decorando faberge ovo em grande estilo

Transcrição

decorando faberge ovo em grande estilo
VidaBosch
Fevereiro | Março | Abril de 2011 • nº 24
Shutterstock
Recicle a informação: passe esta revista adiante
Queridinho dos designers
– e também dos médicos
Antes vilão do colesterol, ovo volta a
ser considerado ingrediente saudável
Bom, bonito e inteligente
Como deixar sua casa prática sem
abrir mão da beleza
Tecnologia durante toda a vida
A Bosch tem 125 anos de história
marcados pela inovação
Sumário
02 viagem | Serra da Bocaina, em SP, preserva natureza e patrimônio histórico
editorial
A inovação
está em nosso DNA
Há 125 anos, quando Robert
Bosch – um jovem empreendedor
de apenas 25 anos de idade –
inaugurou a Oficina de Mecânica
de Precisão e Eletrotécnica, a
indústria automobilística ainda
dava seus primeiros passos. Os
desafios daquela época eram
inúmeros, e os construtores de
automóveis demandavam soluções
para diversos problemas... Assim
surgiu a cultura de inovação da
Bosch – uma característica presente
até hoje na empresa, em todos os
setores em que atua.
Nesta edição, na seção aquilo deu
nisso, contamos não apenas como a
empresa de Robert Bosch cresceu
e se transformou num dos maiores
grupos industriais do mundo, mas
também como foi estabelecido o
vínculo entre a Bosch e o automóvel
e as inovações que marcaram época
e redefiniram conceitos.
Não perca, ao longo das próximas
edições, os principais capítulos
dessa história de sucesso!
Boa leitura!
A Redação
08 eu e meu carro | O galã Daniel Boaventura ama carrões, mas coleciona carrinhos
10 torque e potência | Agora você vai saber o que é de fato um grande caminhão
14 em casa | Como unir beleza e praticidade em sua casa
20 tendências | A energia solar em processos industriais
24 grandes obras | As águas do São Francisco vão mudar o curso da história da seca?
28 Brasil cresce | Barrinhas de cereais matam a fome e revigoram a economia
32 atitude cidadã | Brasileiros dão exemplo de solidariedade após as tragédias
38 aquilo deu nisso | Bosch: 125 anos de história, 15 patentes por dia
44 saudável e gostoso | Ovo é idolatrado no design, e agora também na medicina
02
38
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direção de arte e diagramação: Buono Disegno
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Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479)
44
Destaques on-line | www.vidabosch.com.br
torque e potência
viagem
Vídeo Saiba o que
acontece
na hora de
balancear e
alinhar seu
carro
Expediente
VidaBosch é uma publicação trimestral da
Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo depto. de Corporate and Marketing Communication, Brand Management and Call Center
(RBLA/COM1). Dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: (011) 21261950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 ou
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14
eu e meu carro
Vídeo Os
supermotores
que movem as
supermáquinas
aquilo deu nisso
Site Como
funciona
o sistema
fluex fuel
Site 125 anos
de história e
inovações
2 | VidaBosch |
viagem
| Por Walterson Sardenberg Sº
No mundo dos barões
Claudio Larangeira/Keystone
Na Serra da Bocaina, moraram e esbanjaram os homens
mais ricos do Brasil. A fortuna se foi, mas sobraram as fazendas centenárias onde
se hospedar é uma delícia
4 | VidaBosch |
viagem
viagem | VidaBosch | 5
Eliana Leite/Fazenda São Francisco
Juliana Fumero
Eliana Leite/Fazenda São Francisco
Parque
da Serra da
Bocaina
(ao centro) e
imagens da
Fazenda São
Francisco
Q
uem dirige pela Via Dutra no sentido
de São Paulo para o Rio de Janeiro
e vê a placa para Campos do Jordão, logo
passa a fazer inevitáveis associações com o
luxo: bistrôs franceses, casacos de mink e
test drives de bólidos europeus, por exemplo. É a porta de entrada da rica Serra Mantiqueira. Mais adiante, a placa indicando a
cidade de Queluz, do outro lado da estrada, na direção do litoral, provoca apenas
uma insípida referência: é a última cidade
do estado de São Paulo, antes da fronteira com o Rio. Pouca gente sabe, mas, ali,
na antessala de outra serra, a da Bocaina,
começa o caminho para uma região que,
na segunda metade do século 19, punha
Campos do Jordão no chinelo se a medida
for dinheiro rolando à solta.
Campos do Jordão não passava de um
diminuto retiro para quem sofria de doenças respiratórias. Enquanto isso, as cidades da Bocaina importavam modas de
Paris, sedas da China e cristais da Boêmia.
Em troca, exportavam café. Muito café.
Em seu apogeu, este pedacinho do país
chegou a reunir 82 fazendas. Uma delas,
a Pau D’Alho, hoje aberta à visitação, so-
mava 60 mil pés do grão. Bananal, principal município da região – e atualmente
com míseros 10.200 habitantes –, exibia
a maior receita do estado, 35% superior à
da provinciana capital. Acredite ou não,
mas, de tão poderosa, a Bocaina tinha moeda própria – circulava até na corte, o Rio
de Janeiro. Quem mandou cunhar as tais
moedas foi Domingos Moitinho, um dos
barões do café aquinhoados pela fortuna.
Algumas dessas peças estão hoje expostas
no curioso acervo da Fazenda dos Coqueiros, também aberta a visitas.
Moitinho nem era o mais rico dos fazendeiros da região. Perdia para o comendador Manuel Aguiar Vallim, proprietário de cinco fazendas. Para servi-lo, este
senhor despunha de um séquito de cinco
caseiros, 13 cozinheiros, sete costureiros,
cinco pajens, um alfaiate, oito mucamas,
duas amas, um barbeiro, um seleiro, um
sapateiro, duas lavadeiras, uma rendeira
e um hortelão. Sem contar as centenas de
escravos que se limitavam à lavoura. Era o
homem mais rico do Brasil, antes de esse
tipo de ranking virar moda. Chegou a avalizar um empréstimo do banco londrino
Rotschild para o governo de Dom Pedro
2º. Ao morrer, em 1878, dez anos antes da
Abolição da Escravatura – que tanto temia
–, deixou o equivalente a 28% do caixa dos
bancos comerciais brasileiros. Como é tão
comum ocorrer, seus herdeiros não mantiveram o patrimônio.
Não é mais deles a Resgate, a fazenda
onde o caixa-alta morava. É preciso agendar para visitá-la. Vale – e como vale! Entre
outras preciosidades, o palacete neoclássico (nada a ver com o pavoroso neoclássico de hoje) tem um cravo inglês Butcher &
Watlen e fortunas em pratarias da Christofle, de Paris. Para homenagear a fonte
de seu pecúlio, Vallim fez vir da Espanha
o pintor José Maria Vilarongo, que cobriu
as paredes da sua “Sistina de Bananal” com
inspiradoras imagens de cafezais.
Da profícua era do café sobrou pouco no centro urbano de Bananal, além de
uma outra propriedade de Vallim. Mas ninguém em sanidade mental sai da cidade
sem visitar a estação ferroviária de aço
pré-moldada na Bélgica e, menos ainda, a
Pharmácia Popular. O nome, com ph, não é
tola invencionice. Mantém a grafia de quan-
do foi inaugurada, em 1830, pelo francês
Tourin Monsier, então como Pharmácia
Imperial. O grande atrativo é a decoração,
com armários em pinho-de-riga e o piso
de cerâmica francesa, os mesmos de 171
anos atrás. A preservação se estende às
minúcias, como os frascos de remédios,
com rótulos pintados a ouro e conteúdos
insólitos, como sangue em pó.
A Serra da Bocaina chega a 1.600 metros
de altitude e, portanto, esfria um bocado no
inverno. Além de Bananal, reúne as cidades
de São José do Barreiro, Areias e Silveiras,
por ordem de importância. Uma parte desta
área foi transformada no Parque Nacional
da Serra da Bocaina, em 1971. Uma medida
providencial. É a maior reserva contínua
de Mata Atlântica no país, com 1.100 quilômetros quadrados, o equivalente a 700
vezes o paulistano Parque do Ibirapuera.
Em suas imediações, há dezenas de cachoeiras, mas não pense que chegar ao melhor do Parque Nacional é moleza. Esquilos, macacos, capivaras, veados e até onças
— tudo isso a meio caminho entre as duas
maiores cidades do país, quem imaginaria?
— estão protegidos não só pela legislação,
Riqueza acumulada com
exportações de café fez da região
uma das mais ricas do país no século
19. São dessa época os casarões
que se abriram para o turismo, a
maioria com estrutura e mobiliário
preservados
mas também por uma tortuosa estrada de
terra, daquelas que a moçada do off-road
trata por “casca grossa”. Quem não tem
um veículo 4 x 4 ou disposição para guiar
nesta buraqueira pode reservar um quarto no Refúgio Vale dos Veados. Fica fácil.
Uma Land Rover o levará a 1.300 metros
de altitude, onde está encarapitada essa
aconchegante pousada provida de tudo —
menos de luz elétrica. São quase três horas
para vencer um trajeto de meros 42 quilômetros. A esplêndida comida do forno de
lenha, o romantismo dos candelabros e o
ofurô com pétalas de hortênsia, à beira de
um lago, recompensam o esforço.
O dito ecoturismo é uma das forças da
Bocaina. Há quem venha até aqui para fazer um trekking até a Pedra do Frade. Lá
de cima, a 1.559 metros, depois de um dia
de caminhada descortina-se até a Baía de
Angra dos Reis. Pernoita-se em um acampamento, durante a jornada.
A maioria dos visitantes da serra, todavia, prefere um atrativo menos sacrificante: hospedar-se nas fazendas centenárias,
usufruindo do mobiliário de época e de um
sossego reconfortante. Caminhar sobre largas tábuas de cedro é voltar ao tempo dos
barões e sinhazinhas do café e até sentir-se como tal — sem o pince-nez e os espartilhos. Assim o fizeram Tony Ramos, Fafá
de Belém, Deborah Secco e Maitê Proença. Já Olivier Anquier e Vera Zimmermann
tornaram-se habitués.
Fazendas, há muitas. A São Francisco
(1813) trai o nome: nada tem de franciscana. Além de móveis art-nouveau, conta
com um pequeno museu com raridades
como partituras originais de Chiquinha
Gonzaga. A Fazenda Independência (1822)
é ainda mais refinada. Um restauro caprichado restitui-lhe o viço. Recentemente,
foi aberta à hospedagem outra maravilha:
a Fazenda Vargem Grande (1837). Amigo
dos antigos proprietários, o paisagista Ro-
viagem
viagem | VidaBosch | 7
Queluz
116
Silveira
São José
do Barreiro
SP
Serra de
Bocaina
116
RJ - 155
101
Taubaté
SP - 153
Angra
dos Reis
SP - 171
Ilha Grande
São Luiz
do Paraitinga
RJ - 165
SP - 125
Ubatuba
Onde ficar
101
Paraty
RJ
Onde comer
Fazenda Independência
A Casa Grande é de 1822. Daí o nome
desta fazenda, que mantém o estilo do
século 19, com mobiliário da época. Prefira os quartos do primeiro andar. Eles
têm pé-direito mais alto e vista melhor.
Fica em Bananal. Rodovia SP-064 para
Barra Mansa, www.fazendaindependencia.com.br. Tel.: (12) 3116-1110.
Dona Licéia
Um dos melhores restaurantes de culinária regional do país. No forno a lenha, Licéia de Oliveira faz leitão, pato
e coelho, entre outras iguarias. Reserve
espaço para o bufê de 20 sobremesas.
Fazenda Caxambu Rodovia dos Tropeiros, km 21 (mais 4 km de estrada de
terra). Tel.: (12) 3115-1412.
Pousada Vale dos Veados
Não há luz elétrica. Nem precisa. As
duchas de água quente estão garantidas, assim como todo o conforto e
uma cozinha de excelência. Difícil é
chegar. Estrada da Bocaina, km 42,
www.hoteisdabocaina.com.br. Tel.:
(12) 3117-1192.
Chez Bruna
Além de ótima cicerone, Bruna é divertidíssima e prepara excelentes trutas.
Vale encarar os 6 km de estrada de terra
numa subida para chegar ao local, onde também mantém um acampamento e aluga cavalos. Estrada da Bocaina
(SP-247), km 28. Tel.: (24) 9951-2714.
Fazenda São Francisco
Móveis art nouveau na casa grande, em
São José do Barreiro. Deve-se dirigir
6 km por terra. Estrada Fazenda São
Francisco, km 6, www.fazendasaofrancisco.com.br, Tel.: (12) 3117-1264.
Restaurante do Ocílio
Arroz com pato e frango caipira são especialidades de Ocílio Ferraz. Fazenda
do Tropeiro, s/n, na cidade de Silveiras,
www.restaurantedoocilio.com.br. Tel.:
(12) 3106-1103.
berto Burle-Marx usava o lugar como laboratório para criar muitos dos seus mais
admiráveis jardins.
