MIcênicos – Era das trevas
Transcrição
MIcênicos – Era das trevas
MINÓICOS – MICÊNICOS – ERA DAS TREVAS – GRÉCIA ARCAICA Brian Gordon Lutalo Kibuuka a) Principais cidades / sítios arqueológicos b) Os Santuários de Pico Minóicos cerca de 25 santuários de pico foram confirmados até o momento localizados em montanhas ou montes em Creta a. Padrão arqueológico razoavelmente estabelecido (PEATFIELD, Alan “Palace and Peak” in The Function of the Minoan Palaces: proceedings of the fourth international symposium at the swedish institute in Athens. Stockholm, 1987. p. 89-93.): 1) deve haver uma boa visibilidade a partir do sítio arqueológico da área da qual os adoradores vieram 2) o santuário de pico deve ser visível a partir desta mesma área 3) obrigatoriamente deve ser possível ver outro(s) santuário de pico a partir de um santuário de pico 4) o sítio arqueológico deve ser acessível – não estamos falando de locais de culto relacionados a uma peregrinação árdua em montanhas, como temos em outras culturas 5) os santuários de pico são localizados próximos a áreas de habitação www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) b. Evidências materiais objetos de culto minoicos o machados duplos o cornos de consagração construções o muralhas o cômodos Oferendas o oferendas votivas o estatuetas de terracota c) O Sistema Palacial Minóico Três grandes períodos minoicos o Prepalacial o Protopalacial o Neopalacial o Período prepalacial cerca de 3.000 a 1.900 a.C. é marcado por grandes mudanças sociais e tecnológicas desenvolvimento da metalurgia do bronze surgimento das tumbas circulares grande aumento dos contatos marítimos entre as diversas civilizações do Mediterrâneo Oriental. o Período protopalacial 1.900 a.C. (MM I A) construção do grande palácio de Cnossos surgimento dos outros grandes palácios minoicos grande desenvolvimento urbano e demográfico Em 1.700 a.C. (MM II – MM III) grandes incêndios e destruições causa provável – terremoto o Período neopalacial: reconstrução dos palácios avanços tecnológicos e sociais www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) Creta exerce forte influência comercial e cultural em todo o Egeu fim do período neopalacial, em 1.450 a.C. (MT I B) marcado por grandes destruições causa possível: erupção de um enorme vulcão na ilha vizinha de Tera destruições não foram seguidas por grandes reconstruções diminuição da influência minóica aumento da influência dos micênicos o Em Creta, a influência micênica é atestada, principalmente pela substituição da escrita Linear A pela Linear B (já decifrada) uma adaptação da Linear A para o proto-grego. Em 1.370 a.C. o palácio de Cnossos é totalmente destruído por causas ainda não entendidas, marcando o colapso da civilização palacial minóica. d) Tendências sociais no período prepalacial (WARREN, P.M. “The Genesis of the Minoan Palace” in The Function of the Minoan Palaces: proceedings of the fourth international symposium at the swedish institute in Athens. Stockholm, 1987. p. 47-56): o desenvolvimento do conceito de território a ênfase na vida comunal a evolução da família nuclear. e) Tendências sociais no período protopalacial (Warren): desenvolvimento social emergência da família como uma unidade social mais forte e distinta do restante da comunidade vivência em grandes casas em muitos sítios construções monumentais em Cnossos, Phaistos e Mália desenvolvimento de níveis hierárquicos ritualização constante www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) a) Principais cidades / sítios arqueológicos b) Periodização A cronologia estabelecida por Arne Furumark (FURUMARK, A. Mycenaean Pottery, vol. I Analysis and Classification & vol. II Chronology, Acta Instituti Atheniensis Regni Sueciæ, Astrom, 1972) tem por base os objetos descobertos em cada nível estratigráfico encontrado nos vários sítios arqueológicos. c) Cronologia Era do Bronze: 3000-1100 a.C. o Heládico é o nome atribuído às civilizações gregas do período do bronze. O termo heládico recente é utilizado para a época da www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) civilização micênica, que vai de 1500 a 1100 a.C., que são divididos em períodos sucessivos. 