Curso Recuperação de Áreas Degradadas
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Curso Recuperação de Áreas Degradadas Módulo 1 – Degradação Ambiental Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas Módulo 1 – Degradação Ambiental Fundamentos de ecologia Tipos de processos do meio físico Formas de degradação ambiental do solo Consequências da degradação para a sociedade Bases teóricas para a recuperação de áreas degradadas O material desse módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este programa de educação do CENED. É proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na bibliografia consultada. Tutor: Prof. Amarildo R. Ferrari 2 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas Módulo 1 – Degradação Ambiental 1. FUNDAMENTOS BÁSICOS ECOLOGIA Estamos começando o Módulo 1, nele vamos encontrar material sobre fundamentos dos sistemas ambientais, sobre a sinergia entre os modelos ecológicos e sobre as exigências para que estes sistemas e modelos se mantenham em equilíbrio e pleno funcionamento. A ecologia é sempre descrita como uma ciência que estuda os seres vivos e sua relação entre eles. Entende-se que dentro do tema ecologia atualmente se estuda o comportamento dos seres vivos, dos fenômenos ambientais e as mudanças de correntes destes fenômenos tanto nos seres vivos, como no clima. Para a escolha de um modelo de recuperação de área degradada – RAD, é preciso conhecer profundamente a interação e a relação entre o sistema a ser recuperado, portanto, deve ter domínio do sistema ecológico determinante e de todas as exigências legais para efetuar o projeto de recuperação. Assim iremos definir alguns conceitos básicos e usuais dentro do tema a ser tratado pelo curso e especifico em cada módulo. Existe uma variedade de conceitos sobre meio ambiente, estes estão dissipados pelas legislações estaduais do Brasil e na Política Nacional do Meio Ambiente. As definições apresentadas geralmente são abrangentes, sendo difícil o entendimento do que vem a ser meio ambiente, torna-se complexo e figurativo determinar o perfil de meio ambiente observando somente às definições legais. Porém o conceito apresentado pela ABNT é também abrangente, mas determina com clareza os componentes que compõem o meio ambiente. Neste curso o conceito adotado será o formulado pela ABNT, conforme figura apresentada abaixo (Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 3 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas Portanto, meio ambiente é a interação entre os meios físico, biológico e sócio-econômico ( 1 ) - O meio físico condiciona, primeiramente, as características do meio biológico e sócio-econômico, através de fluxos de energia e matéria. Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 4 Curso Recuperação de Áreas Degradadas ( 2 ) e ( 3 ) - Os meios biológico e sócio-econômico, por realimentação, completam a interação com o meio físico, regulando seus processos (Fornasari Filho et al., 1992 apud Fornasari & Bitar, 1995). O meio físico é um dos componentes que devem ser obrigatoriamente tratados no EIA/RIMA, podendo ser considerado como passivo e/ou ativo, recebendo ou deflagrando impactos e processos, em resposta à interação com determinado empreendimento. Neste contexto, devemos considerar o meio físico como "uma totalidade estruturada em equilíbrio dinâmico, com seus vários aspectos guardando relações de interdependência em termos causais, de gênese, evolução, constituição e organização" (Leite, Fornasari Filho & Bitar, 1990). Portanto, é necessário realizar uma abordagem integrada do meio físico, enfocando a dinâmica de cada uma de suas formas de interação, envolvendo desde fluxos energéticos atuantes no meio até seus componentes materiais. Para isso deve-se rever noções fundamentais relacionadas com à inserção do meio físico no contexto dos grandes ciclos terrestres (ciclo da água, do ar e das rochas) e suas interações (Bitar, Fornasari Filho & Vasconcelos, 1990). A figura abaixo sintetiza as informações descritas (modificado de Proin/Capes & Unesp/IGCE, 1999). 5 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas 2. TIPOS DE PROCESSOS DO MEIO FÍSICO Para abordar o meio físico nos Estudos Ambientais deve-se conhecer as principais características dos processos do meio físico, para que seja feita a melhor avaliação possível dos processos atuantes no meio em questão . 