É bem possível que em alguma dessas
fazendas bata em você um sentimento de
déjà-vu. Pudera. Várias delas foram cenário de filmes, telenovelas e seriados. A Boa
Vista chegou a dar o nome a uma novela da
Globo: O Casarão. Embora seja a construção mais antiga (1780) do gênero na região
e mantenha a impactante alameda de palmeiras imperiais, só preservou intacto o
mobiliário de um único quarto: aquele em
que dormiu o duque de Caxias, a caminho
da Guerra do Paraguai. Em compensação,
é uma das hospedagens com melhor infraestrutura de lazer, ideal para as crianças.
Crianças? Talvez elas apreciem um dos
principais chamarizes da Bocaina: alugar
um cavalo na fazenda e deixar-se vagar por
essas cidadezinhas sem trânsito, sem estresse,
em que persiste a tradição de cumprimentar cada pessoa que cruza o caminho com
o arrastado e amistoso “Tarrrrde”. Ferido
pelo ostracismo nos últimos anos de vida,
Juscelino Kubitschek gostava de vir aqui
desfrutar dessa cordialidade. Hospedava-se na Fazenda 3 Barras (1813).
A sobrevivência dos casarões é um legado muitas vezes improvável. Afinal, a
derrocada dos barões na Bocaina foi um
processo rápido. Primeiro, a fertilidade da
terra diminuiu. Depois, a libertação dos escravos comprometeu ainda mais a cultura
dos cafezais. Por arrogância ou ignorância,
os fazendeiros não haviam se preparado
para isso. As levas de imigrantes que desembarcavam no porto de Santos poderiam ser a salvação da lavoura — ao pé da
letra. Não foram. Preferiram as condições
de trabalho oferecidas no Oeste paulista. A
Bocaina decaiu. Definhou. Hoje, o turismo,
o ótimo artesanato de Silveiras (visite o ateliê Entre no Paraíso) e alguma agricultura
mantêm uma economia tímida, mas viva.
Da próxima vez que você passar pela
Dutra, reclamando do excesso de caminhões e pensando em entrar em Campos
do Jordão, lembre-se de que, do outro lado
da estrada, não está apenas a última cidade do estado de São Paulo. Está também
o começo de uma sedutora e sossegada
temporada de férias.
Vista do
pôr do sol de
montanha
da Serra da
Bocaina
A Bosch na sua vida
Direção alinhada
Antes de enfrentar as curvas sinuosas que
levam à Serra da Bocaina, é importante
assegurar que o alinhamento e o balanceamento do veículo estejam em dia. Esses
ajustes, que devem ser feitos a cada 5 mil
quilômetros ou sempre que os pneus forem
trocados, contribuem para o perfeito equilíbrio do carro, fundamental para garantir
uma direção segura em longas viagens.
Quando ocorre alguma alteração nas especificações do automóvel por impacto,
trepidação, compressão lateral ou desgaste dos componentes da suspensão, há o
risco de desgaste irregular e prematuro da
banda de rodagem, afirma Ricardo Chueca,
gerente de marketing e vendas da Bosch.
Entre os problemas que podem ser evitados com um ajuste adequado estão a
trepidação nas rodas dianteiras, o cha-
mado volante duro, e aquela direção pendendo para o lado, que ocorre quando o
motorista larga o volante e o carro não
consegue desenvolver uma trajetória reta.
A máquina FWA 4630 da Bosch reúne o
que há de mais moderno na tecnologia
3D para proporcionar o alinhamento da
direção em, no máximo, sete minutos.
Para fazer esse reparo quase que instantaneamente, duas câmaras determinam a
exata posição do eixo de rotação da roda
com sensores, que realizam uma frequência de leitura extremamente elevada.
O equipamento é capaz de efetuar medições em tempo real, e sua utilização
é simples e rápida. Assim, mesmo que o
operador não tenha conhecimentos profundos na área, ele é poderá fazer os
ajustes necessários para deixar o carro
em ordem, diz Chueca.
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• Assista ao vídeo que mostra o funcionamento da máquina FWA 4630
Arquivo Bosch
SP - 052
Eduardo Garcia/Opção Brasil Imagens
6 | VidaBosch |
eu e meu carro
| Por Fernando Lopes
Miniaturas, só para colecionar
O cantor e ator Daniel
Boaventura guarda cerca
de 20 peças de carrinhos
clássicos. Mas, para o
trânsito do dia a dia, gosta
mesmo é de carrões
O
ator e cantor Daniel Boaventura, que
fez sucesso como o policial Diogo na
novela “Passione”, tem uma paixão: carros
em miniaturas. Sua coleção está longe de
ser monumental, mas é acalentada com
afeto. São cerca de 20 réplicas de modelos
antigos e de clássicos do cinema, com entre 20 e 30 centímetros de comprimento.
“Não sou daqueles fanáticos, mas adoro
carros, tanto que colecionei essas miniaturas, que são escalas 1/18 (linguagem de
colecionador mesmo), durante dez anos
da minha vida”, conta. “Há cinco anos parei de aumentar a coleção, mas ainda trato
dela com muito carinho.”
Boaventura fala com orgulho de cada
uma. “Tenho vários modelos legais, como
Jaguar, BMW anos 70, Audi, Ford 49, Van,
Mini Cooper, réplicas do carro dos Bombeiros dos anos 50, além de carros de cinema,
como a réplica do De Lorean, que é o carro
do ‘De Volta para o Futuro’. Tem também
do Batman, do James Bond”, enumera.
Vê-se logo que são miniaturas de carrões – e é desses que o ator de fato gosta.
“Sou alto e largo, por isso gosto de carros
grandes. Gosto de ficar bem confortável
no banco. E não é em qualquer carro que
as pessoas grandes ficam confortáveis”,
comenta o ator, que tem 1,80 metro. Mas
não basta tamanho. “Na minha opinião, a
potência também é importante na hora
da escolha”, afirma.
Essas características é que atraíram Boaventura para seu mais novo automóvel, um
Mitsubishi Dakar, modelo 2011, comprado
em fevereiro. “Gostei do carro justamente
pela sua grandeza. Por dentro, é espaçoso,
tem sete lugares. E o motor é forte, com 165
cavalos.” Também pesou, na escolha, outro fator para o qual o ator dá importância.
“É uma versão flex [que permite o abastecimento tanto a álcool como a gasolina],
o que torna o carro mais competitivo no
mercado e mais prático para o dia a dia.”
Hoje, aos 40 anos, com uma carreira
em ascensão, ele já pode comprar mais
facilmente um carro de que de fato goste.
Nem sempre foi assim. Seu primeiro automóvel era um Fiat Uno, com motor 1.4.
Ele andava com o compacto por Salvador,
cidade onde nasceu, para ir à faculdade.
Começou e parou três cursos superiores
– Administração de Empresas, Relações
Públicas e Propaganda e Marketing – antes
de ingressar na carreira artística.
Numa dessas idas e vindas é que ele
passou por um dos maiores sobressaltos
de sua vida. “Um dia, eu estava guiando
lentamente por uma ladeira de Salvador
quando veio um caminhão desgovernado
e arrastou o carro, acabando com as duas
portas do lado do passageiro. Depois, fui
descobrir que o caminhão havia perdido o freio”, conta ele. “Graças a Deus não
aconteceu nada de grave comigo, mas realmente foi um susto na hora.” Boaventura
gostava do carro e chegou a consertá-lo,
mas, por causa do trauma, preferiu passar o Uno adiante.
Agora de carro novo, Boaventura não
esconde a felicidade com a fase que atravessa na carreira. Comemora o sucesso do
seu último trabalho na televisão, quando
interpretou o policial Diogo. Para vibração
dos telespectadores, o bonitão misterioso
era um investigador disfarçado, que conseguiu desmascarar a vilã Clara, interpretada por Mariana Ximenez.
“Foi uma experiência incrível para mim.
Eu fiquei três meses no ar com o personagem, que era totalmente misterioso. Até
mesmo eu, quando comecei os trabalhos,
não sabia qual seria o script que teria que
seguir. A novela foi se passando sem eu
saber no que iria dar”, recorda. “Foi muito
interessante.”
Além do sucesso nas telas, a novela trouxe outros frutos. Inspirado no ambiente
italiano da trama, Boaventura, que gravara
um CD em 2009, foi incentivado pelo autor de “Passione”, Silvio de Abreu, a fazer
um trabalho com canções interpretadas
em italiano. Pedido aceito, ele fez um CD
com 11 faixas. Entre elas, músicas como
“I’m In The Mood For Love”, que foi tema
dos personagens Raj e Maya em Caminho
das Índias, e “Send In The Clowns”, clássico de Stephen Sondheim. O disco ainda
traz “On an Evening in Roma”, “Dio Come
Ti Amo” e “Amore Scusami”.
“O CD é outra coisa que me deixa muito feliz, pois ele passou de 20 mil cópias
vendidas, o que é muito para um mercado
difícil de vender CDs originas, como o de
hoje. Sem falar que ele é todo cantado em
outra língua”, diz o galã.
Com tanto talento para cantar, soltar
a voz dentro do carro é sempre uma boa
pedida. “Ao dirigir, eu gostava de cantar
quando escutava alguma ópera ou um rock.
Quem parava do meu lado devia achar que
eu era louco”, brinca. “Hoje acho que não
canto tanto no carro. Deve ser por causa
da correria do dia a dia.”
Pois a correria deverá se intensificar
nos próximos meses. A nova empreitada
de Boaventura é o musical “Evita”, uma
superprodução que conta com 22 músicos,
350 figurinos e 45 atores, entre eles Paula
Capovilla (no papel-título), o próprio Boaventura (como Juan Perón) e Fred Silveira
(como Che). A direção é de Jorge Takla (de
“O Rei e Eu”). Entre os patrocinadores da
produção está a Bosch. “Estou voltando aos
musicais depois de quatro anos. O último
havia sido My Fair Lady.” Será uma razão
a mais, portanto, para ele economizar na
cantoria dentro do automóvel.
A Bosch na sua vida
Uma invenção de sucesso
Assim como Daniel Boaventura, inúmeros
brasileiros têm preferido escolher carros
com flex fuel, sistema que permite rodar com qualquer proporção de álcool e
gasolina no tanque. Desde 2007, quase
nove em cada dez automóveis vendidos
no Brasil são equipados com essa tecnologia. Em 2010 não foi diferente: 8,6.
A Bosch é pioneira no desenvolvimento
desse mecanismo capaz de reconhecer
o tipo de combustível no tanque e de,
automaticamente, adaptar o gerenciamento do motor à situação detectada. Seus
primeiros estudos nessa área começaram
em 1991, quando o Brasil enfrentava uma
grave crise de oferta de etanol. O objetivo
da equipe de engenharia era possibilitar
que os consumidores pudessem ter um
carro cujo abastecimento não ficasse à
mercê de problemas internos ou externos.
O conceito flex fluel foi definido no ano
seguinte. E, em 1994, a empresa apresentou o primeiro protótipo movido a gasolina e álcool, um Omega 2.0 L. Esse carro
rodou por mais de 200 mil quilômetros,
sinal da eficiência da invenção. Nos anos
seguintes, a tecnologia foi aprimorada, e
a empresa lançou-se ao desafio de convencer montadoras, usinas de cana-de-açúcar e governo de que a ideia era viável técnica e mercadologicamente. Em
2003, começaram a ser produzidos, em
série, automóveis com motores flex fuel.
Nesse sistema, a unidade de comando
reconhece, a partir das informações enviadas pelo sensor de oxigênio, se o que
está sendo usado é álcool ou uma combi-
Arquivo Bosch
Alexandre Schneider
8 | VidaBosch |
nação entre este e gasolina. Em seguida,
coordena as demais etapas – injeção,
ignição, regulagem da detonação, controle da mistura ar/combustível – para
que o desempenho seja o mais adequado
à composição do combustível usado.
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• Entenda como funciona o sistema flex fuel
10 | VidaBosch |
torque e potência
| Por Ulysses Lima
Caminhãozão
Thomas Sztanek
O duplo ão se justifica: esses veículos usados na
siderurgia têm 14 metros de altura e área de um apartamento de padrão elevado
s avanços da tecnologia e a expansão dos países em desenvolvimento,
com expressivo aumento do consumo de
bens duráveis, levaram às alturas os números do setor de mineração no Brasil. Só
em minério de ferro, a produção nacional
girou em torno de 370 milhões de toneladas em 2010, a segunda maior do mundo.
Para 2014, a previsão é de que chegue a 730
milhões, segundo o Instituto Brasileiro de
Mineração (Ibram). Os investimentos do
setor para o período 2011-2015 deverão ficar em torno de US$ 64,8 bilhões.
Essas cifras gigantescas movem uma
infraestrutura igualmente gigantesca. Nela
estão incluídas as perfuratrizes, máquinas
de grande porte dotadas de brocas rotativas e alto poder de penetração. Podem ser
alimentadas por motores diesel ou diesel-elétrico. Elas fazem furos em pontos estratégicos da rocha, onde são colocadas as
cargas explosivas, para depois haver a detonação. Depois da explosão é que haverá
condições propícias para a escavação e, em
seguida, o carregamento nos caminhões de
mineração, que vão fazer o transporte do
minério até uma estação de tratamento.