1550–1500: Heládico Recente I tumbas circulares nos fossos A e B de Micenas Crescimento demográfico, econômica, político e cultural no centro-sul e centro da Grécia continental, especialmente o Peloponeso, Ática e Beócia Afirmação dos principais sítios do período micênico. Arquitetura palaciana ainda inexistente ou rara no continente Rica arquitetura funerária e artística, que revela hierarquia social crescente crescimento da população abertura para o exterior, com papel decisivo no desenvolvimento local Influência de Creta evidência nos túmulos da elite, equipados e ornamentados com estilo cretense 1500–1450: Heládico Recente II A 1450–1425: Heládico Recente II B chegada dos micênicos em Cnossos [?] 1425–1380: Heládico Recente III A1 destruição de Cnossos construção dos palácios micênicos continentais 1380–1300: Heládico Recente III A2 apogeu da construção dos palácios micênicos fase de transição para a afirmação da própria civilização micênica fortalezas, palácios reais, dois tipos dominantes de túmulos - os túmulos Thólos e túmulos em quartos www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) crescente utilização da escrita (linear B, cópia mais antiga é de Creta desenvolvimento da agricultura, do comércio e dos intercâmbios culturais afirmação do palácio como uma instituição que atua como um dispositivo de armazenamento e redistribuição de parte dos produtos A hegemonia do Egeu parece mover-se de Creta para o continente depois da destruição dos palácios minoicos Ocupação micênica de Cnossos 1300–1250: Heládico Recente III B1 complexo palaciano de Micenas , Tirinto , Pilos e Tebas atinge o apogeu arquitetura de defesa dos sites de Micenas ou Gla túmulos thóloi real em Micenas ou Orchomenos uma koiné entre grupos micênicos escrituração da maioria dos documentos em Linear B fase em que os contatos da Grécia continental com o resto do mundo Egeu e outras regiões do mundo mediterrâneo atinge o seu auge formação de uma política de dominação micênica fora do continente expansão comercial 1250–1200: Heládico Recente III B2 destruição dos palácios micênicos continentais no fim do período 1200–1125: Heládico Recente III C1; 1125–1100: Heládico Recente III C2. www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) Séc. VIII a.C. o Renascimento cultural o Afirmação da pólis como modelo característico da sociedade grega 1ª Olimpíada, em 776 a.C. (data tradicional) Afirmação do santuário de Delfos, edificado em honra de Apolo, o mais importante centro espiritual do mundo grego antigo Início do fenômeno da colonização Está em uso um alfabeto criado a partir do alfabeto fenício Composição e início da difusão dos Poemas Homéricos Do séc. VII a 480 a.C. o Época Arcaica grandes transformações políticas legisladores (como Sólon) e tiranos: códigos de leis e reformas culturais (festivais) sociais Consolidação do sistema da pólis econômicas desenvolvimento do comércio e da indústria, artes da cerâmica e da escultura introdução da moeda (2ª metade do séc. VII); militares introdução da táctica da hoplitia (fins do séc. VIII ou inícios do VII) culturais difusão dos Poemas Homéricos aparecimento de outros gêneros poéticos www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) Conceituação teórica Glotz,1 pólis (‘Cité’) é uma forma de constituição. Gschnitzer associou a pólis, especialmente a arcaica, a uma forma de sociedade específica: o que se manifestava como uma ‘comunidade’ (Gemeinde, Gemeinwesen, Gemeinschaft) o que se manifestava como um ‘poder’ ou ‘domínio’ (Herrschaft).2 o que teria os termos pólis e éthnos como variantes para expressar a mesma configuração política. o No caso de grupos governados por um domínio exercido por tiranos ou mesmo por outras póleis, mantinha-se a vida comunitária; porém, tanto a dominação quanto o comunitarismo seriam, para Gschntzer, “Grundformen griechischer Staatsordnung” [formas fundamentais da ordem-estatal grega], ou mesmo “Staatstypen” [tipos de Estado].3 o Em 1971, o autor desenvolve ainda mais a sua tese ao descrever a pólis como a forma básica de existência coletiva na Grécia, sendo o exercício do poder uma forma específica de configuração estatal.4 Ehrenberg, por sua vez, julga serem insuficientes e insatisfatórias as categorias de ‘comunidade’ e ‘domínio’ propostas por Gschnitzer, bem como a dicotomia apresentada pelo autor entre estes dois termos.5 1 GLOTZ, G. La cité grecque. Paris: Albin Michel, 1928. p. 108-109. GSCHNITZER, F. Anzeiger für Altertumswissenschaft, 12, 1959. p. 37-38. 