Modelo de Projeto de Pesquisa na ECEME
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Modelo de Projeto de Pesquisa na ECEME
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Maj Inf CARLOS ROBERTO DE OLIVEIRA A Influência da Crise na Síria no Desenvolvimento de Operações de Paz do Exército Brasileiro no Oriente Médio Rio de Janeiro 2015 Maj Inf CARLOS ROBERTO DE OLIVEIRA A Influência da Crise na Síria no Desenvolvimento de Operações de Paz do Exército Brasileiro no Oriente Médio Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Ten Cel Art MOACYR DE MATTOS JUNIOR Rio de Janeiro 2015 O48i de Oliveira, Carlos Roberto A influência da Crise Síria no desenvolvimento de Operações de Paz do Exército Brasileiro no Oriente Médio. / Carlos Roberto de Oliveira. 一2015. 39 f. : il. ; 30 cm. Orientação: Moacyr de Mattos Junior. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização)一Escola de Comando e Estado-Maior, Rio de Janeiro, 2015. Bibliografia: f. 36-39. CDD: 355.4 1. OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO DA PAZ. 2. CONFLITO NA SÍRIA. 3. LÍBANO 4. EXÉRCITO BRASILEIRO. I. Título. CDD 355.34 A Influência da Crise na Síria no Desenvolvimento de Operações de Paz do Exército Brasileiro no Oriente Médio Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em 13 de março de 2015 COMISSÃO AVALIADORA __________________________________ MOACYR DE MATTOS JUNIOR – Ten Cel __________________________________________ FERNANDO AUGUSTO VALENTINI DA SILVA - Maj __________________________________ LEONARDO DE SOUZA FRANKLIN - Maj RESUMO A Portaria nº 164-EME, de 15 de agosto de 2013, estabeleceu diretriz para orientar as atividades de planejamento para a hipótese de integrar missões de paz sob a égide das Nações Unidas no Oriente Médio com um Batalhão de Infantaria de Força de Paz. Tal diretriz destina-se a atender ao objetivo de desenvolvimento da capacidade de atuar em operações internacionais, em apoio à política externa do País, estabelecido pela END. O contínuo aprimoramento do Exército Brasileiro para participar de operações internacionais sob a égide das Nações Unidas, portanto, contribui para o fortalecimento do sistema de segurança coletiva e intensifica a projeção do Brasil no concerto das nações. A riqueza energética e a importância estratégica da região do Oriente Médio fizeram com que a política externa brasileira passasse a contemplar uma maior inserção diplomática naquela região. Tal inserção implica, necessariamente, na assunção de maiores responsabilidades em relação à segurança da Comunidade Internacional. Este é o contexto em que o Exército Brasileiro vislumbra seu emprego em missão de Paz no Líbano, país que já conta com uma Força-Tarefa Marítima liderada pela Marinha do Brasil desde 2006. Em razão da estreita ligação entre o Líbano e a Síria, o conflito desencadeado neste último país, em março de 2011, pode trazer importantes implicações para uma Força de Paz brasileira desdobrada naquela região. A compreensão dos reflexos desse conflito, assim, constitui-se em ferramenta imprescindível para a preparação de uma força capaz de cumprir a missão de empregar o Exército Brasileiro como instrumento de projeção de poder do Brasil. Palavras-chave: Operações de Manutenção da Paz. Conflito na Síria. Líbano. Exército Brasileiro. ABSTRACT The Ordinance number 164 issued by Brazilian Army’s General Staff, in August 15th 2013, stablished a guideline to head the activities of planing to the conjecture of integrate peacekeeping missions under the command of the United Nations in Mid East with a Peacekeeping Force Infantry Battallion. This guideline is set to cumply with the objective of developing the capacity of acting in international operations supporting the foreign policy, that was set by the National Defense Strategy. The uninterrupted upgrading of Brazilian Army to integrate international operations under the command of the United Nations, therefore, contributes to reinforce the collective security system and intensifies the brazilian’s projection in the concert of Nations. The energy wealth and the strategic relevancy of Mid East have made brazilian foreign policy contemplate a deeper diplomatic insertion in that region. This insertion implies, necessarily, in the assumption of bigger responsibilities concerning to the international community security. This is the context in that Brazilian Army glimpses his own use in peacekeeping mission in Lebanon, country that already has a naval task-force leaded by Brazilian Navy since 2006. Beacause of the closed ties between Lebanon and Syria, the conflict rised in this country, in March 2011, must have significant implications to a Peacekeeper Force led by Brazil in that region. The understanding of the consequences of theat conflict, therefore, is an indispensible tool to prepare a force capable to fulfill the task of using Brazilian Army as an instrument of projection of national power. Key-words: Peacekeeping operations. Conflict in Syria. Brazilian. LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Zona Azul e Distribuição das tropas da Unifil …………………… 6 Figura 2 – Mapa do Líbano …………………………………………………... 17 Figura 3 – Principais Áreas de Conflito na Síria ……………......................... 19 Figura 2 – Distribuição étnica na Síria …………............................................... 20 Figura 3 – Principais Operações do Exército Sírio em 2011.............................. 22 Figura 4 – Grupos Insurgentes na Síria .............................................................. 24 LISTA DE ABREVIATURAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas BBC British Broadcasting Corporation BI F PAZ Batalhão de Infantaria de Força de Paz CNN Cable News Network CS Conselho de Segurança EB Exército Brasileiro EME Estado-Maior do Exército FP Força de Paz FTM Força-Tarefa Marítima ISIS Islamic State In Iraq And Syria ISW Institute for the Study of War MB Marinha do Brasil MD Ministério da Defesa ONU Organização das Nações Unidas PBCE Posto de Bloqueio e Controle de Estradas PCC Police Contributing Country PKO Peace-Keeping Operations PO Posto de Observação SOP Standing Operating Procedures TCC Troop Contributing Country UNEF United Nations Emergence Force UNIFIL United Nations Interim Force in Lebanon SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 7 1.1 BREVE HISTÓRICO ................................................................................ 8 1.2 RELAÇÕES DO BRASIL COM O OM ..................................................... 9 1.3 O PAPEL DA ONU ................................................................................... 11 1.4 PREPARAÇÃO DO BI F PAZ ................................................................. 13 1.5 O PROBLEMA ......................................................................................... 14 1.6 OBJETIVOS ............................................................................................. 14 1.6.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................... 14 1.6.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................. 