decorando faberge ovo em grande estilo
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decorando faberge ovo em grande estilo
VidaBosch Fevereiro | Março | Abril de 2011 • nº 24 Shutterstock Recicle a informação: passe esta revista adiante Queridinho dos designers – e também dos médicos Antes vilão do colesterol, ovo volta a ser considerado ingrediente saudável Bom, bonito e inteligente Como deixar sua casa prática sem abrir mão da beleza Tecnologia durante toda a vida A Bosch tem 125 anos de história marcados pela inovação Sumário 02 viagem | Serra da Bocaina, em SP, preserva natureza e patrimônio histórico editorial A inovação está em nosso DNA Há 125 anos, quando Robert Bosch – um jovem empreendedor de apenas 25 anos de idade – inaugurou a Oficina de Mecânica de Precisão e Eletrotécnica, a indústria automobilística ainda dava seus primeiros passos. Os desafios daquela época eram inúmeros, e os construtores de automóveis demandavam soluções para diversos problemas... Assim surgiu a cultura de inovação da Bosch – uma característica presente até hoje na empresa, em todos os setores em que atua. Nesta edição, na seção aquilo deu nisso, contamos não apenas como a empresa de Robert Bosch cresceu e se transformou num dos maiores grupos industriais do mundo, mas também como foi estabelecido o vínculo entre a Bosch e o automóvel e as inovações que marcaram época e redefiniram conceitos. Não perca, ao longo das próximas edições, os principais capítulos dessa história de sucesso! Boa leitura! A Redação 08 eu e meu carro | O galã Daniel Boaventura ama carrões, mas coleciona carrinhos 10 torque e potência | Agora você vai saber o que é de fato um grande caminhão 14 em casa | Como unir beleza e praticidade em sua casa 20 tendências | A energia solar em processos industriais 24 grandes obras | As águas do São Francisco vão mudar o curso da história da seca? 28 Brasil cresce | Barrinhas de cereais matam a fome e revigoram a economia 32 atitude cidadã | Brasileiros dão exemplo de solidariedade após as tragédias 38 aquilo deu nisso | Bosch: 125 anos de história, 15 patentes por dia 44 saudável e gostoso | Ovo é idolatrado no design, e agora também na medicina 02 38 Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / [email protected] • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (www.buonodisegno.com.br), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: Gráfica Ideal • Revisão: Dayane Pal ([email protected]) • Jornalista responsável: Jaime Spitzcovsky (DRT-SP 26479) 44 Destaques on-line | www.vidabosch.com.br torque e potência viagem Vídeo Saiba o que acontece na hora de balancear e alinhar seu carro Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo depto. de Corporate and Marketing Communication, Brand Management and Call Center (RBLA/COM1). Dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: (011) 21261950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato 14 eu e meu carro Vídeo Os supermotores que movem as supermáquinas aquilo deu nisso Site Como funciona o sistema fluex fuel Site 125 anos de história e inovações 2 | VidaBosch | viagem | Por Walterson Sardenberg Sº No mundo dos barões Claudio Larangeira/Keystone Na Serra da Bocaina, moraram e esbanjaram os homens mais ricos do Brasil. A fortuna se foi, mas sobraram as fazendas centenárias onde se hospedar é uma delícia 4 | VidaBosch | viagem viagem | VidaBosch | 5 Eliana Leite/Fazenda São Francisco Juliana Fumero Eliana Leite/Fazenda São Francisco Parque da Serra da Bocaina (ao centro) e imagens da Fazenda São Francisco Q uem dirige pela Via Dutra no sentido de São Paulo para o Rio de Janeiro e vê a placa para Campos do Jordão, logo passa a fazer inevitáveis associações com o luxo: bistrôs franceses, casacos de mink e test drives de bólidos europeus, por exemplo. É a porta de entrada da rica Serra Mantiqueira. Mais adiante, a placa indicando a cidade de Queluz, do outro lado da estrada, na direção do litoral, provoca apenas uma insípida referência: é a última cidade do estado de São Paulo, antes da fronteira com o Rio. Pouca gente sabe, mas, ali, na antessala de outra serra, a da Bocaina, começa o caminho para uma região que, na segunda metade do século 19, punha Campos do Jordão no chinelo se a medida for dinheiro rolando à solta. Campos do Jordão não passava de um diminuto retiro para quem sofria de doenças respiratórias. Enquanto isso, as cidades da Bocaina importavam modas de Paris, sedas da China e cristais da Boêmia. Em troca, exportavam café. Muito café. Em seu apogeu, este pedacinho do país chegou a reunir 82 fazendas. Uma delas, a Pau D’Alho, hoje aberta à visitação, so- mava 60 mil pés do grão. Bananal, principal município da região – e atualmente com míseros 10.200 habitantes –, exibia a maior receita do estado, 35% superior à da provinciana capital. Acredite ou não, mas, de tão poderosa, a Bocaina tinha moeda própria – circulava até na corte, o Rio de Janeiro. Quem mandou cunhar as tais moedas foi Domingos Moitinho, um dos barões do café aquinhoados pela fortuna. Algumas dessas peças estão hoje expostas no curioso acervo da Fazenda dos Coqueiros, também aberta a visitas. Moitinho nem era o mais rico dos fazendeiros da região. Perdia para o comendador Manuel Aguiar Vallim, proprietário de cinco fazendas. Para servi-lo, este senhor despunha de um séquito de cinco caseiros, 13 cozinheiros, sete costureiros, cinco pajens, um alfaiate, oito mucamas, duas amas, um barbeiro, um seleiro, um sapateiro, duas lavadeiras, uma rendeira e um hortelão. Sem contar as centenas de escravos que se limitavam à lavoura. Era o homem mais rico do Brasil, antes de esse tipo de ranking virar moda. Chegou a avalizar um empréstimo do banco londrino Rotschild para o governo de Dom Pedro 2º. Ao morrer, em 1878, dez anos antes da Abolição da Escravatura – que tanto temia –, deixou o equivalente a 28% do caixa dos bancos comerciais brasileiros. Como é tão comum ocorrer, seus herdeiros não mantiveram o patrimônio. Não é mais deles a Resgate, a fazenda onde o caixa-alta morava. É preciso agendar para visitá-la. Vale – e como vale! Entre outras preciosidades, o palacete neoclássico (nada a ver com o pavoroso neoclássico de hoje) tem um cravo inglês Butcher & Watlen e fortunas em pratarias da Christofle, de Paris. Para homenagear a fonte de seu pecúlio, Vallim fez vir da Espanha o pintor José Maria Vilarongo, que cobriu as paredes da sua “Sistina de Bananal” com inspiradoras imagens de cafezais. Da profícua era do café sobrou pouco no centro urbano de Bananal, além de uma outra propriedade de Vallim. Mas ninguém em sanidade mental sai da cidade sem visitar a estação ferroviária de aço pré-moldada na Bélgica e, menos ainda, a Pharmácia Popular. O nome, com ph, não é tola invencionice. Mantém a grafia de quan- do foi inaugurada, em 1830, pelo francês Tourin Monsier, então como Pharmácia Imperial. O grande atrativo é a decoração, com armários em pinho-de-riga e o piso de cerâmica francesa, os mesmos de 171 anos atrás. A preservação se estende às minúcias, como os frascos de remédios, com rótulos pintados a ouro e conteúdos insólitos, como sangue em pó. A Serra da Bocaina chega a 1.600 metros de altitude e, portanto, esfria um bocado no inverno. Além de Bananal, reúne as cidades de São José do Barreiro, Areias e Silveiras, por ordem de importância. Uma parte desta área foi transformada no Parque Nacional da Serra da Bocaina, em 1971. Uma medida providencial. É a maior reserva contínua de Mata Atlântica no país, com 1.100 quilômetros quadrados, o equivalente a 700 vezes o paulistano Parque do Ibirapuera. Em suas imediações, há dezenas de cachoeiras, mas não pense que chegar ao melhor do Parque Nacional é moleza. Esquilos, macacos, capivaras, veados e até onças — tudo isso a meio caminho entre as duas maiores cidades do país, quem imaginaria? — estão protegidos não só pela legislação, Riqueza acumulada com exportações de café fez da região uma das mais ricas do país no século 19. São dessa época os casarões que se abriram para o turismo, a maioria com estrutura e mobiliário preservados mas também por uma tortuosa estrada de terra, daquelas que a moçada do off-road trata por “casca grossa”. Quem não tem um veículo 4 x 4 ou disposição para guiar nesta buraqueira pode reservar um quarto no Refúgio Vale dos Veados. Fica fácil. Uma Land Rover o levará a 1.300 metros de altitude, onde está encarapitada essa aconchegante pousada provida de tudo — menos de luz elétrica. São quase três horas para vencer um trajeto de meros 42 quilômetros. A esplêndida comida do forno de lenha, o romantismo dos candelabros e o ofurô com pétalas de hortênsia, à beira de um lago, recompensam o esforço. O dito ecoturismo é uma das forças da Bocaina. Há quem venha até aqui para fazer um trekking até a Pedra do Frade. Lá de cima, a 1.559 metros, depois de um dia de caminhada descortina-se até a Baía de Angra dos Reis. Pernoita-se em um acampamento, durante a jornada. A maioria dos visitantes da serra, todavia, prefere um atrativo menos sacrificante: hospedar-se nas fazendas centenárias, usufruindo do mobiliário de época e de um sossego reconfortante. Caminhar sobre largas tábuas de cedro é voltar ao tempo dos barões e sinhazinhas do café e até sentir-se como tal — sem o pince-nez e os espartilhos. Assim o fizeram Tony Ramos, Fafá de Belém, Deborah Secco e Maitê Proença. Já Olivier Anquier e Vera Zimmermann tornaram-se habitués. Fazendas, há muitas. A São Francisco (1813) trai o nome: nada tem de franciscana. Além de móveis art-nouveau, conta com um pequeno museu com raridades como partituras originais de Chiquinha Gonzaga. A Fazenda Independência (1822) é ainda mais refinada. Um restauro caprichado restitui-lhe o viço. Recentemente, foi aberta à hospedagem outra maravilha: a Fazenda Vargem Grande (1837). Amigo dos antigos proprietários, o paisagista Ro- viagem viagem | VidaBosch | 7 Queluz 116 Silveira São José do Barreiro SP Serra de Bocaina 116 RJ - 155 101 Taubaté SP - 153 Angra dos Reis SP - 171 Ilha Grande São Luiz do Paraitinga RJ - 165 SP - 125 Ubatuba Onde ficar 101 Paraty RJ Onde comer Fazenda Independência A Casa Grande é de 1822. Daí o nome desta fazenda, que mantém o estilo do século 19, com mobiliário da época. Prefira os quartos do primeiro andar. Eles têm pé-direito mais alto e vista melhor. Fica em Bananal. Rodovia SP-064 para Barra Mansa, www.fazendaindependencia.com.br. Tel.: (12) 3116-1110. Dona Licéia Um dos melhores restaurantes de culinária regional do país. No forno a lenha, Licéia de Oliveira faz leitão, pato e coelho, entre outras iguarias. Reserve espaço para o bufê de 20 sobremesas. Fazenda Caxambu Rodovia dos Tropeiros, km 21 (mais 4 km de estrada de terra). Tel.: (12) 3115-1412. Pousada Vale dos Veados Não há luz elétrica. Nem precisa. As duchas de água quente estão garantidas, assim como todo o conforto e uma cozinha de excelência. Difícil é chegar. Estrada da Bocaina, km 42, www.hoteisdabocaina.com.br. Tel.: (12) 3117-1192. Chez Bruna Além de ótima cicerone, Bruna é divertidíssima e prepara excelentes trutas. Vale encarar os 6 km de estrada de terra numa subida para chegar ao local, onde também mantém um acampamento e aluga cavalos. Estrada da Bocaina (SP-247), km 28. Tel.: (24) 9951-2714. Fazenda São Francisco Móveis art nouveau na casa grande, em São José do Barreiro. Deve-se dirigir 6 km por terra. Estrada Fazenda São Francisco, km 6, www.fazendasaofrancisco.com.br, Tel.: (12) 3117-1264. Restaurante do Ocílio Arroz com pato e frango caipira são especialidades de Ocílio Ferraz. Fazenda do Tropeiro, s/n, na cidade de Silveiras, www.restaurantedoocilio.com.br. Tel.: (12) 3106-1103. berto Burle-Marx usava o lugar como laboratório para criar muitos dos seus mais admiráveis jardins. É bem possível que em alguma dessas fazendas bata em você um sentimento de déjà-vu. Pudera. Várias delas foram cenário de filmes, telenovelas e seriados. A Boa Vista chegou a dar o nome a uma novela da Globo: O Casarão. Embora seja a construção mais antiga (1780) do gênero na região e mantenha a impactante alameda de palmeiras imperiais, só preservou intacto o mobiliário de um único quarto: aquele em que dormiu o duque de Caxias, a caminho da Guerra do Paraguai. Em compensação, é uma das