do arquivo - Programa de Pós

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
MESTRADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA – SISTEMAS DE POTÊNCIA
SANDRA ALELUIA HORA DA COSTA
OS DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO DA SMART GRID
NO MODELO DE NEGÓCIOS DO SETOR ELÉTRICO:
PROPOSTA DE CONFIGURAÇÃO DE UMA REDE
INTELIGENTE
SALVADOR, 2014
II
SANDRA ALELUIA HORA DA COSTA
OS DESAFIOS DA IMPLANTAÇÃO DA SMART GRID NO MODELO DE NEGÓCIOS
DO SETOR ELÉTRICO:
PROPOSTA DE CONFIGURAÇÃO DE UMA REDE INTELIGENTE
Dissertação apresentada ao Departamento de Engenharia Elétrica, da
Universidade Federal da Bahia – UFBA, para requisito de obtenção
do título de Mestre em Engenharia Elétrica, junto ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, área de concentração
Engenharia Elétrica. Linha de Pesquisa: Sistemas de Potência.
Orientador: Prof. Dr. Caiuby Alves da Costa
SALVADOR, 2014
III
Dedico este trabalho à todas as pessoas que acreditaram
no meu esforço e na minha capacidade de buscar os
meus sonhos.
IV
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, pois sem Ele nada seria possível. Agradeço também aos
meus familiares pelo contínuo estímulo e valores que me ensinaram. A todos os meus
professores por exercerem esta profissão tão bela e assim puderam me passar grandes
conhecimentos que vou carregar durante toda a minha vida.
Agradeço ainda, ao meu orientador, o Prof. Dr. Caiuby A. Costa, pela sua orientação e
palavras de apoio. Ao professor Alexandre Castro, pelo tempo e ajuda. Ao CNPq, pelo apoio
financeiro durante o curso. E finalmente a todos os meus amigos e colegas pela amizade que
resiste mesmo com a distância, por suas críticas que me ensinaram a ver a vida de maneira
melhor e por estarem sempre torcendo pelo meu sucesso.
V
“Sem o esforço da luta,
impossível a alegria da vitória.
Autor Desconhecido.
é
VI
LISTA DE ABREVIATURAS
ADSL
AEEG
AES
AMM
ANATEL
ANEEL
ARRA
ASEP
AT
ATM
BPL
BRICs
BT
CO
CO2
COP 16
COP 18
COP 19
DNAEE
DoE
EB
EISA
ENEL
EPAct
ERB
ERDF
EV
FERC
FFD
FH-CDMA
FIT
FNA
GEE
GGSN
GHz
GIS
GPRS
GSM
IEA
IEC
Asymmetric Digital Subscriber Line
Autorità per l’Energia Elettrica e Il Gas
Advanced Encryption Standart
Automated Meter Management
Agência Nacional de Telecomunicações
Agência Nacional de Energia Elétrica
American Recovery Reinvestment Act
Automação do Sistema Elétrico de Potência
Alta Tensão
Ashynchronous Transfer Mode
Broadband Open Powerline
Brasil, Rússia, Índia, China e Áfric a do Sul
Baixa Tensão
Monóxido de Carbono
Dióxido de Carbono
16ª Sessão da Conferência das Partes
18ª Sessão da Conferência das Partes
19ª Sessão da Conferência das Partes
Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
Department of Energy
Energy Box
Energy Independence and Security Act
Ente Nazionale per l’Energia Elettrica
Energy Policy Act
Estação Rádio base
Électricité Réseau Distribution France
ElectricVehicle
Federal Energy Regulatory Comission
Full Function Device
Frequency Hopping - Code-Division
Multiple Access
Tarifa feed-in
Federal Network Agency for Electricity, Gas, Telecommunications, Post and Railway
Gases do Efeito Estufa
Gateway GPRS Support Node
Gigahertz
Sistema de Informação Geográfica
General Packet Radio Service
Global System of Mobile Communications
International Energy Agency
International Electrotechnical Commission
VII
IED
IEEE
IHM
IMETRO
IPv6
ISM
ISSO/OSI
JSCA
kHz
MHz
MME
MT
NGN
NLOS
OCDE
OFGEM
ONU
OSI
P&D
PAN
PHEV
PLC
PMP
PRODIST
PROINFA
P2P
QoS
RDEs
REI
RFD
RI
RS
SE
SEP
SG
SGCC
SGDP
SGIG
SGSN
SIG
SM
SS
SSC
STA
Dispositivos Eletrônicos Inteligentes
Institute of Electrical and Electronic Engineers
Interface Homem-Máquina
Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
Internet Protocol version 6
Industriais, Científicas e Médicas
Open System Intercommunication
Japan Community Alliance
Quilohertz
Megahertz
Ministério de Minas e Energia
Média Tensão
Next Generation Networking
Non-Line-of-Sight
Organization for Economic Co-operation and Development
Office of Gas and Electricity Markets
Organização das Nações Unidas
Open Systems Interconnect
Pesquisa & Desenvolvimento
Cordenador Central
Plug-in Hybrid Electric Vehicle
Power Line Communication
Ponto Multiponto
Procedimentos de Distribuição
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Peer-to-Peer
Quality of Service
Redes de Distribuição de Energia
Redes Elétricas Inteligentes
Reduced Function Device
Redes Inteligentes
Relay Station
Subestação
Sistema Elétrico de Potência
Smart Grid
State grid Corporation of China
Smart Grid Demonstration Program
Smart Grid Investment Grant
Serving GPRS Support Node
Special Interest Group
Smart Meters
Subscriber Station
Sistema de Supervisão e Controle
Station
VIII
STAmi
TCP/IP
TIC
TKIP
UAC
UD
UE
USB
VoIP
WEP
Wi-Fi
WiMAX
WPA
WPA 2
(AES)
ZB
ZC
Advanced Metering Interface
Transmission Control Protocol/Internet Protocol
Tecnologia da Inforção e Computação
Temporal Key Integrity Protocol
Unidade de Aquisição de Dados e Controle
Unidades Dedicadas
União Europeia
Universal Serial Bus
Voz sobre IP
Wired Equivalent Privacy
Wireless Fidelity
Worldwide Interoperability for
Microwave Access
Wired Protected Access
Wired Protected Access 2 (Advanced
Encryption Standard)
ZigBee
Coordenador Zigbee
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
Figura 16
Figura 17
Figura 18
Figura 19
Figura 20
Figura 21
Figura A-1
Interação da smart grid
O sistema energético: passado, presente e futuro
Visão geral do sistema energético com o uso das SG
Modelo de rede utilizando smart grid em sete domínios
Etapas de uma rede inteligente de energia
Interações derivadas das redes inteligentes de energia
Sistema de medição inteligente
Mapa de projetos em SG no mundo
Aspectos da rede inteligente de energia
Tecnologias utilizadas na navegação dos dados na rede inteligente
Áreas de aplicação da tecnologia Zigbee
Modelo de rede ZigBee e seus elementos
Topologias da rede ZigBee
Rede comercial da tecnologia PLC
Configuração de uma rede GPRS
Exemplo de uma rede Wi-Fi
Conexão utilizando o WiMAX
Topologia de uma rede Bluetooth
Proposta da rede inteligente de energia
Modelo energético atual da geração até o consumidor final
Modelo de sistema utilizando smart grid
Topologia da rede smart grid do estudo de caso
27
28
28
29
33
34
36
51
56
57
58
60
61
64
66
68
70
72
81
82
83
103
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Tabela 2
Tabela 3
Tabela A-1
Tabela A-2
Tabela A-3
Resumo da família IEEE 802.11 para Wi-Fi
Características das tecnologias para SG
Comparação entre as redes atuais e as redes inteligentes de energia
Resultados obtidos no Caso 1
Resultados obtidos no Caso 2
Resultados obtidos no Caso 3
67
75
85
104
105
105
XI
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Custos totais dos projetos em REI por região
Gráfico 2
Composição estimada dos custos de um sistema de medição inteligente
Gráfico A-1 Hops em função do casos.
52
78
106
XII
RESUMO
Esta dissertação apresenta um estudo sobre a importância das Redes Inteligentes de Energia
no cenário do sistema energético atual, denominadas como Smart Grids. O objetivo maior
desta investigação foi propor um modelo de configuração de rede inteligente baseada nas
características das diferentes tecnologias que existem na área, através de uma pesquisa
bibliográfica. Realizou-se também uma análise comparativa dentre as principais tecnologias
que estão sendo adotadas em projetos pilotos no cenário mundial e nacional, por meio de
parâmetros pré-definidos, tais como banda, espectro, alcance, imunidade a ruídos, topologia,
custo e consumo de energia, buscando a melhoria da eficiência energética e qualidade do
sistema. Um estudo de caso foi realizado a fim de exemplificar uma das características da
smart grid, que é a sua capacidade de autorrecuperação. O referencial teórico para a
elaboração deste trabalho pauta-se em uma abordagem histórica sobre a evolução da energia
no processo de formação de desenvolvimento da sociedade e seus costumes, que adotou como
base para esta evolução os combustíveis fósseis. Os principais autores adotados neste
referencial foram Jardini (1999), Lopes (2013), Machado (2009), dentre outros. Foi abordado
também as mudanças que estão ocorrendo nas redes de distribuição de energia através da
automação dos sistemas de potência e por fim, as transformações que as redes elétricas irão
sofrer para atingir a ideia de Smart Grid, através das definições sobre seu conceito, benefícios
e potenciais barreiras que existem na adoção das redes inteligentes.
.
Palavras-Chave: Energia, Smart Grid, Sociedade, Evolução.
XIII
ABSTRACT
This dissertation presents a study about the importance of Smart Grid in the scenario of the
current energy system, known as Smart Grids. The larger goal of this research was to propose
a model of intelligent network configuration based on the characteristics of the different
technologies that exist in the area, through a literature search. Another method used was a
comparative analysis among the main technologies being adopted in pilot projects in national
and world stage, through pre-defined parameters such as bandwidth, spectrum range, noise
immunity, topology, cost and consumption energy, seeking to improve energy efficiency and
system quality. A case study was conducted to exemplify one of the features of the smart grid,
which is their ability to self-healing. The theoretical framework for the elaboration of this
agenda in a historical approach to the evolution of the energy in the formation of development
of society and its customs process, which was adopted as the basis for this evolution fossil
fuels. The principal authors were adopted in this framework Jardini (1999), Lopes (2013),
Machado (2009), among others. Was also discussed changes that are occurring in the power
distribution networks through automation of power systems and finally the transformations
that power grids will undergo to achieve the idea of Smart Grid, through the definitions of the
concept, benefits and potential barriers that exist in the adoption of smart grids.
Keywords: Energy, Smart Grid, Environmental Impact, Society.
XIV
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ................................................................................................. IV
LISTA DE ABREVIATURAS..................................................................................... VI
LISTA DE FIGURAS................................................................................................... IX
LISTA DE TABELAS .................................................................................................... X
LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................... XI
RESUMO...................................................................................................................... XII
ABSTRACT ............................................................................................................... XIII
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .................................................................................17
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................17
1.1. OBJETIVOS .............................................................................................................18
1.1.1. Objetivo Geral .....................................................................................................18
1.1.2. Objetivos Específicos ........................................................................................... 18
1.2. JUSTIFICATIVAS ...................................................................................................18
1.3. PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................19
1.3.1. Tipo de Estudo .....................................................................................................19
1.3.2. Instrumento de Coleta de Dados ........................................................................20
1.3.3. Análise de Dados ..................................................................................................20
1.3.4. Sujeitos da Pesquisa ............................................................................................ 20
1.3.5. Aspectos Éticos da Pesquisa ...............................................................................20
1.4. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO .................................................................21
1.5. CONCLUSÕES .......................................................................................................21
CAPÍTULO 2 – SMART GRID E ALTERNATIVAS USUAIS ............................... 25
2. INTRODUÇÃO .........................................................................................................25
2.1. O CONCEITO DE SMART GRID ..........................................................................26
2.2. DIFICULDADES DE UMA SMART GRID ........................................................... 30
2.3. MOTIVOS PARA IMPLANTAÇÃO DA SMART GRID ......................................31
2.4. IMPACTOS DA IMPLEMENTAÇÃO DAS REDES INTELIGENTES DE ENERGIA
.........................................................................................................................................33
2.5. MEDIDORES INTELIGENTES ..............................................................................36
2.6. REGULAÇÃO BRASILEIRA PARA SMART GRID ............................................37
2.7. SMART GRID NO CENÁRIO MUNDIAL ............................................................ 40
2.7.1. Europa ..................................................................................................................40
2.7.1.1. Itália .................................................................................................................... 41
2.7.1.2. Portugal ...............................................................................................................42
XV
2.7.1.3. França .................................................................................................................43
2.7.1.4. Holanda...............................................................................................................43
2.7.1.5. Dinamarca...........................................................................................................44
2.7.1.6. Espanha...............................................................................................................44
2.7.1.7. Alemanha ............................................................................................................45
2.7.1.8. Reino Unido........................................................................................................46
2.7.2. Estados Unidos .....................................................................................................47
2.7.3. Ásia-Pacífico .........................................................................................................49
2.7.3.1. China...................................................................................................................49
2.7.3.2. Índia .................................................................................................................... 49
2.7.3.3. Japão ...................................................................................................................50
2.7.3.4. Coréia do Sul ......................................................................................................50
2.8. O BRASIL NO CONTEXTO DAS REDES ELÉTRICAS INTELIGENTES ........51
2.9. CONCLUSÕES ........................................................................................................55
CAPÍTULO 3 – TECNOLOGIAS PARA SMART GRID ........................................57
3. INTRODUÇÃO .........................................................................................................57
3.1. A REDE ZIGBEE .....................................................................................................58
3.1.1. Funções Lógicas dos Dispositivos da Rede Zigbee ...........................................59
3.1.1.1. Dispositivo Coordenador .................................................................................... 59
3.1.1.2. Dispositivo Roteador .......................................................................................... 59
3.1.1.3. Dispositivo Final ................................................................................................ 59
3.1.2. Topologias da Rede ZigBee .................................................................................60
3.1.2.1. Topologia Estrela ................................................................................................ 60
3.1.2.2. Topologia Árvore ............................................................................................... 60
3.1.2.3. Topologia Malha ................................................................................................ 61
3.1.3. Formação da Rede Zigbee ..................................................................................61
3.2. TECNOLOGIA POWERLINE COMMUNICATION - PLC ..................................62
3.2.1. Características do PLC ....................................................................................... 63
3.2.2. Funcionamento ....................................................................................................64
3.3. TECNOLOGIA GENERAL PACKET RADIO SERVICE – GPRS ....................... 65
3.3.1. Características GRPS .......................................................................................... 65
3.3.2. Funcionamento ....................................................................................................66
3.4. TECNOLOGIA WI-FI – IEEE 802.11 .....................................................................67
3.4.1. Características .....................................................................................................67
3.4.2. Funcionamento ....................................................................................................68
3.4.3. Vantagens .............................................................................................................69
3.5. TECNOLOGIA WORLDWIDE INTEROPERABILITY FOR MICROWAVE ACCESS
– WiMAX ........................................................................................................................ 69
3.5.1. Funcionamento ....................................................................................................69
3.5.2. Topologias ............................................................................................................70
3.5.3. Características .....................................................................................................71
3.6. TECNOLOGIA BLUETOOTH – IEEE 802.15 ....................................................... 72
XVI
3.6.1. Funcionamento ....................................................................................................72
3.6.2. Características .....................................................................................................73
3.7. CONCLUSÕES ........................................................................................................74
CAPÍTULO 4 – DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA E ANÁLISE
COMPARATIVA: SMART GRID VS REDES ATUAIS .........................................77
4. INTRODUÇÃO .........................................................................................................77
4.1. DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA .............................................................. 77
4.2. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE SMART GRID E A REDE ATUAL ..........82
4.3. CONCLUSÕES ........................................................................................................86
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .......................................87
REFERÊNCIAS ............................................................................................................89
APÊNDICE A – ESTUDO DE CASO – CONTROLE DO FLUXO DE ENERGIA EM
UMA SMART GRID ...................................................................................................100
17
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO
Para gerar uma mudança econômica significativa em um modelo atual é preciso que se
invista em infraestrutura. Há algum tempo atrás esta afirmativa seria sinônimo de grandes
obras com estradas, viadutos e aeroportos, entretanto, na atualidade, ela afirma um amplo
investimento em tecnologias mais inteligentes e eficazes para que estes possam modernizar o
tradicional modelo econômico.
Um exemplo seria o desenvolvimento das redes de energia nos próximos anos até que
possam atingir o conceito de Smart Grid (SG), este, fundamentalmente prevê a aplicação de
técnicas mais avançadas de telecomunicações e automação no setor elétrico, o que irá gerar
impactos ambientais menos agressivos (JONHSON, 2010).
O cenário para o desenvolvimento futuro da energia está sendo bastante impulsionado
pela automação inteligente das redes de energia elétrica, o que irá gerar uma grande mudança
na operação da rede. O termo smart grid, ou simplesmente redes inteligentes (RI), está sendo
apontado como a maior tendência para o novo modelo do sistema energético.
Com a modernização da economia, o preço do petróleo e seus derivados - as principais
fontes geradoras de energia no cenário mundial – embora haja usualmente tendência alta e
com a notável escassez da oferta de energia pelo mundo, as pressões tanto ambientais quanto
econômicas estão se tornando maiores no que diz respeito às perdas de energia na entrega ao
consumidor final (XIN-WEI, D.; QUIANG, Y., 2010).
Neste trabalho foi realizado um estudo aprofundado sobre as Redes Inteligentes de
Energia, Smart Grid, para que se possa mostrar os detalhes da fundamentação teórica e da
implantação deste novo conceito no setor elétrico. Também se desenvolveu uma proposta de
uma Configuração de Redes Inteligentes que contribua para melhorar a qualidade dos
serviços, a confiabilidade do sistema elétrico e a redução do desperdício de energia. Ao final,
no Apêndice A, foi realizado um breve estudo de caso, objetivando reduzir o números de hops
em uma rede SG em caso de falha, a fim de comprovar a capacidade de autorrecuperação do
sistema que as redes inteligentes possuem.
18
1.1.
OBJETIVOS
1.1.1. Objetivo Geral
Fazer um estudo aprofundado sobre o conceito de Smart Grid, a fim de viabilizar a
proposta de desenvolvimento de uma Rede Inteligente de Energia.
1.1.2. Objetivos Específicos
 Contribuir na elaboração de uma Rede Inteligente de Energia, incluindo
funcionalidades e requisitos, padronização das tecnologias, adequação da legislação e
regulamentação de um programa avançado de capacitação;
 Fazer uma análise comparativa entre as redes de energia atuais e as redes inteligentes e
mostrar as transformações e os benefícios que a última proporciona;
 Desenvolver uma proposta de modelo de configuração de uma rede inteligente de
energia, por meio da análise comparativa entre as tecnologias existentes.
1.2.
JUSTIFICATIVAS
Com o aumento da demanda por energia, da pressão sobre a conservação do meio
ambiente, a modernização da economia mundial e as perdas técnicas e não-técnicas de energia
devido à baixa eficiência do atual sistema energético, faz surgir à necessidade da busca por
novas soluções para que estes sejam capazes de operar de maneira mais eficiente e que este
novo conceito não interfira nas normas regulamentadoras do setor que já existem. Neste
intento, a migração do atual modelo de sistema para um capaz de oferecer segurança,
confiabilidade, fonte de alimentação de alta qualidade, conservação dos recursos ambientais e
que possa se adaptar aos vários tipos de geração de energia elétrica é imperativo para que as
problemáticas existentes do sistema atual sejam minimizadas (XIN-WEI, D.; QUIANG, Y.,
2010).
Para este efeito, grandes empresas do setor de energia em muitos países estão migrando
suas tecnologias para uma topologia de redes multidirecionais, principalmente devido aos
incentivos governamentais (JONHSON, 2010).
19
1.3.
PERCURSO METODOLÓGICO
Para Goldemberg (1999), a pesquisa é a edificação do conhecimento original de acordo
com certas exigências científicas. Para que seu estudo seja considerado científico é preciso
que se obedeça aos critérios de coerência, consistência, originalidade e objetivação.
Observando de maneira mais filosófica, Minayo (1996), analisa a pesquisa como:
―Uma atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da
realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define
um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de
aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma
combinação particular entre teoria e dados‖.
A pesquisa também é inserida como uma atividade cotidiana, considerando-a como uma
atitude, isto é, ―um questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção
competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico
e prático‖ (DEMO, 1996).
Desta maneira, a pesquisa científica seria a realização concreta de uma investigação
planejada e desenvolvida baseada nas normas consagradas pela metodologia científica.
Metodologia esta, que é entendida como um conjunto de etapas ordenadamente disposta que
se deve vencer na investigação de um determinado objeto de estudo e/ou fenômeno. Ela está
composta pelo tema escolhido, o planejamento da investigação, o desenvolvimento
metodológico, a coleta e a análise dos dados e dos resultados, a elaboração das conclusões e
premissas futuras e, por fim, a divulgação dos resultados obtidos.
1.3.1. Tipo de Estudo
Este trabalho é uma pesquisa bibliográfica, pois de acordo com Gil (1996), a pesquisa
bibliográfica refere-se à leitura, análise e interpretação de livros, periódicos, documentos
mimeografados ou xerocopiados, mapas, fotos, manuscritos, etc. Quaisquer materiais que
devem ser submetidos a uma triagem para que se possa estabelecer um plano de leitura que
poderá servir como fundamentação teórica ao estudo realizado.
Como instrumento complementar no estudo da problemática apresentada, foi realizada
uma análise de documentos das determinações legais que norteiam esta pesquisa – Lei nº
9.427/1996, Resolução Normativa nº 517/2012 e ainda, a Norma IEC 61850, com a intenção
de compreender a normas que regem a geração, transmissão, distribuição e comercialização
20
da energia, bem como os novos procedimentos que deverão ser adotados como pilares para a
implantação efetiva das redes inteligentes.
1.3.2. Instrumento de Coleta de Dados
Para Santana (2003), existem dois tipos de dados: primários e secundários. Dados
primários são aqueles obtidos a partir de informações do próprio pesquisador e os secundários
são os dados já existentes, que podem ser utilizadas nas pesquisas científicas. Neste trabalho
foram utilizados os dados primários e secundários, visto que os mesmos foram obtidos através
de artigos, consulta a revistas e jornais especializados em redes inteligentes de energia, livros
e meios eletrônicos e ainda através de simulações em ambiente virtual, desenvolvidas pelo
próprio autor da pesquisa.
1.3.3. Análise de Dados
Para Minayo (1996), a etapa de análise de dados é uma fase muito importante para a
pesquisa, pois possibilita uma maior absorção do conteúdo que foi adquirido, o que contribui
para um maior conhecimento sobre o assunto pesquisado. Neste trabalho, foi feita a análise
dos dados adquiridos e interpretadas as informações, tendo como base os preceitos contidos
na fundamentação teórica, a qual norteou o desenvolvimento deste estudo.
1.3.4. Sujeitos da Pesquisa
Este estudo foi integrado pela própria estudante que está matriculada no Programa de PósGraduação em Engenharia Elétrica, da Universidade Federal da Bahia, que tem conhecimento
sobre a crescente importância do conceito de Smart Grid e da necessidade de se implantar esta
tecnologia na atual modelo energético do país para se possa oferecer melhorias e