1- erosão pela água, 2- erosão eólica, 3- escorregamento, 4- queda de blocos, 5- queda de detritos, 6- rastejo de solo ("creep"), 7- corrida de massa, 8- subsidência, 9- carstificação 10- deposição de sedimentos ou partículas, 11- escoamento de água na superfície, 12- dinâmica de água no subsolo, 13- interações físico-químicas na água e no solo, 14- dinâmica da água no ar, 15- potencialização e desencadeamento de sismo, 16- radioatividade, 17- inundação, 18- processos pedogenéticos Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 6 Curso Recuperação de Áreas Degradadas 3. PROCESSO TECNOLÓGICO A tabela acima apresenta os tipos de processos do meio físico. Conjunto de técnicas utilizadas na implantação, no funcionamento, na ampliação e na desativação de uma atividade modificadora do meio ambiente (Fornasari Filho et al., 1992 apud Fornasari Filho & Bitar, 1995). O entendimento dos processos tecnológicos como agentes de alteração ambiental e seu potencial modificador dos processos do meio ambiente é de fundamental importância para a realização do EIA, isso porque deve-se conhecer em detalhes os processos tecnológicos de um empreendimento, para analisar a interação destes com os meios físico, biológico e sócio-econômico. A intervenção do PROCESSO TECNOLÓGICO sobre PROCESSO DO MEIO FÍSICO acarreta, na maioria das vezes, em um PROCESSO ALTERADO. As figuras a seguir esquematizam e exemplificam como o processo tecnológico pode modificar os processos físicos, levando muitas vezes a sérios problemas ambientais, com prejuízos econômicos associados. Fonte: modificado de Fornasari Filho et al. (1992) 7 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas EXEMPLO No exemplo apresentado podemos observar uma área de uma antiga mineração em zona urbana. A remoção da cobertura vegetal realizada pela mineração, a impermeabilização do solo e a concentração do fluxo d´água no loteamento (Processo Tecnológico) causaram a intensificação dos processos físico, resultando no aparecimento de sulcos e ravinas, que podem evoluir para boçorocas (Processos Alterados). Também como conseqüência, o material erodido se acumula nas porções mais baixas (Processo Alterado) Muitas vezes os processos físicos que vimos na página anterior são acelerados, como no caso do exemplo acima, os processos de erosão pela água e a deposição de sedimentos e partículas foram intensificados, acarretando em prejuízo econômico pela necessidade de obras de correção para a implantação de futuros empreendimentos na área alterada. 8 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas Em geral, a área de expansão urbana apresenta muitos problemas ambientais devido a intervenção brusca na dinâmica do meio físico pelos processos tecnológicos, produzindo os processos alterados. 4. FORMAS DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO SOLO A degradação do solo caracteriza-se pela redução da fertilidade e dos potenciais recursos oferecidos. Esta degradação pode levar à desertificação da terra ou ao seu abandono como área cultivável e produtora de alimentos. Conforme dados da FAO (1980), “11% da área mundial não apresentam limitações para uso agrícola; em 28% o clima é muito seco, e em 10% é muito úmido; em 23% o solo apresenta desequilíbrios químicos críticos e em 22% é muito raso; os 6% restantes estão permanentemente congelados (Souza Araújo;Almeida;Teixeira Guerra)”. A produção de alimentos está sofrendo drástica redução. Este fato somado ao vertical crescimento populacional tem criado novas situações de conflito em diversas partes do mundo. Um dos fatores causadores da redução de alimentos disponíveis à população é o mau uso das terras. As atividades agrícolas com o uso indiscriminado de pesticidas e fertilizantes cria condições favoráveis à infertilidade do solo e ao seu conseqüente abandono ou desertificação. Em torno de 1990, foi constatado que devido às práticas agrícolas inadequadas, 562 milhões de hectares de terras férteis haviam sido degradados. Isto correspondia a 38% das terras agrícolas do mundo todo. Desde então, 5 ou 6 milhões de hectares a cada ano apresentam severas degradações. A degradação do solo acontece de diversas maneiras, porém a mais conhecida delas e causa maior impacto negativo é a erosão. 9 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas 4.1 Erosão A erosão do solo é um processo natural e acontece pela ação do vento e da água sobre as camadas superficiais do solo. O escoamento superficial da água sobre o solo carrega consigo as partículas férteis e, aos poucos, cria uma redução no potencial fértil do solo. A erosão eólica (ocasionada pelo vento) desloca as partículas da camada superior do solo. Esse tipo de erosão é mais comum em solos áridos ou semi-áridos. “A perda dessa camada de solo reduz a fertilidade porque: a) conforme o solo se torna mais denso e fino, fica menos penetrável às raízes e pode se tornar superficial demais a elas; b) reduz-se a capacidade de o solo reter água e torná-la disponível às plantas, e c) os