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ISSN: 2359-0645 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) volume I, número I. dezembro de 2014 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 Publicação conjunta de caráter educacional e pedagógico, científico e tecnológico das Instituições de Ensino Superior (IES) e Editor Geral Prof. Dr. André Luiz Fassone Canova Conselho Editorial: ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) v. 1, n. 1, novembro 2014 Lençóis Paulista – SP ISSN: 2359-0645 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 SUMÁRIO EDITORIAL ................................................................................................ ................................ ................................................. 7 (EDITORIAL) ................................................................................................................................ ................................ ............................................ 7 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS APLICADAS NA ESTIMATIVA DA VARIABILIDADE DE ATRIBUTOS DO SOLO................................................................ ......................................................... 9 (ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS APPLIED IN ESTIMATING VARIABILITY OF SOIL ATTRIBUTES) ................................................................ ................................................................................................ .................................................................. 9 GÊNERO E SEXUALIDADE NO FUTEBOL FEMININO: UM OLHAR SOBRE A MÍDIA TELEVISIVA ................................................................................................ ................................ ................................... 21 (GENDER AND SEXUALITY ON WOMEN´S SOCCER: A LOOK AT TELEVISING MEDIA) .............. 21 IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE ÁRVORES MATRIZES EM PROPRIEDADE RURAL LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE BOFETE/SP .......................................... ................................ 41 (IDENTIFICATION AND MAPPING OF MATRIX TREES IN RURAL PROPERTY LOCATED IN THE MUNICIPALITY OF BOFETE/SP) ................................................................................................ .......................................... 41 IMPLANTAÇÃO DO E-COMMERCE COMMERCE COMO ESTRATÉGIA EFICAZ DE NEGÓCIOS: UM ESTUDO NA EMPRESA GUTCENTER MÁQUINAS DO INTERIOR DO CENTRO OESTE PAULISTA ................................................................ .................................................... 53 (IMPLEMENTATION OF E-COMMERCE COMMERCE AS EFFECTIVE BUSINESS STRATEGY: A STUDY IN GUTCENTER MACHINE IN THE CENTER WEST PAULISTA) ........................................................... ................................ 53 METODOLOGIA LEAN APLICADA NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS.......... 69 (LEAN LEAN METHODOLOGY APPLIED TO THE PROJECT MANAGEMENT ............................................ ................................ 69 A ANÁLISE ESTRATÉGICA E SUA CONTRIBUIÇÃO NA EVOLUÇÃO DE UMA PEQUENA EMPRESA NO RAMO DE CALÇADOS DA CIDADE DE BAURU/SP .... 83 (STRATEGIC STRATEGIC ANALYSIS AND YOUR CONTRIBUTION IN EVOLUTION OF A SMALL BUSINESS IN THE FOOTWEAR INDUSTRY IN CITY OF BAURU/SP) ................................................................ ...................................... 83 A LIDERANÇA RESILIENTE COMO FERRAMENTA PARA O SUCESSO DA GESTÃO DE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES ........................................................ ................................ 102 (RESILIENT LEADERSHIP P AS A TOOL FOR SUCCESS SUCCESS OF PERSONNEL MANAGEMENT MAN AND ORGANIZATIONS ................................................................................................ ................................ ................................................................ 102 HOMO SACER E CONTRATO CONTRAT SOCIAL ................................................................ ................................. 121 (Homo Sacer and Civil Contract)................................................................................................ Contract) .......................................... 121 O USO DA FERRAMENTA “PREVISÃO DE VENDAS” ADAPTADA PARA PREVISÃO DA DEMANDA FUTURA DE ALUNOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR ............................................................................................... ................................ ............................... 140 (USE OF THE TOOL "FORECAST SALES" ADAPTED FOR PREDICTION OF FUTURE DEMAND FOR PUPILS OF A HIGHER EDUCATION INSTITUTION) ................................................................ ................................ 140 FÉLIX GUATTARI: ASPECTOS GERAIS DA FORMAÇÃO HISTÓRICA DA SUBJETIVIDADE CAPITALÍSTICA ................................................................ ......................................... 164 (FÉLIX GUATTARI: HISTORICAL OVERVIEW OF THE FORMATION OF SUBJECTIVITY CAPITALISTIC) ................................................................................................................................ ................................ .................................... 164 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 A AÇÃO TUTORIAL NA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI – ESTRATÉGIAS DE ENSINAGEM APLICADAS AOS VÁRIOS ESTILOS DE APRENDIZAGEM ........... 176 (THE TUTORIAL ACTION IN THE EDUCATION FOR CENTURY XXI - STRATEGIES OF LEARNING APPLIED TO SOME STYLES OF LEARNING) ................................................................ ................................................... 176 PROPÓSITOS EMPRESARIAIS – REFLEXÕES SOBRE O PRIMEIRO DEGRAU NA FORMULAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS .......................................... ................................ 192 (BUSINESS PURPOSES - REFLECTIONS ON THE FIRST STEP IN THE FORMULATION OF BUSINESS STRATEGY) ................................................................................................ ................................ ...................................................... 192 TUTORIA EM EAD: A AÇÃO AÇ MEDIADORA POR MEIO O DO PLANEJAMENTO E DA TECNOLOGIA ................................................................................................ ................................ ......................................... 207 (MENTORING IN DISTANCE CE EDUCATION: THE MEDIATING MEDIATING ACTION THROUGH THROU PLANNING AND TECHNOLOGY) ................................................................................................................................ ................................ ................................... 207 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 7 EDITORIAL (EDITORIAL) Iniciamos essa revista tendo como objetivo que se torne um referencial de qualidade na região para a produção acadêmica da produção de conhecimento. Entendemos que esse objetivo será alcançado através de um longo e cansativo processo de aprendizado, de reformulações e de mudanças. Inicialmente apresentamos apresentamos 10 artigos científicos das mais variadas áreas do conhecimento conforme a nossa política editorial, ou seja, a de buscar a ∫ntegração de conhecimentos e de saberes. O artigo do Prof. Dr. João Angélico relata o uso de redes neurais artificiais para a análise e estimativa de algumas propriedades de solos, portanto representa a aplicação prática de conhecimento da área de ciências de informação à agricultura. No segundo artigo é analisada analisada pela Prof. Me. Juliana Jardim a visão da mídia televisiva sobre o gênero e a sexualidade tendo-se tendo se como pano de fundo o futebol feminino, inclusive algumas atletas foram convidadas a analisar essa situação. O Prof. Me. Luiz Gustavo Delgado demonstra, no terceiro terceiro artigo, como a tecnologia pode ser útil ao manejo de espécimes vegetais, pois com o uso de um GPS mapeou e identificando as espécies e diversas características (DAP, HT e estado fitossanitário) de uma população arbórea em uma um propriedade rural de Bofete/SP. Uma série de três artigos são apresentados pelo Prof. Me. Marcos Daniel Castro e colaboradores: • o artigo inicial tem por objetivo apresentar os fundamentos do e-commerce e (comércio eletrônico) e identificar as vantagens de utilizá-lo utiliz lo com estratégia est de negócios; • na sequencia mostra a importância da utilização da lean thinking ou mentalidade enxuta, o seu conjunto de ideias e ferrament ferramentas no gerenciamento de projetos; • e (finalizando) apresenta os resultados de uma análise SWOT em uma loja de calçados çados identificando os pontos fortes e fracos realizando uma análise estratégica dessa loja. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 8 A resiliência é uma característica que se define como a capacidade de se resistir aos problemas, assim o Prof. Cholodovskis faz um revisão de bibliografia nos mostrando trando a importância da liderança resiliente no âmbito de um organização. Já o artigo do Prof. Me. Raphael Valério disserta disserta sobre o conceito de Homo Sacer (figura do direito romano “sacro”) frente às imposições que o Contrato Social lhe aplicam tanto jurídico quanto politicamente na visão de Agamben. No interessante nteressante artigo apresentado pelo Prof. Cholodovskis, Cholodovskis é descrita a utilização de uma ferramenta de previsão de vendas para analisar a demanda futura de uma instituição de ensino superior. su O Me. André Camargo nos no demonstra, pela perspectiva de Guattari, como ocorre a formação e o desenvolvimento da subjetividade na contexto do capitalismo contemporâneo. Assim, desejamos que a comunidade leia, consulte e referencie os artigos aqui apresentados esentados e, principalmente, contribua para o crescimento e aperfeiçoamento dessa publicação. Alertamos que as nossas próximas edições, nas quais desejamos apresentar melhorias e inovações, ocorrerão nos meses de março, junho, setembro e dezembro. De modo semelhante o Diretor da FACOL/ISEL Prof. Me. Marcelo de Paula Mascarenhas Ribeiro apresenta três artigos: artigos • no primeiro apresenta uma análise de possibilidades estratégicas de ensino voltado para a ação tutorial; • no segundo tece uma série de reflexões sobre os propósitos empresariais e a formação de estratégias de negócios; • a tutoria em EAD é abordada nesse artigo, em particular, a sua ação mediadora, que é analisada destacando-se se o planejamento e tecnologia. Nos despedimos dos caros leitores com os mais sinceros agradecimentos, obrigado! Prof. Dr. André Luiz Fassone Canova Editor Geral ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 REDES NEURAIS ARTIFICIAIS APLICADAS NA ESTIMATIVA DA VARIABILIDADE DE ATRIBUTOS DO SOLO 9 (ARTIFICIAL NEURAL NETWORKS APPLIED IN ESTIMATING VARIABILITY OF SOIL ATTRIBUTES) João Carlos Angelicoa,*, Ivan Nunes da Silvab a,* Professor de Estatística da Faculdade Orígenes Lessa – FACOL. Rod. Osny Matheus, Km 08, CEP 18683-900 18683 – Lençóis Paulista (SP). [email protected]. b Universidade de São Paulo – USP, São Carlos – SP, Brasil. Uma análise detalhada das propriedades físicas e químicas do solo demanda em custos e tempo relativamente elevados. Por esse motivo, costuma-se costuma aplicar métodos estatísticos de interpolação para obter as características e propriedades dos solos nos locais não amostrados, visando diminuir o número de amostras necessárias para um bom mapeamento do campo. A determinação de algumas variáveis que caracterizam os atributos de um determinado solo, frequentemente são onerosas e de difícil execução. execução. Nestas situações é interessante estimar tais variáveis com base em outras que apresentam boa correlação espacial com as primeiras e que são de simples determinação. Frequentemente a estimativa é feita através da co-krigagem, krigagem, porém neste trabalho propõe-se propõ se a utilização de redes neurais artificiais na realização de tais estimativas. Comparando as RNA desenvolvidas com a co--krigagem, verificou-se se que a primeira apresentou resultados ligeiramente melhores, com mais uniformidade nas estimativas. Palavras–chave: agricultura de precisão, co-krigagem, co krigagem, variabilidade espacial. A detailed analysis of the physical and chemical properties of soil demands relatively high cost and time. Because of this, it is common to use statistical methods of interpolation to obtain tain a soil characteristics and properties from non – sampled places, with the objective to reduce the number of necessary samples to produce a good field mapping. The determination of some variables which represent certain kinds of soil is usually costly and difficult to accomplish. Under those circumstances it is interesting to calculate such variables based on others which present good spatial correlation with the first ones which are simple to determine. The calculation is often made by using co-kriging kriging,, although on this present paper the utilization of artificial neural networks is proposed to make such calculations. By comparing the RNAs developed to co-kriging, kriging, it was observed that the first one obtained slightly better results, with better uniformity on the calculations. Keywords: precision farming, co-kriging, co space variability. 1 INTRODUÇÃO se na literatura trabalhos inerentes à variabilidade espacial e temporal Encontra-se ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 10 das propriedades dos solos, publicados no início do século XX, tais como: Montgomery (1913), Robinson and Lloyd (1915) e Pendleton (1919), citados por Vieira et al1. De início, as análises estatísticas de dados consideravam as variáveis aleatórias independentes entre si, ou seja, supunham que as observações vizinhas não exerciam influências umas sobre as outras. Contudo fenômenos naturais apresentam-se frequentemente entemente com certa estruturação entre vizinhos. Desta forma pode-se se dizer que as variações não ocorrem ao acaso, apresentando certo grau de dependência espacial. Foi o engenheiro engenh de Minas Sul-Africano, Africano, Daniel G. Krige, no ano de 1951, que com seus trabalhos com dados de mineração, concluiu que a variação daqueles dados possuía uma estruturação que dependia da distância de amostragem e desta constatação surgiram os conceitos básicos básicos de geoestatística. Na geoestatística leva-se se em consideração a variabilidade espacial e/ou temporal de dados, complementando, do, ou mesmo substituindo, eficientemente a análise estatística clássica. Um requisito básico para aplicação dos métodos geoestatísticos geoesta é a necessidade de referenciamento das amostras, seja com relação às coordenadas geográficas ou ao tempo2. Em algumas situações é interessante estimar uma determinada variável do solo em função de outra, cujo custo e/ou tempo de determinação é menor. men Isto pode ser feito através de um semivariograma semivariog cruzado (a co-krigagem)3. Carvalho e Queiroz4, utilizaram a co-krigagem para estudar a variabilidade espacial de alguns atributos físicos de um Latossolo Vermelho Distrófico, estabelecido sob preparo convencional e cultivado com o feijoeiro comum durante o ano agrícola de 1999/2000, visando-se visando se fornecer subsídios para o planejamento da sua área agrícola experimental. Os atributos estudados foram macroporosidade (MA), microporosidade (MI), porosidade total total (PT), densidade do solo (DS), resistência à penetração (RP) e umidade do solo (UG). A coleta dos dados foi efetuada com os pontos amostrais dispostos segundo uma malha com 103 pontos nas profundidades de zero a 0,05 m (superfície) e 0,15 a 0,20 m (sub-superfície). (sub Os resultados revelaram que a variabilidade pesquisada foi: a) muito alta para a RP em ambas as profundidades, e para a MA na sub-superfície; sub superfície; b) alta apenas para a MA na superfície; c) média para a UG em ambas profundidades, e d) baixa para a MI, M PT e DS em ambas profundidades. Todos os atributos do solo apresentaram dependência espacial, com exceção da MI na superfície. Desta forma, na camada ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 11 superficial a PT, DS, RP, MA e UG tiveram respectivamente os alcances de 8,6; 13,1; 15,2; 15,8 e 18,4 m.. Já na sub-superfície sub superfície a DS, UG, RP, MI, MA e PT tiveram respectivamente os alcances de 1,0; 9,1; 14,4; 18,4; 19,2 e 23,7 m. Muitos outros trabalhos, utilizando a co-krigagem co krigagem na estima de variáveis de solos, são encontrados na literatura, como co por exemplo, Chig, et al.5 que utilizaram os valores de pH para estimar através da co-krigagem co krigagem a distribuição espacial do carbono orgânico dos solos em quatro microbacias sob vegetação de floresta no estado de Mato Grosso e Couto & Klamt6 que estimaram a deficiência de d Mn através da co-krigagem krigagem em um solo sob pivô central na profundidade de 0–20 0 cm em uma plantação de milho no Sul do Estado de Mato Grosso. De acordo com Sárközy7, as Redes Neurais Artificiais podem ser utilizadas como ferramentas de interpolação, e sua capacidade de aprendizado para diferentes parâmetros de entrada torna-as torna as capazes de resolver problemas muito complexos em diversas áreas do conhecimento. Redes neurais artificiais (RNA) são modelos computacionais inspirados no cérebro humano e que possuem a capacidade de aquisição e manutenção do conhecimento. Em outras palavras RNA podem ser definidas como um conjunto de unidades de processamento (neurônios) que são interligados por um grande número de interconexões (sinapses). Uma RNA pode ser treinada para pa atender uma necessidade particular, através do ajuste dos valores de de conexão entre os neurônios8. Comumente uma rede é treinada, ou ajustada, de maneira que um conjunto particular de dados gere outro conjunto específico de saída. O elemento de processamento, processamento, também conhecido por neurônio, é responsável por processar sar toda a informação na RNA9. O modelo mais simples de neurônio, proposto por McCulloch e Pitts, está ilustrado na Figura 1. Figura 1: Modelo de neurônio artificial. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 12 Os elementos do vetor de entrada X1, X2,.....XN são multiplicados pelos pesos W1, W2,... WN. Os resultados obtidos são somados pelo combinador linear, que ainda acrescenta o limiar de ativação do neurônio para obter a saída UR. Assim: 1 O valor obtido na saída do combinador linear deve ser aplicado à função de ativação g(UR), para obter o sinal de saída do neurônio. Desta forma y = g (u R ) . Na verdade, a função de ativação processa o conjunto de entradas recebidas e o transforma em estado de ativação. As funções de aprendizado em geral dependem do modelo de RNA que é escolhido. Estas funções servem para realizar a alteração dos valores dos pesos da rede, possibilitando assim o aprendizado aprendizado de um determinado padrão10. O treinamento de uma rede neural ocorre a partir de casos reais conhecidos, adquirindo assim a sistemática sistemática necessária para executar adequadamente o processo desejado envolvidos com os dados fornecidos. Assim a rede neural é capaz de extrair regras básicas que existam em um conjunto de dados, possibilitando que ocorra o aprendizado através da experiência. Para que uma rede neural aprenda por meio de exemplos é necessário que ocorra o treinamento da mesma. Um dos objetivos da pesquisa sobre redes neurais na computação é desenvolver morfologias neurais, baseadas em modelos matemáticos, que podem pode realizar funções diversas11. Na maior parte dos casos, modelos neurais são compostos de muitos elementos não lineares que operam em paralelo e que são classificados de acordo com padrões ligados à biologia. Do ponto de vista estrutural, a arquitetura de redes neurais pode pode ser classificada como estática, dinâmica ou fuzzy, constituída ainda de uma única camada ou múltiplas camadas. Além disso, algumas diferenças computacionais surgem também quando se trata da maneira com que são feitas as conexões existentes entre os neurônios. neu Estas conexões podem ser estritamente no sentido de ida, no sentido de ida e volta, lateralmente conectadas, topologicamente ordenadas ou híbridas. A propriedade mais importante das redes neurais é a habilidade de aprender de seu ambiente e com isso isso melhorar seu desempenho. Isso é feito através de um ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 13 processo iterativo de ajustes (treinamento) aplicado a seus pesos. O processo de aprendizado encerra quando a rede neural consegue generalizar soluções para uma classe de e problemas. Segundo Haykin11, um algoritmo de aprendizado é composto por um conjunto de regras bem definidas visando solução de um problema de aprendizado. Existem muitos tipos de algoritmos de aprendizado específicos para determinados modelos de redes neurais. Estes algoritmos diferem entre si principalmente pelo modo como os pesos são modificados. Todo o conhecimento de uma rede neural está armazenado nas sinapses, ou seja, nos pesos atribuídos às conexões entre os neurônios. De 50 a 90% do total de dados devem ser separado para o treinamento amento da rede neural, dados estes escolhidos aleatoriamente, a fim de que a rede "aprenda" as regras associadas ao processo. O restante dos dados só é apresentado à rede neural na fase de testes a fim de que ela possa "deduzir" corretamente o inter-relaci relacionamento onamento entre os dados. As principais formas de aprendizado, que estão associados aos processos de ajuste de pesos da rede, podem ser divididos em: • Aprendizado Supervisionado: Supervisionado: utiliza um agente externo que indica à rede um comportamento bom ou ruim de acordo com o padrão de entrada. A rede é treinada para fornecer a saída desejada em relação a um estímulo de entrada específico. Quando um vetor de entrada é aplicado, a saída da rede é calculada e comparada com o respectivo padrão de saída, a diferença (erro) (e é então propagada em sentido inverso ao fluxo de informações da rede (das saídas para as entradas) e os pesos são alterados de acordo com algum algoritmo que tende a minimizar o erro. Os vetores de entrada e saída do conjunto de treinamento são aplicados aplicados sequencialmente, e os erros são calculados e os pesos ajustados para cada vetor, até que o erro para o conjunto de treinamento seja aceitável. • Aprendizado Não Supervisionado: Supervisionado: não utiliza um agente externo indicando a resposta desejada para os padrões de de entrada, utiliza-se, utiliza entretanto, exemplos de características semelhantes para que a rede responda de maneira adequada. A rede se auto organiza em relação a alguns subconjuntos de entrada cujos elementos possuem características similares. Os vetores do conjunto njunto de treinamento consistem unicamente de vetores de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 14 entrada. O algoritmo de treinamento modifica os pesos da rede para produzir vetores de saída que são consistentes, isto é, vetores do conjunto de treinamento que são similares entre si produzirão o mesmo mesmo padrão de saída. Nesse tipo de aprendizagem espera-se espera se que o sistema deva estatisticamente descobrir características e particularidades marcantes da população de entrada. Ao contrário do aprendizado supervisionado, onde não existe um conjunto à priori de categorias dentro do qual os padrões irão ser classificados, o sistema é quem deve desenvolver sua própria representação do estímulo de entrada. Denomina-se se ainda, segundo Haykin11, ciclo de aprendizado ou épocas de treinamento como sendo uma apresentação apresenta de todos os N pares (entrada e saída) do conjunto de treinamento no processo de aprendizado. A correção dos pesos num ciclo pode ser executada de dois modos: pelo modo Padrão, onde a correção dos pesos acontece a cada apresentação à rede de um exemplo do conjunto de treinamento. Cada correção de pesos baseia-se baseia se somente no erro do exemplo apresentado naquela iteração. Assim, em cada ciclo ocorrem N correções. Outro método para apresentação de dados de treinamento é no modo Batch, onde apenas uma correção é feita por ciclo de treinamento. Todos os exemplos do conjunto de treinamento são apresentados à rede, seu erro médio é calculado e a partir deste erro fazem-se se as correções dos pesos. Por meio deste trabalho pretende-se pretende se verificar o desempenho das Redes Neurais Artificiais na estimativa do pH e do manganês em função da matéria orgânica. 2 Metodologia Os dados de solos (consta de uma planilha com 275 dados) foram obtidos junto a Serrana Fertilizantes do grupo Bunge, que efetuaram em seus próprios laboratórios tórios a determinação da Matéria Orgânica (MO), ( do pH e do Manganês (Mn). ( As amostras de solos foram coletadas em uma região próxima à divisa dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no município de Itiquira, entre as ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 15 coordenadas de 17º 35’ 22’’ e 17° 42’ 38’’ de latitude Sul e 54º 61’ 75’ e 54º 69’ 56’ de latitude Oeste. A região apresenta clima tropical quente e úmido, com precipitação média anual de 1500 mm, com intensidade máxima em dezembro, janeiro e fevereiro. A temperatura média anual é de 22 ºC. As amostras de solo foram coletadas a uma profundidade dade de 0-20 0 cm em uma área cultivada com om pastagem há mais de 5 anos. Em seguida foram secas ao ar e peneiradas em malha de 2 mm (TFSA). Na determinação do pH utilizou-se 10 cm3 de TFSA misturada com 25 cm3 de solução de cloreto de cálcio na concentração de d 0,01 M, conforme sugere Tomé Júnior12 e o elemento Manganês foi extraído com o extrator Mehlich, sendo posteriormente quantificado por espectroscopia espectroscopia de absorção atômica13. Dos 275 75 dados existentes na planilha selecionou-se se aleatoriamente 28 (aproximadamente mente 10% das amostras), que foram utilizados como referência na verificação da eficiência das RNA. As 247 amostras restantes foram utilizadas nas estimativas. A co-krigagem krigagem foi desenvolvida com auxílio do softwre GS+ (Gamma Design Software), Versão Beta (5.0.3). (5.0.3). Nas redes neurais artificiais (RNA) utilizou-se utilizou as redes perceptron com duas camadas escondidas. Foram utilizadas as redes perceptron pelo fato destas serem extremamente eficientes em problemas que 16 envolvem estimativas14-16 . As redes perceptron foram implementadas plementadas no Matlab, versão 6.5. Os valores estimados pelo método da co-krigagem co krigagem e pelas Redes Neurais Artificiais foram avaliados pelos parâmetros MBE e RMSE, definidos como: Sendo: os valores estimados, ∑ ∑ 2 3 os valores medidos, N os números de medidas. O MBE é um indicativo do desvio médio entre os valores estimados e os valores medidos. O RMSE é uma medida da variação dos valores estimados em ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 16 torno orno dos valores medidos. Idealmente, tanto o MBE como o RMSE, deveriam apresentar valores nulos. Os resultados também foram avaliados através do índice de ajustamento “d” “ de Willmott, definido como: 1 ∑ ∑ Onde: | | é o valor absoluto da diferença valor absoluto da diferença . O valor de 4 , sendo a média dos e| |o varia de 0 a 1, sendo que indicaria um ajuste ideal entre os valores estimados e medidos. 1 3 Resultados ados e Discussão Não se observou concentração de valores em posições específicas da área e também não ocorreu sentido preferencial na distribuição dos dados, tal fato é um bom indicativo de que a distribuição espacial das variáveis nesta área é aleatória e isotrópica17. A análise descritiva geral para as variáveis variáveis estudadas é apresentada na tabela 1. Verifica-se que o pH, pH seguido da MO,, apresenta maior uniformidade (menor coeficiente de variação) do que o Mn.. Os coeficientes de assimetria e curtose mostram que a MO e o pH apresentam distribuições simétricas e ligeiramente platicúrticas enquanto o Mn apresenta discreta assimetria à direita e distribuição normal. Analisando a relação linear entre o pH e a matéria matéria orgânica, obteve-se obteve um coeficiente de correlação linear de 0,926, indicando que existe uma forte associação positiva entre e o pH e a matéria orgânica18 e, portanto, estimativas do pH podem ser feitas com base na matéria orgânica. Entre o manganês trocável trocáve e a matéria orgânica obteve-se se um coeficiente de correlação linear de 0,764, indicando menor associação positiva do que no caso do pH, porém, ainda assim, é possível utilizar a matéria orgânica como co-variável co na estimativa do manganês. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 17 Tabela 1 – Análise descritiva das variáveis Estatísticas Média Mediana Moda Desvio Padrão Coef. Variação Coef. de Assim. Coef. de Curt. MO (%) 3,616 3,700 3,800 0,360 9,959 -0,600 -0,190 Atributos pH 5,100 5,100 5,200 0,207 4,058 -0,170 1,070 Mn (ppm) 24,541 23,200 22,000 7,204 29,355 3,270 4,140 A Figura igura 2 ilustra os semivariogrmas cruzados do pH e do Mn, respectivamente, usando, como co-variável, variável, o teor de MO. Para avaliar semivariograma cruzado do pH, as estimativas dos parâmetros do modelo esférico foram: alcance 13 m, efeito pepita de 0,00258 e patamar de 0,00898. Verificou-se se que a utilização do teor de MO, como uma co-variável co variável para a estimativa do pH, provocou alteração no alcance da dependência espacial, mas ainda assim, verificou-se se que a correlação espacial espacial deve ser considerada para a realização das estimativas. timativas. Segundo Guimarães3, essa alteração pode estar relacionada com os modelos individuais diferenciados. O semivariograma cruzado do teor de Mn também se ajustou melhor ao modelo esférico. Observou-se Observou se que o alcance foi de 21 m com efeito pepita de 0,1950 e patamar de 0,2349. As estimativas realizadas com Redes neurais Artificiais foram realizadas com redes Perceptron de duas camadas escondidas, pois com apenas uma camada escondida os resultados não foram foram satisfatórios. Na estimativa do pH em função da matéria orgânica utilizou-se utilizou se 15 e 20 neurônios, respectivamente, na primeira e segunda camadas escondidas. Os valores inerentes ao manganês foram estimados com 25 e 40 neurônios, respectivamente. Tabela 2 – Resultados obtidos nas estimativas pelas RNA e pela co-krigagem. co pH Mn RNA Co-Krig RNA Co-Krig -3 -2 MBE 4,3.10 2,3.10 1,24 1,05 -1 RMSE 1,2.10-1 1,6.10 2,44 3,42 -1 -1 d 8,7.10 7,3.10 0,90 0,84 Na estimativa do pH, de acordo com o indicativo MBE, as RNA superestimaram as medidas em 0,43%, enquanto o método da co-krigagem co krigagem superestimou as medidas em 2,3%. O espalhamento, indicado por RMSE, para as RNA, ficou em torno 12% e para o método da co-krigagem co krigagem em 16%. O índice de ajustamento d, em uma escala de 0 a 1, foi da ordem de de 0,87 para as RNA e 0,73 para o método da co- ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 18 krigagem. Estes valores mostram que as RNA apresentaram-se apresentaram se ligeiramente mais eficientes que o método da co-krigagem co krigagem na estimativa do pH em função da matéria orgânica. Na estimativa do Mn as RNA apresentaram um MBE maior que o método da co-krigagem, krigagem, porém, os índices de espalhamento e ajuste foram melhores, conforme mostrado na tabela 2. Figura 2 – Semivariogramas cruzados (a) do pH, (b) do teor de Mn. 4 Conclusões As Redes Neurais Artificiais apresentaram resultados satisfatórios quando utilizadas na estimativa do pH e do Mn, usando como co-variável co variável o teor de matéria orgânica. As margens de erros apresentadas nas estimativas mostraram-se mostraram aceitáveis para a maioria das das práticas agrícolas, incluindo a agricultura de precisão, como, por exemplo, a aplicação de corretivos a taxas variáveis no solo. Os resultados médios obtidos pelas redes neurais artificiais são ligeiramente ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 19 melhores do que àqueles obtidos pelo método da co-krigagem, krigagem, apresentando menor discrepância nas estimativas. 5 Referências 1. VIEIRA, S. R. Geostatistical Theory and Application to Variability of Some Agronimical Properties. Properties HILGARDIA. Vol. 31, No. 3. June 1983. 75p. 2. ZIMBACK, C. R. L. Geoestatística. Grupo de Estudos e Pesquisas Agrárias Georreferenciadas.. Universidade Estadual Paulista – Faculdade de Ciências Agronômicas. Botucatu. 2003. 3. GUIMARÃES, E. C. Geoestatística Básica e Aplicada. Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Matemática. 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FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 GÊNERO E SEXUALIDADE NO FUTEBOL FEMININO: UM OLHAR SOBRE A 1 MÍDIA TELEVISIVA 21 (GENDER AND SEXUALITY ON WOMEN´S SOCCER: A LOOK AT TELEVISING MEDIA) Juliana Jardima,* a,* Docente do curso de Licenciatura em Educação Física do ISEOL; doutoranda no Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da Universidade Universid Estadual Paulista – UNESP, Campus de Marília. [email protected] O esporte é um espaço privilegiado para a exposição de corpos que, ao se exibirem e serem exibidos educam outros corpos. Objetivou-se Objetivou se compreender como atletas de futebol feminino entendem ntendem a associação entre a modalidade, a mídia televisiva e preconceitos relativos ao gênero e à sexualidade. Os dados foram obtidos através de questionário online (via Google Docs), ), respondido por 15 atletas. Todas assistem a jogos de futebol feminino na na TV, embora afirmem ser incomum sua transmissão. Há consistência no entendimento de que, ao (quase) não transmitir jogos femininos, a TV legitima o futebol enquanto modalidade masculina. Parte das atletas aponta para o machismo nas transmissões, de forma que a TV apenas teria interesse em “vender” corpos femininos transformados em objetos de consumo masculino, dentro de uma lógica heteronormativa. As experiências educativas vivenciadas pelas atletas favorecem a identificação e o posicionamento crítico diante diante de preconceitos e estereótipos veiculados pela mídia televisiva. Palavras-chave: Futebol feminino, Gênero, Sexualidade, Mídia televisiva. Sport is a privileged space for the exhibition of bodies that show themselves and, being showed, educate others bodies. This study aimed to understand how female soccer athletes understand the association between the modality, televising media and prejudices relating to gender and sexuality. Data were collected through an online questionnaire (via Google Docs), answered answered by 15 athletes. All athletes watch to women's soccer on TV, yet claim transmission to be unusual. There is consistency in the understanding that by (almost) not broadcasting feminine games, TV legitimizes football as masculine mode. Part of the athletes athletes point to the sexism in transmissions, so the TV would only interest in "selling" female bodies transformed into objects of male consumption within a heteronormative logic. The educational experiences lived by the athletes favor the identification and critical critical attitudes towards prejudice and stereotypes conveyed by television. Keywords:: Women´s soccer, Gender, Sexuality, Televising media. 1 TELEVISÃO E ESTEREÓTIPOS ESTERE 1 A primeira versão deste artigo foi publicada nos Anais do II Seminário Internacional Gênero, Sexualidade e Mídia, realizado no ano de 2013, sob o título “Futebol feminino e experiências educativas: Um olhar sobre a mídia televisiva”. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 22 A televisão (TV), mesmo após o advento e popularização da internet, é ainda um dos maiores instrumentos de socialização da história da humanidade, ocupando muitas horas da vida cotidiana dos cidadãos e cidadãs e demonstrando um imenso poder de fascinação e penetração1. Afirma Ferrés que sua influência não provém tanto de sua incidência sobre sobre a razão, mas sobretudo de seu apelo à emotividade. Neste sentido, a TV não condiciona a liberdade mediante a coerção física, mas mediante a sedução. Os processos não são percebidos de maneira consciente pelos (as) receptores (as), o que supõe que são as comunicações inadvertidas as que provocam efeitos mais profundos1. No entendimento do autor, tais mensagens subliminares correspondem a qualquer estímulo não percebido de maneira consciente, seja porque foi mascarado ou camuflado pelo emissor, porque é captado desde uma atitude de grande excitação emotiva por parte do receptor, por desconhecimento dos códigos expressivo por parte do próprio receptor, porque se produz uma saturação de informações ou porque as comunicações são indiretas e aceitas de uma maneira ma inadvertida: os efeitos inadvertidos da TV podem ser considerados com uma inversão do efeito placebo, já que neste, “uma substância inócua, mas que aparentemente não o é, produz um efeito real devido à falsa consciência de sua não inocuidade”, enquanto to “na experiência televisiva, um produto aparentemente inócuo produz um efeito real precisamente pela falta de consciência de sua não inocuidade”2. A televisão aparece como um grande império da simplificação e do estereótipo, pois, enquanto indústria do espetáculo, espetáculo, pretende facilitar a tarefa do espectador, atingindo audiências mais vastas1. Os estereótipos são “representações sociais, institucionalizadas, reiteradas e reducionistas”3. Explicita o autor que os estereótipos são representações sociais porque pressupõem uma visão compartilhada que um coletivo social possui sobre outro coletivo social. E são reiteradas porque são criadas com base na repetição. A própria palavra é oriunda da tecnologia utilizada para a impressão jornalística, na qual o texto é escrito escrito em um molde rígido – na impressão em offset ou de estereótipo – que permite reproduzi-lo lo quantas vezes se desejar. Entende Ferrés que o estereótipo tem muito desse molde rígido que permite a repetição: “a base da rigidez e de reiteração, os estereótipos estereótipos acabam parecendo naturais, o seu objetivo é, na realidade, que não pareçam formas de discurso e sim ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 23 formas da realidade. Finalmente, são reducionistas porque transformam uma realidade complexa em algo simples”2. A TV cumpre seu papel de agente socializador através de um processo lento, mas perseverante, de apresentação de concepções estereotipadas da realidade que vão se sedimentando de forma inconsciente1. Ela é um instrumento eficaz para a conservação da ordem estabelecida, mediante a reproposição reproposição contínua das opiniões e gostos médios que a classe dominante julga mais conveniente para manter o status quo4. Afirma Ferrés que o estereótipo enquanto crença generalizada e equivocada com respeito a um grupo gera atitudes de preconceito em relação a esse grupo. Mas, ao mesmo tempo, legitima-as legitima e potencializa-as1. As mídias, dentre elas a televisão (TV), são importantes pedagogias culturais que se voltam diretamente para os corpos dos sujeitos, preocupadas em vigiar, controlar, modelar, corrigir, construir const os corpos de homens e mulheres5. Explica Meyer que o conceito de pedagogias culturais decorre da ampliação das noções de educação e educativo, e que com ele pretende-se pretende se englobar forças e processos que incluem a família e a escola, mas que vão muito além al delas (e inclusive nem sempre com elas se harmonizam), e que produzem, por exemplo, “diferentes e conflitantes formas de conceber e de viver o gênero e a sexualidade, de conceber e de se relacionar com autoridades instituídas, de conhecer o eu e o outro”6. Neste sentido, o esporte – objeto de estudo deste trabalho – é um espaço privilegiado para a exposição de corpos que, ao se exibirem e serem exibidos, educam outros corpos. Importa destacar, contudo, que se ao disseminar estereótipos, a TV amplifica lógicas lógicas normativas sobre etnia, gênero, sexualidade, geração, estas refletem crenças e valores da sociedade que são mutáveis7. Este estudo objetivou compreender a forma como atletas de uma equipe universitária de futsal feminino entendiam a relação entre mídia míd televisiva e a criação/reprodução de estereótipos e preconceitos que historicamente permeiam a modalidade. 2 MULHERES, GÊNERO E ESPORTE ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 24 Pode-se se afirmar que o papel desempenhado pelas mulheres mulher no esporte confunde-se e mescla-se se com seu papel social na história da humanidade, história essa escrita e interpretada de um ponto de vista masculino8; o esporte é um campo marcadamente androcêntrico, uma área de reserva masculina9. No entendimento de Rubio e Simões, as mulheres foram consideradas como usurpadoras e profanadoras de um espaço dedicado ao usufruto masculino. O próprio conjunto de adjetivos tradicionalmente utilizados para caracterizar o esporte refletem características que representam o mundo masculino (pensando em um modelo masculino hegemônico): hege força, determinação, resistência e busca de limites8. “A hegemonia ideológica do esporte, enquanto instituição masculina, invalidou a experiência atlética como uma busca feminina digna” e, como consequência, as mulheres foram tidas, por muito tempo, tempo, como invasoras de um espaço masculino10. Exemplo disso foi sua exclusão pelo idealizador dos Jogos Olímpicos Modernos, Barão Pierre de Coubertin, nos primeiros jogos, em 1896. Às mulheres coube apenas a posição de espectadoras. Isso fez com que a participação participação masculina nos jogos fosse legitimada como um fenômeno natural, bastando para tal que os homens apresentassem habilidades suficientes para a competição, enquanto a participação feminina era vista como uma anomalia8. Entre os argumentos utilizados para par a exclusão feminina encontravam-se encontravam se “a ‘delicadeza’ dos nervos e a constituição física menos favorecida, o que levava o esporte praticado por mulheres a parecer indecente, feio e impróprio para sua resistência”11. As mulheres começariam a participar apenass a partir dos segundos Jogos Olímpicos Modernos, em 1900, em uma Paris marcada pelo liberalismo, que aceitaria sua participação, mas a restringiria apenas ao golfe e ao tênis, modalidades que não ofereciam contato físico e eram consideradas esteticamente belas8. Já a inserção das mulheres brasileiras no mundo esportivo iniciou-se iniciou em meados do século XIX, e adquiriu maior importância e visibilidade à partir das primeiras décadas do século XX9. A estrutura extremamente conservadora da sociedade na primeira metade metade do século XIX não permitia a participação das mulheres em muitas esferas sociais, dentre as quais se incluía a esportiva, já que elas eram criadas para serem esposas e mães. Homens e mulheres da elite estavam separados na distinção entre o público e o privado, respectivamente; o patriarcalismo permeava toda a organização da sociedade9. Já na segunda metade ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 25 do século XIX, após a independência do Brasil, o discurso dos médicos higienistas, somado à construção de um projeto nacional de engrandecimento da nação, passam a ditar normas de comportamento para homens e mulheres em nome da educação moral, física, sexual e social. Às mulheres são indicadas formas de comer, de se vestir, de falar, de trabalhar, de se embelezar, de se movimentar, de se comportar. Segundo egundo Goellner, dentre tais prescrições, uma é considerada fundamental: a prática de exercícios físicos direcionados à preservação e constituição de uma boa maternidade, considerada a mais nobre missão da mulher. Prossegue a autora afirmando que as mulheres mulheres eram identificadas como de natureza frágil, e circulavam vários discursos alertando para os possíveis perigos que a prática competitiva poderia lhes acarretar (lógica higienista), dentre eles, e o risco da masculinização: O suor excessivo, o esforço físico, físico, as emoções fortes, as competições, a rivalidade consentida, os músculos delineados, os gestos espetacularizados do corpo, a liberdade de movimentos, a leveza das roupas e a seminudez, práticas comuns no universo da cultura física, quando relacionadas à mulher, despertavam suspeitas porque pareciam abrandar certos limites que contornavam uma imagem ideal de ser feminina. Pareciam, ainda, desestabilizar o terreno criado e mantido sob domínio masculino cuja justificativa, assentada na biologia do corpo e do do sexo, deveria atestar a 12 superioridade deles em relação a elas . Com base neste temor, foi elaborado o Decreto-Lei Decreto Lei nº 3199, do Conselho Nacional de Desportos, de 14 de abril de 1941, segundo o qual “deve ser terminantemente proibida a prática do futebol, futebol, rugby, polo, water polo, por constituírem desportos violentos e não adaptáveis ao sexo feminino”13. As mulheres também ficaram oficialmente impedidas de praticar outras modalidades, tais como o boxe, outras lutas, o salto com vara, o decatlo e o pentatlo (GOELLNER, 2005). Tal proibição somente foi revogada em 19799. Em comparação a este passado relativamente recente, a participação feminina no universo esportivo é hoje muito mais ampla e diversificada. Mas isto “não significa afirmar que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades no campo esportivo ou que preconceitos quanto à participação feminina inexistam”14. Embora a evolução das mulheres no esporte seja admirável, elas ainda vivem à sombra de muitos preconceitos sexistas. Contudo, se a pouca pouca participação das mulheres nos esportes em geral é explícita, pode-se pode se afirmar que a ausência delas nos esportes ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 26 socialmente considerados masculinos torna-se torna mais evidente . Como exemplos de 15 esportes socialmente considerados masculinos na sociedade brasileira, bra é possível citar o futebol, as lutas, o surfe, o skate, o halterofilismo, entre outros. Desde pequenos os meninos tendem a ser socializados no universo futebolístico. Já nos primeiros anos de vida o menino brasileiro ganha uma bola para brincar. Depois, são levados para escolinhas de futebol, ou jogam nas ruas, clubes e pátios escolares. Essass mesmas oportunidades não costumam ser oferecidas com a mesma frequência às meninas. Pelo contrário, Sobre as meninas e mulheres que praticam o futebol/futsal geralmente recai uma série de dúvidas, preconceitos e estereótipos sobre suas feminilidades e sexualidades, sexualidades, fruto da naturalização daquilo que não passa de uma construção social: o gênero. A filósofa norte americana Judith Butler16 teoriza sobre o conceito. Segundo ela, Gênero não é um roteiro elaborado passivamente sobre o corpo, e nem é determinado pela natureza, pelo simbólico, ou pela história esmagadora do determinado patriarcado. Gênero é o que está colocado, invariavelmente, sob coação, 17 diária e incessantemente . Para a autora, a base da identidade de gênero reside na repetição e estilização de atos performativos. rformativos. Ou seja, a repetição de signos que constroem corpos e práticas tidas como masculinas e femininas, femininas, comumente vistas e reproduzidas no cotidiano, demarca os limites entre feminilidade e masculinidade e constrói os gêneros, de modo que estes só se se tornam inteligíveis a partir coerência entre sexo – gênero – desejo – práticas, e é regulado pela heteronormatividade 1 , tomando a heterossexualidade compulsória como matriz19. Os corpos que escapam a essa lógica, não atendendo à matriz e nem se ajustando à norma, tornam-se tornam ininteligíveis, sendo constituídos como sujeitos abjetos. As possibilidades de rupturas de gênero estão na relação arbitrária entre esses atos, ou seja, na quebra ou na inauguração de uma repetição dissonante16. Importa destacar que o conceito de performatividade “não “não tem relação com atos teatrais que sugerem representações de papéis, senão com discursos que constroem sujeitos 1 “A heteronormatividade é um conjunto de prescrições que fundamenta processos sociais de regulação e controle, até mesmo aqueles que não se relacionam com pessoas do sexo oposto. Assim, ela não se refere apenas a sujeitos legítimos e normalizados, mas a uma um denominação contemporânea para o dispositivo histórico da sexualidade que evidencia o seu objetivo: formar todos para serem heterossexuais ou organizarem suas vidas a partir do modelo supostamente coerente, 18 superior e natural da heterossexualidade.” . ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 27 dentro de relações de poder” . Assim, prosseguem os autores, a performatividade 20 não pode ser confundida com uma um encenação de gênero, mas sim como reiteração e materialização de discursos21. Por fim, é possível afirmar que o conceito de performatividade deve ser compreendido a partir de “normas impostas aos sujeitos e com relação às quais eles podem viver ou entrar em conflito, normas que vêm de fora, mas são internalizadas e literalmente incorporadas”22. Isto posto, é mais fácil compreender por que a mulher que joga futebol afronta as normas sociais: sua presença feminina nas quadras e campos é considerada um insulto to à sociedade e às visões hegemônicas de masculinidade e feminilidade. 3 FUTEBOL FEMININO E MÍDIA Apesar pesar do crescente número de mulheres participando do esporte, vê-se vê claramente que estas ainda estão submetidas a diversos padrões e modelos de comportamento marcados por ranços seculares, sobretudo no que se refere aos estigmas relacionados ao corpo e à sexualidade das atletas. E “estes estereótipos estão indubitavelmente ligados à mídia esportiva, que os reproduz cotidianamente em seus diversos veículos, muitas vezes priorizando estes aspectos àqueles vinculados ao rendimento esportivo propriamente dito das atletas”23. A imbricação entre esporte e mídia é clara e poderosa. [...] São dezenas de publicações específicas sobre esporte, canais de televisão exclusivos, programas de rádio, jornais especializados. Isso faz com que as imagens e representações sobre o mundo esportivo esportivo sejam em grande parte influenciadas pela mídia, uma vez que a grande maioria das pessoas só 24 toma contato com eventos esportivos através da imprensa . Em estudo que objetivou analisar a cobertura realizada pelo jornal impresso Folha de São Paulo para esportes masculinos e femininos em dois períodos distintos nos anos de 2002 e 2003 - através da análise do número, tamanho e conteúdo das reportagens –,, Souza e Knijnik15 encontraram resultados que apontaram para diferenças de até cerca de 700% entre a cobertura cobertura destinada a homens e mulheres, nas quais, parece óbvio afirmar, eles levavam vantagem. O tamanho das reportagens também apresentou uma grande diferença, novamente em favor dos homens. A análise de forma demonstrou que os homens são mais vezes citados citado por ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 28 suas habilidades atléticas do que as mulheres, que recebem mais citações em relação a sua aparência física. Concluíram os autores que tais resultados demonstram que no Brasil, como em outros países, as mulheres esportistas continuam pouco representadas representadas pela mídia, apesar do crescente número de mulheres que participam e são bem-sucedidas bem no esporte. Não é rara a espetacularização e exposição do corpo da atleta, como uma forma de erotização de sua beleza e sensualidade9. Encontrei exemplos de espetacularização e erotização dos corpos femininos em duas matérias recentemente exibidas no programa esportivo Globo Esporte (do estado de São Paulo), exibida pela emissora de televisão Rede Globo. Uma delas, veiculada em março de 2012, foi feita com a atleta Luciana Escouto, denominada pelo programa de “musa do vôlei” brasileiro, destacando sua suposta beleza, sensualidade e atributos físicos, e mostrando sua carreira de modelo. Vale lembrar que se trata de um programa esportivo, mas sua performance atlética, suas habilidades no voleibol, os resultados das partidas ou quaisquer outros comentários relacionados à análise da modalidade em questão – enfim, o que, espera-se, se, deveria ser o foco de um programa esportivo – foram ignorados. ignorados. Nos poucos segundos em que a matéria faz menção à sua boa performance esportiva e exibe imagens, os comentários do apresentador referem-se se à beleza e sensualidade de seu corpo. Outra matéria também veiculada no Globo Esporte (SP), ao abordar a final da Super Liga de vôlei feminino, também no ano de 2012, ao invés de falar de voleibol e das equipes finalistas, preferiu destacar que a atleta Camila Brait era “vaidosa e maquiada” e exibi-la la maquiando-se maquiando se em frente ao jornalista, sob a alegação de que com isso so ela queria “fazer bonito” na final da competição – mas, fazer bonito não significaria ter um bom desempenho esportivo e ajudar seu time a vencer? Este parece ser mais um mecanismo de validação do universo esportivo como um ambiente masculino e heterossexual, heterossexual, dentro do qual é desejável a presença feminina se esta lhes for agradável e desejável dentro de um determinado padrão hegemônico de feminilidade. Tais matérias dão indícios claros de que o programa é feito para telespectadores homens e heterossexuais. heterossexuais Semelhantemente, nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004), as atletas de voleibol de praia chegaram a exigir que a televisão não exibisse tomadas constrangedoras, “fechadas” em determinadas zonas erógenas de seus corpos; ao ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 29 contrário, queriam que as transmissões transmissões tivessem focos mais abertos, transmitindo o jogo em si25. No caso do futebol feminino, segundo entendem Knijnik e Vasconcelos26, há uma expectativa e até mesmo exigência de patrocinadores, alguns clubes e de dirigentes para que as atletas encaixem-se encaixem no padrão de feminilidade hegemônica da sociedade, ou seja, sejam belas, delicadas, tenham cabelos compridos e vistam roupas que valorizem as formas físicas “femininas”. Um exemplo ilustrativo e gritante dessa situação ocorreu no Campeonato Paulista de Futebol Futebol Feminino no ano de 2001, organizado pela Federação Paulista de Futebol (FPF), no qual as atletas, para participarem do campeonato: Precisavam cumprir algumas condições estéticas, pois os dirigentes da FPF prometiam literalmente um campeonato bom e bonito, bonito, que unisse o ‘futebol à feminilidade’. Assim, por exemplo, atletas de cabelos raspados foram barradas – a preferência era por moças de cabelos compridos; também havia um componente etário nas pré-condições, pré condições, as atletas não poderiam ter mais de 23 anos para jogarem, provavelmente pelo fato das imagens das 27 mais novas serem mais facilmente erotizáveis na mídia em geral . Recentemente, nos anos de 2011 e 2012, durante as ultimas edições do Torneio Internacional Cidade de São Paulo – competição de futebol feminino surgida em 2009, reunindo a seleção brasileira e mais três seleções convidadas, exibida pela emissora de TV Band –,, que contaram com o patrocínio da Bombril (uma das maiores empresas de soluções de higiene e limpeza doméstica do Brasil), era escolhida, lhida, ao final de cada partida, uma jogadora da seleção nacional, considerada pelo narrador, comentarista e jornalistas esportivos da emissora como a melhor jogadora da partida. Como prêmio (ou castigo?) por seu desempenho atlético, a atleta em questão recebia cebia uma placa comemorativa e uma cesta recheada de produtos de limpeza da Bombril. Tal cesta remetia diretamente a dois aspectos: evidenciava o entendimento do patrocinador e da emissora de que o lugar das mulheres era o ambiente doméstico, onde sua função função natural seria a de cuidar da casa e dos filhos e, consequentemente, acabava por considerar não legítima a presença feminina nos campos de futebol, afinal, se fosse um torneio de futebol masculino, sequer seria cogitado tal tipo de “premiação”. Martins e Moraes28 avaliaram a exposição do futebol feminino na mídia impressa, em dois dos jornais de maior circulação nacional, Folha de São Paulo (FOLHA) e O Estado de São Paulo (ESTADO). Para a análise, os autores se ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 30 utilizaram dos meses de maio, junho e agosto de 2004, porque os dois primeiros antecederam os Jogos Olímpicos da Grécia e o último mês analisado foi o período de realização dos jogos, o que, segundo seu entendimento, deveria apontar para uma provável diferença ença no tratamento dado pela mídia nestes dois períodos. Nos dois meses que antecederam aos Jogos Olímpicos, apenas 5 matérias fizeram menção ao futebol feminino. Chama a atenção o título de uma delas, uma coluna da Folha com o título “O tedioso futebol feminino”: fe O adjetivo adicionado ao termo futebol feminino já revela a tendência de tratamento dado à modalidade. Entretanto é o silêncio o que mais chama a atenção, pois mesmo num período que antecede os Jogos Olímpicos, pouco ou quase nada se vê sobre o futebol futebol jogado por mulheres em oposição ao tratamento dado ao futebol praticado pelos homens. Durante esse mês, a única coluna dada ao futebol feminino, inicia-se inicia com uma questão, no mínimo, tendenciosa: “existe alguém que, sem ser amigo, namorado ou parente parente das jogadoras da seleção feminina de futebol, roa as unhas na ansiedade da espera pela olimpíada?” Tal coluna ainda confirma a idéia de que ninguém teria a mesma ansiedade para ver, assistir e ler notícias sobre o futebol feminino, como teria em ver o futebol fu masculino. A forma de tratamento usada parece revelar a condição da modalidade dentro 29 do cenário nacional . Já em agosto, o mês em que ocorreram as Olimpíadas, houve um crescimento de mais de 2.000% no número de matérias referentes ao futebol feminino, sobretudo na medida em que a seleção avançava na competição – na qual chegou à final, conquistando a medalha de prata. Os autores salientam, contudo, que uma análise mais atenta revela a real condição do futebol feminino no Brasil. Em todos os textos te e imagens analisados havia referência direta ou indireta à competição em andamento, o que fez supor que encerrada a competição, encerrar-se-ia encerrar também a atenção dada às mulheres neste esporte. As matérias e as fotografias não superaram o mero acompanhamento acompanhamento da seleção feminina e praticamente silenciaram sobre questões ligadas a contratações, transferências e outras abordagens que se poderia esperar caso estivesse em evidência a equipe masculina. Além disso, foram encontradas repetidas notas ou comentários comentári tratando as atletas como belas e frágeis. Embora tenham identificado uma tendência de valorização do futebol feminino, Martins e Moraes concluíram que esta “mostrou-se “mostrou de caráter transitório, sazonal e efêmero, atendendo apenas a uma demanda decorrente dos Jogos Olímpicos e da conquista que a equipe brasileira alcançou”30. Conforme já haviam afirmado Knijnik e Vasconcelos26, no futebol feminino brasileiro ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 31 o preconceito e a discriminação aparecem de forma muito clara: as futebolistas brasileiras têm alcançado çado ótimos resultados internacionais, porém continuam desconhecidas para o grande público. 