14 1.7. QUESTÃO DE ESTUDO ......................................................................... 14 1.8. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ................................................................. 14 1.9. RELEVÂNCIA DO ESTUDO ................................................................... 15 2. METODOLOGIA ........................................................................................ 16 2.1. TIPO DE PESQUISA .............................................................................. 16 2.2. COLETA DE DADOS .............................................................................. 16 2.3 LIMITAÇÕES DO MÉTODO .................................................................... 17 3 FATORES E VARIÁVEIS DAS OPERAÇÕES DE PAZ .............................. 17 4 SITUAÇÃO GEOPOLÍTICA, CONDIÇÃO SOCIOCULTURAL E GRAU DE COOPERAÇÃO DA POPULAÇÃO ................................................................ 18 5 ESTÁGIO ATUAL E SITUAÇÃOS DOS PARTIDOS EM CONFLITO ........................................................................................................................ 19 5.1 CONFLITO NO LÍBANO .......................................................................... 19 5.2 CONFLITO NA SÍRIA ............................................................................... 22 6 EFICÁCIA DOS GOVERNOS LOCAIS E GRAU DE MANUTENÇÃO DA LEI E DA ORDEM .......................................................................................... 29 6.1 GOVERNO SÍRIO .................................................................................... 29 6.2 GOVERNO LIBANÊS ............................................................................... 31 7 CONCLUSÃO ............................................................................................. 32 7.1 POSSÍVEIS CENÁRIOS PARA O CONFLITO ........................................ 32 7.1 INFLUÊNCIAS DO CONFLITO SOBRE AS OPERAÇÕES DE PAZ ....... 33 7.2 CAPACIDADES REQUERIDAS PARA A MISSÃO NO LÍBANO ............. 34 REFERÊNCIAS .............................................................................................. 36 7 1 INTRODUÇÃO A região situada na confluência de três continentes – Europa, Ásia e África, conhecida por Oriente Médio, tem sido palco de conflitos de diversos matizes, desde o surgimento das primeiras grandes civilizações. Sua importante posição estratégica e sua riqueza energética transformaram aquela região em alvo do expansionismo europeu, agravando seus conflitos ao longo do século XX. Não obstante os esforços da Comunidade Internacional pela preservação da paz, em março de 2011 eclodiu a mais recente crise síria, que se avalia já ter causado a morte de 100.000 pessoas e de ter deslocado mais de 2,3 milhões de refugiados. Desde a sua criação, em 1949, a Organização das Nações Unidas busca envolver-se na costura de soluções pacíficas para levar a paz àquela região. Ao ampliar a sua inserção internacional, o Brasil tem participado cada vez mais ativamente das missões de paz das Nações Unidas. Assim, lê-se no manual C 95-1 (Operações de Manutenção da Paz): “A participação nos processos de paz, sob a égide de organismos internacionais, constitui-se em excelente oportunidade para incorporação de enriquecedora experiência militar que, devidamente aproveitada e difundida, revelar-se-á fator de fundamental importância para a melhoria da capacitação da Força Terrestre e dos seus níveis de motivação e profissionalismo. (...) o Exército deverá estar instruído, adestrado e equipado para responder com oportunidade e eficácia às “operações de paz”, ratificando a efetividade do emprego da expressão militar como instrumento da política externa brasileira.” Consoante com esses objetivos, a Portaria nº 164-EME, de 15 de agosto de 2013, estabeleceu diretriz para orientar as atividades de planejamento para a hipótese de integrar missões de paz sob a égide das Nações Unidas no Oriente Médio com um Batalhão de Infantaria de Força de Paz. 8 Desta forma, torna-se importante avaliar qual seria o grau de interferência daquela severa crise em uma Missão de Paz do Exército Brasileiro na região do Oriente Médio. 1.1 BREVE HISTÓRICO A história das Forças Armadas brasileiras no Oriente Médio teve início com a Primeira Força de Emergência das Nações Unidas – UNEF I (1957-1967). Naquela oportunidade, o Exército enviou para a região do Sinai um Batalhão de Infantaria, conhecido como Batalhão de Suez, que empregou um efetivo total aproximado de 6.300 homens, para controlar a linha de armistício estabelecida após o cessar fogo que pôs fim à crise do Canal de Suez, que resultou na saída das tropas britânicas, francesas e israelenses da Península do Sinai. Os militares brasileiros supervisionaram a região do canal e mantiveram a segurança na Faixa de Gaza e na fronteira do Sinai ocidental. Os Generais de Divisão Carlos Paiva Chaves e Syseno Sarmento também exerceram o comando das operações da UNEF I, de janeiro a agosto de 1964, e de janeiro de 1965 a janeiro de 1966, respectivamente (HOLAND, 2012, p. 6). Esta missão se encerrou em maio de 1967, quando o Egito forçou a retirada das forças das Nações Unidas e deu início à Guerra dos Seis Dias. Em 2006, por meio da Resolução 1.701/2006 do Conselho de Segurança das Nações Unidas e em atendimento à solicitação do Governo Libanês, foi estabelecida a Força-Tarefa Marítima (FTM) da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL). A UNIFIL foi estabelecida para confirmar a retirada das Forças Israelenses do sul do Líbano, devolver a paz e a segurança internacional e assistir o Governo Libanês na retomada da sua autoridade na região. Em 2006, após a 2ª Guerra do Líbano, ela teve seu mandato ampliado e foi reforçada por novos contingentes. Foi a primeira e única Missão de Paz da Organização das Nações Unidas a contar com uma Força-Tarefa Marítima, atualmente comandada pelo Contra-Almirante José de Andrade Bandeira Leandro, da Marinha do Brasil. 9 Nesta missão, a Marinha do Brasil já empregou as fragatas Liberal e Constituição e, desde junho de 2013, conta com a Fragata União como NavioCapitânea da FTM. Figura 1 - Zona Azul e Distribuição das tropas da Unifil 1.2 RELAÇÕES DO BRASIL COM O ORIENTE MÉDIO De acordo com Salomão (2009), a relação do Brasil com o mundo árabe se formou há vários anos, desde as primeiras imigrações sendo sempre bem recebidos pela população brasileira, sem apresentar nenhum tipo de hostilidade. Diversos fatores sesomaram para que populações de origem árabe viessem a estabelecer suas moradias na América do Sul, sobretudo no Brasil. Inúmeros conflitos étnicos forçaram os árabes a abandonar seus lares e buscar refúgio em outras terras. 