nutrientes para as plantas são lavados com as partículas de solo erodidas”. (Souza Araújo;Almeida;Teixeira Guerra) A ação humana sobre o meio ambiente contribui grandemente para a aceleração do processo erosivo do solo. Conseqüentemente temos “a perda de solos férteis, a poluição da água, o assoreamento dos cursos d'água e reservatórios e a degradação e redução da produtividade global dos ecossistemas terrestres e aquáticos”. (http://www.drenagem.ufjf.br/06erosao_02_Introd.htm ) A sociedade global como um todo tem perdas muito grandes devido à erosão contínua dos solos, pois além do dano ao meio ambiente, problemas sociais e econômicos gerados pela escassez de alimentos, criam clima de instabilidade em muitas regiões do mundo. Devido ao assoreamento de reservatórios e de cursos d’água, a energia e as regiões urbanas também são afetadas, ocasionando grandes transtornos e gastos financeiros em busca de soluções. Quando o solo é submetido a contínuas remoções da camada superficial podem surgir a voçorocas e estas, se não forem controladas, tornam o solo infértil à agricultura e podem prejudicar construções, obras viárias, projetos de irrigação e até mesmo o abastecimento de energia elétrica. Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 10 Curso Recuperação de Áreas Degradadas A erosão acontece em maior ou menor proporção dependendo das condições naturais, do uso inadequado da terra ou mesmo das características das encostas. O clima é uma das condições naturais que mais influencia na erosão, especialmente as chuvas. Porém, qualquer forma de remoção da cobertura vegetal, com ação humana ou não, facilita e promove a erosão. 4.2. Deterioração Química Segundo Souza Araújo, Almeida e Teixeira Guerra, a deterioração química de uma área geralmente consiste em; a) perda dos nutrientes do solo; b) Acúmulo de sais na camada superior do solo devido a diversos fatores como: i)“manejo mal realizado da irrigação ou alta concentração de sais na água de irrigação ou atenção indevida à drenagem, levando facilmente à rápida salinização dos solos, especialmente em regiões áridas onde as altas taxas de evaporação estimulam o processo; ii) invasão da água do mar ou águas subterrâneas salinas em reservas de água de boa qualidade...; iii) atividades humanas que elevam a evaporação em solos com material salino ou com lençol freático salino”. (Souza Araújo;Almeida;Teixeira Guerra) c) A acidificação que ocorre por uso abusivo de fertilizantes ácidos ou por drenagem em tipos de solo não adequados. d) Pelas diversas formas de poluição (acúmulo de lixo, agrotóxicos, derramamento de óleo, etc). 4.3. Deterioração física Conforme (Souza Araújo;Almeida;Teixeira Guerra) são três os tipos de deterioração física: Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 11 Curso Recuperação de Áreas Degradadas a) Compactação do solo, geralmente ocasionado pelo pisoteamento contínuo do gado sobre um determinado solo, pelo uso de máquinas pesadas em solos sem estabilidade e pelo selamento e encrostamento ocasionado pelas gotas de chuva. b) Elevação do lençol freático até a zona radicular das plantas, ocasionada pela entrada de excessiva quantidade de água, além da capacidade de drenagem natural do solo. Isto acontece em sua maioria em áreas irrigadas, mas também devido a enchentes.Esta forma de deterioração do solo também eleva a salinidade. c) Rebaixamento da superfície de solos orgânicos (subsidência), ocasionado pela drenagem ou oxidação. 4.4. Desertificação A desertificação é definida com um processo de deterioração e diminuição do potencial produtivo de regiões de clima árido, semi-árido e sub-úmido seco. A Conferência sobre Desertificação das Nações Unidas (UNCOD), em 1977, definiu a desertificação como: “a redução ou destruição do potencial biológico da terra, resultando, finalmente, no aparecimento de condições desérticas”. A FAO em 1986, definiu a desertificação da seguinte maneira; “é somente um aspecto extremo da deterioração dos ecossistemas, disseminada sob a pressão combinada do clima adverso e da exploração agrícola”. “As causas mais freqüentes da desertificação estão associadas ao uso inadequado do solo e da água no desenvolvimento de atividades agropecuárias, na mineração, na irrigação mal planejada e no desmatamento indiscriminado. Conseqüências da desertificação: Natureza ambiental e climática Como perda de biodiversidade (flora e fauna), a perda de solos por erosão, a diminuição da disponibilidade de recursos hídricos, resultado tanto dos fatores climáticos adversos quando do mau e a perda da capacidade Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 12 Curso Recuperação de Áreas Degradadas produtiva dos solos em razão da