno de 200 células, colocando-se apenas uma semente por célula. O experimento foi irrigado diariamente, por micro aspersores subdivididos igualmente por setores, uma a duas vezes, dependendo da necessidade das plantas. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com três repetições, cada parcela foi constituída de 20 plantas nas quais foram consideradas as 10 plantas centrais. As características avaliadas foram: comprimento da parte aérea e raiz das mudas, para estas características, todas as mudas foram cortadas na região do colo e as respectivas partes foram medidas com régua, expressas em centímetro, e dessas estruturas também foram obtidas a massa fresca e seca, obtendo-se a massa de 10 plantas, em balança de precisão com quatro casas decimais, com posterior cálculo da média, expressas em gramas. E para massa seca, as plantas foram colocadas em sacos de papel, as quais permaneceram em estufa com circulação de ar sob temperatura de 40ºC, até estabilização da massa seca. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2 para a característica de comprimento de parte aérea, a cultivar Stella obteve melhor desempenho no substrato Carolina®, e ‘Lucy Brown’ nos substratos Multiplant® e Tropstrato HA®. Segundo Correia et al. (1984), o nitrogênio é um componente que melhora as condições químicas do substrato, o qual é rapidamente liberado para as plantas, além disso, o 167 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 crescimento das plantas se torna mais vigoroso e as folhas se apresentam grandes, grossas e intensamente verdes, verificando-se maiores teores deste elemento para os substratos anteriormente citado (Tabela 1). Quanto ao comprimento de raiz (Tabela 2), observa-se maiores valores para a ‘Lucy Brown’ sobretudo ao se desenvolver nos substratos Carolina® e Multiplant®. De maneira geral nota-se maior vigor da cultivar Lucy Brown em relação a ‘Stella’, o que provavelmente se deve às características peculiares genéticas de cada uma delas, já que a cultivar Lucy Brown tem ciclo mais precoce e pertence ao grupo Americana, e seu desenvolvimento inicial é mais rápido comparado com a ‘Stela’, pertencente ao grupo das alfaces lisa, sem formação de cabeça. Neste mesmo sentido pode-se verificar na Tabela 3 que a ‘Lucy Brown’ apresentou maior massa fresca de parte aérea. Além do mais nesses substratos citados continham maiores teores de fósforo o qual estimula o crescimento das raízes (SCHUMACHER et al., 2003). Tabela 2. Comprimento de parte aérea (CPA) e de raiz (CR) de mudas de alface em função de diferentes substratos. Vera Cruz-SP,2015. CPA (cm) Cultivar Substrato ® Amafibra Carolina® Multiplant® Tropstrato® CV (%)¹ CR (cm) Stella 3,6 Ab* 6,5 Aa 3,2 Bb 3,5 Bb Lucy 3,9 Ac 5,5 Ba 4,3 Abc 4,8 Aab 8,8 Stella 5,3 Ac 7,9 Ba 6,5 Bb 6,7 Ab Lucy 5,4 Ac 9,2 Aa 7,6 Ab 7,1 Ab 4,1 ¹Coeficiente de variação. *Médias seguidas por mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Tabela 3. Massa fresca de parte aérea (MFPA) de mudas de alface para duas cultivares. Vera Cruz-SP, 2015. Cultivar MFPA (g)** Lucy Brown 1,42 a* Stella 1,21 b CV (%)¹ 15,1 ¹Coeficiente de variação. *Médias que se diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. **Dados transformados por raiz quadrada (x+1). Na comparação entre os substratos para as características de massa fresca e seca de parte aérea e raiz destaca-se o substrato Carolina® (Tabela 4), que ao observar sua composição 168 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 (Tabela 1), o mesmo se identifica com as características já relatadas por Gonçalves et al. (1995) de um ótimo substrato. Tabela 4. Massa fresca de parte aérea (MFPA) e de raiz (MFR), e massa seca de parte aérea (MSPA) e raiz (MSR) de mudas de alface em função de diferentes substratos. Vera Cruz-SP. Substrato MFPA** (g) MFR** (g) MSPA** (g) MSR** (g) Amafibra® 0,63 d* 0,28 b 0,39 c 0,24 c ® Carolina 1,92 a 0,82 a 1,10 a 0,73 a ® 1,14 c 0,49 b 0,76 b 0,40 bc ® 1,58 b 0,75 a 0,85 b 0,51 b 15,1 24,5 16,1 28,0 Multiplant Tropstrato CV (%)¹ ¹Coeficiente de variação. *Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. **Dados transformados por raiz quadrada (x+1). CONCLUSÕES O substrato Carolina® é o mais adequado para produzir mudas das cultivares Stella e Lucy Brown. REFERÊNCIAS CORREIA, M. P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura/IBDF, 1984. 707p. FILGUEIRA, F.A.R. Novo Manual de Olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. 2008. 421p. GONÇALVES A. L. Substratos para produção de mudas ornamentais. In: MINAMI K. et al. Produção de mudas hortícolas de alta qualidade. Piracicaba: ESALQ/SEBRAE, 1994,156 p. HORTIBRASIL, 2013. Disponível em:< http://hortibrasil.org.br/jnw/index.php?option=com_content&view=article&id=1131:alface-emnumeros&catid=64:frutas-e-hortalicas-frescas&Itemid=82.> Acesso em: setembro de 2015. SCHUMACHER, M.V.; CECONI, D.E.; SANTANA, C.A. Influência de diferentes doses de fósforo no crescimento de plantas de Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert. Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n. 47, p. 99-114, 2003. 169 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 QUALIDADE DA CARNE MATURADA DE NOVILHAS BUBALINAS COM IDADE ENTRE 32-36 MESES Patrícia Aparecida Cardoso da Luz*1; Cristiana Andrighetto²; André Mendes Jorge3; Aline Sampaio Aranha 2 ; Leonardo Henrique Zanetti1. 1 Faculdade de Medicina 2 Veterinária e Zootecnia – UNESP, Botucatu – SP, Brasil. Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas - UNESP, Dracena - SP, Brasil. 3Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP, Departamento de Produção Animal, Botucatu – SP, Brasil. *E-mail: [email protected] RESUMO Objetivou-se com o presente trabalho avaliar os efeitos de diferentes tempos de maturação sobre as características de maciez e cor da carne de novilhas bubalinas de descarte. Para o estudo, foram utilizadas dez novilhas bubalinas da raça Murrah, com idade entre 32-36 meses. Essas novilhas foram abatidas em frigorífico comercial e amostras do Longissimus thoracis foram coletadas e maturadas por 0, 7, 14 e 21 dias para análises de pH, força de cisalhamento (FC), índice de fragmentação miofibrilar (IFM), cor da carne e percepção subjetiva da diferença de cor (∆E). De acordo com os dados, o pH, a FC e o IFM indicaram que a maturação melhorou a maciez da carne de novilhas de descarte, sem grandes alterações na coloração da mesma. Dessa forma, a adoção deste processo pode levar a mesa dos consumidores de carne vermelha, um produto de qualidade, mesmo se tratando de fêmeas de descarte. PALAVRAS-CHAVE: búfalas; maturação; maciez. INTRODUÇÃO O abate de fêmeas no Brasil tem importância marcante na produção de carne, representando no ano de 2014 cerca de 45% do total de abates bovinos, incluindo bubalinos, no país (ANUALPEC, 2015). Entretanto, essa categoria animal é ainda descriminada pelas indústrias de frigoríficos, pelo fato de apresentar menor rendimento de carcaça comparado aos machos (MEIRELLES et al., 2007) e muitas vezes são destinadas ao abate com idade superior a eles, tornando sua carne menos atrativa e menos macia. Nesse contexto, a maturação entra como uma forma de melhorar essas características, uma vez que permite a prolongação das enzimas endógenas, as quais degradam as proteínas miofibrilares e, consequentemente, melhoram a maciez, a suculência e o sabor da carne (ANDRIGHETTO et al., 2006). Dessa forma, o presente 170 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar os efeitos de diferentes tempos de maturação sobre as características de maciez e cor da carne de novilhas bubalinas com idade entre 32-36 meses. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas 10 novilhas bubalinas da raça Murrah, com idade entre 32 a 36 meses, provenientes da Fazenda Guaritá - Pompéia/SP. Esses animais foram abatidos em frigorífico comercial (SISP), localizado no município de Pirapozinho/SP e, logo após o abate do lote, foi realizada a secção na carcaça entre a 8ª e 13ª vértebra torácica do músculo Longissimus thoracis (LT). Todas as amostras foram transportadas ao Laboratório de Bromatologia da Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas da UNESP – Campus de Dracena, onde foram separados os cortes transversais e, posteriormente, embalados a vácuo e colocados em câmara de maturação, onde permaneceram sob refrigeração (0 a 1°C) por 0, 7, 14 e 21 dias de maturação para a realização das seguintes análises: pH (BELTRÁN et al., 1997); força de cisalhamento (AMSA, 1995); índice de fragmentação miofibrilar (CULLER et al., 1978); cor da carne (HONIKEL, 1998) e percepções subjetivas da diferença de cor (∆E) (MACDOUGAL, 1994). O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e dez repetições por tratamento, definido em esquema de parcelas subdivididas, sendo as parcelas constituídas pelos animais e as subparcelas os dias de maturação. Os contrastes polinomiais ortogonais foram utilizados para testar os efeitos lineares e quadráticos dos diferentes tempos de maturação, e para o ∆E foi usado o teste de Tukey. Os dados foram submetidos às análises estatísticas utilizando o programa SAS 9.2 (SAS Institute, 2008), ao nível de significância de 5%. Todo experimento foi realizado de acordo com os princípios éticos na experimentação animal (protocolo nº 27/2012) determinados pela Comissão de Ética em Uso de Animais (CEUA) da referida instituição. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação ao pH do músculo LT submetido a diferentes tempos de maturação, os valores médios apresentaram regressão quadrática (P = 0,0019; R² = 0,96). As médias dos valores de pH final encontrados em todos os tratamentos foram superiores aos encontrados em bovinos Nelore e Red Norte (ANDRADE et al., 2010). Em se tratando de maturação, os valores mais baixos de pH encontrados por esses autores estão relacionados com menor atividade das 171 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 enzimas proteolíticas e menor maciez da carne, uma vez que as calpaínas µ e m apresentam pH ótimo em valores próximos a 7 (BÉLTRAN et al., 1997). Observou-se uma redução linear na força de cisalhamento (FC) em função do tempo de maturação (P = 0,0001; R² = 0,97), apresentando valores médios de 59,62 N; 44,42 N; 33,34 N e 26,38 N nos dias 0, 7, 14 e 21, respectivamente. Assim, a FC caiu entre 0 e 7 dias 15,20 N; entre 7 e 14 dias 11,08 N e entre 14 e 21 dias 6,96 N. Esse fato também pode ser observado nos valores médios do índice de fragmentação miofibrilar (IFM), os quais, de forma geral, apresentaram um aumento ao longo da maturação (P = 0,0001; R² = 0,67 regressão linear; P = 0,0003; R² = 0,92 regressão quadrática), com valores médios de 92,68%; 147,29%; 147,18% e 152,24% nos dias 0, 7, 14 e 21, respectivamente. É importante ressaltar que IFM maior que 60% caracteriza carne bastante macia, enquanto índice abaixo de 60% indica maciez moderada e inferior a 50% indica falta de maciez (CULLER et al., 1978). Em relação à degradação miofibrilar entre os tempos de maturação, foi obtido 54,61% entre 0 e 7 dias, -0,11% entre 7 e 14 dias e 5,06% entre 14 e 21 dias. Deste modo, tanto a FC, quanto o IFM, demonstram a eficácia da utilização do processo de maturação sobre a qualidade da carne de búfalas mesmo de descarte, a qual se apresentou mais macia no dia 21 de maturação, porém, com as principais alterações entre os dias 0 e 7 de maturação. Em relação à cor, os tempos de maturação não interferiram nos valores médios de luminosidade (L*) e intensidade de vermelho (a*) (P > 0,05), porém alterou os valores médios da intensidade de amarelo (b*) que aumentou linearmente em função dos tempos de maturação (P = 0,003; R² = 0,76), esse resultado diferiu dos encontrados em carne maturada de búfalos mestiços (Murrah x Mediterrâneo) por 0, 15 e 25 dias, em que não foi observado diferença nos valores de b* entre os tempos de maturação (IRURUETA et al., 2008), por outro lado, se assemelham aos encontrados em carnes bovinas maturadas por 1, 7, 14 e 21 dias, sendo justificado pelo fato que os pigmentos carotenóides presentes na intensidade de amarelo são antioxidantes, por isso ocorreu um aumento nos valores médios de b* e não uma diminuição (ANDRADE et al. 2010). Embora com essa alteração na intensidade de amarelo, os dados da cor revelam ainda que as percepções subjetivas da diferença de cor da cor da carne das búfalas (∆E07 = 2,41; ∆E0-14 = 2,28 e ∆E0-21 = 3,02; P = 0.13; EP = 0.89) se enquadram na faixa de pouco perceptíveis ao olho humano, e são ainda, menos perceptíveis do que as observadas em carnes bovinas maturadas (∆E1-7 = 3,37; ∆E1-14 = 11,95 e ∆E1-21 = 12,81; ANDRADE et al., 2010), a qual é amplamente consumida. 172 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CONCLUSÕES A maturação melhora, de forma considerável, a maciez da carne de novilhas bubalinas com idade entre 32-36 meses. Além disso, as mudanças observadas na coloração são pouco perceptíveis ao olho humano. Dessa forma, a adoção deste processo, pode desmistificar a espécie, bem como a categoria, e esclarecê-la como mais uma alternativa de carne vermelha de excelente valor qualitativo para os consumidores. AGRADECIMENTOS Esta pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP – Nº. 2012/09733-8). REFERÊNCIAS AMSA. American Meat Science Association. Research guideliness for cookery sensory and instrumental tenderness measurement of fresh meat. 48 p., 1995. ANDRADE, P. L., BRESSAN, M. C., GAMA, L. T., GONÇALVES, T. M., LADEIRA, M. M., RAMOS, E. M. Aged meat quality in Red Norte and Nellore cattle. Brazilian Journal of Animal Science, 39(8), 1791-1800, 2010. ANDRIGHETTO, C.; JORGE, A. M.; ROÇA, R. O.; SARTORI, D. R. Maturação da carne bovina. Revista Electrónica de Veterinaria REDVET, v. 7, n. 6, p. 1-6, 2006. ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. FNP Consultoria/Agros Comunicação, São Paulo, SP. 2015, 280p. BÉLTRAN, J.A.; JAIME, I.; SANTOLARIA, P.; SAÑUDO C, ALBERTÍ P, RONCALÉS P. Effect of stress-induced high post-mortem pH on protease activity and tenderness of beef. Meat Science, v.45, p.201-27, 1997. CULLER, R. D.; PARRISH J. R.; SMITH, F. C., SMITH, G. C., CROSS, H. R. Relationshipof myofibril fragmentation index to certain chemical, physical and sensory characteristics of bovine longissimus muscle. Journal of Food Science, v.43, p.1177-1180, 1978. HONIKEL, K.O. Reference methods for the assessment of physical characteristics of meat. Meat Science, 49(4), 447-457, 1998. MACDOUGAL, D.B. Colour meat. In: Pearson, A.M.; Dutson, T.R. (Eds.). Quality attributes and their measurement in meat, poultry and fish products - Advances in Meat Research Series. London: Blackie Academic & Professional, 1994. v.9, cap.3, p.79-93. MEIRELLES, C. BUENO JUNIOR, C. F.; KOZICKI, L. E.; WEISS, R. R. SEGUI, M. S. Avaliação do ganho de peso de novilhas ovariectomizadas por técnica transvaginal. Revista Acadêmica, v. 5, n. 3, p.303-307, 2007. SAS Institute, (2008). SAS User’s guide: Statistics. Version 9.2. Cary, NC. 173 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 QUALIDADE DOS FENOS DE CAPIM-TIFTON 85 E ALFAFA SOBRE A DIGESTIBILIDADE DE DIFERENTES DIETAS PARA EQUINOS Karina Shizue Soares Kai¹*; Kátia de Oliveira²; Mariana Zamboni Pinheiro³; Beatriz Queiroz dos Reis¹; Mariana Siqueira Araújo¹. ¹Graduanda em Zootecnia – UNESP Dracena ²Docente de Zootecnia – UNESP Dracena ³Graduanda em Medicina Veterinária – FEA (Andradina/SP). *[email protected] RESUMO Com o trabalho, objetivou-se analisar a digestibilidade das dietas e o teor de fibra indigestível nas fezes de cavalos submetidos à ingestão de diferentes qualidades de fenos de capim-tifton e alfafa, em dietas isoproteicas e isoenergéticas. Os tratamentos consistiram de seis dietas constituídas por concentrado e volumoso, na relação 50:50, e o delineamento experimental foi o quadrado latino 6x6 (seis cavalos e seis períodos). Foram utilizados seis equinos machos, mestiços, com idade entre 6-7 anos e peso corporal médio de 353,8±49,7 kg. O volumoso da dieta foi composto pelas combinações de fenos, em esquema fatorial 2x3, sendo duas forragens (capim-tifton 85 e alfafa) e três tipos de feno (A, B e C). As variáveis mensuradas foram coeficiente de digestibilidade da matéria seca (CDMS) das dietas e teor de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) nas fezes. Houve efeito significativo (P<0,05) para a variável FDNi para o tipo forrageiro. O grupo de cavalos alimentado com feno de alfafa apresentou maior FDNi (63,19±0,59%). Para ambas as forrageiras, para o feno tipo A foi observado maior CDMS (P=0,0061). PALAVRAS-CHAVE: cavalo; coeficiente de digestibilidade; fibra indigestível. INTRODUÇÃO Os cavalos são classificados como herbívoros adaptados a consumirem dietas contendo alto conteúdo de fibra. O manejo moderno de equinos impõe a esta espécie quantidade reduzida de forragem e incremento de grãos em sua dieta, para atender seus requisitos nutricionais de desempenho esportivo. Cavalos consumindo dietas contendo alta proporção de volumoso resultam em incremento na massa da ingesta presente no intestino grosso (PAGAN & DUREN, 2001), decorrente do aumento da retenção de água no trato gastrintestinal (TGI), bem como da quantidade de material fibroso não digerido (ELLIS, HOLLAND & ALLEN, 2002). 174 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Pesquisas que objetivem avaliar o efeito da qualidade nutricional dos fenos de capimtifton e alfafa na alimentação de equinos inexistem na literatura nacional e internacional. Assim torna-se relevante esta investigação, pois comumente os cavalos são alimentados com fenos de pobre qualidade, oriundos de plantas maduras (JANSSON & LINDBERG, 2012). Neste sentido, o objetivo da pesquisa foi estudar a digestibilidade das dietas e o teor de fibra indigestível nas fezes de cavalos submetidos à ingestão de diferentes qualidades de fenos de capim-tifton 85 e alfafa, em dietas isoproteicas e isoenergéticas. MATERIAL E MÉTODOS Este projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética em Uso de Animais (CEUA) da UNESP, Campus de Dracena, protocolo n° 44/2012. O experimento foi conduzido no Haras RR, no município de São Pedro/SP. Os tratamentos consistiram de seis dietas constituídas por concentrado e volumoso, em que este volumoso da dieta foi composto pelas combinações de fenos, em esquema fatorial 2 x 3, sendo duas forragens (capim-tifton 85 e alfafa) e três tipos de feno (A, B e C). O delineamento experimental foi o quadrado latino 6 x 6 (seis cavalos e seis períodos), em que foram utilizados seis equinos, machos, mestiços, com idade entre seis e sete anos e peso corporal (PC) médio de 353,8±49,7 kg. A qualidade nutricional dos fenos de capim-tifton para o tipo A, caracterizou-se por conter, 13,28% PB e 72,62% FDN, o tipo B apresentando 11,8% PB e 74,57% FDN, e o tipo C com 10,79% PB e 78,74% FDN. Os fenos de alfafa designados como tipo A contiveram, bromatologicamente, 20,06% PB e 49,55% FDN, o tipo B com 18,61% PB e 58,99% FDN, e o tipo C apresentou 17,70% PB e 62,75% FDN. As dietas foram formuladas para atender as exigências mínimas nutricionais de cavalos em trabalho intenso (NRC, 2007), bem como para serem isoproteicas (15,7% PB) e isoenergéticas (2,9 Mcal.kg-1). As variáveis mensuradas nos cavalos foram coeficiente de digestibilidade da MS (CDMS) das dietas e conteúdo de fibra indigestível (FDNi) nas fezes. A partir da determinação da MS nas fezes e da produção fecal dos cavalos mais a quantidade de ração (volumoso + concentrado) consumida por animal, foram calculados o CDMS da dieta, segundo Berchielli et al. (2005) com a equação: % CDMS = 100 x ((kg alimento consumido – kg fezes produzida) / kg de alimento consumido). Para a determinação do FDNi nas fezes, foi utilizada a técnica in vitro com uso do equipamento Daisy Incubator (ANKOM® Technology), por meio de inóculo com fezes equinas, adaptando-se metodologia elaborada por Oliveira et al. (2012). 