confiabilidade na distribuição de energia.
1.3.5. Aspectos Éticos da Pesquisa
Este trabalho foi fundamentado nas determinações da Autarquia criada pela Lei 9.427 de
26/12/1996, com a finalidade de regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia elétrica, de acordo com a legislação e em conformidade com as
diretrizes e as políticas do governo federal.
A pesquisa foi realizada após análise e aprovação da Banca de Qualificação deste que foi
integrada pelos professores da Universidade Federal da Bahia, visando assim, pela liberdade,
21
dignidade e integridade da participante desta pesquisa e ainda acompanharam o
desenvolvimento da mesma, tendo caráter consultivo e educativo.
1.4.
ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
O presente trabalho está disposta em 5 capítulos e um apêndice. O primeiro capítulo trata
da introdução, mostrando os principais aspectos a serem abordados no mesmo, a metodologia
adotada bem como a justificativa para a escolha deste tema.
O segundo capítulo trata do conceito de redes inteligentes de energia, e também o conceito
de medidores inteligentes, equipamento crucial na implantação das smarts grids, mostra ainda
como se encontra a regulamentação brasileira em relação a este conceito e as iniciativas em
redes inteligentes de energia no mundo e no Brasil assim como as perspectivas futuras.
Já o capítulo três apresenta algumas das tecnologias que já existem nas telecomunicações
que podem ser utilizadas para viabilizar as redes inteligentes. O capítulo quatro mostra os
detalhes do desenvolvimento da proposta de uma arquitetura para smart grid e uma análise
comparativa entre as redes inteligentes e as redes atuais de energia.
O quinto capítulo expõe as conclusões obtidas da fundamentação teórica e análise
comparativa, assim como as recomendações futuras que este trabalho pode proporcionar,
através do plano de redes inteligentes.
O apêndice A mostra um breve estudo de caso que foi realizado a fim de comprovar a
capacidade de autorrecuperação que as redes inteligentes de energia possuem em caso de
algum tipo de falha no sistema.
1.5.
CONCLUSÕES
Os combustíveis fósseis são ainda responsáveis pela maior parte da matriz energética
mundial e ainda movem boa parte do setor econômico das principais potências. Porém esta
forma de energia é finita e altamente poluente. Estes fatores acrescidos das crises geopolíticas
entre os principais produtores do petróleo intensificam os problemas causados ao meio
ambiente e a urgência na mudança da atual matriz energética pela busca de fontes mais
limpas, renováveis e inteligentes, que não coloquem em risco o futuro das próximas gerações.
A era do petróleo está cada vez mais ameaçada e gerando mudanças de enfoque nas principais
22
empresas petrolíferas do mundo, voltando estas para o desenvolvimento de tecnologias limpas
(CORDIS, 2009).
As pressões de instituições ambientais se tornaram ainda mais fortes nos últimos anos,
forçando os governos de todo o mundo a acelerar a diminuição das emissões de gases
poluentes e assim investir em novos recursos energéticos, dando início a pesquisas e
investimentos em redes inteligentes de energia. Muitos países na União Europeia já se
comprometeram em reduzir estas emissões em até 20% até antes do ano de 2020. Após a não
eficiência na resolução do Protocolo de Quioto, as grandes potências mundiais se reúnem,
numa Conferência Internacional sobre as Mudanças Climáticas no Mundo para tratar e impor
a todos os países taxas de reduções dos gases poluentes do efeito estufa a fim de minimizar os
efeitos do aquecimento global sobre a Terra, encontro este, sem muito sucesso, apenas uma
declaração de intenções dos líderes participantes (MUNIZ, 2009).
Em 2010, em Cancun, ocorreu a 16ª Sessão da Conferência das Partes (COP 16), esta
reunião resultou num acordo mínimo, concluído rapidamente por um número irrisório de
governantes, comprometendo-se a reduzir as emissões de CO2 na atmosfera, de forma
voluntária, porém, mais uma vez não foram especificadas as maneiras de como estas metas
seriam alcançadas (BARBOSA, 2010). Em novembro de 2012, foi realizada a COP 18, em
Doha, Qatar, país considerado como o maior emissor per capita de dióxido de carbono (ONU,
2012) e em novembro de 2013 foi realizada a COP 19, na Polônia (UNFCCC, 2013).
As energias alternativas causarão um grande impacto positivo na economia mundial o que
implicará numa maior oferta de empregos. Foram analisados diversos setores da economia e o
resultado comprova que é imperativo se investir nestas fontes limpas para poder se obter o
máximo potencial delas. O uso das energias limpas mais inovadoras, apesar de exigiram um
suporte financeiro maior, trarão um retorno significativo para a economia o que permitirá
atingir as metas futuras das energias alternativas e a oferta de empregos também será melhor,
diante dos investimentos nestas novas tecnologias (CORDIS, 2009).
Com o objetivo de estimular a matriz energética com o uso das energias alternativas, o
governo brasileiro criou em abril de 2002 o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
(PROINFA), em 2003 o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel para promover a
implantação sustentável e econômica a produção e uso do biodiesel, enfocando na inclusão
social, garantindo preços e qualidade. A Lei 10.762 de 11 de Novembro de 2003 estende os
23
benefícios do desconto tarifário aos empreendimentos com base em fontes solar, eólica e
biomassa (sendo de potência instalada menor ou igual a 30.000 kW).
O Decreto nº 6.048 de Fevereiro de 2007, assegurando às distribuidoras, nos leilões
públicos de compra de energia, o repasse integral da aquisição, como valor máximo sendo
definido pela ANEEL, Resolução Normativa nº 482 de 17 de abril de 2012 (modificada pela
Resolução Normativa nº 517 de 11 de dezembro de 2012), estabelecendo condições gerais
para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia, entre
outras medidas. Além de proporcionar esta diversificação considerável na economia do país e
reduzir as emissões de gases poluentes na atmosfera (MME, 2012).
Para que a sociedade evolua para um modelo de desenvolvimento sustentável é preciso
acontecer revisões do seu comportamento em relação a este novo paradigma. O homem já
despertou parcialmente para este problema, mas ainda há muito para ser feito em termos de
educação e cooperação entre os povos e em termos de meio ambiente.
O conhecimento que o homem tem sobre o funcionamento do planeta Terra até então é
pequeno, mas é suficiente para saber que é preciso aprender a habitá-lo e usufruí-lo de
maneira consciente e responsável, preparando-o para que possa continuar sustentando
gerações futuras.
As agressões que o mundo sofreu durante todos estes anos com a ação do homem no
desenvolvimento da sociedade tiveram um grande impacto ambiental e hoje a Terra mostra o
que está por vir se nada for feito mediante ao alarmante quadro de devastação. A era do ―ouro
negro‖ não irá durar para sempre, mesmo com a descoberta de novas jazidas de petróleo na
camada do pré-sal, de acordo com as estatísticas de especialistas (ONU, 2012).
O momento exige por parte dos governos e da sociedade uma revisão dos costumes e
interesses de tal forma que surja uma nova mentalidade e um compromisso com o futuro. É
preciso apressar as soluções necessárias e mudar a percepção de progresso enquanto ainda há
tempo.
O mundo não consegue mais absorver os gases provenientes da sua combustão,
intensificando o aquecimento global que somado aos problemas geopolíticos que os grandes
países produtores de petróleo, acometem numa mudança imediata da matriz energética
mundial. Por isso que o uso das fontes alternativas e redes inteligentes de energia cada vez se
torna mais imperativo e imediato, garantindo assim uma melhoria tanto na expectativa de vida
24
na Terra quanto na qualidade da mesma e fazendo com que a sociedade, através do
desenvolvimento sustentável, consiga suprir suas necessidades.
É importante ressaltar que para que o processo de mudança do atual sistema de energia,
também atinge as redes de distribuição, estas que já sofreram melhorias, como a automação, o
que possibilitou inúmeras vantagens para o sistema energético, dentre as quais se podem
destacar a rapidez na detecção e localização de falhas, maior flexibilidade na operação,
diminuição do tempo de corte e religamento, monitoramento das variáveis do sistema, o
controle de cargas interruptivas, menor custo operacional, redução das perdas e priorização de
ações de manutenção preventiva.
Entretanto, o maior desafio será promover a interoperabilidade entre os inúmeros
protocolos de comunicação que existem ao logo de toda a rede de distribuição. Uma possível
solução para este grande número de protocolos, proposta com a implantação das redes
inteligentes, é utilizar um padrão único que especificasse todos os parâmetros dos dispositivos
eletrônicos inteligentes - IEDs, permitindo a comunicação entre eles, que ficou conhecido
como Redes de Comunicação e Sistemas em Subestações - IEC 61850. Esta padronização está
sendo adotada como um dos pilares para a implantação das smart grids como solução para
estas barreiras tecnológicas (LOPES et al., 2012).
A IEC 61850 visa propor uma solução simples para integrar a comunicação entre os
dispositivos comum a todos os fabricantes, o que possibilitará um melhor controle em tempo
real da rede de distribuição e, permitirá que a tecnologia evolua ao longo dos anos, pois ela
possibilita as atualizações dos softwares. Esta norma abrange todos os níveis de comunicação
e fornece métodos para a promoção das melhores técnicas de proteção, controle, integração,
monitoramento e padronização, seguindo uma hierarquia iniciada pelo dispositivo físico no
nível mais elevado até o menor nível.
O setor elétrico busca constantemente pelo aperfeiçoamento tecnológico, principalmente
devido a vulnerabilidade deste sistema (STRACHMAN, 2005). As evoluções das RDEs
devem continuar, principalmente com o advento das redes elétricas inteligentes, ou Smart
Grids, que estão mudando o modelo do sistema energético da atualidade.
25
CAPÍTULO 2: SMART GRID E ALTERNATIVAS USUAIS
2. INTRODUÇÃO
A indústria elétrica é considerada uma das mais essenciais para a sociedade devido a total
dependência deste produto – eletricidade – para a execução das atividades do cotidiano. Os
avanços tecnológicos feitos por esta indústria tinham se concentrado até o momento em
aproveitar os benefícios de economias de escala e escopo e também no avanço das redes de
transmissão com a evolução da transmissão através de correntes contínuas e alternadas. Porém
não tinha sido observado nenhum avanço expressivo na direção de implementação de
tecnologias de informação como forma de aumentar a eficiência do sistema.
Contudo esta realidade começou a ser modificada nos últimos anos, devidos os avanços
em direção de tecnologias que possibilitem uma melhor gestão do sistema e que promova
ganhos de eficiência, visto que o principal desafio deste século será conseguir suprir o
crescimento da demanda respeitando os limites ambientais que serão impostos. Essa
tecnologia chamada de Smart Grid promete ser o novo cenário da indústria elétrica (HICKS,
2012).
As smarts grids são um conjunto de tecnologias que, se forem utilizadas de forma
adequada, com as especificidades e prioridades do país, poderão de forma significativa
aumentar a eficiência do sistema energético. A saber, as principais inovações tecnológicas que
as SGs propõem: instalação de medidores inteligentes, que possibilitam a medição em tempo
real, utilização de tarifas diferenciadas para períodos de pico e vale como estímulo ao
consumidor, aumento expressivo da capacidade de armazenamento de dados, possibilidade de
geração a partir de fontes renováveis (principalmente eólica e solar) em pequena escala etc.
Este trabalho visa elucidar as perspectivas e desafios da implementação destas tecnologias
respeitando as características de cada sistema. Principalmente os desafios referentes às
mudanças que serão impostas aos reguladores neste novo contexto marcado pelo dinamismo,
visto que a estrutura das relações observadas nas redes tradicionais se difere muito dos novos
tipos de relação que as smarts grids propõem.
As atuais redes têm relações muito mais estáticas e indiretas, a começar pelo consumidor
que não possui informações sobre o sistema e não tem nenhuma participação na geração, com
as smarts grids esse quadro se modifica substancialmente, o consumidor passa a ter um perfil
26
dinâmico, tendo acesso a várias informações, participando das relações diretas inclusive na
geração.
Já em relação à operação do sistema, sua confiabilidade e qualidade, as redes atuais
possuem mecanismos para esta coordenação muito limitados, diferente da proposta que as
smarts grids trazem para a operação do sistema, sua confiabilidade e qualidade são feitos em
tempo real, com mecanismos avançados para restaurar qualquer dano que haja na rede,
tentando minimizar ao máximo as perdas dos consumidores. A ação das smarts grids é próativa e não reativa, como as atuais (HICKS, 2012).
Pelo exposto é possível perceber que os desafios em reorganizar a estrutura regulatória
após esses avanços tecnológicos serão proporcionais às mudanças que esta nova tecnologia
propõe, principalmente no que concerne aos novos tipos de relação que serão criados,
destacando se a interface direta com o consumidor.
2.1. O CONCEITO DE SMART GRID
A definição para Smart Grid, de acordo com a International Energy Agency (IEA, 2011) é
―Smart Grid é uma rede de energia que usa tecnologia digital para monitorar e gerenciar o
transporte de eletricidade a partir de todas as fontes de geração encontrando uma variedade de
demandas e usuários.‖ Ou ainda, pela definição do DoE ―Trata-se de um conceito abrangente,
fazendo uso de diversas tecnologias para controlar, através da automação e comunicação de
toda a rede elétrica, o que propicia uma infraestrutura mais integrada entre geração,
transmissão e distribuição de energia.‖ (DoE, 2010).
A figura 1 mostra as áreas que as SG interagem. As smart grids fornecem uma
oportunidade de ligação social, financeira, tecnológica, regulamentar, bem como objetivos
políticos.
27
Figura 1: Interação da smart grid (Modificado de EIA, 2011).
A tecnologia Smart Grid possibilita tornar as redes de energia comuns em redes de
energia inteligentes. No cenário atual, a transmissão de energia é feita de tal forma que esta
trabalha em uma via única, com outras palavras, parte das centrais geradoras para o
consumidor (cliente), e as redes necessitam trabalhar continuamente, já que não é viável ter o
conhecimento sobre a real demanda de cada cliente (SLOOTWEG, H; ENEXIS, B. V., 2009).
Outra dificuldade no atual sistema elétrico é que o mesmo é bastante vulnerável a falhas.
Quando ocorre a interrupção de um braço da rede, esta irá estabelecer um efeito cascata, pois
não é possível formar rotas alternativas para que o fluxo de energia possa chegar ao destino
final, não obstante as distribuidoras só têm o conhecimento de tal falha quando os
consumidores começam a registrar reclamações sobre a falta de energia. A figuras 2 apresenta
um esquemático entre o passado, o presente e o futuro do setor.
28
Figura 2: O sistema energético: passado, presente e futuro (Modificado de EIA, 2011).
A figura 3 a seguir mostra como será o sistema energético com o uso das redes
inteligentes de energia.
Figura 3: Visão geral do sistema energético com o uso das SG (LOPES et al, 2012).
A smart grid irá proporcionar um feedback do consumidor para a distribuidora de energia.
Através de tecnologias digitais, as distribuidoras poderão estabelecer uma comunicação
constante com os clientes, gerando o controle mas eficiente da energia, a identificação de
falhas em tempo real além do controle dos inúmeros equipamentos que estão conectados à
29
rede, tornando-as redes com maior confiabilidade e qualidade, as principais exigências do
mercado atual (LI, F. et al, 2010).
Esta tecnologia trará grandes melhorias na parte operacional e a possibilidade de se
oferecer novos recursos para se reduzir a grande taxa de desperdício de energia. Porém,
mesmo com todos estes benefícios, o smart grid enfrenta ainda muitas dificuldades para a sua
implantação em larga escala, e a principal é o custo desta adoção. É necessário que as
concessionárias façam grandes investimentos em infraestrutura de telecomunicações e
sistemas de informação (SWEET, W., 2009).
A implantação deste princípio irá abranger qualidades que serão capazes de consentir a
transição da atual matriz energética para as fontes renováveis, contendo tecnologias que
possibilitem a interatividade do cliente com o sistema, além de preços de energia que
modificam de acordo com o horário em que a energia for consumida e a utilização de carros
elétricos em detrimento daqueles que empregam derivados dos combustíveis fósseis. Outras
novidades, como o detalhamento da conta de luz, distinguindo exatamente quanto e a que
horas foi o consumo de cada dispositivo, que irá possibilitar assim a diminuição do uso da
energia, também fazem parte deste conceito (LU, J.; XIE, D, 2009). A figura 4 mostra uma
estrutura de rede com smart grid, nela, nota-se que esta configuração permite mudanças
significativas no modelo energético da atualidade.
Figura 4: Modelo de rede utilizando smart grid em sete domínios (Adaptado de NIST7628, 2010).
Este modelo está disposto em sete domínios. O domínio de Geração está relacionado com
a produção em larga escala de energia elétrica, sejam de fontes renováveis ou não-renováveis.
Este domínio também realiza o armazenamento de energia para o caso de algum contratempo.
Na transmissão, é feito o transporte da energia das centrais geradoras até o cliente, por meio
30
de linhas de transmissão. Neste domínio, o gerador é conectado aos centros através das
subestações (RIBEIRO, 2010).
O domínio de distribuição possui as subestações e realiza a distribuição da energia para o
cliente final. Aqui é que se deve conectar os medidores inteligentes entre a rede e o
consumidor para que possam ser controlados e gerenciados. O consumo é responsável pela
comunicação entre usuário e rede, por meio dos Smart Meters (SM), isto é, medidores
inteligentes. Dispositivos que fornecem informações sobre o consumo de energia em tempo
real às concessionárias e aos clientes, possibilitando que os mesmos possam controlar seus
gastos da forma mais apropriada (RIBEIRO, 2010).
Na operação há o gerenciamento e o controle da energia em todas as outras operações,
utilizando uma rede de comunicação em duplo sentido, sendo muito importante em tomadas
de decisões e correção de erros no sistema. No domínio do mercado existe a coordenação das
empresas distribuidoras de energia elétrica, bem como o controle da troca de energia entre
subestação e cliente final. Por último, existe o domínio do provedor de serviço que controla
todas as ações de empresas terceirizadas (RIBEIRO, 2010).
2.2. DIFICULDADES DE UMA SMART GRID
Esta tecnologia trará grandes melhorias na parte operacional e a possibilidade de se
oferecer novos recursos para se reduzir a grande taxa de desperdício de energia. Porém,
mesmo com todos estes benefícios, a SG enfrenta ainda muitas dificuldades para a sua
implantação em larga escala e, a principal, é o custo desta adoção. É necessário que as
concessionárias façam grandes investimentos em infraestrutura de telecomunicações e
sistemas de informação (SWEET, 2009).
Outra barreira para implantação da SG é a sua regulamentação, pois ainda não existe nada
de concreto com relação a operação das redes inteligentes, a redução das emissões de carbono
podem gerar um aumento de cargas parasitas durante a etapa de transmissão de energia assim
como uma diminuição tanto da potência reativa como nas cargas das redes de transmissão e
distribuição (PNNL, 2010).
Há ainda os desafios relacionados à interoperabilidade dos sistemas (na comunicação dos
dispositivos inteligentes) que farão parte da rede inteligente, determinação de um novo
horário de pico para definir a horossazonalidade e ajustes de sensibilidade do medidor
(DUTRA, et al., 2013), promoção da segurança dos dados que irão trafegar na rede (cyber-
31
security), equipamentos inteligentes com suporte às funcionalidades desejáveis, comitê de
acompanhamento (CGEE, 2012).
Devido ao número de soluções tecnológicas já existentes e, como não se pode definir
apenas uma como padrão de aplicação, há a barreira de fazer todo o mapeamento das regiões
(por parte das concessionárias) para definir quais as melhores tecnologias a serem adotadas
(DUTRA, et al., 2013).
A integração das fontes renováveis de energia, possibilitando a micro e minigeração,
desafio este que já está sendo superado, pela aprovação da Resolução Normativa nº 482, de 17
de Abril de 2012 e da Resolução Normativa nº 517, de 11 de Dezembro de 2012,
estabelecendo as condições gerais para o acesso da mini e microgeração distribuída, sendo
que a última altera a Resolução nº 482 e o Módulo 3 dos Procedimentos de Distribuição
(ANEEL, 2012n).
Novos padrões de serviços e o perfil do novo consumidor. Estas mudanças na matriz
energética possibilitarão que os usuários deixem de ser agentes passivos e agora atuem como
agentes ativos no sistema, pois eles serão também produtores de energia, o que acaba se
tornando uma incógnita, pois não se sabe como será o seu papel de protagonista no sistema
(ALCANTARA, 2012b).
Desafios relacionados ao gerenciamento da demanda e quanto à tarifação dinâmica. É
preciso ações regulatórias relativas às tarifas (as mesmas devem variar deverão surgir para
beneficiar o sistema) e ainda com relação a geração distribuída da energia (BANDEIRA,
2012).
2.3. MOTIVOS PARA IMPLANTAÇÃO DA SMART GRID
Com relação aos benefícios que as SGs podem gerar, tem-se (FALCÃO, 2010):
 Geração distribuída, pois as SGs irão proporcionar a microgeração (eólica, solar,
biomassa, etc.) nas proximidades das cargas, sendo necessária formas para balancear
carga e geração, permitindo também o armazenamento de energia;
 Eficiência energética. Com a diminuição do pico de carga nos horários de maior
consumo, o que proporcionará a redução dos custos tanto para as centrais quanto para
os consumidores;
 Uso de novas tecnologias para aperfeiçoar a rede, como medidores inteligentes,
sistemas de controle e de telecomunicações;
32
 Monitoramento eficiente dos consumidores da rede para evitar furtos de energia;
 Programas inteligentes capazes de programar eletrodomésticos para que funcionem de
forma mais eficiente;
 Evitar apagões. O sistema energético atual é vulnerável em relação aos blackouts e,
este problema aumenta à medida que a demanda por energia cresce, sobrecarregando a
rede;
 Possibilidade de cálculos para a redução das emissões de gases poluentes da
atmosfera;
 Diminuição destes gases, em virtude do aumento da microgeração, baseada em fontes
alternativas de energia;
 As redes inteligentes de energia tornarão o sistema elétrico mais protegido no que diz
respeito às falhas da rede e bem preparado para enfrentar problemas de causas
naturais, além de conseguir se autorrecuperar rapidamente;
 Controle do sistema em tempo real e gerenciamento da demanda, possibilitando maior
confiabilidade do sistema (HICKS, 2012);
 Sensores, atuadores e controladores que permitirão um número maior de
processamento de dados;
 Chaveamento eletrônico de potência, menor custo operacional, uso otimizado dos
ativos de rede com menores investimentos;
 Melhor relação custo-benefício para as concessionárias e clientes finais;
 Sistema de controle com vários níveis de decisão e hierarquia bem definida (VALE,
2009);
 Existência de medidores inteligentes, Smart Meters (KIRKHAM, 2009);
 Possibilidade de operação da rede de modo isolado (CHEN et al., 2009);
 Integração de novos sistemas de comunicações (LOBO, 2008);
 Tolerância a ataques externos, sendo capaz de mitigar e resistir a ataques físicos e
virtuais (FALCÃO, 2010).
A figura 5 mostra as etapas de uma rede inteligente de energia.
33
Figura 5: Etapas de uma rede inteligente de energia (CEMIG, 2012).
Nota-se a interação entre os diversos elementos da rede sendo adaptados às redes
inteligentes. Além destes benefícios, o consumidor comum após gerar a própria energia,
poderá comercializar o excedente de energia, caso seja produzido mais que o necessário,
ajustando um desconto na conta de luz. As usinas térmicas a óleo diesel ou carvão mineral
deixarão de ser empregadas. O cultivo da geração limpa de eletricidade serão unânimes.
Como os carros elétricos são a tendência mundial, estes utilizarão baterias permitindo a venda
da energia armazenada à rede nacional (LI, F. et al, 2010).
2.4. IMPACTOS DA IMPLEMENTAÇÃO DAS REDES INTELIGENTES DE ENERGIA
O novo modelo do sistema energético visa maior interatividade entre os equipamentos da
rede, sendo capaz de promover melhor a administração do sistema, dos níveis de pico do
consumo, maior eficiência e qualidade da energia. Ainda não é possível dizer os verdadeiros
impactos que este novo paradigma trará, pois é uma tecnologia nova e poucos países
avançaram nas suas pesquisas e implantações. Alguns destes impactos que vem sendo
discutidos são (RIBEIRO, 2011).
 Gerenciamento da demanda e tarifação dinâmica, através de buscas pela padronização
do consumo, podendo conter os picos de energia em curto prazo e, em longo prazo
podem reduzir a demanda;
 Fiscalização e monitoramento das fases de geração, transmissão, distribuição e
consumo de energia, preocupações que devem ser consideradas a fim de garantir a
34
qualidade em toda rede elétrica. A rede conseguirá se comunicar com um centro de
controle garantindo entrega da energia de forma eficaz ao consumidor final;
 Segurança cibernética e privacidade dos consumidores, o que se torna como o maior
desafio das redes inteligentes: manter a integridade e privacidade das informações ao
longo da smart grid, colocando em pauta a natureza pública e privada das informações
dos clientes;
 Novos padrões de serviço de distribuição, consumo e comercialização. O usuário é
capaz de redefinir seu papel na rede de energia, bem como as atividades de consumo
paralelas (distribuição e comercialização).
Com base na figura 6, percebe-se como as SGs irão dinamizar o sistema de energia, por
meio de 3 interfaces: de comunicação externa, interna e elétrica. Estas serão direta ou
indiretamente conectadas às smarts grids (IEC, 2010).
Figura 6: Interações derivadas das redes inteligentes de energia (Modificado de IEC, 2010).
É possível constatar o dinamismo das relações entre os agentes e a maior eficácia do
sistema, devido à possibilidade de agrupar novas soluções ao sistema de energético como:
geração de eletricidade de fontes renováveis, instalação de medidores inteligentes, a inserção
do carro elétrico, automação dos controles etc.
35
Boccuzzi e Mello (2009) conseguem estabelecer as mudanças que as smarts grids
causarão no setor elétrico:
―Nesse novo paradigma, haverá espaço cada vez maior para a geração
distribuída em pequena escala, voltada ao consumo local e ao fornecimento
do excedente à rede de distribuição. Esses novos consumidores, que também
produzem energia, são chamados ―prosumers‖. Ao mesmo tempo, a
automação dos sistemas elétricos dos usuários possibilitará o gerenciamento
do consumo, evitando desperdícios e otimizando o sistema de suprimento.‖
A expectativa é que com a implantação destas novas tecnologias, o setor de energia ganhe
interatividade que a evolução digital provocou em outros setores. O ganho em eficiência
energética devido a implantação da SG é imenso e, por este motivo, é preciso que ter recursos
energéticos eficientes capazes de suportar a crescente demanda por energia.
O potencial de ganho de eficiência com a implantação das redes inteligentes é imenso e no
novo contexto mundial em que os recursos energéticos precisam ser mais eficientes para
comportar o crescimento da demanda, segundo o Departamento de Energia dos Estados
Unidos (DoE, 2009b):
―Como inúmeros estudos indicam, os benefícios financeiros para a sociedade com a
adoção das smarts grids se mostram reais, duradouros e fundamentais e fluirão para todas
as partes envolvidas:




