cineeco2007

Transcrição

cineeco2007
cineeco2007
XIII festival internacional de cinema e vídeo de ambiente
serra da estrela seia_portugal
PRÉMIO NACIONAL DO AMBIENTE 2006
atribuido pela Confederação Portuguesa de
Associações de Defesa do Ambiente
membro fundador da
ASSOCIAÇÃO DE FESTIVAIS DE CINEMA DE MEIO AMBIENTE
(EFFN - ENVIRONMENTAL FILM FESTIVAL NETWORK)
juntamente com
cinemambiente . environmental film festival . turim . itália
festival internacional del medi ambient sant feliu de guíxols . barcelona . espanha
ecocinema . festival internacional de cinema ambiental . grécia
parceiro dos
festival internacional de cinema e vídeo ambiental goiás . brasil
festival internacional de cinema do ambiente washington . eua
vizionária . international video festival . siena . itália
wild and scenic environmental film festival . nevada city . eua
em formação
plataforma atlântica de festivais de ambiente
de colaboração com
festival internacional de cinema e vídeo ambiental goiás . brasil
festival internacional de cinema e vídeo ambiental do mindelo . cabo verde
extensões do cineeco já asseguradas
centro das artes . casa das mudas . calheta . madeira
dep. ambiente da câmara municipal de lisboa
sec. regional do ambiente . ponta delgada . açores
inatel . albufeira e serpa
cineclube alto alentejo . portalegre e nisa
(local a indicar) . aveiro
almargem . várias localidades . algarve
Edição: CineEco
Título: Programa do CineEco’2007
XIII Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela
Coordenação, design gráfico e concepção da capa segundo imagem de
“Ratatui”, de Brad Bird e Jan Pinkava: Lauro António
Tiragem: 1000 exemplares
Impressão: DPI · Cromotipo
Depósito Legal: 116857/97
|3|
cineeco2007
Saudação do Presidente da Câmara de Seia
A qualidade do ambiente de uma região, cidade ou vila, é hoje e vai ser
cada vez mais no futuro, um importante factor de atractividade de pessoas,
quer seja para viver, trabalhar, investir, estudar ou simplesmente passear.
Foi por isso que há muito definimos objectivos claros neste domínio e
traçámos um rumo para os concretizar.
Sempre soubemos que o caminho era longo e difícil, cheio de obstáculos
e que os resultados não seriam visíveis a curto prazo.
Com persistência e confiança no trabalho que estamos a desenvolver, já
caminhámos uma parte desse caminho. Hoje, os resultados estão bem à
vista de todos - valorização da água; esgotos a serem tratados; rios e
ribeiras a começar de correr sem poluição; a floresta tem um plano de
intervenção a vários níveis; está criada e ganha cada vez mais força, uma
atitude e uma cultura de preservação do ambiente.
O Cine Eco, que se vai realizar pela 13ª vez, tem sido e vai continuar a
ser uma peça importante do nosso plano de acção; projectando para o
País e para o Mundo a força das nossas convicções e da nossa ambição,
como território de e com futuro.
Em meu nome pessoal e da Câmara, agradeço a todos quantos
colaboram nesta organização e cumprimento todos os que nos visitam.
O Presidente da Câmara
Eduardo Mendes de Brito
|5|
cineeco2007
CINE ECO 2007
Princípios programáticos: Bom Cinema e Bom Ambiente
A ideia de um Festival de Cinema dedicado ao ambiente, prende-se com alguns
princípios programáticos que é preciso relembrar:
1.
Um Festival de Cinema é, antes de tudo o mais, um “Festival de Cinema”, logo
deverá defender um cinema de qualidade, um cinema de autor, um cinema
diferente, um cinema de cinematografias pouco conhecidas e alternativas em
relação ao mercado tradicional.
2.
Um Festival de Cinema:
A) Deve cativar públicos, sensibilizá-los para o cinema, a sua história, a sua
estética. Criar públicos novos, abrir-se aos públicos mais jovens e aos públicos
em idade escolar.
B) Pode, e deve, igualmente, contrariar a tradicional inércia do centralismo
cultural, procurando levar a cultura, o cinema, os valores (neste caso
especialmente os valores ambientalistas), o diálogo e a crítica ao interior do
País, lutando contra esse esquecimento endémico que divide a paisagem em
as grandes cidades e a “província”.
3.
Um Festival de Cinema deve deixar um rasto editorial, através da publicação
de catálogos informativos e formativos.
4.
Um Festival de Cinema deve promover o seu país de origem, quer a um nível
artístico, cultural e cinematográfico (no caso de um festival ambientalista,
também neste campo), quer igualmente a um nível turístico.
|6|
cineeco2007
5.
Um Festival de Cinema cuja temática é o ambiente deverá orientar o seu
olhar preferencialmente para os problemas com que se debate a Terra no
presente, ao nível do ambiente, procurando:
A) Mostrar o que de melhor se faz em todo o mundo no campo do cinema
e do audiovisual de temática ambiental;
B) Diversificar os olhares, quer quanto à temática, quer quanto à sua
origem. Obras abordando problemas diferenciados e de diversos países dos
cinco continentes.
C) Estimular a criação de obras audiovisuais de teor ambientalista, quer
nacionais, quer internacionais
D) Chamar a atenção e promover obras que de outro modo não teriam o
mesmo impacto junto do público, da crítica e dos organismos decisórios.
E) Promover a discussão e o diálogo entre ambientalistas e cineastas,
através do convívio em Júris, em Encontros, Debates, etc.
O Cine Eco tem dado o seu melhor para concretizar estes princípios. Ao
anunciar a edição de 2007, reafirma estes princípios, impondo-lhe uma nova
energia e revitalização.
7.
Décima terceira edição do único Festival de Cinema dedicado ao Ambiente
que se realiza em Portugal, de forma sistemática e consecutiva. Após doze
anos de muito trabalho, persistência, dedicação, que transformaram este
certame num nome respeitado e consagrado a nível nacional, europeu e
mundial.
8. Consagrado a nível nacional
No ano de 2006 a Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do
Ambiente atribuiu o PRÉMIO NACIONAL DE AMBIENTE (FERNANDO PEREIRA)
2006 ao CINEECO Festival Internacional de Cinema e Vídeo do Ambiente da
Serra da Estrela.
Por solicitação de algumas entidades, espalhadas pelo País, têm sido
constantes as colaborações do Cine Eco, em Extensões do Festival, Semanas
de Ambiente, Dias do Ambiente, para lá de contribuições para Municípios,
Escolas e Universidades, através de vários trabalhos de alunos, ou
integrando painéis de debates. Neste ano de 2007, o Cine Eco já teve (e vai
continuar a ter) extensões em Lisboa (Câmara Municipal de Lisboa), Madeira
(Centro de Arte Moderna Casa das Mudas), Açores (Secretaria Regional de
Ambiente), Serpa e Albufeira (Inatel), algumas cidades do Algarve
(Associação AlMargem), Portalegre e Nisa (Cine Clube do Alto Alentejo),
Estarreja (Câmara Municipal). Estão em perspectivas outras extensões. Se
contabilizarmos os espectadores, a projecção do nome do Festival e de
Seia, seremos seguramente um dos mais influentes festivais portugueses e
um dos melhores propagandistas de Seia e da Serra da Estrela.
9. Consagrado a nível internacional
O Cine Eco é membro fundador da Associação de Festivais de Cinema de Meio
Ambiente (EFFN - Environmental Film Festival Network), de colaboração com o
Festival Internacional de Cinema del Medi Ambient, de Sant Feliu de Guixols,
Barcelona (Espanha), o Eco Cinema, International Film Festival (Grécia), o
Cinemambiente, Environmental Film Festival, de Turim (Itália), a que se
acrescentaram mais alguns no último ano, como o festival da República Checa.
O que foi novidade em 2006 foi a criação de um prémio para a Melhor Obra
ambientalista do ano, o “Prémio do Festival dos Festivais” (espécie de Óscar
da categoria), atribuído pela primeira vez em Goiás pela Associação de
Festivais de Cinema de Meio Ambiente, com a participação do Cine Eco no seu
comité organizador e no Júri Internacional, e que escolheu o título vencedor.
Este ano o prémio será atribuído em Turim, dentro de dias, contando de novo
com a nossa participação na organização e no Júri.
Para lá deste facto, o Cine Eco estreita laços de colaboração cada vez mais
fecunda e fraterna com o FICA, Festival Internacional de Cinema Ambiental de
Goiás, Brasil (o que permitiu já a criação de uma geminação entre as cidades
de Seia e de Goiás), estabelecendo novas parcerias, como com o Festival de
Ambiente de Washington, um dos mais prestigiados do mundo, de quem
recebemos no ano passado a visita de um dos principais colaboradores como
membro do Júri e de que este ano contamos com a presença da sua Directora
Executiva, Annie Kaempfer. Além destes novos laços não esquecemos os já
existentes com o Vizionária, International Video Festival, de Siena (Itália) e o
Wild and Scenic Environmental Film Festival, de Nevada City (EUA). Anunciamse novos contactos. Só nos últimos dias recebemos pedidos de colaboração
de três novos festivais, um do Japão, outro de Israel, outro de Sarajevo (Bósnia
e Herzegovina). Deste último, o Festival Internacional de Inverno de Sarajevo,
vamos ter entre nós, como membro do Júri, Ibrahim Spahiç, o director.
10. Plataforma Atlântica de Festivais de Cinema e Vídeo o Ambiente
Ainda neste ano de 2007, acrescenta-se um facto relevante: por iniciativa do
Cine Eco, de colaboração com o FICA de Goiás (Brasil), e o futuro Festival
Internacional de Cinema e Vídeo do Ambiente da Cidade do Mindelo (Cabo
Verde) vai ser criada uma “Plataforma Atlântica de Festivais de Cinema e Vídeo
o Ambiente”, que poderá ter um importante papel na criação e incentivo de
relações culturais, cinematográficas e ambientais entre povos de três
continentes, sobretudo entre povos irmãos de três continentes.
11. “Obras a Concurso”
Em 2005, o Cine Eco batera todos os records de participação: mais de
quatrocentas obras concorreram, cerca de quatro dezenas e meia de países
enviaram títulos, desde o Irão ao Chile, da Índia os Estados Unidos, da Estónia
a África do Sul, passando por quase toda a Europa. Em 2006 voltámos a andar
pelos mesmos números e neste ano de 2007 chegámos às 432 obras e
apresentamos títulos de mais de vinte países, depois de termos visto imagens
|7|
cineeco2007
|8|
cineeco2007
provenientes de mais de quarenta. Alemanha, Austrália, Áustria, Brasil, Canadá,
Croácia, Eslováquia, Espanha, EUA, França, Holanda, Hungria, Índia, Inglaterra,
Itália, Japão, Letónia, Noruega, Portugal, República Checa e Ucrânia são os
países representados a concurso, com as seguintes obras: 1907-2007 When the
Vineyard sleeps… (1907-2007 Quando a vinha dorme…), de François Manceaux
(França); 3269 Daisy, de Kenneth Elvebakk (Noruega); Always Coca-cola (Sempre
Coca-cola), de Inge Altemeier e Reinhard Hornung (Alemanha); Beyond the
Forest (Para lá da Floresta), de Yoni Bentovim e Emily Harris (Índia); Bicho Preto
Nasce Branco, de Ângelo Lima (Brasil); Burried at Sea (Enterrado no Mar), de
John Wesley Chisholm (Canadá); Carpa Diem (Carpa Diem), de Sérgio Cannella
(Itália); Casa, A, de Paulo Cartaxana (Portugal); Cerrado: Quanto Custa?, de Rosa
Berardo, Murilo Berardo (Brasil); CO2 or you? (CO2 ou Tu?), de Tama Gempton
(Canadá); Corno de Bico, de Martin Dale (Portugal); Dans leur Peau (Na Pele
Deles), de Arnaud Malherbe (França); Daruvonulás a Hortobágyon (Migração de
Garças em Hortobágy), de Zsolt Cséke (Hungria); Discretas Afinidades, de Ana
Neves (Portugal); Tannstikker Til Kina, En (Um Palito para a China), de Ingvild
Sobstad (Noruega); Encontro com Milton Santos, de Sílvio Tendler (Brasil); Esta
Água que Vos Deixo, de Clube Audiovisuais da Escola Abranches Ferrão / Seia
(Portugal); Fabrico do Queijo da Serra, O, de Cátia Brito (Portugal); Fields of
Demeter (Os Campos de Deméter), de Knut Krzywinski (Noruega); Fogo
Controlado, O, de Francisco Manso (Portugal); Fronteiras do Tempo, de Cláudia
Rodrigues, Pedro Gancho, Francisca Veiga (Portugal); Galápagos en
canchalagueras (Galápagos em canchalagueras), de Rosa Pérez Almeida
(Espanha) e Global WARming (Aquecimento Global/Guerra Global), de Kathrin
Gnorski (Alemanha).
E ainda: Grande Hotel, de Anabella Saint-Maurice (Portugal); Heursdorfer Erde
(Carvão, Terra, Casa), de Robert Harding Pittman (Alemanha); In The Twilight of
Silence (No Crepúsculo do Silêncio), de Josef Cisarovsky (R. Checa); Ine Svety
(Outros Mundos), de Marko Skop (Eslováquia); Juste Planète – Forêst, l’ Espoir
Certifié (Apenas Planeta -Floresta, a Esperança Certificada), de Jean-Michel
Vennemani (França); Magie der Mongolei, Die (Mongólia Selvagem), de Heina
Leger (Áustria); Mariomotriz, de Filipa Macedo Baptista (Espanha); Meadow, The
(A Campina), de Jan Haft (Alemanha); Ministry Messiah, de Gints Apsits (Letónia);
Moka, de M. e S. Fiocco, F. Minervini (Itália); Multiplicadores, de Renato Martins
e Lula Carvalho (Brasil); My Life at 40 (A Minha Vida aos 40), de Laurie Hill
(Inglaterra); Nascente, de Helvécio Marins Jr (Brasil); Neuneinhalb: Klimawandel
(Nove e meia: mudança climatérica), de Tvision Gmnh (Alemanha); Nigai Namida
No Daichi Kara (Da Terra das Lágrimas Amargas), de Kana Tomoko (Japão); Ol’
Man River – Mighty Mississippi – I e II Parte (Ol’ Man River – Poderoso Mississipi
– I e II Parte), de Michael Schlamberger, Steve Nichols (Austria); Pastores del
Bosque Flotante, Los (Os Pastores do Bosque Flutuante), de José Carlos Diáz,
Salvador Castillejos (Espanha) ; Pessoas que vivem do Lixo, As, de André
Cywinski e João Gomez (Brasil); Pirinop, Meu Primeiro Contato, de Mari Correia,
Karané Ikpeng (Brasil); Ponte de Todos, A, de Anabella Saint-Maurice (Portugal);
Portugal, Um Retrato Social, 3, de Joana Pontes (Portugal); Portugal, Um Retrato
Social, I, de Joana Pontes (Portugal); Profetas da Chuva e da Esperança, de
Márcia Paraíso (Brasil); Rapsódia do Absurdo, de Cláudia Nunes (Brasil); Ribbon
of Sand (Fita de Areia), de John Grabowska (EUA); Thunderheads (Nuvens
Carregadas), de Klaus Toft (Austrália); Tiger und der Monch, Die (O Tigre e
Monge), de Harald Pokieser (Austria); Tijmomenten (Momentos de Marés), de
Janna Dekker (Holanda); Tirol – Land der Wasser (Tirol – Terra de Água), de
Joannes Koek (Áustria); Ubojite Misli (Pensamentos de Guerra), de Stanka Gjuric
(Croácia); Vilarinho das Furnas, de Sofia Leite (Portugal); Villsaven, Reven og
Ksaerligheten (A Ovelha Selvagem, A Raposa e o Amor) de Anne Magnussen
(Noruega); Water Detectives (Detectives da Água), de David Springbett (Canadá);
Xingu, a Terra Ameaçada, de Washington Novaes (Brasil) e Yandabad, de
Mariano Agudo e Roi Guitián (Espanha).
12. Secções paralelas
Para promover o cinema de qualidade, o Cine Eco criou Secções Paralelas,
como “Outras Terras, Outras Gentes”, que pretende difundir um cinema
alternativo, de origem não muito habitual no nosso país. Em 2007, a selecção
vai incidir sobre O CAIMÃO (Il Caimano), de Nanni Moretti (Itália, França, 2007),
DIÁRIO DE UM ESCÂNDALO (Notes on a Scandal); de Richard Eyre (Inglaterra,
2006), UMA FAMILIA À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS (Little Miss Sunshine),
de Jonathan Dayton e Valerie Faris (EUA, 2006), GERAÇÃO FAST FOOD (Fast
Food Nation), de Richard Linklater (EUA, Inglaterra, 2006); INIMIGOS DO
IMPÉRIO (Ye Yan ou Banquet), de Feng Xiaogang (China, 2006); LADY
CHATTERLEY (Lady Chatterley), de Pascale Ferran (França, Inglaterra, Bélgica,
2007), A MALDIÇÃO DA FLOR DOURADA (Man cheng jin dai huang jin jia ou
Curse of the Golden Flower), de Zhang Yimou (China, 2006), A RAPARIGA
MORTA (The Dead Girl), de Karen Moncrieff (EUA, 2006), SHORTBUS (Shortbus),
de John Cameron Mitchell (EUA, 2006), O TERCEIRO PASSO (The Prestige), de
Christopher Nolan (Inglaterra, EUA, 2006) e AS VIDAS DOS OUTROS (Das Leben
der Anderen), de Florian Henckel von Donnersmarck (Alemanha, 2006).
13. Clássicos
Anualmente, o Cine Eco exibe ainda alguns “Clássicos”. O bom ambiente
ganha-se com bom cinema. Bom cinema que os clássicos testemunham de
forma brilhante. Este ano o escolhido é “Playtime”, de Jacques Tati, uma genial
antevisão de um mundo do futuro próximo, tecnocratizado e frio, labirinto de
solidão e incomunicabilidade.
14. Cinema Português
Para estimular e promover o cinema português, o Cine Eco apresenta
anualmente uma secção intitulada precisamente “Cinema Português”, sendo
projectadas obras recentemente estreadas em salas portuguesas (para lá de
um número muito significativo de curtas, médias e longas metragens
documentais que se exibem a concurso). Em 2006 foram vistas BELLE
TOUJOURS, de Manoel de Oliveira, e O MISTÉRIO DA ESTRADA DE SINTRA, de
Jorge Paixão da Costa.
|9|
cineeco2007
| 10 |
cineeco2007
15. Homenagens
No Verão de 2007 desapareceram quatro nomes grandes do espectáculo, dois
dos quais verdadeiros génios da História do Cinema: Ingmar Bergman e
Michelangelo Antonioni. O terceiro foi uma voz inesquecível: Luciano
Pavarotti. O quarto, um mimo sem igual, Marcel Marceau. Este é um festival
de cinema e um acontecimento de cultura que não esquece os que fazem
História. Por isso todos eles serão lembrados durante esta edição do Cine Eco,
com ciclos de homenagem. De Ingmar Bergman poderemos ver “Sétimo Selo”,
“Morangos Silvestres”, “A Máscara”, “Lágrimas e Suspiros”, “Fanny e
Alexandre”, “Da Vida das Marionetas”, “Sonata de Outono” e “Sarabanda”. De
Michelangelo Antonioni serão exibidos Blow Up, Profissão: Repórter, O Grito,
A Aventura, A Noite, O Eclipse e Deserto Vermelho. Para relembrar Pavarotti
teremos a recordação de um concerto memorável e um documentário (Luciano
Pavarotti). Marcel Marceau ficará com um leve aceno de lembrança, à falta de
obra condigna para o representar, que ainda não encontrámos.
16. Ciclo João Batista de Andrade
João Batista de Andrade é um dos mais importantes cineastas brasileiros, com
vasta e significativa obra no campo da ficção e do documentarismo. Atrevome a dizer que inédito em Portugal. É também o actual director do FICA, de
Goiás. Estará no nosso Júri Internacional nessa dupla função e dele teremos
oportunidade de ver um ciclo de obras das mais relevantes do seu
património: Wilsinho Galiléia (1978), Greve! (1979), Portinari, um pintor de
Brodósqui (1968), O Homem que virou Suco (1981), Migrantes (1973), Rua
Seis, Sem Número (2002), Restos (1975), Vida de Artista (2004), Veias e
Vinhos (2006), Caso Norte (1977) e Vlado, 30 anos depois (2005).
17. Só Animação
Como sempre as crianças não foram esquecidas. Longas-metragens de
animação “animaram” as manhãs do festival com casas cheias de jovens
que, muitas vezes, estreiam aqui as suas idas ao cinema. Em “Só Animação”
DIA DE SURF (Surf’s Up), de Ash Brannon e Chris Buck (EUA, 2007), RATATUI
(Ratatouille), de Brad Bird (EUA, 2007), SHREK, O TERCEIRO (Shrek the
Third), de Chris Miller e Raman Hui (EUA, 2006) e OS SIMPSONS, O FILME
(The Simpsons Movie), de David Silverman (EUA, 2007) são as propostas
deste ano.
18. Júris
Ao longo dos últimos doze anos, por Seia passaram centenas de convidados,
nacionais e estrangeiros, das mais diversas áreas do ambiente, do cinema, o
espectáculo, da arte, da ciência, da cultura e do saber. Como convidados,
apresentando obras, a concurso ou em actividades paralelas, e muitos, na
difícil e espinhosa missão de membros de Júris. Este ano, não fugirão à regra.
Damos conta dos convidados que nos honraram, aceitando estar presentes
durante o Cine Eco:
JÚRI INTERNACIONAL
ANTHÍMIO DE AZEVEDO, meteorologista (Portugal) (Presidente do Júri); ALAIN
MARIE, realizador (França); AMÂNDIO SILVA, director de “Mares Navegados”,
Seia (Portugal) ; ANNIE KAEMPFER, directora Executiva de Festival Ambiental de
Washington (EUA); CAROLINA VALÉRIO DE MOURA LEÃO, licenciada em Turismo,
Responsável pelo trabalho cultural junto às escolas secundárias, Associação
José Afonso (Portugal); FERNANDO DACOSTA, escritor (Portugal); IBRAHIM
SPAHIå, director do Festival Internacional de Inverno de Sarajevo (Bósnia e
Herzegovina); JOÃO BAPTISTA DE ANDRADE, realizador, director FICA (Brasil);
MARICA BENATTI, doutorada em Estudos Ibéricos (Itália); NATASHA
MARJANOVIC, actriz (Sérvia); RITA RIBEIRO, actriz (Portugal); ORQUIDEA LOPES,
professora (Portugal); RUI SOUSA DIAS, licenciado em Direito. Responsável
pelo Gabinete Jurídico da Câmara Municipal de Seia (Portugal) e VITOR ROQUE,
professor da ESTTS de Seia (Portugal)
JÚRI DO PRÉMIO ESPECIAL “CINE ECO EM MOVIMENTO”
(representantes de Extensões do Cine Eco)
ANTÓNIO COLAÇO, Director do Inatel, Alentejo e Algarve; JOÃO MADEIRA,
“AlMargem”, Algarve; MARIA DO ROSÁRIO FARDILHA, socióloga, Aveiro;
NATÉRCIA XAVIER, Casa das Mudas, Calheta, Madeira; PATRICK CARRE,
Contrexéville, França; SANDRA SILVA, Sec. Regional Ambiente, Açores; SILVIA
ALVES, RTP; SUSANA RIBEIRO, Dep. Ambiente, Câmara Municipal de Lisboa e
ainda representante do município de Mindelo, Cabo Verde.
JÚRI DA JUVENTUDE
ANA MARGARIDA LARANJO JERÓNIMO, psicopedagoga, animadora teatral, Seia;
ANDREA FERREIRA SILVA, estudante de Univ. do Algarve Tavira; ARTUR COSTA,
engenheiro florestal, Seia; CÁTIA GARCIA, actriz, cantora, Porto; CRISTINA
BRANQUINHO MAXIMINO, técnica superior de Turismo e Férias; Seia; DANIELA
ISABEL MARTINS DE OLIVEIRA, socióloga, animadora teatral, Seia; LUÍS SILVA,
licenciado em Serviço Social, jornalista, Seia; RAQUEL SCHEFER, licenciada em
Ciências da Comunicação, Mestrado em Cinema, Seia; PEDRO GÓRGIA, actor,
Lisboa; RITA CALÇADA BASTOS, actriz, Lisboa; SARA FERREIRA COSTA,
estudante de Estudo Orientais, Univ. de Minho, Braga; SÍLVIA DAS FADAS,
actriz, Coimbra; TERESA MATIAS, técnica bibliotecária, Coimbra e VANESSA
NUNES, estudante de Univ. do Algarve Tavira.
19. Actividades paralelas
Ao longo das doze edições, o Cine Eco promoveu publicação de Catálogos,
Obras de Referência, folhetos informativos, Encontros, Conferências, Debates,
Work Shops, Concertos, Recitais de Poesia, Exposições, Caminhadas pela Serra
da Estrela, etc.
Este ano, haverá ainda várias actividades paralelas: a fechar, na cerimónia de
| 11 |
cineeco2007
| 12 |
cineeco2007
atribuição de prémios, dia 27, teremos um Concerto de Rao Kyao, “Porto Alto”;
a abrir, na noite de 22 de Outubro, teremos Fados, na voz de Cátia Garcia,
numa selecção de “Fados a 24 Imagens por segundo”, uma homenagem ao
fado no cinema português.
No hall do Cine Teatro de Seia, uma exposição dedicada ao fogo, como o
controlar, como o combater. No sábado, dia 27, durante a manhã e a tarde,
um “Encontro sobre Ambiente”, de que irá falar o meu camarada de direcção
e grande amigo, Carlos Teófilo.
20. Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE)
Finalmente uma referência muito especial. Nas primeiras edições deste
certame, a organização contou sempre com a colaboração especialmente
empenhada da Câmara Municipal de Seia, na pessoa do seu Presidente,
Eduardo Brito. Havia outros apoios, entre os quais o IPAMB, que depois deixou
de colaborar neste iniciativa. Foi recentemente solicitado ao Senhor Secretário
de Estado do Ambiente, Professor Humberto Rosa, um apoio para este festival
que há anos se mantém com o mesmo orçamento, e nalguns anos o viu descer
mesmo. Foi-nos prometida a melhor atenção e ouvimos palavras de grande
apreço pela obra realizada até hoje. Essa obra não teria sido, no entanto,
possível, sem a objectiva dedicação e visão de Eduardo Brito, a quem em
nome do Cine Eco e em meu nome pessoal queria aqui sublinhar esse papel
de inestimável apoio e incentivo.
O seu interesse pelo ambiente não se fica pelo apoio a este certame, mas nas
mais variadas actividades que transformaram Seia num concelho
particularmente preocupado com este tema. De tal forma que em Seia foi
criado um Centro de Interpretação da Serra da Estrela (CISE), com modelares
intenções e instalações, entre as quais dois auditórios onde irão decorrer
muitas das sessões do Cine Eco 2007. (As outras continuarão no Cne Teatro
de Seia, como sempre).
Por muitos escândalos e falsos escândalos que se vão anunciando, julgo que
o trabalho autárquico em Portugal foi uma das grandes conquistas do pós 25
de Abril de 1974. A actividade do Eduardo Brito à frente do município de Seia
tem sido um exemplo de boa governação e de empenho em causas e valores.
Daqui o meu obrigado de cidadão e o meu abraço de amigo. Abraço extensivo
a todos quantos abnegada e apaixonadamente têm contribuído para o sucesso
deste festival ao longo de doze anos.
Abraço que efectivamente quero dar ao Carlos Teófilo, nela abarcando todos
os demais, aproveitando para lhe passar a palavra.
Lauro António | director técnico do CineEco
| 13 |
cineeco2007
A atribuição do Prémio Nobel da Paz ao antigo vice-presidente norteamericano, Al Gore e ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) da ONU são o reconhecimento da importância das
Questões Ambientais, com especial relevo para as alterações do clima que,
há uns anos, eram uma preocupação de médio ou longo prazo mas que
afectam, hoje, todas as populações e países.
Para além disso, a atribuição de um dos mais prestigiados prémios
internacionais, o Nobel da Paz, a uma personalidade e a uma instituição
que se têm destacado a divulgar e aumentar o conhecimento dos riscos
das alterações climáticas, significa que não haverá “Paz” nem estabilidade
mundiais se prevalecer a atitude de ignorar o Ambiente como património
planetário que é obrigação de todos respeitar e proteger.
Na verdade, nenhuma decisão de carácter político, poderá ignorar o
Ambiente e a sua preservação, sendo assim, esta uma questão prévia e
estruturante no que respeita ao desenvolvimento e promoção do Bem
Estar.
O próprio Gore, reforça esta ideia ao afirmar: “para além de política, esta
é uma questão moral e espiritual que a todos diz respeito.”
Desde a sua primeira edição o CineEco tem divulgado, em Seia e agora
também, através das extensões do Festival, em várias cidades do nosso
país, obras que denunciam e sensibilizam para a necessidade de se
encontrar uma solução colectiva para tais questões.
Ou seja, se outras razões não houvesse, as atrás apontadas justificariam
plenamente o esforço feito pela Câmara Municipal, em manter o único
Festival de Ambiente do nosso País, integrado na sua Política Cultural que,
cada vez mais, faz de Seia uma CIDADE CRIATIVA.
Carlos Teófilo | director do CineEco
| 15 |
cineeco2007
Seia acolhe a décima terceira edição do Festival Internacional de Cinema
e Vídeo de Ambiente. Este evento ocupa um lugar de destaque na agenda
cultural do Concelho e da Região da Serra da Estrela, não só por ser o
único festival de cinema de ambiente no país, mas também porque
contribui para a sensibilização e educação ambiental, temática que
preocupa cada vez mais governos e organizações de todo o mundo.
A edição de este ano pretende-se renovada e com novas iniciativas, com
o objectivo de sedimentar ainda mais a importância do Cine Eco a nível
nacional e internacional.
O CISE, Centro de Interpretação da Serra da Estrela, irá receber os filmes
a concurso, oferecendo ao júri do Cine Eco e ao público a possibilidade
de visitar esta estrutura da Câmara Municipal, criada para promover e
divulgar o património natural e cultural da Serra da Estrela.
Relativamente às escolas, pretende-se que estas se envolvam de uma
forma mais activa, convidando-as a participar nos filmes a concurso, para
posteriormente poderem ser trabalhados na sala de aula. A ideia de levar
as crianças e jovens a visualizar alguns dos filmes realizados quase
propositadamente para este festival será, com toda a certeza, uma aposta
ganha, porque depois da família é nos bancos da escola que tudo começa.
Este ano, a encerrar a décima terceira edição do Cine Eco, surge pela
primeira vez, um espaço privilegiado de debate e reflexão sobre o
desenvolvimento sustentável da Região Centro. Também aqui é feito um
convite ás escolas para participarem.
Por estas e muitas outras razões, o Cine Eco 2007 fará com que Seia seja,
uma vez mais, o local onde o cinema, o vídeo e o ambiente, andarão de
mãos dadas, projectando este Concelho no contexto cultural e ambiental.
Cristina Sousa | Vereadora da Cultura e Educação
| 17 |
cineeco2007
Cine’ Eco ponto Seia
O Cine’Eco faz agora doze anos e cumpre treze edições, ponto final. Daí para cá,
Seia virou ponto de encontro de filmes e documentários de registo predominantemente ecológico uma vez por ano. Não tem por cá o mediatismo que
merece, mas tem o valor suficiente para despertar atenções e agitar consciências
de quem polui e de quem pode alertar para os perigos que ameaçam o planeta.
Tem também o condão de despertar imensa curiosidade internacional, conforme
atestam os filmes enviados a concurso e outros indicadores dignos de registo,
como sejam a presença em Seia de pessoas ligadas a outros festivais
internacionais, bem como realizadores e jornalistas de outros países.
É ponto assente que o festival está para durar e este ano mudou para melhor.
Por um lado reforçou a aposta na promoção, de que é exemplo o protocolo com
a RTP e a ligação maior a outros órgãos de comunicação social nacionais e por
outro acentuou a sua ligação à comunidade, quer através da envolvência das
escolas e outras instituições, quer na participação a concurso de filmes feitos por
pessoas de Seia, além de um maior número de personalidades locais a integrar
os vários júris do festival.
Outro ponto de superior importância na edição deste ano é a realização da
conferência sobre “desenvolvimento sustentável na região Centro de Portugal”.
Conferencistas conceituados promovem o debate e a reflexão sobre temas
pertinentes no quadro do desenvolvimento desta região do país.
Durante 6 dias, a imensa oferta de filmes passa por dois pontos de encontro –
o Cine-Teatro da Casa Municipal da Cultura e o Auditório do CISE, que é o Centro
de Interpretação da Serra da Estrela. São “quilómetros de fitas” e “carradas” de
filmes numa programação profundamente ecléctica, mas suficientemente
atractiva aos diversos públicos de Seia e concelhos limítrofes.
Ponto por ponto, o Cine’ Eco é um concentrado de pretextos que convidam a
entrar, sem sair de cá, nestes dias de Outono, habitualmente marcados pelo
tempo de chuva, vento forte e laivos de afecto entre os que participam na festa.
Enfim, o Cine’ Eco é um festival que é uma festa e ponto final parágrafo.
Mário Jorge Branquinho | Organização
11 - 22 March 2008 • Washington
CineEco2007
ORGANIZAÇÃO E
AGRADECIMENTOS
| 20 |
cineeco2007
CINE ECO 2007
PROMOTORES
CÂMARA MUNICIPAL DE SEIA
EMPRESA MUNICIPAL DE CULTURA
E RECREIO – EMCR | SEIA
*
COMISSÃO EXECUTIVA
CARLOS TEÓFILO FURTADO
LAURO ANTÓNIO
CRISTINA SOUSA
DINA PROENÇA
MÁRIO JORGE BRANQUINHO
*
DIRECÇÃO CINEMATOGRÁFICA
LAURO ANTÓNIO
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
ALBERTO TOSCANO PESSOA
QUINTA DO CRESTELO
CONSERVATÓRIO DE MÚSICA DE
SEIA
RESTAURANTE BORGES
HOTEL CAMELO
MUSEU DO PÃO
RESIDENCIAL JARDIM
RESTAURANTE FAROL
VINHOS & EMOÇÕES – SEIA
CAMELO CAFÉS
RISCUS - SEIA
L DESIGN - SEIA
MOEMA SILVA
*
SECRETARIADO DO FESTIVAL
Contactos Internacionais
FREDERICO CORADO
Traduções
MARIA EDUARDA COLARES
Secretariado:
ALEXANDRA AMORIM
RITA CABRAL
*
APOIOS
ADRUSE / PROGRAMA LEADER
CAIXA DE CRÉDITO AGRÍCOLA DE
SEIA
ESCOLA SUPERIOR DE TURISMO E
TELECOMUNICAÇÕES DE SEIA
IPG – INSTITUTO POLITÉCNICO DA
GUARDA
MÉDIA DESK
LIBERTY SEGUROS - SEIA
IMPÉRIO BONANÇA SEGUROS
EXPLISEIA – CENTRO DE
EXPLICAÇÕES DE SEIA
AUTOMARTINAUTO – PEUGEOT
ANTÓNIO FAZENDEIRO
AGENDA SETTING
DIRECÇÃO GERAL DOS RECURSOS
FLORESTAIS
CISE – CENTRO DE
INTERPRETAÇÃO DA SERRA DA
ESTRELA
INTERBEIRAS – AGÊNCIA DE
VIAGENS
ESCOLA SECUNDÁRIA DE SEIA
RTP – RÁDIO TELEVISÃO
PORTUGUESA
REVISTA VISÃO
JORNAL DE SANTA MARINHA
JORNAL PORTA DA ESTRELA
JORNAL TERRAS DA BEIRA
JORNAL CONVERSAS DE CAFÉ
TURIVIAJAR.TV
(bares da cidade de Seia)
Agradecimentos dispersos
pelos quatros cantos do mundo,
pela participação de
obras a concurso:
Alemanha
Robert Harding Pittman
Jan Haft
Ralf Kiefner
Kathrin Gnorski
Inge Altemeier
Reinhard Hornung
Austrália
Klaus Toft
Austria
Harald Pokieser
Michael Schlamberger
Steve Nichols
Heina Leger
Joannes Koek
Bósnia e Herzegovina
Nisvet Hrustic
Brasil
Rosa Berardo
Murilo Berardo
Ângelo Lima
Cláudia Nunes
Carlos Kober
Fábio Po
Felipe Grosso
Jack Lamb
Walkir Fernandes
Helvécio Marins Jr
Sílvio Tendler
Mari Correia
Karané Ikpeng
Washington Novaes
Renato Martins
Lula Carvalho
André Cywinski
Márcia Paraiso
João Rodrigo Mattos
Canadá
Roberto Santiguida
John Wesley Chisholm
Megan Durnford
David Springbett
Barri Cohen
Tama Gempton
Croácia
Stanka Gjuric
Eslováquia
David Calek
Marko Skop
Espanha
Filipa Macedo Baptista
José Carlos Diáz, Salvador
Castillejos
Rosa Pérez Almeida
Mariano Agudo e Roi Guitián
EUA
Yoram Porath
John Grabowska
França
François Manceaux
Jean-Michel Vennemani
Arnaud Malherbe
Holanda
Janna Dekker
Hungria
Zsolt Cséke
Índia
Yoni Bentovim
Emily Harris
| 21 |
cineeco2007
| 22 |
cineeco2007
Inglaterra
Laurie Hill
Ucrânia
Igor Parfenov
Itália
M. e S. Fiocco
F. Minervini
F.Uboldi
Sérgio Cannella
Francesco Mineryini
Angelo Paparcuri
David Rinaldi
*
Japão
Kana Tomoko
Noruega
Anne Magnussen
Kenneth Elvebakk
Ingvild Sobstad
Portugal
Francisco Manso
Joana Pontes
Carlos Humberto Fortes Antunes
Pedro Sabino
Martin Dale
Ana Neves
Paulo Cartaxana
Carlos Reis
Cláudia Rodrigues
Pedro Gancho
Francisca Veiga
Hugo Miguel Saraiva
Cátia Brito
Anabella Saint-Maurice
Jorge Pelicano
Tiago Pereira
João Tilly
Clube Audiovisuais da Escola
Abranches Ferrão
Nuno Martins
Sofia Leite
República Checa
Josef Cisarovsky
Pelo aluguer de filmes:
FILMES LUSOMUNDO
FILMES CASTELLO LOPES
ATALANTA FILMES
LNK
COLUMBIA, TRISTAR
VITÓRIA FILMES
DPI · CROMOTIPO
Pelo empenho manifestado
na execução dos trabalhos
tipográficos
...E ainda também um
agradecimento
pela sua preciosa colaboração a:
ARMANDO FIGUEIREDO
JOÃO CARLOS CABRAL
CARLOS MARQUES
JOSÉ GUILHERME NUNES
JOSÉ DIAS
GONÇALO GASPAR
CARLOS OLIVEIRA
FLÁVIO SANTOS
RITA MARQUES
MARIANA AIRES
FÁTIMA DUARTE
MARIA ASSUNÇÃO SARAIVA
ROSA MARTINS
CineEco2007
PROGRAMAÇÃO
| 24 |
cineeco2007
_Centro de Interpretação da Serra da Estrela
CISE
Obras a concurso
horas
22outubro´07 _segunda-feira
10,00
BICHO PRETO NASCE BRANCO, de Ângelo Lima (Brasil) 14’; PIRINOP, MEU PRIMEIRO CONTATO, de Mari
15,00
RAPSÓDIA DO ABSURDO, de Cláudia Nunes (Brasil) 15’; MULTIPLICADORES, de Renato Martins e Lula Carvalho
Correia, Karané Ikpeng (Brasil) 83’
(Brasil) 20’; PROFETAS DA CHUVA E DA ESPERANÇA, de Márcia Paraíso (Brasil) 15’; DISCRETAS AFINIDADES,
de Ana Neves (Portugal) 20’; O FOGO CONTROLADO, de Francisco Manso (Portugal) 52’; A CASA, de Paulo
Cartaxana (Portugal) 51’
horas
23outubro´07 _terça-feira
10,00
PORTUGAL, UM RETRATO SOCIAL, I, de Joana Pontes (Portugal) 61’; PORTUGAL, UM RETRATO SOCIAL, 3, de
Joana Pontes (Portugal) 53’
15,00
Programação
NASCENTE, de Helvécio Marins Jr (Brasil) 16’; CORNO DE BICO, de Martin Dale (Portugal) 17’; CERRADO:
QUANTO CUSTA?, de Rosa Berardo, Murilo Berardo (Brasil) 40’; NEUNEINHALB: KLIMAWANDEL (NOVE E MEIA:
MUDANÇA CLIMATÉRICA), de Tvision Gmnh (Alemanha) 10’; FIELDS OF DEMETER (OS CAMPOS DE DEMÉTER),
de Knut Krzywinski (Noruega) 46’; MINISTRY MESSIAH, de Gints Apsits (Letónia) 4’
18,00
LOS PASTORES DEL BOSQUE FLOTANTE (OS PASTORES DO BOSQUE FLUTUANTE), de José Carlos Diáz, Salvador
Castillejos (Espanha) 60’; GALÁPAGOS EN CANCHALAGUERAS (GALÁPAGOS EM CANCHALAGUERAS), de Rosa
Pérez Almeida (Espanha) 72’
22,00
RIBBON OF SAND (FITA DE AREIA), de John Grabowska (EUA) 27’; IN THE TWILIGHT OF SILENCE (NO
CREPÚSCULO DO SILÊNCIO), de Josef Cisarovsky (R. Checa) 33’; NIGAI NAMIDA NO DAICHI KARA (DA TERRA
DAS LÁGRIMAS AMARGAS), de Kana Tomoko (Japão) 84’; CO2 OR YOU? (CO2 OU TU?), de Tama Gempton
(Canadá) 1’
horas
24outubro´07 _quarta-feira
10,00
EXTRA-CONCURSO: PORTUGAL, UM RETRATO SOCIAL, 2, de Joana Pontes (Portugal) 61’; PORTUGAL, UM
RETRATO SOCIAL, 4, de Joana Pontes (Portugal) 53’
15,00
COMO SE FABRICA O QUEIJO DA SERRA, de Cátia Brito (Portugal) 14’; ENCONTRO COM MILTON SANTOS, de
Sílvio Tendler (Brasil) 87’; 3269 DAISY, de Kenneth Elvebakk (Noruega) 25’; MARIOMOTRIZ, de Filipa Macedo
Baptista (Espanha) 18’; UBOJITE MISLI (PENSAMENTOS DE GUERRA), de Stanka Gjuric (Croácia) 4’
18,00
BURRIED AT SEA (ENTERRADO NO MAR), de John Wesley Chisholm (Canadá) 50’; DIE TIGER UND DER MONCH
(O TIGRE E MONGE), de Harald Pokieser (Austria) 51’; DIE MAGIE DER MONGOLEI (MONGÓLIA SELVAGEM), de
Heina Leger (Áustria) 51’
21,30
THUNDERHEADS (NUVENS CARREGADAS), de Klaus Toft (Austrália) 52’; JUSTE PLANÈTE - FORÊST, L’ ESPOIR
CERTIFIÉ (APENAS PLANETA -FLORESTA, A ESPERANÇA CERTIFICADA), de Jean-Michel Vennemani (França) 52’;
1907-2007 WHEN THE VINEYARD SLEEPS… (1907-2007 QUANDO A VINHA DORME…), de François Manceaux
(França) 58
horas
25outubro´07 _quinta-feira
10,00
EXTRA-CONCURSO: PORTUGAL, UM RETRATO SOCIAL, 5, de Joana Pontes (Portugal) 61’; PORTUGAL, UM
RETRATO SOCIAL, 6, de Joana Pontes (Portugal) 53’
15,00
FRONTEIRAS DO TEMPO, de Cláudia Rodrigues, Pedro Gancho, Francisca Veiga (Portugal) 30’; ESTA ÁGUA QUE
VOS DEIXO, de Clube Audiovisuais da Escola Abranches Ferrão / Seia (Portugal) 15’; XINGU, A TERRA
AMEAÇADA, de Washington Novaes (Brasil) 60?; AS PESSOAS QUE VIVEM DO LIXO, de André Cywinski e João
Gomez (Brasil), 8’; DANS LEUR PEAU (NA PELE DELES), de Arnaud Malherbe (França) 22’
18,00
GLOBAL WARMING (AQUECIMENTO GLOBAL/GUERRA GLOBAL), de Kathrin Gnorski (Alemanha) 12’; WATER
| 25 |
cineeco2007
DETECTIVES (DETECTIVES DA ÁGUA), de David Springbett (Canadá), de 12’; YANDABAD, de Mariano Agudo e
Roi Guitián (Espanha) 58’; KEEPERS OF EDEN (GUARDAS DO PARAÍSO), de Yoram Porath (EUA) 75’
22,00
MOKA, de M. e S. Fiocco, F. Minervini () 5’; THE MEADOW (A CAMPINA), de Jan Haft (Alemanha) 43’; EN
TANNSTIKKER TIL KINA (UM PALITO PARA A CHINA), de Ingvild Sobstad (Noruega) 43’; DARUVONULÁS A
HORTOBÁGYON (MIGRAÇÃO DE GARÇAS EM HORTOBÁGY), de Zsolt Cséke (Hungria) 53’; CARPA DIEM (CARPA
DIEM), de Sérgio Cannella (Itália), 2’
horas
10,00
26outubro´07 _sexta-feira
EXTRA-CONCURSO: PORTUGAL, UM RETRATO SOCIAL, 7, de Joana Pontes (Portugal) 61’; O FOGO CONTRA O
FOGO, de Francisco Manso (Portugal) 41’; O FOGO CONTROLADO, de Francisco Manso (Portugal) 52’
15,00
VILARINHO DAS FURNAS, de Sofia Leite (Portugal) 27’; A PONTE DE TODOS, de Anabella Saint-Maurice
(Portugal) 52’; GRANDE HOTEL, de Anabella Saint-Maurice (Portugal) 52’; TIJMOMENTEN (MOMENTOS DE
MARÉS), de Janna Dekker (Holanda) 27?
18,00
BEYOND THE FOREST (PARA LÁ DA FLORESTA), de Yoni Bentovim e Emily Harris (Índia) 28’; VILLSAVEN, REVEN
OG KSAERLIGHETEN (A OVELHA SELVAGEM, A RAPOSA E O AMOR) de Anne Magnussen (Noruega) 28’; ALWAYS
COCA-COLA (SEMPRE COCA-COLA), de Inge Altemeier e Reinhard Hornung (Alemanha) 30’; HEURSDORFER
ERDE (CARVÃO, TERRA, CASA), de Robert Harding Pittman (Alemanha) 40?
22,00
TIROL – LAND DER WASSER (TIROL – TERRA DE ÁGUA), de Joannes Koek (Áustria) 8’; MY LIFE AT 40 (A MINHA
VIDA AOS 40), de Laurie Hill (Inglaterra), 8’; INE SVETY (OUTROS MUNDOS), de Marko Skop (Eslováquia) 15’;
OL’ MAN RIVER – MIGHTY MISSISSIPPI – I E II PARTE (OL’ MAN RIVER – PODEROSO MISSISSIPI – I E II PARTE),
de Michael Schlamberger, Steve Nichols (Austria) 2 x 50?
horas
27outubro´07 _sábado
10,15
CONFERÊNCIA: “AO CENTRO... DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” – Primeiro painel
15,00
CONFERÊNCIA: “AO CENTRO... DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL” – Segundo painel
18,00
EXTRA-CONCURSO: MARIA SOBRAL MENDONÇA, de Lauro António (Portugal, 2007), 28’;
AGOSTINHO DA SILVA, UM PENSAMENTO VIVO, de João Rodrigo Mattos (Portugal, Brasil) 80’
Programação
| 26 |
cineeco2007
_Casa Municipal da Cultura
Cine-Teatro
horas
22outubro´07 _segunda-feira
10,00
SÓ ANIMAÇÃO: DIA DE SURF (Surf’s Up), de Ash Brannon e Chris Buck (EUA, 2007), com vozes de Jeff Bridges,
Zooey Deschanel, etc. M/4 anos; 85 minutos; Animação; Columbia TriStar Warner.
15,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: PLAYTIME - VIDA MODERNA (Playtime), de Jacques Tati (França, Itália,
18,00
CINEMA PORTUGUÊS: BELLE TOUJOURS de Manoel de Oliveira (França, Portugal, 2007), com Michel Piccoli,
1967), com Jacques Tati, Barbara Dennek, etc. M/12 anos; 155 minutos; Comédia; Atalanta Filmes.
Bulle Ogier, Ricardo Trêpa, Leonor Baldaque, etc. M/12 anos; 68 minutos; Drama; Atalanta Filmes.
21,30
Cerimónia de abertura oficial do Cine’Eco. Estreia de obra de Jorge Pelicano
Fados em 24 imagens por segundos, com Cátia Garcia.
Guitarra portuguesa: Samuel Cabral e Miguel Amaral; Viola: Nel Garcia; Contrabaixo: João Penedo.
horas
23outubro´07 _terça-feira
10,00
SÓ ANIMAÇÃO: DIA DE SURF (Surf’s Up), de Ash Brannon e Chris Buck (EUA, 2007), com vozes de Jeff Bridges,
Zooey Deschanel, etc. M/4 anos; 85 minutos; Animação; Columbia TriStar Warner.
15,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: UMA FAMILIA À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS (Little Miss Sunshine),
de Jonathan Dayton e Valerie Faris (EUA, 2006), com Greg Kinnear, Toni Collette, Abigail Breslin, Alan Arkin,
etc. M/12 anos; 101 minutos; Comédia; Filmes Castello Lopes.
Programação
18,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: O CAIMÃO (Il Caimano), de Nanni Moretti (Itália, França, 2007), com Silvio
Orlando, Margherita Buy, Jasmine Trinca, etc. M/12 anos; 112 minutos; Comédia; Atalanta Filmes.
21,30
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: LADY CHATTERLEY (Lady Chatterley), de Pascale Ferran (França, Inglaterra,
Bélgica, 2007), com Marina Hands, Jean-Louis Coullo’ch, Hippolyte Girardot, Hélène Alexandridis, Bernard
Verley, etc. M/ 18 anos; 168 minutos; Drama; Atalanta Filmes.
horas
24outubro´07 _quarta-feira
10,00
SÓ ANIMAÇÃO: SHREK, O TERCEIRO (Shrek the Third), de Chris Miller e Raman Hui (EUA, 2006), com vozes
de Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, Julie Andrews, etc. M/6 anos; 92 minutos;
Animação; Lusomundo.
15,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: GERAÇÃO FAST FOOD (Fast Food Nation), de Richard Linklater (EUA,
Inglaterra, 2006); com Patricia Arquette, Catalina Sandino Moreno, Greg Kinnear, Luis Guzmán, Ethan Hawke,
etc. M/12 anos; 116 minutos; Drama; Lusomundo.
18,00
CINEMA PORTUGUÊS: O MISTÉRIO DA ESTRADA DE SINTRA, de Jorge Paixão da Costa (Portugal, Brasil, 2007),
com Ivo Canelas, António Cerdeira, Nicolau Breyner, José Pedro Vasconcelos, Rogério Samora, etc. M/12 anos;
Aventura/Mistério; Lusomundo.
21,30
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: SHORTBUS (Shortbus), de John Cameron Mitchell (EUA, 2006), com Sook-Yin
Lee, Paul Dawson, PJ DeBoy, Lindsay Beamish, Peter Stickles, etc. M/18 anos; 101 minutos; Drama; Lusomundo
horas
25outubro´07 _quinta-feira
10,00
SÓ ANIMAÇÃO: SHREK, O TERCEIRO (Shrek the Third), de Chris Miller e Raman Hui (EUA, 2006), com vozes
de Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz, Antonio Banderas, Julie Andrews, etc. M/6 anos; 92 minutos;
Animação; Lusomundo.
15,00
ANIMAÇÃO: OS SIMPSONS: O FILME (The Simpsons Movie), de David Silverman (EUA, 2007), com Dan
Castellaneta, Julie Kavner, Nancy Cartwright, Yeardley Smith, etc. M/6 anos; 87 minutos; Animação; Filmes
Castello Lopes.
18,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: A RAPARIGA MORTA (The Dead Girl), de Karen Moncrieff (EUA, 2006), com
Toni Collette, Rose Byrne, Mary Beth Hurt, Marcia Gay Harden, Brittany Murphy, etc. M/ 16 anos; 93 minutos;
Mistério; Lusomundo.
21,30
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: DIÁRIO DE UM ESCÂNDALO (Notes on a Scandal); de Richard Eyre
(Inglaterra, 2006), com Judy Dench, Cate Blanchett, Bill Nighy, etc. M/16 anos; 92 minutos; Drama; Filmes
Castello Lopes.
24,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: INIMIGOS DO IMPÉRIO (Ye Yan ou Banquet), de Feng Xiaogang (China,
2006); com Ziyi Zhang, Daniel Wu, Xun Zhou, You Ge, etc. M/ 12 anos; 131 minutos; Drama; Vitória Filmes.
horas
26outubro´07 _sexta-feira
10,00
SÓ ANIMAÇÃO: RATATUI (Ratatouille), de Brad Bird (EUA, 2007); com as vozes de Patton Oswalt, Lou Romano,
15,00
SÓ ANIMAÇÃO: OS SIMPSONS: O FILME (The Simpsons Movie), de David Silverman (EUA, 2007), com Dan
| 27 |
cineeco2007
Janeane Garofalo, Ian Holm, Peter Sohn, etc. M/6 anos; 110 minutos; Animação; Lusomundo.
Castellaneta, Julie Kavner, Nancy Cartwright, Yeardley Smith, etc. M/6 anos; 87 minutos; Animação; Filmes
Castello Lopes.
18,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: AS VIDAS DOS OUTROS (Das Leben der Anderen), de Florian Henckel von
Donnersmarck (Alemanha, 2006); com Martina Gedeck, Ulrich Mühe, Sebastian Koch, Ulrich Tukur, etc. M/ 16
anos; 137 minutos; Drama; Vitória Filmes.
21,30
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: O VÉU PINTADO (The Painted Veil), de JOHN CURRAN (EUA, China, 2006),
com Naomi Watts, Edward Norton, Liev Schreiber, Toby Jones, Diana Rigg etc. M/ 12 anos; 125 minutos;
Drama; Vitória Filmes.
24,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: A MALDIÇÃO DA FLOR DOURADA (Man cheng jin dai huang jin jia ou Curse
of the Golden Flower), de Zhang Yimou (China, 2006), com Yun-Fat Chow, Li Gong, Jay Chou, Ye Liu, etc. M/
12 anos; 114 minutos; Drama; Vitória Filmes.
horas
27outubro´07 _sábado
10,00
SÓ ANIMAÇÃO: RATATUI (Ratatouille), de Brad Bird (EUA, 2007); com as vozes de Patton Oswalt, Lou Romano,
15,00
OUTRAS TERRAS OUTRAS GENTES: O TERCEIRO PASSO (The Prestige), de Christopher Nolan (Inglaterra, EUA,
Janeane Garofalo, Ian Holm, Peter Sohn, etc. M/6 anos; 110 minutos; Animação; Lusomundo.
2006); com Hugh Jackman, Christian Bale, Michael Caine, Scarlett Johansson, etc. M/12 anos; 128 minutos;
Mistério; Columbia TriStar Warner.
21,30
Cerimónia de Encerramento. Entrega de Prémios. Concerto com Rão Kyao: “Porto Alto”.
horas
28outubro´07 _domingo
15,30
Exibição de filmes vencedores do Cine’Eco 2007 | Entrada Livre
21,30
Exibição de filmes vencedores do Cine’Eco 2007 | Entrada Livre
Programação
| 28 |
cineeco2007
_Centro de Interpretação da Serra da Estrela
CISE
horas
15,00
22outubro´07 _segunda-feira
Ciclo João Batista de Andrade: WILSINHO GALILÉIA (1978) doc (proibido pelos militares em 1978); GREVE!
(1979) doc. de 35 minutos sobre a Greve dos Metalúrgicos que revelou Lula Prémio Especial do Júri, I Fest.
Latino Americano de Havana, 1979)
18,00
Homenagem a Ingmar Bergman: SÉTIMO SELO 96’
22,00
Homenagem a Michelangelo Antónioni: BLOW UP
horas
23outubro´07 _terça-feira
15,00
Ciclo João Batista de Andrade: PORTINARI, UM PINTOR DE BRODÓSQUI (1968) - Único filme sobre o grande
pintor Candido Portinari. Curta-metragem, 10 minutos; O HOMEM QUE VIROU SUCO (1981) (Medalha de ouro,
Melhor Filme Festival de Moscovo, 1981) (com José Dumont)
18,00
Homenagem a Ingmar Bergman: MORANGOS SILVESTRES
22,00
Homenagem a Michelangelo Antónioni: PROFISSÃO: REPÓRTER
horas
24outubro´07 _quarta-feira
15,00
Ciclo João Batista de Andrade: MIGRANTES (1973) Doc. sobre migrantes nordestinos em São Paulo. Prémio
de Melhor filme, Jornada de Curtas Metragens, Salvador, Bahia, 1973; RUA SEIS, SEM NÚMERO (2002) ficção
Programação
(com Marco Ricca)
18,00
Homenagem a Ingmar Bergman: A MÁSCARA
22,00
Homenagem a Michelangelo Antónioni: O GRITO
horas
25outubro´07 _quinta-feira
15,00
Ciclo João Batista de Andrade: RESTOS (1975) Doc. sobre catadores de lixo em SSP (proibido pela ditadura
militar); VIDA DE ARTISTA (2004) doc
18,00
Homenagem a Ingmar Bergman: FANNY E ALEXANDRE 188’
22,00
Homenagem a Michelangelo Antónioni: A AVENTURA
horas
26outubro´07 _sexta-feira
15,00
Ciclo João Batista de Andrade: VEIAS E VINHOS (2006) ficção (com Eva Wilma, Simone Spoladore)
17,00
Homenagem a Ingmar Bergman: LÁGRIMAS E SUSPIROS 91’
19,00
Homenagem a Ingmar Bergman: SONATA DE OUTONO 99’
22,00
Homenagem a Michelangelo Antónioni: A NOITE
horas
27outubro´07 _sábado
15,00
Ciclo João Batista de Andrade: CASO NORTE (1977) doc. de 38 minutos sobre migrantes nordestinos em São
Paulo. Prémio da Imprensa, “Melhor Programa de TV “/1978); VLADO, 30 ANOS DEPOIS (2005) doc
17,00
Homenagem a Ingmar Bergman: DA VIDA DAS MARIONETAS 104’
19,00
Homenagem a Ingmar Bergman: SARABANDA 107’
22,00
Homenagem a Michelangelo Antónioni: O ECLIPSE; DESERTO VERMELHO
_Auditório de Conservatório de Música de Seia
horas
26outubro´07 _sexta-feira
23,30
Homenagem a Luciano Pavarotti: CONCERTO PAVAROTTI IN CENTRAL PARK / Luciano Pavarotti, Leone Magiera,
Philharmonic Opera Orchestra (1993) 105’
JÚRIS
CineEco2007
| 30 |
cineeco2007
Júri Internacional
ANTHÍMIO DE AZEVEDO | METEOROLOGISTA
Portugal
(Presidente do Júri)
A 1 de Novembro de 1962 começa a apresentar o Boletim Meteorológico na RTP,
tornando-se uma das figuras mais populares e emblemáticas da televisão portuguesa.
Mais tarde, na TVI, prolongou a sua carreira de “o homem do tempo”, com uma simpatia
e uma empatia notáveis junto do público.
Nasceu em Ponta Delgada, S.Miguel, Açores, a 27 de Abril de 1926 Licenciado em
Ciências Geofísicas e especializado em Meteorologia
Chefiou o Serviço Meteorológico da Guiné (1967-1970). Foi Técnico da Organização
Meteorológica Mundial para Organização e Formação na
Guiné-Bissau (1975-1977). Chefiou as Divisões: de Climatologia (!981-1985); de Formação
Meteorológica (1985-1988); de Relações Internacionais (1988-1990); Foi Delegado
Nacional: Ao Grupo de Códigos da Organização Meteorológica Mundial (!975-1990): Ao
Grupo de Meteorologia do Comité Militar da OTAN (1986-1992). Foi Director Regional para
Meteorologia e Geofísica Interna, nos Açores (1990-1992)
Foi apresentador na RTP (1962-1990) [ com interrupções para as comissões na Guiné,
antes e depois da independência]; Na TVI foi coordenador e apresentador de
Meteorologia (1992-1996); No 10º aniversário da METEOSAT apresentou as previsões
para Portugal, via televisão alemã ZDF, desde Darmstadt – RDA (Jun 1996). É professor
na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia: de Climatologia, para
Engenharia do Ambiente, desde 1997-1998, de Meteorologia, para Ciências do Mar,
desde 2004-2005.
ALAIN MARIE | REALIZADOR
França
Realizador francês especializado em documentarismo, com algumas obras muito
premidas em festivais internacionais.
Principais filmes: “Le Cheval Ouvrier”, 2005 (premiado no Cine Eco, 2006); “On the trail
of eagles”. Premiado em Moscovo, Bombaim, Milão, e Lisboa (Fest sport Lx-2006), “The
barefoot General”, 2003; “In pursuit of Varenne”, 2002 (Grande Prémio no Epona 2002
(L’Or des Chevaux d’Arman); “So close to the stars”, 2001; “Land of passion” 2000. Ainda
várias curtas e médias-metragens: “White like the night”, “The Island post.”, 1998; “It
will be 10 o’clock”, 1995.
AMÂNDIO DA CONCEIÇÃO SILVA | DIRECTOR DE “MARES NAVEGADOS”
Portugal
Nasceu em Lisboa a 21 de Abril de 1938, cidade onde mora, além da segunda morada
em Seia. Possui uma forte ligação ao Brasil, onde permaneceu de forma intensa e
constante, tendo desempenhado nos últimos 20 anos uma actividade permanente de
reforço das ligações culturais entre Portugal e Brasil.
Após o 25 de Abril foi Chefe de Gabinete do Secretário de Estado da Emigração
(1974/75), Administrador do Sector Intervencionado da Secretária de Estado das Pescas
(1977/80), Administração dos Estaleiros Navais Parry&Son (1980/1984), Conselheiro da
Embaixada de Portugal no Brasil (1984/1992), Secretário Geral da Fundação LusoBrasileira para o Desenvolvimento do Mundo da Língua Portuguesa (1992/2004) e, desde
2005, Director da Promotora cultural “Mares Navegados”.
Como Secretário Geral da Fundação Luso-Brasileira, coordenou de 1998 a 2001 os grupos
de trabalho de pesquisa do espólio de Agostinho da Silva no Brasil, nas cidades de João
Pessoa, São Paulo, Florianópolis, Brasília e Salvador, do qual resultou a obra “Presença
de Agostinho da Silva no Brasil”, a ser lançada neste ano de 2006, no âmbito das
comemorações do Centenário do notável pedagogo português.
Quanto ao cinema propriamente dito, participou na angariação de filmes brasileiros para
o Festival de Santa Maria da Feira, sobretudo nas facilidades de transporte via mala
diplomática; Na organização da semana do cinema brasileiro em Serpa (2003);
Participou na cedência à Cinemateca do material do espólio de Chianca de Garcia;
colaborou na Embaixada do Brasil na cedência de filmes para as comemorações do 7 de
Setembro. Enquanto Conselheiro da Embaixada, colaborou na exibição de filmes
portugueses na Estação de Botafogo, no Rio de Janeiro.
ANNIE KAEMPFER | DIRECTORA EXECUTIVA DE FESTIVAL AMBIENTAL DE WASHINGTON|
Estados Unidos da América
Licenciatura em Artes e pós-graduação em Artes Visuais na American School de Londres.
Directora Executiva do Environmental Film Festival in the Nation’s Capitol - Washington,
DC. Membro do júri de pré-selecção, responsável pela coordenação de colaborações e
patrocínios, bem como das actividades orientadas para os estudantes do ensino público.
Responsável pelo design do website do EFF a lançar em Janeiro de 2008. Curadora para
as exposições de arte no Bowdoin College. Fotógrafa para a brochura de divulgação do
Kidsave International, Summer Miracles Program,Washington, DC.
CAROLINA VALÉRIO DE MOURA LEÃO | LICENCIADA EM TURISMO
Portugal
É licenciada em Turismo com especialização em Gestão de Agências de Viagens e
Planeamento Turístico; Faculdade da Cidade; 1982 a 1985 (4 anos); Rio de Janeiro –
Brasil. Desde 2002 é Técnica Superior de Turismo e Desenvolvimento; Mó de Vida
Cooperativa de Consumo, CRL/ONG de Desenvolvimento; Almada – Portugal. De 1995 a
2002 foi responsável pelo Centro de Documentação sobre a vida e obra de José Afonso.
Assistente de produção do Festival de Música Tradicional do Mundo “Cantigas do Maio”.
Responsável pelo trabalho cultural junto às escolas secundárias; Associação José Afonso;
Lisboa – Portugal.
FERNANDO DACOSTA | ESCRITOR
Portugal
Romancista, dramaturgo, jornalista, conferencista, Fernando Dacosta nasceu em Luanda a
12 de Dezembro de 1945 de onde foi, ainda criança, para o Alto Douro. Após frequentar
o liceu na cidade de Lamego fixa-se em Lisboa, cursa Letras e inicia-se no jornalismo e
na literatura. Foi director dos “Cadernos de Reportagem” e co-editor da “Relógio d´Água”.
A sua primeira peça de teatro, “Um Jipe em Segunda Mão ”, sobre a guerra colonial, valelhe o Grande Prémio de Teatro RTP, o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos e o
Prémio Casa da Imprensa. “A Súplica ” (monólogo de uma mulher em ruptura com a
realidade pós 25 de Abril), “Sequestraram o Senhor Presidente” (obra localizada no
período revolucionário), “A Nave Adormecida ” (oratória do Portugal colonialista) e “A
Frigideira” (inédito), são outros dos seus trabalhos dramatúrgicos. “Os Retornados Estão
a Mudar Portugal”, narrativa da integração dos portugueses regressados de África, obtém
o “Prémio Clube Português de Imprensa”. “Moçambique, todo o sofrimento do mundo ”,
vence os prémios “Gazeta” e “Fernando Pessoa” de 1991. “O despertar dos Idosos ”
recebe o prémio “Gazeta” de 1994. Com “O Viúvo”, metáfora sobre a perda do império,
conquista o Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores. “Os Infieis”, parábola à volta
dos que ousam trair o estabelecido, como os navegadores de quinhentos, e “Máscaras
de Salazar”, crónica memoralista, são, respectivamente, os seus últimos romances e
narrativa. Apresentou durante 1991 e 1992 uma rubrica sobre livros na RTP-1. Integrou os
júris dos principais prémios literários portugueses. Foi agraciado em 2005 pelo Presidente
da República com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
Bibliografia:
Romance: “O Viúvo”, edições Dom Quixote, Círculo de Leitores, 1986, Editorial Notícias
1996, Planeta Agostini (edição de bolso) 2001 e Casa das Letras 2007 (sete edições) —
Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores, “Os Infieis”, edições Dom Quixote 1992,
Círculo de Leitores 1993 e Editorial Notícias 1998
Teatro: “Um Jipe em Segunda Mão”, edição Ulmeiro, 1983 (esgotado) — Grande Prémio de
Teatro RTP, Prémio da Associação da Associação Portuguesa de Críticos e Prémio Casa da
Imprensa; “A Súplica”, edição Ulmeiro, 1983 (esgotado); “Sequestraram o Senhor Presidente”,
edição, Relógio D´Água, 1984 (esgotado); “A Nave Adormecida”, Teatro Aberto, 1988
Narrativa: “Máscaras de Salazar”, Editorial Notícias 1998, Círculo de Leitores 1999 e Casa
das Letras 2006 (18 edições); “Nascido no Estado Novo”, Editorial Notícias 2001, Círculo
de Leitores 2002, Casa das Letras 2007; “Mineiros”, Edições Audiovisuais, 2001; “A
Escrita do Mar”, Edições Audiovisuais, 1998; “Cartas de Amigo”, Edições Audiovisuais,
1997; “O Príncipe dos Açores”,Edições Audiovisuais, 1996; “A Clínica das
Inovações”,edição Império, 1995; “O Despertar dos Idosos”, edições “Público”, 1994 Prémio Gazeta; “Moçambique, todo o sofrimento do mundo”, edições “Público”, 1991 —
Prémios Gazeta e Fernando Pessoa; “Os Retornados Estão a Mudar Portugal”, edição
Relógio D´Água, 1984 (esgotado) — Prémio Clube Português de Imprensa; “Paixão de
Marrocos”, Edições Asa, 1992; “A Ilha da Sabedoria”, edições Éter, 1996
Conto: “Onde o mar acaba” (antologia), Dom Quixote, 1991; “Um olhar português”
(antologia), Círculo de Leitores, 1992; “Imaginários Portugueses ” (antologia), edições
Fora do Texto, 1992.v
IBRAHIM SPAHIå | DIRECTOR DO FESTIVAL INTERNACIONAL DE INVERNO DE SARAJEVO
Bósnia e Herzegovina
Ibrahim Spahiç nasceu em Sarajevo, em 1952. Licenciou-se em Filosofia na Universidade
de Sarajevo. De 1974 a 1982, foi presidente da Associação de Estudantes. Participou em
numerosos foruns europeus para a juventude. Foi fundador e membro do Conselho de
várias comissões na área da defesa dos direitos humanos. Fundador e co-Presidente da
primeira organização ecológica “Skakavac” e editor das revistas de ambiente “Eko oko”e
“Spektar”. Fundador e impulsionador de vários projectos culturais ligados à literatura.
Entre 1990-1993, foi Presidente do SSRN e do DSS (Partido Socialista Democrático de
Sarajevo), Presidente do City Democratic Party desde 1993 e membro do Sarajevo
Council of City Commissioners entre 1992 e 1993. É autor da Declaração de Abril para
uma Sarajevo Unificada e Livre (1992), para além de muitas outras actividades políticas
onde desempenhou destacados lugares. É Presidente e organizador do Festival
Internacional de Sarajevo “Sarajevo Winter,” presidente do International Peace Centre
(IPC), e da Bienal dos Jovens Artistas da Europa e Mediterrâneo, de 2001-2006. A sua
vastíssima actividade em defesa da cultura, dos direitos humanos e da liberdade têmlhe valido numerosos prémios e homenagens internacionalmente.
JOÃO BATISTA DE ANDRADE | REALIZADOR, DIRECTOR DO FICA
Brasil
O escritor, argumentista e cineasta João Batista de Andrade, ex-Secretário da Cultura do
Estado de São Paulo, doutor em Comunicações pela Universidade de São Paulo, nasceu
em Ituiutaba (MG), a 1/Dezembro/1939. Iniciou sua carreira em 1963 como integrante do
“Grupo Kuatro” de cinema, ainda estudante de engenharia na Universidade de São Paulo.
Seu primeiro filme “solo” foi o documentário “Liberdade de Imprensa” (1967), produzido
pelo movimento universitário. Como cineasta tem uma carreira premiada nacional e
internacionalmente onde se alternam os documentários (como “Migrantes”, melhor filmes
Bahia/1973, “Greve!” Prémio especial do Júri do 1º Festival Internacional de Havana/1979),
os diversos filmes para TV , (TV Cultura /TVGlobo-Globo Repórter, como “Caso Norte”/
1977) e treze longas-metragens, dos quais os mais conhecidos são: “Gamal” (Prémio Air
France, director revelação 1968), “Paulicéia Fantástica” (doc/longa/1970), “Doramundo”
(melhor filme/melhor diretor do festival de Gramado em 1978), “Wilsinho Galiléia” (1978,
para TV, proibido pela censura no Regime Militar), “O Homem que Virou Suco” (melhor
filmes, medalha de ouro no Festival Internacional de Moscou/1981, prémio de crítica,
Nevers/França em 1982, melhor roteiro e Melhor Actor Fest. Brasília/1980, entre outros
prémios nacionais e internacionais). “A Próxima Vítima” (1983), “Céu Aberto” (doc/longa
sobre a morte de Tancredo Neves e a transição para a democracia, Prémio Especial do júri
Internacional, FEST-RIO/1986, Prémio OCIC Internacional melhor filme/86 entre outros
prémios nacionais e internacionais), “O País dos Tenentes” (cinco prémios no festival de
Brasília/1987 e Prémio de melhor filme RIO/CINE/1987), “O Cego que Gritava Luz” (1996),
“O Tronco” (1998, prémio máximo de MELHOR FILME DAS COMEMORAÇÕES DOS 500 ANOS
DE BRASIL (Festival de Brasília/99), MELHOR DIRETOR F.Recife/2000), “Rua Seis Sem
Número”, , filme que representou o Brasil no Festival de Berlim/2003, “Vida de Artista”,
documentário de longa-metragem, MELHOR FILME Festival Mostra do Filme Livre/ Rio 2004.
Em 2005 lançou o documentário de longa-metragem “Vlado, Trinta Anos Depois” (Melhor
Roteiro/Premio FIESP 2006), a história do jornalista Vladimir Herzog, assassinado na prisão
durante o regime militar. Em 2006, “Veias e Vinhos, Uma História Brasileira”, longametragem de ficção (Melhor Dir. de Arte e Melhor Edição de Som Recife/2006).
Como escritor seu primeiro livro é PERDIDO NO MEIO DA RUA (Editora Global/ 1989). Depois
veio o juvenil A TERRA DO DEUS DARÁ (Editora Atual/ 1991), UM OLÉ EM DEUS (Editora
Scipione Cultural/1997) e O PORTAL DOS SONHOS (UFSCAR Editora/20001), O POVO FALA
(tese de doutoramento/ Ed. Senac 2002). Além de sua produção cinematográfica e literária,
foi um dos criadores e primeiro presidente de duas sociedades de acção cultural e
ambiental, ICUMAM (Instituto de Cultura e meio Ambiente) em Goiás e CINEMAR em São
Paulo. Foi, por duas vezes, Presidente da Associação Paulista de Cineastas (APACI).
Presidente da Cinemateca Brasileira. Foi também Conselheiro do Museu da Imagem e do
Som (SP), Coordenador Geral do FICA (Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental)
em sua primeira, terceira e nona edições (anos 1999/ 2001/2007). Foi membro do Júri do
Festival de Valladolid/ Espanha/1983, do Júri do Festival de Gramado/1986, do Júri
Internacional do Festival de Paris, em 1999, do Júri Internacional do Festival Internacional
da India (New Delhi), em 2000. Em 2005, Nomeado Secretario de Cultura do Estado de
São Paulo. Em 2007, curador do II Festival Latino-Americano de São Paulo.
MÁRICA BENATTI
Itália
Natural de Mirandola (Modena, Itália, em 30/06/73). Doutorada em Literatura Ibérica pela
na Universidade de Bologna, com especialização no âmbito da Cultura e Literatura
Portuguesa; Licenciatura em Línguas e Literaturas Estrangeiras: Português, Espanhol,
Francês, com média de 20 valores, pela Universidade de Bologna, Faculdade de Lettere
e Filosofia, com tese sobre a imagem da modernidade e da cidade na obra de Eça de
Queirós: “Da Fradique Mendes al “Fradiquismo”: Modernità urbana e utopia moderna
nella letteratura queirosiana”. Traduções de obras de escritores portugueses para
italiano. Especializada em temas portugueses: “A presença do teatro de Lope de Vega
nos pátios de comédias de Lisboa durante a monarquia dual e a sua relação com a
história do teatro português”; “O pensamento “trágico moderno” em “Viagens na Minha
Terra”, de Almeida Garrett”; O cinema neo-realista português e o estudo de alguns
guiões de Alves Redol realizados por Manuel Guimarães: “Vidas sem Rumo” e “Nazaré”;
a adaptação portuguesa de Alexandre de Gusmão da peça de Molière “George Dandin”;
O tema das “Entradas Reais” nas fontes portuguesas dos séculos XVI e XVII.
NATASHA MARJANOVIC | ACTRIZ
Sérvia
Actriz, nascida em Jajce, Bósnia Herzegovina (ex. Jugoslávia) em 1970. Formou-se na
Escola superior de Teatro de Belgrado e especializou-se em teatro infantil. Criou a
Companhia de Teatro em Sava Centar, Belgrado, que apresenta regularmente
espectáculos para crianças escritos, apresentados e encenados por ela. Desse reportório
são algumas das peças que traduz para português e leva à cena em escolas e Salas de
teatro por todo o país, desde 2001, com o grupo de teatro Cinderela. Desde 2002
desenvolve actividade regular junto de escolas, jardins-de-infância e associações sem
fins lucrativos, organizando aulas de teatro para crianças. Colabora com diferentes
empresas de Animação Cultural tendo já realizado mais de 1500 programas para infância
e não só. Desenvolve vários projectos com: UNESCO, ACIDE GULBENKIAN, JRS e várias
Câmaras Municipais.
RITA RIBEIRO | ACTRIZ
Portugal
Maria Rita de Basto Curado Ribeiro nasceu a16 de Abril de 1955, em Lisboa, de uma
família de actores, Fernando Curado Ribeiro e Maria José. Teatro, televisão, cinema,
música são formas de expressão em que Rita Ribeiro brilhou nas últimas décadas.
Algumas peças: 2005: “Concerto para Dois – Fernando Curado Ribeiro, O Último Galã”;
2004: “Concerto Fado - “Deixo-me Ir Atrás do Fado”; 2000-2002: Formação da Rita
Companhia com espectáculo “AMAR AMÁLIA”; 1999-2000: “Rosa Tatuada” de Tenessee
Williams encenação de Filipe La Féria; 1998-1999: “Maria Callas” Encenação Filipe La
Féria; 1995: “De Afonso Henriques a Mário Soares” de Filipe La Féria; 1994: “Ai quem
me acode” (Revista) Teatro ABC; 1993-1994: “Maldita Cocaína” de Filipe La Féria; 19911993: “Passa Por Mim No Rossio” de Filipe La Féria; 1989-1990: “What Happened to
Madalena Iglésias” de Fílipe La Féria; 1985: “Aqui Há Fantasmas” de Henrique Santana;
1984
: “Annie” Teatro Maria Matos; 1982: “Ó patego olha o balão” (Revista) Teatro
Maria Vitória; 1981: “Rei, Capitão, Soldado, Ladrão” (Revista)
Teatro
Maria
Vitória; 1979: “Felizardo e Companhia, Lda.” de Raul Solnado; 1979: “Em part-time”
(Café Concerto); 1976: “Desculpa ó Caetano” ou 1975: “Godspell” Teatro Villaret.
Na televisão, várias aparições: 2004-2005: Série “Os Batanetes”, TVI; 2002: “Fúria de
viver”, SIC; 1999: “Mustang - voltar para trás” (telefilme de Leonel Vieira), SIC; 1997:
“Por favor não matem a minha mulher”, de Filipe La Féria “Comédias de Ouro”,RTP;
1996: “Festival da Canção”, rábula sobre os 100 anos do cinema português; 1996:
“Todos ao palco” de Filipe La Féria, 1996: “A mulher do senhor ministro”; 1995: “Chuva
de Estrelas”, Júri; 1994: “Mas que Rita Noite”; 1993: “Grande Noite” de Filipe La Féria;
1988: “Ricardina e Marta” - Série baseada na obra de Camilo Castelo; 1986: “O Pato”;
1985; “Palavras Cruzadas” (Telenovela); 1983: Sabadabadu, de César de Oliveira; 197: “O
Espelho dos Acácios” com Nicolau Breyner; 1978: “O Homem que matou o Diabo”, com
Herman José. No cinema: 1985: “Querido Lilás” de Artur Semedo; 1984: “Saudades para
Dª Genciana” de Eduardo Geada. Inúmeros prémios, professora de teatro, formadora.
Uma vida dedicada ao espectáculo.
ORQUÍDEA LOPES | PROFESSORA
Portugal
Orquídea Maria Cerqueira Mendes Lopes é natural e residente em Seia. Licenciada em
Filosofia (Universidade de Coimbra); Doutorada em Ciências da Educação (Universidade
de Salamanca), Possui Master em Pedagogia dos comportamentos desviantes
(Universidade de Salamanca); Pós Graduação em Sexualidad Y Relaciones
Interpersonales (Facultad Psicologia Salamanca); É investigadora e especialista na área
da publicidade e Sida (Área de trabalho de Doutoramento). Publicou um Livro “Sida: Os
média são deuses de duas cabeças”. Publicou uma dezena de trabalhos científicos em
revistas nacionais e estrangeiras. Pertence ao grupo de investigação do Instituto
Politécnico de Viseu e integra o grupo de investigação da Faculdade de Educação da
Universidade de Salamanca – IUCE. Actualmente é docente da Escola Secundária de Seia.
RUI SOUSA DIAS | JURISTA
Portugal
Rui Dias nasceu a 15 de Maio de 1975, em Seia, onde reside. Licenciado Em Direito pela
Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Pós-graduação no Curso de Direito do
Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente do CEDOUA (Centro de Estudos de Direito
do Ordenamento, do Urbanismo e do Ambiente) da faculdade de Direito da Universidade
de Coimbra. Responsável pelo Gabinete Jurídico da Câmara Municipal de Seia. É
Presidente da Assembleia Geral da Associação de Arte e Imagem de Seia. Em 2007 foi
membro do Júri da Juventude do Cine’Eco.
VITOR ROQUE | PROFESSOR DA ESTTS
Portugal
Licenciatura em Matemática Informática. Mestrado em Eng. Electrónica e
Telecomunicações, ramo Telecomunicações. Equiparado a Prof. Adjunto na Escola
Superior de Turismo e Telecomunicações de Seia (ESTTS). Coordenador da licenciatura
em Informática para o Turismo da ESTTS. Hobbies: fotografia, mototurismo e mergulho
| 36 |
cineeco2007
Júri da Juventude
ANA MARGARIDA JERÓNIMO | PSICOPEDAGOGA, ANIMADORA TEATRAL
Nasceu em Seia, no dia 7 de Abril de 1977. Mestre em Desenvolvimento Pessoal e Social. Mediadora
Familiar. Licenciada em Psicopedagogia Clínica. Membro do Senna em Palco – Teatro Residente da
Casa Municipal da Cultura de Seia. Membro da ARTIS. Sócia Co-fundadora da Sentidos – Associação
para o (Des) Envolvimento Pessoal e Social.
ANDREA FERREIRA SARAIVA | ESTUDANTE, UNIV. DO ALGARVE
Natural de Seia (29.11.1979), a viver e estudar em Tavira, onde frequenta o último ano de Ciências
da Comunicação, na Escola Superior de Educação da Universidade do Algarve. Em 2007, cursou
Produção Cultural na Faculdade de Ciências Sociais, na Universidade do Algarve.
ARTUR COSTA | ENGENHEIRO FLORESTAL
Natural de Cascais, licenciou-se em Engenharia Florestal pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro em 2002, tendo depois desempenhado funções na área da gestão florestal associativa e na
elaboração de projectos florestais na Serra da Estrela. Foi ainda formador em áreas como a higiene,
segurança e saúde no trabalho e em informática. Desde 2005 que coordena o Gabinete Técnico
Florestal do Município de Seia e desde 2006 que é coordenador do Serviço Municipal de Protecção
Civil.
CÁTIA GARCIA | ACTRIZ, CANTORA
Nasceu no Porto. Começou a cantar desde muito cedo participando em vários espectáculos,
concursos, noites de fado, etc. Curso de Canto do Conservatório de Vila Nova de Gaia. Em 2000
participa na Grande Noite do Fado em Lisboa (2º Lugar) e no Porto (3º Lugar). Em 2001, novamente
na Grande Noite do Fado em Lisboa (2º Lugar) e no Porto (1º Lugar). Em 2005 é convidada por
Filipe La Féria a interpretar o papel de Amália Rodrigues no musical “Amália” no Porto. Na mesma
companhia, interpretar a protagonista de “Alice no País das Maravilhas”, no Teatro Politeama, “A
Canção de Lisboa”, e “Música no Coração”. Na RTP, participa no espectáculo “Campo Pequeno De
Novo Em Grande”. Na televisão apareceu em “Praça da Alegria”, “Portugal no Coração”, “A Vida é
Bela”, “Herman SIC”, “Fátima Lopes”, “Você na TV”, “Êxtase”, “Só Visto”, etc.
CRISTINA BRANQUINHO MAXIMINO | TÉCNICA SUPERIOR DE TURISMO
É natural do concelho de Seia, onde efectuou os seus estudos até ao fim do ensino Secundário.
Reside em Lisboa, onde trabalha. Desde Abril de 1997 é Técnica superior no Departamento de
Turismo e Férias no Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores
(INATEL), onde actualmente é responsável pela coordenação dos programas seniores Turismo Sénior
e Saúde e Termalismo Sénior. É membro dos órgãos sociais da “Mó de Vida” cooperativa de
consumo, CRL / ONG de Desenvolvimento, colaborando nas diversas actividades e iniciativas de
divulgação do movimento do Comércio Justo e Solidário.
DANIELA ISABEL MARTINS DE OLIVEIRA | SOCIÓLOGA, ANIMADORA TEATRAL
Nasceu em 1982, em Seia onde reside. Licenciada em Sociologia – ramo das Organizações. Tem
formação em Expressão Dramática. Frequentou um Curso de Iniciação Teatral. Monitora de um Grupo
Infantil. Membro do Grupo Senna em Palco – Grupo de Teatro Residente da Casa Municipal da
Cultura de Seia.
LUÌS SILVA | JORNALISTA
Luís Silva nasceu em Seia em 1975, onde reside. É Licenciado em Serviço Social pelo Instituto
Superior Miguel Torga; e actualmente frequenta um Mestrado em Administração Social pelo Instituto
Superior de Serviço Social de Lisboa na Escola Superior de Educação da Guarda. É responsável pela
orientação técnica e social de várias instituições de Solidariedade Social do Concelho e nas suas
horas vagas dedica-se à fotografia, ao jornalismo e a filmagens em DVD. É Chefe de Redacção do
Jornal “A Partilha” de Tourais – Seia, foi fundador e Director do Jornal “Torre do Selo”, Torroselo –
Seia e produziu e realizou um filme em formato DVD “Historial de Torroselo”. Em 2005 e 2006 foi
membro do Júri do Festival Internacional de Publicidade (FORDOC) e em 2007 participou na ARTIS,
festa das artes e ideias de Seia. É autor do Blogue “Oceano das Palavras”.
RAQUEL SCHEFER | CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
Licenciada em Ciências da Comunicação nas variantes de Comunicação e Cultura e Cinema, com média
de 15 valores (Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa). Possui Mestrado
em Cinema Documental, com média de 20 valores (Universidad del Cine, Buenos Aires). Tese: Figuras /
Máquinas / Imagens: o Documentário Contemporâneo e as Estratégias Formais do Auto-retrato, orientada
pelo Prof. Jorge La Ferla (em publicação na Argentina). Possui um curso de Especialização em Vídeo e
Tecnologías Digitais On Line, com média de 18 valores, Mecad (Media Centre d´Arte i Disseny de la
Escuela Superior de Diseño) / ESDI, Barcelona e Curso Monográfico de Guionismo para Cinema e
Televisão (ECAM, Escuela de Cine y Audiovisual de la Comunidad de Madrid). Entre 2001 e 2002 fez uma
Bolsa Erasmus no curso de Comunicação Audiovisual (Facultad de Ciencias de la Información, Universidad
Complutense de Madrid). Em 2007 foi seleccionada para o Talent Campus do Festival de Berlim.
PEDRO GÓRGIA | ACTOR
Pedro Bórgia inicia o seu trabalho em 1991 com o Grupo de Teatro de Carnide. Em 1993, após o
Curso de Formação de Atores do Fundo Social Europeu começa uma carreira virada para o Teatro
Infantil, tendo trabalhado nessa altura com o Teatro de Animação Os Papa Léguas. Desde então já
trabalhou com João Ricardo, Rui Luis Brás, Roberto Cordovani, Luigi Ottoni, André Gago, Paulo
Matos, entre outros. Esteve em cena nos mais diferentes espaços – Teatro da Trindade, Teatro
Nacional D. Maria II, Casa do Artista, etc. Desde 1995 que trabalha também em televisão e cinema,
tendo já participado como actor , em mais de duas dezenas de projectos, entre novelas e séries
para televisão ou curtas e longas metragens de cinema. Continua a desenvolver o seu gosto pelo
teatro infantil através da companhia de que é membro – Lua Cheia.
RITA CALÇADA BASTOS | ACTRIZ
Licenciada pela Escola Superior de Teatro e Cinema, no curso de Formação de Actores/Encenadores.
Frequência do Curso da Companhia Olga Roriz. Workshops com Bruce Meyers, Robert Whitehead, Stella
Adler e Marcia Haufrecht (Actor Studios N.Y., em Nova Iorque). Passagem pelo Instituto das Artes do
Espectáculo.
Integrou já o elenco de numerosos espectáculos teatrais, de ballet, cinematográficos, televisivos. Alguns
exemplos: “Seres Humanos” (Teatro Taborda), “Ana e Hanna” (D. Maria II), “Felicitações Madame III” (S.
Carlos), “Ensaio sobre Teatro” (filme de Rui Simões), “As Quatro Gémeas” (Teatro Taborda), “O Buraco”,
telefilme, Utopia Filmes; “O Testamento” (Jorge Queiroga, RTP), “O Grande Teatro de Oklahoma” (Teatro
Meridional), “Ensaio Sobre a Cegueira” (Teatro da Trindade), “Marcações para um Crime”, etc.
SARA FERREIRA COSTA | ESTUDANTE, ESTUDOS ORIENTAIS, UNIV. DE MINHO
Estudante do 3º ano da Licenciatura em Estudos Orientais, Universidade do Minho, Braga. Em 2003
publica “A Melancolia das Mãos e Outros Rasgos” (Pé de Página, Prémio Literário da Lousã);
Em 2005 participa na colectânea internacional de poesia “IL gesto della memoria/The gesture of
the Memory”(Ibiskos Editrice di A. Risolo, Empoli); Em 2006 participa na colectânea de contos D.
Sancho I (Quasi) e na colectânea internacional de poesia “ “Air, Water, Earth, Fire. The long genesis
of the Elements” “(Ibiskos Editrice di A. Risolo, Empoli); Em 2007 lança o livro “Uma Devastação
Inteligente” (Atelier, Prémio Literário João da Silva Correia). Em 2006 fez um curso de “diseur”
promovido pelo Teatro Universitário do Minho e em 2007 fez parte do elenco da peça “Silêncio”
encenada por João Negreiros.
SÍLVIA DAS FADAS | ACTRIZ
Sílvia Madeira Salgueiro (Sílvia das Fadas)
Natural de Coimbra (30.03.1983); Licenciada em Estudos Artísticos-Cinema na Faculdade de Letras
da Universidade de Coimbra; Vencedora de bolsa Erasmus – Sócrates no quarto ano da licenciatura
em Estudos Artísticos (Cinema), na Facoltà di Lettere e Filosofia dell’Università degli studi Roma Tre
(Itália); Frequência de Jornalismo, na F. L. U. Coimbra; Realização da curta-metragem em formato
super8, “Roma(nce) noir”, em Dezembro, em Roma (Itália). Como actriz: Arcipelago Pietralata –
Viaggio a Nord/ Est com o grupo Teatroarchitettura, promovido pelo Centro di Ricerca Immaginario
di Quartiere, em Roma; “Singapura”, “Souvenir”, ambos CITAC, “A Gala”, “Aventuras Extraordinárias
do Príncipe e do Castor” e “Sartre & Beauvoir”, todos no Teatro Académico de Gil Vicente, Coimbra.