4 MÉTODO Em minha pesquisa de mestrado realizei um estudo etnográfico cujo objetivo consistiu em desvelar as aprendizagens decorrentes de experiências educativas de atletas de uma equipe universitária de futsal feminino (a saber, a modalidade de futebol jogada em quadra) do interior paulista31. Experiência é algo que diz respeito a cada sujeito, é aquilo que se passa, acontece ou toca determinada pessoa, e que traz em si, como componente fundamental, a capacidade de formação ou de transformação32. Neste sentido, as experiências educativas, segundo entende John Dewey33, são aquelas por meio das quais tornamo-nos tornamo nos capazes de perceber relações e continuidades antes não percebidas, adquirindo e/ou alargando conhecimentos e dando maior significação à vida. Naquela ocasião, algumas das atletas denunciaram a influência televisiva sobre preconceitos e estereótipos que incidem sobre a modalidade, relacionados ao gênero nero e à sexualidade. No presente estudo objetivei compreender melhor como o grupo entende tal associação: a TV contribuiria para a construção e disseminação de crenças como “mulher não sabe jogar futebol”, “futebol é coisa de homem” e “toda mulher que joga a futebol é homossexual”? Os dados foram obtidos através de questionário online (via Google Docs), Docs), constituído por 5 questões – que mesclavam questões abertas e fechadas –, respondido por 15 5 atletas daquela mesma equipe. 5 RESULTADOS Os resultados mostraram mostraram que todas as atletas assistem a partidas de futebol feminino na TV, embora parte delas não deixe de apontar que é incomum que estas sejam transmitidas, tal como expresso nos fragmentos abaixo: “Não é comum assistir porque não é transmitido... Mas eu gosto g de ver.” (Atleta ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 32 1). “Embora não passe muito, eu gosto de assistir.” (Atleta 10). Indagadas se gostavam ou não de assistir a partidas de futebol feminino na TV, 13 das 15 atletas responderam afirmativamente. O gosto pelo futebol foi o ponto de convergência gência de todas as respostas, no entanto, algumas optaram por sinalizar que gostam da modalidade em si, independentemente de esta ser praticada por homens ou mulheres, enquanto outras enfatizaram seu gosto pelo futebol feminino em particular, mostrando o desejo desejo e a necessidade de se sentirem representadas. Inicialmente apresento alguns dos relatos de atletas que igualaram os gêneros em suas respostas: “Gosto de ver por causa do meu interesse pelo jogo, e tanto faz o gênero. Gosto é do futebol.” (Atleta 8). “Eu gosto de assistir, pois o futebol feminino é tão interessante quanto o masculino.” (Atleta 10). “Gosto da mesma forma que gosto de assistir futebol e futsal masculinos. É o mesmo jogo.” (Atleta 14). Já as atletas que focaram suas justificativas no gosto pelo futebol feminino, especificamente, fizeram as seguintes afirmações: “Gosto por ser incomum esse tipo de transmissão e por se tratar de uma modalidade que eu goste e pratique.” (Atleta 3). “Sempre gostei de futsal/futebol [masculinos] e sempre assisti, as no entanto, é muito bom ver mulheres jogando profissionalmente.” (Atleta 5). “[o futebol feminino] É o único jeito que assisto a jogos de futebol!” (Atleta 9). “Gosto porque futebol masculino é o tempo todo, então é bom ver algo diferente, com as meninas.” ninas.” (Atleta 7). Duas das atletas, no entanto, afirmaram gostar apenas em parte (“mais ou menos”) de assistir à modalidade, e justificaram-se justificaram se das seguintes formas: “É bom para a divulgação do esporte. Mas ainda não tem o apoio e a divulgação necessários.”. .”. (Atleta 6). “Não gosto muito, mas gostaria de assistir mesmo assim, me manter informada sobre o futsal/futebol feminino na região e no mundo.” (Atleta 15). Indagadas sobre o porquê de a mídia televisiva brasileira exibir com tão pouca frequência o futebol feminino nos programas esportivos, as atletas apontaram para ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 33 três fatores principais: a) o fator econômico, b) a baixa audiência, e c) o machismo da sociedade brasileira. Por fator econômico entendi todos os condicionantes relacionados a investimentos, patrocínios e/ou rendimento financeiros na modalidade, abarcando desde argumentos que apontaram para a falta de investimentos no futebol feminino brasileiro e a consequente falta de estrutura e condições para as praticantes da modalidade – que ainda seria pouco desenvolvida e apresentaria baixa qualidade, segundo alguns dos relatos – até o apontamento de que estes não ocorrem porque a modalidade não seria lucrativa. lucra A baixa audiência obtida pela transmissão de partidas de futebol feminino foi o outro fator apontado pelas atletas para justificar a pouca ocorrência da modalidade na mídia televisiva. Segundo entendem, há uma via de mão dupla entre a baixa audiência e a pouca divulgação da modalidade: por um lado, as partidas teriam baixa audiência porque o futebol feminino é pouco divulgado e valorizado; por outro lado, temendo uma baixa audiência, as emissoras de TV transmitem poucas partidas, o que faz com que a modalidade odalidade seja pouco divulgada e dificulta sua popularização. O terceiro fator apontado foi o machismo da sociedade brasileira. Segundo as atletas, devido à tradição de ser uma modalidade masculina, considerada adequada aos homens, há preconceito para com o futebol feminino. Parte das atletas também denunciou o machismo presente nas transmissões, de forma que a TV apenas teria interesse em “vender” corpos femininos transformados em objetos de consumo masculino, dentro de uma lógica heteronormativa. O futebol futebol feminino, segundo entenderam as atletas, não favoreceria este tipo de interesse midiático, já que muitas das atletas não se encaixam no padrão hegemônico de beleza da sociedade e, durante as partidas, vestem uniformes largos típicos da modalidade, que dificultam ficultam a “exploração” de seus corpos nas transmissões esportivas. É importante destacar que embora eu os tenha apresentado separadamente, para fins de facilitar sua identificação, os três fatores são inter-relacionados. inter relacionados. Abaixo apresento relatos das atletas atletas acerca das justificativas para a pouca exibição do futebol feminino na TV, em parte dos quais é possível identificar o apontamento da inter-relação relação entre os fatores citados: “Por machismo, preconceito. No Brasil o futebol é culturalmente masculino.” (Atleta 1). ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 34 “Não é de interesse devido ao preconceito, falta de patrocínio e baixa audiência.” (Atleta 2). “Porque as jogadoras não usam uniformes que valorizam seu corpos. Na minha opinião o esporte feminino na mídia é totalmente machista e voltado para a exploração xploração do corpo das mulheres (visto que as únicas partidas transmitidas são de vôlei, vôlei de areia = uniformes curtos ou coladinhos).” (Atleta 3). “Acredito que o público em geral não iria assistir, ou pelo menos é isso que as emissoras pensam. As mulheres mulheres do futsal/ futebol não são muito bonitas, assim não irá chamar a atenção do público masculino, que assiste ao masculino por conta da habilidade dos homens [mas não faz o mesmo em relação ao feminino]. feminino] Assim, o feminino não iria atrair muito.” (Atleta 5). “Porque não há um grande público para esses jogos. São pouco divulgados, quase não há investimento e muitas ainda não tem a qualidade esperada pelo público. Não por falta de capacidade, mas por falta de estrutura dos times.” (Atleta 6). “Porque não são ão tão lucrativos e nem dão tanta audiência quanto os masculinos.” (Atleta 9). “Porque funciona como um ciclo: elas [atletas de futebol feminino] não dão ibope, por isso [as partidas] não são transmitidas; por não passar elas não são vistas e muito menos relevantes elevantes para o esporte brasileiro, e assim não existe incentivo para o reconhecimento delas.” (Atleta 11). Indagadas se acreditavam ou não que a mídia televisiva contribua para a construção de preconceitos e estereótipos relacionados ao futebol feminino, feminino tais como “mulher não sabe jogar futebol!”, “futebol é coisa de homem!” e “toda mulher que joga futebol é homossexual!”, a maior parte das atletas (46,6%) respondeu afirmativamente. Em suas justificativas, novamente destacaram o machismo da sociedade, a transformação do corpo da mulher em objeto e os estereótipos veiculados na mídia televisiva: “Claro! Claro! Se não aparece mulher jogando significa que não é coisa de mulher jogar futebol!” (Atleta 1). “A mídia vende o corpo da mulher e com isso deixa de lado sua inteligência, sua capacidade de tomar decisões. Com isso há ainda muito machismo e assim surgem essas opiniões e pensamentos que estereotipam, julgam, ao invés de informar”. (Atleta 2). ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 35 “Normalmente o futebol para mulheres, quando é abordado em programas esportivos da TV, enfatizam outros aspectos e não o esporte. Como, por exemplo, em um programa que criou o futebol de lingerie. O esporte era apenas um meio de explorar o corpo das mulheres, que nem eram jogadoras. Nunca se fala nas mídias sobre os campeonatos atos que existem, dos times. Futebol no Brasil e na televisão brasileira é exclusivamente masculino, reforçando o preconceito de que futebol é pra homem e não valorizando as mulheres habilidosas da modalidade. Pra mulher, só se for bonita, como é o caso da Milene Domingues, que foi conhecida pelas embaixadinhas (mas só porque era considerada bonita).” (Atleta 3). “Sim, não só essas crenças, como outras que afirmam a submissão da mulher, sendo homens e mulheres estereotipados.” (Atleta 7). “Sim, como por exemplo exemplo quando uma mulher faz uma bela jogada e é comparada com um homem e suas jogadas, nunca vista como uma atleta que também cria boas jogadas.” (Atleta 11). Outras 20% das atletas disseram consideraram não há influência da TV na construção de tais estereótipos, estereótipos, e 33,3% não souberam responder à questão. Entre as atletas que responderam negativamente, os seguintes argumentos foram citados: “Na minha opinião, [a TV influencia] indiretamente, com a frase que o futebol é coisa de homem. Já foi visto e comprovado comprovado que a melhor jogadora do mundo é do Brasil e que quem joga não são somente homossexuais. Talvez se passassem em um horário de maior visibilidade o futebol feminino, essa ideia seria vista de outra maneira.” (Atleta 8). “Eu acho que a mídia não favorece a transmissão dos jogos, mas não acho que eles denigram a imagem desse esporte para as mulheres.” (Atleta 10). “Não que contribua para a formação dessa opinião, mas também não influencia para desfazer uma possível opinião formada”. (Atleta 13). Mesmo às atletas etas que afirmaram não saber responder, o questionário solicitava que especulassem uma resposta: “Não sei, visto que nunca vi comentários do tipo na mídia.” (Atleta 4). “Na verdade seria mais ou menos, pois eles não falam na cara, mas só por passar apenas futsal/futebol masculino, acredito que essa imagem seja passada indiretamente.” (Atleta 5). “A mídia enfatiza muito o futebol masculino. Talvez se contribuísse mais e ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 36 desse apoio ao futebol feminino quebrasse um pouco dessa crença. Essa crença faz parte do preconceito de cada indivíduo, da criação, da educação que teve. Muitos locais não tem TV, mas há muito preconceito em relação à mulher no geral. Esse é um preconceito histórico.” (Atleta 6). Também indaguei às atletas o que elas consideravam necessário ocorrer o para que o futebol feminino ganhasse mais espaço e valorização da mídia televisiva. O principal aspecto citado foi a necessidade de maior investimento na modalidade (patrocínios, melhor estrutura, mais campeonatos e de maior qualidade, mais profissionalismo). onalismo). Em segundo lugar, foi apontada a necessidade de maior divulgação do futebol feminino nas mídias e, em terceiro, a necessidade de agregar mais praticantes à modalidade, popularizando-a. popularizando a. Novamente, é possível perceber nos depoimentos que parte das atletas foi capaz de identificar a inter-relação inter entre os fatores citados: “Agregando mais praticantes na modalidade. Fazer virar gosto por jogar e consequentemente gosto em assistir.” (Atleta 1). “Acredito que as meninas também devam ser estimuladas a praticar pr o futebol, assim como é comum com os meninos, tanto por profissionais (professores), mas também principalmente pelos pais. O esporte, sendo praticado por mais mulheres, se tornará comum, mais popular e, consequentemente, poderá gerar mais investimentos tos financeiros. Mas acredito que seja uma mudança na mentalidade das pessoas e que para que isso ocorra demanda tempo e conscientização, para que o futebol seja para todos.” (Atleta 3). “Precisa de mais incentivo do governo, uma melhor estrutura, ajuda financeira. fi Ter mais campeonato de qualidade. E também um esforço e postura das próprias atletas. Havendo uma melhora no esporte para as mulheres, e mais patrocínios, vai aumentar o interesse da população e, consequentemente, da mídia.” (Atleta 6). “É preciso o que exista uma conscientização, no sentido de reconhecimento. Mesmo assim, infelizmente sabemos que a mídia só divulgará o futebol feminino se o mesmo der “status”, “lucro”. Então para que o masculino seja reconhecido sempre terá que fazer o dobro do masculino”. mas (Atleta 11). 6 CONCLUSÃO ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 37 Em suma, a presente investigação mostrou que a maior parte das atletas participantes gosta e assiste a jogos de futebol feminino na TV, ainda que estes não sejam transmitidos com frequência. Enquanto parte das atletas buscou igualar o futebol feminino ao masculino, para justificar seu gosto por assistir à modalidade, modalid outras enfatizaram o gosto pelo futebol feminino em si, o que evidenciou a importância de sentirem representadas por outras mulheres atletas, já que, conforme afirmam Souza e Knijnik15, diversas pesquisas ao redor do mundo vêm mostrando que meninas e mulheres têm poucas atletas em quem possam se espelhar, porque, apesar das atletas estarem sendo bem-sucedidas bem sucedidas nos esportes, suas conquistas têm sido constantemente ignoradas pela mídia. As atletas da equipe investigada apontaram para três fatores inter-relacionados inter para explicar o porquê de a mídia televisiva brasileira exibir com tão pouca frequência o futebol feminino, a saber: a) o fator econômico, b) a baixa audiência, e c) o machismo da sociedade brasileira. A maior parte do grupo considerou que a TV contribui para a disseminação de estereótipos que historicamente permeiam o futebol feminino brasileiro, legitimando a modalidade como território masculino, ao quase não transmitir jogos femininos. Além disso, parte das atletas apontou para o machismo nas transmissões, de forma que a TV apenas teria interesse em “vender” corpos femininos transformados em objetos de consumo masculino, dentro de uma lógica heteronormativa. Houve, entretanto, entre as atletas, aquelas que relataram não identificar na mídia televisiva evisiva a veiculação de estereótipos que apresentasse o futebol enquanto modalidade própria aos homens, a qual as mulheres seriam inaptas, nem tampouco de estereótipos que estimulassem o questionamento da sexualidade das jogadoras de futebol. Estas atletas também não fizeram qualquer tipo de consideração em relação à objetização do corpo das mulheres atletas. Tal evidencia como, conforme aponta Ferrés1, os efeitos da televisão tendem a ser inconscientes, despercebidos, já que dificilmente se ouvirá na mídia televisiva um discurso explicitamente machista, nem tampouco serão utilizados argumentos em defesa dos homens, pois a influência da TV não é proveniente de discursos explícitos nem de argumentações lógicas, mas antes do subliminar e da emoção. As atletas acreditam que, para que o futebol feminino ganhe mais espaço e valorização da mídia televisiva, é preciso, em primeiro lugar, que haja um maior ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 38 investimento na modalidade, seguido pelas necessidades de maior divulgação e de agregar mais praticantes. Para a maior parte do grupo, as experiências educativas vivenciadas a partir da prática do futsal favoreceram a capacidade de identificação e o posicionamento crítico diante de preconceitos e estereótipos veiculados pela mídia televisiva, evidenciando o poder de formação ou de transformação da experiência32. Afinal, conforme também aponta Larrosa-Bondía, Larrosa o saber proveniente da experiência é diferente do saber da informação, enquanto o primeiro é subjetivo, decorrente daquilo que afeta o sujeito, o segundo é objetivo, objetivo, exterior ao sujeito da experiência. Ao basear-se se em estereótipos, a mídia televisiva apoia-se apoia fortemente em binarismos como homem/mulher, heterossexual/homossexual, visivelmente presentes nas transmissões de modalidades modalidades esportivas, legitimando a supremacia supre do termo inicial, sempre empre compreendido como superior, enquanto que o outro, colocado como seu oposto subordinado, é sempre inferiorizado. inferior 7 REFERÊNCIAS 1. FERRÉS, J. Televisão subliminar – socializando através de comunicações despercebidas. Porto Alegre: Artmed,1998. 2. Idem 1, p. 35. 3. Idem 1, p. 135. 4. ECO, H. Apocalípticos e integrados. integrados. São Paulo: Perspectiva, 1970. 5. MEYER, D. E. Gênero e educação: teoria e política. política In: LOURO, G. L.; FELIPE, J.; GOELLNER, S. V. (Orgs.). Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 8a ed. Petrópolis: Vozes, 2012. p. 9-27. 9 6. Idem 5, p. 22. 7. BETTI, M. A janela de vidro: esporte, televisão e educação física. física Campinas: Papirus, 1998. 8. RUBIO, K.; SIMÕES, A. C. De espectadoras a protagonistas: tagonistas: a conquista do espaço esportivo pelas mulheres. mulheres Movimento,, v. 2, n. 11, p. 50-56, 50 1999. P.50 9. GOELLNER, S. V. Mulher e esporte no Brasil: entre incentivos e interdições elas fazem história.. Pensar a prática, v. 8, n. 1, p. 85-100, 85 jan.-jun. jun. 2005. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 10. Idem 8, p. 50. 39 11. Idem 8, p. 53. 12. Idem 9, p. 92. 13. REVISTA DA EDUCAÇÃO PHYSICA, 1941, apud GOELLNER, 2005, p. 93. 14. Idem 9, p. 96. 15. SOUZA, J. S. S.; KNIJNIK, J. D. A mulher invisível: gênero e esporte em um dos maiores jornais diários do Brasil. Brasil Revista Brasileira de Educação Física e Esporte,, v. 21, n. 1, p. 35-48, 35 jan./mar. 2007. 16. BUTLER, J. Performative acts and gender constitution: an essay in phenomenology and feminist theory. theory Theatre Journal,, v. 40, n. 4, p. 519-531, 519 dez. 1988. 17. Idem 16, p. 531. 18. MISKOLCI, Richard. A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma analítica da normalização. normalização Sociologias, n.21, p.150-182, 2009. 19. BUTLER, J. Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade. Identidade Rio de Janeiro:: Civilização Brasileira, 2003. 20. Idem 21, p. 8 21. MISKOLCI, R.; PELÚCIO, L. Fora do sujeito e fora do lugar: reflexões sobre performatividade a partir de uma etnografia entre travestis. travestis Gênero, Gênero v. 7, n. 2, p. 255-267, 1. Sem. 2007. 22. Idem 21, p. 11. 23. Idem 15, p. 35. 24. Idem 15, p. 37. 25. FERRETTI, M. A. de C.; KNIJNIK, J. D. Mulheres podem praticar lutas? Um estudo sobre as representações sociais de lutadoras universitárias. universitárias Movimento, v. 13, n. 1, p. 57-80, jan.--abr. 2007. 26. KNIJNIK, J. D; VASCONCELLOS, E. G. Sem impedimento: o coração aberto das mulheres que calçam chuteiras no Brasil. Brasil. In: COZAC, J. R. (Ed.). Com a cabeça na ponta da chuteira: ensaios sobre a psicologia do esporte. esporte São Paulo: Annablume/Ceppe, 2003. p. 2-18. 2 27. Idem 26, p. 5. 28. MARTINS, L. T.; MORAES, L. O futebol feminino e sua inserção na mídia: a ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 diferença que faz uma medalha de prata. prata Pensar a prática,, v. 10, n. 1, p. 69-81, 69 jan./jul. 2007. 40 29. Idem 28, p. 74. 30. Idem 28, p. 78. 31. JARDIM, J. G. Futsal feminino e educação: o que a experiência ensina?. ensina? Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Presidente Prudente, 2013. 32. LARROSA-BONDÍA, BONDÍA, J. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. experiência Revista Brasileira asileira de Educação, Educação n. 19, jan./abr, p. 20-28, 2002. 33. DEWEY, J. Democracia e educação: introdução à filosofia da educação. educação 4. ed. Tradução Godofredo Rangel e Anísio Teixeira. Teixeira. São Paulo: Nacional, 1979. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE ÁRVORES MATRIZES EM PROPRIEDADE RURAL LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE BOFETE/SP 41 (IDENTIFICATION AND MAPPING OF MATRIX TREES IN RURAL PROPERTY LOCATED IN THE MUNICIPALITY OF BOFETE/SP) a,* Luiz Gustavo Martinelli Delgado, bRodolfo D`Aloia Garcia2, cVitor Lima Subirá a,* b Professor e Coordenador do Curso de Tecnologo em Bionergia da FACOL. Mestre em Ciência Florestal, Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Rua José Barbosa de Barros, 1780, CP – 237, CEP 18610-307, 307, Botucatu-SP. Botucatu [email protected] Mestre em Ciência cia Florestal, Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP,CP 237, CEP 18610-307, Botucatu-SP. c Graduado em Engenharia Florestal, Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, CEP 17400-000, 17400 Garça-SP. Este estudo foi realizado em uma propriedade rural localizada localizada no município de Bofete/SP, em março de 2012, onde foram levantados todos os indivíduos arbóreos presentes no interior da propriedade. Foram levantadas as características morfológicas de Diâmetro a Altura do Peito (DAP) superior a 3 centímetros, Altura Alt Total (HT), o estado fitossanitário dos indivíduos e as coordenadas geográficas com o auxílio do GPS. Foram encontrados um total de 194 indivíduos arbóreos com maior incidência das espécies candeia (Gochnatia ( polimorfa) e mamica-de-porca (Zanthoxylum rhoifolium), rhoifolium), dentre as famílias, as que mais se apresentaram foram as Fabaceae, Asteraceae e Rutaceae. Rutaceae. Foram selecionadas como árvores matrizes 62 indivíduos da gleba. O processamento da localização dos indivíduos foi realizado no software TrackMaker®. Palavras-chaves: identificação. georreferenciamento. árvores matrizes. mapeamento e This study was conducted in a rural property located in the village of Slapton / SP, in March 2012, where they raised all trees present within the property. Were raised morphological characteristics of the Diameter Breast Height (DBH) DBH) greater than 3 cm, Overall Height (HT), the plant health status of individuals and geographical coordinates with the aid of GPS. Found a total of 194 trees with higher incidence of species lamp (Gochnatia Gochnatia polymorphous) and mamica-of-nut (Zanthoxylum Zanthoxylum rhoifolium), among families, showed that most were Fabaceae, Asteraceae and Rutaceae. Were selected as mother trees 62 individuals of farmland. The processing of location of individuals was performed in the software TrackMaker ®. Keywords: georeferencing. georeferencing matrices trees. mapping and identification. 1 INTRODUÇÃO A necessidade de conservação das florestas tropicais e o fortalecimento da ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 42 política ambiental promoveram um aumento na demanda de mudas florestais nativas, que constituem como insumo básico as sementes que serão utilizadas para a produção de mudas e consequentemente essas, utilizadas nos programas de recuperação de conservação de ecossistemas. Dessa forma, se faz necessário o mapeamento nto dessas árvores matrizes no campo criando um banco de dados que irá facilitar na coleta dessas sementes. A produção de mudas florestais com qualidade, quantidade e diversidade suficiente é uma das fases mais importantes para o estabelecimento de bons povoamentos voamentos com espécies florestais nativas (Gonçalves et al., 2000). Entretanto, a obtenção de mudas de diversas espécies do ambiente regional em quantidade suficiente para o plantio é o primeiro e um dos principais pontos de estrangulamento dos programas de e restauração ecológica de uma determinada área (Fonseca et al., 2001; Santarelli, 2004). Há um déficit de sementes e consequentemente de produção de mudas de espécies nativas com alta diversidade para uso na recuperação de áreas degradadas, onde a grande maioria dos viveiros não consegue atender a resolução da Secretária do Meio Ambiente SMA 08 que fixa o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas e estipula o número mínimo de 80 espécies nativas para áreas a serem recuperadas. Isto ocorre em razão das das dificuldades de obtenção de sementes nativas e da ausência de tecnologia específica para produção de mudas de muitas das espécies nativas (Silva et al., 2003; Zamith & Scarano, 2004). Considerando que grande parte dos ecótipos florestais de alto valor adaptativo ad já se perdeu e que muitos outros seguem o mesmo destino, pelo fato da fragmentação, no atual estágio de devastação dos ecossistemas naturais, fica evidente que não basta apenas conservar o que restou. Além dessa medida que, por si só, já é uma grande nde tarefa, é necessário resgatar o germoplasma remanescente nos fragmentos, ilhas e até em árvores isoladas que restaram em meio às áreas antropizadas promovendo a conservação ex situ.. Propágulos desses indivíduos necessitam ser coletados para plantios nas nas respectivas regiões ecológicas, visando recompor o germoplasma e restabelecer populações mínimas viáveis de cada espécie componente desses ecossistemas (SHIMIZU, 2007). Sendo o reflorestamento uma das ações de compensação ambiental mais realizada, deve atentar-se se na importância da produção de mudas de boa qualidade. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 43 Entende-se se por isso, plantas resultantes de sementes com a maior diversidade genética possível entre si. É muito comum o uso de poucas árvores matrizes para a coleta de sementes, às vezes uma só, sendo escolhidas as de acesso mais fácil, como de arborização urbana (ROGALSKI et al., 2005). Isso acarreta perda da variabilidade genética, que pode vir a afetar a sustentabilidade da futura vegetação, reduzindo o potencial que as populações naturais têm de se adaptarem às mudanças ambientais e problemas como baixa porcentagem de germinação e baixa resistência (MELO JÚNIOR et al., 2004; YAMAMOTO & SILVA FILHO, 2004). A marcação e o mapeamento de árvores matrizes, com o objetivo de restaurar áreas degradadas dadas permitem a coleta de sementes para a implantação de um viveiro de mudas com diversidade florística e genética. A marcação de tais árvores matrizes possibilitará a produção de mudas de menor custo, maior diversidade genética, além de serem espécies de uso regional. Com a listagem em mãos, o viveirista, poderá saber quando coletar cada espécie da lista e poderá localizá-las localizá las facilmente através de mapas, ou utilizando um GPS de mão. Portanto o objetivo desse trabalho foi realizar a demarcação em campo e o mapeamento de matrizes de espécies arbóreas nos fragmentos remanescentes em uma propriedade rural no município de Bofete/SP, formando assim um banco de dados. 2 MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo é uma propriedade rural que apresenta uma área total de 23,1 hectares, localizada no município de Bofete/SP que se encontra entre as coordenadas 23º09’07.85’’S e 48º16’27.23’’O conforme representado na Figura 1. A área possui uma altitude média de 640 metros, o clima da região é classificado segundo Köppen, como mo do tipo Cfa. A precipitação média anual é de 1.400 mm e a temperatura média anual é de 22ºC. Quando na seleção de árvores matrizes, os critérios seguidos em campo foram com base em Barbosa (2006), sendo os fatores mais importantes para a seleção dos indivíduos ivíduos os critérios de: indivíduos desprovidos do ataque de pragas, facilidade de acesso a matriz, indivíduos maduros e vigorosos, indivíduos de copa bem ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 44 desenvolvida e de abundante produção de sementes, quantidade mínima de cinco indivíduos por espécies, ressaltando que espécies que não atendem essa quantidade, foram adotados o número total dos indivíduos existente. Figura 1- Delimitação da área de estudo: Imagem orbital, destacando a situação da gleba e seus limites (em vermelho). Fonte: Google Earth (acesso em março/2012). Todos os indivíduos arbóreos (vivos ou mortos), mesmo aqueles tortuosos ou sem atrativos estéticos sob o ponto de vista do homem, com diâmetro a altura do peito (DAP) igual ou superior a 3 cm, foram demarcados com plaquetas numeradas numerad de metal, presa por prego (Figura 2A), e tiveram suas coordenadas geográficas demarcadas com auxílio de GPS (Global Position System) System) de marca Garmin® (Figura 2B). Figura 2 – A - Placa de identificação dos indivíduos arbóreos. B – Coleta de ponto de localização com auxílio do GPS. A B Para todos os indivíduos presentes foram coletadas as informações de identificação da espécie como nome científico e popular, altura total do indivíduo ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 45 medida através de metodologia de estimativa e o DAP com auxílio auxílio de suta (Figura 3). Figura 33 Mensuração do diâmetro com auxílio de suta. Os pontos coletados no GPS foram descarregados no programa TrackMaker® e exportados para o programa Autocad®, onde foi confeccionado o mapa com as árvores matrizes levantadas no campo. DISCUSS 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO No levantamento realizado, foram levantados no total 194 indivíduos arbóreos (Anexo), subdivididos em 40 espécies e 23 famílias, sendo selecionadas 62 árvores matrizes de acordo com critérios pré-estabelecidos. pré De acordo com a lista de espécies em anexo a área se caracteriza como um ecótono, ou seja, transição dos biomas mata atlântica e cerrado. cerrado Dentre as espécies arbóreas levantadas destacam-se destacam se com maior número de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 46 indivíduos as espécie Gochnatia polimorpha (candeia) e Zanthoxylum rhoifolium (mamica-de-porca) porca) apresentando 35 e 26 indivíduos respectivamente. Essas espécies encontradas em maior quantidade são classificadas como pioneiras, sendo que as espécies desse grupo ecológico se estabelecem em maior quantidade quan em áreas já antropizadas. Também apresentam um rápido desenvolvimento no campo, produzem grandes quantidades de sementes e possuem função ecológica de cobertura de solo para surgimento de futuras populações florestais. Dentre as famílias encontradas (Tabela 1), a que apresenta maior representatividade é a família das Fabaceae, seguida das Asteraceae e Rutaceae. Tabela 1 – Lista contendo a família e o número de indivíduos levantados. Família Fabaceae Nº de Indivíduos 40 Asteraceae 35 Rutaceae 28 Boraginaceae 12 Myrtaceae 10 Apocynaceae 9 Euphorbiaceae 9 Arecaceae 8 Phytolaccaceae 6 Verbenaceae. 5 Anacardiaceae 4 Cactaceae 3 Annonaceae 2 Combretaceae 2 Malvaceae 2 Moraceae 2 Cannabaceae 1 Cecropiaceae 1 Lauraceae 1 Meliaceae 1 Proteaceae 1 Sapindaceae 1 Vochysiaceae 1 Foram selecionadas 62 árvores matrizes, apresentadas na tabela abaixo (Tabela 2), com seu respectivo código de identificação (placas de identificação) no campo, espécie contendo o nome popular e científico, família, DAP, altura total e estado fitossanitário. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 47 Tabela 22 Árvores matrizes selecionadas na propriedade. 178 Nome Popular açoita-cavalo 13 agulheiro 15 agulheiro Nº 81 84 alecrim-decampinas alecrim-decampinas amendoimdo-campo amendoimdo-campo angico-branco angicovermelho aroeirapimenteira Nome Científico Família DAP HT Luehea divaricata Seguieria langsdorffii Seguieria langsdorffii Malvaceae 42 3 Estado Fitossanitário Bom Phytolaccaceae 49/25 16 Bom/Bifurcada Phytolaccaceae 46/39 14 Bom/Bifurcada Holocalyx balarsae Fabaceae 38 10 Bom Holocalyx balarsae Fabaceae 34 12 Bom Fabaceae 45 12 Bom Fabaceae 83 5 Bom Fabaceae 38 8 Bom Fabaceae 22/18/25 10 Bom/Bifurcada Anacardiaceae 48 14 Bom Anacardiaceae 37 10 Bom Anacardiaceae 23 11 Bom Anacardiaceae 30 12 Bom Sapindaceae 39 12 Bom Asteraceae 33 10 Bom Asteraceae 48 10 Bom Asteraceae 68/73 5 Bom/Bifurcada Asteraceae 101 7 Bom 112 aroeira 138 aroeira 141 aroeira 59 camboatã 54 candeia 124 candeia 173 candeia 181 candeia 76 capitãozinho Platypodium elegans Platypodium elegans Albizia polycephala Anadenanthera colubrina Schinus terebinthifolia Myracrodruon urundeuva Myracrodruon urundeuva Myracrodruon urundeuva Matayba eleagnoides Gochnatia polimorpha Gochnatia polimorpha Gochnatia polimorpha Gochnatia polimorpha Terminalia triflora Combretaceae 26 6 Bom 97 carvalho Roupala brasiliensis Proteaceae 21/19 7 Bom/Bifurcada 171 cedro Meliaceae 101 7 Bom 3 embaúba Cecropiaceae 12 7 Bom 104 falso-timbó Fabaceae 21 7 Bom 108 figueira Cedrela fissilis Cecropia pachystachya Lonchocarpus cultratus Ficus sp. Moraceae 72 14 Bom 64 goiabeira Psidium guajava Myrtaceae 16 5 Bom 83 goiabeira Psidium guajava Myrtaceae 24/13 5 Bom/Bifurcada 55 guajuvíra Cordia americana Boraginaceae 24 10 Bom 58 guajuvíra Cordia americana Boraginaceae 20/32 10 Bom/Bifurcada 87 guajuvíra Cordia americana Boraginaceae 24 7 Bom 79 jacarandá jacarandá-deespinho jacarandá-deespinho Machaerium sp. Machaerium nyctitans Machaerium nyctitans Fabaceae 12/13/11/11 7 Bom/Bifurcada Fabaceae 38 14 Bom Fabaceae 34 14 Bom 111 191 70 122 75 149 151 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 Nº Nome Popular 8 jerivá 101 jerivá 142 leiteiro 158 leiteiro Nome Científico 48 Família DAP HT Estado Fitossanitário Arecaceae 31 12 Bom Arecaceae 29 14 Bom Apocynaceae 25 10 Bom Apocynaceae 36 10 Bom Rutaceae 41/34 12 Bom/Bifurcada Rutaceae 28 12 Bom Rutaceae 40 12 Bom Rutaceae 41 7 Bom Cactaceae 16/18 9 Bom/Bifurcada 47 mamica-deporca mamica-deporca mamica-deporca mamica-deporca mandacarú Syagrus romanzoffiana Syagrus romanzoffiana Tabernaemontana fuchsiaefolia Tabernaemontana fuchsiaefolia Zanthoxylum rhoifolium Zanthoxylum rhoifolium Zanthoxylum rhoifolium Zanthoxylum rhoifolium Cereus giganteus 67 mandacarú Cereus giganteus Cactaceae 17 6 Bom 177 mandacarú Cereus giganteus Cactaceae 17/14/18 6 Bom/Bifurcada 45 monjoleiro Acacia polyphylla Fabaceae 43 12 Bom 28 Maclura tinctoria Enterolobium contortisiliquum Ceiba speciosa Moraceae 14 7 Bom Fabaceae 26 6 Bom 11 amoreira orelha-denegro paineira Malvaceae 66 9 Bom 110 pata-de-vaca Bauhinia forficata Fabaceae 14 5 Bom 137 pau-pólvora Trema micrantha Cannabaceae 16 8 Bom 180 pau-terra Vochysiaceae 50/35 4 Bom/Bifurcada 19 pau-viola Verbenaceae. 38 12 Bom 20 pau-viola Verbenaceae. 35 10 Bom 153 pau-jacaré Fabaceae 66 14 Bom 174 pindaíba Qualea sp. Cytharexyllum myrianthum Cytharexyllum myrianthum Piptadenia gonoacantha Xylopia brasiliensis Annonaceae 63/66 6 Bom/Bifurcada 189 pindaíba Xylopia brasiliensis Annonaceae 44 4 Bom 168 sapateiro Pera glabrata Euphorbiaceae 88 8 Bom 170 sapateiro Euphorbiaceae 70 8 Bom 152 sapuva Fabaceae 28 12 Bom 60 sapuva Fabaceae 22 8 Bom 43 sete-capotes Myrtaceae 10 4 Bom 51 tamanqueiro Pera glabrata Machaerium Stipitatum Machaerium Stipitatum Campomanesia guazumifolia Aegiphila sellowina Verbenaceae 24 7 Bom 146 tapinhoã Mezilaurus sp. Lauraceae 31 14 Bom 36 118 155 175 10 Todas as espécies que apresentam abaixo de cinco indivíduos foram selecionadas como árvores matrizes, em relação à bifurcação dos indivíduos essa característica não influência na seleção de árvores matrizes, sendo selecionados ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 49 diversos indivíduos nesta configuração. con A localização geográfica dos indivíduos coletados em campo foram descarregadas no software TrackMaker® e plotadas em mapa (Figura 4), os pontos foram convertidos para o Google Earth para facilitar a localização posterior em campo com o auxílio de imagens orbitais (Figura 5). Figura 4- Localização dos indivíduos arbóreos identificados na propriedade. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 Figura 5- Imagem orbital de todos indivíduos catalogados em campo. 50 Após processados os pontos, gerou-se gerou se o mapa com os 65 indivíduos arbóreos selecionados como potenciais matrizes (Figura 6). Figura 6- Imagem orbital dos indivíduos catalogados como matrizes arbóreas. 4 CONCLUSÃO O georreferenciamento de árvores matrizes estabelece base logística e científica para a continuidade de trabalhos relacionados de colheita de propágulos de essências florestais nativas na região, proporcionando aos viveiros de produção de mudas florestais nativas informações de potenciais árvores matrizes. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 51 5 REFERÊNCIAS BARBOSA, L. M. Coord. Manual para recuperação de áreas degradadas em matas ciliares do estado de São Paulo. Paulo São Paulo: Instituto de Botânica, 2006. 140 p. BURROUGH, P. A. & MCDONNELL, R. A. Principles of Geographical Information. The International Institute for Geo-Information Geo Information Science and Earth Observation (ITC),, 2009. CÂMARA, G., FREITAS, U.M., SOUZA, R.C.M., GARRIDO, J. SPRING: Integrating Remote Sensing and GIS by Object - Oriented Data Modelling. 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Estratégia complementar para conservação de espécies ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 52 florestais nativas: resgate e conservação de ecótipos ameaçados ameaçados. Pesq. Flor. bras., Colombo, n.54, p.07-35, p.07 35, jan./jun. EMBRAPA FLORESTAS. 2007. SILVA, C.V.; BILIA, D.A.C.; MALUF, A.M.; BARBEDO, C.J. Fracionamento e germinação de sementes de uvaia uv (Eugenia pyriformis Cambess. - Myrtaceae). Revista Brasileira de Botânica, Botânica v.26, p.213-221, 2003. YAMAMOTO, M. A.; SILVA FILHO, D. F. Determinação de árvores matrizes na floresta urbana por um banco de dados relacional. relacional. In: VIII Congresso Brasileiro de e Arborização Urbana, 2004, São Paulo. VIII Congresso Brasileiro de arborização Urbana, 2004. ZAMITH, L.R.; SCARANO, F.R. Produção de mudas de espécies das Restingas do município do Rio de Janeiro. Janeiro Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botanica Brasilica, Brasilica v.18, p.161-176, 2004. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 IMPLANTAÇÃO DO E-COMMERCE E COMMERCE COMO ESTRATÉGIA EFICAZ DE NEGÓCIOS: UM ESTUDO NA EMPRESA GUTCENTER MÁQUINAS DO INTERIOR DO CENTRO OESTE PAULISTA 53 (IMPLEMENTATION OF E-COMMERCE E AS EFFECTIVE BUSINESS STRATEGY: STRATEGY A STUDY IN GUTCENTER MACHINE IN THE CENTER WEST PAULISTA) MARCOS DANIEL GOMES DE CASTROa,*, RICARDO JOSÉ LOPES GUTIERRESb, FERNANDA SEROTINI GORDONOc a,* Mestre em Engenharia da Produção, Professor da FACOL [email protected] b FACOL/FAAG c SENAI/ FAAG O presente trabalho tem por objetivo apresentar os fundamentos do e-commerce e (comércio eletrônico) e identificar as vantagens de utilizá-lo utilizá lo com estratégia de negócios. Com isso, pretende-se pretende se sugerir a empresa GutCenter Máquinas, uma empresa de assistência técnicas em produtos destinados destinados a florestas e jardins do centro oeste paulista a sua implantação, pois é uma forma moderna de se negociar, devido as transações não terem fronteiras, uma vez que tudo ocorre via Internet. O e-commerce commerce é atualmente um dos principais segmentos econômicos econômi do e-business e do marketing na internet, proporcionando diversos benefícios para todos os envolvidos: empresa, consumidor e sociedade. Existem algumas razões que justificam seu investimento, como a oportunidade de se tornar visível para qualquer pessoa a em qualquer lugar do mundo e oportunidades de redução de custos. Por isso, é necessário as organizações que desejam crescer e manter-se manter no mercado, se adaptarem a essa nova forma de negociação, pois permite ao consumidor variedade de produtos, preços e mais m conforto nas compras. Palavras-chaves: E-Commerce Commerce, Implantação, Vantagens. This paper aims to present the fundamentals of e-commerce e commerce (electronic commerce) and identify the advantages of using it with the business strategy. Thus, it is intended to suggest the company GutCenter Machines, a company of technical assistance products for gardens and forests west of São Paulo's center to its implementation, as it is a modern way to negotiate, because the transactions do not have borders, since everything that occurs via the Internet. The e-commerce e commerce is currently a major economic segments of e-business e business and internet marketing, providing many benefits for everyone involved: business, consumer and society. There are some reasons for their investment, and the opportunity opportunity to become visible to anyone anywhere in the world and opportunities to reduce costs. Therefore, organizations that want to grow and remain in the market, adapt to this new way of trading is necessary because it allows the consumer range of products, products, prices and more comfort in purchasing. . Keywords: E-Commerce, Commerce, deployment, advantages. 1 INTRODUÇÃO ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 54 Com a rápida disseminação da internet, o termo e-commerce e commerce ou comércio eletrônico passou a ser utilizado com bastante frequência e diz respeito à comercialização (compra e venda) de produtos ou serviços online. A competitividade e a volatilidade do mercado marcam o passo dos negócios, lançando a organização para além de suas fronteiras físicas, envolvendo-a envolvendo a com seus parceiros de negócios: fornecedores de produtos e serviços, distribuidores, compradores, profissionais etc. Se, a princípio a maioria das empresas empresas entrou na Internet apenas para marcar presença com um site meramente institucional, em seguida, passou a enxergar o meio de maneira estratégica para comercializar seus produtos e serviços, além das oportunidades de oferecer serviços diferenciados que agreguem agreguem valor aos seus produtos e serviços. Através de uma loja virtual a empresa pode ter o faturamento igual ou superior ao de uma loja física, devido a loja virtual estar 24 (vinte e quatro) horas por dia, 7 (sete) dias da semana online a espera de um cliente, cliente, tornando-se tornando um canal imprescindível para o crescimento de sua empresa. A variedade de produtos tornatorna se maior, indo desde bens de consumo e farmácias até educação à distância, o que possibilita a concorrência entre várias empresas. São vários os benefícios nefícios oferecidos pelo e-commerce e commerce para a organização, entre eles: a possibilidade de ampliar o número de consumidores e contatos de fornecedores e organizações do mesmo ramo, fornecer informação, fazer demonstração de seus produtos e receber encomendas 24 24 (vinte e quatro) horas por dia, resultando na autopromoção da empresa. A redução de custos com os funcionários é bastante significante, pois o número de profissionais para a execução do serviço é menor. Para os consumidores alguns benefícios são: a comodidade comod no processo de compra, já que o consumidor não tem que estar sujeito aos horários de abertura de lojas, espera em filas de atendimento/pagamento ou em filas de trânsito no trajeto até a loja; grande variedade de produtos e preços mais baixos e competitivos, itivos, permite ao consumidor ter de forma imediata as informações, serviços e produtos da empresa. A tendência de crescimento deste mercado é baseada pelo aumento de usuários da internet, que a cada ano é maior, outro fator importante é a quebra da insegurança rança em relação às compras virtuais, os consumidores passaram a ter ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 55 confiabilidade no serviço e com isso compram mais, com conforto e disponibilidade de horário para as compras. O e-commerce não substitui os outros tipos de mercado, mas é um meio facilitador dor de compras, vendas e pagamentos. Portanto, a organização que deseja se manter e crescer no mercado, precisa competir e estar presente nas melhores formas de mercado. Assim, o presente trabalho pretende sugerir a Gutcenter Máquinas, uma empresa do centro o oeste paulista, do ramo de assistência técnicas em produtos destinados a florestas e jardins a implantação do e-commerce commerce como estratégia eficaz de negócio. 2 METODOLOGIA (DESENVOLVIMENTO) (DESEN Para o desenvolvimento do trabalho, foi escolhido a empresa Gutcenter Máquinas, uma empresa do centro oeste paulista, localizada nas cidades de Lençóis Paulista e Agudos. A empresa é do ramo de assistência técnica em produtos destinados a florestas e jardins. O principal objetivo do trabalho é sugerir a implantação do e-commerce, e uma vez que a empresa trabalha com um grande mix de produtos, encarecendo muito seus custos de estocagem e armazenagem. A metodologia utilizada foi o estudo bibliográfico em livros, artigos e trabalhos sobre o assunto (monografias, dissertações dissertações e teses), para dar embasamento teórico sobre o assunto. Através das informações coletadas, os autores sugeriram a implantação do e-commerce commerce na empresa estudada como uma ferramenta estratégica de gestão, uma vez que sua utilização poderá diminuir seus estoques e armazenagens, melhorando assim, os custos logísticos e ainda pode fortalecer as parcerias entre a empresa e seus fornecedores. A reunião para a sugestão, foi realizada com dois gestores, no dia 30 de julho de 2014, na própria empresa, na cidade de Lençóis Paulista. Os gestores ouviram atentamente as informações passadas pelos autores e deram um feedback positivo, relatando que a ideia deia será colocada em seu planejamento para o ano de 2015. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 56 2.1 E-COMMERCE De acordo com O’brien (2007) comércio eletrônico é a compra e venda por meio digitais, marketing e assistência a produtos, serviços e informações sobre uma multiplicidade de redes de computadores. Ainda segundo o autor é considerado um empreendimento interconectado que utiliza internet, intranets, extranets e outras redes para apoiar cada etapa do processo comercial. Para Limeira (2007), o e-commerce engloba a realização de negócios negócio por meio da internet, incluindo a venda não só de produtos e serviços físicos, entregas offoff line, isto é, por meios tradicionais, mas de produtos como os softwares, que podem ser digitalizados e entregues online, por meio da internet. Segundo Albertin (2007) (2 o e-commerce é a realização de toda a cadeia de valor dos processos de negócio num ambiente eletrônico, por meio da aplicação intensa das tecnologias de comunicação e informação, atendendo aos objetivos de negócio. Assim, as lojas não precisam ter seu mix de produtos expostos, pois para fazer o e-commerce é necessário fazer parcerias com seus fornecedores (trabalhar just in time), ), ou estocar os produtos em centros de distribuição, no caso de grandes redes. O e-commerce inclui além da exposição de bens e serviços on-line, a colocação de pedidos, faturamento, atendimento e ainda todo o processamento de pagamentos e transações. Portanto pode-se se entender o e-commerce como uma versão eletrônica das lojas físicas, e com vantagem competitiva, uma vez que as empresas que optam por esse tipo de comércio, podem vender absolutamente tudo, em qualquer lugar do mundo, com grande rapidez, eficiência e redução de custos. O principal cipal objetivo desse tipo de comércio é a criação de um novo tipo de ambiente comercial, em que vários passos que intermediam a transação comercial entre o vendedor e o comprador possam ser integrados e eletronicamente automatizados, minimizando os custos da operação. (O’BRIEN, 2007). Para se realizar o e-commerce a empresa precisa decidir a melhor forma do cliente de se fazer as transações comerciais, bem como a realização do pagamento. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 57 Para isso, Yanaze (2007) descreve alguns meios que poderão ser utilizados utiliza na realização dos pagamentos. O quadro 1 mostra a descrição. Quadro 1 - Meios de pagamentos Meios de Pagamento É uma modalidade que foi muito utilizado no passado, porém não é muito utilizada atualmente, devido à falta de praticidade, uma vez que o cliente precisa se locomover até um estabelecimento que o receba. Muitas empresas não gostam também de trabalhar Boleto bancário com esse sistema, pois nesse intervalo entre a compra e o pagamento, pode haver o arrependimento e a venda acaba não sendo concretizada. etizada. Esse tipo de pagamento não é aconselhado para as empresas que têm como foco os clientes impulsivos. Este é o meio de pagamento preferido entre os clientes que compram pela internet.. As facilidades desse tipo de pagamentos são muitas para os clientes, pois não precisam ir a nenhum local para efetivar o pagamento da compra, podem parcelar suas compras (maioria das Cartão de crédito vezes sem juros), podem comprar e pagar somente no vencimento da fatura,, enfim não precisam ter o dinheiro aquele momento para adquirir o bem ou o serviço desejado. Também é a preferida por parte das empresas que trabalham com o e-commerce, pois favorece muito a compra por impulso. Criada em substituição ao depósito bancário, trata-se trata de uma conexão online entre o lojista e um banco que ofereça esse tipo de serviço, o banco autoriza a Transferência eletrônica de fundos transferência do valor da compra para loja e após essa liberação a compra é finalizada. É um meio de pagamento rápido e seguro e tende a ser cada vez mais utilizado. Essa modalidade pode ser oferecida de duas maneiras: a loja tem um cartão com marca própria, aí a compra fica restrita a uma loja especifica e o outro aberto a várias as lojas. Para o lojista, funciona como Cartões de financiamento cartão de crédito normal, com descontos de 5% e pagamento em 30 dias. As compras feitas e pagas nessa modalidade podem oferecer aos clientes facilidades como o pagamento em várias vezes, mas sem a cobrança de juros. Fonte: Adaptado de Yanaze (2007). 2.2 TIPOS DE E-COMMERCE COMMERCE Atualmente, a internet monopoliza o comércio eletrônico. Segundo os ensinos de Albertin (2007), existem vários tipos de e-commerce.. Os mais comuns são: Business to Business (B2B), Business to Consumer (B2C) e Consumer to Consumer (C2C), conforme mostra o quadro 2. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 58 Quadro 2 - Tipos de e-commerce Tipos de e-commerce Sua principal característica são as transações comerciais realizadas entre empresas, ou seja, as empresas utilizam o B2B para se relacionar com seus fornecedores, fazendo pedidos, recebendo e pagando faturas e pagamentos, trocando dados e informações. Esse tipo de modalidade é interessante para as empresas que adotam o e-commerce,, pois não precisam manter Business to business – B2B estoques em sua empresa, uma vez que terão em seu site o mix de produtos dos fornecedores, além das informações logísticas – prazos de como o produto/serviço iço será entregue ao cliente. Esse tipo de comércio facilita as aplicações de negócios, beneficiando o gerenciamento de fornecimento, estoque, distribuição, canal e pagamento. Possibilitando o aumento da competitividade. É a forma mais comum de comércio eletrônico, é caracterizado pela relação entre a empresa e o consumidor final. O consumidor é uma pessoa física que através de um computador busca informações sobre os produtos e serviços oferecidos. Nesse tipo de comércio a empresa presa pode cadastrar os produtos e serviços oferecidos de seus fornecedores no site, sem precisar ter estoque, assim que a compra é efetuada, a empresa utilizautiliza se do comércio B2B e realiza a transação com seu fornecedor Business to consumer - B2C para então fazer a entrega para seu cliente (consumidor final). Esse tipo de comércio não tem fronteiras e como tem maior alcance geográfico, o número de consumidores pode ser elevado. Esse tipo de comércio também oferece algumas vantagens como a prática de preços mais baixos que nas lojas físicas, ísicas, divulgação da marca, menor tempo de entrega dos produtos e serviços (pois o seu fornecedor pode estar mais próximo de seu cliente e a entrega será mais rápida). É um modelo de negócio onde os consumidores executam negociações ações entre si, sem que haja empresas diretamente Consumer to consumer – C2C envolvidas. Um exemplo desse comércio são os leilões virtuais, onde os consumidores disputam um produto. Fonte: Adaptado de Albertin (2007) 2.3 VANTAGENS DO E--COMMERCE O e-commerce traz inúmeras vantagens para as empresas e para os usuários, por isso, muitas empresas que tinham apenas lojas físicas estão investindo cada vez mais no comércio virtual, pois com a utilização da internet quebra-se quebra as barreiras geográficas, possibilitando a conquista de muito mais clientes. Para Yanaze (2007) uma das vantagens que tem atraído os consumidores para este mercado é a facilidade de realizar uma compra, pois no momento em que se sabe o que quer comprar, com poucos cliques do teclado a compra se concretiza, o único trabalho que poderá ter é estar em casa e abrir a porta para receber a encomenda. Segundo Albertin (2007) outros benefícios oferecidos aos consumidores são: ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 59 Aumento do mix de produtos e serviços oferecidos – aumento do poder de escolha; • Facilidade sobre as informações dos produtos e serviços oferecidos – ficha técnica; • Praticidade e rapidez nas compras, evitando a deslocação até um estabelecimento; • O consumidor pode efetuar a compra a qualquer momento, não há horas predeterminada; • Suporte pré e pós venda; • Preços menores; • Pagamento eletrônico; Para o autor as empresas também podem obter vantagens, as principais delas são: • Aumento do mix de produtos oferecidos; • Diminuição dos os impostos; • Redução de estoques; • Redução da mão--de-obra; • Comercialização no âmbito global; • Publicidade e promoções mais fáceis de realizar; • Nome da empresa ligada a multimarcas já reconhecidas no mercado. 2.4 O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Desde que nascem as pessoas sentem necessidades, desejos e o consumo é uma forma de saciar esses desejos. As pessoas compram produtos ou serviços para satisfazerem suas necessidades. Essas necessidades surgem constantemente, é um ciclo, porque ao comprar um produto hoje, amanhã o mesmo produto surgirá no mercado com novas características e vantagens, daí surge a necessidade de se comprar novamente. Segundo Limeira (2007) o comportamento do consumidor pode ser influenciado de várias maneiras, não só por fatores de natureza natureza pessoal, como personalidade, ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 60 características demográficas, valores e hábitos, mas também por fatores ambientais, situações e marketing.. São exemplos de fatores ambientais a cultura, a classe social, a família, a economia e a tecnologia. As influências de marketing são denominadas como produto, preço, ponto de distribuição e promoção, esses agem como estímulo para provocar as respostas dos consumidores. Outro tipo de influência são os fatores situacionais, por exemplo, o ambiente físico, o tempo e as circunstâncias. Para se entender o comportamento do consumidor, é necessário saber como funciona o processo de decisão de compra, ou seja, como as pessoas escolhem os produtos. O processo de decisão é dividido em quatro etapas: Na primeira, o consumidor identifica identifica sua necessidade, que pode ser influenciada por fatores externos como estímulos do marketing, marketing e por fatores internos, como a fome, cansaço, sede, etc. Após a identificação da necessidade, o consumidor busca informações em várias fontes: as internas, internas, que podem estar retidas na memória e as externas, consultando amigos, familiares, comerciais. Baseado nas informações obtidas, o consumidor analisa, compara as diversas alternativas, maneiras, recursos e os benefícios, características oferecidas por cada ca um deles. Por fim, a quarta etapa é a tomada de decisão, entendida como a escolha de uma opção entre mais de uma alternativa possível. Esse processo é interferido por vários fatores psicológicos inerentes a cada pessoa, como personalidade, motivação, atitude, titude, percepção e aprendizado etc. O ato de compra pode gerar satisfação ou insatisfação do consumidor. Se satisfeito, o consumidor pode realizar compras repetidas do produto ou serviço, ou seja, se tornar fiel a marca. Por isso é importante que a empresa empres ofereça realmente o que o consumidor busca, atendendo suas expectativas, pois a insatisfação do consumidor pode fazer com que ele abandone a ideia de comprar o produto ou até mesmo a compra virtual. A inclusão digital da classe social com menos poder de compra foi um fator importante para o aumento do e-commerce,, pois as pessoas que antes não tinham acesso à internet foram apresentadas a facilidade e diversidade de produtos na ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 61 compra através da internet. O principal período de compra no ano é a época de natal. 2.5 REGISTRO DO DOMÍNIO DOMÍ Para ingressar no e-commerce é preciso ter um registro de domínio da empresa, ou seja, o endereço virtual que a empresa utilizará para que os consumidores possam fazer o acesso ao site da empresa. O registro do domínio é realizado realizado através do órgão FAPESP, onde a empresa também poderá fazer consultas para verificar se o domínio que se pretende utilizar, já é usado por outra empresa, pois não pode haver domínios iguais. Também é importante que a empresa faça a sua home page, page para que os consumidores efetuem suas consultas e realizem suas compras. A home page é uma das partes mais importantes de uma empresa que opta pelo e-commerce e precisa atraente e de fácil compreensão. As características necessárias para uma home page é ter diversos recursos de imagens, cores e formatos, para atrair os internautas-clientes internautas clientes e deve servir de instrumento para que os internautas-clientes internautas clientes possam obter informações sobre o negócio, produtos e/ou serviços. A home page ou site deve ter um provedor de hospedagem, pois são eles que armazenam os sites. 2.6 O CÓDIGO DE DEFESA DEFE DO CONSUMIDOR E O E-COMMERCE COMMERCE A empresa que fornece serviços ou produtos no mercado de consumo deve observar as regras de proteção ao consumidor, estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor, (CDC). É importante saber que o CDC se aplica às operações comerciais em que estiver presente presente a relação de consumo, isto é, no caso em que uma pessoa física ou jurídica adquire produtos ou serviços como destinatário final. Para cumprir as exigências do CDC, a empresa deverá conhecer bem as regras que deverá atender, tais como a forma adequada de oferta e exposição dos produtos, prazo mínimo de garantia, cautela ao se fazer uma cobrança de dívida, ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 62 etc. Por isso é necessário que que a empresa esteja atenta, pois o CDC estabelece uma série de direitos e obrigações ao fornecedor e consumidor. Um fator importante e protegido pela legislação é o prazo de arrependimento sobre a compra, esse prazo é um direito que o consumidor virtual tem te e deve ser de conhecimento do empresário. O direito estabelece que quando a contratação de fornecimento do produto ou serviço ocorrer fora do estabelecimento comercial, seja por telefone, domicílio ou por internet,, o consumidor tem o prazo de 7 (sete dias) dia a contar da data da assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, para que se arrependa. Se o consumidor exercer o direito do arrependimento, mesmo sem justificar suas razões, os valores pagos, a qualquer título deverão ser devolvidos com correção orreção monetária. 3 ESTUDO DE CASO A empresa estudada é a Gutcenter Maquinas, sua localização é nas cidades de Lençóis Paulista (matriz) e Agudos (filial), ambas no interior do cento oeste paulista. A empresa é considerada de pequeno porte conforme a definição do O SEBRAE, que utiliza o critério por número de empregados do IBGE como critério de classificação do porte das empresas, para fins bancários, ações de tecnologia, exportação e outros. O quadro 3 mostra a definição de porte da empresa conforme o SEBRAE. Quadro 3 - Definição de porte Comércio e Serviços Porte Número de funcionários Micro até 9 empregados Pequena de 10 a 49 empregados Média de 50 a 99 empregados Grande mais de 100 empregados Fonte: SEBRAE Santa Catarina Fundada em 10 de março de 1996, é uma empresa de administração familiar onde busca junto aos seus colaboradores vender e dar assistência técnicas em produtos destinados a florestas e jardins. A empresa atualmente tem três principais departamentos: ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 63 Departamento de assistência assistência técnica, onde é dada entrada das máquinas para execução dos serviços. • Departamento de vendas, onde tem contato direto com o cliente, apresentando os produtos e serviços disponíveis pela empresa. • Departamento financeiro, onde tem como objetivo pagamentos e recebimentos de valores, cobrança de clientes, emissão de notas e boletos, e controle de entrada e saída de maquinas e peças. A empresa tem 10 funcionários, o seu organograma é demonstrado na figura 1. Figura 1 - Organograma da GutCenter Máquinas Diretor Gerente Vendedor Técnico de Manutenção Fonte: Adaptado pelos autores Os cargos na empresa são distribuídos: • Diretor: a empresa tem 1 (um) diretor que dirige as duas – matriz e a filial, é ele quem define o planejamento estratégico da organização. • Gerente – a empresa tem 1 (um) gerente que gerencia o fluxo de movimento das duas lojas, determinando metas e modelo de administração a ser seguida, também analisa entrada e saída de produtos. • Vendedor – a empresa tem 2 vendedores, um para cada loja e são responsáveis pelo contato direto com o cliente, cliente, apresentando os produtos e serviços disponíveis na empresa. • Técnico de manutenção – na empresa tem 3 (três) técnicos de manutenção, 2 (dois) deles ficam na loja de Lençóis Paulista e 1 (uma) na loja de Agudos, eles são responsáveis pelo recebimento de maquinas para manutenção, executando assim orçamentos e/ou serviços exigido pelo cliente. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 64 A empresa tem um mix grande de produtos (ferramentas, abrasivos, equipamentos de segurança) e peças de manutenção, principalmente os voltados para a linha florestal e de jardinagem. E como ela não tem um site para mostrar os produtos e as peças que ela trabalha, é necessário ter um estoque grande e diversificados dos produtos e peças de manutenção para atender as demandas. Assim, a empresa fica com dinheiro parado e deixa muitas vezes de fazer investimento. Através dessas informações recebidas pela empresa, os pesquisadores resolveram solveram então, sugerir que a empresa utilizasse o e-commerce commerce para que não precisem mais ter níveis de estoque elevados. 4 SUGESTÃO E DISCUSSÕES DISCUSSÕE A sugestão da implantação do e-commerce foi dada para que a empresa reduza o seu nível de estoque e também devido devido ao crescimento significante na economia voltada a internet, internet, o negócio virtual nunca foi tão ascendente, onde sempre surge novas formas de negócio, com isso não há barreiras para que a empresa faça suas transações comerciais. A principal ferramenta da implantação do e-commerce é a criação de um website, onde cria-se se uma vasta vantagem em relação as lojas físicas, e umas das principais são que seu produto fique disponível ao cliente 24 (vinte e quatro) horas por dia, sua divulgação pode ser feita em grande grande escala, e não mais limitada a uma só região, também acontece uma redução de custos com funcionários, treinamento, publicidade, etc. Com isso pode-se se afirmar e concluir que não é só fundamental, mais também inevitável a implantação do e-commerce na empresa esa que tem como meta atingir sempre o crescimento de mercado, e também ampliar cada vez mais os mais variados públicos alvos, já que vem ocorrendo um rompimento da barreira social no mercado virtual, aumentando assim a amplitude de serviços a serem oferecidos oferec aos consumidores. O empreendedor que quer destacar-se destacar se no mercado deve alinhar eficazmente o planejamento aos objetivos da organização, buscando sempre inovar e atualizar ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 65 suas ideias, pois só assim a empresa consolida uma base estável, conseguindo competitividade etitividade no mercado. A apresentação do projeto para a implantação do e-commerce commerce aos gestores (diretor e gerente) da empresa aconteceu no dia 10 de maio de 2014, os pesquisadores sugeriram como primeira etapa a montagem de um site de divulgação dos produtos tos e como segunda etapa a montagem do site já com a opção de vendas para os clientes em geral. Para a primeira etapa, os pesquisadores sugeriram criar um site dinâmico, informativo e com um visual que transmita a informação necessária para seu público consumidor, sumidor, através de uma visão institucional, servindo de vitrine para a empresa apresentar sua história e sua força nas regiões onde atua. A criação do site será realizada por uma empresa especializada e o custo para criação do site corresponde a um investimento de 1,21% do faturamento mensal da empresa e o custo para manutenção será negociado após a criação. O site será alimentado com os dados que vão desde os dados da empresa, catálogo de produtos e serviços, lista das marcas, local para o cliente se cadastrar, notícias, novidades, lançamentos, fale conosco e posteriormente, formas de pagamento. Os pesquisadores acharam que de início não seria necessário divulgar div os preços no site, pois a intenção da primeira etapa é de divulgação da empresa, de seus produtos e serviços. Nessa primeira etapa, os gestores deverão decidir o que irão comercializar no site, portanto foi sugerido que se leve em consideração os produtos produtos e serviços que no geral são mais vendidos na empresa, mostrar produtos marcas reconhecidas no mercado, produtos que tem garantia pelo fornecedor, produtos dentro os padrões e normas de especificações e produtos que se consiga fazer demonstrações em vídeo. Os meios de divulgação do site também é um assunto de importante relevância, por isso deve-se deve levar em conta: • Mala direta por e-mail (mail marketing): ): é o meio mais barato e mais utilizado. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 66 O conteúdo do e-mail e deve ser bem elaborado e deve ser respeitar a periodicidade idade de pelo menos uma semana. • Sites de busca: meio não tão barato, porém essencial. Existem empresas e profissionais especializados em posicionar bem sua empresa nos sites de busca. Para uma boa divulgação é importante que a empresa apareça pelo menos nas quatro primeiras páginas de pesquisas dos sites mais conhecido de busca. • Sites de classificados: sites que permitem classificados online. Alguns exemplos são: Mercado Livre, Livre, Lance Final, ListaOnLine, AloNegocios, Classificados de Jornais e HagaH. • Links patrocinados: os resultados são orientados através de palavras chaves. O serviço só é cobrado quando seu anúncio é clicado. • Sites regionais ou temáticos: este meio de divulgação divulgação pode ser o mais barato de todos. A ideia básica consiste em encontrar um portal temático, ou até mesmo portal regional, que contemple assuntos relacionados a seu ramo de atuação. Após a primeira etapa, então foi sugerido a implantação do site já com o formato de e-commerce. Após a explanação aos gestores da empresa sobre as vantagens do e- commerce e como deveria ser sua implantação, o diretor pediu um prazo de 15 (quinze) dias para poder avaliar as informações e após o vencimento do prazo voltou a estabelecer abelecer contato com os pesquisadores, dizendo que ficou empolgado com a sugestão de implantação em sua empresa, notificando que sua principal meta para 2015 é implantar esse tipo de comercio, uma vez que o diretor não conhecia seu funcionamento. Portanto será contratada uma empresa especializada em para criação do site da empresa. Um dos motivos relatado pelo diretor que mais o convenceu de levar adiante o projeto foi o fato, dele poder vender seus produtos a várias classes sociais, e também o fato de sua empresa poder ampliar sua área de vendas, onde antigamente era limitada a uma pequena região no interior do centro oeste paulista. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 67 5 CONCLUSÕES De acordo com a pesquisa para fazer o referencial teórico, foi possível perceber que o e-commerce commerce é importante para abrir novos clientes e quebrar barreiras geográficas, bem como diminuir os níveis de estoque da empresa, gerando assim mais dinheiro para investimentos na estrutura da empresa, uma vez que não há necessidade de ter estoque físico na empresa. empresa Na realização do estudo de caso, foi possível mostrar para os gestores da empresa GutCenter Máquinas como o e-commerce e commerce pode ser implantado e o que deve ser levado em consideração em sua implantação. Após as informações apresentadas, eles receberam a proposta proposta dos pesquisadores com entusiasmo e entenderam como necessidade imediata a implantação do e-commerce, e commerce, através da criação do site conforme foi sugerido. Os gestores informaram ainda que a proposta será colocada no planejamento financeiro do primeiro semestre semestre de 2015 e que sua implantação ocorrerá em duas etapas, sendo a primeira etapa no primeiro semestre e posteriormente a segunda etapa, que ainda não tem data definida para acontecer. Na primeira etapa será criado um site da empresa e os gestores já iniciarão iniciarão as negociações com parceiros para que possam mostrar aos clientes os produtos que oferecerão. Já na segunda etapa será escolhido o tipo de transação comercial que será adotada na empresa, bem como condições de pagamento, como será realizado a cobrança cobra e outros fatores que não puderam ser implantados na primeira etapa. Entende-se, se, portanto que o e-commerce e commerce acaba sendo essencial ao crescimento da empresa (alavancar as vendas), por abranger uma grande escala de mercado, proporcionando oportunidade de micros e pequenas empresas buscarem sucesso empresarial, uma vez que não há fronteiras para esse tipo de comércio. 6 REFERÊNCIAS 1. ALBERTIN, A. L. Comércio Eletrônico. Eletrônico. São Paulo: Atlas, 2007. administração 9. Ed. Rio de 2. CHIAVENATO, I. Introdução a teoria geral da administração. Janeiro: Elsevier, 2014. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 3. LAUDON, K.C; LAUDON, J.P. Sistemas de informação gerenciais. 7. Ed. SP: Pearson, 2007. 68 4. MARTINS, Y., M.; MIRANDA, P. R. de; MEIRELES G. A. Marketing Eletrônico: Um Estudo Sobre a Importância da Internet Internet no Mundo dos Negócios. Negócios 2012. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2012/resumos/R http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2012/resumos/R33-1473-1.pdf. Acesso em: 10 ago. 2014. 5. O`BRIEN, J. Sistemas de Informação e as Decisões Gerenciais. Gerenciais São Paulo: Saraiva, 2007. 6. SEBRAE. Serviço de apoio às Micro e Pequenas Empresas de Santa Catarina. Classificação das empresas conforme o porte. porte Disponível ponível em:http://www.sebraeem:http://www.sebrae sc.com.br/leis/default.asp?vcdtexto=4154.Acesso em: 10 jul. 2014. aplicações São Paulo: 7. YANAZE, M. H.. Gestão de Marketing: avanços e aplicações. Saraiva, 2007. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 METODOLOGIA LEAN APLICADA NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS 69 (LEAN METHODOLOGY APPLIED TO THE PROJECT MANAGEMENT MARCOS DANIEL GOMES DE CASTROa,*, LUIZ GUILHERME BEBER DO VALLE b , FERNANDA SEROTINI GORDONOc a,* Mestre em Engenharia da Produção, Professor da FACOL [email protected] b c FAAG SENAI/FAAG O artigo mostra a importância da utilização da lean thinking ou mentalidade enxuta, o seu conjunto de ideias e ferramentas no gerenciamento de projetos. A base do sistema lean é a estabilidade e padronização, sempre com o foco no cliente, envolvimento da equipe quipe que irá utilizá-la, utilizá la, de forma com que procurem uma melhor forma de realizar suas tarefas, redução dos desperdícios, identificando corretamente o fluxo de valor dentro do projeto, auxiliando na diminuição do grau de incertezas. A utilização da mentalidade ade enxuta no gerenciamento de projetos se justifica pelos ganhos que podem ser obtidos na eliminação de algumas etapas desnecessárias que geram desperdícios, identificando corretamente o fluxo de valor dentro do projeto, e auxiliando na diminuição do grau de incertezas. Palavras-chaves: Gerenciamento de projetos, mentalidade enxuta, metodologia. metodologia The article shows the importance of the use of lean thinking or lean thinking, your set of ideas and tools of project management. The basis of the system is lean stability and standardization, always with the customer focus, involvement of staff who will use it in order to seeking a better way to accomplish their tasks, reducing waste, correctly identifying the value stream within the project, helping to reduce the th degree of uncertainty. The use of lean thinking in project management is justified by the gains that can be achieved in eliminating some unnecessary steps that generate waste, correctly identifying the value stream within the project, and helping to reduce redu the degree of uncertainty. Keywords: E-Commerce, Commerce, deployment, advantages. 1 INTRODUÇÃO Em meados de 1950 tanto o Japão como a Toyota Motor Company passavam por um momento de crise, o Japão lutava contra a depressão econômica da época e a Toyota lutava contra a “Bancarrota”, nome dado a crise gerada pela demissão em massa que acontecia na empresa. empresa. Oportunidade essa, para os engenheiros Eiji Toyoda e Taiichi Ohno atuar mostrando um novo sistema de produção criado após ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 70 uma visita a fábrica da Ford nos Estados Unidos. Esse novo sistema poderia ser a saída para a crise da Toyota, mas ao retornar para para o Japão, Eiji e seu gênio de produção Taiichi Ohno chegam à conclusão que a produção em massa não funcionaria no Japão. E após anos de estudos enfrentando uma série de problemas, Ohno conseguiu implantar um novo modelo produtivo que ficaria conhecido como c Lean Production ou Sistema Toyota de Produção (SLACK et al, 2010). Ainda segundo o autor, Taiichi Ohno compreendia que, o trabalhador era o seu recurso mais valioso, tornando a empresa e os trabalhadores parceiros. Sendo assim, a condição mais importante importante para a mentalidade Lean fora criada. Em suma, a mentalidade Lean é fazer mais com menos, e ao mesmo tempo dar aos clientes o que eles querem. Seus conceitos podem ser aplicados universalmente apesar de seus princípios serem oriundos da produção. A base do sistema Lean é a estabilidade e padronização, com o foco no cliente, redução do desperdício e o envolvimento de funcionários com todos os membros flexíveis e motivados das equipes, de forma com que as equipes procurem uma melhor forma de realizar suas tarefas. Justificam-se se os benefícios da mentalidade enxuta no gerenciamento de projetos pelos ganhos que podem ser obtidos na eliminação de algumas etapas desnecessárias que geram desperdícios, identificando corretamente o fluxo de valor dentro do projeto, e auxiliando na diminuição do grau de incertezas. O objetivo é mostrar a aplicabilidade da mentalidade Lean no gerenciamento de projetos. 2 METODOLOGIA (DESENVOLVIMENTO) (DESEN Para o desenvolvimento do trabalho, foi escolhido como metodologia a revisão bibliográfica em livros, revistas especializadas e artigos científicos. 2.1 GERENCIAMENTO DE PROJETOS O gerenciamento é definido nas empresas como uma técnica para atingir objetivos internos e externos, sejam quais forem, possibilita compara-los, compara medi-los, trabalhar na melhoria dos resultados, satisfazer clientes, investidores e acionistas. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 71 Segundo Vargas (2008), projeto é um empreendimento não repetitivo caracterizado por uma sequência lógica e clara de eventos a atingir um objetivo claro e definido. O gerenciamento de projeto é, portanto a aplicação de conhecimento, habilidades e técnicas específicas para as atividades únicas, que requer uma gama de conhecimento bastante diversificado para gerir o projeto adequadamente, no intuito de alcançar ou superar uperar os objetivos do mesmo. A identificação das necessidades do projeto estabelece objetivos claros e palpáveis, atendendo às expectativas de todas as partes interessadas, balanceando qualidade, escopo, tempo e custo, sempre obedecendo à chamada teoria da tripla restrição. Para Menezes (2009) os gerentes de projeto, normalmente, balanceiam três fatores conflitantes: tempo, custo, e um terceiro fator que pode ser escopo ou qualidade, dependendo da visão adotada. Além de inserir nas organizações ferramentas as que auxiliam as habilidades de planejar, implementar e controlar as atividades, assim como mudar a maneira de utilização de seu pessoal e dos recursos da organização. O gerenciamento desenvolve novos métodos de gestão e difundi o conhecimento dentro da organização, utiliza equipes para resolver problemas que antes eram tratados por uma só pessoa, aumenta o nível de cooperação entre as pessoas, gerando um ganho para a organização sendo um meio de transformação do velho para o novo conceito de gestão projetizada projetizada (KERZNER, 2010). O gerenciamento de projetos emprega uma mudança natural de gestão da organização neste sistema competitivo global onde o produto deve estar disponível o mais rápido possível para o consumidor, o tempo de resposta das empresas está cada ada vez menor e as decisões têm que ser tomadas mais cedo. Onde a informação e o conhecimento crescem, mas o prazo para localizar e utilizar o conhecimento diminui em uma velocidade exponencial. Os projetos aumentam tanto em tamanho, quantidade como em complexidade complexidade e multidisciplinares na busca dos objetivos como desempenho, duração e custos sejam alcançados. Assim como os desejos e as expectativas dos clientes e de todos os stakeholders. A partir de 1950 as técnicas de gestão de projetos começaram a ser estruturadas struturadas formalmente e consolidadas até a década de 1990. Quando a ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 72 globalização da economia era impulsionada e a recessão econômica de vários países apareceu no cenário mundial. Isso fez com que as empresas procurassem tipos de qualidade, em prazos e preços preços cada vez menores, aliados a necessidade de se adquirir a confiança e a satisfação dos clientes. Como um fator crítico para sucesso dos negócios, o gerenciamento de projetos se torna um fator crucial para as empresas inseridas nessa nova economia (SLACK ET AL., ., 2010). Na década de 1970, a primeira edição do Project Management Quaterny (PMQ) foi publicada, pelo PMI que é uma associação sem fins lucrativos, cujo principal objetivo é definir a gestão de projetos no mundo. Em 1996 fora publicado o principal documento do PMI a Guide To The Project Management Body Oh Knowledge (PMBOKGUIDE). O PMBOK é um conjunto de práticas em gerência de projetos que constituem a base da metodologia de gerência de projetos, estas práticas são compiladas na forma de um guia. O PMI tem o compromisso com a expansão e melhoria de PMBOKGUIDE, assim como com desenvolvimento de padrões adicionais para a gestão de projetos. 2.2 GERENTE DE PROJETOS PROJE O gerente de projetos trabalha para integrar as diversas áreas do projeto a fim de alcançar ançar o seu objetivo é a peça chave para o sucesso dos projetos. O mesmo precisa ter uma vasta gama de competências e saber usa-las. usa O gerente de projetos deve tanto liderar, quanto gerenciar um projeto e garantir que o conhecimento adequado e os recursos estejam disponíveis quando e onde forem necessários, coordenando e integrando toda a equipe, assim como alcançar os objetivos do projeto. Com a utilização de mecanismos, técnicas, ferramentas e metodologias adequadas para chegar ao resultado desejado. O profissional que geri um projeto deve possuir conhecimentos básicos para desempenhar suas funções. Um know-how de técnicas de gerenciamento de projetos, conhecimento das normas e regulamentos da área de aplicação do projeto, entendimento ambiental do projeto jeto no ambiente cultural e social, internacional e político, assim como ambiente físico (caso o projeto afete o meio físico onde o projeto está inserido), pois ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 73 geralmente o projeto são planejados e implementados em um conceito social, econômico e ambiental,l, e possuem impactos positivos ou negativos que devem ser considerados (ALVES ET AL., AL 2009) Deve possuir conhecimento e habilidades gerenciais como o planejar, organizar, executar e controlar entre outras, possuírem habilidades interpessoais como: liderança, ça, comunicação, influência sobre a organização e as pessoas inseridas no projeto, motivação, resolução de problemas, negociação e gerenciamento de conflitos. Forsber e Saukkorii (2007) indicam um aspecto muito interessante quanto á visão e a tarefa que este ste profissional possui. O gerente de projetos representa, entre outras coisas, os anseios e desejos dos diretores, dos membros da alta cúpula administrativa e dos acionistas das empresas. Ele age como filtro e catalisador do empreendimento, ou seja, é ele que filtra e direciona as informações oriundas das diversas partes. Agindo como um facilitador dos processos, atribuindo propriedade, nivelando as informações entre os envolvidos, mantendo o ritmo e abrindo caminho para que as equipes possam trilhatrilha los. O gerente de projetos pode aplicar várias metodologias para um bom gerenciamento do projeto, uma das metodologias mais usadas é a metodologia Lean thinking ou também conhecida como mentalidade enxuta (HICKS, 2007). 2.3 LEAN THINKING Também chamado de mentalidade enxuta, é uma abordagem que pode ser adotada para a aplicação do Lean thinking no gerenciamento de projetos, sendo que seu princípio é utilizar a menor quantidade de recursos em sua execução, se comparada a outros processos utilizados utilizados nos projetos; aplicar metade do esforço tradicionalmente empregado por pessoas envolvidas no processo produtivo; não exige o volume tradicional de investimento em ferramentas e componentes, tem o tempo de planejamento reduzido devido a seu “autoconhecimento” “autoconhecimento” e à redução de desperdícios; dispensa grandes volumes de estoque de matérias primas e de recursos; origina produtos e/ou serviços com menor incidência de defeitos, devido ao seu planejamento e escopo. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 74 Segundo Menezes (2009) a meta estabelecida na adoção da Produção Enxuta é baseada na combinação da filosofia com sistemas e técnicas ou ferramentas para sua operacionalização, em busca de obter alta produtividade. Em um mercado cada vez mais competitivo e ágil o Lean thinking vem direcionar os projetos etos para um novo patamar baseado na melhoria continua, na eliminação de desperdício, na entrega do valor, ou seja, exatamente aquilo que o cliente deseja. (RIEZEBOS ET AL., 2009). O Lean thinking norteia o gerente de projetos para trabalhar com pequenos lotes otes de entregas, com redução de tempo de cada processo, mas exige qualidade, flexibilidade e baixo custo, eliminando as perdas e os desperdícios. O conceito “enxuto” ganha força entre os gerentes de projetos incorporando novas ferramentas para ampliar a eficiência e a eficácia de seus processos produtivos do projeto, contribuindo para a construção de processos focados para a qualidade, padronizados, contínuos, e com o menor custo possível, inclusive ajustando à demanda ao escopo para que a tripla restrição restrição seja respeitada e seguida (HICKS, 2007). Um projeto “enxuto” não é pelo seu grau de automatização, mas sim a sua organização. Afinal projetos desorganizados não estão alinhados com a organização, muito menos com o cliente, são maus gerenciados, possui falta fa de cronograma, recursos não nivelados com a necessidade do projeto, falta de planejamento, controle, comunicação ineficiente e a adição de recurso que não são necessários ou a falta de recursos necessários para o bom andamento do projeto entre outros fatores. A incorporação do Lean thinking nos projetos exige reflexão e planejamento para que seja muito bem compreendido e executado, desenvolvendo uma estratégia de aplicação, testa-la la e não confiar em pressupostos de outros players. Pois cada organização é única, com sua cultura organizacional e seus valores, sendo assim cada empresa deve criar sua própria metodologia enxuta para gerenciar seus projetos. Entre os recursos mais desperdiçados dentro de um projeto pode-se pode citar: tempo, pessoas não qualificadas qualificadas ou não adequadas, dinheiro, matéria-prima matéria e processos/atividades que não agregam valor. Esses desperdícios muitas vezes acontecem, pois não há um entendimento por parte de alguns gestores de projeto ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 75 que, para se obter eficiência há uma necessidade de identificar identificar as atividades que compõem os processos inseridos no projeto, classificar quais processos agregam ou não valor ao projeto, observando atividades necessárias e desnecessárias (VARGAS, 2008). O desperdício deve ser identificado dentro do projeto e seu s processo de identificação acontece mediante o mapeamento do processo produtivo em todas as fases do projeto e do estudo da eficiência gerada por cada processo dentro do projeto. A metodologia enxuta parte do princípio de que, quando eliminamos o desperdício dício dos processos e procedimentos, há um ganho na eficiência de cada processo, produzindo somente aquilo o que foi identificado no escopo do projeto. O controle da identificação dos desperdícios no processo produtivo é responsabilidade do gerente do projeto, projeto, sendo a única autoridade capaz de eliminar funções, cargos, recursos e processos sem sentido ou que trazem desperdícios, realizando uma alteração no processo enfatizando o valor gerado por cada integrante, processo, recurso, técnica, ferramenta inserida inserida no projeto. (GIANNINI, 2007). Para Vargas (2008) a identificação do desperdício torna-se torna se a principal tarefa dentro da adequação do projeto junto a metodologia enxuta, sendo sustentada por meio de uma série de componentes de gestão, como: realizar o planejamento pla constante em cada processo do projeto, com foco nas pessoas que dele participam, e não somente nas tarefas realizadas, difundir entre os participantes do projeto o conhecimento dos conceitos de qualidade e dos desperdícios de cada processo, gerando do entre os integrantes uma proposta de mudança, delegar funções e responsabilidades, distribuir as atividades de modo a não sobrecarregar as pessoas, motivar todos os envolvidos do projeto, manter uma postura ética e voltada às competências das pessoas, reconhecer reconhecer e gerenciar as relações interpessoais, eliminar o improviso, promovendo o raciocínio e o planejamento dos processos, atividades e tarefas, criar e manter o valor agregado de cada processo, implementando o número correto de ferramentas de controle, controle para se evitar dedicação excessiva de temo a elas, eliminar desperdícios, prever variações e distorções no processo produtivo do projeto e tratar cada uma delas mitigando os risco decorrentes destes fatores. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 76 Para Giannini (2007) os pilares da mentalidade mentalidade enxuta são cinco de uma filosofia efetiva de ganho na eficiência e na redução do desperdício nos processos e a sua aplicação no gerenciamento de projetos, pode ocorrer desde que estes princípios sejam respeitados, conforme mostra o quadro 1. Quadro 1 - Cinco pilares da mentalidade enxuta • Entender e interpretar qual o valor esperado para o projeto, e levantar as características que se fazem necessárias para alcançar este objetivo, garantindo assim a entrega de valor almejado mejado do projeto para o cliente. Para se chegar a isso é fundamental na fase de elaboração do escopo do projeto, que o valor seja acurado, pois o mesmo no desenvolvimento da mentalidade enxuta é o primeiro passo, para se chegar ao resultado final esperado de um projeto, seja a elaboração de um produto ou serviço. • O valor somente pode ser sentido, se for concretizado em forma de solução expressa em termos do produto/serviço antes especificado pelo cliente do projeto. O gerente do projeto antes de desenvolver desenvolve o resultado exigido pelo cliente em relação ao valor, ele deve identificar e verificar onde o valor é gerado no O valor significativo para o projeto fluxo do projeto. • O desperdício é a contramão do valor para evita-lo evita basta oferecer benefícios aos clientes conforme solicitado, utilizando as técnicas, ferramentas e recursos necessários para o bom andamento do projeto, evitando o desperdício de tempo, recursos, pessoal entre outros. O não entendimento do verdadeiro valor do projeto e um planejamento falho na elaboração do escopo do projeto e traz t consigo uma definição e planejamento inadequado para projeto, provocando uma falta de visão clara das expectativas no cliente, estimativas errôneas de orçamento, prazo e recursos, além de um controle inadequado do escopo, pois o mesmo foi elaborado com uma visão destorcida do que realmente é esperado do projeto. • Identificação do fluxo de criação de valor • Criar um plano de fluxo eficiente e eficaz para entregar valor ao cliente, observando sempre os processos envolvidos e entregar mais valor ao cliente sempre focando o que foi planejado no escopo do projeto. Para se conseguir isso, após a definição do valor esperado do produto e/ou serviço final de um projeto, é preciso observar a cadeia produtiva do projeto, essa cadeia é o conjunto de atividades em sequência utilizadas para desenvolver o produto e/ou serviço. Para identificar em cada processo, as atividadess que agregam valor, as que não agregam valor e os desperdícios, pois o passo inicial para se obter um processo lean thinking é mapear a cadeia de valor de cada processo inserido no projeto. Todo desperdício na cadeia de valor deve ser eliminado, para se permitir ermitir compreender exatamente ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 77 a sequência de atividades como um fluxo continuo que promove a geração de um produto e/ou serviço, estabelecido por suas entradas e saídas de cada processo. A cadeia de valor nada mais é do que um conjunto de ações requeridas para mover o produto e/ou serviço por meio das principais tarefas inseridas no projeto. Este conjunto de ações que permeiam cada processo deve fazer com que as entradas e saídas sejam análogas, para favorecer a compreensão de toda a cadeia de valor, realizar reali o planejamento do estado ideal da cadeia de valor, reduzir os desperdícios identificados com ações apropriadas, a transformação da real cadeia de valor é ideal para o bom andamento do projeto é o esperado neste pilar para a entrega do valor esperado pelo sponsor do produto e/ou serviço como resultado final. • • Fluxo Contínuo • Produção Puxada Dar fluidez ao projeto, ou seja, fazer o projeto fluir, eliminando etapas desnecessárias ao longo de toda a execução do projeto. O fluxo contínuo é compelido após uma mudança gradual do pensamento e do comportamento de todos envolvidos com o projeto, voltando-os os para a mentalidade enxuta, integrando todo o projeto em um único ciclo contínuo, eliminando custos, maximizando a expectativa para que o valor esperado seja ressaltado. Dentro da cadeia de valor o fluxo prega a integração de forma contínua, se desligando das estruturas tradicionais funcionais e da categorização e administração das tarefas por tipo. O fluxo contínuo é alcançado refletindo as necessidades dos clientes, é padronizado ado e confiável, permite uma comunicação clara e transparente entre todos os envolvidos no projeto e mantem um alto tempo de agregação de valor. O efeito deste pilar no projeto pode ser sentido rapidamente pois o tempo de resposta para problemas que venham ocorrer durante o projeto imediato ou até antecipado para que o problema não ocorra, tornado os processos mais rápidos e eficiente, utilizando adequadamente cada recurso disponível dentro do projeto. Portanto permite que a execução antecipada de processos,, pois quebrar o projeto em pequenas partes deixando-o o manejável e de fácil controle favorecendo a qualidade do valor entregue. Atendendo assim o quarto pilar da mentalidade enxuta o puxar. Sequenciar eficientemente as tarefas, de maneira que não ocorra parada no decorrer do projeto. Tarefas posteriores só iniciam quando houver garantia de que a tarefa anterior foi concluída em todos os requisitos e com garantia de qualidade. Neste pilar as tarefas de cada processo ocorrem mediante o input ou demanda pelo produto ou serviço, por parte do cliente daquele processo, eliminado processos desnecessários, recursos, controles, ferramentas, técnicas, indicadores em excesso e tempo despendido para tarefas ou atividades que não agregam valor. Nesta fase se o importante é respeitar a demanda e o fluxo de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 78 trabalho para que o fluxo de valor passe a ser “puxado” pelo cliente do processo. Para que haja uma diminuição de atividades empreendidas antes do real estabelecimento da demanda, redução do tempo de cada processo, equilíbrio entre demanda, variações do fluxo de trabalho e de recursos disponíveis seja ele material, financeiro, humano ou tempo. Este pilar prega a busca pela aproximação entre o produto e/ou serviço resultado do projeto e a necessidade do mercado que está em constante mudança. Durante todo o processo produtivo de um projeto o gerente deve sempre buscar a melhoria e o aperfeiçoamento contínuo, envolvendo todos os membros da cadeia de valor. Para que haja uma real compreensão do o valor exigido pelo cliente. A agilidade no mapeamento e na identificação de problemas, riscos e suas soluções na cadeia de valor, a eliminação de gargalos e recursos ineficientes para o fluxo contínuo e a busca por adequar os níveis de atividade ás demandas das internas de cada processo envolvido no projeto. • Contudo, utilizar os princípios lean thining é uma maneira de dar o tom ideal à execução do projeto, disseminando essas práticas para todos os envolvidos e interessados no projeto, criando um espelho que faz com que as pessoas evitem caminhos desnecessários e foquem verdadeiramente todos os esforços no produto final, deixando-o deixando com o valor esperado pelo cliente. Fonte: Adaptado de Gianni (2007) • Perfeição Os pilares são importantes para qualquer projeto, mas para se realizar um projeto é necessário um conhecimento das nove áreas do projeto, que segundo Dennis (2008) são: • Gerenciamento da integração do projeto: Garantir que todas as necessidades dos envolvidos envolvidos sejam atendidas ou superadas pelo projeto. Esta área normalmente se confecciona um plano global de gerenciamento do projeto. Este plano deve detalhar como será a execução e o controle do projeto, deve conter os planos de gerenciamento de todas as outras outr áreas e também as informações necessárias para a condução do projeto. Devem se explicitadas as restrições do projeto e as estratégias para a melhoria das mesmas. • Gerenciamento do escopo do projeto: Consiste em definir, estruturar e alocar esforços no intuito intuito de assegurar que o produto ou serviço seja obtido em conformidade com as especificações técnicas e funcionais, e que haja o ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 79 mínimo de alteração durante o ciclo do projeto. É aqui onde devem ficar explícitos a todos os envolvidos a definição e o detalhamento detalhamento do escopo. • Gerenciamento de tempo do projeto: Tem por função garantir que o projeto seja concluído dentro do prazo determinado. Trata-se Trata se do planejamento e monitoramento das ações a serem tomadas ao longo do projeto. O cronograma do projeto é a referência referência para o gerenciamento do projeto. • Gerenciamento de custos do projeto: Deve garantir que todos os recursos necessários para a realização do projeto estejam dentro do capital disponibilizado para tal. Segundo o PMBOK, o gerenciamento de custos pode ser subdividido em: planejamento de recursos, estimativa de custos, orçamentação e controle de custos. • Gerenciamento da qualidade do projeto: Esta é a área que deve promover a finalização do projeto dentro dos padrões de qualidades especificados e, por conseguinte, uinte, garantir a satisfação do cliente e de todos os envolvidos. • Gerenciamento de recursos humanos do projeto: Promover a perfeita integração entre os envolvidos, enfatizando o trabalho em equipe e evitando conflitos. Deve definir as responsabilidades individuais individuais de cada envolvido desde o início até o final do projeto. • Gerenciamento das comunicações do projeto: É responsável pela perfeita integração entre as áreas do gerenciamento do projeto com um processo de comunicação ágil, amplo, simples e direto o bastante bastante para não gerar distorções de conteúdo e atrasos nas ações requeridas pelos envolvidos. • Gerenciamento de riscos do projeto: Fica responsável por levantar todos os riscos potenciais do projeto, mapeá-los, mapeá los, e buscar mitiga-los mitiga ao máximo. Conforme o PMBOK PMBOK o gerenciamento de riscos é dividido em: identificação dos riscos, qualificação dos riscos, controle dos riscos e ações para mitigação dos riscos. • Gerenciamento de contratos do projeto: Deve garantir que todo produto e/ou serviço seja fornecido para o projeto projeto de acordo com as especificações e prazos previamente estipulados. estipulados Através da utilização dos 5 (cinco) pilares, uma empresa que utiliza o Lean Thining em seus projetos, pode ter muitos benefícios como afirma Giannini, 2007): ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • Reduzir erros que chegam até os clientes; • Resolver os erros de imediato quando chegar ao cliente; • Reduzir acidentes no processo e na execução do projeto; • Reduzir desperdícios no processo e na execução do projeto; • Oferecer produtos que os clientes querem e no tempo que desejarem; • Reduzir eduzir o tempo de lançamento de novos produtos; • Reduzir custos sem perder a qualidade; • Melhorar a produtividade da mão-de-obra mão obra ao longo do tempo. 80 3 CONCLUSÕES A lean thinking ou mentalidade enxuta não é considerada como a agregação de técnicas a um processo produtivo convencional, e sim considerada uma nova concepção de processo, agora integrado por meio de balanceamento da organização e do fluxo de atividades. É um conceito que varia conforme cada área de trabalho e têm objetivo de agregar valor as suas atividades. Padrões de implementação desse conceito surge na medida em que ocorre sua aplicação e são, em maioria, de reponsabilidade dos próprios gerentes do projeto. Portanto, Portanto, cada projeto pode e deve identificar sua forma especifica de estruturação lean thinking,, de mudança cultural e de organização, e no envolvimento dos colaboradores internos quanto dos interessados externamente. A mentalidade lean thinking permite a obtenção ção de melhorias no projeto de acordo com sua necessidade. Busca por padronização de processos e atividades estabelecendo benefícios a partir do momento em que as empresas começam a adotar a mentalidade enxuta. O gerenciamento deve ser aplicado utilizando conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas, onde se destacam as recomendações do PMI. Gerenciar projetos com eficiência constitui-se constitui se não apenas em um grande desafio das empresas na atualidade, mas é o fator crítico para o sucesso dos projetos e para par sua sobrevivência frente a competitividade cada vez mais acirrada. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 81 Gerenciar projetos com eficiência requer um esforço, determinação e conscientização das empresas em adotar novas metodologias de gerenciamento de projetos, como no caso em questão a lean thinking,, que deve ser aplicada principalmente através do treinamento da equipe que irá utilizá-la utilizá e principalmente os gerentes dos projetos, que é a aquele que tem melhores condições de ver as necessidades do projeto e onde a metodologia poderá ser aplicada aplic com maior eficiência e eficácia. Portanto, para alcançar a excelência no gerenciamento de projetos é preciso fazer uso de uma metodologia que busque uma padronização para atender da melhor forma as necessidades das empresas e dos clientes. O sucesso da a implementação da Lean Thinking é a transparência, uma vez que só se obterá sucesso com sua aplicação quando as informações forem passadas de forma clara e precisa e com uma equipe dedicada e que a compreenda. 4 REFERÊNCIAS 1. ALVES, T.C.L.; NETO, J.P.; Heineck, L.F.M.; KEMMER,S.L; PEREIRA, P.E. 2009. Incentives and Innovation to Sustain Lean Construction Implementation. Implementation Proceedings of the 15th International Group for Lean Construction Conference, EUA. 2. CABRAL, R. H. Q.; ANDRADE, R. S. de. Aplicabilidade do Pensamento Enxuto.. ENGEP, 1998. Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep1998_art393.pdf. Acesso em: 11 jun. 2014. 3. CAVALIERI, A.; DINSMORE, P. C. Como se Tornar um Profissional em Gerenciamento de Projetos. Projetos. 2. Ed. 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FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 83 A ANÁLISE ESTRATÉGICA E SUA CONTRIBUIÇÃO NA EVOLUÇÃO DE UMA PEQUENA EMPRESA NO RAMO DE CALÇADOS DA CIDADE DE BAURU/SP (STRATEGIC STRATEGIC ANALYSIS AND YOUR CONTRIBUTION IN EVOLUTION OF A SMALL BUSINESS IN THE FOOTWEAR INDUSTRY IN CITY OF BAURU/SP) MARCOS DANIEL GOMES DE CASTRO a,*, TIAGO PEREIRA b, FERNANDA SEROTINI GORDONOc a,* Mestre em Engenharia da Produção, Professor da FACOL [email protected] b c FAAG SENAI/FAAG Neste artigo foi realizado um estudo de caso em uma loja de calçados localizada na cidade de Bauru/SP, segmento competitivo dado ao volume de concorrentes diretos. Atualmente com a concorrência e a abertura de novos mercados, a empresa de pequeno porte poderá ter dificuldades em se manter competitiva se não pensar em planejamento estratégico. Assim, o estudo mostra a importância de realizar o planejamento estratégico em qualquer porte ou qualquer segmento e que para isso há ferramentas que podem auxiliar auxiliar os administradores a conhecerem melhor seus ambientes internos e externos para que possam criar ações e estratégias mais pontuais na realização de seu planejamento. Muitas empresas pequenas estão despreparadas para atender as crescentes exigências dos dos consumidores, que são atraídos por facilidades oferecidas pelas empresas maiores. Neste cenário os consumidores acabam por buscar lojas com diferenciais que os atraem e conquistam como clientes. E, para que estes diferenciais possam ser oferecidos é necessário essário que as empresas, saibam como conduzir seus negócios. O trabalho foi desenvolvido a partir da entrevista com os colaboradores, onde foi possível identificar as principais forças internas e externas que atuam sobre o negócio, utilizando assim a análise se SWOT, também foi utilizada a ferramenta 5W2H, que tem como objetivo eliminar possíveis erros que possam ocorrer durante o processo de implantação do planejamento estratégico, uma vez que uma estratégia mal implantada pode acarretar prejuízos para as empresas. emp Palavras-chaves: Análise SWOT. Estratégia. Ferramenta. In this article a case study was conducted in a shoe store store located in the city of Bauru/SP, SP, competitive segment given the volume of direct competitors. Currently with the competition and the opening of new markets, the small business may find it difficult to remain competitive if they do not think of strategic planning. Thus, the study shows the importance of conducting strategic planning for any size or segment, which means that there are tools that can help managers to better understand its internal and external environments so they can create more specific actions and strategies in achieving g their planning. Many small businesses are unprepared to meet the growing demands of consumers, who are attracted by amenities offered by larger companies. In this scenario consumers end up with differential seek stores that attract and win as customers. And, that these differentials can be offered is ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 84 necessary that companies know how to conduct their business. The work was developed from interviews with staff, it was possible to identify the key internal and external forces acting on the deal, so using the the SWOT analysis, the 5W2H tool, which aims to eliminate possible errors was also used which may occur during the deployment process of strategic planning, since a poorly implemented strategy can result in losses for businesses. . Keywords: SWOT Analysis. Strategy. Tools. 