hospedagens com melhor infraestrutura de lazer, ideal para as crianças. Crianças? Talvez elas apreciem um dos principais chamarizes da Bocaina: alugar um cavalo na fazenda e deixar-se vagar por essas cidadezinhas sem trânsito, sem estresse, em que persiste a tradição de cumprimentar cada pessoa que cruza o caminho com o arrastado e amistoso “Tarrrrde”. Ferido pelo ostracismo nos últimos anos de vida, Juscelino Kubitschek gostava de vir aqui desfrutar dessa cordialidade. Hospedava-se na Fazenda 3 Barras (1813). A sobrevivência dos casarões é um legado muitas vezes improvável. Afinal, a derrocada dos barões na Bocaina foi um processo rápido. Primeiro, a fertilidade da terra diminuiu. Depois, a libertação dos escravos comprometeu ainda mais a cultura dos cafezais. Por arrogância ou ignorância, os fazendeiros não haviam se preparado para isso. As levas de imigrantes que desembarcavam no porto de Santos poderiam ser a salvação da lavoura — ao pé da letra. Não foram. Preferiram as condições de trabalho oferecidas no Oeste paulista. A Bocaina decaiu. Definhou. Hoje, o turismo, o ótimo artesanato de Silveiras (visite o ateliê Entre no Paraíso) e alguma agricultura mantêm uma economia tímida, mas viva. Da próxima vez que você passar pela Dutra, reclamando do excesso de caminhões e pensando em entrar em Campos do Jordão, lembre-se de que, do outro lado da estrada, não está apenas a última cidade do estado de São Paulo. Está também o começo de uma sedutora e sossegada temporada de férias. Vista do pôr do sol de montanha da Serra da Bocaina A Bosch na sua vida Direção alinhada Antes de enfrentar as curvas sinuosas que levam à Serra da Bocaina, é importante assegurar que o alinhamento e o balanceamento do veículo estejam em dia. Esses ajustes, que devem ser feitos a cada 5 mil quilômetros ou sempre que os pneus forem trocados, contribuem para o perfeito equilíbrio do carro, fundamental para garantir uma direção segura em longas viagens. Quando ocorre alguma alteração nas especificações do automóvel por impacto, trepidação, compressão lateral ou desgaste dos componentes da suspensão, há o risco de desgaste irregular e prematuro da banda de rodagem, afirma Ricardo Chueca, gerente de marketing e vendas da Bosch. Entre os problemas que podem ser evitados com um ajuste adequado estão a trepidação nas rodas dianteiras, o cha- mado volante duro, e aquela direção pendendo para o lado, que ocorre quando o motorista larga o volante e o carro não consegue desenvolver uma trajetória reta. A máquina FWA 4630 da Bosch reúne o que há de mais moderno na tecnologia 3D para proporcionar o alinhamento da direção em, no máximo, sete minutos. Para fazer esse reparo quase que instantaneamente, duas câmaras determinam a exata posição do eixo de rotação da roda com sensores, que realizam uma frequência de leitura extremamente elevada. O equipamento é capaz de efetuar medições em tempo real, e sua utilização é simples e rápida. Assim, mesmo que o operador não tenha conhecimentos profundos na área, ele é poderá fazer os ajustes necessários para deixar o carro em ordem, diz Chueca. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Assista ao vídeo que mostra o funcionamento da máquina FWA 4630 Arquivo Bosch SP - 052 Eduardo Garcia/Opção Brasil Imagens 6 | VidaBosch | eu e meu carro | Por Fernando Lopes Miniaturas, só para colecionar O cantor e ator Daniel Boaventura guarda cerca de 20 peças de carrinhos clássicos. Mas, para o trânsito do dia a dia, gosta mesmo é de carrões O ator e cantor Daniel Boaventura, que fez sucesso como o policial Diogo na novela “Passione”, tem uma paixão: carros em miniaturas. Sua coleção está longe de ser monumental, mas é acalentada com afeto. São cerca de 20 réplicas de modelos antigos e de clássicos do cinema, com entre 20 e 30 centímetros de comprimento. “Não sou daqueles fanáticos, mas adoro carros, tanto que colecionei essas miniaturas, que são escalas 1/18 (linguagem de colecionador mesmo), durante dez anos da minha vida”, conta. “Há cinco anos parei de aumentar a coleção, mas ainda trato dela com muito carinho.” Boaventura fala com orgulho de cada uma. “Tenho vários modelos legais, como Jaguar, BMW anos 70, Audi, Ford 49, Van, Mini Cooper, réplicas do carro dos Bombeiros dos anos 50, além de carros de cinema, como a réplica do De Lorean, que é o carro do ‘De Volta para o Futuro’. Tem também do Batman, do James Bond”, enumera. Vê-se logo que são miniaturas de carrões – e é desses que o ator de fato gosta. “Sou alto e largo, por isso gosto de carros grandes. Gosto de ficar bem confortável no banco. E não é em qualquer carro que as pessoas grandes ficam confortáveis”, comenta o ator, que tem 1,80 metro. Mas não basta tamanho. “Na minha opinião, a potência também é importante na hora da escolha”, afirma. Essas características é que atraíram Boaventura para seu mais novo automóvel, um Mitsubishi Dakar, modelo 2011, comprado em fevereiro. “Gostei do carro justamente pela sua grandeza. Por dentro, é espaçoso, tem sete lugares. E o motor é forte, com 165 cavalos.” Também pesou, na escolha, outro fator para o qual o ator dá importância. “É uma versão flex [que permite o abastecimento tanto a álcool como a gasolina], o que torna o carro mais competitivo no mercado e mais prático para o dia a dia.” Hoje, aos 40 anos, com uma carreira em ascensão, ele já pode comprar mais facilmente um carro de que de fato goste. Nem sempre foi assim. Seu primeiro automóvel era um Fiat Uno, com motor 1.4. Ele andava com o compacto por Salvador, cidade onde nasceu, para ir à faculdade. Começou e parou três cursos superiores – Administração de Empresas, Relações Públicas e Propaganda e Marketing – antes de ingressar na carreira artística. Numa dessas idas e vindas é que ele passou por um dos maiores sobressaltos de sua vida. “Um dia, eu estava guiando lentamente por uma ladeira de Salvador quando veio um caminhão desgovernado e arrastou o carro, acabando com as duas portas do lado do passageiro. Depois, fui descobrir que o caminhão havia perdido o freio”, conta ele. “Graças a Deus não aconteceu nada de grave comigo, mas realmente foi um susto na hora.” Boaventura gostava do carro e chegou a consertá-lo, mas, por causa do trauma, preferiu passar o Uno adiante. Agora de carro novo, Boaventura não esconde a felicidade com a fase que atravessa na carreira. Comemora o sucesso do seu último trabalho na televisão, quando interpretou o policial Diogo. Para vibração dos telespectadores, o bonitão misterioso era um investigador disfarçado, que conseguiu desmascarar a vilã Clara, interpretada por Mariana Ximenez. “Foi uma experiência incrível para mim. Eu fiquei três meses no ar com o personagem, que era totalmente misterioso. Até mesmo eu, quando comecei os trabalhos, não sabia qual seria o script que teria que seguir. A novela foi se passando sem eu saber no que iria dar”, recorda. “Foi muito interessante.” Além do sucesso nas telas, a novela trouxe outros frutos. Inspirado no ambiente italiano da trama, Boaventura, que gravara um CD em 2009, foi incentivado pelo autor de “Passione”, Silvio de Abreu, a fazer um trabalho com canções interpretadas em italiano. Pedido aceito, ele fez um CD com 11 faixas. Entre elas, músicas como “I’m In The Mood For Love”, que foi tema dos personagens Raj e Maya em Caminho das Índias, e “Send In The Clowns”, clássico de Stephen Sondheim. O disco ainda traz “On an Evening in Roma”, “Dio Come Ti Amo” e “Amore Scusami”. “O CD é outra coisa que me deixa muito feliz, pois ele passou de 20 mil cópias vendidas, o que é muito para um mercado difícil de vender CDs originas, como o de hoje. Sem falar que ele é todo cantado em outra língua”, diz o galã. Com tanto talento para cantar, soltar a voz dentro do carro é sempre uma boa pedida. “Ao dirigir, eu gostava de cantar quando escutava alguma ópera ou um rock. Quem parava do meu lado devia achar que eu era louco”, brinca. “Hoje acho que não canto tanto no carro. Deve ser por causa da correria do dia a dia.” Pois a correria deverá se intensificar nos próximos meses. A nova empreitada de Boaventura é o musical “Evita”, uma superprodução que conta com 22 músicos, 350 figurinos e 45 atores, entre eles Paula Capovilla (no papel-título), o próprio Boaventura (como Juan Perón) e Fred Silveira (como Che). A direção é de Jorge Takla (de “O Rei e Eu”). Entre os patrocinadores da produção está a Bosch. “Estou voltando aos musicais depois de quatro anos. O último havia sido My Fair Lady.” Será uma razão a mais, portanto, para ele economizar na cantoria dentro do automóvel. A Bosch na sua vida Uma invenção de sucesso Assim como Daniel Boaventura, inúmeros brasileiros têm preferido escolher carros com flex fuel, sistema que permite rodar com qualquer proporção de álcool e gasolina no tanque. Desde 2007, quase nove em cada dez automóveis vendidos no Brasil são equipados com essa tecnologia. Em 2010 não foi diferente: 8,6. A Bosch é pioneira no desenvolvimento desse mecanismo capaz de reconhecer o tipo de combustível no tanque e de, automaticamente, adaptar o gerenciamento do motor à situação detectada. Seus primeiros estudos nessa área começaram em 1991, quando o Brasil enfrentava uma grave crise de oferta de etanol. O objetivo da equipe de engenharia era possibilitar que os consumidores pudessem ter um carro cujo abastecimento não ficasse à mercê de problemas internos ou externos. O conceito flex fluel foi definido no ano seguinte. E, em 1994, a empresa apresentou o primeiro protótipo movido a gasolina e álcool, um Omega 2.0 L. Esse carro rodou por mais de 200 mil quilômetros, sinal da eficiência da invenção. Nos anos seguintes, a tecnologia foi aprimorada, e a empresa lançou-se ao desafio de convencer montadoras, usinas de cana-de-açúcar e governo de que a ideia era viável técnica e mercadologicamente. Em 2003, começaram a ser produzidos, em série, automóveis com motores flex fuel. Nesse sistema, a unidade de comando reconhece, a partir das informações enviadas pelo sensor de oxigênio, se o que está sendo usado é álcool ou uma combi- Arquivo Bosch Alexandre Schneider 8 | VidaBosch | nação entre este e gasolina. Em seguida, coordena as demais etapas – injeção, ignição, regulagem da detonação, controle da mistura ar/combustível – para que o desempenho seja o mais adequado à composição do combustível usado. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Entenda como funciona o sistema flex fuel 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Ulysses Lima Caminhãozão Thomas Sztanek O duplo ão se justifica: esses veículos usados na siderurgia têm 14 metros de altura e área de um apartamento de padrão elevado s avanços da tecnologia e a expansão dos países em desenvolvimento, com expressivo aumento do consumo de bens duráveis, levaram às alturas os números do setor de mineração no Brasil. Só em minério de ferro, a produção nacional girou em torno de 370 milhões de toneladas em 2010, a segunda maior do mundo. Para 2014, a previsão é de que chegue a 730 milhões, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Os investimentos do setor para o período 2011-2015 deverão ficar em torno de US$ 64,8 bilhões. Essas cifras gigantescas movem uma infraestrutura igualmente gigantesca. Nela estão incluídas as perfuratrizes, máquinas de grande porte dotadas de brocas rotativas e alto poder de penetração. Podem ser alimentadas por motores diesel ou diesel-elétrico. Elas fazem furos em pontos estratégicos da rocha, onde são colocadas as cargas explosivas, para depois haver a detonação. Depois da explosão é que haverá condições propícias para a escavação e, em seguida, o carregamento nos caminhões de mineração, que vão fazer o transporte do minério até uma estação de tratamento. Esses caminhões, também chamados de fora de estrada, são o grande destaque – justamente pelo gigantismo. Não é o tipo de veículo em que, para dirigir, basta abrir a porta, sentar-se ao volante e dar a partida. Primeiro, é preciso subir uma escada de 14 degraus; em seguida, chega-se a um patamar, ou ao que mais parece uma sacada, e, aí sim, entra-se na cabine. Nesse ramo, os caminhões têm altura em torno de 14 metros, quase a mesma de um edifício de quatro andares. E são maiores do que muitos apartamentos, mesmo de alto padrão: com 8,7 