TERESA MATIAS | TÉCNICA BIBLIOTECÁRIA
É técnica profissional de biblioteca e documentação a trabalhar actualmente no Museu Municipal
de Coimbra. Tem uma forte paixão pelo ambiente, o que a leva a participar em várias actividades
ligadas à natureza. Faz parte da Associação sediada em Mira – Associação dos Amigos dos Moinhos
da Região de Gandra.
VANESSA NUNES | ESTUDANTE, UNIV. DO ALGARVE
Nasceu a 03/10/1980, em Faro. Termina o curso de Ciências da Comunicação, na Escola Superior
Educação – Ciências da Comunicação na Universidade do Algarve. Completa Licenciatura
Comunicação Cultural e Empresarial, na Escola Superior de Educação – Ciências da Comunicação
Universidade do Algarve. Trabalhou no Gabinete de Relações Públicas, da Câmara Municipal
Tavira. Elaboração de vários vídeos documentais, organização de Eventos Culturais.
de
de
na
de
Júri “Prémio Especial”
“CineEco em Movimento”
(Representates das extensões do CineEco
e colaborações especiais)
ANTÓNIO CAETANO DE MAÜES-COLAÇO | REPRESENTANTE, INATEL, ALENTEJO E ALGARVE
Iniciou a sua colaboração com este Festival Ecocine da Serra da Estrela promovendo as extensões
de Serpa e Albufeira. É professor universitário na área das ciências sociais tendo exercido a
actividade docente e investigação em Portugal e em várias partes do mundo. Sempre privilegiou a
antropologia visual que o levou ao guionismo e consultoria de produção filmica documental.
JOÃO MADEIRA | REPRESENTANTE, ALMARGEM, ALGARVE
Natural de Faro, onde nasceu no dia 10 de Julho de 1976, tem vivido quase sempre em Loulé, onde,
em 1993, se tornou sócio e membro dos órgãos sociais da Associação Almargem – Associação de
Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve. Desde então, colabora regularmente com esta
associação em acções de sensilização ambiental e intervenção junto da comunidade.
Licenciado em Engenharia do Ambiente pela Universidade do Algarve, trabalha actualmente na área
dos sistemas de gestão ambiental e dedica-se à fotografia sempre que pode. É um devoto cinéfilo
de fim-de-semana.
REPRESENTANTE DO FESTIVAL DO MINDELO, CABO VERDE
MARIA DO ROSÁRIO FARDILHA DE GIRARDIER, AVEIRO
Licenciatura em Sociologia, Universidade Nova de Lisboa; MBA/ Ciências Empresariais; coordenação
de Estudos Qualitativos, Minerva (Paris); Desenvolvimento de Estudos de Mercado e Sondagens de
Opinião em vários Institutos; Directora Dpto Estudos Qualitativos, Euroexpansão; Técnica sénior
Estudos Qualitativos, Business Directions; Técnica Estudos Quantitativos, Marktest.
Desde 2004, autora dos blogues, nomeadamente “Divas & Contrabaixos”. Organização de
lançamentos de livros e outros eventos na livraria “O Navio de Espelhos” (Aveiro). Entrevistas
jornalísticas, no “Notícias de Aveiro”.
| 39 |
cineeco2007
NATÉRCIA XAVIER | REPRESENTANTE DE CENTRO DE ARTE MODERNA, CASA DAS MUSAS,
CALHETA, MADEIRA
Programadora do Auditório do Centro das Artes Casa das Mudas, Calheta, Madeira. Formada em
Relações Internacionais, pela Universidade Técnica de Lisboa. Exerce funções na Sociedade de
Desenvolvimento Ponta do Oeste, S.A. desde 2003 na área de gestão de fundos comunitários. Entre
1997 e 2002 esteve ligada à implementação de projectos na área da juventude através do Gabinete
de Apoio, Estudos e Planeamento da Secretaria de Estado da Juventude, onde foi responsável pela
preparação de dossiers no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia, Fundo das Nações
Unidas para a Juventude, Comissão de Desenvolvimento Social das Nações Unidas e preparação da
1ª Conferência Mundial de Ministros da Juventude. Membro do Conselho de Administração da
Fundação Europeia da Juventude e dos Centros Europeus de Juventude de Estrasburgo e Budapeste
entre 1996-1998. Sócia fundadora da Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades
entre Mulheres e Homens.
M. PATRICK CARE
Professor durante 30 anos no Lycée hôtelier de Contrexéville, França (Contrexéville é uma cidade
francesa geminada com Seia). É adjunto do Presidente da Câmara de Contrexéville e Delegado da
Cultura e das Geminações desde 2004.
SANDRA SILVA | REPRESENTANTE, SEC. REGIONAL AMBIENTE, AÇORES
Licenciada em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de
Lisboa, com estágio realizado na área de Psicologia do Ambiente. Desde Setembro de 2000 a
trabalhar como profissional liberal ao serviço da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar/Gabinete
de Promoção Ambiental, onde exerce funções nas áreas de formação, informação e sensibilização
ambiental.
SILVIA ENGELKING DE AZINHEIRA ALVES
Nascida a 31 de Março de 1965. Escola Alemã de Lisboa. Licenciada em Línguas e Literaturas
Modernas FLL. Mestrado em Estudos Alemães na UNL. Frequentar o Mestrado de ‘Ecologia Humana
e Problemas Sociais Contemporâneos’ na UNL. Realizadora de rádio (Antena 1, Xfm, VOXX), jornalista
na RTP (‘Caderno Diário’, ‘Jornal Jovem’, apresentadora de ‘Cais do Oriente’, jornalista e
apresentadora de ‘Planeta Azul’, coordenadora de ‘SOS Terra’).
SUSANA ISABEL ROCHA RIBEIRO | REPRESENTANTE, DEP. AMBIENTE, CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA
Mestrado em Psicologia Educacional, pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada de Lisboa (20032006); Licenciatura em Biologia Aplicada aos Recursos Animais – Marinhos, pela Faculdade de
Ciências da Universidade de Lisboa (1992-1997). Técnica da Divisão de Educação e Sensibilização
Ambiental da Câmara Municipal de Lisboa, desde 2004. Participação activa, desde 1997, em ONGA’s
– Organizações Não Governamentais de Ambiente, como a Liga para a Protecção da Natureza (LPN)
e a Associação Portuguesa de Educação Ambiental (ASPEA). Trabalhou em projectos da área da EA
com as Câmaras de Santarém (2003-2004), Loures (2002-2004) e Oficina de Ambiente do Parque
das Nações (1999-2001).
HOMENAGEM
ANTHÍMIO DE AZEVEDO
fotografia de Filipe Pombo, in Notícias Magazine
| 42 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
A NOSSA HOMENAGEM DE 2007:
ANTHÍMIO DE AZEVEDO
Tinha eu 20 anos quando Anthímio de Azevedo se tornou visita diária em
casa de meus pais (e minha). Aparecia sempre por volta da hora de
jantar, quando terminava o telejornal, segundo me recordo, e dizia-nos
como estava o tempo, se iria chover ou fazer sol. Era uma presença
agradável, simpática, comunicativa. Lá em casa gostávamos de o receber
e de ouvi-lo com atenção. Havia quem lhe chamasse “o homem do
tempo”, quem acreditasse nele piamente, quem duvidasse e saísse de
guarda-chuva em dia que ele anunciara soalheiro. Mas, Anthímio era o
amigo do tempo, “faça chuva ou faça sol”.
Alguns anos depois, encontrava-o com regularidade nos corredores e, às
vezes, nos estúdios da TVI. Em directos e gravações. Foi uma das vozes
e dos rostos desta estação, antes da meteorologia ter começado a ser
anunciada em fatos menores (ou com girândolas de efeitos especiais),
como que a dizer que todos os dias são bons para a prática da natação,
mesmo que chova a cântaros ou relampeje como o Diabo.
Anthímio de Azevedo foi o “Senhor Tempo”, um dos homens que mais
atenção tem dado ao ambiente em Portugal (e no mundo) e uma voz
autorizada que poucos se atrevem a contrariar. Nem sempre alinha pelo
pensamento dominante (basta ler as entrevista que a seguir
transcrevemos para o confirmar-mos), mas até por isso ele é o nosso
homenageado desta edição de 2007 do Cine Eco.
Seja bem-vindo, amigo Anthímio, e diga-nos lá como vai ser o tempo…
Lauro António
_ENTREVISTA COM ANTHÍMIO DE AZEVEDO
Não é por nossa causa que o tempo anda como anda. Anthímio de Azevedo
diz que seria assim mesmo sem CO2, efeito estufa ou aquecimento global.
Porque há fenómenos independentes de nós, que fazem com que aTerra
esteja agora a aquecer para daqui a algum tempo congelar. Mas o homem
que entrava todos os dias em nossa casa para falar do tempo não nos isenta
de culpas. O CO2 que lançamos para a atmosfera está mesmo a dar cabo
da nossa vida. Daqui a vinte anos, poderá não haver água em Portugal
Continental e estaremos todos a fugir da seca para o Norte da Europa. Já
não é o futuro dos nossos filhos que está em causa. É o nosso.
O tempo anda louco?
Não, o tempo não anda louco. As pessoas é que ignoram as razões pelas
quais o tempo tem de se modificar. Por definição da Organização
Meteorológica Mundial [agência das Nações Unidas para a meteorologia], o
clima é o conjunto de todas as evoluções meteorológicas características de
um local. Para a nossa latitude geográfica, é razoável definir as condições
climáticas como as mais estáveis num período de trinta anos. Este é o prazo
suficiente, e por isso estipulado, para que ocorram todas as situações
meteorológicas características. Para isso existem instrumentos de registo
contínuo – termómetros e termógrafos, barómetros e barógrafos,
anemómetros e anemógrafos –, que fazem observação instantânea, mas há
observações humanas de tantas em tantas horas, conforme os casos; se for
num aeroporto de grande movimento é de meia em meia hora, num
aeroporto de pequeno movimento é de hora em hora ou de três em três
horas. As observações climatológicas obedecem a esquemas próprios de
funcionamento e é com base nelas que se analisam as alterações...
Então o clima não está alterado como se diz?
Quer uma imagem correspondente ao clima de uma região? Uma fotografia
de uma grande família, em que uns são altos e outros baixos, gordos,
magros, louros, morenos, alguns têm cicatrizes de acidentes, outros têm
sinais... Apesar das diferenças, fazem todos parte da mesma família. O clima
é também assim, é um conjunto de acidentes e de diferenças.
Mas não é alheio ao ambiente. E nós, sendo parte do ambiente, temos
comportamentos que interferem no estado do tempo, nas temperaturas...
Sim, é verdade. Mas as nossas vidas de cem anos não são nada comparadas
com os fenómenos astronómicos que condicionam inexorável e
inevitavelmente o clima. E estamos sempre a esquecer-nos de que tudo
depende de um sistema de eixos – o eixo dos apsídes e o eixo dos solstícíos
-, que rodam em sentido contrário num período de 18 a 24 mil anos. A nossa
vida é muito curta para termos a noção do que se passa quando isto está
em marcha. E isto está em marcha.
Está a falar de um fenómeno chamado «modificação da precessão dos
equinócios», que se realiza entre 18 e 24 mil anos. Actualmente, em que
período estamos?
Os dois eixos estiveram coincidentes há cerca de 18 séculos. Como é que se
chega a este cálculo? Da seguinte maneira: se o período de modificação é
entre 18 e 24 mil anos, o tempo médio será da ordem de 21 mil anos. Se
dividirmos a volta de 360 graus por 21 mil anos, vamos ter 1,7 graus por
século. Ora, actualmente, o desfasamento entre apsides e solstícios é
daordem dos 30 graus. Então, os dois eixos estiveram coincidentes há 18
séculos, ou seja, há 1800 anos, no começo da Era Cristã.
E isso significa...?
Que poderia considerar-se o óptimo climático, porque era a Terra mais perto
e mais longe do Sol, simultaneamente, o que coincidia com o começo dos
solstícios de Verão e de Inverno. Devido aum fenómeno astronómico, que
referiu e bem, chamado «precessão dos equinócios»,aPrímaveratem todas as
condições astronómicas parair começando mais cedo, neste passeio de 360
graus em 18 mil a 24 mil anos. O facto de as andorinhas estarem a chegar
mais cedo está devidamente explicado por este fenómeno.
É então falso que o calor esteja a aparecer fora de tempo? E ê falso que isso
já é consequência do aquecimento global? o clima seria assim porque está
a obedecer a fenómenos astronómicos, que acontecem independentemente dos gases de efeito estufa que enviamos para a atmosfera?
Exactamente, porque os fenómenos astronómicos são irremovíveis,
| 43 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
| 44 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
acontecem inexoravelmente. No entanto, os comportamentos humanos
estão a agravar os acontecimentos naturais. Ou seja, não tem tudo a ver
com o aquecimento que se está a verificar em todo o mundo, mas têm
alguma relação. As andorinhas estão a chegar mais cedo porque têm um
relógio biológico que as faz chegar mais cedo. As plantas estão a florir,
muitas delas, mais cedo, porque têm um relógio biológico que as faz florir
mais cedo. Mas os glaciares estão adescongelar porque estamos a aquecer
a atmosfera.
E temos cheias num país e seca no país ao lado...
Mas a natureza ainda tem mecanismos de compensação. Ainda os tem e
tenta mante-los, simplesmente, o homem vai desequilibrando essas defesas.
O sistema climático global é constituído por cinco subsistemas – a atmosfera
(gases), a hidrosfera (águas), a litosfera (rochas), a criosfera (gelos) e a
biosfera (plantas e animais) -, que, enquanto o homem não fez disparates,
sempre estiveram em equilíbrio por causa dos tais mecanismos de
compensação. Os desequilíbrios entre estes sistemas termodinâmicos
surgiram quando o homem começou a cometer asneiras.
A industrialização foi o primeiro grande disparate?
Foi o maior de todos. Nos últimos cinquenta anos, conseguimos alterar o
ambiente da Terra mais do que todos os milénios para trás. A Revolução
Industrial foi muito simpática, foi uma necessidade, mas infelizmente tem
sido levada ao exagero. Quando o mundo está todo a dizer que a atmosfera
j á não aguenta tanta poluição, há uma série de indivíduos a dizer que ainda
há uma quantidade de petróleo para gastar.
As reservas estão a acabar. Daqui a 45 anos não haverá petróleo, se as
estimativas estiverem certas.
Segundo as informações que tenho, ao nível actual de consumo, a Terra tem
petróleo até ao ano2060,2065; se reduzirmos, dentro do que seria possível,
o consumo ao nível dos transportes, esse prazo poderia «esticar» até 2080,
2085.
E com que combustível iremos abastecer? Não haverá aviões nessa altura?
Nós vamos deixar rapidamente de ter aviação de curta distância, isso é
certo. A energia solar também nunca será uma solução. É capaz de supor o
que é um avião com um gerador atómico lá dentro? É capaz de supor um
avião com células solares nas asas para transportar 500 pessoas? Isso já foi
feito, mas para transportar um homem.
Dispomos actualmente de tecnologias que nos permitem conhecer os
problemas paleoclimáticos que aconteceram na Terra nos tempos em que o
homem ainda não existia ou ainda sem intervenção danosa para o ambiente.
É fantástico o que podemos saber através, por exemplo, dos gelos...
Fantástico é pouco para descrever a importância desse conhecimento. Os
gelos da Antártida permitem-nos ter conhecimento de 430 mil anos de
história climática da Terra; os gelos da Gronelândia dão-nos 130 mil anos de
informações, entre as quais que há cerca de 25 mil anos havia icebergues
ao largo da costa portuguesa; nessa altura o Atlântico estava todo gelado,
desde a Europa à América e até à latitude sul das Ilhas Britânicas. E também
sabemos que há 15 mil anos se deu início a um degelo muito grande...
O que explica o episódio bíblico do dilúvio...
Precisamente. Tudo isso está actualmente explicado: os povos de então, que
não conheciam a Terra como nós hoje a conhecemos, viram de repente
aquela água toda a aparecer por todos os lados, que é como quem diz havia
degelos, o que para eles representou uma inundação... o dilúvio universal.
Na altura desse degelo o homem ainda não fazia disparates. A que se deveu
esse aquecimento global há 15 mil anos?
Se «lermos» os gelos da Antártida verificamos que há 135 mil a 115 mil anos
a atmosfera aqueceu muito ao longo de cerca de 20 mil anos. As alterações
da temperatura não acontecem de um ano para o outro, mas ao longo de
períodos longos, ao fim dos quais a natureza tende a passar de um extremo
ao extremo oposto, passando para valores de temperatura intermédios. Nos
registos dos gelos da Antártida, por exemplo, podemos verificar aquilo a que
chamamos alterações climáticas. Entre os 135 e 115 mil anos atrás (período
Emiano), tivemos um comportamento muito parecido com o que estamos a
ter actualmente (período Holocénico). O período Emiano durou 20 mil anos:
a atmosfera aqueceu e manteve-se durante esses anos todos com valores
estáveis. Nós conseguimos saber as variações da temperatura e as
concentrações de CO2 [dióxido de carbono] e de CH4 [metano] nesse
intervalo de 20 mil anos. Depois, voltamos ater os valores do tempo da
atmosfera fria, como os que tivemos antes do período Emiano. Há cerca de
50 mil anos atrás, a atmosfera atingiu o valor mais baixo de temperaturade
que temos registo, paraem seguida, há 25 mil anos, começar a subir, até
passar o seu ponto de aquecimento, há 15 mil anos, dando-se então o
«dilúvio». As variações seguem este ciclo de sobe-e-desce da temperatura,
de um extremo ao outro, até aos dias de hoje. Nós estamos no chamado
período Holocénico, que já dura há 15 mil anos. E quando comparamos a
evolução do CO2 no Holocénico com a do Emiano, verificamos que teve um
comportamento relativamente estável durante o Emiano e que no
Holocénico tem aumentado, agora já por efeito da acção do homem.
Aquecimento por efeito estufa.
Exactamente. Para nós, a temperatura tem estado a subir, também por causa
das asneiras do homem. Podíamos, em todo o caso, pensar o seguinte: «Se
é verdade que estamos sujeitos aos fenómenos astronómicos, então já
estaríamos com temperaturas frequentemente abaixo de zero Celsius». É
verdade, mas não estamos porque o efeito estufa está a atrasar o processo.
Vantagem? Não, porque os glaciares estão a derreter; veja o exemplo do Sul
do Chile, que em 1926 cobria a montanha de gelo, desde o nível do mar até
ao cume e agora, todos os anos, vão-se colocando estacas ao longo da
encosta para mostrar aos turistas que o glaciar ainda ia até ali no ano
anterior. Os bichinhos vão subindo a montanha à procura de fresco, porque
cá em baixo já está demasiado quente. Uma quantidade grande de espécies,
borboletas e rãs, por exemplo, já desapareceram. No Árctico, os ursos
| 45 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
| 46 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
brancos já não se alimentam de focas, estão a comer-se uns aos outros por
falta de alimento. Mais: os ursos brancos são nadadores ágeis, mas nada
resistentes ao subir e descer os blocos de gelos e por isso estão a morrer
afogados de cansaço. Em África, as manadas de elefantes eram conduzidas
por uma fêmea velha, que sabia a localização dos lagos e dos pastos, mas
hoje os pastos começam a não estar definidos e a água a secar e as
manadas insurgem-se contra a autoridade da matriarca que os dirigia. Quem
é que tem culpa disto? O nosso tempo.
Então não há nada que possamos fazer?
Há. Podemos deixar de fazer asneiras. Podemos parar a destruição das
florestas da Amazónia, da Indonésia, da África Central... Mas enquanto
houver povos que precisam de dinheiro para viver e povos ricos que
compram a madeira dessas florestas, o clima só vai mudar para pior. Quem
tem culpa? Os povos ricos, com certeza, que andam sistematicamente à
procura de ter tudo de bom aos pés da cama. Repare que a maioria dos
homens, se pudesse, colocava o aeroporto à porta de casa. Em Portugal não
se consegue conceber as coisas de outra forma, não se consegue perceber
e aceitar que a utilização do espaço tem de ser racional, não pode assentar
no comodismo. O comodismo está a custar-nos muito caro.
Um desses custos estamos prestes a pagá-lo. Há previsões de que, em
2025, a água vai começar a faltar em multas regiões. Portugal será um dos
mais afectados...
É verdade. A água irá faltar na Península Ibérica (Portugal e Espanha), no
Norte da China e Manchúria (Ásia), na Austrália, na Nova Zelândia e na
Tasmânia (Oceânia). O deserto do Sara está a ampliar-se para o Sul da Europa
– isto foi absolutamente verificado no inicio dos anos oitenta por equipas de
meteorologistas de Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia e Turquia, no
âmbito de um projecto conjunto chamado MEDALUS [Mediterranean
Desertification and Land Use, ou seja, Desertificação do Mediterrâneo e Uso
da Terra]; jánessa altura se concluiu quea linha de risco de desertificação em
Portugal já passava ao norte do Tejo. Em África, as previsões apontam para
o aumento da região saeliana para sul; nesse continente há regiões onde o
Sael já está aprogredir numa extensão de dez quilómetros por ano.
Por causa dos incêndios?
Dos incêndios, da desarborização, o que por sua vez acelera as
desertificações. Julgo que não estamos muito atentos ao que já se está a
passar... Veja o problema do Darfur [no Sudão, onde aldeias inteiras foram
arrasadas, 400 mil pessoas morreram, no interior do país há 1,9 milhões de
deslocados e os confrontos entre rebeldes, forças de segurançae milícias
janjaweed se arrastam]. Por que razão está tão complicada a situação no
Darfur? Porque a seca já não permite que as populações vivam no interior e
por isso estão a procurar locais próximos de água. Mas isso está também a
suceder na Costa do Marfim, as pessoas estão a ir para a costa.
Essas deslocações estão associadas â extensão do sael para sul?
Claro. Já estamos a ter problemas de mobilização de populações como
| 47 |
cineeco2007
consequência do aumento da desertificação. A América do Sul e a Europa do
Norte serão as únicas regiões que, em 2025, não terão problemas de falta
de água. Os meus colegas climatologistas dão-nos informações de que o
famoso antici-clone dos Açores apresenta tendência para se estabelecer com
muito maior frequência a sul das Ilhas Britânicas ou entre os Açores e a
Madeira. Qualquer destas posições irá constituiruma barreira, um bloqueio;
o anti-ciclone, estendendo-.se em crista para nordeste em direcção à
Escandinávia e em cris-taparasudoeste em direcção à América Centraí, vai
fazer com que as chuvas não venham directamente para o Sul de França,
Espanha e Portugal e tenham de dar a volta, indo chover provavelmente na
Alemanha, na Polónia, na Europa Central, no Leste da França.
As reservas subterrâneas estão secas. Em Portugal, os índices de precipitação
registaram, nos últimos três anos, níveis abaixo do que é normal...
Tudo isso está relacionado com a tal evolução astronómica. As asneiras do
homem não são por si causas, são comprometimentos, agravam a situação.
Precisamos de ter consciência de que há fenómenos irreversíveis e que não
devíamos comprometê-los com outros. Há dois anos, na altura da seca, ouvi
esta coisa espantosa da boca de um político nosso muito responsável: «Não
podemos continuar a regar os jardins com a água do Alviela,tem de ser com
a água subterrânea.» Este senhor não imagina o disparate que disse.
Háregioes em Portugal quejátêm falta de água porque se fizeram furos, foise buscar água ao subsolo e agora não há água nem cá em cima, porque
não chove, nem lá em baixo, porque já a gastaram. Com a seca de há dois
anos, abriu-se uma quantidade de poços sem qualquer controlo.
Acha que Portugal está a acautelar-se para uma falta de água prolongada?
2025 é jã amanhã.
A acautelar-se? De modo nenhum. Já devíamos estar a pensar em
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
| 48 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
dessanilizadores. Veja o caso exemplar do Porto Santo [na Madeira]. A ilha
não tem água, praticamente não chove e, no entanto, ninguém morre à sede.
No continente não se faz conversão da água do mar, mas devíamos estar a
investir nessa tecnologia. Mas, menina, isso não me surpreende. Há tantas
coisas neste país que me escandalizam,
O que mais o escandaliza?
Escandaliza-me que já todos tenham chegado à conclusão de que o
petróleo é altamente polui dor e Portugal tenha anunciado que vai fazer
prospecção de petróleo ao largo da costa, para o que tem de gastar 36 a
38 milhões de euros. Não seria melhor aplicar esse dinheiro em fontes
energéticas menos poluentes? Escandaliza-me que o Algarve tenha três mil
horas de sol por ano – que é o máximo de horas de sol em todo o
Mediterrâneo – e não façamos nenhuma utilização disso. Escandaliza-me
que seja um estrangeiro a montar uma central solar fotovoltaica, uma das
maiores do mundo, no Alentejo, e não um português; o que fazem os
nossos senhores da massa ao dinheiro que têm? Investem-no no Brasil, em
Marrocos, não o empregam cá. Escandaliza-se que, apesar do problema da
provável falta de água, se anunciem várias construções turísticas à volta da
albufeira de Alqueva. Escandaliza-me que se fale na construção de um
aeroporto na Ota, quando se sabe que essa zona não tem solo resistente,
tem água de mais; para ganhar a resistência necessária de modo a
conseguir suportar uma pista que aguente aviões de 500 passageiros,
precisaria de uma quantidade enorme de reforços de betão. Repare, um
avião de 500 passageiros tem 50 tripulantes. Se multiplicar 550 por 60
quilos de peso médio, fica a saber qual é o peso de pessoas. Junte o peso
do avião, o peso de carga, o peso do combustível... Quando o avião aterra,
o chão precisa de ter resistência para aguentar o ímpacte. Veja o que
aconteceu recentemente no aeroporto de Banguecoque [Tailândia], em que
a pista cedeu porque o aeroporto foi construído numa zona lamacenta com
características semelhantes às da Ota... Escandaliza-me toda a polémica à
volta do TGV, quando, na minha opinião, trata-se de uma necessidade,
tendo a mais-valia de no futuro poder ser alimentado a energia solar.
Escandaliza-me que se continuem a projectar aeroportos numa altura em
que se sabe que o petróleo vai acabar antes do fim deste século – isso,
para mim, é que é loucura, falta de razão, de lógica. Não se esqueça de que
são as grandes petrolíferas mundiais que estão a gastar mais dinheiro na
investigação de energias alternativas. Porque sabem que a «mama» vai
acabar e quando vai acabar...
Nos próximos anos as temperaturas actuais irão subir 2° c. Para 2050, esse
aumento será de 5º c. o que é que mudará nas nossas vidas?
Provavelmente, os que vivem nas regiões mais afectadas pela falta de água
terão, para sobreviver, de se deslocar para regiões onde esse problema não
exista.
Isso quer dizer que, daqui a vinte anos, Portugal e Espanha não vão ter
gente? Vamos fugir para o Norte da Europa?
Tudo indica que sim, possivelmente iremos para as costas do Norte, porque
em 2025 não se prevê falta de água na Bélgica, na Holanda, na Alemanha,
na Polónia...,mas não se esqueça de que as previsões são isso mesmo,
previsões, e a natureza não tem compromisso algum com as previsões que
fazemos. Até lhe digo mais: antevê-se que daqui a cinco mil anos, todo o
mar Mediterrâneo desaparecerá, porque o continente africano continua a
avançar para norte!
Isso está também relacionado com a subida do nível da água do mar que.
segundo um alerta lançado num estudo do Banco Mundial, será de um
metro e causará «sessenta milhões de deslocados». Esse cenário abrange
Portugal?
Essa é a tendência, sim. Esse cenário irá ocorrer sobretudo nos países que
têm costa e com uma construção muito baixa. Nova Iorque, por exemplo,
será uma cidade fortemente prejudicada com o aumento do nível da água
do mar, mas os políticos americanos parece que não estão nada
preocupados com isso.
Quais são os três grandes riscos nos tempos mais próximos?
O colapso da corrente do Golfo, o colapso da Amazónia e a libertação de
metano dos fundos oceânicos.
E que consequências podemos esperar desses fenómenos?
Em relação ao colapso da corrente do Golfo, estamos a provocar o degelo
dos degelos da Gronelândia,oqueirá causar uma redução da salinidade das
águas mais a norte do Atlântico Norte. Uma água de baixa salinidade congela
mais depressa do que se tiver maior teor de sal. Então, o colapso da
corrente do Golfo pode levar-nos ao congelamento do Atlântico Norte como
sucedeu há 25 mil anos. Ou seja, pode suceder aquilo que muitos
climatologistas já dizem:«Estamosaaquecerparaconge-lar.» Sobre o colapso
dafloresta amazónica: se continuarem a destruir a Amazónia para construir
estradas de acesso e para fornecer madeira aos ricos que querem comprála, deixaremos de ter aquelegrande pulmão, que é certamente maior do que
o conjunto das florestas de África ou do que o conjunto das florestas da
Indonésia e tem uma rede de rios e de afluentes que faz com que tenha um
determinado teor de humidade que, a perder-se, não se equilibra e recupera
facilmente.
Em 1962 começou a «entrar» em casa dos portugueses. Era o homem do
tempo. Tem saudades de apresentar a meteorologia na televisão?
O passado não se esquece, mas não passa disso: passado. Quero dizer que
não me traz nostalgia de espécie alguma. Se era bom as pessoas
reconhecerem-me na rua? Aindahoje o fazem e garanto-lhe que não tenho
vaidade nisso, honestamente. De vez em quando sou chamado para ir à
televisão falar do tempo [n]. O clima agora está na moda. Dantes ninguém
nos dava ouvidos, apesar dos alertas.«
entrevista de Carla Amaro, com fotografias de Filipe Pombo,
na revista “noticias magazine”, de 12 de Agosto de 2007.
| 49 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
| 50 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
_UM PLANETA À BEIRA DO CAOS AMBIENTAL
Ouve-se frequentemente; o clima da Terra está a mudai’! Mas, enquanlo o
clima da Terra mudar a Terra é um planeta vivo.
Da sua história climática lemos dois testemunhos: os gelos da Cronelândia
que nos dão 15 000 anos e os da Antárctida que nos dão 420 000 anos.
O sistema climático global, ou o clima de toda a Terra, é composto por
cinco subsistemas: a Atmosfera (todos os gases), a Hidrosfera (todas as
águas), a Litosfera (todas as rochas), a Criosfera (todos os gelos) e a
Biosfera (todos os seres vivos: animais e plantas). Estes cinco subsistemas
estiveram em equilíbrio, apesar de e com as suas interacções. O
desequilíbrio começou com a Revolução Industrial, mais precisamente em
1785. Em pouco mais de dois séculos colocamos o planeta Terra à beira
do desastre, e não é exagero, por desequilíbrios que os subsistemas
referidos não conseguem compensar. E o vilão foi o único animal que
destrói o seu ambiente: o homem.
O clima muda devido a factores vários: factores climáticos são as
condições físicas que influem no clima. O clima é modelado por factores
externos e internos. Os factores externos podem ser agrupados em: a)
factores gerais, como factores astronómicos (o movimento de rotação da
Terra em torno do seu eixo, o movimento de translação em torno do Sol,
a esfericidade da Terra, a radiação solar recebida, a existência de
continentes e oceanos) e em b) factores regionais e locais como a
distância ao mar; a topografia, a natureza dos solos, a cobertura vegetal,
a proximidade de lagos.
Os factores internos estão relacionados com as propriedades intrínsecas
da atmosfera, tais como a sua composição, as várias instabilidades e a
circulação geral da atmosfera.
Os factores astronómicos são in-controláveis e a sua acção no clima da
Terra é profunda, mas insensível no decorrer ligeiro da vida humana.
Todavia, da análise dos gelos da Gronelândia e da Antártida podemos
concluir que desde que o homem habita a Terra já sofreu variações
profundas do clima relacionadas com os factores astronómicos. O homem
existe há mais de 4 milhões de anos. Recentemente foram encontradas
ossadas de uma criança que viveu há 3 milhões e 300 mil anos. Dos
factores astronómicos notemos que:
- A órbita terrestre em torno do Sol varia entre quase circular, ou elipse de
distância focal pequena (situação de que começa a afastar-se) e órbita de
excentricidade acentuada, com periodicidade de 100 mil a 413 mil anos;
- A inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano da órbita,
varia entre 22° e 25° (estamos com 23°30’ a caminho dos 25”), com
periodicidade de 41 mil anos;
- A rotação da órbita terrestre em torno de uma posição média e a
precessão dos equinócios, com uma periodicidade de 19 mil a 23 mil anos.
Para esta rotação interessa citar que as duas posições da Terra no espaço,
mais perto do Sol (periélio) e mais longe (afélio) se consideram unidas por
um eixo chamado dos ápsides. A par deste há outro eixo que une os
solslícios c tem outro perpendicular que une os equinócios. Os eixos dos
ápsides e dos solstí-cios rodam, centrados naquela posição média, mas
afastam-se um do outro em sentidos opostos: o dos solstícios para a
direita c o dos ápsides para a esquerda. Consideremos a periodicidade
média de 21 mil anos, ou 210 séculos, e teremos um afastamento médio
de 1,7° de arco por século. Actualmente os dois eixos estão afastados de
30° de arco e, portanto, foram coincidentes há 17,5 séculos, já na era
cristã.
0 desvio do eixo dos solstícios para a direita do eixo dos ápsides provoca
uma antecipação dos equinócios, ou precessão, que já se referiu. E essa
antecipação é já sensível com as andorinhas a aparecerem mais cedo e
plantas a florirem mais cedo.
Variação sensível de componentes gasosos
Voltemos às amostras de gelos polares e às informações paleoclimáticas
que nos fornecem: 420 mil anos nos geios da Antártida e 15 mil cento e
poucos na Gronelândia.
Nos gelos da Antártida podemos analisar os comportamentos do CO2 (o
dióxido de carbono, poluidor), do CH4 (o metano, aquecedor da
atmosfera) e da temperatura. Lemos, facilmente, que houve um mínimo
absoluto da temperatura pouco antes de há 330 mil anos e um máximo,
superior a qualquer outro até ao presente, há 320 mil anos, o que nos dá
bem a ideia de como os fenómenos naturais passam de um extremo para
outro, rapidamente, em tempo astronómico. Distinguimos perfeitamente
dois períodos de variações bem marcadas dos três indicadores citados:
anidrido carbónico, metano e temperatura. O primeiro período, o Emiano,
de 132 mil anos a 115 mil anos, e o segundo período, o Holocénico, de 15
mil anos até ao presente.
Comparando esses dois períodos, vemos que, num e noutro, as subidas
dos três indicadores foram praticamente directas, em 10 mil anos, mas: o
CO2 no Emiano atingiu o máximo directamente e começou a descer, e no
Holocénico continua a subir, com uma hesitação entre 10 mil e 9 mil anos
atrás; o CH4 atingiu o máximo no começo do Emiano e começou a descer
regularmente, ao passo que no Holocénico oscilou bastante no começo do
período, teve um mínimo há cerca de 10 mil anos e tem estado a subir; e
a temperatura, no Emiano atingiu um máximo há cerca de 125 mil anos e
começou a descer regularmente, mas no Holocénico tem estado a oscilar
e, actualmente, a subir.
Dos gelos da Gronelândia tiramos outras conclusões paleoclimáticas. A
temperatura atingiu um mínimo absoluto de 49° abaixo de zero Celsius
(abzC), há pouco mais de 16 mil anos, mas subiu, quase directamente,
para 32,5° (abzC) há 14 mil e 100 anos. Desceu, com variações acentuadas,
para 48,5° (abzC) há 13 mil anos, para a seguir, subir, quase directamente,
de 47,5° (abzC) para 36° (abzC) em cerca de 2 mil anos. Com leitura mais
precisa , conhecemos as variações da humidade do ar, e vemos que entre
| 51 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
| 52 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
1385 e 1115 da era actual houve 270 anos de seca no Hemisfério Norte, o
que corresponde ao colapso da civilização Maia, uma civilização muito
evoluída em astronomia mas fortemente dependente da agricultura. Quem
visite o Mundo Maia não encontra cemitérios, porque o povo fugiu para
sul, para o Mundo Inca.
Há 5 mil anos o Norte de África era verdejante e com lagos. Em 300 anos
transformou-se no deserto de Saara, com alguns oásis, resto dos lagos.
E o presente climático?
Poderíamos estar já, e provavelmente estamos, a caminhar, astronomicamente, para nova era de frio. Poderíamos estar já com uma temperatura
média global alguns graus abaixo de zero Celsius. Mas o efeito de estufa
está, com certeza, a retardar essa evolução astronómica natural, à custa
de males que... as interacções dos cinco subsistemas atrás referidos não
compensam.
Os modelos de antevisão climática apontam para que os extremos sejam
cada vez mais frequentes e mais violentos: vagas de calor e de frio,
inundações e secas, mais frequentes e mais intensas.
Dos modelos já concluímos que em 2025, (estamos no começo de 2007),
haverá problemas sérios de falta de água: na Península Ibérica (única
região da Europa com essa ameaça), na Manchúria, na Austrália, na
Namíbia (onde toda a água dos esgotos já é tratada c reutilizada), nos
Estados do Oeste dos Estados Unidos, num prolongamento do deserto do
Texas.
Dos modelos também concluímos que por volta de 2100, daqui a 93 anos,
os glaciares da Terra lerão desaparecido. Entretanto, continuando a
retroceder, os fluxos de água no Verão vão diminuir e a água disponível
será reduzida. Mas em Portugal temos projectos de grande exploração do
“maior lago artificial da Europa”. Com que água? ...
Parece haver incoerência entre possíveis inundações mais frequentes e mais
violentas e falta de água para... beber. Mas as inundações são em áreas
pequenas quando comparadas com as dimensões das reservas necessárias
para sustentação global. E as inundações serão seguidas por secas...
Para Portugal Continental: em 1981-1983, um projecto conjunto de
Portugal, Espanha, França, Itália, Grécia e Turquia, chamado MEDALUS
(Mediterranean Desertification And Land Use – desertificação mediterrânica
e uso da terra), consequente de uma convicção de que o deserto de Saara
estava a estender-se para norte do Mediterrâneo, concluiu, esse projecto,
que o risco de desertificação era já assinalável. E a linha de risco deixou
a metade sul da Península Ibérica ameaçada. Para Portugal a linha já
passava, em 1983, a norte do Tejo. A experiência da Reforma Agrária, no
Alentejo, sem o pretender, acelerou a tendência para desertificação. Agora,
com os incêndios que queimaram grande parte das matas a norte do Tejo,
onde vai a linha de risco concluída há 23 anos?
A Revolução Industrial iniciou a poluição da atmosfera do planeta e o
aumento tem sido constante. Reuniões sobre o clima em Montreal, no Rio
de Janeiro, em Kioto. Cientistas, a maior parte deles a trabalhar nos
Estados Unidos, afirmam, demonstram, que o planeta está à beira do caos
ambiental.
A causa maior do aquecimento global tem sido o uso de combustíveis
fósseis, particularmente o petróleo. 0 perigo de caos ambiental aconselha
a que procuremos, rapidamente, abandonar todas as fontes de energia
que produzem dióxido de carbono: o carvão, o petróleo, o gás natural. E
em Portugal temos a promessa de gastar uns milhões de euros para ir
procurar petróleo, em águas profundas ao largo da costa...
O hidrogénio... é um sonho, porque é perigoso a títulos vários.
Mas quem sabe disto são os políticos e... as empresas exploradoras de
petróleo, que gastam já trnlhões na experimentação de energias novas,
mas que não abandonarão o petróleo, o carvão e o gás natural, enquanto
os houver. Já se pensa em tratamento químico do carvão para obter gás...
Os ursos polares estão a morrer afogados por que o seu gelo contínuo
está a transformar-se em blocos, pequenos, à deriva no Ártico: são bons
nadadores, mas pouco resistentes a subir e descer de bloco para bloco.
Comiam focas. Agora já se comem uns aos outros As ursas morrem
afogadas com os filhos, nos buracos que abriram nos gelos para terem as
suas crias. Os pinguins Imperador da Antártida caminham muito mais do
que caminhavam para ir ao mar encher-se de peixe para alimentarem os
filhos. Se não forem esmagados pelos gelos à deriva, quando chegarem
aos ninhos as crias já morreram de fome. As manadas de elefantes, era
África, começam a sofrer desestabilização, por que as manadas foram
sempre conduzidas por unia fêmea velha, conhecedora dos pastos e dos
bebedouros. Mas os pastos estão a secar, os bebedouros também e os
elementos mais novos das manadas desesperam e a manada
desestabiliza.
Há muitos mais sinais de alterações climáticas, aqui e além. Mas podemos
sofrer MUDANÇAS climáticas. Com uma alteração lenta, ou com o colapso
da corrente do Golfo no Atlântico, devido aos degelos da Gronelândia que
estão a baixai” a concentração de sal na água do mar. E a água com pouco
sal congela facilmente. Os cientistas apontam para “derretendo para
congelar, ou aquecendo para uma vaga de frio”.
Podemos sofrer a morte da floresta chuvosa da Amazónia, corno das
florestas da África e da indonésia. Haja países ricos a comprar as madeiras,
que haverá povos com fome a abater as florestas. E onde há florestas
abatidas, ou queimadas, não há governantes que legislem e obriguem a
reflorestação.
Com certeza que “é mais fácil provocar um deserto do que recuperá-lo”!
Fiquemos por aqui.
Anthímio de Azevedo, Professor universitário e Metereologista
In “Seara Nova”, nº 1699, da Primavera de 2007
| 53 |
cineeco2007
Homenagem
Anthímio de
Azevedo
Juny de 2008
CineEco2007
OBRAS
A CONCURSO
| 56 |
cineeco2007
1907 – 2007: Quando a Vinha Dorme
1907 – 2007: Quand la Vigne Dort… | 1907 – 2007: When the Vineyard Sleeps…
Obras
a concurso
Realização: François Manceaux (França, 2007); Argumento: François Manceaux; Fotografia
(cor): François Manceaux; Música: Vladimir Cosma; Montagem: Bruno Bervas; Som: François
Manceaux; Intérpretes: Vinicultores; Produção: Paquita Romson Production
Duração: 58min
Contacto: 5 Rue de Medicis – 75006 Paris – França; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental
Sinopse > “1907 – 2007: Quando a vinha dorme…” descreve a luta levada a cabo pelos
vinicultores de Gard (na província francesa) para salvar o ambiente e a sua profissão,
fazendo face a assuntos levantados pela globalização.
Synopsis > “1907 – 2007: When the vineyard sleeps…” recounts the struggle lead by the
wine growers from the Gard (in France’s countryside) in order to save their environment
and profession facing the issues raised by the globalisation’ s emergence.
François Manceaux
Estudou Cinema na Ecole Nationale Superieure de La Cinematographie, e começou
a sua carreira cinematográfica em 1974 como assistente de realização. Filmes: “We
cannes”, “Higelin à Bercy”, “Rock chinois à Berlin”, “Dessine – moi une télé”.
3269 Daisy
| 57 |
cineeco2007
3269 Dagros | 3269 Daisy
Obras
a concurso
Realização: Kenneth Elvebakk (Noruega, 2007); Argumento: Bjorn Godoy, Kenneth Elvebakk;
Fotografia (cor): Torstein Nodland, Anna Myking, Martin Otterbeck; Montagem: Torkel Gjorv;
Som: Lydhodene – Frode Loes Hvatum; Produção: Rune Denstad Langlo, Sigve Endresen for
Motlys As
Duração: 25’
Contacto: Arna Bersaas, Norwegian film Institute P.O. Box 48 2 Sentrum, Dronningensgt. 16
0105 OSLO, Noruega; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Vida Animal
Sinopse > Na Norwegian University of Life Sciences existem doze vacas fistuladas, ou seja,
com um largo orifício aberto lateralmente, o qual permite aos investigadores o acesso
directo a um dos seus quatro estômagos. Porquê? Para quê? Em nome de quê? Este filme
é a história de Daisy, desde os seus dias de vaca normal até aos de objecto de pesquisa
e de tema para doutoramentos. Durante seis meses acompanhamos Daisy e outras vacas.
Em breve ela terá a sua segunda cria.
Synopsis > At the Norwegian University of Life Sciences, they have twelve window cows.
These cows have a hole in the side of their body to allow researchers to shove a hand into
one of their four stomachs. Why? What are they looking for?
We follow Daisy and a number of other “research cows” for six months, from her
harmonious life in the stall until she has a large window operated into her side. Students
visit and doctorates are written. And Daisy is to have her second calf in the autumn.
Kenneth Elvebakk
Nascido em1966 na Noruega, é autor de diversos documentários, dos quais se
destacam o premiado “The Secret Club” (2003) e “Hullabaloo” (2006).
| 58 |
cineeco2007
Apenas Planeta – Floresta, a Esperança Certificada
Juste Planète – Fôrest, l’Espoir Certifié | Forest – A Certified Hope
Obras
a concurso
Realização: Jean-Michel Vennemani (França, 2005); Argumento: Jean-Michel Vennemani;
Fotografia (cor): Jean-Michel Vennemani; Montagem: sauel Lajus; Música: Serge Richard;
Som: Serge Richard;
Produção: La Compagnie des Phares et Balises, 55 bis, rue de Lyon, 75012, Paris, França,
www.phares-balises.fr; [email protected]
Duração: 52 min
Contacto: La Compagnie des Phares et Balises, 55 bis, rue de Lyon, 75012, Paris, França,
www.phares-balises.fr
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental
Sinopse > No estado de Rondônia, na floresta amazónica do Brasil, mais de 50% foi
classificada zona de catástrofe ecológica. Contudo, os pequenos produtores continuam a
afundar-se na pobreza. Um grupo de fazendeiros locais decidiu avançar por etapas: criaram
a associação dos produtores alternativos (APA), a fim de criar um modelo de agricultura que
respeitasse o ambiente e de cujos produtos se pudessem orgulhar.
Synopsis > In the state of Rondonia, in the Amazonian forest of Brazil, over 50%is a true
ecological catastrophe. However, small scall producers continue to sink into poverty. A
group of local farmer decided to take steps: they created the alternative producers’
association (APA), in order to create a farming model that respects the environment and
in which food takes pride of place.
Jean-Michel Vennemani
Realizador francês.
Aquecimento Global/Guerra Global
| 59 |
cineeco2007
Global WARming
Obras
a concurso
Realização: Kathrin Gnorski (Alemanha, 2007); Argumento: Kathrin Gnorski; Fotografia (cor):
Torsten Hölzel; Música: William Steffen; Montagem: Kathrin Gnorski; Som: William Steffen;
Produção: KaTH Production
Duração: 11min40
Contacto: Wallisellenstr. 257; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação ambiental
Sinopse > Uma discussão absurda debaixo de um sol abrasador: Dois homens de neve
discutem debaixo do sol sem se aperceberem que o sol é o seu maior inimigo.
Synopsis > An absurd fight under the hot shining sun…Two snowmen are fighting for the
place in the sun without realizing that the sun is their real enemy.
Kathrin Gnorski
Nascida em Schwedt/Oder em 1975. Estudou literatura inglesa e alemã na Johann
Wolfgang Goethe University, em Frankfurt. Filmes: “Tick”, “Sir Buttle”, “Civil War
Stories”.
| 60 |
cineeco2007
Bicho Preto Nasce Branco
Black Beast Born White
Obras
a concurso
Realização: Ângelo Lima (Brasil, 2007); Argumento: Ângelo Lima; Fotografia (cor): Gel
Messia/ Edinho Maraes/ Jonas Guedes; Montagem: Ja Corso; Som: Vitor Pimenta; Intérpretes:
Lourenço Barale Neto/ Euripedes de Oliveira
Duração: min
Contacto: Ângelo Lima – Av. Laudelino Gomes Q.210 L.32 setor Pedro Ludovico
Goiania/Goiás CEP74830-090
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental
Sinopse > Voar é com os urubus. Quem nasceu primeiro o Avião ou o Urubu? Lixeiro Celeste.
O feio e o belo se confundem. É uma questão de ponto de vista.
Synopsis > To fly is an activity for buzzards. What came first, the Plane or the Buzzard?
Ugliness and beauty are difficult to characterize. It all depends on the point of view.
Ângelo Lima
Realizou entre outros “Brasil 2001”, “Amarelinha”, “Um video chamado Brasil”,
“Ruidos da Fé” e Icologia que esteve presente no CineEco 2005
A Campina
| 61 |
cineeco2007
Die Wiese | The Meadow
Obras
a concurso
Realização: Jan Haft (Alemanha, 2005); Argumento: Jan Haft; Locução: Robin Quirk;
Fotografia (cor): Jan Haft, Robert Morgenstern, Markus Rüth, Kay Ziesenhenne; Música: Joe
Dinkelbach; Montagem: Robert Morgenstern, Peter Köhler; Som: Frank Casaretto; Produção:
Tom Synnatzschke, Sabine Holzer, Melanie Haft, Thomas Harnisch, Eva-Maria Wittke Nautilusfilm GmbH
Duração: 43min
Contacto: Esterndorf 41, D – 84405 Dorfen, Alemanha; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental, Polis, Antropologia Ambiental
Prémios: Intermédia Globe Gold Award, Wildlife Vaasa (Finlândia), World Media Festival
(Alemanha), Jackson Hole 2007, Deutscher Kamerapreis 2007, entre outros
Sinopse > Todos a conhecemos, todos a adoramos – a campina de flores. Este oceano de
cores e formas frágeis oferece uma casa, que é um verdadeiro paraíso para uma enorme
quantidade de animais. Alguns vivem debaixo do solo, outros na relva, e ainda, outros na
colorida “abóboda”. Este filme mostra o desenvolvimento de uma campina, desde a idade
do gelo até hoje.
Synopsis > We all know it, we all love it – the flower meadow. This ocean of colours and
fragile shapes offers a home, a genuine paradise to countless species of animals. Some
live underground, some among the blades of grass, still others populate the colourfull
“canopy”. The film shows the development of a meadow from the Ice Ages until today.
Jan Haft
Estudou biologia e geologia na cidade de Munique, e é fundador da produtora
Nautilusfilm. Filmes: “Lebensraum Kieswüste”, “Heimkehr der Biber”, “Andalusien”,
“Die Türkei”, entre outros.
| 62 |
cineeco2007
Os Campos de Deméter –
As Estações de Ano na Paisagem Europeia da Cultura
Fields of Demeter – Seasons in the European Landscape of Culture
Obras
a concurso
Realização: Knut Krzywinski. (Noruega, 2007); Argumento: Knut Krzywinski e Graham
Townsley; Fotografia: Chris Cox; Montagem: Sérgio Ramirez, Mike Barret; Musica: Max de
Wardner; SOM: Pau Langwade; Intérpretes: Lise Tingstad, Norhild Ekeland, Kate Lindsay,
Rachel Groves, Daniel Naprous, Dylan Barnes, Mandy Lomax, Norman Peachman, Hanne
Müller, etc. Produção: ECL, UNIFOB NATURAL SCIENCE;
Duração: 47 min
Contacto: Ecl, Unifob Natural Science - Thormøhlensgt 49, N-5006 Bergen, Norway;
TEL:+4755584946; FAX:+4755584991; [email protected]; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental , Vida Natural, Lusofonia
Sinopse > A deusa grega Deméter deu a agricultura à humanidade. Desde então ela tem
dado sucessivas novas formas à natureza. “Campos de Deméter” é uma viagem através da
paisagem europeia, visível e invisível. Com o poder da águia xamã, duas jovens conhecem
a história, diversidade e mitos dos povos que trabalham sensatamente a terra.
Synopsis > The Greek goddess Demeter gave agriculture to mankind. Since then it has
shaped and reshaped nature. “Fields of Demeter” is a voyage through the visible and
invisible European landscape. With the power of the shamanic eagle two young girls
experience its history, diversity, myths and people who sensitively work the land.
Knut Krzywinski
Realizador e professor, nascido em 1949. Botânico tenta a interdisciplinaridade,
abordando as ciências humanas e sociais. Escritor, jornalista, coordenador de
projectos internacionais, documentarista. “Fields of Demeter” é o primeiro filme de
um projecto europeu em curso.
Carpa Diem
| 63 |
cineeco2007
Carpa Diem
Obras
a concurso
Realização: Sérgio Cannella (Itália, 2006); Argumento: Sérgio Cannella; Fotografia (cor):
Roberta Allegrini; Música: Ivan Monterosso; Montagem: Ivan Monterosso; Intérpretes: Lole
Ruvolo, Alessio Gorgone; Produção: Amap
Duração: 2min
Contacto: Via Notarbartolo, 54 90145 – Palermo Itália; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Água
Prémios: UNESCO reconhecimento e melhor curta-metragem no Salento Finibus Terrae
“HUMAN RIGHTS”, Melhor curta-metragem no Corto’o Globo festival 2006 (Angri, Itália),
Melhor curta-metragem no “Visioni Italiane Film Festival 2006 (Bolonha, Itália).
Sinopse > Um apartamento. Hora de dormir. Uma menina olha amorosamente para um peixe
(uma carpa) que nada no aquário, enquanto o seu irmão mais novo está a brincar na casa-de-banho, a ouvir música e a deixar a água do lavatório a correr. Um desperdício de água
que se pode vir a tornar numa tragédia.
Synopsis > An apartment. It’s bedtime. A little girl lovingly watches a fish (a carp)
swimming in an aquarium, while her younger brother is playing in the bathroom, listening
to music and letting the water run in the sink. A waste of water that could turn into tragedy.
Sérgio Cannella
Nascido em Palermo, especializou-se como câmara de SteadyCam na American
School of Garret Brown. Realizou documentários, publicidade e ficção.
| 64 |
cineeco2007
Carvão, Terra, Casa
Heursdorfer Erde | Coal, Earth, Home
Obras
a concurso
Realização: Robert Harding Pittman (Alemanha,E.U.A, 2005); Argumento: Robert Harding
Pittman; Fotografia (cor): Robert Harding Pittman; Montagem: Andreas Preisner; Som: Nora
Krug, Amy Östrom,, Thomas Ladenburger, Alina Skreszewska, R.H. Pittman Produção: Robert
Harding Pittman
Duração: 40min
Contacto: Calle Argumosa 5, 5º, ext, izq 28012 Madrid - Espanha; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental; Vídeo Não Profissional
Prémios: Catalonia International Environmental Film Festival (FICMAC ’06), Espanha
Sinopse > A vila de Heursdorf, com 750 anos, localizada perto de uma mina de carvão, na
Alemanha de Leste, está a lutar pela sua sobrevivência. Uma empresa multinacional
pretende apoderar-se do carvão que se encontra sob as casas da vila para alimentar a sua
central eléctrica. Qual é o valor de um lar face ao progresso?
Synopsis > The 750 year old village of Heursdorf, located on the edge of an open pit coal
mine in eastern Germany, is fighting for life. A multinational company demands the coal
located underneath its homes to fuel its power plant. What is the value of home in the face
of “progress”?
Robert Harding Pittman
Cresceu nas cidades de Boston e Hamburgo. Depois de se tornar engenheiro
ambiental obteve um M.F.A em fotografia e filme/vídeo pela Universidade de
CalArts (L.A.). Hoje em dia o seu interesse está focado na interacção com
diferentes culturas, e questões ambientais. Filmes: “Oak #419” (Alemanha/E.U.A);
“Concrete Coast” (Espanha).
A Casa
| 65 |
cineeco2007
The House
Obras
a concurso
Realização: Paulo Cartaxana (Portugal, 2007); Argumento:; Fotografia (cor): André Costa;
Montagem: Paulo Cartaxana; Som: Rita Fevereiro e Hugo Alves; Intérpretes: Ricardo
Custódio, Júlio Miguel Mendes, Bárbara Cota, Florbela Batista, Abdreia Pereira, António
Fonte, Viriato Batista, António Borges, Sara Borges, António Oliveira, Higo Tom´r, Ana
Oliveira, Joãp Falcão, António Silva, Philipp Steinmetz, Alessandra Borges, Céu Páscoa, Efrén
Carrizo e colaboradores da casa de Sta Isabel; Produção: Paulo Cartaxana
Duração: 51 min
Contacto: Paulo Cartaxana – Rua São Filipe Néri, 26 – 3º drt., 1250-227 Lisboa - Portugal
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental
Sinopse > A Casa Sta Isabel (Seia, Serra da Estrela) é uma comunidade terapêutica para
crianças, jovens e adultos necessitados de cuidados especiais. O Ricardo, 12 anos, é um
recém-chegado à casa. Miguel, 30 anos, terminou a formação de carpinteiro e tenta adaptarse a um emprego fora da casa. O dia-a-dia de uma comunidade singular.
Synopsis > Saint Isabel’s House (Seia, Serra da Estrela) is a therapeutic community for
children, young people and adults who need special care. Ricardo, who is 12 years old, has
just arrived to the house. Miguel, 30 years old, completed his studies to become a
carpenter and is trying to get used to a job outside of the house. The film shows the daily
life in a particular community.
Paulo Cartaxana
Nascido em Moçambique em 1970, terminou a Licenciatura em Cinema (Realização)
na ESTC em 2007. Foi assistente de realização em “98 Octanas” e assistente de
produção em “Body Rice”. “A Casa” é o seu filme de estreia como realizador.
| 66 |
cineeco2007
Cerrado, Quanto Custa?
Cerrado, How Much It Costs?
Obras
a concurso
Realização: Rosa Berardo; Co-direção: Murilo Berardo (Brasil, 2007); Argumento: Problemas
Sócio-Ambientais trazidos pela monocultura da cana no centro-oeste brasileiro; Fotografia
(cor): colorido; Montagem: Murilo Berardo, Júlia Berardo e Rosa Berardo; Som: Rosa Berardo
Produção: Rosa Berardo Cinema e fotografia
Duração: 42 minutos
Contacto: [email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental
Sinopse > Documentário sobre o avanço da monocultura da Cana de Açúcar no Centro Oeste
brasileiro. Aborda as questões da destruição do Cerrado e da exploração da mão-de-obra
nas lavouras.
Synopsis > This documentary is about the development of the monoculture of the sugar
cane in the Brazilian Western Centre. It is an approach to the problems caused by the
Cerrado’s destruction and the exploitation of human labour in agriculture.
Rosa Berardo
Realizadora Brasileira. Filmografia: “André Louco”, “A Fabricaçao Do Maple Sirup
Em Quebec”, “A Fabricaçao Da Ceramica Waura – Alto Xingu”, “Um Dia No Circo”,
“Religioes Afro-Brasileiras”.
CO2 ou Tu?
| 67 |
cineeco2007
CO2 or You?
Obras
a concurso
Realização: Tama Gempton (Canadá, 2007); Argumento: Tama Gempton; Fotografia (cor):
Tama Gempton; Música: Sarah MacDougal; Montagem: Tama Gempton; Som: Sarah
MacDougal; Intérpretes: Sheik Sahib; Produção: Cinematic Imagination
Duração: 1min
Contacto: Box 43 Burton, B.C. VOG 1E0 Canadá; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental, Antropologia Ambiental
Sinopse > Com as mudanças climáticas a tornarem-se uma realidade, a fé da humanidade
na tecnologia para resolver essas mudanças está a ser desafiada pela nossa incapacidade
de desistir dessas mesmas tecnologias. Filmado na terra, em 2007, Co2 or you faz a
pergunta que em breve terá de ser respondida.
Synopsis > With Climate change becoming a reality, humanity´s faith in technology to solve
our climate problems is challenged by our inability to give up on harmfull technologies.
Filmed on earth day 2007 Co2 or You? asks the question we all will soon all need to answer.
Tama Gempton
Nascida em Vernon, Canadá. Licenciada em cinema na Simon Fraser University.
Filmes: “Vowel Play”, “Poncho Dog”, “How to stay Healthy in Klemtu”.
| 68 |
cineeco2007
Corno de Bico
Corno de Bico
Obras
a concurso
Realização: Martin Dale (Portugal, 2007); Argumento: Martin Dale; Fotografia (cor): Martin
Dale; Música: Music Bakery Q Music; Montagem: Martin Dale; Som: Martin Dale; Produção:
Formigueiro Lda.
Duração: 17min
Contacto: Rua São Bento 247, 4970 Arcos de Valdevez; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Vida Natural; Prémio Especial de Lusofonia
Sinopse > A paisagem protegida de “Corno de Bico” é um dos habitats naturais melhor
preservados do Alto Minho. Um verdadeiro reduto natural no centro do distrito de Viana do
Castelo, integrando alguns dos seus picos mais altos e albergando muitas espécies raras
de fauna e flora.
Synopsis > The protected scenery of Corno de Bico is one of the best preserved natural
habitats of Alto Minho. A true natural paradise in the centre of Viana do Castelo, which
includes one of its highest picks and plenty of natural species.
Martin Dale
Filmes: “Luz”, “Vez”
Da Terra das Lágrimas Amargas
| 69 |
cineeco2007
Nigai Namida No Daichi Kara | From The Land of Bitter Tears
Obras
a concurso
Realização: Tomoko Kana (Japão, 2005); Argumento: Tomoko Kana; Fotografia (cor): Tomoko
Kana; Música: Maya Saito; Montagem: Tomoko Kana; Som: Tomoko Kana; Produção: Kana
Office.
Duração: 84min
Contacto: 1-3-18 Villa Moderna C-507 Shibuya, Shibuya – Ku, Tokyo 150-0002 Japão
Categoria onde se inscreve: Valorização de Resíduos
Prémios: Prémio congresso de jornalistas Japonês - Earth Vision Film Festival, FIPA – France
International Program Audiovisual, Taiwan International Documentary Film Festival
Sinopse > Na 2ªGuerra mundial o Japão criou armas químicas, quebrando tratados
internacionais, e lançando-as em campos chineses, resultando, ainda hoje, em 400,000
munições por explodir Em 2003, gás venenoso foi encontrado nesses campos, matando
uma pessoa e ferindo mais 43. Os acidentes continuam a acontecer 60 anos depois.
Synopsis > In WWII, Japan made chemical weapons, breaking international treaties, and
discarded them in battlefields in China, resulting that even today 400,000 shells remain. In
2003, abandoned poison gas was found there, killing one and 43 injured. Accidents keep
occurring for these 60 years.
Tomoko Kana
Foi directora de notícias durante 7 anos, na NHK (Televisão pública Japonesa), e
no ano 2000 começou a trabalhar como freelancer. Filmes: “Mardiyem”,
| 70 |
cineeco2007
Detectives da Água
Water Detectives
Obras
a concurso
Realização: David Springbett (Canadá, 2007); Argumento: Heather Macandrew; Locução:
Mariana, Carlos e Raoul; Fotografia (cor): Rick MacAndrew; Música: Tobin Stokes; Produção:
Tracey Friesen (Nationalk Film Board of Canada)
Duração: 11min 30’
Contacto: C/o National Film Board Of Canada / Festivals Office 3155, Cote-de-Liesse, SaintLaurent (Quebec) Canada H4N 2N4; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Água
Sinopse > Neste documentário, estudantes da 4 classe até ao 7º ano aprendem que
esforços locais para a preservação podem ter resultados significativos. Esta lição é retirada
concretamente através da experiência da juventude de Matamoros, México, onde um severo
corte na quantidade de água disponível levou a cidade a tomar a decisão de colocar as
crianças locais a tentar alterar as atitudes e hábitos dos adultos.
Synopsis > Through this engaging and empowering documentary, grade 4 to 7 students
learn that their local conservation efforts can have far-reaching results. This lesson is made
concrete through the experience of youth in Matamoros, Mexico, where a severe water
shortage led the city to take the unusual step of putting local children in charge of
changing adult attitudes and habits.
David Springbett
Realizador canadiano
Discretas Afinidades
| 71 |
cineeco2007
Secret Affinities
Obras
a concurso
Realização: Ana Neves (Portugal, 2005); Locução: Ana Colaço; Fotografia (cor): Rui Paulo
Cunha; Música: Diversas; Montagem: Ricardo Tomás; Produção: Rui Cunha Produções; sob
encomenda da Câmara Municipal de Estarreja – Bio Ria.
Duração: 11,35 min
Contacto: Urb. Quinta do Cedro Lote 24 4º Esqº 3030 – Coimbra
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental, Vida Natural
Sinopse > No centro de Portugal pulsa de vida uma das mais importantes e valiosas zonas
húmidas do País: a Ria de Aveiro. Um mundo de vida selvagem desejoso de se abrir aos
mundos. Ou não tivesse esta zona sido declarada reserva ecológica nacional e de protecção
especial para aves.
Synopsis > Located in the centre of Portugal the Ria de Aveiro is one of the most important
and valuable wet areas of Portugal: a world of wild life desiring to open itself to other
worlds, having recently been declared a national ecological reservation, and area of special
protection for birds.
Ana Neves
Realizadora portuguesa.
| 72 |
cineeco2007
Encontro com Milton Santos
Meeting Milton Santos
Obras
a concurso
Realização: Silvio Tendler (Brasil, 2006); Fotografia (cor e P/B): André Alvarenga, André
Carvalheira, Césare Kohlschitter, Guilherme Estevam de Souza, João Paulo Duarte, José
Manoel Amorim, Leonardo Bittencourt, Marcelo Mac, Marcelo Coutinho, Marcelo Garcia,
Miguel Lindenberg, Paula Damasceno, Stefan Kolumbam, Sílvio Tendler e Thiago Lima;
Montagem: Bernardo Pimenta; Som: Ricardo Cutz, Rodrigo Maia; Intérpretes: Beth Goulart,
Fernanda Montenegro, Milton Gonçalves, Matheus Nachtergaele e Osmar Prado
Produção: Caliban Produções Cinematográficas
Duração: 89 min
Contacto: Assessoria de imprensa - Paulo Henrique Souto - [email protected]
Categoria onde se inscreve:
Sinopse > Tendo uma entrevista com o geógrafo Milton Santos como ponto de partida e
referência, o documentário expõe um pensamento sobre a globalização, necessária e
desejada. Discute as distorções impostas aos países pobres que pagam injustamente pelo
crescimento da economia dos países ricos e as consequências provenientes dessa lógica do
capital, que amplia as diferenças ao invés de redistribuir as riquezas. Por outro lado, tenta
mostrar um novo mundo, também sinalizado pelo professor Milton Santos, onde a união
entre as “novas técnicas” e “os de baixo” podem fazer um futuro mais distinto para a
humanidade.
Synopsis > Having an interview with the geographer Milton Santos as reference and
starting point, the documentary explains a whole idea about necessary and desired
globalization. It analyses the distortions imposed to the poor countries that unjustly pay
for the growth of the economy of the rich countries and the consequences proceeding from
this logic of the capital, which extends the differences instead of redistributing the wealth.
Silvio Tendler
Licenciado (História) Universidade de Paris. Mestre (Cinema e História) École des HautesÉtudes/Sorbonne. Dirigiu a TV Brasília, em 1995, e em 1996 foi Secretário de Cultura e
Esporte no Distrito Federal. Em 1997 assumiu a Coordenação de Audiovisual para o Brasil
e o Mercosul da Unesco. Produziu documentários que conquistaram inúmeros prémios: 4
Kikitos (Gramado), 1 Coral (Havana), 3 Candangos (Brasília), 5 Margaridas de Prata (CNBB),
Trieste (Itália) pelo conjunto da obra, Golfinho de Ouro, entre outros. Entrou na Seleção
Oficial do Festival de Cannes com o filme “Glauber O Filme, Labirinto do Brasil” e
participou de diversas mostras e festivais internacionais (Europa, América Latina, Estados
Unidos e Canadá). Em Portugal, foi alvo de uma retrospectiva no FAMAFEST, Famalicão.
Enterrado no Mar
| 73 |
cineeco2007
Buried at Sea
Obras
a concurso
Realização: John Wesley Chisholm (Canadá, 2006); Argumento: Allen Abe; Fotografia (cor):
Matt Trecartin; Música: John Wesley Chisolm; Montagem: Matt Trecartin; Som: Colin Hudson;
Produção: John Wesley Chisolm (arcadia entertainment) / Kent Martin (NFB);
Duração: 52min
Contacto: C/O National Film Board of Canada / Festivals Office 3155, Cote-de-Lesse, SaintLaurent (Quebec) Canada H4N 2N4; mail
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental
Sinopse > Este documentário leva-nos à descoberta de algumas das mais perigosas lixeiras.
Os oceanos são gigantescos e desconhecidos; demoraram 90 anos a descobrir o Titanic.
Encontrar armas no fundo do mar ainda irá ser mais difícil. – e mais urgente, tendo em
conta que a saúde das espécies marítimas e das comunidades no litoral está em risco.
Synopsis > This documentary takes us on a journey to discover some of the most
dangerous dump sites. The oceans are vast and unknown; it took almost 90 years to find
the wreck of the Titanic. Finding weapons lying underwater will prove infinitely harder –
and far more urgent, since the health of marine species and coastal communities is at risk.
John Wesley Chisholm
Presidente da Arcadia Entertainment, já se dedicou à realização, produção e escrita
de argumentos. Os seus trabalhos já foram transmitidos na National Geographic,
Discovery Channel, CBC, Canal História, etc.
| 74 |
cineeco2007
Esta Água que Vos Deixo
This Water That I Leave You
Obras
a concurso
Realização: Clube de Audiovisuais da Escola Abranches Ferrão (CAEAF) (Portugal, 2006);
Argumento: CAEAF; Fotografia (cor): CAEAF; Montagem: João Tilly; Som: CAEAF; Intérpretes:
Micael Pereira, André Maximino, Henrique Torres, Roque da Conceição (alunos da escola);
Produção: CAEAF
Duração: 16 min
Contacto: Clube de Audiovisuais da Escola Abranches Ferrão (CAEAF)
Arrifana 6270-372 Seia - [email protected]
Categoria onde se inscreve: Vídeo Não Profissional
Sinopse > Quatro alunos da Escola sobem à Torre (Serra da Estrela) para seguir o percurso
da água desde o ponto mais alto de Portugal Continental até ao Vale de Seia.
Vão descobrir de onde vem a água que chega a nossas casas o que lhe acontece depois
de utilizada por nós.
Synopsis > Four students climb to the Torre (Serra da Estrela) to follow the water course
from the highest point of Portugal to the Seia valley. They find out where the water that
we use at our homes comes from and what happens to it after we have used it.
CAEAF
O Clube de Audiovisuais e Novas Tecnologias da
Escola Abranches Ferrão funcionou no ano de 2006
na Escola Sede do Agrupamento e este foi um dos
trabalhos que levou a efeito.
O Fabrico do Queijo da Serra
| 75 |
cineeco2007
The Making of Queijo da Serra
Obras
a concurso
Realização: Cátia Brito (Portugal, 2007); Argumento: Cátia Brito; Fotografia (cor): Cátia Brito;
Montagem: Cátia Brito; Som: Cátia Brito; Produção: Universidade da Beira Interior
Duração: 14 min
Contacto: Cátia Brito – [email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental, Água, Vida Natural, Antropologia
Ambiental, Video Não Profissional
Sinopse > O Queijo da Serra da Estrela é uma das iguarias mais apreciadas desta região.
Até chegar às nossas casas sofre um longo processo de concepção.
Qual o segredo para tão apreciado paladar?
Quais as diferenças do fabrico artesanal para o industrial?
Synopsis > Serra da Estrela Cheese is one of the most appreciated treats of this region.
Until the moment it arrives at our houses it goes through a long process of manufacture.
What is the secret for such a delicious taste?
Which are the differences between the hand made and the industrial one?
Cátia Brito
Natural de Seia. Membro do Júri de Juventude do CineEco 2006.
| 76 |
cineeco2007
Fita de Areia
Ribbon of Sand
Obras
a concurso
Realização: John Grabowska (E.U.A, 2007); Argumento: John Grabowska; Locução: Meryl
Streep; Fotografia (cor): Steve Ruth; Música: Todd Boekelheide; Montagem: Sam Green;
Som: Robb Fritts; Produção: Harpers Ferry Center;
Duração: 26’30’’
Contacto: P.O Box 50 Harpers Ferry WV 25425 E.U.A; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Vida Natural
Sinopse > Uma exaltação e uma elegia, Ribbon of Sand retrata uma fuga no Atlântico e nos
Outer Banks, ilhas destinadas a desaparecer.
Synopsis > At once exaltation and an elegy, Ribbon of sand profiles an Atlantic seascape
and the Outer Banks, transitory barrier islands doomed to disappear.
John Grabowska
Produtor de variados filmes de índole ambiental. Tem transmitido os seus filmes
na National Geographic Society e Smithsonian Instituition. Além disso já foi
orientador de workshops sobre media ambiental na Argentina e Panamá.
O Fogo Controlado
| 77 |
cineeco2007
Fire Under Control
Obras
a concurso
Realização: Francisco Manso (Portugal, 2006); Argumento: Francisco Castro Rego; Fotografia
(cor): José António Manso / Rui Cunha; Montagem: Luis Sobral; Som: Rodrigo Ghira;
Produção: Direcção Geral dos Recursos Florestais
Duração: 52 min
Contacto: FRANCISCO MANSO – produção de audiovisuais, unipessoal lda / Rua Eduardo
Coelho. nº 28-A... 1200-392 Lisboa / [email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental
Sinopse > “O fogo é um bom criado e um mau patrão”. Tendo por fundo este provérbio finlandês,
o documentário apresenta a técnica do fogo controlado, importante ferramenta de gestão dos
espaços silvestres. Com base nos depoimentos dos principais protagonistas é narrado o percurso
percorrido após a reintrodução desta técnica em Portugal há mais de 30 anos, que culmina no
programa da DGRF de prevenção dos incêndios florestais com o fogo controlado.
Synopsis > “Fire is a good servant and a bad employee”. Having as a background this Finnish
saying, the documentary displays the technique of controlled fire, a very important tool in the
management of wild spaces. Listening to several depositions, we get to know the way that
has been made for the last 30 years, after this technique was reintroduced in Portugal, till
today, with the DGRF program to the prevention of fire in the forests through controlled fire.
Francisco Manso
Produtor e Realizador Português. Formado no Curso de Cinema e Audiovisuais do
AR.CO (1976) e nos Cursos de Audio e de Assistente de Realização da R.T.P.
(1979/80). Foi assistente de Fernando Matos Silva, António Macedo e Lauro
António. Filmografia: “Terra Nova Mar Velho”, “Epopeia dos Bacalhaus”, “Onde a
Terra Acaba e o Mar Começa”, “Filhos da Estrada e do Vento”, “Alentejo Cantado”
“Quase” (1991); “Saudade” (1992); ”Na Mão de Deus” (1993); ”Nostalgia”
(1993/94), “Uma Saga Europeia”, “O Testamento do Senhor Napumoceno”,
“Garrett”, “Dez Grãozinhos de Terra”, “O Cinema Português”, “Portugal – Um
Retrato Ambiental”, “ Memórias de Um Rio- Avieiros, os nómadas do Tejo ”,
“Moraes do Japão ou As Quatro Estações da Alma ”, “O Gil Eannes“, “Meu Pai,
Humberto Delgado”, “A Ilha dos Escravos“. Em preparação estão: “O Último
Condenado à Morte”, “Assalto ao Santa Maria”.
| 78 |
cineeco2007
Fronteiras do Tempo
Time Frontiers
Obras
a concurso
Realização: Cláudia Rodrigues, Pedro Gancho, Francisca Veiga (Portugal, 2006); Argumento:
Cláudia Rodrigues, Pedro Gancho, Francisca Veiga; Fotografia (cor): Cláudia Rodrigues, Pedro
Gancho, Francisca Veiga; Montagem: Cláudia Rodrigues, Pedro Gancho, Francisca Veiga;
Som: Cláudia Rodrigues, Pedro Gancho, Francisca Veiga
Produção: Cláudia Rodrigues, Pedro Gancho, Francisca Veiga
Duração: 30 min
Contacto: Cláudia Rodrigues - Rua Heróis da Grande Guerra n.º 183 – 2500 Caldas da Rainha
– Portugal; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Video Não Profissional
Sinopse > Inspirados pelo livro “A Noite e a Madrugada” de Fernando Namora, partimos à
descoberta da aldeia de Monsanto, perdida no interior da Beira quase esquecida, onde para
além das paisagens, do castelo e das pedras, também se escondem histórias sobre tempos
passados. O tema do filme é o contrabando e as pessoas são os viajantes a atravessarem
as fronteiras do seu próprio tempo.
Synopsis > Getting our inspiration from the book “the Night and the Dawn” by Fernando
Namora, we depart to discover the village of Monsanto, lost in the interior of the almost
forgotten Beira province, where beyond the landscapes, the castle and the rocks, ancient
stories are hidden. The subject of the film is smuggling and the characters are the travellers
who cross the borders of their own time.
Cláudia Rodrigues, Pedro Gancho, Francisca Veiga
Galápagos em Canchalagueras
| 79 |
cineeco2007
Galápagos en Canchalagüeras | Galapagos in Canchalagueras
Obras
a concurso
Realização: Rosa P.Almeida (Espanha, 2007); Argumento: Rosa Pérez Almeida; Fotografia
(cor): Teresa Ruano Santana; Montagem: Rosa Pérez Almeida e Javier Ponce; Som: Fany
García-Campero Zorzano e David Navarro; Intérpretes: Habitantes de San Cristobal, capital
do arquipélago
Produção: Rosa Pérez Almeida
Duração: 72 min
Contacto: Diego Miguel 8. Las Palmas de Gran Canaria. Islas Canarias. 35011. Espanha;
[email protected]; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental
Sinopse > Galapagos, herança humanitária, é também a terra da sua gente. Tudo parece
calmo à chegada a San Cristobal. Mas, existem muitos conflitos à volta da Lei especial dos
Galapagos, que regula o desenvolvimento sustentável. O “laboratório vivo” de Darwin é um
lugar habitado onde a política, anedotas e amizades podem ser a mesma coisa.
Synopsis > Galapagos, Heritage of Humanity it is also the land of its people. Everything
seems very quiet when arriving in San Cristobal. However, there are many conflicts around
the Special Law of Galapagos that regulates sustainable development. The “living
laboratory” of Darwin it is nowadays a populated place where politics, anecdotes and
friendships, they can be the same thing.
Rosa Pérez Almeida
Nasceu nas Ilhas Canárias em 1974. Estudou
comunicação audiovisual na Universidade Complutense
de Madrid, e Documentário na Université de Paris 8.
Filmes: “Despertar Digital”, “Busco un Cuerpo”,
“5minutos”, “Silencio”.
| 80 |
cineeco2007
Grande Hotel
Grand Hotel
Obras
a concurso
Realização: Anabela De Saint - Maurice (Portugal, 2007);Argumento: Anabela de Saint –
Maurice; Fotografia (cor): Rui Capitão; Montagem: Miguel Oliveira; Som: Carlos Nunes;
Produção: RTP
Duração: 52min
Contacto: Av. São João de deus 27 – 3drtº 1000 – 279 Lisboa; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Polis; Prémio Especial de Lusofonia
Sinopse > Em Moçambique foi inaugurado em 1955 um hotel de luxo que aspirava ser o
maior de África. O documentário Grande Hotel evoca a história trágica do espantoso
edifício, emblema do passado e do presente da cidade da Beira.
Synopsis > In 1955 it took place in Mozambique the grand opening of a luxurious hotel,
that aspired to be the biggest of Africa. The documentary Grand Hotel evokes the tragic
story if this amazing building, that represents the past and present of the city of Beira.
Anabela de Saint-Maurice
Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Ciência Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa, dedica-se há vários anos à realização de
documentários na Radiotelevisão Portuguesa.
Guardas do Paraíso
| 81 |
cineeco2007
Keepers of Eden
Obras
a concurso
Realização: Yoram Porath (EUA, 2007); Argumento: Douglas K. Dempsey and Matt Mazer;
Fotografia (cor): Yoram Porath; Música: Eyal Maoz and Huacari Hibe; Montagem: Steven Meyer;
Som: Matt Rocker; Intérpretes: Joanne Woodward Produção: Historical Media Associates
Duração: 74’
Contacto: Historical Media Associates, 10 E, 40th St., 48th Fl., New York, NY 10016;
[email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental
Sinopse > A floresta amazónica, cognominada de “o pulmão da Terra”, é a região do nosso
planeta com maior biodiversidade. Este filme documenta como a contaminação industrial
está a ser fatal, tanto para os povos indígenas e sua cultura, como para o ambiente. Como
resultado destas “envenenadas” condições de vida, os nativos Huacari estão a sofrer de
doenças ao nível de praga tóxica e fatal. Tudo causado pela contaminação industrial.
Synopsis > The Amazon rain forest, dubbed “the lungs of the earth”, is the most biodiverse
region of our planet. This documents how such oil contamination is causing a fatal blow
to both the indigenous people, their culture and the environment. As a result of these
“poisoned” living conditions, the native Huacari are suffering from disease on the level of
a toxic and fatal plague. All caused by oil contamination.
Yoram Porath
Este filme é a primeira obra de Yoram Porath.
| 82 |
cineeco2007
Mariomotriz
Mariomotriz
Obras
a concurso
Realização: Mireia Fort, Filipa Baptista, Flavia Chini, Sylwia Sendyk (Espanha, 2006);
Argumento: Mireia Fort, Filipa Baptista, Flavia Chini, Sylwia Sendyk; Fotografia (cor): Flavia
Chini; Montagem: Mireia Fort, Filipa Baptista, Flavia Chini, Sylwia Sendyk; Som: Mireia Fort,
Filipa Baptista, Flavia Chini, Sylwia Sendyk; Intérpretes: Mario García, Manuel Matellán
Galende, Miguel Muñiz Gutiérrez, Ferrán, Elsa Rivero, Claudio, Alex, Sol, Stephan
Produção: Tanios Films
Duração: 18’ 30’’min
Contacto: Tanios Films – Carrer de Salvá, 42 baixos 2 – 08004 Barcelona
Categoria onde se inscreve: Água, Video Não Profissional
Sinopse > Mário Garcia, um argentino estabelecido em Barcelona, é dono de uma conhecida
padaria no bairro de Gracía. A sua vida quotidiana decorre ao mesmo ritmo do seu sonho.
A câmara abre a porta e descobre um outro mundo de Mário… O protagonista quer melhorar
algo que nos pertence a todos…
Synopsis > Mario García, na Argentinean living in Barcelona, is the owner of a well-known
bakery in the Gracia district. His daily life runs at the rhythm of his dream. The camera
opens a door and reveals the other world of Mario…. The main character wants to improve
something that belongs to us all…
Mireia Fort, Filipa Baptista, Flavia Chini, Sylwia Sendyk
Migração de Garças em Hortobágy
| 83 |
cineeco2007
Daruvonulás a Hortobágyon | Crane Migration of the Hortobágy
Obras
a concurso
Realização: Zsolt Cséke (Hungria, 2007); Argumento: Zsolt Cséke; Fotografia (cor): Attila
Linzenbold, Péter Kéry e Zsolt Cséke; Música: Hét Lépés; Montagem: Lászlo Csordás; Som:
Lászlo Csordás; Produção: Camera in the Backpack Production.
Duração: 52’
Contacto: Camera in the Backpack Production,4032 Debrecen, Illyés Gy. u. 148, Hungary;
[email protected]
Categoria onde se inscreve: Vida Natural
Sinopse > Um dos grandes tesouros de Hortobágy é a sua avifauna aquática, principalmente
durante as migrações, na Primavera e no Outono, quando as terras húmidas do parque
entram em tumulto, com a chegada de milhares de gansos e de patos selvagens. Mas o
acontecimento que envolve o maior número de aves é o da migração outonal de garças.
Quando os primeiros bandos de garças se fazem ouvir no horizonte, começa então o grande
espectáculo de Hortobágy.
Synopsis > One of the greatest treasures of the Hortobágy’s fauna is the water avifauna.
It is mainly at the time of the birds’ migration in spring and autumn that the wetlands of
the park spring into commotion, with thousands of wild geese and mallards.
But the event attracting the largest amount of animals in Hortobágy is the autumn
migration of the cranes. When the first crane flocks appear on the horizon with the flutelike
calls, the greatest spectacle has begun.
Zsolt Cséke
Filmes: “The Hubulas”, “Roaming in Oceania”, “Joe from Samoa”, “Without money
and applause”, “The land of Cannibales”, etc.
| 84 |
cineeco2007
A Minha Vida aos 40
My Life at 40
Obras
a concurso
Realização: Laurie Hill (Reino Unido, 2005); Argumento: Laurie Hill; Locução: Denys Hill;
Fotografia (cor): Laurie Hill; Música: Symphony No.5 by Gustav Mahler; Montagem: Laurie
Hill; Som: Laurie Hill; Produção: Royal College of Art (Animation Dept);
Duração: 7min 40’
Contacto: IS Highworth Road, London, NII 2sc; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental
Prémio: Girona, Espanha (primeiro prémio), Festival Darklight Dublin, Irlanda (Menção
Honrosa), Animex prémios de animação, Middlesbrough, Reino Unido (Segundo prémio Melhor animação experimental)
Sinopse > Ainda não tenho 40 anos mas penso muito além. Uma colaboração especial entre
o realizador, de 12 anos, e o seu eu de 34, ambos a ansiar um futuro glorioso, aos 40,
como herói da conservação e dono de um Lamborghini. Feito com 6 anos de antecipação!
Synopsis > I´m not 40 yet but I´m forwarded- thinking. A special collaboration between the
director, aged 12 years, and his 34 year old self, both looking forward to a glorious future
as a 40 year old conservation hero and Lamborghini owner. Made with six years to go!
Laurie Hill
Nascida em Northfolk. Vive em Londres. Além de outras realizações académicas,
obteve uma Licenciatura no curso de animação na Royal College of Art, em
Londres. Filmes: My First Taste of Death (2006), My Life at 40 (2005).
Ministry Messiah
| 85 |
cineeco2007
Ministry Messiah
Obras
a concurso
Realização: Gints Apsits (Letónia, 2005); Fotografia (cor): Gints Apsits; Montagem: Gints
Apsits; Som: Adam Lieber; Produção: Apsits
Duração: 3 min
Contacto: Gints Apsits – Marijas 15-6, Riga, Latvia - [email protected]
Categoria onde se inscreve:
Sinopse > Um dia acordei do meu sonho mais profundo… e o meu sonho era realidade.
Estou numa casa desconhecida. Os quartos não têm janelas, nem portas – como numa
prisão. Nem têm paredes, nem tectos, nem chão – como no campo. Não há sítio algum para
onde fugir, para me esconder… em meu redor o silêncio pré-menstrual… apenas o céu está
mais próximo…
Synopsis > One day I woke up from my deepest dream... …my dream was reality. So, I’m
in strange house. Rooms have no windows, no doors – like in prison. Not even walls, no
ceilings, no floors – like in field. There is nowhere to run and to hide… all around
premenstrual silence …just sky is getting closer…
Gints Apsits
Nascido em 1977 na Letónia. “Nasci numa pequena cidade com o maior hospital
mental da Letónia. Aos 15 anos visitei o hospital como doente, isto porque
confudiram o meu génio com alguma forma de doença mental. O meu pai ensinoume com grande excelência design gráfico porque era camionista. O grande hospital
mental da minha cidade deu-me alguma mentalidade artística. Desde a minha
infância que me quiseram enfiar numa escola de arte, mas eu sentia que tinha
nascido para a arte.”
| 86 |
cineeco2007
Moka
Moka
Obras
a concurso
Realização: Mariano Fiocco, Assunta “Susanna” Fiocco, Francesco Minervini (Itália, 2005);
Argumento: Mariano Fiocco, Assunta “Susanna” Fiocco, Francesco Minervini; Animação (cor):
Mariano Fiocco, Assunta “Susanna” Fiocco, Francesco Minervini; Montagem: Susanna Fiocco
Suono; Música: Chopin;
Produção: Mariano Fiocco, Assunta “Susanna” Fiocco, Francesco Minervini
Duração: 4’ 40’’
Sinopse > Uma máquina de café, no sul de Itália, é atingida por um vulcão e paga as
consequências, tornando-se uma relíquia arqueológica, tal como as encontradas em
Pompeia e Herculano.
Synopsis > A coffee maker, somewhere in the south of Italy, is stricken by a volcano and
it suffers the consequences, becoming an archaeological relic, as those found in Pompeia
and Herculano.
Mariano Fiocco, Assunta “Susanna” Fiocco, Francesco
Minervini
Mariano Fiocco (Nápoles, 1963) trabalha como ilustrador
e animador de 3D; Assunta “Susanna” Fiocco (Nápoles,
1966) trabalha numa sociedade de pos-produção;
Francesco Minervini (Nápoles, 1962) tem como actividade
o suporte C.A.D. e animação 3D.
Momentos de Maré
| 87 |
cineeco2007
Tijmomenten | Tidal moments
Obras
a concurso
Realização: Janna Dekker (Holanda, 2007);Argumento: Janna Dekker; Fotografia (cor): Janna
Dekker; Montagem: Janna Dekker, Lieselut Ysendoorn; Som: Janna Dekker; Intérpretes: Ellen
van Boggelen Heutink; Produção: Janna Dekker.
Duração: 26’25’’
Contacto: V Oldernbarneveltstraat 125 b 3012 GT Rotterdam Holanda
Categoria onde se inscreve: Água
Sinopse > A escritora e artista Ellen Van Boggelen Heutink fica muitas vezes na sua pequena
quinta, situada num moinho no rio “Oude Maas”. Aqui a natureza está sempre a mudar, a
luz, a água, as formas e as cores.
Ellen olha para o seu reflexo nas águas do rio e pode ser considerada uma metáfora deste
mesmo rio.
Synopsis > Artist and writer Ellen Van Boggelen Heutink stays over in her small cottage.
Situated in the willow woods at the tidal river “Oude Maas”, at regular intervals. Here the
elements are at times extremely powerful and nature is overwhelmingly present. Everything
is continuously changing, the light, the water, the forms and colours. Ellen mirrors herself
in the water and can be considered as a metaphor of the river.
Janna Dekker
Depois de estudar espanhol na Universidade de Leiden, e fotografia e cinema na
Artschools em Roterdão e Amsterdão, começou a trabalhar como fotógrafa. Em
1995 começou a realizar filmes. Filmes: “ We Werden Altijd Takkebos Genoemd”,
“Fragility”, “ Gedreven door Wind”.
| 88 |
cineeco2007
Mongólia Selvagem
Die Magie der Mingolie | Wild Mongolia
Obras
a concurso
Realização: Sleina Leger (Áustria, 2006); Argumento: Sleina Leger, Klaus Feichleubeerger;
Fotografia (cor): Josef Neuper, Klaus Achler; Música: Ervin Kiennest, Nhukh Mongol;
Montagem: Martin Biribauer; Som: Christoph Burgstaller
Produção: Interspot Film for ORF
Duração: 50’11’’
Contacto: ORF – NHU Würzburggasse 30 A – 1136 Wien
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental
Prémios: EcoVisionFestival, Shangai Television Festival – ACHTUNG BRIADCASTING RIGHTS,
SondrioFestival, Green Wave Festival, US International Film and Vídeo Festival Green Vision,
entre outros.
Sinopse > Uma das paisagens mais impressionantes e invioladas ao cimo da terra encontrase no centro da Ásia: estende-se desde as florestas impenetráveis da Sibéria, no norte, até
à muralha da China, no sul e perde-se de vista no horizonte. E aqui, sob um céu azul
profundo, encontra-se uma variedade enorme de espécies animais raras. “Mongólia
Selvagem” é uma revelação única da natureza virgem e da sua paisagem surpreendente, no
coração de Ásia.