Esses caminhões, também chamados
de fora de estrada, são o grande destaque
– justamente pelo gigantismo. Não é o tipo de veículo em que, para dirigir, basta
abrir a porta, sentar-se ao volante e dar
a partida. Primeiro, é preciso subir uma
escada de 14 degraus; em seguida, chega-se a um patamar, ou ao que mais parece
uma sacada, e, aí sim, entra-se na cabine.
Nesse ramo, os caminhões têm altura em
torno de 14 metros, quase a mesma de um
edifício de quatro andares. E são maiores
do que muitos apartamentos, mesmo de
alto padrão: com 8,7 metros de largura e
14,5 de comprimento, ocupam 126 metros
quadrados. Comparados a esses colossos,
mesmo os grandes caminhões que trafegam
torque e portência | VidaBosch | 13
pelas estradas brasileiras parecem nanicos – têm mais ou menos 15 metros de comprimento por 3 de altura e 2,5 de largura.
No dia a dia do trabalho duro, subindo e
descendo montanhas, suportando o despejo
de toneladas de carga em sua caçamba, os
pneus que calçam esses gigantes também
exibem medidas impressionantes. Alguns
modelos chegam a ter mais de 4 metros de
altura e a pesar entre 5 e 7 toneladas. O
preço unitário vai de US$ 50 mil a 60 mil,
e, por causa das condições extremas a que
são submetidos, duram cerca de seis meses.
E como se faz para trocar um pneu com
tais dimensões? Macaco? Imagine. Utiliza-se um guindaste. E cada roda exige 48 parafusos para ser fixada ao cubo –12 vezes
mais que um automóvel de passeio.
Como um Lego
Por causa de suas medidas e de seu peso,
o caminhão fora de estrada só roda nos locais de trabalho – não há estrada ou rodovia que suporte suas dimensões. Por isso,
quando um novo veículo é adquirido, ele
chega desmontado ao campo de mineração.
Mas mesmo a movimentação das peças, do
porto de origem até seu destino, já é um
desafio logístico, pois as partes cabem somente em carretas enormes, que só podem
trafegar no período noturno e com escolta.
Conforme as peças vão chegando, são
dispostas de forma a facilitar a montagem.
Uma equipe de técnicos e engenheiros executa o trabalho em um galpão próximo ao
campo onde ele será utilizado. “Um time
de 14 profissionais dá conta de montar um
caminhão em, aproximadamente, 15 dias”,
diz Jair Machado, gerente comercial da Liebherr, fabricante alemã desses veículos.
Ele tem a força
Vazio, um modelo chega a pesar 210 toneladas. A capacidade de carga lembra mais a
de um trem do que a de um caminhão: 363
toneladas, mais de dez vezes o que transporta um caminhão rodoviário da categoria
extrapesado. Se transportasse automóveis,
poderia carregar 382 carros compactos,
do tipo 1.0. A sua caçamba tem volume
equivalente ao de uma piscina de 10 por
15 metros, com 1,5 metro de profundidade.
Há dois tipos de acionamento: mecâ-
nico e diesel-elétrico. Este segundo, mais
comum, utiliza o propulsor diesel como
gerador de energia para dois motores elétricos localizados nos eixos traseiros, que
movimentam as rodas. A potência dessas
“usinas” chega a 3.650 hp (mais de 20 vezes
a de um carro 2.0), suficiente para levar
um monstro desses, carregado, a entre 50
Retrato do gigante:
Altura: 14 metros
Largura: 8,7 metros
Comprimento: 14,5 metros
Peso: 210 toneladas
Capacidade de carga: 363 toneladas
Caçamba: 220 metros cúbicos
Tanque de combustível: 5.250 litros
Velocidade: 60 km/h
Preço: entre US$ 3 milhões
e US$ 6 milhões
e 60 km/h. “O motor pode gerar energia
para mil pessoas”, compara Hilário Polega,
engenheiro e professor de habilitação de
máquinas de construção pesada do Senai
de Rio Branco do Sul (PR). “Quando uma
máquina dessas funciona, o chão treme”, diz.
Para alimentar esses titãs, o tanque de
combustível tem capacidade para 5.250
litros de óleo diesel. A média de consumo
fica em torno de 150 litros por hora (a medida não é quilômetro rodado). Abastecê-lo num posto convencional, nem pensar.
É preciso um caminhão-tanque dotado de
uma mangueira com sistema de engate rápido e alta pressão, similar ao usado na
Fórmula 1. Nas trocas de óleo do motor, a
cada 400 horas de funcionamento, são utilizados cerca de 150 litros de lubrificante.
A cabine com tratamento acústico, projetada para oferecer conforto ao operador, é equipada com todos os mimos de
um carro de luxo: ar-condicionado, rádio
AM/FM com CD player, banco com ajustes
do assento e do encosto, computador de
bordo, vidro elétrico, sensor de aproximação, câmbio automático. E qual a sensação
de guiar um gigante desses? “Sensação de
poder”, arremata Machado.
Tudo no
caminhão fora
de estrada é
superlativo: um
simples pneu,
por exemplo,
chega a ter a
altura de dois
homens e a
pesar entre 5 e
7 toneladas
A Bosch na sua vida
Injeção de potência
Para mover os supercaminhões carregados com minério, são necessárias superpeças. A Bosch desenvolve componentes
para essas máquinas, como o Sistema
Common Rail. “Esse sistema eletrônico de injeção oferece alta potência ao
motor, níveis controlados de emissões e
baixo consumo de combustível”, afirma
Roberto Simas, analista de marketing da
Bosch no Brasil.
O Common Rail controla eletronicamente a quantidade e o tempo de injeção de
combustível. Dessa forma, injeta diesel
antes da combustão (o que permite um
processo mais homogêneo e reduz a vibração e o ruído do motor) e também
depois, o que contribui para diminuir a
poluição.
Como não poderia deixar de ser, a peça
é proporcional às dimensões das máqui-
nas. Em um caminhão normal, um injetor
tem cerca de 20 centímetros de comprimento. Nos caminhões de mineração, os
produtos têm mais de 40 centímetros – ou
seja, pelo menos o dobro do tamanho.
A manutenção geralmente fica por conta
do fabricante do veículo ou do motor. É
preciso uma grande operação para que o
processamento do minério não seja comprometido. Um veículo comum, quando
quebra, é levado pelo proprietário até a
oficina. Mas, com os supercaminhões,
não são eles que vão à oficina, a oficina
é que vai até eles.
“Essas máquinas não podem parar, então
os fornecedores de maquinário e motor
costumam prover uma equipe de técnicos
no campo para inspeções periódicas, e
estoque de peças para reparos necessários”, diz o analista de marketing.
Uma prática comum nesse mercado é a
Arquivo Bosch
O
torque e portência
Arquivo Bosch
12 | VidaBosch |
remanufatura de injetores. Após o fim
do seu ciclo de vida,o produto retorna
à fábrica de origem, passa por processo de desmontagem, limpeza, troca de
peças internas, remontagem, teste e,
finalmente, retorna ao campo com padrão de qualidade semelhante ao de
um novo.
Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br
• Assista ao vídeo que mostra máquinas com supermotores
14 | VidaBosch |
em casa
| Por Diana Ferreira
Sua casa é sua aliada
Shutterstock
Escritório Andreza Doná
Um lar bem decorado e confortável não precisa ser difícil de manter nem de limpar.
Veja como você pode aliar beleza e praticidade em vários ambientes
16 | VidaBosch |
em casa
Rob Byron
em casa | VidaBosch | 17
Marco Antonio
Emberiza
Terekhov Igor
Da esquerda
para a direita:
panelas que
podem decorar
o ambiente,
porta de correr
para otimizar o
espaço, cadeira
com rodas e
nichos para
melhorar a
organização do
armário
S
e você acredita que praticidade e beleza na decoração são qualidades excludentes, está redondamente enganado.
Alguns tipos de materiais e cores exigem
um pouco mais de atenção, certamente.
Mas é possível, sim, ter uma casa que alie
fácil arrumação a móveis e artefatos decorativos de bom gosto.
Primeira regra: opte por revestimentos
práticos. “O tijolo, o cimento, as pedras naturais e madeiras de demolição possuem
uma longa duração e, para melhorar, são
muito fáceis de limpar”, exemplifica o arquiteto André Weigand, que trabalha no
Studio AM, de São Paulo.
No chão, os pisos laminados (que lembram madeira) e os porcelanatos lisos são
os mais indicados para dar uma forcinha
na limpeza. Entre as placas de porcelanato, prefira o rejuntamento epóxi – é mais
caro, mas impede que a sujeira se acumule
na superfície.
“Nunca use materiais com ranhuras ou
nervuras. O pó impregna esses pequenos
espaços e demanda muito mais esforço para sair”, afirma a designer de interiores
Andreza Doná, de São Paulo.
A cozinha merece atenção especial por
acumular gordura e necessitar de asseio
constante. Novamente, aposte em revestimentos práticos. Sem, é claro, deixar de
valorizar a estética.
Uma possibilidade é o corian, material
que lembra a pedra de mármore. Novidade
no mercado, caiu no gosto dos decoradores. Tem sido usado ao redor da pia, em
razão de seu efeito antibactericida e por
conservar por mais tempo o aspecto de
Quanto mais despojado for o
ambiente, menos cuidados ele vai
dispensar. A chance de quebrar
alguma coisa é bastante superior
quando houver abundância de
enfeites nas prateleiras da casa
limpeza. O único ponto negativo é o preço:
custa pelo menos três vezes mais do que
revestimentos convencionais.
Mobília a serviço da casa
Ao escolher os móveis e os objetos para
adornar seu lar, lembre-se de que, quanto
mais despojado o local, menos cuidados
ele requer. Muitas quinquilharias e muitos
enfeitezinhos significam, claro, limpeza
mais trabalhosa e maior chance de quebrar peças delicadas. Opte por itens que
possam agilizar a vida da família inteira. A
dica, portanto, é aliar beleza e conveniência.
“Certos artefatos ganham funcionalidade na decoração quando possuem alguma
utilidade. Por exemplo, você pode usar as
próprias panelas para decorar a cozinha,
as redes para adornar uma varanda ou os
livros para deixar a sala com um aspecto
mais agradável”, aponta Weigand.
A escolha dos móveis também pode levar a praticidade em conta. Os retráteis são
perfeitos para quem gosta de ambientes
mais clean. Já os planejados, que não têm
pé, facilitam a limpeza por ficarem suspensos – assim, não é preciso levantá-los
nem arrastá-los. As mobílias com rodinhas
têm a vantagem de serem mais facilmente
deslocadas. E assim fica mais fácil usar um
mesmo item de diversas formas: um baú
pode virar um pufe, ou mesmo uma mesa.
“A pessoa pode escolher um futon que
vira banco, e um banco que se transforma
em mesinha de centro”, ensina o arquiteto
Luís Navarro, de São Paulo.
Como podem ser movimentados para
qualquer lado, eles ganham a função que
o dono quiser. As rodinhas, ainda que tenham mecanismo diferente, são igualmente
ótimas para as portas. As de correr, com
roldanas que deslizam sobre trilhos, economizam espaço e permitem o aproveitamento completo das paredes, como indica
o projeto de Marcelo Rosset, que ilustra a
segunda foto desta página.
A forma de dispor a mobília também faz
diferença.“Na cozinha existe um sistema
que chamo de ‘regra do triângulo’, formado por pia, geladeira e fogão”, diz Andreza,
lembrando que todos esses elementos devem estar próximos uns aos outros para o
esquema ser eficaz e ganhar em ergonomia.
“Por exemplo: a geladeira ao lado da pia
e o fogão em frente aos dois, do outro lado, formando o desenho de um triângulo
mesmo. Isso torna o ato de cozinhar mais
funcional”, ressalta.
Mobília de fórmica e laca tem ótima durabilidade e, se coberta por uma placa de
vidro na parte superior, vai durar bastante. “Isso protege a superfície de manchas
Menos nem sempre é mais
A escolha dos móveis deve levar em
conta a praticidade. Mobília com
rodinha facilita a limpeza e favorece
a versatilidade – um baú pode virar
um pufe ou uma mesa
Ainda que um lar com menos elementos
seja mais prático, tome cuidado para não
deixá-lo impessoal, sem vida. Um projeto
que ponha a praticidade em primeiro lugar
iria, provavelmente, eliminar todo e qualquer tapete. Mas você pode ficar no meio
termo e reforçar o aconchego.
e arranhões, além de facilitar a limpeza”,
destaca Navarro.
Existem outros itens de que você pode
lançar mão para não furar nem danificar a
cobertura dos revestimentos dos seus móveis, como a proteção de silicone transparente, encontrada em lojas especializadas.
Elas valem para o caso de haver atrito entre
dois elementos e ainda impedem que a superfície seja danificada com uma pancada.
Lembre-se, também, do efeito do mobiliário
no piso. “É importante cobrir os pés dos
móveis com feltros para movimentá-los
sem riscar”, orienta Navarro.
