anexo 1

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'Vendo exclusividade e não um corpo', diz prostituta Lola...
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'Vendo exclusividade e não um corpo', diz prostituta Lola
Benvenutti
AMON BORGES
DE SÃO PAULO
06/09/2014 07h00
"Elegância e inteligência, impetuosidade e audácia. Prazer desejado por muitos. Exclusividade para poucos. Permita-se". Assim
anunciaria seus serviços Lola Benvenutti, 22. "Vendo exclusividade e não um corpo", justifica a garota de programa, famosa por seu
blog em que conta experiências da profissão e dá dicas de sexo e comportamento. Graças ao seu trabalho na internet, ela não precisa
de muita propaganda em sites de acompanhantes.
A jovem promove neste sábado, Dia do Sexo (6/9), uma noite de autógrafos de seu primeiro livro "O Prazer É Todo Nosso", lançado em
agosto. O evento faz parte da programação da festa fetichista Projeto Luxúria, comandada por Heitor Werneck.
Lola é o codinome de Gabriela Natalia da Silva, inspirado na obra "Lolita", de Nabokov. "Quando eu li o livro eu tinha 12 anos. Estava na
biblioteca da escola", diz ela, natural de Pirassununga (interior de São Paulo) e formada em letras na UFSCar.
Sem revelar preços dos programas, conta que já até conseguiu comprar seu próprio apartamento no centro de São Paulo, para onde se
mudou há aproximadamente um ano.
A garota é uma defensora da liberdade sexual. "Quero que as pessoas se permitam viver. Seriam muito mais felizes e se importariam
muito menos com a vida dos outros se gozassem a vida mesmo. Dou dicas para as pessoas se libertarem."
ABAIXO, LEIA BATE-PAPO COM LOLA BENVENUTTI:
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sãopaulo - Como seria um anúncio de seus serviços?
Lola Benvenutti -Elegância e inteligência, impetuosidade e audácia. Prazer desejado por muitos. Exclusividade para poucos.
Permita-se.
Não colocaria nenhum atributo físico?
Vendo exclusividade e não um corpo.
E por que o nome?
Lola foi com inspiração no "Lolita", do [russo Vladimir] Nabokov, essa coisa de gostar de homem mais velho, de sexualidade muito
cedo... Quando eu li o livro eu tinha 12 anos. Estava na biblioteca da escola. "Benvenutti" significa bem-vindos em italiano.
Acompanhante, prostituta, garota de programa?
Eu prefiro, na verdade, puta. A Gabriela Leite [fundadora da Daspu] falava que preferia esse termo, porque parecia o maior xingamento
da sociedade. Eu acho que é um choque necessário. Às vezes, alguém me pergunta e eu falo que sou "puta". Daí a pessoa se doi. Mas
eu não me ofendo. Sempre digo que sou tão puta quanto quem está ali na praça da Luz, cobrando R$ 15, R$ 20 por programa. A
diferença é só o ambiente, o público. É honestidade também. Não querer essa coisa de "acompanhante de luxo" para dar um nome
mais bonito para enfeitar a coisa.
Você se formou em letras e agora quer fazer mestrado?
Eu queria fazer mestrado em estudos culturais na USP, pesquisando moda, pois meu TCC [em letras na UFSCar] foi com esse tema.
Depois percebi que queria estudar sexualidade, com foco na prostituição, e meu orientador não dava conta do tema. Procurei uma
professora da Unicamp. Agora vou ter de estudar uma nova bibliografia, vai demorar um tempo.
Por que decidiu entrar neste meio?
Comecei aos 17 anos as primeiras experiências em Pirassununga, fiz uns cinco programas e parei. Depois retomei no último ano da
faculdade e logo criei o blog. A minha visão da profissão sempre fui muito romântica, tinha em mente a Audrey Hepburn em
"Bonequinha de Luxo". Essa coisa de cobrar foi muito natural. Comecei muito nova com a sexualidade. Foi natural esse processo.
Pensei um dia: "Meu, vou monetizar isso".
Lembra do primeiro programa?
Eu achei um cara de outra cidade na internet. Ele foi me encontrar. Eu estava com um frio na barriga e uma excitação. Foi legal, o cara
foi muito delicado. Não lembro quanto cobrei, mas foi muito mais do que a minha mesada. Daí eu pensei: "transei e ainda ganhei uma
grana".