Synopsis > One of the most stunning, untouched landscapes on Earth is found in the
heartland of Asia: stretching from the impenetrable forests of Siberia in the North to the
Chinese wall in the South and touching the horizon in the distance. And here, a huge
variety of rare animal species are found under its deep blue sky. “Wild Mongolia” is a
unique revelation of untouched nature and its amazing landscape in the heart of Asia.
Sleina Leger
Realizadora austríaca.
Multiplicadores
| 89 |
cineeco2007
Multipliers
Obras
a concurso
Realização: Renato Carvalho (Brasil, 2006); Argumento: Renato Martins/ Lula Carvalho;
Fotografia (cor): Lula Carvalho; Montagem: Rodrigo Lima; Som: Eduardo Pop; Produção:
URCA Filmes
Duração: 20 min
Contacto: URCA Filmes – Av. Portugal 96 – 2º andar – URCA – [email protected]
Categoria onde se inscreve: Prémio Especial de Lusofonia
Sinopse > A constante renovação e a permanente necessidade de se exprimir são as forças
que fazem mover a sociedade. Este documentário fala da arte do graffiti.
Synopsis > The constant renewal and the permanent necessity of making to express himself
are forces that moves the society. This is a documentary that speaks on the art of graffiti.
Renato Carvalho
“Multiplicadore” 2006, “Alô, Tocayo” 2004.
| 90 |
cineeco2007
Na Pele Deles
Dans Leur Peau | In Their Shoes
Obras
a concurso
Realização: Malherbe Arnaud (França, 2007);Argumento: Malherbe Arnaud; Fotografia (cor):
Jako Raybaut; Música: David Trescos; Montagem: Floriane Allier; Som: Lug Lebel;
Intérpretes: Fred Testot, Laurent Menoret, Ophélia Kolss, Olivier Bouana; Produção: R!stonc
Productions
Duração: 22min
Contacto: 26, Rue de Ménilmontant – 75020 Paris; [email protected]
Sinopse > Joseph, um estafeta, substitui Michel, um executivo que morreu, à sua frente, num
acidente. Ele vive no seu apartamento, veste as suas roupas e trabalha no seu escritório.
Estranhamente ninguém parece notar a diferença.
Synopsis > Joseph, a delivery boy, takes the place of Michel, a senior executive who died
in an accident under his eyes. He lives in his flat, wears his clothes and goes to his office.
Oddly enough, no one seems to be aware of the change.
Malherbe Arnaud
De formação jornalística, antes de se dedicar ao cinema, foi repórter para o jornal
L’ Express. Dedicou-se também à escrita de guiões. ”Dans leur peau” é a sua
primeira obra.
Nascente
| 91 |
cineeco2007
Nascent
Obras
a concurso
Realização: Helvécio Marinn Jr. (Brasil);Argumento: Tarinho Moura; Fotografia (cor): Rodrigo
Toledo; Música: O Grivo; Montagem: Karen Harley, Clarissa Campelina; Som: Leonardo
Gomes; Intérpretes: João das Neves; Produção: Teia.
Duração: 16 min
Contacto: Rio Negro 855 – Belo Horizonte – MG Brasil; helvé[email protected]
Categoria onde se inscreve: Água
Sinopse > A vida flúi e se renova como a água, o destino torna-se nascente.
Synopsis > Life floats and renovates itself like water, the destiny becomes the springs.
Helvécio Marinn Jr.
Pós-graduado em Cinema pela PUC-MG e director da TEIA. Filmes: “Trecho”,
“Girimundo”.
| 92 |
cineeco2007
No Crespúsculo do Silêncio
V Seru Ticha | In the Twilight of Silence
Obras
a concurso
Realização: Josef Císarovsk˘ (Republica Checa, 2006); Argumento: Josef Císarovsk˘;
Fotografia (cor): Jan Ruzicka; Música: Kamil Holub; Montagem: Milos Malek; Som: Jan
Kacian; Produção: Josef Císarovsk˘
Duração: 33 min
Contacto: Xaveriova 118 15000 Praga 5 Republica Checa:; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Valorização de resíduos
Sinopse > Os locais de grande silêncio, como as florestas, são cada vez mais raros. Na
sociedade de consumo, o barulho da lavagem cerebral dos media que despejam lixo
cultural, distorcendo a escala de valores. As florestas europeias são amistosas e um bom
lugar para meditar, mas estão a encolher.
Synopsis > The places of blisfull silence, such as primordial forests, are getting rare. In our
consumer society, the noise of the brainwashing media incessantly pour fake and false
cultural trash, which sets a distorted scale of values. European forests are friendly and
meditative, but their area is shrinking.
Josef Císarovsk˘
Realizador Checo.
Nove e Meia: Mudança Climatérica
| 93 |
cineeco2007
Neuneihalb: Klimawandel | Nine-and-a-half: Climate Change
Obras
a concurso
Realização: Tvision GmbH (Alemanha, 2005); Argumento: M. Lennartz, F. Hindrichs, A. Leger,
M. Bütter, A. Martinez; Fotografia (cor): Stefan Lemanski; Montagem: Katja Engelhardt;
Intérpretes: Gesa Dankwerth
Produção: Westdeutscher Rundfunk
Duração: 9’ 30’’ min
Contacto: Westdeutscher Rundfunk – Appellhofplatz 1 – 50667 Cologne, Germany
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental
Sinopse > O que é exactamente o efeito de estufa? Em “Nove e meia” a apresentadora de
televisão Gesa explica com exemplos simples e compreensíveis como e por que é que a
terra está a aquecer e que efeitos é que isso tem no nosso clima. Explica também por que
razão os governantes de todo o mundo (com algumas excepções) assinaram o “Protocolo
de Quioto” e a que se refere a história das “transacções de descargas”.
Synopsis > What exactly is the greenhouse effect? “Nine-And-A-Half” broadcast Gesa
explains with simple and comprehensible examples how and why the earth is heating up
and what effects this has on our climate. She also explains what governments from all over
the world (with some exceptions) have agreed on in the “Kyoto Protocol” and what the socalled “emissions trading” is all about.
Tvision GmbH
| 94 |
cineeco2007
Nuvens Carregadas
Thunderheads
Obras
a concurso
Realização: Klaus Tott (Austrália, 2007);Argumento: Klaus Toft; Fotografia (cor): Marc
Lamble, Cameron Davies, Klaus Toft; Música: Dale Cornelius; Montagem: Tony Stevens; Som:
Mark Street; Produção: ABC TV Natural History Unit
Duração: 52min
Contacto: Level 7, 10 Selwyn Street, Elsternwick Melbourne Australia;
[email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental, Vida Natural
Sinopse > As nuvens são os gigantes adormecidos das alterações climáticas. Thunderheads
segue uma experiência para tentar perceber melhor as nuvens e as tempestades, e qual o
seu papel no aquecimento global.
Synopsis > Clouds are the sleeping giants of climate change. Thunderheads follows a daredevil experiment trying to better understand clouds and thunderstorms and their role in
global warming.
Klaus Tott
Nascido na Dinamarca em 1962, a sua carreira tem-se desenvolvido na área dos
documentários. Produziu projectos com a National Geographic, entre outras
empresas importantes. Filmes: “Killers in Eden”, “The Navigators”, “La Nina”,
“Night of the Bogongs”.
Ol’Man River – Poderoso Mississipi
| 95 |
cineeco2007
Ol’ Man River – Möchtiger Mississipi | Ol’ Man River – Mighty Mississipi
Obras
a concurso
Realização: Michael Schlauberger, Steve Nichols (Áustria, 2007); Argumento: Michael
Schlauberger, Steve Nichols; Fotografia (cor): Michael Schlauberger, Rolando Menardi, Kevin
Flay; Música: Kurt Adamelz; Montagem: Andrew Naylor; Som: Rupert Metnitzer; Raimund
Sivetz; Produção: Science Vision for ORF
Duração: 2 x 50min
Contacto: ORF Natural History Unit – Würzburggasse 30, 1136 Vienna Austria: [email protected]
Categoria onde se inscreve: Água
Prémios: Planet in Focus – International Environmental Film & Vídeo Festival, Roshd
International Film Festival, SondrioFestival, Festival du Film Nature de Namur, Film Festival
Lessinia.
Sinopse > Não há outro rio à face da terra onde tantos sonhos tenham sido sonhados,
tantos projectos realizados ou destroçados, onde a linha divisória entre a vida e a morte
seja tão fina, como no Mississipi – o grande rio norte-americano.
Synopsis > There is no river on earth where so many dreams were dreamt, where so many
dreams came true or fell apart, where the dividing line between life and death is as thin
as on the Mississipi – North América ´s Great River.
Michael Schlauberger, Steve Nichols
Realizadores austríacos.
| 96 |
cineeco2007
Outros Mundos
Ime Svety | Other Worlds
Obras
a concurso
Realização: Marko Skop (Eslováquia, 2006); Argumento: Marko Skop; Fotografia (cor): Jan
Melis; Montagem: Frantisek Krahchbiel; Intérpretes: Jan Lazaric, Fedor Viço, Katarina
Hrelyorcakva, Igmac Cervenak, Tono Triscik, Stand Corej;Produção: Taskovski Films Ltd
Duração: 75min
Contacto: Taskovski Films Ltd, Kotuncni 32 17000 Prague 7 Praga República Checa
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental
Sinopse > Joris, no Leste da Eslováquia, é um lugar muito especial, que se localiza entre o
oriente e ocidente da Europa. Este território foi sempre muito tradicional, mas também uma
confluência de várias influências. A Europa começou de novo a sua transformação e a vida
muda rapidamente. Este filme tenta mostrar os efeitos da chamada globalização, e o efeito
que tem nas pessoas.
Synopsis > Joris in the east Slovakia is a very specific border region between Eastern and
Western Europe. The territory has always been strongly traditional, but also a crazy mix.
Europe has started its transformation again and life is changing rapidly. The film is trying
to track down the so called globalizing process and its effect in people.
Marko Skop
Filmes: “Ine Seventy”, “Slovnot Osmelej Palm”
A Ovelha Selvagem, a Raposa e o Amor
| 97 |
cineeco2007
Villsaven, Reven og Ksaerligheten | The Wild Sheep, the Fox and Love
Obras
a concurso
Realização: Anne Magnussen (Noruega, 2005);Argumento: Anne Magnussen; Fotografia
(cor): Gvidas Kovera, Anne Magnussen; Música: Anne – Regina Kayser; Montagem: Skule
Eriksen; Som: Pal Terje Mygard, Kristian Stangebye; Intérpretes: Hilde Buer, Oyvind
Sundasoy, Ingri Boe Buer; Produção: Emblafilm AS
Duração: 27’30’’
Contacto: Arna Bersaas, Norwegian film Institute P.O. Box 48 2 Sentrum, Dronningensgt. 16
0105 OSLO, Noruega; [email protected]
Categoria onde se inscreve: vida natural
Prémios: 2006 Silverdocs: AFI/Discovery Channel Documentary Film Festival (Washington)
2006 EcoFilmFest (Républica Checa), Uppsala Int’I Short Film Festival, 2007 5th annual
Docufest (E.U.A), 2007 EnviroFilm (Eslováquia), Intl. Wlodimiers Puchalski Nature Film
Festival (Polónia), EcoFilm Festival (Grécia), DOCSDF (México)
Sinopse > Hilde (45) deixou o seu trabalho bem pago, vendeu tudo o que tinha e mudouse com a sua filha e o seu novo namorado para a bonita ilha de Groneng, na costa oeste
da Noruega. Começaram a governar-se numa quinta, a cuidar de ovelhas selvagens. Mas
sete meses mais tarde o namorado de Hilde faleceu, e ela ficou isolada, numa pequena ilha,
com a sua filha, 300 ovelhas, dois gatos, um cão, dois cavalos, e uma raposa que matava
muitos dos cordeiros acabados de nascer.
Synopsis > Hilde (45) quit her well-paid Job, sold everything she had and moved with her
daughter and new boyfriend to the beutifull island of Groneng on the west coats of Norway.
Here, They started running a farm and tending wild sheep. But seven months later her
boyfriend died, and Hilde sat heartbroken on an isolated island with her daughter, 300
sheep, two cats, a dog, two horses and a fox which killed lots of newborn lambs.
Anne Magnussen
Conhecida e versátil realizadora com 30 anos de experiência. Tem formação e
experiência técnica na área de imagem, e também produção. Filmes: “Safe in
Danger”, “The price of forgiveness”.
| 98 |
cineeco2007
Um Palito até à China
En Tannstikker til Kina | A toothpick to China
Obras
a concurso
Realização: Ingvild Soderlind (Noruega, 2007);Argumento: Ingvild Soderlind; Fotografia
(cor): Fabien Olivier Greenberg; Música: Lars Peter Hagen; Montagem:
Bar Tyrmi; Som: Aleksander Bellizia; Produção: Zulu Film Norway
Duração: 43min
Contacto: Brettevillesgt 24 0481 OSLO Noruega; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental
Sinopse > Há algum tempo descobri um documento cuidadosamente manuscrito. Antes de
morrer, a minha avó escrevera as suas memórias de infância, enquanto vivia numa pequena
vila norueguesa. Um lugar muito bonito, onde as pessoas viviam do campo. As memórias
da minha avó levaram-me até algumas dessas pessoas, que ainda hoje lá vivem. Em
conjunto com as memórias da minha avó, o filme reconstitui retratos filmados, com um
estilo poético e minimalista, de algumas das pessoas da vila e da sua luta para se
adaptarem às exigências de eficiência e lucro impostas pela sociedade moderna.
Synopsis > A while ago I found a carefully handwritten document. Before she died, my
grandmother had written memories from her childhood in a small village in Norway. A
beautiful part of the country where people traditionally lived from farming and forestry. The
memories of my grandmother have taken me to some of the people that live in the village
today. Juxtaposed with the memories of my grandmother, the film portrays, with a poetic
minimalist film style, some of the people in the village and their struggle to adapt to the
increasing demands of efficiency and profit in our developing modern society.
Ingvild Soderlind
Filmes: “Cage”, “Whish”
Para Lá da Floresta
| 99 |
cineeco2007
Beyond the forest
Obras
a concurso
Realização: Yoni Bentovim, Emily Harris (Índia, Reino Unido, 2007); Argumento: Yoni
Bentovim, Emily Harris; Fotografia (cor): Yoni Bentovim; Montagem: Emily Harris; Som:
Roland Hear; Intérpretes: Ashvin Kumar, Judith James, Belinda Wright, Naresh Bedi;
Produção: Yoni Bentovim, Ashvin Kumar
Duração: 28min
Contacto: John Street (basement) LONDON WCIN 2E5 Reino Unido; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Vida Natural
Sinopse > A sobrevivência dos grandes gatos vive sob constante perigo: se a situação
continuar a sua extinção é inevitável. Dentro dos próximos dez anos vão desaparecer todos
os tigres e leopardos ainda existentes nas selvas à volta do mundo.
Synopsis > The big cat population lives under intense and constant danger, if this situation
continues their extinction is inevitable – within the next 10 years there will be no more
tigers and leopards left in the wild anywhere around the globe.
Yoni Bentovim, Emily Harris
Dois realizadores de reconhecido mérito que começaram a trabalhar juntos na
London Film School. Filmes: “Three Towers” (vencerador do prémio Melhor CurtaMetragem no Raindance Film Festival), “Things to see when you are not looking”.
| 100 |
cineeco2007
Os Pastores do Bosque Flutuante
Los Pastores del Bosque Flotante | The Log Sheperds
Obras
a concurso
Realização: José Carlos Díaz, Salvador Castillejos (Espanha, 2007); Argumento: José Carlos
Díaz, Salvador Castillejos, Júlio Martí; Fotografia (cor): Pablo González; Música: Jorge
Cardona; Montagem: José Molins; Som: Jorge Cardona; Produção: MBA Comunicacion
Duração: 60min
Contacto: MBA Comunicación: C/ Forn de l’Hospital 2-3, 46001 Valencia; Mail
Categoria onde se inscreve: Antropologia ambiental.
Sinopse > No cenário da desflorestação das madeiras e em particularidades de tráfego
fluvial, o trabalho infantil, as relações entre senhores e trabalhadores, o papel das mulheres
e a miséria da Espanha rural na primeira metade do século passado, retratada na primeira
pessoa por “ganxers” castelhanos, por “maderers” valencianos e “piners” andaluzes: OS
ÚLTIMOS PASTORES DOS BOSQUES FLUTUANTES.
Synopsis > In the frame of woods deforestation and peculiarities of fluvial conveyance,
infants labour, relationships between lords and workmen, women’s role and misery of rural
Spain by the earlier half of former century, is portrayed in first person by Castilian
“ganxers”, Valencian “maderers” and Andalusian “piners”: THE LAST FLOATING LOGS
SHEPHERDS.
José Carlos Díaz
Realizador da série televisiva “Accion Directa” para a TVE. Produtor
executivo de diversos documentários, longas e curtas-metragens.
Como produtor recebeu vários prémios com o documentário “Alto
Tajo, labor de un gran rio” que esteve na selecção oficial do
CineEco.
Pensamentos de Guerra
| 101 |
cineeco2007
Ubojite Misli | Battle Thoughts
Obras
a concurso
Realização: Stanka Gjuric (Croácia, 2006); Argumento: Stanka Gjuric; Fotografia (cor): Stanka
Gjuric; Montagem: Stanka Gjuric; Som: Stanka Gjuric; Produção: Stanka Gjuric
Duração: 3’ 08’’ min
Contacto: Stanka Gjuric – Cazmanska 8, Zagreb, 10000 - Croatia
Categoria onde se inscreve:
Sinopse > Nunca esquecerei a forma como a minha cadela, Hooper, no início da guerra civil
no meu país, ainda sem ter completado um ano de idade, durante um ataque, fixava os
olhos angustiados nos meus pais e em mim, tentando decifrar a nossa reacção. Hoje,
durante as festas do Ano Novo, quando as pessoas lançam fogo de artifício, ela reage como
fazia há 16 anos. Quis registar a forma como os animais reagem a esse barulho assustador.
Synopsis > I will never forget how my dog Hooper, at the beginning of a homeland war,
when she was less than one year old, during a war alarm, and explosions, with a human
worried eyes fixed on my parents and me, tried to read out our reaction in those moments.
Today, during the New Year’s holidays, when people are using pyrotechnic devices, she
reacts similar as she did 16 years ago. I wanted to record the way animals react to that
piercing noise.
Stanka Gjuric
Realizadora Croata. Como actriz participou em algumas longas-metragens como
“That Summer of White Roses” ao lado de Rod Steiger e “The Right Time” de Oja
Kodar. Entre as suas curtas metragens estão: “Sleeping and Dreaming” e “Eleven”.
| 102 |
cineeco2007
As Pessoas que Vivem do Lixo
People who Live from Garbage
Obras
a concurso
Realização: André Cywinski, João D. Gomez (Brasil, 2006); Argumento: Alessandro T.M
Oliveira; Fotografia (cor): André Facio; Música: Fernando Sardo; Montagem: André Cywinski,
Daniel Cywinski; Som: André Cywinski, Daniel Cywinski; Intérpretes: Antónia S. de Oliveira
Alves, Eliene Moraes, Felipe Bruno e Melo Alves, Gidásio Cerqueira N. dos Santos, Jonathan
de Oliveira R. Spinelli, Ronaldo Spinelli Jr.; Produção: Família Brasil Filmes e Estúdio
Brasileiro
Duração: 7min56
Contacto: Av. João Ramalho, 58 – casa 88 – Vila Monsueto – Santo André/SP CEP:09030320; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Vídeo Não profissional; Detritos; Lusofonia.
Sinopse > O guião é baseado numa redacção de um aluno de uma escola pública da Grande
São Paulo/Brasil. O filme ilustra o funcionamento de uma cooperativa de materiais
recicláveis, a importância da reciclagem e a transformação na vida de um ex catador, hoje
um cooperante.
Synopsis > The script is based on a text written by a student from the public school of São
Paulo/Brasil. The movie illustrates how the recycling process works, and the importance of
it in a small workers life.
André Cywinski, João D. Gomez
Filmes: “AmbienteX Poluição”, “Um futuro melhor”,
“Não é brincadeira”, “Este é o meu lugar”, “Mestres
da Obra”.
Pirinop, Meu Primeiro Contacto
| 103 |
cineeco2007
Pirinop, My First Contact
Obras
a concurso
Realização: Mari Corrêa (Brasil, 2007); Fotografia (cor): Mari Corrêa, Karané Ikpeng; Música:
Yuri Queiroga;; Montagem: Aurélie Ricard, Mari Corrêa, Karané Ikpeng; Som: Natuyn
Ikpeng;Produção: Vídeo Nas Aldeias; Duração: 83min
Contacto: Rua de São Francisco 162, CARMO OLINDA – PE – CEP 53120 – 070;
[email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental; Prémio Especial de Lusofonia
Prémios: Prémio único de categorias indígenas no IV Encontro Hispano-americano de Vídeo
Documental Independente: México. Março de 2006 (versão media metragem), Grande
prémio documentário etnográfico no III Amazonas Film Festival, Brasil, Novembro de 2006
(versão media metragem), Prémio Horizonte do 22º Festival Internacional de Documentário,
Munique 2007 (versão longa metragem), Melhor Documentário de Longa Metragem no
Festival FICA, Junho 2007 (Góias, Brasil), Grande Prémio Rigoberta Menchú no Festival
Présence Autochtone Terres (Montreal, Canada.
Sinopse > Em 1964, os Índios Ikpeng têm o seu primeiro contacto com o homem branco numa
região próxima do rio Xingu, no mato grosso. Ameaçados em seu território por invasões de
garimpeiros, eles são transferidos para o Parque Indígena Xingu onde ainda vivem. Mas os
Ikpeng sofrem com o exílio de suas terras ancestrais e hoje lutam para reconquistá-las.
Synopsis > In 1964 the Ikpeng natives have their first contact with white men, in a region
near the river Xingu, in Mato Grosso. Threatened in their own land by the invasions of
garimpeiros, they are transferred to the native park of Xongu where they still live. But the
Ikpeng suffer with the exile out of their ancestral lands and still fight to recover them.
Mari Corrêa
Realizadora, produtora e montadora. Directora de ONG VIDEO das aldeias e
coordenadora do programa de formação de realizadores indígenas. Estudou
ciências sociais e cinema (Sorbonne). Filmes: “ Meu primeiro Contato”.
| 104 |
cineeco2007
A Ponte de Todos
Everybody’s Bridge
Obras
a concurso
Realização: Anabela de Saint-Maurice (Portugal, 2006); Argumento: Anabela de SaintMaurice; Fotografia (cor): Rui Capitão e Albano Espírito Santo; Montagem: Mário Rui
Miranda; Som: Carlos Nunes; Produção: RTP
Duração: 52’
Contacto: Anabela de Saint-Maurice, Av. S. João de Deus, 27, 3’ Dto., 1000/279 Lisboa;
[email protected]
Categoria onde se inscreve: Polis; Lusofonia.
Sinopse > Por quarenta anos, Rosa Lopes trabalhou na ponte sobre o rio Tejo, uma das
maiores pontes do mundo, ex-libris de Lisboa e importante obra do regime de Oliveira
Salazar. Reformado contra vontade, o “Dono da Ponte”, como é conhecido, hoje só vê e
lamenta o desleixo que a envolve. Em oposição, Mário Fernandes, engenheiro e parte da
elite que dirigiu a sua construção – e admirador confesso de Salazar – guarda para si a
pompa e a circunstância da inauguração. Desde esse ano de 1966 até hoje, a ponte mudou
de nome, em 1974, e foi palco de um dos maiores bloqueios populares de sempre, em 1994.
Synopsis > For forty years, Rosa Lopes worked at the bridge over Tagus – built in 1966
under the dictatorship of Oliveira Salazar – one of the biggest in the world and the ex-libris
of Lisbon. Retired against its will, the “Owner of the Bridge”, as he is known, today regrets
the negligence it shows. As for Mário Fernandes, engineer and former top member of the
team responsible for its construction – and an assumed admirer of Salazar – he only recalls
the opening pomp and circumstance. Since then, the bridge changed its name, in 1974,
and was the stage, in 1994, of one of the most impressive popular road blocks in Portugal.
Anabela de Saint-Maurice
Nasceu em 1959, licenciada em Filosofia, dedica-se há vários anos à realização de
documentários na RTP. Filmes: “Agora Existo” (Menção honrosa da UNESCO em
2006), “Quando o comboio apitar” (Grande Prémio Gazeta em 2004 e “Cinérail
d’Or” em Paris 2006) e “Lixo à portuguesa” (Premiado pelo Clube dos Jornalistas
do Porto em 1995) destacam-se na sua filmografia.
Portugal, Um Retrato Social – Ep. 1: Gente Diferente
| 105 |
cineeco2007
Portugal, A Social Overview – Ep. 1: Different People
Obras
a concurso
Realização: Joana Pontes (Portugal, 2007); Argumento: António Barreto, Joana Pontes;
Fotografia (cor): João Ribeiro; Música: Rodrigo Leão; Montagem: Rui Branquinho; Som:
Armanda Carvalho, Marcelo Tavares; Produção: RTP
Duração: 62 min
Contacto: Av. Marechal Gomes da Costa, 371849 – 030 Lisboa; joã[email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia Ambiental; Prémio Especial de Lusofonia
Sinopse > Os portugueses são hoje muito diferentes do que eram há 30 anos. Vivem e
trabalham de outro modo. Mas sentem pertencer ao mesmo país dos nossos avós. É o
resultado da história e da memória que cria um património comum. Nascem em melhores
condições, mas nascem menos. Vivem mais tempo. Têm famílias mais pequenas. Os idosos
vivem cada vez mais sós.
Synopsis > The Portuguese are now very different from what they were 30 years ago. They
live and work differently. But they feel like they belong to the same country of our
grandparents. This is the result of history and memory, creating a common background.
They give birth in better conditions, but less. Live longer. Have smaller families . The elderly
get lonelier every day.
Joana Pontes
Nasceu em Portugal, é licenciada em Cinema (área de imagem) pela Escola
Superior de Teatro e Cinema. Até hoje participou em vários projectos audiovisuais.
Projectos: “Século XX Português”, “A Hora da Liberdade”, “Salazar”, “O Escritor
Prodigioso”.
| 106 |
cineeco2007
Portugal, Um Retrato Social – Ep. 3: Mudar de Vida
Portugal, A Social Overview – Ep. 3: Life Change
Obras
a concurso
Realização: Joana Pontes (Portugal, 2007); Argumento: António Barreto, Joana Pontes;
Fotografia (cor): João Ribeiro; Música: Rodrigo Leão;Montagem: Rui Branquinho; Som:
Armanda Carvalho, Marcelo Tavares; Produção: RTP
Duração: 52 min 21’’
Contacto: Av. Marechal Gomes da Costa, 371849 - 030 Lisboa; joã[email protected]
Categoria onde se inscreve: Polis; Lusofonia
Sinopse > A sociedade contemporânea, urbana, era ainda há pouco tempo rural. Mudou
muito depressa. Muitos portugueses emigraram, a maior parte saiu das aldeias e foi viver
para as cidades e para o litoral. O campo está despovoado. As cidades cresceram. As
estradas aproximam as regiões. Nas áreas metropolitanas, organizou-se uma nova vida
quotidiana. Há mais conforto dentro das casas, mas as condições de vida nas cidades são
difíceis.
Synopsis > The contemporary society, urban, was, not long ago, rural. This changed very
fast. A lot of Portuguese emigrated, most of them left the countryside, to go live in the
cities and littoral. The countryside is unpopulated. The cities grew. The highways bring
regions together. In the metropolitan areas a new daily life is organized. There is more
comfort inside the homes, but the living conditions in the cities are difficult.
Joana Pontes
Nasceu em Portugal, é licenciada em Cinema (área de imagem) pela Escola
Superior de Teatro e Cinema. Até hoje participou em vários projectos audiovisuais.
Projectos: “Século XX Português”, “A Hora da Liberdade”, “Salazar”, “O Escritor
Prodigioso”.
Profetas da Chuva e da Esperança
| 107 |
cineeco2007
Profeths of the Rain and Hope
Obras
a concurso
Realização: Márcia Paraiso (Brasil, 2007); Argumento: Márcia Paraiso; Fotografia (cor): Ralf
Tambke, Anderson Capuano; Música: Luiz Gayotto; Montagem: Jorge Santana; Som: Jorge
Santana; Produção: Plural Filmes Sul
Duração: 15min
Contacto: Rua João António da Silveira 594 sl. 5 Lagoa da Conceição Florianópolis, SC Brasil
CEP: 88062 – 150; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Prémio Especial Lusofonia, Água; Antropologia ambiental.
Sinopse > Desde o inicio do mundo que o homem busca uma forma de olhar e reconhecer
os sinais da natureza. No mundo contemporâneo, essa capacidade se perdeu. No sertão do
Nordeste Brasileiro, homens conhecidos como Profetas da Chuva traduzem previsões em
esperança.
Synopsis > Since the beggining of the world that man is looking for a way to understand
the signs of nature. In the contemporary world that capacity is lost. In sertão, in the
Brazilian Northeast, men know as the prophets of rain, turn previews into hope.
Márcia Paraíso
Filmes: “Marajó”, “Quixada o Vale dos Bichos de Pedra”, “Costa dos corais”,
“Jalapão – sertão das águas”, “Vale das tradições”, “Ocupar, Resistir, Produzir”,
“Nego”, “Livre”, “ Ilha da Conceição”.
| 108 |
cineeco2007
Rapsódia do Absurdo
Rhapsody of the Absurd
Obras
a concurso
Realização: Cláudia Nunes (Brasil, 2006); Argumento: Cláudia Nunes; Fotografia (cor): Félix
Borges, Cinegrasfistas do mst e cmi Góias; Música: Dénio de Paula; Montagem: Érico Rassi;
Som: Emanoel Mastrella; Produção: Cláudia Nunes;
Duração: 15min
Contacto: Rua 3, 90, AP 701, Setor Oeste, Goiana-Góias, Brasil 74115-050;
clá[email protected]
Categoria onde se inscreve: Prémio Especial Lusofonia
Prémios: Melhor filme e montagem (Florianópolis Audiovisual Mercosul); Melhor Filme,
Montagem e Curta (Mostra ABD Cine Góias), Melhor Produção Goiana (IX FICA), Menção
Honrosa (Festival de Cinema Feminino 2007)
Sinopse > Documentário poético com cenas de arquivo de dois marcantes episódios de luta
pela terra no campo e na cidade ocorridos no Brasil: Fazenda Santa Luzia (Aruaña-Góias) e
Parque Oeste Industrial (Goiânia-Góias), cuja dimensão os transforma em exemplos
universais do conflito existente entre a propriedade e os pobres de todo o mundo.
Synopsis > Poetic documentary with archive scenes from two episodes of the struggle for
land, in the Brazilian countryside and city: Fazenda Santa Luzia (Aruaña-Góias) e Parque
Oeste Industrial (Goiânia-Góias), which dimension makes them an universal example of
conflict between property owners and power people.
Cláudia Nunes: Jornalista, argumentista e realizadora. Trabalhou para diversas
redes de televisão como repórter, apresentadora e editora durante a década de 80
e meados de 90. A partir daí intensificou o seu interesse por outras abordagens e
linguagens audiovisuais. Filmes: “O Dono da Pena”, “Cici”, “Três Visões de um
rio”.
Sempre Coca-Cola
| 109 |
cineeco2007
Always Coca-Cola
Obras
a concurso
Realização: Inge Altemeier, Reinhard Hornung (Alemanha, 2006); Argumento: Inge Altemeier;
Fotografia (cor): Birgit Handke, Reinhard Hornung; Montagem: Reinhard Hornung; Som:
Clarissa CraseMann; Intérpretes: Michael Mühlberger, Cláudia Castle Produção: Altmeier
Hornung Filmproduktion
Duração: 29min
Contacto: Arnoldstr G2 D – 22763 Hamburg, Alemanha; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Educação Ambiental
Sinopse > Como patrocinadora principal da FIFA, a Coca-Cola quer passar uma imagem de
fairplay e desportivismo. Mas muitos acreditam que o negócio que pratica ridiculariza essa
atitude.
Synopsis > As a principal sponsor of FIFA, coca-cola is keen to trade in on the world cup´s
image of fair play and good sportsmanship. But many believe its businesses practices make
a mockery of this reputation.
Inge Altemeier
Nascida em 1956, cresceu em Hamburgo. Estudou inglês,
ciências políticas e pedagogia. Filmes: “The death came
during sex”, “The tsunami War”, “Stolen Protein”, “One
year after the tsunami”, entre outros.
Reinhard Hornung
| 110 |
cineeco2007
O Tigre e o Monge
Der Tiger und der Mönch | The Tiger and the Monk
Obras
a concurso
Realização: Harald Pokieser (Áustria, 2006); Argumento: Harald Pokieser; Locução: Howard
Nightingall, Roger Forbes; Fotografia (cor): Harald Mittmüller; Música: Andy Baum, Stefan
Maas; Montagem: Adi Wallisch; Som: Hermann Winklhofer, Christian Strolz; Produção:
Cosmos Factory Production, Walter Köhler; Duração: 50 min 20
Contacto: ORF – NHU Würzburggasse 30 - 1136 Wien; [email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia ambiental
Prémios: EcoCine (Brasil), Cinema Verité – Festival Internaional Documental do Irão, Shangai
Television Festival – Achtung Briadcasting Rights,FIFAM – Festival Internacional de Filmes de
Aventura de Montreal, Grand Prix no Green Wave Festival (Bulgária), entre outros.
Sinopse > Wat Pa Luangata Bua é um mosteiro de meditação, situado acerca de 200 km a
oeste de Bangkok, onde reina o silêncio, a paz e a harmonia. Todas as tardes podemos
observar uma rotina diária – monges budistas passeiam os seus tigres, com uma trela. Eles
acarinham os tigres, alimentam-nos e celebram-nos como o animal mais sagrado. Este
documentário retrata a relação harmoniosa entre os predadores e os humanos, sem
desprezar a máxima budista que diz “Um tigre será sempre um tigre, mesmo que coma das
nossas mãos. Será sempre uma animal selvagem”.
Synopsis > Wat Pa Luangata Bua is a monastery of meditation, situated about 200
kilometers west of Bangkok, and here, silence, peace and harmony reign. Every afternoon,
a daily ritual is observed – Budhist monks take their tigers out on a leash for a walk. They
dote upon their tigers, feed them and celebrate them as their most sacred animal. This
documentary portrays the harmonious relationship between predators and humans without
forgetting the Buddhist adage that reads: “A tiger will always be a tiger, even if it comes
to eat from our hands. It will always be a wild animal.”
Harald Pokieser
Realizador austríaco.
Tirol – Terra de Água
| 111 |
cineeco2007
Tirol – Land der Wasser | Tirol – Land of Water
Obras
a concurso
Realização: Johannes Koeck e Georg Riha (Áustria, 2006);Argumento: Johannes Koeck;
Fotografia (cor): Georg Riha; Música: Philip Glass; Montagem: Georg Riha Produção:
Johannes Koeck e Georg Riha
Duração: 7’ 46’’
Contacto: Cine Tirol – Tirol Tourist Board, Maria Theresien-Str. 55, 6020 Innsbruck, Áustria;
[email protected]
Categoria onde se inscreve: Água
Sinopse > Este pequeno filme é dedicado à beleza e ao tesouro que é a água no cenário
impressionante das montanhas do Tirol: glaciares, quedas de água, lagoas e rios reflectem
a magia fascinante deste elemento precioso e vital correndo através do “coração dos
Alpes”.
Synopsis > The short film “Tirol – land of water” is dedicated to the beauty and treasure
of water in the setting of the impressive mountains of Tirol: glaciers, waterfalls, lakes and
rivers reflect the fascinating magic of this precious and vital element running through the
“Heart of the Alps”.
Johannes Koeck, Georg Riha
Primeiro filme de Johannes Koeck, dando seguimento à sua actividade de
impulsionador e coordenador de projectos de outros realizadores. Décimo filme de
Georg Riha.
| 112 |
cineeco2007
Vilarinho das Furnas
Vilarinho das Furnas
Obras
a concurso
Realização: Sofia Leite (Portugal, 2005); Argumento: Sofia Leite; Fotografia (cor): João Luís
Azevedo (câmara); Montagem: Paulo Alexandre; Som: António Garcia; Produção: RTP;
Duração: 27 min
Contacto: RTP – Av. Marechal Gomes da Costa, 37 – 1849-030 Lisboa
Categoria onde se inscreve: Antropologia ambiental
Sinopse > A aldeia de Vilarinho das Furnas foi submersa no início dos anos setenta, quando
começou a construção de uma barragem, à qual foi dado o nome da aldeia. A barragem foi
construída no rio Homem, num vale da serra Amarela e faz parte do plano de bacia
hidrográfica do rio Cávado. Um complexo gigantesco, de sete bacias, que transformou a
paisagem geográfica e humana desta região onde o Minho faz fronteira com Trás-os-Montes.
Com os primeiros planos e levantamentos para a construção da barragem, e com o seu fim
a aproximar-se, Vilarinho das Furnas tomou uma nova dimensão, e despertou o interesse a
centenas de curiosos que queriam ver a aldeia pela última vez. No ano em que decorreram
as filmagens do documentário da RTP, devido à seca e à descida das águas da barragem,
a aldeia comunitária está a descoberto, com suas casas de pedra sem tecto à vista, atraindo
curiosos, e antigos habitantes.
Synopsis > The village of Vilarinho das Furnas has been sunken in in the river Homem, in
the early seventies, to give place to a dam, a gigantic compound which, as part of the
Cávado watershed, changed completely the geographical and human landscape. With the
first plans and setting up for the construction of the dam, and with its own end
approaching, Vilarinho das Furnas arouse the interest of hundred of people who wanted to
see the village for the last time. In the year this documentary was shot, due to the drought
and the low level of the waters, the village was exposed, with its stone houses without
roof attracting travellers and previous inhabitants.
Sofia Leite
Bacharelato em filosofia (menção honrosa): Paris, DEUG (Diploma de Est. Univ. Gerais) em
Ciências Humanas da Universidade de Paris-V, Sorbonne Nouvelle em Paris. Curso de l'E.S.J.
(École Supérieure de Journalisme) em Paris. Assistente de realização na produtora de
audiovisual "Stacato-Image", Paris. Colaboradora na RTP para o programa “Sinais do Tempo”.
Integrou o quadro de jornalistas da RTP. Programas “Bombordo”e “planeta azul”.
Documentários no âmbito da EBU-UER. Colaborou na imprensa escrita: "Grande Reportagem"
e "Volta ao Mundo". “Slavonia, a última travessia” foi premiada na Mostra Atlântica de
Televisão e “Imobiliário, a Última Praga do Sobreiro” ganhou o prémio “polis” no CineEco.
Xingu – A Terra Ameaçada
| 113 |
cineeco2007
Xingu – The Threatened Land
Obras
a concurso
Realização: Washington Novaes (Brasil, 2007); Argumento: Washington Novaes
Redocumentação, 22 anos depois, “Do Parque Indígena do Xingu”; Fotografia (cor): Lula
Araújo; Montagem: João Paulo Carvalho, Pedro Novaes, Aline Nóbrega; Produção: WN
Produções Intervideo Produções
Duração: 16min 60
Contacto: Sítios de Recreio São Geraldo – Chácara 16 – Rua MB3 – Goiâmia – Brasil;
[email protected]
Categoria onde se inscreve: Antropologia ambiental
Prémios: Prémio melhor série em Seul, e Havana
Sinopse > Em 1984, o jornalista documentou 5 grupos do parque indígena do Xingu, na série
“Xingu – a terra mágica”, exibida em 10 episódios. Em 2006, voltou e “redocumentou” as
profundas transformações nos mesmos grupos. Exibidos na TV, juntamente com os de 1984.
Synopsis > In 1984, a journalist documented images of five native groups, in the native
park of Xingu, in the series called “ Xingu – the magic land”, broadcasted in 19 episodes.
In 2006, he went back to see the big transformations in the same groups. Broadcasted on
Tv together with the 1984 episodes.
Washington Novaes
Ambientalista e realizador brasileiro. Nascido em Vargem Grande do Sul, SP em
1934. Televisão: TV Rio: Editor-chefe do Telejornalismo (1974/75); TV Globo (RJ):
Editor-chefe do “Globo Repórter” (1975/81); Editor de Economia do “Jornal
Nacional” (1982); Rede Manchete : Comentarista do “Vanguarda” (1984/85); TV
Bandeirantes: comentarista do “Jornal de Vanguarda” (1988/90); TV Brasil Central
(Goiânia); director do núcleo de documentários (1988/90), que produziu dezenas de
documentários sobre Goiás e o Brasil Central, entre eles “Siron Franco Especial” e
“Concerto de Goiânia - opus 137”, exibidos pela Rede Bandeirantes; TV Gazeta:
apresentador do “Opinião” (1990/91); Globo Ecologia: Comentarista (1995/98).
Produtor independente de TV: Série “Xingu - a terra mágica”, em associação com
a Intervideo Produções. Onze documentários exibidos na Rede Manchete em 1985,
1986, 1988, 1992; “Pantanal” I e II, exibidos pela Rede Manchete em 1986; Série
“Kuarup - adeus ao chefe Malakuyawá”, 5 documentários em associação com a
Intervideo Produções, exibidos pela Rede Manchete em 1987; Actualmente é
consultor de jornalismo da TV Cultura (Repórter Eco e Núcleo de Documentários).
Teve já diversos filmes presentes no CineEco, onde já presidiu ao Júri Internacional..
| 114 |
cineeco2007
Yandabad
Yandabad
Obras
a concurso
Realização: Mariano Agudo (Espanha, 2007); Argumento: Mariano Agudo; Fotografia (cor):
Mariano Agudo; Montagem: Maria lobo, Mari Luz Dominguez; Som: Augustín Toranzo;
Produção: intermédia Producciones
Duração: 58 min
Contacto: José Luís de Casso, 8 41005 Sevilla Espanha - [email protected]
Categoria onde se inscreve: Água
Sinopse > É esta a única forma de desenvolvimento? A situação no Vale Narmada é um
exemplo da maior guerra do século 21: controlo de água, recursos naturais
Synopsis > Is this the only possible way for development? The situation in the Narmada
Valley is an example of the 21st century’s biggest war: Water control, Natural Resources
control.
Mariano Agudo
Nascido em Sevilha a 1970, já trabalhou como realizador, director de fotografia e
operador de camara. Filmes: “El Laberinto Marroquí”, “Invisibles”, “ 7 Virgenes”,
“Invierno en Bagdad”, “Presos del Silencio”.
Agostinho da Silva – Um Pensamento Vivo
| 115 |
cineeco2007
Agostinho da Silva – A Living Tought
Extra-concurso
Realização: João Rodrigo Mattos (Portugal-Brasil, 2006); Argumento: João Rodrigo Mattos /
Pedro Agostinho; Fotografia (cor): Hans Herold / João Rodrigo Mattos; Montagem: João Paulo
Nunes; Som: Pedro FX; Intérpretes: Caetano Veloso / Gilberto Gil / Manoel de Oliveira / Mário
Soares / Lagoa Henriques, entre outros; Produção: DocDoma Filmes Ltda (Brasil) / Alfândega
Filmes (Portugal)
Duração: 80 min
Contacto: DocDoma Filmes Ltda - Rua Almeida Garret, 35/105 Itaigara, 41815-320 Salvador
Bahia Brasil
Sinopse > Marcado pelo gosto do paradoxo, pela independência e inconformismo das idéias
e por invulgares dons de comunicação oral e escrita, a figura ímpar de Agostinho da Silva
desenha–se num singular misto de sábio, visionário e homem comum, no qual o
pensamento e a vida se indistinguem.
Synopsis > Marked by the taste for the paradox, the independence and lack of conformity
of his ideas, and for unusual gift of verbal communication and writing, the uneven
personality of Agostinho da Silva is shown as a surprising mixture of scholar, visionary and
common man, inside whom cogitation and life confound.
João Rodrigo Mattos
Há 13 anos trabalha em diversos géneros de produções audiovisuais entre Brasil,
Portugal, Espanha e Inglaterra. Foi assistente dos realizadores Manoel de Oliveira, Mika
Kaurismaki, Edgard Navarro, entre outros. “Agostinho da Silva – Um Pensamento Vivo”,
documentário em longa-metragem, foi lançado em 2006, ano do centenário do grande
pensador e humanista luso-brasileiro. Agora, prepara-se para rodar “ Trampolim do
Forte ”, sua primeira longa-metragem de ficção, recentemente premiado pelo
Ministério da Cultura do Brasil e Globo Filmes. Sócio-fundador da Docdoma Filmes,
onde actua como gestor de projectos, produtor, argumentista e realizador.
| 116 |
cineeco2007
O Fogo contra o Fogo
Fire Against Fire
Extra-concurso
Realização: Francisco Manso (Portugal, 2006); Argumento: Francisco Castro Rego; Fotografia:
José António Manso, Rui Cunha; Montagem: Luis Sobral; Som: Rodrigo Ghira; Produção:
Direcção Geral dos Recursos Florestais; Duração: 45, 12 min
Contacto: Direcção Geral dos Recursos Florestais - Av. João Crisóstomo nº 28 – 4º 1069–040
Lisboa; Tel: 213124805; Fax: 213124988; Francisco Manso - produção de audiovisuais,
unipessoal lda - Rua Eduardo Coelho. nº 28-A... 1200-392, Lisboa; TEL:213430468; FAX:
213430469; .E-MAIL: [email protected]
Sinopse > Os incêndios florestais constituem a principal ameaça à sustentabilidade da
floresta portuguesa. Tendo por ponto de partida o projecto de investigação científica “Fire
Paradox”, é apresentada a técnica do “contra-fogo” alicerçada por depoimentos recolhidos
durante o Verão de 2006, no contexto da formação ministrada a técnicos portugueses por
especialistas argentinos, catalães e franceses sobre esta técnica de combate indirecto aos
grandes incêndios florestais.
Synopsis > The forest fires represent the main threat to the sustainability of the Portuguese
forest. Having for a starting point the project of scientific study “Fire Paradox”, the film presents
the technique of the “counter-fire”, sustained by evidence collected during the Summer of 2006,
in the framework of the formation given to the Portuguese technicians by Argentine, Catalan
and French specialists on this technique of indirect fight against great forest fires.
Francisco Manso
Produtor e Realizador Português. Formado no Curso de Cinema e Audiovisuais do
AR.CO (1976) e nos Cursos de Audio e de Assistente de Realização da R.T.P.
(1979/80). Foi assistente de Fernando Matos Silva, António Macedo e Lauro
António. Filmografia: “Terra Nova Mar Velho”, “Epopeia dos Bacalhaus”, “Onde a
Terra Acaba e o Mar Começa”, “Filhos da Estrada e do Vento”, “Alentejo Cantado”
“Quase” (1991); “Saudade” (1992); ”Na Mão de Deus” (1993); ”Nostalgia”
(1993/94), “Uma Saga Europeia”, “O Testamento do Senhor Napumoceno”,
“Garrett”, “Dez Grãozinhos de Terra”, “O Cinema Português”, “Portugal – Um
Retrato Ambiental”, “ Memórias de Um Rio- Avieiros, os nómadas do Tejo ”,
“Moraes do Japão ou As Quatro Estações da Alma ”, “O Gil Eannes“, “Meu Pai,
Humberto Delgado”, “A Ilha dos Escravos“. Em preparação estão: “O Último
Condenado à Morte”, “Assalto ao Santa Maria”.
Maria Sobral Mendonça
| 117 |
cineeco2007
Maria Sobral Mendonça
Extra-concurso
Realização e argumento: Lauro Lntónio (Portugal 2007); Fotografia e som: Frederico Corado;
Montagem e sonorização: Lauro António e Frederico Corado; Fotografias de cena: Maria Eduarda
Colares; Música: excertos de “A Flauta Mágica” (abertura), Orquestra Filarmónica de Viena / Herbert
von Karajan, “Requiem” (Mozart) Orquestra Filarmónica de Viena / Karl Bohm, “Impromptus” e
“Erlkonig” (Shubert), Gerard Moore / Dietrich Fisher-Dieskau, “Fui hoje ao Alentejo” Paco Bandeira
/ Luísa Bastos; Co-produção: LA Produções Cinematográficas Magazin, Produções
Duração: 29 min.
Contacto: Lauro António, [email protected]
Sinopse > Maria Sobral Mendonça, ao convidar-me para realizar um filme sobre a sua
pintura, disse-me que a sua próxima exposição seria sobre “Tikkun” ou “Tiqqun”, conceito
que quer dizer, entre outras coisas, “Restauração” ou “Reparação”, que um Rabi, Isaac
Luria, divulgara em meados do século XVI, e que se prende com uma multiplicidade de
temas e assuntos, cuja pesquisa me conduziu à cabala e a dezenas de doutrinas judaicas.
(…) Procurar encontrar-me com os caminhos de Maria Sobral Mendonça foi o que tentei ao
aproximar-me dela através da objectiva de uma máquina de filmar. Com todos os riscos que
a proximidade e a diferença acarretam. Com o prazer da descoberta, também.
Lauro António
Realizador português, crítico, professor e director do CineEco.
| 118 |
cineeco2007
Portugal, Um Retrato Social – Ep. 2, 4, 5, 6 e 7
Portugal, A Social Overview – Ep. 2, 4, 5, 6 and 7
Extra-concurso
Realização: Joana Pontes (Portugal, 2007); Argumento: António Barreto, Joana Pontes;
Fotografia (cor): João Ribeiro; Música: Rodrigo Leão; Montagem: Rui Branquinho; Som:
Armanda Carvalho, Marcelo Tavares; Produção: RTP
Duração: 62 min
Contacto: Av. Marechal Gomes da Costa, 371849 – 030 Lisboa; joã[email protected]
Sinopse > Os portugueses são hoje muito diferentes do que eram há 30 anos. Vivem e
trabalham de outro modo. Mas sentem pertencer ao mesmo país dos nossos avós. É o
resultado da história e da memória que cria um património comum. Nascem em melhores
condições, mas nascem menos. Vivem mais tempo. Têm famílias mais pequenas. Os idosos
vivem cada vez mais sós. (A série completa a que se deverão acrescentar os episódios 1 e
3 exibidos a concurso).
Synopsis > The Portuguese are now very different from what they were 30 years ago. They
live and work differently. But they feel like they belong to the same country of our
grandparents. This is the result of history and memory, creating a common background.
They give birth in better conditions, but less. Live longer. Have smaller families. The elderly
get lonelier every day.
Joana Pontes
Nasceu em Portugal, é licenciada em Cinema (área de imagem) pela Escola
Superior de Teatro e Cinema. Até hoje participou em vários projectos audiovisuais.
Projectos: “Século XX Português”, “A Hora da Liberdade”, “Salazar”, “O Escritor
Prodigioso”.
Sonho Além Montanhas
| 119 |
cineeco2007
Dream Beyond Moutain
Obras
a concurso
Realização: Jorge Pelicano (Portugal, 2007); Argumento: Jorge Pelicano; Fotografia: Jorge
Pelicano; Montagem: Jorge Pelicano, Rosa Teixeira da Silva; Produção: Jorge Pelicano;
Duração: 40 min
Contacto: Rua José de Lemos, Fontela 3090 – 641 Figueira da Foz; [email protected]
Sinopse > Hermínio, o jovem pastor protagonista do filme documentário “Ainda há
Pastores?”, tinha um sonho. Um sonho simples, como qualquer jovem. Ambicionava
conhecer o Brasil e as “gostosas” brasileiras. O momento chegou. Hermínio nunca saíra dos
encalços da Serra da Estrela que o prende. Libertou-se por um breve instante. Escapou-se
das cabras e ovelhas para ver o mar, nunca visto. Voou mais alto. Acima das montanhas.
Uma viagem, apenas. A aventura genuína de um pastor, tão cativante quanto intimista. A
concretização de um sonho para lá das montanhas.
Jorge Pelicano
Nasceu em 1977 na Figueira da Foz. É licenciado em Comunicação e Relações
Públicas e, actualmente, frequenta o 2º ano de Mestrado em Comunicação e
Jornalismo na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É repórter de
imagem freelancer para a SIC televisão, desde 2001. “Ainda há Pastores” é o seu
primeiro filme. Ganhou o Grande Prémio da Lusofonia do CineEco 2006. Grande
Prémio do FICA 2007, Goiás, Brasil, além de muitos outros prémios.
February 2008 • Greece
CineEco2007
OUTRAS TERRAS,
OUTRAS GENTES
| 122 |
cineeco2007
O AMANTE DE LADY CHATTERLEY
Outras Terras,
Outras Gentes
David Herbert Lawrence, conhecido literariamente apenas por D. H. Lawrence,
nasceu em Inglaterra, a 11 de Setembro de 1885, na pequena aldeia de
Eastwood, Nottinghamshire. Enquanto o pai era mineiro, a mãe, Lydia
Lawrence, era professora e viria a morrer nova, em 1910, por eutanásia, e há
quem atribua o acto ao filho, para a libertar das dores horrorosas que a
consumiam. A perca da mãe marcou particularmente Lawrence, de tal forma que
acaba o seu noivado com Jessie, a sua namorada de então, explicando-lhe que
mais ninguém poderia “possuir sua alma”, que fora ofertada à mãe. Estudara
na Nottingham High School e, posteriormente, na University College Nottingham
(1908). Entre 1908 e 1911 foi professor na Davidson Road School, Croydon,
South London. Por essa altura (1912) encontra Frieda von Richthofen Weekley
(1879 - 1956), uma aristocrata prussiana, casada com um filósofo inglês, com
3 filhos. Apaixonam-se, Frieda separa-se do marido, afasta-se das crianças e
parte para a Prússia com o escritor. Casam em 1914. Frieda era loira de olhos
verdes, bem servida por uns opulentos seios que maravilharam Lawrence.
Escreveu: “entre os seus seios é o meu lar”. Sentia-se portanto bem, ainda que,
segundo as crónicas tenha tido uma aventura homossexual com William Henry
Hocking, e posteriormente várias amantes, como Jessie Chambers, ou Alice Dax.
Viajou muito, escreveu muitíssimo e bem, escandalizou o mundo com a sua
palavra. Numa época em que do amor se falava sobretudo de uma forma
platónica, D. H. Lawrence trouxe o sexo para as páginas dos livros, numa
linguagem crua e livre, mas profundamente poética e sentida. Mesmo quando
utiliza palavras proscritas desde sempre, a que ele conferiu um estatuto novo.
Não haveria de ser assim entendido pelos entendidos da altura que o
perseguiram e queimaram as suas obras, acusando-as de pornografia. Nada de
mais errado, diremos hoje, mas nesses tempos os tempos eram outros. Foram
necessários escritores como D. H. Lawrence para que hoje se possa escrever e
ler com um outro entendimento do amor, nas suas componentes físicas e
espirituais, que afinal se complementarizam. (…)
É na Toscana, perto de Florença, onde se instalara com Frieda, que Lawrence
começou a escrever, em 1926, a sua obra mais conhecida, “O Amante de Lady
Chatterley”. Lady Chartteley é a protagonista, ela é Constance Reid, uma bela
jovem que casa com Clifford Chatterley, um oficial inglês que se encontra de
licença. Após uma curta lua-de-mel, Clifford volta a uma das frentes de batalha,
durante a I Guerra Mundial, e regressa a Constance preso a uma cadeira de
rodas e paralítico da cintura para baixo.
Atormentado pela sua situação e pela infeliz situação em que coloca a sua
mulher, que ele tenta compreender e de alguma forma amenizar, Clifford
Chatterley autoriza-a a encontrar o amante que ela “deseje de todo o coração”.
Constance de início não quer saber de amantes, dedica-se ao marido, mas
rapidamente o desejo aperta, e passa a olhar de outra forma um dos criados
da mansão, o guarda caça Oliver Mellors, que vive numa cabana na floresta que
envolve a propriedade. Oliver não é uma estampa de homem, é baixo, rude,
mal parecido, aparentemente ordinário da forma de falar, designando o que
tem nome pelo seu nome, sem eufemismos. Isso mesmo atrai Constance, que
se entrega ao amor em pleno contacto com a natureza e como se o amor fosse
um prolongamento lógico e sem mácula da própria natureza. Clifford Chatterley
não se escandaliza pelo facto de Constance ter um amante, mas não desculpa
o facto dela ter escolhido “aquele amante”, um homem de outra classe social,
um criado. Oliver Mellors despede-se da casa Chartteley e emprega-se como
operário em Sheffield, quando Constance descobre que está grávida e confessa
o seu estado ao marido. Este compreenderia se o filho fosse, por exemplo, de
Duncan Forbes, um pintor amigo da família, mas o drama explode quando se
descobre a origem do adultério e Lady Chatterley afasta-se de casa, recusando
a reacção do marido.
O romance teria três versões. Lawrence tratava-se na Suiça, quando o romance
ficou pronto. Surgiu em 1928, editado discretamente em Florença, e a imprensa
não foi meiga a criticar a obra que considerou “uma latrina” ou ainda que “os
esgotos da pornografia francesa nunca tinham produzido nada de comparável”.
Lawrence desceu à liça e defendeu a obra com um texto que ficou célebre: “A
propósito de “O Amante de Lady Chatterley”, onde acusou os críticos de não
compreenderem e evitarem hipocritamente tudo quanto se relacionasse com a
“sexualidade vital”. Só em 1960 o romance seria publicado em Inglaterra, trinta
anos depois da morte de D. H. Lawrence, vitima de tuberculose, ocorrida a 2
de Março de 1930, em Vence, França, tendo sido cremado, e as suas cinzas
enterradas no Kiowa Ranch, Taos, no Novo México.
“Lady Chatterley’s Lover”, primeira versão, também conhecido por “Constance
Chatterley”, irá aparecer somente ao público em 1944. Em 1999, Dieter Mehl e
Christa Jansohn, numa edição da Cambridge University Press, apresentam um
estudo crítico das duas versões iniciais desta obra: “The First and Second Lady
Chatterley Novels”, que reúne “The First Lady Chatterley” e “John Thomas and
| 123 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 124 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
Lady Jane”, ambas esboços com variantes acentuadas, em intriga e
personagens, de “O Amante de Lady Chatterley”. Lawrence procurou em cada
nova versão tornar o romance mais apelativo aos leitores sem, no entanto,
mudar nada de essencial. A segunda versão é conhecida em França pelo título
“Chatterley et l’Homme des Bois”, e será sobre esta que a realizadora francesa
Pascale Ferran roda, em 2006, a nova adaptação, interpretada por Marina
Hands (Constance) e Jean-Louis Coulloc’h (Parkin), obra que acabaria por
ganhar o “Cesar 2007” para o melhor filme europeu do ano.
Esta adaptação do romance de D. H. Lawrence é definitivamente a mais
conseguida e a primeira que consegue fazer justiça às intenções do escritor.
Deve dizer-se que D. H. Lawrence tem sido autor muito adaptado, mas nem
sempre com sucesso. Existe um curioso ensaio, “D. H. Lawrence Fifty Years on
Film”, da autoria de Louis K. Greiff, que examina criticamente meio século de
adaptações de romance de D. H. Lawrence ao cinema e televisão. Entre 1949 e
1999, a vida e a obra de D. H. Lawrence inspiraram, pelo menos, dez obras,
nove adaptações, uma biografia romanceada. Louis K. Greiff estuda-as como
documentos culturais e históricos, para lá de possíveis obras de arte.
A primeira versão cinematográfica de “O Amante de Lady Chartteley” data de
1955 e é assinada por Marc Allegret (“L’Amant de Lady Chatterley”). Trata-se de
um filme (que nunca vi) que nos dizem abordar a obra numa perspectiva
marxista, sublinhando sobretudo o conflito de classes. Nas décadas de 60 e 70,
acompanhando o espírito do tempo, o que se valoriza são outros aspectos: não
conformismo, vida boémia, revolução sexual, protesto contra a guerra,
celebração da juventude.
Uma nova adaptação de “Lady Chatterley’s Lover” irá surgiu em 1981, numa
realização de Just Jaeckin, com Sylvia Kristel e Nicholas Clay, numa versão soft
porno de luxo, para consumo em salas da grande burguesia. Sylvia Kristel vinha
de “Emmanuelle” e prolongou o estilo na sua interpretação de Constance. Em
1993, uma nova versão televisiva se anuncia, desta feita chamada “Lady
Chatterley”, dirigida por Ken Russell, com Joely Richardson e Sean Bean, numa
encomenda da BBC Television. O estilo barroco (mesmo rocócó) do cineasta
contamina esta nova visão dos amores de Constance e do guarda-florestal, que
sofre de rodriguinhos vários e de um imaginário imoderado. Ambos os filmes
tornaram popular o romance, mas não pelas melhores razões. Procurava-se o
livro sobretudo pelo “picante” da história, esquecendo-se o seu
enquadramento social e a sua envolvência filosófica.
O que está longe de acontecer na obra de Pascale Ferran, que, apesar de não
especular com o erotismo barato, é a mais intensa e sensual de todas quanto
vimos. Pascale Ferran procura olhar o romance de forma rigorosa, o seu cinema
recusa todo o efeito fácil e gratuito, escolhe o caminho mais difícil para abordar
o romance e lança-se definitivamente numa via de austeridade de processos e
de rigor formal, excepcionalmente servida por actores magníficos que entendem
o que se lhes pede e dão tudo o que podem para erguer personagens sólidas
e complexas. Com sumptuosos cenários, tanto exteriores como interiores, que
definem psicologicamente estados de alma, o filme oscila entre a prisão interior
e a libertação em contacto com a natureza, confrontando preconceitos sociais e
um vitalismo primitivo e pagão. Pagão no sentido de recusar o sentimento de
culpa, não no sentido de se afastar de uma certa religiosidade panteísta, com
muito pouco de bucólico, mas muito de assumidamente metafísico. Neste
sentido a obra de Pascale Ferran é realmente surpreendente, pela forma como
equilibra o contexto social com o cenário geográfico, como integra o individual
no colectivo (algumas anotações sociais não desleixam nem o essencial, nem o
acessório, como as cenas com os mineiros, o ambiente da aldeia, etc.). O que
causou maior escândalo na altura da publicação de “O Amante de Lady
Chatterley” continua possivelmente a ser o mais chocante ainda hoje para
muitos espíritos bem pensantes, mas foi essa aproximação entre uma sensível
aristocrata e um camponês rude que mais valorizou igualmente a obra de
Lawrence e que Pascale Ferran manteve como valor a preservar. Surgem por isso
fortíssimas as imagens de algumas cenas de amor que se estendem pela
floresta, sob as ramadas das árvores, em plena chuva, ou no pobre e
desconfortável casebre onde se alberga o guarda. Surge aparentemente
incompreensível o prazer de Constance ao ser tocada pelas mãos rudes do
camponês, surge possivelmente crua a forma como Parkin se refere ao coito, aos
órgãos genitais. Mas é nesse aspecto mesmo que Lawrence consegue desdobrar
o lado secreto e misterioso do prazer, conferindo-lhe uma complexidade que se
afasta drasticamente da unidimensionalidade de um desejo estandardizado e
sem fantasia nem horizontes. Não estamos no campo do patológico, estamos
no domínio do mais secreto de cada um que, ao ser revelado, transforma a
normalidade numa anormalidade insustentável. Pascale Ferran consegue realizar
um filme inteligente, sensível, secreto, intenso. Uma ou outra sequência não
muito conseguida (como a cena de amor á chuva, com Constance nua, de botas)
não chegam para minar o êxito desta adaptação.
Lauro António
O AMANTE DE LADY CHARTTELEY
Título original: Lady Chatterley ou Lady Chatterley et l’Homme des Bois
Realizador: Pascale Ferran (França, Bélgica, Inglaterra, 2006); Argumento: Pascale Ferran,
Pierre Trividic, segundo romance de D.H. Lawrence (Lady Chatterley et l’homme des bois);
Música: Béatrice Thiriet; Fotografia (cor): Julien Hirsch; Montagem: Yann Dedet, Mathilde
Muyard; Casting: Richard Rousseau, Sarah Teper; Design de produção: François-Renaud
Labarthe; Guarda-roupa: Marie-Claude Altot ; Maquilhagem: Luk Van Cleemput, Danièle
Vuarin ; Direcção de produção: Olivier Guerbois, Yann Jouannic, Luc Tissot; Assistentes de
Realizador: Renaud Fely, Gabriele Roux; Departamento de arte: Valérie Faynot ; Som: Pascal
Chauvin, Jean-Jacques Ferran, Jean-Pierre Laforce, Fred Mays, Nicolas Moreau; Produção:
Kristina Larsen, Gilles Sandoz; Companhias de Produção: Maïa Films, Saga Film, arte France
Cinéma, Titre et Structure Production, Les Films du Lendemain, Cofinova 2, Région Limousin,
Région Provence Côte d’Azur, Centre National de la Cinématographie ;
Intérpretes: Marina Hands (Lady Chatterley), Jean-Louis Coullo’ch (Parkin), Hippolyte Girardot
(Clifford), Hélène Alexandridis (Mrs. Bolton), Hélène Fillières (Hilda), Bernard Verley (Pai de
Constance), Sava Lolov (Tommy Dukes), Jean-Baptiste Montagut (Harry Winterslo), Michel
Vincent (Marshall), Christelle Hes (Kate), Joël Vandael (Field, o motorista), Jacques De Bock
(o médico), Ninon Brétécher (Emma Flint), Anne Benoît (a merceeira), Jean-Baptiste de Laubier
(Duncan Forbes), Nathalie Eno (Cliente), Jean-Michel Vovk (Arthur), William Atkinson (mineiro),
Duração: 168 minutos ou 220 min (versão de TV); Estreia em França: 1 de Novembro de
2006; Distribuição em Portugal: Atalanta Filmes; Classificação Etária: M/16 anos (Qualidade)
| 125 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 126 |
cineeco2007
O CAIMÃO
Outras Terras,
Outras Gentes
Não é uma sátira ao ex-primeiro-ministro de Itália, ao untuoso senhor do
audiovisual transalpino, é, antes, um olhar sobre a sociedade que tornou
Berlusconi possível no topo do poder de Estado. Não é uma comédia –
ou, pelo menos, não é a óbvia comédia que se podia esperar quando um
refinado cultor do humor defronta o mais risível dos políticos. Pelo
contrário, se muito rimos neste filme, não é de Berlusconi, mas de todos
os outros, de uma Itália tão desnorteada quanto o protagonista da fita,
um produtor de cinema com a vida em cavacos (praticamente falido, com
a mulher a divorciar-se, o amor-próprio a aproximar-se do zero). Até
parece que o tema do filme é outro... Mas não é: o cineasta dá-nos conta
de uma sociedade infectada e, quando os últimos planos do filme
surgem, quando o corpo de Berlusconi é investido pelo corpo de Moretti
percebemos que não há paródia, mas horror, que o político não é
personagem de uma ópera-bufa, mas de uma tragédia, como se os ratos
tivessem desembarcado numa cidade feliz e inoculassem a peste ao
ponto de quase ninguém se dar conta dela. Génio de Nanni Moretti: não
diluir pelo humor, decantar pela gravidade. Neste filme o Mal olha-se de
frente.
J. Leitão Ramos, in Expresso
Após a passagem de «O Caimão» no último Festival de Cannes, Nanni Moretti
falou-nos de cinema e de política na Itália contemporânea.
Encontrámos um Nanni Moretti surpreendentemente bem disposto no último
Festival de Cannes, em Maio do ano passado. O Caimão concorria à Palma
de Ouro e já então tinha estreado em Itália, a 24 de Março, em plena
campanha para as legislativas que dariam a vitória a Romano Prodi. Este
enquadramento não vem por acaso. O Caimão é uma sátira inteligente e
cáustica à Itália do derrotado nessas eleições: Silvio Berlusconi. Conta a
história de um produtor de cinema falido que julga ir salvar a carreira com
o argumento de uma jovem realizadora. Só que esse argumento, coisa de
que o produtor nem se apercebe, é baseado na vida do ex-primeiro ministro
italiano. É o maior êxito comercial até à data do realizador de Palombella
Rossa.
«O Caimão» abre com uma entrada delirante, salvo erro a primeira de todos
os seus filmes, num cinema italiano série-B totalmente oposto ao seu. A
entrada é justificada porque é esse o género de trabalhos produzidos por
Bruno (Silvio Orlando), a personagem principal do filme. Tem algum apreço
por este tipo de cinema?
Não, detesto-o. Sempre o detestei, desde miúdo. E, se reparar, essa cena não
é uma homenagem, é um apontamento de escárnio. É claro que me diverti
imenso a filmar Cataratas e a imaginar a filmografia do produtor Bruno,
títulos como Maciste contra Freud e outras bizarrias... Interessava-me menos
a relação de Bruno com aqueles filmes do que a sua relação com o trabalho,
o cinema. E acho que, ao contrário de outros produtores «série-B», ou «sérieZ» - depende do seu vocabulário -, Bruno não é um tipo frustrado e dá-nos
algumas lições de decência. Nunca fui fiel a nenhum «culto», nem mesmo ao
do cinema político que se expandiu em Itália nos anos 70 e ao qual, admito,
O Caimão está ligado. Aliás, este tipo de «fazer política» no cinema italiano
acabou por tornar-se um filão comercial. Não sei porque é que este tipo de
filmes já não se fazem mais, talvez por falta de inspiração dos argumentistas,
ou porque nenhum produtor de hoje parece interessado em arriscar neles.
Ou simplesmente porque a realidade da democracia italiana dos últimos
anos é tão delirante que ultrapassa qualquer ficção!
O seu filme chega a Cannes já depois da estreia e do êxito em Itália.
Entretanto, a situação política também mudou: Berlusconi saiu derrotado das
últimas eleições. Acha que o filme perde o seu «efeito surpresa», a sua
«missão»?
Mas O Caimão não é um filme sobre Berlusconi! Já o disse e redisse. É uma
sátira ao cinema, um filme de amor, um filme político. É sobretudo um filme
sobre um homem que quer ouvir outra vez a palavra «acção» e não
consegue: o produtor Bruno. No início do projecto, em finais de 2001,
pensei em fazer um documentário sobre Berlusconi mas meti-me
pessoalmente tão a fundo na política que o documentário perdeu a razão
de existir. Voltei a pensar num filme sobre o ex-primeiro ministro e escrevi
depois uma ficção muito mais directa sobre a sua pessoa. Não me agradou.
| 127 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 128 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
Só depois encontrei uma maneira menos frontal, mas mais inteligente, de
voltar ao assunto, partindo de duas personagens: Bruno e a jovem
realizadora Teresa.
Também se meteu a fundo no seu filme, ao ponto de interpretar você mesmo
uma das três «incarnações» de Berlusconi nas três fases do filme que há
dentro de «O Caimão», o filme que a jovem Teresa prepara. O Nanni Moretti
é também um excelente actor, porque não ficou com o papel de Bruno para
si?
Na verdade você está enganado porque não há três Berlusconis em O
Caimão, mas quatro. Sente-se no filme a sombra do verdadeiro a pairar.
Berlusconi não deve tardar para voltar à carga, ele anda por aí... Julguei que,
mais cedo ou mais tarde, ia escolher outro actor para o protagonista. Foi na
fase da escrita do argumento que todos nos demos conta de que o papel
estava a ser escrito para Silvio Orlando, que é um actor notável. Pensei que,
se lhe desse o papel, podia concentrar-me mais na realização. Depois
passou-se outra coisa: é que Silvio leu o papel e disse-me que o tinha de
fazer absolutamente. Foi uma «chantagem», não tive alternativa!... Quanto à
minha aparição, quis que ela fosse uma surpresa, um golpe de teatro para
destabilizar o público. Berlusconi fala de uma determinada maneira, toda a
gente em Itália conhece a sua «performance», o seu hipnotismo. As suas
palavras já não impressionam ninguém quando ele as pronuncia,
independentemente da violência que elas têm. Ditas por mim, aquelas
palavras que toda a gente sabe de quem são criam uma distância entre
Berlusconi e o conteúdo do seu discurso, o real peso do seu desprezo pelas
instituições e pela democracia.
Foi a democracia que o derrotou... E Berlusconi, para já, saiu da cena política.
Eu duvido que ele saia de cena e se torne um «centrodestra» normal. Um
«centrodestra» normal não tem tantos canais de televisão privados e, acima
de tudo, não se candidata nessas condições para governar o país. Nem
pratica uma pose capaz de envergonhar os europeus mais conservadores,
recusando admitir a sua derrota, para embaraço de todos aqueles que
votaram nele. A Itália transformou Berlusconi numa personagem simpática,
era uma moda dizer piadas ou enviar mensagens por telemóvel sobre as
suas últimas tiradas. A Itália subestimou o perigo que Berlusconi representa
enquanto aplaudia o seu lado cómico. Um político de direita tem sentido de
Estado, incarna um conjunto de valores que Berlusconi não tem. Por outro
lado, se sou de esquerda, não quero ser um símbolo da esquerda, até
porque nos meus filmes anteriores já passei muito tempo a fazer pouco dela.
A esquerda italiana é masoquista e não é por Romano Prodi ter ganho as
eleições que as coisas vão mudar. Quando faço um filme não penso nessa
divisão, direita para um lado, esquerda para o outro, apenas sigo um instinto
de observação sobre o mundo que me rodeia e tento expressá-lo da melhor
forma possível.
Entrevista de Francisco Ferreira, in Expresso
| 129 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
O CAIMÃO
Título original: Il Caimano
Realizador: Nanni Moretti (Itália, França, 2006); Argumento: Nanni Moretti, Heidrun Schleef,
Francesco Piccolo, Federica Pontremoli; Música: Franco Piersanti; Fotografia (cor): Arnaldo
Catinari; Montagem: Esmeralda Calabria; Design de produção: Giancarlo Basili; Guardaroupa: Lina Nerli Taviani; Maquilhagem: Enrico Jacoponi; Direcção de Produção: Stefano
Benappi; Assistentes de Realização: Loredana Conte, Chrystelle Robin; Departamento de
arte: Sandro Bettin, Gloria Brescini; Som: Adriano Di Lorenzo, Davide Palmiotto, Alessandro
Zanon; Efeitos especiais: Danilo Bollettini, Stefano Corridori; Efeitos visuais: Francesco Grisi,
Stefano Leoni, Francesco Pepe, Davide Tubaro; Casting: Luigi Palmulli; Produção: Angelo
Barbagallo, Gianfranco Barbagallo, Nanni Moretti; Companhias de produção: Bac Films,
France 3 Cinéma, Sacher Film, Stéphan Films.
Intérpretes: Silvio Orlando (Bruno Bonomo), Margherita Buy (Paola Bonomo/Aidra), Jasmine
Trinca (Teresa), Michele Placido (Marco Pulici/Silvio Berlusconi), Giuliano Montaldo (Franco
Cáspio), Antonio Luigi Grimaldi, Paolo Sorrentino, Elio De Capitani (Silvio Berlusconi), Tatti
Sanguinetti, Jerzy Stuhr, Toni Bertorelli, Matteo Garrone, Lorenzo Alessandri, Giancarlo Basili,
Anna Bonaiuto, Dario Cantarelli, Antonio Catania, Luca D’Ascanio, Cecilia Dazzi, Renato De
Maria, Luisa De Santis, Paolo De Vita, Martina Iero, Mimmo Mancini, Valerio Mastandrea,
Carlo Mazzacurati, Bruno Memoli, Fabrizio Morandi, Nanni Moretti, Giovanna Nicolai,
Giacomo Passarelli, Antonio Petrocelli, Daniele Rampello, Stefano Rulli, Andrea Tidona, Sofia
Vigliar, Paolo Virzì, e em imagens de arquivo Silvio Berlusconi, Rocco Buttiglione, Gianfranco
Fini, Romano Prodi, Martin Schultz.
Duração: 112 minutos; Distribuição em Portugal: Atalanta Filmes; Classificação etária: M/12
anos; Locais de Filmagem: Sabaudia, Latina, Lazio, Itália; Data de estreia: 24 de Março de
2006 (Itália).
| 130 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
DIÁRIO DE UM ESCÂNDALO
Judi Dench interpreta uma velha professora com uma frieza desprovida de
ternura que faz da personagem uma mulher que o espectador jamais
consegue amar.
São duas grandes actrizes e um texto de Patrick Marber a desenhar o
drama. Richard Eyre realiza, num estilo que vai buscar ao teatro o rigor
dos diálogos e a atenção aos intérpretes e onde o cinema é pouco mais
do que invólucro a valorizar esse binómio entre gente e falas.
Competente, avesso a malabarismos, sempre directo ao ponto.
Tudo começa na escola. Não, para seguir a frase no seu entendimento
usual, porque a escola seja a raiz de tudo. Em Diário de Um Escândalo,
não é raiz de coisa alguma, é sintoma. Olhamos uma escola secundária
para classe média-baixa e entrevemos um universo de frustrações e de
inutilidade: alunos nada interessados em aprender o que quer que seja,
professores que já desistiram de ensinar, ambos defrontando-se num
espaço que se tenta seja mantido, pelo menos, em paz tensa, mas de
onde desapareceu todo o proveito social e toda a capacidade de
comunicação. Olhamos aquela escola secundária e suspeitamos um poço
sem fundo de decepções acumuladas, a resignação que não é menos
patética quando é dobradiça do que quando é autoritária. Porque ali nada
se salva. Aquela escola é o desenho impressionista de uma mais vasta teia
social - bem andou o argumentista Patrick Marber (um dos grandes
dramaturgos britânicos da actualidade) em desenhá-la com precisão em
meia dúzia de cenas capitais. Porque é dali que vai emanar o drama.
A protagonista-narradora (a autora do diário de que fala o título) é uma
velha professora impositiva, solitária na curva descendente dos seus dias,
cujas inclinações lésbicas nunca encontraram um objecto de afeição
permanente. Judi Dench interpreta-a com aquela frieza desprovida de
ternura que faz da personagem uma mulher que o espectador jamais
consegue amar. Pelo seu lado, ela mesma é incapaz de amor. A solidão a
que tenta desesperadamente pôr termo não a abre aos outros, torna-a
sôfrega de posse e controlo, como um vampiro, ou uma ave de rapina que
apenas age em benefício próprio. Encontra uma jovem professora em
crise, a que Cate Blanchett empresta uma transparência de vítima: está a
afrontar a distância entre o modo como sonhamos a vida e como ela
realmente é - e a impossibilidade para ultrapassar essa evidência. Começa
a rodeá-la com a urgência ávida dos náufragos. Julga tê-la na mão quando
a descobre literalmente ajoelhada, em acto de relação clandestina com um
dos alunos (simultaneamente jovem enfeitiçado e predador sexual - sinal
de alarme que o filme grita, em surdina). Oferece-lhe o ombro de amiga,
a casa para a acolher, pé ante pé, insinuando a treta das almas gémeas,
mesmo depois de ter insinuado uma denúncia anónima que fractura todas
as teias sociais que protegiam a sua presa. Sem resultados.
Diário de Um Escândalo é uma história de gente frustrada e pequena, a
esbracejar, gente de que o olhar do filme não gosta e nós também não.
Mostra-nos um abismo, com o cinismo desapiedado de quem nos aponta
não o inferno lá longe mas aqui, onde nós estamos. É um filme onde a
tristeza e a lucidez andam de mãos dadas sem saber como sair do
labirinto. O fim do filme é um recomeço. Não há descanso neste mundo.
Jorge Leitão Ramos, in Expresso
DIÁRIO DE UM ESCÂNDALO
Título original: Notes on a Scandal
Realizador: Richard Eyre (Inglaterra, 2006); Argumento: Patrick Marber, segundo romance de
Zoe Heller (“What Was She Thinking: Notes on a Scandal”); Música: Philip Glass; Fotografia
(cor): Chris Menges; Montagem: John Bloom, Antonia Van Drimmelen; Casting: Shaheen Baig,
Maggie Lunn, Howard Halsall, Benjamin Till; Design de produção: Tim Hatley; Direcção de arte:
Hannah Moseley, Decoração: Caroline Smith; Guarda-roupa: Tim Hatley, Marco De Magalhaes,
Emma Heath, Kirsty Wilkinson, Allison Wyldeck; Maquilhagem: Jayne Buxton, Eammon Hughes,
Helen Johnson, Rebecca Lafford, Lisa Westcott; Direcção de Produção: Polly Duval, Rachel
Neale; Assistentes de Realização: Jeremy Angel, Caroline Chapman, James Chasey, Heidi Gower,
Robert Grayson, Martin Harrison, Christian Rigg, Chris Stoaling, Charlie Waller; Departamento
de arte: Grant Armstrong, Ian Bee, Robert J. Dugdale, Jane Harwood, Mark Raggett, Kem White;
Som: Jim Greenhorn, James Mather, Jacob Ribicoff; Efeitos especiais: Stuart Brisdon, Mark
Haddenham, Nigel Wilkinson; Efeitos visuais: Lori C. Miller; Produção: Robert Fox, Andrew
Macdonald, Redmond Morris, Allon Reich, Scott Rudin; Companhias de produção: BBC Films,
DNA Films, Ingenious Film Partners, Scott Rudin Productions, UK Film Council.
Intérpretes: Judi Dench (Barbara Covett), Cate Blanchett (Sheba Hart), Tom Georgeson (Ted
Mawson), Michael Maloney (Sandy Pabblem), Joanna Scanlan (Sue Hodge), Shaun Parkes (Bill
Rumer), Emma Kennedy (Linda), Syreeta Kumar (Gita), Andrew Simpson (Steven Connolly),
Philip Davis (Brian Bangs), Wendy Nottingham (Elaine Clifford), Tameka Empson, Leon Skinner,
Bill Nighy, Juno Temple, Max Lewis, Debra Gillett, Barry McCarthy, Julia McKenzie, Adrian
Scarborough, Jill Baker, Diana Berriman, Alice Bird, Benedict Taylor, Miranda Pleasence, Jonathan
Speer, Stephen Kennedy, Derbhle Crotty, Catherine Drew, Anne-Marie Duff, Zoe Heller, etc.
Duração: 92 minutos; Distribuição em Portugal: Filmes Castello Lopes; Classificação etária:
M/16 (Qualidade); Locais de filmagem: Cavendish Hotel, Grand Parade, Eastbourne, East
Sussex, Inglaterra; Data de estreia: 1 de Março de 2007 (Portugal).
| 131 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 132 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
UMA FAMÍLIA À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS
“Little Miss Sunshine”, dirigida pelo casal Jonathan Dayton e Valerie Faris
(casados entre si e especialistas em videoclips e publicidade), com
argumento de Michael Arndt, é uma excelente comédia sobre o actual
estado do “american way of life.” Dizem as boas, ou más-línguas, que o
argumentista se lembrou de escrever este guião quando ouviu o
Governador da Califórnia, o actor Arnold Schwarzenegger, declarar: “Se há
algo que eu desprezo são os perdedores.” Resolveu, portanto, fazer uma
obra onde se colocam em confronto “vencedores” e “vencidos” da vida,
numa América governada por George Bush (aparece na televisão, mas esta
é de imediato desligada com evidente mal estar, por quem o está a – não
– querer ouvir) num estilo de comédia “com moralidade agregada”, muito
ao jeito de Frank Capra e outros que tais. Mestres na arte de fazerem
pensar com uma boa gargalhada ou um sorriso inteligente.
Tudo se passa no interior de uma família, os Hoover, que aqui simbolizam
uma certa ideia da América. Richard Hoover (Greg Kinnear), dá
conferencias, ou acções de formação, ou aulas, sobre “como ser um
vencedor” e tenta mesmo vender, como “best seller” (ou não fosse ele
próprio um “vencedor”), o segredo do sucesso no volume “Nine Steps to
Success,” que, todavia, se revela um fracasso total e arruína a família,
logo no dia em que viajam de Albuquerque, New Mexico, onde habitam,
para a Califórnia, onde irá decorrer o concurso “Little Miss Sunshine”. O
falhanço do livro cria fricção com a mulher, Sheryl Hoover (Toni Collette),
uma hiper agitada dona de casa que chega a falar em divórcio, e tudo
tenta controlar. Ela tem mesmo muito que fazer, desde ir recolher ao
hospital o irmão, Frank (Steve Carell), que acaba de sobreviver a uma
tentativa de suicídio, o filho Dwayne (Paul Dano), que quer ser aviador e
se recusa a falar, impondo-se um voto de silêncio inspirado em Nietzsche,
e que jura durar até tirar o brevete, e ainda Olive Hoover (Abigail Breslin),
uma miudinha de seis anos, filha do casal, de olhar vivo e pergunta
acelerada, que vive agitada os dias que antecedem a sua participação no
concurso já aludido. Falta ainda falar do avô Edwin Hoover (Alan Arkin),
velho resmungão, obcecado por sexo e revistas porno, “bem porcas”, que
se droga com heroína e morre de overdose pelo caminho.
Esta família assume assim diversas características da sociedade norte
americana actual, povoada por fantasmas que vão desde o mito do
vencedor, que “quer ser um vencedor”, que julga ter a receita, mas que
falha rotundamente, ao auto marginalizado, que deliberadamente deixa de
ter voz, à mulher, hiper eficiente, ao professor universitário homossexual
que tem um “affair” com um aluno, e desiste de viver quando se descobre
duplamente atraiçoado, pelo jovem que escolhe outro professor para
viajar, e por esse mesmo colega de profissão que é considerado “o maior
especialista em Proust da América” (quando Frank se considera a si
mesmo “o primeiro especialista em Proust” dos EUA). Também a jovem
Olive quer ser vencedora do Concurso, sobretudo para que o pai goste
dela (se perder, ele não a considera mais). Num país de “vencedores”, que
não aceitam a derrota, nem sequer serem segundos, esta família de
derrotados da vida atravessa as estradas da América para ofertar uma filha
no altar da mais completa mediocridade: um concurso de beleza para
menininhas de seis / sete anos que se saracoteiam, dançam e cantam
como pequenas Barbies travestidas de “lolitas” de encomenda,
caracterizadas a preceito para o acto de sedução pública em cima de um
palco.
“Road Movie”, um sub-género tão particular dos americanos quando
querem falar do País, “Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos”
| 133 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 134 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
desenvolve-se ao longo de uma atribulada viagem, durante a qual a
própria carrinha vai perdendo o controlo de si próprio, só arranca de
empurrão e não tem travões, obrigando os passageiros a saltar para o seu
interior em andamento. Viagem que irá terminar frente a um hotel da
Califórnia onde decorre o inusitado concurso dos pequenos “monstros”
que querem ser Miss Little Sunshine.” È durante este espectáculo de
menoridade mental que a família se assume como uma célula articulada,
e afinal unida, impondo as suas regras perante a hipocrisia reinante e
fazendo-se ouvir a uma só voz. O que oferece ao filme uma aragem de
confiança no futuro, muito embora o horizonte se encontre
perturbadoramente negro. Mas afinal pode haver autênticos “vencedores”,
quando se recusa “ser um vencedor”. Uma verdade difícil de engolir na
América de George Bush, mas uma verdade a ganhar adeptos de dia para
dia: veja-se o sucesso do filme no interior da própria América do Norte (e
em todo o mundo). Tendo custado apenas 8 milhões de dólares, já fez
mais de 40 milhões de dólares de receita, nos EUA desde o seu
lançamento no Sundance Festival, onde foi premiado. Justificamente.
Uma das grandes comédias deste ano, e um excelente candidato a vários
Oscars: desde o argumento ao conjunto das interpretações, todas elas
admiráveis na forma como criam personagens algo excêntricos, sem
caírem na caricatura fácil.
Lauro António, in “Lauro António Apresenta…”
(http://lauroantonioapresenta.blogspot.com/)
UMA FAMÍLIA À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS
Título original: Little Miss Sunshine
Realização: Jonathan Dayton e Valerie Faris (EUA, 2006); Argumento: Michael Arndt; Música:
Mychael Danna, DeVotchKa; Fotografia (cor): Tim Suhrstedt; Montagem: Pamela Martin; Casting:
Justine Baddeley, Kim Davis; Design de produção: Kalina Ivanov; Direcção de arte: Alan E.
Muraoka; Decoração: Melissa M. Levander; Guarda-roupa: Nancy Steiner, Lisa Hyde, Robin
McMullan, Jennifer Starzyk; Maquilhagem: Susan Carol Schwary, Janis Clark, Dugg Kirkpatrick, Angel
Radefeld, Torsten Witte; Direcção de Produção: Michael Bergyl, Bob Dohrmann, Michael Toji;
Assistentes de Realização: Heather Anderson, Kate Greenberg, Joe May, Gregory J. Smith, Thomas
Patrick Smith, Thomas Robinson Harper, Bart Lipton; Departamento de arte: Tony Bonaventura,
Theresa Greene, Michael Klingerman; Som: Andrew DeCristofaro, Stephen P. Robinson; Efeitos
especiais: Ian Eyre; Efeitos visuais: Adam Avitabile, Chad Buehler, Joshua D. Comen; Casting:
Barbara Harris, Kelly Hunt, Rich King; Produção: Albert Berger, Michael Beugg, Jeb Brody, David T.
Friendly, Bart Lipton, Peter Saraf, Marc Turtletaub, Ron Yerxa; Companhias de produção: Big Beach
Films, Third Gear Productions LLC, Deep River Productions, Bona Fide Productions.
Intérpretes: Abigail Breslin (Olive), Greg Kinnear (Richard), Paul Dano (Dwayne), Alan Arkin (Avô),
Toni Collette (Sheryl), Steve Carell (Frank), Marc Turtletaub (Médico), Jill Talley (Cindy), Brenda
Canela, Julio Oscar Mechoso, Chuck Loring, Justin Shilton, Gordon Thomson, Steven Christopher
Parker, Bryan Cranston, John Walcutt, Paula Newsome, Dean Norris, Beth Grant, Wallace
Langham, Lauren Shiohama, Mary Lynn Rajskub, Jerry Giles, Geoff Meed, Matt Winston, Joan
Scheckel, Casandra Ashe, Mel Rodriguez, Alexandria Alaman, Alissa Anderegg, Brittany Baird,
Cambria Baird, Brenae Bandy, Kristen Holaas, Maliah Hudson, Destry Jacobs, Lindsey Jordan,
Shane Murphy, Annabelle Roberts, Sydni Stevenson-Love, Nicole Stoehr, Lauren Yee, Erik David,
Tara Dawn Holland, Ksenia Jarova, Robert O’Connor, Regis Philbin, Matthew W. Tate, etc.
Duração: 101 minutos; Distribuição em Portugal: Files Castello Lopes; Classificação etária: M/12
anos; Data de estreia: 18 de Agosto de 2006 (EUA); Locais de filmagem: Chandler, Arizona, EUA.
GERAÇÃO FAST FOOD
| 135 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
Estreado em Cannes 2006, Geração Fast Food adapta o livro O Império
do Fast Food, de Eric Schlosser, de 2001, uma denúncia directa da
indústria americana de «fast food» baseada na investigação a um dos
principais colossos do sector (a McDonald’s). A adaptação do «bestseller» é livre, ficcional e teve longo tempo de gestação. Schlosser não
queria passar os direitos da sua «pega de caras» a qualquer criatura e
resistiu a quase tudo, dos avanços da TV às boas intenções de
documentaristas encartados com queda para vegetarianos. Estúdios
milionários, nem pensar. «Tudo me cheirava a traição», confessou. Mas lá
cedeu. A quem? Aos punks. Na produção está Malcolm McLaren, o
celebérrimo «manager» dos Sex Pistols, que já conhecia o produtor
Jeremy Thomas (outro britânico) do fim dos anos 70, dos tempos do
«pistoliano» The Great Rock’n’Roll Swindle. Foi McLaren quem desafiou
Jeremy Thomas para o projecto. Faltava encontrar um realizador, de
preferência «de culto» (McLaren é tudo menos parvo), alguém
suficientemente hábil para fazer a ponte entre os «indies» e a indústria
e com lata («never mind the bollocks...») para dar o corpo ao manifesto.