18 | VidaBosch |
em casa
em casa | VidaBosch | 19
Shnycel
A melhor opção nesses casos é usar os tipos
sintéticos. Abra mão dos tecidos naturais,
como algodão, que solta fiapo, é difícil de
lavar, mancha e junta pó. “Recomendo os
de fibras de polipropileno ou os de nylon”,
afirma Andreza Doná.
Comodidade com um clique
Entre tantas possibilidades para tornar o
cotidiano de uma família mais agradável,
nenhuma define melhor a praticidade do
que a automatização. Há coisas parecem ter
saído do desenho dos Jetsons. Por exemplo, ligar a TV, o home theather, baixar a
persiana, fechar a cortina e apagar as luzes
com apenas um clique no controle remoto.
“Isso é possível. Você tem de programar
os aparelhos e ligar ao controle remoto para realizar o set up. Uma vez ‘memorizado’
no aparelho, tudo pronto”, diz o arquiteto
Fernando Pellizzon, de Campinas.
Dá até para criar um ambiente de uma
Longe de casa, já é possível
fechar as janelas do lar quando
um temporal é iminente apenas
com uma chamada pelo celular
adega, daquelas que você só vê fora de casa. “Quando for escolher e abrir o vinho, a
luz se acende. Depois, apertando um botão, você deixa poucos spots acesos, por
exemplo, na hora da degustação”, ressalta.
A capacidade da casa inteligente parece
não ter limites. Pelo menos a distância do
lar não é mais problema para deixar tudo
do jeito que a pessoa quer.
Já se pode programar o ambiente pelo
telefone celular. “Vamos supor que você
esteja na casa de um amigo e perceba que
uma forte chuva vai cair. Você disca um
número, cai em uma espécie de secretária eletrônica e tecla o número correspondente ao fechamento das janelas”, explica
Fernando Pellizzon.
Mas, se o morador não é adepto de controles remotos e celulares, dá para deixar
tudo no interruptor. Existem alguns com
oito botões. A pessoa instala e programa
de acordo com a configuração que quer.
“Há, por exemplo, o ambiente ‘limpeza’,
em que todas as luzes ficam acesas. Já no
modo ‘jantar’, apenas as lâmpadas sobre
a mesa e onde mais você precisar vão funcionar. E por aí vai”, acrescenta o arquiteto.
Lâmpadas que acendem e apagam sozinhas, banheiras que enchem com controle remoto, churrasqueiras que giram
o espeto sozinhas... Nos corredores, que
servem basicamente para passagem, usar
sensor embutido no teto também ajuda
a economizar energia. E ninguém corre
ainda o risco de esquecer a luz acesa por
horas a fio.
“Muita gente acredita, com razão, que
essa praticidade propicia uma economia
de energia”, conclui o especialista.
Três regrinhas: escolher móveis versáteis (como baú que faz as vezes de pufe), preferir revestimentos fáceis de lavar
(como capa no sofá) e unir conforto e utilidade (como uma rede na varanda)
Mil e uma utilidades
Quem dirige usa o botão ao lado do volante para ligar o limpador de para-brisas. Mas não sabe que o motor que aciona
o dispositivo criado para facilitar a vida do motorista serve
para outras coisas. Portões automáticos, toldos retráteis, cadeiras odontológicas, painéis publicitários dinâmicos, janelas
abertas por controle remoto... Todos esses equipamentos que
funcionam com o mesmo dispositivo.
Um item fundamental na casa prática é a churrasqueira elétrica, aquela que permite que os espetos girem sozinhos e
libera a pessoa para fazer qualquer outra coisa enquanto a
carne está no carvão. E evita que se fique suando em bicas
enquanto a comida é preparada.
Para que o motor funcione de forma apropriada, é preciso uma
pequena adaptação. No carro, ele funciona com corrente contínua, já que é alimentado pelo alternador. Na churrasqueira
elétrica, plugada na tomada, há um pequeno transformador.
O dispositivo é necessário por conta da corrente alternada,
explica Dulcineia Soares, consultora comercial da Bosch. Segundo ela, o consumidor não precisa sequer se preocupar
com a regulagem do aparelho. O fabricante da churrasqueira
já programa o aparelho para os espetos girarem na velocida-
Shutterstock
Dudarev Mikhail
A Bosch na sua vida
de adequada para preparar uma boa carne, ressalta. Outra
comodidade é que essa pequena peça, que mede cerca de
15 cm de comprimento por 8 cm de diâmetro, não precisa
de lubrificação. É só plugar em uma tomada, salgar a carne
e chamar os amigos.
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• Veja a aplicação de peças da Bosch em produtos das empresas Progás e Scheer
tendências
| Por Fábio Gallacci
Fabio Fersa
20 | VidaBosch |
Energia solar, muito usada em residências, começa a ganhar força também
Fonte luminosa
nas indústrias, com vantagens econômicas e ambientai­s
mesmo sol que faz do Brasil um país
tropical e bonito por natureza oferece
uma alternativa energética limpa, rentável
e, melhor ainda, infinita. Pouco a pouco, o
uso da energia solar ganha força e deixa
de ser algo utilizado apenas em casas para fazer parte de indústrias e estabelecimentos comerciais. Em 2010, a produção
brasileira de coletores solares cresceu 21%
em relação ao ano anterior, de acordo o
Departamento Nacional de Energia Solar
(Dasol), da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação
e Aquecimento (Abrava).
O Brasil já acumula 4,5 milhões de metros
quadrados de coletores solares instalados.
Graças a esse número, o mercado nacional ocupa a sétima posição no ranking da
Agência Internacional de Energia. Poderíamos estar bem melhor. Para se ter ideia
do potencial brasileiro no setor, estudos
apontaram que o estado com menor índice
de incidência de raios do sol, Santa Catarina, apresenta condições 30% superiores
às da Alemanha, uma das referências mundiais no assunto. A maioria dos coletores
está concentrada no Sudeste (64% do total),
seguido de Sul (18%), Centro-Oeste (12%),
Nordeste (5%) e Norte (1%).
No setor industrial, a tecnologia ainda
não é amplamente utilizada – ele é responsável por apenas 2% desse mercado, que
até o momento atinge principalmente residências em que mora uma única família
(66% do mercado). Mas o uso industrial
vem ganhando força em segmentos como
alimentos e têxtil.
Em razão da demanda crescente, o setor
de aquecimento solar – que engloba cerca de 200 empresas de fabricação, venda,
instalação, projeto, manutenção ou consultoria e movimenta R$ 500 milhões por
ano no Brasil – espera um avanço de 15% a
20% na produção de aparelhos neste ano.
Assim como nas casas, a tecnologia é
tendências | VidaBosch | 23
usada nas indústrias com o objetivo principal de aquecer água. A maior vantagem
é a redução dos gastos com energia, substituindo outras fontes, como a elétrica ou
o gás natural. “Empresas, hotéis, clubes,
ginásios, todos podem adotar esse sistema”, aponta o gestor do Dasol, Marcelo
Mesquita.
As empresas interessadas em investir
nessa tecnologia precisam desenvolver um
projeto que considere as características
da edificação, a região onde o prédio está
e a demanda de água quente por dia. Outro passo importante é procurar equipamentos certificados pelo Instituto Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (Inmetro), para assegurar uma
qualidade mínima no produto.
Parte da tendência tem sido ditada por
mudanças nas leis. A cidade de São Paulo,
por exemplo, tornou obrigatório o uso do
sistema de aquecimento solar em edificações novas não residenciais – empresas
incluídas neste pacote – e em moradias
que tenham mais de três banheiros. A lei
paulistana determina ainda que o aquecimento solar forneça, no mínimo, 40% da
demanda de água quente do local. Outro
município que avançou nesse quesito foi
Guarulhos, na Grande São Paulo.
Em nível nacional, há um projeto de lei
(de número 630/03) já aprovado na Câmara Federal e agora sob análise do Senado.
O texto prevê, dentre vários incentivos a
tecnologias limpas, descontos na tarifa de
energia elétrica aos estabelecimentos dotados de painéis para aquecimento de água.
Além do aquecimento
A luz solar também pode ser utilizada para
outra função além de aumentar a temperatura da água: gerar eletricidade. O sistema é um pouco diferente. Usam-se placas fotovoltaicas (termo para a conversão
direta da luz em energia elétrica). Ainda
que incipiente – tem sido usado mais na
região Norte, em locais aonde a rede elétrica ainda não chegou –, essa tecnologia
tem como atrativo a possibilidade de precaver-se contra problemas de suprimento
de energia. Como o Brasil vem crescendo a
taxas bastante fortes, já existe preocupação
em relação a isso, afirma Leônidas Andrade,
diretor do Grupo Setorial Fotovoltaico da
Associação Brasileira da Indústria Elétrica
e Eletrônica (Abinee). “Em função disso,
está claro que precisamos diversificar os
meios de obtenção.”
O preço da implantação do sistema é
maior. “Porém, o que se tem visto no mundo
é que esses valores vêm caindo de forma
acentuada”, comenta Andrade. “Se o Brasil
adotar essa alternativa apenas quando a
energia solar for competitiva, nós já poderemos estar muito atrasados. Não fabricamos ainda células e painéis fotovoltaicos
no país. Precisamos incentivar a indústria
nacional”, alerta. Ele avalia que já há empresas começando a considerar a geração
fotovoltaica viável para complementar a
demanda por energia.
Há instalados
no Brasil
4,5 milhões
de metros
quadrados
de coletores
solares, mas as
indústrias são
responsáveis
por apenas 2%
desse mercado
Meio ambiente
Essas alternativas – painéis solares para
aquecimento de água ou placas fotovoltaicas – têm apelo não só econômico, mas
também, e principalmente, ambiental. E isso
vale igualmente para as empresas. Segundo
Mesquita, do Departamento Nacional de
Energia Solar, as indústrias que adotam a
alternativa solar podem se beneficiar da
geração de créditos de carbono, algo que
fortalece o comprometimento ambiental
com a comunidade onde estão.
“Como o sistema de aquecimento solar
de água evita que gases sejam queimados
e também reduz os gastos com energia elétrica, menos carbono é emitido. Em países
cujas matrizes energéticas são baseadas na
queima de carvão ou no gás, o benefício do
sistema é ainda maior”, enfatiza.
Em um ano, cada metro quadrado de coletor solar permite a economia de 55 quilos
de GLP, 66 litros de diesel e 215 quilos de
lenha. Conforme metodologia de cálculo
desenvolvida pelo Ministério da Ciência
e Tecnologia, 1 milhão de residências com
coletores solares evitariam a emissão de,
aproximadamente, 18.171 toneladas de gás
carbônico por ano.
No exterior, isso tudo já deixou de ser
alternativa para ser realidade. Em Israel,
por exemplo, cerca de 70% das residências têm coletores solares. Estados Unidos,
Alemanha, Japão e Indonésia também se
destacam.
A Bosch na sua vida
Energia limpa e infinita
Há tempos o sol deixou de “simplesmente” fornecer luz e
calor para o nosso planeta e se tornou também uma importante fonte de energia. A Bosch investe em equipamentos
que usam os raios solares para processos industriais que
necessitam de água quente, como os que envolvem esterilização, lavagem, secagem e desengorduramento.
“É uma tecnologia que pede um investimento inicial mais
alto, mas que dá retorno. Isso porque a energia solar tem
uma grande vantagem em relação a outras fontes: ela é
infinita e quase não exige custos futuros”, destaca Rafael
Campos, gerente da divisão de termotecnologia da Bosch
no Brasil.
Por ser mais econômica, completa ele, a máquina que trabalha com a luz do sol se paga em até três anos, dependendo do tamanho e da capacidade de produção da empresa.
Isso porque o sistema da Bosch consegue atingir temperaturas mais elevadas por meio de um eficiente coletor de
irradiação solar.
“Nossos produtos são capazes de produzir energia mesmo em dias nublados. Como no Brasil temos quase todos
os dias com sol, o equipamento trabalha praticamente o
Arquivo Bosch
O
tendências
Arquivo Bosch
22 | VidaBosch |
ano inteiro em sua capacidade máxima”, afirma Campos.
O potencial de geração do equipamento é praticamente
ilimitado, pois várias máquinas podem ser moduladas para
trabalhar em conjunto, ampliando a produção. Além disso,
os aquecedores ainda se destacam no quesito ecológico
quando comparados com os movidos a gás ou eletricidade, pois utilizam uma fonte de energia que não prejudica
o meio ambiente.
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• Conheça todas as aplicações da Bosch em energia solar
24 | VidaBosch |
grandes obras
Um novo Velho Chico?
Daniel Nek/Divulgação
Alvo de controvérsia, projeto de transposição do rio São Francisco pretende
amenizar estiagem em quatro estados do Nordeste
| Por Manuel Alves Filho
grandes obras
grandes obras | VidaBosch | 27
Daniel Nek/Divulgação
Operários trabalham atualmente na construção de canais, estações de bombeamento, reservatórios, túneis e aquedutos
U
m morador do estado de São Paulo consome, em média, 340 litros de
água por dia. Um do Rio de Janeiro, 220. Já
um habitante da região semiárida de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do
Norte tem à disposição, também em média,
50 litros, volume abaixo dos 120 recomendados pela ONU. O problema da seca nordestina, que remonta pelo menos à época
do Brasil Colônia, sempre foi conhecido,
mas pouco enfrentado ao longo do tempo.
