Escolas de Aprendizes Marinheiros: Uma
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Escolas de Aprendizes Marinheiros: Uma
Escolas de Aprendizes Marinheiros: Uma pesquisa na História da Educação Régis Fernando Ferreira Prates Resumo Costuma-se dizer que uma das funções do historiador é ajudar a manter viva a memória de um povo. Mas como realizar a manutenção de memórias que ainda nem sequer “nasceram”?A proposta desse pôster é trazer a tona um assunto pouco pesquisado na história da educação e, portanto, longe do alcance da memória das pessoas: a história da educação nos espaços militares. Estas instituições de formação receberam, na virada do século XIX para o XX, um contingente enorme de membros das camadas populares. Estudá-las pode nos fornecer informações importantes a respeito desses sujeitos e da educação concedida a eles. Neste trabalho, as Escolas de Aprendizes Marinheiros foram eleitas como objeto de investigação. O objetivo dessa pesquisa é elucidar esse caminho trilhado por muitos meninos carentes de oportunidades naquele contexto histórico. Para isso, será realizada uma análise documental que priorizará uma perspectiva “de baixo” para observar os processos e os sujeitos envolvidos nessa experiência. Palavras-chave: Marinheiros. Educação em espaços militares. História da educação. Escolas de Aprendizes Marinheiros: Uma pesquisa na História da Educação Introdução Costuma-se dizer que uma das funções do historiador é ajudar a manter viva a memória de um povo. Em certa medida essa afirmação parece fazer sentido. Mas como realizar a manutenção de memórias que ainda nem sequer “nasceram”? Muito daquilo que merece ser lembrado e relembrado para ficar mantido na memória do povo, ainda não recebeu a atenção dos pesquisadores. As razões pelas quais isso acontece são diversas, mas não vamos discuti-las aqui. A proposta desse pôster é outra, trata-se justamente de trazer à tona um assunto pouco pesquisado na história da educação brasileira - a educação militar, na tentativa de suprir parte dessa lacuna existente no campo. História da educação é quase que sinônimo de história da educação da sociedade civil. Pouco se estuda a educação militar, ou mesmo melhor, a educação nos espaços militares. É importante essa ressalva por que, mais do uma pesquisa sobre estas instituições militares, é necessário saber a respeito dos sujeitos que, por diversas vias, nelas ingressaram através escolas de formação. É na tentativa de colaborar com a quebra desse quase silêncio historiográfico, que se elegeu, como objeto dessa pesquisa, as Escolas de Aprendizes Marinheiros, para investigar a etapa de formação daqueles que, no futuro, fariam parte do corpo de marinheiros do Brasil. O interesse por esse objeto nasceu da observação de um episódio da história do país ocorrido na primeira República, uma revolta protagonizada por marinheiros. Era novembro do ano de 1910, final da primeira década do século XX. Após a aplicação de um castigo corporal desumano (200 chibatadas), que quase levou o marujo Marcelino Rodrigues Menezes a óbito, um grupo de marinheiros resolveu colocar em prática um plano há muito tempo pensado. Um grupo formado por centenas de marinheiros se apoderou de três grandes navios e apontou seus canhões para o Rio de Janeiro, na época a capital federal, fazendo uma série de reivindicações, entre elas, o fim dos castigos corporais na Marinha do Brasil. Esse evento ficou, popularmente, conhecido como Revolta da chibata1e traz elementos importantes para a compreensão da formação de uma instituição como a Marinha do Brasil (uma das responsáveis pela consolidação do Estado Nacional brasileiro), além de evidenciar um caminho trilhado por jovens brasileiros, carentes de oportunidades educacionais e de trabalho, nos anos finais do século XIX e início do XX. Caminhos teóricos da pesquisa “Ninguém nasce militar, torna-se militar” 2 . E esse tornar-se toma de empréstimo nesta pesquisa a densidade e a fundamentação teórica do historiador britânico Edward Palmer Thompson, conhecido por interessar-se pelo processo de constituição - o fazer-se - da classe trabalhadora, na Inglaterra do século XVIII e do início do século XIX. Em seu estudo sobre a formação da classe operária inglesa, Thompson demonstrou com brilhantismo a busca da historicidade dentro do materialismo histórico. Para manter vivos os homens e as mulheres que investigava, o historiador não se furtou de trabalhar com uma categoria bastante complexa, mas que foi fundamental na análise daquele processo sócio-histórico e cultural, a experiência, que, para ele, tratava-se de um termo médio necessário entre o ser social e a consciência social: é a experiência (muitas vezes a experiência de classe) que dá cor à cultura, aos valores e ao pensamento: é por meio da experiência que o modo de produção exerce uma pressão determinante sobre outras atividades: e é pela prática que a produção é mantida” (THOMPSON, 1981, p. 112). Tornar-se marinheiro na época em que o país gradualmente abandonava a mão de obra escrava foi uma experiência que muitos meninos viveram – filhos de mulheres e homens escravizados, jovens libertos ou livres de nascimento – para continuar seguindo 1 O termo utilizado pela historiografia recente é: Revolta dos Marinheiros de 1910, por entender que a luta dos marinheiros não se resumia ao fim do castigo com a chibata, mas também outras injustiças. Mais detalhes sobre a Revolta ver em: Cidadania, cor e disciplina na Revolta de 1910 de Álvaro Pereira do Nascimento. Mauad: FAPERJ,2008. 