parâmetros podológicos no equilíbrio dos cascos em equinos
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parâmetros podológicos no equilíbrio dos cascos em equinos
VI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2010 PARÂMETROS PODOLÓGICOS NO EQUILÍBRIO DOS CASCOS EM EQUINOS Janaina Carolina de Sá¹, Kátia de Oliveira², Thais Paixão Suleiman¹, Débora Scantamburlo¹, Francisca de Aquino Lima¹, Amanda Ramos dos Santos¹ 1 Graduanda do curso de Zootecnia, UNESP/Campus Experimental de Dracena, e-mail: [email protected] 2 Professora Assistente, Drª., UNESP/Campus Experimental de Dracena, e-mail: [email protected] INTRODUÇÃO: O casco desempenha papel fundamental nas atividades desenvolvidas pelo cavalo, pois além de suportar o peso do animal, absorve o impacto com o solo, resiste ao desgaste, auxilia na propulsão e trajetória do mesmo e atua como uma bomba hidráulica do membro (MARANHÃO et al., 2007). Os problemas podais geralmente observados nos cavalos devem-se tanto a deficiência de conformação, quanto a defeitos de equilíbrio, estes últimos resultantes de técnicas inadequadas de casqueamento e ferrageamento. Assim, a obtenção de um casco equilibrado, deve ser almejada, para que aumente o desempenho atlético e interfira o mínimo possível na capacidade esportiva do cavalo ao longo da sua vida. Neste contexto, este artigo de revisão objetiva relatar os principais parâmetros podológicos que interferem no equilíbrio dos cascos em equinos. DESENVOLVIMENTO: O ângulo do casco é um parâmetro que influencia na aterrissagem e distribuição do peso, que quando angulado corretamente, deve ocasionar o maior peso do cavalo sobre os talões. A angulação do casco deve ser igual ao ângulo da quartela, verificado pelo alinhamento paralelo das linhas imaginárias que passam pelas três falanges (MELO et al., 2006). Atualmente, entende-se que ângulos maiores que 54º são mais saudáveis aos cavalos. Ângulos inferiores a este, ou seja, cascos achinelados, não são naturais, tornando-se cansativos aos músculos e ligamentos, além de alterarem a distribuição do peso, aumentando a tensão no tendão flexor digital profundo e contribuem para formação de talões contraídos. Nesta angulação os equinos em deslocamento fazem aterrissagem com a pinça, tropeçam mais, colocam estresse anormal às estruturas ósseas, levando à inflamação da terceira falange (BACK, 2001). Diferentemente do limite inferior para cascos saudáveis, o limite superior de angulação não é tão importante ou bem definido, sem provas de qualquer doença causada por um ângulo muito alto (HEYMERING, 2002). O comprimento da pinça do casco interfere na elevação dos mesmos, aumentando o esforço dos tendões flexores, dos ligamentos suspensórios e ossos sesamóides proximais e, consequentemente, intensificando a pressão exercida na bolsa navicular pelo tendão flexor digital profundo. O alongamento do comprimento da pinça faz com que o impacto do casco se concentre na VI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2010 pinça, predispondo a lesões nas lâminas epidérmicas e atrasando a elevação do casco, fazendo com que o mesmo atinja o pico do arco de suspensão antes de passar pelo membro de apoio oposto (O´GRADY & POUPARD, 2003). No caso de pinça curta, o casco deixa o solo mais rapidamente e atinje o pico do arco de suspensão após passar pelo membro oposto, aterrissando em um ângulo agudo e originando, dessa forma, um andamento incômodo para o cavaleiro. Por causa, do aumento do impacto, pode ocorrer exostose interfalângica, doença do navicular e artrite traumática do boleto (BALCH et al., 1991). A análise da orientação médio-lateral implica na observação da altura relativa das paredes lateral e medial do casco, que determina a orientação da cápsula podal. Sua estrutura pode ser alterada devido às tentativas de correção de um andamento anormal, ou apoio, diminuindo