10 O aumento da imigração árabe ocorreu por volta do século XIX por causa do agravamento de conflitos e lutas dentro do Império Turco Otomano e isso contribuiu para o estabelecimento de um grande número de habitantes destes povos, libaneses em sua maioria, no Brasil formando uma das maiores colônias árabes do mundo. Nas palavras do mesmo autor: “A comunidade árabe-brasileira também é formada por sírios, palestinos, egípcios, marroquinos, jordanianos, iraquianos entre outros. A maioria se instalou em São Paulo inaugurando grandes empreendimentos e lojas de tecidos, devido à sua grande habilidade no comércio e contribuindo para o crescimento da cidade. Hoje, estima-se que o número de árabes no Brasil, incluindo imigrantes e seus descendentes, alcancem o número de 10 milhões de pessoas. Relativo à questão dos laços políticos entre a população palestina e o governo brasileiro são as mesmas quanto às relações junto aos países árabes. O Brasil reconheceu a Organização para a Libertação da Palestina como representante legítima de seu povo no ano de 1975 [02]. (...) Assim, o retrato da política externa brasileira para o Oriente Médio tem por fundamentos apoiar o interesse no êxito do processo de paz entre árabes e israelenses, implementar cooperação econômica com os países do Golfo Pérsico com referência às grandes reservas de petróleo e ampliar o mercado comercial brasileiro com parcerias nos demais países árabes. Com todas estas medidas, a política externa brasileira foi moldada para atender aos interesses do país em toda a região do Oriente Médio e promover um alto grau de cooperação comercial com os países árabes e no apoio formal para a criação do Estado palestino.” Assim, verifica-se que a presença militar do Brasil na região do Oriente Médio, além de contribuir para a busca de afirmação de seu papel relevante como potência média no contexto internacional (HOLAND, 2012 p. 1), deve ser encarado como consequência natural da formação de antigos laços culturais e psicossociais estabelecidos com os povos daquela região, desde o início do processo migratório para o Brasil, ainda no final do século XIX. 11 1.3 O PAPEL DA ONU A carta da ONU, firmada em 24 de outubro de 1945, estabelece seu funcionamento com seis órgãos principais, a Assembleia Geral, o Conselho de Segurança, o Conselho Econômico e Social, o Conselho de Tutela, a Corte Internacional de Justiça e o Secretariado. A Assembleia Geral da ONU é o principal órgão deliberativo da ONU. É lá que todos os Estados-Membros da Organização (193 países) se reúnem para discutir os assuntos que afetam a vida de todos os habitantes do planeta. Na Assembleia Geral, todos os países têm direito a um voto, ou seja, existe total igualdade entre todos seus membros. As resoluções – votadas e aprovadas – da Assembleia Geral funcionam como recomendações e não são obrigatórias. O Conselho de Segurança é o órgão da ONU responsável pela paz e segurança internacionais. Ele é formado por 15 membros: cinco permanentes, que possuem o direito a veto – Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China – e dez membros não-permanentes, eleitos pela Assembleia Geral por dois anos. Este é o único órgão da ONU que tem poder decisório, isto é, todos os membros das Nações Unidas devem aceitar e cumprir as decisões do Conselho. Este é, também, o órgão que determina a criação, continuação e encerramento das Missões de Paz, de acordo com os Capítulos VI, VII e VIII da Carta. O Secretariado presta serviço a outros órgãos das Nações Unidas e administra os programas e políticas que elaboram. Seu chefe é o Secretário-Geral, que é nomeado pela Assembleia Geral, seguindo recomendação do Conselho de Segurança. Entre suas principais funções destaca-se a administração das forças de paz a cargo da ONU. Conforme descreve o manual MD 34-M-02, os níveis de autoridade nas Nações Unidas não são tão claros como em organizações militares. O 12 gerenciamento de uma Operações de Paz realizado no âmbito da sede das Nações Unidas em Nova York é considerado de nível estratégico. O CS fornece a autoridade legal, de alto nível de direção estratégica e de orientação política para todas as Operações de Paz da ONU, e reveste de autoridade operacional para conduzir essas operações o Secretário-Geral. Este, por sua vez delega ao Subsecretário-Geral para Operações de Manutenção da Paz a responsabilidade pela administração e prestação de direção executiva de todas as Operações de Paz da ONU. Para tanto, o Subsecretário-Geral para Operações de Manutenção da Paz especificamente: a) dirige e controla as Operações de Paz da ONU; b) formula políticas e desenvolve orientações operacionais baseadas nas Resoluções do CS; c) prepara relatórios do Secretário-Geral ao CS sobre cada Operações de Paz, com as observações e recomendações adequadas; d) assessora o Secretário-Geral sobre todas as questões relativas ao planejamento, estabelecimento e condução de Operações de Paz da ONU; e) atua como um ponto focal entre o Secretariado e os Estados-Membros, buscando informações em todos os assuntos relacionados a Operações de Paz da ONU; e f) é responsável, perante o Secretário-Geral, por assegurar que os requisitos do sistema de gestão de segurança das Nações Unidas são cumpridos nas missões de campo lideradas pelo Departamento de Operações de Paz (DPKO). Os Estados-Membros contribuintes com militares - Países Contribuintes de Tropa (Troop Contributing Country - TCC) – e com policiais - Países Contribuintes de Polícia (Police Contributing Country - PCC) - mantêm o total e exclusivo nível estratégico de comando e controle do seu pessoal e equipamentos. Os TCC/PCC podem designar pessoal e recursos para servir sob a autoridade do Secretário-Geral das Nações Unidas e sob o controle operacional do Chefe do Componente Militar (HOMC) de uma Operações de Paz por determinados períodos e propósitos, como acordado em um Memorando de Entendimento com a sede das Nações Unidas. Os Estados-Membros podem retirar seu pessoal, militar e de polícia, e o controle operacional sobre estes mediante comunicação formal com a sede das Nações Unidas. 13 Consoante com seu papel de órgão mantenedor da paz, a ONU emitiu a resolução 1701 de 2006, a fim de promover o fim das hostilidades no sul do Líbano, envolvendo Israel e o grupo terrorista Hezbollah. Com a finalidade de estabelecer um cessar-fogo permanente na região do sul do Líbano, tal resolução criou uma zona desmilitarizada, entre a linha de fronteira e o rio Litani, onde somente forças das Nações Unidas e do exército regular libanês têm autorização para operar. Embora essa resolução tenha sido amplamente respeitada por ambas as partes desde o fim da guerra, houve pouco progresso quanto ao desarmamento de milícias no país e o fim ao contrabando de armas na região, dificultando o estabelecimento de um cessar-fogo permanente. 1.4 PREPARAÇÃO DE UM BI F PAZ O Manual de Operações de Paz (MD 34 – M – 02) prevê que o planejamento para uma Operação de Manutenção da Paz envolva as etapas de Definições do Valor, da Natureza e da Missão da Tropa, do Meio de Transporte e dos Recursos Orçamentários Necessários; Elaboração da Exposição de Motivos Interministerial; Elaboração da Diretriz Ministerial de Emprego de Defesa; Liberação de Recursos Orçamentários; Preparação Específica do Contingente; Subsídios para Elaboração do Memorando de Entendimento, e; Transporte do Contingente. Consoante com o previsto nesse manual, o Estado-Maior do Exército expediu a Portaria nº 164 – EME, de 15 de agosto de 2013, que aprovou as diretrizes para as atividades de planejamento para a hipótese de integrar missões de paz sob a égide das Nações Unidas no Oriente Médio com um Batalhão de Infantaria de Força de Paz. 14 1.5 O PROBLEMA Em face do acima exposto, definiu-se o seguinte problema: - Quais são os principais fatores decorrentes da crise síria que podem influenciar uma possível missão de paz do Exército Brasileiro no Oriente Médio? 