2 Inspirado na frase de Simone de Beavoir: “Ninguém nasce mulher, torna-se mulher”. Trazida aqui para ilustrar a ideia de que primeiro o ser existe, depois, em liberdade, exerce escolhas que vão criando a constituição de um sujeito social. suas vidas. Para alguns, o ingresso nesse universo militar não foi nem mesmo uma opção3. Observar o marinheiro como “um tipo singular de trabalhador que viveu conflitos pouco conhecidos nas relações sociais, culturais e de trabalho travadas em portos e navios do Brasil e de todo o mundo” (BARREIRO, 2005, p.2) colabora na compreensão do papel desempenhado pela Escola de Aprendizes Marinheiros como o espaço que comportou e onde se manifestaram pela primeira vez tais conflitos. É fundamental que se estude o contexto histórico em que essas escolas surgiram. O período histórico da pesquisa O período da história conhecido como Regencial representou uma ameaça 4 a soberania do recém-formado Estado nacional. Essa ameaça se dava por conta das muitas revoltas que eclodiam de norte a sul do país naquele período. Em resposta a essa ameaça, investimentos nas forças armadas foram fundamentais para restabelecer a ordem e garantir uma certa unidade à nação ainda em construção. Para nos ajudar a entender um pouco mais sobre esse tempo, recorremos a José Miguel Arias Neto, um estudioso da temática militar. São conhecidas as dificuldades de comunicação e de locomoção no século XIX em uma colônia da extensão continental como o Brasil. Do ponto de vista militar, a consolidação da independência dependeu da criação das forças de terra e de mar que deveriam atuar em conjunto para reprimir os movimentos separatistas das diversas províncias que formaram o Império, nas quais os interesses dos comerciantes portugueses eram dominantes. Neste sentido, a Marinha Brasileira, surgiu com a atribuição de manter a unidade territorial, identificada à independência política. (NETO, 2006, p.3) Data de 1840 a criação de primeira Companhia de Aprendizes Marinheiros, a da Corte5, estratégia da Marinha para formar os defensores marítimos da pátria. Tratava-se de uma escola que tinha como objetivo principal a responsabilidade pela formação de 3 Muitos meninos eram recrutados à força. Era dever das autoridades policiais capturar das ruas crianças desvalidas que no futuro podiam acabar na delinqüência, na vadiagem e na desordem, como se costumava dizer na época. 4 Essa foi a principal ameaça do período regencial. Nos primeiros anos de existência do estado nacional brasileiro a soberania do país sempre esteve ameaçada. Anteriormente, o que a ameaçava era Portugal, que demorou a reconhecer que o Brasil não mais uma colônia sua. 5 A primeira Escola de Aprendizes Marinheiros nasceu com o nome de Companhia de Aprendizes Marinheiros, somente em 1885 com um decreto que ela e as que posteriormente foram criadas passaram a se chamar Escolas. futuros marinheiros, que entre suas obrigações possuíam o dever de defender a pátria. No mesmo ano é concedida antecipadamente a maioridade a D. Pedro II e essa artimanha política inicia a tentativa de um rigoroso processo de centralização de poder no país. Uma década mais tarde a campanha abolicionista começou a ganhar força. E lenta e gradualmente medidas foram sendo tomadas para por fim ao regime de escravidão. Em 1850, a Lei Eusébio de Queiroz torna o tráfico de escravos ilegal; em 1871, a Lei do Ventre Livre concedeu a liberdade aos filhos de escravos; em 1885, o escravo que completasse sessenta anos era alforriado em decorrência da Lei do Sexagenário e, por fim, em 1888, é sancionada a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. Essa gradual e intensa modificação na estrutura social do país exigiu uma busca por soluções para o problema da mão de obra. Os anos finais da escravidão foi o período onde o tráfico de africanos para escravização cresceu intensamente. Essa prática aumentou também o número de escravos atingidos por essas leis abolicionistas. As discussões no campo educacional tiveram que incorporar na pauta a responsabilidade pela formação de um novo tipo de trabalhador, um trabalhador que não era mais escravo. Dentre todas as leis abolicionistas, a que teve maior impacto na esfera