175 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Para a análise dos resultados, as variáveis foram submetidas à análise de variância do programa computacional Statistical Analysis System (SAS, 2003). As comparações entre médias foram feitas pelo teste de Tukey, bem como foi utilizada a probabilidade dos efeitos principais através do teste F. Todos os testes utilizaram o nível de 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Verificou-se efeito significativo entre os tratamentos às variáveis CDMS (P=0,0061) e FDNi (P<0,0001). Ainda, foi detectado diferença estatística para o tipo de forragem presente nas dietas, como efeito principal, para FDNi (P<0,001). Tabela 1. Médias do coeficiente de digestibilidade da matéria seca (CDMS) da dieta, e do teor de fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) nas fezes, e desvio padrão dos equinos alimentados com dietas isoproteicas e isoenergéticas submetidos a três tipos (A, B e C) de fenos de capim-tifton 851 e alfafa2. Variável Feno de Capim-Tifton 85 A B C A B C 61,88ab ±2,41 62,16ab ±2,35 59,30b ±2,31 64,71a ±2,38 63,45a ±2,41 58,97b ±2,41 CDMS (%) 57,72c ±0,75 FDNi (%) a,b,c A,B Feno de Alfafa Média1 Média2 60,98±2,23 62,44±2,25 56,59c ±0,72 63,35ab ±0,74 63,78a ±0,72 62,05b ±0,71 Média1 Média2 59,19B±0,61 63,19A±0,59 63,76a ±0,71 Médias com letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05) entre si pelo teste de Tukey; Médias com letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05) entre si pelo teste F. Os resultados da tabela 1 reforçam a afirmação de Lewis (1985) de que, normalmente, fenos de leguminosas apresentam maior valor nutritivo e maior digestibilidade do que fenos de gramíneas. A variável FDNi nas fezes foi avaliada para monitorar, indiretamente, a capacidade digestiva dos cavalos em relação às dietas experimentais. Neste sentido, os maiores valores de FDNi, observados nas fezes dos equinos consumindo feno de alfafa, foi resultante da menor quantidade de material indigestível presente no TGI, em consequência da melhor capacidade de 176 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 digestão pelos animais que receberam esta dieta. Tal resultado era esperado às dietas com feno de alfafa, uma vez que o melhor CDMS ocorreu em consequência da redução no conteúdo indigestível no trato digestório, e assim, contribuindo para o incremento no FDNi (BERCHIELLI et al., 2005; OLIVEIRA et al., 2012). CONCLUSÕES O feno de alfafa como fonte de volumoso, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, apresentou melhor qualidade em relação ao feno de capim-tifton, pela melhor capacidade de digestão pelos animais. AGRADECIMENTOS Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), auxílio à pesquisa sob processo nº 2013/03075-1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERCHIELLI, T. T.; OLIVEIRA, S. G. D.; CARRILHO, E. N. V. M.; FEITOSA, J. V.; LOPES, A. D.. Comparação de marcadores para estimativas de produção fecal e de fluxo de digesta em bovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.3, p.987-996, 2005. ELLIS, J. M.; HOLLANDS, T.; ALLEN, D. E.. Effect of forage intake on body weight and performance. Equine Veterinary Journal, v.34, p.66-70, 2002. JANSSON, A.; LINDBERG J. E.. Forage-only diet alters the metabolic response of horses in training. Cambridge Journals, v.2, n.4, p.42, 2012. LEWIS, L. D.. Alimentação e cuidados do cavalo. São Paulo, Brasil: Livraria Roca Ltda, 1985, 248p. NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrients Requirements of Horses. 6. ed., Washington, D.C., 2007, 341p. OLIVEIRA, K.; BITTAR, C. M. M.; COSTA, C.; OLIVEIRA, V. A. P.; SÁ, J. C.. Fezes equina como fonte de inóculo na obtenção de indicadores indigestíveis para estimar a digestibilidade em equinos. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.13, n.2, p.410-423, 2012. PAGAN, J. D.; DUREN, S. E.. Recent developments in equine nutrition. Recent Advances in Animal Nutrition in Australia, v.13, p.169-177, 2001. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM - SAS. SAS user´s: guide statistics. Cary: 2003. 211p. 177 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 QUALIDADE DOS FENOS DE CAPIM-TIFTON 85 E ALFAFA SOBRE A PRODUÇÃO E UMIDADE FECAL DE EQUINOS Giovani Augusto Campos de Oliveira1*; Kátia de Oliveira2; Ciniro Costa3; Paulo Roberto de Lima Meirelles3; Denise Tsuzukibashi4. ¹Graduando em Zootecnia – UNESP Dracena ²Docente de Zootecnia – UNESP Dracena 3Docentes UNESP Botucatu 4Mestranda em Zootecnia – UNESP Botucatu. *[email protected] RESUMO Com o trabalho objetivou-se analisar a produção fecal e o teor de umidade nas fezes de cavalos submetidos à ingestão de diferentes qualidades de fenos de capim-tifton e alfafa, em dietas isoproteicas e isoenergéticas. Os tratamentos consistiram de seis dietas constituídas por concentrado e volumoso, na relação 50:50, e o delineamento experimental foi o quadrado latino 6x6 (seis cavalos e seis períodos). Foram utilizados seis equinos machos, mestiços, com idade entre 6 e 7 anos e peso corporal médio de 353,8±49,7 kg. O volumoso da dieta foi composto pelas combinações de fenos, em esquema fatorial 2x3, sendo duas forragens (capim-tifton 85 e alfafa) e três tipos de feno (A, B e C). As variáveis mensuradas foram produção fecal (PF) e teor de umidade nas fezes (U). Houve efeito significativo (P<0,05) para ambas as variáveis para o tipo forrageiro, sendo que o grupo de cavalos alimentado com feno de alfafa apresentou menores valores para U (72,65±0,79%) e PF (2,42±0,10 kg). Para ambas as forrageiras, o feno tipo C resultou em maior PF (P=0,0013), e para o feno tipo A foi observado maior U (P<0,0001). Foi possível concluir que o feno de alfafa proporcionou redução na produção fecal e na retenção de umidade nas fezes. PALAVRAS-CHAVE: cavalo; forragem conservada, produção de fezes. INTRODUÇÃO Cavalos consumindo dietas contendo alta proporção de volumoso resultam em incremento na massa da ingesta presente no intestino grosso (PAGAN & DUREN, 2001), decorrente do aumento da retenção de água no trato gastrintestinal (TGI), bem como da quantidade de material fibroso não digerido (ELLIS et al., 2002). Cuddeford et al.(1992) sugeriram que o alto nível de ingestão de fibra na dieta pode aumentar o conteúdo de água no intestino grosso, devido aos polissacarídeos hidrofílicos na fibra, resultando em grande perda fecal de água. 178 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Entretanto, pesquisas têm indicado que o nível de ingestão do volumoso oferecido parece não ser o fator mais importante no aumento de PC em cavalos. Connysson et al. (2010), consideram a composição bromatológica da forragem como característica primordial. Pesquisas que objetivem avaliar o efeito da qualidade nutricional dos fenos de capim-tifton e alfafa na alimentação de equinos, inexistem na literatura nacional e internacional. Assim torna-se relevante esta investigação, pois comumente os cavalos de esporte são alimentados com fenos de pobre qualidade, oriundos de plantas maduras (JANSSON & LINDBERG, 2012). Neste sentido, o objetivo da pesquisa foi estudar o efeito da qualidade dos fenos de capim-tifton 85 e alfafa, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, sobre a produção fecal e o teor de umidade nas fezes de equinos. MATERIAL E MÉTODOS Este projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética em Uso de Animais (CEUA) da UNESP, Campus de Dracena, protocolo n° 44/2012. O experimento foi conduzido no Haras RR, no município de São Pedro/SP. Os tratamentos consistiram de seis dietas constituídas por concentrado e volumoso, em que este volumoso da dieta foi composto pelas combinações de fenos, em esquema fatorial 2 x 3, sendo duas forragens (capim-tifton 85 e alfafa) e três tipos de feno (A, B e C). O delineamento experimental foi o quadrado latino 6 x 6 (seis cavalos e seis períodos), em que foram utilizados seis equinos, machos, mestiços, com idade entre seis e sete anos e peso corporal (PC) médio de 353,8±49,7 kg. Os cavalos permaneceram estabulados em baia de alvenaria de 9 m2, com piso cimentado. A qualidade nutricional dos fenos de capim-tifton para o tipo A, caracterizou-se por conter, 13,28% PB e 72,62% FDN, o tipo B apresentando 11,8% PB e 74,57% FDN, e o tipo C com 10,79% PB e 78,74% FDN. Os fenos de alfafa designados como tipo A contiveram, bromatologicamente, 20,06% PB e 49,55% FDN, o tipo B com 18,61% PB e 58,99% FDN, e o tipo C apresentou 17,70% PB e 62,75% FDN. As dietas foram formuladas para atender as exigências mínimas nutricionais de cavalos em trabalho intenso (NRC, 2007), bem como para serem isoproteicas (15,7% PB) e isoenergéticas (2,9 Mcal.kg-1). Durante três dias, após período de adaptação, as fezes totais dos cavalos foram colhidas diretamente do piso e pesadas, a cada oito horas, para quantificar a PF (BRAGA et al., 2008). Estas fezes foram homogeneizadas e amostradas em 100 g, sendo colocadas em sacos plásticos 179 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 identificados e armazenados a uma temperatura de - 15°C. A partir da determinação da MS nas fezes dos cavalos foi calculado o U nas fezes, a partir da equação: % U = 100 – MSfezes. Para a análise dos resultados, as variáveis foram submetidas à análise de variância do programa computacional Statistical Analysis System (SAS, 2003). As comparações entre médias foram feitas pelo teste de Tukey, bem como foi utilizada a probabilidade dos efeitos principais através