1. INTRODUÇÃO Atualmente uma empresa poderá não se manter no mercado se não elaborar sua estratégia. A pesquisa foi realizada através de um estudo de caso aplicado em uma loja de roupas, sapatos e acessórios femininos, empresa de pequeno porte que como muitas têm dificuldade quando pensar em traçar seu planejamento estratégico. Foi mostrado para estes pequenos empresários que existem métodos na administração, de baixo custo e de fácil entendimento que os auxiliará a identificar as falhas e corrigi-las las e, a aproveitar as oportunidades que surgirem. Foi aplicado a análise SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats) que foi desenvolvida na escola de Harvad, método utilizado para identificar as forças, fraquezas, oportunidades e as ameaças ameaças da empresa, fazendo uma análise interna e externa do ambiente. Ponto importante da pesquisa, pois é neste momento que permite com o que o administrador reflita sobre o seu negócio, de como ele é visto no mercado, que se atente ao seu concorrente, que que perceba a importância e influência do fornecedor, enfim, é quando passará a visualizar a empresa como um todo e possivelmente identificar as oportunidades. (COSTA, 2009). Depois de assinalados os pontos positivos e negativos da empresa, foram definidos oss pontos que proporcionarão a elaboração do planejamento estratégico por meio da ferramenta 5W2H. Esta análise contribui para que não se perca o foco, ou seja, determina-se: se: o que irá fazer? Por que fazer? Onde fazer? Quem fará? Quando fazer? Como fazer? Quanto Quanto custa? Desta forma permite com que o empresário elabore a estratégia conforme a necessidade da empresa e não de acordo com a sua vontade. (HENRIQUE, 2011). Oliveira (2014) menciona que para a empresa delinear o seu futuro é primordial terem um planejamento amento estratégico estruturado: Na realidade, os executivos deveriam entender que esse é o momento ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 85 primordial para as empresas terem um planejamento estratégico estruturado, pois só assim poderão delinear um futuro esperado para suas empresas e maneiras de alcançar ou se aproximar, o mais possível, desse futuro desejado. Inclusive, se uma maneira não der certo, o executivo já sabe, anteriormente, como pular para outra maneira no momento certo e de forma adequada. (OLIVEIRA, 2014, p. 3). O planejamento estratégico estratégico na organização é um ponto muito importante, podendo dizer até que vital, pois é onde o empresário define a longo ou em curto prazo quais serão as suas atividades, não tê-lo tê lo definido é como declarar de certa forma que a empresa não sabe para onde vai. vai O objetivo do artigo é apresentar para pequenas empresas como a análise SWOT e a ferramenta 5W2H podem ser utilizadas como ferramentas estratégicas de gestão. Já o objetivo da pesquisa é orientar pequenos comerciantes como manter-se manter no mercado, abordando conceitos básicos do planejamento estratégico e demonstrar como os empresários poderão explorar as ferramentas que têm disponíveis, aproveitando-as aproveitando cada oportunidade que surge. Para tanto serão realizadas algumas etapas importantes para elaboração de um Planejamento Estratégico, citadas por Filho (2010): • 1º Avaliação o ambiente; • 2º Estabelecer o perfil estratégico; • 3º Quantificar os objetivos; • 4º Formalização Ações Estratégica O tema para o artigo foi escolhido com intuito de auxiliar os pequenos empresários ários através dos conceitos básicos da administração a conduzir o seu negócio com procedimentos e normas que facilitará no seu dia a dia. O fundamento será de buscar e permitir que mesmo as pequenas empresas possam manter-se se competitivas no mercado onde atuam, atuam, com a utilização de ferramentas da administração. Através da análise nos processos é possível identificado possíveis falhas, apontando de forma metodológica melhorias, para melhor atender as necessidades do lojista e de seus consumidores. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 86 2. METODOLOGIA LOGIA (DESENVOLVIMENTO) (DESENVOLVIMEN 2.1 REPRESENTAÇÕES DAS D MICROEMPRESAS DO BRASIL As microempresas são pequenas empresas que, de acordo com o SEBRAE, a Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte foi instituída em 2006 para regulamentar o disposto na Constituição Brasileira, que prevê o tratamento diferenciado e favorecido à microempresa e à empresa de pequeno porte. No Brasil o governo considera micro empresa toda pessoa jurídica e que tenha uma receita bruta no ano anterior igual ou inferior a R$ 360.000,00 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais). Para essas empresas a tributação é diferenciada dos demais portes, pois perante o mercado sua situação é indefinida. Existe também um estatuto que favorece as microempresas e as empresas de pequeno porte. O governo incentiva estas empresas ao crescimento lançando programas para liberação de créditos para aumentar o investimento; toma medidas de modo a facilitar na legalização dessas empresas, uma vez que muitas delas não estão devidamente cadastradas; incentivo fiscal fisc e etc. Nota-se se que as microempresas têm uma grande representação na economia brasileira, porém mesmo com todos os dados apresentados segundo estudos do Sebrae essas empresas fecham suas portas antes mesmo de completar cinco anos. 2.2 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E Há muito tempo que se fala em planejamento, sobre sua importância e sua implantação nas organizações. É nele que empresários de sucesso se baseiam para tomar decisões. Porém vale lembrar que é de suma importância a análise de todos os pontos, pois todo planejamento envolve risco que podem ser prejudiciais ou não. O planejamento é o processo pela qual se atinge os objetivos e metas, são atitudes tomadas no presente a partir do estudo feito com o que vai acontecer no futuro. (KUDER, 2011). Planejamento amento estratégico corresponde ao estabelecimento de um conjunto de providencias a serem tomadas pelo executivo para situação em que o futuro tende a ser diferente do passado, entretanto, a empresa tem condições e meio de agir sobre as variáveis e fatores, de modo que possa exercer alguma influência, o ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 87 planejamento é, ainda, um processo continuo um exercício mental que é executado pela empresa independentemente de vontade especifica de seus executivos. (OLIVEIRA, 2014). A elaboração de um planejamento estratégico estratégico aumenta a probabilidade de que, no futuro, a empresa esteja no lugar certo, um plano estratégico indica que a empresa está na direção certa, com as tomadas de decisões corretas e com um planejamento adequado impede que sofram riscos no decorrer do processo. p Para Chiavenato (2014) a estratégia da empresa deve caminhar junto com a estrutura. A estrutura segue a estratégia assim como o pé esquerdo segue o direto ao se caminhar. Na verdade, o desenvolvimento da estratégia e o projeto da estrutura suportam m a organização, bem como se apoiam mutuamente. Um sempre precede o outro e o segue, exceto quando ambos se movimentam em conjunto, quando a organização salta para uma nova posição. A formação de estratégia é um sistema integrado, não uma sequência arbitrária. arbitrá Para alcançar o que almeja é necessário planejar, traçar os objetivos e metas. As empresas preocupam-se preocupam se em buscar foco no que traz maior rentabilidade, maior lucro e assim atingir o que foi estabelecido. Objetivos são os resultados desejados, que orientam orientam o intelecto e a ação. São os fins, intenções ou estados futuros que as pessoas e as organizações pretendem alcançar, por meio da aplicação de esforços e recursos. Embora nem sempre estejam explícitos, os objetivos é a parte mais importante dos planos. planos Há quem afirme que, sem objetivos, não há administração. (MAXIMIANO, 2009). Uma empresa de vendas de calçados tem como objetivo vender o maior número de calçados dentro de uma meta estabelecida no mês, assim será necessário mensurar os resultados atingidos atingidos e comparar com o que foi planejado, normalmente deve-se se ser cumprida, e assim a empresa terá lucros, para no próximo mês aumentar a meta. As metas informam quais são as prioridades ou conjunto de prioridades a serem alcançadas. Elas devem sempre ser atingíveis, atingíveis, pois, de outra maneira, podem acabar por desmotivar sua realização. Para Kotler (2012) os objetivos e metas têm papel fundamental no planejamento estratégico, pois estabelecem prazos e quantificam os resultados, tornando o planejamento mais fácil de ser executado. É importante atentar-se atentar que os ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 88 objetivos, assim como as estratégias, devem atender as necessidades da organização e que devem ser algo tangível e não um sonho no imaginário do executivo. 2.3 FERRAMENTAS PARA ELABORAÇÃO DE ANÁLISE E ESTRATÉGICA ESTRAT Para que o desenvolvimento de ações estratégicas seja delineado, é primordial a utilização de conceitos estratégicos para duas ferramentas muito utilizadas na elaboração de ações estratégicas. Serão abordadas essas ferramentas de simples entendimento to bem como sua aplicação, no entanto, os resultados gerados podem colaborar com o crescimento de qualquer empresa, pois ferramentas são conhecidas como matriz SWOT e 5W2H, seguidas de ações eficazes podem mudar a história de uma empresa. Análise SWOT estuda estuda o ambiente interno e externo de uma empresa, através dela é possível definir quais são as fraquezas, forças, oportunidades e ameaças para melhor desenvolver seu planejamento estratégico. Criada por Kenneth Andrews e Roland Christensen na escola de Harvard Harvard Business School na década de 1970 desde então passou a fazer parte das disciplinas nas escolas de negócios. Para Oliveira (2014) antes da análise do ambiente interno e externo é necessário ter uma visão futura da empresa, pois estes pontos serão melhor trabalhados durante o processo. Antes da apresentação dos detalhes da análise externa e interna da empresa, é necessário enfatizar que, embora a finalidade básica do diagnóstico estratégico seja apresentar uma fotografia da empresa e seu ambiente em determinado deter momento, é importante que o coordenador do planejamento estratégico já incentive, nessa fase, o trabalho com dados e situações desejadas no futuro, pois, normalmente, é difícil e frustrante trabalhar apenas com a análise crítica da situação e deixar de lado as expectativas e ações que a equipe participante considera que a empresa deva adotar. (OLIVEIRA, 2014) As fraquezas e forças são fatores internos que é o que a empresa pode controlar como os recursos, os serviços, produtos. Já as oportunidades e ameaças são fatores externos que não é de controle da empresa que é a economia, os concorrentes, os fornecedores e os clientes. De modo sistematizado, através da ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 89 análise é possível identificar os pontos positivos e negativos da organização. Trabalhando os pontos positivos buscando novas oportunidades e melhorias para os pontos negativos, pois é onde a empresa perde para o concorrente. Segundo Periard (2011) a 5W2H é uma ferramenta de check list (lista de controle) onde possui várias atividades que precisam ser desenvolvidas por todos os funcionários da empresa da melhor forma possível. Funciona como um mapeamento de todas as atividades, onde será definido o que será feito, quem fará o que, em qual período de tempo, em qual área da empresa. Será necessário colocar c todas as informações na tabela demonstrando como será feito e qual o custo desse processo aplicado. O método 5W2H consiste na análise de aspectos relevantes à execução de melhorias, produtos, processos e serviços nos negócios. O objetivo é esclarecer, esclarece registrar e refletir sobre os aspectos que envolvem estas implementações. Para isso, o empresário responde a perguntas de forma detalhada e organizada. (SEBRAE, 2011). Ajuda na implantação dos planos estratégicos para que não ocorra interferência durante e sua implantação, é um método que auxilia também os administradores a controlar os custos para que durante o processo não fuja do valor orçado e tudo fica arquivado por escrito. Caso ocorra algum problema pode-se pode ser discutido e o plano revisado, ajustando ajustando todo o processo em tempo, com o conhecimento de todos envolvidos. A 5W2H são siglas com nomes em inglês - What, Why, Where, When, Who, How, How much – onde é definido em tabela quem serão os responsáveis por determinada tarefa. 2.4 EMPRESA NO FUTURO FUTUR Uma a empresa para ser competitiva deve ter bem estruturado o seu planejamento estratégico e não ter dúvidas quanto as suas necessidades e seus objetivos. Cabe ao administrador ter uma visão geral da empresa, e de todos os seus departamentos, conhecer a fundo cada função para que dessa forma possa identificar os gargalos e saber onde o seu negócio ganha para o concorrente, ou seja, o que a empresa faz de melhor para que a partir disso, seja elaborado o seu ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 90 planejamento. Quando o mundo muda, os gerentes precisam de uma visão comum do novo mundo. Caso contrário, decisões estratégicas descentralizadas irão resultar em anarquia gerencial. Os cenários expressam e comunicam esta visão comum, uma compreensão como uma das novas realidades para todas as partes da organização. organiz (CHIAVENATO, 2014). Ainda segundo o autor, os gerentes têm que ter uma visão do mundo, ou seja, conhecer o mercado econômico para saber onde cabe investir, saber quais são as tendências, para que assim possa identificar qual as necessidades dos seus clientes. Ter visão de mundo é não apenas está dentro dele, mas sim viver nele. Saber o que os clientes pensam da empresa é fundamental para identificar as falhas, deixar a comunicação aberta com os consumidores além da melhoria dos erros apontados, para que que o relacionamento entre empresa e cliente seja saudável permitindo um retorno rápido e sincero. O administrador conhecendo a sua empresa, as suas necessidades e a dos seus clientes, é o momento de definir seu planejamento estratégico, colocar no papel tudo do o que será feito para que assim não perca o foco durante a sua implantação. Quase todos concordam que pensamento estratégico significa ver a frente. Mas você não poderá ver a não ser que seja atrás, porque qualquer boa visão do futuro tem de estar enraizada izada na compreensão do passado. (FILHO, 2010). A empresa tem que pensar como está hoje e como pretende estar daqui a cinco anos. Deve-se se usar o bom senso quando pensado no futuro, pois conforme já mencionado, a situação da empresa no futuro depende de como com está no presente. Esta demarcação permite aos gerentes definir, onde quer chegar e como quer chegar. Cabe aos gerentes acompanhar tudo o que foi definido, a implantação das melhorias apontadas e que saiba decidir quando uma estratégia não vai de acordo com om o planejamento para mudar, pois existem forças externas que influenciam empresa. A verdadeira estratégia tende a evoluir a medida que decisões internas e eventos externos fluem em conjunto para criar um novo e amplo consenso para ação entre os membros--chave have da equipe gerencial. As organizações bem dirigidas, ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 91 os gerentes guiam pró--atividade atividade essas correntes de ações e eventos, de forma incrementar, na direção de estratégias conscientes. (KOTLER, 2012). Todas as organizações devem sempre pensar no crescimento crescimen e colocá-lo em prática. Ter essas informações traçadas e bem estruturadas no planejamento estratégico é essencial para se ter o retorno esperado. 3. ESTUDO DE CASO O objeto de estudo deste trabalho é uma empresa fundada em 2003 na cidade de Bauru, esta ta empresa surgiu da sugestão de uma pessoa da família. Este negócio atua no segmento de calçados desde 2003, seu início é como os demais negócios de pequeno porte, onde as atividades se concentram em locais pequenos neste caso na garagem. Anos após sua inauguração inauguração seu espaço foi ampliado devido a exigência do mercado. Hoje a loja possui um amplo espaço onde parte dos produtos ficam expostos no salão em prateleiras, e algumas amostras, ficam nas vitrines e em alguns locais estratégicos no ambiente. A loja possui 2 provadores climatizados. Possui também um local reservado para que as clientes possam tomar um café ou uma água durante as compras. Tem um grande balcão espelhado e bancos para prova dos calçados. A loja possui cinco funcionárias sendo uma responsável responsável pela limpeza do local e mais quatro que são vendedoras. Seus concorrentes identificados pela gestora são as lojas do shopping e do centro da cidade, que não ficam próximo. Não considera as lojas da região uma ameaça, pois não atendem a mesma classe. 4. RESULTADOS OBTIDOS A pesquisa foi realizada através de um questionário estruturado no dia 10 de outubro de 2014, o público respondente foram 4 vendedores. As respostas dos participaram serviu como base para a análise do ambiente interno e externo (análise ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 92 estratégica), identificando ificando os pontos fortes, fracos, as oportunidades e as ameaças para que dessa forma seja possível apontar melhorias e definir o planejamento estratégico. Com base no método análise SWOT, os participantes responderam questões no formato de uma matriz identificando identificando os pontos a serem analisados, esta permitir que o empresário pense sobre como o seu negócio está atuando no mercado o que é fundamental. Podendo assim trabalhá-las trabalhá las de modo a trazer resultados para a empresa. Como é uma loja que vende roupas, calçados e acessórios femininos, será realizada pesquisa de modo a identificar qual é o relacionamento que a empresa tem com seus fornecedores. Através de perguntas onde será possível identificar a importância que cada fornecedor tem com o seu negócio. A ferramenta erramenta 5W2H será aplicada de modo a estruturar o planejamento estratégico. Este método define o custo, duração, quem serão os responsáveis pelo projeto antes da aplicação das melhorias apontadas. O administrador deverá ter muita cautela ao escrever seu planejamento, pois uma escolha incorreta poderá causar grandes prejuízos para a empresa. Fazendo uma análise SWOT (Quadro (Quadro 1) da empresa, baseado nas respostas dos entrevistados, foi possível verificar que: Ao fazer a análise dos resultados, foi possível averiguar averiguar que o relacionamento com os clientes é um diferencial, obtendo um contato constante, conhecendo o gosto de cada consumidor e tendo a preocupação de entrar em contato quando chega uma peça que possivelmente lhe agrade, faz com que está loja se destaque desta entre os concorrentes. Cada funcionário tem uma boa autoestima, devido ao clima organizacional ser de boa qualidade. As empresas que conhecem seus clientes podem adaptar produtos, ofertas, mensagens, sistemas de entrega e métodos de pagamento para maximizar imizar o resultado de suas campanhas. Hoje as empresas possuem uma ferramenta muito poderosa para reunir os nomes, endereços e outras informações sobre clientes atuais e potencias: os bancos de dados de clientes é um conjunto organizador de dados abrangentes abrangen sobre clientes atuais e potenciais, atualizando, acessível e acionável para propósitos de marketing como geração e qualificação de interessados, venda de um produto ou ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 93 serviço ou manutenção de relacionamento. Quadro 1 - Aplicação da Matriz SWOT Análise SWOT Pontos Fortes Pontos Fracos Entrevistado 1: Vida Social (relacionamento e clientes), e o crediário, pois como é uma loja familiar, ainda se vende muito no crediário. Entrevistado 1: Localização, pois não estamos Atendemos públicos B e C, mas que ainda são fiéis a empresa, mas perdemos alguns clientes nos grandes centros. Entrevistado 2: Estrutura, ter um espaço para para as grandes lojas. Entrevistado 2: Salários rios bons e incentivos expor as roupas. Entrevistado 3: Como é uma loja pequena e (premiações, reconhecimento, benefícios, etc.) e com isso melhora a motivação. Os preços são procura sempre estar trabalhando com a moda, justos e acessíveis ao cliente da loja. algumas vezes os artigos que não foram Entrevistado 3: Os produtos são de excelente vendidos acabam “encalhando”. Não fazemos qualidade e um bom relacionamento entre muitas tas ações para buscar novos clientes. Entrevistado 4: Capacidade de promoção e não funcionários. Entrevistado 4: Os clientes gostam do ter capacidade financeira para investir em atendimento, falam que é diferenciado, uma vez marketing. que a loja procura seus clientes para lhes informar sobre as novidades. A loja tem sempre novidades e acompanha as tendências. Ameaças Oportunidades Entrevistado 1: Explorar os clientes já existente, fazendo promoções direcionados a eles. Entrevistado 2: Trabalhar com empresas localizadas na região e com artigos mais Entrevistado 1: Como também trabalho com o artesanais. Já estamos em contato com alguns “dinheiro” da loja, os impostos e encargos que se desses empreendedores. tem que pagar é muito grande. Entrevistado 3: Melhorar a divulgação da Entrevistado 2: A concorrência com a localização e utilizar mais a internet para a concorrência desleal; divulgação dos produtos e promoções. Entrevistado 3: A demora na entrega das Entrevistado 4: Trabalhar mais a comunicação mercadorias, pois como é uma loja pequena, os visual, pois a loja está localizada em uma rua, fornecedores necedores dão preferência onde o fluxo de movimento é mais lento, pois está próximo a um semáforo, então as pessoas ficam paradas na frente da loja observando a vitrine. Fonte: Elaborado pelos autores A loja atende clientes de classe B e C, que são fiéis devido as facilidades que a empresa oferece, como o crediário. Porém, com a abertura e a facilidade que as empresas financeiras estão dando atualmente (cheques, cartões de crédito, empréstimos, timos, etc.), principalmente para as classes B e C, a empresa acabou perdendo alguns clientes, pois com cartões ou cheques, eles conseguem fazer um parcelamento maior em grandes lojas. Segundo Kotler (2012) as empresas precisam identificar os clientes potencias pot e clientes atuais que estão mais dispostos e preparados para compras, avaliar e selecionar clientes alvos, fazendo assim ações mais pontuais para que esse cliente ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 94 chegue a compra. A carga tributária no país é muito grande, por isso muitas empresas deixam d de fazer investimentos (compra de material, estrutural, colocar mais “mix”, etc.) por ter que pagar impostos muito altos. Sendo assim, a loja estudada também sente essa realidade, diminuindo assim, o seu o lucro. Melhorar a divulgação da loja em pontos pontos estratégicos da cidade também é um ponto que merece atenção, uma vez que a loja não está localizada em grande centro e fica mais difícil dos possíveis clientes a conhecerem. Fazer marketing utilizando vários canais para atingir clientes potenciais e reais. reais. Isso inclui a venda de face a face, mala direta, marketing de catálogos, telemarketing, TV e outras mídias de resposta direta, marketing por terminais de compra e canais on line. line Pode-se se perceber também que é necessário criar políticas de fidelização com os fornecedores, pois como é uma empresa pequena, os fornecedores muitas vezes preferem atender as grandes empresas e deixam as pequenas empresas sem mercadorias. 4.1 SUGESTÃO DOS AUT AUTORES PARA MELHORIA: APLICAÇÃO DA FERRAMENTA 5W2H Conforme Kuder (2011) descreve, antes de implantar as melhorias identificadas na análise das forças internas e externas, deve-se deve se procurar visualizar a empresa no futuro com as melhorias apontadas, pois é difícil e frustrante trabalhar apenas com a análise crítica e deixarr de lado as expectativas apontadas pela equipe. São consideradas ameaças os concorrentes que são as grandes lojas do centro e do shopping, shopping, porém conforme já apontado por Kotler (2012) os concorrentes são ameaças, mas não uma questão crítica, pois sobre este es quesito, relacionamento com os concorrentes a empresa pode controlar. Os pontos analisados no que mantém a empresa competitiva no mercado é o preço, condição de pagamento e tipo de produto. É importante ressaltar que a qualidade no atendimento e nos produtos produtos é um ponto forte para se manter competitivo, pois conforme afirmado por Espuny (2008) a qualidade preocupa-se preocupa com a satisfação dos clientes. Consideram-se se também mudanças na loja, uma vez que aumentar o mix de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 95 produtos pode ser um atrativo a mais, sendo s assim sugere-se se que entre 2 a 5 anos a loja faça investimentos em sua estrutura e amplie seus tipos de produtos com vendas de roupas, bijuterias, chapéus, lingerie e perfume. Dessa forma poderá intensificar a compra, pois o cliente não precisaria ir a outro estabelecimento para complementar a compra. Também poderia aumentar atingir a classe A, pois seriam oferecidos tantos produtos básicos quanto mais sofisticados. Também seria necessário buscar parcerias com outros fornecedores, uma vez que ficar na mão de um pequeno grupo de fornecedor não é bom, pois se esses fornecedores atendem lojas grandes, muitos dão preferências para elas. Mas, há empresas que já estão trabalhando estrategicamente somente com pequenas lojas, uma vez que perceberam a importância importância desse público, assim, a loja estudada poderá procurar essas empresas e fidelizar uma parceria. Foco principal do planejamento estratégico é permitir que pequenas empresas, a partir de métodos simples definam seus objetivos e metas e tracem um planejamento o estratégico de acordo com suas necessidades, para que dessa forma sejam competitivos. Ao implantar o planejamento estratégico é fundamental escolher um método para aplicação. O 5W2H, segundo Periard (2011) elimina qualquer dúvida sobre o processo. Porém vale ressaltar que é de suma importância que as informações coletadas durante a análise SWOT estejam corretas e atualizadas, pois poderá acarretar em grandes prejuízos para a empresa, se houver equívocos, ou seja, a empresa poderá tomar rumos divergentes. Para elaborar a ferramenta 5W2H para a loja estudada, os autores escolheram quatro problemas que perceberam que são mais críticos e que podem impedir o sucesso e a lucratividade. O quadro 2 mostra a elaboração da ferramenta 5W2H sugerida. As ferramentas 5W2H W2H e Análise SWOT, contribuem muito na elaboração do planejamento estratégico e pôr as utilizarem, os empresários têm a possibilidade de elaborar planos mais eficazes, pois a ferramenta obriga trabalhar com detalhes. Após realizar a pesquisa, foi possível possível verificar que os colaboradores da organização possuem visão sobre qual direcionamento a loja deve tomar, para conseguir sucesso e competitividade, portanto cabe aos proprietários da loja, que ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 96 não conheciam essa ferramenta, a utilizarem com maior frequência frequênc e sempre que necessário mudar as estratégias traçadas para o cumprimento do planejamento estratégico. O que fazer? Como fazer? Onde fazer? Por quê fazer? Quadro 2 - Modelo de Elaboração da Ferramenta 5W2H Melhorar a Melhorar as divulgação e a relações com Alterar a comunicação seus estrutura visual fornecedores Situação • 1: procurar aumentar seu espaço, pois no interior há uma cozinha, então seria tirado essa • Situação cozinha e seria 1: Fazer uma • Situação deixado um pesquisa de 1: Utilizar mais pequeno espaço outros outdoor’s pela para o cliente fornecedores e cidade; tomar café, chá e criar políticas de água. Como há • Situação fidelização. 2: Criar ações de um depósito Procurar também marketing na relativamente fornecedores que internet; grande, seria têm em sua possível dividir o • Situação estratégia, espaço e planejar 3: Investir na atender uma cozinha, vitrine. pequenas pois no local do empresas. estoque poderiam ser colocadas mais prateleitas e araras para a armazenagem dos produtos. • Situação 1: Fazer pesquisa e procurar pontos estratégicos da cidade; • Situação • Situação 1: Pesquisar na 2: Criar páginas internet, utilizar ena internet e mail, skype e • Situação fazer divulgação outras formas de 1: No interior da diária de comunicação on Loja. produtos e line e fazer promoções; contatos por • Situação telefone. 3: Criar vitrines modernas, coloridas e bem chamativas na própria loja. • Situação • Situação • Situação 1: Para com que 1: Para efetuar 1: Para melhores Ampliar seu Mix de produtos • Situação 1: Investir em novos produtos • Situação 1: Na loja • Situação 1: Para aumentar ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 Quando fazer? os “possíveis” clientes conheçam a loja e para que os clientes já existentes relembrem sempre da loja; • Situação 2: Porque essa ferramenta é barata e tem um grande alcance; • Situação 3: A vitrine é a porta de entrada de qualquer loja, deixá-la la chamativa, atrai os clientes, principalmente devido à localização ser próximo a um semáforo, onde as pessoas param em frente da loja e ficam olhando para a vitrine. • Situação 1: É preciso fazer um levantamento de caixa, para ver a possibilidade de começar dentre 6 meses; • Situação 2: Começar imediatamente, pois a ferramentas gratuitas na internet e que podem ser exploradas de imediato (como o facebook).; • Situação 3: Começar imdeiatamente, com as próprias mercadorias já existentes. Se for necessário a loja deveria investir em uma de suas funcionárias nárias de início para fazer 97 cotação antes das compras e melhorar o poder de negociação. • Situação 1: Começar imediatamente. expor suas peças (roupa) o número de clientes • Situação 1: em até 2 anos. • Situação 1: De cinco a dez anos ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 Qual o Custo do projeto? Tempo de Dedicação ao projeto? Quem fará? um curso de vitrinismo. • Situação 1: Para fazer a divulgação em 3 pontos estratégicos da cidade, com tamanho de 3,00 X 9,00 m, prazo de 14 dias de divulgação, que podem ser prorrogados, o investimento inicial é de 4 mil reais. Situação • 2: Para a utilização da internet não há custo nenhum. • Situação 3: Se não for necessário nenhum funcionário fazer curso de vitrinismo, smo, não haverá custos, pois será feito com produtos da loja. Caso for necessário o investimento será em torno de R$ 2.000,00. • Situação 1: 2 meses; • Situação 2: Não tem prazo definido; • Situação 3: Não tem prazo definido. • Situação 1: Empresa especializada em outdoor´s outdoor´s; • Situação 2: Os próprios colaboradores; • Situação 3: Os próprios colaboradores; 98 • Situação 1: Ao utilizar a internet o custo é zero, pois a loja já possui internet instalada. O valor será estimado, dependerá do montante de ligações que serão utilizadas pelo telephone – por volta de R$ 100,00. Situação • 1: O custo será negociado quando o serviço for realizado, com uma empresa especializada em drywall, esse material será utilizado para dividir o espaço e é mais barato to do que outro tipo de material. Atualmen • te o custo do drywall é em 2 torno de 60m . • Situação 1: Será negociado • Situação 1: Não tem prazo definido, pois a troca pode ser constante até a empresa encontrar o parceiro certo. • Situação 1: 4 meses • Situação 1: 1 (um) ano • Situação 1: A proprietária da loja. Situação • 1: Empresas contratadas. • Situação 1: A proprietária da loja. Fonte: Os autores De acordo com o Kotler (2012) o ambiente empresarial não é um conjunto ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 99 estável, pois as forças interferem, influenciam e interagem com as demais forças do ambiente. Neste momento deve-se deve se saber usar as oportunidades e saber absorver as ameaças, ou adaptar-se se a elas, desta forma, pode-se pode se dizer que um planejamento estratégico pode ser atualizado conforme as mudanças mudanças ocorrem. 5. CONCLUSÕES O estudo sobre o planejamento estratégico e as ferramentas utilizadas para auxiliá-lo lo é relavante e de grande importância. Com o trabalho foi possível mostrar que as empresas pequenas e idenpendente do seu ramo, podem utilizar ferramentas como a a Análise SWOT e 5W2H para auxiliarem em seu planejamento estratégico como uma empresa de grande porte faz. Uma vez que muitos empresários de pequenas empresas não utilizam qualquer tipo de ferramenta. Através do estudo de caso em uma pequena pequena empresa do ramo de calçados na cidade de Bauru, foi possível identificar a importância de se conhecer e os ambientes internos e externos da organização, para assim saber controlar, planejar, organizar e negociar para manter-se manter competitivo. Saber identificar entificar uma oportunidade em uma informação é de sua importância na busca de um posicionamento mais expressivo no segmento em que atua e o planejamento estratégico é um caminho que pode identificar tal oportunidade. Fazer uso dessas ferramentas faz com que que os colaboradores e os administradores tenham uma visão mais sistêmicas, com maior detalhe e principalmente conheçam seu ambiente interno e externo. Na maioria das vezes, os ambientes são conhecidos, porém as informações não são compiladas de uma maneira que o empresário consiga ter visão do que está acontecendo em sua organização e o que precisa ser mudado. Ao utilizar as ferramentas as informações ficam compiladas e fica mais nítido para o empresário o que está acontecendo ao seu redor, para que assim consiga realizar planos e ações mais pontuais para atingirem sucesso em seu planejamento estratégico. Sendo assim, o planejamento estratégico pode ser visto com uma ferramenta ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 100 eficaz de gestão, em que todos os empresários podem utilizá-lo, utilizá lo, seja de qualquer porte ou qualquer seguimento. Planejar, portanto é pensar sobre o já existente na organização, o que pretende se alcançar e quais os meios para alcançar o que se pretende, mas para isso é necessário conhecer a organização, suas necessidades, definir os objetivos, ob os meios e os recursos necessários. 6. REFERÊNCIAS administração 9. ed. Rio de 1. CHIAVENATO, I. Introdução a teoria geral da administração. Janeiro: ELSEVIER, 2014. 2. COSTA, E. Saiba aonde quer chegar: defina objetivos e metas mensuráveis. São Paulo, 2009.. Disponível em: http://www.maiscommenos.net/blog/2009/07/saibahttp://www.maiscommenos.net/blog/2009/07/saiba aonde-quer-chegar-%E2%80%93 %E2%80%93-defina-objetivos-e-metas-mensuraveis. mensuraveis. Acesso em: 04 mai. de 2014. 3. FILHO, Nelson Casarotto. Elaboração de projetos empresariais: análise estratégica, estudo de viabilidade viabilidade e plano de negócio. 1.ed. São Paulo: Atlas, 2010. 3. HENRIQUE, C. Matriz análise SWOT: guia completo. completo São Paulo, 2011. 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FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 102 A LIDERANÇA RESILIENTE COMO FERRAMENTA PARA O SUCESSO DA GESTÃO DE PESSOAS E ORGANIZAÇÕES GESTÃO (RESILIENT LEADERSHIP AS A TOOL FOR SUCCESS OF PERSONNEL MANAGEMENT AND ORGANIZATIONS Kaminsky Mello Cholodovskis a,*; Soraya Aparecida Dias Cholodovskisb a,* Doutorando em Psicologia Social – Universidad Argentina John F. Kennedy [email protected] b Graduanda em Psicologia – Faculdade Pitágoras de Uberlândia – MG 1 A maior habilidade de um [estilo de liderança] é desenvolver qualidades extraordinárias em pessoas comuns (Abraham Lincoln). Diante do mundo em constante – e rápidas – mutações, alguns novos modelos de gestão estão tomando lugar nessa nova realidade e não poderia ser diferente no tocante a liderança. Hoje, Hoje as organizações bem-sucedidas sucedidas para sobreviverem necessitam de adequar e aderir ao processo de mudança cultural profunda e, isso se consegue na busca de uma liderança eficaz, sendo esta capaz de manter suas capacidades de ação em constante constante mutação. Para tanto, a liderança resiliente talvez seja a principal busca da sociedade contemporânea, para promoção pro de organizações bem-suced sucedidas. idas. A resiliência nos negócios ganha nova urgência nos dias de hoje, seja pelo aumento da velocidade da mudança no ambiente de negócios, seja pelas pressões da concorrência globalizada. As oportunidades são grandes, mas os perigos são considerados maiores maiores ainda. Sendo assim, a escolha do tema para este artigo se justifica, pois, sabe-se sabe se que a palavra da moda no management internacional é resiliência. A busca de uma noção de organização resiliente, sendo esta promovida pela liderança resiliente é extremamente extremame importante nos dias de hoje. Este artigo teve como objetivo geral versar sobre a liderança resiliente e, consequentemente, por objetivo específico destacar este estilo de liderança como uma ferramenta necessária em busca do sucesso na gestão de pessoas e de organizações no contexto em que estão inseridos, ou seja, mediante as mudanças rápidas e súbitas dos mercados na atualidade. Adotou-se Adotou para o mesmo a metodologia de pesquisa bibliográfica, sendo esta realizada através de uma revisão de literatura. Palavras-chave: liderança. liderança resiliente. Before the world in constant - and fast - mutations, some new business models are taking place in this new reality and could not be different with regard to leadership. Today, successful organizations need to to adapt to survive and adhere to the process of profound cultural change, and this is achieved in the search for effective leadership, which is able to maintain their capacity for action in constant mutation. Because of it, the resilient leadership may be the main pursuit of contemporary society organizations to promote well-success. well success. Resilience in business gains new 1 Em citação original lê-se se ‘líder’ ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 103 urgency these days, either by increasing the speed of change in business environment, either by the pressures of global competition. The opportunities opport are great, but the dangers are still considered major. Thus, the choice of topic for this article, accordingly, it is known that the buzz word in international management is resilience. The search for a notion of resilient organization, which is promoted pr by the resilient leadership, is extremely important nowadays. This article aimed to relate to the leadership resilient and, therefore, highlight the specific goal of this style of leadership as a necessary tool in the pursuit of success in managing people and organizations in the context of where they belong, ie by the sudden and rapid changes of markets today. We adopted the same methodology for the literature search, this being accomplished through a literature review. Keywords: leadership.leader leadership resilient. 1 INTRODUÇÃO A resiliência é um tema bastante atual na Administração e nos negócios. Em linguagem científica Chiavenato (2000) ensina que a resiliência é a capacidade de um sistema superar distúrbios impostos por fenômenos externos, mantendo-se mantendo inalterado. Dentro das teorias de administração – tanto modernas como tradicionais – as organizações podem ser consideradas como sistemas abertos providas de uma capacidade de enfrentamento e superação de perturbações oriundas do ambiente externo. E o que determina essa capacidade capacidade de enfrentamento e superação é a resiliência através do seu grau de defesa ou vulnerabilidade do sistema às pressões ambientais externas. Em simples palavras, a resiliência é uma característica sistêmica que garante o estado firme da organização malgrado malgrad todas as perturbações externas. O mapeamento da conjuntura pode ser observado mediante uma nova era e mudança cultural, chamada de era do conhecimento. Diante da mesma, um dos principais desafios das organizações é atrair pessoas de talento. Hoje, grande parte das organizações reconhece a importância de ter indivíduos de alta criatividade e capacidade de inovação em suas equipes. Mas apenas atrair talentos não basta e diante da realidade, as organizações se vêem diante da necessidade de se cultivar um ambiente favorável que motivem os profissionais a atingir todo o seu potencial, gerando valor e riqueza para todas as partes interessadas no sucesso da mesma. Sendo assim, as organizações bem-sucedidas bem sucedidas para sobreviverem necessitam ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 104 de adequar e aderir ao processo de mudança cultural profunda e, isso se consegue na busca de uma liderança eficaz, sendo esta capaz de manter suas capacidades de ação em constante mutação. Para isso a liderança deve ter como característica a resiliência, ou seja, deve ser uma liderança liderança focada, confiante transformadora, proativa, flexível, encorajadora, com visão de futuro e sempre em busca de realizações bem-sucedidas. sucedidas. Em síntese, a liderança resiliente talvez seja a principal busca da sociedade contemporânea, para promoção de organizações bem-sucessidas. sucessidas. 1.1 CARACTERIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA JUS DO TEMA A escolha do tema para este artigo se justifica, pois, sabesabe-se que a palavra da moda no management internacional é resiliência. A resiliência nos negócios ganha nova urgência nos dias dias de hoje, seja pelo aumento da velocidade da mudança no ambiente de negócios, seja pelas pressões da concorrência globalizada. As oportunidades são grandes, mas os perigos são considerados maiores ainda. As organizações do século 21 estão começando a assumir ass suas novas tendências, em busca de um perfil, ágil, eficaz e acima de tudo resiliente, pois assim elas têm a condição de reajustarem-se reajustarem se facilmente após perturbações, choques ou fortes mudanças inesperadas providas do mercado. As necessidades de segurança, segura proteção e recuperação estão forçando as empresas a assumirem o desafio de desenhar deliberadamente resiliência na gestão de pessoas e na gestão de seus negócios. A busca de uma noção de organização resiliente, sendo esta promovida pela liderança resiliente liente é extremamente extremamen importante nos dias de hoje. 1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA PROBLEM Diante do mundo em constante – e rápidas – mutações, alguns novos modelos de gestão estão tomando lugar nessa nova realidade e não poderia ser diferente no tocante a liderança. Esta tem sido assunto bastante discutido, tanto no meio dos negócios quanto em quaisquer áreas onde haja atuação de grupos e equipes. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 105 As organizações atuais têm uma grande carência de gestores/líderes que possuam iniciativas modificadoras, capazes de assumir riscos, riscos, e ao mesmo tempo, possuidores de carisma e desenvolvimento de uma boa relação entre as pessoas. Diante disso, formula-se formula se o seguinte questionamento: a liderança resiliente pode ser considerada uma ferramenta de gestão na busca do sucesso das organizações organiz dentro do cenário atual? 1.3 OBJETIVOS Este artigo tem como objetivo geral versar sobre a liderança resiliente e, consequentemente, tem por objetivo específico destacar este estilo de liderança como uma ferramenta necessária em busca do sucesso na gestão de pessoas e de organizações no contexto em que estão inseridos, ou seja, mediante as mudanças rápidas e súbitas dos mercados na atualidade. 1.4 PRESSUPOSTOS Os pressupostoss norteadores deste artigo são: • Que a liderança precisa ser flexível, resiliente, hábil para adaptar-se adaptar rápida e permanentemente, com serenidade, à turbulência das crises; • Que a resiliência está relacionada com a capacidade de uma empresa de responder rapidamente a mudanças externas, mesmo quando caóticas e imprevistas; • Que a liderança resiliente apresenta um papel determinante para a transformação e o sucesso organizacional. organizaciona 1.5 METODOLOGIA se para o artigo a metodologia de pesquisa bibliográfica, sendo esta Adotou-se realizada através de uma revisão de literatura sobre o estilo de liderança resiliente. Para tanto, utilizou-se se de obras, revistas, artigos, papers e documentos eletrônicos disponíveis acerca do tema. Ressalta-se Ressalta se que toda a literatura utilizada foi ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 106 devidamente citada e referenciada segundo as normas técnicas exigidas. Para maior coerência e compreensão do artigo, organizou-se organizou o roteiro de exposição de seu conteúdo conteúdo da seguinte forma: inicialmente apresentou-se apresentou – brevemente – conceitos de liderança, a abordagem da liderança servidora – tendo esta afinidade com a liderança resiliente; na sequencia a definição de resiliência foi ponderada, bem como a apresentação dos princípios de uma organização resiliente e a discussão sobre a relação da resiliência e os processos de mudanças; posteriormente conceituou-se conceituou se o estilo de liderança resiliente; finalizou abordando sobre o perfil da liderança resiliente sendo necessário para para a gestão de pessoas e dos ambientes organizacionais. 2 LIDERANÇA Segundo Sousa Neto (2002, p. 1) “a liderança é um assunto que sempre despertou interesse”. E, nos últimos anos é nítido que tal interesse acirra-se, acirra proveniente talvez das teorias científicas científicas da administração aliadas com os estudos organizacionais. Em sua vasta abordagem acredita-se acredita se em contrapontos o que acarreta, automaticamente, na inexistência de uma definição que promova aceitação universal. Sendo assim, cada surgimento de uma abordagem abordagem recente – provida de uma construção científica – implica na anulação da anterior e, pelo menos até o dado momento, o sentido da palavra liderança resulta de muitos conceitos. 2.1 CONCEITOS Segundo Milkovich (2000, apud ANJOS, 2010, p. 5) a liderança consiste c na capacidade de influenciar qualquer grupo em direção ao alcance de objetivos em comum, sendo que “essa influência pode ser formal – por uma pessoa assumir um papel de liderança devido à função que ocupa –,, ou pode ser uma liderança informal – pela a capacidade que o indivíduo tem de influenciar o grupo quase que naturalmente”. Nas palavras de Kouzes e Posner (2003, p. 19) liderança é definida como: ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 107 A capacidade que um indivíduo possui de influenciar um grupo ou de uma equipe de trabalho a fim de alcançar objetivos e metas específicas. Ela difere do gerenciamento no que diz respeito a liderar que, na verdade, é uma das tarefas do trabalho de administrar e possui também um estilo de decisão diferenciado. Liderança pode ser compreendida, segunda a visão visão de Fiorelli (2004) como a capacidade de envolver e influenciar pessoas. Bernhoeft (2009, p.1) entende liderança como “a ação de conduzir, inspirar e coordenar na busca por objetivos e resultados, é naturalmente um processo em ebulição, que provoca transformação transformação permanente nos contextos e pessoas nele inseridas”. “A liderança é um fenômeno social que ocorre exclusivamente em grupos sociais, ela é definida como influência interpessoal exercida em uma dada situação e dirigida pelo processo de comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos” (ANJOS, 2010, p.1). Para Sant’Anna (2010, p.1) “liderar não é uma tarefa simples, pelo contrário, liderança exige paciência, disciplina, humildade, respeito e compromisso, pois a organização é um organismo vivo, dotado de colaboradores dos mais diferentes tipos”. 2.2 LIDERANÇA SERVIDORA SERVID Na concepção de Daft (2002) um novo conceito de liderança está ganhando força nas organizações, pois seus resultados estão se tornando cada vez mais visíveis – a liderança servidora. Segundo Nóbrega (2009, p. 2) “o princípio fundamental desse estilo de liderança consiste no modelo horizontal”. Para Lacerda (2005, p. 22): 22) O maior propósito dessa liderança é ajudar a equipe a se desenvolver, é estar mais preocupado preocupado em servir os seus liderados, do que apenas dar ordens. É aquela que percebe que o seu sucesso depende diretamente de sua equipe. Pensando e agindo assim, recebe mais retornos que os outros tipos de liderança. Trata-se Trata se de uma liderança espiritualizada, que ajuda em vez de ser servida e acima de tudo é ética. Retomando Nóbrega (2009), esse conceito de liderança tem por princípios a resiliência, pois, implica no propósito de auxiliar as pessoas da equipe a se ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 108 desenvolverem junto à organização e pessoalmente, pessoalmente, sendo que tal liderança coloca seus liderados como item principal de suas preocupações. Para o mesmo, “quando se busca ajudar as pessoas, elas por retribuição tornam-se tornam se parceiros”, e é esse o grande trunfo da liderança servidora (NÓBREGA, 2009, p.3). 2.3 LIDERANÇA SERVIDORA SERVIDORA NO PROCESSO DE M MUDANÇA ORGANIZACIONAL Na visão de Daft (2002) existem, na conjuntura, pressões rotineiras para que as organizações se modifiquem, implicando na demanda de uma liderança com qualidades, habilidades e métodos necessários para ajudar suas empresas a permanecer competitivas. O mesmo ainda afirma que “os gestores devem converter suas organizações em agentes de mudança, utilizando o presente para realmente recriar o futuro” (DAFT, 2002, p. 17). Robbins (2005) comunga comunga o pensamento de Daft (2002) ao propor o modelo de liderança servidora como aplicação de método de desenvolvimento organizacional, envolvendo valores, feedbacks e treinamentos durante seu processo. Para Hunter (2004) a liderança servidora na organização consiste em aplicar o pensar não somente nos negócios, mas também nas pessoas. Essa é talvez a mais importante mudança que deve ocorrer nas empresas para torná-las torná mais competitivas no mercado. Mas, sabe-se se que mudar as pessoas dentro da organização organização não é tarefa fácil, e segundo Robbins (2005) cabe à liderança servidora criar métodos que levem sua equipe a um melhor desempenho profissional e pessoal, principalmente em tempos em que a competitividade é que dita as regras do mercado. Segundo Nóbrega ga (2009, p. 4): Embora não seja tarefa fácil mudar comportamentos e atitudes das pessoas, para a liderança servidora isso é uma consequência natural do seu estilo e forma de agir com as pessoas, pois passa a receber o feedback dos liderados e busca reformular mular métodos e processos baseados nas reais necessidades dos membros do grupo, pois acredita que estes por estarem constantemente inseridos no processo, compreendem melhor as dificuldades. Logo, busca reformular os processos de forma a obter um melhor retorno orno da equipe. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 109 Em síntese, a liderança servidora, por assim pensar nas pessoas, consegue agir no processo de mudança na organização, fato que não é facilmente conseguido por or outros estilos de liderança. 3 RESILIENCIA De acordo com Costa (1995) o sentido sentido do termo resiliência, para a Física, implica em resistência ao choque ou a propriedade pela qual a energia potencial armazenada num corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão incidente sobre o mesmo. No mesmo raciocínio, em princípio, nas Ciências Humanas, implica na capacidade de resistir flexivelmente à adversidade, utilizando-a utilizando para o desenvolvimento pessoal, profissional e social (BARROS, 2006). 3.1 CONCEITOS “Resiliência é a capacidade de um sistema manter-se manter se firme e integrado apesar de todas as forças externas que podem aniquilá-lo” aniquilá lo” (CHIAVENTAO, 2010, p.1). Sabe-se se que a resiliência tem agregado um importante valor para se enfrentar os processos de adversidade e, neste sentido, Barros (2006, p.1) vem contribuir ao definir resiliência como o “a capacidade que as pessoas têm de atravessar situações de crise e de adversidades – de cunho empresarial, social, familiar – superando-as e saindo destas fortalecidos e transformados positivamente”. No entender de Gallende (2004 apud MORAES et al, 2007, 2007 p. 1-2) “é a adversidade circunstância que produz adversa resiliência”. promove Ainda condições segundo criativas, o que mesmo, qualquer enriquecem as possibilidades práticas de atuar sobre a realidade em que vive, transformá-la transformá ou se transformar-se. E para ara Rodriguez (2005 apud MORAES et al, 2007, p. 2), “resiliência é a resposta criativa para superação da adversidade”. Grotberg (2005, p. 15) comunga na mesma concepção e definição de resiliência na área das ciências humanas é “a capacidade para enfrentar, vencer e ser fortalecido ou transformado por experiências de adversidades”. Para este autor, a conduta resiliente exige e se preparar, viver e conseguir aprender com as constantes ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 110 experiências adversas que se apresentam a cada dia. 3.2 PRINCÍPIOS DE UMA UM ORGANIZAÇÃO RESILIENTE Vive-se se na atualidade, em uma era marcada por mudanças – incertezas geopolíticas, transição global, global, instabilidade econômica e fracasso dos negócios – que demandam reconstituição, inteligência, agilidade e resiliência organizacional. Para Chiavenato (2010, p.2) o grau da resiliência é determinado pela capacidade de reconstrução com determinação, agilidade agilidade e precisão; em suas palavras, “provavelmente, a resiliência representa a próxima fase na evolução das estruturas tradicionais [...] migrando para estruturas centradas em pessoas”. Sendo assim, cinco são cinco princípios sugeridos pelo autor, sendo considerados siderados como meios e estratégias para criação de uma organização ágil, dotada de resiliência. O primeiro princípio diz respeito à liderança e, segundo o autor, “a resiliência começa quando a liderança da organização estabelece suas prioridades e precisa encontrar um ponto de equilíbrio entre assumir riscos e conter os riscos em busca de inovação” (CHIAVENTO, 2010, p. 3). O segundo princípio da resiliência organizacional é a cultura organizacional. Para Chiavenato (2010, p. 3) “uma cultura resiliente é construída construída sobre princípios de empowerment das pessoas, propósito e confiança”. A cultura organizacional resiliente alinha um forte senso de confiança entre pessoas e estas, assumem responsabilidade sem questionar. Sendo assim, as pessoas são o terceiro princípio princípio da resiliência organizacional. Para a organização resiliente as pessoas devem ser selecionadas, motivadas, equipadas e lideradas com a filosofia de ultrapassar qualquer obstáculo ou catástrofe. “As pessoas precisam ter habilidades e competências que qu produzam comportamentos para agir eficazmente em ambientes subitamente incertos e não estruturados” (CHIAVENTO, 2010, p. 3). Já o quarto princípio refere-se refere se ao sistema, e na visão de Chiavenato (2010), este deve estar focado e deve ser construído com suporte suporte em uma infraestrutura que permita às pessoas e à organização conectividade e volume de informação. O último princípio é o ambiente de trabalho – o local físico propriamente dito –, ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 111 sendo que a este a resiliência é alcançada através da distribuição do d local de trabalho em ambientes múltiplos e dispersos. Segundo Chiavenato (2010, p.3) “as técnicas alternativas como office hoteling, telecommuting e desk sharing proporcionam o nível de flexibilidade do ambiente de trabalho e a agilidade é essencial para reduzir o risco de incidentes em uma empresa”. Ainda para o mesmo autor, é importante ressaltar que, todavia, não é suficiente criar um ambiente altamente distribuído e conectado, mas sim é essencial avaliar constantemente a segurança e conforto do local de trabalho. 