educacional foi a Lei do Ventre Livre. Essa lei que libertou os filhos de escravos concedeu-lhes o “direito” de permanecerem na casa dos donos de seus pais até completarem a maioridade ou de serem entregues ao Estado, que ficaria com a responsabilidade de educá-los e salvá-los da delinqüência. Em virtude dessa lei, muitas crianças passaram a viver nas ruas. Era mais do que necessário que se pensasse e se discutisse tal questão. Por fim, o abandono era o que muitos deles sentiam na pele. Na medida em que questões relativas à educação eram discutidas e leis abolicionistas eram promulgadas, mais Escolas de Aprendizes Marinheiros eram construídas nas muitas províncias espalhadas pelo país, suprindo a necessidade do Corpo de Marinheiros Imperiais6. Essa necessidade da Marinha colaborava para a solução do problema que foi o destino de muitos filhos de escravos nascidos após 1871. A criação dessas escolas coincidiu com estes e outros acontecimentos e discussões acerca do término da escravidão e sobre a instrução da população brasileira. 6 O Corpo de Marinheiros Imperiais funcionou até 1889 depois esse órgão passou a chamar-se Corpo de Marinheiros Nacionais que continuou desempenhando as mesmas funções do anterior. Os sujeitos da pesquisa A origem social dos meninos que ingressavam nas Escolas de Aprendizes da Marinha era basicamente a mesma: Eles eram oriundos da camada mais baixa da sociedade. Esse dado exige uma abordagem adequada. Um método que dê visibilidade a essa esfera da sociedade invisibilizada historicamente, do mesmo modo como fez Thompson com a classe trabalhadora inglesa, analisada numa perspectiva vista de baixo. Fazer história dessa maneira é um desafio necessário. Necessário porque nos ajuda a ver a complexidade e assim, desconstruir uma certa heterogeneidade imposta por algumas abordagens estruturalistas7.E é um desafio porque, como nos alerta Carlo Ginzburg, existe uma escassez de testemunhos sobre o comportamento e as atividades das classes ocupantes da base da pirâmide social no passado 8 . Desse modo, o pesquisador deve fazer um trabalho de observação minuciosa sobre as fontes que conseguir levantar. Fontes da Pesquisa As fontes consultadas para a elaboração desse trabalho foram os relatórios do Ministério da Marinha, disponíveis na forma de microfilme no Center for ResearchLibraries(CRL)9,através da internet. Esse material contém relatos variados de aspectos da marinha brasileira desde sua criação. Com um levantamento inicial dessas fontes, foi possível identificar a existência de uma série de tópicos discutidos pelas autoridades dessa instituição ao longo da história. A estratégia de trabalho foi destacar nos relatórios as partes correspondentes à descrição da situação das Escolas de Aprendizes Marinheiros. Surge nesse instante uma questão de ordem metodológica. Como é possível fazer uma “história vista de baixo”, se a documentação disponível é oficial, uma “produção dos de cima”? Como extrair dos relatórios ministeriais uma fagulha da essência daqueles que habitavam as camadas baixas da sociedade? Uma 7 Thompson foi um crítico ferrenho ao marxismo estruturalista, suas críticas eram endereçadas principalmente a um dos principais representantes dessa abordagem, Louis Althusser (1918-1990). As oposições articulavam-se contrariando a noção de falsa consciência e percepção de classe social como uma entidade estática e presa no tempo. 8 No prefácio de O queijo e os Vermes, Carlo Ginzburg realiza uma excelente discussão sobre fontes e abordagens para uma história que pretende resgatar as camadas populares. 9 O Center for ResearchLibraries (CRL) é um consórcio internacional de universidades, faculdades e bibliotecas de pesquisas independentes. Fundada em 1949, a CRL apóia a pesquisa avançada e ensino nas áreas de humanas, ciências e ciências sociais, preservando e disponibilizando para os estudiosos, material de fonte primária fundamental para as disciplinas. primeira leitura fornece subsídios para a feitura de uma história da cultura “imposta às classes populares” (GINZBURG, 2006, p13). Mas a busca é por algo que os meninos tenham produzido. Neste caso, será fundamental levantar outras fontes. Os relatórios que os ministros da marinha enviavam, era um resumo dos relatórios recebidos dos responsáveis pela gestão das Escolas de Aprendizes em cada província onde elas existiam, ou seja, era uma segunda versão do cotidiano das escolas. Cada ministério do império publicava um relatório anual que narrava suas atividades, prática que continuou após a proclamação da república. Os relatórios eram os principais registros oficiais da época, documentos que continham informações governamentais. Eram elaborados pelos ministros da Marinha e possuíam como parte constitutiva do texto, os relatados dos diretores das Escolas de Aprendizes Marinheiros existentes no país, que pretendiam