Em 2007, porém, o governo federal deu
início àquilo que classificou como “a mais
importante ação” estrutural na política nacional de recursos hídricos. Trata-se do
Projeto de Integração do Rio São Francisco
com as Bacias Hidrográficas do Nordeste
Setentrional, obra que ficou mais conhecida
como Transposição do Rio São Francisco.
Embora intervenções desse tipo não constituam uma novidade, visto que já foram
adotadas em outras ocasiões e localidades,
inclusive no Brasil – os rios Piracicaba (SP)
e Paraíba do Sul (RJ) passaram por obras
de interligação –, também estão longe de
serem triviais, a começar pelos recursos
financeiros envolvidos. De acordo com o
Ministério da Integração Nacional, o projeto está orçado em R$ 7,1 bilhões. Destes,
R$ 2,2 bilhões foram efetivamente gastos
até janeiro de 2011. Um batalhão formado
por 7.255 operários e técnicos – sem contar
o contingente de trabalhadores terceirizados, cujo número não foi estimado pelo ministério – estão diretamente envolvidos na
tarefa de levar mais água a 390 municípios
dos quatro estados auxiliados diretamente.
A integração do rio São Francisco deverá beneficiar 12 milhões de nordestinos, de acordo com o governo federal. O
abastecimento será garantido por meio da
construção de dois canais que percorrerão, ao todo, 720 quilômetros. Estes serão
revestidos de concreto e, em composição
com casas de bombas, túneis, aquedutos e
pequenos reservatórios, levarão parte da
água do Velho Chico até os açudes já existentes. A obra é composta de dois sistemas
independentes, o Eixo Norte e o Eixo Leste,
que captam a água entre as barragens de
Sobradinho e Itaparica, em Pernambuco.
Um volume correspondente a 26,4 metros cúbicos por segundo será retirado
continuamente do rio, o que equivale a
1,42% da vazão garantida pela barragem
de Sobradinho (1.850 m³/s). Assim, 16,4
m³/s (0,88%) seguirão para o Eixo Norte e
10 m³/s (0,54%) para o Eixo Leste. “Dessa
forma, o São Francisco seguirá seu curso
com a vazão mínima de 1.823,6 m³/s, o que
representa 98,58% da capacidade atual”,
aponta o ministério. Para o governo federal, esta teria sido a alternativa mais viável
para assegurar o direito daquela população ao acesso à água. O uso de águas
subterrâneas, avalia a Pasta, ofereceria
abastecimento a custo competitivo, mas
apresentaria desvantagens em qualidade,
capacidade de renovação e de distribuição.
Atualmente, estão sendo construídos canais, estações de bombeamento, reservatórios, túneis e aquedutos. De acordo com os
últimos dados do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), ao qual o projeto de
integração do São Francisco está ligado, o
Eixo Leste, que levará água a Pernambuco e
Paraíba, está com 80% das obras realizadas.
Já no Eixo Norte, que beneficiará áreas de
Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande
do Norte, foi cumprido 52% do serviço. O
Eixo Leste deverá iniciar suas operações
no primeiro semestre de 2012, enquanto o
Norte começará a operar em 2013.
Uma intervenção de tal envergadura
traz consequências positivas e negativas,
no âmbito ambiental, social e econômico.
De acordo com o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) que antecedeu os trabalhos,
produzido em 2004, foram identificados
44 efeitos, sendo 23 considerados de maior
relevância. Desses, 11 foram apontados como positivos e 12, como negativos.
No primeiro grupo estão relacionados
aspectos como geração de emprego e renda
durante a implantação, a dinamização da
economia regional, o aumento da oferta de
água para abastecimento urbano e rural e
a redução da exposição da população a doenças e óbitos. Já no escaninho reservado
aos problemas, aparecem situações como
perda temporária de empregos e renda por
A obra, que faz parte do Programa
de Aceleração do Crescimento, está
orçada em R$ 7,1 bilhões. Destes,
R$ 2,2 bilhões foram efetivamente
gastos até janeiro de 2011, segundo
o Ministério de Integração Nacional
melhorar as condições de vida e reduzir
a miséria da população carente do sertão
nordestino”, diz o secretário de Infraestrutura do Ministério da Integração Nacional, Augusto Wagner Padilha Martins.
Os críticos do projeto, e não são poucos,
avaliam que há exagero nos números sobre
beneficiados pela obra. Argumentam que
boa parte dos que mais sofrem com a seca
não serão atendidos pela transposição e
que o problema na região é menos de falta
de água do que de má gestão. Não deixa de
ser irônico que a forte controvérsia se dê
justamente em torno do chamado “rio da
integração nacional” (por ligar o Sudeste –
Serra da Canastra, em Minas Gerais, onde
nasce – até o Nordeste, na divisa entre Alagoas e Sergipe, onde deságua no Atlântico,
depois de percorrer 2.700 quilômetros).
Ao longo do percurso, o São Francisco
banha cinco estados (Minas Gerais, Bahia,
Pernambuco, Sergipe e Alagoas) e recebe
água de 168 afluentes. É importante demais, portanto, para que as decisões sobre
ele sejam acompanhadas e debatidas com
atenção pela sociedade.
efeito das desapropriações, modificação da
composição das comunidades biológicas
aquáticas nativas das bacias receptoras,
tensões e riscos sociais durante a fase de
obra, ruptura de relações sociocomunitárias
durante a etapa de trabalho, possibilidade de interferências com povos indígenas
e pressão sobre a infraestrutura urbana.
O Ministério da Integração Nacional alega
que as medidas preventivas e mitigadoras
recomendadas no relatório foram ou estão
sendo adotadas, de modo a tornar o projeto totalmente viável. “Uma das principais
importâncias do Projeto São Francisco é
a socialização de um recurso natural vital
para a sobrevivência humana, uma vez que
um dos seus focos é a distribuição da água,
que não seria apropriada no curso do rio,
para fins nobres, como acabar com a sede,
A Bosch na sua vida
Qualidade a favor da segurança
Em uma obra de grandes dimensões como
a de transposição do rio São Francisco,
é essencial a utilização de equipamentos
de qualidade e que ofereçam segurança
aos trabalhadores, permitindo assim que
os prazos sejam cumpridos sem percalços. Nesse sentido, a Bosch oferece máquinas com ótima performance e itens
essenciais para evitar acidentes, como
é o caso de suas esmerilhadeiras.
“Temos portfólio bastante completo nesse segmento. Tanto nas grandes, para
produção pesada, como nas pequenas,
que fazem o trabalho de acabamento.
E um bom produto significa menos funcionários afastados, seja por doença ou
por acidente”, diz Mark Schwartz, chefe
de marketing da Bosch.
Um dos recursos de segurança das esmerilhadeiras é o punho antivibração, que
reduz em até 50% o impacto na mão do
operador. A alta vibração, explica Schwartz,
pode prejudicar a circulação na mão,
gerando lesão permanente, apelidada
de “doença do dedo branco”. Com o
dispositivo, o trabalhador fica protegido.
Um outro item, voltado para salvaguardar
o funcionário caso o disco da esmerilhadeira trave, desliga a máquina automaticamente e impede que a peça se solte e
voe na direção do operador. Já a capa de
proteção de alguns modelos da Bosch
é dotada de bloqueio contra estilhaços.
O equipamento se faz necessário pois,
quando se atua com esmerilhadeiras, há
Arquivo Bosch
26 | VidaBosch |
o risco de ruptura do disco, que pode
ferir o profissional.
“Nossas máquinas são desenvolvidas
a partir das reais necessidades dos
usuários em termos de performance,
e aliamos a isso todos os dispositivos
de segurança para proteger o operador”,
finaliza Schwartz.
Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br
• Navegue pela página da Bosch sobre ferramentas elétricas profissionais
28 | VidaBosch |
brasil cresce
| Por Felipe Lessa
Inovação saudável
Há dez anos no Brasil, barras de cereais deixam de ser apenas uma alternativa saudável aos
lanches mais gordurosos e conquistam mercado alimentício com quase 40 marcas
Igor Dutina
E
nquanto está no trabalho, a psicóloga
Maria Aparecida Rodrigues tem uma
rotina alimentar: quando chega o fim da
manhã, ela abre uma barra de cereais e
aplaca aquela fome que costuma aparecer
antes do almoço. “É uma forma saudável
de conter o apetite. Faço o mesmo durante
a tarde. É gostoso e faz bem para a saúde”,
diz. Inicialmente criadas para atender às
necessidades de esportistas, as famosas
barrinhas caíram no gosto do brasileiro,
o que resultou em uma rápida expansão
do setor nos últimos anos, além da diversificação de sabores e tipos de produtos.
Existem quatro tipos de barras de
cereais: as fibrosas, diets, energéticas e
proteicas. As duas primeiras são mais
comuns, com indicação para o consumo diário. Já as duas últimas, reforçadas
com doses extras de carboidratos e proteínas, fazem parte do cardápio dos atletas.
No Brasil, o produto surgiu há cerca de uma
década como uma alternativa saudável aos
lanches mais gordurosos, como sanduíches
das redes de fast-food e bolachas recheadas. Isso porque a mistura de cereais é
uma boa fonte de fibras e, com a adição
de frutas e outros ingredientes, fica rica
em vitaminas e sais minerais.
Os números reforçam o crescimento entre os consumidores: existem cerca de 40
marcas disponíveis no mercado, de acordo
com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais
e Congêneres (Abiad). Há dois anos eram
apenas 15. Em uma estratégia de corte de
custos, as empresas aéreas adotaram, no
início dos anos 2000, o snack como lanche
de bordo. A entidade aponta essa ação decisiva para a disseminação do conceito de
brasil cresce
brasil cresce | VidaBosch | 31
lançamento novo no mercado”, conta.
De olho nesse mercado, a indústria alimentícia tem procurado diversificar seu
portfólio. Antes havia a predominância
dos sabores tradicionais, como chocolate e castanha-do-pará, mas já é possível
ver nas gôndolas dos supermercados misturas mais inusitadas, como bolo de chocolate, frutas vermelhas com iogurte e até
lichia. Segundo o engenheiro de alimentos
Edmilson Rebelo, autor da tese “Desenvolvimento de Barras de Cereais com Ingredientes Regionais”, pela Universidade
de Tiradentes (MG), as frutas brasileiras
regionais, como açaí, jenipapo e jaca, também deverão ser um caminho a ser seguido pelas empresas. Isso é explicado tanto
pelo baixo custo da matéria-prima como
pelo nicho de mercado.
Para Gôuvea, a diversificação dos sabores e a adição de ingredientes novos é
uma estratégia natural, pois é uma forma
de renovar a fórmula de um produto, tornando-o mais atraente. Rebelo analisa o
movimento no mesmo caminho, afirmando
que o mercado que não se reinventa desaparece. “As pessoas buscam coisas no-
Saúde
vas, querem ser surpreendidas, e no ramo
alimentício não é diferente. Fora que nem
todos acham uma barra de castanha tão
interessante como uma feita de trufa de
chocolate”, diz o engenheiro de alimentos.
E as mudanças não param por aí. O próximo filão, na opinião do presidente da Abiad,
é adicionar sementes que estão na moda,
difundidas nas páginas das revistas e em
programas de televisão.
Um exemplo que já pode ser visto nos
supermercados é a quinua, aquele grãozinho branco do altiplano andino. Ganhou
fama por ser um dos alimentos mais completos que existem. Foi usado até por astronautas da Nasa em viagens espaciais. O
mesmo acontece com a linhaça e o amaranto, ainda não disponíveis, mas em fase
de estudo por algumas empresas.
Apesar de ser um setor já bastante de-
senvolvido nos Estados Unidos e na Europa, com variedade extensa de produtos e
públicos atendidos, dados demonstram
que o mercado brasileiro não fica atrás e
que sua expansão é uma realidade. Tanto
pelo sucesso de público como pela capacidade de inovação, as barras de cereais
provavelmente ainda terão vida longa nas
mesas de trabalho, nos supermercados ou
nas academias de ginástica.
A Bosch na sua vida
Nattika/Shutterstock
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest, em 2008, 50% dos
1.960 entrevistados afirmaram consumir
o produto em seu local de trabalho entre
as refeições mais pesadas, como almoço
e jantar. Outros 35% costumam comer o
snack na hora em que o compram, como
uma maneira de acabar com a fome imediatamente. Esses fatores, somados ao fato de algumas pessoas estarem buscando
uma vida mais saudável, praticando mais
exercícios físicos e tentando comer melhor, parecem ser a fórmula perfeita para
o sucesso das barrinhas.