baixa umidade provocada, também, pelo manejo inadequado da cobertura vegetal. Natureza social Abandono das terras por partes das populações mais pobres, a diminuição da qualidade de vida e aumento da mortalidade infantil, a diminuição da expectativa de vida da população e a desestruturação das famílias como unidades produtivas. Acrescente-se, também, o crescimento da pobreza urbana devido às migrações, a desorganização das cidades, o aumento da poluição e problemas ambientais urbanos. Natureza econômica Destacam-se a queda na produtividade e produção agrícolas, a diminuição da renda do consumo das populações, dificuldade de manter uma oferta de produtos agrícolas de maneira constante, de modo a atender os mercados regional e nacional, sobretudo a agricultura de sequeiro que é mais dependente dos fatores climáticos. Natureza político institucional Há uma perda da capacidade produtiva do Estado, sobretudo no meio rural, que repercute diretamente na arrecadação de impostos e na circulação da renda e, por outro lado, criam-se novas demandas sociais que extrapolam a capacidade do Estado de atendê-las”. Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agropecuario/inde x.html&conteudo=./agropecuario/artigos/desertificacao.html 5. CONSEQUÊNCIAS DA DEGRADAÇÃO PARA A SOCIEDADE Em áreas onde a degradação é bastante acentuada, as terras podem ser abandonadas ou mesmo transformadas em áreas de pastagens, ocasionando Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 13 Curso Recuperação de Áreas Degradadas uma degradação cada vez maior e por vezes leva a uma infertilidade total. Em áreas irrigadas onde o lençol freático eleva-se e em áreas com alto teor de salinização o empobrecimento do solo e a sua degradação são acelerados. Esta redução na capacidade produtiva da terra gera um empobrecimento econômico de toda uma sociedade que depende dela para a sua manutenção. O rápido crescimento populacional cria uma necessidade mundial de mais alimentos e consequentemente o solo produtivo é superexplorado, causando desequilíbrios grandiosos nos ecossistemas das áreas exploradas. Esta superexploração gera um acelerado desgaste dos nutrientes presentes no solo e em pouco tempo a terra produz pouco ou mesmo nada. Dessa forma, os problemas agravam-se de modo grandioso, pois enquanto a população cresce verticalmente e demanda por mais alimentos, as terras férteis diminuem vertiginosamente. Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) dois milhões de pessoas não têm segurança alimentar, ou seja, não possuem a qualquer instante o alimento que pode lhe proporcionar uma vida saudável. Estima-se que a produção de alimentos deverá aumentar em até 60% até 2025 para poder nutrir de modo desejável a população que até este ano estará em aproximadamente 8,5 bilhões de pessoas. Porém, percebemos que diversas regiões que necessitam aumentar sua produção alimentar sofrem de escassez de água ou possuem terras em péssimo estado para produzir alimentos. As terras são desgastadas rapidamente com o plantio contínuo de produtos, erosão, fertilizantes, adubos e agrotóxicos. Essa relação desarmônica com as terras cultiváveis tem ocasionado perda de biodiversidade e acelerado a extinção de espécies. A escassez de alimentos não afetará os países uniformemente, sendo que nos países desenvolvidos da Europa e da América do Norte, com lento crescimento populacional, sobram alimentos para exportar, enquanto em países em desenvolvimento, com rápido crescimento populacional, má distribuição das terras e degradação constante do solo e do meio ambiente, a tendência é uma aceleração na falta de alimentos para a maioria da população. Esses países sofrem do que a FAO chama de “déficit alimentar”, pois têm dificuldade de produzir alimentos e de importar. Segundo a FAO são aproximadamente 800 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 14 Curso Recuperação de Áreas Degradadas milhões de pessoas que vivem nestes países e que sofrem de má nutrição. Outros países, com poucas terras para cultivar alimentos suficientes para sua população, mas com recursos financeiros, importam alimentos de outros países, como é o caso do Japão, Singapura, Chile e outros. Nos últimos constatou-se que o crescimento populacional está sendo maior que a produção de alimentos, principalmente na África e estima-se que em poucos anos a China torne-se um grande importador de alimentos. Em muitas áreas degradadas acontece um deslocamento populacional, pois comunidades inteiras que viviam de suas terras não encontram mais nela sustento e migram para outros lugares. É interessante buscar soluções urgentes. A reforma agrária, a gestão local e políticas de conscientização que evitem