Richard Linklater, realizador de Antes de Amanhecer e Antes do Anoitecer,
também ele um vidrado em rock, foi o escolhido.
Chegamos ao bife, «uma verdade difícil de engolir», diz-nos o cartaz do
filme. Geração Fast Food cria uma teia de personagens que se ramifica na
ficção e vai bem mais longe do que a denúncia panfletária «à Michael
Moore», o que mais dele se esperava. Também não cede a um
maniqueísmo de vitimização nem coloca a cabeça no cepo, como aquele
herói de Super Size Me que devorava hambúrgueres e catalogava a
degradação do seu próprio corpo. Linklater é mais inteligente. Esforça-se
| 136 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
em reinterpretar a matéria documental que tem nas mãos (o livro de
Schlosser) e inventa, a partir dela, uma ficção desportiva que equipara
dados estatísticos a casos humanos. A estatística é o maior dos terrores:
por dia, um americano em cada quatro entra num restaurante de «fast
food»; um em cada dois escolhe esse tipo de comida quando janta fora;
o negócio do «fast food» passou de 3 mil milhões de dólares nos anos
70 a 120 mil milhões nos dias de hoje; um americano em cada oito
trabalhou pelo menos uma vez na vida numa cadeia de «fast food». Mais:
o Serviço de Imigração e de Naturalização dos EUA estima que um quarto
dos operários dos matadouros do país representam mão de obra ilegal,
sobretudo proveniente do México. E há mais ainda: «There’s shit in the
meat!» («Há merda na carne!»). Nada escapa à trituradora. É o filme de
Linklater que o diz, o tom não é de gozo.
Um herói desperta, chama-se Don Henderson (Greg Kinnear), é o
responsável de «marketing» da imaginária empresa Mickey’s. Don é um
tipo decente. Quando análises provam a contaminação da carne, ele fazse detective e parte em investigação para o local do crime, visita
criadores de carne, fica ao corrente da rede de operários ilegais dos
matadouros, sem preparação para o difícil trabalho que desempenham.
Patricia Arquette, Ethan Hawke, Kris Kristofferson, Avril Lavigne ou Ashley
Johnson, bem como as latino-americanas Catalina Sandino Moreno e Ana
Claudia Talancón, ocupam todas as etapas do sistema «fast food», da
especulação do negócio da carne (Bruce Willis numa aparição brilhante)
aos adolescentes que trabalham nos restaurantes, passando por aquele
casal de mexicanos recém-chegados aos «States». Dois meses depois,
eles lá decidem ir jantar fora: vão ao «fast food»... Linklater tenta abarcar
todos os aspectos do «fast food» a nível político, social e económico.
Mede os seus danos colaterais. Com isto, não fala de outra coisa: de um
país, os EUA, de um sonho americano tornado pesadelo, de uma
identidade nacional em crise e com as tripas de fora.
Neste filme sobre o trabalho, a passagem de uma personagem a outra
nem sempre é feliz. Don desaparece ao fim de uma hora depois de abrir
as portas do inferno. A história dos adolescentes que querem roubar o
restaurante não é desenvolvida. Também não se entende o volte-face da
personagem de Ana Claudia Talancón, cedo apanhada pelas malhas da
droga e da prostituição, e a cena final no matadouro vem carregada de
excessos. Linklater sacrificou certamente algumas peças do xadrez em
nome do resultado de conjunto, de uma distância política, altmaniana, a
correr em passada de «jogging» com alguns tropeções pelo caminho.
Porém, liberta-se da prisão do argumento. Afinal, não está longe do
território que, de formas tão distintas, tem vindo a ser desbravado no
cinema americano contemporâneo por Gus Van Sant ou Soderbergh.
Falamos de um cinema disperso, impuro, experimental. E activo.
Definitivamente, de um cinema que é importante seguir de perto.
Francisco Ferreira, in Expresso
| 137 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
GERAÇÃO FAST FOOD
Título original: Fast Food Nation
Realizador: Richard Linklater (EUA, Inglaterra, 2006); Argumento: Eric Schlosser, Richard
Linklater, segundo obra de Eric Schlosser (“Fast Food Nation: The Dark Side of the AllAmerican Meal”); Música: Friends of Dean Martinez; Fotografia (cor): Lee Daniel; Montagem:
Sandra Adair; Design de produção: Bruce Curtis; Direcção de arte: Joaquin A. Morin;
Decoração: Phil Shirey; Guarda-roupa: Kari Perkins; Maquilhagem: Becki Drake, Melissa
Forney, Roxie Holdenfield, Darylin Nagy, Roxie Norman; Direcção de Produção: Eduardo
Barraza, Dan Genetti, Victor Ho, Alejandro Laguette; Assistentes de Realização: Cleta Elaine
Ellington, Vincent Palmo Jr., Katie Tull; Departamento de arte: Fred Daniel, Ellen Lampl; Som:
Michael J. Benavente, Martin Lopez; Efeitos especiais: Marcus LaPorte, Steve Wolf; Efeitos
visuais: David Beedon, Jeremy Oddo; Produção: Ann Carli, Sara Greene, Malcolm McLaren,
Chris Salvaterra, Edward Saxon, Eric Schlosser, Jeff Skoll, Alexandra Stone, Ricky Strauss,
Jeremy Thomas, David M. Thompson, Peter Watson; Companhias de produção: BBC Films,
HanWay Films, Participant Productions, Recorded Picture Company (RPC).
Intérpretes: Wilmer Valderrama (Raul), Catalina Sandino Moreno (Sylvia), Ana Claudia
Talancón (Coco), Juan Carlos Serrán (Esteban), Armando Hernández (Roberto), Greg Kinnear
(Don Anderson), Frank Ertl (Jack), Michael D. Conway (Phil), Mitch Baker (Dave), Ellar Salmon
(Jay), Dakota Edwards (Stevie), Dana Wheeler-Nicholson (Debi), Luis Guzmán (Benny), Bobby
Cannavale, Francisco Rosales, Ashley Johnson, Paul Dano, Patricia Arquette (Cindy), Roger
Cudney, Glen Powell Jr., Cherami Leigh, Esai Morales, Yareli Arizmendi, Matt Hensarling,
Mileidy Moron Marchant, Kris Kristofferson, Raquel Gavia, Hugo Perez, Bruce Willis, Helen
Merino, Erinn Allison, Barbara Chisholm, Larizza Salcido Gameros, Lana Dieterich, John Scott
Horton, Ethan Hawke (Pete), Aaron Himelstein, Avril Lavigne, Marco Perella, Lou Taylor Pucci,
Mónica Cano, Carlos Adrian Romero Ayala, Humberto Velez, Cora Cardona, Derek Chase
Hickey, Jason McDonald, etc.
Duração: 116 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo; Classificação etária: M/12 anos;
Locais de filmagem: Austin, Texas, (EUA); Data de estreia: 11 de Janeiro de 2007 (Portugal).
| 138 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
OS INIMIGOS DO ESTADO
“Ye Yan” (Os Inimigos do Império), do chinês Feng Xiaogang, parte de
uma adaptação livre da tragédia “Hamlet”, de William Shakespeare,
transpondo-a para os tempos caóticos do século X (entre 907 e 960), na
China, num período da Dinastia Tang em que existiam Cinco Dinastias e
Dez Reinos. Para quem viu “A Maldição da Flor Dourada”, de Zhang
Yimou, as semelhanças não passarão despercebidas. Trata-se de novo de
um conflito familiar que envolve uma luta pelo poder, desta feita
protagonizada por um Imperador que assassinara o irmão para assim
conseguir chegar ao poder, uma Imperatriz que está apaixonada pelo
Príncipe, filho do seu ex marido, mas não seu, e que aceita casar com o
cunhado para se salvar e poupar o legítimo herdeiro, e ainda por um
numeroso séquito de ardilosos conspiradores e inocentes amantes.
Ministros, generais, filhos e filhas de ministros, todos os seus destinos
se entrelaçam neste jogo mortal que tem como fito o trono do Império.
Um dia, depois de muitas armadilhas e traiçoeiras ciladas, com muitos
duelos de uma olímpica beleza e proverbial agilidade, com os guerreiros
a esgrimir na terra e no ar, evoluindo por entre espadas, lanças e punhais
que se cruzam e descruzam e vão provocando rios de sangue-vermelhovivo, o Imperador resolve oferecer um banquete, num dia que o
Camareiro-mor não acha o mais auspicioso para semelhante ocorrência.
Mas como as vontades do Imperador são para cumprir, assim seja. E
assim foi que num espaço de um palco frente ao trono do Império, se
sucederam as mortes, com um compasso feroz, marcado pela cobiça dos
homens e executado através de múltiplos expedientes, salpicados por
fatalidades e equívocos sem retorno. A Imperatriz tenta envenenar uns,
mas acaba por ver desviada a taça, e a partir daí o morticínio é total. No
palco desse jogo de poder nefasto, jazem corpos que tombam num
bailado fúnebre.
O filme é basicamente mais uma meditação sobre a febre do poder que
tudo corrói e corrompe. O talento de Feng Xiaogang é inequívoco, ainda
que uns pontos abaixo da genialidade de Zhang Yimou. Será aliás curioso
comparar como dois filmes tão semelhantes quanto ao seu argumento,
podem ser tão diferentes, mesmo contraditórios, quanto à estética, ao
ritmo, ao estilo de ambos os cineastas. Numa escola de cinema, mostrar
“A Maldição da Flor Dourada” e “Os Inimigos do Império” um a seguir ao
outro, é uma boa maneira de “explicar” o que é um estilo, um tom
pessoal, um olhar diferente. Feng Xiaogang é mais denso, mais soturno,
mais nocturno nas suas imagens. Mais lento na forma como conduz a
obra. Mais “intelectualizado”, mais “artístico”, sem que nada disso sejam
virtudes só por si. Como já dissemos, preferimos a limpidez kusosaweana
(e fordeana) de Zhang Yimou. Não é por querer ser mais “intelectual” que
se é melhor.
Mas é evidente igualmente que este é um filme fascinante, inclusive por
| 139 |
cineeco2007
essa necessidade de se afirmar mais reflexivo. Desde as primeiras
imagens que Feng Xiaogang aproxima a sua narrativa do palco teatral. O
seu Príncipe, angustiado pelo que vai no palácio, afasta-se para longe da
corte e vai aprender arte de representação, utilizando máscaras e túnicas
brancas que tornam todos os actores iguais. Explica-se mesmo que
representar com máscara é que é a autêntica forma de representar, pois
se torna mais difícil mostrar as emoções. É ai que os primeiros enviados
do Imperador usurpador o vão tentar assassinar pela primeira vez. Aí se
vai iniciar o bailado bélico que acompanha toda a obra. Aí principia
igualmente a “representação” ostensiva desta tragédia que se envolve
num melodrama passional de umas proporções de tal forma excessivas
que chega a surpreender. Feng Xiaogang não recusa um plano mais
extenso (o longo travelling acompanhando o caminhar da Imperatriz, de
costas!) ou uma fixidez de uma duração insuspeita (vários exemplos ao
longo do filme). Mas a estes seguem-se cenas de um ritmo avassalador,
verdadeiros ballets organizados em função de lutas corpo a corpo, onde
a beleza, a brutalidade, a elegância e a violência se cruzam (há muito de
“O Tigre e o Dragão” nesta obra que é produzida por um dos
responsáveis pela coreografia do filme de Ang Lee).
O que mais impressiona nesta obra é objectivamente a forma como o
realizador cria uma atmosfera quase doentia, patológica, através de
ambientes pesados e sombrios, jogos de luzes e sombras, cores densas
e magoadas, cenários sumptuosos que oprimem, e uma “encenação” (os
franceses chamam-lhe “mise-en-scène” com muito rigor) que vai buscar
influência ao teatro e o transporta com eficácia e rigor para a narrativa
cinematográfica que, não descolando do estilo “wuxia”, não deixa de ser
uma obra de grande beleza e severidade estética.
Conhecido internacionalmente como “The Banquet” esta obra de
Outras Terras,
Outras Gentes
| 140 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
Xiaogang Feng, que conta com interpretações de Ziyi Zhang (excelente, e
continua a ser uma das mais belas presenças do cinema asiático) e Daniel
Wu, possui uma admirável fotografia que ajuda a criar esse clima poético
de viciada decadência moral, sendo ainda o todo muito ajudado pela
direcção artística e o guarda roupa de uma qualidade estética invulgar.
Lauro António, in “Lauro António Apresenta…”
(http://lauroantonioapresenta.blogspot.com/)
OS INIMIGOS DO IMPÉRIO
Título original: Ye Yan ou Banquet
Realizador: Feng Xiaogang (China, 2006); Argumento: Chiu-Tai An-Ping, Sheng Heyu; Música:
Tan Dun; Fotografia (cor): Zhang Li; Director de cenas de acção: Yuen Woo Ping; Montagem:
Miaomiao Liu; Direcção artística: Timmy Yip; Guarda-roupa: Timmy Yip; Coreografia: Wang
Yuanyuan; Departamento de arte: Li Ji Qing; Som: Danrong Wang; Efeitos visuais: Phil Jones,
Tracy Lefler, Persis Reynolds, Sarah Wormsbecher; Produção: John Chong, Zhonglei Wang,
Woo-ping Yuen; Companhias de produção: Huayi Brothers & Taihe Film Investment Co.
Intérpretes: Ziyi Zhang (Imperatriz Wan), Daniel Wu (Principe Wu Luan), Xun Zhou (Qing Nu),
You Ge (Imperador Li), Jingwu Ma (Ministro), Xiaoming Huang (Filho do Ministro), etc.
Duração: 131 minutos; Distribuição em Portugal: Vitória Filmes; Classificação etária: M/ 12
anos; Filmagens: Setembro de 2005 até Fevereiro de 2006, em Beijing, Montanhas de Altay,
Xinjiang; “Mar de Bamboo”, Zhejiang; Orçamento: 20 milhões de dólares.
A MALDIÇÃO DA FLOR AMARELA
| 141 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
China, século X, em plena dinastia Hou Tang. Deve dizer-se que houve
duas épocas nesta dinastia Tang, ou duas dinastias Tang nesta longa
época: uma primeira que vai de 618 a 907, conhecida apenas por Tang,
e que ficou célebre por ser um período de estabilidade política e social,
onde a arte e a cultura floresceram na paz e na prosperidade do império.
Posteriormente, a segunda época Tang, corresponde então à já
mencionada dinastia Hou Tang, que contrasta com a primeira em
inúmeros aspectos. Entre 923 e 936 imperaram a corrupção, as lutas pelo
poder, o caos político, militar e social. Intrigas palacianas e lutas entre
clãs levaram à fragmentação do império. Chefes militares comandaram
regiões, criando pequenos impérios que se guerreavam entre si, tornando
o território facilmente vulnerável a ataques vindos do exterior, quer dos
Mongóis ao Norte, quer dos Turcos a Oeste, por exemplo. Esta época de
treze anos ficou conhecida pelo “período das cinco dinastias e dos dez
reinos”, a que pertencem as cinco dinastias do Norte e os dez reinos do
Sul.
A história que “A Maldição da Flor Dourada” conta não corresponde a
nenhuma verdade histórica factual. Aquele Imperador, aquela Imperatriz,
aqueles três filhos do Imperador não existiram de verdade. São fruto da
imaginação de um dramaturgo, Yu Cao, que, em 1930, escreveu uma peça
de teatro agora adaptada a cinema por Zhang Yimou (já havia sido
adaptada anteriormente ao cinema, em Hong Kong, por dias vezes). Mas
se essas personagens não existiram na realidade poderiam muito bem ter
existido. Assim, num peça de teatro ou num filme, funcionam como um
símbolo, não só dessa época, mas de todas as épocas onde as lutas pelo
poder pintam os tronos de sangue. Poderíamos falar obviamente de
| 142 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
Shakespeare, de “Hamlet” a “O Rei Lear”, passando por “Macbeth” e
algumas outras obras suas, mas poderíamos também falar da China
moderna, de China de Mao Tse Tung ou da actual China de um
comunismo convertido ao capitalismo naquilo que lhe interessa, e
respeitador do chamado “materialismo dialéctico” naquilo que lhes
agrada.
Pela evocação do nome de William Shakespeare se pode pressentir que
“A Maldição da Flor Amarela” seja uma tragédia política como algumas
outras que tiveram o grande dramaturgo inglês como influência
manifesta. Neste aspecto justo é recordar um outro cineasta oriental, o
japonês Akira Kurosawa, que adaptou ao cinema “Macbeth” (que deu
origem a um magnifico “Trono de Sangue”) e “O Rei Lear” (transformado
no fulgurante “Ran, os Senhores da Guerra”). Não é, portanto, original
este interesse do Oriente pela arte do dramaturgo britânico, nem será
seguramente a última vez que tal acontece. Para o confirmar, dias depois
da estreia de “A Maldição da Flor Amarela”, lança-se igualmente em salas
portuguesas “Inimigos do Império” (Ye yan), de um outro cineasta chinês,
Feng Xiaogang, desta feita tendo como base “Hamlet”, vertido para
cenários do “Oriente vermelho.”.
No caso do filme de Zhang Yimou, tudo aponta para o Imperador que
protagoniza a obra ser um mero capitão que usurpa título e território,
casando pela segunda vez com uma Imperatriz, esta sim de origem imperial,
que ele vai lentamente envenenando com um raro fungo negro persa, que,
tomado em doses certas e sistemáticas, conduz à loucura. Mas não será ele
o único a conspirar e a desejar a morte de familiares para se manter mais
firmemente no trono. Por estas bandas, como por muitas outras, toda a
gente conspira. A Imperatriz espera pela Festa dos Crisântemos para atirar
contra o Imperador um exército de soldados com flores amarelas bordadas
no peito, mas os três filhos, cada um por seu lado, têm também palavras a
dizer, ou a engolir depois de fustigados até à morte por exércitos ou cintos
metálicos que funcionam como chibatas fatais.
Um trono é o símbolo de um poder porque todos suspiram e que ninguém
parece dispensar. É verdade que o Imperador é muito directo quando
explica a sua visão do mundo aos filhos: “Nunca tentes tomar pela força
o que eu não te quiser oferecer.” Esta verdade serve para os filhos, como
para todo o cidadão do império. Ou seja: eu mando, posso e quero, vocês
obedecem, e pela revolta não conquistarão o que eu não vos quiser dar.
Nada mais simples do que a ditadura completa de alguém que, por deter
o poder, não o quer ver fugir das suas mãos. Os tiranos são assim,
quaisquer que sejam as razões ou as justificações para assim agirem.
O que o filme de Zhang Yimou demonstra é que nem laços de família
impedem a barbárie. A sede de poder é mais forte que qualquer outro
sentimento. Tudo isto decorre num cenário quase único (o palácio do
Imperador), com raras fugas para o exterior, num tempo único, nas
vésperas e no dia da Festa dos Crisântemos, também chamada festa de
Chong Yang, uma festividade que é celebrada desde há muito na China
e que ainda o é, nos nossos dias. Estamos no domínio da pura tragédia.
Uma tragédia que tem uma simbologia muito precisa no interior de uma
certa mitologia chinesa.
No dossier de imprensa do filme, explica-se o que, para nós, ocidentais,
pode não ter um significado evidente: “o “Festival do Duplo Novo”, que
aparece associado aos crisântemos, ocorre no nono dia do nono mês do
calendário lunar (9 de Setembro). Na Antiguidade e na tradição do yin e
do yang, o novo pertence ao yang, que simboliza a fortuna, a felicidade
e a claridade. O nono dia do nono mês e pois composto por dois
“novos”, o dia yang do mês yang. Em chinês, o “novo” é homófono de
eternidade. Estes “novos”, duplamente yang, têm igualmente uma
conotação de energia positiva e masculinidade. A festa de Chong Yang é
celebrada festejando-a com a família, honrando os antepassados e os
idosos. O costume manda subir a uma montanha, ou a um terraço
elevado – como aquele que se vê em “A Maldição da Flor Amarela” -, para
apreciar a natureza e escapar da influência dos espíritos maus. Vive
associada aos crisântemos, ao vinho e aos bolos confeccionados com
esta flor. Em medicina, o crisântemo é receitado para eliminar toxinas e
para afastar o mal. Toda esta simbologia do Chong Yang deriva de uma
lenda que afirma que os habitantes de uma aldeia, na época de Han do
Este (25-220), viram um homem sábio descer da montanha para os
alertar para uma catástrofe que se avizinhava. Para se salvarem teriam de
deixar a aldeia, subir uma montanha e beber vinho de crisântemo, o que
eles fizeram. Quando regressaram à aldeia, esta tinha sido incendiada e
saqueada, os animais mortos, mas os seus habitantes haviam sido salvos
pelas palavras do sábio.”
Voltando ao filme, o Imperador regressa ao seu palácio, a tempo de
celebrar em família a festa de Chong Yang. Milhares de crisântemos de
um belo amarelo dourado tinham sido dispostos nos jardins do palácio.
Obviamente que numa família onde reina a maior das deslealdades e
onde todos os seus membros conspiram uns contra os outros, difícil se
torna interpretar este facto senão como uma forma de atingir objectivos
inconfessáveis. Na verdade, a Imperatriz e um dos filhos do Imperador,
Wang, o primogénito, gerado de um anterior casamento, mantêm uma
relação (quase) incestuosa. Mas Wang, apesar disso, sente uma atracção
irresistível por Chan, a filha do médico. A Imperatriz vai sendo
envenenada pelo Imperador, com a cumplicidade do médico e da filha do
médico da corte, enquanto, por seu turno, prepara uma revolta contra o
marido, procurando auxílio junto de algum dos filhos. Particularmente de
Jay, o filho do meio, que se preocupa seriamente com a saúde da mãe e
com os maus presságios dos crisântemos. Cada um dos filhos tem as
suas próprias ideias de usufruir do poder e finalidades. Até o mais jovem
se revelará, no final, de forma surpreendente.
Depois de umas horas passadas no interior do palácio, por entre
| 143 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 144 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
conspirações várias e inconfessáveis desejos, com a preparação dos
festejos a ser regulada por um grupo de servos que percorre os
corredores cantando uma ladainha sobre as horas, o seu significado e as
emoções que se devem sentir nesses momentos, chega a altura de
explodir essa violência armazenada ao longo dos anos. O médico e a sua
família, que são enviados para longe do palácio imperial, são os
primeiros a sucumbir a um exército de soldados de negro que salta do
espaço e se abate sobre um pequeno palácio perdido na montanha.
Quando a festa dos crisântemos arranca, ao bater da meia-noite, os
segredos guardados por todos até aí revelam-se, da mesma forma que
as tropas escondidas aparecem das sombras da noite. De surpresa em
surpresa, trocam-se as voltas ao destino que se mostra madrasto para os
milhares que regam com o seu sangue o campo de crisântemos: o
amarelo dourado da festa tinge-se de vermelho-morte. A hipocrísia de
quem fica com o poder não se detém perante o horror. Retirados os
cadáveres, limpos os campos, recolocadas as flores, segue a festa, com
alguém de novo a reafirmar a máxima por que se regem os tiranos:
“Nunca tentes tomar pela força o que eu não te quiser oferecer.” A calma
parece voltar a reinar na China milenar, mas um gesto da Imperatriz
reafirma a vontade de não ceder, de se revoltar, de não aceitar
pacificamente esse envenenamento lento e progressivo, silencioso, que
conduz à loucura. Há quem queira ver na história uma metáfora aos
tempos de Mao Tse Tung (ou Mao Zedong, se preferirem) e do “bando
dos quatro”, mas parece-nos muito mais evidente uma referência crítica
à China actual. Esta é a produção chinesa mais cara de sempre e a que
maior bilheteira recolheu no seu pais de origem. Indicada para os Oscars,
não venceria o de melhor filme em língua não inglesa, mas avaliza uma
carreira internacional de muito mérito.
Há quem prefira a este melodrama histórico que tem por centro a febre
do poder, a aventura galante de “O Segredo dos Punhais Voadores” (um
dos mais belos filmes que vimos nos últimos anos!). Mas devemos
sublinhar que, enquanto “O Segredo dos Punhais Voadores” se colocava
ao nível de umas aventuras de Robin dos Bosques ou de uma intriga de
Walter Scott, esta “A Maldição da Flor Amarela” se aparenta mais às
tragédias de Shakespeare e às versões de Orson Welles ou Kurosawa.
Vamos mais longe: passa por aqui a maldição de um “Ivan, o Terrível”,
de Eiseinstein, ou a apaixonada frieza crítica de um Luchino Visconti.
Colocamos assim este filme ao nível de uma das obras-primas destes
anos mais chegados, quer pela gravidade do testemunho (que vem da
China, mas é preocupação planetária) quer pela sumptuosidade da sua
encenação, o fulgor da realização, o esplendoroso colorido de uma
fotografia que não deixa de surpreender, ou a fabulosa interpretação de
um elenco inatacável, mas onde sobressai a lindíssima e talentosa Gong
Li, de regresso ao convívio de Zhang Yimou, depois de ter sido durante
muitos anos sua companheira, na vida e na tela (“Milho Vermelho” e
“Esposas e Concubinas”, entre outros), a que se seguiu um período de
separação sintomática que a trouxe para Ocidente (apareceu em “Miame
Vice” e “Memórias de uma Geisha”).
Zhang Yimou, por seu turno, não se afasta do caminho que traçou e que
faz dele um nome maior da cinematografia mundial.
Ao lado de Chen Kaige, com quem criou a “Quinta Geração” do cinema
chinês, que colocou a cinematografia daquele país no mapa, em plena
década de 80, Zhang Yimou criou uma filmografia impressionante,
alternando obras sobre a China Moderna com outras que abordam temas
históricos, na linha do popular “wushia” ou filme de sabre, que Hong
Kong celebrizou. Nestas o seu olhar não se afasta da China actual. Mas
em lugar de a abordar directamente, perspectiva-a em termos simbólicos
e de metáfora.
Um filme admirável, de uma beleza rara, de cortar a respiração, de
suspender o olhar. Não percam este desafio.
Lauro António, in revista “História”
A MALDIÇÃO DA FLOR AMARELA
Título original: Man cheng jin dai huang jin jia ou Curse of the Golden Flower
Realizador: Yimou Zhang (China, 2006); Argumento: Yimou Zhang, segundo peça teatral de
Yu Cao; Música: Shigeru Umebayashi; Fotografia (cor): Xiaoding Zhao; Design de produção:
Tingxiao Huo; Guarda-roupa: Chung Man Yee; Direcção de produção: Gao Ke, Angie Lam;
Som: Jing Tao; Efeitos especiais: Amit Desai; Efeitos visuais: Angela Barson, Drew Jones,
Steve Moncur; director de cenas de acção: Siu-Tung Ching; Produção: William Kong, Weiping
Zhang, Yimou Zhang; Companhias de produção: Beijing New Picture Film Co., EDKO Film
Ltd., Elite Group Enterprises, Film Partner
Intérpretes: Yun-Fat Chow (Imperador Ping), Li Gong (Imperatriz Phoenix), Jay Chou (Príncipe
Jay), Ye Liu (Príncipe Wan), Dahong Ni (médico imperial Jiang), Junjie Qin (Príncipe Yu), Man
Li (Jiang Chan), Jin Chen (Mrs. Jiang), etc.
Duração: 114 minutos; Distribuição em Portugal: Vitória Filmes; Classificação etária: M/ 12 anos.
| 145 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 146 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
A RAPARIGA MORTA
O que impedia Babel de ser o grande filme que ambicionava é o que surge
de forma manifesta e perfeita nesta segunda longa-metragem de Karen
Moncrieff, realizadora (e actriz) americana de cinema e televisão, que se
revelara em 2002 com o filme Blue Car. A saber: uma articulação hábil e
convincente entre os vários segmentos que compõem a narrativa. Enquanto
no filme de Alejandro Iñarritu, o artificialismo do pretexto para ligar os
episódios era evidente, em A Rapariga Morta ele torna-se uma pedra basilar,
surgindo como remate, corolário das histórias que nos são contadas.
Mas A Rapariga Morta é também, e fundamentalmente, uma série de
retratos femininos, feitos com uma acutilância como há muito o cinema
americano não mostrava e que dão oportunidade a um conjunto de
magníficas actrizes de construírem algumas das suas melhores
personagens: Toni Collette, Brittany Murphy, Marcia Gay Harden, Mary Beth
Hurt, Rose Byrne, as figuras centrais de cada um dos episódios. Mas à sua
volta giram outras figuras, Kerry Washington (fabulosa na jovem prostituta
negra), Mary Steenburgen e Piper Laurie (velho ídolo dos «teenagers» dos
anos 50), que revelam Moncrieff como uma admirável directora de actrizes.
E não só. Basta ver as composições de actores como Giovanni Ribisi (no
papel do namorado de Toni Collette) ou Nick Searcy (o estranho marido de
Mary Beth Hurt), em dois papéis breves e impressivos, sempre num registo
perfeito na forma como criam as personagens que lhes couberam.
À excelência da direcção de actores (e da realização em geral, reforçada por
uma fotografia que apetece referir como «psicológica», de tal forma parece,
com as suas tonalidades sombrias, materializar os estados de alma das
personagens) junta-se um argumento (também da autoria de Karen Moncrieff)
que através dos «retratos» destas cinco mulheres faz uma atenta e dramática
análise da vida americana, da solidão e da perda, de feridas morais e de
frustrações, com um olhar marcado por um certo pudor (veja-se a belíssima
cena em que Toni Collette se entrega ao namorado, à noite, no bosque).
A Rapariga Morta está dividido em cinco segmentos, intitulados,
respectivamente, «A estranha», «A irmã», «A mulher», «A mãe» e «A rapariga
morta», sendo o último o da personagem que serve de elo de ligação entre
os outros. Toni Collette interpreta «A estranha», a mulher que descobre o
cadáver de uma rapariga num bosque nos arredores da sua casa, que se
saberá ser mais uma das vítimas de um «serial-killer». A personagem de
Collette é uma jovem frustrada e dominada por uma mãe inválida e
autoritária, que a amesquinha constantemente. O achado vai trazer uma
mudança radical na sua vida. «A irmã» tem por tema o erro de identidade
da vítima por parte da jovem patologista que trata do corpo e que julga ver
nela a irmã há muito desaparecida e cuja vida está inteiramente
condicionada pela incessante busca a que a família se entrega. «A mulher»
é o mais dramático dos episódios, com uma Mary Beth Hurt quase
irreconhecível e uma personagem masculina essencial para o resto do
argumento, a quem não faltam contornos hitchcockianos. «A mãe» é, sem
dúvida, o mais pungente dos episódios, onde uma mãe (fabulosa Marcia Gay
Harden) procura redimir-se do passado e salvar a memória da filha através
da neta. Finalmente, «A rapariga morta» é a última peça, a que vem compor
o mosaico e dar forma e sentido a toda a história, onde acompanhamos o
trajecto de Brittany Murphy nas suas vicissitudes que a empurram
inexoravelmente para o seu destino de vítima às mãos do «serial-killer».
Ao seu segundo filme, torna-se evidente que Karen Moncrieff tem
destinado um lugar de destaque no cinema americano de hoje,
afirmando-se como uma das suas mais atentas e sensíveis directoras. “A
Rapariga Morta” é uma das surpresas do ano.
Manuel Cintra Ferreira, in Expresso
A RAPARIGA MORTA
Título original: The Dead Girl
Realizador: Karen Moncrieff (EUA, 2006); Argumento: Karen Moncrieff; Música: Adam Gorgoni; Fotografia
(cor): Michael Grady; Montagem: Toby Yates; Casting: Deborah Aquila, Jennifer L. Smith, Wendy
Weidman, Mary Tricia Wood; Design de produção: Kristan Andrews; Decoração: Bryan Venegas; Guardaroupa: Susie DeSanto; Maquilhagem: Trish Almeida, Lynn Barber, Ed French, Rob Hinderstein, Miia
Kovero, Julian Ledger, Richard Redlefsen, Liz Webster; Direcção de Produção: Ted Gidlow, David Kern,
Adam Park, David Rubin; Assistentes de Realização: Rosemary C. Cremona; Departamento de arte:
Giovanni Aurilia, Jeff Errico, Rick Kyker, John Warner; Som: Jonathan Miller; Efeitos especiais: Matt
Kutcher, Jennifer M. Sheppard; Efeitos visuais: Gerald Ragland, Thomas Tannenberger; Produção: Eric
Karten, Gary Lucchesi, Eric Reid, Tom Rosenberg, David Rubin, Kevin Turen, Temple Williams, Henry
Winterstern; Companhias de produção: Lakeshore Entertainment, Pitbull Pictures.
Intérpretes: Toni Collette (Arden), Piper Laurie (mãe de Arden), Don Smith (polícia 1), Michael
Raysses (polícia 2), Earl Carroll (Repórter), Dorothy Beatty, Eva Loseth, Giovanni Ribisi (Rudy),
Rose Byrne (Leah), Joanie Tomsky, James Franco (Derek), Christopher Allen Nelson (Murray),
Mary Steenburgen, Bruce Davison, Kate Mulligan, Mary Beth Hurt, Nick Searcy, Dan Callahan,
Gus Buktenica, Marcia Gay Harden, Bobby Hosea, Lee von Ernst, Kerry Washington, Carla
Jimenez, Gillian Pernoll, Elizabeth Pernoll, Brittany Murphy, Daniel Leavitt, Lea Nicole Carranza,
Amy Benedict, Josh Brolin, Stephanie Mace, Paige Pelletier, Madison Pelletier, Dennis Keiffer, etc.
Duração: 85 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo; Classificação etária: M7 16 anos.
| 147 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 148 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
SHORTBUS
Nos últimos anos, a representação explícita do sexo no cinema e as
diversas tentativas de a converter em motivo e estímulo de uma narrativa
fílmica têm oscilado quase sempre entre o estéril e o risível. De facto, das
«porno-chachadas» existencialistas de Catherine Breillat (“Romance”) e de
Patrice Chéreau (“Intimidade”) à superficialidade e vacuidade pósmodernas de um projecto como “9 Songs”, de Michael Winterbottom, a
ideia que fica é a de que, ao contrário da literatura, o cinema se daria mal
com o sexo - culpa da natureza ostensiva da imagem, que se contraporia
aqui, de forma redutora, à natureza meramente alusiva da palavra. Mas
não é preciso nem desejável ir tão longe: inscrever no código genético do
cinema uma putativa incapacidade de representar o acto sexual é um
rematado disparate, e a culpa, neste caso, será mais das limitações
individuais dos cineastas que referimos do que dos limites estruturais do
cinema como arte (que, em matéria de objecto, pura e simplesmente
nunca os teve nem nunca os terá). De resto, se revisitarmos um filme
como “9 Songs”, aquilo que aí veremos aparecer será não tanto «o sexo»
mas um conjunto de acções abstractas, desenraizadas e impessoais que
se dão a ver fora de uma necessária referência às pessoas de que
deveriam ser a manifestação - como se pudesse haver actos sexuais sem
pessoas onde os ancorar. Em suma: a haver um caso de «impotência
sexual» no cinema contemporâneo, ele derivará mais da sua dificuldade
em conceber vidas sexuais em sentido lato do que propriamente da sua
incapacidade de representar o acto sexual em sentido estrito.
Neste triste cenário, “Shortbus”, a segunda longa-metragem do americano
John Cameron Mitchell (realizador que em 2001 já nos havia dado o curioso
“Hedwig - A Origem do Amor”), acaba por insurgir-se de forma destemida
contra o espírito do tempo. Trata-se de um simpático «filme-mosaico»
(mais um...), escrito e desenvolvido em parceria com os actores e que se
serve do sexo e da sua representação explícita (assim como de um
irreprimível sentido de humor e de uma invulgar dose de optimismo) para
procurar as pessoas que lhe dão densidade e expressão, a saber: um grupo
de jovens nova-iorquinos com vidas sexuais problemáticas que se
entrecruzam no misto de «sex club» e de bar «underground» que dá o seu
nome ao filme. Aliás, a intenção de referir o sexo à pessoa para deste
modo o enquadrar e o «concretizar» é assumida pela própria estrutura
narrativa do filme, que abre com uma sequência de cenas de sexo explícito
puramente descontextualizadas (um homem a descobrir a variação
narcísica do sexo oral; uma «dominatrix» a incentivar a masturbação do
cliente; uma mulher a explorar o Kamasutra com o namorado), que Mitchell
tratará em seguida de integrar num conjunto de diferentes histórias
pessoais. É um trabalho de recondução que vai conferindo um passado e
um futuro aos corpos e aos gestos e que obriga as personagens do filme
a sair da sua própria pele. Num ápice, a carne transfigura-se e as pessoas
aparecem. E aos acrobatas sexuais do início sucedem repositórios vivos de
inquietações e de angústias: afinal, a mulher que víamos é uma terapeuta
sexual que nunca teve um orgasmo na vida; a «dominatrix» é uma
fotógrafa frustrada que não consegue manter uma relação com ninguém; e
o homem é um homossexual suicida que, por razões pouco claras, anda a
tentar convencer o parceiro a descobrir as maravilhas da poligamia. Quanto
ao espectador, esse, é convidado a assistir ao longo do filme à progressiva
derrocada das fachadas, ou melhor, à exposição dos dilemas pessoais
complexos que o sexo conseguia esconder. Convite singular. Tanto mais
num momento em que o reprimido é não já a pulsão sexual (que hoje se
vende a retalho) mas antes o desejo e a vontade de ser uma pessoa.
Vasco Baptista Marques, in Expresso
SHORTBUS
Título original: Shortbus
Realizador: John Cameron Mitchell (EUA, 2006); Argumento: John Cameron Mitchell; Música: Yo
La Tengo; Fotografia (cor): Frank G. Demarco; Montagem: Brian A. Kates; Casting: Susan
Shopmaker; Design de produção: Jody Asnes; Decoração: Sarah McMillan; Guarda-roupa: Kurt
and Bart; Maquilhagem: Fabian Garcia, Maya Hardinge; Direcção de Produção: Ramsey Fong,
Michael Romero, Matthew Shapiro; Assistentes de Realização: Sarah Rae Garrett, Karen Kane;
Departamento de arte: Hilary Basing, James Capolarello, Elizabeth Minot, Julio Palma, Kyle
Salvatore; Som: Benjamin Cheah; Efeitos visuais: John Bair, John Dowdell, Peter Heady;
Produção: Wouter Barendrecht, Alexis Fish, Howard Gertler, Morgan Higby, Pamela Hirsch, Richie
Jackson, John Cameron Mitchell, Tim Perell, Bobbi Thompson, Michael J. Werner, Neil Westreich,
Richard Wofford; Companhias de produção: Fortissimo Films, Process Productions, Q Television.
Intérpretes: Sook-Yin Lee (Sofia), Paul Dawson (James), Lindsay Beamish (Severin), PJ DeBoy
(Jamie), Raphael Barker (Rob), Peter Stickles (Caleb), Jay Brannan (Ceth), Alan Mandell
(Tobias, o Mayor), Adam Hardman (Jesse), Ray Rivas, Shanti Carson, Justin Hagan, Jan Hilmer,
Stephen Kent Jusick, Yolonda Ross, Jocelyn Samson, Daniela Sea, Miriam Shor, Rachael C.
Smith, Derek Jackson, Paul Oakley Stovall, Lex Vaughn, Justin Bond, David Pittu, Jeff Whitty,
Mickey Cottrell, Mary Beth Peil, Bradford Scobie, Murray Hill, Ethan Eunson-Conn, etc.
Duração: 101 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo; Classificação etária: M/18
anos; Locais de filmagem: New York City, New York, EUA.
| 149 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 150 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
O TERCEIRO PASSO
“O Terceiro Passo” (The Prestige, no original), baseia-se num romance
homónimo de Christopher Priest, que o realizador Christopher Nolan (e o
irmão Jonathan Nolan) adaptaram ao cinema.
Esta é uma adaptação não muito convencional, alterando bastante a
estrutura da obra donde parte e de que se afasta consideravelmente,
sendo no entanto que o resultado final se nos afigura não só muito
próximo das intenções do escritor, como também bastante inteligente e
coerente em relação ao novo meio de expressão.
O romance de Christopher Priest inicia-se na actualidade (1995, data em
que o livro é escrito, tendo conquistado vários prémios, entre eles o
“James Tait Black Memorial Prize for Fiction”, 1995, e o “World Fantasy
Award”, 1996), com uma personagem que desaparece totalmente no
filme, Andrew Westley, jornalista que recebe do pai um embrulho com um
manuscrito de um tal Alfred Borden, chamado “Métodos Secretos de
Magia”. Vem a saber-se depois que o livro, escrito em 1901, fora enviado
por Kate Angier, que queria estabelecer contacto com Andrew Westley
para este a ajudar a tentar resolver um enigma que a atormentava: quem
fora Alfred Borden e o seu rival, igualmente mágico, Rupert Angier
(obviamente da família de Kate).
Grande parte do romance (que se estende ao longo de cinco capítulos de
dimensão muito variável) passa-se na actualidade, com conversas entre
Andrew Westley e Kate Angier. São, no entanto, os capítulos dedicados a
Alfred Borden (a transcrição do seu livro) e a Rupert Angier (a transcrição
do seu diário) que irão constituir a base da adaptação do romance ao
cinema, dado que todo o filme se passa numa Londres vitoriana de fins
do século XIX. Mas também aqui as coisas não resultam simples e
lineares, pois se o filme parte dos diários de dois mágicos que mantém
carreiras simultâneas e uma competição feroz pelo título de melhor
mágico do mundo, as idas ao passado (os flashbacks) são constantes e
a estrutura da obra é igualmente complexa e organizada em forma de
puzzle que se vai reconstruindo à medida que a acção se desenrola.
O tema de toda a obra é, pois, este despique brutal entre dois mágicos
que fizeram carreiras nos teatros londrinos no final do século XIX e nos
primeiros anos de 1900 (mas também por toda a província inglesa e em
palcos mundiais, sobretudo Robert Amgier que atinge grande notoriedade
na América do Norte). Mas se esse confronto é a base da estrutura
narrativa, o “segredo” que os mágicos prometem cumprir ao longo das
suas vidas é a obsessão que os guia até final. Robert Angier (Hugh
Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale) criam uma rivalidade só igual
ao seu sucesso. Um episódio antigo (Borden introduz-se numa casa
particular onde Angier se prepara para efectuar uma sessão de
espiritismo, invocando a memória de uma mulher recentemente falecida,
e acaba por estragar toda a montagem e magoar a mulher de Angier e
sua assistente) está na base desta obsessão. Não lhes interessa somente
terem os melhores “números”, os mais perfeitos, os mais admirados pelo
público, como sobretudo terem um “número” melhor que o do rival, e
fazer fracassar o competidor sempre que possível. Não acompanham a
carreira um do outro à distância das notícias dos jornais ou das
informações que terceiros fornecem. Não. Vão muito mais longe.
Mascaram-se, disfarçam-se e aparecem nas sessões de cada um
dispostos a servirem de ajuda “espontânea” e assim frustrarem as
exibições, estragando efeitos, denunciando truques, atacando-se,
ferindo-se, se possível matando-se. Esta insana rivalidade é o centro
deste filme sobre homens obcecados pela destruição dos seus iguais.
Uma rivalidade que, à força de tão explorada e alongada no tempo e no
espaço, se transforma numa metáfora que julgo ir muito além dos
indivíduos em causa e se poder ler a nível planetário, rivalidade entre
países, entre religiões, entre culturas. O filme de Christopher Nolan
mostra-nos como a obsessão do poder nos pode levar à destruição do
“outro”, mas também de nós próprios, funcionando como loucura
desmedida. Irracional. Incontrolável.
A obra de Nolan, servindo-se da leitura dos dois diários e intercalandoos, acaba por dar a palavra a ambos os contendores, oferecendo dos
dois a leitura parcial desta disputa que se torna particularmente rica para
o espectador, obrigando-o a tomar partido ou, no mínimo, a “ouvir”
ambos os lados e a construir a sua própria interpretação. Na realidade,
o público confronta-se com mais um truque dos dois mágicos, com
pontos de vista diferentes e contraditórios, e cada um deles, escondendo
o seu “segredo”, procura expor o “segredo” do adversário. Enganando
assim o espectador, tal como o faziam durante as suas actuações.
Depois de “Memento”, “Insónia”, “Batman Begins” ou “Amnésia”, com “O
| 151 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 152 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
Terceiro Passo”, Christopher Nolan mantém-se fiel a um universo muito
próprio, onde o tempo real e o tempo ficcional ocupam lugares
destacados, onde a obsessão se torna uma presença viva, onde o
caminho de alguém até ao fim em vista se torna um trajecto inadiável
que se tem de cumprir quaisquer que sejam os perigos e os sacrifícios.
Em “O Terceiro Passo” há momentos em que tanto Angier como Borden
parecem querer pôr termo a esta louca corrida para o suicídio, a imporem
umas tréguas a esta viagem para o abismo, mas ambos se sentem como
que manietados por um destino que os não liberta dessa corrida para a
fatalidade. Uma impulsividade irracional para a destruição. Muitas vezes
o sucesso obriga-os caprichosamente a ouvirem os aplausos escondidos
por detrás do pano de boca do teatro. O sucesso é seu, mas é o duplo
que o recebe em palco (ainda que, no silêncio do seu recolhimento, o
mágico os possa sentir e agradecer).
No calor do número mais desejado, “O Homem Transportado” ou “Num
Relâmpago”, a ambiguidade atinge o seu ponto mais alto. Este é
obviamente um filme sobre o “Eu” e o meu “Duplo”. Angier e Borden são
duplos um do outro, cada um tem o seu número de “Duplo”, existem
sósias e gémeos, mulheres que ambos amam, e que trocam entre si,
homens que se reproduzem até ao infinito (quando um aparece, outro é
morto, quem é quem afinal, quem sobrevive?) e, no final, bem se pode
falar de uma obra sobre a identidade. Afinal quem é quem neste filme
onde ninguém é quem aparenta ser.
A mulher de Borden pergunta-lhe: “Amas-me?” Ao que ele responde, com
sinceridade: “Uns dias sim, outros dias não.” Nada mais certo, tanto mais
que, nuns dias é ele, noutros o seu duplo, o que faz com que não se
chegue a saber também afinal quem se deita com quem, quem é o pai,
quem é o amante ou o esposo amantíssimo. Ambos pretendem possuir
o poder total, ambos olham o rival como aquele que o impede de ser
“único”. Enquanto um se serve de (chamemos-lhes) sósias (Borden e o
misterioso engenheiro Fallon), outro, Angier, cria clones de si próprio,
através da colaboração com Tesla. Mas Angier tem ainda outro segredo a
resguardar. Ele “sempre foi igualmente Lorde Caldlow”, o que encobre,
primeiro para não envolver a família na sua vida pouco ortodoxa, mas
depois para não misturara estatutos.
Curiosamente, o filme reflecte ainda uma outra rivalidade, também em
forma de duplicidade, esta histórica, a que existiu entre Thomas Edison
e Nikola Tesla (David Bowie, numa composição brilhante), com disputas
científicas e comerciais que ficaram lendárias, com base na invenção e na
melhor utilização da electricidade.
Excelente filme, magníficos actores (para lá dos já citados há ainda
Michael Caine (Cutter) e Scarlett Johansson (Olivia Wenscombe), entre
muitos outros), uma notável fotografia e brilhante direcção artística.
Lauro António, in “Lauro António Apresenta…”
(http://lauroantonioapresenta.blogspot.com/)
| 153 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
O TERCEIRO PASSO
Título original: The Prestige
Realização: Christopher Nolan (Inglaterra, EUA, 2006); Argumento: Jonathan Nolan e Christopher
Nolan, segundo romance de Christopher Priest (com colaboração de Steve Gehrke, Peter
Madamba, Rebecca Edelson); Música: David Julyan; Fotografia (cor): Wally Pfister; Montagem:
Lee Smith; Casting: John Papsidera; Design de produção: Nathan Crowley; Direcção artística:
Kevin Kavanaugh; Decoração: Julie Ochipinti; Guarda-roupa; Joan Bergin; Maquilhagem: Janice
Alexander, Maggie Fung, Kenny Myers, Peter Robb-King, Mariko Sakata; Direcção de produção:
Teresa Kelly, Mark Scoon, Cristen Carr Strubbe; Assistentes de realização: Alan B. Curtiss, Jody
Spilkoman, Lynn Struiksma; Departamento de arte: Jory Alvarado, Phillis Lehmer, Sally Thornton;
Som: Richard King; Efeitos especiais: David Blitstein; Efeitos visuais: Giacun Caduff, Janek Sirrs;
Conselheiro: David Copperfield; Produção: Christopher Ball, Valerie Dean, Jordan Goldberg,
Christopher Nolan, Aaron Ryder, Charles J.D. Schlissel, Emma Thomas, William Tyrer.
Intérpretes: Hugh Jackman (Robert Angier), Christian Bale (Alfred Borden), Michael Caine
(Cutter); Piper Perabo (Julia Angier), Rebecca Hall (Sarah Borden), Scarlett Johansson (Olivia
Wenscombe), Samantha Mahurin (Jess Borden), David Bowie (Nikola Tesla), Andy Serkis
(Alley), Daniel Davis (Juiz), Jim Piddock, Christopher Neame, Mark Ryan, Roger Rees, Jamie
Harris, Monty Stuart, Ron Perkins, Ricky Jay, J. Paul Moore, Anthony De Marco, Chao Li Chi,
Gregory Humphreys, John B. Crye, William Morgan Sheppard, Sean Howse, Julie Sanford, Ezra
Buzzington, James Lancaster, Olivia Merg, Zoe Merg, Johnny Liska, Russ Fega, Kevin Will,
Edward Hibbert, Christopher Judges, James Otis, Sam Menning, Brian Tahash, Scott Davis,
Jodi Bianca Wise, Nikki Glick, Enn Reitel, Clive Kennedy, Rob Arbogast, Chris Cleveland, etc.
Duração: 128 minutos; Distribuição em Portugal: Columbia; Classificação etária: M/12 anos;
| 154 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
O VÉU PINTADO
“.. esse véu pintado a que os que vivem chamam Vida.”
1. “O VÉU PINTADO”
“The Painted Veil” é um excelente romance de W. Somerset Maugham e
resulta num agradável filme de John Curran (2006). O mesmo romance já
merecera várias adaptações ao cinema, duas das quais bastante citadas,
uma de 1934, interpretada pela divina Greta Garbo, ao lado de Herbert
Marshall e George Brent, numa realização de Richard Boleslawski, outra
dirigida por Ronald Neame, em 1957, com Eleanor Parker, Bill Travers, JeanPierre Aumont, George Sanders e Françoise Rosay, que nas salas de cinema
se chamou, de forma bem mais picante,”The Seventh Sin”.
O romance “The Painted Veil” encontra-se ao nível do melhor de W.
Somerset Maugham, podendo colocar-se ao lado de “A Condição Humana”
ou “O Fio da Navalha”, na mesma linha de “As Paixões de Júlia” ou “Um
Gosto e Seis Vinténs”. W. Somerset Maugham é, aliás, escritor de múltiplos
talentos que sempre entusiasmou os seus leitores e deixou uma marca
profunda no cinema, onde muitos trabalhos seus tiveram vida prolongada e,
por vezes, saudáveis adaptações. Durante algum tempo era dos escritores
contemporâneos mais conhecidos do universo da escrita anglo-saxónica, dos
mais traduzidos por esse mundo fora. Depois atravessou uma zona de
obscuridade, durante a década que terminou o século XX, mas ressuscitou
em força com o dealbar do século XXI, com clara intenção de se estabilizar
novamente entre os nomes mais correntes da literatura e dos autores mais
vistos no cinema. A sua obra tem não só qualidade como uma actualidade
resistente, uma elegância de estilo que cativa, uma temática eterna.
Esta nova adaptação de “O Véu Pintado” parece ficar a dever-se
essencialmente ao actor Edward Norton que, conjuntamente, com a colega
Naomi Watts são co-produtores do filme. Ele vivia entusiasmado com a
perspectiva de interpretar em cinema a personagem do bacteriologista
Walter Fane. Boa aposta, diga-se desde já, pois a sua composição, de um
rigor e disciplina inexcedíveis, é uma das bases do sucesso desta obra,
encabeçando aliás um elenco muito homogéneo, onde se contam ainda os
nomes de Naomi Watts, Liev Schreiber, Toby Jones, Diana Rigg ou Juliet
Howland. Mas foi Edward Norton quem batalhou para que o realizador John
Curran e o argumentista Ron Nyswaner conseguissem levar a sua ávante.
Em meados dos anos 20 do século XX, em Inglaterra, Kitty Fane (Naomi
Watts), filha de família remediada, mas com problemas de afirmação social,
mãe dominadora e pai demissionário, descobre que a única forma de se
libertar dessa tentacular rede de humilhação familiar é mesmo aceitar casar
com o primeiro pretendente que lhe apareça. Ele é Walter Fane (Edward
Norton), um bacteriologista que trabalha num laboratório governamental
inglês na China. Ela não gosta dele, para ser sincera ele é-lhe completamente
indiferente, acha-o mesmo algo estranho, metido consigo e distante, mais
tarde dir-lhe-á que sempre o achou “fisicamente repulsivo”, mas, talvez por
todo esse conjunto de impressões, aceita o pedido de casamento e parte
para Xangai.
Em Xangai não demora muito a afeiçoar-se a Charlie Townsend (Liev
Schreiber), vice-cônsul, uma homem sedutor e galante que rapidamente leva
Kitty para a cama, ainda por cima uma cama em casa do bacteriologista,
onde são pressentidos, mas não descobertos. Walter prefere não abrir a
porta do quarto, apenas rodar a maçaneta e deixar a mulher perante o
dilema da dúvida: será que fui apanhada ou não? Mas tudo se precipita a
partir daí: numa aldeia chinesa a cólera explode com intensidade inusitada,
o médico local morre, é preciso alguém para o substituir e Walter, apesar de
não praticar clinica, é especialista em epidemias, e oferece-se para o lugar.
Mas é nesta altura que irá estabelecer a sua vingança. Kitty terá de o
acompanhar. Ela protesta, “que loucura, não quero ir, já viste a situação em
que me colocas?”, mas ele não desiste. “Julgas que não sei do teu
adultério?”, pergunta. Kitty cai em si. Percebe que não terá nenhum divórcio
amigável, fica desorientada. Walter faz-lhe uma proposta irrecusável: “Vai ter
com Charlie Townsend, se ele se divorciar para casar contigo, no prazo de
uma semana, eu dou-te o divórcio e parto sozinho para Mei-tan-Fu.” Kitty
corre para Charlie Townsend mas este descarta-se do caso, não pode
abandonar a mulher, a carreira, etc. Kitty percebe que investiu demasiado
num homem que apenas se queria divertir. Regressada a casa, aceita partir
para a morte: – “Suponho que não devo levar mais do que meia dúzia de
roupas de Verão e uma mortalha, pois não?”
Partem, por terra, dez longos dias de sofrimento físico e moral, levados
pelas montanhas em liteiras, cruzando-se com cadáveres em busca de
sepultura, até chegarem ao âmago do desespero e do pânico. Mei-tan-Fu é
no fim do mundo e o fim do mundo não poderia ter cenário mais
| 155 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 156 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
apropriado. No convento local, improvisada enfermaria, morre-se às dezenas;
no cemitério local, que bordeja o rio, não há já espaço para sepultar mais
ninguém, os corpos invadem a água, que fica contaminada; nas ruas os
enterros cruzam-se com grupos de revolucionários que mandam para casa
os colonialistas ingleses. “Go home!” As lutas anti-colonialistas na China
estão no seu auge, ninguém se sente seguro, mesmo na mais longínqua
aldeia, mesmo o mais abnegado médico que tenta salvar vidas não olhando
à cor da pele. O cenário é de majestoso caos. Como em muitos outros
romances de W. Somerset Maugham o caminho é o da aprendizagem da
redenção: Kitty vai aprender a olhar para o sofrimento alheio, vai deixar de
ser a menina mimada que fora até ali, vai descobrir os outros e vai descobrirse a si própria, e vai sobretudo “descobrir” Walter Fane. Esse percurso, que
é a essência do livro, e deste filme, é o caminho que o espectador irá
percorrer, acompanhado por uma pitoresca personagem, o comissário
Waddington (Toby Jones, o mesmo de “Infame”), e por uma madre superiora
de um convento de religiosas francesas (Diana Rigg, a mesma de “Os
Vingadores”, de há trinta anos), sendo ambos figuras indispensáveis no
amadurecimento intelectual e sobretudo espiritual de Kitty. A fotografia de
Stuart Dryburgh (que assinara “The Piano”) é outro elemento importante
para a definição de um espaço geográfico e humano propício ao desenrolar
do drama, bem assim como a partitura musical de Alexandre Desplat.
Assim se passa este melodrama que é uma trágica história de desencontros
amorosos no alvorecer de uma China nacionalista. Acontece que tanto o livro
como o filme reflectem não só esses aspectos intimistas e individuais como
o fazem integrando-os em contextos colectivos, com base histórica e
evidente interesse sociológico. Muito curioso será referir a forma como é
esboçado o ambiente social inglês de início do século XX, que empurra a
jovem Kitty a afastar-se de uma família asfixiante e gananciosa nem que,
para tanto, tenha de aceitar um casamento de conveniência. Kitty pensa que
Walter a ama e julga que esse amor bastará para ultrapassar a sua
indiferença e crê que essa situação é muito melhor que o desamor da
família. Engana-se parcialmente, mas só o descobre tarde de mais. É, no
entanto, um interessante retrato de uma mulher que se procura impor numa
sociedade cujas regras limitam a sinceridade e espontaneidade e apontam
para a hipocrisia e os interesses materiais. Não tanto uma sociedade
machista, curiosamente, pois a prepotência é exercida fundamentalmente
por uma mulher, a mãe. Os homens até se mostram dóceis, nesta sociedade
matriarcal. Vejam-se os casos do pai de Kitty, completamente dominado pela
vontade da mulher, e posteriormente Walter que, apesar de ter um
comportamento rigoroso e de poucas palavras, absorto sempre na sua vida
científica e nos livros, se apresenta igualmente como um homem tranquilo
e sensível. Mas a diferença de maneiras de ser revela-se fatal. Kitty é uma
mulher-criança que gosta de reuniões sociais, bailes e festas, enquanto
Walter aprecia o silêncio e o retiro. Transpostos para a longuínqua e
misteriosa China, primeiro surge a leviana traição, depois cresce a
maturidade, imposta pelo isolamento e pelas circunstâncias adversas. W.
Somerset Maugham, cosmopolita na sua sociabilidade, mas espiritualista na
essência, aponta o caminho da renúncia e da redenção como forma de
descobrir o amor na convivência profunda das pessoas e não no usufruto
de um prazer imediato, mas sem futuro. No sacrifício e na contrariedade se
caldeiam os sentimentos. Visão religiosa e mística, obviamente, mas que a
sobriedade e o rigor de escrita do escritor tornam legítima. Aliás, W.
Somerset Maugham não defende uma religião, tanto que aponta o Tao
oriental como um “Caminho” possível, ao lado da fé das freiras francesas. A
ideia é, sobretudo, valorizar o conhecimento profundo em detrimento do
efémero, a experiência por vezes traumática em vez da facilidade e do
comodismo. O que, nos dias de hoje, não deixa de ser uma aposta contra
a corrente do imediatismo. Aliás, o filme parece até sublinhar com alguma
argúcia certos aspectos que no livro aparecem somente indicados. Deve
dizer-se que globalmente a adaptação é boa e inteligente, mantendo, na sua
essência, o espírito do romance, ainda que aqui e ali necessite de condensar
certas passagens (sobretudo na parte final do romance, que é muito mais
extensa que o filme) ou, noutros casos, alterar a ordem da sua apresentação.
Um exemplo: o livro inicia-se já na China com a cena de adultério; o filme
prepara-a com uma longa sequência em Inglaterra, durante a qual vamos
assistir à aproximação de Walter de Kitty, e onde se descobre toda a teia de
humilhações familiares que levam Kitty a tomar a decisão de casar para se
libertar dessa tentacular opressão diária. É evidente que o livro também
descreve estes acontecimentos, mas posteriormente, e a alteração da ordem,
no filme, é sintomática de uma outra perspectiva.
De resto, o filme apresenta uma narrativa inteligente e ágil, há momentos
de certa inspiração na montagem (como quando se ligam, através de uma
mesma imagem, lugares e tempos distintos) e os contornos históricos e
sociais saem reforçados no filme, à luz de uma compreensão contemporânea
do colonialismo. Mas a este aspecto voltaremos mais tarde.
2. W. Somerset Maughan
William Christened Somerset Maughan, um dos mais conhecidos e
disputados escritores ingleses do século XX, nasceu a 25 de Janeiro de 1874,
em Paris, França, de pais ingleses, e veio a falecer em Cap Ferrat, Nice,
França, a 15 de Dezembro de 1965, vítima de pneumonia. Apesar de ter
nascido em Paris, W. Somerset Maugham foi desde sempre um súbdito
inglês. O pai, Robert Ormond Maugham, que era advogado da Embaixada
inglesa na capital francesa, fez para que tal acontecesse, a fim de impedir
que o filho fosse mais tarde considerado francês e tivesse de combater sob
a bandeira deste país.
A mãe de Maugham, Edith Mary, morreu ainda nova, aos 41 anos, depois de
um parto. Este facto traumatizou para sempre o jovem Somerset Maugham,
levando-o a não mais se afastar de um retrato da mãe que manteve no seu
quarto até ao dia da sua morte, com 91 anos. Mas dois anos depois da
| 157 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 158 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
morte da mãe, morre o pai, vítima de cancro, e Wlllie é enviado para
Inglaterra, para casa do seu tio Henry MacDonald Maugham, vigário de
Whitstable, em Kent, um homem frio e cruel que transforma a juventude do
futuro escritor num negro episódio de um romance de Charles Dickens. A sua
fraca figura e o seu mau inglês (o francês tinha sido a sua primeira língua)
foram argumentos suficientes para ser humilhado e perseguido nos seus
tempos iniciais de estudante. Estuda na The King’s School até que, aos
dezasseis anos, recusa continuar ali, parte para a Alemanha, onde se
inscreve na Universidade de Heidelberg. Estuda literatura e filosofia e
conhece John Ellingham Brooks, um inglês mais velho dez anos, que o inicia
na sua primeira experiência sexual. De regresso a Inglaterra, oscila entre a
carreira de armas e a medicina, mas acaba por optar pela segunda. Durante
cinco anos estuda medicina em Londres, no hospital de St. Thomas. Vários
dos seus livros se referem a essa época, nomeadamente a sua obra-prima
“Servidão Humana” (Of Human Boundage, 1915).
O sucesso dos primeiros livros, “Liza de Lambeth” (Liza of Lambetll, 1897) e
“Mrs Craddoek”, 1902, inscritos numa corrente de um certo realismo social,
persuadiu-o a abandonar a medicina para se consagrar inteiramente à
literatura. Durante uma década não voltou a ter um triunfo idêntico, mas, em
1907, a sua peça de teatro “Lady Frederick” obteve um êxito absolutamente
invulgar. Viaja por Espanha e Capri, e, em 1914, tinha escrito 10 peças e
outros tantos romances. Durante a I Guerra Mundial, Maugham serviu em
França como membro da Cruz Vermelha inglesa, num grupo de 23
personalidades, conhecido por “Literary Ambulance Drivers”, onde se
incluíam nomes como os Ernest Hemingway, John Dos Passos, ou e. e.
cummings. Foi nesse período que conheceu Frederick Gerald Haxton (1892 –
1944), um jovem de São Francisco, que se torna seu companheiro, secretário
e amante, até à morte deste, em 1944 (Haxton surge mesmo na figura de
Tony Paxton, na peça de Maugham, de 1917, “Our Betters”). Para fugir a
perseguições puritanas como as que destruíram Oscar Wilde, o casal,
terminada a guerra, instalou-se numa vivenda, “Mauresque”, na Riviera
Francesa. Só dali saiu quando os alemães avançaram sobre a França,
retirando-se para Nova Iorque, onde Haxton viria a falecer vítima de
alcoolismo. W. Somerset Maugham dedica-lhe, em 1949, uma compilação de
ensaios: “A Writer’s Notebook: In Loving Memory of My Friend Frederick
Gerald Haxton, 1892 -1944”.
Apesar do seu assumido homossexualismo, S. Somerset Maugham teve
vários “affairs” com mulheres, nomeadamente um que se tornou
particularmente polémico, com Syrie Wellcome, filha de Thomas John
Barnardo, fundador de um orfanato, e mulher do milionário farmacêutico
Henry Wellcome, de quem teve uma filha, Liza (baptizada Mary Elizabeth
Wellcome, 1915-1998). Henry Wellcome impôs o divórcio e, em Maio de 1917,
Syrie, então uma decoradora de interiores de grande celebridade, e
Maugham casaram-se. Em 1922 Maugham dedica a Syrie “On A Chinese
Screen”, uma colectanea de 58 histórias reunidas depois de uma viagem
| 159 |
cineeco2007
pela China e Hong Kong. Divorciam-se de forma tempestuosa em 1928, em
parte por causa das constantes viagens do escritor e do seu romance
paralelo com Haxton.
Quer como romancista, quer como dramaturgo, Somerset Maugham sempre
soube despertar a simpatia do público, permitindo-lhe esse seu constante
êxito de vendas viver de harmonia com os seus gostos: viajou não apenas
pela Europa como ainda pela América e pelo Oriente e, durante a primeira
guerra mundial, foi encarregado de uma missão secreta na Rússia, donde
resultou uma personagem de espião, “Ashenden”, que irá justificar a
publicação de um volume de curtas histórias que muitos julgam estar na
base da criação de Ian Fleming, James Bond.
“Of Human Bondage”, a sua obra de consagração, não foi inicialmente muito
bem recebido nem pela críitica nem pelos leitores, mas tornou-se uma obra
inquestionável a partir da altura em que o influente escritor norte americano
Theodore Dreiser lhe chamou “obra de génio”, comparando-a a uma sinfonia
de Beethoven.
Retirado em St. Jean-Cap Ferrat, na costa francesa, Somerset Maugham
aproveitou as suas experiências pessoais e as observações que foi fazendo
ao longo das viagens que o levaram a todos os cantos do mundo. Foi visto
como o mais cosmopolita dos escritores ingleses contemporâneos e, sob
certos aspectos, poderia considerar-se mais francês do que inglês (Somerset
Maugham confessou que, antes de iniciar a escrita de uma nova história, lia
invariavelmente “Cândido”). Somerset Maugham, como muitos outros
romancistas anglo-saxónicos seus contemporâneos, vivia obcecado pelos
problemas morais e religiosos: “O Véu Pintado” (The Painted Veil, 1925) é
um bom exemplo dessa mensagem de regeneração e em “O Fio da Navalha”
(Tlle Razor’s Edge, 1944) faz a exaltação do misticismo ascético, não
deixando no entanto de ser um homem mundano, tolerante mas,
Outras Terras,
Outras Gentes
| 160 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
simultaneamente, um crítico austero e compadecido dos humanos pecados.
Em 1938, Maugham confessou: “It must be a fault in me that I am not gravely
shocked at the sins of others unless they personally affect me.” Há quem
veja nesta confissão uma forma do escritor absolver vícios privados,
sobretudo o seu proverbial apetite sexual, desculpando fraquezas alheias.
Muitas vezes transferia para o universo feminino a sua voluptuosidade
homossexual, pois os tempos não lhe permitiam exprimir livremente a sua
própria experiência. Isso explicaria a existência nas suas obras de tantas
mulheres que se deixam seduzir pelas fraquezas da carne. Mas que, na maior
parte das vezes, por elas são marcadas negativamente, apesar de haver
invariavelmente um momento de regeneração e sublimação do pecado.
Escritor de grande saber oficinal e de requintada sensibilidade, ostentava
uma malícia fina e cáustica, envolvida por uma ternura e compreensão
humana igualmente invulgares. No “Dicionário dos Autores Universais”, pode
ler-se: “Nos livros autobiográficos, “O Exame de Consciência” (The Summing
Up, 1948) e “Apontamentos do Autor” (An Author’s Notebook, 1949),
Somerset Maugham fala francamente, embora de maneira desligada, das
suas experiências, das suas leituras, das suas preocupações ético-filosóficas;
as conclusões que tira da vida são, no fundo, as mesmas que colheria um
protestante liberal, um moralista dramático. A crítica nem sempre lhe foi
favorável, gostando de rotulá-lo de “superficial”, apesar de “competente”;
porém, a sua habilidade de narrador, uma clareza de espírito quase francesa
e a verosimilhança dos personagens e dos ambientes fizeram dele um
benjamim do público.” É conveniente não esquecer que S. Somerset
Maugham lutou contra titãs que impunham uma nova literatura e abriam
caminho à modernidade, tais como William Faulkner, Thomas Mann, James
Joyce ou Virginia Woolf, entre muitos outros.
Da sua produção devem citar-se ainda, entre alguns outros: “Um Gosto e
Seis Vinténs” (The Moon and Sixpence, biografia de Gauguin, 1919); “Destino
de um Homem” (Cakes and Ale, que retrata, apenas veladamente, certos
personagens do mundo literário contemporâneo, 1930); “Cavalheiro de
Salão” (The Gentleman in the Parlor), belíssimo livro de viagens. Entre as
obras teatrais, numerosas e variadíssimas mas um tanto próximas,
recordamos: “Os Nossos Superiores” (Our Betters, 1917); “The Cirele” (1921);
“The Lelter” (1923). Das suas novelas, em grande número, existe uma
colectânea: “As Novelas Completas” (The Complete Short Stories, 1951).” Na
literatura de viagens também é de sublinhar a sua contribuição, sobretudo
com dois títulos, “The Gentleman In The Parlour”, uma viagem pela
Birmânia, Sião, Cambodja e Vietname, e o já citado “On A Chinese Screen”.
Publicou igualmente, em 1949, uma selecção de apontamentos de diários
pessoais, “A Writer’s Notebook”.
Durante a II Guerra Mundial refugiou-se nos Estados Unidos da América,
inicialmente em Hollywood, onde escreveu vários argumentos e foi um dos
primeiros escritores a viver desafogadamente de adaptações de romances
seus. Depois passou para o Sul, onde permaneceu alguns anos. Após a
morte de Gerard Haxton voltou a Inglaterra, mas em 1946 instalou-se
definitivamente em França, alternado permanências e viagens até à data da
sua morte.
A sua vida amorosa conheceu nova relação, mantendo-se agora ligado a Alan
Searle, que conhecera em 1928, mas que se tornou seu novo secretário e
companheiro, depois da morte de Haxton. Um amigo comum definiu a
diferença entre Haxto e Searle do seguinte modo: “Gerald era colheita
especial, Alan era vinho ordinário.” A existência amorosa do escritor nunca
foi simples. Num momento de maior sinceridade, escreveu: “I have most
loved people who cared little or nothing for me and when people have loved
me I have been embarrassed... In order not to hurt their feelings, I have often
acted a passion I did not feel.”
Em 1947 Maugham instituiu o “Prémio Somerset Maugham”, para o melhor
jovem escritor publicado no ano anterior. Por este galardão já passaram
vários escritores que se tornaram particularmente notados, como V.S.
Naipaul, Kingsley Amis, Martin Amis ou Thom Gunn. Em testamento,
Maugham ofereceu os seus direitos de autor à Royal Literary Fund.
3. A REVOLUÇÃO NACIONALISTA
“O Véu Pintado” tem como pano de fundo os anos conturbados da
revolução nacionalista na China, uma das mais velhas civilizações mundiais,
mas, por essa altura, no início do século XX, escandalosamente colonizada,
ainda que de forma indirecta, pelas mais diversas potências imperialistas,
desde franceses a ingleses, passando pelos japoneses e russos, todos eles
apoiando e incentivando a fragmentação do Estado, permitida por
Imperadores sem pulso e levada a cabo pelos “Senhores da Guerra” que
controlavam o Norte da China e eram apoiados pelos estados colonialistas
que viam nesta dissidência uma forma de melhor penetrar e controlar um
país, onde, nas principais cidades, se lia, à porta dos restaurantes, que “não
era permitida a entrada a cães e chineses.”
O desnorte e a submissão eram totais, a China via-se obrigada a ceder
territórios seus no final da I Guerra Mundial, a revolta interna estalava, como
protesto. Em 1912 tinha-se formado o Partido Nacionalista (Kuomintang),
dirigido por Sun Yar-Sem, que inicia a sua cruzada, estabelecendo uma frente
comum com os comunistas de Mao Tsé-Tung, até à expulsão dos
“exploradores colonialistas” do território. Essencial nesta cronologia são as
revoltas de 1925-27 (período a que se reportam o livro, e muito mais
vincadamente o filme) que procuram fundamentalmente três efeitos
principais:
- Libertar o país do estrangulamento económico e social a que estava
sujeito, mercê da actividade incontrolada e dominadora das potências
colonialistas;
- Unificar e desenvolver o país segundo uma perspectiva moderna;
- Realizar uma reforma agrária que permitisse uma mais justa divisão das
terras por quem as trabalhasse.
| 161 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 162 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
Mas mesmo durante esse período de frente comum entre os nacionalistas
do chefe das forças armadas nacionalistas, Chang Kai-Chek, e os militantes
activos do partido comunista chinês (formado em 1921), as clivagens entre
uns e outros eram evidentes (o que o filme sublinha aliás). As intenções
eram divergentes quanto ao que havia a fazer no futuro. Como se viu. A
unificação da China foi conseguida em simultâneo com o afastamento do PC
Chinês que foi obrigado a retirar-se para Chensi (na chamada “Longa
Marcha”), onde se reagrupou e preparou para a reconquista de toda a China
continental, o que viria só a acontecer em 1949, terminada a II Guerra
Mundial. Nessa altura foi Mao Tsé-Tung tem afastou Chang Kai-Chek para a
Formosa, dividindo a China em duas: a República Popular da China de um
lado, e Taiwan, do outro. Divisão que se mantém até hoje.
Voltando ao filme “O Véu Pintado”, versão de 2006, cremos que uma das
suas virtudes é precisamente o seu enquadramento histórico e social. Com
uma perspectiva histórica actual, obviamente mais moderna em relação a
Maugham (sem no entanto desvirtuar minimamente o sentido da obra
literária), John Curran (e o seu argumentista) esboçam um cenário político
em traços largos, sem retóricas desnecessárias, colocando o essencial em
cena, que permite desde logo obter uma leitura e uma compreensão totais
dos acontecimentos. Não usando o recurso a grandes acontecimentos e
figuras charneiras da História, “O Véu Pintado” mostra-nos a História sob o
ponto de vista da “Pequena História”, do dia a dia do comum dos mortais,
afinal os acontecimentos reais que estão na base das grandes
transformações sociais e políticas.
Lauro António, in revista “História”
O VÉU PINTADO
Título original: The Painted Veil
Realização: John Curran (EUA, China, 2006); Argumento: Ron Nyswaner, segundo rmance de
W. Somerset Maugham (“The Painted Veil”); Música: Alexandre Desplat; Fotografioa (cor):
Stuart Dryburgh; Montagem: Alexandre de Franceschi; Casting: Ellen Lewis; Direcção
artística: Peta Lawson; Guarda-roupa: Ruth Myers; Maquilhagem: Leslie Devlin, Rick
Findlater, Warren Hanneman, Georgia Lockhart-Adams, Julie Pearce; Direcção de produção:
Jamie Beardsley, Robert Katz, Chris Miller, Bill Newcomb, Jiakun Zhang; Assistentes de
realização: Crystal Gong Chun, Phil Jones, Johnny Lee; Departamento de arte: Jeremy Ball,
Sherrie Dai, Rolland Pike; Som: Derek Vanderhorst; Efeitos visuais: Paul Butterworth, Denise
Ballantyne; Produção: Sara Colleton, Jean Francois Fonlupt, Mark Gill, Sanping Han, Edward
Norton, Naomi Watts, Jiakun Zhang, Antonia Barnard, Yasmine Golchan, Mark Gordon, Robert
Katz, Ming Beaver Kwei, Bob Yari, Michael Zaltstein; Companhias de produção: WIP, Stratus
Film Co., Bob Yari Productions, Class 5 Films, The Colleton Company, Emotion Pictures, The
Mark Gordon Company, Warner China, Film HG Corporation.
Intérpretes: Naomi Watts (Kitty Fane), Edward Norton (Walter Fane), Liev Schreiber (Charlie
Townsend), Toby Jones (Waddington), Diana Rigg (Madre Superiora), Juliet Howland (Dorothy
Townsend), Anthony Wong Chau-Sang (Coronel Yu), Maggie Steed (Mrs. Garstin), Lorraine
Laurence (Irmã Maryse), Johnny Lee (Chinês em fúria), Li Feng (Sung Ching), Gesang Meiduo
(Amah), Alan David (Mr. Garstin), Lucy Voller (Doris Garstin), Ian Rennick (Geoffrey Denison),
Sally Hawkins (Mary), Bin Wu, Cheng Shihan, Liang Sijie, Zoe Telford, Henry Sylow, Catherine
An, Marie-Laure Descoureaux, Bin Li, Yan Lu, Yu Xia, Ma Yun, Lin Zheng, etc.
Duração: 125 minutos; Locais de rodagem: Beijing, China; Distribuição em Portugal: Vitória
Filmes; Classificação etária: M/ 12 anos; Estreia em Portugal: 15 de Março de 2007;
AS VIDAS DOS OUTROS
| 163 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
“Das Leben der Anderen”, filme de estreia de Florian Henckel-Donnersmarck
na longa-metragem de ficção, é não só uma verdadeira revelação, como um
dos mais notáveis retratos de uma sociedade dominada por um regime
totalitário, e continuamente vigiada por uma polícia política. Fala-nos da RDA
em meados da década de 80, sob a batuta ditatorial de Erich Honecker. Um
estado policiado, onde a Stasi ocupava destacado lugar, servida por uma
rede de mais de 200.000 informadores que vigiavam toda a população e se
vigiavam entre si, numa paranóica actividade de espionagem que facilmente
redundava na esquizofrenia e, não raro, em algo muito mais grave ainda, do
assassinato ao suicídio.
Gerd Wiesler (Ulrich Mühe), que tem como nome de código a sigla HGW XX/7,
inspector da Stasi, polícia política da RDA, é encarregado de acompanhar as
actividades diárias dos considerados inimigos do partido comunista, então o
poder. Ele é também professor de uma escola da polícia, onde ensina as
técnicas mais sofisticadas para extorquir confissões, e que vão desde a tortura
do sono até outras mais psicológicas. Mas esse desmedido interesse pela
“vida dos outros” tem por base a hipotética actividade clandestina para
derrubar o regime, mas igualmente ouvir e denunciar quem proteste contra a
falta de liberdade e outras “características” destes regimes ditatoriais.
Acontece que, apoiando-se nesta polícia todos os abusos eram possíveis. Por
exemplo: o ministro Bruno Hempf vive obcecado pelos encantos de ChristaMaria Sieland (Martina Gedeck), uma das actrizes de maior prestigio nos
palcos de Berlim. Acontece que a referida senhora vive com Georg Dreyman
(Sebastian Koch), um escritor acima de toda a suspeita, que todavia se dá
com alguns dissidentes, nomeadamente um encenador, que é o seu preferido,
mas que caiu em desgraça. Nada há de concreto para suspeitar de Georg
| 164 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
Dreyman, mas daria muito jeito ao ministro Bruno Hempf descobrir algo que
pusesse fora de campo esse empecilho no seu caminho para Christa-Maria
Sieland. Uma conversa entre o ministro e os serviços secretos é o bastante
para eles montarem uma operação destinada a descobrir o vestígio de uma
suspeita por onde possam avançar. É o que fazem: colocam a casa do escritor
sob escuta, quarto a quarto, olhos e ouvidos bem atentos a todas as
deslocações, todas as conversas, todas as recepções e algo há-de aparecer.
Se não aparecer, forja-se. O escritor será detido, a actriz ficará fragilizada, as
investidas do ministro poderão ter êxito, mesmo que Christa-Maria Sieland
seja obrigada a prostituir-se para continuar a sua carreira de actriz, mesmo
que tenha de denunciar quem ama para se manter viva, ainda que por muito
pouco tempo. As teias do horror estenderam-se sobre aquele casal, como se
estendiam sobre tudo e todos neste regime de pesadelo (em tantos e tantos
aspectos uma cópia do que acontecia em Portugal com a PIDE).
Acontece que o filme de Florian Henckel-Donnersmarck não só descreve
minuciosamente o que acontecia a Leste, com os seus serviços secretos, e
os tortuosos mecanismos da repressão policial, como vai mais longe e nos
oferece o retrato admirável de um homem que evolui da condição de
carrasco para a de vítima, mercê de uma progressiva consciencialização. Gerd
Wiesler é inicialmente apresentado como um executante sem consciência, a
não ser a do “dever cumprido” em nome de princípios que o ultrapassam e
que nem sequer questiona, e que depois, à medida que acompanha
directamente o caso de Georg Dreyman e de Christa-Maria Sieland percebe
até que ponto pode descer a indignidade dos torcionários e acaba por
assumir uma posição que lhe vai custar o emprego e algo mais. Um artigo
publicado anonimamente por Georg Dreyman numa revista da RFA será o
pretexto encontrado para despoletar a perseguição e a crise que levarão Gerd
Wiesler a tomar partido.
Vencedor do Óscar para Melhor Filme em língua não inglesa, “As Vidas dos
Outros” é um tremendo retrato de uma sociedade enclausurada sob escuta
e que diariamente coloca à beira da maior das indignidades todos os seus
cidadãos, carrascos e vítimas indefesas da prepotência sem limites. Para nos
restituir este monstruoso painel do quotidiano desrespeito dos mais ínfimos
direitos humanos, o realizador consegue uma claustrofóbica ambiência que
nos é dada por pequenos apontamentos onde o medo torna irrespirável a
vida e atira para o suicídio percentagens infames de cidadãos que não
conseguem ultrapassar esse horror. Excelentes actores dão plausibilidade e
consistência psicológica a este filme que ficará seguramente como um marco
na história do cinema alemão da década. Um período que nos tem dado
obras muito interessantes sobre o século XX na Alemanha e nas duas
Alemanhas do pós guerra, como “Good Bye, Lenin!”, “Der Untergang” ou
“Sophie Scholl”, não esquecendo “Les Trois Vies de Rita Vogt”, de Volker
Schlöndorff, onde se fazem igualmente alusões a esta época.
Florian Maria Georg Christian Graf Henckel von Donnersmarck, nascido em
Colónia a 2 de Maio de 1973, estreou-se na longa-metragem com este filme
que lhe trouxe o reconhecimento público e varias dezenas de prémios
internacionais. Estudou Filosofia na Universidade de Oxford, e Cinema, na
Hochschule für Fernsehen und Film, de Munique. Inicialmente rodou curtasmetragens e episódios para séries de televisão (Mitternacht (1997), Das
Datum (1998), Dobermann (1999), Der Templer (2002) e episódios da série
“Petits Mythes Urbains” (2003). Saiu da escola em 2001, sem terminar o
curso, para começar a elaborar o projecto de “Das on Leben der Anderen”,
filme que lhe valeu o diploma de realizador, como prémio.
A República Democrática Alemã (Deutsche Demokratische Republik) ou
Alemanha Oriental, tinha como capital Berlim Oriental, uma área de 108,333
km?, e cerca de 17 milhões de habitantes. Resultou da divisão da Alemanha,
após o fim da II Guerra Mundial, quando o território alemão foi repartido
entre quatro sectores: norte-americano, britânico, francês e soviético. O
sector soviético daria origem à República Democrática Alemã (RDA),
enquanto que a República Federal Alemã (RFA), ou Alemanha Ocidental, seria
formada pelos outros três. A RDA foi proclamada Estado em Berlim Oriental,
no dia 7 de Outubro de 1949. Foi declarada Estado totalmente soberano em
1954. As tropas soviéticas continuaram no terreno com base nos acordos de
Potsdam, tendo em vista contrabalançar a presença militar dos Estados
Unidos da América na República Federal Alemã, durante o período da GuerraFria. A RDA era membro do Pacto de Varsóvia.
A capital da Alemanha Oriental manteve-se em Berlim, enquanto que a capital
da RFA foi transferida para Bonn. No entanto, Berlim foi também dividida em
Berlim Ocidental e Berlim Oriental, com a parte ocidental controlada pela RFA,
apesar da cidade estar totalmente situada em território da RDA. Existia aqui
o célebre “Muro de Berlim” que foi derrubado em Novembro de 1989. A RDA
foi dissolvida e regressou à Alemanha unificada no dia 3 de Outubro de 1990.
Lauro António, in revista “História”
AS VIDAS DOS OUTROS
Título original: Das Leben der Anderen
Realização: Florian Henckel von Donnersmarck (Alemanha, 2006); Argumento: Florian Henckel
von Donnersmarck; Música: Stéphane Moucha, Gabriel Yared; Fotografia (cor): Hagen
Bogdanski; Montagem: Patricia Rommel; Casting: Simone Baer; Design de produção: Silke
Buhr; Decoração: Frank Noack; Guarda-roupa: Gabriele Binder; Maquilhagem: Annett Schulze,
Sabine Schumann; Direcção de produção:Lisa Kolodzik, Tom Sternitzke; Som: Christoph von
Schönburg; Produção: Quirin Berg, Dirk Hamm, Florian Henckel von Donnersmarck, Max
Wiedemann / Bayerischer Rundfunk (BR), Creado Film, Wiedemann & Berg Filmproduktion, arte
Intérpretes: Martina Gedeck (Christa-Maria Sieland), Ulrich Mühe (Hauptmann Gerd Wiesler),
Sebastian Koch (Georg Dreyman), Ulrich Tukur (Oberstleutnant Anton Grubitz), Thomas Thieme
(Bruno Hempf), Hans-Uwe Bauer (Paul Hauser), Volkmar Kleinert (Albert Jerska), Matthias Brenner
(Karl Wallner), Charly Hübner (Udo), Herbert Knaup (Gregor Hessenstein), Bastian Trost, Marie
Gruber, Volker Michalowski, Werner Daehn, Martin Brambach, Hubertus Hartmann, Thomas Arnold,
Hinnerk Schönemann, Paul Faßnacht, Ludwig Blochberger, Paul Maximilian Schüller, Susanna
Kraus, Gabi Fleming, Michael Gerber, Fabian von Klitzing, Harald Polzin, Sheri Hagen, Gitta
Schweighöfer, Elja-Dusa Kedves, Hildegard Schroedter, Inga Birkenfeld, Philipp Kewenig, Jens
Wassermann, Ernst-Ludwig Petrowsky, Manfred Ludwig Sextett, Kai Ivo Baulitz, Klaus Münster, etc.
Duração: 137 minutos; Distribuição em Portugal: Vitória Filmes; Estreia na Alemanha: 23 de
Março de 2006; Classificação etária: M/ 16 anos.
| 165 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
10
a
edição
2008
07.03 a 16.03
C I N E M A
E
L I T E R A T U R A
CineEco2007
INGMAR
BERGMAN
| 168 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
_APAGOU-SE A LUZ DA LANTERNA MÁGICA DE INGMAR BERGMAN
Desapareceu em paz, “calma e docemente”, na recatada ilha de Farö, onde
rodou alguns dos seus filmes e que escolheu como paisagem para o seu
progressivo afastamento do mundo. Aos 89 anos, depois de ter marcado com
filmes de tremenda densidade psicológica o cinema da segunda metade do
século XX, Ingmar Bergman enfrentou por fim uma das obsessões maiores da
sua obra: a Morte, ideia tantas vezes aflorada pelas suas personagens e que
aparece, em carne e osso, a jogar xadrez, numa das cenas mais emblemáticas
de “O Sétimo Selo”.
Logo que Eva Bergman, segunda de nove filhos, revelou a notícia à TT, agência
noticiosa sueca (…), começaram a chover reacções vindas de todos os
quadrantes. Fredrik Reinfeldt, primeiro-ministro sueco, declarou em
comunicado que Bergman “fazia parte dos maiores dramaturgos do mundo,
sendo para muita gente o maior de todos”. Enquanto isso, a cinemateca de
Estocolmo colocava a bandeira a meia haste e as rádios e estações televisivas
interrompiam a emissão para lhe prestar homenagem.
Presidente do Festival de Cannes, Gilles Jacob não tem dúvidas: “Com o
desaparecimento de Ingmar Bergman, o cinema moderno perde um dos seus
últimos pioneiros, um pioneiro de génio.” Há precisamente uma década,
quando o festival que dirige decidiu homenagear um realizador que nunca
tivesse ganho a Palma de Ouro, foi no “cineasta da alma humana, mas também
da vida e dessa luz nórdica que nunca empalidece” que a escolha recaiu.
Os directores de outro dos grandes festivais de cinema, o de Veneza, também
quiseram sublinhar a importância do cineasta que venceu o Leão de Ouro em
1971. “Bergman soube representar nos seus filmes as angústias e as crises do
homem contemporâneo. O que fazia dele um grande realizador era a
capacidade de se deslocar tão livremente, nas suas obras, entre a realidade
e o sonho”, disseram Davide Croff, presidente da Bienal de Veneza, e Marco
Müller, director da Mostra que terá início no final de Agosto.
Admirador confesso de Bergman, a quem sempre prestou culto como mestre
e cujo estilo imitou assumidamente em Interiores (1978), Woody Allen
confessou uma imensa tristeza, ao saber da notícia. “Ele era um amigo e
verdadeiramente o melhor realizador que alguma vez vi.” Já em 1988, por
ocasião do 70.º aniversário de Bergman, Woody Allen afinara por este
diapasão, ao afirmar que o sueco seria “provavelmente o melhor artista
cinematográfico desde a invenção da câmara de filmar”.
Noutra latitude, geográfica e estética, o grego Théo Agelopoulos declarou à
agência France Presse: “Foi um grande do cinema que partiu e eu inclino-me
diante da sua morte”. Dos vários encontros com Bergman, diz guardar
memórias ternas: “Era muito tímido, como uma criança.” Homem complexo,
Bergman disse de si mesmo, na autobiografia publicada em 1987 (“Lanterna
Mágica”), que sempre foi, desde a infância, “perito na mentira”. Conhecido
pelo seu humor, pelo cinismo e até por uma certa crueldade, assinalada por
quem trabalhou com ele, não é de excluir que tenha rido à gargalhada, onde
estiver, de tantos elogios póstumos.
José Mário Silva
| 169 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
_AS MUITAS FACES DO SENHOR INGMAR BERGMAN
Nascido em 1918, na cidade universitária de Uppsala, oriundo da média
burguesia, Ingmar Bergman chega ao cinema por via da escrita de
argumentos e estreia-se na realização com “Crise” (1945), mantendo
sempre, em paralelo, uma actividade intensa no teatro, como encenador.