“São aliadas na busca por um estilo de
vida mais saudável, que faz um contraponto
à rotina maluca das grandes cidades, com
trânsito e estresse. Podem ser consumidas
no trabalho, mas também antes e depois
das atividades físicas, até como um jeito de
saciar a fome, de comer menos e melhor”,
diz Carlos Eduardo Gôuvea, presidente
da Abiad. A associação aponta que 74%
das pessoas afirmaram consumir o produto por ser nutritivo. Já 72% das respostas
mostram também que a preferência surge
pelo alimento ser saudável, enquanto 62%
das pessoas ouvidas apontam ainda a praticidade como principal virtude.
Poder tirá-lo da bolsa e matar a fome
em qualquer lugar é o que torna o snack
atraente para a professora universitária
Mariana Cantinni. Ela carrega três barrinhas dos mais variados sabores, mas musse
de chocolate trufado, açaí e morango são
os prediletos. “Gosto de todos os sabores,
mas ainda prefiro os diferentes, que misturem ingredientes que deixem o sabor
mais interessante. Cada semana tem um
Engenheiro de alimentos prevê
que frutas brasileiras regionais,
como açaí, jenipapo e jaca, também
deverão ser opções de barrinhas a
serem estudadas pelas empresas,
devido ao grande nicho de mercado
Matka Wariatka /shutterstock
um produto saudável e fácil de ser consumido, até pela popularização do alimento.
O segmento faturou R$ 600 milhões em
2009, segundo dados da Abiad. Além disso, as duas maiores empresas do setor registram forte aumento nas vendas. A líder
Nutrimental vendeu 28% a mais em 2010
em comparação ao ano anterior, atingindo
R$ 290 milhões anuais. O mesmo aconteceu com o segundo maior, a Trio, que teve
crescimento de 15% no mesmo período,
chegando a R$ 133 milhões.
Após a consagração de sabores como castanha-do-pará, indústria alimentícia busca
diversificar portfólio, promovendo misturas mais inusitadas, com iogurte e até lichia
Segmento embalado
A expansão do setor de barras de cereais só é possível graças ao suporte de
toda a cadeia produtiva, desde o plantio
das matérias-primas até a distribuição
do alimento, passando, inclusive, pela
embalagem. É nessa etapa que a Bosch
atua, fornecendo máquinas empacotadoras capazes de atender à crescente
demanda do segmento dos chamados
“alimentos funcionais”.
O modelo Pack 201, por exemplo, é
capaz de embalar até 450 pacotes por
minuto. “Os equipamentos de alto desempenho da Bosch são ideias para
atender à crescente demanda desse
mercado, visto que, além de embalar
os produtos em alta velocidade, também apresentam acessórios que permitem uma produção de alto rendimento”,
afirma Franklin Sousa, responsável pelo
suporte de vendas da Bosch.
“Para uma linha de produção com produtos que apresentam alta demanda,
como as barras de cereais, esses equipamentos fazem uma grande diferença”,
acrescenta o especialista.
Um exemplo desses acessórios seria
o sistema No Product No Bag, que permite que a máquina opere somente se
houver produto, evitando o desperdício
de material de embalagem.
Outro componente que se destaca nas
máquinas de embalagem Bosch é o sis-
Arquivo Bosch
30 | VidaBosch |
tema Splicer, que é responsável pela
troca e emenda automática de bobina de filme, material de embalagem,
evitando a parada ou interrupção da
máquina durante a produção.
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• Saiba mais sobre a linha de empacotadoras da Bosch
32 | VidaBosch |
atitude cidadã
| Por Maria Eduarda Mattar
Legião
do bem
Tragédias como a da região serrana
do Rio de Janeiro arregimentam uma
rede espontânea de voluntários que se
desdobram para ajudar quem precisa
Mangostock
E
ra quarta-feira, 12 de janeiro, quando a empresária Thays
Castro recebeu um telefonema de um casal de amigos.
Pediam emprestado um caminhão da frota de sua empresa.
Na manhã seguinte, o caminhão estava disponível. Cessão
de caminhão também foi o pedido feito pelo internacionalista Leonardo Eloi a um fornecedor da empresa em que
trabalha. Prontamente atendido, ele contatou um colega
que mora em Nova Friburgo para articular o recebimento
de doações e começou a convocar amigos por e-mail para
angariar o que fosse possível. Não precisava: muitos deles
já estavam engajados na ajuda.
A produtora de eventos Cris Ramos convocou colegas
e ex-colegas de trabalho a fazer doações, conseguiu uma
van e assumiu a tarefa de coordenar o recolhimento dos
itens. O administrador Paulo Loiola, que só podia ajudar do
escritório, usou a ferramenta de que dispunha: a internet.
Criou uma campanha de arrecadação de dinheiro via web
para comprar filtros de água. Gerardo Martins e mais três
amigos, todos escaladores, perceberam que poderiam fazer
mais: como tinham treinamento e noções que seriam úteis
em resgates, deslocaram-se para dois dos municípios atingidos para ajudar no que fosse preciso. A coordenadora de
marketing Ana Carolina Rodrigues criou uma planilha on-line
e a enviou para alguns conhecidos a fim de que apontassem
em qual dia poderiam ajudar a distribuir donativos in loco.
Essas ações, empreendidas por um pequeno exército de
voluntários, aconteceram no intervalo de dois dias após a
atitude cidadã
atitude cidadã | VidaBosch | 35
Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress
Para as vítimas das enchentes e dos deslizamentos da região serrana do Rio de Janeiro, só o escritório da Cruz Vermelha recebeu 450
mil litros de água, 350 toneladas de roupas
tragédia ocorrida na região serrana do Rio
de Janeiro, onde, durante algumas horas
da madrugada de 11 para 12 de janeiro, uma
tromba d’água despejou o volume de chuva
que era esperado para o mês inteiro. Sete
foram os municípios mais atingidos pela
combinação de enchentes e desmoronamentos de terra e tiveram de decretar estado de calamidade pública: Nova Friburgo,
Teresópolis, Petrópolis (distrito de Vale
do Cuiabá), Areal, São José do Vale do Rio
Preto, Sumidouro e Bom Jardim.
Os relatos de quem sobreviveu falam
em rios de água e lama invadindo casas e
carregando rapidamente tudo pelo caminho. Houve mais de 900 mortos e quase
400 desaparecidos. Outras 35 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas,
segundo a Defesa Civil estadual.
Na mesma proporção da tragédia foi a
ajuda. Além da ação de indivíduos, raras
são as ONGs, empresas e todo tipo de instituição da região que não lançaram alguma
atividade para ajudar. Bancos abriram contas especiais para doações. As unidades do
Após as enchentes e deslizamentos
no Rio de Janeiro, estádios de
futebol, terminais de ônibus,
estações de metrô, escolas,
universidades, supermercados e
shoppings viram pontos de coleta
de doações
Sistema Sesi-Senai no estado do Rio viraram postos de coleta. Na capital, os estádios
também receberam doações, assim como
a Assembleia Legislativa, os batalhões do
Corpo de Bombeiros, os terminais de ônibus, as estações do Metrô, de barcas e de
trens, escolas e universidades particulares
e redes de supermercados e shoppings.
Casas de show cariocas diminuíram o
preço de ingresso para quem levasse alimentos não perecíveis. Longe do Rio, no
Rio Grande do Norte, sensibilizado pela
Cruz Vermelha local, o circo Estoril destinou a bilheteria da apresentação do dia
25 de janeiro, em Mossoró, para ajudar as
vítimas fluminenses.
“A mobilização surpreendeu muito.
Veio gente de outros municípios, de outros estados e até de outros países. Teve
muita gente de Minas Gerais, São Paulo,
Paraná”, conta Gilberto Paulo de Souza
Filho, subsecretário de Assistência Social
de Nova Friburgo, cidade mais afetada, com
427 mortos e 86 desaparecidos.
O que mais lhe chamou atenção foi a solidariedade “do pessoal de pouca idade”.
“São estudantes que perderam amigos e
parentes. Vi um que perdeu a sobrinha e a
irmã e estava com a gente 24 horas trabalhando. Motoqueiros e jipeiros acessavam
lugares que não conseguiríamos de maneira
nenhuma”, relata o subsecretário. “Víamos
no rosto das pessoas que estavam ali por
amor, por garra.”
Só o escritório da Cruz Vermelha recebeu 450 mil litros de água, 35 mil litros
de leite, 3.300 cobertores, 5 toneladas de
roupa de cama e banho, 250 toneladas
de alimentos, 350 toneladas de roupas,
30 mil artigos de higiene, 20 mil artigos
de limpeza, 4 toneladas de ração, 4.500
brinquedos, 1.500 caixas de vela, 150 cai-
gidas. Os voluntários presentes ajudaram
a distribuir itens como vassouras, baldes
e rodos, para ajudar na limpeza dos terrenos, além de água mineral, galochas e
artigos de higiene pessoal.
Essa foi uma demonstração recente do apoio
da Bosch ao voluntariado, uma tradição
na companhia. Em 2011, por exemplo, a
empresa lançou a campanha Desafio 125,
na qual os funcionários são estimulados a
arrecadar 125 mil itens que serão destinados a uma série de entidades assistenciais.
A inicitiva faz referência aos 125 anos da
Bosch e está organizada em cinco etapas,
com duração de dois meses cada uma. Na
primeira, a arrecadação fica concentrada
em materiais escolares. Depois, será a
vez de roupas, alimentos, brinquedos e
materiais de higiene e limpeza.
“A ação está atrelada a um dos valores
da Bosch, a responsabilidade (corporativa/social). Esse desafio une os colaboradores em um mesmo objetivo
e contribui com o desenvolvimento
das comunidades onde a empresa está
presente”, afirma Rene Lopes, gerente
de Recursos Humanos da unidade matriz da Robert Bosch América Latina.
Daniel Marenco/Folhapress
A Bosch na sua vida
Solidariedade na região serrana do Rio
Sempre que ocorre alguma tragédia, a
solidariedade do brasileiro surge para
contrabalançar a dor e a tristeza pelas
perdas materiais ou humanas. E não
foi diferente no início de 2011, quando
a região serrana do Rio de Janeiro foi
atingida por fortes chuvas que deixaram mais de 880 mortos. Diante da
calamidade, voluntários arrecadaram
artigos de primeira necessidade e os
enviaram aos municípios mais afetados
– Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis. E a Bosch não ficou de fora dessa
corrente do bem.
No dia 21 de janeiro, a empresa enviou um caminhão com donativos para
a região, recebido pela Prefeitura de
Areal, município vizinho às áreas atin-
Arquivo Bosch
34 | VidaBosch |
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• Conheça a política da Bosch para responsabilidade social
atitude cidadã
Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress
xas de pastilhas de purificação de água
e 3.800 caixas de medicamentos de primeiros socorros.
A atuação na região serrana do Rio é
a mais recente. Em outras ocasiões, a intensidade da resposta e a comoção foram
as mesmas. Em novembro de 2008, as enchentes que atingiram 77 municípios do
Vale do Itajaí, em Santa Catarina - deixando
135 mortos e mais de 5 mil desabrigados
–, também mobilizaram esforços e solidariedade de todo o país.
Foram doados mais de R$ 28 milhões,
4,3 milhões de quilos de alimentos, 2,5 milhões de litros de água, 1 milhão de quilos
de roupas, além de brinquedos, materiais
de higiene pessoal e outros itens. “Até hoje continuamos recebendo contêineres
com doações, além de valores em dinheiro,
para serem repassados a vítimas das enchentes em Santa Catarina”, revela Lúcia
Rodrigues, do departamento de relações
atitude cidadã | VidaBosch | 37
institucionais da Cruz Vermelha.
Mesmo quando a tragédia é longe – como no terremoto do Haiti, que deixou mais
de 200 mil mortos em janeiro de 2010 –, a
solidariedade brasileira também se manifestou. A ONG Viva Rio, que já atuava no
país caribenho desde 2004, centralizou
o envio de doações. Foram sete contêineres mandados para lá, com água, roupas e alimentos. “As doações vieram de
todo o Brasil”, conta a coordenadora do
Programa de Voluntariado do Viva Rio,
Cibele Dias.
Ela avalia que, observando a mobilização ocorrida nestes três casos - Santa Catarina, Haiti e serra fluminense -, o
brasileiro ajuda da mesma forma e com a
mesma intensidade, não importando onde
aconteceu a tragédia. “É incrível como o
brasileiro é solidário”, exclama. “Percebo
que as pessoas fazem doação a qualquer
hora, mas, num momento como esse, to-
do mundo se mobiliza, pois sabe o que e
onde doar”, pondera.
Quem não é especialista também tem
essa percepção. Gerardo Martins, o escalador citado no início desta reportagem,
lembra que, na época do tsunami na Ásia,
em 2005, o povo brasileiro foi um dos maiores doadores. “A gente está acostumado
a ajudar o próximo por causa da antiga e
persistente péssima desigualdade de renda. Agora que ela está diminuindo, espero que continuemos preocupados com as
necessidades dos outros.”
No World Giving Index, produzido pela
Charities Aid Foundation para medir a disponibilidade de ajudar, o Brasil está na 76ª
posição. No cálculo, são usados três critérios: doação de dinheiro; doação de tempo
de voluntariado; e ajuda a um estranho.