a erosão dos solos podem contribuir no aumento da produção alimentar. A voz das populações locais deve ser ouvida, em especial a das mulheres, que são na maioria dos casos, as responsáveis pelo alimento e água para a sua família. Os governos locais e a nível de cooperação internacional devem trabalhar para valorizar as comunidades locais e empenhar-se para que estas tenham segurança alimentar, acesso ao alimento e possibilidades de comprá-lo. 6. BASES TEÓRICAS PARA A RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS A multidisciplinaridade de conhecimento tem sido considerado como a base eficiente para o sucesso do processo de restauração de áreas degradadas, entendido como um conjunto de ações idealizadas e executadas por especialistas das diferentes áreas do conhecimento, visando proporcionar o reestabelecimento de condições de equilíbrio e sustentabilidade, existentes nos sistemas naturais. O desenvolvimento de modelos de recuperação de áreas degradadas também tem sido um tema de estudo, com suporte técnico em três princípios básicos: a fitogeografia, a fitossociologia e a sucessão secundária Muito se tem avanço, nos últimos anos, no que diz respeito à “restauração florestal” e tem-se desenvolvido pesquisas e muito se tem agregado conhecimentos, envolvendo dinâmica de formações florestais nativas. Isto não elimina a necessidade de muitos outros estudos que preencham lacunas do conhecimento e promovam Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 15 Curso Recuperação de Áreas Degradadas um maior sucesso dos projetos de recuperação e conservação da biodiversidade. A pesquisa vem evoluindo no sentido, de determinar ferramentas mais eficientes nesta área, existem hoje, diversos modelos possíveis de serem utilizados no repovoamento vegetal, pelo plantio de espécies arbóreas de ocorrência em ecossistemas naturais, procurando recuperar algumas funções ecológicas das florestas, bem como a recuperação dos solos. Em geral estes modelos envolvem levantamentos florísticos e fitossociológicos prévios, bem como estudos da biologia e ecologia e da ecofisiologia das espécies em bancos de sementes, em viveiros e em campo, o que, em conjunto com um melhor conhecimento de solos, microclimas, sucessão secundária e fitogeografia, deve favorecer a auto-renovação da floresta implantada. Poucos estudos são encontrados sobre a recuperação de áreas de cerrado e de vegetação de manguezais e das restingas litorâneas no estado de São Paulo, por exemplo, apesar de serem fortemente impactadas pela ocupação humana desde o princípio da colonização européia até os dias atuais. As áreas de restinga com características naturais são raras e ainda em menor escala aquelas que estão protegidas em Unidades de Conservação sendo que as florestas de restinga estão entre os ecossistemas brasileiros que mais vêm perdendo espaço por ações antrópicas. As experiências de recuperação de áreas de restinga ainda são preliminares, sem muitos dados conclusivos, dificultadas pela grande relação da vegetação com a dinâmica da água no solo e sua qualidade, intensidade e freqüência (Rodrigues & Camargo, 2000; Carrasco, 2003). Os trabalhos desenvolvidos por Casagrande et al. (2002 a, b) Reis-Duarte et al. (2002 a; b) indicam que as correlações entre fertilidade de solo e desenvolvimento da vegetação de restinga devem proporcionar informações para o melhor entendimento dos modelos de recuperação desse ecossistema. Os cerrados paulistas têm também uma situação bem crítica, sendo que dos 16 cerca de 14% da área do território paulista ocupado originalmente por cerrados, hoje estariam reduzidos a menos de 4%, estando praticamente desaparecidas Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas as grandes manchas de cerrado que existiram no Estado (Serra Filho et al., 1975; Durigan, 1996; Kronka, 1998). Poucos estudos preocupam-se com a recuperação destas áreas, destacando-se os trabalhos de Bertoni (1992), Cavassan et al. (1994), Durigan (1996), Durigan et al. (1997), Correa & Melo Filho (1998) e Correa & Cardoso (1998). As matas ciliares, ripárias ou de galeria, geralmente aquelas com flora influenciada pela formação vegetal circundante, são as que têm recebido maior atenção dos pesquisadores, quer pela sua importância ecológica na manutenção da biodiversidade ou de corredores biológicos, quer pela sua importância na manutenção da qualidade hidrológica dos mananciais sendo necessário, no entanto, considerar a região ecológica em que elas se localizam (cerrado ou floresta) o que pode facilitar a forma de recuperação. Mesmo com os avanços obtidos nas pesquisas desenvolvidas, os modelos de recuperação gerados ainda estão limitados ao âmbito da ciência e