do teste F. Todos os testes utilizaram o nível de 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se efeito estatístico das dietas experimentais sobre o U nas fezes (P<0,0001) e sobre a PF (P=0,0013), bem como para o tipo de forragem, como efeito principal (PU=0,0004 e PPF=0,0013). Tabela 1. Médias da produção fecal (PF) e do teor de umidade (U) nas fezes, e desvio padrão dos equinos alimentados com dietas isoproteicas e isoenergéticas submetidos a três tipos (A, B e C) de fenos de capim-tifton1 e alfafa2. Feno de Capim-Tifton Variável PF A B C A B C 2,54ac 2,48bc 2,71a 2,30b 2,35b 2,62ac ±0,35 ±0,36 ±0,42 ±0,24 ±0,23 ±0,17 (kg na MS.dia-1) U (%) Feno de Alfafa Média1 Média2 2,58A±0,39 2,42B±0,26 74,97a 73,58b 73,73b 73,95ab 71,93c 72,07c ±2,79 ±1,72 ±1,99 ±1,20 ±3,67 ±1,76 Média1 Média2 74,09A±2,24 72,65B±2,56 kg na MS.dia-1 = quilogramas na matéria seca por dia; % = porcentagem; a,b,c A,B Médias com letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05) entre si pelo teste de Tukey; Médias com letras diferentes na mesma linha diferem (P<0,05) entre si pelo teste F. Em relação à retenção de umidade nas fezes, Cymbaluk & Christison (1989) e Frape (1998) relataram que o conteúdo de fibra na dieta tem efeito direto sobre o teor de água fecal, devido à ocorrência de arraste de fluidos pela fração fibrosa presente nas fezes. Ainda, Cymbaluk & Christison (1989) afirmaram que a retenção de água fecal aumenta com o 180 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 fornecimento de feno de gramíneas, o que pode justificar a maior média de U nas fezes apresentada pelo feno de capim-tifton. CONCLUSÕES O feno de alfafa como fonte de volumoso, em dietas isoproteicas e isoenergéticas, apresentou melhor qualidade em relação ao feno de capim-tifton, pela redução da retenção de água nas fezes dos cavalos proporcionada pela composição distinta da fração fibrosa das fontes de forragens estudadas. AGRADECIMENTOS Este trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), auxílio à pesquisa sob processo nº 2013/03075-1. REFERÊNCIAS BRAGA, A. C.; ARAÚJO, K. V.; LEITE, G. G.; MASCARENHAS, A. G.. Níveis de fibra em detergente neutro em dietas para equinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, n.11, p.1965-1972, 2008. CONNYSSON, M.; ESSÉN-GUSTAVSSON B.; LINDBERG, J. E.; JANSSON, A.. Effects of feed deprivation on Standardbred horses fed a forage-only diet and 50:50 forage-oats diet. Equine Veterinary Journal, v.42, suppl.38, p.335-340, 2010. CUDDEFORD, D.; WOODHEAD, A.; MUIRHEAD, R.. A comparison between the nutritive value of short-cutting cycle, high temperature-dried alfalfa and timothy hay for horses. Equine Veterinary Journal, v.24, n.1, p.84-89, 1992. CYMBALUK, N. F.; CHRISTISON, G. I.. Effects of diet and climate on growing horses. Journal of Animal Science, v.67, n.1, p.48-59, 1989. ELLIS, J. M.; HOLLANDS, T.; ALLEN, D. E.. Effect of forage intake on body weight and performance. Equine Veterinary Journal, v.34, p.66-70, 2002. FRAPE, D. Equine nutrition and feeding. 2. ed. Oxford: Blackwell Science Ltda. 29 1998. 564p. JANSSON, A.; LINDBERG J. E.. Forage-only diet alters the metabolic response of horses in training. Cambridge Journals, v.2, n.4, p.42, 2012. NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrients Requirements of Horses. 6. ed., Washington, D.C., 2007, 341p. PAGAN, J. D.; DUREN, S. E.. Recent developments in equine nutrition. Recent Advances in Animal Nutrition in Australia, v.13, p.169-177, 2001. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM - SAS. SAS user´s: guide statistics. Cary: 2003. 211p. 181 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 QUEBRA DE DORMÊNCIA EM SEMENTES E O DESENVOLVIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE Urochloa brizantha cv. MARANDU QUANDO SUBMETIDA AO USO DO ETEFOM Ana Paula Bottan2, Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo2, Marco Eustáquio de Sá3, Ronaldo da Silva Viana4, Lucas Aparecido Manzani Lisboa5. ¹Discente do Curso de Ciências Biológicas da Fundação Dracenense de Educação e Cultura, Dracena-SP. e-mail: [email protected]. 2Professor Doutor Adjunto da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Dracena, Dracena-SP. 3Professor Doutor Titular da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Ilha Solteira, departamento de Fitotecnia. Ilha Solteira-SP. 4Professor Doutor Assistente II, Faculdade de Tecnologia de Araçatuba – FATEC, Araçatuba-SP. 5Professor Mestre da Fundação Dracenense de Educação e Cultura de Dracena, Dracena-SP e Doutorando pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Ilha Solteira, no Programa de Pós-Graduação em Agronomia em Produção Vegetal. RESUMO O objetivo desse trabalho foi estudar a quebra de dormência em sementes de Urochloa brizantha cv. Marandu com o uso do etefom. Foram imersas 20 sementes durante 30 minutos, em 5 doses de diferentes do hormônio, sendo: Tratamento 1 – Zero l ha-1 (controle); Tratamento 2 – 0,670 l ha-1, Tratamento 3 – 0,335 l ha-1, Tratamento 4 – 0,1675 l ha-1 e Tratamento 5 – 0,0834 l ha-1, com 5 repetições, totalizando 25 parcelas. Aos 15 dias após a instalação do experimento foi determinado o índice de velocidade de e a taxa de germinação. O experimento teve duração de 30 dias, foram determinadas as seguintes características: condutância estomática; índice de clorofila, comprimento de plantas; número de perfilhos; matéria seca da parte aérea e matéria seca de raiz. Para obter melhores índices de velocidade de emergência, número de perfilhamentos e massa seca de raiz é recomendado dose de 0,083 l ha-1 etefom. PALAVRAS-CHAVE: Fisiologia vegetal, gramínea, Etileno. INTRODUÇÃO 182 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Sementes de alta qualidade também apresentam elevado poder germinativo que são fundamentais para estabelecimento da pastagem, no entanto, em sementes de U. brizantha cv. Marandu essa elevada porcentagem de germinação é geralmente impedida pela dormência que as sementes possuem (MESCHEDE et al., 2004). ). A dormência também pode ser considerada um mecanismo de defesa programada geneticamente, onde ocorre uma suspensão do crescimento durante estações desfavoráveis (RAVEN, 2007). Segundo Nascimento e Paiva (2003) o etileno auxilia na germinação da semente facilitando a superação da dormência. Não sabe-se ao certo o processo de atuação deste hormônio na fisiologia das sementes, o que tem tornado dessa maneira seu mecanismo incompreendido A literatura disponível ainda não é muito ampla, especificamente com relação ao tema abordado neste trabalho. Assim o presente trabalho teve por objetivo avaliar a quebra de dormência em sementes e o desenvolvimento inicial de plântulas de Urochloa brizantha cv. Marandu quando submetida ao uso do etefom. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Universidade Estadual Paulista no Campus Experimental de Dracena, situado na cidade de Dracena, Estado de São Paulo. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos de diferentes doses de etefom, ou seja: tratamento 1 – Zero l ha-1 (controle); tratamento 2 – 0,670 l ha-1; tratamento 3 – 0,335 l ha-1; tratamento 4 – 0,1675 l ha-1 e tratamento 5 – 0,0834 l ha-1 e com 5 repetições, totalizando 25 parcelas. Foram escolhidas 20 sementes viáveis de Urochloa brizantha cv. Marandu para compor cada unidade experimental. Todas as sementes foram imersas no hormônio durante 30 minutos, posteriormente, foram semeadas em vasos plásticos com 9 dcm3 de capacidade, contendo solo e adubado segundo Raij et al. (1996) Após 15 dias da semeadura foram determinados o índice de velocidade de emergência (IVE) seguindo a fórmula IVE = G1/N1 + G2/N2 +...+ Gn/Nn; onde: G1, G2, Gn = número de plântulas germinadas em cada contagem; N1, N2, Nn = número de dias da semeadura a cada contagem segundo Maguire (1962) e a taxa de emergência (TE) seguindo a fórmula TE = PGn/SNn x 100; onde: PGn = número de plântulas germinadas; SNn = total de sementes. Na mesma ocasião foi realizado um desbaste de plantas deixando somente as 3 plantas maiores por parcela. 183 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Aos 30 dias após a instalação do experimento foram avaliadas as seguintes características: condutância estomática (CE) determinada através do aparelho porômetro modelo AP-4, índice de clorofila (IC) determinada pelo aparelho modelo CCM-200 ambas determinadas ao meio dia em sol pleno, na folha+1 de quatro perfilhos de cada parcela, com 10 medições para determinar um valor médio para cada característica. Também foi determinado o comprimento de planta (CP), número de perfilhos (NP). Todo material colhido passou por processo de secagem em estufa com circulação forçada, com temperatura constante de 60°C, durante 72 horas para a determinação de matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca de raiz (MSR). As variáveis foram submetidas à análise de variância pelo teste F (p<0,05) e suas médias comparadas pelo teste de Scott-Knott de 5% de probabilidade, sendo utilizado o programa estatístico Assistat 7.6 Beta (SILVA; AZEVEDO, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 estão descritos os resultados do índice de velocidade de emergência (IVE), taxa de emergência (TE), condutância estomática (CE), índice de clorofila (IC), comprimento de plantas (CP); número de perfilhos (NP); matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca de raiz (MSR). Tabela 2. Valores médios do índice de velocidade de emergência; taxa de germinação (TG); condutância estomática (CE); índice de clorofila (IC); comprimento de plantas (CP); número de perfilhos (NP); matéria seca da parte aérea (MSPA) e matéria seca de raiz (MSR). Dracena-SP, 2015. IVE Tratamento 1 - Zero l ha-1 Tratamento 2 - 0,670 l ha-1 -1 TG CE (%) mmol-1 m2 s2 IC CP 1,23b 58 109,14 36,44 52,1 