A sua entrada como nome incontornável da “família” cinematográfica
(uma espécie de círculo de cinema de autor que engloba, entre outros,
Fellini, Mizoguchi, Lang ou Ophüls) dá-se na década de 50, com a
universalização dos títulos de glória, que condensam o cerne do seu
universo representativo: “Mónica e o Desejo” (1954), a lição neo-realista
“congelada”, a definir territórios e a cruzar amor e morte; “Sorrisos de
uma Noite de Verão” (1955), a rimar com Mozart e Shakespeare (e Renoir,
sem correspondente amor pelas personagens), numa teatralização
essencial das formas; “O Sétimo Selo” (1957), a estabelecer os limites e
grandezas da sua metafísica pessoal; “Morangos Silvestres” (1957), a
interrogar a sua posição intelectual e o seu lugar na herança das
vanguardas, do expressionismo ao surrealismo, com o referente local, o
grande cineasta Victor Sjöstrom, no papel de protagonista.
Como todas as visões de conjunto são, obrigatoriamente, retrospectivas,
hoje, tomando este núcleo como centro de uma fase “clássica” (a
segunda) de explanação de uma linguagem e de uma narratividade
complexa, podemos estender o corpus a obras anteriores, muitas delas
| 170 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
descobertas a posteriori, como o genial “Um Verão de Amor” (1950), um
belíssimo exercício sobre a relação entre a arte e o binómio amor/morte,
ou mesmo “Mulheres à Espera” (1952), agrupando tudo o que está para
trás, até “Rumo à Felicidade” (1949), num primeiro bloco de busca e
experimentação de uma voz original.
A terceira fase começaria no início da década de 60, embora “O Rosto” (1958)
já constituísse a premonição de uma mudança, com a radical ritualização do
gesto e do lugar dos olhares no plano, em “Em Busca da Verdade” (1961),
marcando a ilha pelas linhas dos rostos, com os actores e as actrizes
(Bergman é um “realizador de mulheres”), cada vez mais voltados para nós,
dizendo palavras e silêncios para um ponto perdido no vazio infinito do
espectador ideal. “Luz de Inverno” ou “O Silêncio” (ambos de 1963)
oscilavam entre a discussão teológica e o “jogo de massacre” moral, numa
total contenção, uma quase supressão de acção, como se de um jogo de
estátuas se tratasse. “Persona” (1966), embora precedido da mais “atípica”
das comédias, “A Força do Sexo Fraco” (1964), assume o papel de apogeu
dessa estética de intelectualização da imagem, sobre uma actriz em colapso
nervoso, transformando definitivamente o pendor alegórico do seu cinema
do passado em auto-reflexividade das actrizes nas personagens de que se
apossam, em poderosos e mortíferos grandes planos. Depois, “A Hora do
Lobo” (1960), “A Vergonha” (1968) e “O Amante” (1971) são sobretudos
marcas do prolongamento de um maneirismo preciosista das formas.
A ruptura seguinte, se de ruptura se pode falar, passa pela angústia
exposta de “Lágrimas e Suspiros” (1972) que abre, na exploração das
manchas de cor, para as sagas familiares de “Cenas da Vida Conjugal”
(1973), “Face a Face” (1975) e para o encontro com a outra Bergman
(Ingrid), em “Sonata de Outono2 (1978). A quinta “fase” pode concentrarse num filme só, “Fanny e Alexandre” (1983), a grande síntese que repega
em “Sorrisos e Morangos” com renovada ternura, despindo aquela espécie
de cinismo intelectual que caracterizava até as suas comédias: Bergman
“humanizava-se” e ensaiava uma progressiva despedida da vida e do
grande ecrã. Avulsos ficam filmes como “A Flauta Mágica” (1974) ou “O Ovo
da Serpente” (1978), já quase só reflexos de um estéril virtuosismo formal.
E, no final, ainda com o exercício televisivo de “Depois do Ensaio” (1983)
a dar o mote dos actores “familiares”, que regressam sempre ao “lugar
do crime”, temos o testamento de “Saraband”: filme “póstumo” de um
velho que sente próxima a morte inevitável retorna as personagens de
“Cenas da Vida Conjugal”, em abismo e em perfeição, de novo
evidenciando quanto, no seu universo, o sentimento se condicionava à
racionalidade de uma estética de maníaco controlo das formas.
Génio incontornável de um cinema intransigentemente rigoroso,
“cartógrafo” de um Norte mitificado, director mais-que-perfeito de actrizes
que esculpiu (Harriet Anderson, Ingrid Thulin, Liv Ullmann), Bergman
morre, aos 89 anos, canonizado como santo de uma arte que reinventou.
Mário Jorge Torres, in Público, 31.07.2007,
| 171 |
cineeco2007
_FACE A FACE
Não sei dizer qual foi o primeiro filme de Ingmar Bergman que vi. Sei que,
como muito do cinema que hoje designamos de clássico (europeu ou de
Hollywood), o vi na televisão, na RTP2 que, durante anos a fio, serviu de
“cineclube” inclusivo a gerações de espectadores. Nesses tempos em que
o home video ainda se declinava em VHS e o DVD era coisa de ficção
científica, era mesmo só a televisão, e pontuais exibições na Cinemateca,
que permitia descobrir muito cinema dito histórico.
Nessa década de 1980 que me serviu de “aprendizagem” cinéfila, só
haveria um filme realizado por Ingmar Bergman que eu poderia ter visto
em estreia – “Fanny e Alexandre” (1982), o nostálgico mosaico de
memórias com o qual o realizador sueco disse adeus ao cinema. Mas
mesmo esse só o vi anos mais tarde, na sua versão em episódios para
televisão. Bergman era uma daquelas figuras míticas das quais se falava
mais do que se via, e os filmes que tanta sensação haviam feito no seu
tempo, impossíveis de encontrar em vídeo, pareciam existir apenas na
memória de quem os vira em estreia.
O “meu” Bergman, então, não foi nunca o Bergman que deslumbrou
gradualmente as gerações de cinéfilos que vieram antes de mim. O “meu”
Bergman foi sendo descoberto ao sabor do acaso das programações
televisivas, onde os brutais “Face a Face” (1975) e “Lágrimas e Suspiros”
(1972) intercalavam com o lendário “Morangos Silvestres” (1957), o
obscuro “A Máscara” (1966) e os mais leves “Sorrisos de Uma Noite de
Verão” (1955). Fui percebendo onde Woody Allen tinha ido buscar tanta
da sua gramática e por que é que Bergman era tão justamente colocado
num pedestal: não me recordo de outro cineasta disposto a ir tão fundo
dentro de nós, de ser tão impiedoso na revelação daquilo que nos faz
humanos, de articular de maneira tão honesta e directa e simples as
Ingmar
Bergman
| 172 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
emoções tão contraditórias e paradoxais que nos assaltam
constantemente. Aos poucos, Bergman revelou-se-me como uma
evidência: um cineasta de uma modernidade quase insultuosa em cuja
esteira praticamente ninguém ousara seguir, mestre absoluto de uma
estética minimalista, (apropriadamente) quase “de câmara”, mas que
abria para uma riqueza textual inesgotável. Para mim, a grande (a única)
experiência Bergman em estreia acabou por ser o magistral “Saraband”
(2003), profético testamento artístico rodado para televisão, mas que
mereceu estreia em sala em vários países, onde o cineasta mostrava não
ter perdido um grama daquilo que o tornara numa referência. Ampliada
para o grande ecrã de uma sala escura, a intensidade emocional que
sempre fora a sua marca registada tornava-se simultaneamente
insustentável e sublime.
A certa altura em Saraband, alguém dizia que se estava a “comportar
como uma personagem de um estúpido filme antigo”, numa ironia que
não escapou decerto a um cineasta sempre atento a cada pormenor
como maneiras de revelar um pouco mais de nós próprios (e também de
ele próprio). Mas esses “estúpidos filmes antigos”, que têm vindo
lentamente a ressurgir nas bolachas digitais do DVD, continuam a ser
algum do cinema mais vital jamais filmado. Com a morte de Ingmar
Bergman, esse acervo torna-se ainda mais valioso - e as novas gerações
já não o descobrem ao acaso das programações televisivas.
Jorge Mourinha, in Público, 31.07.2007,
_À CONVERSA COM HARRIET ANDERSSON
Há três semanas estivemos à conversa com Harriet Andersson, actriz de
Mónica e o Desejo e de vários outros filmes de Ingmar Bergman, numa
entrevista feita para o Ípsilon e publicada a 13 de Julho, duas sextas-feiras
atrás. A notícia da morte de Ingmar Bergman traz-nos à memória - e é
mesmo a primeira coisa que nos vem ao espírito - o raio de maneira com
que essa conversa acabou, pelo menos na parte em on. Com o entrevistador
a perguntar a Harriet se tinha gostado de Saraband e ela a responder que
tinha gostado muito, mas que Saraband tinha sido “mesmo o último filme”
de Bergman. Este reforço do carácter derradeiro de Saraband podia justificarse pelo número de vezes que Bergman, no passado, anunciara o seu
abandono do cinema. Ou porque um dos três mandamentos expressos por
Bergman para a sua actividade de realizador era “thou shalt make each film
as if it were thy last”, ou seja, “farás cada filme como se fosse o teu último”.
Mas o tom peremptório da afirmação de Harriet Andersson continha qualquer
coisa de mais grave, soava quase a um aviso. E por isso, puxando pelo
máximo da sua capacidade eufemística de fazer perguntas pela negativa, o
entrevistador tentou tirar a limpo o verdadeiro sentido das palavras de Harriet,
perguntando: “Não é nada crível que volte a filmar, pois não?” Com a
expressão muito séria que não teve durante quase toda uma entrevista em
que se riu bastante, a actriz precisou: “Nada [crível]. Vai fazer 89 anos este
ano e a saúde já não é o que era. Tenho a certeza que Saraband foi a última
coisa.” Não era, de facto, nada difícil de acreditar, mas não pensávamos
(talvez Harriet pensasse, sabe-se lá) que a sua certeza se confirmaria tão
depressa. Ingmar Bergman fez, de facto, “89 anos este ano” (justamente no
dia a seguir à publicação da entrevista) e morreu 16 dias depois de os fazer.
Um momento “prenúncio de morte”? Não, que disparate: desde que se nasce
que tudo é prenúncio de morte. E na obra de Bergman, que deu à Morte o
rosto que mais profundamente se cravou no imaginário colectivo ocidental a
partir da segunda metade do século XX (falamos de Bengt Ekerot no Sétimo
Selo, o filme do jogo de xadrez), quase tudo é prenúncio de morte. Que a
conversa tenha acabado com a morte de Bergman nas entrelinhas, que não
tenhamos (nem Harriet, nem o entrevistador) encontrado mais nada para
dizer a seguir (“o silêncio”), isso é que agora é bastante impressionante.
Também, ou sobretudo, porque Harriet Andersson não foi apenas uma “actriz
de Bergman”. Aliás, quase nenhuma “actriz de Bergman” foi apenas uma
“actriz de Bergman”. Bergman tinha uma faceta “coleccionador de mulheres”,
que aliás acidamente satirizou num filme dos anos 60, A Força do Sexo
Fraco, com elenco feminino totalmente à base de actrizes que se sabe - ou
de que se diz - terem sido amantes ou namoradas do realizador.
Sabe-se que Bergman foi casado por cinco vezes e que manteve
relacionamentos amorosos relativamente longos com pelo menos três
mulheres que foram suas actrizes. E isto são coisas que nem sempre convém
desvalorizar. O crítico americano Richard Corliss, num artigo publicado na
Film Comment ainda nos anos 80, tentou classificar a obra de Bergman
| 173 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
| 174 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
criando “períodos” e grupos de filmes definidos pela mulher (não
necessariamente actriz) que em cada altura fosse o “signo inspirador” do
cineasta sueco - algo relativamente pacífico, ou não se falasse, por exemplo
para Rossellini, dos “anos Magnani” ou dos “anos Bergman (Ingrid)”, ou
para Godard dos “anos Karina” ou dos “anos Wiazemsky”.
Mas, voltando a Harriet Andersson, ela não foi só uma “actriz de Bergman”,
foi também uma “mulher de Bergman”. Estiveram juntos três anos, e o
encontro com Harriet, na altura de Mónica e o Desejo, foi mesmo a razão
directa do fim do terceiro casamento de Ingmar (coisa que ele, nem por isso
muito elipticamente, conta na sua autobiografia, Lanterna Mágica).
Na entrevista, mais por uma espécie de pudor do que por outra coisa
qualquer, esta informação talvez não fosse muito explícita. Embora Harriet
dissesse claramente que Noite de Circo era um filme “sobre a história deles”,
e fornecesse toda a informação, ao acrescentar: “Ingmar era casado e eu
tinha um namorado.” Mas era um bocado a “chave”, pouco ou muito
escondida, de algumas perguntas, e seguramente de algumas respostas.
Quando perguntámos a Harriet se ainda mantinha contacto regular com
Bergman, ela respondeu assim: “Sim, mas por acaso já não o vejo desde o
Verão passado. E antes dessa vez estive alguns anos sem o ver. Encontrámonos por ocasião de uma retrospectiva Bergman. Foi um encontro doce. Mas
falávamos por telefone frequentemente. E quando ele nos telefona temos que
nos sentar, porque ele gosta de falar e sabemos que vamos estar ocupados para
as próximas duas horas. E depois pergunta: “Estou-te a incomodar?” “Claro que
não, meu querido.” Se respondesse outra coisa ele punha-se [a resmungar]:
“Pois, para mim nunca tens tempo.” Talvez tenha sido por este breve vislumbre
de uma relação íntima - mais comovedor até pelo tom, profundamente
carinhoso, com que Harriet Andersson falava do que pela substância do que
dizia - que nos lembrámos de perguntar logo a seguir por Saraband.
O facto é que aquela descrição faz lembrar Saraband: um homem, velho, que
por vontade própria se isolou (como Bergman, que se refugiou na ilha de
Färo com a promessa, feita há uns anos, de nunca mais de lá sair), a visita
de uma ex-mulher (interpretada por Liv Ullmann, com quem Bergman
manteve um longo relacionamento amoroso), um estranho balanço entre a
intimidade quebrada e a proximidade recuperada (ou vice-versa). “Todas
essas mulheres”: as que no fundo nunca estão muito longe, ou que não
chegam sequer a ir para muito longe - visto que continuam (ou continuaram)
a aparecer nos filmes de Bergman, muito para além do que a vida privada
juntou ou afastou. Aquelas palavras, aquela descrição de Harriet confirmam
uma parte da verdade do cinema de Bergman, ou seja, dizem que essa
verdade é mesmo “verdade”. O que, não sendo fundamental, é importante,
e é, sobretudo, bom de saber.
Nem Harriet Andersson nem Liv Ullman nem Bibi Andersson, nem Erland
Josephson - nem ninguém - vão voltar a receber telefonemas de duas horas.
Há uma espécie de família que perdeu a sua espécie de patriarca.
Luís Miguel Oliveira, in Público, 31.07.2007
INGMAR BERGMAN
Filmografia
Como realizador
CRISE
Título original: Kris ou Crisis (inglês)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1946);
Argumento: Ingmar Bergman, segundo Leck
Fischer (peça “Moderhjertet”); Produção: Harald
Molander, Victor Sjöström; Música: Erland von
Koch; Fotografia (P/B): Gösta Roosling;
Montagem: Oscar Rosander; Design de
produção: Arne Åkermark; Companhias de
produção: Svensk Filmindustri (SF).
Intérpretes: Wiktor Andersson, Anna-Lisa
Baude, Allan Bohlin, Julia Cæsar, Gus Dahlström,
Ernst Eklund, Sture Ericson, Karl Erik Flens,
Holger Höglund, Svea Holst, Ulf Johansson, Inga
Landgré, Arne Lindblad, Dagny Lind, Marianne
Löfgren, John Melin, Stig Olin, Dagmar Olsson,
Signe Wirff, etc.
Duração: 93 min; Locais de Filmagem:
Hedemora, Dalarnas län, Suécia; Data de
estreia: 25 de Fevereiro de 1946 (Suécia).
Título original: Det Regnar på vår Kärlek ou It
Rains on Our Love ou Man with an Umbrella
(inglês)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1946);
Argumento: Herbert Grevenius, Ingmar
Bergman, segundo Oskar Braaten (peça “Bra
mennesker”); Produção: Lorens Marmstedt;
Música: Erland von Koch; Fotografia (P/B):
Hilding Bladh; Göran Strindberg; Montagem:
Tage Holmberg; Design de produção: P.A.
Lundgren; Som: Lars Nordberg; Companhias de
produção: Sveriges Folkbiografer;
Intérpretes: Barbro Kollberg (Maggi), Birger
Malmsten (David), Gösta Cederlund (homem
com guarda chuva), Ludde Gentzel (Håkanson),
Douglas Håge (Andersson), Benkt-Åke
Benktsson, Sture Ericson (Kängsnöret), Ulf
Johansson (Stålvispen), Julia Cæsar (Hanna
Ledin), Gunnar Björnstrand (Mr. Purman), Erik
Rosén, Magnus Kesster, Åke Fridell, Nils Alm,
Bertil Anderberg, Britta Billsten, John W.
Björling, Edvard Danielsson, Carl Harald,
Torsten Hillberg, Nils Hultgren, Einar Hylander,
Albert Johansson, Karl Jonsson, Erland
Josephson, Margot Lindén, Hjördis Petterson,
Gösta Prüzelius, Gösta Qvist, Sif Ruud, Karin
Windahl, etc.
Duração: 95 min; Locais de Filmagem:
Koloniträdgård, Stockholms län, Suécia; Data
de estreia: 9 de Novembro de 1946 (Suécia);
| 175 |
Título original: Skepp till India Land ou A Ship cineeco2007
Bound for India ou A Ship to India ou
Frustration ou The Land of Desire (inglês)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1947);
Argumento: Ingmar Bergman, segundo peça de
Martin Söderhjelm; Produção: Lorens
Marmstedt; Música: Erland von Koch; Fotografia
(P/B): Göran Strindberg; Montagem: Tage
Holmberg; Design de produção: P.A. Lundgren;
Direcção de produção: Allan Ekelund; Som:
Sven Josephson, Lars Nordberg; Companhias de
produção: Sveriges Folkbiografer.
Intérpretes: Holger Löwenadler (Kapten Blom),
Anna Lindahl (Alice Blom), Birger Malmsten
(Johannes Blom), Gertrud Fridh (Sally), Naemi
Briese (Selma), Hjördis Petterson (Sofi), Lasse
Krantz (Hans), Jan Molander (Bertil), Erik Hell,
Åke Fridell, Douglas Håge, Ami Aaröe, Torgny
Anderberg, Ingmar Bergman, Rolf Bergström,
Torsten Bergström, John W. Björling, Ingrid
Borthen, Gustaf Hiort af Ornäs, Svea Holst, Kiki,
Uno Larsson, Peter Lindgren, Gunnar Nielsen, Ingmar
Bergman
Charles White, etc.
Duração: 98 min; Locais de Filmagem:
Sandrew-ateljéerna,
Gärdet,
Stockholm,
Stockholms län, Suécia.
UMA LUZ NAS TREVAS
Título original: Musik i Mörker ou Music Is My
Future ou Music in Darkness ou Night Is My
Future (inglês)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1948);
Argumento: Ingmar Bergman, Dagmar Edqvist
(Bergman recria “A Divina Comédia”); Produção:
Lorens Marmstedt; Música: Erland von Koch;
Fotografia (P/B): Göran Strindberg; Montagem:
Lennart Wallén; Design de produção: P.A.
Lundgren; Direcção de produção: Allan Ekelund;
Som: Olle Jacobsson; Companhias de
produção: Terrafilm.
Intérpretes: Mai Zetterling (Ingrid), Birger
Malmsten (Bengt Vyldeke), Rune Andréasson
(Evert), Ulla Andreasson (Sylvia), Gunnar
Björnstrand (Klasson), Hilda Borgström (Lovisa),
Britta Brunius, Åke Claesson, Bengt Eklund,
John Elfström, Barbro Flodquist, Mona GeijerFalkner, Marianne Gyllenhammar, Douglas Håge,
Svea Holst, Stig Johanson, Sven Lindberg, Arne
Lindblad, Bengt Logardt, Segol Mann, Georg
Skarstedt, Bibi Skoglund, Reinhold Svensson,
Naima Wifstrand, Olof Winnerstrand, etc.
Duração: 87 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Costa do Castelo; Classificação etária: M/
12 anos;
| 176 |
Título original: Hamnstad
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1948);
Argumento: Ingmar Bergman, segundo romance
de Olle Länsberg (“Guldet och murarna”);
Produção: Harald Molander; Música: Erland von
Koch; Fotografia (P/B): Gunnar Fischer;
Montagem: Oscar Rosander; Design de
produção: Nils Svenwall; Direcção de produção:
Gösta Ström; Assistentes de realização: Stig
Ossian Ericson; Som: Sven Hansen, Aaby
Wedin; Companhias de produção: Svensk
Filmindustri (SF), Port of Call (EUA).
Intérpretes: Nine-Christine Jönsson (Berit),
Bengt Eklund (Gösta), Mimi Nelson (Gertrud),
Berta Hall (mãe de Berit), Birgitta Valberg (Mrs.
Vilander), Sif Ruud (Mrs. Krona), Britta Billsten,
Harry Ahlin, Nils Hallberg, Sven-Eric Gamble,
Yngve Nordwall, Nils Dahlgren, Hans Strååt, Erik
Hell, Edvard Danielsson, Carl Deurell, Kolbjörn
Knudsen, Gunnar Nielsen, Georg Skarstedt, Siv
Thulin, Inga-Lill Åhström, Rune Andréasson,
John W. Björling, Bengt Blomgren, Kate Elffors,
Ingmar Stig Ossian Ericson, Sture Ericson, Herman
Bergman Greid, Erna Groth, Else-Merete Heiberg, Estrid
Hesse, Bill Houston, Helge Karlsson, Torsten
Lilliecrona, Britta Nordin, Stig Olin, Vanja
Rodefeldt, Hanny Schedin, Hans Sundberg, etc.
Duração: 100 min;
cineeco2007
A PRISÃO
Título original: Fängelse ou Prison ou The
Devil’s Wanton
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1949);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Lorens
Marmstedt; Música: Erland von Koch; Fotografia
(P/B): Göran Strindberg; Montagem: Lennart
Wallén; Design de produção: P.A. Lundgren;
Maquilhagem: Inga Lindeström; Direcção de
produção: Allan Ekelund, Gösta Petersson;
Departamento de arte: Sven Björling; Som: Olle
Jacobsson; Companhias de produção: Terrafilm,
Intérpretes: Doris Svedlund (Birgitta Carolina
Soederberg), Birger Malmsten (Thomas), Eva
Henning (Sofi), Hasse Ekman (Martin Grande),
Stig Olin (Peter), Irma Christenson (Linnea),
Anders Henrikson (Paul), Marianne Löfgren
(Mrs. Bohlin), Bibi Lindqvist (Anna), Curt
Masreliez (Alf), Britta Holmberg, John W.
Björling, Sven Björling, Anita Blom, Britta
Brunius, Åke Engfeldt, Gösta Ericsson, Kenne
Fant, Åke Fridell, Inger Juel, Harry Karlsson,
Gunilla Klosterborg, Torsten Lilliecrona, Inga
Lindeström, Segol Mann, Börje Mellvig, Karl
Öhman, Ulf Palme, Chris Poijes, Arne
Ragneborn, Lasse Sarri, etc.
Duração: 98 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Costa do Castelo; Classificação etária:
M/12 anos.
Título original: Törst ou Thirst ou Three Strange
Loves
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1949);
Argumento: Herbert Grevenius, segundo
romance de Birgit Tengroth; Produção: Helge
Hagerman; Música: Erik Nordgren; Fotografia
(P/B): Gunnar Fischer; Montagem: Oscar
Rosander; Design de produção: Nils Svenwall;
Som: Gustav Halldin, Lennart Unnerstad;
Companhias de produção: Svensk Filmindustri
(SF)
Intérpretes: Eva Henning (Rut), Birger Malmsten
(Bertil), Birgit Tengroth (Viola), Hasse Ekman
(Dr. Rosengren), Mimi Nelson (Valborg), Bengt
Eklund (Raoul), Gaby Stenberg (Astrid), Naima
Wifstrand (Miss Henriksson), Verner Arpe, Calle
Flygare, Sven-Eric Gamble, Helge Hagerman,
Else-Merete Heiberg, Estrid Hesse, Gunnar
Nielsen, Sif Ruud, Monica Weinzierl, Inga-Lill
Åhström, Carl Andersson, Wiktor Andersson,
Ingmar Bergman, Britta Brunius, Inga Gill,
Herman Greid, Laila Jokimo, Oscar Rosander,
Öllegård Wellton, Peter Winner, etc.
Duração: 83 min;
RUMO À FELICIDADE
Título original: Till Glädje
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1950);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Allan
Ekelund; Música: Ludwig van Beethoven
(“Symphonie No. 9 ‘Choral’ op. 125”);
Fotografia (P/B): Gunnar Fischer; Montagem:
Oscar Rosander; Design de produção: Nils
Svenwall; Maquilhagem: Carl M. Lundh;
Direcção de produção: Allan Ekelund, Tor
Borong; Som: Sven Hansen, Aaby Wedin;
Companhias de produção: Svensk Filmindustri
(SF)
Intérpretes: Maj-Britt Nilsson (Marta Olsson),
Stig Olin (Stig Eriksson), Birger Malmsten
(Marcel), John Ekman (Mikael Bro), Margit
Carlqvist (Nelly Bro), Victor Sjöström
(Sönderby), Staffan Axelsson, Ingmar Bergman,
Astrid Bodin, Tor Borong, Ernst Brunman, Allan
Ekelund, Eva Fritz-Nilsson, Agda Helin, Berit
Holmström, Svea Holm, Svea Holst, Maud
Hyttenberg, Erland Josephson, Dagny Lind,
Björn Montin, Marrit Ohlsson, Sif Ruud, Gunnar
Rystedt, Marianne Schüler, Georg Skarstedt,
Rune Stylander, Carin Swensson, etc.
Duração: 98 min; Distribuição em Portugal
(DVD): ???; Classificação etária: ???: Locais de
Filmagem: Arild, Skåne län, Suécia;
Data de estreia: 20 de Fevereiro de 1950
(Suécia).
Título original: Sånt Händer inte Här ou High
Tension ou This Can’t Happen Here
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1950);
Argumento: Herbert Grevenius, segundo
romance de Waldemar Brøgger (“I løpet av tolv
timer”); Produção: Helge Hagerman; Música:
Erik Nordgren; Fotografia (P/B): Gunnar Fischer;
Montagem: Lennart Wallén; Design de
produção: Nils Svenwall; Assistentes de
realização: Hugo Bolander; Som: Nils-Eric
Carlsson, Sven Hansen; Companhias de
produção: Svensk Filmindustri (SF)
Intérpretes: Eddy Andersson (engenheiro),
Mona Åstrand (jovem), Hugo Bolander (gerente
de hotel), Tor Borong, Ivan Bousé, Helga
Brofeldt, Sven-Axel Carlsson, Gösta Cederlund,
Gregor Dahlman, Erik Forslund, Mona GeijerFalkner, Signe Hasso, Fritjof Hellberg, Gösta
Holmström, Maud Hyttenberg, Magnus Kesster,
Alf Kjellin, Ragnar Klange, Willy Koblanck,
Hannu Kompus, Edmar Kuus, Helena Kuus,
Rudolf Lipp, Segol Mann, Yngve Nordwall, Stig
Olin, Ulf Palme, Georg Skarstedt, Sylvia Täl, Els
Vårman, Alexander von Baumgarten, Lillie
Wästfeldt, etc.
Duração:84 min; Distribuição em Portugal
(DVD): ???; Classificação etária: ???; Data de
estreia: 4 de Junho de 1950 (Dinamarca).
UM VERÃO DE AMOR
Título original: Sommarlek ou Illicit Interlude ou
Summer Interlude ou Summerplay
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1951);
Argumento: Ingmar Bergman, Herbert
Grevenius; Produção: Allan Ekelund; Música:
Erik Nordgren, Bengt Wallerström; Música: Pyotr
Ilyich Tchaikovsky (do ballet “Swan Lake”);
Fotografia (P/B): Gunnar Fischer; Montagem:
Oscar Rosander; Design de produção: Nils
Rumo à felicidade
Svenwall; Maquilhagem: Carl M. Lundh;
Direcção de produção: Gösta Ström; Som: Sven
Hansen, Sven Rudestedt, Aaby Wedin;
Companhias de produção: Svensk Filmindustri
(SF).
Intérpretes: Maj-Britt Nilsson (Marie), Birger
Malmsten (Henrik), Alf Kjellin (David Nyström),
Annalisa Ericson (Kaj), Georg Funkquist, Stig
Olin, Mimi Pollak, Renée Björling, Gunnar
Olsson, Emmy Albiin, Gerd Andersson, John
Botvid, Ernst Brunman, Julia Cæsar, Eskil EckertLundin, Carl-Axel Elfving, Douglas Håge, Torsten
Lilliecrona, Sten Mattsson, Olav Riégo, Monique
Roeger, Marianne Schüler, Gun Skoogberg, Göte
Stergel, Carl Ström, Gösta Ström, Fylgia Zadig,
etc.
Duração: 96 min; Distribuição em Portugal
(DVD): ??; Classificação etária:
Locais de Filmagem: Dalarö, Stockholms län,
Suécia.
| 177 |
cineeco2007
Título original: Kvinnors Väntan ou Secrets of
Women ou Waiting Women
Ingmar
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1952); Bergman
Argumento: Ingmar Bergman, Gun Grut;
Produção: Allan Ekelund; Música: Erik
Nordgren; Fotografia (P/B): Gunnar Fischer;
Montagem: Oscar Rosander; Design de
produção: Nils Svenwall; Guarda-roupa: Barbro
Sörman; Maquilhagem: Carl M. Lundh; Direcção
de produção: Gustav Roger; Som: Sven
Hansen; Companhias de produção: Svensk
Filmindustri (SF).
Intérpretes: Anita Björk (Rakel), Eva Dahlbeck
(Karin), Maj-Britt Nilsson (Marta), Birger
Malmsten (Martin Lobelius), Gunnar Björnstrand
(Fredrik Lobelius), Karl-Arne Holmsten (Eugen
Lobelius), Jarl Kulle (Kaj), Aino Taube (Annette),
Håkan Westergren (Paul Lobelius), Gerd
Andersson (Maj), Björn Bjelfvenstam (Henrik
Lobelius), Wiktor Andersson, Märta Arbin, Inga
Berggren, Ingmar Bergman, Lena Brogren, Rolf
Um verão de amor
| 178 |
cineeco2007
Ericson, Jens Fischer, Peter Fischer, Mona GeijerFalkner, Douglas Håge, Sten Hedlund, Saidi
Hultholm, Rut Karlsson, Carl-Gustaf Kruuse, LeifÅke Kusbom, Torsten Lilliecrona, Sten Mattsson,
Kjell Nordenskiöld, Gustav Roger, Carl Ström,
Victor Violacci, Bengt-Arne Wallin, Naima
Wifstrand, Lil Yunkers, etc.
Duração: 107 min; Distribuição em Portugal
(DVD): ???; Classificação etária: ??; Locais de
Filmagem: Paris, França;
MÓNICA E O DESEJO
Título original: Sommaren med Monika ou
Monika, the Story of a Bad Girl ou Summer with
Monika
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1953);
Argumento: Ingmar Bergman, segundo romance
de Per Anders Fogelström (não creditados);
Produção: Kroger Babb, Allan Ekelund; Música:
Les Baxter, Erik Nordgren, Eskil Eckert-Lundin,
Walle Söderlund; Fotografia (P/B): Gunnar
Fischer; Montagem: Tage Holmberg, Gösta
Ingmar Lewin; Design de produção: P.A. Lundgren;
Bergman Som: Sven Hansen, Eskil Lindberg, Sven
Rudestedt; Companhias de produção: Svensk
Filmindustri (SF)
Intérpretes: Harriet Andersson (Monika), Lars
Ekborg (Harry), Dagmar Ebbesen (Tia de Harry),
Åke Fridell (pai de Monika), Naemi Briese (mãe
de Monika), Åke Grönberg, Sigge Fürst, John
Harryson, Harry Ahlin, Anders Andelius, Wiktor
Andersson, Mona Åstrand, Renée Björling,
Astrid Bodin, Tor Borong, Ernst Brunman, Bengt
Brunskog, Bengt Eklund, Carl-Axel Elfving, Hans
Ellis, Gösta Ericsson, Gustaf Färingborg, Arthur
Fischer, Jessie Flaws, Mona Geijer-Falkner, Göthe
Grefbo, Gösta Gustafson, Nils Hultgren, Magnus
Kesster, Carl-Uno Larsson, Torsten Lilliecrona,
Gordon Löwenadler, Sten Mattsson, Kjell
Nordenskiöld, Gun Östring, Gösta Prüzelius,
Birger Sahlberg, Hanny Schedin, Georg
Skarstedt, Einar Söderbäck, Ivar Wahlgren,
Catrin Westerlund, Nils Whiten, Margaret Young,
etc.
Duração: 96 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Filmes Castello Lopes; Classificação
etária: M/ 12 anos; Locais de Filmagem: Ornö,
Stockholms län, Suécia.
NOITE DE CIRCO
Título original: Gycklarnas Afton ou Sawdust
and Tinsel ou Sunset of a Clown ou The Naked
Night
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1953);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Rune
Waldekranz; Música: Karl-Birger Blomdahl;
Fotografia (P/B): Hilding Bladh, Sven Nykvist;
Montagem: Carl-Olov Skeppstedt; Design de
produção: Bibi Lindström; Guarda-roupa: Mago;
Maquilhagem: Nils Nittel; Som: Olle Jacobsson;
Companhias de produção: Sandrews.
Intérpretes: Åke Grönberg (Albert Johansson),
Harriet Andersson (Anne), Hasse Ekman (Frans),
Anders Ek (Frost), Gudrun Brost (Alma), Annika
Tretow (Agda), Erik Strandmark (Jens), Gunnar
Björnstrand (Mr. Sjuberg), Curt Löwgren (Blom),
Kiki, Lissi Alandh, Julie Bernby, John W. Björling,
Naemi Briese, Michael Fant, Karl-Axel Forssberg,
Åke Fridell, Erna Groth, Eric Gustafson, Conrad
Gyllenhammar, Mats Hådell, Vanja Hedberg,
Agda Helin, Gunborg Larsson, Gunnar Lindberg,
Göran Lundquist, Olav Riégo, Hanny Schedin,
John Starck, Mona Sylwan, Majken Torkeli,
Sigvard Törnqvist, etc.
Duração: 93 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Classificação etária: ??; Locais de
Filmagem: Arild, Skåne län, Suécia.
UMA LIÇÃO DE AMOR
Título original: En Lektion i Kärlek ou A Lesson
in Love
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1954);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Allan
Ekelund; Música: Dag Wirén; Fotografia (P/B):
Martin Bodin; Montagem: Oscar Rosander;
Design de produção: P.A. Lundgren; Direcção
artística: Ingmar Bergman; Maquilhagem: Carl
M. Lundh, Nils Nittel; Direcção de produção:
Allan Ekelund; Assistentes de realização: Rolf
Carlsten; Som: Sven Hansen; Companhias de
produção: Svensk Filmindustri (SF).
Intérpretes: Eva Dahlbeck (Marianne Erneman),
Gunnar Björnstrand (David Erneman), Yvonne
Lombard (Susanne Verin), Harriet Andersson
(Nix), Åke Grönberg (Carl-Adam), Olof
Winnerstrand (Professor Henrik Erneman),
Birgitte Reimer, John Elfström, Renée Björling,
Dagmar Ebbesen, Sigge Fürst, Georg Adelly,
Ingmar Bergman, Julie Bernby, Henning Blanck,
Tor Borong, Yvonne Brosset, Olle Ekbladh, Siv
Ericks, Gustaf Färingborg, Helge Hagerman,
Keve Hjelm, Torbjörn Jahn, Vincent Jonasson,
Torsten Lilliecrona, Arne Lindblad, Vera Lindby,
Göran Lundquist, John Melin, Björn Näslund,
Kjell Nordenskiöld, Gösta Prüzelius, Georg
Skarstedt, John Starck, Carl Ström, Bengt
Thörnhammar, etc.
Duração: 96 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Castello Lopes Multimédia; Classificação
etária: M/12 anos; Locais de Filmagem: Arild,
Skåne län, Suécia; Data de estreia:10 de Maio
de 1961 (Portugal).
Título original: Kvinnodröm ou Dreams ou
Journey Into Autumn
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1955);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Rune
Waldekranz; Música: Stuart Görling; Fotografia
(P/B): Hilding Bladh; Montagem: Carl-Olov
Skeppstedt; Design de produção: Gittan
Gustafsson; Maquilhagem: Sture Höglund;
Assistentes de realização: Hans Abramson;
Departamento de arte: Sven Björling; Som: Olle
Jacobsson; Companhias de produção:
Sandrews.
Intérpretes: Eva Dahlbeck (Susanne), Harriet
Andersson (Doris), Gunnar Björnstrand (Otto
Sönderby, Consul), Ulf Palme (Mr. Henrik
Lobelius), Inga Landgré (Mrs. Lobelius), BenktÅke Benktsson (Mr. Magnus), Sven Lindberg
(Palle Palt), Kerstin Hedeby, Siv Ericks , Gösta
Prüzelius, Sigvard Törnqvist, Nini Arpe, Folke
Åström, Per-Erik Åström, Asta Backman, Ingmar
Bergman, Margaretha Bergström, Renée
Björling, Axel Düberg, Jessie Flaws, Git Gay,
Ludde Gentzel, Inga Gill, Elsa Hofgren, Maud
Hyttenberg, Curt Kärrby, Gunhild Kjellqvist, CarlGustaf Lindstedt, Millan Lyxell, Richard
Mattsson, Marianne Nielsen, Inga Rosqvist,
Bengt Schött, Tord Stål, Greta Stave, Viola
Sundberg, Ella Welander, Gerd Widestedt,
Naima Wifstrand, etc.
Duração: 87 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Filmes Castello Lopes; Classificação
etária: M/ 12 anos; Locais de Filmagem:
Sandrew-ateljéerna,
Gärdet,
Stockholm,
Stockholms län, Suécia;
SORRISOS DE UMA NOITE DE VERÃO
Título original: Sommarnattens Leende ou
Smiles of a Summer Night
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1955);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Allan
Ekelund; Música: Erik Nordgren; Fotografia
(P/B): Gunnar Fischer; Montagem: Oscar
Mónica e o desejo
| 179 |
Rosander; Design de produção: P.A. Lundgren; cineeco2007
Guarda-roupa: Mago; Maquilhagem: Carl M.
Lundh; Assistentes de realização: Lennart
Olsson; Som: Per-Olof Pettersson, Lennart
Wallin; Companhias de produção: Svensk
Filmindustri (SF).
Intérpretes: Ulla Jacobsson (Anne Egerman), Eva
Dahlbeck (Desiree Armfeldt), Harriet Andersson
(Petra), Margit Carlqvist (Condesa Charlotte
Malcolm), Gunnar Björnstrand (Fredrik
Egerman), Jarl Kulle (Conde Carl Magnus
Malcolm), Åke Fridell (Frid), Björn Bjelfvenstam
(Henrik Egerman), Naima Wifstrand (Mrs.
Armfeldt, Jullan Kindahl (Beata), Gull Natorp,
Birgitta Valberg (actriz), Bibi Andersson (actriz),
Georg Adelly, David Erikson, Sigge Fürst, Sten
Gester, Viveca Heister, Birgitta Hellerstedt, Svea
Holst, Ulf Johansson, Arne Lindblad, Carl-Gustaf
Lindstedt, Lisa Lundholm, Mona Malm, John
Melin, Börje Mellvig, Gunnar Nielsen, Yngve
Nordwall, Josef Norman, Gösta Prüzelius, Mille
Schmidt, Georg Skarstedt, Einar Söderbäck,
Lena Söderblom, Hans Strååt, Anders Wulff, etc. Ingmar
Duração: 108 min; Distribuição em Portugal: Bergman
Filmitalus (cinema); Filmes Castello Lopes
(DVD): Classificação etária: 17 anos; 12 anos
(DVD); Locais de Filmagem: Anderslöv, Skåne
län, Suécia.
Título original: Bakomfilm Smultronstället
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1957);
Produção: Ingmar Bergman;
Intérpretes: Bibi Andersson, Victor Sjöström,
Naima Wifstrand.
Duração: 14 min; Locais de Filmagem:Suécia;
Data de estreia:1957 (Suécia).
O SÉTIMO SELO
Título original: Det Sjunde Inseglet ou The
Seventh Seal
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1957);
Argumento: Ingmar Bergman, segundo peça
Sorrisos de uma noite de verão
| 180 |
sua (“Trämålning”); Produção: Allan Ekelund;
Música: Erik Nordgren; Fotografia (P/B): Gunnar
Fischer; Montagem: Lennart Wallén; Design de
produção: P.A. Lundgren; Guarda-roupa: Manne
Lindholm; Maquilhagem: Nils Nittel; Assistentes
de realização: Lennart Olsson; Departamento
de arte: Carl-Henry Cagarp; Som: Evald
Andersson, Lennart Wallin, Aaby Wedin;
Companhias de produção: Svensk Filmindustri
(SF).
Intérpretes: Gunnar Björnstrand (Jöns), Bengt
Ekerot (Morte), Nils Poppe (Jof), Max von
Sydow (Antonius Block), Bibi Andersson (Mia),
Inga Gill (Lisa), Maud Hansson (bruxa), Inga
Landgré (Karin), Gunnel Lindblom (rapariga),
Bertil Anderberg (Raval), Anders Ek (monge),
Åke Fridell, Gunnar Olsson, Erik Strandmark, Siv
Aleros, Sten Ardenstam, Harry Asklund, BenktÅke Benktsson, Catherine Berg, Lena Bergman,
Tor Borong, Gudrun Brost, Bengt Gillberg, Lars
Granberg, Gunlög Hagberg, Gun Hammargren,
Tor Isedal, Ulf Johansson, Tommy Karlsson, Uno
Ingmar Larsson, Lennart Lilja, Lars Lind, Monica
Bergman Lindman, Gordon Löwenadler, Mona Malm,
Josef Norman, Gösta Prüzelius, Helge Sjökvist,
Georg Skarstedt, Ragnar Sörman, Fritjof Tall,
Lennart Tollén, Nils Whiten, Caya Wickström,
Karl Widh, etc.
Duração: 96 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Costa do Castelo; Classificação etária:
M7 12 anos; Locais de Filmagem:Gustavsberg,
Värmdö, Stockholms län, Suécia.
cineeco2007
Título original: Herr Sleeman Kommer ou Mr.
Sleeman Is Coming (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1957);
Argumento: Hjalmar Bergman, segundo peça de
sua autoria; Produção: Henrik Dyfverman;
Design de produção: Martin Ahlbom;
Companhias de produção: Sveriges Radio.
Intérpretes: Bibi Andersson (Anne-Marie), Jullan
Kindahl (Mrs. Mina), Yngve Nordwall (Mr.
Sleeman), Max von Sydow (caçador), Naima
Wifstrand (Mrs. Gina).
Duração: 43 min; Data de estreia: 18 de Abril de
1957 (Suécia)
MORANGOS SILVESTRES
Título original: Smultronstället ou Wild
Strawberries
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1957);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Allan
Ekelund; Música: Erik Nordgren, Göte Lovén;
Fotografia (P/B): Gunnar Fischer; Montagem:
Oscar Rosander; Design de produção: Gittan
Gustafsson; Guarda-roupa: Millie Ström;
Maquilhagem: Nils Nittel; Assistentes de
realização: Gösta Ekman; Som: Aaby Wedin,
Sven Rudestedt, Lennart Wallin; Companhias de
produção: Svensk Filmindustri (SF).
Intérpretes: Victor Sjöström (Dr. Isak Borg), Bibi
Andersson (Sara), Ingrid Thulin (Marianne
Borg), Gunnar Björnstrand (Dr. Evald Borg),
Jullan Kindahl (Agda), Folke Sundquist (Anders),
Björn Bjelfvenstam (Viktor), Naima Wifstrand
(Mrs. Borg), Gunnel Broström (Mrs. Alman),
Gertrud Fridh, Sif Ruud, Gunnar Sjöberg, Max
von Sydow, Åke Fridell, Yngve Nordwall, Per
Sjöstrand, Gio Petré, Gunnel Lindblom, Maud
Hansson, Ann-Marie Wiman, Eva Norée, Lena
Bergman, Monica Ehrling, Peder Hellman, Ulf
Johansson, Göran Lundquist, Wulff Lund,
Gunnar Olsson, Vendela Rudbäck, Per
Skogsberg, Helge Wulff, etc.
Duração: 91 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Costa do Castelo; Filmes Castello Lopes;
Classificação etária: M/ 12 anos.
Título original: Venetianskan ou The Venetian
(TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1958);
Argumento: Bertil Bodén, Giacomo Oreglia;
Produção: Henrik Dyfverman; Companhias de
produção: Sveriges Radio.
Intérpretes: Maud Hansson (Nena), Sture
Lagerwall (Bernardo), Gunnel Lindblom
(Valeria), Helena Reuterblad (Oria), Eva Stiberg
(Angela), Folke Sundquist (Julio), etc.
Duração: 56 min; Data de estreia: 21 de
Fevereiro de 1958 (Suécia).
NO LIMIAR DA VIDA
Título original: Nära Livet ou Brink of Life ou So
Close to Life
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1958);
Argumento: Ingmar Bergman, segundo
romances de Ulla Isaksson (“Det vänliga,
värdiga” e “Det orubbliga”); Fotografia (P/B):
Max Wilén; Montagem: Carl-Olov Skeppstedt;
Design de produção: Bibi Lindström;
Maquilhagem: Nils Nittel; Direcção de
produção: Gösta Hammarbäck; Assistentes de
realização: Gösta Ekman; Som: Lennart
Svensson; Companhias de produção: InterAmerican Productions, Jerome Balsam Films,
Nordisk Tonefilm.
Intérpretes: Eva Dahlbeck (Stina Andersson),
Ingrid Thulin (Cecilia Ellius), Bibi Andersson
(Hjördis Petterson), Barbro Hiort af Ornäs
(enfermeira Brita), Erland Josephson (Anders
Ellius), Max von Sydow (Harry Andersson),
Gunnar Sjöberg (Dr. Nordlander), Ann-Marie
Gyllenspetz, Inga Landgré, Kristina Adolphson,
Bengt Blomgren, Monica Ekberg, Maud Elfsiö,
Inga Gill, Gun Jönsson, Sissi Kaiser, Margaretha
Krook, Lars Lind, Gunnar Nielsen, etc.
Duração: 84 min; Distribuição em Portugal
(DVD): ; Classificação etária: ;
Título original: Rabies (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1958);
Argumento: Olle Hedberg; Produção: Henrik
Dyfverman; Design de produção: Birgitta
Morales; Companhias de produção: Sveriges
Rádio.
Intérpretes: Bibi Andersson (Eivor), Axel Düberg
(Cap. Sven), Åke Fridell (Sixten Garberg), Tor
Isedal (Knut), Åke Jörnfalk (Rolf), Gunnel
Lindblom (Jenny), Dagny Lind, Nils Nygren,
Toivo Pawlo, Marianne Stjernqvist, Folke
Sundquist, Max von Sydow, etc.
Duração: 89 min; Data de estreia: 7 de
Novembro de 1958 (Suécia).
O ROSTO
Título original: Ansiktet ou The Face ou The
Magician
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1958);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Allan
Ekelund; Música: Erik Nordgren; Fotografia
(P/B): Gunnar Fischer; Montagem: Oscar
Rosander; Design de produção: P.A. Lundgren;
Guarda-roupa: Greta Johansson, Manne
Lindholm; Maquilhagem: Börje Lundh, Nils
Nittel; Direcção de produção: Carl-Henry
Cagarp; Assistentes de realização: Gösta
Ekman; Som: Åke Hansson, Aaby Wedin;
Companhias de produção: Svensk Filmindustri
(SF).
Intérpretes: Max von Sydow (Albert Emanuel
Vogler), Ingrid Thulin (Manda Vogler; Gunnar
Björnstrand (Dr. Vergerus), Naima Wifstrand
(Granny Vogler), Bengt Ekerot (Johan Spegel),
Bibi Andersson (Sara), Gertrud Fridh (Ottilia
O sétimo selo
Egerman), Lars Ekborg, Toivo Pawlo, Erland
Josephson, Åke Fridell, Sif Ruud, Oscar Ljung,
Ulla Sjöblom, Axel Düberg, Birgitta Pettersson,
Frithiof Bjärne, Tor Borong, Harry Schein, etc.
Duração: 100 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Costa do Castelo; Classificação etária: M/
112 anos; Locais de Filmagem:Djurgardsslaten
49-51, Skansen, Djurgården, Stockholm,
Stockholms län, Suécia.
| 181 |
cineeco2007
Título original: Oväder ou Storm Weather ou
The Storm (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1960);
Argumento: segundo peça de August
Strindberg; Produção: Henrik Dyfverman;
Design de produção: Birgitta Morales;
Companhias de produção: Sveriges Radio;
Intérpretes: Erik ‘Bullen’ Berglund, Gunnel
Broström, Axel Düberg, John Elfström, Birgitta
Grönwald, Uno Henning, Axel Högel, Heinz
Hopf, Ingvar Kjellson, Mona Malm, Curt
Masreliez, etc.
Duração: 91 min
Ingmar
Bergman
A FONTE DA VIRGEM
Título original: Jungfrukällan ou The Virgin
Spring
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1960);
Argumento: Ulla Isaksson; Produção: Ingmar
Bergman, Allan Ekelund; Música: Erik Nordgren;
Fotografia (P/B): Sven Nykvist; Montagem:
Oscar Rosander; Design de produção: P.A.
Lundgren; Guarda-roupa: Marik Vos-Lundh;
Maquilhagem: Börje Lundh; Direcção de
produção: Carl-Henry Cagarp; Assistentes de
realização: Lenn Hjortzberg; Departamento de
arte: Karl-Arne Bergman; Som: Evald
Andersson, Staffan Dalin, Aaby Wedin;
Companhias de produção: Svensk Filmindustri
(SF)
Intérpretes: Max von Sydow (Töre), Birgitta
Valberg (Märeta), Gunnel Lindblom (Ingeri),
Morangos silvestres
| 182 |
cineeco2007
Birgitta Pettersson (Karin), Axel Düberg, Tor
Isedal, Allan Edwall, Ove Porath, Axel Slangus,
Gudrun Brost, Oscar Ljung, Tor Borong, Leif
Forstenberg, etc.
Duração:89 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Filmes Castello Lopes; Classificação
etária: M/ 12 anos; Locais de filmagem:
Dalarnas län, Suécia.
O OLHO DO DIABO
Título original: Djävulens öga ou The Devil’s Eye
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1960);
Argumento: Ingmar Bergman, segundo a peça
teatarl de Oluf Bang (“Don Juan vender
tillbage”); Produção: Allan Ekelund; Música:
Erik Nordgren; Fotografia (P/B): Gunnar Fischer;
Montagem: Oscar Rosander; Design de
produção: P.A. Lundgren; Guarda-roupa: Mago;
Maquilhagem: Börje Lundh; Direcção de
produção: Lars-Owe Carlberg; Assistentes de
realização: Lenn Hjortzberg; Departamento de
arte: Karl-Arne Bergman; Som: Evald
Ingmar Andersson, Staffan Dalin, Stig Flodin;
Bergman Companhias de produção: Svensk Filmindustri
(SF).
Intérpretes: Jarl Kulle (Don Juan), Bibi Andersson
(Britt-Marie), Stig Järrel (Satanas), Nils Poppe
(padre), Gertrud Fridh (Renata), Sture Lagerwall
(Pablo), Georg Funkquist, Gunnar Sjöberg,
Torsten Winge, Axel Düberg, Kristina Adolphson,
Allan Edwall, Ragnar Arvedson, Gunnar
Björnstrand, Svend Bunch, Inga Gill, Lenn
Hjortzberg, Arne Lindblad, Börje Lundh, John
Melin, Tom Olsson, Sten Torsten, Thuul, etc.
Duração: 87 min; Locais de Filmagem: Svensk
Filmindustri, Filmstaden, Råsunda, Stockholms
län, Suécia; Data de estreia: 17 de Outubro de
1960 (Suécia).
EM BUSCA DA VERDADE
Título original: Såsom i en spegel ou Through
a Glass Darkly
Realização: (Suécia, 1961); Ingmar Bergman;
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Allan
Ekelund; Música: Erik Nordgren; Fotografia
(P/B): Sven Nykvist; Montagem: Ulla Ryghe;
Design de produção: P.A. Lundgren; Guardaroupa: Mago; Maquilhagem: Börje Lundh;
Assistentes de realização: Lenn Hjortzberg;
Departamento de arte: Karl-Arne Bergman;
Som: Staffan Dalin, Stig Flodin; Companhias de
produção: Svensk Filmindustri (SF)
Intérpretes: Harriet Andersson (Karin), Gunnar
Björnstrand (David), Max von Sydow (Martin),
Lars Passgård (Fredrik (“Minus”), etc.
Duração: 89 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Costa do Castelo; Classificação etária: M/
112 anos; Locais de Filmagem:Fårö, Gotlands
län, Suécia. Data de estreia: 16 de Outubro de
1961 (Suécia).
LUZ DE INVERNO
Título original: Nattvardsgästerna
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1962);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Allan
Ekelund; Fotografia (P/B): Sven Nykvist;
Montagem: Ulla Ryghe; Design de produção:
P.A. Lundgren; Guarda-roupa: Mago; Assistentes
de realização: Lenn Hjortzberg; Departamento
de arte: Karl-Arne Bergman; Som: Evald
Andersson, Stig Flodin, Brian Wikström;
Companhias de produção: Svensk Filmindustri
(SF), Winter Light (EUA).
Intérpretes: Ingrid Thulin (Märta Lundberg),
Gunnar Björnstrand (Tomas Ericsson), Gunnel
Lindblom (Karin Persson), Max von Sydow
(Jonas Persson), Allan Edwall (Algot Frövik),
Kolbjörn Knudsen (Knut Aronsson), Olof
Thunberg (Fredrik Blom), Elsa Ebbesen
(Magdalena Ledfors), Lars-Olof Andersson,
Eddie Axberg, Tor Borong, Lars-Owe Carlberg,
Ingmari Hjort, Stefan Larsson, Christer Öhman,
Johan Olafs, Bertha Sånnell, etc.
Duração: 81 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Costa do Castelo;Classificação etária: M/
12 anos;Locais de Filmagem: Dalarnas län,
Suécia; Data de estreia: 11 de Dezembro de
1962 (Suécia).
Título original: Ett Drömspel ou A Dream Play
(TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1963);
Argumento: August Strindberg; Produção: Kåre
Santesson; Música: Sven-Erik Bäck; Design de
produção: Cloffe; Companhias de produção:
Sveriges Radio.
Intérpretes: Ingrid Thulin (Agnes), Uno Henning
(Alfred), Allan Edwall (Axel), Olof Widgren
(escritor), John Elfström (Glazier), Maude
Adelson, Georg Årlin, Ragnar Arvedson, Einar
Axelsson, Julie Bernby, Carl Billquist, Ingrid
Borthen, Helena Brodin, Märta Dorff, Elsa
Ebbesen, Signe Enwall, Ragnar Falck, Manne
Grünberger, Olle Hilding, Tor Isedal, Margaretha
Krook, Åke Lagergren, Eivor Landström, Lars
Lind, Jan-Eric Lindquist, Jörgen Lindström, Birger
Malmsten, Curt Masreliez, John Melin, Börje
Mellvig, Sven Nilsson, John Norrman, Brita
Öberg, Alf Östlund, Willy Peters, Britta
Pettersson, etc.
Duração: 105 min; Data de estreia: 2 de Maio
de 1963 (Suécia).
O SILÊNCIO
Título original: Tystnaden ou The Silence
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1963);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Allan
Ekelund; Música: Ivan Renliden; Fotografia (P/B):
Sven Nykvist; Montagem: Ulla Ryghe; Design de
produção: P.A. Lundgren; Guarda-roupa: Marik
Vos-Lundh, Bertha Sånnell; Maquilhagem: Börje
Lundh; Assistentes de realização: Lenn
Hjortzberg, Lars-Erik Liedholm; Departamento
de arte: Karl-Arne Bergman; Som: Stig Flodin,
Olle Jacobsson, Bo Leverén, Tage Sjöberg;
Efeitos especias: Evald Andersson; Companhias
de produção: Svensk Filmindustri (SF).
Intérpretes: Ingrid Thulin (Ester), Gunnel
Lindblom (Anna), Birger Malmsten (barman),
Håkan Jahnberg (empregado), Jörgen Lindström
(Johan), Lissi Alandh, Karl-Arne Bergman, Leif
Forstenberg, Eduardo Gutiérrez, Eskil Kalling,
Birger Lensander, Kristina Olausson, Nils Waldt,
Olof Widgren, etc.
Duração: 96 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Filmes Castello Lopes; Classificação
etária: M/ 16 anos.
A FORÇA DO SEXO FRACO
Título original: För att inte tala om alla dessa
Kvinnor ou All These Women ou Now About
These Women
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1964);
Argumento: Ingmar Bergman (com pseudonimo
Buntel Eriksson), Erland Josephson; Produção:
Allan Ekelund; Música: Erik Nordgren; Fotografia
(cor): Sven Nykvist; Montagem: Ulla Ryghe;
Design de produção: P.A. Lundgren; Guardaroupa: Mago; Maquilhagem: Börje Lundh;
Assistentes de realização: Lenn Hjortzberg, LarsErik Liedholm; Departamento de arte: Karl-Arne
Bergman; Som: Evald Andersson, Olle Jacobsson,
Per-Olof Pettersson, Tage Sjöberg; Companhias
de produção: Svensk Filmindustri (SF)
Intérpretes: Bibi Andersson (Humlan), Harriet
A fonte da virgem
Andersson (Isolde), Eva Dahlbeck (Adelaide),
Karin Kavli (Madame Tussaud), Gertrud Fridh
(Traviata), Mona Malm (Cecília), Barbro Hiort af
Ornäs (Beatrica), Allan Edwall (Jillker), Georg
Funkquist (Tristan), Carl Billquist, Jarl Kulle, Jan
Blomberg, Lars-Owe Carlberg, Axel Düberg,
Doris Funcke, Göran Graffman, Yvonne Igell, Ulf
Johansson, Lars-Erik Liedholm, Gösta Prüzelius,
Jan-Olof Strandberg, etc.
Duração: 80 min; Locais de Filmagem:Båstad,
Skåne län, Suécia
| 183 |
cineeco2007
Título original: Don Juan (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1965);
Argumento: segundo peça de Molière;
Intérpretes: Kristina Adolphson, Georg Årlin,
Ernst-Hugo Järegård, etc.
Data de estreia:3 November 1965 (Suécia).
A MÁSCARA
Título original: Persona ou Kinematografi ou
Persona
Intérpretes: Bibi Andersson (Alma), Liv Ullmann Ingmar
(Elisabeth Vogler), Margaretha Krook (médica), Bergman
Gunnar Björnstrand (Mr. Vogler), Jörgen
Lindström (rapaz), etc.
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1966);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Ingmar
Bergman; Música: Lars Johan Werle; Fotografia
(P/B): Sven Nykvist; Montagem: Ulla Ryghe; Design
de produção: Bibi Lindström; Guarda-roupa: Mago;
Maquilhagem: Börje Lundh; Direcção de produção:
Lars-Owe Carlberg; Assistentes de realização: Lenn
Hjortzberg, Bo Arne Vibenius; Departamento de
arte: Karl-Arne Bergman; Som: Evald Andersson,
Lennart Engholm, Olle Jacobsson, Per-Olof
Pettersson; Companhias de produção: Svensk
Filmindustri (SF)
Duração: 85 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Filmes Castello Lopes; Classificação
etária:16 anos; Locais de Filmagem:Fårö,
Gotlands län, Suécia.
A máscara
| 184 |
Título original: Stimulantia
Realização: Hans Abramson, Hans Alfredson,
Arne Arnbom, Tage Danielsson, Lars Görling,
Ingmar Bergman (episódio “Daniel”), Jörn
Donner (episódio “Han-Hon/He-She”), Gustaf
Molander (episódio “Smycket”), Vilgot Sjöman
(episódio “Negressen i Skapet”) (Suécia, 1967);
Argumento: Hans Abramson, Hans Alfredson,
Arne Arnbom, Ingmar Bergman, Tage
Danielsson, Honoré de Balzac (“La femme
vertueuse”), Guy de Maupassant (“La Parure”),
Jörn Donner (episódio “Han-Hon/He-She”), Lars
Görling, Erland Josephson, Gustaf Molander
(episódio “Smycket”), Vilgot Sjöman; Produção:
Olle Nordemar; Música: Bo Nilsson, Georg
Riedel; Fotografia (P/B): Ingmar Bergman, Rune
Ericson, Lars Johnsson, Björn Thermænius;
Montagem: Bengt Kåring, Per Krafft, Ulla Ryghe,
Carl-Olov Skeppstedt; Design de produção: Jan
Boleslaw, Rolf Boman, P.A. Lundgren; Guardaroupa: Mago; Bertha Sånnell; Som: Thomas
Holéwa, Lars Lalin, Per-Olof Pettersson, Tage
Ingmar Sjöberg, Olle Unnerstad; Companhias de
Bergman produção: Svensk Filmindustri (SF)
Intérpretes: Hans Abramson (narrador), Hans
Alfredson, Harriet Andersson, Daniel Bergman,
Ingrid Bergman, Gunnar Björnstrand, Gunnel
Broström, Lars Ekborg, Glenna Forster-Jones,
Lena Granhagen, Inga Landgré, Käbi Laretei,
Birgit Nilsson, Hans Olivecrona, Sven-Bertil
Taube, Stig Westerberg, etc.
Duração: 105 min; Locais de Filmagem:
Djursholm, Stockholms län, Suécia.
Duração: 90 min; Locais de Filmagem:Hovs
Hallar - Naturreservat, Skåne län, Suécia.
A HORA DO LOBO
Título original: Vargtimmen ou Hour of the Wolf
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1968);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: LarsOwe Carlberg; Música: Lars Johan Werle;
Fotografia (P/B): Sven Nykvist; Montagem: Ulla
Ryghe; Design de produção: Marik Vos-Lundh;
Guarda-roupa: Mago; Maquilhagem: Kjell
Gustavsson, Tina Johansson; Assistentes de
realização: Lenn Hjortzberg; Departamento de
arte: Karl-Arne Bergman; Som: Evald
Andersson, Lennart Engholm, Olle Jacobsson,
Per-Olof Pettersson; Companhias de produção:
Svensk Filmindustri (SF)
Intérpretes: Max von Sydow (Johan Borg), Liv
Ullmann (Alma Borg), Gertrud Fridh (Corinne
von Merkens), Georg Rydeberg (Lindhorst),
Erland Josephson (Baron von Merkens), Ingrid
Thulin (Veronica Vogler), Naima Wifstrand, Ulf
Johansson, Gudrun Brost, Bertil Anderberg,
Agda Helin, Lenn Hjortzberg, Mikael Rundquist,
Mona Seilitz, Folke Sundquist, etc.
RITUAL
Título original: Riten ou The Rite ou The Ritual
(TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1969);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: LarsOwe Carlberg; Fotografia (P/B): Sven Nykvist;
Montagem: Siv Lundgren; Design de
produção: Mago; Guarda-roupa: Mago;
Maquilhagem: Börje Lundh; Direcção de
produção: Lennart Blomkvist, Lars-Owe
Carlberg; Assistentes de realização: Anders
Lönnbro; Departamento de arte: Karl-Arne
Bergman; Som: Lennart Engholm, Berndt
Frithiof, Olle Jacobsson, Nils Skeppstedt;
Companhias de produção: Cinematograph AB;
Intérpretes: Ingmar Bergman (padre), Gunnar
Björnstrand (Hans Winkelmann), Anders Ek
(Sebastian Fisher), Erik Hell (Dr. Abrahamson),
Ingrid Thulin (Thea), etc.
Duração: 72 min; Locais de Filmagem:Svensk
Filmindustri,
Filmstaden,
Råsunda,
Stockholms län, Suécia.
cineeco2007
A VERGONHA
Título original: Skammen ou Shame
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1968);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: LarsOwe Carlberg; Fotografia (P/B): Sven Nykvist;
Montagem: Ulla Ryghe; Design de produção:
P.A. Lundgren; Direcção artística: Lennart
Blomkvist; Guarda-roupa: Mago; Efeitos
especiais: Evald Andersson; Companhias de
produção: Cinematograph AB, Svensk
Filmindustri (SF).
Intérpretes: Liv Ullmann (Eva Rosenberg), Max
von Sydow (Jan Rosenberg), Sigge Fürst
(Filip), Gunnar Björnstrand (Col. Jacobi),
Birgitta Valberg (Mrs. Jacobi), Hans Alfredson
(Lobelius), Ingvar Kjellson (Oswald), Frank
Sundström, Ulf Johansson, Vilgot Sjöman,
Bengt Eklund, Gösta Prüzelius, Willy Peters,
Barbro Hiort af Ornäs, Agda Helin, Ellika
Mann, Rune Lindström, Axel Düberg, Lars
Amble, Per Berglund, Jan Bergman, Karl-Arne
Bergman, Lilian Carlsson, Gregor Dahlman,
Nils Fogeby, Karl-Axel Forssberg, Åke Jörnfalk,
Eivor Kullberg, Monica Lindberg, Stig
Lindberg, Frej Lindqvist, Raymond Lundberg,
Börje Lundh, Brita Öberg, Georg Skarstedt,
Björn Thambert, Nils Whiten, Brian Wikström,
etc.
Duração: 103 min; Locais de Filmagem: Fårö,
Gotlands län, Suécia.
A PAIXÃO
Título original: En Passion ou A Passion ou The
Passion of Anna
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1969);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Lars-Owe
Carlberg; Fotografia (P/B e cor): Sven Nykvist;
Montagem: Siv Lundgren; Design de produção:
P.A.
Lundgren;
Guarda-roupa:
Mago;
Maquilhagem: Cecilia Drott, Börje Lundh; Direcção
de produção: Lars-Owe Carlberg; Departamento
de arte: Karl-Arne Bergman, Jan Söderkvist; Som:
Lennart Engholm, Olle Jacobsson, Ulf Nordholm;
Companhias de produção: Cinematograph AB,
Svensk Filmindustri (SF).
Intérpretes: Max von Sydow (Andreas
Winkelman), Liv Ullmann (Anna Fromm), Bibi
Andersson (Eva Vergerus), Erland Josephson
(Elis Vergerus), Erik Hell (Johan Andersson),
Sigge Fürst (Verner), Britta Brunius, Lars-Owe
Carlberg, Malin Ek, Barbro Hiort af Ornäs, Svea
Holst, Marianne Karlbeck, Annika Kronberg,
Brita Öberg, Brian Wikström, Ingmar Bergman,
Hjördis Petterson, etc.
Duração: 101 min; Locais de Filmagem:Fårö,
Gotlands län, Suécia.
Título original: Fårödokument 1969 ou Faro
Document (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1970);
Produção: Lars-Owe Carlberg; Fotografia (P/B):
Sven Nykvist; Montagem: Siv Lundgren;
Companhias de produção: Cinematograph AB.
Intérpretes: Ingmar Bergman (reporter), Per
Broman, Annelie Nyström, Richard Ostman, Linn
Ullmann, Liv Ullmann.
Duração: 78 min; 58 min (1986); Documentário;
Locais de Filmagem: Fårö, Gotlands län, Suécia;
Data de estreia:1 de Janeiro de 1970 (Suécia).
O AMANTE
Título original: Beröringen ou The Touch
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, EUA,
A paixão
| 185 |
1971); Argumento: Ingmar Bergman; Produção: cineeco2007
Ingmar Bergman, Lars-Owe Carlberg; Música:
Carl Michael Bellman, Peter Covent, Jan
Johansson; Fotografia (P/B): Sven Nykvist;
Montagem: Siv Lundgren; Design de produção:
Ann-Christin Lobråten, P.A. Lundgren; Guardaroupa: Mago, Ethel Sjöholm; Maquilhagem:
Cecilia Drott, Carl M. Lundh, Bengt Ottekil;
Direcção de produção: Lars-Owe Carlberg, Lotti
Ekberg; Som: Harry Engholm, Lennart Engholm,
Berndt Frithiof; Companhias de produção:
Cinematograph AB, ABC Pictures.
Intérpretes: Elliott Gould (David Kovac), Bibi
Andersson (Karin Vergerus), Max von Sydow
(Andreas Vergerus), Sheila Reid (Sara Kovac),
Margareta Byström, Elsa Ebbesen, Dennis
Gotobed, Staffan Hallerstam, Barbro Hiort af
Ornäs, Åke Lindström, Ann-Christin Lobråten,
Karin Nilsson, Maria Nolgård, Erik Nyhlén, Bengt
Ottekil, Alan Simon, Per Sjöstrand, Aino Taube,
Mimmo Wåhlander, Carol Zavis, etc.
Duração: 115 min; Locais de Filmagem: FilmTeknik Studios, Stockholm, Stockholms län, Ingmar
Bergman
Suécia.
LÁGRIMAS E SUSPIROS
Título original: Viskningar och rop ou Cries and
Whispers
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1972);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: LarsOwe Carlberg; Fotografia (cor): Sven Nykvist;
Montagem: Siv Lundgren; Design de produção:
Marik Vos-Lundh; Guarda-roupa: Marik VosLundh; Maquilhagem: Cecilia Drott, Börje
Lundh; Departamento de arte: Gunilla Hagberg;
Som: Sven Fahlén, Tommy Persson, Owe
Svensson; Companhias de produção:
Cinematograph AB, Svenska Filminstitutet
Intérpretes: Harriet Andersson (Agnes), Kari
Sylwan (Anna), Ingrid Thulin (Karin), Liv
Ullmann (Maria), Anders Ek (Isak), Inga Gill
(narrador), Erland Josephson (David), Henning
Lágrimas e suspiros
| 186 |
cineeco2007
Moritzen (Joakim), Georg Årlin (Fredrik), Ingrid
Bergman, Lena Bergman, Lars-Owe Carlberg,
Malin Gjörup, Greta Johansson, Karin
Johansson, Ann-Christin Lobråten, Börje Lundh,
Rossana Mariano, Monika Priede, Linn Ullmann,
etc.
Duração: 91 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Filmes Castello Lopes; Classificação
etária: M/ 16 anos; Locais de Filmagem:TaxingeNäsby estate, Mariefred, Södermanlands län,
Suécia.
CENAS DA VIDA CONJUGAL
Título original: Scener ur ett äktenskap ou
Scenes from a Marriage
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1973);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: LarsOwe Carlberg; Fotografia (cor): Sven Nykvist;
Montagem: Siv Lundgren; Design de produção:
Björn Thulin; Guarda-roupa: Inger Pehrsson;
Companhias de produção: Cinematograph AB.
Intérpretes: Liv Ullmann (Marianne), Erland
Ingmar Josephson (Johan), Bibi Andersson (Katarina),
Bergman Jan Malmsjö (Peter), Gunnel Lindblom (Eva),
Anita Wall, Barbro Hiort af Ornäs, Lena
Bergman, Wenche Foss, Rossana Mariano, Bertil
Norström, etc.
Duração: 167 min (cinema) 299 min (versão
TV); Distribuição em Portugal (DVD): Filmes
Castello Lopes; Classificação etária: M7 12
anos; Locais de Filmagem:Fårö, Gotlands län,
Suécia.
Título original: Misantropen ou The
Misanthrope ou Det Kongelige Teater (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Dinamarca, 1974);
Argumento: Peter Hansen, segundo Molière
(“Le Misanthrope”); Produção: Kjeld Larsen;
Design de produção: Kerstin Hedeby;
Companhias de produção: Danmarks Radio
(DR).
Intérpretes: Hanne Borchsenius (Éliante), Benny
Hansen (Dubois), Holger Juul Hansen (Philinte),
Paul Hüttel (Basque), Henning Moritzen
(Alceste), Erik Mørk (Acaste), Ghita Nørby
(Célimène), Lise Ringheim (Arsinoë), Ebbe Rode
(Oronte), Peter Steen (Clitandre), Olaf Ussing,
etc.
Duração: 115 min; Data de estreia: 10 de Maio
de 1974 (Dinamarca).
A FLAUTA MÁGICA
Título original: Trollflöjten ou The Magic Flute
(TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1975);
Argumento: Ingmar Bergman, Emanuel
Schikaneder; Produção: Måns Reuterswärd;
Música: Wolfgang Amadeus Mozart (“Die
Zauberflöte”); Fotografia (cor): Sven Nykvist;
Montagem: Siv Lundgren; Design de produção:
Henny Noremark; Decoração: Anna-Lena
Hansen, Emilio Moliner; Guarda-roupa: Karin
Erskine, Henny Noremark; Direcção de
produção: Måns Reuterswärd; Assistentes de
realização: Kerstin Forsmark; Som: Peter
Hennix, Helmut Muehle; Companhias de
produção: Sveriges Radio.
Intérpretes: Britt-Marie Aruhn, Jerker Arvidson,
Gösta Bäckelin, Ingmar Bergman, Ulrik Cold,
Jane Darling, Elisabeth Erikson, Sixten Fark,
Helene Friberg, Håkan Hagegård, Nina Harte,
Arne Hendriksen, Helena Högberg, Sven-Erik
Jacobsson, Hans Johansson, Ulf Johansson,
Folke Jonsson, Erland Josephson, Sonja
Karlsson, Josef Köstlinger, Ansgar Krook, Hans
Kyhle, Käbi Laretei, Einar Larsson, Elina Lehto,
Urban Malmberg, Birgit Nordin, Sven Nykvist,
Gösta Prüzelius, Carl Henrik Qvarfordt, Erik
Sædén, Birgitta Smiding, Siegfried Svensson,
Ragnar Ulfung, Liv Ullmann, Irma Urrila, Kirsten
Vaupel, Erland von Heijne, Lena Wennergren,
Lisbeth Zachrisson, etc.
Duração: 135 min; Distribuição em Portugal
(DVD): ; Classificação etária: ; Locais de
Filmagem: Drottningholm Castle Theater,
Stockholms län, Suécia; Data de estreia: 29 de
Outubro de 1976 (Portugal).
FACE A FACE
Título original: Ansikte mot ansikte ou Face to
Face
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1976);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: LarsOwe Carlberg; Fotografia (cor): Sven Nykvist;
Montagem: Siv Lundgren; Design de produção:
Anne Hagegård, Peter Kropenin; Maquilhagem:
Cecilia Drott; Som: Owe Svensson; Companhias
de produção: Cinematograph AB, Dino de
Laurentiis Cinematografica, Sveriges Radio.
Intérpretes: Liv Ullmann (Dr. Jenny Isaksson),
Erland Josephson (Dr. Tomas Jacobi), Aino Taube
(Avó), Gunnar Björnstrand (Avô), Kristina
Adolphson (Veronica), Marianne Aminoff (mãe
de Jenny), Gösta Ekman (Mikael Strömberg),
Helene Friberg (Anna), Ulf Johansson, Sven
Lindberg, Jan-Eric Lindquist, Birger Malmsten,
Sif Ruud, Göran Stangertz, Lena Olin, Rebecca
Pawlo, Gösta Prüzelius, Tore Segelcke, Kari
Sylwan, etc.
Duração: 114 min; Locais de Filmagem:
Filmhusateljéerna,
Filmhuset,
Svenska
Filminstitutet, Gärdet, Stockholm, Stockholms
län, Suécia.
O OVO DA SERPENTE
Título original: The Serpent’s Egg ou Das
Schlangenei
Realização: Ingmar Bergman (República Federal
da Alemanha, EUA, 1977); Argumento: Ingmar
Bergman; Produção: Dino De Laurentiis, Horst
Wendlandt; Música: Rolf A. Wilhelm; Fotografia
(P/B): Sven Nykvist; Montagem: Petra von
Oelffen; Design de produção: Rolf Zehetbauer;
Direcção artística: Werner Achmann; Guardaroupa: Charlotte Flemming; Companhias de
produção: De Laurentiis, Rialto Film.
Intérpretes: David Carradine (Abel Rosenberg),
Liv Ullmann (Manuela Rosenberg), Heinz
Bennent (Hans Vergerus), Isolde Barth
(rapariga de uniforme), Toni Berger (Mr.
Rosenberg), Christian Berkel (estudante),
Richard Bohne (official da polícia), Paula
Braend (Mrs. Hemse), Erna Brünell (Mrs.
Rosenberg), Paul Burian, Paul Bürks, Hildegard
Busse (Prostituta), Gaby Dohm, Hans Eichler,
Emil Feist, Kai Fischer, Gert Fröbe (Inspector
Bauer), Herbert Fux, Renate Grosser, Heino
Hallhuber, Georg Hartmann, Edith Heerdegen,
Rosemarie Heinikel, Klaus Hoffmann, Grischa
Huber, Harry Kalenberg, Volkert Kraeft, Andrea
L’Arronge, Gunther Malzacher, Lisi Mangold,
Beverly McNeely, Günter Meisner, Anne Mertin,
Hubert Mittendorf, Kyra Mladeck, Heide Picha,
Hans Quest, Charles Régnier, Walter
Schmidinger, Irene Steinbeisser, Fritz Strassner,
Glynn Turman, Ellen Umlauf, Hertha von
Walther, Wolfgang Weiser, James Whitmore,
Ralf Wolter, etc.
Duração: 120 min; Locais de Filmagem: Bavaria
Studios, Munich, Bavaria, Alemanha; Data de
estreia: 15 de Fevereiro de 1978 (EUA).
SONATA DE OUTONO
Título original: Höstsonaten ou Autumn Sonata
ou Herbstsonate ou Sonate d’automne
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, França,
Cenas de uma vida conjugal
| 187 |
RFA, 1978); Argumento: Ingmar Bergman; cineeco2007
Produção: Richard Brick, Katinka Faragó, Lew
Grade, Martin Starger; Fotografia (cor): Sven
Nykvist; Montagem: Sylvia Ingemarsson;
Design de produção: Anna Asp; Guarda-roupa:
Inger Pehrsson; Maquilhagem: Cecilia Drott;
Direcção de produção: Katinka Faragó;
Assistentes de realização: Peder Langenskiöld;
Departamento de arte: Ingeborg Kvamme, Kaj
Larsen; Som: Owe Svensson; Companhias de
produção: Filmédis, Incorporated Television
Company (ITC), Personafilm, Suede Film.
Intérpretes: Ingrid Bergman (Charlotte
Andergast), Liv Ullmann (Eva), Lena Nyman
(Helena), Halvar Björk (Viktor), Marianne
Aminoff (secretaria de Charlotte), Arne BangHansen (Tio Otto), Gunnar Björnstrand (Paul),
Erland Josephson (Josef), Georg Løkkeberg
(Leonardo), Mimi Pollak, Linn Ullmann, Eva von
Hanno, Knut Wigert, etc.
Duração: 99 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Filmes Castello Lopes; Classificação
etária: M/ 12 anos; Locais de Filmagem: Jar, Ingmar
Bergman
Noruega.
Título original: Fårö-dokument 1979 ou Faro
Document 1979 (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1979)
Produção: Lars-Owe Carlberg; Música: Sigvard
Huldt, Svante Pettersson; Fotografia (cor): Arne
Carlsson; Montagem: Sylvia Ingemarsson; Som:
Lars C. Lundberg; Companhias de produção:
Cinematograph AB, SVT Drama.
Duração:103 min; Locais de Filmagem:Fårö,
Gotlands län, Suécia.
DA VIDA DAS MARIONETAS
Título original: Aus dem Leben der Marionetten
ou From the Life of the Marionettes
Realização: Ingmar Bergman (RFA, Suécia, 1980);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Ingmar
Bergman, Richard Brick, Lew Grade, Helmut Rasp,
Martin Starger, Horst Wendlandt; Música: Rolf A.
Sonata de outuno
| 188 |
cineeco2007
Wilhelm; Fotografia (cor): Sven Nykvist;
Montagem: Petra von Oelffen; Design de
produção: Rolf Zehetbauer; Direcção artística:
Herbert Strabel; Guarda-roupa: Charlotte
Flemming; Maquilhagem: Mathilde Basedow;
Direcção de produção: Paulette Hufnagel, Irmgard
Kempinski; Assistentes de realização: Johannes
Kaetzler, Trudy von Trotha; Departamento de arte:
Barbara Freude, Harry Freude; Som: Peter Beil,
Milan Bor; Companhias de produção:
Incorporated Television Company (ITC),
Personafilm, Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF).
Intérpretes: Robert Atzorn (Peter Egermann),
Heinz Bennent (Arthur Brenner), Martin Benrath
(Mogens Jensen), Toni Berger (guarda), Christine
Buchegger (Katarina Egerman), Gaby Dohm,
Erwin Faber, Lola Müthel, Ruth Olafs, Karl-Heinz
Pelser, Rita Russek, Walter Schmidinger, etc.
Duração: 104 min¸Distribuição em Portugal
(DVD): Filmes Castello Lopes; Classificação
etária: M/ 16 anos; Locais de Filmagem:Munich,
Bavaria, Alemanha.
Ingmar
Bergman FANNY E ALEXANDRE
Título original: Fanny och Alexander ou Fanny
and Alexander ou Fanny et Alexandre ou Fanny
und Alexander
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, RFA,
França, 1982); Argumento: Ingmar Bergman;
Produção: Jörn Donner, Renzo Rossellini, Daniel
Toscan du Plantier; Música: Daniel Bell;
Fotografia (cor): Sven Nykvist; Montagem:
Sylvia Ingemarsson; Direcção artística: Susanne
Lingheim; Decoração: Anna Asp; Guarda-roupa:
Marik Vos-Lundh; Maquilhagem: Cecilia Drott,
Kjell Gustavsson, Barbro Haugen, Anna-Lena
Melin, Leif Qviström, Mariann Virdestam;
Direcção de produção: Katinka Faragó;
Assistentes de realização: Peter Schildt;
Departamento de arte: Gunilla Allard, Jan
Andersson, Christer Ekelund; Som: Björn
Gunnarsson, Lars Liljeholm, Bo Persson, Owe
Svensson; Effeitos especiais: Bengt Lundgren;
Companhias de produção: Cinematograph AB,
Svenska Filminstitutet (SFI), Gaumont,
Personafilm, SVT Drama, Tobis Filmkunst.
Intérpretes: Kristina Adolphson (Siri), Börje
Ahlstedt (Carl Ekdahl), Pernilla Allwin (Fanny
Ekdahl), Kristian Almgren (Putte), Allan Edwall
(Oscar Ekdahl), Siv Ericks (Alida), Ewa Fröling
(Emile Ekdahl), Majlis Granlund (Sra. Vega),
Maria Granlund (Petra), Bertil Guve (Alexander
Ekdahl), Eva von Hanno (Berta), Sonya
Hedenbratt (Tia Emma), Lena Olin (Rosa),
Pernilla August (Maj), Carl Billquist, Axel Düberg,
Patricia Gélin, Olle Hilding, Svea Holst, Jarl Kulle,
Käbi Laretei, Mona Malm, Gösta Prüzelius,
Christina Schollin, Hans Strååt, Emelie Werkö,
Gunn Wållgren, Inga Ålenius, Marianne Aminoff,
Harriet Andersson, Mona Andersson, Hans
Henrik Lerfeldt, Jan Malmsjö, Marianne Nielsen,
Marrit Ohlsson, Kerstin Tidelius, Anna Bergman,
Gunnar Björnstrand, Nils Brandt, Lars-Owe
Carlberg, Gus Dahlström, Ernst Günther, Hugo
Hasslo, Heinz Hopf, Maud Hyttenberg, Sven-Erik
Jacobsson, Marianne Karlbeck, Kerstin Karte,
Tore Karte, Åke Lagergren, Sune Mangs, Per
Mattsson, Lickå Sjöman, Runo Wallin, Georg
Årlin, Daniel Bell, Gunnar Djerf, Folke Eng, Ebbe
Eng, Evert Hallmarken, Nils Kyndel, Ulf
Lagerwall, Börje Mårelius, Karl Nilheim, Erland
Josephson, Stina Ekblad, Mats Bergman, Viola
Aberlé, Gerd Andersson, Ann-Louise Bergström,
Matthias Bolliger, Marie-Hélène Breillat, Krister
Hell, Linda Krüger, Marie-Louise Sid, Peter
Stormare, Pernilla Wahlgren, etc.
Duração: 188 min (cinema), 312 min (Versão de
TV); Distribuição em Portugal (DVD): Costa do
Castelo; Classificação etária: M/ 12 anos; Locais
de Filmagem: Europa Studios, Bromma,
Stockholm, Stockholms län, Suécia.
Título original: Hustruskolan (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1983);
Argumento: Lars Forssell, segundo peça de
Molière (“L’ École des Femmes”); Produção:
Gerd Edwards; Design de produção: John Virke,
Göran Wassberg; Guarda-roupa: Ann Mari
Anttila, Tommy Lannge, Göran Wassberg;
Maquilhagem: Rolf Linder, Birgitta Lundh, AnnaLena Melin, Yvonne Persson, Micha Weidner;
Assistentes de realização: Lotta Gummesson;
Departamento de arte: Vivian Abrahamsson,
Carina Sjöö; Som: Alvar Piehl; Companhias de
produção: SVT Drama.
Intérpretes: Allan Edwall (Arnolphe), Lena
Nyman (Agnes), Björn Gustafson (Alain), Ulla
Sjöblom (Georgette), Sellan Skarsgård (Horace),
Lasse Pöysti (Chrysalde), Olle Hilding (Oronte),
Oscar Ljung (Enrique), Nils Eklund (advogado),
etc.
Data de estreia: 25 Dezembro de 1983 (Suécia).
Título original: Karins ansikte ou Karin’s Face
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1984);
Argumento: Ingmar Bergman; Música: Käbi
Laretei; Fotografia (cor): Arne Carlsson;
Montagem: Sylvia Ingemarsson; Som: Owe
Svensson; Companhias de produção:
Cinematograph AB.
Intérpretes: Karin Bergman;
Duração: 14 min; Data de estreia: 1984 (Suécia).
DEPOIS DO ENSAIO
Título original: Efter repetitionen (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1984);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Jörn
Donner; Fotografia (cor): Sven Nykvist;
Montagem: Sylvia Ingemarsson; Design de
produção: Anna Asp; Guarda-roupa: Inger
Pehrsson; Maquilhagem: Anna-Lena Melin;
Direcção de produção: Katinka Faragó;
Assistentes de realização: Eva Bergman;
Departamento de arte: Kaj Larsen; Som: Bo
Persson, Owe Svensson, Martin Kjellberg;
Companhias de produção: Cinematograph AB,
Personafilm, After the Rehearsal (EUA).
Intérpretes: Erland Josephson (Henrik Vogler),
Ingrid Thulin (Rakel Egerman), Lena Olin (Anna
Egerman), Nadja Palmstjerna-Weiss (Anna
Egerman (jovem), Bertil Guve (Henrik Vogler
(jovem);
Duração: 70 min; Distribuição em Portugal
(DVD): Costa do Castelo; Classificação etária:
M/12 anos; Locais de Filmagem: Suécia; Data
de estreia: 9 de Abril de 1984 (Suécia).
Título original: Dokument Fanny och Alexander
ou Document Fanny and Alexander ou The
Making of ‘Fanny and Alexander’
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1986);
Argumento: Ingmar Bergman; Fotografia (cor):
Arne Carlsson; Montagem: Sylvia Ingemarsson;
Companhias de produção: Cinematograph AB,
Svenska Filminstitutet (SFI).
Intérpretes: Daniel Bergman, Ingmar Bergman,
Gunnar Björnstrand, Allan Edwall, Ewa Fröling,
Erland Josephson, Lars Karlsson, Sven Nykvist,
Ulf Pramfors, Peter Schildt, Gunn Wållgren.
Duração: 110 min;
Título original: De Två saliga (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1986);
Argumento: Ulla Isaksson, segundo romance de
sua autoria; Produção: Pia Ehrnvall, Katinka
Da vida das marionetas
Faragó; Fotografia (cor): Per Norén; Design de
produção: Birgitta Brensén.
Intérpretes: Kristina Adolphson (enfermeira),
Harriet Andersson (Viveka Burman), Lars-Owe
Carlberg, Irma Christenson (Mrs. Storm), Majlis
Granlund, Björn Gustafson, Per Myrberg (Sune
Burman), Bertil Norström, Lasse Pöysti (Dr.
Dettow), Johan Rabaeus, Christina Schollin
(Annika), Lennart Tollén, Margreth Weivers, etc.
Duração: 81 min; Data de estreia: 19 de
Fevereiro de 1986 (Suécia).
| 189 |
cineeco2007
Título original: Markisinnan de Sade (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1992);
Argumento: Ingmar Bergman, Gunilla LindbergWada, Per Erik Wahlund, segundo peça de
Yukio Mishima; Produção: Måns Reuterswärd,
Katarina Sjöberg; Música: Ingrid Yoda;
Montagem: Sylvia Ingemarsson; Design de
produção: Charles Koroly, Mette Möller; Guardaroupa: Charles Koroly, Maggie Strindberg, Helvi
Treffner; Assistentes de realização: Richard
Looft; Departamento de arte: Rolf Granquist, Ingmar
Bertil Sahlén, Jan-Erik Savela; Som: Roland Bergman
Engström, Ulf Eriksson, Curre Forsmark, Gunnar
Frisell, Göran Örjeheim; Companhias de
produção: SVT Drama.
Intérpretes: Stina Ekblad (Renee), Anita Björk
(Madame de Monteuil), Marie Richardson
(Anne), Margareta Byström (de Simiane),
Agneta Ekmanner (Condessa de Saint-Fond),
Helena Brodin (Charlotte), etc.
Duração: 104 min; Data de estreia: 17 de Abril
de 1992 (Suécia).
Título original: Backanterna (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1993);
Argumento: Göran O. Eriksson, Jan Stolpe,
libretto segundo peça de Euripides; Produção:
Måns Reuterswärd; Música: Daniel Börtz;
Fotografia (P/B): Wulf Meseke, Per Norén, SvenÅke Visén, Raymond Wemmenlöv; Montagem:
Fanny e Alexandre
| 190 |
cineeco2007
Sylvia Ingemarsson; Design de produção: Mette
Möller, Lennart Mörk; Guarda-roupa: Mette
Möller; Maquilhagem: Suzanne Bergmark, Carin
Blum, Cecilia Drott, John Kindahl, Christina
Sjöblom, Nina Spjuth, Lotta Ulfung;
Departamento de arte: Kjell Björk, Jan-Erik
Savela; Som: Bertil Eriksson, Lennart
Jacobsson, Kjell Klingemark; Efeitos especiais:
Lars Söderberg, Artur Zonabend.
Intérpretes: Sylvia Lindenstrand (Dionysos),
Laila Andersson-Palme (Teiresias), Sten
Wahlund (Kadmos), Peter Mattei (Pentheus),
Anita Soldh (Agaue), Berit Lindholm (Alfa),
Paula Hoffman (Beta), Camilla Staern (Gamma),
Ellen Andreassen Jensen, Anne-Marie Mühle,
Kristina Hammarström, Eva Österberg, Carina
Morling, Amelie Fleetwood, Lena Hoel, Ingrid
Tobiasson, Carl Magnus Dellow, Per Mattsson,
Peter Stormare, Kicki Bramberg, etc.
Duração: 140 min; Data de estreia: 9 de Abril de
1993 (Suécia).