da situação a ser recuperada, com aplicabilidade restringida, muitas vezes, pelos altos custos de implantação e manutenção, sendo necessário maior envolvimento da pesquisa científica no desenvolvimento de tecnologias cada vez mais baratas e acessíveis Sabe-se que a conservação in situ de recursos genéticos tem sido considerada a forma mais efetiva, principalmente para os casos em que toda uma comunidade de espécies está sendo o objetivo da conservação. Nesse caso, não só as espécies alvo, que têm valor econômico atual, como também aquelas de valor potencial, devem estar incluídas na programação de conservação genética, inclusive também os seus polinizadores, dispersores de sementes e predadores. Ressalta-se a necessidade de se conhecer geneticamente as espécies em conservação, não bastando apenas mantê-las intocáveis na área onde as espécies em conservação estejam ocorrendo. Sem dúvida, as florestas tropicais formam os biomas com maior diversidade de espécies do planeta, tendo sido o alvo da discussão para conservação in situ e 17 objeto de um acordo mundial assinado por cerca de 170 países na Rio-92, que foi a Convenção da Diversidade Biológica. Para o Brasil, que possui dois Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas biomas florestais tropicais de suma importância, a Amazônia e a Mata Atlântica, a discussão sobre a conservação genética in situ é de importância estratégica, justamente neste momento em que a grande evolução do conhecimento da biotecnologia de ponta coloca em evidência a biodiversidade como uma das mais valiosas matérias primas no mundo em termos econômicos, principalmente para a indústria farmacêutica e de química, envolvendo a produção de cosméticos e indústria alimentícia. Proteger o meio ambiente não significa impedir o desenvolvimento. O que se faz necessário é promover o desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente. Daí a idéia de “desenvolvimento sustentável”, que tomou corpo nas últimas décadas e norteia a ação dos órgãos públicos encarregados da defesa do meio ambiente, no mundo todo. O êxito dos projetos de recuperação de áreas degradadas só ocorrerá se houver uma manutenção constante as mudas plantadas e um monitoramento da condição permanente do sistema ambiental natural A degradação das áreas pode ocorrer por ação natural ou antrópica, mas sempre ficará um rastro de impacto ambiental negativo, onde muitas das vezes, torna-se irrecuperável a função do sistema natural. Avaliar o grau de impacto e a metodologia a ser aplicada para recuperação desta área é a designação do profissional que irá trabalhar nesta atividade. 18 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) Curso Recuperação de Áreas Degradadas Referências Bibliográficas ARAÚJO, Gustavo Henrique de Sousa;ALMEIDA, Josimar Ribeiro de;GUERRA, Antonio José Teixeira. Gestão ambiental de áreas Degradadas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP). A situação da população mundial 2001 - Rastos e marcos: população e mudanças ambientais, p. 13. Disponível em: http://www.unfpa.org/swp/2001/portuguese/Brochura.pdf . Acesso em: 10 nov. 2005. DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 1999, p.139. BITAR, O.Y. Avaliação da recuperação de áreas degradadas por mineração na RMSP. São Paulo, 1997. Tese Doutoramento, Departamento de Engenharia de Minas, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. BITAR, O.Y. & BRAGA, T.O. O meio físico na recuperação de áreas degradadas. In: BITAR, O.Y. (Coord.). Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE) e Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), 1995. cap. 4.2, p.165-179. BITAR, O.Y & ORTEGA, R.D. Gestão Ambiental. In: OLIVEIRA, A.M.S. & BITAR, O.Y., FORNASARI FILHO, N. & VASCONCELOS, M.M.T. Considerações básicas para a abordagem do meio físico em estudos de impacto ambiental. In: BITAR, O.Y. (Coord.). O meio físico em estudos de impacto ambiental. Publicação Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), São Paulo, boletim 56, cap.03, p.09-13, 1990 Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP). A situação da população mundial 2001 - Rastos e marcos: população e mudanças Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br) 19 Curso Recuperação de Áreas Degradadas ambientais, p. 15. Disponível em: http://www.unfpa.org/swp/2001/portuguese/Brochura.pdf . Acesso em: 10 nov. Sites http://www.drenagem.ufjf.br/06erosao_02_Introd.htm http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./agropecuario/index.html&co nteudo=./agropecuario/artigos/desertificacao.html 20 Centro Nacional de Educação a Distância – CENED (http://www.cenedcursos.com.br)
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