mostrar a situação da instrução dos futuros marujos, bem como os esforços realizados para educar os meninos pobres na província do Rio de Janeiro, durante sua administração. O contato com os relatórios se deu inicialmente como fonte para o levantamento de dados relativos à situação da instrução na Marinha na segunda metade do século XIX. Essas fontes revelaram não apenas fragmentos da memória político-administrativa do país, mas também, trouxeram à tona as condições das escolas de aprendizes naquele período. Em resumo: extremamente precárias. Analisando cuidadosamente os documentos para que os mesmos pudessem nos fornecer pistas de uma identidade coletiva como fundamento histórico, foi necessário não perder de vista o contexto, os autores e suas posições na sociedade da época, bem como seus interesses, para quem escreviam e porque escreviam os seus registros, questões que demandam um intenso trabalho de análise documental. Trabalho que ainda se encontra em andamento, mas que, a esta altura, e contando com os trabalhos de outros pesquisadores, já possibilita uma ideia do perfil coletivo dos sujeitos buscados. Os marinheiros comuns provinham de etnias, raças e nações as mais diversas. Índios e negros de diversas tribos misturavam-se a mestiços e brancos livres e pobres do Brasil e de outros países, formando uma cultura popular diversificada na base da pirâmide social do navio. (BARREIRO, 2005, p. 5) Tornar-se marinheiro na segunda metade do século XIX era também fazer-se, constituir-se sujeito em meio a essa diversidade de tipos. E, além disso, compartilhar uma dura rotina de atividades. Os alunos tinham uma jornada que se iniciava às 5 horas da manhã e encerrava-se às 10 horas da noite. Ambas as escolas enfatizavam que a educação oferecida deveria subordiná-los a uma disciplina regular e uniforme e dotar os alunos das características de asseio e subordinação. Tal educação, oferecida a bordo de navios, deveria permitir aos meninos o menor tempo possível de permanência em terra para que se desviassem das distrações e se libertassem do domínio dos vícios e das paixões. (BARREIRO, 2005, p.7-8) É extremamente importante descobrir o que se passava nas escolas de formação militar. Dentro delas, havia parte da sociedade brasileira que carecia de educação e trabalho no final do século XIX. A Marinha, por exemplo, era uma instituição que estava de portas abertas para receber o enorme contingente de egressos do regime escravocrata que se exauria. Em troca dos serviços prestados à pátria, concedia a esses brasileiros a promessa de um “futuro digno”. Considerações Finais Pesquisar a educação realizada em espaços militares é um modo que os pesquisadores e historiadores da educação dispõem para saber um pouco mais a respeito dos caminhos trilhados por membros das camadas baixas da sociedade. Alguns deles estiveram nesses espaços. Pensar em um marinheiro na virada do século XIX para o XX permite que pensemos na Marinha, e nas forças armadas em geral, como uma perspectiva vista por sujeitos carentes de alternativas naquele contexto histórico. A investigação em busca desses sujeitos exige uma analise muito cuidadosa porque, em geral, as fontes disponíveis não são produções dos membros da base da pirâmide social. Isso não impede o pesquisador de fazer uma leitura crítica dessas fontes e, em uma dessas, quem sabe, descobrir justamente aquilo que os “de cima” não queriam revelar. Referências BARREIRO, José Carlos. OSRELATÓRIOS DO MINISTÉRIODA MARINHACOMO FONTES PARA A ANÁLISE DA FORMAÇÃO DA DISCIPLINA DE TRABALHO NA MARINHA DO BRASIL (1780 – 1850).UNESP –FCLAs – CEDAP, v.1, n.2, 2005. BERTUCCI, Liane Maria, FARIA FILHO, Luciano Mendes e OLIVEIRA, Marcus Aurélio Taborda. Edward P. Thompson: história e formação. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010. CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados – o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Ed. Companhia das Letras, 1987. GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. NETO, José Miguel Arias. A FORMAÇÃO DO ESTADO NACIONAL E AS FORÇAS ARMADAS‘Usos do Passado’ — XII Encontro Regional de História ANPUH-RJ 2006. SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicos no Brasil. 3° Ed. Campinas. SP. Autores Associados, 2011. THOMPSON, E. P. A Miséria da Teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. ____________. A formação da classe trabalhadora inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, 3v. ____________. Senhores e caçadores. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. ____________. Making history: writings on history and culture. New York: The New Press, 1994. _____________. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. _____________. As peculiaridades dos ingleses e outros artigos. Campinas: Ed. UNICAMP, 2001. 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