Ingmar Título original: Sista skriket ou The Last Gasp
Bergman (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1995);
Argumento: Ingmar Bergman segundo peça de
sua autoria; Produção: Måns Reuterswärd;
Música: Matti Bye; Fotografia (P/B): Per Norén;
Montagem: Sylvia Ingemarsson; Design de
produção: Mette Möller; Guarda-roupa: Mette
Möller; Maquilhagem: Leif Qviström, Mona
Tellström-Berg; Departamento de arte: Rasmus
Rasmusson, Jan-Erik Savela; Som: Magnus
Berglid, Göte Carlsson, Gunnar Frisell;
Companhias de produção: SVT Drama.
Intérpretes:
Ingvar
Kjellson
(Charles
Magnusson), Björn Granath (Georg af Klercker),
Anna von Rosen (Miss Holm), etc.
Data de estreia: 6 de Janeiro de 1995 (Suécia).
Título original: Larmar och gör sig till ou Dabei:
Ein ou I klovnens nærvær ou In the Presence of
a Clown ou Vanità e affanni (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, Itália,
Noruega, Alemanha, Dinamarca, 1997);
Argumento: Ingmar Bergman; Produção: Pia
Ehrnvall, Måns Reuterswärd; Fotografia (cor):
Tony Forsberg, Irene Wiklund; Montagem: Sylvia
Ingemarsson; Design de produção: Göran
Wassberg; Guarda-roupa: Mette Möller;
Maquilhagem: Cecilia Drott, Christina Sjöblom,
Mona Tellström-Berg; Assistentes de realização:
Antonia Pyk; Departamento de arte: Rasmus
Rasmusson, Jan-Erik Savela, Ulla Smith Örn;
Som: Magnus Berglid, Göte Carlsson, Gunnar
Frisell, Susanne Kirschner, Göran Nylander, Gábor
Pasztor; Efeitops especiais: Lars Söderberg;
Companhias de produção: Danmarks Radio (DR),
Nordisk Film- & TV-Fond, Nordiska TVSamarbetsfonden, Norsk Rikskringkasting (NRK),
Radiotelevisione Italiana, SVT Drama, Yleisradio
(YLE), Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF).
Intérpretes: Börje Ahlstedt (Tio Carl Åkerblom),
Marie Richardson (Pauline Thibualt), Erland
Josephson (Osvald Vogler), Pernilla August
(Karin Bergman), Anita Björk (Anna Åkerblom),
Agneta Ekmanner (Klovnen Rigmor), Lena
Endre (Märta Lundberg), Gunnel Fred (Emma
Vogler), Gerthi Kulle (Sister Stella), Johan
Lindell, Peter Stormare, Folke Asplund, Anna
Björk, Inga Landgré, Alf Nilsson, Harriet
Nordlund, Tord Peterson, Birgitta Pettersson,
Ingmar Bergman, etc.
Duração: 119 min; Data de estreia: 1 de
Novembro de 1997 (Suécia)
Título original: Bildmakarna (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 2000);
Argumento: segudno peça de Per Olov Enquist;
Fotografia (cor): Sofi Stridh, Sven-Åke Visén,
Raymond Wemmenlöv; Som: Tomas Krantz;
Intérpretes: Anita Björk (Selma Lagerlöf), Carl
Magnus Dellow (Julius Jaenzon), Lennart
Hjulström (Victor Sjöström), Elin Klinga (Tora
Teje), Henry ‘Nypan’ Nyberg (Projecionista), etc.
SARABANDA
Título original: Saraband ou Anna ou Saraband
ou Sarabanda ou Sarabande (TV)
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, Itália,
Alemanha, Finlândia, Dinamarca, Áustria, 2003);
Argumento: Ingmar Bergman; Fotografia (cor):
Stefan Eriksson, Jesper Holmström, Per-Olof
Lantto, Sofi Stridh, Raymond Wemmenlöv;
Montagem: Sylvia Ingemarsson; Design de
produção: Göran Wassberg; Guarda-roupa: Inger
Pehrsson; Maquilhagem: Cecilia Drott;
Assistentes de realização: Torbjörn Ehrnvall;
Departamento de arte: Teddy Holm, Rasmus
Rasmusson, Håkan Sanchis, Jan-Erik Savela, Ulla
Smith Örn, Jan Stenmark; Som: Anders
Degerberg, Carl Edström, Börje Johansson, Erik
Näsman, Göran Nylander, Per Nyström, Ulf
Olausson, Gábor Pasztor; Efeitos visuais: Mats
Holmgren; Companhias de produção: Danmarks
Radio (DR), Network Movie Film-und
Fernsehproduktion, Nordisk Film- & TV-Fond,
Nordiska
TV-Samarbetsfonden,
Norsk
Rikskringkasting (NRK), Radiotelevisione Italiana
(RAI), SVT Fiktion, Sveriges Television (SVT),
Yleisradio (YLE), Zweites Deutsches Fernsehen
(ZDF), Österreichischer Rundfunk (ORF).
Intérpretes: Liv Ullmann (Marianne), Erland
Josephson (Johan), Börje Ahlstedt (Henrik), Julia
Dufvenius (Karin), Gunnel Fred (Martha), etc.
Duração: 220 min (versão de TV) 107 min
(versão de cinema); Distribuição em Portugal
(DVD): Atalanta Filmes; Classificação etária:
M/12 anos; Data de estreia: 1 de Dezembro de
2003 (Suécia).
Prémios e nomeações
Entre muitos outros prémios e distinções,
Ingmar Bergman:
Recebeu três Oscars na categoria de “Melhor
Filme em Língua Estrangeira”, para “A Fonte da
Virgem”, “Através de Um Espelho” e “Fanny e
Alexandre”.
Recebeu três nomeações ao Óscar, na categoria
de “Melhor Realizador”, por “Viskningar och
rop” (1972), “Ansikte mot ansikte” (1976) e
“Fanny och Alexander” (1982).
Recebeu cinco nomeações ao Óscar, na
categoria de “Melhor Argumento Original”, por
“Smultronstallet” (1957), “Sason I em spegel”
(1961), “Viskningar och rop” (1972),
“Höstsonaten” (1978) e “Fanny och Alexander”
(1982).
Recebeu uma nomeação ao Óscar, na categoria
de “Melhor Filme”, por “Viskningar och rop”
(1972).
Ganhou, em 1971, o Prémio Irving G. Thalberg,
concedido pela Academia de Artes e Ciências
Cinematográficas.
Recebeu uma nomeação dos “Globos de Ouro”,
na categoria de “Melhor Realizador”, por
“Fanny och Alexander” (1982).
Recebeu três nomeações para o César, na
categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”, por
“Trollflöjten” (1974), “Höstsonaten” (1978) e
“Fanny och Alexander” (1982). Venceu em 1982.
Recebeu uma nomeação ao BAFTA, na
categoria de “Melhor Filme”, por “Ansiktet”
Sarabanda
| 191 |
(1958).
cineeco2007
Recebeu uma nomeação ao BAFTA, na
categoria de “Melhor Filme Estrangeiro”, por
“Fanny och Alexander” (1982).
Ganhou o “Prémio do Júri”, no Festival de
Cannes, por “Det sjunde inseglet” (1957).
Ganhou o “Prémio de Melhor Realizador”, no
Festival de Cannes, por “Nära livet” (1957).
Ganhou o “Prémio Especial de Melhor Humor
Poético”, no Festival de Cannes, por
“Sommarnattens leende” (1955).
Ganhou uma Menção Especial, no Festival de
Cannes, por “Jungfrukällan” (1959).
Ganhou, em 1997, a “Palma das Palmas”,
concedida pelos organizadores do Festival de
Cannes.
Ganhou, em 1998, o Prémio Ecuménico do Júri,
concedido pelo Festival de Cannes em
homenagem à sua carreira no cinema.
Ganhou duas vezes o “Leão de Ouro”, no
Festival de Veneza, por “Musik I moker” (1948)
e “Ansiktet” (1958).
Ganhou o “Prémio Especial do Júri”, no Festival Ingmar
Bergman
de Veneza, por “Ansiktet” (1958).
Ganhou o Prémio FIPRESCI, no Festival de
Veneza, por “Fanny och Alexander” (1982).
Ganhou, em 1971, um “Leão de Ouro” em
homenagem à sua carreira no cinema.
Ganhou o “Urso de Ouro”, no Festival de
Berlim, por “Smultronstallet” (1957).
Ganhou o Prémio OCIC, no Festival de Berlim,
por “Sason I em spegel” (1961).
Ganhou quatro vezes o “Prémio Bodil” de
Melhor Filme Europeu, por “Sommarnattens
leende” (1955), “Smultronstallet” (1957),
“Viskningar och rop” (1972) e “Höstsonaten”
(1978).
Bergman durante os ensaios de Sarabanda
| 192 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
_SOBRE ALGUNS FILMES DE INGMAR BERGMAN
Escrevi muito sobre Bergman, um dos meus autores preferidos. Em
homenagem ao seu “silêncio” - que não será eterno, e nunca se
extinguirá - fui recuperar vários textos que escrevi ao longo da minha
actividade de crítico em diversas publicações. Estão quase intactos, uns
longos, outros curtos, consoante o local onde apareceram e a índole dos
trabalhos, uns com dezenas de anos, outros mais recentes. Apenas alterei
uma ou outra palavra, gralhas, pontuação, e pouco mais. O significado
geral mantive-o, pois julgo interessante perceber-se o que se sentia
(neste caso: eu sentia) na altura em que os filmes foram estreados em
Portugal.
Aqui ficam os textos, como homenagem a um mestre, com um enorme
obrigado por todo o prazer que ele me ofereceu ao longo da vida, prazer
que se cruzou com a dor, a angústia, o medo, mas também o com sorriso,
a fraternidade, o olhar das mulheres, o amor. Entre a dúvida de Deus e
a certeza do amor das mulheres, Ingmar Bergman foi uma inspiração.
_EM BUSCA DA VERDADE
“Em Busca da Verdade”, de 1960, é um filme de Ingmar Bergman que
parece abrir um novo ciclo na sua obra, ciclo esse que se prolongará nos
três anos seguintes, com “Luz de Inverno” e “O Silêncio”. Tríptico de uma
secura e austeridade de processos invulgar, este conjunto de películas
aprofunda o pensamento e o estilo do mestre sueco, conferindo-lhe uma
exigência de rigor que o aproxima de um outro mestre, o dinamarquês
Dreyer.
Em “Samsom I en Spegel” existem fundamentalmente quatro
personagens confrontando-se entre si e com o mundo. Todas elas saem
do mar, do plano inicial, assemelhando-se a sobreviventes de uma
qualquer catástrofe, dispostos a recomeçar tudo de novo.
David, escritor, recentemente regressado da Suíça, para onde fora
trabalhar num novo romance, sua filha Karin, o filho Fredrtk, a quem
chamam Minus, e o marido de Karin, Martin, que é médico, são os
protagonistas desta viagem “em busca da verdade”, que se inicia em
redor de um jantar, durante o qual Karin e Minus representam uma
pequena peça de teatro, visivelmente destinada a impressionar o pai. Na
peça, um poeta promete amar até à morte uma princesa, mas acaba por
furtar-se ao juramento de amor e sobreviver. Karin, que tudo indica
bastante doente, próxima da histeria, ataca assim a indiferença paterna
e a frieza do marido. Mas é sobretudo o papel do escritor, ou do artista,
que parece preocupar essencialmente Bergman: como pode um artista
escrever sobre os outros, se ignora os que o cercam? Qual o papel da
arte e do artista no seu confronto com a sociedade? Como furtar-se à
solidão mais radical?
Um grande filme de uma exigência brutal, de um rigor formal imaculado.
In “Sete”
_PERSONA
Uma das características que mais claramente ressalta em “Persona” é a
denúncia fílmica do próprio filme, levada a cabo por diversas vezes.
Primeiramente, no pré-genérico: vêem-se as extremidades do arco
voltaico emergir da escuridão e delas sair a luz, esse filamento nervoso
que cruza o ecrã. Caminhando pela máquina de projectar, descobre-se o
obturador em movimento e, já do exterior, captamos o feixe luminoso
que, saindo da objectiva, inunda a sala. A película desenrola-se nas
tradicionais vinte e quatro imagens por segundo e o espectáculo
principia. A partir daqui sabe-se que é de cinema que se trata, isto é, de
uma realidade forjada.
Interrompendo a luz, flashs rápidos de planos de outros filmes:
desenhos animados, filmes cómicos, filmes de terror, até se descobrir a
figura de um adolescente que tenta acariciar um rosto de mulher,
imprecisamente desenhado para lá de um vidro. Esse rosto sugere-nos
a presença de Liv Ullmann, actriz que em “Persona” irá representar o
papel de Elisabeth Vogler, actriz.
O aparecimento dessa criança oferece desde logo motivo para várias
interrogações. Tratando-se do mesmo actor (Jorgen Undstrom) que
aparece em “Jogos da Noite”, de Mai Zetterling, realizado na mesma
época de “Persona”, essa figura poderá, de alguma forma, assumir o
papel de referência directa ao filme de Mai Zetterling, obra que aliás
provocaria enorme controvérsia, não só na Suécia, como em todo o
mundo onde foi exibida. No filme de Zetterling, Jorgên Undstrom
desempenha o papel de uma criança apaixonada e obcecada pela
imagem da mãe, de quem somente se consegue libertar destruindo
recordações e memórias. Igual fascínio transparece na obra de Bergman,
| 193 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
| 194 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
fascínio que irá definir o equívoco de relações, nunca clarificadas ao
longo do filme. Uma criança que poderá ser o próprio Ingmar Bergman,
jovem, atormentado pelo puritanismo da educação patriarcal, pela
sedução da mãe, pelo desejo da “mulher”. Apaixonado já pela “laterna
mágica”, pelo cinema.
O lado de denúncia “pelicular” do espectáculo a que estamos a assistir
irá repetir-se quando, a meio do filme, este parece partir-se e queimarse, definindo a fragilidade da matéria que suporta aquela obra, para
concluir-se de forma idêntica (inversa: da objectividade para o arco
voltaico) àquela por que tinha começado.
Em 1966, antes de muitos outros o terem proclamado como verdade
clara por si descoberta, Bergman tomava consciência do lado “artificial”
(“construído”) do espectáculo cinematográfico. E alertava o espectador
para este facto numa arrancada brilhante de talento e invenção.
Se “Persona” parece iniciar-se sob o signo de “Édipo”, a verdade é que
a sua ficção principia numa representação de “Electra”. Escolha que não
terá significado meramente ocasional, dado que o próprio título do filme
– “Persona” - nos faz recuar até às máscaras gregas das representações
teatrais.
É quando interpreta “Electra” que Elisabeth Vogler emudece. A meio da
representação cala-se de súbito. Conduzida a uma clínica médica,
observada e estudada, descobre-se que não apresenta qualquer sintoma
de doença conhecida. A sua recusa em falar fica a dever-se somente a
uma imposição interior, fruto de uma vontade, que nega a comunicação.
Esse é o primeiro prenúncio de uma ruptura com o mundo que rodeia
Elisabeth Vogler. A actriz não deixa de reagir a estímulos que lhe chegam
do exterior (ri ao ouvir um folhetim radiofónico; ouve interessada as
confissões da sua enfermeira privativa; escreve cartas relatando o seu
quotidiano; apavora-se com as imagens do Vietname que a televisão
leva até ela, ou com budistas incendiando-se, oscila perante a memória
da guerra que uma fotografia lhe recorda; estende as mãos à
companheira; sorri, mas predominantemente, permanece na
expectativa...). Desiste, porém, de interferir na realidade.
Entre si e o mundo, coloca uma barreira de espessa hostilidade. Este
isolamento doentio é já prenúncio de morte. Será, sobretudo, agonia
para os que dele se aproximam. Caso de Alma, a enfermeira, que parte
com Elisabeth para uma casa à beira-mar. Antes da partida, porém, Alma
tem consciência do perigo que a ameaça. Ao falar com a médica
confessa-se demasiado frágil para competir com a força de vontade da
doente. Será, pois, um frente a frente deglutinador, com caçador e presa,
vítima e carrasco. O mutismo de Elisabeth Vogler e a sua condição de
privilegiada numa ordem social estabelecida permite-lhe assegurar-se da
presa e dela se alimentar. O que levou, muito justificadamente, a falarse de “vampirismo” (expresso, aliás, de forma declarada em duas cenas:
Elisabeth Vogler aproximando-se do leito de Alma, num plano de
luminosidade etérea; um outro, em que a actriz suga o sangue num
braço da enfermeira) ou, num outro plano, de um caso de profunda alienação, com personalidades. Que se sobrepõem e se apagam uma
frente à outra. Alienação que principia a esboçar-se numa altura em que,
para Alma, a personalidade de ambas se confunde e a leva a dizer: “se
não te vais deitar adormeço aqui”, frase que logo emenda: “se não me
vou deitar adormeço aqui”. Mas a transposição, esse entrelaçar de
corpos que se completam em violência (porque de transfusão violenta
se trata) prossegue irreversível (quando o marido de Elizabeth a procura,
é Alma quem por ela responde, assumindo integralmente a
personalidade da companheira). A violência, por vezes consentida
(quando assume características lúdicas, mesmo eróticas), por vezes
recusada (quando Alma reconhece a concessão diária que a vida em
comum com Elisabeth lhe impõe), acaba por conduzir ao anulamento
completo de uma personalidade, de uma pessoa. Por isso assume tão
decisivo significado o “nada” repetido por Alma e Elisabeth quase ao
terminar esta obra dolorosamente austera e rigorosa. Regressados,
portanto, ao espírito da tragédia grega evocada de início. A tragédia
despojada do acessório, reduzida a um jogo cruel de afrontamentos que
relembram o ritual de um estranho sacrifício. Um filme onde, mais uma
vez, sentimentos e paixões explodem sob a forma de silêncio e gestos
calados, como raros realizadores o conseguiram materializar até hoje em
imagens. Aí um dos segredos desse sueco rigoroso e solidamente
intimista que dos homens dá o retrato angustiante da sua desoladora
solidão, num mundo despovoado de Deus mas onde a esperança é
ainda uma secreta certeza de gestos e olhares apenas humanos.
In “Opção”, de 18 de Agosto de 1977.
_LÁGRIMAS E SUSPIROS
O que mais me apaixona - é o termo - neste filme de Ingmar Bergman (que
desde já coloco na minha lista particular dos “10 Melhores de todos os
tempos”) é a se?rena simplicidade da narrativa, em profundo contraste
com o universo carregado de “gri?tos e murmúrios” que povoa esta
“home?nagem à mãe”, como o próprio Bergman confessou.
Neste aspecto, neste silenciar de sentimen?tos gritados, neste serenar
faustoso de emo?ções em fúria, Tchekov seria o termo de comparação
ideal e por isso foi François Truffaut mais uma vez certeiro, quando disse,
não me recordo onde, que este filme come?çava como “As Três Irmãs” e
terminava como “O Cerejal”, passando ainda por Strinberg. E Ibsen,
acrescentaria eu... Se se tratasse de Godard, bastaria dizer que se falava
“do mais belo dos filmes”, porque isso seria dizer tudo. Os seus epígonos
por?tugueses tratarão, seguramente de o afirmar. Vejamos se consigo eu,
de alguma forma, aproximar-me da razão de ser de uma tal preferência.
Em algumas entrevistas, Bergman declarou que, em “Lágrimas e
Suspiros”, quis exprimir quatro aspectos de sua mãe, uma mulher
| 195 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
| 196 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
extraordinária, que ele adorava. Para o filme, esforçou-se por descobrir
alguma coisa dela. Sem pretender traçar um retrato ou uma bio?grafia,
encontrou um meio de melhor a conhecer (e de melhor a dar a conhecer),
fazendo interpretar os diferentes caracteres por quatro mulheres, três
irmãs e uma criada.
Obcecado pelo tempo, “Lágrimas e Suspiros” inicia-se por algumas
panorâmicas sobre re?lógios que marcam as horas. Da natureza, onde
reina a paz, para o interior de uma man?são sueca, nos fins do século
passado. Os relógios estabelecem esta ligação, caminhan?do da vida para
a morte, do exterior para o interior, da serenidade da madrugada para a
agonia. “É manhã e eu sofro”, escreve Agnès (Harriet Andersson) no seu
“Diário”, depois de ter olhado pala janela. Uma frase que encerra, desde
logo, uma das dualidades mais prementes que o filme de Bergman
procura analisar: nasce o dia e morre lentamente Agnès. Nascmento e
morte. Dualidade que terá, no final do filme, termos de uma equação
equi?valente: da morte (de Agnès) para o renas?cimento da vida, nessa
majestosa Pietá que se converte num dos mais sublimes e arrepiantes
planos da história do cinema. Numa mansão da Suécia, em fins do século
passado (em Faro, mais precisamen?te, ilha para onde Bergman se
desterra, sem?pre que quer rodar um novo filme, de alguns anos a esta
parte), irá assistir-se à agonia de uma mulher: Agnès, no seu leito de
mori?bunda, sofre. Pelos sintomas, pode pensar-se num cancro no útero.
A doença mina o corpo que se crispa de dores e grita a sua revolta,
perante a impotência, o medo, o amor de quem a rodeia. Envolvendo
Agnès, estão duas ir?mãs: a mais velha, Karin (Ingrid Thulin), a mais nova,
Maria (Liv Ullman) e uma criada, Anna (Kari Sylwan).
Agnès vivia isolada no campo, acompanhada unicamente por Anna.
Quando a morte se aproxima, Karin e Maria viajam para junto da irmã,
procurando auxiliá-la, reconfortá-la nos derradei?ros momentos da saua
vida. Mas, a doença, a dor, a proximidade da morte, finalmente, a
presença física de um corpo sem vida faz oscilar o equilíbrio existente
entre irmãs. Assim, se o centro de “Cries and Whispers” é, efectivamente,
a agonia de Agnès, essa agonia acaba por repercutir-se a vários ní?veis,
sendo como que a mola accionadora de um mecanismo que irá definir
relações entre irmãs, entre irmãs e respectivos maridos (relações estas
conhecidas através da intro?dução de alguns “flash backs”) e entre irmãs
e criada. Através de uma despojada medita?ção sobre a morte (e a vida),
o amor (e o ódio), a dor e a doença (e a felicidade), Bergman retrata-nos
uma época, uma socie?dade, os privilégios e os preconceitos de uma
classe, a falência de uma instituição (o casamento) os laços instáveis de
uma rela?ção (a família), o desespero de um mundo descrente de Deus (e
a fé vertiginosa no homem e nas possibilidades da sua obra), as relações
de profundo desequilíbrio social que se estabelecem entre as diversas
classes (irmãs e maridos, em função de Anna), etc. Um acontecimento
motor despoletará um mecanismo preciso. A genial mestria de Bergman
| 197 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
(não há que ter medo dos adjectivos, neste caso: Bergman surge-nos
como um dos mais importantes, senão o mais importante realizador de
cinema da actualidade) irá, porém, pôr a funcionar este mecanismo,
desmontando-o, quase sem qual?quer tipo de ficção a servir-lhe de
suporte. Na verdade, toda a “história” de “Lágrimas e Suspiros” se resume
a duas linhas: a ago?nia de uma mulher, assistida por duas irmãs e uma
criada. Não há, portanto, vestígios de uma intriga clássica. Situações,
sentimentos, emoções, memória, tudo isto resulta de uma admirável
“mise-en-scène”, para a qual Bergman se serve predominantemente de
olhares, de gestos, de movimentos, por vezes imper?ceptíveis, de cor, de
sons (toda a banda sonora tem um volume de som aparentemente
desme?dido, fazendo com que os ruídos assumam uma importância
decisiva na criação de um ambiente de uma densidade invulgar).
Sobre a cor. Raras vezes a cor adquiriu no cinema um papel tão
significativo como nesta película de Bergman. Tanto mais que a secura e
a nudez dos cenários, o hieraquismo das composições, a gravidade de
todos os movimentos (dos gritos aos murmú?rios, do trágico estertor aos
sussurros de reconciliação) parecem participar no resfolegar sanguíneo,
onde a preponderância de tons vermelhos indica uma única substância
unificando a vida e a morte: o sangue. Na verdade, é o vermelho cor de
sangue, quente e vivo, que dá a tonalidade à última obra de Bergman;
são as paredes da mansão, são as alcatifas, são, sobretudo os
“encadeados” e as “fusões” de pla?nos (admiráveis “viragens” a
vermelho), donde emergem e onde desaparecem, náufragos, os ros?tos. O
| 198 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
vermelho, plasma de vida e de morte, sinaliza toda a obra, pautando
espaços, silên?cios, unindo e desagregando imagens. Nestes cenários de
uma cor dominante, as figuras centrais: de inicio, o branco dos “anjos da
guarda” de Agnès (quando o filme principia, as irmãs deixaram-se
adormecer, velando por Agnès: a dominante é o branco de uma pureza
ofuscante). Depois, à medida que a morte vai ganhando terreno, o negro
do luto invade o écran. Mas, outras cores delimitam planos e cenas (o
castanho, com Maria, a filha e a boneca; o azul, quando Anna acorda e
atravessa uma sala, por onde a manhã procura romper).
O rosto. O rosto, sua imagem e memória. Em “Lágrimas e Suspiros”,
quatro rostos abrem o episódio relativo a cada personagem. Quatro rostos
de mulher, cada um deles interrogando-se sobre uma identidade: Agnès,
Maria, Karin e Anna. Agnès, a moribunda, recorda a infância, junto à mãe,
cujos carinhos inveja. Um “flash back” reconstitui tempos passados: uma
sessão familiar com lanterna mágica. De resto, Agnès é uma figura de
certo modo neutra, passiva, limitando-se a lutar ingloriamente contra a
morte. A sua função, no in?terior do filme, é mais de centro detonador, do
que de sujeito de acções. O cancro mi?na-lhe as entranhas que nunca
conheceram intimidades.
Karin, a irmã mais velha, é, por seu turno, a figura dominante. Violenta,
odiando um marido que despreza (um diplomata, cuja silhueta se
descobre igualmente num “flash back”), frígida e seca, Karin detesta
qualquer tipo de relação física. Para contrariar o marido, amputa-se,
introduzindo no sexo um pedaço de vidro. Frígida, ela repele todas as
hipóteses de relações possíveis (quando Anna a ajuda a despir-se, mandaa embora, porque o olhar da criada lhe parece sus?peito; com a irmã,
recusa quase sempre o diálogo, o contrato, com excepção de uma cena,
que logo renega). Maria, a irmã mais nova, frívola e sensual, casada com
um marido mais ou menos im?potente, com uma filha, amante do médico
da família, recorda também o suicídio frustrado do marido, quando este
descobre as relações entre esta e o médico. Receosa, vive apavorada com
a anunciada morte da irmã. No seu universo de frivolidade e de fugazes
instantes de prazer vividos numa casa de boneca não suporta a presença
obcecante da morte. A única saída para tais encontros é a fuga. Anna, a
criada, é a sombra de uma família, uma mulher humilde, dedicada,
discreta, si?lenciosa. No enquadramento dos planos de Bergman, Anna
ocupa quase sempre um plano secundário, afastado da câmara,
movimen?tando-se por detrás das irmãs. É também a presença
reconfortante, quente, a dádiva ge?nerosa. Quando todos fogem da morte,
Anna é a única que despe a camisa e oferece o calor do seu peito ao rosto
frio de Agnès, que procura a paz e a doçura que lhe permi?tiriam transpor
os limites da vida e entrar no desconhecido. Tal como Agnès (mas de
for?ma diferente), Anna não tem um papel activo nesta obra que seria de
um angustiante pessimismo, sem a sua presença. Reservados para Karin
e Maria os papéis activos (elas detêm o poder, só elas podem resolver,
man?dar, deliberar) Agnès e Anna assumem a so?lidariedade dos
marginais. Tendo perdido uma filha, Anna faz de Agnès a sua “menina”,
que não se cansa de ouvir chorar e chamar por ela. Estes longínquos
chamamentos de fraternidade (que só Anna entende, que só Anna não
teme) conduzem a essa “Pietá” su?blime de que atrás falei. Mas o sublime
não se concentra neste plano indescritível. Per?passa por toda a obra,
infiltra-se de forma absoluta, nessa figura de uma doçura ine?narrável que
Kari Sylwan soberbamente in?terpreta. Na longa galeria de retratos de
mulher que o cinema até hoje nos ofereceu, esta Anna (de Bergman e
Sylwan) ocupará, se?guramente, destacado lugar. Quatro rostos num
terrível “huis clos”. O grito de Angès atravessando a casa: “Ninguém me
socorre!”. O olhar dos vivos, impotentes pe?rante o espectáculo da morte.
A terrível angústia, expressa numa decantada austeri?dade, numa secura,
numa simplicidade de processos que definem um “clássico”. Um filme
onde Bergman se expõe integral?mente. Com as suas dúvidas, os seus
temo?res, a sua esperança. Um Bergman barroco e metafísico, como o fora
Bergman de “O Sétimo Selo” ou “A Fonte da Virgem”? Não. Antes um
Bergman austero e profundamente humano, atento ao humano instante,
não à eternidade de Deus, interrogando o homem, num universo que Deus
aparenta ter abandonado de vez. Quando a morte parece ter conquistado
ter?reno, quando a injustiça e a crueldade mes?quinha dos interesses se
julgariam ter triun?fado, eis que Anna retira do tempo um “Diário” que
abre e soletra. É Agnès quem regressa, é a vida, o sol, a natureza que
revivem. “Quinta-feira, 3 de Setembro. Sente-se o ar do Outono, embora
tudo esteja ameno. Sin?to-me muito melhor. Minhas irmãs, Karin e Maria,
vieram ver-me, é bom estarmos jun?tas, como nos velhos tempos.
Podemos até ir dar um passeio juntas, é um acontecimento para mim. Há
muito que não saía de casa. Corremos a rir para o velho baloiço, que não
víamos desde crianças. Sentámo-nos as três e Anna empurrou-nos
devagar. Todas as minhas dores tinham passado. As pes?soas de quem
mais gosto no mundo esta?vam comigo. Podia ouvi-las tagarelar. Senti a
presença dos seus corpos e o calor das suas mãos. Quis agarrar-me a esse
momento e pensei: venha o que vier, isto é felici?dade. Nada de melhor
posso desejar. Agora, por poucos minutos, posso experimentar a
perfeição. Sinto grande gratidão pela minha vida, que tanto me deu.”
Excerto de um “Diário”, de que se ouve ler ainda uma passagem: “Quintafeira, 30 de Se?tembro: Recebi a melhor prenda que alguém pode ter na
vida. A prenda tem vários no?mes - solidariedade, camaradagem, contacto
humano, afeição. Creio que é o que se chama graça”.
E assim “Lágrimas e Suspiros” morreram. Do ódio à solidariedade, da
morte à vida, da dor à felicidade, do interior de uma mansão sueca nos
fins do século passado à natu?reza exuberante, do “huis clos” à plenitude,
imagem de esperança que, não destruindo o pesadelo, o transcende.
In Programa “Apolo 70”
(Para a Eduarda, em Santarém, 1973)
| 199 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
| 200 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
_O AMANTE
(…) “O Amante” não deixa de constituir uma relativa surpresa no
itinerário de Ingmar Bergrnan, se bem que não concordemos com aqueles
que afirmam estar esta obra perfeitamente em desacordo com toda a
anterior carreira do notável cineasta sueco. Com “The Touch” Bergman
dirigiu, o seu primeiro filme falado em inglês, regressando, por outro
lado, a alguns dos temas versados no início da sua filmografia. Na
verdade, “O Amante” faz lembrar “Uma Lição de Amor” ou certos
aspectos de “Sorridos de Uma Noite de Verão”, da mesma forma que
referencia, pelo tom e pelo tratamento, “Paixão”, que lhe é anterior, ou
“Cenas da Vida Conjugal” (1974), obra que, de certa maneira, cristaliza
as reflexões do cineasta em torno da vida de um casal.
Só aparentemente “The Touch” será um filme sobre o eterno “triângulo
do marido, a mulher e o amante”. O título português pode até induzir em
erro, deslocando o sentido da obra. Esta coloca-se num plano de análise
de relações humanas, de “ligações”, de contactos estabelecidos ou
falhados. Bergman, depois de variadas meditações sobre a
incomunicabilidade, a solidão, o desespero; depois de meditar sobre o
homem e sobre Deus (sobre a presença de Deus, sobre a ausência de
Deus), sobre a vida e a morte; depois de analisar o próprio significado
da arte e do espectáculo (em particular o teatro), prossegue o seu
trajecto, aqui numa toada de outra amenidade, o que não quererá dizer
que com menor rigor ou austeridade. Bergman contínua de uma notável
exemplaridade narrativa e, neste aspecto, “O Amante” coloca-se entre as
suas obras mais perfeitas. “The Touch” é (afirma-o o próprio Bergman)
um retrato de mulher: Karin (Bibi Andersson). Um retrato que se
compartimenta entre a morte da mãe (que ocorre no início do filme) e o
nascimento de um filho (que se dará para além do final da obra). Entre
uma vida que parte e uma outra que se anuncia, Karin vê o casamento
ser posto em causa pelo aparecimento de David (Elliott Gould), um judeu
americano, arqueólogo, por quem se apaixona.
O filme será o retrato dessa ligação, a análise do seu desenvolvimento,
a captação dos seus momentos vitais, finalmente o pressentimento de
uma derrocada. Karin, insegura e indecisa, encontra em Andreas, o
marido (Max Von Sydow), e nos dois filhos do casal, a base de uma
segurança, de uma estabilidade que lhes são indispensáveis. Irá, porém
descobrir em David a aventura, a transgressão, a paixão. O caso estendese durante algum tempo, até que Andreas surpreende a ligação. Karin
tentará prolongar esse equilíbrio entre dois pólos que a atraem e, cada
um de per si a definem, a completam. Mas, a partida de David, obrigála-á a tomar uma decisão. Uma decisão que a conduzirá,
irremediavelmente, à solidão. As imagens finais, que Bergman apresenta
de forma lacunar, deixando pairar no ar várias possibilidades de
interpretação, abrem sobre o espectador um campo livre de hipóteses
que a moral de cada um preencherá conforme os seus desejos. Bergman
| 201 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
não nos diz se Andreas deixou ou não Karin, da mesma forma que não
torna definitivo o afastamento de David e Karin. Porque, enquanto, as
palavras negam uma possível aproximação, o “zoom back” da câmara
não deixa que nenhuma das figuras saia de um campo habitado por elas.
“The Touch” é, objectivamente, um filme muito bem trabalhado, de um
ponto de vista cinematográfico. Nem outra coisa seria de esperar de um
Bergman que dois anos antes nos dera “En Passion” e, um ano depois,
“Lágrimas e Suspiros”, monumentais obras-primas. Mas, comparando-se
com a austeridade implacável de “Paixão”, “O Amante” é uma obra
menor que deixa nos espectadores alguma sensação de frustração. Não
porque os temas caros a Bergman não estejam lá. Falta-lhe, porém, o
peso de um universo fechado, angustiante, pungente a que estávamos
habituados. Retrato de uma corrosão (a imagem da Madona possuída
pelas larvas de uns insectos que a luz despertou para a vida, o que
representa a morte da própria imagem - é bem um símbolo deste
despertar fatal - um símbolo um pouco fácil, talvez), “O Amante” alterna,
na sua estrutura, momentos de uma certa impotência, com outros de
aparente e perfeito conformismo burguês, sequências de total
humilhação com outras de desencantado desespero.
Bergman, também ele com indecisões e hesitações, prossegue a sua
carreira. “O Amante” é tão-somente, uma etapa. Uma etapa a descobrir
pelo espectador. Ainda que, à saída, possa sentir uma certa frustração.
Mas, em Bergman, mesmo uma “obra menor” se não deve perder.
In “DN”, de 25 de Agosto de 1976
| 202 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
_SONATA DE OUTONO
Depois de algum (pouco) tempo fora da Suécia e das cores neblosas que
a sua luz crua inspira, eis Ingmar Bergman de regresso. Ao pais e ao seu
melhor. “Sonata de Outono”, um pouco na linha de “Lágrimas e
Suspiros”, volta a inscrever-se no ambiente fechado de uma casa onde
se defrontam - e confrontam - diversas personagens, predominantemente
femininas. Denso, apaixonante, vibrante, como quase todos os filmes
deste mestre sueco, um dos maiores entre os vivos, “Sonata de Outono”
reúne uma mãe, duas filhas e o marido de uma delas numa casa de
campo, algures no Norte (as referências sugerem a Noruega). A mãe
(admiravelmente interpretada por uma outra Bergman, Ingrid, sueca
também, que só depois dos 60 anos de idade consegue ser dirigida por
Ingmar), é uma pianista consagrada que consumiu a sua vida de concerto
em concerto, apurando uma arte e assegurando uma reputação. As filhas,
sôfregas de companhia, sofreram com o abandono desde pequenas. Uma
delas adoeceu gravemente (o filme não no-lo confirma, mas calcula-se
uma tuberculose óssea que progride até à paralisia), enquanto a outra,
sem amarras nem segurança, sem confiança que lhe valha em momentos
de desespero, aceita um marido que respeita, mas não ama, e se entrega,
de alma e coração, aos trabalhos da paróquia onde ele é sacerdote.
A mãe vem passar uns dias nessa casa e enfrentar finalmente as filhas
que lhe revelam tudo quanto até aí passara somente pelo seu
inconsciente. A hipocrisia dos primeiros encontros, polidos ou eufóricos,
cede perante a realidade dos sentimentos contraditórios que explodem.
Charlotte, a pianista, é convidada pela filha a um repouso retemperador,
depois do desgosto provocado pe!a morte de Leopoldo, seu amante; que
falecera recentemente, vítima de leucemia. Mas estas tréguas são
rapidamente transformadas num grande jogo de massacre, em que todos
têm algo a acusar e de que se penitenciar. A progressão é dramática e
obcecante. Numa imagem repousada e serena, a palavra fustiga. Soltamse os gritos contidos durante longos anos e os sussurros de dor. Os
gemidos que a doença provoca e as lágrimas. É a catarse que Bergman
parece remeter para a arte, e para a sua expressão rigorosa. É a pianista
que explica os “nocturnos” de Chopln que jogam com o sentimento, sem
serem “sentimentais”, devendo ser tocados de forma clara, rigorosa,
distanciada, dominando a emoção. É essa austeridade de processos que
impõe a ruptura, que sublima a emoção. É Ingmar Bergman repensando
a função do artista, pondo em discussão o seu estatuto de “excepção”,
convidando-se à reflexão.
Pondo em prática a teoria defendida, o cineasta segura o filme com a
mestria habitual. A secura narrativa é brilhantemente preenchida, pelo
volume de sentimentos que se desenham no interior das personagens e
que se entrecruzam no espaço do ecrã. O crescendo desta “sonata” é
medonho de lucidez e crueldade. Confrontando-se com os fantasmas que
as habitam, estas figuras dolorosamente marcadas pela solidão mais
| 203 |
cineeco2007
irremediável e a dor aproximam-se da morte na fragilidade de uma
velhice que permite já o ajuste de contas.
“Sonata de Outono” abre, todavia, com um monólogo do marido de Eva
que nos confessa, a nós espectadores a quem se dirige directamente, que
ama a sua mulher, e que bem gostaria de lhe ser possível dizer-lhe
quanto a ama. Porque, pelo meio das frustrações e do desespero, do
ódio e da mesquinhez. “Sonata de Outono” é de amor que se alimenta.
Como todos os grandes filmes, aqueles que ficam e sobrevivem a tempos
e modas, entrelaçados num tecido feito de amor e raiva, de desejo e
sonho, de sofrimento e dor. De como chegar a ele, ao amor, única
redenção possível para quem em nada mais acredita de extra-humano,
esse o percurso desta “Sonata” admirável.
In “Cicerone”, 1978
_O OVO DA SERPENTE
Um dos grandes equívocos que “O Ovo da Serpente”, de Ingmar
Bergmam, tem permitido, advém do facto de se tomar como essencial
nesta obra algo que é meramente acessório. Isto é: sendo “O Ovo da
Serpente” um filme “passado” na Alemanha de 1923, o mais fácil será
pensar-se que se trata de um filme “sobre” a ascensão do nazismo na
Alemanha, em 1923. Ora parece-nos que a Alemanha de inicio da década
de 20 funciona aqui apenas como cenário ideal para mais um estudo
intimista do cineasta sueco, mais uma deambulação impiedosa pelos
fantasmas que lhe povoam os sonhos e enformam os presságios.
É evidente que ninguém ousaria atacar Bergmam se o fisco sueco o não
tem obrigado a emigrar e procurar trabalho fora do seu país natal.
Ninguém acusou “A Vergonha” de ser um filme de ressonâncias políticas,
mas sim de manter da política uma leitura metafísica, abstratizante. E “O
Ingmar
Bergman
| 204 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
Silêncio”, com todas as suas conotações políticas e sociais evidentes, foi
sobretudo valorizado por isso mesmo. Mas o anátema surgiria logo que
Bergmam, via Dino de Laurentis, teve acesso a capitais norte-americanas
e pode com eles erguer os “décors” da Alemanha de 23. Proclama-se,
então, como evidencia que Bergman só na Suécia, como se Welles só
fosse possível nos ÉUA, Billy Wilder só na Áustria, Michael Curtis na
Hungria, Lang na Alemanha e etc. Palermices, é bom de ver.
É evidente que quando Michelangelo Antonioni visita os EUA, com um
feixe de ideias preconcebidas na cabeça, e aí roda “Zabriskie Point”,
como monumento dedicado à demagogia, os nossos comentaristas do
“lugar comum” exultam com a lucidez da crítica e a violência do panfleto.
Esquecendo talvez que, por detrás de tanta lucidez e violência, se
encontram também os capitais americanos, ainda que por outras vias.
Bom seria, portanto, que não olhando aos capitais que constituem a
argamassa de toda a obra, se analisasse a obra sem preconceitos tontos
de aprendiz de feiticeiro. E isto porque sendo os filmes que ficam e os
críticos que passam, são os filmes que fazem a glória, ou desdita, de
quem sobre eles escreveu, e não o inverso. Mais tarde ou mais cedo toda
a verdadeira obra de arte tem/teve/terá o seu momento de “descoberta”
e consequente valorização, acarretando consigo quem sobre ela se
exprimiu.
Outra palermice: desde há já longos anos que se critica Bergmam por
circular sempre em redor de uma mesma ideia, fazendo e refazendo o
mesmo filme vezes sem conta. Não se lhe perdoava, pois, o que noutros
é uma característica que só os valoriza: realizarem sempre o mesmo
filme. Quando surgiram “Lágrimas e Suspiros” levantaram-se vozes
afirmando que Bergmam ameaçava a esclerose, a repetição, a rotina.
Agora que deixa a ilha de Pharo, ataca-se pelo outro lado, reenviando-o
para a Suécia, “falar daquilo que conhece” e deixar “a, política para quem
sabe”. Já é vontade de não estar calado!
Acontece que, possivelmente para despistar quem de tal o acusa,
Bergman mudou de cenários e foi mesmo mais longe, contratando alguns
actores que nunca antes havia dirigido. Caso de David Carradine, cujo
trabalho excelente foi saudado um pouco por todo o lado, com excepção
desta exigente capital do reino, onde se lhe não vislumbra ponta por
onde se pegar. Inclusive Liv Ullman, que raras vezes tem atingido um tão
alto nível interpretativo, em sobriedade e dramatismo, em dor e
exasperação, não deixa de ser mimoseada com um tratamento pouco
amável para quem tanto de si mesma oferece a esta obra. Mas alguma
da dita “inteligência” portuguesa - que, pelo menos neste caso, de
“inteligência” poucas mostras dá - tomou este Bergman de ponta, antes
mesmo de o ver, se possível, e vá de desancar a obra, por tudo e por
nada.
“O Ovo da.Serpente” tem por cenário a Alemanha de 23. O tempo é o
que medeia entre 3 e 11 de Novembro, numa altura em que, em Munique,
| 205 |
cineeco2007
um ainda pouco significativo Adolfo Hitler tentava chegar ao poder
através do golpismo. Golpismo que, pensava-se então - e ainda hoje não passaria. A Democracia alemã dava mostras de não estar tão fraca
como tudo isso e derrotava o “putch de Munique”, para tranquilidade do
chefe da polícia, que com esta informação fecha o filme! Tudo isto,
porém, ainda que devidamente pensado e analisado historicamente, não
passa de cenário. Um cenário onde se irão movimentar Abel e Manuela,
sobrevivente de um trio de trapezistas estrangeiros que vivem em Berlim.
O terceiro elemento do grupo, Max, irmão de Abel e marido de Manuela,
suicida-se logo no início do filme, trespassando o crânio com uma bala.
Entre o seu espólio, alguns dólares e uma missiva ininteligível, onde
apenas uma frase sobressaía: “Há veneno no ar”.
O quadro de Bergman começa, desde logo, a desdobrar—se. Veja-se o
realismo minucioso do “décor” que vai ao ponto de se exprimir num
expressionismo quase decalcado daquele que dominou os anos 20 na
Alemanha (há planos e cenas em “Ovo da Serpente” que parecem
extraídos directamente de filmes germânicos da década de 20). Atente-se
ainda na importância que se confere a cenários como a rua, as escadas,
as grades das celas de prisões, os bordéis, as casas miseráveis, o “outro
lado do espelho” que rouba as almas aos que neles se vêem. Tudo isso
e muito mais, são temas dominantes na cinematografia alemã desse
período, e que Bergman relança, para os conduzir a uma abstractização
de temas, onde o símbolo adquire um significado e importância
indesmentíveis. Logo a partir do próprio título - “O Ovo de Serpente” referência a uma altura em que é já possível ver, à transparência, o que
o ovo encerra, sem que, todavia, disso se tenha consciência. Aqui se
volta, e com todo o apropósito, à Alemanha de 23. Hitler era já uma
realidade, mas uma realidade menosprezada, minimizada.
Ingmar
Bergman
| 206 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
Importante, porém, não é Hitler em si mesmo. Hitler só é importante
porque foi ele que polarizou a insatisfação do povo alemão. Mas se não
fosse Hitler seria outro títere qualquer. Essencial, no filme de Bergman, é
a pintura dos ambientes, os indícios de que o abismo se avizinha: a
inflação, a miséria, a decadência moral e social, a bancarrota, as
injustiças sociais gritantes, a extrema pobreza e a ostentação da riqueza,
o nojo, o horror, o terror. A apatia frente à morte.
O medo. “O Ovo da Serpente” é sobretudo isso. Um estudo dilacerante
de homens acossados pelo medo. Um medo que tem raízes profundas e
visíveis, mas se ultrapassa a racionalidade e atinge o estádio do medo
absoluto. Do terror. Do pavor. Medo que dilacera a consciência, que se
instala em cada olhar e gesto, que animaliza e estigmatiza, que
transforma o homem num ser encurralado.
In “Opção”, de 10 de Agosto de 1978.
_DA VIDA DAS MARIONETAS
Com “Da Vida das Marionetas”, Ingmar Bergman regressa ao cinema que
fizera a sua glória durante os últimos anos da década de 50 e toda a
década seguinte. Regressa à secura de “Persona”, à austeridade (pobreza
de recursos, pode mesmo dizer-se) e ao rigor que fizeram a surpresa de
tantas e tantas obras suas, ao preto e branco trabalhado admiravelmente
por um dos seus dois fotógrafos de sempre, Sven Nykvíst; ao doloroso
confronto de um casal “iluminado” pela curta aparição de várias
personagens secundárias que irão, de certa forma, “explicar” (ou
“concorrer para a explicação”) de uma atitude. Aqui esse acto limite é um
crime que Peter Egerman comete na pessoa de Katarina Kraff, uma
prostituta que ele encontra num clube de “strip tease” e a quem
assassina, depois do espectáculo, no palco vazio. Estas são as imagens
de um prólogo, rodado a cores, com uma predominância de vermelho e
negro que torna premonitórias as imagens e impõe a inter- penetração
do desejo e da morte, do sexo e do sangue, do amor e do ódío.
Cometido o crime, á imagem “vira” a negar e assim se irá manter ao
longo de toda a restante projecção, até regressar à cor nas imagens finais
do epílogo.
Entre aquele prólogo e este epílogo, “Da Vida das Marionetas” organizase como um inquérito que procura conhecer o porquê daquele acto.
Investigação conduzida pelo cineasta (os depoimentos dirigem-se
frontalmente à câmara) e intercalada por inter-títulos que isolam
sequências e as caracterizam como peças desse vasto “dossier”. Assim,
cada nova sequência é introduzida por uma sucinta descrição: “Vinte
horas depois”, “Catorze dias antes”, “Uma semana depois”, “Carta que
Peter não chegou a enviar”, etc. À medida que o investigador vai
reunindo novos conhecimentos (“conhecimentos” que lhe vão chegando
por diversas vias: o depoimento da mãe de Peter, a recordação de cenas
íntimas passadas com o casal (uma noite sem dormir, poucos dias antes
| 207 |
cineeco2007
do crime, por exemplo, ou a tentativa de suicídio de Peter), o parecer do
psiquiatra (parecer que perde muita da sua possível eficácia pela
intromissão de um dado dissonante, o das suas relações com a mulher
de Peter), a confissão, e posterior depoimento policial, de um sócio da
mulher de Peter, cenas do trabalho de Peter e de sua mulher, etc.), o caso
vai adquirindo uma maior complexidade e ressonância. O crime de Peter
Egerman repercute-se em cada palavra e imagem recolhida.
Lentamente Bergman conduz-nos à revelação do título: “marionetas”. “O
comportamento da mulher de Peter, enquanto modelo de alta costura,
passando modas numa “passerelle” onde os seus gestos assumem a
silhueta das marionetas. Marionetas são ainda marido e mulher, num
sonho, com o casal na cama, filmado de cima, num picado vertical,
transformando-se cada gesto seu num movimento descoordenado de
títere. Mas, se gestualmente a associação se encontra estabelecida neste
ponto, será a lancinante confissão de um homossexual que contribuirá
para a leitura “Todos somos impelidos -por forças que não controlamos:
drogas, médicos, amantes, trabalho, álcool, políticos... Todos os
caminhos se encontram vedados - becos sem saída”.
Muitos dos temas preferidos de Bergman regressam com o preto e branco
destas “Marionetas”: a transferência de personagens, que se estabelece
através de um elemento (aqui o nome de Katarina, que associa a mulher
de Peter com a prostituta que ele assassina), o niilismo de uma sociedade
sem saída, que comanda as pessoas e as controla pela educação, as
relações sociais, os traumas psíquicos (neste filme voltam a aparecer a
mãe possessiva, a mulher dominadora, a sociedade redutora, o fantasma
da homossexualidade e da impotência, o pavor da velhice e da morte do
corpo...), o inferno a dois nas relações fratricidas que se estabelecem no
casamento, a angustia perante o irremediável. Tudo isto exposto como
Ingmar
Bergman
| 208 |
cineeco2007
Ingmar
Bergman
espectáculo, num palco (o palco onde a prostituta exerce a sua segunda
profissão, o “stripe tease”; o palco onde irá morrer; o palco onde Katarina,
mulher de Peter, passa modelos; o palco que são as pessoas
representando umas em relação às outras; o paciente para o psiquiatra;
o psiquiatra para Peter quando este espreita as relações dele com a sua
mulher; o depoente para com o investigador policial; todas as
personagens para com a câmara; o filme para o próprio espectador.
Filme sobre o cansaço de urna civilização, sobre “a morte dos
sentimentos” que deixa as pessoas movimentarem-se no vazio,
gesticulando grotescamente, “Da Vida das Marionetas” é outro grande
momento na carreira de Ingmar Bergman, atravessado por uma violência
física e psicológica que caracterizam grande parte da sua obra derradeira.
In “DN”, de 28 de Setembro de 1981
_FANNY E ALEXANDRE
Quando aqui há dias, neste mesmo espaço do “DN”, falámos dos filmes
este ano “oscarizados” pela Academia de Hollywood, referimo-nos a
“Fanny e Alexandre”, de Ingmar Bergman, afirmando que, em virtude dos
seus quatro prémios, o mesmo não deixaria de ser reposto em ecrãs de
Lisboa, mais dia menos dia. Foram menos os dias do que os esperados.
“Fanny e Alexandre” aí está de novo para um confronto com o público
lisboeta, agora coroado com os galardões de “melhor filme estrangeiro”
de 1983, “melhor fotografia” (para mestre Sven Nykvist), “melhor guardaroupa” e “melhor direcção artística”. Quatro Óscars para um filme
“estrangeiro”, era coisa até agora nunca vista pelas bandas de
Hollywood. Mas também Ingmar Bergman é cineasta de respeito, tanto
mais que ele mesmo anunciara que este era “o seu último trabalho para
cinema”, que, a partir daqui, “só se interessaria pelo teatro, pela ópera,
e... por uma ou outra incursão pela TV”. A ver vamos se o cinema não o
voltará a cativar, mas, para já, temos “Fanny e Alexandre” de regresso,
ainda como filme testamento, obra somatória de todas a outras, possível
ajuste de contas com a sociedade sueca, aonde regressa para rodar este
derradeiro testemunho.
“Fanny e Alexandre” assume-se assim como obra autobiográfica, história
de uma família em redor de 1910, vista essencialmente pelos olhos de
duas crianças, aquelas que dão o nome ao filme e que bem poderia ser
“Fanny e Ingmar”, dado que o dito Alexandre funciona obviamente como
projecção de recordações de infância do próprio Ingmar Bergman. Mas o
filme ostenta uma construção que é bem mais complexa do que uma
vulgar recordação de infância. Através dele é toda uma vida que se
rememora, toda uma filosofia que se procura organizar, toda uma carreira
que se fundamenta e se explica. Vendo “Fanny e Alexandre” não
podemos deixar de recordar vários outros títulos de Bergman, alguns dos
mais marcantes, e que se encontram inscritos no traçado desta obra a
vários títulos fascinante e de uma beleza formal admirável.
| 209 |
cineeco2007
A película organiza-se, aliás, em três momentos que correspondem a
outros tantos tempos no percurso de Alexandre e de sua irmã Fanny. Num
primeiro tempo. Bergman reconstitui o conforto e o aconchego de uma
época de felicidade e de bem-estar, no interior de uma família de actores
e empresários teatrais, onde predomina a bonomia própria das grandes
famílias que cruzam a sua vida com a do próprio espectáculo. É o tempo
de um Natal, com a família reunida em redor de uma avó, sentados todos
à volta de uma mesa por onde perpassam as alegrias e os seus pequenos
dramas, os segredos e as inquietações do dia-a-dia. É um tempo de
felicidade e despreocupação, com as crianças rodeadas de carinho e
amor, retendo da vida uma imagem que é uma representação - aparência
-ofertada pelos adultos (cenas de teatro de lanterna mágica; a própria
ceia que se organiza como uma representação teatral).
A morte do pai de Fanny e Alexandre irá lançá-los num período de. trevas
e dor, provocado pelo casamento da mãe com um pastor de um
puritanismo feroz, de uma agressividade de carácter que conduz a uma
vigilância constante, atormentado por ideais de pureza e sofrimento,, que
levam o pecado e a sua redenção a cruzarem-se com a tortura e o castigo
mais mesquinhos. Alexandre e Fanny vão atravessar esse tempo,
descobrir o outro lado da vida, iniciando-se uma aprendizagem de
desamor e cativeiro, de ameaças sinistras e de total secura emocional.
Depois da festa e das luzes, a penumbra opressiva que cria fantasmas e
terrores. Grande parte da anterior filmografia de Bergman é explicada por
esta travessia do horror, que conheceu na pele, durante a sua própria
infância, e que se manifesta em diversos títulos da sua obra mais
nocturna.
O combate do criador com as sombras que o aterrorizam principia então,
quando o tio rapta as crianças de casa do padrasto. A família voltará a
Ingmar
Bergman
| 210 |
cineeco2007
reunir-se, depois da morte trágica do pastor, e as sequências finais são
algo surpreendentes, vindas como vêm de Bergman. É a exaltação do
hedonismo, um fervoroso hino à vida e aos seus prazeres mais vitais
aquilo que o cineasta aponta nas derradeiras imagens desta obra que se
abre para um optimismo invulgar, Com uma candura desarmante, “Fanny
e Alexandre” corresponde neste aspecto a uma etapa nova na carreira de
Bergman, que parece ter ascendido à suprema sabedoria, depois de ter
esconjurado um longo período atormentado por fantasmas e terrores que
marcaram toda a sua produção anterior. É esta luta entre o artista e os
demónios que o habitam e o circundam que parece retratar-se nessas
sequências menos claras, cifradas, que Alexandre vive/imagina em casa
do tio judeu.
Momento alto na carreira de Ingmar Bergman, “Fanny e Alexandre” é
servido por uma fotografia deslumbrante, que traz a assinatura de Sven
Nykvist, e apoia-se num notável naipe de actores, como sempre dirigidos
com a sobriedade e o vigor reconhecidos a Bergman. Indispensável,
portanto.
In “DN”, de 23 de Setembro de 1984
Ingmar
Bergman
_DEPOIS DO ENSAIO
Aquando da estreia de “Fanny e Ajexander”, Ingmar Bergman havia
afirmado que aquele era o seu último filme, o seu derradeiro contacto
com o cinema, o seu testamento em matéria de imagens. Dír-se-ia que a
partir daí Bergman se contentaria com o teatro e as óperas, mas a
verdade é que, logo no ano seguinte, aparece novo título com a sua
assinatura, ainda que este especialmente filmado para televisão: “Depois
do Ensaio”. Mas, rodado para televisão ou não, o filme é seleccionado
para Cannes/84, demonstra que Bergman é ainda, e sempre, um dos
maiores, estreia-se por todo o lado, é aparece agora na programação da
nossa RTP, depois de ter estado anunciado num cinema da nossa capital.
Mais uma estreia na RTP, portanto, esta com foros de sensação.
Um encenador de teatro, no crepúsculo da sua vida, fica como
habitualmente no teatro, depois do ensaio, confrontando-se com o
silêncio das paredes e a solidão de uma plateia vazia. Mas, nesse dia,
duas mulheres vêm até junto dele recordar-lhe fases importantes da sua
vida passada, avivando-lhe reflexões sobre o amor, a vida, a arte, a
inspiração, a velhice. No final, é um pouco a máxima “onde termina a
vida e começa o teatro” que se encontra ilustrada com a densidade de
diálogo e a austeridade de processos tradicionalmente atribuíveis a
Ingmar Bergman.
In “Sete”
CineEco2007
MICHELANGELO
ANTONIONI
| 212 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
_NOTAS SOBRE ALGUNS FILMES DE MICHELANGELO ANTONIONI
1.
Michelangelo Antonioni nasceu em Ferrara, a 29 de Setembro de 1912. Estuda
Economia em Bologna e regressa depois a Ferrara, ingressando no
jornalismo. Tempos depois, em Roma, inscreve-se no Centro Experimental de
Cinema, colaborando, simultaneamente, em diversas publicações,
nomeadamente na revista “Cinema”. Em 1942 inicia o seu trabalho no
cinema, como assistente de Enrico Fulchignoni (“I Due Foscari”) e também
de Marcel Carné, em “Os Trovadores Malditos” (“Les Visiteurs du Soir”).
A partir dessa altura dedica-se abertamente ao cinema, escrevendo diversos
argumentos para películas dirigidas por outros, ao mesmo tempo que
começa a realizar as suas primeiras obras, ainda no domínio da curta—
metragem.
Como argumentista colaborou em “Il Due Foscari”, de Enrico Fuíchignoni
(1942); “Um Pilota Ritorna”, de Roberto Rossellini; “Caccia Trágica”, de
Guiseppe de Santis (1947) e “O Sheik Branco” (Lo Sceicco Bianco), de
Frederico Fellini (1952).
Como realizador de curtas-metragens assinou “Gente del Po” (1943-1947);
“Netteza Urbana” (1948); “L’Amorosa Menzogna” (1949), “Superstizione”
(1949); “La Funicia dei Faloria” (1949); “Sete Canne, Un Vestito” (1949); “La
Villa dei Mostri” (1950) e “Uomini ín Piu” (1955).
Entretanto, em 1950, dirige o seu primeiro filme de fundo; “Escândalo de
Amor” (Cronaca di un Amore), a que se seguem, nesta fase inicial, dominada
por um certo ambiente neo-realista, “I Vinti” (1952), “A Dama sem Camélias”
(La Signora senza Ca-melie, 1953), “Tentado Suicídio”, episódio do filme em
“sketches” “Retalhos da Vida” (L’Amore in Cittá, (1953), “Le Amiche” (1955) e
“O Grito” (II Grido) que culminará, de forma brilhante, este período.
2.
Primeira longa-metragem de Michelangelo Antonioni, “Cronaca di Un Amore”,
rodada em 1950, na região de Milão, esta película procura ser uma espécie
de “filme negro” americano, um pouco na linha de certos títulos que fizeram
escola nos anos 40. Muito influenciado pelo estilo e pelo ambiente de James
Cain, o autor de “O Carteiro Toca sempre Duas Vezes” (que Visconti também
adaptou ao cinema em “Ossessione”), “Escândalo de Um Amor” fala-nos de
um casal de amantes que trazem consigo o peso de um crime e que por ele
se sentem culpados, ainda que a força do acaso lhe permita viver em
liberdade. A morte da sua vítima em lugar de os unir, desfaz o seu amor e
separa-os definitivamente.
Os elementos típicos do “filme negro”, adaptados à realidade italiana,
aparecem nesta obra que chama desde logo a atenção do público e da crítica
para o cinema de Antonioni: quartos de hotéis, detectives particulares, carros
e perseguições, a suspeita, o ciúme, o crime por amor. Um bom princípio de
carreira, auxiliado peia presença marcante de Lúcia Bosé.
3.
Depois de “Escândalo de Um Amor”, “A Dama sem Camélias” é,
possivelmente, um título menor na filmografia deste cineasta italiano, mas
ainda assim extremamente interessante, dado que alguns dos temas e das
preocupações do realizador se encontram já aqui esboçados.
Clara Manni, actriz de cinema, famosa pela sua beleza e atributos físicos,
casa-se com um produtor que está decidido a lançá-la em filmes diferentes,
mais exigentes e “sérios”, experiência que, no entanto, redunda num
fracasso. Clara abandona então o marido, envolve-se em várias aventuras
sentimentais que não levam a lado nenhum e acaba por resignar-se a
aparecer em filmes medíocres onde é apenas mais um objecto entre outros.
No centro de “Dama sem Camélias”, a mulher, que lentamente se transforma
numa das preocupações fundamentais do cinema de Antonioni. Há, todavia,
que notar que esta heroína de 1953, passiva, dominada do exterior, pela
vontade do público, do marido, dos amantes, se afasta bastante do modelo
feminino do autor, anos depois concretizado em obras fundamentais como
“O Grito”, “A Noite”, “O Eclipse”, “Deserto Vermelho”, “O Mistério de
Oberwald”, etc.
Procurando já furtar-se a um neo-realismo que estiolava, mas agarrado ainda
a algumas das suas características, “A Dama sem Camélias” é um filme de
transição, importante para definir uma etapa que ajuda a compreender um
percurso.
4.
Cineasta da “alienação”, como era considerado, com justeza, aliás, pela
generalidade da critica nos anos 60, Antonioni afasta-se, todavia, de uma
análise esquemática e maniqueísta da sociedade e das suas crises, por um
| 213 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
| 214 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
aprofundar dos sentimentos individuais e um estudo da sua deterioração
progressiva, em confronto com essa mesma sociedade. Isso é já manifesto
em obras como “Cronaca di Un Amore” ou “La Signora Senza Camelie”, mas
torna-se mais claro numa película como “O Grito”, uma das suas obrasprimas indiscutíveis, um título que é um marco na sua filmografia,
antecedendo, e dando ligação à sua tetralogia imediata, que o irá impor
como um dos maiores cineastas do pós-guerra.
Análise de uma crise, estudo minucioso de uma desagregação emocional, “O
Grito” abre novas perspectivas ao cinema italiano, caldeando, em imagens
sublimes, a interioridade de uma personagem e o clima social de um tempo.
Admirável, como a fotografia, a preto e branco, de Gianni Di Vennanzo.
Uma crítica pertinente de Manuel Pina, publicada aquando da estreia de “O
Grito”, rebatendo os frágeis e esquemáticos raciocínios de Aristarco
(historiador do cinema indubitavelmente importante, mas demasiado
manietado por um método crítico que não lhe permitia analisar em
profundidade o que se estava a processar na Itália, no declinar da década
de 50), podia ler-se: “Nos filmes anteriores de Antonioni estivemos sempre
em presença de uma crise; mas até aqui as histórias situavam-se na
burguesia. Parece não se perdoar a Antonioni tornar extensivo à classe
operária o conceito de alienação. A verdade é que existe uma diferença: ao
passo que nos filmes anteriores a crise nos era dada como situação normal,
aqui ela apresenta-se-nos como excepção no meio de indivíduos
empenhados em tarefas de outro tipo, mas a excepção que representa Aldo
não é tão pouco generalizada que mereça atenção; e, acima de tudo, tornase particularmente importante pelas consequências que pode acarretar.”
E mais adiante: “Por isso não me parece acidental, como pretende Aristarco,
a escolha de um operário para figura central da história. Antonioni fê-lo
deliberadamente, com o intuito de provar a falsidade do raciocínio
elementar que pretende que a consciência de um indivíduo é rigidamente
determinada pela classe a que pertence. Esta é de resto também a opinião
de Renzi. “O Grito” oferece-se assim como uma demonstração do que pode
acontecer quando um indivíduo, incapaz de resolver o conflito indivíduosociedade, coloca em primeiro plano os seus problemas pessoais: tal
indivíduo fugirá sempre sistematicamente à necessidade da escolha, e o
caminho que percorre conduzi—lo-á necessariamente à autodestruição.”
Estas longas citações colocam-nos imediatamente no centro do problema
levantado por “II Grido”. Depois de ter sido abandonado peia amante (Irmã),
Aldo, um operário especializado de uma fábrica de açúcar da planície do Pó,
deixa a sua aldeia nata!, acompanhado pela filha.. Deambula ao longo do
rio, visita uma antiga namorada, vive depois durante alguns dias com a
proprietária de uma bomba de gasolina, finalmente com uma prostituta. A
todas abandona, regressando à sua aldeia, onde vem a saber que Irmã tem
já um filho de outro homem. Ao atravessar o povoado, verifica que os seus
antigos colegas andam envolvidos em manifestações contra a expropriação
de uns terrenos locais. Aldo, porém, está cansado. Ele próprio o confessa.
Por seu turno, os antigos companheiros já nada têm a ver com ele. Um deles
chega a dizer-lhe: “Depois falarei contigo. Agora tenho outras coisas que
fazer”. Tornado um estranho para si e para os outros, Aldo sobe ao alto da
sua antiga torre e suicida-se. O grito de Irmã não acusará eco. Lá longe, a
multidão continuará a correr noutra direcção.
Análise de uma crise, “O Grito” é para nós um dos melhores filmes de
Michelangelo Antonioni. Embora cientes da importância de obras futuras,
como “A Noite”, “O Eclipse”, “O Deserto Vermelho” ou “Blow—Up”, embora
admitindo uma ulterior depuração estilística, a verdade é que “O Grito”
permanece com um lugar à parte, destacando-se pela sua sinceridade
narrativa, por todo esse longo caminho que conduzirá o protagonista à sua
autodestruição, depois de ter atravessado as paisagens lamacentas e
enevoadas do delta do Pó. O cineasta da lucidez (como se lhe chamou) já
ultrapassa em “O Grito” as coordenadas de um realismo estático, atento
unicamente aos grandes momentos da história italiana. Com “II Grido”,
Antonioni abre novas perspectivas à cinematografia italiana, paralisada sob
as novas ameaças do neo-capitalismo. Como consequência directa da
mutação da realidade social italiana nos últimos anos, haveria que fazê-la
acompanhar por idêntico processo crítico. Isso tem tentado Antonioni.
Poucas vezes, porém, com a clareza e a simplicidade expositiva deste “O
Grito”, que, por si só, bastava para impor a reputação de um dos maiores
cineastas contemporâneos.
Indissociavelmente ligados aos propósitos do autor vamos encontrar todos
os elementos constitutivos da obra. A fotografia de Gianni di Vennanzo, a
montagem de Eraldo da Roma, a música de Giovanni Fusco, ou a
interpretação, tudo se conjuga de forma a oferecer ao espectador uma
imagem aproximada de um estado psicológico e social.
| 215 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
| 216 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
5.
“L’Avventura” data de 1960, e assinala o início de um ciclo que se vai
prolongar em “A Noite” (“La Notte’, 1961), “O Eclipse” (“L’Eclisse”, 1962) e
“O Deserto Vermelho” (“Deserto Rosso”, 1964), um ciclo durante o qual
Antonioni vai analisar alguns aspectos da burguesia italiana, referindo a
crise de sentimentos que a caracteriza e que se torna particularmente visível
a partir de meados dos anos 50, após o ressurgimento económico da Itália
do pós-guerra e durante os primórdios daquilo a que se convencionou
chamar o “milagre” italiano, e também “il boom”.
Depois de “O Grito”, Antonioni (que se filiara até aí num cinema de raiz
romanesca, ainda que denso, rigoroso), resolve explorar outros caminhos,
trocando o meio operário do Vale do Pó pelos meios burgueses das grandes
cidades. Esta mudança de direcção não representou, no entanto, uma
ruptura no seu pensamento. Apenas um deslocar de preocupações que
passaram a ser expressas segundo uma outra estruturação dramática. “A
Aventura” lança as primeiras bases de um cinema intencionalmente lento,
que se comparou já ao “nouveau roman” não sem razão, feito de silêncios
e de movimento, um cinema de olhares e de objectos, um cinema que se
queria profundamente pessoal. Não foi de estranhar, portanto, a reacção do
público de Cannes (em 1960) ao receber a fita com apupos e gritos de raiva.
Um crítico afirmaria nessa altura: “Trata-se uma obra de luxo realizada para
cinco mil espectadores em todo o inundo”. Felizmente alguns críticos
também se enganam e, hoje em dia, em obras muito mais herméticas e
difíceis. Antonioni conta mesmo com sucessos comeriais (vide casos de “O
Deserto Vermelho” ou “BIow-Up”, por exemplo).
Regressemos porém, a “Aventura”: Antonioni, numa entrevista publicada na
época da sua estreia, explicou o filme da seguinte forma: “Superficialmente
“L’Avventura” pode parecer uma história de amor um pouco misteriosa.
Durante uma excursão, uma rapariga desaparece. Isto cria um vazio que é
seguidamente preenchido por outros acontecimentos; para o noivo e para
a amiga da jovem, a sua procura torna-se numa espécie de itinerário
sentimental, no fim do qual ambos se encontram numa situação nova e
verdadeiramente imprevista.”
Na verdade. “A Aventura” consegue, de início, criar um clima de filme policial
que se vai desenvolver ao longo de toda a obra, mas de que o centro da
acção se vai progressivamente afastando. História de um amor,”A Aventura”
é, antes de tudo o mais, relato de uma degradação humana. Degradação
que se irá reflectir na figura de Sandro, um arquitecto que lentamente vai
cedendo perante novas ofertas que lhe calam os projectos dos seus 23
anos; na figura de um empregado de hotel, verdadeiro “robot” de eficiência
e de desumanidade; no círculo de amigos que organizam a excursão até às
ilhas Líparis e na pintura dos quais Antonioni exerce uma crítica violenta e
desapiedada; ou, sobretudo, na figura de Claudia (Mónica Vitti), mulher que
lentamente vai fazendo do ócio forma de existência, até perder o domínio
dos próprios sentimentos (“Há poucos dias. ao pensar que Anna poderia
estar morta, sentia-me morrer também. Agora já nem choro. Do que tenho
medo é que ela esteja viva. Tudo se está a transformar com demasiada
facilidade. Até a dor parece desaparecer”). Também em Anna que, perante
a derrota inevitável, preferiu o suicídio.
Solidão e incomunicabilidade no seio de uma sociedade capitalista,
ferozmente industrializada, eis o tema de “A Aventura”. Agonia dos
sentimentos num meio social habituado à cedência e ao disfarce, “A
Aventura” reflecte, porém, um ou outro aspecto em que é visível o seu
envelhecimento. A lentidão da sua escrita era ainda um elemento de estilo
mal dominado por Antonioni, bem assim como um ou outro rebuscamento
da imagem (enquadramentos e movimentos de câmara) extremamente
denunciados. São, por outro lado, evidentes a beleza de grande parte dos
seus planos (nomeadamente na sequência das ilhas) e a intencionalidade
da narrativa, profundamente estudada e minuciosamente cumprida.
Pode dizer-se que o cinema de Antonioni tem sido, sobretudo desde “O
Grito”, uma tentativa de exploração do espaço interno das personagens por
si escolhidas. Espaço interno que, embora condicionado e delimitado pela
realidade circundante, raro abre para o exterior, construindo-se assim num
espaço fechado e, nas mais das vezes, vazio e não disponível. Preenchido
simplesmente pelo vazio. Falou-se, e não sem razão, da incomunicabilidade,
da impossibilidade das relações (logo do amor, da amizade) dentro dos
esquemas conhecidos de uma sociedade industrial (ou industrializada) e
técnica (ou tecnicizada). O homem, cada vez mais longe das causas primeiras
de uma civilização policroma, simultaneamente aliciante e misteriosa, oscila
nas suas convicções, perde o contacto com a realidade (e consigo próprio,
enquanto membro dessa realidade) e aliena-se. Donde falar-se (e ainda com
razão) de um tema central na obra de Antonioni: a alienação.
| 217 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
| 218 |
cineeco2007
De “O Grito” a “O Deserto Vermelho”, Antonioni tem vindo a analisar o
homem alienado no seio de uma sociedade de consumo. Um tema muito
em voga nas décadas de 50 e 60, no interior do chamado “realismo
socialista” de inspiração comunista ortodoxa, mas a que Antonioni trouxe
uma nova perspectiva e uma respiração moderna e não muito convencional,
como já vimos. Mas os seus protagonistas apresentam, quase todos,
sintomas mais ou menos vagos de uma tomada de consciência dessa
alienação. Alienação nalguns casos assumida, mas nunca contrariada. As
tentativas de superação desse estado revelam-se, em todos os casos,
tímidas e receosas. A indiferença é, consequentemente, o espírito que
Antonioni denuncia. Indiferença é (dizem-nos) o que se passa entre Sandra
e Cláudia (“A Aventura”) que, impotentes para resolverem a crise que os
atinge, resolvem continuar: indiferença é ainda a solução de “A Noite” onde
Giovanni e Lídia adiam uma ruptura previsível: indiferença é o estado de
Vittoria e Piero que atravessam “O Eclipse;” indiferença é também a nãosolução de Giuliana, em “O Deserto Vermelho”. Indiferença, veremos será
ainda a opção de Thomas, em “BIow-Up”.
Michelangelo
Antonioni
6.
“O Eclpse” é uma obra da qual poderemos não falar de um tema. Por assim
dizer nada se passa durante as duas horas da sua projecção. Nada se passa,
no sentido tradicional da expressão. Não há o que se possa chamar uma
acção central, definida; não há sobretudo, qualquer tentativa aparente de
narração dramática tradicional.
Antonioni antes pretendeu colocar o espectador perante factos, elementos
dispersos, carregados de significado e de intenção, que observados e
apreendidos pelo nosso olhar, recriariam o clima e o ambiente que procurou
transmitir. Como tal a película não tem necessariamente um fim, nem sequer
se poderá nela encontrar um início.
Tudo começa e acaba como se tivesse sido colhido do natural, de improviso.
O ambiente surge de chofre, numa longa sequência de intercalados silêncios
e termina num silêncio muito mais pesado e denso, desumano e trágico.
Não há princípio, nem fim, neste eclipse. Tudo fica a pairar, em estado
latente, sem nada se esclarecer ou elucidar. Será esta característica a
consequência da ausência de uma forte coluna vertebral sobre que
assentam as obras e de que Antonioni deliberadamente se alheia? Ele
próprio diz: “Detesto os filmes de mensagens. Procuro simplesmente contar,
ou mais precisamente mostrar, certas vicissitudes e espero que elas
agradem, mesmo que sejam amargas. (...) Mas é o próprio filme, acabado,
que deve revelar o seu significado. Se possuirmos ideias, e se somos
sinceros na nossa narração, elas acabam sempre por se impor”.
“No plano da construção dramática, “O Eclipse” distingue-se pela sua
originalidade. Compreende quatro partes distintas: 45 minutos consagrados
só a Vittória, 40 minutos consagrados só a Piero, 39 minutos consagrados
às suas relações, 10 minutos de poema sobre os objectos, consagrados a
| 219 |
cineeco2007
filmar a ausência de Vittória e de Piero” (Pierre Biltard – “Cinema 62”, N.”
66).
Um dia amanhece. Vittória (Mónica Vitti) rompe com Roberto (Francisco
Rebal), Apesar de tudo o que este lhe alega, ela está inabalável na sua
resolução. Os objectos participam do desacordo. Um cinzeiro que se parte
é, significativamente, a sinal, o indício de que tudo é irremediável. Robert
Benayoun: “Os abjectos, os surrealistas mostraram-no bem, têm uma
“carga” emotiva que depende sobretudo da sua posição relativa e que se
exerce nos próprios lugares que habitam. Mesmo que um só seja deslocado,
o encantamento cede o passo à inquietude, mesmo à ameaça”. (Positif), n.*
49).
Vittória vai à Bolsa procuraria mãe, Novo ambiente nos é revelado, com a
sua loucura, a sua alienação, a rivalidade sem escrúpulos. Mãe e filha
encontram-se. Mas cada uma tem as suas preocupações próprias e alheiamse uma da outra.
De regresso, Vittória vai a casa de uma amiga do Quénia, onde passa parte
da noite, conhecendo e deixando-se impressionar por uma África de bilhetepostal, folclórica e frívola. Isto serve-lhe de pretexto para se deixar envolver
por todo o primitivismo negra, pelo amor instintivo e sensual.
No dia seguinte volta à Bolsa. Uma baixa catastrófica arruína muita gente.
As altas finanças ressentem-se do facto; os pequenos jogadores vão à
falência completamente. A mãe é uma das vítimas. Vittória conhece então
um corretor jovem - Piero (Alan Deloin) - rapaz trabalhador, atarefado e
inteiramente devotado às altas e baixas da Bolsa. Piero acompanha-a a casa
e entre ambos vai-se estabelecendo um contacto mais intimo. Diversos
episódios se passam até que Piero e Vittória se identificam num amor
apaixonante. A separação virá, porém. Vittória pergunta: “Há,
verdadeiramente, necessidade de amar?” Ao que o filme se encarregará de
Michelangelo
Antonioni
| 220 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
responder negativamente. A película termina com uma longa e bela
sequência desumanizada, fria e coisificada, onde se vão vendo os diversos
locais nos quais se foi construindo o idílio de Piero e Vittória. Estão vazios,
de gente. A paisagem é árida e sombria. O ambiente é pesado, metálico, de
cinzentos lúgubres. Uma leve aragem faz oscilar os ramos de algumas
árvores. A ausência dos amantes è, então, sentida de maneira trágica. Cai a
noite. Ilumina-se a cidade. Um grande plano de um candeeiro de avenida
surge, ofuscante de luz.
Foi Antonioni quem afirmou: “Não ê verdade que o neo-realismo acabou,
ele evolui, pois um movimento, uma corrente, apenas acabam quando são
substituídos por um desenvolvimento posterior. (...) O neo-realismo do
após-guerra, quando a realidade era tão escaldante e imediata, chamava a
atenção sobre a relação existente entre o personagem e a realidade. Era
justamente essa relação que era importante e que criava um cinema de
situação. Actualmente ao invés, enquanto a realidade mais ou menos se
normalizou, parece-me mais interessante examinar o que ficou nos
personagens das suas experiências passadas”. Ou, de outro modo: “Na hora
actual, num cinema normalizado - bem ou mal -, a narrativa prende-se
menos às relações do indivíduo com o ambiente do que ao indivíduo em
si, em toda a sua complexa e inquietante verdade. O que é que atormenta
e impele o homem moderno? Daquilo que acontece, a si e ao mundo, quais
são as ressonâncias em si mesmo?” Mas foi, igualmente, o mesmo autor
quem disse: “Penso que os homens de cinema deviam estar sempre
ligados, tal como a sua inspiração, ao seu tempo, não tanto para exprimilo e interpretá-lo nos seus acontecimentos mais realistas e mais trágicos (…),
como para dele recolher as ressonâncias para podemos ser conscientes e
sinceros connosco mesmo, honestos e corajosos para com os outros”.
A respeito da sinceridade, fala mais adiante: “Ser sincero implica fazer uma
obra um pouco autobiográfica. Um realizador que trabalha sinceramente é
um homem antes de ser um autor e põe-se inteiramente nos seus filmes e
exprime, portanto, a sua moral, as suas opiniões”.
As afirmações de Antonioni atrás transcritas servem para explicar, em certa
medida, o filme em questão. Na realidade, se “O Eclipse” se pode considerar
uma obra enraizada num certo contexto que é analisado, não é menos
verdade ser uma obra nitidamente pessoal, não diremos autobiográfica,
mas, pelo menos, reflexo de uma posição moral e de opiniões bem próprias
e características.
O ritmo cinematográfico de “O Eclipse” é, voluntariamente, lento e essa
lentidão é conseguida por sucessivos planos, de curta duração que, em
lugar de fazer avançar a acção, a retardam, fragmentando-a em planos
colhidos de diversos ângulos. Há, como que uma análise da realidade.
Nota-se, por outro lado, em “O Eclipse” como já o assinalámos, uma
intromissão dos próprios objectos na acção, no desenrolar do tema. É
frequente assinalar-se um pormenor que capta um cinzeiro, uma folha, um
pedaço de madeira, uma avenida deserta, uma faixa de passagem de peões,
etc. Quase diríamos ser o inorgânico a explicar o comportamento dos
personagens.
Tal como em “Mariembad”, de Resnais mas neste caso de uma outra forma,
podem-se e devem-se notar as flagrantes semelhanças entre Antonioni e o
“nouveau-roman”. A influência deve ser recíproca mas é possível que
tenham sido os primitivos filmes de Antonioni a sugerirem a utilização desse
processo narrativo. Cremos que foi Claude Simon quem declarou que toda
a sua obra literária era directamente influenciada pelo cinema de
Michelangelo Antonioni.
7.
Falar do Antonioni de “O Deserto Vermelho” é de certa forma repetir
algumas das mesmas considerações já aplicadas a títulos como “A
Aventura”, “A Noite” ou “O Eclipse”. O realizador, obcecado por uma
temática que o dominava há muito (e que nunca o abandonará, apesar da
renovação operada por vezes), aprofunda e aperfeiçoa a abordagem, de
obra em obra.
Incomunicação, isolamento, solidão, inadaptação ao mundo moderno,
alienação, frustração feminina, impossibilidade do amor numa sociedade
egoísta e fechada sobre si própria, são conceitos que invariavelmente
surgem nas películas de Michelangelo Antonioni. Repetindo-se, porém,
tematicamente, Antonioni evolui, depura-se estilisticamente. “Deserto
Rosso”, formalmente, é uma obra acabada, completa e perfeita.
Giuliana, figura central (de novo Mónica Vitti) é mais um caso de
desadaptação ao mundo moderno, industrial, de que participa o seu
marido. Alienada nesse universo de autómatos, robots, paredes nuas,
despojadas, radares e ruídos metálicos, Giuliana procura refúgio. O marido
| 221 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
| 222 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
não lhe dá a atenção necessária e surge então Conrado. Esboça-se um idílio.
Giuliana tenta romper as paredes e inserir-se no mundo. Não o consegue,
porém. Surge o fracasso, o isolamento e a impossibilidade do amor. O
marido, por um lado. Conrado, por outro, tornam-se-lhe estranhos. Os
sintomas de uma discreta esquizofrenia avolumam-se. Inscrevendo o caso
pessoal de Giuliana num ambiente industrial, Antonioni decide caracterizar
este meio. Serve-se para isso das imagens de uma greve, de uma ou outra
frase e, decisivamente, de toda uma sequência na cabana de Max, na qual
esboça o clima de uma modernidade sofisticada e amoral.
Plasticamente este filme de Antonioni (cineasta que atinge nesta obra o
domínio absoluto de um estilo próprio e uma narrativa muito pessoal, para
lá das obsessões próprias de um “autor”), parece impossível de ultrapassar.
Tudo está certo nesta película brumosa, cujo colorido funciona como
elemento actuante, num determinado ambiente, condicionando-o e fazendo
dele comparticipar, psicologicamente, as personagens. Experiência a todos
os títulos notável, neste caso particular, “O Deserto Vermelho” é um filme
que restitui a imagem mais dolorosa e pungente do vazio. Meditação sobre
o vazio de uma existência, “Il Deserto Rosso” é, simultaneamente, a
concretização, em imagens, desse vazio. Mundo desabitado este e,
paradoxalmente, mundo atraente e fascinante. Antonioni parece querer
dizer-nos que é necessário saber alcançá-lo e humanamente habitá-lo.
Depois de “O Deserto Vermelho”, Antonioni teria de renovar o seu caminho,
pois tinha atingido a perfeição e o ao mesmo tempo, o esgotamento de um
trajecto.
8.
Após ter completado o ciclo que “O Grito” anunciava e “O Deserto
Vermelho” culminava de forma rigorosa, atingindo a esfericidade perfeita do
“huis clos” sem saída para a aventura da incomunicabilidade e para a
impossibilidade do amor, numa sociedade cujas regras cada vez mais o
homem desconhece, Antonioni voltou-se agora para um outro aspecto desse
mundo, dirigindo, em Inglaterra, “Blow-Up” (“A História de Um Fotógrafo”).
Fotógrafo, jovem, moderno, dominando o universo da moda, Thomas
durante um passeio num parque londrino capta algumas imagens, onde
posteriormente vem a descobrir um assassínio. Este fio de intriga,
vagamente policial, serve de base a algumas pertinentes e lúcidas
observações do autor sobre a relação entre o indivíduo e a realidade
circundante, cada vez mais desagregada, esbatida, difusa. Estas anotações
tornam-se flagrantes no caso da fotografia ampliada, onde um amontoado
de pontos negros e brancos aguçam a curiosidade do fotógrafo, levando-o
a tentar ordenar esse sistema, procurando averiguar, no seu interior, quais
as relações existentes e as causas possíveis. Essa fotografia, uma verdade
bi-dimensional, prolonga-se em significado pela pintura abstracta de Bill,
pintura pontiforme a que o artista dá uma interpretação posterior. Em
“Blow-Up”, Antonioni repensa o próprio cinema, como encadeado de
| 223 |
cineeco2007
imagens, produto de uma realidade móvel, que constantemente se afirma e
nega (a conversa de Thomas com Jane, sobre o seu casamento, a mulher,
os filhos e a sua vida é exemplar).
Nesta civilização onde os elementos dispersos se oferecem ao olhar
vertiginoso do homem moderno, impossibilitando-o de uma análise
detalhada e profunda, e de qualquer tentativa de total compreensão,
Thomas pretende, ainda que por simples desporto (tal como quem luta pela
posse do cabo de uma guitarra, logo deixado no passeio), organizar um
conhecimento real e consequente. Essa fotografia, que ele julga serena e
pacífica (e que destinaria ao fecho do seu livro), não passava afinal de mais
uma prova irrefutável da violência e histerismo de uma sociedade que
aprendeu unicamente o autodevorar-se com sofreguidão. De posse da
solução deste crime, Thomas sente-se momentaneamente atordoado,
confuso, desiludido, mas, na partida de ténis que alguns jovens mimam, no
fim do filme, este voltará a entrar nesse mundo de ilusão, onde as
aparências sufocam as realidades.
Em paralelo com “O Deserto Vermelho”. “Blow-Up” surge-nos uma obra de
feitura mais espontânea, ainda que minuciosamente cronometrada, onde a
fotografia de Carlo di Palma e as interpretações de David Hemmings,
Vanessa Redgrave e Sarah Miles justificam aceno especial e conferem
unidade a maia esta obra-prima de Antonioni.
9.
Apresentado em 1980 no Festival de Veneza, “O Mistério de Oberwald” é.
uma obra que abre novas perspectivas na carreira de Antonioni,
aproximando-o do clima operático dos filmes ds Luchino Visconti, esse outro
grande de Itália, da mesma forma que experimenta novas técnicas e
processos de filmagem: a obra foi primitivamente rodada para televisão,
Michelangelo
Antonioni
| 224 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
directamente em vídeo, sendo posteriormente passada a película e
ampliada para 35 milímetros. É evidente que no plano meramente narrativo
estas experiências não trazem nada de espectacularmente revolucionário,
sendo esta obra, inclusive, uma das mais clássicas e lineares no conjunto
da filmografia de Antonioni. Mas, no domínio da cor e da sua expressividade
(um campo que tem preocupado desde sempre Antonioni, como o
demonstra, num caso extremo, “O Deserto Vermelho”), não deixa de
justificar curiosas reflexões, bem assim como no plano da montagem e da
utilização de efeitos especiais (é através de um simples controlo electrónico
que Antonioni faz variar a cor dentro do mesmo plano, veja-se por exemplo
a corrida a cavalo de Monica Vitti, atravessando uma paisagem que vai
gradualmente transformando as suas tonalidades, ou ainda o plano em que
o sangue invade progressivamente o ecrã, inundando com o seu vermelho
todo o enquadramento).
Baseado numa peça teatral de Jean Cotteau, “A Águia de Duas Cabeças”, “O
Mistério de Oberwald” é uma história de amor, nos domínios do poder e da
revolta, que tem por protagonista uma jovem rainha da Áustria, viúva de
Luís da Baviera (o mesmo que já estivera na base de um dos derradeiros
títulos de Visconti), que se apaixona por um poeta anarquista que um dia
penetra nos seus aposentos com a missão de a matar. A rainha concede ao
jovem revolucionário três dias para ele executar a sua incumbência, Mas
tudo parece tomar um outro rumo, quando o amor atravessa os seus
olhares. As intrigas da corte, os jogos políticos, e o facto de ambos
pertencerem a classes sociais antagónicas, de impossível conciliação,
conduz inexoravelmente à tragédia, num crescendo cde emoção que
Antonioni controla de forma admirável, com uma grande economia de
meios.
Interessante será ainda fazer notar a complexidade do que fica exposto e
que ultrapassa a simples história de um amor fatídico. Este amor que
aproxima uma rainha do seu carrasco, que procura ligar os contrários
através do coração, exemplifica ainda, subtilmente, os mecanismos do
poder que nunca se deixam de exercer. Falhando o assassínio da rainha, no
momento em que penetra nos seus aposentos pela primeira vez, o jovem
poeta anarquista acaba transformado numa marioneta, inconsciente e
possivelmente involuntária, do poder. Poder que se exerce quer através dos
conselheiros e das suas intrigas, como inclusivamente através da vontade
da rainha, que acabará por conduzir o seu jogo e levar o jovem a assassinála, como ela própria desejaria. Mesmo na sua morte (um suicídio por
interposta pessoa) é o poder a controlar os fios que dominam a teia da
grande engrenagem.
Com este filme excepcional, Antonioni retoma o contacto com o seu publico
e regressa de novo a um primeiro plano do cinema contemporâneo,
novamente com a colaboração de Monica Vitti, sua actriz predilecta em
alguns filmes de bela recordação. Admirável e sumptuoso poema de amor
e morte, “O Mistério de Oberwald” ê bem o regresso de um mestre. Que se
saúda, por isso mesmo.