Em 20 anos, poderão ser economizados de 46 a 117 bilhões de dólares, visto que
não serão necessárias as construções de plantas de geração, linhas de transmissão
e subestações;
O aumento da eficiência energética, a utilização de energias renováveis e a
geração distribuída podem economizar cerca de 36 bilhões de dólares anualmente
até 2025;
A geração distribuída pode reduzir significativamente os custos de
congestionamento de transmissão, atualmente estimado em 4.8 bilhões de dólares
anualmente;
Os aparelhos inteligentes tem custo estimado em 600 milhões de dólares que
pode fornecer através de ganhos de eficiência uma reserva na capacidade das
redes equivalente a uma planta de geração que custe 6 bilhões de dólares.‖
(tradução própria).
Convém dizer que as principais dificuldades tecnológicas para a implantação das SGs em
médio e curto prazo já foram sanadas, mas ainda existe a necessidade de mecanismos que
possibilitam sua introdução no mercado (BOCCUZZI; MELLO, 2009).
Portanto, com base no que foi mostrado, consegue-se resumir que os desafios para a
implantação das redes elétricas inteligentes são:
 Instalação de Smart Meters, de preferência com blindagem para evitar desperdícios e
furtos ao sistema;
 Implantação de um serviço de atendimento ao consumidor, com serviços e aplicativos
operacionais para que os clientes interajam com a rede;
36
 Comunicação bidirecional, em tempo real, possibilitando a resposta em demanda dos
clientes e ainda a verificação de todos os equipamentos da rede, facilitando sua
operação;
 Programas de gerenciamento da demanda e automação das redes de distribuição.
2.5. MEDIDORES INTELIGENTES
Os medidores inteligentes, ou Smart Meters, é um dos principais componentes das redes
inteligentes de energia, responsável pela maior parte das atividades da rede, processando a
todo o momento dados e os enviando para a rede, proporcionando a integração de todo o
sistema (MME, 2010b).
Estes aparelhos permitem que os usuários da rede tenham informações em tempo real
sobre o seu consumo, permitindo que os mesmos se adaptem e melhorem seus hábitos,
reduzindo seu consumo e aumentando a eficiência energética (DECC, 2012).
A figura 7 mostra um sistema de medição inteligente.
Figura 7: Sistema de medição inteligente (Modificado de VIEIRA; GRANATO, 2011).
Dentre as funcionalidades que este equipamento deve ter, pode-se citar (MME, 2010):
 Proporcionar para a concessionária o maior controle sobre as perdas comerciais;
 Reduzir os custos operacionais, como leitura, corte e religamento;
 Proporcionar ao consumidor um acompanhamento detalhado de seu consumo e opções
diferenciadas de tarifas;
 Suspender e restabelecer o fornecimento de energia elétrica automaticamente;
37
 Agilidade na detecção de falhas tanto no fornecimento do consumidor quanto no
equipamento de medição;
 Rapidez na troca de informações e comandos entre a gestão do sistema e o
consumidor;
 Devem possuir terminais de comunicação padronizados e normatizados;
 Interface para recarga, no caso do pré-pagamento;
 Terminal para mensagens da concessionária.
Existem várias tecnologias para promover a comunicação entre os medidores inteligentes
e a rede de energia, as mesmas serão estudadas no capítulo seguinte. A ANEEL publicou a
Resolução Normativa n º 502/2012, que regulamenta os sistemas de medição de energia
elétrica das unidades consumidoras do grupo B, ao qual pertencem as unidades residenciais,
rurais e demais classes, com exceção da iluminação pública e consumidores de baixa renda
(ANEEL, 2012d).
As distribuidoras terão um prazo de até 18 meses para oferecer os smart meters aos para
seus clientes. De acordo com a resolução, serão dois tipos de equipamentos: o primeiro, a ser
instalado sem ônus, possibilitando que o consumidor adquira à tarifa branca (varia de acordo
com faixas horárias de consumo). E o segundo modelo de medidor, mais completo,
proporcionará o acesso a informações específicas individualizadas sobre o serviço prestado, e
a instalação poderá ser cobrada pela distribuidora.
Apesar de já possuir regulamentação ainda é preciso que o Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia – IMETRO, certifique estes equipamentos, permitindo
desta forma sua comercialização (XIMENES, 2012).
2.6. REGULAÇÃO BRASILEIRA PARA SMART GRID
Os agentes reguladores terão um papel muito importante neste novo cenário, definindo as
normas de uso destas tecnologias para que possam promover a qualidade dos serviços
fornecidos com a implantação e comercialização das redes inteligentes.
O maior desafio dos reguladores será manter protegido os interesses do consumidor e das
concessionárias, com a forma adequada de utilização destes novos recursos tecnológicos,
mantendo a interoperabilidade entre as tecnologias adotadas, devido a viabilidade econômica
deste novo paradigma no setor energético.
38
É importante dizer que os consumidores deixarão de ter papel passivo na rede e terão
efeitos expressivos na cadeia, logo, os reguladores deverão criar regras para que o novo
consumidor, o smart customer, utilizem estas novas tecnologias.
Outra barreira será a padronização destas tecnologias, pois cada localidade quer atender a seu
objetivo de acordo com as suas necessidades (The Economist, 2009), desta maneira, ele
deverá oferecer assistência as concessionárias em soluções para viabilizar o uso das SGs de
maneira mais eficiente para o sistema em geral.
É necessário que os agentes reguladores definam claramente os principais objetivos de
uma rede inteligente, como o manejo da demanda por energia e a tarifação flexível que as
mesmas devem possuir (FARUQUI; HLEDIK, 2009):
 Receitas neutras para cada taxa de preço;
 Curta duração nos períodos de pico da carga;
 A tarifação deve passar para o consumidor a sinalização dos preços da energia;
 A tarifação deve refletir os custos do fornecimento de energia;
 Possibilidade de redução nas contas de energia;
 Simplicidade nas taxas para o melhor entendimento do consumidor;
 Garantia de investimentos em longo prazo;
 Estimulação da entrada de novos agentes no mercado e novas fontes de energia;
 Além de uma interação entre os agentes do sistema;
 Normas para o uso de eletrodomésticos e prédios inteligentes, bem como processos
industriais, mircrogeração e o armazenamento de energia;

Protocolos de comunicações que assegurem a segurança dos dados que circulam pela
rede;
No mais, as normas que já regem o setor de energia não precisam ser modificadas. Com
relação as empresas distribuidoras, os desafios relacionados a estruturação e implantação
podem ser citados (BANDEIRA, 2012):
 Gestão de ativos da rede, incluindo a ampliação da rede atual, manutenções
preventivas e de emergência, controle da carga e qualidade dos serviços;
 Gestão do trabalho, incluindo a logística de equipamentos e pessoal, segurança do
trabalho e qualidade dos serviços operacionais;

Gestão da receita, incluindo a leitura e entrega das contas, corte e religamento,
controle das perdas e dos clientes e a eficiência energética.
39
Algumas das iniciativas da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, sobre as
redes inteligentes de energia podem ser listadas a seguir (ALCÂNTARA, 2012):

Seminário Internacional de Medição Eletrônica, em Setembro de 2008, que trata
medição de energia elétrica em unidades consumidoras de baixa tensão (BT) com os
agentes do setor elétrico e demais interessados;

Consulta Pública nº 015/2009, que trata da implantação da medição eletrônica em
baixa tensão (ANEEL, 2009e);

Audiência Pública nº 043/2010, minuta de Resolução Normativa para padronizar
requisitos mínimos do medidor eletrônico (Jan/2011): Definição do padrão do medidor
(Grandezas
Medidas;
Funcionalidades
mínimas;
Comunicação
do
medidor;
Informações ao consumidor) (ANEEL, 2010f);

Elaboração de análise de impacto regulatório preliminar (em andamento);

Plano de substituição dos medidores a partir de 2013;

Audiência Pública nº 120/2010 (Mar/2011) (ANEEL, 2011g) que visa alteração da
Estrutura Tarifária aplicada ao setor de distribuição de energia elétrica no Brasil;

Consulta Pública nº 015/2010, tópicos e perguntas sobre pontos gerais relativos a
geração distribuída de pequeno porte (ANEEL, 2010h);

Audiência Pública nº 042/2011, minuta de Resolução Normativa que procura
diminuir as barreiras para a instalação de micro e minigeração distribuída incentivada
e alterar o desconto na TUSD e TUST para usinas com fonte solar (Out/2011). A
norma cria o Sistema de Compensação de Energia, que deixa o consumidor instalar
pequenos geradores em unidade consumidora e trocar energia com a distribuidora
local;

Sistema de Informação Geográfica (GIS): PRODIST e REN 395/2009, aprova a
Revisão 1 dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico
Nacional (ANEEL, 2009i);

Power Line Communications (PLC): REN 375/2009, Utilização das instalações de
distribuição como meio de transporte para a comunicação (ANEEL, 2009k);

Seminário Internacional de Pré-Pagamento de Energia Elétrica, realizado em
Setembro de 2011 (ANEEL, 201l);

Participação importante no Grupo de Trabalho criado pelo MME através da Portaria nº
440/2010 para ―analisar e identificar ações necessárias para subsidiar o
40
estabelecimento de políticas públicas para a implantação de um Programa Brasileiro
de Rede Elétrica Inteligente‖ (MME, 2010);

Projeto de P&D Estratégico Chamada nº 011/2010. Programa Brasileiro de Rede
Elétrica Inteligente (ANEEL, 2010m).

