Ciências da Humanidade III
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Ciências da Humanidade III
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE PROCESSOS SELETIVOS MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 ÁREA V: CIÊNCIAS DAS HUMANIDADES III __________________________________________________ NOME DO(A) CANDIDATO(A) ______________________ N.º DE INSCRIÇÃO 29 de novembro de 2009 BOLETIM DE QUESTÕES LEIA COM MUITA ATENÇÃO AS INSTRUÇÕES SEGUINTES. 1 Este BOLETIM DE QUESTÕES contém a proposta de redação e 40 questões objetivas (20 de Língua Portuguesa, 10 de Literatura e 10 de Filosofia). Para cada questão objetiva, são apresentadas cinco opções de resposta, identificadas com as letras (A), (B), (C), (D) e (E). Apenas uma responde adequadamente à questão. 2 Esta prova está redigida conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990). Para a redação, serão aceitas como corretas ambas as ortografias, isto é, a forma de grafar e acentuar as palavras vigente até 31 de dezembro de 2008 e a que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2009. 3 Confira se, além deste BOLETIM DE QUESTÕES, você recebeu o CARTÃO-RESPOSTA destinado à marcação das respostas das questões objetivas e o FORMULÁRIO DE REDAÇÃO para elaboração do texto definitivo da redação proposta. 4 Confira se a prova está completa e sem falhas, bem como se o seu nome e seu número de inscrição conferem com os contidos no CARTÃO-RESPOSTA e no FORMULÁRIO DE REDAÇÃO. Em caso de divergência, notifique imediatamente o fiscal de sala. Após a conferência, assine seu nome no espaço próprio do CARTÃO-RESPOSTA. 5 A marcação do CARTÃO-RESPOSTA e a transcrição do texto definitivo da redação no FORMULÁRIO DE REDAÇÃO devem ser feitas com caneta esferográfica de tinta preta ou azul. 6 Não dobre, não amasse, não rasure nem manche o CARTÃO-RESPOSTA ou o FORMULÁRIO DE REDAÇÃO, bem como não faça qualquer registro fora dos espaços destinados à marcação das respostas e ao texto definitivo da redação. O cartão e/ou o formulário só poderão ser substituídos se contiverem falha de impressão. 7 Quando terminar a prova, entregue ao fiscal de sala este BOLETIM DE QUESTÕES, o CARTÃO-RESPOSTA e o FORMULÁRIO DE REDAÇÃO e assine a LISTA DE PRESENÇA. Sua assinatura deve corresponder àquela que consta no seu documento de identificação. 8 O tempo disponível para esta prova, incluído o de elaboração da redação, é de cinco horas. Recomenda-se que você não ultrapasse o período de uma hora e meia para elaborar sua redação. Se você for pessoa com deficiência, disporá de 1 (uma) hora a mais para fazer a prova, desde que tenha comunicado previamente a sua deficiência ao CEPS. 9 Reserve os 30 minutos finais destinados à prova para a marcação do CARTÃO-RESPOSTA. Os rascunhos e as marcações assinaladas no BOLETIM DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. MOBA Externa Edital N.º 02/2009 MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 MARQUE A ÚNICA ALTERNATIVA CORRETA NAS QUESTÕES DE 1 A 40. LÍNGUA PORTUGUESA Leia o texto abaixo para responder às questões de 1 a 20. ASCENSÃO SEM COTAS A universalização do ensino e o crescimento da economia reduziram a desigualdade entre negros e brancos 01 02 03 04 05 06 07 08 09 O fosso que separa negros e brancos declarados no Brasil se estreitou em um ritmo sem precedentes desde meados da década passada. A diminuição dessa desigualdade pode ser constatada quando se verificam as estatísticas de aumento da renda e de escolaridade, que foi bem mais intenso no caso dos negros do que no dos brancos. A diferença de salários entre eles, ainda grande, encolheu 14% desde 1995. No campo da educação, os resultados são ainda mais expressivos. Antes, apenas dois em cada 100 negros concluíam a faculdade. Agora, sete em 100 obtêm diploma de curso superior – um crescimento de 250%. A proporção de brancos formados cresceu menos: 115%. A redução do analfabetismo também foi maior entre os negros: 74%, contra 60% entre os brancos. A diferença no número de anos que os dois grupos frequentam a escola, vantajosa para os brancos, também diminuiu. 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 A redução da iniquidade não tem nenhuma relação com a criação de cotas para negros em universidades ou no serviço público. Deve-se a outros fatores, como a universalização da educação fundamental e a melhoria da qualidade do ensino médio oficial. Essas conquistas foram obtidas quando o governo passou a dar prioridade ao ensino básico, o que ocorreu a partir de 1995. A mudança de orientação favoreceu os estratos mais pobres, que concentram a maior proporção de negros. "No Brasil, a pobreza é predominantemente negra. Por isso, quando a distância entre pobres e ricos se estreita, eles são os mais beneficiados", diz Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os aumentos do salário mínimo, que superaram a inflação em 120% desde 1995, contribuíram para elevar a renda de quem está na base da pirâmide social – entre eles, os negros. O crescimento do mercado de trabalho, fruto da extraordinária expansão da economia desde a implantação do real, proporcionou também a ascensão dos negros. Mais educados, eles passaram a ter acesso a empregos antes reservados aos brancos. 