metros de largura e 14,5 de comprimento, ocupam 126 metros quadrados. Comparados a esses colossos, mesmo os grandes caminhões que trafegam torque e portência | VidaBosch | 13 pelas estradas brasileiras parecem nanicos – têm mais ou menos 15 metros de comprimento por 3 de altura e 2,5 de largura. No dia a dia do trabalho duro, subindo e descendo montanhas, suportando o despejo de toneladas de carga em sua caçamba, os pneus que calçam esses gigantes também exibem medidas impressionantes. Alguns modelos chegam a ter mais de 4 metros de altura e a pesar entre 5 e 7 toneladas. O preço unitário vai de US$ 50 mil a 60 mil, e, por causa das condições extremas a que são submetidos, duram cerca de seis meses. E como se faz para trocar um pneu com tais dimensões? Macaco? Imagine. Utiliza-se um guindaste. E cada roda exige 48 parafusos para ser fixada ao cubo –12 vezes mais que um automóvel de passeio. Como um Lego Por causa de suas medidas e de seu peso, o caminhão fora de estrada só roda nos locais de trabalho – não há estrada ou rodovia que suporte suas dimensões. Por isso, quando um novo veículo é adquirido, ele chega desmontado ao campo de mineração. Mas mesmo a movimentação das peças, do porto de origem até seu destino, já é um desafio logístico, pois as partes cabem somente em carretas enormes, que só podem trafegar no período noturno e com escolta. Conforme as peças vão chegando, são dispostas de forma a facilitar a montagem. Uma equipe de técnicos e engenheiros executa o trabalho em um galpão próximo ao campo onde ele será utilizado. “Um time de 14 profissionais dá conta de montar um caminhão em, aproximadamente, 15 dias”, diz Jair Machado, gerente comercial da Liebherr, fabricante alemã desses veículos. Ele tem a força Vazio, um modelo chega a pesar 210 toneladas. A capacidade de carga lembra mais a de um trem do que a de um caminhão: 363 toneladas, mais de dez vezes o que transporta um caminhão rodoviário da categoria extrapesado. Se transportasse automóveis, poderia carregar 382 carros compactos, do tipo 1.0. A sua caçamba tem volume equivalente ao de uma piscina de 10 por 15 metros, com 1,5 metro de profundidade. Há dois tipos de acionamento: mecâ- nico e diesel-elétrico. Este segundo, mais comum, utiliza o propulsor diesel como gerador de energia para dois motores elétricos localizados nos eixos traseiros, que movimentam as rodas. A potência dessas “usinas” chega a 3.650 hp (mais de 20 vezes a de um carro 2.0), suficiente para levar um monstro desses, carregado, a entre 50 Retrato do gigante: Altura: 14 metros Largura: 8,7 metros Comprimento: 14,5 metros Peso: 210 toneladas Capacidade de carga: 363 toneladas Caçamba: 220 metros cúbicos Tanque de combustível: 5.250 litros Velocidade: 60 km/h Preço: entre US$ 3 milhões e US$ 6 milhões e 60 km/h. “O motor pode gerar energia para mil pessoas”, compara Hilário Polega, engenheiro e professor de habilitação de máquinas de construção pesada do Senai de Rio Branco do Sul (PR). “Quando uma máquina dessas funciona, o chão treme”, diz. Para alimentar esses titãs, o tanque de combustível tem capacidade para 5.250 litros de óleo diesel. A média de consumo fica em torno de 150 litros por hora (a medida não é quilômetro rodado). Abastecê-lo num posto convencional, nem pensar. É preciso um caminhão-tanque dotado de uma mangueira com sistema de engate rápido e alta pressão, similar ao usado na Fórmula 1. Nas trocas de óleo do motor, a cada 400 horas de funcionamento, são utilizados cerca de 150 litros de lubrificante. A cabine com tratamento acústico, projetada para oferecer conforto ao operador, é equipada com todos os mimos de um carro de luxo: ar-condicionado, rádio AM/FM com CD player, banco com ajustes do assento e do encosto, computador de bordo, vidro elétrico, sensor de aproximação, câmbio automático. E qual a sensação de guiar um gigante desses? “Sensação de poder”, arremata Machado. Tudo no caminhão fora de estrada é superlativo: um simples pneu, por exemplo, chega a ter a altura de dois homens e a pesar entre 5 e 7 toneladas A Bosch na sua vida Injeção de potência Para mover os supercaminhões carregados com minério, são necessárias superpeças. A Bosch desenvolve componentes para essas máquinas, como o Sistema Common Rail. “Esse sistema eletrônico de injeção oferece alta potência ao motor, níveis controlados de emissões e baixo consumo de combustível”, afirma Roberto Simas, analista de marketing da Bosch no Brasil. O Common Rail controla eletronicamente a quantidade e o tempo de injeção de combustível. Dessa forma, injeta diesel antes da combustão (o que permite um processo mais homogêneo e reduz a vibração e o ruído do motor) e também depois, o que contribui para diminuir a poluição. Como não poderia deixar de ser, a peça é proporcional às dimensões das máqui- nas. Em um caminhão normal, um injetor tem cerca de 20 centímetros de comprimento. Nos caminhões de mineração, os produtos têm mais de 40 centímetros – ou seja, pelo menos o dobro do tamanho. A manutenção geralmente fica por conta do fabricante do veículo ou do motor. É preciso uma grande operação para que o processamento do minério não seja comprometido. Um veículo comum, quando quebra, é levado pelo proprietário até a oficina. Mas, com os supercaminhões, não são eles que vão à oficina, a oficina é que vai até eles. “Essas máquinas não podem parar, então os fornecedores de maquinário e motor costumam prover uma equipe de técnicos no campo para inspeções periódicas, e estoque de peças para reparos necessários”, diz o analista de marketing. Uma prática comum nesse mercado é a Arquivo Bosch O torque e portência Arquivo Bosch 12 | VidaBosch | remanufatura de injetores. Após o fim do seu ciclo de vida,o produto retorna à fábrica de origem, passa por processo de desmontagem, limpeza, troca de peças internas, remontagem, teste e, finalmente, retorna ao campo com padrão de qualidade semelhante ao de um novo. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Assista ao vídeo que mostra máquinas com supermotores 14 | VidaBosch | em casa | Por Diana Ferreira Sua casa é sua aliada Shutterstock Escritório Andreza Doná Um lar bem decorado e confortável não precisa ser difícil de manter nem de limpar. Veja como você pode aliar beleza e praticidade em vários ambientes 16 | VidaBosch | em casa Rob Byron em casa | VidaBosch | 17 Marco Antonio Emberiza Terekhov Igor Da esquerda para a direita: panelas que podem decorar o ambiente, porta de correr para otimizar o espaço, cadeira com rodas e nichos para melhorar a organização do armário S e você acredita que praticidade e beleza na decoração são qualidades excludentes, está redondamente enganado. Alguns tipos de materiais e cores exigem um pouco mais de atenção, certamente. Mas é possível, sim, ter uma casa que alie fácil arrumação a móveis e artefatos decorativos de bom gosto. Primeira regra: opte por revestimentos práticos. “O tijolo, o cimento, as pedras naturais e madeiras de demolição possuem uma longa duração e, para melhorar, são muito fáceis de limpar”, exemplifica o arquiteto André Weigand, que trabalha no Studio AM, de São Paulo. No chão, os pisos laminados (que lembram madeira) e os porcelanatos lisos são os mais indicados para dar uma forcinha na limpeza. Entre as placas de porcelanato, prefira o rejuntamento epóxi – é mais caro, mas impede que a sujeira se acumule na superfície. “Nunca use materiais com ranhuras ou nervuras. O pó impregna esses pequenos espaços e demanda muito mais esforço para sair”, afirma a designer de interiores Andreza Doná, de São Paulo. A cozinha merece atenção especial por acumular gordura e necessitar de asseio constante. Novamente, aposte em revestimentos práticos. Sem, é claro, deixar de valorizar a estética. Uma possibilidade é o corian, material que lembra a pedra de mármore. Novidade no mercado, caiu no gosto dos decoradores. Tem sido usado ao redor da pia, em razão de seu efeito antibactericida e por conservar por mais tempo o aspecto de Quanto mais despojado for o ambiente, menos cuidados ele vai dispensar. A chance de quebrar alguma coisa é bastante superior quando houver abundância de enfeites nas prateleiras da casa limpeza. O único ponto negativo é o preço: custa pelo menos três vezes mais do que revestimentos convencionais. Mobília a serviço da casa Ao escolher os móveis e os objetos para adornar seu lar, lembre-se de que, quanto mais despojado o local, menos cuidados ele requer. Muitas quinquilharias e muitos enfeitezinhos significam, claro, limpeza mais trabalhosa e maior chance de quebrar peças delicadas. Opte por itens que possam agilizar a vida da família inteira. A dica, portanto, é aliar beleza e conveniência. “Certos artefatos ganham funcionalidade na decoração quando possuem alguma utilidade. Por exemplo, você pode usar as próprias panelas para decorar a cozinha, as redes para adornar uma varanda ou os livros para deixar a sala com um aspecto mais agradável”, aponta Weigand. A escolha dos móveis também pode levar a praticidade em conta. Os retráteis são perfeitos para quem gosta de ambientes mais clean. Já os planejados, que não têm pé, facilitam a limpeza por ficarem suspensos – assim, não é preciso levantá-los nem arrastá-los. As mobílias com rodinhas têm a vantagem de serem mais facilmente deslocadas. E assim fica mais fácil usar um mesmo item de diversas formas: um baú pode virar um pufe, ou mesmo uma mesa. “A pessoa pode escolher um futon que vira banco, e um banco que se transforma em mesinha de centro”, ensina o arquiteto Luís Navarro, de São Paulo. Como podem ser movimentados para qualquer lado, eles ganham a função que o dono quiser. As rodinhas, ainda que tenham mecanismo diferente, são igualmente ótimas para as portas. As de correr, com roldanas que deslizam sobre trilhos, economizam espaço e permitem o aproveitamento completo das paredes, como indica o projeto de Marcelo Rosset, que ilustra a segunda foto desta página. A forma de dispor a mobília também faz diferença.“Na cozinha existe um sistema que chamo de ‘regra do triângulo’, formado por pia, geladeira e fogão”, diz Andreza, lembrando que todos esses elementos devem estar próximos uns aos outros para o esquema ser eficaz e ganhar em ergonomia. “Por exemplo: a geladeira ao lado da pia e o fogão em frente aos dois, do outro lado, formando o desenho de um triângulo mesmo. Isso torna o ato de cozinhar mais funcional”, ressalta. Mobília de fórmica e laca tem ótima durabilidade e, se coberta por uma placa de vidro na parte superior, vai durar bastante. “Isso protege a superfície de manchas Menos nem sempre é mais A escolha dos móveis deve levar em conta a praticidade. Mobília com rodinha facilita a limpeza e favorece a versatilidade – um baú pode virar um pufe ou uma mesa Ainda que um lar com menos elementos seja mais prático, tome cuidado para não deixá-lo impessoal, sem vida. Um projeto que ponha a praticidade em primeiro lugar iria, provavelmente, eliminar todo e qualquer tapete. Mas você pode ficar no meio termo e reforçar o aconchego. e arranhões, além de facilitar a limpeza”, destaca Navarro. Existem outros itens de que você pode lançar mão para não furar nem danificar a cobertura dos revestimentos dos seus móveis, como a proteção de silicone transparente, encontrada em lojas especializadas. Elas valem para o caso de haver atrito entre dois elementos e ainda impedem que a superfície seja danificada com uma pancada. Lembre-se, também, do efeito do mobiliário no piso. “É importante cobrir os pés dos móveis com feltros para movimentá-los sem riscar”, orienta Navarro. 