3 Idem, Gemeinde und Herrschaft: von den Grundformen griechischer Staatsordnung. In: Oesterreichische Akademie der Wissenschaften, Phil.-Hist. Kl. 235, fasc. 3, 1960. Ver também Wiener Studien, 68, 18, 1955. p. 123. 4 Idem, Chiron 1, 1971. p. 1-3. 5 EHRENBERG, V. Von den Grundformen griechischer Staatsordnung. In: Sitzungsberichte der Heidelberger Akademie der Wissenschaften, Hist.-Phil. Kl., 1961. p. 9-13, 16-28. 2 www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) o Ele demonstra a possibilidade de coexistência tanto do poder comunitário, quanto do poder pessoal do tirano em casos como os de Esparta, Cirene, dos macedônios e dos molossianos. Nestes casos, os reis exerciam o poder em paralelo com a assembleia de guerreiros. A tirania, portanto, estava intimamente ligada à pólis. o A resposta de Gschnitzer a Ehrenberg informa que, distintamente da ideia de autoridade, o que ele propunha era apenas uma forma de lei constitucional – sendo removida em sua proposta última a ideia anterior de ‘formas fundamentais de ordem estatal’.6 Sobre a cidade e a ordem estatal Para Finley: o a diferenciação entre o Estado e o governo do mesmo não é significativa.7 Para D. Nörr: o pólis corresponde à constituição, visto que a teoria e prática manifesta nos textos diferenciam consistentemente as constituições, as noções jurídicas e a própria cidade-estado.8 o Pólis é, basicamente, uma forma ou tipo de Estado (state, forme d'état, type d'état, Staatsform, Staatenform, staatliche Organisationsformen, Staatstyp).9 o Tal crítica a definição da pólis está em Krüger, Lübtow e Gawantka, à identificação indiscriminada da pólis como comunidade a partir 6 GSCHNITZER, F. Anzeiger für Altertumswissenschaft, 12, 1959. p. 37-38; idem, Zeitschrift der SavignyStiftung, Rom. Abt. 80, 1963. p. 401. 7 FINLEY, M. I. Politics in the Ancient World. Cambridge: Cambridge University Press, 1983. p. 32. 8 NÖRR, D. “Vom griechischen Staat”. In: Der Staat, 5, 1966, 360. p. 368. 9 JELLINEK, G. Das Recht des modernen Staates. Band I: Allgemeine Staatslehre. Berlin: Haering, 1900. p. 259-261. Segundo Jellinek, a pólis é um tipo de forma de Estado descrita como Cidade-Estado. Concepções análogas são compartilhadas por BORECKÝ, B. Eirene, 12, 1964. p. 84; NÖRR, D. Der Staat, 5, 1966. p. 353; e MOSSÉ, C. Les Institutions politiques grecques à L’ époque classique. Paris: Armand Colin, 1967. p. 5; GSCHNITZER, F., Chiron 1, 1971. www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) da simples premissa de que os gregos não possuíam uma concepção própria de Estado.10 Conclusão Partilha-se no presente trabalho, portanto, da compreensão de Ehrenberg de que a pólis é um Staatstyp, cuja expressão se dá basicamente em três formas de governo, todas atestadas na documentação textual disponível: o a aristocracia o a oligarquia o a democracia Porém, observa-se que, mesmo quando mais reacionária, a pólis mantém tendências democráticas, visto que ela é um Estado não-monárquico ainda que tenha monarcas, pois estes assumem a tarefa de guardarem as deidades e o povo, sendo ambos as fontes da lei, e não a vontade autônoma de uma figura régia.11 Também é aceita aqui a compreensão de Mazzarino da possibilidade de coexistência da aristocracia e da democracia na pólis, mesmo a arcaica.12 Característica da cidade-estado grega Starr e Pugliese Carratelli: o Starr afirma que a pólis é o lugar da predominância da ação coletiva devido à união que provoca o surgimento de uma entidade comunal firme, cuja existência necessariamente abole a realeza 10 KRÜGER, H. Allgemeine Staatslehre. Sttutgart: Kolhammer, 1964. p. 8-10; LÜBTOW, U. v. Festschrift für E.Heinitz. Berlim: W. de Gruyter, 1972. p. 89-109; GAWANTKA, W. Die sogenannte Polis: Entstehung, Geschichte und Kritik der modernen althistorischen Grundbegriffe der griechische Staat, die griechische Staatsidee. Sttutgart, 1985. p. 24, 27, 107, 110, 190, 204-206. 