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Uma pesquisa do Instituto Ethos mostra que, em 2003, os negros ocupavam 8,8% das gerências das maiores empresas do país. Em 2007, essa proporção já alcançava 17%. Nos postos executivos, a participação dos negros passou de 1,8% para 3,5%. A paulistana Íris Barbosa, de 42 anos, integra esse último contingente. Filha de um pequeno comerciante e de uma empregada doméstica, Íris sempre estudou em escolas públicas. Ingressou no McDonald’s para ajudar a mãe nas contas de casa e pagar a faculdade de pedagogia. Terminado o curso, ela conseguiu que a empresa pagasse sua pós-graduação em administração. Há três anos, é a diretora de treinamento do McDonald’s na América Latina. "Meu problema nunca foi ser negra. Foi ser pobre", diz Íris. A frase expressa a verdadeira questão social brasileira. Raquel Salgado Veja/2 de setembro de 2009/página 94. MOBA Externa 2009 2 Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 1 Considerando os tipos de texto, pode-se afirmar que o texto “Ascensão sem cotas” é predominantemente (A) descritivo. (B) narrativo. (C) dialogal. (D) poético. (E) dissertativo. 5 Levando-se em consideração utilizados no texto, pode-se dizer que 2 Segundo o texto, o fosso que separa negros e brancos no Brasil se estreitou e isso se deve (A) ao crescimento da economia e à criação de cotas para negros em universidades. (B) à melhoria do ensino médio e ao aumento da proporção de brancos formados. (C) à criação de cotas para negros em universidades e à redução do analfabetismo entre eles. (D) ao aumento de renda e de escolaridade, bem mais acentuado no caso dos negros do que no dos brancos. (E) (A) a desigualdade entre brancos e negros decorre da diferença racial. (B) a desigualdade entre brancos e negros é de natureza social e econômica. (C) não há desigualdade entre brancos e negros, visto que no Brasil vigora uma democracia racial. (D) a desigualdade entre brancos e negros aumentou consideravelmente nos últimos anos. (E) o crescimento econômico favoreceu a população branca em detrimento da negra. O vocábulo, em destaque, empregado para indicar a adição de argumentos em favor de uma ideia do texto é (A) “A redução do analfabetismo também foi maior entre os negros: 74%, contra 60% entre os brancos”. (linhas 07 e 08) (B) “A diferença de salários entre eles, ainda grande, encolheu 14% desde 1995”. (linhas 04 e 05) (C) “Antes, apenas dois em cada 100 negros concluíam a faculdade”. (linhas 05 e 06) (D) “Agora, sete em 100 obtêm diploma de curso superior – um crescimento de 250%”. (linhas 06 e 07) (E) “A proporção de brancos formados cresceu menos: 115%”. (linha 07) 3 A ideia de estreitamento da desigualdade entre negros e brancos, explicitada no primeiro período do primeiro parágrafo, é retomada no decorrer do texto por meio das seguintes expressões: as estatísticas de aumento de escolaridade e de renda; a diferença de salário. (B) a diferença de analfabetismo. (C) a diminuição dessa desigualdade; a redução da iniquidade. (D) a criação educação. (E) a mudança de orientação; a ascensão dos negros. de salário; cotas; a a redução universalização do 7 No período: “Deve-se a outros fatores, como a universalização da educação fundamental e a melhoria da qualidade do ensino médio oficial” (linhas 11 e 12), o verbo destacado encontra-se no singular porque seu sujeito é da 4 No texto, a autora cita as palavras de Marcelo Paixão: “No Brasil, a pobreza é predominantemente negra” (linhas 14 e 15), para ressaltar que (A) a classe pobre é majoritariamente constituída de negros. (B) no Brasil existem mais negros do que brancos. (C) não há negros ricos. (D) os brancos são majoritariamente ricos. (E) no Brasil há mais pobres do que ricos. MOBA Externa 2009 argumentos 6 à equiparação do número de anos em que brancos e negros passam na escola. (A) os 3 (A) a redução da iniquidade. (linha 10) (B) a criação de cotas. (linha 10) (C) outros fatores. (linha 11) (D) a universalização da educação fundamental. (linhas 11 e 12) (E) a melhoria da qualidade do ensino médio oficial. (linha 12) Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 8 11 No texto, a autora, ao construir sequências argumentativas, recorre ao discurso direto em: Em “‘Meu problema nunca foi ser negra. Foi ser pobre’, diz Íris. A frase expressa a verdadeira questão social brasileira.” (linhas 29 e 30) , pode-se entender que a verdadeira questão social brasileira é (A) a existência de uma democracia racial em nosso país. (B) que “a pobreza é predominantemente negra”. (C) o “fosso que separa negros e brancos”. (D) a distância entre pobres e ricos. (E) a falta de educação dos negros e dos brancos. (A) "‘No Brasil, a pobreza é predominantemente negra. Por isso, quando a distância entre pobres e ricos se estreita, eles são os mais beneficiados’, diz Marcelo Paixão”. (linhas 14 a 16) (B) “A paulistana Íris Barbosa, de 42 anos, integra esse último contingente. Filha de um pequeno comerciante e de uma empregada doméstica, Íris sempre estudou em escolas públicas. Ingressou no McDonald’s para ajudar a mãe nas contas de casa e pagar a faculdade de pedagogia”. (linhas 24 a 27) (C) “O crescimento do mercado de trabalho, fruto da extraordinária expansão da economia desde a implantação do real, proporcionou também a ascensão dos negros”. (linhas 18 a 20) (D) “Uma pesquisa do Instituto Ethos mostra que, em 2003, os negros ocupavam 8,8% das gerências das maiores empresas do país. Em 2007, essa proporção já alcançava 17%. Nos postos executivos, a participação dos negros passou de 1,8% para 3,5%”. (linhas 22 a 24) (E) “No campo da educação, os resultados são ainda mais expressivos. Antes, apenas dois em cada 100 negros concluíam a faculdade. Agora, sete em 100 obtêm diploma de curso superior – um crescimento de 250%”. (linhas 05 