1.6 OBJETIVOS 1.6.1 Objetivo Geral O objetivo geral desta pesquisa foi o de determinar os fatores decorrentes da crise na Síria que podem influenciar no sucesso de uma Missão de Paz do Exército Brasileiro na região do Oriente Médio. 1.6.2 Objetivos Específicos Para tanto, foram criados os seguintes objetivos específicos: a. analisar a atual situação geopolítica da Síria, apresentando a cultura e a condição social predominantes no país; b. apresentar o estágio atual do conflito, o grau de eficácia dos governos sírio e libanês e o nível de manutenção da lei e da ordem; e c. descrever a influência dos fatores acima sobre a região do Oriente Médio. 1.7. QUESTÃO DE ESTUDO Após a leitura preliminar realizada, formulou-se a seguinte questão de estudo: - Como o desenvolvimento do conflito na Síria pode influenciar o sucesso de uma Missão de Paz do Exército Brasileiro na região do Oriente Médio? 1.8. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO O presente trabalho contemplará a execução das tarefas inerentes a um Batalhão de Infantaria de Força de Paz previstas no MD34-M-02, Manual de 15 Operações de Paz do Ministério da Defesa, e no Manual de Campanha do Exército Brasileiro C 95-1, Operações de Manutenção da Paz. Além disto, os conceitos de crise e conflito, situação geopolítica, cultura, condição social, eficácia do governo e de manutenção da lei e da ordem adotados neste trabalho foram desenvolvidos a partir dos conteúdos derivados dos dois volumes do Manual Básico da Escola Superior de Guerra. O período de tempo objeto desta investigação a respeito da Crise Síria inicia-se em março de 2011 e, a fim de delimitar o estudo, encerrou-se em janeiro de 2014. 1.9. RELEVÂNCIA DO ESTUDO A Diretriz Geral do Comandante do Exército (BRASIL, 2011) expõe a necessidade de um contínuo aprimoramento do preparo referente às Missões de Paz. Tal importância é justificada pela necessidade de se empregar o Exército Brasileiro como instrumento apto a respaldar a inserção do Brasil nos grandes processos decisórios mundiais. Assim, o trabalho torna-se relevante por contribuir para uma melhor compreensão da conjuntura atual do Oriente Médio e das consequências decorrentes do conflito sírio para a região. Conforme artigo publicado pelo site da BBC (disponível em http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130909_siria_vizinhos_mdb_ts.sht ml), o Líbano pode ser o país mais afetado pelas consequências da Crise Síria, em razão dos fortes laços políticos e econômicos existentes entre os dois países. Nas palavras do analista libanês Imad Salamey, da Universidade Americana Libanesa, citado no referido artigo, “(...) a guerra vizinha chegou ao território libanês, onde a maioria dos sunitas apoia os rebeldes sírios e a maioria dos xiitas está ao lado de Assad”. Com isso, verifica-se que o desdobramento de um Batalhão de Infantaria de Força de Paz no Líbano não pode prescindir de uma análise das consequências do confronto na Síria. 16 2 METODOLOGIA Este capítulo tem o objetivo de apresentar o tipo de pesquisa realizada, bem como os meios empregados para a coleta de dados, além do instrumento utilizado para o tratamento dos dados adquiridos. 2.1. TIPO DE PESQUISA O tipo de pesquisa adotado foi a qualitativa, pois os resultados foram obtidos por meio da análise de manuais, documentos, publicações, reportagens e entrevistas para se compreender o fenômeno do desenvolvimento de uma missão de paz em uma área sob influência de um conflito interno em um país vizinho. Seguindo a taxionomia de Vergara (2009), essa pesquisa classificou-se como descritiva, explicativa e bibliográfica. Descritiva porque pretendeu descrever as características do desenvolvimento do conflito na Síria. Explicativa porque visa esclarecer as possíveis implicações desse conflito sobre uma missão de paz do Exército Brasileiro. Bibliográfica porque teve sua fundamentação teórico- metodológica na investigação sobre assuntos de geopolítica, de doutrina de missões de paz, e de guerra assimétrica disponíveis em livros, manuais e artigos de acesso livre ao público em geral. 2.2. COLETA DE DADOS A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de consultas à biblioteca e aos trabalhos acadêmicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e às publicações disponíveis no sítio do “Institute for the Study of War”. Foram utilizadas as fontes disponíveis no sítio da Organização das Nações Unidas na internet. 17 2.3 LIMITAÇÕES DO MÉTODO O método de pesquisa adotado sofreu limitações em razão da escassa bibliografia disponível, por se tratar de assunto recente e ainda em desenvolvimento. Além disso, os dados disponíveis foram analisados sob a ótica de outras experiências do Exército Brasileiro em Missões de Paz, tendo em vista que ainda não existe um Batalhão de Paz brasileiro desdobrado naquela região. 3 FATORES E VARIÁVEIS DAS OPERAÇÕES DE PAZ O Manual de Campanha C 95-1 (Operações de Manutenção da Paz) elenca, no seu capítulo 3-3, os inúmeros fatores e variáveis que influenciam decisivamente a forma como serão desenvolvidas essas operações. Assim, são consideradas como variáveis críticas das operações de paz o nível de consentimento, o nível de emprego da força e o grau de imparcialidade. Destaca ainda o mesmo manual como outros fatores influenciadores no desenvolvimento das operações de paz: (1) situação geopolítica; (2) cultura e condição social predominante; (3) estágio atual do conflito; (4) situação dos partidos em conflito; (5) eficácia do governo local; (6) grau de manutenção da lei e da ordem; e (7) grau de cooperação da população. Dessas variáveis elencadas, apenas o nível de emprego da força e o grau de imparcialidade dependem ou são estabelecidos pela força desdobrada. Todos os demais são fatores que poderão ser modificados por influência do conflito sírio, conforme se pretende estudar no presente trabalho. 