Segundo a pesquisa, 25% dos brasileiros
entrevistados haviam doado dinheiro; 15%,
tempo, e 49% haviam ajudado um estranho.
Para o psicólogo e doutor em psicologia das emergências Ney Bruck, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), “de um modo geral, as pessoas
se sentem recompensadas por se sentirem
úteis e participarem de uma corrente de
solidariedade, ética, digna, humana”. Ele
próprio foi voluntário em Nova Friburgo durante dez dias no começo do ano,
quando atendeu 600 pessoas em grupo
ou individualmente.
Seu trabalho é ajudar e ensinar as pessoas a lidar com o trauma, utilizando técnicas e protocolos que, segundo ele, ainda
são incipientes no Brasil. Bruck defende
que é preciso haver um treinamento mais
profissional para esse tipo de catástrofe,
até para que os próprios voluntários não
fiquem psicologicamente mal. De cada
três pessoas que atuam na linha de frente
nessas emergência, uma fica com estresse pós-traumático, segundo estatística da
A solidariedade
é importante
não só logo
após a tragédia,
quando a
arrecadação e
a distribuição
de mantimentos
é vital, mas
também na
reconstrução
do que foi
destruído
A ajuda dos brasileiros também
foi intensa para Santa Catarina,
atingida por enchentes em
novembro de 2008, e para o Haiti,
onde um terremoto matou mais de
200 mil pessoas em janeiro de 2010
Organização Pan-americana de Saúde citada pelo especialista.
Não foi o que aconteceu com Thays Castro, a empresária que cedeu o caminhão
citado no início da reportagem. O envolvimento com a ajuda avançou rapidamente
e ela se tornou uma das gestoras das ações
daquele grupo de amigos, que rapidamente
se transformou no movimento hoje conhecido como Minha Ajuda, Sua Casa.
Thays se emociona ao lembrar da ajuda
ofertada por pessoas e empresas. “Uma pizzaria doou pizzas para os voluntários; uma
sorveteria, sorvetes. Um caminhão-pipa
molhava os voluntários no calor. A tia de
um amigo doou seis viagens de helicóptero para a serra. Conseguimos doações de
400 doses de vacinas contra tétano e hepatite e um médico se voluntariou a subir
três vezes para vacinar e prestar atendimentos”, enumera. “Não acreditamos que
íamos chegar aos 8 mil voluntários, como
conseguimos. Nunca vi um movimento tão
grande e tão rápido”, conta.
Depois de mais de um mês de trabalho, começaram a estudar uma nova forma
de atuação, centralizando esforços na reconstrução de casas. Thays acredita que a
solidariedade não vai decepcionar nesta
nova etapa. E ela tem motivo para isso: o
grupo ajudou a promover um jantar de gala
para arrecadar doações, preparado por
22 chefs renomados e com o improvável
valor de R$ 2.500 o ingresso por pessoa.
O jantar teve 80 convidados e foram levantados R$ 200 mil. Tudo foi revertido
para as vítimas da serra.
Dmitry Kalinovsky
36 | VidaBosch |
38 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
| Por Bruno Meirelles
Inovação
desde o berço
Shutterstock
A história da Bosch, que começou há 125 anos, tem como marca
registrada a busca de soluções que melhoram a vida das pessoas
40 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
aquilo deu nisso | VidaBosch | 41
Fotos Arquivo Bosch
veículo –, mais preciso e mais barato que as
soluções anteriores. Foi uma revolução. A
empresa logo produziria a unidade de número 100 mil do magneto, tornando-se uma
das principais fornecedoras automotivos
dentro e fora da Alemanha.
Revoluções sobre rodas
O
Fotos Arquivo Bosch
Lançado em 1936, Mercedes-Benz 260-D (acima) foi o primeiro automóvel de série de passeio com motor movido a diesel;
Funcionários da Bosch trabalham na linha de produção de velas em uma fábrica da Alemanha na década de 20 (abaixo)
motor de partida elétrico, que aposentou as manivelas na tarefa de fazer um carro funcionar. Os limpadores de
para-brisa. O flex fuel. Um sistema de frenagem automática, que breca o automóvel
em casos de emergência. Ferramentas elétricas com bateria recarregável. O primeiro
processador de alimentos. Inovações tão
diferentes como essas têm raiz comum: uma
oficina de Stuttgart, na Alemanha, criada
há 125 anos por Robert Bosch.
Chamado “Oficina de Mecânica de Precisão e Eletrotécnica”, o empreendimento foi inaugurado em 15 de novembro de
1886 por esse alemão nascido em Albeck
(no centro-sul do país). Tinha uma estrutura
modesta, a ponto de o proprietário visitar
de bicicleta cada um de seus clientes – nada
comparável às dimensões atuais da Bosch,
que tem 280 mil funcionários espalhados
em 150 países.
O sucesso do negócio começou a ser desenhado no ano seguinte, justamente em
razão da inovação. Bosch desenvolveu o
magneto, que alguns anos depois viria a se
tornar um dos produtos-chave da companhia. O dispositivo, capaz de dar a ignição
em motores automotivos por meio de uma
faísca elétrica, foi testado em um triciclo
em 1897, e o desempenho surpreendeu o
próprio inventor. “Mesmo com 100 ignições por minuto, e até mesmo com 600, o
magneto funciona sem perder nenhuma
delas”, relatou Bosch a um cliente.
O passo seguinte foi usar uma vela com
magneto de alta tensão, em 1902. Era, finalmente, um sistema confiável de ignição. O
dispositivo era pequeno – cabia em qualquer
O casamento com o setor automobilístico
seguiu firme após o magneto, rendendo
uma série de inovações ao longo do século
20. Se hoje uma boa visibilidade é considerada quesito indispensável para a segurança ao volante, há cem anos o motorista
estava praticamente às escuras. A situação
mudou em 1913, quando a Bosch lançou
seu sistema de iluminação elétrica para
carros. Era o primeiro a reunir não apenas
faróis mas também gerador, regulador de
tensão e bateria, sendo um precursor dos
modelos atuais.
No ano seguinte, foi a vez de o motor
de partida elétrico tornar a vida dos motoristas mais fácil e segura. Substituiu a
manivela, que não só exigia esforço físico
para ligar o carro como podia escapar em
direção ao volante durante as trocas de
marcha – houve, em razão disso, inúmeras
mortes ao volante.
Na década de 20, ficou marcada pela buzina Bosch, que se tornou a grande
sensação na mostra de veículos de Berlim
em 1921 e em menos de 24 meses já havia
vendido mais de 100 mil unidades. Já a primeira bateria para veículos, produto que
em várias partes do mundo é associado ao
nome da empresa, foi produzida em 1922,
inicialmente apenas para as motos.
Outro impulso tecnológico dos anos 20
foi o limpador de para-brisas. O produto
existia pelo menos desde 1908, porém, era
ineficiente no uso diário, até que em 1926 a
Bosch lançou seu dispositivo acionado por
um motor elétrico. “Estamos convencidos
de que esse limpador em breve se tornará
amigo de todos os motoristas”, previu na
época Robert Bosch, em texto para o jornal da empresa.
No ano seguinte, foi a vez de uma pequena
revolução nos motores diesel. Até então, as
bombas de injeção nessa área eram grande demais para a aplicação em veículos ou
pequenas demais para funcionar num veí-
Cartazes publicitários com produtos
vendidos na Alemanha durante as
primeiras décadas da Bosch
42 | VidaBosch |
aquilo deu nisso
aquilo deu nisso | VidaBosch | 43
Fotos Arquivo Bosch
Inspeção visual
de um wafer,
usado em
sistemas de
energia solar e
composto de
centenas de
chips eletrônicos
(à esq.); parte
inferior de uma
engrenagem
eólica, que
transforma o
vento em energia
elétrica (à dir.)
culo. A situação mudou em 1927, quando a
empresa testou sua bomba de injeção em
um sedã, que conseguiu rodar por mais de
40 mil quilômetros. A inovação se tornou
um modelo para o segmento, foi usada em
grandes veículos e virou um dos produtos
mais rentáveis da Bosch.
Um ano após abrir a empresa
em Stuttgart, Robert Bosch
desenvolveu o magneto, capaz
de dar ignição em motores
automotivos. Representou
uma revolução no setor e foi
a primeira de uma série de
descobertas da Bosch
Diversificando a produção
A fase inicial de expansão da empresa deu-se em torno de produtos automotivos.
Mas Robert Bosch já havia detectado que
seria importante diversificar os negócios.
Assim, em 1925, passou a investir nos segmentos de eletrodomésticos e ferramentas
elétricas. O primeiro passo foi um cortador
de cabelos, em 1928. Em 1932, adquiriu a
Junkers & Co., que fabricava aquecedores
de água. Pouco depois sua furadeira, que
veio a simplificar os trabalhos tanto nas
casas quanto na indústria. No ano seguinte,
a corporação entrou efetivamente na área
de eletrodomésticos com a fabricação de
refrigeradores, apresentados numa feira
em Leipzig.
Essa estratégia se manteve mesmo após
a morte de Robert Bosch em 12 de março de 1942, aos 80 anos. O leque de pro-
dutos se abriu enormemente e passou a
abranger de máquinas de lavar roupa até
parafusadeiras, de máquinas de embalagem a forno micro-ondas, de aquecedores
elétricos a bombas de água, de serra mármore a circuitos integrados de alarmes,
de sistemas pneumáticos para indústrias
a ferramentas manuais multiúso.
Um dos novos braços da empresa nasceu
de uma tradição iniciada logo após a produção em série do magneto de alta tensão,
em 1902. Descontente com a qualidade do
maquinário da época, Robert Bosch decidira
construir seus próprios equipamentos. A
atividade ganhou força, virou uma divisão
interna em 1932 e passou a fornecer serviços e produtos para outras companhias em
1974. Esse segmento cresceu de tal forma,
com desenvolvimento de linhas de monta-
gem, que se tornou parte, a partir de 2001,
da subsidiária Bosch Rexroth.
A diversificação de produtos foi acompanhada por uma diversificação de mercados. No Brasil, por exemplo, a empresa se
estabeleceu em 16 de novembro de 1954,
num escritório na Praça da República, em
São Paulo. A corporação logo montou uma
fábrica em Campinas, no interior paulista.
Eletrônica de ponta
Na segunda metade do século 20, a Bosch
transformou-se em uma das precursoras
da inserção de componentes eletrônicos
em veículos. Em 1959, por exemplo, começou a desenvolver um sistema de injeção eletrônica para motores a gasolina.
O produto passou a ser vendido oito anos
depois. Em 1997, a inovação foi aplicada a
sistemas diesel com a tecnologia common
rail, em 1997. Esse sistema mais recente
armazena combustível a pressões elevadas, proporcionando um desempenho mais
silencioso e uma redução de emissões em
até 96% quando comparadas com as de um
veículo de 1990.
Já a história de sucesso do ABS, primeiro sistema eletrônico a evitar o bloqueio das rodas, começou em 1978. Essa
tecnologia acabou se tornando o ponto de
partida para todos os sistemas modernos
de controle de frenagem. Já o TCS (sistema de controle de tração), também criado
pela Bosch, representa para a aceleração
o mesmo que o ABS é para as freadas, garantindo uma condução estável mesmo
em superfícies escorregadias.
Entre as invenções mais recentes está o
sistema de frenagem automática de emergência. Desenvolvido em 2010, ele ajuda
os motoristas a evitar batidas traseiras por
meio de sensores de radar e vídeo. Em um
primeiro momento, o condutor é alertado
caso algum objeto seja identificado. Se ele
não reagir, o carro freia automaticamente.
Hoje, a Bosch segue investindo em pesquisas e conta com um registro médio de
15 patentes por dia. Elas seguem o mesmo
espírito da primeira invenção de Robert
Bosch, expresso no atual slogan da empresa: tecnologia para a vida.
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saudável e gostoso
ovo
| Por Sara Duarte Feijó
A redenção do
Durante décadas, esse alimento foi considerado o vilão da dieta. Mas novas pesquisas revelam que ele é nutritivo e faz bem à saúde
Shutterstock
L
evante a mão quem não sente uma
pontinha de culpa toda vez que saboreia um ovo mexido, frito ou cozido.
Símbolo da fertilidade, venerado por joalheiros e designers como a embalagem
mais perfeita já criada pela natureza (leia
quadro na página 46), no século 20 o ovo
foi transformado em vilão da dieta. Tudo
porque, nos anos 1970, descobriu-se que
cada gema continha em média 213 mg de
colesterol. Naquela época, a American Heart Association (AHA – Associação Americana do Coração, em português) aconselhava o consumo de, no máximo, 300 mg
de gordura por dia. A comunidade médica
ficou alarmada e determinou que o ovo de
galinha deveria ser banido do cardápio.
De lá para cá, houve dezenas de pesquisas sobre o alimento. Todas constataram
que não havia motivo para tanto alarde.