11 EHRENBERG, V. Gnomon, 5, 1929. p. 4. 12 MAZZARINO, Santo. Fra Oriente e Occidente: Ricerche di storia greca arcaica. Florença: 1947. p. 208. www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) autocrática13 e coloca em cheque os modelos tirânicos mais radicais.14 o Pugliese-Carrateli afirma que há três características na pólis: a equidade entre os cidadãos a existência de um corpo de leis a autossuficiência da cidade-estado quanto à sua gestão, ainda que não isenta de influências externas e até mesmo derrocadas que desconfigurem o próprio Estado.15 Critérios qualitativos e quantitativos da pólis Lévêque: o a existência de um governo, a clareza funcional e uma estrutura forte. Sakellariou: o associação posterior da pólis à sua estrutura constitucional, mesmo havendo preexistência e prerrogativa daquela sobre esta.16 Quanto ao uso da expressão ‘cidade-estado’ como correspondente ao termo grego πόλις Jellinek afirma que o Estado grego é um tipo de cidade-estado Ehrenberg afirma que a ‘cidade-estado’ deve ser atribuído às cidades que concedem aos direitos políticos apenas aos cidadãos, não à população estrangeira acolhida em seu seio.17 13 Segundo Deger, o surgimento da pólis implica no ocaso da realeza e o fortalecimento da aristocracia. DEGER, S. Herrschaftsformen bei Homer. Viena: Notring, 1970. p. 135, 18. 14 STARR, C. G. La Parola del Passato, 12, 1957. p. 102-104; idem, Historia, 10, 1961. p. 129-135, 137; idem, The Origins of Greek Civilization 1100-650 B.C. New York: Alfred A. Knopf, 1961. p. 324. 15 PUGLIESE CARATELLI, G. Accademia Nazionale dei Lincei, Quaderni 54,1962. p. 183, 185, 188. 16 SAKELLARIOU, M. Terre et paysans dépendants dans les societies antiques, Colloque International tenu à Besançon les 2 et 3 mai 1974, 1979. p. 145. 17 EHRENBERG, V. Die Rechtsidee im frühen Griechentum (1921) 132-1. www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) Deger afirma que as póleis são formas maduras de existência das cidades gregas, tendo atestação segura como Estados apenas após os épicos homéricos.18 Thomas está correto ao afirmar que a cidade-estado é o desenvolvimento da pólis mais antiga, para a qual características adicionais foram acrescidas.19 A amplitude da pólis grega Barker20 e Finley21 o urbanas o campo Kreissig o tanto aristocratas quanto camponeses são considerados como pertencentes ao mesmo grupo étnico o fazem parte de um mesmo corpo cívico.22 o O limite do território da pólis é chamado de chṓra, sendo a cidade o espaço interior às fronteiras, e apenas isto.23 18 DEGER, S., Herrschaftsformen bei Homer (1970) 184. THOMAS, C.S.G. Early Greek Kingship (1965) 20 BARKER, E. Greek Political Theory (1918, 1970) 24 21 FINLEY, M.I. The Ancient Economy (1973) 123. 22 KREISSIG, H. (ed.). Griechische Geschichte (1981). Ver também MUSIOLEK, P. Zur Bedeutung der Stadt als Voraussetzung für die Höhepunkt der griechischen Poliskultur = Kultur und Fortschritt in der Blütezeit der griechischen Polis: Schriften zur Geschichte und Kultur der Antike, 24, 1985. p. 43. 23 MOSSÉ, C. La Grèce archaïque (1984) 30. 19 www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp) O fim do mundo micênico o colapso do sistema palaciano o desagregação da civilização micênica o perda da unidade no século XII o último período: 1125-1050 a.C. As mutações decisivas na Idade das Trevas (séculos XI e X) o cerâmica protogeométrica o ferro o necrópoles e ritos funerários o habitat e modo de vida o a vida pastoril o sociedade de “big men”? A evolução para a pólis o fisionomia nos séculos IX e VIII o gênese dos santuários o continuidade religiosa o cultos heróicos o epopeia homérica o invenção da escrita alfabética o implantação da cidade-estado www.briankibuuka.com.br (21) 97959-1514 (Tim e WhatsApp)