10.
Em 1969 Michelangelo Antonioni viaja até aos Estados Unidos da América
do Norte para rodar o seu primeiro filme americano: “Zabriskie Point”. No
ano anterior explodira em França o “Maio de 68”, que tantas repercussões
conhecera em Itália (lembram-se de “Partner”, de Bertoílucci, entre outros
títulos possíveis de citar?) e na Europa. Por terras americanas, a década de
60 ficara célebre por atentados variados (dos Kennedys a Martin Luther
| 225 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
| 226 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
King, falando só dos mais famosos), pelas lutas raciais, a revolta do
“campus” universitário, a marginalização voluntária de movimentos como
os do “flower power”, dos “hippies”, etc, pela guerra do Vietname e a
recusa de embarcar de dezenas de jovens, pelas greves “selvagens”, pela
violência.
Michelangelo Antonioni, europeu, italiano (de uma Itália onde galopava o
“eurocomunismo”, de Berlinger, e a “Lotta Continua”), viaja até à América
procurando dar a sua interpretação da realidade social que ia aí encontrar.
O seu espírito não vai liberto, disposto a aceitar o que vê e só depois
julgar, interpretar. “Zabriskie Point” é, assim, um filme de “tese”,
demonstrativo, falso.
O equívoco resulta da conjugação de duas culturas, procurando interpretar
uma com dados recolhidos noutra. É o europeu que compreendeu “Maio
de 68”, que filma a América dos confrontos violentos dos anos 60. Mas a
verdade é que a violência americana tem raízes e explicações diferentes da
violência europeia dos universitários da Sorbonne, em 68. O tom “exótico”
e “‘turístico”, de certas sequências de “Blow-Up”, atinge agora toda a obra.
“Zabriskie Point” reúne dois jovens em fuga perante a sociedade: de um
lado, um universitário que julga ter assassinado um polícia, durante uma
confrontação armada; do outro lado, uma rapariga, possível secretária de
uma grande organização. Ambos se encontram nos espaços abertos da
planície americana, ambos se enquadram num cenário dominado pela
agressiva publicidade omnipresente. Antonioni joga, aliás bastante bem,
com os grandes “slogans” e cartazes, à maneira de um Godard, em cinema,
de um Lichtenstein, em pintura. “Headlines”, “logotipos”, “outdoors” de
produtos que incansavelmente martirizam o consumidor potencial,
espreitam por detrás dos protagonistas, a cada esquina.
A fuga para as montanhas é feita de carro e avião, mas em percursos
solitários que confluem num dado momento. A grande libertação ocorre
numa sequência que se tornaria a mais célebre da obra, mas que, todavia,
hoje em dia nos surge confrangedoramente pobre: esses casais enlaçados
que se multiplicam pelas encostas de uma montanha rochosa.
De regresso à “civilização”, a violência do sistema que se defende espera
os dois jovens. Um deles acabará baleado pela incompreensão da polícia,
que só pensa em abater quem lhe faz frente, enquanto a rapariga traumatizada pelo que vê - idealiza a grande festa da catarse, dessa
violência purificadora que tudo procura regenerar. Este será o momento de
paroxismo de um filme que sente a passagem do tempo como poucos
outros na obra deste cineasta.
Interessante será notar, todavia, que, ao que cremos pela primeira vez ao
longo de toda a sua obra, os protagonistas de “Zabriskie Point” deixam o
estádio de espectadores “contaminados”, para assumirem a consciência da
alienação que os sufoca, tentando não só fugir-lhe, como reagir, revoltarse. A lição de “Maio de 68” parece ter tocado fundo no pensamento de
Antonioni.
11.
Continuando a deambular pelo mundo, recolhendo imagens e sons (qual
repórter), Antonioni viaja até à China de Mao Tse Tung, que lhe abre as
portas para um longo documentário. Os resultados, porém, não agradaram
às entidades oficiais chinesas, que tenta?ram “vetar” o filme um pouco por
todo o lado. Estamos em 1972. Dois anos depois, com “The Passenger”, a
rota de Michelangelo prossegue. Continuando a trabalhar fora de Itália, o
cenário muda, agora estende-se do Norte de África até Londres, Munique e
Espanha.
David Locke (Jack Nicholson), jornalista inglês, “de formação americana”,
encontra-se no Norte de Africa, tentando entrar em contacto com os
guerrilheiros de um país não identificado. Frustrada a tentativa, en?contra
num pequeno hotel incrustado no de?serto um outro hóspede que
fisicamente se lhe assemelha muito. É esse mesmo Robertson que aparece
morto no seu quarto. Loc?ke não resiste ao apelo da aventura, troca as fotos
dos passaportes, as vestes, as bagagens, e anuncia a morte de David Locke,
o repórter. A partir daí ele será Robertson, uma incógnita que pro?curará
desvendar. Donde o título original: “The Passenger”, o passageiro, aquele
que viaja a bordo de um corpo que não é o seu, fugindo de uma vida que
lhe não diz já nada.
Entre a bagagem de Robertson descobre uma agenda com vários encontros
marcados para as próximas semanas: Munique, Londres, Barcelona. E
alguns nomes enigmáti?cos: Daisy, Melisa, Lucy. De “rendez vous” em
“rendez vous”, Locke descobre a verda?deira actividade de Robertson:
tráfico de ar?mas. No momento, procurando vender armas a um grupo de
guerrilheiros que tudo indica serem os mesmos com quem Locke procurara
estabelecer contacto em África.
| 227 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
| 228 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
Entretanto, em Londres, a mulher que se desinteressara de Locke há algum
tempo, considerando-o um jornalista demasiado contemplativo, que aceita
veicular a menti?ra, sem questionar a realidade até ao fim (o que é
documentado com uma entrevista com o chefe político do país africano em
questão, um presidente que anuncia eleições para o ano seguinte e não
admite a presença da oposição, “porque não há oposição. To?dos procuram
trabalhar para o País. É um país cheio de futuro!”), sente-se profunda?mente
atraída por Locke, quando este é dado como morto. Inicia mesmo um
inquérito particular que procura saber em que circunstâncias se deu essa
morte. O inquérito levá-la-á até ao verdadeiro Robertson, o outro hóspede
do hotel onde Locke falecera. Esta?belecesse assim um duplo “suspense”,
no in?terior deste filme que, tal como “A Aventu?ra” ou “Blow Up”, vai
assentar a sua estru?tura dramática numa intriga de fundo poli?cial, ainda
que continuamente coarctada nos seus possíveis desenvolvimentos. Temos
por um lado Locke percorrendo o caminho que Robertson nunca chegou a
efectuar, para deste modo saber quem ele era, o descobrir como
“identidade” (e através dele, o mundo); por outro lado, há Rachel
procuran?do chegar a Locke que julga morto, perseguindo Robertson que
continuamente se lhe escapa.
O interesse central de Antonioni não se dirige, porém, para esta intriga que
possibili?ta o “suspense”, mas para as razões que le?vam ao “disfarce” de
Locke. Quando este encontra uma rapariga inglesa, estudante de
arquitectura, que visita em Barcelona as ca?sas projectadas por Gaudi, e ela
lhe pergunta quem ele é, a resposta adivinha-se: “Alguém que se faz passar
por outro”. Mais tarde, Maria (Maria Schneider) volta a colocar-lhe uma
pergunta definitiva: “De que foges?”. Locke, pedindo-lhe para se voltar para
trás, indica-lhe o cenário: a sua fuga é de todo um passado, de tudo o que
para trás vai ficando até esse momento de um furtivo presente roubado a
alguém.
Incapaz de penetrar a realidade com as armas que o jornalismo lhe concede
(incapaz de penetrar a fotografia até à minúcia, como fazia Thomas, em “Blow
Up”), Locke viaja agora sob a aparência de outro. As primeiras sensações são
de libertação (veja-se a sequên?cia no teleférico de Barcelona, com Locke
“voando” por sobre a cidade, braços abertos para o espaço que se lhe
oferece, numa si?tuação muito semelhante à que o jovem de ‘Zabriskie Point”
experimenta ao pilotar um avião roubado). Mas viver “disfarçado” comporta
igualmente os seus riscos. Conhecer o mundo por interposta pessoa não será
tão produtivo como enfrentá-lo directamente. Por vezes a crueza da realidade
circundante mostra-se de uma agressividade insuportável. Locke, momentos
antes de “sair de campo” neste filme que o acompanha de princípio a fim,
conta a Maria uma história que funcionará como “chave”: “um amigo cego
consegue um dia, através de uma operação, passar a ver. Ao princípio, o
mundo encanta-o. As cores, as formas, os volumes. Mas, à medida que vai
conhecendo o mundo, este mostra-se bem mais pobre do que aquele outro
que ele idealizara quando cego, e suicida-se.”
A história é premonitória, Maria sabe-o. Locke fecha-se num quarto de uma
pensão espanhola, abre a janela que se estende para uma praça, e espera
a chegada dos enviados de um país africano. Num plano sequência
admirável, de longuíssima duração (fala-se em sete minutos, que não
controlámos), a câmara começa por deixar Locke encerrado na sua “prisão”
(a identidade de Robertson e o seu negócio de tráfego de armas), enquanto
na praça se ouvem os acordes de um carro anunciando uma tourada. De
morte. A víti ma fica estendida numa cama, esperando de?liberadamente a
estocada final. De suicídio se trata, ainda que de assassinato se fale. Locke
chegou ao fim da caminhada. Ele que morrera já no corpo de Robertson,
oferece-se agora com a nova identidade. A experiên?cia não se mostrara
enriquecedora. Cortado do mundo de que só retinha as aparências, Locke
perpetuava um novo caso de aliena?ção. Quando a recusa e aceita penetrar
no significado interno e profundo da realidade, esta esmaga-o. A câmara
continua a viajar, sai agora do quarto, rompendo as grades, percorre a
pequena praça, volta-se sobre si própria, regressa ao hotel “Gloria dela
Osuna”, onde, por entre as grades de um quarto, se redescobre Locke,
enquanto a mulher lhe verifica a identidade. “Reconhece-o?”, per?guntam as
autoridades. “Nunca o vi”, garan?te Rachel.
Primeira incursão de Antonioni em terra africana, “Profissão: Repórter”
prolonga, no entanto, as referências que à África se fazem ao longo de
vários filmes seus, da “A Noite” a “Blow Up”. Sempre associado à ideia de
nostalgia, de exotismo, o continente que aqui nos aparece no deserto dos
seus hori?zontes, ajuda a caracterizar pela imagem o espaço vazio de um
personagem em crise. Num universo em constante ruptura emocional, que
é o de Antonioni, são ainda as mulheres quem quase sempre comanda o
jo?go, neste caso quer através de Rachel que investiga “Robertson”, quer
de Maria que, por meio de vários expedientes, consegue furtar Locke das
diversas armadilhas em que continuamente se vê envolvido.
Mantendo a coerência da sua pesquisa, permanecendo perfeitamente fiel a
uma te?mática que se mostra obcecante no interior da sua filmografia (por
muitas inflexões de rumo que possa comportar), Michelangelo Antonioni
volta a atingir um momento alto da sua carreira, neste filme rigorosamente
trabalhado, milimetricamente calculado, por onde se sente, todavia,
perpassar a sinceridade espontânea de algumas das dúvidas maiores que
preocupam de há muito o cineasta. Nu?ma sociedade em crise de valores,
num mun?do em mutação e vertigem, qual o lugar do homem, viajante
transitório? No caligrafismo da sua escrita depurada, Antonioni pro?cura
visar o essencial, os sentimentos dete?riorados, a realidade difusa, um
frente a frente de um doloroso pessimismo. Será dentro de nós que nos
teremos de encontrar, conclui Antonioni. Ninguém pode viajar “à boleia”. Os
“passengers” acabam sempre por pagar bilhete.
Textos recolhidos de “Diário de Lisboa”, “Diário de Notícias”,
“Opção”, “Século Ilustrado”, “República” e “Sete”.
| 229 |
cineeco2007
Michelangelo
Antonioni
| 230 |
Michelangelo Antonioni
Michelangelo Antonioni (Ferrara, 29 de
setembro de 1912 — Roma, 30 de Julho de
2007), licenciou-se em Economia na
Universidade de Bolonha. Chegando a
Roma, em 1940, estudou no Centro
Sperimentale di Cinematografia, na
Cinecittà, onde conheceu alguns dos
cineastas, com quem acabou colaborando
nos anos futuros, entre eles Roberto
Rossellini.
Filmografia
1943 - Gente del Po
1948 - Oltre l’Oblio
1948 - Nettezza Urbana
1948 - Roma-Montevideo
1949 - L’ Amorosa Menzogna
1949 - Bomarzo
1949 - Superstizione
1949 - Sette Cani e un Vestito
1949 - Ragazze in Bianco
1949 - Superstizione
Michelangelo 1950 - La Villa dei Mostri
Antonioni 1950 - La Funivia del Faloria (1950)
1950 - Cronaca di un Amore (Escândalo de
Amor)
1952 - I Vinti
1953 - La Signora senza Camelie (Dama sem
Camélias)
1953 - Tentato Suicido (Tentativa de
Suicídio) - episódio de Amore in Città”
(Retalhos da Vida)
1955 - Le Amiche (As Amigas)
1957 - Il Grido (O Grito)
1959 - Nel segno di Roma (não creditado,
aparece dirigido por Guido Brignone, mas
Antonioni e Vittorio Musy Glori estiveram
envolvidos no projecto)
1960 - L’Avventura (A Aventura)
1961 - La Notte (A Noite)
1962 - L’Eclisse (O Eclipse)
1964 - Il Deserto Rosso (O Deserto
Vermelho)
1965 - Il Provino ou Prefazione - episódio de
I Tre Volti (As Três Faces de uma Mulher)
1966 - Blowup ou Blow-Up (A História de um
Fotógrafo)
1970 - Zabriskie Point (Deserto de Almas)
1972 - Chung Kuo - Cina
1975 - Professione: Reporter ou The
Passenger (Profissão: Repórter)
1980 - Il Mistero di Oberwald (O Mistério de
Oberwald)
1982 - Identificazione di una Donna
(Identificação de uma Mulher) ´
1983 - Inserto Girato a Lisca Bianca (TV)
cineeco2007
1989 - 12 Registi per 12 Città (segmento
“Roma”)
1089 - Kumbha Mela
1993 - Noto, Mandorli, Vulcano, Stromboli,
Carnevale ou Volcanoes and Carnival
1995 - Al di là delle Nuvole ou Beyond the
Clouds ou Par Dela Les Nuages (Para Além
das Nuvens) (co-dirigido com Wim Wenders)
1997 - Sicilia
2004 - Eros (Eros) - episódio de Il Filo
Pericoloso delle Cose ou The Dangerous
Thread of Things
Principais prémios:
Nomeado para o Óscar de Melhor
Realizador, por “Blowup” (1966).
Nomeado para o Óscar de Melhor
Argumento Original, por “Blowup” (1966).
Óscar
Honorário
em
1995,
em
reconhecimento da sua carreira no cinema.
Nomeado para o BAFTA de Melhor Filme, por
“L’ Avventura” (1960).
Nomeado para o BAFTA de Melhor Filme
Britânico, por “Blowup” (1966).
Prémio especial em 1993 no European Film
Awards, em reconhecimento da sua carreira
no cinema.
Prémio Bodil de Melhor Filme Europeu, por
“ Profissão: Repórter” (1975).
Palma de Ouro no Festival de Cannes, por
“Blowup” (1966).
Duas vezes Prémio do Júri no Festival de
Cannes, por “L’ Avventura” (1960) e
“L’Eclisse” (1962).
Prémio do 35º Aniversário no Festival de
Cannes, por “Identificazione di una Donna”
(1982).
Urso de Ouro no Festival de Berlim, por “La
Notte” (1961).
Prémio FIPRESCI, em 1961, no Festival de
Berlim, em reconhecimento da sua carreira
no cinema.
Leão de Ouro no Festival de Veneza, por
“Deserto Vermelho” (1964).
Leão de Prata no Festival de Veneza, por “As
Amigas” (1955).
Duas vezes, Prémio FIPRESCI no Festival de
Veneza, por “Il Deserto Rosso” (1964) e “Par
Dela Les Nuages” (1995).
Leão de Ouro honorário no Festival de
Veneza, em 1983.
Grand Prix Especial das Américas, no
Festival de Montreal, em 1995.
Prémio FIPRESCI de Curta-Metragem no
Festival de Valladolid, por “Lo Sguardo di
Michelangelo” (2004).
CineEco2007
JOÃO BATISTA
DE ANDRADE
| 232 |
cineeco2007
João Batista
de Andrade
_JOÃO BATISTA DE ANDRADE, POR ELE PRÓPRIO
Perto de completar os 40 anos de cinema – e quem sabe também pela
experiência sexagenária de vida –, muitas vezes tenho tentado olhar para
trás no afã de compreender melhor o que tem sido, de fato, a minha
carreira como cineasta, de como o cinema marcou a minha vida, de como
minha vida entrou cinema adentro. E, mais importante, o que dessa carreira
atribulada – de muita luta, encontros, desencontros – tem de universal, de
experiência aproveitável para outras pessoas, cineastas ou não. Uma coisa
é certa e dela tenho tentado tirar muitas lições: sou de uma geração que
se preparou, na primeira juventude, nos anos de 1950, para criar e produzir
num país em progresso, confiante em seu futuro, democrático – aspiração
que a História nos negou com bastante violência. Nós nos preparamos na
era juscelinista, acreditando na democracia, cultivando seus valores até no
campo simbólico, como na construção de Brasília – e acreditando que o
país podia sair do atraso, podia se livrar dos latifúndios e dos
latifundiários, podia sair da ignorância e do analfabetismo, podia superar
o grau quase insuportável de miséria da maioria de nosso povo. Ensaiamos
um teatro crítico, viramos a música de ponta-cabeça, propusemos um
cinema capaz de revelar a riqueza cultural e criticar as mazelas de nossa
sociedade. Minha geração acreditou nas ideias transformadoras, acreditou
que elas agiriam sobre o real, modificando-o, empurrando o mundo para
uma maior justiça, para o fim dos privilégios, para a democratização radical
da sociedade. Era preciso ter, como parecia que tínhamos, no período de
pelo menos uma década antes do golpe de 1964, um movimento social
crescente gerando uma imagem nova do povo como força capaz de
impulsionar nossa imaginação e para a qual poderíamos dirigir nossas
ideias, nossas imagens, nossos textos e nossas inquietações. O povo
aparecia, finalmente o povo, com o qual nós, jovens intelectuais,
poderíamos realizar nossos projectos de futuro para a sociedade brasileira,
afastando a velha imagem do país atrasado e inerme.
Mas o destino, ou quem sabe a História, reservou-nos caminhos muito
mais ásperos e tristes: o espaço brutal e redutor da ditadura militar por
mais de 20 anos, desde 1964. A história de minha carreira pessoal – cujo
valor não cabe a mim julgar – está marcada por essa circunstância da
História. E valerá tanto por essa circunstância quanto pelos eventuais
valores estéticos e humanistas encontráveis em meus filmes e livros.
Comecei a filmar em 1963, depois de ensaiar um caminho literário,
escrevendo contos e até mesmo publicando, com alguns colegas, um
jornalzinho literário na Casa do Estudante Politécnico. 1963 fora um ano de
intensa agitação política e estudantil. E a Casa do Politécnico reflectia isso,
com um certo grau de loucura juvenil. Juntei-me a alguns colegas e criamos
o chamado Grupo Kuatro, nome que denunciava o número de participantes
mas exibia também a influência do grupo polaco KADR, de Kavalerovich e
Wajda, cineastas críticos e de vanguarda, biscoitos finos do cinema de
autor da época. Como eu sempre digo para os jovens interessados em
| 233 |
cineeco2007
cinema, iniciar é fácil, basta ter vontade, basta querer. Isso porque ao
iniciar tudo é permitido, tudo é invenção, tudo é novo. Difícil se torna
depois, quando se passa da fase amadorística para a profissão, quando se
resolve que o produto de nosso trabalho deve circular como uma
mercadoria pela sociedade, transmitir informações, prazer, emoção. Aí as
regras são mais duras, é preciso contar com o profissionalismo também de
outras pessoas, equipamentos adequados e sempre caros, serviços
técnicos, laboratórios – para que o resultado tenha condição de competir
como produto cultural, isto é, que atinja o mercado, chegue ao público,
realizando-se assim enquanto arte, viabilizando-se enquanto produto.
O início de minha carreira teve exactamente essa liberdade, essa
“facilidade” de bastar querer. Filmávamos praticamente sem dinheiro, com
recursos mínimos de entidades como centros académicos, União Estadual
dos Estudantes, etc.; recursos que serviam para pagar o laboratório,
comprar a película, sonorizar o filme. E nada mais. Em 1966, fiz assim meu
primeiro filme “solo”, já desfeito o Grupo Kuatro e sob o regime militar que
me forçara a deixar a Escola Politécnica por uns tempos. Consegui o
patrocínio do Amanhã, jornal recém-criado pelo Raimundo Pereira para o
movimento universitário, e também recursos do Grémio da Faculdade de
Filosofia, cujo presidente, Arantes, poucos anos depois, optaria pela luta
armada e seria morto pelos militares.
O filme é o Liberdade de imprensa que, mais uma vez pela injunção política
da época, teve vida curta: exibido uma vez no Rio e outra em São Paulo,
foi apreendido pelo Exército no Congresso da UNE em 1968, ficando
praticamente desconhecido por mais de 20 anos, apesar de ser
reconhecido hoje como um filme de vanguarda para a época e que
apontava caminhos que só seriam seguidos na década seguinte. Entre nós,
jovens realizadores saídos do Grupo Kuatro, impunha-se um desafio a
João Batista
de Andrade
| 234 |
cineeco2007
João Batista
de Andrade
cumprir: o cinema brasileiro, apesar da ditadura, lutava por sobreviver,
marcado positivamente pelos filmes e ideias do
Cinema Novo, movimento que também sofreu duro golpe com a mal
chamada “Revolução de 64”.
Nós, de São Paulo, jovens aspirantes a cineastas, nos considerávamos uma
espécie de cinema novo tardio, ao lado de mestres já reconhecidos como
Roberto Santos e Luiz Sérgio Person, que funcionavam como espécies de
guias de nosso movimento, sem esquecer as influências internacionais:
Wajda, Kavalerovich, Francesco Rosi, Nagisa Oshima, todo o neo-realismo,
a nouvelle vague e o argentino Fernando Birri, de quem nos aproximamos
por sua proposta de um cinema fortemente marcado pelas preocupações
sociais.
Já fora da Universidade, muitos outros jovens foram se juntando a nós e,
em 1968, criamos nossa primeira produtora profissional, a Tecla, onde
estávamos Francisco Ramalho Jr., João Silvério Trevisan, Sidney Paiva Lopes
e eu. O mercado de cinema no Brasil da época, no final dos anos de 1960,
tinha uma estrutura antiga, de poucas inovações, com circuitos dominados
pelo filme americano, até mesmo pela ausência de uma produção contínua
de nosso cinema capaz de ocupar e garantir a ocupação das salas nas
capitais e no interior, onde ainda existiam grandes circuitos controlados por
um pequeno número de pessoas e de difícil controle, que foram sendo
desmantelados nos anos de 1970 pela concentração brutal de renda e pelo
desinteresse das grandes distribuidoras norte-americanas.
A TV, no final dos anos de 1960, vinha se firmando como o principal veículo
de comunicação no Brasil, primeiro com a Tupi e depois com a Globo.
Novelas como O direito de nascer faziam um sucesso estrondoso. O
protagonista, que fazia o médico dr. Albertino Limonta, era o ator Francisco
Cuoco, que contava então como uma popularidade impressionante. E foi
isso o que nos fez convidá-lo para nosso primeiro filme produzido pela
Tecla: Anuska, projeto do Ramalho
adaptado de um texto do Ignácio de Loyola Brandão. Ramalho achava que
o projeto teria tudo de “comercial”, ainda mais com o Francisco Cuoco, e
que com o dinheiro da renda conseguiríamos fazer um outro projeto – o
meu, mais político, com forte influência do Cinema Novo e do cinema do
italiano Francesco Rosi (Ma no su la citá, O Bandido Giuliano, O caso Mattei
etc). O resultado, aliás bastante comum nesse tipo de projeto, foi no
mínimo pífio, a ponto de o ator, que se tornara sócio do filme, desconfiar
da seriedade de nossas contas. Mas as contas eram verdadeiras e o Anuska
sequer se pagou. Isto é, não se transferiu para o filme o prodigioso sucesso
do ator.
Esse tipo de tentativa repete-se ciclicamente no cinema brasileiro e chegou
a dar certo nos anos de 1970, quando se queria tirar alguma vantagem do
crescimento da TV, já que ela se negava sempre, como até hoje, a
incorporar o cinema brasileiro em sua programação (salvo eventuais
festivais, aliás sempre com muito sucesso). Agora chegava a vez das
| 235 |
cineeco2007
chamadas “pornochiques”, filmes com conteúdo erótico e que expunham a
nudez e a sensualidade de estrelas da TV. Produções como A Dama do
Lotação, que na verdade nada tinham de pornográficos, mas que, fazendo
sucesso, eram recebidos com desprezo pela elite formadora de opinião.
O insucesso de Anuska afundou a Tecla e inviabilizou o meu projecto,
jogando-me num desespero bem de época. Afinal, estávamos em 1968, sob
o mando tenebroso do AI-5, com o aprofundamento da ditadura militar. Eu
me recusava à luta armada, apesar do apelo de muitos amigos e excompanheiros de militância política. E me recusava também a mergulhar no
mundo das drogas, que consumia outros amigos.
Em meio a esse desespero, a essa falta de caminho, realizei dois filmes
praticamente sem dinheiro, com actores de renome (Joana Fomm e Paulo
César Pereio) que nem remunerados foram. E uma equipe disposta a
transformar o acto de filmar num acto de rebeldia diante da ditadura e da
inviabilidade, independente mesmo do conteúdo de cada filme. Assim fiz
Em cada coração um punhal (episódio “O filho da TV”) e Gamal, esse
último super-hermético, influenciado pelo movimento underground, mas
que me valeu o primeiro prémio importante de minha carreira: o “AirFrance”, de Director Revelação.
Mantive por muito tempo um sentimento ambíguo com relação ao Gamal.
A influência visível do chamado “udigrudi” (ou “marginal”) brasileiro, um
certo cinema desesperado e desestruturado, fez-me estranhar a própria
obra, enquanto o lado terrível, do medo, da repressão, presentes na
narrativa, denunciava minha ligação sensorial com o momento político e
fazia do filme um objecto estranho também dentro do movimento
“marginal”. A verdade é que logo passei a rejeitá-lo, como uma obra que
havia escapado a toda minha militância, ao meu racionalismo político. Por
outro lado, eu sofria com essa condenação, vinda em primeiro lugar de
João Batista
de Andrade
| 236 |
cineeco2007
João Batista
de Andrade
amigos da esquerda e depois assumida por mim. É que eu via no filme,
para além de uma certa confusão ideológica e política, uma beleza muito
grande, um sofrimento muito grande, a indicação de um caminho muito
pessoal que eu, antes de rejeitar, deveria explorar, mesmo que buscando
de novo meu equilíbrio entre o artista e o político.
Mas essa seria uma postura que estava fora das minhas reflexões e de
meus amigos do momento – erro que nos levou muitas vezes ao
reducionismo e ao dirigismo. Basta ver o que aconteceu com o chamado
“udigrudi”, nomeação propositadamente pejorativa criada para denegrir um
movimento que teve, alguns anos depois, vários de seus cineastas
reconhecidos pelo público e pela crítica. Isso mostra a estreiteza política
daquele tipo de condenação que confundia arte e ideologia, confusão que
aparentemente fazia bem ao nosso sentimento militante mas que, na
verdade, nos fazia muito mal.
No final dos anos de 1960, a cultura brasileira era marcada pela dor, pelo
medo e pela confusão. Essa foi uma época terrível, não só pelos aspectos
exteriores, a repressão, os assassinatos políticos, mas também pelos
descaminhos, pela falta de perspectiva, a fuga generalizada. Fugia-se do
país, fugia-se da compreensão, fugíamos de nós mesmos. Fugíamos para
o desespero, para o desencanto, para a aventura armada, fugia-se para as
drogas. O cinema dessa época é uma espécie de testemunho sofrido desse
coquetel ruim que nos fez tanto mal. Um cinema de gritos, imagens
enigmáticas e que dialogava consigo mesmo, muito distante da batalha
libertadora que sonhamos um dia unir intelectuais e povo numa verdadeira
revolução, agora, perdida. A compreensão desse momento, e a vontade de
sair dele, fez-me buscar um outro caminho. O prémio Air-France por Gamal,
apesar de tudo, fez-me bem e ainda me deu uma viagem à França. Em Paris
e Roma, em 1971, fiz contactos com velhos amigos, militantes de esquerda
de todos os matizes. Muitos desses exilados, a essa altura, com a guerrilha
brasileira já derrotada, reviam sua posição quanto à luta
armada e colocavam a questão democrática. Isso reacendeu em mim a
vontade de voltar a filmar, retomar meu caminho deixado para trás desde
o Liberdade de imprensa. Pensei então que eu deveria filmar o Brasil real,
uma ideia documentária capaz de se contrapor à imagem de paz e
tranquilidade forjada pela ditadura nos meios de comunicação, tanto pela
censura quanto pelos famosos filmezinhos institucionais que exibiam o
país como uma ilha de paz em meio a um mundo conturbado por greves
e crises políticas e sociais.
Para se ver que essa ideia de voltar ao país real era um acontecimento
colectivo, meu desejo coincidiu com o projecto dos jornalistas Fernando
Pacheco Jordão e Vladmir Herzog, o Vlado, que me convidaram para fazer
exactamente isso num programa jornalístico da TV Cultura, o “Hora da
Notícia”, que estava sendo criado naquele momento. Eu sempre repito que
minha passagem por esse programa talvez seja o momento mais rico de
minha vida como cineasta e cidadão: quando eu buscaria realizar, sendo
| 237 |
cineeco2007
cineasta, minha visão crítica como cidadão, a militância antiditadura. Meu
trabalho era realizar, diariamente, pequenos documentários para os quais
eu procurava direccionar a minha inquietação: questionar, exibir as
imagens que a ditadura ocultava, ousar, fazer o telespectador tomar
consciência do país real em que vivia. Procurava, assim, escapar do
embuste visual da ditadura e da visão preconceituosa da classe média
brasileira formada nos anos do “milagre brasileiro”. Um exemplo desse
trabalho é o Migrantes, que recuperei como filme, depois de ter ido ao ar
em nosso programa. Migrantes partia da leitura de uma reportagem de
primeira página de um jornal paulista: moradores do Parque Dom Pedro
reclamavam da presença de “marginais” sob o viaduto. Minha leitura era
outra e fui filmar. Debaixo do viaduto minha câmara encontra uma família
de migrantes fugindo do desemprego no Nordeste. Vendo um paulistano
tipo executivo assistir à filmagem, imaginei do quanto de preconceito ele
estaria impregnado e, sem nada dizer, dirigi o microfone para ele. O diálogo
dos dois – o paulistano engravatado e o migrante – é o núcleo revelador
da obra, que acabou vencendo como Melhor Filme no Festival de
Documentários de Salvador, em 1973.
No início dos anos de 1970, como parte da desorganização geral da cultura
brasileira, o cinema brasileiro parecia morto e, quando vivo, degradado na
forma erótica que se apossou do cinema comercial da “boca do lixo”
carioca e a paulista. Nada a ver com o cinema de ideias do início dos anos
de 1960: ele se rendia ao niilismo e à exploração do sexo, o que marcou
profundamente a imagem que o público passou a ter sobre nosso cinema.
Sempre achei o cinema chamado de “pornochanchada” interessante; eram
filmes no fundo inocentes e que falavam, com muito humor, do sexo na
vida quotidiana da classe média brasileira. A deterioração desse género,
rumo ao sexo explícito, e o fim do espírito narrativo nos filmes vêm
João Batista
de Andrade
| 238 |
cineeco2007
João Batista
de Andrade
também pela pressão exercida pelos exibidores que, em plena ditadura (e
talvez por isso mesmo), traziam a enxurrada de pornografia
cinematográfica internacional com grande sucesso de
público logo no início dos anos de 1970. É nessa época que se articula a
criação de uma nova política para o cinema brasileiro, com um
surpreendente apoio governamental, apesar da ditadura e de que o regime
militar incentivava, com tudo o que podia, o crescimento das redes de TV
como instrumento de unidade nacional e formação ideológica. É estranho
que, mesmo assim, tenha desenvolvido um projecto tão ambicioso quanto
o que criou a Embrafilme e o Concine: o primeiro para agir sobre a
produção e o mercado, o segundo para legislar e controlar a actividade
cinematográfica no país. E tudo isso com imensos atritos com o cinema
norte-americano, que derrapavam sistematicamente para as áreas de
governo dos dois países.
Há muitos estudos sobre a Embrafilme e também críticas estapafúrdias do
tipo “os cineastas negociaram com a ditadura”, facilidade de análise que
não condiz com a carga crítica de nossos cineastas e filmes. A verdade é
que uma brecha se criou ali, no início da ideia de abertura política, quem
sabe alimentada por um certo nacionalismo do regime, mas também por
certos acasos, como o interesse do ministro Ney Braga e do poderoso
ministro do Planejamento, João Paulo dos Reis Veloso. A Embrafilme,
tirando seus muitos defeitos, representava um avanço, ao sistematizar um
modelo de financiamento e enfrentar o dragão do mercado. O sucesso, na
verdade, é que a tornou obsoleta, incapaz de se actualizar para fortalecer
o cinema como actividade profissional independente do Estado,
sedimentar a ligação cinema-mercado em contraposição ao nosso evidente
voluntarismo autoral, que só poderia sobreviver com permanentes
injecções de recursos governamentais. Não que se devesse perder um certo
experimentalismo autoral, mas essa liberdade poderia estar na “periferia”
do cinema de mercado, com incentivos, prémios, concursos etc. Os tempos
mudavam, o Estado tendia a se liberalizar, sair das áreas produtivas e o
cinema brasileiro ainda estava preso, sem alternativas, ao velho modelo
estatal.
Nos primeiros anos da Embrafilme, eu ainda estava na TV. Com o fim do
“Hora da Notícia”, da TV Cultura, vítima da perseguição política, fui
convidado pela Globo para criar, em São Paulo, um setor de reportagens
especiais. Em fins de 1974, os ventos pareciam mudar um pouco de rumo,
abrindo novas possibilidades com a extremamente controlada “abertura”
anunciada e depois conduzida com mão-de-ferro pelo general Ernesto
Geisel. Na Globo, tentei seguir o caminho aberto na TV Cultura: uma linha
documental na qual o importante seria continuar revelando o país real em
que vivíamos, abordando temas os mais críticos possíveis para o momento.
Meus primeiros filmes tiveram dificuldade em serem programados. Em
parte, pelo seu teor crítico (um sobre menores delinquentes e outro sobre
a miséria do transporte urbano popular em São Paulo) e, em parte, porque
| 239 |
cineeco2007
estávamos em pleno processo eleitoral, o que tornava o controle da
censura mais agudo, mais terrível. Passadas as eleições, os dois filmes
foram ao ar, com óptima repercussão. Um deles, A escola de 40.000 ruas,
chegou a ser convidado para o principal festival internacional de
documentários, o de Oberhausen, na Alemanha. O título do filme foi usado
logo depois numa capa de Veja, com matéria sobre a questão dos menores
de rua. A partir daí tudo parecia mais fácil, apesar dos controles
costumeiros da censura e da própria empresa. O “Globo Repórter”, então
nas mãos de cineastas (Paulo Gil Soares, Maurice Capovilla, Hermano
Penna, Eduardo Coutinho, Walter Lima e eu), era um programa de grande
prestígio e audiência, o que provava, mais uma vez, que os cineastas
brasileiros tinham capacidade de comunicação com o nosso público, desde
que abertos os canais de acesso a esse público.
Estávamos em pleno processo de abertura política, passado o trauma
pessoal e nacional do assassinato de Vladmir Herzog, meu amigo e
companheiro Vlado. A própria reacção pública a essa violência mostrou que
a sociedade brasileira já não suportava mais a ditadura e que a abertura
era inevitável, com ou sem a benevolência dos militares.
Mas nem tudo eram rosas. Em 1978, fiz um filme de sucesso para o “Globo
Repórter”, chamado Caso Norte, ensaiando um novo tipo de documentário
mesclado de ficção, com actores. O sucesso do programa me abriu novas
portas, e eu achava mesmo que, diante da abertura política, era preciso
avançar os temas e os tratamentos de nossos filmes, sob pena de ficarmos
atrás do próprio quotidiano das TVs – que, aos poucos, iam se abrindo
para os fragmentos da vida real brasileira, seja nos noticiários, seja nas
telenovelas. Entusiasmado, fiz o segundo filme do modelo iniciado em
Caso Norte, o longa-metragem Wilsinho Galiléia, sobre a questão dos
menores delinqüentes e que seria exibido em dois programas do “Globo
João Batista
de Andrade
| 240 |
cineeco2007
João Batista
de Andrade
Repórter”, em 1978. O filme recriava a trajetória triste e trágica do menino
Wilson Paulino até a sua morte, fuzilado pela polícia ao completar 18 anos.
Numa evidente demonstração de que a ditadura ainda estava ali, mesmo
que morrendo, o filme foi proibido pela censura e só agora, 24 anos
depois, vem sendo visto e reconhecido. No dizer da crítica Maria do Rosário
(O Estado de S. Paulo), “como um dos melhores documentários da história
do cinema brasileiro”. Naquele mesmo ano, a censura atingiu dois outros
programas, coincidentemente ligados a intelectuais comunistas: uma
novela do Dias Gomes e o especial “A Enxada”, baseada no conto de
Bernardo Élis (de quem eu filmaria, em 1998, o romance O Tronco). Naquele
momento, eu já estava com um pé fora da TV, voltando ao cinema.
Com a Embrafilme fiz, em 1977, Doramundo, cujo primeiro roteiro foi escrito
pelo Vlado. Em 1978, o filme foi o vencedor do Festival de Gramado
(Melhor Filme/Melhor Diretor), prêmios que dediquei ao meu querido amigo
assassinado pela ditadura militar. Fiz também com a Embrafilme alguns
outros filmes: O Homem que virou Suco (1981), A Próxima Vítima (1982-83)
e O País dos Tenentes (1987). São produções extremamente ligadas ao
momento político, mesmo que eu não procurasse isso nem tentasse
qualquer didactismo, como aliás observam os textos da curadoria de minha
mostra recente na sala da Fundação Banco do Brasil, em São Paulo. Mas
é inegável que a escolha dos temas e os tratamentos mostravam que
minha cabeça e minha emoção pendiam para uma busca de resposta aos
desafios do momento. Era a busca de um cinema ficcional, onde os
personagens se criariam e se desenvolveriam em meio a conflitos
fundamentais de cada momento da vida brasileira.
Em O homem que virou suco, por exemplo, é a busca da identidade própria
do personagem feita pelo genial José Dumont, justamente contra a
identidade imposta a ele. E nós estávamos em 1979, quando filmei o ano
da amnistia e das greves no ABC. A próxima vítima passa-se exactamente
no momento das eleições de 1982 e mostra que os discursos da oposição
já estavam atrasados
diante da degradação social da vida brasileira, que o filme expõe até
mesmo anunciando o que viria depois: a incrível violência que fez ele
próprio se confundir com os noticiários, um ano depois, durante seu
lançamento.
O país dos tenentes, que os militares não queriam que eu filmasse,
pressionando a mim e ao actor Paulo Autran, fala do momento da transição
para a democracia, vendo-o como o final de um ciclo onde as ideias
haviam sido corrompidas pela aproximação com o poderoso Estado
brasileiro. Paulo Autran vivia o velho general da Reserva, ex-revolucionário
de juventude e, agora, relações públicas de uma multinacional. Em plena
transição política para a democracia, o velho general sentia a proximidade
da morte. Ainda vivo, sentia-se apodrecido, corrompido, o corpo muitas
vezes coberto de insectos. Enquanto
isso, seu próprio filho, um jovem oficial, costurava um novo pacto com uma
multinacional, garantindo-lhe o espaço no novo regime. Em 1990, ainda
com a Embrafilme, eu preparava meu novo filme, precisamente sobre a
história de Vladmir Herzog, uma co-produção com a Espanha (TV
Espanhola), Iugoslávia (que produziria as filmagens da infância de Vlado
durante a Segunda Guerra) e Portugal (Instituto Português de Cinema). E
trocava correspondências com o grande actor Klaus Maria Brandauer
(Mephisto), que conheci no FestRio (Festival Internacional do Rio de
Janeiro, em 1987), para o papel de Vlado. Veio o Collor e jogou tudo por
terra: bloqueou os recursos do filme. E acabou com a Embrafilme e o
Concine, num gesto oportunista, acenando para o liberalismo, mas dando
uma satisfação fácil às críticas generalizadas contra as instituições do
cinema brasileiro, em vez de procurar entender a necessidade de avançar
a partir dos modelos penosamente construídos.
Não só a minha carreira, ascendente em termos internacionais, sofreu um
duro revés: o cinema brasileiro praticamente morreu naquele acto
irresponsável de um governante que duraria pouco, vitimado pela sua
própria irresponsabilidade, mas que teve tempo ainda de causar esse
imenso mal ao nosso cinema. De certa forma, esse momento marca o fim
de uma longa etapa do cinema brasileiro. Para mim, em particular, marca
o fim de um período de estreita e quase obrigatória ligação de meu cinema
com o momento político, o sentimento sempre voltado para o fim do
regime militar, derrubado pelo movimento democrático em 1985. O efeito
Collor me fez ficar oito anos sem filmar. Só voltei em 1996, com O cego
que gritava luz, seguido de O tronco (1998) e, agora, Rua 6 , s/n., filmes
em que ainda busco temas ligados às questões políticas e sociais
brasileiras, mas já não há urgência, substituída agora por uma certa
descrença incómoda que julgo ser preciso cultivar por algum tempo.
O cinema brasileiro, tentando se reerguer, foi buscar novos modelos de
produção, descentralizando decisões principalmente por meio das leis de
incentivo fiscais. Aos poucos, de forma saudável, vamos fugindo dessa
marca pesada da minha própria geração, a marca de certa forma militante,
de quem sabe que pensar e criar representam sempre, para os regimes
autoritários, um perigoso exercício político. O cinema brasileiro se
diversifica e se renova de forma surpreendente, apesar das dificuldades.
Surgem novos valores, novas ideias, lideranças e tendências. Temos hoje
um cinema quem sabe mais livre, mais diversificado, mais sem donos,
quebrando a ideia (importante para a época) de um cinema hegemonizado
por um pequeno grupo de heróicos e geniais cineastas dos anos de 1960.
Falta, agora, reconquistar o público perdido, em meio a tantos problemas
e reveses.
Pirenópolis, Goiás, 13 de Setembro de 2002.
João Batista de Andrade, por ele próprio
| 241 |
cineeco2007
Outras Terras,
Outras Gentes
| 242 |
cineeco2007
João Batista
de Andrade
_JOÃO BATISTA DE ANDRADE
O escritor, roteirista e cineasta João Batista de Andrade, ex-Secretário da
Cultura do Estado de São Paulo, doutor em Comunicações pela
Universidade de São Paulo, nasceu em Ituiutaba (MG), em
01/Dezembro/1939. Iniciou sua carreira em 1963 como integrante do “Grupo
Kuatro” de cinema, ainda estudante de engenharia na Universidade de São
Paulo. Seu primeiro filme “solo” foi o documentário “Liberdade de
Imprensa” (1967), produzido pelo movimento universitário. Como cineasta
tem uma carreira premiada nacional e internacionalmente onde se alternam
os documentários (como “Migrantes”, melhor filmes Bahia/1973, “Greve!”
Prémio especial do Júri do 1º Festival Internacional de Havana/1979), os
diversos filmes para TV , (TV Cultura /TVGlobo-Globo Repórter, como “Caso
Norte”/ 1977) e treze longas-metragens, dos quais os mais conhecidos são:
“Gamal” com Paulo César Peréio e Joana Fomm (Prêmio Air France, director
revelação 1968), “Paulicéia Fantástica” (doc/longa/1970), “Doramundo”
(melhor filme/melhor diretor do festival de gramado em 1978), “Wilsinho
Galiléia” (1978, para TV, proibido pela censura no Regime Militar), “O
Homem que Virou Suco” (melhor filmes, medalha de ouro no Festival
Internacional de Moscovo/1981, prémio de crítica, Nevers/França em 1982,
melhor roteiro e Melhor Ator Fest. Brasília/1980, entre outros prémios
nacionais e internacionais). “A Próxima Vítima” (1983), “Céu Aberto”
(doc/longa sobre a morte de Tancredo Neves e a transição para a
democracia, Prémio Especial do júri Internacional, FEST-RIO/1986, Prémio
OCIC Internacional melhor filme/86 entre outros prémios nacionais e
internacionais), “O País dos Tenentes” (cinco prémios no festival de
Brasília/1987 e Prémio de melhor filme RIO/CINE/1987), “O Cego que Gritava
Luz” (1996), “O Tronco” (1998, prémio máximo de MELHOR FILME DAS
COMEMORAÇÕES DOS 500 ANOS DE BRASIL (Festival de Brasília/99)/
MELHOR DIRETOR F. Recife/2000), “Rua Seis Sem Número”, filme que
representou o Brasil no Festival de Berlim/2003, “Vida de Artista”,
documentário de longa-metragem, MELHOR FILME Festival Mostra do Filme
Livre/ Rio 2004. Em 2005 lançou o documentário de longa-metragem
“Vlado, Trinta Anos Depois” (Melhor Roteiro/Prémio FIESP 2006), a história
do jornalista Vladimir Herzog, assassinado na prisão durante o regime
militar. Em 2006, “Veias e Vinhos, Uma História Brasileira”, longa-metragem
de ficção (Melhor Dir. de Arte e Melhor Edição de Som Recife/2006).
Como escritor seu primeiro livro é PERDIDO NO MEIO DA RUA (Editora
Global/ 1989). Depois veio o juvenil A TERRA DO DEUS DARÁ (Editora Atual/
1991), UM OLÉ EM DEUS (Editora Scipione Cultural/1997) e O PORTAL DOS
SONHOS (UFSCAR Editora/20001), O POVO FALA (tese de doutoramento/ Ed.
Senac 2002).
Além de sua produção cinematográfica e literária, actuou sempre em
diversas frentes do cinema e da cultura brasileira, sendo um dos criadores
e primeiro presidente de duas sociedades de acção cultural e ambiental,
ICUMAM (Instituto de Cultura e meio Ambiente) em Goiás e CINEMAR em
São Paulo. Foi, por duas vezes, Presidente da Associação Paulista de
Cineastas (APACI), tendo sido um de seus principais idealizadores e
fundadores. Presidente da Cinemateca Brasileira. Foi também Conselheiro
do Museu da Imagem e do Som (SP), Coordenador Geral do FICA (Festival
Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental) em sua primeira, terceira e nona
edições (anos 1999/ 2001/2007). Foi membro do Júri do Festival de
Valladolid/ Espanha/1983. Foi membro do Júri do Festival de Gramado/1986.
Em Outubro/1.999, foi membro do Júri Internacional do Festival de Paris. Em
Jan/2.000, foi membro do Júri Internacional do Festival Internacional da Índia
(New Delhi). Em 2005, Nomeado Secretario de Cultura do Estado de São
Paulo. Em 2007, curador do II Festival Latino-Americano de São Paulo.
| 243 |
cineeco2007
João Batista
de Andrade
| 244 |
cineeco2007
João Batista
de Andrade
JOÃO BATISTA DE ANDRADE
Filmografia
Realização de filmes de ficção
1969 - Gamal, o delírio do sexo
- O filho da televisão
1976 - Alice
1977 - Doramundo
1979 - O homem que virou suco
1983 - A próxima vítima
1986 - O país dos tenentes
1996 - O cego que gritava luz
1999 - O tronco
2002 - Rua 6, s/nº
2005 - Vlado - 30 Anos Depois
2006 - Veias e Vinhos - Uma História
Brasileira
Realização de ficção em vídeo
1983 - Dudu nasceu
Realização de documentários
1963 - Catadores de lixo (inacabado)
- TNP – Teatro Nacional Popular
(inacabado)
1966 - Liberdade de imprensa
1967 - Diversificação agrícola
1968 - Portinari, um pintor de
Brodósqui
1970 - Paulicéia fantástica
- Gracias señor (inacabado)
1971 - Eterna esperança
1975 - Buraco da comadre
- Restos
1979 - Greve!
- Trabalhadores: presentes!
1982 - Tribunal Bertha Lutz
1985 - Céu aberto
1991 - Independência
Realização de documentários em vídeo
1981 - A ferrovia do diabo
1988 - Reforma administrativa
1998 - Ontem, hoje, amanhã
Realização de documentários para
televisão
1972 - Migrantes
1973 - Ônibus
- Pedreira
1974 - A escola de 40 mil ruas
- Eleições
1975 - Vidreiros
- Lenhador de automóveis
- Paulo Vanzolini
- O jogo de poder
1976 - Batalha dos transportes
- Viola contra guitarra
- Mercúrio no pão de cada dia
- O grito em debate
- Meningite
- Desaparecidos
1977 - Caso Norte
1978 - Wilsinho Galiléia
1981 - Por um lugar ao sol
1982 - 1932/1982 – A herança das idéias
1988 - Cubatão urgente
Montagem
1963 - Vila da Barca, de Renato
Tapajós
1966 - Universidade em crise, de
Renato Tapajós
1971 - Orgia, o homem que deu cria,
de João Silvério Trevisan
Direção de produção
1966 - Mal de Chagas, de Francisco
Ramalho Jr.
Assistente de produção
1967 - Bebel, a garota propaganda,
de Maurice Capovilla
Produção executiva
1968 - Anuska, manequim e mulher,
de Francisco Ramalho Jr.
1976 - Tietê, um rio acaba na cidade,
de Francisco Ramalho Jr.
- Rio Paraíba, de Reinaldo
Volpato
Som
1966 - Mal de Chagas, de Francisco
Ramalho Jr.
CineEco2007
LUCIANO
PAVAROTTI
| 248 |
cineeco2007
Luciano
Pavarotti
_NA MORTE DE LUCIANO PAVAROTTI
O tenor italiano Luciano Pavarotti, 71 anos, morreu hoje (6 de Setembro de
2007) de madrugada em sua casa, na cidade de Modena, Itália, em
consequência de um cancro no pâncreas, anunciou a agência noticiosa Ansa.
Operado em Julho do ano passado a um tumor no pâncreas, Pavarotti tinha
sido hospitalizado em Agosto, mas nas últimas semanas estava em casa,
rodeado da família. O agravamento súbito do estado de saúde do cantor
lírico tinha sido noticiado pelos meios de comunicação social italianos,
acabando por falecer durante a madrugada, de acordo com a Ansa.
A notícia da morte espalhou-se rapidamente em Modena e as autoridades
policiais estabeleceram um cordão de segurança em torno da casa do tenor.
Devido a um “estado febril”, Pavarotti tinha sido hospitalizado em Modena
a 8 de Agosto, regressando a casa no dia 25 para aí prosseguir a
convalescença.
Uma operação às costas, no início do ano passado, seguida da intervenção
cirúrgica ao pâncreas, em Julho, tinham obrigado o tenor a cancelar uma
digressão de despedida com 40 concertos pelo mundo inteiro que havia
iniciado em Maio de 2004.
Pavarotti não era visto em público há vários meses, embora, depois da
operação de Julho do ano passado, tivesse anunciado a sua disposição de
retomar a digressão de despedida, no início deste ano, mas não chegou a
concretizar o seu desejo. No início do Verão deste ano, numa homenagem
ao tenor realizada na ilha de Ischia, perto de Nápoles (sul de Itália), a
mulher de Pavarotti tinha afirmado que o seu marido estava bem de saúde
e que estava a preparar o lançamento de um disco.
“Nunca se pode saber bem com esta doença, mas acho que Luciano se vai
safar, ele está bem. Está a terminar um quinto ciclo de quimioterapia, não
perdeu um único cabelo e acima de tudo nem emagreceu”, afirmou na altura
Nicoletta Mantovani.
Em comunicado divulgado ontem de manhã pela Ansa, Luciano Pavarotti
tinha manifestado a sua “emoção” pela criação em Itália de um prémio de
“excelência cultural”, do qual foi o primeiro galardoado. “Inclino-me, cheio
de emoção e gratidão, pelo prémio que acaba de me ser atribuído, porque
me dá a oportunidade de continuar a celebrar a magia de uma vida ao
serviço da arte”, afirmara Luciano Pavarotti no comunicado.
Luciano Pavarotti foi considerado “o maior tenor do Mundo” desde o
desaparecimento do “grande Caruso” em 1921. Dotado da mais excepcional
voz do Mundo, o italiano soube impor-se nos palcos mais prestigiados - do
Scala de Milão à Metropolitan Opera de Nova Iorque - com a sua imponente
figura, a soberba barba escura e sorriso cativante.
Nascido a 12 de Outubro de 1935 em Modena (norte de Itália), Luciano
decidiu-se primeiro pelo ensino, mas optou definitivamente pelo canto em
1961. “A Boémia” de Puccini - a sua ópera preferida - que interpretou no
palco da ópera de Reggio Emília, trouxe-lhe um êxito fulgurante, que
depressa ultrapassou as fronteiras de Itália e da Europa. Donizetti (“A filha
do Regimento”), Bellini (“A Sonâmbula”), Rossini (“Guilherme Tell”), Verdi
(“Rigoletto”) estão presentes em mais de 30 anos de digressões mundiais
do triunfante tenor.
Amante dos puro-sange, das massas frescas e dos bons vinhos, este gigante
de 1,90 de altura (para um peso variável de 85 a 120 quilogramas) foi pai
de quatro filhas e avô. Casou-se em segundas núpcias em Dezembro de
2003 com a sua ex-colaboradora Nicoletta Mantovani, trinta anos mais nova.
Limitando os seus concertos a cem por ano, as maiores divas - Montserrat
Caballé, Kiri Te Kanawa, Joan Sutherland - acompanharam-no nas suas
actuações. Em Julho de 1998, durante um mega-concerto transmitido a partir
da Torre Eiffel (Paris), José Carreras e Plácido Domingo formaram com
Pavarotti um trio de tenores.
Capaz de cantar desde o clássico às variedades, passando pelo canto
napolitano, não hesitou, desprezando a fúria dos críticos, em formar duetos
com Sting, Joe Cocker ou Mariah Carey para defender causas humanitárias.
À frente de uma das maiores fortunas do Mundo e de uma farta discografia,
o tenor do século, de 71 anos, empreendeu em Maio de 2004 uma digressão
mundial de despedida, interrompida em Julho do ano passado já por causa
da doença que o viria a matar.
O tenor espanhol José Carreras comentou a morte de Pavarotti relembrandoo como um grande cantor de ópera, um bom amigo seu, um óptimo
cozinheiro e um excelente jogador de póquer. “As melhores recordações são
as da intimidade. Tinha uma personalidade muito divertida”, declarou
Carreras ao jornal sueco “Expressen”, país onde deu ontem um concerto.
“Nós devemos recordá-lo como o grande artista que era, um homem com
um extraordinário carisma”, acrescentou Carreras, que formava com
Pavarotti e Placido Domingo o célebre trio da história da ópera mundial os três tenores.
| 249 |
cineeco2007
Luciano
Pavarotti
| 250 |
cineeco2007
Luciano
Pavarotti
_LUCIANO PAVAROTTI
Luciano Pavarotti (Módena, 12 de outubro de 1935 — Módena, 6 de
Setembro de 2007) foi um cantor lírico italiano, grande intérprete das
obras de Donizetti, Puccini e Verdi.
Pavarotti participou com os tenores espanhóis José Carreras e Plácido
Domingo nos concertos “Os Três Tenores”, e gravou famosos duetos com
Bryan Adams, Andrea Bocelli, Queen, Céline Dion, U2 e Roberto Carlos,
entre outros. É considerado um dos mais importantes tenores de todos
os tempos. Cantou nos mais importantes teatros mundiais, como sendo
o Teatro alla Scala (Milão), a Royal Opera House (Covent Garden,
Londres), a Metropolitan Opera House (Nova Iorque), entre outros.
Pavarotti fez a sua estréia na ópera em 29 de Abril de 1961 no papel de
Rodolfo de La Bohème, em Reggio Emilia.
Estreou-se na América em Fevereiro de 1965 com a Greater Miami Opera
junto com Joan Sutherland em Miami. Pavarotti foi o cantor substituto de
um tenor subitamente doente e executou o seu papel sem prévio ensaio.
Sutherland recomendou o jovem Pavarotti, que viajava na sua tournée, já
que tinha desempenhado muito bem o papel. Em Milão, em 28 de Abril
seguinte, estreia no Teatro alla Scala com La Bohème. Depois de uma
tournée à Austrália regressou ao La Scala onde fez o papel de Tebaldo
de I Capuleti e i Montecchi em 1966, com Giacomo Aragall como Romeo.
O seu primeiro papel de Tonio subiu à cena no Covent Garden em 2 de
Junho desse ano.
Atinge grande êxito em Roma em finais de 1969 cantando I Lombardi com
Renata Scotto, registado em disco e amplamente distribuído, tal como
árias de I Capuleti e i Montecchi, habitualmente com Aragall. Os primeiros
registos comerciais incluem um recital com obras de Donizetti e Verdi,
com árias (a de Don Sebastiano de excepcional qualidade), bem como
um L’Elisir d’amore completo, com Sutherland. O seu maior êxito nos EUA
chega com La fille du régiment de Donizetti, em 1972, na Metropolitan
Opera, onde leva o público à loucura com nove aparentemente fáceis
para si dós tenores. Foi chamado 17 vezes à cena em constante aplauso.
No início da década de 1980, lança The Pavarotti International Voice
Competition para jovens cantores, cantando com os vencedores em 1982
excertos de La bohème e de L’elisir d’amore. O segundo concurso em
1986 repete La bohème e Un ballo in maschera. Para comemorar o 25º
aniversário de carreira leva os vencedores a Itália para recitais de gala de
La bohème em Modena e Génova, e à China exibindo La bohème em
Pequim. Actua no Grande Salão do Povo para 10.000 pessoas, recebendo
ovação entusiástica por nove dos tenores. O concurso de 1989 continha
excertos de L’elisir d’amore e Un ballo in maschera. Os vencedores deste
acompanharam Pavarotti em performances em Filadélfia em 1997.
Um novo incremento à sua fama internacional ocorreu quando em 1990
cantou a ária de Giacomo Puccini “Nessun Dorma” da ópera Turandot,
que foi o hino da Copa do Mundo de 1990 em Itália. Forma com Plácido
Domingo e José Carreras Os Três Tenores, acompanhados pelo maestro
Zubin Mehta, que ainda hoje é o álbum de música clássica mais vendido
de sempre. Em Hyde Park, Londres, junta 150.000 pessoas para o ouvir.
Em Junho de 1993, mais de 500.000 dirigem-se ao Central Park de Nova
Iorque para o ouvir, com milhões em todo o mundo a segui-lo pela
televisão. Em Setembro, em Paris, junta 300.000. “Os Três Tenores”
repetem recitais nas várias Copas do Mundo de Futebol: em Los Angeles
em 1994, em Paris em 1998, e Yokohama em 2002.
Pavarotti tem duas entradas no livro Guinness World Records: o maior
número de chamadas ao palco - 165 - e o álbum de música clássica mais
vendido de sempre (“In Concert de Os Três Tenores” partilhado com os
colegas Plácido Domingo e José Carreras).
Em 2003 publica a sua última compilação, “Ti Adoro”.
Casa com a sua assistente, Nicoletta Mantovani, com quem teve dois
filhos; devido a complicações no parto, apenas uma, Alice, sobrevive.
Iniciou a sua tournée de despedida em 2004, aos 69 anos, após quatro
décadas de palco.
Pavarotti actuou pela última vez na New York Metropolitan Opera em 13
de Março de 2004 recebendo uma ovação de 11 minutos pelo papel do
pintor Mario Cavaradossi na “Tosca” de Giacomo Puccini’s . Em 1 de
Dezembro de 2004 anuncia a tournée final em 40 cidades, produzida por
Harvey Goldsmith.
Em 10 de Fevereiro de 2006, Pavarotti canta “Nessun Dorma” na
cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006 em Turim.
Desde 2006 submetera-se a tratamento devido a um tumor no pâncreas,
tendo sido operado em Julho de 2006, momento em que deixou de fazer
aparições públicas. O seu estado de saúde agravou-se no Verão de 2007.
Luciano Pavarotti esteve internado num hospital durante mais de duas
semanas para tratamentos e diagnósticos, tendo regressado a casa em
final de Agosto. O seu estado de saúde piorou significativamente em 5
de Setembro. Pavarotti morreu em sua casa na madrugada de 6 de
Setembro de 2007, aos 71 anos de idade. A morte foi anunciada pelo
empresário do cantor, Terri Robson.
Pavarotti actuou duas vezes em Portugal: Em 13 de Janeiro de 1991 no
Coliseu de Lisboa um concerto denominado “Uma Noite com Luciano
Pavarotti”. Pavarotti cantou árias de Donizetti, Verdi, Massenet, Puccini,
Leoncavallo e canções napolitanas.
Em 21 de Junho de 2000 actuou no Estádio S. Luís, em Faro com cenário do
arquitecto Tomás Taveira. Na viagem entre Lisboa e Faro, partiu-se um vidro do jacto
privado do cantor, a cabine despressurizou e o avião caiu mais de três mil metros.
O tenor não ganhou para o susto, comentando “Desta vez safei-me”. Com uma
otite e problemas nas cordas vocais, teve de receber tratamento numa clínica
próxima de Faro. Acompanhado pela Orquestra Nacional do Norte, cantou árias de
Cilea, Puccini, Mascagni e Verdi.
In Wikipédia, a enciclopédia livre
| 251 |
cineeco2007
Luciano
Pavarotti
| 252 |
cineeco2007
DISCOGRAFIA:
Vincenzo Bellini
I Puritani (Arturo) London/Decca 417 588-2; 1974
Sutherland, Pavarotti, Ghiaurov, Cappuccilli, Covent
Garden Ch., London Sym. Orch., Bonynge
La Sonnambula (Elvino) London/Decca 417 424-2;
1980 Sutherland, Pavarotti, Ghiaurov, Covent Garden
Ch., National Phil. Orch., Bonynge
Arrigo Boito
Mefistofele (Faust) London/Decca 410 175-2;
1980,1982 Ghiaurov, Pavarotti, Freni, Caballé,
London Opera Ch., National Phil. Orch. of London,
de Fabritiis
Gaetano Donizetti
La Favorita (La Favorite) (Fernando) London/
/Decca 430 038-2; 1974-77 Cossotto, Pavarotti,
Cotrubas, Ghiaurov, Bacquier, Orch. e Coro del Teatro
Comunale di Bologna, Bonynge
La Fille du Régiment (Tonio) Decca 414 520-2;
1967 Sutherland, Pavarotti, Malas, Sinclair, Covent
Garden Ch., Orchestra & Chorus of the Royal Opera
House, Bonynge
Lucia di Lammermoor (Edgardo) London/
/Decca 410 193-2; 1971 Sutherland, Pavarotti,
Ghiaurov, Milnes, Orch. and Ch. of the Royal Opera
Luciano House, Bonynge
Pavarotti
Maria Stuarda (Roberto) London/Decca 425 410-2;
1974-75 Pavarotti, Sutherland, Tourangeau, Soyer,
Orch. e Coro del Teatro Comunale di Bologna,
Bonynge
Amilcare Ponchielli
La Gioconda (Enzo) London/Decca 414 349-2; 1980
Caballé, Baltsa, Pavarotti, Milnes, Ghiaurov,
Hodgson, London Opera Ch., National Philharmonic
Orchestra, Bartoletti
Giacomo Puccini
La Bohème (Rodolfo) London/Decca 421 049-2; 1972
Freni, Pavarotti, Panerai, Harwood, Ghiaurov, Maffeo,
Ch. der Deutschen Oper, Berliner Phil., Karajan
Madama Butterfly (Pinkerton) London/Decca 417
577-2; 1974 Freni, Pavarotti, Kerns, Ludwig, Wiener
Staatsopernchor, Wiener Phil., Karajan
Manon Lescaut (des Grieux) London/Decca 440 2002; 1992 Freni, Pavarotti, Croft, Taddei, The
Metropolitan Opera Ch. and Orch., Levine
Turandot (Calaf) London/Decca 414 274-2; 1972
Sutherland, Pavarotti, Caballé, Ghiaurov, John Alldis
Ch., Philharmonia Orch. of London, Mehta (contém
“Nessun dorma”)
Giacchino Rossini
Guglielmo Tell (William Tell) (Arnoldo) Decca 17154;
1979 Milnes, Pavarotti, Freni, Ghiaurov, D. Jones, E.
Connell, van Allan, NPO, Chailly
Otello (Otello) London/Decca 433 669-2; 1991
Pavarotti, Te Kanawa, Nucci, Chicago Sym. Orch. and
Ch., Solti
Rigoletto (Il Duca) London/Decca 414 269-2; 1971
Milnes, Sutherland, Pavarotti, Ambrosian Ch.,
London Sym. Orch., Bonynge
Rigoletto (Il Duca di Montova) Decca 25864;
1989 Nucci, Anderson, Pavarotti, Ghiaurov, Verrett,
Antonacci, de Carolis, Teatro Comunale di Bologna,
Chailly
Il Trovatore (Manrico) London/Decca 417 137-2; 1975
Pavarotti, Sutherland, Horne, Wixell, Ghiaurov,
London Ch., National Phil. Orch., Bonynge
Diversos:
Arias (Variety) Decca
Amore: Romantic Italian Love Songs (Variety) Decca
36719
Ti Adoro (Variety) Decca
The Pavarotti Edition (Variety) Decca
Los Angeles 1973 (Recital UCLA Campus 1973)
(Variety) Decca
DVDs
Aida (Radames) Kultur; 1981 Price, Pavarotti,
Toczyska, Estes, San Francisco Opera, Navarro
Un Ballo in Maschera (Gustavo III) Universal Music;
1990 Pavarotti, Millo, Nucci, Metropolitan Opera,
Levine
La Boheme (Rodolfo) Deutsche Grammophon; 1977
Pavarotti, Scotto, Niska, Wixell, Plishka, Metropolitan
Opera, Levine
La Bohème (Rodolfo) Kultur; 1989 Freni, Pavarotti,
Pacetti, Ghiaurov, G. Quilico, San Francisco Opera,
Severini
Don Carlo (Don Carlo) EMI; 1992 Pavarotti, Dessi,
Ramey, d’Intino, Coni, La Scala Opera, Muti
L’Elisir d’Amore (Nemorino) Universal; 1991 Pavarotti,
Battle, Pons, Dara, Upshaw, Metropolitan Opera,
Levine
Ernani (Ernani) Pioneer Video; 1983 Pavarotti,
Mitchell, Milnes, Raimondi, The Metropolitan Opera,
Levine
Requiem (Tenor role) Uni/Deutsche Grammophon;
1967 L. Price, Cossotto, Pavarotti, Ghiaurov, von
Karajan
Three Tenors: In Concert Decca; 1990 Carreras,
Domingo, Pavarotti, Mehta
The 3 Tenors in Concert 1994 Atlantic; 1994 Carreras,
Domingo, Pavarotti, Mehta
Giuseppe Verdi
Macbeth (Macduff) Decca 440 445-2; 1970 FischerDieskau, Suliotis, Ghiaurov, Pavarotti, Ambrosian
Opera Ch., London Phil. Orch., Gardelli
Il
Trovatore
(Manrico)
Universal/Deutsche
Grammophon; 1988 Pavarotti, Milnes, Marton,
Metropolitan Opera, Levine
Luisa Miller (Rodolfo) London/Decca 417 420-2; 1975
Caballé, Pavarotti, Milnes, Giaiotti, van Allan,
Reynolds, London Opera Ch., National Phil. Orch.,
Maag
Video (VHS):
Idomeneo (Idomeneo) Paramount Studio; 1983
Pavarotti, Cotrubas, von Stade, Stratas, The
Metropolitan Opera, Levine
CineEco2007
MARCEL
MARCEAU
| 254 |
cineeco2007
Marcel
Marceau
_NO DIA EM QUE PAREI UMA ACTUAÇÂO DE MARCEL MARCEAU
Desde muito novo que sou um admirador confesso de Marcel
Marceau. Não sou o que se possa dizer um entusiasta da mímica, mas
Marcel Marceau era muito mais do que um mimo. Era um poeta do
gesto, um escritor em movimento, uma asa de pomba solta à deriva
do tempo, num palco quase sem adereços, onde a sua arte refulgia.
De pouco precisava para empolgar uma audiência. Sempre que pude
vi-o ao vivo, uma vez em Paris, outra no Casino do Estoril, outra ainda
(a primeira!) no Maria Matos, acho que integrado num festival de
teatro que então ali decorria.
Sala apinhada, eu e o meu filho Frederico, que teria nessa altura treze
anos, instalados numa coxia a meio da plateia. O espectáculo iniciase, o mimo entra em palco, rosto pintado de branco, sobrancelhas,
olhos e boca sublinhadas com risco de pintura escura, estrondosa
salva de palmas a saudar a entrada do génio, e este inicia o seu
programa, composto por curtos episódios que se iam sucedendo
perante o olhar maravilhado de uma plateia rendida, onde imperava
um silêncio total.
Súbito, o estrondo, uma cadeira já muito usada que dá de si, um
pesado corpo que acompanha a descida do decrépito assento até
bater no chão. Sim, era a minha cadeira, sim era eu a enterrar-me
nela, até bater no chão, os olhos à altura dos braços de madeira, a
sala a precipitar o olhar para o local da violenta vibração. O Frederico
a olhar para mim e a perguntar baixinho, no espanto da sua vergonha,
“Pai, estás bem? Que aconteceu?”. Eu continuei enfiado na cadeira
sem assento, a ver se ninguém mais dava por mim, Marcel Marceau
no palco, imóvel, olhando de lá o meio da plateia onde uma cadeira
abatera. Um intervalo interminável. O silêncio prolongado, o que não
seria estranho num espectáculo de mímica, não fora o mimo estar não
só silencioso, como igualmente imóvel, olhos parados longe. Quando
tudo pareceu serenar levantei-me e vim para o fundo da plateia,
encostado à parede, assistir ao resto do espectáculo. Marcel Marceau,
profissional sem mácula, recuou no palco, ganhou de novo o silêncio
e a atenção do público, e recomeçou o episódio que fora
interrompido. Recomeçou do início, para que o conjunto mantivesse
a unidade e o crescendo de emoção requeridos.
Nessa noite eu tinha interrompido, ainda que involuntariamente, uma
actuação de Marcel Marceau e tinha obrigado o mimo a recomeçar um
dos seus “sketches”. Nessa noite fui, ainda que de forma não
deliberada, companheiro de actuação de Marceau Marceau. Um pouco
o “encenador” de uma falha. Uma falha que só veio demonstrar o
profissionalismo e a grandeza do dono do espectáculo.
Lauro António
_MARCEL MARCEAU APRESENTA…
Marcel Marceau era assim apresentado no programa dos “Festivais de
Lisboa de 1990” (3 de Novembro a 14 de Dezembro), numa realização
de Adolfo Gutkin (excelente programação de teatro, diga-se!), onde o
mimo actuou no dia 3 de Dezembro, um segunda-feira, num
espectáculo intitulado “Pantomimes de Style – Pantomimes de Bip” .
Marceau é herdeiro da tradição rica e antiga da pantomima europeia,
que brota da Comedia dell’Arte e se alimenta de muitas fontes,
incluindo a grande época do cinema mudo. As referências a Charlot
e à pantomima circense são constantes. A perfeição técnica e a forma
como tem sabido actualizar as personagens tradicionais do teatro de
pantomima, são ingredientes fundamentais do seu reconhecimento à
escala mundial.
O seu trabalho tem evoluído segundo fases claramente distintas:
uma primeira entre 1946 e 1960 na qual se sucedem as criações no
campo da expressão teatral sem recurso às palavras. A partir de 1960,
Marceau toma contacto com a arte japonesa, particularmente com o
Nô e o Kabuki, e com a arte Hindu do Mudra. Aqui se incluem
também as grandes lições dos actores do cinema mudo; Chaplin e
Keaton. A sua personagem mais famosa, Bip, criada em 1947, morre
e renasce, como morrem e renascem os homens. Um tímido solitário
que sabe desfrutar com inocência, as aventuras quotidianas de uma
viagem de comboio, de uma chamada telefónica ou o trabalho árduo
de um domador de leões a quem as feras não obedecem.
Marcel Marceau contínua a ser a figura mais importante da
pantomima internacional. Este espectáculo inclui dois outros mimos
com quem “dialoga” numa linguagem de gestos por si criada e
desenvolvida.
Jean Cocteau escreve a propósito de Marcel Marceau: “O exercício de
estilo que irão ver consiste em traduzir um silêncio noutro.
Com uma elegância surpreendente que leva de Deburau e da
dramática japonesa, Marcel Marceau imita o silêncio enganador dos
peixes e das plantas.
Ele evoca misteriosamente essa vida vegetativa, que nos mostram os
filmes acelerados, tão gesticuladora como a dos homens. Em suma,
fala.
Faz-me pensar naqueles surdos-mudos que se riem dos filmes mudos
dramáticos, porque ouvem as piadas dos actores.
Um mimo atravessa o muro das línguas. Paul Paviot apresenta-nos
uma personagem encantadora inventada por Marceau: Bip
Esta personagem entra em nossa casa em pontas dos pés como um
ladrão, com o terrível à vontade do luar.” (Prefácio de Jean Cocteau
para o filme “Pantomimas”, 1954)
| 255 |
cineeco2007
Marcel
Marceau
| 256 |
cineeco2007
Marcel
Marceau
_MARCEL MARCEAU TINHA 84 ANOS
E MAIS DE MEIO SÉCULO DE CARREIRA
Marcel Marceau, o mímico francês que era o maior da sua arte, conhecido
particularmente pela criação do personagem Bip, que ele próprio
confessara ser inspirado em Charlie Chaplin, morreu no dia 23 de
Setembro de 2007, com 84 anos. Foi sepultado no cemitério parisiense
Pére Lachaise.
Nascido em Estrasburgo em 22 de Março de 1923, tornou-se um dos
artistas franceses mais conhecidos no mundo, em especial nos Estados
Unidos onde o seu movimento da “marcha contra o vento” marcou uma
revolução na cena teatral, que inspirou por exemplo “Moonwalk”, de
Michael Jackson.
O seu nome de família original era Mangel, mas Marceu alterou o apelido
para escapar durante a Segunda Guerra Mundial à perseguição aos
judeus pelos nazis, que em 1944 assassinaram o seu pai, deportado para
o campo de concentração de Auschwitz.
Desde pequeno que admirava os “artistas silenciosos” do cinema mudo
como Charlie Chaplin, Buster Keaton, Harry Langdon ou a dupla Laurel e
Hardy, os quais se esforçou por imitar, inspirando-se ainda nos
actores/palhaços da Commedia dell’Arte dos séculos XVII e XVIII, e nos
gestos estilizados da representação teatral chinesa. A personagem Bip com calças às riscas pretas e brancas, colete encarnado e uma rosa
vermelha no chapéu – advém dessa sua admiração pelos grandes magos
do burlesco na época muda do cinema.
Ingressou na escola de arte dramática Charles Dullin, em 1946, onde
travou uma relação especial com o professor Etienne Decroux e um ano
mais tarde criou o personagem Bip, um ser marcado pela sensibilidade e
pela poesia que lhe permitiu explorar a sociedade moderna
concentrando-se na sua dimensão trágica.
Estreou-se em 1947, no Thêatre de Poche, e fundou a sua companhia
teatral em 1948, em Paris, mas apenas em 1951, no Festival de Berlim,
conheceu o reconhecimento internacional. Esta participação no Festival
de Berlim marcou o início de um relacionamento com Bertolt Brecht e o
Berliner Ensemble, e também a rodagem dos seus primeiros filmes para
a DEFA (Organização cinematográfica da República Democrática Alemã),
instituição estatal de Berlim-Leste.
No cinema ocidental trabalhou com Roger Vadim, em “Barbarella” (1968),
e com Mel Brooks, em “A Última Loucura” (1976), duas obras que ainda
contribuíram mais para a sua fama internacional. Nesta última, toda ela
muda (apesar de datar de 1976), o único que dizia uma palavra (“Não!”)
era o próprio Marcel Marceau que, nos seus espectáculos, nunca utilizava
a palavra, e que afirmava que “a palavra não é necessária para exprimir
o que se sente no coração”.
Reconhecido pela sua versatilidade teatral, o artista foi nomeado
Embaixador da Boa Vontade das Nações Unidas para o Envelhecimento.
Em 2005, aos 82 anos, Marceau fez uma digressão de despedida pela
América Latina, passando por Cuba, Colômbia, Chile e Brasil.
No final de Dezembro de 2003, Marceal Marceau apresentou quatro
espectáculos no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, onde
exibiu um conjunto de actuações a solo intituladas “A Arte do Silêncio”,
com as mais recentes criações do seu repertório. Nesse ano anunciou o
abandono dos palcos, após mais de 13 mil actuações.
_MARCEL MARCEAU
Marcel Marceau, que morreu cercado pelos seus no sábado passado em
Cahors, no Sudoeste de França, nascera Marcel Mangel em Estrasburgo
cinco anos depois da Alsácia ter tornado a ser francesa, mas mudara para
apelido não judeu sob a ocupação alemã durante a guerra de 1939-1945,
tendo escolhido Marceau por ser o nome de um general da Revolução de
1789 encontrado num verso de Victor Hugo - “Hoche no Adige, Marceau
no Reno” - primeiro como nome de guerra para a luta clandestina da
Resistência contra os nazis e o regime de Pétain e depois como nome
artístico para a vida toda. Em 1944, o pai Mangel, talhante de profissão
e barítono amador, foi deportado para Auschwitz de onde não voltaria.
Esses anos de desumanidade brutal e de esperança corajosa marcaram
para sempre o filho.
Marceau não inventou a arte do mimo, que é pelo menos tão antiga
como as artes da dança e do teatro, mas foi o seu maior criador e
intérprete desde o fim dos anos quarenta do século XX até hoje, não só
em França mas no mundo inteiro. A sua primeira passagem pela
Broadway teve tal sucesso que foi prolongada por seis meses para lá do
| 257 |
cineeco2007
Marcel
Marceau
| 258 |
cineeco2007
Marcel
Marceau
contrato inicial e a representação mudada para uma sala maior. Desde
1996, todos os anos a 18 de Março, a cidade de Nova Iorque celebra o
Dia de Marcel Marceau.
Embora tenha fundado e animado uma escola de mimos e, a certa altura,
a sua própria companhia, e haja ao longo dos anos participado muitas
vezes em espectáculos com «troupes» variadas, as memórias
emblemáticas que nos deixou são de um ser solitário, ao mesmo tempo
etéreo e divertido, que ou batalhava contra os elementos, ou se
maravilhava com os esplendores da vida, ou se ia libertando como podia
dos terrores da existência - sempre com a elegância e o sentimento que
levaram Jean Costeau a dizer dele: “Entra-nos em casa com pezinhos de
lã de ladrão e o à-vontade terrível do luar”. Considerava-se em tudo isto
praticante do que chamava ‘teatro do mimo’ que brotara, dizia, do
renascimento do ‘teatro do verbo’, teatro de qualidade que surgira em
França pela mão de Jouvet, Dulin, Batt, Pitoff - e também de Decroux, que
lhe ensinara ‘a gramática do corpo’ - como reacção ao ‘teatro de
boulevard’, nas décadas de trinta e quarenta e continuara a seguir à
guerra. A maior influência que reconhecia nessa tradição era a de Decroux
e, mais tarde, a de Jean-Louis Barrault, que o preferiu a Maurice Béjart
para Arlequin no seu espectáculo ‘Baptiste’ e veio a fazer com ele, no
cinema, ‘Les Enfants du Paradis’, considerado por muito boa gente uma
das grandes obras-primas do cinema europeu. Mas desde os bancos de
escola a maior inspiração fora Charlot, cuja presença perpassava
claramente nalguns personagens que criou.
Entrevistado na altura da sua primeira passagem por Lisboa no começo
de 1960 (a última foi em Dezembro de 2003), Marceau falou assim do seu
trabalho: “A minha arte é poética, profundamente humana, traz consigo
uma mensagem que tem raízes populares e, como toda a arte satírica e
trágica, é uma arte de vanguarda. O teatro serve para mostrar os vícios,
as taras de uma determinada época. Os grandes problemas: a vida, o
amor, a morte, o ciúme, a justiça, são eternos e o teatro procura transpôlos recreando”. E, muitos anos depois, diria que as suas ilustrações do
combate do Bem contra o Mal não visavam causas ou episódios
particulares e poderiam aplicar-se a qualquer lugar do mundo onde essa
luta se travasse.
Quando, no fim dos anos quarenta, Marceau começara a deslumbrar o
público, a tradição de mimo quase se perdera em França. Houvera no fim
do século XIX três ou quatro grandes nomes, mas tinham morrido sem
deixar continuadores. Marceau, apesar de ter tentado fazer escola, tãopouco os deixa. Talvez os seus padrões fossem altos de mais: “Sinto que
fiz pelo mimo o que Segovia fez pela guitarra e Casals pelo violoncelo”,
disse numa entrevista.
Casou-se e divorciou-se três vezes, teve dois filhos do primeiro
casamento e duas filhas do terceiro.
José Cutileiro, in Expresso de 29 de Setembro de 2007.
Filmografia:
Como actor:
Un Jardin Public, de Paul Paviot (1954)
Pantomimes, de Paul Paviot (1954)
Die Schöne Lügnerin ou La Belle et
l’Empereur, de Axel von Ambesser (1959)
Es oi It, de Ulrich Schamoni (1966)
Yego zvali Robert, de Ilya Olshvanger
(1967)
Barbarella, de Roger Vadim(1968)
Shanks, de William Castle (1974)
Silent Movie, de Mel Brooks(1976)
Les Îles, de Iradj Azimi (1983)
Elogio della pazzia, de Roberto Aguerre
(1986)
Kinski Paganini, de Klaus Kinski (1989)
Joseph’s Gift, de Philippe Mora (1998)
Spine Tingler: The William Castle Story, de
Jeffrey Schwarz (2008) (em produção)
Como Coreógrafo:
Shanks (1974)
Intervençôes de Marcel Marceau:
La Bague (1947)
The Dinah Shore Chevy Show” (17.01.1956)
Toast of the Town” ou The Ed Sullivan
Show (4 episódios: 11.16 (1958), 0.8
(1956), 9.35 (1956) e 9.26 (1956)
Portrait-souvenir: Molière (1963) (TV)
The Hollywood Palace (1 episódio, 3.24
(1966)
Chut, chut, Marceau (1968) (TV)
Rowan & Martin’s Laugh-In (2 episódios,
2.7 (1968) e 2.14 (1969)
The Flip Wilson Show (1 episódio, 1970)
The David Frost Show (1 episódio, 1971)
MisteRogers’ Neighborhood (1 episódio,
1973)
The Tonight Show Starring Johnny Carson
(5 episódios: 22.08., 07.03. 27.02., 05.01.
todos de 1973 e ainda 04.1970 (1970)
Good Morning America (1 episódio, 1974)
The 46th Annual Academy Awards (1974)
(TV)
Laugh-In (1977)
La Constellation Jodorowsky (1994)
Lauren Hutton and... (1 episódio, 1996)
Charlie: The Life and Art of Charles Chaplin
(2003)
AFI’s 100 Years, 100 Laughs: America’s
Funniest Movies (2000) (TV)
HermanSIC (1 episódio, 30.11. 2003)
Silent Clowns (1 episódio, 2006)
CineEco2007
UM CLÁSSICO:
PLAYTIME
| 262 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
PLAYTIME: UM CLÁSSICO
PLAYTIME é toda uma história.
Primeiro quisemos filmar em cenários reais, mas apercebemo-nos – ao fim
da primeira semana de rodagem – que era complicado parar o trânsito em
Orly, ou interromper a actividade de um centro comercial ou um
supermercado.
Precisámos então de fazer o cenário que não existia. Inventei-o. Demorou
muito tempo a construir e foi muito caro. Devia ter esperado cinco ou seis
anos e ter-me instalando em La Défense, onde, de facto, construíram o
cenário de PLAYTIME! Ao fim e ao cabo, PLAYTIME era um filme de
técnicos. E quando se gera uma história à volta do orçamento do filme, eu
respondo que os cenários podem ser enormes, mas mesmo assim não era
Ben Hur!, não custava mais do que a Sofia Loren... Não havia vedeta no
filme, ou melhor, era o cenário a vedeta, pelo menos, no início do filme.
Escolhi edifícios bonitos, com fachadas modernas, mas de qualidade,
porque o meu trabalho não é fazer crítica de arquitectura moderna. Era
possível deslocar cada edifício, o que era prático. Quis que ficasse para os
jovens cineastas, mas foi arrasado. Não ficou nada.
[Tativille foi pensada por Jacques Tati e desenhada por Eugène Roman. Era
uma cidade de cinema, criada para o filme. Tinha edifícios de aço, ferro e
vidro, ruas, escritórios, aeroportos, escadas rolantes, tudo num estúdio
revolucionário com 15000 m2.]
Podia ter-lhe chamado o “tempo do lazer”, mas preferi chamar-lhe
“Playtime”. Nesta vida moderna parisiense, é muito chique utilizar palavras
em inglês para vender uma determinada mercadoria: estacionamos em
“parkings”, as donas de casa fazem compras nos “supermarkets”, há um
“drugstore”, a noite num “night-club”, vendem-se bebidas “on the rock”,
comem-se “snacks” e quando estamos apressados é preciso ser “quick”.
Não encontrei um título em francês.
Falam-me com frequência dos diálogos dos meus filmes. No PLAYTIME,
meti o diálogo no interior do som. O que se ouve num mercado, numa
estação de comboios, num aeroporto, são partes de frases. De repente,
ouve-se uma mulher que diz ao marido: “Mas porque é que não me
disseste isso?”. Não sabemos porque é que ele não lhe disse, mas ficamos
a saber que ele não lhe disse.
Disseram-me muitas vezes também que achavam este formado dos 70mm
pretensioso. É muito simples: eu não pergunto a um ilustrador porque é
que ele escolheu uma folha grande. Se filmar em Super 8, vou filmar uma
janela, em 16 mm, vou ter quatro, em 35 mm vou ter doze e em 70 mm
vou ter a fachada de Orly. Acho que ao fim e ao cabo só estou a fazer o
meu trabalho: inventaram os 70 mm, as quatro pistas de som, não percebo
porque é que teríamos de voltar ao preto & branco e a uma só pista de
som! Em 70 mm, posso mostrar o que é um prédio moderno.
O cenário, como em alguns desenhos, tem uma enorme importância em
PLAYTIME. E, no entanto, não é o cenário que invade, mas a utilização do
cenário. Em PLAYTIME, em todo o início do filme, dirijo as pessoas para
que elas sigam as indicações dos arquitectos. As pessoas sentem-se
prisioneiras dos cenários. Se o Sr.Hulot entrar numa pequena loja e deixar
cair o guarda-chuva, a lojista vai dizer-lhe: “Sr, desculpe, deixou cair o
guarda-chuva”. “Ah! Desculpe...” Não tem importância. Mas por causa da
grandiosidade do cenário, se deixar cair o guarda-chuva no hall de entrada
de Orly, esse gesto ganha outra dimensão. Porque tudo foi decidido, tudo
foi projectado pelos arquitectos para que não se deixe cair o guarda-chuva.
E, por causa do som da queda do guarda-chuva, você cometeu um acto
perigoso. Você torna-se um personagem. Se o arquitecto estivesse lá diria:
“Senhor, desculpe-me, isto não foi desenhado para que se deixar cair um
guarda-chuva”. Isto acontece frequentemente com os tipos que vão ao
aeroporto comprar garrafas de whisky porque é mais barato. Muitas vezes
elas são mal embaladas e de repente, paf!, estilhaçam-se no chão. Nunca
| 263 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
| 264 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
vi pessoas ficarem tão incomodadas por partirem uma garrafa como nessas
situações. Quando estamos numa pequena tasca e isso acontece, dizem
“então, isso não se faz”, mas vão logo resolver o acto que não é assim tão
dramático.
Na arquitectura moderna, tentaram que as linhas fossem muito direitas,
que toda a gente se levasse muito a sério. Toda a gente parece muito
instruída só porque anda com um guardanapo.
Na primeira parte do filme, é a arquitectura que domina. Depois, pouco a
pouco, o calor, o contacto e a amizade do indivíduo sobrepõem-se a este
cenário internacional e depois começam a aparecer publicidades
luminosas, começa-se a dançar, até que tudo se torna um carrossel.
Acabaram-se os ângulos rectos no final!
Quis que se recordassem que quando temos um furo chamamos alguém
com uma chave. É esse senhor com a chave que eu quero defender no meu
filme. O meu trabalho não é ser crítico de arquitectura. Estou aqui para
defender o indivíduo e a personalidade, para que se respeitem as pessoas,
o senhor Robert que vem arranjar o furo. Precisamos dele, ele é muito
importante com a chave na mão. E depois acredito que não temos todos
de nos vestir da mesma maneira, que temos o direito de nos pentearmos
como bem entendermos. Em PLAYTIME quero defender as pequenas
personagens. Gosto de pessoas simples porque tenho uma vida simples e
não quero ser o mais rico de Saint-Germain-en-Laye! É claro que me podem
dizer que os meus números são maus. Isso, já não sei. Os espectadores
não estavam à espera do que tentei fazer, porque os espectadores estão
sempre a meter etiquetas nos artistas: “é o cómico da noite, vai fazer-nos
rir”. Mas em PLAYTIME é ao contrário, é um convite. Olhem à vossa volta
e verão que se passa sempre qualquer coisa de engraçado. Acho que
PLAYTIME não foi feito para um ecrã, mas sim para a vista.
Excertos de entrevistas que Jacques Tati deu à rádio e à televisão –
Arquivos Les Films de Mon Oncle
| 265 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
_ANTECEDENTES
JACQUES TATI, um mimo que se tornou cineasta, realizou seis filmes entre
1949 e 1973. Tati é interessante enquanto cronista (e testemunha) da
arquitectura do período posterior à II Guerra Mundial e o que não é menos
importante, como um observador bem-humorado dos efeitos da arquitectura
sobre a cultura e o indivíduo. Cada um dos seus filmes pode ser visto como
um capítulo de uma mesma história, em volta a uma série de temas que ele
desenvolveu e elaborou ao longo dos anos. (...)