Resolução Normativa nº 482/2012 que ―estabelece as condições gerais para o acesso
de microgeração e minigeração distribuída de energia elétrica, o sistema de
compensação de energia elétrica‖ e Resolução Normativa nº 517/2012, que altera a
Resolução nº 482 e o Módulo 3 dos Procedimentos de Distribuição - PRODIST
(PRODIST, 2012).
Atuando de maneira rápida e eficaz, a ANEEL poderá se tornar um líder em redes
elétricas inteligentes nos países dos BRICs, atuando como peça importante no cenário futuros
do setor energético.
As smarts grids possibilitarão que os consumidores produzam sua própria energia,
descentralizando a produção e abrindo portas para o uso de fontes renováveis de energia,
contribuindo para a significativa redução das emissões de gases poluentes da atmosfera. Logo,
é cogente que os agentes reguladores atuem o mais rápido possível a fim de viabilizar esta
tecnologia que mudará de maneira significativa o cenário da economia mundial.
2.7.
SMART GRID NO CENÁRIO MUNDIAL
As metas instituídas pelo Conselho Europeu para a diminuição das emissões de dióxido de
carbono, o CO2, o aumento da eficiência energética, ampliação das fontes alternativas de
energia e o aumento da interconexão dos sistemas energéticos estão exigindo um novo
modelo para as redes de distribuição existentes. Tanto a Europa quanto os Estados Unidos
tornaram-se os pioneiros do desenvolvimento e implantação desta nova tecnologia, em
relação aos outros países, mas o Brasil tem se tornado um país com um potencial elevado no
que diz respeito a estas mudanças, principalmente, devido aos seus recursos naturais.
Algumas das iniciativas internacionais e nacionais neste contexto de redes inteligentes
serão descritas para mostrar seus principais aspectos e as barreiras encontradas ao longo deste
processo de mudança (CGEE, 2012)
2.7.1. Europa
Na Europa, as redes inteligentes de energia surgiram para incentivar o uso de fontes
renováveis na matriz energética. Para estimular a disseminação da smart grid, foi aprovado
41
pelo Parlamento Europeu, em 2008, o plano de medidas para formular uma visão estratégica
no que diz respeito ao desenvolvimento das RIE, este foi chamado de Agenda 20-20-20, cujos
principais objetivos são: 20% a menos de gases do efeito estufa (em relação ao nível
calculado em 1990), 20% a mais de fontes renováveis na geração de energia e ainda 20% a
menos no consumo de energia por meio de programas de eficiência energética. (DUTRA, et
al., 2012).
2.7.1.1.
Itália
No cenário europeu, destaca-se a Itália como o país que saiu na frente na implantação
desta tecnologia, principalmente devido a falta de recursos energéticos. A principal
distribuidora do país é a Ente Nazionale per l’Energia Elettrica – Enel, com cerca de 95 GW
de capacidade instalada (DUTRA, et al., 2012). A empresa foi a pioneira em projetos de RI
no mundo, substituindo os medidores analógicos pelos inteligentes. Dentre os principais
projetos em smart grid no país são:
 Telegestore – Enel: Com a instalação de mais de 32 milhões de smart meters, o projeto
possibilitou a mudança total dos medidores analógicos dos seus clientes em escala
nacional. Esse medidor tem como principais características um alarme sonoro para
indicar o aumento do consumo e índice de falhas inferior a 0,3% ao ano (DUTRA, et
al., 2012), gerenciamento remoto do consumo, medição de energia ativa e reativa,
entre outras funcionalidades (CGEE, 2012). A empresa pretende melhorar o sistema
desenvolvendo tecnologia de georreferenciamento, medidores multifuncionais e ainda
mostrador de serviços de valor adicionado para ajudar o consumidor a gerenciar
melhor seu próprio consumo (DUTRA, et al., 2012).
 Energia @ Home – Energy Home: A empresa pretende desenvolver um smart meter
que seja capaz de se adequar ao consumo em relação a tarifação e a fonte de
alimentação, reduzindo as chances de sobrecarga na homework. O aparelho também
proporciona as funcionalidades típicas de um SM. Um outro foco da empresa além da
medição inteligente é o domínio da microgeração (CGEE, 2012).
 E-mobilidade – E-mobility Italy: O projeto criou uma infraestrutura para a recarga de
veículos elétricos, possibilitando a sua difusão e qualidade ao meio ambiente. Até
dezembro de 2013 a previsão é a instalação de 300 postos de recarga públicos e mais
100 residenciais em Milão, Pisa e Roma (CGEE, 2012).
 STAmi: Advanced Metering Interface – Enel: Este projeto quer desenvolver uma
aplicação dedicada ao gerenciamento da rede em baixa tensão, utilizando a
42
infraestrutura de medição que já existe. Oferece a possibilidade dos dados dos clientes
em tempo real e de qualidade (CGEE, 2012).
Com o processo de liberalização do mercado de eletricidade no país, os consumidores
foram divididos em dois grupos (cativos e não cativos). O segundo grupo tem a
oportunidade de escolher o seu fornecedor de energia. A Itália possui um dos mercados de
energia mais liberalizados na Europa, entretanto o seu órgão regulador - Autorità per
l’Energia Elettrica e Il Gas - AEEG, atua em conformidade com as diretrizes energéticas
definidas pelo governo nacional e pela EU (DUTRA, et al., 2012).
2.7.1.2.
Portugal
Devido as pressões para a mudança do mercado de energia na Europa, Portugal investiu
alto no projeto InovGrid, desenvolvido pela EDP Portugal, que tem como principais objetivos
a sustentabilidade, qualidade no fornecimento de energia e segurança na rede de distribuição
(CRAVEIRO, et al., 2011). Outro projeto que está sendo desenvolvido no país é o Mobi.E
(SILVA, 2012).
 InovGrid – EDP Portugal: A cidade escolhida para a implantação da InovCity foi
Évora. A arquitetura do projeto é concentrada nos medidores inteligentes, conhecidos
por Energy Box (EB), na eficiência energética, por meio de sistemas de gestão da
energia e na microgeração, incentivando o aumento de micro unidades de geração, ao
exemplo do incentivo a construção de parques de energia fotovoltaica (CRAVEIRO,
et al., 2011). O projeto tem parceria ainda com empresas de gestão de energia,
automação e comunicações, tecnologia da informação e com o Instituto de Engenharia
de Sistemas de Computadores do Porto – INESC Porto (SILVA, 2012). Os EB
instalados no consumidor/produtor na baixa tensão realizam o registro com precisão
dos perfis de cada carga e da geração em tempo real, permitindo ao cliente interagir
com o sistema e também controlar a microgeração (CGEE, 2012). Neste projeto, as
empresas de comercialização são capazes de variar o seu portifólio sem preferências
na competição pelo mercado, bem como criar novos serviços de tarifação, o agente
regulador poderá promover a liberalização do sistema de energia e melhorar a
operação da rede e, como principal consequência, uma melhoria na qualidade da
energia oferecida (SILVA, 2012).
 Mobi.E – Governo: O projeto conhecido como Mobilidade Eléctrica foi anunciado em
2009 e tem como principal objetivo a mobilidade urbana com o uso das fontes
renováveis de energia, para reduzir o número das emissões de CO2 na atmosfera. A
43
estimativa é que até 2020 sejam reduzidas até 25% destas emissões. Para isso foi
iniciada a instalação em escala nacional dos veículos elétricos, visando atender as
necessidades do cliente final, pois estes EVs são projetados de tal forma para que
possam integrar a nova rede de energia e seja de fácil manuseio para o consumidor
(SILVA, 2012).
Com estes projetos, Portugal se tornou pioneiro na implantação em larga escala dos
parques de energia fotovoltaica e ainda na promoção da mobilidade elétrica no conceito de
smart grid.
2.7.1.3.
França
Em 2010, o governo francês, através do Decrét nº 2010-1022, tornou obrigatório a
substituição dos smart meters e, a mesma, deveria seguir o calendário definido pelo decreto,
visando a implantação destes medidores em até 95% até 2020 (livro). Alguns dos projetos em
SG na França são destacados a seguir:
 Linky Piloto – EDF Group: O projeto é liderado pela subsidiária Électricité Réseau
Distribution France – ERDF, em conjunto com a Atos Origin para promover a
implantação de sistemas de computadores e de Automated Meter Management –
AMM (DUTRA, et al., 2013). O mesmo pretende desenvolver um computador
lógico, conhecido por Linky IS e implantação de mais 35 milhões medidores
inteligentes e 700.000 concentradores digitais, baseados em tecnologia PLC, GPRS,
LAN e WAN até 2020 (CGEE, 2012).
Outros projetos em redes inteligentes no país envolvem o desenvolvimento de fontes de
energia renováveis, conhecido por Renewable Energy and Green Chemistry Demonstration
(DUTRA, et al., 2013).
2.7.1.4.
Holanda
Os principais projetos em redes elétricas inteligentes na Holanda estão sendo
desenvolvidos pela Enexis, cujo foco é melhorar a qualidade da energia oferecida,
principalmente em relação ao autorrecuperação do sistema em caso de falhas (SLOOTWEG,
H; ENEXIS, B. V., 2009)
 Energia Inteligente Coletiva – Kema: O projeto envolve aproximadamente 10 projetos
em smart grid em larga escala, unindo mais de 5.000 empresas privadas de pequeno
porte e os clientes finais, tem como principais objetivos a integração dos serviços,
44
implantação das REI, desenvolvimento de tecnologias, infraestrutura e tecnologia de
informação e comunicação para energia e ainda sistema de gás (CGEE, 2012).
 Easy Street – Enexis: ―Insight sobre o funcionamento da tecnologia, incentivos e
interação, a fim de mobilizar a flexibilidade de uso do cliente de energai elétrica‖
(CGEE, 2012).
 PowerMatching City – Kema: Localizado no distrito de Hoogkerk, interligando cerca
de 25 casas com sistemas de potência de pequeno porte, smart meters, placas
fotovoltaicas para a alimentação dos SM, EVs e estações de recarga dos mesmos, o
projeto ainda possibilita aplicações de casas inteligentes (LOPES et al., 2012).
A conclusão para a substituição total dos medidores eletrônicos para os inteligentes está
prevista para 2015, quando todos os seus consumidores terão um novo sistema de medição
(MME, 2010)
2.7.1.5.
Dinamarca
Os principais projetos em redes inteligentes na Dinamarca são apresentados a seguir:
 ForskEL – CET-DUT: O projeto pretende promover o ilhamento dos subsistemas de
alimentação e pesquisar sobre os agentes de controle de base do sistema de energia
(CGEE, 2012).
 ConsumidorWeb – Vestforsyning A/S: Através da medição inteligente, será possível
educar o cliente de maneira que o mesmo seja capaz de compreender o seu real
consumo, possibilitando a redução do mesmo e a eficiência energética (CGEE, 2012).
 EDISON: Um projeto da Associação de Energia da Dinamarca irá analisar a
introdução dos veículos elétricos no mercado de energia e desenvolver estratégias para
a implantação em larga escala dos EVs e dos seus postos de reabastecimento (CGEE,
2012).
 IPower – Riso DTU: O projeto pretende criar uma arquitetura de rede de energia
inteligente, com flexibilidade para as diferentes fontes renováveis que serão inseridas
no sistema, principalmente devido as condições climáticas do país (CGEE, 2012).
2.7.1.6.
Espanha
Algumas das pesquisas desenvolvidas no país pela Iberdrola e pela Agência Regional de
Energia Vasque em relação as redes inteligentes são:
45
 Almacena – Red Elétrica España (ES): O projeta objetiva demonstrar tecnologias de
armazenamento de energia através de testes e da instalação de 1MW em baterias
eletroquímicas em uma SE transmissora (CGEE, 2012).
 Hidrogênio/Projetos de Sotavento: A companhia responsável pelo projeto é a Gás
Natural Fenosa e tem como principal meta fazer uma demonstração com a força dos
ventos, utilizando como base o hidrogênio. Este material é utilizado para promover a
gestão da produção de energia em um parque eólico. Esta usina é considerada a maior
nestes aspectos no mundo (CGEE, 2012).

SmartCity Malaga – Endesa: O projeto fez testes e implantou um novo modelo de
gestão da energia com a instalação de mais de 17.000 SM (ENDESA, 2013), inserção
das fontes renováveis na matriz, através da geração distribuída, dos veículos elétricos
bem como postos de recarga destes e também tornou a rede de iluminação pública
inteligente (CGEE, 2012).
 Estrela – Iberdrola Distribución: A proposta deste projeto foi criar uma plataforma
remota que integrasse os SM utilizados no mesmo com os sistemas de comunicação
dos diversos fabricantes através de um Sistema de Gerenciamento de Medição
Avançado, ou seja, criar uma plataforma que fosse capaz de promover a
interoperabilidade entre todos os fabricantes dos SM (CGEE, 2012).
Um dos destaques no país é o grande incentivo para que consumidores participem do
mercado de energia no conceito de redes elétricas inteligentes, capacitando-as e motivando-as
a agir de acordo com o novo perfil do consumidor/produtor.
2.7.1.7.
Alemanha
Possuindo como principais fontes geradoras de energia as termelétricas e usinas nucleares,
o país possui aproximadamente 11% de fontes renováveis na matriz, logo, a SG se tornou a
principal ferramenta na política de ampliação das energias renováveis, através de
investimentos em programas P&D das REI, armazenamento além de uma tarifa de feed-in
(FIT) de incentivo ao consumidor para que o mesmo invista em microgeração (CGEE, 2012).
Os principais projetos são:
 Adele Projeto AA-CAES – RWEPower AG: O projeto visa a demonstração de
tecnologia para o armazenamento da energia utilizando ar comprimido como apoio na
geração por meio das fontes eólica e solar (CGEE, 2012).
46
 E-Dema – RWE RWN: Um sistema integrado que objetiva aumentar a eficiência
energética, melhoria nos serviços públicos e na vida dos clientes por meio do controle
da energia pela rede Internet em tempo real (CGEE, 2012). Este projeto é dividido em
10 etapas de trabalho, sendo oito delas com foco científico e técnico e duas com foco
administrativo (E-DEMA, 2013).
 E-Telligence – EWE AG: Integrar os sistemas inteligentes de geração e consumo,
realizando testes de campo, tarifação diferenciada, feedback ao cliente, gerenciamento
pelo lado da demanda e uso de tecnologia da informação e comunicação na rede. O
projeto promoveu a inserção das energia solar e eólica na matriz energética (CGEE,
2012).
 Advanced Metering Systems – Yello Strom e Microsoft: A cooperação destas empresas
visa possibilitar a implantação de cerca de 100.000 medidores na cidade de Koln, com
o intuito de desenvolver um SM de padrão livre, promovendo a interoperabilidade
entre os sistemas e tecnologias utilizados no faturamento. Estes SM também poderão
interagir com os medidores de água e gás (MME, 2010).
Com a criação da agência reguladora em 2005, a Federal Network Agency for Electricity,
Gas, Telecommunications, Post and Railway – FNA foi possível desenvolver os mercados
nestas grandes áreas da economia alemã (eletricidade, gás, telecomunicações e postal), além
da liberalização do mercado de energia no país atraiu grandes investidores para o setor.
2.7.1.8.
Reino Unido
Apesar de ser um dos grandes investidores em REI na União Europeia (UE), o Reino
Unido ainda se encontra em um estágio de discussões, devido às barreiras regulatórias. O
órgão regulador é o Office of Gas and Electricity Markets (OFGEM), que promove a
competição e regula as companhias do mercado de energia. O OFGEM também criou um
fundo para empréstimos em projetos que promovam a redução dos GEE na atmosfera
(DUTRA, et al., 2013). Alguns das iniciativas em REI são:
 Low Carbon Hub – Central Networks: O projeto vai demonstrar que as geradoras de
energias renováveis (solar e eólica) podem ser inseridas na rede de distribuição
primária em grande quantidade, diminuindo a quantidade de carbono na atmosfera
(CGEE, 2012).
 CET – CE Eletric: Desenvolver e explorar novas tarifas para a energia e explanar que
esta tarifação pode influenciar na vida do cliente, alterando seu comportamento. O
projeto possibilitará uma maior flexibilidade da rede com o uso de dispositivos
47
inteligentes. Visa ainda a implantação de aproximadamente 14.000 medidores e 600
eletrodomésticos inteligentes da linha branca (CGEE, 2012).
 Low Carbon London – UK Power Networks: Pretende explorar as melhores
alternativas para a implantação das energia renováveis na rede energética de Londres
e no gerenciamento dos ativos da redes, através de pesquisas do comportamento do
novo consumidor/produtor (DUTRA, et al., 2013).
 Plugged-in-Places – Various: este projeto visa instalar pontos de recarga para os
veículos elétricos puros (EVs), híbridos (PHEVs) e veículos movidos a hidrogênio,
mostrando na prática o funcionamento da recarga das baterias destes automóveis em
diferentes locais (CGEE, 2012).
De maneira geral, o Reino Unido ainda precisa vencer as diversas barreiras existentes para
concluir de maneira satisfatória a implantação das SG, tanto o governo como a OFGEM
devem garantir esta mudança e o primeiro passo é a regulação das funcionalidades dos
medidores inteligentes (OWEN, G; WARD, J.,2007).
A distribuição de energia na Europa irá se transformar bastante para poder atingir as metas
propostas na Agenda 20-20-20 será preciso acomodar o fluxo multidirecional da energia,
através da geração distribuída, tendo o centro de operação e controle como um supervisor
global do sistema inteligente.
2.7.2. Estados Unidos
Os principais motivadores para a mudança no setor energético no país foram a
dependência energética dos combustíveis fósseis e a segurança da oferta de energia. Sua
regulação em nível federal é feita pela Federal Energy Regulatory Comission – FERC
(atuando além da jurisdição estadual) e pelos reguladores estaduais, conhecidos por State
Public Utility Commission (realizam a regulação estadual) (ALCANTARA, 2012).
Em 2005, a FERC foi modificada pela Energy Policy Act – EPAct 2005, fazendo com que
sua atuação também fosse na área de confiabilidade da transmissão e operação do sistema,
através dos princípios de redes elétricas inteligentes. Em 2007, surge o Energy Independence
and Security Act – EISA 2007, que estimulou o desenvolvimento de pesquisas e projetos
piloto em smart grid e nas respectivas dificuldades deste processo. O presidente Barack
Obama aprovou em 2009 um pacote econômico de mais de quatro bilhões de dólares para o
desenvolvimento da smart grid, o American Recovery Reinvestment Act – ARRA 2009, além
disso, a grande maioria das empresas de energia e organizações específicas estão envolvidas
48
nestes projetos, que teve o objetivo de estimular a economia após a crise do ano anterior, com
investimento de bilhões de dólares em REI (DUTRA et al., 2013) através dos programas de
infraestrutura de medição (Smart Grid Investment Grant – SGIG) e criação de novos sistemas
para transmissão, distribuição e armazenamento de energia (Smart Grid Demonstration
Program – SGDP) (CGEE, 2012).
Alguns dos projetos em RIE no país são:

Pacific Gas & Electric Company: Um dos maiores utilities que investiram em smart
grid nos Estados Unidos. Desde 2006 iniciou a modernização dos medidores dos
sistemas de gás e energia ((DUTRA et al., 2013);

EPRI Intelligrid: Criado em 2001 pela Electric Power Research Institute
objetivando desenvolver uma infraestrutura do sistema de energia que possa
interagir com os sistemas de comunicação e computação, melhorando o alcance e a
melhoria dos serviços prestados (LOPES et al., 2012);

Perfect Power System for Mesa Del Sol: Um dos projetos é a criação de
mircrogrids, aumentando a capacidade de geração e armazenamento de energia.