18 4 SITUAÇÃO GEOPOLÍTICA, CONDIÇÃO SOCIOCULTURAL E GRAU DE COOPERAÇÃO DA POPULAÇÃO A variável geopolítica, conforme definição do Manual Básico da Escola Superior de Guerra, volume 2, exerce grande influência sobre toda a região do Oriente Médio e, em particular, sobre o Líbano. Desde o domínio turco-otomano na região, a partir do século XVI, a inter-relação entre território, população e cultura na região fez com que se desenvolvessem laços políticos e econômicos entre a Síria e o Líbano. O exército sírio permaneceu por três décadas ocupando o território libanês, até 2005, e o principal partido político da Síria, o Baath, possui representação no parlamento libanês. Os confrontos armados entre as comunidades sunita e alauíta, duas das correntes que disputam o poder na Síria, são frequentes no território libanês. Além disso, o grupo militante Hezbollah, de origem libanesa é um forte aliado da Síria e do Irã e, por meses, vem enviando soldados ao território sírio para combater ao lado das tropas de Assad. A cultura de um povo pode ser definida como seu modo particular de sentir, pensar e agir. No Líbano, esse modo particular se expressa por um enorme pluralismo decorrente da existência, em um mesmo território, de uma associação islâmico-cristã, representada por quinze comunidades étnico-religiosas que compõem sua população, sendo três muçulmanas (sunita, chiita e druza) e onze cristãs. No campo da cultura política, o Líbano abriga desde o século XIX grupos adeptos do pan-arabismo e defensores da independência política e de uma especificidade cultural do Líbano. O conflito na Síria teve como uma de suas consequências imediatas a afluência de refugiados sírios, que segundo o presidente libanês Michel Suleiman constitui um "perigo existencial" para seu país. Durante uma reunião do Grupo 19 Internacional de Apoio (GIS) ao Líbano, o chefe de Estado libanês afirmou que eram cerca de um milhão os refugiados, número que poderá dobrar até o final de 2014, segundo a ONU. Desde março de 1978, as Nações Unidas mantêm um contingente militar no Sul do Líbano, com a finalidade de confirmar a retirada das forças israelenses daquele país, restaurar a paz e a segurança internacionais e ajudar o governo libanês a restaurar sua autoridade efetiva sobre aquela zona (ONU, 2014). Assim, a população local mostrou-se amplamente favorável à presença das tropas de paz no Líbano, até a eclosão do conflito sírio, o que não evitou que, até 2006, a UNIFIL perdesse mais de 250 homens, sendo 80 em ataques à força (UOL, 2013). 5 ESTÁGIO ATUAL E SITUAÇÃOS DOS PARTIDOS EM CONFLITO 5.1 Conflito no Líbano Segundo O’Bagy (2013), o conflito na Síria exacerbou as tradicionais tensões entre comunidades no Líbano, com os choques se espalhando por diversas partes do país. A polarização em torno dos partidos em disputa na Síria possibilitou que figuras radicais adquirissem popularidade junto a uma comunidade sunita marginalizada e cada vez mais radical. Por isso, seus braços armados receberam reforços da Síria e de combatentes estrangeiros. Isto possibilitou que, em junho de 2013, forças leais ao clérigo salafita Sheik Ahmad al-Assir executassem um ataque a um checkpoint do exército libanês, localizado na cidade de Abra, nas proximidades de Sidon. Tal ataque, que perdurou por dois dias, e se espalhou pela região, resultou na morte de 16 militares do exército, constituindo o mais violento ataque testemunhado no país nos últimos seis anos. A autora destaca, ainda, que, ao contrário da Síria, país em que uma comunidade multicultural manteve um convívio pacífico por décadas, o Líbano mantém um delicado equilíbrio entre grupos rivais. Este equilíbrio 20 passou a ser seriamente ameaçado pela crise síria, o que pode fazer ressurgir no Líbano o mesmo conflito que dividiu o país durante seus 15 anos de guerra civil. Figura 2 – Mapa do Líbano Os conflitos entre as comunidades sunita e xiita no Líbano tornaram-se mais frequentes após o envolvimento do Hezbollah nas operações militares na Síria. O governo sírio tem promovido bombardeios aéreos à cidade de Arsal, no Líbano, onde grupos rebeldes sírios têm buscado apoio às suas operações militares. Por 21 outro lado, estes mesmos rebeldes desferiram ataques com morteiros contra a cidade libanesa de Nabi Shit, na fronteira síria e reduto do Hezbollah libanês. Em resposta, o exército libanês tem disposto efetivos cada vez maiores para a região de fronteira com a Síria, na tentativa de isolar as áreas de apoio ao conflito sírio. O’Bagy destaca em seu artigo a diferença entre os incidentes violentos no Líbano durante os anos de 2011-2013 e os ocorridos a partir de 2013. Segundo este entendimento, aqueles conflitos eram reflexo indireto do conflito sírio sobre as rivalidades tradicionais existentes em território libanês, enquanto os mais recentes são consequência do alastramento da violência na Síria. Observa-se, desta forma, que quanto mais acirrados se tornam os combates na Síria, mais se elevam os níveis de violência em todo o território libanês, com o crescimento da quantidade de ataques a bomba, trocas de tiro e sequestros. Mesmo na capital Beirute e em Sidon, duas das principais cidades libanesas, onde inicialmente foram organizados protestos pacíficos contra o regime sírio, desencadeou-se uma onda de violência que deixou mais de 20 mortos e 100 feridos até junho de 2013. Nos confrontos de Sidon, foram presos 210 seguidores do Sheik Ahmad al-Assir, sendo somente 62 libaneses, 87 sírios e os remanescentes de diversas nacionalidades. Tal quantidade de estrangeiros em território libanês indica que os mesmos estavam sendo treinados e armados para participar do conflito na Síria, constituindo uma ameaça à já instável relação entre sunitas e xiitas no Líbano. Concluindo seu artigo, O’Bagy destaca: Analyzing events sharply along sectarian lines has the effect of playing up sectarian dimensions while downplaying the equally important political rationale underling it. Once the sectarian dimensions gain the upper hand in popular understanding, communal responses become likewise sectarian in nature. As a result, identity politics become the dominant trope through which the struggle for power on both a local and national level is carried out. Consequently, moderate leaders have difficulty remaining politically pragmatic, and radical figures are able to gain widespread popularity despite running counter to the beliefs of the majority of the population. Especially given popular perceptions of outside intervention and the escalation of sectarianism on a regional level, finding avenues for cross-sectarian efforts and activities is becoming increasingly rare. This situation has complicated Lebanon’s ability to make a transition to a less sectarian form of governance. As all sides within the political sphere wrestle for power, they will likely become even more reliant on external actors. To this end, supporting Lebanese institutions, including the Lebanese Armed Forces, is 22 important to undermining the weight and influence of sectarian groups and rhetoric in Lebanon. (O’Bagy, 2013, p.3). 5.2 Conflito na Síria Com base no estudo de Holliday (2011), o conflito na Síria neste subcapítulo está contextualizado em três partes. A primeira fornece um breve histórico acerca das disputas étnico-religiosas, a fim de compreender seu papel no conflito atual. Em seguida são descritas as operações e a estratégia do regime sírio, dividindo o país em sete regiões, das quais apenas quatro foram abordadas neste estudo: a província de Dara, Damasco, a região central e a região costeiras. Tais regiões, numeradas de 1 a 4 na figura abaixo, são as mais próximas à fronteira libanesa e, portanto, são as que mais têm e sofrem influência daquele país. Ao final deste item, são analisadas as influências externas sobre o conflito. 