18 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 19 Shnycel A melhor opção nesses casos é usar os tipos sintéticos. Abra mão dos tecidos naturais, como algodão, que solta fiapo, é difícil de lavar, mancha e junta pó. “Recomendo os de fibras de polipropileno ou os de nylon”, afirma Andreza Doná. Comodidade com um clique Entre tantas possibilidades para tornar o cotidiano de uma família mais agradável, nenhuma define melhor a praticidade do que a automatização. Há coisas parecem ter saído do desenho dos Jetsons. Por exemplo, ligar a TV, o home theather, baixar a persiana, fechar a cortina e apagar as luzes com apenas um clique no controle remoto. “Isso é possível. Você tem de programar os aparelhos e ligar ao controle remoto para realizar o set up. Uma vez ‘memorizado’ no aparelho, tudo pronto”, diz o arquiteto Fernando Pellizzon, de Campinas. Dá até para criar um ambiente de uma Longe de casa, já é possível fechar as janelas do lar quando um temporal é iminente apenas com uma chamada pelo celular adega, daquelas que você só vê fora de casa. “Quando for escolher e abrir o vinho, a luz se acende. Depois, apertando um botão, você deixa poucos spots acesos, por exemplo, na hora da degustação”, ressalta. A capacidade da casa inteligente parece não ter limites. Pelo menos a distância do lar não é mais problema para deixar tudo do jeito que a pessoa quer. Já se pode programar o ambiente pelo telefone celular. “Vamos supor que você esteja na casa de um amigo e perceba que uma forte chuva vai cair. Você disca um número, cai em uma espécie de secretária eletrônica e tecla o número correspondente ao fechamento das janelas”, explica Fernando Pellizzon. Mas, se o morador não é adepto de controles remotos e celulares, dá para deixar tudo no interruptor. Existem alguns com oito botões. A pessoa instala e programa de acordo com a configuração que quer. “Há, por exemplo, o ambiente ‘limpeza’, em que todas as luzes ficam acesas. Já no modo ‘jantar’, apenas as lâmpadas sobre a mesa e onde mais você precisar vão funcionar. E por aí vai”, acrescenta o arquiteto. Lâmpadas que acendem e apagam sozinhas, banheiras que enchem com controle remoto, churrasqueiras que giram o espeto sozinhas... Nos corredores, que servem basicamente para passagem, usar sensor embutido no teto também ajuda a economizar energia. E ninguém corre ainda o risco de esquecer a luz acesa por horas a fio. “Muita gente acredita, com razão, que essa praticidade propicia uma economia de energia”, conclui o especialista. Três regrinhas: escolher móveis versáteis (como baú que faz as vezes de pufe), preferir revestimentos fáceis de lavar (como capa no sofá) e unir conforto e utilidade (como uma rede na varanda) Mil e uma utilidades Quem dirige usa o botão ao lado do volante para ligar o limpador de para-brisas. Mas não sabe que o motor que aciona o dispositivo criado para facilitar a vida do motorista serve para outras coisas. Portões automáticos, toldos retráteis, cadeiras odontológicas, painéis publicitários dinâmicos, janelas abertas por controle remoto... Todos esses equipamentos que funcionam com o mesmo dispositivo. Um item fundamental na casa prática é a churrasqueira elétrica, aquela que permite que os espetos girem sozinhos e libera a pessoa para fazer qualquer outra coisa enquanto a carne está no carvão. E evita que se fique suando em bicas enquanto a comida é preparada. Para que o motor funcione de forma apropriada, é preciso uma pequena adaptação. No carro, ele funciona com corrente contínua, já que é alimentado pelo alternador. Na churrasqueira elétrica, plugada na tomada, há um pequeno transformador. O dispositivo é necessário por conta da corrente alternada, explica Dulcineia Soares, consultora comercial da Bosch. Segundo ela, o consumidor não precisa sequer se preocupar com a regulagem do aparelho. O fabricante da churrasqueira já programa o aparelho para os espetos girarem na velocida- Shutterstock Dudarev Mikhail A Bosch na sua vida de adequada para preparar uma boa carne, ressalta. Outra comodidade é que essa pequena peça, que mede cerca de 15 cm de comprimento por 8 cm de diâmetro, não precisa de lubrificação. É só plugar em uma tomada, salgar a carne e chamar os amigos. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Veja a aplicação de peças da Bosch em produtos das empresas Progás e Scheer tendências | Por Fábio Gallacci Fabio Fersa 20 | VidaBosch | Energia solar, muito usada em residências, começa a ganhar força também Fonte luminosa nas indústrias, com vantagens econômicas e ambientais mesmo sol que faz do Brasil um país tropical e bonito por natureza oferece uma alternativa energética limpa, rentável e, melhor ainda, infinita. Pouco a pouco, o uso da energia solar ganha força e deixa de ser algo utilizado apenas em casas para fazer parte de indústrias e estabelecimentos comerciais. Em 2010, a produção brasileira de coletores solares cresceu 21% em relação ao ano anterior, de acordo o Departamento Nacional de Energia Solar (Dasol), da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). O Brasil já acumula 4,5 milhões de metros quadrados de coletores solares instalados. Graças a esse número, o mercado nacional ocupa a sétima posição no ranking da Agência Internacional de Energia. Poderíamos estar bem melhor. Para se ter ideia do potencial brasileiro no setor, estudos apontaram que o estado com menor índice de incidência de raios do sol, Santa Catarina, apresenta condições 30% superiores às da Alemanha, uma das referências mundiais no assunto. A maioria dos coletores está concentrada no Sudeste (64% do total), seguido de Sul (18%), Centro-Oeste (12%), Nordeste (5%) e Norte (1%). No setor industrial, a tecnologia ainda não é amplamente utilizada – ele é responsável por apenas 2% desse mercado, que até o momento atinge principalmente residências em que mora uma única família (66% do mercado). Mas o uso industrial vem ganhando força em segmentos como alimentos e têxtil. Em razão da demanda crescente, o setor de aquecimento solar – que engloba cerca de 200 empresas de fabricação, venda, instalação, projeto, manutenção ou consultoria e movimenta R$ 500 milhões por ano no Brasil – espera um avanço de 15% a 20% na produção de aparelhos neste ano. Assim como nas casas, a tecnologia é tendências | VidaBosch | 23 usada nas indústrias com o objetivo principal de aquecer água. A maior vantagem é a redução dos gastos com energia, substituindo outras fontes, como a elétrica ou o gás natural. “Empresas, hotéis, clubes, ginásios, todos podem adotar esse sistema”, aponta o gestor do Dasol, Marcelo Mesquita. As empresas interessadas em investir nessa tecnologia precisam desenvolver um projeto que considere as características da edificação, a região onde o prédio está e a demanda de água quente por dia. Outro passo importante é procurar equipamentos certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), para assegurar uma qualidade mínima no produto. Parte da tendência tem sido ditada por mudanças nas leis. A cidade de São Paulo, por exemplo, tornou obrigatório o uso do sistema de aquecimento solar em edificações novas não residenciais – empresas incluídas neste pacote – e em moradias que tenham mais de três banheiros. A lei paulistana determina ainda que o aquecimento solar forneça, no mínimo, 40% da demanda de água quente do local. Outro município que avançou nesse quesito foi Guarulhos, na Grande São Paulo. Em nível nacional, há um projeto de lei (de número 630/03) já aprovado na Câmara Federal e agora sob análise do Senado. O texto prevê, dentre vários incentivos a tecnologias limpas, descontos na tarifa de energia elétrica aos estabelecimentos dotados de painéis para aquecimento de água. Além do aquecimento A luz solar também pode ser utilizada para outra função além de aumentar a temperatura da água: gerar eletricidade. O sistema é um pouco diferente. Usam-se placas fotovoltaicas (termo para a conversão direta da luz em energia elétrica). Ainda que incipiente – tem sido usado mais na região Norte, em locais aonde a rede elétrica ainda não chegou –, essa tecnologia tem como atrativo a possibilidade de precaver-se contra problemas de suprimento de energia. Como o Brasil vem crescendo a taxas bastante fortes, já existe preocupação em relação a isso, afirma Leônidas Andrade, diretor do Grupo Setorial Fotovoltaico da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). “Em função disso, está claro que precisamos diversificar os meios de obtenção.” O preço da implantação do sistema é maior. “Porém, o que se tem visto no mundo é que esses valores vêm caindo de forma acentuada”, comenta Andrade. “Se o Brasil adotar essa alternativa apenas quando a energia solar for competitiva, nós já poderemos estar muito atrasados. Não fabricamos ainda células e painéis fotovoltaicos no país. Precisamos incentivar a indústria nacional”, alerta. Ele avalia que já há empresas começando a considerar a geração fotovoltaica viável para complementar a demanda por energia. Há instalados no Brasil 4,5 milhões de metros quadrados de coletores solares, mas as indústrias são responsáveis por apenas 2% desse mercado Meio ambiente Essas alternativas – painéis solares para aquecimento de água ou placas fotovoltaicas – têm apelo não só econômico, mas também, e principalmente, ambiental. E isso vale igualmente para as empresas. Segundo Mesquita, do Departamento Nacional de Energia Solar, as indústrias que adotam a alternativa solar podem se beneficiar da geração de créditos de carbono, algo que fortalece o comprometimento ambiental com a comunidade onde estão. “Como o sistema de aquecimento solar de água evita que gases sejam queimados e também reduz os gastos com energia elétrica, menos carbono é emitido. Em países cujas matrizes energéticas são baseadas na queima de carvão ou no gás, o benefício do sistema é ainda maior”, enfatiza. Em um ano, cada metro quadrado de coletor solar permite a economia de 55 quilos de GLP, 66 litros de diesel e 215 quilos de lenha. Conforme metodologia de cálculo desenvolvida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, 1 milhão de residências com coletores solares evitariam a emissão de, aproximadamente, 18.171 toneladas de gás carbônico por ano. No exterior, isso tudo já deixou de ser alternativa para ser realidade. Em Israel, por exemplo, cerca de 70% das residências têm coletores solares. Estados Unidos, Alemanha, Japão e Indonésia também se destacam. A Bosch na sua vida Energia limpa e infinita Há tempos o sol deixou de “simplesmente” fornecer luz e calor para o nosso planeta e se tornou também uma importante fonte de energia. A Bosch investe em equipamentos que usam os raios solares para processos industriais que necessitam de água quente, como os que envolvem esterilização, lavagem, secagem e desengorduramento. “É uma tecnologia que pede um investimento inicial mais alto, mas que dá retorno. Isso porque a energia solar tem uma grande vantagem em relação a outras fontes: ela é infinita e quase não exige custos futuros”, destaca Rafael Campos, gerente da divisão de termotecnologia da Bosch no Brasil. Por ser mais econômica, completa ele, a máquina que trabalha com a luz do sol se paga em até três anos, dependendo do tamanho e da capacidade de produção da empresa. Isso porque o sistema da Bosch consegue atingir temperaturas mais elevadas por meio de um eficiente coletor de irradiação solar. “Nossos produtos são capazes de produzir energia mesmo em dias nublados. Como no Brasil temos quase todos os dias com sol, o equipamento trabalha praticamente o Arquivo Bosch O tendências Arquivo Bosch 22 | VidaBosch | ano inteiro em sua capacidade máxima”, afirma Campos. O potencial de geração do equipamento é praticamente ilimitado, pois várias máquinas podem ser moduladas para trabalhar em conjunto, ampliando a produção. Além disso, os aquecedores ainda se destacam no quesito ecológico quando comparados com os movidos a gás ou eletricidade, pois utilizam uma fonte de energia que não prejudica o meio ambiente. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Conheça todas as aplicações da Bosch em energia solar 24 | VidaBosch | grandes obras Um novo Velho Chico? Daniel Nek/Divulgação Alvo de controvérsia, projeto de transposição do rio São Francisco pretende amenizar estiagem em quatro estados do Nordeste | Por Manuel Alves Filho grandes obras grandes obras | VidaBosch | 27 Daniel Nek/Divulgação Operários trabalham atualmente na construção de canais, estações de bombeamento, reservatórios, túneis e aquedutos U m morador do estado de São Paulo consome, em média, 340 litros de água por dia. Um do Rio de Janeiro, 220. Já um habitante da região semiárida de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte tem à disposição, também em média, 50 litros, volume abaixo dos 120 recomendados pela ONU. O problema da seca nordestina, que remonta pelo menos à época do Brasil Colônia, sempre foi conhecido, mas pouco enfrentado ao longo do tempo. Em 2007, porém, o governo federal deu início àquilo que classificou como “a mais importante ação” estrutural na política nacional de recursos hídricos. Trata-se do Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional, obra que ficou mais conhecida como Transposição do Rio São Francisco. Embora intervenções desse tipo não constituam uma novidade, visto que já foram adotadas em outras ocasiões e localidades, inclusive no Brasil – os rios Piracicaba (SP) e Paraíba do Sul (RJ) passaram por obras de interligação –, também estão longe de serem triviais, a começar pelos recursos financeiros envolvidos. De acordo com o Ministério da Integração Nacional, o projeto está orçado em R$ 7,1 bilhões. Destes, R$ 2,2 bilhões foram efetivamente gastos até janeiro de 2011. Um batalhão formado por 7.255 operários e técnicos – sem contar o contingente de trabalhadores terceirizados, cujo número não foi estimado pelo ministério – estão diretamente envolvidos na tarefa de levar mais água a 390 municípios dos quatro estados auxiliados diretamente. A integração do rio São Francisco deverá beneficiar 12 milhões de nordestinos, de acordo com o governo federal. O abastecimento será garantido por meio da construção de dois canais que percorrerão, ao todo, 720 quilômetros. Estes serão revestidos de concreto e, em composição com casas de bombas, túneis, aquedutos e pequenos reservatórios, levarão parte da água do Velho Chico até os açudes já existentes. A obra é composta de dois sistemas independentes, o Eixo Norte e o Eixo Leste, que captam a água entre as barragens de Sobradinho e Itaparica, em Pernambuco. Um volume correspondente a 26,4 metros cúbicos por segundo será retirado continuamente do rio, o que equivale a 1,42% da vazão garantida pela barragem de Sobradinho (1.850 m³/s). Assim, 16,4 m³/s (0,88%) seguirão para o Eixo Norte e 10 m³/s (0,54%) para o Eixo Leste. “Dessa forma, o São Francisco seguirá seu curso com a vazão mínima de 1.823,6 m³/s, o que representa 98,58% da capacidade atual”, aponta o ministério. Para o governo federal, esta teria sido a alternativa mais viável para assegurar o direito daquela população ao acesso à água. O uso de águas subterrâneas, avalia a Pasta, ofereceria abastecimento a custo competitivo, mas apresentaria desvantagens em qualidade, capacidade de renovação e de distribuição. Atualmente, estão sendo construídos canais, estações de bombeamento, reservatórios, túneis e aquedutos. De acordo com os últimos dados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ao qual o projeto de integração do São Francisco está ligado, o Eixo Leste, que levará água a Pernambuco e Paraíba, está com 80% das obras realizadas. Já no Eixo Norte, que beneficiará áreas de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, foi cumprido 52% do serviço. O Eixo Leste deverá iniciar suas operações no primeiro semestre de 2012, enquanto o Norte começará a operar em 2013. Uma intervenção de tal envergadura traz consequências positivas e negativas, no âmbito ambiental, social e econômico. De acordo com o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) que antecedeu os trabalhos, produzido em 2004, foram identificados 44 efeitos, sendo 23 considerados de maior relevância. Desses, 11 foram apontados como positivos e 12, como negativos. No primeiro grupo estão relacionados aspectos como geração de emprego e renda durante a implantação, a dinamização da economia regional, o aumento da oferta de água para abastecimento urbano e rural e a redução da exposição da população a doenças e óbitos. Já no escaninho reservado aos problemas, aparecem situações como perda temporária de empregos e renda por A obra, que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento, está orçada em R$ 7,1 bilhões. Destes, R$ 2,2 bilhões foram efetivamente gastos até janeiro de 2011, segundo o Ministério de Integração Nacional melhorar as condições de vida e reduzir a miséria da população carente do sertão nordestino”, diz o secretário de Infraestrutura do Ministério da Integração Nacional, Augusto Wagner Padilha Martins. Os críticos do projeto, e não são poucos, avaliam que há exagero nos números sobre beneficiados pela obra. Argumentam que boa parte dos que mais sofrem com a seca não serão atendidos pela transposição e que o problema na região é menos de falta de água do que de má gestão. Não deixa de ser irônico que a forte controvérsia se dê justamente em torno do chamado “rio da integração nacional” (por ligar o Sudeste – Serra da Canastra, em Minas Gerais, onde nasce – até o Nordeste, na divisa entre Alagoas e Sergipe, onde deságua no Atlântico, depois de percorrer 2.700 quilômetros). Ao longo do percurso, o São Francisco banha cinco estados (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas) e recebe água de 168 afluentes. É importante demais, portanto, para que as decisões sobre ele sejam acompanhadas e debatidas com atenção pela sociedade. efeito das desapropriações, modificação da composição das comunidades biológicas aquáticas nativas das bacias receptoras, tensões e riscos sociais durante a fase de obra, ruptura de relações sociocomunitárias durante a etapa de trabalho, possibilidade de interferências com povos indígenas e pressão sobre a infraestrutura urbana. O Ministério da Integração Nacional alega que as medidas preventivas e mitigadoras recomendadas no relatório foram ou estão sendo adotadas, de modo a tornar o projeto totalmente viável. “Uma das principais importâncias do Projeto São Francisco é a socialização de um recurso natural vital para a sobrevivência humana, uma vez que um dos seus focos é a distribuição da água, que não seria apropriada no curso do rio, para fins nobres, como acabar com a sede, A Bosch na sua vida Qualidade a favor da segurança Em uma obra de grandes dimensões como a de transposição do rio São Francisco, é essencial a utilização de equipamentos de qualidade e que ofereçam segurança aos trabalhadores, permitindo assim que os prazos sejam cumpridos sem percalços. Nesse sentido, a Bosch oferece máquinas com ótima performance e itens essenciais para evitar acidentes, como é o caso de suas esmerilhadeiras. “Temos portfólio bastante completo nesse segmento. Tanto nas grandes, para produção pesada, como nas pequenas, que fazem o trabalho de acabamento. E um bom produto significa menos funcionários afastados, seja por doença ou por acidente”, diz Mark Schwartz, chefe de marketing da Bosch. Um dos recursos de segurança das esmerilhadeiras é o punho antivibração, que reduz em até 50% o impacto na mão do operador. A alta vibração, explica Schwartz, pode prejudicar a circulação na mão, gerando lesão permanente, apelidada de “doença do dedo branco”. Com o dispositivo, o trabalhador fica protegido. Um outro item, voltado para salvaguardar o funcionário caso o disco da esmerilhadeira trave, desliga a máquina automaticamente e impede que a peça se solte e voe na direção do operador. Já a capa de proteção de alguns modelos da Bosch é dotada de bloqueio contra estilhaços. O equipamento se faz necessário pois, quando se atua com esmerilhadeiras, há Arquivo Bosch 26 | VidaBosch | o risco de ruptura do disco, que pode ferir o profissional. “Nossas máquinas são desenvolvidas a partir das reais necessidades dos usuários em termos de performance, e aliamos a isso todos os dispositivos de segurança para proteger o operador”, finaliza Schwartz. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Navegue pela página da Bosch sobre ferramentas elétricas profissionais 28 | VidaBosch | brasil cresce | Por Felipe Lessa Inovação saudável Há dez anos no Brasil, barras de cereais deixam de ser apenas uma alternativa saudável aos lanches mais gordurosos e conquistam mercado alimentício com quase 40 marcas Igor Dutina E nquanto está no trabalho, a psicóloga Maria Aparecida Rodrigues tem uma rotina alimentar: quando chega o fim da manhã, ela abre uma barra de cereais e aplaca aquela fome que costuma aparecer antes do almoço. “É uma forma saudável de conter o apetite. Faço o mesmo durante a tarde. É gostoso e faz bem para a saúde”, diz. Inicialmente criadas para atender às necessidades de esportistas, as famosas barrinhas caíram no gosto do brasileiro, o que resultou em uma rápida expansão do setor nos últimos anos, além da diversificação de sabores e tipos de produtos. Existem quatro tipos de barras de cereais: as fibrosas, diets, energéticas e proteicas. As duas primeiras são mais comuns, com indicação para o consumo diário. Já as duas últimas, reforçadas com doses extras de carboidratos e proteínas, fazem parte do cardápio dos atletas. No Brasil, o produto surgiu há cerca de uma década como uma alternativa saudável aos lanches mais gordurosos, como sanduíches das redes de fast-food e bolachas recheadas. Isso porque a mistura de cereais é uma boa fonte de fibras e, com a adição de frutas e outros ingredientes, fica rica em vitaminas e sais minerais. Os números reforçam o crescimento entre os consumidores: existem cerca de 40 marcas disponíveis no mercado, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad). Há dois anos eram apenas 15. Em uma estratégia de corte de custos, as empresas aéreas adotaram, no início dos anos 2000, o snack como lanche de bordo. A entidade aponta essa ação decisiva para a disseminação do conceito de brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 31 lançamento novo no mercado”, conta. De olho nesse mercado, a indústria alimentícia tem procurado diversificar seu portfólio. Antes havia a predominância dos sabores tradicionais, como chocolate e castanha-do-pará, mas já é possível ver nas gôndolas dos supermercados misturas mais inusitadas, como bolo de chocolate, frutas vermelhas com iogurte e até lichia. Segundo o engenheiro de alimentos Edmilson Rebelo, autor da tese “Desenvolvimento de Barras de Cereais com Ingredientes Regionais”, pela Universidade de Tiradentes (MG), as frutas brasileiras regionais, como açaí, jenipapo e jaca, também deverão ser um caminho a ser seguido pelas empresas. Isso é explicado tanto pelo baixo custo da matéria-prima como pelo nicho de mercado. Para Gôuvea, a diversificação dos sabores e a adição de ingredientes novos é uma estratégia natural, pois é uma forma de renovar a fórmula de um produto, tornando-o mais atraente. Rebelo analisa o movimento no mesmo caminho, afirmando que o mercado que não se reinventa desaparece. “As pessoas buscam coisas no- Saúde vas, querem ser surpreendidas, e no ramo alimentício não é diferente. Fora que nem todos acham uma barra de castanha tão interessante como uma feita de trufa de chocolate”, diz o engenheiro de alimentos. E as mudanças não param por aí. O próximo filão, na opinião do presidente da Abiad, é adicionar sementes que estão na moda, difundidas nas páginas das revistas e em programas de televisão. Um exemplo que já pode ser visto nos supermercados é a quinua, aquele grãozinho branco do altiplano andino. Ganhou fama por ser um dos alimentos mais completos que existem. Foi usado até por astronautas da Nasa em viagens espaciais. O mesmo acontece com a linhaça e o amaranto, ainda não disponíveis, mas em fase de estudo por algumas empresas. Apesar de ser um setor já bastante de- senvolvido nos Estados Unidos e na Europa, com variedade extensa de produtos e públicos atendidos, dados demonstram que o mercado brasileiro não fica atrás e que sua expansão é uma realidade. Tanto pelo sucesso de público como pela capacidade de inovação, as barras de cereais provavelmente ainda terão vida longa nas mesas de trabalho, nos supermercados ou nas academias de ginástica. A Bosch na sua vida Nattika/Shutterstock De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Qualibest, em 2008, 50% dos 1.960 entrevistados afirmaram consumir o produto em seu local de trabalho entre as refeições mais pesadas, como almoço e jantar. Outros 35% costumam comer o snack na hora em que o compram, como uma maneira de acabar com a fome imediatamente. Esses fatores, somados ao fato de algumas pessoas estarem buscando uma vida mais saudável, praticando mais exercícios físicos e tentando comer melhor, parecem ser a fórmula perfeita para o sucesso das barrinhas. “São aliadas na busca por um estilo de vida mais saudável, que faz um contraponto à rotina maluca das