1,46b 62 102,55 38,35 57,3 NP (cm) MSPA MSR (g) (g) 12,6c 8,7 7,0a 14,8b 10,7 6,2a Tratamento 3 – 0,335 l ha 1,70a 72 117,54 34,43 53,9 14,4b 8,2 5,5b Tratamento 4 - 0,167 l ha-1 1,44b 60 106,44 30,87 57,5 14,8b 10,2 6,4a -1 Tratamento 5 - 0,083 l ha 1,85a 77 103,18 36,99 57,6 17,0a 10,7 6,6a Média Geral 1,54 65,80 107,77 35,42 55,7 14,7 9,7 6,3 CV(%) 20,55* 17,23ns 17,43ns 11,82ns 7,5ns 9,11** 23,3ns 10,51* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. **significativo ao nível de 1% de probabilidade (p<0.01). *significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01=<p<0.05) ns não significativo (p>= 0.05). Fonte: Elaborada pelos autores (2015). É possível observar efeito significativo para a característica índice de velocidade de emergência, destacando o tratamento com 0,083 l ha-1 de Etefom. Esses valores são inferiores aos encontrados por Lacerda et al. (2010) quando estudaram métodos químicos e físicos na superação de dormência de sementes. Para taxa de emergência, condutância estomática e índice de clorofila não foram encontradas diferenças significativas entre os tratamentos. Segundo Costa 184 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 e Marenco (2007), o declínio da condutância estomática durante o dia pode ser combinada ao aumento ao déficit de pressão de vapor (DPV), à diminuição do potencial hídrico da folha ou a ação combinada dos fatores, eles ainda afirmam que o índice de clorofila pode ser influenciado pelo potencial hídrico da planta podendo existir ligação entre condutância estomática. Para as características do comprimento de planta e matéria seca da parte aérea, não houve diferença significativa entre os tratamentos. É possível observar que a característica número de perfilho com dose de 0,083 l ha-1 de etefom apresentaram melhores médias. Para o a matéria de massa seca parte da raiz, o tratamento com 0,335 l ha-1 de etefom apresentaram menores médias, esses resultados opostos aos encontrados por Melo et al. (2012) quando usaram o mesmo hormônio para superação de dormência de sementes da mesma espécie. Devido a alguns fatores tais como: facilidade de aplicação, encontrar comercialmente o produto e a utilização dose de baixa concentração, essa técnica pode tornar uma alternativa para os pequenos produtores rurais. CONCLUSÕES Para obter melhores índices de velocidade de emergência, número de perfilhamentos e massa seca de raiz é recomendado dose de 0,083 l ha-1 etefom. REFERÊNCIAS COSTA, G. F. da; MARENCO, R. A. Fotossíntese, condutância estomática e potencial hídrico foliar em árvores jovens de andiroba (Carapa guianensis). Acta amazônica, v. 37, n. 2, p. 229-234, 2007. MAGUIRE, J. D. Speed of germination-aid in selection and evaluation for seedlig emergence and vigor. Crop Science, Madison, v. 2, n. 1, p.176-177, 1962. MELO, A. P. C. de; SELEGUINI, A.; CASTRO, M. N.; MEIRA, F. de A.; GONZAGA, J. M. da S.; HAGA, K. I. Superação de dormência de sementes e crescimento inicial de plântulas de umbuzeiro. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 33, n. 4, p. 1343-1350, 2012. MESCHEDE, D. K.; SALES, J. G. C.; BRACCINI, A. L.; SCAPIM, C. A.; SCHUAB, S. R. Tratamentos para superação da dormência das sementes de capim-braquiária cultivar Marandu. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v. 26, n. 2, p. 76-81, 2004. 185 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 RESÍDUO DA SEMENTE DE MARACUJÁ NA ALIMENTAÇÃO DE POEDEIRAS COMERCIAIS Leonardo Henrique Zanetti*¹; Alice Eiko Murakami²; Valquíria Cação Cruz-Polycarpo3 Mayra Diaz Vargas2; Ana Flávia Quiles Garcia Guerra2 1 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – UNESP, Botucatu – SP, Brasil; 2 Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá – PR, Brasil; 3Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas - UNESP, Dracena - SP, Brasil. *E-mail: [email protected] RESUMO Objetivou-se com a pesquisa avaliar os efeitos da inclusão do resíduo da semente de maracujá (RSM) na alimentação de poedeiras comerciais sobre o desempenho, qualidade de ovos e parâmetros sanguíneos. Foram utilizadas 384 galinhas poedeiras da linhagem Hy-line W36 com 32 semanas de idade, distribuídas em DIC, com seis tratamentos (controle; 2,5; 5,0; 7,5; 10,0 e 12,5% de inclusão de RSM), oito repetições e oito aves por unidade experimental. O desempenho foi avaliado durante três ciclos de 28 dias cada. A qualidade dos ovos foi avaliada nos quatro últimos dias de cada ciclo. Não houve diferença para o percentual de postura e conversão alimentar. No entanto, o consumo de ração apresentou uma resposta linear positiva. O peso do ovo, percentagem de casca, espessura de casca e unidade Haugh não diferiram. Entretanto, a gravidade específica dos ovos aumentou conforme os níveis de inclusão do RSM. Os valores de colesterol total e triglicerídeos apresentaram comportamento linear decrescente. PALAVRAS-CHAVE: Nutrição; Ovos; Subproduto. INTRODUÇÃO As indústrias alimentícias brasileiras geram resíduos do processamento de frutos, que são compostos por cascas e sementes e muitas vezes são descartados, enquanto poderiam ser utilizados na produção de ração para animais ou de fertilizantes, podendo ter uma finalidade mais benéfica ao homem e ao meio ambiente (KOBORI e JORGE, 2005). Dentre as frutas tropicais, destaca-se o maracujá, cuja produção se concentra basicamente na América do Sul, sendo o Brasil, Colômbia, Peru e Equador os maiores exportadores. O Brasil é o principal produtor e consumidor mundial da fruta (IBGE, 2013). Os principais destinos da produção brasileira de maracujá são o mercado de fruta in natura, e a indústria de extração de 186 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 polpa e fabricação de suco (CLARO e MONTEIRO, 2010). Os principais subprodutos da extração do suco de maracujá são as cascas e as sementes resultantes de seu processamento, que correspondem de 65 a 70% do peso do fruto, como este volume representa inúmeras toneladas, agregar valor a estes subprodutos é de interesse econômico, científico e tecnológico (FERRARI et al., 2004). Dessa forma, objetivou-se avaliar os efeitos de inclusão do resíduo da semente de maracujá na alimentação de poedeiras comerciais com 32 semanas de idade sobre o desempenho, qualidade de ovos e parâmetros sanguíneos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no aviário do setor de Avicultura da Universidade Estadual de Maringá, sob aprovação da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA/UEM 035/2014). O resíduo do maracujá, da variedade Passiflora edulis foi submetido à desidratação, sendo realizada ao sol. Foi realizada moagem em moinho do tipo faca (2,5 mm). Foram utilizadas 384 aves, da linhagem Hy-line W36, com 32 semanas de idade em primeiro ciclo de produção, alojadas em gaiolas (100 x 40 x 45 cm), em galpão convencional, com bebedouros do tipo calha e comedouros do tipo linear. Água e ração foram fornecidos à vontade. O programa de luz foi de 17 horas de luz por dia (natural + artificial). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos (controle; 2,5; 5,0; 7,5; 10,0 e 12,5% de inclusão do RSM), com oito repetições cada e oito aves por unidade experimental. Em estudo prévio determinou-se os valores de 10,68% de PB, 3.945,41 kcalkg-1 de EMAne 18,34% de Pectina no RSM. As dietas experimentais foram isoproteicas e isocalóricas, à base de milho e farelo de soja e formuladas para atender às exigências nutricionais na fase de postura (Hy-Line W-36, 20092011). Durante cada ciclo, foi avaliado o consumo de ração, a conversão alimentar e produção de ovos. Para análise da qualidade dos ovos, ao final de cada ciclo por quatro dias consecutivos foram realizados: peso médio dos ovos, gravidade específica, Unidade Haugh, percentagem e espessura de casca. Ao final do último ciclo, uma ave por repetiçãofoi selecionada para coleta de sangue. A determinação dos níveis séricos de colesterol total e triglicerídeos foi realizada utilizando-se o método enzimático-colorimétrico com leitura em espectrofotômetro. Os dados obtidos de cada parâmetro foram submetidos a análise de variância e regressão, de acordo com suas distribuições, utilizando o programa Sistema para Análises Estatísticas - SAEG (2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO 187 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Os dados estão apresentados na Tabela 1. Não houve diferença (P>0,05) para taxa de postura e conversão alimentar(kg kg-1 e kg dz-1), no entanto o consumo de ração apresentou uma resposta linear positiva (P<0,05) com o aumento dos níveis. O aumento do consumo de ração pode ser atribuído ao alto teor de fibra solúvel presente no RSM, sobretudo de pectina (18,34%), estas fibras presentes na dieta podem ter reduzido os processos de digestibilidade e absorção de nutrientes, ocasionando um maior consumo de ração (HETLAND et al., 2004). O peso do ovo, a percentagem e espessura de casca e unidade Haugh não diferiram (P>0,05) com a inclusão dos níveis do RSM, justificando assim sua utilização ao nível de 12,5%, procurando reduzir principalmente a poluição ambiental, que pode ser ocasionada caso o resíduo não receba destino correto. A gravidade específica dos ovos apresentou um aumento linear (P<0,05), com maior gravidade específica no nível de 12,5% de inclusão. Em dietas ricas em fibras espera-se que a qualidade da casca dos ovos seja alterada, já que as fibras estão relacionadas negativamente com a absorção de cálcio (BUZINATO et al., 2006). Entretanto, este fato não foi observado neste estudo. Os valores de colesterol total e triglicerídeos séricos apresentaram redução linear. Este resultado era esperado, devido ao teor de pectina presente no resíduo (18,34%), uma vez que este composto, quando encontrado em grande quantidade, pode reduzir o teor de colesterol total