23 Figura 3 – Principais Áreas de Conflito na Síria As disputas étnicas na Síria não explicam toda a motivação para o conflito, mas constituem um severo complicador para as disputas políticas entre o regime atual e a oposição. A ascensão de um governo representativo naquele país levaria à queda do regime e teria como consequência a perseguição da elite alauita, razão pela qual o regime de Assad tende a lutar até o fim. A heterogênea demografia síria inclui minorias de xiitas, cristãos e curdos, em uma maioria de sessenta por cento de sunitas árabes. A etnia xiita inclui os alauítas, que constituem aproximadamente doze por cento dos sírios, incluem a família do ditador Assad, cuja dinastia comanda o país há quatro décadas. 24 Figura 2 – Distribuição étnica na Síria Ainda segundo Holliday, a escalada de violência naquele conflito tornou impossível às forças de segurança do regime garantir simultaneamente a posse de todas as regiões capitais do território. O regime, que manteve o controle sobre suas Forças Armadas, apesar de algumas deserções, adotou a estratégia de empregar forças de elite em centros estratégicos, ao mesmo tempo em que conduzia grandes operações ofensivas em áreas urbanas, empregando uma “brutalidade seletiva” para pôr fim à crise. A estratégia das forças sírias consiste, em síntese, manter o controle sobre os principais eixos de comunicação do país. O mais importante deles está balizado pela estrada que corta todo o interior da Síria, de Sul a Norte, desde a fronteira com a Jordânia, atravessando Damasco e Aleppo. O espectro de operações majoritariamente empregado pelas forças de Assad inclui o isolamento, a desobstrução e o estabelecimento da segurança em grandes áreas urbanas, com o emprego conjunto de blindados, infantaria e paramilitares, 25 com apoio de helicópteros. De acordo com Holliday, tais operações são planejadas para dispersar demonstrações de força dos insurgentes e criar liberdade de manobra para que as forças de segurança possam identificar e deter ativistas Holliday (2011) atesta, ainda, que o regime obteve sucesso em Dera, onde os protestos se iniciaram em março de 2011, conduzindo agressivas operações de limpeza, tal fato permitindo que o regime concentrasse seus recursos em outras partes onde o conflito se espalhou. Ainda segundo o mesmo autor, Homs tornou-se o centro de gravidade em razão de sua localização estratégica e das frequentes explosões de violência. O regime tentou anular as resistências naquela cidade, mas focos emergenciais em outras frentes por todo o país consumiram esforços e recursos. Em Damasco, a forte presença das forças do regime aliada à grande parcela da população pró-Assad, contribuíram para reduzir a intensidade da campanha rebelde na capital síria. A sublevação tornou-se mais efetiva nos subúrbios a nordeste e sudoeste da cidade. Da mesma forma, desde o início dos conflitos o regime logrou consolidar seu controle sobre o território alauíta na região costeira da Síria. Operações militares contra alvos em cidades como Latakia e Baniyas asseguraram a manutenção dos eixos de comunicação legalistas naquela região. 26 Figura 3 – Principais Operações do Exército Sírio em 2011 O regime de Assad tem sido apoiado pelo Hezbollah sediado no Iraque, Irã e Líbano, com assistência moral, econômica e material. Os interesses comerciais e militares na Síria consolidaram o apoio russo ao regime sírio. Por outro lado, a Turquia, um aliado sírio de longa data, reviu sua posição com uma série de medidas que buscaram isolar e pressionar o regime. A Liga Árabe, liderada por estados árabes sunitas, condenaram fortemente a violenta reação do regime de Assad aos primeiros protestos, impondo-lhe diversas sanções. Os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções contra pessoas, organizações e contra a Síria como um todo. Segundo Nassif (2014, p. 4), a situação militar do regime sírio em janeiro de 2014 tornou-se mais favorável do que no ano anterior. Como consequência, ao impasse político aliou-se um impasse militar. 27 Ainda segundo a autora, na primavera de 2013, o regime havia perdido a capacidade de conduzir operações simultâneas em frentes múltiplas contra os grupos rebeldes, que obtiveram êxitos ao norte, ao sul e na periferia de Damasco. O exército sírio teve também cortado o eixo de suprimento que liga Damasco e Alepo até o litoral. Assim como demonstrado em Holliday (2011), isto atestou a incapacidade do exército sírio, vocacionado para operações de defesa externa contra Israel, conduzir simultaneamente mais de uma operação em larga escala em seu próprio território. A partir de então, o regime sírio recuperou parcialmente sua capacidade de combater por meio do apoio em homens e material fornecido pelo Irã, pelo Hezbollah e pela Rússia. Além disso, milícias pró-Assad foram criadas e incorporadas às forças de defesa. Isto, aliado a uma mudança de estratégia que buscou cortar também as linhas de suprimento dos rebeldes, determinou a recuperação do poder de combate das forças sírias. Por outro lado, as forças oponentes do regime constituem-se de variados grupos, desde manifestantes, jovens sunitas que ocuparam as ruas para protestar pela renúncia de Assad, até grupos insurgentes armados baseados na Turquia, sob o comando do Supremo do Exército de Libertação da Síria (FSA, na sigla em inglês) (Holliday, 2011). Sustenta Nassif (2014) que as forças de oposição não lograram unir-se sob o comando do Conselho Militar Supremo do Exército de Libertação da Síria. O Conselho Militar não conseguiu manter autoridade suficiente sobre os diversos grupos rebeldes para concentrar a alocação de recursos dirigidos para as prioridades estratégicas, e para determinar o estabelecimento de objetivos no nível operacional. Além disso, a participação do Estado Islâmico (ISIS) no conflito sírio, a partir de 2013, tornou mais complexo o estabelecimento de um cenário provável para o fim da guerra na Síria. O Estado Islâmico do Iraque e do Levante foi organizado no Iraque, em 2003, por oficiais do regime de Saddam Houssein, como reação à 28 ocupação do país pela coalizão liderada pelos EUA. O grupo, em seu formato original, era composto e apoiado por vários grupos terroristas sunitas insurgentes, incluindo suas organizações antecessoras, como a Al-Qaeda no Iraque, o Conselho Shura Mujahideen e o Estado Islâmico do Iraque, além de outros grupos insurgentes. A partir de então, liderado pelo autointitulado califa Abu Bakr alBaghdadi, o objetivo do ISIS passou a ser estabelecer um califado nas regiões de maioria sunita do Iraque. Após o seu envolvimento na guerra civil síria, este objetivo se expandiu para incluir o controle de áreas de maioria sunita da Síria. Um califado foi proclamado em 29 de junho de 2014, e o grupo passou a se chamar "Estado Islâmico". Por ter um controle sobre extensas áreas no norte da Síria, que incluem plantações e poços de petróleo, o que lhe garante uma fonte de renda estimada em US$ 3 milhões de dólares por dia (CNN, 2014), o ISIS ampliou expressivamente seu poder de combate, convertendo-se rapidamente na maior ameaça à paz e à estabilidade do Oriente Médio. Apesar da ausência de unidade de comando, a resiliência dos sistemas rebeldes, as táticas de guerrilha e a agressividade de diversos grupos têm evitado vitórias definitivas das forças legalistas. Em parte, sustenta a autora, a resistência das forças rebeldes decorre também de sua descentralização, que cria múltiplos centros de gravidade, prevenindo a ocorrência de um colapso sistêmico em quaisquer duas frentes. A complexidade deste conflito contribui para a manutenção do impasse. 