Em primeiro lugar, o consumo de um ovo
por dia não aumenta o volume de colesterol e triglicérides no corpo humano, pois
seus componentes são metabolizados de
forma benigna. “A gordura presente ajuda
o organismo a absorver as vitaminas lipossolúveis – que se dissolvem em gordura”,
explica a nutricionista Fabiana Honda, da
PB Assessoria Nutricional, de São Paulo. “É
um colesterol benéfico, bem diferente das
gorduras saturadas e das gorduras trans.”
Segundo Carlos Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração, de São Paulo, a menos que a pessoa
sofra de doenças cardiovasculares, não há
qualquer contraindicação para o consumo
desse alimento.
“Pode comer um ovo mexido, um omelete ou uma gemada de vez em quando”,
afirma ele, antes de alertar para o verdadeiro problema: a falta de exercícios físicos e de cuidados com outros alimentos.
“O acúmulo de colesterol no sangue está
mais ligado ao sedentarismo e ao consumo
exagerado de frituras, doces e alimentos
industrializados.”
Ou seja, para a saúde do coração, os vilões da dieta são outros: carnes gordurosas,
pele de frango, embutidos (salsicha, linguiça, mortadela e salame), queijos amarelos
e cremosos, creme de leite, leite de coco e
alimentos preparados com gordura vegetal
hidrogenada, como biscoitos recheados e
batata frita congelada.
Nutritivo até na casca
Estudos apontam que o ovo tem alto valor
nutricional. Além de oferecer 12% de nossa
necessidade diária de proteína, contém 14
vitaminas, minerais, aminoácidos e elementos antioxidantes. A clara, por exemplo, é
rica em albumina, uma proteína que favo-
rece o aumento de massa muscular, desde
que a pessoa faça exercícios.
A gema, por sua vez, possui vitaminas
B12, A, K e D, selênio e ainda colina, um nutriente essencial para o desenvolvimento da
área do cérebro ligada à memória. A casca
é rica em cálcio e zinco. Por isso, é triturada
e utilizada em suplementos alimentares.
De tempos em tempos, surgem novos
dados para reparar a reputação do ovo.
Em fevereiro deste ano, o Serviço de Pesquisas do Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos reviu seus cálculos e
anunciou que esse alimento possui 14%
menos colesterol e 64% mais vitamina D
do que se acreditava. “A média de colesterol contida em um ovo tipo grande é de
185 mg”, diz Jacob Exler, nutricionista do
órgão norte-americano. “E a quantidade
de vitamina D, que ajuda na absorção do
cálcio pelos ossos, é de 41 Ui, ou seja, 10%
da dose diária recomendada.”
Outro fator que contribuiu para a redenção desse alimento foi o uso da tecnologia
nas condições de produção. No ano passado,
segundo o IBGE, o Brasil produziu mais de
2,4 bilhões de dúzias de ovos. Mais de 90%
vieram de granjas industriais, totalmente
automatizadas. Ali não existem pátios de
terra batida, minhocas, galos ou frangos.
Há somente galinhas poedeiras (criadas
Fora da geladeira, o ovo apodrece
em menos de cinco dias. O ideal
é deixá-lo na geladeira, a uma
temperatura de, no máximo, 15ºC
para botar ovos), que são vacinadas, alimentadas com ração e acompanhadas por
tratadores e veterinários. Esses cuidados
diminuem a chance de contaminação por
salmonela – bactéria que provoca diarreia
e febre.
Para melhorar a produção, a indústria
costuma utilizar galinhas que tenham de 19
semanas a pouco mais de um ano de idade.
Por volta das 4h da manhã, a luz da estufa
é acesa e elas acordam. Às 9h, a produção
é recolhida. Os ovos, então, recebem um
banho de água clorada e, em seguida, uma
camada de óleo vegetal, para selar as cascas. Por fim, são distribuídos nas bandejas
e embalados em caixas de 30 dúzias. Do
momento em que a galinha põe o ovo até
ele chegar à prateleira do supermercado,
se passam entre dois e quatro dias.
Ninguém precisa ter receio de quebrar
a casca e encontrar um pintinho. Como o
Ministério da Agricultura proíbe a venda
de ovos galados, o produto que encontramos nos hipermercados é como uma célula
estéril (como um óvulo feminino que não
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tenha sido fecundado). Agora, se o seu medo é comprar ovos podres, basta verificar
a data de validade e conferir se nenhum
deles está quebrado ou rachado. Caso todos
se mostrem em perfeito estado, pode levar
para casa. Só não se esqueça de mantê-los
na geladeira, a uma temperatura de, no
máximo, 15ºC. “Como qualquer alimento
perecível, o ovo precisa de refrigeração.
Se for deixado à temperatura ambiente,
apodrece em menos de cinco dias”, afirma
Takesi, da Naturovos.
O brasileiro come, em média, 141 ovos
por ano, segundo a Sociedade Brasileira de
Avicultura (SBA). É pouco, se comparado
aos países campeões do ranking. No México, por exemplo, o consumo per capita
é de 360; na China, 310; já no Japão, 347.
Quase um ovo por dia?
O que pouca gente sabe é que esse ingrediente está presente em quase tudo o
que ingerimos: pães, pizza, massas, tortas,
pastéis, bolos, quindins, suspiros, chantilly. Enquanto nos lares e restaurantes se
utiliza o ovo in natura, em indústrias de
alimentos e confeitarias o mais comum é
usar clara ou gema desidratadas ou pasteurizadas. A vantagem é que cada cliente
compra apenas a parte que lhe interessa. “A
indústria de panetone, por exemplo, usa a
gema. Os fabricantes de suplementos para
Alexandre Castro/Fotoarena
saudável e gostoso
Sevenke/Shutterstock
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atletas, só a clara”, explica Renato Takesi,
diretor da Naturovos, agroindústria do Rio
Grande do Sul.
Na alta gastronomia, o ovo é uma vedete. O chef Guilherme Melo, dono do Hermengarda (www.hermengarda.com.br),
um dos melhores restaurantes de comida
contemporânea de Belo Horizonte, afirma
que poucos alimentos são tão versáteis.
“Além de dar um sabor especial à comida
do dia a dia, vai muito bem em receitas leves e sofisticadas”, comenta. Não por acaso, no menu do Hermengarda, o prato de
maior sucesso é o Creme de Palmito Trufado com Ovo Perfeito. Entre as sobremesas,
a campeã é a Musse de Coco com Baba de
Moça e Fios-de-Ovos (confira as receitas
nas páginas 47 e 48).
Creme de Palmito Trufado com Ovo Perfeito
Rendimento: 8 porções
creme de palmito
Do design ao cinema
•H
á um provérbio em latim que diz que “o ovo é a origem
de toda a vida” (Omne vivum ex ovo). Por isso, em diversas
partes do mundo ele é o símbolo da fertilidade. Na Europa,
durante a Idade Média, tornou-se comum pintar ovos cozidos para celebrar a chegada da primavera.
• No mundo do design, o formato ovalado é considerado um
ícone, pois remete ao aconchego e à modernidade. Lançada
em 1968, a cadeira Ovalia Egg Chair, do escandinavo Henrik Thor-Larsen, tornou-se um clássico (//www.ovalia.com/
eng_ovalia.htm). Nos anos 2000, voltou à moda ao aparecer
nos filmes MIB – Homens de Preto 1 e 2.
• Depois de descobrir a América, Cristóvão Colombo usou
um ovo de galinha para zombar de quem desdenhava de
sua façanha. Em um banquete, perguntou quem conseguiria
fazer um ovo parar em pé. Todos tentaram, sem sucesso.
Colombo resolveu o dilema batendo o ovo na mesa e achatando uma de suas extremidades. Com isso, mostrou que,
em tese, qualquer coisa é fácil de realizar. Mas que uma
grande ideia só tem valor quando é executada.
• O ovo é um personagem tradicional na literatura infantil
anglo-saxônica. Por volta de 1810, na Grã-Bretanha, surgiu
uma canção de ninar que falava de um ovo que havia caído
de um muro e se espatifado. Era o Humpty Dumpty, personagem que estrelou vários desenhos animados e livros,
aparecendo até no clássico Alice Através do Espelho, de
Lewis Carroll.
• Já ouviu falar no Ovo de Fabergé? Trata-se de um luxuoso
ovo de Páscoa feito de ouro e cravejado de pedras preciosas, que era muito apreciado pelos czares da Rússia. O
primeiro deles teria sido produzido em 1895 pelo joalheiro
Gustav Fabergé, sob encomenda do czar Alexandre 3º. A joalheria produziu 54 peças para a família imperial da Rússia,
até que, com a revolução de 1917, foi nacionalizada pelo
governo bolchevique.
Ingredientes
700 g de palmito pupunha in natura
descascado (o palmito em conserva
deixará o creme ácido)
500 ml de creme de leite fresco
600 ml de caldo de legumes caseiro
150 g de queijo parmesão ralado
20 g de manteiga trufada
Uma pitada de sal
Uma pitada de pimenta-do-reino branca
Uma pitada de noz-moscada
Modo de preparo
Em uma panela com três copos de
água, coloque para ferver uma cenoura,
uma cebola, um salsão e um punhado
de alho-poró. Leve ao fogo e deixe
ferver por 15 minutos. Passe o caldo
pelo coador para retirar os legumes.
Reserve.
Pique o palmito pupunha em rodelas
em finas – a base, que é mais espessa,
pode ser cortada em cubinhos. Adicione o palmito ao caldo de
legumes e leve ao fogo brando por
aproximadamente 20 minutos ou
até que esteja macio. Separe 1/3 do
palmito cozido e reserve.
Bata o restante no liquidificador até
ficar com consistência de sopa e, se
achar necessário, passe por um coador.
Leve essa mistura ao fogo brando,
acrescente o creme de leite e o queijo.
Misture bem. Adicione o sal, a pimentado-reino branca e a noz-moscada.
Acrescente a manteiga trufada e o
palmito cozido que estava separado.
o ovo perfeito
Ingredientes
8 ovos de galinha
2 litros de água
1 pitada de sal
Salsinha para decorar
Modo de preparo
Em uma cozinha profissional, esse ovo
é preparado a uma temperatura precisa
e controlada. Ele fica transparente
e com a gema quase líquida. Para
prepará-lo em casa, coloque dois litros
de água numa panela e deixe ferver.
Adicione os ovos à água fervente,
desligue o fogo e os deixe lá até que a
água esfrie totalmente.
Montagem
Sirva o creme de palmito em pratos
individuais. Descasque os ovos com
cuidado e coloque um em cada prato,
como se fosse a cereja do bolo. Decore
com a salsinha picada. Esse é um prato
para noites de inverno. Não precisa de
carne ou arroz como complemento.
Para acompanhar, apenas torradinhas
ou fatias de pão italiano. saudável e gostoso
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Musse de Coco com Baba de Moça e Fios-de-Ovos
Modo de preparo
Coloque as folhas de gelatina de molho
em água fria por cerca de 10 minutos.
Escorra. Adicione meia xícara de água
fervente para dissolver a gelatina.
Reserve.
Retire o coco da casca e rale-o em um
ralador grosso.
Em um liquidificador, bata o leite
de coco, o creme de leite, o leite
condensado, o coco ralado e a gelatina.
Reserve.
Em uma batedeira, bata as claras até
elas ficarem bem firmes (em ponto de
suspiro), adicione o açúcar e bata mais
um pouco.
Passe a musse do liquidificador para
uma vasilha e vá adicionando as
claras em neve com movimentos bem
delicados.
Despeje a mistura em forminhas ou
taças individuais e leve-as à geladeira
por pelo menos 8 horas.
– a baba de moça
Ingredientes
1 xícara de açúcar
½ xícara de água
1 colher de sopa de manteiga sem sal
½ garrafinha de leite de coco (150 ml)
8 gemas
1 colher de café de essência de
baunilha
parte 2
Modo de preparo
Despeje o açúcar em uma panela e
deixe-o cozinhar em fogo brando. Vá
mexendo sempre, até o açúcar derreter
e virar uma calda transparente. Reserve
a calda e deixe esfriando.
Passe as gemas por uma peneira e
reserve.
Em uma vasilha ou refratário, junte
a calda de açúcar fria, as gemas,
misture bem e acrescente em seguida
a manteiga, o leite de coco e a essência
de baunilha.
Leve ao fogo em banho-maria. Sempre
em fogo baixo, mexa por cerca de 5
minutos ou até obter a consistência
desejada.
Deixe esfriar e guarde na geladeira até a
hora de servir.
– montagem
Tire as musses de coco da forma e
regue cada uma com baba de moça.
Coloque uma ameixa e um pouco de
fios-de-ovos sobre cada uma para
enfeitar. Mantenha na geladeira até a
hora de servir.
parte 3
destaque para colecionar
– a musse
Ingredientes
8 folhas de gelatina
1 lata de leite condensado
1 coco pequeno ralado (ou um pacote
de 200 g)
1 lata de creme de leite
1 garrafinha de leite de coco (300 ml)
5 claras em neve bem firmes
5 colheres de sopa de açúcar
10 ameixas sem caroço
200 g de fios-de-ovos (podem ser
comprados em delicatessens)
parte 1

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