GridWise: Desenvolvido pelo Departamento de Energia (DoE), tendo como
objetivo principal modernizar toda a rede (LOPES et al., 2012).

Smart Grid City: A XcelEnergy tinha um dos maiores projetos em smart grid no
país, localizado em Boulder, Texas. Porém, os custos elevados desta iniciativa
fizeram com que o ritmo desta implantação diminuísse significativamente,
reduzindo as expectativas em relação ao sucesso do mesmo (ALCANTARA, 2012).

A Califórnia se tornou o estado americano com os melhores resultados em relação
às RIE, principalmente devido a crise regulatória de 2001. O estado também foi o
pioneiro em programas de eficiência energética e fontes de energia renováveis. O
principal resultado destes estudos foi o ―protocolo de análise de custo-benefício
visando a padronizar a metodologia de avaliação de programas de resposta da
demanda implantados por companhias reguladas‖ (ALCANTARA, 2012),
estabelecido pela Califórnia Public Utilities Commission.
Muitos dos programas em redes inteligentes de energia nos Estados Unidos foram iniciados
após a crise de 2001 na Califórnia e estes se concentram em ―explorar o potencial da resposta
da demanda‖ (DUTRA et al., 2013) Estes projetos estão tendo resultados positivos, como a
49
redução do consumo no horário de pico, principalmente após a aprovação do protocolo de
padronização de metodologia da CPUC.
2.7.3. Ásia-Pacífico
Os principais países localizados nesta região denominada Ásia-Pacífico estão cada vez
mais investindo nas smart grid, objetivando melhorar a segurança do sistema, a eficiência
operacional da infraestrutura, o balanceamento energético entre oferta e demanda e diminuir
os impactos ambientais causados pelo sistema atual (PIKE RESEARCH, 2011). Os principais
investimentos estão relacionados à implantação dos medidores inteligentes.
2.7.3.1.
China
O governo do país está desenvolvendo um plano para incentivar, a longo prazo, em
sistemas de energia, água e rurais, visando aumentar a eficiência e gerenciamento da rede, a
redução do consumo de energia e a ampliação da matriz energética renovável. O principal
agente regulador na China é o State Grid Corporation of China – SGCC que mantém
parcerias com outras instituições do governo, da indústria e de serviços (CGEE, 2012).
Grandes investimentos já estão sendo feitos, principalmente na província de Sichuan, onde
já há um acelerado desenvolvimento de transmissão de energia baseado em uma avançada
comunicação, tecnologia de controle e automação digital, porém ainda são necessários
grandes investimentos em segurança de informação.
2.7.3.2.
Índia
Devido a forte dependência dos combustíveis fósseis, o governo indiano pretende
diversificar sua matriz de energia através das redes inteligentes e ainda aumentar sua
capacidade de produção aumentando o uso das hidrelétricas (IEA, 2011). Algumas das
iniciativas no país são:
 Re-Structured Accelerated Power Development and Reforms Program (R-APDRP): O
programa envolve diversas etapas, dentre as quais estão a criação de TIC e
infraestrutura de rede a fim de reduzir as perdas técnicas e não-técnicas, modernização
das usinas geradoras e inserção das renováveis, criação de sistemas de controle e
gestão de energia automatizados.
 India Smart Grid Forum: Criado pelo Ministry of Power para ser uma parceria com
diversas empresas de caráter público-privada para discutir sobre SG.
50
 Grinpal Energy Management: Desenvolvido pela subsidiária da companhia Saab
Grintek (África do Sul), o projeto pretende implantar medidores inteligentes e criar
infraestrutura em AMI em Nova Délhi (DUTRA et al., 2013).
2.7.3.3.
Japão
Através do uso das energias renováveis, da medição inteligente e dos serviços, dos
veículos elétricos, o país está conseguindo implantar as smart grids, através de parcerias
importantes como a da Japan Community Alliance – JSCA (CGEE, 2012).
2.7.3.4.
Coréia do Sul
O país desenvolveu o projeto chamado de Korea’s Jeju Smart Grid Test-bed, através de
parcerias entre o governo e a indústria sul-coreana. Este projeto visa integrar cerca de 6.000
residências a quatro linhas de distribuição, através do uso da fonte de energia eólica (CGEE,
2012).
As redes inteligentes de energia já são uma realidade em nível internacional. As mesmas
estão fortemente se difundindo através de diversos programas de P&D e de demonstração,
sempre buscando a eficiência energética, gerenciamento pelo lado da demanda, controle do
consumo em tempo real, segurança da rede, interoperabilidade dos sistemas e a introdução
dos EVs e das fontes renováveis para diminuir o consumo dos combustíveis fósseis e as
agressões ao meio ambiente. A figura 8 a seguir mostra um mapa dos investimentos em REI
no mundo.
51
Figura 8: Mapa de projetos em SG no mundo (CGEE, 2012)
Os diversos projetos pilotos na Europa mostram seu comprometimento em cumprir as
metas estabelecidas da Agenda 20-20-20, ampliando a matriz de renováveis e reduzindo as
emissões de CO2. Nos Estados Unidos, o principal objetivo é melhorar as redes de
distribuição e a Ásia-Pacífico quer atender a crescente demanda por energia através de uma
matriz limpa. Desta análise é possível definir as potenciais barreiras a serem enfrentadas,
principalmente no que diz respeito à regulação e dos custos relacionados com a substituição
dos medidores e podendo definir quais serão os dilemas políticos e práticos na implantação
das redes inteligentes no Brasil (CGEE, 2012).
2.8.
O BRASIL NO CONTEXTO DAS REDES ELÉTRICAS INTELIGENTES
Atualmente o Brasil dispõe de diversas iniciativas em pesquisas de P&D e de
demonstração no universo das redes inteligentes, que estão sendo realizadas através de
parcerias do governo com institutos, universidades, concessionárias e empresas fabricantes do
ramo, ambas são coordenadas pelos agentes reguladores do país (CGEE, 2012).
Segundo a ANEEL, o país detém de aproximadamente 178 projetos de P&D relacionados
à automação das redes de distribuição, smart meters, microgeração e minigeração distribuída,
sistemas de armazenamento (EVs e PHEVs), TICs, casas e edifícios inteligentes entre outros,
52
somando cerca de R$ 411,3 milhões investidos. Estes investimentos podem ser observados no
gráfico 1 a seguir (CGEE, 2012):
Gráfico 1: Custos totais dos projetos em REI por região.
Fonte: (CGEE, 2012).
No Brasil, os principais motivadores para implantar SG estão relacionados com as perdas
técnicas e não-técnicas no sistema, promoção da medição inteligente do consumo, eficiência
da operação da rede, a redução dos custos operacionais e dos apagões, diminuição da
inadimplência, gerando acima de tudo a satisfação do cliente (DUTRA et al., 2013).
Com os últimos avanços tecnológicos nos setores da energia, telecomunicações e
informação, foi possível realizar muitos dos projetos P&D no país e, os principais projetos
estudados serão relatados a seguir:
 Cidades do Futuro – CEMIG: Realizado em Sete Lagos, MG e em parceria com o
CPqD, FITec, Fapemig e a Solária, atua nas áreas da medição inteligente, sistemas de
iluminação eficiente, utilizando LED, automação das redes de distribuição e das SEs,
TICs e ainda o gerenciamento da rede e interface com os clientes/produtores (LOPES
et al., 2012), aplicando todas as tendências das REIs. Seus objetivos são promover a
aceitação do consumidor a sua nova condição de produtor de energia,
testar
a
viabilidade técnica e econômica da SG, implementar um modelo de referência de
arquitetura de rede em larga escala, promover a disseminação do conhecimento sobre
este novo cenário no setor de energia (CEMIG, 2013c).
 Cidade Inteligente Búzios – AMPLA: Uma parceria com o governo do Rio de Janeiro
com as concessionárias AMPLA, ENDESA e ENEL. É a primeira cidade inteligente
da América Latina. O projeto está elaborado para atender as áreas de
53
telecomunicações,
controle,
geração
distribuída
de
energia,
gerenciamento,
armazenamento, iluminação pública e edifícios inteligentes, veículos elétricos e
híbridos na matriz e a conscientização do consumidor/produtor (CGEE, 2012). O local
foi escolhido conforme sua importância turística e abriga um novo modelo de gestão
de energia. O projeto atende 100.000 clientes entre residenciais e industriais e conta
com a ampliação da matriz renovável com o uso das energias solar e eólica, tarifação
diferenciada no horário de pico, cidadão produtor, edifícios e iluminação pública
inteligentes, controle em tempo real e remoto do consumo, veículos elétricos e postos
de abastecimento da bateria, maior eficiência energética e a conscientização do
consumidor (AMPLA, 2013).
 Smart Grid Light – LIGHT: O projeto está localizado no Rio de Janeiro, mas possui
parceria com a empresa catarinense LACTEC, além do CPqD, Axxiom, CAS
Tecnologia, INMETRO, CEMIG, universidades e fabricantes. É um programa bem
amplo que abrange desde a automação das redes até as residências, por meio dos SM
que serão instalados e poderão acompanhar o consumo em tempo real e dar um
feedback ao consumidor para que o mesmo tome as atitudes necessárias em caso de
consumo elevado (LIGHT, 2013). Ele está configurado em cinco importantes áreas,
tais como Plataforma SG, Gestão Otimizada da Rede Subterrânea e Aérea, Gestão da
SG pelo Lado da Demanda, Gestão das Fontes Renováveis de Energia,
Armazenamento de Energia e EV na rede (CGEE, 2012).
 Projeto Parintins – Eletrobras: O projeto conta com a integração entre distribuidoras
do grupo Eletrobras, Cetel, CPqD, as universidades UFF e UFMA. Ele pretende
substituir cerca de 15.000 medidores analógicos pelos inteligentes no município de
Parintins, automatizar equipamentos da rede de distribuição e fazer o monitoramento
dos transformadores (CGEE, 2012). A escolha do local foi influenciada pela
característica de abastecimento por um sistema isolado, permitindo um melhor
acompanhamento da nova rede. É inovador e irá modificar o cotidiano da população
(ELETROBRAS, 2013).
 Smart Grid AES Eletropaulo – Eletropaulo: A distribuidora tem a parceria com o
CPqD para desenvolver um sistema inteligente, com flexibilidade e capacidade de se
autorrecuperar capaz de atender tanto as necessidades das concessionárias quanto do
cliente final (CPqD, 2013). A previsão é de se tornar o maior projeto em SG no país,
atendendo mais de 60.000 consumidores. Inicialmente foram substituídos cerca de
54
2.100 medidores, atendendo aos municípios de Barueri e Vargem Grande Paulista.
Através do projeto, os clientes serão capazes de acompanhar em tempo real seu
consumo e a concessionária poderá detectar falhas automaticamente e recuperar o
sistema (CPqD, 2013).
 InovCity – EDP Bandeirantes: As parcerias são entre o governo de São Paulo, a Ecil
Informática e a Universidade de São Paulo (USP). Localizado em Aparecida – SP, o
projeto ganhou subsídios no Brasil a partir do sucesso projeto piloto no município de
Évora, Portugal. A EDP conseguiu consolidar a inovação e a sustentabilidade em uma
só área (EDP, 2013). Faz parte do projeto a medição inteligente nas unidades
consumidoras, eficiência energética (cada residência receberá até seis lâmpadas
eficientes), iluminação pública eficiente, veículos elétricos, microgeração distribuída e
o desenvolvimento da conscientização da comunidade local (FALCO, 2007).
 Cidade Inteligente Aquiraz – COELCE/ENDESA: As parcerias são com a
Universidade Federal do Ceará, Instituto Federal de Educação, Tecnologia e Ciência,
Synapsis Brasil e a Universidade de Fortaleza e o projeto visa desenvolver e implantar
um piloto de SG no município. O mesmo possuirá m sistema de autorrecuperação na
rede de baixa tensão e na de média tensão, um sistema de autorrecuperação e proteção,
mas o principal objetivo é aumentar a eficiência energética da região (CGEE, 2012)
No Brasil, apesar de existirem representantes de empresas estrangeiras apresentando
soluções de redes inteligentes, são poucas as distribuidoras de energia no país que
avaliaram internamente a aplicação deste novo conceito de tecnologia, principalmente
pelo fato de envolver recursos extras, que ainda não são cobertos pelas tarifas existentes
no mercado e também pela falta de uma regulamentação desta nova tecnologia. Observase que muitas das pesquisas são sobre desenvolvimento de uma plataforma interoperável
para os medidores inteligentes, sistemas de gerenciamento pelo lado da demanda, EVs e
os novos conversores para geração de energia através das fontes renováveis sendo estas
realizadas principalmente por universidades e laboratórios de pesquisas (CGEE, 2012).
É cogente falar que as regiões com os maiores investimentos em REI são o Sudeste e o
Sul. Sendo a primeira com um número bem distribuído de projetos em todas as áreas das
REIs, mas domina as pesquisas em relação aos EVs e a segunda com investimentos
concentrados em microrredes e na geração distribuída. No Nordeste, a atuação é mais
forte na área da automação da distribuição do sistema, apesar do grande potencial solar e
eólica para a geração distribuída (CGEE, 2012). Pesquisas referentes à medição
55
inteligente estão presentes em quase todas as regiões do país, enquanto sobre os novos
serviços para o cliente final ainda não estão sendo realizadas (CGEE, 2012).
2.9.
CONCLUSÕES
Apesar da posição progressista da Agência Nacional de Energia Elétrica, na
regulamentação das novas tecnologias para a implantação das redes elétricas inteligentes, o
Brasil ainda está atrasado em relação a outros países no que diz respeito ao uso efetivo das
SGs. É muito importante que órgãos do governo incentivem as empresas do setor a implantar
imediatamente estas novas tecnologias e que os consumidores, ágoras como agentes ativos da
rede, difundam mais os conhecimentos e sejam conscientes em relação ao uso eficiente e
eficaz da energia (CANAZIO, 2009).
Os projetos piloto no país são de fundamental importância para fortalecer e criar diretivas
para a implantação em escala nacional das SGs, desenvolver uma arquitetura de rede segura e
interoperável para que as informações circulem sem prejuízos de ataques cibernéticos,
protegendo a privacidade do cliente (CGEE, 2012)
O IMETRO deverá também padronizar e certificar as tecnologias envolvidas neste
processo, visto que no momento é o único fator que impede a comercialização dos medidores
inteligentes, equipamento de fundamental importância para a viabilização das smarts grids
(CEMIG, 2009b).
A crise econômica mundial demonstra a fragilidade do sistema econômico, especialmente
para os países produtores de petróleo, com enorme dependência na produção de energia. A
necessidade de diminuir as emissões de gases do efeito estufa é um dos motivos que sustenta
este novo paradigma.
Redes inteligentes de energia definitivamente estão sendo consideradas como o que se tem
de mais moderno no ramo elétrico. A figura 9 mostra os principais aspectos das smarts grids.
56
Figura 9: Aspectos da rede inteligente de energia (CEMIG, 2009b).
As redes inteligentes devem proporcionar a segurança e qualidade do fornecimento de
energia, logo é fundamental a participação ativa do agente regulador do governo na criação e
desenvolvimento de um plano de rede inteligente bem estruturado que incentive e viabilize a
implantação deste novo conceito de sistema energético.
57
CAPÍTULO 3: TECNOLOGIAS PARA SMART GRID
3. INTRODUÇÃO
O novo conceito do setor elétrico para a geração, transmissão, distribuição e
comercialização da energia está originando uma série de estudos em P&D no Brasil e no
mundo, visando à implantação deste sistema. Tanto no mundo como no Brasil, as pesquisas
estão com o foco em desenvolver sistemas que promovam a interoperabilidade entre as
diversas tecnologias existentes.
Uma das iniciativas do Brasil neste contexto foi promovida pela Agência Nacional de
Energia Elétrica, em dezembro de 2010: a Chamada Pública nº 011/2010: Projeto Estratégico
– ―Programa Brasileiro de Rede Elétrica Inteligente‖ com a finalidade de realizar estudos
voltados para pesquisas em Redes Inteligentes (RI) e propor um plano nacional de migração
de tecnologia (ANEEL, 2010m).
Empresas do setor já estão colocando em prática suas pesquisas para poder definir quais
tecnologias a serem adotadas na implantação das RIE no Brasil, visto que este ainda é o maior
desafio a ser superado: a padronização e interoperabilidade das tecnologias para redes
inteligentes. Algumas das tecnologias utilizadas para o estudo em RI serão abordadas no
capítulo que se segue. A figura 10 apresenta algumas das técnicas de telemedição que estão
sendo utilizadas (LAMIN, 2010).
Figura 10: Tecnologias utilizadas na navegação dos dados na rede inteligente (LAMIN, 2010).
58
3.1.
A REDE ZIGBEE
A rede Zigbee (ZB), criada por uma parceria entre o IEEE e o Grupo Alliance, foi
desenvolvido para se tornar uma solução alternativa de comunicação. Trata-se de um tipo de
tecnologia simples e barata, que proporciona flexibilidade quanto aos tipos de equipamentos
que irá utilizar. Nada mais é do que um padrão de tecnologia sem fio para arquitetura em
malha (melhor confiabilidade e maior alcance), que requer menos potência (aumentando a
vida útil de seus equipamentos), menor custo, o que possibilita que esta tecnologia seja
largamente utilizada no que diz respeito ao controle sem fio e aplicações de monitoramento
(LEG, 2004).
Seus dispositivos operam na faixa de rádio ISM – Industriais, Científicas e Médicas e não
requer licença para o seu funcionamento. São as faixas de 2,4GHz (Maior parte do mundo),
915MHz (América e Austrália), 868MHz (Europa). O padrão Zigbee (IEEE 802.15.4) tem
como principais características o consumo de baixa potência, baixo custo, implementação e
configuração simples, operação segura, maior densidade dos nós por rede, suporte a várias
topologias de rede, previne a colisão dos dados que estão trafegando, além de retransmitir
dados e garantir o recebimento dos frames (ERGEN, 2004). A figura 11 ressalta as principais
aplicações Zigbee.
Figura 11: Áreas de aplicação da tecnologia Zigbee (Modificado de ZIGBEE, 2012).
59
3.1.1. Funções Lógicas dos Dispositivos da Rede ZigBee
A rede Zigbee possui dois tipos de dispositivos, de acordo com a padronização do IEEE:
RFD-Reduced Function Device, isto é, função reduzida, este apenas se comunicam com
outros dispositivos FFD e apenas um coordenador de rede, são mais simples. FFD-Full
Function Device, função completa. Estes trabalham em quaisquer modos de operação da rede,
coordenador, roteador ou dispositivo final, são mais complexos (LEG, 2004).
3.1.1.1.
Dispositivo Coordenador
Conhecido também como Coordenador Zigbee (ZC), é o nó inicial da rede e pode realizar
todas as funções da rede, por este motivo está presente em todos os tipos de rede. Ele é
implementado por FFD e realiza as funções de manutenção, endereçamento, reconhecimento
das topologias e serve como ponte para as outras redes Zigbee (LEG, 2004).
3.1.1.2.
Dispositivo Roteador
São implementados por FFD e utilizados em redes de topologia mesh e cluster. Por
possuírem tabelas de roteamento, é possível definir o melhor caminho a ser percorrido até o
destino final da informação, permitindo a autorregeneração da rede para casos em que haja
falha no sistema ou queda de alimentação (LEG, 2004).
3.1.1.3.
Dispositivo Final
Com as funções limitadas, deve sempre se comunicar com seu nó principal para receber e
transmitir os dados, é RFD e utilizado em topologias de rede star e cluster. Não realizam
função de roteamento e nem de coordenação da rede (LEG, 2004). A figura 12 apresenta um
modelo de uma rede Zigbee e seus elementos.
60
Figura 12: Modelo de rede ZigBee e seus elementos (LEG, 2004).
3.1.2. Topologias da Rede ZigBee
Existe uma pluralidade de formas de instalações de redes, dependendo do tipo de
funcionalidade, que pode levar a rede ser mais barata, robusta, distribuída ou centralizada
(ERGEN, 2004).
3.1.2.1.
Topologia Estrela
Este tipo de configuração também é chamado de topologia star. Sua conexão é feita
através dos dispositivos e apenas um coordenador central (PAN). Ao ativar um FFD pela
primeira vez, ele estabelece sua própria rede e se transforma no coordenador PAN. É também
uma topologia muito simples de implementação. O ideal é ser instalada em locais que
possuam poucas barreiras físicas à transmissão e recepção dos sinais (ERGEN, 2004).
3.1.2.2.
Topologia Árvore
Também chamada de rede Cluster Tree e é similar a rede em malha, porém com uma
hierarquia bem maior e o dispositivo coordenador se torna o nó mestre para fazer a conexão e
troca de informações entre os dispositivos finais e os roteadores. Sua vantagem está em
aumentar a área de cobertura, mesmo que cause o atraso no envio da mensagem (ERGEN,
2004).
61
3.1.2.3.
Topologia Malha
A topologia em malha, também conhecida como mesh, possui um coordenador PAN.
Todos os seus dispositivos comunicam-se entre si, caso estejam dentro do mesmo alcance,
possui também a capacidade de se auto-organizar e possibilita o acesso a diversos caminhos
para os dados em navegação, tornando a rede mais robusta (LEG, 2004).
A figura 13 representa os tipos de topologias da rede ZigBee.
Figura 13: Topologias da rede ZigBee (Modificado de VIKA, 2008).
3.1.3. Formação da Rede ZigBee
Inicialmente o dispositivo coordenador procura pelas frequências disponíveis fazendo com
que os canais se organizam em níveis de energia decrescente. Então, o coordenador procura
pelo melhor canal, cria uma rede e escolhe um identificador para permitir o acesso dos outros
dispositivos à rede (LEG, 2004).
Cada dispositivo da rede recebe um endereço, escolhido por um roteador, através de um
comando request. O roteador vasculha toda a rede e emite uma requisição de integração para
aqueles que responderam a sua solicitação (LEG, 2004).
Os dispositivos finais tem processo semelhante ao dos roteadores para integrar a rede,
feita esta integração, eles conseguem se comunicar com os outros elementos da rede zigbee.
Existe ainda, no nível dos coordenadores de rede um elemento conhecido por stack profile,
que estabelece as características da rede (LEG, 2004).
Dentre as principais vantagens da rede zigbee pode-se citar:
 Baixo consumo de energia;
 Espalhamento espectral em Sequencia Direta;
62
 Suporte a diversas topologias;
 Permite até 65 mil nós numa mesma rede;
 Segurança dos dados por meio de encriptação AES 128 bit;
 Evita colisão da informação;
 Retransmissão de dados;
 Confirmação do recebimento dos pacotes.
Desta maneira, seu uso se torna simples e confiável em aplicações de redes sem fio e,
principalmente, nas redes de energia inteligentes.
3.2.
TECNOLOGIA POWER LINE COMMUNICATION – PLC
O PowerLine Communication é um sistema de telecomunicações que transporta os dados
(internet, vídeo, voz etc.) num mesmo condutor da rede de energia e ainda o gerenciamento,
automação e controle dos equipamentos conectados à rede de energia elétrica, tornando cada
ponto elétrico da residência em um ponto de rede de dados (ARRL, 2010). Sabe-se que a
energia usa as linhas de transmissão para serem transportadas das centrais geradoras até os
centros de carga, passando por várias subestações para que se possam fazer as devidas
transformações da tensão (BERTONCEL, 2008).
O PLC utiliza-se da infraestrutura já existente, logo não é preciso a construção para que se
possa ser implantada. O mesmo trabalha com na segunda camada do modelo ISO/OSI (Open
System Intercommunication) (ARRL, 2010), ou seja, na camada de enlace ou também
conhecida como camada ligação de dados deste modelo, podendo deste modo trabalhar em
conjunto com uma rede TCP/IP – Transmission Control Protocol/ Internet Protocol – a
terceira camada já existente no sistema e também com as outras tecnologias que estão
disponíveis na segunda camada (HUNT, 1998).
Existem diferentes tipos de PLC, cada um exigindo faixas de frequências diferenciadas.
Para o PLC de faixa estreita, a frequência varia entre 3 kHz a 500 kHz, aproveitando-o na
realização da leitura dos medidores digitais. Já o PLC de faixa larga, a frequência varia entre
1,8 MHz e 34 MHz, conhecido também como BPL, seu aproveitamento é em internet banda
larga e entre as linhas de transmissão de alta tensão da rede elétrica, este ainda não se
consolidou (VIEIRA, J; GRANATO, S., 2011).
63
3.2.1. Características do PLC
O PowerLine Communication é capaz de utilizar, como suporte, a rede de baixa tensão
(BT) e/ou a rede de média tensão (MT) como. O emprego da rede de alta tensão (AT) é
considerado ainda como objeto de estudos adicionais com possíveis resultados futuros em
escala comercial (SILVA, E; JUNIOR, J., 2010).
Este tipo de tecnologia é apropriado tanto para as redes de baixa tensão aérea quanto para
as redes de distribuição subterrânea. Pode-se destacar alguns dos pontos fortes do PowerLine:
 A utilização da infraestrutura que já faz parte da rede elétrica com um potencial de
cobertura superior ao das tecnologias competidoras, possibilitando deste modo
presença em todas as partes sem precedentes (indoor e outdoor);
 De implantação veloz, modular e seletiva;
 A instalação indoor (em residências e escritórios) é veloz e simplória;
 Investimentos e custos operacionais na rede PLC estão ficando a cada ano mais
competitivo com relação a ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line) e menor do
que o serviço de distribuição via cabo;
 Desenvolver esta tecnologia é vantajoso, já que se apoia e é convergente com os
desenvolvimentos mais recentes do quadro de serviços NGN e protocolos IP, por
exemplo, parâmetros de QoS (Quality Of Service), IPv6 (Internet Protocol versão 6),
entre outros (SILVA, E; JUNIOR, J., 2010).
Convém dizer que há dois tipos de PLC, o indoor – ou seja, interior, a transmissão é
dirigida por meio da rede de energia que já existe numa residência e/ou prédio e também pode
ser outdoor – na parte externa, a transmissão é feita usando a rede pública de energia elétrica.
O PowerLine Communication apresenta um amplo espectro de aplicações, variando desde
acesso à internet em banda larga, telefonia, tele-controle, serviços de controle de
eletrodomésticos, serviços audiovisuais, segurança predial. Por causa da capacidade da
tecnologia no transporte e capilaridade já montada da rede, também estão aparecendo
propostas de evolução de serviços atuais de distribuição de energia utilizando exatamente
estes diferenciais (SILVA, E; JUNIOR, J., 2010).
64
3.2.2. Funcionamento
Pode-se dizer que o PLC, cuja frequência de sinal varia entre 1,7 a 30 MHz e a energia
elétrica, com frequência de 50 a 60 Hz, vivem em harmonia no mesmo meio de transporte, o
que significa dizer que ainda não a energia não esteja passando pelo condutor em determinado
momento, o sinal de internet não será cortado. A internet via PLC é síncrona, isto significa
dizer que possui o mesmo desempenho tanto no envio quanto no recebimento dos dados. A
figura 14 abaixo mostra o funcionamento de uma PLC.
Figura 14: Rede comercial da tecnologia PLC (LU, 2010).
O sinal PLC parte da central e então é atirado na rede elétrica por meio de injetores,
estando na rede, o sinal passa então pelos repetidores a fim de impossibilitar que os
transformadores da rede filtrem os sinais de frequência do PLC. Chegando ao local de acesso,
o sinal vai passar por um equipamento conhecido como extrator, que possui a finalidade de
preparar o sinal para o uso. No local de acesso, um modem PLC realiza a conversão do sinal
para o uso do computador por meio de uma porta Ethernet, entrada USB ou wireless. Vale
considerar que ao chegar no poste, o sinal pode ser enviado para o local de acesso por três
maneiras: via fibra, wireless e fiação elétrica, sendo a última a mais vantajosa por já ser
existente, diminuindo os custos da operação (LU, 2010).
Dentre os principais benefícios desta tecnologia estão:
65
 A existência e o emprego da infraestrutura básica já existente para a comunicação
(SILVA, E; JUNIOR, J., 2010);
 Do aspecto social, esta tecnologia representa a democratização dos meios de
transmissão de informação (FRANÇA et al, 2009);
 Por utilizar a rede de energia, qualquer ponto elétrico pode se tornar um ponto de rede,
basta apenas conectar o modem PLC na tomada;
 Suporta altas taxas de transmissão, chegando a faixa de 200 Mbit/s, conforme tabela 1,
em faixas frequência de 1,7 MHz a 50 MHz;
 Segurança, com os dados criptografados em DES – Data Encryption Standard de 56
bits.
Esta tecnologia tem se favorecido de notável sinergia com a ampliação das tecnologias de
redes IP de maneira geral, sendo considerada uma alternativa competitiva no provimento de
acesso banda larga (SILVA, E; JUNIOR, J., 2010).
Com a implantação da tecnologia PLC empresas que ate hoje só forneciam energia
elétrica poderão agora fornecer serviços do tipo telefonia e banda larga, tornando-os viáveis e
alcançando lugares e cidades que ate então só possuíam redes elétricas (HRASNICA et al,
2004).
3.3.
TECNOLOGIA GENERAL PACKET RADIO SERVICE – GPRS
É a evolução da tecnologia GSM, que permite a ampliação de sua arquitetura,
possibilitando a transferência dos dados por meio de pacotes. Estes são transportados através
de vários slots de tempo, que são alocados de acordo com a necessidade do sistema,
permitindo uma conexão permanente (TUDE, 2003).
3.3.1. Características GPRS
No que diz respeito a sua arquitetura, não modifica muito em relação à arquitetura GSM,
apenas a um acréscimo no nível de software, com a introdução dos seguintes elementos:
 Serving GPRS Support Node (SGSN): Se preocupa em manter a conexão entre os
usuários móveis quando os mesmos mudam para uma área de cobertura fora da sua
cobertura local;
66
 Gateway GPRS Support Node (GGSN): Responsável por fornecer o endereço de IP
para os terminais móveis da rede que estão conectados.
A figura 15 apresenta uma configuração da rede GPRS.
Figura 15: Configuração de uma rede GPRS (Modificado de TUDE, 2003).
3.3.2. Funcionamento
Para que uma rede GPRS funcione, a conexão entre um terminal e a rede é realizada de
forma que, ao ser energizado, o terminal GPRS é reconhecido e logo se cria um enlace lógico
entre este terminal e o SGSN.
Em seguida, consegue-se estabelecer uma conexão, após o recebimento do seu endereço
de IP dinâmico, por meio de um Packet Data Protocol. Assim, o terminal pode enviar e
receber pacotes de dados e ainda assumir os status de ocioso (idle), pronto (ready) de acordo
com a necessidade do sistema (TUDE, 2003).
Dentre as suas principais vantagens, estão:
 Qualidade do serviço;
 Permite o uso de voz e dados ao mesmo tempo no mesmo canal;
 Cobertura ampla;
 Acesso rápido e permanente dos dados da rede;
 Maior velocidade de transmissão em relação a tecnologia GSM;
 Menor custo;
 Possibilidade de interoperabilidade entre as operadoras.
67
Esta tecnologia pode ser viabilizada sem muitas alterações da rede GSM já existente, mas
é preciso que seus terminais suportem este tipo de serviço. Aumentar o seu tráfego, exige
também uma maior capacidade da rede para não comprometer os dados que estão sendo
transmitidos.
3.4.
TECNOLOGIA WI-FI – IEEE 802.11
Conhecidas como redes wireless, ou simplesmente redes sem fio, foi desenvolvida pela
Wi-Fi Alliance para o conjunto de normas do IEEE 802.11, definindo o primeiro padrão para
redes locais sem fio, principalmente para solucionar as limitações impostas pelos cabos
utilizados na interconexão dos computadores.
3.4.1. Características
A rede Wi-Fi funciona na faixa de frequência que não necessita de licença para a
instalação e para operar, no entanto, no Brasil é preciso autorização do agente regulador, a
Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL. Como este padrão funciona de acordo
com o IEEE 802.11, a tabela 1 apresenta um resumo dos principais padrões da família IEEE
802.11 que são utilizados na rede Wi-Fi.
Tabela 1: Resumo da família IEEE 802.11 para Wi-Fi
Família IEEE 802.11
Frequência
802.11a
5GHz (54Mbps)
802.11b
2.4GHz (11Mbps)
802.11g
2.4GHz (54Mbps)
802.11n
2.4 GHz e/ou 5GHz (65-600Mbps)
Fonte: SANCHES, 2007
Em 1997, foi lançado o primeiro padrão, mas foi o 802.11b o primeiro desta rede que foi
amplamente aceito, em seguida os padrões 802.11g e 802.11n. A segurança desta tecnologia
foi sendo aperfeiçoada ao longo da história de sua evolução.
68
3.4.2. Funcionamento
A comunicação de uma rede sem fio utiliza as ondas de rádio para a transmissão dos
dados (HSW, 2013). Para se conectar à Internet utilizando a rede Wi-Fi é necessário está na
faixa de alcance de um ponto de acesso, conhecido por hotspot. Ao encontrar um hotspot,
quaisquer periféricos ou Station - STA habilitado para a rede Wi-Fi, pode se conectar à
Internet (SANCHES, 2007). A figura 16 a seguir exemplifica uma rede Wi-Fi, que utiliza
como a base para sua topologia de rede a camada de enlace do Modelo OSI por meio da
configuração Ponto Multiponto.
Figura 16: Exemplo de uma rede Wi-Fi. (ALECRIM, 2008).
O adaptador wireless do periférico traduz os dados sob forma de onda de rádio e realiza a
transmissão através de uma antena para um roteador que irá receber este sinal e decodificá-lo.
O mesmo irá transmitir a informação para a Internet, transformando-a em sinal de rádio e a
enviando para o periférico (SANCHES, 2007).
Existem alguns mecanismos de segurança para inibir o acesso de dispositivos não
autorizados na rede. Dentre os principais métodos pode-se destacar:

WEP: Wired Equivalent Privacy existe desde o surgimento do Wi-Fi. É um
mecanismo de autenticação aberto (aceitando qualquer STAs que solicitar acesso à
rede) ou fechado (o acesso é realizado por meio de chaves) pré-definidas.
69

WPA: Wired Protected Access. Mais seguro que o método anterior, pois funciona com
chaves temporárias (Temporal Key Integrity Protocol –TKIP) que são trocadas em um
intervalo de tempo definido no momento da configuração da rede.
 WPA 2 (AES):
Wired Protected Access Advanced Encryption Standard. É uma
variação do WPA baseado na encriptação AES. Oferece alta segurança dos dados e
opera com um alto processamento, logo não é recomendável para as redes domésticas.
3.4.3. Vantagens
Dentre os principais benefícios que o padrão Wi-Fi pode proporcionar, tem-se:

Implantação mais barata em redes locais;

É possível hospedar redes locais wireless onde os cabos não alcançam;

Popularização da rede e preços reduzidos;

Novos mecanismos para diminuir o consumo da bateria.
As limitações desta rede estão relacionadas ao espectro de frequência.
3.5.
TECNOLOGIA
WORLDWIDE
INTEROPERABILITY
FOR
MICROWAVE
ACCESS – WiMAX
O padrão de Interoperabilidade Mundial para Acesso por Microondas, ou simplesmente
WiMAX, foi desenvolvido baseando-se na norma IEEE 802.16 (IADOCICCO, 2007). Esse
padrão também é chamado por Wireless MAN – WMAN (LIMA, et al., 2004) e tem como
principal objetivo a especificação de uma interface sem fio para as redes metropolitanas
(IADOCICCO, 2007).
3.5.1. Funcionamento
Este é um padrão similar ao Wi-Fi, entretanto sua abrangência é maior, pois visa atender
uma ampla cobertura, um melhor desempenho de comunicação com velocidades maiores e
ainda estabelece a infraestrutura final para conexão banda larga na última milha, isto é,
possibilita a conexão à rede Internet em fins residenciais, comerciais e como access point
(WiMaxForum, 2013).
70
O acesso à rede é bem similar ao dos sistemas móveis celulares. Ele é realizado através de
antenas externas localizadas em Estações Rádio Base - ERB, ou ainda enlaces por meio de
fibras ópticas (LIMA, et al., 2004). O sistema é dividido em duas partes: o lado da antena
transmissora de WiMAX, que envia o sinal para outras ERBs que irão multiplicar o sinal para
o lado do receptor WiMAX (RIBAU, et al., 2006), este será acoplado ao disposto que está
solicitando o acesso, como mostra a figura 17 a seguir.
Figura 17: Conexão utilizando o WiMAX (RIBAU, et al., 2006)
Uma torre pode se conectar à Internet utilizando cabos de alta largura de banda, como
pode se conectar através de microondas, nesta segunda opção nota-se que é possível
estabelecer um link por duas maneiras. A primeira é chamada de serviço sem linha de visão
(usa baixo alcance de frequência, parecido com o Wi-Fi e normalmente não existem
obstruções físicas para o sinal) e a segunda é o serviço de linha de visão (uma antena aponta
fixamente para a torre WiMAX, estabelecendo uma melhor conexão e permitindo alcance
maiores (RIBAU, et al., 2006).
3.5.2. Topologias
As principais topologias de rede do padrão WiMAX são descritas a seguir:
71
 Peer-to-Peer (P2P): Ou simplesmente ponto-a-ponto é formada por um link dedicado,
com longo alcance, alta capacidade e sem fio entre dois dispositivos do sistema. A
Base Station – BS (estação rádio base que realiza todo o controle de comunicações e
promove a segurança) é o local principal e o Subscriber Station – SS (estação
assinante) é o ambiente remoto. Opera com visada direta (CAVECCI, 2011).