29 Figura 4 – Grupos Insurgentes na Síria 6 EFICÁCIA DOS GOVERNOS LOCAIS E GRAU DE MANUTENÇÃO DA LEI E DA ORDEM 6.1 Governo Sírio Holliday (2013) aponta que “no começo do conflito sírio em 2011, o exército sírio era uma das maiores e mais bem treinadas forças do mundo árabe”. Tal análise baseia-se no fato de que o exército, organizado de acordo com a doutrina soviética, era orientado para a projeção de poder militar sobre o Líbano e para a defesa contra um potencial ataque israelense, constituindo-se em uma força motivada e disciplinada. Quanto ao termo forças de segurança, Holliday (2011) esclarece que é um termo “deliberadamente genérico” empregado para definir as forças sírias, pois considera todo o complexo aparato de segurança e a dificuldade de se conhecer as responsabilidades específicas de cada unidade. Cada província possui sua própria polícia e seu serviço de inteligência, mas a cobertura dos serviços de inteligência nacionais do Exército, da Força Aérea e do Departamento de Política, por exemplo, se sobrepõe e ultrapassa a jurisdição normal de operações de inteligência. Milícias paramilitares também são envolvidas nas operações de segurança, sendo responsáveis por boa parte dos excessos de violência cometidos contra opositores. 30 Muitos dos 300.000 conscritos do exército sírio são sunitas, mas setenta por cento dos aproximadamente 200.000 soldados de carreira são alauítas, assim como estimados oitenta por cento dos oficiais. Esta distribuição se deve ao fato de que o regime de Assad utiliza as tensões étnicas para manter o controle sobre as forças armadas. Além dos alauítas, minorias leais como drusos, cristãos e sunitas circassianos ocupam postos-chave na hierarquia militar. Além disto, no presente conflito, somente são empregadas unidades formadas por grupos leais ao regime e, quando isto não é possível, há um rigoroso acompanhamento da inteligência militar, inteiramente dominada por alauítas. Apesar de sua estrutura, o exército sírio demonstrou estar precariamente preparado para combater movimentos insurgentes (Nassif, 2014), dependendo do apoio externo e de milícias organizadas para conter a crise. Além disso, o tráfico de armas e o ingresso de combatentes rebeldes estrangeiros e de membros da rede AlQaeda têm contribuído para a continuidade do conflito (Holliday, 2012). A estratégia do regime de Assad inclui o cerco a regiões consideradas enclaves rebeldes, com o corte do suprimento de água, alimentos e energia elétrica às populações civis, levando milhares de pessoas à morte e deslocando outros milhares. Tal estratégia, aliada ao emprego de armas químicas acarretou uma tragédia humanitária (Szybala, 2014) que afetou os países fronteiriços, principalmente a Turquia e o Líbano. Estes fatos demonstram que o governo Sírio não atende às demandas por segurança social a uma enorme parcela de sua população civil, e que, a despeito dos avanços conquistados pelas forças de segurança nos anos de 2013 e início de 2014, estas mantêm um controle precário da lei e da ordem em seu território. O apoio das potências ocidentais, lideradas pelos EUA, a grupos insurgentes na Síria, agravou a posição precária do governo central, favorecendo o crescimento, principalmente, do ISIS. 31 6.2 Governo Libanês O Líbano é uma democracia parlamentarista, fundamentada em uma constituição que delega ao povo o direito de eleger seus governantes. No entanto, entre meados dos anos 1970 e a realização de eleições parlamentares em 1992, a guerra civil cerceou o exercício dos direitos políticos pela população libanesa. Os partidos políticos existentes no Líbano são majoritariamente formados tomando-se por base a divisão étnico/religiosa. Tal divisão política entre sunitas, xiitas e cristãos maronitas conduziu o Líbano a 14 anos de guerra civil, encerrada em 1989. A divisão do poder e a atuação da Síria como fiel da balança até 2005 garantiram relativa estabilidade naquele período. No mesmo ano, o ex-primeiro-ministro Rafik Hariri foi assassinado em um atentado em Beirute, que causou um total de 23 mortes e 220 feridos. A ofensiva do grupo Hezbollah em 2006 e contra-ataque israelense também contribuíram para trazer instabilidade ao país. Desde 2005, pelo menos treze grandes atentados ocorreram no Líbano, um deles ocorrido no início de 2014. Os últimos dois ataques envolveram o grupo Hezbollah, por conta de seu envolvimento na guerra da Síria (Folha, 02/01/2014). De acordo com Sullivan (2014), o profundo envolvimento do Hezbollah na Síria é um dos mais relevantes fatores do conflito em 2013 e 2014. Desde o começo de 2013, guerrilheiros do Hezbollah operam abertamente e com significativo efetivo através das fronteiras da Síria com o Líbano e com o Iraque. O impacto da atuação dos Hezbollah tem sido observado não só na Síria, mas também no território libanês, onde os conflitos étnicos têm se multiplicado, minando a segurança e a estabilidade locais. A consequência do envolvimento do Hezbollah entre as forças pró-Assad é o apoio de grupos sunitas libaneses aos rebeldes sírios, o que levou a guerra civil para dentro do território libanês. Conforme exposto no capítulo 5, o mais importante desses grupos é o ligado ao clérigo Ahmad al-Assir. De acordo com O’Bagy (2013), 32 apesar um número grande de importantes líderes religiosos sunitas terem declarado seu apoio às operações do exército tanto contra as forças de al-Assir quanto contra os demais grupos armados no Líbano, incluindo o Hezbollah, as principais lideranças políticas não aparentam ter a mesma vontade que os clérigos no que diz respeito ao conflito. O Partido Mustaqbal, aprossegue a autora, ou Futuro, principal representante da comunidade sunita do país foi incapaz de se sobrepor à liderança de al-Assir. Ao longo do ano de 2013, protestos irromperam em Sidon, Abra e Tripoli, a cada ação das forças legais contra a liderança de al-Assir, mantendo altas as tensões e as possibilidades de conflitos armados. A falta de liderança no Líbano resultou no estabelecimento de um impasse político, que por sua vez foi determinante para que o país permanecesse dez meses sem conseguir formar um governo de coalizão, o que só ocorreu em fevereiro de 2014 (UOL, 2014). 