e colesterol LDL do sangue (RAMOS et al., 2007). Chau e Huang (2005) observaram que hamsters alimentados com fibras obtidas de sementes de maracujá (P. edulis) apresentaram redução significativa para os níveis de triglicerídeos séricos em hamsters, evidenciando assim que o consumo de fibras obtidas de sementes de maracujá poderiam efetivamente reduzir os níveis de triglicerídeos séricos em roedores. Tabela 1. Desempenho, qualidade de ovos e parâmetros séricos (± erro padrão) de poedeiras comerciais alimentadas com dietas contendo níveis de inclusão de RSM. Resíduo da semente de maracujá (%) Parâmetros Controle 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 CV (%) R Desempenho 100,80±1,02 99,92±1,58 100,47±1,89 100,18±2,04 103,63±0,52* 105,05±0,46* 3,89 L¹ 92,85±0,38 1,653±0,012 90,18±1,27 1,745±0,034 90,16±2,13 1,775±0,059 91,46±1,82 1,792±0,033* 90,83±1,22 1,794±0,020* 92,37±1,28 1,804±0,016* 4,51 5,44 NS NS 64,63±0,31 98,71±0,40 1,081±0,0004 8,857±0,059 65,12±0,54 99,25±0,46 1,082±0,0003* 8,951±0,044 2,08 1,12 0,09 2,42 NS NS L2 NS 112,18±10,10 101,27±12,20 89,55±10,39 85,64±5,60 83,87±2,55 22,07 Colesterol total 113,39±8,05 Triglicerídeos 1834,50±321,66 1774,25±287,01 1529,25±355,90 1321,25±380,26 1314,00±170,60 1294,75±127,43 38,29 L3 L4 CR (g/ave/dia) TP (%) CA (kg/kg) Qualidade de ovos Peso do ovo (g) Unidade Haugh GE (g/ml) % de casca 65,41±0,20 98,95±0,40 1,080±0,0003 8,791±0,083 64,83±0,77 99,09±0,36 1,080±0,0003 8,787±0,078 65,71±0,44 99,68±0,37 1,080±0,0004 8,736±0,079 64,74±0,39 98,81±0,37 1,081±0,0004 8,912±0,099 Parâmetros séricos 188 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 CR = Consumo de ração; TP = Taxa de postura; CA = Conversão alimentar; GE = Gravidade específica; Unidade Colesterol total e triglicerídeos = mg dl-1; R = Regressão. *Significativo pelo teste de Dunnett a 5% (P<0,05); CV = Coeficiente de variação; NS = Não significativo; L = Linear. ¹ Y= 97,824 + 0,5368x; R² = 0,83; 2 Y= 1,0793 + 0,0002x; R² = 0,89; 3 Y = 116,18 - 2,8903x; R² = 0,91; 4 Y = 1799 - 46,97x; R² = 0,85. CONCLUSÕES O RSM pode ser incluído na ração de poedeiras comerciais em até 7,5% sem comprometer o desempenho e até 12,5% para a qualidade dos ovos e parâmetros séricos. AGRADECIMENTOS À Universidade Estadual de Maringá, à CAPES e à empresa FRUTEZA – SUCOS NATURAIS LTDA, que possibilitaram o desenvolvimento deste trabalho. REFERÊNCIAS BUZINATO, E. F.; ALMEIDA, R. N. A.; MAZETO, G. M. F. S. 2006. Bisponibilidade de Cálcio Dietético. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. 50:852-861, 2006. CHAU, C. F.; HUANG, Y. L. Effects of the insoluble fiber derived from Passiflora edulis seed on plasma and hepatic lipids and fecal output. Mol. Nutr. Food Res. 49:786-790, 2005. CLARO, R. M.; MONTEIRO, C. A. Renda familiar, preço de alimentos e aquisição domiciliar de frutas e hortaliças no Brasil. Rev. Saúde Públ. 44:1014-1020, 2010. FERRARI, R. A.; COLUSSI, F.; AYUB, R. A. Caracterização de subprodutos da industrialização do maracujá - Aproveitamento das Sementes. Rev. Bras. Frutic. 26:101-102, 2004. HETLAND, H.; CHOCT, M.; SVIHUS, B. Role of insoluble non-starch polysaccharides in poultry nutrition.World Poultry Sci. J. 60:415-422, 2004. HY-LINE INTERNATIONAL. Hy-line variety W-36 commercial management guide. 22p. West Des Moines: Hy-LineInternational, 2009-2011. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuário estatístico do Brasil: Aspecto das atividades agropecuárias e extração vegetal. 172p. IBGE, Rio de Janeiro, 2013. KOBORI, C. N.; JORGE, N. Caracterização dos óleos de algumas sementes de frutas como aproveitamento de resíduos agroindustriais. Ciênc. agrotec. 29:1008-1014, 2005. RAMOS, A. T.; CUNHA, M. A. L.; SABAA-SRUR, A. U.; PIRES, V. C. F.; CARDOSO, M. A. A.; DINIZ, M. F. M.; MEDEIROS, C. C. M. 2007. Use of Passiflora edulis f. flavicarpa on cholesterol reduction. Rev. Bras. Farmacogn. 17:592-597, 2007. 189 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 SUPERFÍCIE DE RESPOSTA EM EXPERIMENTO FATORIAL PARA PRODUÇÃO DE MASSA SECA EM CAPIM-MOMBAÇA SOB LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA João Paulo BasagliaFreschi*¹; Jean Claudio Queiroz Cardoso¹;Gabriel Ribeiro Ferrairo¹;Rafael Simões Tomaz¹, Ronaldo Cintra Lima¹. ¹FCAT – UnespDracena. *e-mail: [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho do capim mombaça submetido a diferentes laminas de irrigação e doses de nitrogênio, realizado na FCTA-UNESP Campus de Dracena, implantado em 20/02/2015 e primeiro corte em 15/07/2015, em delineamento de blocos ao acaso, com 4 repetições, com 5 lâminas de irrigação – tendo como referência ETo de 100% – sendo: L1=0%, L2=30%, L3=70%, L4=100% e L5=130%, e quatro dosagens de adubação nitrogenada: D1=0, D2=50, D3=100 e D4=150 Kg.ha-1 por corte. Em relação à lâmina de irrigação, aquelas que conduziram à máxima produtividade para as características IC, AL e MS, foram 90%, 62% e 70% respectivamente.As máximas produtividades estimadas para estas características foram de 26,38%, 82,26cm e 3076,26 kg.ha-1. Para as características descritas a cima todas foram melhores com 150 Kg de nitrogênio. PALAVRAS-CHAVE:Manejo da irrigação; fertilidade; produtividade. INTRODUÇÃO Nas pastagens brasileirashá diversos desafios a serem enfrentados que merecem atenção, um desses é a qualidade e quantidade da forragem oferecida aos animais durante o ano. Sendo assim, o sucesso da atividade depende do uso adequado de alguns fatores relacionados a condições climáticas, fertilidade do solo e do manejo correto da irrigação. Para a prática de manejo do solo e das forrageiras, é extremamente importante que tenha uma boa relação solo planta, tanto em fertilidade como em água disponível para as plantas, com esses fatores há o reflexo na maior ou menor produção de forragem (Dias Filho, 2011). Para ter uma boa qualidade de forragens não só deve pensar em fertilidade, outros fatores como capacidade fotossintética também devem ser levados em consideração. Na produção veget0al os estômatos são importantes, são responsáveis pela entrada e saída dos gases do processo da fotossíntese, assim se tornando uma das mais importantes características foliares 190 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 a serem estudadas. A posição dos estômatos na folha, o tamanho, e a densidade influenciam o processo de trocas gasosas e estão de acordo com a proporção de transpiração da planta. Steingleinet al. (2005), A densidade também é influenciada pelas condições ambientais de estresse. O objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho do capim-mombaça submetido a diferentes lâminas de irrigação e doses de nitrogênio, e seus efeitos na produtividade e nas suas componentes. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido com capim-mombaça na FCAT –Unesp - Dracena – SP, implantado em 20/02/2015 e 1° corte em 15/07/2015. O delineamento foi de blocos ao acaso, com 4 repetiçõ0es e fatorial 5x4 com parcelas de 9m2. Para análise de regressão, foram consideradas 5 lâminas de irrigação representadas por L – tendo como referência ETo de 100% (evapotranspiração de referencia) – sendo: L1=0%, L2=30%, L3=70%, L4=100% e L5=130%, assumindo Kc=1,0; e 4 doses de nitrogênio: N1=0, N2=50, N3=100 e N4=150 Kg.ha-1 por corte. Os dados quantitativos foram submetidos à análise de superfície de resposta considerando o modelo geral: Y = µ + L + D + L2 + D2 + L * D ; em que “Y” corresponde às variáveis analisadas; µ corresponde à média geral; L, aos níveis de lâmina de irrigação; e D, aos níveis de nitrogênio. Foram consideradas as seguintes variáveis: índice de clorofila (IC); número de estômatos (Ne), diâmetro polar do estômato (DPE), diâmetro equatorial do estômato (DEE), avaliados na face abaxial (_ab) e adaxial (_ad); altura (AL); e massa seca (MS). RESULTADOS E DISCUSSÃO As equações de regressão múltipla, considerando os fatores Lâmina de Irrigação e adubação nitrogenada, foram ajustadas por meio de rotinas desenvolvidas no software Livre R e as estimativas de coeficientes de regressão estão apresentadas na Tabela 1. Tabela 1. Estimativas dos coeficientes da equação de regressão múltipla considerando o modelo geral Y = µ + L + D + L2 + D2 + L * D . (R2 = coeficiente de determinação) 191 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 Estimativas Coeficientes IC µ 3,46* L 0,25*** Ne_ab DPE_ab DEE_ab Ne_ad DPE_ad DEE_ad AL MS 1,62e-4*** 27,36*** 18,44*** 2,23e-4*** 22,94*** 17,82*** 38,46*** 418,68** ns -5,41e-2* ns ns ns -3,56e-2* 0,17* 11,62** D 0,13*** ns ns ns ns ns ns L² -0,01*** ns 3,59e-4* ns ns ns ns 0,43*** 27,76*** ns -0,10*** D*L ns ns ns ns ns ns ns ns ns D² R² (%) 0,01* ns ns ns ns ns ns 66,47 8,8 18,14 7,85 3,81 8,60 22,84 -0.01** -0,09*** 74,52 83,11 ***(P < 0,001); **(P < 0,01); *(P < 0,05); ns(>0,05) Foram plotadas as equações de superfície de resposta para as variáveis cujos modelos ajustados apresentaram coeficiente de determinação R2(Figura 1) maiores que 0,65, que representa uma medida do ajustamento do modelo linear considerado em 65% da variação na variável. Na prática, quanto mais próximo de 1,0, melhor o ajuste do modelo. Figura 1.Superfície de resposta das característicasfisiológicas e agronômicasem função daslâminas de irrigação e doses denitrogênio. (A) Variável Índice de Clorofila – IC (R2= 66,47%). (B) Variável Altura de Planta – AL (R2= 74,52%).