3.3 RESILIÊNCIA E PROCESSO OCESSO DE MUDANÇAS No cenário atual o que se percebe é que as empresas estão empenhadas em incentivar as pessoas para que se mantenham firmes, flexíveis e integradas durante os processos de crise ou até mesmo das mudanças constantes. Em síntese, as organizações estão empenhadas na motivação das pessoas no que tange o desenvolvimento de um equilíbrio próximo do ideal, trabalhando com suas emoções, de modo a mantê-las las alinhadas quando necessários forem seus posicionamentos eficientes, ficientes, mediante a conjuntura marcada por repetidas transições. Sendo assim, Waller (2001 apud MORAES et al, 2007, p.2) exprime o pensamento de que “não é a ausência da adversidade, mas muitas vezes em função de sua presença que ocorre o processo de resiliência, resiliência, e é o enfrentamento da situação adversa que possibilita o crescimento do indivíduo, promovendo benefícios a sua saúde mental”. O resultado das pesquisas desenvolvidas por Moeller (2002), em sua tese de mestrado, aponta que, até mesmo as pessoas que que desenvolvem um elevado grau de resiliência não estão imunes às consequências que possam ocorrer no comportamento humano. Mas ao mesmo tempo ainda se posiciona ao declarar que o fato das pessoas não se surpreenderem com acontecimentos repentinos é a vantagem agem de serem resiliente, e se assim o são, elas apresentam a capacidade de reagirem de modo melhor e com mais preparo. A conjuntura resultante das transformações econômicas e tecnológicas propôs uma demanda de mudanças emergentes quanto ao aspecto humano dentro das organizações – e, automaticamente, impactos relevantes sobre a identidade do ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 112 sujeito organizacional. Para Conner (2005) tal impacto urge ser superado altruistamente quando as pessoas enfrentam melhor as mudanças e exercem maior capacidade de resiliência. iliência. Ainda Conner (1995) salienta que nem todas as organizações estão preparadas para as mudanças e transformações econômicas e sociais e que, por isso, em muitas delas, a liderança vive em conflito com as transições – inexistência da resiliência – o que dificulta a execução de suas tarefas e resulta na tomada de decisões errôneas. Sendo assim, “urge, mais do que nunca, da presença da resiliência nas organizações” (D’AURIA, 2005, p.1), consequentemente nos processos de mudanças, sendo estes auxiliados pela liderança das mesmas. 4 LIDERANÇA RESILIENTE RESILIEN Bernhoeft (2009, p. 1) entende que o todo e qualquer processo de transformação decorram “de uma dinâmica de liderança que parta de uma necessidade reconhecida e sentida aliada a uma aplicação de conhecimento renovado continuamente e da existência de um propósito propósito superior que inspire, guie e dê significado a todos os envolvidos no contexto”. Para tanto, pensa-ser pensa necessário, dentro das organizações, a tomada de ações perseverantes, disciplinadas e com foco. Todas as organizações são dotadas de uma capacidade capacidade de recuperação de crises ou adversidades – ou seja, toda organização é dotada de resiliência. Na concepção de Chiavenato (2010) uma liderança resiliente funciona como uma ‘bóia’ e, fazendo analogia às empresas, a tal bóia – liderança resiliente – tem a característica aracterística de emergir perante as dificuldades que tentam afundá-la. afundá Ainda para o autor, liderança resiliente traz consigo a propriedade de representar para a empresa uma infraestrutura capaz de fazê-la fazê la escapar das adversidades rapidamente. Barros (2006, p. 2) em analogia, menciona que “a liderança que não possui resiliência é chamada de ‘casa de vidro’ que se ‘quebra’ ao ser submetido à ‘terremotos’”. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 113 “Uma liderança resiliente implica exercita o equilíbrio entre a tensão e a habilidade de lutar, além do o aprendizado adquirido com entraves, limitações, sofrimentos” (BARROS, 2006, p. 3). A liderança resiliente pode ser associada ao que Covey (2005) chama de liderança baseada em propósitos e princípios. De acordo cordo com Tavares (2001, p. 24): A resiliência tem de ser uma característica forte na liderança uma vez que ele exerce uma função com limites de alto risco: ela olha para frente e para trás, para dentro e para fora, e vê onde e quando é necessária sua atuação. Fora, fazendo as revoluções, ou dentro, fazendo a engrenagem funcionar. Em uma equipe, por exemplo, nos momentos de dúvida e incerteza, o dar sentido a uma realidade não precisa vir só de uma pessoa, a contribuição na liderança resiliente oscila, dependendo do problema. Às vezes, de onde menos se espera, vem a sugestão do melhor caminho a seguir. Na visão de Moeller (2000) a liderança resiliente precisa ter cinco características: flexibilidade, foco, organização, positividade e pró-ação. pró Quanto à flexibilidade, esta implica em agir de modo maleável às incertezas, aceitando as mudanças ambíguas e, ao mesmo tempo, não permanecendo permanentemente atônita com certos contratempos. Esta característica proporciona À liderança a formação do hábito de desafiar situações e, se preciso modificar modific suas próprias suposições e hipóteses. Com essa característica esses a liderança mantém a consciência no que tange aos seus limites internos e externos devido ao fato de reconhecerem seus pontos fortes e fracos. O foco implica em uma característica de possuir possuir uma visão clara do que a liderança deseja alcançar. O foco proporciona orientação durante mudanças e transições, mas mesmo ocorrendo quebras significativas nas expectativas, o foco implica no restabelecimento de seus propósitos. Já a organização buscar buscar fazer uma análise adequada, procurando verificar os temas relevantes que estão presentes em situações confusas. Sua outra face é a aceitação quanto ao negociar prioridades durante uma mudança – o que está de acordo com sua flexibilidade. Para Moeller (2000, (2000, p. 95) “lideranças com alto grau de organização conseguem gerenciar diversas tarefas simultaneamente e, com sucesso, mesmo em situações de estresse”. Já a positividade capacita a liderança quanto à consciência de existem lições a aprender, embora em momentos momentos difíceis, sendo necessário crer nas recompensas. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 114 Implica em permitir À liderança saber que em muitas situações, suas expectativas serão quebradas, porém que se deva acreditar que oportunidades existirão no futuro, procurando olhar de frente aos acontecimentos acontecimentos e assim aproveitar o aprendizado resultante de determinada situação, acreditando na recompensa por assim encarar as mudanças. E por fim, a característica de ser pró-ativa pró ativa auxilia a liderança a não evitar as mudanças, a avaliar os riscos que estejam estejam envolvidos nas diferentes situações – embora muitas vezes as consequências possam ser potencialmente negativas – procurando aplicá-las las em situações posteriores. 5 PERFIL DA LIDERNAÇA LIDERNAÇ RESILIENTE NO PROCESSO ESSO DE GESTÃO DE PESSOAS E AMBIENTES ORGANIZACIONAIS Segundo Moraes et al (2007, p.3) “nos ambientes organizacionais é notória a característica da pressão por resultados rápidos, eficientes e com muita qualidade. Para tanto, se faz necessário muita resiliência.”. Na concepção de Biondo (2005), (2005), na era do conhecimento, as organizações devem se organizar ao redor das pessoas, que assim se sentem emocionalmente lideradas. A mesma autora cita Covey (2005): “[...] a liderança consiste em comunicar às pessoas seu valor e potencial de modo tão claro que elas possam reconhecê-los los como próprios. Essa comunicação não deve ser feita apenas por um indivíduo, mas pela cultura, pela organização em si” (COVEY, 2005 apud BIONDO, 2005, p.3). Comunga na mesma opinião Barros (2006, p. 5), ao mencionar que: A liderança liderança resiliente faz o exercício da reflexão sobre a experiência vivida e aprende com ela, compartilha as aprendizagens com os demais membros da equipe, dialoga sobre estratégias e alternativas para aplicá-las aplicá a situações idênticas no futuro, busca o consenso consenso para a experiência vivenciada, explorando o maior número de percepções existentes na equipe e procura identificar em meio a as diferentes opiniões o ponto de convergência ou, a mediatriz comum com o qual todos concordam, sendo competente para integrar e orientar a equipe na concretização de seus propósitos. Barlach (2005) em sua dissertação de mestrado cita um artigo publicado pela ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 115 Harvard Business Review – How Resilience Works –,, onde o mesmo enfatiza algumas características do perfil de uma liderança liderança considerada resiliente: (1) a firme aceitação da realidade – através de uma atitude interpretada como o otimismo cultivado fortemente; (2) uma crença profunda de que os embates são fortemente sustentados por um entender significativo – através da possibilidade lidade de transcender, extraindo assim lições práticas e; (3) uma misteriosa capacidade de improvisar – através da habilidade para improvisar uma determinada solução de um problema sem ter as ferramentas ou matérias próprias. Para Arroba e James (1988), as lideranças resilientes precisam de um nível favorável de pressão para um bom desempenho. Para os mesmos, quando o nível de pressão está muito baixo, a organização não consegue canalizar totalmente seus recursos. Na visão de Job (2003, p. 81): Toda gestão dá as soluções certas aos problemas e responde convenientemente às solicitações, mas a liderança resiliente reformula os problemas e não se limita a responder às solicitações, e sim cria um destino – o que torna o ambiente organizacional mais dinâmico e aberto a a mudanças. O Quadro1 resume as características da liderança resiliente no processo de gestão de pessoas e seus ambientes organizacionais. Quadro 1 Características da liderança resiliente no processo de gestão de pessoas e seus ambientes organizacionais Ambiente Organizacional Pessoas Sustenta e aprimora continuamente suas organizações. Autoconfiantes. Absorve altos níveis de mudanças e adapta-se adapta a Gostam e aceiram mudanças. situações ambíguas. É proficiente em manter calma, clareza de propósito e Ansiedade razoável. orientação em situações adversas. Capacidade de pensar estrategicamente e tomar Alto extrovertido. decisões acertadas mediante pressão. Lidera sistemas de trabalho complexos e adota conduta Emocionalmente inteligentes. flexível na resolução de problemas. problem Capacidade de trabalhar eficazmente com os superiores Mantém clareza de propósito, calma e e liderados em problemas complexos e de gestão. foco diante de situações adversas. Capacidade de conseguir conscientizar seus colaboradores boradores a transformar as adversidades em Abertas a experiências. desafios a serem conquistados. Fonte: Bispo, 2007 apud Moraes et al 2007, p.4 (adaptado) ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 116 De acordo com o Quadro 1 é notório que os aspectos resilientes – tanto do ambiente organizacional quanto das pessoas – auxiliam a liderança na superação de incertezas e ou de crises e mudanças. Enquanto o ambiente organizacional resiliente procura várias saídas para as crises diárias da economia e dos mercados, os colaboradores resilientes – as pessoas - resilientes procuram aprimorar seus comportamentos para que sirvam de suporte à liderança nas tomadas de decisões. Sendo assim, constituem uma liderança resiliente capacitada para enfrentar os embates do mercado. Na visão de Moraes et al (2007) em vista vista disso, empresários na atualidade empenham-se se para a formação de uma liderança com características resilientes para atuarem nos entraves cotidianos, pois muitos deles já perceberam que esta é uma estratégia para o sucesso e sobrevivência de suas organizações organiza no mercado atual. Para Hamel (2007, p.1), “para que as empresas possam sobreviver neste mundo de tanta turbulência, somente sendo resilientes poderão encarar as mudanças ocasionadas no cenário de crise”. Também na visão deste pesquisador, a liderança resiliente é uma ferramenta dotada de capacidade de superação – quer seja de distúrbios internos promovidos pela organização, quer seja de fenômenos oriundos do externo ao ambiente organizacional. Chiavenato (2000, p. 344) A liderança resiliente determina o grau de defesa ou vulnerabilidade da organização às pressões ambientais externas. Quando modelos tradicionais e burocráticos sofrem resistências ao avanço da inovação e da mudança, a saída nesses casos, não está em programas de desenvolvimento, mas em esforços sforços de mudanças para ultrapassar seu nível de resiliência. Acrescenta-se, se, assim, que à liderança resiliente está a incumbência de tais mudanças. A Tabela 1 esboça as características da liderança resiliente, segundo visão de Barbosa (2007). De acordo com a Tabela 1 a liderança resiliente dentro de qualquer organização vai além do seu aspecto no que se refere à cultura ou modelo de gestão ou até mesmo sistema de informações. Na verdade ela representa papel determinante para a transformação organizacional organizacional proveniente do seu perfil empreendedor e flexível. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 117 Tabela 1 Características da Liderança Resiliente Liderança Resiliente Compara-se se não apenas com os concorrentes, mas com setores ou categorias ainda existentes; Desenvolve cultura responsável e comprometida; comprom Eleva suas metas; Mostra convicção e coragem; Recupera-se se na adversidade; Pensa em termos horizontais, eliminando feudos e hierarquias; Sempre se autocorrige; Escuta as pessoas insatisfeitas; Emprega pessoas motivadoras; Fonte: Barbosa, 2007, p.1 (adaptado) Em síntese, após o exposto, ousa-se ousa se afirmar que a organização bem sucedida possui uma característica marcante que a diferencia das demais organizações: uma liderança resiliente. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS FINA Diante do todo exposto no artigo, algumas algumas considerações finais podem ser apontadas. Não se pretendendo esgotar o tema de pesquisa, procurou-se procurou destinar a mesma com o foco de cumprir os objetivos – geral e específico – propostos, bem como de responder à situação problema, bem como confirmar os pressupostos pr norteadores. Durante a consulta da literatura disponível, percebeu-se percebeu se que existem muitos estudos e conceitos acerca do tema liderança, mas todos sempre envoltos dos mesmos modelos existentes – que já não estão mais obtendo resultados satisfatórios os como antes, de acordo com a análise da conjuntura no âmbito organizacional. Sendo assim, nos últimos anos, surge a liderança servidora – um novo conceito que começou um movimento que objetiva mudança nas organizações. As organizações que já tinham visão de futuro passaram a adotar este estilo de liderança, percebendo que a inovação representava, ate então, o passo para as mudanças demandadas. Junto ao conceito de liderança servidora, emerge também as grandes mudanças – rápidas e súbitas – oriundas da era do conhecimento, da inovação e da competitividade no mercado. Diante da situação as empresas se viram na necessidade de adaptação, flexibilidade e adesão à conjuntura. Tal advento trouxe, ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 118 automaticamente, a exigência de um novo estilo de liderança nas organizações org para acompanhamento de todo o processo de mudança: a liderança resiliente. Sendo assim, através do cumprimento do objetivo geral e específico do artigo – fazer uma revisão literária acerca do tema – pode-se se afirmar que todos os pressupostos se confirmaram: nfirmaram: a liderança precisa ser flexível, resiliente, hábil para adaptar-se se rápida e permanentemente, com serenidade, à turbulência das crises; a resiliência está relacionada com a capacidade de uma empresa de responder rapidamente a mudanças externas, mesmo quando caóticas e imprevistas e; a liderança resiliente apresenta um papel determinante para a transformação e o sucesso organizacional. Sendo assim, responde-se responde se à indagação, formulada no problema de pesquisa, onde se afirma que a liderança resiliente resiliente pode ser considerada uma ferramenta de gestão na busca do sucesso das organizações dentro do cenário atual. 7 REFERENCIAS ANJOS, A. G. C. dos. 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Diversas foram as interpretações desta enigmática figura já que nos encontramos aqui com o delicado conceito de “sacro”. Todavia, entrelaçando o homo sacer ao conceito de exceção soberana, Agamben nos trará uma nova interpretação do problema. Ao retirar o conceito da esfera das interpretações sociológicas e antropológicas e trazê-lo lo ao plano jurídico-político, jurídico político, ele pôde encontrar o vínculo originário originár que une a vida nua do homo sacer ao poder soberano, pois é na exceção que a vida nua se encontra intimamente relacionada ao poder soberano. Palavras-chave:: Homo Sacer. Contrato Social. Soberania. Exceção.Vida Nua. Agamben find the bearer of the sovereign band in a figure enigmatic of archaic Roman law; the homo sacer. Several were the interpretations of this figure enigmatic because find us here with the delicate concept of sacred. However, entwining the homo sacer with the sovereign exception concept, Agamben will bring us a new interpretation of the problem. To remove the concept the sphere of sociological and anthropological interpretations and bring it of the legal-political legal political frame, he might find the bond originating ing uniting the bare life of homo sacer with sovereign power, because is in exception that bare life is deeply related to the sovereign power. Keywords:: Homo Sacer. Civil Contract. Sovereign. Exception. Bare Life. Inicialmente observemos o fragmento citado por Sexto Pompeu Festo onde vemos surgir à figura do homo sacer: Homem sacro é, portanto, aquele que o povo julgou por um delito; e não é lícito sacrificá-lo, sacrificá lo, mas quem o mata não será condenado por homicídio; na verdade, na primeira lei tribunícia se adverte que “se alguém matar aquele que por plebiscito é sacro, não será considerado homicida”. Disso advém que um homem malvado ou impuro costuma ser chamado sacro. (AGAMBEN, 2004, p. 79). Do mesmo modo que ocorre na n exceção soberana o homo sacer é exposto a uma dupla exceção e a uma dupla captura. A impunidade de sua morte representa uma exceção do ius humanum, humanum, assim como o veto do sacrifício o retira do ius divinum;; ele é posto para fora da jurisdição humana sem, por por isso, passar para a divina. O direito autoriza sua morte por meio de sua própria suspensão. O homem sacro é aquele que, julgado por um delito, pode ser morto sem que ocorra um ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 122 homicídio, uma execução ou, um sacrifício. Ao subtrair-se subtrair se à esfera do direito humano, ele não passa, no entanto, ao divino. A vida do homo sacer é objeto, portanto, de uma dupla exceção. Este, só pode ser incluído na sociedade através de sua morte e, todavia, só pode pertencer aos deuses mediante sua insacrifibilidade. Assim como, na exceção soberana, a lei se aplica de fato no caso excepcional desaplicando-se, desaplicando retirando-se se deste, do mesmo modo o homo sacer pertence ao Deus na forma da insacrifibilidade e é incluído na comunidade na forma da matabilidade. A vida insacrificável e, todavia, t matável, é a vida sacra. (AGAMBEN, 2004, p. 90). Novamente nos deparamos com uma esfera da ação humana que encontra sua razão de ser numa relação de exceção. Assim, não podemos dizer que a sacralidade do homo sacer e a exceção da decisão soberana sejam objeto de uma simples analogia, mas sim, que tenham a mesma estrutura de funcionamento, sendo lícito, portanto, afirmar, como Agamben, que se a relação política originária é o bando soberano, seu produto é a vida nua do homo sacer. “O homo sacer apresenta a figura originária da vida presa no bando soberano e conserva a memória da exclusão originária através da qual se constitui a dimensão política”(AGAMBEN, 2004, p. 91). Aqui também vemos surgir uma zona de indiferença, uma terra de ninguém, onde é possível ssível delinear a criação de um espaço político, o espaço político da soberania. Se a decisão soberana se constitui num limiar de indiferença entre o que está dentro e fora do ordenamento, entre natureza e direito, aquilo que é produzido pelo poder soberano, o, a vida nua matável e ao mesmo tempo insacrificável do homo sacer,, também se encontra neste ilocalizável criado pela decisão soberana, uma zona de indiferença entre sacrifício e homicídio; uma dupla exceção portanto, do religioso no profano e vice e versa. versa. “Soberana é a esfera na qual se pode matar sem cometer homicídio e sem celebrar um sacrifício, e sacra, isto é matável e insacrificável, é a vida que foi capturada nesta esfera” (AGAMBEN, 2004, p. 92). O homo sacer e a exceção soberana são, desta forma, simétricos e correlatos. Ambos assinalam o limite do ordenamento, pois que, para o soberano todos são homens sacros e, do ponto de vista do homo sacer,, qualquer homem torna-se torna soberano. Subtraindo-se, se, ambos, por meio de uma relação de exceção, tanto do direito reito divino, quanto do direito humano, criam uma zona de indistinção que é, por excelência, o espaço político originário. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 123 a sacralidade é [...] a forma originária da implicação da vida nua na ordem jurídico jurídico-política, e o sintagma homo sacer nomeia algo como co a relação política originária, ou seja, a vida enquanto, na exclusão inclusiva, serve como referente à decisão soberana. (AGAMBEN, 2004, p. 93). A inclusão da vida biológica, a vida nua, na esfera das decisões do poder soberano não só antecede à política política moderna, mas nos remete ao mais imemorial dos arcana imperii,, como também, esta captura da vida nua parece ser o evento fundador da comunidade política e do próprio poder soberano. Assim, quando se tenta valer a ideia de uma sacralidade da vida frente aos aos abusos ou ao arbítrio do poder soberano, tão cara à política contemporânea, ignora-se, ignora se, segundo Agamben, justamente este fato: a sacralidade da vida é originalmente sua exposição a um poder de morte, e que, a vida sacra é justamente a contraparte do poder pode soberano, sem a qual, este se tornaria inócuo. Se recorrermos à fórmula romana “vitae “vitae necisque potestas”, potestas segundo a qual o pai, o pater famílias,, alçava seu filho varão do solo e adquiria sobre ele direito de vida e de morte, lançaremos uma luz sobre o conceito c de homo sacer que encontra aqui um eco. Notemos que o direito de vida e de morte na fórmula romana não cabe ao soberano, mas ao pai que, ao proceder deste modo, inclui o filho na comunidade política; novamente uma vida exposta à morte parece definir definir o modelo político em sua origem. “Não a simples vida natural, mas a vida exposta à morte (a vida nua ou a vida sacra) é o elemento político originário” (AGAMBEN, 2004, p. 96). O cidadão ao deixar os negócios privados e ao adentrar ao campo político deve, neste sentido, abandonar sua vida a um poder de morte. A vida se politiza, desta maneira, por meio de uma dupla exceção: da sua matabilidade e da sua insacrifibilidade; em outras palavras, a vida só pode se politizar na medida em que é abandonada a um poder de morte. Deste ponto de vista, portanto, somente a vida sacra, a vida nua é política. Observemos, ainda, que se a política, em sua forma clássica, pretende se formar da distinção de duplas esferas do agir humano (domus (domus/cidade, oikos/pólis, zoé/bios, phýsis/nómos), ), a vida sacra ou vida nua é, conforme mostrou Agamben, o fecho que as une e o limite na qual elas se comunicam. A vida sacra se encontra, assim como o poder soberano, neste espaço ilocalizável, uma espécie de campo de terra de ninguém, entre a esfera privada e o espaço político. “Nem bios político nem zoé natural, a vida sacra é a zona de indistinção na qual, implicando-se implicando e excluindose um ao outro, estes se constituem mutuamente” (AGAMBEN, 2004, p. 98). ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 124 A tese agambeniana, segundo a qual o relacionamento político e jurídico originário é o bando, que mantém unidos poder soberano e vida nua e traz para a biopolítica as fundações da própria política, se tornará mais clara se observarmos uma figura análoga ao homo sacer no antigo direito germânico e escandinavo, o homem-lobo, wargus,, ou, “sem paz” e a relacionarmos às teorias clássicas do pacto ou contrato social, obteremos, desta forma, uma nova visão do problema fundamental destas teorias, qual seja, a origem origem do poder soberano. Segundo Jhering (Cf. AGAMBEN, 2004, p. 111) o homo sacer é oriundo da vida primitiva dos povos indo-europeus, indo europeus, ou seja, ele não nasce dentro de uma ordem jurídica constituída, mas ao período da vida pré-social pré social destes povos. Outrossim, a antiguidade germânica e escandinava nos oferecem uma figura análoga, poderíamos dizer um irmão do homo sacer,, no bandido, no fora-da-lei fora (wargus, vargr), o lobo. Observemos a vida sacra sob o pano de fundo da doutrina da Friedlosigkeit, elaborada no século o XIX pelo germanista Wilda, a fim de demonstrar as estreitas semelhanças entre o homo sacer e o homem-lobo. lobo. Segundo esta doutrina o antigo direito germânico e escandinavo fundava-se fundava se no conceito de paz (Fried), ( e o malfeitor ou o bandido, chamado assim de sem paz (Friedlos), ), era banido da comunidade ou podia ser morto por qualquer um sem que isso fosse considerado homicídio. Nesta condição limite do bandido expulso da comunidade ele passa a ser definido como homem-lobo, lobo, ou lobisomem (wargus, ( werwolf, ou garulphus do latim, loup garou do francês). Notemos que o bando medieval apresenta também características análogas àquelas por nós já observadas, o bandido podia ser morto, ou até mesmo era considerado já morto quando de seu banimento. A lei sálica e a lei ripuária ripuária (Cf. AGAMBEN, 2004, p. 112) ao sancionarem o bandido como wargus (homem-lobo) lobo) sancionavam, portanto, a sua total matabilidade, do mesmo modo como era feito pelo antigo direito romano ao sancionar o homo sacer. sacer. As leis de Eduardo o Confessor (1130-1135) (1130 definem o bandido como cabeça de lobo e o assemelham a um lobisomem. Neste momento, ele, o bandido, ao se tornar lobisomem podia ser expulso da comunidade ou morto por qualquer um sem complicações com a lei. O lobisomem, que entrou no imaginário coletivo coletivo como uma lenda, um monstro híbrido, metade homem metade fera, dividido entre a cidade (a lei) e a selva (a ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 125 natureza), foi em sua origem uma sanção jurídica – daquele que foi banido da comunidade. A vida do fora-da-lei lei medieval é portanto idêntica àquela do homo sacer, pois ele não é simplesmente lobo, mas homem-lobo homem lobo e, portanto, não é um pedaço da natureza sem qualquer relação com a sociedade política, com o direito, mas sim, um híbrido de animal e homem, um limiar de indiferença entre phýsis e nómos, e como tal, habita um espaço amorfo de exclusão e inclusão, sem, contudo, pertencer a nenhum deles. A vida do bandido [...] é [...] um limiar de indiferença e de passagem entre o animal e o homem, phýsis e o nómos,, exclusão e inclusão: loup garou, lobisomem, ou seja, nem homem nem fera, que habita paradoxalmente ambos os mundos sem pertencer a nenhum. (AGAMBEN, 2004, p. 112). Definido o wargus como simétrico ao homo sacer é possível acompanhar a proposta de reler o mitologema moderno de fundação do Estado, de Hobbes a Rousseau, que, segundo Agamben, deve ser visto sobre uma nova ótica. Para o filósofo a dicotomia estado de natureza/estado civil que está posta à base destas teorias deve ser resolvido a partir de uma relação de bando e não mais por meio me do contrato. Para ele, a perspectiva tradicional levou a democracia ao fracasso, pois a impediu de ser pensada para além de um modelo estatal. Para melhor compreender esta tese de Agamben deveremos retornar ao conceito de estado de exceção. Contudo, gostaríamos gostaríamos antes de traçar uma genealogia sumária do estado de natureza e da passagem ao estado civil (commonwealth)) na obra Leviatã de Hobbes que, desta forma, nos servirá de modelo. Vejamos como está organizado o estado de natureza que, para Hobbes, é o estado tado de guerra de todos contra todos. Naturalmente os homens são iguais em corpo e espírito, pois, por mais débil que qualquer homem seja ele possui a capacidade suprema, qual seja, a de matar outro homem. Desta igualdade de condições deriva a igualdade de esperança em alcançar os fins desejados, estes fins podem ser resumidos sobre a rubrica de conservação. Portanto, se dois homens desejam a mesma coisa fatalmente tornar-se-ão tornar inimigos. Se os homens só têm a temer a força de outro homem é lícito, dado a constituição nstituição egoísta do caráter humano, tomar não só o fruto do trabalho alheio, mas ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 126 também sua liberdade e sua vida. Daqui a desconfiança mútua dos homens que ao almejar a conservação e temendo serem dominados por outros, antecipam-se antecipam a estes, aumentando seu u domínio e subjugando o maior número de pessoas que conseguir, até que outro mais forte venha e faça-lhe faça o mesmo. Assim, conclui Hobbes, os homens não podem tirar prazer da companhia alheia, pois cada um espera que o outro lhe atribua o mesmo valor que dá a si próprio. Mergulhados na discórdia mútua os homens precisam, desta forma, de um poder maior do que cada um isoladamente, capaz de pôr todos em respeito mútuo e pôr fim ao estado de guerra."Durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capazz de os manter a todos em respeito, eles se encontram naquela condição a que se chama guerra; e uma guerra que é de todos os homens contra todos os homens."(HOBBES, 1979, p. 75). Esta guerra, conforme Hobbes, não consiste propriamente na batalha em si, mas na disposição em travá-la, travá la, ou seja, o lapso de tempo no qual reinam as condições, e a vontade de travar tal batalha é suficientemente conhecida. Portanto tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, o mesmo é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e sua própria invenção. (HOBBES, 1979, p. 76). O estado de natureza que é, portanto, um estado de guerra de todos contra c todos, se apresenta como uma situação em que cada homem é o lobo do próprio homem, homo homini lupus. lupus. Nesta situação nada pode ser injusto, pois não há noção de bem ou de mal, de certo ou errado; não há um poder comum, por isso não há lei, e onde não há lei, conclui Hobbes, nada pode ser injusto. Disto advém a ausência de propriedade, “só pertence a cada homem aquilo que ele é capaz de conseguir, e apenas enquanto for capaz de conservá-lo”. conservá (HOBBES, 1979, p. 77). ste ponto é importante, pois, para ele, ele, o homem tende à paz, e consequentemente poderá pôr um fim ao estado de natureza, mediante três movimentos interiores, três paixões: o medo da morte, o desejo da propriedade e a esperança de obtê-la. A partir daqui Hobbes irá desenvolver certa tendência do do homem à paz, na tentativa de encontrar um ponto sólido capaz de ancorar a emergência da sociedade civil e, conjuntamente, do poder soberano. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 127 Além do medo da morte e das paixões naturais o homem pode tender à paz por meio do que Hobbes denominou de normas sugeridas pela razão, agrupadas em leis de natureza e direitos de natureza. As leis de natureza (lex (lex) são obrigações, proíbem os homens de fazer qualquer coisa que venha a prejudicar ou destruir a si próprio e a sua conservação. No segundo caso trata-se trata da a liberdade; o direito de natureza (jus naturale)) libera os homens a usar de todo seu poder, conforme sua razão, para garantir o cumprimento das leis de natureza, ou seja, a sua preservação. Diversas são as leis de natureza apresentadas por Hobbes que, adiante, adi ele definirá como fazer aos outros o que queremos que nos façam, façam todavia nos deteremos sobre as três primeiras, pois é a partir destas que se desenvolverá a passagem do estado de natureza para a sociedade civil. A primeira lei de natureza impele os homens a procurar a paz e tentar conservá-la la na medida do possível. “Que todo homem deve esforçar-se esforçar pela paz, na medida em que tenha esperança de consegui-la, consegui la, e caso não a consiga pode procurar e usar todas as ajudas e vantagens da guerra” (HOBBES, 1979, p. 78). Desta primeira lei deriva uma segunda: Que um homem concorde, quando outros também o façam, e na medida em que tal considere necessário para a paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar a seu direito a todas as coisas, contentando-se contentando em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo. (HOBBES, 1979, p. 79). Enquanto cada homem detiver o direito de natureza de fazer de tudo a todos, e a todas as coisas que possa possuir, a humanidade permanecerá permanece em estado de guerra. Assim, conforme a segunda lei há a necessidade de que os homens abandonem este direito para que a paz seja garantida. No entanto, é necessário que todos o façam, pois um só não pode renunciar a seu direito enquanto outros não o fizerem. rem. Importante notar que o abandono de um direito não gera, para qualquer outro ou para si, um novo direito, pois não há nada a que os homens não tenham direito naturalmente. Neste sentido, é dever dos homens não tornar nulo seu atos de abandono do direito, o, pois é um ato voluntário, e quem renuncia a este direito espera um outro beneficio, neste caso, a segurança de sua pessoa, de sua vida, de seus bens e dos meios pra preservá-los. los. Destarte, ninguém pode renunciar ao direito de resistência à força que lhe pode tirar a vida, ou seja, o direito a autopreservação, o mais ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 128 elementar de todos os direitos. Duas são, conforme Hobbes, as maneiras de se abandonar um direito, transferi-lo, lo, ou, renunciá-lo. renunciá lo. Desta forma, “a transferência mútua de direitos é aquilo que se chama contrato” (HOBBES, 1979, p. 80). Isto posto, Hobbes pode formular a terceira lei de natureza, qual seja, “que os homens cumpram os pactos que celebrarem” (HOBBES, 1979, p. 86). Esta lei é, conforme o filósofo, a fonte e a origem de toda justiça, e, embora a origem da justiça seja a celebração de um pacto, o vínculo que obriga os contratantes não é a natureza, mas o medo de alguma má conseqüência resultante da ruptura, daí a necessidade de um poder coercitivo acima de todos os homens – o Estado, capaz paz de obrigar os homens a cumprirem seus pactos e de fortalecer a propriedade, principal recompensa pela abdicação do direito universal. O fim último, causa final e desígnio dos homens [...], ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual os vemos vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua própria conservação e com uma vida mais satisfeita. Quer dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra que é a conseqüência necessária [...] das paixões naturais dos homens, quando não há um poder visível visível capaz de os manter em respeito, forçando-os, forçando por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao respeito àquelas leis de natureza. (HOBBES, 1979, p. 103). A instituição do Estado se dá, portanto, para pôr um fim à guerra de todos contra todos de modo que cada homem possa gozar do direito à autopreservação. Este foi gerado a partir do abandono do direito natural dos homens de fazer o que lhe aprouver, sempre que sua vida, liberdade e propriedade estivessem em jogo. mas para quem exatamente este direito direito é transferido? O que é exatamente o Estado? Para Hobbes, assim como para os demais contratualistas, trata-se trata da designação de um homem, ou assembleia, como representantes de cada pessoa, de modo que cada um deve reconhecer como sua toda e qualquer ação aç deste, ou destes representantes, que visam o bem comum e a paz entre os homens. Assim como o pacto entre os homens não é natural, mas artificial, daí a necessidade de um poder comum capaz de pôr todos em respeito, o portador deste poder é também uma pessoa soa artificial, que resulta da unidade de toda a multidão. O portador dessa pessoa artificial é o soberano, os demais, súditos. Por fim, vejamos a definição hobbesiana de Soberano: ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 129 Uma pessoa de cujos atos uma multidão, mediante pactos recíprocos uns com os outros, foi instituída por cada um como autora, de modo a ela poder usar a força e os recursos de todos, da maneira que considerar conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum. (HOBBES, 1979, p. 106). Delineamos aqui a passagem do estado de natureza natureza para a sociedade civil, elemento basilar na teoria de justificação do poder soberano em Hobbes e nos demais contratualistas, apesar de algumas diferenças entre eles. Isso feito, acreditamos ter os subsídios necessários para acompanhar a crítica agambeniana agamben ao modelo contratualista. Para o filósofo italiano, o conceito de estado de exceção contém em si os mesmos elementos do estado de natureza e que, portanto, não é um elemento exterior ao nómos,, tampouco se esvai quando da fundação da sociedade, mas permanece, manece, como o estado de exceção, no interior da ordem estabelecida sendo, como já visto, seu motor. Já pudemos observar que a antinomia phýsis/nómos é o pressuposto que legitima o princípio da soberania. Em Hobbes ela nos aparece como estado de natureza/sociedade ociedade civil (commonwealth) ( ) que é base de sua concepção de soberania, onde é a identidade entre estado de natureza e violência na figura do homem como lobo do homem (homo ( homini lupus)) que justifica a possibilidade de ascensão do poder soberano, como poder pod absoluto. Note-se, se, portanto, que em Hobbes o estado de natureza, ou seja, a violência (phýsis), ( ), permanece no interior do ordenamento na figura do soberano, que, após o contrato, após o abandono do direito natural, passa a ser o único a conservar o seu direito direito de fazer de tudo a todos, isto é, direito de “fazer morrer” ou “deixar viver”. Assim, a soberania nos aparece como o englobamento, a inclusão, do estado de natureza no coração da sociedade; aqui também podemos definir o poder soberano como um espaço de indistinção, um limiar de indiferença entre violência e direito, nómos e phýsis,, natureza e cultura. Esta indistinção entre estes elementos na figura do soberano é que autoriza sua particular violência, seu monopólio legal da violência dentro da sociedade. Deste modo, o estado de natureza se apresenta como um elemento interior ao próprio ordenamento, na medida em que ele não só sobrevive na figura do soberano, mas é o seu próprio pressuposto. “O estado de natureza não é, portanto, verdadeiramente externo ao nómos,, mas contém sua virtualidade”. (AGAMBEN, 2004, p. 42). Aquilo que é exterior ao ordenamento político (o estado de natureza) ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 130 mostra-se, se, na verdade, tão íntimo deste, que ele não pode sobreviver sem aquele. A sociedade civil vive, portanto, do estado de natureza, na mesma medida em que a regra vive da exceção, em ambos os casos é a exterioridade que lhe dá sentido, lhe dá potência. Assim, em Schmitt, o nexo entre localização e ordenamento em que consiste o nómos da terra, necessita sempre do aparecimento de uma linha para além do direito, um espaço vazio de lei onde o soberano pode não mais reconhecê-la reconhecê e onde, sob este prisma, tudo se torna lícito; deste modo, pode o soberano, ao ignorar a lei, implantar uma nova lei. Quando da formação dos modernos modernos Estados nacionais esse espaço vazio de lei, para além do direito, era identificado com a América, onde ainda se vivia sob o estado de natureza. Inclusive, Rousseau pôde sustentar diversas de suas teses sob o pano de fundo do selvagem americano e Locke Locke afirmava: “In “ the beginning all world was America”. ”. Schmitt assemelha esta zona para além do direito (o estado de natureza, a América) ao estado de exceção. Se, como vimos, o poder soberano é esta zona de indiferença entre phýsis e nómos, e que contém em si virtualmente, como pressuposto, o estado de natureza na forma de uma suspensão de todo o direito, neste momento, o que nos aparece é o estado de exceção, e não simplesmente um retorno à origem, à América. Quando a natureza ressurge no ordenamento pelas pelas vias do Estado de Exceção, ela não é mais pura natureza (violência), mas uma violência bem particular, que somente entra em vigor desaplicando o direito. Estado de exceção e estado de natureza são, portanto, as duas faces de um mesmo processo com o qual o soberano deve relacionar-se, se, na medida em que necessita criar um espaço normatizado onde a lei possa ter validade. Neste processo, justamente, vem à tona a impossibilidade de discernimento entre dentro e fora, estado de natureza e direito, regra e exceção exceç que, como já foi notado, caracteriza o poder soberano. A soberania nos aparece, portanto, como uma zona amorfa, uma terra de ninguém, onde estes pares categoriais entram em uma relação tão complexa que podem ser tomados um pelo outro; este é justamente o lugar, ou melhor dizendo, o não-lugar da soberania. Esta zona incerta e obscura, que é a soberania, se mostra também na relação entre poder constituinte e poder constituído que em Benjamin, em Crítica da ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 131 violência – Crítica do poder (Zur Kritik der Gewalt)) (BENJAMIN, 1986), onde o filósofo joga com o significado do termo alemão Gewalt que pode significar tanto violência quanto poder, aparece como violência que põe o direito e violência que o conserva. Benjamin inicia seu texto relacionando a violência violênci (gewalt gewalt) com a lei e a justiça. Aqui abrem-se se dois critérios para se julgar a violência, o da justiça, como critério dos fins, e a lei, como critério dos meios. Para ele o problema mais elementar está na diferença entre fins e meios. Exclui-se Exclui a esfera dos os fins, pois pretende-se pretende julgar a justificação da violência como meio. A violência é, portanto, um meio para se atingir fins justos ou fins injustos. Isso nada resolve, pois a reflexão sobre a violência reduzir-se-ia ia ao seu uso, isto é, no juízo sobre os seus fins. É necessário um critério melhor para discriminar os próprios meios. Abre-se se uma segunda dicotomia, entre direito natural e direito positivo. Para o direito natural a violência é um produto da natureza, só condenável se usada para fins injustos. Por outro lado, o direito positivo pensa apenas a legalidade dos meios, não a justiça dos fins. “Se o direito positivo é cego para o caráter incondicional dos fins, o direito natural é cego para o condicionamento dos meios”. (BENJAMIN, 1986, p. 161). O direito eito natural tem como premissa, portanto, a naturalidade da violência, reduz a justificação dos meios à justiça dos fins. Já o direito positivo julga a justificação dos meios a fins cuja justiça já estabeleceu. A primeira “reduz o justo ao ajustado”, a segunda unda “o justo ao legal”. (AVELAR, 2009, p. 3-4). Se a justiça é o critério dos fins, a legitimidade é o critério dos meios. No entanto, não obstante essa condição, ambas as escolas estão de acordo num dogma básico comum: fins justos podem ser obtidos por meios justos, meios justos podem ser empregados para fins justos. O direito natural visa, pela justiça dos fins “legitimar” os meios, o direito positivo visa “garantir” a justiça dos fins pela legitimidade dos meios. (BENJAMIN, 1986, p. 161). Faz-se necessário, sário, portanto, encontrar um ponto de vista exterior ao direito natural, bem como ao direito positivo para uma crítica da violência. Para tanto, Benjamin recorre à leitura do uso legal da violência, momentos em que o Estado renuncia parcialmente a seu monopólio monopólio legal da violência, um destes casos é o direito à greve. Para o pensador, do ponto de vista daqueles que recorrem à greve, ela é um ato de violência/poder que visa atingir certos fins. Há aqui uma relação antitética entre o trabalhador que vê a greve greve como um momento de violência, e o Estado, que a permite, contudo também conserva o poder declará-la declará ilegal. Não ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 132 caracterizada inicialmente como violência pelo Estado, a greve para o trabalhador é, desde sempre, violência. O Estado pode abrir mão da violência violência legalizada para preservar a lei. Para Derrida, em Força de Lei,, a greve é, ao mesmo tempo, violência e não violência, depende do lugar de leitura social. (Cf. AVELAR, 2009, p. 5). Nesta leitura benjaminiana da greve vê-se vê se abrir uma nova dicotomia, entre ent violência preservadora de direito e violência fundadora de direito. Para o grevista, a violência do ato da greve pode tornar-se tornar se violência revolucionária, que age fora da lei e pretende fundar outro direito, já para o Estado, que mantém o poder de declarar declar o ato de greve como ilegal, a violência opera dentro da legalidade, como violência mantenedora de direito. No entanto, não é sempre que a violência da greve tem como objetivo fundar uma nova lei, até pelo menos tornar-se tornar greve geral revolucionária. Observamos, rvamos, nesta leitura da greve, uma cisão na própria condição de possibilidade da violência/poder; sempre como violência (para o trabalhador) e como não violência (para o Estado). Há, portanto, aqui uma dicotomia impura e instável neste caráter duplo e cindido cindido da violência mesma, ora ela se nos apresenta como violência origem de direito, mas, ao mesmo tempo, como violência reprodução de direito. Para Avelar (2009, p. 5) a separação entre violência fundadora e mantenedora de direito é incontornável no pensamento pensamento de Benjamin; ainda segundo ele, para Derrida esta dicotomia não pode se confundir com a diferença entre a violência da greve – para o trabalhador – e a violência ocasional, porém possível, do Estado contra a greve para manter a legalidade, pois não é certo que a violência da greve tenha sempre o objetivo de instalar uma nova lei. Deste ponto de vista é importante questionar então por que o Estado recorre à violência contra ela. Para Benjamin, é o medo que motiva o Estado, medo de a greve tornar-se tornar greve geral revolucionária instaladora de uma nova legalidade. A violência preservadora de direito, para manter a legalidade, antecipa-se antecipa se a uma violência virtual, ora o Estado não pode correr riscos. Impõe-se se aqui uma segunda questão, seria a violência revolucionária revoluc sempre fundadora de um novo direito? Para Benjamin a resposta é negativa, basta examinarmos uma tipologia específica, um exemplo privilegiado da impossibilidade de separar-se se a violência: a violência militar. Ela é a subordinação dos cidadãos às leis, is, mas é também compulsão ao uso universal da violência como meio para fins do ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 133 Estado, entre eles, a constituição de novas legalidades. Um exemplo privilegiado de violência militar como fundadora de direito é a pena de morte para crimes contra a propriedade. de. Quando os sistemas legais primitivos estabeleceram a pena de morte para crimes contra a propriedade, não se tratava de um mero preservar a lei, mas, conforme Benjamin, de impor uma nova lei. Para o filósofo este é o momento mais raso, o limite, entre violência iolência fundadora e mantenedora de direito. Essa instalação revela “um elemento de podridão dentro do direito” (BENJAMIN, 1986, p. 166), o momento em que a violência converte-se converte em legalidade. Contudo, isso não quer dizer que, uma vez instalada essa punição puniç no Estado, toda violência ocorreria como mantenedora de direito, nem tampouco, que uma nova legalidade só poderia advir de forças revolucionárias. O Estado desenvolveu um dispositivo, um aparato onde a diferença entre violência fundadora e preservadora de direito se suspende, trata-se trata se da polícia, ela não só mantém, mas cria a legalidade. Se a violência fundadora de direito deve preservar-se preservar se como força vitoriosa e se a violência que mantém o direito deve restringir-se restringir se à legalidade, isto é, não pode propor novas finalidades, a polícia, no entanto “se emancipou dessas duas condições”. (Idem, ibidem). A polícia intervém em casos de segurança pública onde não há uma condição legal clara. Quando ela usa a violência para fins legais, o faz, simultaneamente, decidindo dindo a natureza destes fins. A polícia é violência legalizada, porém não delimitada a qualquer direito, é voz e instrumento da lei, mas não circunscrita por ela. Deve manter a lei, mas o faz fora do âmbito da lei, instalando uma outra lei. Não se pode diferenciar diferenciar nitidamente os dois tipos de violência: o aparato encarregado de fazê-lo fazê lo não pode senão violar constantemente esses limites, não pode senão operar fora da lei. A manutenção da lei é seu exterior. A manutenção da lei, por definição, recorre a um lá-fora fora com respeito à lei. A manutenção da lei é por definição ilegal. Não só injusta, mas também ilegal. (AVELAR, 2009, p. 10). O fato é que o soberano deve conservar o poder na forma da constituição, ou seja, como poder constituído, no entanto, deve ainda ainda manter uma relação com o poder constituinte, na medida em que este se mostra como violência (ou potência) criadora de direito. O poder constituído necessita do poder constituinte assim como a norma necessita da exceção e a sociedade civil do estado de natureza, n pois retiram de seus pressupostos sua força criadora. O soberano se mostra então como ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 134 um limiar de indiferença, ou melhor, de passagem do poder constituinte ao poder constituído. Assim, a violência que ele (o soberano) abre mão para conservar a constituição nstituição se justifica pela violência que o cria. 1 Quando a consciência da presença latente da violência dentro de uma instituição jurídica se apaga, esta entra em decadência. Um exemplo disso, no momento atual, são os parlamentos. Eles oferecem esse espetáculo esp notório e lamentável porque perderam a consciência das forças revolucionárias as quais devem sua existência [...] Falta-lhes Falta o sentido para o poder instituinte de direito, representado por eles; assim, não é de estranhar que não consigam tomar decisões decisões que sejam dignas desse poder, mas cultivem, com a prática dos compromissos, uma maneira supostamente 2 não violenta de tratar de assuntos políticos. (BENJAMIN, 1986, p. 167) O paradoxo do poder soberano aqui também se faz presente, pois, da mesma forma que o poder soberano se pressupõe como estado de natureza, que permanece assim em suspenso, ou seja, numa relação de bando com o estado de direito, o poder constituído também deve deve se pressupor como poder constituinte, e o 1 Fica a questão se para Benjamin é possível uma resolução não violenta dos conflitos. Sua resposta é positiva, no entanto, para chegar a esta conclusão ele lança mão de uma enigmática figura, a violência divina, ou revolucionária, que poria fim à dialética entre violência mantenedora e fundadora de direito. Benjamin se vale de uma dicotomia proposta por Sorel (cf. AVELAR, 2009, p. 11) entre greve política e greve geral revolucionária. Na primeira os trabalhadores voltam voltam ao trabalho após conquistarem o que esperavam, na segunda a tarefa dos trabalhadores é destruir o poder do Estado e não propor uma nova legalidade mas destruí-la. destruí la. Para o filósofo, quanto mais geral e revolucionária for a greve, menos violenta ela será. Deste modo, ele conclui, paradoxalmente, a resolução não violenta dos conflitos só é possível se não se excluir de antemão a violência. Como? Voltemos à primeira dicotomia do texto; se o direito positivo reduz o justo ao legal, isto é, confunde justiça com m a lei, e se o direito natural reduz o justo ao ajustado, isto é, confunde a justiça com a necessidade, em ambos os casos há uma relação supostamente necessária entre justiça dos fins e a justificação dos meios. Para Benjamin é necessário pensar uma violência, violência, portanto, que fuja da dialética entre fins e meios. Essa violência, ao contrário da violência legal, dita mítica por Benjamin, é a violência divina. Se o poder mítico é instituinte do direito, o poder divino é destruidor do direito; se aquele estabelece estabel limites, este rebenta todos os limites; se o poder mítico é ao mesmo tempo autor da culpa e da penitência, o poder divino absolve a culpa; se o primeiro é ameaçador e sangrento, o segundo é golpeador e letal, de maneira não-sangrenta. não (BENJAMIN, 1986, p. 173). A violência mítica é banal e facilmente reconhecida pelos homens em seu cotidiano, essa violência, fundadora de direito, é prejudicial e perigosa, assim como é toda violência administrativa mantenedora de direito. Ao contrário a violência divina não não põe ou executa direito, mas o aniquila. Talvez seja esse o significado daquele “verdadeiro estado de exceção que é tarefa realizar”, pois para Benjamin a genuína revolução é aquela desprovida de violência, quanto mais geral e revolucionária menos violenta ela será. 2 Para Derrida (cf. AVELAR, 2009, p. 10) esta posição de Benjamin está atrelada a sua participação do que ele chamou de “grande onda” anti-parlamentar anti e anti-iluminista iluminista de sua época; entre eles Carl Schmitt. Contudo, para Avelar não se trata disso. disso. Para ele Benjamin procede aqui uma crítica do esquecimento, já que segundo o filósofo os parlamentos podem ser desejáveis e gratificantes. Seria ingênuo acreditar que o parlamento é a antítese da violência, não se pode associá-lo associá ao lugar da nãoviolência, ência, porque ele é por definição o espaço do esquecimento da violência, uma violência bem particular: “A repressão neurótica da memória da violência”. (AVELAR, 2009, p. 10). ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 135 soberano aparece novamente como uma franja ambígua onde há a transição de um pelo outro. O soberano é, portanto, o ponto de indiferença entre poder constituinte e poder constituído. Em Sieyès, conforme demonstra Agamben, este problema já pode ser observado. Para Sieyès o poder constituinte, que para ele estava identificado na nação, estaria fora do liame social, num estado de natureza: “On “On droit concevoir les nations sur la terre comme des individus, hors du lien social... dans l’état de nature (Deve-se se conceber as nações sobre a terra como os indivíduos, fora do vínculo social... no estado de natureza)”. (SIEYÈS apud AGAMBEN, p. 49). O estado de natureza, como já foi observado, não desaparece quando da fundação da a sociedade (civitas), ( mas é o próprio motor do nómos soberano, sua pressuposição. Ele é, portanto, um princípio interno à sociedade que sobrevive na figura do soberano. Assim, quando Hobbes sustenta o poder soberano como a capacidade de fazer tudo o que for for necessário para manter o próprio funcionamento do Estado, ele o faz a partir do homem lobo do homem, e aqui é possível ver um eco das leis medievais. O lobo hobbesiano não é simplesmente uma fera, mas wargus, um misto, uma zona de indistinção entre homem homem e fera e que, assim, fôra abandonada pelo poder soberano do mesmo modo que o homo sacer. sacer O estado de guerra de todos contra todos, que autoriza o contrato e, portanto, o poder soberano, sob esta perspectiva, pode ser visto como um estado em que cada um é para o outro vida nua, homo sacer, wargus. Esta passagem do homem ao lobo e vice-versa vice versa é possível no estado de guerra de todos contra todos e, já podemos dizer, no estado de exceção, onde, nesta criatura bifronte, o homo sacer, sacer mostrar-se-á á o pressuposto sempre presente e operante do poder soberano. Diferentemente do que estamos habituados a pensar o espaço político como uma área de direitos humanos, contratocontrato-social, livre-arbítrio, etc., pelo contrário, sob a ótica soberana autenticamente política só pode ser a vida nua do homem-lobo, lobo, isto é, o homo sacer. Deste modo, em Hobbes, não é exatamente a cessão livre dos súditos de abrir mão de seu direito natural que autoriza a ascensão do poder soberano, mas antes, a conservação deste direito apenas por parte do soberano que tem, a partir do direito de punir, oriundo undo do direito natural de cada um a autopreservação, que foi abandonado por todos em benefício do soberano, condições de fazer de tudo a ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 136 qualquer um para preservar o Estado. Se somente o soberano conserva seu direito natural de autopreservação, assim, aos seus olhos, todos se apresentam como vida nua. Isto pode ser observado no capítulo XXVIII do Leviatã quando Hobbes se questiona de onde viria a autoridade do soberano para punir, visto que ninguém é obrigado pelo pacto a não se defender e, ao fundar o Estado Estado os homens renunciam o direito de defender os outros, mas não a si mesmos. O direito de punir não é, portanto, concessão dos súditos ao soberano. Hobbes argumenta que, no estado de natureza todos têm direito a tudo, a fazer o que achar conveniente para preservar sua própria pessoa, inclusive ferir, subjugar ou matar outro homem: E este é o fundamento daquele direito de punir que é exercido em todos os Estados. Porque não foram os súditos que deram ao soberano esse direito; simplesmente, ao renunciarem ao ao seu, reforçaram o uso que ele pode fazer do seu próprio, de maneira que achar melhor, para a preservação de todos eles. De modo que ele não foi dado, foi-lhe foi lhe deixado, e apenas a ele; e tão completo (com exceção dos limites estabelecidos pela lei natural) como na condição de simples natureza, ou de guerra de cada um contra seu próximo. (HOBBES, 1979, p. 186). Desta maneira, pode se ver com mais clareza, de que modo o estado de natureza habita estavelmente a sociedade: no soberano, a sobrevivência do direito direi de punir, ou seja, de usar a violência para conservar o ordenamento; no súdito, não o direito de desobedecer, mas o de resistir legitimamente à violência operada contra a sua pessoa. O referente imediato da violência soberana é a exclusão inclusiva da vida v nua do homo sacer no ordenamento político, outrossim, na figura do soberano está preservado o wargus,, pois que, daquele homo homini lupus do estado de natureza abandonado por todos, o único a preservá-lo, preservá lo, ainda que sobre a forma do direito de punir, é o soberano. Resumamos em três pontos as conclusões de Agamben acerca do mitologema de fundação do Estado moderno. Primeiramente, o estado de natureza é um estado de exceção, o momento em que a cidade (civitas) ( ) aparece por um momento “tanquam dissoluta”” (Hobbes), (Hobbes), algo como um estado de exceção. A seguir, a fundação do Estado não ocorre de uma vez para sempre, mas continuamente no trânsito entre natureza e estado civil por meio da decisão soberana sobre o estado de exceção. Por fim, o referente para a fundação fundação da cidade, ou seja, para o contrato ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 137 social, não é propriamente a liberdade dos cidadãos em se desfazer de seu direito natural, mas antes, a sua vida. Vida esta que não é aquela vida qualificada do cidadão, mas aquela vida nua do homo sacer ou do homem-lobo bo que, assim como a decisão soberana sobre a exceção, é um tráfego contínuo entre natureza e sociedade que, ao ser assim, pode surgir como elemento político originário, já que é a partir desta que o soberano pode fundar o estado civil. A relação de bando mostra aqui sua força, pois é por meio desta relação que os dois pólos da comunidade política podem se tocar, “o que o bando mantém unidos são justamente a vida nua e o poder soberano”. (AGAMBEN 2004, p. 115). Para Agamben a interpretação tradicional do mitologema mitologema moderno de fundação da cidade, a saber, o contrato ou a convenção, condenou a democracia ao fracasso sempre que essa precisou fazer as contas com o poder soberano e, conjuntamente, nos delegou a impossibilidade de pensar uma política que fugisse do d paradigma do Estado. Segundo o filósofo, o ato político originário deve ser pensado a partir da relação de bando,, ou seja, da decisão soberana sobre a exceção que integra e, ao mesmo tempo, separa a vida nua no interior do ordenamento. O plano político originário não é, portanto, o do contrato, mas o bando,, que se nos apresenta de uma forma mais complexa; não há uma passagem definitiva da natureza para a sociedade civil, mas antes, a criação de um espaço dúplice, e este é justamente o espaço político, onde natureza e cultura, phýsis e nómos,, estado de natureza e estado civil se misturam e se confundem, “na qual o liame liame estatal, tendo a forma do bando,, é também desde sempre não-estatalidade não estatalidade e pseudo natureza, e a natureza apresenta-se se desde sempre como nómos e estado de exceção”. (AGAMBEN 2004, p. 116). É nesta impossibilidade do soberano de decidir, de se manter, portanto, port numa relação de bando,, que reside a força do político. Se a política de nosso tempo tornou-se, tornou se, como sugere Foucault, uma biopolítica, que traz não uma vida qualificada, as formas de vida, mas a vida nua, o simples fato da vida, ao centro dos cálculos do poder soberano, isso só foi possível, segundo Agamben, porque a política se apresenta desde sempre desta maneira, quer dizer, na relação de bando,, onde aquilo que é abandonado pelo poder soberano, ou seja, simultaneamente excluso e incluso, é a vida nua nu do homo sacer. sacer E “se hoje não existe uma figura predeterminável do homem sacro, é, talvez, porque somos todos ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 virtualmente homines sacri”. sacri (AGAMBEN 2004, p. 121). 138 REFERÊNCIAS 1. AGAMBEN, G. Homo Sacer. O poder soberano e a vida nua I. I Belo Horizonte. Editora UFMG. 2004. 2. __________, ______. Estado de Exceção. 2ª ed.. São Paulo. Boitempo Editorial. 2007. 3. ARENDT, H. A condição humana. humana 11ª ed. d. Rio de Janeiro. 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FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 140 O USO DA FERRAMENTA “PREVISÃO DE VENDAS” ADAPTADA PARA PREVISÃO DA DEMANDA FUTURA DE ALUNOS DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR (USE OF THE TOOL "FORECAST FORECAST SALES" ADAPTED FOR PREDICTION OF FUTURE DEMAND FOR PUPILS OF A HIGHER EDUCATION INSTITUTION) Kaminsky Mello Cholodovskisa,*, Carlos Renato Gherearde Linsb, Marcelo de Paula Mascarenhas Ribeiroc a,* Doutorando em Psicologia Social – Universidad Argentina John F. Kennedy [email protected] b c Diretor na Faculdade Pitágoras Diretor Acadêmico FACOL/ISEOL 1 INTRODUÇÃO O objetivo do presente artigo é demonstrar a aplicação da ferramenta previsão de vendas para subsidiar e delinear o plano estratégico de uma unidade educacional, auxiliando a organização e o gestor a realizarem a previsão de demanda por seus cursos dentro da realidade do mercado em que estiver inserida. Sabemos que a grande dificuldade para uma organização - e seus gestores -, ao realizar planos futuros, é ter uma previsão mais próxima da realidade do mercado no qual compete, para que não haja distorções entre suas receitas e despesas, tendo em vista o equilíbrio financeiro e o cumprimento das metas estabelecidas. Conhecer o mercado (suas oportunidades e ameaças), realizar uma análise a interna, rever a missão organizacional e redesenhar a visão do negócio são ações que fazem parte da administração estratégica, mas quando o gestor se depara com os números (principalmente quando são previsões) há uma grande dificuldade em realizar o plano. Normalmente, uma das últimas etapas do processo de planejamento estratégico é o orçamento, e para realizá-lo realizá lo há necessidade de uma boa capacidade de “previsão do futuro”.. Nele se estabelecem as principais receitas, despesas e custos que ocorrerão, geralmente, no ano seguinte. O passado ajuda bastante, pois se pode partir do histórico da instituição para planejar o futuro. Há, porém, diversas possibilidades de mudanças que devem ser previstas com o propósito de se evitarem erros e surpresas que levariam levariam o planejamento ao fracasso. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 141 Nesse trabalho apresentar-se-á apresentar á uma adaptação da previsão de vendas, ferramenta gerencial bastante usada por empresas com intensa atividade de vendas, para realizar a previsão de demanda de alunos, comumente denominada de metas m de entrada, que uma instituição de ensino poderá captar ao longo do ano seguinte. Dessa forma, a organização educacional terá o trabalho de realização do planejamento, e especificamente, do orçamento, facilitado. Mesmo que haja distorções posteriores, posteriores, o processo torna-se torna mais realista e operacional, com isso as mudanças estratégicas para novos rumos serão mais realistas. Sendo assim, a gestão estratégica, nesse trabalho dará destaque à gestão de vendas como suporte para a administração estratégica. Essa Essa gestão começa por uma boa previsão da demanda futura. A previsão de vendas é, atualmente, o mecanismo que as empresas adotam para poder antecipar as vendas, ou seja, para antever a demanda futura por seus produtos ou serviços. Consiste em uma importante importante etapa inserida no processo de planejamento empresarial, notadamente nas análises de competitividade e oportunidades. Para esse artigo, a previsão de vendas irá contribuir para a previsão da entrada de estudantes nos diversos cursos de uma instituição de ensino, bem como no estabelecimento de metas de resultados junto à mantenedora, que é a instituição que tem a responsabilidade de promover a sustentabilidade econômico-financeira econômico da instituição mantida. Uma previsão mal elaborada pode comprometer toda a gestão estratégica de uma empresa, acarretando elevado nível de estoque, programa de marketing inadequado, gastos com situações inesperadas de demandas não previstas, além de inúmeros prejuízos. Portanto, para avaliar as oportunidades futuras: “A previsão previsão de vendas deve ocupar lugar de destaque, em parte devido à sua grande importância para o planejamento das atividades mercadológicas e gerais da empresa, em parte devido à existência de um considerável número de métodos de previsão, entre os quais o técnico técni deve escolher aqueles que melhor se adaptam à sua empresa (RICHERS, 1974, p. 323).” Nesse artigo, pretende-se pretende se apresentar um resumo dos métodos de previsão de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 142 vendas, discutir suas vantagens e desvantagens, além de relatar a aplicação de uma previsão de demanda futura para a Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas. Dessa forma e pela sua relevância, a previsão de demanda futura torna-se torna um grande desafio para a organização e para seu gestor, pois depende de informações precisas e de uma economia estável. Como vivemos, no entanto, numa época de grande turbulência, e para obter informações precisas é muito dispendioso, principalmente para empresas menores, esse trabalho realmente tornou-se tornou um grande desafio. Sendo assim, pode-se pode afirmar com toda certeza que uma empresa preocupada em melhorar sua eficiência deve, a partir da previsão de vendas, realizar todo o orçamento da empresa. Mas uma empresa que pretende ser mais eficaz deve elaborar um orçamento anual de vendas e dimensionar sua força de vendas através da correta previsão da demanda. É importante reforçar que, para esse artigo não há distinção entre os termos “previsão de vendas” e “previsão de demanda futura”,, sendo ambos utilizados de forma indistinta. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Toda organização deve realizar realizar estudos voltados para a previsão de suas demandas futuras que, juntamente com o trabalho de preparação do planejamento estratégico (e o orçamento neste processo), compõem a chamada administração estratégica. As vendas são de vital importância para qualquer organização, principalmente as educacionais que vivem em um mercado flutuante, ou seja, há momentos que alguns cursos apresentam boa demanda, enquanto outros não. Depois essa situação se inverte rapidamente. Para realizar uma correta previsão da demanda demanda futura devem-se devem conhecer seus principais métodos, que utilizados de forma adequada, segundo Las Casas (1993), resultarão em maior retorno financeiro, determinante para a continuidade da empresa. Entretanto, prever a demanda futura pelos produtos e serviços s de uma ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 143 organização possibilita um diferencial no processo de administração estratégica, já que auxilia o planejamento de ações futuras, conforme salienta Cobra (1994, p. 99): “A previsão de vendas [previsão da demanda futura] é a base de todo o planejamento anejamento e orçamento da empresa. A partir dela a Produção, o Departamento de Recursos Humanos, o Departamento de Finanças e todos os outros departamentos planejam seu trabalho e determinam suas necessidades para o próximo período.” Complementando essa ideia, Boone e Kurtz (1998, p. 128) explicam que a previsão da demanda é "um alicerce básico de qualquer plano de marketing" e que ela consiste numa estimativa das vendas para um período futuro. Tal tarefa concede à previsão de vendas um um papel extremamente importante como um instrumento mercadológico básico que vai "orientar o planejamento global e integrado da empresa" (RICHERS, 1974, p. 395). Operacionalmente, pode-se pode se dizer que a previsão da demanda futura fornece dados numéricos sobre e o volume dessa demanda (quando se utilizam métodos mais quantitativos) a ser distribuído, durante um período predeterminado, entre os vários segmentos de mercado em que a empresa pretende operar (no caso específico, os diferentes cursos superiores oferecidos oferecidos pela instituição de ensino); ou fornecer informações sobre as intenções de compras ou as tendências de mercado (quando se utilizam métodos mais qualitativos), para facilitar o controle mercadológico da empresa (KOTLER, 1996). A previsão de demanda futura, além de seu uso no planejamento estratégico, também colabora para a decisão de lançamento de novos produtos, o controle de estoques, a programação da produção, a aquisição de matéria-prima, matéria o dimensionamento da força de trabalho, a distribuição dos produtos, o estabelecimento de preços, a determinação da necessidade de propaganda, planejamento financeiro e o controle, ou seja, colabora para a administração estratégica da empresa (LAS CASAS, 2005). Em vista dessa importante contribuição, o presente artigo artigo buscará demonstrar um esforço de adaptação de uma ferramenta em um ambiente em que ela é pouco utilizada, devido à cultura do setor, mas com crescentes mudanças, graças à profissionalização do chamado business educacional que estamos vivenciando recentemente. Para uma boa previsão da demanda futura, devemos conhecer os períodos de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 144 tempo considerados fundamentais para o presente estudo. De uma forma didática, previsões de vendas podem ser divididas em relação ao período de tempo em (BOONE; KURTZ, 1998, p. 128): • Curto prazo: usualmente abrange um período de até um ano; • Médio prazo: pode abranger de um a cinco anos; • Longo prazo: geralmente estende-se estende além de cinco anos. É importante observar que o período de abrangência de uma previsão depende de vários fatores ambientais como: recursos organizacionais, características do setor (por exemplo, curto prazo para o setor siderúrgico difere totalmente do curto prazo para o setor bancário) e as aplicações de que os planejadores necessitam. Apesar da importância citada, pode-se se dizer que são poucos os produtos e serviços que se prestam a uma previsão fácil. Tal fato ocorre apenas quando há pouca concorrência, estabilidade de demanda e crescimento ou decréscimo constante. Como tal situação é uma raridade, Kotler e Armstrong (1999, p. 151) destacam que "a previsão é a arte de estimar a demanda futura antecipando o que os compradores possivelmente farão em determinadas condições futuras". Como toda arte, deve-se se basear em boa parcela de intuição, mas não abrindo mão da boa técnica. Segundo Cobra (1994), a previsão de vendas pode ser feita para um produto específico ou para uma linha de produtos, para um mercado como um todo ou para um segmento qualquer. Há vários métodos para se fazer uma previsão de vendas, neste artigo art serão apresentados e discutidos alguns dos métodos mais utilizados pelas empresas. É importante ressaltar que os planejadores utilizam diversos métodos para prever o futuro, mas estes se dividem em duas grandes categorias (BOONE; KURTZ, 1998, p. 128): • Os métodos de previsão qualitativos, que são mais subjetivos e baseiam mais suas conclusões em opiniões que em dados históricos; • Os métodos quantitativos, que empregam cálculos estatísticos, simulações ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 145 por computador e modelos econométricos para produzir suas previsões numéricas. a) Métodos qualitativos Os métodos qualitativos, como o próprio nome sugere, são mais subjetivos que os quantitativos e baseiam-se baseiam se naquilo que as pessoas dizem. Incluem basicamente três métodos (BOONE; KURTZ, 1998): Opiniões dos gerentes É solicitado aos gerentes que façam um julgamento das possíveis demandas dos consumidores. As previsões individuais de cada executivo-chave executivo chave ou gerente de produto são avaliadas e discutidas em grupo até chegar a um consenso. Este método é simples les e usado com frequência, mas pode levar a erros, decorrentes de sua subjetividade. Traz como vantagens: • Aglutina conhecimentos e experiências de pessoas especializadas, que conhecem os produtos e os mercados; • Minimiza o risco de que algum fator qualitativo importante deixar de ser considerado; • É prático, rápido e simples; • Torna as pessoas mais comprometidas com as ações inerentes ao planejamento futuro. E como desvantagens: • Pode tornar subjetiva a avaliação das oportunidades de mercado; • Pode faltar sistematização na utilização dos dados em sua ponderação. Opinião da força de vendas Com base nas suas experiências de vendas, os vendedores são convidados a estimar as vendas para o próximo período, uma vez que eles têm maior contato com os clientes lientes e também conhecem o mercado e os produtos com que trabalham. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 146 Eles têm como base as metas pré-estabelecidas. pré estabelecidas. A somatória das previsões de vários agentes comerciais fornece a estimativa global para a empresa. Vantagens: • Aproveita o conhecimento desses des profissionais; • Compromete e responsabiliza-os responsabiliza os no cumprimento das previsões. Desvantagens: • Dificuldade em obter a objetividade adequada; • O agente comercial tende a ter sempre uma visão de curto prazo e não de médio prazo. Opiniões de especialistas (Técnica Delphi) Procura levantar as opiniões de especialistas que não trabalham na empresa. Essa previsão é feita através do intercâmbio de opiniões. Para aplicar a Técnica Delphi, a empresa deve seguir o seguinte roteiro: • Selecionar um grupo de especialistas (acadêmicos; profissionais de mercado; cientistas; pesquisadores; distribuidores; revendedores; fornecedores; consultores; associações comerciais; etc.); • Enviar a cada um deles um questionário referente a um futuro evento; • Combinar as respostas respost e enviá-las las a outros especialistas juntamente com outro questionário; • Por fim, buscar fundir as estimativas numa única para trabalhar com um consenso. Vantagens: • Podem abranger previsões de um prazo maior com inovações tecnológicas; • Podem gerar previsões mais aprofundadas. Desvantagem: ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 147 É um método caro e demorado. Pesquisa de intenções dos compradores Busca levantar junto aos compradores suas intenções de compras. Pode ser feita através de questionários enviados aos compradores, entrevistas pessoais p ou por telefone, além de outras técnicas. Vantagens: • Muito útil quando os compradores têm intenções claramente definidas e sabem descrevê-las las nitidamente aos pesquisadores; • Útil também quando a empresa tem poucos compradores. Desvantagens: • Pode gerar uma falsa impressão de demanda, levando a empresa a acreditar que a intenção de compra resultará numa venda real; • Como a Técnica Delphi, também é demorada e cara. Pode-se se observar que essas técnicas qualitativas auxiliariam muito pouco no caso estudado nesse artigo, pelas características do setor. b) Métodos quantitativos São os métodos que se baseiam no que as pessoas fazem ou fizeram. Trabalham de forma mais racional. Os principais são apresentados a seguir (BOONE; KURTZ, 1998): Teste de mercado rcado Frequentemente utilizado para avaliar a resposta dos clientes a novos produtos ou a novos sistemas de distribuição (também para novos mercados). "Quando os compradores não planejam suas compras com cuidado ou quando os especialistas não estão disponíveis disponíveis ou não são confiáveis, a empresa deve realizar um teste de mercado direto" (KOTLER; ARMSTRONG, 1999, p. 153). ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 148 Recentemente, Michael Eisner, CEO da Disney, na defesa do método de teste de mercado, disse que não concordava com o método de pesquisa, a não ser que os resultados concordassem com ele. "Pesquisas podem ser feitas sobre coisas que já aconteceram – mas nenhuma pesquisa com clientes é melhor do que um teste real de mercado" (EISNER, 1997, p. 15). Mas nem sempre se pode fazer um teste de mercado. mercado. Há produtos que ainda são desconhecidos do mercado. Para outros produtos fica muito caro realizar um bom teste de mercado. Porém, nenhum especialista de marketing e vendas abre mão de testar um novo produto. Há casos históricos de testes de mercado que poderiam ter levado a empresa a cometer erros (EISNER, 1997). O famoso caso da Sony é um bom exemplo. A Sony, quando iria lançar um novo walkman, buscou realizar vários testes de mercado. A empresa apresentava os novos modelos, que eram coloridos, modernos, até radicais (havia um modelo que era pintado com uma camuflagem verde), em contraste com os antigos modelos pretos. Os testes eram realizados em escolas com jovens de idade entre doze e dezessete anos. Todos elogiavam os novos modelos odelos coloridos de walkman. Ao final do teste os alunos podiam escolher um e levá-lo gratuitamente. A grande surpresa foi que a ação não seguia a fala dos alunos. A maioria escolheu o modelo tradicional de cor preta (KOTLER, 1999). Portanto, testes de mercado são essenciais para entendimento de como o cliente irá agir ao invés de como ele fala que irá agir. Há uma grande diferença. Vantagens: • Fornece informações mais realistas sobre a demanda do que os levantamentos baseados em intenções de compra; • Muito uito útil para se conhecer a aceitação de um novo produto. Desvantagens: • Também é uma técnica cara e demorada; • Pode revelar o plano de marketing para os concorrentes antes do efetivo lançamento do produto no mercado. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 149 Análise de séries temporais (análise de tendências) Quando a empresa baseia suas previsões em vendas passadas. O método envolve "a previsão de vendas futuras, analisando a relação histórica entre tempo e vendas" (BOONE; KURTZ, 1998, p. 129). A análise de tendências depende, é claro, da existência ência de dados passados, portanto, já é ineficaz para a previsão das vendas de novos produtos, além da atual situação do mercado onde estiver sendo feita a previsão, ou seja, se não houver histórico da demanda não há como aplicar a técnica. Além disso, para a produtos existentes deve-se deve se pressupor que os mesmos fatores que geraram as vendas passadas não se alterarão. Como tal situação é muito rara nos dias competitivos e turbulentos, como os atuais, essa técnica tem também limitações. O Método de Análise de Séries Séries Temporais (Regressão Linear Simples), mais utilizado pelas organizações, são os estudos estatísticos que se prestam a conhecer como uma determinada variável está relacionada com outras (WONNACOTT; WONNACOTT, 1981). Há dois tipos de regressão: a regressão simples, que analisa a relação de duas variáveis (no caso em estudo utilizaremos esta por estarmos relacionando tempo e vendas), e a regressão múltipla, que relaciona mais de duas variáveis as mesmo tempo. Para se fazer a regressão, alguns passos são importantes (WONNACOTT; WONNACOTT, 1981): • Estabelecer a variável dependente, que é a resposta. Normalmente se atribui a letra Y (no caso em estudo a variável dependente será as vendas); • Estabelecer a variável independente, que é a explicativa ou preditora. pred Normalmente se atribui a letra X (no caso em estudo a variável independente será o mês); • Especificar a curva que tem como fórmula geral: Y= ßo + ß1 X; • Ajustar a curva aos dados (estimação dos parâmetros) ßo e ß1 (usa-se (usa o Método dos Mínimos Quadrados Quadrado - M.M.Q.); • Teste do ajustamento. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 150 É importante destacar que vários softwares fazem este trabalho para o técnico (o próprio Excel). Pode-se se ainda realizar o chamado ajustamento exponencial (abordagem mais sofisticada da análise de tendências), que atribui pesos aos dados de vendas de cada ano, conferindo maior peso aos anos mais recentes, pois considera que os fatores que gerarão as vendas nesses períodos são mais prováveis de ocorrência do que os fatores mais antigos. Vantagem: • É rápida, eficaz e de custo custo baixo quando a demanda e o ambiente externo são estáveis; Desvantagens: • Baseia-se se na suposição que o futuro é uma continuação do passado; • Nenhuma utilidade para novos produtos. Uso de indicadores-guias indicadores "Muitas empresas buscam prever suas vendas a partir de um ou mais indicadores-guias" guias" (KOTLER; ARMSTRONG, 1999, p. 153). Por exemplo, um depósito de material de construção pode utilizar o índice de construção de novas moradias para basear suas vendas. Vantagem: • Maior possibilidade de acerto da demanda demanda por estar vinculada a um indicador de mercado. Desvantagem: • Pode sair caro e demorado se a empresa tiver que calcular este indicador. O que é preciso para fazer uma previsão da demanda futura A previsão da demanda futura depende de um potencial de mercado mer bem ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 151 calculado, das estratégias adotadas de segmentação de mercado, distribuição, zoneamento de vendas, eficácia dos esforços promocionais, tamanho da força de vendas, sistema de remuneração e incentivo aos vendedores (COBRA, 1994). As condições que cercam cercam a empresa no momento da previsão de demandas futuras poderão gerar um grau de incerteza alto, médio ou baixo. Essas influências poderão afetar positivamente a previsão, eliminando as incertezas ou, ao contrário, afetar negativamente ampliando as incertezas. incertezas. O importante é saber balancear as influências e minimizar as incertezas (COBRA, 1994). Segundo Kotler (1996), para se fazer a previsão de vendas devemos verificar qual mercado mensurar. Os tipos de mercado elencados pelo autor são: • Mercado potencial: potencial: que é o conjunto de consumidores que manifesta um nível suficiente de interesse por uma oferta de mercado definida. • Mercado disponível: é o conjunto de consumidores que tem interesse, renda e acesso a uma oferta específica de mercado. • Mercado atendido conhecido: conhecido: que é a parte do mercado disponível qualificado que a empresa decide ir atrás. • Mercado penetrado: composto por aqueles consumidores que já compraram o produto. Kotler (1996) discorre, ainda, sobre quatro aspectos que devem ser levados em consideração dentro da previsão de vendas: vendas • Demanda de Mercado: que avalia as oportunidades de marketing e é caracterizada por um volume total que seria comprado por um grupo definido de consumidores, em determinada área geográfica, em um período de tempo definido, em um ambiente de mercado definido, sob um determinado programa de Marketing. Marketing • Potencial de Mercado: que mostra a demanda de mercado esperada e é visto como o limite abordado pela demanda de mercado, à medida que os gastos de marketing do setor industrial industrial se aproximam do infinito, para determinado ambiente. • Demanda da empresa: é a participação na demanda de mercado. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 152 Potencial da Empresa: é o limite aproximado da demanda à medida que o esforço de marketing aumenta em relação aos concorrentes. Para uma eficaz administração de vendas é necessário, também, se fazer uma pesquisa com os concorrentes para saber qual o método utilizado por eles para fazer a previsão de vendas. É a técnica denominada de benchmarking que visa identificar se o método utilizado do está sendo eficaz dentro dos objetivos propostos, uma vez que com essa informação pode-se se ter uma base para elaborar a previsão de vendas da empresa numa abordagem de marketing competitivo que diz que a empresa deve atender aos desejos e às necessidades dos clientes melhor que a concorrência. Por isso é importante "copiar" as melhores técnicas administrativas dos concorrentes buscando melhorá-las las e gerando valor para os clientes (COBRA, 2009). Além disso, torna-se se necessário também organizar organizar um banco de dados para armazenar dados internos, entre os quais se destacam o bando de dados de clientes (que é o cadastramento dos mesmos), estatísticas de vendas mensais, acompanhamento dos pedidos. Sem essas informações não se consegue sequer começar çar a fazer uma previsão de vendas. Todas essas informações devem estar consolidadas em um sistema gerencial que possibilite uma ampla administração das informações de forma estratégica. Este, contudo é outro assunto (cobra, 2009). Responsabilidade na previsão pre de demanda futura A previsão de demanda futura é o mecanismo que a gestão organizacional utiliza para realizar um bom planejamento. A partir dessas informações, o Departamento Financeiro pode estabelecer os valores necessários aos investimentos em operações; operações; o Departamento de Manufatura consegue estabelecer a capacidade e os níveis de produção; o Departamento de Compras pode adquirir os suprimentos que serão utilizados; o Departamento de Recursos Humanos se torna capaz de contratar o pessoal necessário io para o desenvolvimento das vendas e os demais funcionários da empresa. O envolvimento de todos e o conhecimento do mercado farão com que essas previsões sejam mais próximas da realidade (COBRA, 2009). No entanto, uma previsão mal feita pode comprometer todo o processo da ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 153 empresa, em todos os setores. A responsabilidade de realizar uma adequada previsão das vendas cabe ao Departamento de Marketing,, que é responsável pela correta escolha da melhor técnica ou de uma composição de várias técnicas (tanto qualitativas, litativas, quanto quantitativas). Para tal trabalho, as empresas devem estar atentas à realidade do país, no setor econômico, político, cultural e social, pois as informações estão dispersas nesses setores e devem ser coletadas e trabalhadas por profissionais profission de marketing adequando-as as às necessidades da empresa e do mercado específico (às vezes regionalizado) em que estiverem inseridas (KOTLER, 1999) Os métodos apresentados nesse trabalho mostram que se deve levar em consideração uma infinidade de fatores relevantes relevantes dentro e fora da empresa, desde a opinião dos vendedores, de especialistas, testes de mercado, até indicadores econômicos e estatísticos, que ajudam a moldar o quadro de vendas da empresa. Para isso deve-se se fazer uma análise das informações obtidas, obtidas, que devem ser precisas, tendo em vista que não há um método específico para cada tipo de situação, mas sim vários métodos que podem ser utilizados individualmente ou em conjunto, dependendo de cada situação, fazendo com que um complete o outro, de modo a se fazer uma previsão mais eficaz e condizente com a realidade da empresa. De acordo com Richers (1974), a previsão de demanda é operacionalizada em sete etapas: • 1ª ETAPA: Planejamento: tarefa de pensar estrategicamente sobre as implicações da previsão. previsão. É a determinação das diretrizes e dos objetivos da previsão. Normalmente é realizada pela alta gerência, mas pode ser feita também com o apoio de consultoria especializada. Com esse tipo de definição preliminar sobre a Administração de Vendas, Vendas, "os técnicos técnic não só se sentirão mais seguros, como poderão também economizar muito tempo e dinheiro para a empresa, evitando estudos supérfluos." (RICHERS, 1974, p. 326). • 2ª ETAPA: Atribuição das tarefas: determinação de quem ou qual área será responsável pela realização reali da previsão. Pode-se se também contratar um consultor, a quem caberia instalar o sistema e treinar os funcionários para ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 154 execuções futuras. • 3ª ETAPA: Seleção do(s) método(s) mais adequado(s): escolha da melhor forma de se realizar a previsão baseada nos objetivos estabelecidos na 1ª ETAPA. Pode-se se realizar um Benchmarking com as melhores práticas dos concorrentes que significa fazer uma pesquisa com outras empresas que atuam no mesmo ramo, sobre os métodos usados para realizar a previsão de vendas e verificar icar a sua eficácia. • 4ª ETAPA: Coleta de dados: realizada primordialmente em função do(s) método(s) escolhido(s), pois os dados constituem os instrumentos básicos da previsão. Especificamente, trata de recolher informações internas e externas no que se refere ere à empresa. • 5ª ETAPA: Elaborar a previsão de vendas: aplicação do método. Na prática o técnico costuma enfrentar um grande número de dados. Para coordenar essas informações, recomenda-se recomenda se seguir os seguintes passos: (RICHERS, 1974, p. 328): a. Seleção preliminar preliminar de informações: pode ser simplesmente ao acaso, ou de acordo com impressões subjetivas quanto ao seu significado. É importante, contudo, que o técnico se restrinja a poucos dados, digamos, de três a cinco. b. Interpretação e análise dos dados: fazer uma interpretação e análise das informações obtidas, analisar o quadro de vendas da empresa e os aspectos que cercam a empresa no momento da previsão. c. Projeção preliminar dos dados: poderá ser feita em termos de máximos e mínimos de vendas a se realizarem por área. d. (Refinamento Refinamento da precisão: a esta altura, informações adicionais poderão ser utilizadas para reduzir a margem de erro da previsão e torná-la la mais precisa do que os mínimos antes estabelecidos. e. Projeção definitiva dos dados: uma só curva – base para a previsão – deve resultar dessa projeção. • 6ª ETAPA: Apresentação dos resultados e dos instrumentos de controle: além de realizar a previsão o técnico deve ser capaz de apresentar para a empresa um relatório que seja conciso e objetivo, contendo os resultados resultad e as recomendações. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 155 7ª ETAPA: Estabelecimento das metas de demanda futura: a empresa deve basear-se se na previsão, mas poderá estipular as metas mais desafiadoras que uma simples projeção ou opiniões subjetivas. "É preciso frisar que as metas referentes aos os futuros volumes de vendas não necessariamente coincidem com as previsões para um igual período e segmento de mercado." (RICHERS, 1974, p. 331). 3 METODOLOGIA DE PESQUISA PESQU Considerando os objetivos deste trabalho, após o estudo dos métodos de previsão,, foi escolhido o método quantitativo de Análise de Séries Temporais (Análise de Tendência) por meio da técnica de Regressão Linear, para fazer a previsão de demanda futura da Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas. Apesar de sabermos que o método mais utilizado utilizado no setor educacional são os Levantamentos Qualitativos (“chutes” ( dos coordenadores e diretores das faculdades, a nosso ver, ocasionados pela falta de um planejamento estratégico da organização no todo e pela necessidade de atender às solicitações da organização quanto ao cumprimento de datas e procedimentos), optamos pela técnica de Regressão Linear Simples, por ser um método mais preciso. Na regressão linear simples, segundo Wonnacott e Wonnacott (1981), analisa-se analisa a relação de duas as variáveis, que no nosso caso são as variáveis tempo e vendas. A variável dependente (Y), que é a resposta, será vendas. A variável independente (X), que é a preditora, será o mês. E a fórmula da curva, No ajustamento exponencial dos dados e . , atribuem-se se pesos aos dados de cada ano, sendo conferido maior peso aos anos mais recentes, considerando a maior probabilidade de ocorrência dos fatores que gerarão as vendas nesses períodos. Assim, , ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 e . 156 Na fórmula de regressão linear simples: 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Foram coletados dados junto ao Ministério da Educação (Censo) de 2004 a 2010, que apresenta as matrículas de ingressantes das instituições educacionais da cidade de Poços de Caldas. Depois, foram selecionados os dados necessários para a previsão da demanda: as entradas anuais de alunos nos diversos cursos ofertados no município e região, região, nos últimos sete anos (vide Tabelas 1 e 2 abaixo). É importante observar que não foi possível realizar a previsão para o curso de Psicologia, pois havia apenas um ano com matrículas (2010) na Faculdade Pitágoras, o que não permitiu a regressão. E também para o curso de Farmácia, por ser novo (início 2011). Nesses casos, adotamos uma solução que foi considerar 30% do total de matrículas do mercado para os cursos citados, como estimativa com base no percentual que a Faculdade Pitágoras, em média, atinge com com os demais cursos. Isso possibilitou que estimássemos para esses cursos as seguintes entradas: Psicologia: 31 (2011); 31 (2012); e, 29 (2013); Farmácia: 19 (2011); 22 (2012); e, 24 (2013). Tabela 1 - Entradas nos cursos oferecidos pela Fac. Fac Pitágoras em Poços de Caldas e sul de minas. Curso/Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Administração 419 541 568 565 525 607 656 Enfermagem 163 170 192 162 131 160 169 Eng. de Produção 0 0 0 0 0 89 158 Psicologia 155 138 127 94 100 113 140 Farmácia 0 30 0 38 32 45 60 Totais 737 879 887 859 788 1020 1183 Fonte: Ministério da Educação ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 157 Tabela 2 – Entradas por ano nos cursos oferecidos pela Fac. Fac Pitágoras de Poços de Caldas Curso/Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Administração 69 119 Enfermagem 50 58 Eng. de Produção 89 158 Psicologia 50 Farmácia Totais 0 0 0 0 0 208 385 Fonte: Ministério da Educação Tabela 3 – Previsão de demanda por ano nos cursos oferecidos pela Fac. Fac Pitágoras no município. município Curso/Ano 2011 2012 2013 Administração 669 697 726 Enfermagem 155 153 150 Eng de Produção Eng. 128 152 175 Psicologia 106 102 98 Farmácia 64 73 81 Totais 1125 1179 1234 Fonte: Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas – MG Tabela 4 – Previsão de demanda nos cursos oferecidos pela Fac. Pitágoras de Poços de Caldas Curso/Ano 2011 2012 2013 Administração 169 219 269 Enfermagem 66 74 82 Eng de Produção Eng. 128 152 175 Psicologia Farmácia Totais 363 445 526 Fonte: Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas – MG Dessa maneira apresentamos a Tabela 5 abaixo, completa: Tabela 5 – Previsão de demanda nos cursos oferecidos pela Fac. Fac Pitágoras de Poços de Caldas Curso/Ano 2011 2012 2013 Administração 169 219 269 Enfermagem 66 74 82 Eng. de Produção 128 152 175 Psicologia 31 31 29 Farmácia 19 22 24 Totais 413 498 579 Fonte: Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas – MG Para os cursos de Psicologia e Farmácia os números ficaram baixos e possivelmente a Faculdade deverá rever essa previsão em virtude de aspectos qualitativos não analisados neste trabalho, pois dessa forma não haverá viabilidade financeira necessária para operacionalização dos cursos. Mesmo assim, o estudo demonstra algum avanço frente aos “chutes” que seriam adotados para a realização do orçamento no processo de planejamento estratégico. Portanto, aplicando a técnica de regressão linear foram obtidas as Tabelas ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 158 apresentadas. Fizemos a previsão para três anos à frente, apenas como simulação, contudo apenas as previsões de 2011 serão utilizadas como fonte de informações informa para o orçamento no planejamento estratégico da Unidade. Percebe-se se que houve distorções na utilização apenas de uma ferramenta quantitativa, pois havia poucos dados históricos em dois cursos Psicologia e Farmácia. Isso levou a um viés nos resultados obtidos. Para solucionar esse tipo de problema deve-se deve se recorrer a algum método qualitativo (Técnica Delphi ou Opinião dos gerentes, que no caso do nosso estudo seriam os coordenadores de curso). Porém, nota-se se claramente que a regressão apresenta números que q servem de base para o orçamento de receita e ajuda o gestor a entender melhor a concorrência e os seus desafios. Como pode ser observado abaixo, na Tabela 6 – Matrículas 2011/1, a metodologia apresentada neste estudo proporcionou o foco em ações de captação capt de alunos, o qual demonstra o resultado positivo inicial na Unidade de Poços de Caldas, deixando claro que com um bom planejamento e acompanhamento os resultados podem ser positivos. Tabela 6 – Matrículas 2011/1 Cursos Metas Mat. Real % A Administração 155 165 106,45 Eng Produção Eng. 145 132 91,03 Psicologia 100 66 66,00 E Enfermagem 100 56 56,00 Eng Mecânica Eng. 25 9 28,76 Eng Cont. Aut. Eng. 25 12 48,00 Farmácia 75 43 57,33 Turno Noturno 625 483 77,28 Fonte: Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas - MG Pode-se se concluir com este caso que para se fazer uma previsão da demanda futura que apoie a gestão dos negócios da empresa não é importante apenas a aplicação de métodos, mas também de um conhecimento das condições externas do mercado de uma empresa mpresa e conscientização da mesma para que dê a devida importância ao planejamento estratégico adequado à realidade, fatores determinantes na construção de uma boa e eficaz administração estratégica. Os métodos nos mostram números, mas nem sempre resultados resultado satisfatórios, o que os tornam mais específicos é a clareza das informações obtidas. Não há ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 159 garantias de que não haverá perdas ao se buscar uma previsão da demanda futura, mas certamente ao não fazê-la fazê la a empresa deixa à sorte o direcionamento dos resultados futuros. O método de análise de tendências com o uso da regressão linear, que foi utilizado, é o que apresentou maior eficácia na pesquisa proposta; com esse método pôde-se se fazer a previsão para os próximos três anos através de cálculos mais precisos. Mesmo assim, a empresa deve ter a clara noção de que essa previsão sofre variações em virtude das movimentações dos concorrentes, crescentes a cada ano em termos de novos entrantes e de crescimento em mais oferta de curso dos concorrentes já instalados. A tentativa de ajustar a curva de previsão pode auxiliar no estabelecimento das metas de vendas e no controle da produção e estoques. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo se propôs a demonstrar como a ferramenta previsão de vendas pode auxiliar o gestor a realizar a previsão de demanda pelos cursos da Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas. Aplicando a técnica de regressão linear foram obtidas as tabelas apresentadas. Fizemos a previsão para três anos à frente, apenas como simulação, contudo apenas as previsões isões de 2011 serão utilizadas como fonte de informações para o orçamento no planejamento estratégico da Unidade. Percebe-se se que houve distorções na utilização apenas de uma ferramenta quantitativa, pois havia poucos dados históricos em dois cursos: Psicologia Psicol e Farmácia. Isso levou a um viés nos resultados obtidos. Para solucionar esse tipo de problema deve-se deve se recorrer a algum método qualitativo (Técnica Delphi ou Opinião dos gerentes, que no caso do nosso estudo seriam os coordenadores de curso). Porém, nota-se se claramente que a regressão apresenta números que servem de base para o orçamento de receita e ajuda ao gestor a entender melhor a concorrência e seus desafios. Pode-se se concluir com este caso que para se fazer uma previsão da demanda ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 160 futura que apoie a gestão dos negócios da empresa não é importante apenas a aplicação de métodos, mas também de um conhecimento das condições externas do mercado de uma empresa e conscientização da mesma para que dê a devida importância ao planejamento estratégico e este adequado à realidade, fatores determinantes na construção de uma boa e eficaz administração estratégica. Os métodos nos mostram números, mas nem sempre resultados satisfatórios, o que os tornam mais específicos é a clareza das informações obtidas. Não há garantias arantias de que não haverá perdas ao se buscar uma previsão da demanda futura, mas certamente ao não fazê-la fazê la a empresa deixa à sorte o direcionamento dos resultados futuros. O método de análise de tendências com o uso da regressão linear, que foi utilizado,, é o que apresentou maior eficácia na pesquisa proposta; com esse método pôde-se se fazer a previsão para os próximos três anos através de cálculos mais precisos. Mesmo assim, a empresa deve ter a clara noção de que essa previsão sofre variações em virtude das das movimentações dos concorrentes, crescente a cada ano em termos de novos entrantes e de crescimento em mais oferta de curso dos já instalados. A tentativa de ajustar a curva de previsão pode auxiliar no estabelecimento das metas de vendas e no controle da produção e estoques. A Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas é uma unidade do Grupo Kroton Educacional, que tem praticamente dois anos de existência. Para o processo de previsão de demandas futuras ser eficaz deve seguir um planejamento estratégico envolvendo olvendo todas as áreas, dar maior incentivo aos funcionários (consultores de vendas), calcular o mercado onde eles podem atuar e conhecer os mercados disponíveis que ainda não foram atendidos, além de dar maior incentivo financeiro aos consultores. A instituição tuição pesquisada tem condições, agora, de realizar um bom planejamento estratégico e um orçamento com melhores informações de sua demanda futura, mas pouco se pode afirmar, ainda, sobre a eficácia deste instrumento para a empresa. Isso ocorrerá em 2011, quando quando cotejarmos os resultados obtidos com as previsões feitas. A Faculdade Pitágoras de Poços de Caldas tem um longo percurso pela frente na sua busca de crescimento, mas o caminho correto é através da administração estratégica dos seus cursos e ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 161 processos. Para torná-la la realidade, não basta dizer que a empresa é administrada estrategicamente, é preciso desenvolver atividades que demonstrem isso. A previsão da demanda futura é uma delas e, se esta atividade passar a ser realizada como um processo institucionalizado, institucionalizado, a empresa tem maiores chances de atingir seus objetivos. 6 REFERÊNCIAS BOONE, Louis E.; KURTZ, David L. Marketing contemporâneo. contemporâneo 8. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Disponível em: www.mec.gov.br mec.gov.br. Acesso em 09/12/2010 COBRA, Marcos. Administração de vendas. vendas. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. COBRA, Marcos. Administração de marketing no Brasil. Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. COMUNIDADE NACIONAL DE VENDAS www.conaven.com.br.. Acesso em: 15/12/2010. (CONAVEN). Disponível em: KOTLER, Philip. Administração de marketing. marketing. 4. ed. São Paulo: Pearson, 1996. KOTLER, Philip; ARMSTRONG, Gary. Princípios de marketing. marketing 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. LAS CASAS, Alexandre L. Administração de vendas.. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2005. RICHERS, Raimar. A avaliação da oportunidade futura: previsão de vendas In: RICHERS, Raimar. Administração mercadológica: mercadológica: princípios e métodos. mé Rio de Janeiro: FGV, 1974. p. 323-395. 323 EISNER, Michael. Um toque de mágica: como a Disney chegou aos U$ 43 bilhoes. Técnicas de Vendas,, Local de publicação, p. 14-15, 14 jan. 1997. WONNACOTT, Ronald J.; WONNACOTT, Thomas H. Estatística aplicada à economia nomia e à administração. administração Rio de Janeiro: LTC, 1981. APÊNDICE A ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 162 Apresentamos um exemplo exemplo de equação da reta para cálculo da previsão futura de demanda através regressão linear para o Curso de Administração. Lembrando que a fórmula órmula para: , onde: . e Utilizando-se da Tabela 7, que possui todos os dados de entrada de alunos de anos anteriores: Anos (X) 2004 (1) 2005 (2) 2006 (3) 2007 (4) 2008 (5) 2009 (6) 2010 (7) 28 Tabela 7 - Ajustamento da curva aos dados Entrada de Alunos (Y) (X . Y) 419 419 541 1.082 568 1.704 565 2.260 525 2.625 607 3.642 656 4.592 3.881 16.324 Fonte: MEC Ministério da Educação Logo: ∗ 16324 140 Cálculo de 800, 28. : 28,57. Cálculo de : , ∗ 440,15. (X)² 1 4 9 16 25 36 49 140 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 163 Na fórmula de regressão linear simples: 440,15 Previsão para 2011(8): 440,15 Previsão para 2012(9): 440,15 Previsão para 2013(10): 440,15 28,57 ∗ . 28,57 ∗ 8 28,57 ∗ 9 28,57 ∗ 10 668,71 669 . 697,28 697 . 725,85 726 . Observamos que todos os demais cursos seguiram a mesma metodologia de cálculo. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 FÉLIX GUATTARI: ASPECTOS GERAIS DA FORMAÇÃO HISTÓRICA DA SUBJETIVIDADE CAPITALÍSTICA 164 (FÉLIX GUATTARI: HISTORICAL OVERVIEW OF THE FORMATION OF SUBJECTIVITY CAPITALISTIC) André Campos de Camargoa,* a,* Mestre em Filosofia da Educação pela UNICAMP. [email protected] O objetivo deste artigo é apresentar, a partir dos referenciais teóricos de Félix Guattari, aspectos gerais dos processos históricos que estão na base do desenvolvimento da subjetividade operante no capitalismo atual. Palavras-chave: Subjetividade. Temporalidades Históricas. Capitalismo Capitalism The objective of this paper is to present, from the theoretical frameworks fra of Félix Guattari, general aspects of the historical processes that underlie the development of operant subjectivity in contemporary capitalism. Keywords: Subjectivity. Historical Temporality. Capitalism. A subjetividade e sua produção não são temas atuais na história da filosofia, vários filósofos já se debruçaram sobre essa problemática. No entanto, tomar a subjetividade contemporânea como uma produção da lógica capitalista, como a nova matéria-prima prima desse “modo de produção” é algo original de Félix Guattari e Gilles Deleuze. Embora os dois pensadores franceses tenham trabalhado a questão em conjunto, foi Guattari quem se dedicou, até os seus últimos escritos, a dar continuidade às problematizações. Para tanto, desenvolveu uma constelação de conceitos nceitos e noções que parecem orbitar em torno de dois conceitos centrais, a saber, o de produção de subjetividade capitalística e o de subjetividade maquínica. Ao criar o conceito de produção de subjetividade capitalística, acrescentando o sufixo “istico” à palavra capitalista, Guattari procurava, conforme nos mostra a analista Suely Rolnik, desenvolver um termo que pudesse designar não apenas as sociedades qualificadas como capitalistas, mas também setores do “terceiro mundo”, do capitalismo “periférico” e ainda das economias ditas socialistas. socia O filósofo procurava agrupar tais sociedades sob a designação de capitalística porque enxergava nelas uma semelhança na maneira de produzir e conduzir a economia e a subjetividade dos indivíduos. Tais semelhanças ficaram, ficaram, segundo Guattari, ainda mais evidentes com as ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 165 mutações políticas e técnico-científicas técnico científicas ocorridas nas últimas duas décadas do século XX. Entre as transformações políticas mais significativas, encontramos o apagamento, quase que completo, no início dos anos 90, de uma subjetividade operária linha-dura dura que já vinha se desfazendo desde meados do século passado, sobretudo por meio da sociedade de consumo, do Welfare State, da mídia e também o fim do antagonismo soviético/americano e a inserção da maior parte par dos países do antigo bloco soviético e da China ao mercado capitalista.. Além disso, somam-se somam as transformações técnico-científicas científicas da terceira revolução industrial, ainda em curso, na qual o aperfeiçoamento da informática, das telecomunicações, da robótica, robót da química fina, da biotecnologia, etc., provocam mudanças contínuas na economia, na política, na cultura e consequentemente na subjetividade. Para o autor, as antigas formas de capitalismo sempre se utilizaram do par economia/subjetividade para se reproduzir. reproduzir. Entretanto, as antigas formas de produção de subjetividade capitalística não eram hegemônicas. Havia outras formas de se subjetivar que resistiam à padronização capitalista, como por exemplo, as que ocorriam com as nascentes sociedades socialistas socialistas do início do século passado e com as sociedades arcaicas e autóctones em diferentes localidades ao redor do mundo. Foi apenas com o capitalismo mais atual, das três últimas décadas do século XX, que a totalidade das atividades produtivas e das atividades da vida social em todo o planeta se revelou, quase que inteiramente, homogeneizadas. Guattari nomeou esse novo momento histórico de Idade da Informática Planetária ou de Capitalismo Mundial Integrado (CMI). Porém, para que o processo de subjetivação capitalística pudesse tomar a consistência integracional que apresenta hoje, outros processos de subjetivação, em momentos distintos da história tiveram que se desenvolver. Guattari apresenta, por meio de uma análise das durações históricas de Braudela, um exemplo simplificado de três processos históricos que estão na base do desenvolvimento da subjetividade operante no capitalismo mundial integradob. São elas: 1) A Idade da Cristandade europeia; 2) A Idade da Desterritorialização Capitalista dos Saberes e das Técnicas; 3) A Idade da Informática Planetária. No que diz respeito à primeira idade, Guattari nos informa que ela se ergueu na Europa ocidental sobre as ruínas do Baixo Império e do Império Carolíngio, produzindo uma subjetividade de caráter étnico, nacional nacional e religiosa, chamada pelo ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 166 pensador francês de subjetividade proto-capitalista. proto capitalista. Essa consistência subjetiva, promovida por uma máquina social conhecida como Igreja Católica, possibilitou às populações da Europa ocidental enfrentar o segundo ciclo das das invasões bárbaras, as epidemias e as guerras da Baixa Idade Média. Os processos formadores desse tipo de subjetividade eram predominantemente territorializadosc. Se por um lado a subjetividade se fechava sobre si mesma, ela era obrigada, em alguns momentos, moment a se abrir para as influências enriquecedoras exercidas pelos diversos povos bárbaros, o Império Bizantino e o Califado de Córdova (árabe). Esse é um exemplo claro que a subjetividade, mesmo se constituindo a partir de territórios existenciais fechados, fechados é capaz de traçar linhas de fuga que lhe permitem a desterritorializaçãod. Guattari assinala que as transformações que proporcionaram a constituição de uma subjetividade proto-capitalista, capitalista, desse período, foram desencadeadas por várias séries de fatores, entre eles: • A promoção de um monoteísmo que, com o uso, veio se revelar flexível por se adaptar à subjetividade dos diversos povos bárbaros. Com a consolidação dos novos padrões ético-religiosos, ético religiosos, os povos cristãos da Europa ocidental acabaram desenvolvendo desenvolvendo um processo de subjetivação fundamentada em uma territorialidade de base familiar, consanguínea e crística, como ainda, em menor grau, em uma subjetivação desterritorializada predisposta a uma livre circulação de fluxos de saber, de signos monetários, de figuras estéticas, de tecnologia, de bens, de pessoas etc. • A máquina religiosa territorializadora, só pôde se instaurar e esquadrinhar a subjetividade das populações cristãs porque dispunha de escolas paroquiais, criadas por Carlos Magno e que sobreviveram sobreviveram ao fim do seu império. As mudanças desterritorializadoras começaram a se realizar a partir da proliferação de corporações de ofícios, de guildas, de mosteiros e de ordens religiosas. • As subjetividades artesanais e urbanas provocaram a generalização do uso do ferro e dos moinhos de energia natural. • O aparecimento de objetos que integram as subjetividades, como por exemplo, os relógios que na cristandade batem a mesma hora canônica e o suporte escritural de músicas religiosas. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 167 O florescimento demográfico e econômico. Guattari chama a subjetividade desse período de proto-capitalista proto capitalista porque o sistema de referência geral, Cristão Católico, incorporava os códigos de referência subjetiva dos povos bárbaros, promovendo uma expansão da subjetividade cristã. Ao fazer azer o movimento de desterritorialização na incorporação de novas referências, a subjetividade cristã se reterritorializavae. A reterritorialização ocorria como um refreamento dos estímulos de desterritorialização. De uma forma bastante parecida, mas guardando ando suas diferenças, o capitalismo atual produz em larga escala desterritorializações, mas em seguida, quase sempre as reterritorializa através de seus axiomas centrais. Para que a segunda idade, chamada por Guattari de desterritorialização capitalista, se e afirmasse na Europa ocidental a partir do século XVIII, territórios subjetivos que pareciam inamovíveis tiveram que se desterritorializar, dando espaço para os novos territórios formados pelo Capital. Se, durante a Idade da cristandade europeia, as referências ências e relações cristãs territorializantes serviam como ponto fundamental para desterritorializavam, a recomposição nessa nova territorial das subjetividades idade, as relações que se capitalizáveis desterritorializantes conduzidas pela burguesia se tornaram tornaram responsáveis também pela reterritorialização. Isso significa que os territórios existenciais desterritorializados pelo processo capitalista começaram a se reterritorializar a partir dos valores do próprio capitalismo. Quase nada permaneceu no lugar. Tudo T aquilo que havia escapado ou permanecido longe das garras do cristianismo, acabou, nessa segunda idade, atingido pela subjetividade capitalista. Os fatores que proporcionaram o início de uma padronização da subjetividade capitalista foram: • A introdução, o, cada vez maior, do texto impresso nas sociedades ocidentais e a diminuição da comunicação oral permitiram a acumulação e a divulgação de saberes referentes aos valores capitalistas. • Tanto os espaços tecnológicos, econômicos e urbanos, quanto os espaços terrestres e marítimos foram povoados por equipamentos de aço e máquinas a vapor. As máquinasf técnicas capitalistas começam, nesse período, a ganhar espaço na constituição da subjetividade humana. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 168 A manipulação do tempo produziu um esvaziamento dos seus ritmos r naturais. Como exemplo da manipulação do tempo, temos a invenção de máquinas cronométricas que ajudaram no controle e na medição do tempo de trabalho (posteriormente será incorporada ao projeto taylorista) e no desenvolvimento de técnicas econômicas, como a moeda de crédito e o cálculo previsional que permitiram certa virtualidade das relações humanas. • As descobertas de Pasteur, na área da biologia, ligaram o futuro das espécies vivas ao desenvolvimento das indústrias bioquímicas. Para Guattari, o homem homem desse período começava a se encontrar em um posicionamento de dependência em relação às máquinas técnicas, porém a subjetividade humana ainda mantinha certa autonomia em relação a elas. Nesse estágio de desenvolvimento, as máquinas técnicas não eram articuladas ar de forma integral, por isso não participavam amplamente das composições de agenciamentosg da produção de subjetividade. É devido a esse fator que, mesmo sofrendo um maciço processo de desterritorialização e reterritorialização capitalista, a subjetividade etividade desse período histórico não permitia determinados investimentos territorializantes construídos a partir de referências nacionalistas, étnicas e classistas se desmanchassem com facilidade. Se as relações de produção de subjetividade na Idade da desterritorialização de capitalista conseguia manter certo distanciamento em relação às máquinas técnicas, com o advento da Idade da Informática Planetária, nas últimas três décadas do século XX, as máquinas técnicas se apossaram completamente das relações que compõem a subjetividade humana. A “captura” da subjetividade só foi possível porque ocorreu, nesse momento da história, uma integração em escala global das máquinas técnicas. A hibridação entre as máquinas técnicas e a subjetividade humana, por exemplo, levou levou a um gradual e crescente apagamento das tradicionais referências laborais, étnicas, religiosas, sexuais, familiares, etc., que modelaram as subjetividades em outras épocas. A Idade da Informática Planetária é por excelência o período de desterritorialização. desterritorialização. Algumas características da tomada de consistência desse novo período são: • A opinião e o gosto coletivo começam a ser trabalhados pela publicidade e a ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 169 indústria cinematográfica através de dispositivos estatísticos de modelização das subjetividades. Os componentes midiáticos ganham relevância na produção e modelização das subjetividades. • As matérias-primas primas naturais vão perdendo sua importância frente aos novos materiais fabricados pela química. O aperfeiçoamento da tecnologia nuclear permite a ampliação dos recursos energéticos. • Com o desenvolvimento de novos microprocessadores, quantidades enormes de dados e de problemas são tratadas em lapsos de tempos minúsculos. A rede mundial de computadores se torna uma realidade. • A engenharia biológica desenvolve desenvolve instrumentos que permitem utilização de organismos vivos para a produção biotecnológica. Tais inovações podem modificar radicalmente as condições de vida no planeta. Comparando os dois últimos períodos, podemos observar que o crescente processo de e desterritorialização, iniciada na fase denominada Idade da Desterritorialização Capitalista, se encontra hoje em um estágio avançado. Os antigos territórios identitários que modelavam a subjetividade ocidental, nas sete primeiras décadas do século XX, estão estão se modificando. No entanto, no lugar, surge um movimento de reterritorialização para impedir que a desterritorialização possa escapar à lógica burguesa. Entre os processos de reterritorialização, Guattari aponta a culpabilização, a segregação e a infantilização infantilização como os procedimentos mais utilizados pelo sistema capitalista para impedir que a desterritorialização desterritori escape de seu controle. A culpabilização, neste caso, consiste, segundo Guattari, na ação do indivíduo em propor a si mesmo uma imagem de referência referência a partir de modelos majoritariamente aceitos para poder se expressar. Imaginemos uma situação em que um indivíduo “A” comece a questionar determinado posicionamento sexista do indivíduo “B”. Mas por meio da argumentação articulada do indivíduo “B”, do d posicionamento social que ele se insere e de referências subjetivas predominantes na sociedade, o indivíduo “A” começa a se indagar: “quem realmente sou eu?”, “por quem e em nome de quem eu digo essas coisas?”, “o que eu digo está correto?” e ainda “será que eu sou um nada e tenho o direito em questionar?”. O próprio direito de existir, de questionar acaba sendo apagado por um sentimento de culpa por não ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 170 corresponder à imagem idealizada do indivíduo “B”. O que resta para o indivíduo “A”, nessas circunstâncias, cias, e na maior parte das vezes, é a interiorização dos valores majoritariamente aceitos. A segregação, como nos mostra Guattari, está ligada diretamente a culpabilização. Isso ocorre porque o indivíduo identifica em suas relações determinados sistemas de hierarquia inconsciente, sistemas de escalas de valor e sistemas de disciplinarização. Ao detectar esses quadros, o indivíduo percebe que determinadas funções sociais são valorizadas enquanto alguns processos subjetivos ligados à valorização do desejo e das das singularidades são segregados e valorados negativamente. A infantilização é o resultado da culpabilização e da segregação sofrida pelo indivíduo. Ela corresponde à falta de autonomia do indivíduo, pois ele se encontra, na maior parte das vezes, em uma situação situação em que pensam, falam e organizam a produção da vida social para ele. Geralmente o Estado, os meios de comunicação e as instituições fazem o papel tutelar. A combinação destas três funções reterritorializantes da subjetividade, permite ao capitalismo capitalismo operar o movimento de desterritorialização sem se preocupar com qualquer ameaça mais séria para sua reprodução. Outro exemplo da capacidade do capitalismo em reterritorializar a subjetividade a partir de seus referenciais pode ser encontrado, segundo Guattari, Gua no uso que as classes dominantes capitalistas fazem da noção de cultura, pois, produz nos indivíduos, ao decorrer da história, uma necessidade de pertencimento a uma determinada cultura. Guattari nos mostra, que a palavra cultura adquiriu vários sentidos sen no decorrer da história, sendo os mais marcantes: a) cultura-valor; cultura valor; b) cultura-alma cultura coletiva; c) cultura-mercadoria. mercadoria. O primeiro sentido é muito utilizado na expressão “cultivar o espírito” e corresponde a um julgamento de valor que determina quem tem cultura e quem não tem cultura, como também separa quem pertence aos meios cultos ou incultos. De acordo com Guattari, o significado de cultura-valor cultura valor se consolidou com a ascensão da burguesia europeia no final do século XVIII, uma vez que a acepção da palavra avra veio substituir as antigas noções segregativas que a nobreza atribuía à palavra cultura. A partir desse momento a cultura deixa de ser algo adquirido pelo nascimento e passa a ser o resultado de uma trabalhosa busca. A frase que melhor ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 171 expressa o sentido ido burguês de cultura é encontrada no final do Cândido de Voltaire: cultivem seus jardins. O segundo sentido é sinônimo de civilização e não tem correspondência nenhuma com o sentido anterior, pois não há mais o par ter ou não ter cultura, já que todos que e a buscam conseguem obtê-la. obtê la. Qualquer um pode reivindicar sua identidade cultural, como por exemplo: a cultura indígena, negra, underground, homossexual, etc. É um sentido perigoso atribuído à palavra cultura, uma vez que foi utilizado historicamente de formas formas variadas, tanto pelo partido nazista, para instrumentalizar a palavra povo, quanto em numerosos movimentos de emancipação, que querem se apropriar de sua “suposta cultura”. Essa noção pseudocientífica de cultura foi elaborada no final do século XIX, com o desenvolvimento da antropologia cultural. Inúmeros antropólogos desse período acabaram caracterizando as diferentes sociedades que estudavam de sociedades de “alma primitiva”, de “mentalidade primitiva”. Distinções que serviram para categorizar os diferentes ferentes modos de existência a partir dos valores europeus. Na maior parte das vezes, as distinções de valor eram segregacionistas e racistas. Mesmo depois, com as ciências antropológicas conseguindo se livrar do etnocentrismo europeu, elas caíram na armadilha armadilha de estabelecer uma espécie de policentrismo cultural, ou seja, uma espécie de multiplicação do etnocentrismo. O problema em criar caricaturas etnocêntricas estava em isolar uma única manifestação cultural de um grupo ou de uma sociedade e opô-la opô às outras manifestações heterogênicas como a mais significativa. Rapidamente, para cada grupo ou sociedade foi atribuída uma Cultura, “uma alma coletiva” a partir dessa manifestação cultural de maior importância. Para exemplificar esses mecanismos de classificação ção e categorização da multiplicidade, feita pelas ciências antropológicas às diferentes sociedades humanas, Guattari os compara com os equipamentos coletivos, em especial o escolar. Para ele, os equipamentos coletivos acabam categorizando as ações dos indivíduos indivíduos e estabelecendo uma hierarquia de valores. Esse processo é visível com as crianças em idade escolar: “Agora é hora de brincar, agora é hora de produzir para a escola, agora é hora de sonhar, e assim por diante”. diante” Se, antes de frequentar o equipamento equipamento coletivo escolar, a criança articulava todas as dimensões de suas vivências de maneira conjunta, após sua integração ao sistema escolar ela começa a separar, classificar e categorizar hierarquicamente essas ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 172 vivências. O mesmo ocorre quando atribuímos a uma uma determinada sociedade um rótulo cultural. O terceiro sentido corresponde à cultura de massa, a cultura como difusora de mercadorias culturais. Nele já não há julgamento de valor, nem equívocos históricos, como no primeiro e no segundo sentido. Neste terceiro terceiro grupo, a cultura é tida como uma mercadoria que está para ser comprada, ela se transforma em objetos semióticos - livros, discos, filmes, sites, programas televisivos, etc. - disponíveis num determinado mercado de consumo. consumo. E como tal, na maior parte das vezes, não são avaliadas qualitativamente, mas quantitativamente. Isso significa que a importância dada à mercadoria cultural se concentra nos níveis de consumo alcançados por ela e não em uma análise qualitativa mais abrangente. Essa tendência pode ser se comprovada pelo interesse crescente das pessoas em assistir os filmes campeões de bilheteria, em ouvir as músicas mais tocadas, em ler os bestbest-sellers e acessar os sites mais visitados. Para Guattari, diferentemente de outros momentos da história, no capitalismo cap mundial integrado (CMI) os três sentidos da palavra cultura funcionam ao mesmo tempo, produzindo uma cultura com vocação universal. A “universalização” da cultura-mercadoria mercadoria só é viável porque o CMI opera como uma máquina de exclusão, reivindicação o e negociação. No mesmo instante que a cultura funciona como um mecanismo binário de classificação, pois se tem cultura ou não se tem (exclusão), o CMI reivindica outras formas de cultura para o indivíduo (reivindicação) e, em alguns casos, chega até mesmo o a permitir que uma cultura alheia ao capitalismo possa ser incorporada por algumas pessoas (negociação). O interesse geral do CMI é produzir nos indivíduos uma necessidade de pertencimento a uma determinada cultura, para que se incorporem completamente ao ao projeto capitalista1. A partir desse desejo de pertencimento, a subjetivação capitalística se realiza e o processo de reterritorialização pelos valores capitalistas se completa. Podemos observar que Guattari buscou traçar, em três momentos distintos da história, istória, os processos de produção de subjetividade que ajudaram a compor o atual quadro subjetivo que estamos inseridos. No primeiro período, denominado por Guattari de Idade da Cristandade europeia, as máquinas técnicas não tinham um papel de destaque no processo subjetivante, pois elas eram apenas proto-máquinas, proto ou seja, ferramentas que pouco colaboravam para a produção de subjetividade. O ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 173 processo subjetivante, na sua grande parte, ficava a cargo das máquinas iniciáticas e retóricas, o que podemos chamar chamar de abstratas, embutidas nas máquinas sociais, como as instituições religiosas, militares e corporativistas que abundavam nessa época. Como as máquinas técnicas não tinham força suficiente para alterar radicalmente os territórios subjetivos, as máquinas sociais sociais continuavam a operar a territorialização ou a reterritorialização das subjetividades. No período subsequente, as máquinas abstratas e sociais continuavam a manter o predomínio nos processos de subjetivação, porem já estavam perdendo espaço para as máquinas áquinas técnicas, que nesse momento proliferavam em toda Europa e cada vez mais alteravam as relações sociais. A interferência desestabilizadora das máquinas técnicas nas relações sociais acabou produzindo, pelo menos no Ocidente, uma desterritorialização crescente nos universos de referência das pessoas. Ao mesmo tempo em que a desterritorialização ocorria, a sobrecodificação capitalista, em função das exigências globais do sistema se realizava. Durante o período da Idade da Informática Planetária, as máquinas máqu técnicas conseguiram ultrapassar o poder subjetivante das máquinas sociais. A partir da integração das máquinas técnicas às máquinas sociais e abstratas, as primeiras conseguiram ganhar um espaço de destaque na produção de subjetividade. A partir desse e momento, o processo de desterritorialização e reterritorialização impostas pela máquina capitalista conseguiu penetrar, de alguma maneira, em todas as sociedades do globo terrestre. Em todas as latitudes e longitudes a subjetivação capitalísitica passou a se propagar pelas mais diversas máquinas técnicas, sociais e abstratas e, o que é pior, na maior parte das vezes a serviço das classes dominantes mais retrógradas dessas sociedades. BIBLIOGRAFIA: GUATTARI, F.; ROLNIK, S. Micropolítica: cartografias do desejo. 6. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. GUATTARI, F. Guattari entrevista Lula. São Paulo: Brasiliense, 1982. DELEUZE, G. e GUATTARI, F. O Anti-Édipo: Anti Édipo: capitalismo e esquizofrenia. Tradução de Georges Lamazière. 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Tradução de Ana Lúcia de Oliveira e Lúcia Cláudia Leão. São Paulo: Ed. 34, 3ª reimpressão – 2005. _______. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. Volume 1. Tradução Tradução de Aurélio Guerra Neto e Celia Pinto Costa. São Paulo: Ed. 34, 4ª reimpressão – 2006. DOSSE, F.; DELEUZE, G. et GUATTTARI, F.: biographie croisée. Paris: Éditions La Découverte, 2007. DOSSE, F.; DELEUZE, G. et GUATTTARI, F.: Biografia Cruzada. Tradução Tra de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2010. _____. Les nouveaux espaces de liberté. Paris: Dominique Bedoux, 1985a. ______. Pratique de l’institutionnel et politique. Paris: Matrice, 1985b. ______. Les années d’hiver, 1980/1985. Paris: Bernard Barrault, 1986. ______. Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. Tradução de Suely Rolnik. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. ______. O inconsciente maquínico: ensaios de esquizo-análise. esquizo análise. Tradução de Constança Marcondes César e Lucy Moreira César. Campinas: Papirus, 1988. ______. 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FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 176 A AÇÃO TUTORIAL NA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI – ESTRATÉGIAS DE ENSINAGEM APLICADAS AOS VÁRIOS ESTILOS DE APRENDIZAGEM (THE THE TUTORIAL ACTION IN THE EDUCATION FOR CENTURY XXI - STRATEGIES OF LEARNING APPLIED TO SOME STYLES OF LEARNING) LEARNING Marcelo de Paula Mascarenhas Ribeiroª,* ª,*Diretor Diretor Geral da FACOL/ISEOL, FACOL/ISEOL, Mestre em Engenharia da Produção – Gestão de negócios – UFSC. [email protected] Este texto objetiva, com base nas principais definições, desafios e formas da educação a distância no Brasil, identificar qual o modelo é o mais eficaz para a ação de educar, bem como descrever quais são as funções e os papéis do tutor na EAD conjugadas com os pilares para a educação no século XXI. Inclui, também, uma série de estratégias que o tutor poderá adotar em seu planejamento e ação educacional, visando a consecução dos vários “aprenderes” (conhecer, conhecer, fazer, conviver, conviver ser e a compreender o mundo), pelos diferentes estilos de aprendizagem apresentados pelos alunos na EAD. Palavras-chave: Tutor no EAD, EAD, estratégias de ensinagem, estilos de aprendizagem. This article aims at, on the basis of the main definitions, challenges and forms of the education in the distance in Brazil, to identify to which the model are most efficient for the action to educate, as well as describing which they are the functions and the papers of the tutor in the EAD conjugated with them pillars for the education in century XXI. It includes, also, a series of strategies that the tutor will be able to adopt in its planning and educational action, aiming at the achievement of the several sever “to learn” (to know, to make, to coexist, to be and to understand the world), for the different styles of learning presented by the students in the EAD. Keywords: Tutor in the EAD, strategies of learning,, styles of learning. 1 INTRODUÇÃO A constante evolução dos vários aspectos da sociedade do conhecimento sejam eles econômicos, sociais, ambientais e tecnológicos, estão determinando uma nova forma de ação nos mais variados campos. Na área da educação, o desenvolvimento científico e tecnológico, e as mudanças mudanças na estrutura socioeconômica da sociedade, vêm criando nos educadores a necessidade de adotar modelos de ensino que atendam às demandas de educação e formação das pessoas, onde a perspectiva de diversificar os espaços educacionais revela um aprendizado ado sem fronteiras (RIBEIRO, 2006). O ambiente educacional convencional vem encontrando dificuldades para ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 177 responder adequadamente a essas demandas, haja vista o grande impacto que causa em vários aspectos, tais como: retorno dos investimentos, garantia da qualidade da educação, inserção local e regional, e espaços físicos cada vez mais inadequados. Para superar estes desafios, a Educação a Distância (EAD) apareceu como uma forte tendência, empregando recursos educacionais com alto poder de difusão, possibilitando itando às pessoas, em qualquer lugar geográfico e em qualquer momento, passarem por um processo de educação e formação, propiciando trilhar caminhos que as conduzam a seus objetivos (RIBEIRO, 2006). Entretanto, para atuar neste mercado, conforme demonstrado demonstrad na Figura 1, Visão Sistêmica do Mercado de EAD, as instituições de ensino necessitam analisar várias informações, bem como identificar os vários fatores críticos de sucesso que poderão impactar de forma direta no sucesso das ações educacionais. Nesta análise, aná vários itens são questionados, tais como: como deverá ocorrer a interação dos vários atores do EAD com as informações e o conhecimento? Qual a importância da proposta pedagógica dos vários cursos ofertados? Qual o contexto social, geográfico e tecnológico ógico dos alunos? Serão necessários tutores? Que tipos de tutores necessitamos? Quais competências os tutores devem possuir para desempenharem suas atividades? Quais atividades os tutores devem desempenhar? Como será a mediação dos tutores? No contexto apresentado esentado, e para que as instituições de ensino consigam serem válidas perante todas as partes interessadas (mantenedores, governo, alunos e demais integrantes da sociedade), as questões relacionadas com a educação necessária no século XXI, os papéis e a ações ões tutoriais, um bom planejamento educacional, a identificação dos tipos de aprendizagem e das estratégias de ensinagem apresentam--se se como fatores críticos de sucesso, e necessitam de um equacionamento para efetividade das ações educacionais. Assim, este texto objetiva, com base nas principais definições, desafios e formas da educação a distância no Brasil, identificar qual o modelo é o mais eficaz para a ação de educar, bem como descrever quais são as funções e os papéis do tutor na EAD conjugadas com os pilares pilares para a educação no século XXI. Para finalizar, este texto inclui uma série de estratégias que o tutor poderá adotar em seu planejamento e ação educacional, visando à consecução dos vários “aprenderes” (conhecer, conhecer, fazer, conviver, conviver ser e a compreender o mundo), mu pelos ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 178 diferentes estilos de aprendizagem apresentados pelos alunos na EAD. 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – DEFINIÇÕES, DESAFIOS E FORMAS A EAD é uma modalidade de ensino que enfatiza a dimensão espacial, há uma separação física e temporal entre professor professor e aluno, uma tendência a propor estratégias menos flexíveis, tendo por base as tecnologias educacionais (BELLONI, 2002). Não se trata de uma prática recente no meio educacional, hoje, contudo, vem utilizando a Internet como suporte o que lhe confere um diferencial. PETERS (2003) conceitua ensino/educação a distância como um método de transmitir conhecimentos, habilidades e atitudes, mediante a aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais, assim como o uso extensivo de meios técnicos, especialmente para o objetivo de reproduzir material de ensino de alta qualidade, o que torna possível instruir um grande número de alunos ao mesmo tempo e onde quer que vivam. É uma forma industrial de ensinar e aprender. A EAD para MOORE (2007) é o aprendizado planejado que ocorre em lugar diferente do local de ensino, sendo necessárias técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação, auxiliados por várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais. Para ara PRETI (2001) muitos autores utilizam, sem distinção alguma, os termos educação e ensino a distância, embora haja diferenças conceituais entre eles: • Ensino: representa instrução, socialização da informação, transmissão de conhecimentos, treinamento, adestramento. adestramento. É um termo mais restritivo ao processo ensino aprendizagem, onde existe alguém que ensina e o outro que aprende; • Educação: em sua etimologia, de educare (ato de criar, de alimentar) ou também de educere (conduzir para fora) no sentido de ser para pa fora da “forma” da estrutura, propondo uma relação muito íntima e até afetiva entre o educador e o educando, ambos influenciando-se influenciando se e transformando-se transformando mutuamente. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 179 Em geral podemos constatar a existência de pontos comuns em todas elas, como a aplicação do ensino e aprendizagem em que o aluno e o professor estão separados fisicamente, geograficamente e espacialmente, o que distingui do ensino presencial, bem como, a relação entre aluno e professor mediada pela tecnologia. Então podemos considerar que a EAD E é um processo educativo que ocorre de forma organizada, em locais e tempos diferentes, sendo possibilitado pela mediação por meio de tecnologias de informação e comunicação. O grande desafio da EAD está em estabelecer e manter um processo de comunicação bidirecional, que significa comunicação de mão dupla, ida e volta entre as partes envolvidas, ou seja, professor, aluno, tutor e instituição de ensino. Dentro da perspectiva de evolução dos conceitos de evolução da EAD, MORAN (2008) nos coloca que num futuro futuro não muito distante, estaremos trabalhando com dois modelos de EAD: • Modelo de Aprendizagem: onde não importa a forma de envio de conteúdo ao aluno, se aula gravada ou ao vivo, mas sim a proposta de trabalho do modelo, onde as atividades individuais visam visam à formação individual, as atividades em grupo visam o trabalho em equipe e o aprendizado em comunidades, onde a vinculação da teoria e da prática e aplicação de conceitos têm seu foco voltado para criação e a modificação da realidade social, onde o objetivo ob maior é a integração do indivíduo na sociedade, como sujeito integral e integrado. • Modelo de Transmissão da Informação: onde o apelo do modelo está nas ferramentas que asseguram o aprendizado e a formação técnica e profissional do indivíduo. O modelo modelo usa como base de apoio a leitura do material didático, a compreensão de textos, atividades de fixação e avaliação do conteúdo, ou seja, o foco está em garantir a compreensão e a avaliação da quantidade de informação adquirida pelo aluno. Desta forma, em um processo de EAD, onde o espaço, o tempo, e o processo de comunicação bidirecional constituem-se constituem se como desafio a serem superados, a transmissão dos conteúdos, informações, bem como a formação do conhecimento pelas pessoas ocorrerá por meio: da logística do sistema;; da d interatividade do ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 180 Sistema; da educação;; do d papel do tutor; do aluno EAD; do o professor EAD. EAD A EAD no Brasil, que passa por uma fase de consolidação de vários modelos, começa a ser entendida como educação e não como uma modalidade a ser utilizada utili quando conveniente, e nem sempre por razões educacionais. Neste momento, o estágio da discussão sobre a educação engloba, não só os processos de ensinoensino aprendizagem sejam eles presencial, semipresencial ou a distância, má também com os assuntos relacionados relacionados com o tipo de educação que é necessária neste século e, principalmente, se a educação que está sendo ofertada possui um padrão de qualidade adequado, tantos nos aspectos pedagógicos, acadêmicos e de infraestrutura, promovendo, além da formação com base base em conhecimentos para o presente e o futuro, a aplicação ética, solidária e humana destes, promovendo a inserção regional desejável, atendendo a todos os tipos de diversidade social. (RIBEIRO, 2006). Segundo MORAN (2008), o modelo de EAD que mais cresce sce no Brasil combina a aula com o atendimento on-line. on Neste modelo as tele aulas ocorrem ao vivo, por satélite, contendo uma ação tutorial presencial e apoio dos os ambientes virtuais de aprendizagem. No momento das aulas podem ocorrer interações entre alunos alun e professores. As aulas são complementadas nas salas com atividades supervisionadas por um tutor presencial e outras, ao longo da semana, orientadas o por um tutor on-line. Este modelo é eficaz visto que combina mobilidade com a tradição de aprender com o especialista. Para pessoas mais simples,, que é o caso da maioria dos alunos a distância no Brasil, este modelo assusta menos induz a pensar que o processo educacional depende ainda da informação do professor/tutor professor/tutor. As atividades a distância, sob a orientação ação de tutores, conferem autonomia aos alunos, e, se combinadas com atividades colaborativas, compõem um conjunto de técnicas de ensinagem muito uito interessantes e dinâmicas (MORAN, 2008), 3.FUNÇÕES FUNÇÕES E PAPÉIS DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONJUGADAS COM OS PILARES PARA A EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI Conforme descrito no item anterior, o tutor é o fator crítico de sucesso no ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 181 processo de EAD, notadamente no modelo bidirecional. A função do tutor no passado era entendida como a de um companheiro, ou conselheiro, agregado à instituição de ensino, ou seja, ele não era considerado com um dos responsáveis pelo ensino (PETERS, 2003). Com a evolução nos processos da EAD, as funções e os papéis deste profissional evoluíram, tornando-se tornando fator crítico de sucesso so para a efetiva ação educacional, diferenciando bastante dos papéis do docente, embora seja considerado como um professor A diferença entre os papéis do docente e o tutor na EAD é distinta tendo em vista três dimensões de análise, quais sejam: tempo, tempo oportunidade rtunidade e risco (LITWIN, 2001). Tendo em vista as considerações acima, a ação tutorial pode ser entendida como uma ação orientadora global, que abrange um conjunto de ações educativas as quais contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas bá dos alunos, orientando-os os a obterem crescimento intelectual e autonomia, bem como para ajudá-los los a tomar decisões em vista de seus desempenhos e suas circunstâncias de participação nos cursos a distância (SOUZA et al, al 2004). O tutor é definido, também, também, como um professor que atua nas situações programadas de ensino e aprendizagem e de orientação assistida nos processos de EAD (FACINTER, 2006). Por outro lado, o tutor é o professor que aproxima o aluno dos conteúdos dos cursos ministrados e do próprio “conteúdo tecnológico”, necessário ao trânsito autônomo em ambientes virtuais de aprendizagem existentes em cursos de EAD. Para MUNHOZ (2001) o tutor é o verdadeiro “stackholder” dos cursos ofertados na modalidade de EAD,, sendo caracterizado como o elemento elemento capaz de assegurar a qualidade e a eficácia de todo o processo educacional a distância. De acordo com NISKIER (1999), o papel do tutor engloba: a) comentar os trabalhos realizados pelos alunos; b) corrigir as avaliações dos estudantes; c) ajudáajudá los a compreender preender os materiais do curso através das discussões e explicações; d) responder às questões sobre a instituição; e) ajudar os alunos a planejarem seus trabalhos; f) organizar círculos de estudo; g) fornecer informações por telefone, facfac símile e e-mail; h) supervisionar trabalhos práticos e projetos; i) atualizar informações sobre o progresso dos estudantes; j) fornecer opinião aos coordenadores sobre os materiais dos cursos e as dificuldades dos estudantes; e l) ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 182 servir de intermediário entre a instituição instituição e os alunos. Além destes papéis, os tutores devem, também: familiarizar o aluno com o hábito da pesquisa bibliográfica; levar o aluno a adquirir uma metodologia autônoma de estudo; estimular o aprofundamento e a atualização dos conteúdos das disciplinas; encorajar e auxiliar os alunos na busca de informações adicionais em bibliotecas sejam elas virtuais ou não; construir um vínculo afetivo com os alunos de forma a incentivá-los incentivá los a permanecerem no curso; estimular a reflexão crítica ajudando o aluno a ampliar ampliar o seu entendimento; mediar as relações sociais entre os participantes do curso, alunos e professores; e promover a inserção regional dos alunos, respeitando a diversidade destes e da sociedade. Ao analisarmos o que está descrito anteriormente, podemos concluir que o tutor, é o profissional da educação que, por meio de ações mediadoras, é capaz de dar sentido ao projeto de vida do acolhido, estimulando o despertar de todas as suas potencialidades. Ainda com relação ao processo de educação, o tutor deve promover a conversação didática criativa, visando à construção do conhecimento individual e coletivo, por meio da liberdade do pensamento, da fluência das ideias, e do confronto de visões teóricas, possibilitando a articulação sistêmica dos diversos saberes. s. Com base na definição do papel do tutor, torna-se torna se necessário caracterizar as funções que o mesmo irá desempenhar na EAD. Segundo ARETIO (2001) há três tipos de funções assumidas pelo tutor: a) a função acadêmica, ligada ao aspecto cognitivo, relacionada à transmissão do conteúdo, à transposição didática, ao esclarecimento das dúvidas dos alunos; b) a função institucional, relacionada aos procedimentos administrativos e à própria formação acadêmica do tutor; e c) a função orientadora, centrada em aspectos afetivos e motivacionais do aluno. Por outro lado, segundo COSTA (2008), o trabalho do tutor pode ser dividido em três grupos, quais sejam: 1) de caráter pedagógico; 2) de caráter organizativo e 3) de caráter social. Para a FACINTER (2006), o trabalho do tutor divide-se divide se em cinco funções, assim caracterizadas: a) comunicativa; b) acolhida e acompanhamento; c) docência; d) orientação e e) avaliação. Ao analisarmos as três categorizações, notamos que todas possuem as mesmas características, ou seja, consolidam consolidam as ações do tutor em uma série de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 183 atividades necessárias à efetividade da ação educacional a distância. De acordo com DELORS (1997), a atual educação das pessoas, e a do futuro, deverá ser organizada em quatro aprendizagens fundamentais: o aprender a conhecer, hecer, o aprender a fazer, o aprender a viver juntos e o aprender a ser. Estes pilares se aplicam também na EAD. No pilar aprender a conhecer, conhecer, a ênfase da ação educacional recai no domínio dos próprios instrumentos do conhecimento, visto como meio e finalidade finali da vida humana. Considerando que a compreensão dos conceitos, o conhecimento e a descoberta de novas fontes de informação são imprescindíveis para se viver na atual sociedade, o conhecimento advindo destas ações, tornou-se tornou hoje como um dos principais fatores construtivos do saber humano. O aprender a fazer relaciona-se se com a formação profissional das pessoas. Na atualidade, e no futuro, o desafio da ação educacional está diretamente ligado com a conjugação entre os diversos conhecimentos e a formação de de competências nas pessoas, onde a capacidade de iniciativa e de comunicação, o trabalho em equipe, a capacidade em assumir riscos e a habilidade para gerir e resolver conflitos são críticos para a vida na sociedade. O pilar aprender a viver juntos traduz em ações educacionais a capacidade das pessoas de compreender o diferente, de argumentar e de dialogar em um contexto coletivo, onde a construção do conhecimento ocorre por meio destas diversas interações. No pilar aprender a ser a ação educacional deve focar car o desenvolvimento total do indivíduo, implicando no autoconhecimento do mesmo, na autonomia do sujeito e seu espírito de iniciativa e de independência, no reconhecimento do outro na diversidade de personalidades e na pluralidade de estilos, valores e ideias i que fazem a riqueza do ser humano. Já na inclusão da aprendizagem relacionada com compreensão de mundo e contextualização proposto por MORIN (2000), a ação educacional a distância deve responder a dois propósitos: o que é significativo para as pessoas pessoa em suas vidas e no mundo imediato e o que é relevante em termos dos objetivos do projeto pedagógico. Assim, a contextualização na ação educacional significa incorporar vivências concretas e diversificadas sobre os assuntos abordados, bem como incorporar o aprendizado em vivências de ensinagem. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 184 Com o enfoque de uma ação tutorial voltada para o processo de educação para a atualidade, e para o futuro, é importante que o tutor da EAD, em suas ações, possua, e demonstre, competências relacionadas com as atividades atividades pedagógicas, tecnológicas, didáticas, pessoais, linguísticas e de trabalho em equipe, visando a adoção de atitudes reflexivas e críticas sobre a ação, na ação e para a ação educativa envolvida no processo. Assim, na EAD, a capacidade do tutor para atuar atuar como mediador e conhecer a realidade de seus alunos em todas as dimensões, notadamente nos aspectos relacionados com os estilos de aprendizagem, é de fundamental importância que ele ofereça possibilidades permanentes de diálogo, sabendo ouvir, sendo empático em e mantendo uma atitude de cooperação, oferecendo experiências de melhoria de qualidade de vida, de participação, de tomada de consciência e de elaboração dos projetos de vida. Desta forma, conjugando as competências, as funções e a forma de como a educação deve ocorrer para a atualidade e o futuro, o tutor da EAD deve atuar levando em consideração todos os fatores descritos neste item. 4 PLANEJAMENTO DA AÇÃO TUTORIAL – A IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS E ESTILOS DE APRENDIZAGEM E A UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS DE ENSINAGEM PARA O SUCESSO DA AÇÃO EDUCACIONAL Segundo RIBEIRO (2003) para que um planejamento seja bem realizado, geralmente respondemos adequadamente a três perguntas: o que queremos alcançar?, a que distância estamos daquilo que queremos alcançar? e o que faremos, em um prazo determinado, para diminuir esta distância?. Para responder a primeira pergunta, devemos descrever o “para que” das ações, visto que, quando falamos em planejamento da ação educacional, estamos envolvendo, sempre, dois aspectos, quais quais sejam: um político, que envolve a sociedade e os todos os atores que nela estão inseridos, e o aspecto pedagógico. No tocante a segunda pergunta, devemos responder analisando os gaps existentes entre o que queremos e o que estamos fazendo para chegar onde projetamos estar. E, por fim, para respondermos à pergunta de “o que faremos?”, descrevemos ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 185 nossas ações, em termos de “o que faremos”, “por que faremos”, “onde faremos”, “com quem faremos”, “quando faremos”, e por fim, “quanto irá custar”. Quando realizamos lizamos o planejamento da ação tutorial, devemos fazê-lo fazê levando em consideração os seguintes aspectos: ambiente de ensino e aprendizagem, material didático do curso, organização do tempo e dos espaços, reconhecimento do contexto institucional e o acompanhamento acompanhamento das ações educacionais. No ambiente de ensino e aprendizagem, devemos planejar as ações tutoriais levando em consideração o campo de ação desta (tutoria de conteúdo, tutoria de aprendizagem e a tutoria de apoio), a modalidade da tutoria (tutoria presencial, pre tutoria on-line e tutoria por outros meios de comunicação), e a natureza da ação tutorial (de acordo com a concepção pedagógica dos materiais didáticos, ou seja, quanto mais auto instrucional for o material, mais criativa tem que ser a ação tutorial). tutori A organização do tempo e do espaço é outro aspecto importante a ser considerado. Nele, as atividades deverão estar planejadas de acordo com a lógica dos tempos e espaços de aprendizagem na EAD, bem como o rompimento da lógica linear de ensino, migrando migrando para uma forma sistêmica de educação (moldes do pensamento complexo). Por fim, os aspectos relacionados com o acompanhamento da ação educacional, englobando os focos de avaliação, períodos em que ocorrerão e tipos, devem ser muito bem planejados, visto que que esta ação fornecerá os feedbacks necessários à melhoria das várias ações. Entretanto, um item importante a ser levado em consideração diz respeito ao reconhecimento do contexto institucional e da capilaridade onde o processo de educação irá ocorrer. A inclusão inclusão social é um dos fatores críticos de sucesso da educação na sociedade do conhecimento, bem como a adaptabilidade dos ensinamentos aos vários tipos de regiões que o Brasil possui, tendo em vista a grande diversidade cultural que possuímos. Se estes aspectos aspectos não forem considerados, a educação para a atualidade, e o futuro poderá não acontecer. Desta forma, duas ações consideradas críticas devem ser realizadas pelo tutor em seu processo de planejamento, quais sejam: a identificação dos estilos de aprendizagem izagem dos alunos na EAD, bem como a definição das técnicas gerais de ensinagem para a educação dos mesmos em um contexto diverso, independente da modalidade de atuação (presencial, on-line, outros meios). ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 186 O processo da aprendizagem é considerado por muitas muitas pessoas como um processo natural, o qual é continuado por toda a vida da pessoa. Para SKINNER (1982), a aprendizagem se constitui como uma mudança de comportamento. A aprendizagem acontece quando uma pessoa demonstra saber algo que não sabia antes. É a maneira como as pessoas adquirem, armazenam e usam o conhecimento adquirido durante os processos de educação. educação KOLB (1984) criou um modelo para classificar os estilos dos aprendizes baseado, principalmente, no trabalho de teóricos da aprendizagem experimental e influenciado por psicologias terapêuticas. terapêuticas O modelo de KOLB apresenta dimensões estruturais básicas do processo de aprendizagem experimental e as formas de conhecimento básico resultantes. O Ciclo de Aprendizagem elaborado por KOLB (1986) pressupõe essupõe que o processo humano de aprendizagem é composto por quatro etapas consecutivas: o indivíduo se envolve em experiências concretas, nas quais realiza observações e reflexões sobre seu contato com o mundo, mundo elaborando conceitos abstratos e generalizações que permitem um novo contato com a realidade com vistas a testar os resultados e suas implicações em novas situações por meio de experimentação ativa, ativa levando-o ao início do ciclo para novas vivências concretas e assim sucessivamente. Com base nestas formas ormas de aprendizagem, foram identificados quatro tipos diferentes estilos de aprendizagem, aprendizagem quais sejam: acomodador, divergente, convergente e assimilador. No estilo acomodador as habilidades de aprendizagem estão relacionadas com a experiência concreta e a experimentação ativa.. Desta forma, possui: características em realizar coisas, executar planos e experimentos e em se envolver em novas experiências;; mais; capacidade apacidade de sobressair e acomodar ou adaptar a circunstâncias imediatas específicas. específicas O estilo divergente possui habilidades de aprendizagem relacionadas com a experiência concreta e às observações ões e reflexões, apresentando as seguintes características: a capacidade de imaginação é forte; forte enxerga situações concretas a partir de variadas perspectivas; perspectiva demonstram emonstram interesses culturais amplos e por artes. artes No estilo assimilador as habilidades de aprendizagem estão relacionadas com a conceituação abstrata e a observações e reflexões, possuindo as seguintes características: capacidade apacidade para criar modelos teóricos; te sobressaem obressaem no raciocínio ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 187 indutivo, em assimilar observações desencontradas e transformá-las transformá numa explicação integrada. Por fim, o estilo convergente possui as habilidades de aprendizagem relacionadas com a conceituação abstrata e experimentação ativa, ativa, apresentando as seguintes características: parece parece se sair melhor em situações nas quais existe uma única resposta ou solução correta para cada pergunta ou problema; problema o conhecimento é organizado de tal forma que, através do raciocínio hipotético dedutivo, dedutiv consegue se concentrar em problemas específicos. específicos Como o objeto de trabalho do tutor não está restrito a um único conteúdo, e sim a vários, tendo em vista que suas ações, em um modelo bimodal de EAD, são consideradas críticas para o sucesso da educação, o processo educacional que o mesmo atua envolve nvolve diferentes estratégias na construção de vários saberes, em conjunto com processos mentais e operações do pensamento. Os saberes envolvidos na ação educacional do tutor da EAD são plurais, ou seja: disciplinares, res, curriculares, profissionais, profissionais experienciais e de coletividade. coletividade Desta forma, o tutor tem que saber lidar lidar com as necessidades e demandas (internas e externas), formulando diferentes estratégias de ensinagem, o que implica em mudar a forma tradicional de trabalho do docente na educação superior. Assim, é necessária ao tutor a prática de atitudes cooperativas,, colegiadas, colegiada e coletivas, para que a aprendizagem possua estas mesmas características. Como bem observamos, a ação de educação dos tutores deve se basear ba em estratégias de ensinagem que consigam atingir aos vários estilos e formas de aprendizagens. Segundo ANASTASIOU (2004), estratégia significa a arte de aplicar ou explorar os meios e condições favoráveis e disponíveis, visando à efetivação da ensinagem. As estratégias se articulam em torno de técnicas de ensino, as quais podem ser compreendidas como o conjunto de processos de uma arte, maneira, jeito ou habilidade de executar ou fazer algo (ação). ANASTASIOU (2004), RUAS (2006) e BELLAN (2007) elencam uma série de estratégias que o tutor poderá adotar em seu planejamento e ação educacional, de acordo com as recomendações contidas no material de estudo, ou em função de suas atividades definidas nos projetos projetos pedagógicos dos cursos, visando a consecução dos vários “aprender” (conhecer, ( fazer, conviver, ser e a compreender o mundo), pelos diferentes estilos de aprendizagem. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 188 Estas estratégias são: exposição e dialogada; estudo studo de texto; texto portfólio; tempestade e cerebral; mapa conceitual; estudo dirigido; chat; solução de problemas; Phillips 66; grupo de verbalização e de observação; dramatização; seminário; estudo de caso; júri simulado; simpósio; painel; fórum eletrônico; oficina; estudo do meio; ensino com pesquisa; squisa; charadas; jogos; mapeamento participativo; linha do tempo. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das análises apresentadas foi possível apresentar qual o modelo é o mais eficaz para a ação de educar, bem como descrever quais são as funções e os papéis do tutor na EAD conjugadas com os pilares para a educação no século XXI. Foi possível, também, discorrer sobre os diferentes estilos de aprendizagem na EAD, bem como apresentar uma série de estratégias que o tutor poderá adotar em seu planejamento e ação educacional, visando a consecução dos vários “aprenderes” (conhecer, conhecer, fazer, conviver, conviver ser e a compreender o mundo). 6 REFERÊNCIAS ANASTASIOU, L. das G.. e ALVES, L. P. (orgs). Processos de Ensinagem na Universidade. Pressupostos para estratégias de trabalho trabalho em aula. aula Joinville: Editora UNIVILLE. 2004. ARETIO, L. G. La Educación a Distancia: de la teoria a la práctica. práctica Barcelona: Ariel Educación, 2001. BEHRENS, M. A. Projetos de aprendizagem colaborativa. In: Novas tecnologias e mediação pedagógica. pedagógica Campinas, SP: Papirus, 2000. BELLAN, Z. S. Andragogia em ação: como ensinar adultos sem se tornar maçante. Santa Bárbara d´Oeste: d´Oeste SOCEP Editora, 2005. BELLONI, M. L. Educação a Distância. Distância. São Paulo: Cortez, 2001. BELLONI, M. L. 