7 CONCLUSÃO 7.1 Possíveis cenários para o conflito Em 27 de junho de 2012, o “American Entrerprise Institute”, o “Institute for the Study of War”, o “Saban Center for Midle East Policy” e o Brookings Institution” conduziram conjuntamente uma simulação de crise focada no impacto do transbordamento da guerra civil na Síria. A simulação consistiu em três exercícios executados por equipes americanas, turcas e sauditas. A intenção foi de explorar a interação entre o governo americano e dois dos seus principais aliados da região, os quais, por razões variadas, estão entre os mais afetados pela violência na Síria e têm maior capacidade de influenciar no desenrolar dos acontecimentos (ISW, 2012). De acordo com os resultados daquela simulação, uma crise humanitária expansível seria insuficiente por si só para provocar uma intervenção de quaisquer daquelas partes. Tanto americanos quanto turcos ficariam relutantes em ingressar no conflito. Por diferentes razões, americanos e turcos preocupar-se-iam com as consequências de uma possível queda do regime de Assad: buscariam prioritariamente assegurar-se de não ter encargos na Síria semelhantes aos do 33 Iraque pós-Saddam Houssein. A Arábia Saudita não se importaria com o destino do país, desde que a maioria sunita estivesse no poder. A simulação terminou com o estado sírio em colapso, sob parcial intervenção militar turca, com o Iraque regredindo para os níveis de violência interna de 2006 e com o Líbano de volta à guerra civil. O modelo adotado para esta simulação induz à possibilidade crescente de ocorrência de uma crise humanitária no Líbano, consequência do deslocamento de um número crescente de refugiados sírios para aquele país, hoje superior a um milhão de pessoas. Além disso, é crescente a possibilidade de eclosão de uma guerra civil no Líbano, em consequência do envolvimento umbilical de grupos libaneses no conflito, o que já causou o transbordamento do conflito para dentro da fronteira libanesa. O envolvimento do Hezbollah na guerra da Síria tem ensejado conflitos entre esse grupo e o Exército Israelense junto às fronteiras entre Israel, Líbano e Síria. Outro cenário possível é a crescente ampliação da influência do ISIS sobre a região, desdobrando células no Líbano aptas a promover ações terroristas naquele território, com o fim de desestabilizar o governo libanês. 7.2 Influências do conflito sobre as Operações de Paz Em consequência, pode-se concluir que o conflito na Síria já representa uma séria ameaça ao sucesso das operações da UNIFIL, cujo objetivo é de devolver o controle do território do sul do Líbano e de seu mar territorial às suas Forças Armadas. Estas, no entanto, estarão cada vez mais envolvidas com os desdobramentos do conflito sírio em seu território, podendo ter extrapolada sua capacidade de operar. Os recentes enfrentamentos entre o Hezbollah e o exército de Israel (Jornal Nacional 28/01/2015), que causaram a morte de um militar espanhol da UNIFIL e de dois soldados israelenses, revelam uma tendência de recrudescimento do conflito na região, representando uma séria ameaça ao cumprimento do acordo de paz de 2006, com desdobramentos que influenciam o futuro daquela missão. 34 Neste contexto, há que se vislumbrar a possibilidade da escalada da crise resultar num maior engajamento por parte das forças da UNIFIL, que deverão fazer uso da força letal a fim de manter a segurança dos seus integrantes e de assegurar o cumprimento dos termos do Mandato que estabeleceu aquela missão. 7.3 Capacidades requeridas para a missão no Líbano Podemos extrair as seguintes definições do capítulo 7 do manual C 95-1: “No quadro das operações de manutenção da paz (“peace-keeping operations – PKO”), considera-se que as ações de apoio ao processo de paz são aquelas destinadas a auxiliar o retorno do(s) país(es) anfitrião(ões) à situação de normalidade. Essas ações são métodos operacionais especiais implementados pelas Nações Unidas por intermédio de atividades e técnicas utilizadas em PKO com a finalidade de facilitar o retorno de um país conturbado à situação de paz e contribuir para a reconstrução de uma estrutura aceitável de suas instituições básicas. Essas ações envolvem, mas não se limitam a: (1) observação; (2) supervisão; (3) interposição; (4) controle de distúrbios e manifestações civis; (5) evacuação de uma área; e (6) ações de assistência humanitária.” Verifica-se, pois, que qualquer operação de manutenção da paz requer um extenso leque de ações que exigem dos contingentes envolvidos capacidades específicas e variadas para o cumprimento de suas missões. A degradação da situação naquela região, no entanto, enseja o desenvolvimento de outras capacidades, como o apoio à crise humanitária e o tratamento com refugiados, o combate ao tráfico de armas, a desmobilização de excombatentes, a Interdição de Espaços Externos (IEE), o controle de populações civis, a contrainsurgência e o contraterrorismo. Acrescente-se, ainda, a necessidade de se contar com o apoio de elementos especializados em Assuntos Civis e em Operações de Apoio à Informação junto à tropa, a fim de buscar o estabelecimento de relações, entre os militares, às autoridades civis e a população do país ou da área em que as forças estão sendo empregadas, e de obter a cooperação e o apoio da população civil (Santos, 2014). 35 Tais operações excedem às capacidades operacionais previstas para um Batalhão de Infantaria convencional, resultando na necessidade de composição de uma estrutura ampliada, específica e modular, apta a cumprir aquelas missões, o que pressupõe que os recursos a serem alocados para tal composição excedam acentuadamente àqueles disponibilizados para as Missões de Paz cumpridas anteriormente pelo Exército. Não se deve perder de vista, finalmente, que a assunção de responsabilidades de segurança na região mais conflituosa do mundo acarretará na elevação do risco de perdas humanas, que já ultrapassaram a casa das centenas na UNIFIL. Este fato enseja a necessidade do desenvolvimento de um trabalho prévio de preparação da opinião pública do País, por meio de Operações de Apoio à Informação, antes do desdobramento dessa tropa na região de conflito. A decisão pelo envio de tropas para o exterior é tomada nos mais altos escalões da esfera política nacional, por iniciativa do Poder Executivo e mediante autorização do Poder Legislativo. No entanto, conforme escreveu o Coronel Paul Yingling (2007), cabe ao alto escalão das Forças Armadas prover o necessário assessoramento aos políticos e à sociedade civil, em relação aos riscos, aos custos materiais e humanos e às consequências possíveis do desenvolvimento de uma operação militar desse vulto no Oriente Médio. Se for verdade que a presença militar do Brasil na região do Oriente Médio contribui para a afirmação de um papel relevante no cenário internacional, não é menos verdadeiro que o fracasso em uma missão deste vulto e com tamanha visibilidade teria consequências desastrosas para a imagem do País. Assim, cabe à Força Terrestre não só preparar a sua tropa para o cumprimento desta missão, como também alertar o País para as possíveis consequências dela decorrentes. ____________________________________ CARLOS ROBERTO DE OLIVEIRA – Maj Inf 36 REFERÊNCIAS ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Informação e documentação – numeração progressiva das seções de um documento escrito – apresentação (ABNT NBR 6024:2003). Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 3 p. ___________. Informação e documentação – citações em documentos – apresentação (ABNT NBR 10520:2002). Rio de Janeiro: ABNT, 2002b. 7 p. ___________. Informação e documentação – referências – elaboração (ABNT NBR 6023:2002). 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