Ponto Multiponto (PMP): É formada pela estação base (BS) como central de apoio e
por várias estação assinantes (SS), possibilitando o acesso à rede a muitos ambientes
através de um ponto de conexão. Pode operar utilizando visada direta ou a técnica
chamada de non-line-of-sight, NLOS (sem linha de visada) (CAVECCI, 2011).

Multi-Hop Relay: É uma arquitetura de retransmissão que estende a transmissão do
sinal de uma estação base para uma estação assinante através de uma Relay Station –
RS (estação de retransmissão) (CAVECCI, 2011).
 Topologia Móvel: Similar a uma rede móvel celular, onde inúmeras estações base
promovem a comunicação por meio de uma rede distribuída para os SSs e as estações
móveis, com implementações para que o handoff ocorra sem perdas do sinal
(CAVECCI, 2011).
3.5.3. Características
As principais características desta tecnologia são destacadas a seguir:
 Possui cobertura de maior alcance, até 100 km, com velocidades de até 70 Mbps;
 Independência de protocolo, pois permite o transporte de vários como IP, ATM,
Ethernet;
 Serviços agregados. Existe a possibilidade para outros serviços além da conexão à
Internet, como um exemplo o Voz sobre IP – VoIP;
 É uma tecnologia compatível com as antenas da rede de telefonia móvel.
Mas ainda existem algumas dificuldades relacionadas à esta tecnologia. Alguns dos
principais idealizadores desta ainda não chegaram a um consenso sobre as principais
especificações para a interoperabilidade do sistema. Em altas frequências existe a
possibilidade de interferências por fenômenos naturais, como a chuva, reduzindo as taxas de
transferência de dados e a área de cobertura (RIBAU, et al., 2006).
72
3.6.
TECNOLOGIA BLUETOOTH – IEEE 802.15
A tecnologia Bluetooth foi desenvolvida inicialmente a fim de permitir a conexão entre
quaisquer dispositivos, por menores que sejam sendo esta operação realizada de tal maneira
que os custos de implantação e o consumo de energia sejam reduzidos (BRITO, 2003).
3.6.1. Funcionamento
O desenvolvimento desta tecnologia permitiu uma comunicação de dados e voz mais
simples dentre os inúmeros dispositivos eletrônicos por meio da conexão wireless,
possibilitando ainda vantagens como baixo custo, baixa potência, e curta distância. A mesma
utiliza sinais de frequência de rádio.
A conexão entre dois dispositivos é feita por um rádio Bluetooth (nada mais que um chip
de computador) que realiza e controla as conexões individuais com baixo consumo de
energia. Este padrão define que os dispositivos eletrônicos façam a conexão através de
frequências de rádio e protocolos de rede (similares aos da camada OSI) específicos para que
possam enviar e receber dados. Vale ressaltar que os protocolos dos dispositivos Bluetooth
devem ser os mesmos, possibilitando uma fácil linguagem entre eles. (MILLER, 2001).
Os dispositivos do padrão Bluetooth precisam adotar as especificações determinadas pela
Special Interest Group – SIG (empresa desenvolvedora do padrão). A mesma é quem permite
o funcionamento e a comunicação ideal de seus chips com os demais chips existentes no
mercado (BILLO, 2003). A figura a seguir exemplifica uma rede usando Bluetooth.
Figura 18: Topologia de uma rede Bluetooth (Modificado de PRIESS, 2003).
73
A composição fundamental para o desenvolvimento da topologia de rede pode ser baseada
na camada física do Modelo OSI ou ainda Ponto Multiponto, chamada rede ad hoc, ou ainda
piconet. Esta é uma rede constituída por até oito dispositivos, onde um é o mestre da rede e os
outros serão os escravos (estes últimos só conseguem fazer a comunicação através do mestre
da rede) e formam uma topologia em estrela como mostrado pela figura 20 acima. Tendo em
vista o aumento da quantidade de estações e, por conseguinte, o seu alcance, foi criado o
conceito scatternet (aqui inúmeras piconets poderão ser interconectadas por uma ou mais
estações de rede) (PRIESS, 2003).
A tecnologia Bluetooth utiliza a banda ISM (similar a tecnologia ZigBee, que opera entre
2,4 GHz até 2,48 GHz e é uma banda livre). Como esta faixa de frequência é comumente
utilizada por outros dispositivos, há o risco de interferências entre os mesmos. A fim de
reduzir estas colisões, os rádios do padrão Bluetooth operam através da técnica de modulação
por salto de frequência por alargamento de banda, conhecida como FH-CDMA (Frequency
Hopping - Code-Division Multiple Access) (BONATTO; CANTO, 2005).
Os protocolos do padrão Bluetooth determinam o formato dos dados e como os mesmos
serão transmitidos e recebidos pelos dispositivos. Para cada aplicação desta tecnologia há
vários protocolos específicos para tal aplicação.
3.6.2. Características
Para Bray, et al. (2001) este padrão é definido da seguinte maneira ―Bluetooth é uma
tecnologia de transmissão de dados e voz via rádio de baixo custo, baixo consumo e curto
alcance, onde as pessoas não precisam mais conectar, plugar, instalar, habilitar ou configurar
nenhum equipamento‖ .O seu principal objetivo é substituir os cabos que são utilizados para
conectar os mais diversos equipamentos de rede.
A redução do tamanho dos dispositivos bem como dos custos deste padrão fez com que a
capacidade de transmissão de dados fosse reduzida para até 723,32 Kbps, sendo a mesma
realizada de maneira unidirecional, alcance de 10 metros e o número máximo de dispositivos
conectados ao mesmo tempo na rede de oito (MILLER, 2001).
Com relação à segurança desta tecnologia, existem três diferentes modos de segurança
possíveis:
 Modo de segurança 1: Sem medidas implementadas, o dispositivo é considerado
inseguro;
74
 Modo de segurança 2: O dispositivo eletrônico com tecnologia Bluetooth realiza os
procedimentos de segurança quando a conexão é realizada;
 Modo de segurança 3: Este é considerado o mais seguro, pois os procedimentos de
segurança são realizados antes da conexão ser estabelecida.
Os procedimentos de segurança definidos no modo 2 e 3 estão em três mecanismos na
especificação Bluetooth, Key Management (usa três chaves de acesso), Device Authentication
(autentica os protocolos através de uma chave simétrica) e Packet Encryption (utiliza três
modos de criptografia para a realização da conexão). Além da segurança existem outros
critérios que a tecnologia Bluetooth considera tais como confiabilidade dos dados,
autenticação e identificação, controle de acesso e integridade dos dados (MAIA, 2003).
3.7.
CONCLUSÕES
A implantação das redes inteligentes de energia se faz muito importante devido a atual
situação do sistema energético e as pressões ambientais e econômicas da sociedade. A
mudança para este novo conceito é inevitável, porém para que ocorra com sucesso é preciso
que o governo, juntamente com as empresas do ramo e os consumidores interajam no sistema.
A tabela 2 apresenta um resumo das principais características das potenciais tecnologias
existentes para as smart grids, que foram apresentadas neste capítulo.
75
Tabela 2: Características das tecnologias para SG
TECNOLOGIA
ESPECTRO
BANDA
ALCANCE
TOPOLOGIA
IMUNIDADE
CUSTO
CONSUMO
Alta
Baixo
Médio
Média
Baixo
Alto
Baixa
Médio
Médio
Baixa
Alto
Alto
Alta
Baixo
Baixo
Alta
Baixo
Baixo
A RUÍDOS
GPRS
900-1800
Até 170
MHz
1-10 km
SGSN
GGSN
kbps
Camada de
Wi-Fi/IEEE
2.4-5.8 GHz
Até 155
1-300 m
Ponto
Mbps
802.11
Enlace/OSI
Multiponto
Peer-to-Peer
Ponto
2.5 GHz
WiMAX/IEEE
802.16
Até 75
3.5 GHz
Mbps
5.8 GHz
1-5 km
Multiponto
1-5 km
Multi-hop
10-50 km
Relay
Móvel
PLC
3-500 kHz
1.8-30 MHz
1-3
1-3 km
Barramento
Mbps
(BT)
Até 200
Anel (MT)
Mbps
ZigBee
2.4 GHz
Até 250
868 MHz
30-150 m
Estrela
Árvore
kbps
915 MHz
Malha
Camada
Física/OSI
Bluetooth
IEEE 802.15
2.4 – 2.4835
Até 721
MHz
kbps
1-10m
Ponto
Multiponto
Fonte: Autoria própria (Modificado de LOPES, et al., 2012)
Tecnologias para a implantação das RIE estão sendo estudadas para superar os desafios
existentes entre os principais pilares da Smart Grid que são os ativos elétricos, os sistemas de
telecomunicações e de tecnologia da informação de maneira a agrupar todos eles num sistema
global totalmente automatizado (LOPES et al., 2012.)
76
A maior dificuldade ainda está na escolha desta tecnologia e nos padrões a serem adotados
pelas empresas e fabricantes para promover a interoperabilidade destes equipamentos, a
regulação de algumas das novas tecnologias que vem sendo estudadas e ainda a aprovação do
INMETRO para a implantação e comercialização das redes inteligentes, bem como todos os
equipamentos existentes no sistema (LOPES et al., 2012.).
77
CAPÍTULO
4:
DESENVOLVIMENTO
DA
PROPOSTA
COMPARATIVA: SMART GRID vs REDES ATUAIS
E
ANÁLISE
4. INTRODUÇÃO
Após todo o conteúdo exposto neste trabalho até o momento, este capítulo irá propor uma
alternativa para a implantação de uma rede inteligente de energia. A análise comparativa visa
proporcionar um melhor entendimento entre as novas tecnologias e a rede de energia atual.
A maior dificuldade para implantação das redes inteligentes de energia está em qual tipo
de configuração deve ser adotada para tal, mas é importante ressaltar que o modelo adotado
deve ser escolhido de acordo com as necessidades da região.
4.1.
DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA
Pela exposição das potenciais tecnologias para a implantação das redes inteligentes, foi
possível elaborar uma tabela com um resumo das principais características destas tecnologias.
Os critérios resumidos na tabela 2 ao final do capítulo anterior foram analisados e serviram
como parâmetros norteadores para a escolha das tecnologias mais apropriadas para o
desenvolvimento da proposta de configuração de uma rede inteligente.
Da análise destes parâmetros apresentados na tabela, definiu-se que a tecnologia adotada
para a coleta e transmissão dos dados adquiridos nas unidades consumidoras de baixa tensão é
a ZigBee. A mesma apresenta um número maior de benefícios dentre os critérios expostos,
tais como:
 Topologia de rede em três modelos (árvore, estrela e malha), sendo a topologia em
malha a mais utilizada, pois possibilita até 65.000 nós na rede (esta topologia foi
utilizada no estudo de caso apresentado no capítulo 7, que trata da autorrecuperação de
uma SG);
 Baixo consumo de energia dos equipamentos que farão a leitura e aquisição dos dados
(os smart meters);
 Alta imunidade a ruídos (evitando as perdas nas transmissões dos dados que foram
coletados), opera na frequência ISM (considera uma frequência livre).
Apesar da baixa largura de banda e do curto alcance desta tecnologia, a mesma satisfaz às
condições básicas para o funcionamento de uma SG, já que a ideia inicial das redes
78
inteligentes não é transmitir um alto volume de dados nas unidades consumidoras de baixa
tensão.
Outro critério utilizado na escolha desta tecnologia foi o baixo custo da mesma. O gráfico
a seguir mostra alguns dos principais custos de um sistema de medição inteligente (EPRI,
2012).
Gráfico 2: Composição estimada dos custos de um sistema de medição inteligente.
Fonte: EPRI, 2012.
Analisando o gráfico acima, é possível notar que o maior desafio para a implantação da
smart grid é o custo com os equipamentos de medição, conhecidos por smart meters, ou
medidores inteligentes.
Estes equipamentos digitais são de fundamental importância numa rede inteligente, eles
possuem uma infraestrutura avançada de medição (AMI – Advanced Metering Infrastructure),
com a tecnologia de computação necessária para permitir a aquisição de dados em um
determinado espaço de tempo (ROMANO; FARIA, 2012). Os mesmos devem proporcionar
maior controle para a concessionária sobre as perdas comerciais, a redução dos custos
operacionais de leitura, corte e religamento de cargas, para o consumidor, deve gerar o
acompanhamento do consumo e opções diferenciadas de tarifação, detecção de falhas em
tempo real e ainda maior agilidade na troca de informações entre os centros de gerenciamento,
supervisão e o consumidor final (EPRI, 2012).
79
Em dezembro de 2012 foi publicada a Resolução Normativa nº 502 que estabelece a
regulação do uso dos medidores eletrônicos para os consumidores do grupo B, a mesma
instituiu um prazo de 18 meses para que as distribuidoras se tornassem aptas para fornecer
estes equipamentos aos consumidores (ANEEL, 2012d), todavia, a resolução não impôs a
obrigatoriedade da substituição dos medidores, o que traz de volta o impasse dos custos desta
troca. De acordo com Relatório do Grupo de Trabalho de Redes Elétricas Inteligentes, do
Ministério de Minas e Energia (2012):
―As informações prestadas pelos fabricantes, através da ABINEE, podem
embasar a estimativa do custo do medidor com as funcionalidades a serem
requeridas pela ANEEL, de acordo com as especificações submetidas à
Audiência Pública nº 043/2010. Para efeitos deste trabalho, será considerando
que, em média, 70% dos consumidores na baixa tensão são monofásicos,
20% bifásicos e 10% trifásicos, e que o valor de cada medidor é de R$
250,00. A este valor, deve-se somar o custo de instalação, que é composto
pela mão-de-obra da instalação e componentes menores.
Atualmente, a ANEEL considera 12% do custo do medidor eletromecânico
como mão-de-obra e 45% como componentes menores. Considerando que
um medidor eletromecânico custa R$ 50,00, tem-se que a mão-de-obra para
instalar o equipamento é de R$ 6,00, enquanto que os componentes menores
somam R$ 22,50. Logo, os custos de instalação de cada medidor somam R$
78,50. Assim, o custo de um medidor inteligente instalado é de R$ 278,50.
Considerando a substituição de 45 milhões de medidores (valor referente a
consumidores de baixa tensão residencial não baixa renda, comercial e
industrial), o custo total dessa instalação é de aproximadamente R$ 12,5
bilhões‖.
Esta resolução foi um passo muito importante para a implantação das RIE no Brasil, mas,
como o direito de escolha pelo medidor eletrônico é de poder do consumidor, ele será o fator
determinante no que diz respeito ao tempo de instalação dos mesmos e ainda o INMETRO,
pois este deverá se adaptar aos testes técnicos propostos pela 502/2012 para aprovar os novos
medidores.
O uso de um Smart Meter com placa de rede que possua tecnologia Zigbee proporciona
um menor custo na aquisição e operação destes equipamentos. Medidores com esta
tecnologia, já são fabricados no Brasil e apresentam ―funcionalidades de combate a fraude,
medição de corrente de neutro, corte/religamento remoto e comunicação sem fio‖ (ECIL,
2013) e ainda oferece suporte a redes em malha, tornando a composição da rede mais
dinâmica. Ainda de acordo com Ecil (2013), tais características possibilitam que esta seja uma
solução completa, envolvendo além dos medidores, os coordenadores da rede e um
gerenciamento remoto de todos os elementos.
A rede smart grid proposta neste trabalho visa utilizar a tecnologia Zigbee para aplicações
de monitoração em baixa tensão, ao exemplo de ambientes locais – HAN (Home Area
80
Network), e ainda para as comunicações entre os principais dispositivos da rede de energia
pelas suas características já apresentadas. Este padrão é considerado um dos mais adequados,
já que ―atende aos requisitos de comunicação usando a funcionalidade de tolerância a falhas e
escalabilidade para o monitoramento de energia, automação residencial e leitura automática
dos medidores‖ (LOPES et al., 2012), possibilitando que a autorreconfiguração do sistema em
qualquer outro nó da rede em caso de indisponibilidade do nó que está sendo utilizado para o
tráfego das informações.
Nas componentes de média e alta tensão a tecnologia adotada, de acordo com os
parâmetros definidos pela tabela 2, foi a GPRS, devido aos seguintes critérios:
 Topologia de rede em dois modelos (Serving GPRS Support Node – SGSN e Gateway
GPRS Support Node – GGSN), ambas interagem e funcionam similarmente como a
tecnologia Global System for Mobile – GSM,mais conhecidas como redes celulares;
 Custo reduzido, principalmente pelo fato de funcionar similarmente com a rede GSM,
não é preciso grandes investimentos em infraestrutura de rede, pois pode-se aproveitar
a já existente das redes celulares;
 Alta imunidade a ruídos;
 Longo alcance, permitindo o atendimento em grandes centros urbanos e até mesmo em
áreas rurais;
 Melhor eficiência espectral que suporta um maior número de clientes.
A proposta visa o uso da tecnologia GPRS (a mesma suporta a funcionalidade de repetidor
em AT) para a comunicação com os centros de gerenciamento e supervisão da rede, visto que
esta tecnologia é confiável, mais simples, pois utiliza a rede de telefonia móvel para realizar a
comunicação com a rede de distribuição, reduzindo o tempo e evitando gastos com a
infraestrutura e operacionais (LOPES et al., 2012).
A partir da escolha destas tecnologias foi possível configurar a proposta da rede inteligente
de energia como segue na figura a seguir.
81
IEC 61850
Figura 19: Proposta da rede inteligente de energia (Autoria própria).
Esta configuração permite atender as funcionalidades que a rede smart grid proporciona
para o sistema. Na rede de baixa tensão, os dados serão adquiridos e transmitidos para a rede
de média tensão através do medidor inteligente com tecnologia ZigBee. Para a transmissão
destes dados para a rede de alta tensão (que transmitirá para o sistema de gerenciamento e
controle), ela adota a tecnologia GPRS, como foi explicado anteriormente.
No centro de gerenciamento e controle da rede, será realizada a análise destes dados e o
faturamento detalhado da conta de energia dos clientes, de acordo com as futuras regras de
tarifação (estas serão um pouco diferenciadas das atuais, como por exemplo, a inserção da
tarifa branca para consumidores de baixa tensão, de acordo com a Audiência Pública nº
120/2010 da ANEEL). Serão tomadas também medidas de controle (o sistema pode informar
ao cliente, caso o mesmo autorize, o corte automático de equipamentos que estejam
consumindo muita energia, a fim de reduzir o valor pago pelo mesmo ou ainda a energização
programada de parte da iluminação, alguns equipamentos da unidade consumidora, caso o
cliente fique fora de sua residência por um longo período de tempo), prevenção e recuperação
em tempo real de possíveis falhas na rede, como o caso de distúrbios em algum ponto da rede
que pode gerar um apagão (no capítulo sete foi realizado um estudo de caso que visa mostrar
a autorrecuperação de uma rede SG).
É importante ressaltar que a substituição de alguns equipamentos nas redes atuais, como
transformadores, disjuntores e chaves, sensores, reles, e ainda, os medidores analógicos, é
necessária para que a rede inteligente seja automatizada e funcione dentro dos padrões
82
esperados (LOPES et al., 2012). Para este efeito, a implantação em larga escala da norma IEC
61850, que permitirá a padronização de todos os protocolos de comunicação dos dispositivos
eletrônicos inteligentes que existem nas redes de distribuição, eliminando o uso de
conversores de protocolos e permitindo a interoperabilidade destes IEDs, facilitando a
comunicação e operação da cadeia de conversão de energia.
4.2.
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE SMART GRID E A REDE ATUAL
A rede de energia existente na atualidade é de fato sistema unidirecional, como
mostrado na figura 20 abaixo.
Figura 20: Modelo energético atual da geração até o consumidor final (ALCÂNTARA, 2012).
O fluxo da energia segue das centrais geradoras até o consumidor final e as geradoras
precisam injetar energia constantemente na rede, funcionando a toda capacidade, pois não é
possível saber a real demanda de cada consumidor (SLOOTWEG; ENEXIS, 2009).
Outra dificuldade deste sistema é que o mesmo é bastante vulnerável a falhas. Quando
ocorre uma interrupção em uma parte da rede, gera um efeito cascata, já que não se consegue
formar rotas de fugas para que a energia seja entregue.
A figura 21 ressalta a configuração de uma rede utilizando smart grid.
83
Figura 21: Modelo de sistema utilizando smart grid (LOPES et al., 2012).
É bem visível que esta arquitetura permite mudanças significativas no modelo energético
da atualidade (DoE, 2010). Percebe-se que este diagrama é multidirecional, ou seja, a energia
flui pela rede em diversas direções. As redes inteligentes de energia surgem como um
revolucionário conceito de gestão e operação do sistema (ETPS, 2010).
Esta arquitetura permite a visualização dos principais elementos da rede inteligente:
 Comunicação Integrada: Possibilita um sistema de medição mais forte e preparado
contra falhas na rede e ainda a conexão do usuário final na rede em tempo real,
fazendo com que o mesmo receba as informações detalhadas de seu consumo;
 Fontes de energia alternativas: As REIs permitirão a ampliação do quadro de
renováveis na rede, promovendo a sustentabilidade e redução dos custos para o
consumidor e se tornarão uma alternativa para países dependentes dos combustíveis
fósseis como principais fontes geradoras de energia. No Brasil, observa-se um cenário
84
favorável para a implantação destas fontes renováveis, devido ao seu grande potencial
de recursos naturais existentes. Através da geração distribuída, os clientes se tornarão
produtores e poderão comercializar a energia excedente para o sistema, obtendo
redução dos custos;
 Microgrids: Será a inclusão da geração distribuída na rede smart grid, são os
chamados pequenos sistemas elétricos. A ANEEL através da RN 482/2012
estabeleceu os critérios necessários para micro e minigeração distribuída;
 Sensoriamento e medidores inteligentes: Esta finalidade se tornará uma realidade
devido a toda infraestrutura de telecomunicações e tecnologia da informação que
estarão interligando todo o sistema elétrico, tanto na transmissão, distribuição como
nas extremidades da rede, no lado do cliente;
 Veículos elétricos: A necessidade de reduzir as emissões dos GEEs e a busca por
veículos de boa autonomia e baixo custo está promovendo pesquisas e projetos-piloto
no que diz respeito aos veículos elétricos ou ainda aos veículos híbridos, mas se faz
imperativo, pontos de reabastecimento, eles ainda servirão como um banco de
armazenamento e uma fonte de energia (LOPES et al., 2012)
A tabela 3 estabelece algumas das principais diferenças entre a rede convencional e a rede
inteligente de energia.
85
Tabela 3: Comparação entre as redes atuais e as redes inteligentes de energia
Principais Características
Rede Atual
Participação ativa dos
consumidores
São informados, mas não
participam da rede
Geração e opção de
armazenamento da energia
Centralizada na usina geradora
– muitos obstáculos na
distribuição e transmissão da
energia
Qualidade da energia ofertada
Novos produtos, serviços e
mercado
Baseada em cortas, resposta
lenta em relação as falhas de
energia
Smart Grid
Informados e ativos – resposta
em demanda e fontes de
energias distribuídas
Energia distribuída com foco
no uso das fontes renováveis
Foco na qualidade da energia,
na relação qualidade/preço.
Resposta rápida a falhas.
Mercados limitados, mal
Mercado integrado com amplas
integrados, oportunidades
oportunidades para o
limitadas para os consumidores
consumidor
Otimização e Operação dos
ativos de forma eficiente
Pouca integração dos dados
operacionais com a gestão de
ativos
Maiores parâmetros de dados
de rede, poço na prevenção e
minimização dos impactos para
o consumidor
Resposta as perturbações do
sistema (self-healing)
Responde para evitar danos
maiores, foco em proteger os
bens após a falha
Detectação e resposta
automática aos problemas, foco
na prevenção, minimização dos
impactos para os consumidores
Vulnerável, lenta resposta.
Resistente, possui alta
capacidade de recuperação.
Resistência a ataques virtuais e
desastres naturais
Fonte: Autoria própria, traduzido e modificado de (MOMOH, 2012).
Elas irão proporcionar ainda grandes mudanças nas redes atuais como a participação ativa
dos consumidores (resposta em demanda e microgeração), existência de medidores
inteligentes que possibilitam a medição e controle em tempo real dos equipamentos dos
usuários, sistemas de armazenamento, existência de veículos elétricos, reconfiguração da rede
em tempo real, melhoria da segurança e qualidade do fornecimento da energia, redução dos
impactos ambientais (FALCÃO, 2010), integração de novos sistemas de comunicação, entre
outros benefícios que esta nova rede trará a todo sistema.
86
4.3.
CONCLUSÕES
O cenário do setor energético atual está em fase de migração para este novo paradigma
das redes de energia, as smart grids. Com o perfil sempre mais exigente dos consumidores, no
que diz respeito a conforto e tecnologias e ainda as pressões ambientais para que haja uma
mudança radical no sistema econômico existente, é cogente ressaltar que o futuro para as
redes inteligentes está se voltando para a combinação de tecnologias de redes elétricas, de
telecomunicações e também de arquitetura de redes de computadores para melhorar e
promover a segurança da rede.
Dentre as tecnologias existentes, combinar as tecnologias ZigBee, GPRS com as
mudanças necessárias na rede de transmissão e distribuição (ao exemplo da substituição de
equipamentos na rede e instalação de medidores inteligentes), como proposto neste trabalho,
poderá ser uma das topologias adotadas para a implantação deste novo conceito.
Convém dizer que a maioria dos desafios tecnológicos de curto e médio já vem sendo
superados para que as redes inteligentes sejam uma realidade. Grupos de estudos, programas
de pesquisa e desenvolvimento de agências do governo, empresas de energia e universidades
estão formando parcerias para o desenvolvimento destas novas tecnologias, que possibilitam a
maior eficiência, segurança, introdução as microgrids, interoperabilidade de tecnologias,
resposta em demanda e vários benefícios para o modelo atual da economia.
87
CAPÍTULO 5
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O mundo sempre precisou buscar novas alternativas tecnológicas para sustentar o seu
modo de vida, principalmente na sociedade contemporânea. A energia foi o principal
propulsor para o desenvolvimento de uma pluralidade de setores na economia, fazendo com
que o homem sempre desenvolvesse técnicas para aproveitar os benefícios desta fonte.
Apesar de ser um dos requisitos primordiais para a sociedade atual, ao longo da história a
energia evoluiu apenas no que diz respeito às fontes geradoras de energia e, em relação ao seu
modo de produção e transmissão para o consumo final, ainda precisa evoluir para chegar ao
conceito de rede inteligente.
Os principais desafios para a implantação serão regulamentar as smarts grids e os custos
relacionados aos medidores inteligentes, equipamentos fundamentos para o sucesso destas
redes. O governo e as concessionárias precisam ainda esclarecer melhor para a sociedade os
benefícios que esta mudança no setor energético poderá oferecer, para que o consumidor se
torne ativo nesta evolução.
A rede apresentada como proposta foi escolhida devido aos benefícios apresentados na
comparação com outras tecnologias que foram expostas, pois a tecnologia ZigBee possui uma
plataforma livre, sendo possível se adequar a norma IEC 61850, além de ter um custo
menor,maior imunidade à interferências, topologia de rede em três modos, sendo a
configuração em malha a mais utilizada, pois permite um número maior de clientes na rede. Já
a tecnologia GPRS possibilita a implantação de SG em áreas urbanas e rurais e também
possui a vantagem da redução do custo por aproveitar a infraestrutura existente de
telecomunicação. Esta é uma tecnologia que será adotada para as redes de media e baixa
tensão, como proposto. É importante reforçar a ideia de que não existe um padrão de
configuração de rede inteligente, o que vai dizer a melhor escolha da tecnologia será a
característica da própria região a ser implantada.
Como recomendação futura, pode-se aprofundar os estudos sobre as tecnologias existentes
(como é o caso da tecnologia 4G que ainda está sendo implantada no Brasil (agora) e no
mundo. Projetos piloto para smart grid ainda não foram concluídos, mas esta tecnologia já
está sendo apontada como uma forte solução para a transmissão dos dados em alta velocidade
na última milha), para que se possa caracterizar, analisar e definir a melhor escolha para cada
88
região e ainda, a geração distribuída pelo lado do consumidor, e avaliar como a sua
participação agora poderá mudar o perfil da matriz energética. Um planejamento estratégico
em todos os níveis do setor energético é inevitável para que o conceito de Smart Grid se torne
uma realidade, enfatizando investimentos não apenas a rede de distribuição, mas todas as
partes para que ocorra a evolução do sistema.
O Brasil é contemplado com uma realidade favorável em se tratando aos recursos naturais
existentes e os utilizados. Sua principal fonte para eletricidade (hidráulica) é considerada uma
fonte renovável, porém ainda existe um leque muito grande para o uso destas tecnologias
limpas que o país precisa aproveitar e poder contribuir de forma efetiva no novo modelo do
setor energético.
Um grande passo para que as redes inteligentes sejam implantadas já foi dado, através das
reflexões e pesquisas que estão sendo realizadas através de chamadas públicas, fóruns e
congressos promovidos tanto por universidades, empresas do setor, como pelos órgãos
reguladores, contribuindo para a escolha, de maneira precisa sobre as inovações na criação de
políticas públicas na área.
89
REFERÊNCIAS
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100
APÊNDICE A
101
APÊNDICE A - ESTUDO DE CASO: PLANEJAMENTO DO FLUXO DE ENERGIA
EM UMA SMART GRID
1. INTRODUÇÃO
Uma rede de energia Smart Grid tem como principal objetivo tornar o sistema de energia
atual inteligente, com capacidade de atuar de maneira rápida e eficiente (em tempo real) em
caso falhas, necessidade de reconfiguração, controle etc. O modelo atual, o qual não considera
esta inteligibilidade, está sujeito a falhas significativas, que se não tratadas correta e
rapidamente podem causar transtornos e prejuízos para a rede e para o cliente final.
Quando ocorre a falha em uma parte do sistema, ocorre um efeito cascata a partir deste
ponto defeituoso, implicando em perda da receita, multas dos agentes reguladores,
insatisfação dos clientes e ainda os custos operacionais para tratar o problema (SLOOTWEG;
ENEXIS, 2009). Com a ―smartificação‖ (termo utilizado para este processo de evolução) da
rede, será possível tomar medidas pró-ativas de controle e gerenciamento de toda a rede a fim
de minimizar estas perdas.
Neste estudo de caso, simples, foi desenvolvida uma formulação matemática, através de
Programação Linear Inteira – PLI (AHUJA, R; MAGNANTI, T; ORIIN, J., 1993), com o
objetivo de minimizar o número total de saltos (linhas de transmissão) que um fluxo de
energia deve percorrer para ir de uma fonte (unidade geradora) para um destino (unidade
consumidora) em uma smart grid. Logo, o objetivo deste estudo de caso é apresentar uma
estratégia básica de planejamento de redes smart grid. O modelo PLI foi escolhido por
fornecer a solução ótima do problema (HILLIER, S; LIEBERMAN, G., 2010).
Aplicando a formulação em PLI é possível estabelecer rotas alternativas para o fluxo de
energia, com uma quantidade reduzida de saltos.
1.1.
FORMULAÇÃO PLI
Nesta seção é descrita uma formulação matemática para o problema de rota do fluxo de
energia aplicado a redes smart grid. Para isto é utilizada a formulação PLI a seguir:
102
A. Notação