grandes cidades, com trânsito e estresse. Podem ser consumidas no trabalho, mas também antes e depois das atividades físicas, até como um jeito de saciar a fome, de comer menos e melhor”, diz Carlos Eduardo Gôuvea, presidente da Abiad. A associação aponta que 74% das pessoas afirmaram consumir o produto por ser nutritivo. Já 72% das respostas mostram também que a preferência surge pelo alimento ser saudável, enquanto 62% das pessoas ouvidas apontam ainda a praticidade como principal virtude. Poder tirá-lo da bolsa e matar a fome em qualquer lugar é o que torna o snack atraente para a professora universitária Mariana Cantinni. Ela carrega três barrinhas dos mais variados sabores, mas musse de chocolate trufado, açaí e morango são os prediletos. “Gosto de todos os sabores, mas ainda prefiro os diferentes, que misturem ingredientes que deixem o sabor mais interessante. Cada semana tem um Engenheiro de alimentos prevê que frutas brasileiras regionais, como açaí, jenipapo e jaca, também deverão ser opções de barrinhas a serem estudadas pelas empresas, devido ao grande nicho de mercado Matka Wariatka /shutterstock um produto saudável e fácil de ser consumido, até pela popularização do alimento. O segmento faturou R$ 600 milhões em 2009, segundo dados da Abiad. Além disso, as duas maiores empresas do setor registram forte aumento nas vendas. A líder Nutrimental vendeu 28% a mais em 2010 em comparação ao ano anterior, atingindo R$ 290 milhões anuais. O mesmo aconteceu com o segundo maior, a Trio, que teve crescimento de 15% no mesmo período, chegando a R$ 133 milhões. Após a consagração de sabores como castanha-do-pará, indústria alimentícia busca diversificar portfólio, promovendo misturas mais inusitadas, com iogurte e até lichia Segmento embalado A expansão do setor de barras de cereais só é possível graças ao suporte de toda a cadeia produtiva, desde o plantio das matérias-primas até a distribuição do alimento, passando, inclusive, pela embalagem. É nessa etapa que a Bosch atua, fornecendo máquinas empacotadoras capazes de atender à crescente demanda do segmento dos chamados “alimentos funcionais”. O modelo Pack 201, por exemplo, é capaz de embalar até 450 pacotes por minuto. “Os equipamentos de alto desempenho da Bosch são ideias para atender à crescente demanda desse mercado, visto que, além de embalar os produtos em alta velocidade, também apresentam acessórios que permitem uma produção de alto rendimento”, afirma Franklin Sousa, responsável pelo suporte de vendas da Bosch. “Para uma linha de produção com produtos que apresentam alta demanda, como as barras de cereais, esses equipamentos fazem uma grande diferença”, acrescenta o especialista. Um exemplo desses acessórios seria o sistema No Product No Bag, que permite que a máquina opere somente se houver produto, evitando o desperdício de material de embalagem. Outro componente que se destaca nas máquinas de embalagem Bosch é o sis- Arquivo Bosch 30 | VidaBosch | tema Splicer, que é responsável pela troca e emenda automática de bobina de filme, material de embalagem, evitando a parada ou interrupção da máquina durante a produção. Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Saiba mais sobre a linha de empacotadoras da Bosch 32 | VidaBosch | atitude cidadã | Por Maria Eduarda Mattar Legião do bem Tragédias como a da região serrana do Rio de Janeiro arregimentam uma rede espontânea de voluntários que se desdobram para ajudar quem precisa Mangostock E ra quarta-feira, 12 de janeiro, quando a empresária Thays Castro recebeu um telefonema de um casal de amigos. Pediam emprestado um caminhão da frota de sua empresa. Na manhã seguinte, o caminhão estava disponível. Cessão de caminhão também foi o pedido feito pelo internacionalista Leonardo Eloi a um fornecedor da empresa em que trabalha. Prontamente atendido, ele contatou um colega que mora em Nova Friburgo para articular o recebimento de doações e começou a convocar amigos por e-mail para angariar o que fosse possível. Não precisava: muitos deles já estavam engajados na ajuda. A produtora de eventos Cris Ramos convocou colegas e ex-colegas de trabalho a fazer doações, conseguiu uma van e assumiu a tarefa de coordenar o recolhimento dos itens. O administrador Paulo Loiola, que só podia ajudar do escritório, usou a ferramenta de que dispunha: a internet. Criou uma campanha de arrecadação de dinheiro via web para comprar filtros de água. Gerardo Martins e mais três amigos, todos escaladores, perceberam que poderiam fazer mais: como tinham treinamento e noções que seriam úteis em resgates, deslocaram-se para dois dos municípios atingidos para ajudar no que fosse preciso. A coordenadora de marketing Ana Carolina Rodrigues criou uma planilha on-line e a enviou para alguns conhecidos a fim de que apontassem em qual dia poderiam ajudar a distribuir donativos in loco. Essas ações, empreendidas por um pequeno exército de voluntários, aconteceram no intervalo de dois dias após a atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 35 Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress Para as vítimas das enchentes e dos deslizamentos da região serrana do Rio de Janeiro, só o escritório da Cruz Vermelha recebeu 450 mil litros de água, 350 toneladas de roupas tragédia ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro, onde, durante algumas horas da madrugada de 11 para 12 de janeiro, uma tromba d’água despejou o volume de chuva que era esperado para o mês inteiro. Sete foram os municípios mais atingidos pela combinação de enchentes e desmoronamentos de terra e tiveram de decretar estado de calamidade pública: Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis (distrito de Vale do Cuiabá), Areal, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro e Bom Jardim. Os relatos de quem sobreviveu falam em rios de água e lama invadindo casas e carregando rapidamente tudo pelo caminho. Houve mais de 900 mortos e quase 400 desaparecidos. Outras 35 mil pessoas ficaram desabrigadas ou desalojadas, segundo a Defesa Civil estadual. Na mesma proporção da tragédia foi a ajuda. Além da ação de indivíduos, raras são as ONGs, empresas e todo tipo de instituição da região que não lançaram alguma atividade para ajudar. Bancos abriram contas especiais para doações. As unidades do Após as enchentes e deslizamentos no Rio de Janeiro, estádios de futebol, terminais de ônibus, estações de metrô, escolas, universidades, supermercados e shoppings viram pontos de coleta de doações Sistema Sesi-Senai no estado do Rio viraram postos de coleta. Na capital, os estádios também receberam doações, assim como a Assembleia Legislativa, os batalhões do Corpo de Bombeiros, os terminais de ônibus, as estações do Metrô, de barcas e de trens, escolas e universidades particulares e redes de supermercados e shoppings. Casas de show cariocas diminuíram o preço de ingresso para quem levasse alimentos não perecíveis. Longe do Rio, no Rio Grande do Norte, sensibilizado pela Cruz Vermelha local, o circo Estoril destinou a bilheteria da apresentação do dia 25 de janeiro, em Mossoró, para ajudar as vítimas fluminenses. “A mobilização surpreendeu muito. Veio gente de outros municípios, de outros estados e até de outros países. Teve muita gente de Minas Gerais, São Paulo, Paraná”, conta Gilberto Paulo de Souza Filho, subsecretário de Assistência Social de Nova Friburgo, cidade mais afetada, com 427 mortos e 86 desaparecidos. O que mais lhe chamou atenção foi a solidariedade “do pessoal de pouca idade”. “São estudantes que perderam amigos e parentes. Vi um que perdeu a sobrinha e a irmã e estava com a gente 24 horas trabalhando. Motoqueiros e jipeiros acessavam lugares que não conseguiríamos de maneira nenhuma”, relata o subsecretário. “Víamos no rosto das pessoas que estavam ali por amor, por garra.” Só o escritório da Cruz Vermelha recebeu 450 mil litros de água, 35 mil litros de leite, 3.300 cobertores, 5 toneladas de roupa de cama e banho, 250 toneladas de alimentos, 350 toneladas de roupas, 30 mil artigos de higiene, 20 mil artigos de limpeza, 4 toneladas de ração, 4.500 brinquedos, 1.500 caixas de vela, 150 cai- gidas. Os voluntários presentes ajudaram a distribuir itens como vassouras, baldes e rodos, para ajudar na limpeza dos terrenos, além de água mineral, galochas e artigos de higiene pessoal. Essa foi uma demonstração recente do apoio da Bosch ao voluntariado, uma tradição na companhia. Em 2011, por exemplo, a empresa lançou a campanha Desafio 125, na qual os funcionários são estimulados a arrecadar 125 mil itens que serão destinados a uma série de entidades assistenciais. A inicitiva faz referência aos 125 anos da Bosch e está organizada em cinco etapas, com duração de dois meses cada uma. Na primeira, a arrecadação fica concentrada em materiais escolares. Depois, será a vez de roupas, alimentos, brinquedos e materiais de higiene e limpeza. “A ação está atrelada a um dos valores da Bosch, a responsabilidade (corporativa/social). Esse desafio une os colaboradores em um mesmo objetivo e contribui com o desenvolvimento das comunidades onde a empresa está presente”, afirma Rene Lopes, gerente de Recursos Humanos da unidade matriz da Robert Bosch América Latina. Daniel Marenco/Folhapress A Bosch na sua vida Solidariedade na região serrana do Rio Sempre que ocorre alguma tragédia, a solidariedade do brasileiro surge para contrabalançar a dor e a tristeza pelas perdas materiais ou humanas. E não foi diferente no início de 2011, quando a região serrana do Rio de Janeiro foi atingida por fortes chuvas que deixaram mais de 880 mortos. Diante da calamidade, voluntários arrecadaram artigos de primeira necessidade e os enviaram aos municípios mais afetados – Teresópolis, Nova Friburgo e Petrópolis. E a Bosch não ficou de fora dessa corrente do bem. No dia 21 de janeiro, a empresa enviou um caminhão com donativos para a região, recebido pela Prefeitura de Areal, município vizinho às áreas atin- Arquivo Bosch 34 | VidaBosch | Conteúdo exclusivo on-line I www.vidabosch.com.br • Conheça a política da Bosch para responsabilidade social atitude cidadã Nelson Antoine/Fotoarena/Folhapress xas de pastilhas de purificação de água e 3.800 caixas de medicamentos de primeiros socorros. A atuação na região serrana do Rio é a mais recente. Em outras ocasiões, a intensidade da resposta e a comoção foram as mesmas. Em novembro de 2008, as enchentes que atingiram 77 municípios do Vale do Itajaí, em Santa Catarina - deixando 135 mortos e mais de 5 mil desabrigados –, também mobilizaram esforços e solidariedade de todo o país. Foram doados mais de R$ 28 milhões, 4,3 milhões de quilos de alimentos, 2,5 milhões de litros de água, 1 milhão de quilos de roupas, além de brinquedos, materiais de higiene pessoal e outros itens. “Até hoje continuamos recebendo contêineres com doações, além de valores em dinheiro, para serem repassados a vítimas das enchentes em Santa Catarina”, revela Lúcia Rodrigues, do departamento de relações atitude cidadã | VidaBosch | 37 institucionais da Cruz Vermelha. Mesmo quando a tragédia é longe – como no terremoto do Haiti, que deixou mais de 200 mil mortos em janeiro de 2010 –, a solidariedade brasileira também se manifestou. A ONG Viva Rio, que já atuava no país caribenho desde 2004, centralizou o envio de doações. Foram sete contêineres mandados para lá, com água, roupas e alimentos. “As doações vieram de todo o Brasil”, conta a coordenadora do Programa de Voluntariado do Viva Rio, Cibele Dias. Ela avalia que, observando a mobilização ocorrida nestes três casos - Santa Catarina, Haiti e serra fluminense -, o brasileiro ajuda da mesma forma e com a mesma intensidade, não importando onde aconteceu a tragédia. “É incrível como o brasileiro é solidário”, exclama. “Percebo que as pessoas fazem doação a qualquer hora, mas, num momento como esse, to- do mundo se mobiliza, pois sabe o que e onde doar”, pondera. Quem não é especialista também tem essa percepção. Gerardo Martins, o escalador citado no início desta reportagem, lembra que, na época do tsunami na Ásia, em 2005, o povo brasileiro foi um dos maiores doadores. “A gente está acostumado a ajudar o próximo por causa da antiga e persistente péssima desigualdade de renda. Agora que ela está diminuindo, espero