a 07) 9 O enunciado “O fosso que separa negros e brancos declarados no Brasil se estreitou em um ritmo sem precedentes desde meados da década passada” (linhas 01 e 02) está adequadamente parafraseado em: (A) O fosso que separa negros e brancos declarados no Brasil encurtou em um ritmo avassalador desde meados da década passada. (B) O abismo que separa negros e brancos declarados no Brasil se estreitou em um ritmo assustador desde meados da década passada. (C) O buraco que separa negros e brancos declarados no Brasil se estreitou em um ritmo imprescindível desde meados da década passada. (D) A distância que separa negros e brancos declarados no Brasil diminuiu em um ritmo nunca antes visto desde meados da década passada. (E) 10 12 Pode-se afirmar que a seguinte citação: “Meu problema nunca foi ser negra. Foi ser pobre” (linha 29), é, no texto, um recurso para O abismo que separa negros e brancos declarados no Brasil se destrói em um ritmo acelerado desde meados da década passada. Pode-se concluir que Raquel Salgado (A) apresentar o ponto de vista estritamente pessoal de uma mulher negra, apenas. (B) argumentar que a desigualdade entre negros e brancos decorre da diferença racial. (C) fortalecer a ideia de que a desigualdade entre brancos e negros decorre de diferenças socioeconômicas. (A) defende o sistema de cotas para negros. (B) afirma que o crescimento econômico do país favoreceu apenas os negros. (C) acredita que os negros podem ascender socialmente sem o sistema de cotas. (D) diversificar as formas de expressão do texto somente. (D) argumenta, exclusivamente, em diferença entre negros e brancos. (E) mostrar que o racismo é coisa de pobre. (E) acredita que, só quando os negros ocuparem os empregos antes reservados aos brancos, teremos igualdade racial. MOBA Externa 2009 favor da 4 Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 13 O trecho em que a predicação verbal é construída com verbo modalizador que indica possibilidade é (A) “A diminuição dessa desigualdade pode ser constatada [...]”. (linha 02) (B) “Deve-se a outros fatores, como a universalização da educação fundamental [...]”. (linhas 11 e 12) (C) “[...] o governo passou a dar prioridade ao ensino básico”. (linha 13) 16 A análise correta dos conteúdos pressupostos nos termos destacados está em (A) “O fosso que separa negros e brancos declarados no Brasil se estreitou em um ritmo sem precedentes desde meados da década passada” (linhas 01 e 02). Pressuposição: o fosso entre negros e brancos atinge também os não declarados. (B) “No campo da educação, os resultados são ainda mais expressivos” (linha 05). Pressuposição: os resultados no campo econômico não são expressivos. (D) “Mais educados, eles passaram a ter acesso a empregos antes reservados aos brancos”. (linhas 20 e 21) (E) "Meu problema nunca foi ser negra. Foi ser pobre". (linha 29) (C) “Essas conquistas foram obtidas quando o governo passou a dar prioridade ao ensino básico” (linhas 12 e 13) . Pressuposição: antes o governo não dava prioridade ao ensino básico. Há presença de sentido figurado em (D) “A diminuição dessa desigualdade pode ser constatada quando se verificam as estatísticas de aumento da renda e de escolaridade”. (linhas 02 e 03) "No Brasil, a pobreza é predominantemente negra” (linhas 14 e 15) . Pressuposição: todos os negros no Brasil são pobres. (E) “O crescimento do mercado de trabalho, fruto da extraordinária expansão da economia desde a implantação do real, proporcionou também a ascensão dos negros” (linhas 18 a 20). Pressuposição: com o crescimento do mercado de trabalho, os negros se igualam aos brancos. 14 (A) (B) “Essas conquistas foram obtidas quando o governo passou a dar prioridade ao ensino básico”. (linhas 12 e 13) (C) “Há três anos, é a diretora de treinamento do McDonald’s na América Latina”. (linhas 28 e 29) (D) "No Brasil, a pobreza é predominantemente negra”. (linhas 14 e 15) (E) “Filha de um pequeno comerciante e de uma empregada doméstica, Íris sempre estudou em escolas públicas”. (linhas 25 e 26) 17 A alternativa em que o termo em destaque no enunciado expressa o grau máximo de intensidade do adjetivo que acompanha é (A) “A diminuição dessa desigualdade pode ser constatada quando se verificam as estatísticas de aumento da renda e de escolaridade, que foi bem mais intenso no caso dos negros do que no dos brancos”. (linhas 02 a 04) (B) “O fosso que separa negros e brancos declarados no Brasil se estreitou em um ritmo sem precedentes desde meados da década passada”. (linhas 01 e 02) “A diferença de salários entre eles, ainda grande, encolheu 14% desde 1995. No campo da educação, os resultados são ainda mais expressivos”. (linhas 04 e 05) (C) “Essas conquistas foram obtidas quando o governo passou a dar prioridade ao ensino básico [...]”