o lado medial ou lateral, levando ao desequilíbrio. O desnivelamento dos talões está presente quando se observa apenas a diferença de 0,5 cm na altura entre os talões, medial e lateral (MARANHÃO et al., 2007). Cascos com talões desnivelados, em sua orientação médio-lateral, levam a uma concentração do impacto inicialmente em um único talão, ou seja, no talão baixo. Em decorrência deste apoio desproporcional, ocorre também efeito de separação entre os talões, que causa colapso mecânico das estruturas que sustentam o bulbo do talão. Nesta situação, o talão alto pode ser sempre diminuído, como procedimento corretivo. Este distúrbio causa dor no pé, lesão subsolar, rachaduras nos talões, quartos e pinça, fratura da barra, osteíte pedal, fissuras profundas dentro da base da ranilha e estreitamento da mesma (MELO et al., 2006). A presença de bons talões é necessária ao bom equilíbrio do casco, assim o encastelamento do casco ou casco contraído, resultado de uma expansão inadequada do mesmo, ocorre quando a largura da ranilha é menor do que 2/3 do seu comprimento. Esta desordem provoca contração dos talões com retração progressiva da ranilha, causando deficiência no retorno sanguíneo do casco para o corpo. A contração dos talões pode ser consequência de pinça muito longa, lesão que impeça o apoio normal do membro no chão, ressecamento excessivo, ferraduras muito grossas e atraso no ferrageamento (O´GRADY & POUPARD, 2003). Deve-se ressaltar ainda a necessidade de simetria em ambos os pares dos cascos contralaterais, apresentando o mesmo tamanho e formato. Normalmente, os cascos torácicos são mais arredondados e maiores, enquanto que os pélvicos são mais pontudos na região da pinça e têm formato oval e angulação de pinça maior em relação aos torácicos. O tamanho do casco reflete as dimensões físicas da terceira falange e é determinado pelo ângulo, contorno, espessura e comprimento da muralha, proeminência e formato da ranilha. A assimetria é causada por traumas, falta de apoio do peso e ferrageamento inadequado (BACK, 2001). Portanto, pelo exposto acima, percebe-se a importância, no momento da correção dos cascos dos cavalos, da análise acurada dos mesmos, individualmente, para torná-los equilibrados, causando menor interferência sobre a mecânica do andamento do animal. VI SIMPÓSIO DE CIÊNCIAS DA UNESP – DRACENA VII ENCONTRO DE ZOOTECNIA – UNESP DRACENA DRACENA, 06 A 08 DE OUTUBRO DE 2010 CONCLUSÃO: A avaliação do equilíbrio do casco deve ser realizada por profissional com amplo conhecimento sobre a anatomia do pé e biomecânica dos andamentos, norteados pelos parâmetros podológicos como, angulação do casco, comprimento da pinça, orientação médio-lateral, encastelamento e simetria podal. Assim, cada equino poderá ser tratado de maneira específica para a correção de seus desequilíbrios podais, prolongando a sua vida útil esportiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BACK, W. The role of the hoof and shoeing. In: BACK, W.; CLAYTON, H. Equine locomotion. Philadelphia: W. B. Saunders, 2001. p. 135-166. BALCH, O.; WHITE, K.; BUTLER, D. Factors involved in the balancing of equine hooves. Journal American Veterinary Medical Assocociation, v. 198, n. 7, p. 1980-1989, 1991. HEYMERING, H. O ângulo adequado do casco (on-line). Disponível em: <www.thorobred.com.br.> Acesso em: 22 abr. 2002. MARANHÃO, R.P.A.M.; PALHARES, M.S.; MELO, U.P. et AL. Avaliação biométrica do equilíbrio podal de equídeos de tração no município de Belo Horizonte. Revista Ciência Animal Brasileira. v. 8, n.2, p. 297-305, 2007. MELO, U.P.; FERREIRA, C.; SANTIAGO, R.M.F.W. et al. Equilíbrio do casco equino. Revista Ciência Animal Brasileira. v. 7, n. 4, p. 389-398, 2006. O´GRADY, S. E.; POUPARD, D. A. Proper physiology and horseshoeing. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice, v. 19, n. 2, p. 333351, 2003.