_PLAYTIME
Em 1965, auxiliado pelo arquitecto e cenógrafo Eugène Roman, Tati construiu
para PLAYTIME um extraordinário cenário, que nas suas próprias palavras era
“a verdadeira vedeta do filme”. Tratava-se de um cenário em grande escala,
construído nos arredores de Paris, perto de Vincennes. Era gigantesco e
tornou-se conhecido como “Tativille”, talvez em referência a ALPHAVILLE
(1965) de Godard, recentemente concluído. Mas é claro que não era uma
cidade qualquer; era a cidade que Jacques Tati necessitava para continuar a
explorar a sua ideia da cidade moderna e, para que pudesse filmar
exactamente dos ângulos que necessitava, os prédios de escritórios estavam
colocados sobre rodas e em carris para poderem mover-se à vontade.
| 266 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
Nenhuma “cidade real” teria dado tanta flexibilidade ao realizador. Era um
empreendimento gigantesco, que vinha juntar-se a uma importante lista de
cenários construídos no cinema francês, como os de Lazare Meerson para
SOUS LES TOITS DE PARIS (1930) e À NOUS LA LIBERTE (1931), de René Glair,
ou os de Alexandre Trauner para LES ENFANTS DU PARADIS (1945), de Mareei
Carne. A inspiração primeira para o prédio de escritórios foi um prédio da
Esso, construído em 1963. Por seu turno, o prédio da Esso inspirou-se
provavelmente na Lever House, de 1952. O prédio da Esso foi o primeiro a
ter sido erigido no subúrbio de La Défense e Tativille é, na realidade, uma
simulação caricata do aspecto que La Défense poderia realmente vir a ter.
Depois de um ano de trabalho nos cenários, Tati começou a filmar em 1965.
De modo tipicamente tatiano, a trama narrativa é reduzida ao mínimo. Eis
como ele a resume: Um grupo de turistas estrangeiros vem visitar Paris. Ao
chegar a Orly, encontram-se por assim dizer no mesmo aeroporto que haviam
deixado em Munique, Londres ou Nova Iorque.
Tomam os mesmos autocarros que em Roma ou em Hamburgo e chegam a
uma auto-estrada cercada por postes de iluminação e prédios idênticos aos
das suas cidades.
Em PLAYTIME, Tati é nitidamente mais radical do que qualquer dos seus
filmes anteriores, ao manter a estrutura narrativa no mínimo estritamente
necessário.
Neste filme, ele filma pela primeira vez em 70mm, que conjuga de modo
magnífico à sua predilecção pela combinação planos gerais/planos longos. A
principal razão desta escolha é criar suficiente espaço no écran para permitir
que o olhar do espectador vagueie pelo cenário. Com os seus planos gerais,
Tati abre uma vasta janela sobre o mundo, com diversas acções simultâneas
em diferentes pontos do espaço, de modo a permitir que o olhar do
espectador percorra todo o espaço, como na vida real. O plano geral também
lhe permite “perder” Hulot, que pode deixar de ser o centro da atenção (por
exemplo, na primeira sequência, Tati custa um bocado a aparecer) e colocar
figurantes não-profissionais no centro das atenções. Declarou: “quero que as
pessoas participem um pouco mais, quero que «façam, as mudanças»
sozinhos; não quero dar—lhes toda a papa feita”. Foi o que o crítico
americano Jonathan Rosembaum chamou “a democracia de Tati”. O formato
70mm é ideal para abranger espaços arquitectónicos numa visão larga e
panorâmica. Além disto, Tati não muda praticamente nunca de objectiva
durante todo o filme, de modo a não criar confusões para o espectador
quanto à escala dos objectos (fizera a mesma coisa em O MEU TIO). “Se eu
começar um plano geral de uma cena em que há uma mesa e uma cadeira
com uma objectiva 40mm e depois aproximar-me e mudar para a 28mm, já
não é mais a mesma cadeira”, porque o conjunto da superfície por detrás da
cadeira terá aumentado de modo proporcional (Cahiers du Cinéma, 1958).
Esta preocupação de pensar a escala e o sentido da perspectiva em função
dos aspectos técnicos do cinema, faz de Tati um cineasta particularmente
fascinante para os arquitectos. Passo agora a destacar quatro elementos que
têm uma próxima relação com a sua visão da arquitectura: a ambiguidade
espacial, o som, as cores e o vidro.
| 267 |
cineeco2007
_AMBIGUIDADE ESPACIAL
Na já citada entrevista concedida a Bazin e Truffaut aos Cahiers du Cinéma,
em 1958, Tati declarou: “A uniformidade parece-me desagradável. Hoje em
dia, tenho sempre a impressão de estar sentado na mesma cadeira. Quando
se está numa cervejaria nos Champs-Elysées, tem-se a impressão que vão
anunciar que o voo 412 vai aterrar, nunca se sabe quando se está numa
mercearia ou numa farmácia. Quando eu era miúdo, ia à charcutaria com a
minha avó, havia serragem no chão e a loja cheirava a pimenta e a carvalho”.
Anos depois, em PLAYTIME, Tati teve ocasião de manifestar a sua opinião
sobre a uniformidade no espaço do mundo moderno. Na sequência de
abertura, no aeroporto, ele explora a ambiguidade espacial do estilo
internacional e deixa-nos em dúvida quanto à função daquele espaço. Na
realidade, engana-nos e faz-nos crer que estamos num hospital. Um casal
espera ansiosamente a um canto, uma enfermeira passa rapidamente,
pessoas andam de um lado para o outro num corredor imaculadamente
limpo e brilhante e é só quando o alto-falante faz a chamada para os
diversos voos e que a cauda de um avião se torna visível que percebemos
claramente que estamos num aeroporto. Na verdade, o mesmo espaço
voltará a ser usado no filme, porém desta vez disfarçado em prédio de
escritórios. Mas talvez o melhor daquilo que Tati quis dizer ao referir-se à
uniformidade e à confusão de espaços está numa das últimas cenas, no
drugstore. Ali, os personagens, depois de terem deixado o hotel, cedo pela
manhã, reúnem-se para um café. Mas o espaço é em parte uma farmácia, em
parte um café-bar e a comida tem uma cor esverdeada, mais adequada a
espaços clínicos do que a um snack-bar.
_SOM
O uso do som ou a caricatura do som é muito importante em Tati. Em
PLAYTIME, o som foi gravado e pós-sincronizado em cinco pistas
estereofónicas” (que contraste com os “sons naturais” dos filmes da Nouvelle
Vague!). Aqui, o som reforça os ecos, as ressonâncias metálicas e ajuda Tati
a definir o espaço, contribuindo para que o espectador perceba que o espaço
em que estamos é desconfortável, ligeiramente hostil, não apenas do ponto
de vista visual, mas também acústico. Dois exemplos vêm à mente quando
se pensa na “arquitectura do som” em Tati. Um, quando Giffard vem pelo
corredor para encontrar-se pela primeira vez com Hulot, que está à sua
espera; o interminável corredor envidraçado parece ainda mais comprido
devido ao ruído penosamente regular e sempre mais alto, que fazem os
sapatos de Giffard, funcionando como o relógio invisível do espaço-tempo,
na imobilidade deste plano fixo em plano geral O outro exemplo é quando
o som dá vida aos móveis na cena seguinte, em que Tati senta-se e levanta-
Um Clássico:
Playtime
| 268 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
se repetidamente, usando com grande efeito cómico as melodias da
almofada de uma moderna cadeira de falso couro a inchar e desinchar. Tati
percebeu não apenas que o som pode dizer algo em relação à natureza de
um espaço (por exemplo, num espaço amplo com superfícies duras, o som
pode ressoar), mas também que, através do som, podia dizer-nos algo sobre
os materiais e a sua textura, de modo a completar as informações visuais.
_COR
Quando se preparava para filmar PLAYTIME, Tati fez uma experiência. Pediu
a um certo número de pessoas familiarizadas com o aeroporto de Orly que
colorissem de memória fotografias a preto e branco do interior do aeroporto,
tentando reproduzir as cores reais (entrevista aos Cahiers du Cinéma, nº 199,
Março de l968). Não apenas não houve uma só pessoa que acertasse, mas
Tati ficou espantado com a variedade da paleta de cores proposta. Isto
reforçou ainda mais o seu sentimento de que a cor no espaço” não é um
facto da vida, não é algo de que todos deveríamos ter uma lembrança
idêntica. A não ser para alguns exemplos primários, tais como os autocarros
de Londres (vermelhos) e as placas de sentido proibido (vermelhas e
brancas), ele via a cor como algo de subjectivo e que por isto mesmo devia
ser manipulado de modo a obter os melhores efeitos. Vale a pena notar as
cores em PLAYTIME, ou a falta de cor. Tudo é de um tom vagamente cinzento
azulado, não apenas para sublinhar o lado impessoal da arquitectura, mas
também para que a atenção do espectador seja atraída por uma pessoa ou
um detalhe que surge bruscamente, com uma cor berrante. Por exemplo, na
cena da sala de espera em que Hulot faz a sua experiência com a poltrona,
a única cor realmente visível na sala está nos retratos dos executivos da
empresa: uma condecoração de um vermelho gritante, alfinetada no peito
daqueles homens de ar sinistro e orgulhoso. Tati usa a cor deste modo para
chamar a nossa atenção sobre um detalhe ou um personagem em particular,
outras vezes, sente prazer em deixar que os nossos olhos errem pelo
“cinzento mundo moderno”, concentrando-se nos movimentos, nos actos,
nas expressões e nas situações cómicas, sem distrair-se muito com “fogos
de artifício em Technicolor”.
_VIDRO
Tati usa o vidro como o símbolo supremo do modernismo, que aumento
ainda mais a ambiguidade dos espaços. Usa o vidro em situações diversas
e de modos diversos.
Numa cena em especial, Tati tira grandes efeitos do tema do vidro e do
reflexo: e quando Hulot tenta encontrar Monsieur Giffard e ambos acabam
confusos devido aos seus próprios reflexos nos vidros. Também usa o vidro
para permitir-nos espreitar a “verdadeira Paris”, que só aparece reflectida em
portas de vidro que se abrem e se fecham. O vidro é importante para ele
pelo facto de, até muito recentemente, ter-se tornado num verdadeiro
símbolo do prédio de escritórios.
Em outra cena, a câmara está fora do apartamento de um velho amigo dos
tempos de tropa, contíguo ao apartamento de Giffard. Não há diálogos e o
som provém dos ruídos da rua.
Estamos na posição de um voyeur que observa uma cena doméstica. As
pessoas tiram a roupa, põem o dedo no nariz, comportam-se como se
estivessem por detrás de portas fechadas mas podem ser vistas por todos
aqueles que passam pela rua. De modo surpreendente, nenhum dos
passantes se interessa por aquilo, as únicas pessoas interessadas somos
nós, os espectadores. Muitos arquitectos veriam este cenário como uma
pura, perspectiva em corte de perfil, em que os personagens dão o sentido
das proporções. A cena também vem lembrar-nos que Tati foi mimo. É mais
um excelente exemplo do potencial da combinação plano geral/plano longo,
enquadrando de modo perfeito o mundo da arquitectura. Tati, o crítico,
também explora aqui o tema da invasão da habitação moderna pelo vidro,
tirando-nos o sentido da privacidade. Para concluir, eu diria que PLAYTIME,
com os seus cenários elaborados e o seu uso do écran panorâmico, é a visão
suprema do cinema segundo Tati, nomeadamente por abrir uma vasta janela
sobre o mundo, de modo a permitir que o espectador observe indivíduos
funcionando num mundo moderno, em que situações cómicas podem surgir
de modo acidental e esporádico. Há uma nítida evolução no trabalho de Tati,
que começa com HÁ FESTA NA ALDEIA, filmado em cenários naturais, com um
personagem central muito agitado, o carteiro François, até PLAYTIME, em que
um Hulot discretíssimo e quase mudo serpenteia, esquiva-se e vai abrindo o
seu caminho, num forte contraste com as linhas rectas da arquitectura do
“estilo internacional”. Por outras palavras, quanto menos Hulot fala, mais
importantes os cenários e a arquitectura se tornam. Quando o questionavam,
sobre arquitectura e arquitectos, Tati sempre negou detestar a arquitectura
moderna, dizendo que propunha apenas um comentário, uma saída. No caso
da Vilia Arpei, reconheceu que havia feito uma caricatura, mas também
criticava o snobismo dos Arpei por terem transformado a sua machine à
habiter numa montra para os vizinhos e os colegas de trabalho. No caso de
PLAYTIME, ele mostra indivíduos que se reapropriam gradualmente dos
espaços impessoais e uniformizados – a velhinha da esquina ou a cena no
drugstore, de que Tati dizia que ninguém poderia duvidar que ela se passa
num drugstore francês e não em alguma outra parte do mundo. Finalmente,
eu diria que Tati, como cronista, como crítico de arquitectura e como
observador bem-humorado do seu tempo, deu-nos um bom exemplo de uma
visão da arquitectura reinterpretada pelo olhar de um cineasta, em que o
filme funciona como um espelho para os arquitectos, que podem ver prédios
e cidades reinventados no écran. Ainda que em muitos casos os arquitectos
não gostem daquilo que vêem.
François Penz
Cinema e Arquitectura, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema
| 269 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
| 270 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
_NICOLAS HULOT ...
... NETO DE UM TAL DE SENHOR HULOT
O meu avô, o senhor Hulot, era o arquitecto do prédio onde morava
Jacques Tati. Cada vez que havia um problema no prédio, ouvia-se a
porteira gritar: “É preciso chamar o Sr. Hulot, é preciso chamar o Sr.
Hulot!” Pouco depois, via-se chegar o arquitecto com o longo
impermeável e o chapéu de feltro. Um dia, Jacques Tati perguntou-lhe se
podia usar o nome dele emprestado para uma personagem do seu
próximo filme, que se veio a chamar “As Férias do Sr. Hulot”... É aí que
se acabam as semelhanças. Não conheci o meu avô, mas pelo que sei
dele era uma personagem muito diferente de Jacques Tati. O Senhor Hulot
de Tati não é verdadeiramente o meu avô, mas é uma coincidência que
sempre divertiu a família. A lenda ainda está mais viva hoje, mesmo no
estrangeiro. Sempre que chego à África francófona há sempre um guardaalfandegário que brinca: “Ah! Senhor Hulot! Veio passar umas férias?”
Télérama, hors série – Tati – 15 de Maio de 2002
Modernidade de Tati | É não só o emblema mais forte da obra de Tati mas
também um dos filmes mais impressionantes que, durante a década de
60, saíram dos estúdios europeus: Playtime, uma produção de 1967 que,
na altura, chegou a Portugal com o título Vida Moderna.
O trabalho de restauro de Playtime resulta de um processo de rigor e
exigência que pode ser tomado como exemplar para outros modelos de
recuperação do património cinematográfico. Em primeiro lugar, foram
reintegrados os extractos que Tati se vira forçado a suprimir, quando da
reposição do filme em 1978; depois, as técnicas digitais permitiriam
refazer as cores originais; além do mais, a banda-sonora, tão importante
em toda a mise en scène de Tati, foi também objecto de cuidada
reconversão, de modo a tirar o máximo partido da evolução técnica nesse
campo.
Encenado numa Paris em acelerada reconversão arquitectónica, Playtime
é um dos mais subtis retratos que já se fizeram das transformações da
vida urbana. Perante a sua perene inteligência formal e crítica, o menos
que se pode dizer é que Tati continua a ser um cineasta exemplarmente
moderno.
João Lopes, Diário de Notícias, 20 de Maio de 2000
PLAYTIME, um filme visionário, actualíssimo em tempo de globalização,
centra-se na viagem organizada dum grupo de americanos à Europa, para
visitar “uma capital por dia”. Em Paris, vêem o mesmo aeroporto de onde
partiram em Roma, estradas iguais às que rodeiam Hamburgo, candeeiros
idênticos aos de Nova Iorque, embora vão encontrando franceses, entre
os quais o Sr.Hulot (Tati), inconfundível anti-herói burlesco.
O autor dizia ser um filme “doutro planeta” e, de facto, o seu
vanguardismo torná-lo-ia o filme maldito dum cineasta de sucesso até aí
| 271 |
cineeco2007
– com “Há Festa na Aldeia”/1947, “As Férias do Sr.Hulot”/53 e “O Meu
Tio”/58, Óscar de Melhor Filme Estrangeiro – arruinando-lhe a carreira (já
só realizou Trafic/1971 e Parade/74) e amargurando-lhe o resto da vida.
Elisabete França, DN, 8 de Outubro de 2002
Por muito discutível ou arrevessada que possa parecer a ideia que
Jacques Tati inventou o nome do seu personagem – o célebre Senhor
Hulot, de cachimbo, chapéu e gabardina – a partir de Charlot – o nome
cinematográfico de Charlie Chaplin -, a verdade é que a rima é mais do
que apelativa. Até porque entre o vasto universo dos grandes actores e
cineastas do brulesco, Tati e Chaplin se contam entre os muito raros, que
optaram pela criação de uma verdadeira identidade fílmica. Para a larga
maioria – Keaton, Max Linder, Harold Lloyd, Jerry Lewis – sempre houve
uma indisfarçável (e voluntária) confusão entre o que os actores foram e
os episódicos personagens que representaram em cada um dos seus
filmes ou no conjunto das suas respectivas obras. (...) Este conjunto de
filmes [de Jacques Tati – “As Férias do Sr.Hulot”, “O Meu Tio”, “Há Festa
na Aldeia” e “Playtime”] permitirá, seguramente, um excelente olhar
sobre o exercício da comédia e do burlesco como elementos de uma
linguagem poética profundamente inovadora face à modernidade a o
tempo (“rapidité, rapidité!” é a célebre palavra de ordem com carteiro de
“Há Festa na Aldeia”). Entre o cinema burlesco – a mímica e o
desempenho dos seus heróis – e a vida moderna, estabeleceu-se, assim,
uma irresistível atracção, que deixou todos os outros géneros a uma
enorme distância. Desse casamento, surgiram obras secretas e
monumentais e cada um saberá nomear umas tantas, que normalmente
se repartem entre Chaplins e Keatons, muitas vezes com uma injusta
atitude de mútua exclusão. Deste ponto de vista, a figura de Tati surgirá
mesmo como um imenso ponto de renovação: juntando o desempenho
de um (o modernismo de Keaton) ao profundo humanismo do outro (o
Um Clássico:
Playtime
| 272 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
populismo de Chaplin). Uma mistura explosiva e ao mais alto nível, que
fez de Tati e do seu Hulot os maiores (e mais amados) “ovnis” de toda
a história do cinema.
João Mário Grilo, Imagens, Visão, 19 de Dezembro de 2002
Mais de quarenta anos após a estreia da quarta longa-metragem do
cineasta a versão integral restaurada aparece nos ecrãs revelando uma
das mais surpreendentes obras-primas do cinema francês.
Duas ideias a propósito desta reposição. A primeira, que subscrevemos,
está relacionada com a recuperação do filme por mérito. PLAYTIME é - tal
como “Os Tempos Modernos” de Chaplin – uma pura obra-prima, que
concilia as virtudes do génio criador e do divertimento popular,
inteligência crítica e fantasia inspirada, observação realista e deriva
burlesca. A segunda ideia está relacionada com a atribuição desta
recuperação associada à dimensão profética do filme, que só hoje se
pode verificar. (...)
Sem dúvida que a sátira da globalização, infinitamente subtil, mostra,
meio século mais tarde, uma presença surpreendente. O desenvolvimento
do consumismo e dos tempos livres das massas, a reprodução dos
objectos e dos comportamentos, a perda de referências culturais e das
relações afectivas em prol do funcionamento e do rendimento, o
conformismo generalizado, o recuo político face à economia, fazem de
PLAYTIME o filme que mostrou, mais cedo e com mais força, a missa
burlesca de um século XX desfigurado pela tecnologia, que Fritz Lang já
tinha anunciado, em 1926, com “Metropolis”. (...)
Autor desta obra-mundo que é PLAYTIME, Tati é em todo o caso um Deus
vingador, e o Sr. Hulot – justamente designado por André Bazin como
“l’Ange Hurluberlu” – o seu mandatário. Descido à Terra para revelar a
incomensurável vaidade e a escandalosa pretensão da perfeição dos
homens.
Jacques Mandelbaum, Le Monde, 3 de Julho de 2002
Filme hilariante, PLAYTIME é plasticamente sumptuoso. (...) É uma fonte
de linhas geométricas e jogos de superfície, sinfonia em azul acinzentado
em aço, vidro e betão, em que cada fotograma podia estar exposto numa
galeria. Esta perfeição formal é tudo menos uma demonstração de
virtuosidade e está sempre ao serviço do filme, do seu humor e do seu
objectivo. (...) O moderno e o arcaico, os prédios e o corpo, o mecânico
e o orgânico, o robótico e a sensualidade, o rígido e o suave, a ordem e
o caos, o diurno e o nocturno, o frio e o quente: tudo em PLAYTIME é
construído sobre estas oposições que se friccionam, contrários que se
misturam. (...) Em PLAYTIME, Tati não rejeita o mundo moderno, filma-o
de forma notável. Mas fustiga poeticamente os excessos e os absurdos,
com um olhar melancólico sobre o que vai desaparecer e valeria a pena
conservar. (...) PLAYTIME é a prova deslumbrante de que 35 anos após a
| 273 |
cineeco2007
estreia este filme magnífico, perturbador, inesgotável, ainda é um objecto
crítico de primeira instância para pensar a nossa época – e o seu cinema.
Serge Kaganski, Les Inrockuptibles, nº345
Um Clássico:
Playtime
PLAY TIME – VIDA MODERNA
Título original: Play Time
Realizador: Jacques Tati (França, Itália, 1967); Argumento: Jacques Lagrange, Jacques Tati e
ainda na adaptação inglesa Art Buchwald; Música: Francis Lemarque; Fotografia (cor): Jean
Badal, Andréas Winding; Montagem: Gérard Pollicand; Design de produção: Eugène Roman;
Guarda-roupa: Jacques Cottin; Maquilhagem: Serge Groffe, Igor Keldich, Janou Pottier;
Direcção de Produção: Michel Chauvin, Pierre Da Silva, Dominique Welinski; Assistentes de
Realização: Akira Endo, Jean Lefebvre, Henri Marquet, Nicolas Ribowski, Marie-France
Siegler; Departamento de arte: Henri Berger, Henri Ganser, Georges Houssaye, Guy Maugin,
Robert Moussard, André Pierdel, Jacques Preisach; Som: Jacques Maumont, Gérard Menager;
Efeitos visuais: Gilles Gaillard; Produção: Bernard Maurice, René Silvera; Companhias de
produção: Jolly Film, Specta Films.
Intérpretes: Jacques Tati (Monsieur Hulot), Barbara Dennek, Rita Maiden, France Rumilly,
France Delahalle, Valérie Camille, Erika Dentzler, Nicole Ray, Yvette Ducreux, Nathalie Jem,
Jacqueline Lecomte, Oliva Poli, Alice Field, Sophie Wennek, Evy Cavallaro, Laure Paillette,
Colette Proust, Luce Bonifassy, Ketty France, Eliane Firmin-Dick, Billy Kearns, Tony Andal,
Yves Barsacq, André Fouché, Georges Montant, Georges Faye, John Abbey, Reinhard
Kolldehoff, Michel Francini, Grégoire Katz, Jack Gauthier, Henri Piccoli, Léon Doyen, François
Viaur, Douglas Read, Bob Harley, Jacques Chauveau, Gilbert Reeb, Marc Monjou, Billy
Bourbon, Madeleine Bouchez, James Campbell, Marie-Pierre Casey, etc.
Duração: 124 min (2002 versão restaurada); 155 min (1969); Distribuição em Portugal:
Atalanta Filmes; Classificação etária: M/12 anos;
| 274 |
cineeco2007
Um Clássico:
Playtime
_JACQUES TATI
Jacques Tati, originalmente Jacques
Tatischeff, de ascendência russa,
nasceu no Pecq, nos arredores de
Paris, entre uma curva do Sena e o
caminho de ferro de Saint-Germain-enLaye, e estava destinado a fazer
caixilhos como o pai. Grande desportista, os companheiros de equipa
divertem-se com o seu talento para
mimar as partidas de rugby em que
participava. O sucesso que obtém
junto deles encoraja-o a apresentar
um número cómico de pantomima
desportiva. Estávamos nos anos 30.
Apresenta então as suas pantomimas
a directores sonolentos e produtores
entediados e começa a sua carreira
em ambientes dignos do Sr.Hulot. A
sua grande oportunidade surgiu com a
gala organizada em 1934 para festejar
o baptismo do paquete “Normandie”.
Maurice Chevalier e Mistinguett figuram no cartaz, mas nessa noite foi o
Sr. Hulot a vedeta. O director do ABC
oferece-lhe o seu palco. Colette, que ri
com Paris inteira, escreve: “Penso que
nenhuma festa, nenhum espectáculo
de arte e acrobacia, podem passar
sem este extraordinário artista que
inventou algo. Algo que tem a ver com
desporto, com dança, com sátira e
com o quadro vivo. Inventou o ser combinado: o jogador, a bola e a raquete;
a bola e o guarda-redes: o pugilista e
o adversário; a bicicleta e o ciclista.
Em Jacques Tati – cavalo e cavaleiro –
Paris descobre a personificação da
criatura fabulosa: o Centauro!”
Europa e América são da mesma
opinião e aclamam-no. Tati sonha com
o cinema. Os burlescos americanos,
W.C.Fields e, em especial Buster
Keaton, fascinam-no. Realiza com o
seu amigo – o palhaço Rhum – “Oscar,
champion de tennis” (1932), a seguir
“On demande une brute” (1934) e
“Gai dimanche” (1935). Em 1936, faz a
sua quarta experiência com um
principiante de nome René Clément:
“Soigne ton gauche”.
Acabada a guerra, Tati volta a
contactar os estúdios e participa em
“Sylvie et le fantôme” e “Le Diable au
Corps”. Finalmente, realiza uma fita de
400 metros – “L’École des Facteurs” –
que já transporta em si o germe de
“Há Festa na Aldeia”... Em 1947, inicia
“Há Festa na Aldeia”. Acabado o filme,
durante um ano a sua exibição é
recusada: “É divertido, mas acha que
o público o compreende? O filme não
tem actores conhecidos...” Sugeremlhe até que o transforme em quatro
curtas-metragens! Contudo, uma
tarde, os espectadores de um cinema
de Neuilly têm a surpresa de ver “Há
Festa na Aldeia” em suplemento de
programa. Durante 90 minutos, uma
gargalhada geral sacode o público. É a
revelação de Jacques Tati, quer em
Paris quer internacionalmente. No
estrangeiro, saúda-se o aparecimento
de uma nova veia cómica. A Bienal de
Veneza atribui-lhe o Prémio de Melhor
Realização em 1949 e obtém o Grande
Prémio do Cinema Francês em 1950.
Apesar do formidável sucesso comercial, Tati abandona o “Facteur” e os
seus fabulosos contratos. Tem vontade de fazer outra coisa. Jacques Tati
propõe-se criar uma personagem do
qual as pessoas possam dizer: “Já vi
esta pessoa em qualquer parte!”.
Em 1951, Tati roda “As Férias do
Sr.Hulot” na praia de Saint-Marc, na
Bretanha, sem recorrer uma vez mais
a artistas conhecidos. E o Sr.Hulot é
recebido com entusiasmo pelo público
e pela crítica. Prémio Louis Delluc em
| 275 |
cineeco2007
1953, Grande Prémio da Crítica Internacional no Festival de Cannes de 53
e numerosos galardões no estrangeiro. Este sucesso mundial mantémse já que, em 1967, “As Férias do
Sr.Hulot” é o único filme francês
apontado pelos leitores do Los
Angeles Time, como um daqueles que
gostariam de rever... Em 1956, apesar
das ofertas consideráveis dos anglosaxões, Jacques Tati, desejoso de
preservar a sua liberdade artística a
qualquer preço e sem nenhum tipo de
constragimento, inicia a realização de
“O Meu Tio”, mantendo a mesma
fórmula de rodagem. O filme é apresentado em estreia mundial a 9 de
Maio de 1958 no XI Festival de Cannes
que lhe atribui o Prémio Especial do
Júri. “O Meu Tio” acumula prémios em
vários países e, consagração suprema,
Hollywood concede-lhe o Óscar de
Melhor Filme Estrangeiro do ano de
1959. Festivais, estreias... conduzem
Jacques Tati de aeroporto em
aeroporto, de capital em capital, de
edifício em edifício. Nasce então uma
ideia... Hulot-Tati começa a pensar em
PLAYTIME.
JACQUES TATI - Filmografia:
1932 | OSCAR, CHAMPION DE TENNIS – A.
e R. Jacques Tati
1934 | ON DEMANDE UNE BRUTE – A.
Jacques Tati e Alfred Sauvy, R. Charles
Barrois, I. Jacques Tati
1935 | GAI DIMANCHE – A. Jacques Tati e o
palhaço Rhum, R. Jacques Berr, I. Jacques
Tati e Rhum
1936 | SOIGNE TON GAUCHE – A. e I.
Jacques Tati, R. René Clement
1938 | RETOUR À LA TERRE – A. e I.
Jacques Tati
1945 | SYLVIE ET LE FANTOME (SILVIA E O
FANTASMA) – R. Claude Autant-Lara, Tati é
o fantasma
1946 | LE DIABLE AU CORPS – R. Claude
Autant-Lara, Tati é o soldado
1947 | L’ÉCOLE DES FACTEURS – A. e R.
Jacques Tati
1948 | JOUR DE F TE (HÁ FESTA NA ALDEIA)
– A., R. e I. Jacques Tati
1952 | LES VACANCE DE MR. HULOT (AS
FÉRIAS DO SR.HULOT) – A. Jacques Tati e
Henri Marquet, R. e I. Jacques Tati
1958 | MON ONCLE (O MEU TIO) – A., R. e
I. Jacques Tati
1967 | PLAYTIME (PLAYTIME) – A., R. e I.
Jacques Tati
1967 | COURS DU SOIR – A., I. Jacques Tati,
R. Nicolas Ribowsky
1971 | TRAFIC (TRAFIC) – A., R. e I. Jacques
Tati
1974 | PARADE (PARADE) - A., R. e I.
Jacques Tati
Um Clássico:
Playtime
2008
CineEco2007
CINEMA
PORTUGUÊS
| 278 |
cineeco2007
BELLE TOUJOURS
Cinema
Português
_DIÁLOGO ENTRE DOIS CINÉFILOS, À SAÍDA DO FILME
À saída da projecção de “Belle Toujours”, de Manoel de Oliveira, dois
espectadores, cinéfilos de longa tradição, trocavam opiniões acaloradas. Os
dois eram objectivamente adeptos fervorosos de Luis Buñuel, sendo que um
deles não o seria tanto de Oliveira. Mas a conversa decorria animada,
começando logo à porta do cinema, e continuando num café da esquina onde
ambos se sentaram para a bica da praxe e a troca de impressões que a seguir
relato, sem a hipótese de a transcrever palavra a palavra. Socorro-me da
memória, que já não é o que foi, mas que ainda vai segurando as pontas do
que se ouve.
Cinéfilo Um – … mas, para quê ir buscar uma obra como “Belle de Jour” para
ainda por cima a transfigurar através de uma sequela que nunca seria a de
Buñuel? Se há filme transgressor, representativo da melhor fase francesa de
Buñuel, é este. Se há obra-prima indiscutível que se notabilizou pelo mistério
que deixou no ar, atrás de si, que levou o indizível a um plano de perfeição,
é esta…
Cinéfilo Dois - … referes-te ao caso da misteriosa caixa de que nunca se soube
o conteúdo no filme de Buñuel? Aquela caixa que o cliente asiático abria, na
deslumbrada presença de Catherine Deneuve, donde saía um estranho silvo,
e que deixava antever prazeres indizíveis, possivelmente sado-masoquista,
uma onda que aquecia todo o filme?
Cinéfilo Um – Esse é o aspecto mais marcante, mas todo o filme do Buñuel
deixa quase tudo sem explicação, tudo embrenhado nos domínios do
subconsciente, do sonho ou do pesadelo psicanalíticos, do mais inquietante
que a narrativa automática do surrealismo já nos deu… Ora Manoel de Oliveira
parece vir procurar dar respostas ao que não tem respostas. Onde não se
deve sequer procurar respostas racionais e inteligíveis. Arranjar soluções para
o filme de Buñuel seria aniquilar a obra.
Cinéfilo Dois - O que nunca acontece, nota. A caixa aparece, e o conteúdo
continua desconhecido, Severine quer saber de Henri Husson o que o marido
conhecia realmente sobre ela e a sua dupla vida, e também não o consegue
saber, nem nós, espectadores…
Cinéfilo Um - Pois, é verdade. Mas as conversas entre Henri Husson e o
barman são uma explicação demasiado primária da história de “Belle de Jour”.
Aquele arrazoado sobre sadismo e masoquismo parece saído das Selecções
do Reader’s Diggest. Tudo muito simplista, quando o filme de Buñuel é tudo
menos simplista.
Cinéfilo Dois – Acontece que o filme de Oliveira não belisca de qualquer forma
o filme de Buñuel (ambos existem por si próprios, com valorização intrínseca,
e não é por haver uma sequela que o original se diminui), e o português
consegue algumas boas malhas.
É sabido desde sempre, mas sobretudo desde “A Caça” (mas já era visível em
“Douro, Faina Fluvial”) o parentesco entre Buñuel e Oliveira, parentesco “à
contre coeur”, mas parentesco real. Há muitas afinidades entre o cinema de
um e de outro, apesar de Buñuel ser profundamente anti-clerical e Oliveira
nunca desdizer a sua costela cristã. Mas as aparências iludem: nem Buñuel
era o ateu por que se queria fazer passar, nem Oliveira o cristão exemplar que
muitos julgam ver à transparência. Um e outro se referem a uma mesma
religiosidade, ambos ostentam uma imagética muito particular, o cinema
opaco de Buñuel tem muito a ver com a representação obsessiva de Oliveira.
Repara que neste filme não há um plano que não seja objectivamente uma
“representação” de actores, logo desde o plano inicial, da orquestra tocando
Dvorak no auditório da Gulbenkian. Tudo é “representação”, tudo se passa
num palco (ou num décor), até os passeios de Henri Husson por essa Paris
outonal, com a estátua de Joana d’Arc sempre no horizonte, as colunatas de
pedra, as portas dos hotéis, culminando nessa magnífica cena de jantar num
quarto de hotel, à luz das velas, em que quase nada se diz, onde apenas se
pensa e repensa o filme de Buñuel, “à luz” do olhar de Oliveira. Eu sei que
este não é um filme qualquer, é um filme de Oliveira, o que pressupõe logo
uma estética muito determinada que, ou se aceita ou se rejeita, de que se
gosta ou não se gosta. Eu por vezes gosto muito, doutras não tanto, desta
feita fico hesitante, a meio caminho, mas sou incapaz de recusar
integralmente. Não esqueço que este homem tem 97 anos, uma lucidez
desarmante, uma inesperada vitalidade, uma austeridade de processos e, ao
mesmo tempo, uma ironia que me tocam profundamente. Acho uma bonita
homenagem ao filme do mestre, feita com muito amor e alguma perversidade.
Penso que Buñuel teria gostado.
Cinéfilo Um – Meu caro, a integridade de Oliveira nunca a ponho em causa.
Se há homem íntegro no cinema actual, último avatar de uma floresta de
génios de que restam poucas árvores, será ele. Mas esta sua deliberada
invasão dos terrenos do surrealismo não me parece conseguida, surge-me
| 279 |
cineeco2007
Cinema
Português
| 280 |
cineeco2007
Cinema
Português
algo parecido com a visão iconoclasta de Buñuel, revista pelo olhar “culpado”
de um católico que por vezes “pecou”, ao longo da vida, por “pensamentos,
palavras e actos”, mas no final da mesma se mostra subitamente
“arrependido”. Não contente em se arrepender sozinho para
descansadamente ir para o Céu, quer levar consigo, postumamente, o seu
amigo Buñuel... Catherine Deneuve terá tido razão em não querer embarcar
na aventura.
Cinéfilo Dois – Não o vejo assim, além de que Bulle Ogier a substitui à altura.
Aliás, ela e Michel Piccoli vão muito bem (o que já não direi do restante
elenco, aí dou a mão à palmatória).
Nesta altura o Cinéfilo Dois levanta-se, vai ao balcão e pede um whisky,
“duplo!”. O empregado, em vez de um “tout de suite”, diz-lhe que o servirá
de imediato. Quando chega à mesa, já os dois cinéfilos reataram a conversa
sobre “Belle Toujours” que o empregado, “sem querer ser intrometido”, disse
que também já vira (“O cinema fica mesmo aqui à frente!”) e que não
compreendera uma coisa:
Empregado – Parece que este filme é baseado num outro, dos anos 60, de
Buñuel… Ora eu tenho 29 anos, não o vi nunca. Como posso saber de que
tratava, se nem existe em versão DVD (já me fui informar na Fnac!)? Peço
desculpa pela intromissão, mas os senhores são clientes habituais…
Cinéfilo Um – Nenhum problema com isso. É sempre bom descobrir pessoas
que gostam de cinema. Você não tem Internet? É fácil procurar por “Belle de
Jour”, ler umas coisas sobre o filme. Na verdade este de Oliveira, procura ser
uma homenagem a esse outro filme, a Buñuel e Jean-Claude Carrière, ambos
argumentistas que adaptaram inicialmente o romance de Joseph Kessel …
Cinéfilo Dois – …mas posso dar-lhe uma ideia num minuto. Este é daqueles
filmes que, ou se demoram dias a tentar descrever, ou se resumem, de forma
muito simplista, em meia dúzia de linhas. A história do filme de Buñuel fala
de um casal de burgueses bem instalados na vida: ele é Pierre Serizy (Jean
Sorel), médico, ela é Severine (Catherine Deneuve).
Só para lhe dar uma ideia da complexidade da narrativa, o filme começa com
o casal passeando de carruagem. De repente o marido pára e ordena aos
cocheiros que dispam a mulher, a amarrem a uma árvore, a torturem e a
violem a seu belo prazer. Estamos no domínio mais puro do sadomasoquismo ou do bondage, mas afinal tudo não passa de um sonho.
Severine acorda e descobre que sonhara, que tivera um pesadelo…
Cinéfilo Um – Terá sido mesmo um pesadelo? Não seria a realidade sonhada?
Os desejos mais íntimos satisfeitos?
Cinéfilo Dois – Ora aí está toda a complexidade da obra. Nunca se saberá
nada. O que é sonho, o que é realidade, o que se deseja, o que se teme, ou
mesmo quando se teme o que se deseja ou se se deseja o que se teme. Puro
surrealismo, aqui atravessando zonas de um freudianismo de profunda pulsão
libidinal.
Empregado – estou a ver… quer dizer… procuro ver…
Cinéfilo Dois – Continue a procurar, enquanto não aparecem mais clientes. Eu
| 281 |
cineeco2007
também vou continuar: Severine percebe-se que ama o marido, mas que está
sexualmente descontente. Para dar satisfação a si própria e ao marido (só
sexualmente feliz dará prazer ao marido), e aceitando o conselho de um
amigo, Henri Husson (Michel Piccoli), que lhe indicara o endereço de uma casa
de prostituição fina, resolve procurar Madame Anaïs (Geneviéve Page) para
aceitar clientes diurnos. Passará a ser, de dia, uma puta de luxo, para clientes
de estimação, e de noite a bela e amantíssima esposa de Pierre.
Empregado – O Michel Piccoli aparece então nos dois filmes a fazer o mesmo
papel…?
Cinéfilo Dois – Pois aí está outro dos argumentos de Oliveira: ver o que
aconteceu àquelas personagens 38 anos depois. O Piccoli aceitou participar
na sequela, a Catherine Deneuve não, foi substituída pela Bulle Ogier. Ambos
são Henri Husson e Severine quase quarenta anos depois. Encontram-se
ocasionalmente num teatro, ouvindo a 8ª Sinfonia de Dvorak, ela foge ao
confronto, vai-se esgueirando ao destino, até que o que tem de acontecer,
acontece e jantam juntos num quarto de hotel, rodeados de criados…
Empregado – Cena pouco real… Se queriam estar sós, não seria preferível
jantarem sós, sem aquela gente toda à volta?
Cinéfilo Um – Meu caro, este casal não quer sexo, quer relembrar o passado.
Na impossibilidade de viverem o presente, querem reviver o passado. E
acertar contas. Ele vingar-se dela, ela acertar contas consigo própria. Ambos
querem a paz possível para a inquietação que os atormenta. Ela afirma-se
mesmo “uma outra mulher”. Quer “entrar para um convento”, talvez para se
martirizar por um passado de culpa. Mas a inquietação permanecerá: nenhum
alcançará os seus intentos. Tanto ela como ele não conseguirão acalmar o seu
íntimo, saber o que não sabiam, ir além da realidade mais aparente. Este não
é um filme para resolver as dúvidas do outro filme, mas para as prolongar, 38
anos depois. Buñuel levantou as questões, Oliveira manteve-as.
Cinema
Português
| 282 |
cineeco2007
Empregado – Qual a vantagem? Se não resolve nada, nem levanta as questões
que já tinham sido colocadas numa obra anterior?
Cinéfilo Um – Essas são as virtudes e os limites do filme. O olhar é diferente.
Buñuel nunca pensaria em mandar Severine para o convento, expiar as culpas.
Era mais provável manter Severine aos 70 anos a frequentar ainda a casa de
Madame Anais. Por isso Oliveira prolonga as dúvidas, mas numa outra
direcção: a sua. Curioso este entrelaçar de caminhos, este cruzar de olhares.
Cinéfilo Dois – Traga aí a conta. Tenho de ir. Sabem que mais? Dois velhos
sabidos, é o que é!
Ambos pagam, e saem para a luz coada da noite. Cruzam-se com duas
garridas senhoras que segredam entre si, antes de entrarem no café.
Cinéfilo Um – Olha lá, estas não são…?
Cinéfilo Dois - … se não são, são tão parecidas!...
Ambos riram. Corre o pano e ouve-se Dvorak em fundo. Não é Paris, não
chove.
Lauro António / Lisboa, 20 de Julho de 2007, in jornal “O Progresso”
A BELA DO DIA
Cinema Título Original: Belle de Jour
Português Realização: Luis Buñuel (França, Itália, 1967); Argumento: Luis Buñuel, Jean-Claude Carrière,
segundo romance de Joseph Kessel; Fotografia (cor): Sacha Vierny; Operadores: Philippe Brun,
Lionel Legros, Pierre Li; Montagem: Louisette Hautecoeur, Walter Spohr; Design de produção:
Robert Clavel; Decoração: Robert Clavel; Guarda-roupa: Yves Saint-Laurent, Hélène Nourry;
Maquilhagem: Janine Jarreau, Simone Knapp; Direcção de produção: Marc Goldstaub; Assistentes
de realização: Jacques Fraenkel, Pierre Lary; Departamento de arte: Maurice Barnathan, Marc
Desages, Pierre Roudeix; Som: Pierre Davoust, René Longuet; Produção: Henri Baum, Raymond
Hakim, Robert Hakim; Companhias produtoras: Paris Film, Five Film;
Intérpretes: Catherine Deneuve (Séverine Serizy ou Belle de Jour), Jean Sorel (Pierre Serizy),
Michel Piccoli (Henri Husson), Geneviève Page (Madame Anais), Pierre Clémenti (Marcel),
Françoise Fabian (Charlotte), Macha Méril (Renee), Muni (Pallas), Maria Latour (Mathilde), Claude
Cerval, Michel Charrel, Iska Khan (cliente asiático), Bernard Musson (Mordomo), Marcel Charvey
(Prof. Henri), François Maistre (Professor), Francisco Rabal (Hyppolite), Georges Marchal (Duke),
Francis Blanche (Monsieur Adolphe), Adélaïde Blasquez (criada), Luis Buñuel (homem no café do
jardim), Dominique Dandrieux (Severine, criança), D. De Roseville (Cocheiro), Marc Eyraud
(Barman), Bernard Fresson, Pierre Marcay, Brigitte Parmentier (Severine, criança), etc.
Duração: 101 minutos; Distribuição: Atalanta Filmes; Classificação etária: M/ 16 anos.
BELLE TOUJOURS
Título original: Belle Toujours
Realização: Manoel de Oliveira (França, Portugal, 2007); Argumento: Manoel de Oliveira (segundo
romance de Joseph Kessel e filme de Luis Buñuel, (“Belle de Jour”); Agradecimentos especiais a
Jean-Claude Carrière e Leonor Silveira; Música: Dvorak; Fotografia (cor): Sabine Lancelin;
Operadores: Miguel Efe, Francisco Oliveira; Montagem: Valérie Loiseleux; Design de produção:
Christian Marti; Decorações: Christian Marti; Guarda-roupa: Milena Canonero; Maquilhagem:
Emmanuelle Fèvre, Estelle Toustoukine; Direcção de produção: Jacques Arhex, Joaquim Carvalho,
Frédérique Jacomet, Teresa Sampaio; Assistentes de realização: Olivier Bouffard, Ronan Denecé;
Som: Mikaël Barre, Jean-Pierre Laforce, Ricardo Leal, Henri Maïkoff; Produção: Miguel Cadilhe,
Serge Lalou;
Intérpretes: Michel Piccoli (Henri Husson), Bulle Ogier (Séverine Serizy), Ricardo Trêpa (Barman),
Leonor Baldaque (jovem prostituta), Júlia Buisel (velha prostituta), Lawrence Foster (maestro); etc.
Duração: 68 minutos; Estreia em Portugal: 17 de Maio de 2007; Distribuição: Atalanta Filmes;
Classificação etária: M/12 anos.
O MISTÉRIO DA ESTRADA DE SINTRA
| 283 |
cineeco2007
Cinema
Português
23 de Julho de 1870: na primeira página do «Diário de Notícias», uma
local anuncia que fora recebida na redacção, a hora demasiado tardia
para permitir publicação, a carta de um médico revelando ter sido
raptado, com um amigo, na estrada de Sintra, por quatro mascarados,
sequestro que estaria ligado a um possível crime. O jornal prometia para
o dia seguinte o texto integral da carta, que, por falta de espaço, iria
aparecer no lugar do folhetim. Começava assim a publicação de uma
série de missivas, com vários remetentes, revelando uma trama de
intriga, paixão, traições e enigmas, que iria apaixonar Lisboa durante
todo o Verão. Só em 27 de Setembro, uma última carta desvelava
cabalmente a empresa (era tudo uma obra de ficção) e o nome dos seus
autores: Eça de Queirós e Ramalho Ortigão. Nesse momento, já toda a
Lisboa supunha que o que se publicava no espaço do folhetim do «Diário
de Notícias» era deveras... um folhetim, mas, nos primeiros tempos,
muitos leitores caíram no logro, e o próprio governador civil de Lisboa
oficiou às autoridades de Sintra, mandando investigar o sucedido.
É esta história de dois homens cometidos a acordar Lisboa «a berros»
que está na base de O Mistério da Estrada de Sintra, filme com que Jorge
Paixão da Costa regressa à longa-metragem de cinema, 15 anos depois
de Adeus Princesa, com várias séries, telenovelas, telefilmes e trabalhos
televisivos de permeio. Isso e a acção do «mistério» propriamente dita,
já que a fita oscila entre a ficção de Eça e Ramalho em Lisboa, a ficção
romanesca e a suposta existência dos personagens na realidade da
cidade que vão reagindo às revelações. De algum modo, o filme segue o
estratagema do folhetim, num jogo para nos iludir, mas construído com
| 284 |
cineeco2007
Cinema
Português
tanto artificialismo e gosto pela coisa literária (há diálogos de As Farpas
e até o Conde de Abranhos aparece) que só mesmo um tolo se deixará
enganar. Tolo não será o que der um passo atrás e deguste o tecido
ficcional travejado de diálogos vivazes, actores que os sublinham
(aplauso especial para Ivo Canelas e António Pedro Cerdeira), uma
impecável reconstituição de época com um gosto decorativista que rima
com a bonomia geral de um filme todo pespontado de ironia. Ironia de
que a sacerdotiza-mor é Giselle Itié, nessa Carmen carnuda e trágica que
há-de morrer de paixão, já que a sífilis lhe não dará descanso.
Jorge Leitão Ramos, in Expresso
O MISTÉRIO DA ESTRADA DE SINTRA
Título original: O Mistério da Estrada de Sintra
Realizador: Jorge Paixão da Costa (Portugal, Brasil, 2007); Argumento: Tiago Borralho, Mário
Botequilha, Newton Cannito, Luísa Costa Gomes, Jorge Paixão da Costa, Nuno Vaz, seguundo
romance de Eça de Queirós e Ramalho Ortigão; Música: Guga Bernardo; Fotografia (cor):
Luís Branquinho; Montagem: João Braz; Design de produção: Clara Vinhais; Guarda-roupa:
Silvia Grabowski, Vera Midões; Maquilhagem: Mário Leal, Ana Lorena; Direcção de Produção:
Alexandre Oliveira; Assistentes de Realização: Raul Correia, Nuno Diogo, João Sales; Som:
Luiz Adelmo, Branko Neskov, Francisco Veloso; Casting: Cibele Santa Cruz; Produção: Jorge
Coelho, António da Cunha Telles, Pandora da Cunha Telles, Roberto d’Avila, Patrick Siaretta;
Companhias de produção: Agência Nacional do Cinema (ANCINE); Animatógrafo II; Filmes de
Fundo; Instituto do Cinema, Audiovisual e Multimédia (ICAM); Moonshot Pictures.
Intérpretes: Ivo Canelas (Eça de Queirós), António Cerdeira (Ramalho Ortigão), Bruna Di Tullio
(Condesa Luísa Valadas), Rogério Samora (Conde Jorge Valadas), José Pedro Vasconcelos
(Vasco), Gisele Itié (Carmen Puebla), Flávio Galvão (Nicázio Puebla), James Weber-Brown
(Rytmel), Nicolau Breyner (Eduardo Coelho), Daniel Bento, Valerie Braddell, Carla Chambel,
Vítor Correia, Carlos Costa, Rui David, Pedro Efe, Sérgio Godinho, João Lagarto, Fernanda Lapa,
António Melo, António Jorge Nogueira, Jorge Paixão da Costa, Otto Michael Pereira, João Miguel
Rodrigues, Gonçalo Nuno Ruivo, João Saboga, Carmen Santos, Jonathan Weightman, etc.
Duração: 103 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo; Data de estreia: 3 de Maio de
2007 (Portugal); Classificação etária: M/12 anos.
CineEco2007
SÓ ANIMAÇÃO
| 286 |
cineeco2007
DIA DE SURF
Só
Animação
Nada de novo no campo da animação. O trabalho digital é perfeito e o
argumento é divertido, andando à volta de uma competição de surf (as
imagens digitais são magníficas) por... pinguins, que parecem ser o bicho
mais na moda agora no cinema. Aliás, há uma paródia ao famoso A
Marcha do Imperador, com o ovo que vai a rolar. O resto é a habitual
história de tenacidade e teimosia de um jovem pinguim, Cody Maverick,
que com o apoio de um velho e desaparecido campeão, vai disputar o
título. Exibido, como habitualmente, em versão original e dobrada em
português. Para os cinéfilos, a primeira impõe-se.
M.C.F., in Expresso
DIA DE SURF | Título original: Surf’s Up
Realizadores: Ash Brannon e Chris Buck (EUA, 2007); Realização: Ash Brannon e Chris Buck (EUA,
2007); Argumento: Lisa Addario, Christian Darren, Don Rhymer, Joe Syracuse; Música: Mychael
Danna; Fotografia (cor): Andres Martinez; Montagem: Ivan Bilancio, Nancy Frazen; Design de
produção: Paul Lasaine; Direcção de arte: Sylvain Deboissy, Ron Lukas, Marcelo Vignali; Direcção
de Produção: Jill Ragaway; Departamento de arte: Sunny Apinchapong, Joty Lam, Jerry Loveland,
Marcos Mateu Mestre, Shawn McInerney, Armen Melkonian, Armand Serrano, Noelle Triaureau;
Som: Ulrika Akander, Michael J. Benavente, Jason King, Steven Ticknor; Efeitos visuais: David
Bleich, Rob Bredow, Oscar G. Castillo, Jack Finlin, Hae-Jeon Lee, Fredrik Limsater, Joe Mandia,
Evangeline Monroy, Jayson Price, David Schaub, Jeremy Squires, Beth Tyszkiewicz; Animação:
Hunter Athey, Cody Cameron, Jeff Croke, Sylvain Deboissy, Renato Dos Anjos, Steve Harwood,
Ethan Hurd, Chris Hurtt, Gavin Moran, Peter Nash, Andreas Procopiou, Sandra Ryan-Moran, Sue
Hyunsook Shim, Chad Stewart, Michael C. Walling, Dougg Williams, James C.J. Williams; Produção:
Lydia Bottegoni, Christopher Jenkins; Companhias de produção: Sony Pictures Animation.
Intérpretes (vozez): Shia LaBeouf (Cody Maverick), Jeff Bridges (Big Z/Geek), Zooey Deschanel (Lani
Aliikai), Jon Heder (Chicken Joe), James Woods (Reggie Belafonte), Diedrich Bader, Mario Cantone,
Kelly Slater, Rob Machado, Sal Masekela, Ash Brannon, Chris Buck, Brian Posehn, Dana Belben, etc.
Duração: 85 minutos; Distribuição em Portugal: Columbia TriStar Warner; Classificação etária: M/4
anos; Data de estreia: 2 de Agosto de 2007 (Portugal).
RATATUI
| 287 |
cineeco2007
Só
Animação
Depois da moda dos pinguins, o cinema de animação regressa, através da
Pixar, aos «descendentes» do velho Mickey Mouse, que têm proporcionado
alguns dos melhores momentos neste domínio, dos inesquecíveis amigos
de Cinderela ao detective rato Basílio e a Fievel.
O novo herói da rataria chama-se Remy e apresenta-se com uma qualidade
invejável: tem alma de «chef». E não um «chef» qualquer, mas um capaz de
fazer inveja a alguns dos nossos bem televisivamente conhecidos: «Maître»
Gusteau, que, tendo falecido, acompanha em espírito Remy na sua ambição.
O problema é, naturalmente, a sua origem. Um rato numa cozinha é, por
princípio, um crime higiénico (e, em certo momento, um dos mais divertidos,
Remy tem algumas centenas de ajudantes da sua raça). Mas o nosso Remy,
que tem um mano, Emile, que faz jus à fama dos ratos (é só enfardar, seja
o que for), não desiste do seu sonho. E um dia, quando espreita pelas
janelas do sanctu sanctorum almejado, a cozinha do restaurante de Gusteau,
encontra o meio de o pôr em prática, ao ver a nova aquisição da equipa de
cozinheiros: um jovem e desajeitado aprendiz: Linguini.
Linguini é um perfeito «nabo», que parece incapaz de distinguir o dito de
uma batata, mas por obra e graça de Remy, que o conquista e se
«infiltra» na sua cabeleira (é ali que, qual piloto experimentado, vai
conduzir as mãos de Linguini, à custa de uns bons puxões de cabelos,
para os devidos lugares e condimentos, perante o pasmo de Skinner, o
substituto de Gusteau, que parece querer destruir a fama conquistada
pelo antigo «chef»), Linguini cria alguns inéditos e deliciosos pratos, que
chegam ao ponto de provocar as lágrimas ao poderoso Anton Ego, crítico
gastronómico, evocando-lhe, com um prato, um sabor de infância, qual
«Madalena» na boca de um Proust.
| 288 |
cineeco2007
Só
Animação
A intriga não fica por aqui (há, inclusive, à boa maneira dickensiana e do
Disney clássico, a revelação do inesperado herdeiro do restaurante), mas
deixamos aos pequenos e grandes espectadores o prazer (visual e
gustativo) de descobrirem o resto, que inclui uma série de divertidos
«gags», onde ocupa lugar de destaque Emile, o irmão de Remy, ratazana
gorda e glutona que parece um descendente do inesquecível rato gordo
de Cinderela.
Ratatui é a terceira longa-metragem de animação de Brad Bird, que tem
vindo a revelar-se um dos mais importantes e imaginativos directores
modernos deste género no cinema ocidental. Depois de algumas curtas
de qualidade (como um episódio para Amazing Stories/Contos
Assombrosos, de Spielberg) e de ter participado nos Simpsons, Bird
estreou-se na longa-metragem, em 1999, com o belíssimo The Iron Giant
(que nunca chegou aos nossos ecrãs de cinema, tendo-se ficado por uma
passagem pela RTP e pela edição em DVD), a que se seguiu o filme que
marcou a sua consagração, The Incredibles: Os Super-Heróis, que lhe
valeu um Óscar da Academia de Hollywood.
Aqui fica ainda um aviso aos espectadores que tenham por (mau) hábito
chegarem atrasados. Tentem chegar a horas desta vez. Porque, para além
de não incomodarem os vossos parceiros de fila, poderão deliciar-se com
uma pequena curta-metragem que antecede Ratatui e que tem por título
Raptado (Lifted), realizado por Gary Rydstrom. Trata-se de um irresistível
«gag» à volta de um «encontro imediato» com um disco voador. A não
perder.
M.C.F., in Expresso
RATATUI
Título original: Ratatouille
Realização: Brad Bird e Jan Pinkava (EUA, 2007); Argumento: Brad Bird, Jim Capobianco,
Emily Cook, Kathy Greenberg, Jan Pinkava; Música: Michael Giacchino; Fotografia (cor):
Robert Anderson, Sharon Calahan; Montagem: Darren T. Holmes; Design de produção: Harley
Jessup; Departamento de arte: Damon Bard, Susan Bradley, H.B. ‘Buck’ Lewis, Scott Morse;
Som: Randy Thom; Efeitos visuais: Benjamin Andersen, Eric Froemling, Tolga Goktekin,
Apurva Shah; Animação: Mahyar Abousaeedi, Josh Anon, James S. Baker, Dylan Brown,
Shaun Chacko, Brett Coderre, David DeVan, Alexander Fleisig, Tom Gately, Andrew Gordon,
Luis Grane, Holger Leihe, Matt Majers, Michal Makarewicz, Steve Mason, Ted Mathot, Paul
Mendoza, Bob Scott, David Earl Smith, Michael Stocker, Raphael Suter, Michael Venturini,
Mark A. Walsh, Anthony Ho Wong; Produção: John Lasseter, Brad Lewis, Galyn Susman;
Companhias de produção: Pixar Animation Studios, Walt Disney Pictures.
Intérpretes (vozes): Patton Oswalt (Remy), Ian Holm (Skinner), Lou Romano (Linguini), Brian
Dennehy (Django), Peter Sohn (Emile), Peter O’Toole (Anton Ego), Brad Garrett (Gusteau),
Janeane Garofalo (Colette), Will Arnett, Julius Callahan, James Remar, John Ratzenberger,
Teddy Newton, Tony Fucile, Jake Steinfeld, Brad Bird, etc.
Duração: 110 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo; Classificação etária: M/6 anos;
Data de estreia: 15 de Agosto de 2007 (Portugal)
OS SIMPSONS
| 289 |
cineeco2007
Só
Animação
Quando uma família disfuncional de cinema de animação chegou à
televisão, em 1987, ninguém podia prever o seu êxito fenomenal. Mas,
depois de 13 séries, o autor de «Os Simpsons», Matt Groening, avisou
que o programa poderia ter os dias contados.
A morte dos Simpsons foi profetizada pela primeira vez há cinco anos e
provavelmente não devíamos ficar surpreendidos pelo facto de a origem
da profecia ter sido um episódio de «Os Simpsons». Intitulado «The
Simpsons Spin-Off Showcase» («Os Simpsons Desaparecem da Montra»),
o episódio mostrava a família mais disfuncional da televisão - bem como
os seus amigos e inimigos da cidade natal de Springfield - exilada para
as margens desoladas da televisão da tarde, onde há menos receitas e essa visão não foi nada agradável. Os telespectadores viram três
breves emissões, cada uma apresentada pelo estafado actor Troy
McClure de Springfield («Talvez se lembrem de mim de filmes como
‘Hitler Doesn’t Live Here Any More’ e ‘It’s a Wonderful Belt’»).
A vida pós-Simpsons encontrou o chefe Wiggum, o comissário da polícia
de Springfield e comilão de «donutes», percorrendo as ruas de New
Orleans e segurando a Magnum à maneira de Tom Selleck para uma série
chamada «Wiggum, PI», enquanto a própria família Simpson era
obrigada a apresentar a «Simpson Family Smile-Time Variety Hour».
Apenas Abe Simpson, o decrépito avô de Homer, parecia ter encontrado
a sua verdadeira profissão, num programa chamado «The Love-Matic
Grandpa», onde foi reencarnado num jogo «arcade» de um salão de bar
que fornecia conselhos amorosos.
Tratava-se de material tipicamente simpsoniano - afinal, a série
celebrizou-se precisamente devido a esse tipo de auto-referências, sem
| 290 |
cineeco2007
Só
Animação
falar das exclamações que ficaram no ouvido como «D’oh!» e «Don’t
have a cow, man!» - mas que também pode vir a revelar-se como um
pressentimento: Matt Groening, o criador que é tão famoso por se
autodenegrir como pela barba e fortuna, anunciou esta semana que a
sua hora pode estar a chegar.
Matt Groening, o autor, admite que pode estar para breve o fim da sua
série de sucesso
«Penso que estamos mais perto do fim», disse ele ao «Financial Times»,
explicando que se «torna cada vez mais difícil continuar, à medida que
os anos passam, não só a surpreender as audiências mas a
surpreendermo-nos a nós próprios». A Fox Television de Rupert Murdoch,
que, segundo consta, ganhou mil milhões de dólares (aprox. ?1,1 mil
milhões) com a série, «espremeria a série até ao último centavo antes
dela terminar», disse ele - e «se ganharmos um Emmy pelo melhor
espectáculo de animação... isso dá-nos mais um par de anos para
decidirmos o que fazer».
Não obstante, este foi o sinal mais claro até agora de que o desemprego
poderá em breve perfilar-se no horizonte de um pateta bemintencionado e amante de cerveja como é Homer Simpson e da sua
preocupada mulher, Marge, do filho delinquente, Bart, da filha idealista,
Lisa, e da gulosa bebé Maggie.
Os muitos milhões de fãs do programa nem precisam que se lhes diga
como será crucial esse momento. Os Simpsons estão hoje tão
omnipresentes - com distribuição para mais de 90 países e
constantemente repetidos nos Estados Unidos - que já poucos se
recordam de quantos sobrolhos carregados suscitou, em 1989, a
proposta da Fox em colocar uma série de animação em horário nobre:
uma proposta significativamente diferente de a passar como um curto
«insert» no «The Tracy Ullman Show», que foi o lugar dos Simpsons
desde a sua estreia em 1987. E mesmo se comédias de situação como
«Roseanne» já tinham começado a minar a confiança da televisão nos
modelos americanos de famílias perfeitas e sorridentes, tipificadas em
séries como «Os Waltons», ainda não era totalmente evidente que as
audiências dos horários nobres estivessem preparadas para esta
singular família. (Um enredo tipicamente simpsoniano foi o de um
episódio de 1991, «Bart, o Assassino», assim resumido num «site» de
entusiastas: «Depois de um dia em que tudo lhe correu mal na escola,
Bart tropeça acidentalmente no ‘The Legitimate Businessman Social
Club’, fachada de uma quadrilha mafiosa. Passa a ser empregado dum
bar, mas quando aparece tarde para trabalhar e deita as culpas ao
encarregado Skinner, este desaparece de circulação.»)
Por tudo isto, ninguém ficou mais espantado do que a Fox e Groening
quando os índices de audiência subiram em flecha ao fim de poucos
meses (neste momento, mesmo na última fase da série 13, esses índices
atingem cerca de 60 milhões de telespectadores em todo o país). Os
canais de televisão apressaram-se a emitir um conjunto atabalhoado de
projectos de filmes de animação, mas a maioria falhou, enquanto a
montanha russa comercial dos Simpsons adquiria cada vez mais
velocidade. Ao fim de três anos, fabricantes autorizados pela Fox tinham
vendido mais de dois mil milhões de dólares de «merchandising» desde caixas para sandes Bart Simpson até tapetes, cadeiras e
inaladores para a asma. Nunca a Fox conseguiu produzir nada que se lhe
comparasse: nem «Beverly Hills 90210», nem os «Ficheiros Secretos».
Dissecar o humor pode ser uma iniciativa votada ao fracasso, mas
poucos podem negar que os Simpsons prosperaram graças à natureza
multidireccionada das suas piadas - a artimanha de Groening e do seu
grupo de escrita foi de combinar cascas de banana e violência de
desenhos animados com, digamos, uma forte referência a «Voando
sobre um Ninho do Cucos» ou a «The Shining», ou a «1984» (no último
exemplo, Ned Flanders, o assistente «gay» do malvado director da
central nuclear de Springfield, Mr. Burns, torna-se o ditador de um
inferno de pesadelo depois de Homer fazer acidentalmente regredir o
tempo ao utilizar mal uma torradeira).
«A história da TV não é por tradição a de fazer alguma coisa que
escandalize a avó ou perturbe o neto», disse Groening. «A nossa solução
para os Simpsons é de fazer piadas que uma pessoa com instrução ou
com algum quadro de referências entenda. E para aqueles que não
entendem, tanto faz, porque lhes basta ver Homer a bater com a cabeça
na parede dizendo ‘D’oh!’.»
Os poucos que não o entenderam só contribuíram para reforçar o seu
sucesso com as objecções que levantaram. «Vamos continuar a
fortalecer a família americana - para que se pareça mais com os Waltons
e menos com os Simpsons», proclamou o primeiro Presidente George
Bush na campanha para a reeleição em 1992 - mesmo no meio de uma
das campanhas presidenciais mais desastrosas da história, era
particularmente deprimente vê-lo escolher para seu adversário o
abandalhado bebedor de cerveja e patriarca de Springfield.
Se os votos foram um sinal, então as famílias americanas sentiam-se
mais felizes com a versão Simpson da vida em família. A Academia ficou
ainda mais feliz: «Os Simpsons» deram azo a dezenas de estudos e
debates, desde estudos culturais («The Simpsons as Critique of Consumer
Culture» – «Os Simpsons como Crítica da Cultura de Consumo») até à
formação de professores («Engaging Students with Significant
Mathematical Content from The Simpsons» – Como Mobilizar os
Estudantes de Matemática a Partir de Os Simpsons» - cuja autora cita
como um dos seus momentos preferidos em «Os Simpsons» o cântico de
duas jovens no recreio de uma escola para crianças superdotadas, para
onde Marge e Homer estavam a pensar enviar Lisa: «Cross my heart and
hope to die/ Here’s the digits that make pi/ 3,1415926535897932384» (Se
mentir vou para o inferno: aqui estão os números que constituem o pi...).
| 291 |
cineeco2007
Só
Animação
| 292 |
cineeco2007
Só
Animação
A única surpresa é que só no ano passado tenha sido lançado o
primeiro curso universitário em estudos Simpsons. (No Michigan
College, a bibliografia que acompanhava o curso incluía livros
chamados «The Simpsons and Philosophy: The D’oh! of Homer» («Os
Simpsons e a Filosofia: o D’oh! de Homer»), e «The Gospel According
to The Simpsons: The Spiritual Life of the Most Animated Family» («O
Evangelho Segundo Os Simpsons: A Vida Espiritual da Mais Animada
Família».)
Toda uma geração de «cartoons» destinados a adultos devem o seu
sucesso aos Simpsons - os mais importantes sendo «South Park»,
«Beavis and Butthead» e «King of the Hill». Mas a relação de Groening
com a Fox azedou devido à indisponibilidade desta para dar um apoio
ao mesmo nível de «Os Simpsons» para a sua última aventura, uma
paródia à ficção científica chamada «Futurama», sobre um distribuidor
de pizza, congelado criogenicamente e depois ressuscitado no século
XXXI. («Gosto muito do ‘Star Trek’ e do ‘Star Wars’ e todas as variações
sobre o assunto», explicou Groening, «mas eu queria fazer um
espectáculo em que os problemas do universo não fossem resolvidos
por militarismo guiado por uma espiritualidade ‘new-age’».) É muito
mais sombrio do que «Os Simpsons», ou, se preferirem, simplesmente
muito menos engraçado. A Fox cancelou o projecto e a série actual será
a última, apesar dos esforços de mais de 100.000 fãs que assinaram
uma petição exigindo que a salvem.
Por outro lado, a alusão de Groening ao possível fim próximo dos
Simpsons pode ser apenas mais um passo da dança bem coreografada
que estúdios e artistas começam a praticar nos meses anteriores às
renegociações de contratos - as mesmas que permitiram este ano que
os actores de «Friends» partissem um mês mais cedo com a garantia
de um milhão por episódio. E como só há um Groening, é ele que tem
as cartas na mão. «’Os Simpsons’ é um dos programas mais bem
sucedidos da televisão», diz Andy Grossman, editor de televisão para o
«Hollywood Reporter». «Não seria de estranhar que um produtor
aproveitasse a influência do seu programa mais popular para ajudar o
seu programa menos popular.»
Material para os Simpsons satirizarem não lhe faltará, e Groening - que
se delicia em transmitir mensagens contra as grandes multinacionais
através do seu programa de grande audiência no horário nobre duma
estação que pertence a Murdoch, mensagens geralmente ligadas a
barbaridades na central nuclear de Springfield - já disse que tenciona
trabalhar no escândalo da Enron em futuros episódios. Mas, no fim, o
seu talento pode virar-se contra ele, porque se os estúdios de televisão
estão geralmente ansiosos por novos episódios de espectáculos de
sucesso, os Simpsons estão concebidos especialmente para repetições
infindáveis: você pode vê-los quando criança, depois como
adolescente, como estudante e como pessoa de meia-idade para
| 293 |
cineeco2007
conseguir perceber todas as piadas ou descobrir todas as referências
cinéfilas - até ao momento, é claro, em que ficar farto. Se ainda estiver
a rir depois de tudo isso é porque, provavelmente, é um executivo da
Fox Television.
Oliver Burkeman, in Expresso (Exclusivo Expresso/The Guardian)
Tradução de Aida Macedo
OS SIMPSONS: O FILME
Título original: The Simpsons Movie
Realizador: David Silverman (EUA, 2007); Argumento: James L. Brooks, Matt Groening, Al
Jean, Ian Maxtone-Graham, George Meyer, David Mirkin, Mike Reiss, Mike Scully, Matt
Selman, John Swartzwelder, Jon Vitti, Joel Cohen, John Frink, Tim Long, Michael Price, Sam
Simon; Música: Hans Zimmer; Montagem: John Carnochan; Direcção de arte: Dima
Malanitchev; Direcção de Produção: Jeannine Berger, Julie Peng, Penelope Parr Thornton;
Assistentes de Realização: Mikel B. Anderson, Crystal Chesney, Lauren MacMullan, Steven
Dean Moore; Departamento de arte: Brad Ableson, Dominique Blaskovich, Ty Elliott, Fitzy
J. Fitzmaurice, Mike Inman, Phillip Vigil; Som: Derek Casari, Christopher Scarabosio, Randy
Thom; Efeitos visuais: Jose António, García Villameriel, Al Holter, Cynthia Neill Knizek,
Rosanna Lyons, Masaru Oshiro, Dave Scarpitti, Jeff Topping, Jeff Topping, Carol VanHook;
Animação: Ivaylo Anguelov, Moon Choi, Rick Farmiloe, Edmund Fong, Julia Kalantarova, Bert
Klein, John Pomeroy, Silvia Pompei, Mike Swofford, Wallace Williamson; Casting: Barbara
Harris, Daniel Hubbard; Produção: Elise Belknap, James L. Brooks, Katherine C. Concepcion,
Peter Gave, Matt Groening, Al Jean, Claudia Katz, Jay Kleckner, Joel Kuwahara, Karen K.
Miller, Amanda Moshay, Felicia Nalivansky, Matt Orefice, Richard Raynis, Richard Sakai, Mike
Scully, Nelson Shin, Loren Smith, Craig Sost, Geraldine Symon, Nikki Vanzo, Hyejoon Yun;
Companhias de produção: Twentieth Century-Fox Film Corporation, Gracie Films.
Intérpretes (vozes): Dan Castellaneta, Julie Kavner, Nancy Cartwright, Yeardley Smith, Harry
Shearer, Hank Azaria, Marcia Wallace, Billie Joe Armstrong, Tre Cool, Mike Dirnt, Tress
MacNeille, Pamela Hayden, Joe Mantegna, Albert Brooks, Russi Taylor, Karl Wiedergott,
Maggie Roswell, Tom Hanks, Philip Rosenthal, etc.
Duração: 87 minutos; Distribuição em Portugal: Filmes Castello Lopes; Classificação etária:
M/6 anos; Data de estreia: 26 de Julho de 2007 (Portugal).
Só
Animação
| 294 |
cineeco2007
Só
Animação
SHREK, O TERCEIRO
Em 2001, Shrek foi o rosto de uma revolução. Ao catapultar a
DreamWorks para um sucesso no cinema de animação que, até então, só
a Disney almejava, o ogre verde carreou uma lufada renovadora, sabendo
fazer a ponte entre os miúdos e os crescidos num verdadeiro produto
«toda-a-família». Os bonecos eram extremamente apelativos, a qualidade
técnica da animação na vanguarda do estado da arte, mas o que fazia
todas as admirações era a excelência do imaginário que ia aos
estereótipos dos contos para crianças (da Bela Adormecida, ao Pinóquio
e à Branca de Neve) e, literalmente, estraçalhava códigos e usos, numa
subversão sadia que havia de ter posto apopléctico o velho Walt Disney,
se ele ainda cá estivesse para ver. Pois não é que até a estética das
Disneylândias era severamente caricaturada? Depois, em 2004, Shrek 2
veio confirmar o que já sabíamos, mas pareceu que a inventiva
desacelerava um pouco, ao ponto de se augurar para o terceiro filme da
série - que, agora, aí está - uma espécie de epitáfio. Desenganem-se e,
pelo amor de Deus e do cinema, não acreditem nas pressurosas vozes
que começaram por erguer-se na América e vão encontrar inevitáveis ecos
por cá. Bom, mesmo bom, é abrir olhos e ouvidos e (em versão original,
é indispensável) aceder a este Shrek o Terceiro. A animação continua
exímia, mas é no enredo, no desenvolvimento das situações, que a fita
ganha a parada.
A história do filme é a da inevitável sucessão. O rei de Bué Bué Longe,
pai da Princesa Fiona, expira após longa e hilariante agonia (sim, até a
morte pode ser divertida...) e Shrek, genro e varão, aparece em primeiro
lugar na lista da sucessão. Mas ser rei não lhe está nem nos planos nem
no feitio. Na hora do passamento, o velho monarca revelara, todavia,
haver outro possível ocupante do trono, um rapazelho tímido, de seu
nome Artur, meio-irmão de Fiona, que está na universidade onde a
petulante Guinevere (loira e boazuda) e o insuportável Lancelote
(musculoso e fanfarrão) controlam a maralha. Shrek parte para o ir
buscar, deixando o reino desguarnecido face à raiva do proscrito Príncipe
Encantado que junta todos os vilões banidos (do Capitão Gancho à
Madrasta da Branca de Neve) e os incita à conquista. Mas, uma vez
tomado o poder pela força das armas, vai ser preciso que ele seja
mostrado, mediaticamente, senão nada vale. Temos, então, direito a um
espectáculo de teatro (não há televisão em Bué Bué Longe, claro...) que
firmará, perante o povo, os novos senhores. Ou não? Terão os vilões
direito a também serem felizes para sempre ou as histórias para crianças
estão viciadas por uma insuportável discriminação?
Como se vê, a imaginação dos argumentistas não está descolorida, sendo
de notar que foi aqui que a maior parte dos esforços terão sido
despendidos (renovação quase radical da equipa, a insuflar novos
talentos), não só no desenho das situações e das cenas, mas a preparar
o futuro que, decerto, será sorridente. Para já, há descendentes (ah, é
| 295 |
cineeco2007
Só
Animação
| 296 |
cineeco2007
Só
Animação
verdade, a Princesa Fiona está grávida) e não sei quais são mais bem
apanhados, se os ogrezitos rotundos e vomitões, se os burritos
dragonados (ou serão dragõezitos burricados?), nascidos do cruzamento
entre o azougado jumento a que Eddie Murphy dá voz e o dragão que,
lembram-se?, afinal era uma pestanuda fêmea. Há mesmo uma cena de
pesadelo (Shrek a ver-se escravizado em funções parentais) que é das
melhores da fita. Por outro lado, o território dos personagens da saga
dos cavaleiros da Távola Redonda foi só aflorado, é alfobre infindo,
ficámos a salivar por mais Guinevere e Lancelote (típicos jovens «wasp»)
e por Merlin, mago que no filme aparece confuso e senil, incapaz de um
feitiço sem graves efeitos secundários. Hão-de vir mais filmes, mas não
só. É que Shrek e os seus companheiros deixaram, há muito, de ser
meros personagens de cinema de animação (campeões absolutos de
bilheteira no seu género, lembremos). Dos brinquedos aos jogos de
computador são veículos de um império da «indústria de conteúdos» e
vão mesmo subir ao palco num musical da Broadway, a estrear ainda
antes do fim do ano.
Jorge Leitão Ramos, in Expresso
SHREK, O TERCEIRO
Título original: Shrek the Third
Realizadors: Chris Miller e Raman Hui (EUA, 2007); Argumento: Andrew Adamson, Jed
Diffenderfer, Howard Michael Gould, Jeffrey Price, Peter S. Seaman, Jon Zack, segundo obra
de William Steig (“Shrek!”); Música: Harry Gregson-Williams; Montagem: Michael Andrews,
Joyce Arrastia; Design de produção: Guillaume Aretos; Direcção de arte: Peter Zaslav; Guardaroupa: Israel Segal; Direcção de Produção: Suvi Salakka Booth, Brian Brecht, Kelly Cooney,
Alison Fedrick Donahue, Kelly M. Jean, Fadi Basem Kandah, Robyn Mesher, Marny Nahrwold,
Latifa Ouaou, Paul Springer, Jenna Grigg Thomas, Erik Vignau; Departamento de arte: Jessie
Carbonaro, Kory Heinzen, Travis Koller, Katherine Levin; Som: Richard L. Anderson, Mark
Binder, Thomas Jones; Efeitos especiais: Arnauld Lamorlette, Jamie J. Silverman; Efeitos
visuais: Ken Bielenberg, Lawrence D. Cutler, Matt Head, Dug Stanat, Kevin Vassey, ndrew
Wheeler; Animação: Mark Behm, Jeremy Bernstein, Paul Chung, Katrina Conwright, Melanie
Cordan, Cassidy Curtis, Mark Donald, Raffaella Filipponi, Emilio Ghorayeb, Tom Hester, Mariko
Hoshi, Jeffrey Joe, Heather Knight, Eric Lessard, Philip K. Livingston Jr., Rani Naamani, David
Nix, Gabriele Pennacchioli, David Rader, Carlos M. Rosas, Jason Schleifer, David Spivack, J.J.
Villard, Guido Zimmermann; Casting: Leigh French, Christi Soper; Produção: Andrew Adamson,
Denise Nolan Cascino, Aron Warner, John H. Williams; Companhias de produção: DreamWorks
Animation, Pacific Data Images (PDI), DreamWorks SKG.
Intérpretes (vozes): Mike Myers (Shrek), Eddie Murphy (Donkey), Cameron Diaz (Princesa
Fiona), Antonio Banderas (O Gato das Botas), Julie Andrews (Rainha Lillian), John Cleese (Rei
Harold), Rupert Everett (Principe Charming), Eric Idle (Merlin), Justin Timberlake, Susan
Blakeslee, Cody Cameron, Larry King (Doris), Christopher Knights, John Krasinski, Ian
McShane, Cheri Oteri, Regis Philbin, Amy Poehler, Seth Rogen, Maya Rudolph, Amy Sedaris,
Aron Warner, Jasper Johannes Andrews, Guillaume Aretos, Kelly Asbury, Zachary James
Bernard, Andrew Birch, Sean Bishop, Kelly Cooney, Walt Dohrn, Dante James Hauser, Hauser
Jordan Alexander, Tom Kane, Tom McGrath, Chris Miller, Latifa Ouaou, Alina Phelan, David P.
Smith, Mark Valley, Conrad Vernon, Kari Wahlgren, etc.
Duração: 92 minutos; Distribuição em Portugal: Lusomundo; Classificação etária: M/6 anos;
Data de estreia: 21 de Junho de 2007 (Portugal).
CineEco2007
ACTIVIDADES
PARALELAS
| 298 |
cineeco2004
actividades
paralelas
_CONCERTO
|
Porto Alto
Rao Kyao
“Porto Alto” ou a viagem pelo país do Pão, do Azeite e do vinho
Nos 17 discos que editou antes de «Porto Alto», Rão Kyao mostrou o
que havia de comum entre músicas de linhagens tão aparentemente
diferentes como a portuguesa e a indiana, inspirou-se nos ritmos da
música do Nordeste do Brasil, no jazz, cruzou a sua mestria com a
alma do flamenco, estabeleceu uma forte ligação com o Oriente e
percorreu, como poucos antes dele, os sons originais de Portugal.
Hoje, neste disco, esse espaço a que Kyao chama “Porto Alto” é,
mais que o território físico berço de uma nação e de uma cultura, um
lugar – a bem dizer – mítico, inspirador de viagens e de sonhos e de
sons e de palavras muito distintas, habitado por um povo que
evoluiu como os ramos de uma árvore bem enraizada na terra, a
mesma terra onde cultiva o Pão, o Azeite e o Vinho que comungamos
como origem da nossa cultura.
(…) “Porto Alto” é – por assim dizer – uma dúzia de pontos no mapa
desta viagem. Para ser preciso, treze são os lugares, ou talvez treze
estações desta forma de peregrinação pelos sítios e pelas gentes.
Decerto, pontos de encontro num percurso determinado pela
música e pelas relações que ela tece quando se
deixa contaminar pelos estímulos que
persistem na memória para lá do
tempo e das circunstâncias.
Rui Monteiro
| 299 |
cineeco2004
| 300 |
cineeco2004
_CONCERTO
|
Cátia Garcia
Fados em 24 imagens por segundos
Guitarra portuguesa: Samuel Cabral e Miguel Amaral
Viola: Nel Garcia; Contrabaixo: João Penedo
actividades
paralelas
Cátia Garcia nasceu no Porto. Começou a cantar desde muito cedo participando em
vários espectáculos, concursos, noites de fado, etc. Fez o Curso de Canto do
Conservatório de Vila Nova de Gaia. Em 2000 participa na Grande Noite do Fado em
Lisboa onde vence o 2º Lugar e no Porto onde ganha o 3º Lugar. Em 2001 participa
novamente na Grande Noite do Fado em Lisboa onde vence o 2º Lugar e no Porto
onde ganha o 1º Lugar com a sua interpretação de “Cansaço”, de Amália Rodrigues.
Em 2001 participa no Encerramento Oficial do “Porto - Capital Europeia da Cultura”
num espectáculo no Mercado do Bolhão. No mesmo ano faz vários espectáculos em
França (Lyon, Grenoble, St. Ethiene, etc). Entre 2002 e 2005, após gravar o seu
primeiro CD, “À Procura do Fado”, realiza diversos espectáculos e concertos tanto a
solo como em espectáculos organizados em diversas salas do País. Em 2005 é
convidada por Filipe La Féria a interpretar o papel de Amália Rodrigues no musical
“Amália” em cena no Teatro Sá da Bandeira no Porto. No mesmo ano volta a ser
convidada por Filipe La Féria a interpretar a protagonista de “Alice no País das
Maravilhas” desta vez em Lisboa, no Teatro Politeama. O espectáculo esteve em
cena durante cinco meses. Logo de seguida, entra para o elenco de “A Canção de
Lisboa”, de Filipe La Féria, também no Teatro Politeama. Na RTP participa no
espectáculo “Campo Pequeno De Novo Em Grande”, espectáculo idealizado por Filipe
La Féria para a reabertura da Praça de Touros do Campo Pequeno e exibido em
directo pela RTP 1, África e Internacional. Em 2006, mantém-se no elenco da
companhia do Teatro Politeama para interpretar o papel de Liesl, a filha mais velha
do Capitão von Trapp, no musical “Música no Coração”, encenado por Filipe La Féria.
Participou em vários programas de televisão como “Praça da Alegria”, “Portugal no
Coração”, “A Vida é Bela”, “Herman SIC”, “Fátima Lopes”, “Você na TV”, “Êxtase”,
“Só Visto”, etc. Recentemente foi convidada a participar numa longa-metragem que
será a sua estreia no cinema. Tem também vindo a desenvolver actividade como
produtora na área do cinema e vídeo.
FADO A 24 IMAGENS
Apesar de diluída no tempo e num pequeno número de obras, a ligação entre o fado
e o cinema português (e algum internacional) é de grande importância, tendo tido
como resultado algumas das obras mais marcantes do cinema português como é o
caso de “Severa”, “A Canção de Lisboa”, “Capas Negras” ou “Verdes Anos”. É essa
ligação que Cátia Garcia estabelece neste espectáculo que percorre os tempos, os
filmes, os actores, os compositores, os fadistas e os realizadores unidos pelo cinema
e pelo fado. Amália Rodrigues e Hermínia Silva são alguns dos grandes nomes do
fado citados ao lado dos actores Vasco Santana, Beatriz Costa ou António Silva, dos
realizadores Cottinelli Telmo, Leitão de Barros ou Paulo Rocha, dos compositores e
letristas Alfredo Marceneiro, Frederico Valério, Alberto Janes, Carlos Paredes, Raul
Ferrão, Sérgio Godinho, Pedro Ayres de Magalhães ou Rodrigo Leão, e até mesmo
do toureiro Diamantino Viseu. Uma viagem através do cinema e do fado nesta nossa
estranha forma de ser…
| 302 |
cineeco2007
_CONFERÊNCIA
“Ao centro… Desenvolvimento Sustentável”
O Município de Seia pretende organizar anualmente, no âmbito do Cine’Eco – Festival
Internacional de Cinema de Ambiente, uma Conferência que permita a discussão em torno
de temas que tenham a ver com o desenvolvimento da Região Centro de Portugal em
particular, num quadro de grandes preocupações do mundo contemporâneo em geral.
Nesse contexto, para a edição deste ano o tema será o “Desenvolvimento Sustentável”,
tendo sido convidados para o efeito, várias personalidades de relevo para proporcionar o
debate e a reflexão sobre o referido tema.
CISE – CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA SERRA DA ESTRELA
Dia 27 de Outubro
PROGRAMA
9:30 Horas - Recepção aos participantes
10:00 Horas - Sessão de boas vindas
10:15 Horas - Inicio do primeiro painel
Moderadora: - Lúcia Leitão – Possui Mestrado em Gestão e Desenvolvimento em Turismo pela
Universidade de Aveiro. Licenciada em Geografia pela Faculdade de Letras de Coimbra. Nos últimos anos
exerceu funções de professora na área de Geografia do Turismo e Geografia Física na Escola Superior de
actividades Turismo e Telecomunicações de Seia. Actualmente é professora de Geografia na Escola Secundária de
paralelas
Seia.
Orador: Professor Daniel Bessa | Licenciado em Economia pela FEP (1970). Doutorado em Economia pelo
Instituto Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa (1986). Docente da Universidade do
Porto: da FEP (1970-1999), do ISEE (1988-2000) e da EGP (desde 2000). Administrador e consultor de
empresas. Economista em regime de profissão liberal. Área de especialização: Macroeconomia (teoria e
política económica). Presidente da Direcção da EGP desde 2000. Professor Universitário. Ex-Ministro da
Economia
Tema: “Turismo de Natureza e Cultural, no contexto regional e ibérico das estratégias e programas de
desenvolvimento sustentável”
Orador: António Queirós | Investigador na área da economia do turismo cultural e de natureza nas
Universidades de Aveiro, Bordéus IV e Salamanca. Investigador do Centro de Filosofia da Universidade
de Lisboa - Filosofia das Ciências. Consultor, formador, gestor e editor nos domínios do Património,
Ambiente e Turismo Ambiental. Dirigente associativo nacional e internacional nestas áreas.
Tema: “Aldeias de Xisto: Desenvolvimento Sustentável”
Orador: Paulo Fernandes | Licenciatura em relações internacionais no Instituto Superior de Ciências
Sociais e Políticas (ISCSP) da Universidade Técnica de Lisboa, na especialização de economia e comércio
internacional. Frequência do Mestrado em «Estudios Europeos y Derechos Humanos» pela Universidade
de Salamanca. Coordenador de projectos de Desenvolvimento Rural Integrado para a zona do Pinhal no
âmbito Integrar/ FSE /FEDER (Projecto Semear para a zona do Pinhal – Fundão). Vereador da Câmara
Municipal do Fundão.
12:15 Horas - Debate
13:00 Horas - Almoço
15:00 Horas - Inicio do segundo painel
Moderadora - Luisa Schmidt (Socióloga e jornalista do Jornal Expresso)
Tema: “Os valores naturais das montanhas do Centro Interior”
Orador: Fernando Queirós | Professor Licenciado em Biologia; Mestre em Ecologia Aplicada. Director
Adjunto do Departamento de Gestão de Áreas Classificadas do Centro e Alto Alentejo
Tema: (não disponível)
Orador: Francisco Castro Rego | Director Geral dos Recursos Florestais. Doutoramento, Forestry and
Wildlife and Range Management at University of Idaho Universidade de Idaho (EUA) e Licenciatura em
Silvicultura, Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa
Tema: “13 anos de Festival Internacional de Cinema de Ambiente em Seia”
Orador: Lauro António | Director do Cine’Eco, Realizador e Crítico de Cinema
16:30 Horas - Debate
17:30 Horas – Encerramento dos trabalhos
18:00 Horas - Dão D’Honra (prova gastronómica de produtos locais)
| 303 |
cineeco2007
Abertas inscrições (gratuitas) na Câmara Municipal de Seia
Telf. 238 310 230 (Extensão 521)
www.cineeco.org
Casa Municipal da Cultura de Seia - Av. Luís Vaz de Camões - 6270 - 484 - Seia
Telf. 238 310 230/49; Fax. 238 310 236; Telm. 96 486 25 21
www.casadaculturadeseia.com | www.cm-seia.pt | www.cineeco.org | www.artesdeseia.com
actividades
paralelas
FOYER DO CINE-TEATRO DA CASA MUNICIPAL DA CULTURA
CISE – CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA SERRA DA ESTRELA
Ambiente
EXPOSIÇÃO “FLORESTARTE”
A exposição “FlorestArte” é uma exposição itinerante de cartazes cuja temática é a Floresta.
É uma iniciativa apoiada pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais que mostra o que em
Portugal e no mundo foi dito e editado, ao longo de quase um século, sobre a Floresta, sua
valorização e protecção.
Esta exposição representa uma oportunidade única para se descobrir 1000 cartazes sobre
a floresta, o ambiente, a natureza e os incêndios florestais, que foram editados no último
século, em Portugal e em mais de 40 países de várias partes do mundo.
CISE – CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA SERRA DA ESTRELA
Ambiente
EXPOSIÇÃO - Cine’Eco 2007
Retratos Naturais – Ilustrações de Fauna e Flora da Estrela
A partir do dia 28 de Setembro, e por um período de um ano, está patente no edifício
principal do CISE uma exposição de ilustração científica denominada: Retratos Naturais –
Ilustrações de Fauna e Flora da Estrela.
A exposição integra 50 quadros, onde estão representadas mais de 100 ilustrações digitais
a cores, de grande rigor e beleza, relativas à fauna e à flora da serra da Estrela, da autoria
de Nuno Farinha e Fernando Correia. Esta equipa de biólogos profissionais especializou-se
em ilustração científica e design de comunicação, sendo representantes, em Portugal, da
associação internacional Guild of Natural Science Illustraters.
cineeco2007
XIII festival internacional de cinema e vídeo de ambiente
serra da estrela seia_portugal

Documentos relacionados