s e d representam os nós de uma unidade geradora e unidade consumidora,
respectivamente, de energia na rede smart grid.

i e j representam os nós de origem e destino de uma rede smart-grid.
B. Dados

Número de nós da rede: N

Topologia física da rede (nós e linhas de transmissão), formando assim um grafo;

Matriz de demanda de energia: sd.
C. Variáveis

Número total de saltos: H

Fluxo de energia de s para d passando pela linha de transmissão i-j:
D. Formulação Matemática (PLI)
(1)
Minimize : H
Sujeito a:
H   Fijsd
 s,d
(2)
i, j
F
sd
ij
i
  Fijsd
k
 sd  s  j

 sd  d  j
0  s, d  j

(3)
Em (1), temos a função objetivo, a qual define o número total de saltos. A restrição (2)
estabelece como a quantidade de saltos está relacionada com as variáveis de fluxo. Em (3),
tem-se a equação que define a conservação de fluxo de potência nos nós da rede.
1.2.
CARACTERÍSTICAS DA SMART GRID
A rede smart grid adotada para a realização deste estudo de caso está apresentada na
Figura A-1. Ela é um grafo em que os nós representam as estações geradoras ou consumidoras
e os enlaces representam as linhas (unidirecionais) de transmissão.
103
A) Características da rede sob estudo
 Dois geradores com potência máxima de 7 MW, representados pelos nós 1 e 2, os
mesmos estão alocados em pontos distintos da rede;
 Sete nós com potência máxima de 1 MW, representando as cargas do sistemas;
 A distância entre cada dispositivo é de 1 km;
Figura A-1: Topologia da rede smart grid do estudo de caso (Autoria prrópria, 2013).
Esta é uma estrutua abstrata de nós, criada em ambiente virtual para poder atestar a
capacidade de autorrecuperação do sistema, uma vez que algum erro for diagnosticado na
rede, através da escolha da menor rota para que o fluxo de energia volte a atender a unidade
que falhou.
1.3.
SIMULAÇÃO
Para esta rede, foram adotados três casos com o objetivo de quantificar número de hops
(saltos) do fluxo de energia em casos de transitórios. Todas as simulações foram realizadas
com o software de otimização CPLEX (IBM, 2013).
1.3.1. Caso 1
No primeiro caso, a simulação foi realizada da seguinte maneira:
A rede foi configurada para que o Gerador 1 atendesse aos nós 3, 5 e 7;
A rede foi configurada para que o Gerador 2 atendesse aos nós 4, 6, 8 e 9.
104
1.3.2. Caso 2
A rede foi configurada para que o Gerador 1 atendesse a todos os nós da rede, operando com
capacidade máxima;
A rede foi configurada para que o Gerador 2 atendesse a todos os nós da rede, operando com
capacidade máxima.
1.3.3. Caso 3
A rede foi configurada para que o Gerador 1 atendesse a todos os nós da rede, operando com
metade da sua capacidade;
A rede foi configurada para que o Gerador 2 atendesse a todos os nós da rede, operando com
metade da sua capacidade.
1.4.
RESULTADOS OBTIDOS
Para cada caso apresentado, foram apresentados os seguintes resultados das simulações.
As tabelas A-1, A-2 e A-3 apresentam os resultados o número de hops e ainda a rota em cada
hop nos Caso 1, 2 e 3, respectivamente.
Tabela A-1: Resultados obtidos no Caso 1
Total
Demanda
1—3
1—5
1—7
2—4
2—6
2—8
2—9
7
CASO 1
Rota
1—3
1—3—5
1—3—5—7
2—4
2—4—6
2—4—6—8
2—4—7—9
7
Fonte: Autoria própria, 2013.
Hops
1
2
3
1
2
3
3
15
105
Tabela A-2: Resultados obtidos no Caso 2
Total
Demanda
1—2
1—3
1—4
1—5
1—6
1—7
1—8
1—9
2—1
2—3
2—4
2—5
2—6
2—7
2—8
2—9
16
CASO 2
Rota
1—3—5—7—4—2
1—3
1—3—8—6—4
1—3—5
1—3—8—6
1—3—5—7
1—3—8
1—3—8—9
2—4—6—8—3—1
2—4—6—8—3
2—4
2—4—7—5
2—4—6
2—4—7
2—4—6—8
2—4—7—9
16
Hops
5
1
4
2
3
3
2
3
5
4
1
3
2
2
3
3
46
Fonte: Autoria própria, 2013.
Tabela A-3: Resultados obtidos no Caso 3
Total
Demanda
1--2
1--3
1--4
1--5
1--6
1--7
1--8
1--9
2--1
2--3
2--4
2--5
2--6
2--7
2--8
2--9
16
CASO 3
Rota
1--3--5--7--4--2
1--3
1--3--8--6--4
1--3--5
1--3--8--6
1--3--5--7
1--3--8
1--3--8--9
2--4--6--8--3--1
2--4--6--8--3
2--4
2--4--7--5
2--4--6
2--4--7
2--4--6--8
2--4--7--9
16
Fonte: Autoria própria, 2013.
Hops
5
1
4
2
3
3
2
3
5
4
1
3
2
2
3
3
46
106
Da análise das três tabelas expostas é possível gerar o gráfico 3 a seguir:
Gráfico A-1: Hops em função do casos.
Fonte: Autoria própria, 2013.
Do gráfico A-1, percebe-se que o Caso 1 foi o que apresentou o menor número de hops na
rede. Em caso de alguma falha, a rede procura pela menor rota para a sua autorrecuperação e
permite que o fluxo de energia volte a circular em um curto intervalo de tempo.
Os Casos 2 e 3 apresentaram o mesmo número de hops, pois ambos os geradores foram
configurados para atender toda a rede. Esta configuração, conhecida por proteção dedicada,
permite a total segurança do sistema, porém os custos se tornam muito elevados.
A principal diferença entre o Caso 2 e o Caso 3 é que no primeiro, os geradores trabalham
com sua capacidade máxima. No Caso 3, os geradores 1 e 2 estão operando na metade da sua
capacidade, pois em caso de perda de um deles, o sistema ativa a capacidade máxima do
gerador em funcionamento para que a rede não pare de funcionar.
1.5.
CONCLUSÕES
Através do estudo de caso apresentado é possível perceber claramente a capacidade de
autorrecuperação que uma rede inteligente irá proporcionar ao futuro sistema de energia. Esta
é apenas uma das principais vantagens dentre todas as existentes, tais como segurança,
flexibilidade, autonomia, agilidade na detecção de falhas, gerenciamento e controle mais
eficiente na rede, eficiência energética que as smart grids promoverão na rede.
A topologia da rede apresentada reforça a ideia do uso da tecnologia ZigBee como um dos
potenciais padrões para a implantação da smart grid, visto que a mesma possui uma
107
arquitetura de rede conforme apresentada neste estudo e também baseando-se no benefício
desta promover uma medição inteligente de menor custo. Quanto maior o número de nós
numa arquitetura de redes, maior a capacidade de operação do sistema. Esta tecnologia
permite a inserção de uma topologia em malha de até 65.000 nós.
O modelo de otimização desenvolvido neste estudo de caso permitiu que o objetivo
proposto fosse atingido com sucesso, pois, durante as simulações, o sistema calculou e definiu
o menor número de hops para que a rede se autorrecupere, caso ocorra algum distúrbio na
mesma.