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Entretanto, em todos os modelos de gestão temos sempre os aspectos relacionados com os propósitos empresariais, os quais estão diretamente ligados à visão de negócio, missão, valores, negócio e clientes. Para que estes propósitos propó empresariais se tornem efetivos, o importante é observar como os mesmos se interagem em cada estágio do negócio. Este artigo teve como objetivo geral versar sobre os propósitos empresariais e como os mesmos ocorrem nos ciclos de vida das organizações. PALAVRAS CHAVE: Planejamento Estratégias Empresariais. Empresarial. resarial. Propósitos Empresarias. Facing the changing world, some new management models are taking place in this new reality. All these business models are related to three business life stages, namely: survival, growth and properidade. However, in all management models always have the aspects related to business purposes, which are directly linked to business vision, mission, values, and business customers. For these business purposes from m being effective, it is important to observe how they interact in every business stage. This article aimed to traverse on corporate purposes and as they occur in the life cycles of organizations. Keywords: Business Planning; Purposes for Companies; Business Business Strategies. 1 INTRODUÇÃO Qual será o nosso negócio? Quais serão nossos principais clientes? Qual será nossa visão? Qual será nossa missão? Quais serão os nossos valores? Como fazer com que todas as partes interessadas entendam quais são nossos propósitos e consigam se integrar aos mesmos? Perguntas como estas são formuladas no momento em que damos início ao processo de formulação de estratégias, o qual definimos como a ação ão da definição dos propósitos. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 193 Muitas vezes não damos o valor adequado a esta ação. Acreditamos que, definir esses propósitos é pura perda de tempo, optando a buscar, de forma rápida, a definição das estratégias e das ações a elas ligadas, visando alcançar os resultados relacionados a lucros, conquistas de mercados, formação de uma excelente carteira de clientes, entre outros. Este período de descrença dura aproximadamente um ciclo de planejamento, quando, na primeira reunião de avaliação, notamos que, sem os balizadores iniciais, estamos perdendo mercado, dinheiro, e o que é pior, a empresa estará rumando para um lugar comum, onde competirá por sobras de mercado e, principalmente, sem trazer retorno para aqueles que estão investindo na mesma. Nesse momento, notamos que qualquer empresa, para SOBREVIVER, SOBREVIVER precisa ter um rumo, uma razão de existir e um alicerce sólido sólido baseado nas concepções filosóficas dos fundadores e de todos os colaboradores. Ou seja, as empresas, para competir no mercado e sobreviver, necessitam de uma correta definição do seu NEGÓCIO, de quem são os seus CLIENTES, de uma VISÃO, de uma MISSÃO e de um conjunto de VALORES. 2 ENTENDENDO O QUE É NEGÓCIO E CLIENTE Qual é o nosso negócio? Quais são os vários recursos, capacidades e competências próprios de cada negócio e como eles afetam a empresa? Quais as implicações em entrar em novos negócios e sair sair dos antigos? Como essas decisões facilitam ou restringem a sinergia entre elos e negócios e como afetam a rentabilidade da organização? Essas são as principais perguntas a serem respondidas quando iniciamos o processo de formulação de estratégias. Segundo do Ribeiro (2003), negócio é o campo em que a empresa atua e compete pela sua sobrevivência, sua prosperidade e perpetuação. Caracteriza-se Caracteriza pela delimitação específica quanto à área de atuação da empresa e pela especificação do que será explorado para atender aten às necessidades do cliente. Clientes são aqueles que compram bens e serviços produzidos na sociedade. Os clientes são categorizados em dois tipos: os compradores organizacionais e os consumidores em geral. geral Os compradores organizacionais são aqueles que qu ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 194 compram bens e serviços para empresas, órgãos governamentais e outras instituições, como hospitais e escolas. Os compradores organizacionais compram produtos para o funcionamento de suas próprias empresas (como suprimentos de escritório, máquinas, redes de computador) ou para vender a outras organizações ou consumidores. Já os consumidores compram bens e serviços para o próprio uso, ou para presentear outras pessoas. Os consumidores incluem indivíduos e famílias que fazem compras para satisfazer suas necessidades necessidades e desejos, resolver seus problemas ou melhorar sua vida (RIBEIRO, 2003). Para a definição do negócio de uma empresa, necessário se faz levar em consideração os desejos ou necessidades de mercado que ela pretende satisfazer, bem como disponibilizar as competências e habilidades para satisfazê-los. satisfazê Satisfazer o mercado e os clientes, proporcionando o retorno dos investimentos dos acionistas, constitui-se se como a principal responsabilidade empresarial. Assim, a definição do negócio representa a linha-mestra linha estra que a empresa adota para orientar sua competição e interação com o mercado. Para tanto, a definição do negócio deve estar fortemente orientada para o mercado, e não para o produto, como muitas empresas o fazem, proporcionando, dessa forma, o aproveitamento aproveitamento de todas as potencialidades para uma efetiva competição. O quadro 2.1 – Definição do Negócio exemplifica esta diferenciação. Quadro 2.1 – Definição do Negócio DEFINIÇÃO DO NEGÓCIO NECESSIDADES DO MERCADO FOCO NO PRODUTO FOCO NO MERCADO Produtos de beleza Fabricamos cosméticos Oferecemos sonhos Locomoção de pessoas Aluguel de carros Transporte particular Formação profissional Cursos de especialização Educação Transporte de cargas Carga fracionada Logística Lazer Parques temáticos Entretenimento Para Tavares (2005), a definição do negócio é sempre uma escolha entre alternativas relacionadas ao ambiente de competição e às características internas da empresa. Desta forma, uma empresa que está no negócio de entretenimento pode utilizar ar de uma série de produtos para sobreviver à competição, tais como: televisão, jornais, cinema, teatro, parques, livros, entre outros. No mundo empresarial, quando definimos o negócio, estamos focando uma parte específica do ambiente de competição, a qual qual denomina de mercado-alvo mercado (RIBEIRO, 2003). Esse mercado-alvo mercado alvo difere do restante do mercado em função das ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 195 peculiaridades deste e das necessidades próprias dos clientes que nele se situam. O quadro 2.2 – Definição do Mercado-Alvo Mercado ilustra este conceito. Quadro 2.2 – Definição do Mercado-Alvo Negócio Mercado Mercado Mercado-Alvo Transporte Aéreo (GOL Turistas, executivos, famílias, Linhas aéreas – lançamento Executivos estudantes. do negócio) Produtos Financeiros (HSBC População – Classes de População Classes A e B – Premier) renda A, B, C e D. Tabaco – Cigarro Free População fumante Jovem de 18 a 25 anos Para Tavares (2005), a definição do negócio deve levar em consideração quatro dimensões, todas elas relacionadas com as características das empresas, quais sejam: ejam: produto/mercado; geográfica; vertical; vertical; e de negócios relacionados. A dimensão produto/mercado proporciona às empresas a definição do negócio, levando-se se em consideração o comportamento dos clientes, traduzidos por necessidades e hábitos de consumo bem como a tecnologia de produtos/serviços, tecnologia de manufatura/processo, os canais mercadológicos, mercadológicos, ou a combinação dos fatores descritos anteriormente. Esta dimensão está diretamente relacionada com a capacidade real, ou potencial, da empresa em utilizar sua competência distinta, criando valor para as diversas partes interessadas no negócio. No tocante à dimensão geográfica, geográfica, o próprio nome já diz a que se refere, ou seja, os limites geográficos dos mercados onde a empresa irá competir. Na definição dessa dimensão, a empresa deverá deixar claro qual será o mercado-alvo, mercado utilizando, como referências, entre tre outros: a aceitabilidade sua adequação do produto/serviço ou às características dos clientes; os custos de transportes e de armazenagens; a disponibilidade e custo de matérias-primas; matérias primas; a existência de economias de escala; a disponibilidade de estrutura de apoio; a existência de alternativas de produtos substitutos ou concorrentes; a existência de barreiras legais. Já na dimensão vertical, vertical, as decisões abrangem os estágios que a empresa quer, ou dos quais necessita participar, desde a aquisição da matéria-prima matéria até a comercialização no mercado. O número de estágios dessa cadeia varia de setor para setor. Cada estágio pode, ainda, ser subdividido. No setor petrolífero, por exemplo, a diversificação para cima, ou upstream, consiste na exploração e produção, enquanto nquanto a diversificação diversifi para baixo, ou downstream, representa os elos de refino, transportes, distribuição e petroquímica. Os estágios típicos de uma ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 196 cadeia de produtos incluem a extração da matéria-prima, matéria prima, seu processamento, a manufatura, distribuição e consumo. Ao se decidir sobre essa dimensão, as empresas passam a criar seu próprio sistema de distribuição, ou buscam uma integração com os sistemas de suprimentos. Em alguns casos, como ocorrem em setores econômicos maduros, ou mais estáveis, a integração vertical apresenta vantagens, tais como: maior controle, maior agilidade nas respostas dos processos e obtenção de bons índices de rentabilidade em cada nível da cadeia. Em outros casos, como o que ocorre em setores de constante inovação e com fluxos rápidos rápidos de informação, a integração é necessária para assegurar a regularidade no suprimento e, ao mesmo tempo, garantir a rentabilidade do negócio. Entretanto, face à constante disponibilidade tecnológica, à concorrência global, às variações de custos tos e ao acesso acesso a fornecedores com capacidades diferentes e diferentes necessidades des dos consumidores, a aplicação integral dessa dimensão tem reduzido as vantagens empresariais em momentos de grande competição. Uma das alternativas para a verticalização é a terceirização, terceirização, que pode vir sob vários títulos: redes, alianças, parcerias e outsourcing.. Ela permite que as empresas administrem os riscos do negócio. Uma terceirização adequada adequada permite que a empresa concentre seus esforços, investimentos e recursos para o que ela sabe fazer melhor. No que diz respeito à extensão de negócios relacionados, as empresas devem buscar o desenvolvimento de negócios que promovam a sinergia entre as atuais e futuras propostas de ação, gerando vantagens competitivas. Em se tratando de um conglomerado, o desenvolvimento das ações deve levar em consideração as sinergias operacionais que podem ser obtidas ao longo do ciclo de vida empresarial. A decisão sobre o negócio deverá ser feita levando-se levando se em consideração a combinação dos diversos e possíveis possíveis relacionamentos, uma vez que eles podem afetar profundamente a concepção conce pretendida pelas empresas. A decisão sobre a abrangência do negócio é importante por causa do impacto im que provoca em todas as outras dimensões de cada empresa. Para que as empresas mpresas sejam efetivas e válidas perante as diversas partes interessadas, torna-se torna necessário conhecer as características intrínsecas de cada mercado a ser atendido, atentar às exigências cias que a relação produto/mercado requer, como, por exemplo, os ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 197 vários elos da cadeia de valor va e como cada negócio se relaciona entre si. Outro aspecto a ser considerado diz respeito à combinação entre recursos própró prios e de terceiros na busca de uma vantagem competitiva sustentável. Quanto maior a sinergia pretendida entre as diversas partes de uma empresa e os elos da cadeia de valor, maior o grau de integração necessária entre eles. Cada elo da cadeia de valor possui pessoas, processos e tecnologia que podem ser compatíveis, em graus variados, com as necessidades de cada empresa, no sentido de serem utilizados de forma sinérgica. Em função disso, as decisões relacionadas à abrangência do negócio precisam ser consideradas em detalhes, visando servir a dois focos empresariais: privilegiar a maximização dos resultados dos negócios negócios atuais e viabilizar a criação de novos negócios. Os negócios atuais devem ser analisados sob a perspectiva da constante otimização, buscando a efetividade empresarial, e os novos negócios na perspectiva da prospecção e inovação, proporcionando a combinação combinação entre familiaridade e oportunidade. 3 ENTENDENDO O QUE É A VISÃO DE FUTURO Onde queremos chegar? O que estamos construindo? O que buscamos realizar? Como queremos ser reconhecidos no futuro? O que está no ‘coração’ do nosso negócio? Essas são algumas algumas questões básicas com as quais deparamos após o equacionamento das dúvidas relacionadas relacionadas com o negócio e clientes. Segundo Ribeiro (2003), a visão é um destino específico, uma imagem desejada do futuro da empresa, relacionada aos desafios propostos pela competição no mercado. A visão pode ser definida também como a percepção das necessidades do mercado e os métodos pelos quais uma empresa pode satisfazêsatisfazê las (SERRA, 2003). Para a elaboração da visão, a empresa deve levar em consideração alguns aspectos importantes: mportantes: o aprendizado, o ambiente e o mercado; participação na mente dos clientes; alianças, coalizões e parcerias; competências distintivas e capital humano. O aprendizado sobre o ambiente e o mercado consiste na identificação das ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 198 oportunidades que a empresa pode explorar com maior efetividade do que seus concorrentes. A visão de futuro, nesse contexto, representa a formulação dos principais benefícios que os clientes buscam nos relacionamentos com as empresas, proporcionando a longevidade das mesmas (RIBEIRO, ( 2003). O desenvolvimento contínuo de uma marca caracteriza-se se pela conquista de uma posição na mente de cada cliente por uma empresa, constituindo-se constituindo o principal elo de identificação e diferenciação no mercado. Neste sentido, a visão de negócio, quando uando associada à marca, é percebida pelas características que promovem os produtos e serviços da empresa, tais como: confiabilidade, adequabilidade, preço justo, dentre outras (RIBEIRO, 2003). Com relação a alianças, coalizões e parcerias, parcerias, a formulação de uma visão que complemente os negócios das empresas que estarão atuando conjuntamente no mercado proporciona um direcionamento do foco da ação bem como a interação entre as competências distintivas, na busca do sucesso da competição (RIBEIRO, 2003). No tocante às competências distintivas, distintivas, a formulação da visão de futuro da empresa deve promover o alinhamento das habilidades, capacidades e competências existentes na empresa, visando ao sucesso do negócio no mercado de atuação (RIBEIRO, 2003). Por fim, quando se trata do capital humano,, a visão de futuro da empresa deve ser entendida como parte de cada pessoa que nela trabalha, promovendo a percepção de que estará, efetivamente, construindo um futuro mútuo, gerando, continuamente, comprometimento com a longevidade longevidade do negócio (RIBEIRO, 2003). Para que uma visão de futuro seja realmente eficaz, a mesma deve conter uma série de características, as quais são descritas a seguir, tendo como referência os conceitos anteriormente explicitados (RIBEIRO, 2003): • relevância: a visão cobrindo os aspectos centrais à empresa: seu ambiente, sua tecnologia, seus clientes e os próprios valores de seus fundadores; • futuro: visão voltada ao futuro, que ajude a definir o horizonte de médio e longo prazos para a empresa; • desafio: visão que oferece desafios às pessoas; estímulos que fazem com que as pessoas mobilizem máxima energia; ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 199 comunicação: visão simples, clara e precisa, amplamente disseminada na empresa e compartilhada por todos; • criatividade: visão inovadora e criativa, criativa, normalmente responsável pelo diferencial em relação aos concorrentes; • imagem: visão associada a uma imagem, como em uma tela de TV, mostrando claramente a onde se deseja chegar; • intuição: visão ligada a um sonho fruto de intuição/feeling intuição/feeling; • ideal: visão que representa um ideal atingível que “mexe” com as pessoas e as impele na direção dos objetivos. Com tais características, a visão de futuro pode transformar-se transformar em um dos mais poderosos instrumentos à disposição da empresa, tanto no processo de criação ação do negócio, como de recriação do mesmo, em resposta às mudanças em curso. Uma clara visão de futuro pode ajudar a minimizar a burocracia, as falhas de comunicação, os erros e problemas operacionais, bem como gerar o comprometimento e motivação das pessoas, pessoas, fatores essenciais ao sucesso s de qualquer organização. Buscando um melhor entendimento do que é visão de futuro da empresa, descrevemos alguns exemplos relacionados com empresas de sucesso: “Visão da Gerdau – Ser uma empresa siderúrgica internacional, internacion de classe mundial.” “Visão da Petrobras – Visão 2015 – A Petrobras será uma empresa integrada de energia com forte presença internacional e líder na América Latina, atuando com foco na rentabilidade e na responsabilidade social e ambiental.” “Visão da TAM – Ser a maior e mais lucrativa empresa de transportes aéreos da América Latina.” “Visão da Natura – A Natura, por seu comportamento empresarial, pela qualidade das relações que estabelece e por seus produtos e serviços, será uma marca de expressão mundial, mundial, identificada com a comunidade das pessoas que se comprometem com a construção de um mundo melhor através da melhor relação consigo mesmas, com o outro, com a natureza da qual fazem ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 200 parte e com o todo.” 4 – ENTENDENDO O QUE É A MISSÃO DA EMPRESA Qual a nossa razão de ser? Qual é o papel da empresa na sociedade? Do nosso negócio? Essas são algumas questões básicas que com as quais deparamos após o equacionamento das dúvidas relacionadas com a visão empresarial. A missão consiste na explicitação das intenções e aspirações de uma empresa perante o mercado, satisfazendo as necessidades deste, além de representar a razão de ser e existir de uma empresa (RIBEIRO, 2003). Segundo TAVARES (2005), para a formulação da missão de uma empresa devemos observar alguns lguns pontos importantes, sem os quais este processo pode não se tornar efetivo. São eles: • O cliente como foco central da definição – para tanto devemos responder aos seguintes questionamentos: Quem é e onde está nosso cliente? Quem poderá vir a ser nosso nosso cliente? O que podemos fazer para manter os atuais e conquistar novos clientes? O que compra nosso cliente? Como nossas competências distintivas poderão ser utilizadas para significar vantagem competitiva sustentável? • Extensão da preocupação empresarial com os investidores/acionistas, investidores/acionistas como, por exemplo, deixar caracterizada a maximização do retorno econômico para os acionistas. • Foco na responsabilidade social (geração de empregos, desenvolvimento social, eqüidade social) e na sustentabilidade (ter em mente men que o atendimento das necessidades do presente não pode comprometer a satisfação das necessidades de gerações futuras). Além desses pontos, devemos considerar os seguintes aspectos competitivos do negócio (RIBEIRO, 2003): ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 201 setor de atuação da empresa, como, por exemplo, indústria de transformação, transporte aéreo, projetos de engenharia; • características dos produtos e serviços oferecidos, tais como nível de qualidade tecnológica, soluções customizadas, entre outras; • competências distintivas e essenciais essenciais ao sucesso da empresa; • segmentos prioritários de atuação, como, por exemplo: mercado infantil, mercado de energia, mercado de construções civis e elétricas; • verticalização empresarial – grau de integração ou terceirização dos processos de negócios. Buscando um melhor entendimento do que é a missão de uma empresa, citamos, a seguir, alguns exemplos: “Missão da Gerdau – O Grupo Gerdau é uma organização empresarial focada em siderurgia, com a missão de satisfazer as necessidades dos clientes e de criar valor para os acionistas, comprometida com a realização das pessoas e com o desenvolvimento sustentado da sociedade.” “Missão da Petrobras – Atuar, de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nas atividades da indústria de óleo, gás e energia, nos mercados nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços adequados às necessidades dos seus clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua.” atua. “Missão da TAM – Com o nosso trabalho e o nosso "Espírito "Espír de Servir", fazer as pessoas felizes..” “Missão da Natura - Nossa razão de ser é criar e comercializar produtos e serviços que promovam o Bem-Estar/Estar Bem Bem. Bem-Estar Estar é a relação harmoniosa, agradável, do indivíduo consigo mesmo, com seu corpo. Estar Bem é a relação empática, bem-sucedida, bem sucedida, prazerosa, do indivíduo com o outro, com a natureza da qual faz parte e com o todo.” Como pode ser notado nos exemplos acima, o estabelecimento de uma missão empresarial promove uma série de benefícios importantes, tais como: ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 • 202 contribui para a concentração das pessoas em uma direção, ao explicitar os principais compromissos empresariais; • afasta o risco de buscar focos conflitantes, evitando desgastes e perda de energia empresarial durante a execução do plano estratégico; estratégico; • fundamenta a alocação dos recursos, segundo regras gerais apresentadas pela missão; • embasa a formulação das políticas e a definição dos objetivos organizacionais. 5 ENTENDENDO O QUE SÃO VALORES EMPRESARIAIS A realização da visão e da missão assegurará a produção de produtos e serviços geradores de valor para os clientes? Qual será o benefício para os acionistas se a visão de negócios realmente se concretizar? A empresa conseguirá reter seus funcionários que se sintam comprometidos com a realização reali da visão? Essas são algumas questões básicas que perguntamos após o equacionamento das dúvidas relacionadas onadas com a missão da empresa. Valores são as características, as virtudes, os padrões éticos, e as qualidades de uma empresa. São os atributos empresariais empresariais que moldam o relacionamento constante com as diversas partes interessadas (clientes, acionistas, funcionários, fornecedores e a sociedade), e que sustentam a realização da visão vis e da missão (RIBEIRO, 2003). Podemos caracterizar os valores de uma empresa empresa como uma ideologia, assumindo conotações exclusivamente internas à empresa, não sendo dependente de variáveis externas, de análises ambientais ou do ramo de atuação, visto que os valores não devem mudar em função das alterações ambientais. Para o entendimento tendimento do que são valores empresariais, descrevemos, abaixo, exemplos de algumas empresas: “Valores da TAM – Os 7 mandamentos da TAM • Nada substitui o lucro. • Em busca do ótimo não se faz o bom. • Mais importante que o cliente é a segurança. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 203 • A maneira mais fácil de ganhar dinheiro é parar de perder. • Pense muito antes de agir. • A humildade é fundamental. • Quem não tem inteligência para criar tem que ter coragem para copiar”. “Valores da Gerdau • CLIENTE satisfeito. • PESSOAS realizadas. • SEGURANÇA TOTAL no ambiente de trabalho. • QUALIDADE em tudo o que faz. • SEGURANÇA E SOLIDEZ. • SERIEDADE com todos os públicos. • LUCRO como medida de desempenho”. A formulação dos valores empresariais passa pela conjugação das ideologias de todos os envolvidos na empresa, principalmente principalmente os acionistas, gerentes, líderes e demais pessoas envolvidas nos processos de negócio, bem como dos fornecedores e da sociedade. Sem esta conjugação, ou seja, sem o foco no que é crítico, a empresa pode se perder no relacionamento com o mercado, destruindo destruindo sua imagem e gerando rentabilidade negativa. 6 CONCLUSÃO Conforme vimos neste artigo, qualquer empresa, para SOBREVIVER, SOBREVIVER precisa ter um rumo. Quando entendemos e internalizamos esse conceito, começamos a perceber que, sem, uma VISÃO DE FUTURO, FUTURO, não importa qual (muito filosófica, ou curta e grossa), as empresas vão para qualquer lugar... não possuem um caminho... é como se pegássemos um carro, dirigindo por ruas, estradas, etc., sem destino, somente gastando combustível, mas não criando nada de útil. Compara--se isso, também, a querermos controlar o vento enquanto conduzimos um barco a velas em um lago... Na realidade, controlamos as velas, posicionando-as posicionando as onde existe o melhor ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 204 aproveitamento do vento na condução do barco. Por isso, a necessidade da VISÃO, e esta, no período de SOBREVIVÊNCIA, SOBREVIVÊNCIA, está muito ligada a conquista de mercados, a ter muitos clientes, a buscar o retorno dos investimentos, ou seja, como no início de nossa vida profissional, a aparecer, abuscar um lugar de destaque e a se posicionar ionar para saltos maiores. Para SOBREVIVER, SOBREVIVER, uma empresa necessita, ao mesmo tempo, de uma razão de existir, ou seja, ela tem de, com seus produtos/serviços, ser útil a alguém e agregar valor a ele. Para SOBREVIVER, a empresa precisa produzir riquezas para outras pessoas e não somente para aqueles que colocam dinheiro nela. Isso se traduz em MISSÃO,, e, sem ela, o que vemos na realidade das empresas é a produção de bens e serviços sem a devida produção de riquezas para aqueles que utilizam dos produtos e serviços. serv Bem, no tocante a VALORES,, vimos neste artigo que, em qualquer empresa, para que esta SOBREVIVA, as concepções filosóficas dos acionistas, ou de quem investe na empresa, estão presentes desde o início e moldam o comportamento da organização, tanto internamente, ternamente, como externamente, ou seja, estas concepções filosóficas materializam--se se na criação e na satisfação do mercado/cliente, e convertem-se se em resultados para os acionistas/investidores. Empresas brasileiras que são casos de sucesso, como a LOCALIZA, LOCALIZA, o BOTICÁRIO, a NATURA, o MAGAZIN LUIZA, o BANCO ITAÚ, o BRADESCO, a GERDAU, a D’PASCHOAL, a MARTINS, a FDC, a REDE GLOBO, a BRITÂNIA, a NUTRIMENTAL, a NUTRILATINA, a TAM, a PETROBRAS, e tantas outras, estão onde porque implementaram, nos seus negócios, as concepções filosóficas de seus percussores, ligadas, principalmente, à forma de competir, modo de se relacionar com os clientes, modo de gerenciar seus empregados, e, sobretudo, disciplina e busca tenaz de seus objetivos. Por outro lado, vemos que, as empresas, empresas, depois de passado o período de SOBREVIVÊNCIA,, têm de PROSPERAR. E, para PROSPERAR, é necessário ter, também, VISÃO, MISSÃO, VALORES, VALORES, sem falar, é claro, de mercado e clientes. A diferença desses componentes nos estágios de vida da organização consiste cons no refinamento e na aplicação mais madura dos conceitos de negócios e geração de riquezas para quem irá se beneficiar com os produtos e serviços gerados. Em vários casos, a VISÃO é aprimorada, tornando-se tornando se mais desafiadora, ao mesmo tempo em ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 205 que a MISSÃO torna-se se mais consistente e os VALORES praticados refinam-se refinam em função do que, de fato, proporciona “grude” nas relações de negócios. Ou seja, é como em nossa vida, no momento em que ficamos mais experientes, alcançando nossos objetivos de vida, vamos refinando refinando nosso modo de pensar, agir ag e relacionar com as pessoas. PROSPERAR as empresas buscam a PERPETUIDADE, e E aí, depois de PROSPERAR, esta só é conseguida se elas possuírem possuírem esse conjunto de conceitos. Por exemplo, por que a GERDAU é o que é hoje? Empresa brasileira, brasileira, centenária, centen que virou multinacional. Sempre se utilizou de uma Visão, uma Missão e praticou VALORES na geração de riquezas para seus clientes, clientes, mercado e setor da economia. Então, para que qualquer empresa SOBREVIVA, PROSPERE e PERPETUE, ela necessita possuir uma VISÃO DE LONGO PRAZO (de acordo com a maturidade e os desafios dos investidores, acionistas ou empreendedores), uma RAZÃO DE EXISTÊNCIA (Missão – gerar riquezas para seus clientes e mercado), e PRATICAR UM CONJUNTO DE FILOSOFIAS NO RELACIONAMENTO RELACIONAMENTO COM SEUS CLIENTES E MERCADO (valores). Sem isso, qualquer empresa fica a mercê dos ventos do mercado, muitas vezes indo para onde não gostaria, não controlando o seu destino. 7 REFERÊNCIAS GIBSON, R. Repensando o Futuro. Futuro São Paulo: Makron Books, 1998. HAMEL, G.; PRAHALAD, C.K. Competindo pelo Futuro. Rio de Janeiro: Campus, 1995. Visão, Missão Gerdau. 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Estratégia atégia Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1986. PORTER, M. Vantagem Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1990. RIBEIRO, M. P. M.. Metodologias de Elaboração e Gerenciamento de Estratégias. Curitiba, outubro de 2003. Zanoni Promoção, Assessoria e Eventos Ltda. SERRA, F. A. R. Administração estratégica: conceitos, roteiro prático e casos / Fernando A. Ribeiro Serra, Maria Cândida S. Torres, Alexandre Pavan Torres – Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2003. TAVARES, M. C. Gestão estratégica. São Paulo: Atlas, 2005. TREACY, M.;; WERSEMA, F. A Disciplina dos Líderes de Mercado. Rio de Janeiro: Rocco, 1995. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 207 TUTORIA EM EAD: A AÇÃO AÇ MEDIADORA POR MEIO DO PLANEJAMENTO E DA TECNOLOGIA (MENTORING IN DISTANCE E EDUCATION: THE MEDIATING MED ACTION THROUGH PLANNING PL AND TECHNOLOGY) Marcelo de Paula Mascarenhas Ribeiroª,*; Rosana Zanoni Mascarenhas Ribeiroᵇ ª,*Diretor Diretor Geral da FACOL/ISEOL, FACOL/ISEOL, Mestre em Engenharia da Produção – Gestão de negócios – UFSC. [email protected] ᵇPedagoga, Pedagoga, Mestre em Educação – Políticas Públicas – UTP, Especialista em Gestão Empresarial – SPEI. Uma sociedade baseada no conhecimento tem a educação à distância como fator crítico de sucesso. Para que esta educação alcance seus resultados, deve possuir uma ação tutorial mediativa, e um entendimento e aplicação do que é complexidade na educação à distância. Complementarmente a estes dois aspectos, o sucesso está alicerçado em um robusto processo de planejamento da ação tutorial, integrando de forma sistêmica, as tecnologias tecnologias da informação e comunicação. Colocando tudo isso em prática, a ação tutorial promoverá os resultados pretendidos com a educação à distância, notadamente nos aspectos relacionados à ação mediativa, integrando o planejamento e as tecnologias da informação informaç e comunicação. Educacional Palavras-chave: Tutoria. Educação a Distância. Planejamento Educacional. Tecnologia da Educação. A knowledge-based based society has distance education as a critical success factor. For this education to achieve its results, should have a tutorial tutorial meditative action, and an understanding and application of what is complexity in distance education. In addition to these two aspects, success is built on a robust tutorial action planning process, integrating a systematic way, information and communication communication technologies. Putting it all into practice, the tutorial action will promote the desired results with distance education, especially in aspects of meditative action, integrating planning and information and communication technologies. Keywords: Tutoring, Distance Education, Educational Planning, Educational Technology. 1 INTRODUÇÃO Uma sociedade baseada no conhecimento tem a educação como fator crítico de sucesso. Entretanto, educar na sociedade do conhecimento significa muito mais que capacitar as pessoas para o uso das tecnologias. Significa investir na formação ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 208 de competências, habilidades bilidades e atitudes das pessoas, para que as mesmas possam atuar, de forma efetiva, na produção de bens e serviços, operar com fluência os novos meios e ferramentas em seu trabalho, tomar decisões fundamentadas no conhecimento, bem como aplicar criativamente criativamente os conhecimentos no dia-a-dia dia do trabalho. Neste ambiente de crescente dinamicidade, as instituições de ensino necessitam, constantemente, promover mudanças contínuas e incrementais em seus modelos de ensino, visto que nesta sociedade do conhecimento as a estruturas do trabalho e do emprego demandam novas formas de ensino. Neste ambiente, a Educação a Distância (EAD) surge como uma solução para o atendimento das demandas de mercado, bem como propicia a inclusão das pessoas na sociedade. Assim, entende-se entende por EAD a modalidade de educação que embora feita à distância, mantém uma preocupação em articular conteúdos, objetivos e a iniciativa do educando, como qualquer processo pedagógico. Entretanto, para atuar neste mercado, conforme demonstrado na Figura 1, Visão isão Sistêmica do Mercado de EAD, as instituições de ensino necessitam analisar várias informações, bem como identificar os vários fatores críticos de sucesso que poderão impactar de forma direta no sucesso das ações educacionais. Nesta análise, vários itens ns são questionados, tais como: como deverá ocorrer a interação dos vários atores do EAD com as informações e o conhecimento? Qual a importância da proposta pedagógica dos vários cursos ofertados? Quais acessos serão ofertados? Quais canais de interação estarão estarão disponíveis? Quais tipos de inovação serão implantados nas ações educacionais? Quais custos serão permitidos e quais não serão? Como será o processo de avaliação das ações de ensino-aprendizagem? ensino Para que tipo de formação pretendemos contribuir? Quall o contexto social, geográfico e tecnológico dos alunos? Qual é a faixa etária, o nível cultural e a renda do público-alvo? alvo? Quais são seus interesses, demandas e expectativas? Por que buscariam o curso? Qual a disponibilidade de tempo que os alunos dispõem dispõe para estudar em um curso a distância? Os alunos possuem familiaridade com as tecnologias a serem utilizada? Quais as condições de acesso dos alunos às tecnologias? Qual é a área de formação e/ou atuação atuação profissional de cada aluno? Quais são as demandas e interesses conceituais, de competências e habilidades dos alunos? Como fazer com que as informações repassadas se ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 209 transformem em conhecimentos pelos alunos? Como os professores irão atuar? Serão necessários tutores? Que tipos de tutores tutores necessitamos? Quais competências os tutores devem possuir para desempenharem suas atividades? Quais atividades os tutores devem desempenhar? Como será a mediação dos tutores? Figura 1 – Visão Sistêmica Mercado de EAD Fonte: Elaborado pelo Autor No contexto apresentado na Figura 1, e para que as instituições de ensino consigam ser válidas perante todas as partes interessadas (mantenedores, governo, alunos e demais integrantes da sociedade), as questões relacionadas com os papéis e a ações tutoriais, um bom planejamento educacional e a utilização de tecnologias da informação e comunicação apresentam-se apresentam se como fatores críticos de sucesso, e necessitam de um equacionamento para efetividade das ações educacionais. 2 AÇÃO TUTORIAL – DEFINIÇÕES, FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS COMPETÊNCIAS Conforme anteriormente citado, a ação tutorial apresenta-se apresenta como um dos fatores críticos de sucesso da EAD. Segundo SOUZA et all (2004) a tutoria pode ser entendida como uma ação orientadora global, que abrange um conjunto de ações educativas as quais contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas dos alunos, orientando-os os a obterem crescimento intelectual e autonomia, bem como para ajudáajudá los a tomar decisões em vista de seus desempenhos e suas circunstâncias de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 210 participação nos cursos a distância. Na Facinter, o tutor é definido como um professor que atua nas situações programadas de ensino e aprendizagem e de orientação assistida nos processos de educação a distância (FACINTER, 2006). Por outro lado, o tutor, também é o professor rofessor que aproxima o aluno dos conteúdos dos cursos ministrados e do próprio “conteúdo tecnológico”, necessário ao trânsito autônomo em ambientes virtuais de aprendizagem existentes em cursos de EAD. Para MUNHOZ (2001) o tutor é o verdadeiro “stackholder” “stackholder” dos cursos ofertados na modalidade de educação a distância, sendo caracterizado como o elemento capaz de assegurar a qualidade e a eficácia de todo o processo educacional a distância. Figura 2 – Ação tutorial Fonte: Elaborado pelo Autor Ao analisarmos estas definições, podemos concluir que o tutor, conforme demonstrado na figura 2 é alguém que, por meio de ações mediadoras, é capaz de dar sentido ao projeto de vida daquele que acolhe, contribuindo para que todas as suas potencialidades sejam jam despertadas e estimuladas. Como na EAD o público é, na sua grande maioria, formado por adultos, o tutor deverá estar preparado para o ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 211 desempenho dos complexos papéis sociais envolvidos na inclusão dos alunos na sociedade, no desenvolvimento de atividades atividades em grupo e no fomento ao processo criativo de cada aluno que se dá em um centro educativo. Ainda com relação ao processo andragógico de educação, o tutor deve promover a conversação didática criativa, visando à construção do conhecimento individual e coletivo, letivo, por meio da liberdade do pensamento, da fluência das idéias, e do confronto de visões teóricas, possibilitando a articulação sistêmica dos diversos saberes. Com base na definição do papel do tutor, torna-se torna se necessário definir as funções que o mesmo irá desempenhar na EAD. Segundo ARETIO (2001) há três tipos de funções assumidas pelo tutor: a) a função acadêmica, ligada ao aspecto cognitivo, relacionada à transmissão do conteúdo, à transposição didática, ao esclarecimento das dúvidas dos alunos; b) a função institucional, relacionada aos procedimentos administrativos e à própria formação acadêmica do tutor; e c) a função orientadora, centrada em aspectos afetivos e motivacionais do aluno. Por outro lado, segundo COSTA (2008), o trabalho do tutor pode ser dividido em três grupos, quais sejam: 1) de caráter pedagógico; 2) de caráter organizativo e 3) de caráter social. Para a Facinter, o trabalho do tutor divide-se divide se em cinco funções, assim caracterizadas: a) comunicativa; b) acolhida e acompanhamento; c) docência; d) orientação e e) avaliação. Figura 3 – Funções e Competências do Tutor Fonte: Elaborado pelo Autor ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 212 Ao analisarmos as três categorizações, notamos que ambas possuem as mesmas características, ou seja, consolidam as ações do tutor em uma série de atividades necessárias à efetividade da ação educacional a distância, as quais, para serem realizadas de forma efetiva, necessitam de um conjunto de competências, conforme me ilustrado na figura 3. Segundo a Facinter, o tutor, no desenvolvimento de suas funções, f deve apresentar as seguintes competências: a) pedagógicas; b) tecnológicas; c) didáticas; d) pessoais; e) lingüísticas; e f) de trabalho em equipe colaborativo. (FACINTER, 2006) Como podem ser observados nas competências necessárias ao tutor, novamente, ente, dois fatores críticos para o sucesso das ações educacionais a distância destacam-se, se, quais sejam, as competências tecnológicas e pedagógicas, nesta última incluída a ação de planejamento. Entretanto, conforme descrito neste item, o tutor, ao desempenhar desempen o seu papel, ele deve aplicar os princípios da andragogia e da complexidade, sendo que este último deve ser utilizado para a elaboração das ações educacionais a distância. distâ 3 ENTENDIMENTO DO QUE É COMPLEXIDADE NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Conforme vimos anteriormente, a realização de uma ação educacional na sociedade do conhecimento não é tão simples de ser realizada, visto necessidade da interação de vários elementos e itens. Anteriormente, quando realizávamos uma ação educacional, utilizávamos o paradigma ma do pensamento cartesiano, de forma simples, racionalizando tudo que se podia, e mantendo todas as ações programadas em um cronograma rígido de execução. Atualmente, na EAD, para que a mesma ocorra, é necessário a sincronização de vários elementos, tais como: a) concepção do curso - onde articulamos a justificativa, os objetivos, os contextos e clientela, bem como os conteúdos, sua sequenciação, os diversos recursos instrucionais, as diversas tecnologias de informação e comunicação a serem utilizadas e a sua base metodológica, b) o tratamento pedagógico dado ao material a ser utilizado pelo educando, englobando as diversas formas de comunicação, as estratégias de ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 213 comunicação a serem aplicadas aos textos, a linguagem audiovisual e as diversas tecnologias de informação que auxiliam o processo de aprendizagem, c) a avaliação do aluno, d) a validação de todo o material a ser utilizado em um curso, bem como das diversas tecnologias que suportarão o ensino a distância, além é claro de vários outros itens como: inserção, serção, inclusão, infra-estrutura infra estrutura de aprendizagem, e recursos financeiros. Para que possamos planejar de forma efetiva, torna-se torna se necessário conhecer a fundo o processo de educação a distância, bem como as características de cada item mencionado acima, notadamente not a interação e o inter-relacionamento relacionamento entre eles. Entretanto, a soma do conhecimento de cada item, como combiná-los combiná e como “embalá-los” los” em um design instrucional, não é suficiente para conhecer toda a realidade de um curso, e como o mesmo se comportará comportará na sua execução. Para tanto, utilizamos os princípios da “complexidade”, conforme demonstrado na figura 4. O primeiro princípio da complexidade nos leva a aprender que o simples conhecimento de cada item ajuda a conhecer as propriedades do conjunto. Trata-se T de uma constatação de que um curso de educação a distância é mais do que a soma dos itens que são necessários para a realização do mesmo, ou seja, “o todo é maior do que a soma das características dos vários itens que o compõe”. Outro princípio da complexidade está relacionado com o fato de que no curso, as características e qualidades de um item não podem expressar-se expressar em sua plenitude, pois estão integrados ao todo. Assim, “o todo é menor do que a soma de todos os itens”. Figura 4 – Princípios da Complexidade ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 214 Fonte: Elaborado pelo Autor Um terceiro princípio da complexidade nos leva a compreensão de que “o todo é ao mesmo tempo maior e menor do que a soma dos vários itens de um curso de educação a distância”. Assim, cada item de um curso a distância distância não está solto, ou isolado. Cada item está integrado, contribuindo para a efetividade de todo o curso, fato este que nos remete à necessidade do entendimento das diversas causalidades da complexidade. A realização de um curso a distância, enquanto organização, está inserido em uma sociedade, e, portanto, gera informação e conhecimento – elementos educacionais que saem dele e entra no universo dos alunos, professores, tutores e todos os demais envolvidos. envolvidos. Entretanto, não devemos nos limitar a uma visão heteroprodutiva do curso, visto que ao gerar informação e conhecimento ele ao mesmo tempo se autoproduz. Isso significa que produz todos os elementos necessários à sua sobrevivência e organização. Ao organizar organizar a ação educacional, integrando todos os itens, o curso se auto-organiza, auto organiza, se automantém, se auto-repara auto se necessário, e, se as coisas não vão bem, se autodesenvolve enquanto desenvolve sua própria ação educacional. Desse modo, ao produzir informação e conhecimento, o curso desenvolve um processo no qual o produtor produz a si mesmo. De um lado, sua autoprodução é necessária à produção de informação e conhecimento; por outro lado, a produção de informação e conhecimento é imprescindível à sua própria produção. produção. A complexidade em um curso de educação a distância surge no seguinte enunciado: “aquele que produz coisas produz ao mesmo tempo a si próprio; o produtor é o seu próprio produto”. Tal enunciado nos leva a busca da compreensão das diversas causalidades causali existentes na complexidade, conforme demonstrado na Figura igura 5. A primeira causalidade da complexidade é a linear, ou seja, se com uma série de dados interconectados em um processo de educação, aplicando toda a estratégia educacional com os recursos alocados, alocados, temos então a geração de informação e conhecimento, e como conseqüência uma educação. A segunda causalidade é a circular, ou retroativa. Isto significa dizer que um curso de educação a distância necessita de regulação, ou seja, deve gerar informação e conhecimento em função das necessidades do contexto e da clientela, ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 215 bem como das competências competências de todos os envolvidos no processo de educação. Sabemos que, se colocarmos muita informação para os alunos, muitas delas irão se perder e não possibilitarão a geração do conhecimento necessário, e a conseqüente educação. Da mesma forma ocorre o inverso, inverso, se colocamos pouca informação, o conhecimento não é catalisado e a educação não ocorre. A terceira causalidade refere-se refere se à recursiva, onde, os efeitos e os produtos das informações e dos conhecimentos gerados são necessários ao processo de educação, ou seja, eja, a educação é o produto da própria educação. Figura 5 – Causalidades da Complexidade Fonte: Elaborado pelo Autor Assim, nos cursos de educação a distância, os princípios e as causalidades apresentam-se se como fatores críticos de sucesso, e torna-se torna necessário a compreensão dos mesmos para a efetiva realização das ações educacionais. Como pode ser observado, novamente, e ao defrontarmos os princípios e as causalidades da complexidade com as características da educação a distância na sociedade do conhecimento, mento, o planejamento educacional, os papéis e as ações tutoriais e a utilização de tecnologias da informação e comunicação aparecem, novamente, como fatores críticos de sucesso. 4- PLANEJAMENTO DA AÇÃO TUTORIAL ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 216 Para RIBEIRO (2003) planejamento é a ação de preparar, hoje, as bases necessárias para que se chegue ao destino fixado em um futuro. Pode ser considerada, também, como a transformação de uma realidade numa direção escolhida, por meio da organização do uso de diferentes recursos, na ação educacional al e de mediação. Quando realizamos a ação de planejar, não fazemos somente a atividade de elaboração do plano; realizamos, também, a execução do mesmo, a avaliação das atividades desenvolvidas e a melhoria destas, aplicando, em todas as etapas, os princípios ios e as causalidades da complexidade. Segundo RIBEIRO (2003) para que um planejamento seja bem realizado, geralmente respondemos adequadamente a três perguntas: o que queremos alcançar?, a que distância estamos daquilo que queremos alcançar? e o que faremos, os, em um prazo determinado, para diminuir esta distância?. Para responder a primeira pergunta, devemos descrever o “para que” das ações, visto que, quando falamos em planejamento da ação educacional, estamos envolvendo, sempre, dois aspectos, quais sejam: sejam: um político, que envolve a sociedade e os todos os atores que nela estão inseridos, e o aspecto pedagógico. No tocante a segunda pergunta, devemos responder analisando os gaps existentes entre o que queremos e o que estamos fazendo para chegar onde projetamos estar. E, por fim, para respondermos à pergunta de “o que faremos?”, descrevemos nossas ações, em termos de “ o que faremos”, “por que faremos”, “onde faremos”, “com quem faremos”, “quando faremos”, e por fim, “quanto irá custar”. Quando realizamos o planejamento da ação tutorial, devemos fazê-lo fazê levando em consideração todos os aspectos apresentados na figura 6, quais sejam: ambiente de ensino e aprendizagem, material didático didático do curso, organização do tempo e dos espaços, reconhecimento do contexto institucional e o acompanhamento das ações educacionais. No ambiente de ensino e aprendizagem, devemos planejar as ações tutoriais levando em consideração o campo de ação desta (tutoria (tutoria de conteúdo, tutoria de aprendizagem e a tutoria de apoio), a modalidade da tutoria (tutoria presencial, tutoria on-line e tutoria por outros meios de comunicação), e a natureza da ação tutorial (de acordo com a concepção pedagógica dos materiais didáticos, d ou seja, quanto mais auto-instrucional instrucional for o material, mais criativa tem que ser a ação tutorial). ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 217 Figura 6 – Organização e desenvolvimento do trabalho do Tutor Fonte: Elaborado pelo Autor Deve-se, se, também, planejar as atividades relacionadas com material didático do curso, destacando ações para a avaliação do conteúdo destes, a apropriação, por parte do tutor, da estrutura e dinâmica de aprendizagem para que possa ocorrer uma orientação adequada aos alunos. A organização do tempo e do espaço é outro aspecto importante a ser considerado. Nele, as atividades deverão estar planejadas de acordo com a lógica dos tempos e espaços de aprendizagem na EAD, bem como o rompimento da lógica linear de ensino, migrando para uma forma sistêmica de educação (moldes (m do pensamento complexo). Outro aspecto importante a ser levado em consideração diz respeito ao reconhecimento do contexto institucional e da capilaridade onde o processo de educação irá ocorrer. Como foi apresentada na Introdução desta produção do conhecimento, nhecimento, a inclusão social é um dos fatores críticos de sucesso da educação na sociedade do conhecimento, bem como a adaptabilidade dos ensinamentos aos vários tipos de regiões que o Brasil possui, tendo em vista a grande diversidade cultural que possuímos. Por fim, os aspectos relacionados com o acompanhamento da ação educacional, englobando os focos de avaliação, períodos em que ocorrerão e tipos, ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 218 devem ser muito bem planejados, visto que esta ação fornecerá os feedbacks necessários os à melhoria das várias vár ações. A figura 7, ilustra a conjugação dos aspectos do planejamento da ação tutorial, levando em consideração os princípios e relações causais da complexidade e a visão sistêmica da organização e desenvolvimento do trabalho da tutoria. Figura 7 – Visão sistêmica do trabalho de planejamento Fonte: Elaborado pelo Autor 5 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA AÇÃO TUTORIAL Quando do desenvolvimento de suas atividades tutoriais, sejam elas presenciais, ou a distância, os tutores devem levar em consideração as várias tecnologias da informação e comunicação (TICs) disponibilizadas para a mediação. ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 219 Por (TICs) entendemos como as tecnologias e métodos para levar as informações a serem transformadas em conhecimento. Caracterizam-se Caracterizam por agilizar, horizontalizar ontalizar e tornar menos palpável (fisicamente manipulável) o conteúdo da informação, por meio da digitalização e da comunicação em redes (mediada ou não por computadores)) para a captação, transmissão e distribuição das informações (texto, imagem, vídeo e som). som Dentre as várias tecnologias existentes atualmente podemos citar: a) ambiente a virtual de aprendizagem – criado para o atendimento das especificidades de cada curso, contendo, dentre outros recursos, descrição do curso, descrição da disciplina, calendários, ários, avisos, documentos e links, exercícios, rota de aprendizagem, trabalhos, fóruns; formação de grupos, gerenciamento de usuários, chat, wiki, media center, ferramentas, configurações do curso e gerenciamento estatístico; b) material de estudos impressos – livros, guia de estudos da disciplina e do curso, manual do estudante; c) material de estudos eletrônicos – livros, guia de estudos da disciplina e do curso, manual do estudante; d) objetos contextualizados de aprendizagem; e) videoconferências; f) teleconferências; te g) vídeo-aulas; aulas; h) tele-aulas; tele i) biblioteca virtual; j) biblioteca nos centros de estudos; l) telefonia regular ou “0800”; “0800” m) rádio; e n) cd-rom ou DVD. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme descrito na Introdução desta produção do conhecimento, destacamos que as questões relacionadas com os papéis e as ações tutoriais, um bom planejamento educacional e a utilização de tecnologias da informação e comunicação apresentam-se apresentam se como fatores críticos de sucesso, e necessitam de um equacionamento mento para efetividade das ações educacionais. Como pode ser observado ao longo do texto, discorremos sobre a ação tutorial – definições, funções e competências, onde constatamos que para uma efetiva mediação, devemos utilizar um processo de planejamento e as TICs. Vimos também que, para a realização de um planejamento efetivo, devemos utilizar os princípios e relações causais da complexidade, fato este que se justifica pela quantidade de itens que necessitam ser sincronizados. Por fim, para a realização de uma mediação, seja ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN: 2359-0645 220 ele presencial, ou a distância, a utilização das diversas TICs são cruciais para que a informação seja transformada em conhecimento pelos alunos. 7 REFERÊNCIAS práctica Barcelona: ARETIO, L. G. La Educación a Distancia: de la teoria a la práctica. Ariel Educación, 2001. BEHRENS, M. A. Projetos de aprendizagem colaborativa. colaborativa. In: Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000. BELLONI, M. 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