(C)Variável de Massa Seca – MS (R2= 83,11%). Os modelos ajustados para as variáveis IC, AL e MS, estão apresentadas nas equações (1), (2) e (3), respectivamente: IC = 3,4613 + 0,2560*L + 0,1302*D -0,0016*L2 -0,0004*D2 + 0,0002* L*D (1) AL = 38,4624 + 0,1723*L + 0,4251*D -0,0011*L2- 0,0011*D2 – 0,0002*L*D (2) MS = 418,6789 + 11,6190*L + 27,7610*D – 0,0963*L2- 0,0880*D2 + 0,0126*L*D (3) Por meio da análise das equações, determinou-se que a máxima produtividade ocorreu ao nível máximo de nitrogênio (150 kg.ha-1). Resultado que corresponde ao máximo local da 192 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 superfície ajustada. Isso implica que em experimentos sub seqüentes, deveriam ser avaliados níveis de adubação superiores a 150 kg.ha-1 com o intuito de verificar como a produtividade de forragem responderá, uma vez que não cessou a tendência de aumento da curva. Em relação à lâmina de irrigação, aquelas que conduziram à máxima produtividade para as características IC, AL e MS, foram 90%, 62% e 70% respectivamente. Ainda, as máximas produtividades estimadas para estas características foram de 26,38%, 82,26cm e 3076,26 kg.ha-1. CONCLUSÕES Para o primeiro corte conclui-se que a melhor dose de nitrogênio foi a de 150kg, mas, novos cortes e estudos devem ser realizados, afinal não houve curvo, sendo assim maiores doses podem ser mais produtivas. Para irrigação a lamina de 70% foi considerada a melhor, a maior produção de massa seca, tornando assim economicamente viável. AGRADECIMENTOS Agradecemos o apoio financeiro dasinstituições:PROPe; PROEX eFCTA-UNESP. REFERÊNCIAS DIAS FILHO, M. B. Os desafios da produção animal em pastagens na fronteira agrícola brasileira. RevistaBrasileira de Zootecnia, v. 40, p. 243-252, 2011. PEREIRA, F.J.; CASTRO, E.M.; SOUZA, T.C.; MAGALHÃES, P.C. Evolução da anatomia radicular do milho 'Saracura' em ciclos de seleção sucessivos, Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 12, p.1649-1656, 2008. SILVA, D.J., QUEIROZ, A. C. Análise de Alimentos (métodos químicos e biológicos). 3. ed. Viçosa: Imprensa Universitária da Universidade Federal de Viçosa. 2002. STENGLEIN S.A.; ARAM BARRI A.M.; CARMEN M.D.; SEVILLANO M.; BALATTI P.A. Leaf epidermal characters related with plant’s passive resistance to pathogens vary amongaccessions of wild beansPhaseolus vulgaris var. aborigineus (LeguminosaePhaseoleae).Flora–Morfhology, Distribution, Functional Ecology of Plants, v. 200, p. 285–295, 2005. R Core Tean (2015) R: A Language and environment for statistical computing.R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URLhttp://www.R-projet.org/ 193 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 TEOR DE CLOROFILA E PROTEÍNA BRUTA DE CAPIM-MARANDU EM SISTEMAS INTEGRADOS DE PRODUÇÃO. Ivan Sampaio Aranha1; Erikelly Santana4; Bianca Midori Souza Sekiya²; Juliana Mara de Freitas Santos¹; Helena Sampaio Aranha³ ¹Graduando do curso de zootecnia da FCAT, UNESP Campus de Dracena ²Graduando do curso de engenharia agronômica da FCAT, UNESP Campus de Dracena ³Pós-graduando em tecnologia de produção animal da FCAT, UNESP Campus de Dracena 4 Pós-graduando da FMVZ, UNESP Campus de Botucatu *[email protected] RESUMO Sistemas integrados de árvores e pastagens podem influenciar no desenvolvimento e crescimento forrageiro, em função da sombra proporcionada pelo componente arbóreo. Essa interceptação luminosa pode prejudicar ou favorecer a pastagem, interferindo principalmente no teor de clorofila nela contida. A clorofila é fundamental para o fenômeno da fotossíntese, neste fenômeno a clorofila capta a luz solar e a utiliza como fonte de energia para transformar dióxido de carbono, água e sais minerais em alimento. A falta da clorofila reduz a capacidade de absorção de energia luminosa e consequentemente reduz o acumulo de forragem, a qual seu valor nutritivo é avaliado por vários componentes, dentre eles a proteína bruta que é determinada medindo-se o total de nitrogênio. Desta forma o presente trabalho teve por objetivo avaliar o índice de conteúdo de clorofila e o teor de proteína bruta do capim-marandu em sistemas integrados de produção. Foram utilizados dois tratamentos em delineamento em blocos com quatro repetições, sendo: Tratamento 1 :Sistema agrossilvipastoril, com densidade de 448 árvores ha¹; Tratamento 2: Integração lavoura-pecuária. Foi verificado um maior conteúdo de clorofila na pastagem sob o efeito do sombreamento, apresentando assim tendência de maior teor de proteína bruta. PALAVRAS-CHAVE: agrossilvipastoril; sombreamento; bromatologia. INTRODUÇÃO A presença do componente arbóreo nos sistemas integrados de produção animal pode influenciar no desenvolvimento do estrato vegetal herbáceo. O crescimento das forrageiras em associação com espécies arbóreas pode ser prejudicado ou favorecido, dependendo de fatores 194 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 como a tolerância das espécies à sombra, o grau de sombreamento proporcionado pelas árvores e a competição entre as plantas, com relação à água e nutrientes no solo (Ribaski et al., 2001). Em geral as forrageiras que possuem algum grau de tolerância ao sombreamento apresentando alterações morfofisiológicas quando cultivadas à sombra, que lhes confere maior capacidade de produção, quando comparado às espécies não tolerantes em ambiente de luminosidade reduzida (ALVES 2013). Um dos fatores ligados à eficiência fotossintética de plantas, ao crescimento e adaptabilidade a diversos ambientes é o teor de clorofila. Esta é constantemente sintetizada e destruída na presença de luz, mas sob intensidades luminosas muito elevadas a velocidade de decomposição é maior, sendo o equilíbrio estabelecido a uma concentração mais baixa. No entanto, folhas expostas a sombra podem apresentar maior concentração de clorofila do que folhas expostas ao sol (HOLSCHUCH et al., 2014). O baixo valor nutritivo das forrageiras tropicais é, frequentemente, mencionado na literatura. Este valor nutritivo está associado ao reduzido teor de proteína bruta e minerais, ao alto conteúdo de fibra e à baixa digestibilidade da matéria seca (EUCLIDES, 1995). Teores de proteína bruta inferiores a 7% na matéria seca de algumas gramíneas tropicais promoveram redução na digestão das mesmas, devido a inadequados níveis de nitrogênio para os microorganismos do rúmen (MILFORD e MINSON, 1966). Entre as propriedades bioquímicas relacionadas à utilização do nitrogênio (N) pelas plantas, os teores de clorofila ocupam uma posição relevante, dado o seu papel na fotossíntese, onde são gerados os esqueletos de carbono necessários à síntese proteica (FERNANDES e ROSSIELLO, 1995). A atividade fotossintética, o conteúdo de proteínas e carboidratos solúveis, o N total e os teores de micronutrientes existentes nas folhas são algumas das variáveis que podem ser correlacionadas com o conteúdo de clorofila no tecido foliar (ZOTARELLI et al., 2003). O objetivo deste trabalho foi avaliar o índice de conteúdo de clorofila e o teor de proteína bruta do capim-marandu em dois sistemas integrados de produção agropecuária. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios - Polo Regional do Extremo Oeste, localizada no município de Andradina (20° 53' 46'' de latitude sul, 51° 22' 46'' de longitude oeste e 405 m de altitude), oeste do Estado de São Paulo. 195 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 O clima predominante na região, de acordo com a classificação de Koeppen, é o Aw, caracterizando-se como tropical chuvoso com inverno seco e mês mais frio com temperatura média superior a 18ºC. O solo da área é do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo distrófico com camada superficial arenosa e a declividade média do terreno é de 6%. Foram utilizados dois tratamentos em delineamento em blocos com quatro repetições, sendo o tratamento 1: - Sistema agrossilvipastoril (448 árvores ha-1 ), com espaçamento 2 m entre plantas, 17 a 21 m entre renques e 3 m entre linhas, e tratamento 2: Integração lavourapecuária . Em dezembro de 2013 foi realizada a semeadura do capim Urochloa brizantha cv. Marandu no espaçamento 0,20 m entre linhas e 4 kg de sementes puras e viáveis por hectare. O material para as análises foram colhidos nas estações do verão e outono de 2015. Para a determinação do índice de conteúdo de clorofila (ICC) foi utilizado o método não destrutivo por meio de medidor de clorofila da marca Opti-Sciences, modelo CCM-200 (USA). As leituras efetuadas pelo medidor portátil de clorofila correspondem ao teor relativo de clorofila presente na folha da planta, e é um importante parâmetro para se avaliar as respostas de plantas quanto ao nível de sombreamento (HOLSCHUCH et al., 2014). As folhas escolhidas para a determinação do ICC foram folhas recém expandias, em cada folha foram realizadas duas medições no centro da folha e em cada piquete foram escolhidos vinte pontos de coleta totalizando quarenta medições por piquete. Para a análise da proteína bruta, foram coletadas amostras simulando o pastejo de bovinos, mediante observação do comportamento ingestivo dos animais, uma em cada piquete. As amostras foram secas em estufa com circulação de ar forçada por 72 horas. Após a secagem, as amostras foram moídas em moinho tipo willey e o teor de nitrogênio total foi determinado pelo método de Kjeldahl (AOAC, 1984), sendo utilizado para o cálculo de proteína bruta. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de ICC e PB nas estações de verão e outono são encontrados na Tabela 1. Houve diferença (p<0,05) no ICC entre a forragem na iLP e iLPF, com valores superiores na presença do componente arbóreo. Soares et al. (2009) consideram esse resultado como aumento na concentração de nitrogênio, pois a planta reduz sua matéria seca para acumular componentes, como água, minerais e produzir clorofila. Por outro lado, o teor de PB não apresentou diferença 196 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 significativa entre os sistemas na estação do verão, mas com tendência de maior valor protéico na iLPF. Tabela 1. Índice de Conteúdo de Clorofila (ICC) e Proteína Bruta (PB) de capimmarandu em sistema de Integração Lavoura-Pecuária (iLP) e de Integração Lavoura-PecuáriaFloresta (iLPF) Tratamento ICC PB (%) Verão iLP 19,42 b 9,61 iLPF 25,46 a 11,38 CV (%) 6,34 14,76 Outono iLP 18,78 9,65 3 linhas 19,84 10,87 CV (%) 8,50 7,01 *Letras minúsculas diferentes na coluna diferem pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Na estação do outono não houve diferença entre os tratamentos para ICC (média de 19,31). Martuscello et al. (2009) ao avaliar capim-braquiária, capim-marandu e capim-xaraés, observou o aumento de clorofila total conforme os níveis de sombreamento a partir de 50%, avaliado pelo índice SPAD. A resposta no aumento de clorofila é explicada pelo estímulo ao maior desenvolvimento de grana quando as plantas crescem sob baixas radiações. Assim como no verão, os teores de PB também não diferiram no outono (média de 10,26%). Esses resultados estão em desacordo dos resultados encontrados por Virgens (2012) onde encontrou teores de (PB) do capim-marandu superiores quando sombreado por espécies arbóreas leguminosas quando comparada ao capim exposto ao pleno sol. CONCLUSÕES O sombreamento interfere positivamente no índice de conteúdo de clorofila contida na folha do capim-marandu, na estação do verão, apresentando tendência a maior teor de proteína bruta. 197 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 REFERÊNCIAS ALVES, François Lopes. Características de eucalipto e de braquiária em sistema silvipastoril. 2013. DE CASTRO, Carlos Renato Tavares et al. Produção forrageira de gramíneas cultivadas sob luminosidade reduzida. Rev. bras. zootec, v. 28, n. 5, p. 919-927, 1999. EUCLIDES, V.P.B. Valor alimentício de espécies forrageiras do gênero Panicum. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 12, Piracicaba, 1995. Anais... 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O presente trabalho teve por objetivo conscientizar a população por meio da campanha de vacinação contra raiva em cães e gatos e efetuar a coleta de sangue para diagnóstico da doença leishmaniose, no município de Junqueirópolis, considerada área endêmica para essa doença. Uma equipe composta por catorze alunos do curso de Zootecnia recebeu treinamento e foi supervisionada por médicos veterinários, vinculados à secretaria de saúde, auxiliados por docentes da FCAT - Unesp de Dracena, dentro do projeto de extensão Cão Cidadão. As vacinas e os kits destinados ao inquérito de leishmaniose foram cedidos pela secretaria de saúde de Junqueirópolis. A vacinação contra raiva foi realizada em 1063 cães e 235 gatos. Da coleta de sangue realizada em 157 cães suspeitos para leishmaniose, 68 foram confirmados como positivos e 89, negativos. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que o número de animais vacinados contra raiva e os casos positivos para leishmaniose estão aquém do esperado pelos órgãos públicos, responsáveis pelo controle de zoonoses, que é de 1,6 cães por domicilio e 1,1 gatos por domicílio, numa população estimada em 20 mil habitantes no município de Junqueirópolis. PALAVRAS-CHAVE: Cão, Leishmaniose, Vacinação. 199 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 INTRODUÇÃO Os cães e gatos são os animais de estimação que mais convivem com a população, seja em grandes centros ou em domicílios pertencentes a cidades com baixo número de habitantes. Por isso, é importante a adoção de medidas sanitárias que assegurem a saúde dos animais e que evitem a transmissão de doenças consideradas zoonoses. A raiva canina é uma enfermidade infecto-contagiosa aguda e acomete todas as espécies de mamíferos, inclusive o homem. É a mais conhecida das zoonoses e segue como um problema a ser controlado em quase todo o mundo (BEER, 1999). É transmitida pelo contato com a saliva de um animal doente e em quase 100% dos casos é fatal. Tem na vacinação a sua única forma de prevenção eficiente e apesar de praticamente erradicada na maioria das metrópoles, ainda merece alerta. As leishmanioses são doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania (Kinetoplastida: Trypanosomatidae). No Brasil, estima-se que milhões de cães estejam infectados com leishmaniose visceral. Esse hospedeiro apresenta variações no quadro clínico da doença, passando de animais aparentemente sadios a oligossintomáticos podendo chegar a estágios graves da doença com intenso parasitismo cutâneo (ALMEIDA, 2012). O presente trabalho teve por objetivo realizar a campanha de vacinação contra raiva em cães e gatos e efetuar a coleta de sangue para diagnóstico da doença leishmaniose, como parte das ações programadas para a equipe do projeto de extensão Cão Cidadão – Unesp de Dracena. MATERIAL E MÉTODOS Uma equipe multidisciplinar, composta por docentes, alunos e servidores da FCAT – Unesp de Dracena, além de profissionais da saúde e educação dos municípios de Dracena e Junqueirópolis, uniram forças no sentido de conscientizar a população sobre a necessidade da vacinação contra raiva e do teste para diagnóstico da leishmaniose, em seus animais pet. Catorze alunos do curso de Zootecnia, cadastrados no projeto de extensão Cão Cidadão - Unesp de Dracena, foram treinados pela equipe de médicos veterinários da Secretaria de Saúde para participarem da vacinação contra raiva, em cães e gatos, e do diagnóstico de leishmaniose canina. No mês de agosto, a equipe realizou a campanha no município de Junqueirópolis e em novembro, será realizada em Dracena. Para a vacinação contra raiva canina e felina, foi utilizada a vacina modificada do tipo Fuenzalida & Palácios, aplicada na via subcutânea e conservada em temperatura de 4ºC a 8ºC, de acordo com a metodologia de Takaoka (2006). 200 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 No período de 10 a 22 de agosto de 2015, em dois bairros distintos do município, duas equipes, cada qual sob orientação de um médico veterinário responsável, auxiliaram na contenção e vacinação dos animais com idades acima de seis meses. Após a coleta de sangue, as amostras devidamente identificadas seguiram para o laboratório de análises da Secretaria de Saúde do município a fim de serem processadas e destinarem-se ao teste da doença. Após esse procedimento, o soro de cada animal permanecerá acondicionado sob congelamento a - 20ºC, até a realização da prova sorológica. Em casos positivos, o proprietário poderá escolher entre conseguir um exame de contraprova ou destinar o animal para ser sacrificado. Esse procedimento é realizado com a intenção de diminuir os vetores da doença. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados da campanha de vacinação anti-rábica e do inquérito de leishmaniose, realizados pela equipe de alunos do projeto Cão Cidadão, nas primeiras semanas de agosto no município de Junqueirópolis, estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Campanha de vacinação contra raiva em cães e gatos, coleta de sangue de cães e casos positivos e negativos para leishmaniose, realizado em Junqueirópolis, no mês de agosto de 2015. Data Vacinação Vacinação Coleta de Casos Casos Negativos em Cães em Gatos Sangue Positivos 1ª Semana 543 135 77 31 46 2ª Semana 520 100 80 37 43 Total 1063 235 157 68 89 Foram vacinados contra raiva, 1063 cães e 235 gatos. De acordo com Dunn (2001), o desconhecimento do tamanho real da população de animais compromete o planejamento e a avaliação do programa de controle da raiva, uma vez que não se pode determinar a cobertura vacinal, avaliar o impacto da captura e estabelecer metas para o programa. Mesmo a Raiva sendo uma doença incurável, que culmina em uma morte lenta e com grande sofrimento, geralmente, a população não aceita muito bem as orientações que são repassadas no sentido de preveni-la, já que não tem no seu cotidiano casos ocorrendo, pensam que não acontecerá com eles. É preciso 201 XI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA “INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA AGROPECUÁRIA” 23 e 24 DE SETEMBRO DE 2015 salientar que, ainda hoje, muitas pessoas perdem a vida de forma trágica por negligenciarem os cuidados mínimos (PRADO, 2009). No inquérito sorológico para leishmaniose, foi realizada a coleta de sangue em 157 cães, sendo encontrados 68 animais soros-positivos e 89, negativos para a doença. Esses números ressaltam a importância do alerta à população sobre as medidas que devem ser adotadas para o controle da doença. A população sendo previamente alertada pode disponibilizar rapidamente os animais para a realização dos testes e garantir, dessa forma, o diagnóstico precoce da leishmaniose. CONCLUSÕES A partir dos resultados, pode-se concluir que o número de animais vacinados contra raiva está aquém do esperado pelos órgãos públicos, responsáveis pelo controle de zoonoses, que é de 1,6 cães por domicilio e 1,1 gatos por domicílio, numa população estimada em 20 mil habitantes no município de Junqueirópolis. De acordo com os casos positivos para leishmaniose, animais assintomáticos em áreas endêmicas, potencialmente infectantes para o vetor, denotam a importância dos inquéritos sorológicos caninos para que ações profiláticas possam ser adotadas e campanhas de conscientização sobre zoonoses, previamente realizadas junto à população. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. B. P. F. Ocorrência de Leishmania chagasi e outros tripanosomatídeos em cães de Cuiabá, Mato Grosso: Avaliação clínica e uso de diferentes métodos de diagnóstico laboratorial. Tese de doutorado em pesquisa clínica em doenças infecciosas. Fundação Oswaldo Cruz. 2012, 145 p. BEER, J. Doenças infecciosas em Animais Domésticos, 1º Ed, São Paulo, 1999, cap. 10, pag. 168-78. DUNN, J. K. Tratado de Medicina de Pequenos Animais, 1ª Ed, São Paulo, 2001. PRADO, F. M. M. A raiva e sua disseminação. Trabalho de Conclusão de Curso. Faculdades Metropolitanas Unidas, UNIFMU, 33 p. 2009. TAKAOKA, N.; Disponível em: < http://www.saude.sp.gov.br/instituto-pasteur/menu.htm> Acesso em: 10 de Agosto de 2015. 202