. (linhas 12 e 13) “Mais educados, eles passaram a ter acesso a empregos antes reservados aos brancos”. (linhas 20 e 21) (D) “Eles [os negros] são os mais beneficiados”. (linha 16) (E) “A redução do analfabetismo também foi maior entre os negros”. (linhas 07 e 08) 15 O trecho em que o segmento destacado NÃO expressa, exclusivamente, circunstância de tempo é (A) (B) (C) “Terminado o curso, ela conseguiu que a empresa pagasse sua pós-graduação em administração”. (linhas 27 e 28) (D) “Há três anos, é a diretora de treinamento do McDonald’s na América Latina”. (linhas 28 e 29) (E) “Meu problema nunca foi ser negra. Foi ser pobre". (linha 29) MOBA Externa 2009 5 Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 18 Sobre o emprego dos vocábulos ainda e já, considere as seguintes afirmativas: 20 O enunciado em que o segmento assinalado expressa a ideia de causa é I. Em “A diferença de salários entre eles, ainda grande, encolheu 14% desde 1995” (linhas 04 e 05), o vocábulo ainda serve para expressar a ideia de continuidade temporal. (A) “Mais educados, eles passaram a ter acesso a empregos antes reservados aos brancos”. (linhas 20 e 21) II. Em “No campo da educação, os resultados são ainda mais expressivos” (linha 05), o vocábulo ainda introduz mais um argumento em favor de determinada conclusão. (B) “A mudança de orientação favoreceu os estratos mais pobres, que concentram a maior proporção de negros”. (linhas 13 e 14) III. Em “[...] essa proporção já alcançava 17%” (linha 23), o vocábulo já indica uma relação de causa entre ideias do texto. (C) “O crescimento do mercado de trabalho, fruto da extraordinária expansão da economia desde a implantação do real, proporcionou também a ascensão dos negros”. (linhas 18 a 20) (D) “Filha de um pequeno comerciante e de uma empregada doméstica, Íris sempre estudou em escolas públicas”. (linhas 25 e 26) Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) (A) I, apenas. (B) II, apenas. (C) III, apenas. (D) I e II. (E) II e III. 19 (E) “Por isso, quando a distância entre pobres e ricos se estreita, eles são os mais beneficiados". (linhas 15 e 16) No trecho: “A diminuição dessa desigualdade pode ser constatada quando se verificam as estatísticas de aumento da renda e de escolaridade, que foi bem mais intenso no caso dos negros do que no dos brancos.” (linhas 02 a 04) É correto afirmar que o verbo da oração em destaque está no plural porque (A) se trata de uma oração com sujeito indeterminado, por isso o verbo está na terceira pessoa do plural. (B) concorda com o sujeito “as estatísticas”. (C) concorda com “escolaridade”. (D) se trata de uma oração subordinada. (E) é um verbo transitivo e está seguido por seu complemento. MOBA Externa 2009 os termos “renda” e 6 Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 REDAÇÃO O texto “Ascensão sem cotas”, de Raquel Salgado, suscita uma reflexão sobre a desigualdade existente entre brasileiros, determinada por fatores de natureza socioeconômica e racial. Sabe-se que, em vista dessa desigualdade, o Governo Federal instituiu a política de cotas nas universidades públicas federais, criando-se, então, cotas raciais, reserva de vagas destinadas a negros e índios, e cotas sociais com reserva de vagas para estudantes de escola pública. Considerando essa medida do Governo, escreva um texto, em prosa, em que você se posicione sobre a política de cotas raciais nas universidades brasileiras. MOBA Externa 2009 7 Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 22 No episódio do Gigante Adamastor, situado no canto V d’Os Lusíadas, as falas deste abrangem duas situações distintas: 1) profecias acerca de futuros navegantes portugueses e 2) narrativa de sua própria história, que culmina com a metamorfose. A primeira situação está exemplificada, corretamente, em: LITERATURA 21 Autor de 9 cantigas, Pero Meogo (século XIII) foi um trovador galego. Considere o texto a seguir, deste escritor. [Levou-s’ a louçana,] levou-s’ a velida: vay lavar cabelos, na fontana fria. Leda dos amores, dos amores leda. 5 [Levou-s’ a velida,] levou-s’ a louçana: vay lavar cabelos, na fria fontana. Leda dos amores, dos amores leda. Vay lavar cabelos, na fontana fria: passou seu amigo, que lhi ben queria. Leda dos amores, dos amores leda. 10 15 (A) “Ouve os danos de mi que apercebidos / Estão a teu sobejo atrevimento, / Por todo o largo mar e pola terra / Que inda hás-de sojugar com dura guerra.”. (V, 42, vv. 5-8) (B) “Amores da alta esposa de Peleu [= Tétis] / Me fizeram tomar tamanha empresa; / Todas as Deusas desprezei do Céu, / Só por amar das águas a Princesa.”. (V, 52, vv. 1-4) (C) “Enfim, minha grandíssima estatura / Neste remoto Cabo converteram / Os Deuses; e, por mais dobradas mágoas, / Me anda Tétis cercando destas águas.” (V, 59, vv. 1-4) (D) “Pois os vedados términos quebrantas / E navegar meus longos mares ousas, / Que eu tanto tempo há já que guardo e tenho, / Nunca arados d’estranho ou próprio lenho;”. (V, 41, vv. 5-8) (E) “Assi contava; e, cum medonho choro, / Súbito d’ante os olhos se apartou; / Desfez-se a nuvem negra, e cum sonoro / Bramido muito longe o mar soou.”. (V, 60, vv. 1-4) Vay lavar cabelos, na fria fontana: passa seu amigo, que a muyt’ amava. Leda dos amores, dos amores leda. Passa seu amigo, que lhi ben queria: o cervo do monte a áugua volvia. Leda dos amores, dos amores leda. Passa seu amigo, que a muyt’amava: o cervo do monte volvia a áugua. Leda dos amores, dos amores leda. (CV 793 e CBN 1188) (In: AZEVEDO FILHO, Leodegário A. de. As cantigas de Pero Meogo. 2. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Brasília: INL, 1981. p. 73.) Vocabulário: áugua = água fontana = fonte leda = alegre levou-se = levantou-se lhi = lhe 23 Segundo Péricles Eugênio da Silva Ramos, há uma coexistência, no Barroco, de Cultismo e de Conceptismo: louçana = formosa muyt’ = muito velida = bela volver = turvar a água “Na verdade, dois estilos coexistem no Barroco, por um lado, o Culteranismo ou Cultismo, e por outro o Conceptismo. [...] Os culteranos dirigem-se aos sentidos, os conceptistas à inteligência. A linguagem culterana é cheia de metáforas puras: nela, cristal significa água, orvalho, rio, pele branca, diamantes são dentes, céu pode ser o rosto, neve é a tez branca, o lírio, o linho, a pluma branca de uma ave, cravo ou rubi é a boca, etc.” Sobre o texto, é correto afirmar: (A) No verso inicial — “[Levou-s’ a louçana,] levou-s’ a velida:” —, os adjetivos “louçana” e “velida” caracterizam a figura feminina em um ambiente cortês. (In: MOISÉS, Massaud; PAES, José Paulo (orgs.). Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1980. p. 78.) (B) O refrão traduz a alegria da namorada ante o fato de o amigo ter afastado o “cervo do monte”, que turvava a água da fonte. (C) Nos versos 14 e 17, a alternância “a áugua volvia” / “volvia a áugua” se explica pelo princípio do paralelismo da cantiga de amor. Considerando as características de linguagem apontadas por Silva Ramos, a alternativa que exemplifica, na obra de Gregório de Matos Guerra (1633-1696), o estilo cultista é: (D) No verso “Passa seu amigo, que a muyt’amava:”, a presença do amigo permite a classificação do texto como cantiga de amor. (A) (E) A referência à “fontana fria” (vv. 2, 5, 7 e 10) caracteriza a natureza como amiga e confidente. MOBA Externa 2009 8 “A cada canto um grande conselheiro, / Que nos quer governar cabana, e vinha, / Não sabem governar sua cozinha, / E podem governar o mundo inteiro.” (Soneto “A cada canto...”) Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 (B) “Ardor em coração firme nascido! / Pranto por belos olhos derramado! / Incêndio em mares de água disfarçado! / Rio de neve em fogo convertido!”. (Soneto “Ardor em coração firme...”) (C) “O alegre do dia entristecido, / O silêncio da noite perturbado / O resplandor do sol todo eclipsado, / E o luzente da lua desmentido!”. (Soneto “O alegre do dia...”) (D) “Vai-se com temporal a Nau ao fundo / carregada de rica mercancia, / Queixa-se da Fortuna, que a envia, / E eu sei, que a submergiu Deus iracundo.”. (Soneto “Isto, que ouço chamar...”) (E) “Neste lance, por ser o derradeiro, / Pois vejo a minha vida anoitecer, / É, meu Jesus, a hora de se ver / A brandura de um Pai manso Cordeiro”. (Soneto “Meu Deus, que estais pendente...”) 25 Gonçalves Dias (1823-1864), poeta romântico, é autor de Primeiros Cantos (1846), Os Timbiras (1857), Últimos Cantos (1861), entre outras obras. Considere o poema a seguir, deste escritor. ESPERA Quem há no mundo que aflições não passe, Que dores não suporte? Mais ou menos d’angústias cabe a todos, A todos cabe a morte. 5 24 Leia o trecho a seguir, sobre Cláudio Manuel da Costa (1729-1789): 10 “De todos os poetas ‘mineiros’, talvez seja ele o mais profundamente preso às emoções e valores da terra, embora uma inspeção superficial da sua obra possa sugerir o contrário. De fato, como se arraigou pela inteligência e disciplina estética aos padrões eruditos da Europa, levou por vezes até o formalismo a estilização dos seus temas mais caros, fazendo coexistir com o bairrista mineiro um afetado coimbrão.” 15 20 (CANDIDO, Antonio. No limiar do novo estilo: Cláudio Manuel da Costa. In: Formação da Literatura Brasileira. Belo Horizonte: Itatiaia, 1993. v. 1, p. 84.) “Leia a posteridade, ó pátrio Rio, / Em meus versos teu nome celebrado; / Por que vejas uma hora despertado / O sono vil do esquecimento frio:”. (Soneto I) (B) “Nise? Nise? onde estás? Aonde espera / Acharte uma alma, que por ti suspira, / Se quanto a vista se dilata, e gira, / Tanto mais de encontrar te desespera!”. (Soneto XIII) (C) “Onde estou? Este sítio desconheço: / Quem fez tão diferente aquele prado? / Tudo outra natureza tem tomado; / E em contemplá-lo tímido esmoreço.”. (Soneto VII) (E) “Brandas ribeiras, quanto estou contente / De ver nos outra vez, se isto é verdade! / Quanto me alegra ouvir a suavidade, / Com que Fílis entoa a voz cadente!”. (Soneto VI) MOBA Externa 2009 Quantos cabelos temos, ele o sabe; Ele pode contar As folhas que há no bosque, os grãos d’areia Que sustentam o mar. Como pois não será ele conosco No dia da aflição: Como não há de computar as dores Do nosso coração? [...] Sobre o poema, é correto afirmar: “Se sou pobre pastor, se não governo / Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes; / Se em frio, calma, e chuvas inclementes / Passo o verão, outono, estio, inverno;”. (Soneto V) (D) Por que então maldiremos este mundo E a vida que vivemos, Se nos tornamos do Senhor mais dignos, Quanto mais dor sofremos? (DIAS, Gonçalves. Novos Cantos. In: Poesia e Prosa Completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1998. p. 276-277.) O trecho que exemplifica a afirmação de Candido quanto à presença de emoções e valores da terra em Cláudio Manuel da Costa é: (A) A vida é um fio negro d’amarguras E de longo sofrer; Semelha a noite; mas fagueiros sonhos Podem [sic] de noite haver. 9 (A) O verso inicial — “Quem há no mundo que aflições não passe,” — expressa uma temática social, própria da última fase do Romantismo. (B) Exemplifica o individualismo ultra-romântico em função do tema da dor nele explorado, sobretudo nos versos 1, 2 e 3. (C) O eu lírico estabelece uma relação entre dor e dignidade humana diante de Deus, o que, de certa forma, legitima o sofrimento. (D) A morte, no verso “A todos cabe a morte.”, é uma saída individualista de recusa aos valores sociais. (E) O verso “A vida é um fio negro d’amarguras”, dado o teor melancólico de sua formulação, expressa a descrença e o vazio existencial, característicos da primeira fase do Romantismo. Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 26 Massaud Moisés traça a seguinte evolução para a poética de João da Cruz e Sousa (1861-1898), principal autor do Simbolismo brasileiro: “Em Broquéis, tem-se o poeta atraído pelo esteticismo, pelo ‘literário’, o que significa a presença do Simbolismo como ideal artístico [...]