E como foi a reação de seus pais e como ficou a relação?
Contei uns três meses depois que eu comecei. Sou de uma família tradicional, conservadora. Vivi em sítio até os 17 anos. Eles ficaram
indignados. Foi péssimo. Tive uma conversa franca om meu pai. Disse que gostava, que me sentia bem. Ele chorou. Uma das primeira
vezes que eu o vi chorando. Mas eles não me abandonaram. Fiquei um ano sem falar com minha mãe, distante do meu pai. A gente
superou, nos reaproximamos. Hoje, quando vou visitá-los só não toco no assunto, não falo sobre o livro
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Suas primeiras experiências sexuais foram bem precoces, certo?
Sempre tive uma relação com meu corpo muito precoce. Perdi a virgindade aos 11 anos. Não foi traumático, não me senti estuprada,
não vejo o cara como um predador, nada disso. Aconteceu naturalmente. Eu sentia que aquele era o momento. Não defendo isso, mas
foi o que houve. Conheci o cara pela internet. Ele não sabia que eu tinha 11 anos, mas enfim Ele tinha estudado para ser padre por
muitos anos. Ele não conseguia nem abrir minha blusa (risos).
Você namora?
Agora estou solteira. Eu acho que tem gente que vive o modelo de monogamia. Somos criados para isso. Existe uma pressão para que
as coisas sejam monogâmicas. Eu não acredito, pois eu não vejo isso acontecer. Eu lido todos os dias com a traição. Isso mostra que a
nossa natureza não é monogâmica. Mas com isso não quero dizer não é possível amar uma pessoa. Amor e sexo são coisas
diferentes, mas isso tem de ser trabalhado...
Como lida com as comparações com a Bruna Surfistinha?
Como é o mesmo segmento de trabalho, há o blog, eu entendo a pessoas compararem. Mas, modéstia à parte, eu me acho muito mais
sofisticada do que ela. Escrevo coisas muito mais psicológicas, o que eu tiro de reflexão de cada evento. Não enumero simplesmente
meus programas. E eu escolhi a prostituição porque gosto. Eu já estava quase formada, já morava sozinha, era esclarecida, de uma
família boa, não me revoltei com nada, não usava drogas...
Como resumiria seu livro?
A minha briga não é pela prostituição, é pela liberdade sexual. Quero que as pessoas se permitam viver. Seriam muito mais felizes e se
importariam muito menos com a vida dos outros se gozassem a vida mesmo. Trago umas histórias da minha vida como garota de
programa e sempre trago uma reflexão do que aconteceu ali, dou dicas para as pessoas se libertarem. É uma análise mais profunda
sobre a sexualidade. Não trato de uma forma bizarra nem vitimizada. Acho que a diferença é abismal entre minha história e a da Bruna.
Pensa em fazer um filme com sua história também?
Estou conversando com algumas produtoras, mas acho que ainda é cedo. Tenho vontade... Uma série, uma peça, um filme.... Quero
pensar bem....já gravei um piloto... mas está tudo sob analise...
Tem vontade de parar?
Falo que se fosse bonita para sempre, faria isso para sempre. Eu me divirto muito, eu gosto. Mesmo! Mas daqui a um tempo... Minha
beleza não vai durar para sempre. Já estou diversificando. Mas enquanto eu achar alguém que queira, acho que vou continuar (rs).
Quais outros projetos tem em mente?
Estou desenvolvendo com uma amiga maquiadora workshops e palestras de sexo e comportamento para mulheres e homens. Ninguém
dá muita atenção para os homens. Já tenho alunos indiretamente. Tem gente que chega me dizendo "quero que me ensine como
conquistar mulheres". Ensino a teoria e prática. Vamos pra balada, vejo como ele se comporta na abordagem. Tem tudo a ver com as
questões de relação humanas, sexo pago. Por isso que mudei minha pesquisa. Eu sei muito na prática, mas sinto falta da teoria e o
título de mestre, de doutor. A sociedade exige isso.
Endereço da página:
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2014/09/1511894-vendo-exclusividade-e-nao-um-corpo-diz-prostituta-lola-benvenutti.shtml
Links no texto:
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/27372-lola-benvenutti#foto-420747
blog
http://www.lolabenvenuttioficial.com.br/post/index
Projeto Luxúria
http://folha.com/no1510327
http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/15712-lola-benvenutti#foto-270958
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