que continuemos preocupados com as necessidades dos outros.” No World Giving Index, produzido pela Charities Aid Foundation para medir a disponibilidade de ajudar, o Brasil está na 76ª posição. No cálculo, são usados três critérios: doação de dinheiro; doação de tempo de voluntariado; e ajuda a um estranho. Segundo a pesquisa, 25% dos brasileiros entrevistados haviam doado dinheiro; 15%, tempo, e 49% haviam ajudado um estranho. Para o psicólogo e doutor em psicologia das emergências Ney Bruck, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), “de um modo geral, as pessoas se sentem recompensadas por se sentirem úteis e participarem de uma corrente de solidariedade, ética, digna, humana”. Ele próprio foi voluntário em Nova Friburgo durante dez dias no começo do ano, quando atendeu 600 pessoas em grupo ou individualmente. Seu trabalho é ajudar e ensinar as pessoas a lidar com o trauma, utilizando técnicas e protocolos que, segundo ele, ainda são incipientes no Brasil. Bruck defende que é preciso haver um treinamento mais profissional para esse tipo de catástrofe, até para que os próprios voluntários não fiquem psicologicamente mal. De cada três pessoas que atuam na linha de frente nessas emergência, uma fica com estresse pós-traumático, segundo estatística da A solidariedade é importante não só logo após a tragédia, quando a arrecadação e a distribuição de mantimentos é vital, mas também na reconstrução do que foi destruído A ajuda dos brasileiros também foi intensa para Santa Catarina, atingida por enchentes em novembro de 2008, e para o Haiti, onde um terremoto matou mais de 200 mil pessoas em janeiro de 2010 Organização Pan-americana de Saúde citada pelo especialista. Não foi o que aconteceu com Thays Castro, a empresária que cedeu o caminhão citado no início da reportagem. O envolvimento com a ajuda avançou rapidamente e ela se tornou uma das gestoras das ações daquele grupo de amigos, que rapidamente se transformou no movimento hoje conhecido como Minha Ajuda, Sua Casa. Thays se emociona ao lembrar da ajuda ofertada por pessoas e empresas. “Uma pizzaria doou pizzas para os voluntários; uma sorveteria, sorvetes. Um caminhão-pipa molhava os voluntários no calor. A tia de um amigo doou seis viagens de helicóptero para a serra. Conseguimos doações de 400 doses de vacinas contra tétano e hepatite e um médico se voluntariou a subir três vezes para vacinar e prestar atendimentos”, enumera. “Não acreditamos que íamos chegar aos 8 mil voluntários, como conseguimos. Nunca vi um movimento tão grande e tão rápido”, conta. Depois de mais de um mês de trabalho, começaram a estudar uma nova forma de atuação, centralizando esforços na reconstrução de casas. Thays acredita que a solidariedade não vai decepcionar nesta nova etapa. E ela tem motivo para isso: o grupo ajudou a promover um jantar de gala para arrecadar doações, preparado por 22 chefs renomados e com o improvável valor de R$ 2.500 o ingresso por pessoa. O jantar teve 80 convidados e foram levantados R$ 200 mil. Tudo foi revertido para as vítimas da serra. Dmitry Kalinovsky 36 | VidaBosch | 38 | VidaBosch | aquilo deu nisso | Por Bruno Meirelles Inovação desde o berço Shutterstock A história da Bosch, que começou há 125 anos, tem como marca registrada a busca de soluções que melhoram a vida das pessoas 40 | VidaBosch | aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 41 Fotos Arquivo Bosch veículo –, mais preciso e mais barato que as soluções anteriores. Foi uma revolução. A empresa logo produziria a unidade de número 100 mil do magneto, tornando-se uma das principais fornecedoras automotivos dentro e fora da Alemanha. Revoluções sobre rodas O Fotos Arquivo Bosch Lançado em 1936, Mercedes-Benz 260-D (acima) foi o primeiro automóvel de série de passeio com motor movido a diesel; Funcionários da Bosch trabalham na linha de produção de velas em uma fábrica da Alemanha na década de 20 (abaixo) motor de partida elétrico, que aposentou as manivelas na tarefa de fazer um carro funcionar. Os limpadores de para-brisa. O flex fuel. Um sistema de frenagem automática, que breca o automóvel em casos de emergência. Ferramentas elétricas com bateria recarregável. O primeiro processador de alimentos. Inovações tão diferentes como essas têm raiz comum: uma oficina de Stuttgart, na Alemanha, criada há 125 anos por Robert Bosch. Chamado “Oficina de Mecânica de Precisão e Eletrotécnica”, o empreendimento foi inaugurado em 15 de novembro de 1886 por esse alemão nascido em Albeck (no centro-sul do país). Tinha uma estrutura modesta, a ponto de o proprietário visitar de bicicleta cada um de seus clientes – nada comparável às dimensões atuais da Bosch, que tem 280 mil funcionários espalhados em 150 países. O sucesso do negócio começou a ser desenhado no ano seguinte, justamente em razão da inovação. Bosch desenvolveu o magneto, que alguns anos depois viria a se tornar um dos produtos-chave da companhia. O dispositivo, capaz de dar a ignição em motores automotivos por meio de uma faísca elétrica, foi testado em um triciclo em 1897, e o desempenho surpreendeu o próprio inventor. “Mesmo com 100 ignições por minuto, e até mesmo com 600, o magneto funciona sem perder nenhuma delas”, relatou Bosch a um cliente. O passo seguinte foi usar uma vela com magneto de alta tensão, em 1902. Era, finalmente, um sistema confiável de ignição. O dispositivo era pequeno – cabia em qualquer O casamento com o setor automobilístico seguiu firme após o magneto, rendendo uma série de inovações ao longo do século 20. Se hoje uma boa visibilidade é considerada quesito indispensável para a segurança ao volante, há cem anos o motorista estava praticamente às escuras. A situação mudou em 1913, quando a Bosch lançou seu sistema de iluminação elétrica para carros. Era o primeiro a reunir não apenas faróis mas também gerador, regulador de tensão e bateria, sendo um precursor dos modelos atuais. No ano seguinte, foi a vez de o motor de partida elétrico tornar a vida dos motoristas mais fácil e segura. Substituiu a manivela, que não só exigia esforço físico para ligar o carro como podia escapar em direção ao volante durante as trocas de marcha – houve, em razão disso, inúmeras mortes ao volante. Na década de 20, ficou marcada pela buzina Bosch, que se tornou a grande sensação na mostra de veículos de Berlim em 1921 e em menos de 24 meses já havia vendido mais de 100 mil unidades. Já a primeira bateria para veículos, produto que em várias partes do mundo é associado ao nome da empresa, foi produzida em 1922, inicialmente apenas para as motos. Outro impulso tecnológico dos anos 20 foi o limpador de para-brisas. O produto existia pelo menos desde 1908, porém, era ineficiente no uso diário, até que em 1926 a Bosch lançou seu dispositivo acionado por um motor elétrico. “Estamos convencidos de que esse limpador em breve se tornará amigo de todos os motoristas”, previu na época Robert Bosch, em texto para o jornal da empresa. No ano seguinte, foi a vez de uma pequena revolução nos motores diesel. Até então, as bombas de injeção nessa área eram grande demais para a aplicação em veículos ou pequenas demais para funcionar num veí- Cartazes publicitários com produtos vendidos na Alemanha durante as primeiras décadas da Bosch 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 Fotos Arquivo Bosch Inspeção visual de um wafer, usado em sistemas de energia solar e composto de centenas de chips eletrônicos (à esq.); parte inferior de uma engrenagem eólica, que transforma o vento em energia elétrica (à dir.) culo. A situação mudou em 1927, quando a empresa testou sua bomba de injeção em um sedã, que conseguiu rodar por mais de 40 mil quilômetros. A inovação se tornou um modelo para o segmento, foi usada em grandes veículos e virou um dos produtos mais rentáveis da Bosch. Um ano após abrir a empresa em Stuttgart, Robert Bosch desenvolveu o magneto, capaz de dar ignição em motores automotivos. Representou uma revolução no setor e foi a primeira de uma série de descobertas da Bosch Diversificando a produção A fase inicial de expansão da empresa deu-se em torno de produtos automotivos. Mas Robert Bosch já havia detectado que seria importante diversificar os negócios. Assim, em 1925, passou a investir nos segmentos de eletrodomésticos e ferramentas elétricas. O primeiro passo foi um cortador de cabelos, em 1928. Em 1932, adquiriu a Junkers & Co., que fabricava aquecedores de água. Pouco depois sua furadeira, que veio a simplificar os trabalhos tanto nas casas quanto na indústria. No ano seguinte, a corporação entrou efetivamente na área de eletrodomésticos com a fabricação de refrigeradores, apresentados numa feira em Leipzig. Essa estratégia se manteve mesmo após a morte de Robert Bosch em 12 de março de 1942, aos 80 anos. O leque de pro- dutos se abriu enormemente e passou a abranger de máquinas de lavar roupa até parafusadeiras, de máquinas de embalagem a forno micro-ondas, de aquecedores elétricos a bombas de água, de serra mármore a circuitos integrados de alarmes, de sistemas pneumáticos para indústrias a ferramentas manuais multiúso. Um dos novos braços da empresa nasceu de uma tradição iniciada logo após a produção em série do magneto de alta tensão, em 1902. Descontente com a qualidade do maquinário da época, Robert Bosch decidira construir seus próprios equipamentos. A atividade ganhou força, virou uma divisão interna em 1932 e passou a fornecer serviços e produtos para outras companhias em 1974. Esse segmento cresceu de tal forma, com desenvolvimento de linhas de monta- gem, que se tornou parte, a partir de 2001, da subsidiária Bosch Rexroth. A diversificação de produtos foi acompanhada por uma diversificação de mercados. No Brasil, por exemplo, a empresa se estabeleceu em 16 de novembro de 1954, num escritório na Praça da República, em São Paulo. A corporação logo montou uma fábrica em Campinas, no interior paulista. Eletrônica de ponta Na segunda metade do século 20, a Bosch transformou-se em uma das precursoras da inserção de componentes eletrônicos em veículos. Em 1959, por exemplo, começou a desenvolver um sistema de injeção eletrônica para motores a gasolina. O produto passou a ser vendido oito anos depois. Em 1997, a inovação foi aplicada a sistemas diesel com a tecnologia common rail, em 1997. Esse sistema mais recente armazena combustível a pressões elevadas, proporcionando um desempenho mais silencioso e uma redução de emissões em até 96% quando comparadas com as de um veículo de 1990. Já a história de sucesso do ABS, primeiro sistema eletrônico a evitar o bloqueio das rodas, começou em 1978. Essa tecnologia acabou se tornando o ponto de partida para todos os sistemas modernos de controle de frenagem. Já o TCS (sistema de controle de tração), também criado pela Bosch, representa para a aceleração o mesmo que o ABS é para as freadas, garantindo uma condução estável mesmo em superfícies escorregadias. Entre as invenções mais recentes está o sistema de frenagem automática de emergência. Desenvolvido em 2010, ele ajuda os motoristas a evitar batidas traseiras por meio de sensores de radar e vídeo. Em um primeiro momento, o condutor é alertado caso algum objeto seja identificado. Se ele não reagir, o carro freia automaticamente. Hoje, a Bosch segue investindo em pesquisas e conta com um registro médio de 15 patentes por dia. Elas seguem o mesmo espírito da primeira invenção de Robert Bosch, expresso no atual slogan da empresa: tecnologia para a vida. Conteúdo exclusivo on-line www.vidabosch.com.br • Visite o site especial sobre os 125 anos da Bosch 44 | VidaBosch | saudável e gostoso ovo | Por Sara Duarte Feijó A redenção do Durante décadas, esse alimento foi considerado o vilão da dieta. Mas novas pesquisas revelam que ele é nutritivo e faz bem à saúde Shutterstock L evante a mão quem não sente uma pontinha de culpa toda vez que saboreia um ovo mexido, frito ou cozido. Símbolo da fertilidade, venerado por joalheiros e designers como a embalagem mais perfeita já criada pela natureza (leia quadro na página 46), no século 20 o ovo foi transformado em vilão da dieta. Tudo porque, nos anos 1970, descobriu-se que cada gema continha em média 213 mg de colesterol. Naquela época, a American Heart Association (AHA – Associação Americana do Coração, em português) aconselhava o consumo de, no máximo, 300 mg de gordura por dia. A comunidade médica ficou alarmada e determinou que o ovo de galinha deveria ser banido do cardápio. De lá para cá, houve dezenas de pesquisas sobre o alimento. Todas constataram que não havia motivo para tanto alarde. Em primeiro lugar, o consumo de um ovo por dia não aumenta o volume de colesterol e triglicérides no corpo humano, pois seus componentes são metabolizados de forma benigna. “A gordura presente ajuda o organismo a absorver as vitaminas lipossolúveis – que se dissolvem em gordura”, explica a nutricionista Fabiana Honda, da PB Assessoria Nutricional, de São Paulo. “É um colesterol benéfico, bem diferente das gorduras saturadas e das gorduras trans.” Segundo Carlos Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Hospital do Coração, de São Paulo, a menos que a pessoa sofra de doenças cardiovasculares, não há qualquer contraindicação para o consumo desse alimento. “Pode comer um ovo mexido, um omelete ou uma gemada de vez em quando”, afirma ele, antes de alertar para o verdadeiro problema: a falta de exercícios físicos e de cuidados com outros alimentos. “O acúmulo de colesterol no sangue está mais ligado ao sedentarismo e ao consumo exagerado de frituras, doces e alimentos industrializados.” Ou seja, para a saúde do coração, os vilões da dieta são outros: carnes gordurosas, pele de frango, embutidos (salsicha, linguiça, mortadela e salame), queijos amarelos e cremosos, creme de leite, leite de coco e alimentos preparados com gordura vegetal hidrogenada, como biscoitos recheados e batata frita congelada. Nutritivo até na casca Estudos apontam que o ovo tem alto valor nutricional. Além de oferecer 12% de nossa necessidade diária de proteína, contém 14 vitaminas, minerais, aminoácidos e elementos antioxidantes. A clara, por exemplo, é rica em albumina, uma proteína que favo- rece o aumento de massa muscular, desde que a pessoa faça exercícios. A gema, por sua vez, possui vitaminas B12, A, K e D, selênio e ainda colina, um nutriente essencial para o desenvolvimento da área do cérebro ligada à memória. A casca é rica em cálcio e zinco. Por isso, é triturada e utilizada em suplementos alimentares. De tempos em tempos, surgem novos dados para reparar a reputação do ovo. Em fevereiro deste ano, o Serviço de Pesquisas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos reviu seus cálculos e anunciou que esse alimento possui 14% menos colesterol e 64% mais vitamina D do que se acreditava. “A média de colesterol contida em um ovo tipo grande é de 185 mg”, diz Jacob Exler, nutricionista do órgão norte-americano. “E a quantidade de vitamina D, que ajuda na absorção do cálcio pelos ossos, é de 41 Ui, ou seja, 10% da dose diária recomendada.” Outro fator que contribuiu para a redenção desse alimento foi o uso da tecnologia nas condições de produção. No ano passado, segundo o IBGE, o Brasil produziu mais de 2,4 bilhões de dúzias de ovos. Mais de 90% vieram de granjas industriais, totalmente automatizadas. Ali não existem pátios de terra batida, minhocas, galos ou frangos. Há somente galinhas poedeiras (criadas Fora da geladeira, o ovo apodrece em menos de cinco dias. O ideal é deixá-lo na geladeira, a uma temperatura de, no máximo, 15ºC para botar ovos), que são vacinadas, alimentadas com ração e acompanhadas por tratadores e veterinários. Esses cuidados diminuem a chance de contaminação por salmonela – bactéria que provoca diarreia e febre. Para melhorar a produção, a indústria costuma utilizar galinhas que tenham de 19 semanas a pouco mais de um ano de idade. Por volta das 4h da manhã, a luz da estufa é acesa e elas acordam. Às 9h, a produção é recolhida. Os ovos, então, recebem um banho de água clorada e, em seguida, uma camada de óleo vegetal, para selar as cascas. Por fim, são distribuídos nas bandejas e embalados em caixas de 30 dúzias. Do momento em que a galinha põe o ovo até ele chegar à prateleira do supermercado, se passam entre dois e quatro dias. Ninguém precisa ter receio de quebrar a casca e encontrar um pintinho. Como o Ministério da Agricultura proíbe a venda de ovos galados, o produto que encontramos nos hipermercados é como uma célula estéril (como um óvulo feminino que não saudável e gostoso | VidaBosch | 47 tenha sido fecundado). Agora, se o seu medo é comprar ovos podres, basta verificar a data de validade e conferir se nenhum deles está quebrado ou rachado. Caso todos se mostrem em perfeito estado, pode levar para casa. Só não se esqueça de mantê-los na geladeira, a uma temperatura de, no máximo, 15ºC. “Como qualquer alimento perecível, o ovo precisa de refrigeração. Se for deixado à temperatura ambiente, apodrece em menos de cinco dias”, afirma Takesi, da Naturovos. O brasileiro come, em média, 141 ovos por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Avicultura (SBA). É pouco, se comparado aos países campeões do ranking. No México, por exemplo, o consumo per capita é de 360; na China, 310; já no Japão, 347. Quase um ovo por dia? O que pouca gente sabe é que esse ingrediente está presente em quase tudo o que ingerimos: pães, pizza, massas, tortas, pastéis, bolos, quindins, suspiros, chantilly. Enquanto nos lares e restaurantes se utiliza o ovo in natura, em indústrias de alimentos e confeitarias o mais comum é usar clara ou gema desidratadas ou pasteurizadas. A vantagem é que cada cliente compra apenas a parte que lhe interessa. “A indústria de panetone, por exemplo, usa a gema. Os fabricantes de suplementos para Alexandre Castro/Fotoarena saudável e gostoso Sevenke/Shutterstock 46 | VidaBosch | atletas, só a clara”, explica Renato Takesi, diretor da Naturovos, agroindústria do Rio Grande do Sul. Na alta gastronomia, o ovo é uma vedete. O chef Guilherme Melo, dono do Hermengarda (www.hermengarda.com.br), um dos melhores restaurantes de comida contemporânea de Belo Horizonte, afirma que poucos alimentos são tão versáteis. “Além de dar um sabor especial à comida do dia a dia, vai muito bem em receitas leves e sofisticadas”, comenta. Não por acaso, no menu do Hermengarda, o prato de maior sucesso é o Creme de Palmito Trufado com Ovo Perfeito. Entre as sobremesas, a campeã é a Musse de Coco com Baba de Moça e Fios-de-Ovos (confira as receitas nas páginas 47 e 48). Creme de Palmito Trufado com Ovo Perfeito Rendimento: 8 porções creme de palmito Do design ao cinema •H á um provérbio em latim que diz que “o ovo é a origem de toda a vida” (Omne vivum ex ovo). Por isso, em diversas partes do mundo ele é o símbolo da fertilidade. Na Europa, durante a Idade Média, tornou-se comum pintar ovos cozidos para celebrar a chegada da primavera. • No mundo do design, o formato ovalado é considerado um ícone, pois remete ao aconchego e à modernidade. Lançada em 1968, a cadeira Ovalia Egg Chair, do escandinavo Henrik Thor-Larsen, tornou-se um clássico (//www.ovalia.com/ eng_ovalia.htm). Nos anos 2000, voltou à moda ao aparecer nos filmes MIB – Homens de Preto 1 e 2. • Depois de descobrir a América, Cristóvão Colombo usou um ovo de galinha para zombar de quem desdenhava de sua façanha. Em um banquete, perguntou quem conseguiria fazer um ovo parar em pé. Todos tentaram, sem sucesso. Colombo resolveu o dilema batendo o ovo na mesa e achatando uma de suas extremidades. Com isso, mostrou que, em tese, qualquer coisa é fácil de realizar. Mas que uma grande ideia só tem valor quando é executada. • O ovo é um personagem tradicional na literatura infantil anglo-saxônica. Por volta de 1810, na Grã-Bretanha, surgiu uma canção de ninar que falava de um ovo que havia caído de um muro e se espatifado. Era o Humpty Dumpty, personagem que estrelou vários desenhos animados e livros, aparecendo até no clássico Alice Através do Espelho, de Lewis Carroll. • Já ouviu falar no Ovo de Fabergé? Trata-se de um luxuoso ovo de Páscoa feito de ouro e cravejado de pedras preciosas, que era muito apreciado pelos czares da Rússia. O primeiro deles teria sido produzido em 1895 pelo joalheiro Gustav Fabergé, sob encomenda do czar Alexandre 3º. A joalheria produziu 54 peças para a família imperial da Rússia, até que, com a revolução de 1917, foi nacionalizada pelo governo bolchevique. Ingredientes 700 g de palmito pupunha in natura descascado (o palmito em conserva deixará o creme ácido) 500 ml de creme de leite fresco 600 ml de caldo de legumes caseiro 150 g de queijo parmesão ralado 20 g de manteiga trufada Uma pitada de sal Uma pitada de pimenta-do-reino branca Uma pitada de noz-moscada Modo de preparo Em uma panela com três copos de água, coloque para ferver uma cenoura, uma cebola, um salsão e um punhado de alho-poró. Leve ao fogo e deixe ferver por 15 minutos. Passe o caldo pelo coador para retirar os legumes. Reserve. Pique o palmito pupunha em rodelas em finas – a base, que é mais espessa, pode ser cortada em cubinhos. Adicione o palmito ao caldo de legumes e leve ao fogo brando por aproximadamente 20 minutos ou até que esteja macio. Separe 1/3 do palmito cozido e reserve. Bata o restante no liquidificador até ficar com consistência de sopa e, se achar necessário, passe por um coador. Leve essa mistura ao fogo brando, acrescente o creme de leite e o queijo. Misture bem. Adicione o sal, a pimentado-reino branca e a noz-moscada. Acrescente a manteiga trufada e o palmito cozido que estava separado. o ovo perfeito Ingredientes 8 ovos de galinha 2 litros de água 1 pitada de sal Salsinha para decorar Modo de preparo Em uma cozinha profissional, esse ovo é preparado a uma temperatura precisa e controlada. Ele fica transparente e com a gema quase líquida. Para prepará-lo em casa, coloque dois litros de água numa panela e deixe ferver. Adicione os ovos à água fervente, desligue o fogo e os deixe lá até que a água esfrie totalmente. Montagem Sirva o creme de palmito em pratos individuais. Descasque os ovos com cuidado e coloque um em cada prato, como se fosse a cereja do bolo. Decore com a salsinha picada. Esse é um prato para noites de inverno. Não precisa de carne ou arroz como complemento. Para acompanhar, apenas torradinhas ou fatias de pão italiano. saudável e gostoso Alexandre Castro/Fotoarena 48 | VidaBosch | Musse de Coco com Baba de Moça e Fios-de-Ovos Modo de preparo Coloque as folhas de gelatina de molho em água fria por cerca de 10 minutos. Escorra. Adicione meia xícara de água fervente para dissolver a gelatina. Reserve. Retire o coco da casca e rale-o em um ralador grosso. Em um liquidificador, bata o leite de coco, o creme de leite, o leite condensado, o coco ralado e a gelatina. Reserve. Em uma batedeira, bata as claras até elas ficarem bem firmes (em ponto de suspiro), adicione o açúcar e bata mais um pouco. Passe a musse do liquidificador para uma vasilha e vá adicionando as claras em neve com movimentos bem delicados. Despeje a mistura em forminhas ou taças individuais e leve-as à geladeira por pelo menos 8 horas. – a baba de moça Ingredientes 1 xícara de açúcar ½ xícara de água 1 colher de sopa de manteiga sem sal ½ garrafinha de leite de coco (150 ml) 8 gemas 1 colher de café de essência de baunilha parte 2 Modo de preparo Despeje o açúcar em uma panela e deixe-o cozinhar em fogo brando. Vá mexendo sempre, até o açúcar derreter e virar uma calda transparente. Reserve a calda e deixe esfriando. Passe as gemas por uma peneira e reserve. Em uma vasilha ou refratário, junte a calda de açúcar fria, as gemas, misture bem e acrescente em seguida a manteiga, o leite de coco e a essência de baunilha. Leve ao fogo em banho-maria. Sempre em fogo baixo, mexa por cerca de 5 minutos ou até obter a consistência desejada. Deixe esfriar e guarde na geladeira até a hora de servir. – montagem Tire as musses de coco da forma e regue cada uma com baba de moça. Coloque uma ameixa e um pouco de fios-de-ovos sobre cada uma para enfeitar. Mantenha na geladeira até a hora de servir. parte 3 destaque para colecionar – a musse Ingredientes 8 folhas de gelatina 1 lata de leite condensado 1 coco pequeno ralado (ou um pacote de 200 g) 1 lata de creme de leite 1 garrafinha de leite de coco (300 ml) 5 claras em neve bem firmes 5 colheres de sopa de açúcar 10 ameixas sem caroço 200 g de fios-de-ovos (podem ser comprados em delicatessens) parte 1