. Na segunda fase, representada por Faróis (1900), acicatado pela desventura, abandona o esteticismo para cultivar um confessionalismo cosmicamente revoltado, nítida transposição, para altos planos, da sua angustiante “dor de existir”. O estágio final, expresso nos Últimos Sonetos (1905), traduz o momento da ascensão, pela caritas [caridade], ao mundo das Essências. Superados os padecimentos circunstanciais, o poeta se entrega ao conforto das ‘verdades aladas’ do Cristianismo, nas quais vislumbra solução para sua angústia de ‘emparedado’ ”. (B) “Deixai-me navegar, morosamente, a remos, / Quando ele estiver brando e livre de tufões, / E, ao plácido luar, ó vagas, marulhemos / E enchamos de harmonia as amplas solidões.”. (“Cabelos”) (C) “Num castelo deserto e solitário, / Toda de preto, às horas silenciosas, / Envolve-se nas pregas dum sudário / E chora como as grandes criminosas.”. (“Reponso”) (D) “Dez horas da manhã; os transparentes / Matizam uma casa apalaçada; / Pelos jardins estancam-se os nascentes, / E fere a vista, com brancuras quentes, / A larga rua macadamizada.”. (“Num bairro moderno”) (E) “Sentado à mesa dum café devasso, / Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura, / Nesta Babel tão velha e corruptora, / Tive tenções de oferecer-te o braço.”. (“A débil”) (In: Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1980. p. 405.). Levando em consideração o esquema proposto pelo referido professor, o trecho que exemplifica o estágio final da poesia de Cruz e Sousa é: (A) “É livre, livre desta vã matéria, / Longe, nos claros astros peregrinos / Que haveremos de encontrar os dons divinos / E a grande paz, a grande paz sidérea.”. (“Longe de tudo”) (B) “Indefiníveis músicas supremas, / Harmonias da Cor e do Perfume... / Horas do Ocaso, trêmulas, extremas, / Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...”. (“Antífona”) (C) “Nos Santos óleos do luar, floria / Teu corpo ideal, com o resplendor da Hélade... / E em toda a etérea, branda claridade / Como que erravam fluidos de harmonia...”. (“Em sonhos”) (D) (E) 28 O volume Batuque, publicado, em 1939, pelo poeta modernista Bruno de Menezes (1893-1963), apresenta, entre outros, os seguintes temas: o erotismo, o corpo, o mundo do trabalho, a tradição afrobrasileira e a cultura popular. A alternativa que exemplifica o último tema é: “Que soluço extravagante, / Que negro, soturno fel / Põe no teu ser doudejante / A confusão da Babel?”. (“Canção do bêbado”) “Pai João sonolento e bambo na pachorra da idade / cisma no tempo de ontem. / De olhos vendo o passado recorda o veterano / a vida brasileira que ele viu e gozou e viveu!” (“Pai João”). (B) “Junho! Mês joanino do Santo Antônio de Lisboa, / [...] Tua alegria é feita de fogueiras crepitantes, / de crespas rodinhas estreladas,” (“São João do Folclore e Manjericos”) (C) “Surrado vendido / mas tendo na alma / seu santo Orixá./ Sem nunca esqueceres a selva do Congo, / os verdes coqueiros os teus bananais, fizeste o açúcar o mel a cachaça / que esquenta o teu sangue, que te dá coragem.” (“Cachaça”). (D) “Na maloca na senzala / na trabalheira do eito, / como agora nos guindastes nos porões nas usinas, / quem teria ensinado que o teu fumo faz dormir?” (“Liamba”). (E) “Quando termina a missa nas manhãs de domingo, / e que as moças de branco as velhinhas de chale, / os homens em ar de festa vão saindo da igreja, / os três sinozinhos dizendo que voltem no outro domingo,” (“Igreja de arrabalde”). “Fim de tarde sombria. / Torvo e pressago todo o céu nevoento. / Densamente chovia. / Na estrada o lodo e pelo espaço o vento.”. (“Ébrios e cegos”) 27 Cesário Verde (1855-1886), poeta realista português, teve seus poemas publicados postumamente por Silva Pinto em O livro de Cesário Verde. Nesta coletânea, a crítica tem acentuado, entre outros aspectos, a sensorialidade, associada à experiência urbana. Esse traço da escrita do autor português está presente em: (A) (A) “Dizem que tu és pura como um lírio / E mais fria e insensível que o granito, / E que eu que passo aí por favorito / Vivo louco de dor e de martírio.”. (“Vaidosa”) MOBA Externa 2009 10 Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 29 Publicado em 1940, o livro Sentimento do mundo é um dos mais importantes de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), poeta modernista mineiro. O poema “Elegia 1938”, mostrado a seguir, foi retirado do livro mencionado. ELEGIA 1938 5 10 15 20 Trabalhas sem alegria para um mundo caduco, onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo. Praticas laboriosamente os gestos universais, sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual. Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas, e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção. À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas. Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer. Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras. Caminhas entre mortos e com eles conversas sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito. A literatura estragou tuas melhores horas de amor. Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear. Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota e adiar para outro século a felicidade coletiva. Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan. (In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. In: Poesia e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983. p. 136-137) Levando em conta o poema, é correto afirmar: (A) A fuga pela noite é negada pelo eu lírico na medida em que esta evasão não permite ao homem libertar-se dos problemas cotidianos, como se vê em “Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra / e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.” (vv. 9-10) (B) No verso “Caminhas entre mortos e com eles conversas / sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.”, critica-se a atitude de valorização excessiva do presente como forma de alienação. (C) Os versos iniciais “Trabalhas sem alegria para um mundo caduco, / onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.” expressam, no lirismo maduro de Sentimento do mundo, um sentido de esvaziamento da existência humana. (D) O recurso à forma verbal na segunda pessoa do singular (trabalhas, sentes, amas, caminhas, sabes, etc.) permite descrever ações humanas de caráter elevado e recusar a ideia de um mundo caduco. (E) Os heróis a que se refere o verso 5 (“Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,”) preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, valores defendidos pelo eu lírico em contraposição ao vazio da condição humana. MOBA Externa 2009 11 Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 30 Os músicos Milton Nascimento e Caetano Veloso, FILOSOFIA ao interpretarem o conto “A terceira margem do rio”, pertencente à coletânea Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa (1908-1967), fizeram uma caracterização poética da figura do pai, marcada pelo silêncio: “Risca terceira / Água parada dura / Água da palavra / Água de rosa dura / Proa da palavra / Duro silêncio, nosso pai / Margem da palavra / Clareira, luz madura / Rosa da palavra / Puro silêncio, nosso pai.” (“A terceira margem do rio”). Tal descrição apoia-se no seguinte trecho da narrativa rosiana: (A) 31 Com a expressão “ruptura epistemológica”, o filósofo Gaston Bachelard entendia uma mudança na maneira de formular novas teorias científicas. Segundo o filósofo, é lícito afirmar que a referida ruptura caracteriza-se por “Nosso pai entrou na canoa e desamarrou, pelo (A) rompimento de uma cadeia de argumentação indutiva em virtude do desconhecimento de um novo fenômeno a ser explicado. (B) refutação de várias teorias por outra no interior de um mesmo âmbito epistemológico. (C) desqualificação da razão como instância legisladora do campo epistemológico por outro órgão de cognição. (D) reconhecimento da mudança dos juízos epistemológicos por novos juízos de valor. (E) uma descontinuidade e uma diferença temporal entre as teorias científicas. remar. E a canoa saiu se indo — a sombra dela por igual, feito um jacaré, comprida longa.” (B) “Sem alegria nem cuidado, nosso pai encalcou o chapéu e decidiu um adeus para a gente. Nem falou outras palavras, não pegou matula e trouxa, não fez a alguma recomendação.” (C) 32 Hegel contrapõe o termo eticidade à moralidade, uma vez que esta se funda na subjetividade. A Filosofia do Direito, no entanto, unifica a subjetividade da liberdade com a objetividade da instituição substancial. Considere entre os itens abaixo os que explicitam essa unificação. “Só se pensava. Não, de nosso pai não se podia ter esquecimento; e, se, por um pouco, a gente fazia que esquecia, era só para se despertar de novo, de repente, com a memória, no passo de outros sobressaltos.” (D) “Às vezes, algum conhecido nosso achava que I. a unificação da objetividade da vontade geral com a subjetividade do poder estatal. eu ia ficando mais parecido com nosso pai. Mas eu sabia que ele agora virara cabeludo, barbudo, II. a libertação substancial. de unhas grandes, mal e magro, ficado preto de sol.” (E) do cidadão pela liberdade III. a vinculação da subjetividade da eticidade com a objetividade da moralidade. “Nosso pai não voltou. Ele não tinha ido a nenhuma parte. Só executava a invenção de se permanecer naqueles espaços do rio, de meio a IV. a supressão da subjetividade e da objetividade graças ao poder da instituição substancial do Estado. meio, sempre dentro da canoa, para dela não saltar, nunca mais.” V. o reconhecimento do Estado como a instância instituidora de leis de validade universal. Estão corretos os itens MOBA Externa 2009 12 (A) I e II. (B) I e IV. (C) II e V. (D) I, II e III. (E) III, IV e V. Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 33 Entendida como um sistema ordenado e coerente de leis universais que encerram um valor prospectivo, a teoria científica permite (A) conceber novos conhecimentos a baseados nas teorias já constituídas. (B) prever a ocorrência de fenômenos submetidos às leis científicas sob idênticas condições. (C) projetar novos enunciados baseados nas leis científicas estabelecidas por princípios a priori. (D) julgar a ocorrência de fenômenos em quaisquer condições empiricamente observáveis. (E) estabelecer a priori novas leis baseadas nos princípios já consolidados teoricamente. 36 Segundo Kant, os imperativos categóricos entendidos como regras da razão prática, distinguemse dos imperativos hipotéticos. Sobre o entendimento de Kant acerca dos imperativos categóricos, considere os enunciados a seguir. priori I. regras da razão prática sem ponto externo de referência. II. regras cujo fundamento se encontra na positividade das leis. III. regras a que a incondicionalmente. se submete IV. regras baseadas nas categorias a priori do entendimento. V. regras que o sujeito moral identifica como produtos da razão pura. 34 Tanto o subjetivismo quanto o relativismo não consideram o conhecimento como universalmente válido. A distinção entre ambos se deve ao fato de o Conforme esse filósofo, os imperativos categóricos se definem como (A) I e II. subjetivismo julgar o conhecimento como produto de fatores concernentes às circunstâncias da história dos homens, e o relativismo, como produto de fatores psíquicos. (B) I e III. (C) II e IV. (D) I, III e V. (B) relativismo derivar da teoria da relatividade, e o subjetivismo da mutabilidade do próprio conhecimento. (E) III, IV e V. (C) subjetivismo conceber o conhecimento como produto do espírito do tempo, e o relativismo, como produto da cultura dos povos. (A) vontade 37 Para Schiller, (D) subjetivismo fazer depender o conhecimento de fatores inerentes ao sujeito cognoscente, e o relativismo, de fatores externos. “Numa forma de arte verdadeiramente bela, o conteúdo não deve ser nada, a forma tudo: só por meio da forma atuamos sobre o homem como totalidade, através do conteúdo só atuamos sobre as forças dele separadas.” (E) relativismo basear-se na idiossincrasia do sujeito, e o subjetivismo, nas condições espaço-temporais. (SCHILLER. Cartas sobre a educação estética, apud HUISMAN, D. A estética. São Paulo: Difel, 1961, p. 40-41) Sobre o significado desse comentário, é correto afirmar que 35 Na Arte Poética, Aristóteles define a “tragédia [como] a mímesis dos seres maiores que o vulgo e melhores que o vulgo” (ARISTÓTELES, Arte Poética, apud HUISMAN, D. A estética. São Paulo: Difel, 1961, p.23). De acordo com o filósofo, o poeta trágico deve (A) imitar os homens não como eles são, mas como deveriam ser. (B) copiar as melhores ações praticadas pelos homens. (C) copiar as ações dos melhores cidadãos dentre todos os homens. (D) copiar as ações praticadas pela aristocracia ateniense. (E) imitar de forma perfeita as ações praticadas com as melhores intenções. MOBA Externa 2009 13 (A) o grande artista deve desprezar todo teor material da obra de arte em favor da forma. (B) somente o músico e o poeta são dignos de serem considerados verdadeiros artistas, já que não tratam de conteúdos materiais. (C) o segredo da verdadeira arte consiste na total abstração do seu conteúdo em benefício da pura forma. (D) o homem só pode ser representado artisticamente na sua totalidade por meio de uma técnica capaz de reproduzi-lo em todos os seus detalhes. (E) o verdadeiro segredo do grande artista consiste na destruição da matéria por meio da forma. Humanidades III MOBILIDADE ACADÊMICA EXTERNA 2009 EDITAL N.º 02/2009 38 Sobre a relação entre forma e conteúdo, Hegel considera que “a beleza é a manifestação sensível da ideia, o conteúdo da arte é a ideia; sua forma, a configuração sensível e imaginativa”. (apud HUISMAN, D. 40 Aristóteles, ao tratar da concepção de beleza, afirma que “um ser ou uma coisa composta de partes diversas só pode ter beleza na medida em que as partes componentes são dispostas em determinada ordem e possuem, além disso, uma dimensão que não pode ser arbitrária, pois o belo consiste na ordem e na grandeza.” A estética. São Paulo: Difel, 1961, p. 43) Para que os dois aspectos da arte se interpenetrem, é preciso que (ARISTÓTELES, Arte Poética, apud HUISMAN, D. A estética. São Paulo: Difel, 1961, p 23-24). (A) forma e conteúdo sejam imaginados simultaneamente para se atingir o ideal. (B) a ideia seja captada de seu conteúdo sensível por meio de um processo de abstração. (C) o conteúdo constitutivo da arte se revela capaz de transformar-se em pura racionalidade interna do real. I. A beleza é composta de partes diversas distribuídas conforme a grandeza da ordem concebida pelo artista. (D) o artista opere um ajuste da ideia ao conteúdo empírico racionalmente dado. II. A disposição das partes maiores deve obedecer à ordem natural da dimensão das coisas. (E) o sensível seja previamente imaginado em sua idealidade empírica. III. A dimensão das partes constitutivas deve ser integrada segundo um ordenamento gradual da beleza estética. Sobre a relação entre a filosofia e a arte, Schelling afirma que IV. O belo será, pois, a ordem estrutural de um mundo encarado sob seu melhor aspecto. “A filosofia não descreve as coisas reais, mas suas ideias; o mesmo sucede com a arte: essas mesmas ideias, de que as coisas reais, como prova a filosofia, constituem cópias imperfeitas, aparecem a [na] arte, objetivas como ideias e, por conseguinte, em sua perfeição; elas representam o intelectual no mundo refletido.” V. A beleza deve ser analisada segundo os critérios de simetria e de unidade. Avalie as afirmativas abaixo, concepção aristotélica de beleza. 39 De acordo com o texto acima, é correto afirmar: Assim como para a filosofia, as ideias são formas perfeitas das coisas sensíveis, para a arte a representação dessas coisas sensíveis é produto de uma intuição transcendental objetivada. (B) A arte descreve as mesmas ideias, enquanto a filosofia reflete essas mesmas ideias de forma objetivada. (C) A filosofia reflete as ideias por meio de uma intuição intelectual objetivada, enquanto a arte as concebe no plano transcendental idealizado. (D) A filosofia e a arte refletem as coisas reais descritas em sua perfeição. (E) Arte e filosofia descrevem as ideias das coisas perfeitas por intermédio de uma intuição sensível transcendental. MOBA Externa 2009 a Estão corretas as afirmativas (SCHELLING, F. Filosofia da obra de arte, apud HUISMAN, D. A estética. São Paulo: Difel, 1961, p. 41) (A) considerando 14 (A) I e II. (B) III e IV. (C) IV e V. (D) III e V. (E) I, II e III. Humanidades III